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Este artigo explora as diferentes dimensões do recente diálogo sobre cadeias alimentares
globais e a relevância que suas características específicas podem ter para os meios de
subsistência de pequenos produtores agrícolas. Ele passa da descrição de aspectos positivos e
negativos da criação de contratos, à definição do papel das empresas e de suas estratégias de
Responsabilidade Social Corporativa e à exploração breve do conceito de Comércio Justo. Por
fim, descreve a imersão de parcerias globais com várias partes interessadas, nas quais as
organizações da sociedade civil podem atuar como terceiros para o estabelecimento de
relacionamentos ganha-ganha nas cadeias de valor globais.
A parte introdutória os autores acentuam que embora tenha havido substancial crescimento
da produção de alimentos e comodities agrícola mundial poucos países dominam o mercado,
mas é uma realidade que vem mudando com muitos países que não os grandes exportadores
tradicionais se mostram competitivos e conseguem ser exportadores líquidos.
Os recursos alimentares do planeta estão sobre pressão intensa da população que demanda
quantidades expressivas de produtos alimentícios a cada década. Isto obriga a ser repensado o
modelo atual de produção de alimentos o que pode ser uma oportunidade para que os
pequenos agricultores se coloquem no mercado em posição de competir com a produção em
escala global, aproveitando o fato que o comércio permite aos agricultores capitalizar o
potencial econômico de seus produtos.
Estes cenários são avaliados por dois mecanismos conduzidos pela sociedade civil, quais sejam
o movimento ético sobre comércio justo e o movimento sobre responsabilidade social
corporativa (RSE) que conduziram a discussão global sobre como preencher as lacunas entre
agricultura e comércio e, mais especificamente, entre pequenos produtores e cadeias globais
de fornecimento agroalimentar. Apesar dos avanços os lucros de todo esse processo ainda
continua se concentrando em poucas mãos..
Isso se deve ao fato de queas falas de mercado são generalizada nos sistemas agrícolas
subdesenvolvidos, pois conforme o pensamento de Grossman e Stiglitz (1977, p. 310 citado
pelos autores: “enquanto houver informações imperfeitas ou um conjunto incompleto de
mercados, maximizar o bem-estar dos acionistas também não leva à eficiência econômica do
bem-estar geral”. È uma combinação de fatores estruturais, falhas de mercado e heranças
coloniais que representaram barreiras à participação equanime dos agricultores, em particular
os pequenos agricultores, na mercado agroalimentar, limitando a eficácia do desenvolvimento
agrícola liderado pelo mercado.
Essas falhas teriam sido causadas por falta de coordenação dos sistemas agroalimentares nos
pasises menos desenvolvidos. A literatura citada pelos autores mostra que as políticas
dominantes de desenvolvimento agrícola podem se dividias em duas fases amplas com relação
à definição de papéis e responsabilidades do Estado e dos mercados: desenvolvimento liderado
pelo estado e pelo mercado. A primeira teve seu auge a a partir da década de 70 , mas teve seu
papel questionado a apartir dos anos 80 em virtude da ineficiência e da ineficácia de um número
incrível de instituições rurais paraestatais, o uso de programas de desenvolvimento para ampliar
as áreas de influência política e de poder, a corrupção, acompanhado por uma um fardo pesado
para os orçamentos do setor público.
Por outro lado, a abordagem de desenvolvimento liderada pelo mercado, além da redefinição
do papel do Estado, trouxe uma série de privatizações, desregulamentações e liberalizações nos
mercados agrícolas. Para os autores no desenvolvimento agrícola liderado pelo mercado o
crescimento baseado em pequenas propriedades seria o paradigma de eficiência. Os princípios
básicos desse paradigma são que a agricultura desempenha um papel fundamental no
crescimento econômico geral e que pequenas os agricultores são agentes econômicos racionais
que podem tirar proveito das novas tecnologias e dos grandes agricultores.
Para a definição de cadeias de valor, redes de produção e globalização é preciso ter em mente
um processo de integração econômica que agregue a) integração transfronteiriça de recursos
financeiros de atacado e varejo b) aumento da concorrência no mercado em escala global e
comércio atacadista e varejista, c) aumento do investimento direto estrangeiro; d) aumento da
contratação transfronteiriça e de escala global redes de produção; e) formação de joint
ventures internacionais e alianças estratégicas para Pesquisa e Desenvolvimento. Esses cinco
tipos de ações definem cadeias globais de valor e redes de produção onde operam
comerciantes, processadores e varejistas globais de alimentos e também fornecem a base para
um modus operandi diferente no desenvolvimento internacional da agricultura.
