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ISSN: 1516-3865
rca.cse@contato.ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina
Brasil
Dante Girardi
Professor do Departamento de Ciências da Administração, Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis – SC, Brasil.
E-mail: dante.girardi@terra.com.br
Resumo Abstract
O objetivo deste artigo é apresentar as práticas de The aim of this article is to introduce the practices
liderança das indústrias catarinenses de grande porte of leadership in the largest industries of Santa
e a sua contribuição para a Gestão do Conhecimento. Catarina and their contribution to the Knowledge
A competitividade organizacional está relacionada às Management. The organization competitiveness
pessoas e à capacidade das empresas de fomentar is related to the people and to the capacity of the
o desenvolvimento constante do conhecimento. Por companies to improve the constant development of
meio da liderança, os gestores e a Gestão de Pessoas knowledge. Using the leadership, the managers and
criam comprometimento e melhoram os resultados das the People Management have created compromise
organizações. A metodologia adotada seguiu a linha and improved the results of the organizations. The
da pesquisa qualitativa, descritiva e aplicada. Foram adopted methodology followed the qualitative
entrevistadas as sete maiores indústrias do Estado methodology, descriptive and applied research. There
de Santa Catarina, em número de colaboradores. were interviewed the seven largest industries of the
Utilizou-se também a pesquisa documental. Os state of Santa Catarina, in number of collaborators.
dados foram analisados pela técnica de análise de The data were analyzed by the technique of analysis
conteúdo. Observou-se que a liderança está presente of content. It has been observed that the leadership is
na maioria das empresas estudadas, por meio de present in the most of the studied companies, by the
programas formais de desenvolvimento de líderes ou use of formal programs of development of leaders or
de ações relacionadas à liderança. Conclui-se que as of actions related to leadership. It is concluded that
empresas têm o foco nas pessoas e no conhecimento, the companies have the focus in the people and in
em maior ou menor grau, estando algumas em fase the knowledge, in bigger or smaller degree, but some
de transição e de revisão dos programas voltados of them are in phase of transition and revision of
ao desenvolvimento dos seus talentos e à Gestão do programs towards the development of their talents
Conhecimento. and of the Knowledge Management.
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e estratégica, atuando como consultoria interna, por zacionais, tendo os gestores de linha como gestores
meio dos seus processos alinhados à estratégia orga- de pessoas (MARRAS, 2000; WOOD JR., 2000; GIL,
nizacional e integrados entre si, buscando elevar o 2001; DUTRA, 2002; FRANÇA, 2007; GIRARDI,
desempenho, desenvolver o conhecimento e promover 2008). Visando otimizar as diretrizes e os recursos para
a inovação e a competitividade. atingir os objetivos organizacionais, o estabelecimento
A Teoria Sistêmica de Bertalanffy, nos anos de de estratégias ganhou destaque. Fischer (2002) coloca
1930, trouxe a visão de inter-relação dos processos que o foco estratégico é a face visível do desempenho
organizacionais. Contribuiu para o desenvolvimento da organização, a forma como é avaliada a sua compe-
do RH, orientando as organizações para a busca do titividade externa. Para Ulrich (2000), o RH é importan-
conhecimento global e, do alcance de melhores resul- te, pois tem os desafios da globalização, lucratividade
tados, por meio dos indivíduos na sua totalidade e dos por meio do crescimento, tecnologia, capital intelectual
seus processos entendidos sob a perspectiva sistêmica. e geração de mudanças. Nesse cenário, a liderança
A consultoria interna surgiu em empresas ameri- passou a se desenvolver como prática de gestão nas
canas e europeias nos anos de 1950, consolidando-se organizações voltadas às pessoas e ao futuro.
