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ESCOLA ESTADUAL
Guia de Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio
implementação Anos Iniciais Anos Finais Anos Finais Anos Finais Vol. 01 - Área de Vol. 02 - Área de Vol. 03 - Área de
Linguagens e Códigos Ciências da Natureza Ciências Humanas
Vol. 01 - Área de Vol. 02 - Área de Vol. 03 - Área de
Linguagens e Códigos Ciências da Natureza Ciências Humanas
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Guia de Implementação
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-09-7
1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino médio -
Currículo. I. Título. II. Série.
CDD 371
CDU 37.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Caros Educadores,
A educação que pretendemos está comprometida com a construção de uma cidadania consciente
e ativa, que ofereça aos alunos conhecimentos que lhes possibilitem compreender e posicionar-se
frente às transformações da sociedade, participando da vida produtiva; que possam relacionar-se com
a natureza, produzir e distribuir bens e serviços, convivendo com o mundo contemporâneo.
Em nossas escolas estudam crianças, jovens e adultos, em sua grande maioria, filhos da classe
trabalhadora. Nessa escola contemporânea algumas novas tarefas passaram a se integrar à
dinâmica educacional, não porque seja a única instituição responsável pela educação, mas por
ser aquela que desenvolve uma prática educativa planejada e sistemática durante um período
contínuo e extenso de tempo na vida das pessoas. A escola é reconhecida pela sociedade como
a instituição da aprendizagem.
No atendimento educacional aos ensinos Fundamental e Médio, espera-se que os alunos aprendam,
de forma autônoma, a valorizar o conhecimento, os bens culturais e o trabalho; selecionar o que
é relevante, investigar e pesquisar; construir hipóteses, compreender e raciocinar logicamente;
comparar e estabelecer relações, inferir e generalizar; adquirir confiança e capacidade de pensar
e encontrar soluções. É também necessário aprender a relativizar, confrontar e respeitar diferentes
pontos de vista, discutir divergências, exercitar o pensamento crítico e reflexivo, comprometendo-se
e assumindo responsabilidades. É importante também que aprendam a ler criticamente diferentes
tipos de texto, a utilizar diferentes recursos tecnológicos, a expressar-se e comunicar-se em várias
linguagens, opinar, enfrentar desafios, criar, agir de forma autônoma e que aprendam a diferenciar
o espaço público do privado, a serem solidários, a conviver com a diversidade e a repudiar qualquer
tipo de discriminação e injustiça.
criando condições para que ele possa aprender a aprender. Adequar a escola a seu público atual
é torná-la capaz de promover a realização pessoal, a qualificação para um trabalho digno, para
a participação social e política, enfim, para uma cidadania plena da totalidade de seus alunos e
alunas. Isso indica a necessidade de revisão do projeto pedagógico de muitas escolas que não se
renovam há décadas, criadas em outras circunstâncias, para um outro público e para um mundo
diferente deste dos nossos dias.
O Currículo Básico da Escola Estadual como instrumento organizador da ação educativa vem
assegurar um mínimo de unidade na rede estadual de ensino e pressupõe ainda a articulação
necessária, em cada unidade escolar, com o Projeto Político Pedagógico.
Estamos animados e esperançosos com o trabalho que juntos vamos realizar neste ano de 2009
na implementação e, consequentemente, na avaliação do novo currículo. Recomendamos que,
de maneira saudável, possamos conhecer, aplicar, discutir e criticar o novo currículo, para que
depois façamos as mudanças necessárias previstas no último trimestre deste ano.
Todos contêm de forma idêntica o CAPÍTULO INICIAL do documento que versa sobre: Apresen-
tação, O processo de construção do currículo, Princípios norteadores e Concepção de currículo,
com ênfase na organização por competências e habilidades, seguido do texto O sujeito da ação
educativa: o aluno. Destacamos a diversidade na formação humana que trazem as razões episte-
mológicas e sociológicas sobre a Educação Ambiental, as Relações Étnico-raciais e a População
Indígena como aspectos da diversidade biológica e cultural. A seguir organizamos um item que
discorre sobre a Dinâmica do Trabalho Educativo, apresentando reflexões acerca do processo
ensino-aprendizagem, a avaliação da aprendizagem, os ambientes de aprendizagem existentes
na escola, a relação professor e aluno e a pesquisa como metodologia de ensino.
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Sumário principal
Cabe observar que o currículo não se restringe aos componentes do CBC. Na verdade, o CBC é,
simplesmente, parte do currículo que está contextualizado no capítulo inicial e se concretiza no
âmbito de cada unidade escolar.
Este Guia está organizado em três capítulos, estabelecendo os diferentes níveis de coordenação
da gestão do novo currículo.
O primeiro capítulo traz a gestão no âmbito da unidade escolar. Nessa etapa montamos seis
indicações de roteiros para estudo do documento, quais sejam:
Indicação 1 - Roteiro de Estudo da Parte I do documento (específico para a Jornada Pedagógica)
Indicação 2 - Roteiro para elaboração dos Planos de Ensino (específico para a Jornada Pedagógica)
Indicação 3 - Roteiro básico de Análise Situacional da escola
Indicação 4 - Roteiro básico de Análise da Gestão Pedagógica
Indicação 5 - Roteiro para estudo e análise do CBC
Indicação 6 - Roteiro básico para proposição do Projeto Político Pedagógico, que se articule com
o novo currículo
Compreendemos que a escola reconhece o grande desafio que é imputado à área educacional
em relação ao enfrentamento dos problemas sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais,
morais, religiosos, enfim, de toda a ordem, que caracteriza o mundo contemporâneo, exigindo
posicionamentos e respostas no âmbito da instituição escolar.
A nova educação pretendida a partir do Novo Currículo certamente é mais ampla do que aquela
contida no antigo projeto pedagógico. Antes se desejava transmitir conhecimentos na forma de
informações e procedimentos estanques; agora se deseja promover competências gerais, que
articulem conhecimentos disciplinares ou não.
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Sumário principal
Para tanto, é necessário que os tempos/espaços de debate coletivo entre os docentes sejam
assegurados em cada unidade escolar, conforme estabelece o Calendário Escolar 2009 (dias 02 e
03/02, 20/07 e 02/10/2009). Recomendamos ainda que, em cada escola, sejam realizados encontros
por área de conhecimento, organizados antecipadamente pelos pedagogos e coordenadores,
com frequência de, pelo menos, um encontro de 5 horas/mês, tendo como referência as 20h
mensais da carga horária, de cada professor, que é destinada à hora-atividade.
No segundo capítulo detalhamos as competências das equipes regionais – SRE na gestão do novo
currículo, junto às escolas jurisdicionadas, apoiando, orientando e intervindo no desenvolvimento
dos seis Roteiros de Estudo, além da estruturação de relatórios regionais a serem encaminhados a
Unidade Central. Destaca-se também a coordenação da elaboração do CBC regional, envolvendo
os Professores Referências, correspondente a 30% dos conteúdos curriculares, seguindo o que
estabelece o Plano de Trabalho.
O terceiro capítulo apresenta as ações que serão desenvolvidas no âmbito da Sedu Central. Destacam-se
o programa de formação de professores, contendo o Ciclo de Aprofundamento de Estudos – Currículo
em Ação, que será realizado nas SRE, a Avaliação do Currículo Básico da Escola Estadual e a produção
dos Cadernos Metodológicos por disciplina. Destaca-se ainda o Ciclo de Seminários Descentralizados
com a coordenação das consultoras sobre o Novo Currículo da Rede Estadual.
O currículo escolar, no nosso entendimento, elaborado com a efetiva participação dos profissionais
da rede, aponta de forma intencional e clara a função precípua e específica da escola na construção,
apropriação e socialização do conhecimento, o que lhe confere sentido social no processo de
transformação coletiva.
Adriana Sperandio
Subsecretária de Educação Básica e Profissional
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Sumário principal
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
A Escola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
INDICAÇÃO 1 Roteiro de estudo do capítulo inicial do documento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
INDICAÇÃO 6 Roteiro básico para proposição do ppp que se articule com o novo currículo. . . . . . . . . . 32
A Sedu/Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
apêndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Leituras Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Material de Apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
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Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
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Sumário principal
O documento Espírito Santo 2025, plano que Portanto, o eixo principal da proposta da Nova
apresenta diretrizes estratégicas de longo Escola é a conexão entre as diversas ações, ou
prazo, propõe a organização da gestão públi- seja, a elaboração de um plano integrado para
ca, valorizando a educação como patrimônio a melhoria da educação no Espírito Santo.
por um desenvolvimento sustentável. Na
Secretaria de Estado da Educação, o Plano Tendo sempre como foco a promoção da
Estratégico Nova Escola vem propor avanços aprendizagem, a Sedu estabelece como
na educação pública estadual no sentido de prioridade: a valorização do planejamento e
conceber, como referencial para o trabalho, a inovação da gestão; o desenvolvimento das
o estudante enquanto sujeito de direitos e a pessoas; a oferta e eficiência de infraestrutura
escola como lócus do processo de ensino- e suporte; a efetivação de parcerias com a
aprendizagem. Ressignificar os espaços e sociedade; a construção de um sistema de
tempos escolares numa perspectiva criativa avaliação das escolas, gestores, técnicos e
e inovadora, apresentando como resultado professores; a criação de um eficiente sistema
a efetiva aprendizagem dos alunos, deve ser de comunicação interna; e a valorização de
compromisso assumido por todos os sujeitos inovações pedagógicas.
envolvidos: Unidade Central, Superintendên-
cias Regionais de Educação, unidade escolar, Essas diversas ações, conectadas umas às outras,
família e comunidade. tendo sempre como valores o respeito ao ser
humano, a igualdade de oportunidades, o
Uma nova escola para o Espírito Santo pres- comprometimento com resultados, a atitude
supõe um novo olhar sobre o cotidiano, ética, a transparência, o compromisso com o
sobre o aluno e suas necessidades. Pressupõe desenvolvimento do Espírito Santo e a valo-
mudança de postura, de deslocamento do lu- rização da identidade capixaba, com certeza
gar do saber para o lugar do saber-aprender, possibilitarão não somente a melhoria de nossa
de valorizar a permanente atualização, a rede de ensino, mas a concretização de uma
construção de sujeitos coletivos, politica- nova escola no Espírito Santo, preparada para
mente envolvidos e comprometidos com enfrentar os desafios e impasses presentes em
a formação de um cidadão. nosso mundo contemporâneo.
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Sumário principal
A Escola
Sumário principal
Este roteiro orienta os estudos da funda- de unidade que ele representa para a rede
mentação da Parte I do Currículo e é pré- estadual e o compromisso coletivo dos
requisito para o estudo das outras partes educadores na sua implementação.
do documento. • Apresentar a estrutura geral do do-
cumento (organização do impresso e
Data: 02/02 sumário).
(Jornada de Planejamento Pedagógico)
Local: na escola • Apresentar o Guia de Implementação.
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
SRE
Escola
Disciplina Área de Conhecimento
Professor Série
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Este roteiro propõe à escola um estudo Propósito: Levar toda equipe da escola a
sobre si mesma, as relações estabelecidas, conhecê-la sistematicamente a fim de orga-
os êxitos, as limitações. Estão propostos nizar suas ações e atividades pedagógicas a
itens a serem preenchidos para análise partir da realidade da mesma.
da própria escola a partir de uma pers-
pectiva pedagógica, apresentada em Primeiro momento
todo currículo: a promoção da apren- • Deve-se fazer a leitura do capítulo da
dizagem. A análise situacional prevê a Diversidade na Formação Humana, que
reflexão da prática pedagógica a partir destaca os diferentes sujeitos atendidos
da realidade apresentada nos indicadores nos níveis e modalidades de ensino.
e nas dificuldades objetivas. Esse roteiro • Retomar a leitura do princípio norteador
deve ser desenvolvido em duas etapas, “A aprendizagem como direito do edu-
respeitando a hora-atividade no limite cando”.
de 5h/mês. • Leitura: A dinâmica da ação educativa
com destaque para o item avaliação.
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Sumário principal
SRE
ESCOLA
Dados da escola
B. Vespertino
( ) EF - anos iniciais ( ) EF – anos finais ( ) EM ( ) EM Integrado a EP ( ) EP ( ) EJA
C. Noturno
( ) EM ( )EP ( ) EJA
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Sumário principal
5. Como são organizadas as turmas em sua escola? (as turmas e não a série)
A. ( ) Por idade.
B. ( ) Por ordem de chegada.
C. ( ) Pelo comportamento.
D. ( ) Por desempenho.
E. ( ) Outras formas:
6. Como foi indicado o processo de definição dos professores das turmas dos anos iniciais? Buscou-
se o perfil do professor alfabetizador? A equipe conhece o Projeto Ler, Escrever e Contar?
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Sumário principal
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Sumário principal
11. Qual foi o desempenho da sua escola no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) realizado
em 2008?
A. ( ) A escola não participou.
B. ( ) Desconheço os dados do ENEM.
MÉDIA GERAL COM CORREÇÃO Enem
Brasil
Estado
Município
Escola
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Sumário principal
12. Qual foi a média das proficiências da sua escola no PAEBES (Programa de Avaliação da Educação
Básica do ES)?
PAEBES 2004 MÉDIA ESTADUAL 2004 PAEBES 2008 MÉDIA ESTADUAL 2008
DISCIPLINA
4ª 8ª 1ª EM 4ª 8ª 1ª EM 1ª EM 1ª EM
Língua Portuguesa
Matemática
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Sumário principal
16. No geral, em qual componente curricular os alunos apresentam maior dificuldade de apren-
dizagem e baixo desempenho (Ensino Fundamental e Ensino Médio)?
Disciplina EF anos iniciais EF anos finais Ensino Médio EJA
Língua Portuguesa
Língua Estrangeira
Educação Física
Artes/Arte
Matemática
Ciências
Física
Química
Biologia
Filosofia
Sociologia
Ensino Religioso
História
Geografia
17. No geral, em qual componente curricular os alunos apresentam maior facilidade de aprendizagem
e melhor desempenho (Ensino Fundamental e Ensino Médio)?
Disciplina EF anos iniciais EF anos finais Ensino Médio EJA
Língua Portuguesa
Língua Estrangeira
Educação Física
Artes/Arte
Matemática
Ciências
Física
Química
Biologia
Filosofia
Sociologia
Ensino Religioso
História
Geografia
Das questões avaliadas, qual(is) dela(s) o grupo considera o maior destaque (positividade)
da escola? Descrever ações concretas que justifiquem a escolha do grupo.
Das questões avaliadas, qual(is) dela(s) o grupo considera a maior fragilidade da escola?
Propor ações concretas que a escola possa implementar para a superação dessa fragilidade.
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Sumário principal
Equipe de Coordenação:
Segundo momento: 1h30
Pedagogo (caso a escola tenha professor
Trabalho em grupo
referência, ele deverá participar da coorde-
nação deste estudo). 1. Leitura do item 2.3: o sujeito da ação
educativa. (30min)
Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde-
nador, Professores. 2. A partir do momento inicial e da leitura
realizada, discutir coletivamente propo-
Propósito: Levar a equipe a avaliar o traba- sições para o enriquecimento da prática
lho de gestão da escola, a partir dos itens pedagógica, a partir dos itens sugeridos
apresentados, propondo inovações para a abaixo:
melhoria da aprendizagem dos alunos.
O AMBIENTE EDUCATIVO
Primeiro momento: 1h
As questões propostas estão centradas
Pedagogo
na ideia de que a escola é o local onde se
1. Apresentar em tópicos os conceitos do concretiza o processo ensino-aprendizagem,
currículo estudados no capítulo inicial, e para que esse processo se fundamente
item 2.2 – concentuando o currículo. na formação humana é necessário que o
2. Apresentar os princípios norteadores (item ambiente escolar seja inclusivo e que as
2.1) alinhados ao conceito do currículo. relações sejam éticas e democráticas.
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Sumário principal
ITEM PROPOSIÇÃO
O ambiente escolar favorece o desenvolvimento do trabalho dos profissionais
da escola.
São realizadas atividades e dinâmicas de integração entre os profissionais da escola.
São promovidas atividades escolares que visem à integração entre os profis-
sionais da escola e alunos.
As relações profissionais pautam-se pela ética e pelo respeito mútuo.
O diálogo e a negociação são as estratégias mais utilizadas na resolução de
problemas e conflitos no ambiente escolar.
A discriminação entre os profissionais da escola, velada ou não, é combatida.
E também a discriminação em relação aos alunos e suas famílias.
No ambiente escolar os debates e as críticas são feitos de forma franca e aberta.
Em sala de aula priorizam-se o diálogo e o respeito mútuo.
Aplica-se e ou recomenda-se a utilização de metodologias inovadoras. Essas
são registradas.
Estimulam-se ações pelo dever de casa. A equipe reconhece que está variável
e indicada como de forte influência para a aprendizagem.
O uso do livro didático é orientado.
Existe com frequência a utilização dos ambientes de aprendizagem (salas
ambiente, biblioteca, laboratórios, quadra, etc.)
A organização da sala de aula é pensada, planejada e reflete a prioridade no
direito de aprender.
A correção das atividades, exercícios e pesquisas são tratadas como oportuni-
dade para aprender mais e melhor.
O Conselho de Classe é utilizado para discussão dos avanços e das dificuldades
verificados no processo ensino-aprendizagem, na busca de soluções.
São definidas ações para a promoção da melhoria do processo de ensino-
aprendizagem a partir das questões levantadas pelo Conselho de Classe.
Os alunos ou seus representantes participam de discussões relativas ao processo
de ensino-aprendizagem, inclusive no Conselho de Classe.
São definidas diretrizes públicas específicas e funcionais de disciplina de alunos
e professores.
As normas e regras são reconhecidas e respeitadas pelos professores.
Participação dos alunos nas produções que organizam e regulamentam as
relações de convivência na escola.
Aspectos relevantes nas dificuldades na disciplina em sala de aula (especial
contribuição dos coordenadores).
Organização e comportamento dos alunos nos demais ambientes da escola
(especial contribuição dos coordenadores).
Os planos de aula são compartilhados regularmente com pedagogos e demais
professores.
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Sumário principal
Das questões consideradas, qual(ais) dela(s) o grupo considera a maior fragilidade da escola?
Propor ações concretas que a escola possa implementar para a superação dessa fragilidade.
Obs. O pedagogo será o responsável pela síntese dos trabalhos em grupo, apresentando um plano de
trabalho com as inovações propostas.
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Sumário principal
Primeiro momento
AVALIAÇÃO DO CBC
Outras sugestões.
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário
principal
As Superintendências
Regionais de Educação
Sumário principal
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Sumário principal
Outra ação de responsabilidade das SRE é próprio para as devidas adequações que a
a coordenação da elaboração dos aspectos equipe regional sugerir.
regionais do currículo. Está ligado aos 30%
de CBC que se dará em nível regional e A coordenação geral desse trabalho é do
local. Para esse trabalho a Sedu/Central está supervisor pedagógico, com o apoio local
agendando reunião para o mês de março, dos técnicos do currículo e das equipes de
na qual vamos apresentar um plano de ação EF e EM.
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Sumário principal
A Sedu/Central
Sumário principal
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Sumário principal
Apêndices
Sumário principal
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Sumário principal
Não gostaria, assim, sequer, de dar a impres- Assim, em nível de uma posição crítica, a
são de estar deixando absolutamente clara que não dicotomiza o saber do senso co-
a questão do estudar, do ler, do observar, do mum do outro saber, mais sistemático, de
reconhecer as relações entre os objetos para maior exatidão, mas busca uma síntese dos
conhecê-los. Estarei tentando clarear alguns contrários, o ato de estudar implica sempre
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Sumário principal
o de ler, mesmo que nesse não se esgote. E a experiência da compreensão será tão
De ler o mundo, de ler a palavra e assim ler a mais profunda quanto sejamos nela capazes
leitura do mundo anteriormente feita. Mas ler de associar, jamais dicotomizar, os concei-
não é puro entretenimento nem tampouco tos emergentes da experiência escolar aos
um exercício de memorização mecânica de que resultam do mundo da cotidianidade.
certos trechos do texto. Um exercício crítico sempre exigido pela
leitura e necessariamente pela escuta é o de
Se, na verdade, estou estudando e estou como nos darmos facilmente à passagem
lendo seriamente, não posso ultrapassar da experiência sensorial que caracteriza a
uma página se não consegui com relativa cotidianidade à generalização que se opera
clareza, ganhar sua significação. Minha na linguagem escolar, e dessa ao concreto
saída não está em memorizar porções de tangível. Uma das formas de realizarmos esse
períodos lendo mecanicamente duas, três, exercício consiste na prática que me venho
quatro vezes pedaços do texto, fechando referindo como “leitura da leitura anterior do
os olhos e tentando repeti-las como se sua mundo”, entendendo-se aqui como “leitura
fixação puramente maquinal me desse o do mundo” a “leitura” que precede a leitura
conhecimento de que preciso. da palavra e que perseguindo igualmente a
compreensão do objeto se faz no domínio da
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigen- cotidianidade. A leitura da palavra, fazendo-se
te, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda também em busca da compreensão do texto
autenticamente se não assume, diante do e, portanto, dos objetos nele referidos, nos
texto ou do objeto da curiosidade a forma remete agora à leitura anterior do mundo.
crítica de ser ou de estar sendo sujeito da O que me parece fundamental deixar claro
curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do é que a leitura do mundo que é feita a partir
processo de conhecer em que se acha. Ler da experiência sensorial não basta. Mas,
é procurar buscar criar a compreensão do por outro lado, não pode ser desprezada
lido; daí, entre outros pontos fundamen- como inferior pela leitura feita a partir do
tais, a importância do ensino correto da mundo abstrato dos conceitos que vai da
leitura e da escrita. É que ensinar a ler é generalização ao tangível.
engajar-se numa experiência criativa em
torno da compreensão. Da compreensão e Certa vez, uma alfabetizanda nordestina
da comunicação. discutia, em seu círculo de cultura, uma
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
O sentido do terceiro pilar, aprender a fazer, O aprender a ser está entre os elementos
é afirmar que a educação não pode aceitar preconizados no relatório. Refere-se à de-
a imposição de opção entre a teoria e a manda contemporânea de uma postura
técnica, o saber e o fazer. As velhas dico- ética, pautada no princípio de que as atitudes
tomias do passado devem ceder espaço e responsabilidades pessoais interferem no
a uma práxis pedagógica que admita que destino coletivo. Esse pilar sinaliza que os
quem pensa, também executa; que quem humanos não nascem prontos para a vida
executa também pensa; que o corpo e a alma em sociedade. Sugere que os processos
são indissociáveis; que a ideia e a matéria educativos, tanto das escolas quanto das
são complementares no entendimento da famílias, qualifiquem as pessoas para a
totalidade. vida em conjunto. Isso se torna, pois, uma
responsabilidade de geração com relação
A vida neste novo século solicita uma edu- à sua próxima.
cação que permita aos educandos associar a
técnica com a aplicação de conhecimentos Em suma, vale afirmar que a educação no
teóricos, relacionar o que se estuda com o século XXI está estreitamente vinculada ao
que se faz, com as demandas do cotidiano, desenvolvimento da capacidade intelectual
com a utilização de conhecimentos no con- dos estudantes e a princípios éticos, de
texto de vida dentro e fora da escola. compreensão e solidariedade humana.
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Sumário principal
O educador é o principal trabalhador bra- cias. Informe-se, reflita, discuta. Quando você
sileiro, pois é ele quem está com o aluno entende o problema, tem mais chances de
diariamente e tem nas mãos as ferramentas fazer sua parte para resolvê-lo – e você, como
para ensiná-lo. Veja como você, educador, educador, é o principal agente da melhoria
pode fazer a sua parte. da educação.
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Sumário principal
Escola boa é aquela em que o não deve ser visto apenas como o administra-
aluno aprende dor do prédio da escola, mas como o grande
administrador da aprendizagem dos alunos.
A melhor forma de avaliar a qualidade do
ensino é por meio da aprendizagem dos
O diretor é o responsável maior para a escola
alunos. E, se a escola existe para ensinar, a
ter e cumprir o regimento escolar e a proposta
avaliação capaz de dizer se a escola é boa ou
pedagógica – que dará origem aos planos
ruim é aquela que nos mostra se os alunos
de curso e de aula. Além de ser peça-chave
estão ou não aprendendo.
na identificação das necessidades locais, o
Valorize e utilize avaliações sobre a qualidade diretor deve garantir um sistema eficaz de
do ensino como um instrumento para me- reforço escolar para os alunos com dificulda-
lhorar a escola, e promover a transparência des em algum conteúdo específico, e deve
e a participação de todos os envolvidos fazer funcionar um sistema de supervisão
no processo de ensino-aprendizagem. de professores com foco no desempenho
dos alunos.
Diretor: Assuma a liderança
Diretor: Articule-se com a
Assuma a liderança de forma democrática e Secretaria de Educação
cooperativa com todos os segmentos da equipe.
A presença constante do diretor da escola é fun- Como a escola não trabalha de forma isolada,
damental. Ele deve ter competência para ocupar o diretor deve conduzir as ações da escola
um papel central na gestão do cotidiano escolar de forma articulada com as políticas ema-
e na articulação da escola com a comunidade nadas pela Secretaria de Educação – que
escolar. Como lida com questões internas e deve receber, mensalmente, os dados da
externas da escola, é necessário ter sempre em escola. As metas da escola também devem
mente o que é e o que não é prioritário, para ser estabelecidas, anualmente, de forma
organizar seu tempo de forma eficiente. integrada às metas da rede de ensino.
Diretor: Seja responsável pela As escolas devem ter algum grau de autono-
qualidade de ensino mia, mas são parte de um organismo muito
maior, que é a rede de ensino, gerida pela
A melhor gestão administrativa de nada vale se
Secretaria de Educação.
os alunos não estiverem aprendendo. O diretor
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Sumário principal
Diretor: Assegure o cumprimento dias. Você pode, ainda, abrir a biblioteca fora
do ano letivo do horário das aulas e para a comunidade.
Quanto aos computadores, sua escola pode
Assegure o cumprimento integral do ano
incentivar os alunos a usarem a internet para
letivo. As escolas precisam garantir um míni-
fazer pesquisas sobre temas atuais e, a partir
mo de 200 dias letivos, com um mínimo de
delas, elaborar resumos. Os alunos podem
quatro horas de aula por dia, descontados
também ser envolvidos na elaboração e
os intervalos escolares. Isso é lei.
manutenção da página da escola na internet,
ou ser incentivados a construírem seus blogs
Assegurar a pontualidade e frequência dos
– diários na internet.
professores e funcionários da escola também
é necessário.
Professor: Planeje suas aulas
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Sumário principal
Conheça de antemão os textos que você Diretor: Mantenha uma boa relação
apresentará à classe, gere expectativas nos com as famílias
alunos sobre os textos, faça comentários,
Divulgue a proposta pedagógica de cada
perguntas e promova a reflexão, inter-
série para os pais dos alunos poderem
pretação e o diálogo entre os estudantes.
acompanhar o seu cumprimento ao
longo do ano letivo. Divulgue também o
Professor: Reforce a autoestima
regimento da escola para pais e alunos.
dos alunos
É preciso que educadores difundam ao Distribua os boletins com resultados dos alunos
máximo os gestos, as atitudes, as palavras nas épocas previstas pelo Regimento Interno
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Sumário principal
das Escolas, e informe-os sobre como está o familiares. Eles são parceiros fundamentais
desempenho de seus filhos na escola. Dê, ainda, da escola.
dicas sobre como eles podem ajudar suas
crianças a estudar e acompanhar as aulas. Fiscalize o Bolsa-Família
59
Sumário principal
Material de apoio
Novembro
Setembro
Fevereiro
Outubro
Agosto
Março
Junho
Julho
Maio
Abril
Indicação1 02
Indicação 2 03 X
Indicação 3 X X
–
Indicação 4 X
Indicação 5 X X X
Indicação 6 X
EDITORA AGIR
Nº TÍTULO AUTOR
Como descobrir sua genialidade: aprenda a pensar com as dez mentes mais
1 Gelb, Michel
revolucionárias da história
60
Sumário principal
EDITORA ARTMED
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fazendo Arte com a Matemática Fainguelernt
2 Aprender com jogos e situações-problemas Macedo, Lino e Outros
3 Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos Durante, Marta
4 A pedagogia entre o dizer e o fazer : a coragem de começar Meirieu, P.
5 Ler, escrever e resolver problemas – habilidades para aprender matemática Smole, Kátia Stocco e Outros
6 Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário Lerner, Delia
7 Educação de Surdos: a aquisição da linguagem Quadro, Ronice
EDITORA ÁTICA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Como analisar narrativas Gancho, Cândida
2 O texto na sala de aula Geraldi, João Vanderlei
3 Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem Haydt, Regina Cazaux
4 Linguagem e escola: uma perspectiva social Soares, Magda
5 A produção da leitura na escola Silva, Ezequiel Theodoro Da
EDITORA ATUAL
Nº TÍTULO AUTOR
1 As tribos do mal, o neonazismo no Brasil e no Mundo Salem, Helena
EDITORA AUTÊNTICA
Nº. TÍTULO AUTOR
1 Aprendendo valores éticos Fagundes, Márcia Botelho
2 Literatura e letramento Paiva, Aparecida (Org.)
3 Formação de professores – pesquisas, representações e poder Pereira, Júlio Emílio Diniz
4 Aprendizagem contextualidade: discurso e inclusão na sala de aula Castenhema, Maria Lúcia
5 Professores leitores e sua formação Andrade, Ludimila Tomé De
6 Diálogos na educação de jovens e adultos Soares, Leôncio e Outros (Orgs)
7 A construção do letramento na educação de jovens e adultos Pereira, Maria Lúcia
8 Escrever e brincar: oficinas de texto Claver, Ronaldo
61
Sumário principal
AUTORES ASSOCIADOS
Nº TÍTULO AUTOR
1 O mundo da escrita no universo da pequena infância Faria, Ana Lúcia G. De
2 Entre a Educação Física na Escola e a Educação Física da Escola Caparroz, Francisco Eduardo
3 Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de Educação Física Bezerra, Duckur Costa Bezerra
Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e
4 Padilha, A.M.L
a inserção cultural do deficiente mental
5 Políticas e práticas de educação inclusiva Góes, M. C. R
6 Alfabetização: a criança e a linguagem escrita Contijo, Claudia Mariab Mendes
EDITORA BERTRAND
Nº TÍTULO AUTOR
1 A cabeça bem feita: repensar a reforma e o pensamento Morin, Edgar
EDITORA BRASILIENSE
Nº TÍTULO AUTOR
1 O iluminismo e os reis filósofos Salinas, Luiz
2 O que é Religião Alves, Rubem
EDITORA CALIS
Nº. TÌTULO AUTOR
1 Palavras sagradas de diferentes povos e religiões Kubric, Simone (Org.)
2 O que sabemos sobre Budismo Ganeri, Anita
3 O que sabemos sobre Cristianismo Watson, Carol
4 O que sabemos sobre Hinduísmo Ganeri, Anita
5 O que sabemos sobre Islamismo Shahrukh, Husair
6 O que sabemos sobre Judaísmo Doreen,Fine
62
Sumário principal
EDITORA CONTEXTO
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fala, letramento e inclusão social Mollica, Maria Cecilia
2 Letramento literário: teoria e prática Cosson, Rildo
EDITORA CORTEZ
Nº TÍTULO AUTOR
1 Leitura e construção do real. O lugar da poesia e da ficção, vol. I Chiappini, Ligia (Coord)
2 Outras linguagens na escola (v. 6) Citelli, Adilson
3 Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte Buoro, Anamélia Bueno
4 Metodologia do ensino e educação física Coletivo De Autores
5 Aprender e ensinar com textos não-escolares Citelli, Adilson
6 Política de currículo em múltiplos contextos Casimiro, Alice e Outros
7 Os sete saberes necessários à educação do futuro Morin, Edgar
EDITORA DP&A
Nº TÍTULO AUTOR
1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Cury, Carlos Roberto Jamil
2 Gestão da escola: desafios a enfrentar Vieira, Sofia Larche
3 Filosofia para crianças Kohan Walter
4 Professora pesquisadora, uma práxis em construção Estebam, Maria Tereza
5 Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas Moretto, Vasco Pedro
6 Quando falam os professores alfabetizadores Lacerda, Mitsi Pinheiro De
7 Quem sabe que erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso Estebam, Maria
8 Verde cotidiano: meio ambiente em discussão Reigota, M.
63
Sumário principal
EDITORA EDUFES
Nº TÍTULO AUTOR
1 Pesquisa e educação especial: mapeando produções Jesus, D.M. e Outros
EDITORA FORMAR
Nº TÍTULO AUTOR
1 A construção do Espírito Santo Conti, Raquel Félix
EDITORA FTD
Nº TÍTULO AUTOR QTD
1 Atlas Geográfico – Turma da Mônica Souza, Maurício De 591
EDITORA GRAFER
Nº TÍTULO AUTOR
1 Vitória, cidade presépio Tatagiba, JOSÉ
EDITORA LOYOLA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Pesquisa na escola: o que é, como se faz Dagno, M.
