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CURRÍCULO BÁSICO

ESCOLA ESTADUAL

Guia de Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio

implementação Anos Iniciais Anos Finais Anos Finais Anos Finais Vol. 01 - Área de Vol. 02 - Área de Vol. 03 - Área de
Linguagens e Códigos Ciências da Natureza Ciências Humanas
Vol. 01 - Área de Vol. 02 - Área de Vol. 03 - Área de
Linguagens e Códigos Ciências da Natureza Ciências Humanas
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

Guia de Implementação
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77g Guia de implementação / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009.
72 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-09-7

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino médio -
Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 371
CDU 37.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Caros Educadores,

Dentre os grandes desafios que temos na educação capixaba, destaca-se a implementação do


novo currículo escolar. Essa importante ação envolve a garantia do direito de aprender de todos
e de cada aluno da Educação Básica.

A educação que pretendemos está comprometida com a construção de uma cidadania consciente
e ativa, que ofereça aos alunos conhecimentos que lhes possibilitem compreender e posicionar-se
frente às transformações da sociedade, participando da vida produtiva; que possam relacionar-se com
a natureza, produzir e distribuir bens e serviços, convivendo com o mundo contemporâneo.

Em nossas escolas estudam crianças, jovens e adultos, em sua grande maioria, filhos da classe
trabalhadora. Nessa escola contemporânea algumas novas tarefas passaram a se integrar à
dinâmica educacional, não porque seja a única instituição responsável pela educação, mas por
ser aquela que desenvolve uma prática educativa planejada e sistemática durante um período
contínuo e extenso de tempo na vida das pessoas. A escola é reconhecida pela sociedade como
a instituição da aprendizagem.

No atendimento educacional aos ensinos Fundamental e Médio, espera-se que os alunos aprendam,
de forma autônoma, a valorizar o conhecimento, os bens culturais e o trabalho; selecionar o que
é relevante, investigar e pesquisar; construir hipóteses, compreender e raciocinar logicamente;
comparar e estabelecer relações, inferir e generalizar; adquirir confiança e capacidade de pensar
e encontrar soluções. É também necessário aprender a relativizar, confrontar e respeitar diferentes
pontos de vista, discutir divergências, exercitar o pensamento crítico e reflexivo, comprometendo-se
e assumindo responsabilidades. É importante também que aprendam a ler criticamente diferentes
tipos de texto, a utilizar diferentes recursos tecnológicos, a expressar-se e comunicar-se em várias
linguagens, opinar, enfrentar desafios, criar, agir de forma autônoma e que aprendam a diferenciar
o espaço público do privado, a serem solidários, a conviver com a diversidade e a repudiar qualquer
tipo de discriminação e injustiça.

Em particular, no Ensino Médio, tais competências implicarão em promover uma mudança em


seu contexto de vida, superando a visão de mera preparação para o vestibular com vistas ao
ingresso no Ensino Superior. A perspectiva dos jovens brasileiros que hoje estão nessa escola é
obter qualificação mais ampla para a vida e o trabalho, já ao longo de sua escolarização básica.
A relação entre o jovem e o conhecimento não se encerra na aprendizagem mecânica e de
memorização dos conteúdos. A formação do jovem deve passar pela formação cidadã, do
trabalho como condição humana, do conhecimento científico, tecnológico e socio-histórico,
Sumário principal

criando condições para que ele possa aprender a aprender. Adequar a escola a seu público atual
é torná-la capaz de promover a realização pessoal, a qualificação para um trabalho digno, para
a participação social e política, enfim, para uma cidadania plena da totalidade de seus alunos e
alunas. Isso indica a necessidade de revisão do projeto pedagógico de muitas escolas que não se
renovam há décadas, criadas em outras circunstâncias, para um outro público e para um mundo
diferente deste dos nossos dias.

O Currículo Básico da Escola Estadual como instrumento organizador da ação educativa vem
assegurar um mínimo de unidade na rede estadual de ensino e pressupõe ainda a articulação
necessária, em cada unidade escolar, com o Projeto Político Pedagógico.

Estamos animados e esperançosos com o trabalho que juntos vamos realizar neste ano de 2009
na implementação e, consequentemente, na avaliação do novo currículo. Recomendamos que,
de maneira saudável, possamos conhecer, aplicar, discutir e criticar o novo currículo, para que
depois façamos as mudanças necessárias previstas no último trimestre deste ano.

Como já é de seu conhecimento, a organização da impressão do documento curricular traz


7 volumes assim distribuídos:

1 Volume – Anos Iniciais do Ensino Fundamental


3 Volumes – Anos Finais do Ensino Fundamental (Áreas do Conhecimento)
3 Volumes – Ensino Médio (Áreas do Conhecimento)

Todos contêm de forma idêntica o CAPÍTULO INICIAL do documento que versa sobre: Apresen-
tação, O processo de construção do currículo, Princípios norteadores e Concepção de currículo,
com ênfase na organização por competências e habilidades, seguido do texto O sujeito da ação
educativa: o aluno. Destacamos a diversidade na formação humana que trazem as razões episte-
mológicas e sociológicas sobre a Educação Ambiental, as Relações Étnico-raciais e a População
Indígena como aspectos da diversidade biológica e cultural. A seguir organizamos um item que
discorre sobre a Dinâmica do Trabalho Educativo, apresentando reflexões acerca do processo
ensino-aprendizagem, a avaliação da aprendizagem, os ambientes de aprendizagem existentes
na escola, a relação professor e aluno e a pesquisa como metodologia de ensino.

O 2º CAPÍTULO do documento curricular é específico de cada nível e etapa da Educação Básica,


trazendo o Conteúdo Básico Comum (CBC). Abordamos a concepção de área de conhecimento,

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Sumário principal

a contribuição da disciplina para a formação humana, os objetivos da disciplina, as principais


alternativas metodológicas e as competências, habilidades e conteúdos.

Cabe observar que o currículo não se restringe aos componentes do CBC. Na verdade, o CBC é,
simplesmente, parte do currículo que está contextualizado no capítulo inicial e se concretiza no
âmbito de cada unidade escolar.

O Guia de Orientação para Implementação do Novo Currículo pretende subsidiar diretores,


pedagogos e coordenadores de cada escola na coordenação e mobilização de todos os docentes
em um intenso estudo e análise sobre o currículo escolar, direcionando as reflexões sobre as
diferentes demandas sociais que chegam ao cotidiano escolar.

Este Guia está organizado em três capítulos, estabelecendo os diferentes níveis de coordenação
da gestão do novo currículo.

O primeiro capítulo traz a gestão no âmbito da unidade escolar. Nessa etapa montamos seis
indicações de roteiros para estudo do documento, quais sejam:
Indicação 1 - Roteiro de Estudo da Parte I do documento (específico para a Jornada Pedagógica)
Indicação 2 - Roteiro para elaboração dos Planos de Ensino (específico para a Jornada Pedagógica)
Indicação 3 - Roteiro básico de Análise Situacional da escola
Indicação 4 - Roteiro básico de Análise da Gestão Pedagógica
Indicação 5 - Roteiro para estudo e análise do CBC
Indicação 6 - Roteiro básico para proposição do Projeto Político Pedagógico, que se articule com
o novo currículo

Compreendemos que a escola reconhece o grande desafio que é imputado à área educacional
em relação ao enfrentamento dos problemas sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais,
morais, religiosos, enfim, de toda a ordem, que caracteriza o mundo contemporâneo, exigindo
posicionamentos e respostas no âmbito da instituição escolar.

A nova educação pretendida a partir do Novo Currículo certamente é mais ampla do que aquela
contida no antigo projeto pedagógico. Antes se desejava transmitir conhecimentos na forma de
informações e procedimentos estanques; agora se deseja promover competências gerais, que
articulem conhecimentos disciplinares ou não.

7
Sumário principal

Para tanto, é necessário que os tempos/espaços de debate coletivo entre os docentes sejam
assegurados em cada unidade escolar, conforme estabelece o Calendário Escolar 2009 (dias 02 e
03/02, 20/07 e 02/10/2009). Recomendamos ainda que, em cada escola, sejam realizados encontros
por área de conhecimento, organizados antecipadamente pelos pedagogos e coordenadores,
com frequência de, pelo menos, um encontro de 5 horas/mês, tendo como referência as 20h
mensais da carga horária, de cada professor, que é destinada à hora-atividade.

No segundo capítulo detalhamos as competências das equipes regionais – SRE na gestão do novo
currículo, junto às escolas jurisdicionadas, apoiando, orientando e intervindo no desenvolvimento
dos seis Roteiros de Estudo, além da estruturação de relatórios regionais a serem encaminhados a
Unidade Central. Destaca-se também a coordenação da elaboração do CBC regional, envolvendo
os Professores Referências, correspondente a 30% dos conteúdos curriculares, seguindo o que
estabelece o Plano de Trabalho.

O terceiro capítulo apresenta as ações que serão desenvolvidas no âmbito da Sedu Central. Destacam-se
o programa de formação de professores, contendo o Ciclo de Aprofundamento de Estudos – Currículo
em Ação, que será realizado nas SRE, a Avaliação do Currículo Básico da Escola Estadual e a produção
dos Cadernos Metodológicos por disciplina. Destaca-se ainda o Ciclo de Seminários Descentralizados
com a coordenação das consultoras sobre o Novo Currículo da Rede Estadual.

O currículo escolar, no nosso entendimento, elaborado com a efetiva participação dos profissionais
da rede, aponta de forma intencional e clara a função precípua e específica da escola na construção,
apropriação e socialização do conhecimento, o que lhe confere sentido social no processo de
transformação coletiva.

Assim, conclamamos nossos educadores, professores e demais profissionais da educação (docentes


e pedagogos, técnicos pedagógicos, administrativos e de apoio ao trabalho escolar) a priorizarem,
em suas rotinas de trabalho, essa importante ação coletiva, para juntos participarmos de uma
ampla discussão sobre as nossas intenções educacionais e compartilharmos a construção de mais
um capítulo na história da educação pública do Espírito Santo.

Adriana Sperandio
Subsecretária de Educação Básica e Profissional

8
Sumário principal

Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

A Escola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
INDICAÇÃO 1 Roteiro de estudo do capítulo inicial do documento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

INDICAÇãO 2 Roteiro para elaboração dos planos de ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

INDICAÇÃO 3 Roteiro básico de análise situacional da escola -


acompanhamento e avaliação do desenvolvimento educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

INDICAÇÃO 4 Roteiro básico de análise da gestão pedagógica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

INDICAÇÃO 5 Roteiro para estudo e análise do CBC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

INDICAÇÃO 6 Roteiro básico para proposição do ppp que se articule com o novo currículo. . . . . . . . . . 32

As Superintendências Regionais de Educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

A Sedu/Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

apêndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Leituras Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Material de Apoio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

9
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

UMA NOVA ESCOLA PARA O ESPÍRITO SANTO


A construção da qualidade da educação dagógica cumpre uma função política, mas,
requer, simultaneamente, condições escola- sobretudo, resgata a atuação dos agentes da
res adequadas para o desenvolvimento das disseminação de conhecimentos, tecnologia,
atividades pedagógicas, dinâmica escolar arte e cultura como processos históricos
voltada para o processo de aprendizagem, apresentados segundo óticas próprias; de
profissionalização do docente, democratiza- produção do saber para os alunos, esti-
ção da gestão pública educacional e, conse- mulando o desenvolvimento de posturas
quentemente, escolar, estabelecimento de ativas perante o aprendido e o aprender, de
articulação entre instâncias governamentais sentimentos de cooperação e solidariedade
e sociedade civil, avaliação periódica dos ou competição na convivência social; de
resultados pedagógicos, técnicos e de gestão envolvimento crítico no mundo e nas esferas
obtidos e presença ativa da comunidade nos de trabalho, da política e da cultura.
assuntos educacionais.
A educação tornou-se vetor estratégico para
Portanto, a qualidade da educação formal o desenvolvimento sustentável e equitativo
constitui processo multifacetado que, além na sociedade contemporânea e deve ser
do setor educacional, envolve ao mesmo entendida como responsabilidade social
tempo os diversos grupos sociais e segmen- onde a família e a comunidade também
tos institucionais, entidades da sociedade exerçam seus papéis.
civil e o conjunto da sociedade, e também
a própria história das relações entre todos Tratar a educação como prioridade no Es-
esses segmentos na oferta dos diferentes pírito Santo, para além da escolarização da
níveis de escolaridade. população capixaba, tem significado para
os governantes construir uma política de
O reconhecimento da qualidade como Estado em que o poder público atue como
princípio constitucional e diretriz de po- mobilizador e catalizador da e na sociedade
lítica educacional não somente fortalece e das diferentes instituições que organizam
a concepção de que a ação educativa na o Estado maior em torno de um pacto pela
qualidade de prática especificamente pe- educação.

13
Sumário principal

O documento Espírito Santo 2025, plano que Portanto, o eixo principal da proposta da Nova
apresenta diretrizes estratégicas de longo Escola é a conexão entre as diversas ações, ou
prazo, propõe a organização da gestão públi- seja, a elaboração de um plano integrado para
ca, valorizando a educação como patrimônio a melhoria da educação no Espírito Santo.
por um desenvolvimento sustentável. Na
Secretaria de Estado da Educação, o Plano Tendo sempre como foco a promoção da
Estratégico Nova Escola vem propor avanços aprendizagem, a Sedu estabelece como
na educação pública estadual no sentido de prioridade: a valorização do planejamento e
conceber, como referencial para o trabalho, a inovação da gestão; o desenvolvimento das
o estudante enquanto sujeito de direitos e a pessoas; a oferta e eficiência de infraestrutura
escola como lócus do processo de ensino- e suporte; a efetivação de parcerias com a
aprendizagem. Ressignificar os espaços e sociedade; a construção de um sistema de
tempos escolares numa perspectiva criativa avaliação das escolas, gestores, técnicos e
e inovadora, apresentando como resultado professores; a criação de um eficiente sistema
a efetiva aprendizagem dos alunos, deve ser de comunicação interna; e a valorização de
compromisso assumido por todos os sujeitos inovações pedagógicas.
envolvidos: Unidade Central, Superintendên-
cias Regionais de Educação, unidade escolar, Essas diversas ações, conectadas umas às outras,
família e comunidade. tendo sempre como valores o respeito ao ser
humano, a igualdade de oportunidades, o
Uma nova escola para o Espírito Santo pres- comprometimento com resultados, a atitude
supõe um novo olhar sobre o cotidiano, ética, a transparência, o compromisso com o
sobre o aluno e suas necessidades. Pressupõe desenvolvimento do Espírito Santo e a valo-
mudança de postura, de deslocamento do lu- rização da identidade capixaba, com certeza
gar do saber para o lugar do saber-aprender, possibilitarão não somente a melhoria de nossa
de valorizar a permanente atualização, a rede de ensino, mas a concretização de uma
construção de sujeitos coletivos, politica- nova escola no Espírito Santo, preparada para
mente envolvidos e comprometidos com enfrentar os desafios e impasses presentes em
a formação de um cidadão. nosso mundo contemporâneo.

14
Sumário principal

A Escola
Sumário principal

INDICAÇÃO 1 Roteiro de estudo do capítulo inicial do documento

Este roteiro orienta os estudos da funda- de unidade que ele representa para a rede
mentação da Parte I do Currículo e é pré- estadual e o compromisso coletivo dos
requisito para o estudo das outras partes educadores na sua implementação.
do documento. • Apresentar a estrutura geral do do-
cumento (organização do impresso e
Data: 02/02 sumário).
(Jornada de Planejamento Pedagógico)
Local: na escola • Apresentar o Guia de Implementação.

Equipe de Coordenação: Segundo momento: 1 hora


• Estudo do Documento Curricular – Parte
Pedagogo (caso a escola tenha professor Geral.
referência, ele deverá participar da coorde-
• Leitura e debate dos textos - Apresentação
nação deste estudo).
e Princípios.

Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde- Terceiro momento: 2 horas


nador, Professores e demais funcionários. Trabalho em Grupo: Divisão em 3 grupos.
Explicar que cada grupo fará a leitura dos
Propósito: Levar toda equipe da escola a textos iniciais do documento para apresen-
conhecer o CURRÍCULO BÁSICO DA ESCOLA tação posterior à plenária.
ESTADUAL: bases conceituais, princípios,
concepções do trabalho educacional, entre Grupo 1 – Textos Conceituando Currículo e
outros. O Sujeito da Ação educativa: o aluno.

Primeiro momento: 1 hora Grupo 2 – Textos A Diversidade na Formação


• Breve depoimento do professor refe- Humana; A Educação de Jovens e Adultos:
rência ou do dinamizador, registrando
saberes, experiência de vida e de trabalho;
o processo de construção participativo
do documento curricular. Educação do Campo: o campo como lócus
de produção de saberes; A Educação Especial:
• Registrar a importância deste documento
a dimensão escolar da inclusão.
para a aprendizagem dos alunos, o sentido

17
Sumário principal

Grupo 3 – Textos A Diversidade na Forma- Questões:


ção Humana; A Educação Ambiental na 1. A partir do que foi apresentado pelos
perspectiva de uma sociedade sustentável; grupos, como nossa escola pode me-
lhorar a aprendizagem do aluno?
A Educação para as Relações Étnico-raciais:
afrobrasileiros e povos indígenas; e A Dinâ- 2. O Projeto Político Pedagógico da escola
mica do Trabalho Educativo. atende às demandas do novo currículo?
• Discussão na plenária, referenciando 3. Quais são os pontos que nossa escola
a dinâmica pedagógica da unidade precisa mudar para promover a apren-
escolar. dizagem?

INDICAÇãO 2 Roteiro para elaboração dos planos de ensino


Este roteiro orienta a elaboração dos planos Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde-
de ensino, que devem estar em consonância nador e Professores.
com o currículo, bem como com sua funda-
mentação. Seguirá, em anexo, uma matriz Propósito: Elaborar o plano de ensino de
de registro deste plano. É fundamental que cada disciplina e série, articulado à visão de
a produção coletiva seja garantida, para área do conhecimento.
dar consenso pedagógico às atividades e à
proposta da escola.
Primeiro momento: 30min

Data: 03/02 (Jornada de Planejamento


Pedagógico) e Março Coordenação do Pedagogo
Local: na escola • Apresenta o instrumento referencial para
elaboração do plano de ensino.
Equipe de Coordenação:
• Apresenta alguns destaques do ano
anterior, a partir das avaliações: refle-
Pedagogo (caso a escola tenha professor
xões do Conselho de Classe, projetos
referência, ele deverá participar da coorde-
que se destacaram pela promoção da
nação deste estudo).

18
Sumário principal

aprendizagem, práticas inovadoras de Obs.


alguns professores (exemplo). 1. Alertamos a equipe pedagógica para
que a escola organize os grupos por
área, contemplando todas as disciplinas
Segundo momento – 3h30min e séries em cada nível (EF e EM) para a
• Trabalho em grupo – Por área do conhe- produção do plano de ensino.
cimento e níveis de ensino. 2. A complementação da elaboração do
• Leitura e debate do CBC e elaboração do plano de ensino deverá ser organizada
plano de ensino de cada disciplina. pelo pedagogo da escola, considerando
a hora/atividade do professor, conforme
orientação no texto inicial, sendo 5h em
fevereiro (JPP) e 5h em março.

19
Sumário principal

Plano de Ensino Anual

SRE
Escola
Disciplina Área de Conhecimento
Professor Série

1º BIMESTRE - Nº. de aulas previstas:


Metodologias e materiais
Conteúdos Competências Habilidades Projetos propostos
de apoio pedagógico

Proposta de atendimento à demanda específica da turma, considerando o desempenho no ano anterior:

2º BIMESTRE - Nº. de aulas previstas:


Metodologias e materiais
Conteúdos Competências Habilidades Projetos propostos
de apoio pedagógico

Proposta de atendimento à demanda específica da turma, considerando o desempenho no ano anterior:

3º BIMESTRE - Nº. de aulas previstas:


Metodologias e materiais
Conteúdos Competências Habilidades Projetos propostos
de apoio pedagógico

Proposta de atendimento à demanda específica da turma, considerando o desempenho no ano anterior:

4º BIMESTRE - Nº. de aulas previstas:


Metodologias e materiais
Conteúdos Competências Habilidades Projetos propostos
de apoio pedagógico

Proposta de atendimento à demanda específica da turma, considerando o desempenho no ano anterior:

20
Sumário principal

INDICAÇÃO 3 Roteiro básico de análise situacional da escola -


acompanhamento e avaliação do desenvolvimento educacional

As reflexões acerca do desenvolvimento Data: Maio e Junho


educacional são apresentadas de forma Local: na escola
a ressaltar a responsabilidade da escola
e do sistema como um todo no sentido Equipe de Coordenação:
de fazer um acompanhamento criterioso
desse desenvolvimento, como forma de Pedagogo (caso a escola tenha professor
garantir aquilo que é direito do educan- referência, ele deverá participar da coorde-
do: a apropriação de conhecimentos nação deste estudo).
científicos, culturais e tecnológicos
significativos, comprometidos com a Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde-
formação humana. nador, Professores.

Este roteiro propõe à escola um estudo Propósito: Levar toda equipe da escola a
sobre si mesma, as relações estabelecidas, conhecê-la sistematicamente a fim de orga-
os êxitos, as limitações. Estão propostos nizar suas ações e atividades pedagógicas a
itens a serem preenchidos para análise partir da realidade da mesma.
da própria escola a partir de uma pers-
pectiva pedagógica, apresentada em Primeiro momento
todo currículo: a promoção da apren- • Deve-se fazer a leitura do capítulo da
dizagem. A análise situacional prevê a Diversidade na Formação Humana, que
reflexão da prática pedagógica a partir destaca os diferentes sujeitos atendidos
da realidade apresentada nos indicadores nos níveis e modalidades de ensino.
e nas dificuldades objetivas. Esse roteiro • Retomar a leitura do princípio norteador
deve ser desenvolvido em duas etapas, “A aprendizagem como direito do edu-
respeitando a hora-atividade no limite cando”.
de 5h/mês. • Leitura: A dinâmica da ação educativa
com destaque para o item avaliação.

21
Sumário principal

Valorize e utilize avaliações sobre a qualidade Instrumento Básico para Análise


do ensino como um instrumento para me- Situacional
lhorar a escola e promover a transparência
e a participação de todos os envolvidos no O primeiro passo para melhorar a educação
processo de ensino-aprendizagem. é entender a situação em que sua escola
está. Busque elementos complementares,
Segundo momento conhecendo a situação da educação no seu
Responder coletivamente o instrumento de município, seu Estado e a média do país.
análise situacional (anexo) e debater sobre Reflita sobre suas causas e consequências.
os desafios e metas da escola para melhorar Informe-se, reflita, discuta. Quando você
o desempenho dos alunos. Atenção, mais entende o problema, tem mais chances
importante que preencher o instrumento é de fazer sua parte para resolvê-lo – e você,
conversar coletivamente sobre cada dado como educador, é o principal agente da
contido para que todos conheçam de fato melhoria da educação.
a escola que trabalham.

SRE
ESCOLA

Dados da escola

1. Períodos de funcionamento da sua escola:


A. Matutino
( ) EF - anos iniciais ( ) EF – anos finais ( ) EM ( ) EM Integrado a EP ( ) EP ( )EJA

B. Vespertino
( ) EF - anos iniciais ( ) EF – anos finais ( ) EM ( ) EM Integrado a EP ( ) EP ( ) EJA

C. Noturno
( ) EM ( )EP ( ) EJA

22
Sumário principal

2. Atendimento à Educação Especial (sala de recursos, atendimento itinerante e Escola Oral-


auditiva)

3. Outros atendimentos - Classe hospitalar, alunos privados de liberdade, comunidade quilombola,


indígena, pomerano, italiano.

4. Total de alunos matriculados em 2009

5. Como são organizadas as turmas em sua escola? (as turmas e não a série)
A. ( ) Por idade.
B. ( ) Por ordem de chegada.
C. ( ) Pelo comportamento.
D. ( ) Por desempenho.
E. ( ) Outras formas:

6. Como foi indicado o processo de definição dos professores das turmas dos anos iniciais? Buscou-
se o perfil do professor alfabetizador? A equipe conhece o Projeto Ler, Escrever e Contar?

23
Sumário principal

7. Qual foi o índice de repetência, em sua escola:


SÉRIES ANO 2008 META PARA 2009
ANOS INICIAIS
1ª série
2ª série
3ª série
4ª série
ANOS FINAIS
5ª série
6ª série
7ª série
8ª série
ENSINO MÉDIO
1º ano
2º ano
3º ano
EJA

Medidas que serão adotadas para alcançar a meta:

8. Qual foi o índice de evasão em sua escola dos alunos:


SÉRIES ANO 2008 META PARA 2009
ANOS INICIAIS
1ª série
2ª série
3ª série
4ª série
ANOS FINAIS
5ª série
6ª série
7ª série
8ª série
ENSINO MÉDIO
1º ano
2º ano
3º ano
EJA

24
Sumário principal

Principais causas da evasão no ano passado:

Medidas que serão adotadas para minimizar a evasão:

9. Considerando a idade apropriada do aluno, a taxa de defasagem idade/série dos alunos da


sua escola em 2008, por série e segmento, é:

A. Ensino Fundamental – Anos Iniciais:


B. Ensino Fundamental – Anos Finais:
C. Ensino Médio:

10. Quantos professores lecionam em sua escola em 2009?

A. Ensino Fundamental – Anos Iniciais:


B. Ensino Fundamental – Anos Finais:
C. Ensino Médio:
D. EJA:

11. Qual foi o desempenho da sua escola no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) realizado
em 2008?
A. ( ) A escola não participou.
B. ( ) Desconheço os dados do ENEM.
MÉDIA GERAL COM CORREÇÃO Enem
Brasil
Estado
Município
Escola

25
Sumário principal

12. Qual foi a média das proficiências da sua escola no PAEBES (Programa de Avaliação da Educação
Básica do ES)?
PAEBES 2004 MÉDIA ESTADUAL 2004 PAEBES 2008 MÉDIA ESTADUAL 2008
DISCIPLINA
4ª 8ª 1ª EM 4ª 8ª 1ª EM 1ª EM 1ª EM
Língua Portuguesa
Matemática

13. Resultado do IDEB:


IDEB 4ª 8ª
IDEB 2005 da escola
IDEB 2007 da escola
Projeção do IDEB para 2009
Projeção do IDEB para 2011

14. Outras avaliações:


A. PROVA BRASIL (2007)
SÉRIE LÍNGUA PORTUGUESA MATEMÁTICA


B. PROVINHA BRASIL (2008)
MÉDIA DA ESCOLA NO TESTE 1
MÉDIA DA ESCOLA NO TESTE 2
C. LER, ESCREVER E CONTAR (2008)
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE ALFABETIZAÇÃO
BAIXO INTERMEDIÁRIO ALTO
1ª ONDA
1ª SÉRIE
2ª ONDA
1ª ONDA
2ª SÉRIE
2ª ONDA

15. Em sua escola, os dados das avaliações anteriormente citadas são:


(assinale quantas alternativas desejar):
A. ( ) São básicos para a formulação de intervenções pedagógicas junto aos alunos.
B. ( ) Não são considerados para a formulação de intervenções pedagógicas junto aos alunos.
C. ( ) São divulgados e discutidos com os professores.
D. ( ) Não são divulgados e discutidos com os professores.
E. ( ) São divulgados e discutidos com os pais e alunos.
F. ( ) Não são divulgados e discutidos com os pais e alunos.
G. ( ) Geram mudanças nas práticas dos professores em sala de aula.
H. ( ) Não geram mudanças nas práticas dos professores em sala de aula.

26
Sumário principal

16. No geral, em qual componente curricular os alunos apresentam maior dificuldade de apren-
dizagem e baixo desempenho (Ensino Fundamental e Ensino Médio)?
Disciplina EF anos iniciais EF anos finais Ensino Médio EJA
Língua Portuguesa
Língua Estrangeira
Educação Física
Artes/Arte
Matemática
Ciências
Física
Química
Biologia
Filosofia
Sociologia
Ensino Religioso
História
Geografia

17. No geral, em qual componente curricular os alunos apresentam maior facilidade de aprendizagem
e melhor desempenho (Ensino Fundamental e Ensino Médio)?
Disciplina EF anos iniciais EF anos finais Ensino Médio EJA
Língua Portuguesa
Língua Estrangeira
Educação Física
Artes/Arte
Matemática
Ciências
Física
Química
Biologia
Filosofia
Sociologia
Ensino Religioso
História
Geografia

Das questões avaliadas, qual(is) dela(s) o grupo considera o maior destaque (positividade)
da escola? Descrever ações concretas que justifiquem a escolha do grupo.

Das questões avaliadas, qual(is) dela(s) o grupo considera a maior fragilidade da escola?
Propor ações concretas que a escola possa implementar para a superação dessa fragilidade.

27
Sumário principal

INDICAÇÃO 4 Roteiro básico de análise da gestão pedagógica

Este roteiro trata da reflexão sobre a dinâmica 3. Apresentar os indicadores de desem-


da ação educativa no que diz respeito a: penho da escola discutidos na Análise
professor como mediador da aprendizagem, Situacional:
relação professor-aluno, o educar pela pes- - Evasão;
quisa e a avaliação da aprendizagem. - Repetência;
- Nota Enem;
Data: 20/07 - Nota Paebes;
(Jornada de Planejamento Pedagógico) - Ideb;
Local: na escola
- Prova Alfabetização.

Equipe de Coordenação:
Segundo momento: 1h30
Pedagogo (caso a escola tenha professor
Trabalho em grupo
referência, ele deverá participar da coorde-
nação deste estudo). 1. Leitura do item 2.3: o sujeito da ação
educativa. (30min)
Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde-
nador, Professores. 2. A partir do momento inicial e da leitura
realizada, discutir coletivamente propo-
Propósito: Levar a equipe a avaliar o traba- sições para o enriquecimento da prática
lho de gestão da escola, a partir dos itens pedagógica, a partir dos itens sugeridos
apresentados, propondo inovações para a abaixo:
melhoria da aprendizagem dos alunos.

O AMBIENTE EDUCATIVO
Primeiro momento: 1h
As questões propostas estão centradas
Pedagogo
na ideia de que a escola é o local onde se
1. Apresentar em tópicos os conceitos do concretiza o processo ensino-aprendizagem,
currículo estudados no capítulo inicial, e para que esse processo se fundamente
item 2.2 – concentuando o currículo. na formação humana é necessário que o
2. Apresentar os princípios norteadores (item ambiente escolar seja inclusivo e que as
2.1) alinhados ao conceito do currículo. relações sejam éticas e democráticas.

28
Sumário principal

ITEM PROPOSIÇÃO
O ambiente escolar favorece o desenvolvimento do trabalho dos profissionais
da escola.
São realizadas atividades e dinâmicas de integração entre os profissionais da escola.
São promovidas atividades escolares que visem à integração entre os profis-
sionais da escola e alunos.
As relações profissionais pautam-se pela ética e pelo respeito mútuo.
O diálogo e a negociação são as estratégias mais utilizadas na resolução de
problemas e conflitos no ambiente escolar.
A discriminação entre os profissionais da escola, velada ou não, é combatida.
E também a discriminação em relação aos alunos e suas famílias.
No ambiente escolar os debates e as críticas são feitos de forma franca e aberta.
Em sala de aula priorizam-se o diálogo e o respeito mútuo.
Aplica-se e ou recomenda-se a utilização de metodologias inovadoras. Essas
são registradas.
Estimulam-se ações pelo dever de casa. A equipe reconhece que está variável
e indicada como de forte influência para a aprendizagem.
O uso do livro didático é orientado.
Existe com frequência a utilização dos ambientes de aprendizagem (salas
ambiente, biblioteca, laboratórios, quadra, etc.)
A organização da sala de aula é pensada, planejada e reflete a prioridade no
direito de aprender.
A correção das atividades, exercícios e pesquisas são tratadas como oportuni-
dade para aprender mais e melhor.
O Conselho de Classe é utilizado para discussão dos avanços e das dificuldades
verificados no processo ensino-aprendizagem, na busca de soluções.
São definidas ações para a promoção da melhoria do processo de ensino-
aprendizagem a partir das questões levantadas pelo Conselho de Classe.
Os alunos ou seus representantes participam de discussões relativas ao processo
de ensino-aprendizagem, inclusive no Conselho de Classe.
São definidas diretrizes públicas específicas e funcionais de disciplina de alunos
e professores.
As normas e regras são reconhecidas e respeitadas pelos professores.
Participação dos alunos nas produções que organizam e regulamentam as
relações de convivência na escola.
Aspectos relevantes nas dificuldades na disciplina em sala de aula (especial
contribuição dos coordenadores).
Organização e comportamento dos alunos nos demais ambientes da escola
(especial contribuição dos coordenadores).
Os planos de aula são compartilhados regularmente com pedagogos e demais
professores.

29
Sumário principal

Das questões consideradas, qual(ais) dela(s) o grupo considera o maior destaque


(positividade) da escola? Descrever ações concretas que justifiquem a escolha do grupo.

Das questões consideradas, qual(ais) dela(s) o grupo considera a maior fragilidade da escola?
Propor ações concretas que a escola possa implementar para a superação dessa fragilidade.

Obs. O pedagogo será o responsável pela síntese dos trabalhos em grupo, apresentando um plano de
trabalho com as inovações propostas.

INDICAÇÃO 5 Roteiro para estudo e análise do CBC

Este roteiro trata da avaliação do CBC, a partir Participantes: Pedagogo, Coordenador e


de sua vivência no ano letivo, até o momento, Professores.
oportunizando aos professores propor altera-
ções em cada disciplina. As reuniões devem ser Propósito: Avaliar o CBC e propor altera-
feitas por área de conhecimento, respeitando ções por disciplina sugerindo, se possível,
a hora-atividade no limite de 5h/mês. conteúdos a serem desenvolvidos por área
de conhecimento.
Data: Agosto, Setembro e Outubro
Local: na escola O pedagogo organiza a reunião por área
de conhecimento. Orientar os professores
Equipe de Coordenação:
para que façam um paralelo do CBC junto
ao plano de ensino.
Pedagogo (caso a escola tenha professor
referência, ele deverá participar da coorde-
nação deste estudo).

30
Sumário principal

Primeiro momento

AVALIAÇÃO DO CBC

Quanto ao CBC – Conteúdo Básico Comum

ITENS SUGERIDOS PROPOSIÇÃO

Quanto ao texto de área do conhecimento.

Quanto ao texto: “Importância da disciplina para formação


humana".

As competências, habilidades e conteúdos possibilitam ao aluno


desenvolver o exercício da cidadania.

As competências, habilidades e conteúdos possibilitam ao aluno


desenvolver a participação social.

As competências, habilidades e conteúdos possibilitam ao aluno


desenvolver a autonomia para a aprendizagem.

Mudanças que propõe para a introdução de novos conteúdos


por série. Quais e argumente as razões das mudanças (ex. livro
didático, inadequação...)

Mudanças para a transferência de conteúdos para outra série.


Quais e argumente (ex. excesso de conteúdo, pré-requisito...)

Houve o desenvolvimento de projetos por área de conhecimento?


Qual(is)? Faça um breve relato do(s) projeto(s).

Os princípios norteadores são considerados na atividade


educacional diária.

Sugestões e alterações no CBC: nas propostas de alteração,


se possível, propor pela área. Ou seja, propor competências,
habilidades e conteúdos comuns à área do conhecimento.

Quanto à proposta de implementação do currículo.

Registre vantagens do uso sistemático do Novo Currículo.

Outras sugestões.

31
Sumário principal

INDICAÇÃO 6 Roteiro básico para proposição do Projeto


Político Pedagógico que se articule com o novo currículo
Este roteiro pretende orientar a escola a denador e pedagogo, a partir da vivência
articular o PPP com o currículo , pois nele do novo currículo.
são estabelecidas as diretrizes e as bases
norteadoras das ações que levam à formação Primeiro momento: 30 min
dos cidadãos, tanto com relação aos conhe- O Pedagogo vai apresentar ao grupo os
cimentos, hábitos e atitudes que se entende principais pontos do Projeto Político Pe-
devam integrar essa formação, quanto com dagógico da escola, no que diz respeito à
relação ao papel da escola no seu entorno. O prática pedagógica, à avaliação, e aos pro-
roteiro deve ser desenvolvido respeitando a jetos que revelem a identidade pedagógica
hora/atividade no limite de 5h/mês. da escola.

Alertamos para a utilização dos demais


Segundo momento: 2h30min
instrumentos de avaliação contidos nos
Trabalho em grupos: O pedagogo faz a
outros roteiros de estudo.
divisão dos grupos, conforme a apresentação
anterior. Cada grupo irá propor uma redação
Data: Novembro
para o seu item, por exemplo, avaliação.
Local: na escola
Dessa forma, é importante que o sumário
Equipe de Coordenação: do Projeto Político Pedagógico seja revis-
to anteriormente pelo pedagogo para já
Pedagogo (caso a escola tenha professor adequá-lo antes da produção.
referência, ele deverá participar da coorde-
nação deste estudo). Terceiro momento: 1h
Cada grupo apresenta a produção e deve-se
Participantes: Direção, Pedagogo, Coorde- reservar um tempo para a discussão, de
nador, Professores e demais funcionários. acordo com o quantitativo de grupos.

Propósito: Reescrita do Projeto Político Após a apresentação e discussão, o pe-


Pedagógico por professores, diretor, coor- dagogo ficará responsável por compor

32
Sumário principal

o novo Projeto Político Pedagógico da escola tenha profissionais com conheci-


escola e agendar uma outra reunião de mento em sua área de atuação. É preciso
apresentação do material para validação que esses conhecimentos estejam inseridos
dos professores, coordenadores, diretor. criticamente na realidade socioeconômica
e política de nossa sociedade. Devem estar
Obs. Verificar se o Projeto Político Pedagógico articulados a uma prática comprometida
atende às legislações estadual e federal. com o direito de aprender de todos e de
cada um.
Para a adequação do Projeto Político Peda-
gógico ao Novo Currículo estamos apresen- Registramos que todos os demais itens con-
tando um referencial de autoavaliação. tidos nos vários roteiros são complementares
para o desenvolvimento deste trabalho de
As reflexões acerca da prática pedagógica articulação do Projeto Político Pedagógico
procuram evidenciar que não basta que a ao Currículo.

ITENS DO PPP PROPOSIÇÃO


O Projeto Político Pedagógico foi construído coletivamente (professores,
direção, equipe pedagógica, funcionários, pais e alunos).
A concepção de educação que fundamenta o PPP objetiva a aquisição
crítica do conhecimento sistematizado pelo educando.

O PPP é discutido e atualizado.

Os profissionais e os alunos da escola conhecem e valorizam a história da


instituição.

A escola procura registrar os eventos mais relevantes de sua história atual.

As questões relativas à prática pedagógica da escola são discutidas


coletivamente.
As decisões coletivas orientam o planejamento das atividades desenvolvidas
pela escola.

O planejamento das atividades de sala de aula é fundamentado no PPP.

O planejamento das atividades de sala de aula é elaborado de forma integrada


(por ÁREA preferencialmente, nas diferentes séries).
O planejamento de conteúdos das disciplinas considera o tempo necessário
ao educando para a aprendizagem.
A elaboração e o desenvolvimento do planejamento de ensino são
acompanhados pela equipe pedagógica.

33
Sumário principal

ITENS DO PPP PROPOSIÇÃO


Os professores organizam sua prática pedagógica de modo a proporcionar
o tempo necessário à aprendizagem do educando.
Os professores procuram utilizar estratégias e recursos variados em sua
prática pedagógica.
O processo pedagógico considera e valoriza o conhecimento trazido pelo
aluno.

Os conteúdos são trabalhados de forma contextualizada.

A escola trabalha questões sociais (violência, drogas, sexualidade e outras)


em seu planejamento de ensino.
A indisciplina dos alunos é tratada a partir da identificação de suas
causas.
As estratégias para enfrentamento dos problemas disciplinares são definidas
coletivamente.
Na busca de soluções dos problemas disciplinares, quando necessário,
trabalha-se em conjunto com os pais e/ou com familiares.
A disciplina é considerada uma questão pedagógica e, portanto, somente
como último recurso recorre-se a elementos externos à escola (Conselhos
Tutelares, policiais, etc.).
O Conselho de Classe é utilizado para discussão dos avanços e das dificuldades
verificados no processo ensino-aprendizagem, na busca de soluções.
São definidas ações para a promoção da melhoria do processo de ensino-
aprendizagem a partir das questões levantadas pelo Conselho de Classe
Os alunos ou seus representantes participam de discussões relativas ao
processo de ensino-aprendizagem, inclusive no Conselho de Classe.
São desenvolvidas atividades diferenciadas de reforço de aprendizagem
para alunos com dificuldades.
A aplicação dos recursos físicos e financeiros priorizam as questões
pedagógicas.

Os alunos têm oportunidade de propor e realizar atividades na escola.

Existem mecanismos para o efetivo envolvimento dos pais nas questões


pedagógicas da escola, especialmente nas que dizem respeito ao processo
de ensino-aprendizagem dos seus filhos.
As programações especiais desenvolvidas pela escola são comunicadas aos
profissionais, alunos, pais e comunidade de forma clara e em tempo hábil.
Existem projetos articulados com órgãos públicos e outras instituições da
sociedade civil para o desenvolvimento pedagógico e/ou atendimento às
necessidades da comunidade escolar.

34
Sumário principal

ITENS DO PPP PROPOSIÇÃO


As matrizes curriculares estão contempladas de forma a organizar o
conhecimento necessário a cada grau e modalidade de ensino.
A equipe pedagógica e os professores discutem a forma de organização
curricular da instituição.
A avaliação do desenvolvimento escolar prioriza o processo de ensino-
aprendizagem e não a nota.
A hora-atividade garante o tempo necessário ao professor para o trabalho
individual e também para o trabalho coletivo.
A hora-atividade é organizada de forma a possibilitar encontros dos
professores que atuam na mesma área.
A equipe pedagógica acompanha e contribui com os professores durante
a hora-atividade.
A hora-atividade é utilizada exclusivamente para o desenvolvimento das
atividades relacionadas à função docente.
A escola desenvolve um trabalho de acompanhamento junto aos seus
profissionais no atendimento de alunos com necessidades educativas
especiais.
São realizadas avaliações diagnósticas no início do ano letivo para o
conhecimento do nível de aprendizagem dos alunos.
São elaborados planejamentos de ensino a partir da realidade evidenciada
na avaliação diagnóstica.
Feiras e exposições dos trabalhos de professores e alunos são realizadas
com a participação da comunidade.
Existem projetos culturais (teatro, música, dança, etc.) desenvolvidos pela
escola.
A escola não permite o adiantamento de aulas e/ ou saídas antecipadas
de alunos.

Das questões consideradas, qual(is) dela(s) o grupo considera o maior destaque


(positividade) da escola? Descrever ações concretas que justifiquem a escolha do grupo.

Das questões consideradas, qual(ais) dela(s) o grupo considera a maior fragilidade da


escola? Propor ações concretas que a escola possa implementar para a superação dessa
fragilidade.

35
Sumário
principal

As Superintendências
Regionais de Educação
Sumário principal

As superintendências são importantíssimas todos os indicadores e destaque aquelas


nessa etapa da implantação do currículo. escolas que, pelos dados, mais precisam
Elas deverão acompanhar e monitorar todas de ajuda.
as atividades de estudos das escolas, bem Cumpra a legislação da educação. Co-
como participar dos trabalhos. nheça aquelas de âmbitos nacional e
estadual.
Sempre é oportuno relembrar que essa Acompanhe o desenvolvimento dos
proposta de organização curricular vai projetos que dinamizam o currículo. Faça
possibilitar que sejam garantidas as mes- um quadro demonstrando quais projetos
mas oportunidades a todos os alunos da estão presentes em quais escolas. Como
rede estadual, independente das escolas estão sendo desenvolvidos.
que frequentem e, além disso, todos terão Verifique o quadro de profissionais da área
acesso aos mesmos conhecimentos atu- pedagógica, especialmente pedagogos
alizados e significativos, valorizados pela e coordenadores, de cada escola e, se
sociedade. necessário, monte um plano emergencial
para atender aquelas com deficiência.
A partir do CBC é possível definir metas Organize uma reunião anterior às
que todos os alunos tem direito a alcançar agendas aqui planejadas, envolvendo
nas disciplinas estaduais. Da mesma forma o Corpo Técnico Administrativo (diretor,
é possível e necessário avaliar o progresso pedagogos e coordenadores), e orien-
tando e auxiliando em cada etapa do
de todos os alunos e as escolas em direção
planejamento.
às metas definidas, de modo que possam
melhorar o próprio desempenho. Monte um cronograma envolvendo a
equipe técnica da SRE para acompanhar
Para a Superintendência Regional de Educa- as etapas de implementação do currículo.
Supervisione o trabalho em cada escola.
ção é necessário registrar a responsabilidade
Assegure registros por escola contando
no âmbito de sua jurisdição, especialmente o desdobramento das etapas.
no que se refere ao papel que deverão de-
senvolver junto às escolas jurisdicionadas. Envie relatórios compatibilizados a Sedu/
Central de cada roteiro. As orientações
para compatibilização serão definidas
Entenda a situação da educação nas es-
em reunião própria.
colas que compõem a regional. Conheça

39
Sumário principal

Outra ação de responsabilidade das SRE é próprio para as devidas adequações que a
a coordenação da elaboração dos aspectos equipe regional sugerir.
regionais do currículo. Está ligado aos 30%
de CBC que se dará em nível regional e A coordenação geral desse trabalho é do
local. Para esse trabalho a Sedu/Central está supervisor pedagógico, com o apoio local
agendando reunião para o mês de março, dos técnicos do currículo e das equipes de
na qual vamos apresentar um plano de ação EF e EM.

40
Sumário principal

A Sedu/Central
Sumário principal

Na implantação do currículo, a Unidade 3. Planejar e efetivar, a partir dos resultados


Central tem a responsabilidade de planejar e da pesquisa e dos relatórios encaminha-
organizar o trabalho a ser desenvolvido pelas dos pelas SRE dos roteiros da Indicação
5, as mudanças do currículo básico da
Unidades Escolares, coordenadas pelas Su-
rede estadual.
perintendências Regionais de Educação.
4. Organizar o Ciclo de Seminários Descen-
São atribuições da Unidade Central em tralizados sobre o Currículo da Educação
2009: Básica.
5. Organizar o Ciclo de Aprofundamento de
1. Acompanhar a implementação do Novo Estudos Descentralizados – Currículo em
Currículo por meio dos relatórios das Ação, junto a Gefor. Temas de referência
Superintendências Regionais de Educa- para os estudos:
ção e reuniões periódicas centralizadas
• As áreas do conhecimento.
e descentralizadas.
• Competências e habilidades.
2. Coordenar a pesquisa de avaliação do
Novo Currículo – a partir da contratação • O ensino pela pesquisa.
de uma instituição de pesquisa. Questões • Ambientes e recursos de aprendiza-
de investigação: gem.
• Os conteúdos estão adequados às 6. Coordenar a elaboração dos Cadernos
séries? Metodológicos junto aos Professores
• Os temas transversais foram trabalha- Referência.
dos?
7. Acompanhar a elaboração do CBC regio-
• O documento curricular facilitou a ação nal junto às Superintendências Regionais
docente? de Educação.
• O documento é de fácil compreensão
e utilização?

43
Sumário principal

Apêndices
Sumário principal

Leituras Complementares que o aprendiz lhe faça de erros cometidos.


O aprendizado do ensinante ao ensinar se ve-
Ensinar, aprender: leitura do rifica à medida em que o ensinante, humilde,
mundo, leitura da palavra1 aberto, se ache permanentemente disponível
Paulo Freire a repensar o pensado, rever-se em suas
posições; em que procura envolver-se com
Nenhum tema, mais adequado para constituir- a curiosidade dos alunos e dos diferentes
se em objeto desta primeira carta a quem ousa caminhos e veredas, que ela os faz percorrer.
ensinar do que a significação crítica desse Alguns desses caminhos e algumas dessas
ato, assim como a significação igualmente veredas, que a curiosidade às vezes quase
crítica de aprender. É que não existe ensinar virgem dos alunos percorre, estão grávidas
sem aprender e com isso eu quero dizer mais de sugestões, de perguntas que não foram
do que diria se dissesse que o ato de ensinar percebidas antes pelo ensinante. Mas ago-
exige a existência de quem ensina e de quem ra, ao ensinar, não como um burocrata da
aprende. Quero dizer que ensinar e aprender mente, mas reconstruindo os caminhos de
se vão dando de tal maneira que quem ensina sua curiosidade – razão por que seu corpo
aprende, de um lado, porque reconhece consciente, sensível, emocionado, se abre às
um conhecimento antes aprendido e, de adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade
outro, porque, observada a maneira como a e à sua criatividade – o ensinante que assim
curiosidade do aluno aprendiz trabalha para atua tem, no seu ensinar, um momento
apreender o ensinando-se, sem o que não rico de seu aprender. O ensinante aprende
o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir primeiro a ensinar, mas aprende a ensinar
incertezas, acertos, equívocos. ao ensinar algo que é reaprendido por estar
sendo ensinado.
O aprendizado do ensinante ao ensinar não
se dá necessariamente através da retificação O fato, porém, de que ensinar ensina o ensi-
nante a ensinar um certo conteúdo não deve
1 Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas significar, de modo algum, que o ensinante
a quem ousa ensinar (Editora Olho D’Água, 10ª ed., p. 27-38)
no qual Paulo Freire dialoga sobre questões da construção
se aventure a ensinar sem competência para
de uma escola democrática e popular. Escreve especial- fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não
mente aos professores, convocando-os ao engajamento
nessa mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses sabe. A responsabilidade ética, política e
do ano de 1993, pouco tempo depois de sua experiência
na condução da Secretaria de Educação de São Paulo. profissional do ensinante lhe coloca o dever

47
Sumário principal

de se preparar, de se capacitar, de se formar dos pontos que merecem nossa atenção na


antes mesmo de iniciar sua atividade docen- compreensão crítica desses processos.
te. Esta atividade exige que sua preparação,
sua capacitação, sua formação se tornem Comecemos por estudar, que, envolvendo
processos permanentes. Sua experiência o ensinar do ensinante, envolve também de
docente, se bem percebida e bem vivida, vai um lado a aprendizagem anterior e concomi-
deixando claro que ela requer uma formação tante de quem ensina e a aprendizagem do
permanente do ensinante. Formação que se aprendiz que se prepara para ensinar amanhã
funda na análise crítica de sua prática. ou refaz seu saber para melhor ensinar hoje
ou, de outro lado, aprendizagem de quem,
Partamos da experiência de aprender, de criança ainda, se acha nos começos de sua
conhecer, por parte de quem se prepara para escolarização.
a tarefa docente, que envolve necessaria-
mente estudar. Obviamente, minha intenção Enquanto preparação do sujeito para apren-
não é escrever prescrições que devam ser der, estudar é, em primeiro lugar, um que-
rigorosamente seguidas, o que significaria fazer crítico, criador, recriador, não importa
uma chocante contradição com tudo o que que eu nele me engaje através da leitura
falei até agora. Pelo contrário, o que me inte- de um texto que trata ou discute um certo
ressa aqui, de acordo com o espírito mesmo conteúdo que me foi proposto pela escola ou
deste livro, é desafiar seus leitores e leitoras se o realizo partindo de uma reflexão crítica
em torno de certos pontos ou aspectos, sobre um certo acontecimento social ou
insistindo em que há sempre algo diferente natural e que, como necessidade da própria
a fazer na nossa cotidianidade educativa, reflexão, me conduz à leitura de textos que
quer dela participemos como aprendizes, minha curiosidade e minha experiência
e portanto ensinantes, ou como ensinantes intelectual me sugerem ou que me são
e, por isso, aprendizes também. sugeridos por outros.

Não gostaria, assim, sequer, de dar a impres- Assim, em nível de uma posição crítica, a
são de estar deixando absolutamente clara que não dicotomiza o saber do senso co-
a questão do estudar, do ler, do observar, do mum do outro saber, mais sistemático, de
reconhecer as relações entre os objetos para maior exatidão, mas busca uma síntese dos
conhecê-los. Estarei tentando clarear alguns contrários, o ato de estudar implica sempre

48
Sumário principal

o de ler, mesmo que nesse não se esgote. E a experiência da compreensão será tão
De ler o mundo, de ler a palavra e assim ler a mais profunda quanto sejamos nela capazes
leitura do mundo anteriormente feita. Mas ler de associar, jamais dicotomizar, os concei-
não é puro entretenimento nem tampouco tos emergentes da experiência escolar aos
um exercício de memorização mecânica de que resultam do mundo da cotidianidade.
certos trechos do texto. Um exercício crítico sempre exigido pela
leitura e necessariamente pela escuta é o de
Se, na verdade, estou estudando e estou como nos darmos facilmente à passagem
lendo seriamente, não posso ultrapassar da experiência sensorial que caracteriza a
uma página se não consegui com relativa cotidianidade à generalização que se opera
clareza, ganhar sua significação. Minha na linguagem escolar, e dessa ao concreto
saída não está em memorizar porções de tangível. Uma das formas de realizarmos esse
períodos lendo mecanicamente duas, três, exercício consiste na prática que me venho
quatro vezes pedaços do texto, fechando referindo como “leitura da leitura anterior do
os olhos e tentando repeti-las como se sua mundo”, entendendo-se aqui como “leitura
fixação puramente maquinal me desse o do mundo” a “leitura” que precede a leitura
conhecimento de que preciso. da palavra e que perseguindo igualmente a
compreensão do objeto se faz no domínio da
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigen- cotidianidade. A leitura da palavra, fazendo-se
te, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda também em busca da compreensão do texto
autenticamente se não assume, diante do e, portanto, dos objetos nele referidos, nos
texto ou do objeto da curiosidade a forma remete agora à leitura anterior do mundo.
crítica de ser ou de estar sendo sujeito da O que me parece fundamental deixar claro
curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do é que a leitura do mundo que é feita a partir
processo de conhecer em que se acha. Ler da experiência sensorial não basta. Mas,
é procurar buscar criar a compreensão do por outro lado, não pode ser desprezada
lido; daí, entre outros pontos fundamen- como inferior pela leitura feita a partir do
tais, a importância do ensino correto da mundo abstrato dos conceitos que vai da
leitura e da escrita. É que ensinar a ler é generalização ao tangível.
engajar-se numa experiência criativa em
torno da compreensão. Da compreensão e Certa vez, uma alfabetizanda nordestina
da comunicação. discutia, em seu círculo de cultura, uma

49
Sumário principal

codificação  que representava um homem Gaiolas e asas2


que, trabalhando o barro, criava com as Rubem Alves
mãos, um jarro. Discutia-se, através da
Os pensamentos me chegam de forma inespe-
“leitura” de uma série de codificações que,
rada, sob a forma de aforismos. Fico feliz porque
no fundo, são representações da realidade
sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche
concreta, o que é cultura. O conceito de
frequentemente eram também atacados por
cultura já havia sido apreendido pelo grupo
eles. Digo “atacados” porque eles surgem re-
através do esforço da compreensão que
pentinamente, sem preparo, com a força de
caracteriza a leitura do mundo e/ou da
um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem
palavra. Na sua experiência anterior, cuja
explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo
memória ela guardava no seu corpo, sua
me atacou: “Há escolas que são gaiolas. Há
compreensão do processo em que o ho-
escolas que são asas. Escolas que são gaiolas
mem, trabalhando o barro, criava o jarro,
existem para que os pássaros desaprendam a
compreensão gestada sensorialmente,
arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros
lhe dizia que fazer o jarro era uma forma
sob controle. Engaiolados, o seu dono pode
de trabalho com que, concretamente,
levá-las para onde quiser. Pássaros engaiolados
se sustentava. Assim como o jarro era
sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros.
apenas o objeto, produto do trabalho
Porque a essência dos pássaros é o voo.
que, vendido, viabilizava sua vida e a de
sua família. Agora, ultrapassando a ex-
Escolas que são asas não amam pássaros
periência sensorial, indo mais além dela,
engaiolados. O que elas amam são os pás-
dava um passo fundamental: alcançava a
saros em voo. Existem para dar aos pássaros
capacidade de generalizar que caracteriza
coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas
a “experiência escolar”. Criar o jarro como
não podem fazer, porque o voo já nasce
o trabalho transformador sobre o barro
dentro dos pássaros. O voo não pode ser
não era apenas a forma de sobreviver,
ensinado. Só pode ser encorajado.
mas também de fazer cultura, de fazer
arte. Foi por isso que, relendo sua leitura
Esse simples aforismo nasceu de um sofri-
anterior do mundo e dos que-fazeres no
mento: sofri conversando com professoras
mundo, aquela alfabetizanda nordestina
disse segura e orgulhosa: “Faço cultura.
2 Gaiolas e asas – Rubem Alves. Folha de São Paulo. Tendências
Faço isto”. e Debates. (05/12/2001)

50
Sumário principal

de segundo grau, em escolas de periferia. ensanguentado... Sempre me lembro com


O que elas contam são relatos de horror tristeza da minha crueldade infantil.
e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito,
ofensas, ameaças... E elas, timidamente, Violento, o pássaro que luta contra os arames
pedindo silêncio, tentando fazer as coisas da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola
que a burocracia determina que sejam feitas, que o prende? Violentos, os adolescentes
como dar o programa, fazer avaliações... de periferia? Ou serão as escolas que são
Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia violentas? As escolas serão gaiolas? Vão me
de tigres famintos, dentes arreganhados, falar sobre a necessidade das escolas dizendo
garras à mostra - e a domadoras com seus que os adolescentes de periferia precisam
chicotes, fazendo ameaças fracas demais ser educados para melhorarem de vida. De
para a força dos tigres. acordo. É preciso que os adolescentes, que
todos, tenham uma boa educação. Uma boa
Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? educação abre os caminhos de uma vida
Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O melhor. Mas eu pergunto: nossas escolas
sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não estão dando uma boa educação? O que é
podem. A porta de ferro que fecha os tigres é uma boa educação?
a mesma porta que as fecha com os tigres.
O que os burocratas pressupõe sem pensar
Nos tempos de minha infância, eu tinha um é que os alunos ganham uma boa educação
prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas se aprendem os conteúdos dos programas
próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava oficiais. E, para testar a qualidade da educa-
escondido, esperando... O pobre passarinho ção, criam mecanismos, provas e avaliações,
vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava acrescidos dos novos exames elaborados
na arapuca e pisava no poleiro. E era uma pelo Ministério da Educação.
vez um passarinho voante. Cuidadosamente
eu enfiava a mão na arapuca, pegava o pas- Mas será mesmo? Será que a aprendizagem
sarinho e o colocava dentro de uma gaiola. dos programas oficiais se identifica com o
O pássaro se lançava furiosamente contra ideal de uma boa educação? Você sabe o que
os arames, batia as asas, crispava as garras é “dígrafo”? E os usos da partícula “se”? E o
e enfiava o bico entre os vãos. Na inútil nome das enzimas que entram na digestão?
tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava E o sujeito da frase “Ouviram do Ipiranga

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Sumário principal

as margens plácidas de um povo heróico Brinquedos me permitem voar pelos ca-


o brado retumbante”? Qual a utilidade da minhos da alma. Quem está aprendendo
palavra “mesóclise”? Pobres professoras, tam- ferramentas e brinquedos está aprendendo
bém engaioladas... São obrigadas a ensinar o liberdade, não fica violento. Fica alegre, ven-
que os programas mandam, sabendo que é do as asas crescer... Assim, todo professor, ao
inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno ensinar, teria de se perguntar: “Isso que vou
Bettelheim relata sua experiência com as ensinar, é ferramenta? É brinquedo?” Se não
escolas: “Fui forçado (!) a estudar o que os for, é melhor deixar de lado.
professores haviam decidido que eu deveria
aprender. E aprender à sua maneira”. As estatísticas oficiais anunciam o aumento
das escolas e o aumento dos alunos matri-
O sujeito da educação é o corpo, porque culados. Esses dados não me dizem nada.
é nele que está a vida. É o corpo que quer Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas
aprender para poder viver. É ele que dá as eu sei que há professores que amam o voo
ordens. A inteligência é um instrumento do dos seus alunos.
corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche
dizia que ela, a inteligência, era “ferramenta” Há esperança...
e “brinquedo” do corpo. Nisso se resume o
programa educacional do corpo: aprender
“ferramentas”, aprender “brinquedos”. A educação no século XXI

“Ferramentas” são conhecimentos que nos No século XXI, a educação é considerada um


permitem resolver os problemas vitais do dia indispensável patrimônio da humanidade na
a dia. “Brinquedos” são todas aquelas coisas construção de seus ideais, de suas relações e
que, não tendo nenhuma utilidade como de sua própria sobrevivência. Nesse sentido,
ferramentas, dão prazer e alegria à alma. há uma exigência de debate conjunto da
educação, que ultrapassa os limites de seu
Nessas duas palavras, ferramentas e brin- próprio campo. Estamos dizendo que discutir
quedos, está o resumo da educação. Ferra- educação e suas finalidades não é tarefa
mentas e brinquedos não são gaiolas. São apenas dos educadores; que a sociedade
asas. Ferramentas me permitem voar pelos deve incorporar essa exigência e compre-
caminhos do mundo. ender na educação suas possibilidades de

52
Sumário principal

avançar e acompanhar um mundo de rápidas ção e apreensão dos conhecimentos. Vale


transformações. considerar que essa é uma das prementes
tarefas da escola.
A Unesco, por meio do Comissão Internacional
sobre a Educação para o Século XXI presidida Esse pressuposto nos orienta a pensar que
por Jacques Delors, estabelece quatro pilares educar pela pesquisa é uma importante estra-
que sustentam, de modo interdependente tégia conceitual e metodológica no sentido
e integrado, o seu conceito de educação de de viabilizar, dentro da escola e da sala de
qualidade: aprender a conhecer, aprender a aula, os caminhos para o desenvolvimento
fazer, aprender a viver junto e aprender a ser. desse pilar. A investigação se configura a
Podemos compreender esses pilares como estratégia de orientar a descoberta, de es-
grandes desafios da educação e da sociedade, timular a construção de conhecimentos.
ao longo da história de homens e mulheres.
O segundo pilar indicado pela Comissão é
O primeiro deles, aprender a conhecer, nos relativo à capacidade humana de viver junto,
remete à dimensão humana do compreender, de com-viver. Esse pilar ressalta as demandas
de conhecer e de descobrir. Sem dúvida, uma do mundo contemporâneo e a importância
das principais contribuições da educação para das relações diante dele. Na realidade, enfoca
o indivíduo é favorecer o acesso à informação. a necessidade planetária da compreensão
De igual modo importante é oferecer a ele a mútua, de respeito e convivência pacífica
oportunidade de construir as competências com as diferenças e com o outro. Conforme
necessárias para garantia desse acesso. Em o relatório, “trata-se de aprender a viver con-
outras palavras, não basta disponibilizar a juntamente, desenvolvendo o conhecimento
informação, é fundamental instrumentalizar dos outros, de sua história, de suas tradições
as pessoas para utilizá-las. E ainda, utilizá-las a e de sua espiritualidade”.
serviço de sua geração e da humanidade.
Essa dimensão diz respeito à qualidade de
Como sabemos, o conhecimento é infinito vida dos humanos nas suas correlações com
e o homem, como espécie, não cessa em seus pares. A escola, por trabalhar com pes-
produzi-lo e reproduzi-lo. Desse modo, apren- soas diferentes em espaços comuns, pode
der a conhecer nos remete para o trabalho promover o diálogo permanente sobre as
de descoberta dos mecanismos de constru- relações estabelecidas na vida social.

53
Sumário principal

O sentido do terceiro pilar, aprender a fazer, O aprender a ser está entre os elementos
é afirmar que a educação não pode aceitar preconizados no relatório. Refere-se à de-
a imposição de opção entre a teoria e a manda contemporânea de uma postura
técnica, o saber e o fazer. As velhas dico- ética, pautada no princípio de que as atitudes
tomias do passado devem ceder espaço e responsabilidades pessoais interferem no
a uma práxis pedagógica que admita que destino coletivo. Esse pilar sinaliza que os
quem pensa, também executa; que quem humanos não nascem prontos para a vida
executa também pensa; que o corpo e a alma em sociedade. Sugere que os processos
são indissociáveis; que a ideia e a matéria educativos, tanto das escolas quanto das
são complementares no entendimento da famílias, qualifiquem as pessoas para a
totalidade. vida em conjunto. Isso se torna, pois, uma
responsabilidade de geração com relação
A vida neste novo século solicita uma edu- à sua próxima.
cação que permita aos educandos associar a
técnica com a aplicação de conhecimentos Em suma, vale afirmar que a educação no
teóricos, relacionar o que se estuda com o século XXI está estreitamente vinculada ao
que se faz, com as demandas do cotidiano, desenvolvimento da capacidade intelectual
com a utilização de conhecimentos no con- dos estudantes e a princípios éticos, de
texto de vida dentro e fora da escola. compreensão e solidariedade humana.

54
Sumário principal

Documento integrante do “Todos pela Educação”3

O educador é o principal trabalhador bra- cias. Informe-se, reflita, discuta. Quando você
sileiro, pois é ele quem está com o aluno entende o problema, tem mais chances de
diariamente e tem nas mãos as ferramentas fazer sua parte para resolvê-lo – e você, como
para ensiná-lo. Veja como você, educador, educador, é o principal agente da melhoria
pode fazer a sua parte. da educação.

Busque sempre aprimorar seus


Recomendações conhecimentos

Procure sempre dar sequência à sua for-


Entenda a situação da educação
mação acadêmica, por meio de cursos de
O primeiro passo para melhorar a educação é graduação ou pós-graduação e programas
entender sua situação atual. Procure se informar de capacitação. Há sempre algo novo e
sobre a qualidade do ensino no país, no seu interessante para ser aprendido, e que
Estado, na sua cidade, nas escolas próximas. Na poderá te ajudar a influir positivamente
seção Números da Educação você encontra na educação das pessoas ao seu redor.
essas informações. Secretarias de Educação Proponha que sua escola seja um espaço de
municipais e estaduais também têm esses aprendizado. Para ser educador, é preciso
dados, e é direito de todos conhecê-los. Além estudar sempre e ter em vista onde você
disso, todos podem procurar saber quais são quer chegar com seus alunos.
as ações e medidas tomadas pela Secretaria de
Educação para melhorar o desempenho das Encare a diversidade de maneira
escolas que não tiveram bons resultados, tanto positiva
no Ideb como em avaliações educacionais,
Tire proveito da heterogeneidade de saberes,
como a Prova Brasil e o Saeb.
conhecimentos e experiências dos alunos e
da comunidade escolar. Promova a interação
Procure entender quais são os problemas da
entre eles.
educação brasileira, suas causas e consequên-

3 www.todospelaeducacao.org.br/ Faça sua parte

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Sumário principal

Escola boa é aquela em que o não deve ser visto apenas como o administra-
aluno aprende dor do prédio da escola, mas como o grande
administrador da aprendizagem dos alunos.
A melhor forma de avaliar a qualidade do
ensino é por meio da aprendizagem dos
O diretor é o responsável maior para a escola
alunos. E, se a escola existe para ensinar, a
ter e cumprir o regimento escolar e a proposta
avaliação capaz de dizer se a escola é boa ou
pedagógica – que dará origem aos planos
ruim é aquela que nos mostra se os alunos
de curso e de aula. Além de ser peça-chave
estão ou não aprendendo.
na identificação das necessidades locais, o
Valorize e utilize avaliações sobre a qualidade diretor deve garantir um sistema eficaz de
do ensino como um instrumento para me- reforço escolar para os alunos com dificulda-
lhorar a escola, e promover a transparência des em algum conteúdo específico, e deve
e a participação de todos os envolvidos fazer funcionar um sistema de supervisão
no processo de ensino-aprendizagem. de professores com foco no desempenho
dos alunos.
Diretor: Assuma a liderança
Diretor: Articule-se com a
Assuma a liderança de forma democrática e Secretaria de Educação
cooperativa com todos os segmentos da equipe.
A presença constante do diretor da escola é fun- Como a escola não trabalha de forma isolada,
damental. Ele deve ter competência para ocupar o diretor deve conduzir as ações da escola
um papel central na gestão do cotidiano escolar de forma articulada com as políticas ema-
e na articulação da escola com a comunidade nadas pela Secretaria de Educação – que
escolar. Como lida com questões internas e deve receber, mensalmente, os dados da
externas da escola, é necessário ter sempre em escola. As metas da escola também devem
mente o que é e o que não é prioritário, para ser estabelecidas, anualmente, de forma
organizar seu tempo de forma eficiente. integrada às metas da rede de ensino.

Diretor: Seja responsável pela As escolas devem ter algum grau de autono-
qualidade de ensino mia, mas são parte de um organismo muito
maior, que é a rede de ensino, gerida pela
A melhor gestão administrativa de nada vale se
Secretaria de Educação.
os alunos não estiverem aprendendo. O diretor

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Sumário principal

Diretor: Assegure o cumprimento dias. Você pode, ainda, abrir a biblioteca fora
do ano letivo do horário das aulas e para a comunidade.
Quanto aos computadores, sua escola pode
Assegure o cumprimento integral do ano
incentivar os alunos a usarem a internet para
letivo. As escolas precisam garantir um míni-
fazer pesquisas sobre temas atuais e, a partir
mo de 200 dias letivos, com um mínimo de
delas, elaborar resumos. Os alunos podem
quatro horas de aula por dia, descontados
também ser envolvidos na elaboração e
os intervalos escolares. Isso é lei.
manutenção da página da escola na internet,
ou ser incentivados a construírem seus blogs
Assegurar a pontualidade e frequência dos
– diários na internet.
professores e funcionários da escola também
é necessário.
Professor: Planeje suas aulas

Diretor: Assegure as condições de Elabore planos de curso e planos de aula de


trabalho acordo com a proposta pedagógica elaborada
pela escola e com o programa de ensino da
Assegure as condições e os meios para que
Secretaria de Educação. Participe da elaboração
os professores implementem a proposta
dessas propostas e assegure seu cumprimento,
político-pedagógica da escola.
sem perder de vista que, para ter sucesso na
sala de aula, os objetivos, os conteúdos e os
Diretor: Abra a biblioteca e a sala métodos de ensino devem ser adequados e
de computação ajustados às suas necessidades e às característi-
Não tranque livros e computadores, pois cas dos alunos. Aulas de qualidade se refletem
eles são material de uso diário. Os alunos na aprendizagem dos alunos.
precisam tê-los em mãos para poder tirar o
melhor proveito possível do que esses ma- Professor: Procure não faltar
teriais podem trazer para seu aprendizado. Lembre-se de que o aluno precisa de você.
Se alguma necessidade urgente lhe impedir
Cuide e melhore o acervo da biblioteca, de estar em sala de aula, é necessário que
disponibilizando, além dos livros didáticos, você seja substituído por pessoa de igual
obras de literatura infanto-juvenil, livros de competência e que conheça o andamento
ficção e não-ficção, dicionários e enciclopé- dos planos de aula.

57
Sumário principal

Professor: Ensine a estudar que reforçam a autoestima das crianças e


favoreçam o seu sucesso na sala de aula e na
Ensine os procedimentos de estudo, como
vida. Esse tipo de atitude pode ser decisivo
selecionar informações, tomar notas, fazer
na vida de uma criança ou um jovem.
resumos e sínteses, etc.

Valorize o esforço e os trabalhos elaborados


Professor: Incentive o hábito da
pelos alunos. Comente-os e exponha-os
leitura
em murais e varais fora e dentro da sala de
Dê atenção especial à leitura, à compreensão aula. Prontifique-se a ajudar sempre que
de textos e à escrita. Essas habilidades são chamado.
básicas e essenciais para toda a vida do
aluno. Professor: Não desista de ensinar a
nenhum aluno
O hábito da leitura abre aos alunos uma pers- Todos precisam, têm direito e capacidade
pectiva prazerosa de aprendizagem. Estimule de aprender. Nem todos os alunos apren-
esse hábito oferecendo aos alunos contato dem do mesmo jeito e no mesmo ritmo,
com diferentes tipos de textos, tais como embora todos sejam capazes de aprender.
matérias de jornais, embalagens, receitas, O desempenho escolar de um aluno é res-
cartas, anúncios, textos expositivos e literários, ponsabilidade do professor, que deve ser
instruções de jogos, regras da escola, etc. compartilhada pela família e pela escola.

Conheça de antemão os textos que você Diretor: Mantenha uma boa relação
apresentará à classe, gere expectativas nos com as famílias
alunos sobre os textos, faça comentários,
Divulgue a proposta pedagógica de cada
perguntas e promova a reflexão, inter-
série para os pais dos alunos poderem
pretação e o diálogo entre os estudantes.
acompanhar o seu cumprimento ao
longo do ano letivo. Divulgue também o
Professor: Reforce a autoestima
regimento da escola para pais e alunos.
dos alunos

É preciso que educadores difundam ao Distribua os boletins com resultados dos alunos
máximo os gestos, as atitudes, as palavras nas épocas previstas pelo Regimento Interno

58
Sumário principal

das Escolas, e informe-os sobre como está o familiares. Eles são parceiros fundamentais
desempenho de seus filhos na escola. Dê, ainda, da escola.
dicas sobre como eles podem ajudar suas
crianças a estudar e acompanhar as aulas. Fiscalize o Bolsa-Família

Verifique se os alunos beneficiários do Bolsa-


Promova a gestão democrática
Família matriculados em sua escola estão
A gestão democrática implica que os edu- frequentando as aulas. Demande que os
cadores, familiares e a comunidade, mais do governos municipal e estadual mantenham
que destinatários, devem ser considerados atualizadas as situações cadastrais (qual escola
interlocutores e parceiros da escola no cum- frequenta, se concluiu os ciclos de estudos
primento de sua missão: fazer com que todas etc) de cada criança em idade escolar. Além
as crianças da escola efetivamente aprendam. disso, verifique e cobre que os beneficiários
Reconheça a escola como um espaço de do programa levem suas crianças aos postos
construção do conhecimento e de inte- de saúde para realizar exames, vacinações e
gração com a comunidade, abrindo seus outras ações estipuladas pelo Ministério da
espaços para outras atividades e públicos – Saúde, que impactam diretamente na saúde
desde que isso não comprometa os direitos da criança e em seu desempenho escolar.
dos seus alunos.
Fiscalize a merenda escolar
Mantenha esse espírito ao se relacionar
Acompanhe, verifique e cobre que os
com os pais e alunos. Quanto mais a escola
recursos públicos destinados à merenda
estiver inserida em seu contexto social
escolar sejam garantidos e bem geridos.
e mantiver uma boa relação de parce-
Para tanto, você pode verificar em sua escola
rias, maior será a colaboração de todos.
se os alimentos comprados pela prefeitura
têm qualidade, quantidade e diversidade
Abra a escola para a família dos alunos e
apropriadas. Acompanhe também se a escola
conheça a história e as características de
os armazena de forma correta e os distribui
cada um. Mantenha um relacionamento
enquanto estão frescos, antes da data de
transparente e receptivo com os pais e
expiração e em quantidades apropriadas.

59
Sumário principal

Material de apoio

Cronograma físico de estudos dos roteiros

Novembro
Setembro
Fevereiro

Outubro
Agosto
Março

Junho

Julho
Maio
Abril
Indicação1 02

Indicação 2 03 X

Indicação 3 X X

Indicação 4 X

Indicação 5 X X X

Indicação 6 X

Títulos relacionados que compõem o acervo da “Biblioteca do Professor”,


disponível em todas as escolas estaduais

EDITORA AGIR

Nº TÍTULO AUTOR

Como descobrir sua genialidade: aprenda a pensar com as dez mentes mais
1 Gelb, Michel
revolucionárias da história

2 Aquarelas do Brasil Costa, Flavia Moreira Da

60
Sumário principal

EDITORA ARTMED
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fazendo Arte com a Matemática Fainguelernt
2 Aprender com jogos e situações-problemas Macedo, Lino e Outros
3 Alfabetização de adultos: leitura e produção de textos Durante, Marta
4 A pedagogia entre o dizer e o fazer : a coragem de começar Meirieu, P.
5 Ler, escrever e resolver problemas – habilidades para aprender matemática Smole, Kátia Stocco e Outros
6 Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário Lerner, Delia
7 Educação de Surdos: a aquisição da linguagem Quadro, Ronice

EDITORA ÁTICA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Como analisar narrativas Gancho, Cândida
2 O texto na sala de aula Geraldi, João Vanderlei
3 Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem Haydt, Regina Cazaux
4 Linguagem e escola: uma perspectiva social Soares, Magda
5 A produção da leitura na escola Silva, Ezequiel Theodoro Da

EDITORA ATUAL
Nº TÍTULO AUTOR
1 As tribos do mal, o neonazismo no Brasil e no Mundo Salem, Helena

EDITORA AUTÊNTICA
Nº. TÍTULO AUTOR
1 Aprendendo valores éticos Fagundes, Márcia Botelho
2 Literatura e letramento Paiva, Aparecida (Org.)
3 Formação de professores – pesquisas, representações e poder Pereira, Júlio Emílio Diniz
4 Aprendizagem contextualidade: discurso e inclusão na sala de aula Castenhema, Maria Lúcia
5 Professores leitores e sua formação Andrade, Ludimila Tomé De
6 Diálogos na educação de jovens e adultos Soares, Leôncio e Outros (Orgs)
7 A construção do letramento na educação de jovens e adultos Pereira, Maria Lúcia
8 Escrever e brincar: oficinas de texto Claver, Ronaldo

61
Sumário principal

AUTORES ASSOCIADOS
Nº TÍTULO AUTOR
1 O mundo da escrita no universo da pequena infância Faria, Ana Lúcia G. De
2 Entre a Educação Física na Escola e a Educação Física da Escola Caparroz, Francisco Eduardo
3 Em busca da formação de indivíduos autônomos nas aulas de Educação Física Bezerra, Duckur Costa Bezerra
Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e
4 Padilha, A.M.L
a inserção cultural do deficiente mental
5 Políticas e práticas de educação inclusiva Góes, M. C. R
6 Alfabetização: a criança e a linguagem escrita Contijo, Claudia Mariab Mendes

EDITORA AVE MARIA


Nº TÍTULO AUTOR
1 Nosso Folclore Prado, Zuleika De Almeida

EDITORA BERTRAND
Nº TÍTULO AUTOR
1 A cabeça bem feita: repensar a reforma e o pensamento Morin, Edgar

EDITORA BRASILIENSE
Nº TÍTULO AUTOR
1 O iluminismo e os reis filósofos Salinas, Luiz
2 O que é Religião Alves, Rubem

EDITORA CALIS
Nº. TÌTULO AUTOR
1 Palavras sagradas de diferentes povos e religiões Kubric, Simone (Org.)
2 O que sabemos sobre Budismo Ganeri, Anita
3 O que sabemos sobre Cristianismo Watson, Carol
4 O que sabemos sobre Hinduísmo Ganeri, Anita
5 O que sabemos sobre Islamismo Shahrukh, Husair
6 O que sabemos sobre Judaísmo Doreen,Fine

62
Sumário principal

EDITORA CIA DAS LETRAS


Nº TÍTULO AUTOR
1 Arte moderna Argan, Giulio Carlo
2 A era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991 Hobsbawn, Eric
3 Relação de força: história, retórica e prova Ginzburg, Carlo

EDITORA CONTEXTO
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fala, letramento e inclusão social Mollica, Maria Cecilia
2 Letramento literário: teoria e prática Cosson, Rildo

EDITORA CORTEZ
Nº TÍTULO AUTOR
1 Leitura e construção do real. O lugar da poesia e da ficção, vol. I Chiappini, Ligia (Coord)
2 Outras linguagens na escola (v. 6) Citelli, Adilson
3 Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte Buoro, Anamélia Bueno
4 Metodologia do ensino e educação física Coletivo De Autores
5 Aprender e ensinar com textos não-escolares Citelli, Adilson
6 Política de currículo em múltiplos contextos Casimiro, Alice e Outros
7 Os sete saberes necessários à educação do futuro Morin, Edgar

EDITORA DP&A
Nº TÍTULO AUTOR
1 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Cury, Carlos Roberto Jamil
2 Gestão da escola: desafios a enfrentar Vieira, Sofia Larche
3 Filosofia para crianças Kohan Walter
4 Professora pesquisadora, uma práxis em construção Estebam, Maria Tereza
5 Prova um momento privilegiado de estudo não um acerto de contas Moretto, Vasco Pedro
6 Quando falam os professores alfabetizadores Lacerda, Mitsi Pinheiro De
7 Quem sabe que erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso Estebam, Maria
8 Verde cotidiano: meio ambiente em discussão Reigota, M.

63
Sumário principal

EDITORA EDUFES
Nº TÍTULO AUTOR
1 Pesquisa e educação especial: mapeando produções Jesus, D.M. e Outros

EDITORA FLOR & CULTURA


Nº TÍTULO AUTOR
1 Percursos com a leitura Souza, Santinho Ferreira De
2 Olhares e perguntas sobre ler e escrever Souza, Santinho Ferreira De

EDITORA FORMAR
Nº TÍTULO AUTOR
1 A construção do Espírito Santo Conti, Raquel Félix

LOTE 32 – EDITORA FORMATO


Nº TÍTULO AUTOR
1 Tipos de texto: modos de leitura Paulino, Graça
2 Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores Aguiar, Vera Teixeira De e Outros

EDITORA FTD
Nº TÍTULO AUTOR QTD
1 Atlas Geográfico – Turma da Mônica Souza, Maurício De 591

EDITORA GRAFER
Nº TÍTULO AUTOR
1 Vitória, cidade presépio Tatagiba, JOSÉ

EDITORA LOYOLA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Pesquisa na escola: o que é, como se faz Dagno, M.

64
Sumário principal

EDITORA MANOLE
Nº TÍTULO AUTOR
1 Filosofia ética e literatura Perissé, Gabriel
2 Ensinando basquetebol para jovens Walker Larry E.
3 Primeiros socorros no esporte Fegel, J. Melinda

EDITORA MARTINS FONTES


Nº TÍTULO AUTOR
1 A redação na escola Franchi, Egle
2 Coesão e coerência nas narrativas escolares escritas Franchi, Egle

EDITORA MEDIAÇÃO
Nº TÍTULO AUTOR QTD
1 Filosofia da criação Meira, Marly 1860
2 A formação do ator Spritzer, Mirna 591
3 A criança e a pintura Richter, Sandra 591
4 Indisciplina/Disciplina Tailer, Yves 1860
5 Removendo barreiras para a aprendizagem Carvalho, Rosita Edler 1860

EDITORA MERCADO ABERTO


Nº TÍTULO AUTOR QTD
1 A criança e a produção cultural Jacob, Sissa e Outros 1860

EDITORA MODERNA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Gramática em textos Sarmento, Leila
2 Gramática de Espanhol passo-a-passo com exercícios Santilhana, Adrián Famyul

EDITORA NOOVHA AMÉRICA


Nº TÍTULO AUTOR
1 Brincando com Arte - Adélio Sarro Sarro, Adélio
2 Brincando com Arte - Darcy Penteado Penteado, Darcy
3 Brincando com Arte - Di Cavalcanti Di Cavalcanti
4 Brincando com Arte - Djanira Djanira
5 Brincando com Arte - Guersoni Guersoni

65
Sumário principal

Nº TÍTULO AUTOR
6 Brincando com Arte - Guignard Guignard
7 Brincando com Arte - Jocelino Soares Soares, Jocelino
8 Brincando com Arte - Maroubo Maroubo
9 Brincando com Arte - Portinari Portinari, Cândido
10 Brincando com Arte - Ranchinho Ranchinho
11 Brincando com Arte - Tarsila do Amaral Amaral, Tarsila do
12 Brincando com Arte - Vaccarini Vaccarini
13 Brincando com Arte - Walde-Mar Walde-Mar

EDITORA OBJETIVA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Como e por que ler a poesia brasileira do século XX Moriconi, Ítalo
2 Como e por que ler o romance brasileiro Lajolo, Marisa
3 Como e por que ler a literatura infantil brasileira Zilberman, Regina

EDITORA PAPIRUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Geografia, escola e construção de conhecimentos Cavalcante, Lana De S.
2 A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento Fazenda, Ivani
3 A formação dos educadores ambientais Guimarães, M.
4 Educação ambiental: no consenso um debate Guimarães, M.

EDITORA PAULINAS
Nº TÍTULO AUTOR
1 A religião no mundo (5ª série) Carmiato, Maria Inês
2 Expressões do sagrado na humanidade (6ª série) Carmiato, Maria Inês
3 A religiosidade no mundo atual (7ª série) Carmiato, Maria Inês
4 Nossa opção religiosa (8ª série) Carmiato, Maria Inês

EDITORA PAULUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Recriando experiências – técnicas e dinâmicas para grupos Instituto da Pastoral da Juventude Leste
2 Ensino Religioso: construção de uma proposta Bastos, João Décio

66
Sumário principal

EDITORA PAZ E TERRA


Nº TÍTULO AUTOR
1 Pedagogia do oprimido Freire, Paulo

EDITORA PEIROPOLIS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Cultura da paz Von, Cristina

EDITORA PLEXUS
Nº TÍTULO AUTOR
Possibilidade de histórias ao contrário, ou como desencaminhar o aluno da classe
1 Padilha, A. M. L
especial

EDITORA POSITIVO
Nº TÍTULO AUTOR
1 Dicionário Aurélio - Português (grande) Holanda, Aurélio

EDITORA SANTOS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Fisiologia animal. Adaptação e meio ambiente Knur, Schindt

EDITORA SARAIVA
Nº TÍTULO AUTOR
1 Português descomplicado Pimentel, Carlos
2 Constituição Federal Brasileira Pimentel, Carlos
3 Violência urbana Buoro, Andréa e Outros
4 Racismo, preconceito e intolerância Boreges, Edson e Outros

EDITORA SBS
Nº TÍTULO AUTOR
1 O ensino da língua inglesa Holden, Susan e outros

67
Sumário principal

EDITORA SUMMUS
Nº TÍTULO AUTOR
1 Diferenças e preconceitos na escola Aquino, J. A. (Org.)
2 Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva Rodrigues, D.
3 Dicionários de relações étnicas e raciais Cashmore, Ellis

EDITORA THONSON
Nº TÍTULO AUTOR
1 Educando para o pensar Castro, Eder Alonso Oliveira e Outros

EDITORA VOZES
Nº TÍTULO AUTOR
1 Desenvolvimento sustentável Scotto, Gabriela e Outros
2 Pedagogia da exclusão Gentilli, P. (Org.)

MAPAS
Nº TÍTULO
1 Mapas do Brasil - Político, Físico, Clima, Vegetação
2 Mapas do Espírito Santo - Político, Físico
3 Mapas da Europa - Físico e Político - Ásia, África, Oceania

Vídeos que compõem o acervo da “Biblioteca do Professor”,


disponível em todas as escolas para subsidiar os estudos dos professores

Programa DVD Escola – Volume I

Disco 03 Convívio Escolar


• Avaliação e Aprendizagem • Toda Criança na Escola (12’28”)
• O que é Avaliação? (13’37”)
• Direitos e Responsabilidades (10’06”)
• Ciclo de Aprendizagem e Avaliação (16’00”)
• Avaliação e Contexto Social (15’00”) • A Organização do Tempo e do Espaço na
Escola (10’59”)
• Projetos Educacionais e Avaliação ( 21’00”)

68
Sumário principal

Disco 23 Disco 31
Fazendo Escola Gestão da Escola – Parte I

• A História e os Caminhos da • Gestão Democrática: Teoria e Prática (60’)


Gestão Escolar (60’) • Conselhos Escolares, Eleição de Diretores e
Descentralização Financeira em Questão (60’)
• O Papel dos Colegiados na
• A Gestão Democrática do Projeto Político
Gestão Escolar (60’) Pedagógico (60’)
• O Papel do Professor (60’)
• O Projeto Político Pedagógico Disco 32
Passo-a-Passo (60’) Gestão da Escola - Parte II
• Avaliação Institucional: para Controlar ou
Disco 24 para Democratizar? (60’)
• Princípios e Bases da • Gestão Democrática da Escola e Gestão
Gestão Democrática (60’) Democrática do Sistema de Ensino (60’)

• A Função do Gestor (60’)


Disco 33
Disco 25 Formação Contínua de Professores – Parte I
• Formação Contínua de Professores em Face
• O Projeto Político Pedagógico: das Múltiplas Possibilidades e dos Inúmeros
Conceitos e Significados (60’) Parceiros (60’)
• Os Diferentes Projetos da Escola (60’) • A Formação Contínua como um dos Elementos
Organizadores do PPP da Escola (60’)
• Políticas Pública e a Gestão Escolar (60’)
• A Reflexão sobre a Prática Cotidiana-
Caminho para a Formação Contínua e
para o Fortalecimento da Escola Enquanto
Programa DVD Escola –Volume II Espaço Coletivo (60’)

Disco 13 Disco 34
Letra Viva Formação Contínua de Professores – Parte II
• Planejamento na Prática Pedagógica (29’) • Os Saberes dos Professores- Ponto de
Partida para a Formação Contínua (60’)
• Planejamento: uma atividade é só uma
• Vida e Trabalho- Articulando a Formação
atividade? (29’)
Contínua e o Desenvolvimento Profissional
de Professores (60’)

69
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

Ensino Fundamental
Anos Iniciais
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino fundamental : anos iniciais / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009.
202 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-08-0

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino médio -
Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 372.19
CDU 373.3.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

8
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

12
Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

14
Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

15
Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a

16
Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

17
Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com as
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais teorias de um lado e as lutas
a compartilha com a famí- às do século passado, políticas em defesa dos direi-
lia e as demais instituições nem serão idênticas às tos da criança, ora empurran-
sociais. que virão nos próximos do para frente o momento
séculos. da maturidade, os adultiza,
A ação de reconhecimento ora jogando para traz a curta
dos tempos da vida: a infância, a juventude e etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupiniquim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J. M.).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizzar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Fundamental – Anos Iniciais


Sumário principal

6 O NOVO ENSINO FUNDAMENTAL


VERBO SER
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Carlos Drummond de Andrade

O ensino fundamental, como etapa obrigatória Estabelece a LDB 9394/96 que o ensino
da Educação Básica, obteve nos últimos anos fundamental, hoje ampliado para 9 (nove)
reconhecido avanço, alcançando a universalização anos, iniciando-se aos 6 (seis) anos de ida-
do acesso da população de 7 a 14 anos às escolas. de, tem por objetivo a formação básica do
Entretanto, muito há que se fazer para assegurar cidadão, mediante:
o direito de aprender de todo e cada aluno,
garantindo sua permanência com qualidade.

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno


domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes
e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social.

57
Sumário principal

Conforme indicam os Parâmetros Curriculares Nacionais/97, ao longo do Ensino Fundamental o


educando deverá desenvolver habilidades, competências e capacidades, quais sejam:

• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício dos direitos
e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação
e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais,
utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
• conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
como meio para construir, progressivamente, a noção de identidade nacional e pessoal e
o sentimento de pertinência ao país;
• conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos
socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação
baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras
características individuais e sociais;
• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando
seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio
ambiente;
• desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de
inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da
cidadania;
• conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando-o e adotando hábitos saudáveis como
um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação
à sua saúde e à saúde coletiva;
• utilizar diferentes linguagens (verbal, musical, matemática, gráfica, plástica e corporal) como meio
para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais em
contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir
conhecimentos;
• questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso
o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando
procedimentos e verificando sua adequação.

58
Sumário principal

Tais pressupostos tomam corpo no presente Pretende-se com o aumento do número


documento curricular. Os conteúdos curricu- de anos obrigatórios na escola assegurar a
lares, bem como as práticas metodológicas, todas as crianças um tempo mais longo de
foram selecionados para favorecer a aquisi- convívio escolar com maiores oportunidades
ção e o desenvolvimento das competências de aprendizagem.
e habilidades relativas aos diversos campos
do saber. É importante considerar que a garantia de
acesso da criança ao processo de escolarização
Um novo desafio para o Ensino Fundamental gratuita e obrigatória diminui as situações de
é tornar realidade a ampliação de 8 para 9 risco e as vulnerabilidades ocasionadas pela
anos com a inserção da obrigatoriedade a não-escolarização; promove a permanência
partir dos 6 anos de idade, conforme a Lei na escola e mais tempo para os anos iniciais,
nº 11.274/2006, que define a implantação uma vez que contribuirá para o aprendizado;
progressiva do Ensino Fundamental de 9 permite a relação da criança de 6 anos com
anos. seus pares e com as de 7 e 8 anos de idade;
e valoriza a processualidade da alfabetização
no ambiente escolar.
6.1 Por que o Ensino
Fundamental a partir No entanto, estudos apontam que uma
dos 6 anos de idade? efetiva escolarização não depende apenas
do aumento do tempo de permanência da
A rede estadual está ampliando gradativa- criança na escola, mas também do emprego
mente o Ensino Fundamental de 8 para 9 eficaz desse tempo que amplia as oportuni-
anos, a partir do ano de 2009. O que fun- dades de aprendizagem, determinadas pelas
damenta essa decisão é “oferecer maiores experiências e pela qualidade das interações
oportunidades de aprendizagem no período vivenciadas em seu meio sociocultural.
da escolarização obrigatória e assegurar que,
ingressando mais cedo no sistema de ensino, Uma questão a ser considerada pela escola
as crianças prossigam nos estudos alcançando que inclui as crianças de 6 anos do Ensino
maior nível de escolaridade”. (Plano Nacional Fundamental é a necessidade de reorgani-
de Educação – PNE). zar espaços, formas de gestão, ambientes,
tempos, materiais, conteúdos, metodologias,

59
Sumário principal

objetivos, planejamento e avaliação, a fim ponentes ativos do processo educacional.


de que as crianças se sintam inseridas e aco- A forma e o acesso aos materiais podem
lhidas num ambiente prazeroso e propício ser disponibilizados em cantos temáticos,
à aprendizagem. É importante considerar bem como a organização do mobiliário
algumas reflexões para subsidiar a prepara- em grupos ou em círculo, refletindo assim
ção da escola para a chegada desses novos a dinâmica do trabalho pedagógico, por
alunos. serem elementos essenciais que viabilizarão
a implementação do projeto educativo. Ao
prepararem o ambiente, com intencionali-
A criança dade pedagógica, os professores proporcio-
A criança, como todo ser humano, é um narão às crianças uma aprendizagem mais
sujeito social e histórico e faz parte de uma ativa e criativa, enriquecendo o processo
organização familiar que está inserida em de interação com os objetos, com outras
uma sociedade, com uma determinada crianças e com os adultos.
cultura, em um determinado momento
histórico. As crianças sentem e pensam o Um ambiente alfabetizador se caracteriza
mundo de um jeito muito próprio, possuem por promover um conjunto de situações de
natureza singular. As crianças constroem o usos reais de leitura e escrita, nas quais as
conhecimento a partir das interações que crianças têm a oportunidade de participar e
estabelecem com os objetos, as pessoas e o presenciar diversos atos de leitura e escrita,
meio em que vivem. Por meio da brincadeira, favorecendo o pensar sobre a língua e seus
uma ação que é espontânea da criança, ela usos, construindo ideias sobre como se lê e
vai conhecendo o mundo, ao reproduzir como se escreve.
vivências cotidianas e exercitar a imaginação
e a expressão, ao mesmo tempo em que
desenvolve sua identidade. O professor

O professor, assim como a criança, é sujeito


ativo do processo de aprendizagem. Sua
O ambiente de aprendizagem
função de mediador e facilitador das apren-
Na organização do ambiente escolar, os dizagens infantis se constitui na medida em
recursos e materiais pedagógicos são com- que organiza situações educativas orientadas,

60
Sumário principal

ao mesmo tempo em que permite que as Nesse sentido, é necessário ter um perfil
crianças trabalhem de forma autônoma, em profissional amplo, comprometido com a
situações de interação social ou sozinhas, reflexão constante sobre sua prática, de-
ampliando suas capacidades ao interagir com batendo com seus pares, dialogando com
diversas fontes de conhecimentos. A escuta, as famílias e a comunidade e buscando
a observação, o registro, o planejamento informações necessárias para a construção
e a avaliação são elementos essenciais no de projetos educativos qualificados.
processo de intervenção pedagógica. A
rotina do professor deve ser marcada pela O professor alfabetizador deve possuir
permanente observação e registro do desen- competência e sensibilidade para o trabalho
volvimento da rotina dos alunos, ação que com alunos na faixa etária específica, enten-
irá apoiar sua prática pedagógica. O registro dendo o momento psicológico e cultural da
diário de suas observações, impressões e infância, que marcará os temas preferidos por
ideias comporá um rico material de reflexão essas crianças, as brincadeiras vivenciadas,
e pesquisa, propondo situações capazes as modalidades de linguagem utilizadas, as
de gerar novos avanços na aprendizagem possibilidades de relacionamentos socioafe-
das crianças. tivos e de compreensão de regras.

A intervenção do professor O professor deve Para a atuação nas turmas


é necessária para que facilite conhecer e considerar as de alfabetização considera-
a apropriação dos conceitos, singularidades da criança
se necessário configurar
em sua faixa etária, seus
dos códigos sociais e das conhecimentos prévios, uma identidade profissional
diferentes linguagens. O bem como suas histórias associada à valorização de um
professor deve conhecer e e contextos, respeitando conjunto de saberes teóricos
considerar as singularidades diferenças e ampliando específicos e práticos decor-
da criança em sua faixa etária, oportunidades de rentes da experiência, que
socialização em um
seus conhecimentos prévios, demonstrem conhecimentos
ambiente desafiador, rico
bem como suas histórias e e prazeroso. e habilidades adquiridos ao
contextos, respeitando dife- longo do exercício da do-
renças e ampliando oportu- cência em alfabetização. Essa
nidades de socialização em um ambiente habilidade deve ser considerada digna de
desafiador, rico e prazeroso. atenção no momento da escolha desse

61
Sumário principal

profissional, por parte da escola, uma vez atender às diversas características e ritmos
que representa um “saber fazer” como um dos grupos de alunos. Um momento inicial
diferencial de sucesso na alfabetização. É de conversa e planejamento coletivo das
importante ter hábito de leitura e estudo, atividades do dia é importante para mobilizar
ser criativo e inovador, comprometido com o e envolver os alunos. Além disso, o trabalho
trabalho, além de ter o domínio da atividade com atividades diversificadas, podendo ser
de alfabetização. simultâneas, individuais ou em grupos, com
ritmos diferenciados, que exijam maior ou
A atuação do professor terá prosseguimento menor nível de concentração, que aconteçam
na mesma turma nos três primeiros anos do dentro ou fora do espaço da sala de aula e
Ensino Fundamental, sempre que possível, da escola, é recomendado para dinamizar o
de forma a garantir o acompanhamento dos trabalho educativo, tornando-o significativo
alunos durante o processo de alfabetização para os sujeitos.
e letramento.

As relações sociais
A rotina
Ao lado do ambiente físico está o social, que
A organização do tempo de trabalho educati- se concretiza por meio da interação humana,
vo realizado com as crianças está estruturada determinante no processo de aprendizado
na rotina escolar. A rotina deve envolver infantil. A existência de um ambiente aco-
situações de aprendizagens que revelem a lhedor, propicia a confiança e a autoestima,
intencionalidade educativa consonante com a vivência de situações de diálogo, jogos
o projeto pedagógico da escola. Portanto, re- e brincadeiras, garantindo a qualidade da
quer planejamento cuidadoso com um enca- troca entre as crianças que, ao se comuni-
deamento de ações que visam a desenvolver carem e se expressarem, demonstram seus
aprendizagens específicas. A estruturação do modos de agir, pensar e sentir, ao mesmo
trabalho diário poderá envolver atividades tempo em que constroem e reformulam
permanentes, esporádicas e específicas de conhecimentos.
projetos. Essa rotina deverá ser facilitadora
dos processos de desenvolvimento de apren- Os momentos individuais também colabo-
dizagem, ser clara, flexível e adequada para ram para o desenvolvimento das capacidades

62
Sumário principal

de interação, uma vez que permitem que de organização familiar que compõem a
as crianças socializem suas experiências e nossa sociedade, são imprescindíveis para
descobertas, vividas com outras crianças e se garantir o diálogo produtivo entre essas
com os adultos, construindo sentidos para importantes instituições sociais, parceiras
pensamentos e ações e se preparando para e interlocutoras no processo educativo
novas interações. infantil.

A família 6.2 Toda criança deve


estar alfabetizada ao
A família é, por excelência, a instituição edu- final dos três primeiros
cadora basilar. Ao lado da escola contribui anos do Ensino
para o desenvolvimento das crianças e sua Fundamental
inserção na vida social. As crianças têm
direito de ser criadas e educadas no seio Na perspectiva de garantia da aprendi-
de suas famílias. O Estatuto da Criança e do zagem, pautada numa concepção de
Adolescente (1990) reafirma que a família formação integral, gradativa e processual,
é a primeira instituição social responsável organizou-se os três primeiros anos do
pela efetivação dos direitos básicos das Ensino Fundamental como
crianças. constitutivos de uma fase
A qualidade da relação contínua de escolarização,
A qualidade da relação entre entre escola e família
que objetiva superar a frag-
escola e família é fundamen- é fundamental para o
mentação no processo de
tal para o desenvolvimento desenvolvimento pessoal
e social e, portanto, deve alfabetização.
pessoal e social e, portanto,
ser marcada por diálogo
deve ser marcada por diálogo e parceria, a partir de Assim sendo, o agrupamento
e parceria, a partir de reflexões reflexões claras do papel dos três primeiros anos de
claras do papel de cada uma de cada uma delas na escolarização será sustentado
delas na formação humana. formação humana.
por um permanente processo
de avaliação e diagnóstico,
A valorização e o conheci- que indicará o alcance dos objetivos, os
mento das características dos diferentes níveis de aprendizagem e as necessidades
grupos sociais, logo, as diferentes formas para replanejamento das ações pedagógicas

63
Sumário principal

com vistas ao cumprimento da meta que que favoreçam a superação da fragmentação


toda criança, ao final dos três primeiros anos dos conhecimentos e informações, ao reunir
do Ensino Fundamental, esteja alfabetizada, as contribuições de cada disciplina de forma
ou seja, que evidencie as competências e integral e integrada.
habilidades propostas para esse período
inicial de escolarização, sobretudo no A partir dessa produção, para atender as
que se refere à construção dos processos especificidades dos anos iniciais do Ensino
comunicativos de leitura e escrita e, desse Fundamental, serão elaborados cadernos
modo, prossiga com sucesso em sua es- pedagógicos que contemplem aspectos
colarização. metodológicos na garantia de uma ação
que integre os diversos saberes e áreas do
conhecimento pertinentes ao Ensino Fun-
6.3 O documento damental. Destaca-se a ação alfabetizadora
curricular para por meio do desenvolvimento de situações
os anos iniciais de aprendizagem que sejam lúdicas, signi-
ficativas e contextualizadas. Atividades que
Aprender significa conquistar a liberdade e proporcionem aos meninos e às meninas
constituir-se sujeito de sua história, cons- ver, tocar, experimentar, observar, manipular,
ciente de seus desafios e exemplificar, comparar etc.
responsabilidades. Portanto, Destaca-se a ação Atividades que exijam dos
o conhecimento torna-se si- alfabetizadora por meio alunos, além do mais, aplicar,
nônimo de liberdade: quanto do desenvolvimento analisar, sintetizar e avaliar, e
mais conhecemos, mais livres de situações de que fomentem a tomada de
nos tornamos, pois nos apri- aprendizagem que sejam
decisões quanto às aprendi-
lúdicas, significativas
moramos com os elementos zagens que devem ser reali-
e contextualizadas.
necessários às escolhas e Atividades que zadas; que tornem possível
decisões tomadas em cada proporcionem aos evidenciar as habilidades que
fase da vida. meninos e meninas utilizarão ou requererão; que
ver, tocar, experimentar, orientem seus pensamentos
observar, manipular,
Nesse sentido, torna-se de mediante a interrogação, a
exemplificar,
fundamental importância comparar etc. formulação e a ampliação de
buscar estratégias e caminhos hipóteses acerca do mundo,

64
Sumário principal

constituindo-se em instrumento de com- metodológicas como subsídio da prática


preensão da realidade. docente. O Conteúdo Básico Comum está
organizado por ano/séries, contendo uma
Neste Capítulo do Documento Curricular referência para o trabalho pedagógico com
são apresentadas a concepção das área alunos do 1º ano do Ensino Fundamental
de conhecimento, a importância de cada de 9 anos (alunos de 6 anos de idade) e
disciplina para a formação humana e alunos de 1as a 4as séries (alunos a partir de
seus objetivos, e as principais alternativas 7 anos de idade).

65
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Sumário principal

7 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
Tradicionalmente no Brasil a educação A partir da década dos anos 90, o ensino
científica, influenciada pelos fatos socio- escolar científico brasileiro sofre fortes críti-
históricos nacionais e internacionais, esteve cas. Pesquisas mostram que seus princípios
ligada diretamente ao progresso tecnológico tradicionais, de acumulação e reprodução do
científico industrial. Progresso que até os acervo científico, não só propiciou o fracasso
anos de 1960 foi considerado pela classe da apropriação desse conhecimento, como
dominante brasileira um padrão de igual- também dificultou a interação entre o ensino
dade na modernidade, fator essencial para científico escolar e o meio sociocultural
o desenvolvimento sociocultural e destino e natural. Nessa década as pesquisas, as
comum para todos os grupos humanos. reivindicações legais de grupos socioculturais
excluídos da educação formal e a promulga-
Norteado por essa concepção de progresso, ção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
o ensino das ciências foi orientado para Nacional tornam explícita a necessidade
a assimilação e a transmissão da cultura de mudar profundamente as propostas
científica. Nesse sentido, as bases das pro- curriculares desse ensino escolar.
postas curriculares das escolas erguiam-se
sobre esse ideal de progresso e assim a Respondendo a essa necessidade, os pa-
produção científica produzia um acúmulo râmetros curriculares em ação, elaborados
de conceitos científicos, que transformavam no final dessa década, procurando respeitar
os processos de ensino-aprendizagem em diversidades regionais, culturais e políticas
reprodutores desse conhecimento. Tais pro- existentes no país, e considerando a neces-
cessos se caracterizavam, entre outros: por sidade de construir referências nacionais
privilegiar o acervo científico sobre qualquer comuns ao processo educativo em todas as
outro conhecimento cultural, fragmentar regiões brasileiras, orientaram a elaboração
os conhecimentos científicos e priorizar a de propostas curriculares para a integração
acumulação desses conhecimentos, pela e contextualização dos conhecimentos das
memorização mecânica dos conceitos áreas escolares, por meio de temas transver-
científicos nas atividades escolares e pelo sais, e o desenvolvimento de competências
tecnicismo científico. e habilidades.

69
Sumário principal

No presente, a educação escolar científica, humana, contribui para o desenvolvimento


ainda permeada pelas práticas tradicionais, das capacidades cognitivas e afetivas pro-
encontra-se numa situação de dependência priamente humanas. Tal desenvolvimento
sociocultural, posto que os grandes proble- se recria na interação dialética entre o de-
mas da humanidade recriam-se nos contex- senvolvimento cultural do sujeito (história
tos social e cultural, particulares e globais. pessoal) e o desenvolvimento social do
Para nós, tais problemas globais, simples e sujeito (história em sociedade do sujeito).
complexos, emergem das interações dos
seres humanos entre si, e entre os seres Em nossa proposta, o ensino científico con-
humanos e o meio ambiente. cebe-se como um processo importante na
organização da vida do sujeito. Ele contribui
Nesse sentido, esboça-se o desafio de recriar significativamente para o desenvolvimento
um ensino científico que contribua para a sociocultural do aluno, pois constitui uma via,
formação de um ser humano capaz de recriar um meio sistematizado e organizado para
sua própria condição humana. Entendemos que o aprendiz compreenda sua experiência
condição humana como as características de vida, e se torne atuante nas transforma-
essenciais à própria existência da humani- ções do mundo sociocultural.
dade em determinado espaço.
Sendo assim, fundamentada nas teorias
Diante desse desafio, fundamentando-nos sociointeracionista e dialógico-discursiva, a
na Lei 9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções concepção sociocultural permitiu-nos recriar
02/1998 da CEB/CNE e 03/1998 da CEB/ os princípios da interculturalidade, interdis-
CNE, que tratam das diretrizes curriculares ciplinaridade e alfabetização científica, e
nacionais dos ensinos fundamental e médio, propor que o processo de ensino-aprendi-
na proposta da Secretaria de Educação do zagem escolar científico seja orientado para
Espírito Santo de “Educar para a pesquisa”, e o diálogo entre a necessidade de conhecer
nos documentos norteadores da educação, e de dominar as práticas cotidianas, e as
recriamos esta proposta curricular para ensi- competências e habilidades mediadoras
no das ciências, firmados numa perspectiva na objetivação dessas necessidades. Nessa
sociocultural do ensino científico. Em tal recriação, consideramos a ciência como uma
perspectiva, concebe-se o conhecimento linguagem simbólica, histórica e ideológica
científico como uma produção sociocultural que contribui para o conhecimento, a refle-
histórica que, como qualquer outra produção xão e a compreensão do mundo.

70
Sumário principal

Concebemos diálogo como uma interação Para nós, o processo de ensino-aprendi-


comunicativa de alteridade que permite a zagem das ciências, centrado no diálogo,
tomada de consciência das necessidades transforma a sala de aula em espaços de
(biológicas ou cognitivo-afetivas), das ob- interação comunicativa de alteridade entre
jetivações e, sobretudo, como instrumento os conhecimentos socioculturais [conhe-
que promove o domínio das competências e cimentos dos alunos, dos professores e da
das habilidades mediadoras essenciais para escola], motivando a participação ativa
o desenvolvimento cognitivo e afetivo. dos atores desse processo. Diante de um
problema emergente das necessidades dos
Consideramos as objetivações como compe- participantes, cada um deles toma conhe-
tências e habilidades que satisfazem as ne- cimento e demonstra conhecer saberes e,
cessidades dos indivíduos, mas que também juntos, recriam esses saberes.
podem realizar uma atividade mediadora.
Dessa forma, o conceito científico torna-
Entendemos competências como um conjun-
se um instrumento ou ferramenta de
to de habilidades, por meio das quais, em um
conhecimento que, unidos aos conceitos
determinado contexto, o ser humano interage
dos conhecimentos de outras disciplinas e
com seu meio sociocultural-natural de modo
saberes populares, contribui para a tomada
crítico. Essas habilidades são capacidades
de consciência das possibilidades e dos
cognitivas e afetivas propriamente humanas
limites das competências mediadoras na
desenvolvidas nessa interação. Entre outras,
compreensão dos problemas citados.
conhecimentos, atitudes, capacidades e apti-
dões. Por meio delas cada ser humano interage
de forma particular com esse meio. Nesse sentido, essa tomada de consciência
transforma os temas contemporâneos, como
Tanto as competências como as habilidades a Ética, a Pluralidade Cultural, o Meio Am-
podem realizar atividades mediadoras entre biente, a Saúde e a Orientação Sexual, em
a necessidade e a objetivação dessa neces- conteúdos curriculares, pois os limites e as
sidade. Nesse sentido, as competências e possibilidades das capacidades cognitivas e
habilidades ao mesmo tempo em que são afetivas mediadoras na compreensão desses
produtos da interação sociocultural-natural problemas, no cotidiano, não só se recriam
também podem ser mediadoras na tomada no saber científico, mas também o fazem
de consciência e domínio dessa interação, ou no acervo popular.
seja, instrumentos socioculturais.

71
Sumário principal

7.1 Matemática longo da evolução histórica pela necessidade


do homem de intervir no meio que o cerca e
Há tempos a discussão em torno do ensino de organizar e ampliar seus conhecimentos.
e aprendizagem da Matemática vem sendo Ela não é algo que diz respeito somente
levantada em todos os níveis de educação. a números, mas sim à vida, que nasce do
Discutem-se metodologias, estratégias de mundo em que vivemos. Lida com ideias,
ensino, contextualizações, evasões, inclusões, e longe de ser aborrecida e estéril, como
entre outros. Percebe-se, nessa discussão, que a muitas vezes é retratada, ela é cheia de
escola não vem acompanhando as crescentes criatividade. A História da Humanidade nos
alterações sociais, políticas, tecnológicas, cultu- mostra que, além dos problemas de outros
rais que o mundo globalizado nos impõe. campos do conhecimento nos conduzir a
modelos matemáticos, as investigações e
Nesse novo contexto de discussão da Edu- especulações da própria Matemática nos
cação Nacional desprender-se das velhas conduzem a aplicações nas diversas áreas.
filosofias e investir no estudo e na elaboração
de um currículo se faz necessário. Nessa Ao nos focarmos no ensino da Matemática
perspectiva o currículo de Matemática deve podemos recorrer a Palomar (2004) que
atingir aspectos essenciais da formação plena afirma que cada vez mais deve ser deixada
do cidadão, levando em conta a inserção no de lado a resolução de problemas de maneira
mundo do trabalho, as relações sociais, as mecânica ou a memorização de processo.
relações simbólicas e as diversas culturas. Num mundo em que as calculadoras estão
ao alcance de todos e que os computado-
Assumiremos a visão de Lakatos (1978) de res estão cada vez mais presentes, não se
que a Matemática é uma atividade humana exige que se saiba a tabuada apenas, mas
que encerra nela mesma uma dialética de sobretudo que se saiba que operação deve
conjecturas, refutações e demonstrações até ser feita para se tomar a decisão correta. As
chegar às conclusões. Mas enfatizamos que tendências atuais em educação matemática
“a Matemática, nesta perspectiva, não envolve vão na direção de buscar a vinculação prática
unicamente as conclusões em si mesmas, mas entre o que ocorre na sala de aula e fora
a atividade que leva a estabelecê-las” (VILA dela. A palavra-chave é “contextualização” e
&CALLEJO, 2006). Consideremos também a meta é se ensinar uma Matemática para
que a Matemática é um campo científico em formar os cidadãos críticos exigidos pela
permanente evolução, que se constituiu ao sociedade dialógica, assim se deve:

72
Sumário principal

Fazer menos... Fazer mais...

• Aula expositiva • Orientação, motivação


• Trabalho individual • Trabalho em grupo
• Trabalho em contexto • Aplicações cotidianas, globalização
• Trabalho abstrato • Modelização e conexão
• Temas tradicionais do passado • Temas interessantes de hoje

• Memorização instantânea • Compreensão duradoura


• Informação acabada • Descoberta e busca
• Atividades fechadas • Atividades abertas
• Exercícios rotineiros • Problemas compreensivos
• Simbolismo matemático • Uso de linguagens diversas
• Tratamento formal • Visualização
• Ritmo uniforme • Ritmo personalizado

• Avaliação de algoritmos • Avaliação do raciocínio


• Avaliação quantitativa • Avaliação qualitativa
• Avaliação do desconhecimento • Avaliação formativa

Quadro 1 - Linhas do ensino da Matemática no século XXI.13

Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que afetiva (quer dizer, o conjunto de emoções
aprender Matemática implica aprender a e sentimentos que acompanham as pessoas
(re)conhecer a Matemática da vida real: durante a aprendizagem); e a cognitiva (refe-
habilidades, conhecimentos, disposições, rente concretamente à maneira de aprender,
capacidades de comunicação e sua aplicação quer dizer, às estratégias que a pessoa utiliza
na vida cotidiana. Uma aprendizagem do seu para entender um conceito matemático e
ponto de vista implica quatro dimensões incorporá-lo a seu conhecimento).
diferentes: a instrumental (que se refere ao
conjunto de símbolos que constituem a Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta
linguagem matemática); a normativa (que no processo de ensino-aprendizagem quem
são as regras e as normas que regulam os aprende, quem ensina e o saber a ser ensi-
diferentes procedimentos matemáticos); a nado, buscando o crescimento integral do

13 Alsina, C. 2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.

73
Sumário principal

educando. Ao buscar a compreensão do tência crítica enfatiza que os estudantes


crescimento dos indivíduos, levamos em devem estar envolvidos e participar ati-
consideração que a construção do conhe- vamente do processo educacional e, para
cimento é temporal, histórica e intencional, isso, precisamos pensar em uma escola
que encontra na família, no ambiente social democrática, em um currículo democrático
e na cultura os fatores determinantes do e em práticas democráticas.
desenvolvimento humano. Baseado nisso
pode-se acrescentar às quatro dimensões Lembremos de Freire (1992, pp. 81-82)
sugeridas por Palomar, as dimensões his- que diz: “ensinar é um ato criador, um
tórica, social e cultural. ato crítico e não mecânico”. Sem querer
tirar do professor a responsabilidade pela
Dentro da visão de que o aprendizado resulta aprendizagem dos seus alunos, Freire
em desenvolvimento mental que põe em ainda destaca que o professor precisa,
movimento vários processos de desen- sim, conhecer o que ensina, no entanto,
volvimento, nos reportamos a Machado afirma que:
(1995), que diz que comprender é aprender
o significado e aprender o significado é ver Não é possível ensinar a aprender, sem en-
o objeto do conhecimento em relação a sinar um certo conteúdo através de cujo
conhecimento se aprende a aprender, não
outros conhecimentos, interligando-os e
se ensina igualmente a disciplina de que
articulando-os. estou falando a não ser na e pela prática
cognoscente de que os educandos vão se
tornando sujeitos cada vez mais críticos.
7.1.1 Contribuição da disciplina (FREIRE, 1992, pp. 81-82)
para a formação humana
Esse processo só pode ser intermediado
Nesse processo de construção de sig- pelo diálogo que, segundo Freire (2005),
nificados apontamos para a questão da implica um pensar crítico, para somente
criticidade. E já que estamos falando assim termos um processo educacional capaz
de competências por que não falarmos de formar pessoas que possam se inserir e
também que é um papel da Matemática transformar a sociedade; sem diálogo não há
despertar para a competência crítica? Para comunicação; sem essa, não há verdadeira
Skovsmose (2006) o conceito de compe- educação.

74
Sumário principal

Ainda para Freire (1996, p. 30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
relação com as condições sociais, políticas
se exige previamente uma valorização dos
e econômicas ao longo dos tempos, rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemáticos
cidadã do indivíduo. com a cultura e as manifestações artísticas
e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como a
matemáticas dos cidadãos e das comunida- Matemática colabora na compreensão
des locais – que são competências prévias e utilização das tecnologias e como as
tecnologias podem colaborar para a
relativamente eficientes –, mas que não se
compreensão da Matemática.
abdique do saber matemático mais universal.
Além disso, o desenvolvimento de compe- Oportunizar a compreensão e transfor-
tências e habilidades matemáticas contribui mação do mundo em que vivemos, seja a
comunidade local, o município, o Estado,
mais diretamente para auxiliar o cidadão a ter
o país ou o mundo.
uma visão crítica da sociedade em que vive
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemáticos
(aritmético, geométrico, métrico, algébrico,
7.1.2 Objetivos da disciplina estatístico, combinatório, probabilístico)
entre eles e com outras áreas do conhe-
cimento.
Partindo do princípio que a Matemática deve
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações de levem o estudante
consideramos os seguintes objetivos: a validar estratégias e resultados, de forma

75
Sumário principal

que possam desenvolver o raciocínio e os matemáticas, nos quais o fazer, o argumentar


processos, como intuição, indução, dedução, e o discutir têm grande importância neste
analogia e estimativa, e utilizarem conceitos processo.
e procedimentos matemáticos, bem como
os instrumentos tecnológicos disponíveis.
As situações a propor aos alunos, tanto numa
Apresentar a Matemática de forma a fase de exploração de um conceito como
permitir o estudante comunicar-se na de consolidação e aprofundamento,
matematicamente, ou seja, que saiba devem envolver contextos matemáticos
descrever, representar e apresentar
e não-matemáticos e incluir outras áreas
resultados com precisão e argumentar
sobre suas conjecturas, fazendo uso do saber e situações do cotidiano dos
da linguagem oral, escrita e pictórica, alunos. É importante que essas situações
e estabelecendo relações entre elas sejam apresentadas de modo realista e sem
e entre as diferentes representações artificialidade, permitindo capitalizar o co-
matemáticas. nhecimento prévio dos alunos. As situações
de contextos menos conhecidos precisam
7.1.3 Principais alternativas ser devidamente explicadas, de modo a
metodológicas não se constituírem como obstáculos à
aprendizagem.
Refletindo sobre alternativas
metodológicas Além de utilizar ideias e processos matemá-
ticos para lidar com problemas e situações
Colocar os alunos frente a diversos tipos de contextualizados, os alunos precisam saber
experiências matemáticas, como resolver trabalhar igualmente em contextos pura-
problemas, realizar atividades de investigação, mente matemáticos, que envolvam raciocí-
desenvolver projetos, atividades que envol- nios aritméticos, geométricos e algébricos.
vam jogos e ainda resolvendo exercícios que Desenvolver a capacidade de resolução
proporcionem uma prática compreensiva de problemas e promover o raciocínio e a
de procedimentos, é a meta desta proposta. comunicação matemáticos, para além de
Consideramos que o ensino-aprendizagem constituírem objetivos de aprendizagem
tem de prever momentos para confronto de centrais neste currículo, constituem também
resultados, discussão de estratégias e institu- importantes orientações metodológicas para
cionalização de conceitos e representações estruturar o trabalho de sala de aula.

76
Sumário principal

A resolução de problemas como metodologia consideração dois aspectos: ver a Matemá-


tem a proposta de romper com o currículo tica como um fenômeno cultural e a forte
linear e avançar num ensino que integre influência do contexto sociocultural para
conteúdos e articule conhecimentos, propi- professores e alunos nesse processo.
ciando o desenvolvimento de uma atitude de
investigação frente às situações-problema, Convém precisar que um problema matemá-
bem como construir a capacidade de se tico é uma situação em que a solução não
comunicar matematicamente e utilizar pro- está disponível de imediato e que demanda
cessos de pensamentos mais elevados. Essa a realização de uma sequência de ações. Re-
metodologia favorece o desenvolvimento da solver um problema não se resume em com-
capacidade de se adaptar a novas situações, preendê-lo e dar a resposta correta aplicando
além de ver a Matemática como uma ciência procedimentos adequados; é necessário que o
dinâmica, construída pelo homem, na qual aluno se aproprie do conhecimento envolvido,
haja lugar para as conjecturas, refutações e desenvolvendo habilidades que lhe permitam
demonstrações. por à prova os resultados, testar seus efeitos,
comparar diversos caminhos para obter a
Os elementos básicos que compõem esse solução, o que exige que saiba argumentar
ambiente de aprendizagem são o professor, sobre os procedimentos desenvolvidos. Isso
com sua visão de Matemática e suas concep- desenvolve no aluno a criatividade, a refle-
ções14 de ensino e aprendizagem; os alunos, xão, a argumentação, enfim, a capacidade
com seus conhecimentos, emoções, visão de pensar sobre o próprio conhecimento
da sociedade onde vivem e suas interações (metacognição). Nessa forma de trabalho, o
etc; e por último os problemas, selecionados valor da resposta correta cede lugar ao valor
com uma determinada intenção, visando do processo de resolução e à investigação.
à investigação e ao estabelecimento de Enfatizamos, pois, que trabalhar via a resolu-
relações e múltiplas articulações. No entanto, ção de problemas requer uma mudança de
ao indagar sobre as relações afetivas dos postura e uma nova organização da prática
alunos com a Matemática e suas motivações de sala de aula. Para Soligo (2001):
para a aprendizagem, precisamos levar em
o desafio de organizar a prática pedagó-
gica a partir do modelo metodológico
14 A definição de concepção assumida é de que comporta da resolução de problemas se expressa,
visões, saberes, atitudes e crenças.

77
Sumário principal

principalmente, no planejamento de sar novas ideias. Galvis (1988) afirma que o


situações de ensino e aprendizagem computador deveria ser usado no processo
difíceis e possíveis ao mesmo tempo,
de ensino-aprendizagem, antes de qualquer
ou seja, em atividades e intervenções
outra coisa, como um meio para implementar
pedagógicas adequadas às necessidades
e possibilidades de aprendizagem dos o que com outros meios não seria possível
alunos. ou seria difícil obter. Diferentemente do que
alguns educadores temem, não se trata de
A organização do trabalho escolar dentro implementar com o computador a ação de
da perspectiva da resolução de problemas outros meios educativos cuja qualidade está
depende, portanto, de uma ação direta do bem demonstrada. Percebe-se nessa fala a
professor que possa contribuir para que o preocupação em não fazer do computador
estudante avance na construção do conheci- uma simples transferência de ações que já
mento, nos processos essenciais da formação ocorrem com a utilização de outros meios, e
do cidadão, na forma de conjecturar, fazer sim para potencializá-las com a incrementa-
inferência, descobri regularidades e refinar ção de tarefas difíceis ou impossíveis de serem
ideias e procedimentos. realizadas sem um meio virtual, valorizando
o papel do professor como intermediador
Dentro da metodologia de resolução de proble- desse novo processo de aprendizagem.
mas podemos ainda apontar outras alternativas
metodológicas para a prática docente, uma Nessa perspectiva, para contribuir com a
delas o uso do computador como uma das aprendizagem da Matemática, é necessário
possíveis tecnologias que podem ser inseridas que pensemos no uso do computador dentro
no processo de ensino-aprendizagem. Para de uma abordagem que permita a ação do
começar a pensar sobre o uso do computador sujeito e a reflexão sobre essa ação, e para
na escola, antes precisamos entender qual o isso deve-se buscar utilizar ambientes com-
seu papel e em que sentido pode contribuir putacionais que valorizem a experimentação
para a construção do conhecimento. e a investigação.

Para Seymor Papert (1994) os computadores Outra questão importante é discutir sobre
devem servir como instrumentos para se o uso da calculadora na escola. Um recurso
trabalhar e pensar, como meios para realizar utilizado de forma quase natural em nossa
projetos, como fonte de conceitos para pen- sociedade. Os preços acessíveis e a facilidade

78
Sumário principal

de serem encontradas as tornaram instru- se trazer para a sala de aula fatos da história
mentos imprescindíveis. Afinal, quem nunca da Matemática, tem-se como propósito a
manuseou uma calculadora? Imaginemos superação das dificuldades de aprendizagem
como seria se ela não existisse? Quanto tempo de conteúdos, além de seu caráter motivador.
perdido e quantos negócios deixariam de Para tal, evidenciam-se as contribuições
ser feitos se não pudéssemos contar com do processo de construção histórica dos
a agilidade desse recurso? No entanto, é conceitos e procedimentos matemáticos.
o educador quem deve decidir o melhor
momento de uso, e quais são as situações nas Dentre os recursos didáticos que auxiliam
quais a calculadora poderá ser inserida para o ensino-aprendizagem da Matemática na
contribuir na construção do conhecimento escola, os jogos, os materiais concretos, o
e não como algo que venha a substituir me- livro didático e o trabalho com projetos me-
todologias já existentes. É importante que recem destaque. Os materiais concretos têm
o uso ocorra de forma paralela aos cálculos efeitos positivos no ensino-aprendizagem da
mentais e estimativas, seja na construção Matemática, auxiliando no caminho para a
de conceitos, na resolução de problemas, abstração matemática, bem como o trabalho
na organização e gestão de dados seja em com jogos, que fornecem uma excelente
atividades específicas que colaborem para a oportunidade para que sejam explorados
construção de significados pelos alunos. aspectos importantes dessa metodologia.
Como exemplo, convém lembrar que a ob-
Ao nos referirmos à atribuição de significa- servação precisa dos dados, a identificação
dos pelos alunos não poderíamos deixar das regras, a procura de uma estratégia, o
de mencionar que uma das formas mais emprego de analogias, a redução a casos
eficazes de atribuir significado aos conceitos mais simples, a variação das regras, entre
matemáticos é contextualizá-los no processo outras possibilidades, são capacidades que
de evolução histórica desses conceitos. No podem ser desenvolvidas quando se tra-
entanto, trazer a História da Matemática é balha com jogos na aula de Matemática.
evidenciar as articulações da Matemática No âmbito pedagógico, é fundamental o
com as necessidades do homem de cada aspecto interativo propiciado pela experiência
época. Essa história não deve se limitar à com jogos matemáticos, pois os alunos não
descrição de fatos ocorridos no passado ficam na posição de meros observadores,
ou à atuação de personagens famosos. Ao e transformam-se em elementos ativos, na

79
Sumário principal

tentativa de busca da estratégia vencedora, Ressaltamos o trabalho com projetos que se


buscando solucionar o problema posto à sua harmoniza com a resolução de problemas,
frente. Certamente que tal atitude é extrema- tendo como ponto comum a valorização
mente positiva para a aprendizagem das ideias do envolvimento ativo do professor e dos
matemáticas subjacentes aos jogos. alunos nas ações investigativas desenvolvi-
das em sala de aula. Além disso, os projetos
O livro didático, por sua vez, tem sido ao são oportunidades adequadas à prática da
longo dos anos o único suporte do trabalho interdisciplinaridade, quando articulam vários
pedagógico do professor, convertendo- ramos do saber, além de possibilitar a inte-
se em um dos apoios disponíveis para o gração de vários ramos da Matemática. Outra
professor; talvez o mais importante, o mais dimensão positiva dessa ação pedagógica é a
facilmente acessível, na disponibilidade do possibilidade de escolha de projetos com te-
material textual que vai ser objeto de estudo, mas transversais de interesse da comunidade,
na indicação dos conteúdos relevantes e que favoreçam o despertar do aluno para os
nas propostas de atividades que ensejam problemas do contexto social e cultural, além
sua exploração. Espera-se que dentro de de contribuir para ações que, ao entender
uma perspectiva mais ampla o livro didático esse contexto, o modificam.
deixe de ser o único instrumento de apoio ao
professor e que ele possa complementar esse Um fato a considerar é que a metodologia de
recurso, atendendo às diferenças regionais ensino-aprendizagem aqui tratada e as dife-
e particularidades locais. Para tal, que utilize rentes alternativas metodológicas e recursos
textos e filmes diversos que tratem de temas didáticos exigem dos professores e alunos
de interesse dos indivíduos envolvidos, e uma nova postura diante do conhecimento
a internet, com sua gama de conexões, e, aliado a isso, uma permanente busca a
no sentido de ampliar as informações e o variadas fontes de informação e a momentos
repertório textual. de interação fora dos limites da sala de aula.

80
Sumário principal

7.1.4 Conteúdo Básico Comum - Matemática


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Competências gerais
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e as outras áreas do saber.
• Raciocinar logicamente, fazer abstrações com base em situações concretas, generalizar, organizar e representar.
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem empregadas na Matemática.
• Resolver problemas, criando estratégias próprias para sua resolução, desenvolvendo a imaginação e a criatividade.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de raciocínio: dedutivo, indutivo, probabilístico, por analo-
gia, plausível etc.
• Utilizar as novas tecnologias de computação e de informação.
• Desenvolver a sensibilidade para as ligações da Matemática com as atividades estéticas no agir humano.
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa na simplicidade, na harmonia e na organicidade
de suas construções.
• Expressar-se com clareza utilizando a linguagem matemática.

Outras competências, igualmente fundamentais para o Ensino Básico, estão associadas a campos matemáticos mais
específicos e são mencionadas a seguir:
• Reconhecer e utilizar símbolos, códigos e nomenclaturas da linguagem matemática.
• Identificar, transformar e traduzir adequadamente valores e unidades básicas apresentadas sob diversas formas.
• Identificar dados relevantes de uma situação problema para buscar possíveis soluções.
• Reconhecer relações entre a matemática e as outras áreas do conhecimento, percebendo sua presença nos mais varia-
dos campos de estudo e da vida humana.
• Compreender dados estatísticos, interpretá-los e tirar conclusões que possam ir além dos dados oferecidos, estabele-
cendo tendências e possibilidades.
• Identificar e analisar valores das variáveis, intervalos de crescimento e decrescimento em um gráfico cartesiano sobre
tema socioeconômico ou técnico-científico.
• Visualizar e analisar formas diversas e geométricas.
• Diante de formas geométricas planas e espaciais, reais ou imaginárias, conhecer suas propriedades, relacionar seus ele-
mentos.
• Calcular comprimentos, áreas e volumes e saber aplicar esse conhecimento no cotidiano.
• Utilizar grandezas diversas para medir espaço, tempo e massa.
• Reconhecer o caráter aleatório de certos fenômenos e utilizar processos de contagem, estatística e cálculo de probabi-
lidades para resolver problemas.
• Identificar a formulação em linguagem matemática, em uma situação problema apresentada em certa área do conheci-
mento.

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Sumário principal

1º ano, 1ª e 2ª séries

Habilidades Conteúdos
• Desenvolver estratégias úteis de manipulação dos números e das Números e Operações
operações. • Identificação dos números naturais.
• Utilizar diferentes formas de representação dos números, assim como • Números pares e ímpares.
das propriedades das operações.
• Sistema de Numeração Decimal: unida-
• Operar utilizando cálculo mental, estimativa, calculadora e algorit- des, dezenas e centenas; valor posicio-
mos. nal; decomposição.
• Reconhecer a ordem de grandeza dos números. • Antecessor e sucessor dos números na-
• Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade de resultados turais.
obtidos. • Adição, subtração.
• Explorar padrões numéricos em situações matemáticas e não-mate- • Resolução de problemas envolvendo as
máticas. ideias da multiplicação: parcelas iguais
• Investigar relações numéricas em problemas envolvendo processos e ideia combinatória.
de contagem. • Resolução de problemas envolvendo
• Reconhecer as operações que são necessárias à resolução de cada ideias da divisão: ideia de repartir e for-
situação-problema, assim como explicar os métodos e o raciocínio mar grupos.
que foram usados. • Situações problemas envolvendo a adi-
• Compreender o sistema de numeração decimal no que tange ao va- ção, subtração.
lor posicional dos algarismos.
• Compreender o sistema de numeração decimal e sua relação com os
algoritmos da adição e subtração.
• Reconhecer números naturais e decimais e suas representações.
• Utilizar as propriedades das operações em situações concretas e para
facilitar os cálculos.
• Ler e interpretar tabelas e gráficos em situações diversas e comunicar Tratamento da Informação
as interpretações feitas. • Leitura e interpretação de tabelas e
• Processar informações diversas. gráficos.
• Registrar ideias e procedimentos. • Representação por meio de tabelas e
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem. gráficos.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de ra- • Ler e interpretar textos diversos.
ciocínios.

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Sumário principal

Habilidades Conteúdos
• Visualizar e reconhecer as figuras geométricas e fazer pequenas aná- Geometria, Grandezas e Medidas
lises. • Geometria nas diversas culturas e nas
• Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise das figuras artes.
geométricas e na resolução de problemas geométricos e de outras • As figuras geométricas: semelhanças e
áreas da Matemática. diferenças.
• Identificar a diversidade nas diferentes culturas. • O cubo, o paralelepípedo e as pirâmi-
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e des.
as outras áreas do saber. • Os objetos planos: quadrado, retângu-
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa lo, triângulo e círculo.
na simplicidade, na harmonia e na organicidade de suas construções. • Noções de medidas de comprimento,
• Desenvolver a capacidade de observar, explorar e investigar. massa.
• Capacidade para utilizar a imaginação e a criatividade. • Grandeza Tempo: unidades de tempo
• Compreender o conceito de comprimento e utilizar o conhecimento (ano, dia, mês e hora), intervalo de tem-
sobre esses conceitos na resolução de problemas do cotidiano. po, estimação.
• Efetuar medições e estimativas em situações diversas, utilizando me-
didas não-padronizadas.