nos anos de 1990, sendo um resultado da demanda A amplitude de conceitos da Gestão de Pessoas
por mudanças na cultura, estrutura e práticas para a na literatura identifica seu caráter descentralizado, de
competitividade organizacional (JOHRI; COOPER; valorização das pessoas e de busca do desenvolvi-
PROKOPENKO, 1998). Focado nas pessoas e no de- mento individual e organizacional, conforme mostra
senvolvimento, o RH passou a atuar sob a forma de a definição de Gil (2001), de que a Gestão de Pessoas
consultoria interna, buscando efetividade nos seus pro- é uma função gerencial que busca a cooperação das
cessos. A Consultoria Interna de RH realiza atividades pessoas, para o alcance dos objetivos organizacionais
de apoio, orientação e supervisão para as demandas e individuais.
da organização (FRANÇA 2007). É uma atividade de O papel da Gestão de Pessoas é captar e manter
cunho intelectual importante nas organizações, sendo os talentos humanos nas organizações, atuar de modo
os profissionais de RH os consultores internos (MAN- sistêmico, e em uma relação de parceria com os gesto-
CIA, 1997), que buscam orientar e apoiar continua- res de linha, buscando adequar estrutura, estratégias,
mente os gestores de linha na busca por profissionais processos e pessoas, para o alcance dos objetivos
qualificados, motivados e produtivos, em uma relação organizacionais. O RH deve criar competências e
de parceria (CÂMARA; GUERRA; RODRIGUES, 1997), comportamentos, gerir a seleção, o treinamento, o de-
desenvolver a Gestão de Pessoas e a organização, ge- sempenho, o reconhecimento e o desenvolvimento das
renciando as pessoas de modo efetivo, valorizando as pessoas (DESSLER, 2003), orientado para gerir o co-
competências e o capital intelectual e agregando novas nhecimento e alavancar os resultados organizacionais.
visões ao negócio. (LEITE et al., 2005) A Gestão de Pessoas se torna efetiva por meio dos
A Gestão de Pessoas consolida-se nos anos de seus processos. Atualmente, os principais processos de
1990, passando a atuar estrategicamente, focada na Gestão de Pessoas citados na literatura, são conforme
capacitação dos profissionaise nos resultados organi- o Quadro1 a seguir:
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Os processos de Gestão de Pessoas estão relacio- ocorre por meio de políticas e práticas de apoio às
nados entre si, sob a perspectiva sistêmica, atuam em pessoas e ao conhecimento, estabelecidas pela Gestão
conjunto com a estratégia da organização, em um pro- de Pessoas e compartilhadas com os gestores de linha,
cesso contínuo de gestão do capital humano, buscando cujo desafio é liderar indivíduos e equipes para a busca
agregar valor à empresa. Marras (2005) afirma que a do conhecimento e da inovação. A Gestão do Conheci-
concretização dos processos de Gestão de Pessoas é mento busca encontrar as melhores formas de mobilizar
responsabilidade conjunta dos gestores de linha e do e alavancar o conhecimento individual e integrá-lo ao
gestor de pessoas, como consultor interno. Cada gestor conhecimento organizacional. (FIGUEIREDO, 2005)
atua com a sua equipe de trabalho e o gestor de pes- A liderança favorece também a comunicação, o clima
soas atua na estratégia organizacional, estabelecendo organizacional, a gestão de conflitos e a gestão da
diretrizes e critérios para a gestão das pessoas. mudança, subprocessos complementares do processo
Na sequência, caracteriza-se brevemente o pro- de Aplicação de Pessoas.
cesso de Aplicação de Pessoas. O tópico a seguir trata da liderança e das suas
contribuições para a Gestão do conhecimento nas
2.1 O Processo de Aplicação de Pessoas organizações.
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tam a liderança eficiente, como clareza nos objetivos, teorias de liderança mais comuns na literatura são as
motivação e envolvimento das pessoas no trabalho, seguintes:
desafios e outros. O foco passou a ser na distinção
a) Teoria Genética – é a mais antiga abordagem
entre administração e liderança, como forma de suprir
de liderança. Acreditava-se que a capacidade
as limitações das ferramentas empresariais técnicas de liderança era transmitida geneticamente. O
como planejamento e controle. (GALBRAITH, 1995) líder nasce feito, não é produzido. Desconsi-
No século XXI, as pessoas e os gestores das or- derava a possibilidade de desenvolvimento de
ganizações refletem sobre o seu verdadeiro papel. De líderes (MONTANA; CHARNOV, 2003).