64
Sumário principal
EDITORA MANOLE
Nº TÍTULO AUTOR
1 Filosofia ética e literatura Perissé, Gabriel
2 Ensinando basquetebol para jovens Walker Larry E.
3 Primeiros socorros no esporte Fegel, J. Melinda
EDITORA MEDIAÇÃO
Nº TÍTULO AUTOR QTD
1 Filosofia da criação Meira, Marly 1860
2 A formação do ator Spritzer, Mirna 591
3 A criança e a pintura Richter, Sandra 591
4 Indisciplina/Disciplina Tailer, Yves 1860
5 Removendo barreiras para a aprendizagem Carvalho, Rosita Edler 1860
EDITORA MODERNA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Gramática em textos Sarmento, Leila
2 Gramática de Espanhol passo-a-passo com exercícios Santilhana, Adrián Famyul
65
Sumário principal
Nº TÍTULO AUTOR
6 Brincando com Arte - Guignard Guignard
7 Brincando com Arte - Jocelino Soares Soares, Jocelino
8 Brincando com Arte - Maroubo Maroubo
9 Brincando com Arte - Portinari Portinari, Cândido
10 Brincando com Arte - Ranchinho Ranchinho
11 Brincando com Arte - Tarsila do Amaral Amaral, Tarsila do
12 Brincando com Arte - Vaccarini Vaccarini
13 Brincando com Arte - Walde-Mar Walde-Mar
EDITORA OBJETIVA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Como e por que ler a poesia brasileira do século XX Moriconi, Ítalo
2 Como e por que ler o romance brasileiro Lajolo, Marisa
3 Como e por que ler a literatura infantil brasileira Zilberman, Regina
EDITORA PAPIRUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Geografia, escola e construção de conhecimentos Cavalcante, Lana De S.
2 A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento Fazenda, Ivani
3 A formação dos educadores ambientais Guimarães, M.
4 Educação ambiental: no consenso um debate Guimarães, M.
EDITORA PAULINAS
Nº TÍTULO AUTOR
1 A religião no mundo (5ª série) Carmiato, Maria Inês
2 Expressões do sagrado na humanidade (6ª série) Carmiato, Maria Inês
3 A religiosidade no mundo atual (7ª série) Carmiato, Maria Inês
4 Nossa opção religiosa (8ª série) Carmiato, Maria Inês
EDITORA PAULUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Recriando experiências – técnicas e dinâmicas para grupos Instituto da Pastoral da Juventude Leste
2 Ensino Religioso: construção de uma proposta Bastos, João Décio
66
Sumário principal
EDITORA PEIROPOLIS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Cultura da paz Von, Cristina
EDITORA PLEXUS
Nº TÍTULO AUTOR
Possibilidade de histórias ao contrário, ou como desencaminhar o aluno da classe
1 Padilha, A. M. L
especial
EDITORA POSITIVO
Nº TÍTULO AUTOR
1 Dicionário Aurélio - Português (grande) Holanda, Aurélio
EDITORA SANTOS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fisiologia animal. Adaptação e meio ambiente Knur, Schindt
EDITORA SARAIVA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Português descomplicado Pimentel, Carlos
2 Constituição Federal Brasileira Pimentel, Carlos
3 Violência urbana Buoro, Andréa e Outros
4 Racismo, preconceito e intolerância Boreges, Edson e Outros
EDITORA SBS
Nº TÍTULO AUTOR
1 O ensino da língua inglesa Holden, Susan e outros
67
Sumário principal
EDITORA SUMMUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Diferenças e preconceitos na escola Aquino, J. A. (Org.)
2 Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva Rodrigues, D.
3 Dicionários de relações étnicas e raciais Cashmore, Ellis
EDITORA THONSON
Nº TÍTULO AUTOR
1 Educando para o pensar Castro, Eder Alonso Oliveira e Outros
EDITORA VOZES
Nº TÍTULO AUTOR
1 Desenvolvimento sustentável Scotto, Gabriela e Outros
2 Pedagogia da exclusão Gentilli, P. (Org.)
MAPAS
Nº TÍTULO
1 Mapas do Brasil - Político, Físico, Clima, Vegetação
2 Mapas do Espírito Santo - Político, Físico
3 Mapas da Europa - Físico e Político - Ásia, África, Oceania
68
Sumário principal
Disco 23 Disco 31
Fazendo Escola Gestão da Escola – Parte I
Disco 13 Disco 34
Letra Viva Formação Contínua de Professores – Parte II
• Planejamento na Prática Pedagógica (29’) • Os Saberes dos Professores- Ponto de
Partida para a Formação Contínua (60’)
• Planejamento: uma atividade é só uma
• Vida e Trabalho- Articulando a Formação
atividade? (29’)
Contínua e o Desenvolvimento Profissional
de Professores (60’)
69
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Iniciais
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-08-0
1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino médio -
Currículo. I. Título. II. Série.
CDD 372.19
CDU 373.3.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
7
Sumário principal
8
Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
11
Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
12
Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
13
Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
14
Sumário principal
15
Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a
16
Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
17
Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
21
Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
22
Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
23
Sumário principal
24
Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
25
Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
26
Sumário principal
27
Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
28
Sumário principal
29
Sumário principal
aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
30
Sumário principal
31
Sumário principal
32
Sumário principal
33
Sumário principal
34
Sumário principal
35
Sumário principal
por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
36
Sumário principal
as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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Sumário principal
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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Sumário
principal
O ensino fundamental, como etapa obrigatória Estabelece a LDB 9394/96 que o ensino
da Educação Básica, obteve nos últimos anos fundamental, hoje ampliado para 9 (nove)
reconhecido avanço, alcançando a universalização anos, iniciando-se aos 6 (seis) anos de ida-
do acesso da população de 7 a 14 anos às escolas. de, tem por objetivo a formação básica do
Entretanto, muito há que se fazer para assegurar cidadão, mediante:
o direito de aprender de todo e cada aluno,
garantindo sua permanência com qualidade.
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• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício dos direitos
e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação
e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais,
utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
como meio para construir, progressivamente, a noção de identidade nacional e pessoal e
o sentimento de pertinência ao país;
• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos
socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação
baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando
seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio
ambiente;
• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de
inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da
cidadania;
• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando-o e adotando hábitos saudáveis como
um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação
à sua saúde e à saúde coletiva;
• utilizar diferentes linguagens (verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal) como meio
para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais em
contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir
conhecimentos;
• questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso
o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando
procedimentos e verificando sua adequação.
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ao mesmo tempo em que permite que as Nesse sentido, é necessário ter um perfil
crianças trabalhem de forma autônoma, em profissional amplo, comprometido com a
situações de interação social ou sozinhas, reflexão constante sobre sua prática, de-
ampliando suas capacidades ao interagir com batendo com seus pares, dialogando com
diversas fontes de conhecimentos. A escuta, as famílias e a comunidade e buscando
a observação, o registro, o planejamento informações necessárias para a construção
e a avaliação são elementos essenciais no de projetos educativos qualificados.
processo de intervenção pedagógica. A
rotina do professor deve ser marcada pela O professor alfabetizador deve possuir
permanente observação e registro do desen- competência e sensibilidade para o trabalho
volvimento da rotina dos alunos, ação que com alunos na faixa etária específica, enten-
irá apoiar sua prática pedagógica. O registro dendo o momento psicológico e cultural da
diário de suas observações, impressões e infância, que marcará os temas preferidos por
ideias comporá um rico material de reflexão essas crianças, as brincadeiras vivenciadas,
e pesquisa, propondo situações capazes as modalidades de linguagem utilizadas, as
de gerar novos avanços na aprendizagem possibilidades de relacionamentos socioafe-
das crianças. tivos e de compreensão de regras.
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Sumário principal
profissional, por parte da escola, uma vez atender às diversas características e ritmos
que representa um “saber fazer” como um dos grupos de alunos. Um momento inicial
diferencial de sucesso na alfabetização. É de conversa e planejamento coletivo das
importante ter hábito de leitura e estudo, atividades do dia é importante para mobilizar
ser criativo e inovador, comprometido com o e envolver os alunos. Além disso, o trabalho
trabalho, além de ter o domínio da atividade com atividades diversificadas, podendo ser
de alfabetização. simultâneas, individuais ou em grupos, com
ritmos diferenciados, que exijam maior ou
A atuação do professor terá prosseguimento menor nível de concentração, que aconteçam
na mesma turma nos três primeiros anos do dentro ou fora do espaço da sala de aula e
Ensino Fundamental, sempre que possível, da escola, é recomendado para dinamizar o
de forma a garantir o acompanhamento dos trabalho educativo, tornando-o significativo
alunos durante o processo de alfabetização para os sujeitos.
e letramento.
As relações sociais
A rotina
Ao lado do ambiente físico está o social, que
A organização do tempo de trabalho educati- se concretiza por meio da interação humana,
vo realizado com as crianças está estruturada determinante no processo de aprendizado
na rotina escolar. A rotina deve envolver infantil. A existência de um ambiente aco-
situações de aprendizagens que revelem a lhedor, propicia a confiança e a autoestima,
intencionalidade educativa consonante com a vivência de situações de diálogo, jogos
o projeto pedagógico da escola. Portanto, re- e brincadeiras, garantindo a qualidade da
quer planejamento cuidadoso com um enca- troca entre as crianças que, ao se comuni-
deamento de ações que visam a desenvolver carem e se expressarem, demonstram seus
aprendizagens específicas. A estruturação do modos de agir, pensar e sentir, ao mesmo
trabalho diário poderá envolver atividades tempo em que constroem e reformulam
permanentes, esporádicas e específicas de conhecimentos.
projetos. Essa rotina deverá ser facilitadora
dos processos de desenvolvimento de apren- Os momentos individuais também colabo-
dizagem, ser clara, flexível e adequada para ram para o desenvolvimento das capacidades
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Sumário principal
de interação, uma vez que permitem que de organização familiar que compõem a
as crianças socializem suas experiências e nossa sociedade, são imprescindíveis para
descobertas, vividas com outras crianças e se garantir o diálogo produtivo entre essas
com os adultos, construindo sentidos para importantes instituições sociais, parceiras
pensamentos e ações e se preparando para e interlocutoras no processo educativo
novas interações. infantil.
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Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que afetiva (quer dizer, o conjunto de emoções
aprender Matemática implica aprender a e sentimentos que acompanham as pessoas
(re)conhecer a Matemática da vida real: durante a aprendizagem); e a cognitiva (refe-
habilidades, conhecimentos, disposições, rente concretamente à maneira de aprender,
capacidades de comunicação e sua aplicação quer dizer, às estratégias que a pessoa utiliza
na vida cotidiana. Uma aprendizagem do seu para entender um conceito matemático e
ponto de vista implica quatro dimensões incorporá-lo a seu conhecimento).
diferentes: a instrumental (que se refere ao
conjunto de símbolos que constituem a Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta
linguagem matemática); a normativa (que no processo de ensino-aprendizagem quem
são as regras e as normas que regulam os aprende, quem ensina e o saber a ser ensi-
diferentes procedimentos matemáticos); a nado, buscando o crescimento integral do
13 Alsina, C. 2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.
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Ainda para Freire (1996, p. 30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
relação com as condições sociais, políticas
se exige previamente uma valorização dos
e econômicas ao longo dos tempos, rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemáticos
cidadã do indivíduo. com a cultura e as manifestações artísticas
e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como a
matemáticas dos cidadãos e das comunida- Matemática colabora na compreensão
des locais – que são competências prévias e utilização das tecnologias e como as
tecnologias podem colaborar para a
relativamente eficientes –, mas que não se
compreensão da Matemática.
abdique do saber matemático mais universal.
Além disso, o desenvolvimento de compe- Oportunizar a compreensão e transfor-
tências e habilidades matemáticas contribui mação do mundo em que vivemos, seja a
comunidade local, o município, o Estado,
mais diretamente para auxiliar o cidadão a ter
o país ou o mundo.
uma visão crítica da sociedade em que vive
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemáticos
(aritmético, geométrico, métrico, algébrico,
7.1.2 Objetivos da disciplina estatístico, combinatório, probabilístico)
entre eles e com outras áreas do conhe-
cimento.
Partindo do princípio que a Matemática deve
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações de levem o estudante
consideramos os seguintes objetivos: a validar estratégias e resultados, de forma
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Para Seymor Papert (1994) os computadores Outra questão importante é discutir sobre
devem servir como instrumentos para se o uso da calculadora na escola. Um recurso
trabalhar e pensar, como meios para realizar utilizado de forma quase natural em nossa
projetos, como fonte de conceitos para pen- sociedade. Os preços acessíveis e a facilidade
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Sumário principal
de serem encontradas as tornaram instru- se trazer para a sala de aula fatos da história
mentos imprescindíveis. Afinal, quem nunca da Matemática, tem-se como propósito a
manuseou uma calculadora? Imaginemos superação das dificuldades de aprendizagem
como seria se ela não existisse? Quanto tempo de conteúdos, além de seu caráter motivador.
perdido e quantos negócios deixariam de Para tal, evidenciam-se as contribuições
ser feitos se não pudéssemos contar com do processo de construção histórica dos
a agilidade desse recurso? No entanto, é conceitos e procedimentos matemáticos.
o educador quem deve decidir o melhor
momento de uso, e quais são as situações nas Dentre os recursos didáticos que auxiliam
quais a calculadora poderá ser inserida para o ensino-aprendizagem da Matemática na
contribuir na construção do conhecimento escola, os jogos, os materiais concretos, o
e não como algo que venha a substituir me- livro didático e o trabalho com projetos me-
todologias já existentes. É importante que recem destaque. Os materiais concretos têm
o uso ocorra de forma paralela aos cálculos efeitos positivos no ensino-aprendizagem da
mentais e estimativas, seja na construção Matemática, auxiliando no caminho para a
de conceitos, na resolução de problemas, abstração matemática, bem como o trabalho
na organização e gestão de dados seja em com jogos, que fornecem uma excelente
atividades específicas que colaborem para a oportunidade para que sejam explorados
construção de significados pelos alunos. aspectos importantes dessa metodologia.
Como exemplo, convém lembrar que a ob-
Ao nos referirmos à atribuição de significa- servação precisa dos dados, a identificação
dos pelos alunos não poderíamos deixar das regras, a procura de uma estratégia, o
de mencionar que uma das formas mais emprego de analogias, a redução a casos
eficazes de atribuir significado aos conceitos mais simples, a variação das regras, entre
matemáticos é contextualizá-los no processo outras possibilidades, são capacidades que
de evolução histórica desses conceitos. No podem ser desenvolvidas quando se tra-
entanto, trazer a História da Matemática é balha com jogos na aula de Matemática.
evidenciar as articulações da Matemática No âmbito pedagógico, é fundamental o
com as necessidades do homem de cada aspecto interativo propiciado pela experiência
época. Essa história não deve se limitar à com jogos matemáticos, pois os alunos não
descrição de fatos ocorridos no passado ficam na posição de meros observadores,
ou à atuação de personagens famosos. Ao e transformam-se em elementos ativos, na
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Competências gerais
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e as outras áreas do saber.
• Raciocinar logicamente, fazer abstrações com base em situações concretas, generalizar, organizar e representar.
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem empregadas na Matemática.
• Resolver problemas, criando estratégias próprias para sua resolução, desenvolvendo a imaginação e a criatividade.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de raciocínio: dedutivo, indutivo, probabilístico, por analo-
gia, plausível etc.
• Utilizar as novas tecnologias de computação e de informação.
• Desenvolver a sensibilidade para as ligações da Matemática com as atividades estéticas no agir humano.
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa na simplicidade, na harmonia e na organicidade
de suas construções.
• Expressar-se com clareza utilizando a linguagem matemática.
Outras competências, igualmente fundamentais para o Ensino Básico, estão associadas a campos matemáticos mais
específicos e são mencionadas a seguir:
• Reconhecer e utilizar símbolos, códigos e nomenclaturas da linguagem matemática.
• Identificar, transformar e traduzir adequadamente valores e unidades básicas apresentadas sob diversas formas.
• Identificar dados relevantes de uma situação problema para buscar possíveis soluções.
• Reconhecer relações entre a matemática e as outras áreas do conhecimento, percebendo sua presença nos mais varia-
dos campos de estudo e da vida humana.
• Compreender dados estatísticos, interpretá-los e tirar conclusões que possam ir além dos dados oferecidos, estabele-
cendo tendências e possibilidades.
• Identificar e analisar valores das variáveis, intervalos de crescimento e decrescimento em um gráfico cartesiano sobre
tema socioeconômico ou técnico-científico.
• Visualizar e analisar formas diversas e geométricas.
• Diante de formas geométricas planas e espaciais, reais ou imaginárias, conhecer suas propriedades, relacionar seus ele-
mentos.
• Calcular comprimentos, áreas e volumes e saber aplicar esse conhecimento no cotidiano.
• Utilizar grandezas diversas para medir espaço, tempo e massa.
• Reconhecer o caráter aleatório de certos fenômenos e utilizar processos de contagem, estatística e cálculo de probabi-
lidades para resolver problemas.
• Identificar a formulação em linguagem matemática, em uma situação problema apresentada em certa área do conheci-
mento.
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Sumário principal
1º ano, 1ª e 2ª séries
Habilidades Conteúdos
• Desenvolver estratégias úteis de manipulação dos números e das Números e Operações
operações. • Identificação dos números naturais.
• Utilizar diferentes formas de representação dos números, assim como • Números pares e ímpares.
das propriedades das operações.
• Sistema de Numeração Decimal: unida-
• Operar utilizando cálculo mental, estimativa, calculadora e algorit- des, dezenas e centenas; valor posicio-
mos. nal; decomposição.
• Reconhecer a ordem de grandeza dos números. • Antecessor e sucessor dos números na-
• Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade de resultados turais.
obtidos. • Adição, subtração.
• Explorar padrões numéricos em situações matemáticas e não-mate- • Resolução de problemas envolvendo as
máticas. ideias da multiplicação: parcelas iguais
• Investigar relações numéricas em problemas envolvendo processos e ideia combinatória.
de contagem. • Resolução de problemas envolvendo
• Reconhecer as operações que são necessárias à resolução de cada ideias da divisão: ideia de repartir e for-
situação-problema, assim como explicar os métodos e o raciocínio mar grupos.
que foram usados. • Situações problemas envolvendo a adi-
• Compreender o sistema de numeração decimal no que tange ao va- ção, subtração.
lor posicional dos algarismos.
• Compreender o sistema de numeração decimal e sua relação com os
algoritmos da adição e subtração.
• Reconhecer números naturais e decimais e suas representações.
• Utilizar as propriedades das operações em situações concretas e para
facilitar os cálculos.
• Ler e interpretar tabelas e gráficos em situações diversas e comunicar Tratamento da Informação
as interpretações feitas. • Leitura e interpretação de tabelas e
• Processar informações diversas. gráficos.
• Registrar ideias e procedimentos. • Representação por meio de tabelas e
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem. gráficos.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de ra- • Ler e interpretar textos diversos.
ciocínios.
82
Sumário principal
Habilidades Conteúdos
• Visualizar e reconhecer as figuras geométricas e fazer pequenas aná- Geometria, Grandezas e Medidas
lises. • Geometria nas diversas culturas e nas
• Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise das figuras artes.
geométricas e na resolução de problemas geométricos e de outras • As figuras geométricas: semelhanças e
áreas da Matemática. diferenças.
• Identificar a diversidade nas diferentes culturas. • O cubo, o paralelepípedo e as pirâmi-
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e des.
as outras áreas do saber. • Os objetos planos: quadrado, retângu-
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa lo, triângulo e círculo.
na simplicidade, na harmonia e na organicidade de suas construções. • Noções de medidas de comprimento,
• Desenvolver a capacidade de observar, explorar e investigar. massa.
• Capacidade para utilizar a imaginação e a criatividade. • Grandeza Tempo: unidades de tempo
• Compreender o conceito de comprimento e utilizar o conhecimento (ano, dia, mês e hora), intervalo de tem-
sobre esses conceitos na resolução de problemas do cotidiano. po, estimação.
• Efetuar medições e estimativas em situações diversas, utilizando me-
didas não-padronizadas.
83
Sumário principal
3ª e 4ª séries
Habilidades Conteúdos
• Desenvolver estratégias úteis de manipulação dos números e das Números e Operações
operações. • Identificação dos números naturais.
• Utilizar diferentes formas de representação dos números, assim como • Sistema de Numeração Decimal: ordens
das propriedades das operações. e classes; valor posicional; decomposi-
• Operar utilizando cálculo mental, estimativa, calculadora e algorit- ção.
mos. • Adição com reservas e subtração com
• Reconhecer a ordem de grandeza dos números. recurso.
• Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade de resultados • Multiplicação: ideias de parcelas iguais
obtidos. e ideia combinatória e forma retangu-
• Explorar padrões numéricos em situações matemáticas e não-mate- lar.
máticas. • Multiplicação: ideia proporcional (do-
• Investigar relações numéricas em problemas envolvendo processos bro, triplo etc.).
de contagem. • Divisão: ideia de repartir e formar gru-
• Reconhecer as operações que são necessárias à resolução de cada pos.
situação-problema, assim como explicar os métodos e o raciocínio • Situações problemas envolvendo a adi-
que foram usados. ção; subtração, multiplicação e divisão.
• Compreender o sistema de numeração decimal no que tange ao va- • Noção de fração: parte todo e razão.
lor posicional dos algarismos. • Os números decimais: sistema monetá-
• Compreender o sistema de numeração decimal e sua relação com os rio, medidas, operações de adição, sub-
algoritmos da adição e subtração. tração e multiplicação por inteiro.
• Reconhecer números naturais e decimais e suas representações. • Noções de porcentagem e escala.
• Utilizar as propriedades das operações em situações concretas e para
facilitar os cálculos.
• Ler e interpretar tabelas e gráficos em situações diversas e comunicar Tratamento da Informação
as interpretações feitas. • Leitura interpretação de tabelas e
• Processar informações diversas. gráficos.
• Registrar ideias e procedimentos. • Representação por meio de tabelas e
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem. gráficos.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de ra- • Organizar dados em gráficos de barras.
ciocínios. • Ler e interpretar textos diversos.
84
Sumário principal
Habilidades Conteúdos
• Visualizar e reconhecer as figuras geométricas e fazer pequenas aná- Geometria, Grandezas e Medidas
lises. • A geometria nas diversas culturas e nas
• Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise das figuras artes.
geométricas e na resolução de problemas geométricos e de outras • As figuras geométricas: semelhanças e
áreas da Matemática. diferenças.
• Identificar a diversidade nas diferentes culturas. • O cubo, o paralelepípedo e as
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e pirâmides.
as outras áreas do saber. • Os objetos planos: quadrado,
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa retângulo, triângulo e círculo.
na simplicidade, na harmonia e na organicidade de suas construções. • Cálculo com medidas
• Desenvolver a capacidade de observar, explorar e investigar. não-padronizadas.
• Capacidade para utilizar a imaginação e a criatividade. • Medidas de comprimento: metro,
• Compreender o conceito de comprimento e utilizar o conhecimento decímetro, centímetro, milímetro e
sobre esses conceitos na resolução de problemas do cotidiano. quilômetro.
• Efetuar medições e estimativas em situações diversas, utilizando me- • Medidas de massa: quilograma e
didas não-padronizadas. grama.
• Medidas de volume: litro e mililitro.
• Unidades de tempo (hora, minuto,
segundo, mês e ano).
85
Sumário principal
7.1.5 Referências
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NACARATTO, A; PAIVA, M. A. V. (Org). A formação do professor que ensina matemática: perspectivas e pesquisas.
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Sumário principal
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87
Sumário principal
88
Sumário principal
89
Sumário principal
90
Sumário principal
91
Sumário principal
doras nessa ação, além das competências e ção discursiva entre os conhecimentos do
habilidades que satisfazem suas necessidades. aluno e os conhecimentos escolares; para
Com a metodologia buscar-se-á com que o isso propomos a resolução de problemas
aluno conheça e domine os instrumentos que cotidianos em grupo, pesquisa em grupo,
produção de texto em grupo, confronta-
contribuem para conhecer e compreender os
ção de ideais, interação discursiva entre
impactos da ação humana no meio ambiente, o professor e os alunos.
a diferença sociocultural e a recriação da
subjetividade humana. 4. Diálogo intercultural: procurando
sempre a interação entre os diferentes
conhecimentos socioculturais, por meio
Sendo assim, consideramos importante no de leituras de vídeos, revistas, jornais
ensino de Ciências Naturais os seguintes locais e de outros estados, além de
princípios metodológicos: outras fontes como pequenas viagens
(intercâmbios), pesquisas etc.
1. Contextualização: procurar sempre a in-
5. Problematização: incentivando os alu-
teração entre os conhecimentos escolares
nos à reflexão sobre questões cotidianas.
e a vida pessoal do aluno, o mundo ou a
Para isso propomos que se identifiquem,
sociedade em geral, e o próprio processo
conheçam problemas cotidianos e bus-
de produção de conhecimentos. Com
quem soluções socioculturais teóricas e
esse fim, orientamos que as atividades/
práticas para os mesmos.
tarefas pedagógicas sejam organizadas
a partir de projetos, temas geradores, 6. Experiências: montagem de pequenos
mapas conceituais, problemáticas, eixos experimentos científicos para que os
temáticos etc. alunos busquem soluções, compreen-
dam e proponham explicações sobre os
2. Interdisciplinaridade: estabelecendo um
fenômenos humanos ou naturais.
diálogo entre as diferentes disciplinas ou
áreas escolares, com o objetivo de fazer 7. Pesquisa de campo e bibliográfica:
um trabalho que integre os conhecimen- procurando o domínio dos fundamentos
tos e que leve os alunos a uma melhor e dos instrumentos da pesquisa, propo-
articulação entre os conhecimentos das mos que os alunos realizem diferentes
diferentes áreas. pesquisas com os pais e/ou pessoas da
comunidade, por meio de entrevistas,
3. Diálogo: considerando o aluno um
observação de ambientes naturais (com
produtor de conhecimento, o professor
elaboração de relatórios de campo), uso
buscará motivar constantemente a intera-
de livros de Ciências, revistas de divulga-
92
Sumário principal
93
Sumário principal
Competências Gerais
1. Expressão e comunicação
• Dominar os instrumentos básicos da linguagem científica, entre outros: percepção, categorização, identificação,
diferenciação, descrição, observação, comparação, explicação, argumentação, conceitos, pensamento lógico e
crítico.
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, gráficos e representações geométricas.
• Identificar e utilizar adequadamente símbolos, códigos e nomenclatura da linguagem científica.
• Consultar, analisar e interpretar textos de enfoques sociocultural e tecnológicos veiculados nos diferentes meios
de comunicação.
• Elaborar textos para relatar eventos, fenômenos, experimentos, questões-problema, visitas etc.
• Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relação a temas de ciência, cultura, tecnologia e meio am-
biente.
2. Investigação e compreensão
• Identificar situações-problemas do cotidiano (sociocultural e socioambiental), elaborar hipóteses, interpretar, avaliar
e planejar intervenções socioculturais e tecnológicas.
• Organizar os conhecimentos adquiridos, entender, contextualizar e refletir as informações surgidas das práticas
humanas.
• Elaborar e desenvolver experimentos e interpretar os resultados.
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos e teorias dentro das áreas do conhecimento.
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a construção coletiva do conheci-
mento.
94
Sumário principal
ENSINO FUNDAMENTAL
1º ano do Ensino Fundamental de 9 anos e 1ª Série
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Expressar oralmente ideias e atividades escolares e Eixo: Identidade e Cultura
extraescolares.
1. Construindo nosso conhecimento
• Com a cooperação dos colegas e o(a) professor(a) • Objeto de estudo das ciências
formular estratégias para a resolução e dar respostas
a problemas socioculturais ambientais concretos. 2. Observando o espaço
• Observar objetos e fenômenos simples utilizando • Céu, lua, sol (noite e dia)
categorias socioculturais. • Noções de astronomia (astros, planetas e estrelas)
• Descrever, comparar, classificar utilizando categorias 3. Conhecendo meu corpo
socioculturais. • Partes do corpo humano
• Com ajuda do(a) professor(a) identificar e registrar • Órgãos dos sentidos
dados. • Higiene e cuidados com o corpo
• Elaborar junto com o(a) professor(a) textos escritos
poéticos, descritivos e instrutivos simples. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Interpretar fenômenos aplicando conhecimentos 4. Nosso meio ambiente
socioculturais.
• Espaço onde vivo: ambiente (natural e modificado)
• Realizar pesquisa de campo e bibliográfica simples. • Organismos
• Elaborar e interpretar desenhos e completar esquemas • Ambiente e ser vivo
básicos.
5. Os seres vivos
• Ouvir e respeitar as ideias dos colegas e do(a)
professor(a), bem como as diferenças socioculturais. • Ciclo vital dos seres vivos
• Classificação dos seres vivos
• Identificar elementos culturais que recriam diferenças
socioculturais. • Diversidade
• Perceber e descrever fenômenos naturais. 6. Plantas e animais
• Conhecer hábitos de higiene para uma boa saúde. • Comparação entre plantas e animais
• Plantas terrestres e aquáticas
• Conhecer ações do ser humano sobre o meio ambiente.