83
Sumário principal

3ª e 4ª séries

Habilidades Conteúdos
• Desenvolver estratégias úteis de manipulação dos números e das Números e Operações
operações. • Identificação dos números naturais.
• Utilizar diferentes formas de representação dos números, assim como • Sistema de Numeração Decimal: ordens
das propriedades das operações. e classes; valor posicional; decomposi-
• Operar utilizando cálculo mental, estimativa, calculadora e algorit- ção.
mos. • Adição com reservas e subtração com
• Reconhecer a ordem de grandeza dos números. recurso.
• Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade de resultados • Multiplicação: ideias de parcelas iguais
obtidos. e ideia combinatória e forma retangu-
• Explorar padrões numéricos em situações matemáticas e não-mate- lar.
máticas. • Multiplicação: ideia proporcional (do-
• Investigar relações numéricas em problemas envolvendo processos bro, triplo etc.).
de contagem. • Divisão: ideia de repartir e formar gru-
• Reconhecer as operações que são necessárias à resolução de cada pos.
situação-problema, assim como explicar os métodos e o raciocínio • Situações problemas envolvendo a adi-
que foram usados. ção; subtração, multiplicação e divisão.
• Compreender o sistema de numeração decimal no que tange ao va- • Noção de fração: parte todo e razão.
lor posicional dos algarismos. • Os números decimais: sistema monetá-
• Compreender o sistema de numeração decimal e sua relação com os rio, medidas, operações de adição, sub-
algoritmos da adição e subtração. tração e multiplicação por inteiro.
• Reconhecer números naturais e decimais e suas representações. • Noções de porcentagem e escala.
• Utilizar as propriedades das operações em situações concretas e para
facilitar os cálculos.
• Ler e interpretar tabelas e gráficos em situações diversas e comunicar Tratamento da Informação
as interpretações feitas. • Leitura interpretação de tabelas e
• Processar informações diversas. gráficos.
• Registrar ideias e procedimentos. • Representação por meio de tabelas e
• Comunicar-se utilizando as diversas formas de linguagem. gráficos.
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de ra- • Organizar dados em gráficos de barras.
ciocínios. • Ler e interpretar textos diversos.

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Sumário principal

Habilidades Conteúdos
• Visualizar e reconhecer as figuras geométricas e fazer pequenas aná- Geometria, Grandezas e Medidas
lises. • A geometria nas diversas culturas e nas
• Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise das figuras artes.
geométricas e na resolução de problemas geométricos e de outras • As figuras geométricas: semelhanças e
áreas da Matemática. diferenças.
• Identificar a diversidade nas diferentes culturas. • O cubo, o paralelepípedo e as
• Estabelecer conexões entre os campos da Matemática e entre essa e pirâmides.
as outras áreas do saber. • Os objetos planos: quadrado,
• Perceber a beleza das construções matemáticas, muitas vezes expressa retângulo, triângulo e círculo.
na simplicidade, na harmonia e na organicidade de suas construções. • Cálculo com medidas
• Desenvolver a capacidade de observar, explorar e investigar. não-padronizadas.
• Capacidade para utilizar a imaginação e a criatividade. • Medidas de comprimento: metro,
• Compreender o conceito de comprimento e utilizar o conhecimento decímetro, centímetro, milímetro e
sobre esses conceitos na resolução de problemas do cotidiano. quilômetro.
• Efetuar medições e estimativas em situações diversas, utilizando me- • Medidas de massa: quilograma e
didas não-padronizadas. grama.
• Medidas de volume: litro e mililitro.
• Unidades de tempo (hora, minuto,
segundo, mês e ano).

85
Sumário principal

7.1.5 Referências

ABRANTES, P.; PONTE, J. P. da; FONSECA, H.; BRUNHEIRA, L. Investigações matemáticas na aula e no currículo.
Lisboa: Projecto Matemática para todos e Associação de Professores de Matemática, 1999.
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86
Sumário principal

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formação de professores. In: ARAÚJO, Jussara de Loiola. Educação matemática crítica: reflexões e diálogos. Belo
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SOLIGO, Rosaura. Programa e escrita na escola: dez questões a considerar. Disponível em : <http://www.tvebrasil.
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Tecnologia, 2006.
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Artes Médicas, 2002.
_______. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

87
Sumário principal

7.2 Ciências Nessa perspectiva, nossa proposta do processo


de ensino de ciência tem uma importante
7.2.1 Contribuição da disciplina contribuição na formação humana dos alu-
para a formação humana nos, pois o diálogo discursivo de alteridade
fundamentado nas interações discursivas
Os problemas globais e essenciais da huma- socioculturais obriga os professores e os alunos
nidade demandam a formação de um ser hu- a refletir sobre essas competências, habilidades
mano que possa recriar sua condição humana, e ferramentas.
reinserindo-se no universo, na Terra e na vida.
Estamos convencidos de que tal condição se Nessa reflexão os participantes desse processo,
fundamenta na recriação de instrumentos e de por meio do diálogo, se desenvolvem cognitiva
ferramentas socioculturais, por meio das quais e afetivamente; conhecem e compreendem
os seres humanos, ao mesmo tempo em que as interações entre as culturas populares e
se conhecem e se compreendem, transformam a científica, bem como entre as culturas e o
o meio ambiente e sua existência. meio ambiente; dominam as competências
e habilidades mediadoras nessas interações;
Para nós, na escola a formação para a humani- como também se apropriam dos direitos e das
dade deveria centrar-se na recriação da condi- obrigações cívicas de seu meio sociocultural.
ção humana. Sendo assim, um dos objetivos Tais ações são extremamente importantes para
essenciais do processo de ensino é desenvolver a recriação da condição humana.
nos alunos: a aptidão de contextualizar e
integrar saberes; a capacidade de organizar Também nesse diálogo o domínio dos sistemas
conhecimentos para entender e contextualizar linguísticos populares e científicos torna-se
a grande quantidade de informação surgidas essencial, pois são instrumentos sociocul-
das práticas humanas; e a capacidade de inte- turais, por meio dos quais os participantes
grar saberes para que cada aluno seja capaz de do processo de ensino científico conhecem
recriar sua vida sociocultural natural e afetiva. e compreendem as complexas interações
Esse desenvolvimento torna-se essencial para a dos conhecimentos que estão presentes nas
reflexão sobre os limites e as possibilidades das suas práticas cotidianas e que, de alguma
competências, das habilidades [instrumentos] forma, explicam a condição humana. Nesse
e das ferramentas socioculturais que recriam sentido, tal domínio não só permite conhecer
a condição humana. e compreender a humanidade em comum à

88
Sumário principal

espécie Homo sapiens, como também permite 7.2.2 Objetivos da disciplina


compreender a diferença cultural inerente a
todo ser humano (MORIN, 2002). Orientar o ensino das Ciências para a recriação
da condição humana torna imprescindível
Em nossa concepção, compreender a dife- que esse, nas etapas da Educação Básica,
rença cultural significa, entre outras coisas, ainda que cada uma delas tenha objetivos
aceitar as diferentes formas de conhecer e específicos, responda a um ou a vários ob-
explicar a condição humana, pois a produ- jetivos gerais.
ção dos conhecimentos é socio-histórica.
Nesse sentido, todos os conhecimentos Dessa forma, recria-se a necessidade de que
são relativos e incertos. Em consequência, a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
o processo de ensino de ciência lidaria e o Ensino Médio se tornem um processo
com essa incerteza dos saberes humanos, único de diálogo entre essas etapas e entre
contribuindo para que cada aluno durante diferentes organizações dessas (disciplinas,
sua vida possa “[...] enfrentar as incertezas blocos, ciclos, anos, etc.), com o fim de alcançar
e, mais globalmente, o destino incerto de o(s) objetivo(s).
cada indivíduo e de toda a humanidade”
(MORIN, 2002, p.56). Nesse sentido, esse processo, baseado na
interação entre o desenvolvimento cognitivo
Finalmente, levando em conta os parágrafos afetivo do aprendiz e o processo de aprendiza-
anteriores, podemos dizer que o processo gem escolar, deveria contribuir para o desen-
de ensino científico, junto aos das outras volvimento das capacidades cognitivas afetivas,
áreas escolares, deve contribuir para a por meio das quais os alunos compreendam
formação integral e contextualizada de os problemas emergentes das interações entre
um aluno autônomo, solidário, curioso, os próprios seres humanos, e entre os seres
criativo e reflexivo, partícipe ativo das trans- humanos e o meio ambiente.
formações de seu entorno social, cultural e
natural. Para nós, esse ideal de aluno seria Nessa perspectiva, baseando-se na Lei
capaz de recriar sua condição humana 9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções 02/1998
socioculturalmente. e 03/1998 da CEB/CNE, que tratam das
diretrizes curriculares nacionais dos ensinos
Fundamental e Médio, e nos documen-

89
Sumário principal

tos norteadores, o objetivo do processo escolar, cada etapa do processo do ensino


de ensino científico da Educação Básica científico da Educação Básica depende da
será contribuir para o desenvolvimento e anterior e é a base para a posterior, sempre
domínio das competências e habilidades respondendo ao(s) objetivo(s).
mediadoras na tomada de consciência das
necessidades físicas, psicológicas e afetivas, Assim, o(s) objetivo(s) de uma etapa e/ou
na reflexão sobre as interações sociocultu- de um bloco e/ou de um ciclo da Educação
rais e socioambientais, e na recriação da Básica se recria(m) com o fim de contribuir
subjetividade. com o(s) objetivo(s) da etapa e/ou bloco e/ou
ciclo seguinte, mas também com fim último
Partindo desse objetivo, as atividades e ações de contribuir para o(s) objetivo(s).
do processo de ensino das ciências motivarão
os alunos a recriar junto ao professor e aos Nessa perspectiva, nossa proposta curricu-
colegas os saberes mediadores na reflexão lar, fundamentada nos objetivos a serem
sobre o mundo, as transformações sociocul- alcançados na próxima etapa da disciplina
turais e socioambientais e suas influências de Ciências da Educação Básica, propõe
na recriação da subjetividade humana. que o ensino científico de primeiro a quinto
Reflexão que se fundamenta no diálogo anos do Ensino Fundamental tenha como
entre os conhecimentos das disciplinas e objetivo desenvolver as habilidades (ins-
os conhecimentos culturais. trumentos socioculturais) mediadores no
processo de conhecimentos das diferentes
Sendo assim, torna-se essencial que a me- explicações dos fenômenos socioculturais
todologia dessa disciplina se fundamente e ambientais.
nas necessidades do aprendiz, no diálogo
entre os conhecimentos dos participantes Essa proposta torna-se um grande desafio
do processo de ensino-aprendizagem e para os professores dos ciclos iniciais, pois
na tomada de consciência dos limites e o processo de ensino-aprendizagem da dis-
das possibilidades dos diferentes conhe- ciplina Ciências desses ciclos já não poderá
cimentos. ser centrado na memorização e repetição
de palavras científicas. Ele seria orientado
Na proposta curricular, fundamentada na para o desenvolvimento de instrumentos
concepção processual dialógica do ensino socioculturais mediadores na atividade de

90
Sumário principal

conhecer e explicitar os fenômenos socio- 7.2.3 Principais alternativas


culturais e naturais. metodológicas

Nesse sentido, guiados pela pesquisadora Em nossa proposta, os professores concebem-


Carvalho (2001), nessa etapa do Ensino Fun- se no processo de ensino-aprendizagem
damental o processo de ensino científico se como mediadores entre o que o sujeito sabe
centrará não só no desenvolvimento das ha- e entre o que se tem que aprender na escola.
bilidades básicas (observação, experimenta- Nesse sentido, os professores, por meio de
ção, descrição, identificação, descriminação, atividades/tarefas pedagógicas, ajudarão
categorização, comparação, classificação, o aprendiz a desenvolver competências e
etc.), como também no desenvolvimento habilidades que lhes permitam conhecer e
das habilidades mediadoras na linguagem dominar suas atividades cotidianas.
científica (explicação, dedução, argumenta-
ção, diferenciação, analogia, etc.) Também nesse processo, o aluno é conce-
bido como sujeito socio-histórico capaz de
Estudos mostram que tal processo do de- recriar sua subjetividade na interação com
senvolvimento na sala da aula depende seu meio sociocultural e socioambiental.
da recriação de atividades pedagógicas
que, ao mesmo tempo em que estimulam Partindo dessas premissas, centrar a pro-
a interação entre habilidades e conceitos, posta no processo de desenvolvimento de
também promovem a tomada de consciência competências e habilidades implica recriar
dessas atividades. o processo de ensino-aprendizagem a partir
de núcleos de problemáticas, cuja compre-
Sendo assim, sem fugir dos princípios meto- ensão torna necessária a integração de várias
dológicos que orientam esta proposta, o pro- disciplinas e o trabalho sobre processo.
fessor, no processo de ensino-aprendizagem
científico de primeiro a quinto anos, será o Nesse sentido, a metodologia será recriada a
instrumento mediador dessa interação e partir das necessidades cotidianas do aluno. As
da tomada de consciência. Mediação que atividades/tarefas pedagógicas se organizarão
se concretizará na recriação, em atividades de tal forma que o aluno possa concretizar a
pedagógicas que contribuam para essas tomada de consciência de suas necessidades,
ações. das competências e das habilidades media-

91
Sumário principal

doras nessa ação, além das competências e ção discursiva entre os conhecimentos do
habilidades que satisfazem suas necessidades. aluno e os conhecimentos escolares; para
Com a metodologia buscar-se-á com que o isso propomos a resolução de problemas
aluno conheça e domine os instrumentos que cotidianos em grupo, pesquisa em grupo,
produção de texto em grupo, confronta-
contribuem para conhecer e compreender os
ção de ideais, interação discursiva entre
impactos da ação humana no meio ambiente, o professor e os alunos.
a diferença sociocultural e a recriação da
subjetividade humana. 4. Diálogo intercultural: procurando
sempre a interação entre os diferentes
conhecimentos socioculturais, por meio
Sendo assim, consideramos importante no de leituras de vídeos, revistas, jornais
ensino de Ciências Naturais os seguintes locais e de outros estados, além de
princípios metodológicos: outras fontes como pequenas viagens
(intercâmbios), pesquisas etc.
1. Contextualização: procurar sempre a in-
5. Problematização: incentivando os alu-
teração entre os conhecimentos escolares
nos à reflexão sobre questões cotidianas.
e a vida pessoal do aluno, o mundo ou a
Para isso propomos que se identifiquem,
sociedade em geral, e o próprio processo
conheçam problemas cotidianos e bus-
de produção de conhecimentos. Com
quem soluções socioculturais teóricas e
esse fim, orientamos que as atividades/
práticas para os mesmos.
tarefas pedagógicas sejam organizadas
a partir de projetos, temas geradores, 6. Experiências: montagem de pequenos
mapas conceituais, problemáticas, eixos experimentos científicos para que os
temáticos etc. alunos busquem soluções, compreen-
dam e proponham explicações sobre os
2. Interdisciplinaridade: estabelecendo um
fenômenos humanos ou naturais.
diálogo entre as diferentes disciplinas ou
áreas escolares, com o objetivo de fazer 7. Pesquisa de campo e bibliográfica:
um trabalho que integre os conhecimen- procurando o domínio dos fundamentos
tos e que leve os alunos a uma melhor e dos instrumentos da pesquisa, propo-
articulação entre os conhecimentos das mos que os alunos realizem diferentes
diferentes áreas. pesquisas com os pais e/ou pessoas da
comunidade, por meio de entrevistas,
3. Diálogo: considerando o aluno um
observação de ambientes naturais (com
produtor de conhecimento, o professor
elaboração de relatórios de campo), uso
buscará motivar constantemente a intera-
de livros de Ciências, revistas de divulga-

92
Sumário principal

ção científica e documentos escritos ou diferentes gêneros textuais escritos e


digitais. que, logo depois de serem avaliados,
junto a textos escritos por outros autores,
8. Produção e utilização de texto: com
sejam utilizados no processo de ensino-
o fim de dominar os diferentes sistemas
aprendizagem. Os textos deverão levar
simbólicos de conhecimentos, sugerimos
em conta a linguagem científica.
que os professores e os alunos produzam

93
Sumário principal

7.2.4 Conteúdo Básico Comum - Ciências


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Competências Gerais
1. Expressão e comunicação
• Dominar os instrumentos básicos da linguagem científica, entre outros: percepção, categorização, identificação,
diferenciação, descrição, observação, comparação, explicação, argumentação, conceitos, pensamento lógico e
crítico.
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, gráficos e representações geométricas.
• Identificar e utilizar adequadamente símbolos, códigos e nomenclatura da linguagem científica.
• Consultar, analisar e interpretar textos de enfoques sociocultural e tecnológicos veiculados nos diferentes meios
de comunicação.
• Elaborar textos para relatar eventos, fenômenos, experimentos, questões-problema, visitas etc.
• Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relação a temas de ciência, cultura, tecnologia e meio am-
biente.

2. Investigação e compreensão
• Identificar situações-problemas do cotidiano (sociocultural e socioambiental), elaborar hipóteses, interpretar, avaliar
e planejar intervenções socioculturais e tecnológicas.
• Organizar os conhecimentos adquiridos, entender, contextualizar e refletir as informações surgidas das práticas
humanas.
• Elaborar e desenvolver experimentos e interpretar os resultados.
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos e teorias dentro das áreas do conhecimento.
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de ação crítica e cooperativa para a construção coletiva do conheci-
mento.

3. Contextualização sociocultural e socioambiental


• Compreender o conhecimento sociocultural, socioambiental e tecnológico como resultado da construção humana,
associado aos aspectos de ordem histórica, cultural, social, econômica e política.
• Compreender as interações entre conhecimentos culturais, produção de tecnologia e condições de vida, analisando
criticamente os limites e as possibilidades da intervenção humana na dinâmica do meio ambiente.
• Compreender a saúde como resultado do bem-estar físico, social, mental e cultural dos indivíduos.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos para elaboração de propostas de intervenção solidária, respeitando
os valores humanos e a diversidade sociocultural e ambiental.
• Compreender a diversidade de informações socioculturais das comunidades, identificando e questionando as ações
humanas e suas principais consequências em diferentes espaços e tempos, sendo participante ativo, consciente,
ético e crítico nas questões socioculturais e socioambientais.
• Compreender a subjetividade como elemento de realização humana, valorizando a formação de hábito de
autocuidado, de autoestima e de respeito ao outro.

94
Sumário principal

ENSINO FUNDAMENTAL
1º ano do Ensino Fundamental de 9 anos e 1ª Série

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Expressar oralmente ideias e atividades escolares e Eixo: Identidade e Cultura
extraescolares.
1. Construindo nosso conhecimento
• Com a cooperação dos colegas e o(a) professor(a) • Objeto de estudo das ciências
formular estratégias para a resolução e dar respostas
a problemas socioculturais ambientais concretos. 2. Observando o espaço
• Observar objetos e fenômenos simples utilizando • Céu, lua, sol (noite e dia)
categorias socioculturais. • Noções de astronomia (astros, planetas e estrelas)
• Descrever, comparar, classificar utilizando categorias 3. Conhecendo meu corpo
socioculturais. • Partes do corpo humano
• Com ajuda do(a) professor(a) identificar e registrar • Órgãos dos sentidos
dados. • Higiene e cuidados com o corpo
• Elaborar junto com o(a) professor(a) textos escritos
poéticos, descritivos e instrutivos simples. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Interpretar fenômenos aplicando conhecimentos 4. Nosso meio ambiente
socioculturais.
• Espaço onde vivo: ambiente (natural e modificado)
• Realizar pesquisa de campo e bibliográfica simples. • Organismos
• Elaborar e interpretar desenhos e completar esquemas • Ambiente e ser vivo
básicos.
5. Os seres vivos
• Ouvir e respeitar as ideias dos colegas e do(a)
professor(a), bem como as diferenças socioculturais. • Ciclo vital dos seres vivos
• Classificação dos seres vivos
• Identificar elementos culturais que recriam diferenças
socioculturais. • Diversidade
• Perceber e descrever fenômenos naturais. 6. Plantas e animais
• Conhecer hábitos de higiene para uma boa saúde. • Comparação entre plantas e animais
• Plantas terrestres e aquáticas
• Conhecer ações do ser humano sobre o meio ambiente.
• Animais vertebrados e invertebrados
• Relações ecológicas entre os seres vivos
7. Meio ambiente e ser humano
• Recursos naturais
• Relação entre o homem e os recursos naturais

Eixo: Ciência e Tecnologia


8. Os fatores físicos: propriedades gerais (noções de trans-
formação)
• Ar, água, luz, solo
• Noções de energia (luz e calor)

95
Sumário principal

ENSINO FUNDAMENTAL
2ª Série

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Identificar estratégias de resolução e resposta a pro- Eixo: Identidade e Cultura
blemas socioculturais ambientais locais. 1. Conhecendo o Universo
• Conhecer e utilizar aparelhos de medições simples. • Explicações e teorias sobre a origem do universo
• Manipular material do laboratório (informática, química • Movimentos do planeta
e física), respeitando a normas de segurança. • Explicações e teorias sobre os astros
• Descrever, comparar e classificar utilizando variáveis • Sol (eclipse)
e enfocando aspectos quantitativos. • Lua (fases da lua e marés)
• Identificar e tabular dados e ler, interpretar e reproduzir • Noções de coordenadas (pontos cardeais e bússola)
gráficos, imagens. • Hora (dia e noite)
• Interpretar fenômenos aplicando conhecimentos 2. Nosso mundo: planeta Terra e as culturas
socioculturais. • O planeta Terra e os conhecimentos culturais
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utilizando • Características (forma) segundo a ciência
fontes científicas e não-científicas.
• Elaborar ideias simples sobre um problema e montar Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
experimentos para testá-las. 3. O ar
• Completar e elaborar esquemas conceituais sim- • Características gerais e propriedades
ples. • Poluição
• Comparar, selecionar e registrar informações socio- 4. A luz
culturais. • Características gerais
• Trabalhar em equipe na resolução de problemas e a • Fotossíntese
realização de pesquisas. 5. A água
• Analisar os hábitos para a boa saúde. • Características gerais e propriedades
• Analisar os elementos culturais que recriam a diferença • Ciclo da água
sociocultural. • Poluição
• Ler e interpretar textos descritivos e informativos. 6. O solo
• Características gerais e propriedades
• Tipos de solo (argiloso, arenoso e humoso)
• Proteção e conservação do solo

Eixo: Ciências e Tecnologia


7. Parasitologia: doenças relacionadas a ar, água e solo
• Prevenções e cuidados
• Importância da vacinação
8. Dependência de alimento
• Lixo
• Geração de lixo (reciclagem)
• Transformações da energia no ambiente

96
Sumário principal

ENSINO FUNDAMENTAL
3ª série

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Formular estratégias de resolução e resposta a pro- Eixo: Identidade e Cultura
blemas socioculturais locais. 1. Alimentação e saúde
• Resolver situações-problema, utilizando-se de racio- • Conceito de alimento
cínios lógicos. • Pirâmide alimentar
• Alimentos regionais
• Utilizar aparelhos de medições simples. • Cuidados com alimentos
• Manipular adequadamente o material do laboratório • Doenças ligadas aos alimentos
(informática, química e física), respeitando a normas
de segurança. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Descrever, comparar e buscar regularidades, classificar 2. Planeta Terra
• Formação da Terra
utilizando variáveis, enfocando aspetos quantitati-
• Formação da superfície terrestre
vos. • Camadas internas da Terra
• Reconhecer e tabular dados e produzir gráficos de 3. Transformações da superfície terrestre: agentes naturais
representação de dados. • Movimento das placas tectônicas
• Analisar fenômenos aplicando conhecimentos socio- • Vulcões, terremotos, erosão
culturais. 4. Água
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utilizando • Necessidade da água para vida
• Purificação da água
fontes científicas e não-científicas.
• Tratamento de esgoto
• Elaborar ideias simples sobre um problema e montar • Utilização racional da água
experimentos para testá-las. 5. Ar
• Elaborar esquemas conceituais simples. • Ciclo do ar
• Composição, peso, pressão, temperatura, umidade
• Comparar, selecionar e registrar informações socio- • Respiração aeróbica
culturais. • Poluição regional
• Trabalhar em equipe na resolução de problemas e 6. Solo
realização de pesquisas. • Formação, tipos e camadas do solo
• Analisar os hábitos para a boa saúde.
Eixo: Ciências e Tecnologia
• Analisar os elementos culturais que recriam a diferença 7. Matéria
sociocultural. • Características gerais de materiais (vidro, madeira, metais,
• Ler e interpretar texto descritivo e informativo de minerais, sementes, derivados do petróleo)
cunho científico simples. 8. Reações químicas
• Produzir textos com sequência lógica e coerência. • Ação microbiana (fungos, lactobacilos)
• Húmus
• Realizar atividades de estudo com independência • Ferrugem
(organizar o material, consultar a agenda e fontes de • Combustíveis
pesquisa, executar tarefas). • Lixo industrial
• Fazer perguntas contextualizadas. 9. Variedade dos seres vivos
• Características gerais e exemplo de cada reino (plantas,
• Responsabilizar-se pelo material escolar e pertences
animais, fungos, bactérias e protozoários)
pessoais. • Ciclo de vida e doenças (alguns exemplos)

97
Sumário principal

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Reconhecer e respeitar direitos e deveres. 10. Plantas
• Participar de ações de cidadania e de solidariedade. • Partes da planta (raiz, caule, folha, flor, fruto e semente)
• Noção do ciclo reprodutivo das plantas (polinização)
• Reconhecer os colegas como parceiros de trabalho. 11. Animais
• Reconhecer a escola como espaço público de traba- • Características e grupos
lho. • Reprodução: ovíparo, vivíparo e ovovivíparo
• Cadeia alimentar aquática e terrestre
12. Tecnologias
• Agriculturas
• Monoculturas
• Sustentabilidade

ENSINO FUNDAMENTAL
4ª série

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Realizar pesquisas de campo e bibliográficas utili- Eixo: Identidade e Cultura
zando fontes teóricas científicas e explicações não- 1. O homem e o universo
científicas.
• A via-láctea e o nosso sistema solar: explicações socio-
• Registrar qualitativamente dados e descrever as ob- culturais
servações. • A força da gravidade
• Utilizar critérios de classificação, planificação e aplicação • Lua: satélite natural
de categorias socioculturais.
• Eclipses
• Identificar o motivo do problema de pesquisa. • Radiação solar
• Propor hipótese sobre a resolução de problema. 2. O ser humano biológico
• Deduzir previsões a partir de conhecimentos teóri- • Células - partes principais
cos. • Das células ao organismo
• Classificar variáveis (relevantes e irrelevantes) de um • Sistemas: anatomia
problema e estabelecer relações de dependência
entre variáveis. Eixo: Cidadania e Meio Ambiente
• Selecionar testes ou experiências adequadas para 3. O ambiente dos seres vivos
testar hipótese e formular estratégias adequadas • Biosfera: camada de vida
para a resolução de problemas socioculturais locais
e globais. • Os ambientes da biosfera (terrestre e aquático)
• Conhecer processos experimentais úteis para o tra- • Ecossistemas (fatores bióticos e abióticos)
balho de laboratório e conhecer estratégias de inves- • Os seres vivos dos ecossistemas (habitat, nicho)
tigação básicas para a resolução de problemas. • Controle biológico
• Interpretar e elaborar quadros, tabelas e gráficos de • Relações alimentares: herbívoro/carnívoro e onívoro
dados. • Cadeia e teia alimentar (aquática e terrestre)

98
Sumário principal

HABILIDADES CONTEÚDOS
• Processar dados e explicar seu significado. Eixo: Ciência e Tecnologia
• Explicar os fenômenos socioambientais a partir dos 4. O que acontece em nossa volta (noções)
conhecimentos socioculturais regionais. • A descoberta da combustão (fogo)
• Elaborar mapas conceituais. • Combustível fóssil e biocombustível
• Entender as informações socioculturais. • Calor, temperatura (termômetro), energia
• Trabalhar cooperativamente na resolução de proble- • Som, ondas, sonar, fala e eco
mas e a realização de pesquisas. • Luzes (reflexão, refração, objetos translúcidos, opacos
• Compreender os hábitos para a boa saúde. e transparentes) e cores (arco-íris)
• Imãs (atração, pólos, força magnética)
• Conhecer diversas possibilidades de produção de
energia e suas implicações sociais, culturais, ambientais • Eletricidade (polaridade, eletricidade estática, corrente
e/ou econômicas na produção e no consumo dessa elétrica e circuito elétrico)
produção.
• Identificar diferentes fenômenos físicos, relacionando-
os aos seus usos cotidiano, hospitalares ou indus-
triais.
• Comparar exemplos de utilização de tecnologia em
diferentes situações culturais, avaliando o papel da
tecnologia no processo social e identificando transfor-
mações de matéria, energia e vida.

99
Sumário principal

7.2.5 Referências

ALTET, M. Análise das práticas dos professores das situações pedagógicas. Porto: Ed. Porto, 2000.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
_______. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo : Hucitec, 1995.
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BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.
BRANCO, S. Meio ambiente & biologia. São Paulo: SENAC, 2001.
BRASIL. Constituição (1988). Brasília, DF, 2002.
_______. Lei nº: 9394. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. 1996.
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MEC / SEF, 1997.
BRONCKART, J. Atividade da linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo:
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São Paulo: Pontifícia Universidade de São Paulo, 2008. Dissertação. 141p.
CHASSOT, A. Alfabetização científica questões e desafios para a educação. Ijuí, RS: Unijuí, 2003.
_______. Educação consciência. Santa Cruz do Sul, RS: EDUNISC, 2003.
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cultura e cognição: reflexões para o ensino e a sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica. 2001.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. Metodologia de ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 1994.
_______ et al. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
FAUNDEZ, A. O poder da participação. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, J. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2007.
GIORDAN A.; DE VECCHI, G. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. Porto
Alegre: Artes Medicas, 1996.
KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1987.
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LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. São Paulo: Papirus, 1997.
LEONTIEV, A. et al. Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo:
Centauro, 2005.

100
Sumário principal

LIBÂNEO, J. Didática, São Paulo: Cortez, 1994.


MOLL, L. Vygotski e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Porto Alegre: Artes Medicas,
2002.
MORIN, E. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
_______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2003.
MOREIRA, A; SILVA, T. (Org.) Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2002.
MORTIMER, E. Evolução do atomismo em sala de aula: mudança de perfis conceituais. São Paulo: Universidade
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_______. Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo Horizonte: UFMG. 2000.
_______; SMOLKA, A (Org.) Linguagem, cultura e cognição: reflexões para o ensino e a sala de aula. Belo
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OLIVEIRA, M. (Org.) Investigações cognitivas: conceito, linguagem e cultura. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SACRISTÁN, J. O currículo uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes Medicas, 2000.
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SAVIANI, D. Educação do senso comum à consciência filosófica, São Paulo: Autores Associados, 2004.
SEPULVEDA, C.; EL-HAANI, C. Apropriação do discurso científico por alunos protestantes de biologia: uma análise à
luz da teoria da linguagem de Bakhtin. Investigações em ensino de ciências, v. 11, n. 1, p.1-20, mar. 2006.
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VYGOTSKY, L.; LURIA, A.; LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.
WESSMANN, H. Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre: Artmet. 1998.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Medicas, 1998.

101
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Sumário principal

8 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
A área de Ciências Humanas no Ensino Fun- que se efetiva na consideração pelo outro
damental — que inclui a história, a geografia em sua diferença cultural, formando uma
e o ensino religioso — deve se manter como consciência da multiplicidade de modos de
referência de uma construção de saberes existência, como produto e processo culturais,
que respeitem a pluralidade de olhares e que se vincula a um compromisso com a
sobre a “realidade”. A experiência humana sustentabilidade da vida em todas as suas
é rica em seus conhecimentos, linguagens, dimensões: do sujeito, das relações sociais e
ações e afetos. Existem humanidades. A do meio ambiente. As “humanidades”, nessa
abertura teórico-valorativa é preponderante perspectiva, não se encerram numa concep-
para o exercício formativo nessa área do ção excludente das ciências ditas naturais
conhecimento; as posturas doutrinárias, ao e físicas, porque a humanidade também é
contrário, são sufocantes para o pensamento natural e física, tanto quanto depende, lida
e impedem o diálogo com as outras discipli- e se relaciona com essas dimensões.
nas. Por isso, cada disciplina, entendendo-se
como parte desse construto coletivo de se Daí que, elegendo o cuidado de não absolu-
pensar as humanidades, teria maior coerência tizar produções dos saberes e fazeres sociais,
didática ao abrir-se para os novos desafios políticos e culturais, a área de humanas con-
de um saber múltiplo, que incorpore em sidera cada vez mais importante as relações
seus currículos e, sobretudo, na sala de aula do ser humano consigo mesmo, com o outro
essa multiplicidade de pontos de vista. Eis o e com o meio em que se insere, produz e
grande desafio para a área de humanas. é produzido. Então, vale pensar também as
relações do local com o global e desse com
Compreender o humano exige um pensa- aquele, entre os diferentes espaços/tempos,
mento complexo, transversal e dialógico em especial o do Espírito Santo.

105
Sumário principal

8.1 Geografia denominação, mas ganha a amplitude de


uma Geografia que se pretende impregnada
8.1.1 Contribuição da disciplina e compromissada com o cotidiano, buscando
para a formação humana potencializar características significativas
de suas diferentes concepções construídas
...para aprender a aprender e para em seu processo histórico: da Geografia
aprender a fazer... Tradicional mantém-se a proposta de
que é preciso saber Geografia para fazer
A ciência geográfica, que nasceu descritiva das Geografia, (re)afirmando a necessidade da
paisagens e das sociedades, cresceu quantita- aprendizagem de conteúdos e estudos
tiva, medindo superfícies para localizar fatos compromissados com a vida; da Geografia
e tentar explicar fenômenos, e expandiu-se Quantitativa resgata-se a possibilidade de
no questionamento, na crítica e na denúncia análises importantes dos processos geográ-
dos processos de exploração, de apropriação, ficos, subsidiadas por recursos tecnológicos
de controle e de domínio de sociedades cada vez mais sofisticados; da Geografia Nova
ou de grupos hegemônicos nas relações aproveita-se a concepção da atividade como
travadas com outras sociedades, com outros base para uma aprendizagem não restrita à
grupos sociais e com a natureza. Como toda reprodução e sim ao aprender a aprender
ciência, não apenas influenciou mudanças e ao aprender a fazer; da Geografia Huma-
no contexto mundial e em situações locais, nística reforça-se a abordagem sensível aos
como também se modificou em função das problemas das sociedades, numa perspectiva
demandas e das transformações geradas nos de construção de um mundo melhor; e da
diferentes espaços/tempos locais e globais. Geografia Crítica amplia-se o compromisso
com a leitura crítica de mundo e com uma
Assim, a Geografia que hoje se ensina nas escrita de vida baseada na manutenção da
escolas, derivada do corpo teórico-prático sustentabilidade do planeta e da dignidade
da ciência geográfica, se produz com mar- humana no trabalho e no consumo.
cas de sua historicidade e se projeta com
desejos de um tempo presente que se quer A Geografia desejada pelo grupo, para se
melhor no futuro. ensinar e para se aprender na escola, se baseia
na intensa relação com outros campos do
Dessa forma, a concepção da Geografia conhecimento para promover: a competência
escolar perde a homogeneidade de uma investigativa sobre o espaço geográfico, o

106
Sumário principal

território, o lugar, a paisagem; a expressão do temas para cada série/ano escolar, enfatizan-
raciocínio geográfico por meio da cartografia do que a escolha para uma determinada série
escolar, de outras linguagens e do uso de não exclui o estudo do tema nas outras séries,
tecnologias possíveis; a formação de atitu- quando serão aprofundados ou aplicados
des de intervenção, manejo, conservação e nas aprendizagens subsequentes. Assim, ao
preservação na diversidade de ambientes no tomar o Lugar como tema representativo das
mundo; o estímulo à convivência solidária na séries iniciais, considera-se a proximidade do
complexidade das diferenças entre os seres seu conceito com a expectativa de cognição
humanos. No trato com a aprendizagem, inicial na Geografia, pelo caráter das relações
as diferenças deverão se constituir como estabelecidas entre o sujeito aprendente
referenciais que singularizam não apenas e o lugar de vivência, envolvendo afetos,
alunos afrodescendentes, indígenas, mi- desafetos e cotidianidade ao longo de sua
grantes, portadores de deficiências ou de vida, razão da necessidade do aprofunda-
transtornos globais de desenvolvimento e/ou mento dessa categoria, como de outras,
altas habilidades, mas todo e qualquer um dos em outros momentos de estudo. Também a
sujeitos do processo de aprender a fazer e a dimensão espacial exige explicitação de um
ser, como partícipes de uma ação coletiva de tratamento didático na proposta do grupo:
projetar e conceber um mundo melhor – com a relação local-global-local será mantida em
as contribuições da Geografia. todos os momentos da Educação Básica.
Contudo, para favorecer esse movimento no
Nessa concepção geográfica as perspectivas imbricamento com outras disciplinas, o foco
do local e do global são permanentemente inicial será dimensionado em cada série.
entrecruzadas, assim como as dimensões de
estudo de aspectos físicos e sociais não se frag- Tornar essa concepção possível no currícu-
mentam, a despeito de suas especificidades. lo escolar implica considerar professores e
alunos como sujeitos produtores e dissemi-
Transformar esses anseios em um documento nadores de conhecimento, conscientes de
escrito exige negociações para torná-lo didá- sua cidadania, em formação permanente.
tico, dinâmico e flexível. Nessa perspectiva, o Implica também considerar a multiplicidade
grupo elegeu alguns conteúdos conceituais e a complexidade de situações, sentimentos,
como eixos centrais, aglutinando-os aos con- problemas, desejos, esperanças, propostas
ceitos procedimentais e atitudinais para criar que permeiam a escola, composta de pes-

107
Sumário principal

soas e ambientes diferentes, o que sugere No estudo das sociedades, a Geografia


dificuldades, mudanças, fragmentações, promove a percepção de identidades e a
construções e transformações que alteram elaboração do sentimento de pertença, ao
tudo que é proposto, planejado, pensado mesmo tempo em que desenvolve princípios
preliminarmente. É como na Geografia, cujo de respeito e aceitação das diferenças, tão
objeto maior de estudo é o espaço geográfico: importantes para a convivência no mundo
uma (re)construção permanente, elaborada atual. No estudo dos processos e fenômenos
no jogo de relações entre a natureza e a da natureza, a Geografia contribui para o de-
sociedade, onde sujeitos “produzem, lutam, senvolvimento de competências/habilidades
sonham, vivem e fazem a vida caminhar” de investigação, monitoramento, análise,
(Santos, 2004, p.75). registro e avaliação capazes de realçar a
importância dos cuidados para manutenção
... para aprender a ser e para aprender da vida. A ética e a estética, presentes na
a conviver... leitura das paisagens, na conformação das
regiões, na delimitação dos territórios e na
A Geografia escolar, na concepção ensejada relação com os lugares, traduzem o rigor,
pelo grupo, pretende contribuir com a for- a disciplina, a dinâmica e a criatividade de
mação humana dos sujeitos envolvidos no aprendizagens geográficas, ampliando-se
processo de ensino e aprendizagem numa para vivências no trato com o outro e com
perspectiva de valorização de suas vivências, o mundo.
de afirmação das ações individuais e coleti-
vas na transformação de situações locais e Dados, fatos e informações, ao se tornarem
globais, de estímulo à responsabilidade na materiais para análises geográficas, exigirão
relação entre a produção pelo trabalho e a a formação de um sujeito crítico que põe em
manutenção do sistema Terra. É importante dúvida o que ouve, vê e lê na rede Internet,
destacar que o professor também é um na televisão, em livros ou outros meios de
sujeito em formação, que deve aprimorar, comunicação, na escola, nas instituições ou
com o ensino de Geografia, a especificidade nas ruas, para confrontar e relacionar com
da ciência e a responsabilidade de leitura as questões do cotidiano, abandonando a
crítica do mundo para efetivação de uma dogmatização de ‘verdades’ para produzir
escrita de vida compromissada com uma saberes. No entender de Kaercher (In PON-
educação solidária e transformadora. tchuska e Oliveira, 2006, p.224-225) é

108
Sumário principal

preciso “[...]fortalecer os valores democráticos 8.1.2 Objetivos da disciplina


e éticos, a partir de nossas categorias centrais
[...], expandirmos cada vez mais o respeito ...para querer saber...
ao outro, ao diferente [...] no combate às
desigualdades e às injustiças sociais [...]. Se Propiciar conhecimento sobre processos,
ajudarmos nossos alunos a perceberem que fenômenos e fatos de origem físico-
a Geografia trabalha com as materializações química e social que, em sua comple-
xidade espaço temporal e nas relações
das práticas sociais, estaremos colocando-a
que travam entre si, organizam o espaço
no seu cotidiano.” Como Moreira (1987) e
geográfico.
Cavalcanti (1998), acredita-se que as contri-
buições da Geografia à formação humana Fornecer subsídios para a compreensão
do espaço geográfico como produção
ultrapassam a especificidade da localização
social e histórica, decorrente de ações e
espacial ao desvelar relações de poder no
responsabilidades individuais e coletivas
disciplinamento da organização do espaço junto à natureza e à sociedade.
geográfico, por meio de políticas e ideologias,
o que possibilita a compreensão de que, ao Promover o conhecimento geográfico
integrado às práticas sociais cotidianas de
intervir em situações e arranjos predeter-
enfrentamento a processos de silencia-
minados pela hegemonia do capital sobre mento, de invisibilidade ou de exclusão
sociedades e natureza, ações particulares e social, política, econômica ou cultural de
coletivas elevam a prática cotidiana ao nível parcelas da população por diferenças de
da antropoética. Nascem daí a autonomia quaisquer ordens.
intelectual e a cidadania como expressões Apresentar categorias geográficas que
de organização coletiva na busca de direitos atuem como base na análise do espaço
para uma sociedade justa e democrática. geográfico.
Estimular raciocínios e procedimentos
A alfabetização cartográfica e geográfica
geográficos na leitura crítica do mundo e
favorece o desenvolvimento do raciocínio na ação cidadã no espaço geográfico.
crítico e o fortalecimento da ação criativa,
Promover investigações e propor interven-
que alicerçam a formação de homens e
ções no espaço geográfico, considerando
mulheres atuantes na comunidade local
o cuidado com a finitude do sistema Terra
e global, solidários entre si, produtivos e e as possibilidades de sustentabilidade
respeitosos com a natureza. no uso de seus recursos.

109
Sumário principal

Favorecer a compreensão sobre as rela- trutura de recursos didáticos na escola. A


ções espaço temporais e escalas geográ- despeito de mudanças e flutuações teórico-
ficas local-global-local nas produções e metodológicas, o grupo de professores de
vivências das sociedades.
Geografia, que se empenha em delinear a
Desenvolver leitura e representações presente proposta de diretrizes curriculares
espaciais por meio de instrumentos e da rede pública estadual, destaca um con-
técnicas da cartografia e de outras lin- junto de alternativas metodológicas julgadas
guagens.
coerentes com a concepção pretendida.
Criar condições para práticas sociais no es-
paço geográfico local e global que valorizem Considerando as especificidades aponta-
ações de convivência solidária, aceitação das para a Geografia escolar professada, a
de diferenças entre pessoas e culturas, em
prática do diálogo na intermediação entre
atitudes de promoção da paz com uso do
o conhecimento científico e aquele elabo-
conhecimento geográfico.
rado na vivência de sujeitos envolvidos no
Estimular atitudes de preservação ou processo de ensino-aprendizagem imprime
conservação que potencializem a valori-
um movimento de teorização e de prática
zação do patrimônio geofísico e cultural
indispensável à pesquisa, à experimentação,
local e global.
ao registro e à aplicação dos saberes geográ-
ficos à vida cotidiana. Assim, a aula geográfica
8.1.3 Principais alternativas deverá privilegiar problematizações interdis-
metodológicas ciplinares, nos quais princípios transversais
deverão ser acionados. Além disso, deverá se
...para ensinar e para aprender: saberes, efetivar como um permanente exercício de
poderes e fazeres docentes... vivências reflexivas sobre as relações entre
pessoas e entre essas e a natureza, numa
Nas diferentes concepções pedagógicas do perspectiva de solidariedade, dignidade e
ensino de Geografia algumas metodologias produção de saberes que contribuam para
são privilegiadas, quer seja atendendo aos uma vida melhor para todos.
reclamos do momento didático instalado
nas instituições escolares, quer seja devido O uso do livro didático será valorizado
às disponibilidades garantidas pela formação como mecanismo de apoio complementar
acadêmica de docentes ou pela infraes- a leituras, interpretações, registros e propo-

110
Sumário principal

sições que não se esgotam na dimensão coletivas, negando comparação entre suas
de conteúdos dispostos naquele material capacidades, habilidades e atitudes.
didático, sem contudo ser o condutor da
prática pedagógica e menos ainda ser a fonte A Geografia deverá ser pesquisada na multipli-
única de estudo. A costumeira prática de cidade e na complexidade de diversidades que
leitura de trechos do livro didático seguida constitui o cotidiano das sociedades e das pes-
de explicações (que mais repetem do que soas. Os princípios da pesquisa escolar podem
problematizam as informações fornecidas) ser similares àqueles desenvolvidos na academia,
ou de “exercícios” (que quase sempre favo- problematizando aspectos da vida da comuni-
recem a naturalização ou a memorização dade local ou global e relacionando aspectos
dos fatos expostos) deverá ser substituída teóricos da ciência geográfica às questões que
por consultas e leituras problematizadoras, preocupam as sociedades quanto à produção,
permitindo estudos individuais e em grupo. A à exploração, à apropriação, à conservação ou
leitura não-restrita aos livros didáticos deverá à preservação dos recursos e dos ambientes
ser ampliada em outras possibilidades como da natureza e das sociedades. Simulações e
as produções disponíveis na rede Internet, demonstrações precisarão estar entrelaçadas
nas revistas especializadas e científicas, nos com estudos que exigem abstrações.
jornais, nas histórias em quadrinhos, nas
diferentes expressões literárias... Os registros A aula de campo, a aula prática e o estudo do
envolvendo análises, descrições, avaliações, meio sustentarão alternativas metodológicas
proposições dos fatos e dos fenômenos como a observação e a coleta de dados por
geográficos poderão inscrever produções meio de instrumentos como a bússola, o relógio
do desenho, do teatro, da música, da escrita do sol, a biruta, o pluviômetro, o altímetro, o
e de outras expressões. termômetro, o cata-vento, o mapa, as cartas, as
fotografias aéreas, as imagens de satélites, os mo-
A avaliação processual deverá envolver as linetes, os infiltrômetros e tantos outros próprios
diferentes fontes e linguagens exploradas da Geografia, construídos como procedimentos
pelo professor no trabalho pedagógico, ex- de aprendizagens, com materiais simples ou
plorando, sempre que possível, a associação adquiridos como parte de um conjunto neces-
entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im- sário às intervenções e aos estudos da área. A
portante que considere o potencial individual sala ambiente se torna, então, uma necessidade
dos alunos, mesmo quando em atividades pela possibilidade de funcionamento como

111
Sumário principal

laboratório da ciência geográfica, no encontro de planejamento, organização, elaboração e


entre prática e teoria, integrando experimentos execução, além da respectiva infraestrutura
de ordem social e física. (em especial para realização de aulas de cam-
po e organização de salas ambiente) sem o
Para realização e concretização desses procedi- que as intenções metodológicas se tornam
mentos e elaboração dos recursos que lhes são promessas vazias, com graves prejuízos ao
necessários torna-se preciso garantir condições ensino e à prática da Geografia.

8.1.4 Conteúdo Básico Comum - Geografia


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

Eixos
Conceituais
1. Espaço geográfico
2. Paisagem
3. Lugar
4. Região
5. Território
6. Sociedade
7. Natureza
8. Meio ambiente

Procedimentais
9. Escala geográfica
10. Escala temporal
11. Representações cartográficas
12. Localização e orientação
13. Ações investigativas: observação, experimentação

Atitudinais
14. Sustentabilidade: cuidados com o consumo, a produção, a exploração e a apropriação
15. Convivência com diferenças e diversidades
16. Solidariedade e colaboração em grupos de vivência
17. Avaliação de intervenções no espaço geográfico
18. Valorização da vida
19. Exercício da ética e da cidadania
20. Disposição para produção de conhecimento e para desmistificação de tabus e preconceitos

112
Sumário principal

1º Ano - Ensino Fundamental de 9 anos

Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – O Lugar de vivência da criança


COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos

1. Desenvolver perguntas e ex- 1. Observar a paisagem APRENDIZAGENS E SABERES


perimentações para conhecer local e experimentar o O espaço vivido: relações entre fenômenos da na-
o espaço vivido e os lugares de espaço de vivência. tureza e da sociedade (chuvas, plantio, enchentes e
vivência. 2. Problematizar situa- estiagens; calor e frio etc.), expressões das paisagens
2. Relacionar modos culturais e ções do cotidiano ge- (montanhas, praias, rios, cidades e campos etc.) e
fenômenos naturais a noções ográfico e do tempo formas de vida dos grupos sociais (convivência,
geográficas e temporais do imediato. produção, circulação e consumo). Dimensões do
espaço vivido. espaço vivido: noções topológicas e projetivas; no-
3. Registrar e interpretar ções temporais.
3. Registrar e interpretar suas com- informações ligadas
preensões em diferentes formas ao entorno próximo e LINGUAGENS E DIZERES
de expressão. ao mundo em geral. Leitura e representações cartográficas e textuais de
espaços vividos: croquis e maquetes.
4. Desenvolver atitudes de convi- 4. Valorizar a vida em
vência solidária e valorização da suas diferentes ma- INVESTIGAÇÕES E FAZERES
vida. nifestações. O meu lugar no mundo: o próprio corpo, o eu como
ponto de referência no espaço. Procedimentos iniciais
5. Orientar-se no espaço de vi- 5. Estabelecer relações
de investigação geográfica: observação, experimen-
vência, percebendo dimensões, com as outras pesso-
tação e registros.
semelhanças, diferenças de as e suas diferenças.
áreas e elementos espaciais, SENSIBILIDADES E PODERES
situando-se num plano de re- Identidades no grupo social e no espaço geográfico
ferências simples. vivido. Participação em grupos. Cuidados com o
patrimônio geográfico.

113
Sumário principal

1ª Série

Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Bairro: lugar de vivência da família
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos

1. Conhecer diferentes manifes- 1. Identificar fatos, fenô- APRENDIZAGENS E SABERES


tações da natureza e dos gru- menos e processos O que existe em meu bairro e o que não existe:
pos sociais, para compreender geográficos, situan- fatos, fenômenos e processos geográficos visíveis
transformações e diversidades do-os em contextos na organização dos lugares e das paisagens locais.
na/da comunidade. espaçotemporais Recursos naturais do lugar de vivência. Mudanças e
2. Orientar-se no espaço de vi- próximos de sua vi- transformações nas sociedades e paisagens locais.
vência, percebendo dimensões, vência. Meios de deslocamentos, de comunicações. Insti-
semelhanças, diferenças de 2. Distinguir elementos tuições sociais.
áreas e elementos espaciais, naturais e culturais LINGUAGENS E DIZERES
situando-se num plano de re- das paisagens. A escola e meu bairro: Caminhos e ruas. Noções de
ferências simples. 3. Localizar-se nas dife- orientação e localização. Representação de fatos,
3. Desenvolver perguntas, produ- rentes dimensões e fenômenos e processos sociais e naturais. Mapas e
zir e representar dados e infor- arranjos espaciais do maquetes. Textos em diferentes linguagens.
mações em diferentes tipos de lugar de vivência. INVESTIGAÇÕES E FAZERES
linguagens. 4. Desenvolver solida- O sujeito no espaço vivido e no lugar de vivência:
4. Participar de ações grupais que riedades na vivência identidades. Locais de origens da família. Caminhos
favoreçam intercâmbio de opi- dos lugares e dos e ruas: trajetos.
niões e de múltiplos pontos de grupos. SENSIBILIDADES E PODERES
vista, exercitando a convivência 5. Relacionar o conhe- O meu bairro, lugar de vivência da família: modos
com as diferenças e diversida- cimento geográfico culturais, políticos, econômicos e religiosos na pro-
des. ao compromisso com dução dos lugares. As relações no trabalho e na
5. Realizar leituras de textos, paisa- os outros, o meio am- exploração do meio ambiente. As relações com o
gens e lugares, interpretando-as biente, a sociedade e outro na família, na escola, na comunidade.: diver-
e registrando noções geográfi- o planeta. sidades e diferenças.
cas. 6. Ler e interpretar tex-
tos verbais e cartográ-
ficos, registrando no-
ções geográficas de
lugar e paisagens.

114
Sumário principal

2ª Série

Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Município: lugar de vivência da comunidade
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos

1. Construir e aplicar conceitos 1. Observar e registrar APRENDIZAGENS E SABERES


geográficos relacionando-os diferenças e seme- O município como lugar de vivência das comu-
aos de outras ciências e à vida lhanças das paisagens nidades. Populações e comunidades. Paisagens:
cotidiana. e dos modos de viver elementos culturais e naturais. Paisagens urbanas e
2. Conhecer diferentes processos de sociedades cam- rurais. Processos de produção e transformação de
da natureza, identificando neles pesinas e urbanas. paisagens. Fenômenos climáticos. A ação do tempo e
semelhanças e diferenças nos 2. Conhecer e com- das sociedades. Sociedades urbanas e rurais: modos
hábitos cotidianos de modos preender processos de vivência e produção. A tecnologia no campo e
de produção e expressão cul- que singularizam pai- na cidade. Indústrias e agroindústrias.
tural de grupos campesinos e sagens, distinguindo LINGUAGENS E DIZERES
urbanos. nelas elementos cul- Leitura, produção e interpretação de textos geográfi-
3. Exercitar valores humanos fren- turais e sociais. cos e cartográficos. Mapas, maquetes e globos.
te diferenças, diversidades e 3. Caracterizar modos INVESTIGAÇÕES E FAZERES
desigualdades na vivência dos de organização admi- Orientação e localização. A influência dos modos
lugares e dos grupos. nistrativa dos lugares afrodescendentes e indígenas nas culturas urbanas
4. Realizar leituras e registros sobre e modos de produção e rurais: nomes de lugares, modos de produção,
fatos, fenômenos e processos de comunidades ru- artefatos.
geográficos para construir argu- rais e urbanas.
SENSIBILIDADES E PODERES
mentos de avaliação dos mo- 4. Elaborar argumentos Conflitos e lutas. Tradições e culturas urbanas e rurais.
dos da sociedade organizar os para avaliar modos de Problemas urbanos e rurais. Cuidados ambientais.
lugares de vivência. viver e produzir da co- A exploração de recursos naturais e a sustentabi-
5. Fazer uso de noções de orien- munidade no lugar lidade.
tação e localização para situar- de vivência.
se num plano de referências 5. Interpretar e registrar,
simples e para identificar ele- em diferentes lingua-
mentos espaciais no espaço gens, compreensões
de vivência. sobre fatos, fenôme-
nos e processos geo-
gráficos dos lugares
de vivência da comu-
nidade.
6. Orientar-se no lugar de
vivência, localizando
elementos espaciais,
cidade-sede e distritos
do município.

115
Sumário principal

3ª Série

Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Lugar de vivência de cidadania: Estado do Espírito Santo
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos

1. Utilizar conceitos geográ- 1. Caracterizar territórios, APRENDIZAGENS E SABERES


ficos que caracterizem limites e fronteiras. Processos de marcação de territórios. Limites e frontei-
arranjos espaciais dos lu- 2. Localizar e identificar o ras. Processo de formação territorial do Espírito Santo.
gares de vivência. Espírito Santo em repre- Situação do Estado no país e no mundo. Modos de
2. Produzir, organizar, sele- sentações cartográficas, produção, distribuição e consumo de mercadorias e
cionar e socializar dados representando em mapas produtos. Riquezas naturais e elementos paisagísticos:
e informações, relacionan- e em outras linguagens o sua utilização pelas sociedades. Fontes de energia.
do-os e atribuindo-lhes conhecimento sobre seu LINGUAGENS E DIZERES
sentido. espaço geográfico. Uso e aplicação da linguagem cartográfica. Mapas,
3. Compreender a impor- 3. Conhecer o processo de globos, fotos aéreas e imagens de satélites: leitura e
tância da participação formação do território do interpretação. Tabelas e gráficos. Leituras e registros
em grupos, exercitando Espírito Santo na dimensão geográficos em diferentes linguagens.
atitudes de compreensão espacial brasileira e mun- INVESTIGAÇÕES E FAZERES
de diversidades e atitudes dial. Integração dos elementos do clima, da vegetação,
de convivência social so- 4. Associar a formação territo- da hidrografia, do relevo e das ações das sociedades
lidária e cuidados com a rial a processos de luta pela na transformação de paisagens.
natureza. apropriação da terra, à mar- SENSIBILIDADES E PODERES
4. Ler, interpretar e registrar cação de diferenças entre A sociedade espírito-santense: formação, tradições
noções geográficas em sociedades e ao domínio culturais, lutas, conquistas e problemas. Diferenças
diferentes fontes de in- político sobre populações e diversidades. A afrodescendência, os indígenas
formações e dados. e espaço geográfico. e os descendentes migrantes: lutas e organização
5. Representar cartografi- 5. Conhecer modos de pro- política, econômica, religiosa e cultural no espaço
camente dimensões do dução e principais riquezas geográfico. Conflitos e solidariedades no espaço
espaço geográfico. do Estado, relacionando geográfico. Cuidados com o meio ambiente.
6. Desenvolver noções de trabalho e consumo das
percepção espacial e comunidades com os
temporal, registrando im- cuidados necessários à
pressões e compreensões manutenção da sustenta-
por meio de diferentes lin- bilidade.
guagens. 6. Elaborar interpretações e
registros sobre organização
territorial do Estado, seus
lugares, paisagens, muni-
cípios, cidades e campos,
em diferentes linguagens.
7. Identificar a distribuição
de recursos naturais, re-
lacionando-os aos meios
de produção, transportes
e comunicação e às formas
de expressão cultural das
sociedades.

116
Sumário principal

4ª Série

Eixo e dimensão espacial como ponto de partida – Um lugar de vivência no mundo: Brasil
COMPETÊNCIAS HABILIDADES conteúdos

1. Relacionar conceitos geográ- 1. Efetuar análises, rela- APRENDIZAGENS E SABERES


ficos e históricos para com- cionando dados para A Terra e seus movimentos. Relações com a organi-
preensão de fatos, fenômenos caracterizar o espaço zação do espaço geográfico. Brasil, um país tropical.
e processos da natureza e da geográfico. Relações e interdependência: natureza e sociedade.
sociedade que caracterizam 2. Realizar procedimen- Clima, vegetação, hidrografia, relevo e sociedades:
espaços nacionais. tos de pesquisa e re- fatos, fenômenos e processos. Modos de produção,
2. Fazer uso de diferentes meto- gistros geográficos distribuição e consumo de mercadorias e produtos.
dologias para produzir dados e em diferentes fontes Fontes de energia.
registros sobre o conhecimento e linguagens. LINGUAGENS E DIZERES
geográfico, em diferentes lin- 3. Identificar, em ele- Leituras e registros geográficos em diferentes lin-
guagens. mentos que caracteri- guagens. Mapas, globos, fotos aéreas e imagens de
3. Conhecer diferentes processos zam o espaço geográ- satélites: leitura e interpretação. Tabelas e gráficos.
da natureza, identificando neles fico, transformações PESQUISAS E FAZERES
semelhanças e diferenças nos em tempo geológico, Investigações sobre diferentes arranjos espaciais e
hábitos cotidianos de modos histórico e linear. administrativos: paisagens urbanas e rurais; regiões.
de produção e de expressão 4. Interpretar e repre- Mudanças e transformações da natureza e das so-
cultural das sociedades. sentar, em diferentes ciedades. Poderes do governo.
4. Desenvolver atitudes de com- linguagens, carac- SENSIBILIDADES E PODERES
preensão de diversidades, de terísticas do espaço As relações de trabalho. O consumo e a sustentabili-
convivência solidária com di- geográfico e da po- dade. Cuidados com o meio ambiente. Populações:
ferenças e de cuidados entre pulação brasileira. formação, movimentos e problemas. Diferenças e
sociedade e natureza. 5. Conhecer processos diversidades culturais. Conflitos e solidariedades no
5. Representar e interpretar, por naturais agravados espaço geográfico. Sociedades rurais, quilombolas,
meio da cartografia escolar e de por intervenções indígenas, urbanas e periféricas. Minorias étnicas.
outras linguagens, a localização, humanas, analisando
a dimensão e o acontecimento impactos no espaço
de fatos, fenômenos e proces- geográfico.
sos sociais e naturais no espaço 6. Considerar valores
geográfico. humanos e a diver-
6. Fazer uso de diferentes tipos de sidade sociocultural
fontes de investigação, avalian- em análises de fatos,
do criticamente sua produção fenômenos e proces-
e aplicação. sos geográficos.

117
Sumário principal

8.1.5 Referências

AB’ SÁBER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003.
ALMEIDA, R.D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989.
ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2004.
BIGARELLA, J.J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis, SC: Ed. da UFSC.
2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história
e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
_______. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.
_______. PCNs + ensino médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC.
_______. Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização e diversidade. Educação africanidades Brasil. Brasília:
MEC/SECAD: s.d.
_______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC/SEPPIR, 2004.
CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Caderno CEDES,
Campinas, SP, v. 25, n.66, maio/ago, 2005
CASTELLAR, S.; MAESTRO, V. Geografia. São Paulo: Quinteto Editorial, 2001.
CASTROGIOVANNI, A. (Org.) Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação,
2000.
CAVALCANTI, L. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1995.
KATUTA, A M. Representações cartográficas: teorias e práticas para o ensino de Geografia. Geografares, Revista do
CCHN-UFES, Vitória, ES, n.4, EDUFES, 2003, p. 7-20.
KILL, M. A. Terra capixaba: geografia e história. Vitória, ES: Ed. Autor, 1998.
KOZEL, S., FILIZOLA, R. Didática da geografia: memórias da terra, o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996.
KRAJEWSKI, A C et al., Geografia: pesquisa e ação. São Paulo: Moderna, 2000.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo. Ed. Oficina de
Texto. 2007.
MONTEIRO, C. A. F.; MENDONÇA, F. Clima urbano. São Paulo: Contexto. 2003.
MORAES, C. Geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Fundação Cultural do Espírito Santo, 1974.
MOREIRA, T.H. L.; PERONE, A. História e geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Ed. Autor, 2003.

118
Sumário principal

MOREIRA, R. O discurso do avesso (para a crítica da Geografia que se ensina). Dois Pontos. Rio de Janeiro, 1987.
PRESS, F. et al. Para entender a terra. Porto Alegre. Ed. Bookman. 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A U. Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. Y.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
RUA, J. et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, M. Por uma nova geografia. São Paulo: USP/EUSC, 2004.
_______. Pensando o espaço do homem. São Paulo: USP/EDUSC, 2007.
SCHAEFFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: práticas para a sala de aula. Porto Alegre: EDUFRGS, 2003.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
VALLADARES, M. T. R. Um estudo do lugar do nosso cotidiano: GeografarES (Geografia do Espírito Santo) Vitória:
nea@d/UFES, 2004.
_______. Geografia I. Vitória, ES: UFES, 2006.
ZANOTELLI, C. L.; SILVEIRA, M. C. B.; MOTTA, N. C. Geografia para o ensino fundamental: material de referência para
o professor. Vitória, ES: SEDU, 2002, 5v.

119
Sumário principal

8.2 História como finalidade a explicação da formação da


realidade através da intervenção de seres so-
8.2.1 Contribuição da disciplina brenaturais. Pouco a pouco, as transformações
para a formação humana econômicas, sociais e políticas contribuíram
para modificar o universo mental de então,
...para aprender a aprender e para que passou a necessitar de um sistema expli-
aprender a fazer... cativo que relacionasse os acontecimentos a
decisões e possibilidades.
Que história é essa?
Durante o período medieval, a profusão
Compreender a História como disciplina de documentos escritos vieram conferir à
escolar implica compreender diferentes História uma função prática: a verificação
concepções de história e historiografia da veracidade dos documentos. Com o
e suas repercussões no ensino, isto é, advento do Humanismo, do Renascimento e
as possibilidades de relações entre o da Reforma Religiosa houve um considerável
saber histórico e o saber histórico escolar. desenvolvimento do espírito crítico que se
Assim sendo, ao apresentarmos uma pro- refletiu nos estudos, e a História passou a
posta de trabalho baseada em conteúdos ser um meio de fundamentação das críticas
básicos e comuns, estamos também à sociedade.
convidando o professor a refletir a partir
do próprio campo da Ciência Histórica, e a A investigação histórica desenvolveu-se com
contextualizar historicamente sua prática os iluministas que procuraram demonstrar
docente cotidiana, a fim de responder: Para pela razão que o progresso da humanidade é
que serve a História? Por que ensiná-la? derivado do desenvolvimento da ciência e da
instrução. É dessa época que data a inclusão
A História tem sua origem na necessidade da História nos programas de ensino de
humana de registro do passado, sendo co- determinadas escolas na Europa, entre elas,
mum acentuar-se o papel da Grécia Antiga as escolas militares. A História consolidou sua
na formação do espírito do historiador e na função político-ideológica com a Revolução
construção de um pensamento com base na Francesa, quando a recuperação do passado
razão. Inicialmente, a interpretação do passado passou a ter como objetivo principal a exal-
prendeu-se à narração de mitos que tinham tação da pátria e sua glorificação.

120
Sumário principal

Na segunda metade do século XIX, com novos objetos, problemas e abordagens (a


a difusão do pensamento positivista, a chamada Nova História), considerando as
criação de uma História científica ga- alterações paradigmáticas das ciências. Como
nhou força e desenvolveram-se algumas a realidade foi se tornando cada vez mais
disciplinas especializadas no interior do complexa, as abordagens culturais passaram
campo histórico: história política, história a ser fundamentais para o preenchimento
econômica, história das civilizações etc. de lacunas e incertezas.
É inegável a influência de Karl Marx, cujo
pensamento caracterizou-se pelo estudo Assim, a influência da historiografia con-
da substituição dos mecanismos da su- temporânea sobre o ensino de História se
cessão de acontecimentos pela dinâmica faz perceber, por exemplo, na necessidade
das estruturas e dos modos de produção, de o professor de História relacionar as
colocando a questão econômica como metodologias da pesquisa histórica com
determinante, mas não exclusiva. as metodologias de seu ensino (teoria rela-
cionada à prática e resultando em conteúdos
No início do século XX, muitos historiadores procedimentais); no reconhecimento dos
passaram a considerar a ampliação dos obje- diferentes sujeitos da História, bem como
tos de interesse do historiador. Assim sendo, a da diversidade de fontes, da necessidade
história problema substituiu, pouco a pouco, de consolidação e historicização de con-
a história narrativa e houve o reconhecimen- ceitos, e da ampliação das possibilidades
to de um campo de documentos históricos em torno do fato histórico; e na introdução
mais vasto que os testemunhos escritos. no ensino de História de aspectos relativos
Além disso, foram realizadas considerações a mentalidades, cotidianos, representações
interdisciplinares a partir do reconhecimento e práticas culturais.
da relativização da História, isto é, de que
a valorização de um setor ou uma visão A construção de uma consciência histórica e
da História está inserida em sua própria das possibilidades de pensar historicamente
historicidade. sobre a realidade em que vivemos confere ao
ensino de História especificidades e particula-
A partir da década de 1970, a ênfase pas- ridades no que diz respeito às contribuições
sou a ser, então, o reconhecimento de da disciplina na formação humana.

121
Sumário principal

...para aprender a ser e para aprender harmonioso, apagando as diferenças sociais


a conviver... e culturais, levando o Estado republicano a
consolidar sua imagem de elemento atuante
Uma História de múltiplos tempos, e protagonista da História Nacional. O en-
espaços, sujeitos e diálogos sino escolar, assim, revestido de conteúdos
cívicos, deveria formar um determinado
A História, enquanto disciplina do ensino, cidadão, trabalhador/produtor/consumidor,
ocorreu primeiramente no contexto de de acordo com a ordem capitalista que se
transições que tiveram origem na Revolu- consolidava no país.
ção Francesa. É desse período que data a
luta burguesa por uma escola pública, leiga Mais tarde, durante a Era Vargas, ampliou-se
e gratuita, instituindo a obrigatoriedade o ensino escolar para uma educação que
da educação escolar. A partir da difusão considerasse as políticas de preservação do
das ideias iluministas, a história ensinada patrimônio e as festas cívicas. No entanto,
distanciou-se cada vez mais da influência da não se visava à formação de uma consciência
igreja, e sua organização enquanto disciplina crítica, mas à adequação do indivíduo à
escolar está diretamente relacionada com a sociedade. Os livros didáticos e datas co-
transformação da História como campo de memorativas passaram a ser instrumentos
conhecimento. para a manutenção e homogeneização de
determinadas visões de mundo e de História,
No Brasil, a consolidação da História como sendo ferramentas de controle e mediações
disciplina escolar ocorreu após a indepen- entre as práticas políticas e culturais.
dência, com o início da estruturação de
um sistema de ensino para o império. O Durante as décadas de 1960 e 1970, com
pensamento da elite política e intelectual a ditadura militar, o ensino da História foi
apontava, cada vez mais, para a elaboração unido ao da Geografia, condensados na
de uma história para a jovem nação que disciplina de Estudos Sociais, eliminando
pudesse ser difundida através da educa- as possibilidades de um ensino crítico. Esse
ção, colocando como central a questão da ensino, cujo objetivo era a formação de um
identidade nacional. Durante o início da cidadão ajustado à ordem autoritária vigente,
república, quando foi instituído o processo de negava os avanços da produção acadêmica e
escolarização obrigatória, um ensino cada vez estimulava a formação do chamado professor
mais homogêneo deveria tornar o passado de licenciatura curta.

122
Sumário principal

Com o passar dos anos e o reinício da demo- uma educação que possa vir a garantir a
cracia, a disciplina escolar História recuperou paz e a dignidade humana. Uma sociedade
sua autonomia, e as imbricações entre cultura, democrática pede a participação de todos e
política e seu ensino passaram a expressar a cada um dos membros no desenvolvimento
nova conjuntura. Hoje, em todo o mundo “glo- do potencial de cada um e da coletividade.
balizado”, a vida cotidiana coletiva se constitui
um dos principais eixos do ensino da História Não se trata, portanto, de informar um
e as temáticas a ela referentes são importantes conteúdo histórico, geográfico, filosófico,
para destaques acerca das diferenças culturais e sociológico etc., mas de oportunizar ao aluno
étnicas, incentivando o respeito às diversidades. possibilidades de relação de temas, conteúdos,
A prática docente da História tem caminhado competências, valores e habilidades. A infor-
de acordo com as principais questões de seu mação, acrescida de atitudes investigativas, é
tempo, incorporando diferentes concepções uma forma de construção do conhecimento
de ensino e de História. e de pensar histórica, geográfica, sociológica
e filosoficamente.
Nessa perspectiva, ao considerar as possibili-
dades de seu fazer e de seu saber, e questionar Especificamente em relação à História, busca-
os conteúdos tradicionais, o ensino de História se a compreensão da realidade como objeto,
transforma a fronteira da história vivida e da objetivo e finalidade principais do seu ensino,
história ensinada em um espaço de diálogos a partir do reconhecimento de si e do outro e
e reflexões. A realidade, vista dessa forma, da construção de uma consciência histórica,
torna-se o objeto, o objetivo e a finalidade de um sentimento de pertença.
principais do ensino da História.

Compreendemos que o desenvolvimento 8.2.2 Objetivos da disciplina


da compreensão de conceitos básicos das
disciplinas das Ciências Humanas permite ... para querer saber ...
a construção da compreensão da realidade.
Dessa forma, os estudos das Ciências Humanas Uma História que debate a Ciência, a
devem ser empreendidos de modo integrado: Cultura e o Trabalho
valores, conhecimentos e habilidades. Essa
integração garantirá uma contínua apren- Considerando a tríade Ciência, Cultura e Traba-
dizagem e a sensibilização necessárias para lho como as formas com as quais o homem

123
Sumário principal

transforma a sociedade em uma perspectiva a interlocução das demais ciências so-


emancipadora, os objetivos listados a seguir têm ciais com o ensino da História, e com os
a intenção de organizar ideias e fundamentar demais saberes escolares;
os conteúdos básicos comuns propostos neste concepções como rupturas e continuida-
documento, mas também estimular os conteú- des, semelhanças e diferenças, passado e
dos complementares que cada professor deve presente, proximidade e distância, antigo
elaborar de acordo com sua realidade de ensino. e moderno, urbano e rural, que, para além
Dessa forma, pretende-se fundamentar uma de suas dicotomias aparentes, ampliam no-
proposta de trabalho para a Educação Básica ções como representações e processo;
que possa ser discutida e apropriada por seus o reconhecimento das diferentes lin-
sujeitos (professores, alunos, educadores, pais guagens, textos e múltiplos olhares que
e demais envolvidos na cultura escolar). estão presentes em nossa sociedade,
(re)significando a noção de documen-
Um debate entre o ensino de História prati- to, considerando os procedimentos do
cado e aquele aqui idealizado, que privilegie historiador no trato com a História;
como eixo a dimensão local e a formação a educação patrimonial (observação,
dos sujeitos de direitos, portanto, deverá registro, exploração e apropriação) como
observar em suas reflexões: uma das estratégias do ensino da História
ao considerar o meio ambiente histórico
a compreensão de que somos sujeitos e o patrimônio vivo;
diferentes e diversos, historicamente
o espaço historicamente construído e,
construídos e portadores de direitos;
portanto, inserido no processo do ensino
a dimensão ética de todo processo edu- da História em suas múltiplas temporali-
cacional; dades;
a percepção de que a história e seu ensino as questões concernentes à memória
são objetos de si mesmos, sem perder (individual e coletiva, fragmentada e
de vista a articulação teoria/prática e reconstruída, singular e plural), ressal-
destacando as etapas e as ferramentas tando a importância da consolidação de
do processo investigativo; paradigmas identitários;
uma proposta cujo eixo estaria em con- a formação de uma consciência histórica,
sonância com os mais recentes debates necessária nos processos de transfor-
que envolvem a história como ciência e mação social cuja base é o trabalho
sua função social; humano.

124
Sumário principal

Compreendemos, portanto, que a dimensão Em todos os níveis/modalidades do ensino


identitária (imagem de si, para si e para os (incluindo a EJA, a Educação no Campo,
outros), inerente ao processo de ensino da e a Educação Indígena) deve prevalecer
História, está associada à construção de o desenvolvimento de atitudes investiga-
uma consciência histórica que surge do tivas que reforçariam as relações entre os
terreno das memórias (individual, coletiva, conteúdos conceituais (que compreendem
partilhadas). as ações do homem no tempo, mas também
seus valores, saberes e sensibilidades) e os
procedimentais. A pesquisa, dessa forma,
8.2.3 Principais alternativas passa a ser o eixo organizativo dos CBCs
metodológicas de História. Problematização, investigação,
registro e socialização de resultados são,
... para ensinar, para aprender e para portanto, conteúdos procedimentais
querer: saberes, fazeres e quereres... da História e etapas de seu ensino, que
podem ser pensados como um processo
Uma História que investiga, de construção do conhecimento histórico
critica e interpreta escolar.

Ao enfatizar a formação de sujeitos – com- Considerando essas especificidades,


preendidos como sujeitos de direitos, com destacamos a necessidade de desenvol-
suas características singulares e plurais – vimento de material didático específico;
busca-se a compreensão do mundo em uso crítico do livro didático; ênfase em
que se vive a partir do reconhecimento de diferentes práticas de leitura e escrita;
si e do outro. Nesse sentido, é fundamental estudo do meio; visitas técnicas (arquivos,
a alteração do eixo do ensino de História museus e outras instituições de guarda);
Geral para a História do Brasil e a História do estudos de caso; leitura de mapas, gráficos
Espírito Santo, conservando a característica e tabelas; técnicas da história oral; uso
de uma História Integrada. A garantia da de diferentes fontes históricas; trabalhos
autonomia do professor na elaboração de com documentos de diferentes tipos;
seu planejamento (objetivos, conteúdos e estímulo ao uso de diferentes linguagens;
metodologias) é fator importante para tal e educação de olhares, que devem ser
empreendimento. múltiplos.

125
Sumário principal

Os conteúdos básicos e complementares e para a problematização do presente a partir


da História ensinada (conceituais, proce- do estabelecimento de relações entre as dinâ-
dimentais e atitudinais), compreendidos micas temporais: permanências e mudanças,
como uma articulação entre as habilidades sucessão e simultaneidade, antes/agora/de-
e competências (selecionadas pelo professor pois. A construção do conhecimento, assim
de acordo com o nível de ensino), entre os compreendida, ocorre a partir da formulação,
tópicos eleitos para o alcance dessas habili- expressão e possibilidades de respostas de
dades e competências, e entre a metodologia dúvidas. Através do exercício da dúvida, o
determinada para tal fim. Os conteúdos, aluno pesquisador e o professor pesquisador
assim compreendidos, passam a ser eles consideram seus saberes prévios, mas são pro-
mesmos construções sociais e históricas. dutores de um saber específico que redefine
suas relações com o conhecimento histórico
Esclarecemos que compreendemos por e seu processo de produção. Esse seria o
competências ações que expressam uma processo durante o qual ocorre a aprendiza-
tomada de decisão através da utilização de gem histórica (aqui dividido em três etapas:
ferramentas concretas e intelectuais, bem a alfabetização histórica, os procedimentos
como da mobilização de esquemas conceitu- históricos, e o pensar histórico).
ais, visando a estabelecer relações e promover
interpretações. Observação, comparação e De um modo geral, muitos teóricos con-
argumentação são, por exemplo, ações que sideram que o processo de aprendizagem
podem ser compreendidas como competên- ocorre quando partimos do “próximo” para
cias. Habilidades, nesse sentido, são formas o “distante”; outros consideram que deve-
possíveis de alcance das competências. mos partir do “concreto” para o “abstrato”;
outros, ainda, que a aprendizagem ocorre
Livros, fontes orais, relatos, jornais, revistas, len- do “simples” para o “complexo”. A experiência
das, música, literatura, obras de arte, fotografia, docente em História demonstra, entretanto,
patrimônio, vídeo e cinema, monumentos, que tais afirmações não podem ser feitas de
documentos oficiais, datas comemorativas, forma tranquila, uma vez que a aprendizagem
objetos e museus... Fatos, fontes, conceitos e histórica ocorre juntamente com o processo
sujeitos que se integram e integram diferentes de produção de sentido, de modo que caberia
alternativas metodológicas, que apontam indagar o que é próximo e o que é distante,
para a pesquisa como ensino/aprendizagem o que é simples e o que é complexo, o que

126
Sumário principal

é concreto e o que é abstrato, no universo de competências e temas estruturantes que


cultural composto por informações globaliza- permeiam uma competência específica, os
das e efêmeras de nossas crianças e jovens. A tópicos e habilidades distribuídos por cada
gradação, portanto, deve partir dos objetivos série. É importante notar que algumas com-
e das metodologias que consideram os sabe- petências, temas estruturantes e habilidades,
res prévios, não simplesmente de tópicos a por vezes, se repetem na sequência dos
serem trabalhados. É preciso, portanto, que segmentos e séries, uma vez que devem
reflitamos sobre as competências e habilidades garantir o caráter gradual da construção do
que estão relacionadas a esse processo de conhecimento. Outro fator digno de nota
construção do saber histórico escolar. Nesse é que os CBCs de História, construídos a
sentido, o processo de avaliação é parte partir da consulta aos professores da rede
integrante da ação educativa em História. estadual de ensino, não pretenderam esgotar
conteúdos a serem trabalhados em sala de
A avaliação processual (diagnóstica, formativa aula no processo de construção do conhe-
e somativa) pode envolver as diferentes fontes cimento histórico escolar. Ao contrário, ao
e linguagens exploradas pelo professor, e a agrupar os principais tópicos selecionados
construção de significado do documento como básicos pelos professores, torna-se
histórico. Coerentemente com a opção pela ferramenta basilar, mas não única, para a
pesquisa como eixo organizativo do currí- construção de um planejamento adequado
culo e da prática docente, a avaliação pode a cada especificidade escolar, garantindo a
considerar as possibilidades de descrição, possibilidade de autonomia do professor e
argumentação, explicação e problematização a flexibilização dos conteúdos.
que envolvem a construção do conhecimen-
to histórico escolar. Pode, também, envolver Coerentemente com a concepção de História
etapas individuais e coletivas de trabalho. e seu ensino que permeia nossa proposta, no
Ensino Fundamental, cada tópico foi dividido
A partir dessa compreensão, dividimos a em três seções: tematizando (apresentação
proposta dos CBCs de História nos três seg- de sugestões e possibilidades temáticas),
mentos de ensino: Séries iniciais do Ensino problematizando (possibilidades de inves-
Fundamental, Séries Finais do Ensino Fun- tigação e procedimentos), e dialogando
damental e Ensino Médio. Cada segmento (considerações com outros temas, disciplinas,
é exposto a partir de um conjunto comum cotidiano do aluno, diversidades, contextos

127
Sumário principal

etc, que podem ser realizadas durante o COMPETÊNCIAS GERAIS


processo de construção do conhecimento 1. Dominar e fazer uso de indagação, argu-
histórico escolar). mentação, busca, elaboração de respostas
possíveis, confrontação através de diferentes
Em todos os segmentos do ensino, atenta- tipos de linguagens e textos (artístico, cien-
mos que o livro didático deve ser utilizado tífico, jornalístico etc).
de forma problematizadora, como fonte 2. Construir, aplicar e compreender conceitos
de consulta dos alunos e recurso didático- históricos básicos, relacionando-os com os
pedagógico, sem substituir a autonomia do de outras ciências e com a vida cotidiana.
professor em relação ao seu planejamento 3. Levantar, organizar, selecionar e divulgar
inserido no Projeto Político Pedagógico de dados e informações, relacionando-os e
cada escola. atribuindo-lhes sentido.
4. Elaborar explicações históricas multicau-
ENSINO FUNDAMENTAL sais, considerando distintos pontos de
Procedimentos Históricos vista acerca daquilo de que se indaga
e respeitando os valores humanos e as
diversidades étnico, sócio e culturais.
TEMAS ESTRUTURANTES
5. Desenvolver interesse e atitude crítica por
Saberes e sensibilidades.
aquilo que ocorre em sua volta, visando
Os sujeitos, o espaço e os aspectos culturais a compreender a dimensão histórica de
compreendidos historicamente a partir de cada fato.
fontes, procedimentos, fatos e conceitos.
Linguagens e representações.
História e memória.

128
Sumário principal

8.2.4 Conteúdo Básico Comum - História


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

ENSINO FUNDAMENTAL
Alfabetização Histórica
1º Ano e 1ª a 4ª Séries

TEMAS ESTRUTURANTES:
• O tempo, o tempo vivido e o tempo histórico.
• Os sujeitos, o espaço e os aspectos culturais compreendidos historicamente a partir de fontes, procedimentos,
fatos e conceitos.
• Eu e os outros: identidade, relações sociais, diferenças e diversidades.
• História e memória.

COMPETÊNCIAS GERAIS
1 - Dominar e fazer uso de indagação, argumentação, busca, elaboração de respostas possíveis, confrontação através
de diferentes tipos de linguagens e textos (artístico, científico, jornalístico etc).
2 - Construir, aplicar e compreender conceitos históricos básicos, relacionando-os com os de outras ciências e a vida
cotidiana.
3 - Levantar, organizar, selecionar e divulgar dados e informações, relacionando-os e atribuindo-lhes sentido.
4 - Elaborar explicações históricas multicausais, considerando distintos pontos de vista acerca daquilo de que se
indaga e respeitando os valores humanos e as diversidades étnico, sociais e culturais.
5 - Desenvolver interesse e atitude crítica por aquilo que ocorre em sua volta, visando a compreender a dimensão
histórica de cada fato.

129
Sumário principal

1º Ano do Ensino Fundamental de 9 anos

Competência: identificar possibi- CRIANÇAS, FAMÍLIAS e TEMPOS


lidades de historicizar diferentes 1) Tematizando
sujeitos e temas. • A criança como ser singular e plural
Problematizando
Habilidades
• Passado, presente e duração; semelhanças e diferenças
• Conhecer e relacionar dimen- • Histórias das crianças de hoje e do passado
sões espaço temporais simples • As brincadeiras, o uniforme da escola, a moda cotidiana etc.
a partir de noções conceituais
básicas: tempo, espaço, duração Contextualizando
e cultura. • Diferenças étnicas e regionais do Espírito Santo
2) Tematizando
• Ler diferentes tipos de documen- • A história dos nomes: o nome de cada um, nomes de lugares, nomes de
tos históricos. família
Problematizando
• Participar de tarefas grupais
• A noção de historicidade de objetos concretos e abstratos: toda rua tem
que convidem ao intercâmbio história, toda escola tem história, toda casa tem história etc.
de opiniões, à consideração de
diferentes pontos de vista e à Dialogando
necessidade de busca de con- • Considerar as diferenças étnicas no Espírito Santo e sua relação com o nome
sensos. de cada um
3) Tematizando
• Participar de ações que favo-
reçam o compromisso com os • A família
outros, o meio ambiente, as ins- • Os amigos
tituições com as quais se con- • O dia a dia com a família
vive diariamente, a sociedade, Problematizando
o planeta. • Os utensílios domésticos tem história, comidas tem história etc.
Dialogando
• Considerar a diversidade étnica e a relação com meio ambiente
4) Tematizando
• O tempo e o relógio
• O dia a dia das crianças
• O nosso calendário
• As horas e suas unidades
• Os anos e suas unidades
Problematizando
• O tempo do sol, o tempo da lua, o tempo da chuva etc.
Dialogando
• Considerar como os indígenas contam o tempo
• Considerar as diferenças entre o tempo da cidade e o tempo do campo

130
Sumário principal

1ª série

Competência: exercitar as possi- CRIANÇAS, GRUPOS e TEMPOS


bilidades de historicizar diferentes 1) Tematizando
sujeitos e temas. • O tempo e o relógio: percebendo e registrando o tempo
• Relógio de sol, de água, de areia
Habilidades
• Os anos e suas unidades
• Conhecer e relacionar dimen- • As décadas
sões espaço temporais simples Problematizando
a partir de noções conceituais
• Álbum de família e noção de duração
básicas: tempo, espaço, duração
• Toda família tem história
e cultura.
Dialogando
• Ler diferentes tipos de documen- • Considerar a diversidade étnica e o conceito de família
tos históricos. 2) Tematizando
• Bairros do município
• Exercitar diferentes tipos de des-
• Municípios vizinhos e sua relação com o município da escola
crição.
Problematizando
• Participar de tarefas grupais • Todo bairro tem história
que convidem ao intercâmbio Dialogando
de opiniões, a consideração de • Considerar a interação com os conceitos e procedimentos geográficos
diferentes pontos de vista e a 3) Tematizando
necessidade de busca de con- • Os bairros se comunicam
sensos.
• Os municípios se comunicam
• Participar de ações que favo- • Meios de comunicação e de transporte
reçam o compromisso com os Problematizando
outros, o meio ambiente, as insti- • Os meios de comunicação têm história
tuições com as quais se convive • Os meios de transporte têm história
diariamente, a sociedade, o pla- Dialogando
neta. • Considerar a relação de cidade e campo
• Considerar a relação da criança com o trânsito e a noção de segurança e
regras
4) Tematizando
• A escola e os seus sujeitos
• Quem é quem na escola
• Cada pessoa tem sua história
Problematizando
• Como registrar o tempo que passa para cada um
Dialogando
• Considerar a diversidade de fontes históricas e a noção de documento

131
Sumário principal

2ª série

Competência: expressar as possi- CRIANÇAS, TEMPOS e MEMÓRIAS


bilidades de historicizar diferentes
1) Tematizando:
sujeitos e temas.
• A escola e meu bairro
Habilidades • As ruas de meu bairro
• O que existe em meu bairro e o que não existe
• Conhecer e relacionar dimen- Problematizando
sões espaço temporais simples • As ruas têm história
a partir de noções conceituais • Porque existem certas coisas em meu bairro
básicas: tempo, espaço, duração Dialogando
e cultura.
• Considerar os procedimentos geográficos
• Ler diferentes tipos de documen- • Considerar as relações sociais e econômicas que determinam a construção
tos históricos. de bairros e cidades
• Considerar as relações do campo com a cidade
• Comparar informações e discutir • Considerar os indígenas que não se organizam em cidades
sobre as mesmas. 2) Tematizando
• A reconstituição do passado pela memória
• Exercitar diferentes tipos de des-
crição e narrativas. Problematizando
• Histórias de vida também são História
• Orientar-se no tempo com se- • Como registrar a memória
gurança. Dialogando
• Considerar os conceitos de memória individual e coletiva
• Participar de tarefas grupais • Considerar a noção de grupos sociais
que convidem ao intercâmbio • Considerar o conceito de identidade cultural
de opiniões, à consideração de
diferentes pontos de vista e à 3) Tematizando
necessidade de busca de con- • As diferenças culturais e sociais
sensos. Problematizando
• As diferenças têm história
• Participar de ações que favo-
Dialogando
reçam o compromisso com os
outros, o meio ambiente, as insti- • Considerar as noções de igualdade e equidade
tuições com as quais se convive 4) Tematizando
diariamente, a sociedade, o pla- • A representação da realidade: o que contam os historiadores
neta. • Contando mais tempo: anos, décadas e séculos
Problematizando
• A memória como direito humano
Dialogando
• Considerar que diferentes sujeitos podem construir uma mesma história

132
Sumário principal

3ª série

Competência: relacionar histo- TEMPOS, MEMÓRIAS e HISTÓRIAS


ricamente diferentes sujeitos e 1) Tematizando
temas. • A criança e sua história
• O professor também tem história
Habilidades • A história do município
• Contando os séculos
• Conhecer e relacionar dimensões Problematizando
espaço temporais simples a par- • Como dividir a história de meu município em períodos de tempo
tir de noções conceituais: tempo, Dialogando
espaço, duração e cultura. • Considerar a multiplicidade de possibilidades para a compreensão da his-
tória e do tempo de acordo com aspectos sociais, culturais, econômicos,
• Ler diferentes tipos de documen- políticos etc.
tos históricos. • Considerar os diferentes registros históricos e as possibilidades de represen-
tação da realidade
• Comparar informações e discutir • Considerar a noção de duração
sobre as mesmas. 2) Tematizando
• O Espírito Santo antes da chegada dos portugueses
• Exercitar diferentes tipos de des- • Quem eram os habitantes nativos (puris, goitacazes, temiminós, botocudos,
crições, narrativas e registros. tupiniquins)
Problematizando
• Aplicar diferentes formas de • Diferenças culturais entre os indígenas que habitavam o Espírito Santo
contar o tempo. • A natureza
Dialogando
• Orientar-se no tempo a partir • Considerar mudanças e permanências no tempo
de noções mais complexas que 3) Tematizando
abarcam os níveis e ritmos da • A chegada dos portugueses no Espírito Santo
duração. • Quem eram os portugueses e porque vinham de tão longe
• Participar de tarefas grupais Problematizando
• A importância econômica tem sua história
que convidem ao intercâmbio • Há valores que não são apenas econômicos
de opiniões, à consideração de
diferentes pontos de vista e à Dialogando
necessidade de busca de con- • Considerar os conhecimentos geográficos e suas ferramentas
• Considerar a noção de valores humanos
sensos.
4) Tematizando
• Participar de ações que favo- • O início da colonização no Espírito Santo
reçam o compromisso com os • Porque colonizar
outros, o meio ambiente, as insti- • Relação de aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais
• A escravidão
tuições com as quais se convive
diariamente, a sociedade, o pla- Problematizando
neta. • O conceito de trabalho tem história
• O que acontecia no Espírito Santo e o que acontecia no Brasil
• Considerar as relações do campo com a cidade
Dialogando
• Considerar a diversidade étnica no Espírito Santo
• Considerar conhecimentos geográficos e suas ferramentas

133
Sumário principal

5) Tematizando
• Os negros escravizados vinham da África
• As relações da África com a Europa
• As relações da África com o Brasil
Problematizando
• A África tem sua História
Dialogando
• Considerar o conceito de dignidade humana
• Considerar a diversidade étnica no Espírito Santo
• Considerar os procedimentos geográficos

134
Sumário principal

4ª série

Competência: relacionar histo- TEMPOS, HISTÓRIAS E SOCIEDADES


ricamente diferentes sujeitos e 1) Tematizando
temas, utilizando-se de conceitos • As formas de administração do Espírito Santo
básicos da disciplina. • Os diferentes grupos sociais
• A exploração econômica
Habilidades • A importância da igreja
• Conhecer e relacionar dimen- • Outros povos chegam ao Espírito Santo
sões espaço temporais simples Problematizando
a partir de noções conceituais: • As representações da História
tempo, espaço, duração, socie- • As relações sociais têm História
dade e cultura. • O conceito de colônia
• Ler diferentes tipos de documen- Dialogando
tos históricos. • Considerar as diferentes explorações da economia e do trabalhador e sua
• Comparar informações e discutir relação com a exploração do meio ambiente
criticamente sobre as mesmas. • Considerar a relação do Espírito Santo com outras capitanias e regiões do
• Exercitar diferentes tipos de nar- Brasil
rativas e registros. • Considerar a noção de duração e a passagem dos séculos
• Aplicar diferentes formas de 2) Tematizando
contar o tempo. • Diferentes situações de revoltas e resistência em todo o Brasil
• A transferência da corte portuguesa para o Brasil
• Orientar-se no tempo a partir
de noções mais complexas que Problematizando
abarcam os níveis e ritmos da • A História é dinâmica
duração. • A História também é feita de conflitos
• Utilizar procedimentos históri- Dialogando
cos e geográficos na construção • Considerar a noção de relações de poder e formas de dominação
do conhecimento histórico es- • Considerar as relações do campo com a cidade
colar. 3) Tematizando
• O Espírito Santo na época da Independência do Brasil
• Participar de tarefas grupais
• O império no Espírito Santo
que convidem ao intercâmbio
• O trabalho escravo no Brasil e no mundo
de opiniões, à consideração de
• O processo de abolição no Espírito Santo e no Brasil
diferentes pontos de vista e à
• Os imigrantes
necessidade de busca de con-
• Os indígenas
sensos.
Problematizando
• Todo povo tem sua História
• As relações de trabalho como relações sociais, econômicas e de poder
Dialogando
• Considerar as relações do campo com a cidade
• Considerar a diversidade étnica no Espírito Santo e Brasil

135
Sumário principal

• Participar de ações que favo- 4) Tematizando


reçam o compromisso com os • A República no Espírito Santo
outros, o meio ambiente, as insti- • Mudanças na educação e na escola
tuições com as quais se convive • As relações sociais do início do século XX
diariamente, a sociedade, o pla- • A ideia de modernidade e de progresso no Brasil
neta. • Um novo mapa para o Brasil
Problematizando
• As formas de governo têm História
• O território brasileiro tem História
• Novos registros para a História: a memória fica mais perto
Dialogando
• Considerar a noção de duração e a passagem dos séculos
• Considerar as relações do campo com a cidade
• Considerar a diversidade étnica no Espírito Santo e no Brasil
5) Tematizando
• O Espírito Santo e as Guerras Mundiais
• As relações entre o Brasil e os países em guerra
• O governo de Vargas e a administração Bley no Espírito Santo
• Os imigrantes e seus descendentes
• Índios, negros, brancos e asiáticos: as etnias do Brasil
Problematizando
• Democracia e ditadura
Dialogando
• Considerar as diferentes formas de relações de poder e os conceitos de
guerra e paz
• Considerar o conceito de direitos humanos
6) Tematizando
• Reconstruindo a democracia
• Os anos 1960 e a contracultura
• A ditadura militar e o papel da censura no Espírito Santo
• Reconstruindo a democracia mais uma vez
• O papel dos estudantes
Problematizando
• Relações de poder e ordem internacional: para não esquecer
• Os indígenas hoje no Espírito Santo e no Brasil
• Por que lutamos em defesa do meio ambiente?
Dialogando
• Considerar o conceito de direitos humanos
• Considerar o direito à memória
• Considerar os diferentes pontos de vista com os quais se escreve História

136
Sumário principal

8.2.5 Referências

BITTENCOURT, Circe Mª Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
LAGOA, Ana Mª; GRINBERG, Keila; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de história. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.
LEITE, Juçara Luzia. Ensino de história e história do Espírito Santo: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura
em pedagogia EAD – séries iniciais. 2. ed. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. 64 p. Fascículo 3.
______. Ensino de história: escritas, leituras e narrativas: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura em pedagogia
EAD – séries iniciais. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. Fascículo 1.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 2000.
MALERBA, Jurandir; BERTONI, Mauro. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o ensino fundamental.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
PIROLA, André Luiz Bis. O livro didático no Espírito Santo e o Espírito Santo no livro didático: história e
representações. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade
Federal do Espírito Santo, 2008. Vitória, ES: UFES/PPGE, 2008. 265 p. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/
dissertacoes/2008/dissertacoes.asp>.
OLIVEIRA, Margarida Mª. D.; STAMATTO, Mª Inês S. O livro didático de história: políticas educacionais, pesquisas
e ensino. Natal: Ed. UFRN, 2007.
RICCI, Claudia Sapag. Pesquisa como ensino: textos de apoio e propostas de trabalho. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.
ROSSI, Vera Lucia Sabongi de; ZAMBONI, Ernesta (Org.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas, SP: Alínea, 2003.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004.

REVISTAS
Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Federal Fluminense (RJ). Faculdade de Educação.
História e Ensino: Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina (PR), Departamento
de História.

NA REDE
www.historianet.com.br
www.ensinodehistoria.com

137
Sumário principal

8.3 Ensino Religioso siste essa dimensão religiosa ou essa esfera


do espiritual na existência humana?
8.3.1 Contribuição da disciplina
para a formação humana O lugar originário do sagrado é o desejo
do homem, sua abertura a um projeto que
A esfera da religiosidade é uma dimensão incessantemente o ultrapassa. Por causa
constitutiva da realidade humana. O Ensino desse desejo de plenitude, o homem sente
Religioso escolar se propõe educar essa a impossibilidade de se fechar numa atitude,
dimensão da vida humana com o objetivo num conhecimento ou num amor finitos. O
de proporcionar uma formação integral da lugar originário da religiosidade é a disponibi-
pessoa. É função específica do Ensino Religio- lidade que sente em face de quem o chama.
so exercitar o educando para que se dê conta O próprio sentido da liberdade já é uma busca
da dimensão transcendente da sua vida e de do absoluto, uma vez que o absoluto jamais
levá-lo a viver isso na intensidade de si mesmo, assume fisionomia plena, acabada, defini-
traduzindo a sua religiosidade em atitudes tiva em nenhuma realidade humana. Toda
práticas, em harmonia com sua percepção a história religiosa da humanidade, todo o
do transcendente. A educação religiosa é dinamismo ético ou poético dos homens, dão
educação dessa habilidade. Mas a educação testemunho dessa transcendência inscrita na
da religiosidade não se reduz à religiosidade estrutura constitutiva do homem.
subjetiva, é também educação das expressões
nas quais se traduz a religiosidade da pessoa, O sagrado, em seu fundo como em seu
ou seja, educação da religiosidade objetiva. mistério, é o termo de uma relação que o
homem busca ininterruptamente. O ho-
A dimensão religiosa – como também a di- mem está aberto a algo ou a alguém que
mensão ética – é específica e constitutiva do o supera, que o excede, que o ultrapassa, e
ser humano, ou seja, é um atributo exclusivo que, simultaneamente, vai ao encontro dele.
da vida pessoal. O sentido de toda religião, o Por conseguinte, o sagrado não é, antes de
fato da possível religiosidade, está ligado à mais nada, um setor à parte na existência
condição de pessoa, fora da qual nem sequer humana, uma realidade demarcável em si
é concebível. Bastaria isso para reconhecer mesma. Menos ainda, é ele uma realidade
o caráter único do homem, radicalmente do além ou de outro lugar que se imponha
distinto de toda realidade. Mas no que con- ao homem, bloqueando seu dinamismo

138
Sumário principal

específico. Ele está na origem do homem, têm outra ambição senão a de conduzir à
e consiste numa relação ou numa busca de EXPERIÊNCIA espiritual. A linguagem remete
relação, co-extensiva a toda realidade, a toda à experiência, a algo mais profundo do que a
a vida do homem. O homem é pergunta, e a própria linguagem. Essa permite que o homem
palavra decisiva sobre esse mesmo homem se coloque em relação ao outro que o interpela
foge continuamente do horizonte de sua e que o ultrapassa.
história. Para o homem, o problema consistirá
sempre em encontrar um outro diferente A importância do Ensino Religioso é que se
dele mesmo. E, por mais que tal pergunta, constitua como uma educação da religio-
a indagação constitutiva do homem, seja sidade, capaz de ajudar os educandos a se
rejeitada, afastada pelos homens ou pelas autoposicionarem diante da transcendência
culturas, ela se conserva sempre presente e dar um sentido à própria existência.
no íntimo do homem.

Esse relacionamento religioso fundamental 8.3.2 Objetivos da disciplina


deverá traduzir-se por meio de inevitáveis
expressões religiosas: os símbolos, os mitos, Objetivo geral
os ritos, as confissões de fé, as liturgias. E é aí
Promover a compreensão, a interpretação
que nascem todas as ambiguidades de que
e a (re)significação da religiosidade e do
nos ressentimos hoje de maneira tão aguda.
fenômeno religioso em suas diferentes mani-
Por mais pessoal e secreto que seja o sagrado
festações, linguagens e paisagens religiosas
como experiência fundamental, ele não pode
presentes nas culturas e nas sociedades.
existir humana e coletivamente sem assumir
uma expressão externa. Em outros termos,
Objetivos específicos
para ser vivida humanamente, para poder
comunicar-se, essa experiência religiosa radical, Educar para a alteridade, o serviço e a
assumida pela fé, deverá transformar-se num comunicação;
acontecimento da linguagem (P. Ricoeur). Se, Motivar a assumir atitudes e práticas
porém, ao se exprimir, essa religião fundamen- pró-vida;
tal se tornar cultural e, consequentemente,
Haurir na profundidade humana e nas
ambígua, jamais se deverá esquecer, justa- relações com o transcendente as energias
mente por essa razão, que as expressões não e orientações para o caminho de vida

139
Sumário principal

pessoal e social, como princípios éticos norteadoras. Esperamos com isso contribuir
fundamentais; na reflexão sobre o lugar da religiosidade
Oportunizar o desenvolvimento de atitu- na educação.
des de veneração pelo sagrado (RUEDELL,
2007, P.150-175); A escola, ao introduzir o Ensino Religioso na
sua matriz curricular, busca refletir e integrar
Proporcionar o conhecimento dos ele-
mentos básicos que compõem o fenô- o fenômeno religioso como um saber funda-
meno religioso, a partir das experiências mental para a formação integral do ser huma-
religiosas percebidas no contexto do no. O grande desafio, porém, é efetivar uma
educando; prática de ensino voltada para a superação do
Subsidiar o educando na formulação do preconceito religioso e alicerçada no respeito
questionamento existencial, em profundi- à diversidade cultural e religiosa. Portanto, o
dade, para dar sua resposta devidamente Ensino Religioso deve oferecer subsídios para
informado; que os estudantes entendam como os grupos
Analisar o papel das tradições religiosas na sociais se constituem culturalmente e como
estruturação e manutenção das diferentes se relacionam com o sagrado. Essa aborda-
culturas e manifestações socioculturais; gem possibilita estabelecer relações entre as
Facilitar a compreensão do significado das culturas e os espaços por ela produzidos em
afirmações e verdades de fé das tradições suas marcas de religiosidade. A disciplina de
religiosas; Ensino Religioso deve, portanto, contribuir
com os estudantes na busca da compreensão,
Refletir o sentido da atitude moral como
consequência do fenômeno religioso e da comparação e análise das diferentes manifes-
expressão da consciência e da resposta tações do sagrado, com vistas à interpretação
pessoal e comunitária do ser humano. dos seus múltiplos significados. E, ainda, deve
ajudar os estudantes na compreensão de
conceitos básicos no campo religioso e na
8.3.3 Principais alternativas forma como as sociedades são influenciadas
metodológicas pelas tradições religiosas, tanto na afirmação
quanto na negação do sagrado.
A reflexão sobre a religiosidade é bastante
nova no âmbito da educação escolar. Por isso Estudar o fenômeno religioso requer, por sua
preferimos indicar apenas algumas linhas própria natureza, uma metodologia dialógica

140
Sumário principal

e contextual. Para alcançar seus objetivos o liberdade de religião, que se põe como exi-
Ensino Religioso deve partir das experiências gência de convivência e de tolerância entre
e dos conhecimentos prévios dos estudantes, as várias confissões religiosas. Observe-se
saber conectar informação, reflexão e ação. que a dimensão coletiva não tem como
Por isso a educação da religiosidade é uma suplantar a pessoal, visto que, se assim o
tarefa complexa. Implica ainda a articulação fizesse, tornar-se-ia opressiva.
de dois conceitos e das possíveis relações
entre eles: educação e religiosidade. A dimensão transcendente. Enquanto a
dimensão pessoal e a coletiva dizem respeito
Por uma compreensão de religiosidade: às formas históricas de compreensão da
religiosidade, a dimensão transcendente
Por ser um atributo do ser pessoal, no fenô-
tensiona o humano para além da contingên-
meno religioso há pelo menos três dimen-
cia das identidades, das diversidades e das
sões implicadas e que se interrelacionam
individualidades e pessoalidades. O religioso
para determinar seu sentido.
carrega – por mais variadas que sejam suas
expressões – o “mistério”, elemento que
A dimensão pessoal. A religiosidade nesse
ultrapassa toda e qualquer configuração
sentido está centrada na liberdade pessoal
aplicável ou tangível. Dessa forma os conflitos
que leva cada pessoa a escolher uma ou ou-
poderão ser tratados positivamente.
tra crença ou até nenhuma. Nesse sentido, a
dimensão pessoal da religiosidade é a base da
Por uma compreensão de educação:
liberdade religiosa, que significa exatamente
a possibilidade de cada pessoa escolher a A relação é um traço constitutivo do ser
religiosidade que pretende seguir. humano. Por ser pessoa, o homem não pode
viver sem dialogar. Ele é um ser constituti-
A dimensão comunitária ou coletiva. A vamente dialogante. Vem daí que os seres
religiosidade se manifesta como sistema humanos se fazem sujeitos, se personalizam
comum de crenças e práticas que tende a com outros humanos na interação, no re-
se institucionalizar, a estabelecer parâmetros conhecimento, na alteridade. A relação é
e formas de conduta identitárias que se presença e construção. Portanto, a educação
configura em uma ou outra religião. Nesse é construída na base de uma compreensão
sentido, a dimensão coletiva é a base da pluridimensional da pessoa e vai acontecer

141
Sumário principal

nos espaços de aprendizagem como exer- O ENSINO RELIGIOSO:


cício de reflexão e ação críticas. SEUS EIXOS E CONTEÚDOS

A educação no Ensino Religioso deve O Ensino Religioso na sua articulação destaca


apresentar-se como uma pedagogia que: alguns aspectos fundamentais para a sua
concretização, tais como: as contribuições
Promova a construção de uma partici- das áreas afins, como a antropologia, psi-
pação;
cologia, pedagogia, sociologia, ciências da
Incentive a compreensão dos dissensos religião e teologias; a busca permanente
e dos conflitos; do sentido da vida; a superação da frag-
Leve a uma abertura para o mundo mentação das experiências e da realidade;
como compromisso concreto com os o pluralismo religioso; a compreensão do
contextos nos quais se dão os processos campo simbólico; e a necessidade de evitar
educativos. o proselitismo. Tendo presentes a riqueza e a
Essa postura se traduz em: complexidade do campo religioso, o Fórum
Nacional Permanente do Ensino Religioso,
Aceitar que a pessoa que segue uma para a efetivação dessa área de conheci-
religião possa considerar sua crença como
mento, definiu cinco eixos e os respectivos
verdadeira;
conteúdos:
Admitir que cada pessoa possa ter a
crença que quiser e que possa professá-la Culturas e tradições religiosas. Esse
livremente; eixo desenvolve os temas decorrentes da
relação entre cultura e tradição religiosa,
Trabalhar sempre desde, com e para a
tais como: a ideia transcendente na visão
diversidade religiosa. Isso significa partir
tradicional e atual; a evolução da estrutura
da base da diversidade; saber lidar com
religiosa nas organizações humanas no
ela; atuar para promovê-la.
decorrer dos tempos; a função política das
ideologias religiosas; e as determinações
O grande desafio é fazer da escola um espaço da tradição religiosa na construção mental
de qualidade relacional, para que seja um do inconsciente pessoal e coletivo.
espaço efetivamente de educação. Teologias. Esse eixo analisa as múl-
tiplas concepções do transcendente.
Dentre os conteúdos destacam-se:

142
Sumário principal

a descrição das representações do utilizados pelas diferentes tradições


transcendente nas tradições religio- religiosas no relacionamento com o
sas; o conjunto de muitas crenças e transcendente, consigo mesmo, com
doutrinas que orientam a vida do fiel os outros e com o mundo.
nas tradições religiosas; e as possíveis
Ethos. Analisa a vivência crítica e
respostas norteadoras do sentido da
utópica da ética humana a partir das
vida: ressurreição, reencarnação, an-
tradições religiosas, por isso considera:
cestralidade, nada.
as orientações para o relacionamento
Textos sagrados e tradições orais. Esse com o outro, permeado por valores; o
eixo aprofunda o significado da palavra conhecimento do conjunto de normas
sagrada no tempo e no espaço, com de cada tradição religiosa, apresen-
destaque para: a autoridade do discurso tando para os fiéis no contexto da
religioso fundamentado na experiência respectiva cultura; e a fundamentação
mística do emissor que a transmite como dos limites éticos propostos pelas vá-
verdade do transcendente para o povo; rias tradições religiosas (Cf, FONAPER.
o conhecimento dos acontecimentos Caderno Temático Ensino Religioso, nº
religiosos que originaram os mitos e 1, p. 31-32).
segredos sagrados e a formação dos
textos; a descrição do contexto sócio- Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso
político-religioso determinante para a foram elaborados a partir da concepção
redação final dos textos sagrados; e a de que a atuação do ser humano não se
análise e hermenêutica atualizadas dos limita às relações com o meio ambiente
textos sagrados. e às relações sociais, mas sim está sempre
Ritos. Esse eixo busca o entendimento em busca de algo que transcende essas
das práticas celebrativas, por isso con- realidades. Os eixos e conteúdos do Ensino
templa: a descrição de práticas religiosas Religioso em muito podem contribuir para
significantes, elaboradas pelos diferentes que o ser humano inacabado, inquieto e
grupos religiosos; a identificação dos aberto ao transcendente siga na busca,
símbolos mais importantes de cada
encontre o sentido para a vida e seja feliz.
tradição religiosa, comparando seu(s)
significado(s); e o estudo dos métodos (Cf. BOEING, Antonio).

143
Sumário principal

8.3.4 Conteúdo Básico Comum – Ensino Religioso


Anos Iniciais do Ensino Fundamental
1° Ano do Ensino Fundamental de 9 anos e 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS

Culturas e • Compreender que as tradições • Entender que as tradições e História e Tradição Religiosa
Tradições religiosas contribuem para um manifestações religiosas dão • A Religião na vida das pesso-
mundo mais fraterno. sentido à vida. as.
• Reconhecer as manifestações • Identificar a diversidade reli- • As tradições religiosas da co-
culturais e tradições religiosas, giosa, demonstrando abertura munidade local.
relacionando-as com as prá- ao diálogo com as pessoas de
ticas religiosas dos diferentes outras crenças religiosas. • As religiões e a prática do bem
grupos. (caridade, solidariedade etc.).
• A diversidade religiosa no
Brasil.
• O diálogo inter-religioso.
Teologias • Reconhecer o conjunto de • Identificar linguagem simbó- As representações das
muitas crenças que orientam lica das culturas e tradições tradições religiosas.
a vida do sujeito nas tradições religiosas da comunidade.
religiosas.
Textos • Conhecer os textos sagrados, • Identificar nas narrativas sa- Textos sagrados orais e es-
Sagrados e percebendo-os como referen- gradas os conceitos do sa- critos.
Tradições ciais de ensinamentos sobre grado. Espaços sagrados da comu-
orais a fé e a prática das tradições • Distinguir nas histórias sagra- nidade.
religiosas. das os mitos das verdades de • Os mitos e segredos sagra-
fé. dos.
• Entender que as narrativas • As diferentes celebrações e
sagradas surgiram dos mitos práticas religiosas.
e história dos povos.
• Os acontecimentos religio-
• Perceber que as tradições re- sos.
ligiosas se fundamentam nos
textos sagrados. • Histórias da criação.
• Perceber nos textos sagrados
propostos de valorização da
vida e construção da cidada-
nia.

144
Sumário principal

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS

Ritos • Compreender a descrição de • Perceber que os templos, ritos O significado dos ritos das
práticas religiosas significan- e festas religiosas oportuni- tradições religiosas.
tes, elaboradas pelos diferen- zam momentos sagrados de
Rituais de passagem, cele-
tes grupos religiosos. louvor, agradecimento, cele-
bração e realização de encon- brativos e litúrgicos.
• Compreender a linguagem tro pessoal e comunitário com • Práticas religiosas significativas
simbólica da cultura e da o transcendente. elaboradas pelos diferentes
tradição religiosa da comu- grupos religiosos.
nidade. • Identificar os símbolos mais
importantes de cada tradição Símbolos religiosos.
• Compreender que os símbo- religiosa, comparando os seus
los religiosos são significativos significados. • Identificação dos símbolos
e necessários para as manifes- mais importantes de cada
• Entender os rituais como prá- tradição religiosa.
tações religiosas. ticas religiosas.
• Ritos e festas religiosas.
• Perceber os sinais que reve-
lam sentimentos religiosos • Práticas e costumes das co-
e sentir-se participante da munidades religiosas.
religiosidade.
• Reconhecer o uso do símbolo
como meio para comunica-
ção de sentimentos e expe-
riências.
• Relacionar as principais datas
religiosas, festas e comemora-
ções realizadas no município.
• Pesquisar os variados ritos e
festas culturais e religiosos da
comunidade.
• Analisar as diversas simbo-
logias e sua afirmações de
verdade.
• Conhecer as diversas mani-
festações culturais e religiosas
do país, ritos e símbolos (afro,
indígena e outros).

145
Sumário principal

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS

Ethos • Compreender que o rela- • Descobrir-se como ser huma- Alteridade.


cionamento com o outro é no. • Orientações para o relaciona-
permeado por valores. • Respeitar a si mesmo e aos mento com o outro.
• Conhecer o conjunto de nor- outros. • O Eu.
mas de cada tradição religiosa • Entender que os nomes são
apresentado para os fiéis do • Eu sou eu com o outro.
importantes, porque identi-
contexto da respectiva cultu- ficam as diferenças com as • Eu e o outro somos nós.
ra. pessoas. • Os valores humanizam.
• Conhecer os limites éticos • Partilhar e conviver respeitan- • Cada pessoa tem o seu jeito
propostos pelas várias tradi- do as pessoas, construindo de ser e acreditar.
ções religiosas. um ambiente de paz.
A riqueza das diferenças re-
• Conviver harmoniosamente ligiosas.
com o diferente, respeitando
as diversas manifestações re-
ligiosas.
• Desenvolver atos e atitudes
de cuidado e respeito ao pró-
prio corpo e ao meio em que
vive.
• Participar de discussões éticas
e religiosas, interagindo con-
forme as regras estabelecidas
com os outros .
• Relacionar-se e conviver bem
com os colegas no ambiente
escolar.
• Saber ouvir e respeitar as di-
ferentes posições religiosas
das pessoas com as quais
convive.
• Reconhecer a importância da
religiosidade na convivência
familiar.

146
Sumário principal

8.3.5 Referências

ALCUDIA, Rosa, et al. Atenção à diversidade. Porto Alegre: Artmed, 2002.


CARNIATO, M. Inês. Coleção de ensino religioso fundamental. São Paulo: Paulinas, 2001. 9 v.
FONAPER. Ensino religioso: referencial curricular para a proposta pedagógica da escola. 2000. (Caderno Temático, 1).
______. Parâmetros curriculares nacionais: ensino religioso. São Paulo: Ave Maria, 1997.
JUNQUEIRA. Sérgio Rogério Azevedo. O processo de escolarização do ensino religioso no Brasil. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2002.
______; OLIVEIRA, Lilian Blanck de. Ensino religioso: memória e perspectivas. Curitiba: Champagnat, 2005.
PADEN, William E. Interpretando o sagrado: modos de conceber a religião. São Paulo: Paulinas, 2001.
RUEDELL, Pedro. Educação religiosa: fundamentação antropológico-cultural da religião segundo Paul Tillich. São
Paulo: Paulinas, 2007.
SENA, Luzia (org.). Ensino religioso e formação docente. São Paulo: Paulinas, 2006.

SITES
http://www.fonaper.com.br
www. rivistadireligione.it
http:// geocities.com.ensinoreligioso
www.comer.cjb.net
www.pucsp.br/rever
www. crdr.com.br
htpp://geocities.yahoo.com.br.conerse
www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br
www.iccsweb.org
www. assintec.org.br
http://www.eufres.org/
http://cienciareligioes.ulusofona.pt

147
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Sumário principal

9 ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
Por meio da linguagem o homem pensa, co- Como marco e herança social, a lingua-
nhece, se apropria, interfere sobre o mundo, gem é produto e produção cultural e tal
o reorganiza e o reapresenta em símbolos como o homem que a manifesta é criativa,
que são a base dessa produção humana. contraditória, pluridimensional e singular
Desse modo, quanto mais ele compreende a ao mesmo tempo. De natureza transdis-
linguagem fazendo sentido, como trabalho ciplinar, até mesmo quando enfocada
simbólico, mais torna-se capaz de conhecer como área de conhecimento, os estudos
a si mesmo como ser imerso em uma cultura da linguagem têm como ênfase a produção
e no mundo em que vive. de sentidos.

A linguagem é a mediação entre o homem e Nesta perspectiva, os sistemas de linguagem


a realidade. Ela possibilita a reflexão, a crítica envolvem as manifestações e conhecimen-
e a intervenção e torna possível a transfor-
tos: linguísticos, musicais, corporais, gestuais,
mação do homem e do mundo em que
espaciais e plásticos. Tais sistemas compreen-
vive. Ela articula significados coletivos que
dem, nos anos iniciais, a Língua Portuguesa,
são compartilhados socialmente variando
as Artes e a Educação Física.
de acordo com os grupos sociais em seus
tempos e espaços diferenciados.
A Língua Portuguesa na educação esco-
lar compreende a língua como um objeto
Levando em conta os princípios acima que
histórico, irregular, variável, gerenciado por
consideram o homem inserido em sua cultu-
seus usuários para promover-lhes a intera-
ra, na sociedade e na história as disciplinas da
ção com outras pessoas. Da perspectiva da
área propiciam não só a sua inserção como
sujeito atuante nessa sociedade, interferindo enunciação, a língua pode ser concebida
e atuando em prol do meio ambiente e como um conjunto de signos utilizados na
no respeito às diversidades, mas o torna comunicação, e a linguagem, a atividade
protagonista de ações de reorganização discursiva, a forma de pôr a língua em mo-
dessa realidade. vimento. O espaço privilegiado para isso é

151
Sumário principal

a interlocução, compreendida como o local formas que possuímos de expressão, como


de produção da linguagem e de constituição nas artes visuais, nas danças, nas encenações
dos sujeitos. Pensar a linguagem a partir do teatrais e na música.
processo de interlocução significa instaurar o
processo educacional sobre a singularidade A Educação Física pode ser compreen-
dos sujeitos, em contínua constituição, à dida como área que tematiza/aborda as
medida em que interagem com os outros. atividades corporais em suas dimensões
Isso significa que o aluno deve ser o sujeito culturais, sociais e biológicas, extrapolan-
da aprendizagem e o sujeito de seu texto, do a questão da saúde e relacionando-se
porquanto é ele quem realiza a interação e com as produções culturais que envolvem
produz o conhecimento. aspectos lúdicos e estéticos. Essa disciplina
deixa de ter como foco apenas o esporte
Artes insere-se na área de linguagem como ou os exercícios físicos voltados para uma
uma expressão humana que oportuniza o perspectiva restrita à promoção da aptidão
compartilhar das culturas em sua diversidade física e ao desempenho de atividade físi-
e congrega valores, posturas, condutas que ca, tomando a ideia de que a linguagem
a caracterizam e ao mesmo tempo a diferen- humana é produto da cultura e que a co-
ciam de outras áreas de conhecimento e ou- municação é um processo cultural. Sendo
tras manifestações de linguagem. Fazer arte assim, a linguagem corporal como produto
é materializar as experiências e percepções da cultura, deve ser abordada com base nos
sobre o mundo em formas, cores, sons e ges- temas da “cultura corporal” humana. Essa
tualidades, resignificando-as em processos visão contempla o eixo da cultura, mas não
poéticos configurados pela ação de um gesto descarta o eixo do trabalho que surge como
criador. Como produção simbólica a Arte possibilidade de garantir a contribuição da
não é funcional, não é instrumental, nem se Educação Física na formação humana, na
prende a normatizações que a regulem, mas construção de uma postura reflexiva no
imbricada com o Trabalho é detentora de um mundo do trabalho. Além disso, reconhece
poder que a distingue de outras produções o eixo ciência na realização da transposição
humanas, pois a ela é permitido explorar por do saber comum ao saber sistematizado e
outros suportes e materialidades as diversas contextualizado.

152
Sumário principal

9.1 Língua Portuguesa modos como se produzem as identidades


socioculturais e como nessa construção
O conhecimento e as relações estabeleci- deve auferir espaço privilegiado a cons-
das por ele configuram-se como o pilar de ciência ambiental, tanto do patrimônio
natureza epistemológica* que sustenta o natural quanto do histórico, configuram-
currículo de Língua Portuguesa que aqui se, também, como princípios seriamente
se apresenta. Distinta é, todavia, a maneira considerados.
de considerar o conhecimento, qual seja,
uma interpretação histórico-social e não um Deve-se, assim, compreender a língua como
dado objeto. Desse ponto de vista, toma-se um objeto histórico, irregular, variável geren-
o conhecimento linguístico-cultural como ciado por seus usuários para promover-lhes
resultado de um processo dinâmico – como a interação com outras pessoas. Revela-se,
algo aberto e inacabado –, favorecido pela aí, uma concepção interacionista da língua,
interação sujeito-objeto, mediado pelo pro- eminentemente funcional e contextualiza-
fessor. Ganha tônica, como o quer Morin da. Da perspectiva da enunciação, a língua
(2001), o saber linguístico pertinente, que pode ser concebida como um conjunto
articula, que permite a compreensão da de signos utilizados na comunicação, e a
totalidade do objeto que se deseja conhe- linguagem, a atividade discursiva, a forma
cer. Para isso, deverá o aluno operar com o de pôr a língua em movimento. O espaço
conhecimento produzido da perspectiva de privilegiado para isso é a interlocução,
sua incompletude, o que só é possível por compreendida como o local de produ-
meio de uma rede de relações construída ção da linguagem e de constituição dos
em momentos compartilhados com o outro. sujeitos. Tais reflexões apontam para um
Para concretizar essa proposta, deve-se, processo educacional instaurado sobre a
pois, tomar a pesquisa como fundamento singularidade dos sujeitos, em contínua
da formação intelectual. constituição, à medida em que interagem
com os outros. Isso significa que o aluno
As condições de gênero, de relações deverá ser o sujeito da aprendizagem e o
étnico-raciais na formação humana dos sujeito de seu texto, porquanto é ele quem
realiza a interação e produz o conhecimento.
* (epistemo= conhecimento /lógico=estudo) (ANTUNES, 2003)

153
Sumário principal

Para uma concepção interacionista, funcio- de sinais gráficos. Deixa, pois, o texto de ser
nal e discursiva da língua(gem), decorre o concebido como uma estrutura acabada,
princípio de que esta(s) só se atualiza(m) para ser compreendido em seu próprio
quando se põe(m) a serviço da comunicação processo de organização, verbalização e
humana em situações de atuação no social construção (GERALDI, 1991).
por meio de práticas discursivas materiali-
zadas em textos orais, escritos ou em outras Essa concepção permite ver o texto como
modalidades discursivas. Por essa razão, resultado parcial da atividade comunicativa
devem os textos constituir-se no objeto de humana, a qual engloba processos, opera-
estudo da língua e o trabalho de escritura ções cognitivas e estratégias discursivas,
e leitura, de um modo geral, favorecer ao postos em ação em situações concretas de
sujeito a apropriação do código como forma interação social (KOCH, 1998), em conso-
de representação cultural (GERALDI, 1991; nância com determinados pressupostos, a
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003) partir dos quais a atividade verbal se realiza. O
texto configura-se como uma manifestação,
Com relação à concepção de escrita, esta gerada a partir de elementos linguísticos,
é defendida de modo tão interativo e cujo objetivo é não somente permitir aos
dialógico, dinâmico e negociável, quanto interlocutores, no processo de interação, a
a fala. Essa perspectiva supõe encontro, socialização de conteúdos, como também
parceria, envolvimento entre sujeitos, para favorecer a própria interlocução, conforme
que aconteça a comunhão das ideias, das as práticas culturais de cada contexto social.
informações, das intenções pretendidas. Toda Constitui-se, o texto, assim, no momento
escrita responde a um propósito funcional em que os interlocutores de uma atividade
qualquer, possibilita a realização de alguma comunicativa constroem-lhe determinado
atividade sociocomunicativa entre as pes- sentido, o que implica pensar que o sentido
soas e estabelece relações com os diversos não está no texto – mas a partir dele se
contextos sociais em que essas pessoas constrói – é indeterminado e surge como
atuam. Elaborar um texto escrito significa efeito do trabalho realizado pelos sujeitos.
empreender uma tarefa cujo sucesso não se O texto só fará sentido se seu produtor co-
completa, simplesmente, pela codificação nhecer a sua finalidade e o seu destinatário
das ideias ou das informações, por meio (idem, 1998).

154
Sumário principal

Fiel a esse quadro, a concepção de ensino Isso porque sem a linguagem articulada
de língua deve criar condições para que os seria difícil apreender o mundo, torná-lo
alunos construam autonomia, desenvolven- objeto de conhecimento, e transformá-lo,
do uma postura investigativa. Para ensinar, ou sobre ele intervir. Serve, pois, a lingua-
em conformidade a essa concepção, será gem à variabilidade do homem, à sua
preciso que o educador pesquise, observe, diversidade – único elemento comum a
levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda todos os homens – à atuação do homem
e reaprenda não para os alunos, mas com no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a
os alunos. refletir sobre a consciência, a ter sua marca
identitária (DA MATTA, 2000).
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi-
litar o desenvolvimento das ações de produ- Serve, ainda, a linguagem para que o
ção de linguagem, em situações de interação, homem constitua-se sujeito no mundo,
e de abordagens interdisciplinares, não se torne-se um ens sociale, interaja com o
limitando à decodificação e à identificação outro e reflita sobre si mesmo, a partir do
de conteúdos, mas ao desenvolvimento de contato com outros sujeitos. Considerando-
letramentos múltiplos concebendo a leitura se o caráter simbólico da linguagem, o
e a escrita como ferramentas para o exercício sujeito, por meio de atividades de leitura
da cidadania. e compreensão de textos, estabelece uma
relação próxima com a escrita e, nessa
tarefa, fala de si, do outro e do mundo,
9.1.1 Contribuição da atribuindo novos sentidos aos seus pro-
disciplina para a cessos subjetivos. Portanto, a competência
formação humana de o sujeito interagir no, e com o mundo
ocorre por via da linguagem, meio em
Considerando-se o plano da linguagem que as realidades são construídas. Isso
como base essencial para a produção, e significa dizer que os conhecimentos são
transmissão, de todo conhecimento, ins- construídos por meio da linguagem, em
titucionalizado e de mundo, e da cultura, que ações dos sujeitos produtores são
deve-se entendê-la como o meio sem o controladas ou geridas por outros sujeitos,
qual todos os outros não poderiam existir. por meio de linguagens. Nessa tarefa, o

155
Sumário principal

sujeito se desenvolve e se socializa. É, pois, considerando os saberes informais que ele


na interação com as diversas instituições traz consigo.
sociais, por meio da linguagem e de seus
distintos níveis e registros, que o sujeito A partir da compreensão de que é dentro e
aprende e apreende as maneiras de funcio- pela língua que o indivíduo e a sociedade se
namento da própria língua – como código determinam mutuamente e considerando-
e como enunciado – e com isso constrói se, como Castells (2002), que a identidade
seus conhecimentos com relação ao seu é a constituição de significados a partir de
uso nos diversos contextos. um ou vários atributos culturais, disponíveis
no ambiente social, o aluno deverá saber
Sendo o homem um sujeito historicamente que a língua é o principal elemento para
construído, são suas atividades, com o uso o processo de individualização, pois além
da linguagem e da língua, marcadas pelo de suas características próprias, funciona
contexto socio-histórico e pontilhadas como veículo, forma e ambiente por onde
pelos significados e sentidos, de acordo surgem a maior parte dos demais atributos.
com os contextos onde foram produzidas. Assim, a troca que permite ao indivíduo
Tais atividades capacitam-no a agir e a elaborar uma visão de si mesmo e de sua
transformar a mesma história que o cons- identidade ocorre por meio da língua,
truiu, ressignificando-a, para construir sua inicialmente a língua falada. Em alguns
identidade social e cultural. casos, como nas sociedades ágrafas e dos
analfabetos, a forma falada prevalecerá
Na interação com as diversas instituições durante toda a vida do indivíduo, enquanto
sociais, o aluno amplia e enriquece a sua nos ambientes de escrita, outras modali-
linguagem. Cabe, então, a escola se orga- dades de trocas culturais com a sociedade
nizar para receber a ele e a sua diversidade poderão ocorrer. O fato é que sendo o ser
cultural, em suas salas de aula. Na escola, terá humano uma criatura linguística e sendo
esse sujeito a oportunidade de recorrer às o mundo onde age conhecido e descrito
práticas orais e escritas do sistema linguístico por meio da língua, nada existe fora do
com suas regras fonológicas, morfológicas, domínio da língua. Deverá o aluno ter a
sintáticas e semânticas, para, por meio da consciência de que a língua, o discurso,
língua, construir seu saber formal, não des- o texto, o jargão, tudo é variável, mas não

156
Sumário principal

a mensagem que transmitem. Isso, para 9.1.2 Objetivos da disciplina


refletir sobre a opressão que está enraizada
na maneira como nós e os outros somos Adota-se neste currículo a concepção de eixo
construídos linguisticamente, na maneira como o elemento que funda e direciona os
como somos posicionados por palavras princípios da formação do aluno. Essa noção
em relação a outras tantas palavras ou de eixo reforça a ideia de integração e de
por códigos, estruturados em forma de movimento e o caráter de provisoriedade,
língua. O aluno precisa conceber que de incompleteza e de continuidade do co-
nosso ser, nossa identidade e até nossa nhecimento. Eixo pode ser compreendido,
subjetividade são constituídos por meio da também, como algo que permeia, concepção
língua (MACNALLY, 1999), que o domínio da essencial para a formação humana, razão
língua padrão permitir-lhe-á se comportar por que os conteúdos gerais específicos se
em determinadas situações formais do organizam em grandes eixos.
cotidiano.
Língua
No caso da literatura, esta propicia ao aluno 1. Favorecer que o aluno conheça como
o refinamento de habilidades de leitura e de e por que determinadas práticas de
escrita, capacita-o a lidar com o simbólico e linguagem e determinados usos da
a interagir consigo mesmo, com o outro e língua, e de diferentes linguagens, são
com o mundo em que vive, possibilitando- historicamente legitimados e transitam
lhe assumir uma postura reflexiva, tomando segundo demandas específicas.
consciência de si e do outro em relação ao
2. Proporcionar uma compreensão das nor-
universo letrado, tornando-se capaz de ser
mas gerais do funcionamento da língua,
protagonista de uma ação transformadora.
permitindo que o aluno veja-se incluído
A Literatura propicia, ainda, uma reflexão
nos processos – de produção e compre-
política ao educando em reconhecimento
ensão textual – que se implementam na
do ser humano como um ser histórico-social
escola, ou fora dela.
que sofre transformações com o decorrer
do tempo. 3. Favorecer um olhar sobre os conjuntos de
normas e fatores que concorrem para a
variação e variabilidade linguística, textual

157
Sumário principal

e pragmática, necessários à leitura e à Literatura


escrita, sendo o texto o referencial de 1. Criar espaço para vivências e cultivos de
partida. emoções e sentimentos humanos, bem
como para experienciar situações em
Linguagem que se reconheça o trabalho estético da
1. Permitir que o aluno interaja, crítica e obra literária, identificando as múltiplas
ludicamente, com diferentes manifes- formas de expressão e manifestações
tações da linguagem em situações de da(s) linguagem(ns) para levar a efeito o
produção e leitura de textos escritos, discurso.
orais, imagéticos, digitais, entre outros.
2. Favorecer a produção de lócus em que
2. Possibilitar uma experiência com as dife- se compreendam as transformações
rentes manifestações da linguagem como histórico-socioculturais pelas quais o
a dança, o teatro, a música, a escultura, homem passa, por meio da linguagem
a pintura e o movimento do corpo bem literária, de modo a pensar a complexi-
como a variedade de ideias, de culturas dade do mundo real.
e de formas de expressão, reconhecen-
3. Promover o letramento múltiplo como fer-
do nestas manifestações as marcas da
diversidade humana. ramenta para o exercício da cidadania.

3. Permitir que o estudante conceba a 4. Possibilitar o conhecimento das escolas


linguagem como espaço propício para literárias, obras e autores, inclusive da
a tomada de consciência acerca das de- literatura capixaba.
sigualdades sociais, e da necessidade de
sua atuação com vistas a uma sociedade
Cultura e conhecimento de mundo
mais justa.
1. Criar condições para que os alunos
4. Propiciar o conhecimento da linguagem construam sua autonomia na sociedade
verbal e não-verbal (inclusive Libras e contemporânea – tecnologicamente
Braille) para que o aluno possa interagir complexa e globalizada – comprometidos
com vários sujeitos em suas especifici- com a preservação da memória cultural
dades linguísticas. e do patrimônio natural capixabas.