um lado, as pessoas buscam identificação e satisfação b) Teoria dos Traços – também crê no aspecto
com o seu trabalho e também uma contribuição mais inato do líder. Segundo ela, os líderes possuem
ampla e de outro, as organizações percebem a ne- certas características, traços de personalidade,
cessidade de alinhamento e integração entre o meio que favorecem o seu papel, como: estatura,
ambiental, social e o mundo dos negócios e de revisão inteligência, boa comunicação, flexibilidade,
do comportamento gerencial. (CAVALCANTI, 2009) entusiasmo e outros.
Assim, a liderança surge como ferramenta agregadora c) Abordagem Comportamental – ou Teoria
às organizações. dos Estilos de Liderança. Alterou o foco de
quem é o líder para o que ele faz, sua relação
A conceituação da liderança é ampla na literatura.
com os liderados. Propõe que os líderes podem
O Quadro 2 a seguir apresenta algumas definições de
ser preparados para exercerem o seu papel,
liderança:
adotando determinad o comportamento. O
Conjunto de estímulos, incentivos,
líder pode ser Autocrático (centralizador), De-
que motivem as pessoas a realizar mocrático (estimula a participação das pesso-
Vergara
a missão, a visão e os objetivos as), Orientado para a Tarefa (foca no trabalho,
organizacionais (1999). metas, prazos, custos, qualidade) ou Orientado
Limongi- Processo social em que se para as Pessoas (foca no colaborador, relações
França; estabelecem relações de influência humanas, apoia, desenvolve).
Arellano entre as pessoas (2002).
d) Abordagem Contingencial – ou Situacional.
Capacidade de influenciar Acredita que a liderança depende do líder, dos
Cavalcanti
pessoas ou grupos (2009).
seguidores, da situação do trabalho e da orga-
Quadro 2: Definições de liderança nização, ou seja, está atrelada a um conjunto
Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo de variáveis, que se complementam e facilitam
o desempenho do líder. É uma visão complexa
Observa-se nos conceitos de liderança a ênfase da liderança que enfatiza a adaptabilidade e a
influência dos liderados sobre o líder (LIMON-
em influenciar pessoas e equipes nas organizações,
GI-FRANÇA; ARELLANO, 2002; MONTANA;
estimulando-as a realizar os seus propósitos. Bergamini
CHARNOV, 2003; CAVALCANTI, 2009).
(1994) avalia que a maioria das definições de liderança
apresenta dois elementos comuns: a liderança como Atualmente, a competitividade requer das orga-
fenômeno grupal e a liderança como processo inten- nizações atenção em diversos aspectos, entre eles, a
cional de influência do líder sobre os seus seguidores. renovação dos estilos de gestão, da forma de conduzir
A conceituação da liderança está relacionada às as pessoas no trabalho, enfatizando a importância da
teorias da liderança. Segundo Cavalcanti (2009), há prática da liderança. Passou a haver diferenciação
estudiosos que definem a liderança focando os traços, entre o gerente e o líder. O gerente está dando lugar ao
outros o estilo de influência. Ainda há aqueles que líder, facilitador. Os gerentes fazem com que as pessoas
associam a liderança às contingências. realizem o que lhe foi delegado e os líderes integram
Os estudos sobre a liderança iniciaram com a equipe nos negócios, estimulam resultados. Bennis
teorias simples, e com o tempo as investigações se (1996) avalia que enquanto o gerente administra,
tornaram mais complexas (CAVALCANTI, 2009). As foca no trabalho com visão de curto prazo, o líder
inova, foca nas pessoas, no futuro, em uma relação
de confiança. O líder capacita, liberta, desafia. Assim,
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aumenta a demanda das empresas por gestores com Limongi-França e Arellano (2002) e Boog e Boog
perfil de líder. (CAVALCANTI, 2009) (2006) ressaltam o valor da liderança participativa,
Conforme o modo de uso do poder pelo líder, os como forma de criar diferencial competitivo pela
resultados da liderança variam em termos de amplitu- atuação efetiva dos indivíduos, cultura de compro-
de, o que remete a diferentes tipos de liderança, cada metimento e união, habilidades adequadas e energia
um com características particulares, sendo alguns deles: realizadora. Entretanto, nem todos estão preparados
para serem participativos, cabendo à organização
a) Liderança Carismática – associada no ca-
sistematizar políticas e programas de gestão para o
risma e nas habilidades de comportamento do
amadurecimento das pessoas e a sua segurança para
líder percebidas pelos seguidores que possuem
aceitação incondicional e envolvimento emo- tomar decisões.