• Animais vertebrados e invertebrados
• Relações ecológicas entre os seres vivos
7. Meio ambiente e ser humano
• Recursos naturais
• Relação entre o homem e os recursos naturais
95
Sumário principal
ENSINO FUNDAMENTAL
2ª Série
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Identificar estratégias de resolução e resposta a pro- Eixo: Identidade e Cultura
blemas socioculturais ambientais locais. 1. Conhecendo o Universo
• Conhecer e utilizar aparelhos de medições simples. • Explicações e teorias sobre a origem do universo
• Manipular material do laboratório (informática, química • Movimentos do planeta
e física), respeitando a normas de segurança. • Explicações e teorias sobre os astros
• Descrever, comparar e classificar utilizando variáveis • Sol (eclipse)
e enfocando aspectos quantitativos. • Lua (fases da lua e marés)
• Identificar e tabular dados e ler, interpretar e reproduzir • Noções de coordenadas (pontos cardeais e bússola)
gráficos, imagens. • Hora (dia e noite)
• Interpretar fenômenos aplicando conhecimentos 2. Nosso mundo: planeta Terra e as culturas
socioculturais. • O planeta Terra e os conhecimentos culturais
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utilizando • Características (forma) segundo a ciência
fontes científicas e não-científicas.
• Elaborar ideias simples sobre um problema e montar Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
experimentos para testá-las. 3. O ar
• Completar e elaborar esquemas conceituais sim- • Características gerais e propriedades
ples. • Poluição
• Comparar, selecionar e registrar informações socio- 4. A luz
culturais. • Características gerais
• Trabalhar em equipe na resolução de problemas e a • Fotossíntese
realização de pesquisas. 5. A água
• Analisar os hábitos para a boa saúde. • Características gerais e propriedades
• Analisar os elementos culturais que recriam a diferença • Ciclo da água
sociocultural. • Poluição
• Ler e interpretar textos descritivos e informativos. 6. O solo
• Características gerais e propriedades
• Tipos de solo (argiloso, arenoso e humoso)
• Proteção e conservação do solo
96
Sumário principal
ENSINO FUNDAMENTAL
3ª série
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Formular estratégias de resolução e resposta a pro- Eixo: Identidade e Cultura
blemas socioculturais locais. 1. Alimentação e saúde
• Resolver situações-problema, utilizando-se de racio- • Conceito de alimento
cínios lógicos. • Pirâmide alimentar
• Alimentos regionais
• Utilizar aparelhos de medições simples. • Cuidados com alimentos
• Manipular adequadamente o material do laboratório • Doenças ligadas aos alimentos
(informática, química e física), respeitando a normas
de segurança. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Descrever, comparar e buscar regularidades, classificar 2. Planeta Terra
• Formação da Terra
utilizando variáveis, enfocando aspetos quantitati-
• Formação da superfície terrestre
vos. • Camadas internas da Terra
• Reconhecer e tabular dados e produzir gráficos de 3. Transformações da superfície terrestre: agentes naturais
representação de dados. • Movimento das placas tectônicas
• Analisar fenômenos aplicando conhecimentos socio- • Vulcões, terremotos, erosão
culturais. 4. Água
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utilizando • Necessidade da água para vida
• Purificação da água
fontes científicas e não-científicas.
• Tratamento de esgoto
• Elaborar ideias simples sobre um problema e montar • Utilização racional da água
experimentos para testá-las. 5. Ar
• Elaborar esquemas conceituais simples. • Ciclo do ar
• Composição, peso, pressão, temperatura, umidade
• Comparar, selecionar e registrar informações socio- • Respiração aeróbica
culturais. • Poluição regional
• Trabalhar em equipe na resolução de problemas e 6. Solo
realização de pesquisas. • Formação, tipos e camadas do solo
• Analisar os hábitos para a boa saúde.
Eixo: Ciências e Tecnologia
• Analisar os elementos culturais que recriam a diferença 7. Matéria
sociocultural. • Características gerais de materiais (vidro, madeira, metais,
• Ler e interpretar texto descritivo e informativo de minerais, sementes, derivados do petróleo)
cunho científico simples. 8. Reações químicas
• Produzir textos com sequência lógica e coerência. • Ação microbiana (fungos, lactobacilos)
• Húmus
• Realizar atividades de estudo com independência • Ferrugem
(organizar o material, consultar a agenda e fontes de • Combustíveis
pesquisa, executar tarefas). • Lixo industrial
• Fazer perguntas contextualizadas. 9. Variedade dos seres vivos
• Características gerais e exemplo de cada reino (plantas,
• Responsabilizar-se pelo material escolar e pertences
animais, fungos, bactérias e protozoários)
pessoais. • Ciclo de vida e doenças (alguns exemplos)
97
Sumário principal
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Reconhecer e respeitar direitos e deveres. 10. Plantas
• Participar de ações de cidadania e de solidariedade. • Partes da planta (raiz, caule, folha, flor, fruto e semente)
• Noção do ciclo reprodutivo das plantas (polinização)
• Reconhecer os colegas como parceiros de trabalho. 11. Animais
• Reconhecer a escola como espaço público de traba- • Características e grupos
lho. • Reprodução: ovíparo, vivíparo e ovovivíparo
• Cadeia alimentar aquática e terrestre
12. Tecnologias
• Agriculturas
• Monoculturas
• Sustentabilidade
ENSINO FUNDAMENTAL
4ª série
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utili- Eixo: Identidade e Cultura
zando fontes teóricas científicas e explicações não- 1. O homem e o universo
científicas.
• A via-láctea e o nosso sistema solar: explicações socio-
• Registrar qualitativamente dados e descrever as ob- culturais
servações. • A força da gravidade
• Utilizar critérios de classificação, planificação e aplicação • Lua: satélite natural
de categorias socioculturais.
• Eclipses
• Identificar o motivo do problema de pesquisa. • Radiação solar
• Propor hipótese sobre a resolução de problema. 2. O ser humano biológico
• Deduzir previsões a partir de conhecimentos teóri- • Células - partes principais
cos. • Das células ao organismo
• Classificar variáveis (relevantes e irrelevantes) de um • Sistemas: anatomia
problema e estabelecer relações de dependência
entre variáveis. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Selecionar testes ou experiências adequadas para 3. O ambiente dos seres vivos
testar hipótese e formular estratégias adequadas • Biosfera: camada de vida
para a resolução de problemas socioculturais locais
e globais. • Os ambientes da biosfera (terrestre e aquático)
• Conhecer processos experimentais úteis para o tra- • Ecossistemas (fatores bióticos e abióticos)
balho de laboratório e conhecer estratégias de inves- • Os seres vivos dos ecossistemas (habitat, nicho)
tigação básicas para a resolução de problemas. • Controle biológico
• Interpretar e elaborar quadros, tabelas e gráficos de • Relações alimentares: herbívoro/carnívoro e onívoro
dados. • Cadeia e teia alimentar (aquática e terrestre)
98
Sumário principal
HABILIDADES CONTEÚDOS
• Processar dados e explicar seu significado. Eixo: Ciência e Tecnologia
• Explicar os fenômenos socioambientais a partir dos 4. O que acontece em nossa volta (noções)
conhecimentos socioculturais regionais. • A descoberta da combustão (fogo)
• Elaborar mapas conceituais. • Combustível fóssil e biocombustível
• Entender as informações socioculturais. • Calor, temperatura (termômetro), energia
• Trabalhar cooperativamente na resolução de proble- • Som, ondas, sonar, fala e eco
mas e a realização de pesquisas. • Luzes (reflexão, refração, objetos translúcidos, opacos
• Compreender os hábitos para a boa saúde. e transparentes) e cores (arco-íris)
• Imãs (atração, pólos, força magnética)
• Conhecer diversas possibilidades de produção de
energia e suas implicações sociais, culturais, ambientais • Eletricidade (polaridade, eletricidade estática, corrente
e/ou econômicas na produção e no consumo dessa elétrica e circuito elétrico)
produção.
• Identificar diferentes fenômenos físicos, relacionando-
os aos seus usos cotidiano, hospitalares ou indus-
triais.
• Comparar exemplos de utilização de tecnologia em
diferentes situações culturais, avaliando o papel da
tecnologia no processo social e identificando transfor-
mações de matéria, energia e vida.
99
Sumário principal
7.2.5 Referências
ALTET, M. Análise das práticas dos professores das situações pedagógicas. Porto: Ed. Porto, 2000.
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CHASSOT, A. Alfabetização científica questões e desafios para a educação. Ijuí, RS: Unijuí, 2003.
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FAUNDEZ, A. O poder da participação. São Paulo: Cortez, 2001.
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LEONTIEV, A. et al. Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo:
Centauro, 2005.
100
Sumário principal
101
Sumário
principal
105
Sumário principal
106
Sumário principal
território, o lugar, a paisagem; a expressão do temas para cada série/ano escolar, enfatizan-
raciocínio geográfico por meio da cartografia do que a escolha para uma determinada série
escolar, de outras linguagens e do uso de não exclui o estudo do tema nas outras séries,
tecnologias possíveis; a formação de atitu- quando serão aprofundados ou aplicados
des de intervenção, manejo, conservação e nas aprendizagens subsequentes. Assim, ao
preservação na diversidade de ambientes no tomar o Lugar como tema representativo das
mundo; o estímulo à convivência solidária na séries iniciais, considera-se a proximidade do
complexidade das diferenças entre os seres seu conceito com a expectativa de cognição
humanos. No trato com a aprendizagem, inicial na Geografia, pelo caráter das relações
as diferenças deverão se constituir como estabelecidas entre o sujeito aprendente
referenciais que singularizam não apenas e o lugar de vivência, envolvendo afetos,
alunos afrodescendentes, indígenas, mi- desafetos e cotidianidade ao longo de sua
grantes, portadores de deficiências ou de vida, razão da necessidade do aprofunda-
transtornos globais de desenvolvimento e/ou mento dessa categoria, como de outras,
altas habilidades, mas todo e qualquer um dos em outros momentos de estudo. Também a
sujeitos do processo de aprender a fazer e a dimensão espacial exige explicitação de um
ser, como partícipes de uma ação coletiva de tratamento didático na proposta do grupo:
projetar e conceber um mundo melhor – com a relação local-global-local será mantida em
as contribuições da Geografia. todos os momentos da Educação Básica.
Contudo, para favorecer esse movimento no
Nessa concepção geográfica as perspectivas imbricamento com outras disciplinas, o foco
do local e do global são permanentemente inicial será dimensionado em cada série.
entrecruzadas, assim como as dimensões de
estudo de aspectos físicos e sociais não se frag- Tornar essa concepção possível no currícu-
mentam, a despeito de suas especificidades. lo escolar implica considerar professores e
alunos como sujeitos produtores e dissemi-
Transformar esses anseios em um documento nadores de conhecimento, conscientes de
escrito exige negociações para torná-lo didá- sua cidadania, em formação permanente.
tico, dinâmico e flexível. Nessa perspectiva, o Implica também considerar a multiplicidade
grupo elegeu alguns conteúdos conceituais e a complexidade de situações, sentimentos,
como eixos centrais, aglutinando-os aos con- problemas, desejos, esperanças, propostas
ceitos procedimentais e atitudinais para criar que permeiam a escola, composta de pes-
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
sições que não se esgotam na dimensão coletivas, negando comparação entre suas
de conteúdos dispostos naquele material capacidades, habilidades e atitudes.
didático, sem contudo ser o condutor da
prática pedagógica e menos ainda ser a fonte A Geografia deverá ser pesquisada na multipli-
única de estudo. A costumeira prática de cidade e na complexidade de diversidades que
leitura de trechos do livro didático seguida constitui o cotidiano das sociedades e das pes-
de explicações (que mais repetem do que soas. Os princípios da pesquisa escolar podem
problematizam as informações fornecidas) ser similares àqueles desenvolvidos na academia,
ou de “exercícios” (que quase sempre favo- problematizando aspectos da vida da comuni-
recem a naturalização ou a memorização dade local ou global e relacionando aspectos
dos fatos expostos) deverá ser substituída teóricos da ciência geográfica às questões que
por consultas e leituras problematizadoras, preocupam as sociedades quanto à produção,
permitindo estudos individuais e em grupo. A à exploração, à apropriação, à conservação ou
leitura não-restrita aos livros didáticos deverá à preservação dos recursos e dos ambientes
ser ampliada em outras possibilidades como da natureza e das sociedades. Simulações e
as produções disponíveis na rede Internet, demonstrações precisarão estar entrelaçadas
nas revistas especializadas e científicas, nos com estudos que exigem abstrações.
jornais, nas histórias em quadrinhos, nas
diferentes expressões literárias... Os registros A aula de campo, a aula prática e o estudo do
envolvendo análises, descrições, avaliações, meio sustentarão alternativas metodológicas
proposições dos fatos e dos fenômenos como a observação e a coleta de dados por
geográficos poderão inscrever produções meio de instrumentos como a bússola, o relógio
do desenho, do teatro, da música, da escrita do sol, a biruta, o pluviômetro, o altímetro, o
e de outras expressões. termômetro, o cata-vento, o mapa, as cartas, as
fotografias aéreas, as imagens de satélites, os mo-
A avaliação processual deverá envolver as linetes, os infiltrômetros e tantos outros próprios
diferentes fontes e linguagens exploradas da Geografia, construídos como procedimentos
pelo professor no trabalho pedagógico, ex- de aprendizagens, com materiais simples ou
plorando, sempre que possível, a associação adquiridos como parte de um conjunto neces-
entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im- sário às intervenções e aos estudos da área. A
portante que considere o potencial individual sala ambiente se torna, então, uma necessidade
dos alunos, mesmo quando em atividades pela possibilidade de funcionamento como
111
Sumário principal
Eixos
Conceituais
1. Espaço geográfico
2. Paisagem
3. Lugar
4. Região
5. Território
6. Sociedade
7. Natureza
8. Meio ambiente
Procedimentais
9. Escala geográfica
10. Escala temporal
11. Representações cartográficas
12. Localização e orientação
13. Ações investigativas: observação, experimentação
Atitudinais
14. Sustentabilidade: cuidados com o consumo, a produção, a exploração e a apropriação
15. Convivência com diferenças e diversidades
16. Solidariedade e colaboração em grupos de vivência
17. Avaliação de intervenções no espaço geográfico
18. Valorização da vida
19. Exercício da ética e da cidadania
20. Disposição para produção de conhecimento e para desmistificação de tabus e preconceitos
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Sumário principal
113
Sumário principal
1ª Série
Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Bairro: lugar de vivência da família
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos
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Sumário principal
2ª Série
Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Município: lugar de vivência da comunidade
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos
115
Sumário principal
3ª Série
Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Lugar de vivência de cidadania: Estado do Espírito Santo
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos
116
Sumário principal
4ª Série
Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Um lugar de vivência no mundo: Brasil
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos
117
Sumário principal
8.1.5 Referências
AB’ SÁBER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003.
ALMEIDA, R.D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989.
ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2004.
BIGARELLA, J.J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis, SC: Ed. da UFSC.
2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história
e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
_______. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.
_______. PCNs + ensino médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC.
_______. Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização e diversidade. Educação africanidades Brasil. Brasília:
MEC/SECAD: s.d.
_______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC/SEPPIR, 2004.
CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Caderno CEDES,
Campinas, SP, v. 25, n.66, maio/ago, 2005
CASTELLAR, S.; MAESTRO, V. Geografia. São Paulo: Quinteto Editorial, 2001.
CASTROGIOVANNI, A. (Org.) Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação,
2000.
CAVALCANTI, L. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1995.
KATUTA, A M. Representações cartográficas: teorias e práticas para o ensino de Geografia. Geografares, Revista do
CCHN-UFES, Vitória, ES, n.4, EDUFES, 2003, p. 7-20.
KILL, M. A. Terra capixaba: geografia e história. Vitória, ES: Ed. Autor, 1998.
KOZEL, S., FILIZOLA, R. Didática da geografia: memórias da terra, o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996.
KRAJEWSKI, A C et al., Geografia: pesquisa e ação. São Paulo: Moderna, 2000.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo. Ed. Oficina de
Texto. 2007.
MONTEIRO, C. A. F.; MENDONÇA, F. Clima urbano. São Paulo: Contexto. 2003.
MORAES, C. Geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Fundação Cultural do Espírito Santo, 1974.
MOREIRA, T.H. L.; PERONE, A. História e geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Ed. Autor, 2003.
118
Sumário principal
MOREIRA, R. O discurso do avesso (para a crítica da Geografia que se ensina). Dois Pontos. Rio de Janeiro, 1987.
PRESS, F. et al. Para entender a terra. Porto Alegre. Ed. Bookman. 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A U. Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. Y.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
RUA, J. et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, M. Por uma nova geografia. São Paulo: USP/EUSC, 2004.
_______. Pensando o espaço do homem. São Paulo: USP/EDUSC, 2007.
SCHAEFFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: práticas para a sala de aula. Porto Alegre: EDUFRGS, 2003.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
VALLADARES, M. T. R. Um estudo do lugar do nosso cotidiano: GeografarES (Geografia do Espírito Santo) Vitória:
nea@d/UFES, 2004.
_______. Geografia I. Vitória, ES: UFES, 2006.
ZANOTELLI, C. L.; SILVEIRA, M. C. B.; MOTTA, N. C. Geografia para o ensino fundamental: material de referência para
o professor. Vitória, ES: SEDU, 2002, 5v.
119
Sumário principal
120
Sumário principal
121
Sumário principal
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Sumário principal
Com o passar dos anos e o reinício da demo- uma educação que possa vir a garantir a
cracia, a disciplina escolar História recuperou paz e a dignidade humana. Uma sociedade
sua autonomia, e as imbricações entre cultura, democrática pede a participação de todos e
política e seu ensino passaram a expressar a cada um dos membros no desenvolvimento
nova conjuntura. Hoje, em todo o mundo “glo- do potencial de cada um e da coletividade.
balizado”, a vida cotidiana coletiva se constitui
um dos principais eixos do ensino da História Não se trata, portanto, de informar um
e as temáticas a ela referentes são importantes conteúdo histórico, geográfico, filosófico,
para destaques acerca das diferenças culturais e sociológico etc., mas de oportunizar ao aluno
étnicas, incentivando o respeito às diversidades. possibilidades de relação de temas, conteúdos,
A prática docente da História tem caminhado competências, valores e habilidades. A infor-
de acordo com as principais questões de seu mação, acrescida de atitudes investigativas, é
tempo, incorporando diferentes concepções uma forma de construção do conhecimento
de ensino e de História. e de pensar histórica, geográfica, sociológica
e filosoficamente.
Nessa perspectiva, ao considerar as possibili-
dades de seu fazer e de seu saber, e questionar Especificamente em relação à História, busca-
os conteúdos tradicionais, o ensino de História se a compreensão da realidade como objeto,
transforma a fronteira da história vivida e da objetivo e finalidade principais do seu ensino,
história ensinada em um espaço de diálogos a partir do reconhecimento de si e do outro e
e reflexões. A realidade, vista dessa forma, da construção de uma consciência histórica,
torna-se o objeto, o objetivo e a finalidade de um sentimento de pertença.
principais do ensino da História.
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
ENSINO FUNDAMENTAL
Alfabetização Histórica
1º Ano e 1ª a 4ª Séries
TEMAS ESTRUTURANTES:
• O tempo, o tempo vivido e o tempo histórico.
• Os sujeitos, o espaço e os aspectos culturais compreendidos historicamente a partir de fontes, procedimentos,
fatos e conceitos.
• Eu e os outros: identidade, relações sociais, diferenças e diversidades.
• História e memória.
COMPETÊNCIAS GERAIS
1 - Dominar e fazer uso de indagação, argumentação, busca, elaboração de respostas possíveis, confrontação através
de diferentes tipos de linguagens e textos (artístico, científico, jornalístico etc).
2 - Construir, aplicar e compreender conceitos históricos básicos, relacionando-os com os de outras ciências e a vida
cotidiana.
3 - Levantar, organizar, selecionar e divulgar dados e informações, relacionando-os e atribuindo-lhes sentido.
4 - Elaborar explicações históricas multicausais, considerando distintos pontos de vista acerca daquilo de que se
indaga e respeitando os valores humanos e as diversidades étnico, sociais e culturais.
5 - Desenvolver interesse e atitude crítica por aquilo que ocorre em sua volta, visando a compreender a dimensão
histórica de cada fato.
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Sumário principal
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Sumário principal
1ª série
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Sumário principal
2ª série
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Sumário principal
3ª série
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Sumário principal
5) Tematizando
• Os negros escravizados vinham da África
• As relações da África com a Europa
• As relações da África com o Brasil
Problematizando
• A África tem sua História
Dialogando
• Considerar o conceito de dignidade humana
• Considerar a diversidade étnica no Espírito Santo
• Considerar os procedimentos geográficos
134
Sumário principal
4ª série
135
Sumário principal
136
Sumário principal
8.2.5 Referências
BITTENCOURT, Circe Mª Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
LAGOA, Ana Mª; GRINBERG, Keila; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de história. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.
LEITE, Juçara Luzia. Ensino de história e história do Espírito Santo: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura
em pedagogia EAD – séries iniciais. 2. ed. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. 64 p. Fascículo 3.
______. Ensino de história: escritas, leituras e narrativas: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura em pedagogia
EAD – séries iniciais. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. Fascículo 1.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 2000.
MALERBA, Jurandir; BERTONI, Mauro. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o ensino fundamental.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
PIROLA, André Luiz Bis. O livro didático no Espírito Santo e o Espírito Santo no livro didático: história e
representações. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade
Federal do Espírito Santo, 2008. Vitória, ES: UFES/PPGE, 2008. 265 p. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/
dissertacoes/2008/dissertacoes.asp>.
OLIVEIRA, Margarida Mª. D.; STAMATTO, Mª Inês S. O livro didático de história: políticas educacionais, pesquisas
e ensino. Natal: Ed. UFRN, 2007.
RICCI, Claudia Sapag. Pesquisa como ensino: textos de apoio e propostas de trabalho. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.
ROSSI, Vera Lucia Sabongi de; ZAMBONI, Ernesta (Org.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas, SP: Alínea, 2003.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004.
REVISTAS
Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Federal Fluminense (RJ). Faculdade de Educação.
História e Ensino: Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina (PR), Departamento
de História.
NA REDE
www.historianet.com.br
www.ensinodehistoria.com
137
Sumário principal
138
Sumário principal
específico. Ele está na origem do homem, têm outra ambição senão a de conduzir à
e consiste numa relação ou numa busca de EXPERIÊNCIA espiritual. A linguagem remete
relação, co-extensiva a toda realidade, a toda à experiência, a algo mais profundo do que a
a vida do homem. O homem é pergunta, e a própria linguagem. Essa permite que o homem
palavra decisiva sobre esse mesmo homem se coloque em relação ao outro que o interpela
foge continuamente do horizonte de sua e que o ultrapassa.
história. Para o homem, o problema consistirá
sempre em encontrar um outro diferente A importância do Ensino Religioso é que se
dele mesmo. E, por mais que tal pergunta, constitua como uma educação da religio-
a indagação constitutiva do homem, seja sidade, capaz de ajudar os educandos a se
rejeitada, afastada pelos homens ou pelas autoposicionarem diante da transcendência
culturas, ela se conserva sempre presente e dar um sentido à própria existência.
no íntimo do homem.
139
Sumário principal
pessoal e social, como princípios éticos norteadoras. Esperamos com isso contribuir
fundamentais; na reflexão sobre o lugar da religiosidade
Oportunizar o desenvolvimento de atitu- na educação.
des de veneração pelo sagrado (RUEDELL,
2007, P.150-175); A escola, ao introduzir o Ensino Religioso na
sua matriz curricular, busca refletir e integrar
Proporcionar o conhecimento dos ele-
mentos básicos que compõem o fenô- o fenômeno religioso como um saber funda-
meno religioso, a partir das experiências mental para a formação integral do ser huma-
religiosas percebidas no contexto do no. O grande desafio, porém, é efetivar uma
educando; prática de ensino voltada para a superação do
Subsidiar o educando na formulação do preconceito religioso e alicerçada no respeito
questionamento existencial, em profundi- à diversidade cultural e religiosa. Portanto, o
dade, para dar sua resposta devidamente Ensino Religioso deve oferecer subsídios para
informado; que os estudantes entendam como os grupos
Analisar o papel das tradições religiosas na sociais se constituem culturalmente e como
estruturação e manutenção das diferentes se relacionam com o sagrado. Essa aborda-
culturas e manifestações socioculturais; gem possibilita estabelecer relações entre as
Facilitar a compreensão do significado das culturas e os espaços por ela produzidos em
afirmações e verdades de fé das tradições suas marcas de religiosidade. A disciplina de
religiosas; Ensino Religioso deve, portanto, contribuir
com os estudantes na busca da compreensão,
Refletir o sentido da atitude moral como
consequência do fenômeno religioso e da comparação e análise das diferentes manifes-
expressão da consciência e da resposta tações do sagrado, com vistas à interpretação
pessoal e comunitária do ser humano. dos seus múltiplos significados. E, ainda, deve
ajudar os estudantes na compreensão de
conceitos básicos no campo religioso e na
8.3.3 Principais alternativas forma como as sociedades são influenciadas
metodológicas pelas tradições religiosas, tanto na afirmação
quanto na negação do sagrado.
A reflexão sobre a religiosidade é bastante
nova no âmbito da educação escolar. Por isso Estudar o fenômeno religioso requer, por sua
preferimos indicar apenas algumas linhas própria natureza, uma metodologia dialógica
140
Sumário principal
e contextual. Para alcançar seus objetivos o liberdade de religião, que se põe como exi-
Ensino Religioso deve partir das experiências gência de convivência e de tolerância entre
e dos conhecimentos prévios dos estudantes, as várias confissões religiosas. Observe-se
saber conectar informação, reflexão e ação. que a dimensão coletiva não tem como
Por isso a educação da religiosidade é uma suplantar a pessoal, visto que, se assim o
tarefa complexa. Implica ainda a articulação fizesse, tornar-se-ia opressiva.
de dois conceitos e das possíveis relações
entre eles: educação e religiosidade. A dimensão transcendente. Enquanto a
dimensão pessoal e a coletiva dizem respeito
Por uma compreensão de religiosidade: às formas históricas de compreensão da
religiosidade, a dimensão transcendente
Por ser um atributo do ser pessoal, no fenô-
tensiona o humano para além da contingên-
meno religioso há pelo menos três dimen-
cia das identidades, das diversidades e das
sões implicadas e que se interrelacionam
individualidades e pessoalidades. O religioso
para determinar seu sentido.
carrega – por mais variadas que sejam suas
expressões – o “mistério”, elemento que
A dimensão pessoal. A religiosidade nesse
ultrapassa toda e qualquer configuração
sentido está centrada na liberdade pessoal
aplicável ou tangível. Dessa forma os conflitos
que leva cada pessoa a escolher uma ou ou-
poderão ser tratados positivamente.
tra crença ou até nenhuma. Nesse sentido, a
dimensão pessoal da religiosidade é a base da
Por uma compreensão de educação:
liberdade religiosa, que significa exatamente
a possibilidade de cada pessoa escolher a A relação é um traço constitutivo do ser
religiosidade que pretende seguir. humano. Por ser pessoa, o homem não pode
viver sem dialogar. Ele é um ser constituti-
A dimensão comunitária ou coletiva. A vamente dialogante. Vem daí que os seres
religiosidade se manifesta como sistema humanos se fazem sujeitos, se personalizam
comum de crenças e práticas que tende a com outros humanos na interação, no re-
se institucionalizar, a estabelecer parâmetros conhecimento, na alteridade. A relação é
e formas de conduta identitárias que se presença e construção. Portanto, a educação
configura em uma ou outra religião. Nesse é construída na base de uma compreensão
sentido, a dimensão coletiva é a base da pluridimensional da pessoa e vai acontecer
141
Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
Culturas e • Compreender que as tradições • Entender que as tradições e História e Tradição Religiosa
Tradições religiosas contribuem para um manifestações religiosas dão • A Religião na vida das pesso-
mundo mais fraterno. sentido à vida. as.
• Reconhecer as manifestações • Identificar a diversidade reli- • As tradições religiosas da co-
culturais e tradições religiosas, giosa, demonstrando abertura munidade local.
relacionando-as com as prá- ao diálogo com as pessoas de
ticas religiosas dos diferentes outras crenças religiosas. • As religiões e a prática do bem
grupos. (caridade, solidariedade etc.).
• A diversidade religiosa no
Brasil.
• O diálogo inter-religioso.
Teologias • Reconhecer o conjunto de • Identificar linguagem simbó- As representações das
muitas crenças que orientam lica das culturas e tradições tradições religiosas.
a vida do sujeito nas tradições religiosas da comunidade.
religiosas.
Textos • Conhecer os textos sagrados, • Identificar nas narrativas sa- Textos sagrados orais e es-
Sagrados e percebendo-os como referen- gradas os conceitos do sa- critos.
Tradições ciais de ensinamentos sobre grado. Espaços sagrados da comu-
orais a fé e a prática das tradições • Distinguir nas histórias sagra- nidade.
religiosas. das os mitos das verdades de • Os mitos e segredos sagra-
fé. dos.
• Entender que as narrativas • As diferentes celebrações e
sagradas surgiram dos mitos práticas religiosas.
e história dos povos.
• Os acontecimentos religio-
• Perceber que as tradições re- sos.
ligiosas se fundamentam nos
textos sagrados. • Histórias da criação.
• Perceber nos textos sagrados
propostos de valorização da
vida e construção da cidada-
nia.
144
Sumário principal
Ritos • Compreender a descrição de • Perceber que os templos, ritos O significado dos ritos das
práticas religiosas significan- e festas religiosas oportuni- tradições religiosas.
tes, elaboradas pelos diferen- zam momentos sagrados de
Rituais de passagem, cele-
tes grupos religiosos. louvor, agradecimento, cele-
bração e realização de encon- brativos e litúrgicos.
• Compreender a linguagem tro pessoal e comunitário com • Práticas religiosas significativas
simbólica da cultura e da o transcendente. elaboradas pelos diferentes
tradição religiosa da comu- grupos religiosos.
nidade. • Identificar os símbolos mais
importantes de cada tradição Símbolos religiosos.
• Compreender que os símbo- religiosa, comparando os seus
los religiosos são significativos significados. • Identificação dos símbolos
e necessários para as manifes- mais importantes de cada
• Entender os rituais como prá- tradição religiosa.
tações religiosas. ticas religiosas.
• Ritos e festas religiosas.
• Perceber os sinais que reve-
lam sentimentos religiosos • Práticas e costumes das co-
e sentir-se participante da munidades religiosas.
religiosidade.
• Reconhecer o uso do símbolo
como meio para comunica-
ção de sentimentos e expe-
riências.
• Relacionar as principais datas
religiosas, festas e comemora-
ções realizadas no município.
• Pesquisar os variados ritos e
festas culturais e religiosos da
comunidade.
• Analisar as diversas simbo-
logias e sua afirmações de
verdade.
• Conhecer as diversas mani-
festações culturais e religiosas
do país, ritos e símbolos (afro,
indígena e outros).