158
Sumário principal

2. Favorecer espaços para a leitura de textos formação da sua identidade histórico-


de diferentes conteúdos para a discussão cultural.
de temas transversais, refletindo sobre o
8. Valorizar a diversidade humana em suas
texto e sobre si mesmo, considerando
diversidades, promovendo a formação
sua situação no mundo.
do aluno num âmbito ético, crítico e
3. Proporcionar momentos de reflexão de intelectual, levando-o a opor-se a toda
modo a descoisificar o homem por meio e qualquer forma de preconceito e dis-
da leitura da vida, propiciando contato criminação.
com um conhecimento que não pode
ser mensurado.
9.1.3 Principais alternativas
4. Promover aulas de campo para envolver metodológicas
o educando em relevantes aspectos cul-
turais do estado, tais como visitas a sítios Propõe-se um ensino de língua portugue-
arqueológicos, a parques ecológicos, a sa sustentado no desenvolvimento: da
espaços remanescentes quilombolas,
expressão oral, da expressão escrita e das
a comunidades indígenas, a manifesta-
habilidades leitora e escritora, considerando
ções culturais e a locais de culturas em
o texto o ponto de partida e de chegada,
movimento.
verdadeiro objeto de estudo da língua, para
5. Favorecer o desenvolvimento da cultura análise de seus usos (estudo linguístico e
do saber ouvir e a falar em situações epilinguístico), explorando-lhe os múltiplos
diferenciadas; respeitando a diversidade sentidos, analisando-lhe a estrutura gramati-
nos modos de falar. cal e a construção de seus sentidos. Ou seja,
o texto conduz as análises em função do qual
6. Propiciar situações para o aluno observar
se recorre às determinações gramaticais, aos
o meio em que vive, refletindo sobre sua
sentidos das palavras, ao conhecimento e
participação no processo de sustentabi-
lidade. aos sentidos produzidos em seu interior.

7. Ensejar momentos para o estudo No caso do ensino de atividades de escrita,


das origens da cultura capixaba e da estas devem partir de condições concretas

159
Sumário principal

de produção. Toda escrita pressupõe uma reportagens jornalísticas, escolhidas pelo


reescrita e um planejamento para execução aluno, transformando-o em protagonista,
de cada etapa (planejar, escrever, reescrever). repórter por um dia; e explorar leituras de
Ao final, utilizar a escrita como ferramenta materiais concretos relacionados ao seu
de integração do aluno à vida de seu meio cotidiano, tais como, rótulos, passagens,
social. Grosso modo, as aulas de português bulas, destacando a visão que o aluno tem
deverão configurar-se como espaço para o sobre o objeto e dirigir leituras de textos
aluno falar, ouvir, ler e escrever textos em conhecidos dos alunos, tais como parlendas,
língua portuguesa. cantigas de roda, quadrinhas.

Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e Deve-se estimular debates sobre temas


a ter estratégias de leitura, de modo a variados, possibilitando que o aluno ar-
perceber que esta depende da articulação gumente, emita opiniões, justifique, ou
de várias partes que formam um todo é, defenda opções tomadas, critique pontos
então, um pressuposto metodológico a de vista alheios e, a partir daí, produza tex-
ser considerado. O leitor está inserido num tos. Cumpre destacar que as atividades de
contexto e precisa considerar isso para falar/ouvir constituem-se parte integrante
compreender os textos escritos. Em sala da competência comunicativa dos falantes,
de aula, configuram-se como estratégias vez que apontam para ações efetivas de
de preparação para a leitura as ações de interpretação tal como acontece quando
descobrir conhecimentos prévios dos o leitor toma contato com a escrita (AN-
alunos, discutir o vocabulário do texto, TUNES, 2003).
explorar a seleção do tema do texto, do
assunto tratado, levantar palavras-chave A produção de textos poderá ocorrer por
ligadas a esse tema/assunto, e exercitar meio de dobraduras, cantinho de leitura,
inferências sobre o texto. listagem de time de futebol, animais, flores,
agenda telefônica, endereços dos alunos
Para as atividades de leitura, recomenda- em ordem alfabética, encartes de super-
se explorar diversos gêneros textuais e mercados, receitas, produção de história
literários, considerando a leitura imagética, em quadrinhos, bilhetes, poesias, recorte de
silenciosa, oral e coletiva; lançar mão de palavras, correio escolar, cartão de felicita-

160
Sumário principal

ções, jornais, entrevistas, piadas, excursões, Outra estratégia metodológica, de nível


transformação de um gênero textual em um pouco avançado, é a tarefa de escrever
outro, entre tantos. Outra alternativa me- textos a duas e a quatro mãos, sob a orien-
todológica é a produção de um texto oral tação do professor, observando as relações
após leitura de uma narrativa. morfológicas, sintáticas e semânticas, ex-
plorando as funcionalidades da língua.

161
Sumário principal

9.1.4 Conteúdo Básico Comum - Língua Portuguesa


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

COMPETÊNCIAS GERAIS
• Ampliar a competência comunicativa do aluno.
• Conhecer a norma culta da língua.
• Utilizar diferentes linguagens e diferentes tipologias textuais.
• Interatuar com dados, argumentos, fatos e informações contidos em diferentes textos.
• Organizar informações representadas em diferentes formas de conhecimento disponíveis para construção de
argumentação consistente.
• Conviver, crítica e ludicamente, com situações de produção de textos, atualizado em diferentes suportes e sistemas
de linguagem – escrita, oral, imagética, digital entre outras.
• Demonstrar capacidade de reflexão sistemática sobre a língua e a linguagem.
• Aproveitar os conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na
realidade, respeitando os valores humanos, considerando sua diversidade sociocultural.

162
Sumário principal

1º Ano do Ensino Fundamental de 9 anos e 1ª e 2ª Séries

habilidades conteúdos
• Transmitir recados com objetividade e clareza. Eixo Linguagem
• Emitir opinião e fazer comentários pessoais. Garante o acesso ao conhecimento linguístico-textual-discursivo
necessário à vida na sociedade pós-moderna.
• Interpretar textos orais (a partir de histórias ouvidas),
gravuras, gráficos e outros. PROCESSOS ORAIS DE INTERLOCUÇÃO: recados, diálogos
• Observar e descrever detalhes de diferentes situ- entrevistas, texto coletivo, produção e interpretação de diver-
ações cotidianas. sos gêneros textuais (poemas, trava-línguas, quadrinhas com
rimas, história em quadrinhos, histórias mudas, gráficos, letras
• Relatar experiências de situações vividas e pre-
musicais, cantigas de roda).
senciadas.
• Expressar-se oralmente com clareza e objetivida- PRÁTICAS DISCURSIVAS: descrição de gravuras, atividade de
de. escuta (história lida e contada), relatos orais de passeios, visitas
e vídeos, exercícios dos diferentes níveis de fala.
• Interpretar histórias em quadrinhos, pequenos
textos escritos, identificando ideias principais.
Eixo Conhecimento LingUístico
• Identificar aspectos sonoros da língua. Estuda o alcance, as fontes e os limites do conhecimento hu-
• Conhecer o alfabeto e a representação escrita mano, buscando levar o aluno a diferenciar o conhecimento
de cada letra identificando-as na formação das da simples opinião, o conhecimento científico de outros tipos
palavras. de conhecimento e onde, nesse campo, se localiza o conheci-
• Reconhecer a ordem das letras no alfabeto. mento linguístico-literário.
• Ler, e reconhecer, textos variados e de diferentes CONHECENDO O CÓDIGO LINGUÍSTICO
gêneros. História (o surgimento do alfabeto) e função da escrita.
• Escrever palavras, frases e textos. Elementos estruturais básicos do código escrito (Palavra formada
• Produzir textos de vários gêneros, obedecendo por letra, texto formado por palavras, Ordem alfabética).
às estruturas e os mecanismos de articulação da As formas, os sons e os nomes das letras do alfabeto (habilidade
língua. de diferenciar).
• Reescrever textos lidos e ouvidos identificando os A diferença entre letra, desenho e número.
diferentes tipos de letra.
APLICANDO O CÓDIGO LINGUÍSTICO
• Utilizar os sinais de pontuação e acentuação na
produção de texto. Produção de diversos gêneros textuais (estudo de rótulos,
cartazes, placas, símbolos, jornais, gibis, preenchimento de
• Relatar com segurança fatos de sua história e de
ficha e dados diversos e outros).
outros.
Atividades reflexivas de produção textual (Reescrita e auto-
correção de texto).
Estrutura e articulação do texto (Segmentação das palavras no
texto, letra maiúsculas e minúsculas, pontuação, paragrafação,
margem, separação de palavras).

163
Sumário principal

habilidades conteúdoS
• Observar, comentar e registrar as transformações Eixo Cultura, Sociedade e Educação
ocorridas no tempo e no espaço. Para que o humanóide se transforme em humano é preciso
• Enumerar as etapas de seu desenvolvimento. que receba uma dose de cultura, por meio da educação, o que
lhe possibilita viver no social, no interior das instituições sociais,
• Perceber a importância das diversas culturas e sua
relacionando-se eticamente com o outro. Esse eixo concebe o
influência em sua formação.
espaço escolar como o organismo vivo onde se estabelecem
• Valorizar o convívio com os diversos grupos sociais, relações e se produzem conhecimentos, confirmando o pressu-
respeitando as diversidades. posto que a educação é porto de passagem para a construção
• Localizar-se no espaço com relação à família, ao real do ser humano, tendo em vista sua incompleteza. Esse
bairro, à cidade, ao Estado, ao país, ao planeta e eixo busca estudar a influência da educação no social e como
identificar seu espaço social em textos jornalísticos o homem, ao mesmo tempo em que é produtor, é também
ou de outras mídias. produto da cultura.
• Localizar-se no tempo com relação à história de
seu Estado e posicionar-se em relação às ações Contação de histórias e da minha história.
acontecidas, tanto do ponto de vista do tempo do O homem e seu desenvolvimento biológico e cultural (biodi-
enunciado, quanto do ponto de vista do tempo versidade e diversidades).
contemporâneo. Socialização do homem e o convívio com o outro: família, re-
• Consultar o dicionário e a internet para busca de ligião, escola, grupo local e global e o papel que a linguagem
palavras desconhecidas ou palavras-chave de ocupa neste processo de socialização.
textos diversos.
• Conferir as respostas com as do colega discutindo
as divergências de sentido, verificando as respostas
a partir dos textos.
• Demonstrar seu conhecimento vocabular por
meio de torneios de conhecimento de mundo
ou de tarefas de interpretação textual.
• Seriar ações contidas nos textos, ordem de palavras
conforme sua abrangência de sentido e orações
que estruturam o texto conforme sua densidade.

164
Sumário principal

3ª Série

habilidades conteúdoS
• Usar adequadamente a linguagem oral em seu Eixo Linguagem
cotidiano.
• Reconhecer a diversidade de gêneros textuais que PROCESSOS ORAIS DE INTERLOCUÇÃO
circulam na sociedade. Diferentes gêneros textuais em uso na sociedade:
• Textos Práticos: bilhetes, anúncios e propagandas, cardápios,
• Distinguir os diferentes gêneros textuais, utilizando-
convites, bulas de remédios, panfletos etc.
os de acordo com o contexto social.
• Textos Literários: poemas, contos, crônicas, fábulas, parlendas,
• Comparar diferentes gêneros textuais, apontando cantigas de roda, letras de música, charges etc.
suas características.
• Textos Informativos: jornais, enciclopédias, gramáticas, dicio-
• Combinar partes distintas de um texto e depois nários, mapas, gráficos, tabelas, resenhas etc.
transformar esse todo desarticulado em um todo
coerente, por meio do emprego adequado de Eixo Conhecimento Linguístico
conectores e relatores.
• Copiar no caderno partes de um texto e identi- A COMUNICAÇÃO ESCRITA
ficar seus elementos de coesão, verificando os Produção de textos escritos em circulação na sociedade: che-
elementos que contribuem para a construção do ques, cartas, bilhetes, convites, e-mails, sites, poema, diálogo,
sentido. parágrafo (dissertativo, narrativo e descritivo).
• Categorizar o texto em suas estruturas basilares.
CONHECIMENTO LINGUÍSTICO
• Apreciar textos de diversas culturas. O texto e noções de sua estrutura – alfabeto, ordem alfabética,
• Comparar o funcionamento das diversas culturas sílaba, divisão silábica na mudança de linha, acentuação gráfica,
em seu espaço de vivência. sinais de pontuação, tipos de frases e parágrafo, sinônimo e
antônimo, principais classes de palavras: substantivos, artigo,
• Reconhecer as diversidades culturais de modo a adjetivo, numeral, pronomes, verbos.
contribuir para o combate ao racismo, ao precon-
ceito, à discriminação e à homofobia, aplicando-os Eixo Cultura, Sociedade e Educação
em sua vida.
Estudo das raízes afro-indígenas capixabas.
• Conhecer a biodiversidade de sua cidade e seu
Leitura das narrativas de fundação indígenas.
estado para aprender a preservá-la.
Debate político sobre temas da contemporaneidade como
forma de fortalecer a democracia.
Biodiversidade e diversidade cultural.

165
Sumário principal

4ª Série

habilidades conteúdoS
• Usar adequadamente a linguagem oral em seu Eixo Linguagem
cotidiano.
• Reconhecer a diversidade de gêneros textuais que Linguagem Oral e Escrita
circulam na sociedade. Textos de gêneros diversos: contos, mitos, fábulas, lendas, par-
• Distinguir os diferentes gêneros textuais, utilizando- lendas, trava-línguas, piadas, histórias em quadrinhos, literatura
os de acordo com o contexto social. de cordel, poemas, canções, notícias, diário pessoal.
• Comparar diferentes gêneros textuais, apontando Leitura e interpretação de texto.
suas características. Produção de texto individual e coletiva.
• Combinar partes distintas de um texto e depois Intertextualidade e construção de significados intertextuais
transformar esse todo desarticulado em um todo em obras já conhecidas.
coerente, por meio do emprego adequado de
conectores e relatores. Linguagem e participação social.
• Copiar no caderno partes de um texto e identi- Textos de gêneros diversos: poemas, canções, história em qua-
ficar seus elementos de coesão, verificando os drinhos, cartas, contos, mitos, fábulas, lendas, poemas, canções,
elementos que contribuem para a construção do quadrinhas, parlendas, trava-línguas, histórias em quadrinhos,
sentido. piadas, instruções, notícias, relatos e entrevistas.
• Categorizar o texto em suas estruturas basilares. Textos extraverbais (ex: fotografia, música, dança, pintura,
escultura e outros).
• Apreciar textos de diversas culturas.
Observação e uso da língua oral em situações sociais de co-
• Comparar o funcionamento das diversas culturas municação.
em seu espaço de vivência.
Produção de textos de diferentes tipologias, operando com os
• Reconhecer as diversidades culturais de modo a conhecimentos sobre a língua.
contribuir para o combate ao racismo, ao precon- Diferentes discursos em situações de comunicação escrita.
ceito, à discriminação e à homofobia, aplicando-os
em sua vida. Pesquisa no dicionário para o aperfeiçoamento da ortografia
nas produções textuais.
• Conhecer a biodiversidade de sua cidade e seu
Aplicação do conhecimento gramatical em situações de co-
estado para aprender a preservá-la.
municação oral e escrita.

166
Sumário principal

habilidades conteúdoS
Eixo Conhecimento Linguístico
Itens da gramática normativa (em situações de leitura, pro-
duções de textos orais e escritos, de forma significativa e
contextualizada):
• Substantivo (conceito).
• Divisão silábica: dígrafo, encontro consonantal, encontro
vocálico (ditongo, tritongo, hiato).
• Revisão: verbos (conceito / infinitivo).
• Tempos verbais (presente, pretérito, futuro).
• Concordância verbo-nominal.
• Discurso direto e indireto.
• Pronomes: pessoais, oblíquos, de tratamento, possessivos,
indefinidos e demonstrativos.
• Preposição.
• Artigo definido/indefinido.
• Ortografia contextualizada.
• Adjetivo e locução adjetiva.
• Interjeição, onomatopéia.
• Sinais de pontuação.
Itens da gramática normativa (em situações de comunicação
funcional):
• Acentuação (acentos agudo, circunflexo e grave).
• Numeral (noção e escrita dos cardinais e ordinais).
• Verbos e concordância verbal.
• Advérbios (tempo, dúvida, modo, negação, afirmação).

Eixo Cultura, Sociedade e Educação


• Respeito às diferentes formas de expressão oral (regionalismo,
sotaques etc).
• O hábito diário da leitura de fontes diversas.
• Preservação do patrimônio cultural e histórico.
• Adoção de espírito investigativo (pesquisa).
• A cultura da pesquisa em dicionário.
• Exercícios práticos de situação de uso da língua os quais
demonstrem uma postura cidadã crítica e reflexiva.

167
Sumário principal

9.1.5 Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
AZEREDO, J.C. (Org.) Língua portuguesa em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1972.
CARNEIRO, A. Dias. Texto em construção: interpretação de texto. São Paulo: Moderna, 1996.
_______. Redação em construção: a escritura do texto. São Paulo: Moderna, 1995.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. A sociedade em rede. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2002.
CASTRO, Celso. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
CEREJA, Willlian Roberto. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2002.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma Introdução à antropologia social. São Paulo: Rocco, 2000.
GERALDI, J.W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1998.
McNALLY, David. Língua, história e luta de classes. In: WOOD, Ellen; FOSTER, John B. Em defesa da história: marxismo
e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.

168
Sumário principal

9.2 Artes pectos formais específicos, deixando de lado


conteúdos e intertextos que dialogam com o
9.2.1 Contribuição da disciplina assunto ou obra em questão. Em decorrência
para a formação humana deste pensamento surge a fragmentação
dos saberes em detrimento da valorização
“Se queres conhecer o mundo, observa dos elementos formais resultando em pro-
teu quintal” posições fechadas e desconsiderando os
Provérbio Chinês conteúdos e as múltiplas relações que se
estabelecem a partir de sua leitura.
As Artes no universo escolar vivenciaram di-
ferentes concepções conceituais do período Já na década de 1990 a proposta preconizada
colonial à contemporaneidade, refletindo e por por Barbosa (1991) considera a arte não
vezes determinando o espaço ocupado por somente como expressão mas como cultura,
essa disciplina no currículo escolar e as práticas e aponta a necessidade de sua contextuali-
instituídas na escola. Afirmamos assim, que a zação e leitura.
inserção da Arte na escola se relaciona com o
contexto histórico-social, estético e artístico da Acreditamos que a arte na educação escolar
qual ela se origina. Esse contexto gerou teorias deve ser considerada em suas dimensões artís-
como da arte como expressão e da arte como ticas, estéticas e culturais, englobando tanto os
conhecimento que, embora diferenciadas, estudos das obras e suas inserções contextuais,
influenciaram a educação da arte. históricas e sociais, quanto o acompanhamen-
to das transformações de sentido realizadas
Das propostas educativas do período da em seus percursos nos diferentes sistemas dos
Escola Nova e, provavelmente, de leituras quais ela abrange. Considera-se assim, não
superficiais das obras dos teóricos Victor somente e exclusivamente o sistema da arte e
Lowenfeld e Herbert Read, as práticas edu- de suas idealizações e definições hegemônicas,
cativas em arte até a década de 80, estavam mas a arte incluída como bem cultural em
em sua maioria, reduzidas a um laisse faire, sua diversidade de produção étnica em suas
como um “fazer por fazer”, concretizado nas diversas manifestações culturais. Desse modo,
chamadas “atividades artísticas”. No final a arte na educação escolar deverá ser pautada
da década de 1980, a arte é tratada como em atitudes e experiências pessoais, sociais
linguagem, mas com uma ênfase em seus as- e históricas. Ela é uma forma de linguagem

169
Sumário principal

que congrega significações, saberes, expres- o escritor Jorge Miguel Marinho17 diz que “[...]
são e conteúdo, objetivando a interação e a a arte, junta a inventividade do imaginário e
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que o registro concreto de real, é apelo coletivo,
a contemplam e/ou participam dela em suas expressão comunitária, espelho de todos e
múltiplas dimensões e constituições. de cada um”. Desnecessário dizer que a arte
está sempre a favor da vida e, como tantos
No texto “A arte e sua relação com espaço poetas já insistiram, ela é o sonho que todos nós
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão sonhamos em busca de um ideal. Daí que a sua
que nos interessa sobremaneira quando função mais humana, política e revolucionária
discutimos a contribuição da área das artes seja revelar que a vida pode ser mais completa e
para a formação humana. Segundo o autor comunitariamente mais feliz. Por outro lado, nas
“[...] a arte não é algo que se oferece, mas ações e transformações que o homem realiza
é uma potência. E uma sensação que não que envolvem os processos de produção ma-
conclui nos sentidos”. (Farias,1997: p.3)15 teriais, inserem-se também o que chamaremos
aqui dos “não materiais”. Trata-se da produção
E então nos perguntamos: em que a expe- de ideias, conceitos, valores, símbolos que com-
riência da arte contribui? portam habilidades, atitudes e hábitos. São “[...]
produções do saber, seja sobre a natureza, seja
Para dialogar com nossas possíveis respostas sobre o saber, sobre a cultura, isto é, o conjunto
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu da produção humana” (Saviani,1991,p.20)18.
sobre a função da natureza da importância Nesse proceder, de produção de sua existência
da arte; “[...] A necessidade da arte é a prova material e não material, o homem pelo trabalho,
de que a vida não basta.”16 cria o mundo da cultura e se insere como sujeito
de suas próprias ações − de caráter social,
Inventamos a arte, sabemos que ela não se cultural e histórico (Ruschel, 2003)19. É a Arte e
esgota em nossos sentidos e neste diálogo,

17 Citação extraída do site www.cenpec.org.br/memória.


15 A arte e sua relação com o espaço público. Palestra Artigo: Amigos da escola – A arte é de todos, anexo Com
proferida na abertura do V Encontro Técnico dos Polos vocês: As Artes! Pág. 05. Em 19 de setembro de 2008 às
da Rede Arte na Escola em 28.04.1997, transformado 12h00.
em texto e publicado no site www.artenaescola.org.br/ 18 Demerval, Saviani. Pedagogia histórico-crítica. São
pesquise_artigos. Paulo: Cortez. Autores associados, 1991.
16 Citação extraída do site www.cenpec.org.br/memória. 19 Nunes, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação:
Artigo: A Arte é de todos, pág. 01. Em 19 de setembro formação humana e prática pedagógica. Santa Maria:
de 2008 às 12h00. Editora UFSM, 2003.

170
Sumário principal

a cultura mediatizadas e manifestadas por uma Incentivar a pesquisa e a investigação


variabilidade sígnica, indissociando o homem possibilitando a identificação e o esta-
da sociedade. Como produção humana a arte belecimento de relações entre a arte e
as manifestações artísticas e culturais nos
e a ciência sempre andaram juntas, ambas
âmbitos regionais, nacionais e internacio-
lidam com a inventividade, com a pesquisa, nais, em diferentes tempos históricos.
com a busca do conhecimento. Entretanto,
Possibilitar a observação, a reflexão, a
enquanto uma tem de apresentar resultados e
investigação e o estabelecimento de
comprovações, a outra lida com o simbólico.
relações entre a arte e a realidade.

Desse modo, as manifestações artísticas Fomentar a inserção da arte e as possi-


bilidades que ela apresenta como leitura
favorecem a aproximação da escola com a
de mundo.
comunidade fazendo ver que o mundo, hoje
visto como um espaço muitas vezes opaco, Promover a inserção da arte como área
de conhecimento da linguagem estabe-
é composto de tantas coisas que aquele que
lecendo diálogos com as outras áreas.
trabalha com educação pode mediar a capaci-
dade criativa e a sensibilidade de seus alunos, Criar condições para articular as diferentes
pois estas são competências fundamentais linguagens (visuais, cênicas, musicais
e corporais) compreendendo-as como
no mundo do trabalho atual. No desenvolver
produção cultural inserida nos diversos
de processualidades artísticas, os sujeitos espaços e tempos e em suas múltiplas
entram em contato com elementos que lhe formas de manifestação.
fornecem meios para observar, perceber e
Promover as leituras da arte a partir de seu
atuar no mundo de forma mais ampla. plano de expressão e de seus elementos
em relação e os efeitos de sentido que
eles edificam.
9.2.2 Objetivos da disciplina Explorar nas linguagens artísticas (artes
visuais, artes cênicas, música e dança),
Possibilitar a compreensão das diversas suas faturas, considerando as especifi-
manifestações da arte, suas múltiplas cidades das técnicas, dos suportes, das
linguagens dos diferentes grupos sociais materialidades.
e étnicos e a interação com o patrimônio
nacional e internacional, em sua dimen- Proporcionar espaços/tempos de produ-
são socio-histórica. ções artísticas, individuais e/ou coletivas,

171
Sumário principal

nas linguagens artísticas (artes visuais, e realizadas nas aulas de artes pelos pro-
artes cênicas, música e dança) para re- fessores de Artes. Esse mapeamento é um
fletir, analisar e compreender os diversos esboço, como um primeiro desenho, dos
processos criativos advindos de diferentes dados coletados em pesquisa exploratória
suportes e materialidades.
proposta durante um Colóquio realizado
Incentivar a investigação e a vivência das no dia 19 de junho de 2008 na Escola
linguagens artísticas (artes visuais, artes Maria Ortiz, em que estavam presentes as
cênicas, música e dança) a partir das professoras referências de Artes, demais
relações construídas por seus elemen- professores de Artes, pedagogos e técnicos
tos formadores na busca pelos sentidos
da SEDU e da superintendência, totalizan-
edificados nelas e fruí-la em suas diversas
manifestações. do aproximadamente 54 pessoas.

Humanizar as relações pessoais e inter- 2. Práticas orientam outras práticas


pessoais promovendo o conhecimento
Num processo que considera os diferen-
artístico e estético e o respeito à própria
tes fazeres e saberes propostos e vividos
produção e a dos colegas.
cotidianamente pelos professores que
Mediar os diálogos entre os diversos compõem a Rede Pública Estadual, esse
sujeitos da escola (professores, alunos, mapeamento possui a pretensão de, num
técnicos administrativos, entre outros) e
primeiro movimento, dar visibilidade às
os da comunidade sobre as possibilida-
diversas práticas relatadas por cada um
des de inclusão que a arte proporciona
em seus diferentes espaços/tempos de dos professores que atuam nos diferentes
manifestação e de vivências. espaços escolares, nas diversas regiões
de nosso Estado, para num segundo
movimento agrupá-las em eixos que
Eixos da Educação em Artes possuem, cada um, a particularidade de
englobar “os ditos”, “os realizados”, ou
1. Da proposição e abrangência seja, respondendo à seguinte indaga-
Os eixos da Educação em Artes que irão ção: quais saberes circulam nas escolas?
compor as Diretrizes Curriculares para a Considera-se aqui tanto as presenças
Educação Básica da Rede Pública Estadual como as ausências dos saberes que com-
de Ensino do Estado do Espírito Santo são põem, e acreditamos deva compor, um
um mapeamento das práticas planejadas currículo para a Educação em Artes. As

172
Sumário principal

contribuições de cada um dos professores Saberes sensíveis, estéticos – históricos


e dos demais integrantes dos grupos e culturais
de trabalho do dia 19 de junho de 2008 Linguagens artísticas e seus diálogos
possibilitaram a composição dos eixos
Expressão/conteúdo
que irão nortear o currículo de Artes em
nosso Estado. Processos de criação

Lembramos que o que se aponta aqui é 1. Saberes sensíveis, estéticos – históricos


um simulacro metodológico de saberes e culturais
apresentado em quatro eixos, que só foram Envolvem os saberes da Arte narrados
divididos para uma melhor visualização de nas Histórias da Arte das diversas culturas,
suas “faces”. Sendo assim, a divisão aqui considerando as dimensões estéticas e
apontada considera as interfaces que se artísticas que as englobam. As culturas
formam entre os quatro eixos e a ausência a partir de estudos transdisciplinares,
intercultural e multiculturais. Os artistas
de hierarquias entre eles.
e seus contextos socioculturais e estéticos.
A apreensão da Arte pelo sensível e pelo
Entretanto, reafirmamos que cada um inteligível. As abordagens da Arte a partir
desses eixos se formam e se reagrupam dos estudos que envolvem as teorias e
de modo diferenciado conforme as pro- filosofias da Arte. Os bens culturais per-
posições dos professores em suas aulas tencentes ao patrimônio da humanidade,
de Artes. Mas entendemos que cada um incluindo os materiais e os imateriais
deles é portador e engloba quatro pilares (manifestações populares expressas nas
danças, folguedos, alimentação, costumes,
da Arte imprescindíveis e que devem estar
entre outros).
presentes em um currículo de Educação
das Artes. Sendo assim, a organização do
2. Linguagens artísticas e seus diálogos
planejamento escolar contemplando os Envolvem diversas linguagens artísticas,
eixos é uma orientação metodológica para tais como: as artes visuais, a música,
o professor planejar as suas aulas, a partir o teatro e a dança, considerando as
de objetivos e conteúdos que englobam singularidades de suas produções, os
os quatro pilares de inserção da Arte na diálogos estabelecidos entre elas e
educação escolar, que envolve: as demais manifestações artísticas e
culturais como as presentes nas diversas

173
Sumário principal

mídias: revistas em geral, história em as etapas, os esboços, os rascunhos, a


quadrinhos, cartazes e outros. Envolvem fatura do trabalho, as apropriações da
também, imagens em movimento do matéria a ser manipulada, as proposições
cinema, tv e produções curtas de ani- e as aprendizagens decorrentes dessa
mação e as diversas tecnologias como processualidade. A criação em ateliês
arte cinética, arte no computador e e os materiais artísticos. A apropriação
outras. de materiais do cotidiano em materiais
artísticos. As fruições da arte em espaços
expositivos.
3. Expressão/conteúdo
As obras de arte, assim como as demais
linguagens, possuem duas dimensões: 9.2.3 Principais alternativas
um plano de expressão e um plano de metodológicas
conteúdo. Estes podem ser entendidos
como significante e significado, ou 1. Princípio metodológico: da cultura que
seja, o primeiro suporta ou expressa o
habita a escola às culturas que habitam
conteúdo, com o qual mantém relação
o mundo em seus diferentes tempos-
de pressuposição recíproca. Nas Artes
Visuais os elementos básicos do plano espaços. Da arte que é também uma
de expressão são: o ponto, a linha, a cor, experiência vivida localmente, que parte
a forma, a superfície, o volume, a textura, de pessoalidades e processualidades em
e o espaço dentre outros que vão formar diversos âmbitos para outros, de outras
os elementos compositivos, tais como: vivências e culturas em outros espaços
orientações e direções espaciais, movi- e tempos. Se cada espaço vivenciado
mento visual, proporção, contraste, ritmo,
é considerado como um espaço de
equilíbrio, harmonia, relações figura-fundo
sentido, parte-se do entorno como o
e outros. São os elementos do plano da
expressão que, organizados em diferentes da escola que se insere na comunidade
materialidades e suportes, compõem o e esta em outros espaços que a englo-
conteúdo, ou seja, este só se torna visível bam, como: município, Estado, nação,
pois é manifestado pela forma. continente e mundo. Por outro lado, os
tempos se complementam e dialogam
4. Processos de criação
formando uma rede de sentidos para
Envolvem os percursos de criação do ser
humano manifestado na arte pelos artistas aqueles que com eles buscam apreendê-
e suas proposições e práticas englobam lo. Propõe-se aqui uma aproximação

174
Sumário principal

dos diversos espaços-tempos, das formador. Considera as produções humanas


múltiplas experiências em arte para o como produções textuais, sendo assim uma
diálogo dentro da escola, promovendo obra de arte, um filme, um romance, um
uma proximidade com as produções espetáculo teatral, musical ou de dança
locais e delas com outras produções são manifestações textuais. O modo que
de diferentes estéticas, estilos, mate- relacionamos uma manifestação textual com
rialidades e modos de fatura. Desse outras em seus diversos tempos e espaços
modo, o currículo é uma referência e se dá por intermédio de suas inclusões em
lócus agregador dos conhecimentos seus contextos. Desse modo, trabalhar com
acumulados pela humanidade, ou seja, Artes envolverá ações de leitura da obra
considera os espaços e os entre-espaços de arte, ou das manifestações culturais e
compondo uma rede de informações midiáticas, como um texto que abrange ao
sem uma hierarquia de saberes. mesmo tempo, as relações estabelecidas a
partir de sua estrutura interna, (seus planos
2. Princípio metodológico: do texto para o de expressão e de conteúdo) e estas com
contexto – A arte já traz em si um contexto, o contexto (social, histórico, artístico) e os
uma história, ela está no mundo. intertextos produzidos e postos em circu-
lação em diferentes suportes e linguagens,
Propomos como princípio metodológico que com ela dialogam.
um percurso que parta da obra, a considere
como uma produção textual humana, que Considera-se desse modo as marcas pre-
possui uma discursividade, ou seja, uma his- sentes na obra, tais como o seu estilo, a sua
toricidade e uma plasticidade e este princípio técnica, a sua composição, a distribuição
se fundamenta nos conceitos semióticos da forma, o assunto tratado e até mesmo
propostos por Rebouças (2006)20. a intertextualidade estabelecida entre ela
e seu título. Todas essas marcas textuais
Como uma teoria da significação, a semiótica pertencem ao seu contexto formador, ou
entende que o sentido se constrói nas rela- seja ao macrotexto que a engloba. Desse
ções, ou seja, entre o texto e seu contexto modo, as obras que possuem traços que a
caracterizam como pertencentes a deter-
20 Rebouças, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. minado estilo dialogam entre si, contudo
In: Cadernos de pesquisa em educação. Nº 24 ano 2006.
Vitória: PPGE, 1995. obras de períodos e estilos diferenciados

175
Sumário principal

também podem dialogar, não pelos elemen- às músicas com a temática do trabalho e da
tos do plano da expressão que organizados vida no sertão, entre outros diálogos que a
plasticamente compõem um estilo, mas por intertextualidade nos possibilita realizar.
aproximações temáticas. Temos assim, vários
modos de leitura e esta depende de como o Ao assumir essa orientação metodológica
leitor estabelece as relações, tanto sensíveis em sala de aula garante-se a participação
como inteligíveis, com a obra lida criando de outros modos de olhar e outras possíveis
uma rede enriquecida pelo repertório de interlocuções que permeiam o estudo sobre
leituras que possui da arte e do mundo. a arte. Para tanto é necessário que o professor
como propositor e mediador das ações edu-
A pintura “Retirantes” (1944) de Portinari, por cativas da arte possibilite o enriquecimento
exemplo, trata do êxodo rural e a busca por de seu próprio repertório artístico/cultural
melhores condições de vida. Esse tema está e o de seus alunos aproximando-se da arte
presente nas figuras do que parece ser uma e suas manifestações sociais como a fre-
família, com traços fisionômicos que carac- quência a espaços expositivos/culturais de
terizam a “falta” de comida, de condições seu município, de seu Estado e, se possível,
de saúde, de sobrevivência. As cores são de eventos realizados em outros estados
azuladas, cinzas e pretos, reiterando no plano brasileiros e do exterior, lembrando que,
de expressão o que o conteúdo tematizou. senão em presença, as visitas podem ser
Essa pintura nos remete entre outras, à obra virtuais com o suporte do computador e
literária “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, da navegação pela web.

176
Sumário principal

9.2.4 Conteúdo Básico Comum - Artes


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

COMPETÊNCIAS POR EIXO

Saberes sensíveis, estéticos,


Linguagens e seus Plano de expressão e
históricos, artísticos e Processos de criação
diálogos conteúdo
culturais
• Observar, analisar e relacionar • Conhecer e conside- • Compreender, experimentar • Experimentação, uti-
as diferentes formas de mani- rar as diversas mani- e ressignificar a arte como lização e pesquisa de
festação cultural presentes nas festações da arte em linguagem e as manifesta- materiais e técnicas ar-
obras de arte e movimentos suas diferentes ma- ções artísticas. tísticas (pincéis, lápis,
artísticos produzidos em di- terialidades: gestuais, • Conhecer e considerar os giz de cera, papéis,
versas culturas (regional, na- sonoras, cenográficas planos de expressão e de tintas, argila, goivas) e
cional e internacional) e em e cinestésicas, pre- conteúdo da arte e das ma- outros meios (máqui-
diferentes tempos e espaços sentes na natureza e nifestações culturais como nas fotográficas, vídeos,
da história. nas diversas culturas modos de comunicação e aparelhos de computa-
• Identificar e reconhecer a im- de modo sensível. sentido. ção e de reprografia).
portância das manifestações • Reconhecer, com- • Experimentar, vivenciar em • Criação e construção
e dos produtores artísticos e preender e vivenciar produções pessoais e/ou de formas plásticas e
culturais como agentes sociais em análises, leituras coletivas as propriedades visuais em espaços di-
de diferentes épocas e cultu- e produções pesso- expressivas e construtivas versos (bidimensional
ras. ais e/ou coletivas as dos materiais, suportes, ins- e tridimensional).
• Reconhecer a importância da linguagens artísticas trumentos, procedimentos
arte e das manifestações cul- como integrantes e técnicas manifestados em
turais na sociedade e na vida dos sistemas artísti- diversos meios de comuni-
das pessoas. cos, comunicativos cação da imagem: fotografia,
e tecnológicos. cartaz, televisão, vídeo, histó-
rias em quadrinhos, telas de
computador, publicações,
publicidade, desenho in-
dustrial, desenho animado,
entre outros.

177
Sumário principal

1º Ano do Ensino Fundamental de 9 anos

HABILIDADES POR EIXO


Saberes sensíveis, CONTEÚDOS
Linguagens e seus Plano de expressão
estéticos, históricos, Processos de criação
diálogos e conteúdo
artísticos e culturais

• Observa as mani- • Conhece as diversas • Exper imenta e • Cria formas plás- • Arte e patrimônio
festações culturais manifestações da pratica produções ticas e visuais em cultural.
de seu entorno arte (dança, músi- pessoais e ou cole- espaços diversos
(indígenas, étnico- ca, cênicas, visuais, tivas. (bidimensional e • A Arte e as mani-
sociais, inclusivas, áudio visuais). tridimensional). festações artísticas,
entre outras). • Vivencia as pro- culturais em âmbito
• Reconhece produ- duções pessoais e • Constrói materiali- local em diferentes
• Analisa as mani- ções das linguagens coletivas das pro- dades diversas (ce- tempos históricos
festações culturais artísticas (estilos de priedades expres- nografias, musicali- (artistas locais, he-
de seu entorno dança, musica, cê- sivas constitutivas dades, encenações, ranças culturais,
(indígenas, étnico- nicas, visuais, áudio nas diversas lingua- plasticidades, espa- imaginário popular
sociais, inclusivas, visuais). gens (dança, musi- cialidades) pessoais entre outras).
entre outras). ca, cênicas, visuais, e/ou coletivas.
audiovisuais) e as • A poética do coti-
• Relaciona as mani- relaciona com as diano nas produ-
festações culturais manifestações cul- ções artísticas locais
de seu entorno turais e artísticas de (música, áudio-visu-
(indígenas, étnico- seu entorno atri- al, dança, parlendas,
sociais, inclusivas, buindo sentido. trovas, cantigas,
entre outras). grupos regionais
entre outros).
• Reconhece as mani-
festações culturais • A Arte como lin-
e dos produtores guagem presente
artísticos de seu nas manifestações
entorno (indíge- culturais locais e
nas, étnico-sociais, suas relações (dan-
inclusivas, entre ça, música, cênicas,
outras). visuais, audiovisuais
e outras).

• Linguagens artísti-
cas e processos de
criação (elementos
da composição, for-
mas, linhas, cores,
planos, volumes,
espacialidades).

178
Sumário principal

1ª Série do Ensino Fundamental

HABILIDADES POR EIXO


Saberes sensíveis, CONTEÚDOS
Linguagens e seus Plano de expressão Processos de
estéticos, históricos,
diálogos e conteúdo criação
artísticos e culturais

• Observa as mani- • Reconhece e rela- • Identifica o plano • Investiga materia- • Arte e patrimônio cul-
festações culturais ciona as diferentes de expressão das lidades diversas tural.
de seu entorno e produções das lin- diversas manifes- (suportes varia-
em âmbito na- guagens artísticas tações artes visuais dos: papéis em di- • A Arte e as manifesta-
cional (indígenas, (estilos de dança, (espacialidades, co- versas gramaturas, ções artísticas, cultu-
é t n i c o - s o c i a i s, música, cênicas, res, formas, linhas, tecidos, plásticos, rais em âmbito local e
inclusivas, entre visuais, audiovisu- volumes, materiais tecidos sintéticos, regional em diferentes
outras). ais). e outros). e outros). tempos históricos (ar-
tistas locais, regionais
• Relaciona as mani- • Conhece a impor- • Reconhece o plano • Investiga materiali- e nacionais, heranças
festações culturais tância das diferen- de expressão das dades diversas para culturais, grupos re-
de seu entorno e tes manifestações diversas manifes- as intervenções gionais entre outras).
em âmbito regional da arte (dança, tações artes visuais (materiais secos,
(indígenas, étnico- música, cênicas, (espacialidades, co- materiais úmidos, • A poética do cotidiano
sociais, inclusivas, visuais, audiovisu- res, formas, linhas, industrializados e presentes nas produ-
entre outras). ais). volumes, materiais naturais). ções artísticas locais,
e outros). e regionais (música,
• Reconhece as ma- • Vivencia produções audiovisual, danças
nifestações cultu- pessoais e coletivas diversas, parlendas,
rais e dos produ- em diferentes ma- trovas, grupos regio-
tores artísticos de terialidades. nais entre outros).
seu entorno e em
âmbito regional • A Arte como lingua-
(indígenas, étnico- gem presente nas
sociais, inclusivas, manifestações cultu-
entre outras). rais locais e regionais
(dança, música, cêni-
• Reconhece a ne- cas, visuais, audiovisu-
cessidade de pre- ais, arte pública, mo-
servação do patri- numentos da cidade
mônio artístico de e outras).
seu entorno e em
âmbito regional. • Linguagens artísticas
e processos de cria-
ção (pintura, desenho,
escultura, gravura,
cerâmica, danças de
roda, jogos teatrais e
outros).

179
Sumário principal

2ª Série do Ensino Fundamental

HABILIDADES POR EIXO


Saberes sensíveis, CONTEÚDOS
Linguagens e seus Plano de expressão Processos de
estéticos, históricos,
diálogos e conteúdo criação
artísticos e culturais

• Identifica as dife- • Relaciona as lin- • Identifica o plano • Valoriza os proces- • Arte e patrimônio cul-
rentes particulari- guagens artísticas de expressão das sos de criação indi- tural.
dades das manifes- às diferentes mani- diversas manifes- vidual e coletiva.
tações culturais, re- festações culturais, tações artes visuais • A Arte e as manifesta-
gionais e nacionais regionais e nacio- (espacialidades, co- • Constrói nas lin- ções artísticas, cultu-
(indígenas, étnico- nais. res, formas, linhas, guagens artísticas rais em âmbito local,
sociais, inclusivas, volumes, materiais sua fatura conside- regional, nacional em
entre outras). • Diferencia as ma- e outros). rando a técnica, o diferentes tempos his-
nifestações cul- suporte, a compo- tóricos (artistas locais,
• Analisa as manifes- turais e étnicas: • Reconhece o plano sição, fruindo-as. regionais e nacionais,
tações culturais de afrodescendente, de expressão das heranças culturais,
seu entorno e em indígena, europeia, diversas manifes- • Utiliza das espe- grupos regionais e na-
âmbito nacional ciganos, oriental e tações artes visuais cificidades das cionais entre outras).
(indígenas, étnico- outras). (espacialidades, co- linguagens artís- • A poética do cotidiano
sociais, inclusivas, res, formas, linhas, ticas (Artes Visu- nas produções artís-
entre outras). • Reconhece e res- volumes, materiais ais: espaços bi e ticas locais, regionais
peita as manifesta- e outros). tridimensionais; e nacionais (dança,
• Relaciona as mani- ções culturais e ét- elementos da te-
ritmos visualidades
festações culturais nicas: afrodescen- • Relaciona o plano atralidade: drama-
contemporâneos).
de seu entorno e dente, indígena, de expressão nas tização; música:
em âmbito na- européia, cigana, diversas manifes- iniciação rítmica; • A Arte como lingua-
cional (indígenas, oriental e outras). tações artísticas e dança: expressão gem presente nas ma-
é t n i c o - s o c i a i s, culturais. corporal). nifestações culturais
inclusivas, entre explorando (nas artes
outras). visuais: espaços bi e
tridimensionais; no
• Reconhece a ne- teatro: dramatização,
cessidade de pre- cenografia, figurinos;
servação do patri- música: iniciação rít-
mônio artístico de mica; dança: expres-
seu entorno e em são corporal).
âmbito nacional.
• Linguagens artísticas
e processos de cria-
ção (com diferentes
técnicas, suportes e
composições).

180
Sumário principal

3ª Série do Ensino Fundamental

HABILIDADES POR EIXO


Saberes sensíveis, CONTEÚDOS
Linguagens e seus Plano de expressão Processos de
estéticos, históricos,
diálogos e conteúdo criação
artísticos e culturais

• Compreende as • Analisa as mani- • Identifica o plano • Experimenta em • Arte e patrimônio cul-


particularidades festações visuais, de expressão das produções pes- tural.
das manifestações gestuais, sonoras, diversas manifes- soais e coletivas
culturais, regionais, cenográficas e tações artes visuais as propriedades • A Arte e as manifesta-
nacionais (indíge- cinestésicas pre- (espacialidades, co- expressivas e ções artísticas, cultu-
nas, étnico-sociais, sentes na nature- res, formas, linhas, construtivas dos rais em âmbito local,
inclusivas, entre za e nas diversas volumes, materiais materiais, suportes, regional, nacional em
outras). culturas de modo e outros). e instrumentos em diferentes tempos his-
sensível. diversas técnicas. tóricos (artistas locais,
• Identifica as mani- • Reconhece o pla- regionais e nacionais,
festações culturais • Realiza diálogos e no de expressão • Realiza produ- heranças culturais,
no âmbito interna- diferencia as diver- das diversas ma- ções inventivas e grupos regionais, na-
cional (indígenas, sas manifestações nifestações artes investigativas em cionais e internacionais
étnico-sociais, in- culturais (coletiva e visuais (espaciali- ações, envolvendo entre outros).
clusivas, entre ou- individual, erudita dades, cores, for- as leituras do patri- • A poética do cotidiano
tras). e popular, clássica mas, linhas, volu- mônio imaterial e presente em manifesta-
e profana entre mes, materiais e material local, re- ções visuais, gestuais,
• Reconhece a neces- outras). outros). gional e nacional sonoras, cenográficas e
sidade de preserva- (folguedos, lendas, audiovisuais na natureza
ção do patrimônio • Relaciona e lê o canções populares e nas diversas culturas e
artístico de seu en- plano de expres- e seus ritmos e suportes (computado-
torno e em âmbito são das obras de melodias, teatros res e outros).
nacional. arte e das mani- de rua, danças de
festações culturais, rua, entre outros). • A Arte como linguagem,
articulando-as ao considerando seus dois
plano de conteú- planos formadores: es-
do e atribuindo- tudos do plano da ex-
lhes significados. pressão (cores, formas,
volume, espacialidades,
entre outros).
• Linguagens artísticas
e processos de criação
(experimentações em
produções que con-
templem as proprieda-
des expressivas e cons-
trutivas dos materiais,
como na pintura, no
desenho, na escultura,
na gravura, em fotogra-
fias e outras).

181
Sumário principal

4ª Série do Ensino Fundamental

HABILIDADES POR EIXO


Saberes sensíveis, Plano de CONTEÚDOS
Linguagens e Processos de
estéticos, históricos, expressão e
seus diálogos criação
artísticos e culturais conteúdo

• Compreende as • Diferencia as lin- • Diferencia a arte • Realiza produ- • Arte e patrimônio cultural.
particularidades guagens e seus e as manifesta- ções inventivas
• A Arte e as manifestações
das manifestações suportes (corpo ções culturais e investigativas
artísticas, culturais, em âm-
culturais, regionais, nas artes cênicas a partir do seu com suportes
bito local, regional, nacional
nacionais e inter- e na dança, ma- plano de ex- e técnicas va-
e internacional em diferentes
nacional (indíge- teriais diversos pressão e de riadas: corpo,
tempos históricos, conside-
nas, étnico-sociais, nas artes visu- seus elementos papéis, objetos
rando a sua dimensão sen-
inclusivas, entre ais, instrumentos formadores, industrializados
sível e a inserção na socieda-
outras). musicais, entre atribuindo-lhe e não-industria-
de (artistas locais, regionais,
outros). significado. lizados, da natu-
nacionais e internacionais,
• Identifica as mani- reza e outros.
heranças culturais, grupos
festações culturais • Realiza diálogos • Reconhece o
regionais, nacionais e inter-
no âmbito interna- da arte com ou- plano de expres- • Avalia, contex-
nacionais, entre outras).
cional (indígenas, tras linguagens são das diversas tualizando os
é t n i c o - s o c i a i s, (moda, publici- manifestações saberes e fazeres • A poética do cotidiano pre-
inclusivas, entre dade, arquitetu- das artes (nas adquiridos du- sente nas manifestações
outras). ra). visuais, espacia- rante o processo visuais, gestuais, sonoras,
lidades, cores, de criação. cenográficas, em diferentes
• Compara a arte e a • Relaciona a lin- formas, linhas, suportes midiáticos e cine-
realidade, refletin- guagem da arte volumes, mate- • Explora o labor máticos (produções gráficas,
do, investigando, em var iados riais; nas teatrais, da prática artís- televisivas, cinematográficas
indagando com suportes (midi- espacialidades, tica, consideran- e de outras mídias na inter-
interesse e curio- áticos, sonoros, gestualidades, do a técnica, o face com as tecnologias).
sidade, exercitan- gestuais, teatrais, movimento; suporte, a mate-
do a discussão, cinestésicos, en- nas musicais, rialidade, a com- • A Arte como linguagem e sua
a sensibilidade, tre outros). ritmos, pausas e posição, fruindo- leitura, considerando seus
argumentando e melodias, entre as e lendo-as. dois planos formadores: es-
apreciando. outros). tudo do plano da expressão
e do conteúdo (cores, formas,
• Reconhece a ne- • Relaciona e lê o volumes e espacialidades
cessidade de pre- plano de expres- presentes nas obras de arte
servação do patri- são das obras de e nas artes gráficas, entre
mônio artístico de arte e das mani- outros).
seu entorno e em festações cultu- • Linguagens artísticas e pro-
âmbito nacional e rais, articulando- cessos de criação (experimen-
internacional. as ao plano de tações em produções que
conteúdo e contemplem as propriedades
atribuindo-lhes expressivas e construtivas dos
significados. materiais, como nas pinturas,
nos desenhos, nas criações
de objetos, nas instalações,
na arte digital, no vídeo, em
fotografias e outras).

182
Sumário principal

9.2.5 Referências

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=8.> Acesso em: 28 abr. 2008.
MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
set. 2008. p. 1-5.
NUNES, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2003.
REBOUÇAS, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. In: CADERNOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Vitória,
ES: PPGE/UFES, n. 24, jul./dez. 2006.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1991.

183
Sumário principal

9.3 Educação Física e pelas teorias sociológicas da educação,


esse movimento questiona o papel dessa
9.3.1 Contribuição da disciplina disciplina na sociedade e desencadeia a
para a formação humana produção de teorias pedagógicas críticas,
que contribuem para o desenvolvimento de
A inserção da Educação Física como com- profundas mudanças no entendimento do
ponente curricular remonta aos próprios que venha a ser o ensino desse componente
primórdios da escola moderna influenciada curricular.
por um conjunto de fatores, todos eles con-
dicionados pela emergência de uma nova Foi com base nessas teorias críticas e na
ordem social existentes nos séculos XVIII e Ementa Curricular desta disciplina21 que
XIX. Dentre esses fatores esteve o desenvol- traçamos a concepção de ensino da Educa-
vimento da Ciência Moderna, que faz com ção Física deste documento curricular. Nos
que a Medicina construa uma outra visão de apropriamos da compreensão de Soares et
corpo, dando importância ao movimento al (1992) de que a cultura corporal humana é
como forma de manter e promover a saúde, um conhecimento socio-histórico produzido
privilegiando o conhecimento biológico do e acumulado pela humanidade, que ao mes-
funcionamento do corpo, embora houvesse mo tempo em que o homem constrói a sua
clareza sobre as repercussões disso no com- corporiedade ele também produz e reproduz
portamento (Bracht, 2001). uma cultura. Além disso, nos apoiamos no
conceito de componente curricular descrito
Até os anos de 1970, a estreita relação entre por Caparroz (2001) e Souza Júnior (2001),
Educação Física e saúde e Educação Física e de que é um conjunto de conhecimentos
esporte se constitui como principal referência sistematizados que deverão promover uma
para professores e alunos dos ensinos Fun- reflexão acerca de uma dimensão da cultura
damental e Médio, que priorizavam o desen- com a finalidade de contribuir para a forma-
volvimento do aspecto biológico do aluno. ção cultural do aluno.
Essa concepção, denominada de biologicista,
ainda predominante no ensino da Educa- 21 A Ementa Curricular da Educação Física foi aprovada em
2004 no Seminário Regional de Avaliação das Ementas
ção Física, foi fortemente questionada nos Curriculares, desenvolvido pela Secretaria de Estado da
anos de 1980 pelo “Movimento Renovador”. Educação do Espírito Santo (Sedu), fruto das ações dessa
secretaria para a escrita da proposta curricular dessa rede
Influenciado por um contexto sociopolítico de ensino.

184
Sumário principal

Diante disso, entendemos a Educação Física construção de uma postura reflexiva sobre o
enquanto componente curricular que tem mundo do trabalho. Além disso, reconhece
como objeto a reflexão pedagógica sobre o eixo ciência na realização da transposição
o acervo da cultura corporal humana, pro- do saber comum ao saber sistematizado e
duzido ao longo da história, como forma contextualizado.
de representação simbólica presente na
linguagem corporal. A Educação Física escolar encontra-se desafia-
da a desenvolver uma proposta pedagógica
Essa concepção de ensino colabora para uma coerente com a realidade, sem fugir das
compreensão dessa disciplina numa dimensão intencionalidades de desenvolvimento do
educacional mais ampla, com interfaces nos cidadão crítico. Com isso, o professor, que não
diferentes campos de saberes, como área que é mais compreendido como reprodutor de
tematiza/aborda as atividades corporais em técnicas, vive em um contexto sociopolítico e
suas dimensões culturais, sociais e biológicas, é tomado como referência para a construção
extrapolando a questão da saúde e relacio- de uma proposta crítica, que só se torna
nando-se com as produções culturais que possível, segundo Bracht, 2001, por meio da
envolvem aspectos lúdicos e estéticos. Dessa flexibilização da atual hegemonia do conhe-
forma, a Educação Física escolar deixa de ter cimento crítico na escola, para que se possa
como foco apenas o esporte ou os exercícios permitir que outros saberes, que não só os de
físicos, voltados para uma perspectiva restrita à caráter conceitual ou intelectual, se legitimem.
promoção da aptidão física e ao desempenho Dessa forma, devemos compreender o que
de atividade física, tomando a ideia de que a significa a construção de uma proposta crítica
linguagem humana é produto da cultura e de Educação Física. Segundo Bracht (2001,
que a comunicação é um processo cultural. p.77) “a ideia de criticidade é uma ideia muito
Sendo assim, entende-se a expressão corporal fortemente centrada na ideia de razão ou de
como linguagem, conhecimento universal e racionalidade como uma dimensão intelec-
patrimônio da humanidade, que precisa ser tual”. Essa ideia da racionalidade possibilita
transmitida e assimilada pelos alunos. Essa a criação de uma educação que valoriza a
visão contempla o eixo da cultura, mas não esfera intelectual em detrimento da corporal,
descarta o eixo do trabalho que surge como assim, “a recuperação do corpo como sujeito
possibilidade de garantir a contribuição da pode fazer com que reformulemos o nosso
Educação Física na formação humana, na conceito de criticidade, ampliemos o nosso

185
Sumário principal

conceito de razão, englobando as dimensões nele possam agir de forma autônoma e crítica,
estéticas e éticas”. apropriando-se das diferentes práticas corpo-
rais culturalmente construídas e resgatando
Dessa forma, convidamos todos os professores os valores étnicos, morais, sociais e éticos.
de Educação Física da rede estadual de ensino
para compartilhar de uma concepção crítica O aprofundamento dos conhecimentos da
da Educação Física que perpassa pela compre- cultura corporal humana de forma lúdica,
ensão de uma disciplina relacionada com as educativa e criativa tem permitido a am-
produções culturais, que envolvem aspectos pliação da compreensão da realidade social
lúdicos, estéticos e éticos, compreendendo-a acerca da cultura corporal, refletindo sobre
como prática pedagógica que tem como um conjunto de conhecimentos específicos
tema a cultura corporal humana – jogos, integrados aos demais componentes curri-
dança, esportes, ginásticas, manifestações culares. A possibilidade do desenvolvimento
culturais (folclóricas) e dramatizações. Isso da autonomia intelectual e do pensamento
colabora para a organização dessa disciplina crítico perpassa pela sistematização de con-
dentro da área de Linguagens, Código e ceitos e entendimento sobre os conteúdos
suas Tecnologias, por entender a dimensão de ensino, superando a perspectiva do “fazer
corpórea do homem na sua capacidade de por fazer”, ou seja, destituído do saber. O
se expressar e se comunicar, promovendo a ensino da Educação Física escolar deve
aprendizagem de um conhecimento sistema- perpassar por uma valorização de um fazer
tizado, das diferentes manifestações culturais crítico reflexivo sobre a cultura corporal
corporais, por meio do desenvolvimento da humana (Souza Júnior, 2001).
noção de historicidade da cultura corporal
e do desenvolvimento de um trabalho in- Podemos destacar que, ao vivenciar as di-
terdisciplinar focado na compreensão da ferentes manifestações da cultura corporal,
diversidade cultural dos povos. esse aluno desenvolve, além da motricidade,
aspectos cognitivos e sociais que irão se
A Educação Física enquanto componente somar a toda bagagem sociocultural prove-
curricular tem dado significativa contribuição niente de sua realidade, onde ele expressa
na construção coletiva do conhecimento sua subjetividade, emoções e sua linguagem
ao introduzir os indivíduos no universo da corporal e, ainda, desenvolve sua capacidade
cultura corporal humana, de maneira que comunicativa ao interpretar, sintetizar, ana-

186
Sumário principal

lisar e expressar ideias, procurando respeitar 9.3.2 Objetivos da disciplina


a diversidade e promover a inclusão.
Desenvolver a formação cultural do alu-
Ao proporcionar o desenvolvimento da no em relação às práticas corporais de
criatividade, socialização, integração, coope- movimento, promovendo uma reflexão
acerca de uma dimensão da cultura, a
ração, ética, competitividade e disciplina, por
fim de formar um conhecimento crítico
meio da abordagem das diferentes formas
sobre a cultura corporal humana;
de manifestação da cultura corporal, a Edu-
cação Física transforma-se em elemento de Desenvolver os aspectos intelectuais, sociais,
afetivos e morais, para o desenvolvimento
formação do caráter e da personalidade do
de autonomia, liberdade, cooperação, so-
aluno, além de ser um agente promotor da
cialização, participação social, afirmação
sua autoestima. Além disso, ao permitir que dos valores e princípios democráticos;
o aluno tenha contato com o conhecimento
científico sistematizado sobre o movimento Discutir sobre os aspectos éticos e
sociais para desenvolver uma postura
humano – anatomia, fisiologia, biomecânica,
não-preconceituosa e não-discriminatória
qualidades físicas e neuromotoras, atividade das manifestações e expressões corporais
física, saúde, envelhecimento, treinamento dos diferentes grupos étnicos e raciais;
etc. – a Educação Física atua como formadora,
Possibilitar ao aluno um conhecimento
possibilitando maior autonomia a seus alunos
da dimensão socio-histórica dos mo-
nas atividades do dia a dia. Também podemos vimentos corporais construídos, como
considerar como importante papel da Educação instrumento para entender e modificar a
Física escolar o de despertar e incentivar o gosto sua trajetória de vida, contribuindo para
pela prática de atividades físicas, entendendo-a a sua formação psico-sociocultural;
como meio de promoção da saúde.
Desenvolver o sentido do significado
da cultura corporal humana à prática
Todos esses elementos contribuem para a pedagógica escolar, tendo o professor
formação humana do educando e o desen- como mediador, para a apreensão da
volvimento do aluno nos seus aspectos social, expressão corporal como linguagem;
cognitivo, intelectual, emocional e motor. Propiciar o desenvolvimento da ludici-
Além disso, um conhecimento das profissões dade e da criatividade, adotando uma
relacionadas às práticas esportivas, de ginás- postura produtiva e criadora de cultura
ticas, laborais, de lazer e entretenimento. no mundo do trabalho e lazer;

187
Sumário principal

Possibilitar ao educando o conhecimento realidade em que se materializava a prática


das diferentes manifestações da cultura pedagógica” (Caparroz, 2001, p. 195).
corporal nos seus aspectos educativos,
lúdicos e técnicos;
Isso também se evidencia em algumas das
Possibilitar ao aluno a construção de pesquisas realizadas pela Universidade Fede-
um saber fazer a respeito das práticas ral do Espírito Santo22 sobre a prática docente
corporais de movimentos, por meio do professor de Educação Física na rede esta-
da observação, reflexão e investigação dual pública e privada do Estado do Espírito
das diferentes manifestações da cultura
Santo. Apesar de muitas práticas docentes
corporal;
terem em vista as diversas possibilidades
Possibilitar aos alunos um entendimento educativas dos conteúdos de ensino dessa
da Educação Física escolar na sua relação disciplina, ainda há uma grande maioria que
com a cultura no ensino das práticas
privilegia o paradigma de desenvolvimento
corporais, criando e recriando um conhe-
cimento específico da cultura corporal da aptidão física e das práticas esportivas
humana, a fim de auxiliar na construção competitivas como principais elementos
do indivíduo nas suas atividades do orientadores da intervenção docente. Isso
cotidiano; colabora para evidenciar a complexa teia
que envolve a dinâmica escolar, reforçando
Promover um conhecimento sobre a saú-
de e sua relação com a cultura, refletindo a necessidade de se conhecer as principais
sobre as atividades físicas como forma de condições que envolvem o desenvolvimento
promoção de saúde. da prática docente no cotidiano escolar
(Caparroz, 2001).

9.3.3 Principais alternativas


metodológicas 22 Aqui me refiro às pesquisas desenvolvidas pelos membros
do Laboratório de Estudos em Educação Física (LESEF),
pertencente ao Centro de Educação Física e Desportos
De maneira geral, alguns estudos vêm apon- (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
que procuraram mapear e descrever as condições que se
tando que, apesar das profundas mudanças realizavam o ensino da Educação Física escolar nas redes
públicas e privadas do Espírito Santo. Dentre elas destaco:
no entendimento sobre o ensino da Educa- DIAS, Andréia et. al. Diagnóstico da Educação Física escolar
ção Física escolar, ainda persiste um profundo no estado do Espírito Santo: o imaginário social do professor.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 21 (1): 183-192, Set.
abismo entre o conhecimento teórico e o 1999. DELLA FONTE, Sandra Soares et all. Diagnóstico da
Educação Física escolar no estado do Espírito Santo: as es-
prático, resultante de um "elo perdido" entre colas particulares de Vitória. Anais do VI Encontro Fluminense
de Educação Física escolar. Niterói, 1992. p 63-66.
as prescrições dessa produção teórica e a

188
Sumário principal

Com base nessas reflexões é imprescin- diante da sua prática docente, procurando
dível a participação e a colaboração dos dialogar com os diferentes saberes que com-
professores de Educação Física da rede põem o ensino dessa disciplina. O desafio está
estadual do Espírito Santo na elaboração e em propor mudanças na prática docente,
construção dos princípios metodológicos que também levem em consideração as
que irão nortear o desenvolvimento deste condições estruturais das escolas da rede
documento curricular. Com isso, procuramos pública estadual do Espírito Santo, com re-
abarcar a especificidade de ensino dessa lação ao espaço, material e equipamentos
rede, que é composta por um conjunto destinados à prática da Educação Física, que
de professores oriundo de um modelo de na maioria dos casos requer o desenvolvimen-
formação inicial fortemente pautado num to da capacidade criativa do professor para
currículo tradicional-esportivo, que priorizou o desenvolvimento de suas aulas, a fim de
a aprendizagem da prática de habilidades buscar uma adequação dessa estrutura.
técnicas e de capacidades físicas23. Além
disso, uma supervalorização dos saberes Os materiais, os equipamentos e as insta-
provenientes das práticas dos professores lações são importantes e necessários para
sem a necessidade de refletir sobre a sua o fazer das práticas corporais das aulas de
ação docente. (Bracht et. al., 2003). Educação Física em qualquer perspectiva
que o professor se paute. Em virtude disso,
Para o desenvolvimento desta proposta a ausência ou a insuficiência de materiais e
curricular é fundamental o desenvolvimento instalações podem comprometer o alcance
da capacidade crítico-reflexivo do professor de um determinado objetivo de aula. Porém
outros aspectos também são considerados
23 Segundo Betti (1996) apud Bracht (2001) até a década de
determinantes para que haja uma prática
1980 temos um grande número de professores licenciados qualitativa nas aulas de Educação Física,
formados dentro deste modelo tradicional-esportivo que
prioriza um currículo focado nas disciplinas práticas para embora muitos professores justifiquem que
o aprendizado das modalidades esportivas com ênfase
teórica nas disciplinas da área da biologia e psicologia. as aulas muitas vezes não se fazem melhor
Nos anos 1990 temos uma reformulação do currículo de
licenciatura em Educação Física por conta da Resolução devido à carência de tais estruturas. “No
03/87, que questiona a formação “esportizizante” e valoriza
as disciplinas teóricas de fundamentação científica e filosó-
entanto, o trabalho pedagógico não pode,
fica. Especificamente na rede pública do Estado do Espírito todo ele, ser compreendido apenas por
Santo, do conjunto de professores licenciados, 67% deles
se formaram nos anos 1980, havendo também casos de adequação de meios a fins, pois os próprios
professores de Educação Física que atuam no ensino escolar
dessa rede sem terem a formação em Licenciatura. fins podem ser problemáticos, porque variam

189
Sumário principal

de acordo com opções político-pedagógicas” precisam ficar restritos às aulas práticas de


(Bracht et. al., 2003, p. 43). aprendizagem do movimento, mas também
utilizar como instrumentos metodológicos
O que também se propõe é uma nova forma sessões de filmes e vídeos sobre o fenômeno
de se conceber os tempos e espaços para o esportivo e as diferentes manifestações
ensino da Educação Física, que tem se redu- culturais regionais, nacionais e internacio-
zido a problemas ligados ao espaço escolar, nais. Isso colabora para o desenvolvimento
desprivilegiando uma discussão a respeito de debates, problematizando temas da
da dimensão simbólica e pedagógica desses cultura corporal, desencadeando produções
espaços. Ao priorizarmos uma Educação Física textuais que possibilite ao aluno autonomia
pautada na perspectiva crítica de ensino, é e liberdade para se comunicar por meio de
necessário revermos o que se desenvolve uma linguagem corporal e verbal.
nesse componente curricular, onde 60% dos
alunos da rede de ensino público estadual O resgate histórico de uma prática corporal
de Espírito Santo “ entendem que deve ha- pode ser realizado por meio de estudos,
ver mudanças nas aulas de Educação Física” pesquisas e o desenvolvimento de aulas
(BRACHT, 2001, p. 53). Essas mudanças são em que englobem também o aspecto lúdico,
relação ao conteúdo, à organização das aulas a criatividade, buscando os significados e os
(horários, tempo, espaço etc) e à conduta sentidos das práticas corporais construídas
pedagógica do professor. historicamente, desenvolvendo um espaço
de reelaboração, recriação e reinterpretarão
Para isso devemos priorizar princípios dessas práticas por parte dos envolvidos no
metodológicos que priorizem não só o processo ensino-aprendizagem, realizando
conhecimento das habilidades técnicas um retrospecto das atividades corporais.
e o desenvolvimento das capacidades A realização de jogos escolares, gincanas,
físicas, mas também que abordem o con- exposições, dentre outras, são estratégias de
texto histórico-cultural do movimento, ensino que devem ser incentivadas por todos
ensinando estratégias para o agir prático, os professores da rede de ensino estadual.
colaborando para o entendimento das Assim, teremos uma multiplicidade dos usos
relações socioculturais e da compreensão dos tempos e espaços pelo professor de Edu-
crítica do movimento (KUNZ, 2004). Com cação Física, tomando a quadra, a sala de aula,
isso, os professores de Educação Física não o recreio, os torneios escolares, a biblioteca, a

190
Sumário principal

sala de informática, as atividades de visitas e sujeito histórico e assim possa ser produtor
excursões, como forma de conhecer e explorar de outras atividades corporais a serem insti-
as diferentes maneiras para a aprendizagem tucionalizadas (Soares, et. al.,1992).
do conteúdo da Educação Física.
Assim, destacamos a importância de com-
Dessa forma, temos a formação continuada preendermos que a aprendizagem do co-
de um instrumento fundamental para o nhecimento específico dessa disciplina deve
desenvolvimento desta proposta curricular estar pautada na compreensão da expressão
para o ensino da Educação Física na rede corporal como linguagem, onde os temas
pública estadual do Espírito Santo. A escrita da cultura corporal expressam sentido e
da metodologia de ensino deste documento significado aos seus sujeitos. A abordagem
será ampliada ao longo do ano de 2009, com metodológica crítico-superadora nos apre-
a escrita dos Cadernos Metodológicos, ao senta alguns princípios curriculares que
mesmo tempo em que os professores de poderão embasar a nossa prática, para que
Educação Física da rede estadual estarão possamos alcançar os objetivos propostos
validando esta primeira versão da proposta neste documento. São eles: a relevância social
curricular. O objetivo é poder promover ajus- do conteúdo, a adequação às possibilidades
tes necessários para a publicação final deste sócio-cognitivas do aluno, a simultaneidade
documento. Mas, para isso, será necessário o dos conteúdos enquanto dados da realidade,
envolvimento de todos os professores, con- a espiralidade da incorporação das referên-
solidando momentos coletivos de reflexão cias do pensamento e a provisoriedade do
sobre a prática docente, sobretudo quando se conhecimento (Soares, et. al.,1992).
esperam mudanças efetivas nessa prática.
A condição para o desenvolvimento desta
Preliminarmente, entendemos que para proposta curricular esteve atrelada ao con-
iniciar o nosso trabalho de implementa- ceito de competências e habilidades, onde se
ção desta proposta curricular, dentro da compreende que as competências não são
concepção de ensino privilegiada neste um programa clássico. Elas dizem o que os
documento, é importante considerarmos o alunos devem dominar e não o que deve ser
ensino da cultura corporal de movimento no ensinado. A aquisição de habilidades está na
seu sentido histórico e lúdico do conteúdo, capacidade do indivíduo mobilizar uma ação
para que o aluno compreenda-se enquanto para a qual o aluno prioriza conhecimentos

191
Sumário principal

de mais de uma área para resolver questões interpretar essas informações, na busca
(Perrenoud, 1999). de solução de nossos problemas (Macedo
apud Primi et al, 2001, p.152).

A base para uma educação de competên-


cias está em possibilitar aos alunos que Apoiados nesse compromisso de desen-
ele seja um cidadão analítico, reflexivo e volvimento do ensino da Educação Física,
crítico, que tenha uma participação ativa voltada para a construção de uma educação
na sociedade. Com base no conceito de de qualidade e de formação do cidadão, tra-
Competência – aquisições, aprendizados çamos algumas competências e habilidades
construídos e não virtualidades da espé- com base nos eixos temáticos presentes na
cie – a Educação Física pode possibilitar Ementa Curricular dessa disciplina e na Matriz
ao aluno a identificação, organização e Curricular definida pela Sedu. São eles:
mobilização de conhecimentos pertinentes
Conhecimento sobre o corpo: con-
para a solução de problemas, conflitos ou
sidera o corpo no seu aspecto físico,
desafios. (Santos, 2001). social, afetivo, emocional e cognitivo, na
tentativa de superar a visão dicotômica
Até pouco tempo, a grande questão entre corpo e mente presente em nossa
escolar era a aprendizagem – exclusiva sociedade. Dessa forma, entende-se o
ou preferencial – de conceitos. Estávamos corpo na sua relação com o meio e que
dominados pela visão de que conhecer é dialoga com diferentes contextos socio-
acumular conceitos, ser inteligente impli-
culturais desenvolvidos historicamente,
cava articular logicamente grandes ideias,
buscando problematizar a relação do
estar informado sobre conhecimento...
corpo com saúde, trabalho e cultura.
Esse tipo de aula, insisto, continua ten-
Além disso, compreendendo os limites e
do lugar, mas cada vez mais torna-se
as possibilidades corporais, respeitando
necessário também o domínio de um
as diferenças de gênero, etnia, classe
conteúdo chamado ‘procedimental’,
ou seja, da ordem do saber como fazer.
social e idade.
Vivemos em uma sociedade cada vez Corpo-linguagem/Corpo-expressão:
mais tecnológica, em que o problema entende-se a expressão corporal como
nem sempre está na falta de informações, linguagem presente nas diferentes
pois o computador tem cada vez mais manifestações da cultura corporal de
o poder de processá-las, guardá-las ou movimento. Por meio da linguagem
atualizá-las. A questão está em encontrar,
corporal, o sujeito se comunica, interage

192
Sumário principal

com o meio, onde expressa sua subjetivi- coletivas que resgatem os valores morais,
dade, emoções e, ainda, desenvolve sua sociais e éticos, e também desenvolve
capacidade comunicativa ao interpretar, a ludicidade, descobrindo o prazer nas
sintetizar, analisar e expressar as ideias, vivências corporais.
reconhecendo a identidade própria e a
Os jogos esportivos: prioriza o conhe-
do outro, respeitando a diversidade e
cimento dos jogos institucionalizados
promovendo a inclusão.
socialmente, com suas diferentes orga-
Os jogos e os movimentos individuais e nizações técnico-táticas, proporcionando
coletivos: destaca-se como elemento da uma noção de historicidade do desenvol-
cultura corporal presente nos diferentes vimento de práticas esportivas presentes
contextos socio-históricos presentes em no contexto mundial e nacional. Além
âmbito nacional, regional e local. Por disso, o desenvolvimento da inclusão
meio do jogo, o sujeito desenvolve a por meio da capacidade de recriação
sua criatividade na construção de regras das regras.

193
Sumário principal

9.3.4 Conteúdo Básico Comum - Educação Física


Anos Iniciais do Ensino Fundamental

COMPETÊNCIAS
EIXO-TEMÁTICO: CONHECIMENTO SOBRE O CORPO
• Conhecer o seu corpo nos seus aspectos físicos, sociais, culturais e afetivos;
• Reconhecer e respeitar seus limites e as possibilidades do próprio corpo;
• Desenvolver suas atividades corporais com autonomia, compreendendo as relações de gênero e as individualida-
des;
• Vivenciar o espírito solidário que cuida do outro, de si mesmo e do ambiente em que vive;
• Conhecer a importância da convivência com os alunos que apresentam necessidades educativas especiais.

EIXO-TEMÁTICO: CORPO-LINGUAGEM/CORPO-EXPRESSÃO
• Reconhecer o corpo como meio de linguagem e expressão nas diferentes culturas: indígenas, africanas, campe-
sinas, entre outras;
• Conhecer as diferentes manifestações culturais nos âmbitos mundial, nacional e local;
• Identificar as atividades rítmicas e expressivas presentes em danças, lutas, ginásticas, como manifestações da cultura
corporal.

EIXO-TEMÁTICO: OS JOGOS E OS MOVIMENTOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS


• Conhecer os vários tipos e as variadas maneiras de experimentar os jogos;
• Explorar as diferentes formas de jogo desenvolvidas historicamente.

194
Sumário principal

1º Ano do Ensino Fundamental de 9 anos e 1ª a 4ª Séries

HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: CONHECIMENTO SOBRE O CORPO

Tópico: Corpo/identidades e as diferentes formas,


possibilidades e limitações do movimento.
• Conhecer e vivenciar as diversas possibilidades de • O movimento humano e suas relações com o meio.
movimento do corpo. • Habilidades motoras fundamentais.
• Compreender o corpo como meio de relação e interação • Mímicas.
consigo e com o outro, bem como meio de linguagem
e expressão. • Pantomima.
• Respeitar a diversidade corporal a partir das diferenças • Educação postural.
de gênero, etnia, classe social, faixa etária, habilidades • Esquema corporal: lateralidade, relação espacial, coor-
físicas e mentais. denação motora, equilíbrio etc.
• Construir atitudes através das relações interpessoais e • Expressão corporal individual e em grupo.
emoções expressas pelo corpo, desenvolvendo uma
postura de autonomia e autocontrole. • Conscientização corporal.
• Sistematizar as diversas partes do corpo e compreender
como elas se inter-relacionam na realização dos movi-
mentos.
• Identificar as múltiplas linguagens do corpo, reconhe-
cendo-as como meio de construção e promoção da
cidadania.
• Relacionar as diferentes manifestações da cultura cor-
poral em seu contexto sociocultural, adotando uma
postura não preconceituosa ou discriminatória.
• Reconhecer como as diferentes formas de cultura in-
fluenciam na construção do movimento.
• Identificar e refletir sobre padrões de estética, beleza e
saúde presentes no cotidiano.

Tópico: Conhecimento da estrutura e


funcionamento do corpo.
• Compreender a relação da estrutura muscular e óssea • As partes do corpo e os seus movimentos.
na realização do movimento. • As alterações fisiológicas ocorridas no corpo com a
• Reconhecer algumas alterações fisiológicas básicas do prática corporal.
corpo causadas durante a prática de atividade física. • Hábitos de higiene e alimentar e suas relações com a
• Identificar as práticas corporais de higiene como forma atividade física.
de promoção da saúde. • Sedentarismo e obesidade.

195
Sumário principal

HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: CORPO-LINGUAGEM/
CORPO-EXPRESSÃO

Tópico: Atividades rítmicas e expressivas.


• Conhecer as atividades rítmicas e expressivas das di- • Manifestações e representações da cultura rítmica
ferentes manifestações culturais em âmbito nacional, nacional, regional e local.
regional e local. • Noções gerais sobre ritmo.
• Conhecer, representar e vivenciar as danças folclóricas e • Danças, expressão e linguagem dos povos, processo
ritmos constituídos historicamente no Espírito Santo. histórico.
• Relacionar e vivenciar movimentos rítmicos vinculados • Ginástica e processo histórico.
ao estímulo musical.
• Ginástica geral.
• Perceber os limites corporais na vivência dos movimentos
rítmicos e expressivos. • Principais passos e pequenas coreografias.
• Valorizar e apreciar as atividades rítmicas e expressivas, • Organização de festivais de dança.
identificando suas possibilidades de lazer e aprendiza- • Arte circense.
gem.
• Lutas e processo histórico.
• Identificar e classificar os tipos de dança e ginástica.
• Conhecer a origem e a diversidade cultural da dança e
da ginástica como expressão da cultura humana.
• Identificar as diferentes formas da prática da ginástica
geral.
• Adquirir princípios básicos para construção de desenhos
coreógrafos e montagem de coreografias simples.
• Conhecer e executar movimentos simples da ginástica
circense.
• Compreender que o arriscar, decidir, simular e errar não
implicam em algum tipo de humilhação, constrangi-
mento ou discriminação.
• Verificar o próprio desempenho e dos demais, tendo
como referência o esforço em si.
• Conhecer e diferenciar os movimentos que são comuns
ou não às lutas e ginásticas.
• Conhecer os aspectos históricos e sociais das lutas.
• Identificar habilidades motoras específicas das lutas.
• Reconhecer espaços nos quais podem ser praticado os
movimentos de luta ou ginástica, que tragam benefícios
para o organismo e a saúde.

196
Sumário principal

HABILIDADES CONTEÚDOS
EIXO-TEMÁTICO: OS JOGOS E OS MOVIMENTOS
INDIVIDUAIS E COLETIVOS.

Tópico: Jogos e brincadeiras.


• Conhecer a origem histórica dos jogos, brincadeiras e • História dos jogos e brincadeiras populares e folclóricos.
cantigas. • Jogos cooperativos.
• Conhecer a importância da convivência com os alunos • Jogos pré-esportivos.
que apresentam necessidades educativas especiais, nos
jogos e nas brincadeiras individuais e coletivas. • Jogos de raciocínio.
• Vivenciar atividades cooperativas. • Jogos de salão.
• Conhecer e criar jogos que estimulem a prática dos • Cantigas de roda.
jogos individuais e coletivos.
• Construir coletivamente as regras que trabalhem e
resgatem os valores étnicos, morais, sociais e éticos.
• Adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solida-
riedade em situações lúdicas e esportivas, buscando
solucionar os conflitos.

197
Sumário principal

9.3.5 Referências

BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
______ et al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC, 1998.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
______. Perspectivas para compreender e transformar as contribuições da educação física na constituição dos
saberes escolares. In: FERREIRA NETO, Amarílio (Org). Pesquisa histórica na educação física. Vitória, ES: PROTEORIA,
2001. v. 6.
KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
PERRENOUD, Philipe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v.17, n. 2, p.151-139, maio/ago., 2001.
SANTOS, Gisele Franco de Lima. A construção de competências nas aulas de educação física da educação básica. In:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2001, Paraná. Anais. Paraná, 2001. p. 73-76.
SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
curricular? In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.

198
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 01 - Área de Linguagens e Códigos
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino fundamental : anos finais : área de Linguagens e Códigos / Secretaria da Educação. –
Vitória : SEDU, 2009.
128 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 01)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-02-8

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino


fundamental - Linguagens e Códigos. 4. Ensino médio - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 372.19
CDU 373.3.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

12
Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

14
Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

15
Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino-aprendizagem, de modo a

16
Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

17
Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino-aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie huma-
na: seres humanos são diversos em suas
seres mantêm-se como constante desafio à
experiências culturais, são únicos em suas
humanização da sociedade e à personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
Como toda forma de diversidade é hoje
vida como valor fundamental da existência
recebida na escola, há a demanda óbvia
dos seres que habitam a Terra.

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupinikim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Fundamental - Anos Finais


Sumário principal

6 ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Por meio da linguagem o homem pensa, o homem que a manifesta, é criativa, con-
conhece, se apropria, interfere no mundo, traditória, pluridimensional e singular ao
o reorganiza e o reapresenta em símbolos mesmo tempo. De natureza transdisciplinar,
que são a base dessa produção humana. até mesmo quando enfocada como área de
Desse modo, quanto mais ele compreende a conhecimento, os estudos da linguagem têm
linguagem fazendo sentido, como trabalho como ênfase a produção de sentidos.
simbólico, mais torna-se capaz de conhecer
a si mesmo, como ser imerso em uma cultura Nessa perspectiva, os sistemas de linguagem
e no mundo em que vive. envolvem as manifestações e os conheci-
mentos: linguísticos, musicais, corporais,
A linguagem é a mediação entre o homem e gestuais, espaciais e plásticos. Tais sistemas
a realidade. Ela possibilita a reflexão, a crítica compreendem na educação escolar as dis-
e a intervenção, e torna possível a transfor- ciplinas: Língua Portuguesa, Arte, Educação
mação do homem e do mundo em que Física e Língua Estrangeira.
vive. Ela articula significados coletivos que
são compartilhados socialmente, variando A Língua Portuguesa, na educação esco-
de acordo com os grupos sociais em seus lar, compreende a língua como um objeto
tempos e espaços diferenciados. histórico, irregular, variável gerenciado por
seus usuários para promover-lhes a intera-
Levando em conta os princípios acima, que ção com outras pessoas. Da perspectiva da
consideram o homem inserido em sua cultura, enunciação, a língua pode ser concebida
na sociedade e na história, as disciplinas da área como um conjunto de signos utilizados na
propiciam não só a sua inserção como sujeito comunicação, e a linguagem, a atividade
atuante nessa sociedade, interferindo e atuan- discursiva, a forma de pôr a língua em mo-
do em prol do meio ambiente e do respeito vimento. O espaço privilegiado para isso é
às diversidades, mas o torna protagonista de a interlocução, compreendida como o local
ações de reorganização dessa realidade. de produção da linguagem e de constituição
dos sujeitos. Pensar a linguagem a partir do
Como marco e herança social, a linguagem processo de interlocução significa instaurar o
é produto e produção cultural e, tal como processo educacional sobre a singularidade

57
Sumário principal

dos sujeitos, em contínua constituição, à e relacionando-se com as produções culturais


medida em que interagem com os outros. que envolvem aspectos lúdicos e estéticos.
Isso significa que o aluno deve ser o sujeito Essa disciplina deixa de ter como foco apenas
da aprendizagem e o sujeito de seu texto, o esporte ou os exercícios físicos voltados
porquanto é ele quem realiza a interação e para uma perspectiva restrita à promoção da
produz o conhecimento. aptidão física e ao desempenho de atividade
física, tomando a ideia de que a linguagem
Artes insere-se na área de linguagem como uma humana é produto da cultura e que a co-
expressão humana, que oportuniza o comparti- municação é um processo cultural, sendo
lhar das culturas em sua diversidade e congrega assim, a linguagem corporal como produto
valores, posturas, condutas que a caracterizam e da cultura deve ser abordada com base nos
ao mesmo tempo a diferenciam de outras áreas temas da “cultura corporal” humana. Essa visão
de conhecimento e outras manifestações de contempla o eixo da cultura, mas não descarta
linguagem. Fazer Arte é materializar as experi- o do trabalho, que surge como possibilidade
ências e percepções sobre o mundo em formas, de garantir a contribuição da Educação Física
cores, sons e gestualidades, resignificando-as em na formação humana, na construção de uma
processos poéticos, configurados pela ação de postura reflexiva no mundo do trabalho. Além
um gesto criador. Como produção simbólica a disso, reconhece o eixo ciência na realização
Arte não é funcional, não é instrumental, nem da transposição do saber comum ao saber
se prende a normatizações que a regulem, mas sistematizado e contextualizado.
imbricada com o trabalho é detentora de um
poder que a distingue de outras produções A Língua Estrangeira na educação escolar
humanas, pois a ela é permitido explorar por insere-se como uma forma de linguagem
outros suportes e materialidades as diversas diversificada de expressão e comunicação
formas que possuímos de expressão, como as humana. Possibilita o acesso ao conhecimento
artes visuais, as danças, as encenações teatrais e às diversas formas de manifestação da lin-
e a música. guagem em diferentes contextos e culturas,
propiciando aos alunos uma formação mais
A Educação Física pode ser compreendida abrangente. Permite aos alunos a compre-
como área que tematiza/aborda as atividades ensão e a aproximação com as tradições e a
corporais em suas dimensões culturais, sociais cultura de outros povos, ao mesmo tempo
e biológicas, extrapolando a questão da saúde em que estabelece o diálogo e o ultrapassar

58
Sumário principal

das fronteiras de uma nação. Desse modo, a relação à época e à sociedade que o gerou,
aprendizagem da Língua Estrangeira não se das suas condições de produção e da interação
destina exclusivamente à leitura, à escrita e à entre os diversos sujeitos e grupos sociais. É
fala, mas pretende, além dessas, possibilitar o a obra em seu tempo/espaço de produção,
acesso do aprendiz a informações diversas, seja ela literária, artística e/ou corporal. Essa
e contribuir para a sua formação geral de contextualização abrange ainda as condições
cidadão. sociais, econômicas e culturais de produção.
Na contextualização diacrônica o percurso de
No ensino das disciplinas da área, o professor estudo se dá num eixo temporal e se inscreve
interessado em uma formação menos frag- na história e na cultura. Os modos de apropria-
mentada, preocupado em propor um projeto ção dos objetos culturais de épocas/espaços
educativo integrador da área de linguagem distintos são estudados aqui.
aos seus alunos, contempla os saberes de cada
uma dessas disciplinas, de modo relacional e A partir dessas contextualizações que não se
contextual. Desse modo, os dados, as informa- excluem, mas se complementam, propomos
ções e as teorias não devem ser apresentadas ainda na educação escolar as experimentações
desconectadas de suas condições de produção, e explorações das múltiplas possibilidades das
pois essas são geradas social e historicamente. diversas linguagens, articulando aspectos
Esse projeto educativo tem como princípios: como: sensibilidade, investigação e reflexão
a compreensão e o reconhecimento da di- ao realizar as suas produções. São as cha-
versidade das manifestações nas linguagens madas oficinas de criação, ou as atividades
corporais, gestuais, verbais, visuais e sonoras; e propostas pelos professores aos seus alunos,
a compreensão dos significados nos diferentes que envolvem desde leituras e compreensão
discursos: literários, artísticos, corpóreos, gestu- de textos, a exercícios e propostas de fazeres.
ais e sonoros, possibilitando o conhecimento Essas proposições possibilitam aos alunos,
das manifestações das diversas linguagens tanto individualmente como em grupo, um
em seus múltiplos diálogos nos âmbitos lo- conhecimento sensível e estético que articula
cal, regional, nacional, latino e internacional. os conhecimentos culturais apreendidos
Para tanto é necessário que se estabeleça na na Educação Física (Cultura e Movimento
escola uma abordagem que considere uma Corporal) e na Língua Portuguesa e Estrangeira
contextualização sincrônica e diacrônica. Na (Cultura Verbal) com a Arte (Cultura Visual,
primeira estão os estudos da linguagem em Cenográfica, Gestual e Musical).

59
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Língua Portuguesa
Sumário principal

6.1 Língua Portuguesa como nessa construção deve auferir espaço


privilegiado a consciência ambiental, tanto
O conhecimento e as relações estabeleci- do patrimônio natural quanto do histórico,
das por ele configuram-se como o pilar de configuram-se, também, como princípios
natureza epistemológica* que sustenta o seriamente considerados.
currículo de Língua Portuguesa que aqui
se apresenta. Distinta é, todavia, a maneira Deve-se, assim, compreender a língua como
de considerar o conhecimento, qual seja, um objeto histórico, irregular, variável, ge-
uma interpretação histórico-social e não um renciado por seus usuários para promover
dado objeto. Desse ponto de vista, toma-se a interação com outras pessoas. Revela-se,
o conhecimento linguístico-cultural como aí, uma concepção interacionista da língua,
resultado de um processo dinâmico – como eminentemente funcional e contextualizada.
algo aberto e inacabado –, favorecido pela Da perspectiva da enunciação, a língua pode
interação sujeito-objeto, mediado pelo pro- ser concebida como um conjunto de signos
fessor. Ganha tônica, como o quer Morin utilizados na comunicação, e a linguagem,
(2001), o saber linguístico pertinente, que a atividade discursiva, a forma de pôr a lín-
articula, que permite a compreensão da gua em movimento. O espaço privilegiado
totalidade do objeto que se deseja conhe- para isso é a interlocução, compreendida
cer. Para isso, deverá o aluno operar com o como o local de produção da linguagem e
conhecimento produzido da perspectiva de de constituição dos sujeitos. Tais reflexões
sua incompletude, o que só é possível por apontam para um processo educacional
meio de uma rede de relações construídas instaurado sobre a singularidade dos sujeitos,
em momentos compartilhados com o outro. em contínua constituição, à medida em que
Para concretizar essa proposta, deve-se, interagem com os outros. Isso significa que o
pois, tomar a pesquisa como fundamento aluno deverá ser o sujeito da aprendizagem e
da formação intelectual. o sujeito de seu texto, porquanto é ele quem
realiza a interação e produz o conhecimento
As condições de gênero, de relações étnico- (ANTUNES, 2003).
raciais na formação humana dos modos como
se produzem as identidades socioculturais e Para uma concepção interacionista, funcio-
nal e discursiva da língua(gem), decorre o
* (epistemo= conhecimento /lógico=estudo) princípio de que essa(s) só se atualiza(m)

63
Sumário principal

quando se põe(m) a serviço da comunicação Essa concepção permite ver o texto como
humana em situações de atuação no social, resultado parcial da atividade comunicativa
por meio de práticas discursivas materiali- humana, a qual engloba processos, opera-
zadas em textos orais, escritos ou em outras ções cognitivas e estratégias discursivas,
modalidades discursivas. Por essa razão, postos em ação em situações concretas de
devem os textos constituir-se no objeto de interação social (KOCH, 1998), em conso-
estudo da língua e o trabalho de escritura nância com determinados pressupostos, a
e leitura, de um modo geral, favorecer ao partir dos quais a atividade verbal se realiza. O
sujeito a apropriação do código como forma texto configura-se como uma manifestação,
de representação cultural (GERALDI, 1991; gerada a partir de elementos linguísticos,
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003). cujo objetivo é não somente permitir aos
interlocutores, no processo de interação, a
Com relação à concepção de escrita, essa é socialização de conteúdos, como também
defendida de modo tão interativo e dialógico, favorecer a própria interlocução, conforme
dinâmico e negociável, quanto a fala. Essa as práticas culturais de cada contexto social.
perspectiva supõe encontro, parceria, envol- Constitui-se o texto, assim, no momento
vimento entre sujeitos, para que aconteça em que os interlocutores de uma atividade
a comunhão das ideias, das informações, comunicativa constroem-lhe determinado
das intenções pretendidas. Toda escrita res- sentido, o que implica pensar que o sentido
ponde a um propósito funcional qualquer, não está no texto – mas a partir dele se
possibilita a realização de alguma atividade constrói – é indeterminado e surge como
sócio-comunicativa entre as pessoas e esta- efeito do trabalho realizado pelos sujeitos.
belece relações com os diversos contextos O texto só fará sentido se seu produtor co-
sociais em que essas atuam. Elaborar um texto nhecer a sua finalidade e o seu destinatário
escrito significa empreender uma tarefa cujo (idem, 1998).
sucesso não se completa simplesmente pela
codificação das ideias ou das informações, Fiel a esse quadro, a concepção de ensino
por meio de sinais gráficos. Deixa, pois, o de língua deve criar condições para que os
texto de ser concebido como uma estrutura alunos construam autonomia, desenvolven-
acabada, para ser compreendido em seu do uma postura investigativa. Para ensinar,
próprio processo de organização, verbalização em conformidade com essa concepção, será
e construção (GERALDI, 1991). preciso que o educador pesquise, observe,

64
Sumário principal

levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda Serve, ainda, a linguagem para que o homem
e reaprenda não para os alunos, mas com constitua-se sujeito no mundo, torne-se
os alunos. um ens sociale, interaja com o outro e reflita
sobre si mesmo, a partir do contato com
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi- outros sujeitos. Considerando-se o caráter
litar o desenvolvimento das ações de produ- simbólico da linguagem, o sujeito, por meio
ção de linguagem em situações de interação, de atividades de leitura e compreensão de
e de abordagens interdisciplinares, não se textos, estabelece uma relação próxima com
limitando à decodificação e à identificação a escrita e, nessa tarefa, fala de si, do outro
de conteúdos, mas ao desenvolvimento e do mundo, atribuindo novos sentidos
de letramentos múltiplos, concebendo a aos seus processos subjetivos. Portanto,
leitura e a escrita como ferramentas para o a competência de o sujeito interagir no e
exercício da cidadania. com o mundo ocorre por via da linguagem,
meio em que as realidades são construídas.
6.1.1 Contribuição da disciplina Isso significa dizer que os conhecimentos
para a formação humana são construídos por meio da linguagem,
em que ações dos sujeitos produtores são
Considerando-se o plano da linguagem como controladas ou geridas por outros sujeitos.
base essencial para a produção e transmissão Nessa tarefa, o sujeito se desenvolve e se
de todo conhecimento, institucionalizado e socializa. É, pois, na interação com as diversas
de mundo, e da cultura, deve-se entendê-la instituições sociais, por meio da linguagem
como o meio sem o qual todos os outros e de seus distintos níveis e registros, que o
não poderiam existir. Isso porque, sem a sujeito aprende e apreende as maneiras de
linguagem articulada, seria difícil apreender funcionamento da própria língua – como
o mundo, torná-lo objeto de conhecimento, código e como enunciado – e com isso
e transformá-lo, ou sobre ele intervir. Serve, constrói seus conhecimentos com relação
pois, a linguagem à variabilidade do homem, ao seu uso nos diversos contextos.
à sua diversidade – único elemento comum
a todos os homens – à atuação do homem Sendo o homem um sujeito historicamente
no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a construído, são suas atividades, com o uso
refletir sobre a consciência, a ter sua marca da linguagem e da língua, marcadas pelo
identitária (DA MATTA, 2000). contexto socio-histórico e pontilhadas

65
Sumário principal

pelos significados e sentidos, de acordo ao indivíduo elaborar uma visão de si mesmo


com os contextos onde foram produzidas. e de sua identidade ocorre por meio da língua,
Tais atividades capacitam-no a agir e a inicialmente a falada. Em alguns casos, como
transformar a mesma história que o cons- nas sociedades ágrafas e dos analfabetos, a
truiu, ressignificando-a, para construir suas forma falada prevalecerá durante toda a vida do
identidades social e cultural. indivíduo, enquanto nos ambientes de escrita,
outras modalidades de trocas culturais com a
Na interação com as diversas instituições sociedade poderão ocorrer. O fato é que, sendo
sociais, o aluno amplia e enriquece a sua o ser humano uma criatura linguística e sendo
linguagem. Cabe, então, à escola se orga- o mundo onde age conhecido e descrito por
nizar para receber a ele e a sua diversidade meio da língua, nada existe fora do domínio
cultural, em suas salas de aula. Na escola, terá dela. Deverá o aluno ter a consciência de que
esse sujeito a oportunidade de recorrer às a língua, o discurso, o texto, o jargão, tudo é
práticas orais e escritas do sistema linguístico variável, mas não a mensagem que transmitem.
com suas regras fonológicas, morfológicas, Isso para refletir sobre a opressão que está
sintáticas e semânticas, para, por meio da enraizada na maneira como nós e os outros
língua, construir seu saber formal, não des- somos construídos linguisticamente, na maneira
considerando os saberes informais que ele como somos posicionados por palavras em
traz consigo. relação a outras tantas palavras ou por códigos,
estruturados em forma de língua. O aluno pre-
A partir da compreensão de que é dentro e cisa conceber que nosso ser, nossa identidade
pela língua que o indivíduo e a sociedade se e até nossa subjetividade são constituídos
determinam mutuamente, e considerando-se, por meio da língua (MACNALLY, 1999) , que
como Castells (2002), que a identidade é a o domínio da língua padrão permitir-lhe-á se
constituição de significados a partir de um comportar em determinadas situações formais
ou vários atributos culturais, disponíveis no do cotidiano.
ambiente social, o aluno deverá saber que a
língua é o principal elemento para o processo No caso da Literatura, essa propicia ao aluno
de individualização, pois, além de suas caracte- o refinamento de habilidades de leitura e de
rísticas próprias, funciona como veículo, forma escrita, capacita-o a lidar com o simbólico e
e ambiente por onde surgem a maior parte dos a interagir consigo mesmo, com o outro e
demais atributos. Assim, a troca que permite com o mundo em que vive, possibilitando-

66
Sumário principal

lhe assumir uma postura reflexiva, tomando 2. Proporcionar uma compreensão das nor-
consciência de si e do outro em relação ao mas gerais do funcionamento da língua,
universo letrado, e tornando-se capaz de ser permitindo que o aluno veja-se incluído
protagonista de uma ação transformadora. nos processos – de produção e compre-
ensão textual – que se implementam na
A Literatura propicia, ainda, uma reflexão
escola, ou fora dela.
política ao educando em reconhecimento
do ser humano como um ser histórico social 3. Favorecer um olhar sobre os conjuntos de
que sofre transformações com o decorrer normas e fatores que concorrem para a
variação e variabilidade linguística, textual
do tempo.
e pragmática, necessários à leitura e à
escrita, sendo o texto o referencial de
partida.
6.1.2 Objetivos da disciplina

Adota-se neste currículo a concepção de eixo Linguagem


como o elemento que funda e direciona os 1. Permitir que o aluno interaja crítica e
princípios da formação do aluno. Essa noção ludicamente com diferentes manifes-
de eixo reforça a ideia de integração e de tações da linguagem em situações de
movimento e o caráter de provisoriedade, produção e leitura de textos escritos,
orais, imagéticos, digitais, entre outros.
de incompleteza e de continuidade do co-
nhecimento. Eixo pode ser compreendido, 2. Possibilitar uma experiência com as dife-
também, como algo que permeia, concepção rentes manifestações da linguagem como
essencial para a formação humana, razão a dança, o teatro, a música, a escultura, a
por que os conteúdos gerais específicos se pintura e o movimento do corpo, bem
como a variedade de ideias, culturas e for-
organizam em grandes eixos.
mas de expressão, reconhecendo nessas
manifestações as marcas da diversidade
Língua humana.
1. Favorecer que o aluno conheça como 3. Permitir que o estudante conceba a
e por que determinadas práticas de linguagem como espaço propício para
linguagem e determinados usos da a tomada de consciência acerca das de-
língua, e de diferentes linguagens, são sigualdades sociais, e da necessidade de
historicamente legitimados e transitam sua atuação, com vistas a uma sociedade
segundo demandas específicas. mais justa.

67
Sumário principal

4. Propiciar o conhecimento da linguagem complexa e globalizada – comprometidos


verbal e não-verbal (inclusive Libras e com a preservação da memória cultural
Braille) para que o aluno possa interagir e do patrimônio natural capixabas.
com vários sujeitos em suas especifici-
2. Favorecer espaços para a leitura de textos
dades linguísticas.
de diferentes conteúdos para a discussão
de temas transversais, refletindo sobre o
Literatura texto e sobre si mesmo, considerando
sua situação no mundo.
1. Criar espaço para vivências e cultivos de
emoções e sentimentos humanos, bem 3. Proporcionar momentos de reflexão de
como para experienciar situações em modo a descoisificar o homem por meio
que se reconheça o trabalho estético da da leitura da vida, propiciando contato
obra literária, identificando as múltiplas com um conhecimento que não pode
formas de expressão e manifestações ser mensurado.
da(s) linguagem(ns) para levar a efeito 4. Promover aulas de campo para envolver
o discurso. o educando em relevantes aspectos
2. Favorecer a produção de lócus em que culturais do Estado, tais como visitas a
se compreendam as transformações sítios arqueológicos, parques ecológicos,
histórico-socioculturais pelas quais o espaços remanescentes quilombolas,
homem passa, por meio da linguagem comunidades indígenas, manifestações
literária, de modo a pensar a complexi- culturais e locais de culturas em movi-
dade do mundo real. mento.

3. Promover o letramento múltiplo como fer- 5. Favorecer o desenvolvimento da cultura


ramenta para o exercício da cidadania. do saber ouvir e falar em situações dife-
renciadas, respeitando a diversidade nos
4. Possibilitar o conhecimento das escolas modos de falar.
literárias, obras e autores, inclusive da
literatura capixaba. 6. Propiciar situações para o aluno observar
o meio em que vive, refletindo sobre sua
participação no processo de sustentabi-
Cultura e Conhecimento de Mundo lidade.

1. Criar condições para que os alunos 7. Ensejar momentos para o estudo das
construam sua autonomia na sociedade origens da cultura capixaba e da formação
contemporânea – tecnologicamente da sua identidade histórico-cultural.

68
Sumário principal

8. Valorizar a diversidade humana em suas de integração do aluno à vida de seu meio


diversidades, promovendo a formação social. Grosso modo, as aulas de português
do aluno num âmbito ético, crítico e deverão configurar-se como espaço para o
intelectual, levando-o a opor-se a toda
aluno falar, ouvir, ler e escrever textos em
e qualquer forma de preconceito e dis-
Língua Portuguesa.
criminação.

Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e a ter


6.1.3 Principais alternativas estratégias de leitura, de modo a perceber
metodológicas que essa depende da articulação de várias
partes que formam um todo, é, então, um
Propõe-se um ensino de Língua Portu- pressuposto metodológico a ser considerado.
guesa sustentado no desenvolvimento: O leitor está inserido num contexto e precisa
da expressão oral, da expressão escrita e considerar isso para compreender os textos
das habilidades leitora e escritora, consi- escritos. Em sala de aula, configuram-se como
derando o texto o ponto de partida e de estratégias de preparação para a leitura as
chegada, verdadeiro objeto de estudo da ações de descobrir conhecimentos prévios
língua, para análise de seus usos (estudo dos alunos, discutir o vocabulário do texto,
linguístico e epilinguístico), explorando- explorar a seleção do tema do texto, do
lhe os múltiplos sentidos, analisando-lhe assunto tratado, levantar palavras-chave
a estrutura gramatical e a construção de ligadas a esse tema/assunto, e exercitar
seus sentidos. Ou seja, o texto conduz as inferências sobre o texto.
análises em função do qual se recorre às
determinações gramaticais, aos sentidos das Para as atividades de leitura, recomenda-
palavras, ao conhecimento e aos sentidos se explorar diversos gêneros textuais e
produzidos em seu interior. literários, considerando a leitura imagética,
silenciosa, oral e coletiva; lançar mão de
No caso do ensino de atividades de escrita, reportagens jornalísticas, escolhidas pelo
essas devem partir de condições concretas aluno, transformando-o em protagonista,
de produção. Toda escrita pressupõe uma repórter por um dia; e explorar leituras de
reescrita e um planejamento para execução materiais concretos relacionados ao seu
de cada etapa (planejar, escrever, reescrever). cotidiano, tais como rótulos, passagens,
Ao final, utilizar a escrita como ferramenta bulas, destacando a visão que o aluno tem

69
Sumário principal

sobre o objeto; e dirigir leituras de textos listagem de time de futebol, animais, flores,
conhecidos dos alunos, tais como parlendas, agenda telefônica, endereços dos alunos
cantigas de roda, quadrinhas. em ordem alfabética, encartes de super-
mercados, receitas, produção de história
Deve-se estimular debates sobre temas varia- em quadrinhos, bilhetes, poesias, recorte de
dos, possibilitando que o aluno argumente, palavras, correio escolar, cartão de felicita-
emita opiniões, justifique ou defenda opções ções, jornais, entrevistas, piadas, excursões,
tomadas, critique pontos de vista alheios e, a transformação de um gênero textual em
partir daí, produza textos. Cumpre destacar outro, entre tantos. Outra alternativa me-
que as atividades de falar/ouvir constituem- todológica é a produção de um texto oral
se parte integrante da competência comu- após leitura de uma narrativa.
nicativa dos falantes, uma vez que apontam
para ações efetivas de interpretação tal como Outra estratégia metodológica, de nível um
acontece quando o leitor toma contato com pouco avançado, é a tarefa de escrever textos
a escrita (ANTUNES, 2003). a duas e a quatro mãos, sob a orientação do
professor, observando as relações morfoló-
A produção de textos poderá ocorrer por gicas, sintáticas e semânticas, e explorando
meio de dobraduras, cantinho de leitura, as funcionalidades da língua.

70
Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum – Língua Portuguesa

5ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Ampliar a competência co- • Ler diversos tipos de textos com Eixo Linguagem
municativa; fluência, evidenciando sua com- • Leitura, produção e interpretação de texto;
• Conhecer a norma culta da preensão; carta argumentativa;
língua; • Interagir com os colegas por • Gêneros textuais: contos de fada, fábulas,
• Utilizar diferentes linguagens meio de atividades, utilizando tiras, cartum, história em quadrinhos, piadas,
e diferentes tipologias textu- textos orais e escritos e outras provérbios, poemas, carta, convite, bilhete,
ais; atividades criativas; cartão-postal, correio eletrônico;
• Interatuar com dados, argu- • Interpretar textos considerando • Variedade linguística;
mentos, fatos e informações suas relações intratextuais;
• Semântica: denotação e conotação, figuras
contidos em diferentes tex- • Classificar palavras conforme sua de linguagem (metáfora e metonímia);
tos; função nos textos, reconhecen-
do essa ação como legitimadora • Versificação.
• Organizar informações repre-
sentadas em diferentes formas do conhecimento científico;
de conhecimento disponíveis • Aplicar na construção de textos Eixo Conhecimento Linguístico
para construção de argumen- os mecanismos de coesão e co-
• Morfologia de uma perspectiva discursivo-
tação consistente; erência;
textual;
• Conviver, crítica e ludicamen- • Reconhecer os efeitos de sentido
• Tipos de discurso;
te, com situações de produ- decorrentes da exploração de
ção de textos, atualizado em recursos ortográficos e morfo- • Pontuação;
diferentes suportes e sistemas lógicos; • Ortografia de uma perspectiva discursivo-
de linguagem – escrita, oral, • Identificar a finalidade e a inten- textual;
imagética, digital, entre ou- cionalidade do texto;
tras; • Padrões de textualidade, coesão e coerência.
• Inferir o sentido de uma palavra
• Demonstrar capacidade de ou expressão;
reflexão sistemática sobre a Eixo Cultura, Sociedade e Educação
língua e a linguagem; • Localizar informações explícitas
e implícitas em um texto; • Questões de gênero na literatura;
• Aproveitar os conhecimentos
• Reconhecer a necessidade dos • Mitos , lendas tradicionais e urbanas e folclore
desenvolvidos na escola para
valores humanos para a vida em brasileiro;
elaboração de propostas de
intervenção solidária na rea- sociedade; • Ética, bioética, moral e valores presentes nas
lidade, respeitando os valores • Conhecer a cultura e as tradições fábulas.
humanos e considerando sua brasileiras e capixabas.
diversidade sociocultural.

71
Sumário principal

6ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Ampliar a competência • Interagir com os colegas por meio Eixo Linguagem
comunicativa; de atividades de leitura e escrita e • Leitura, produção e interpretação de texto;
• Conhecer a norma culta da de outras atividades criativas;
• Gêneros textuais: folder, anúncio, cartaz,
língua; • Interpretar textos considerando suas panfleto, outdoor, poema (formas livres e
• Utilizar diferentes lingua- relações intratextuais; acróstico), certidão de nascimento, conto,
gens e tipologias textuais; • Identificar o conflito gerador do en- diário, relato, blog e artigo de opinião;
• Interatuar com dados, argu- redo e os elementos que constroem • Variedade linguística;
mentos, fatos e informações a narrativa;
• Articulação de parágrafos;
contidos em diferentes tex- • Distinguir a finalidade do gênero
tos; textual no discurso publicitário; • Semântica: figuras de linguagem 1, figuras
de palavras, ambiguidade, polissemia.
• Organizar informações re- • Inferir o sentido de uma palavra ou
presentadas em diferentes expressão; Eixo Conhecimento Linguístico
formas de conhecimento • Reconhecer o efeito de sentido de-
disponíveis para construção • Morfologia: conjunção, verbo (modos, tem-
corrente da exploração de recursos pos, vozes e aspectos verbais) , revisão das
de argumentação consis- gráficos, ortográficos e/ou morfos-
tente; classes gramaticais e flexão do substantivo,
sintáticos; flexão do adjetivo;
• Conviver, crítica e ludi- • Estabelecer relações lógico-discur-
camente, com situações • Introdução à sintaxe: sujeito e predicado;
sivas presentes no texto, marcadas
de produção de textos, por conjunções, advérbios etc.; • Pontuação de uma perspectiva discursivo-
atualizado em diferentes textual;
suportes e sistemas de • Reconhecer posições distintas entre
duas ou mais opiniões relativas ao • Articulação de parágrafos;
linguagem – escrita, oral,
imagética, digital, entre mesmo fato ou ao mesmo tema; • Acentuação: classificação quanto à tonici-
outras; • Concluir a leitura de um texto emi- dade e sílaba;
• Demonstrar capacidade de tindo sua crítica acerca do que leu, • Ortografia de uma perspectiva discursivo-
reflexão sistemática sobre aprendendo a desenvolver argu- textual;
a língua e a linguagem; mentos;
• Coesão e coerência textual.
• Aproveitar os conhecimen- • Interatuar com os colegas por meio
tos desenvolvidos na escola de atividades de leitura e escuta e Eixo Cultura, Sociedade e Educação
para elaboração de propos- de outras atividades criativas;
• Questões de gênero na literatura;
tas de intervenção solidária • Indicar atitudes com relação ao meio
na realidade, respeitando • Preconceito e diversidade cultural presentes
ambiente e à sua diversidade, as
os valores humanos e con- nas diversas tipologias textuais;
quais lhe assegurem a sustentabi-
siderando sua diversidade lidade; • Cultura local: obras de autores capixabas;
sociocultural.
• Utilizar a linguagem como instru- • Leitura e escrita como processo de formação
mento para o exercício da cidada- de atitudes para a cidadania;
nia. • Meio ambiente: sustentabilidade.

72
Sumário principal

7ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Ampliar a competência comu- • Identificar o tema de um texto; Eixo Linguagem
nicativa; • Distinguir um fato e as opiniões relativas • Leitura, produção e interpretação
• Conhecer a norma culta da a ele; de texto;
língua; • Enumerar as teses presentes em um • Gêneros textuais: notícia, reporta-
• Utilizar diferentes linguagens texto; gem, charge, entrevista, crônica,
e tipologias textuais; • Demonstrar a relação entre a tese e os poema (formas fixas /soneto), texto
• Interatuar com dados, argu- argumentos oferecidos para sustentá-la; teatral, editorial, dissertativo-argu-
mentos, fatos e informações mentativo;
• Adaptar textos narrativos para dramáticos
contidos em diferentes tex- com vistas a sua encenação; • Variação linguística;
tos; • Semântica: figuras de linguagem 2;
• Analisar textos considerando seus ele-
• Organizar informações repre- mentos estruturais, sintáticos, semânticos • Vícios de linguagem.
sentadas em diferentes formas e pragmáticos;
de conhecimento disponíveis Eixo Conhecimento Linguístico
para construção de argumen- • Organizar pensamentos, argumentar,
tação consistente; conceituar, reconhecendo essas ações • Morfossintaxe do período simples;
como legitimadoras do conhecimento • Verbos: irregulares, auxiliares, anô-
• Conviver, crítica e ludicamente, científico;
com situações de produção malos, defectivos, abundantes, pro-
de textos, atualizado em dife- • Aplicar na construção de textos os me- nominais;
rentes suportes e sistemas de canismos de coesão textual; • Acentuação e ortografia de uma
linguagem – escrita, oral, ima- • Conhecer o patrimônio histórico-memo- perspectiva discursivo-textual;
gética, digital, entre outras; rialístico e natural de sua cidade, Estado • Coesão e coerência textual.
• Demonstrar capacidade de e país e contribuir para sua preservação
reflexão sistemática sobre a por meio de ações de conscientização; Eixo Cultura, Sociedade e Educação
língua e a linguagem; • Dominar temas polêmicos e contribuir • Questões de gênero na literatura;
• Aproveitar os conhecimentos para que sua discussão ocorra dentro do
nível do debate democrático: bioética, • Mitos e lendas indígenas;
desenvolvidos na escola para
elaboração de propostas de homofobia, discriminação e racismo; • Preconceito e diversidade cultural
intervenção solidária na rea- • Refletir sobre a necessidade de preserva- presentes nas diversas tipologias
lidade, respeitando os valores ção do patrimônio cultural, memorialís- textuais;
humanos e considerando sua tico e natural, reconhecendo como essa • Aspectos da cultura local: obras e
diversidade sociocultural. ação contribui para elevar a autoestima autores capixabas.
da população.

73
Sumário principal

8ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Ampliar a competência comu- • Identificar a tese de um texto e os Eixo Linguagem
nicativa; argumentos que a sustentam; • Leitura, produção e interpretação de tex-
• Conhecer a norma culta da lín- • Reconhecer as posições distintas to;
gua; entre duas ou mais opiniões rela- • Gêneros textuais: carta ao leitor, carta
• Utilizar diferentes linguagens e tivas ao mesmo fato ou tema; argumentativa, síntese, sinopse, resumo,
tipologias textuais; • Concluir a leitura de um texto emi- resenha e literatura de cordel;
• Interatuar com dados, argumen- tindo sua crítica acerca do que • Intertextualidade (implícita e explícita);
tos, fatos e informações contidos leu e aprendendo a desenvolver
argumentos; • Semântica: polissemia e ambiguidade;
em diferentes textos; sinonímia, antonímia, homonímia, hipo-
• Organizar informações represen- • Estabelecer relações lógico-dis- nímia, hiperonímia.
tadas em diferentes formas de cursivas marcadas por conecto-
conhecimento disponíveis para res e relatores, por exemplo, de
construção de argumentação causa x consequência, de causa Eixo Conhecimento Linguístico
consistente; e efeito, de tempo, de oposição,
• Sintaxe do período composto por subor-
entre outros, entre partes de um
• Conviver, crítica e ludicamente, dinação, sintaxe de regência, de concor-
texto;
com situações de produção de dância e de colocação;
textos, atualizado em diferentes • Resumir e esquematizar textos,
• Pontuação de uma perspectiva discursivo-
suportes e sistemas de lingua- destacando suas palavras-chave;
textual.
gem – escrita, oral, imagética, • Redigir trabalhos de cunho cien-
digital, entre outras; tífico;
Eixo Cultura, Sociedade e Educação
• Demonstrar capacidade de re- • Aplicar as tecnologias em conso-
flexão sistemática sobre a língua nância com os princípios éticos • Iniciação científica e pesquisa;
e a linguagem; em favor da vida e da humani- • Conhecimento sobre ABNT e o propósito
• Aproveitar os conhecimentos dade; de padronização no Brasil;
desenvolvidos na escola para • Participar do debate político como • Produção de tecnologia e a pós-moder-
elaboração de propostas de in- uma forma de fortalecer a demo- nidade: a chegada do computador, da
tervenção solidária na realidade, cracia e nele incluir temas como a internet e as alterações provocadas na
respeitando os valores humanos sustentabilidade e a diversidade. vida das pessoas e nas relações huma-
e considerando sua diversidade nas.
sociocultural.

74
Sumário principal

6.1.5 Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
AZEREDO, J.C. (Org.) Língua portuguesa em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1972.
CARNEIRO, A. Dias. Texto em construção: interpretação de texto. São Paulo: Moderna, 1996.
_______. Redação em construção: a escritura do texto. São Paulo: Moderna, 1995.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. A sociedade em rede. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2002.
CASTRO, Celso. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
CEREJA, Willlian Roberto. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2002.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma Introdução à antropologia social. São Paulo: Rocco, 2000.
GERALDI, J.W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1998.
McNALLY, David. Língua, história e luta de classes. In: WOOD, Ellen; FOSTER, John B. Em defesa da história: marxismo
e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.

75
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Artes
Sumário principal

6.2 Artes de lado conteúdos e intertextos que dialo-


gam com o assunto ou a obra em questão.
6.2.1 Contribuição da disciplina Em decorrência desse pensamento surge a
para a formação humana fragmentação dos saberes em detrimento da
valorização dos elementos formais, resultando
“Se queres conhecer o mundo, observa em proposições fechadas e desconsiderando
teu quintal”. os conteúdos e as múltiplas relações que se
Provérbio Chinês estabelecem a partir de sua leitura.

As Artes no universo escolar vivenciaram di- Já na década de 1990 a proposta preconizada


ferentes concepções conceituais do período por Barbosa (1991) considera a Arte não
colonial a contemporaneidade, refletindo e, por somente como expressão, mas como cultura,
vezes, determinando o espaço ocupado por e aponta a necessidade de sua contextuali-
essa disciplina no currículo escolar e as práticas zação e leitura.
instituídas na escola. Afirmamos assim, que a
inserção da Arte na escola se relaciona com o Acreditamos que a Arte na educação escolar
contexto histórico-social, estético e artístico do deve ser considerada em suas dimensões
qual ela se origina. Esse contexto gerou teorias artísticas, estéticas e culturais, englobando
como a da arte como expressão e a da arte como tanto os estudos das obras e suas inserções
conhecimento, que, embora diferenciadas, contextuais, históricas e sociais, quanto o
influenciaram a educação da Arte. acompanhamento das transformações de
sentido realizadas em seus percursos nos
Das propostas educativas do período da Escola diferentes sistemas os quais ela abrange.
Nova e, provavelmente, de leituras superficiais Considera-se assim não somente e ex-
das obras dos teóricos Victor Lowenfeld e clusivamente o sistema da Arte e de suas
Herbert Read, as práticas educativas em Arte, idealizações e definições hegemônicas, mas
até a década de 80, estavam em sua maioria a Arte incluída como bem cultural em sua
reduzidas a um laisse faire, como um “fazer por diversidade de produção étnica, em suas di-
fazer”, concretizado nas chamadas “atividades versas manifestações culturais. Desse modo, a
artísticas”. No final da década de 1980, a Arte é Arte na educação escolar deverá ser pautada
tratada como linguagem, mas com ênfase em em atitudes e experiências pessoais, sociais e
seus aspectos formais específicos, deixando históricas. Ela é uma forma de linguagem que

79
Sumário principal

congrega significações, saberes, expressão o escritor Jorge Miguel Marinho15 diz que
e conteúdo, objetivando a interação e a “[... ] a Arte, junta à inventividade do imaginário
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que e ao registro concreto de real, é apelo coletivo,
a contemplam e/ou participam dela em suas expressão comunitária, espelho de todos e
múltiplas dimensões e constituições. de cada um”. Desnecessário dizer que a Arte
está sempre a favor da vida e, como tantos
No texto “A arte e sua relação com o espaço poetas já insistiram, ela é o sonho que todos nós
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão sonhamos em busca de um ideal. Daí que a sua
que nos interessa sobremaneira quando função mais humana, política e revolucionária
discutimos a contribuição da área das Artes seja revelar que a vida pode ser mais completa e
para a formação humana, segundo o autor “ comunitariamente mais feliz. Por outro lado, nas
[...] a arte não é algo que se oferece, mas ações e transformações que o homem realiza,
é uma potência. É uma sensação que não que envolvem os processos de produções ma-
conclui nos sentidos” (Farias, 1997: p. 3).13 teriais, inserem-se também o que chamaremos
aqui dos “não-materiais”. Trata-se da produção
E então nos perguntamos: em que a expe- de ideias, conceitos, valores, símbolos que
riência da Arte contribui? comportam habilidades, atitudes e hábitos. São
“[... ] produções do saber, seja sobre a natureza,
Para dialogar com nossas possíveis respostas seja sobre o saber, sobre a cultura, isto é, o
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu conjunto da produção humana” (Saviani, 1991,
sobre a função da natureza na importância p. 20) 16. Nesse proceder, de produção de sua
da Arte: “[... ] A necessidade da arte é a prova existência material e não-material, o homem
de que a vida não basta. ”14 pelo trabalho cria o mundo da cultura e se insere
como sujeito de suas próprias ações de caráter
Inventamos a arte, sabemos que ela não se social, cultural e histórico (Ruschel, 2003) 17. É a
esgota em nossos sentidos e, nesse diálogo,

15 Citação extraída do site www. cenpec. org. br/memória.


13 A arte e sua relação com o espaço público. Palestra Artigo: Amigos da escola – A arte é de todos, anexo Com
proferida na abertura do V Encontro Técnico dos Pólos vocês: As Artes! Pág. 05. Em 19 de setembro de 2008 às
da Rede Arte na Escola em 28.04.1997, transformado 12h00.
em texto e publicado no site www. artenaescola.org.br/ 16 Demerval, Saviani. Pedagogia histórico-critica. São
pesquise_artigos. Paulo: Cortez. Autores associados, 1991.
14 Citação extraída do site www.cenpec.org.br/memória. 17 Nunes, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação:
Artigo: A Arte é de todos, pág. 01. Em 19 de setembro formação humana e prática pedagógica. Santa Maria:
de 2008 às 12h00. EditoraUFSM, 2003.

80
Sumário principal

Arte e a cultura mediatizadas e manifestadas Incentivar a pesquisa e a investigação,


por uma variabilidade sígnica, indissociando o possibilitando a identificação e o estabe-
homem da sociedade. Como produção humana, lecimento de relações entre a Arte e as
manifestações artísticas e culturais nos
a Arte e a Ciência sempre andaram juntas, ambas
âmbitos regionais, nacionais e internacio-
lidam com a inventividade, a pesquisa e a busca
nais em diferentes tempos históricos.
do conhecimento, entretanto, enquanto uma
tem de apresentar resultados e comprovações, Possibilitar a observação, a reflexão, a
a outra lida com o simbólico. investigação e o estabelecimento de
relações entre a arte e a realidade.

Desse modo, as manifestações artísticas Fomentar a inserção da Arte e as possi-


favorecem a aproximação da escola com a bilidades que ela apresenta como leitura
comunidade, fazendo ver que o mundo, hoje de mundo.
visto como um espaço muitas vezes opaco, Promover a inserção da Arte como área
é composto de tantas coisas que aquele que de conhecimento da linguagem, estabe-
trabalha com educação pode mediar a capaci- lecendo diálogos com as outras áreas.
dade criativa e a sensibilidade de seus alunos, Criar condições para articular as diferentes
pois essas são competências fundamentais linguagens (visuais, cênicas, musicais e
no mundo do trabalho atual. No desenvolver corporais), compreendendo-as como
de processualidades artísticas, os sujeitos produção cultural inserida nos diversos
entram em contato com elementos que lhe espaços e tempos e em suas múltiplas
formas de manifestação.
fornecem meios para observar, perceber e
atuar no mundo de forma mais ampla. Promover as leituras da Arte a partir de seu
plano de expressão e de seus elementos
em relação e os efeitos de sentido que
6.2.2 Objetivos da disciplina eles edificam.
Explorar nas linguagens artísticas (artes
Possibilitar a compreensão das diversas visuais, artes cênicas, música e dança),
manifestações da arte, suas múltiplas suas faturas, considerando as especifi-
linguagens dos diferentes grupos sociais cidades das técnicas, dos suportes, das
e étnicos, e a interação com o patrimônio materialidades.
nacional e internacional, em sua dimen-
são socio-histórica. Proporcionar espaços/tempos de produ-
ções artísticas, individuais e/ou coletivas,

81
Sumário principal

nas linguagens artísticas (artes visuais, um mapeamento das práticas planejadas


artes cênicas, música e dança) para re- e realizadas nas aulas de Arte pelos profes-
fletir, analisar e compreender os diversos sores. Esse mapeamento é um esboço, um
processos criativos advindos de diferentes primeiro desenho, dos dados coletados
suportes e materialidades. em pesquisa exploratória proposta du-
rante um Colóquio realizado no dia 19
Incentivar a investigação e a vivência das
de junho de 2008 na Escola Maria Ortiz,
linguagens artísticas (artes visuais, artes
no qual estavam presentes as professoras
cênicas, música e dança) a partir das
referências de Artes, professores de Arte
relações construídas por seus elementos
convidados, pedagogos e técnicos da
formadores, na busca pelos sentidos edi-
Sedu e da superintendência, totalizando
ficados nelas, e fruí-la em suas diversas
aproximadamente 54 pessoas.
manifestações.
2. Práticas orientam outras práticas
Humanizar as relações pessoais e inter-
pessoais, promovendo o conhecimento Num processo que considera os diferen-
artístico e estético e o respeito à própria tes fazeres e saberes propostos e vividos
produção e a dos colegas. cotidianamente pelos professores que
compõem a Rede Pública Estadual, esse
Mediar os diálogos entre os diversos
mapeamento possui a pretensão de, num
sujeitos da escola (professores, alunos,
primeiro movimento, dar visibilidade às
técnicos administrativos entre outros) e
diversas práticas relatadas por cada um
os da comunidade sobre as possibilida-
dos professores que atuam nos diferentes
des de inclusão que a Arte proporciona
espaços escolares, nas diversas regiões de
em seus diferentes espaços/tempos de
nosso Estado, para, num segundo movi-
manifestações e vivências.
mento, agrupá-las em eixos que possuem,
cada um, a particularidade de englobar “os
ditos”, “os realizados”, ou seja, respondendo
Eixos da disciplina
a seguinte indagação: quais saberes cir-
Eixos da educação em Artes culam nas escolas? Consideram-se aqui
tanto as presenças como as ausências dos
1. Da proposição e abrangência: saberes que compõem e, acreditamos, de-
vam compor um currículo para a Educação
Os eixos da educação em Artes que irão em Artes. As contribuições de cada um
compor as Diretrizes Curriculares para a dos professores e dos demais integrantes
Educação Básica da Rede Pública Estadual dos grupos de trabalho possibilitaram a
de Ensino do Estado do Espírito Santo são composição dos eixos que, entendemos,

82
Sumário principal

irão nortear o currículo de Artes em nosso 1. Saberes sensíveis, estéticos – históricos


Estado. e culturais
Envolve os saberes da Arte narrados nas
Lembramos que o que se aponta aqui é um Histórias da Arte das diversas culturas,
simulacro metodológico de saberes apresen- considerando as dimensões estéticas e
tados em quatro eixos, que só foram divididos artísticas que as englobam. As culturas
para uma melhor visualização de suas “faces”. a partir de estudos transdisciplinares,
Sendo assim, a divisão apontada considera interculturais e multiculturais. Os artistas e
as interfaces que se formam entre os quatro seus contextos socioculturais e estéticos.
A apreensão da Arte pelo sensível e pelo
eixos e a ausência de hierarquias entre eles.
inteligível. As abordagens da Arte a partir
dos estudos que envolvem as teorias e
Entretanto, reafirmamos que cada um filosofias da Arte. Os bens culturais per-
desses eixos se forma e se reagrupa de tencentes ao patrimônio da humanidade,
modo diferenciado, conforme as propo- incluindo os materiais e os imateriais
sições dos professores em suas aulas de (manifestações populares expressas nas
Artes. Mas entendemos que cada um deles danças, folguedos, alimentação, costu-
mes, entre outros).
é portador e engloba quatro pilares da
Arte imprescindíveis, que devem estar 2. Linguagens artísticas e seus diálogos
presentes em um currículo de Educação As diversas linguagens artísticas, tais
da Arte. Sendo assim, a organização do como: as artes visuais, a música, o teatro
e a dança, considerando as singularida-
planejamento escolar contemplando os
des de suas produções, e os diálogos
eixos é uma orientação metodológica para
estabelecidos entre elas e as demais
o professor planejar as suas aulas, a partir manifestações artísticas e culturais,
de objetivos e conteúdos que englobam como as presentes nas diversas mídias
os quatro pilares de inserção da Arte na em seus diferentes suportes, como as
educação escolar, que envolve: produções gráficas: revistas em geral,
história em quadrinhos, cartazes e outros.
Saberes sensíveis, estéticos – históricos As imagens em movimento do cinema, tv
e culturais e produções, como curtas de animação,
ou em suportes como o computador e
Linguagens artísticas e seus diálogos as diversas tecnologias que são suporte
Expressão/conteúdo material, e obra, como arte cinética, arte
no computador e outros.
Processos de criação

83
Sumário principal

3. Expressão/conteúdo 6.2.3 Principais alternativas


As obras de arte, assim como as demais metodológicas
linguagens, possuem duas dimensões:
um plano de expressão e um plano de
conteúdo. Esses podem ser entendidos 1. Princípio metodológico: da cultura que
como significante e significado, ou habita a escola às culturas que habitam
seja, o primeiro suporta ou expressa o o mundo em seus diferentes tempos
conteúdo com o qual mantém relação – espaços. Da arte que é também uma
de pressuposição recíproca. Nas Artes experiência vivida localmente, que parte
Visuais os elementos básicos do plano de pessoalidades e processualidades em
de expressão são: o ponto, a linha, a cor, diversos âmbitos para outros, de outras
a forma, a superfície, o volume, a textura, vivências e culturas em outros espaços
o espaço, dentre outros que vão formar e tempos. Se cada espaço vivenciado é
os elementos compositivos, tais como: considerado como um espaço de sentido,
orientações e direções espaciais, movi- parte-se do entorno como o da escola,
mento visual, proporção, contraste, ritmo, que se insere na comunidade e essa em
equilíbrio, harmonia, relações figura-fundo outros espaços que a englobam como o
e outros. São os elementos do plano da município, o Estado, a nação, o continente
expressão que, organizados em diferentes e o mundo. Por outro lado, os tempos se
materialidades e suportes, compõem o complementam e dialogam, formando
conteúdo, ou seja, esse só se torna visível uma rede de sentidos para aqueles que
pois é manifestado pela forma. com eles buscam apreendê-lo. Propõe-
se aqui uma aproximação dos diversos
espaços-tempos, das múltiplas experi-
4. Processos de criação ências em Arte para o diálogo dentro da
Envolve os percursos de criação do ser escola, promovendo uma proximidade
humano manifestado na arte pelos artistas com as produções locais e delas com
e suas proposições e práticas. Englobam as outras produções de diferentes estéticas,
etapas, os esboços, os rascunhos, a fatura do estilos, materialidades e modos de fatura.
trabalho, as apropriações da matéria a ser Desse modo o currículo é uma referência
manipulada, as proposições e as aprendiza- e lócus agregador dos conhecimentos
gens decorrentes dessa processualidade. A acumulados pela humanidade, ou seja,
criação em ateliês e os materiais artísticos. considera os espaços e os entre-espaços,
A apropriação de materiais do cotidiano compondo uma rede de informações
em materiais artísticos. As fruições da arte sem uma hierarquia de saberes.
em espaços expositivos.

84
Sumário principal

2. Princípio metodológico: do texto para de expressão e de conteúdo) e essas com


o contexto - A Arte já traz em si um con- o contexto (social, histórico, artístico) e os
texto, uma historia, ela está no mundo. intertextos produzidos e postos em circu-
Propomos como princípio metodológico lação em diferentes suportes e linguagens,
um percurso que parta da obra, a considere que com ela dialogam.
como uma produção textual humana, que
possui uma discursividade, ou seja, uma Considera-se desse modo as marcas pre-
historicidade e uma plasticidade, e esse sentes na obra, tais como o seu estilo, a sua
princípio se fundamenta nos conceitos se- técnica, a sua composição, a distribuição
mióticos propostos por Rebouças (2006)18. da forma, o assunto tratado e até mesmo a
intertextualidade estabelecida entre ela e seu
Como uma teoria da significação, a semi- título. Todas essas marcas textuais pertencem
ótica entende que o sentido se constrói ao seu contexto formador, ou seja, ao macro-
nas relações, ou seja, entre o texto e seu texto que a engloba. Desse modo, as obras
contexto formador. Considera as produções que possuem traços que a caracterizam
humanas como textuais, sendo assim uma como pertencentes a determinado estilo
obra de arte, um filme, um romance, um dialogam entre si, contudo, obras de perío-
espetáculo teatral, musical ou de dança dos e estilos diferenciados também podem
são manifestações textuais. O modo que dialogar, não pelos elementos do plano da
relacionamos uma manifestação textual com expressão que, organizados plasticamente,
outras em seus diversos tempos e espaços compõem um estilo, mas por aproximações
se dá por intermédio de suas inclusões em temáticas. Temos assim vários modos de
seus contextos. Desse modo, trabalhar com leitura e essa depende de como o leitor
Artes envolverá ações de leitura da obra estabelece as relações tanto sensíveis como
de arte, ou das manifestações culturais e inteligíveis com a obra lida, criando uma rede
midiáticas, como um texto que abrange, ao enriquecida pelo repertório de leituras que
mesmo tempo, as relações estabelecidas a possui da Arte e do mundo.
partir de sua estrutura interna (seus planos
A pintura “Retirantes” (1944) de Portinari, por
exemplo, trata do êxodo rural e da busca por
18 Rebouças, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. melhores condições de vida. Esse tema está
In: Cadernos de pesquisa em educação. Nº 24 ano 2006.
Vitória: PPGE, 1995. presente nas figuras do que parece ser uma

85
Sumário principal

família, com traços fisionômicos que carac- interlocuções que permeiam o estudo sobre
terizam a “falta” de comida, de condições a Arte. Para tanto é necessário que o profes-
de saúde, de sobrevivência. As cores são sor, como propositor e mediador das ações
azuladas, cinzas e preto, reiterando no plano educativas da Arte, possibilite o enriqueci-
de expressão o que o conteúdo tematizou. mento de seu próprio repertório artístico/
Essa pintura nos remete, entre outras, à obra cultural e o de seus alunos, aproximando-se
literária “Vidas secas”, de Graciliano Ramos, da Arte e de suas manifestações sociais,
às músicas com a temática do trabalho e da como a frequência a espaços expositivos/
vida no sertão, entre outros diálogos que a culturais de seu município, de seu Estado e,
intertextualidade nos possibilita realizar. se possível, de eventos realizados em outros
estados brasileiros e do exterior, lembrando
Ao assumir essa orientação metodológica que, senão em presença, as visitas podem
em sala de aula, garante-se a participação ser virtuais com o suporte do computador
de outros modos de olhar e outras possíveis e da navegação pela web.