cional com a missão da empresa (LIMONGI- O tipo de liderança adotado pelos gestores de-
-FRANÇA; ARELLANO, 2002; CAVALCANTI, pende dos seus valores, personalidade, habilidades e
2009). competências, contexto organizacional e motivação
b) Liderança Visionária – baseada na capaci- para resultados. Assim, um líder pode ser autocrático,
dade do líder de criar a visão do futuro, indo colaborador ou visionário. (CAVALCANTI, 2009)
além da orientação para metas (CAVALCANTI, Para que os líderes possam cumprir o seu papel, a
2009). organização deve estimular a liderança, ser receptiva
c) Liderança Transacional – entende o pro- à criatividade, à inovação, favorecendo a integração,
cesso de liderança como a ocorrência de a satisfação, a aprendizagem e o conhecimento.
transações com benefícios mútuos entre o líder As teorias e os estilos de liderança antecipam
e a equipe em certo contexto; há o foco na determinadas funções dos líderes e traços do seu perfil.
relação de troca. O líder transacional observa Um líder deve ter um conjunto de habilidades, compe-
o cumprimento dos padrões, ajusta o trabalho
tências e conhecimentos que orientem as suas ações
e reconhece realizações.
para o pleno aproveitamento do potencial humano,
d) Liderança Transformacional – o líder e otimizando os resultados organizacionais.
a equipe elevam-se mutuamente em relação
O papel do líder envolve a gestão das metas e
à moralidade e à motivação, aumentando a
conscientização, o comprometimento e a busca processos, das pessoas, das mudanças e o controle dos
da autorrealização. O líder transformacional resultados, por meio das habilidades de coordenador,
tem como foco o desenvolvimento das pes- mentor, e inovador, focalizando o trabalho, desen-
soas, a busca de desempenho além do cargo; volvendo os colaboradores e estimulando o uso da
possui carisma, inspiração, dá atenção a cada criatividade (QUINN et al., 2003). O líder deve gerar
indivíduo, produz mudanças e promove o uma tensão criativa positiva e gerenciá-la, manter o
compartilhamento dos valores da empresa compromisso com a verdade e energizar a organização.
(LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002; CA- (SENGE, 2006)
VALCANTI, 2009). O líder deve avaliar o ambiente externo, estar
e) Liderança Participativa – une visão, empo- atento a mudanças, ter habilidade de esclarecer proble-
werment e um conjunto de valores próprios e mas e contribuir para a formação de valores voltados
declarados. Os líderes participativos abrem es- à satisfação das pessoas na organização (VERGARA,
paço para a experimentação, inovação, respon-
1999). O papel do líder é amplo, ele orienta sobre as
sabilidade, autonomia sustentada, estimulam a
estratégias da empresa e promove a adequação das
comunicação, a aprendizagem, o conhecimento
atividades (ULRICH, 2000). Os líderes eficientes pos-
e as oportunidades (BOOG; BOOG, 2006).