145
Sumário principal
146
Sumário principal
8.3.5 Referências
SITES
http://www.fonaper.com.br
www. rivistadireligione.it
http:// geocities.com.ensinoreligioso
www.comer.cjb.net
www.pucsp.br/rever
www. crdr.com.br
htpp://geocities.yahoo.com.br.conerse
www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br
www.iccsweb.org
www. assintec.org.br
http://www.eufres.org/
http://cienciareligioes.ulusofona.pt
147
Sumário
principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
Para uma concepção interacionista, funcio- de sinais gráficos. Deixa, pois, o texto de ser
nal e discursiva da língua(gem), decorre o concebido como uma estrutura acabada,
princípio de que esta(s) só se atualiza(m) para ser compreendido em seu próprio
quando se põe(m) a serviço da comunicação processo de organização, verbalização e
humana em situações de atuação no social construção (GERALDI, 1991).
por meio de práticas discursivas materiali-
zadas em textos orais, escritos ou em outras Essa concepção permite ver o texto como
modalidades discursivas. Por essa razão, resultado parcial da atividade comunicativa
devem os textos constituir-se no objeto de humana, a qual engloba processos, opera-
estudo da língua e o trabalho de escritura ções cognitivas e estratégias discursivas,
e leitura, de um modo geral, favorecer ao postos em ação em situações concretas de
sujeito a apropriação do código como forma interação social (KOCH, 1998), em conso-
de representação cultural (GERALDI, 1991; nância com determinados pressupostos, a
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003) partir dos quais a atividade verbal se realiza. O
texto configura-se como uma manifestação,
Com relação à concepção de escrita, esta gerada a partir de elementos linguísticos,
é defendida de modo tão interativo e cujo objetivo é não somente permitir aos
dialógico, dinâmico e negociável, quanto interlocutores, no processo de interação, a
a fala. Essa perspectiva supõe encontro, socialização de conteúdos, como também
parceria, envolvimento entre sujeitos, para favorecer a própria interlocução, conforme
que aconteça a comunhão das ideias, das as práticas culturais de cada contexto social.
informações, das intenções pretendidas. Toda Constitui-se, o texto, assim, no momento
escrita responde a um propósito funcional em que os interlocutores de uma atividade
qualquer, possibilita a realização de alguma comunicativa constroem-lhe determinado
atividade sociocomunicativa entre as pes- sentido, o que implica pensar que o sentido
soas e estabelece relações com os diversos não está no texto – mas a partir dele se
contextos sociais em que essas pessoas constrói – é indeterminado e surge como
atuam. Elaborar um texto escrito significa efeito do trabalho realizado pelos sujeitos.
empreender uma tarefa cujo sucesso não se O texto só fará sentido se seu produtor co-
completa, simplesmente, pela codificação nhecer a sua finalidade e o seu destinatário
das ideias ou das informações, por meio (idem, 1998).
154
Sumário principal
Fiel a esse quadro, a concepção de ensino Isso porque sem a linguagem articulada
de língua deve criar condições para que os seria difícil apreender o mundo, torná-lo
alunos construam autonomia, desenvolven- objeto de conhecimento, e transformá-lo,
do uma postura investigativa. Para ensinar, ou sobre ele intervir. Serve, pois, a lingua-
em conformidade a essa concepção, será gem à variabilidade do homem, à sua
preciso que o educador pesquise, observe, diversidade – único elemento comum a
levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda todos os homens – à atuação do homem
e reaprenda não para os alunos, mas com no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a
os alunos. refletir sobre a consciência, a ter sua marca
identitária (DA MATTA, 2000).
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi-
litar o desenvolvimento das ações de produ- Serve, ainda, a linguagem para que o
ção de linguagem, em situações de interação, homem constitua-se sujeito no mundo,
e de abordagens interdisciplinares, não se torne-se um ens sociale, interaja com o
limitando à decodificação e à identificação outro e reflita sobre si mesmo, a partir do
de conteúdos, mas ao desenvolvimento de contato com outros sujeitos. Considerando-
letramentos múltiplos concebendo a leitura se o caráter simbólico da linguagem, o
e a escrita como ferramentas para o exercício sujeito, por meio de atividades de leitura
da cidadania. e compreensão de textos, estabelece uma
relação próxima com a escrita e, nessa
tarefa, fala de si, do outro e do mundo,
9.1.1 Contribuição da atribuindo novos sentidos aos seus pro-
disciplina para a cessos subjetivos. Portanto, a competência
formação humana de o sujeito interagir no, e com o mundo
ocorre por via da linguagem, meio em
Considerando-se o plano da linguagem que as realidades são construídas. Isso
como base essencial para a produção, e significa dizer que os conhecimentos são
transmissão, de todo conhecimento, ins- construídos por meio da linguagem, em
titucionalizado e de mundo, e da cultura, que ações dos sujeitos produtores são
deve-se entendê-la como o meio sem o controladas ou geridas por outros sujeitos,
qual todos os outros não poderiam existir. por meio de linguagens. Nessa tarefa, o
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Sumário principal
COMPETÊNCIAS GERAIS
• Ampliar a competência comunicativa do aluno.
• Conhecer a norma culta da língua.
• Utilizar diferentes linguagens e diferentes tipologias textuais.
• Interatuar com dados, argumentos, fatos e informações contidos em diferentes textos.
• Organizar informações representadas em diferentes formas de conhecimento disponíveis para construção de
argumentação consistente.
• Conviver, crítica e ludicamente, com situações de produção de textos, atualizado em diferentes suportes e sistemas
de linguagem – escrita, oral, imagética, digital entre outras.
• Demonstrar capacidade de reflexão sistemática sobre a língua e a linguagem.
• Aproveitar os conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na
realidade, respeitando os valores humanos, considerando sua diversidade sociocultural.
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Sumário principal
habilidades conteúdos
• Transmitir recados com objetividade e clareza. Eixo Linguagem
• Emitir opinião e fazer comentários pessoais. Garante o acesso ao conhecimento linguístico-textual-discursivo
necessário à vida na sociedade pós-moderna.
• Interpretar textos orais (a partir de histórias ouvidas),
gravuras, gráficos e outros. PROCESSOS ORAIS DE INTERLOCUÇÃO: recados, diálogos
• Observar e descrever detalhes de diferentes situ- entrevistas, texto coletivo, produção e interpretação de diver-
ações cotidianas. sos gêneros textuais (poemas, trava-línguas, quadrinhas com
rimas, história em quadrinhos, histórias mudas, gráficos, letras
• Relatar experiências de situações vividas e pre-
musicais, cantigas de roda).
senciadas.
• Expressar-se oralmente com clareza e objetivida- PRÁTICAS DISCURSIVAS: descrição de gravuras, atividade de
de. escuta (história lida e contada), relatos orais de passeios, visitas
e vídeos, exercícios dos diferentes níveis de fala.
• Interpretar histórias em quadrinhos, pequenos
textos escritos, identificando ideias principais.
Eixo Conhecimento LingUístico
• Identificar aspectos sonoros da língua. Estuda o alcance, as fontes e os limites do conhecimento hu-
• Conhecer o alfabeto e a representação escrita mano, buscando levar o aluno a diferenciar o conhecimento
de cada letra identificando-as na formação das da simples opinião, o conhecimento científico de outros tipos
palavras. de conhecimento e onde, nesse campo, se localiza o conheci-
• Reconhecer a ordem das letras no alfabeto. mento linguístico-literário.
• Ler, e reconhecer, textos variados e de diferentes CONHECENDO O CÓDIGO LINGUÍSTICO
gêneros. História (o surgimento do alfabeto) e função da escrita.
• Escrever palavras, frases e textos. Elementos estruturais básicos do código escrito (Palavra formada
• Produzir textos de vários gêneros, obedecendo por letra, texto formado por palavras, Ordem alfabética).
às estruturas e os mecanismos de articulação da As formas, os sons e os nomes das letras do alfabeto (habilidade
língua. de diferenciar).
• Reescrever textos lidos e ouvidos identificando os A diferença entre letra, desenho e número.
diferentes tipos de letra.
APLICANDO O CÓDIGO LINGUÍSTICO
• Utilizar os sinais de pontuação e acentuação na
produção de texto. Produção de diversos gêneros textuais (estudo de rótulos,
cartazes, placas, símbolos, jornais, gibis, preenchimento de
• Relatar com segurança fatos de sua história e de
ficha e dados diversos e outros).
outros.
Atividades reflexivas de produção textual (Reescrita e auto-
correção de texto).
Estrutura e articulação do texto (Segmentação das palavras no
texto, letra maiúsculas e minúsculas, pontuação, paragrafação,
margem, separação de palavras).
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Sumário principal
habilidades conteúdoS
• Observar, comentar e registrar as transformações Eixo Cultura, Sociedade e Educação
ocorridas no tempo e no espaço. Para que o humanóide se transforme em humano é preciso
• Enumerar as etapas de seu desenvolvimento. que receba uma dose de cultura, por meio da educação, o que
lhe possibilita viver no social, no interior das instituições sociais,
• Perceber a importância das diversas culturas e sua
relacionando-se eticamente com o outro. Esse eixo concebe o
influência em sua formação.
espaço escolar como o organismo vivo onde se estabelecem
• Valorizar o convívio com os diversos grupos sociais, relações e se produzem conhecimentos, confirmando o pressu-
respeitando as diversidades. posto que a educação é porto de passagem para a construção
• Localizar-se no espaço com relação à família, ao real do ser humano, tendo em vista sua incompleteza. Esse
bairro, à cidade, ao Estado, ao país, ao planeta e eixo busca estudar a influência da educação no social e como
identificar seu espaço social em textos jornalísticos o homem, ao mesmo tempo em que é produtor, é também
ou de outras mídias. produto da cultura.
• Localizar-se no tempo com relação à história de
seu Estado e posicionar-se em relação às ações Contação de histórias e da minha história.
acontecidas, tanto do ponto de vista do tempo do O homem e seu desenvolvimento biológico e cultural (biodi-
enunciado, quanto do ponto de vista do tempo versidade e diversidades).
contemporâneo. Socialização do homem e o convívio com o outro: família, re-
• Consultar o dicionário e a internet para busca de ligião, escola, grupo local e global e o papel que a linguagem
palavras desconhecidas ou palavras-chave de ocupa neste processo de socialização.
textos diversos.
• Conferir as respostas com as do colega discutindo
as divergências de sentido, verificando as respostas
a partir dos textos.
• Demonstrar seu conhecimento vocabular por
meio de torneios de conhecimento de mundo
ou de tarefas de interpretação textual.
• Seriar ações contidas nos textos, ordem de palavras
conforme sua abrangência de sentido e orações
que estruturam o texto conforme sua densidade.
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Sumário principal
3ª Série
habilidades conteúdoS
• Usar adequadamente a linguagem oral em seu Eixo Linguagem
cotidiano.
• Reconhecer a diversidade de gêneros textuais que PROCESSOS ORAIS DE INTERLOCUÇÃO
circulam na sociedade. Diferentes gêneros textuais em uso na sociedade:
• Textos Práticos: bilhetes, anúncios e propagandas, cardápios,
• Distinguir os diferentes gêneros textuais, utilizando-
convites, bulas de remédios, panfletos etc.
os de acordo com o contexto social.
• Textos Literários: poemas, contos, crônicas, fábulas, parlendas,
• Comparar diferentes gêneros textuais, apontando cantigas de roda, letras de música, charges etc.
suas características.
• Textos Informativos: jornais, enciclopédias, gramáticas, dicio-
• Combinar partes distintas de um texto e depois nários, mapas, gráficos, tabelas, resenhas etc.
transformar esse todo desarticulado em um todo
coerente, por meio do emprego adequado de Eixo Conhecimento Linguístico
conectores e relatores.
• Copiar no caderno partes de um texto e identi- A COMUNICAÇÃO ESCRITA
ficar seus elementos de coesão, verificando os Produção de textos escritos em circulação na sociedade: che-
elementos que contribuem para a construção do ques, cartas, bilhetes, convites, e-mails, sites, poema, diálogo,
sentido. parágrafo (dissertativo, narrativo e descritivo).
• Categorizar o texto em suas estruturas basilares.
CONHECIMENTO LINGUÍSTICO
• Apreciar textos de diversas culturas. O texto e noções de sua estrutura – alfabeto, ordem alfabética,
• Comparar o funcionamento das diversas culturas sílaba, divisão silábica na mudança de linha, acentuação gráfica,
em seu espaço de vivência. sinais de pontuação, tipos de frases e parágrafo, sinônimo e
antônimo, principais classes de palavras: substantivos, artigo,
• Reconhecer as diversidades culturais de modo a adjetivo, numeral, pronomes, verbos.
contribuir para o combate ao racismo, ao precon-
ceito, à discriminação e à homofobia, aplicando-os Eixo Cultura, Sociedade e Educação
em sua vida.
Estudo das raízes afro-indígenas capixabas.
• Conhecer a biodiversidade de sua cidade e seu
Leitura das narrativas de fundação indígenas.
estado para aprender a preservá-la.
Debate político sobre temas da contemporaneidade como
forma de fortalecer a democracia.
Biodiversidade e diversidade cultural.
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Sumário principal
4ª Série
habilidades conteúdoS
• Usar adequadamente a linguagem oral em seu Eixo Linguagem
cotidiano.
• Reconhecer a diversidade de gêneros textuais que Linguagem Oral e Escrita
circulam na sociedade. Textos de gêneros diversos: contos, mitos, fábulas, lendas, par-
• Distinguir os diferentes gêneros textuais, utilizando- lendas, trava-línguas, piadas, histórias em quadrinhos, literatura
os de acordo com o contexto social. de cordel, poemas, canções, notícias, diário pessoal.
• Comparar diferentes gêneros textuais, apontando Leitura e interpretação de texto.
suas características. Produção de texto individual e coletiva.
• Combinar partes distintas de um texto e depois Intertextualidade e construção de significados intertextuais
transformar esse todo desarticulado em um todo em obras já conhecidas.
coerente, por meio do emprego adequado de
conectores e relatores. Linguagem e participação social.
• Copiar no caderno partes de um texto e identi- Textos de gêneros diversos: poemas, canções, história em qua-
ficar seus elementos de coesão, verificando os drinhos, cartas, contos, mitos, fábulas, lendas, poemas, canções,
elementos que contribuem para a construção do quadrinhas, parlendas, trava-línguas, histórias em quadrinhos,
sentido. piadas, instruções, notícias, relatos e entrevistas.
• Categorizar o texto em suas estruturas basilares. Textos extraverbais (ex: fotografia, música, dança, pintura,
escultura e outros).
• Apreciar textos de diversas culturas.
Observação e uso da língua oral em situações sociais de co-
• Comparar o funcionamento das diversas culturas municação.
em seu espaço de vivência.
Produção de textos de diferentes tipologias, operando com os
• Reconhecer as diversidades culturais de modo a conhecimentos sobre a língua.
contribuir para o combate ao racismo, ao precon- Diferentes discursos em situações de comunicação escrita.
ceito, à discriminação e à homofobia, aplicando-os
em sua vida. Pesquisa no dicionário para o aperfeiçoamento da ortografia
nas produções textuais.
• Conhecer a biodiversidade de sua cidade e seu
Aplicação do conhecimento gramatical em situações de co-
estado para aprender a preservá-la.
municação oral e escrita.
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Sumário principal
habilidades conteúdoS
Eixo Conhecimento Linguístico
Itens da gramática normativa (em situações de leitura, pro-
duções de textos orais e escritos, de forma significativa e
contextualizada):
• Substantivo (conceito).
• Divisão silábica: dígrafo, encontro consonantal, encontro
vocálico (ditongo, tritongo, hiato).
• Revisão: verbos (conceito / infinitivo).
• Tempos verbais (presente, pretérito, futuro).
• Concordância verbo-nominal.
• Discurso direto e indireto.
• Pronomes: pessoais, oblíquos, de tratamento, possessivos,
indefinidos e demonstrativos.
• Preposição.
• Artigo definido/indefinido.
• Ortografia contextualizada.
• Adjetivo e locução adjetiva.
• Interjeição, onomatopéia.
• Sinais de pontuação.
Itens da gramática normativa (em situações de comunicação
funcional):
• Acentuação (acentos agudo, circunflexo e grave).
• Numeral (noção e escrita dos cardinais e ordinais).
• Verbos e concordância verbal.
• Advérbios (tempo, dúvida, modo, negação, afirmação).
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Sumário principal
9.1.5 Referências
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
AZEREDO, J.C. (Org.) Língua portuguesa em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1972.
CARNEIRO, A. Dias. Texto em construção: interpretação de texto. São Paulo: Moderna, 1996.
_______. Redação em construção: a escritura do texto. São Paulo: Moderna, 1995.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. A sociedade em rede. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2002.
CASTRO, Celso. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
CEREJA, Willlian Roberto. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2002.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma Introdução à antropologia social. São Paulo: Rocco, 2000.
GERALDI, J.W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1998.
McNALLY, David. Língua, história e luta de classes. In: WOOD, Ellen; FOSTER, John B. Em defesa da história: marxismo
e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.
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Sumário principal
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Sumário principal
que congrega significações, saberes, expres- o escritor Jorge Miguel Marinho17 diz que “[...]
são e conteúdo, objetivando a interação e a a arte, junta a inventividade do imaginário e
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que o registro concreto de real, é apelo coletivo,
a contemplam e/ou participam dela em suas expressão comunitária, espelho de todos e
múltiplas dimensões e constituições. de cada um”. Desnecessário dizer que a arte
está sempre a favor da vida e, como tantos
No texto “A arte e sua relação com espaço poetas já insistiram, ela é o sonho que todos nós
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão sonhamos em busca de um ideal. Daí que a sua
que nos interessa sobremaneira quando função mais humana, política e revolucionária
discutimos a contribuição da área das artes seja revelar que a vida pode ser mais completa e
para a formação humana. Segundo o autor comunitariamente mais feliz. Por outro lado, nas
“[...] a arte não é algo que se oferece, mas ações e transformações que o homem realiza
é uma potência. E uma sensação que não que envolvem os processos de produção ma-
conclui nos sentidos”. (Farias,1997: p.3)15 teriais, inserem-se também o que chamaremos
aqui dos “não materiais”. Trata-se da produção
E então nos perguntamos: em que a expe- de ideias, conceitos, valores, símbolos que com-
riência da arte contribui? portam habilidades, atitudes e hábitos. São “[...]
produções do saber, seja sobre a natureza, seja
Para dialogar com nossas possíveis respostas sobre o saber, sobre a cultura, isto é, o conjunto
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu da produção humana” (Saviani,1991,p.20)18.
sobre a função da natureza da importância Nesse proceder, de produção de sua existência
da arte; “[...] A necessidade da arte é a prova material e não material, o homem pelo trabalho,
de que a vida não basta.”16 cria o mundo da cultura e se insere como sujeito
de suas próprias ações − de caráter social,
Inventamos a arte, sabemos que ela não se cultural e histórico (Ruschel, 2003)19. É a Arte e
esgota em nossos sentidos e neste diálogo,
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Sumário principal
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Sumário principal
nas linguagens artísticas (artes visuais, e realizadas nas aulas de artes pelos pro-
artes cênicas, música e dança) para re- fessores de Artes. Esse mapeamento é um
fletir, analisar e compreender os diversos esboço, como um primeiro desenho, dos
processos criativos advindos de diferentes dados coletados em pesquisa exploratória
suportes e materialidades.
proposta durante um Colóquio realizado
Incentivar a investigação e a vivência das no dia 19 de junho de 2008 na Escola
linguagens artísticas (artes visuais, artes Maria Ortiz, em que estavam presentes as
cênicas, música e dança) a partir das professoras referências de Artes, demais
relações construídas por seus elemen- professores de Artes, pedagogos e técnicos
tos formadores na busca pelos sentidos
da SEDU e da superintendência, totalizan-
edificados nelas e fruí-la em suas diversas
manifestações. do aproximadamente 54 pessoas.
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Sumário principal
também podem dialogar, não pelos elemen- às músicas com a temática do trabalho e da
tos do plano da expressão que organizados vida no sertão, entre outros diálogos que a
plasticamente compõem um estilo, mas por intertextualidade nos possibilita realizar.
aproximações temáticas. Temos assim, vários
modos de leitura e esta depende de como o Ao assumir essa orientação metodológica
leitor estabelece as relações, tanto sensíveis em sala de aula garante-se a participação
como inteligíveis, com a obra lida criando de outros modos de olhar e outras possíveis
uma rede enriquecida pelo repertório de interlocuções que permeiam o estudo sobre
leituras que possui da arte e do mundo. a arte. Para tanto é necessário que o professor
como propositor e mediador das ações edu-
A pintura “Retirantes” (1944) de Portinari, por cativas da arte possibilite o enriquecimento
exemplo, trata do êxodo rural e a busca por de seu próprio repertório artístico/cultural
melhores condições de vida. Esse tema está e o de seus alunos aproximando-se da arte
presente nas figuras do que parece ser uma e suas manifestações sociais como a fre-
família, com traços fisionômicos que carac- quência a espaços expositivos/culturais de
terizam a “falta” de comida, de condições seu município, de seu Estado e, se possível,
de saúde, de sobrevivência. As cores são de eventos realizados em outros estados
azuladas, cinzas e pretos, reiterando no plano brasileiros e do exterior, lembrando que,
de expressão o que o conteúdo tematizou. senão em presença, as visitas podem ser
Essa pintura nos remete entre outras, à obra virtuais com o suporte do computador e
literária “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, da navegação pela web.
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Sumário principal
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Sumário principal
• Observa as mani- • Conhece as diversas • Exper imenta e • Cria formas plás- • Arte e patrimônio
festações culturais manifestações da pratica produções ticas e visuais em cultural.
de seu entorno arte (dança, músi- pessoais e ou cole- espaços diversos
(indígenas, étnico- ca, cênicas, visuais, tivas. (bidimensional e • A Arte e as mani-
sociais, inclusivas, áudio visuais). tridimensional). festações artísticas,
entre outras). • Vivencia as pro- culturais em âmbito
• Reconhece produ- duções pessoais e • Constrói materiali- local em diferentes
• Analisa as mani- ções das linguagens coletivas das pro- dades diversas (ce- tempos históricos
festações culturais artísticas (estilos de priedades expres- nografias, musicali- (artistas locais, he-
de seu entorno dança, musica, cê- sivas constitutivas dades, encenações, ranças culturais,
(indígenas, étnico- nicas, visuais, áudio nas diversas lingua- plasticidades, espa- imaginário popular
sociais, inclusivas, visuais). gens (dança, musi- cialidades) pessoais entre outras).
entre outras). ca, cênicas, visuais, e/ou coletivas.
audiovisuais) e as • A poética do coti-
• Relaciona as mani- relaciona com as diano nas produ-
festações culturais manifestações cul- ções artísticas locais
de seu entorno turais e artísticas de (música, áudio-visu-
(indígenas, étnico- seu entorno atri- al, dança, parlendas,
sociais, inclusivas, buindo sentido. trovas, cantigas,
entre outras). grupos regionais
entre outros).
• Reconhece as mani-
festações culturais • A Arte como lin-
e dos produtores guagem presente
artísticos de seu nas manifestações
entorno (indíge- culturais locais e
nas, étnico-sociais, suas relações (dan-
inclusivas, entre ça, música, cênicas,
outras). visuais, audiovisuais
e outras).
• Linguagens artísti-
cas e processos de
criação (elementos
da composição, for-
mas, linhas, cores,
planos, volumes,
espacialidades).
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Sumário principal
• Observa as mani- • Reconhece e rela- • Identifica o plano • Investiga materia- • Arte e patrimônio cul-
festações culturais ciona as diferentes de expressão das lidades diversas tural.
de seu entorno e produções das lin- diversas manifes- (suportes varia-
em âmbito na- guagens artísticas tações artes visuais dos: papéis em di- • A Arte e as manifesta-
cional (indígenas, (estilos de dança, (espacialidades, co- versas gramaturas, ções artísticas, cultu-
é t n i c o - s o c i a i s, música, cênicas, res, formas, linhas, tecidos, plásticos, rais em âmbito local e
inclusivas, entre visuais, audiovisu- volumes, materiais tecidos sintéticos, regional em diferentes
outras). ais). e outros). e outros). tempos históricos (ar-
tistas locais, regionais
• Relaciona as mani- • Conhece a impor- • Reconhece o plano • Investiga materiali- e nacionais, heranças
festações culturais tância das diferen- de expressão das dades diversas para culturais, grupos re-
de seu entorno e tes manifestações diversas manifes- as intervenções gionais entre outras).
em âmbito regional da arte (dança, tações artes visuais (materiais secos,
(indígenas, étnico- música, cênicas, (espacialidades, co- materiais úmidos, • A poética do cotidiano
sociais, inclusivas, visuais, audiovisu- res, formas, linhas, industrializados e presentes nas produ-
entre outras). ais). volumes, materiais naturais). ções artísticas locais,
e outros). e regionais (música,
• Reconhece as ma- • Vivencia produções audiovisual, danças
nifestações cultu- pessoais e coletivas diversas, parlendas,
rais e dos produ- em diferentes ma- trovas, grupos regio-
tores artísticos de terialidades. nais entre outros).
seu entorno e em
âmbito regional • A Arte como lingua-
(indígenas, étnico- gem presente nas
sociais, inclusivas, manifestações cultu-
entre outras). rais locais e regionais
(dança, música, cêni-
• Reconhece a ne- cas, visuais, audiovisu-
cessidade de pre- ais, arte pública, mo-
servação do patri- numentos da cidade
mônio artístico de e outras).
seu entorno e em
âmbito regional. • Linguagens artísticas
e processos de cria-
ção (pintura, desenho,
escultura, gravura,
cerâmica, danças de
roda, jogos teatrais e
outros).
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Sumário principal
• Identifica as dife- • Relaciona as lin- • Identifica o plano • Valoriza os proces- • Arte e patrimônio cul-
rentes particulari- guagens artísticas de expressão das sos de criação indi- tural.
dades das manifes- às diferentes mani- diversas manifes- vidual e coletiva.
tações culturais, re- festações culturais, tações artes visuais • A Arte e as manifesta-
gionais e nacionais regionais e nacio- (espacialidades, co- • Constrói nas lin- ções artísticas, cultu-
(indígenas, étnico- nais. res, formas, linhas, guagens artísticas rais em âmbito local,
sociais, inclusivas, volumes, materiais sua fatura conside- regional, nacional em
entre outras). • Diferencia as ma- e outros). rando a técnica, o diferentes tempos his-
nifestações cul- suporte, a compo- tóricos (artistas locais,
• Analisa as manifes- turais e étnicas: • Reconhece o plano sição, fruindo-as. regionais e nacionais,
tações culturais de afrodescendente, de expressão das heranças culturais,
seu entorno e em indígena, europeia, diversas manifes- • Utiliza das espe- grupos regionais e na-
âmbito nacional ciganos, oriental e tações artes visuais cificidades das cionais entre outras).
(indígenas, étnico- outras). (espacialidades, co- linguagens artís- • A poética do cotidiano
sociais, inclusivas, res, formas, linhas, ticas (Artes Visu- nas produções artís-
entre outras). • Reconhece e res- volumes, materiais ais: espaços bi e ticas locais, regionais
peita as manifesta- e outros). tridimensionais; e nacionais (dança,
• Relaciona as mani- ções culturais e ét- elementos da te-
ritmos visualidades
festações culturais nicas: afrodescen- • Relaciona o plano atralidade: drama-
contemporâneos).
de seu entorno e dente, indígena, de expressão nas tização; música:
em âmbito na- européia, cigana, diversas manifes- iniciação rítmica; • A Arte como lingua-
cional (indígenas, oriental e outras). tações artísticas e dança: expressão gem presente nas ma-
é t n i c o - s o c i a i s, culturais. corporal). nifestações culturais
inclusivas, entre explorando (nas artes
outras). visuais: espaços bi e
tridimensionais; no
• Reconhece a ne- teatro: dramatização,
cessidade de pre- cenografia, figurinos;
servação do patri- música: iniciação rít-
mônio artístico de mica; dança: expres-
seu entorno e em são corporal).
âmbito nacional.
• Linguagens artísticas
e processos de cria-
ção (com diferentes
técnicas, suportes e
composições).
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Sumário principal
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Sumário principal
• Compreende as • Diferencia as lin- • Diferencia a arte • Realiza produ- • Arte e patrimônio cultural.
particularidades guagens e seus e as manifesta- ções inventivas
• A Arte e as manifestações
das manifestações suportes (corpo ções culturais e investigativas
artísticas, culturais, em âm-
culturais, regionais, nas artes cênicas a partir do seu com suportes
bito local, regional, nacional
nacionais e inter- e na dança, ma- plano de ex- e técnicas va-
e internacional em diferentes
nacional (indíge- teriais diversos pressão e de riadas: corpo,
tempos históricos, conside-
nas, étnico-sociais, nas artes visu- seus elementos papéis, objetos
rando a sua dimensão sen-
inclusivas, entre ais, instrumentos formadores, industrializados
sível e a inserção na socieda-
outras). musicais, entre atribuindo-lhe e não-industria-
de (artistas locais, regionais,
outros). significado. lizados, da natu-
nacionais e internacionais,
• Identifica as mani- reza e outros.
heranças culturais, grupos
festações culturais • Realiza diálogos • Reconhece o
regionais, nacionais e inter-
no âmbito interna- da arte com ou- plano de expres- • Avalia, contex-
nacionais, entre outras).
cional (indígenas, tras linguagens são das diversas tualizando os
é t n i c o - s o c i a i s, (moda, publici- manifestações saberes e fazeres • A poética do cotidiano pre-
inclusivas, entre dade, arquitetu- das artes (nas adquiridos du- sente nas manifestações
outras). ra). visuais, espacia- rante o processo visuais, gestuais, sonoras,
lidades, cores, de criação. cenográficas, em diferentes
• Compara a arte e a • Relaciona a lin- formas, linhas, suportes midiáticos e cine-
realidade, refletin- guagem da arte volumes, mate- • Explora o labor máticos (produções gráficas,
do, investigando, em var iados riais; nas teatrais, da prática artís- televisivas, cinematográficas
indagando com suportes (midi- espacialidades, tica, consideran- e de outras mídias na inter-
interesse e curio- áticos, sonoros, gestualidades, do a técnica, o face com as tecnologias).
sidade, exercitan- gestuais, teatrais, movimento; suporte, a mate-
do a discussão, cinestésicos, en- nas musicais, rialidade, a com- • A Arte como linguagem e sua
a sensibilidade, tre outros). ritmos, pausas e posição, fruindo- leitura, considerando seus
argumentando e melodias, entre as e lendo-as. dois planos formadores: es-
apreciando. outros). tudo do plano da expressão
e do conteúdo (cores, formas,
• Reconhece a ne- • Relaciona e lê o volumes e espacialidades
cessidade de pre- plano de expres- presentes nas obras de arte
servação do patri- são das obras de e nas artes gráficas, entre
mônio artístico de arte e das mani- outros).
seu entorno e em festações cultu- • Linguagens artísticas e pro-
âmbito nacional e rais, articulando- cessos de criação (experimen-
internacional. as ao plano de tações em produções que
conteúdo e contemplem as propriedades
atribuindo-lhes expressivas e construtivas dos
significados. materiais, como nas pinturas,
nos desenhos, nas criações
de objetos, nas instalações,
na arte digital, no vídeo, em
fotografias e outras).