86
Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum – Artes


Competências Gerais do Ensino Fundamental - Por Eixo

Saberes sensíveis, estéticos, Linguagens e seus Plano de expressão e


Processos de criação
históricos, artísticos e culturais diálogos conteúdo
• Compreender as diversas mani- • Compreender a Arte e • Expressar nas diversas • Expressar ideias, emo-
festações da Arte, suas múltiplas as possibilidades que linguagens suas par- ções, sensações, por
linguagens por diferentes gru- ela apresenta como ticularidades, consi- meio da articulação de
pos sociais e étnicos, interagin- leitura de mundo. derando os diversos práticas desenvolvidas
do com o patrimônio nacional e • Compreender para suportes e materiali- individualmente e/ou
internacional, em sua dimensão identificar os diálogos dades, nos contextos coletivamente, em sua
socio-histórica, pesquisando, estabelecidos entre históricos-sociais e elaboração como lin-
identificando e relacionando as outras áreas de co- culturais. guagem expressiva da
essas manifestações artísticas nhecimento, estabele- • Desenvolver leituras percepção, imaginação,
culturais em diferentes tempos cendo conexões entre das diversas manifes- memória, sensibilidade
e espaços históricos. elas. tações da Arte nos e reflexão.
• Relacionar a Arte e a realidade, • Articular as diferentes contextos históricos- • Interagir com varie-
refletindo, investigando, inda- linguagens, compreen- sociais e culturais, por dade de materiais e
gando, com interesse e curiosi- dendo-as como produ- meio de processos fabricados multimeios
dade, exercitando a discussão, ção cultural, inseridas criativos e de reflexão (computador, vídeo,
a sensibilidade, argumentando nos diversos espaços crítica e estética. holografia, cinema, fo-
e apreciando a Arte de modo e tempos e em suas • Apreender as estruturas tografia) , percebendo,
sensível. múltiplas formas de das linguagens em seus analisando e produzin-
• Identificar, relacionar e compre- manifestação. elementos expressivos do trabalhos pessoais
ender diferentes funções da Arte, formadores, conside- e/ou coletivos.
do trabalho e da produção dos rando os conteúdos • Realizar produções
artistas; reconhecendo e investi- gerados a partir de artísticas individuais
gando a variedade dos produtos suas articulações in- e/ou coletivas nas
artísticos e as concepções esté- ternas e contextuais linguagens artísticas,
ticas presentes na história das de criação. refletindo, analisando
diferentes culturas e etnias. e compreendendo
os diversos processos
criativos advindos de
diferentes suportes e
materialidades.

87
Sumário principal

5ª Série

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as • Analisar historicamente as diver- • Arte e patrimônio cultural.
diferentes formas de manifesta- sidades em diferentes tempos e • A Arte e as manifestações artísticas e
ção cultural presentes nas obras espaços. culturais em âmbitos local, regional,
de arte e movimentos artísticos • Refletir sobre as realidades dos di- nacional e internacional, em diferentes
produzidos em diversas culturas ferentes grupos sociais, dialogando tempos históricos, considerando a sua
(regional, nacional e internacional) com as diversas linguagens. dimensão sensível e a sua inserção na
e em diferentes tempos e espaços sociedade (artistas locais, regionais,
da história. nacionais e internacionais, heranças
• Identificar e reconhecer a impor- culturais, grupos regionais , nacionais
tância das manifestações e dos e internacionais, entre outros).
produtores artísticos e culturais • A poética do cotidiano presente nas
como agentes sociais de diferentes manifestações visuais, gestuais, so-
épocas e culturas. noras, cenográficas, em diferentes
• Reconhecer a importância da Arte suportes midiáticos e cinemáticos
e das manifestações culturais na (produções gráficas, televisivas, cine-
sociedade e na vida das pessoas. matográficas e de outras mídias na
interface com as tecnologias).
Linguagens e seus diálogos
• A Arte como linguagem e sua leitura,
• Conhecer e considerar as diversas • Reconhecer as linguagens artísti- considerando seus dois planos forma-
manifestações da Arte em suas cas com outras linguagens e áreas dores: estudo do plano da expressão e
diferentes materialidades: gestuais, de conhecimento criticamente, do conteúdo ( cores, formas, volumes
sonoras, cenográficas e cinestési- contextualizando-a histórica e so- e espacialidades presentes nas obras
cas, presentes na natureza e nas cialmente. de arte e nas artes gráficas, entre ou-
diversas culturas de modo sensí- tros).
vel. • Linguagens artísticas e processos
• Reconhecer, compreender e vi- de criação (experimentações em
venciar em análises, leituras e produções que contemplem as pro-
produções pessoais e/ou coleti- priedades expressivas e construtivas
vas as linguagens artísticas como dos materiais, como as pinturas, os
integrantes dos sistemas artísticos, desenhos, as criações de objetos, as
comunicativos e tecnológicos. instalações, a arte digital, o vídeo, em
fotografias e outras).

88
Sumário principal

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


Plano de expressão e conteúdo
• Compreender, experimentar e res- • Relacionar as diversas linguagens
significar a Arte como linguagem a partir das suas particularidades
e as manifestações artísticas. manifestadas nos diversos supor-
• Conhecer e considerar os planos tes e materialidades (artes visuais,
de expressão e de conteúdo da música, multimeios e outros).
Arte e das manifestações culturais • Desenvolver leituras das diversas
como modos de comunicação e manifestações da Arte nos diversos
sentido. contextos espaciais/temporais.
• Experimentar vivências em pro-
duções pessoais e/ou coletivas, as
propriedades expressivas e cons-
trutivas de materiais, suportes,
instrumentos, procedimentos e
técnicas, manifestados em diversos
meios de comunicação da imagem:
fotografia, cartaz, televisão, vídeo,
histórias em quadrinhos, telas de
computador, publicações, publici-
dade, desenho industrial, desenho
animado, entre outros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesqui- • Vivenciar os diversos processos
sar materiais e técnicas artísticas criativos advindos de diferentes
(pincéis, lápis, giz de cera, papéis, suportes e materialidades.
tintas, argila, goivas) e outros meios • Relacionar ideias através das lin-
(máquinas fotográficas, vídeos, guagens artísticas de percepção,
aparelhos de computação e de imaginação, memória e reflexão,
reprografia). interagindo com materiais diversos
• Criar e construir formas plásticas e e multimeios.
visuais em espaços diversos (bidi-
mensional e tridimensional).

89
Sumário principal

6ª Série

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as diferentes formas de • Compreender a diversi- • Arte e patrimônio cultural.
manifestação cultural presentes nas obras de arte e dade cultural dos povos • A Arte e as manifestações ar-
nos movimentos artísticos, produzidos em diversas indígenas e afro-descen- tísticas, culturais e estilísticas
culturas (regional, nacional e internacional) e em dentes e de etnias nas em âmbitos local, regional,
diferentes tempos e espaços da história. Américas. nacional e internacional, em
• Identificar e reconhecer a importância das manifes- • Posicionar-se critica- diferentes tempos históricos,
tações e dos produtores artísticos e culturais como mente sobre os valores considerando a sua dimensão
agentes sociais de diferentes épocas e culturas. históricos sociais e ide- sensível e os diálogos estabe-
• Reconhecer a importância da Arte e das manifestações ológicos presentes nas lecidos com outras linguagens
culturais na sociedade e na vida das pessoas. produções artísticas. e áreas de conhecimento (ar-
tistas locais, regionais, nacio-
Linguagens e seus diálogos nais e internacionais, heranças
culturais, grupos regionais, na-
• Conhecer e considerar as diversas manifestações • Observar a reflexão pro- cionais e internacionais, entre
da Arte em suas diferentes materialidades: gestuais, vocada pela Arte, em outros).
sonoras, cenográficas e cinestésicas, presentes na suas diferentes situações
natureza e nas diversas culturas de modo sensível. históricas, sociais e cultu- • A poética do cotidiano presen-
rais. Exemplo: Guernica te nas manifestações visuais,
• Reconhecer, compreender e vivenciar em análises, gestuais, sonoras, cenográficas
leituras e produções pessoais e/ou coletivas as lin- – Pablo Picasso.
e cinestésicas, em diferentes
guagens artísticas como integrantes dos sistemas suportes midiáticos e cine-
artísticos, comunicativos e tecnológicos. máticos (produções gráficas,
Plano de expressão e conteúdo televisivas, cinematográficas e
de outras mídias na interface
• Compreender, experimentar e ressignificar a Arte • Desenvolver leituras e com as tecnologias).
como linguagem e as manifestações artísticas. apreender as estruturas • A Arte como linguagem e sua
• Conhecer e considerar os planos de expressão e de das linguagens artísticas leitura considerando seus dois
conteúdo da Arte e das manifestações culturais como e suas manifestações. planos formadores: plano da
modos de comunicação e sentido. expressão e do conteúdo (es-
tudo dos elementos visuais
• Experimentar vivências em produções pessoais e/ou
e suas significações nas pro-
coletivas, as propriedades expressivas e construtivas
duções de artistas plásticos e
dos materiais, suportes, instrumentos, procedimentos
designers).
e técnicas manifestados em diversos meios de co-
municação da imagem: fotografia, cartaz, televisão, • Linguagens artísticas e pro-
vídeo, histórias em quadrinhos, telas de computador, cessos de criação (experimen-
publicações, publicidade, desenho industrial, desenho tações em produções que
animado, entre outros. contemplem as propriedades
expressivas e construtivas dos
Processos de criação materiais, como as pinturas,
os desenhos, as criações de
• Experimentar, utilizar e pesquisar materiais e técnicas • Utilizar as linguagens
objetos, as instalações, a arte
artísticas (pincéis, lápis, giz de cera, papéis, tintas, argila, artísticas, os diversos
digital, o vídeo, em fotografias
goivas) e outros meios (máquinas fotográficas, vídeos, processos criativos, ma-
e outros).
aparelhos de computação e de reprografia). nifestando o desejo de
• Criar e construir formas plásticas e visuais em espaços transformação cultural,
diversos (bidimensional e tridimensional). econômica e social.

90
Sumário principal

7ª Série

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as dife- • Elaborar e organizar os registros pes- • Arte e patrimônio cultural.
rentes formas de manifestação cultural soais das informações sobre a Arte, • A Arte e as manifestações ar-
presentes nas obras de arte e nos reconhecendo e compreendendo a tísticas e culturais, em âmbi-
movimentos artísticos produzidos em diversidade dos produtos artísticos tos local, regional, nacional e
diversas culturas (regional, nacional e presentes nas diversas culturas e etnias internacional, em diferentes
internacional) e em diferentes tempos e em contato com o artista, obras de tempos históricos (artistas lo-
e espaços da história. arte, espaços de arte, meios de comu- cais, regionais, nacionais e in-
• Identificar e reconhecer a importância nicação, a partir de sua concepção ternacionais, heranças culturais,
das manifestações e dos produtores estética. grupos regionais, nacionais e
artísticos e culturais como agentes so- internacionais, entre outros).
ciais de diferentes épocas e culturas. • A poética do cotidiano e seus
• Reconhecer a importância da Arte e suportes midiáticos e cinemá-
das manifestações culturais na socie- ticos (produções gráficas, tele-
dade e na vida das pessoas. visivas, cinematográficas e de
outras mídias na interface com
Linguagens e seus diálogos as tecnologias).
• Conhecer e considerar as diversas • Perceber conexões entre as áreas de • A Arte como linguagem presen-
manifestações da arte em suas diferen- conhecimento através das linguagens te nas manifestações culturais
tes materialidades: gestuais, sonoras, artísticas, estabelecendo múltiplos (pintura, desenho, escultura,
cenográficas e cinestésicas, presentes diálogos; como na dança, música, gravura, instalações artísticas,
na natureza e nas diversas culturas de teatro, artes visuais e linguagens sin- fotografias, vídeos, cerâmica e
modo sensível. créticas. outras) e os seus diálogos.
• Reconhecer, compreender e viven- • Linguagens artísticas e proces-
ciar em analises, leituras e produções sos de criação (pintura, desenho,
pessoais e/ou coletivas as linguagens escultura, gravura, instalações
artísticas como integrantes dos siste- artísticas, fotografias, vídeos,
mas artísticos, comunicativos e tecno- cerâmica e outras).
lógicos.

91
Sumário principal

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


Plano de expressão e conteúdo
• Compreender, experimentar e res- • Identificar as diferentes particularida-
significar a Arte como linguagem e des das manifestações culturais através
as manifestações artísticas. das linguagens expressivas.
• Conhecer e considerar os planos de • Ler textos verbais e não-verbais, de-
expressão e de conteúdo da Arte e das monstrando criticamente as manifes-
manifestações culturais como modos tações culturais, indígenas e etnora-
de comunicação e sentido. ciais, entre outras.
• Experimentar vivências em produções
pessoais e/ou coletivas, as proprie-
dades expressivas e construtivas de
materiais, suportes, instrumentos, pro-
cedimentos e técnicas manifestados
em diversos meios de comunicação da
imagem: fotografia, cartaz, televisão,
vídeo, histórias em quadrinhos, telas
de computador, publicações, publi-
cidade, desenho industrial, desenho
animado, entre outros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesquisar mate- • Pesquisar e utilizar, organizando plas-
riais e técnicas artísticas (pincéis, lápis, ticamente, elementos expressivos de
giz de cera, papéis, tintas, argila, goivas) arte contemporânea, como elementos
e outros meios (máquinas fotográficas, do cotidiano, multimeios, e outros.
vídeos, aparelhos de computação e de
reprografia).
• Criar e construir formas plásticas e
visuais em espaços diversos (bidimen-
sional e tridimensional).

92
Sumário principal

8ª Série

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as diferentes formas de • Associar e investigar os ele- • Arte e patrimônio cul-
manifestação cultural presentes nas obras de arte e nos mentos dos diversos saberes tural.
movimentos artísticos, produzidos em diversas culturas sensíveis, estéticos, históricos, • A Arte e as manifestações
(regional, nacional e internacional) e em diferentes tempos espaços (local, regional, na- artísticas e culturais, em
e espaços da história. cional e internacional). âmbitos local, regional,
• Identificar e reconhecer a importância das manifestações nacional e internacional,
e dos produtores artísticos e culturais como agentes em diferentes tempos
sociais de diferentes épocas e culturas. históricos (artistas locais,
• Reconhecer a importância da arte e das manifestações regionais, nacionais e in-
culturais na sociedade e na vida das pessoas. ternacionais, heranças
culturais, grupos regio-
Linguagens e seus diálogos nais, nacionais e interna-
• Conhecer e considerar as diversas manifestações da arte • Articular as diferentes lin- cionais, entre outros).
em suas diferentes materialidades: gestuais, sonoras, guagens, compreendendo- • A poética do cotidiano
cenográficas e cinestésicas, presentes na natureza e nas as como produção cultural, em suportes midiáticos e
diversas culturas de modo sensível. inseridas nos seus diversos cinemáticos (produções
• Reconhecer, compreender e vivenciar em análises, lei- espaços e tempos em suas gráficas, televisivas, cine-
turas e produções pessoais e/ou coletivas as linguagens múltiplas formas de mani- matográficas e de outras
artísticas como integrantes dos sistemas artísticos, co- festações (indígenas, étnico- mídias na interface com
municativos e tecnológicos. sociais, inclusivas, entre ou- as tecnologias).
tras).
• A Arte como linguagem
Plano de expressão e conteúdo presente nas manifesta-
• Compreender, experimentar e ressignificar a Arte como • Apreender as estruturas das ções culturais (pintura,
linguagem e as manifestações artísticas. linguagens em seus elemen- desenho, escultura, gra-
vura, instalações artísti-
• Conhecer e considerar os planos de expressão e de tos expressivos formadores. cas, fotografias, vídeos,
conteúdo da Arte e das manifestações culturais como • Absorver a significação ge- cerâmica e outras) e os
modos de comunicação e sentido. rada a partir de suas articu- seus diálogos.
• Experimentar vivências em produções pessoais e/ou lações, entre os planos de • Linguagens artísticas
coletivas, as propriedades expressivas e construtivas de expressão de contexto. e processos de criação
materiais, suportes, instrumentos, procedimentos e téc- (pintura, desenho, escul-
nicas, manifestados em diversos meios de comunicação tura, gravura, instalações
da imagem: fotografia, cartaz, televisão, vídeo, histórias artísticas, fotografias,
em quadrinhos, telas de computador, publicações, pu- vídeos, cerâmica e ou-
blicidade, desenho industrial, desenho animado, entre tras).
outros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesquisar materiais e técnicas • Interagir com variedade de
artísticas (pincéis, lápis, giz de cera, papéis, tintas, argila, materiais naturais e fabrica-
goivas) e outros meios (máquinas fotográficas, vídeos, dos, multimeios (computa-
aparelhos de computação e de reprografia). dor, vídeo, holografia, cinema,
• Criar e construir formas plásticas e visuais em espaços fotografia, e outros), realizan-
diversos (bidimensional e tridimensional). do e produzindo trabalhos
pessoais e/ ou coletivos.

93
Sumário principal

6.2.5 Referências

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
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MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
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94
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Língua Estrangeira Moderna - Inglês
Sumário principal

6.3 Língua Estrangeira línguas e culturas, a proteção de soberanias


Moderna - Inglês nacionais e a promoção da educação, da
ciência e da cultura por meio do ensino
6.3.1 Contribuição da disciplina de Língua Estrangeira.
para a formação humana
É de se perguntar: em que medida o ensino
O ensino da disciplina Língua Estrangeira/ de Língua Estrangeira está ligado à promoção
Inglês tem por finalidade, sobretudo, a comu- da educação e da cultura? De qual cultura?
nicação entre as pessoas, entre os povos. Isso Da própria ou da estrangeira?
porque se trata de uma língua multinacional
falada por mais de um bilhão e meio de Saber falar Inglês não garante automatica-
pessoas. Além disso, é usada em mais de mente os benefícios da globalização, mas
setenta por cento das publicações científicas, não o saber é garantia de exclusão.
sendo a língua do trabalho na maioria das
organizações internacionais. Ademais, o E , devido ao uso do Inglês como língua de
inglês é o idioma mais ensinado no mundo: comunicação na comunidade científica mun-
também por esse motivo seu aprendizado dial, os saberes científicos e tecnológicos (que
pode levar o aluno a experienciar diversas por definição se renovam ininterruptamente)
culturas e linguagens. não podem ser suficientemente adquiridos
se o inglês não for usado. Como aquisição
A linguagem faz parte do nosso viver bio- “suficiente” entendo: a possibilidade de que
lógico, linguístico e cultural e deve ser, as informações sejam adquiridas de modo
portanto, preservada. Enquanto algumas amplo e a tempo, de modo a proporcionar
línguas se encontram em posição segura e uma perspectiva atual e uma possibilidade
privilegiada, outras (as indígenas e as africa- de participação ativa e crítica no processo
nas, por exemplo) podem ser reconhecidas de produção dos saberes.
em uma posição de perigo, necessitando de
que se atue em sua preservação. Conforme Portanto, ensinar Inglês como língua mul-
Tsuda (apud Leffa, 2001), o paradigma da tinacional, como comunicação e interação
inclusão envolve a igualdade dos Direitos social inclui uma mudança na pedagogia
Humanos na comunicação, no multilin- tradicionalmente dedicada ao ensino desta
gualismo, assim como a manutenção de língua. No ensino contemporâneo de Língua

97
Sumário principal

Estrangeira, implica considerar: a) as varie- (ouvir, ler, falar e escrever). Isso porque
dades do Inglês no mundo; b) o ensino do o objetivo não é apenas de se formarem
Inglês para a produção; c) o ensino do Inglês leitores, mas também interlocutores.
para fins específicos. Em âmbito internacional, a situação de
ensino com foco apenas na leitura em
geral reforça a ideia de que as informa-
a) As variedades do Inglês no mundo
ções devem fluir unilateralmente dos
Variedades e sotaques: Ao se considera-
países desenvolvidos para aqueles em
rem as variedades do Inglês no mundo é
desenvolvimento, disseminando a arte,
preciso aceitar as diferentes pronúncias
a cultura e a ciência em apenas uma
e sotaques, porque uma das finalidades
direção (Cf. Leffa, 2001). Por esse motivo,
ao se aprender uma língua é também
e sobretudo quando não se atenta à
a comunicação e linguagem, isto é, a
escolha dos textos a serem lidos, tal
interação social entre as pessoas. Além
enfoque não dialoga com a realidade dos
disso, é fundamental que se desenvolva
alunos, que, segundo pesquisas feitas
a capacidade de percepção e de crítica
recentemente em escolas públicas, o
construtiva das diferenças entre as cul-
interesse maior dos alunos é aprender
turas, bem como o desenvolvimento
a falar, seguido das outras habilidades.
da tolerância pelas diferenças. Esses
aspectos favorecem a autoconsciência c) O ensino do Inglês para fins específicos
e contribuem para que o aluno aprenda O ensino para fins específicos deve ser
a se expressar em língua estrangeira conduzido de modo a atender às neces-
quanto às tarefas relevantes à sua vida; sidades mais diretas dos alunos quanto
e que tal expressão contribua para a sua ao mercado de trabalho e/ou quanto à
realização; por exemplo, seria interes- aquisição de conhecimentos acadêmicos.
sante mostrar ao aluno as pronúncias Considerando ambos os aspectos, é pre-
de falantes indianos, espanhóis, portu- ciso refletir criticamente sobre o efetivo
gueses, eslavos, canadenses, italianos ensino de Língua Estrangeira na escola
etc., que conservam a sua identidade pública. Esse ensino é de fundamental
e conseguem se comunicar em língua importância para o desenvolvimento das
inglesa. Hoje já não se fala somente o capacidades cognitivas, culturais, afetivas
Inglês da rainha. e sociais do aluno em formação. Tal ensino
constitui um instrumento que pode de
b) O ensino do Inglês para a produção
fato auxiliar numa melhor qualidade de
Quanto ao ensino do Inglês para a
vida e de trabalho de que é merecedor
produção, há que se considerar o de-
todo cidadão.
senvolvimento das quatro habilidades

98
Sumário principal

“Que mais aprendemos quando aprendemos A orientação comunicativa, que vem


outra língua?” (ALMEIDA FILHO, 2003). passando por muitas versões desde a sua
introdução no Brasil em finais dos anos 70,
É notória a contribuição da disciplina Língua é marcada pelo uso da língua-alvo em sala
Estrangeira nos ensinos Fundamental e Médio de aula pelo professor e pelos alunos, e a
da escola pública quando se tem um objetivo interação significativa entre eles constitui
claro, uma metodologia adequada à realidade o foco principal. As funções comunicativas
do professor e do aluno. A sociedade reconhe- do início do movimento metodológico, tais
ce o valor do ensino de Língua Estrangeira na como cumprimentar, trocar informações
formação integral do aluno, como o acesso pessoais, perguntar e responder sobre fatos
a outras culturas, a melhores condições de corriqueiros, tornaram-se o eixo organizativo
trabalho, além do desenvolvimento do pro- do currículo. Tais funções consistiam, na
cesso humanizador de respeito à diversidade verdade, de dramatizações que, normal-
cultural e do despertar da capacidade criativa mente, em situações reais não aconteciam
quando o aluno usa um outro idioma por e esse tipo de ensino nem chegou a muitos
meio da comunicação. contextos de ensino no Brasil.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a apren- Hoje, o ensino comunicacional apresenta
dizagem de uma Língua Estrangeira pode outra versão. A globalização dos meios de
promover a aquisição de hábitos intelectuais, comunicação facilitaram os canais para
de conhecimentos culturais e humanísticos, um ensino sociointerativo do Inglês na
o desenvolvimento do respeito à pluralidade escola, principalmente no aspecto relati-
linguística e cultural do Brasil e dos países vo à valorização e ao reconhecimento da
onde se fala a língua inglesa. A posição do necessidade do ensino eficaz no âmbito
Inglês como a língua falada em diferentes das escolas públicas. As teorias retratam
países, por aproximadamente 375 milhões de resultados de pesquisas sobre a qualidade
falantes do idioma como segunda língua, 350 ou ineficácia do ensino (cf. Almeida Filho,
milhões de falantes nativos e 750 milhões de 1999, 2003; Vieira Abrahão, 1996), as crenças
pessoas que fazem uso da língua inglesa como de professores e alunos e as competências
língua estrangeira, reflete a necessidade de os de ensinar (Alvarenga, 1999; Basso, 1999)
alunos de escola pública também aprenderem e a busca por uma educação por meio do
a se comunicar nesse idioma. ensino da Língua Estrangeira de melhor

99
Sumário principal

qualidade com o uso de jogos e projetos participação e a orientação do professor, a


em sala de aula (Tardin Cardoso, 1992; 1996; interação significativa entre os alunos e o
2002) e da abordagem do ensino por tarefas professor constituem fatores fundamentais
(Prabhu, 1987). para a eficácia do processo de adquirir a
língua a que estão expostos.
Dessa forma, pode-se realmente admitir
que, na sala de língua estrangeira moderna, Ainda nessa orientação metodológica, o
existem dimensões de caráter pedagógico, fazer e o refletir sobre o fazer, as relações
cultural, social e afetivo. Trata-se de um lugar entre forma e uso da língua-alvo e o reco-
de crescimento e de autoconhecimento e as nhecimento de diferentes modalidades de
tarefas propostas devem atingir as múltiplas gêneros textuais devem estar presentes na
capacidades dos alunos em formação. O construção da autonomia do aluno, que é
gráfico a seguir ilustra as dimensões de uma o autor, o responsável pela construção do
sala de aula de ensino de Língua Estrangeira seu conhecimento.
contemporânea.
Já no Ensino Médio, quando os alunos vêm
Dimensão Dimensão
Cultural Pessoal com essa consciência do “aprender a apren-
der” (Ellis & Sinclair, 1989), as tarefas devem
SALA DE AULA oportunizar situações de desenvolvimento
SOCIOINTERATIVA da reflexão crítica, pois encontram-se em
Dimensão Dimensão
Pedagógica Afetiva uma fase de tomada de decisão concernente
ao seu futuro profissional, tanto para os que
Dimensão
Social ingressarão no mercado de trabalho logo
após o Ensino Médio, quanto para os que
A orientação do ensino atual focaliza o pro- ingressarão em um curso universitário que
cesso de aprender por meio de diferentes atuará na sua formação profissional.
tarefas em que os alunos usam a língua-alvo
para negociar e construir conhecimentos. Dessa forma, as escolhas metodológicas e
São tarefas como: jogos, projetos em sala a escolha de conteúdos devem atender às
de aula, leitura e interpretação de textos, necessidades e aos interesses desses alunos
músicas, filmes, produção textual mediadas para crescerem como pessoas em estágio
pela oralidade nas quais o envolvimento, a de humanização, ampliando suas visões

100
Sumário principal

para com a ciência, a cultura e o mundo do semântico e pragmático) que o aluno


trabalho, onde os múltiplos conhecimentos construiu e/ou vem construindo em sua
se apreendem ao longo da vida. língua materna.
construir significados na nova língua que
aos poucos se vai desestrangeirizando,
6.3.2 Objetivos da disciplina pois vai percebendo-a mais próxima,
mais real.
Conscientizar professores e alunos de que a utilizar as habilidades globais de comu-
aprendizagem de Língua Estrangeira envolve nicação (leitura, compreensão oral, fala
a igualdade dos direitos humanos na comuni- e escrita) em tarefas sociointerativas
cação, no multilingualismo, a manutenção de dentro e nas extensões da sala de aula,
línguas e culturas e a promoção da educação procurando estar em contato o máximo
integral do aluno por meio do ensino de que puder com a Língua Estrangeira.
Língua Estrangeira. ampliar o seu conhecimento de mundo
por meio de exposição, familiarização e
Considerando todos esses aspectos, temos comparação com outras culturas onde
em mente que o ensino de Língua Estran- se fala a língua inglesa.
geira objetiva levar o aluno a: desenvolver o conhecimento e a com-
preensão acerca da organização textual
reconhecer no Estado do Espírito Santo e e a intertextualidade em diferentes
no Brasil as diversas línguas estrangeiras gêneros discursivos e tipologia textual,
que o rodeiam como forma de comuni- como forma de desenvolver a consciência
cação, percebendo o papel sociocultural linguística do aluno.
e histórico das mesmas na constituição
do Estado e do país. perceber que os significados são cons-
truídos por quem lê, escreve, ouve e fala,
aprender a usar adequadamente a língua- ou melhor, pelos participantes do mundo
alvo em situações reais de comunicação, social; que o texto é mais fácil ou mais difícil
por meio de atividades que se asseme- conforme a experiência e o conhecimento
lham ao que acontece na vida fora da do mundo de quem o lê.
sala de aula.
desenvolver a autonomia, o prazer e o
aumentar o conhecimento sistêmico interesse por continuar a aprender após
(lexical, fonético, fonológico, sintático, ter concluído seus estudos na escola.

101
Sumário principal

6.3.3 Principais alternativas Há, entretanto, um outro aspecto que deve


metodológicas ser considerado no ensinoaprendizagem
de línguas. Trata-se do esforço do aluno. O
“A forma da língua é melhor aprendida quan- esforço que o aluno faz para compreender
do a atenção do aluno está no significado e negociar sentidos nas tarefas propostas
e não somente na forma“ (PRABHU, 1987 por meio da comunicação em Língua Es-
- nossa tradução). trangeira. Esse aspecto pode revelar uma
base significativa na junção das atividades
Partindo do princípio de que não existe o de ensino com as teorias propostas.
melhor método, torna-se relevante ponderar
que na pedagogia da linguagem é comum Como já foi dito, não existe o melhor
focalizar a atenção ou nas atividades de método. Existem procedimentos que
ensino ou nas teorias de aprendizagem. foram mais eficazes em cada método,
Relacionado às atividades de ensino está o em aulas de Língua Estrangeira e que,
papel do professor e dos alunos em sala de possivelmente, poderão proporcionar a
aula. No que se refere às teorias de apren- aquisição do conteúdo trabalhado em
dizagem, vêm-nos à mente as habilidades momentos de comunicação, na interação
que o aluno pode desenvolver durante a entre os alunos, que envolve um alto grau
exposição, a participação nas atividades e de imprevisibilidade e criatividade na forma
o uso da língua-alvo. e na mensagem.

Tais áreas de discussão pedagógica constituem O que estamos propondo nesse trabalho de
as duas dimensões do método. Um método é, inovação curricular é o reconhecimento da
segundo Prabhu (1987), um conjunto de pro- abordagem comunicacional fundamentada
cedimentos para o professor realizar em uma nos seguintes princípios:
aula, e, em outra dimensão, um conceito ou
uma teoria de ensino de línguas que informa 1. O uso da língua-alvo em sala de aula des-
ou justifica aqueles procedimentos. Portanto, de as séries iniciais em tarefas baseadas
na realidade.
existem diferentes visões na pedagogia das
línguas como diferentes métodos, diferentes 2. O desenvolvimento da competência co-
combinações de procedimentos de ensino municativa (que abrange conhecimentos
e teoria de aprendizagem. gramaticais implícitos nas mensagens,

102
Sumário principal

conhecimento discursivo, estratégico o aluno aprende a falar, falando e realizan-


e sociocultural) constitui o objetivo do do tarefas que exigem atenção, memória,
processo do ensino/aprendizagem. percepção no desempenho comunicativo
3. A interação entre os aprendizes e o pro- sob a orientação e participação do professor,
fessor constitui o objetivo das práticas também envolvido no processo.
didáticas.
4. As tarefas devem propiciar o desenvolvi- Não se pode esquecer ainda dos trabalhos
mento das habilidades que se ampliam com projetos em sala de aula, de inspiração
por meio da prática da leitura, da escrita, na abordagem por projetos de Hernandez
da expressão oral e da compreensão. (2000), Hutchinson (1990) e Tardin Cardoso
(1992).
Uma outra alternativa metodológica que
propomos em nosso trabalho está basea-
Além dessas diferentes abordagens propomos
da na abordagem “Ensino por tarefas” do
ainda outras atividades com músicas, desem-
linguista aplicado Nagore Prabhu (1987).
penho de papéis (Role Playing Games - RPG)
Esse renomado autor desenvolveu o projeto
e filmes cujos resultados são cientificamente
Bangalore de ensino de língua inglesa em
comprovados como eficazes, desde que haja
escolas na Índia, o qual consta de tarefas
um planejamento e uma implementação
baseadas nas atividades que ocorrem na vida
adequados dos mesmos.
real do aluno. Nessa abordagem de ensinar,

103
Sumário principal

6.3.4 Conteúdo Básico Comum – Inglês


5ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos Primeiros contatos com a língua
desde o início do curso em tarefas e atuais com vários registros lin- estrangeira
interativas relevantes à realidade guísticos por serem portadores de • Conscientização sobre as diferentes
do aluno. identidades culturais. línguas estrangeiras existentes no
• Aproximar o aluno das várias cul- • Compreender a leitura de textos em Espírito Santo; incentivo ao estudo
turas para ampliar sua visão de uma concepção interacionista para da língua inglesa; apresentação de
mundo. melhorar suas próprias produções informações pessoais.
• Valorizar a Língua Estrangeira como linguístico-textuais.
forma de expressão multicultural. • Produzir textos informativos. A importância do Inglês em
• Entender as diferentes linguagens • Entender e dar informações em nosso dia a dia
como meio possibilitador de cons- situações informais. • Conscientização sobre a influência
trução de novos conhecimentos. • Usar dicionários e enciclopédias. do Inglês no cotidiano do aluno;
• Aprender a negociar significados • Ler textos não-verbais (mapas, gráfi- relação entre fusos horários em di-
e solucionar problemas em Língua cos, diagramas, fluxogramas, vídeos, ferentes lugares do mundo; estudo
Estrangeira. fotos, quadros artísticos etc.). com mapas.
• Compreender textos escritos em • Relacionar imagem e texto.
Língua Estrangeira. O ambiente escolar
• Localizar ideias principais em textos
• Analisar criticamente diferentes de níveis de compreensão varia- • Denominação de objetos presentes
gêneros discursivos, como textos dos. na sala de aula; denominação do es-
literários, artigos, notícias, receitas, paço físico da escola e dos profissio-
rótulos, diálogos, canções etc. • Resumir artigos.
nais que nela atuam; denominação
• Avaliar ações, percebendo os aspec- • Compreender regras e instruções de formas geométricas.
tos verbais para pedido, obrigação (manuais, rótulos de embalagens,
e conselho. jogos etc.).
• Expressar-se usando pronúncia e Valorizando o ambiente familiar
• Conhecer diferentes culturas, valo-
rizando a cultura brasileira. entonação apropriadas. • Denominação do espaço familiar
• Ouvir e compreender mensagens (moradia e mobília); apresentação
• Diferenciar fatos de opiniões. dos membros da família; identifica-
em língua inglesa.
• Reconhecer a linguagem das pro- ção de ambientes públicos e suas
pagandas. • Usar a língua-alvo em diferentes localidades.
contextos.
• Identificar as diferentes intenções
dos autores.

104
Sumário principal

6ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos Minha comunidade
desde o início do curso em tarefas e atuais com vários registros lin- • Denominação em língua inglesa dos
interativas relevantes à realidade guísticos por serem portadores diferentes espaços comerciais e comu-
do aluno. de identidades culturais. nitários que existem na comunidade
• Aproximar o aluno das várias cul- • Compreender a leitura de textos (igreja, escola, supermercado ou venda,
turas para ampliar sua visão de em uma concepção interacionista lojas, farmácia, feira, padaria etc.); rela-
mundo. para melhorar suas próprias pro- ção entre esses espaços e ações que
• Valorizar a Língua Estrangeira como duções linguístico-textuais. neles ocorrem.
forma de expressão multicultural. • Produzir textos informativos.
• Entender as diferentes linguagens • Entender e dar informações em Alimentação saudável
como meio possibilitador de cons- situações informais. • Denominação de diferentes alimentos
trução de novos conhecimentos. • Usar dicionários e enciclopédias. e seus preços; reflexão sobre diversas
• Aprender a negociar significados • Ler textos não-verbais (mapas, opções na hora de realizar uma compra;
e solucionar problemas em Língua gráficos, diagramas, fluxogramas, denominação de diferentes refeições;
Estrangeira. vídeos, fotos, quadros artísticos identificação de hábitos alimentares
• Compreender textos escritos em etc.). em diferentes culturas.
Língua Estrangeira. • Relacionar imagem e texto.
• Analisar criticamente diferentes • Localizar ideias principais em Esporte e saúde
gêneros discursivos, como textos textos de níveis de compreensão • Denominação dos diferentes esportes;
literários, artigos, notícias, receitas, variados. relação entre esporte e a ação corres-
rótulos, diálogos, canções etc. pondente; identificação de modali-
• Resumir artigos.
• Avaliar ações, percebendo os as- dades esportivas na comunidade, no
pectos verbais para pedido, obri- • Compreender regras e instruções Brasil e no mundo; reconhecimento
gação e conselho. (manuais, rótulos de embalagens, dos esportes paraolímpicos.
jogos etc.).
• Conhecer diferentes culturas, va-
lorizando a cultura brasileira. • Expressar-se usando pronúncia e
entonação apropriadas. Lazer e meio ambiente
• Diferenciar fatos de opiniões. • Denominação dos locais de lazer natu-
• Ouvir e compreender mensagens
• Reconhecer a linguagem das pro- em língua inglesa. rais e urbanos (praias, parques, praças,
pagandas. campos de futebol, lagoas, cachoeiras,
• Usar a língua-alvo em diferentes shoppings, cinemas, teatros etc.); re-
• Identificar as diferentes intenções contextos.
dos autores. lação entre esses espaços e o que se
pode praticar neles (o que fazer e onde);
identificação dos espaços de lazer em
relação a horários de funcionamento,
localização, tarifas etc.

105
Sumário principal

7ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos Quem sou eu
desde o início do curso em tarefas e atuais com vários registros lin- • Coleta de informações pessoais (ativi-
interativas relevantes à realidade guísticos por serem portadores dades de que gosto ou não de realizar,
do aluno. de identidades culturais. lazer, estilo de música favorito, leitura);
• Aproximar o aluno das várias cul- • Compreender a leitura de textos identificação de dados pessoais (origem,
turas para ampliar sua visão de em uma concepção interacionista idade, endereço, aniversário, telefone
mundo. para melhorar suas próprias pro- etc.).
• Valorizar a Língua Estrangeira duções linguístico-textuais.
como forma de expressão mul- • Produzir textos informativos. Meio ambiente e globalização
ticultural. • Entender e dar informações em • Identificação dos fenômenos naturais;
• Entender as diferentes linguagens situações informais. reconhecimento das mudanças climáti-
como meio possibilitador de cons- • Usar dicionários e enciclopédias. cas – aquecimento global; reflexão sobre
trução de novos conhecimen- os impactos ambientais causados por
tos. • Ler textos não-verbais (mapas,
gráficos, diagramas, fluxogramas, poluição, desmatamento, queimadas,
• Aprender a negociar significados vídeos, fotos, quadros artísticos lixo, erosões, lixo nuclear etc.
e solucionar problemas em Língua etc.).
Estrangeira.
• Relacionar imagem e texto. Comparando culturas
• Compreender textos escritos em e valorizando o Brasil
Língua Estrangeira. • Localizar ideias principais em
textos de níveis de compreensão • Identificação de datas comemorativas
• Analisar criticamente diferentes variados. em culturas e países diferentes; leitura
gêneros discursivos, como textos de mapas, localizando os países pes-
literários, artigos, notícias, receitas, • Resumir artigos.
quisados e os de língua inglesa; relação
rótulos, diálogos, canções etc. • Compreender regras e instruções com nomes de países, nacionalidades
• Avaliar ações, percebendo os (manuais, rótulos de embalagens, e línguas.
aspectos verbais para pedido, jogos etc.).
obrigação e conselho. • Expressar-se usando pronúncia e
entonação apropriadas. Pessoas que influenciaram o mundo
• Conhecer diferentes culturas, va-
lorizando a cultura brasileira. • Ouvir e compreender mensagens • Identificação de grandes personalidades
em língua inglesa. que contribuíram para melhorias so-
• Diferenciar fatos de opiniões. ciais, políticas e econômicas no mundo;
• Reconhecer a linguagem das pro- • Usar a língua-alvo em diferentes identificação dos movimentos sociais
pagandas. contextos. e culturais da sociedade (movimentos
• Identificar as diferentes intenções étnico-raciais e indígenas).
dos autores.

106
Sumário principal

8ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos e atu- O que você faz
desde o início do curso em tarefas ais com vários registros linguísticos • Identificação e descrição de profis-
interativas relevantes à realidade do por serem portadores de identidades sões e locais de trabalho; prepara-
aluno. culturais. ção de listas de profissões relevan-
• Aproximar o aluno das várias culturas • Compreender a leitura de textos em tes para os alunos; reflexão sobre
para ampliar sua visão de mundo. uma concepção interacionista para diferenças salariais no Brasil.
• Valorizar a Língua Estrangeira como melhorar suas próprias produções
forma de expressão multicultural. linguístico-textuais.
Planejando o futuro
• Entender as diferentes linguagens • Produzir textos informativos.
• Reflexões acerca do futuro; pen-
como meio possibilitador de cons- • Entender e dar informações em si- samentos sobre o mundo em que
trução de novos conhecimentos. tuações informais. gostaria de viver; sugestões de me-
• Aprender a negociar significados • Usar dicionários e enciclopédias. lhorias na própria comunidade;
e solucionar problemas em Língua • Ler textos não-verbais (mapas, gráfi- formulação de instruções verbais
Estrangeira. cos, diagramas, fluxogramas, vídeos, para completar ou desenhar gra-
• Compreender textos escritos em fotos, quadros artísticos etc.). vuras.
Língua Estrangeira. • Relacionar imagem e texto.
• Analisar criticamente diferentes • Localizar ideias principais em textos Organização do dia-a-dia
gêneros discursivos, como textos de níveis de compreensão varia- • Reflexão sobre a organização de ta-
literários, artigos, notícias, receitas, dos. refas diárias, semanais e planos para
rótulos, diálogos, canções etc. futuro próximo; conhecimento e
• Resumir artigos.
• Avaliar ações, percebendo os aspec- divulgação de programas culturais
tos verbais para pedido, obrigação • Compreender regras e instruções locais.
e conselho. (manuais, rótulos de embalagens,
jogos etc.).
• Conhecer diferentes culturas, valo- Comunicação e tecnologia
rizando a cultura brasileira. • Expressar-se usando pronúncia e
entonação apropriadas. • Identificação dos meios tecnológi-
• Diferenciar fatos de opiniões. cos de comunicação existentes no
• Ouvir e compreender mensagens
• Reconhecer a linguagem das pro- em língua inglesa. meio urbano e rural; utilização dos
pagandas. meios tecnológicos no aprendiza-
• Usar a língua-alvo em diferentes do da Língua Estrangeira; utilização
• Identificar as diferentes intenções contextos.
dos autores. dos meios tecnológicos na vida
diária.

107
Sumário principal

6.3.5 Referências
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WIDDOWSON, H. G. Knowledge of language and ability for use. Applied Linguistics, 10/2,128-3, 1980.

108
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Educação Física
Sumário principal

6.4 Educação Física e pelas teorias sociológicas da educação,


esse movimento questiona o papel dessa
6.4.1 Contribuição da disciplina disciplina na sociedade e desencadeia a
para a formação humana produção de teorias pedagógicas críticas,
que contribuem para o desenvolvimento de
A inserção da Educação Física como com- profundas mudanças no entendimento do
ponente curricular remonta aos próprios que venha a ser o ensino desse componente
primórdios da escola moderna, influenciada curricular.
por um conjunto de fatores, todos eles con-
dicionados pela emergência de uma nova Foi com base nessas teorias críticas e na
ordem social existente nos séculos XVIII e Ementa Curricular dessa disciplina19 que
XIX. Dentre esses fatores esteve o desenvol- traçamos a concepção de ensino da Edu-
vimento da Ciência Moderna, que faz com cação Física deste documento curricular.
que a Medicina construa uma outra visão de Apropriamo-nos da compreensão de Soares
corpo, dando importância ao movimento et al (1992) de que a cultura corporal humana
como forma de manter e promover a saúde, é um conhecimento socio-histórico produ-
privilegiando o conhecimento biológico do zido e acumulado pela humanidade que ao
funcionamento do corpo, embora houvesse mesmo tempo em que o homem constrói
clareza sobre as repercussões disso no com- a sua corporiedade ele também produz e
portamento (Bracht, 2001). reproduz uma cultura. Além disso, nos apoia-
mos no conceito de componente curricular
Até os anos de 1970, a estreita relação entre descrito por Caparroz (2001) e Souza Júnior
Educação Física e saúde e Educação Física e (2001) de que é conjunto de conhecimen-
esporte se constitui como principal referência tos sistematizados que deverão promover
para professores e alunos dos ensinos Fun- uma reflexão acerca de uma dimensão da
damental e Médio, que priorizavam o desen- cultura com a finalidade de contribuir para
volvimento do aspecto biológico do aluno. a formação cultural do aluno.
Essa concepção, denominada de biologicista,
ainda predominante no ensino da Educa- 19 A Ementa Curricular da Educação Física foi aprovada em
2004 no Seminário Regional de Avaliação das Ementas
ção Física, foi fortemente questionada nos Curriculares, desenvolvido pela Secretaria de Estado
anos de 1980 pelo “Movimento Renovador”. da Educação do Espírito Santo (Sedu) , fruto das ações
dessa secretaria para a escrita da proposta curricular
Influenciado por um contexto sociopolítico desta rede de ensino.

111
Sumário principal

Diante disso, entendemos a Educação Física Educação Física na formação humana, na


enquanto componente curricular que tem construção de uma postura reflexiva sobre o
como objeto a reflexão pedagógica sobre mundo do trabalho. Além disso, reconhece
o acervo da cultura corporal humana, pro- o eixo ciência na realização da transposição
duzido ao longo da história, como forma do saber comum ao saber sistematizado e
de representação simbólica presente na contextualizado.
linguagem corporal.
A Educação Física escolar encontra-se desafia-
Essa concepção de ensino colabora para da a desenvolver uma proposta pedagógica
uma compreensão dessa disciplina numa coerente com a realidade, sem fugir às inten-
dimensão educacional mais ampla, com cionalidades de desenvolvimento do cidadão
interfaces nos diferentes campos de sa- crítico. Com isso, o professor, que não é mais
beres, como área que tematiza/aborda as compreendido como reprodutor de técnicas,
atividades corporais em suas dimensões vive em um contexto sociopolítico e é tomado
culturais, sociais e biológicas, extrapolando a como referência para a construção de uma
questão da saúde e relacionando-se com as proposta crítica, que só se torna possível,
produções culturais que envolvem aspectos segundo Bracht, 2001, por meio da flexibili-
lúdicos e estéticos. Dessa forma, a Educação zação da atual hegemonia do conhecimento
Física escolar deixa de ter como foco apenas crítico na escola, para que se possa permitir
o esporte ou os exercícios físicos, voltados que outros saberes, que não só os de caráter
para uma perspectiva restrita à promoção da conceitual ou intelectual, se legitimem. Dessa
aptidão física e ao desempenho de atividade forma, devemos compreender o que significa
física, tomando a ideia de que a linguagem a construção de uma proposta crítica de
humana é produto da cultura e que a co- Educação Física, que segundo Bracht (2001,
municação é um processo cultural. Sendo p. 77) “a ideia de criticidade é uma ideia muito
assim, entende-se a expressão corporal fortemente centrada na ideia de razão, ou de
como linguagem, conhecimento universal racionalidade como uma dimensão intelec-
e patrimônio da humanidade, que precisa ser tual”. Essa ideia da racionalidade possibilita
transmitido e assimilado pelos alunos. Essa a criação de uma educação que valoriza a
visão contempla o eixo da cultura, mas não esfera intelectual em detrimento da corporal,
descarta o eixo do trabalho que surge como assim, “a recuperação do corpo como sujeito
possibilidade de garantir a contribuição da pode fazer com que reformulemos o nosso

112
Sumário principal

conceito de criticidade, ampliemos o nosso cultura corporal humana, de maneira que


conceito de razão, englobando as dimensões nele possam agir de forma autônoma e crítica,
estéticas e éticas”. apropriando-se das diferentes práticas corpo-
rais culturalmente construídas e resgatando
Dessa forma, convidamos todos os professores os valores étnicos, morais, sociais e éticos.
de Educação Física da rede estadual de ensino
para compartilhar de uma concepção crítica O aprofundamento dos conhecimentos da
da Educação Física que perpassa pela compre- cultura corporal humana de forma lúdica,
ensão de uma disciplina relacionada com as educativa e criativa tem permitido a am-
produções culturais, que envolvem aspectos pliação da compreensão da realidade social
lúdicos, estéticos e éticos, compreendendo-a acerca da cultura corporal, refletindo sobre
como prática pedagógica que tem como um conjunto de conhecimentos específicos
tema a cultura corporal humana – jogos, integrados aos demais componentes curri-
dança, esportes, ginásticas, manifestações culares. A possibilidade do desenvolvimento
culturais (folclóricas) e dramatizações. Isso da autonomia intelectual e do pensamento
colabora para a organização dessa disciplina crítico perpassa pela sistematização de con-
dentro da área de Linguagens, Código e ceitos e entendimento sobre os conteúdos
suas Tecnologias, por entender a dimensão de ensino, superando a perspectiva do “fazer
corpórea do homem na sua capacidade de por fazer”, ou seja, destituído do saber. O
se expressar e se comunicar, promovendo a ensino da Educação Física escolar deve
aprendizagem de um conhecimento sistema- perpassar por uma valorização de um fazer
tizado das diferentes manifestações culturais crítico reflexivo sobre a cultura corporal
corporais, por meio do desenvolvimento da humana (Souza Júnior, 2001).
noção de historicidade da cultura corporal
e do desenvolvimento de um trabalho in- Podemos destacar que, ao vivenciar as di-
terdisciplinar focado na compreensão da ferentes manifestações da cultura corporal,
diversidade cultural dos povos. esse aluno desenvolve, além da motricidade,
aspectos cognitivos e sociais que irão se
A Educação Física enquanto componente somar a toda bagagem sociocultural prove-
curricular tem dado significativa contribuição niente de sua realidade, na qual ele expressa
na construção coletiva do conhecimento subjetividade, emoções e linguagem corporal
ao introduzir os indivíduos no universo da e, ainda, desenvolve sua capacidade comu-

113
Sumário principal

nicativa ao interpretar, sintetizar, analisar e relacionadas às práticas esportivas, de ginás-


expressar as ideias, procurando respeitar a ticas, laborais, de lazer e entretenimento.
diversidade e promover a inclusão.

Ao proporcionar o desenvolvimento de criati- 6.4.2 Objetivos da disciplina


vidade, socialização, integração, cooperação,
ética, competitividade e disciplina, por meio Desenvolver a formação cultural do alu-
da abordagem das diferentes formas de no em relação às práticas corporais de
movimento, promovendo uma reflexão
manifestação da cultura corporal, a Educa-
acerca de uma dimensão da cultura, a
ção Física transforma-se em elemento de
fim de formar um conhecimento crítico
formação do caráter e da personalidade do sobre a cultura corporal humana;
aluno, além de ser um agente promotor da
sua autoestima. Além disso, ao permitir que Desenvolver os aspectos intelectuais, sociais,
afetivos e morais, para o desenvolvimento
o aluno tenha contato com o conhecimento
de autonomia, liberdade, cooperação, so-
científico sistematizado sobre o movimento cialização, participação social, afirmação
humano – anatomia, fisiologia, biomecânica, dos valores e princípios democráticos;
qualidades físicas e neuromotoras, atividade
Discutir sobre os aspectos éticos e
física, saúde, envelhecimento, treinamento
sociais para desenvolver uma postura
etc. – a Educação Física atua como forma- não-preconceituosa e não-discriminatória
dora, possibilitando maior autonomia a seus das manifestações e expressões corporais
alunos nas atividades do dia a dia. Também dos diferentes grupos étnicos e raciais;
podemos considerar como importante papel
Possibilitar ao aluno um conhecimento
da Educação Física escolar o de despertar e
da dimensão socio-histórica dos mo-
incentivar o gosto pela prática de atividades vimentos corporais construídos, como
físicas, entendendo-a como meio de pro- instrumento para entender e modificar a
moção da saúde. sua trajetória de vida, contribuindo para
a sua formação psico-sócio-cultural;
Todos esses elementos contribuem para Desenvolver o sentido do significado
a formação humana do educando, que é da cultura corporal humana na prática
desenvolver o aluno nos seus aspectos social, pedagógica escolar, tendo o professor
cognitivo, intelectual, emocional e motor. como mediador, para a apreensão da
Além disso, um conhecimento das profissões expressão corporal como linguagem;

114
Sumário principal

Propiciar o desenvolvimento da ludici- ção Física escolar, ainda persiste um profundo


dade e da criatividade, adotando uma abismo entre o conhecimento teórico e o
postura produtiva e criadora de cultura
prático, resultante de um “‘elo perdido’ entre
no mundo do trabalho e lazer;
as prescrições dessa produção teórica e a
Possibilitar ao educando o conhecimento realidade em que se materializava a prática
das diferentes manifestações da cultura pedagógica” (Caparroz, 2001, p. 195).
corporal nos seus aspectos educativos,
lúdicos e técnicos;
Isso também se evidencia em algumas
Possibilitar ao aluno a construção de um das pesquisas realizadas pela Universidade
saber fazer a respeito das práticas corporais Federal do Espírito Santo20 sobre a prática
de movimentos por meio da observação,
docente do professor de Educação Físi-
reflexão e investigação das diferentes
ca nas redes estaduais pública e privada
manifestações da cultura corporal;
do Estado do Espírito Santo. Apesar de
Possibilitar aos alunos um entendimento muitas práticas docentes terem em vista
da Educação Física escolar na sua relação as diversas possibilidades educativas dos
com a cultura no ensino das práticas
conteúdos de ensino dessa disciplina, ainda
corporais, criando e recriando um conhe-
cimento específico da cultura corporal há uma grande maioria que privilegia o
humana, a fim de auxiliar na construção paradigma de desenvolvimento da aptidão
do indivíduo nas suas atividades do física e das práticas esportivas competitivas
cotidiano; como principais elementos orientadores
Promover um conhecimento sobre a saú- da intervenção docente. Isso colabora para
de e sua relação com a cultura, refletindo evidenciar a complexa teia que envolve a
sobre as atividades físicas como forma de
promoção de saúde.
20 Aqui me refiro às pesquisas desenvolvidas pelos membros
do Laboratório de Estudos em Educação Física (Lesef ),
pertencente ao Centro de Educação Física e Desportos
(CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes),
6.4.3 Principais alternativas que procuraram mapear e descrever as condições que se
metodológicas realizavam o ensino da Educação Física escolar nas redes
públicas e privadas do Espírito Santo. Dentre elas destaco:
DIAS, Andréia et. al. Diagnóstico da Educação Física escolar
no estado do Espírito Santo: o imaginário social do professor.
De maneira geral, alguns estudos vêm apon- Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 21 (1): 183-192, Set.
1999. DELLA FONTE, Sandra Soares et all. Diagnóstico da
tando que, apesar das profundas mudanças Educação Física escolar no estado do Espírito Santo: as es-
colas particulares de Vitória. Anais do VI Encontro Fluminense
no entendimento sobre o ensino da Educa- de Educação Física escolar. Niterói, 1992. p 63-66.

115
Sumário principal

dinâmica escolar, reforçando a necessidade provenientes das práticas dos professores


de se conhecer as principais condições que sem a necessidade de refletir sobre a sua
envolvem o desenvolvimento da prática ação docente (Bracht et. al. , 2003).
docente no cotidiano escolar (Caparroz,
2001). Para o desenvolvimento desta proposta
curricular é fundamental o desenvolvimento
Com base nessas reflexões é imprescin- da capacidade crítico-reflexiva do professor
dível a participação e a colaboração dos diante da sua prática docente, procuran-
professores de Educação Física da rede do dialogar com os diferentes saberes
estadual do Espírito Santo na elaboração e que compõem o ensino dessa disciplina.
construção dos princípios metodológicos O desafio está em propor mudanças na
que irão nortear o desenvolvimento deste prática docente, que também levem em
documento curricular. Com isso, procuramos consideração as condições estruturais das
abarcar a especificidade de ensino dessa escolas da rede pública estadual do Espírito
rede que é composta por um conjunto Santo, com relação a espaço, material e equi-
de professores oriundo de um modelo de pamentos destinados à prática da Educação
formação inicial fortemente pautado num Física, que na maioria dos casos requer o
currículo tradicional-esportivo, que priorizou desenvolvimento da capacidade criativa
a aprendizagem da prática de habilidades do professor para o desenvolvimento de
técnicas e de capacidades físicas21. Além suas aulas, a fim de buscar uma adequação
disso, uma supervalorização dos saberes dessa estrutura.

Os materiais, equipamentos e instalações,


21 Segundo Betti (1996) apud Bracht (2001) até a década de
1980 temos um grande número de professores licenciados
são importantes e necessários para o fazer
formados dentro desse modelo tradicional-esportivo que das práticas corporais das aulas de Educa-
prioriza um currículo focado nas disciplinas práticas para
o aprendizado das modalidades esportivas, com ênfase ção Física em qualquer perspectiva que
teórica nas disciplinas da área da biologia e psicologia. Nos
anos de 1990 temos uma reformulação do currículo de o professor se paute. Em virtude disso, a
licenciatura em Educação Física por conta da Resolução
03/87, que questiona a formação “esportizizante” e valoriza ausência ou a insuficiência de materiais e
as disciplinas teóricas de fundamentação científica e
filosófica. Especificamente na rede pública do Estado do
instalações podem comprometer o alcance
Espírito Santo, do conjunto de professores licenciados, 67% de um determinado objetivo de aula. Porém
deles se formaram nos anos de 1980, havendo também
casos de professores de Educação Física que atuam no outros aspectos também são considerados
ensino escolar dessa rede sem terem a formação em
licenciatura. determinantes para que haja uma prática

116
Sumário principal

qualitativa nas aulas de Educação Física, em- o conhecimento das habilidades técnicas
bora muitos professores justifiquem que as e o desenvolvimento das capacidades
aulas muitas vezes não alcançam o resultado físicas, mas também que abordem o con-
esperado devido à carência de tais estruturas. texto histórico-cultural do movimento,
“No entanto o trabalho pedagógico não ensinando estratégias para o agir prático,
pode, todo ele, ser compreendido apenas por colaborando para o entendimento das
adequação de meios a fins, pois os próprios relações socioculturais e a compreensão
fins podem ser problemáticos, porque variam crítica do movimento (KUNZ, 2004). Com
de acordo com opções político-pedagógicas” isso, os professores de Educação Física não
(Bracht et. al. , 2003, p. 43). precisam ficar restritos às aulas práticas de
aprendizagem do movimento, mas também
O que também se propõem é uma nova utilizar como instrumentos metodológicos
forma de se conceber os tempos e espaços sessões de filmes e vídeos sobre o fenômeno
para o ensino da Educação Física, que tem esportivo e as diferentes manifestações cul-
se reduzido a problemas ligados ao espaço turais regionais, nacionais e internacionais.
escolar, desprivilegiando uma discussão a Isso colabora para o desenvolvimento de
respeito da dimensão simbólica e pedagó- debates, problematizando temas da cultura
gica desses espaços. Ao priorizarmos uma corporal, desencadeando produções textuais
Educação Física pautada na perspectiva que possibilite ao aluno uma autonomia e
crítica de ensino, é necessário revermos o liberdade para se comunicar por meio de
que desenvolve esse componente curricular, uma linguagem corporal e verbal.
no qual 60% dos alunos da rede de ensino
público estadual de Espírito Santo “entendem O resgate histórico de uma prática corporal
que deva haver mudanças nas aulas de pode ser realizado por meio de estudos,
Educação Física” (BRACHT, 2001, p. 53). Essas pesquisas e desenvolvimento de aulas que
mudanças são em relação ao conteúdo, englobem também o aspecto lúdico e a
à organização das aulas (horários, tempo, criatividade, buscando os significados e os
espaço etc.) e à conduta pedagógica do sentidos das práticas corporais construídas
professor. historicamente, desenvolvendo um espaço
de reelaboração, recriação e reinterpretarão
Para isso devemos priorizar princípios dessas práticas por parte dos envolvidos no
metodológicos que contemplem não só processo ensino-aprendizagem, e realizando

117
Sumário principal

um retrospecto das atividades corporais. sobretudo quando se espera mudanças


A realização de jogos escolares, gincanas, efetivas nesta prática.
exposições, dentre outras, são estratégias de
ensino que devem ser incentivadas por todos Preliminarmente, entendemos que, para
os professores da rede de ensino estadual. iniciar o nosso trabalho de implementa-
Assim teremos uma multiplicidade dos usos ção desta proposta curricular, dentro da
dos tempos e espaços pelo professor de concepção de ensino privilegiada neste
Educação Física, tomando a quadra, a sala documento, é importante considerarmos o
de aula, o recreio, os torneios escolares, a ensino da cultura corporal de movimento no
biblioteca, a sala de informática, as atividades seu sentido histórico e lúdico do conteúdo,
de visitas e as excursões como formas de para que o aluno compreenda-se enquanto
conhecer e explorar as diferentes maneiras sujeito histórico e assim possa ser produtor
para a aprendizagem do conteúdo da Edu- de outras atividades corporais a serem insti-
cação Física. tucionalizadas (Soares, et. al., 1992).

Dessa forma, temos na formação continu- Assim, destacamos a importância de com-


ada um instrumento fundamental para o preendermos que a aprendizagem do co-
desenvolvimento desta proposta curricular nhecimento específico dessa disciplina deve
para o ensino da Educação Física na rede estar pautada na compreensão da expressão
pública estadual do Espírito Santo. A escrita corporal como linguagem, em que os temas
da metodologia de ensino deste documento da cultura corporal expressam sentido e
será ampliada ao longo do ano de 2009, com significado aos seus sujeitos. A abordagem
a escrita dos Cadernos Metodológicos, ao metodológica crítico-superadora, nos apre-
mesmo tempo em que os professores de sentam alguns princípios curriculares que
Educação Física da rede estadual estarão poderão embasar a nossa prática, para que
validando esta primeira versão da proposta possamos alcançar os objetivos propostos
curricular. O objetivo é poder promover neste documento. São eles: a relevância
ajustes necessários para a publicação fi- social do conteúdo, a adequação às pos-
nal deste documento. Mas para isso será sibilidades sócio-cognitivas do aluno, a
necessário o envolvimento de todos os simultaneidade dos conteúdos enquanto
professores, consolidando momentos co- dados da realidade, a espiralidade da incor-
letivos de reflexão sobre a prática docente, poração das referências do pensamento e a

118
Sumário principal

provisoriedade do conhecimento (Soares, conhecer é acumular conceitos, ser


et. al. , 1992). inteligente implicava articular logica-
mente grandes ideias, estar informado
sobre conhecimento.... Esse tipo de aula,
A condição para o desenvolvimento desta
insisto, continua tendo lugar, mas cada
proposta curricular esteve atrelada ao concei- vez mais torna-se necessário também o
to de competências e habilidades, no qual se domínio de um conteúdo chamado ‘pro-
compreende que as competências não são cedimental’, ou seja, da ordem do saber
um programa clássico. Elas dizem o que os como fazer. Vivemos em uma sociedade
cada vez mais tecnológica, em que o
alunos devem dominar e não o que deve ser
problema nem sempre está na falta de
ensinado. A aquisição de habilidades está na informações, pois o computador tem
capacidade do indivíduo mobilizar uma ação cada vez mais o poder de processá-las,
para a qual o aluno prioriza conhecimentos guardá-las ou atualizá-las. A questão
de mais de uma área para resolver questões está em encontrar, interpretar essas
(Perrenoud, 1999). informações, na busca de solução de
nossos problemas (Macedo apud Primi
et al, 2001, p. 152).
A base para uma educação de competên-
cias está em possibilitar aos alunos que
Apoiados nesse compromisso de desen-
ele seja um cidadão analítico, reflexivo e
volvimento do ensino da Educação Física
crítico, que tenha uma participação ativa
voltada para a construção de uma educação
na sociedade. Com base no conceito de
de qualidade e formação do cidadão, traça-
competência – aquisições, aprendizados
mos algumas competências e habilidades
construídos e não virtualidades da espé-
com base nos eixos temáticos presentes na
cie – a Educação Física pode possibilitar
Ementa Curricular dessa disciplina e na Matriz
ao aluno a identificação, organização e
Curricular definida pela Sedu. São eles:
mobilização de conhecimentos pertinentes
para a solução de problemas, conflitos ou Conhecimento sobre o corpo: levou a
desafios (Santos, 2001). considerar o corpo no seu aspecto físico,
social, afetivo, emocional e cognitivo, na
Até pouco tempo, a grande questão tentativa de superar a visão dicotômica
escolar era a aprendizagem – exclusiva entre corpo e mente presente em nossa
ou preferencial – de conceitos. Está- sociedade. Dessa forma entende-se o corpo
vamos dominados pela visão de que na sua relação com o meio e que dialoga

119
Sumário principal

com diferentes contextos socioculturais Os jogos e os movimentos individuais e


desenvolvidos historicamente, buscando coletivos: destaca-se como elemento da
problematizar a relação do corpo com a cultura corporal presente nos diferentes
saúde, o trabalho e a cultura. Além disso, contextos socio-históricos presentes em
compreendendo os limites e as possibilida- âmbitos nacional, regional e local. Por
des corporais e respeitando as diferenças meio do jogo, o sujeito desenvolve a
de gênero, etnia, classe social e idade. sua criatividade na construção de regras
coletivas que resgatem os valores morais,
Corpo-linguagem/Corpo-expressão:
sociais e éticos, e também desenvolve
entende-se a expressão corporal como
a ludicidade descobrindo o prazer nas
linguagem presente nas diferentes
vivências corporais.
manifestações da cultura corporal de
movimento. Por meio da linguagem Os jogos esportivos: prioriza o conhe-
corporal o sujeito se comunica, interage cimento dos jogos institucionalizados
com o meio, onde expressa subjetivida- socialmente, com suas diferentes organiza-
de, emoções e, ainda, desenvolve sua ções tecnico-táticas, proporcionando uma
capacidade comunicativa ao interpretar, noção de historicidade do desenvolvimen-
sintetizar, analisar e expressar as ideias, to de práticas esportivas presentes nos
reconhecendo a identidade própria e contextos mundial e nacional. Além disso,
do outro, respeitando a diversidade e o desenvolvimento da inclusão por meio
promovendo a inclusão. da capacidade de recriação das regras.

120
Sumário principal

6.4.4 Conteúdo Básico Comum - Educação Física


5ª a 8ª Séries

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Tópico: Corpo/identidades e as
Conhecimento sobre o corpo diferentes formas, possibilidades e
• Conhecer o seu corpo nos seus limitações do movimento
aspectos físicos, sociais, cultu- • Conhecer os conceitos de saúde e os • Padrões de estética e conceitos de
rais e afetivos; padrões de estética corporal que exis- saúde;
• Reconhecer e respeitar seus tem nos diferentes grupos sociais e • As práticas de lazer na comunidade
limites e as possibilidades do culturais; escolar e no seu entorno;
próprio corpo; • Participar de atividades de natureza • Atividades adaptadas.
• Desenvolver suas atividades relacional, reconhecendo e respeitando
corporais com autonomia, suas características físicas e o desenvol-
compreendendo as relações de vimento motor, bem como a de seus
gênero e as individualidades; colegas;
• Vivenciar o espírito solidário que • Identificar as possibilidades de lazer e
cuida do outro, de si mesmo e aprendizagem nas práticas corporais.
do ambiente em que vive;
• Conhecer a importância da
convivência com os alunos
que apresentam necessidades
educativas especiais.
Tópico: Conhecimento da estrutura
e do funcionamento do corpo
• Identificar as funções orgânicas relacio- • Capacidades físicas: noções gerais.;
nadas às atividades motoras; • Capacidades físicas aplicadas na
• Compreender os aspectos relacionados atividade física;
com a boa postura e sua importância • As atividades físicas e os exercícios
para a saúde; físicos: implicações na obesidade e
• Adotar hábitos de higiene, alimentação no emagrecimento;
e atividades corporais, relacionando-os • Substâncias nocivas ao organismo.
com os efeitos sobre a própria saúde;
• Identificar as substâncias nocivas ao
organismo utilizadas na prática de ati-
vidade física.

121
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Corpo- Eixo-temático: Corpo-linguagem/
linguagem/Corpo-expressão Corpo-expressão
• Reconhecer o corpo como meio Tópico: Ginástica
de linguagem e expressão nas • Vivenciar as diversas manifestações da • Noções básicas dos diversos tipos de
diferentes culturas: indígenas, ginástica; ginástica: escolar, rítmica, acrobática,
africanas, campesinas, entre artística etc.;
• Conhecer a história das ginásticas es-
outras;
tudadas; • Habilidades motoras fundamentais
• Conhecer as diferentes mani- • Identificar e utilizar as habilidades mo- ginásticas;
festações culturais nos âmbitos toras fundamentais para a prática da • Ginástica adaptada;
mundial, nacional e local. ginástica;
• Benefícios da prática das ginásti-
• Identificar as atividades rítmi- • Identificar as possibilidades de movi- cas;
cas e expressivas presentes mentos dos diferentes segmentos do
em danças, lutas e ginásticas, corpo na realização da ginástica; • Riscos e cuidados na prática das
como manifestação da cultura ginásticas.
corporal. • Adaptar os movimentos da ginástica
estudada às novas situações, possi-
bilitando a inserção dos alunos com
necessidades educativas especiais;
• Identificar as modalidades de ginásticas
praticadas na comunidade local;
• Reconhecer a importância da prática
da ginástica para manutenção e a pro-
moção da saúde.

Tópico: Dança
• Conhecer a história das danças estu- • História da dança;
dadas; • Características das danças;
• Identificar as características das danças • Ritmo;
estudadas;
• Variação de movimentos do corpo
• Identificar as possibilidades de movi- de acordo com as melodias das mú-
mentos dos diferentes segmentos do sicas;
corpo na realização da dança;
• Dança folclórica;
• Identificação do ritmo pessoal e grupal;
• Coreografias de dança;
• Reconhecer e identificar gestos e movi-
mentos observados na dança, imitando, • Organização de festivais de dança.
recriando, mantendo suas características;
• Relacionar diferentes tipos de danças
folclóricas;
• Construir coletivamente pequenas core-
ografias a partir dos movimentos apren-
didos e incorporados no contexto social.

122
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Os jogos e os Eixo-temático: Os jogos e os
movimentos individuais e movimentos individuais e coletivos
coletivos Tópico: Jogos e brincadeiras
• Conhecer os vários tipos e as • Analisar as diferenças históricas dos • História dos jogos e das brincadei-
variadas maneiras de experi- jogos e das brincadeiras presentes nas ras;
mentar os jogos; culturas local, regional e nacional; • Características dos jogos;
• Explorar as diferentes formas • Reconhecer a importância da convi-
de jogo desenvolvidas histori- • Jogos populares;
vência com os alunos que apresentam
camente. necessidades educativas especiais, nos • Jogos cooperativos;
jogos e nas brincadeiras individuais e • Jogos pré-desportivos;
coletivas;
• Jogos de raciocínio.
• Reconhecer os diferentes tipos de jogos
e suas características fundamentais;
• Participar de atividades de caráter lúdi-
co;
• Vivenciar os diferentes tipos de jogos;
• Construir jogos;
• Reconhecer e vivenciar diferentes tipos
de jogos.

123
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Jogo esportivo Eixo-temático: Jogo esportivo
• Conhecer as diversas moda-
lidades esportivas instituídas Tópico: Conhecimento dos vários
socialmente praticadas em tipos de desportos, individual e
outros países e no Brasil; coletivo
• Compreender as diferentes for- • Diferenciar e experimentar várias ma- • Iniciação desportiva;
mas de organização desporti- neiras de jogar um desporto; • História das modalidades: atletismo,
va; • Conhecer os aspectos históricos, políti- futebol, vôlei, basquete, handebol,
• Desenvolver a capacidade de cos e sociais de constituição dos jogos futsal;
adaptar as regras, os materiais desportivos; • A transformação do esporte em es-
e o espaço visando à inclusão • Vivenciar as práticas corporais despor- petáculo e em negócio;
de si e do outro. tivas; • Significados/sentidos predominan-
• Reconhecer as diferenças e caracterís- tes no discurso das mídias sobre o
ticas relacionadas ao gênero na prática esporte;
das modalidades esportivas; • Atletismo, futebol, vôlei, basquete,
• Aplicar habilidades motoras específicas handebol;
dos esportes; • Fundamentos técnicos básicos;
• Entender as regras, técnicas e táticas de • Noções de regras;
cada desporto;
• Princípios gerais de ataque, defesa
• Reconhecer as organizações técnico- e circulação de bola;
táticas dos diferentes jogos, bem como
criar novas formas de organização; • Os grandes eventos esportivos;
• Compreender e vivenciar os aspectos • Esportes adaptados.
relacionados à repetição e à qualidade
do movimento no gesto esportivo;
• Compreender os diferentes contextos
dos jogos esportivos (participativo e
competitivo) e os variados papéis (go-
leiro, defesa, técnico, torcedor, juiz);
• Reconhecer a necessidade de adaptar
regras, materiais e espaço, visando à
inclusão de si e do outro.

124
Sumário principal

6.4.5 Referências

BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
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BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
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CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
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KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
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PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
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SANTOS, Gisele Franco de Lima. A construção de competências nas aulas de educação física da educação básica. In:
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SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
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WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.

125
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 02 - Área de Ciências da Natureza
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino fundamental : anos finais : área de Ciências da Natureza / Secretaria da Educação. –
Vitória : SEDU, 2009.
104 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 02)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-03-5

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino


fundamental - Ciências da Natureza. 4. Ensino médio - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 372.19
CDU 373.3.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

12
Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

14
Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

15
Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino-aprendizagem, de modo a

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Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

17
Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino-aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupinikim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

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Sumário principal

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Sumário principal

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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Fundamental - Anos Finais


Sumário principal

6 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Tradicionalmente no Brasil a educação A partir da década dos anos 90, o ensino
científica, influenciada pelos fatos socio- escolar científico brasileiro sofre fortes críti-
históricos nacionais e internacionais, esteve cas. Pesquisas mostram que seus princípios
ligada diretamente ao progresso tecnológico tradicionais, a acumulação e a reprodução
científico industrial. Progresso que até os do acervo científico, não só propiciaram o
anos de 1960 foi considerado pela classe fracasso da apropriação desse conhecimen-
dominante brasileira um padrão de igual- to, como também dificultaram a interação
dade na modernidade, fator essencial para entre o ensino científico escolar e o meio
o desenvolvimento sociocultural e destino sociocultural e natural. Nessa década as pes-
comum para todos os grupos humanos. quisas, as reivindicações legais de grupos
socioculturais excluídos da educação formal
Norteado por essa concepção de progresso, e a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases
o ensino das Ciências foi orientado para a da Educação Nacional tornam explícita a
assimilação e a transmissão da cultura cien- necessidade de mudar profundamente as
tífica. Nesse sentido, as bases das propostas propostas curriculares desse ensino escolar.
curriculares das escolas erguiam-se sobre
esse ideal de progresso e, assim a produção Respondendo a essa necessidade, os pa-
científica gerava um acúmulo de conceitos râmetros curriculares em ação elaborados
científicos que transformavam os processos no final dessa década, procurando respeitar
de ensino-aprendizagem em reprodutores diversidades regionais, culturais e políticas
desse conhecimento. Tais processos se ca- existentes no país, e considerando a neces-
racterizavam, entre outros: por privilegiar sidade de construir referências nacionais
o acervo científico sobre qualquer outro comuns ao processo educativo em todas as
conhecimento cultural, por fragmentar os regiões brasileiras, orientaram a elaboração
conhecimentos científicos e por priorizar de propostas curriculares para a integração
a acumulação desses conhecimentos, pela e contextualização dos conhecimentos das
memorização mecânica dos conceitos áreas escolares, por meio de temas transver-
científicos nas atividades escolares e pelo sais, e o desenvolvimento de competências
tecnicismo científico. e habilidades.

57
Sumário principal

No presente, a educação escolar científica, sociocultural histórica que, como qualquer


ainda permeada pelas práticas tradicionais, outra produção humana, contribui para o
encontra-se numa situação de dependência desenvolvimento das capacidades cog-
sociocultural, posto que os grandes proble- nitivas e afetivas propriamente humanas.
mas da humanidade recriam-se nos contex- Tal desenvolvimento se recria na interação
tos social e cultural, particulares e globais. dialética entre o desenvolvimento cultural
Para nós, tais problemas globais, simples e do sujeito (história pessoal) e o desen-
complexos emergem das interações dos volvimento social do sujeito (história em
seres humanos entre si, e entre os seres sociedade do sujeito).
humanos e o meio ambiente.
Em nossa proposta, o ensino científico con-
Nesse sentido, esboça-se o desafio de recriar cebe-se como um processo importante na
um ensino científico que contribua para a organização da vida dos sujeitos. Ele contribui
formação de um ser humano capaz de recriar significativamente para o desenvolvimento
sua própria condição humana. Entendemos sociocultural do aluno, pois constitui uma via,
condição humana como as características um meio sistematizado e organizado, para
essenciais à própria existência da humani- que o aprendiz compreenda sua experiência
dade em determinado espaço. de vida, e se torne atuante nas transforma-
ções do mundo sociocultural.
Diante desse desafio, fundamentando-nos
na Lei 9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções Sendo assim, fundamentada nas teorias
02/1998 da CEB/CNE e 03/1998 da CEB/ sociointeracionista e dialógico-discursiva,
CNE, que tratam das diretrizes curriculares a concepção sociocultural permitiu-nos
nacionais dos ensinos Fundamental e Médio, recriar os princípios da interculturalida-
na proposta da Secretaria de Educação do de, interdisciplinaridade e alfabetização
Espírito Santo de “Educar para a pesquisa”, e científica, e propor que o processo de
nos documentos norteadores da educação, ensino-aprendizagem escolar científico
recriamos esta proposta curricular para seja orientado para o diálogo entre a neces-
ensino das Ciências firmados numa pers- sidade de conhecer e dominar as práticas
pectiva sociocultural do ensino científico. cotidianas, e as competências e habilidades
Em tal perspectiva, concebe-se o conhe- mediadoras na objetivação dessas neces-
cimento científico como uma produção sidades. Nessa recriação, consideramos a

58
Sumário principal

Ciência como uma linguagem simbólica, Tanto as competências como as habilidades


histórica e ideológica que contribui para o podem realizar atividades mediadoras entre
conhecimento, a reflexão e a compreensão a necessidade e a objetivação dessa neces-
do mundo. sidade. Nesse sentido, as competências e
habilidades ao mesmo tempo em que são
Concebemos diálogo como uma interação produtos da interação sociocultural natural,
comunicativa de alteridade que permite a também podem ser mediadoras na tomada
tomada de consciência das necessidades de consciência e domínio dessa interação,
(biológicas ou cognitivo-afetivas), das ob- ou seja, instrumentos socioculturais.
jetivações e, sobretudo, como instrumento
que promove o domínio das competências e Para nós, o processo de ensino-aprendizagem
das habilidades mediadoras essenciais para das Ciências, centrado no diálogo, transfor-
o desenvolvimento cognitivo e afetivo. ma a sala de aula em espaços de interação
comunicativa de alteridade entre os conhe-
Consideramos as objetivações como com- cimentos socioculturais [conhecimentos
petências e habilidades que satisfazem dos alunos, dos professores e da escola],
as necessidades dos indivíduos, mas que motivando a participação ativa dos atores
também podem realizar uma atividade desse processo. Diante de um problema
mediadora. emergente das necessidades dos partici-
pantes, cada um deles toma conhecimento
Entendemos competências como um con- e demonstra conhecer saberes e, juntos,
junto de habilidades, por meio das quais, em recriam esses saberes.
um determinado contexto, o ser humano
interage com seu meio sociocultural-natural Dessa forma, o conceito científico torna-
de modo crítico. Essas habilidades são capa- se um instrumento ou uma ferramenta de
cidades cognitivas e afetivas propriamente conhecimento que, unidos aos conceitos dos
humanas desenvolvidas nessa interação. conhecimentos de outras disciplinas e saberes
Entre outras, os conhecimentos, as atitudes, populares, contribui para a tomada de cons-
as capacidades e as aptidões. Por meio delas ciência das possibilidades e dos limites das
cada ser humano interage de forma particular competências mediadoras na compreensão
com esse meio. dos problemas citados.

59
Sumário principal

Nesse sentido, essa tomada de consciência possibilidades das capacidades cognitivas e


transforma os temas contemporâneos, como afetivas mediadoras na compreensão desses
a Ética, a Pluralidade Cultural, o Meio Ambien- problemas, no cotidiano, não só se recriam
te, a Saúde, a Orientação Sexual e outros, em no saber científico, mas também o fazem
conteúdos curriculares, pois os limites e as no acervo popular.

60
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Ciências
Sumário principal

6.1 Ciências mentos] e das ferramentas socioculturais


que recriam a condição humana.
6.1.1 Contribuição da disciplina
para a formação humana Nessa perspectiva, nossa proposta do proces-
so de ensino de Ciência tem uma importante
Os problemas globais e essenciais da hu- contribuição na formação humana dos alu-
manidade demandam a formação de um nos, pois o diálogo discursivo de alteridade,
ser humano que possa recriar sua condição fundamentado nas interações discursivas
humana, reinserindo-se no universo, na Terra socioculturais, obriga os professores e os
e na vida. Estamos convencidos de que tal alunos a refletir sobre essas competências,
condição se fundamenta na recriação de habilidades e ferramentas.
instrumentos e ferramentas socioculturais,
por meio das quais os seres humanos, ao Para nós, nessa reflexão os participantes
mesmo tempo em que se conhecem e se desse processo, por meio do diálogo, se
compreendem, transformam o meio am- desenvolvem cognitiva e afetivamente;
biente e sua existência. conhecem e compreendem as interações
entre as culturas populares e científica,
Para nós, na escola a formação para a hu- bem como entre as culturas e o meio
manidade deveria centrar-se na recriação ambiente; dominam as competências e
da condição humana. Sendo assim, um dos habilidades mediadoras nessas intera-
objetivos essenciais do processo de ensino ções; como também se apropriam dos
é desenvolver nos alunos: a aptidão de con- direitos e obrigações cívicos de seu meio
textualizar e integrar saberes; a capacidade sociocultural.Tais ações são extremamente
de organizar conhecimentos para entender importantes para a recriação da condição
e contextualizar a grande quantidade de humana.
informação surgidas das práticas humanas;
e a capacidade de integrar saberes para Também nesse diálogo o domínio dos sistemas
que cada aluno seja capaz de recriar sua linguísticos populares e científicos torna-se
vida sociocultural natural e afetiva. Esse essencial, pois são instrumentos sociocul-
desenvolvimento torna-se essencial para a turais, por meio dos quais os participantes
reflexão sobre os limites e as possibilidades do processo de ensino científico conhecem
das competências, das habilidades [instru- e compreendem as complexas interações

63
Sumário principal

dos conhecimentos que estão presentes nas nós, esse ideal de aluno seria capaz de recriar
suas práticas cotidianas, e que de alguma sua condição humana socioculturalmente.
forma explicam a condição humana. Nesse
sentido, tal domínio não só permite conhecer
e compreender a humanidade em comum à 6.1.2 Objetivos da disciplina
espécie Homo sapiens, como também permite
compreender a diferença cultural inerente a Orientar o ensino das Ciências para a recriação
todo ser humano (MORIN, 2002). da condição humana torna imprescindível
que esse, nas etapas da Educação Básica,
Em nossa concepção, compreender a dife- ainda que cada uma delas tenha objetivos
rença cultural significa, entre outras coisas, específicos, responda a um ou a vários ob-
aceitar as diferentes formas de conhecer e jetivos gerais.
explicar a condição humana, pois a produ-
ção dos conhecimentos é socio-histórica. Dessa forma, recria-se a necessidade de que
Nesse sentido, todos os conhecimentos a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
são relativos e incertos. Em consequência, e o Ensino Médio se tornem um processo
o processo de ensino de Ciência lidaria único de diálogo entre essas etapas e entre
com essa incerteza dos saberes humanos, diferentes organizações dessas (disciplinas,
contribuindo para que cada aluno durante blocos, ciclos, anos, etc.), com o fim de al-
sua vida possa “[...] enfrentar as incertezas cançar o(s) objetivo(s).
e, mais globalmente, o destino incerto de
cada indivíduo e de toda a humanidade” Nesse sentido, esse processo, baseado na
(MORIN, 2002, p.56). interação entre o desenvolvimento cog-
nitivo afetivo do aprendiz e o processo de
Finalmente, levando em conta os parágrafos aprendizagem escolar, deveria contribuir
anteriores, podemos dizer que o processo para o desenvolvimento das capacidades
de ensino científico junto aos processos das cognitivas afetivas, por meio das quais os
outras áreas escolares deve contribuir para a alunos compreendam os problemas emer-
formação integral e contextualizada de um gentes das interações entre os próprios seres
aluno autônomo, solidário, curioso, criativo e humanos, e entre os seres humanos e o meio
reflexivo, partícipe ativo das transformações ambiente.
de seu entorno social, cultural e natural. Para

64
Sumário principal

Nessa perspectiva, baseando-se na Lei Em nossa proposta curricular, fundamentada


9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções 02/1998 na concepção processual dialógica do ensino
e 03/1998 da CEB/CNE, que tratam das di- escolar, cada etapa do processo do ensino
retrizes curriculares nacionais dos ensinos científico da Educação Básica depende da
Fundamental e Médio, e nos documentos anterior e é a base para a posterior, sempre
norteadores, o objetivo do processo de respondendo ao(s) objetivo(s).
ensino científico da Educação Básica será
contribuir para o desenvolvimento e domínio Assim, o(s) objetivo(s) de uma etapa e/ou
das competências e habilidades mediadoras de um bloco e/ou de um ciclo da Educação
na tomada de consciência das necessidades Básica se recria(m) com o fim de contribuir
físicas, psicológicas e afetivas, na reflexão com o(s) objetivo(s) da etapa e/ou bloco e/ou
sobre as interações socioculturais e socioam- ciclo seguinte, mas também com fim último
bientais, e na recriação da subjetividade. de contribuir para o(s) objetivo(s).

Partindo desse objetivo, as atividades e ações Nessa perspectiva, nossa proposta curricular,
do processo de ensino das Ciências moti- fundamentada no amadurecimento das
varão os alunos a recriar junto ao professor habilidades recriadas nos ciclos anteriores
e aos colegas os saberes mediadores na e nos objetivos a serem alcançados na
reflexão sobre o mundo, e as transformações próxima etapa da disciplina de Ciências
socioculturais e socioambientais e suas da Educação Básica, propõe que o ensino
influências na recriação da subjetividade científico de sexto a nono anos do Ensino
humana. Reflexão que se fundamenta no Fundamental tenha como objetivo de-
diálogo entre os conhecimentos das disci- senvolver as habilidades e competências
plinas e os culturais. (instrumentos socioculturais) mediadoras no
processo de desenvolvimento da autonomia
Sendo assim, torna-se essencial que a me- do aluno, do conhecimento sociocultural
todologia dessa disciplina se fundamente e da contextualização das diferentes ex-
nas necessidades do aprendiz, no diálogo plicações dos fenômenos socioculturais e
entre os conhecimentos dos participantes ambientais.
do processo de ensino-aprendizagem e na
tomada de consciência dos limites e das pos- Essa proposta torna-se um grande desafio
sibilidades dos diferentes conhecimentos. para os professores de sexto a nono anos,

65
Sumário principal

pois o processo de ensino-aprendizagem da tarefas pedagógicas, ajudarão o aprendiz


disciplina Ciências desses anos já não poderá a desenvolver competências e habilidades
ser centrado na memorização e repetição que permitam-lhes conhecer e dominar
de conceitos científicos. Ele seria orientado suas atividades cotidianas.
para o desenvolvimento de instrumentos
socioculturais mediadores na atividade Também nesse processo, o aluno é conce-
autônoma do aluno e na contextualização bido como sujeito socio-histórico capaz de
dos conhecimentos socioculturais presentes recriar sua subjetividade na interação com
nesse processo. seu meio sociocultural e socioambiental.

Sendo assim, sem fugir dos princípios Partindo dessas premissas, centrar a pro-
metodológicos que or ientam esta posta no processo de desenvolvimento
proposta, o professor, no processo de de competências e habilidades, implica
ensino-aprendizagem de Ciências no sex- recriar o processo de ensino-aprendizagem
to a nono anos do Ensino Fundamental, a partir de núcleos de problemáticas, cuja
estimulará a produção de conhecimento compreensão torna necessária a integração
sociocultural autônomo do aluno e grupal, de várias disciplinas e o trabalho sobre
a identificação e resolução de problemas processo.
socioculturais e socioambientais, a expo-
sição da produção sociocultural individual Nesse sentido, a metodologia será recria-
e grupal, etc. da a partir das necessidades cotidianas do
aluno. As atividades/tarefas pedagógicas
se organizarão de tal forma que o aluno
6.1.3 Principais alternativas possa concretizar a tomada de consciência
metodológicas de suas necessidades, das competências
e das habilidades mediadoras nessa ação,
Em nossa proposta, os professores além das competências e habilidades que
concebem-se no processo de ensino- satisfazem suas necessidades. Nesse sentido,
aprendizagem como mediadores entre com a metodologia, buscar-se-á com que o
o que o sujeito sabe e entre o que se tem aluno conheça e domine os instrumentos que
que aprender na escola. Nesse sentido, contribuem para conhecer e compreender os
os professores, por meio de atividades/ impactos da ação humana no meio ambiente,

66
Sumário principal

a diferença sociocultural e a recriação da interação discursiva entre o professor


subjetividade humana. e os alunos.

4. Diálogo intercultural: procurando


Sendo assim, consideramos importante no sempre a interação entre os diferentes
ensino de Ciências Naturais os seguintes conhecimentos socioculturais, por meio
princípios metodológicos: de leituras de vídeos, revistas, jornais
locais e de outros estados, além de
1. Contextualização: procurar sempre outras fontes como pequenas viagens
a interação entre os conhecimentos (intercâmbios), pesquisas, etc.
escolares e a vida pessoal do aluno, o 5. Problematização: incentivando os alu-
mundo ou a sociedade em geral e o nos à reflexão sobre questões cotidianas.
próprio processo de produção de co- Para isso propomos que se identifiquem,
nhecimentos. Com esse fim, orientamos conheçam problemas cotidianos e bus-
que as atividades/tarefas pedagógicas quem soluções socioculturais teóricas
sejam organizadas a partir de projetos, e práticas para os mesmos.
temas geradores, mapas conceituais,
6. Experiências: montagem de pequenos
problemáticas, eixos temáticos, etc.
experimentos científicos para que os
2. Interdisciplinaridade: estabelecendo um alunos busquem soluções, compreen-
diálogo entre as diferentes disciplinas ou dam e proponham explicações sobre os
áreas escolares, com o objetivo de fazer fenômenos humanos ou naturais.
um trabalho que integre os conhecimen- 7. Pesquisa de campo e bibliográfica:
tos e que leve os alunos a uma melhor procurando o domínio dos fundamentos
articulação entre os conhecimentos das e dos instrumentos da pesquisa, propo-
diferentes áreas. mos que os alunos realizem diferentes
pesquisas com os pais e/ou pessoas da
3. Diálogo: considerando o aluno um
comunidade, por meio de entrevistas,
produtor de conhecimento, o professor observação de ambientes naturais (com
buscará motivar constantemente a elaboração de relatórios de campo), uso
interação discursiva entre os conheci- de livros de Ciências, revistas de divulga-
mentos do aluno e os conhecimentos ção científica e documentos escritos ou
escolares, para isso propomos, a re- digitais.
solução de problemas cotidianos em
grupo, pesquisa em grupo, produção de 8. Produção e utilização de texto: com
texto em grupo, confrontação de ideais, o fim de dominar os diferentes sistemas

67
Sumário principal

simbólicos de conhecimentos, sugerimos junto a textos escritos por outros autores,


que os professores e os alunos produzam sejam utilizados no processo de ensino-
diferentes gêneros textuais escritos e aprendizagem. Os textos deverão levar
que, logo depois de serem avaliados, em conta a linguagem científica.

68
Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum - Ciências

5ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Expressão e comunicação • Ler, interpretar e produzir textos ar- Eixo
• Dominar os instrumentos básicos da lin- gumentativos e explicativos. Meio Ambiente
guagem científica, entre outros: percepção, 1. Introdução a Ciências
• Elaborar gráficos, imagens.
categorização, identificação, diferenciação,
descrição, observação, comparação, explica- • Resolver situações-problema, uti- • Conhecimentos cul-
ção, argumentação, conceitos, pensamento lizando-se de raciocínios lógicos e turais (religiosos, ét-
lógico e crítico. demonstrações. nicos e científicos)
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, • Evolução do conhe-
gráficos e representações geométricas. • Realizar as atividades com indepen- cimento científico
• Identificar e utilizar adequadamente símbo- dência, utilizando-se de técnicas - Ciências
los, códigos e nomenclatura da linguagem básicas de estudo (organização de
material, consulta e registro de fontes, • Conceito de Ciência
científica.
• Consultar, analisar e interpretar textos de en- elaboração de roteiros, realização 2. Ambiente físico-quími-
foque sociocultural e tecnológicos veiculados de atividades extras, elaboração de co: ciclos e proprieda-
nos diferentes meios de comunicação. resumos). des
• Elaborar textos para relatar eventos, fenô- • Dominar os procedimentos da pes- • Água
menos, experimentos, questões-problema, quisa científica e utilizar a pesquisa • Ar
visitas, etc. como meio de buscar, fundamentar • Solo
• Analisar, argumentar e posicionar-se critica- respostas e contextualizar concei-
mente em relação a temas de Ciência, cultura, tos. 3. Ambiente e saúde
tecnologia e meio ambiente. • Doença transmitida
• Identificar ações de cidadania e de por água, ar e solo
Investigação e compreensão solidariedade.
• Medicinas conven-
• Identificar situações-problemas do cotidiano • Elaborar objetivos de trabalho. cionais e alternati-
(sociocultural e socioambiental), elaborar vas
hipóteses, interpretar, avaliar e planejar in- • Reconhecer a produção do acervo so-
tervenções socioculturais e tecnológicas. ciocultural (científico e não-científico)
• Organizar os conhecimentos adquiridos, como uma produção humana socio-
entender, contextualizar e refletir as infor- histórica, e, portanto, resultado da
mações surgidas das práticas humanas. conjunção de fatores sociais, políticos,
• Elaborar e desenvolver experimentos e in- econômicos, culturais, religiosos e
terpretar os resultados. tecnológicos.
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos e • Aplicar os conceitos aprendidos para
teorias dentro das áreas do conhecimento. conhecer o ambiente físico-químico
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de onde vive, analisar a interação da sua
ação crítica e cooperativa para a construção comunidade com o meio ambiente e
coletiva do conhecimento. identificar os limites e as possibilidades
dessa interação.

69
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Contextualização sociocultural e • Relacionar os problemas socioam-
socioambiental bientais e socioculturais com a pro-
• Compreender o conhecimento sociocultural, moção da saúde pública.
socioambiental e tecnológico como resul- • Conhecer e respeitar a subjetividade
tado da construção humana, associado aos e as diferenças socioculturais.
aspectos de ordem histórica, cultural, social,
econômica e política.
• Compreender as interações entre conheci-
mentos culturais, produção de tecnologia e
condições de vida, analisando criticamente
os limites e as possibilidades da intervenção
humana na dinâmica do meio ambiente.
• Compreender a saúde como resultado do
bem-estar físico, social, mental e cultural
dos indivíduos.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos
para elaboração de propostas de intervenção
solidária, respeitando os valores humanos e
a diversidade sociocultural e ambiental.
• Compreender a diversidade de informações
socioculturais das comunidades, identifi-
cando e questionando as ações humanas e
suas principais consequências em diferentes
espaços e tempos, sendo participante ativo,
consciente, ético e crítico nas questões so-
cioculturais e socioambientais.
• Compreender a subjetividade como ele-
mento de realização humana, valorizando
a formação de hábitos de autocuidado, de
autoestima e respeito ao outro.

70
Sumário principal

6ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Expressão e comunicação • Produzir relatórios de pesquisa. Eixo
• Dominar os instrumentos básicos da lin- • Resolver situações-problema, utilizando-se Os seres vivos
guagem científica, entre outros: percepção, de raciocínios lógicos e demonstrações. 1. Diversidade da vida
categorização, identificação, diferenciação,
descrição, observação, comparação, expli- • Realizar as atividades com independência, • Conceito
cação, argumentação, conceitos, pensa- utilizando-se de técnicas básicas de estu- 2. Ecossistemas
mento lógico e crítico. do (organização de material, consulta e
registro de fontes, elaboração de roteiros, 3. Classificação dos  seres
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas,
realização de atividades extras, elaboração vivos
gráficos e representações geométricas.
• Identificar e utilizar adequadamente de resumos). 4. Ecologia
símbolos, códigos e nomenclatura da • Dominar os procedimentos da pesquisa • Conceitos
linguagem científica. científica e utilizar a pesquisa como meio • Relações ecológicas
• Consultar, analisar e interpretar textos de buscar, fundamentar respostas e con-
de enfoque sociocultural e tecnológi- textualizar conceitos.
cos veiculados nos diferentes meios de
comunicação. • Respeitar a subjetividade e as diferenças
• Elaborar textos para relatar eventos, socioculturais.
fenômenos, experimentos, questões- • Participar de ações de cidadania e solida-
problema, visitas, etc. riedade.
• Analisar, argumentar e posicionar-se criti- • Aplicar os conceitos aprendidos para re-
camente em relação a temas de ciência, fletir a interação entre o ser humano e o
cultura, tecnologia e meio ambiente. ambiente sociocultural e socioambien-
tal.
Investigação e compreensão • Compreender a biodiversidade e a impor-
• Identificar situações-problemas do cotidia- tância das relações ecológicas na manu-
no (sociocultural e socioambiental), elaborar tenção do equilíbrio ambiental.
hipóteses, interpretar, avaliar e planejar in-
tervenções socioculturais e tecnológicas. • Identificar as alterações causadas pela
• Organizar os conhecimentos adquiridos, ação humana aos ecossistemas e refletir
entender, contextualizar e refletir as infor- suas consequências.
mações surgidas das práticas humanas. • Identificar a biodiversidade dos ecossis-
• Elaborar e desenvolver experimentos e temas global e regional.
interpretar os resultados. • Analisar propostas de intervenção nos
• Articular, integrar e sistematizar fenôme- ambientes, considerando as dinâmicas
nos e teorias dentro das áreas do conhe- das populações, associando a garantia de
cimento. estabilidade dos ambientes e da qualidade
• Valorar o trabalho em grupo, sendo ca- de vida humana a ações de conservação,
paz de ação crítica e cooperativa para a recuperação e sustentabilidade ambien-
construção coletiva do conhecimento. tal.

71
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Contextualização sociocultural • Conhecer, analisar e compreender as in-
e socioambiental terações dos seres vivos com o ambiente
• Compreender o conhecimento socio- e sua importância para a existência da
cultural, socioambiental e tecnológico vida.
como resultado da construção humana, • Reconhecer o ser humano como parte
associado aos aspectos de ordem históri- integrante e transformadora do meio am-
ca, cultural, social, econômica e política. biente.
• Compreender as interações entre conhe-
cimentos culturais, produção de tecno-
logia e condições de vida, analisando
criticamente os limites e as possibilidades
da intervenção humana na dinâmica do
meio ambiente.
• Compreender a saúde como resultado do
bem-estar físico, social, mental e cultural
dos indivíduos.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvi-
dos para elaboração de propostas de in-
tervenção solidária, respeitando os valores
humanos e a diversidade sociocultural e
ambiental.
• Compreender a diversidade de informa-
ções socioculturais das comunidades,
identificando e questionando as ações
humanas e suas principais consequências
em diferentes espaços e tempos, sendo
participante ativo, consciente, ético e
crítico nas questões socioculturais e so-
cioambientais.
• Compreender a subjetividade como ele-
mento de realização humana, valorizando
a formação de hábitos de autocuidado,
autoestima e respeito ao outro.

72
Sumário principal

7ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Expressão e comunicação • Produzir relatórios de pesquisa. Eixo
• Dominar os instrumentos básicos da lin- • Resolver situações-problema, utilizando- Corpo Humano
guagem científica, entre outros: percepção, se de raciocínios lógicos e demonstra- 1. Célula
categorização, identificação, diferenciação, ções.
descrição, observação, comparação, expli- • Funções vitais
cação, argumentação, conceitos, pensa- • Realizar as atividades com independên- 2. Morfofisiologia do corpo
mento lógico e crítico. cia, utilizando-se de técnicas básicas de humano
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, estudo (organização de material, consulta
• Sistema digestório
gráficos e representações geométricas. e registro de fontes, elaboração de ro-
• Identificar e utilizar adequadamente sím- teiros, realização de atividades extras, • Sistema respiratório
bolos, códigos e nomenclatura da lingua- elaboração de resumos). • Sistema circulatório
gem científica. • Dominar os procedimentos da pesqui- • Sistema urinário
• Consultar, analisar e interpretar textos sa científica e utilizar a pesquisa como • Pele
de enfoque sociocultural e tecnológicos meio de buscar, fundamentar respostas
veiculados nos diferentes meios de co- • Órgãos dos sentidos
e contextualizar conceitos.
municação. • Sistema nervoso
• Elaborar textos para relatar eventos, fenô- • Respeitar a subjetividade e as diferenças
• Sistema endócrino
menos, experimentos, questões-problema, socioculturais.
• Sistema reprodutor
visitas, etc. • Reconhecer-se como sujeito coletivo,
• Analisar, argumentar e posicionar-se criti- autônomo, participativo, solidário, que 3. Saúde humana e o am-
camente em relação a temas de ciência, respeita e faz-se respeitar, relaciona-se, biente
cultura, tecnologia e meio ambiente. exerce a cidadania e a democracia. • Conceito de saúde
• Reconhecer-se como corpo que age, • Doenças dos sistemas
Investigação e compreensão aprende, vive, interage, desenvolve-se, humanos
• Identificar situações-problemas do coti- adapta-se e deseja, assumindo com res- • Relação meio ambien-
diano (sociocultural e socioambiental), ponsabilidade a sua saúde e bem-estar te e saúde
elaborar hipóteses, interpretar, avaliar e e os demais. • Políticas públicas para
planejar intervenções socioculturais e • Conhecer diferentes interpretações de a saúde
tecnológicas. senso comum e científicas sobre práticas 4. Genética
• Organizar os conhecimentos adquiridos, sociais, como formas de produção, e
entender, contextualizar e refletir as infor- hábitos pessoais, como higiene e ali- • Conceitos
mações surgidas das práticas humanas. mentação.
• Elaborar e desenvolver experimentos e
• Associar características gerais e adap-
interpretar os resultados.
tações dos seres humanos com o seu
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos modo de vida e seus limites de distri-
e teorias dentro das áreas do conhecimen-
buição nos diferentes ambientes, em
to.
especial nos brasileiros.
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz
de ação crítica e cooperativa para a cons- • Conhecer as propostas de alcance indivi-
trução coletiva do conhecimento. dual ou coletivo, que visam à preservação
e à implementação da saúde individual
e coletiva.

73
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Contextualização sociocultural • Conhecer o corpo humano e seu fun-
e socioambiental cionamento, bem como os cuidados
• Compreender o conhecimento socio- necessários para uma vida saudável.
cultural, socioambiental e tecnológico • Conhecer indicadores de saúde e desen-
como resultado da construção humana, volvimento humano, como mortalidade,
associado aos aspectos de ordem histórica, natalidade, longevidade, nutrição, sane-
cultural, social, econômica e política. amento, renda e escolaridade, apresen-
• Compreender as interações entre conheci- tados em gráficos, tabelas e/ou textos.
mentos culturais, produção de tecnologia • Conhecer os processos vitais do orga-
e condições de vida, analisando critica- nismo humano (defesa, manutenção
mente os limites e as possibilidades da do equilíbrio interno, relações com o
intervenção humana na dinâmica do meio ambiente, sexualidade, etc.) e fatores de
ambiente. ordem ambiental, social ou cultural dos
• Compreender a saúde como resultado do indivíduos.
bem-estar físico, social, mental e cultural • Entender o próprio corpo e a sexuali-
dos indivíduos. dade como elementos de realização
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvi- humana.
dos para elaboração de propostas de in- • Identificar hábitos de autocuidado, au-
tervenção solidária, respeitando os valores toestima e respeito ao outro.
humanos e a diversidade sociocultural e
ambiental.
• Compreender a diversidade de informa-
ções socioculturais das comunidades,
identificando e questionando as ações
humanas e suas principais consequências
em diferentes espaços e tempos, sen-
do participante ativo, consciente, ético
e crítico nas questões socioculturais e
socioambientais.
• Compreender a subjetividade como ele-
mento de realização humana, valorizando
a formação de hábitos de autocuidado,
autoestima e respeito ao outro.

74
Sumário principal

8ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Expressão e comunicação • Planejar, realizar e defender ações de Eixo Introdução à
• Dominar os instrumentos básicos da cidadania e de solidariedade. química e à física
linguagem científica, entre outros: per- • Ler, compreender e extrapolar textos 1. Aspectos químicos da
cepção, categorização, identificação, científicos. vida
diferenciação, descrição, observação,
comparação, explicação, argumentação, • Resolver situações-problema, utilizando- • Matéria e suas pro-
conceitos, pensamento lógico e crítico. se de argumentos, raciocínios lógicos e priedades físicas
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, demonstrações. • Modelo Atômico de
gráficos e representações geométricas. • Planejar, organizar e realizar atividades de Dalton
• Identificar e utilizar adequadamente estudos, sem necessidade de intervenção • Misturas e soluções
símbolos, códigos e nomenclatura da do professor.
• Reações químicas
linguagem científica. • Dominar e utilizar técnicas de estudos (or-
• Consultar, analisar e interpretar textos ganização de material, consulta e registro 2. Aspectos físicos da
de enfoque sociocultural e tecnológi- de fontes, elaboração de roteiros, realiza- vida
cos veiculados nos diferentes meios de ção de atividades extras, elaboração de • Movimento e força
comunicação. resumos, esquemas, sínteses, resenhas). • Eletricidade e magne-
• Elaborar textos para relatar eventos, • Reconhecer e fazer uso da pesquisa como tismo
fenômenos, experimentos, questões- forma de comprovar hipóteses, utilizando
problema, visitas, etc. • Energia, calor e tem-
argumentos válidos e fundamentação peratura
• Analisar, argumentar e posicionar-se criti- teórica.
camente em relação a temas de ciência, 3. Ciências e tecnologias
cultura, tecnologia e meio ambiente. • Elaborar perguntas, hipóteses e argu-
mentos. • Energia nuclear
• Responsabilizar-se pelas atitudes toma- • Energia eólica
Investigação e compreensão
• Identificar situações-problemas do cotidia- das. • Medicina nuclear
no (sociocultural e socioambiental), elaborar • Planejar atividades de trabalho com base • Produção e distribui-
hipóteses, interpretar, avaliar e planejar in- em objetivos. ção da energia elétri-
tervenções socioculturais e tecnológicas. • Integrar os conhecimentos e se posicionar ca
• Organizar os conhecimentos adquiridos, diante das ações do ser humano sobre a
entender, contextualizar e refletir as infor- natureza.
mações surgidas das práticas humanas.
• Elaborar e desenvolver experimentos e • Reconhecer e utilizar códigos e nomencla-
interpretar os resultados. tura da química para caracterizar materiais,
substâncias e transformações químicas, e
• Articular, integrar e sistematizar fenôme- para identificar suas propriedades.
nos e teorias dentro das áreas do conhe-
cimento. • Caracterizar materiais, substâncias e
• Valorar o trabalho em grupo, sendo ca- transformações químicas, identificando
paz de ação crítica e cooperativa para a propriedades, etapas, rendimentos e taxas
construção coletiva do conhecimento. de sua obtenção e produção; implicações
sociais, econômicas e ambientais.

75
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


Contextualização sociocultural e • Descrever e comparar características fí-
socioambiental sicas e parâmetros de movimentos de
veículos, corpos celestes e outros objetos
• Compreender o conhecimento socio-
em diferentes linguagens e formas de
cultural, socioambiental e tecnológico
representação.
como resultado da construção humana,
associado aos aspectos de ordem históri- • Associar alterações ambientais a proces-
ca, cultural, social, econômica e política. sos produtivos e sociais, e instrumentos
ou ações científico-tecnológicos à de-
• Compreender as interações entre conhe-
gradação e preservação do ambiente.
cimentos culturais, produção de tecno-
logia e condições de vida, analisando • Compreender o papel das ciências na-
criticamente os limites e as possibilidades turais e das tecnologias a elas associa-
da intervenção humana na dinâmica do das, nos processos de produção e no
meio ambiente. desenvolvimento econômico e social
contemporâneo.
• Compreender a saúde como resultado do
bem-estar físico, social, mental e cultural • Comparar exemplos de utilização de
dos indivíduos. tecnologia em diferentes situações cul-
turais, avaliando o papel da tecnologia
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvi-
no processo social e explicando trans-
dos para elaboração de propostas de in-
formações de matéria, energia e vida.
tervenção solidária, respeitando os valores
humanos e a diversidade sociocultural e • Utilizar os conhecimentos da química e
ambiental. da física para conhecer o mundo natu-
ral e para interpretar, analisar e planejar
• Compreender a diversidade de informa-
intervenções científico-tecnológicas no
ções socioculturais das comunidades,
mundo contemporâneo.
identificando e questionando as ações
humanas e suas principais consequências • Analisar diversas possibilidades de gera-
em diferentes espaços e tempos, sendo ção de energia para uso social, identifican-
participante ativo, consciente, ético e do e comparando as diferentes opções
crítico nas questões socioculturais e so- em termos de seus impactos ambiental,
cioambientais. social, cultural e econômico.
• Compreender a subjetividade como ele-
mento de realização humana, valorizando
a formação de hábitos de autocuidado,
autoestima e respeito ao outro.

76
Sumário principal

6.1.5 Referências

ALTET, M. Análise das práticas dos professores das situações pedagógicas. Porto: Ed. Porto, 2000.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
_______. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo : Hucitec, 1995.
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BIZZO, N. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Ática, 2002.
BRANCO, S. Meio ambiente & biologia. São Paulo: SENAC, 2001.
BRASIL. Constituição (1988). Brasília, DF, 2002.
_______. Lei nº: 9394. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. 1996.
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_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. Brasília:
MEC / SEF, 1997.
BRONCKART, J. Atividade da linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo:
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CARI, C. O currículo científico com o povo tupinikim: a tomada de consciência dos instrumentos socioculturais.
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CHASSOT, A. Alfabetização científica questões e desafios para a educação. Ijuí, RS: Unijuí, 2003.
_______. Educação consciência. Santa Cruz do Sul, RS: EDUNISC, 2003.
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DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. Metodologia de ensino de ciências. São Paulo: Cortez, 1994.
_______ et al. Ensino de ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
FAUNDEZ, A. O poder da participação. São Paulo: Cortez, 2001.
FIORIN, J. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2007.
GIORDAN A.; DE VECCHI, G. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. Porto
Alegre: Artes Medicas, 1996.
KRASILCHIK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1987.
_______; MARANDINO, M. Ensino de ciências e cidadania, São Paulo: Moderna, 2004.
LÉVI-STRAUSS, C. O pensamento selvagem. São Paulo: Papirus, 1997.
LEONTIEV, A. et al. Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo:
Centauro, 2005.

77
Sumário principal

LIBÂNEO, J. Didática, São Paulo: Cortez, 1994.


MOLL, L. Vygotski e a educação: implicações pedagógicas da psicologia sócio-histórica. Porto Alegre: Artes Medicas,
2002.
MORIN, E. A cabeça bem-feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
_______. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2003.
MOREIRA, A; SILVA, T. (Org.) Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 2002.
MORTIMER, E. Evolução do atomismo em sala de aula: mudança de perfis conceituais. São Paulo: Universidade
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_______. Linguagem e formação de conceitos no ensino de ciências. Belo Horizonte: UFMG. 2000.
_______; SMOLKA, A (Org.) Linguagem, cultura e cognição: reflexões para o ensino e a sala de aula. Belo
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OLIVEIRA, M. (Org.) Investigações cognitivas: conceito, linguagem e cultura. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
SACRISTÁN, J. O currículo uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artes Medicas, 2000.
_______. Poderes instáveis na educação. Porto Alegre: Artes Medicas, 1999.
SAVIANI, D. Educação do senso comum à consciência filosófica, São Paulo: Autores Associados, 2004.
SEPULVEDA, C.; EL-HAANI, C. Apropriação do discurso científico por alunos protestantes de biologia: uma análise à
luz da teoria da linguagem de Bakhtin. Investigações em ensino de ciências, v. 11, n. 1, p.1-20, mar. 2006.
SILVA, T. (Org.) Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
VYGOTSKY, L.; LURIA, A.; LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.
WESSMANN, H. Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre: Artmet. 1998.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Medicas, 1998.

78
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Matemática
Sumário principal

6.2 Matemática &CALLEJO, 2006). Consideremos também


que a Matemática é um campo científico em
Há tempos a discussão em torno do ensino e permanente evolução, que se constituiu ao
da aprendizagem da Matemática vem sendo longo da evolução histórica pela necessidade
levantada em todos os níveis de educação. do homem de intervir no meio que o cerca e
Discutem-se metodologias, estratégias de de organizar e ampliar seus conhecimentos.
ensino, contextualizações, evasões, inclusões, Ela não é algo que diz respeito somente
entre outros. Percebe-se, nessa discussão, aos números, mas sim à vida, que nasce do
que a escola não vem acompanhando as mundo em que vivemos. Lida com ideias,
crescentes alterações sociais, políticas, tecno- e longe de ser aborrecida e estéril, como
lógicas e culturais que o mundo globalizado muitas vezes é retratada, ela é cheia de
nos impõe. criatividade. A história da humanidade nos
mostra que, além dos problemas de outros
Nesse novo contexto de discussão da Edu- campos do conhecimento nos conduzir a
cação Nacional desprender-se das velhas modelos matemáticos, as investigações e
filosofias e investir no estudo e na elabora- especulações da própria Matemática nos
ção de um currículo se faz necessário. Nessa conduzem a aplicações nas diversas áreas.
perspectiva o currículo de Matemática deve
atingir aspectos essenciais da formação Ao nos focarmos no ensino da Matemática
plena do cidadão, levando em conta a podemos recorrer a Palomar (2004), que
inserção no mundo do trabalho, as relações afirma que cada vez mais deve ser deixada
sociais, as relações simbólicas e as diversas de lado a resolução de problemas de maneira
culturas. mecânica ou a memorização de processo.
Num mundo em que as calculadoras estão
Assumiremos a visão de Lakatos (1978) de ao alcance de todos e que os computado-
que a Matemática é uma atividade humana res estão cada vez mais presentes, não se
que encerra nela mesma uma dialética de exige que se saiba a tabuada apenas, mas,
conjecturas, refutações e demonstrações até sobretudo, que se saiba que operação deve
chegar às conclusões. Mas enfatizamos que ser feita para se tomar a decisão correta. As
“a Matemática, nesta perspectiva, não envolve tendências atuais em educação matemática
unicamente as conclusões em si mesmas, mas vão na direção de buscar a vinculação prática
a atividade que leva a estabelecê-las” (VILA entre o que ocorre na sala de aula e fora

81
Sumário principal

dela. A palavra-chave é “contextualização” e a meta é se ensinar uma Matemática para formar os


cidadãos críticos exigidos pela sociedade dialógica. Assim, se deve:

Fazer menos... Fazer mais...


• Aula expositiva • Orientação, motivação
• Trabalho individual • Trabalho em grupo
• Trabalho em contexto • Aplicações cotidianas, globalização
• Trabalho abstrato • Modelização e conexão
• Temas tradicionais do passado • Temas interessantes de hoje
• Memorização instantânea • Compreensão duradoura
• Informação acabada • Descoberta e busca
• Atividades fechadas • Atividades abertas
• Exercícios rotineiros • Problemas compreensivos
• Simbolismo matemático • Uso de linguagens diversas
• Tratamento formal • Visualização
• Ritmo uniforme • Ritmo personalizado
• Avaliação de algoritmos • Avaliação do raciocínio
• Avaliação quantitativa • Avaliação qualitativa
• Avaliação do desconhecimento • Avaliação formativa
Quadro 1 - Linhas do ensino da Matemática no século XXI.13

Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que normativa (que são as regras e as normas
aprender Matemática implica aprender a que regulam os diferentes procedimen-
(re)conhecer a Matemática da vida real: tos matemáticos); a afetiva (quer dizer,
habilidades, conhecimentos, disposições, o conjunto de emoções e sentimentos
capacidades de comunicação e sua aplica- que acompanham as pessoas durante a
ção na vida cotidiana. Uma aprendizagem aprendizagem); e a cognitiva (referente
do seu ponto de vista implica quatro di- concretamente à maneira de aprender, quer
mensões diferentes: a instrumental (que dizer, às estratégias que a pessoa utiliza
se refere ao conjunto de símbolos que para entender um conceito matemático e
constituem a linguagem matemática); a incorporá-lo a seu conhecimento).

13 Alsina, C.2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.

82
Sumário principal

Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta crítica? Para Skovsmose (2006) o conceito de
no processo de ensino-aprendizagem quem competência crítica enfatiza que os estudantes
aprende, quem ensina e o saber a ser ensinado, devem estar envolvidos e participar ativamente
buscando o crescimento integral do educando. do processo educacional e, para isso, preci-
Ao buscar a compreensão do crescimento samos pensar em uma escola democrática,
dos indivíduos, levamos em consideração em um currículo democrático e em práticas
que a construção do conhecimento é tem- democráticas.
poral, histórica e intencional, que encontra
na família, no ambiente social e na cultura os Lembremos de Freire (1992, pp.81-82) que
fatores determinantes do desenvolvimento diz: “ensinar é um ato criador, um ato crítico
humano. Baseado nisso pode-se acrescentar e não mecânico”. Sem querer tirar do profes-
às quatro dimensões sugeridas por Palomar as sor a responsabilidade pela aprendizagem
dimensões histórica, social e cultural. dos seus alunos, Freire ainda destaca que
o professor precisa, sim, conhecer o que
Dentro da visão de que o aprendizado resulta ensina, no entanto, afirma que:
em desenvolvimento mental, que põe em mo-
vimento vários processos de desenvolvimento, Não é possível ensinar a aprender sem en-
nos reportamos a Machado (1995), que diz sinar um certo conteúdo através de cujo
conhecimento se aprende a aprender, não
que comprender é aprender o significado e
se ensina igualmente a disciplina de que
aprender o significado é ver o objeto do conhe- estou falando a não ser na e pela prática
cimento em relação a outros conhecimentos, cognoscente de que os educandos vão se
interligando-os e articulando-os. tornando sujeitos cada vez mais críticos.
(FREIRE, 1992, p.81-82).

6.2.1 Contribuição da disciplina Esse processo só pode ser intermediado


para a formação humana pelo diálogo que, segundo Freire (2005),
implica um pensar crítico, para somente
Nesse processo de construção de significados assim termos um processo educacional capaz
apontamos para a questão da criticidade. E já de formar pessoas que possam se inserir e
que estamos falando de competências por transformar a sociedade; sem diálogo não há
que não falarmos também que é um papel comunicação; sem essa, não há verdadeira
da Matemática despertar para a competência educação.

83
Sumário principal

Ainda para Freire (1996, p.30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
relação com as condições sociais, políticas
se exige previamente uma valorização dos
e econômicas ao longo dos tempos rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemá-
cidadã do indivíduo. ticos com a cultura e as manifestações
artísticas e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como
matemáticas dos cidadãos e das comunidades a Matemática colabora na compreensão
locais – que são competências prévias relati- e utilização das tecnologias e como as
tecnologias podem colaborar para a
vamente eficientes –, mas que não se abdique
compreensão da Matemática.
do saber matemático mais universal. Além
disso, o desenvolvimento de competências Oportunizar a compreensão e transfor-
e habilidades matemáticas contribui mais mação do mundo em que vivemos, seja a
comunidade local, o município, o Estado,
diretamente para auxiliar o cidadão a ter
o país ou o mundo.
uma visão crítica da sociedade em que vive
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemá-
ticos (aritmético, geométrico, métrico,
6.2.2 Objetivos da disciplina algébrico, estatístico, combinatório,
probabilístico) entre eles e com outras
áreas do conhecimento.
Partindo do princípio que a Matemática deve
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações que levem o estu-
consideramos os seguintes objetivos: dante a validar estratégias e resultados,

84
Sumário principal

de forma que possam desenvolver o cionalização de conceitos e representações


raciocínio e processos, como intuição, matemáticas, nos quais o fazer, o argumentar
indução, dedução, analogia, estimativa, e o discutir têm grande importância neste
e utilizarem conceitos e procedimentos
processo.
matemáticos, bem como instrumentos
tecnológicos disponíveis.
As situações a propor aos alunos, tanto numa
Apresentar a Matemática de forma a fase de exploração de um conceito como
permitir ao estudante comunicar-se na de consolidação e aprofundamento,
matematicamente, ou seja, que saiba
devem envolver contextos matemáticos e
descrever, representar e apresentar
resultados com precisão e argumentar não-matemáticos e incluir outras áreas do
sobre suas conjecturas, fazendo uso da saber e situações do cotidiano dos alunos. É
linguagem oral, escrita e pictórica, estabe- importante que essas situações sejam apre-
lecendo relações entre elas e as diferentes sentadas de modo realista e sem artificialida-
representações matemáticas. de, permitindo capitalizar o conhecimento
prévio dos alunos. As situações de contextos
menos conhecidos precisam ser devidamente
6.2.3 Principais alternativas explicadas, de modo a não se constituírem
metodológicas como obstáculos à aprendizagem.

Refletindo sobre alternativas Além de utilizar ideias e processos matemá-


metodológicas ticos para lidar com problemas e situações
contextualizadas, os alunos precisam saber
Colocar os alunos frente a diversos tipos de trabalhar igualmente em contextos pura-
experiências matemáticas, como resolver mente matemáticos, que envolvam raciocí-
problemas, realizar atividades de investiga- nios aritméticos, geométricos e algébricos.
ção, desenvolver projetos e atividades que Desenvolver a capacidade de resolução
envolvam jogos e ainda resolver exercícios de problemas e promover o raciocínio e a
que proporcionem uma prática compreensiva comunicação matemáticos, para além de
de procedimentos, é a meta desta proposta. constituírem objetivos de aprendizagem
Consideramos que o ensino-aprendizagem centrais neste currículo, constituem também
tem de prever momentos para confronto de importantes orientações metodológicas para
resultados, discussão de estratégias e institu- estruturar o trabalho de sala de aula.

85
Sumário principal

A resolução de problemas como metodologia tica como um fenômeno cultural e a forte


tem a proposta de romper com o currículo linear influência do contexto sociocultural para
e avançar num ensino que integre conteúdos professores e alunos nesse processo.
e articule conhecimentos, propiciando o de-
senvolvimento de uma atitude de investigação Convém precisar que um problema matemá-
frente às situações-problema, bem como a tico é uma situação em que a solução não
construção da capacidade de se comunicar está disponível de imediato e que demanda
matematicamente e utilizar processos de pen- a realização de uma sequência de ações.
samentos mais elevados. Essa metodologia Resolver um problema não se resume em
favorece o desenvolvimento da capacidade compreendê-lo e dar resposta correta aplican-
de se adaptar a novas situações, além de ver do procedimentos adequados. É necessário
a Matemática como uma ciência dinâmica, que o aluno se aproprie do conhecimento
construída pelo homem, na qual haja lugar para envolvido, desenvolvendo habilidades que
conjecturas, refutações e demonstrações. lhe permitam por à prova os resultados,
testar seus efeitos, comparar diversos cami-
Os elementos básicos que compõem esse nhos para obter a solução, o que exige que
ambiente de aprendizagem são o professor, saiba argumentar sobre os procedimentos
com sua visão de Matemática e suas concep- desenvolvidos. Isso desenvolve no aluno
ções14 de ensino e aprendizagem; os alunos, a criatividade, a reflexão, a argumentação,
com seus conhecimentos, emoções, visão enfim, o pensar sobre o próprio conhecimento
da sociedade onde vivem e suas interações, (metacognição).Nessa forma de trabalho, o
etc. e, por último, os problemas selecionados valor da resposta correta cede lugar ao valor
com uma determinada intenção, visando do processo de resolução e à investigação.
à investigação e ao estabelecimento de Enfatizamos, pois, que trabalhar via a resolu-
relações e múltiplas articulações. No entanto, ção de problemas requer uma mudança de
ao indagar sobre as relações afetivas dos postura e uma nova organização da prática
alunos com a Matemática e suas motivações de sala de aula. Para Soligo (2001).
para a aprendizagem, precisamos levar em
consideração dois aspectos: ver a Matemá- o desafio de organizar a prática pedagó-
gica a partir do modelo metodológico
da resolução de problemas se expressa,
14 A definição de concepção assumida é de que comporta principalmente, no planejamento de
visões, saberes, atitudes e crenças.

86
Sumário principal

situações de ensino e aprendizagem computador deveria ser usado no processo


difíceis e possíveis ao mesmo tempo, de ensino-aprendizagem, antes de qualquer
ou seja, em atividades e intervenções
outra coisa, como um meio para implementar
pedagógicas adequadas às necessidades
o que com outros meios não seria possível
e possibilidades de aprendizagem dos
alunos. ou seria difícil obter. Diferentemente do que
alguns educadores temem, não se trata de
A organização do trabalho escolar dentro implementar com o computador a ação de
da perspectiva da resolução de problemas outros meios educativos cuja qualidade está
depende, portanto, de uma ação direta do bem demonstrada. Percebe-se nessa fala a
professor que possa contribuir para que o preocupação em não fazer do computador
estudante avance na construção do conheci- uma simples transferência de ações que já
mento, nos processos essenciais da formação ocorrem com a utilização de outros meios e
do cidadão, na forma de conjecturar, fazer sim para potencializá-las com a incrementa-
inferência, descobri regularidades e refinar ção de tarefas difíceis ou impossíveis de serem
ideias e procedimentos. realizadas sem um meio virtual, valorizando
o papel do professor como intermediador
Dentro da metodologia de resolução de proble- desse novo processo de aprendizagem.
mas podemos ainda apontar outras alternativas
metodológicas para a prática docente, uma Nessa perspectiva, para contribuir com a
delas o uso do computador como uma das aprendizagem da Matemática é necessário
possíveis tecnologias que podem ser inseridas que pensemos no uso do computador
no processo de ensino-aprendizagem. Para dentro de uma abordagem que permita
começar a pensar sobre o uso do computador a ação do sujeito e a reflexão sobre essa
na escola, antes precisamos entender qual o ação, e para isso deve-se buscar utilizar
seu papel e em que sentido pode contribuir ambientes computacionais que valorizem
para a construção do conhecimento. a experimentação e a investigação.

Para Seymor Papert (1994) os computado- Outra questão importante é discutir sobre
res devem servir como instrumentos para o uso da calculadora na escola. Um recurso
se trabalhar e pensar, meios para realizar utilizado de forma quase natural em nossa
projetos, fonte de conceitos para pensar sociedade. Os preços acessíveis e a facilidade
novas ideias. Galvis (1988) afirma que o de serem encontradas as tornaram instru-

87
Sumário principal

mentos imprescindíveis. Afinal, quem nunca da Matemática, tem-se como propósito a


manuseou uma calculadora? Imaginemos superação das dificuldades de aprendizagem
como seria se ela não existisse? Quanto tempo de conteúdos, além de seu caráter motivador.
perdido e quantos negócios deixariam de Para tal, evidenciam-se as contribuições
ser feitos se não pudéssemos contar com do processo de construção histórica dos
a agilidade desse recurso? No entanto, é conceitos e procedimentos matemáticos.
o educador quem deve decidir o melhor
momento de uso, e quais são as situações nas Dentre os recursos didáticos que auxiliam o en-
quais a calculadora poderá ser inserida para sino- aprendizagem da Matemática na escola,
contribuir na construção do conhecimento os jogos, os materiais concretos, o livro didático
e não como algo que venha a substituir me- e o trabalho com projetos merecem destaque.
todologias já existentes. É importante que Os materiais concretos têm efeitos positivos
o uso ocorra de forma paralela aos cálculos no ensino-aprendizagem da Matemática,
mentais e estimativas, seja na construção auxiliando no caminho para a abstração mate-
de conceitos, na resolução de problemas, mática, bem como o trabalho com jogos, que
na organização e gestão de dados ou em fornecem uma excelente oportunidade para
atividades específicas que colaborem para a que sejam explorados aspectos importantes
construção de significados pelos alunos. dessa metodologia.Como exemplo, convém
lembrar que a observação precisa dos dados,
Ao nos referirmos à atribuição de significa- a identificação das regras, a procura de uma
dos pelos alunos não poderíamos deixar estratégia, o emprego de analogias, a redução
de mencionar que uma das formas mais a casos mais simples, a variação das regras,
eficazes de atribuir significado aos conceitos entre outras possibilidades, são capacidades
matemáticos é contextualizá-los no processo que podem ser desenvolvidas quando se
de evolução histórica desses conceitos. No trabalha com jogos na aula de Matemática.
entanto, trazer a História da Matemática é No âmbito pedagógico, é fundamental o
evidenciar as articulações da Matemática aspecto interativo propiciado pela experiência
com as necessidades do homem de cada com jogos matemáticos, pois os alunos não
época. Essa história não deve se limitar à ficam na posição de meros observadores,
descrição de fatos ocorridos no passado e transformam-se em elementos ativos, na
ou à atuação de personagens famosos. Ao tentativa de busca da estratégia vencedora,
se trazer para a sala de aula fatos da história buscando solucionar o problema posto à sua

88
Sumário principal

frente. Certamente que tal atitude é extrema- de possibilitar a integração de vários ramos da
mente positiva para a aprendizagem das ideias Matemática. Outra dimensão positiva dessa
matemáticas subjacentes aos jogos. ação pedagógica é a possibilidade de escolha
de projetos com temas transversais de interesse
O livro didático, por sua vez, tem sido ao da comunidade, que favoreçam o despertar do
longo dos anos o único suporte do trabalho aluno para os problemas do contexto social e
pedagógico do professor, convertendo-se em cultural, além de contribuir para ações que ao
um dos apoios disponíveis para o professor; entender esse contexto o modificam.
talvez o mais importante, o mais facilmente
acessível, na disponibilidade do material tex- Um fato a considerar é que a metodologia de
tual que vai ser objeto de estudo, na indicação ensino-aprendizagem aqui tratada e as dife-
dos conteúdos relevantes e nas propostas rentes alternativas metodológicas e recursos
de atividades que ensejam sua exploração. didáticos exigem dos professores e alunos uma
Espera-se que dentro de uma perspectiva mais nova postura diante do conhecimento e aliado
ampla o livro didático deixe de ser o único a isto uma permanente busca a variadas fontes
instrumento de apoio ao professor e que ele de informação e a momentos de interação
possa complementar esse recurso, atendendo fora dos limites da sala de aula.
às diferenças regionais e particularidades
locais. Para tal que utilize textos e filmes
diversos que tratem de temas de interesse COMPETÊNCIAS/HABILIDADES
dos indivíduos envolvidos, e a internet, com
Dentre as competências gerais para todos
sua gama de conexões, no sentido de ampliar
os anos do Ensino Básico citamos:
as informações e repertório textual.
Estabelecer conexões entre os campos
Ressaltamos o trabalho com projetos, que se da Matemática e entre essa e as outras
harmoniza com a resolução de problemas, áreas do saber.
tendo como ponto comum a valorização do
Raciocinar logicamente, fazer abstrações
envolvimento ativo do professor e dos alunos
com base em situações concretas, gene-
nas ações investigativas desenvolvidas em sala ralizar, organizar e representar.
de aula. Além disso, os projetos são oportunida-
des adequadas à prática da interdisciplinaridade, Comunicar-se utilizando as diversas
formas de linguagem empregadas na
quando articulam vários ramos do saber, além
Matemática.

89
Sumário principal

Resolver problemas, criando estratégias Reconhecer relações entre a matemática


próprias para sua resolução, desenvol- e as outras áreas do conhecimento, per-
vendo a imaginação e a criatividade. cebendo sua presença nos mais variados
campos de estudo e da vida humana.
Utilizar a argumentação matemática
apoiada em vários tipos de raciocínio: Compreender dados estatísticos, inter-
dedutivo, indutivo, probabilístico, por pretá-los e tirar conclusões que possam
analogia, plausível, etc. ir além dos dados oferecidos, estabele-
cendo tendências e possibilidades.
Utilizar as novas tecnologias de compu-
tação e informação. Identificar e analisar valores das variáveis,
Desenvolver a sensibilidade para as liga- intervalos de crescimento e decrescimen-
ções da Matemática com as atividades to em um gráfico cartesiano sobre tema
estéticas no agir humano. socioeconômico ou técnico-científico.

Perceber a beleza das construções Visualizar e analisar formas diversas e


matemáticas, muitas vezes expressa na geométricas.
simplicidade, na harmonia e na organi- Diante de formas geométricas planas e
cidade de suas construções. espaciais, reais ou imaginárias, conhecer
Expressar-se com clareza utilizando a suas propriedades, relacionar seus ele-
linguagem matemática. mentos.
Calcular comprimentos, áreas e volumes
Outras competências, igualmente fundamen- e saber aplicar esse conhecimento no
tais para o Ensino Básico, estão associadas cotidiano.
a campos matemáticos mais específicos e
Utilizar grandezas diversas para medir
são mencionadas a seguir:
espaço, tempo e massa.
Reconhecer e utilizar símbolos, códigos
Reconhecer o caráter aleatório de cer-
e nomenclaturas da linguagem mate-
mática. tos fenômenos e utilizar processos de
contagem, estatística e cálculo de pro-
Identificar, transformar e traduzir ade- babilidades para resolver problemas.
quadamente valores e unidades básicas
apresentadas sob diversas formas. Identificar a formulação em linguagem
matemática, em uma situação-problema
Identificar dados relevantes de uma situação apresentada em certa área do conheci-
problema para buscar possíveis soluções. mento.