Introdução
Tendo em conta a crescente população mundial, que atingirá 8,3 bilhões em 2030 e a
crescente urbanização (hoje, 850 cidades já têm mais de 500.000 habitantes), todas as cadeias
alimentares estão sob estresse e precisam ser reorganizadas para atender à demanda dos
futuros consumidores.
Por outro lado (FAO, 2014b), destaca que mais de 90 por cento dos 570 milhões de fazendas
em todo o mundo são gerenciados por um indivíduo ou uma família, confiando
predominantemente no trabalho familiar. Essas fazendas produzem mais de 80% dos
alimentos do mundo, em termos de valor, mas 84% dessas fazendas familiares são menores
que dois hectares e gerenciam apenas 12% de todas as terras agrícolas. Seu acesso individual a
insumos, crédito, extensão e depois a mercados é difícil e às vezes quase impossível, devido a
problemas de infraestrutura.
Outro aspecto a considerar é que a produção de matérias-primas agrícolas commodities
baseia-se no uso de recursos naturais e outros ativos tangíveis e intangíveis, enquanto o
comércio permite aos agricultores capitalizar o potencial econômico de seus produtos. Este
significa que, a longo prazo, a persistência dos lucros comerciais das commodities agrícolas
depende da proteção da produtividade a longo prazo dos recursos naturais, como solo, água e
vegetação. O gerenciamento sustentável de tais recursos, em um cenário de incertezas devido
a mudanças e choques climáticos imprevisíveis (Força-tarefa do Reino Unido-EUA sobre clima
extremo e resiliência do sistema alimentar global, 2015) tornou-se a palavra-chave para todas
as partes interessadas.
Por mais de uma década, dois mecanismos conduzidos pela sociedade civil:
a infraestrutura física
comunidades.
Esses cinco tipos de ações definem cadeias globais de valor e redes de produção onde operam
comerciantes, processadores e varejistas globais de alimentos e também fornecem a base para
um modus operandi diferente no desenvolvimento internacional da agricultura.
Corporativo
pode permitir que os agricultores acessem mercados mais lucrativos e até estrangeiros, pode
reduzir o risco de mercado e aumentar a renda estabilidade para os agricultores sempre que o
preço de seus produtos contrato pré-determinado, mas sem certas condições, a agricultura
também pode ter impactos negativos para os pequenos agricultores. Concentração de
mercado, posições desiguais de negociação e assimetria de informações permite que empresas
poderosas descarregem riscos para os pequenos agricultores e / ou forçar a redução dos
preços das portas, consequentemente, geram impactos ambientais e impactos sociais na
comunidade em geral. Nos países em desenvolvimento, Bellemare (2015) adiciona acesso a
serviços de extensão como um dos benefícios potenciais para o pequeno produtor, mas ele
também descreve pelo menos três problemas prováveis:
• monopsonia, sempre que não houver outro mercado para a safra sob contrato, mas a
empresa que assinou o contrato; no Nesse caso, a empresa pode adiar o pagamento, reduzir o
preço, alterar os termos de entrega e assim por diante;
• rigidez do contrato, devido às condições técnicas impostas no contrato, que define insumos a
serem utilizados, modalidades de uso, horário de entrega, etc. que podem ser muito caros e
difíceis de respeitar, especialmente quando o agricultor é um pequenos produtores com
educação limitada;
• venda paralela, observada sempre que havia outros compradores disponíveis e o preço
estabelecido foi menor que o preço de mercado na época da colheita.
Aspectos positivos e negativos, bem como problemas e potencialidades, foram bem descritas
também no livro editado por Little e Watts (2004) e vários novos estudos de caso são
propostos no livro muito recente editado por Harper, Belt e Roy (2015), que também elaboram
(p.178) um Análise de oportunidades e ameaças de fraquezas (SWOT) para o envolvimento dos
pequenos agricultores no início de um valor cadeia, do ponto de vista da empresa líder (Tabela
2).
dados sobre sua magnitude nos diversos setores. Apenas para mencionar alguns casos, na
Finlândia 80% dos criadores de porcos e 90
por cento da produção de aves e 50 por cento da produção de suínos estão sob contrato; em
toda a União Europeia, sobre