182
Sumário principal
9.2.5 Referências
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=8.> Acesso em: 28 abr. 2008.
MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
set. 2008. p. 1-5.
NUNES, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2003.
REBOUÇAS, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. In: CADERNOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Vitória,
ES: PPGE/UFES, n. 24, jul./dez. 2006.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1991.
183
Sumário principal
184
Sumário principal
Diante disso, entendemos a Educação Física construção de uma postura reflexiva sobre o
enquanto componente curricular que tem mundo do trabalho. Além disso, reconhece
como objeto a reflexão pedagógica sobre o eixo ciência na realização da transposição
o acervo da cultura corporal humana, pro- do saber comum ao saber sistematizado e
duzido ao longo da história, como forma contextualizado.
de representação simbólica presente na
linguagem corporal. A Educação Física escolar encontra-se desafia-
da a desenvolver uma proposta pedagógica
Essa concepção de ensino colabora para uma coerente com a realidade, sem fugir das
compreensão dessa disciplina numa dimensão intencionalidades de desenvolvimento do
educacional mais ampla, com interfaces nos cidadão crítico. Com isso, o professor, que não
diferentes campos de saberes, como área que é mais compreendido como reprodutor de
tematiza/aborda as atividades corporais em técnicas, vive em um contexto sociopolítico e
suas dimensões culturais, sociais e biológicas, é tomado como referência para a construção
extrapolando a questão da saúde e relacio- de uma proposta crítica, que só se torna
nando-se com as produções culturais que possível, segundo Bracht, 2001, por meio da
envolvem aspectos lúdicos e estéticos. Dessa flexibilização da atual hegemonia do conhe-
forma, a Educação Física escolar deixa de ter cimento crítico na escola, para que se possa
como foco apenas o esporte ou os exercícios permitir que outros saberes, que não só os de
físicos, voltados para uma perspectiva restrita à caráter conceitual ou intelectual, se legitimem.
promoção da aptidão física e ao desempenho Dessa forma, devemos compreender o que
de atividade física, tomando a ideia de que a significa a construção de uma proposta crítica
linguagem humana é produto da cultura e de Educação Física. Segundo Bracht (2001,
que a comunicação é um processo cultural. p.77) “a ideia de criticidade é uma ideia muito
Sendo assim, entende-se a expressão corporal fortemente centrada na ideia de razão ou de
como linguagem, conhecimento universal e racionalidade como uma dimensão intelec-
patrimônio da humanidade, que precisa ser tual”. Essa ideia da racionalidade possibilita
transmitida e assimilada pelos alunos. Essa a criação de uma educação que valoriza a
visão contempla o eixo da cultura, mas não esfera intelectual em detrimento da corporal,
descarta o eixo do trabalho que surge como assim, “a recuperação do corpo como sujeito
possibilidade de garantir a contribuição da pode fazer com que reformulemos o nosso
Educação Física na formação humana, na conceito de criticidade, ampliemos o nosso
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Sumário principal
conceito de razão, englobando as dimensões nele possam agir de forma autônoma e crítica,
estéticas e éticas”. apropriando-se das diferentes práticas corpo-
rais culturalmente construídas e resgatando
Dessa forma, convidamos todos os professores os valores étnicos, morais, sociais e éticos.
de Educação Física da rede estadual de ensino
para compartilhar de uma concepção crítica O aprofundamento dos conhecimentos da
da Educação Física que perpassa pela compre- cultura corporal humana de forma lúdica,
ensão de uma disciplina relacionada com as educativa e criativa tem permitido a am-
produções culturais, que envolvem aspectos pliação da compreensão da realidade social
lúdicos, estéticos e éticos, compreendendo-a acerca da cultura corporal, refletindo sobre
como prática pedagógica que tem como um conjunto de conhecimentos específicos
tema a cultura corporal humana – jogos, integrados aos demais componentes curri-
dança, esportes, ginásticas, manifestações culares. A possibilidade do desenvolvimento
culturais (folclóricas) e dramatizações. Isso da autonomia intelectual e do pensamento
colabora para a organização dessa disciplina crítico perpassa pela sistematização de con-
dentro da área de Linguagens, Código e ceitos e entendimento sobre os conteúdos
suas Tecnologias, por entender a dimensão de ensino, superando a perspectiva do “fazer
corpórea do homem na sua capacidade de por fazer”, ou seja, destituído do saber. O
se expressar e se comunicar, promovendo a ensino da Educação Física escolar deve
aprendizagem de um conhecimento sistema- perpassar por uma valorização de um fazer
tizado, das diferentes manifestações culturais crítico reflexivo sobre a cultura corporal
corporais, por meio do desenvolvimento da humana (Souza Júnior, 2001).
noção de historicidade da cultura corporal
e do desenvolvimento de um trabalho in- Podemos destacar que, ao vivenciar as di-
terdisciplinar focado na compreensão da ferentes manifestações da cultura corporal,
diversidade cultural dos povos. esse aluno desenvolve, além da motricidade,
aspectos cognitivos e sociais que irão se
A Educação Física enquanto componente somar a toda bagagem sociocultural prove-
curricular tem dado significativa contribuição niente de sua realidade, onde ele expressa
na construção coletiva do conhecimento sua subjetividade, emoções e sua linguagem
ao introduzir os indivíduos no universo da corporal e, ainda, desenvolve sua capacidade
cultura corporal humana, de maneira que comunicativa ao interpretar, sintetizar, ana-
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
Com base nessas reflexões é imprescin- diante da sua prática docente, procurando
dível a participação e a colaboração dos dialogar com os diferentes saberes que com-
professores de Educação Física da rede põem o ensino dessa disciplina. O desafio está
estadual do Espírito Santo na elaboração e em propor mudanças na prática docente,
construção dos princípios metodológicos que também levem em consideração as
que irão nortear o desenvolvimento deste condições estruturais das escolas da rede
documento curricular. Com isso, procuramos pública estadual do Espírito Santo, com re-
abarcar a especificidade de ensino dessa lação ao espaço, material e equipamentos
rede, que é composta por um conjunto destinados à prática da Educação Física, que
de professores oriundo de um modelo de na maioria dos casos requer o desenvolvimen-
formação inicial fortemente pautado num to da capacidade criativa do professor para
currículo tradicional-esportivo, que priorizou o desenvolvimento de suas aulas, a fim de
a aprendizagem da prática de habilidades buscar uma adequação dessa estrutura.
técnicas e de capacidades físicas23. Além
disso, uma supervalorização dos saberes Os materiais, os equipamentos e as insta-
provenientes das práticas dos professores lações são importantes e necessários para
sem a necessidade de refletir sobre a sua o fazer das práticas corporais das aulas de
ação docente. (Bracht et. al., 2003). Educação Física em qualquer perspectiva
que o professor se paute. Em virtude disso,
Para o desenvolvimento desta proposta a ausência ou a insuficiência de materiais e
curricular é fundamental o desenvolvimento instalações podem comprometer o alcance
da capacidade crítico-reflexivo do professor de um determinado objetivo de aula. Porém
outros aspectos também são considerados
23 Segundo Betti (1996) apud Bracht (2001) até a década de
determinantes para que haja uma prática
1980 temos um grande número de professores licenciados qualitativa nas aulas de Educação Física,
formados dentro deste modelo tradicional-esportivo que
prioriza um currículo focado nas disciplinas práticas para embora muitos professores justifiquem que
o aprendizado das modalidades esportivas com ênfase
teórica nas disciplinas da área da biologia e psicologia. as aulas muitas vezes não se fazem melhor
Nos anos 1990 temos uma reformulação do currículo de
licenciatura em Educação Física por conta da Resolução devido à carência de tais estruturas. “No
03/87, que questiona a formação “esportizizante” e valoriza
as disciplinas teóricas de fundamentação científica e filosó-
entanto, o trabalho pedagógico não pode,
fica. Especificamente na rede pública do Estado do Espírito todo ele, ser compreendido apenas por
Santo, do conjunto de professores licenciados, 67% deles
se formaram nos anos 1980, havendo também casos de adequação de meios a fins, pois os próprios
professores de Educação Física que atuam no ensino escolar
dessa rede sem terem a formação em Licenciatura. fins podem ser problemáticos, porque variam
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Sumário principal
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Sumário principal
sala de informática, as atividades de visitas e sujeito histórico e assim possa ser produtor
excursões, como forma de conhecer e explorar de outras atividades corporais a serem insti-
as diferentes maneiras para a aprendizagem tucionalizadas (Soares, et. al.,1992).
do conteúdo da Educação Física.
Assim, destacamos a importância de com-
Dessa forma, temos a formação continuada preendermos que a aprendizagem do co-
de um instrumento fundamental para o nhecimento específico dessa disciplina deve
desenvolvimento desta proposta curricular estar pautada na compreensão da expressão
para o ensino da Educação Física na rede corporal como linguagem, onde os temas
pública estadual do Espírito Santo. A escrita da cultura corporal expressam sentido e
da metodologia de ensino deste documento significado aos seus sujeitos. A abordagem
será ampliada ao longo do ano de 2009, com metodológica crítico-superadora nos apre-
a escrita dos Cadernos Metodológicos, ao senta alguns princípios curriculares que
mesmo tempo em que os professores de poderão embasar a nossa prática, para que
Educação Física da rede estadual estarão possamos alcançar os objetivos propostos
validando esta primeira versão da proposta neste documento. São eles: a relevância social
curricular. O objetivo é poder promover ajus- do conteúdo, a adequação às possibilidades
tes necessários para a publicação final deste sócio-cognitivas do aluno, a simultaneidade
documento. Mas, para isso, será necessário o dos conteúdos enquanto dados da realidade,
envolvimento de todos os professores, con- a espiralidade da incorporação das referên-
solidando momentos coletivos de reflexão cias do pensamento e a provisoriedade do
sobre a prática docente, sobretudo quando se conhecimento (Soares, et. al.,1992).
esperam mudanças efetivas nessa prática.
A condição para o desenvolvimento desta
Preliminarmente, entendemos que para proposta curricular esteve atrelada ao con-
iniciar o nosso trabalho de implementa- ceito de competências e habilidades, onde se
ção desta proposta curricular, dentro da compreende que as competências não são
concepção de ensino privilegiada neste um programa clássico. Elas dizem o que os
documento, é importante considerarmos o alunos devem dominar e não o que deve ser
ensino da cultura corporal de movimento no ensinado. A aquisição de habilidades está na
seu sentido histórico e lúdico do conteúdo, capacidade do indivíduo mobilizar uma ação
para que o aluno compreenda-se enquanto para a qual o aluno prioriza conhecimentos
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Sumário principal
de mais de uma área para resolver questões interpretar essas informações, na busca
(Perrenoud, 1999). de solução de nossos problemas (Macedo
apud Primi et al, 2001, p.152).
192
Sumário principal
com o meio, onde expressa sua subjetivi- coletivas que resgatem os valores morais,
dade, emoções e, ainda, desenvolve sua sociais e éticos, e também desenvolve
capacidade comunicativa ao interpretar, a ludicidade, descobrindo o prazer nas
sintetizar, analisar e expressar as ideias, vivências corporais.
reconhecendo a identidade própria e a
Os jogos esportivos: prioriza o conhe-
do outro, respeitando a diversidade e
cimento dos jogos institucionalizados
promovendo a inclusão.
socialmente, com suas diferentes orga-
Os jogos e os movimentos individuais e nizações técnico-táticas, proporcionando
coletivos: destaca-se como elemento da uma noção de historicidade do desenvol-
cultura corporal presente nos diferentes vimento de práticas esportivas presentes
contextos socio-históricos presentes em no contexto mundial e nacional. Além
âmbito nacional, regional e local. Por disso, o desenvolvimento da inclusão
meio do jogo, o sujeito desenvolve a por meio da capacidade de recriação
sua criatividade na construção de regras das regras.
193
Sumário principal
COMPETÊNCIAS
EIXO-TEMÁTICO: CONHECIMENTO SOBRE O CORPO
• Conhecer o seu corpo nos seus aspectos físicos, sociais, culturais e afetivos;
• Reconhecer e respeitar seus limites e as possibilidades do próprio corpo;
• Desenvolver suas atividades corporais com autonomia, compreendendo as relações de gênero e as individualida-
des;
• Vivenciar o espírito solidário que cuida do outro, de si mesmo e do ambiente em que vive;
• Conhecer a importância da convivência com os alunos que apresentam necessidades educativas especiais.
EIXO-TEMÁTICO: CORPO-LINGUAGEM/CORPO-EXPRESSÃO
• Reconhecer o corpo como meio de linguagem e expressão nas diferentes culturas: indígenas, africanas, campe-
sinas, entre outras;
• Conhecer as diferentes manifestações culturais nos âmbitos mundial, nacional e local;
• Identificar as atividades rítmicas e expressivas presentes em danças, lutas, ginásticas, como manifestações da cultura
corporal.
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Sumário principal
HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: CONHECIMENTO SOBRE O CORPO
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Sumário principal
HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: CORPO-LINGUAGEM/
CORPO-EXPRESSÃO
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Sumário principal
HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: OS JOGOS E OS MOVIMENTOS
INDIVIDUAIS E COLETIVOS.
197
Sumário principal
9.3.5 Referências
BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
______ et al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC, 1998.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
______. Perspectivas para compreender e transformar as contribuições da educação física na constituição dos
saberes escolares. In: FERREIRA NETO, Amarílio (Org). Pesquisa histórica na educação física. Vitória, ES: PROTEORIA,
2001. v. 6.
KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
PERRENOUD, Philipe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v.17, n. 2, p.151-139, maio/ago., 2001.
SANTOS, Gisele Franco de Lima. A construção de competências nas aulas de educação física da educação básica. In:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2001, Paraná. Anais. Paraná, 2001. p. 73-76.
SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
curricular? In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.
198
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 01 - Área de Linguagens e Códigos
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-02-8
CDD 372.19
CDU 373.3.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
7
Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
11
Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
12
Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
13
Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
14
Sumário principal
15
Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino-aprendizagem, de modo a
16
Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
17
Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
21
Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
22
Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
23
Sumário principal
24
Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
25
Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
26
Sumário principal
27
Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
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aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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das fronteiras de uma nação. Desse modo, a relação à época e à sociedade que o gerou,
aprendizagem da Língua Estrangeira não se das suas condições de produção e da interação
destina exclusivamente à leitura, à escrita e à entre os diversos sujeitos e grupos sociais. É
fala, mas pretende, além dessas, possibilitar o a obra em seu tempo/espaço de produção,
acesso do aprendiz a informações diversas, seja ela literária, artística e/ou corporal. Essa
e contribuir para a sua formação geral de contextualização abrange ainda as condições
cidadão. sociais, econômicas e culturais de produção.
Na contextualização diacrônica o percurso de
No ensino das disciplinas da área, o professor estudo se dá num eixo temporal e se inscreve
interessado em uma formação menos frag- na história e na cultura. Os modos de apropria-
mentada, preocupado em propor um projeto ção dos objetos culturais de épocas/espaços
educativo integrador da área de linguagem distintos são estudados aqui.
aos seus alunos, contempla os saberes de cada
uma dessas disciplinas, de modo relacional e A partir dessas contextualizações que não se
contextual. Desse modo, os dados, as informa- excluem, mas se complementam, propomos
ções e as teorias não devem ser apresentadas ainda na educação escolar as experimentações
desconectadas de suas condições de produção, e explorações das múltiplas possibilidades das
pois essas são geradas social e historicamente. diversas linguagens, articulando aspectos
Esse projeto educativo tem como princípios: como: sensibilidade, investigação e reflexão
a compreensão e o reconhecimento da di- ao realizar as suas produções. São as cha-
versidade das manifestações nas linguagens madas oficinas de criação, ou as atividades
corporais, gestuais, verbais, visuais e sonoras; e propostas pelos professores aos seus alunos,
a compreensão dos significados nos diferentes que envolvem desde leituras e compreensão
discursos: literários, artísticos, corpóreos, gestu- de textos, a exercícios e propostas de fazeres.
ais e sonoros, possibilitando o conhecimento Essas proposições possibilitam aos alunos,
das manifestações das diversas linguagens tanto individualmente como em grupo, um
em seus múltiplos diálogos nos âmbitos lo- conhecimento sensível e estético que articula
cal, regional, nacional, latino e internacional. os conhecimentos culturais apreendidos
Para tanto é necessário que se estabeleça na na Educação Física (Cultura e Movimento
escola uma abordagem que considere uma Corporal) e na Língua Portuguesa e Estrangeira
contextualização sincrônica e diacrônica. Na (Cultura Verbal) com a Arte (Cultura Visual,
primeira estão os estudos da linguagem em Cenográfica, Gestual e Musical).
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quando se põe(m) a serviço da comunicação Essa concepção permite ver o texto como
humana em situações de atuação no social, resultado parcial da atividade comunicativa
por meio de práticas discursivas materiali- humana, a qual engloba processos, opera-
zadas em textos orais, escritos ou em outras ções cognitivas e estratégias discursivas,
modalidades discursivas. Por essa razão, postos em ação em situações concretas de
devem os textos constituir-se no objeto de interação social (KOCH, 1998), em conso-
estudo da língua e o trabalho de escritura nância com determinados pressupostos, a
e leitura, de um modo geral, favorecer ao partir dos quais a atividade verbal se realiza. O
sujeito a apropriação do código como forma texto configura-se como uma manifestação,
de representação cultural (GERALDI, 1991; gerada a partir de elementos linguísticos,
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003). cujo objetivo é não somente permitir aos
interlocutores, no processo de interação, a
Com relação à concepção de escrita, essa é socialização de conteúdos, como também
defendida de modo tão interativo e dialógico, favorecer a própria interlocução, conforme
dinâmico e negociável, quanto a fala. Essa as práticas culturais de cada contexto social.
perspectiva supõe encontro, parceria, envol- Constitui-se o texto, assim, no momento
vimento entre sujeitos, para que aconteça em que os interlocutores de uma atividade
a comunhão das ideias, das informações, comunicativa constroem-lhe determinado
das intenções pretendidas. Toda escrita res- sentido, o que implica pensar que o sentido
ponde a um propósito funcional qualquer, não está no texto – mas a partir dele se
possibilita a realização de alguma atividade constrói – é indeterminado e surge como
sócio-comunicativa entre as pessoas e esta- efeito do trabalho realizado pelos sujeitos.
belece relações com os diversos contextos O texto só fará sentido se seu produtor co-
sociais em que essas atuam. Elaborar um texto nhecer a sua finalidade e o seu destinatário
escrito significa empreender uma tarefa cujo (idem, 1998).
sucesso não se completa simplesmente pela
codificação das ideias ou das informações, Fiel a esse quadro, a concepção de ensino
por meio de sinais gráficos. Deixa, pois, o de língua deve criar condições para que os
texto de ser concebido como uma estrutura alunos construam autonomia, desenvolven-
acabada, para ser compreendido em seu do uma postura investigativa. Para ensinar,
próprio processo de organização, verbalização em conformidade com essa concepção, será
e construção (GERALDI, 1991). preciso que o educador pesquise, observe,
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Sumário principal
levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda Serve, ainda, a linguagem para que o homem
e reaprenda não para os alunos, mas com constitua-se sujeito no mundo, torne-se
os alunos. um ens sociale, interaja com o outro e reflita
sobre si mesmo, a partir do contato com
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi- outros sujeitos. Considerando-se o caráter
litar o desenvolvimento das ações de produ- simbólico da linguagem, o sujeito, por meio
ção de linguagem em situações de interação, de atividades de leitura e compreensão de
e de abordagens interdisciplinares, não se textos, estabelece uma relação próxima com
limitando à decodificação e à identificação a escrita e, nessa tarefa, fala de si, do outro
de conteúdos, mas ao desenvolvimento e do mundo, atribuindo novos sentidos
de letramentos múltiplos, concebendo a aos seus processos subjetivos. Portanto,
leitura e a escrita como ferramentas para o a competência de o sujeito interagir no e
exercício da cidadania. com o mundo ocorre por via da linguagem,
meio em que as realidades são construídas.
6.1.1 Contribuição da disciplina Isso significa dizer que os conhecimentos
para a formação humana são construídos por meio da linguagem,
em que ações dos sujeitos produtores são
Considerando-se o plano da linguagem como controladas ou geridas por outros sujeitos.
base essencial para a produção e transmissão Nessa tarefa, o sujeito se desenvolve e se
de todo conhecimento, institucionalizado e socializa. É, pois, na interação com as diversas
de mundo, e da cultura, deve-se entendê-la instituições sociais, por meio da linguagem
como o meio sem o qual todos os outros e de seus distintos níveis e registros, que o
não poderiam existir. Isso porque, sem a sujeito aprende e apreende as maneiras de
linguagem articulada, seria difícil apreender funcionamento da própria língua – como
o mundo, torná-lo objeto de conhecimento, código e como enunciado – e com isso
e transformá-lo, ou sobre ele intervir. Serve, constrói seus conhecimentos com relação
pois, a linguagem à variabilidade do homem, ao seu uso nos diversos contextos.
à sua diversidade – único elemento comum
a todos os homens – à atuação do homem Sendo o homem um sujeito historicamente
no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a construído, são suas atividades, com o uso
refletir sobre a consciência, a ter sua marca da linguagem e da língua, marcadas pelo
identitária (DA MATTA, 2000). contexto socio-histórico e pontilhadas
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Sumário principal
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Sumário principal
lhe assumir uma postura reflexiva, tomando 2. Proporcionar uma compreensão das nor-
consciência de si e do outro em relação ao mas gerais do funcionamento da língua,
universo letrado, e tornando-se capaz de ser permitindo que o aluno veja-se incluído
protagonista de uma ação transformadora. nos processos – de produção e compre-
ensão textual – que se implementam na
A Literatura propicia, ainda, uma reflexão
escola, ou fora dela.
política ao educando em reconhecimento
do ser humano como um ser histórico social 3. Favorecer um olhar sobre os conjuntos de
que sofre transformações com o decorrer normas e fatores que concorrem para a
variação e variabilidade linguística, textual
do tempo.
e pragmática, necessários à leitura e à
escrita, sendo o texto o referencial de
partida.
6.1.2 Objetivos da disciplina
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Sumário principal
1. Criar condições para que os alunos 7. Ensejar momentos para o estudo das
construam sua autonomia na sociedade origens da cultura capixaba e da formação
contemporânea – tecnologicamente da sua identidade histórico-cultural.
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Sumário principal
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Sumário principal
sobre o objeto; e dirigir leituras de textos listagem de time de futebol, animais, flores,
conhecidos dos alunos, tais como parlendas, agenda telefônica, endereços dos alunos
cantigas de roda, quadrinhas. em ordem alfabética, encartes de super-
mercados, receitas, produção de história
Deve-se estimular debates sobre temas varia- em quadrinhos, bilhetes, poesias, recorte de
dos, possibilitando que o aluno argumente, palavras, correio escolar, cartão de felicita-
emita opiniões, justifique ou defenda opções ções, jornais, entrevistas, piadas, excursões,
tomadas, critique pontos de vista alheios e, a transformação de um gênero textual em
partir daí, produza textos. Cumpre destacar outro, entre tantos. Outra alternativa me-
que as atividades de falar/ouvir constituem- todológica é a produção de um texto oral
se parte integrante da competência comu- após leitura de uma narrativa.
nicativa dos falantes, uma vez que apontam
para ações efetivas de interpretação tal como Outra estratégia metodológica, de nível um
acontece quando o leitor toma contato com pouco avançado, é a tarefa de escrever textos
a escrita (ANTUNES, 2003). a duas e a quatro mãos, sob a orientação do
professor, observando as relações morfoló-
A produção de textos poderá ocorrer por gicas, sintáticas e semânticas, e explorando
meio de dobraduras, cantinho de leitura, as funcionalidades da língua.
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6ª Série
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7ª Série
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8ª Série
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Sumário principal
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MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.
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principal
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Sumário principal
congrega significações, saberes, expressão o escritor Jorge Miguel Marinho15 diz que
e conteúdo, objetivando a interação e a “[... ] a Arte, junta à inventividade do imaginário
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que e ao registro concreto de real, é apelo coletivo,
a contemplam e/ou participam dela em suas expressão comunitária, espelho de todos e
múltiplas dimensões e constituições. de cada um”. Desnecessário dizer que a Arte
está sempre a favor da vida e, como tantos
No texto “A arte e sua relação com o espaço poetas já insistiram, ela é o sonho que todos nós
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão sonhamos em busca de um ideal. Daí que a sua
que nos interessa sobremaneira quando função mais humana, política e revolucionária
discutimos a contribuição da área das Artes seja revelar que a vida pode ser mais completa e
para a formação humana, segundo o autor “ comunitariamente mais feliz. Por outro lado, nas
[...] a arte não é algo que se oferece, mas ações e transformações que o homem realiza,
é uma potência. É uma sensação que não que envolvem os processos de produções ma-
conclui nos sentidos” (Farias, 1997: p. 3).13 teriais, inserem-se também o que chamaremos
aqui dos “não-materiais”. Trata-se da produção
E então nos perguntamos: em que a expe- de ideias, conceitos, valores, símbolos que
riência da Arte contribui? comportam habilidades, atitudes e hábitos. São
“[... ] produções do saber, seja sobre a natureza,
Para dialogar com nossas possíveis respostas seja sobre o saber, sobre a cultura, isto é, o
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu conjunto da produção humana” (Saviani, 1991,
sobre a função da natureza na importância p. 20) 16. Nesse proceder, de produção de sua
da Arte: “[... ] A necessidade da arte é a prova existência material e não-material, o homem
de que a vida não basta. ”14 pelo trabalho cria o mundo da cultura e se insere
como sujeito de suas próprias ações de caráter
Inventamos a arte, sabemos que ela não se social, cultural e histórico (Ruschel, 2003) 17. É a
esgota em nossos sentidos e, nesse diálogo,
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família, com traços fisionômicos que carac- interlocuções que permeiam o estudo sobre
terizam a “falta” de comida, de condições a Arte. Para tanto é necessário que o profes-
de saúde, de sobrevivência. As cores são sor, como propositor e mediador das ações
azuladas, cinzas e preto, reiterando no plano educativas da Arte, possibilite o enriqueci-
de expressão o que o conteúdo tematizou. mento de seu próprio repertório artístico/
Essa pintura nos remete, entre outras, à obra cultural e o de seus alunos, aproximando-se
literária “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, da Arte e de suas manifestações sociais,
às músicas com a temática do trabalho e da como a frequência a espaços expositivos/
vida no sertão, entre outros diálogos que a culturais de seu município, de seu Estado e,
intertextualidade nos possibilita realizar. se possível, de eventos realizados em outros
estados brasileiros e do exterior, lembrando
Ao assumir essa orientação metodológica que, senão em presença, as visitas podem
em sala de aula, garante-se a participação ser virtuais com o suporte do computador
de outros modos de olhar e outras possíveis e da navegação pela web.
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6.2.5 Referências
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=8.> Acesso em: 28 abr. 2008.
MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
set. 2008. p. 1-5.
NUNES, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2003.
REBOUÇAS, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. In: CADERNOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Vitória,
ES: PPGE/UFES, n. 24, jul./dez. 2006.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1991.
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principal
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Estrangeira, implica considerar: a) as varie- (ouvir, ler, falar e escrever). Isso porque
dades do Inglês no mundo; b) o ensino do o objetivo não é apenas de se formarem
Inglês para a produção; c) o ensino do Inglês leitores, mas também interlocutores.
para fins específicos. Em âmbito internacional, a situação de
ensino com foco apenas na leitura em
geral reforça a ideia de que as informa-
a) As variedades do Inglês no mundo
ções devem fluir unilateralmente dos
Variedades e sotaques: Ao se considera-
países desenvolvidos para aqueles em
rem as variedades do Inglês no mundo é
desenvolvimento, disseminando a arte,
preciso aceitar as diferentes pronúncias
a cultura e a ciência em apenas uma
e sotaques, porque uma das finalidades
direção (Cf. Leffa, 2001). Por esse motivo,
ao se aprender uma língua é também
e sobretudo quando não se atenta à
a comunicação e linguagem, isto é, a
escolha dos textos a serem lidos, tal
interação social entre as pessoas. Além
enfoque não dialoga com a realidade dos
disso, é fundamental que se desenvolva
alunos, que, segundo pesquisas feitas
a capacidade de percepção e de crítica
recentemente em escolas públicas, o
construtiva das diferenças entre as cul-
interesse maior dos alunos é aprender
turas, bem como o desenvolvimento
a falar, seguido das outras habilidades.
da tolerância pelas diferenças. Esses
aspectos favorecem a autoconsciência c) O ensino do Inglês para fins específicos
e contribuem para que o aluno aprenda O ensino para fins específicos deve ser
a se expressar em língua estrangeira conduzido de modo a atender às neces-
quanto às tarefas relevantes à sua vida; sidades mais diretas dos alunos quanto
e que tal expressão contribua para a sua ao mercado de trabalho e/ou quanto à
realização; por exemplo, seria interes- aquisição de conhecimentos acadêmicos.
sante mostrar ao aluno as pronúncias Considerando ambos os aspectos, é pre-
de falantes indianos, espanhóis, portu- ciso refletir criticamente sobre o efetivo
gueses, eslavos, canadenses, italianos ensino de Língua Estrangeira na escola
etc., que conservam a sua identidade pública. Esse ensino é de fundamental
e conseguem se comunicar em língua importância para o desenvolvimento das
inglesa. Hoje já não se fala somente o capacidades cognitivas, culturais, afetivas
Inglês da rainha. e sociais do aluno em formação. Tal ensino
constitui um instrumento que pode de
b) O ensino do Inglês para a produção
fato auxiliar numa melhor qualidade de
Quanto ao ensino do Inglês para a
vida e de trabalho de que é merecedor
produção, há que se considerar o de-
todo cidadão.
senvolvimento das quatro habilidades
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Nesse sentido, pode-se afirmar que a apren- Hoje, o ensino comunicacional apresenta
dizagem de uma Língua Estrangeira pode outra versão. A globalização dos meios de
promover a aquisição de hábitos intelectuais, comunicação facilitaram os canais para
de conhecimentos culturais e humanísticos, um ensino sociointerativo do Inglês na
o desenvolvimento do respeito à pluralidade escola, principalmente no aspecto relati-
linguística e cultural do Brasil e dos países vo à valorização e ao reconhecimento da
onde se fala a língua inglesa. A posição do necessidade do ensino eficaz no âmbito
Inglês como a língua falada em diferentes das escolas públicas. As teorias retratam
países, por aproximadamente 375 milhões de resultados de pesquisas sobre a qualidade
falantes do idioma como segunda língua, 350 ou ineficácia do ensino (cf. Almeida Filho,
milhões de falantes nativos e 750 milhões de 1999, 2003; Vieira Abrahão, 1996), as crenças
pessoas que fazem uso da língua inglesa como de professores e alunos e as competências
língua estrangeira, reflete a necessidade de os de ensinar (Alvarenga, 1999; Basso, 1999)
alunos de escola pública também aprenderem e a busca por uma educação por meio do
a se comunicar nesse idioma. ensino da Língua Estrangeira de melhor
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Tais áreas de discussão pedagógica constituem O que estamos propondo nesse trabalho de
as duas dimensões do método. Um método é, inovação curricular é o reconhecimento da
segundo Prabhu (1987), um conjunto de pro- abordagem comunicacional fundamentada
cedimentos para o professor realizar em uma nos seguintes princípios:
aula, e, em outra dimensão, um conceito ou
uma teoria de ensino de línguas que informa 1. O uso da língua-alvo em sala de aula des-
ou justifica aqueles procedimentos. Portanto, de as séries iniciais em tarefas baseadas
na realidade.
existem diferentes visões na pedagogia das
línguas como diferentes métodos, diferentes 2. O desenvolvimento da competência co-
combinações de procedimentos de ensino municativa (que abrange conhecimentos
e teoria de aprendizagem. gramaticais implícitos nas mensagens,
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6.3.5 Referências
ABRAHÃO, M. H. V. Conflitos e incertezas do professor de língua estrangeira na renovação de sua prática
de sala de aula. Campinas: UNICAMP, 1996.Tese de Doutorado em Lingüística Aplicada – área de concentração:
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ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas, SP: Pontes, 2003.