90
Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum - Matemática

5ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Compreender glo- • Reconhecer e utilizar diferentes formas de represen- Números e operações
balmente os núme- tação dos números, assim como das propriedades • Os números no dia-a-dia.
ros e as operações e das operações.
sua utilização. • Operações fundamentais.
• Reconhecer a ordem de grandeza dos números.
• Desenvolver es- • Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade • Multiplicação: ideia proporcional.
tratégias úteis de de resultados obtidos. • As estratégias de cálculo: cálculo
manipulação dos mental, estimativas, calculadora e
• Procurar explorar padrões numéricos em situações
números e das ope- algoritmo.
matemáticas e não-matemáticas.
rações.
• Investigar relações numéricas em problemas envol- • Os decimais: escrita e representa-
• Efetuar cálculos vendo processos de contagem. ções.
mentalmente, com
• Reconhecer as operações que são necessárias à reso- • As frações: ideia de parte-todo e
algoritmos de papel
lução de cada situação-problema, assim como explicar razão, representações numéricas
e lápis, ou usando
os métodos e o raciocínio que foram usados. e pictóricas.
calculadora, bem
como para decidir • Compreender o sistema de numeração decimal no • O conceito de equivalência de fra-
qual dos métodos que tange ao valor posicional dos algarismos. ções: comparação e operações.
é apropriado à situ- • Compreender o sistema de numeração decimal e • A porcentagem: escrita e repre-
ação. sua relação com os algoritmos da adição e subtração, sentações.
multiplicação e divisão.
• Os números inteiros: conceito e
• Reconhecer os números naturais, racionais e decimais representação.
e suas representações.
• Raciocínio proporcional.
• Reconhecer os números inteiros e suas representa-
ções e utilizações.
• Utilizar as propriedades das operações em situações
concretas e para facilitar os cálculos.
• Reconhecer as frações e os decimais e suas repre-
sentações.
• Trabalhar com valores aproximados dos números
racionais no contexto da situação-problema.
• Reconhecer as situações de proporcionalidade e o uso
do raciocínio proporcional em problemas diversos.
• Reconhecer porcentagens e suas diferentes repre-
sentações.

91
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Ler e interpretar ta- • Registrar ideias e procedimentos. Tratamento da informação
belas e gráficos em • Empregar média aritmética em situações-problema • Leitura e interpretação de tabelas
situações diversas e em que ela se faz necessária. e gráficos.
comunicar as inter-
pretações feitas. • Comunicar-se utilizando as diversas formas de lin- • Coleta de dados e organização em
guagem. gráficos de barra.
• Processar informa-
ções diversas. • Utilizar a argumentação matemática apoiada em • Leitura e interpretação de textos
vários tipos de raciocínios. diversos.
• Média aritmética.
• Visualizar, reconhe- • Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise Geometria, grandezas e
cer, analisar e es- das figuras geométricas e na resolução de problemas medidas
tabelecer relações geométricos e de outras áreas da matemática. • Visualização e análise de sólidos e
entre as figuras ge- • Observar, explorar e investigar. polígonos.
ométricas.
• Utilizar a imaginação e a criatividade. • Medidas de comprimento mais
• Compreender o utilizadas.
conceito de com- • Reconhecer posições relativas entre retas.
primento, massa e • Efetuar medições e estimativas em situações diversas, • Retas paralelas, perpendiculares e
aptidão para utili- utilizando medidas não-padronizadas e padroniza- concorrentes.
zar conhecimento das. • Perímetro de figuras planas.
sobre esses concei-
tos na resolução de • Estabelecer conexões entre os campos da Matemá- • O sistema métrico decimal: a histó-
tica e entre essa e as outras áreas do saber. ria das medidas e transformações
problemas do coti-
de unidades, aplicações.
diano.
• As unidades não-padronizadas de
• Perceber a beleza
medidas.
das construções
matemáticas, mui- • As unidades padronizadas de me-
tas vezes expressa didas de comprimento (metro, cen-
na simplicidade, na tímetro e quilômetro).
harmonia e na or- • As unidades de massa (quilograma
ganicidade de suas e grama).
construções.
• As unidades de volume (litro e
mililitro).
• Unidades de tempo (hora, minuto,
segundo, ano, década, século).

92
Sumário principal

6ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Compreender global- • Compreender o sistema de numeração decimal no Números e operações
mente os números e que tange ao valor posicional dos algarismos. • Operações fundamentais.
as operações e sua • Reconhecer e utilizar diferentes formas de represen-
utilização. • As estratégias de cálculo: cálculo
tação dos números, assim como das propriedades mental, estimativas, calculadora
• Desenvolver estraté- das operações. e algoritmo.
gias úteis de manipu- • Reconhecer a ordem de grandeza dos números.
lação dos números e • Os decimais: escrita, representa-
das operações. • Estimar valores aproximados e decidir a razoabilidade ções e cálculos com decimais.
de resultados obtidos. • As frações: ideia de parte-todo
• Efetuar cálculos men-
talmente, com algorit- • Procurar explorar padrões numéricos em situações e razão, e suas representações e
mos de papel e lápis, matemáticas e não-matemáticas. cálculos.
ou usando calculadora, • Investigar relações numéricas em problemas envol- • Retomar o conceito de equiva-
bem como para deci- vendo processos de contagem. lência de frações.
dir qual dos métodos
• Reconhecer as operações que são necessárias à reso- • Números decimais: decimal finito
é apropriado à situa-
lução de cada situação-problema, assim como explicar e dízimas periódicas.
ção.
os métodos e o raciocínio que foram usados. • A porcentagem: escrita e repre-
• Compreender o sistema de numeração decimal no sentações.
que tange ao valor posicional dos algarismos. • Os números inteiros: conceito,
• Compreender o sistema de numeração decimal e representação e operações.
sua relação com os algoritmos da adição e subtração, • Resolução de problemas envol-
multiplicação e divisão. vendo os inteiros.
• Reconhecer os números naturais, racionais e decimais • Potências e raízes.
e suas representações.
• Raciocínio proporcional: razão
• Reconhecer os números inteiros, suas representa- e proporção; grandezas direta-
ções e utilizações, bem como suas propriedades e mente ou inversamente propor-
a aptidão para utilizá-los em situações concretas. cionais.
• Utilizar as propriedades das operações em situações • Resolução de problemas envol-
concretas e para facilitar os cálculos. vendo o raciocínio combinató-
• Reconhecer as frações e os decimais e suas repre- rio.
sentações. • Porcentagem.
• Trabalhar com valores aproximados dos números • Juros.
racionais no contexto da situação-problema.
• Escalas.
• Reconhecer as situações de proporcionalidade e o uso
do raciocínio proporcional em problemas diversos.
• Reconhecer porcentagens e suas diferentes repre-
sentações.
• Ler e utilizar escalas nas representações pictóricas e
ao utilizar as tecnologias da informação.

93
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Ler e interpretar ta- • Coletar e organizar dados de pesquisa. Tratamento da informação
belas e gráficos em • Registrar ideias e procedimentos. • Coleta de dados e organização
situações diversas e em tabelas e gráficos.
comunicar as interpre- • Comunicar-se utilizando as diversas formas de lin-
tações feitas. guagem. • Construção de gráficos de barras
• Utilizar a argumentação matemática apoiada em e setores.
• Processar informações
vários tipos de raciocínios. • Média aritmética e ponderada.
diversas.
• Desenvolver o sentido crítico face ao modo como
a informação é apresentada.
• Criticar argumentos baseados em dados de natureza
quantitativa.
• Visualizar, reconhecer, • Utilizar a visualização e o raciocínio espacial na análise Geometria, grandezas e
analisar e estabelecer das figuras geométricas e na resolução de problemas medidas
relações entre as figu- geométricos e de outras áreas da Matemática. • Conceito de espaço e tempo do
ras geométricas.
• Observar, explorar e investigar. ponto de vista natural.
• Compreender o con-
ceito de comprimento, • Utilizar a imaginação e a criatividade. • Orientação espacial: direção,
massa e aptidão para • Compreender o conceito de comprimento e massa e sentido, eixo cartesiano.
utilizar conhecimento aptidão para utilizar conhecimento sobre estes con- • Simetria de reflexão, translação
sobre esses conceitos ceitos na resolução de problemas do cotidiano. e rotação.
na resolução de pro-
blemas do cotidiano. • Efetuar medições e estimativas em situações diversas, • Medindo ângulos.
utilizando medidas não-padronizadas e padroniza- • Dividindo o grau e a hora.
• Identificar a diversi- das.
dade nas diferentes • Perímetro.
culturas. • Estabelecer conexões entre os campos da Matemá-
tica e entre essa e as outras áreas do saber. • Área de figuras planas.
• Estabelecer conexões
entre os campos da • Reconhecer ângulos nas figuras geométricas e saber • Medidas de capacidade e mas-
Matemática e entre medi-los utilizando instrumentos adequados. sa (aplicação para resolução de
essa e as outras áreas problemas): áreas e volumes.
• Reconhecer as unidades que medem comprimento
do saber. e áreas e utilizá-las para os cálculos na resolução de • Soma dos ângulos internos de
• Perceber a beleza das problemas diversos. um polígono.
construções matemá-
ticas, muitas vezes ex-
pressa na simplicida-
de, na harmonia e na
organicidade de suas
construções.

94
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Analisar as relações • Procurar padrões e regularidades para formular Álgebra
numéricas, explicitá- generalizações em situações diversas, contextos • As regularidades e generaliza-
las em linguagem ma- numéricos e geométricos. ções.
terna e representá-las • Interpretar relações entre variáveis e fórmulas.
por meio de diferentes • Cálculo literal: letra como variável
processos, incluindo • Utilizar equações para traduzir para a linguagem e incógnita.
os símbolos. algébrica uma situação-problema e ter capacidade • Equação do 1º grau: conceito
de resolvê-la. de igualdade e equivalência.
• Resolver problemas
utilizando a aritmética Resolução.
e o raciocínio algébri- • Sistemas do 1º grau, aplicação
co. para resolução de problemas.
• A resolução de problemas en-
volvendo equações e sistemas.

95
Sumário principal

7ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Efetuar cálculos mental- • Estimar valores aproximados e decidir a ra- Números e operação
mente, com algoritmos zoabilidade de resultados obtidos. • Operar utilizando o cálculo mental, a
ou usando calculado- • Procurar e explorar padrões numéricos em si- estimativa, a calculadora e os algorit-
ra, bem como decidir tuações matemáticas e não-matemáticas, mos.
qual dos métodos é
apropriado à situação- • Reconhecer os números reais e irracionais e • Resolução e proposição de problemas
problema. suas representações. envolvendo as operações de adição,
• Expressar quantidades por meio da notação subtração, multiplicação, divisão, po-
• Reconhecer as opera- tenciação e radiciação.
ções que são necessá- científica, bem como reconhecer situações
rias à resolução de cada nas quais esse tipo de notação se faz pre- • Os conjuntos numéricos: inteiros, ra-
situação-problema, as- sente. cionais e irracionais.
sim como explicar os • Utilizar as propriedades das operações em • O conjunto dos números reais: relação
métodos e o raciocínio situações concretas e para facilitar os cálcu- entre os conjuntos numéricos (IN, Z,
que foram usados. los. Q e IR).
• Trabalhar com valores aproximados dos nú- • Notação científica como forma de
meros no contexto da situação-problema. compreender a escrita de números
• Reconhecer situações de proporcionalida- muito grandes ou muito pequenos.
de e o uso do raciocínio proporcional em • Os cálculos com frações e decimais.
problemas diversos. • Resolução de problemas de porcen-
• Reconhecer porcentagens e suas diferentes tagem.
representações, utilizando-a na resolução de • As escalas e suas aplicações.
problemas do cotidiano.
• Saber ler e utilizar escalas nas representações
pictóricas e ao utilizar as tecnologias da
informação.
• Resolver problemas uti- • Utilizar fatorações algébricas para simplificar Álgebra
lizando a aritmética e o cálculos. • Representar algebricamente uma
raciocínio algébrico. • Interpretar relações entre variáveis e fórmu- situação-problema.
• Analisar as relações nu- las. • Efetuar as operações básicas envolven-
méricas, explicitá-las em • Utilizar equações para traduzir para a lingua- do expressões algébricas e entendê-las
linguagem materna e gem algébrica uma situação-problema e ter como generalizações das propriedades
representá-las por meio capacidade de resolvê-la. e operações dos números.
de diferentes processos,
incluindo os símbolos. • Produtos notáveis: utilizá-los com a
finalidade de simplificar o cálculo al-
• Reconhecer as diversas gébrico.
representações algé-
bricas e operar com as
expressões algébricas.

96
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Relacionar e aplicar os • Calcular comprimentos, áreas e volumes e Geometria, grandezas
saberes da matemática saber aplicar esse conhecimento no cotidia- e medidas
nas diversas áreas do no. • Proporcionalidade: semelhança, ho-
conhecimento. • Reconhecer os vários tipos de triângulos motetia, escala, teorema de Tales.
• Estabelecer conexões e estabelecer relações de semelhança e • Cálculo de perímetro, área e volume.
entre os campos da congruência.
Matemática e entre essa • Circunferências: cálculo de compri-
• Diferenciar círculo e circunferência e reconhe- mento.
e as outras áreas do sa- cê-los nas formas diversas e nas diferentes
ber. culturas. • Área do círculo.
• Perceber a beleza das • Construções geométricas utilizando
construções matemá- régua e compasso e geometria dinâ-
ticas, muitas vezes ex- mica.
pressa na simplicidade,
• Elementos do triângulo (mediatriz,
na harmonia e na orga-
bissetriz, mediana e altura).
nicidade de suas cons-
truções. • Pontos notáveis do triângulo (circun-
centro, incentro, baricentro e ortocen-
• Identificar a diversidade
tro).
nas diferentes cultura e
profissões. • A construção de triângulos.
• Saber utilizar instru- • Congruência de triângulos.
mentos geométricos • Construções geométricas - polígonos,
para efetuar medições diagonais de polígono.
e construção de objetos
geométricos.
• Ler e interpretar tabelas • Coletar e organizar dados de pesquisa. Tratamento da informação
e gráficos em situações • Registrar ideias e procedimentos. • Organização de dados em tabelas e
diversas e comunicar as gráficos.
interpretações feitas. • Comunicar-se utilizando as diversas formas
de linguagem. • Gráficos de barras, setores e linhas.
• Processar informações
diversas. • Utilizar a argumentação matemática apoiada • Leitura e interpretação de dados em
em vários tipos de raciocínios. tabelas e gráficos.
• Desenvolver o sentido crítico face ao modo • Noções de estatística: cálculo de mé-
como a informação é apresentada. dias e moda.
• Saber criticar argumentos baseados em da-
dos de natureza quantitativa.

97
Sumário principal

8ª Série

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer as várias • Estimar valores aproximados e decidir a razoa- Números e operações
representações dos bilidade de resultados obtidos. • Notação científica como forma de
números e do uso da • Reconhecer números reais e irracionais, suas compreender a escrita de números
notação científica. representações, saber suas propriedade e operar muito grandes ou muito peque-
• Reconhecer as opera- com eles. nos.
ções que são necessá- • Saber expressar quantidades por meio da notação • Chances e possibilidades.
rias à resolução de cada científica, bem como reconhecer situações nas
situação-problema, as- • Porcentagens e juros.
quais esse tipo de notação se faz presente.
sim como explicar os • Gráficos de reta e parábola: esboço
métodos e o raciocínio • Utilizar as propriedades das operações em situ- e análise.
que foram usados. ações concretas e para facilitar os cálculos.
• Potenciação e radiciação.
• Trabalhar com valores aproximados dos números
no contexto da situação-problema.
• Saber lidar com dados probabilísticos e combi-
natórios.
• Reconhecer porcentagens e suas diferentes
representações, utilizando-as na resolução de
problemas do cotidiano.
• Saber ler e utilizar escalas nas representações
pictóricas e ao utilizar as tecnologias da infor-
mação.
• Ler e interpretar tabelas • Coletar e organizar dados de pesquisa. A estatística
e gráficos em situações • Registrar ideias e procedimentos. • O tratamento da informação: leitura
diversas e comunicar as e interpretação de tabelas e gráfi-
interpretações feitas. • Utilizar a argumentação matemática apoiada
em vários tipos de raciocínios. cos (do cotidiano e estatístico).
• Processar informações • Estatística: frequências e moda.
diversas. • Compreender dados estatísticos, interpretá-
los e tirar conclusões que possam ir além dos • Introdução à probabilidade.
• Comunicar-se utilizan- dados oferecidos, estabelecendo tendências e
do as diversas formas possibilidades.
de linguagem.
• Desenvolver o sentido crítico face ao modo como
a informação é apresentada.
• Saber criticar argumentos baseados em dados
de natureza quantitativa.

98
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Resolver problemas uti- • Reconhecer as diversas representações algébricas Álgebra
lizando a aritmética e o e operar com polinômios. • Noções de funções via resolução
raciocínio algébrico. • Utilizar fatorações algébricas para simplificar de problemas.
• Analisar as relações cálculos. • A linguagem algébrica: variáveis,
numéricas, explicitá- • Interpretar relações entre variáveis e fórmulas. incógnitas, os polinômios.
las em linguagem ma-
terna e representá-las • Resolver problemas que envolvam relações entre • Regularidades e generalizações.
por meio de diferentes variáveis. • Equações do primeiro e segundo
processos, incluindo os • Utilizar equações para traduzir para a linguagem graus.
símbolos. algébrica uma situação-problema e ter capaci- • Equação do 2º grau: representação,
dade de resolvê-la. resolução algébrica, resolução pelo
método da soma e produto, resolu-
ção de problemas relacionando-os
à geometria.
• Funções - conceito, função do pri-
meiro grau e do segundo graus.
• Estabelecer conexões • Calcular comprimentos, áreas e volumes e saber Geometria, grandezas e
entre os campos da Ma- aplicar esse conhecimento no cotidiano. medidas
temática e entre essa e • Saber utilizar instrumentos geométricos para • Cálculo de áreas, propondo pro-
as outras áreas do sa- efetuar medições e construção de polígonos blemas do cotidiano.
ber. inscritos e circunscritos na circunferência. • Figuras espaciais – poliedros.
• Perceber a beleza das • Entender e perceber as razões trigonométri-
construções mate- • Teorema de Pitágoras (aplicação
cas. para resolução de problemas).
máticas, muitas vezes
expressa na simplicida- • Saber aplicar a trigonometria para o cálculo • Aplicação do cálculo de volume
de, na harmonia e na de distâncias inacessíveis e outras situações- para resolução de problemas.
organicidade de suas problema.
• Polígonos inscritos e circunscri-
construções.
tos.
• Reconhecer a geometria
• Geometria e artes.
nas artes e nas diferen-
tes culturas. • Geometria das profissões.
• Perceber os objetos geo- • Noções de trigonometria.
métricos que aparecem • Aplicações da Trigonometria (por
nas diversas profissões e exemplo, distâncias inacessíveis).
entender seus usos.

99
Sumário principal

6.2.5 Referências

ABRANTES, P.; PONTE, J. P. da; FONSECA, H.; BRUNHEIRA, L. Investigações matemáticas na aula e no currículo.
Lisboa: Projecto Matemática para todos e Associação de Professores de Matemática, 1999.
ALSINA, C. Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro en Goñi (coord.). El currículum de mate-
máticas en los inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno, 2000.
BRASIL. Currículo nacional do ensino básico: competências essenciais. Brasília, DF, MEC, 2001.
CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Argentina: Aique, 1991.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. Campinas, SP: Papirus, 1996. Coleção perspectivas
em educação matemática.
______. Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. Educação e pesquisa, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 31, p.99-120,
jan./abr. 2005.
DEVLIN, Kleith. O gene da matemática: o talento para lidar com números e a evolução do pensamento matemático.
Rio de Janeiro: Record, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GALVIS, A. H. Ambientes de enseñanza-aprendizaje enriquecidos con computador. Boletin de informática
educativa. Bogotá, Colômbia, Dezembro de 1988, 117-38.
GOÑI, Jésus Maria et al. (Org.). El currículum de matemáticas en los inícios de siglo XXI. Barcelona: Graó, 2000.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa, I: racionalidad de la acción y racionalización social. Madrid: Taurus,
1987a.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa, II : crítica de la razón funcionalista. Madrid: Taurus, 1987b.
KUENZER, Acácia Z. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. São Paulo: Cortez, 2001.
LAKATOS, I. Pruebas e refutaciones. Madrid: Alianza, 1978.
MACHADO, Nilson. Conhecimento e valor. São Paulo: Moderna, 2004. Coleção Educação em pauta: teorias e
tendências.
_______. Epistemologia e didática: as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo:
Cortez, 1995.
_______. Matemática e realidade: análise e pressupostos filosóficos que fundamentam o ensino da matemática.
São Paulo: Cortez, 1987. Coleção Educação contemporânea.
MATOS, J. M.; SERRAZINA, L. Didáctica da matemática. Lisboa: Universidade Aberta, 1996.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.
NACARATTO, A; PAIVA, M. A. V. (Org). A formação do professor que ensina matemática: perspectivas e pesquisas.
Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

100
Sumário principal

PAIS, Luiz Carlos. Didática da matemática: uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
Coleção Tendências em educação matemática.
PAIVA, M. A. V. Concepções do ensino de geometria: a partir da prática docente. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1999. Tese
de Doutorado.
______; FREITAS, R. C. O. A resolução de problemas: uma metodologia de investigação. Vitória, ES: SEDU, 2008.
PALOMAR, Francisco Javier Díez. La enseñanza de las matemáticas em la educación de personas adultas: um
modelo dialógicco. 2004. 445 f. Tese (Doutorado) - Facultad de Pedagogía Universidad de Barcelona, España 2004.
Disponível em: <http://www.tdx.cesca.es/TDX-0331105-120753/index.html>. Acesso em: 04 jul. 2008.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.
PINTO, Antônio Henrique. Educação matemática e formação para o trabalho: práticas escolares da escola técnica
de Vitória de 1960 a 1990. 2006. 175p. Tese (Doutorado) - Unicamp, Campinas/SP, 2006.
PONTE, João Pedro da. Investigar, ensinar e aprender. Actas do profmat: APM, Lisboa, n. , p.25-39, 2003. Disponível
em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/artigos-por-temas.htm>. Acesso em: 4 jul. 2008.
______; BROCARDO, Joana; OLIVEIRA Hélia. Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica,
2003.
SILVA, Diva Souza. Educação matemática crítica e a perspectiva dialógica de Paulo Freire: tecendo caminhos para a
formação de professores. In: ARAÚJO, Jussara de Loiola. Educação matemática crítica: reflexões e diálogos. Belo
Horizonte: Argumentum, 2007.
SKOVSMOSE, Ole. Cenários para investigação. Bolema – boletim de educação matemática, Rio Claro, n. 14, p.
66-91, 2000.
______. Educação crítica: incerteza, matemática, responsabilidade. São Paulo: Cortez, 2007.
______. Educação matemática crítica: a questão da democracia. Campinas, SP: Papirus, 2001.
SMOLE, Kátia S.; DINIZ, Maria Ignez. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender
matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SOLIGO, Rosaura. Programa e escrita na escola: dez questões a considerar. Disponível em : <http://www.tvebrasil.
com.br/salto/boletins2001.
VALE, Isabel, et al. Números e álgebra: na aprendizagem da matemática na formação de professores. In: Secção de
educação matemática da sociedade portuguesa de ciências da educação. Lisboa: Fundação para Ciência e
Tecnologia, 2006.
VILA, A.; CALLEJO, M. L. Matemática para aprender e pensar: o papel das crenças na resolução de problemas. Porto
Alegre: ARTMED, 2006.
ZABALA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
_______. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para currículo escolar. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2002.
_______. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

101
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL
Ensino Fundamental
Anos Finais
Volume 03 - Área de Ciências Humanas
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino fundamental : anos finais : área de Ciências Humanas / Secretaria da Educação. – Vitória :
SEDU, 2009.
112 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 03)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-04-2

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino fundamental - Currículo. 3. Ensino


fundamental - Ciências Humanas. 4. Ensino médio - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 372.19
CDU 373.3.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

12
Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

14
Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

15
Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a

16
Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

17
Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupiniquim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Fundamental - Anos Finais


Sumário principal

6 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS
A área de Ciências Humanas no Ensino Fun- que se efetiva na consideração pelo outro
damental — que inclui a história, a geografia em sua diferença cultural, formando uma
e o ensino religioso — deve se manter como consciência da multiplicidade de modos de
referência de uma construção de saberes existência, como produto e processo culturais,
que respeitem a pluralidade de olhares e que se vincula a um compromisso com a
sobre a “realidade”. A experiência humana sustentabilidade da vida em todas as suas
é rica em seus conhecimentos, linguagens, dimensões: do sujeito, das relações sociais e
ações e afetos. Existem humanidades. A do meio ambiente. As “humanidades”, nessa
abertura teórico-valorativa é preponderante perspectiva, não se encerram numa concep-
para o exercício formativo nessa área do ção excludente das ciências ditas naturais
conhecimento; as posturas doutrinárias, ao e físicas, porque a humanidade também é
contrário, são sufocantes para o pensamento natural e física, tanto quanto depende, lida
e impedem o diálogo com as outras discipli- e se relaciona com essas dimensões.
nas. Por isso, cada disciplina, entendendo-se
como parte desse construto coletivo de se Daí que, elegendo o cuidado de não absolu-
pensar as humanidades, teria maior coerência tizar produções dos saberes e fazeres sociais,
didática ao abrir-se para os novos desafios políticos e culturais, a área de humanas con-
de um saber múltiplo, que incorpore em sidera cada vez mais importante as relações
seus currículos e, sobretudo, na sala de aula do ser humano consigo mesmo, com o outro
essa multiplicidade de pontos de vista. Eis o e com o meio em que se insere, produz e
grande desafio para a área de humanas. é produzido. Então, vale pensar também as
relações do local com o global e desse com
Compreender o humano exige um pensa- aquele, entre os diferentes espaços/tempos,
mento complexo, transversal e dialógico, em especial o do Espírito Santo.

57
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


História
Sumário principal

6.1 História formação da realidade através da interven-


ção de seres sobrenaturais. Pouco a pouco,
6.1.1 Contribuição da disciplina as transformações econômicas, sociais e
para a formação humana políticas contribuíram para modificar o
universo mental de então, que passou a
... para aprender a aprender e para necessitar de um sistema explicativo que
aprender a fazer... relacionasse os acontecimento com decisões
e possibilidades.
Que história é essa?
Durante o período medieval, a profusão
Compreender a História como disciplina escolar de documentos escritos vieram conferir à
implica compreender diferentes concepções História uma função prática: a verificação da
de história e historiografia e suas repercussões veracidade dos documentos. Com o adven-
no ensino, isto é, as possibilidades de relações to do Humanismo, do Renascimento, e da
entre o saber histórico e o saber histórico Reforma Religiosa houve um considerável
escolar. Assim sendo, ao apresentarmos uma desenvolvimento do espírito crítico que se
proposta de trabalho baseada em conteúdos refletiu nos estudos, e a História passou a
básicos e comuns, estamos também convi- ser um meio de fundamentação das críticas
dando o professor a refletir a partir do próprio à sociedade.
campo da Ciência Histórica, e a contextualizar
historicamente sua prática docente cotidiana, A investigação histórica desenvolveu-se com
a fim de responder: Para que serve a História? os iluministas que procuraram demonstrar
Por que ensiná-la? pela razão que o progresso da humanidade é
derivado do desenvolvimento da ciência e da
A História tem sua origem na necessidade instrução. É dessa época que data a inclusão
humana de registro do passado, sendo co- da História nos programas de ensino de
mum acentuar-se o papel da Grécia Antiga determinadas escolas na Europa, entre elas,
na formação do espírito do historiador e na as escolas militares. A História consolidou sua
construção de um pensamento com base função político-ideológica com a Revolução
na razão. Inicialmente, a interpretação do Francesa, quando a recuperação do passado
passado prendeu-se à narração de mitos passou a ter como objetivo principal a exal-
que tinham como finalidade a explicação da tação da pátria e sua glorificação.

61
Sumário principal

Na segunda metade do século XIX, com a alterações paradigmáticas das ciências. Como
difusão do pensamento positivista, a criação a realidade foi se tornando cada vez mais
de uma História científica ganhou força e complexa, as abordagens culturais passaram
desenvolveram-se algumas disciplinas es- a ser fundamentais para o preenchimento
pecializadas no interior do campo histórico: de lacunas e incertezas.
história política, história econômica, história
das civilizações, etc. É inegável a influência de Assim, a influência da historiografia con-
Karl Marx, cujo pensamento caracterizou-se temporânea sobre o ensino de História se
pelo estudo da substituição dos mecanis- faz perceber, por exemplo, na necessidade
mos da sucessão de acontecimentos pela de o professor de História relacionar as
dinâmica das estruturas e dos modos de metodologias da pesquisa histórica com
produção, colocando a questão econômica as metodologias de seu ensino (teoria
como determinante, mas não exclusiva. relacionada à prática e resultando em
conteúdos procedimentais); no reconhe-
No início do século XX, muitos historiadores cimento dos diferentes sujeitos da História;
passaram a considerar a ampliação dos obje- na diversidade de fontes, na necessidade
tos de interesse do historiador. Assim sendo, a de consolidação e historicização de concei-
história problema substituiu, pouco a pouco, tos, e na ampliação das possibilidades em
a história narrativa e houve o reconhecimen- torno do fato histórico; e na introdução no
to de um campo de documentos históricos ensino de História de aspectos relativos a
mais vasto que os testemunhos escritos. mentalidades, cotidianos, representações
Além disso, foram realizadas considerações e práticas culturais.
interdisciplinares a partir do reconhecimento
da relativização da História, isto é, de que A construção de uma consciência histórica e
a valorização de um setor ou uma visão das possibilidades de pensar historicamente
da História está inserida em sua própria sobre a realidade em que vivemos confere ao
historicidade. ensino de História especificidades e particula-
ridades no que diz respeito às contribuições
A partir da década de 1970, a ênfase passou da disciplina na formação humana.
a ser, então, o reconhecimento de novos ob-
jetos, novos problemas e novas abordagens ... para aprender a ser e para aprender
(a chamada Nova História), considerando as a conviver...

62
Sumário principal

Uma História de múltiplos tempos, ensino escolar, assim, revestido de conteúdos


espaços, sujeitos e diálogos cívicos, deveria formar um determinado
cidadão, trabalhador/ produtor/consumidor
A História, enquanto disciplina de ensino,
de acordo com a ordem capitalista que se
ocorreu primeiramente no contexto de tran-
consolidava no país.
sições que tiveram origem na Revolução
Francesa. É desse período que data a luta
Mais tarde, durante a Era Vargas, ampliou-se
burguesa por uma escola pública, leiga e
o ensino escolar para uma educação que
gratuita, instituindo a obrigatoriedade da
considerasse as políticas de preservação do
educação escolar. A partir da difusão das ideias
iluministas, a História ensinada distanciou-se patrimônio e as festas cívicas. No entanto,
cada vez mais da influência da igreja, e sua não se visava à formação de uma consciência
organização enquanto disciplina escolar está crítica, mas à adequação do indivíduo à
diretamente relacionada com a transformação sociedade. Os livros didáticos e datas co-
da História como campo de conhecimento. memorativas passaram a ser instrumentos
para a manutenção e homogeneização de
No Brasil, a consolidação da História como determinadas visões de mundo e de História,
disciplina escolar ocorreu após a indepen- sendo ferramentas de controle e mediações
dência, com o início da estruturação de entre as práticas políticas e as culturais.
um sistema de ensino para o império. O
pensamento da elite política e intelectual Durante as décadas de 1960 e 1970, com a
apontava, cada vez mais, para a elaboração ditadura militar, o ensino da História foi unido
de uma História para a jovem nação, que ao de Geografia, condensados na disciplina de
pudesse ser difundida através da educa- Estudos Sociais, eliminando as possibilidades
ção, colocando como central a questão da de um ensino crítico. Esse ensino, cujo objetivo
identidade nacional. Durante o início da era a formação de um cidadão ajustado à or-
república, quando foi instituído o processo dem autoritária vigente, negava os avanços da
de escolarização obrigatório, um ensino produção acadêmica e estimulava a formação
cada vez mais homogêneo deveria tornar o do chamado professor de licenciatura curta.
passado harmonioso, apagando as diferenças
sociais e culturais, levando o Estado republi- Com o passar dos anos e o reinício da demo-
cano a consolidar sua imagem de elemento cracia, a disciplina escolar História recuperou
atuante e protagonista da história nacional. O sua autonomia e as imbricações entre cultura,

63
Sumário principal

política e seu ensino passaram a expressar a Uma sociedade democrática pede a parti-
nova conjuntura. Hoje, em todo o mundo “glo- cipação de todos e cada um dos membros
balizado”, a vida cotidiana coletiva se constitui no desenvolvimento do potencial de cada
um dos principais eixos do ensino da História um e da coletividade.
e as temáticas a ela referentes são importantes
para destaques acerca das diferenças culturais e Não se trata, portanto, de informar um
étnicas, incentivando o respeito às diversidades. conteúdo histórico, geográfico, filosófico,
A prática docente da História tem caminhado sociológico, etc., mas de oportunizar ao aluno
de acordo com as principais questões de seu possibilidades de relação de temas, conteúdos,
tempo, incorporando diferentes concepções competências, valores e habilidades. A infor-
de ensino e de História. mação, acrescida de atitudes investigativas, é
uma forma de construção do conhecimento
Nessa perspectiva, ao considerar as possibili- e de pensar histórica, geográfica, sociológica
dades de seu fazer e de seu saber, e questionar e filosoficamente.
os conteúdos tradicionais, o ensino de História
transforma a fronteira da história vivida e da Especificamente em relação à História, busca-
história ensinada em um espaço de diálogos se a compreensão da realidade como objeto,
e reflexões. A realidade, vista dessa forma, objetivo e finalidade principais do seu ensino,
torna-se o objeto, o objetivo e a finalidade a partir do reconhecimento de si e do outro e
principais do ensino da História. da construção de uma consciência histórica,
de um sentimento de pertença.
Compreendemos que o desenvolvimento
da compreensão de conceitos básicos das
disciplinas das Ciências Humanas permite 6.1.2 Objetivos da disciplina
a construção da compreensão da realida-
de. Dessa forma, os estudos das Ciências ... para querer saber...
Humanas devem ser empreendidos de
modo integrado: valores, conhecimentos, Uma História que debate a ciência, a
e habilidades. Essa integração garantirá uma cultura e o trabalho
contínua aprendizagem e a sensibilização
necessárias para uma Educação que possa Considerando a tríade ciência, cultura e
vir a garantir a paz e a dignidade humana. trabalho como as formas com as quais o

64
Sumário principal

homem transforma a sociedade em uma que envolvem a História como ciência e


perspectiva emancipadora, os objetivos sua função social;
listados a seguir têm a intenção de organizar a interlocução das demais ciências so-
ideias e fundamentar os conteúdos básicos ciais com o ensino da História, e com os
comuns propostos neste documento, mas demais saberes escolares;
também estimular os conteúdos comple-
concepções como rupturas e continuida-
mentares que cada professor deve elaborar des, semelhanças e diferenças, passado
de acordo com a sua realidade de ensino. e presente, proximidade e distância,
Dessa forma, pretende-se fundamentar uma antigo e moderno, urbano e rural, que,
proposta de trabalho para a Educação Básica para além de suas dicotomias aparentes,
que possa ser discutida e apropriada por seus ampliam noções como representações
sujeitos (professores, alunos, educadores, pais e processo;
e demais envolvidos na cultura escolar). o reconhecimento das diferentes lin-
guagens, textos e múltiplos olhares que
Um debate entre o ensino de história prati- estão presentes em nossa sociedade,
cado e aquele aqui idealizado, que privilegie (re)significando a noção de documento
e considerando os procedimentos do
como eixo a dimensão local e a formação
historiador no trato com a História;
dos sujeitos de direitos, portanto, deverá
observar em suas reflexões: a educação patrimonial (observação,
registro, exploração e apropriação) como
a compreensão de que somos sujeitos uma das estratégias do ensino da História
diferentes e diversos, historicamente ao considerar o meio ambiente histórico
construídos e portadores de direitos; e o patrimônio vivo;

a dimensão ética de todo processo edu- o espaço historicamente construído e,


cacional; portanto, inserido no processo do ensino
da História em suas múltiplas temporali-
a percepção de que a História e seu ensino dades;
são objetos de si mesmos, sem perder
de vista a articulação teoria/prática e as questões concernentes à memória
destacando as etapas e as ferramentas (individual e coletiva, fragmentada e
do processo investigativo; reconstruída, singular e plural), ressal-
tando a importância da consolidação de
uma proposta cujo eixo estaria em con- paradigmas identitários;
sonância com os mais recentes debates

65
Sumário principal

a formação de uma consciência histórica, na elaboração de seu planejamento (objetivos,


necessária nos processos de transfor- conteúdos e metodologias) é fator importante
mação social cuja base é o trabalho para tal empreendimento.
humano.
Em todos os níveis/modalidades do ensino
Compreendemos, portanto, que a dimensão
(incluindo a EJA, a Educação no Campo, e
identitária (imagem de si, para si e para os
a Educação Indígena) deve prevalecer o
outros), inerente ao processo de ensino da
desenvolvimento de atitudes investigativas
História, está associada à construção de
que reforçariam as relações entre os con-
uma consciência histórica que surge do
teúdos conceituais (que compreendem as
terreno das memórias (individual, coletiva,
ações do homem no tempo, mas também
partilhadas).
seus valores, saberes e sensibilidades) e os
procedimentais. A pesquisa, dessa forma,
passa a ser o eixo organizativo dos CBCs
6.1.3 Principais alternativas de História. Problematização, investigação,
metodológicas registro e socialização de resultados são,
portanto, conteúdos procedimentais da
... para ensinar, para aprender e para
História e etapas de seu ensino, que pode ser
querer: saberes, fazeres e quereres...
pensado como um processo de construção
do conhecimento histórico escolar.
Uma História que investiga, critica e
interpreta
Considerando essas especificidades, destaca-
Ao enfatizar a formação de sujeitos – compre- mos a necessidade de desenvolvimento de
endidos como sujeitos de direitos, com suas material didático específico; o uso crítico do
características singulares e plurais – busca-se livro didático; a ênfase em diferentes práticas
a compreensão do mundo em que se vive a de leitura e escrita; o estudo do meio; as
partir do reconhecimento de si e do outro. visitas técnicas (arquivos, museus e outras
Nesse sentido, é fundamental a alteração do instituições de guarda); os estudos de caso;
eixo do ensino de História de Geral para a a leitura de mapas, gráficos e tabelas; as
História do Brasil e a História do Espírito Santo, técnicas da história oral; o uso de diferentes
conservando a característica de uma História fontes históricas; os trabalhos com docu-
Integrada. A garantia da autonomia do professor mentos de diferentes tipos; o estímulo ao

66
Sumário principal

uso de diferentes linguagens; e a educação sujeitos que se integram e integram diferen-


de olhares, que devem ser múltiplos. tes alternativas metodológicas que apontam
para a pesquisa como ensino/aprendizagem
Os conteúdos básicos e complementares e para a problematização do presente a
da História ensinada (conceituais, procedi- partir do estabelecimento de relações entre
mentais e atitudinais) são compreendidos as dinâmicas temporais: permanências e
como uma articulação entre as habilidades mudanças, sucessão e simultaneidade, antes/
e competências (selecionadas pelo professor agora/depois. A construção do conhecimen-
de acordo com o nível de ensino), entre os to, assim compreendida, ocorre a partir da
tópicos eleitos para o alcance dessas habili- formulação, expressão e possibilidades de
dades e competências, e entre a metodologia respostas de dúvidas. Através do exercício
determinada para tal fim. Os conteúdos, da dúvida, o aluno pesquisador e o profes-
assim compreendidos, passam a ser eles sor pesquisador consideram seus saberes
mesmos construções sociais e históricas. prévios, mas são produtores de um saber
específico que redefine suas relações com
Esclarecemos que compreendemos por o conhecimento histórico e seu processo de
competências ações que expressam uma produção. Esse seria o processo durante o
tomada de decisão através da utilização de qual ocorre a aprendizagem histórica (aqui
ferramentas concretas e intelectuais, bem dividido em três etapas: a alfabetização
como da mobilização de esquemas conceitu- histórica, os procedimentos históricos, e o
ais, visando a estabelecer relações e promover pensar histórico).
interpretações. Observação, comparação e
argumentação são, por exemplo, ações que De um modo geral, muitos teóricos con-
podem ser compreendidas como competên- sideram que o processo de aprendizagem
cias. Habilidades, nesse sentido, são formas ocorre quando partimos do “próximo” para
possíveis de alcance das competências. o “distante”; outros consideram que deve-
mos partir do “concreto” para o “abstrato”;
Livros, fontes orais, relatos, jornais, revistas, len- outros, ainda, que a aprendizagem ocorre
das, música, literatura, obras de arte, fotogra- do “simples” para o “complexo”. A experiência
fia, patrimônio, vídeo e cinema, monumentos, docente em História demonstra, entretanto,
documentos oficiais, datas comemorativas, que tais afirmações não podem ser feitas de
objetos e museus... Fatos, fontes, conceitos e forma tranquila uma vez que a aprendizagem

67
Sumário principal

histórica ocorre juntamente com o processo mentos de ensino: Séries iniciais do Ensino
de produção de sentido, de modo que caberia Fundamental, Séries Finais do Ensino Fun-
indagar o que é próximo e o que é distante, damental e Ensino Médio. Cada segmento
o que é simples e o que é complexo, o que é exposto a partir de um conjunto comum
é concreto e o que é abstrato, no universo de competências e temas estruturantes que
cultural composto por informações globaliza- permeiam uma competência específica, os
das e efêmeras de nossas crianças e jovens. A tópicos e as habilidades distribuídos por
gradação, portanto, deve partir dos objetivos cada série. É importante notar que algumas
e das metodologias que consideram os sabe- competências, temas estruturantes e habili-
res prévios, não simplesmente de tópicos a dades, por vezes, se repetem na sequência
serem trabalhados. É preciso, portanto, que dos segmentos e séries, uma vez que devem
reflitamos sobre as competências e habilidades garantir o caráter gradual da construção do
que estão relacionadas a esse processo de conhecimento. Outro fator digno de nota
construção do saber histórico escolar. Nesse é que os CBCs de História, construídos a
sentido, o processo de avaliação é parte partir da consulta aos professores da rede
integrante da ação educativa em História. estadual de ensino, não pretenderam esgotar
conteúdos a serem trabalhados em sala de
A avaliação processual (diagnóstica, formativa aula no processo de construção do conhe-
e somativa) pode envolver as diferentes fontes cimento histórico escolar. Ao contrário, ao
e linguagens exploradas pelo professor, e a agrupar os principais tópicos selecionados
construção de significado do documento como básicos pelos professores, tornam-se
histórico. Coerentemente com a opção pela ferramenta basilar, mas não única, para a
pesquisa como eixo organizativo do currí- construção de um planejamento adequado
culo e da prática docente, a avaliação pode a cada especificidade escolar, garantindo a
considerar as possibilidades de descrição, possibilidade de autonomia do professor e
argumentação, explicação e problematização a flexibilização dos conteúdos.
que envolvem a construção do conhecimen-
to histórico escolar. Pode, também, envolver Coerentemente com a concepção de História
etapas individuais e coletivas de trabalho. e seu ensino que permeia nossa proposta, no
Ensino Fundamental, cada tópico foi dividido
A partir dessa compreensão, dividimos a em três seções: tematizando (apresentação de
proposta dos CBCs de História nos três seg- sugestões e possibilidades temáticas), proble-

68
Sumário principal

matizando (possibilidades de investigação e COMPETÊNCIAS COMUNS


procedimentos), e dialogando (considerações 1. Dominar e fazer uso de indagação, da ar-
com outros temas, disciplinas, cotidiano do alu- gumentação, da busca, da elaboração de
no, diversidades, contextos etc., que podem ser respostas possíveis, da confrontação através
realizadas durante o processo de construção de diferentes tipos de linguagens e textos
(artístico, científico, jornalístico, etc).
do conhecimento histórico escolar).
2. Construir, aplicar e compreender concei-
Em todos os segmentos do ensino, atentamos tos históricos básicos, relacionando-os
com os de outras ciências e com a vida
que o livro didático deve ser utilizado de forma
cotidiana.
problematizadora, como fonte de consulta dos
alunos e recurso didático-pedagógico, sem 3. Levantar, organizar, selecionar e divulgar
dados e informações, relacionando-os e
substituir a autonomia do professor em rela-
atribuindo-lhes sentido.
ção ao seu planejamento inserido no Projeto
Político Pedagógico de cada escola. 4. Elaborar explicações históricas multicau-
sais, considerando distintos pontos de
vista acerca daquilo de que se indaga
ENSINO FUNDAMENTAL e respeitando os valores humanos e as
Procedimentos Históricos diversidades étnico, sócio e culturais.
5. Desenvolver interesse e atitude crítica por
TEMAS ESTRUTURANTES aquilo que ocorre em sua volta, visando
Saberes e sensibilidades. a compreender a dimensão histórica de
Os sujeitos, o espaço e os aspectos culturais cada fato.
compreendidos historicamente a partir de
fontes, procedimentos, fatos e conceitos.
Linguagens e representações.
História e memória.

69
Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum - História

5ª Série

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Histórias, sociedades e • Conhecer e relacionar di- 1) Tematizando
trabalho mensões espaço temporais • A História e o ofício do historiador.
• Identificar a importân- simples a partir de noções
• História, memória, registros e instituições de guar-
cia dos procedimentos conceituais: tempo, espaço,
da.
históricos e geográficos duração, sociedade e cultu-
na construção do co- ra. Problematizando:
nhecimento histórico • Ler diferentes tipos de docu- • Memória enquanto direito humano. História en-
escolar. mentos históricos. quanto processo em construção.
• Comparar informações e dis- Dialogando:
cutir criticamente sobre as • Noção de documento. Noção de verdade histórica.
mesmas. Contagem do tempo cronológico e suas diferentes
• Comparar os diferentes mo- periodizações.
dos de organização do tra-
balho e suas consequências 2) Tematizando
para a vida social. • Os primeiros habitantes do Espírito Santo: puris,
goitacazes, temiminós, botocudos, tupiniquim.
• Exercitar diferentes tipos de
narrativas e registros. • O que acontece no Brasil.
• Participar de tarefas grupais • O que acontece na América.
que convidem ao intercâmbio Problematizando:
de opiniões, à consideração • Formas de trabalho.
de diferentes pontos de vista
e à necessidade de busca de • Relações de poder e relações sociais.
consensos. • Representações da natureza e do homem.
• Participar de ações que favo- Dialogando:
reçam o compromisso com os • Conceito de trabalho.
outros, com o meio ambiente,
com instituições com as quais • Considerar a noção de história e pré-história.
se convive diariamente, com
a sociedade, com o planeta.
• Analisar interações entre so-
ciedade e natureza na orga-
nização do espaço histórico,
envolvendo a cidade e o
campo.

70
Sumário principal

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


3) Tematizando
• Mitos de origem do mundo e do homem: História,
mitos e lendas.
• A agricultura.
• Os grupos humanos e o nascimento do Estado.
• Natureza e cidade.
• Diferentes povos do Oriente.
• O uso da terra.
• O comércio.
• Grécia e Roma
Problematizando:
• A noção de civilização.
• A ideia de antiguidade.
• A importância da religião.
• A noção de Império.
• Formas de trabalho.
Dialogando:
• Considerar as relações sociais, de poder e econô-
micas.
• Considerar a relação campo e cidade.
• Considerar os procedimentos geográficos.
• Considerar os gregos no Espírito Santo.
• Considerar os mitos dos indígenas brasileiros e
americanos.
4) Tematizando
• A Europa Medieval.
• O imaginário atual sobre a Idade Média.
• Relações de trabalho, sociais e de poder.
• O Oriente.
• O uso da terra.
Problematizando:
• O conceito de Estado, religião e poder.
• O contexto americano nessa época.
Dialogando:
• Considerar as relações cidade e campo.
• Considerar as relações Oriente e Ocidente.

71
Sumário principal

6ª Série

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Sociedades, culturas • Conhecer e relacionar di- 1) Tematizando
e relações de poder mensões espaço temporais • O conhecimento, as expansões e o imaginário do
• Aplicar basicamente simples a partir de noções mar.
os procedimentos conceituais mais complexas, • A Europa e as navegações: o mundo fica redondo.
históricos e geográ- como tempo histórico, tem- • Natureza e povos da Europa na visão dos nativos.
ficos na construção poralidade e historicidade. • Natureza e povos da América na visão dos euro-
do conhecimento • Ler diferentes tipos de docu- peus.
histórico escolar. mentos históricos. • Os portugueses no Espírito Santo.
• As relações de produção relacionadas com as relações
• Comparar informações e dis- sociais: a construção de expressões de poder.
cutir criticamente sobre as
mesmas. Problematizando:
• A ideia de exploração do trabalho/do trabalhador.
• Comparar os diferentes mo-
• As ordens religiosas e a educação.
dos de organização do tra-
• Os aldeamentos indígenas no Brasil e no Espírito
balho e suas consequências Santo.
para a vida social.
• As diferenças sexuais e de gênero do ponto de vista
• Exercitar diferentes tipos de cultural.
narrativas e registros. Dialogando:
• Analisar historicamente os • Considerar as diferenças étnico-culturais.
processos de exclusão/inclu- • Considerar as relações ciência, trabalho e cultura.
são social promovidas pelas
sociedades, considerando o 2) Tematizando
respeito aos direitos humanos • As primeiras administrações portuguesas no Espírito
e à diversidade. Santo e suas relações com outras experiências no
Brasil e na América.
• Comparar diferentes pro- • Fatos e registros do cotidiano da época.
cessos de formação de ins- • Missões jesuíticas e indígenas.
tituições sociais, políticas e
culturais. Problematizando:
• Como o século XVI foi representado em outras épo-
• Utilizar procedimentos histó- cas.
ricos e geográficos na cons- • As diferentes temporalidades e os sujeitos históri-
trução do conhecimento cos.
histórico escolar. • Administração e política na relação da colônia com
• Participar de tarefas grupais sua metrópole.
que convidem ao intercâmbio • Características econômicas e de uso da terra: passado
de opiniões, à consideração e presente.
de diferentes pontos de vista • O meio ambiente também tem história.
e à necessidade de busca de Dialogando:
consensos. • Considerar as diversidades étnico-culturais no tem-
po.
• Considerar a relação cidade campo.
• Conceito de exploração.

72
Sumário principal

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Participar de ações que favo- 3) Tematizando
reçam o compromisso com os • Conflitos, revoltas, reformas, invasões e novas
outros, com o meio ambiente, ideias.
com instituições com as quais • A História em movimento.
se convive diariamente, com • As disputas pelo poder: estados nacionais, povos,
a sociedade, com o planeta. mentalidades, representações e gênero.
• Analisar interações entre so- • O papel da igreja.
ciedade e natureza na orga- • O Espírito Santo na rota do ouro.
nização do espaço histórico, • Resistências indígenas e africana.
envolvendo a cidade e o
• As influências da época pombalina no Espírito San-
campo.
to.
Problematizando:
• A América espanhola e suas relações de produção.
• O absolutismo monárquico e as representações do
povo.
• A ocupação territorial do Espírito Santo.
• Questões do meio ambiente.
Dialogando:
• Considera o conceito de antigo regime.
• As relações comerciais através dos oceanos.
4) Tematizando
• Novas ideias, novas cabeças e novas atitudes: revo-
luções.
• O Iluminismo no Brasil.
• O fim do antigo regime na Europa.
• Repercussões no mundo.
• A ideia dos Direitos do Homem.
Problematizando:
• Liberdade, igualdade e fraternidade para quem?
Dialogando:
• Considerar os conceitos de revolução e de classe
social e etnias.

73
Sumário principal

7ª Série

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Relações de poder, • Conhecer e relacionar dimensões 1) Tematizando
nações e identidades espaço temporais simples a partir • A transferência da corte portuguesa.
• Aplicar os procedi- de noções conceituais mais com- • O império napoleônico e a ameaça a Portu-
mentos históricos e plexas, como tempo histórico, gal.
geográficos na cons- temporalidade e historicidade. • As reformas no Brasil.
trução do conheci- • Exercitar a construção do pen- • O processo de independência do Brasil.
mento histórico es- samento histórico através de • O que acontecia no Espírito Santo.
colar, relacionado-os possibilidades de críticas interna • A constituição de 1824 e os índios.
com os demais sabe- e externa de diferentes tipos de
res escolares. fontes históricas. Problematizando:
• Comparar os diferentes modos de • Relações internacionais e jogos de poder.
organização do trabalho e suas • O século XIX e sua arte: a construção dos heróis
consequências para a vida social. brasileiros e da identidade nacional.
• Exercitar diferentes tipos de narra- Dialogando:
tivas e registros. • Considerar as diferentes relações sociais a partir
• Analisar historicamente os pro- da diversidade étnico-cultural.
cessos de exclusão/inclusão social • Considerar as relações cidade e campo.
promovidas pelas sociedades, con-
siderando o respeito aos direitos 2) Tematizando
humanos e à diversidade. • O império brasileiro.
• O Espírito Santo nas primeiras décadas do
• Comparar diferentes processos de século XIX.
formação de instituições sociais,
políticas e culturais. • Conflitos e lutas por poderes regionais.
• Consolidação do território.
• Utilizar procedimentos históricos • Movimentos de independência em toda a
e geográficos na construção do América Latina.
conhecimento histórico escolar.
• Movimentos imperialistas da Europa em direção
• Participar de tarefas grupais que a África e Ásia.
convidem ao intercâmbio de opi-
niões, à consideração de diferentes Problematizando:
pontos de vista e à necessidade de • Ideia de território, de nação.
busca de consensos. • Os mitos da independência.
• Participar de ações que favoreçam Dialogando:
o compromisso com os outros, • Considerar as relações internacionais.
com o meio ambiente, com ins- • Considerar os procedimentos geográficos.
tituições com as quais se convive
diariamente, com a sociedade, com
o planeta.

74
Sumário principal

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Analisar interações entre socie- 3) Tematizando
dade e natureza na organização • O império brasileiro continua.
do espaço histórico, envolvendo • Artes, ciências, natureza, imigrantes, viagens e
a cidade e o campo. viajantes no reinado de D. Pedro II.
• O Espírito Santo no século XIX.
• Imigração.
• Relações de trabalho e fim do regime escrava-
gista.
• Ideias republicanas.
Problematizando:
• Resistências escravas e quilombos.
• O caso de Queimados.
• A Guerra do Paraguai: mulheres, índios e ne-
gros.
• Leis abolicionistas e interesses diversos.
• Cotidiano e poder no século XIX.
Dialogando:
• Considerar as relações políticas.
• Considerar as diversidades étnico-culturais.
• Considerar a relação cidade e campo.
• Contextualizando a Lei de Terras de 1850.
• Repensando o conceito de escravidão.
• República e outras formas de governo.
4) Tematizando
• A república no Espírito Santo.
• Relações sociais, políticas e econômicas.
• O que acontecia no Brasil.
• Industrialização.
Problematizando:
• A ideia de progresso e desenvolvimento.
• Novas relações sociais.
• O papel da igreja.
• Reformas na educação.
• Políticas indigenistas.
Dialogando:
• Considerar as diversidades étnico-culturais.
• Considerar a relação cidade e campo.

75
Sumário principal

8ª Série

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Relações de • Conhecer e relacionar dimensões 1) Tematizando
poder, nações e espaço temporais simples a partir • O século XX no mundo.
cotidianos de noções conceituais mais com- • Conflitos e guerra.
• Aplicar criticamente plexas, como tempo histórico, • Movimentos sociais.
os procedimentos temporalidade e historicidade.
• Crise e arte.
históricos e geográ- • Exercitar a construção do pen- • As comunidades de imigrantes no Espírito San-
ficos na construção samento histórico através de to.
do conhecimento possibilidades de críticas interna • População indígena e grupos étnicos existentes
histórico escolar, e externa de diferentes tipos de no Espírito Santo.
relacionado-os com fontes históricas.
• O Brasil na 1ª Guerra.
os demais saberes • Comparar os diferentes modos
escolares. • O contexto político, econômico e cultural da
de organização do trabalho e sociedade brasileira.
suas consequências para a vida
social. Problematizando:
• Mulheres brasileiras e a 1ª guerra.
• Exercitar diferentes tipos de nar-
rativas e registros. • As forças armadas brasileiras.
• Cotidiano e poder.
• Analisar historicamente os pro-
cessos de exclusão/inclusão social Dialogando:
promovidas pelas sociedades, con- • Considerar a concepção de guerra e paz.
siderando o respeito aos direitos
humanos e à diversidade. 2) Tematizando
• Comparar diferentes processos de • Crises entre guerras.
formação de instituições sociais, • Novas nações.
políticas e culturais. • No Espírito Santo, novos imigrantes.
• Utilizar procedimentos históricos • Ditadura e democracia: estado e poder.
e geográficos na construção do • Capitalismo e socialismo.
conhecimento histórico escolar. • O populismo no mundo.
• Participar de tarefas grupais que • O crescimento do totalitarismo.
convidem ao intercâmbio de opi- • O integralismo no Espírito Santo.
niões, à consideração de diferentes • Nazismo, fascismo e outra guerra.
pontos de vista e à necessidade de Problematizando:
busca de consensos. • Democracia e totalitarismo.
• Participar de ações que favoreçam • Preconceitos e direitos humanos.
o compromisso com os outros,
com o meio ambiente, com ins- Dialogando:
tituições com as quais se convive • Considerar que os preconceitos também têm
diariamente, com a sociedade, história.
com o planeta. • Considerar os imigrantes e seus descendentes no
Espírito Santo e a diversidade étnico racial.

76
Sumário principal

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Analisar interações entre socie- 3) Tematizando
dade e natureza na organização • O Pós-Guerra e a ordem mundial.
do espaço histórico, envolvendo • A ONU e os Direitos Humanos.
a cidade e o campo. • O Espírito Santo e os Anos Dourados: cotidiano e
• Conceber a ciência histórica como história.
algo em construção, participando • A industrialização no Espírito Santo e no Brasil:
de algum modo em sua constru- relações com a economia mundial.
ção. • Movimentos culturais que originaram a Contra-
cultura.
Problematizando:
• Questões de gênero, étnico-raciais e direitos hu-
manos.
• A associação da ideia de progresso ao desenvol-
vimento econômico.
• A questão social e as organizações de trabalha-
dores.
• Partidos políticos.
• O cinema vai à guerra.
Dialogando:
• Considerar o conceito de Guerra Fria.
• Considerar que os jovens fazem história.
4) Tematizando
• O Espírito Santo durante os “Anos de Chumbo”.
• A ditadura militar brasileira no contexto mun-
dial.
• As ditaduras na América Latina.
• O papel dos EUA.
• Países socialistas: revoltas e revoluções no campo
e nas cidades.
Problematizando:
• O slogan do Brasil que vai pra frente; a relação
Estado e propaganda; a música brasileira e o
rock’n’roll; arte pop; a televisão como veículo de
comunicação.
• Integração e manipulação.
Dialogando:
• Considerar a diversidade de manifestações artís-
ticas.
• Considerar o resgate de memórias.
• Considerar o conceito e formas de resistência.
• Repensando o conceito de minoria.

77
Sumário principal

COMPETÊNCIA HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


5) Tematizando
• Redemocratização no Espírito Santo: o movimento
das Diretas Já!.
• A Constituição de 1988.
• O papel das eleições na construção da cidadania
e da democracia.
• Mudanças nos países socialistas; os países islâmi-
cos.
Problematizando:
• Oriente e Ocidente – essa relação tem história.
• Cidadania política e cidadania social.
• Movimento estudantil.
• Movimentos indígenas no século XX.
Dialogando:
• Considerar o resgate de memórias.
• Considerar a participação das “minorias”.
• Repensando o conceito de inclusão.
6) Tematizando
• O Espírito Santo atual no contexto brasileiro.
• Formas de trabalho e globalização.
• O meio ambiente e o futuro; movimentos sociais
e transformação.
• Negros e índios na sociedade atual; questões de
gênero.
• O “terceiro setor”.
Problematizando:
• Discutir a expressão “era da informação”.
• Problematizar o conceito de neoliberalismo.
• Podemos falar em uma identidade brasileira?
identidade capixaba?
Dialogando:
• Considerar as diferentes formas de ação social.
• Somos todos sujeitos dessa História.

78
Sumário principal

8.2.5 Referências

BITTENCOURT, Circe Mª Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
LAGOA, Ana Mª; GRINBERG, Keila; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de história. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.
LEITE, Juçara Luzia. Ensino de história e história do Espírito Santo: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura
em pedagogia EAD – séries iniciais. 2. ed. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. 64 p. Fascículo 3.
______. Ensino de história: escritas, leituras e narrativas: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura em pedagogia
EAD – séries iniciais. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. Fascículo 1.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 2000.
MALERBA, Jurandir; BERTONI, Mauro. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o ensino fundamental.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
PIROLA, André Luiz Bis. O livro didático no Espírito Santo e o Espírito Santo no livro didático: história e
representações. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade
Federal do Espírito Santo, 2008. Vitória, ES: UFES/PPGE, 2008. 265 p. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/
dissertacoes/2008/dissertacoes.asp>.
OLIVEIRA, Margarida Mª. D.; STAMATTO, Mª Inês S. O livro didático de história: políticas educacionais, pesquisas
e ensino. Natal: Ed. UFRN, 2007.
RICCI, Claudia Sapag. Pesquisa como ensino: textos de apoio e propostas de trabalho. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.
ROSSI, Vera Lucia Sabongi de; ZAMBONI, Ernesta (Org.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas, SP: Alínea, 2003.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004.

REVISTAS
Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Federal Fluminense (RJ). Faculdade de Educação.
História e Ensino: Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina (PR), Departamento
de História.

NA REDE
www.historianet.com.br
www.ensinodehistoria.com

79
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Geografia
Sumário principal

6.2 Geografia denominação, mas ganha a amplitude de


uma Geografia que se pretende impregna-
6.2.1 Contribuição da disciplina da e compromissada do/com o cotidiano,
para a formação humana buscando potencializar características sig-
nificativas de suas diferentes concepções
... para aprender a aprender e para construídas em seu processo histórico: da
aprender a fazer... Geografia Tradicional mantém-se a proposta
de que é preciso saber Geografia para fazer
A ciência geográfica, que nasceu descritiva das Geografia, (re)afirmando a necessidade da
paisagens e das sociedades, cresceu quantita- aprendizagem de conteúdos e de estudos
tiva, medindo superfícies para localizar fatos compromissados com a vida; da Geografia
e tentar explicar fenômenos, expandiu-se no Quantitativa resgata-se a possibilidade de
questionamento, na crítica e na denúncia análises importantes dos processos geográ-
dos processos de exploração, apropriação, ficos, subsidiadas por recursos tecnológicos
controle e domínio de sociedades ou de gru- cada vez mais sofisticados; da Geografia Nova
pos hegemônicos nas relações travadas com aproveita-se a concepção da atividade como
outras sociedades, com outros grupos sociais base para uma aprendizagem não restrita à
e com a natureza. Como toda ciência, não reprodução e sim ao aprender a aprender
apenas influenciou mudanças no contexto e ao aprender a fazer; da Geografia Huma-
mundial e em situações locais, como também nística reforça-se a abordagem sensível aos
se modificou em função das demandas e problemas das sociedades, numa perspectiva
das transformações geradas nos diferentes de construção de um mundo melhor; da
espaços/tempos locais e globais. Geografia Crítica amplia-se o compromisso
com a leitura crítica de mundo e com uma
Assim, a Geografia que hoje se ensina nas escolas, escrita de vida baseada na manutenção da
derivada do corpo teórico-prático da ciência sustentabilidade do planeta e da dignidade
geográfica, se produz com marcas de sua histo- humana no trabalho e no consumo.
ricidade e se projeta com desejos de um tempo
presente que se quer melhor no futuro. A Geografia desejada pelo grupo, para se
ensinar e para se aprender na escola, se
Dessa forma, a concepção da Geografia baseia na intensa relação com outros cam-
escolar perde a homogeneidade de uma pos do conhecimento para promover: a

83
Sumário principal

competência investigativa sobre o espaço grupo elegeu alguns conteúdos conceituais


geográfico, o território, o lugar, a paisagem; a como eixos centrais, aglutinando-os aos con-
expressão do raciocínio geográfico por meio ceitos procedimentais e atitudinais, para criar
da cartografia escolar, de outras linguagens temas para cada série/ano escolar, enfatizan-
e do uso de tecnologias possíveis; a forma- do que a escolha para uma determinada série
ção de atitudes de intervenção, manejo, não exclui o estudo do tema nas outras séries,
conservação e preservação da diversidade quando serão aprofundados ou aplicados
de ambientes no mundo; e o estímulo à nas aprendizagens subsequentes. Assim, ao
convivência solidária na complexidade tomar o Lugar como tema representativo das
das diferenças entre os seres humanos. No séries iniciais, considera-se a proximidade do
trato com a aprendizagem, as diferenças seu conceito com a expectativa de cognição
deverão se constituir como referenciais que inicial na Geografia, pelo caráter das relações
singularizam não apenas alunos afrodescen- estabelecidas entre o sujeito aprendente
dentes, indígenas, migrantes, portadores e o lugar de vivência, envolvendo afetos,
de deficiências ou transtornos globais de desafetos e cotidianidade ao longo de sua
desenvolvimento e\ou altas habilidades, vida, razão da necessidade do aprofunda-
mas todo e qualquer um dos sujeitos do mento dessa categoria, como de outras,
processo de aprender a fazer e a ser, como em outros momentos de estudo. Também a
partícipes de uma ação coletiva de projetar dimensão espacial exige explicitação de um
e conceber um mundo melhor – com as tratamento didático na proposta do grupo:
contribuições da Geografia. a relação local-global-local será mantida em
todos os momentos da Educação Básica.
Nessa concepção geográfica as perspectivas Contudo, para favorecer esse movimento no
do local e do global são permanentemente imbricamento com outras disciplinas, o foco
entrecruzadas, assim como as dimensões inicial será dimensionado em cada série.
de estudo de aspectos físicos e sociais não
se fragmentam, a despeito de suas especi- Tornar essa concepção possível no currículo
ficidades. escolar implica considerar professores e
alunos como sujeitos produtores e dissemi-
Transformar esses anseios em um documento nadores de conhecimento, conscientes de
escrito exige negociações para torná-lo didá- sua cidadania, em formação permanente.
tico, dinâmico e flexível. Nessa perspectiva, o Implica também considerar a multiplicidade

84
Sumário principal

e a complexidade de situações, sentimentos, mundo para efetivação de uma escrita de


problemas, desejos, esperanças, propostas vida compromissada com uma educação
que permeiam a escola, composta de pes- solidária e transformadora.
soas e ambientes diferentes, o que sugere
dificuldades, mudanças, fragmentações, No estudo das sociedades, a Geografia
construções e transformações que alteram promove a percepção de identidades e a
tudo que é proposto, planejado, pensado elaboração do sentimento de pertença, ao
preliminarmente. É como na Geografia, cujo mesmo tempo em que desenvolve princípios
objeto maior de estudo é o espaço geográ- de respeito e aceitação das diferenças, tão
fico: uma (re)construção permanente, elabo- importantes para a convivência no mundo
rada no jogo de relações entre a natureza e atual. No estudo dos processos e fenômenos
a sociedade, onde sujeitos “produzem, lutam, da natureza, a Geografia contribui para o de-
sonham, vivem e fazem a vida caminhar” senvolvimento de competências/habilidades
(Santos, 2004, p. 75). de investigação, monitoramento, análise,
registro e avaliação capazes de realçar a
... para aprender a ser e para aprender importância dos cuidados para manutenção
a conviver... da vida. A ética e a estética, presentes na
leitura das paisagens, na conformação das
A Geografia escolar, na concepção ensejada regiões, na delimitação dos territórios e na
pelo grupo, pretende contribuir com a for- relação com os lugares, traduzem o rigor,
mação humana dos sujeitos envolvidos no a disciplina, a dinâmica e a criatividade de
processo de ensino e aprendizagem numa aprendizagens geográficas, ampliando-se
perspectiva de valorização de suas vivências, para vivências no trato com o outro e o
afirmação das ações individuais e coletivas na mundo.
transformação de situações locais e globais, e
estímulo à responsabilidade na relação entre Dados, fatos e informações, ao se tornarem
a produção pelo trabalho e a manutenção materiais para análises geográficas, exigirão
do sistema Terra. É importante destacar a formação de um sujeito crítico que põe em
que o professor também é um sujeito em dúvida o que ouve, vê e lê na rede internet,
formação, que deve aprimorar, com o ensino na televisão, em livros ou outros meios de
de Geografia, a especificidade da ciência comunicação, na escola, nas instituições ou
e a responsabilidade de leitura crítica do nas ruas, para confrontar e relacionar com as

85
Sumário principal

questões do cotidiano, abandonando a dog- crítico e o fortalecimento da ação criativa,


matização de ‘verdades’ para produzir saberes. que alicerçam a formação de homens e
No entender de Kaercher (In PONtchuska mulheres atuantes na comunidade local
e Oliveira, 2006, p. 224-225) é preciso “[...] e global, solidários entre si, produtivos e
fortalecer os valores democráticos e éticos, respeitosos com a natureza.
a partir de nossas categorias centrais, e
[...] expandirmos cada vez mais o respeito
ao outro, ao diferente [...] no combate às 6.2.2 Objetivos da disciplina
desigualdades e às injustiças sociais [...]. Se
ajudarmos nossos alunos a perceberem que ... para querer saber...
a Geografia trabalha com as materializações
das práticas sociais, estaremos colocando-a Propiciar conhecimento sobre processos,
no seu cotidiano.” Como Moreira (1987) fenômenos e fatos de origem físico-química
e Cavalcanti (1998), acredita-se que as e social que, em sua complexidade espaço
contribuições da Geografia à formação temporal e nas relações que travam entre si,
humana ultrapassam a especificidade da organizam o espaço geográfico.
localização espacial ao desvelar relações de Fornecer subsídios para a compreensão do
poder no disciplinamento da organização do espaço geográfico como produção social e
espaço geográfico, por meio de políticas e histórica, decorrente de ações e de respon-
ideologias, o que possibilita a compreensão sabilidades individuais e coletivas junto à
de que ao intervir em situações e arranjos natureza e à sociedade.
predeterminados pela hegemonia do ca- Promover o conhecimento geográfico
pital sobre sociedades e natureza, ações integrado às práticas sociais cotidianas de
particulares e coletivas elevam a prática enfrentamento a processos de silenciamento,
cotidiana ao nível da antropoética. Nascem invisibilidade ou exclusão social, política, eco-
daí a autonomia intelectual e a cidadania nômica ou cultural de parcelas da população
por diferenças de quaisquer ordens.
como expressões de organização coletiva
na busca de direitos para uma sociedade Apresentar categorias geográficas que atuem
justa e democrática. como base na análise espaçogeográfica.

Estimular raciocínios e procedimentos ge-


A alfabetização cartográfica e a geográfica ográficos na leitura crítica do mundo e na
favorecem o desenvolvimento do raciocínio ação cidadã no espaço geográfico.

86
Sumário principal

Promover investigações e propor interven- reclamos do momento didático instalado


ções no espaço geográfico, considerando nas instituições escolares, quer seja devido
o cuidado com a finitude do sistema Terra às disponibilidades garantidas pela formação
e as possibilidades de sustentabilidade no
acadêmica de docentes ou pela infraes-
uso de seus recursos.
trutura de recursos didáticos na escola. A
Favorecer a compreensão sobre relações despeito de mudanças e flutuações teórico-
espaço temporais e escalas geográficas local- metodológicas, o grupo de professores de
global-local nas produções e vivências das
Geografia, que se empenha em delinear a
sociedades.
presente proposta de diretrizes curriculares
Desenvolver leitura e representações espa- da rede pública estadual, destaca um con-
ciais por meio de instrumentos e técnicas junto de alternativas metodológicas julgadas
da cartografia e de outras linguagens.
coerentes com a concepção pretendida.
Criar condições para práticas sociais no es-
paço geográfico local e global que valorizem Considerando as especificidades apontadas
ações de convivência solidária, aceitação para a Geografia escolar professada, a prática
de diferenças entre pessoas e culturas, em do diálogo na intermediação entre o conhe-
atitudes de promoção da paz com uso do
cimento científico e aquele elaborado na
conhecimento geográfico.
vivência de sujeitos envolvidos no processo
Estimular atitudes de preservação ou de de ensino-aprendizagem imprime um movi-
conservação que potencializem a valorização mento de teorização e prática indispensável
do patrimônio geofísico e cultural, local e
à pesquisa, à experimentação, ao registro e
global.
à aplicação dos saberes geográficos à vida
cotidiana. Assim, a aula geográfica deverá
6.2.3 Principais alternativas privilegiar problematizações interdisciplina-
metodológicas res, nos quais princípios transversais deverão
ser acionados. Além disso, deverá se efetivar
... para ensinar e para aprender: saberes, como um permanente exercício de vivências
poderes e fazeres docentes... reflexivas sobre as relações entre pessoas e
entre essas e a natureza, numa perspectiva
Nas diferentes concepções pedagógicas do de solidariedade, de dignidade, de produção
ensino de Geografia algumas metodologias de saberes que contribuam para uma vida
são privilegiadas, quer seja atendendo aos melhor para todos.

87
Sumário principal

O uso do livro didático será valorizado entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im-
como mecanismo de apoio complementar portante que considere o potencial individual
a leituras, interpretações, registros e propo- dos alunos, mesmo quando em atividades
sições, que não se esgotam na dimensão coletivas, negando comparação entre suas
de conteúdos dispostos naquele material capacidades, habilidades e atitudes.
didático, sem contudo ser o condutor da
prática pedagógica e, menos ainda, a fonte A Geografia deverá ser pesquisada na multi-
única de estudo. A costumeira prática de plicidade e na complexidade de diversidades
leitura de trechos do livro didático seguida que constitui o cotidiano das sociedades e
de explicações (que mais repetem do que das pessoas. Os princípios da pesquisa escolar
problematizam as informações fornecidas) podem ser similares àqueles desenvolvidos
ou de “exercícios” (que quase sempre favo- na academia, problematizando aspectos
recem a naturalização ou a memorização da vida da comunidade local ou global e
dos fatos expostos) deverá ser substituída relacionando aspectos teóricos da ciência
por consultas e leituras problematizadoras, geográfica às questões que preocupam as
permitindo estudos individuais e em grupo. A sociedades quanto à produção, à explo-
leitura não-restrita aos livros didáticos deverá ração, à apropriação, à conservação ou à
ser ampliada em outras possibilidades como preservação dos recursos e dos ambientes
as produções disponíveis na rede internet, da natureza e das sociedades. Simulações e
nas revistas especializadas e científicas, nos demonstrações precisarão estar entrelaçadas
jornais, nas histórias em quadrinhos, nas com estudos que exigem abstrações.
diferentes expressões literárias. Os registros
envolvendo análises, descrições, avaliações, A aula de campo, a aula prática, o estudo
proposições dos fatos e dos fenômenos do meio sustentarão alternativas meto-
geográficos poderão inscrever produções dológicas, como a observação e a coleta
de desenho, teatro, música, escrita e outras de dados por meio de instrumentos, por
expressões. exemplo a bússola, o relógio do sol, a biruta,
o pluviômetro, o altímetro, o termômetro, o
A avaliação processual deverá envolver as cata-vento, o mapa, as cartas, as fotografias
diferentes fontes e linguagens exploradas aéreas, as imagens de satélites, os molinetes,
pelo professor no trabalho pedagógico, ex- os infiltrometros e tantos outros próprios
plorando, sempre que possível, a associação da Geografia, construídos como procedi-

88
Sumário principal

mentos de aprendizagens, com materiais 6. Sociedade


simples ou adquiridos como parte de um 7. Natureza
conjunto necessário às intervenções e aos 8. Meio ambiente
estudos da área. A sala ambiente se torna,
então, uma necessidade pela possibilidade Procedimentais:
de funcionamento como laboratório da
9. Escala geográfica
ciência geográfica, no encontro entre prática
e teoria, integrando experimentos de ordem 10. Escala temporal
social e física. 11. Representações cartográficas
12. Localização e orientação
Para realização e concretização desses
13. Ações investigativas: observação, expe-
procedimentos e elaboração dos recursos rimentação
que lhes são necessários, torna-se preciso
garantir condições de planejamento, orga- Atitudinais:
nização, elaboração e execução, além da
14. Sustentabilidade: cuidados com o
respectiva infraestrutura (em especial para
consumo, a produção, a exploração e
realização de aulas de campo e organização a apropriação
de salas ambiente) sem o que as intenções
15. Convivência com diferenças e diversi-
metodológicas se tornam promessas vazias,
dades
com graves prejuízos ao ensino e à prática
16. Solidariedade e colaboração em grupos
da Geografia.
de vivência

Eixos: 17. Avaliação de intervenções no espaço


geográfico
Conceituais: 18. Valorização da vida
1. Espaço geográfico
19. Exercício da ética e da cidadania
2. Paisagem
3. Lugar 20. Disposição para produção de conhe-
cimento e desmistificação de tabus e
4. Região
preconceitos
5. Território

89
Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum - Geografia

5ª Série - Espaço geográfico: do lugar local ao local global

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


1. Compreender relações en- 1. Analisar o espa- APRENDIZAGENS E SABERES
tre fatos, fenômenos e pro- ço geográfico • A organização social e as condições físicas do espaço ge-
cessos geográficos de dife- estabelecendo ográfico: vivências e experiências. Onde a vida se instala:
rentes lugares do mundo, relações entre fa- Biosfera. Relações entre sociedade e natureza. Elementos
realizando aproximações tos, fenômenos e da sociedade e da natureza local. Paisagens e tempos:
entre o local-global-local. processos sociais mudanças e transformações no lugar e no mundo.
2. Fazer uso de diferentes e naturais. • Campos e cidades: paisagens rurais e urbanas. O uso e a
escalas espaciais e tempo- 2. Identificar elemen- apropriação da terra. Políticas urbanas e rurais. A cultura dos
rais para análise de fatos, tos e processos campos e das cidades. O trabalho no campo: do tradicional
fenômenos e processos geográficos que ao novo. A urbanização. Cidades e suas funções.
geográficos. caracterizam pai- LINGUAGENS E DIZERES
3. Problematizar o espaço ge- sagens locais. • Representações e registros: a geografia do lugar de vivência.
ográfico, em suas diversas Orientação e localização. Representações: mapas, croquis,
dimensões e em diferentes 3. Entender transfor-
mações em tempo fotos e maquetes, produção de textos verbais. A leitura,
tempos, formulando ques- interpretação e produção de mapas, croquis e maquetes.
tões e elaborando possíveis geológico, históri- Legendas.
respostas. co e linear.
PESQUISAS E FAZERES
4. Efetuar relações entre con- 4. Investigar e avaliar
teorias que discu- • Um olhar observador: do espaço local ao espaço planetário.
ceitos de geografia e sabe- Uma investigação geográfica: origem e formação do lugar
res do cotidiano produzin- tem a formação e de vivência. Teorias de origem do universo e da Terra.
do novas aprendizagens. evolução do uni-
verso e do planeta SENSIBILIDADES E PODERES
5. Produzir representações
cartográficas para situar-se Terra. • Espaço geográfico: sensibilidades e responsabilidades.
e localizar-se no espaço ge- Problemas ambientais, cuidados ambientais. Lixo e agro-
5. Conhecer pro- tóxicos. Consumo: diferenças e diversidades. A finitude
ográfico e para apresentar cessos naturais dos recursos do planeta Terra.
aprendizagens geográficas agravados por
escolares e do cotidiano intervenções hu- • Onde se vive a vida: sociedades e comunidades. Diferenças,
vivido. manas, analisan- diversidades, conflitos e solidariedades entre pessoas. A
conquista do lugar como conquista da cidadania.
6. Dominar e fazer uso do do impactos nos
conhecimento geográfico contextos local e • As lutas pela terra e os movimentos de trabalhadores
para desenvolver sensibili- global. campesinos.
dades diante de diferenças 6. Considerar valores
e diversidades presentes no humanos e diver-
espaço geográfico.
sidade sociocultu-
7. Conhecer fatos, fenômenos ral em análises de
e processos da sociedade e fatos, fenômenos
da natureza, avaliando pos- e processos geo-
sibilidades de intervenção gráficos.
que promovam a sustenta-
bilidade global.

90
Sumário principal

6ª Série - Regiões, arranjos espaciais da natureza, produções de sociedades

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


1. Estabelecer relações entre 1. Caracterizar regiões brasi- APRENDIZAGENS E SABERES
fatos, fenômenos e proces- leiras e mundiais utilizan- • A região como porção espacial para estudo geográfico:
sos das sociedades e da na- do diferentes critérios. critérios de caracterização de regiões. Apropriação e
tureza para compreensão 2. Conhecer características utilização de recursos econômicos em regiões. Regiões
da produção e organização e dinâmicas populacio- brasileiras e do mundo. A vida e a produção das po-
do espaço geográfico em pulações nas regiões: extrativismo e riquezas minerais.
nais, relacionando-as à Matérias-primas, produtos e mercadorias. Energia:
suas múltiplas formas e ocupação regional.
dimensões. fontes, redes e produção. Indústrias e Agropecuária.
3. Considerar valores hu- Meios de transporte, comunicação e informação. Po-
2. Produzir, selecionar e ava- manos e a diversidade pulações, povos, nações. Sociedades e comunidades.
liar dados e informações sociocultural em análises Teorias populacionais. A população brasileira.
que permitam compre- de fatos, fenômenos e LINGUAGENS E DIZERES
ender fatos, fenômenos e processos geográficos.
processos da sociedade e • Populações e regiões: representações e interpreta-
da natureza. 4. Analisar a integração do ções geográficas e cartográficas. Mapas, maquetes:
trabalho, da natureza, proporções, projeções. Fotos aéreas e imagens de
3. Ler e interpretar repre- com a sociedade na pro- satélites. Pirâmides etárias. Taxas e índices popula-
sentações cartográficas e dução de particularida- cionais: leitura, escrita, análise e aplicação. Tabelas
geográficas, registrando e gráficos. Pesquisas e coletas de dados.
des, riquezas e problemas
por meio delas fatos, fe- regionais. PESQUISAS E FAZERES
nômenos e processos do
espaço geográfico. 5. Ler e efetuar registros • Regionalidades: características populacionais. Di-
em diferentes lingua- ferentes modos regionais de produzir e consumir.
4. Fazer uso da leitura e da gens para representar o Campanhas e programas de preservação de espécies
escrita verbal para desen- espaço geográfico. e espaços.
volver raciocínios e argu- SENSIBILIDADES E PODERES
mentações na represen- 6. Investigar em diferentes
tação e registro de fatos, fontes de informação • Populações em movimento. Diversidades regionais:
fenômenos e processos para produzir dados e diferenças na cultura e no trato com a natureza. A
efetuar análises espa- biodiversidade e o desenvolvimento sustentável.
geográficos. Áreas de proteção, preservação e conservação
ciais.
5. Dominar e fazer uso do ambiental. Parques. Áreas indígenas e quilombolas.
conhecimento geográfico 7. Intervir em situações da Inclusão social. Diversidades, diferenças e desigual-
para desenvolver sensibili- vida cotidiana relaciona- dades. Solidariedades e conflitos.
dades diante de diferenças das a preconceitos étni-
e diversidades presentes cos, culturais, religiosos
no espaço geográfico. e de qualquer outra na-
tureza.
6. Avaliar possibilidades de
intervenção que promo-
vam a sustentabilidade
global.

91
Sumário principal

7ª Série - Relações entre América e África: expressões nas paisagens

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


1. Investigar semelhanças e diferen- 1. Efetuar diferentes procedimen- APRENDIZAGENS E SABERES
ças em paisagens, que permitam tos de pesquisa e usar diferentes • Paisagens da América e da África
relacionar e comparar territórios, linguagens para estudos geográ- como focos de estudo das paisa-
regiões e populações. ficos. gens do mundo. Relevo e paisa-
2. Aplicar procedimentos de pesquisa 2. Selecionar informações e dados na gens. Climas e paisagens. Recursos
para produzir dados e informações ampliação e no aprofundamento hídricos e paisagens. Formações
que permitam compreender fatos, de estudos sobre paisagens e seu vegetais e paisagens. Bacias hi-
fenômenos e processos geográfi- uso pelas sociedades. drográficas, rios e lagos, oceanos e
cos. 3. Localizar e identificar diferentes ti- mares: relações com as paisagens.
3. Fazer uso de diferentes escalas pos de expressões paisagísticas. As sociedades transformando pai-
espaciais e temporais para loca- sagens.
4. Associar o potencial paisagístico
lização e identificação de fatos, às condições de produção e de LINGUAGENS E DIZERES
fenômenos e processos geográ- organização das sociedades. • Paisagens da América e da África:
ficos. mapeamentos e representações
5. Caracterizar paisagens, relacio-
4. Reconhecer-se como sujeito na nando processos de ocupação comparativas com outras paisa-
produção coletiva do espaço ge- do território e manutenção da gens. Produção de textos sobre
ográfico, avaliando possibilidades sustentabilidade planetária. paisagens e sociedades: usos e
de intervenção que promovam a transformações. A ação dos tem-
sustentabilidade global. 6. Investigar conflitos causados pela pos sobre as paisagens: gráficos de
apropriação de recursos paisa- escalas geológicas.
5. Exercitar valores humanos em si- gísticos e suas implicações nas
tuações-problemas e no cotidiano sociedades. PESQUISAS E FAZERES
como contribuição à construção • Relações entre América e África: um
de espaço geográfico solidário e estudo a partir das paisagens e seu
sustentável. uso pelas sociedades. Paisagens,
6. Ler e interpretar representações natureza, sociedade e tempos. Ob-
cartográficas e geográficas, regis- servação. Pesquisas em imagens.
trando por meio delas aprendiza- Pesquisas bibliográficas: processos
gens sobre o espaço geográfico. de formação das paisagens, ele-
mentos e formas.
SENSIBILIDADES E PODERES
• A ética e a estética no uso de
paisagens geográficas: inclusão
e exclusão social. Lazer e turismo:
a paisagem midiatizada. A espe-
culação financeira dos recursos
paisagísticos: exploração, apropria-
ção, uso. A relação das paisagens
africanas e americanas para po-
pulações africanas na escravidão.
Relação paisagens e populações
indígenas na América e na África.

92
Sumário principal

8ª Série - Da dimensão mundo ao mundo local: territórios em rede

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


1. Estabelecer relações entre 1. Relacionar processos de for- APRENDIZAGENS E SABERES
fatos, fenômenos e proces- mação de territórios, produ- • Globalização. Territorialidades internacionais
sos das sociedades e da na- ção econômica e cultural de (Antártica). A territorialização do mundo a partir
tureza para compreensão da sociedades com políticas de da Ásia e da Europa. Territórios e estados no
produção e organização do regulação de populações. mundo. Territorialidades em redes: sistemas
espaço geográfico em suas 2. Usar imagens de satélite, políticos e formas de governo. Fórum Social
múltiplas formas e dimen- fotos aéreas e outras repre- Mundial. ONU. Unesco. Mudanças territoriais
sões. sentações do espaço ge- no espaço geográfico mundial. Potências e
2. Fazer uso de procedimen- ográfico para identificar e blocos econômicos. Territorializações locais.
tos de pesquisa para avaliar localizar territórios nacionais Desequilíbrios ambientais.
impactos de transformações e internacionais no espaço Linguagens E dizeres
no espaço geográfico, pro- mundial.
pondo ações e intervenções • Quando a diferença gera conflito territorial:
3. Identificar processos naturais mapeamento de conflitos territoriais. Mapas,
para manutenção da susten- agravados por intervenções
tabilidade planetária. gráficos e tabelas representativas da dinâmica
humanas, analisando impac- dos territórios no mundo. Desequilíbrios am-
3. Exercitar valores humanos, tos no contexto local e glo- bientais: sensoriamento remoto na vigilância
aplicando saberes da Geo- bal. e controle.
grafia e de diferentes áreas 4. Elaborar, analisar e avaliar
ao cotidiano vivido como pesquisas E FAZERES
propostas de intervenção
contribuição à melhoria solidária para consolidação • A velocidade e volatilidade de dados e infor-
das relações entre pessoas dos valores humanos e de mações no cenário de poder dos territórios.
e grupos sociais diferentes. equilíbrio ambiental. A comunicação, a informação, a ciência e a
4. Dominar e fazer uso de di- tecnologia na definição de territórios.
5. Propor formas de redução
ferentes linguagens para de hábitos de consumo e Sensibilidades E poderes
compreensão e registro de combate a sistemas produ- • Tensões e conflitos territoriais. Violência: urba-
questões geográficas. tivos predatórios ambientais na e rural. Minorias étnicas, raciais, culturais.
5. Fazer uso da leitura e da es- e sociais. Migrantes. Ricos e pobres. A territorialização
crita verbal para desenvolver 6. Analisar criticamente mo- dos recursos naturais e da biodiversidade.
raciocínios e argumentações dos de produção e uso de Lixo e agrotóxicos: contaminação ambiental,
na representação e no re- tecnologias, considerando formas de produção e hábitos de consumo.
gistro de fatos, fenômenos implicações sociais e am- Usos e abusos das águas do planeta. O uso
e processos geográficos. bientais. das tecnologias na sustentabilidade planetária.
Tratados internacionais de defesa do meio
ambiente.

93
Sumário principal

6.2.5 Referências

AB’ SÁBER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê, 2003.
ALMEIDA, R.D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1989.
ALMEIDA, R.D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2004.
BIGARELLA, J.J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis, SC: Ed. da UFSC.
2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história
e geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997.
_______. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília: MEC/SEF, 1998.
_______. PCNs + ensino médio: orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais.
Brasília: MEC.
_______. Secretaria de Educação Continuada. Alfabetização e diversidade. Educação africanidades Brasil. Brasília:
MEC/SECAD: s.d.
_______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de
história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília: MEC/SEPPIR, 2004.
CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Caderno CEDES,
Campinas, SP, v. 25, n.66, maio/ago, 2005
CASTELLAR, S.; MAESTRO, V. Geografia. São Paulo: Quinteto Editorial, 2001.
CASTROGIOVANNI, A. (Org.) Ensino de geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação,
2000.
CAVALCANTI, L. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998.
GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Geomorfologia uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1995.
KATUTA, A M. Representações cartográficas: teorias e práticas para o ensino de Geografia. Geografares, Revista do
CCHN-UFES, Vitória, ES, n.4, EDUFES, 2003, p. 7-20.
KILL, M. A. Terra capixaba: geografia e história. Vitória, ES: Ed. Autor, 1998.
KOZEL, S., FILIZOLA, R. Didática da geografia: memórias da terra, o espaço vivido. São Paulo: FTD, 1996.
KRAJEWSKI, A C et al., Geografia: pesquisa e ação. São Paulo: Moderna, 2000.
MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo. Ed. Oficina de
Texto. 2007.
MONTEIRO, C. A. F.; MENDONÇA, F. Clima urbano. São Paulo: Contexto. 2003.
MORAES, C. Geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Fundação Cultural do Espírito Santo, 1974.
MOREIRA, T.H. L.; PERONE, A. História e geografia do Espírito Santo. Vitória, ES: Ed. Autor, 2003.

94
Sumário principal

MOREIRA, R. O discurso do avesso (para a crítica da Geografia que se ensina). Dois Pontos. Rio de Janeiro, 1987.
PRESS, F. et al. Para entender a terra. Porto Alegre. Ed. Bookman. 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; OLIVEIRA, A U. Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. São Paulo: Contexto, 2006.
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. Y.; CACETE, N. H. Para ensinar e aprender geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
RUA, J. et al. Para ensinar geografia. Rio de Janeiro: Access, 1993.
SANTOS, M. Por uma nova geografia. São Paulo: USP/EUSC, 2004.
_______. Pensando o espaço do homem. São Paulo: USP/EDUSC, 2007.
SCHAEFFER, N. O. et al. Um globo em suas mãos: práticas para a sala de aula. Porto Alegre: EDUFRGS, 2003.
TUAN, Y. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1983.
VALLADARES, M. T. R. Um estudo do lugar do nosso cotidiano: GeografarES (Geografia do Espírito Santo) Vitória:
nea@d/UFES, 2004.
_______. Geografia I. Vitória, ES: UFES, 2006.
ZANOTELLI, C. L.; SILVEIRA, M. C. B.; MOTTA, N. C. Geografia para o ensino fundamental: material de referência para
o professor. Vitória, ES: SEDU, 2002, 5v.

95
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Ensino Religioso
Sumário principal

6.3 Ensino Religioso siste essa dimensão religiosa ou essa esfera


do espiritual na existência humana?
6.3.1 Contribuição da disciplina
para a formação humana O lugar originário do sagrado é o desejo
do homem, sua abertura a um projeto que
A esfera da religiosidade é uma dimensão incessantemente o ultrapassa. Por causa
constitutiva da realidade humana. O Ensino desse desejo de plenitude, o homem sente
Religioso escolar se propõe educar essa a impossibilidade de se fechar numa atitude,
dimensão da vida humana com o objetivo num conhecimento ou num amor finitos. O
de proporcionar uma formação integral da lugar originário da religiosidade é a disponibi-
pessoa. É função específica do Ensino Religio- lidade que sente em face de quem o chama.
so exercitar o educando para que se dê conta O próprio sentido da liberdade já é uma busca
da dimensão transcendente da sua vida e de do absoluto, uma vez que o absoluto jamais
levá-lo a viver isso na intensidade de si mesmo, assume fisionomia plena, acabada, defini-
traduzindo a sua religiosidade em atitudes tiva em nenhuma realidade humana. Toda
práticas, em harmonia com sua percepção a história religiosa da humanidade, todo o
do transcendente. A educação religiosa é a dinamismo ético ou poético dos homens, dão
educação dessa habilidade. Mas a educação testemunho dessa transcendência inscrita na
da religiosidade não se reduz à religiosidade estrutura constitutiva do homem.
subjetiva, é também educação das expressões
nas quais se traduz a religiosidade da pessoa, O sagrado, em seu fundo como em seu mistério,
ou seja, educação da religiosidade objetiva. é o termo de uma relação que o homem busca
ininterruptamente. O homem está aberto a
A dimensão religiosa – como também a di- algo ou a alguém que o supera, que o excede,
mensão ética – é específica e constitutiva do que o ultrapassa, e que, simultaneamente, vai
ser humano, ou seja, é um atributo exclusivo ao encontro dele. Por conseguinte, o sagrado
da vida pessoal. O sentido de toda religião, o não é, antes de mais nada, um setor à parte na
fato da possível religiosidade, está ligado à existência humana, uma realidade demarcável
condição de pessoa, fora da qual nem sequer em si mesma. Menos ainda, é ele uma realidade
é concebível. Bastaria isso para reconhecer do além ou de outro lugar que se impõe
o caráter único do homem, radicalmente ao homem, bloqueando seu dinamismo
distinto de toda realidade. Mas no que con- específico. Ele está na origem do homem,

99
Sumário principal

e consiste numa relação ou numa busca de EXPERIÊNCIA espiritual. A linguagem remete


relação, co-extensiva a toda realidade, a toda à experiência, a algo mais profundo do que a
a vida do homem. O homem é pergunta, e a própria linguagem. Essa permite que o homem
palavra decisiva sobre esse mesmo homem se coloque em relação ao outro que o interpela
foge continuamente do horizonte de sua e que o ultrapassa.
história. Para o homem, o problema consistirá
sempre em encontrar um outro diferente A importância do Ensino Religioso é que se
dele mesmo. E, por mais que tal pergunta, constitua como uma educação da religio-
a indagação constitutiva do homem, seja sidade, capaz de ajudar os educandos a se
rejeitada, afastada pelos homens ou pelas autoposicionarem diante da transcendência
culturas, ela se conserva sempre presente no e dar um sentido à própria existência.
íntimo do homem.

Esse relacionamento religioso fundamental 6.3.2 Objetivos da disciplina


deverá traduzir-se por meio de inevitáveis
expressões religiosas: os símbolos, os mitos, Objetivo Geral
os ritos, as confissões de fé, as liturgias. E é aí Promover a compreensão, interpretação e
que nascem todas as ambiguidades de que (re)significação da religiosidade e do fenô-
nos ressentimos hoje de maneira tão aguda. meno religioso em suas diferentes manifes-
Por mais pessoal e secreto que seja o sagrado tações, linguagens e paisagens religiosas
como experiência fundamental, ele não pode presentes nas culturas e nas sociedades.
existir humana e coletivamente sem assumir
uma expressão externa. Em outros termos, Objetivos Específicos
para ser vivida humanamente, para poder Educar para a alteridade, o serviço e a
comunicar-se, essa experiência religiosa radical, comunicação;
assumida pela fé, deverá transformar-se num Motivar a assumir atitudes e práticas
acontecimento da linguagem (P. Ricoeur). Se, pró-vida;
porém, ao se exprimir, essa religião fundamen-
Haurir na profundidade humana e nas
tal se tornar cultural e, consequentemente, relações com o transcendente as energias
ambígua, jamais se deverá esquecer, justa- e orientações para o caminho de vida
mente por essa razão, que as expressões não pessoal e social, como princípios éticos
têm outra ambição senão a de conduzir à fundamentais;

100
Sumário principal

Oportunizar o desenvolvimento de atitu- A escola, ao introduzir o Ensino Religioso


des de veneração pelo sagrado (RUEDELL, na sua matriz curricular, busca refletir e
2007, P. 150-175); integrar o fenômeno religioso como um
Proporcionar o conhecimento dos ele- saber fundamental para a formação integral
mentos básicos que compõem o fenô- do ser humano. O grande desafio, porém,
meno religioso, a partir das experiências é efetivar uma prática de ensino voltada
religiosas percebidas no contexto do
para a superação do preconceito religioso e
educando;
alicerçada no respeito à diversidade cultural
Subsidiar o educando na formulação do e religiosa. Portanto, o Ensino Religioso deve
questionamento existencial, em profundi-
oferecer subsídios para que os estudantes
dade, para dar sua resposta devidamente
entendam como os grupos sociais se cons-
informado;
tituem culturalmente e como se relacionam
Analisar o papel das tradições religiosas na
com o sagrado. Essa abordagem possibilita
estruturação e manutenção das diferentes
culturas e manifestações socioculturais; estabelecer relações entre as culturas e os
espaços por elas produzidos, em suas mar-
Facilitar a compreensão do significado das
cas de religiosidade. A disciplina de Ensino
afirmações e verdades de fé das tradições
religiosas; Religioso deve, portanto, contribuir com
os estudantes na busca da compreensão,
Refletir o sentido da atitude moral como
comparação e análise das diferentes manifes-
consequência do fenômeno religioso e
expressão da consciência e da resposta tações do sagrado, com vistas à interpretação
pessoal e comunitária do ser humano. dos seus múltiplos significados. E ainda deve
ajudar os estudantes na compreensão de
conceitos básicos no campo religioso e na
6.3.3 Principais alternativas forma como as sociedades são influenciadas
metodológicas pelas tradições religiosas, tanto na afirmação
quanto na negação do sagrado.
A reflexão sobre a religiosidade é bastante
nova no âmbito da educação escolar. Por isso Estudar o fenômeno religioso, requer, por sua
preferimos indicar apenas algumas linhas própria natureza, uma metodologia dialógica
norteadoras. Esperamos com isso contribuir e contextual. Para alcançar seus objetivos o
na reflexão sobre o lugar da religiosidade Ensino Religioso deve partir das experiências
na educação. e dos conhecimentos prévios dos estudantes,

101
Sumário principal

saber conectar informação, reflexão e ação. as várias confissões religiosas. Observe-se


Por isso a educação da religiosidade é uma que a dimensão coletiva não tem como
tarefa complexa. Implica ainda a articulação suplantar a dimensão pessoal, visto que se
de dois conceitos e das possíveis relações assim o fizesse tornar-se-ia opressiva.
entre eles: educação e religiosidade.
A dimensão transcendente. Enquanto a
Por uma compreensão de dimensão pessoal e a coletiva dizem respeito
religiosidade: às formas históricas de compreensão da
religiosidade, a dimensão transcendente
Por ser um atributo do ser pessoal, no fenô-
tensiona o humano para além da contingên-
meno religioso há pelo menos três dimen-
cia das identidades, das diversidades e das
sões implicadas e que se interrelacionam
individualidades e pessoalidades. O religioso
para determinar seu sentido.
carrega – por mais variadas que sejam suas
expressões – o “mistério”, elemento que
A dimensão pessoal. A religiosidade nesse
ultrapassa toda e qualquer configuração
sentido está centrada na liberdade pessoal
aplicável ou tangível. Dessa forma os conflitos
que leva cada pessoa a escolher uma ou ou-
poderão ser tratados positivamente.
tra crença ou até nenhuma. Nesse sentido, a
dimensão pessoal da religiosidade é a base da
Por uma compreensão de educação:
liberdade religiosa, que significa exatamente
a possibilidade de cada pessoa escolher a A relação é um traço constitutivo do ser
religiosidade que pretende seguir. humano. Por ser pessoa, o homem não pode
viver sem dialogar. Ele é um ser constituti-
A dimensão comunitária ou coletiva. A vamente dialogante. Vem daí que os seres
religiosidade se manifesta como sistema humanos se fazem sujeitos, se personalizam
comum de crenças e práticas que tende a com outros humanos na interação, no re-
se institucionalizar, a estabelecer parâme- conhecimento, na alteridade. A relação é
tros e formas de conduta identitárias que presença e construção. Portanto, a educação
se configuram em uma ou outra religião. é construída na base de uma compreensão
Nesse sentido, a dimensão coletiva é a base pluridimensional da pessoa e vai acontecer
da liberdade de religião, que se põe como nos espaços de aprendizagem como exer-
exigência de convivência e tolerância entre cício de reflexão e ação críticas.

102
Sumário principal

A educação no Ensino Religioso deve concretização, tais como: as contribuições


apresentar-se como uma pedagogia que: das áreas afins, como a Antropologia, Psi-
Promova a construção de uma partici- cologia, Pedagogia, Sociologia, Ciências da
pação; Religião e Teologias; a busca permanente
Incentive a compreensão dos dissensos do sentido da vida; a superação da frag-
e conflitos; mentação das experiências e da realidade;
o pluralismo religioso; a compreensão do
Leve a uma abertura para o mundo
como compromisso concreto com os campo simbólico; e a necessidade de evitar
contextos nos quais se dão os processos o proselitismo. Tendo presente a riqueza e a
educativos. complexidade do campo religioso, o Fórum
Nacional Permanente do Ensino Religioso,
Essa postura se traduz em: para a efetivação dessa área de conheci-
Aceitar que a pessoa que segue uma mento, definiu cinco eixos e os respectivos
religião possa considerar sua crença como conteúdos:
verdadeira;
Culturas e Tradições Religiosas. Esse
Admitir que cada pessoa possa ter a
eixo desenvolve os temas decorrentes da
crença que quiser e que possa professá-la
relação entre cultura e tradição religiosa,
livremente;
tais como: a ideia transcendente na visão
Trabalhar sempre desde, com e para a tradicional e atual; a evolução da estrutura
diversidade religiosa. Isso significa partir religiosa nas organizações humanas no
da base da diversidade; saber lidar com decorrer dos tempos; a função política das
ela; atuar para promovê-la. ideologias religiosas; e as determinações
da tradição religiosa na construção mental
O grande desafio é fazer da escola um espaço do inconsciente pessoal e coletivo.
de qualidade relacional, para que seja um Teologias. Esse eixo analisa as múltiplas
espaço efetivamente de educação. concepções do transcendente. Dentre
os conteúdos destacam-se: a descrição
O ENSINO RELIGIOSO: SEUS EIXOS E das representações do transcendente
CONTEÚDOS nas tradições religiosas; o conjunto de
muitas crenças e doutrinas que orientam
O Ensino Religioso na sua articulação destaca a vida do fiel nas tradições religiosas; e as
alguns aspectos fundamentais para a sua possíveis respostas norteadoras do senti-

103
Sumário principal

do da vida: a ressurreição, reencarnação, transcendente, consigo mesmo, com


ancestralidade, nada. os outros e com o mundo.

Textos Sagrados e Tradições Orais. Esse Ethos. O ethos analisa a vivência crítica
eixo aprofunda o significado da palavra e utópica da ética humana a partir das
sagrada no tempo e no espaço, com tradições religiosas, por isso considera:
destaque para: a autoridade do discurso as orientações para o relacionamento
religioso fundamentado na experiência com o outro, permeado por valores; o
mística do emissor que a transmite como conhecimento do conjunto de normas de
verdade do transcendente para o povo; cada tradição religiosa, apresentando para
o conhecimento dos acontecimentos os fiéis no contexto da respectiva cultura;
religiosos que originaram os mitos e e a fundamentação dos limites éticos
segredos sagrados e a formação dos propostos pelas várias tradições religiosas
(Cf, FONAPER. Caderno Temático Ensino
textos: a descrição do contexto socio-
Religioso, nº 1, p. 31-32).
político-religioso determinante para a
redação final dos textos sagrados; e a Os eixos e conteúdos do Ensino Religioso
análise e hermenêutica atualizadas dos foram elaborados a partir da concepção
textos sagrados. de que a atuação do ser humano não se
Ritos. O eixo ritos busca o entendimento limita às relações com o meio ambiente
das práticas celebrativas, por isso con- e às relações sociais, mas sim está sempre
templa: a descrição de práticas religiosas em busca de algo que transcende essas
significantes, elaboradas pelos diferentes realidades. Os eixos e conteúdos do Ensino
grupos religiosos; a identificação dos Religioso em muito podem contribuir para
símbolos mais importantes de cada
que o ser humano inacabado, inquieto e
tradição religiosa, comparando seu(s)
aberto ao transcendente siga na busca e
significado(s); e o estudo dos métodos
encontre o sentido para a vida e seja feliz
utilizados pelas diferentes tradições
religiosas no relacionamento com o (Cf. BOEING, Antonio).

104
Sumário principal

6.3.4 Conteúdo Básico Comum - Ensino Religioso

5ª a 8ª Séries

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Culturas e • Compreender o Trans- • Identificar na convivência humana • Filosofia da Tradição Religiosa.
Tradições cendente na visão tradi- a ideia do transcendente. • A ideia do transcendente na vida
cional e na visão atual. • Reconhecer que a ideia do trans- pessoal, familiar e na sociedade.
• Compreender a evo- cendente é construída de várias • Origem histórica das tradições
lução da estrutura reli- maneiras. religiosas, filosóficas e místicas.
giosa nas organizações • Conhecer e respeitar as mani-
humanas no decorrer • Estrutura hierárquica das religi-
festações do transcendente nas ões.
dos tempos. diversas tradições religiosas.
• Entender a função po- • As questões de gênero nas reli-
• Relacionar nas manifestações giões.
lítica das ideologias religiosas às ideias do transcen-
religiosas. dente. • Diálogo inter-religioso e a cultura
• Compreender as deter- da paz.
• Estabelecer relação entre as re-
minações da tradição presentações do transcendente
religiosa na construção com a diversidade religiosa da
mental do inconsciente comunidade.
pessoal e coletivo.
• Identificar as diferentes tradições
analisando-as como fato ou fenô-
meno produzido pelas sociedades
humanas.
Teologias • Entender a descrição • Reconhecer nas práticas religiosas • Crença na vida além-morte.
das representações do as representações do transcen- - A valorização da vida nas religi-
transcendente nas tra- dente. ões e filosofias de vida.
dições religiosas. • Perceber a transcendência pre- - A crença na ancestralidade,
• Compreender as possí- sente no ser humano e no meio reencarnação, ressurreição e
veis respostas norteado- ambiente. nada.
ras do sentido da vida: • Inferir acerca da capacidade hu-
ressurreição, reencar- - A busca do sentido de vida nas
mana de comunicação com o tradições religiosas e místicas.
nação, ancestralidade, transcendente, mediante a lin-
nada. guagem das palavras e gestos. • Sentido da vida.
• Reconhecer como as verdades de • Diferentes formas de cuidado
fé podem contribuir para o cres- com a vida.
cimento da identidade humana
e da vida cidadã.

105
Sumário principal

continuação

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Textos • Compreender os acon- • Reconhecer que os textos sagra- • Textos sagrados e tradições orais
Sagrados e tecimentos religiosos dos são fontes orais e escritas de e escritos presente nas tradições
Tradições que originaram os mitos revelação e comunicação com o religiosas.
orais e segredos sagrados e a transcendente. • Acontecimentos religiosos im-
formação dos textos. • Perceber nas narrativas sagradas portantes na história dos povos
• Entender a descrição do os princípios éticos que promo- e que se tornaram tradições.
contexto socio-político- vem a vida. • Acontecimentos religiosos in-
religioso determinante • Conhecer os textos sagrados, fluenciam a vida das pessoas.
para a redação final dos percebendo-os como referenciais
textos sagrados. • Histórias da criação do mundo
de ensinamentos sobre a fé e a e do homem, segundo algumas
• Entender que os textos prática das tradições religiosas. tradições religiosas.
sagrados necessitam de • Reconhecer a importância das
uma análise e interpre- tradições orais e escritas.
tação atualizada.
• Respeitar o mistério presente nos
textos e tradições sagradas.
Ritos • Entender os métodos • Reconhecer os símbolos religio- • O significado dos ritos e símbolos
utilizados pelas diferen- sos como representações que das tradições religiosas.
tes tradições religiosas facilitam o diálogo com o trans- • Rituais mais importantes e ou
no relacionamento com cendente. significativos das tradições reli-
o transcendente, consi- • Identificar, nas simbologias, a ideia giosas.
go mesmo, com os ou- do transcendente.
tros e com o mundo. • Símbolos que identificam as
• Relacionar as representações do tradições religiosas, filosóficas e
• Compreender que os transcendente através de rituais místicas.
espaços sagrados se e símbolos.
constituem como lo- • Ritos e rituais – os gestos sagra-
cais de expressão das • Identificar símbolos religiosos, dos.
tradições religiosas. ritos, rituais e espiritualidades, • Espiritualidade – a relação com
reconhecendo sua importância o sagrado.
na expressão do sagrado.
• Origem e função dos espaços
• Identificar espaços sagrados anali- sagrados.
sando sua função e simbologia.
• Simbologia da arquitetura reli-
giosa.
• Lugares de peregrinação.

106
Sumário principal

EIXOS COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Ethos • Entender os aspectos do • Relacionar as exigências e quali- • Limites éticos.
ethos de algumas religi- dades éticas do comportamento - Princípios norteadores do com-
ões e filosofias de vida, humano na perspectiva das tra- portamento ético individual.
reconhecendo o outro dições religiosas.
nas suas diferenças, de- - Conceito de liberdade.
• Valorizar e empregar o diálogo
monstrando atitudes de como forma de esclarecer confli- - Princípios éticos de algumas
respeito. tos e tomar decisões coletivas. tradições religiosas.
• Compreender sua iden- • Vivenciar os valores que promo- - Unidade, fé, e vida: coerência
tidade religiosa na cons- vem a coexistência pacífica. e autenticidade entre o que se
trução da reciprocidade acredita e o que se vive.
com o outro. • Comportar-se adequadamente ao
enfrentar situações complexas. - Consequências de suas ações,
• Compreender os princí- individuais ou coletivas, em re-
pios éticos norteadores • Participar individual e coletiva- lação aos valores humanos ou
da vida. mente das ações solidárias a à natureza.
serviço da vida.
• A convivência da diversidade
• Despertar-se para a busca/vivên- religiosa.
cia dos valores da cidadania em
diferentes contextos. • Regra áurea segundo algumas
religiões e filosofias de vida.

107
Sumário principal

6.3.5 Referências

ALCUDIA, Rosa, et al. Atenção à diversidade. Porto Alegre: Artmed, 2002.


CARNIATO, M. Inês. Coleção de ensino religioso fundamental. São Paulo: Paulinas, 2001. 9 v.
FONAPER. Ensino religioso: referencial curricular para a proposta pedagógica da escola. 2000. (Caderno Temático, 1).
______. Parâmetros curriculares nacionais: ensino religioso. São Paulo: Ave Maria, 1997.
JUNQUEIRA. Sérgio Rogério Azevedo. O processo de escolarização do ensino religioso no Brasil. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2002.
______; OLIVEIRA, Lilian Blanck de. Ensino religioso: memória e perspectivas. Curitiba: Champagnat, 2005.
PADEN, William E. Interpretando o sagrado: modos de conceber a religião. São Paulo: Paulinas, 2001.
RUEDELL, Pedro. Educação religiosa: fundamentação antropológico-cultural da religião segundo Paul Tillich. São
Paulo: Paulinas, 2007.
SENA, Luzia (org.). Ensino religioso e formação docente. São Paulo: Paulinas, 2006.

SITES
http://www.fonaper.com.br
www. rivistadireligione.it
http:// geocities.com.ensinoreligioso
www.comer.cjb.net
www.pucsp.br/rever
www. crdr.com.br
htpp://geocities.yahoo.com.br.conerse
www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br
www.iccsweb.org
www. assintec.org.br
http://www.eufres.org/
http://cienciareligioes.ulusofona.pt

108
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

Ensino Médio
Volume 01 - Área de Linguagens e Códigos
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino médio : área de Linguagens e Códigos / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009.
132 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 01)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-05-9

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio -
Linguagens e Códigos. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 373.19
CDU 373.5.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

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Sumário principal

8
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

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Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

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Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

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Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

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Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a

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Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

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Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
“A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva”. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupinikim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Médio


Sumário principal

6 ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS – ENSINO MÉDIO


Por meio da linguagem o homem pensa, co- o homem que a manifesta, é criativa, con-
nhece, se apropria e interfere sobre o mundo, traditória, pluridimensional e singular ao
e o reorganiza e o reapresenta em símbolos, mesmo tempo. De natureza transdisciplinar,
que são a base dessa produção humana. até mesmo quando enfocada como área de
Desse modo, quanto mais ele compreende conhecimento, os estudos da linguagem têm
a linguagem fazendo sentido, enquanto como ênfase a produção de sentidos.
trabalho simbólico, mais torna-se capaz de
conhecer a si mesmo, como ser imerso em Nessa perspectiva, os sistemas de linguagem
uma cultura e no mundo em que vive. envolvem as manifestações e os conheci-
mentos: linguísticos, musicais, corporais,
A linguagem é a mediação entre o homem e gestuais, espaciais e plásticos. Tais sistemas
a realidade. Ela possibilita a reflexão, a crítica compreendem na educação escolar as
e a intervenção, e torna possível a transfor- disciplinas: Arte, Educação Física, Língua
mação do homem e do mundo em que Portuguesa e Língua Estrangeira.
vive. Ela articula significados coletivos que
são compartilhados socialmente, variando A Língua Portuguesa, na educação escolar,
de acordo com os grupos sociais em seus compreende a língua como um objeto his-
tempos e espaços diferenciados. tórico, irregular, variável, gerenciado por seus
usuários para promover-lhes a interação com
Levando em conta os princípios acima, que outras pessoas. Da perspectiva da enunciação,
consideram o homem inserido em sua cultura, a língua pode ser concebida como um con-
na sociedade e na história, as disciplinas da área junto de signos utilizados na comunicação, e,
propiciam não só a sua inserção como sujeito a linguagem, a atividade discursiva, a forma de
atuante nessa sociedade, interferindo e atuan- pôr a língua em movimento. O espaço privile-
do em prol do meio ambiente e no respeito giado para isso é a interlocução, compreendida
às diversidades, mas o torna protagonista de como o local de produção da linguagem e de
ações de reorganização dessa realidade. constituição dos sujeitos. Pensar a linguagem
a partir do processo de interlocução significa
Como marco e herança social, a linguagem instaurar o processo educacional sobre a singu-
é produto e produção cultural e, tal como laridade dos sujeitos, em contínua constituição,

57
Sumário principal

à medida em que interagem com os outros. que envolvem aspectos lúdicos e estéticos.
Isso significa que o aluno deve ser o sujeito Essa disciplina deixa de ter como foco apenas
da aprendizagem e o sujeito de seu texto, o esporte ou os exercícios físicos voltados para
porquanto é ele quem realiza a interação e uma perspectiva restrita à promoção da apti-
produz o conhecimento. dão física e ao desempenho de atividade física,
tomando a ideia de que a linguagem humana é
A Arte insere-se na área de linguagem como produto da cultura e que a comunicação é um
uma expressão humana que oportuniza o processo cultural. Sendo assim, a linguagem
compartilhar das culturas em sua diversidade corporal como produto da cultura deve ser
e congrega valores, posturas, condutas que abordada com base nos temas da “cultura
a caracterizam e ao mesmo tempo a dife- corporal” humana. Essa visão contempla o
renciam de outras áreas de conhecimento e eixo da cultura, mas não descarta o eixo do
outras manifestações de linguagem. Fazer arte trabalho que surge como possibilidade de
é materializar as experiências e percepções garantir a contribuição da Educação Física
sobre o mundo em formas, cores, sons e ges- na formação humana, na construção de uma
tualidades, resignificando-as em processos postura reflexiva no mundo do trabalho. Além
poéticos configurados pela ação de um gesto disso, reconhece o eixo ciência na realização
criador. Como produção simbólica a Arte não é da transposição do saber comum ao saber
funcional, não é instrumental, nem se prende a sistematizado e contextualizado.
normatizações que a regulem, mas imbricada
com o trabalho é detentora de um poder que A Língua Estrangeira na educação escolar
a distingue de outras produções humanas, pois insere-se como uma forma de linguagem
a ela é permitido explorar por outros suportes e diversificada de expressão e comunicação
materialidades as diversas formas que possuímos humana. Possibilita o acesso ao conhecimento
de expressão, como nas artes visuais, nas danças, e às diversas formas de manifestação da lin-
nas encenações teatrais e na música. guagem em diferentes contextos e culturas,
propiciando aos alunos uma formação mais
A Educação Física pode ser compreendida abrangente. Permite aos alunos a compre-
como área que tematiza/aborda as atividades ensão e a aproximação com as tradições e a
corporais em suas dimensões culturais, sociais cultura de outros povos, ao mesmo tempo
e biológicas, extrapolando a questão da saúde em que estabelece o diálogo e o ultrapassar
e relacionando-se com as produções culturais das fronteiras de uma nação. Desse modo, a

58
Sumário principal

aprendizagem da Língua Estrangeira não se das suas condições de produção e de interação


destina exclusivamente à leitura, à escrita e à entre os diversos sujeitos e grupos sociais. É
fala, mas pretende, além dessas, possibilitar o a obra em seu tempo/espaço de produção,
acesso do aprendiz a informações diversas, seja ela literária, artística e/ou corporal. Essa
e contribuir para a sua formação geral de contextualização abrange ainda as condições
cidadão. sociais, econômicas e culturais de produção.
Na contextualização diacrônica o percurso de
No ensino das disciplinas da área, o professor estudo se dá num eixo temporal e se inscreve
interessado em uma formação menos frag- na história e na cultura. Os modos de apropria-
mentada, preocupado em propor um projeto ção dos objetos culturais de épocas/espaços
educativo integrador da área de linguagem distintos são estudados aqui.
aos seus alunos, contempla os saberes de cada
uma dessas disciplinas, de modo relacional e A partir dessas contextualizações que
contextual. Desse modo, os dados, as informa- não se excluem, mas se complementam,
ções e as teorias não devem ser apresentadas propomos ainda na educação escolar as
desconectadas de suas condições de produção, experimentações e explorações das múlti-
pois essas são geradas social e historicamente. plas possibilidades das diversas linguagens,
Esse projeto educativo tem como princípio: articulando aspectos como: sensibilidade,
a compreensão e o reconhecimento da di- investigação e reflexão ao realizar as suas
versidade das manifestações nas linguagens produções. São as chamadas oficinas de
corporais, gestuais, verbais, visuais e sonoras; e criação, ou as atividades propostas pelos
a compreensão dos significados nos diferentes professores aos seus alunos que envolvem
discursos (literários, artísticos, corpóreos, gestu- desde leituras e compreensão de textos,
ais e sonoros), possibilitando o conhecimento a exercícios e propostas de fazeres. Essas
das manifestações das diversas linguagens proposições possibilitam aos alunos, tanto
em seus múltiplos diálogos no âmbito local, individualmente como em grupo, um co-
regional, nacional, latino e internacional. Para nhecimento sensível e estético que articula
tanto, é necessário que se estabeleça na aos conhecimentos culturais apreendidos
escola uma abordagem que considere uma na Educação Física (cultura e movimento
contextualização sincrônica e diacrônica. Na corporal), Língua Portuguesa e Estrangeira
primeira estão os estudos da linguagem em (cultura verbal) com a Arte (cultura visual,
relação à época e à sociedade que o gerou, cenográfica, gestual e musical).

59
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Língua Portuguesa
Sumário principal

6.1 Língua Portuguesa privilegiado a consciência ambiental, tanto


do patrimônio natural quanto do histórico,
O conhecimento e as relações por ele es- configuram-se, também, como princípios
tabelecidas configuram-se como o pilar de seriamente considerados.
natureza epistemológica* que sustenta o
currículo de Língua Portuguesa que aqui se Deve-se, assim, compreender a língua como
apresenta. Distinta é, todavia, a maneira de um objeto histórico, irregular, variável, geren-
considerar o conhecimento, qual seja, uma ciado por seus usuários para promover-lhes
interpretação histórico-social e não um dado a interação com outras pessoas. Revela-se,
objeto. Desse ponto de vista, toma-se o conhe- aí, uma concepção interacionista da língua,
cimento linguístico-cultural como resultado eminentemente funcional e contextualizada.
de um processo dinâmico – como algo aberto Da perspectiva da enunciação, a língua pode
e inacabado –, favorecido pela interação ser concebida como um conjunto de signos
sujeito-objeto, mediado pelo professor. Ganha utilizados na comunicação, e a linguagem,
tônica, como o quer Morin (2001), o saber a atividade discursiva, a forma de pôr a lín-
linguístico pertinente, que articula e permite gua em movimento. O espaço privilegiado
a compreensão da totalidade do objeto que para isso é a interlocução, compreendida
se deseja conhecer. Para isso, deverá o aluno como o local de produção da linguagem e
operar com o conhecimento produzido da de constituição dos sujeitos. Tais reflexões
perspectiva de sua incompletude, o que só apontam para um processo educacional
é possível por meio de uma rede de relações instaurado sobre a singularidade dos sujeitos,
construída em momentos compartilhados em contínua constituição, à medida em que
com o outro. Para concretizar essa proposta, interagem com os outros. Isso significa que o
deve-se, pois, tomar a pesquisa como funda- aluno deverá ser o sujeito da aprendizagem e
mento da formação intelectual. o sujeito de seu texto, porquanto é ele quem
realiza a interação e produz o conhecimento
As condições de gênero, de relações étnico- (ANTUNES, 2003).
raciais na formação humana dos modos como
se produzem as identidades socioculturais e Para uma concepção interacionista, funcio-
como nessa construção deve auferir espaço nal e discursiva da língua(gem), decorre o
princípio de que essa(s) só se atualiza(m)
* (epistemo= conhecimento /lógico=estudo) quando se põe(m) a serviço da comunicação

63
Sumário principal

humana em situações de atuação no social Essa concepção permite ver o texto como
por meio de práticas discursivas materiali- resultado parcial da atividade comunicativa
zadas em textos orais, escritos ou em outras humana, a qual engloba processos, operações
modalidades discursivas. Por essa razão, cognitivas e estratégias discursivas, postos
devem os textos constituir-se no objeto de em ação em situações concretas de interação
estudo da língua e o trabalho de escritura social (KOCH, 1998), em consonância com
e leitura, de um modo geral, favorecer ao determinados pressupostos, a partir dos quais
sujeito a apropriação do código como forma a atividade verbal se realiza. O texto configura-
de representação cultural (GERALDI, 1991; se como uma manifestação, gerada a partir
KOCH, 1998; ANTUNES, 2003). de elementos linguísticos, cujo objetivo é
não somente permitir aos interlocutores,
Com relação à concepção de escrita, essa no processo de interação, a socialização de
é defendida de modo tão interativo e conteúdos, como também favorecer a própria
dialógico, dinâmico e negociável, quanto interlocução, conforme as práticas culturais
a fala. Essa perspectiva supõe encontro, de cada contexto social. Constitui-se o texto,
parceria, envolvimento entre sujeitos, para assim, no momento em que os interlocutores
que aconteça a comunhão das ideias, das de uma atividade comunicativa constroem
informações, das intenções pretendidas. Toda determinado sentido, o que implica pensar
escrita responde a um propósito funcional que o sentido não está no texto – mas a
qualquer, possibilita a realização de alguma partir dele se constrói – é indeterminado
atividade sociocomunicativa entre as pes- e surge como efeito do trabalho realizado
soas e estabelece relações com os diversos pelos sujeitos. O texto só fará sentido se seu
contextos sociais em que essas pessoas produtor conhecer a sua finalidade e o seu
atuam. Elaborar um texto escrito significa destinatário (idem, 1998).
empreender uma tarefa cujo sucesso não se
completa, simplesmente, pela codificação Fiel a esse quadro, a concepção de ensino
das ideias ou das informações, por meio de língua deve criar condições para que os
de sinais gráficos. Deixa, pois, o texto de ser alunos construam autonomia, desenvolven-
concebido como uma estrutura acabada, do uma postura investigativa. Para ensinar,
para ser compreendido em seu próprio em conformidade a essa concepção, será
processo de organização, verbalização e preciso que o educador pesquise, observe,
construção (GERALDI, 1991). levante hipóteses, reflita, descubra, aprenda

64
Sumário principal

e reaprenda não para os alunos, mas com Serve, ainda, a linguagem para que o ho-
os alunos. mem constitua-se sujeito no mundo, torne-
se um ens sociale, interaja com o outro e
O ensino da Língua Portuguesa deve possibi- reflita sobre si mesmo, a partir do contato
litar o desenvolvimento das ações de produ- com outros sujeitos. Considerando-se o
ção de linguagem, em situações de interação, caráter simbólico da linguagem, o sujeito,
e de abordagens interdisciplinares, não se por meio de atividades de leitura e com-
limitando à decodificação e à identificação preensão de textos, estabelece uma relação
de conteúdos, mas ao desenvolvimento próxima com a escrita e, nessa tarefa, fala
de letramentos múltiplos, concebendo a de si, do outro e do mundo, atribuindo
leitura e a escrita como ferramentas para o novos sentidos aos seus processos subjeti-
exercício da cidadania. vos. Portanto, a competência de o sujeito
interagir no e com o mundo ocorre por via
da linguagem, meio em que as realidades
6.1.1 Contribuição da disciplina são construídas. Isso significa dizer que
para a formação humana os conhecimentos são construídos por
meio da linguagem, em que ações dos
Considerando-se o plano da linguagem como sujeitos produtores são controladas ou
base essencial para a produção e transmissão geridas por outros sujeitos. Nessa tarefa, o
de todo conhecimento institucionalizado e sujeito se desenvolve e se socializa. É, pois,
de mundo, e da cultura, deve-se entendê-la na interação com as diversas instituições
como o meio sem o qual todos os outros sociais, por meio da linguagem e de seus
não poderiam existir. Isso porque sem a distintos níveis e registros, que o sujeito
linguagem articulada seria difícil apreender aprende e apreende as maneiras de funcio-
o mundo, torná-lo objeto de conhecimento, namento da própria língua – como código
e transformá-lo, ou sobre ele intervir. Serve, e como enunciado – e com isso constrói
pois, a linguagem à variabilidade do homem, seus conhecimentos com relação ao seu
à sua diversidade – único elemento comum uso nos diversos contextos.
a todos os homens – à atuação do homem
no mundo, à tarefa cuidadosa de levá-lo a Sendo o homem um sujeito historicamente
refletir sobre a consciência, a ter sua marca construído, são suas atividades, com o uso
identitária (DAMATTA, 2000). da linguagem e da língua, marcadas pelo

65
Sumário principal

contexto socio-histórico e pontilhadas troca que permite ao indivíduo elaborar uma


pelos significados e sentidos, de acordo visão de si mesmo e de sua identidade ocorre
com os contextos onde foram produzidas. por meio da língua, inicialmente a falada. Em
Tais atividades capacitam-no a agir e a alguns casos, como nas sociedades ágrafas e
transformar a mesma história que o cons- dos analfabetos, a forma falada prevalecerá
truiu, ressignificando-a, para construir sua durante toda a vida do indivíduo, enquanto
identidade social e cultural. nos ambientes de escrita, outras modalidades
de trocas culturais com a sociedade poderão
Na interação com as diversas instituições ocorrer. O fato é que, sendo o ser humano
sociais, o aluno amplia e enriquece a sua uma criatura linguística, e sendo o mundo
linguagem. Cabe, então, à escola se organizar onde age conhecido e descrito por meio
para receber a ele e a sua diversidade cultural, da língua, nada existe fora do domínio da
em suas salas de aula. Na escola, terá esse língua. Deverá o aluno ter a consciência de
sujeito a oportunidade de recorrer às práticas que a língua, o discurso, o texto, o jargão,
orais e escritas do sistema linguístico com suas tudo é variável, mas não a mensagem que
regras fonológicas, morfológicas, sintáticas e transmitem. Isso, para refletir sobre a opressão
semânticas, para, por meio da língua, construir que está enraizada na maneira como nós e os
seu saber formal, não desconsiderando os outros somos construídos linguisticamente,
saberes informais que ele traz consigo. na maneira como somos posicionados por
palavras em relação a outras tantas palavras
A partir da compreensão de que é dentro e ou por códigos, estruturados em forma de
pela língua que o indivíduo e a sociedade se língua. O aluno precisa conceber que nosso
determinam mutuamente, e considerando ser, nossa identidade e até nossa subjetivi-
como Castells (2002), que a identidade é dade são constituídos por meio da língua
a constituição de significados a partir de (MACNALLY,1999), que o domínio da língua
um ou vários atributos culturais, disponíveis padrão permitir-lhe-á se comportar em de-
no ambiente social, o aluno deverá saber terminadas situações formais do cotidiano.
que a língua é o principal elemento para o
processo de individualização, pois, além de No caso da Literatura, essa propicia ao aluno
suas características próprias, funciona como o refinamento de habilidades de leitura e de
veículo, forma e ambiente por onde surgem escrita, capacita-o a lidar com o simbólico e a
a maior parte dos demais atributos. Assim, a interagir consigo mesmo, com o outro e com o

66
Sumário principal

mundo em que vive, possibilitando-lhe assumir 2. Proporcionar uma compreensão das nor-
uma postura reflexiva, tomando consciência de mas gerais do funcionamento da língua,
si e do outro em relação ao universo letrado, permitindo que o aluno veja-se incluído
tornando-se capaz de ser protagonista de uma nos processos – de produção e compre-
ensão textual – que se implementam na
ação transformadora. A Literatura propicia,
escola, ou fora dela.
ainda, uma reflexão política ao educando em
reconhecimento do ser humano como um 3. Favorecer um olhar sobre os conjuntos de
ser histórico social que sofre transformações normas e fatores que concorrem para a
variação e variabilidade linguística, textual
com o decorrer do tempo.
e pragmática, necessários à leitura e à
escrita, sendo o texto o referencial de
partida.
6.1.2 Objetivos da disciplina

Adota-se neste currículo a concepção de Linguagem


eixo como o elemento que funda e direciona 1. Permitir que o aluno interaja crítica e
os princípios da formação do aluno. Essa ludicamente com diferentes manifes-
noção de eixo reforça a ideia de integração tações da linguagem em situações de
e de movimento e o caráter de proviso- produção e leitura de textos escritos,
orais, imagéticos, digitais, entre outros.
riedade, incompleteza e continuidade do
conhecimento. Eixo pode ser compreendido, 2. Possibilitar uma experiência com as di-
também, como algo que permeia, concepção ferentes manifestações da linguagem,
essencial para a formação humana, razão como a dança, o teatro, a música, a
por que os conteúdos gerais específicos se escultura, a pintura e o movimento do
corpo, bem como com a variedade de
organizam em grandes eixos.
ideias, culturas e formas de expressão,
reconhecendo nessas manifestações as
Língua marcas da diversidade humana.
1. Favorecer que o aluno conheça como 3. Permitir que o estudante conceba a
e por que determinadas práticas de linguagem como espaço propício para
linguagem e determinados usos da a tomada de consciência acerca das de-
língua, e de diferentes linguagens, são sigualdades sociais, e da necessidade de
historicamente legitimados e transitam sua atuação com vistas a uma sociedade
segundo demandas específicas. mais justa.

67
Sumário principal

4. Propiciar o conhecimento da linguagem complexa e globalizada – comprometidos


verbal e não-verbal (inclusive Libras e com a preservação da memória cultural
Braille) para que o aluno possa interagir e do patrimônio natural capixabas.
com vários sujeitos em suas especifici-
2. Favorecer espaços para a leitura de textos
dades linguísticas.
de diferentes conteúdos para a discussão
de temas transversais, refletindo sobre o
Literatura texto e sobre si mesmo, considerando
1. Criar espaço para vivências e cultivos de sua situação no mundo.
emoções e sentimentos humanos, bem 3. Proporcionar momentos de reflexão de
como para experienciar situações em modo a descoisificar o homem por meio
que se reconheça o trabalho estético da da leitura da vida, propiciando contato
obra literária, identificando as múltiplas com um conhecimento que não pode
formas de expressão e manifestações ser mensurado.
da(s) linguagem(ns) para levar a efeito
o discurso. 4. Promover aulas de campo para envolver
o educando em relevantes aspectos
2. Favorecer a produção de lócus em que culturais do Estado, tais como visitas a
se compreendam as transformações sítios arqueológicos, parques ecológicos,
histórico-socio-culturais pelas quais o espaços remanescentes quilombolas,
homem passa, por meio da linguagem comunidades indígenas, manifestações
literária, de modo a pensar a complexi- culturais e locais de culturas em movi-
dade do mundo real. mento.
3. Promover o letramento múltiplo como 5. Favorecer o desenvolvimento da cultura
ferramenta para o exercício da cidada- do saber ouvir e falar em situações dife-
nia. renciadas, respeitando a diversidade nos
4. Possibilitar o conhecimento das escolas modos de falar.
literárias, obras e autores, inclusive da 6. Propiciar situações para o aluno observar
literatura capixaba. o meio em que vive, refletindo sobre sua
participação no processo de sustentabi-
lidade.
Cultura e Conhecimento de Mundo
1. Criar condições para que os alunos 7. Ensejar momentos para o estudo das ori-
construam sua autonomia na sociedade gens da cultura capixaba e da formação
contemporânea – tecnologicamente da sua identidade histórico-cultural.

68
Sumário principal

8. Valorizar a diversidade humana em suas de integração do aluno à vida de seu meio


diversidades, promovendo a formação do social. Grosso modo, as aulas de português
aluno num âmbito ético, crítico e intelec- deverão configurar-se como espaço para o
tual, levando-o a opor-se a toda e qualquer
aluno falar, ouvir, ler e escrever textos em
forma de preconceito e discriminação.
Língua Portuguesa.