suem habilidades aprendidas, atitudes desenvolvidas e
f) Liderança de Alta Performance – acentua a
valores e precisam alinhar e direcionar as pessoas para
formação de equipes de trabalho, tendo o líder
os propósitos organizacionais. (GALBRAITH, 1995)
como catalisador de talentos na criação de no-
vas competências e melhores resultados em um O líder gerencia pessoas e equipes, é integrador,
ambiente dinâmico e competitivo (LIMONGI- motivador, comprometido com o desenvolvimento dos
-FRANÇA; ARELLANO, 2002). indivíduos (HILL, 1993), com o compartilhamento de
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valores e aspirações, para a realização das metas orga- sistêmica, na inter-relação entre as partes, e ensinam os
nizacionais (CAVALCANTI, 2009). As organizações que indivíduos a fazerem da mesma forma. Esses aspectos
aprendem investem na aprendizagem em equipe e na favorecem a busca de novos conhecimentos por parte
visão compartilhada, melhorando a qualidade do pen- das pessoas, para atualização e adequação aos valores
samento e a capacidade de reflexão. (SENGE, 2006) e objetivos da empresa.
Os líderes cumprem papel de educadores, devem Galbraith (1995) avalia que os líderes fornecem
se envolver e se responsabilizar pela aprendizagem das suporte estratégico às organizações, em uma Gestão
suas equipes, comprometidos com o sistema organi- de Pessoas compartilhada entre o RH e os gestores
zacional, criar uma cultura e valores de aprendizagem de linha, criando envolvimento e contribuindo para a
contínua, motivando as pessoas a usar toda a sua realização das estratégias e objetivos organizacionais.
potencialidade e a elevar o seu desempenho (EBOLI, É possível observar que a atuação dos líderes é
2002). Milkovich e Boudreau (2006) refletem que a ampla nas organizações. Suas funções são diversas,
cúpula da empresa cria a cultura organizacional e os envolvendo desde o gerenciamento das metas, ativi-
seus membros devem dar o exemplo em liderança, dades e pessoas até a motivação individual e grupal,
apoiando a implementação de mudanças. Senge a orientação e a educação. Trata-se de uma gestão
(2006) ensina que as pessoas aprendem mais rápido técnica e humana, em sintonia com as estratégias da
quando têm a noção exata da responsabilidade pelas organização, focalizando o desenvolvimento das pes-
suas ações, sendo necessário que as organizações am- soas e da organização e a competitividade.
pliem o poder por todos os níveis, dando liberdade às Para cumprir as suas funções e desafios, o líder
pessoas para que experimentem as suas ideias e sejam deve possuir determinado perfil. Com base na litera-
responsáveis pelos seus resultados. Nesse contexto, os tura, é possível traçar o perfil do líder eficaz, conforme
líderes enfocam no propósito da empresa, na estrutura consta no Quadro 3 a seguir:
. Confiável . Autoconhecimento
. Voltado para Valores . Hábil no trabalho em equipe
. Hábil em .