______. (Org.) O professor de língua estrangeira em formação. Campinas, SP: Pontes, 1999.
ALVARENGA, M.B. Configuração de competências de um professor de LE (inglês): implicações para a formação
em serviço. Campinas: UNICAMP,1999.Tese de Doutorado em Lingüística Aplicada – área de concentração: Línguas
Estrangeiras.
BASSO , E.A. Back to the future: aulas comunicativas ou formais? In: Centro de Estudos Linguísticos e Literários
do Paraná, 12., 1998, Foz do Iguaçu, PR. Anais... Foz do Iguaçu, PR, 1998.
BOHN, H. Maneiras inovadoras de ensinar e aprender. A necessidade da de(re)construção de conceitos. In: LEFFA, V.
(Org.) O professor de línguas construindo a profissão. Pelotas, RS: EDUCAT, 2001.
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HERNANDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre:ARTMED, 2000.
HUTCHINSON, T. Projects in the classroom. Oxford University Press,1990.
LEFFA, V. (Org.) O professor de línguas construindo a profissão. Pelotas, RS: EDUCAT, 2001.
PRABHU, N. Second language pedagogy. Singapore, 1987.
SCHMITZ, John R. Investigações: lingüística e teoria. Universidade Federal de Pernambuco, 2005. v.17.
TARDIN CARDOSO, R. C. O imaginário do comunicativismo entre professores de língua estrangeira/ inglês (e
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TARDIN, R. C. Das origens do comunicativismo.- Estudos em homenagem ao Professor Dr. José Carlos Paes de Almeida
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WIDDOWSON, H. G. Knowledge of language and ability for use. Applied Linguistics, 10/2,128-3, 1980.
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qualitativa nas aulas de Educação Física, em- o conhecimento das habilidades técnicas
bora muitos professores justifiquem que as e o desenvolvimento das capacidades
aulas muitas vezes não alcançam o resultado físicas, mas também que abordem o con-
esperado devido à carência de tais estruturas. texto histórico-cultural do movimento,
“No entanto o trabalho pedagógico não ensinando estratégias para o agir prático,
pode, todo ele, ser compreendido apenas por colaborando para o entendimento das
adequação de meios a fins, pois os próprios relações socioculturais e a compreensão
fins podem ser problemáticos, porque variam crítica do movimento (KUNZ, 2004). Com
de acordo com opções político-pedagógicas” isso, os professores de Educação Física não
(Bracht et. al. , 2003, p. 43). precisam ficar restritos às aulas práticas de
aprendizagem do movimento, mas também
O que também se propõem é uma nova utilizar como instrumentos metodológicos
forma de se conceber os tempos e espaços sessões de filmes e vídeos sobre o fenômeno
para o ensino da Educação Física, que tem esportivo e as diferentes manifestações cul-
se reduzido a problemas ligados ao espaço turais regionais, nacionais e internacionais.
escolar, desprivilegiando uma discussão a Isso colabora para o desenvolvimento de
respeito da dimensão simbólica e pedagó- debates, problematizando temas da cultura
gica desses espaços. Ao priorizarmos uma corporal, desencadeando produções textuais
Educação Física pautada na perspectiva que possibilite ao aluno uma autonomia e
crítica de ensino, é necessário revermos o liberdade para se comunicar por meio de
que desenvolve esse componente curricular, uma linguagem corporal e verbal.
no qual 60% dos alunos da rede de ensino
público estadual de Espírito Santo “entendem O resgate histórico de uma prática corporal
que deva haver mudanças nas aulas de pode ser realizado por meio de estudos,
Educação Física” (BRACHT, 2001, p. 53). Essas pesquisas e desenvolvimento de aulas que
mudanças são em relação ao conteúdo, englobem também o aspecto lúdico e a
à organização das aulas (horários, tempo, criatividade, buscando os significados e os
espaço etc.) e à conduta pedagógica do sentidos das práticas corporais construídas
professor. historicamente, desenvolvendo um espaço
de reelaboração, recriação e reinterpretarão
Para isso devemos priorizar princípios dessas práticas por parte dos envolvidos no
metodológicos que contemplem não só processo ensino-aprendizagem, e realizando
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Tópico: Dança
• Conhecer a história das danças estu- • História da dança;
dadas; • Características das danças;
• Identificar as características das danças • Ritmo;
estudadas;
• Variação de movimentos do corpo
• Identificar as possibilidades de movi- de acordo com as melodias das mú-
mentos dos diferentes segmentos do sicas;
corpo na realização da dança;
• Dança folclórica;
• Identificação do ritmo pessoal e grupal;
• Coreografias de dança;
• Reconhecer e identificar gestos e movi-
mentos observados na dança, imitando, • Organização de festivais de dança.
recriando, mantendo suas características;
• Relacionar diferentes tipos de danças
folclóricas;
• Construir coletivamente pequenas core-
ografias a partir dos movimentos apren-
didos e incorporados no contexto social.
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
6.4.5 Referências
BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
______ et al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC, 1998.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
______. Perspectivas para compreender e transformar as contribuições da educação física na constituição dos
saberes escolares. In: FERREIRA NETO, Amarílio (Org). Pesquisa histórica na educação física. Vitória, ES: PROTEORIA,
2001. v. 6.
KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
PERRENOUD, Philipe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v.17, n. 2, p.151-139, maio/ago., 2001.
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2001, Paraná. Anais. Paraná, 2001. p. 73-76.
SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
curricular? In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.
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Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 02 - Área de Ciências da Natureza
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-03-5
CDD 372.19
CDU 373.3.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
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Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
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Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
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Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
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Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
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Sumário principal
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Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino-aprendizagem, de modo a
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Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
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Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
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Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
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Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
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Sumário principal
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Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
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Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
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Sumário principal
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Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
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aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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Sumário principal
as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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dos conhecimentos que estão presentes nas nós, esse ideal de aluno seria capaz de recriar
suas práticas cotidianas, e que de alguma sua condição humana socioculturalmente.
forma explicam a condição humana. Nesse
sentido, tal domínio não só permite conhecer
e compreender a humanidade em comum à 6.1.2 Objetivos da disciplina
espécie Homo sapiens, como também permite
compreender a diferença cultural inerente a Orientar o ensino das Ciências para a recriação
todo ser humano (MORIN, 2002). da condição humana torna imprescindível
que esse, nas etapas da Educação Básica,
Em nossa concepção, compreender a dife- ainda que cada uma delas tenha objetivos
rença cultural significa, entre outras coisas, específicos, responda a um ou a vários ob-
aceitar as diferentes formas de conhecer e jetivos gerais.
explicar a condição humana, pois a produ-
ção dos conhecimentos é socio-histórica. Dessa forma, recria-se a necessidade de que
Nesse sentido, todos os conhecimentos a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
são relativos e incertos. Em consequência, e o Ensino Médio se tornem um processo
o processo de ensino de Ciência lidaria único de diálogo entre essas etapas e entre
com essa incerteza dos saberes humanos, diferentes organizações dessas (disciplinas,
contribuindo para que cada aluno durante blocos, ciclos, anos, etc.), com o fim de al-
sua vida possa “[...] enfrentar as incertezas cançar o(s) objetivo(s).
e, mais globalmente, o destino incerto de
cada indivíduo e de toda a humanidade” Nesse sentido, esse processo, baseado na
(MORIN, 2002, p.56). interação entre o desenvolvimento cog-
nitivo afetivo do aprendiz e o processo de
Finalmente, levando em conta os parágrafos aprendizagem escolar, deveria contribuir
anteriores, podemos dizer que o processo para o desenvolvimento das capacidades
de ensino científico junto aos processos das cognitivas afetivas, por meio das quais os
outras áreas escolares deve contribuir para a alunos compreendam os problemas emer-
formação integral e contextualizada de um gentes das interações entre os próprios seres
aluno autônomo, solidário, curioso, criativo e humanos, e entre os seres humanos e o meio
reflexivo, partícipe ativo das transformações ambiente.
de seu entorno social, cultural e natural. Para
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Sumário principal
Partindo desse objetivo, as atividades e ações Nessa perspectiva, nossa proposta curricular,
do processo de ensino das Ciências moti- fundamentada no amadurecimento das
varão os alunos a recriar junto ao professor habilidades recriadas nos ciclos anteriores
e aos colegas os saberes mediadores na e nos objetivos a serem alcançados na
reflexão sobre o mundo, e as transformações próxima etapa da disciplina de Ciências
socioculturais e socioambientais e suas da Educação Básica, propõe que o ensino
influências na recriação da subjetividade científico de sexto a nono anos do Ensino
humana. Reflexão que se fundamenta no Fundamental tenha como objetivo de-
diálogo entre os conhecimentos das disci- senvolver as habilidades e competências
plinas e os culturais. (instrumentos socioculturais) mediadoras no
processo de desenvolvimento da autonomia
Sendo assim, torna-se essencial que a me- do aluno, do conhecimento sociocultural
todologia dessa disciplina se fundamente e da contextualização das diferentes ex-
nas necessidades do aprendiz, no diálogo plicações dos fenômenos socioculturais e
entre os conhecimentos dos participantes ambientais.
do processo de ensino-aprendizagem e na
tomada de consciência dos limites e das pos- Essa proposta torna-se um grande desafio
sibilidades dos diferentes conhecimentos. para os professores de sexto a nono anos,
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Sendo assim, sem fugir dos princípios Partindo dessas premissas, centrar a pro-
metodológicos que or ientam esta posta no processo de desenvolvimento
proposta, o professor, no processo de de competências e habilidades, implica
ensino-aprendizagem de Ciências no sex- recriar o processo de ensino-aprendizagem
to a nono anos do Ensino Fundamental, a partir de núcleos de problemáticas, cuja
estimulará a produção de conhecimento compreensão torna necessária a integração
sociocultural autônomo do aluno e grupal, de várias disciplinas e o trabalho sobre
a identificação e resolução de problemas processo.
socioculturais e socioambientais, a expo-
sição da produção sociocultural individual Nesse sentido, a metodologia será recria-
e grupal, etc. da a partir das necessidades cotidianas do
aluno. As atividades/tarefas pedagógicas
se organizarão de tal forma que o aluno
6.1.3 Principais alternativas possa concretizar a tomada de consciência
metodológicas de suas necessidades, das competências
e das habilidades mediadoras nessa ação,
Em nossa proposta, os professores além das competências e habilidades que
concebem-se no processo de ensino- satisfazem suas necessidades. Nesse sentido,
aprendizagem como mediadores entre com a metodologia, buscar-se-á com que o
o que o sujeito sabe e entre o que se tem aluno conheça e domine os instrumentos que
que aprender na escola. Nesse sentido, contribuem para conhecer e compreender os
os professores, por meio de atividades/ impactos da ação humana no meio ambiente,
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77
Sumário principal
78
Sumário
principal
81
Sumário principal
Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que normativa (que são as regras e as normas
aprender Matemática implica aprender a que regulam os diferentes procedimen-
(re)conhecer a Matemática da vida real: tos matemáticos); a afetiva (quer dizer,
habilidades, conhecimentos, disposições, o conjunto de emoções e sentimentos
capacidades de comunicação e sua aplica- que acompanham as pessoas durante a
ção na vida cotidiana. Uma aprendizagem aprendizagem); e a cognitiva (referente
do seu ponto de vista implica quatro di- concretamente à maneira de aprender, quer
mensões diferentes: a instrumental (que dizer, às estratégias que a pessoa utiliza
se refere ao conjunto de símbolos que para entender um conceito matemático e
constituem a linguagem matemática); a incorporá-lo a seu conhecimento).
13 Alsina, C.2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.
82
Sumário principal
Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta crítica? Para Skovsmose (2006) o conceito de
no processo de ensino-aprendizagem quem competência crítica enfatiza que os estudantes
aprende, quem ensina e o saber a ser ensinado, devem estar envolvidos e participar ativamente
buscando o crescimento integral do educando. do processo educacional e, para isso, preci-
Ao buscar a compreensão do crescimento samos pensar em uma escola democrática,
dos indivíduos, levamos em consideração em um currículo democrático e em práticas
que a construção do conhecimento é tem- democráticas.
poral, histórica e intencional, que encontra
na família, no ambiente social e na cultura os Lembremos de Freire (1992, pp.81-82) que
fatores determinantes do desenvolvimento diz: “ensinar é um ato criador, um ato crítico
humano. Baseado nisso pode-se acrescentar e não mecânico”. Sem querer tirar do profes-
às quatro dimensões sugeridas por Palomar as sor a responsabilidade pela aprendizagem
dimensões histórica, social e cultural. dos seus alunos, Freire ainda destaca que
o professor precisa, sim, conhecer o que
Dentro da visão de que o aprendizado resulta ensina, no entanto, afirma que:
em desenvolvimento mental, que põe em mo-
vimento vários processos de desenvolvimento, Não é possível ensinar a aprender sem en-
nos reportamos a Machado (1995), que diz sinar um certo conteúdo através de cujo
conhecimento se aprende a aprender, não
que comprender é aprender o significado e
se ensina igualmente a disciplina de que
aprender o significado é ver o objeto do conhe- estou falando a não ser na e pela prática
cimento em relação a outros conhecimentos, cognoscente de que os educandos vão se
interligando-os e articulando-os. tornando sujeitos cada vez mais críticos.
(FREIRE, 1992, p.81-82).
83
Sumário principal
Ainda para Freire (1996, p.30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
relação com as condições sociais, políticas
se exige previamente uma valorização dos
e econômicas ao longo dos tempos rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemá-
cidadã do indivíduo. ticos com a cultura e as manifestações
artísticas e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como
matemáticas dos cidadãos e das comunidades a Matemática colabora na compreensão
locais – que são competências prévias relati- e utilização das tecnologias e como as
tecnologias podem colaborar para a
vamente eficientes –, mas que não se abdique
compreensão da Matemática.
do saber matemático mais universal. Além
disso, o desenvolvimento de competências Oportunizar a compreensão e transfor-
e habilidades matemáticas contribui mais mação do mundo em que vivemos, seja a
comunidade local, o município, o Estado,
diretamente para auxiliar o cidadão a ter
o país ou o mundo.
uma visão crítica da sociedade em que vive
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemá-
ticos (aritmético, geométrico, métrico,
6.2.2 Objetivos da disciplina algébrico, estatístico, combinatório,
probabilístico) entre eles e com outras
áreas do conhecimento.
Partindo do princípio que a Matemática deve
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações que levem o estu-
consideramos os seguintes objetivos: dante a validar estratégias e resultados,
84
Sumário principal
85
Sumário principal
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Sumário principal
Para Seymor Papert (1994) os computado- Outra questão importante é discutir sobre
res devem servir como instrumentos para o uso da calculadora na escola. Um recurso
se trabalhar e pensar, meios para realizar utilizado de forma quase natural em nossa
projetos, fonte de conceitos para pensar sociedade. Os preços acessíveis e a facilidade
novas ideias. Galvis (1988) afirma que o de serem encontradas as tornaram instru-
87
Sumário principal
88
Sumário principal
frente. Certamente que tal atitude é extrema- de possibilitar a integração de vários ramos da
mente positiva para a aprendizagem das ideias Matemática. Outra dimensão positiva dessa
matemáticas subjacentes aos jogos. ação pedagógica é a possibilidade de escolha
de projetos com temas transversais de interesse
O livro didático, por sua vez, tem sido ao da comunidade, que favoreçam o despertar do
longo dos anos o único suporte do trabalho aluno para os problemas do contexto social e
pedagógico do professor, convertendo-se em cultural, além de contribuir para ações que ao
um dos apoios disponíveis para o professor; entender esse contexto o modificam.
talvez o mais importante, o mais facilmente
acessível, na disponibilidade do material tex- Um fato a considerar é que a metodologia de
tual que vai ser objeto de estudo, na indicação ensino-aprendizagem aqui tratada e as dife-
dos conteúdos relevantes e nas propostas rentes alternativas metodológicas e recursos
de atividades que ensejam sua exploração. didáticos exigem dos professores e alunos uma
Espera-se que dentro de uma perspectiva mais nova postura diante do conhecimento e aliado
ampla o livro didático deixe de ser o único a isto uma permanente busca a variadas fontes
instrumento de apoio ao professor e que ele de informação e a momentos de interação
possa complementar esse recurso, atendendo fora dos limites da sala de aula.
às diferenças regionais e particularidades
locais. Para tal que utilize textos e filmes
diversos que tratem de temas de interesse COMPETÊNCIAS/HABILIDADES
dos indivíduos envolvidos, e a internet, com
Dentre as competências gerais para todos
sua gama de conexões, no sentido de ampliar
os anos do Ensino Básico citamos:
as informações e repertório textual.
Estabelecer conexões entre os campos
Ressaltamos o trabalho com projetos, que se da Matemática e entre essa e as outras
harmoniza com a resolução de problemas, áreas do saber.
tendo como ponto comum a valorização do
Raciocinar logicamente, fazer abstrações
envolvimento ativo do professor e dos alunos
com base em situações concretas, gene-
nas ações investigativas desenvolvidas em sala ralizar, organizar e representar.
de aula. Além disso, os projetos são oportunida-
des adequadas à prática da interdisciplinaridade, Comunicar-se utilizando as diversas
formas de linguagem empregadas na
quando articulam vários ramos do saber, além
Matemática.
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Sumário principal
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5ª Série
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6ª Série
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7ª Série
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Sumário principal
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8ª Série
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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101
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 03 - Área de Ciências Humanas
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-04-2
CDD 372.19
CDU 373.3.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
7
Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
11
Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
12
Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
13
Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
14
Sumário principal
15
Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a
16
Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
17
Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
21
Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
22
Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
23
Sumário principal
24
Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
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1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
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não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
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aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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Sumário principal
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Na segunda metade do século XIX, com a alterações paradigmáticas das ciências. Como
difusão do pensamento positivista, a criação a realidade foi se tornando cada vez mais
de uma História científica ganhou força e complexa, as abordagens culturais passaram
desenvolveram-se algumas disciplinas es- a ser fundamentais para o preenchimento
pecializadas no interior do campo histórico: de lacunas e incertezas.
história política, história econômica, história
das civilizações, etc. É inegável a influência de Assim, a influência da historiografia con-
Karl Marx, cujo pensamento caracterizou-se temporânea sobre o ensino de História se
pelo estudo da substituição dos mecanis- faz perceber, por exemplo, na necessidade
mos da sucessão de acontecimentos pela de o professor de História relacionar as
dinâmica das estruturas e dos modos de metodologias da pesquisa histórica com
produção, colocando a questão econômica as metodologias de seu ensino (teoria
como determinante, mas não exclusiva. relacionada à prática e resultando em
conteúdos procedimentais); no reconhe-
No início do século XX, muitos historiadores cimento dos diferentes sujeitos da História;
passaram a considerar a ampliação dos obje- na diversidade de fontes, na necessidade
tos de interesse do historiador. Assim sendo, a de consolidação e historicização de concei-
história problema substituiu, pouco a pouco, tos, e na ampliação das possibilidades em
a história narrativa e houve o reconhecimen- torno do fato histórico; e na introdução no
to de um campo de documentos históricos ensino de História de aspectos relativos a
mais vasto que os testemunhos escritos. mentalidades, cotidianos, representações
Além disso, foram realizadas considerações e práticas culturais.
interdisciplinares a partir do reconhecimento
da relativização da História, isto é, de que A construção de uma consciência histórica e
a valorização de um setor ou uma visão das possibilidades de pensar historicamente
da História está inserida em sua própria sobre a realidade em que vivemos confere ao
historicidade. ensino de História especificidades e particula-
ridades no que diz respeito às contribuições
A partir da década de 1970, a ênfase passou da disciplina na formação humana.
a ser, então, o reconhecimento de novos ob-
jetos, novos problemas e novas abordagens ... para aprender a ser e para aprender
(a chamada Nova História), considerando as a conviver...
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Sumário principal
política e seu ensino passaram a expressar a Uma sociedade democrática pede a parti-
nova conjuntura. Hoje, em todo o mundo “glo- cipação de todos e cada um dos membros
balizado”, a vida cotidiana coletiva se constitui no desenvolvimento do potencial de cada
um dos principais eixos do ensino da História um e da coletividade.
e as temáticas a ela referentes são importantes
para destaques acerca das diferenças culturais e Não se trata, portanto, de informar um
étnicas, incentivando o respeito às diversidades. conteúdo histórico, geográfico, filosófico,
A prática docente da História tem caminhado sociológico, etc., mas de oportunizar ao aluno
de acordo com as principais questões de seu possibilidades de relação de temas, conteúdos,
tempo, incorporando diferentes concepções competências, valores e habilidades. A infor-
de ensino e de História. mação, acrescida de atitudes investigativas, é
uma forma de construção do conhecimento
Nessa perspectiva, ao considerar as possibili- e de pensar histórica, geográfica, sociológica
dades de seu fazer e de seu saber, e questionar e filosoficamente.
os conteúdos tradicionais, o ensino de História
transforma a fronteira da história vivida e da Especificamente em relação à História, busca-
história ensinada em um espaço de diálogos se a compreensão da realidade como objeto,
e reflexões. A realidade, vista dessa forma, objetivo e finalidade principais do seu ensino,
torna-se o objeto, o objetivo e a finalidade a partir do reconhecimento de si e do outro e
principais do ensino da História. da construção de uma consciência histórica,
de um sentimento de pertença.
Compreendemos que o desenvolvimento
da compreensão de conceitos básicos das
disciplinas das Ciências Humanas permite 6.1.2 Objetivos da disciplina
a construção da compreensão da realida-
de. Dessa forma, os estudos das Ciências ... para querer saber...
Humanas devem ser empreendidos de
modo integrado: valores, conhecimentos, Uma História que debate a ciência, a
e habilidades. Essa integração garantirá uma cultura e o trabalho
contínua aprendizagem e a sensibilização
necessárias para uma Educação que possa Considerando a tríade ciência, cultura e
vir a garantir a paz e a dignidade humana. trabalho como as formas com as quais o
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histórica ocorre juntamente com o processo mentos de ensino: Séries iniciais do Ensino
de produção de sentido, de modo que caberia Fundamental, Séries Finais do Ensino Fun-
indagar o que é próximo e o que é distante, damental e Ensino Médio. Cada segmento
o que é simples e o que é complexo, o que é exposto a partir de um conjunto comum
é concreto e o que é abstrato, no universo de competências e temas estruturantes que
cultural composto por informações globaliza- permeiam uma competência específica, os
das e efêmeras de nossas crianças e jovens. A tópicos e as habilidades distribuídos por
gradação, portanto, deve partir dos objetivos cada série. É importante notar que algumas
e das metodologias que consideram os sabe- competências, temas estruturantes e habili-
res prévios, não simplesmente de tópicos a dades, por vezes, se repetem na sequência
serem trabalhados. É preciso, portanto, que dos segmentos e séries, uma vez que devem
reflitamos sobre as competências e habilidades garantir o caráter gradual da construção do
que estão relacionadas a esse processo de conhecimento. Outro fator digno de nota
construção do saber histórico escolar. Nesse é que os CBCs de História, construídos a
sentido, o processo de avaliação é parte partir da consulta aos professores da rede
integrante da ação educativa em História. estadual de ensino, não pretenderam esgotar
conteúdos a serem trabalhados em sala de
A avaliação processual (diagnóstica, formativa aula no processo de construção do conhe-
e somativa) pode envolver as diferentes fontes cimento histórico escolar. Ao contrário, ao
e linguagens exploradas pelo professor, e a agrupar os principais tópicos selecionados
construção de significado do documento como básicos pelos professores, tornam-se
histórico. Coerentemente com a opção pela ferramenta basilar, mas não única, para a
pesquisa como eixo organizativo do currí- construção de um planejamento adequado
culo e da prática docente, a avaliação pode a cada especificidade escolar, garantindo a
considerar as possibilidades de descrição, possibilidade de autonomia do professor e
argumentação, explicação e problematização a flexibilização dos conteúdos.
que envolvem a construção do conhecimen-
to histórico escolar. Pode, também, envolver Coerentemente com a concepção de História
etapas individuais e coletivas de trabalho. e seu ensino que permeia nossa proposta, no
Ensino Fundamental, cada tópico foi dividido
A partir dessa compreensão, dividimos a em três seções: tematizando (apresentação de
proposta dos CBCs de História nos três seg- sugestões e possibilidades temáticas), proble-
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8.2.5 Referências
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NA REDE
www.historianet.com.br
www.ensinodehistoria.com
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O uso do livro didático será valorizado entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im-
como mecanismo de apoio complementar portante que considere o potencial individual
a leituras, interpretações, registros e propo- dos alunos, mesmo quando em atividades
sições, que não se esgotam na dimensão coletivas, negando comparação entre suas
de conteúdos dispostos naquele material capacidades, habilidades e atitudes.
didático, sem contudo ser o condutor da
prática pedagógica e, menos ainda, a fonte A Geografia deverá ser pesquisada na multi-
única de estudo. A costumeira prática de plicidade e na complexidade de diversidades
leitura de trechos do livro didático seguida que constitui o cotidiano das sociedades e
de explicações (que mais repetem do que das pessoas. Os princípios da pesquisa escolar
problematizam as informações fornecidas) podem ser similares àqueles desenvolvidos
ou de “exercícios” (que quase sempre favo- na academia, problematizando aspectos
recem a naturalização ou a memorização da vida da comunidade local ou global e
dos fatos expostos) deverá ser substituída relacionando aspectos teóricos da ciência
por consultas e leituras problematizadoras, geográfica às questões que preocupam as
permitindo estudos individuais e em grupo. A sociedades quanto à produção, à explo-
leitura não-restrita aos livros didáticos deverá ração, à apropriação, à conservação ou à
ser ampliada em outras possibilidades como preservação dos recursos e dos ambientes
as produções disponíveis na rede internet, da natureza e das sociedades. Simulações e
nas revistas especializadas e científicas, nos demonstrações precisarão estar entrelaçadas
jornais, nas histórias em quadrinhos, nas com estudos que exigem abstrações.
diferentes expressões literárias. Os registros
envolvendo análises, descrições, avaliações, A aula de campo, a aula prática, o estudo
proposições dos fatos e dos fenômenos do meio sustentarão alternativas meto-
geográficos poderão inscrever produções dológicas, como a observação e a coleta
de desenho, teatro, música, escrita e outras de dados por meio de instrumentos, por
expressões. exemplo a bússola, o relógio do sol, a biruta,
o pluviômetro, o altímetro, o termômetro, o
A avaliação processual deverá envolver as cata-vento, o mapa, as cartas, as fotografias
diferentes fontes e linguagens exploradas aéreas, as imagens de satélites, os molinetes,
pelo professor no trabalho pedagógico, ex- os infiltrometros e tantos outros próprios
plorando, sempre que possível, a associação da Geografia, construídos como procedi-
88
Sumário principal
89
Sumário principal
90
Sumário principal
91
Sumário principal
92
Sumário principal
93
Sumário principal
6.2.5 Referências
AB’ SÁBER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003.
ALMEIDA, R.D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989.
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_______. PCNs + ensino médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais.
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MEC/SECAD: s.d.
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MOREIRA, T.H. L.; PERONE, A. História e geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Ed. Autor, 2003.
94
Sumário principal
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PRESS, F. et al. Para entender a terra. Porto Alegre. Ed. Bookman. 2006.
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RUA, J. et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, M. Por uma nova geografia. São Paulo: USP/EUSC, 2004.
_______. Pensando o espaço do homem. São Paulo: USP/EDUSC, 2007.
SCHAEFFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: práticas para a sala de aula. Porto Alegre: EDUFRGS, 2003.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
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_______. Geografia I. Vitória, ES: UFES, 2006.
ZANOTELLI, C. L.; SILVEIRA, M. C. B.; MOTTA, N. C. Geografia para o ensino fundamental: material de referência para
o professor. Vitória, ES: SEDU, 2002, 5v.
95
Sumário
principal
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Sumário principal
100
Sumário principal
101
Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
Textos Sagrados e Tradições Orais. Esse Ethos. O ethos analisa a vivência crítica
eixo aprofunda o significado da palavra e utópica da ética humana a partir das
sagrada no tempo e no espaço, com tradições religiosas, por isso considera:
destaque para: a autoridade do discurso as orientações para o relacionamento
religioso fundamentado na experiência com o outro, permeado por valores; o
mística do emissor que a transmite como conhecimento do conjunto de normas de
verdade do transcendente para o povo; cada tradição religiosa, apresentando para
o conhecimento dos acontecimentos os fiéis no contexto da respectiva cultura;
religiosos que originaram os mitos e e a fundamentação dos limites éticos
segredos sagrados e a formação dos propostos pelas várias tradições religiosas
(Cf, FONAPER. Caderno Temático Ensino
textos: a descrição do contexto socio-
Religioso, nº 1, p. 31-32).
político-religioso determinante para a
redação final dos textos sagrados; e a Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso
análise e hermenêutica atualizadas dos foram elaborados a partir da concepção
textos sagrados. de que a atuação do ser humano não se
Ritos. O eixo ritos busca o entendimento limita às relações com o meio ambiente
das práticas celebrativas, por isso con- e às relações sociais, mas sim está sempre
templa: a descrição de práticas religiosas em busca de algo que transcende essas
significantes, elaboradas pelos diferentes realidades. Os eixos e conteúdos do Ensino
grupos religiosos; a identificação dos Religioso em muito podem contribuir para
símbolos mais importantes de cada
que o ser humano inacabado, inquieto e
tradição religiosa, comparando seu(s)
aberto ao transcendente siga na busca e
significado(s); e o estudo dos métodos
encontre o sentido para a vida e seja feliz
utilizados pelas diferentes tradições
religiosas no relacionamento com o (Cf. BOEING, Antonio).
104
Sumário principal
5ª a 8ª Séries
105
Sumário principal
continuação
106
Sumário principal
107
Sumário principal
6.3.5 Referências
SITES
http://www.fonaper.com.br
www. rivistadireligione.it
http:// geocities.com.ensinoreligioso
www.comer.cjb.net
www.pucsp.br/rever
www. crdr.com.br
htpp://geocities.yahoo.com.br.conerse
www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br
www.iccsweb.org
www. assintec.org.br
http://www.eufres.org/
http://cienciareligioes.ulusofona.pt
108
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Médio
Volume 01 - Área de Linguagens e Códigos
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-05-9
1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio -
Linguagens e Códigos. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.