Ensinar o leitor-aluno a fixar objetivos e a ter


6.1.3 Principais alternativas estratégias de leitura, de modo a perceber
metodológicas que essa depende da articulação de várias
partes que formam um todo. É, então, um
Propõe-se um ensino de Língua Portu- pressuposto metodológico a ser considerado.
guesa sustentado no desenvolvimento: O leitor está inserido num contexto e precisa
da expressão oral, da expressão escrita e considerar isso para compreender os textos
das habilidades leitora e escritora, consi- escritos. Em sala de aula, configuram-se como
derando o texto o ponto de partida e de estratégias de preparação para a leitura as
chegada, verdadeiro objeto de estudo da ações de descobrir conhecimentos prévios
língua, para análise de seus usos (estudo dos alunos, discutir o vocabulário do texto,
linguístico e epilinguístico), explorando- explorar a seleção do tema do texto, do
lhe os múltiplos sentidos, analisando-lhe assunto tratado, levantar palavras-chave
a estrutura gramatical e a construção de ligadas a esse tema/assunto, e exercitar
seus sentidos. Ou seja, o texto conduz as inferências sobre o texto.
análises em função do qual se recorre às
determinações gramaticais, aos sentidos das Para as atividades de leitura, recomenda-
palavras, ao conhecimento e aos sentidos se explorar diversos gêneros textuais e
produzidos em seu interior. literários, considerando a leitura imagética,
silenciosa, oral e coletiva; lançar mão de
No caso do ensino de atividades de escrita, reportagens jornalísticas, escolhidas pelo
essas devem partir de condições concretas aluno, transformando-o em protagonista,
de produção. Toda escrita pressupõe uma repórter por um dia; explorar leituras de
reescrita e um planejamento para execução materiais concretos relacionados ao seu
de cada etapa (planejar, escrever, reescrever). cotidiano, tais como rótulos, passagens e
Ao final, utilizar a escrita como ferramenta bulas, destacando a visão que o aluno tem

69
Sumário principal

sobre o objeto, e dirigir leituras de textos listagem de time de futebol, animais, flores,
conhecidos dos alunos, tais como parlendas, agenda telefônica, endereços dos alunos
cantigas de roda, quadrinhas. em ordem alfabética, encartes de super-
mercados, receitas, produção de história
Deve-se estimular debates sobre temas varia- em quadrinhos, bilhetes, poesias, recorte de
dos, possibilitando que o aluno argumente, palavras, correio escolar, cartão de felicita-
emita opiniões, justifique, ou defenda opções ções, jornais, entrevistas, piadas, excursões,
tomadas, critique pontos de vista alheios e, a transformação de um gênero textual em
partir daí, produza textos. Cumpre destacar outro, entre tantos. Outra alternativa me-
que as atividades de falar/ouvir constituem- todológica é a produção de um texto oral
se parte integrante da competência comu- após leitura de uma narrativa.
nicativa dos falantes, uma vez que apontam
para ações efetivas de interpretação tal como Outra estratégia metodológica, de nível um
acontece quando o leitor toma contato com pouco avançado, é a tarefa de escrever textos
a escrita (ANTUNES, 2003). a duas e a quatro mãos, sob a orientação do
professor, observando as relações morfoló-
A produção de textos poderá ocorrer por gicas, sintáticas e semânticas, e explorando
meio de dobraduras, cantinho de leitura, as funcionalidades da língua.

70
Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum – Língua Portuguesa – Ensino Médio

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Ampliar a competência comuni- • Ler e escrever com proficiência. Eixo Linguagem
cativa.
• Utilizar a língua de forma competente • O signo linguístico. O texto e a
• Conhecer a norma culta da lín- em diversas situações de comunica- produção de sentido: autor, lo-
gua. ção. cutor, enunciador, leitor virtual,
• Utilizar diferentes linguagens e • Situar a Língua Portuguesa no tempo alocutário, destinatário.
tipologias textuais. e no espaço, a partir de sua história e • Intencionalidade, conhecimento
• Interatuar com dados, argumentos, formação. compartilhado e aceitabilidade.
fatos e informações contidos em
diferentes textos. • Reconhecer o papel da cultura brasileira • Intertextualidade implícita e ex-
na formação da identidade cultural de plícita.
• Organizar informações represen- seus sujeitos.
tadas em diferentes formas de • Funções da linguagem.
conhecimento disponíveis para • Compreender as funções sociais do • Denotação e conotação.
construção de argumentação texto.
consistente. • Variantes linguísticas.
• Reproduzir textos lidos, por meio de
• Conviver, crítica e ludicamente, operações intertextuais. • Gêneros textuais: relato, conto,
com situações de produção de crônica, notícia, relatório, artigo
textos, atualizado em diferentes • Compreender, analisar e criticar o con- científico, textos publicitários.
suportes e sistemas de linguagem teúdo de diferentes modalidades tex-
tuais. • Semântica: ambiguidade, figuras
– escrita, oral, imagética, digital,
de linguagem, sinonímia, anto-
entre outras.
nonímia, paronímia, homonímia,
• Demonstrar capacidade de refle- hiponímia, hiperonímia.
xão sistemática sobre a língua e a
linguagem.
• Aproveitar os conhecimentos de-
senvolvidos na escola para elabo-
ração de propostas de intervenção
solidária na realidade, respeitando
os valores humanos e consideran-
do sua diversidade sociocultural.
• Extrair informações do texto que per- Eixo Conhecimento
mitam atribuir sentido e refletir sobre Linguístico
o uso da gramática textual. • Origem da Língua Portuguesa.
• Compreender e interpretar textos his- • A influência indígena e africana
tóricos e literários. na formação da Língua Portu-
guesa do Brasil.
• Teoria literária: conceito de Lite-
ratura, definição do método e do
objeto de pesquisa literários.

71
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Revisar os próprios textos e reescrevê-los Eixo Cultura, Sociedade e
numa ação epilinguística. Educação
• Identificar as funções da linguagem, • Literatura Medieval Portuguesa.
apontar marcas de variantes linguísticas
de natureza sociocultural, regional, de • O Ciclo Humanístico e Renascen-
registro ou de estilo. tista e a literatura portuguesa. O
contexto da navegações.
• Explorar as relações entre a linguagem
coloquial e a formal nos diferentes tex- • A América Pré-colombiana e a
tos. produção cultural do homem
• Construir argumentos consistentes a da pré-história brasileira.
partir de informações para usos diver- • Conceito de colonialismo e
sos. neocolonialismo. A literatura dos
• Relacionar textos literários a partir de viajantes e a literatura informativa
concepções estéticas, estilo do autor sobre o Brasil.
e contexto histórico-social, político e • Conceito de aculturação. A in-
cultural; estabelecer relações entre eles
e seus distintos contextos, inferindo as quisição e seus efeitos maléficos
escolhas de temas, gêneros, discursivos sobre a cultura brasileira: delação,
e recursos expressivos dos autores. bisbilhotice, hipocrisia e precon-
ceito.
• Executar, a partir das orientações conti-
das no texto ou ilustração, os procedi- • Arte barroca portuguesa e brasi-
mentos necessários à realização de um leira. O barroco mineiro. Arcadis-
experimento ou fenômeno de natureza mo português e brasileiro.
científica ou social. • A arcádia mineira e a inconfidên-
• Ajuizar questões acerca de temas diver- cia.
sos, relacionados à bioética, à diversida-
de cultural e à política, apresentando • Metodologia científica e normas
argumentos consistentes que legitimem básicas da ABNT.
seu ponto de vista.
• Solucionar problemas da sociedade
em que está inserido, numa atitude
de gerência de sua casa, vida, bairro,
cidade.
• Ouvir opiniões diversas sobre como atuar
em situações-problema e como tomar
decisões, construindo argumentações
consistentes.
• Pesquisar temas relevantes da contem-
poraneidade, empreendendo as etapas
metodológicas da pesquisa, e apresentar
os resultados dessa em forma de peque-
nos artigos.

72
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Ampliar a competência • Ler e escrever com proficiência. Eixo Linguagem
comunicativa. • Utilizar a língua de forma competente em • Coerência e coesão textual.
• Conhecer a norma cul- diversas situações de comunicação. • Informatividade e argumentativida-
ta da língua. • Situar a Língua Portuguesa no tempo e no de.
• Utilizar diferentes lin- espaço, a partir de sua história e formação. • Enunciado e enunciação.
guagens e tipologias • Reconhecer o papel da cultura brasileira na • Tipos de discurso.
textuais. formação da identidade cultural de seus su-
• Gêneros textuais: textos jornalísticos,
• Interatuar com dados, jeitos. editorial, artigo de opinião.
argumentos, fatos e • Compreender as funções sociais do texto.
informações contidos
em diferentes textos. • Reproduzir textos lidos, por meio de operações Eixo Conhecimento Linguístico
intertextuais. • Discurso poético: versificação.
• Organizar informações
representadas em di- • Compreender, analisar e criticar o conteúdo • Fonologia, acentuação e ortografia.
ferentes formas de de diferentes modalidades textuais.
• Estrutura e formação de palavras.
conhecimento dispo- • Extrair informações do texto que permitam
níveis para construção atribuir sentido e refletir sobre o uso da gra- • Morfossintaxe do período simples e
de argumentação con- do período composto.
mática textual.
sistente. • Elementos articuladores (conjunções,
• Compreender e interpretar textos históricos e pronomes, advérbios, entre outros).
• Conviver, crítica e lu- literários.
dicamente, com situ-
• Revisar os próprios textos e reescrevê-los numa Eixo Cultura, Sociedade e
ações de produção de
ação epilinguística. Educação
textos, atualizado em
diferentes suportes e • Identificar as funções da linguagem, apontar • Contexto histórico do Romantismo
sistemas de linguagem marcas de variantes linguísticas de natureza so- europeu e brasileiro.
– escrita, oral, imagé- ciocultural, regional, de registro ou de estilo.
• Processos de construção da naciona-
tica, digital, entre ou- • Explorar as relações entre a linguagem coloquial lidade no Brasil. O índio no Roman-
tras. e a formal nos diferentes textos. tismo de Gonçalves Dias e José de
• Demonstrar capacida- • Construir argumentos consistentes a partir de Alencar e o negro na literatura de
de de reflexão sistemá- informações para usos diversos. Castro Alves.
tica sobre a língua e a • Contexto histórico do Realismo/Na-
linguagem. • Relacionar textos literários a partir de con-
turalismo/Parnasianismo europeu e
cepções estéticas, estilo do autor e contexto brasileiro. Ética e Moral na literatura
histórico-social, político e cultural. Estabelecer realista/naturalista.
relações entre eles e seus distintos contextos,
inferindo as escolhas de temas, gêneros, dis- • A mulher em linguagem machadia-
cursivos e recursos expressivos dos autores. na.
• Executar, a partir das orientações contidas • A desconstrução do índio e do negro
no texto ou ilustração, os procedimentos ne- pelo Realismo.
cessários à realização de um experimento ou • O Simbolismo: religiosidade e misti-
fenômeno de natureza científica ou social. cismo em Cruz e Souza e Alphonsus
de Guimarães.

73
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Aproveitar os conheci- • Ajuizar questões acerca de temas diversos,
mentos desenvolvidos relacionados à bioética, à diversidade cultural
na escola para elabo- e à política, apresentando argumentos consis-
ração de propostas de tentes que legitimem seu ponto de vista.
intervenção solidária na • Solucionar problemas da sociedade em que
realidade, respeitando está inserido, numa atitude de gerência de sua
os valores humanos e casa, vida, bairro, cidade.
considerando sua di-
versidade sociocultu- • Ouvir opiniões diversas sobre como atuar em
ral. situações-problema e como tomar decisões,
construindo argumentações consistentes.
• Pesquisar temas relevantes da contemporanei-
dade, empreendendo as etapas metodológicas
da pesquisa, e apresentar os resultados dessa
em forma de pequenos artigos.

74
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Ampliar a competência co- • Ler e escrever com proficiência. Eixo Linguagem
municativa; • Utilizar a língua de forma competente em • Argumentação e produção de
• Conhecer a norma culta da diversas situações de comunicação. sentido.
língua; • Situar a Língua Portuguesa no tempo e no • Coesão e organização do texto
• Utilizar diferentes lingua- espaço, a partir de sua história e formação. expositivo e argumentativo.
gens e tipologias textuais; • Reconhecer o papel da cultura brasileira na • Articulação de parágrafo.
• Interatuar com dados, argu- formação da identidade cultural de seus su-
jeitos. • Gênero textual: carta argumen-
mentos, fatos e informações tativa, editorial, dissertativo-ar-
contidos em diferentes tex- • Compreender as funções sociais do texto. gumentativo.
tos; • Reproduzir textos lidos, por meio de opera-
• Organizar informações re- ções intertextuais. Eixo Conhecimento Linguístico
presentadas em diferentes • Compreender, analisar e criticar o conteúdo
formas de conhecimento • As relações semânticas estabele-
de diferentes modalidades textuais.
disponíveis para construção cidas pelas conjunções: coorde-
de argumentação consisten- • Extrair informações do texto que permitam nação e subordinação.
atribuir sentido e refletir sobre o uso da gra-
te; • Colocação pronominal.
mática textual.
• Conviver, crítica e ludica- • Compreender e interpretar textos históricos • Regência verbal e nominal -
mente, com situações de e literários. crase.
produção de textos, atualiza-
• Revisar os próprios textos e reescrevê-los • Concordância nominal e verbal.
do em diferentes suportes e
sistemas de linguagem – es- numa ação epilinguística. • Pontuação.
crita, oral, imagética, digital, • Identificar as funções da linguagem, apontar
entre outras; marcas de variantes linguísticas de natureza Eixo Cultura, Sociedade e
sociocultural, regional, de registro ou de es- Educação
• Demonstrar capacidade de
tilo.
reflexão sistemática sobre a • Vanguardas artísticas na Literatu-
língua e a linguagem; • Explorar as relações entre a linguagem colo-
ra.
quial e a formal nos diferentes textos.
• Aproveitar os conhecimen- • Pré-modernismo no Brasil.
tos desenvolvidos na escola • Construir argumentos consistentes a partir
para elaboração de propos- de informações para usos diversos. • Literatura Moderna no Brasil em
tas de intervenção solidária • Relacionar textos literários a partir de con- seus três momentos e o projeto
na realidade, respeitando cepções estéticas, estilo do autor e contexto de uma identidade cultural.
os valores humanos, e con- histórico-social, político e cultural; estabelecer • O Cinema Novo e o Cinema de
siderando sua diversidade relações entre eles e seus distintos contextos, Glauber Rocha.
sociocultural. inferindo as escolhas de temas, gêneros, dis-
cursivos e recursos expressivos dos autores. • Racismo, Preconceito e discri-
minação. Literatura feminina e
• Executar, a partir das orientações contidas feminista.
no texto ou ilustração, os procedimentos ne-
cessários à realização de um experimento ou • Literatura homoerótica. Pós-
fenômeno de natureza científica ou social. modernismo e a afirmação da
diferença.
• Literatura capixaba: obras e auto-
res.

75
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS/TÓPICOS


• Ajuizar questões acerca de temas diversos,
relacionados à bioética, à diversidade cultu-
ral, e à política, apresentando argumentos
consistentes que legitimem seu ponto de
vista.
• Solucionar problemas da sociedade em que
está inserido, numa atitude de gerência de
sua casa, vida, bairro, cidade.
• Ouvir opiniões diversas sobre como atuar em
situações-problema e como tomar decisões,
construindo argumentações consistentes.
• Pesquisar temas relevantes da contempora-
neidade, empreendendo as etapas metodoló-
gicas da pesquisa, e apresentar os resultados
dessa em forma de pequenos artigos.

76
Sumário principal

6.1.5 Referências

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
AZEREDO, J.C. (Org.) Língua portuguesa em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1972.
CARNEIRO, A. Dias. Texto em construção: interpretação de texto. São Paulo: Moderna, 1996.
_______. Redação em construção: a escritura do texto. São Paulo: Moderna, 1995.
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. A sociedade em rede. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 2002.
CASTRO, Celso. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
CEREJA, Willlian Roberto. Português: linguagens. São Paulo: Atual, 2002.
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
DA MATTA, Roberto. Relativizando: uma Introdução à antropologia social. São Paulo: Rocco, 2000.
GERALDI, J.W. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
KOCH, I. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1998.
McNALLY, David. Língua, história e luta de classes. In: WOOD, Ellen; FOSTER, John B. Em defesa da história: marxismo
e pós-modernismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.
PEREIRA, Helena Bonito. Na trama do texto: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 2004.

77
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Arte
Sumário principal

6.2 Arte linguagem, mas com uma ênfase em seus as-


pectos formais específicos, deixando de lado
6.2.1 Contribuição da disciplina conteúdos e intertextos que dialogam com o
na formação humana assunto ou obra em questão. Em decorrência
desse pensamento surge a fragmentação
“Se queres conhecer o mundo, observa dos saberes em detrimento da valorização
teu quintal”. dos elementos formais, resultando em pro-
Provérbio Chinês posições fechadas e desconsiderando os
conteúdos e as múltiplas relações que se
As Artes no universo escolar vivenciaram di- estabelecem a partir de sua leitura.
ferentes concepções conceituais do período
colonial à contemporaneidade, refletindo e Já na década de 1990 a proposta preconizada
por vezes determinando o espaço ocupado por Barbosa (1991) considera a Arte não
por essa disciplina no currículo escolar e as somente como expressão, mas como cultura,
práticas instituídas na escola. Afirmamos e aponta a necessidade de sua contextuali-
assim que a inserção da Arte na escola se zação e leitura.
relaciona com o contexto histórico-social,
estético e artístico, do qual ela se origina. Acreditamos que a Arte na educação escolar
Esse contexto gerou teorias como da arte deve ser considerada em suas dimensões
como expressão e da arte como conhecimento artísticas, estéticas e culturais, englobando
que, embora diferenciadas, influenciaram a tanto os estudos das obras e suas inserções
educação da Arte. contextuais, históricas e sociais, quanto o
acompanhamento das transformações de
Das propostas educativas do período da sentido realizadas em seus percursos nos
Escola Nova e, provavelmente, de leituras diferentes sistemas os quais ela abrange.
superficiais das obras dos teóricos Victor Considera-se assim não somente e ex-
Lowenfeld e Herbert Read, as práticas edu- clusivamente o sistema da Arte e de suas
cativas em Arte até a década de 80 estavam idealizações e definições hegemônicas, mas
em sua maioria reduzidas a um laisse faire, a Arte incluída como bem cultural em sua
como um “fazer por fazer”, concretizado nas diversidade de produção étnica, em suas di-
chamadas “atividades artísticas”. No final versas manifestações culturais. Desse modo, a
da década de 1980, a Arte é tratada como Arte na educação escolar deverá ser pautada

81
Sumário principal

em atitudes e experiências pessoais, sociais e Inventamos a arte, sabemos que ela não se
históricas. Ela é uma forma de linguagem que esgota em nossos sentidos e, nesse diálogo,
congrega significações, saberes, expressão o escritor Jorge Miguel Marinho15 diz que
e conteúdo, objetivando a interação e a “[...] a Arte, junta a inventividade do imagi-
apreensão da/na obra e entre os sujeitos que nário e ao registro concreto de real, é apelo
a contemplam e/ou participam dela em suas coletivo, expressão comunitária, espelho
múltiplas dimensões e constituições. de todos e de cada um”. Desnecessário
dizer que a Arte está sempre a favor da
No texto “A arte e sua relação com o espaço vida e, como tantos poetas já insistiram,
público”, de Agnaldo Farias, há uma reflexão ela é o sonho que todos nós sonhamos em
que nos interessa sobremaneira quando busca de um ideal. Daí que a sua função
discutimos a contribuição da área das Artes mais humana, política e revolucionária seja
para a formação humana. Segundo o autor revelar que a vida pode ser mais completa
“[...] a arte não é algo que se oferece mas e comunitariamente mais feliz. Por outro
é uma potência. É uma sensação que não lado, nas ações e transformações que o ho-
conclui nos sentidos” (Farias,1997: p.3)13. mem realiza, que envolvem os processos de
produções materiais, inserem-se também o
E então nos perguntamos: em que a expe- que chamaremos aqui de os “não-materiais”.
riência da Arte contribui? Trata-se da produção de ideias, conceitos,
valores, símbolos que comportam habilida-
Para dialogar com nossas possíveis respostas des, atitudes e hábitos. São “[...] produções
recorremos a Fernando Pessoa que escreveu do saber, seja sobre a natureza, seja sobre
sobre a função da natureza, na importância o saber sobre a cultura, isto é, o conjunto
da Arte: “[...] A necessidade da Arte é a prova da produção humana”(Saviani,1991,p.20)16.
de que a vida não basta”14. Nesse proceder, de produção de sua existên-
cia material e não-material, o homem pelo

13 A arte e sua relação com o espaço público. Palestra


proferida na abertura do V Encontro Técnico dos Pólos 15 Citação extraída do site www.cenpec.org.br/memória.
da Rede Arte na Escola em 28.04.1997, transformado Artigo: Amigos da escola – A arte é de todos, anexo Com
em texto e publicado no site www.artenaescola.org.br/ vocês: As Artes! Pág. 05. Em 19 de setembro de 2008 às
pesquise_artigos. 12h00.
14 Citação extraída do site www.cenpec.org.br/memória.
Artigo: A Arte é de todos, pág. 01. Em 19 de setembro 16 Demerval, Saviani. Pedagogia histórico-critica. São Paulo:
de 2008 às 12h00. Cortez. Autores associados, 1991.

82
Sumário principal

trabalho cria o mundo da cultura e se insere 6.2.2 Objetivos da disciplina


como sujeito de suas próprias ações de
caráter social, cultural e histórico (Ruschel, Possibilitar a compreensão das diversas
2003)17. É a Arte e a cultura mediatizadas e manifestações da Arte, suas múltiplas
manifestadas por uma variabilidade sígni- linguagens dos diferentes grupos sociais
e étnicos e a interação com o patrimônio
ca, indissociando o homem da sociedade.
nacional e internacional, em sua dimen-
Como produção humana a arte e a ciência
são socio-histórica.
sempre andaram juntas, ambas lidam com
a inventividade, a pesquisa, a busca do co- Incentivar a pesquisa e a investigação
possibilitando a identificação e o esta-
nhecimento, entretanto, enquanto uma tem
belecimento de relações entre a Arte e
de apresentar resultados e comprovações,
as manifestações artísticas e culturais
a outra lida com o simbólico. nos âmbitos regionais, nacionais e
internacionais em diferentes tempos
Desse modo, as manifestações artísticas históricos.
favorecem a aproximação da escola com a
Possibilitar a observação, a reflexão, a
comunidade fazendo ver que o mundo, hoje investigação e o estabelecimento de
visto como um espaço muitas vezes opaco, relações entre a Arte e a realidade.
é composto de tantas coisas que, aquele
Fomentar a inserção da Arte e as possi-
que trabalha com educação, pode mediar
bilidades que ela apresenta como leitura
a capacidade criativa e a sensibilidade de de mundo.
seus alunos, pois essas são competências
fundamentais no mundo do trabalho atual. Promover a inserção da Arte como área
de conhecimento da linguagem estabe-
No desenvolver de processualidades artís-
lecendo diálogos com as outras áreas.
ticas, os sujeitos entram em contato com
elementos que lhe fornecem meios para Criar condições para articular as diferentes
observar, perceber e atuar no mundo de linguagens (visuais, cênicas, musicais e
corporais), compreendendo-as como
forma mais ampla.
produção cultural inserida nos diversos
espaços e tempos e em suas múltiplas
formas de manifestação.

17 Nunes, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação:


Promover as leituras da Arte a partir de seu
formação humana e prática pedagógica. Santa Maria: plano de expressão e de seus elementos
Editora UFSM, 2003.

83
Sumário principal

em relação e os efeitos de sentido que EIXOS DA DISCIPLINA


eles edificam. EIXOS DA EDUCAÇÃO EM ARTE
Explorar nas linguagens artísticas (artes
visuais, artes cênicas, música e dança) 1. Da proposição e abrangência:
suas faturas, considerando as especifi- Os eixos da educação em Artes, que
cidades das técnicas, dos suportes, das irão compor as Diretrizes Curriculares
materialidades. para a Educação Básica da Rede Pú-
Proporcionar espaços/tempos de produ- blica Estadual de Ensino do Estado do
ções artísticas, individuais e/ou coletivas, Espírito Santo, são um mapeamento
nas linguagens artísticas (artes visuais, das práticas planejadas e realizadas nas
artes cênicas, música e dança) para re- aulas de Arte pelos professores. Esse
fletir, analisar e compreender os diversos mapeamento é um esboço, como um
processos criativos advindos de diferentes primeiro desenho, dos dados coletados
suportes e materialidades. em pesquisa exploratória proposta du-
rante um Colóquio realizado no dia 19
Incentivar a investigação e a vivência das de junho de 2008 na Escola Maria Ortiz,
linguagens artísticas (artes visuais, artes no qual estavam presentes as professoras
cênicas, música e dança) a partir das referências de Arte, professores de Arte
relações construídas por seus elementos convidados, pedagogos e técnicos da
formadores na busca pelos sentidos edi- Sedu e da superintendência, totalizando
ficados nelas, e fruí-las em suas diversas aproximadamente 54 pessoas.
manifestações.
2. Práticas orientam outras práticas
Humanizar as relações pessoais e inter-
pessoais promovendo o conhecimento Num processo que considera os diferen-
artístico e estético e o respeito à própria tes fazeres e saberes propostos e vividos
produção e a dos colegas. cotidianamente pelos professores que
compõem a Rede Pública Estadual, esse
Mediar os diálogos entre os diversos mapeamento possui a pretensão de, num
sujeitos da escola (professores, alunos, primeiro movimento, dar visibilidade às
técnicos administrativos, entre outros) e diversas práticas relatadas, por cada um
os da comunidade sobre as possibilida- dos professores que atuam nos diferentes
des de inclusão que a Arte proporciona espaços escolares, nas diversas regiões
em seus diferentes espaços/tempos de de nosso Estado, para, num segundo
manifestações e vivências. movimento, agrupá-las em eixos que
possuem, cada um, a particularidade

84
Sumário principal

de englobar “os ditos”, “os realizados”, ou de objetivos e conteúdos que englobam


seja, respondendo a seguinte indaga- os quatro pilares de inserção da Arte na
ção: quais saberes circulam nas escolas? educação escolar que envolve:
Consideram-se aqui tanto as presenças
como as ausências dos saberes, que Saberes sensíveis, estéticos – históricos
compõem e acreditamos devam com- e culturais
por um currículo para a educação em
Arte. As contribuições de cada um dos Linguagens artísticas e seus diálogos
professores e dos demais integrantes Expressão/conteúdo
dos grupos de trabalho do dia 19 de
junho, possibilitaram a composição dos Processos de criação
eixos que, entendemos, irão nortear o
currículo da Arte em nosso Estado.
1. Saberes sensíveis, estéticos – históricos
Lembramos que o que se aponta aqui é um e culturais
simulacro metodológico de saberes apresen- Envolve os saberes da Arte narrados nas
tado em quatro eixos, que só foram divididos Histórias da Arte das diversas culturas,
para uma melhor visualização de suas “faces”. considerando as dimensões estéticas e
Sendo assim, a divisão apontada considera artísticas que as englobam. As culturas
as interfaces que se formam entre os quatro a partir de estudos transdisciplinares,
interculturais e multiculturais. Os artistas
eixos e a ausência de hierarquias entre eles.
e seus contextos socioculturais e estéti-
cos. A apreensão da Arte pelo sensível
Entretanto, reafirmamos que cada um e pelo inteligível. As abordagens da
desses eixos se formam e se reagrupam Arte a partir dos estudos que envolvem
de modo diferenciado conforme as pro- as teorias e filosofias da Arte. Os bens
posições dos professores em suas aulas culturais pertencentes ao patrimônio
de Arte. Mas entendemos que cada um da humanidade, incluindo os materiais
e os imateriais (manifestações popu-
deles é portador e engloba quatro pilares
lares expressas nas danças, folguedos,
da Arte imprescindíveis, que devem estar
alimentação, costumes entre outros).
presentes em um currículo de educação
da Arte. Sendo assim, a organização do 2. Linguagens artísticas e seus diálogos
planejamento escolar contemplando os As diversas linguagens artísticas tais
eixos é uma orientação metodológica para como: as artes visuais, a música, o teatro
o professor planejar as suas aulas, a partir e a dança, considerando as singularida-

85
Sumário principal

des de suas produções, e os diálogos 4. Processos de criação


estabelecidos entre elas e as demais
Envolve os percursos de criação do ser hu-
manifestações artísticas e culturais como
mano manifestado na arte pelos artistas,
as presentes nas diversas mídias em seus
e suas proposições e práticas englobam
diferentes suportes como as produções
as etapas, os esboços, os rascunhos, a
gráficas: revistas em geral, história em
fatura do trabalho, as apropriações da
quadrinhos, cartazes e outros. As ima-
matéria a ser manipulada, as proposições
gens em movimento do cinema, tv e
e as aprendizagens decorrentes dessa
produções como curtas de animação,
processualidade. A criação em ateliês
ou em suportes como o computador e
e os materiais artísticos. A apropriação
as diversas tecnologias, que são suporte
de materiais do cotidiano em materiais
material e obra, como arte cinética, arte
artísticos. As fruições da arte em espaços
no computador e outros.
expositivos.
3. Expressão/conteúdo
As obras de arte assim como as demais 6.2.3 Principais alternativas
linguagens possuem duas dimensões: metodológicas
um plano de expressão e um plano de
conteúdo. Esses podem ser entendidos
1. Princípio metodológico: da cultura que
como significante e significado, ou
habita a escola às culturas que habitam
seja, o primeiro suporta ou expressa o
o mundo em seus diferentes tempos-
conteúdo, com o qual mantêm relação
espaços. Da arte que é também uma
de pressuposição recíproca. Nas artes
experiência vivida localmente, que parte
visuais os elementos básicos do plano
de pessoalidades e processualidades em
de expressão são: o ponto, a linha, a cor,
diversos âmbitos, para outros, de outras
a forma, a superfície, o volume, a textura,
vivências e culturas em outros espaços
e o espaço, dentre outros, que vão formar
e tempos. Se cada espaço vivenciado é
os elementos compositivos tais como:
considerado como um espaço de sentido,
orientações e direções espaciais, movi-
parte-se do entorno, como o da escola,
mento visual, proporção, contraste, ritmo,
que se insere na comunidade e essa em
equilíbrio, harmonia, relações figura-fundo
outros espaços que a englobam como o
e outros. São os elementos do plano da
município, o Estado, a nação, o continente
expressão que, organizados em diferentes
e o mundo. Por outro lado, os tempos se
materialidades e suportes, compõem o
complementam e dialogam formando
conteúdo, ou seja esse só se torna visível
uma rede de sentidos para aqueles que
pois é manifestado pela forma.

86
Sumário principal

com eles buscam apreendê-lo. Propõe- humanas como textuais, sendo assim uma
se aqui uma aproximação dos diversos obra de arte, um filme, um romance, um
espaços-tempos, das múltiplas experiên- espetáculo teatral, musical ou de dança
cias em Arte para o diálogo dentro da
são manifestações textuais. O modo que
escola, promovendo uma proximidade
relacionamos uma manifestação textual com
com as produções locais e delas com
outras produções de diferentes estéticas, outras em seus diversos tempos e espaços
estilos, materialidades e modos de fatura. se dá por intermédio de suas inclusões em
Desse modo o currículo é uma referência seus contextos. Desse modo, trabalhar com
e lócus agregador dos conhecimentos a Arte envolverá ações de leitura da obra
acumulados pela humanidade, ou seja, de arte, ou das manifestações culturais e
considera os espaços e os entre-espaços midiáticas, como um texto que abrange, ao
compondo uma rede de informações
mesmo tempo, as relações estabelecidas a
sem uma hierarquia de saberes.
partir de sua estrutura interna (seus planos
2. Princípio metodológico: do texto para de expressão e conteúdo) e essas com o
o contexto - A Arte já traz em si um con- contexto (social, histórico, artístico), e os
texto, uma historia, ela está no mundo.
intertextos produzidos e postos em circu-
Propomos como princípio metodológico lação em diferentes suportes e linguagens,
um percurso que parta da obra, a considere que com ela dialogam. Considera-se desse
como uma produção textual humana, que modo as marcas presentes na obra, tais
possui uma discursividade, ou seja, uma como o seu estilo, a sua técnica, a sua com-
historicidade e uma plasticidade, e esse posição, a distribuição da forma, o assunto
princípio se fundamenta nos conceitos se- tratado e até mesmo a intertextualidade
mióticos propostos por Rebouças (2006)18. estabelecida entre ela e seu título. Todas
essas marcas textuais pertencem ao seu
Como uma teoria da significação, a semi- contexto formador, ou seja, ao macro-texto
ótica entende que o sentido se constrói que a engloba. Desse modo, as obras que
nas relações, ou seja, entre o texto e seu possuem traços que a caracterizam como
contexto formador. Considera as produções pertencentes a determinado estilo dialogam
entre si. Contudo, obras de períodos e estilos
diferenciados também podem dialogar, não
18 Rebouças, Moema Martins. Uma leitura de textos
visuais. In: Cadernos de pesquisa em educação. Nº 24
pelos elementos do plano da expressão
ano 2006. Vitória: PPGE, 1995. que organizados plasticamente compõem

87
Sumário principal

um estilo, mas por aproximações temáticas. vida no sertão, entre outros diálogos que a
Temos assim vários modos de leitura e essa intertextualidade nos possibilita realizar.
depende de como o leitor estabelece as re-
lações tanto sensíveis como inteligíveis com Ao assumir essa orientação metodológica
a obra lida, criando uma rede enriquecida em sala de aula garante-se a participação
pelo repertório de leituras que possui da de outros modos de olhar e outras possíveis
Arte e do mundo. interlocuções que permeiam o estudo sobre
a Arte. Para tanto é necessário que o profes-
A obra “Retirantes” (1944) de Portinari, por sor como propositor e mediador das ações
exemplo, trata do êxodo rural e a busca por educativas da Arte possibilite o enriqueci-
melhores condições de vida. Esse tema está mento de seu próprio repertório artístico/
presente nas figuras do que parece ser uma cultural e o de seus alunos, aproximando-se
família, com traços fisionômicos que carac- da Arte e de suas manifestações sociais,
terizam a “falta” de comida, de condições com a frequência a espaços expositivos/
de saúde, de sobrevivência. As cores são culturais de seu município, de seu Estado e,
azuladas, cinzas e preto, reiterando no plano se possível, de eventos realizados em outros
de expressão o que o conteúdo tematizou. estados brasileiros e do exterior, lembrando
Essa pintura nos remete, entre outras, à obra que senão em presença, as visitas podem
literária “Vidas secas” de Graciliano Ramos, às ser virtuais com o suporte do computador
músicas com a temática do trabalho e da e da navegação pela web.

88
Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum – Arte – Ensino Médio

COMPETÊNCIAS GERAIS - POR EIXO


Saberes sensíveis, estéticos, Linguagens e seus Plano de expressão
Processos de criação
históricos, artísticos e culturais diálogos e conteúdo
• Compreender as diversas mani- • Compreender a Arte • Expressar nas diver- • Expressar ideias, emoções,
festações da arte, suas múltiplas e as possibilidades sas linguagens suas sensações, por meio da
linguagens por diferentes grupos que ela apresenta particularidades, articulação de práticas
sociais e étnicos, interagindo com o como leitura de considerando os desenvolvidas individu-
patrimônio nacional e internacional, mundo. diversos suportes e almente e/ou coletiva-
em sua dimensão socio-histórica, materialidades, nos mente, em sua elabo-
• Compreender para
pesquisando, identificando e re- contextos históricos- ração como linguagem
identificar os diálo-
lacionando essas manifestações sociais e culturais. expressiva da percepção,
gos estabelecidos
artísticas culturais, em diferentes imaginação, memória,
entre as outras áre- • Desenvolver lei-
tempos e espaços históricos. sensibilidade e reflexão.
as de conhecimento, turas das diversas
• Relacionar a Arte e a realidade, re- estabelecendo co- manifestações da • Interagir com variedade
fletindo, investigando, indagando, nexões entre elas. Arte nos contextos de materiais e fabricados
com interesse e curiosidade, exer- históricos-sociais e multimeios (computador,
• Articular as dife-
citando a discussão, a sensibilidade, culturais, por meio vídeo, holografia, cinema,
rentes linguagens,
argumentando e apreciando a Arte de processos cria- fotografia), percebendo,
compreendendo-
de modo sensivel. tivos e de reflexão analisando e produzindo
as como produção
crítica e estética. trabalhos pessoais e/ou
• Identificar, relacionar e compreen- cultural inseridas nos
coletivos.
der diferentes funções da Arte, do diversos espaços e • Apreender as estru-
trabalho e da produção dos artistas; tempos e em suas turas das linguagens • Realizar produções ar-
reconhecendo e investigando a múltiplas formas de em seus elementos tísticas individuais e/ou
variedade dos produtos artísticos manifestação. expressivos forma- coletivas, nas linguagens
e concepções estéticas presentes dores, considerando artísticas, refletindo, ana-
na história das diferentes culturas os conteúdos gera- lisando e compreenden-
e etnias. dos a partir de suas do os diversos processos
articulações internas criativos advindos de
e contextuais de cria- diferentes suportes e
ção. materialidades.

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Sumário principal

1º Ano

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as diferentes • Compreender a diversida- Arte e patrimônio cultural
formas de manifestação cultural presentes de cultural e se posicionar • A Arte e as manifestações artís-
nas obras de arte e nos movimentos artísticos enquanto ser/ estar/ rela- ticas, culturais, em âmbitos local,
produzidos em diversas culturas (regional, cionar/ respeitar/ e valorizar regional, nacional e internacional
nacional e internacional) e em diferentes a Arte. em diferentes tempos históricos
tempos e espaços da história. • Apreender através dos sabe- (artistas locais, regionais, nacio-
• Identificar e reconhecer a importância das res sensíveis estéticos, cultu- nais e internacionais, heranças
manifestações e dos produtores artísticos e rais, históricos a importância culturais,grupos regionais, na-
culturais como agentes sociais de diferentes da Arte como elemento for- cionais e internacionais entre
épocas e culturas. mador do ser humano. outros).
• Reconhecer a importância da Arte e das ma- • A poética do cotidiano em su-
nifestações culturais na sociedade e na vida portes midiáticos e cinemáticos
das pessoas. (produções gráficas, televisivas,
cinematográficas e de outras mí-
Linguagens e seus diálogos dias na interface com as tecnolo-
• Conhecer e considerar as diversas manifesta- • Ler o mundo e o intertex- gias).
ções da arte em suas diferentes materialidades: tualizar, ligando-o a outras • A Arte como linguagem presente
gestuais, sonoras, cenográficas e cinestésicas, áreas de conhecimento. nas manifestações culturais (pin-
presentes na natureza e nas diversas culturas tura, desenho, escultura, gravura,
de modo sensível. instalações artísticas, fotografias,
• Reconhecer, compreenderr e vivenciar em vídeos, cerâmica e outras) e os
análises, leituras e produções pessoais e/ou seus diálogos.
coletivas as linguagens artísticas como inte- • Linguagens artísticas e processos
grantes dos sistemas artísticos, comunicativos de criação (pintura, desenho, es-
e tecnológicos. cultura, gravura, instalações artís-
ticas, fotografias, vídeos, cerâmica
e outras).

90
Sumário principal

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


Plano de expressão e conteúdo
• Compreender, experimentar e ressignificar • Identificar os elementos for-
a Arte como linguagem e as manifestações madores da Arte das mani-
artísticas. festações culturais e suas
• Conhecer e considerar os planos de expressão relações de significado.
e de conteúdo da Arte e das manifestações
culturais como modos de comunicação e
sentido.
• Experimentar vivências em produções pesso-
ais e/ou coletivas, as propriedades expressivas
e construtivas dos materiais, suportes, instru-
mentos, procedimentos e técnicas manifes-
tados em diversos meios de comunicação da
imagem: fotografia, cartaz, televisão, vídeo,
histórias em quadrinhos, telas de computador,
publicações, publicidade, desenho industrial,
desenho animado, entre outros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesquisar materiais e • Utilizar materiais alternati-
técnicas artísticas (pincéis, lápis, giz de cera, vos, reciclando e conscien-
papéis, tintas, argila, goivas) e outros meios tizando-se da necessidade
(máquinas fotográficas, vídeos, aparelhos de e possibilidades de reapro-
computação e de reprografia). veitamento.
• Criar e construir formas plásticas e visuais em • Refletir sobre a necessidade
espaços diversos (bidimensional e tridimen- da sustentabilidade no uso
sional). das diferentes materialida-
des e suportes.
• Identificar-se como cidadão
crítico capaz de ser expressar
através das suas linguagens
artísticas.
• Identificar e fazer uso de
possibilidades de (re)uti-
lização de materialidades
alternativas.

91
Sumário principal

2º Ano

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as • Reconhecer e fazer uso das relações Arte e patrimônio cultural;
diferentes formas de manifestação entre Arte e realidade, refletindo, • A Arte e as manifestações artísti-
cultural presentes nas obras de arte e investigando, pesquisando e in- cas, culturais, em âmbitos local,
nos movimentos artísticos produzidos dagando seus usos e funções na regional, nacional e internacional
em diversas culturas (regional, nacio- contemporaneidade. em diferentes tempos históricos
nal e internacional) e em diferentes (artistas locais, regionais, nacionais
tempos e espaços da história. e internacionais, heranças cultu-
• Identificar e reconhecer a importância rais, grupos regionais, nacionais
das manifestações e dos produtores e internacionais, entre outros).
artísticos e culturais como agentes • A poética do cotidiano em su-
sociais de diferentes épocas e cultu- portes midiáticos e cinemáticos
ras. (produções gráficas, televisivas,
• Reconhecer a importância da Arte e cinematográficas e de outras mí-
das manifestações culturais na socie- dias na interface com as tecnolo-
dade e na vida das pessoas. gias).
Linguagens e seus diálogos • A Arte como linguagem presente
nas manifestações culturais (pin-
• Conhecer e considerar as diversas ma- • Compreender e articular as diferen- tura, desenho, escultura, gravura,
nifestações da arte em suas diferentes tes linguagens identificando seus instalações artísticas, fotografias,
materialidades: gestuais, sonoras, ce- diálogos. vídeos, cerâmica e outras) e os
nográficas e cinestésicas, presentes seus diálogos.
na natureza e nas diversas culturas de • Linguagens artísticas e processos
modo sensível. de criação (pintura, desenho, es-
• Reconhecer, compreender e viven- cultura, gravura, instalações artís-
ciar em análises, leituras e produções ticas, fotografias, vídeos, cerâmica
pessoais e/ou coletivas as lingua- e outras).
gens artísticas como integrantes dos
sistemas artísticos, comunicativos e
tecnológicos.

92
Sumário principal

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


Plano de expressão e conteúdo
• Compreender, experimentar e res- • Identificar categorias plásticas das
significar a Arte como linguagem e linguagens expressivas: visuais, ges-
as manifestações artísticas. tuais, sonoras e cenográficas, para
• Conhecer e considerar os planos de análise e interpretação de obras ar-
expressão e de conteúdo da Arte e tísticas e das diversas manifestações
das manifestações culturais como culturais da contemporaneidade.
modos de comunicação e sentido.
• Experimentar vivências em produções
pessoais e/ou coletivas as proprieda-
des expressivas e construtivas dos
materiais, suportes, instrumentos, pro-
cedimentos e técnicas manifestados
em diversos meios de comunicação
da imagem: fotografia, cartaz, televi-
são, vídeo, histórias em quadrinhos,
telas de computador, publicações,
publicidade, desenho industrial, de-
senho animado, entre outros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesquisar ma- • Elaborar e fazer uso de materiais
teriais e técnicas artísticas (pincéis, naturais, fabricados, multimeios,
lápis, giz de cera, papéis, tintas, argila, tanto nas manifestações culturais
goivas) e outros meios (máquinas quanto em suas possíveis aplicações
fotográficas, vídeos, aparelhos de no mundo do trabalho atual.
computação e de reprografia). • Vivenciar o pensamento das diversas
• Criar e construir formas plásticas e linguagens (visual, musical, teatral,
visuais em espaços diversos (bidi- gestual, verbal) e suas possibilidades
mensional e tridimensional). de aplicação (mídias, suportes e
materialidades).

93
Sumário principal

3º Ano

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


• Observar, analisar e relacionar as dife- • Relacionar os saberes constru- Arte e patrimônio cultural;
rentes formas de manifestação cultu- ídos ao longo de sua vivência, • A Arte e as manifestações artísti-
ral presentes nas obras de arte e nos adquiridos nas diversas lingua- cas, culturais, em âmbitos local,
movimentos artísticos produzidos em gens artísticas, sintetiza os sabe- regional, nacional e internacional
diversas culturas (regional, nacional e res produzidos em Arte nas suas em diferentes tempos históricos
internacional) e em diferentes tempos diversas formas de linguagens. (artistas locais, regionais, nacio-
e espaços da história. nais e internacionais, heranças
• Identificar e reconhecer a importância culturais,grupos regionais, na-
das manifestações e dos produtores ar- cionais e internacionais, entre
tísticos e culturais como agentes sociais outros).
de diferentes épocas e culturas. • A poética do cotidiano em su-
• Reconhecer a importância da Arte e das portes midiáticos e cinemáticos
manifestações culturais na sociedade e (produções gráficas, televisivas,
na vida das pessoas. cinematográficas e de outras
mídias na interface com as tec-
Linguagens e seus diálogos nologias).
• Conhecer e considerar as diversas ma- • Apreender as linguagens artís- • A Arte como linguagem presente
nifestações da arte em suas diferentes ticas, compreendendo-as como nas manifestações culturais (pin-
materialidades: gestuais, sonoras, ce- produção cultural inseridas nos tura, desenho, escultura, gravura,
nográficas e cinestésicas, presentes na diversos espaços tempos e em instalações artísticas, fotografias,
natureza e nas diversas culturas de modo suas múltiplas formas de mani- vídeos, cerâmica e outras) e os
sensível. festação. seus diálogos.
• Reconhecer, compreender e vivenciar • Linguagens artísticas e processos
em análises, leituras e produções pesso- de criação (pintura, desenho, es-
ais e/ou coletivas as linguagens artísticas cultura, gravura, instalações artís-
como integrantes dos sistemas artísticos, ticas, fotografias, vídeos, cerâmica
comunicativos e tecnológicos. e outras).

94
Sumário principal

Saberes sensíveis, estéticos, históricos, artísticos e culturais Conteúdos


Plano de expressão e conteúdo
• Compreender, experimentar e res- • Explorar as linguagens artísticas a
significar a Arte como linguagem e as partir das relações instituídas em
manifestações artísticas. seus planos formadores (expres-
• Conhecer e considerar os planos de são e conteúdo).
expressão e de conteúdo da Arte e das • Conhecer e experimentar a Arte a
manifestações culturais como modos partir do seu plano de expressão
de comunicação e sentido. e de seus elementos em relação
• Experimentar vivências em produções aos efeitos de sentido que elas
pessoais e/ou coletivas as propriedades edificam.
expressivas e construtivas dos materiais,
suportes, instrumentos, procedimentos
e técnicas manifestados em diversos
meios de comunicação da imagem: fo-
tografia, cartaz, televisão, vídeo, histórias
em quadrinhos, telas de computador,
publicações, publicidade, desenho in-
dustrial, desenho animado, entre ou-
tros.
Processos de criação
• Experimentar, utilizar e pesquisar ma- • Produzir Arte através de instru-
teriais e técnicas artísticas (pincéis, lápis, mentos e procedimentos variados
giz de cera, papéis, tintas, argila, goivas) em atividades individuais e/ou
e outros meios (máquinas fotográficas, coletivas.
vídeos, aparelhos de computação e de • Sintetizar ideias por meio da arti-
reprografia). culação de práticas desenvolvidas
• Criar e construir formas plásticas e visuais no ambiente escolar e as relaciona
em espaços diversos (bidimensional e com o mundo atual.
tridimensional).

95
Sumário principal

6.2.5 Referências

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991.
FARIAS, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público. Caxias do Sul, RS, 28 abril 1997. Disponível em: <http//
www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=8.> Acesso em: 28 abr. 2008.
MARINHO, Jorge Miguel. A arte é de todos. Disponível em: <http://www.cenpec.org.br/memória>. Acesso em: 19
set. 2008. p. 1-5.
NUNES, Ana Luíza Ruschel. Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria, RS:
Ed. UFSM, 2003.
REBOUÇAS, Moema Martins. Uma leitura de textos visuais. In: CADERNOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO. Vitória,
ES: PPGE/UFES, n. 24, jul./dez. 2006.
SAVIANI, Demerval. Pedagogia histórico-crítica. São Paulo: Cortez. Autores Associados, 1991.

96
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Educação Física
Sumário principal

6.3 Educação Física e pelas teorias sociológicas da educação,


esse movimento questiona o papel dessa
6.3.1 Contribuição da disciplina disciplina na sociedade e desencadeia a
para a formação humana produção de teorias pedagógicas críticas,
que contribuem para o desenvolvimento de
A inserção da Educação Física como com- profundas mudanças no entendimento do
ponente curricular remonta aos próprios que venha a ser o ensino desse componente
primórdios da escola moderna influenciada curricular.
por um conjunto de fatores, todos eles con-
dicionados pela emergência de uma nova Foi com base nessas teorias críticas e na
ordem social existente nos séculos XVIII e Ementa Curricular dessa disciplina19 que
XIX. Dentre esses fatores esteve o desenvol- traçamos a concepção de ensino da Educa-
vimento da Ciência Moderna, que faz com ção Física deste documento curricular. Nos
que a Medicina construa uma outra visão de apropriamos da compreensão de Soares et
corpo, dando importância ao movimento al (1992) de que a cultura corporal humana é
como forma de manter e promover a saúde, um conhecimento socio-histórico produzido
privilegiando o conhecimento biológico do e acumulado pela humanidade, que ao mes-
funcionamento do corpo, embora houvesse mo tempo em que o homem constrói a sua
clareza sobre as repercussões disso no com- corporiedade ele também produz e reproduz
portamento (Bracht, 2001). uma cultura. Além disso, nos apoiamos no
conceito de componente curricular descrito
Até os anos de 1970, a estreita relação entre por Caparroz (2001) e Souza Júnior (2001), de
Educação Física e saúde e Educação Física e que é conjunto de conhecimentos sistema-
esporte se constitui como principal referência tizados, que deverão promover uma reflexão
para professores e alunos dos ensinos Fun- acerca de uma dimensão da cultura com a
damental e Médio, que priorizavam o desen- finalidade de contribuir para a formação
volvimento do aspecto biológico do aluno. cultural do aluno.
Essa concepção, denominada de biologicista,
ainda predominante no ensino da Educa- 19 A Ementa Curricular da Educação Física foi aprovada em
2004 no Seminário Regional de Avaliação das Ementas
ção Física, foi fortemente questionada nos Curriculares, desenvolvido pela Secretaria de Estado da
anos de 1980 pelo “Movimento Renovador”. Educação do Espírito Santo (Sedu), fruto das ações dessa
secretaria para a escrita da proposta curricular dessa rede
Influenciado por um contexto sociopolítico de ensino.

99
Sumário principal

Diante disto, entendemos a Educação Física Educação Física na formação humana, na


enquanto componente curricular que tem construção de uma postura reflexiva sobre o
como objeto a reflexão pedagógica sobre mundo do trabalho. Além disso, reconhece
o acervo da cultura corporal humana, pro- o eixo ciência na realização da transposição
duzido ao longo da história, como forma do saber comum ao saber sistematizado e
de representação simbólica presente na contextualizado.
linguagem corporal.
A Educação Física escolar encontra-se desa-
Essa concepção de ensino colabora para fiada a desenvolver uma proposta pedagó-
uma compreensão dessa disciplina numa gica coerente com a realidade, sem fugir às
dimensão educacional mais ampla, com intencionalidades de desenvolvimento do
interfaces nos diferentes campos de sa- cidadão crítico. Com isso, o professor, que
beres, como área que tematiza/aborda as não é mais compreendido como reprodutor
atividades corporais em suas dimensões de técnicas, vive em um contexto sociopo-
culturais, sociais e biológicas, extrapolando a lítico e é tomado como referência para a
questão da saúde e relacionando-se com as construção de uma proposta crítica, que só
produções culturais que envolvem aspectos se torna possível, segundo Bracht, 2001, por
lúdicos e estéticos. Dessa forma, a Educação meio da flexibilização da atual hegemonia
Física escolar deixa de ter como foco apenas do conhecimento crítico na escola para que
o esporte ou os exercícios físicos, voltados se possa permitir que outros saberes, que
para uma perspectiva restrita à promoção da não só os de caráter conceitual ou intelec-
aptidão física e ao desempenho de atividade tual, se legitimem. Dessa forma, devemos
física, tomando a ideia de que a linguagem compreender o que significa a construção
humana é produto da cultura e que a co- de uma proposta crítica de Educação Física,
municação é um processo cultural. Sendo que, segundo Bracht (2001, p.77), “a ideia de
assim, entende-se a expressão corporal criticidade é uma ideia muito fortemente
como linguagem, conhecimento universal centrada na ideia de razão, ou de raciona-
e patrimônio da humanidade, que precisa ser lidade como uma dimensão intelectual”.
transmitido e assimilado pelos alunos. Essa Essa ideia da racionalidade possibilita a
visão contempla o eixo da cultura, mas não criação de uma educação que valoriza a
descarta o eixo do trabalho, que surge como esfera intelectual em detrimento da corporal,
possibilidade de garantir a contribuição da assim, “a recuperação do corpo como sujeito

100
Sumário principal

pode fazer com que reformulemos o nosso na construção coletiva do conhecimento


conceito de criticidade, ampliemos o nosso ao introduzir os indivíduos no universo da
conceito de razão, englobando as dimensões cultura corporal humana, de maneira que
estéticas e éticas”. nele possam agir de forma autônoma e
crítica, apropriando-se das diferentes prá-
Dessa forma, convidamos todos os pro- ticas corporais culturalmente construídas
fessores de Educação Física da Rede e resgatando os valores étnicos, morais,
Estadual de ensino para compartilhar de sociais e éticos.
uma concepção crítica da Educação Física,
que perpassa pela compreensão de uma O aprofundamento dos conhecimentos
disciplina relacionada com as produções da cultura corporal humana de forma
culturais que envolvem aspectos lúdicos, lúdica, educativa e criativa tem permitido
estéticos e éticos, compreendendo-a como a ampliação da compreensão da realidade
prática pedagógica que tem como tema a social acerca da cultura corporal, refletindo
cultura corporal humana – jogos, dança, sobre um conjunto de conhecimentos
esportes, ginásticas, manifestações culturais específicos integrados aos demais com-
(folclóricas) e dramatizações. Isso colabora ponentes curriculares. A possibilidade do
para a organização dessa disciplina dentro da desenvolvimento da autonomia intelectual
área de Linguagens, Código e suas Tecnolo- e do pensamento crítico perpassa pela
gias, por entender a dimensão corpórea do sistematização de conceitos e pelo enten-
homem na sua capacidade de se expressar e dimento sobre os conteúdos de ensino,
se comunicar, promovendo a aprendizagem superando a perspectiva do “fazer por fazer”,
de um conhecimento sistematizado das ou seja, destituído do saber. O ensino da
diferentes manifestações culturais corporais, Educação Física escolar deve perpassar
por meio do desenvolvimento da noção por uma valorização de um fazer crítico
de historicidade da cultura corporal e do reflexivo sobre a cultura corporal humana
desenvolvimento de um trabalho interdisci- (Souza Júnior, 2001).
plinar focado na compreensão da diversidade
cultural dos povos. Podemos destacar que, ao vivenciar as
diferentes manifestações da cultura cor-
A Educação Física enquanto componente poral, esse aluno desenvolve, além da
curricular tem dado significativa contribuição motricidade, aspectos cognitivos e sociais

101
Sumário principal

que irão se somar a toda bagagem so- Todos esses elementos contribuem para
ciocultural proveniente de sua realidade, a formação humana do educando, que é
onde ele expressa subjetividade, emoções desenvolver o aluno nos seus aspectos social,
e linguagem corporal e, ainda, desenvolve cognitivo, intelectual, emocional e motor.
sua capacidade comunicativa ao interpretar, Além disso, um conhecimento das profissões
sintetizar, analisar e expressar as ideias, relacionadas às práticas esportivas, de ginás-
procurando respeitar a diversidade e pro- ticas, laborais, de lazer e entretenimento.
mover a inclusão.

Ao proporcionar o desenvolvimento de criati- 6.3.2 Objetivos da disciplina


vidade, socialização, integração, cooperação,
ética, competitividade e disciplina, por meio Desenvolver a formação cultural do alu-
da abordagem das diferentes formas de no em relação às práticas corporais de
movimento, promovendo uma reflexão
manifestação da cultura corporal, a Educa-
acerca de uma dimensão da cultura, a
ção Física transforma-se em elemento de
fim de formar um conhecimento crítico
formação do caráter e da personalidade do sobre a cultura corporal humana;
aluno, além de ser um agente promotor da
sua autoestima. Além disso, ao permitir que Desenvolver os aspectos intelectuais,
sociais, afetivos e morais, para o desen-
o aluno tenha contato com o conhecimento
volvimento de autonomia, liberdade,
científico sistematizado sobre o movimento cooperação, socialização, participação
humano – anatomia, fisiologia, biomecânica, social, afirmação dos valores e princípios
qualidades físicas e neuromotoras, atividade democráticos;
física, saúde, envelhecimento, treinamento,
Discutir sobre os aspectos éticos e
etc. – a Educação Física atua como forma- sociais para desenvolver uma postura
dora, possibilitando maior autonomia a seus não-preconceituosa e não-discrimina-
alunos nas atividades do dia a dia. Também tória das manifestações e expressões
podemos considerar como importante papel corporais dos diferentes grupos étnicos
da Educação Física escolar o de despertar e e raciais;
incentivar o gosto pela prática de atividades Possibilitar ao aluno um conhecimento
físicas, entendendo-a como meio de pro- da dimensão socio-histórica dos mo-
moção da saúde. vimentos corporais construídos, como

102
Sumário principal

instrumento para entender e modificar a 6.3.3 Principais alternativas


sua trajetória de vida, contribuindo para metodológicas
a sua formação psicosociocultural;
Desenvolver o sentido do significado De maneira geral, alguns estudos vêm apon-
da cultura corporal humana à prática tando que, apesar das profundas mudanças
pedagógica escolar, tendo o professor no entendimento sobre o ensino da Educa-
como mediador, para a apreensão da ção Física escolar, ainda persiste um profundo
expressão corporal como linguagem;
abismo entre o conhecimento teórico e o
Propiciar o desenvolvimento da ludici- prático, resultante de um “‘elo perdido’ entre
dade e da criatividade, adotando uma as prescrições dessa produção teórica e a
postura produtiva e criadora de cultura realidade em que se materializava a prática
no mundo do trabalho e lazer;
pedagógica” (Caparroz, 2001, p. 195).
Possibilitar ao educando o conhecimento
das diferentes manifestações da cultura Isso também se evidencia em algumas das
corporal nos seus aspectos educativos, pesquisas realizadas pela Universidade Federal
lúdicos e técnicos;
do Espírito Santo20 sobre a prática docente do
Possibilitar ao aluno a construção de um professor de Educação Física nas redes estadual
saber fazer a respeito das práticas corporais pública e privada do Estado do Espírito Santo.
de movimentos por meio da observação, Apesar de muitas práticas docentes terem
reflexão e investigação das diferentes em vista as diversas possibilidades educativas
manifestações da cultura corporal;
dos conteúdos de ensino dessa disciplina,
Possibilitar aos alunos um entendimento ainda há uma grande maioria que privilegia
da Educação Física escolar na sua relação o paradigma de desenvolvimento da aptidão
com a cultura no ensino das práticas
corporais, criando e recriando um conhe-
20 Aqui me refiro às pesquisas desenvolvidas pelos membros
cimento específico da cultura corporal do Laboratório de Estudos em Educação Física (Lesef ),
humana, a fim de auxiliar na construção pertencente ao Centro de Educação Física e Desportos
(CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes),
do indivíduo nas suas atividades do que procuraram mapear e descrever as condições que
se realizava o ensino da Educação Física escolar nas redes
cotidiano. públicas e privadas do Espírito Santo. Dentre elas destaco:
DIAS, Andréia et. al. Diagnóstico da Educação Física escolar
Promover um conhecimento sobre a saú- no Estado do Espírito Santo: o imaginário social do professor.
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 21(1): 183-192, Set.
de e sua relação com a cultura, refletindo 1999. DELLA FONTE, Sandra Soares et all. Diagnóstico da
sobre as atividades físicas como forma de Educação Física escolar no Estado do Espírito Santo: as es-
colas particulares de Vitória. Anais do VI Encontro Fluminense
promoção de saúde. de Educação Física escolar. Niterói, 1992. p 63-66.

103
Sumário principal

física e das práticas esportivas competitivas Além disso, uma supervalorização dos saberes
como principais elementos orientadores provenientes das práticas dos professores sem
da intervenção docente. Isso colabora para a necessidade de refletir sobre a sua ação
evidenciar a complexa teia que envolve a docente (Bracht et. al., 2003).
dinâmica escolar, reforçando a necessidade
de se conhecer as principais condições que Para o desenvolvimento desta proposta cur-
envolvem o desenvolvimento da prática do- ricular é fundamental o desenvolvimento
cente no cotidiano escolar (Caparroz, 2001). da capacidade crítico-reflexivo do professor
diante da sua prática docente, procurando
Com base nessas reflexões é imprescindível a dialogar com os diferentes saberes que com-
participação e a colaboração dos professores põem o ensino dessa disciplina. O desafio está
de Educação Física da rede estadual do Espí- em propor mudanças na prática docente, que
rito Santo na elaboração e construção dos também levem em consideração as condições
princípios metodológicos que irão nortear o estruturais das escolas da rede pública esta-
desenvolvimento deste documento curricular. dual do Espírito Santo, com relação a espaço,
Com isso, procuramos abarcar a especifici- material e equipamentos destinados à prática
dade de ensino dessa rede, que é composta da Educação Física, que na maioria dos casos
por um conjunto de professores oriundo de requer o desenvolvimento da capacidade
um modelo de formação inicial fortemente criativa do professor para o desenvolvimento
pautado num currículo tradicional-esportivo, de suas aulas, a fim de buscar uma adequação
que priorizou a aprendizagem da prática de dessa estrutura.
habilidades técnicas e de capacidades físicas21.
Os materiais, os equipamentos e as insta-
lações são importantes e necessários para
21 Segundo Betti (1996) apud Bracht (2001) até a década de o fazer das práticas corporais das aulas de
1980 temos um grande número de professores licenciados
formados dentro deste modelo tradicional-esportivo que Educação Física em qualquer perspectiva
prioriza um currículo focado nas disciplinas práticas para
o aprendizado das modalidades esportivas com ênfase que o professor se paute. Em virtude disso,
teórica nas disciplinas da área da Biologia e Psicologia.
Nos anos 1990 temos uma reformulação do currículo de a ausência ou a insuficiência de materiais e
Licenciatura em Educação Física por conta da Resolução
03/87 que questiona a formação “esportizizante”e valoriza as
instalações podem comprometer o alcance
disciplinas teóricas de fundamentação científica e filosófica. de um determinado objetivo de aula. Porém
Especificamente na rede pública do Estado do Espírito
Santo, do conjunto de professores licenciados, 67% deles outros aspectos também são considerados
se formaram nos anos de 1980, havendo também casos de
professores de Educação Física que atuam no ensino escolar determinantes para que haja uma prática
dessa rede sem terem a formação em Licenciatura.

104
Sumário principal

qualitativa nas aulas de Educação Física, em- desenvolvimento das capacidades físicas, mas
bora muitos professores justifiquem que as também que abordem o contexto histórico-
aulas muitas vezes não alcançam o resultado cultural do movimento, ensinando estraté-
esperado devido à carência de tais estruturas. gias para o agir prático, colaborando para o
“No entanto, o trabalho pedagógico não entendimento das relações socioculturais e
pode, todo ele, ser compreendido apenas por a compreensão crítica do movimento (KUNZ,
adequação de meios a fins, pois os próprios 2004). Com isso, os professores de Educação
fins podem ser problemáticos, porque variam Física não precisam ficar restritos às aulas
de acordo com opções político-pedagógica” práticas de aprendizagem do movimento,
(Bracht et. al., 2003, p. 43). mas também utilizar como instrumentos
metodológicos sessões de filmes e vídeos
O que também se propõe é uma nova forma sobre o fenômeno esportivo e as diferentes
de se conceber os tempos e espaços para o manifestações culturais regionais, nacionais
ensino da Educação Física, que tem se redu- e internacionais. Isso colabora para o desen-
zido a problemas ligados ao espaço escolar, volvimento de debates, problematizando
desprivilegiando uma discussão a respeito temas da cultura corporal, desencadeando
da dimensão simbólica e pedagógica desses produções textuais que possibilite ao aluno
espaços. Ao priorizarmos uma Educação Física autonomia e liberdade para se comunicar por
pautada na perspectiva crítica de ensino é meio de uma linguagem corporal e verbal.
necessário revermos o que se desenvolve
nesse componente curricular, sobre o qual O resgate histórico de uma prática corporal
60% dos alunos da rede de ensino público pode ser realizado por meio de estudos,
estadual de Espírito Santo “entendem que pesquisas e desenvolvimento de aulas que
deva haver mudanças nas aulas de Educação englobem também o aspecto lúdico e a
Física” (BRACHT, 2001, p. 53). Essas mudanças criatividade, buscando os significados e os
são em relação ao conteúdo, à organização sentidos das práticas corporais construídas
das aulas (horários, tempo, espaço etc.) e à historicamente, desenvolvendo um espaço
conduta pedagógica do professor. de reelaboração, recriação e reinterpretarão
dessas práticas por parte dos envolvidos no
Para isso devemos priorizar princípios processo ensino-aprendizagem, e realizando
metodológicos que contemplem não só o um retrospecto das atividades corporais.
conhecimento das habilidades técnicas e o A realização de jogos escolares, gincanas,

105
Sumário principal

exposições, dentre outras, são estratégias Preliminarmente, entendemos que para


de ensino que devem ser incentivadas por iniciar o nosso trabalho de implementa-
todos os professores da rede de ensino ção desta proposta curricular, dentro da
estadual. Assim teremos uma multiplici- concepção de ensino privilegiada neste
dade dos usos dos tempos e espaços pelo documento, é importante considerarmos o
professor de Educação Física, tomando a ensino da cultura corporal de movimento no
quadra, a sala de aula, o recreio, os torneios seu sentido histórico e lúdico do conteúdo
escolares, a biblioteca, a sala de informática, para que o aluno compreenda-se enquanto
as atividades de visitas e excursões como sujeito histórico e assim possa ser produtor
forma de conhecer e explorar as diferentes de outras atividades corporais a serem insti-
maneiras para a aprendizagem do conteúdo tucionalizadas (Soares, et. al.,1992).
da Educação Física.
Assim, destacamos a importância de compre-
Dessa forma, temos a formação continuada endermos que a aprendizagem do conheci-
de um instrumento fundamental para o mento específico dessa disciplina deve estar
desenvolvimento desta proposta curricular pautada na compreensão da expressão corporal
para o ensino da Educação Física na rede como linguagem, em que os temas da cultura
pública estadual do Espírito Santo. A escrita corporal expressam sentido e significado aos
da metodologia de ensino deste documento seus sujeitos. A abordagem metodológica
será ampliada ao longo do ano de 2009, com crítico-superadora nos apresentam alguns
a escrita dos Cadernos Metodológicos, ao princípios curriculares que poderão embasar
mesmo tempo em que os professores de a nossa prática, para que possamos alcançar os
Educação Física da rede estadual estarão objetivos propostos neste documento. São eles:
validando esta primeira versão da proposta a relevância social do conteúdo, a adequação
curricular. O objetivo é poder promover ajus- às possibilidades sócio-cognitivas do aluno, a
tes necessários para a publicação final deste simultaneidade dos conteúdos enquanto dados
documento. Mas para isso será necessário da realidade, a espiralidade da incorporação das
o envolvimento de todos os professores, referências do pensamento e a provisoriedade
consolidando momentos coletivos de re- do conhecimento (Soares, et. al.,1992).
flexão sobre a prática docente, sobretudo
quando se esperam mudanças efetivas nessa A condição para o desenvolvimento desta
prática. proposta curricular esteve atrelada ao concei-

106
Sumário principal

to de competências e habilidades, no qual se ‘procedimental’, ou seja, da ordem do


compreende que as competências não são saber como fazer. Vivemos em uma
sociedade cada vez mais tecnológica,
um programa clássico. Elas dizem o que os
em que o problema nem sempre está
alunos devem dominar e não o que deve ser
na falta de informações, pois o com-
ensinado. A aquisição de habilidades está na putador tem cada vez mais o poder de
capacidade do indivíduo mobilizar uma ação processá-las, guardá-las ou atualizá-las.
para a qual o aluno prioriza conhecimentos A questão está em encontrar, interpretar
de mais de uma área para resolver questões essas informações, na busca de solução
de nossos problemas (Macedo apud
(Perrenoud, 1999).
Primi et al, 2001, p.152).

A base para uma educação de competências


Apoiados nesse compromisso de desen-
está em possibilitar aos alunos que ele seja
volvimento do ensino da Educação Física
um cidadão analítico, reflexivo e crítico, que
voltada para a construção de uma educação
tenha uma participação ativa na sociedade.
de qualidade e formação do cidadão, traça-
Com base no conceito de competência –
mos algumas competências e habilidades
aquisições, aprendizados construídos e não
com base nos eixos temáticos presentes na
virtualidades da espécie –, a Educação Física
Ementa Curricular dessa disciplina e na Matriz
pode possibilitar ao aluno identificação, or-
Curricular definida pela Sedu. São eles:
ganização e mobilização de conhecimentos
pertinentes para a solução de problemas,
Conhecimento sobre o corpo: levou a
conflitos ou desafios (Santos, 2001). considerar o corpo no seu aspecto físico,
social, afetivo, emocional e cognitivo, na
Até pouco tempo, a grande questão tentativa de superar a visão dicotômica
escolar era a aprendizagem – exclusiva entre corpo e mente presente em nossa
ou preferencial – de conceitos. Está- sociedade. Dessa forma entende-se o corpo
vamos dominados pela visão de que na sua relação com o meio e que dialoga
conhecer é acumular conceitos, ser com diferentes contextos socioculturais
inteligente implicava articular logica- desenvolvidos historicamente, buscando
mente grandes ideias, estar informado
problematizar a relação do corpo com
sobre conhecimento. Esse tipo de aula,
saúde, trabalho e cultura. Além disso, com-
insisto, continua tendo lugar, mas cada
preendendo os limites e as possibilidades
vez mais torna-se necessário também
corporais e respeitando as diferenças de
o domínio de um conteúdo chamado
gênero, etnia, classe social e idade.

107
Sumário principal

Corpo-linguagem/Corpo-expressão: em âmbitos nacional, regional e local.


entende-se a expressão corporal como Por meio do jogo o sujeito desenvolve a
linguagem presente nas diferentes manifes- sua criatividade na construção de regras
tações da cultura corporal de movimento. coletivas que resgatem os valores morais,
Por meio da linguagem corporal o sujeito sociais e éticos, e também desenvolve
se comunica, interage com o meio, onde a ludicidade, descobrindo o prazer nas
expressa subjetividade, emoções e, ainda, vivências corporais.
desenvolve sua capacidade comunicativa
Os jogos esportivos: prioriza o conhe-
ao interpretar, sintetizar, analisar e expressar
cimento dos jogos institucionalizados
ideias, reconhecendo a identidade própria
socialmente, com suas diferentes organi-
e do outro, respeitando a diversidade e
zações técnico-táticas, proporcionando
promovendo a inclusão.
uma noção de historicidade do desenvolvi-
Os jogos e os movimentos individuais mento de práticas esportivas presentes nos
e coletivos: destacam-se como elemento contextos mundial e nacional. Além disso,
da cultura corporal presente nos diferen- o desenvolvimento da inclusão por meio
tes contextos socio-históricos presentes da capacidade de recriação das regras.

108
Sumário principal

6.3.4 Conteúdo Básico Comum – Educação Física – Ensino Médio

1º ao 3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Eixo-temático: Conhecimento sobre o corpo. • Princípios básicos e efei-
Conhecimento Tópico: Conhecimento da estrutura e do funcionamento tos do treinamento físico:
sobre o corpo do corpo. fisiológico, morfológico e
• Conhecer o seu corpo psicossociais.
• Adquirir conhecimento teórico das noções básicas de
nos seus aspectos físi- socorros de urgência. • Alimentação e exercício
cos, sociais, culturais físico.
e afetivos. • Compreender o funcionamento do movimento humano, de
forma a reconhecer e modificar as atividades corporais. • Exercícios resistidos e
• Reconhecer e res- aumento de massa mus-
peitar seus limites e • Reconhecer hábitos posturais saudáveis para o corpo e cular: benefícios e riscos
as possibilidades do introduzi-los em seu cotidiano. à saúde nas várias faixas
próprio corpo. • Compreender a importância da atividade física orientada, etárias.
• Desenvolver suas como fator contribuinte na qualidade de vida, conhecendo • Exercício físico e envelhe-
atividades corporais seus limites físicos e sabendo administrá-los. cimento.
com autonomia, • Analisar as relações existentes entre os diferentes biótipos • Lesões decorrentes do
compreendendo as e o desempenho para prática de atividades desportivas. exercício físico e da prá-
relações de gênero e tica esportiva em níveis e
as individualidades. • Reconhecer a importância dos princípios do treinamento
desportivo. condições inadequadas.
• Vivenciar o espírito • Uso de anabolizantes.
solidário que cuida • Conhecer os principais sistemas fisiológicos envolvidos
do outro, de si mes- no movimento humano, permitindo maior autonomia na
mo e do ambiente prática de atividades físicas.
em que vive. • Compreender a importância da alimentação nos diferentes
• Conhecer a impor- tipos de treinamento físico.
tância da convivência • Compreender e reconhecer os limites fisiológicos do seu
com os alunos que corpo com o objetivo de evitar os excessos e maximizar os
apresentam neces- benefícios em busca de uma melhor qualidade de vida.
sidades educativas • Desenvolver as noções conceituais de esforço, intensidade
especiais. e frequência, aplicando-as em suas práticas corporais.
• Reconhecer o processo de envelhecimento por meio do
conhecimento das alterações fisiológicas.
• Identificar os riscos do treinamento desportivo em atletas
profissionais e amadores.
• Relacionar os cuidados com o corpo e o uso indevido de
recursos utilizados para alcançar um corpo estereotipado.
• Identificar e refletir sobre o uso de substâncias nocivas ao
organismo utilizadas na prática de atividade física.

109
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Tópico: Corpo/identidades e as diferentes formas, pos- • Possibilidades de lazer na
sibilidades e limitações do movimento cultura do movimento.
• Assumir uma postura ativa nas práticas corporais, tendo • As diferentes práticas cor-
consciência da importância delas na vida do cidadão para porais na comunidade es-
os desafios cotidianos. colar e em seu entorno.
• Analisar de forma crítica as práticas corporais, estabelecen- • Fatores de adesão e per-
do critérios de julgamento, escolha e realização corporais manência na atividade
saudáveis. física, no exercício físico
• Analisar e refletir a influência da mídia no culto ao corpo, e na prática esportiva.
reconhecendo as violências impostas por essa cultura. • Padrões de beleza e suas
• Construir coletivamente regras sociais que trabalhem e relações com contextos
resgatem os valores morais, sociais e éticos. históricos e culturais.
• Identificar e reconhecer a importância das manifestações • Corpo e cultura de mo-
socioculturais e sua diversidade presente em outras etnias. vimento: diferenças e
preconceitos.
• Compreender os usos do corpo na sociedade contemporânea,
reconhecendo as relações entre lazer e mundo do trabalho. • Relações do corpo, da
saúde e do trabalho.
Eixo-temático: Eixo-temático: Corpo-linguagem/Corpo-expressão • Dança como expressão e
Corpo-linguagem/ Tópico: expressão e linguagem corporal manifestação cultural.
Corpo-expressão • O ritmo como organiza-
• Reconhecer pela vivência das mais variadas formas de
• Reconhecer o corpo movimento a importância da dança. ção expressiva do movi-
como meio de lingua- mento.
gem e expressão nas • Identificar os movimentos básicos das danças estudadas.
• Manifestações rítmicas
diferentes culturas; • Analisar a origem e a diversidade cultural da dança como ligadas à cultura jovem.
indígenas, africanas, instrumento de preservação da cultura humana.
campesinas, entre • Principais passos e movi-
• Reconhecer a dança como meio de expressão corporal,
outras. mentos.
comunicação e linguagem.
• Conhecer as diferen- • Identificar a dança como espaço para construção da auto- • Sequências coreográfi-
tes manifestações nomia, da autoimagem e do exercício da cidadania. cas.
culturais nos âmbitos • Danças folclóricas/regio-
• Identificar formas, planos, trajetórias, direções utilizados na
mundial, nacional e elaboração da dança. nais.
local.
• Avaliar uma coreografia de dança reconhecendo suas espe- • Diferentes estilos como
• Identificar as ativi- cificidades gestuais, harmonia, leveza, ritmo, expressividade expressão sociocultural.
dades rítmicas e ex- e equilíbrio. • Princípios orientadores
pressivas presentes
• Conhecer diferentes manifestações, práticas e ritmos culturais das ginásticas.
em danças, lutas, gi-
násticas, como ma- constituídos em âmbitos nacional e regional. • Técnicas e exercícios.
nifestação da cultura • Identificar as modalidades de ginásticas estudadas, relacio- • Processo histórico: aca-
corporal. nando-as aos contextos socioculturais de suas origens. demias, modismos e ten-
• Reconhecer pela vivência das mais variadas formas de mo- dências.
vimento a importância da prática de atividades de ginástica.
• Ginástica alternativa.
• Refletir sobre a importância da prática adequada dos funda-
mentos básicos da ginástica para manutenção da saúde. • Ginástica adaptada.
• Analisar e adaptar as regras da modalidade da ginástica
estudadas às individualidades e a novas situações.

110
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Eixo-temático: Eixo-temático: Os jogos e os movimentos individuais e • Jogos populares.
Os jogos e os coletivos • Jogos cooperativos.
movimentos
individuais e Tópico: Jogos cognitivos e relação social • Jogos de salão.
coletivos • Reconhecer o caráter lúdico dos jogos e das brincadeiras • Jogos de raciocínio.
• Conhecer os vários como forma de lazer.
tipos e as variadas • Reconhecer pela vivência das mais variadas formas de jogo
maneiras de experi- a importância da prática de atividades lúdicas nos diferentes
mentar os jogos. contextos socioculturais.
• Explorar as diferen- • Aprender e valorizar o trabalho em equipe na busca de um
tes formas de jogo bem comum.
desenvolvidas histo- • Reconhecer e desenvolver o gosto por atividades e jogos
ricamente. que requerem maior poder de concentração.
Eixo-temático: Jogo Eixo-temático: Jogo esportivo • Atletismo,vôlei, futebol,
esportivo basquete, handebol e
Tópico: Desporto individual e coletivo suas origens históricas.
• Conhecer as diversas
modalidades espor- • Reconhecer, por meio da vivência, a importância das práticas • A importância do sistema
tivas instituídas so- esportivas e sua origem histórica. de jogo, da técnica e das
cialmente, praticadas • Avaliar como os fundamentos básicos do esporte são im- táticas no desempenho
em outros países e no portantes nas diferentes situações de jogo. esportivo.
Brasil. • Dominar os principais fundamentos técnicos e táticos dos • Regras.
• Compreender as di- esportes praticados. • Esportes adaptados.
ferentes formas de • Dominar e compreender as principais regras esportivas e
organização despor- • Dimensão social e ética
adaptá-las, se necessário, visando à inclusão. do esporte.
tiva.
• Participar e organizar atividades que envolvam a adapta- • Diferentes experiências e
• Desenvolver a capa- ção das práticas esportivas, para a inclusão das diferenças
cidade de adaptar as perspectivas esportivas:
individuais. jogador, torcedor e atleta
regras, os materiais
e o espaço, visando • Compreender pela prática de atividades esportivas a im- profissional e amador.
à inclusão de si e do portância das relações interpessoais. • O esporte como prática
outro. • Assumir uma postura crítica em relação à prática de ativi- de lazer nas dimensões da
dades esportivas, enfocando suas relações sócio-afetivas. estética, da comunicação
• Analisar a prática esportiva compreendendo o significado e a im- e de entretenimento.
portância do desenvolvimento da autonomia e do respeito mútuo. • Os benefícios e malefícios
• Compreender as diferenças entre esporte escolar, amador na prática dos esportes.
e profissional. • Torneios e campeonatos
• Reconhecer o esporte como elemento de ludicidade, prazer esportivos.
e recreação nos mais variados ambientes. • Esportes de quadra.
• Avaliar os próprios limites na prática desportiva e reconhecer • Legislação do esporte.
os malefícios da prática sem orientação adequada. • A transformação do es-
• Conhecer a organização de eventos esportivos. porte em espetáculo e
• Conhecer diferentes modalidades esportivas de quadra. em negócio.
• Avaliar e refletir sobre a importância da participação em • Significados/sentidos
equipes de treinamento para competições locais, estaduais, predominantes no dis-
nacionais e internacionais. curso das mídias sobre o
esporte.
• Refletir sobre a representação do esporte na sociedade.

111
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


Tópico: Organização e Administração desportiva • Campeonatos escolares.
• Entender como é feita a organização de campeonatos, • Organização de eventos
torneios, etc., e a importância de cada desporto. esportivos.
• Vivenciar campeonatos e torneio esportivos. • Noções de arbitragem.
• Distinguir as diferentes formas de organização de eventos • Torneios, gincanas, jogos
esportivos. escolares.
• Construir eventos esportivos. • Súmula.
• Tabela de jogos.
• Organização de campe-
onatos.

112
Sumário principal

6.3.5 Referências

BRACHT, Valter. Saber e fazer pedagógicos: acerca da legitimidade da educação física como componente curricular.
In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção. Vitória, ES:
PROTEORIA, 2001.
______ et al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2003.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2006.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF: MEC, 1998.
CAPARROZ, Francisco Eduardo. Discurso e prática pedagógica: elementos para a compreensão da complexa teia que
envolve a Educação Física na dinâmica escolar. In: ___. Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
______. Perspectivas para compreender e transformar as contribuições da educação física na constituição dos
saberes escolares. In: FERREIRA NETO, Amarílio (Org). Pesquisa histórica na educação física. Vitória, ES: PROTEORIA,
2001. v. 6.
KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2004.
PERRENOUD, Philipe. Construir competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PRIMI, Ricardo et al. Competências e habilidades cognitivas: diferentes definições dos mesmos constructos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, v.17, n. 2, p.151-139, maio/ago., 2001.
SANTOS, Gisele Franco de Lima. A construção de competências nas aulas de educação física da educação básica. In:
SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2001, Paraná. Anais. Paraná, 2001. p. 73-76.
SOARES, Carmem Lúcia et al. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
SOUZA JÚNIOR, Marílio. O saber e o fazer pedagógico da educação física na cultura escolar: o que é um componente
curricular? In: CAPARROZ, Francisco Eduardo (Org.). Educação física escolar: política, investigação e intervenção.
Vitória, ES: PROTEORIA, 2001. v.1.
WERNECK, Christiane. Lazer, trabalho e educação: relações históricas, questões contemporâneas. Belo Horizonte:
Ed. UFMG, 2000.

113
Sumário
principal

ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS


Língua Estrangeira Moderna - Inglês
Sumário principal

6.4 Língua Estrangeira proteção de soberanias nacionais e a promo-


moderna - Inglês ção da educação, da ciência e da cultura por
meio do ensino de Língua Estrangeira.
6.4.1 Contribuição da disciplina
na formação humana É de se perguntar: em que medida o ensino
de Língua Estrangeira está ligado à promoção
O ensino da disciplina Língua Estrangeira/ da educação e da cultura? De qual cultura:
Inglês tem por finalidade, sobretudo, a da própria ou da estrangeira?
comunicação entre as pessoas, entre os
povos. Isso porque se trata de uma língua Saber falar Inglês não garante automatica-
multinacional falada por mais de um bilhão mente os benefícios da globalização; mas
e meio de pessoas. Além disso, é usada em não o saber é garantia de exclusão.
mais de setenta por cento das publicações
científicas, sendo a língua do trabalho na E, devido ao uso do Inglês como língua de
maioria das organizações internacionais. comunicação na comunidade científica mun-
Ademais, o Inglês é o idioma mais ensinado dial, os saberes científicos e tecnológicos (que
no mundo: também por esse motivo seu por definição se renovam ininterruptamente)
aprendizado pode levar o aluno a experienciar não podem ser suficientemente adquiridos
diversas culturas e linguagens. se o Inglês não for usado. Como aquisição
“suficiente” entendo: a possibilidade de que
A linguagem faz parte do nosso viver as informações sejam adquiridas de modo
biológico, linguístico e cultural e deve ser, amplo e a tempo, de modo a proporcionar
portanto, preservada. Enquanto algumas uma perspectiva atual e uma possibilidade
línguas se encontram em posição segura e de participação ativa e crítica no processo
privilegiada, outras (as indígenas, as africanas, de produção dos saberes.
por exemplo) podem ser reconhecidas em
uma posição de perigo, necessitando de que Portanto, ensinar Inglês como língua mul-
se atue em sua preservação. Conforme Tsuda tinacional, como comunicação e interação
(apud Leffa, 2001), o paradigma da inclusão social, inclui uma mudança na pedagogia
envolve a igualdade dos Direitos Humanos tradicionalmente dedicada ao ensino dessa
na comunicação, no multilingualismo, assim língua. No ensino contemporâneo de Língua
como a manutenção de línguas e culturas, a Estrangeira, implica considerar: a) as varie-

117
Sumário principal

dades do Inglês no mundo; b) o ensino do internacional, a situação de ensino com


Inglês para a produção; c) o ensino do Inglês foco apenas na leitura em geral reforça a
para fins específicos. ideia de que as informações devem fluir
unilateralmente dos países desenvolvidos
para aqueles em desenvolvimento, disse-
a) As variedades do Inglês no mundo
minando a arte, a cultura e a ciência em
Ao se considerarem as variedades do
apenas uma direção (Cf. Leffa, 2001). Por
Inglês no mundo é preciso aceitar as
esse motivo, e sobretudo quando não se
diferentes pronúncias e sotaques, porque
atenta à escolha dos textos a serem lidos,
uma das finalidades ao se aprender uma
tal enfoque não dialoga com a realidade
língua é também a comunicação e lin-
dos alunos, que segundo pesquisas feitas
guagem, isto é, a interação social entre as
recentemente em escolas públicas o
pessoas. Além disso, é fundamental que
interesse maior dos alunos é aprender a
se desenvolva a capacidade de percepção
falar, seguido das outras habilidades.
e crítica construtiva das diferenças entre
as culturas, bem como o desenvolvimen- c) O ensino do Inglês para fins específicos
to da tolerância pelas diferenças. Esses O ensino para fins específicos deve ser
aspectos favorecem a autoconsciência conduzido de modo a atender às neces-
e contribuem para que o aluno apren- sidades mais diretas dos alunos quanto
da a se expressar em língua estrangeira ao mercado de trabalho e/ou quanto à
quanto às tarefas relevantes à sua vida; aquisição de conhecimentos acadêmicos.
e que tal expressão contribua para a sua Considerando ambos os aspectos, é pre-
realização; por exemplo, seria interessante ciso refletir criticamente sobre o efetivo
mostrar ao aluno as pronúncias de falan- ensino de Língua Estrangeira na escola
tes indianos, espanhóis, portugueses, pública. Esse ensino é de fundamental
eslavos, canadenses, italianos etc., que importância para o desenvolvimento das
conservam a sua identidade e conseguem capacidades cognitivas, culturais, afetivas
se comunicar em língua inglesa. Hoje já e sociais do aluno em formação. Tal ensino
não se fala somente o Inglês da rainha. constitui um instrumento que pode de
fato auxiliar numa melhor qualidade de
b) O ensino do Inglês para a produção
vida e de trabalho de que é merecedor
Quanto ao ensino do Inglês para a pro-
todo cidadão.
dução, há que se considerar o desenvol-
vimento das quatro habilidades (ouvir, ler,
falar e escrever). Isso porque o objetivo “Que mais aprendemos quando aprendemos
não é apenas de se formarem leitores, outra língua?” (ALMEIDA FILHO, 2003)
mas também interlocutores. Em âmbito

118
Sumário principal

É notória a contribuição da disciplina Lín- A orientação comunicativa, que vem


gua Estrangeira nos ensinos Fundamental passando por muitas versões desde a sua
e Médio da escola pública quando se tem introdução no Brasil em finais dos anos 70,
um objetivo claro, uma metodologia ade- é marcada pelo uso da língua-alvo em sala
quada à realidade do professor e do aluno. de aula pelo professor e pelos alunos e a
A sociedade reconhece o valor do ensino interação significativa entre eles constitui
de Língua Estrangeira na formação integral o foco principal. As funções comunicativas
do aluno, como o acesso a outras culturas, do início do movimento metodológico, tais
a melhores condições de trabalho, além do como cumprimentar, trocar informações
desenvolvimento do processo humaniza- pessoais, perguntar e responder sobre fatos
dor de respeito à diversidade cultural e do corriqueiros, tornaram-se o eixo organizativo
despertar da capacidade criativa, quando do currículo. Tais funções consistiam, na
o aluno usa um outro idioma por meio da verdade, de dramatizações que, normal-
comunicação. mente, em situações reais não aconteciam
e esse tipo de ensino nem chegou a muitos
Nesse sentido, pode-se afirmar que a apren- contextos de ensino no Brasil.
dizagem de uma Língua Estrangeira pode
promover a aquisição de hábitos intelectuais, Hoje, o ensino comunicacional apresenta
de conhecimentos culturais e humanísticos, outra versão. A globalização dos meios de
o desenvolvimento do respeito à pluralidade comunicação facilitaram os canais para um
linguística e cultural do Brasil e dos países ensino sociointerativo do inglês na escola,
onde se fala a língua inglesa. A posição do principalmente no aspecto relativo à valoriza-
Inglês como a língua falada em diferentes ção e ao reconhecimento da necessidade do
países, por aproximadamente 375 milhões ensino eficaz no âmbito das escolas públicas.
de falantes do idioma como segunda língua, As teorias retratam resultados de pesquisas
350 milhões de falantes nativos e 750 mi- sobre a qualidade ou ineficácia do ensino
lhões de pessoas que fazem uso da língua (cf. Almeida Filho,1999, 2003; Vieira Abrahão,
inglesa como língua estrangeira, reflete a 1996), as crenças de professores e alunos e as
necessidade de os alunos de escola pública competências de ensinar (Alvarenga, 1999;
também aprenderem a se comunicar nesse Basso, 1999) e a busca por uma educação
idioma. por meio do ensino da Língua Estrangeira

119
Sumário principal

de melhor qualidade, com o uso de jogos participação e a orientação do professor, a


e projetos em sala de aula (Tardin Cardoso, interação significativa entre os alunos e o
1992; 1996; 2002) e da abordagem do ensino professor constituem fatores fundamentais
por tarefas (Prabhu, 1987). para a eficácia do processo de adquirir a
língua a que estão expostos.
Dessa forma, pode-se realmente admitir
que, na sala de língua estrangeira moderna, Ainda nessa orientação metodológica, o
existem dimensões de caráter pedagógico, fazer e o refletir sobre o fazer, as relações
cultural, social e afetivo. Trata-se de um lugar entre forma e uso da língua-alvo e o reco-
de crescimento e de autoconhecimento e as nhecimento de diferentes modalidades de
tarefas propostas devem atingir as múltiplas gêneros textuais devem estar presentes na
capacidades dos alunos em formação. O construção da autonomia do aluno, que é
gráfico a seguir ilustra as dimensões de uma o autor, o responsável pela construção do
sala de aula de ensino de Língua Estrangeira seu conhecimento.
contemporânea.
Já no Ensino Médio, quando os alunos
Dimensão Dimensão
Cultural Pessoal
vêm com essa consciência do “aprender a
aprender”(Ellis & Sinclair, 1989), as tarefas
SALA DE AULA devem oportunizar situações de desenvolvi-
SOCIOINTERATIVA
COMUNICACIONAL mento da reflexão crítica, pois encontram-se
Dimensão Dimensão
Pedagógica Afetiva em uma fase de tomada de decisão concer-
nente ao seu futuro profissional, tanto para
Dimensão
Social os que ingressarão no mercado de trabalho
logo após o Ensino Médio, quanto para os
A orientação do ensino atual focaliza o pro- que ingressarão em um curso universitário
cesso de aprender por meio de diferentes que atuará na sua formação profissional.
tarefas em que os alunos usam a língua-alvo
para negociar e construir conhecimentos. Dessa forma, as escolhas metodológicas e
São tarefas como: jogos, projetos em sala a escolha de conteúdos devem atender às
de aula, leitura e interpretação de textos, necessidades e aos interesses desses alunos
músicas, filmes, e produção textual mediadas para crescerem como pessoas em estágio
pela oralidade nas quais o envolvimento, a de humanização, ampliando suas visões

120
Sumário principal

para com a ciência, a cultura e o mundo do semântico, pragmático) que o aluno


trabalho, onde os múltiplos conhecimentos construiu e/ou vem construindo em sua
se apreendem ao longo da vida. língua materna.
construir significados na nova língua que
aos poucos se vai desestrangeirizando,
6.4.2 Objetivos da disciplina pois vai percebendo-a mais próxima,
mais real.
Conscientizar professores e alunos de que utilizar as habilidades globais de co-
a aprendizagem de Língua Estrangeira en- municação (leitura, compreensão oral,
volve a igualdade dos direitos humanos fala e escrita) em tarefas sociointerativas
na comunicação, no multilingualismo, na dentro e nas extensões da sala de aula,
manutenção de línguas e culturas, na pro- procurando estar em contato o máximo
que puder com a Língua Estrangeira.
moção da educação integral do aluno por
meio do ensino de Língua Estrangeira. ampliar o seu conhecimento de mundo
por meio de exposição, familiarização e
Considerando todos esses aspectos, temos comparação com outras culturas onde
se fala a língua inglesa.
em mente que o ensino de Língua Estran-
geira objetiva levar o aluno a: desenvolver o conhecimento e a com-
preensão acerca da organização textual
reconhecer no Estado do Espírito Santo e e a intertextualidade em diferentes
no Brasil as diversas línguas estrangeiras gêneros discursivos e tipologia textual,
que o rodeiam como forma de comuni- como forma de desenvolver a consciência
cação, percebendo o papel sociocultural linguística do aluno.
e histórico das mesmas na constituição
perceber que os significados são cons-
do Estado e do país.
truídos por quem lê, escreve, ouve e
aprender a usar adequadamente a língua- fala, ou melhor, pelos participantes do
alvo em situações reais de comunicação mundo social; que o texto é mais fácil ou
por meio de atividades que se asseme- mais difícil conforme a experiência e o
lham ao que acontece na vida fora da conhecimento do mundo de quem o lê.
sala de aula.
desenvolver a autonomia, o prazer e o
aumentar o conhecimento sistêmico interesse por continuar a aprender após
(lexical, fonético, fonológico, sintático, ter concluído seus estudos na escola.

121
Sumário principal

6.4.3 Principais alternativas Há, entretanto, um outro aspecto que deve


metodológicas ser considerado no ensino-aprendizagem
de línguas. Trata-se do esforço do aluno. O
“A forma da língua é melhor aprendida esforço que o aluno faz para compreender
quando a atenção do aluno está no signi- e negociar sentidos nas tarefas propostas
ficado e não somente na forma “ (PRABHU, por meio da comunicação em Língua Es-
1987- nossa tradução). trangeira. Esse aspecto pode revelar uma
base significativa na junção das atividades
Partindo do princípio de que não existe o de ensino com as teorias propostas.
melhor método, torna-se relevante ponderar
que na pedagogia da linguagem é comum Como já foi dito, não existe o melhor método.
focalizar a atenção ou nas atividades de Existem procedimentos que foram mais
ensino ou nas teorias de aprendizagem. eficazes em cada método, em aulas de Língua
Relacionado às atividades de ensino está o Estrangeira e que, possivelmente, poderão
papel do professor e dos alunos em sala de proporcionar a aquisição do conteúdo tra-
aula. No que se refere às teorias de apren- balhado em momentos de comunicação,
dizagem, vêm-nos à mente as habilidades na interação entre os alunos, que envolve
que o aluno pode desenvolver durante a um alto grau de imprevisibilidade, e de
exposição, a participação nas atividades e criatividade na forma e na mensagem.
o uso da língua-alvo.
O que estamos propondo neste trabalho de
Tais áreas de discussão pedagógica constituem inovação curricular é o reconhecimento da
as duas dimensões do método. Um método é, abordagem comunicacional fundamentada
segundo Prabhu (1987), um conjunto de pro- nos seguintes princípios:
cedimentos para o professor realizar em uma
aula, e, em outra dimensão, um conceito ou 1. O uso da língua-alvo em sala de aula des-
uma teoria de ensino de línguas que informa de as séries iniciais em tarefas baseadas
na realidade.
ou justifica aqueles procedimentos. Portanto,
existem diferentes visões na pedagogia das 2. O desenvolvimento da competência co-
línguas como diferentes métodos, diferentes municativa (que abrange conhecimentos
combinações de procedimentos de ensino gramaticais implícitos nas mensagens,
conhecimento discursivo, estratégico
e teoria de aprendizagem.

122
Sumário principal

e sociocultural) constitui o objetivo do do tarefas que exigem atenção, memória,


processo do ensino-aprendizagem. percepção no desempenho comunicativo
3. A interação entre os aprendizes e o pro- sob a orientação e participação do professor
fessor constitui o objetivo das práticas também envolvido no processo.
didáticas.
Não se pode esquecer ainda dos trabalhos
4. As tarefas devem propiciar o desenvolvi-
mento das habilidades que se ampliam com projetos em sala de aula, de inspiração
por meio da prática da leitura, da escrita, na abordagem por projetos de Hernandez
da expressão oral e da compreensão. (2000), Hutchinson (1990) e Tardin Cardoso
(1992).
Uma outra alternativa metodológica que
propomos em nosso trabalho está basea-
Além dessas diferentes abordagens, propo-
da na abordagem “Ensino por tarefas” do
mos ainda outras atividades com músicas,
linguista aplicado Nagore Prabhu (1987).
desempenho de papéis (Role Playing Games
Esse renomado autor desenvolveu o projeto
- RPG) e filmes cujos resultados são cientifi-
Bangalore de ensino de língua inglesa em
camente comprovados como eficazes, desde
escolas na Índia, o qual consta de tarefas
que haja planejamento e implementação
baseadas nas atividades que ocorrem na vida
adequados dos mesmos.
real do aluno. Nessa abordagem de ensinar,
o aluno aprende a falar, falando e realizan-

123
Sumário principal

6.4.4 Conteúdo Básico Comum – Língua Estrangeira Moderna – Inglês


Ensino Médio

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos, O Inglês no mundo
desde o início do curso em tarefas e atuais, com vários registros lin- • Conscientização sobre a importância
interativas relevantes à realidade do guísticos por serem portadores de do Inglês no mundo globalizado;
aluno. identidades culturais. relação entre as variantes linguísticas
• Aproximar o aluno das várias culturas • Compreender a leitura de textos em do Inglês no mundo; comparação
para ampliar sua visão de mundo. uma concepção interacionista para entre a história e a cultura do índio
• Valorizar a Língua Estrangeira como melhorar suas próprias produções brasileiro e norte-americano.
forma de expressão multicultural. linguístico-textuais.
• Entender as diferentes linguagens • Produzir textos informativos. Problemas pessoais, mundiais e
como meio possibilitador de cons- • Entender e dar informações em possíveis soluções
trução de novos conhecimentos. situações informais. • Reflexão acerca dos problemas que
• Aprender a negociar significados • Usar dicionários e enciclopédias. os jovens enfrentam hoje; exposição
e solucionar problemas em Língua dos problemas enfrentados pelos
• Ler textos não-verbais (mapas, gráfi- jovens em gerações anteriores, enfo-
Estrangeira. cos, diagramas, fluxogramas, vídeos, cando movimentos de contestação
• Compreender textos escritos em fotos, quadros artísticos etc.). no Brasil e no mundo; contribuição
Língua Estrangeira. • Relacionar imagem e texto. dos alunos sobre as possíveis solu-
• Analisar criticamente diferentes ções; conscientização sobre a crise
• Localizar ideias principais em textos mundial contemporânea (político-
gêneros discursivos, como textos em níveis de compreensão varia-
literários, artigos, notícias, receitas, sociocultural e ambiental).
dos.
rótulos, diálogos, canções etc.
• Resumir artigos. Minhas experiências
• Avaliar ações, percebendo os aspec-
tos verbais para pedido, obrigação • Compreender regras e instruções • Valorização e contribuições das
e conselho. (manuais, rótulos de embalagens, experiências de vida dos alunos;
jogos etc). reflexão e trocas de experiências
• Conhecer diferentes culturas, valo-
rizando a cultura brasileira. • Expressar-se usando pronúncia e de vida; respeito às diversidades.
entonação apropriadas.
• Diferenciar fatos de opiniões.
• Ouvir e compreender mensagens Sonhos e realidade
• Reconhecer a linguagem das pro- em língua inglesa.
pagandas. • Conscientização sobre a importância
• Usar a língua-alvo em diferentes do sonhar para traçar metas e alcan-
• Identificar as diferentes intenções contextos. çar os objetivos; planejamento do
dos autores. futuro com base no presente e com
a possibilidade de transformação da
realidade.

124
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo • Interagir com textos autênticos Desenvolvimento da
desde o início do curso em tarefas e atuais com vários registros lin- competência linguístico -
interativas relevantes à realidade do guísticos por serem portadores de comunicativa
aluno. identidades culturais.
• Aproximar o aluno das várias culturas • Compreender a leitura de textos em Música, literatura e teatro
para ampliar sua visão de mundo. uma concepção interacionista para • Valorização da música brasileira no
• Valorizar a Língua Estrangeira como melhorar suas próprias produções cenário internacional; reconheci-
forma de expressão multicultural. linguístico-textuais. mento de autores da literatura bra-
• Produzir textos informativos. sileira e internacional; representação
• Entender as diferentes linguagens de gêneros teatrais.
como meio possibilitador de cons- • Entender e dar informações em
trução de novos conhecimentos. situações informais.
Trabalhos voluntários
• Aprender a negociar significados • Usar dicionários e enciclopédias.
e solucionar problemas em Língua • Identificação de tipos de trabalhos
• Ler textos não-verbais (mapas, gráfi- voluntários; reflexão e reconheci-
Estrangeira. cos, diagramas, fluxogramas, vídeos, mento da importância da contri-
• Compreender textos escritos em fotos, quadros artísticos etc.). buição voluntária para a formação
Língua Estrangeira. • Relacionar imagem e texto. cidadã.
• Analisar criticamente diferentes • Localizar ideias principais em textos
gêneros discursivos, como textos Consumismo e preconceito
em níveis de compreensão varia-
literários, artigos, notícias, receitas, dos. • Identificação e respeito às diversi-
rótulos, diálogos, canções etc. dades culturais, sociais e étnicas;
• Resumir artigos. reflexão sobre o “ser” e o “ter”, o “pre-
• Avaliar ações, percebendo os aspec-
tos verbais para pedido, obrigação • Compreender regras e instruções cisar” e o “querer”; reflexão sobre
e conselho. (manuais, rótulos de embalagens, ideologias impostas na linguagem
jogos etc). da propaganda.
• Conhecer diferentes culturas, valo-
rizando a cultura brasileira. • Expressar-se usando pronúncia e
entonação apropriadas. Nos bastidores da mídia
• Diferenciar fatos de opiniões. • Reflexão sobre o papel da mídia na
• Ouvir e compreender mensagens
• Reconhecer a linguagem das pro- em língua inglesa. vida das pessoas (formar opinião
pagandas. ou alienar? Informar ou deformar?);
• Usar a língua-alvo em diferentes reconhecimento das variações lin-
• Identificar as diferentes intenções contextos.
dos autores. guísticas que aparecem na mídia.

125
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer e usar a língua-alvo desde • Interagir com textos autênticos Desenvolvimento da
o início do curso em tarefas interativas e atuais, com vários registros lin- competência linguístico -
relevantes à realidade do aluno. guísticos por serem portadores de comunicativa
• Aproximar o aluno das várias culturas identidades culturais.
para ampliar sua visão de mundo. • Compreender a leitura de textos Lembrando da minha infância
• Valorizar a Língua Estrangeira como em uma concepção interacionista • Listagem de fatos memoráveis da
forma de expressão multicultural. para melhorar suas próprias pro- sua infância; valorização dessa fase
duções linguístico-textuais. da vida para a formação integral.
• Entender as diferentes linguagens
como meio possibilitador de cons- • Produzir textos informativos.
trução de novos conhecimentos. • Entender e dar informações em Perspectivas para o futuro
• Aprender a negociar significados e situações informais. • Discussão e reflexão acerca da vida
solucionar problemas em Língua Es- • Usar dicionários e enciclopédias. no futuro e contribuição pessoal
trangeira. para melhorias.
• Ler textos não-verbais (mapas,
• Compreender textos escritos em Lín- gráficos, diagramas, fluxogramas,
gua Estrangeira. vídeos, fotos, quadros artísticos Respeitando as diferenças
• Analisar criticamente diferentes gêne- etc.). • Reflexão sobre os rótulos que as
ros discursivos, como textos literários, • Relacionar imagem e texto. pessoas carregam; reflexão sobre
artigos, notícias, receitas, rótulos, diá- a educação inclusiva e sobre pre-
• Localizar ideias principais em tex- conceitos étnico-raciais no Brasil
logos, canções etc. tos em níveis de compreensão e no mundo.
• Avaliar ações, percebendo os aspec- variados.
tos verbais para pedido, obrigação e • Resumir artigos.
conselho. Profissão e trabalho
• Compreender regras e instruções • Reflexão sobre diferentes profis-
• Conhecer diferentes culturas, valori- (manuais, rótulos de embalagens,
zando a cultura brasileira. sões; reflexão sobre a sua futura
jogos etc). profissão; orientação para a vida
• Diferenciar fatos de opiniões. • Expressar-se usando pronúncia e e o mercado de trabalho.
• Reconhecer a linguagem das propa- entonação apropriadas.
gandas. • Ouvir e compreender mensagens
• Identificar as diferentes intenções dos em língua inglesa.
autores. • Usar a língua-alvo em diferentes
contextos.

126
Sumário principal

6.4.5 Referências

ABRAHÃO, M. H. V. Conflitos e incertezas do professor de língua estrangeira na renovação de sua prática


de sala de aula. Campinas: UNICAMP, 1996.Tese de Doutorado em Lingüística Aplicada – área de concentração:
Línguas Estrangeiras.
ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas, SP: Pontes, 2003.
______. (Org.) O professor de língua estrangeira em formação. Campinas, SP: Pontes, 1999.
ALVARENGA, M.B. Configuração de competências de um professor de LE (inglês): implicações para a formação
em serviço. Campinas: UNICAMP,1999.Tese de Doutorado em Lingüística Aplicada – área de concentração: Línguas
Estrangeiras.
BASSO , E.A. Back to the future: aulas comunicativas ou formais? In: Centro de Estudos Linguísticos e Literários
do Paraná, 12., 1998, Foz do Iguaçu, PR. Anais... Foz do Iguaçu, PR, 1998.
BOHN, H. Maneiras inovadoras de ensinar e aprender. A necessidade da de(re)construção de conceitos. In: LEFFA, V.
(Org.) O professor de línguas construindo a profissão. Pelotas, RS: EDUCAT, 2001.
BREEN, M. P.; CANDLIN,C. N. Communicative materials design: some basic principles. University of Lancaster,
Institute of English Language Education (mimeograph)
CANALE, M.; SWAIN, M. Theoretical bases of communicative approaches to second language teaching and
testing. Applied Linguistics, 1/1/1-47.1980.
CELANI, A. A. (Org.) Professores e formadores em mudança. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2002.
ELLIS, G.; SINCLAIR, B. Learning to learn english. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
HERNANDEZ, F. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
HUTCHINSON, T. Projects in the classroom. Oxford University Press,1990.
LEFFA, V. (Org.) O professor de línguas construindo a profissão. Pelotas, RS: EDUCAT, 2001.
PRABHU, N. Second language pedagogy. Singapore, 1987.
SCHMITZ, John R. Investigações: lingüística e teoria. Universidade Federal de Pernambuco, 2005. v. 17.
TARDIN CARDOSO, R. C. O imaginário do comunicativismo entre professores de língua estrangeira/ inglês (e
sua confrontação com teoria externa). Tese de doutorado. Faculdade de Ciências e Letras de Assis, SP, 2002.
______. Jogar para aprender língua estrangeira na escola. Campinas, SP: UNICAMP, 1996. Dissertação de Mestrado
em Lingüística Aplicada – área de concentração: Línguas Estrangeiras.
______. The communicative approach to foreign language teaching: a short introduction. Managing theory
and practice in the classroom - a booklet for teacher development. Campinas, SP: Pontes, 2003.
______. Jogos e projetos de inglês em sala de aula. Vitória, ES: Copisol, 1992.
TARDIN, R. C. Das origens do comunicativismo.- Estudos em homenagem ao Professor Dr. José Carlos Paes de Almeida
filho. In: ALVAREZ, M.L.O. e SILVA, K.A.(Org.) Lingüística aplicada: múltiplos olhares. Brasília: UnB-FINATEC; Campinas,
SP: Pontes Editores, 2007.

127
Sumário principal

______. Filmes na escola: uma abordagem para todos os níveis. 2008. Disponível em <http: // www.saberes. edu.br>
______. Jogos colaborativos e desempenho de papéis no ensino de línguas. 2008 (Mimeo).
WIDDOWSON, H. G. Knowledge of language and ability for use. Applied Linguistics, 10/2,128-3, 1980.

128
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

Ensino Médio
Volume 02 - Área de Ciências da Natureza
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino médio : área de Ciências da Natureza / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009.
128 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 02)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-06-6

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio - Ciências
da Natureza. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 373.19
CDU 373.5.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

8
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

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Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

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Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a criação
Tempo na Escola dinamizam o currículo na da Bolsa Científica para educandos do En-
perspectiva do fortalecimento das aprendi- sino Médio, por meio da Lei Nº. 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

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Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a

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Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

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Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

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Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
“A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva”. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais") (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº. 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupinikim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


A pesquisa, como
espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade.
princípio educativo,
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago- no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
conhecimento.
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, interpretar e analisar dados, cons-
ao mundo do trabalho. truir e conhecer novos conceitos. Para Demo
(2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

49
Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

51
Sumário principal

5 referências
ARROYO, Miguel. Ofício de mestre. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
BARBOSA, Najla Veloso; MOTA, Carlos Ramos. Currículo e diversidade cultural. Curso PIE/UnB, Brasília, 2003.
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54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Médio


Sumário principal

6 ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - ENSINO MÉDIO


Tradicionalmente no Brasil a educação científica, cas. Pesquisas mostram que seus princípios
influenciada pelos fatos socio-históricos nacio- tradicionais, de acumulação e reprodução
nais e internacionais, esteve ligada diretamente do acervo científico, não só propiciaram o
ao progresso tecnológico científico industrial. fracasso da apropriação desse conhecimen-
Progresso que até os anos de 1960 foi conside- to, como também dificultaram a interação
rado pela classe dominante brasileira um padrão entre o ensino científico escolar e o meio
de igualdade na modernidade, fator essencial sociocultural e natural. Nessa década as pes-
para o desenvolvimento sociocultural e destino quisas, as reivindicações legais de grupos
comum para todos os grupos humanos. socioculturais excluídos da educação formal
e a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases
Norteado por essa concepção de progresso, da Educação Nacional tornam explícita a
o ensino das Ciências foi orientado para a as- necessidade de mudar profundamente as
similação e a transmissão da cultura científica. propostas curriculares desse ensino escolar.
Nesse sentido, as bases das propostas curricu-
lares das escolas erguiam-se sobre esse ideal Respondendo a essa necessidade, os parâmetros
de progresso e assim a produção científica curriculares em ação, elaborados no final dessa
gerava um acúmulo de conceitos científicos, década, procurando respeitar diversidades
que transformavam os processos de ensino- regionais, culturais e políticas existentes no
aprendizagem em reprodutores desse conhe- país, e considerando a necessidade de construir
cimento. Tais processos se caracterizavam, referências nacionais comuns ao processo
entre outros: por privilegiar o acervo científico educativo em todas as regiões brasileiras,
sobre qualquer outro conhecimento cultural, orientaram a elaboração de propostas curri-
fragmentar os conhecimentos científicos e culares para a integração e contextualização dos
priorizar a acumulação desses conhecimentos, conhecimentos das áreas escolares, por meio
pela memorização mecânica dos conceitos de temas transversais, e o desenvolvimento de
científicos nas atividades escolares e pelo competências e habilidades.
tecnicismo científico.
No presente, a educação escolar científica
A partir da década dos anos 90, o ensino ainda permeada pelas práticas tradicionais
escolar científico brasileiro sofre fortes críti- encontra-se numa situação de dependência

57
Sumário principal

sociocultural, posto que os grandes proble- nitivas e afetivas propriamente humanas.


mas da humanidade recriam-se nos contex- Tal desenvolvimento se recria na interação
tos social e cultural, particulares e globais. dialética entre o desenvolvimento cultural
Para nós, tais problemas globais, simples e do sujeito (história pessoal) e o desen-
complexos emergem das interações dos volvimento social do sujeito (história em
seres humanos entre si, e entre os seres sociedade do sujeito).
humanos e o meio ambiente.
A Biologia, a Física, a Química ou a Ciências
Nesse sentido, esboça-se o desafio de recriar e a Matemática integram uma mesma área
um ensino científico que contribua para a do conhecimento. Tais disciplinas compõem
formação de um ser humano capaz de recriar a cultura científica humana que é resul-
sua própria condição humana. Entendemos tado e instrumento da evolução social e
condição humana como as características econômica, no momento atual e ao longo
essenciais à própria existência da humani- da história. Possuem em comum como
dade em determinado espaço. objeto de estudo, a investigação da natureza
e dos desenvolvimentos tecnológicos e
Diante desse desafio, fundamentando-nos compartilham linguagens para a represen-
na Lei 9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções tação e sistematização do conhecimento
02/1998 da CEB/CNE e 03/1998 da CEB/ de fenômenos ou processos naturais.
CNE, que tratam das diretrizes curriculares
nacionais dos ensinos Fundamental e Médio, Em nossa proposta, o ensino científico con-
na proposta da Secretaria de Educação do cebe-se como um processo importante na
Espírito Santo de “Educar para a pesquisa”, e organização da vida do sujeito. Ele contribui
nos documentos norteadores da educação, significativamente para o desenvolvimento
recriamos esta proposta curricular para sociocultural do aluno, pois constitui uma via,
ensino das Ciências firmados numa pers- um meio sistematizado e organizado, para
pectiva sociocultural do ensino científico. que o aprendiz compreenda sua experiência
Em tal perspectiva, concebe-se o conhe- de vida, e se torne atuante nas transforma-
cimento científico como uma produção ções do mundo sociocultural.
sociocultural histórica que, como qualquer
outra produção humana, contribui para o Sendo assim, fundamentada nas teorias
desenvolvimento das capacidades cog- sociointeracionista e dialógico-discursiva,

58
Sumário principal

a concepção sociocultural permitiu-nos crítico. Essas habilidades são capacidades


recriar os princípios da interculturalida- cognitivas e afetivas propriamente humanas
de, interdisciplinaridade e alfabetização desenvolvidas nessa interação. Entre outras, os
científica, e propor que o processo de conhecimentos, as atitudes, as capacidades e
ensino-aprendizagem escolar científico seja as aptidões. Por meio delas cada ser humano
orientado para o diálogo entre a necessidade interage de forma particular com esse meio.
de conhecer e dominar as práticas cotidianas,
e as competências e habilidades mediadoras Tanto as competências como as habilidades
na objetivação dessas necessidades. Nessa podem realizar atividades mediadoras entre
recriação, consideramos a Ciência como uma a necessidade e a objetivação dessa neces-
linguagem simbólica, histórica e ideológica sidade. Nesse sentido, as competências e
que contribui para o conhecimento, a refle- habilidades ao mesmo tempo em que são
xão e a compreensão do mundo. produtos da interação sociocultural-natural
também podem ser mediadoras na tomada
Concebemos diálogo como uma interação de consciência e domínio dessa interação,
comunicativa de alteridade que permite a ou seja, instrumentos socioculturais.
tomada de consciência das necessidades
(biológicas ou cognitivo-afetivas), das ob- Para nós, o processo de ensino-aprendizagem
jetivações e, sobretudo, como instrumento das Ciências, centrado no diálogo, transforma
que promove o domínio das competências e a sala de aula em espaços de interação comu-
das habilidades mediadoras essenciais para nicativa de alteridade entre os conhecimentos
o desenvolvimento cognitivo e afetivo. socioculturais [conhecimentos dos alunos,
dos professores e da escola], motivando a
Consideramos as objetivações como compe- participação ativa dos atores desse processo.
tências e habilidades que satisfazem as ne- Diante de um problema emergente das neces-
cessidades dos indivíduos, mas que também sidades dos participantes, cada um deles toma
podem realizar uma atividade mediadora. conhecimento e demonstra conhecer saberes
e, juntos, recriam esses saberes. Dessa forma, o
Entendemos competências como um conjunto conceito científico torna-se um instrumento ou
de habilidades, por meio das quais, em um uma ferramenta de conhecimento que, unidos
determinado contexto, o ser humano interage aos conceitos dos conhecimentos de outras
com seu meio sociocultural-natural de modo disciplinas e saberes populares, contribui para

59
Sumário principal

a tomada de consciência das possibilidades e biente, a saúde e a orientação sexual, dentro


dos limites das competências mediadoras na outros, em conteúdos curriculares, pois os
compreensão dos problemas citados. limites e as possibilidades das capacidades
cognitivas e afetivas mediadoras na com-
Nesse sentido, essa tomada de consciência preensão desses problemas, no cotidiano,
transforma os temas contemporâneos, como não só se recriam no saber científico, mas
a ética, a pluralidade cultural, o meio am- também o fazem no acervo popular.

60
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Química
Sumário principal

6.1 Química 6.1.2 Objetivos da disciplina

6.1.1 Contribuição da disciplina A definição de um currículo básico co-


para a formação humana mum para o Estado pressupõe não só a
abordagem desses diferentes aspectos,
O ensino da Química se justifica por sua mas também dos conteúdos químicos
importância na descrição, compreensão e relacionados aos mesmos. No entanto, di-
possibilidades de relações com a natureza, ferentemente do que ainda pensam muitos
devido a seu conjunto de conhecimentos, educadores e educandos, consideramos
técnicas e linguagem próprios. que “os conteúdos curriculares não são
fins em si mesmos, mas meios básicos
O conhecimento científico/químico contribui para constituir competências cognitivas ou
para a construção humana coletiva, amplian- sociais, priorizando-as sobre as informações”
do a capacidade de analisar, refletir, criar e (BRASIL, 1998, Art. 5º).
agir. Por consequência, promove mudanças
no comportamento e busca de resolução de De acordo com as Orientações Curriculares
problemas que interferem na qualidade de para o Ensino Médio - Ciências da Natureza
vida, favorecendo a inclusão na sociedade e Matemática (Brasil, 2006), em consonância
moderna e tecnológica. com os PCNEM (2002), o ensino da Química
deve explicitar um
A partir do momento em que o indivíduo
percebe que o conhecimento científico caráter dinâmico, multidimensional e
histórico. Nesse sentido, o currículo con-
é imprescindível para a compreensão das
solidado e, de forma geral, apresentado
transformações ocorridas à sua volta, ele nos livros didáticos tradicionais, necessita
passa a ver a Química como uma ciência de uma severa leitura crítica, tanto de
presente em seu cotidiano e não como resultados que tem produzido junto aos
um produto de laboratório. Com isso ele jovens em sua formação básica (pouca
pode mudar comportamentos, por exem- compreensão) quanto de limitação com
que é concebido, isto é, como acúmulo
plo, racionalizar o consumo e preservar o
de conhecimentos isolados e fossilizados,
ambiente. com questionável papel formador.

63
Sumário principal

O atual ensino de Química deve favorecer empregado de acordo com interesses con-
a “construção de uma visão de mundo mais temporâneos das mais diversas ordens.
articulada e menos fragmentada, contri-
buindo para que o indivíduo se veja como
participante de um mundo em constante 6.1.3 Principais alternativas
transformação” (BRASIL, 1999, p. 241), em metodológicas
contraposição à ideia de que o importante
é uma grande quantidade de conteúdos, Ao se buscar um novo foco para o ensino da
recheados de detalhes desnecessários e Química no nível médio, é necessário também
antiquados. Esse excesso de conteúdo induz que se reveja as metodologias empregadas,
o professor, mesmo a contragosto, a acelerar visto que os objetivos são outros. É claro que
o ritmo de suas aulas sem possibilidade muitas das metodologias aqui propostas já
de cuidar para que seus alunos realmente fazem parte do contexto escolar. Embora
apreendam o que está sendo abordado. possam parecer iguais às já empregadas há
décadas em sala de aula, essas metodologias
Nessa linha, os PCN+ estabelecem que a aqui apresentadas devem considerar que não
abordagem da Química no Ensino Médio “[...] trabalhamos com a concepção de ensino
deve possibilitar ao aluno a compreensão no modelo transmissão/recepção, e sim
tanto dos processos químicos em si quanto numa perspectiva de formação de cidadãos
da construção de um conhecimento cientí- críticos.
fico em estreita relação com as aplicações
tecnológicas e suas implicações ambientais, Aulas expositivas – embora alguns se refiram
sociais, políticas e econômicas” (BRASIL, 2002, a elas com tom pejorativo, momentos nos
p.87). quais o professor faz explanações para seus
alunos, têm papel fundamental no processo
Um currículo que procure estar em sintonia de ensino-aprendizagem. O que se espera, no
com essa nova visão de ensino deve consi- entanto, é que essas não sejam monólogos
derar que o conhecimento químico é fruto e sim diálogos, nos quais o professor, com
de um processo de construção humana, sua experiência, faça uso da palavra para
coletivo, histórico, social e específico. Além apresentar a seus alunos, que também têm
disso, há que se considerar também que suas experiências, o conhecimento formal
esse conhecimento é recontextualizado e que constitui o currículo escolar. Espera-se

64
Sumário principal

que seja mantido um diálogo no qual os possíveis soluções não é atividade inerente
alunos tenham oportunidade de apresentar aos cientistas. Em diferentes níveis isso é
suas dúvidas e experiências. fundamental para qualquer cidadão que
queira intervir na sociedade e prosperar. Esse
Estudos orientados e “pesquisas” – a aprendizado é fundamental e será utilizado
quantidade de informação a qual os alu- por toda vida. Como exemplo, podemos citar
nos têm acesso atualmente é muito maior um cidadão que decida construir uma casa
do que os professores podem levar para e tenha que escolher o terreno, considerar
a sala de aula. Por isso, a utilização dessa a direção do sol, o destino do esgoto e do
metodologia permite que os alunos, sob lixo, a escolha dos profissionais, que materiais
orientação do professor, busquem, selecio- empregar, o aproveitamento da iluminação
nem e apresentem informações para seus natural, dentre outros aspectos, na perspec-
colegas, enriquecendo e diversificando os tiva de obter uma casa “ecologicamente
conteúdos abordados na escola. correta”.

Apresentação de trabalhos – a pos- Resolução de exercícios – a resolução de


sibilidade de apresentação de trabalhos exercícios após o estudo de um conteúdo
e atividades desenvolvidas permite aos é fundamental para a melhor compreensão
alunos o desenvolvimento de habilidades e fixação do aprendido. No entanto, ela não
fundamentais. Aprender a organizar uma deve ser vista como uma atividade mais
apresentação, falar em público, argumentar e importante. O objetivo não é adestrar. O
contra-argumentar, possibilitar e participar de Ensino Médio se propõe preparar para a vida
debates, etc. são requisitos importantíssimos e não para exames e olimpíadas. Esses devem
para os cidadãos críticos e participativos. ser consequência e não objetivo primeiro. Há
Essas apresentações, na forma de seminários, que se favorecer a aprendizagem conceitual
peças de teatro, enquetes, músicas, painéis e não a resolução mecânica de exercícios
etc., podem se dar na sala de aula ou em inúteis para a formação cidadã.
ambientes externos, no contexto da escola
ou mesmo fora dele. Experimentação – considerada fundamental
pelos professores com formação na disciplina,
Desenvolvimento de projetos – estudar um ela deve ser utilizada como uma ferramen-
problema de forma sistemática e apresentar ta para a aprendizagem de conceitos e a

65
Sumário principal

compreensão de como se dá a produção do Debates – muitos temas abordados em sala


conhecimento científico, e não como forma de aula são polêmicos e não têm uma única
de preparar os alunos para trabalharem em resposta. A possibilidade de se analisar em
um laboratório ou cursarem Química na uni- sala de aula diferentes pontos de vistas per-
versidade. Um experimento simples realizado mite aos alunos desenvolverem a capacidade
em sala de aula pelo professor pode ter maior de raciocínio, análise e argumentação.
importância na aprendizagem dos alunos
do que os mesmos irem para o laboratório Ação de cidadania – muitas das questões
manipular reagentes e vidrarias que nunca atualmente abordadas em sala não devem se
mais serão vistos pela maioria dos alunos. As restringir ao estudo teórico. Há que se mudar
atividades experimentais devem estimular a concepção e a prática de cada um. Essas
os alunos a investigarem e entenderem os mudanças podem, e devem, ser estendidas
conceitos e não a seguirem roteiros que à comunidade na qual a escola está inserida.
levam a resultados já sabidos a priori. Boas Os alunos são potenciais emissários dessas
experiências podem ser feitas pelos alunos transformações que visam à construção de
no laboratório, mas há que se considerar uma sociedade mais justa e responsável com
sempre a segurança dos envolvidos a as o próximo e com o ambiente.
implicações ambientais dessas atividades
(consultar os artigos sobre o tema na revista Mostras científicas culturais – realização
Química Nova na Escola). de eventos que permitam aos alunos inte-
ragir com a comunidade interna e externa à
Visitas – a escola se propõe a ensinar mais escola, apresentando atividades de cunhos
do que cabe entre seus muros. Para isso ela científicos, artísticos, culturais, tecnológicos,
deve proporcionar a seus alunos experiências ambientais, etc.
coletivas e orientadas de visitas a museus, es-
tações de tratamento de água ou de esgoto, Palestras – muitos profissionais e membros
fábricas, universidades, etc. O aprendizado da comunidade na qual a escola está inse-
em uma atividade dessas pode ser mais rico rida podem apresentar suas experiências,
do que o professor falar sobre o assunto na contribuindo para uma visão mais real da
sala de aula por um mês inteiro. sociedade.

66
Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum – Química – Ensino Médio

COMPETÊNCIAS HABILIDADES
Como referência, optamos por Associadas a essas competências, temos uma série de habilidades que
trabalhar com as competências devem ser trabalhadas durante os três anos:
definidas pelo MEC para o Exame
Nacional do Ensino Médio – ENEM,
que são:
• Dominar a norma culta da Lín- • Reconhecer e compreender que a ciência e a tecnologia químicas são criações
gua Portuguesa e fazer uso das humanas, parte de nossa história e da sociedade.
linguagens matemática, artística • Compreender o mundo, do qual a Química é parte integrante, por meio
e científica. dos problemas que ela consegue resolver e dos fenômenos que podem ser
descritos por seus conceitos e modelos.
• Construir e aplicar conceitos das • Compreender as formas pelas quais a Química influencia nossa interpretação
várias áreas do conhecimento de mundo, condicionando formas de pensar e interagir.
para a compreensão de fenôme- • Compreender os limites da Ciência e o significado das suas dimensões sociais
nos naturais, processos histórico- e políticas.
geográficos, produção tecnológica
e manifestações artísticas. • Reconhecer a Ciência não como um corpus rígido e fechado, mas como
uma atividade aberta, que está em contínua construção, a qual não é justi-
ficada somente por critérios racionais e cognitivos, pois esses são também
• Selecionar, organizar, relacionar, construídos socialmente.
interpretar dados e informações re- • Reconhecer o caráter provisório e incerto das teorias científicas, as limitações
presentados de diferentes formas, de seus modelos explicativos e a necessidade de alterá-los.
para tomar decisões e enfrentar
situações-problema. • Compreender o conteúdo de textos e comunicações referentes ao conheci-
mento científico e tecnológico em Química, veiculados em notícias e artigos
• Relacionar informações, repre- de jornais, revistas, televisão e outros meios, sobre temas como agrotóxicos,
sentadas em diferentes formas, concentração de poluentes, chuvas ácidas, camada de ozônio, aditivos de
e conhecimentos disponíveis em alimentos, flúor na água, corantes, reciclagens, etc.
situações concretas, para construir
argumentação consistente. • Compreender o papel desempenhado pela Química no desenvolvimento
tecnológico e a complexa relação entre ciência e tecnologia ao longo da
• Recorrer aos conhecimentos de- história.
senvolvidos na escola para elabo-
ração de propostas de intervenção • Reconhecer o papel do conhecimento químico no desenvolvimento tecno-
solidária na realidade, respeitando lógico atual em diferentes áreas do setor produtivo, industrial e agrícola.
os valores humanos e consideran- • Compreender os aspectos que caracterizam a prática tecnológica: técnico
do a diversidade sociocultural. (know how), organizacional e cultural.
• Compreender a interdependência entre desenvolvimento científico e tec-
nológico e desenvolvimento tecnológico e sociedade.
• Identificar a presença do conhecimento químico na cultura humana con-
temporânea em diferentes âmbitos e setores, como doméstico, comercial,
artístico, desde as receitas caseiras para limpeza, propagandas e uso de
cosméticos, até obras literárias, músicas e filmes.

67
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES
• Reconhecer as responsabilidades sociais decorrentes da aquisição de co-
nhecimento na defesa da qualidade de vida e dos direitos do consumidor.
• Reconhecer o papel de eventos, processos e produtos culturais voltados à
difusão da ciência, incluindo museus, exposições científicas, peças de tea-
tro, programas de televisão, vídeos, documentários, folhetos de divulgação
científica e tecnológica.
• Reconhecer a influência da Ciência e da tecnologia sobre a sociedade e
dessa última sobre o progresso científico e tecnológico e as limitações e
possibilidades de se usar a Ciência e a tecnologia para resolver problemas
sociais.
• Compreender as interações entre a Ciência e a tecnologia e os sistemas
políticos e do processo de tomada de decisão sobre Ciência e tecnologia,
englobando defesa nacional e políticas globais.
• Identificar aspectos estéticos, criativos e culturais da atividade científica, os
efeitos do desenvolvimento científico sobre a literatura e as artes e a influência
da humanidade na Ciência e na tecnologia.
• Reconhecer aspectos relevantes do conhecimento químico na interação
individual e coletiva do ser humano com o ambiente.
• Compreender e avaliar a Ciência e a tecnologia química sob o ponto de
vista ético para exercer a cidadania com responsabilidade, integridade e
respeito.
• Desenvolver atitudes e valores compromissados com o ideal de cidadania
planetária, na busca de preservação ambiental do ponto de vista global e
de ações de redução das desigualdades étnicas, sociais e econômicas.
• Desenvolver ações engajadas na comunidade.

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Sumário principal

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Dominar a norma culta da • Recordar conteúdos introdutórios da • Introdução ao estudo da Química:
Língua Portuguesa e fazer uso Química, vistos no Ensino Fundamental: a Química na sociedade.
das linguagens matemática, surgimento da ciência Química, modelo • A evolução histórica da Ciência: da
artística e científica. atômico de Dalton, substâncias e materiais Alquimia à Química.
• Construir e aplicar conceitos (identificação e separação), propriedades
específicas – químicas e físicas –, mudan- • Tabela Periódica: construção e or-
das várias áreas do conheci- ganização.
mento para a compreensão ças de estados.
de fenômenos naturais, pro- • Reconhecer e compreender transforma- • Propriedades periódicas: raio atômi-
cessos histórico-geográficos, ções químicas como efervescência, fer- co, eletronegatividade, potencial de
produção tecnológica e ma- mentação, combustão, oxidação, corrosão, Ionização e afinidade eletrônica.
nifestações artísticas. degradação, polimerização, acidificação, • Modelo atômico de Rutherford-
• Selecionar, organizar, rela- neutralização e alcalinização. Bohr.
cionar, interpretar dados e • Compreender as transformações químicas • Diagrama de Linus Pauling e confi-
informações representados como resultantes de “quebra” e formação guração eletrônica.
de diferentes formas, para de ligações químicas.
• Ligações químicas: iônica, covalente
tomar decisões e enfrentar • Compreender e representar códigos, sím- e metálica.
situações-problema. bolos e expressões próprios das transfor-
• Propriedades das substâncias iôni-
• Relacionar informações, repre- mações químicas.
cas, moleculares e metálicas.
sentadas em diferentes for- • Reconhecer as unidades de medida usadas
mas, e conhecimentos dispo- • Reações químicas e suas equa-
para diferentes grandezas, como massa,
níveis em situações concretas, ções.
energia, tempo, volume, densidade, con-
para construir argumentação centração de soluções. • Reações de combustão: o efeito
consistente. estufa.
• Compreender o significado das leis pon-
• Recorrer aos conhecimentos derais e dos coeficientes estequiométricos • Fatores que afetam a velocidade de
desenvolvidos na escola para nas equações químicas. uma reação química.
elaboração de propostas de
intervenção solidária na rea- • Compreender o significado da composi- • Leis Ponderais: Proust e Lavoisier.
lidade, respeitando os valores ção de materiais e sua representação em • Balanceamento de equações: o mé-
humanos e considerando a fórmulas. todo das tentativas.
diversidade sociocultural. • Compreender como os químicos prevêem • Estudo teórico do rendimento de
o rendimento de uma reação. uma reação.
• Identificar, qualitativamente, variáveis que • Óxidos: pigmentos e etnias.
podem modificar a rapidez de transfor-
mações químicas (concentração, tem- • Caráter ácido e básico das substân-
peratura, pressão, estado de agregação, cias.
catalisador). • Reações de neutralização.
• Compreender o processo de construção • Agricultura e pH: calagem do solo.
histórica e a estrutura da tabela periódica,
• Poluição atmosférica: chuva ácida.
identificando grupos, famílias, metais, não-
metais, gases nobres, número atômico, • Grandezas físicas.
massa atômica.

69
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Reconhecer a lei periódica para algumas
propriedades como raio atômico e ele-
tronegatividade, relacionando-as com
as propriedades das substâncias simples
e compostas.
• Compreender a linguagem simbólica
da Química e seu significado em termos
microscópicos.
• Reconhecer a natureza elétrica da matéria
e compreender os modelos atômicos de
Thomson e Rutherford.
• Compreender a estrutura do átomo como
formado por núcleo e camadas (níveis
eletrônicos).
• Compreender que as diferenças de estabi-
lidade de átomos dos elementos químicos
é função de sua configuração eletrônica
(regra do octeto).
• Compreender que propriedades de subs-
tâncias e materiais é função das interações
entre átomos, moléculas ou íons.
• Compreender as ligações químicas como
resultantes das interações eletrostáticas
que associam átomos e moléculas para
dar às moléculas resultantes maior esta-
bilidade.
• Diferenciar o caráter ácido e básico de
materiais encontrados no dia a dia, uti-
lizando indicadores químicos naturais, e
o processo de chuva ácida.