. Visão estratégica e de futuro . Democrático
comunicação Autodesenvolvimento
. Sensível ao ambiente . Flexível
. Ponderado . Ousado
. Foco nas pessoas e resultados . Otimista
. Facilitador . Criativo
. Carismático . Autoconfiante
. Motivador . Agente de mudanças
. Hábil em relacionamentos . Proativo
. Educador . Realizador
. Bom temperamento . Dinâmico
. Integrador . Inovador
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et al. (2005) confirma que a Consultoria Interna de RH A população da pesquisa foram as indústrias
orienta a organização para a visão sistêmica e para a catarinenses de grande porte, em razão da estrutura
liderança de pessoas e grupos. do RH, da possibilidade de investimentos na área e
A busca do conhecimento requer das organi- da gestão descentralizada de pessoas. Foi selecionada
zações e da Gestão de Pessoas, cultura de liderança de uma lista da FIESC, uma Amostra Intencional de
e apoio contínuo ao desenvolvimento gerencial e dez indústrias, as que possuíam maior número de
de líderes potenciais. Por meio de processos de RH colaboradores, buscando uma análise qualitativa em
alinhados às estratégias de negócio, descentralizados profundidade, sem a intenção de generalização dos
e integrados entre si, a Gestão de Pessoas auxilia no dados. Os gestores de pessoas, de processos e, caso
desenvolvimento da liderança, dos talentos humanos e houvesse, o consultor interno foram os Sujeitos da
na sua capacidade de envolvimento com os resultados pesquisa. Das dez indústrias da amostra, sete foram
organizacionais. Por isso, os processos de Seleção, Trei- pesquisadas, pela disponibilidade. As dez indústrias
namento e Desenvolvimento e Avaliação de Desem- catarinenses selecionadas para a pesquisa foram: 1)
penho devem ser bem trabalhados, além da Remune- Aurora; 2) Weg; 3) Sadia; 4) Perdigão; 5) Busscar; 6)
ração e da Qualidade de Vida no Trabalho, resultando Tupy; 7) Malwee; 8) Whirlpool – Multibrás; 9) Teka; e
em talentos humanos valiosos para a organização, 10) Whirlpool – Embraco. O Quadro 4 a seguir apre-
capacitados, cientes das suas capacidades e pontos senta as sete maiores indústrias do Estado de Santa
a melhorar (feedback), motivados e comprometidos. Catarina pesquisadas:
A organização e a Gestão de Pessoas devem
fomentar a liderança, desenvolver líderes e liderados, NÚMERODE
EMPRESA
COLABORADORES
identificar aqueles que têm potencial para a liderança
e cultivá-los como recursos de valor (GALBRAITH, Aurora – Cooperativa Central
27.508
Oeste Catarinense
1995). Um investimento significativo nesse sentido é o
programa de trainee, cujo objetivo é captar e desenvol- Weg 14.420
ver jovens talentos com alto potencial, desenvolvendo Sadia 13.109
competências para a construção de uma carreira sólida
Tupy S/A 7.500
e a ocupação futura de cargos de liderança (PACHE-
CO, 2005). Profissionais talentosos assumem a sua Whirlpool S/A – Multibrás 6.000
inclinação para a liderança, as incertezas e os riscos, Teka Tecelagem Kuehnrich S/A 5.950
e têm disposição para progredir (DRUCKER, 2005).
Whirlpool S/A – Embraco 5.400
Assim, liderança é fundamental às organizações,
contribuindo para a integração efetiva entre as pessoas Quadro 4: Empresas pesquisadas
e as estratégias e para a Gestão do Conhecimento, Fonte: Elaborado pelos autores deste artigo
estimulando a participação e o aprendizado, gerando,
desenvolvendo e disseminando novos conhecimen- A análise de dados seguiu o método de Análise
tos, orientados para a inovação e a competitividade de Conteúdo, focado na Análise por Categoria. Não
organizacional. há identificação das empresas na análise dos dados
A seguir são apresentados os procedimentos por motivo de sigilo.
metodológicos do estudo. As práticas de liderança nas indústrias catarinen-
ses de grande porte são descritas na sequência.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 A LIDERANÇA NAS MAIORES INDÚSTRIAS
Com base no objetivo desse estudo, adotou-se a DO ESTADO DE SANTA CATARINA
linha de pesquisa Qualitativa, Descritiva e Aplicada.
Para a coleta de dados, foram utilizadas a Pesquisa O estudo buscou identificar as práticas de liderança
Documental e a Entrevista semiestruturada. e a sua contribuição para a Gestão do Conhecimento.