CDD 373.19
CDU 373.5.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
7
Sumário principal
8
Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
11
Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
12
Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
13
Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
14
Sumário principal
15
Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a
16
Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
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Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
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Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
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Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
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Sumário principal
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Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
25
Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
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Sumário principal
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Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
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Sumário principal
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Sumário principal
aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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Sumário principal
por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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Sumário principal
as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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Sumário principal
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Sumário principal
sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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Sumário principal
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Sumário principal
avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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Sumário principal
5 REFERÊNCIAS
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Sumário principal
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Sumário
principal
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Sumário principal
à medida em que interagem com os outros. que envolvem aspectos lúdicos e estéticos.
Isso significa que o aluno deve ser o sujeito Essa disciplina deixa de ter como foco apenas
da aprendizagem e o sujeito de seu texto, o esporte ou os exercícios físicos voltados para
porquanto é ele quem realiza a interação e uma perspectiva restrita à promoção da apti-
produz o conhecimento. dão física e ao desempenho de atividade física,
tomando a ideia de que a linguagem humana é
A Arte insere-se na área de linguagem como produto da cultura e que a comunicação é um
uma expressão humana que oportuniza o processo cultural. Sendo assim, a linguagem
compartilhar das culturas em sua diversidade corporal como produto da cultura deve ser
e congrega valores, posturas, condutas que abordada com base nos temas da “cultura
a caracterizam e ao mesmo tempo a dife- corporal” humana. Essa visão contempla o
renciam de outras áreas de conhecimento e eixo da cultura, mas não descarta o eixo do
outras manifestações de linguagem. Fazer arte trabalho que surge como possibilidade de
é materializar as experiências e percepções garantir a contribuição da Educação Física
sobre o mundo em formas, cores, sons e ges- na formação humana, na construção de uma
tualidades, resignificando-as em processos postura reflexiva no mundo do trabalho. Além
poéticos configurados pela ação de um gesto disso, reconhece o eixo ciência na realização
criador. Como produção simbólica a Arte não é da transposição do saber comum ao saber
funcional, não é instrumental, nem se prende a sistematizado e contextualizado.
normatizações que a regulem, mas imbricada
com o trabalho é detentora de um poder que A Língua Estrangeira na educação escolar
a distingue de outras produções humanas, pois insere-se como uma forma de linguagem
a ela é permitido explorar por outros suportes e diversificada de expressão e comunicação
materialidades as diversas formas que possuímos humana. Possibilita o acesso ao conhecimento
de expressão, como nas artes visuais, nas danças, e às diversas formas de manifestação da lin-
nas encenações teatrais e na música. guagem em diferentes contextos e culturas,
propiciando aos alunos uma formação mais
A Educação Física pode ser compreendida abrangente. Permite aos alunos a compre-
como área que tematiza/aborda as atividades ensão e a aproximação com as tradições e a
corporais em suas dimensões culturais, sociais cultura de outros povos, ao mesmo tempo
e biológicas, extrapolando a questão da saúde em que estabelece o diálogo e o ultrapassar
e relacionando-se com as produções culturais das fronteiras de uma nação. Desse modo, a
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Sumário principal
humana em situações de atuação no social Essa concepção permite ver o texto como
por meio de práticas discursivas materiali- resultado parcial da atividade comunicativa
zadas em textos orais, escritos ou em outras humana, a qual engloba processos, operações
modalidades discursivas. Por essa razão, cognitivas e estratégias discursivas, postos
devem os textos constituir-se no objeto de em ação em situações concretas de interação
estudo da língua e o trabalho de escritura social (KOCH, 1998), em consonância com
e leitura, de um modo geral, favorecer ao determinados pressupostos, a partir dos quais
sujeito a apropriação do código como forma a atividade verbal se realiza. O texto configura-
de representação cultural (GERALDI, 1991; se como uma manifestação, gerada a partir
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003). de elementos linguísticos, cujo objetivo é
não somente permitir aos interlocutores,
Com relação à concepção de escrita, essa no processo de interação, a socialização de
é defendida de modo tão interativo e conteúdos, como também favorecer a própria
dialógico, dinâmico e negociável, quanto interlocução, conforme as práticas culturais
a fala. Essa perspectiva supõe encontro, de cada contexto social. Constitui-se o texto,
parceria, envolvimento entre sujeitos, para assim, no momento em que os interlocutores
que aconteça a comunhão das ideias, das de uma atividade comunicativa constroem
informações, das intenções pretendidas. Toda determinado sentido, o que implica pensar
escrita responde a um propósito funcional que o sentido não está no texto – mas a
qualquer, possibilita a realização de alguma partir dele se constrói – é indeterminado
atividade sociocomunicativa entre as pes- e surge como efeito do trabalho realizado
soas e estabelece relações com os diversos pelos sujeitos. O texto só fará sentido se seu
contextos sociais em que essas pessoas produtor conhecer a sua finalidade e o seu
atuam. Elaborar um texto escrito significa destinatário (idem, 1998).
empreender uma tarefa cujo sucesso não se
completa, simplesmente, pela codificação Fiel a esse quadro, a concepção de ensino
das ideias ou das informações, por meio de língua deve criar condições para que os
de sinais gráficos. Deixa, pois, o texto de ser alunos construam autonomia, desenvolven-
concebido como uma estrutura acabada, do uma postura investigativa. Para ensinar,
para ser compreendido em seu próprio em conformidade a essa concepção, será
processo de organização, verbalização e preciso que o educador pesquise, observe,
construção (GERALDI, 1991). levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda
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Sumário principal
e reaprenda não para os alunos, mas com Serve, ainda, a linguagem para que o ho-
os alunos. mem constitua-se sujeito no mundo, torne-
se um ens sociale, interaja com o outro e
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi- reflita sobre si mesmo, a partir do contato
litar o desenvolvimento das ações de produ- com outros sujeitos. Considerando-se o
ção de linguagem, em situações de interação, caráter simbólico da linguagem, o sujeito,
e de abordagens interdisciplinares, não se por meio de atividades de leitura e com-
limitando à decodificação e à identificação preensão de textos, estabelece uma relação
de conteúdos, mas ao desenvolvimento próxima com a escrita e, nessa tarefa, fala
de letramentos múltiplos, concebendo a de si, do outro e do mundo, atribuindo
leitura e a escrita como ferramentas para o novos sentidos aos seus processos subjeti-
exercício da cidadania. vos. Portanto, a competência de o sujeito
interagir no e com o mundo ocorre por via
da linguagem, meio em que as realidades
6.1.1 Contribuição da disciplina são construídas. Isso significa dizer que
para a formação humana os conhecimentos são construídos por
meio da linguagem, em que ações dos
Considerando-se o plano da linguagem como sujeitos produtores são controladas ou
base essencial para a produção e transmissão geridas por outros sujeitos. Nessa tarefa, o
de todo conhecimento institucionalizado e sujeito se desenvolve e se socializa. É, pois,
de mundo, e da cultura, deve-se entendê-la na interação com as diversas instituições
como o meio sem o qual todos os outros sociais, por meio da linguagem e de seus
não poderiam existir. Isso porque sem a distintos níveis e registros, que o sujeito
linguagem articulada seria difícil apreender aprende e apreende as maneiras de funcio-
o mundo, torná-lo objeto de conhecimento, namento da própria língua – como código
e transformá-lo, ou sobre ele intervir. Serve, e como enunciado – e com isso constrói
pois, a linguagem à variabilidade do homem, seus conhecimentos com relação ao seu
à sua diversidade – único elemento comum uso nos diversos contextos.
a todos os homens – à atuação do homem
no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a Sendo o homem um sujeito historicamente
refletir sobre a consciência, a ter sua marca construído, são suas atividades, com o uso
identitária (DAMATTA, 2000). da linguagem e da língua, marcadas pelo
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mundo em que vive, possibilitando-lhe assumir 2. Proporcionar uma compreensão das nor-
uma postura reflexiva, tomando consciência de mas gerais do funcionamento da língua,
si e do outro em relação ao universo letrado, permitindo que o aluno veja-se incluído
tornando-se capaz de ser protagonista de uma nos processos – de produção e compre-
ensão textual – que se implementam na
ação transformadora. A Literatura propicia,
escola, ou fora dela.
ainda, uma reflexão política ao educando em
reconhecimento do ser humano como um 3. Favorecer um olhar sobre os conjuntos de
ser histórico social que sofre transformações normas e fatores que concorrem para a
variação e variabilidade linguística, textual
com o decorrer do tempo.
e pragmática, necessários à leitura e à
escrita, sendo o texto o referencial de
partida.
6.1.2 Objetivos da disciplina
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Sumário principal
sobre o objeto, e dirigir leituras de textos listagem de time de futebol, animais, flores,
conhecidos dos alunos, tais como parlendas, agenda telefônica, endereços dos alunos
cantigas de roda, quadrinhas. em ordem alfabética, encartes de super-
mercados, receitas, produção de história
Deve-se estimular debates sobre temas varia- em quadrinhos, bilhetes, poesias, recorte de
dos, possibilitando que o aluno argumente, palavras, correio escolar, cartão de felicita-
emita opiniões, justifique, ou defenda opções ções, jornais, entrevistas, piadas, excursões,
tomadas, critique pontos de vista alheios e, a transformação de um gênero textual em
partir daí, produza textos. Cumpre destacar outro, entre tantos. Outra alternativa me-
que as atividades de falar/ouvir constituem- todológica é a produção de um texto oral
se parte integrante da competência comu- após leitura de uma narrativa.
nicativa dos falantes, uma vez que apontam
para ações efetivas de interpretação tal como Outra estratégia metodológica, de nível um
acontece quando o leitor toma contato com pouco avançado, é a tarefa de escrever textos
a escrita (ANTUNES, 2003). a duas e a quatro mãos, sob a orientação do
professor, observando as relações morfoló-
A produção de textos poderá ocorrer por gicas, sintáticas e semânticas, e explorando
meio de dobraduras, cantinho de leitura, as funcionalidades da língua.
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Sumário principal
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PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.
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Sumário
principal
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Sumário principal
em atitudes e experiências pessoais, sociais e Inventamos a arte, sabemos que ela não se
históricas. Ela é uma forma de linguagem que esgota em nossos sentidos e, nesse diálogo,
congrega significações, saberes, expressão o escritor Jorge Miguel Marinho15 diz que
e conteúdo, objetivando a interação e a “[...] a Arte, junta a inventividade do imagi-
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que nário e ao registro concreto de real, é apelo
a contemplam e/ou participam dela em suas coletivo, expressão comunitária, espelho
múltiplas dimensões e constituições. de todos e de cada um”. Desnecessário
dizer que a Arte está sempre a favor da
No texto “A arte e sua relação com o espaço vida e, como tantos poetas já insistiram,
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão ela é o sonho que todos nós sonhamos em
que nos interessa sobremaneira quando busca de um ideal. Daí que a sua função
discutimos a contribuição da área das Artes mais humana, política e revolucionária seja
para a formação humana. Segundo o autor revelar que a vida pode ser mais completa
“[...] a arte não é algo que se oferece mas e comunitariamente mais feliz. Por outro
é uma potência. É uma sensação que não lado, nas ações e transformações que o ho-
conclui nos sentidos” (Farias,1997: p.3)13. mem realiza, que envolvem os processos de
produções materiais, inserem-se também o
E então nos perguntamos: em que a expe- que chamaremos aqui de os “não-materiais”.
riência da Arte contribui? Trata-se da produção de ideias, conceitos,
valores, símbolos que comportam habilida-
Para dialogar com nossas possíveis respostas des, atitudes e hábitos. São “[...] produções
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu do saber, seja sobre a natureza, seja sobre
sobre a função da natureza, na importância o saber sobre a cultura, isto é, o conjunto
da Arte: “[...] A necessidade da Arte é a prova da produção humana”(Saviani,1991,p.20)16.
de que a vida não basta”14. Nesse proceder, de produção de sua existên-
cia material e não-material, o homem pelo
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com eles buscam apreendê-lo. Propõe- humanas como textuais, sendo assim uma
se aqui uma aproximação dos diversos obra de arte, um filme, um romance, um
espaços-tempos, das múltiplas experiên- espetáculo teatral, musical ou de dança
cias em Arte para o diálogo dentro da
são manifestações textuais. O modo que
escola, promovendo uma proximidade
relacionamos uma manifestação textual com
com as produções locais e delas com
outras produções de diferentes estéticas, outras em seus diversos tempos e espaços
estilos, materialidades e modos de fatura. se dá por intermédio de suas inclusões em
Desse modo o currículo é uma referência seus contextos. Desse modo, trabalhar com
e lócus agregador dos conhecimentos a Arte envolverá ações de leitura da obra
acumulados pela humanidade, ou seja, de arte, ou das manifestações culturais e
considera os espaços e os entre-espaços midiáticas, como um texto que abrange, ao
compondo uma rede de informações
mesmo tempo, as relações estabelecidas a
sem uma hierarquia de saberes.
partir de sua estrutura interna (seus planos
2. Princípio metodológico: do texto para de expressão e conteúdo) e essas com o
o contexto - A Arte já traz em si um con- contexto (social, histórico, artístico), e os
texto, uma historia, ela está no mundo.
intertextos produzidos e postos em circu-
Propomos como princípio metodológico lação em diferentes suportes e linguagens,
um percurso que parta da obra, a considere que com ela dialogam. Considera-se desse
como uma produção textual humana, que modo as marcas presentes na obra, tais
possui uma discursividade, ou seja, uma como o seu estilo, a sua técnica, a sua com-
historicidade e uma plasticidade, e esse posição, a distribuição da forma, o assunto
princípio se fundamenta nos conceitos se- tratado e até mesmo a intertextualidade
mióticos propostos por Rebouças (2006)18. estabelecida entre ela e seu título. Todas
essas marcas textuais pertencem ao seu
Como uma teoria da significação, a semi- contexto formador, ou seja, ao macro-texto
ótica entende que o sentido se constrói que a engloba. Desse modo, as obras que
nas relações, ou seja, entre o texto e seu possuem traços que a caracterizam como
contexto formador. Considera as produções pertencentes a determinado estilo dialogam
entre si. Contudo, obras de períodos e estilos
diferenciados também podem dialogar, não
18 Rebouças, Moema Martins. Uma leitura de textos
visuais. In: Cadernos de pesquisa em educação. Nº 24
pelos elementos do plano da expressão
ano 2006. Vitória: PPGE, 1995. que organizados plasticamente compõem
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Sumário principal
um estilo, mas por aproximações temáticas. vida no sertão, entre outros diálogos que a
Temos assim vários modos de leitura e essa intertextualidade nos possibilita realizar.
depende de como o leitor estabelece as re-
lações tanto sensíveis como inteligíveis com Ao assumir essa orientação metodológica
a obra lida, criando uma rede enriquecida em sala de aula garante-se a participação
pelo repertório de leituras que possui da de outros modos de olhar e outras possíveis
Arte e do mundo. interlocuções que permeiam o estudo sobre
a Arte. Para tanto é necessário que o profes-
A obra “Retirantes” (1944) de Portinari, por sor como propositor e mediador das ações
exemplo, trata do êxodo rural e a busca por educativas da Arte possibilite o enriqueci-
melhores condições de vida. Esse tema está mento de seu próprio repertório artístico/
presente nas figuras do que parece ser uma cultural e o de seus alunos, aproximando-se
família, com traços fisionômicos que carac- da Arte e de suas manifestações sociais,
terizam a “falta” de comida, de condições com a frequência a espaços expositivos/
de saúde, de sobrevivência. As cores são culturais de seu município, de seu Estado e,
azuladas, cinzas e preto, reiterando no plano se possível, de eventos realizados em outros
de expressão o que o conteúdo tematizou. estados brasileiros e do exterior, lembrando
Essa pintura nos remete, entre outras, à obra que senão em presença, as visitas podem
literária “Vidas secas” de Graciliano Ramos, às ser virtuais com o suporte do computador
músicas com a temática do trabalho e da e da navegação pela web.
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Sumário principal
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1º Ano
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Sumário principal
2º Ano
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Sumário principal
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3º Ano
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Sumário principal
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Sumário principal
6.2.5 Referências
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=8.> Acesso em: 28 abr. 2008.
MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
set. 2008. p. 1-5.
NUNES, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2003.
REBOUÇAS, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. In: CADERNOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Vitória,
ES: PPGE/UFES, n. 24, jul./dez. 2006.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1991.
96
Sumário
principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
que irão se somar a toda bagagem so- Todos esses elementos contribuem para
ciocultural proveniente de sua realidade, a formação humana do educando, que é
onde ele expressa subjetividade, emoções desenvolver o aluno nos seus aspectos social,
e linguagem corporal e, ainda, desenvolve cognitivo, intelectual, emocional e motor.
sua capacidade comunicativa ao interpretar, Além disso, um conhecimento das profissões
sintetizar, analisar e expressar as ideias, relacionadas às práticas esportivas, de ginás-
procurando respeitar a diversidade e pro- ticas, laborais, de lazer e entretenimento.
mover a inclusão.
102
Sumário principal
103
Sumário principal
física e das práticas esportivas competitivas Além disso, uma supervalorização dos saberes
como principais elementos orientadores provenientes das práticas dos professores sem
da intervenção docente. Isso colabora para a necessidade de refletir sobre a sua ação
evidenciar a complexa teia que envolve a docente (Bracht et. al., 2003).
dinâmica escolar, reforçando a necessidade
de se conhecer as principais condições que Para o desenvolvimento desta proposta cur-
envolvem o desenvolvimento da prática do- ricular é fundamental o desenvolvimento
cente no cotidiano escolar (Caparroz, 2001). da capacidade crítico-reflexivo do professor
diante da sua prática docente, procurando
Com base nessas reflexões é imprescindível a dialogar com os diferentes saberes que com-
participação e a colaboração dos professores põem o ensino dessa disciplina. O desafio está
de Educação Física da rede estadual do Espí- em propor mudanças na prática docente, que
rito Santo na elaboração e construção dos também levem em consideração as condições
princípios metodológicos que irão nortear o estruturais das escolas da rede pública esta-
desenvolvimento deste documento curricular. dual do Espírito Santo, com relação a espaço,
Com isso, procuramos abarcar a especifici- material e equipamentos destinados à prática
dade de ensino dessa rede, que é composta da Educação Física, que na maioria dos casos
por um conjunto de professores oriundo de requer o desenvolvimento da capacidade
um modelo de formação inicial fortemente criativa do professor para o desenvolvimento
pautado num currículo tradicional-esportivo, de suas aulas, a fim de buscar uma adequação
que priorizou a aprendizagem da prática de dessa estrutura.
habilidades técnicas e de capacidades físicas21.
Os materiais, os equipamentos e as insta-
lações são importantes e necessários para
21 Segundo Betti (1996) apud Bracht (2001) até a década de o fazer das práticas corporais das aulas de
1980 temos um grande número de professores licenciados
formados dentro deste modelo tradicional-esportivo que Educação Física em qualquer perspectiva
prioriza um currículo focado nas disciplinas práticas para
o aprendizado das modalidades esportivas com ênfase que o professor se paute. Em virtude disso,
teórica nas disciplinas da área da Biologia e Psicologia.
Nos anos 1990 temos uma reformulação do currículo de a ausência ou a insuficiência de materiais e
Licenciatura em Educação Física por conta da Resolução
03/87 que questiona a formação “esportizizante”e valoriza as
instalações podem comprometer o alcance
disciplinas teóricas de fundamentação científica e filosófica. de um determinado objetivo de aula. Porém
Especificamente na rede pública do Estado do Espírito
Santo, do conjunto de professores licenciados, 67% deles outros aspectos também são considerados
se formaram nos anos de 1980, havendo também casos de
professores de Educação Física que atuam no ensino escolar determinantes para que haja uma prática
dessa rede sem terem a formação em Licenciatura.
104
Sumário principal
qualitativa nas aulas de Educação Física, em- desenvolvimento das capacidades físicas, mas
bora muitos professores justifiquem que as também que abordem o contexto histórico-
aulas muitas vezes não alcançam o resultado cultural do movimento, ensinando estraté-
esperado devido à carência de tais estruturas. gias para o agir prático, colaborando para o
“No entanto, o trabalho pedagógico não entendimento das relações socioculturais e
pode, todo ele, ser compreendido apenas por a compreensão crítica do movimento (KUNZ,
adequação de meios a fins, pois os próprios 2004). Com isso, os professores de Educação
fins podem ser problemáticos, porque variam Física não precisam ficar restritos às aulas
de acordo com opções político-pedagógica” práticas de aprendizagem do movimento,
(Bracht et. al., 2003, p. 43). mas também utilizar como instrumentos
metodológicos sessões de filmes e vídeos
O que também se propõe é uma nova forma sobre o fenômeno esportivo e as diferentes
de se conceber os tempos e espaços para o manifestações culturais regionais, nacionais
ensino da Educação Física, que tem se redu- e internacionais. Isso colabora para o desen-
zido a problemas ligados ao espaço escolar, volvimento de debates, problematizando
desprivilegiando uma discussão a respeito temas da cultura corporal, desencadeando
da dimensão simbólica e pedagógica desses produções textuais que possibilite ao aluno
espaços. Ao priorizarmos uma Educação Física autonomia e liberdade para se comunicar por
pautada na perspectiva crítica de ensino é meio de uma linguagem corporal e verbal.
necessário revermos o que se desenvolve
nesse componente curricular, sobre o qual O resgate histórico de uma prática corporal
60% dos alunos da rede de ensino público pode ser realizado por meio de estudos,
estadual de Espírito Santo “entendem que pesquisas e desenvolvimento de aulas que
deva haver mudanças nas aulas de Educação englobem também o aspecto lúdico e a
Física” (BRACHT, 2001, p. 53). Essas mudanças criatividade, buscando os significados e os
são em relação ao conteúdo, à organização sentidos das práticas corporais construídas
das aulas (horários, tempo, espaço etc.) e à historicamente, desenvolvendo um espaço
conduta pedagógica do professor. de reelaboração, recriação e reinterpretarão
dessas práticas por parte dos envolvidos no
Para isso devemos priorizar princípios processo ensino-aprendizagem, e realizando
metodológicos que contemplem não só o um retrospecto das atividades corporais.
conhecimento das habilidades técnicas e o A realização de jogos escolares, gincanas,
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
1º ao 3º Ano
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
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Sumário principal
6.3.5 Referências
BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
______ et al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC, 1998.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
______. Perspectivas para compreender e transformar as contribuições da educação física na constituição dos
saberes escolares. In: FERREIRA NETO, Amarílio (Org). Pesquisa histórica na educação física. Vitória, ES: PROTEORIA,
2001. v. 6.
KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
PERRENOUD, Philipe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v.17, n. 2, p.151-139, maio/ago., 2001.
SANTOS, Gisele Franco de Lima. A construção de competências nas aulas de educação física da educação básica. In:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2001, Paraná. Anais. Paraná, 2001. p. 73-76.
SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
curricular? In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.
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Sumário
principal
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Sumário principal
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1º Ano
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2º Ano
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Sumário principal
3º Ano
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Sumário principal
6.4.5 Referências
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Sumário principal
______. Filmes na escola: uma abordagem para todos os níveis. 2008. Disponível em <http: // www.saberes. edu.br>
______. Jogos colaborativos e desempenho de papéis no ensino de línguas. 2008 (Mimeo).
WIDDOWSON, H. G. Knowledge of language and ability for use. Applied Linguistics, 10/2,128-3, 1980.
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Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Médio
Volume 02 - Área de Ciências da Natureza
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-06-6
1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio - Ciências
da Natureza. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.
CDD 373.19
CDU 373.5.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
7
Sumário principal
8
Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
11
Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
12
Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
13
Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
14
Sumário principal
15
Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a
16
Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
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Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
21
Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
22
Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
23
Sumário principal
24
Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
25
Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
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Sumário principal
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Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
28
Sumário principal
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Sumário principal
aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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O atual ensino de Química deve favorecer empregado de acordo com interesses con-
a “construção de uma visão de mundo mais temporâneos das mais diversas ordens.
articulada e menos fragmentada, contri-
buindo para que o indivíduo se veja como
participante de um mundo em constante 6.1.3 Principais alternativas
transformação” (BRASIL, 1999, p. 241), em metodológicas
contraposição à ideia de que o importante
é uma grande quantidade de conteúdos, Ao se buscar um novo foco para o ensino da
recheados de detalhes desnecessários e Química no nível médio, é necessário também
antiquados. Esse excesso de conteúdo induz que se reveja as metodologias empregadas,
o professor, mesmo a contragosto, a acelerar visto que os objetivos são outros. É claro que
o ritmo de suas aulas sem possibilidade muitas das metodologias aqui propostas já
de cuidar para que seus alunos realmente fazem parte do contexto escolar. Embora
apreendam o que está sendo abordado. possam parecer iguais às já empregadas há
décadas em sala de aula, essas metodologias
Nessa linha, os PCN+ estabelecem que a aqui apresentadas devem considerar que não
abordagem da Química no Ensino Médio “[...] trabalhamos com a concepção de ensino
deve possibilitar ao aluno a compreensão no modelo transmissão/recepção, e sim
tanto dos processos químicos em si quanto numa perspectiva de formação de cidadãos
da construção de um conhecimento cientí- críticos.
fico em estreita relação com as aplicações
tecnológicas e suas implicações ambientais, Aulas expositivas – embora alguns se refiram
sociais, políticas e econômicas” (BRASIL, 2002, a elas com tom pejorativo, momentos nos
p.87). quais o professor faz explanações para seus
alunos, têm papel fundamental no processo
Um currículo que procure estar em sintonia de ensino-aprendizagem. O que se espera, no
com essa nova visão de ensino deve consi- entanto, é que essas não sejam monólogos
derar que o conhecimento químico é fruto e sim diálogos, nos quais o professor, com
de um processo de construção humana, sua experiência, faça uso da palavra para
coletivo, histórico, social e específico. Além apresentar a seus alunos, que também têm
disso, há que se considerar também que suas experiências, o conhecimento formal
esse conhecimento é recontextualizado e que constitui o currículo escolar. Espera-se
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Sumário principal
que seja mantido um diálogo no qual os possíveis soluções não é atividade inerente
alunos tenham oportunidade de apresentar aos cientistas. Em diferentes níveis isso é
suas dúvidas e experiências. fundamental para qualquer cidadão que
queira intervir na sociedade e prosperar. Esse
Estudos orientados e “pesquisas” – a aprendizado é fundamental e será utilizado
quantidade de informação a qual os alu- por toda vida. Como exemplo, podemos citar
nos têm acesso atualmente é muito maior um cidadão que decida construir uma casa
do que os professores podem levar para e tenha que escolher o terreno, considerar
a sala de aula. Por isso, a utilização dessa a direção do sol, o destino do esgoto e do
metodologia permite que os alunos, sob lixo, a escolha dos profissionais, que materiais
orientação do professor, busquem, selecio- empregar, o aproveitamento da iluminação
nem e apresentem informações para seus natural, dentre outros aspectos, na perspec-
colegas, enriquecendo e diversificando os tiva de obter uma casa “ecologicamente
conteúdos abordados na escola. correta”.
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Sumário principal
COMPETÊNCIAS HABILIDADES
Como referência, optamos por Associadas a essas competências, temos uma série de habilidades que
trabalhar com as competências devem ser trabalhadas durante os três anos:
definidas pelo MEC para o Exame
Nacional do Ensino Médio – ENEM,
que são:
• Dominar a norma culta da Lín- • Reconhecer e compreender que a ciência e a tecnologia químicas são criações
gua Portuguesa e fazer uso das humanas, parte de nossa história e da sociedade.
linguagens matemática, artística • Compreender o mundo, do qual a Química é parte integrante, por meio
e científica. dos problemas que ela consegue resolver e dos fenômenos que podem ser
descritos por seus conceitos e modelos.
• Construir e aplicar conceitos das • Compreender as formas pelas quais a Química influencia nossa interpretação
várias áreas do conhecimento de mundo, condicionando formas de pensar e interagir.
para a compreensão de fenôme- • Compreender os limites da Ciência e o significado das suas dimensões sociais
nos naturais, processos histórico- e políticas.
geográficos, produção tecnológica
e manifestações artísticas. • Reconhecer a Ciência não como um corpus rígido e fechado, mas como
uma atividade aberta, que está em contínua construção, a qual não é justi-
ficada somente por critérios racionais e cognitivos, pois esses são também
• Selecionar, organizar, relacionar, construídos socialmente.
interpretar dados e informações re- • Reconhecer o caráter provisório e incerto das teorias científicas, as limitações
presentados de diferentes formas, de seus modelos explicativos e a necessidade de alterá-los.
para tomar decisões e enfrentar
situações-problema. • Compreender o conteúdo de textos e comunicações referentes ao conheci-
mento científico e tecnológico em Química, veiculados em notícias e artigos
• Relacionar informações, repre- de jornais, revistas, televisão e outros meios, sobre temas como agrotóxicos,
sentadas em diferentes formas, concentração de poluentes, chuvas ácidas, camada de ozônio, aditivos de
e conhecimentos disponíveis em alimentos, flúor na água, corantes, reciclagens, etc.
situações concretas, para construir
argumentação consistente. • Compreender o papel desempenhado pela Química no desenvolvimento
tecnológico e a complexa relação entre ciência e tecnologia ao longo da
• Recorrer aos conhecimentos de- história.
senvolvidos na escola para elabo-
ração de propostas de intervenção • Reconhecer o papel do conhecimento químico no desenvolvimento tecno-
solidária na realidade, respeitando lógico atual em diferentes áreas do setor produtivo, industrial e agrícola.
os valores humanos e consideran- • Compreender os aspectos que caracterizam a prática tecnológica: técnico
do a diversidade sociocultural. (know how), organizacional e cultural.
• Compreender a interdependência entre desenvolvimento científico e tec-
nológico e desenvolvimento tecnológico e sociedade.
• Identificar a presença do conhecimento químico na cultura humana con-
temporânea em diferentes âmbitos e setores, como doméstico, comercial,
artístico, desde as receitas caseiras para limpeza, propagandas e uso de
cosméticos, até obras literárias, músicas e filmes.
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Sumário principal
COMPETÊNCIAS HABILIDADES
• Reconhecer as responsabilidades sociais decorrentes da aquisição de co-
nhecimento na defesa da qualidade de vida e dos direitos do consumidor.
• Reconhecer o papel de eventos, processos e produtos culturais voltados à
difusão da ciência, incluindo museus, exposições científicas, peças de tea-
tro, programas de televisão, vídeos, documentários, folhetos de divulgação
científica e tecnológica.
• Reconhecer a influência da Ciência e da tecnologia sobre a sociedade e
dessa última sobre o progresso científico e tecnológico e as limitações e
possibilidades de se usar a Ciência e a tecnologia para resolver problemas
sociais.
• Compreender as interações entre a Ciência e a tecnologia e os sistemas
políticos e do processo de tomada de decisão sobre Ciência e tecnologia,
englobando defesa nacional e políticas globais.
• Identificar aspectos estéticos, criativos e culturais da atividade científica, os
efeitos do desenvolvimento científico sobre a literatura e as artes e a influência
da humanidade na Ciência e na tecnologia.
• Reconhecer aspectos relevantes do conhecimento químico na interação
individual e coletiva do ser humano com o ambiente.