70
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Dominar a norma culta da • Compreender o modelo cinético dos • Massa molar e quantidade de matéria
Língua Portuguesa e fazer uso gases e a equação geral dos gases. (Mol).
das linguagens matemática, • Compreender a grandeza quantidade • Volume molar gasoso.
artística e científica. de matéria, sua unidade e as relações de • Teoria cinética dos gases: equação
• Construir e aplicar conceitos número de partículas, massa e volume. geral.
das várias áreas do conheci- • Compreender o significado da compo-
mento para a compreensão • Relações quantitativas de massa, de
sição de materiais (concentração em quantidade de matéria e volume nas
de fenômenos naturais, pro- quantidade de matéria, percentagem e
cessos histórico-geográficos, transformações químicas.
ppm), relacionando com interpretação
produção tecnológica e ma- de rótulos de produtos comerciais. • Soluções, solubilidade e concentra-
nifestações artísticas. ções (mol/L, ppm e %).
• Reconhecer e identificar transformações
• Selecionar, organizar, rela- químicas que ocorrem em diferentes • Potabilidade da água para consumo
cionar, interpretar dados e intervalos de tempo. humano e poluição.
informações representados
• Compreender os modelos explicativos • Cinética Química: modelos explicati-
de diferentes formas, para
para o equilíbrio químico. vos das velocidades das transforma-
tomar decisões e enfrentar
ções químicas.
situações-problema. • Reconhecer a coexistência de reagentes
e produtos em transformações químicas • Fatores que afetam a velocidade de
• Relacionar informações, repre-
em equilíbrio. uma reação química: concentração,
sentadas em diferentes for-
temperatura, estado de agregação,
mas, e conhecimentos dispo- • Identificar variáveis que perturbam o pressão e catalisador.
níveis em situações concretas, estado de equilíbrio químico.
para construir argumentação • Modelos explicativos para o Equilí-
• Compreender o significado da expressão brio Químico.
consistente.
matemática de constante de equilíbrio
• Recorrer aos conhecimentos químico. • Aspectos quantitativos do Equilíbrio
desenvolvidos na escola para Químico.
• Compreender do conceito de pH.
elaboração de propostas de • Fatores que afetam o estado de equi-
intervenção solidária na rea- • Aplicar ideias sobre arranjos atômicos e líbrio.
lidade, respeitando os valores moleculares para compreender a forma-
humanos e considerando a ção de cadeias, ligações, funções orgâni- • Princípio de Le Chatelier.
diversidade sociocultural. cas e isomeria. • Equilíbrio iônico da água: pH.
• Compreender a relação entre energia • Equilíbrio Químico envolvido no
elétrica produzida e consumida na trans- sistema CO2/H2O na natureza.
formação química e os processos de oxi-
dação e redução. • O átomo de carbono: hibridação,
geometria e formação de cadeias.
• Compreender os processos de oxidação
e redução a partir das ideias de estrutura • Oxidação e redução: reações de re-
da matéria. dox.

• Compreender como os químicos podem • Pilha de Daniell.


prever variação de energia térmica e elé- • Eletrólise e galvanização.
trica em reações químicas.

71
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Dominar a norma culta da • Identificar diferentes formas de variação de ener- • Processos endotérmicos e
Língua Portuguesa e fazer gia em transformações químicas. exotérmicos.
uso das linguagens mate- • Compreender a energia envolvida na formação • Variações de energia que
mática, artística e científica. e na “quebra” de ligações químicas. acompanham as transfor-
• Construir e aplicar conceitos • Compreender o conceito de calor e sua relação mações: ∆H.
das várias áreas do conheci- com transformações químicas e com a massa de • Espontaneidade das reações
mento para a compreensão reagentes e produtos. e seus aspectos qualitativos.
de fenômenos naturais, pro-
cessos histórico-geográficos, • Compreender o significado das aplicações da • Energia de ligação, formação
produção tecnológica e ma- primeira e da segunda leis da termodinâmica e combustão.
nifestações artísticas. no estudo das transformações químicas. • Relações estequiométricas nas
• Selecionar, organizar, rela- • Compreender qualitativamente o conceito de reações termoquímicas.
cionar, interpretar dados e entalpia, entropia e potencial-padrão de eletro- • Notação, nomenclatura e
informações representados do. propriedades dos hidrocar-
de diferentes formas, para • Compreender a entalpia de reação como resultan- bonetos, alcoóis, fenóis, deri-
tomar decisões e enfrentar te do balanço energético advindo de formação vados halogenados, aldeídos,
situações-problema. e ruptura de ligação química. cetonas, ácidos carboxílicos,
• Relacionar informações, re- • Identificar e reconhecer a importância das es- éteres, ésteres, ácidos sulfô-
presentadas em diferentes truturas químicas dos hidrocarbonetos, alcoóis, nicos, aminas e amidas.
formas, e conhecimentos aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, ésteres, • Detergentes e eutrofização.
disponíveis em situações carboidratos, lipídeos e proteínas. • Alimentos e qualidade de
concretas, para construir ar-
• Reconhecer a associação entre nomenclatura de vida: carboidratos, lipídeos e
gumentação consistente.
substâncias com a organização de seus consti- proteínas.
• Recorrer aos conhecimentos tuintes. • Polímeros, consumo e meio
desenvolvidos na escola para
• Reconhecer a importância da química orgânica ambiente.
elaboração de propostas de
para a produção de fármacos e a relação desses • Plantas medicinais nas cultu-
intervenção solidária na reali-
com a vida. ras afro e indígena: princípios
dade, respeitando os valores
humanos e considerando a • Reconhecer a importância e as implicações das ativos.
diversidade sociocultural. substâncias orgânicas na sociedade moderna. • Radioatividade: histórico e
• Identificar e reconhecer a importância dos po- aplicações na sociedade.
límeros para a sociedade, considerando suas
implicações ambientais.
• Compreender o processo histórico de desco-
berta das radiações nucleares e suas diferentes
aplicações na sociedade (agricultura, medicina,
produção de energia e bélico).

72
Sumário principal

6.1.5 Referências

BRASIL Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
______. Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Departamento de Políticas de Ensino Médio.
Orientações curriculares do ensino médio. Brasília, DF: MEC/SEB, 2004.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais
para o ensino médio. Brasília, DF: MEC/SEMTEC, 1999.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN + ensino médio: orientações
educacionais complementares aos parâmetros curriculares nacionais: ciências da natureza, matemática e suas
tecnologias. Brasília, DF: MEC/SEMTEC, 2002.
CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2000.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MALDANER, O. A. A formação inicial e continuada de professores de química. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2000.
MATURANA, Humberto. Emoções e linguagens na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.
MORIN, Edgard. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2002.
MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H.; ROMANELLI, L. I. A proposta curricular de química do Estado de Minas Gerais:
fundamentos e pressupostos. Química Nova, v. 23, n. 2, p. 273-83, 2000.
SANTOS, Boaventura. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez, 2006.
SCHNETZLER, R.; ARAGÃO, R. M. R. Importância, sentido e contribuições de pesquisas para o ensino de química.
Química Nova na Escola, n.1, p. 27-31, 1995.

73
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Física
Sumário principal

6.2 Física seu campo de ação, porque ela não tem


contornos bem delimitados e se encontra em
6.2.1 Contribuição da disciplina contínua evolução. O que caracteriza a Física
para a formação humana não são apenas seus conteúdos teóricos,
mas também seu método experimental, que
se baseia nas observações e experiências, e
A Física a ser ministrada no Ensino Médio
permite formular as leis físicas, habitualmente
não se propõe simplesmente a descrever
expressas por fórmulas matemáticas. Dessa
um punhado de fórmulas matemáticas des-
forma, indagações sobre os diferentes fenô-
providas de significados, sem embasamento
menos físicos, como eletricidade, magnetis-
teórico ou experimental e aplicações no dia
mo, gravitação, relatividade, dentre outras,
a dia. A Física, que vem do grego physis –
têm sido respondidas ao longo dos tempos,
“natureza” – é uma Ciência que se dedica
mas muitas dúvidas ainda persistem. Dúvidas
a descrever e compreender os fenômenos
sobre a origem do universo, a possibilidade
que se desenvolvem na natureza, assim
de se construir um moto-contínuo, as pro-
como a Química, a Biologia, a Geologia, priedades de um buraco negro, a utilidade
dentre outras. Difícil se torna, então, definir da fissão nuclear enquanto parte integrante
a área de atuação de cada uma delas. Ainda da matriz energética, e a possibilidade de se
mais quando entendemos que as diversas fazer fusão a frio são alguns dos exemplos
áreas são interdisciplinares, e surgem termos que podem ser citados.
como Astrofísica, Físico-Química, Biofísica,
Econofísica, Física-Matemática, Física Médica, A unificação das leis físicas, que embalou os
Física Ambiental, e tantas outras que surgem, sonhos de Albert Einstein, o “gênio do século
decorrentes desta inter, trans e multidisci- XX”, também é um dos objetos de estudo da
plinaridade que existe entre as ciências. E Física contemporânea que até hoje mobiliza
não poderia ser diferente, uma vez que seria um grande número de cientistas, levantan-
pretensão demasiada supor que uma única do dúvidas e questionamentos. Assim, o
área pudesse explicar e descrever todos os conhecimento científico dessa Ciência vai
fenômenos da natureza. Nesse cenário, então sendo construído pelos esforços de gerações
como descrever qual a concepção de área e gerações, mas está ainda muito longe de
ou campo de conhecimento desta Ciência estar acabado. Se por um lado a Física fornece
chamada Física? É difícil definir com precisão respostas para alguns fenômenos da natu-

77
Sumário principal

reza, por outro lado ela vai mais longe ao se no ensino regular, mas contemplar a sua
constituir em alicerce para outras áreas e para formação como cidadão e dotá-lo com
a evolução tecnológica. Ao longo das últimas conhecimentos científicos suficientes para
décadas, o desenvolvimento acelerado de que possa participar, intervir e modificar
pesquisas nas áreas da Física, impulsionado o mundo ao seu redor, a sua cidade, a sua
pela demanda de uma sociedade ávida por comunidade, a sua família e, por fim, a sua
novidades e necessidades tecnológicas, vida e a dos que o rodeiam. No mundo em
tem sido responsável não somente pela que vivemos, os conhecimentos científicos
elevação do nível de vida dessa socieda- e tecnológicos estão sempre presentes,
de, mas também, infelizmente, por danos integrando a existência humana em todos
irreparáveis ao meio ambiente. Por isso, os momentos: em nossos lares na geração
trabalhar esse conhecimento nas escolas, de energia, na medicina, nos meios de
com vistas a melhorar as condições de vida transporte, no trabalho, nas comunicações
das pessoas e da comunidade em que se e no lazer. A consequência mais visível é a
inserem, deve ser a proposta fundamental transformação acelerada do espaço geo-
dessa ciência. A partir do pressuposto de que gráfico e social onde nos situamos e com
o desenvolvimento do país e a consolidação o qual interagimos. A crescente presença
da cidadania são tarefas de todos, e que a da Física na história humana abre novos
apropriação dos conhecimentos de Física horizontes de possibilidades tecnológicas e,
poderá ajudar a alcançar esses objetivos, o ao mesmo tempo, nos convoca a participar
ensino de Física deve ser pautado em quatro da discussão das questões derivadas de tais
aspectos: aquisição de um vocabulário básico transformações, como as éticas, filosóficas
de conceitos científicos, a compreensão da e ambientais dessa Ciência.
natureza do método científico, a compreen-
são do impacto da ciência e da tecnologia A Física, tendo tantas áreas de interface
sobre os indivíduos, o meio ambiente e a com outras ciências e trabalhando continu-
sociedade, e, finalmente, a conscientização amente esta interdisciplinaridade, acaba se
de que a Física é, também, uma Ciência tornando capaz de contribuir cada vez mais
experimental. para a criação e o desenvolvimento de novas
tecnologias e, consequentemente, de con-
O Ensino Médio deve proporcionar ao aluno tribuir para o desenvolvimento de produtos
não somente a sua formação acadêmica derivados dessas novas áreas tecnológicas,

78
Sumário principal

tornando-se, então, indispensável à formação decaimento de partículas daria a um cidadão


do cidadão/trabalhador contemporâneo. Por comum dimensões do perigo que esse tipo
isso, o ensino de Física deve contribuir para de material traz à saúde do ser humano e
a formação de uma cultura científica efetiva, senso crítico para discutir qual o seu me-
que permita ao indivíduo a interpretação lhor destino. Por outro lado, podem-se citar
de fatos, fenômenos e processos naturais, também os avanços da medicina moderna
situando e dimensionando a interação do ser ao diagnóstico e ao combate de inúmeras
humano com a natureza, ao mesmo tempo doenças, com aparelhos desenvolvidos a
levando-o a refletir e agir sobre os impactos partir de conceitos de Física Nuclear, como: a
ambientais, sociais, morais e éticos que esse Tomografia Computadorizada, a Ressonância
desenvolvimento traz para a humanidade. Magnética, a Ultrassonografia, o famoso Raios
X, a Quimioterapia, a Cirurgia a Laser, dentre
Nesse sentido, conceitos de Física clássica e outros. Diante de tudo isso, podemos afirmar
moderna podem ser utilizados para resolver que já utilizamos a Física como parte integran-
problemas do homem do campo, como a te de nossas vidas, de nosso trabalho e até
utilização da energia solar e do biodigestor na mesmo de nosso lazer. A Nanotecnologia, por
construção de um sistema de aquecimento exemplo, contribui para o desenvolvimento de
de água para residências; o estudo das forças equipamentos eletrônicos cada vez menores
que atuam no manuseio de uma enxada e mais eficientes que seus predecessores,
pelo trabalhador rural, com o objetivo de se levando à queda do preço de aparelhos, que
construir uma mais ergonômica, evitando décadas atrás eram inacessíveis à maioria da
doenças como a LER (lesões por esforços população, proporcionando, assim, a inclusão
repetitivos); o uso do GPS (Global Position digital de milhares de cidadãos, permitindo-
System) no monitoramento do gado e do lhes o acesso à informação e a participação
solo, são alguns dos exemplos que podem nas decisões da política de sua comunidade,
ser citados. Pode-se citar também a discussão articulada com as esferas municipal, estadual
na mídia que se faz sobre o destino que e federal.
deve ser dado ao lixo nuclear, derivado das
usinas nucleares. Qual o melhor modo de Chegou o momento em que ensinar Física
acomodar o lixo nuclear sem agredir o meio no Ensino Médio deve ser muito mais do
ambiente e a população local? O mínimo que ensinar meras fórmulas acumuladas
de conhecimento sobre radioatividade e e decoradas ao longo de certo período. A

79
Sumário principal

Física deve ser encarada como uma ciência perceber que a Ciência é um modelo, um
capaz de contribuir significativamente para construto intelectual do homem sobre
a formação do cidadão, enquanto um ser o mundo;
crítico, reflexivo, atento às mudanças e aos Contribuir para a formação de uma cultura
novos desenvolvimentos científicos de seu científica efetiva que permita ao indivíduo
tempo. Esse cidadão precisa ser flexível às a interpretação de fatos, fenômenos e
mudanças, criterioso nas suas escolhas e mais processos naturais, situando e dimen-
preparado para viver uma cidadania plena. sionando a interação do ser humano
com a natureza como parte integrada
Na verdade, há de se chegar o tempo em
em transformação;
que o mercado irá se ajustar ao novo tipo
de cidadão/trabalhador que pensa e atua Contribuir para a integração do aluno na
coletivamente, constituindo-se na "mola sociedade em que vive, proporcionando-
lhe conhecimentos significativos de teoria
propulsora" de transformações e mudanças
e prática da Física, indispensáveis ao exer-
na sociedade. cício de uma cidadania emancipatória;
Desenvolver no aluno competências e
habilidades que lhe possibilitem competir
6.2.2 Objetivos da disciplina
eticamente no mercado de trabalho;

Os objetivos gerais da Física no Ensino Médio Possibilitar ao aluno o reconhecimento


são: das inter-relações entre os vários campos
Conhecer a linguagem e os códigos da da Física, e dessa com outras áreas do
Física e seus significados; conhecimento;

Organizar ideias, interpretar e sistema- Possibilitar ao aluno desenvolver habili-


tizar, mobilizando os conhecimentos dades necessárias para compreender o
para serem aplicados na resolução de papel do homem com a natureza;
problemas práticos; Desenvolver no aluno um senso de
Despertar a curiosidade dos estudantes responsabilidade quanto às questões
e ajudá-los a reconhecer a Física como socioambientais;
uma construção humana e desmitificada Valorizar a importância do trabalho em
da ideia de a Ciência ser capaz de resolver equipe.
todos os problemas, sendo importante

80
Sumário principal

6.2.3 Principais alternativas devem ser apresentados e discutidos à luz das


metodológicas teorias estudadas. Em alguns casos, as experi-
ências podem preceder os estudos teóricos,
A metodologia utilizada no processo de entretanto, nunca desvinculados de uma boa
ensino-aprendizagem de conceitos físicos contextualização em relação a eles. Na maioria
tem por objetivo organizar as diferentes das vezes, os alunos são levados a encontrar
etapas de atividades de aprendizagem, a apenas os resultados dos problemas propostos,
partir do conhecimento do contexto his- sem se preocupar com o fenômeno que está
tórico e dos saberes trazidos pelos alunos. sendo tratado, bastando para isso observar as
Ela deve favorecer o desenvolvimento de soluções fragmentadas nos exemplos dos livros
reflexões necessárias para a compreensão didáticos, que omitem as discussões sobre os
efetiva dos conceitos físicos muito antes da fenômenos, as leis físicas que estarão sendo
sistematização que ocorrerá com a utilização utilizadas, e grande parte da solução. Com
dos algoritmos. Ao mesmo tempo, devemos isso os alunos são expostos principalmente
incentivar observações e análises dos pro- aos resultados, sem passar pela sistematização
cessos cognitivos envolvidos com intuito de toda a solução. Dessa forma, as partes que
de favorecer a aprendizagem por parte dos são muito mais necessárias à formação do
alunos. A mediação do professor se faz neces- pensamento são sempre omitidas das soluções
sária e é, por meio dela, que o estudante se apresentadas para o aluno.
apropria dos conhecimentos. Nesse sentido,
as experimentações são fundamentais. É importante perceber que a resolução de um
problema de física começa na interpretação
Entretanto, cada experiência, seja ela de- do seu enunciado. Passa pela decodificação do
monstrativa, seja com participações efetivas mesmo, sustentada pelo conhecimento dos
dos estudantes na realização das mesmas, códigos e dos seus respectivos significados.
deve ser iniciada após orientações sobre Vencidas essas etapas é preciso identificar o
a condução durante o experimento, pois fenômeno que está por trás daquele proble-
qualquer que sejam os resultados esperados, ma, anotar todas as informações explícitas
eles estarão diretamente ligados a cada um e implícitas, verificar o sistema de unidade
desses procedimentos. O modo como ocorre que dever ser trabalhado e, por último, mas
a manipulação dos materiais por parte dos não menos importante, o que o problema
alunos, os objetivos e os resultados esperados deseja saber.

81
Sumário principal

Mesmo depois de tudo isso, ainda nos resta além de aprender a se expressar de forma
o uso adequado do conhecimento matemá- coerente, também aprender a investigar,
tico. Muitas vezes, é preciso saber interpretar pesquisar em livros, na internet, em revistas,
gráficos e/ou fazê-los para a resolução com- em dicionários, entrevistar pessoas, enfim,
pleta do problema. A maioria dos problemas, estimular o desenvolvimento da habilidade
quando se conhece a natureza dos fenôme- verbal e elevar o nível intelectual do aluno.
nos, não necessita de utilização de fórmulas Ele também aprenderá a ordenar ideias para
para a sua resolução. As fórmulas (expressões expô-las e defendê-las perante os colegas.
matemáticas mediante as quais se enuncia a Aprenderá a receber críticas e rebatê-las
relação entre diversas variáveis e constantes) com argumentação plausível.
existem para facilitar a resolução depois de
uma interpretação e compreensão dos pro- Também deveriam ser estimulados debates
blemas. Portanto, deveriam ser apenas um em sala de aula acerca de temas previamente
facilitador/agilizador da solução quando se estudados e preparados pelos alunos, dentro
conhece e compreende o problema. Assim, do programa que o professor de Física está
as fórmulas na Física devem ser compreen- desenvolvendo. Motivando assim, os alunos
didas e não decoradas. Elas representam a aprenderem mais para poder discutir mais
uma condensação do comportamento de e melhor, ponderando, defendendo posições,
alguns fenômenos, cada detalhe tem sua conceitos, metodologias, enfim, construindo
importância e descreve algo da natureza. um debate baseado em argumentos cons-
Conhecê-las e entendê-las facilita o trabalho truídos cientificamente.
de resolução dos problemas, mas o mais
importante não é a utilização das fórmulas e Por fim, devemos contribuir para a inclusão
sim a compreensão dos fenômenos naturais digital, fazendo uso de software educativo
que nos rodeiam. como jogos, vídeos, simuladores e outros
que contribuam significativamente para
Outro ponto que deve ser abordado é a o desenvolvimento cognitivo do aluno.
dificuldade que os alunos apresentam de Destaca-se a utilização de simulação de
se expressarem de forma correta e coe- experimentos de Física em computadores,
rente. O professor pode propor temas da como uma ferramenta que contribui para
área de Física para grupos de alunos, para verificar e testar certas hipóteses, princípios,
que eles apresentem seminários e possam, teorias e leis físicas.

82
Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum – Física – Ensino Médio

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Compreender a Física • Identificar transformações de ideias e termos • Introdução ao ensino de Física.
como construção hu- científico-tecnológicos ao longo de diferentes • Grandezas físicas (escalar e vetorial)
mana, relacionando o épocas e entre diferentes culturas. e Sistema Internacional de Unidades
desenvolvimento cientí- • Associar a solução de problemas de comu- (SI).
fico ao longo da história nicação, transporte, saúde, ou outro, com o
com a transformação da • Conceitos físicos fundamentais.
correspondente desenvolvimento científico
sociedade. e tecnológico. • Noção de velocidade e aceleração.
• Apropriar-se de conhe- • Avaliar propostas ou políticas públicas em que • A teoria de Galileu para queda dos
cimentos da Física para conhecimentos científicos ou tecnológicos corpos e princípio da inércia.
compreender o mundo estejam a serviço da melhoria das condições • Noção vetorial.
natural e para interpre- de vida e da superação de desigualdades so-
tar, avaliar e planejar • Leis de Newton e suas aplicações:
ciais.
intervenções científico- - força peso
tecnológicas no mundo • Compreender a construção de tabelas, gráficos - força normal
contemporâneo. e relações matemáticas para a expressão do - força de tração
saber físico. Ser capaz de discriminar e traduzir - força elástica
as linguagens matemática e discursiva entre - força de atrito
si.
• Aplicações das Leis de Newton no
• Descrever e comparar características físicas movimento circular.
e parâmetros de movimentos de veículos,
• Introdução à gravitação universal:
corpos celestes e outros objetos em diferentes
- Sistema Geocêntrico
linguagens e formas de representação.
- Sistema Heliocêntrico
• Utilizar leis físicas para prever e interpretar - Leis de Kepler
movimentos e analisar procedimentos para - Lei da Gravitação Universal
alterá-los ou avaliá-los, em situações de inte- - Buraco Negro
ração física entre veículos, corpos celestes e - Fenômeno das marés
outros objetos. - Movimento dos astros, como
• Comparar e avaliar sistemas naturais e tecno- planetas, estrelas, cometas e
lógicos em termos da potência útil, dissipa- outros).
ção de calor e rendimento, identificando as • Noções de relatividade restrita.
transformações de energia e caracterizando
• Trabalho, potência, rendimento e
os processos pelos quais elas ocorrem.
energia.
• Conservação da energia.
• Impulso e quantidade de movi-
mento.

83
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Entender métodos e • Reconhecer grandezas significativas, etapas e pro- • A temperatura e suas escalas.
procedimentos próprios priedades térmicas dos materiais relevantes para • Conceitos de calor: sensível,
da Física e aplicá-los a analisar e compreender os processos de trocas de latente e trocas de calor.
diferentes contextos. calor presentes nos sistemas naturais e tecnológi-
cos. • Propagação de calor e aplica-
• Associar alterações ções.
ambientais a processos • Analisar diversas possibilidades de geração de energia
produtivos e sociais, e térmica para uso social, identificando e comparando • Dilatação térmica.
instrumentos ou ações as diferentes opções em termos de seus impactos • Máquinas térmicas e aplica-
científico-tecnológicos ambiental, social e econômico. ções.
à degradação e preser- • Relacionar as características da luz aos processos de • Introdução ao estudo das on-
vação do ambiente. formação de imagens. das: conceito, características e
• Identificar e descrever processos de obtenção, utili- classificação.
zação e reciclagem de recursos naturais e matérias- • Ondas sonoras (acústica)
primas.
• Dualidade onda-partícula.
• Analisar perturbações ambientais, identificando fon-
• Conceitos fundamentais da
tes, transporte e destinos dos poluentes e prevendo
ótica, definição de refração e
efeitos nos sistemas naturais, produtivos e sociais.
leis da reflexão.
• Comparar exemplos de utilização de tecnologia em
• Formação de imagens em es-
diferentes situações culturais, avaliando o papel da
pelhos e lentes.
tecnologia no processo social e explicando transfor-
mações de matéria, energia e vida. • Ótica da visão.
• Instrumentos óticos e aplica-
ções.
• Efeito fotoelétrico.

84
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Identificar a presença e • Interpretar e dimensionar circuitos elétricos • Modelo atômico atual.
aplicar as tecnologias domésticos ou em outros ambientes, conside- • Radiação, suas interações e suas
associadas à Física em rando informações dadas sobre corrente, tensão, aplicações tecnológicas.
diferentes contextos re- resistência e potência elétrica.
levantes para sua vida • Princípios fundamentais da ele-
• Relacionar informações para compreender ma- trostática.
pessoal. nuais de instalação e utilização de aparelhos ou
• Compreender o papel sistemas tecnológicos de uso comum. • Conceitos e aplicações de campo
da Física e das tecnolo- e potencial elétricos.
• Selecionar procedimentos, testes de controle ou
gias a ela associadas nos outros parâmetros de qualidade de produtos, • Diferença de potencial e corrente
processos de produção conforme determinados argumentos ou explica- elétrica.
e no desenvolvimento ções, tendo em vista a defesa do consumidor. • Elementos do circuito elétrico: re-
econômico e social con-
• Identificar diferentes ondas e radiações, relacio- sistor, gerador, receptor, condutor,
temporâneo.
nando-as aos seus usos cotidianos, hospitalares elementos de controle e de segu-
ou industriais. rança.
• Comparar diferentes instrumentos e processos • Associação de resistores e gerado-
tecnológicos para identificar e analisar seu im- res.
pacto no trabalho e no consumo e sua relação • Leis de Ohm.
com a qualidade de vida.
• Potência elétrica.
• Analisar propostas de intervenção nos ambientes,
• Circuitos elétricos simples.
considerando as dinâmicas das populações, as-
sociando garantia de estabilidade dos ambientes • Introdução ao magnetismo: con-
e da qualidade de vida humana a medidas de ceitos, ímãs naturais e artificiais e
conservação, recuperação e utilização auto- definição de campo magnético.
sustentável da biodiversidade. • Força de Lorentz.
• Analisar diversas possibilidades de geração e • Lei de Àmpere.
condução de energia elétrica para uso social,
identificando e comparando as diferentes opções • Lei de Faraday e indução eletro-
em termos de seus impactos ambiental, social e magnética.
econômico.

85
Sumário principal

6.2.5 Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/BasesLegais.pdf>. Acesso em 29 dez. 2008.
______. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/
BasesLegais.pdf>. Acesso em 29 dez. 2008.
______. Parâmetros curriculares nacionais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/
BasesLegais.pdf>. Acesso em 29 dez. 2008.
______. PCN + ensino médio: física. Disponível em: <http://www.sbfisica.org.br/arquivos/PCN_FIS.pdf>.
Acesso em 29 dez. 2008.
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86
Sumário principal

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87
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Biologia
Sumário principal

6.3 Biologia Nessa perspectiva, nossa proposta do processo


de ensino da Biologia tem uma importante
6.3.1 Contribuição da disciplina contribuição na formação humana dos alu-
para a formação humana nos, pois o diálogo discursivo de alteridade,
fundamentado nas interações discursivas
Os problemas globais e essenciais da hu- socioculturais, obriga os professores e os alunos
manidade demandam a formação de um a refletir sobre essas competências, habilidades
ser humano que possa recriar sua condição e ferramentas.
humana, reinserindo-se no universo, na Terra
Para nós, nessa reflexão os participantes desse
e na vida. Estamos convencidos de que tal
processo, por meio do diálogo, se desenvolvem
condição se fundamenta na recriação de
cognitiva e afetivamente; conhecem e compre-
instrumentos e ferramentas socioculturais,
endem as interações entre as culturas populares
por meio das quais os seres humanos, ao
e a científica, bem como entre as culturas e o
mesmo tempo em que se conhecem e se
meio ambiente; dominam as competências
compreendem, transformam o meio ambiente
e habilidades mediadoras nessas interações;
e sua existência.
como também se apropriam dos direitos e das
obrigações cívicas de seu meio sociocultural.
Para nós, na escola a formação para a hu-
Tais ações são extremamente importantes para
manidade deveria centrar-se na recriação
a recriação da condição humana.
da condição humana. Sendo assim, um dos
objetivos essenciais do processo de ensino
Também nesse diálogo o domínio dos sistemas
é desenvolver nos alunos: a aptidão de con-
linguísticos populares e científicos torna-se
textualizar e integrar saberes; a capacidade essencial, pois são instrumentos sociocul-
de organizar conhecimentos para entender turais, por meio dos quais os participantes
e contextualizar a grande quantidade de do processo de ensino científico conhecem
informação surgida das práticas humanas; e compreendem as complexas interações
e a capacidade de integrar saberes para dos conhecimentos que estão presentes nas
que cada aluno seja capaz de recriar sua suas práticas cotidianas, e que de alguma
vida sociocultural natural e afetiva. Esse forma explicam a condição humana. Nesse
desenvolvimento torna-se essencial para a sentido, tal domínio não só permite conhecer
reflexão sobre os limites e as possibilidades das e compreender a humanidade em comum à
competências, das habilidades [instrumentos] espécie Homo sapiens, como também permite
e das ferramentas socioculturais que recriam compreender a diferença cultural inerente a
a condição humana. todo ser humano (MORIN, 2002).

91
Sumário principal

Em nossa concepção, compreender a dife- Dessa forma, recria-se a necessidade de que


rença cultural significa, entre outras coisas, a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
aceitar as diferentes formas de conhecer e e o Ensino Médio se tornem um processo
explicar a condição humana, pois a produção único de diálogo entre essas etapas e entre
dos conhecimentos é socio-histórica. Nesse suas diferentes organizações dessas etapas
sentido, todos os conhecimentos são relativos (disciplinas, blocos, ciclos, anos, etc.), com o
e incertos. Em consequência, o processo de fim de alcançar o(s) objetivo(s).
ensino da Biologia lidaria com essa incerteza
dos saberes humanos, contribuindo para Nesse sentido, esse processo, baseado na
que cada aluno durante sua vida possa “[...] interação entre o desenvolvimento cognitivo
enfrentar as incertezas e, mais globalmente, afetivo do aprendiz e o processo de aprendiza-
o destino incerto de cada indivíduo e de toda gem escolar, deveria contribuir para o desen-
a humanidade” (MORIN, 2002, p.56). volvimento das capacidades cognitivas afetivas,
por meio das quais os alunos compreendam
Finalmente, levando em conta os parágrafos os problemas emergentes das interações entre
anteriores, podemos dizer que o processo os próprios seres humanos, e entre os seres
de ensino científico junto aos processos das humanos e o meio ambiente.
outras áreas escolares deve contribuir para a
formação integral e contextualizada de um Nessa perspectiva, baseando-se na Lei
aluno autônomo, solidário, curioso, criativo e 9394/1996 (LDBEN), nas Resoluções 02/1998
reflexivo, partícipe ativo das transformações de e 03/1998 da CEB/CNE, que tratam das di-
seu entorno social, cultural e natural. Para nós, retrizes curriculares nacionais dos ensinos
esse ideal de aluno seria capaz de recriar sua Fundamental e Médio, e nos documentos
condição humana socioculturalmente. norteadores, o objetivo do processo de
ensino científico da Educação Básica será
contribuir para o desenvolvimento e domínio
6.3.2 Objetivos da disciplina das competências e habilidades mediadoras
na tomada de consciência das necessidades
Orientar o ensino das Ciências para a recriação físicas, psicológicas e afetivas, na reflexão sobre
da condição humana torna imprescindível que as interações socioculturais e socioambientais,
esse, nas etapas da Educação Básica, ainda que e na recriação da subjetividade.
cada uma delas tenha objetivos específicos,
responda a um ou a vários objetivos gerais. Partindo desse objetivo, as atividades e ações
do processo de ensino das Ciências motivarão

92
Sumário principal

os alunos a recriar junto ao professor e aos Básica, propõe que o ensino biológico do
colegas os saberes mediadores na reflexão Ensino Médio tenha como objetivo de-
sobre o mundo, as transformações sociocul- senvolver as competências (instrumentos
turais e socioambientais e suas influências socioculturais) mediadoras no processo de
na recriação da subjetividade humana. Tal análise, compreensão e reflexão dos diferentes
reflexão se fundamentará no diálogo entre conhecimentos socioculturais e socioambien-
os conhecimentos das disciplinas e os co- tais, locais e globais.
nhecimentos culturais.
Essa proposta torna-se um grande desafio para
Sendo assim, torna-se essencial que a meto- os professores de Biologia de Ensino Médio,
dologia dessa disciplina se fundamente nas pois o processo de ensino-aprendizagem
necessidades do aprendiz, no diálogo entre os dessa etapa já não poderá ser centrado
conhecimentos dos participantes do processo na memorização e repetição de conceitos
de ensino-aprendizagem e na tomada de científicos, nem na supervalorização do
consciência dos limites e das possibilidades conhecimento científico. Ele seria orientado
dos diferentes conhecimentos. para o desenvolvimento de instrumentos
socioculturais mediadores na atividade de
Na proposta curricular, fundamentada na analisar, compreender e refletir diferentes
concepção processual dialógica do ensino fatos socioculturais e socioambientais.
escolar, cada etapa do processo do ensino
científico da Educação Básica depende da Nesse sentido, o processo de ensino de
anterior e é a base para a posterior, sempre Biologia dessa etapa se fundamentará na
respondendo ao(s) objetivo(s). recriação de atividades pedagógicas que
estimulem o amadurecimento dos instrumen-
Assim, o(s) objetivo(s) de uma etapa e/ou tos socioculturais mediadores na tomada de
de um bloco e/ou de um ciclo da Educação consciências dos limites e das possibilidades
Básica se recria(m) com o fim de contribuir da interação sociocultural e socioambiental da
com o(s) objetivo(s) da etapa e/ou bloco e/ou espécie humana. Entre outros instrumentos,
ciclo seguinte, mas também com fim último ressaltamos a autonomia, a integração, a
de contribuir para o(s) objetivo(s). argumentação, a generalização, a tomada
de consciência e a reflexão.
Nessa perspectiva, nossa proposta curricular,
fundamentada nos objetivos já alcançados na Sendo assim, sem fugir dos princípios meto-
etapa anterior dessa disciplina da Educação dológicos que orientam esta proposta, o pro-

93
Sumário principal

fessor, no processo de ensino-aprendizagem de problemáticas, cuja compreensão torna


de Biologia no Ensino Médio, estimulará a necessária a integração de várias disciplinas
produção de conhecimento sociocultural e o trabalho sobre o processo.
autônomo do aluno, a participação ativa do
aluno na sua comunidade, a exposição da Nesse sentido, a metodologia será recriada a
produção sociocultural individual e grupal, partir das necessidades cotidianas do aluno. As
o aprofundamento dos conhecimentos atividades/tarefas pedagógicas se organizarão
socioculturais e socioambientais, etc. de tal forma que o aluno possa concretizar a
tomada de consciência de suas necessidades,
competências e habilidades mediadoras nessa
6.3.3 Principais alternativas ação, além das competências e habilidades que
metodológicas satisfazem suas necessidades. Com a metodo-
logia, buscar-se-á com que o aluno conheça
Em nossa proposta, os professores concebem- e domine os instrumentos que contribuem
se no processo de ensino-aprendizagem para conhecer e compreender os impactos da
como mediador entre o que o sujeito sabe ação humana no meio ambiente, a diferença
o que se tem que aprender na escola. Nesse sociocultural e a recriação da subjetividade
sentido, os professores, por meio de ativida- humana.
des/tarefas pedagógicas, ajudarão o aprendiz
a desenvolver competências e habilidades Sendo assim, consideramos importante no
que permitam-lhes conhecer e dominar suas ensino de Ciências Naturais os seguintes
atividades cotidianas. princípios metodológicos:

Também nesse processo, o aluno é concebido Contextualização: procurar sempre a inte-


como sujeito socio-histórico capaz de recriar ração entre os conhecimentos escolares com
sua subjetividade na interação com seu meio a vida pessoal do aluno, com o mundo ou a
sociocultural e socioambiental. sociedade em geral e com o próprio processo
de produção de conhecimentos. Com esse
Partindo dessas premissas, centrar a proposta fim, orientamos que as atividades/tarefas
no processo de desenvolvimento de compe- pedagógicas sejam organizadas a partir de
tências e habilidades implica recriar o processo projetos, temas geradores, mapas conceituais,
de ensino-aprendizagem a partir de núcleos problemáticas, eixos temáticos, etc.

94
Sumário principal

Interdisciplinaridade: estabelecendo um socioculturais teóricas e práticas para os


diálogo entre as diferentes disciplinas ou mesmos.
áreas escolares, com o objetivo de fazer um
trabalho que integre os conhecimentos e que Experiências: montagem de pequenos
leve os alunos a uma melhor articulação entre experimentos científicos para que os alu-
os conhecimentos das diferentes áreas. nos busquem soluções, compreendam e
proponham explicações sobre os fenômenos
Diálogo: considerando o aluno um produtor humanos ou naturais.
de conhecimento, o professor buscará motivar
constantemente a interação discursiva entre Pesquisa de campo e bibliográfica: pro-
os conhecimentos do aluno e os escolares. curando o domínio dos fundamentos e dos
Para isso propomos a resolução de problemas instrumentos da pesquisas, propomos que os
cotidianos em grupo, pesquisa em grupo, alunos realizem diferentes pesquisas com os
produção de texto em grupo, confrontação de pais e/ou pessoas da comunidade, por meio de
ideais, interação discursiva entre o professor entrevistas, observação de ambientes naturais
e os alunos. (com elaboração de relatórios de campo), uso
de livros de Ciências, revistas de divulgação
Diálogo intercultural: procurando sempre a científica e documentos escritos ou digitais.
interação entre os diferentes conhecimentos
socioculturais, por meio de leituras de vídeos, Produção e utilização de texto: com o fim
revistas, jornais locais e de outros estados, de dominar os diferentes sistemas simbó-
além de outras fontes como pequenas viagens licos de conhecimentos, sugerimos que os
(intercâmbios), pesquisas, etc. professores e os alunos produzam diferentes
gêneros textuais escritos e que, logo depois
Problematização: incentivando os alunos à de serem avaliados, junto a textos escritos por
reflexão sobre questões cotidianas. Para isso outros autores, sejam utilizados no processo
propomos que se identifiquem, conheçam de ensino-aprendizagem. Os textos deverão
problemas cotidianos e busquem soluções levar em conta a linguagem científica.

95
Sumário principal

6.3.4 Conteúdo Básico Comum – Biologia – Ensino Médio

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


1. Expressão e comunicação • Reconhecer as ciências biológicas Eixo Integração da
• Dominar os instrumentos básicos da linguagem como uma produção humana vida, os seres vivos
científica, entre outros: percepção, categorização, socio-histórica e, portanto, resulta- e suas interações
identificação, diferenciação, descrição, observa- do da conjunção de fatores sociais, 1. Ação humana e conse-
ção, comparação, explicação, argumentação, políticos, econômicos, culturais, quências ambientais.
conceitos, pensamento lógico e crítico. religiosos e tecnológicos.
2. Introdução ao estudo
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, grá- • Conhecer os modelos explicati- da Biologia.
ficos e representações geométricas. vos culturais sobre os fenômenos
biológicos. • Primórdios da Biologia:
• Identificar e utilizar adequadamente símbolos, abordagem histórico-
códigos e nomenclatura da linguagem cientí- • Utilizar modelos explicativos da social.
fica. área de Biologia para interpretar
e sistematizar fenômenos socio- 3. Níveis de organização
• Consultar, analisar e interpretar textos de en- culturais e socioambientais da da vida.
foque sociocultural e tecnológicos veiculados vida cotidiana. 4. Ecologia.
nos diferentes meios de comunicação.
• Inter-relacionar causa e efeito nos • Fatores ecológicos.
• Elaborar textos para relatar eventos, fenômenos, processos naturais, considerando,
experimentos, questões-problema, visitas, etc. • Cadeia alimentar.
inclusive, aspectos éticos, sociais
• Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente e étnico-culturais. • Ecologia das populações
em relação a temas de ciência, cultura, tecnologia (pirâmides ecológicas) e
• Identificar as relações entre o
e meio ambiente. das comunidades (rela-
conhecimento científico e não-
ções ecológicas).
2. Investigação e compreensão científico e o desenvolvimento
tecnológico, considerando a • Os ciclos biogeoquími-
• Identificar situações-problemas do cotidiano vida, as condições de vida e as cos.
(sociocultural e socioambiental), elaborar hipó- concepções de desenvolvimento
teses, interpretar, avaliar e planejar intervenções socioculturais.
socioculturais e tecnológicas.
• Identificar e avaliar, com visão
• Organizar os conhecimentos adquiridos, en- integradora e crítica, alterações
tender, contextualizar e refletir as informações ambientais e suas relações com
surgidas das práticas humanas. os processos produtivos sociocul-
• Elaborar e desenvolver experimentos e inter- turais e socioambientais.
pretar os resultados. • Avaliar com ética e responsa-
bilidade socioambiental ações
científicas – tecnológicas globais
e locais.

96
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Articular, integrar e sistematizar fenômenos e • Identificar métodos ou proce- Eixo Composição e
teorias dentro das áreas do conhecimento. dimentos próprios das Ciências identidade dos se-
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de Naturais que contribuam para res vivos. Organiza-
ação crítica e cooperativa para a construção diagnosticar ou solucionar pro- ção celular e fun-
coletiva do conhecimento. blemas de ordem social, cultural, ções vitais básicas
econômica ou ambiental. 1. Bioquímica celular – no-
3. Contextualização sociocultural
e socioambiental • Diferenciar as substâncias orgâni- ções básicas
cas e inorgânicas e compreender • Água e sais minerais.
• Compreender o conhecimento sociocultural, que tais substâncias constituem
socioambiental e tecnológico como resultado a matéria viva. • Carboidratos.
da construção humana, associado aos aspectos • Lipídeos.
de ordem histórica, cultural, social, econômica • Reconhecer a célula como uni-
e política. dade estrutural e funcional da • Proteínas.
vida.
• Compreender as interações entre conheci- • Vitaminas.
mentos culturais, produção de tecnologia e • Compreender os princípios gerais
• Ácidos nucléicos.
condições de vida, analisando criticamente os de organização celular, associan-
do-os à existência de uma ances- 2. Citologia
limites e possibilidades da intervenção humana
na dinâmica do meio ambiente. tralidade comum. • Histórico, microscopia
• Caracterizar e reconhecer a célula e métodos de estudo.
• Compreender a saúde como resultado do bem-
estar físico, social, mental e cultural dos indiví- como unidade morfofisiológica • Revestimentos celula-
duos. dos seres vivos, refletindo sobre res.
seu funcionamento integrado
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos para os processos vitais. • Organização citoplas-
para elaboração de propostas de intervenção mática.
solidária, respeitando os valores humanos e a • Conhecer os conceitos básicos de
bioquímica celular e citologia. • Metabolismo energéti-
diversidade sociocultural e ambiental. co: respiração e fotos-
• Compreender a diversidade de informações • Conhecer as funções vitais celu- síntese.
socioculturais das comunidades, identificando lar.
• Síntese protéica.
e questionando as ações humanas e suas prin- • Identificar nos alimentos cotidia-
cipais consequências em diferentes espaços e nos os elementos bioquímicos. • Divisão celular.
tempos, sendo participante ativo, consciente, • Avaliar hábitos alimentares que
ético e crítico nas questões socioculturais e contribuam para o desenvolvi-
socioambientais. mento de uma boa saúde.
• Compreender a subjetividade como elemento
de realização humana, valorizando a formação
de hábito de autocuidado, autoestima e respeito
ao outro.

97
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


1. Expressão e comunicação • Posicionar-se diante da diversidade Eixo Vida e variabi-
• Dominar os instrumentos básicos da lin- da vida, refletindo sobre os proces- lidade dos seres vi-
guagem científica, entre outros: percepção, sos vitais comuns reveladores da vos
categorização, identificação, diferenciação, origem única dos seres vivos. 1. Hereditariedade e varia-
descrição, observação, comparação, explica- • Associar o processo de reprodução bilidade genética DNA: a
ção, argumentação, conceitos, pensamento celular com o desenvolvimento em- receita da vida. Biotecno-
lógico e crítico. brionário. logia.
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, • Compreender os processos celulares 2. Reprodução e desenvol-
gráficos e representações geométricas. relacionados com o desenvolvimen- vimento.
• Identificar e utilizar adequadamente símbo- to de doenças e avanços tecnológi- • Tipos básicos de repro-
los, códigos e nomenclatura da linguagem cos. dução.
científica. • Compreender os fundamentos da • Casos especiais de repro-
• Consultar, analisar e interpretar textos de en- hereditariedade, suas aplicações na dução.
foque sociocultural e tecnológicos veiculados engenharia genética e as questões
éticas envolvidas. • Gametogênese e fecun-
nos diferentes meios de comunicação. dação.
• Elaborar textos para relatar eventos, fenô- • Compreender o código genético
como fator gerador de anomalias, 3. Desenvolvimento em-
menos, experimentos, questões-problema, brionário.
visitas, etc. devido a processos de interferência
humana e ambiental, e promotor da • Anexos embrionários.
• Analisar, argumentar e posicionar-se critica- diversidade dos seres vivos.
mente em relação a temas de ciência, cultura, 4. Genética.
tecnologia e meio ambiente. • Analisar os aspectos éticos, van-
• Fundamentos e concei-
tagens e desvantagens da bio-
2. Investigação e compreensão tos básicos da genética.
tecnologia (transgênicos, clones,
• Identificar situações-problemas do cotidiano melhoramento genético, cultura • Teoria cromossômica de
(sociocultural e socioambiental), elaborar de células, etc.), considerando os herança.
hipóteses, interpretar, avaliar e planejar in- processos biológicos, ambientais, • Grupos sanguíneos.
tervenções socioculturais e tecnológicas. culturais, econômicos e sociais.
• Herança ligada ao sexo e
• Organizar os conhecimentos adquiridos, en- influenciada pelo sexo.
tender, contextualizar e refletir as informações
• Herança quantitativa.
surgidas das práticas humanas.
• Elaborar e desenvolver experimentos e in-
terpretar os resultados.
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos e
teorias dentro das áreas do conhecimento.
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de
ação crítica e cooperativa para a construção
coletiva do conhecimento.

98
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


3. Contextualização sociocultural • Descrever estrutural e funcionalmen- Eixo Morfo-fisiolo-
e socioambiental. te os diversos órgãos e sistemas que gia humana. Interre-
• Compreender o conhecimento sociocultural, compõem os seres vivos compreen- lação dos sistemas
socioambiental e tecnológico como resul- dendo suas inter-relações. morfofisiológicos
tado da construção humana, associado aos • Compreender como funciona o or- e a saúde humana e
aspectos de ordem histórica, cultural, social, ganismo, contribuindo assim para o meio ambiente
econômica e política. a prevenção e o controle de doen- 1. Histologia animal
• Compreender as interações entre conheci- ças. • Tecido epitelial.
mentos culturais, produção de tecnologia e • Compreender os processos vitais • Tecido conjuntivo.
condições de vida, analisando criticamente dos seres vivos, relacionando for-
os limites e possibilidades da intervenção ma e função das estruturas com o • Tecido muscular.
humana na dinâmica do meio ambiente. ambiente. • Tecido nervoso.
• Compreender a saúde como resultado do • Capacidade de entender a integra- 2. Anatomia e fisiologia
bem-estar físico, social, mental e cultural dos ção dos diversos sistemas dos seres humana
indivíduos. humanos, relacionando-os com o
• Nutrição e digestão.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos ambiente.
• Respiração.
para elaboração de propostas de intervenção • Conhecer, aplicar e refletir sobre os
solidária, respeitando os valores humanos e hábitos para uma boa saúde, reco- • Circulação.
a diversidade sociocultural e ambiental. nhecendo os problemas sociosam- • Excreção.
• Compreender a diversidade de informações bientais locais e ações mitigadoras
dos mesmos. • Locomoção.
socioculturais das comunidades, identifi-
cando e questionando as ações humanas e • Identificar os conhecimentos bio- • Tegumento.
suas principais consequências em diferentes lógicos que permitem participar • Controle hormonal.
espaços e tempos, sendo participante ativo, dos debates contemporâneos so-
• Controle nervoso e sen-
consciente, ético e crítico nas questões so- bre os problemas da atualidade de
sorial.
cioculturais e socioambientais. doenças endêmicas e epidêmicas,
ameaças das alterações climáticas, 3. Saúde humana e suas
• Compreender a subjetividade como elemento
entre tantos outros desequilíbrios relações com o meio
de realização humana, valorizando a forma-
sociais e ambientais. ambiente
ção de hábito de autocuidado, autoestima
e respeito ao outro. • Avaliar a veracidade e posicionar-se 4. Trabalho e saúde
criticamente diante de informações
sobre saúde individual e coletiva
relacionadas a condições de trabalho
e normas de segurança.
• Identificar alternativas de condi-
ções de trabalho e/ou normas de
segurança que contribuam com o
bem-estar físico e mental dos tra-
balhadores.

99
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


1. Expressão e comunicação • Compreender a evolução como Eixo Origem e evolu-
• Dominar os instrumentos básicos da lin- eixo integrador do conhecimento ção da vida, a origem
guagem científica, entre outros: percepção, biológico. da vida e ideias evolu-
categorização, identificação, diferenciação, • Compreender os processos e cionistas e evolução
descrição, observação, comparação, explica- mecanismos evolutivos, e sua im- biológica e cultural.
ção, argumentação, conceitos, pensamento portância nas diversas interpreta- 1. Evolução
lógico e crítico. ções da história da vida, incluindo • Origem do universo.
• Interpretar esquemas, diagramas, tabelas, o homem como ser biológico e
simultaneamente transformador • Origem dos seres vivos:
gráficos e representações geométricas. abiogênese e biogênese.
do meio.
• Identificar e utilizar adequadamente símbo- • Teorias evolucionistas de
los, códigos e nomenclatura da linguagem • Reconhecer e listar os fatos que
evidenciam o processo evolutivo, Lamarck e Darwin.
científica.
relacionando com a diversidade • Neodarwinismo.
• Consultar, analisar e interpretar textos de de seres vivos existentes e os pro-
enfoque sociocultural e tecnológicos vei- • Origem e evolução da es-
blemas ambientais.
culados nos diferentes meios de comuni- pécie humana.
cação.
• Elaborar textos para relatar eventos, fenô-
menos, experimentos, questões-problema,
visitas, etc.
• Analisar, argumentar e posicionar-se criti-
camente em relação a temas de ciência,
cultura, tecnologia e meio ambiente.
2. Investigação e compreensão
• Identificar situações-problemas do cotidiano
(sociocultural e socioambiental), elaborar
hipóteses, interpretar, avaliar e planejar in-
tervenções socioculturais e tecnológicas.
• Organizar os conhecimentos adquiridos,
entender, contextualizar e refletir as infor-
mações surgidas das práticas humanas.
• Elaborar e desenvolver experimentos e
interpretar os resultados.
• Articular, integrar e sistematizar fenômenos
e teorias dentro das áreas do conhecimen-
to.
• Valorar o trabalho em grupo, sendo capaz de
ação crítica e cooperativa para a construção
coletiva do conhecimento.

100
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


3. Contextualização sociocultural • Caracterizar a diversidade da vida, Eixo Diversidade da
e socioambiental. relacionando-a com os mecanis- vida, o desafio da clas-
• Compreender o conhecimento sociocul- mos evolutivos envolvidos na sificação biológica e
tural, socioambiental e tecnológico como adaptação e distribuição dos seres a biologia dos seres
resultado da construção humana, associado vivos nos diferentes ambientes. vivos
aos aspectos de ordem histórica, cultural, • Compreender a classificação bio- 1. Classificação dos seres
social, econômica e política. lógica científica para a organização vivos
• Compreender as interações entre conheci- dos seres vivos. • Categorias taxonômicas.
mentos culturais, produção de tecnologia e • Comparar morfofisiologicamente • Nomenclatura.
condições de vida, analisando criticamente os seres vivos.
os limites e possibilidades da intervenção • Filogênese.
• Analisar a distribuição da vida no
humana na dinâmica do meio ambiente. planeta e perceber a biodiversida- • Vírus, um grupo sem rei-
• Compreender a saúde como resultado do de nas regiões do planeta. no.
bem-estar físico, social, mental e cultural • Refletir sobre questões relativas à • Reino Protista.
dos indivíduos. biodiversidade, visando a reduzir • Reino Monera.
• Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos as desigualdades sociais.
• Reino Fungi.
para elaboração de propostas de inter-
venção solidária, respeitando os valores • Reino Plantae.
humanos e a diversidade sociocultural e • Reino Animalia.
ambiental.
• Compreender a diversidade de informações
socioculturais das comunidades, identifi-
cando e questionando as ações humanas e
suas principais consequências em diferentes
espaços e tempos, sendo participante ativo,
consciente, ético e crítico nas questões
socioculturais e socioambientais.
• Compreender a subjetividade como ele-
mento de realização humana, valorizando
a formação de hábito de autocuidado, au-
toestima e respeito ao outro.

101
Sumário principal

6.3.5 Referências

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Sumário principal

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103
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA


Matemática
Sumário principal

6.4 Matemática &CALLEJO, 2006). Consideremos também


que a Matemática é um campo científico em
Há tempos a discussão em torno do ensino e permanente evolução, que se constituiu ao
da aprendizagem da Matemática vem sendo longo da evolução histórica pela necessidade
levantada em todos os níveis de educação. do homem de intervir no meio que o cerca e
de organizar e ampliar seus conhecimentos.
Discutem-se metodologias, estratégias de
Ela não é algo que diz respeito somente
ensino, contextualizações, evasões, inclusões,
aos números, mas sim à vida, que nasce do
entre outros. Percebe-se, nessa discussão,
mundo em que vivemos. Lida com ideias,
que a escola não vem acompanhando as
e longe de ser aborrecida e estéril, como
crescentes alterações sociais, políticas, tecno-
muitas vezes é retratada, ela é cheia de
lógicas e culturais que o mundo globalizado
criatividade. A história da humanidade nos
nos impõe.
mostra que, além dos problemas de outros
campos do conhecimento nos conduzir a
Nesse novo contexto de discussão da edu-
modelos matemáticos, as investigações e
cação nacional desprender-se das velhas especulações da própria Matemática nos
filosofias e investir no estudo e na elaboração conduzem a aplicações nas diversas áreas.
de um currículo se faz necessário. Nessa
perspectiva o currículo de Matemática deve Ao nos focarmos no ensino da Matemática
atingir aspectos essenciais da formação plena podemos recorrer a Palomar (2004) que
do cidadão, levando em conta a inserção no afirma que cada vez mais deve ser deixada
mundo do trabalho, as relações sociais, as de lado a resolução de problemas de maneira
relações simbólicas e as diversas culturas. mecânica ou a memorização de processo.
Num mundo em que as calculadoras estão
Assumiremos a visão de Lakatos (1978) de ao alcance de todos e que os computado-
que a Matemática é uma atividade humana res estão cada vez mais presentes, não se
que encerra nela mesma uma dialética de exige que se saiba a tabuada apenas, mas
conjecturas, refutações e demonstrações até sobretudo que se saiba que operação deve
chegar às conclusões. Mas enfatizamos que “a ser feita para se tomar a decisão correta. As
Matemática, nessa perspectiva, não envolve tendências atuais em educação matemática
unicamente as conclusões em si mesmas, mas vão na direção de buscar a vinculação prática
a atividade que leva a estabelecê-las” (VILA entre o que ocorre na sala de aula e fora dela.

107
Sumário principal

A palavra-chave é “contextualização” e a meta é ensinar uma Matemática para formar os cidadãos


críticos exigidos pela sociedade dialógica. Assim, se deve:

Fazer menos... Fazer mais...


Aula expositiva Orientação, motivação
Trabalho individual Trabalho em grupo
Trabalho em contexto Aplicações cotidianas, globalização
Trabalho abstrato Modelização e conexão
Temas tradicionais do passado Temas interessantes de hoje
Memorização instantânea Compreensão duradoura
Informação acabada Descoberta e busca
Atividades fechadas Atividades abertas
Exercícios rotineiros Problemas compreensivos
Simbolismo matemático Uso de linguagens diversas
Tratamento formal Visualização
Ritmo uniforme Ritmo personalizado
Avaliação de algoritmos Avaliação do raciocínio
Avaliação quantitativa Avaliação qualitativa
Avaliação do desconhecimento Avaliação formativa
Quadro 1 - Linhas do ensino da Matemática no século XXI.13

Assim, Palomar (2004) conclui dizendo que são as regras e as normas que regulam os
aprender Matemática implica aprender a diferentes procedimentos matemáticos); a
(re)conhecer a Matemática da vida real: afetiva (quer dizer, o conjunto de emoções
habilidades, conhecimentos, disposições, e sentimentos que acompanham as pessoas
capacidades de comunicação e sua aplica- durante a aprendizagem); e a cognitiva
ção na vida cotidiana. Uma aprendizagem (referente concretamente à maneira de
do seu ponto de vista implica quatro dimen- aprender, quer dizer, às estratégias que a
sões diferentes: a instrumental (que se refere pessoa utiliza para entender um conceito
ao conjunto de símbolos que constituem a matemático e incorporá-lo a seu conhe-
linguagem matemática); a normativa (que cimento).

13 Alsina, C. 2000. “Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro” en Goñi (coord.). El currículum de matemáticas en los
inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno.

108
Sumário principal

Segundo MIGUEL (2007), leva-se em conta crítica? Para Skovsmose (2006) o conceito de
no processo de ensino-aprendizagem quem competência crítica enfatiza que os estu-
aprende, quem ensina e o saber a ser ensinado, dantes devem estar envolvidos e participar
buscando o crescimento integral do educando. ativamente do processo educacional e, para
Ao buscar a compreensão do crescimento isso, precisamos pensar em uma escola de-
dos indivíduos, levamos em consideração mocrática, em um currículo democrático e
que a construção do conhecimento é tem- em práticas democráticas.
poral, histórica e intencional, que encontra
na família, no ambiente social e na cultura os Lembremos de Freire (1992, pp. 81-82) que
fatores determinantes do desenvolvimento diz: “ensinar é um ato criador, um ato crítico
humano. Baseado nisso pode-se acrescentar e não mecânico”. Sem querer tirar do profes-
às quatro dimensões sugeridas por Palomar as sor a responsabilidade pela aprendizagem
dimensões histórica, social e cultural. dos seus alunos, Freire ainda destaca que
o professor precisa, sim, conhecer o que
Dentro da visão de que o aprendizado resulta ensina, no entanto, afirma que:
em desenvolvimento mental, que põe em mo-
vimento vários processos de desenvolvimento, Não é possível ensinar a aprender sem en-
nos reportamos a Machado (1995), que diz sinar um certo conteúdo através de cujo
conhecimento se aprende a aprender, não
que comprender é aprender o significado e
se ensina igualmente a disciplina de que
aprender o significado é ver o objeto do conhe- estou falando a não ser na e pela prática
cimento em relação a outros conhecimentos, cognoscente de que os educandos vão se
interligando-os e articulando-os. tornando sujeitos cada vez mais críticos.
(FREIRE, 1992, pp. 81-82).

6.4.1 Contribuição da disciplina Esse processo só pode ser intermediado


para a formação humana pelo diálogo que, segundo Freire (2005),
implica um pensar crítico, para somente
Nesse processo de construção de significados assim termos um processo educacional capaz
apontamos para a questão da criticidade. E já de formar pessoas que possam se inserir e
que estamos falando de competências por transformar a sociedade; sem diálogo não há
que não falarmos também que é um papel comunicação; sem essa, não há verdadeira
da Matemática despertar para a competência educação.

109
Sumário principal

Ainda para Freire (1996, p. 30), ensinar exige Apresentar a Matemática como conheci-
respeito aos saberes dos educandos. Portan- mento em permanente construção a partir
to, antes de qualquer ação de intervenção de contextos atuais, guardando estreita
se exige previamente uma valorização dos relação com as condições sociais, políticas
e econômicas ao longo dos tempos rela-
saberes construídos pelos estudantes ao lon-
cionadas com a história da Matemática.
go de suas vidas. Descobrir e despertar esses
saberes e trazê-los para o contexto escolar, Estimular o espírito de investigação e
a fim de transformá-los e ressignificá-los, é desenvolver a capacidade de resolver
problemas.
uma tarefa processual que ocorre em vários
momentos e é essencial para a formação Relacionar os conhecimentos matemá-
cidadã do indivíduo. ticos com a cultura e as manifestações
artísticas e literárias.
Dentro dessa perspectiva, defende-se um Estabelecer relação direta com a tecno-
ensino que reconheça saberes e práticas logia em uma via de mão dupla: como
matemáticas dos cidadãos e das comunidades a Matemática colabora na compreensão
locais – que são competências prévias relati- e utilização das tecnologias e como as
vamente eficientes –, mas que não se abdique tecnologias podem colaborar para a
do saber matemático mais universal. Além compreensão da Matemática.
disso, o desenvolvimento de competências Oportunizar a compreensão e transfor-
e habilidades matemáticas contribui mais mação do mundo em que vivemos, seja a
diretamente para auxiliar o cidadão a ter comunidade local, o município, o Estado,
uma visão crítica da sociedade em que vive o país ou o mundo.
e a lidar com as formas usuais de representar Desenvolver a capacidade de resolução
indicadores numéricos de vários fenômenos de problemas e promover o raciocínio e
econômicos, sociais, físicos, entre outros. a comunicação matemáticos.
Relacionar os conhecimentos matemá-
ticos (aritmético, geométrico, métrico,
6.4.2 Objetivos da disciplina algébrico, estatístico, combinatório,
probabilístico) entre eles e com outras
Partindo do princípio de que a Matemática deve áreas do conhecimento.
contribuir para a formação global do cidadão, Possibilitar situações que levem o estu-
consideramos os seguintes objetivos: dante a validar estratégias e resultados,

110
Sumário principal

de forma que possam desenvolver o matemáticas, nos quais o fazer, o argumentar


raciocínio e processos, como intuição, e o discutir têm grande importância nesse
indução, dedução, analogia, estimativa, processo.
e utilizarem conceitos e procedimentos
matemáticos, bem como instrumentos
As situações a propor aos alunos, tanto
tecnológicos disponíveis.
numa fase de exploração de um conceito
Apresentar a Matemática de forma a como na de consolidação e aprofundamen-
permitir ao estudante comunicar-se to, devem envolver contextos matemáticos
matematicamente, ou seja, que saiba
e não-matemáticos e incluir outras áreas
descrever, representar e apresentar
resultados com precisão e argumentar do saber e situações do cotidiano dos
sobre suas conjecturas, fazendo uso da alunos. É importante que essas situações
linguagem oral, escrita e pictórica, estabe- sejam apresentadas de modo realista e
lecendo relações entre elas e as diferentes sem artificialidade, permitindo capitalizar
representações matemáticas. o conhecimento prévio dos alunos. As si-
tuações de contextos menos conhecidos
6.4.3 Principais alternativas precisam de ser devidamente explicadas,
metodológicas de modo a não se constituírem obstáculos
à aprendizagem.
Refletindo sobre alternativas
metodológicas Além de utilizar ideias e processos matemá-
ticos para lidar com problemas e situações
Colocar os alunos frente a diversos tipos de contextualizadas, os alunos precisam saber
experiências matemáticas, como resolver trabalhar igualmente em contextos pura-
problemas, realizar atividades de investiga- mente matemáticos, que envolvam raciocí-
ção, desenvolver projetos e atividades que nios aritméticos, geométricos e algébricos.
envolvam jogos e ainda resolver exercícios Desenvolver a capacidade de resolução
que proporcionem uma prática compreensiva de problemas e promover o raciocínio e a
de procedimentos, é a meta desta proposta. comunicação matemáticos, para além de
Consideramos que o ensino-aprendizagem constituírem objetivos de aprendizagem
tem de prever momentos para confronto de centrais neste currículo, constituem também
resultados, discussão de estratégias e institu- importantes orientações metodológicas para
cionalização de conceitos e representações estruturar o trabalho de sala de aula.

111
Sumário principal

A resolução de problemas como metodologia consideração dois aspectos: ver a Matemá-


tem a proposta de romper com o currículo tica como um fenômeno cultural e a forte
linear e avançar num ensino que integre influência do contexto sociocultural para
conteúdos e articule conhecimentos, propi- professores e alunos nesse processo.
ciando o desenvolvimento de uma atitude de
investigação frente às situações-problema, Convém precisar que um problema mate-
bem como a construção da capacidade de se mático é uma situação em que a solução
comunicar matematicamente e utilizar pro- não está disponível de imediato e que
cessos de pensamentos mais elevados. Essa demanda a realização de uma sequência
metodologia favorece o desenvolvimento da de ações. Resolver um problema não se
capacidade de se adaptar a novas situações, resume em compreendê-lo e dar resposta
além de ver a Matemática como uma ciência correta aplicando procedimentos adequados.
dinâmica, construída pelo homem, na qual É necessário que o aluno se aproprie do
haja lugar para conjecturas, refutações e conhecimento envolvido, desenvolvendo
demonstrações. habilidades que lhe permitam por à prova
os resultados, testar seus efeitos, comparar
Os elementos básicos que compõem esse diversos caminhos para obter a solução, o
ambiente de aprendizagem são o professor, que exige que saiba argumentar sobre os
com sua visão de Matemática e suas concep- procedimentos desenvolvidos. Isso desen-
ções14 de ensino e aprendizagem; os alunos, volve no aluno a criatividade, a reflexão,
com seus conhecimentos, emoções, visão a argumentação, enfim, o pensar sobre o
da sociedade onde vivem e suas interações, próprio conhecimento (metacognição).
etc. e, por último, os problemas selecionados Nessa forma de trabalho, o valor da resposta
com uma determinada intenção, visando correta cede lugar ao valor do processo de
à investigação e ao estabelecimento de resolução e à investigação. Enfatizamos, pois,
relações e múltiplas articulações. No entanto, que trabalhar via a resolução de problemas
ao indagar sobre as relações afetivas dos requer uma mudança de postura e uma nova
alunos com a Matemática e suas motivações organização da prática de sala de aula. Para
para a aprendizagem, precisamos levar em Soligo (2001):

O desafio de organizar a prática pedagó-


14 A definição de concepção assumida é de que comporta gica a partir do modelo metodológico
visões, saberes, atitudes e crenças.

112
Sumário principal

da resolução de problemas se expressa, afirma que o computador deveria ser usado


principalmente, no planejamento de no processo de ensino-aprendizagem, antes
situações de ensino e aprendizagem
de qualquer outra coisa, como um meio para
difíceis e possíveis ao mesmo tempo,
implementar o que com outros meios não seria
ou seja, em atividades e intervenções
pedagógicas adequadas às necessidades possível ou seria difícil obter. Diferentemente
e possibilidades de aprendizagem dos do que alguns educadores temem, não se trata
alunos. de implementar com o computador a ação de
outros meios educativos cuja qualidade está
A organização do trabalho escolar dentro bem demonstrada. Percebe-se nessa fala a
da perspectiva da resolução de problemas preocupação em não fazer do computador
depende, portanto, de uma ação direta do uma simples transferência de ações que já
professor que possa contribuir para que o ocorrem com a utilização de outros meios e
estudante avance na construção do conheci- sim para potencializá-las com a incrementação
mento, nos processos essenciais da formação de tarefas difíceis ou impossíveis de serem
do cidadão, na forma de conjecturar, fazer realizadas sem um meio virtual, valorizando o
inferência, descobri regularidades e refinar papel do professor como intermediador desse
ideias e procedimentos. novo processo de aprendizagem. Nessa pers-
pectiva, para contribuir com a aprendizagem
Dentro da metodologia de resolução de proble- da Matemática é necessário que pensemos no
mas podemos ainda apontar outras alternativas uso do computador dentro de uma abordagem
metodológicas para a prática docente, uma que permita a ação do sujeito e a reflexão sobre
delas o uso do computador como uma das essa ação, e para isso deve-se buscar utilizar
possíveis tecnologias que podem ser inseridas ambientes computacionais que valorizem a
no processo de ensino-aprendizagem. Para experimentação e a investigação.
começar a pensar sobre o uso do computador
na escola, antes precisamos entender qual o Outra questão importante é discutir sobre
seu papel e em que sentido pode contribuir o uso da calculadora na escola. Um recurso
para a construção do conhecimento. Para utilizado de forma quase natural em nossa
Seymor Papert (1994) os computadores devem sociedade. Os preços acessíveis e a facilidade
servir como instrumentos para se trabalhar e de serem encontradas as tornaram instru-
pensar, meios para realizar projetos, fonte de mentos imprescindíveis. Afinal, quem nunca
conceitos para pensar novas ideias. Galvis (1988) manuseou uma calculadora? Imaginemos

113
Sumário principal

como seria se ela não existisse? Quanto tempo de conteúdos, além de seu caráter motivador.
perdido e quantos negócios deixariam de Para tal, evidenciam-se as contribuições
ser feitos se não pudéssemos contar com do processo de construção histórica dos
a agilidade desse recurso? No entanto, é conceitos e procedimentos matemáticos.
o educador quem deve decidir o melhor
momento de uso, e quais são as situações nas Dentre os recursos didáticos que auxiliam
quais a calculadora poderá ser inserida para o ensino- aprendizagem da Matemática na
contribuir na construção do conhecimento escola, os jogos, os materiais concretos, o
e não como algo que venha a substituir me- livro didático e o trabalho com projetos me-
todologias já existentes. É importante que recem destaque. Os materiais concretos têm
o uso ocorra de forma paralela aos cálculos efeitos positivos no ensino-aprendizagem da
mentais e estimativas, seja na construção Matemática, auxiliando no caminho para a
de conceitos, na resolução de problemas, abstração matemática, bem como o trabalho
na organização e gestão de dados ou em com jogos, que fornecem uma excelente
atividades específicas que colaborem para a oportunidade para que sejam explorados
construção de significados pelos alunos. aspectos importantes dessa metodologia.
Como exemplo, convém lembrar que a ob-
Ao nos referirmos à atribuição de significa- servação precisa dos dados, a identificação
dos pelos alunos não poderíamos deixar das regras, a procura de uma estratégia, o
de mencionar que uma das formas mais emprego de analogias, a redução a casos
eficazes de atribuir significado aos conceitos mais simples, a variação das regras, entre
matemáticos é contextualizá-los no processo outras possibilidades, são capacidades que
de evolução histórica desses conceitos. No podem ser desenvolvidas quando se trabalha
entanto, trazer a história da Matemática é com jogos na aula de Matemática.
evidenciar as articulações da Matemática
com as necessidades do homem de cada No âmbito pedagógico, é fundamental o as-
época. Essa história não deve se limitar à pecto interativo propiciado pela experiência
descrição de fatos ocorridos no passado com jogos matemáticos, pois os alunos não
ou à atuação de personagens famosos. Ao ficam na posição de meros observadores,
se trazer para a sala de aula fatos da história e transformam-se em elementos ativos, na
da Matemática, tem-se como propósito a tentativa de busca da estratégia vencedora,
superação das dificuldades de aprendizagem buscando solucionar o problema posto à sua

114
Sumário principal

frente. Certamente que tal atitude é extre- ramos do saber, além de possibilitar a inte-
mamente positiva para a aprendizagem das gração de vários ramos da Matemática. Outra
ideias matemáticas subjacentes aos jogos. dimensão positiva dessa ação pedagógica é a
possibilidade de escolha de projetos com te-
O livro didático, por sua vez, tem sido ao mas transversais de interesse da comunidade,
longo dos anos o único suporte do trabalho que favoreçam o despertar do aluno para os
pedagógico do professor, convertendo-se em problemas do contexto social e cultural, além
um dos apoios disponíveis para o professor; de contribuir para ações que, ao entender
talvez o mais importante, o mais facilmente esse contexto, o modificam.
acessível, na disponibilidade do material tex-
tual que vai ser objeto de estudo, na indicação Um fato a considerar é que a metodologia de
dos conteúdos relevantes e nas propostas ensino-aprendizagem aqui tratada e as dife-
de atividades que ensejam sua exploração. rentes alternativas metodológicas e recursos
Espera-se que dentro de uma perspectiva mais didáticos exigem dos professores e alunos uma
ampla o livro didático deixe de ser o único nova postura diante do conhecimento e, aliada
instrumento de apoio ao professor e que ele a isso, uma permanente busca a variadas fontes
possa complementar esse recurso, atendendo de informação e a momentos de interação
às diferenças regionais e particularidades fora dos limites da sala de aula.
locais. Para tal, que utilize textos e filmes
diversos que tratem de temas de interesse COMPETÊNCIAS/HABILIDADES
dos indivíduos envolvidos, e a internet, com
Dentre as competências gerais para todos
sua gama de conexões, no sentido de ampliar os anos do Ensino Básico citamos:
as informações e o repertório textual.
Estabelecer conexões entre os campos
Ressaltamos o trabalho com projetos, que se da Matemática e entre essa e as outras
harmoniza com a resolução de problemas, áreas do saber.
tendo como ponto comum a valorização Raciocinar logicamente, fazer abstrações
do envolvimento ativo do professor e dos com base em situações concretas, gene-
alunos nas ações investigativas desenvolvi- ralizar, organizar e representar.
das em sala de aula. Além disso, os projetos Comunicar-se utilizando as diversas
são oportunidades adequadas à prática da formas de linguagem empregadas na
interdisciplinaridade, quando articulam vários Matemática.

115
Sumário principal

Resolver problemas, criando estratégias Reconhecer relações entre a Matemática


próprias para sua resolução, desenvol- e as outras áreas do conhecimento, per-
vendo a imaginação e a criatividade. cebendo sua presença nos mais variados
campos de estudo e da vida humana.
Utilizar a argumentação matemática
apoiada em vários tipos de raciocínio: Compreender dados estatísticos, inter-
dedutivo, indutivo, probabilístico, por pretá-los e tirar conclusões que possam
analogia, plausível, etc. ir além dos dados oferecidos, estabele-
cendo tendências e possibilidades.
Utilizar as novas tecnologias de compu-
tação e informação. Identificar e analisar valores das variáveis,
intervalos de crescimento e decrescimen-
Desenvolver a sensibilidade para as liga-
to em um gráfico cartesiano sobre tema
ções da Matemática com as atividades
socioeconômico ou técnico-científico.
estéticas no agir humano.
Visualizar e analisar formas diversas e
Perceber a beleza das construções
geométricas.
matemáticas, muitas vezes expressa na
simplicidade, na harmonia e na organi- Diante de formas geométricas planas e
cidade de suas construções. espaciais, reais ou imaginárias, conhecer
suas propriedades, relacionar seus ele-
Expressar-se com clareza utilizando a
mentos.
linguagem matemática.
Calcular comprimentos, áreas e volumes
Outras competências, igualmente fundamen- e saber aplicar esse conhecimento no
cotidiano.
tais para o Ensino Básico, estão associadas
a campos matemáticos mais específicos e Utilizar grandezas diversas para medir
são mencionadas a seguir: espaço, tempo e massa.
Reconhecer o caráter aleatório de cer-
Reconhecer e utilizar símbolos, códigos e tos fenômenos e utilizar processos de
nomenclaturas da linguagem matemática. contagem, estatística e cálculo de pro-
Identificar, transformar e traduzir ade- babilidades para resolver problemas.
quadamente valores e unidades básicas Identificar a formulação em linguagem
apresentadas sob diversas formas. matemática em uma situação-problema
Identificar dados relevantes de uma situação apresentada em certa área do conheci-
problema para buscar possíveis soluções. mento.

116
Sumário principal

6.4.4 Conteúdo Básico Comum - Matemática – Ensino Médio

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer os conjuntos • Trabalhar com aproximações dos nú- Números e operações.
dos números inteiros, ra- meros racionais e irracionais de manei- • Os conjuntos numéricos (N, Z, Q, R, C): re-
cionais e reais, suas dife- ra adequada à situação-problema. presentações e relações entre conjuntos.
rentes representações e • Reconhecer situações de proporciona-
as relações entre eles. • Operações e propriedades das operações
lidade direta e inversa e saber propor dos números reais.
• Compreender as proprie- e resolver problemas que requerem o
dades das operações em uso desses conceitos. • A representação dos números reais na reta
cada um dos conjuntos real.
• Operar com potências e compreender
numéricos e saber usá-las a escrita dos números em notação • Cálculo mental, estimativas, calculadora e
em situações concretas. científica. algoritmos.
• Utilizar a notação científica no trabalho • A calculadora e suas funções: o entendi-
com calculadoras científicas. mento de seus recursos para a resolução
de problemas.
• Trabalhar com porcentagens, reconhe-
cer suas diferentes representações e • Notação científica como forma de compre-
utilizá-las para resolver problemas. ender a escrita de números muito grandes
ou muito pequenos.
• A proporcionalidade no dia a dia.
• A matemática do comércio: porcentagem,
juros, desconto, etc.
• Juros simples e progressão aritmética.
• Juros compostos e progressão geométri-
ca.

117
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Visualizar e descrever • Realizar construções geométricas de Geometria, grandezas e medidas
propriedades e relações polígonos, sólidos e lugares geomé- • Visualização e análise de figuras geométri-
geométricas, por meio da tricos, por meio de régua e compasso cas.
análise e comparação de e geometria dinâmica.
figuras. • Os polígonos, suas características e seme-
• Reconhecer relações entre elementos lhanças: demonstrações simples.
• Fazer pequenas inferências de figuras semelhantes e homotéti-
e deduções em geometria, cas. • Construções geométricas.
demonstrando teoremas • Resolver problemas geométricos • Congruência, semelhança e homotetia.
simples da geometria pla- utilizando construções, envolvendo • Resolução de problemas envolvendo os
na. lugares geométricos, congruência e conceitos de perímetro, área e volume.
semelhança de triângulos.
• Medidas de comprimento, área, volume,
• Saber justificar os processos utilizados massa, tempo, etc.
nas construções geométricas.
• Simetria: translação, rotação e reflexão.
• Reconhecer os eixos cartesianos e
• Os eixos cartesianos: a representação de
usá-los para representar pontos no
pontos por meio de coordenadas.
plano.
• Introdução à geometria analítica: pontos,
• Saber calcular perímetro, áreas e vo-
distâncias entre pontos, ponto médio, a
lumes de figuras diversas, bem como
reta como lugar geométrico.
reconhecer suas aplicações na reso-
lução de problemas diversos.
• Utilizar de forma correta as unidades
de medidas.
• Identificar transformações geométricas
e ter sensibilidade para relacionar a
geometria com as artes e as diferentes
culturas.
• Saber utilizar modelos geométricos
na resolução de problemas reais.
• Reconhecer simetrias em objetos di-
versos.

118
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Ler e interpretar tabelas • Coletar e organizar dados de pesqui- Estatística e probabilidade
e gráficos em situações sa. • O tratamento da informação: leitura e in-
diversas e comunicar as • Registrar ideias e procedimentos. terpretação de tabelas e gráficos.
interpretações feitas.
• Comunicar-se utilizando as diversas • Construção de gráficos diversos retratando
• Processar informações di- formas de linguagem. problemas do cotidiano.
versas.
• Utilizar a argumentação matemática • Construção de gráficos das funções do 1º
apoiada em vários tipos de raciocí- e 2º graus.
nios. • Noções de frequências e moda.
• Compreender dados estatísticos, • Introdução à probabilidade.
interpretá-los e tirar conclusões que
possam ir além dos dados oferecidos,
estabelecendo tendências e possibi-
lidades.
• Desenvolver o sentido crítico face ao
modo como a informação é apresen-
tada.
• Criticar argumentos baseados em
dados de natureza quantitativa.
• Desenhar e interpretar gráficos rela-
cionados às funções polinomiais do
1º e 2º graus.
• Reconhecer o significado • Resolver equações e sistemas de equa- Álgebra e funções
de fórmulas nas situações ções. • A linguagem da álgebra: a letra como va-
concretas e saber utilizá- • Usar equações e sistemas como estra- riável (fórmulas e generalizações) e incóg-
las para resolver situações- tégias de resolução de problemas. nita.
problema.
• Compreender o conceito de função • Resolução de problemas do cotidiano en-
como relação entre variáveis e corres- volvendo funções.
pondência entre conjuntos. • Funções: conceito de variável, domínio e
• Representar funções utilizando vários imagem.
recursos algébricos e geométricos e • Função polinomial do 2º grau: definições,
recorrendo à tecnologia gráfica. construção de gráficos, interpretação e
• Representar por meio de gráficos uma análise de gráficos.
função e compreendê-la como uma • Representação analítica de retas.
dependência entre duas variáveis.
• Função polinomial de 1º grau (estabelecen-
• Entender o uso das funções como do relações com progressão aritmética).
modelos matemáticos de situações
do mundo real.

119
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Reconhecer os conjuntos • Utilizar aproximações dos números racio- Números e operações
dos números reais, suas nais e irracionais de maneira adequada • Análise combinatória: princípio funda-
diferentes representações à situação-problema. mental da contagem.
e operar com eles; • Utilizar a notação científica no trabalho • Chances e possibilidades.
• Compreender as proprie- com calculadoras científicas.
dades das operações em • Introdução à teoria dos grafos.
• Calcular porcentagens, juros, descontos,
cada um dos conjuntos amortização, etc. e utilizar esses conceitos • Noções de matrizes: conceitos e repre-
numéricos e saber usá-las na resolução de problemas. sentações.
em situações concretas.
• Resolução de sistemas de equações do
primeiro grau.
• A resolução de problemas, a função ex-
ponencial e a progressão geométrica; no-
ções de logaritmo e suas aplicações.
• A matemática do comércio e da indústria:
matemática financeira.
• Perceber a beleza das • Calcular comprimentos, áreas e volumes Geometria, grandezas e medidas
construções matemáticas, e aplicar esse conhecimento. • Retomando o Teorema de Pitágoras;
muitas vezes expressa na • Conhecer e saber trabalhar com as razões
simplicidade, na harmonia • Trigonometria no triângulo retângulo:
trigonométricas no cotidiano. seno, cosseno e tangente.
e na organicidade de suas
construções. • Utilizar o teorema de Pitágoras em pro- • Trigonometria em triângulo qualquer:
blemas do cotidiano e em diferentes medidas de distâncias inacessíveis.
• Reconhecer relações entre profissões.
a Matemática e as outras • Geometria: a visualização e análise das
áreas do conhecimento, • Utilizar a trigonometria para resolver formas poliédricas.
percebendo sua presença problemas relacionados a distâncias ina-
cessíveis. • A resolução de problemas envolvendo
nos mais variados campos
conceitos geométricos de figuras planas
de estudo e da vida huma- • Utilizar as construções gráficas para re- e espaciais e o teorema de Pitágoras.
na. presentar modelos do cotidiano.
• Grandezas e medidas: cálculo de perí-
• Utilizar de forma correta as unidades de metro, área, volume (figuras planas e
medidas. poliedros).
• Identificar transformações geométricas • Volume dos principais sólidos geomé-
e ter sensibilidade para relacionar a geo- tricos.
metria com as artes e com as diferentes
culturas. • Construções geométricas utilizando a
geometria dinâmica.
• Perceber a beleza dos fractais e seu uso
em problemas atuais, entendendo suas • A geometria dos fractais.
construções.
• Utilizar modelos geométricos na resolu-
ção de problemas do cotidiano.

120
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Ler e interpretar tabelas • Coletar e organizar dados de pesquisa. Estatística e probabilidade
e gráficos em situações • Registrar ideias e procedimentos. • O tratamento da informação: leitura e
diversas e comunicar as interpretação de tabelas e gráficos.
interpretações feitas. • Compreender dados estatísticos, inter-
pretá-los e tirar conclusões que possam • Construção de gráficos diversos retra-
• Processar informações ir além dos dados oferecidos, estabele- tando problemas do cotidiano.
diversas. cendo tendências e possibilidades. • Frequências e moda.
• Desenvolver o sentido crí-
tico face ao modo como • Cálculo de médias.
a informação é apresen-
tada.
• Criticar argumentos base-
ados em dados de natu-
reza quantitativa.
• Reconhecer o significado • Resolver equações, inequação e sistemas Álgebra e funções
de fórmulas nas situações de equações. • Cálculos literais.
concretas e utilizá-las para • Usar equações, inequações e sistemas
resolver situações-proble- • A função exponencial.
como estratégias de resolução de pro-
ma. blemas. • Resolução de problemas que envolvem
• Entender o uso das fun- sistemas de equações e equações.
• Compreender o conceito de função ex-
ções como modelos ma- ponencial como relação entre variáveis
temáticos de situações do e correspondência entre conjuntos.
mundo real.
• Representar funções utilizando vários
recursos algébricos e geométricos e re-
correndo à tecnologia gráfica.
• Representar por meio de gráficos uma
função e compreendê-la como uma
dependência entre duas variáveis.

121
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Resolver problemas, traçando estra- • Trabalhar com aproximações, Números e operações
tégias e validando soluções. estimativas, cálculo mental e • Resolução de problemas utilizando
calculadora de maneira ade- grafos.
quada à situação-problema
apresentada. • Resolução de problemas utilizando
o princípio fundamental da conta-
• Trabalhar com porcentagens, gem.
juros, descontos, amortização,
etc. e utilizar esses conceitos na • Resolução de problemas envolvendo
resolução de problemas. números reais, chances e possibilida-
des.
• A resolução de problemas e as diver-
sas funções.
• A matemática do comércio e da in-
dústria: matemática financeira.
• Perceber a beleza das construções • Conhecer os sólidos geométricos Geometria, grandezas e medidas
matemáticas, muitas vezes expressa e suas características e calcular • A geometria espacial: representação
na simplicidade, na harmonia e na áreas e volumes. dos sólidos e cálculo de medidas.
organicidade de suas construções. • Conhecer e trabalhar com as ra- • Teorema de Euler: relacionando faces,
• Utilizar as construções gráficas para zões trigonométricas. vértices e arestas dos poliedros.
representar modelos do cotidiano. • Utilizar a trigonometria para re- • Retomando o estudo dos volumes.
• Identificar transformações geométri- solver problemas relacionados a
cas e ter sensibilidade para relacionar distâncias inacessíveis. • Volume de troncos.
a geometria com as artes e com as • Reconhecer e representar grafica- • Trigonometria em triângulo retân-
diferentes culturas. mente as funções trigonométri- gulo.
• Utilizar modelos geométricos na reso- cas básicas, utilizando os recursos • Trigonometria em triângulo qualquer:
lução de problemas do cotidiano. tecnológicos diversos. medidas de distâncias inacessíveis.
• Trigonometria na circunferência: seno,
cosseno e tangente.

122
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES CONTEÚDOS


• Ler e interpretar tabelas e gráficos • Coletar e organizar dados de pes- Estatística e probabilidade
em situações diversas e comunicar quisa. • O tratamento da informação: leitura e
as interpretações feitas. • Registrar ideias e procedimen- interpretação de tabelas e gráficos.
• Processar informações diversas. tos. • Construção de gráficos diversos re-
• Compreender dados estatísticos, tratando problemas do cotidiano.
interpretá-los e tirar conclusões • Noções básicas de estatística: de-
que possam ir além dos dados finições, termos de uma pesquisa
oferecidos, estabelecendo ten- estatística, representação gráfica,
dências e possibilidades. medidas de tendência central e de
• Desenvolver o sentido crítico face dispersão (desvio padrão).
ao modo como a informação é • Probabilidade.
apresentada.
• Ter sensibilidade para criticar ar-
gumentos baseados em dados
de natureza quantitativa.
• Reconhecer o significado de fórmulas • Resolver equações, inequações Álgebra e funções
nas situações concretas e utilizá-las e sistemas de equações. • Cálculos literais.
para resolver situações-problema. • Usar equações, inequações e • Resolução de problemas que envol-
• Entender o uso das funções como sistemas como estratégias de vem equações, inequações e sistemas
modelos matemáticos de situações resolução de problemas. de equações.
do mundo real. • Compreender o conceito das fun- • Resolução de problemas envolvendo
ções trigonométricas, verificar e funções diversas.
analisar o comportamento dessas
funções. • Introdução à função seno e à função
cosseno e suas aplicações.
• Representar funções utilizando
vários recursos algébricos e ge-
ométricos e recorrendo à tecno-
logia gráfica.
• Representar por meio de gráficos
uma função e compreendê-la
como uma dependência entre
duas variáveis.

123
Sumário principal

6.4.5 Referências

ABRANTES, P.; PONTE, J. P. da; FONSECA, H.; BRUNHEIRA, L. Investigações matemáticas na aula e no currículo.
Lisboa: Projecto Matemática para todos e Associação de Professores de Matemática, 1999.
ALSINA, C. Mañana será otro día: un reto matemático llamado futuro en Goñi (coord.). El currículum de mate-
máticas en los inicios del siglo XXI. Barcelona: Graó. Biblioteca de Uno, 2000.
BRASIL. Currículo nacional do ensino básico: competências essenciais. Brasília, DF, MEC, 2001.
CHEVALLARD, Y. La transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. Argentina: Aique, 1991.
D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. Campinas, SP: Papirus, 1996. Coleção perspectivas
em educação matemática.
______. Sociedade, cultura, matemática e seu ensino. Educação e pesquisa, São Paulo, Brasil, v. 1, n. 31, p.99-120,
jan./abr. 2005.
DEVLIN, Kleith. O gene da matemática: o talento para lidar com números e a evolução do pensamento matemático.
Rio de Janeiro: Record, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
______. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GALVIS, A. H. Ambientes de enseñanza-aprendizaje enriquecidos con computador. Boletin de Informática
Educativa. Bogotá, Colômbia, Dezembro de 1988, 117-38.
GOÑI, Jésus Maria et al. (Org.). El currículum de matemáticas en los inícios de siglo XXI. Barcelona: Graó, 2000.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa, I: racionalidad de la acción y racionalización social. Madrid: Taurus,
1987a.
HABERMAS, J. Teoría de la acción comunicativa, II : crítica de la razón funcionalista. Madrid: Taurus, 1987b.
KUENZER, Acácia Z. Ensino de 2º grau: o trabalho como princípio educativo. São Paulo: Cortez, 2001.
LAKATOS, I. Pruebas e refutaciones. Madrid: Alianza, 1978.
MACHADO, Nilson. Conhecimento e valor. São Paulo: Moderna, 2004. Coleção Educação em pauta: teorias e
tendências.
_______. Epistemologia e didática: as concepções de conhecimento e inteligência e a prática docente. São Paulo:
Cortez, 1995.
_______. Matemática e realidade: análise e pressupostos filosóficos que fundamentam o ensino da matemática.
São Paulo: Cortez, 1987. Coleção Educação contemporânea.
MATOS, J. M.; SERRAZINA, L. Didáctica da matemática. Lisboa: Universidade Aberta, 1996.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2001.
NACARATTO, A; PAIVA, M. A. V. (Org). A formação do professor que ensina matemática: perspectivas e pesquisas.
Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

124
Sumário principal

PAIS, Luiz Carlos. Didática da matemática: uma análise da influência francesa. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
Coleção Tendências em educação matemática.
PAIVA, M. A. V. Concepções do ensino de geometria: a partir da prática docente. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1999. Tese
de Doutorado.
______; FREITAS, R. C. O. A resolução de problemas: uma metodologia de investigação. Vitória, ES: SEDU, 2008.
PALOMAR, Francisco Javier Díez. La enseñanza de las matemáticas em la educación de personas adultas: um
modelo dialógicco. 2004. 445 f. Tese (Doutorado) - Facultad de Pedagogía Universidad de Barcelona, España 2004.
Disponível em: <http://www.tdx.cesca.es/TDX-0331105-120753/index.html>. Acesso em: 04 jul. 2008.
PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas,
1994.
PINTO, Antônio Henrique. Educação matemática e formação para o trabalho: práticas escolares da escola técnica
de Vitória de 1960 a 1990. 2006. 175p. Tese (Doutorado) - Unicamp, Campinas/SP, 2006.
PONTE, João Pedro da. Investigar, ensinar e aprender. Actas do profmat: APM, Lisboa, n. , p.25-39, 2003. Disponível
em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/artigos-por-temas.htm>. Acesso em: 4 jul. 2008.
______; BROCARDO, Joana; OLIVEIRA Hélia. Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte: Autêntica,
2003.
SILVA, Diva Souza. Educação matemática crítica e a perspectiva dialógica de Paulo Freire: tecendo caminhos para a
formação de professores. In: ARAÚJO, Jussara de Loiola. Educação matemática crítica: reflexões e diálogos. Belo
Horizonte: Argumentum, 2007.
SKOVSMOSE, Ole. Cenários para investigação. Bolema – boletim de educação matemática, Rio Claro, n. 14, p.
66-91, 2000.
_______. Educação crítica: incerteza, matemática, responsabilidade. São Paulo: Cortez, 2007.
_______. Educação matemática crítica: a questão da democracia. Campinas, SP: Papirus, 2001.
SMOLE, Kátia S.; DINIZ, Maria Ignez. Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender
matemática. Porto Alegre: Artmed, 2001.
SOLIGO, Rosaura. Programa e escrita na escola: dez questões a considerar. Disponível em : <http://www.tvebrasil.
com.br/salto/boletins2001.
VALE, Isabel, et al. Números e álgebra: na aprendizagem da matemática na formação de professores. In: Secção de
educação matemática da sociedade portuguesa de ciências da educação. Lisboa: Fundação para Ciência e
Tecnologia, 2006.
VILA, A.; CALLEJO, M. L. Matemática para aprender e pensar: o papel das crenças na resolução de problemas. Porto
Alegre: ARTMED, 2006.
ZABALA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
_______. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para currículo escolar. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2002.
_______. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

125
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

Ensino Médio
Volume 03 - Área de Ciências Humanas
Sumário principal

GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE-GOVERNADOR
Ricardo de Rezende Ferraço

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Adriana Sperandio

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Mércia Maria de Oliveira Pimentel Lemos

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Gilmar Elias Arantes

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


José Raimundo Pontes Barreira

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


(Gestão.Info Consultoria, ES, Brasil)
E-mail: atendimento@gestaoinfo.com.br

Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação


E77e Ensino médio : área de Ciências Humanas / Secretaria da Educação. – Vitória : SEDU, 2009.
120 p. ; 26 cm. – (Currículo Básico Escola Estadual ; v. 03)

Conteúdo dos volumes : v. 01 - Ensino fundamental, anos finais, área de Linguagens e Códigos; v.
02 - Ensino fundamental, anos finais, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino fundamental, anos
finais, área de Ciências Humanas; v. 01 - Ensino médio, área de Linguagens e Códigos; v. 02 - Ensino
médio, área de Ciências da Natureza; v. 03 - Ensino médio, área de Ciências Humanas.
Volumes sem numeração : Ensino fundamental, anos iniciais; Guia de implementação.

ISBN 978-85-98673-07-3

1. Ensino - Espírito Santo (Estado) - Currículo. 2. Ensino médio - Currículo. 3. Ensino médio - Ciências
Humanas. 4. Ensino fundamental - Currículo. I. Título. II. Série.

CDD 373.19
CDU 373.5.016

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Av. César Hilal, nº 1.111, Santa Lúcia - Vitória/ES - CEP 29.056-085
Sumário principal

CURRÍCULO BÁSICO
ESCOLA ESTADUAL

“... nas condições de verdadeira aprendizagem


os educandos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.”

Paulo Freire
Sumário principal

COORDENAÇÃO GERAL PROFESSORES REFERÊNCIA Diversidade


Adriana Sperandio Ciências Humanas Adalberto Gonçalves Maia Junior, Adna Maria Farias Silva,
Subsecretária de Educação Básica e Profissional Adélia M. Guaresqui Cruz, Agnes Belmonci Malini, Alaíde Ana Paula Alves Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica
Leonara Margotto Tartaglia Trancoso, Alaércio Tadeu Bertollo, Alan Clay L. Lemos, Chiabai de Alencar, Antônio Fernando Silva Souza, Aurelina
Gerência de Ensino Médio Alcimara Alves Soares Viana, Alecina Maria Moraes, Sandra Barcellos de Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira,
Alexandre Nogueira Lentini, Anelita Felício de Souza, Cérlia Silva de Oliveira, Christina Araújo de Nino, Edna dos
Patricia Silveira da Silva Trazzi Ângela Maria Freitas, Angélica Chiabai de Alencar, Angelita
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Médio Santos Carvalho, Elenivar Gomes Costa Silva, Eliane dos
M. de Quadros P. Soprani, Antônio Fernando Silva Souza, Santos Menezes, Elzimeire Abreu Araújo Andrade, Evelyn
Janine Mattar Pereira de Castro Cristina Lúcia de Souza Curty, Dileide Vilaça de Oliveira, Vieira, Hebnézer da Silva, Ires Maria Pizzeta Moschen, Irineu
Gerência de Educação Infantil e Ensino Fundamental Ediane G. Morati, Edílson Alves Freitas, Edimar Barcelos, Gonçalves Pereira, Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira, João
Valdelina Solomão Lima Eliana Aparecida Dias, Eliana C. Alves, Eliethe A. Pereira,
Elisangela de Jesus Sousa, Elza Vilela de Souza, Epitácio Luiz Cerri, João Firmino, Léa Silvia P. Martinelli, Luciene
Subgerência de Desenvolvimento Curricular do Ensino Tosta Valim, Luciete de Oliveira Cerqueira, Marcos Leite
Fundamental Rocha Quaresma, Erilda L. Coelho Ambrozio, Ernani
Carvalho Nascimento, Fabiano Boscaglia, Francisco Castro, Rocha, Margareth Zorzal Fafá, Maria Adélia R. Braga, Maria
Maria do Carmo Starling de Oliveira Gilcimar Manhone, Gleydes Myrna Loyola de Oliveira, Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria da Ressurreição,
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade Gracielle Bongiovani Nunes, Hebnezer da Silva, Ilia Crassus Patrícia Maria Gagno F. Bastos, Paulo Roberto Arantes,
Pretralonga, Ires Maria Pizetta Moschen, Israel Bayer, Pedro Paulino da Silva, Rachel Miranda de Oliveira, Renan
COMISSÃO CURRICULAR - SEDU Ivanete de Almeida Pires, Jane Pereira, Jaqueline Oliozi, de Nardi de Crignis, Sebastião Ferreira Nascimento, Simone
João Carlos S. Fracalossi, João Luiz Cerri, Jorge Luis Verly Carvalho, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Vera Lúcia dos
Ana Beatriz de C. Dalla Passos, Aparecida Agostini Rosa Barbosa, José Alberto Laurindo, Lea Silvia P. Martinelli,
Oliveira, Conciana N. Lyra, Danilza A. Rodrigues, Denise Santos Rodrigues.
Leila Falqueto Drago, Lúcia H. Novais Rocha, Luciene
Moraes e Silva, Eliane Carvalho Fraga, Hulda N. de Castro, Maria Brommenschenkel, Luiz Antonio Batista Carvalho,
Jane Ruy Penha, Josimara Pezzin, Lúcia Helena Maroto, Séries Iniciais
Luiz Humberto A. Rodrigues, Lurdes Maria Lucindo,
Luciane S. Ronchetti, Luiza E. C. de Almeida, Malba Lucia Marcia Vânia Lima de Souza, Marcos André de Oliveira Adna Maria Farias Silva, Angélica Regina de Souza
Gomes Delboni, Márcia Gonçalves Brito, Márcia M. do Nogueira Goulart, Marcelo Ferreira Delpupo, Margarida Rodrigues, Dilma Demetrio de Souza, Divalda Maria
Nascimento, Maria Cristina Garcia T. da Silva, Maria da Maria Zanotti Delboni, Maria Alice Dias da Rosa, Maria da Gonçalves Garcia, Gleise Maria Tebaldi, Idalina Aparecida
Penha C. Benevides, Maria Geovana M. Ferreira, Maria Penha E. Nascimento, Maria da Penha de Souza, Maria de Fonseca Couto, Kátia Elise B. da Silva Scaramussa, Maria
José Teixeira de Brito, Mirtes Ângela Moreira Silva, Naédina Lourdes S. Carvalho Morais, Maria Elizabeth I. Rodrigues, Lúcia Cavati Cuquetto, Maria Verônica Espanhol Ferraz,
Barbieri, Neire Longue Diirr, Rita de Cássia Santos Silva, Maria Margaretti Perini Fiorot Coradini, Marlene M. R. Maura da Conceição, Rosiane Schuaith Entringer, Vera
Rita Nazareth Cuquetto Soares, Rosemar Alves de Oliveira Patrocínio, Marluce Furtado de Oliveira Moronari, Marta Lúcia dos Santos Rodrigues.
Siqueira, Sandra Fernandes Bonatto, Sidinei C. Junqueira, Margareth Silva Paixão, Mohara C. de Oliveira, Mônica
Sônia A. Alvarenga Vieira, Tania Mara Silva Gonçalves, Tânia V. Fernandes, Neyde Mota Antunes, Nilson de Souza
Maria de Paiva Zamprogno, Telma L. Vazzoler, Teresa Lúcia PROFESSORES COLABORADORES
Silva, Nilza Maria Zamprogno Vasconcelos, Paulo Roberto Aldaires Souto França, Alaíde Schinaider Rigoni, Antonia
V.C. Barbosa, Valéria Zumak Moreira, Verginia Maria Pereira
Costa, Zorailde de Almeida Vidal Arantes, Pedro Paulino da Silva, Raquel Marchiore Costa, Regina Fiorotti, Everaldo Simões Souza, Giovana Motta
Regina Jesus Rodrigues, Rodrigo Nascimento Thomazini,
Rodrigo Vilela Luca Martins, Rosangela Maria Costa Guzzo, Amorim, José Christovam de Mendonça Filho, Karina
Equipe de Apoio Marchetti Bonno Escobar, Márcio Correa da Silva, Marilene
Rosiana Guidi, Rosinete Aparecida L. P. Manzoli, Sabrina
Ana Amélia Quinopi Tolentino de Faria, Eduarda Silva Sacht, D. Larmelina, Salette Coutinho Silveira Cabral, Sandra Lúcia Merigueti, Nourival Cardozo Júnior, Rafaela Teixeira
Luciano Duarte Pimentel, Márcia Salles Gomes Renata Muniz Monteiro, Sebastião Ferreira Nascimento, Possato de Barros, Rogério de Oliveira Araújo, Rony Cláudio
Sérgio Rodrigues dos Anjos, Sulâne Aparecida Cupertino, de Oliveira Freitas, Roseane Sobrinho Braga, Sara Freitas
Assessora Especial Tânea Berti, Terezinha Maria Magri Rampinelli, Última da de Menezes Salles, Tarcísio Batista Bobbio.
Marluza de Moura Balarini Conceição e Silva, Valentina Hetel I. Carvalho, Vaneska
Godoy de Lima, Vera Lúcia dos Santos Rodrigues, Zelinda SUPERINTENDÊNCIAS REGIONAIS
CONSULTORAS Scalfoni Rodrigues. DE EDUCAÇÃO - TÉCNICOS
Najla Veloso Sampaio Barbosa SRE Afonso Cláudio: Iracilde de Oliveira, Lúcia Helena Novais
Viviane Mosé Ciências da Natureza e Matemática Rocha, Luzinete de Carvalho e Terezinha M. C. Davel. SRE
Adamar de Oliveira Silva, Américo Alexandre Satler, Barra de São Francisco: Ivonete Ribeiro de Oliveira Pereira,
ESPECIALISTAS Aminadabe de Farias Aguiar Queiroz, Ana Paula Alves Luciana Oliveira, Maria Adelina Vieira Clara, Marlene Martins
Ciências Humanas Bissoli, Anderson Soares Ferrari, Angélica Chiabai de Alencar, Roza Patrocínio e Mônica Valéria Fernandes. SRE Cachoeiro
Bruna Wencioneck de Souza Soares, Carlos Sebastião de de Itapemirim: Janet Madalena de Almeida N. Cortez, Regina
André Luiz Bis Pirola e Juçara Luzia Leite - História Oliveira, Cátia Aparecida Palmeira, Chirlei S. Rodrigues
Eberval Marchioro e Marisa Teresinha Rosa Valladares - Zumerle Soares, Silma L. Perin e Valéria Perina. SRE Carapina:
Soyer, Claudinei Pereira da Silva, Cristina Louzada Martins
Geografia da Eira, Delcimar da Rosa Bayerl, Edilene Costa Santana, Lucymar G. Freitas, Marluce Alves Assis e Rita Pellecchia. SRE
Luís Antônio Dagiós - Ensino Religioso Edson de Jesus Segantine, Edy Vinicius Silverol da Silva, Cariacica: Ivone Maria Krüger Volkers, Iza klipel, Madalena A.
Marcelo Martins Barreira - Filosofia Elizabeth Detone Faustini Brasil, Elzimeire Abreu Araújo Torres, Maria Aparecida do Nascimento Ferreira, Neusimar
Andrade, Érika Aparecida da Silva, Giuliano César Zonta, de Oliveira Zandonaide e Silvana F. Cezar. SRE Colatina:
Maria da Conceição Silva Soares - Sociologia
Irineu Gonçalves Pereira, Janaína Nielsen de Souza Corassa, Kátia Regina Zuchi Guio, Magna Maria Fiorot, Maria Angela
Ciências da Natureza e Matemática Jarbas da Silva, Jomar Apolinário Pereira, Linderclei Teixeira Cavalari e Maria Teresa Lins Ribeiro da Costa. SRE Guaçuí:
da Silva, Luciane Salaroli Ronchetti, Mara Cristina S. Ribeiro, Alcides Jesuína de Souza e Elizaldete Rodrigues do Valle.
Ângela Emília de Almeida Pinto e Leonardo Cabral Gontijo Marcio Vieira Rodrigues, Maria Alice Dias da Rosa, Maria SRE Linhares: Carmencéa Nunes Bezerra, Geovanete Lopes
- Física Aparecida Rodrigues Campos Salzani, Maria Nilza Corrêa de Freitas Belo, Luzinete Donato e Mônica Jorge dos Reis.
Claudio David Cari - Biologia/Ciências Martins, Maria de Glória Sousa Gomes, Marlene Athaíde
Gerson de Souza Mol - Química SRE Nova Venécia: Cirleia S. Oliveira, Edna Milanez Grechi,
Nunes, Organdi Mongin Rovetta, Patrícia Maria Gagno F. Maristela Contarato Gomes e Zélio Bettero. SRE São Mateus:
Maria Auxilidora Vilela Paiva - Matemática Bastos, Paulo Alex Demoner, Paulo Roberto Arantes, Pedro Bernadete dos Santos Soares, Gina Maria Lecco Pessotti,
Guilherme Ferreira, Renan de Nardi de Crignis, Renata da Laudicéia Coman Coutinho e Sebastiana da Silva Valani.
Linguagens e Códigos Costa Barreto Azine, Renato Köhler Zanqui, Renato Santos
Ana Flávia Souza Sofiste - Educação Física SRE Vila Velha: Aleci dos Anjos Guimarães, Ilza Reblim, Ivone
Pereira, Rhaiany Rosa Vieira Simões, Sandra Renata M. Braga Rosa, Luciane R. Campos Cruz, Maria Aparecida Soares
Carlos Roberto Pires Campos - Língua Portuguesa Monteiro e Wagna Matos Silva.
Adriana Magno, Maria Gorete Dadalto Gonçalves e Moema de Oliveira e Marilene O. Lima.
Lúcia Martin Rebouças - Arte Linguagens e Códigos
Rita de Cássia Tardin - Língua Estrangeira Alessandra Senna Prates de Mattos, Ana Cláudia Vianna
Nascimento Barreto, Ana Helena Sfalsim Soave, Antônio A Secretaria da Educação do Estado do
DIVERSIDADE Carlos Rosa Marques, Carla Moreira da Cunha, Carmencéa Espírito Santo autoriza a reprodução
Andressa Lemos Fernandes e Maria das Graças Ferreira Nunes Bezerra, Christina Araújo de Nino, Cláudia Regina deste material pelas demais secretarias
Lobino - Educação Ambiental Luchi, Edilene Klein, Eliane dos Santos Menezes, Eliane Maria de educação, desde que mantida a
Lorenzoni, Giselle Peres Zucolotto, Ilza Reblim, Izaura Célia
Inês de Oliveira Ramos Martins e Mariângela Lima de Menezes, Jaqueline Justo Garcia, Johan Wolfgang Honorato, integridade da obra e dos créditos.
Almeida - Educação Especial Jomara Andris Schiavo, Kátia Regina Zuchi Guio, Lígia Cristina
Leomar dos Santos Vazzoler e Nelma Gomes Monteiro - Magalhães Bettero, Luciene Tosta Valim, Magna Tereza Delboni
Educação Étnico Racial de Paula, Márcia Carina Marques dos Santos Machado, Maria
Aparecida Rosa, Maria do Carmo Braz, Maria Eliana Cuzzuol
Kalna Mareto Teao - Educação Indígena Gomes, Marta Gomes Santos, Núbia Lares, Raabh Pawer Este Documento Curricular é uma versão
Erineu Foerste e Gerda M. S. Foerste - Educação no Mara Adriano de Aquino, Renata Garcia Calvi, Roberto preliminar. Estará em avaliação durante todo
Campo Lopes Brandão, Rosângela Vargas D. Pinto, Sebastiana da o ano de 2009 pelos profissionais da Rede
Silva Valani, Sônia Maria da Penha Surdine Medeiros, Vivian Pública Estadual de Ensino.
Elieser Toretta Zen e Elizete Lucia Moreira Matos - Educação Rejane Rangel.
de Jovens e Adultos
Sumário principal

Prezado Educador,

O Governo do Estado do Espírito Santo acredita que a educação é fundamental na democratização


do acesso de todos os cidadãos a qualidade de vida e alcance de objetivos, quer sejam individuais
ou coletivos.

Questões como a melhoria da qualidade das aprendizagens, a necessidade de maior envolvimento


das famílias com a escola, a complexidade que envolve a infância e a juventude, além do avanço
que precisamos consolidar na gestão das escolas, das superintendências e da unidade central, são
alguns dos desafios postos hoje à eficiência da rede estadual de ensino.

Para enfrentá-los, a Secretaria de Estado da Educação elaborou e está implantando o Plano


Estratégico Nova Escola, que consiste numa agenda de projetos e ações prioritários para o período
de 2008-2011.

A construção do Novo Currículo da Educação Básica, como um plano único e consolidado, neste
contexto, sem dúvida, é um dos projetos considerados mais importantes e de impacto inigualável
para o alcance da melhoria da qualidade do ensino público estadual e das oportunidades de
aprendizagem oferecidas aos alunos.

Com grande satisfação afirmo que a etapa de elaboração do documento está cumprida e com o
mérito de ter contado com expressiva participação e envolvimento de educadores de nossa rede
em sua elaboração.

Temos certamente que comemorar, mas com a responsabilidade de saber que a fase mais complexa
inicia-se agora e, na qual, seu apoio e dedicação são tão importantes quanto na fase anterior.

Como equipe, conto com você e quero que conte conosco no que precisar em prol da oferta de
uma educação de qualidade incomparável à sociedade capixaba.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
Sumário principal

Sumário

7
Sumário principal

8
Sumário principal

Apresentação
Sumário principal

O Governo do Estado do Espírito Santo, por A construção de um currículo estadual para


meio da Secretaria de Estado da Educação – a educação básica busca garantir que os
SEDU, assume o desafio de garantir o direito estudantes capixabas tenham acesso de
à educação para toda a população capixaba. escolarização nos níveis Fundamental e
Comprometida com o DIREITO DE APRENDER Médio, reconhecendo ainda as diversidades
DE TODOS E DE CADA UM, empenha-se humanas que caracterizam as modalidades
para garantir não apenas a gratuidade e a de Educação de Jovens e Adultos – EJA,
obrigatoriedade escolar como um direito Educação Especial e Educação do Campo,
fundamental e legítimo, mas, sobretudo, que serão contempladas com diretrizes cur-
para viabilizar o acesso com permanência riculares próprias. Um currículo que promova
e qualidade das aprendizagens, conforme a equidade como oportunidade a todos de
os termos constitucionais, garantindo ainda alcançar e manter um nível desejável de
pluralismo e democracia no processo de aprendizagem.
definição das políticas educacionais.
A necessidade de produção de um docu-
Para a tomada de consciência dos problemas mento curricular do Estado não significa o
educacionais do Estado, ao longo dos anos, isolamento do Estado das políticas nacionais
foi realizada intensa avaliação interna das por considerarmos que todo sistema estadual
ações até então desenvolvidas pela SEDU. de ensino precisa estar sintonizado com as di-
Como síntese desse processo, identificou- retrizes emanadas do Ministério da Educação
se a necessidade de articular os projetos (MEC), estabelecendo uma relação horizontal
educacionais propostos com uma política em que ambos devem propor alternativas
educacional estadual com unidade de ação, viáveis para a educação. É necessário assegu-
não se limitando a ter como referência apenas rar a elaboração de um documento curricular
os documentos nacionais. Essa iniciativa vem para o Estado que atenda às especificidades
destacar a necessária vinculação das ações regionais, tendo como base um projeto de
pertencentes ao sistema, cuja unidade deve nação. O Estado, como unidade autônoma,
conter o diverso e contemplar a realidade por meio de mecanismos participativos,
local, buscando superar a compartimentali- formula e implementa políticas públicas para
zação e fragmentação das ações da SEDU. a promoção do desenvolvimento intelectual

11
Sumário principal

e social de sua população, conectado com ção da VIDA em todas as suas dimensões;
a dimensão universal. mediante o resgate de princípios históricos
construídos na área da educação, como a
Entre os anos de 2004 e 2006, a Secretaria relação entre trabalho, ciência e cultura,
de Educação promoveu seminários com tendo-se os estudantes na centralidade dos
o objetivo de debater democraticamente processos educativos.
uma política pública para a educação como
direito, com qualidade social, para todos os É sabido que a maior transformação da
capixabas. De forma intensa nos anos de dinâmica escolar acontecerá por meio do
2007 e 2008 foram vividos momentos muito currículo. O currículo é a materialização do
ricos de discussão, contando conjunto de conhecimentos
com a participação de cerca O novo Currículo Básico necessários para o desenvol-
de 1.500 educadores, entre da Escola Estadual vimento de crianças, jovens e
professores referência, consul- como instrumento adultos intelectualmente au-
que visa a dar maior
tores, professores convidados, tônomos e críticos. Portanto,
unidade ao atendimento
pedagogos e representantes educacional, fortalecendo o currículo forma identidades
de movimentos sociais orga- a identidade da rede que vão sendo progressiva-
nizados. Todos esses atores estadual de ensino. mente construídas, por meio
envolvidos em elaborar e dos conhecimentos formal-
propor alternativas político-pedagógicas mente estabelecidos no espaço escolar,
com vistas à promoção do educando e, por meio de atitudes, valores, hábitos e
consequentemente, da educação pública. costumes historicamente produzidos que,
muitas vezes, passam de forma subliminar
Neste documento apresenta-se o novo nas práticas pedagógicas.
Currículo Básico da Escola Estadual como
instrumento que visa a dar maior unidade A construção do novo currículo escolar é de
ao atendimento educacional, fortalecendo a grande complexidade, pois são imensos os
identidade da rede estadual de ensino, que desafios que precisamos enfrentar, dentre
se concretiza na práxis docente consonante eles a necessidade de definição de qual
com os princípios de valorização e afirma- conhecimento se considera importante

12
Sumário principal

Na formulação e
execução do novo
currículo que traduzisse ser desenvolvido Mas o fato de participar de uma rede de en-
identidades mais pela escola para sino impele o empreendimento de práticas
elevadas moral e a formação de comuns, resguardando as especificidades
intelectualmente,
buscamos superar seres humanos das escolas. Isto é, uma rede de ensino não
práticas de comprometidos pode operar a partir de práticas de sucesso
conhecimentos com a cons- isoladas, mas deve atuar para integrar um
construídos sem o trução de uma trabalho que tenha uma determinada uni-
estabelecimento de uma
reflexão com a práxis sociedade mais dade no atendimento. Para tanto, a estrutura
social. justa e igualitária. do novo currículo contendo os Conteúdos
Essa tarefa não é Básicos Comuns – CBC pretende contemplar
simples tendo em vista a escola estar inse- essa meta.
rida nessa sociedade caracterizada como
desigual e injusta e, consequentemente, A elaboração do novo currículo tem como
restringindo a percepção da realidade em foco inovador a definição do Conteúdo Bá-
sua complexidade. sico Comum - CBC para cada disciplina da
Educação Básica. O CBC considera uma parte
Na formulação e execução do novo currículo do programa curricular de uma disciplina
que traduzisse identidades mais elevadas cuja implementação é obrigatória em todas
moral e intelectualmente, buscamos superar as escolas da rede estadual. Essa proposta traz
práticas de conhecimentos construídos sem implícita a ideia de que existe um conteúdo
o estabelecimento de uma reflexão com a básico de cada disciplina que é necessário e
práxis social; conhecimentos estanques e fundamental para a formação da cidadania
conservadores, no sentido de serem sele- e que precisa ser aprendido por todos os
cionados porque se encontram em livros de estudantes da
mais fácil acesso pelo professor. Certamente, Educação Básica A elaboração do
novo currículo tem
consideramos nesta elaboração a efetiva da rede estadual, como foco inovador a
participação dos educadores que atuam na correspondendo definição do Conteúdo
rede estadual e que já superam os limites a 70%. Além Básico Comum (CBC)
estruturais dos antigos currículos e conse- do CBC, outros para cada disciplina da
Educação Básica.
guem dar um salto de qualidade. conteúdos com-

13
Sumário principal

plementares deverão ser acrescentados de na relação com a natureza e com seus pares
acordo com a realidade sociocultural da e, assim, produz conhecimentos. Do ponto
região onde a unidade escolar está inserida, de vista organizacional, as categorias estão
correspondendo aos 30% restantes. apresentadas apenas de forma didática, mas
integradas constituem a essência da própria
O CBC será a base de referência para a ava- dimensão curricular que se quer contemplar
liação sistêmica das unidades escolares da neste documento.
rede pública estadual e para avaliação de
desempenho profissional dos docentes, Os programas e projetos propostos pela
dentre outros. SEDU têm como ponto de
partida e chegada a práxis
Importa destacar que
Importa destacar que o CBC foi escolar. Ações inovadoras
o CBC foi elaborado
elaborado tendo como cate- tendo como categorias identificadas no âmbito das
gorias norteadoras do currícu- norteadoras do unidades escolares são poten-
lo ciência, cultura e trabalho. currículo ciência, cializadas na medida em que
cultura e trabalho.
O conceito de ciência remete são institucionalizadas como
a conhecimentos produzidos ações estruturantes da SEDU
e legitimados ao longo da história, como e passam a ser compartilhadas com toda a
resultados de um processo empreendido rede estadual de ensino e, em alguns casos,
pela humanidade na busca da compreensão chegam até a rede pública municipal.
e transformação dos fenômenos naturais e
sociais. A cultura deve ser compreendida no Os programas e projetos estaduais são
seu sentido mais ampliado, ou seja, como instrumentos dinamizadores do currículo,
a articulação entre o conjunto de repre- dentre os quais podemos destacar:
sentações e comportamentos e o processo
dinâmico de socialização, constituindo o “Mais Tempo na Escola” – Reorganiza os
modo de vida de uma população determi- tempos e espaços escolares, ampliando a
nada. O trabalho é aqui concebido como jornada escolar e consequentemente as
dimensão ontológica, como forma pela qual oportunidades de aprendizagem, possibi-
a humanidade produz sua própria existência litando aos estudantes conhecimentos e

14
Sumário principal

vivências curriculares, utilizando linguagens ciência próxima à realidade do educando,


artísticas e culturais e de iniciação cientí- subsidiando a investigação e transformando
fica. As atividades desenvolvidas no Mais a comunidade local. Dessa forma, a cria-
Tempo na Escola dinamizam o currículo na ção da Bolsa Científica para educandos do
perspectiva do fortalecimento das aprendi- Ensino Médio, por meio da Lei Nº 8963 de
zagens em Língua Portuguesa, Matemática 21/07/2008, materializa esse conceito.
e Ciências.
”Esporte na Escola” – Objetiva desen-
“Cultura na Escola” – Trata do resgate da volver um amplo programa de atividades
história e da cultura capixaba, contemplando físicas e esportivas integradas à proposta
ações que utilizam como recurso didático curricular, tornando a escola mais atrativa,
o registro do folclore por meio de vídeos intensificando o contato dos jovens com
e acervo bibliográfico, além de Itinerários os conteúdos educacionais, atendendo
Educativos onde os educandos da rede esta- às novas demandas socioeducacionais da
dual estarão realizando visita técnica a sítios sociedade contemporânea. O projeto Esporte
culturais, roteiros turísticos e ambientais, a na Escola se estrutura a partir de quatro
partir de estudos sistemáticos. O projeto con- ações articuladas: Redimensionar o ensino/
templa ainda, a implementação das línguas aprendizagem da Educação Física Escolar
pomerana e italiana nas escolas localizadas ao fomentar o ensino e a aprendizagem
nas comunidades com essas tradições, aliada na disciplina de Educação Física por meio
aos estudos da história e da cultura africana do aumento da oferta de atividades peda-
e indígena como raízes estruturantes da gógicas relacionadas às práticas da cultura
formação do povo capixaba. corporal de movimento; Esporte, Educação
e Inclusão Social pela Implementação de
“Ciência na Escola” - Destaca-se o forta- projetos que utilizem o esporte como fator
lecimento do ensino das ciências com a de inclusão social e de exercício de cidadania;
instalação de laboratórios de física, química Realização de olimpíadas escolares e, por
e biologia, trabalhando o conhecimento fim, a Modernização dos equipamentos
numa dinâmica que supera o modelo de esportivos para melhorar as condições de
decorar conceitos, para a compreensão da trabalho educativo em todas as escolas.

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Sumário principal

“Sala de Aula Digital” – Visa a suprir as es- dades socioculturais, envolvendo de forma
colas públicas estaduais com equipamentos integrada ações de avaliação diagnóstica por
de alta tecnologia aliados à prática pedagó- aluno, intervenção pedagógica, formação
gica, buscando melhorar o desempenho de professores e mobilização de família e
dos nossos alunos, a sua inclusão digital e a comunidade.
atualização da escola. Objetiva ainda disse-
minar as melhores estratégias pedagógicas “Leia ES” – Com o objetivo de contribuir para
identificadas com o uso das tecnologias a formação de uma sociedade leitora, a partir
digitais no cotidiano escolar. O projeto é com- da implementação de ações de incentivo à
posto por várias ações que possibilitarão o leitura e à pesquisa na escola, com desta-
sucesso esperado: estagiários, que para a revitalização das
professor dinamizador, capaci- bibliotecas escolares, e a partir
A formação continuada
tação, pesquisa, transdiscipli- do educador é mais da escola, ampliando para a
naridade, PC do professor, TV que necessidade, pois o comunidade local, por meio
Multimídia, pendrives, quadro educador precisa aliar à da realização de parcerias
digital interativo e UCA - um tarefa de ensinar públicas e privadas.
a de estudar.
computador por aluno. Os
professores receberão forma- O conjunto de programas/pro-
ção pela importância da aproximação do jetos dinamizadores do currículo contempla
mundo informatizado com o trabalho escolar, com destaque ações de formação. A formação
remetendo à aplicação de instrumentos continuada do educador é mais que uma ne-
diversificados para fins didático-pedagógicos cessidade, pois o educador precisa aliar à tarefa
e, com isso, resultando em acréscimos no de ensinar a de estudar. As transformações que
êxito da prática docente de interação com ocorrem no trabalho docente, especialmente
os alunos durante o processo de construção nas relações sociais que ele envolve, as novas
do conhecimento. tecnologias e suas implicações didáticas, as
reformas educativas e seus desdobramentos,
“Ler, Escrever e Contar” – Foca o direito das bem como o desafio do cotidiano das práticas
crianças à aprendizagem da leitura, escrita e pedagógicas, refletem a complexidade do
do conhecimento matemático, como ativi- processo ensino aprendizagem, de modo a

16
Sumário principal

indicar mudanças nos perfis dos profissionais Destaca-se ainda, como componentes do
da educação e de sua necessidade constante Guia, o processo de avaliação do Documento
de busca e troca de conhecimentos. Os proces- Curricular para que, a partir do movimento
sos de formação continuada devem centrar-se de ação-reflexão-ação, ao final de 2009,
em um desenvolvimento profissional que novas sugestões possam ser incorporadas a
envolva a construção e a valorização de uma este Documento Curricular. A dinamicidade
identidade epistemológica, que legitima a da implementação do currículo na rede
docência como campo de conhecimentos estadual pressupõe a produção pelo cole-
específicos e uma identidade profissional tivo de educadores estaduais de Cadernos
para que o trabalho docente seja validado Metodológicos, os quais irão enriquecer a
política e socialmente, de modo a contribuir prática docente.
para o desenvolvimento e a transformação
das práticas pedagógicas, das condições de A elaboração deste novo documento curri-
trabalho e do desenvolvimento pessoal e cular reflete um processo de construção de
profissional do educador. conhecimento atualizado e contemporâneo,
alinhado a um processo participativo e
Espera-se, com tudo isso, apontar uma di- dialético de construção, que incorporou o
reção para a educação pública a partir dos saber de quem o vivencia, atribuindo-lhe
saberes produzidos pelas escolas, onde os o papel de ator e também de autor. Uma
educandos tenham condições de vivenciar trilha que referenciará a gestão pedagó-
um currículo integrador e promotor do de- gica, portanto, uma trilha experienciada
senvolvimento humano. coletivamente.

Para 2009 propõe-se a implementação e Nesse sentido, apresentamos um breve


adequação deste documento curricular, sis- histórico da construção do documento
tematizado no Guia de Implementação do curricular do Estado do Espírito Santo, sa-
Novo Currículo, que prevê o diálogo entre lientando o compromisso de construção de
este Documento Curricular e o Projeto Polí- um documento que refletisse o ideal de uma
tico Pedagógico das escolas, além de outras sociedade e de uma escola democrática e
pautas de estudo do referido documento. emancipadora.

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Sumário principal

Capítulo Inicial
Sumário principal

1 O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DO DOCUMENTO CURRICULAR

As iniciativas da Sedu em elaborar de forma As sugestões e análises feitas nas esco-


coletiva e dialogada o novo currículo para a las foram trazidas para os Seminários
rede estadual de ensino iniciaram-se em 2003, Regionais de Avaliação das Ementas Cur-
a partir da realização de Seminários e Grupos riculares, com representantes da Sedu/
de Estudo para a elaboração de ementas de Superintendências Regionais de Educação
cada disciplina. A construção dessas ementas (SRE) e de todas as escolas, nos quais,
foi realizada por grupos de educadores das por meio de dinâmicas de socialização
redes estadual, municipal e federal, que, dos estudos e avaliação, se chegou a
reunidos por disciplina e posteriormente um relatório final que aponta sugestões
por áreas de conhecimento, elaboraram as para a reestruturação das diretrizes cur-
ementas contendo visão de área, objetivos, riculares.
conteúdos e orientações didáticas.
Em 2005, a Sedu identificou e cadastrou
Ao longo de 2004 as ementas encaminhadas professores referência de cada disciplina e
para toda a rede estadual, e utilizadas como por SRE, considerando situação funcional,
instrumento orientador na elaboração dos formação acadêmica e atualização perma-
Planos de Ensino, constituíram-se objetos nente, exercício constante de uma prática
de diálogo, estudo e debate vivenciados pedagógica inovadora, além de atuação
no interior das unidades escolares quer seja na elaboração de itens para as avaliações
nos momentos de formação em serviço nacionais (SAEB) e estadual (PAEBES).
quer seja em sala de aula, de acordo com a
prática pedagógica do professor. Destaca-se Em 2006 a Sedu, por meio de seminários
também como produção do ano de 2004 com participação dos professores referência,
a publicação do livro Política Educacional propôs ações com objetivo de construção
do Estado do Espírito Santo: A Educação é do documento de diretrizes curriculares do
um Direito, que se constituiu referencial de Espírito Santo, considerando a necessidade
estudo para formação dos professores da de elaboração de um referencial introdutório
rede estadual. ao documento.

21
Sumário principal

Assegurando a continuidade do debate Foram vividos momentos muito ricos


em toda a rede, nos anos de 2007 e 2008, de discussão, contando com a partici-
foi priorizada a elaboração dos Conteúdos pação de cerca
Básicos Comuns – CBC. Para essa etapa de de 1.500 edu-
Todos foram mobilizados
reformulação contou-se ainda com duas cadores, entre
a pensar e propor
consultoras, além de 26 especialistas de cada professores re- alternativas político-
disciplina, modalidades e transversalidades. ferência, técni- pedagógicas com vistas à
Como principais autores desta elaboração cos da unidade promoção do educando
foram envolvidos 112 professores referência central e das e, consequentemente,
da rede estadual que, em dois grandes ciclos SRE, consulto- da educação pública.
de colóquios, intercolóquios e seminário res, professores
de imersão, num processo formativo e dia- convidados, pedagogos e representantes
lógico, produziram os CBC por disciplina. de movimentos sociais organizados.
Toda produção foi mediada também nas Todos esses atores foram mobilizados
unidades escolares por Dinamizadores do a pensar e propor alternativas político-
Currículo (pedagogo ou coordenador), que pedagógicas com vistas à promoção
organizaram os debates com os demais do educando e, consequentemente, da
profissionais da rede estadual. educação pública.

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 Princípios norteadores Valorização e afirmação da vida

Esse princípio expressa que a educação


Os princípios representam a base e o funda-
deve, acima de tudo, estar a serviço da
mento que subsidiam a política educacional
vida. A vida é a dimensão integradora das
de escolarização de crianças, jovens e adultos
relações na escola e, em sua fragilidade,
capixabas. Esses princípios colocam o edu-
exige o auto-cuidado e o respeito ao outro.
cando como referência e foco de todo o
São necessárias mudanças fundamentais
processo educativo.
em nossos valores, instituições e modos de

22
Sumário principal

vida, de modo que a preponderância do ser dignidade humana, pelo reconhecimento da


supere a limitação do ter. diversidade como traço da realidade social.
Apresentar a diversidade como princípio
Compartilhar a responsabilidade pelo presen- norteador de uma proposta curricular implica
te e pelo futuro bem-estar da vida humana compreender o processo de formação huma-
e de todos os outros seres vivos desperta na, que se realiza em um contexto histórico,
o espírito da solidariedade, reverencia o social, cultural e político. A diversidade é um
mistério da existência, a gratidão pela vida componente do desenvolvimento biológico
e a humildade em relação ao lugar que e cultural da humanidade e, por isso, o lu-
ocupamos no planeta. gar que ocupa no currículo escolar precisa
contemplar a inter-relação entre ambos,
A escola precisa estimular os diversos atores pois um prescinde do outro à medida que
educacionais a desenvolverem uma cons- a diversidade biológica não existe isolada
ciência de si, do outro e do mundo, por de um contexto cultural.
meio da constante elaboração da relação ser
humano-natureza-sociedade. Nesse sentido, Superar as diversas formas de exclusão, de
a vida requer convivência na promoção da dominação e discriminação é oportunizar
paz interior, paz social e paz ambiental. que a diversidade seja vivida, experienciada
por e com todos os sujeitos por meio do
No ambiente escolar essa convivência pressu- acesso e da troca de informações, pela com-
põe a formação de sujeitos éticos, solidários, preensão dos direitos e deveres do cidadão
cooperativos e comprometidos com o firme e pelo exercício da autonomia necessária
propósito de alcançar a sustentabilidade, para a vida social. O desafio que se coloca
intensificando os esforços pela justiça, pela na escola é adotar uma postura ética na
paz e pela vida em toda a sua diversidade. relação entre grupo humano e social, que
são apenas diferentes.