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De acordo com os dados coletados, na empresa área. Assim, as pessoas têm essa liberdade. Depois
1, há a estratégia denominada “nossas pessoas”. O isso tudo fica, de certa forma, registrado, até para a
RH atua com base em três premissas: 1) trust and gente não perder”.
engagement, ou seja, confiança e comprometimento; A empresa 6 possui consultoria interna, atuante
2) gestão de talentos; e 3) gestão de performance. A nos níveis tático e operacional. Foi ressaltada a intensi-
empresa tem pensamento de liderança diferenciado. ficação do trabalho em equipe, associado à liderança,
“Essa é a nossa ótica, um pensamento de liderança o que muda a relação de liderança existente, “tanto
voltado pra gestão de pessoas, desenvolver os nossos do líder quanto do liderado; então isso foi bastante
líderes, o jeito de liderar”. As competências necessárias intensificado”, colocou o entrevistado. A empresa
aos líderes da organização são definidas, bem como denomina esse processo de trabalho em times, e
a avaliação dos líderes, buscando aperfeiçoamento percebe-se que isso é valorizado pelos funcionários,
por meio de treinamentos e desenvolvimentos, bem com participação elevada e efetiva, resultando em
como a integração entre líderes. A empresa possui o melhorias significativas no processo produtivo, en-
programa way of leading, para a formação dos líderes. volvendo baixo custo e gerando comprometimento.
Há o desenvolvimento de carreira, atrelado à avaliação Cabe destacar que o comprometimento é essencial à
de desempenho, incluindo os trainees. Gestão do Conhecimento, pois permite e estimula o
Na empresa 2 há práticas relacionadas à lideran- compartilhamento de conhecimento. Há na empresa
ça, porém, ela não foi mencionada diretamente. Tais programas de melhoria contínua e plano de carreira,
práticas são focadas no conhecimento, nos “[...] grupos porém, a empresa reconheceu que precisa repensar o
do conhecimento, na comunicação e na relação inter- desenvolvimento das pessoas, antes um processo mais
pessoal”. Também há preocupação com a inovação, efetivo, o que ampliaria as competências de liderança
sendo a área de engenharia de produtos a responsável e o conhecimento na empresa.
pela inovação na empresa. Por fim, a empresa 7 também apresenta consulto-
A empresa 3 tem consultores internos e progra- res internos, assumindo a tomada de decisão nos níveis
mas voltados à liderança, para o desenvolvimento de tático e estratégico. A empresa treina todos os seus
competências e internalização dos preceitos essenciais gestores em técnicas de coaching, baseada na carreira
da empresa, como MBA in company, visando o desen- Y. Quanto aos colaboradores, somente em alguns casos
volvimento comportamental. é pensado na preparação do profissional para funções
Na empresa 4, a liderança se manifesta por meio futuras, limitando assim o desenvolvimento de líderes
da ação conjunta dos gestores e colaboradores no pla- e o aproveitamento pleno dos talentos humanos da
nejamento do desenvolvimento individual (coaching). organização.
Conforme o entrevistado, “[...] valoriza-se muito o Uma síntese da análise das práticas de liderança
papel do gestor no desenvolvimento das suas equipes”. nas empresas estudadas consta no Quadro 5 a seguir:
Isso demonstra gestão descentralizada, valorização das
pessoas e oportunidades de crescimento. A empresa EMPRESAS
PRÁTICAS DE LIDERANÇA
PESQUISADAS
“[...] tem um desenho de carreira em Y que permite
que o profissional tenha possibilidades de crescimento Programa Way ofleading, destinado a
Empresa 1
formar os líderes.
tanto na carreira técnica quanto na gerencial”.
Já na empresa 5, há o “PDL (Plano de Desen- Em processo de mudança. Identificadas
ações relacionadas à liderança. Grupos
volvimento de Líderes)” e incentivo para o coaching. Empresa 2
do conhecimento, foco na comunicação,
Foi destacada parceria entre o RH, os gestores e os relação interpessoal e inovação.
funcionários. A empresa cuida da Gestão do Conheci- Programa de formação de liderança. MBA
mento, sendo a maioria das informações centralizadas Empresa 3 in company, focado no desenvolvimento
no RH corporativo, o qual registra e dissemina para as comportamental.
as pessoas trazerem as informações, com qualquer Quadro 5: Comparativo quanto às práticas de liderança
Fonte: Adaptado de Girardi (2009)
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