• Compreender e avaliar a Ciência e a tecnologia química sob o ponto de
vista ético para exercer a cidadania com responsabilidade, integridade e
respeito.
• Desenvolver atitudes e valores compromissados com o ideal de cidadania
planetária, na busca de preservação ambiental do ponto de vista global e
de ações de redução das desigualdades étnicas, sociais e econômicas.
• Desenvolver ações engajadas na comunidade.
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1º Ano
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Sumário principal
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2º Ano
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3º Ano
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Sumário principal
6.1.5 Referências
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Química Nova na Escola, n.1, p. 27-31, 1995.
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Sumário
principal
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Sumário principal
reza, por outro lado ela vai mais longe ao se no ensino regular, mas contemplar a sua
constituir em alicerce para outras áreas e para formação como cidadão e dotá-lo com
a evolução tecnológica. Ao longo das últimas conhecimentos científicos suficientes para
décadas, o desenvolvimento acelerado de que possa participar, intervir e modificar
pesquisas nas áreas da Física, impulsionado o mundo ao seu redor, a sua cidade, a sua
pela demanda de uma sociedade ávida por comunidade, a sua família e, por fim, a sua
novidades e necessidades tecnológicas, vida e a dos que o rodeiam. No mundo em
tem sido responsável não somente pela que vivemos, os conhecimentos científicos
elevação do nível de vida dessa socieda- e tecnológicos estão sempre presentes,
de, mas também, infelizmente, por danos integrando a existência humana em todos
irreparáveis ao meio ambiente. Por isso, os momentos: em nossos lares na geração
trabalhar esse conhecimento nas escolas, de energia, na medicina, nos meios de
com vistas a melhorar as condições de vida transporte, no trabalho, nas comunicações
das pessoas e da comunidade em que se e no lazer. A consequência mais visível é a
inserem, deve ser a proposta fundamental transformação acelerada do espaço geo-
dessa ciência. A partir do pressuposto de que gráfico e social onde nos situamos e com
o desenvolvimento do país e a consolidação o qual interagimos. A crescente presença
da cidadania são tarefas de todos, e que a da Física na história humana abre novos
apropriação dos conhecimentos de Física horizontes de possibilidades tecnológicas e,
poderá ajudar a alcançar esses objetivos, o ao mesmo tempo, nos convoca a participar
ensino de Física deve ser pautado em quatro da discussão das questões derivadas de tais
aspectos: aquisição de um vocabulário básico transformações, como as éticas, filosóficas
de conceitos científicos, a compreensão da e ambientais dessa Ciência.
natureza do método científico, a compreen-
são do impacto da ciência e da tecnologia A Física, tendo tantas áreas de interface
sobre os indivíduos, o meio ambiente e a com outras ciências e trabalhando continu-
sociedade, e, finalmente, a conscientização amente esta interdisciplinaridade, acaba se
de que a Física é, também, uma Ciência tornando capaz de contribuir cada vez mais
experimental. para a criação e o desenvolvimento de novas
tecnologias e, consequentemente, de con-
O Ensino Médio deve proporcionar ao aluno tribuir para o desenvolvimento de produtos
não somente a sua formação acadêmica derivados dessas novas áreas tecnológicas,
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Sumário principal
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Sumário principal
Física deve ser encarada como uma ciência perceber que a Ciência é um modelo, um
capaz de contribuir significativamente para construto intelectual do homem sobre
a formação do cidadão, enquanto um ser o mundo;
crítico, reflexivo, atento às mudanças e aos Contribuir para a formação de uma cultura
novos desenvolvimentos científicos de seu científica efetiva que permita ao indivíduo
tempo. Esse cidadão precisa ser flexível às a interpretação de fatos, fenômenos e
mudanças, criterioso nas suas escolhas e mais processos naturais, situando e dimen-
preparado para viver uma cidadania plena. sionando a interação do ser humano
com a natureza como parte integrada
Na verdade, há de se chegar o tempo em
em transformação;
que o mercado irá se ajustar ao novo tipo
de cidadão/trabalhador que pensa e atua Contribuir para a integração do aluno na
coletivamente, constituindo-se na "mola sociedade em que vive, proporcionando-
lhe conhecimentos significativos de teoria
propulsora" de transformações e mudanças
e prática da Física, indispensáveis ao exer-
na sociedade. cício de uma cidadania emancipatória;
Desenvolver no aluno competências e
habilidades que lhe possibilitem competir
6.2.2 Objetivos da disciplina
eticamente no mercado de trabalho;
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Sumário principal
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Sumário principal
Mesmo depois de tudo isso, ainda nos resta além de aprender a se expressar de forma
o uso adequado do conhecimento matemá- coerente, também aprender a investigar,
tico. Muitas vezes, é preciso saber interpretar pesquisar em livros, na internet, em revistas,
gráficos e/ou fazê-los para a resolução com- em dicionários, entrevistar pessoas, enfim,
pleta do problema. A maioria dos problemas, estimular o desenvolvimento da habilidade
quando se conhece a natureza dos fenôme- verbal e elevar o nível intelectual do aluno.
nos, não necessita de utilização de fórmulas Ele também aprenderá a ordenar ideias para
para a sua resolução. As fórmulas (expressões expô-las e defendê-las perante os colegas.
matemáticas mediante as quais se enuncia a Aprenderá a receber críticas e rebatê-las
relação entre diversas variáveis e constantes) com argumentação plausível.
existem para facilitar a resolução depois de
uma interpretação e compreensão dos pro- Também deveriam ser estimulados debates
blemas. Portanto, deveriam ser apenas um em sala de aula acerca de temas previamente
facilitador/agilizador da solução quando se estudados e preparados pelos alunos, dentro
conhece e compreende o problema. Assim, do programa que o professor de Física está
as fórmulas na Física devem ser compreen- desenvolvendo. Motivando assim, os alunos
didas e não decoradas. Elas representam a aprenderem mais para poder discutir mais
uma condensação do comportamento de e melhor, ponderando, defendendo posições,
alguns fenômenos, cada detalhe tem sua conceitos, metodologias, enfim, construindo
importância e descreve algo da natureza. um debate baseado em argumentos cons-
Conhecê-las e entendê-las facilita o trabalho truídos cientificamente.
de resolução dos problemas, mas o mais
importante não é a utilização das fórmulas e Por fim, devemos contribuir para a inclusão
sim a compreensão dos fenômenos naturais digital, fazendo uso de software educativo
que nos rodeiam. como jogos, vídeos, simuladores e outros
que contribuam significativamente para
Outro ponto que deve ser abordado é a o desenvolvimento cognitivo do aluno.
dificuldade que os alunos apresentam de Destaca-se a utilização de simulação de
se expressarem de forma correta e coe- experimentos de Física em computadores,
rente. O professor pode propor temas da como uma ferramenta que contribui para
área de Física para grupos de alunos, para verificar e testar certas hipóteses, princípios,
que eles apresentem seminários e possam, teorias e leis físicas.
82
Sumário principal
1º Ano
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Sumário principal
2º Ano
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Sumário principal
3º Ano
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Sumário principal
6.2.5 Referências
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Sumário principal
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ZANETIC, João. Física e arte: uma ponte entre duas culturas. Disponível em: <http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/
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Sumário
principal
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Sumário principal
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Sumário principal
os alunos a recriar junto ao professor e aos Básica, propõe que o ensino biológico do
colegas os saberes mediadores na reflexão Ensino Médio tenha como objetivo de-
sobre o mundo, as transformações sociocul- senvolver as competências (instrumentos
turais e socioambientais e suas influências socioculturais) mediadoras no processo de
na recriação da subjetividade humana. Tal análise, compreensão e reflexão dos diferentes
reflexão se fundamentará no diálogo entre conhecimentos socioculturais e socioambien-
os conhecimentos das disciplinas e os co- tais, locais e globais.
nhecimentos culturais.
Essa proposta torna-se um grande desafio para
Sendo assim, torna-se essencial que a meto- os professores de Biologia de Ensino Médio,
dologia dessa disciplina se fundamente nas pois o processo de ensino-aprendizagem
necessidades do aprendiz, no diálogo entre os dessa etapa já não poderá ser centrado
conhecimentos dos participantes do processo na memorização e repetição de conceitos
de ensino-aprendizagem e na tomada de científicos, nem na supervalorização do
consciência dos limites e das possibilidades conhecimento científico. Ele seria orientado
dos diferentes conhecimentos. para o desenvolvimento de instrumentos
socioculturais mediadores na atividade de
Na proposta curricular, fundamentada na analisar, compreender e refletir diferentes
concepção processual dialógica do ensino fatos socioculturais e socioambientais.
escolar, cada etapa do processo do ensino
científico da Educação Básica depende da Nesse sentido, o processo de ensino de
anterior e é a base para a posterior, sempre Biologia dessa etapa se fundamentará na
respondendo ao(s) objetivo(s). recriação de atividades pedagógicas que
estimulem o amadurecimento dos instrumen-
Assim, o(s) objetivo(s) de uma etapa e/ou tos socioculturais mediadores na tomada de
de um bloco e/ou de um ciclo da Educação consciências dos limites e das possibilidades
Básica se recria(m) com o fim de contribuir da interação sociocultural e socioambiental da
com o(s) objetivo(s) da etapa e/ou bloco e/ou espécie humana. Entre outros instrumentos,
ciclo seguinte, mas também com fim último ressaltamos a autonomia, a integração, a
de contribuir para o(s) objetivo(s). argumentação, a generalização, a tomada
de consciência e a reflexão.
Nessa perspectiva, nossa proposta curricular,
fundamentada nos objetivos já alcançados na Sendo assim, sem fugir dos princípios meto-
etapa anterior dessa disciplina da Educação dológicos que orientam esta proposta, o pro-
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Sumário principal
6.3.5 Referências
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102
Sumário principal
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Sumário
principal
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Sumário principal
Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que são as regras e as normas que regulam os
aprender Matemática implica aprender a diferentes procedimentos matemáticos); a
(re)conhecer a Matemática da vida real: afetiva (quer dizer, o conjunto de emoções
habilidades, conhecimentos, disposições, e sentimentos que acompanham as pessoas
capacidades de comunicação e sua aplica- durante a aprendizagem); e a cognitiva
ção na vida cotidiana. Uma aprendizagem (referente concretamente à maneira de
do seu ponto de vista implica quatro dimen- aprender, quer dizer, às estratégias que a
sões diferentes: a instrumental (que se refere pessoa utiliza para entender um conceito
ao conjunto de símbolos que constituem a matemático e incorporá-lo a seu conhe-
linguagem matemática); a normativa (que cimento).
13 Alsina, C. 2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.
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Sumário principal
Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta crítica? Para Skovsmose (2006) o conceito de
no processo de ensino-aprendizagem quem competência crítica enfatiza que os estu-
aprende, quem ensina e o saber a ser ensinado, dantes devem estar envolvidos e participar
buscando o crescimento integral do educando. ativamente do processo educacional e, para
Ao buscar a compreensão do crescimento isso, precisamos pensar em uma escola de-
dos indivíduos, levamos em consideração mocrática, em um currículo democrático e
que a construção do conhecimento é tem- em práticas democráticas.
poral, histórica e intencional, que encontra
na família, no ambiente social e na cultura os Lembremos de Freire (1992, pp. 81-82) que
fatores determinantes do desenvolvimento diz: “ensinar é um ato criador, um ato crítico
humano. Baseado nisso pode-se acrescentar e não mecânico”. Sem querer tirar do profes-
às quatro dimensões sugeridas por Palomar as sor a responsabilidade pela aprendizagem
dimensões histórica, social e cultural. dos seus alunos, Freire ainda destaca que
o professor precisa, sim, conhecer o que
Dentro da visão de que o aprendizado resulta ensina, no entanto, afirma que:
em desenvolvimento mental, que põe em mo-
vimento vários processos de desenvolvimento, Não é possível ensinar a aprender sem en-
nos reportamos a Machado (1995), que diz sinar um certo conteúdo através de cujo
conhecimento se aprende a aprender, não
que comprender é aprender o significado e
se ensina igualmente a disciplina de que
aprender o significado é ver o objeto do conhe- estou falando a não ser na e pela prática
cimento em relação a outros conhecimentos, cognoscente de que os educandos vão se
interligando-os e articulando-os. tornando sujeitos cada vez mais críticos.
(FREIRE, 1992, pp. 81-82).
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Sumário principal
Ainda para Freire (1996, p. 30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
se exige previamente uma valorização dos relação com as condições sociais, políticas
e econômicas ao longo dos tempos rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemá-
cidadã do indivíduo. ticos com a cultura e as manifestações
artísticas e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como
matemáticas dos cidadãos e das comunidades a Matemática colabora na compreensão
locais – que são competências prévias relati- e utilização das tecnologias e como as
vamente eficientes –, mas que não se abdique tecnologias podem colaborar para a
do saber matemático mais universal. Além compreensão da Matemática.
disso, o desenvolvimento de competências Oportunizar a compreensão e transfor-
e habilidades matemáticas contribui mais mação do mundo em que vivemos, seja a
diretamente para auxiliar o cidadão a ter comunidade local, o município, o Estado,
uma visão crítica da sociedade em que vive o país ou o mundo.
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemá-
ticos (aritmético, geométrico, métrico,
6.4.2 Objetivos da disciplina algébrico, estatístico, combinatório,
probabilístico) entre eles e com outras
Partindo do princípio de que a Matemática deve áreas do conhecimento.
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações que levem o estu-
consideramos os seguintes objetivos: dante a validar estratégias e resultados,
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como seria se ela não existisse? Quanto tempo de conteúdos, além de seu caráter motivador.
perdido e quantos negócios deixariam de Para tal, evidenciam-se as contribuições
ser feitos se não pudéssemos contar com do processo de construção histórica dos
a agilidade desse recurso? No entanto, é conceitos e procedimentos matemáticos.
o educador quem deve decidir o melhor
momento de uso, e quais são as situações nas Dentre os recursos didáticos que auxiliam
quais a calculadora poderá ser inserida para o ensino- aprendizagem da Matemática na
contribuir na construção do conhecimento escola, os jogos, os materiais concretos, o
e não como algo que venha a substituir me- livro didático e o trabalho com projetos me-
todologias já existentes. É importante que recem destaque. Os materiais concretos têm
o uso ocorra de forma paralela aos cálculos efeitos positivos no ensino-aprendizagem da
mentais e estimativas, seja na construção Matemática, auxiliando no caminho para a
de conceitos, na resolução de problemas, abstração matemática, bem como o trabalho
na organização e gestão de dados ou em com jogos, que fornecem uma excelente
atividades específicas que colaborem para a oportunidade para que sejam explorados
construção de significados pelos alunos. aspectos importantes dessa metodologia.
Como exemplo, convém lembrar que a ob-
Ao nos referirmos à atribuição de significa- servação precisa dos dados, a identificação
dos pelos alunos não poderíamos deixar das regras, a procura de uma estratégia, o
de mencionar que uma das formas mais emprego de analogias, a redução a casos
eficazes de atribuir significado aos conceitos mais simples, a variação das regras, entre
matemáticos é contextualizá-los no processo outras possibilidades, são capacidades que
de evolução histórica desses conceitos. No podem ser desenvolvidas quando se trabalha
entanto, trazer a história da Matemática é com jogos na aula de Matemática.
evidenciar as articulações da Matemática
com as necessidades do homem de cada No âmbito pedagógico, é fundamental o as-
época. Essa história não deve se limitar à pecto interativo propiciado pela experiência
descrição de fatos ocorridos no passado com jogos matemáticos, pois os alunos não
ou à atuação de personagens famosos. Ao ficam na posição de meros observadores,
se trazer para a sala de aula fatos da história e transformam-se em elementos ativos, na
da Matemática, tem-se como propósito a tentativa de busca da estratégia vencedora,
superação das dificuldades de aprendizagem buscando solucionar o problema posto à sua
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frente. Certamente que tal atitude é extre- ramos do saber, além de possibilitar a inte-
mamente positiva para a aprendizagem das gração de vários ramos da Matemática. Outra
ideias matemáticas subjacentes aos jogos. dimensão positiva dessa ação pedagógica é a
possibilidade de escolha de projetos com te-
O livro didático, por sua vez, tem sido ao mas transversais de interesse da comunidade,
longo dos anos o único suporte do trabalho que favoreçam o despertar do aluno para os
pedagógico do professor, convertendo-se em problemas do contexto social e cultural, além
um dos apoios disponíveis para o professor; de contribuir para ações que, ao entender
talvez o mais importante, o mais facilmente esse contexto, o modificam.
acessível, na disponibilidade do material tex-
tual que vai ser objeto de estudo, na indicação Um fato a considerar é que a metodologia de
dos conteúdos relevantes e nas propostas ensino-aprendizagem aqui tratada e as dife-
de atividades que ensejam sua exploração. rentes alternativas metodológicas e recursos
Espera-se que dentro de uma perspectiva mais didáticos exigem dos professores e alunos uma
ampla o livro didático deixe de ser o único nova postura diante do conhecimento e, aliada
instrumento de apoio ao professor e que ele a isso, uma permanente busca a variadas fontes
possa complementar esse recurso, atendendo de informação e a momentos de interação
às diferenças regionais e particularidades fora dos limites da sala de aula.
locais. Para tal, que utilize textos e filmes
diversos que tratem de temas de interesse COMPETÊNCIAS/HABILIDADES
dos indivíduos envolvidos, e a internet, com
Dentre as competências gerais para todos
sua gama de conexões, no sentido de ampliar os anos do Ensino Básico citamos:
as informações e o repertório textual.
Estabelecer conexões entre os campos
Ressaltamos o trabalho com projetos, que se da Matemática e entre essa e as outras
harmoniza com a resolução de problemas, áreas do saber.
tendo como ponto comum a valorização Raciocinar logicamente, fazer abstrações
do envolvimento ativo do professor e dos com base em situações concretas, gene-
alunos nas ações investigativas desenvolvi- ralizar, organizar e representar.
das em sala de aula. Além disso, os projetos Comunicar-se utilizando as diversas
são oportunidades adequadas à prática da formas de linguagem empregadas na
interdisciplinaridade, quando articulam vários Matemática.
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Sumário principal
6.4.5 Referências
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Sumário principal
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125
Sumário principal
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Médio
Volume 03 - Área de Ciências Humanas
Sumário principal
GOVERNADOR
Paulo Hartung
VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha
Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.
ISBN 978-85-98673-07-3
1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio - Ciências
Humanas. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.
CDD 373.19
CDU 373.5.016
CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Paulo Freire
Sumário principal
Prezado Educador,
A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.
Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.
Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.
Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.
Sumário
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Sumário principal
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Sumário principal
Apresentação
Sumário principal
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Sumário principal
e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante
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Sumário principal
Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-
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Sumário principal
plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e
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Sumário principal
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Sumário principal
“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a
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Sumário principal
indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.
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Sumário principal
Capítulo Inicial
Sumário principal
1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR
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Sumário principal
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida
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Sumário principal
O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público
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Sumário principal
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Sumário principal
fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.
Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão
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Sumário principal
1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.
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Sumário principal
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Sumário principal
não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
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aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes
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por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.
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as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.
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suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.
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sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.
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avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é
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Sumário principal
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ANPOF — http://www.anpof.org.br/
Filosofia e Idéias — http://www.geocities.com/Athens/4539/
Projeto Simpozio — http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/portugue.html
Filosofia Educação e Cultura — http://www.geocities.com/cobra_pages/
Filosofia na Internet — http://www.filonet.pro.br/
Filosofia Virtual — http://www.filosofiavirtual.cjb.net/
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Sumário principal
Na segunda metade do século XIX, com a jetos, novos problemas e novas abordagens
difusão do pensamento positivista, a criação (a chamada Nova História), considerando as
de uma História científica ganhou força alterações paradigmáticas das ciências. Como
e desenvolveram-se algumas disciplinas a realidade foi se tornando cada vez mais
especializadas no interior do campo histó- complexa, as abordagens culturais passaram
rico: história política, história econômica, a ser fundamentais para o preenchimento
história das civilizações, etc. É inegável a de lacunas e incertezas.
influência de Karl Marx, cujo pensamento
caracterizou-se pelo estudo da substituição Assim, a influência da historiografia con-
dos mecanismos da sucessão de aconteci- temporânea sobre o ensino de História se
mentos pela dinâmica das estruturas e dos faz perceber, por exemplo, na necessidade
modos de produção, colocando a questão de o professor de História relacionar as
econômica como determinante, mas não metodologias da pesquisa histórica com
exclusiva. as metodologias de seu ensino (teoria
relacionada à prática e resultando em
No início do século XX, muitos historia- conteúdos procedimentais); no reconhe-
dores passaram a considerar a ampliação cimento dos diferentes sujeitos da História,
dos objetos de interesse do historiador. na diversidade de fontes, na necessidade
Assim sendo, a história problema substi- de consolidação e historicização de concei-
tuiu, pouco a pouco, a história narrativa e tos, e na ampliação das possibilidades em
houve o reconhecimento de um campo torno do fato histórico; e na introdução no
de documentos históricos mais vasto que ensino de História de aspectos relativos a
os testemunhos escritos. Além disso, foram mentalidades, cotidianos, representações
realizadas considerações interdisciplinares a e práticas culturais.
partir do reconhecimento da relativização da
História, isto é, de que a valorização de um A construção de uma consciência histórica e
setor ou uma visão da História está inserida das possibilidades de pensar historicamente
em sua própria historicidade. sobre a realidade em que vivemos confere ao
ensino de História especificidades e particula-
A partir da década de 1970, a ênfase passou ridades no que diz respeito às contribuições
a ser, então, o reconhecimento de novos ob- da disciplina na formação humana.
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...para aprender a ser e para aprender cada vez mais homogêneo deveria tornar o
a conviver... passado harmonioso, apagando as diferenças
sociais e culturais e levando o Estado republi-
Uma História de múltiplos tempos, cano a consolidar sua imagem de elemento
espaços, sujeitos e diálogos atuante e protagonista da história nacional. O
ensino escolar, assim, revestido de conteúdos
A História, enquanto disciplina de ensino,
cívicos, deveria formar um determinado
ocorreu primeiramente no contexto de
cidadão, trabalhador/produtor/consumidor,
transições que tiveram origem na Revolu-
de acordo com a ordem capitalista que se
ção Francesa. É desse período que data a
luta burguesa por uma escola pública, leiga consolidava no país.
e gratuita, instituindo a obrigatoriedade
da educação escolar. A partir da difusão Mais tarde, durante a Era Vargas, ampliou-se
das ideias iluministas, a História ensinada o ensino escolar para uma educação que
distanciou-se cada vez mais da influência da considerasse as políticas de preservação do
igreja, e sua organização enquanto disciplina patrimônio e as festas cívicas. No entanto,
escolar está diretamente relacionada com a não se visava à formação de uma consciência
transformação da História como campo de crítica, mas à adequação do indivíduo à
conhecimento. sociedade. Os livros didáticos e as datas
comemorativas passaram a ser instrumentos
No Brasil, a consolidação da História como para a manutenção e homogeneização de
disciplina escolar ocorreu após a indepen- determinadas visões de mundo e de História,
dência, com o início da estruturação de sendo ferramentas de controle e mediações
um sistema de ensino para o império. O entre as práticas políticas e culturais.
pensamento da elite política e intelectual
apontava, cada vez mais, para a elaboração Durante as décadas de 1960 e 1970, com
de uma História para a jovem nação, que a ditadura militar, o ensino da História foi
pudesse ser difundida através da educa- unido ao de Geografia, condensados na
ção, colocando como central a questão da disciplina de Estudos Sociais, eliminando
identidade nacional. Durante o início da as possibilidades de um ensino crítico. Esse
república, quando foi instituído o processo ensino, cujo objetivo era a formação de
de escolarização obrigatório, um ensino um cidadão ajustado à ordem autoritária
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material didático específico; o uso crítico do comparação e argumentação são, por exem-
livro didático; a ênfase em diferentes práticas plo, ações que podem ser compreendidas
de leitura e escrita; o estudo do meio; as como competências. Habilidades, nesse
visitas técnicas (arquivos, museus e outras sentido, são formas possíveis de alcance
instituições de guarda); os estudos de caso; das competências.
a leitura de mapas, gráficos e tabelas; as
técnicas da história oral; o uso de diferentes Livros, fontes orais, relatos, jornais, revistas, len-
fontes históricas; os trabalhos com docu- das, música, literatura, obras de arte, fotografia,
mentos de diferentes tipos; o estímulo ao patrimônio, vídeo e cinema, monumentos,
uso de diferentes linguagens; e a educação documentos oficiais, datas comemorativas,
de olhares, que devem ser múltiplos. objetos e museus... Fatos, fontes, conceitos e
sujeitos que se integram e integram diferentes
Os conteúdos básicos e complementares alternativas metodológicas, que apontam
da História ensinada (conceituais, procedi- para a pesquisa como ensino/aprendizagem
mentais e atitudinais) são compreendidos e para a problematização do presente a partir
como uma articulação entre as habilidades do estabelecimento de relações entre as dinâ-
e competências (selecionadas pelo professor micas temporais: permanências e mudanças,
de acordo com o nível de ensino), entre os sucessão e simultaneidade, antes/agora/
tópicos/conteúdos eleitos para o alcance depois. A construção do conhecimento,
dessas habilidades e competências, e entre assim compreendida, ocorre a partir da
a metodologia determinada para tal fim. Os formulação, expressão e possibilidades de
conteúdos, assim compreendidos, passam respostas de dúvidas. Através do exercício
a ser eles mesmos construções sociais e da dúvida, o aluno pesquisador e o profes-
históricas. sor pesquisador consideram seus saberes
prévios, mas são produtores de um saber
Esclarecemos que compreendemos por específico que redefine suas relações com
competências ações que expressam uma o conhecimento histórico e seu processo de
tomada de decisão através da utilização produção. Esse seria o processo durante o
de ferramentas concretas e intelectuais, qual ocorre a aprendizagem histórica (aqui
bem como da mobilização de esquemas dividido em três etapas: a alfabetização
conceituais, visando a estabelecer relações histórica, os procedimentos históricos, e o
e promover interpretações. Observação, pensar histórico).
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3) Mundo da Moda
• Moda e utilidades.
• Moda e sentido de beleza.
• Moda, consumo e globalização.
• Moda e religião.
• Moda e tecnologia.
• Toda cultura tem moda.
• A moda e a História.
• A moda como questão de gênero e exercício da sexu-
alidade.
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Sumário principal
3º Ano
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Sumário principal
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Sumário principal
6.2.5 Referências
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NA REDE
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www.ensinodehistoria.com
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Sumário principal
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Promover investigações e propor interven- são privilegiadas, quer seja atendendo aos
ções no espaço geográfico, considerando reclamos do momento didático instalado
o cuidado com a finitude do sistema Terra
nas instituições escolares, quer seja de-
e as possibilidades de sustentabilidade
no uso de seus recursos. vido às disponibilidades garantidas pela
formação acadêmica de docentes ou pela
Favorecer a compreensão sobre relações infraestrutura de recursos didáticos na
espaçotemporais e escalas geográficas
escola. A despeito de mudanças e flutu-
local-global-local nas produções e vi-
ações teórico-metodológicas, o grupo de
vências das sociedades.
professores de Geografia, que se empenha
Desenvolver leitura e representações em delinear a presente proposta de dire-
espaciais por meio de instrumentos e
trizes curriculares da rede pública estadu-
técnicas da cartografia e de outras lin-
al, destaca um conjunto de alternativas
guagens.
metodológicas julgadas coerentes com a
Criar condições para práticas sociais no es- concepção pretendida.
paço geográfico local e global que valorizem
ações de convivência solidária, aceitação
Considerando as especificidades apontadas
de diferenças entre pessoas e culturas, em
atitudes de promoção da paz com uso do para a Geografia escolar professada, a prática
conhecimento geográfico. do diálogo na intermediação entre o conhe-
cimento científico e aquele elaborado na
Estimular atitudes de preservação ou
vivência de sujeitos envolvidos no processo
de conservação que potencializem a
valorização do patrimônio geofísico e de ensino-aprendizagem imprime um movi-
cultural, local e global. mento de teorização e prática indispensável
à pesquisa, à experimentação, ao registro e
à aplicação dos saberes geográficos à vida
6.4.3 Principais alternativas cotidiana. Assim, a aula geográfica deverá
metodológicas privilegiar problematizações interdisciplina-
res, nos quais princípios transversais deverão
...para ensinar e para aprender: saberes, ser acionados. Além disso, deverá se efetivar
poderes e fazeres docentes... como um permanente exercício de vivências
reflexivas sobre as relações entre pessoas e
Nas diferentes concepções pedagógicas do entre essas e a natureza, numa perspectiva
ensino de Geografia algumas metodologias de solidariedade, de dignidade, de produção
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Sumário principal
de saberes que contribuam para uma vida pelo professor no trabalho pedagógico, ex-
melhor para todos. plorando, sempre que possível, a associação
entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im-
O uso do livro didático será valorizado como portante que considere o potencial individual
mecanismo de apoio complementar a leituras, dos alunos, mesmo quando em atividades
interpretações, registros e proposições, que coletivas, negando comparação entre suas
não se esgotam na dimensão de conteúdos capacidades, habilidades e atitudes.
dispostos naquele material didático, sem
contudo ser o condutor da prática pedagógica A Geografia deverá ser pesquisada na multi-
e, menos ainda, a fonte única de estudo. A plicidade e na complexidade de diversidades
costumeira prática de leitura de trechos do que constitui o cotidiano das sociedades e
livro didático seguida de explicações (que das pessoas. Os princípios da pesquisa escolar
mais repetem do que problematizam as in- podem ser similares àqueles desenvolvidos
formações fornecidas) ou de “exercícios” (que na academia, problematizando aspectos
quase sempre favorecem a naturalização ou a da vida da comunidade local ou global e
memorização dos fatos expostos) deverá ser relacionando aspectos teóricos da ciência
substituída por consultas e leituras proble- geográfica às questões que preocupam as
matizadoras, permitindo estudos individuais sociedades quanto à produção, à explo-
e em grupo. A leitura não-restrita aos livros ração, à apropriação, à conservação ou à
didáticos, deverá ser ampliada em outras preservação dos recursos e dos ambientes
possibilidades como as produções disponíveis da natureza e das sociedades. Simulações e
na rede internet, nas revistas especializa- demonstrações precisarão estar entrelaçadas
das e científicas, nos jornais, nas histórias com estudos que exigem abstrações.
em quadrinhos, nas diferentes expressões
literárias. Os registros envolvendo análises, A aula de campo, a aula prática, o estudo do
descrições, avaliações, proposições dos fatos e meio sustentarão alternativas metodológicas,
dos fenômenos geográficos poderão inscrever como a observação e a coleta de dados por
produções de desenho, teatro, música, escrita meio de instrumentos, por exemplo, a bússola,
e outras expressões. o relógio do sol, a biruta, o pluviômetro, o
altímetro, o termômetro, o cata-vento, o mapa,
A avaliação processual deverá envolver as as cartas, as fotografias aéreas, as imagens de
diferentes fontes e linguagens exploradas satélites, os molinetes, os infiltrometros e tan-
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2º Ano
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Sumário principal
3º Ano
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Sumário principal
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