O reconhecimento da diversidade na
formação humana A educação como bem público

É por meio da valorização e da afirmação A educação, direito de todos e dever do Estado


da vida que podemos garantir o respeito à e da família, é um bem público que deve servir

23
Sumário principal

aos propósitos da emancipação humana e, aprender, possuem capacidades intrínse-


consequentemente, do desenvolvimento cas de auto-organização e de autogestão,
social e econômico da nação. A educação envolvendo a percepção, a interpretação, a
como obra de mudança, de movimento de construção, a reflexão e a ação. No entanto,
uma dada situação a outra diferente, mediante conhecer e aprender são processos que
um determinado caminho. emergem a partir das relações entre sujeito e
objeto e entre diferentes sujeitos do processo
A educação como serviço público, exercido de ensino aprendizagem, numa perspectiva
pelo poder público ou privado, deverá aten- dialógica e dialética. É na relação entre os
der aos interesses da coletividade, assumindo, sujeitos, com toda a sua complexidade, que
portanto, uma dimensão mais ampla, na a aprendizagem se constitui e nela se expres-
medida em que contribui para o bem co- sam emoções, sentimentos e atitudes.
mum, uma obra de legítimo interesse social. A
unidade escolar é o lócus onde se concretiza Na escola, o aluno é o centro do processo
o objetivo máximo do sistema educacional: educativo e, em função dele, as ações edu-
a garantia do direito de aprender. cativas devem ser planejadas e executadas.
Cabe ao educador comprometer-se com a
A escola pública com compromisso social, dinamização desse processo, assumindo o
espaço de visibilidade, onde liberdade com lugar de mediador.
responsabilidade legitima a participação
de todos e de cada um. E um lugar de No direito de aprender se insere o direito a
esperança, por ser um ambiente essencial- um ambiente e contextos de aprendizagens
mente humano, criado e mantido por seres adequados às necessidades e expectativas
humanos concretos em constante processo do educando, em que a prática educativa
de transformação. seja sustentada: por um currículo aberto à
vida, que promova a conquista da autonomia
intelectual do sujeito aprendiz; pela promo-
A aprendizagem como direito do ção da capacidade do aluno de aprender a
educando aprender e aprender a desaprender (quando
necessário); pelo desenvolvimento de com-
Aprender é, antes de tudo, um direito. Todos
petências e atitudes criativas; pela promoção
os alunos têm condições de conhecer e
do aprender a dialogar como condição

24
Sumário principal

fundamental do processo de construção material e social, ela deve dar condições para
do conhecimento, cuja base se expressa na enfrentá-la a partir da compreensão dessa
aquisição da leitura, da escrita e dos conheci- mesma realidade, apropriando-se dela e
mentos matemáticos; pelo reconhecimento transformando-a.
de que toda ação envolve interação num
contexto dinâmico e relacional; e, acima de Consideram-se essas categorias para além
tudo, pela promoção da aprendizagem da dos clássicos sentidos comuns da “ciência
cooperação e da solidariedade como con- como coisa de cientista”, “cultura com acesso
dição de superação dos fatores de exclusão, exclusivo pelas camadas privilegiadas” e “o
preparo para o exercício da cidadania e trabalho que dignifica o homem”. Busca-se
aprendizagem ao longo da vida. compreender a ciência como ferramenta do
cotidiano que cumpre o papel de contribuir
para o ser humano compreender e organizar
A ciência, a cultura e o trabalho como o seu trabalho, gerando a sua própria cultura.
eixos estruturantes do currículo Ciência como conhecimento produzido e
legitimado ao longo da história, resultante de
A proposta de assumirmos um projeto edu- um processo empreendido pela humanidade
cacional cuja formação humana promova na busca da compreensão e transformação
a construção do conhecimento, a partir da dos fenômenos naturais e sociais; cultura
articulação dos princípios trabalho, ciência e numa perspectiva antropológica, como forma
cultura, anuncia um movimento permanente de criação humana, portanto, algo vivo e dinâ-
de inovação do mundo material e social em mico que articula as representações, símbolos
que estamos inseridos. A pedagogia aqui e comportamentos, como processo dinâmico
apontada será promotora de uma escola de socialização, constituindo o modo de vida
verdadeiramente viva e criadora, na medida de uma população determinada; e trabalho
em que constrói uma relação orgânica com como princípio educativo, forma pela qual a
e a partir do dinamismo social, que vivencia humanidade produz sua própria existência
pela autodisciplina e autonomia moral e na relação com a natureza e com seus pares
intelectual de seus alunos. e, assim, produz conhecimentos.

Essa proposta não concebe a educação para Nesse sentido, essas categorias integradas
a conformação do ser humano à realidade constituem a própria essência da dimensão

25
Sumário principal

curricular apresentada neste documento. Ao por ser um conceito bastante elástico e,


concebermos o espaço escolar como am- muitas vezes, impreciso, dependendo do
biente de aprendizagem, promotor de uma enfoque que o desenvolva. No entanto, sua
educação emancipadora, essa perspectiva polissemia revela sua riqueza e amplitude,
se concretiza ao materializarmos, no interior que precisam sempre ultrapassar a con-
da unidade educacional, a organização física, cepção mais restrita e, certamente, mais
a exemplo dos laboratórios de estudo, que difundida, de currículo como programa ou
asseguram o conhecimento dos fenômenos, lista de conteúdos de ensino.
tornando-os visíveis e com consistência
teórico-prática; os ambientes de sala de aula Portanto, reconhece-se o currículo como “um
e de convivência como espaços de criação conjunto sistematizado de elementos que com-
onde se articulam arte e ciência; a biblioteca põem o processo
escolar como celeiro de acesso ao mundo educativo e a for-
Colocar em prática
das letras e de exercício da imaginação e da mação humana”2.
o currículo na escola
inventividade. E, nesse sentido, o significa discutir a
currículo, no con- formação humana
texto histórico em por meio do trabalho
2.2 Conceituando que está inserido, pedagógico; e, sobretudo,
evidenciar a qualidade
currículo necessita promo-
dessa ação.
ver entre estudan-
Parece ser consenso, entre os curriculistas tes e professores a
contemporâneos, que há dificuldade de se reflexão sobre as relações humanas e sociais
oferecer uma definição válida de currículo que fazem parte do cotidiano escolar. Colocar
que seja aceita universalmente. Até porque em prática o currículo na escola significa
todo conceito define-se dentro de um esque- discutir a formação humana por meio do
ma de conhecimento, e a compreensão de trabalho pedagógico; e, sobretudo, evidenciar
currículo depende de marcos variáveis para a qualidade dessa ação.
concretizar seu significado1. Isso acontece

1 SACRISTÁN, J.G. O currículo: os conteúdos de ensino ou 2 MOTA, C.R. e BARBOSA, N.V.S. O currículo para além das
uma análise da prática? In: SACRISTÁN, J.G; GÓMEZ, A.I.P. grades - construindo uma escola em sintonia com seu
Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: tempo. MEC/TV Escola/Salto para o futuro. Brasília, junho
Artmed, 1998. de 2004.

26
Sumário principal

Essa perspectiva de currículo nos permite de organização e gestão, a participação da


ver como uma sociedade se reproduz e comunidade, a identidade dos estudantes
como se perpetuam suas condições de e etc. Deve ser assegurada que toda e
existência pela seleção e transmissão de qualquer discussão, seja no campo de me-
conhecimentos. Assim, o currículo é com- todologia, avaliação, políticas e alternativas
preendido como ferramenta imprescindível educacionais, seja no de questões que en-
na compreensão dos interesses que atuam volvam as relações humanas no processo
e estão em permanente jogo na escola e escolar, esteja assistida como questões que
na sociedade. realmente importam e têm
espaço concreto no trabalho
Fazem parte do currículo
De modo geral, os conhe- as relações no interior cotidiano da escola.
cimentos mais valorizados da escola, seu modo de
incluem tradições culturais organização e gestão, Assim, pensar o currículo
de classes e grupos domi- a participação da nessa perspectiva é adotar
nantes. Por isso, a seleção do comunidade, a identidade uma postura teórico-meto-
dos estudantes e etc.
conhecimento escolar não dológica que valoriza os sa-
é um ato desinteressado e beres e as práticas cotidianas
neutro. Ele é resultado de lutas, conflitos concretas. Considerando isso, é possível
e negociações, de modo que se torna encontrar na literatura educacional as
“culturalmente determinado, historicamente ideias de currículo em ação, currículo no
situado e não pode ser desvinculado da to- cotidiano (Alves), currículo real (Sacristán),
talidade social” .
3
currículo praticado (Oliveira), currículo
realizado (Ferraço), e outras que conside-
Portanto, quando a escola se reúne e ram o cotidiano das escolas como pontos
discute objetivos, ações, metas, estratégias de partida e chegada para se discutir o
e procedimentos cotidianos, está defi- currículo4.
nindo seu currículo e sua posição diante
do mundo. Fazem parte do currículo as Pensar o currículo na escola a partir da valo-
relações no interior da escola, seu modo rização dos saberes e das práticas cotidianas

4 FERRAÇO, C.E. O currículo escolar. In: Política Educacional


3 SILVA, T.T. Documentos de identidade - uma introdução do Estado do Espírito Santo: a educação é um direito.
às teorias do currículo. Belo Horizonte: autêntica, 2000. Vitória: SEEB/SEDU, 2004.

27
Sumário principal

não exclui a perspectiva dos programas e/ (Enem)5, contemplam uma organização por
ou conteúdos de ensino no currículo esco- competências e habilidades.
lar. Pelo contrário, esses dois elementos se
completam. O primeiro por representar a As competências são entendidas como a
própria essência do processo pedagógico na “capacidade de agir em situações previstas e
escola e o segundo por ser o meio pelo qual não previstas, com rapidez e eficiência, articu-
alunos e professores encon- lando conhecimentos tácitos
tram uma base de conteúdos e científicos a experiências de
para utilizar como ferramenta As competências vida e laborais vivenciadas ao
são entendidas como a
de ensino e pesquisa. longo das histórias de vida”6.
“capacidade de agir em
situações previstas e não As habilidades são entendidas
Desse modo, a segunda parte previstas, com rapidez como desdobramentos das
deste documento curricular, e eficiência, articulando competências, como parte que
contendo os Conteúdos Bási- conhecimentos tácitos e as constituem. Comumente,
científicos a experiências
cos Comuns de cada disciplina, expressam a forma de o aluno
de vida e laborais
foi pensada e organizada de vivenciadas ao longo das conhecer, fazer, aprender e
forma a aliar competências, histórias de vida. manifestar o que aprendeu.
habilidades e conteúdos de Para Macedo “a competência é
ensino. Essa proposta vai ao uma habilidade de ordem geral,
encontro de necessidades e interesses da enquanto a habilidade é uma competência de
rede pública estadual de ensino do Estado ordem particular, específica”7.
do Espírito Santo e de diretrizes nacionais
apresentadas nos principais documentos Nessa perspectiva, não há uma relação hierár-
norteadores do Ministério da Educação. quica entre competências e habilidades. Não
há gradação, ou seja, habilidades não seriam
consideradas uma competência menor.
Competências e habilidades
5 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
As orientações contidas nos principais damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.
documentos de referência do Ministério 6 KUENZER, A. Z. Competência como Práxis: os dilemas
da relação entre teoria e prática na educação dos traba-
da Educação (MEC), como é o caso do PCN lhadores. Boletim técnico do SENAC, Rio de Janeiro, v. 30,
p. 81-93, 2004.
+ e do Exame Nacional do Ensino Médio 7 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005.

28
Sumário principal

Trata-se mais exatamente de abrangência, do em uma matéria, não basta possuir


o que significa ver uma habilidade como objetos potentes e adequados, pois o
uma competência específica8. importante aqui é “como esses fatores
interagem”. A competência relacional
A ideia de competências evidencia três expressa esse jogo de interações.
ingredientes básicos9:
Competência como condição prévia Assim, as três formas de competência,
do sujeito, herdada ou adquirida: com- anteriormente descritas, na prática não se
petência, nesse sentido, significa, muitas anulam necessariamente, pois se referem a
vezes, o que se chama de talento, dom ou dimensões diferentes e complementares de
extrema facilidade para alguma atividade. uma mesma realidade.
É como se fosse uma con-
dição prévia, herdada ou Ao partir da ideia de compe-
Não se trata de definir tência relacional, o desenvol-
aprendida; o que o professor irá
vimento de competências na
Co m p e tê n c i a co m o ensinar ao aluno e sim o
que o aluno vai aprender. escola exige dos educadores
condição do objeto, in- e demais partícipes da ação
dependente do sujeito educacional, uma maior preo-
que o utiliza: refere-se à cupação com as múltiplas facetas do trabalho
competência da máquina ou do objeto. educativo, o que pressupõe uma organização
Na escola, essa forma de competência está da dinâmica do trabalho que implicará em
presente, por exemplo, quando julgamos um novo processo de aprendizagem na
um professor pela ‘competência’ do livro escola. Dentre elas, destacamos: a progra-
que adota ou da escola que leciona; mação das atividades e as metodologias
Competência relacional: essa terceira adotadas para que essas estejam de acordo
forma de competência é interdependen- com o que se pretende desenvolver. Nesse
te, ou seja, não basta ser muito entendi- contexto, é extremamente importante que
os profissionais da educação, pedagogos,
coordenadores e técnicos estejam atentos
8 BRASIL. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais para a elaboração do plano de ensino e o
complementares aos parâmetros curriculares nacionais,
MEC, 2002. planejamento das atividades. Não se trata
9 BRASIL. ENEM - exame nacional do ensino médio: Fun-
damentação teórico-metodológica, MEC/INEP, 2005. de definir o que o professor irá ensinar ao

29
Sumário principal

aluno e sim o que o aluno vai aprender. Nesse preciso dar ênfase ao principal sujeito da
sentido, para que o aluno aprenda, se forme e ação educativa: o aluno.
informe, é necessário o desenvolvimento de
competências e habilidades que ele precisará
dispor na vida em sociedade. 2.3 O sujeito da ação
educativa: o aluno
Desse modo, o trabalho pedagógico deve
ter como foco o investimento na formação No trabalho de construção deste documento
da pessoa e na sua prática de cidadania e se curricular privilegiamos o principal sujeito
estender às múltiplas dimensões do indivíduo da ação educativa: o aluno. Como ponto de
(cognitivas, afetivas, sociais e psicomotoras). partida para nossa reflexão é necessário con-
Assim, pode-se inferir que um currículo dessa siderar a condição de aluno, problematizan-
natureza, juntamente com a do-a na medida em que não
ciência e a cultura, está aliado o naturalizemos no interior da
ao mundo do trabalho. Até Ninguém nasce aluno,
escola. “Ninguém nasce aluno,
alguém se torna aluno.
porque a articulação das com- alguém se torna aluno”. Quem
petências e habilidades com os é esse sujeito que se encontra
conteúdos de ensino precisa estar conectada imerso em um mundo contemporâneo e
com a realidade social, cultural, econômica e vem de diferentes origens sociais e culturais?
histórica na qual o indivíduo está inserido. Quais são os alunos e quais são, hoje, suas
relações com a sociedade e com a instituição
A perspectiva das competências e habilidades escolar? Esse sujeito está aprendendo na
aqui defendida difere da concepção tecnicis- escola? Utilizamos a linguagem correta para
ta das décadas de 60 e 70 na qual se queria cada tempo da vida humana, para fazer do
formar trabalhadores especializados para ambiente físico e social da escola um local
atuar em setores específicos da sociedade. Ao de aprendizagem?
contrário disso, trabalhar nessa concepção,
neste documento curricular, visa a investir A vida escolar exige um conhecimento mais
na formação do cidadão. Cidadão esse que profundo sobre os tempos de vida, em que
busca na escola adquirir, por meio do ensino os recortes biológico (das transformações e
e da pesquisa, as bases para uma formação desenvolvimento orgânico) e demográfico
de qualidade e um lugar na sociedade. É (das faixas etárias) mostram-se insuficientes

30
Sumário principal

e imprecisos. É necessário reconhecer os Infância e crianças são noções que se dife-


aportes histórico e socioculturais, que con- renciam, pois reconhece-se que, no Brasil
templam o pertencimento de classes, gênero, e não diferentemente no Espírito Santo, há
ou etnia, os valores presentes em cada família crianças que não têm direito à infância. A
e na comunidade, a caracterização da con- infância é um momento singular na vida
temporaneidade, especialmente no que se de um indivíduo, é tempo de constante
refere à crise de autoridade, a fragilidade da construção e permanente descoberta do
instituição família, a violência urbana, dentre mundo, de dominar física e mentalmente
outros, que gradativamente têm significado os ambientes e inserir-se neles.
a negação do direito à infância e a precoce
inserção na vida adulta. A escola, no exercício A Psicologia, a Sociologia, a Psicanálise, a
de sua função educadora, promove a inser- História, a Antropologia, a Filosofia, enfim,
ção e possibilidade de ascensão social, sem, muitas ciências têm contribuído para o
contudo, constituir-se como estudo e a compreensão da
única instituição responsável infância. Os diálogos com
As crianças de hoje não
por esse desafio, uma vez que são exatamente iguais as teorias de um lado e as
a compartilha com a famí- às do século passado, lutas políticas em defesa
lia e as demais instituições nem serão idênticas às dos direitos da criança, ora
sociais. que virão nos próximos empurrando para frente o
séculos. momento da maturidade, os
A ação de reconhecimento adultiza, ora jogando para traz
dos tempos da vida: a infância, a juventude e a curta etapa da infância, os infantiliza.
a vida adulta, são elementos essenciais para
o fortalecimento da dinâmica da ação educa- A infância que conhecemos hoje é a criação
tiva. Esses tempos de vida, numa sociedade de um tempo histórico e de condições
ocidental como a nossa, vêm carregados socioculturais determinadas, sendo um
de significados distintos, criações culturais erro querer analisar todas as infâncias e as
simbólicas específicas e próprias. Portanto, crianças com o mesmo referencial. Sendo
é necessário compreendermos a infância, assim, podemos considerar que a infância
a juventude e a vida adulta ao organizar-se muda com o tempo e com os diferentes
todo o processo pedagógico da complexa contextos sociais, econômicos, geográfi-
dinâmica da ação educativa. cos, e até mesmo com as peculiaridades

31
Sumário principal

individuais. Portanto, as crianças de hoje Os estudiosos do desenvolvimento huma-


não são exatamente iguais às do século no consideram a adolescência tempo de
passado, nem serão idênticas às que virão mudanças físicas, cognitivas e sociais que,
nos próximos séculos. juntas, ajudam a traçar o perfil da população.
A adolescência é uma ponte entre a infância e
É marca desse tempo da vida o processo a idade adulta, compreendida como um perí-
de apropriação da linguagem que, como odo atravessado por crises, que encaminham
parte do sistema de sinais adquirido num o jovem na construção de sua subjetividade.
discurso com sentido, se constitui em sujeito Consideram que a juventude se forma no
da linguagem ao dizer “eu”. Podemos afirmar estágio de transição entre a dependência
que infância e linguagem coexistem. Na infantil e a maturidade do adulto, sendo que
infância importantes apren- o sentido de conquista e reco-
dizagens são sistematizadas nhecimento de si parece ser
A juventude é
no espaço escolar, como a o sinal próprio desse tempo.
marcada pela busca
leitura, a escrita, a constru- da diferença e Essa é uma construção iniciada
ção do pensamento lógico originalidade, o desejo com o nascimento, e que se
matemático, sendo básicas de impactar, de provocar encaminha para a comple-
para outras. contrastes. Marcas tude do homem, finalizando
definidoras da existência
somente com a morte, que,
social parecem
Assim como a infância, a juven- mobilizar, de forma como o nascimento, delimita
tude é também compreendida visível, a atenção e a os dois extremos da vida.
hoje como uma categoria his- tensão dos adolescentes.
tórica que gera e é geradora A juventude é marcada pela
de significações e significados busca da diferença e origina-
que somente podem ser analisados à luz da lidade, o desejo de impactar, de provocar
própria sociedade. Deve ser pensada para contrastes. Marcas definidoras da existência
além da idade cronológica, da puberdade e social parecem mobilizar, de forma visível,
das transformações físicas que ela acarreta a atenção e a tensão dos adolescentes.
(conjunto de transformações fisiológicas Organizando-se em “tribos”, passam a utilizar
ligadas à maturação sexual). É uma categoria vocabulários e vestuários próprios, estilos
que se constrói, se exercita e se reconstrói variados, construindo, assim, sua identidade
dentro de uma história e tempo específicos. nas relações estabelecidas também e não

32
Sumário principal

somente na escola, mas em outras esferas em intensa situação de vulnerabilidade,


sociais, como a família, a igreja e o trabalho. muitas vezes encurralando-a. O apelo em
A juventude é um tempo marcado pela atender aos modelos estereotipados de com-
participação nos movimentos juvenis, que portamento, especialmente apresentados
despertaram visões diferenciadas na socieda- pela mídia, apontado para os adolescentes,
de, como desordeiros ou transgressores. e o consumo exacerbado não fornecem
condições para que o adolescente planeje e
Na escola, é comum presenciarmos as situa- articule ações como uma forma de superação
ções de conflito vividas pelos adolescentes. da condição ou situação vivida.
Seguir, burlar ou obedecer as regras? Sentem-
se inseguros e ao mesmo tempo donos de Ser jovem na periferia ou no campo, e ser
si. Reivindicam liberdade mais ainda não mulher jovem ou ser jovem negro, da classe
sabem lidar com a responsabilidade que a média e trabalhadora, são todas identidades
liberdade proporciona. Querem ser rebeldes, possíveis e relacionais, resultantes da compe-
mas buscam proteção. tição de símbolos por parte dos movimentos
e grupos sociais. Há também uma distinção
A adolescência é o prisma pelo qual entre o que o jovem espera da escola como
os adultos olham os adolescentes e espaço de convivência e sua percepção sobre
pelo qual os próprios adolescentes se
o papel da escolaridade na vida adulta.
contemplam. Ela é uma das formações
culturais mais poderosas de nossa época.
Objeto de inveja e de medo, ela dá forma É inegável a importância do “momento pre-
aos sonhos de liberdade ou de evasão sente” na percepção dos jovens, a ponto de ser
dos adultos e, ao mesmo tempo, a seus compreendido como alienação, ausência de
pesadelos de violência e desordem.
utopias, falta de perspectiva de vida, diante de
Objeto de admiração e ojeriza, ela é
uma sociedade em intensa mudança, no qual
um poderoso argumento de marke-
ting e, ao mesmo tempo, uma fonte de o futuro é incerto, duvidoso ou até prescrito
desconfiança e repressão preventiva. pela condição econômica e a realidade social
(Calligaris, 2008). em que vive. Reside aí a grande diferenciação
entre os jovens: as camadas populares e as
Na contemporaneidade, a ênfase no mercado média e alta, em que os últimos têm acesso
e no consumo, as questões tecnológicas e as a bens, direito à cidadania social e civil e
culturas de massa têm colocado a juventude experiências de socialização.

33
Sumário principal

Os problemas que mais afetam a juventude vivem em contextos de desfavorecimento


hoje estão na defasagem escolar, na perspec- social ainda não empregados, ou em ocu-
tiva de trabalho, na vulnerabilidade à violên- pações precárias ou não.
cia e ao crime, e na gravidez na adolescência,
constituindo-se em importantes elementos O ser humano adulto vivencia em suas pró-
de debate no ambiente escolar. prias situações de vida características que
lhe são particulares. Já produz e trabalha;
Na fase de vida adulta, o indivíduo já tem do trabalho vive e sobrevive, em qualquer
formada sua personalidade e identidade, circunstância de realidade social, econômica
possui uma série de conhecimentos e acu- e cultural. O fenômeno da vida adulta, em
mula experiências adquiridas ao longo de sua cada ser humano, é entendido no processo
história de vida. Estão abertos de desenvolvimento, com
ao diálogo e vão à escola com suas aprendizagens e singu-
clareza de seus objetivos. A Na fase de vida adulta, o laridades.
indivíduo já tem formada
vida adulta constitui-se na
sua personalidade e
fase mais ativa e longa dentro identidade, possui uma Nesse momento da vida adulta
da sociedade. série de conhecimentos fica evidente a necessidade de
e acumula experiências ressignificar todas as condutas
Na adultez, o ser humano adquiridas ao longo de sociais e buscar modos signifi-
sua história de vida.
busca uma valoração pes- cativos de viver pessoalmente.
soal, objetivando um desejo Talvez pela disponibilidade
intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa de tempo, ou por motivações externas de
pelos conhecimentos até então adquiridos sentir-se bem e elevar as condições de vida
e construídos, sempre numa expectativa em família. Deve-se procurar entender o que
de alcançar uma avaliação positiva frente esses sujeitos na condição de alunos vêm
ao social, a respeito de si mesmo. tentando demonstrar, explícita ou implici-
tamente, seja por abandono, reprovação e
Muitos adultos que frequentam a escola dificuldade de permanência, seja por formas
cursando o Ensino Fundamental ou Médio com que organizam suas necessidades e
buscam reparar o tempo de escolarização anseios maiores e melhores oportunidades
que não puderam usufruir na infância e na de tornar a escolarização uma oportunidade
adolescência. Em geral, são sujeitos que de emancipar-se.

34
Sumário principal

Estejam na infância, juventude ou idade que vivem no campo, na cidade, regiões


adulta, compreendemos, como ponto de diversas com particularidades socioculturais
partida e chegada do processo educacional, e étnicas. E é fundamental compreendê-los e
que os alunos da escola pública estadual considerá-los ao produzir referenciais novos,
são sujeitos concretos, predominantemente que retomem democraticamente a ação
jovens, em sua maioria de classe popular, socializadora da escola, na especificidade
filhos de trabalhadores formais e informais, de seus saberes e práticas.

3 A DIVERSIDADE NA FORMAÇÃO HUMANA


“... mais que um ser no mundo, o ser Podemos dizer que a diversidade é cons-
humano se tornou presença no mundo, titutiva da espécie humana, sobretudo se
com o mundo e os outros...”. entendida como a construção histórica,
Paulo Freire cultural e social que faz parte do acontecer
humano. De acordo com Lima (2006),
A presença do ser humano no mundo e
suas relações entre pares e com os outros a diversidade é norma da espécie humana:
seres mantêm-se como constante desafio à seres humanos são diversos em suas expe-
riências culturais, são únicos em
humanização da sociedade e à
suas personalidades e são também
sustentabilidade do planeta. Seres humanos são diversos em suas formas de per-
diversos em suas ceber o mundo. Seres humanos
O grande desafio da escola, experiências culturais, apresentam, ainda, diversidade
em especial da pública, está são únicos em suas biológica. Algumas dessas diver-
personalidades e são sidades provocam impedimentos
em constituir-se como ambi-
também diversos em de natureza distinta no processo
ência de construção de uma suas formas de de desenvolvimento das pessoas
nova humanidade, em que perceber o mundo. (as comumente chamadas de
homens e mulheres, sujeitos “portadoras de necessidades
da história e de suas próprias especiais”) (p.17).
histórias, tornam-se co-responsáveis pela
vida como valor fundamental da existência Como toda forma de diversidade é hoje
dos seres que habitam a Terra. recebida na escola, há a demanda óbvia

35
Sumário principal

por um currículo que atenda a essa uni- às diferenças. O que se espera da educação é
versalidade. que ela promova a emancipação dos sujeitos,
para que sejam capazes de fazer escolhas
Quando falamos de diversidade e currículo, ao longo de sua existência e efetivamente
torna-se comum pensar a diversidade como se assumam como autores da história da
sendo a simples aceitação do diferente ou humanidade. Reconhece-se o direito à
das diferenças. São complexos os aspectos diversidade no currículo como processo
acerca da diversidade que precisam ser con- educativo-pedagógico, como ato político
siderados, tais como: o ético, o estético, o pela garantia do direito de todos.
biológico, o político, o sociocultural, dentre
outros. A qualidade social na educação é conquistada
na medida em que é resguardada e valoriza-
De igual forma, no campo do conhecimento da a diversidade. A diversidade que aponta
também é necessário enfrentar o debate para uma educação inclusiva, que propõe
epistemológico e político, o rompimento do ciclo de
em relação ao lugar que A diversidade presente exclusão, permite a convivên-
ocupam algumas ciências no currículo e na escola cia entre diferentes pessoas
em detrimento de outras permite avançar para na escola e na comunidade,
ou de saberes constituídos o campo da ética como transforma pré-conceito e dis-
como diversos. Certamente processo de formação criminação em acolhimento
humana, que exige
os currículos mais avançados a busca por valores, da diferença e valoriza a vida
consideram esses saberes, o solidariedade e justiça, em todas as suas dimensões,
que tem contribuído significa- cultura de paz e a compreensão do processo
tivamente para a formação dos cidadania, respeito civilizatório, e a constituição
educandos numa perspectiva às diferenças. de oportunidades de cresci-
de cidadania mais plena. mento pessoal e coletivo.

A diversidade presente no currículo e na O currículo deve, portanto, contemplar o ser


escola permite avançar para o campo da humano em sua complexidade e dimensões
ética como processo de formação humana, que compõem sua realidade objetiva de
que exige a busca por valores, solidariedade vida – tanto dentro quanto fora da escola
e justiça, cultura de paz e cidadania, respeito – destacando-se as questões ambientais,

36
Sumário principal

as relações étnico-raciais, a cultura de paz, seus saberes, seus conhecimentos e suas expe-
os direitos humanos, a sexualidade, a ética riências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos
e cidadania, dentre outras, como questões jovens e adultos se formam não somente
inerentes ao currículo escolar, contribuindo na escola; por elas aprenderam conteúdos
de fato para a formação humana. que condicionam seus modos de ser e estar
no mundo, de aprender e de reaprender, de
certificar-se, de progredir e de se constituírem
3.1 Educação de jovens enquanto seres
e adultos: saberes, humanos (cf. arts.
A EJA não deve ser
experiência de vida e 37 e 38 da LDBEN
pensada como oferta
de trabalho e Parecer CNE n.
menor, nem menos
11/2000). importante, mas como
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma um modo próprio de
modalidade10 específica da Educação Básica Os sujeitos da fazer educação.
que se propõe a atender um público ao qual EJA, em sua sin-
foi negado o direito à educação, durante a gularidade, apre-
infância e/ou adolescência, seja pela oferta sentam uma especificidade sociocultural:
irregular de vagas, seja pelas inadequações são, geralmente, marginalizados e excluídos
do sistema de ensino ou pelas condições das esferas socioeconômicas e educacionais,
socioeconômicas desfavoráveis. privados do acesso à cultura letrada e aos
bens culturais e sociais, comprometendo
Como modalidade de Educação Básica, a EJA uma participação mais efetiva no mundo do
não deve ser pensada como oferta menor, trabalho, da política e da cultura. De modo
nem menos importante, mas como um modo geral, são trabalhadores assalariados, do mer-
próprio de fazer educação, determinado pelos cado informal, que lutam pela sobrevivência
sujeitos que a recebem: jovens e adultos. A na cidade ou no campo, trabalhando, quase
legislação recomenda a necessidade de busca sempre, em ocupações não qualificadas.
de condições e alternativas, e de currículos Possuem trajetórias escolares descontínuas,
adequados a esses sujeitos, levando em conta que incluem reprovações e repetências,
marcadas por retornos à escola noturna na
EJA, na condição de alunos trabalhadores
10 A modalidade de Educação de Jovens e Adultos terá um
documento curricular específico. ou de quem busca o trabalho.

37
Sumário principal

A concepção de currículo que defendemos abordagem inclusiva do currículo. Nesse


para a EJA tem como foco a formação huma- sentido, os princípios, os objetivos e as al-
na, em que o trabalho transversaliza todo o ternativas metodológicas para a Educação
currículo, considerando a especificidade dos Especial têm como foco os profissionais
sujeitos jovens e adultos, ou seja, sua caracte- da educação, os alunos com Necessidades
rística fundamental de serem trabalhadores. Educacionais Especiais-NEE (por deficiência,
Isso implica formar (não treinar, adestrar, de transtornos globais de desenvolvimento e
forma aligeirada e restrita ao mercado de altas habilidades/superdotação) e a comu-
trabalho) os sujeitos (cidadãos-trabalhadores) nidade escolar, uma vez que todos estão
para compreenderem a realidade e nela implicados no ato educativo.
intervirem.
A Educação Especial é contemplada na
Nesse sentido, o currículo da EJA como parte Constituição de 1988, que enfoca o direito
do currículo estadual considera os eixos de todos à educação. O ensino tem como
ciência, cultura e trabalho, no processo de princípio a igualdade de condições, o acesso
aprendizagem, nos conhecimentos vividos- e a permanência de todos na escola. Além
praticados pelos alunos na prática social, disso, garante o atendimento a todos os
numa perspectiva de uma pedagogia crítica. alunos com NEE, preferencialmente na rede
E uma concepção de escola como instituição regular de ensino. Na LDB nº 9394/96 a
política, espaço propício a emancipar o aluno, Educação Especial ganha um capítulo e é
contribuindo para a formação da consciência definida como uma modalidade11 de edu-
crítico-reflexiva e promotora de autonomia cação escolar, assegurada a escolarização
dos sujeitos da EJA. dos educandos com NEE na rede regular
de ensino. Já na Resolução CNE/CEB n°2 de
11/02/01, que institui Diretrizes Nacionais
3.2 A educação especial para a Educação Especial na Educação Básica
na perspectiva da em todas as etapas e modalidades do ensino,
inclusão escolar aponta-se para a flexibilização e adaptação
curricular, pensando metodologias de ensino
Na busca pelo rompimento com os para-
digmas excludentes e homogeneizadores
11 A modalidade de Educação Especial terá um documento
presentes na escola é que defendemos a curricular específico.

38
Sumário principal

e recursos didáticos diferenciados, processos um trabalho co-


de avaliação adequados ao desenvolvimento laborativo que Um currículo de
dos alunos com NEE, em consonância com o deve ocorrer em abordagem inclusiva
projeto político pedagógico da escola. Ainda, é considerar os
momentos de
diferentes espaços-
orienta para serviços de apoio pedagógico planejamentos, tempos da escola como
especializado, desenvolvido nas salas de intervenções em essenciais no processo
aula regular a partir da atuação colaborativa classe, formação de ressignificação das
de professores especializados de educação continuada, e práticas educativas.
especial. outros espaços-
tempos da escola;
O grande desafio da escola e, portanto, da o planejamento e a formação continuada, o
educação especial é contrapor ao modelo espaço-tempo de planejamento deve ser
sustentado pela lógica da homogeneidade concebido como lugar de (re)construção
para construir um currículo inclusivo, co- de nossos saberes e fazeres.
mum que atenda a todos e que considere a
diversidade, como resposta democrática e
tolerante à pluralidade cultural. Acreditamos 3.3 Educação do Campo: o
que, pela via da formação dos profissionais campo como lócus de
da educação, a partir do princípio da pes- produção de saberes
quisa, da crítica e da colaboração, esses
possam interpretar e superar as distorções A construção de um currículo voltado para
ideológicas presentificadas no currículo as especificidades da modalidade12 de Edu-
da escola. cação do Campo deve ser compreendida
como uma das ações de um movimento
Pensar um currículo de abordagem inclusiva de afirmação da realidade educacional
é considerar os diferentes espaços-tempos campesina, um longo caminho que vem
da escola como essenciais no processo de sendo trilhado por diversas entidades em
ressignificação das práticas educativas. Dos diferentes contextos.
diferentes aspectos que precisam ser notados
na construção de um currículo inclusivo
destacamos: a colaboração entre profissionais
12 A modalidade de Educação do Campo terá um documento
do ensino comum e da educação especial, curricular específico.

39
Sumário principal

A necessidade de implantar uma proposta sujeitos que produzem suas existências a


educativa específica para o campo encontra- partir do cultivo dessa.
se respaldada por documentos oficiais, que
procuram enfatizar o seu caráter singular, a A organização curricular da escola campe-
exemplo da LDB 9394/96; do Plano Nacio- sina implica participação e diálogo com a
nal de Educação (PNE) aprovado em 2000, comunidade escolar e seu entorno. Nesse
que ressalta a necessidade de tratamento sentido, os conteúdos escolares serão redi-
diferenciado para a escola do campo; da mensionados a partir do contexto produtivo
Resolução CNE/CEB nº 1/2002, que institui e cultural dos sujeitos do campo. Enfatiza
as Diretrizes Operacionais a história dos movimentos
para a Educação Básica nas Os saberes campesinos sociais campesinos e suas
Escolas do Campo, em 2004; deve-se compreender lutas pela terra, valorizando
das Referências para uma Polí- que o campo não deve nos conteúdos os povos
tica Nacional de Educação do ser pensado em oposição tradicionais da terra, seus
Campo; e da Resolução CNE/ ao urbano. territórios e saberes; estuda
CEB nº 2/2008, que estabelece culturas e identidades dos
diretrizes complementares, normas e prin- sujeitos campesinos; investiga a agricultura
cípios para o desenvolvimento de políticas familiar como base da organização produtiva
públicas de atendimento da Educação Básica no campo; avalia e fomenta o processo de
do Campo. produção orgânica de alimentos; discute o
trabalho no campo como práxis/poiesis.
Para se pensar em um currículo que resguarde
os saberes campesinos deve-se compreender O currículo da Educação do Campo pressu-
que o campo não deve ser pensado em põe o trabalho e a pesquisa como princípio
oposição ao urbano. Há que se resgatar o educativo, pois os saberes da terra são cons-
campo como lócus de produção de saberes, truídos de forma coletiva, a partir do trabalho
de subsistência, presente ao longo de toda na terra e da problematização sistemática
a história da humanidade, estabelecendo da relação do campesino com a natureza,
condições de vida para aqueles que cultivam não dicotomizando teoria e prática. A agri-
a terra. Assim, o currículo deve levar em conta cultura familiar, as práticas agroecológicas
a realidade dos sujeitos campesinos, que se e a economia solidária devem permear o
educam na relação com a terra e com outros currículo do campo. Outro eixo fundamental

40
Sumário principal

é a interdisciplinaridade, como construção Constitui-se em um processo permanente,


de conhecimento coletivo que possibilita fundamentado no respeito a todas as formas
a valorização dos saberes da terra; e a visão de vida, no reconhecimento da complexi-
da educação como ato poiético, como ato dade socioambiental e em valores e ações
criativo e transformador e não como mera que contribuam para a (trans)formação do
reprodução. ser humano. Seu ideário é a formação de
sociedades sustentáveis que são, ao mesmo
Como outro importante pressuposto, a tempo, ecologicamente prudentes, econo-
educação do campo deve orientar-se micamente viáveis, socialmente justas, cultu-
pela gestão democrática, pelo regime ralmente diversas
de colaboração, onde os conhecimentos e politicamente
Seu ideário é a
abordados na educação são ressignificados atuantes.
formação de sociedades
a partir do diálogo com a comunidade, sustentáveis que são,
procurando enfatizar a colaboração como A promoção da ao mesmo tempo,
dimensão articuladora do projeto político Educação Am- ecologicamente
e pedagógico da educação do campo. O biental em todos prudentes,
Estado assumindo a ação provedora para níveis e modali- economicamente viáveis,
socialmente justas,
garantir as condições para que a educa- dades de ensino
culturalmente diversas e
ção reivindicada pelos povos do campo está estabelecida politicamente atuantes.
seja plenamente viabilizada e a sociedade na Lei 9.795/99 e
participando ativamente dos processos de contribuirá para
gestão das políticas públicas. a formação humana, se calcada nos prin-
cípios da solidariedade, da cooperação, da
democracia, da justiça social e ambiental,
3.4 A Educação Ambiental se promover a emancipação dos sujeitos
como perspectiva para uma participação social efetiva, com
de uma sociedade respeito à alteridade e à diversidade social,
sustentável étnica e cultural dos povos.

A Educação Ambiental é um tema trans- O adjetivo ambiental na educação nos dá


versal a ser trabalhado em todos os níveis e a ilusão de que se a Educação Ambiental
modalidades de ensino na educação básica. for desenvolvida nas escolas, valores e ati-

41
Sumário principal

tudes em relação ao meio ambiente serão 3.5 Educação das relações


transformados qualitativamente. Ainda que étnico-raciais:
a Educação Ambiental esteja ratificada no afro-brasileiros e
currículo por meio do aparato legal, é pre-
povos indígenas
ciso situá-la historicamente e explicitar as
contradições e as causas do antagonismo
Segundo dados de 2003 do Instituto Brasileiro
cultivado entre ser humano e natureza.
de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa
Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), os
A Educação Ambiental ainda vem aconte-
negros representam 47,3% da população
cendo nas escolas de forma episódica, even-
brasileira. Os dados do PNAD (2004) revelam
tual e de modo paralelo ao desenvolvimento
que o Espírito Santo em sua representação
curricular. Para que a Educação Ambiental
étnico-racial está majoritariamente formada
torne-se efetiva nas escolas é necessária
(56,3%) pelo segmento da população negra e
uma mudança de valores e postura de toda
apenas 2% de jovens negros em todo Brasil têm
a comunidade, no envolvimento com os
acesso à universidade. Entretanto, a educação
problemas e as questões socioambientais
básica poderá contribuir para a ascensão social
em termos locais e globais. Além de incluir
e elevação do percentual da juventude – não
a temática no Projeto Político Pedagógico
só da negra, mas de qualquer outra etnia da
da escola, é preciso que a Educação Am-
sociedade brasileira – nos diferentes cursos
biental seja vista como parte de um plano
do ensino superior brasileiro.
coletivo da comunidade escolar. A Educação
Ambiental pressupõe a implementação Um currículo que contemple a questão
de metodologias participativas, coopera- étnico-racial deve ser capaz de responder às
tivas, interdisciplinares, que se definem demandas advindas das especialidades, das
no compromisso de qualificar a relação pluralidades e da identidade brasileira, pois
com o meio ambiente, considerando a o Brasil é um país pluriétnico e multicultural.
complexidade e a multidimensionalidade Considera-se a exigência legal preconiza-
da questão ambiental no exercício da par- da pela Lei Federal 10639/03; pela Lei de
ticipação social, e a defesa da cidadania Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96
como práticas indispensáveis à democracia e, por meio da implantação das Diretrizes
e à emancipação socioambiental. Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-Raciais.

42
Sumário principal

Ensinar a história e cultura afro-brasileira é havia cerca de


considerar as políticas de ações afirmativas 1.100.000. Esses Promover o debate sobre
como resposta às demandas da população números revelam as diferentes etnias
que compõem o povo
afrodescendente, por meio de políticas um processo his- brasileiro, procurando
públicas de reparação, reconhecimento e tórico de domí- superar a lógica
valorização dos aspectos histórico-cultural- nio imposto aos pautada no pensamento
identitários desse segmento populacional. povos indígenas eurocêntrico e americano
É promover o debate sobre as diferentes pelos europeus do não-reconhecimento
de outras culturas
etnias que compõem o povo brasileiro, e pelo Estado
étnicas: indígenas,
procurando superar a lógica pautada no nacional em dife- africanas e asiáticas.
pensamento eurocêntrico e americano do rentes épocas da
não-reconhecimento de outras culturas história do Brasil.
étnicas: indígenas, africanas e asiáticas. No Espírito Santo, a população indígena
compreende cerca de 2.346 aldeados, sendo
A demanda por valorização das etnias implica 2.109 da etnia Tupinikim e 237, Guarani,
tomada de consciência política e histórica localizados no município de Aracruz.
da diversidade cultural, de um país que se
apresenta pluriétnico e multicultural e, nesse O século XX foi marcado por fatos impor-
sentido, tem que aprender a conviver e tantes para esses povos: houve um grande
aceitar as diferenças étnico-raciais indígena, crescimento populacional nos anos 50, e
africana, européia e asiática, que formam a um fortalecimento do seu protagonismo
população brasileira. na década de 70, por meio de suas lutas
pelo direito à terra, à saúde, à educação,
à diversidade e à cultura. Em 1988, esses
3.6 A temática indígena no direitos foram contemplados na Constituição
currículo escolar Federal, na escrita do artigo 231.

No Brasil, a população atual indígena é de Porém, a abordagem do índio nas escolas e


aproximadamente 454 mil índios, distri- nos livros didáticos reforça os estereótipos e
buídos em 220 povos e falantes de 180 os preconceitos sobre esse povo e perpetua
idiomas, equivalendo a 4% da população uma invisibilidade de sua transformação
brasileira (Funasa, 2006). No período colonial, histórica. É tratado como uma sociedade sem

43
Sumário principal

suas antigas línguas, tradições e culturas, sob social e religiosa, expressando a coesão
forte influência do mundo ocidental. de um grupo social e proporcionando o
fortalecimento da identidade cultural do
A temática indígena passou a ser contem- indivíduo e da sua comunidade. A interdis-
plada na educação a partir da Lei nº 11.645/ ciplinaridade pressupõe a articulação entre
2008, que inclui a abordagem da história e as diferentes disciplinas a partir de uma
da cultura indígena em todo temática comum, que possa
o currículo escolar, possibili- ser trabalhada diante de um
A reflexão e o debate
tando à sociedade nacional sobre a temática, e, contexto que leve em conta a
a reflexão e o debate sobre a principalmente, o resgate realidade dos alunos, da esco-
temática, e, principalmente, o de sua cultura e história, la e da comunidade, visando
resgate de sua cultura e his- além da valorização a garantir a unidade da prá-
do índio como sujeito
tória, além da valorização do tica pedagógica docente em
histórico que muito
índio como sujeito histórico contribuiu para a contraposição à ação isolada
que muito contribuiu para a formação do Brasil. das disciplinas ou áreas do
formação do Brasil. conhecimento. Os professores
deverão valorizar a prática da
Os princípios que orientam a inclusão da pesquisa e da construção da autonomia
temática indígena no currículo baseiam-se por parte dos alunos. Os alunos tornam-se
em três pilares: a diferença, a interculturali- sujeitos construtores e partícipes do processo
dade e a interdisciplinaridade. O conceito de de construção do conhecimento.
diferença trata as sociedades indígenas como
comunidades historicamente constituídas, Diante da diversidade cultural dos índios no
com suas especificidades e seu protagonismo Brasil e no Espírito Santo, faz-se necessário
social diante da luta pela reivindicação dos o estudo da temática indígena no currículo
seus direitos. A interculturalidade considera como ferramenta que proporcione aos ci-
o contexto sociocultural dos alunos e sua dadãos brasileiros o conhecimento de sua
diversidade cultural, política, econômica, própria origem e história.

44
Sumário principal

4 DINÂMICA DO TRABALHO EDUCATIVO


Sendo o currículo “um conjunto sistematizado Para responder a essas questões, é ne-
de elementos que compõem o processo edu- cessário que o professor assuma o lugar
cativo e a formação humana”, as práticas sociais de quem também aprende e abdique do
e culturais vivenciadas na escola a partir desse lugar de quem somente ensina, passando a
processo precisam se integrar à dinâmica do mediar as apren-
trabalho educativo, que deve estar voltada para dizagens, desa-
os sujeitos do processo ensino-aprendizagem: fiando os alunos Como os alunos
aprendem ou estão
aluno e professor. O professor como mediador a serem também
desenvolvendo suas
do processo educativo, as relações estabeleci- p ro t a g o n i s t a s aprendizagens?
das no cotidiano escolar, os espaços/tempo de de sua escolari-
educar, a avaliação e a pesquisa são elementos zação. Assim, “o
que compõem essa dinâmica. professor procura ajudar a contextualizar,
a ampliar o universo alcançado pelos alu-
Viabilizar os meios didáticos e pedagógicos nos, a problematizar, a descobrir novos
para a materialização das aprendizagens significados no conjunto das informações
dos alunos na construção da cidadania é trazidas.” (Moran, J.M).
fundamental. A intervenção docente, nessa
lógica, precisa estar subsidiada com as infor- Nessa perspectiva, é determinante a quali-
mações que mapeiem como os estudantes dade da relação professor-aluno. O professor
estão aprendendo. Isto é, o docente precisa precisa colocar-se como sujeito dialógico
perguntar-se: como os alunos aprendem ou na prática pedagógica, valorizando os co-
estão desenvolvendo suas aprendizagens? nhecimentos trazidos pelo educando, bem
Como eu, professor, estou desafiando meus como sua história, ter atitudes pautadas
alunos, propondo atividades que oportunizem no respeito à vida e ao ser humano. Como
a aprendizagem? Quais estratégias estou uti- mediador e facilitador da aprendizagem, o
lizando para que meus alunos desenvolvam professor precisa dar atenção às dificuldades
competências e habilidades que o possibilitem dos alunos, às características e aos estilos; e
resolver situações-problema, com tomada saber lidar e conviver com as diferenças, a
de decisão? multiplicidade de pontos de vista, os diver-

45
Sumário principal

sos ritmos presentes na escola. Estabelecer ao colocar seus pontos de vista, respeitando
uma relação de confiança, aceitação mútua, e valorizando outros pontos de vista.
autenticidade, horizontalização dessas
relações, e saber diferenciar autoridade Diante desse cenário, a reflexão sobre os
e autoritarismo são premissas na relação ambientes de aprendizagem é fundamental.
professor-aluno. O desafio é superar práticas repetitivas de
desenvolvimento do trabalho
Pessoas tendem a não apren- pedagógico, em que nas salas
der em um ambiente hostil, O desafio é de superar de aula as carteiras encontram-
práticas repetitivas de
demasiadamente agitado, e se enfileiradas numa mesma
desenvolvimento do
com desorganização física trabalho pedagógico. disposição, durante quase todo
e de trabalho. Tendem a se ano letivo; isso significa, na
isolar e a não aprender diante maioria das vezes, limitar os ti-
de relacionamentos carregados de desafetos pos de atividades e as formas de aprendizagem,
ou indiferença. tendo como sujeito principal o professor.

São os educadores, sobretudo os professores, A escola como um todo e o reconhecido espa-


os investidos de autoridade para estabelecer ço da sala de aula são ambientes de construção
conjuntamente os limites e as possibilida- de conhecimentos e valores. Espaços vivos
des na relação entre as pessoas na escola, que precisam ser aproveitados, ao máximo,
na sala de aula. A abordagem a partir das em suas potencialidades: trabalhos de grupo,
inter-relações em sala de aula em torno de duplas, círculos; com murais interativos que
objetivos comuns é a que mais favorece a retratem o processo coletivo de construção
aprendizagem de conteúdos e comporta- do saber escolar; com recursos didáticos que
mentos socioafetivos e morais. Na interação enriqueçam as aulas, dentre outros.
grupal, típica do trabalho cooperativo, o
afetivo, o social e o cognitivo interpenetram- Nesse contexto, a utilização e o aproveita-
se e completam-se no fortalecimento da mento dos mais diversos ambientes de apren-
autoestima do educando, da convivência dizagem presentes na escola são premissas
solidária e da visão de mundo que se constrói. para fomentar um trabalho pedagógico de
São nas relações interpessoais que o sujeito qualidade: o uso de laboratórios, bibliotecas,
sente a necessidade de ser coerente e lógico outras áreas de convivência na escola e fora

46
Sumário principal

dela, envolvendo comunidade, seu entorno, mento e reflexão


espaços públicos, festividades, centros de sobre a realidade. A pesquisa, como
pesquisa, concertos, exposições de arte, A pesquisa motiva princípio educativo,
é fundamentada
museus, galerias, teatros, bibliotecas, reservas o aluno a protago-
no diálogo e no
ambientais, estações ecológicas, quadras de nizar, expressar-se questionamento,
esportes, enfim, utilizar todos os espaços com autonomia, possibilitando a
possíveis como educativos, pois, além de questionar ar- reconstrução do
aproveitarmos recursos já existentes, de al- gumentando e conhecimento.
guma forma estimulamos a democratização defendendo sua
dos acessos à produção científica, cultural e hipótese, inter-
ao mundo do trabalho. pretar e analisar dados, construir e conhecer
novos conceitos. Para Demo (2002)
A qualidade das aprendizagens construídas na
escola pressupõe intencionalidade educativa, a pesquisa deve ser compreendida como
que envolve, além de ambientes ricos e di- atividade cotidiana onde o educando é
desafiado e estimulado a buscar ajuda na
nâmicos para a aprendizagem, estratégias de
literatura e, com profissionais da área, a
ensino que possam contribuir intensamente acessar recursos tecnológicos, a montar
com a formação de sujeitos emancipados, um mosaico das informações, a discuti-las
autônomos, críticos e criativos, capazes de e criticá-las, e com isto, a construir seu
saber pensar e aprender a aprender ao longo próprio conhecimento.
de suas vidas. Grande destaque tem sido a
pesquisa enquanto processo investigativo No cotidiano escolar o conhecimento
que, nos projetos pedagógicos, asseguram trabalhado pelos professores e alunos,
a necessária união entre teoria e prática, en- regularmente desenvolvido nas escolas
tre conhecimentos empíricos e científicos, estaduais, é estruturado muitas vezes sob
articulando pensamento e ação. A pesquisa, a organização de projetos pedagógicos,
como princípio educativo, é fundamentada caracterizados como atividade simbólica,
no diálogo e no questionamento, possibili- intencional e natural do ser humano. Para
tando a reconstrução do conhecimento. A os autores o homem busca a solução de
investigação como base da educação escolar problemas e desenvolve um processo de
é uma forma de envolver alunos e professores construção de conhecimento que tem
em um processo permanente de questiona- gerado tanto as artes quanto as ciências

47
Sumário principal

naturais e sociais. Nos projetos pedagó- avaliação da instituição como um todo, na


gicos os temas de estudo, as questões de qual o protagonismo é do coletivo dos pro-
investigação, rompem com a linearidade fissionais que trabalham e conduzem um
dos conteúdos escolares. processo complexo de formação na escola,
tendo como referencial a política educa-
Na dinâmica educativa a avaliação é diag- cional e o projeto político-pedagógico.
nóstico, instrumento de suporte do pla-
nejamento e da execução das atividades, avaliação do sistema escolar, ou do con-
envolvendo professor e educando. É preciso junto das escolas de uma rede escolar,
avaliar permanente e processualmente. É na qual a responsabilidade principal é do
uma atividade que não existe nem sobre- órgão central, como instrumento para
vive por si mesma, devendo estar sempre subsidiar o monitoramento e acompa-
articulada com o processo de ensino e o nhamento das reformas das políticas
projeto pedagógico. educacionais.

Na dinâmica da educação consideramos A avaliação da educação pública, ainda que


três níveis de avaliação que devem estar seja um tema polêmico, tem sido reconhe-
conectados, em perfeita sincronia, e de forma cida como indispensável à construção de
que seja legitimado técnica e politicamen- uma escola pública democrática e de boa
te. Legitimidade técnica subsidiada pela qualidade. O enfrentamento das desigual-
formação do profissional educador e legiti- dades de oportunidade, a compreensão
midade política, que pressupõe respeito a das diferenças entre escolas e a luta contra
princípios e critérios definidos coletivamente os fatores de insucesso escolar são, dentre
e referenciados na política educacional e muitos outros aspectos, alguns para os
no projeto político pedagógico. Os níveis quais é preciso produzir e analisar dados e
considerados são: informações confiáveis.

avaliação da aprendizagem dos estu- Dessa maneira cabe reforçar a ideia de que
dantes, em que o protagonismo é do avaliar, para nós, profissionais da educação,
professor, marcada pela lógica da inclusão, é uma atividade integrante do processo
do diálogo, da mediação; pedagógico, orientada para manter ou
melhorar nossa atuação futura. Avaliar é

48
Sumário principal

um processo em que reali- estudantes em sua interação


zar provas e testes, atribuir Avaliar, para nós, com os conteúdos escolares,
notas ou conceitos é apenas profissionais da preocupando-se também
parte do todo. Distingui-se educação, é uma com o instrumento de ava-
do senso comum, que limita atividade integrante do liação que elabora.
processo pedagógico,
o conceito de avaliação a de
orientada para manter ou
medir, de atribuir valor em melhorar nossa atuação Segundo o documento In-
forma de nota ou conceito. futura. dagações sobre o Currículo
A avaliação como parte de um (2007), a elaboração de um
processo maior deve ser usada instrumento de avaliação de-
no acompanhamento acadêmico do estu- verá levar em consideração alguns aspectos
dante, na apreciação sobre o que ele pôde importantes:
obter em um determinado período, sempre
objetivando planejar ações educativas futuras. a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclare-
Dessa forma a avaliação diagnóstica tem cedora, objetiva;
caráter formativo, por considerar o processo b) a contextualização daquilo que se inves-
educativo, com vistas a reorientá-lo. E, quando tiga: em uma pergunta sem contexto
ocorre ao final do processo, com a finalidade podemos obter inúmeras respostas e,
de apreciar o resultado desse, recebe o nome talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
de avaliação somativa. gostaríamos de verificar;
c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja,
Para que o processo de avaliação seja deve ter significado para quem está sendo
efetivo, o professor, certamente, precisará avaliado;
usar procedimentos didáticos variados que d) estar coerente com os propósitos do
permitam uma participação individual e ensino;
coletiva efetiva dos estudantes nas atividades
e) explorar a capacidade de leitura e escrita,
avaliativas propostas. Deve reconhecer nos
bem como o raciocínio.
diferentes alunos os ritmos individuais de
aprendizagem, vivências e valores, aptidões,
potencialidades e habilidades. Assim, o olhar Dentre os instrumentos de avaliação pode-
do educador deve passar a se dirigir para mos encontrar trabalhos, provas, testes, me-
as potencialidades e as dificuldades dos morial, portfólio, caderno de aprendizagens,

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Sumário principal

relatórios, interpretações, pesquisas, ques- que compõem o universo escolar: educan-


tionários etc., referenciados nos programas dos, professores, pedagogos, coordenadores,
gerais de ensino – Currículo Básico da Rede diretores, pais e comunidade em geral. O
Estadual – e regimento comum ou podem espaço do Conselho de Classe deve ser des-
ser referenciados no conhe- tinado para traçar estratégias
cimento que o professor tem para as intervenções pedagó-
O espaço do conselho de
do real estágio de desenvol- classe deve ser destinado gicas com os estudantes, os
vimento de seus educandos para traçar estratégias grupos, constituindo-se em
e do percurso que fizeram na para as intervenções espaço de estudo e discussão
aprendizagem, caracterizando pedagógicas com os acerca de questões teóricas
a avaliação como auxílio para estudantes, os grupos, que ajudariam na reflexão do-
constituindo-se em
que professores e estudantes cente sobre os desafios que o
espaço de estudo e
possam compreender de discussão acerca de cotidiano escolar nos impõe.
forma mais organizada seus questões teóricas que Nesta etapa é fundamental
processos de ensinar e apren- ajudariam na reflexão exercitar a participação efetiva
der, para além de classificar e docente sobre os do representante de turma,
selecionar. Soma-se ainda a desafios que o cotidiano bem como de um membro
escolar nos impõe.
essa dinâmica a autoavaliação do Conselho de Escola. O
que leve a uma autoreflexão pleno envolvimento do
e maior responsabilidade sobre sua própria coordenador de turno poderá contribuir
aprendizagem. significativamente com informações sobre
questões contemporâneas que afligem a
Dentro das escolas temos os momentos criança, o adolescente e o adulto, como a
oficiais de avaliação previstos no Calen- sexualidade, a violência escolar, as atitudes
dário Anual, como o Conselho de Classe e e os comportamento dos educandos no
as recuperações contínua, paralela e final. ambiente da escola, o relacionamento entre
Momentos essenciais para uma avaliação pares, dentre outros.
coletiva do processo ensino-aprendizagem
na escola. É no Conselho de Classe que O Conselho de Classe deve ser visto como
podemos compartilhar vivências, angústias, momento de interação entre professores,
informações e traçar metas de como melhorar planejamento, estudo e decisões acerca
e incrementar a atuação dos diversos atores de como trabalhar com as dificuldades

50
Sumário principal

e as possibilidades apresentadas pelos não-hierarquizadas e não-autoritárias entre


estudantes, as formas e os procedimentos professores e estudantes.
de avaliação dos professores, a construção
coletiva de ações que levariam a uma maior A avaliação educacional realizada de forma
qualidade do trabalho pedagógico, a ava- sistemática, criteriosa e comprometida
liação das metas e princípios estabelecidos com o destino social dos indivíduos é um
no projeto político pedagógico da escola instrumento essencial para promover o
e sua concretização junto aos estudantes debate público e favorecer a promoção
e às turmas, as formas de relacionamento de ações orientadas para a superação do
da escola com as famílias etc. Deve ser am- fracasso e o fortalecimento da equidade e
biente científico para estabelecer relações da democracia.

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______; LURIA, A.; LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.
ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
ZALUAR, A.; LEAL, M. C. Cultura, educação popular e escola pública. Rio de Janeiro, 1996.

54
Sumário
principal

Capítulo Ensino Médio


Sumário principal

6 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO


A área de Ciências Humanas no Ensino que se efetiva na consideração pelo outro
Médio – que inclui a Filosofia, a História, a em sua diferença cultural, formando uma
Geografia e a Sociologia – deve se manter consciência da multiplicidade de modos
como referência de uma construção de sa- de existência, como produto e processo
beres que respeitem a pluralidade de olhares culturais, e que se vincula a um compro-
sobre a “realidade”. A experiência humana misso com a sustentabilidade da vida em
é rica em seus conhecimentos, linguagens, todas as suas dimensões: do sujeito, das
ações e afetos. Existem humanidades. A relações sociais e do meio ambiente. As
abertura teórico-valorativa é preponderante “humanidades”, nessa perspectiva, não se
para o exercício formativo nessa área do encerram numa concepção excludente das
conhecimento; as posturas doutrinárias, ao ciências ditas naturais e físicas, porque a
contrário, são sufocantes para o pensamento humanidade também é natural e física, tanto
e impedem o diálogo com as outras discipli- quanto depende, lida e se relaciona com
nas. Por isso, cada disciplina, entendendo-se essas dimensões.
como parte desse construto coletivo de
se pensar as humanidades, teriam maior Daí que, elegendo o cuidado de não absolu-
coerência didática ao abrirem-se para os tizar produções dos saberes e fazeres sociais,
políticos e culturais, a área de humanas con-
novos desafios de um saber múltiplo, que
sidera cada vez mais importante as relações
incorpore em seus currículos e, sobretudo,
do ser humano consigo mesmo, com o outro
na sala de aula essa multiplicidade de pontos
e com o meio em que se insere, produz e
de vista. Eis o grande desafio para a área de
é produzido. Então, vale pensar também as
humanas.
relações do local com o global e desse com
aquele, entre os diferentes espaços/tempos,
Compreender o humano exige um pensa-
em especial o do Espírito Santo.
mento complexo, transversal e dialógico,

57
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Filosofia
Sumário principal

6.1 Filosofia confronte os processos de significação


em geral;
6.1.1 Contribuição da disciplina Favorecer ao educando a compreensão
para a formação humana e ressignificação de tais processos, de
modo a assumir um posicionamento
A contribuição da Filosofia para a formação crítico e transformador;
humana vincula-se à sua característica de Contribuir para que os educandos se-
análise, problematização e reconhecimento jam produtores, autores e construtores
dos diferentes saberes, realidades, valores, de novas significações e não simples
poderes e, até mesmo, das diversas expres- reprodutores de um processo já cons-
tituído;
sões do próprio pensamento filosófico em
vista de uma atitude ética e política dos Problematizar, por meio do diálogo, os
processos sociais, culturais e históricos de processos de significação produzidos
significação. pelo senso comum e pelas artes, letras,
filosofias e ciências, visando ao aprimo-
ramento de sua articulação conceitual
A especificidade da “atitude filosófica”
para uma mais consistente intervenção
consiste num pensamento autônomo, cultural e histórica.
inovador, crítico e comprometido, cultural
e historicamente, a partir das relações entre
o si mesmo e o outro, como exercício de 6.1.3 Principais alternativas
liberdade e vivência democrática, racional metodológicas
e sustentável, no que se refere aos aspectos
étnicos, culturais e ambientais, sobretudo O horizonte de abordagem das competên-
pela discussão rigorosa de conceitos em cias/habilidades e os conteúdos a elas rela-
sua interpretação, elaboração e produção cionados devem permitir ao educando um
de textos e/ou imagens. pensar filosófico, conjuntamente, a partir da
vida cotidiana (as opções de aplicabilidades)
e da leitura de textos da tradição filosófica
6.1.2 Objetivos da disciplina (as sugestões de referenciais teóricos). A
competência fundamental da aprendiza-
Proporcionar aos educandos uma “atitude gem filosófica é a elaboração rigorosa de
filosófica” que dialogue, problematize e conceitos.

61
Sumário principal

Reconhecendo-se a importância da subdivi- essa proposta pedagógica, devem as aulas


são da Filosofia em cinco subáreas – História de Filosofia centrar-se num processo de
da Filosofia, Teoria do Conhecimento, Ética, assimilação, contextualização, confronto
Lógica e Filosofia Geral: problemas metafísi- e ressignificação ampla dos processos
cos –, ousamos propor uma abordagem da culturais e históricos, por meio de uma
“cultura filosófica” que priorize a capacidade produção crítica e criativa de reelaboração
de crítica e de reelaboração conceitual conceitual, pessoal e/ou coletiva, através
do educando. Processo a ser construído de: a) dinâmicas de grupo; b) mídias; c)
e operacionalizado a partir dos universos projetos interdisciplinares; e d) textos da
investigativos de questionamentos e deba- tradição filosófica.
tes que perpassam as subáreas da Filosofia.
Seria a possibilidade de se dividir o conteúdo Para não se estabelecer uma univocidade
programático a partir de universos ou eixos- conceitual ou qualquer outro tipo de dou-
investigativos, tais como: a) Sentir, existir, trinação teórico-valorativa que desrespeite
relacionar-se e fazer: metafísica, ontologia, a pluralidade de pontos de vista filosóficos,
antropologia filosófica; b) Pensar e conhecer: os eixos visam a oferecer diretrizes claras
epistemologia, teoria do conhecimento, e objetivas para a prática docente e tra-
lógica, estética/filosofia da arte, filosofia da zem uma abertura para opções teóricas,
religião; c) Agir e transformar: ética, filosofia conceituais e de aplicabilidades confor-
política e social, filosofia do direito. Em que me a escolha do educador de Filosofia.
pese a aparência de certo enxugamento Cabe a esse fazer continuamente uma
temático ou uma simples reorganização de checagem de qual a melhor estratégia
temas, subjaz propriamente em cada ponto didático-metodológica para o processo
das competências e de seus respectivos de aprendizagem do filosofar.
conteúdos, mais do que “temas”, uma série
de questões conceituais para se estabelecer Um currículo de Filosofia deve contemplar
uma discussão e formação filosófica. as diferenças sem desconsiderar o educador
em suas próprias opções ético-políticas,
Nos passos de um paradigma educacional sem impedir que as defendam; daí o elenco
democrático, não haveria temas exclusiva- opcional de autores de referências para os
mente filosóficos, mas estilos de proble- Tópicos/conteúdos do CBC. Existem filo-
matização da “realidade”. Condizentes a sofias. Por isso a extrema relevância de que

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Sumário principal

a proposta curricular deve contemplar as Lembremos, por fim, de que o critério de


grandes linhas das perspectivas metafísicas seleção bibliográfica, em sintonia com o
e pós-metafísicas das questões filosóficas, que apresentamos, deveria se basear num
num mútuo e enriquecedor tensionamento ambiente investigativo, evitando textos fe-
entre si. Uma abordagem investigativa do chados em si, extremamente esquemáticos
pensamento filosófico é uma questão sobre e empobrecedores diante da complexidade
o aprender a filosofar. Dever-se-ia discutir das questões filosóficas. Um salutar texto
acerca da “não-neutralidade” na escolha dos didático de Filosofia é aquele que conduz
chamados “temas filosóficos”. A Filosofia é o educando à discussão conceitual, como
uma disciplina de forte viés valorativo. A mostram os textos clássicos da História da
liberdade de opção teórico-valorativa não Filosofia. Assim, no que concerne ao material
restringe seu papel formador, muito pelo didático para as aulas de Filosofia, dever-
contrário, as doutrinações é que podem se-ia privilegiar a interpretação de textos e
sufocar a própria possibilidade do filosofar de imagens que exijam do educando uma
e, paradoxalmente, impedir um diálogo com atitude crítica e conceitual em consonância
as outras disciplinas, principalmente com as com as orientações e os princípios aqui
da área de humanas. sucintamente desenvolvidos.

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Sumário principal

6.1.4 Conteúdo Básico Comum – Filosofia

1º Ano – Pensar e Conhecer

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Valorizar o pensamento au- • Estimular a elaboração rigorosa de 1. Tópico: Pensamento, conhecimento e
tônomo, inovador, crítico conceitos por meio da apresentação, filosofia
e comprometido cultural análise e confronto de opiniões e/ Conceitos:
e historicamente pela in- ou correntes de pensamento, num
- Indagação. Pensamento. Interpretação.
teração com as diferentes reconhecimento da dialogicidade
Linguagem. Racionalização. Verdade. For-
opiniões e pelo estímulo à como valor humano e social.
mas do conhecimento. Senso comum.
capacidade de investigação, • Pesquisar, ler, interpretar e contex- Atitude filosófica.
raciocínio, conceitualização, tualizar textos da tradição filosófica
interpretação, elaboração e - Aplicabilidades: Exigências do pensamen-
em vista de uma produção crítica, to. Aprender a aprender. Uso ordinário da
produção de textos e/ou pessoal e/ou coletiva, desse processo
imagens. linguagem: gírias e expressões regionais.
de investigação. Pós-modernidade. Sociedade do conhe-
• Apresentar um modo espe- • Fomentar uma cidadania ativa pela cimento. Interdisciplinaridade.
cificamente filosófico de se participação crítica e, consequen-
formular e propor soluções - Referenciais teóricos: filósofos pré-socráti-
temente, por meio de: a) debates, cos, Platão, Aristóteles, Epicuro, Agostinho
a problemas, resguardando seminários temáticos, organização
o valor da pluralidade de de Hipona, Tomás de Aquino, Descartes,
de júri simulado; b) uso das diversas Hume, Kant, Pascal, Hegel, Marx, Husserl,
concepções filosóficas, con- mídias (música, poesia, literatura, crô-
textualizando a sua tradição Frege, Russell, Wittgenstein, Bakhtin, Jas-
nicas, jornal, internet, documentário pers, Popper, Bachelard, Kühn, Dilthey,
e inter-relacionando-a com e filme em vídeo); c) elaboração e
as diversas áreas do saber Heidegger, Gadamer, Ricoeur, Deleuze,
produção de projetos interdiscipli- Rorty, Derrida, Morin, Rubem Alves.
como constitutivo da práxis nares ou transdisciplinares cujo foco
educativa. seja a comunidade do entorno das
unidades educacionais.
Específica para esta série: Específica para esta série: 2. Tópico: Religião
• Compreender que o co- • Identificar, relacionar, problematizar Conceitos:
nhecimento, como uma e interpretar os diferentes discur- - Sagrado. Símbolo. Rito. Espiritualidade.
construção social e his- sos sobre a “realidade”, sejam eles o Secularização.
tórica, implica uma visão senso comum ou as interpretações - Aplicabilidades: Sincretismo. Fundamen-
crítica, comprometida e religiosas, artísticas, filosóficas e cien- talismo religioso. Religiosidade popular.
transformadora perante tíficas, analisando os paradigmas e Novos movimentos religiosos. Religiões
as diferentes formas de as fronteiras epistemológicas dessas indígenas. As religiões afro-brasileiras. As
conhecimento. interpretações em confronto com responsadeiras de Vila Valério/ES.
suas implicações, impactos e dilemas
éticos atuais, a exemplo da diferença - Referenciais teóricos: Hesíodo, Sófocles,
cultural, da igualdade econômica e Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino,
da temática ambiental. Voltaire, Feuerbach, Malebranche, Schlei-
meier, Hegel, Mounier, Maritain, M. Eliade,
Maritain, Buber, Ricoeur, Vattimo.

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Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


3. Tópico: Arte
Conceitos:
- O gosto, o belo e o sublime. Belo artístico
e belo natural. Tipos de arte. Arte de elite
e arte popular.
- Aplicabilidades: Arte e engajamento
político e social. Literatura. Indústria do
entretenimento: padronização e consumo
cultural. Manifestações artísticas do Espí-
rito Santo: congo e culinária capixabas.
- Referenciais teóricos: Platão, Aristóteles,
Tomás de Aquino, Schiller, Kant, Nietzsche,
Adorno, Benjamin, Heidegger.
4. Tópico: Ciência e técnica
Conceitos:
- Método. Verificação. Paradigma. Crise de
paradigma.
- Aplicabilidades: Artesanato, técnica, tec-
nologia e produção industrial. Informática.
A ciência como produção social. Neutrali-
dade científica. Consumismo. Agenda 21.
A situação do Espírito Santo: os impactos
do agronegócio e da monocultura da
cana e do eucalipto.
- Referenciais teóricos: Platão, Bacon, Des-
cartes, Kant, Comte, Dilthey, Bachelard,
Popper, Kuhn, Gadamer.

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2º Ano - Agir e Transformar

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Valorizar o pensamento au- • Estimular a elaboração rigorosa de 1. Tópico: Ética
tônomo, inovador, crítico conceitos por meio da apresentação, Conceitos:
e comprometido cultural análise e confronto de opiniões e/ou
- Moral, imoral e amoral. Bem. A uni-
e historicamente pela in- correntes de pensamento, num reco-
versalidade e relatividade dos valores.
teração com as diferentes nhecimento da dialogicidade como
Crise de valores. Virtudes. Normas mo-
opiniões e pelo estímulo à valor humano e social.
rais e normas jurídicas.
capacidade de investigação, • Pesquisar, ler, interpretar e contextu-
raciocínio, conceitualização, - Aplicabilidades: Moralismo. Cidadania.
alizar textos da tradição filosófica em Bioética: eutanásia, aborto, drogas,
interpretação e elaboração vista de uma produção crítica, pessoal
rigorosa de textos e/ou ima- eugenia, meio ambiente, etc. Direito
e/ou coletiva, desse processo de inves- de ter direito. Direito de associação.
gens. tigação. Direitos civis, políticos, sociais, eco-
• Apresentar um modo espe- • Fomentar uma cidadania ativa pela par- nômicos e culturais.
cificamente filosófico de se ticipação crítica e, consequentemente,
formular e propor soluções - Referenciais teóricos: Aristóteles, Sê-
por meio de: a) debates, seminários neca, Cícero, Agostinho de Hipona,
a problemas, resguardando temáticos, organização de júri simula-
o valor da pluralidade de Montaigne, Spinoza, Rousseau, Kant,
do; b) uso das diversas mídias (música, Nietzsche, Scheler, Maritain, Kelsen,
concepções filosóficas, con- poesia, literatura, crônicas, jornal, inter-
textualizando a sua tradição Reale.
net, documentário e filme em vídeo);
e inter-relacionando-a com c) elaboração e produção de projetos
as diversas áreas do saber interdisciplinares ou transdisciplinares
como constitutivo da práxis cujo foco seja a comunidade do entor-
educativa. no das unidades educacionais.
Específica para esta série: Específicas para esta série: 2. Tópico: Política
• Identificar e estimular uma • Distinguir, considerar, reconhecer e Conceitos:
atitude ética e política no to- confrontar as múltiplas interpretações - Poder e força. Legitimidade. Hegemo-
cante à dignidade humana e expressões acerca das normas e dos nia. Sociedade civil. Sociedade política.
em seus diferentes aspectos valores humanos em sua historicida- Estado-nação. Formas de governo.
e contextos, bem como à de, tanto em sua dimensão pessoal - Aplicabilidades: Vínculos comunitários.
valorização e proteção do e existencial quanto em relação aos Ideologia. Aparelhos ideológicos: es-
ambiente natural. diferentes grupos sociais, principal- cola e meios de comunicação social.
mente com os que são discriminados Partidos políticos. Nacionalismo. Auto-
por sua condição étnica, sexual, etária, ritarismo e totalitarismo. Capitalismo
física, econômica e/ou geográfica. e socialismo. Terceiro setor. Governos
• Construir um ambiente participativo municipal, estadual e federal. Globali-
e engajado em favor da tradição dos zação neoliberal, movimentos antiglo-
Direitos Humanos e do Estado demo- balização e Fórum Social Mundial.
crático de Direito. - Referenciais teóricos: Sofistas, Platão,
• Analisar as causas das várias manifesta- Aristóteles, Agostinho de Hipona,
ções sociais da violência para uma ação Tomás de Aquino, Morus, La Boétie,
ética e política transformadora e em Maquiavel, Hobbes, Locke, Rousseau,
prol de uma sociedade sem exclusões Hegel, Marx, Althusser, Arendt, Bob-
sociais. bio.

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Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


3. Tópico: Democracia
Conceitos:
- Origem. Práxis. Democracia direta,
participativa, representativa e como
valor universal. Fragilidade da demo-
cracia. Crise de representação política.
A tradição dos Direitos Humanos.
- Aplicabilidades: Criança e adolescente
em situação de risco pessoal e social.
Movimentos sociais: estudantis, eco-
lógicos, feministas, antirracistas, de
pessoas com deficiência, de terceira
idade, pela paz, pela terra e outros.
Sistema prisional no Espírito Santo.
- Referenciais teóricos: Sofistas, Platão,
Aristóteles, Agostinho de Hipona,
Tomás de Aquino, Morus, Maquiavel,
Hobbes, Locke, Rousseau, Montes-
quieu, Hegel, Marx, Benjamin, Althus-
ser, Arendt, Rawls, Bobbio, Habermas,
Foucault, Agamben.

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Sumário principal

3º Ano - Sentir, Existir, Relacionar-se e Fazer

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Valorizar o pensamento autônomo, • Estimular a elaboração rigorosa 1. Tópico: Ser humano e sensibili-
inovador, crítico e comprometido cul- de conceitos por meio da apre- dade
tural e historicamente pela interação sentação, análise e confronto
Conceitos:
com as diferentes opiniões e pelo de opiniões e/ou correntes de
estímulo à capacidade de investigação, pensamento, num reconheci- - Percepção. Dualismo corpo e alma.
raciocínio, conceitualização, interpre- mento da dialogicidade como Amor. Desejo. Eroticidade. Amizade.
tação e elaboração rigorosa de textos valor humano e social. Caridade. Solidariedade.
e/ou imagens. • Pesquisar, ler, interpretar e con- - Aplicabilidades: Papéis sexuais e
• Compreender as construções sociais e textualizar textos da tradição filo- hierarquias de gêneros. Autoima-
históricas das diferentes formas de co- sófica em vista de uma produção gem. Práticas sociais e delimitação
nhecimento em vista de uma atitude crítica, pessoal e/ou coletiva, des- de diferenças etárias. As manifesta-
ética e política em relação à produção se processo de investigação. ções da violência: psicológica, física,
dos diferentes tipos de conhecimento, • Fomentar uma cidadania ativa doméstica e outras. Individualismo
sobretudo no tocante à dignidade pela participação crítica e, con- e vida gregária.
humana em suas diferenças e à va- sequentemente, por meio de: a)
lorização e proteção do ambiente - Referenciais teóricos: Platão, Agos-
debates, seminários temáticos,
natural. tinho de Hipona, Spinoza, Kant,
organização de júri simulado; b)
• Apresentar um modo especificamen- Merleau-Ponty, Fromm, Rorty.
uso das diversas mídias (música,
te filosófico de se formular e propor poesia, literatura, crônicas, jornal,
soluções a problemas, resguardando internet, documentário e filme em
o valor da pluralidade de concep- vídeo); c) elaboração e produção
ções filosóficas, contextualizando a de projetos interdisciplinares ou
sua tradição e inte-relacionando-a transdisciplinares cujo foco seja
com as diversas áreas do saber como a comunidade do entorno das
constitutivo da práxis educativa. unidades educacionais.
Específicas para esta série: Específicas para esta série: 2. Tópico: Ser humano, existência
• Estimular ações individuais e coleti- • Reconhecer, valorizar, fortalecer e e temporalidade
vas para a melhoria do conjunto da fomentar manifestações culturais Conceitos:
sociedade, em especial, no tocante locais e regionais, bem como pro-
ao consumo racional, tendo em vista blematizar setores das indústrias - Sentido. Cotidianeidade. Finitude.
uma atitude responsável em relação da cultura, analisando criticamente Liberdade. Natureza humana.
à saúde e ao meio ambiente. a ambiguidade de seus parâmetros - Aplicabilidades: Autenticidade. Crises
• Compreender o sentido e significado de produção a partir de critérios existenciais. Determinismo e as con-
da própria existência e da produção midiáticos e de mercado. dições da liberdade. Compromisso.
simbólica a partir da relação entre o si • Identificar, analisar e se posicionar Projetos de vida. Escolha profissional.
mesmo e o outro, como exercício de diante das opções de trabalho e Mortalidade.
liberdade e vivência democrática. atuação profissional numa esco- - Referenciais teóricos: Agostinho de
lha ética e sustentável. Hipona, Schopenhauer, Kierkega-
• Identificar, problematizar e de- ard, Nietzsche, Farias Brito, Sartre,
nunciar comportamentos inau- Heidegger, Mounier, Jaspers, Buber,
tênticos e desumanizantes em Levinás.
nível pessoal e coletivo, na esfera
social, cultural, histórica, em es-
pecial quanto ao consumo e no
tocante ao mundo do trabalho.

68
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


3. Tópico: Ser humano, identidade
e cultura
Conceitos:
- Subjetividade. Alteridade. Pessoa.
Processo civilizatório. Etnocentrismo.
Multiculturalismo. Interculturalidade:
inculturação, enculturação, acultu-
ração e transculturação.
- Aplicabilidades: Identidade pessoal
e relações interpessoais. Identidade
social e relações intergrupais. Iden-
tidade cultural. Mito. Cultura local
e a defesa da pluralidade contra a
globalização. Preconceito, discrimi-
nação e ações afirmativas. Cultura
de massa e cultura popular. Senso
comum. Folclore. As comunidades
indígenas e quilombolas do Espírito
Santo.
- Referenciais teóricos: Platão, Hegel,
Gramsci, Cassirer, G. Marcel, M. Eliade,
Heidegger, Sartre, Mondin, Levinás,
Lima Vaz, Habermas.
4. Tópico: Ser humano e trabalho
Conceitos:
- A dimensão do cuidado. Trabalho
manual e intelectual. Dignidade e
alienação. Progresso. Desenvolvi-
mento. Urbanidade. Industrializa-
ção.
- Aplicabilidades: Capitalismo. So-
cialismo. Urbanização industrial.
Automação. Cooperativismo. Eco-
nomia solidária. Códigos de ética
profissional. Movimento sindical.
Terceirização. Desemprego. Êxodo
rural. Mobilidade urbana. A produção
industrial do Espírito Santo e o meio
ambiente: minério, árvores/água,
petróleo, mármore.
- Referenciais teóricos: Aristóteles, Lo-
cke, Adam Smith, Hegel, Marx, Escola
de Frankfurt, Heidegger, Boff.

69
Sumário principal

6.1.5 Referências

ARANTES, P.; FAVARETTO, C. (Org.) A filosofia e seu ensino. São Paulo: EDUC, 1993.
BRASIL. Lei n° 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a lei nº. 9.304, de 20 de dezembro de 1996.
______. Ministério da Educação. Orientações curriculares do ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2004.
______. Parâmetros curriculares nacionais do ensino médio. Brasília, DF: MEC, 2002.
CARTOLANO, M. T. P. Filosofia no ensino de 2° grau. São Paulo: Cortez, 1985.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 10 de janeiro de 2003, Seção I.
FÁVERO, A. A.; KOHAN, W. O.; RAUBER, J. J. (Org.), Um olhar sobre o ensino de filosofia. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2002.
GALLO, S. (Org.). Ética e cidadania: caminhos da filosofia. Campinas, SP: Papirus, 1997.
_______; CORNELLI, G. Filosofia do ensino de filosofia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
_______; KOHAN, W. (Org.). Filosofia no ensino médio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
KOHAN, W. O.; WAKSMAN, V. Filosofia para crianças na prática escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
______ (Org.). Filosofia na escola pública. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. (Filosofia na escola, 5).
______. Ensino de filosofia: perspectivas. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
______ (Org.). Filosofia: caminhos para seu ensino. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
NIELSEN NETO, H. (Org.). O Ensino de filosofia no 2º Grau. São Paulo: SEAF/SOFIA, 1986.
PIOVESAN, A. et al. Filosofia e ensino em debate. Ijuí, RS: Ed. Unijuí, 2002.
ROCHA, R. P. da. Ensino de filosofia e currículo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
VALLS, A. et al. Diretrizes curriculares dos cursos de graduação em filosofia. Brasília: MEC/ SESU, 1999.

SITES
Portal Brasileiro da Filosofia — http://www.filosofia.pro.br/
Escola on line de Filosofia — http://www.ghiraldelli.pro.br
ANPOF — http://www.anpof.org.br/
Filosofia e Idéias — http://www.geocities.com/Athens/4539/
Projeto Simpozio — http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/portugue.html
Filosofia Educação e Cultura — http://www.geocities.com/cobra_pages/
Filosofia na Internet — http://www.filonet.pro.br/
Filosofia Virtual — http://www.filosofiavirtual.cjb.net/

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Sumário principal

O Cortiço filosófico — http://www.geocities.com/amarilla11/principal1.html


Antigos Filósofos - Pensamentos e Máximas — http://www.cris.bigardi.nom.br/filosofia/
Mundo dos Filósofos — http://www.mundodosfilosofos.com.br/
Discursus: A filosofia e seus meios — http://geocities.yahoo.com.br/discursus/
Pausa para a Filosofia — http://www.pfilosofia.pop.com.br/
Fórum de Ensino de Filosofia — www.forumfilosofia.com
Estudante de Filosofia — http://www.estudantedefilosofia.hpg.com.br/
As Mulheres e a Filosofia — http://www.asmulhereseafilosofia.hpg.ig.com.br/
Crítica - Revista de Filosofia e ensino — http://www.criticanarede.com
Filósofos - temas e fóruns sobre autores e assuntos de Filosofia — http://www.filosofos.com.br/
Iniciação à Filosofia — http://pages.madinfo.pt/filosofia/
Consciência Home Page — http://www.consciencia.org/
Biblioteca Virtual Revolucionária — http://www.geocities.com/autonomiabvr/
Página do Professor João Virgilio Tagliavini (Depto. Educação - UFSCar) — http://www.virgilio.com.br
Estudante de Filosofia — http://www.premierpropaganda.com.br/filo/
O ensino da filosofia no Brasil (estudo) — http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v24n64/22830.pdf
Filosofia na escola — http://www.unbbr/fe/tef/filoesco/histbrasil.html
Associação de Professores de Filosofia do Espírito Santo — http://br.geocities.com/apf_es/
Filosofia para crianças — www.cbfc.com.br e http://www.centro-filos.org.br/

71
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


História
Sumário principal

6.2 História formação da realidade através da intervenção


de seres sobrenaturais. Pouco a pouco, as
6.2.1 Contribuição da disciplina transformações econômicas, sociais e polí-
para a formação humana ticas contribuíram para modificar o universo
mental de então, que passou a necessitar
...para aprender a aprender e para de um sistema explicativo que relacionasse
aprender a fazer... os acontecimentos com decisões e possi-
bilidades.
Que história é essa?
Durante o período medieval, a profusão de
Compreender a História como disciplina escolar
documentos escritos vieram conferir à História
implica compreender diferentes concepções
uma função prática: a verificação da veraci-
de história e historiografia e suas repercussões
dade dos documentos. Com o advento do
no ensino, isto é, as possibilidades de relações
Humanismo, do Renascimento, e da Reforma
entre o saber histórico e o saber histórico
Religiosa houve um considerável desenvolvi-
escolar. Assim sendo, ao apresentarmos uma
mento do espírito crítico que se refletiu nos
proposta de trabalho baseada em conteúdos
básicos e comuns, estamos também convi- estudos, e a História passou a ser um meio de
dando o professor a refletir a partir do próprio fundamentação das críticas à sociedade.
campo da Ciência Histórica, e a contextualizar
historicamente sua prática docente cotidiana, A investigação histórica desenvolveu-se com
a fim de responder: Para que serve a História? os iluministas, que procuraram demonstrar
Por que ensiná-la? pela razão que o progresso da humanidade é
derivado do desenvolvimento da ciência e da
A História tem sua origem na necessidade instrução. É dessa época que data a inclusão
humana de registro do passado, sendo co- da História nos programas de ensino de
mum acentuar-se o papel da Grécia Antiga determinadas escolas na Europa, entre elas,
na formação do espírito do historiador e na as escolas militares. A História consolidou sua
construção de um pensamento com base função político-ideológica com a Revolução
na razão. Inicialmente, a interpretação do Francesa, quando a recuperação do passado
passado prendeu-se à narração de mitos passou a ter como objetivo principal a exal-
que tinham como finalidade a explicação da tação da pátria e sua glorificação.

75
Sumário principal

Na segunda metade do século XIX, com a jetos, novos problemas e novas abordagens
difusão do pensamento positivista, a criação (a chamada Nova História), considerando as
de uma História científica ganhou força alterações paradigmáticas das ciências. Como
e desenvolveram-se algumas disciplinas a realidade foi se tornando cada vez mais
especializadas no interior do campo histó- complexa, as abordagens culturais passaram
rico: história política, história econômica, a ser fundamentais para o preenchimento
história das civilizações, etc. É inegável a de lacunas e incertezas.
influência de Karl Marx, cujo pensamento
caracterizou-se pelo estudo da substituição Assim, a influência da historiografia con-
dos mecanismos da sucessão de aconteci- temporânea sobre o ensino de História se
mentos pela dinâmica das estruturas e dos faz perceber, por exemplo, na necessidade
modos de produção, colocando a questão de o professor de História relacionar as
econômica como determinante, mas não metodologias da pesquisa histórica com
exclusiva. as metodologias de seu ensino (teoria
relacionada à prática e resultando em
No início do século XX, muitos historia- conteúdos procedimentais); no reconhe-
dores passaram a considerar a ampliação cimento dos diferentes sujeitos da História,
dos objetos de interesse do historiador. na diversidade de fontes, na necessidade
Assim sendo, a história problema substi- de consolidação e historicização de concei-
tuiu, pouco a pouco, a história narrativa e tos, e na ampliação das possibilidades em
houve o reconhecimento de um campo torno do fato histórico; e na introdução no
de documentos históricos mais vasto que ensino de História de aspectos relativos a
os testemunhos escritos. Além disso, foram mentalidades, cotidianos, representações
realizadas considerações interdisciplinares a e práticas culturais.
partir do reconhecimento da relativização da
História, isto é, de que a valorização de um A construção de uma consciência histórica e
setor ou uma visão da História está inserida das possibilidades de pensar historicamente
em sua própria historicidade. sobre a realidade em que vivemos confere ao
ensino de História especificidades e particula-
A partir da década de 1970, a ênfase passou ridades no que diz respeito às contribuições
a ser, então, o reconhecimento de novos ob- da disciplina na formação humana.

76
Sumário principal

...para aprender a ser e para aprender cada vez mais homogêneo deveria tornar o
a conviver... passado harmonioso, apagando as diferenças
sociais e culturais e levando o Estado republi-
Uma História de múltiplos tempos, cano a consolidar sua imagem de elemento
espaços, sujeitos e diálogos atuante e protagonista da história nacional. O
ensino escolar, assim, revestido de conteúdos
A História, enquanto disciplina de ensino,
cívicos, deveria formar um determinado
ocorreu primeiramente no contexto de
cidadão, trabalhador/produtor/consumidor,
transições que tiveram origem na Revolu-
de acordo com a ordem capitalista que se
ção Francesa. É desse período que data a
luta burguesa por uma escola pública, leiga consolidava no país.
e gratuita, instituindo a obrigatoriedade
da educação escolar. A partir da difusão Mais tarde, durante a Era Vargas, ampliou-se
das ideias iluministas, a História ensinada o ensino escolar para uma educação que
distanciou-se cada vez mais da influência da considerasse as políticas de preservação do
igreja, e sua organização enquanto disciplina patrimônio e as festas cívicas. No entanto,
escolar está diretamente relacionada com a não se visava à formação de uma consciência
transformação da História como campo de crítica, mas à adequação do indivíduo à
conhecimento. sociedade. Os livros didáticos e as datas
comemorativas passaram a ser instrumentos
No Brasil, a consolidação da História como para a manutenção e homogeneização de
disciplina escolar ocorreu após a indepen- determinadas visões de mundo e de História,
dência, com o início da estruturação de sendo ferramentas de controle e mediações
um sistema de ensino para o império. O entre as práticas políticas e culturais.
pensamento da elite política e intelectual
apontava, cada vez mais, para a elaboração Durante as décadas de 1960 e 1970, com
de uma História para a jovem nação, que a ditadura militar, o ensino da História foi
pudesse ser difundida através da educa- unido ao de Geografia, condensados na
ção, colocando como central a questão da disciplina de Estudos Sociais, eliminando
identidade nacional. Durante o início da as possibilidades de um ensino crítico. Esse
república, quando foi instituído o processo ensino, cujo objetivo era a formação de
de escolarização obrigatório, um ensino um cidadão ajustado à ordem autoritária

77
Sumário principal

vigente, negava os avanços da produção disciplinas das Ciências Humanas permite


acadêmica e estimulava a formação do a construção da compreensão da realida-
chamado professor de licenciatura curta. de. Dessa forma, os estudos das Ciências
Humanas devem ser empreendidos de
Com o passar dos anos e o reinício da modo integrado: valores, conhecimentos,
democracia, a disciplina escolar História e habilidades. Essa integração garantirá uma
recuperou sua autonomia e as imbricações contínua aprendizagem e a sensibilização
entre cultura, política e seu ensino passaram necessárias para uma Educação que possa
a expressar a nova conjuntura. Hoje, em vir a garantir a paz e a dignidade humana.
todo o mundo “globalizado”, a vida cotidiana Uma sociedade democrática pede a parti-
coletiva se constitui um dos principais eixos cipação de todos e cada um dos membros
do ensino da História e as temáticas a ela no desenvolvimento do potencial de cada
referentes são importantes para destaques
um e da coletividade.
acerca das diferenças culturais e étnicas,
incentivando o respeito às diversidades. A
Não se trata, portanto, de informar um
prática docente da História tem caminhado
conteúdo histórico, geográfico, filosófi-
de acordo com as principais questões de seu
co, sociológico, etc., mas de oportunizar
tempo, incorporando diferentes concepções
ao aluno possibilidades de relação de
de ensino e de História.
temas, conteúdos, competências, valores
e habilidades. A informação, acrescida
Nessa perspectiva, ao considerar as pos-
de atitudes investigativas, é uma forma
sibilidades de seu fazer e de seu saber, e
de construção do conhecimento e de
questionar os conteúdos tradicionais, o
ensino de História transforma a fronteira pensar histórica, geográfica, sociológica
da história vivida e da história ensinada em e filosoficamente.
um espaço de diálogos e reflexões. A reali-
dade, vista dessa forma, torna-se o objeto, o Especificamente em relação à História, busca-
objetivo e a finalidade principais do ensino se a compreensão da realidade como objeto,
da História. objetivo e finalidade principais do seu ensino,
a partir do reconhecimento de si e do outro e
Compreendemos que o desenvolvimento da construção de uma consciência histórica,
da compreensão de conceitos básicos das de um sentimento de pertença.

78
Sumário principal

6.2.2 Objetivos da disciplina a dimensão ética de todo processo edu-


cacional;
... para querer saber... a percepção de que a História e seu ensino
são objetos de si mesmos, sem perder
Uma História que debate a ciência, a de vista a articulação teoria/prática e
cultura e o trabalho destacando as etapas e as ferramentas
do processo investigativo;
Considerando a tríade ciência, cultura e
uma proposta cujo eixo estaria em con-
trabalho como as formas com as quais o
sonância com os mais recentes debates
homem transforma a sociedade em uma que envolvem a História como ciência e
perspectiva emancipadora, os objetivos sua função social;
listados a seguir têm a intenção de organizar
a interlocução das demais ciências so-
ideias e fundamentar os conteúdos básicos
ciais com o ensino da História, e com
comuns propostos neste documento, mas
os demais saberes escolares;
também estimular os conteúdos comple-
mentares que cada professor deve elaborar concepções como rupturas e continuida-
des, semelhanças e diferenças, passado
de acordo com a sua realidade de ensino.
e presente, proximidade e distância,
Dessa forma, pretende-se fundamentar uma
antigo e moderno, urbano e rural, que,
proposta de trabalho para a Educação Básica para além de suas dicotomias aparentes,
que possa ser discutida e apropriada por seus ampliam noções como representações
sujeitos (professores, alunos, educadores, pais e processo;
e demais envolvidos na cultura escolar).
o reconhecimento das diferentes lin-
guagens, textos e múltiplos olhares que
Um debate entre o ensino de História prati- estão presentes em nossa sociedade,
cado e aquele aqui idealizado, que privilegie (re)significando a noção de documento
como eixo a dimensão local e a formação e considerando os procedimentos do
dos sujeitos de direitos, portanto, deverá historiador no trato com a História;
observar em suas reflexões: a educação patrimonial (observação,
registro, exploração e apropriação) como
a compreensão de que somos sujeitos uma das estratégias do ensino da História
diferentes e diversos, historicamente ao considerar o meio ambiente histórico
construídos e portadores de direitos; e o patrimônio vivo;

79
Sumário principal

o espaço historicamente construído e, suas características singulares e plurais –


portanto, inserido no processo do ensino busca-se a compreensão do mundo em
da História em suas múltiplas temporali- que se vive a partir do reconhecimento de
dades;
si e do outro. Nesse sentido, é fundamental
as questões concernentes à memória a alteração do eixo do ensino de História
(individual e coletiva, fragmentada e Geral para a História do Brasil e a História do
reconstruída, singular e plural), ressal- Espírito Santo, conservando a característica
tando a importância da consolidação de de uma História Integrada. A garantia da
paradigmas identitários;
autonomia do professor na elaboração de
a formação de uma consciência histórica, seu planejamento (objetivos, conteúdos e
necessária nos processos de transfor- metodologias) é fator importante para tal
mação social, cuja base é o trabalho empreendimento.
humano.

Compreendemos, portanto, que a dimensão Em todos os níveis/modalidades do ensino


identitária (imagem de si, para si e para os (incluindo a EJA, a Educação no Campo, e
outros), inerente ao processo de ensino da a Educação Indígena) deve prevalecer o
História, está associada à construção de uma desenvolvimento de atitudes investigativas
consciência histórica que surge do terreno das que reforçariam as relações entre os con-
memórias (individual, coletiva, partilhadas). teúdos conceituais (que compreendem as
ações do homem no tempo, mas também
seus valores, saberes e sensibilidades) e os
6.2.3 Principais alternativas procedimentais. A pesquisa, dessa forma,
metodológicas passa a ser o eixo organizativo dos CBCs
de História. Problematização, investigação,
... para ensinar, para aprender e para registro e socialização de resultados são,
querer: saberes, fazeres e quereres... portanto, conteúdos procedimentais da
História e etapas de seu ensino, que pode ser
Uma História que investiga, critica e pensado como um processo de construção
interpreta do conhecimento histórico escolar.

Ao enfatizar a formação de sujeitos – com-


Considerando essas especificidades, destaca-
preendidos como sujeitos de direitos, com
mos a necessidade de desenvolvimento de

80
Sumário principal

material didático específico; o uso crítico do comparação e argumentação são, por exem-
livro didático; a ênfase em diferentes práticas plo, ações que podem ser compreendidas
de leitura e escrita; o estudo do meio; as como competências. Habilidades, nesse
visitas técnicas (arquivos, museus e outras sentido, são formas possíveis de alcance
instituições de guarda); os estudos de caso; das competências.
a leitura de mapas, gráficos e tabelas; as
técnicas da história oral; o uso de diferentes Livros, fontes orais, relatos, jornais, revistas, len-
fontes históricas; os trabalhos com docu- das, música, literatura, obras de arte, fotografia,
mentos de diferentes tipos; o estímulo ao patrimônio, vídeo e cinema, monumentos,
uso de diferentes linguagens; e a educação documentos oficiais, datas comemorativas,
de olhares, que devem ser múltiplos. objetos e museus... Fatos, fontes, conceitos e
sujeitos que se integram e integram diferentes
Os conteúdos básicos e complementares alternativas metodológicas, que apontam
da História ensinada (conceituais, procedi- para a pesquisa como ensino/aprendizagem
mentais e atitudinais) são compreendidos e para a problematização do presente a partir
como uma articulação entre as habilidades do estabelecimento de relações entre as dinâ-
e competências (selecionadas pelo professor micas temporais: permanências e mudanças,
de acordo com o nível de ensino), entre os sucessão e simultaneidade, antes/agora/
tópicos/conteúdos eleitos para o alcance depois. A construção do conhecimento,
dessas habilidades e competências, e entre assim compreendida, ocorre a partir da
a metodologia determinada para tal fim. Os formulação, expressão e possibilidades de
conteúdos, assim compreendidos, passam respostas de dúvidas. Através do exercício
a ser eles mesmos construções sociais e da dúvida, o aluno pesquisador e o profes-
históricas. sor pesquisador consideram seus saberes
prévios, mas são produtores de um saber
Esclarecemos que compreendemos por específico que redefine suas relações com
competências ações que expressam uma o conhecimento histórico e seu processo de
tomada de decisão através da utilização produção. Esse seria o processo durante o
de ferramentas concretas e intelectuais, qual ocorre a aprendizagem histórica (aqui
bem como da mobilização de esquemas dividido em três etapas: a alfabetização
conceituais, visando a estabelecer relações histórica, os procedimentos históricos, e o
e promover interpretações. Observação, pensar histórico).

81
Sumário principal

De um modo geral, muitos teóricos con- a construção de significado do documento


sideram que o processo de aprendizagem histórico. Coerentemente com a opção pela
ocorre quando partimos do “próximo” para pesquisa como eixo organizativo do currí-
o “distante”; outros consideram que deve- culo e da prática docente, a avaliação pode
mos partir do “concreto” para o “abstrato”; considerar as possibilidades de descrição,
outros, ainda, que a aprendizagem ocorre argumentação, explicação e problematização
do “simples” para o “complexo”. A expe- que envolvem a construção do conhecimen-
riência docente em História demonstra, to histórico escolar. Pode, também, envolver
entretanto, que tais afirmações não podem etapas individuais e coletivas de trabalho.
ser feitas de forma tranquila uma vez que a
aprendizagem histórica ocorre juntamente A partir dessa compreensão, dividimos a
com o processo de produção de sentido, de proposta dos CBCs de História nos três seg-
modo que caberia indagar o que é próximo mentos de ensino: Séries iniciais do Ensino
e o que é distante, o que é simples e o que Fundamental, Séries Finais do Ensino Fun-
é complexo, o que é concreto e o que é damental e Ensino Médio. Cada segmento
abstrato, no universo cultural composto é exposto a partir de um conjunto comum
por informações globalizadas e efêmeras de competências e temas estruturantes
de nossas crianças e jovens. A gradação, que permeiam uma competência especí-
portanto, deve partir dos objetivos e das fica, os tópicos/conteúdos e as habilidades
metodologias que consideram os saberes distribuídos por cada série. É importante
prévios, não simplesmente de tópicos/ notar que algumas competências, temas
conteúdos a serem trabalhados. É preciso, estruturantes e habilidades, por vezes, se
portanto, que reflitamos sobre as compe- repetem na sequência dos segmentos e
tências e habilidades que estão relacionadas séries, uma vez que devem garantir o caráter
a esse processo de construção do saber gradual da construção do conhecimento.
histórico escolar. Nesse sentido, o processo Outro fator digno de nota é que os CBCs
de avaliação é parte integrante da ação de História, construídos a partir da consulta
educativa em História. aos professores da rede estadual de ensi-
no, não pretenderam esgotar conteúdos
A avaliação processual (diagnóstica, formativa a serem trabalhados em sala de aula no
e somativa) pode envolver as diferentes fon- processo de construção do conhecimento
tes e linguagens exploradas pelo professor, e histórico escolar. Ao contrário, ao agrupar os

82
Sumário principal

principais tópicos/conteúdos selecionados começa com uma questão ou um problema a


como básicos pelos professores, tornam-se ser desenvolvida/o. O segundo tema do ano é
ferramenta basilar, mas não única, para a uma forma de compreender representações. O
construção de um planejamento adequado terceiro, por sua vez, diz respeito a uma prática
a cada especificidade escolar, garantindo a cultural compreendida historicamente.
possibilidade de autonomia do professor e
a flexibilização dos conteúdos. Em todos os segmentos do ensino, atentamos
que o livro didático deve ser utilizado de forma
Coerentemente com a concepção de História problematizadora, como fonte de consulta
e seu ensino que permeia nossa proposta, no dos alunos e recurso didático-pedagógico,
Ensino Fundamental, cada tópico foi dividido sem substituir a autonomia do professor
em três seções: tematizando (apresentação de em relação ao seu planejamento inserido no
sugestões e possibilidades temáticas), proble- Projeto Político Pedagógico de cada escola.
matizando (possibilidades de investigação e
procedimentos), e dialogando (considerações
com outros temas, disciplinas, cotidiano do ENSINO MÉDIO
aluno, diversidades, contextos, etc., que podem Pensar Historicamente
ser realizados durante o processo de constru- (1º ao 3º ano)
ção do conhecimento histórico escolar).
Conceitos estruturantes:
No caso do Ensino Médio, a problematização
Trabalho, Poder, Ciência, Cultura,
central de cada ano parte de questões do
Diversidades
presente que permitem reflexões sobre as
diversidades e que se desdobram em dois Competências comuns:
temas em torno dos conceitos de trabalho,
ciência, cultura e poder. Trata-se, portanto, da Compreender a sociedade, em seu pro-
historicização de temas presentes (o pensar cesso de formação e mudanças, e os
historicamente). Dessa forma, a História será múltiplos fatores que nela intervêm, como
produtos da ação humana, considerando
percorrida nos três anos, ficando a critério
a si mesmo como agente social e aos
do professor a complexificação deste ou
processos sociais como orientadores
daquele período a partir da questão norte- da dinâmica dos diferentes grupos de
adora. Cada ano é dividido em três temas e indivíduos.

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Sumário principal

Compreender a produção e o papel his- em planejamento, gestão, organização e


tórico das instituições sociais, políticas e fortalecimento do trabalho de equipe e
econômicas, relacionando-as às práticas de ações na vida cotidiana.
dos diferentes grupos e atores sociais,
Compreender os elementos cognitivos,
aos princípios e valores que regulam a
afetivos, sociais e culturais que constituem
convivência em sociedade, aos direitos
a identidade própria e a dos outros.
e deveres da cidadania, e à justiça.
Comparar problemáticas atuais e de ou-
Aplicar os conhecimentos sobre a pes-
tros momentos históricos, interpretando-
soa, a sociedade, a economia, as práti-
as criticamente e construindo significados
cas sociais e culturais em condutas de
sociais, políticos, econômicos e culturais
indagação, análise, e problematização
sobre a realidade.
diante de situações novas, problemas ou
questões da vida pessoal, social, política, Compreender a ciência histórica como
econômica e cultural. algo em construção, participando de
algum modo em sua construção.
Considerar a importância das tecnolo-
gias contemporâneas de comunicação Estabelecer relações entre continuidade/
e informação para a produção de bens, permanência e ruptura/transformação
serviços e conhecimentos, aplicando-as nos processos históricos.

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Sumário principal

6.2.4 Conteúdo Básico Comum – História

1º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Criticar, analisar e in- • Compreender e organizar os concei- 1) Relações de Trabalho, Relações de Poder...
terpretar fontes docu- tos como representações da realida- Saberes:
mentais de natureza de organizadas pelo pensamento.
diversa, considerando • Liberdade, propriedade e exploração.
• Reconhecer e analisar a natureza
o papel das diferentes • A revolução agrícola e as relações comerciais.
específica de cada fonte histórica.
linguagens, agentes • Relações de trabalho nas sociedades indígenas
sociais e contextos • Utilizar e elaborar textos interpre- brasileiras e americanas.
envolvidos em sua tativos sobre o processo histórico.
• Escravidão e servidão.
produção. • Reconhecer a importância da inter-
• Divisão entre os sexos.
• Construir uma iden- disciplinaridade.
tidade pessoal e • Divisão internacional do trabalho: o capitalismo.
• Buscar o sentido das relações e pro-
social na dimensão duções humanas no tempo, contex- • Revolução industrial e revolução no campo.
histórica, a partir do tualizando-as e reconhecendo a pos- • Trabalho, classes sociais e cidadania.
reconhecimento do sibilidade de várias interpretações. • Burguesia, operariado e ideologia.
papel do indivíduo
nos processos his- • Identificar anacronismos, evitan- • Sindicatos e socialismos.
tóricos, simultanea- do-os.
• Terceirização, desemprego e trabalho informal:
mente, como sujeito • Compreender que as temporalidades o trabalho no mundo contemporâneo (trabalho
e como produto dos e as periodizações são construções urbano e trabalho rural).
mesmos. sócio-culturais e, portanto, históri- • O trabalho e as transformações do meio ambien-
• Posicionar-se critica- cas. te.
mente diante de fatos • Relacionar o trabalho com as for- Práticas:
presentes a partir da mas de poder, compreendendo • Imprensa falada, escrita, digital: notícias de explo-
interpretação de suas sua importância nas transformações ração do trabalho.
relações com o passa- históricas.
• O trabalho e o trabalhador em fotografias, cinema
do. • Reconhecer que as formações so- e TV .
ciais são resultado de várias cultu- • Relações de trabalho e de poder nos desenhos
ras. animados: Os Simpsons.
• Analisar as relações de dominação, • A história de vida como documento histórico.
subordinação e resistência, con-
Sensibilidades:
siderando as construções sociais,
políticas, econômicas e culturais. • Os excluídos da História: crianças, mulheres, pri-
sioneiros, loucos...
• Valorizar a memória histórica e sua
preservação como um direito do • Trabalho: dignidade, mérito ou punição.
cidadão. • Preconceitos e estereótipos.
• Exercitar o conhecimento histórico • Movimentos de inclusão social.
de forma autônoma e crítica. • Grupos e formas identitárias.

85
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


2) Ciência e Tecnologia
Saberes:
• Tecnologias e fontes de energia.
• A roda, o eixo, o fogo e a eletricidade.
• Invenções, descobertas e contextos de produção.
• As conquistas territoriais.
• As conquistas marítimas.
• As conquistas aeroespaciais.
• Medicina e Farmácia: as doenças têm história (e
suas curas também).
• Escrita e comunicações.
• Ciência e guerra: bombas, espionagem e guerra
química.
• Cientistas brasileiros conquistam o mundo.
• O petróleo no Espírito Santo e as tecnologias de
exploração.
Práticas:
• Reinventando invenções: os modelos de Leonardo da
Vinci, o telescópio de Galileu, o pêndulo, o relógio...
• As formas de impressão e o computador.
• Lendo documentos antigos e a prática da leitura
paleográfica: o testamento de Vasco Fernandes
Coutinho.
Sensibilidades:
• O cientista no imaginário social.
• É possível uma ciência para a paz?
• O conceito eurocêntrico de ciência: a ciência de
outras culturas, a ciência popular.

3) Mundo das Festas


• Toda cultura tem festa.
• Nascimento e morte como festas.
• A natureza e as festas sazonais: a permanência da
cultura rural.
• Festas urbanas, juventude e baladas.
• Os feriados e datas comemorativas: festas cívicas,
religiosas, pagãs e folclóricas.
• Movimentos sociais, as festas das minorias, as festas
do trabalhador.
• Festas internacionais.

86
Sumário principal

2º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Dominar, fazer uso e • Utilizar os conceitos históricos 1) As relações do Oriente Islâmico com o Ocidente.
produzir textos analí- de forma analítica no exercício Saberes:
ticos e interpretativos da indagação e investigação
sobre os processos com base em fontes diver- • O Oriente na Antiguidade: a ideia de estado centralizado
e de civilização.
históricos, a partir das sas.
categorias e procedi- • O Ocidente na Antiguidade: Grécia e Roma, as relações
• Reconhecer que o objeto da com a cultura oriental.
mentos próprios do História são as relações hu-
discurso historiográ- manas nos diferentes espa- • Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.
fico. çotempos. • O Islã invade a Europa: ciência e cultura.
• Relativizar as diver- • Exercitar a interdisciplinarida- • As Índias orientais.
sas concepções de de. • Escravos islâmicos no Brasil.
tempo e formas de
periodização do • Construir sentidos para os fa- • Industrialização e colonização: a divisão internacional
tempo cronológico, tos históricos, relacionando-os do trabalho.
reconhecendo-as aos processos históricos. • Imigração de sírios, turcos, libaneses e judeus para o
como construções • Problematizar o presente nas Brasil (e Espírito Santo): diversidades étnicas e culturais
culturais e históricas. dimensões individuais e so- entre os islâmicos.
• Situar os momentos ciais, comparando com outros • O Pós-Guerra e o redesenho dos países na África e na
históricos nos diver- contextos históricos. Ásia: conflitos étnicos e religiosos.
sos ritmos da dura- • Reconhecer e aplicar as re- • Gandhi e o ideal pacifista: o poder da paz.
ção e nas relações lações entre as dinâmicas • As colônias francesas e inglesas no norte da África.
de sucessão e/ou de temporais: continuidades • O petróleo e o poder econômico dos países orientais:
simultaneidade. e rupturas; permanências e interferências no meio ambiente.
mudanças; sucessão e simul-
taneidade; passado, presente • Israel e Palestina.
e o devir. • Iraque, Kwait, Afeganistão...: a quem interessa essas
guerras?
• Respeitar as diversidades ét-
nicas, religiosas, sexuais, clas- Práticas:
sistas e geracionais, reconhe- • Imprensa falada, escrita, digital: notícias do Oriente no
cendo-as como construções presente.
históricas e manifestações • O Islã visto pelo cinema e pela TV (desenhos animados).
culturais.
• O Islã nos games: O Príncipe da Pérsia.
• Identificar e analisar as cons- • O Corão como documento histórico.
truções da memória que pos-
suem caráter propagandista. Sensibilidades:
• Posicionar-se diante de injus- • Música e dança.
tiças, diferenciando igualdade • Vocábulos e hábitos orientais no Brasil.
e equidade, e reconhecendo • A mulher na visão islâmica e judaica.
os direitos pessoais e sociais.
• Formas de escrita e práticas de leitura.
• Identificar os problemas da • Repensando estereótipos e preconceitos: piadas, charges
comunidade, participando da e deboche.
busca por soluções.
• Nacionalismos e identidades.

87
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


2) Gênero e Sexualidade
Saberes:
• O conceito de gênero.
• O conceito de sexualidade.
• A mulher na mitologia greco-romana.
• A mulher nos grupos indígenas brasileiros.
• A sexualidade como estratégia de poder.
• Religiões e sexualidade.
• Como a lei trata os sexos.
• Movimentos feministas em todo o mundo.
• Homossexualidade e diretos humanos.
Práticas:
• Gênero e sexualidade no cinema.
• Gênero e sexualidade: registros antigos.
Sensibilidades:
• Juventude e papel sexual.
• Sexualidade e gravidez.
• Sexualidade e religião.

3) Mundo da Moda
• Moda e utilidades.
• Moda e sentido de beleza.
• Moda, consumo e globalização.
• Moda e religião.
• Moda e tecnologia.
• Toda cultura tem moda.
• A moda e a História.
• A moda como questão de gênero e exercício da sexu-
alidade.

88
Sumário principal

3º Ano

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender as diver- • Compreender que os conceitos históricos 1) Nações e Nacionalismos
sas produções da cul- são dinâmicos e se tornam específicos com Saberes:
tura – as linguagens, a construção de representações.
as artes, a filosofia, a • Conceito de Estado e suas transforma-
• Reconhecer e utilizar diferentes lingua- ções históricas.
religião, as ciências, as gens.
tecnologias e outras • Princípios, doutrinas e ideologias.
manifestações sociais • Ordenar e contextualizar a produção do • Os primeiros estados centralizados e as
– nos contextos históri- conhecimento. expansões imperiais.
cos de sua constituição • Utilizar diferentes procedimentos metodo- • Outras formações: cidades-estado, feu-
e significação. lógicos na construção do conhecimento dalismo, os indígenas brasileiros.
• Atuar sobre os proces- histórico. • A formação dos Estados Nacionais: o
sos de construção da • Reconhecer os fatos do passado como pro- Estado moderno europeu, o caso do
memória social, par- cessos sociais, resultados de posicionamentos Brasil, outras experiências americanas,
tindo da crítica dos diante de diferentes possibilidades. a Europa no século XIX.
diversos “lugares de • Os discursos nacionalistas: conteúdo
• Reconhecer e analisar as relações entre as
memória” socialmente simbólico e a construção de heróis
dinâmicas temporais: continuidades e rup- (inclusive Zumbi, Caboclo Bernardo e
instituídos.
turas; permanências e mudanças; sucessão e Maria Ortiz).
• Fazer uso de argumen- simultaneidade; passado, presente e o devir.
tação crítica sobre os • Ideologias: nazismo, fascismo, inte-
processos históricos, • Compreender que a história é construída por gralismo (inclusive no Espírito Santo),
a partir das categorias sujeitos históricos (individuais e plurais). sionismo, populismos.
e dos procedimentos • Compreender e relacionar as diferentes • Conflitos nacionalistas.
próprios do discurso formas de organização da vida social e das • Estados e disputas étnicas (independência
historiográfico. relações de poder, considerando a partici- das colônias africanas e o apartheid).
pação de homens e mulheres de diferentes • O nacional versus o estrangeiro (índios
etnias e gerações. e portugueses; bandeirantes e embo-
• Relacionar as diferentes manifestações ar- abas; brasileiros e imigrantes no Brasil
tísticas com os contextos históricos de sua Republicano).
produção. • O local e o mundial: neoliberalismo e
• Identificar as relações de poder nas diferentes globalização.
instâncias da sociedade. Práticas:
• Compreender a cultura como conjunto de • Imprensa falada, escrita, digital: consu-
representações, considerando os cotidianos. mo e mercado.
• Considerar a pluralidade das memórias his- • Literatura e historiografia nacionalista:
comparações de discursos.
tóricas, valorizando-as.
• Fotografias: a imagem vale mais que a
• Participar dos processos de construção e palavra?
preservação da memória social.
Sensibilidades:
• Conscientizar-se como sujeito responsável
pela construção da História. • Juventude e identidade.
• Quem é o povo?
• Posicionar-se diante das questões do presente
a partir de interpretações críticas do passado. • A força da tradição.

89
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


2) Colonizações e Resistências
Saberes:
• O sentido da colonização no mundo
moderno.
• Resistências indígenas na América.
• Resistências religiosas.
• Resistências dos escravos.
• A Revolução Inglesa, Revolução In-
dustrial e Revolução Francesa – con-
solidação da burguesia: movimentos
conservadores?
• A Revolução russa: o fim do império
russo e a experiência socialista.
• Gulags, ghetos e campos de concen-
tração: formas de tortura e formas de
resistência.
• O sentido de colonização no mundo
contemporâneo.
• A Revolução Chinesa: operários e cam-
poneses.
• A Revolução Cubana: avanços e retro-
cessos na construção da liberdade.
• Resistências no campo.
• A resistência negra na África do Sul.
• Militarismo no Brasil: a serviço de
quem?
• Resistências cotidianas: movimentos
sociais.
Práticas:
• O cinema nos EUA como instrumento
de colonização cultural.
• O rock engajado e militante.
• MPB e resistência à Ditadura.
• Mitos da resistência: Che Guevara.
Sensibilidades
• Revolução cultural e movimento hippie.
• Juventude: conservadorismo ou ruptu-
ras?
• Consumo de drogas como estratégia de
colonização ou forma de resistência?

90
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


3) Mundo das Artes
• O sentido de arte.
• O artista no imaginário social.
• Toda cultura tem arte.
• Arte como tradição, arte como coloni-
zação, arte como propaganda naciona-
lista.
• Arte como resistência e arte como con-
tradição.
• Movimentos artísticos na História.
• Arte e tecnologia.
• Arte e publicidade.
• Arte de rua.

91
Sumário principal

6.2.5 Referências

BITTENCOURT, Circe Mª Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
LAGOA, Ana Mª; GRINBERG, Keila; GRINBERG, Lúcia. Oficinas de história. Belo Horizonte: Dimensão, 2000.
LEITE, Juçara Luzia. Ensino de história e história do Espírito Santo: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura
em pedagogia EAD – séries iniciais. 2. ed. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. 64 p. Fascículo 3.
______. Ensino de história: escritas, leituras e narrativas: módulo estudos sociais. Curso de licenciatura em pedagogia
EAD – séries iniciais. Vitória, ES: NEAD/UFES, 2006. Fascículo 1.
LUCINI, Marizete. Tempo, narrativa e ensino de História. Porto Alegre: Mediação, 2000.
MALERBA, Jurandir; BERTONI, Mauro. Nossa gente brasileira: textos e atividades para o ensino fundamental.
Campinas, SP: Papirus, 2001.
PIROLA, André Luiz Bis. O livro didático no Espírito Santo e o Espírito Santo no livro didático: história e
representações. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade
Federal do Espírito Santo, 2008. Vitória, ES: UFES/PPGE, 2008. 265 p. Disponível em: <http://www.ppge.ufes.br/
dissertacoes/2008/dissertacoes.asp>.
OLIVEIRA, Margarida Mª. D.; STAMATTO, Mª Inês S. O livro didático de história: políticas educacionais, pesquisas
e ensino. Natal: Ed. UFRN, 2007.
RICCI, Claudia Sapag. Pesquisa como ensino: textos de apoio e propostas de trabalho. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.
ROSSI, Vera Lucia Sabongi de; ZAMBONI, Ernesta (Org.). Quanto tempo o tempo tem! Campinas, SP: Alínea, 2003.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar história. São Paulo: Scipione, 2004.

REVISTAS
Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Federal Fluminense (RJ). Faculdade de Educação.
História e Ensino: Revista do Laboratório de Ensino de História da Universidade Estadual de Londrina (PR), Departamento
de História.

NA REDE
www.historianet.com.br
www.ensinodehistoria.com

92
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Sociologia
Sumário principal

6.3 Sociologia 6.3.2 Objetivos da disciplina

6.3.1 Contribuição da disciplina Possibilitar o desenvolvimento de “uma


para a formação humana atitude sociológica” que permita ao aluno
compreender-se como “um ser social”, com-
A Sociologia é a ciência que estuda o preender “fenômenos sociais de seu cotidiano
convívio entre as pessoas, considerando a no contexto dos arranjos sociais, culturais,
produção social e discursiva da diferença, políticos e econômicos vigentes”, local e glo-
em meio às variadas redes de relações, balmente, e ainda “adquirir uma consciência
desde uma pequena família até grandes crítica” ou o que chamamos de “um pensa-
grupos étnicos, religiosos e geopolíticos, mento alargado e plural” que lhe oriente a
entre outros. Para a Sociologia, a subjetivi- agir como um “agente de transformação” na
dade, a ação e os conhecimentos humanos luta por uma sociedade menos desigual, pela
são sempre sociais e constituídos em meio melhoria das condições socioambientais,
a negociações, traduções, lutas e disputas, pelo direito à igualdade econômica e à dife-
às vezes, consensuais, às vezes, conflituosas, rença cultural, pelo trabalho digno e criativo
em torno da organização e ocupação do e por uma vida afirmativa e humanizada,
espaço e do tempo e pelo reconhecimento em sociedades globalizadas, midiatizadas,
simbólico e material. paradoxais e complexas.

O estudo da Sociologia deve possibilitar ao


aluno, por meio da investigação e do diálogo 6.3.3 Principais alternativas
com o aporte teórico-metodológico do metodológicas
campo, o desenvolvimento de uma “atitude
sociológica” voltada para a análise e a proble- Partindo do princípio que o objetivo da
matização do vivido no/do/com os contextos Sociologia é possibilitar ao aluno uma atitude
cotidianos e, assim, contribuir para que ele investigativa/cognitiva e uma prática social
se compreenda como produto e produtor voltadas para a autonomia e a participação,
da sociedade em que está inserido e de sua através da compreensão da construção so-
própria vida. cial da realidade e da emergência de ações

95
Sumário principal

efetivas para transformá-la a cada dia, a cada interdisciplinaridade, contudo, só se concre-


escolha, a cada modo de saber e de fazer, tiza no aluno. É nele que esses processos
a metodologia do ensino/aprendizagem devem acontecer, mas isso depende também
passa necessariamente pela pesquisa e pela de uma atitude dos professores.
construção coletiva de conhecimentos e
atitudes, a partir do alargamento das expe- De imediato, destacamos os usos críticos e
riências e representações sociais cotidianas criativos das mídias (vídeos, filmes, programas
de todos os envolvidos no processo. Ou seja, de TV, internet, jornais e revistas, entre ou-
o conhecimento precisa fazer sentido! E para tras); a pesquisa de campo na comunidade,
isso precisa ser apropriado, contextualizado, bairro, região, etc.; a produção de narrativas;
negociado, confrontado, desconstruído e a realização de entrevistas; as pesquisas junto
reconstruído. a movimentos sociais, comunitários, ONGs,
antigos moradores e líderes da comunidade;
As alternativas metodológicas, portanto, as pesquisas bibliográficas e documentais;
passam pelo ensino indissociável da pesquisa as análises de obras de arte; a investigação
e da ação social. Nessa perspectiva, embora dos espaços e equipamentos públicos; a
defendamos a necessidade da disciplina realização de seminários; a produção de
como espaço-tempo de contato com as mídias alternativas (vídeo-documentários,
teorias e perspectivas de abordagem dos histórias em quadrinhos, painéis fotográficos,
fenômenos sociais desenvolvidos no campo, fanzines, blogs, listas de discussão.); os estu-
compreendemos que a atitude sociológica dos dirigidos, estudos de casos, promoção
pode, e até deve, tornar-se, ao mesmo tempo de debates, planejamento e execução de
transversal, transdisciplinar, ou conforme projetos na escola para discutir assuntos de
a organização do trabalho na escola, in- interesse da comunidade; e as aulas expo-
terdisciplinar, como, aliás, deve acontecer sitivas dialogadas; incentivando o trabalho
em todas as áreas do conhecimento. Essa em equipe e a prática de aprender, no lugar
transversalidade, transdisciplinaridade e/ou do ensinar.

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Sumário principal

6.3.4 Conteúdo Básico Comum – Sociologia

1º Ano - Eixo: Ciência, Vida e Sociedade

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender e • Identificar, comparar, relacionar e interpretar os 1. Comunidades e rivalidade; torcidas
posicionar-se dian- diferentes discursos sobre a realidade, como as esportivas e violência; grupos comu-
te dos processos representações sociais, sejam elas científicas, li- nitários e modos de habitar os lugares;
sociais, utilizando terárias, religiosas e midiáticas, entre outras, bem comunidades de migrantes e demais
e construindo como analisar suas implicações e seus dilemas, minorias. A cidade. O Estado. A região.
conhecimentos conforme os vários paradigmas. 2. O país – a formação das nações; cons-
sociológicos, an- • Produzir novos discursos sobre as diferentes reali- tituição e produção simbólica das
tropológicos, filo- dades sociais, a partir das observações e análises identidades nacionais (mitos, heróis,
sóficos, históricos realizadas. hinos, bandeiras e demais símbolos
e geográficos. • Construir instrumentos para uma melhor com- pátrios); a formação étnica e cultural
preensão da vida cotidiana, ampliando a “visão de da sociedade brasileira; o rádio, a voz
• Selecionar, relacio- mundo”e o “horizonte de expectativas”, nas relações do Brasil, o cinema e a era Vargas; os
nar e interpretar os interpessoais com os vários grupos sociais. esportes nacionais; a música brasi-
diversos discursos leira, a televisão e o Governo Militar;
sobre os fenôme- • Identificar, comparar, analisar e fazer usos criativos o Brasil que a gente vê nas novelas,
das tecnologias, meios e recursos de comunica- no folclore, nas festas populares, nas
nos sociais para ção e de informação, como as TVs e rádios livres, artes, na literatura, na imprensa, na
construir argu- comunitárias e estudantis, os blogs e os fóruns de publicidade e no cinema; o “jeitinho
mentações con- discussão na internet. brasileiro”; estereótipos nacionais.
sistentes, tomar
• Distinguir, considerar e reconhecer as diferentes 3. O mundo – o paradoxo global/local;
decisões e resol- manifestações, valores, interesses e experiências de
ver problemas. comunicação e consumo planetá-
grupos estigmatizados por questões de etnia, gênero, rio; a configuração do poder global:
• Compreender o sexualidade, ocupação, região geopolítica, faixa etária os blocos político-econômicos e as
homem como e religião, agindo de modo a preservar o direito à corporações transnacionais; as lutas
um sujeito social, diferença sociocultural e à igualdade econômica, contra-hegemônicas: a sociedade civil
que se constitui e enquanto princípio estético, político e ético que globalmente organizada e a defesa
supera conflitos e tensões do mundo atual. dos patrimônios ecológicos e culturais
se transforma, ao
• Compreender as vias de ação política por meio das da humanidade; cosmopolitismo e
mesmo tempo fundamentalismo.
em que constitui reivindicações e performances dos movimentos
e transforma o sociais contemporâneos e outras organizações da 4. A sociologia como ciência – os vá-
sociedade civil. rios discursos sobre o social (litera-
mundo, em meio
a relações e in- • Compreender a inter-relação entre sociedade tura, artes, urbanismo, paisagismo,
e natureza e comparar e propor soluções para música, cinema e TV, entre outros); a
terações com os sociologia como discurso científico;
outros, nas quais problemas socioambientais.
contribuições das principais corren-
produz, traduz e • Construir a identidade social e política aberta e nego- tes de pensamento sociológico, suas
compartilha mate- ciada, de modo a viabilizar o exercício da cidadania interpretações da realidade e seus
riais significantes. plena, no contexto do Estado de Direito, atuando contextos históricos; o poder/saber
para que haja, efetivamente, uma reciprocidade de oficial e os saberes/fazeres excluídos;
direitos e deveres entre o poder público e o cidadão a ciência como produção social, pro-
e também entre os diferentes grupos. dução de conhecimentos, democracia
e produção da vida em sociedade.

97
Sumário principal

2º Ano - Eixo: Trabalho, Cidadania, Fé, Vida e Sociedade

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender e posicionar-se • Identificar, comparar, relacio- 1. Trabalho na sociedade capitalista – a in-
diante dos processos sociais, nar e interpretar os diferentes dustrialização e o trabalho assalariado no
utilizando e construindo conhe- discursos sobre a realidade, Brasil; a fábrica e seu modelo de produção
cimentos sociológicos, antropo- como as representações so- (fordismo); classes sociais; o funcionalismo
lógicos, filosóficos, históricos e ciais, sejam elas científicas, público; o trabalho no campo, o setor de
geográficos. literárias, religiosas e midiáti- serviços; sindicalismo; ideologia e alienação;
• Selecionar, relacionar e interpretar cas, entre outras, bem como concorrência e monopólio; o socialismo
os diversos discursos sobre os fe- analisar suas implicações e como alternativa.
nômenos sociais para construir ar- seus dilemas, conforme os 2. As mudanças no mundo do trabalho – ne-
gumentações consistentes, tomar vários paradigmas. oliberalismo; globalização dos mercados;
decisões e resolver problemas. • Produzir novos discursos so- transnacionalização do capital; divisão inter-
• Compreender o homem como bre as diferentes realidades nacional do trabalho; automação da produ-
um sujeito social, que se constitui sociais, a partir das observa- ção; desemprego estrutural; terceirização;
e se transforma, ao mesmo tempo ções e análises realizadas. trabalho informal; a empresa como novo
em que constitui e transforma • Construir instrumentos para modelo de organização do trabalho (pós-
o mundo, em meio a relações uma melhor compreensão fordismo); desenvolvimento econômico e
e interações com os outros, nas da vida cotidiana, ampliando degradação sócio-ambiental; capitalismo
quais produz, traduz e compartilha a “visão de mundo” e o “hori- financeiro e economia “real”.
materiais significantes. zonte de expectativas”, nas 3. Trabalho imaterial/intelectual – novas tec-
• Compreender o papel das socie- relações interpessoais com nologias da informação e comunicação
dades no processo de produção os vários grupos sociais. – recursos para produção e circulação do
do espaço, do tempo, do territó- • Identificar, comparar, analisar e trabalho imaterial/intelectual; informação
rio, dos sujeitos, do ordenamento fazer usos criativos das tecno- e conhecimento como mercadorias.
cultural, do modo de trabalho, das logias, meios e recursos de co- 4. Novas exigências profissionais – empreen-
relações de poder, da organização municação e de informação, dedorismo; empregabilidade e emprego;
social, da paisagem e do lugar. como as TVs e rádios livres, eficiência e eficácia; flexibilidade; criati-
• Compreender e valorizar a cidada- comunitárias e estudantis, os vidade; acompanhar mudanças; antever
nia e a democracia participativa, blogs e os fóruns de discussão tendências; trabalhar em equipe; aprender
como formas de favorecer a ação na internet. a aprender.
e a autonomia do indivíduo na • Distinguir, considerar e reco- 5. Cidadania – ser cidadão; direitos civis, polí-
sociedade. nhecer as diferentes mani- ticos e sociais; o papel do Estado: controle
• Compreender o processo histó- festações, valores, interesses social e garantia de direitos; democracia
rico de formação da sociedade e experiências de grupos representativa e participativa; capitalis-
brasileira e capixaba. estigmatizados por questões mo e exclusão; socialismo e autoritarismo;
de etnia, gênero, sexualidade, hegemonia; organismos internacionais de
• Perceber-se integrante, depen- ocupação, região geopolítica, direitos humanos.
dente e agente transformador do faixa etária e religião, agindo de
ambiente. 6. Religiosidade – saber, crer e acreditar; cato-
modo a preservar o direito à di- licismo; umbanda e candomblé; religiões
• Compreender as transformações ferença sociocultural e à igual- indígenas, protestantes e pentecostais;
políticas, sociais e econômicas e dade econômica, enquanto carismáticos; budismo; o islã; como lidar
os reordenamentos culturais nas princípio estético, político e com as religiões dos outros; fundamenta-
sociedades contemporâneas. ético que supera conflitos e lismo e sincretismo.
tensões do mundo atual.

98
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender as transforma-
ções no mundo do trabalho e
o novo perfil de qualificação
exigida, gerados por mudan-
ças na ordem econômica.
• Compreender as vias de ação
política por meio das reivin-
dicações e performances dos
movimentos sociais contem-
porâneos e outras organiza-
ções da sociedade civil.
• Compreender a inter-relação
entre sociedade e natureza e
comparar e propor soluções
para problemas socioambien-
tais.
• Construir a identidade social
e política aberta e negociada,
de modo a viabilizar o exer-
cício da cidadania plena, no
contexto do Estado de Direito,
atuando para que haja, efeti-
vamente, uma reciprocidade
de direitos e deveres entre o
poder público e o cidadão e
também entre os diferentes
grupos.

99
Sumário principal

3º Ano - Eixo: Cultura, Vida e Sociedade

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender e posicionar-se • Identificar, comparar, relacionar e in- 1. Cultura – conceitos; cultura como patri-
diante dos processos sociais, terpretar os diferentes discursos sobre mônio; cultura como modo de vida de
utilizando e construindo co- a realidade, como as representações uma população; cultura como processo;
nhecimentos sociológicos, sociais, sejam elas científicas, literárias, contra-cultura; reinvenção da cultura
antropológicos, filosóficos, religiosas e midiáticas, entre outras, como diferencial de troca no mercado
históricos e geográficos. bem como analisar suas implicações global; capital cultural.
• Selecionar, relacionar e inter- e seus dilemas, conforme os vários 2. Cultura de massa – problematização
pretar os diversos discursos paradigmas. das noções de cultura erudita, cultura
sobre os fenômenos sociais • Produzir novos discursos sobre as di- de massa e cultura popular; indústria
para construir argumenta- ferentes realidades sociais, a partir das cultural; a influência das mídias nos
ções consistentes, tomar observações e análises realizadas. modos de vida das pessoas e na orga-
decisões e resolver proble- • Construir instrumentos para uma nização do tempo e do espaço.
mas. melhor compreensão da vida coti- 3. Identidade cultural – Hegemonia e
• Compreender o homem diana, ampliando a “visão de mundo” padronização da identidade local, na-
como um sujeito social, que e o “horizonte de expectativas”, nas cional e planetária; a identidade e suas
se constitui e se transforma, relações interpessoais com os vários diferenças negativadas: as minorias; o
ao mesmo tempo em que grupos sociais. papel das ciências, das mídias e das artes
constitui e transforma o • Construir uma visão mais crítica da na produção/desconstrução discursiva
mundo, em meio a relações indústria cultural e dos meios de da hegemonia; identidades culturais no
e interações com os outros, comunicação de massa, avaliando o Espírito Santo.
nas quais produz, traduz e papel ideológico do “marketing” en- 4. Multiculturalismo – Condições histó-
compartilha materiais signi- quanto estratégia de persuasão do ricas do surgimento dos movimentos
ficantes. consumidor e do próprio eleitor. legítimos de minorias que ficaram à
• Compreender o papel das • Identificar, comparar, analisar e fazer margem das identidades hegemônicas
sociedades no processo de usos criativos da comunicação e de nas grandes metrópoles. O multicultu-
produção do espaço, do tem- informação, como as TVs e rádios livres, ralismo fabricado pelas mídias, pelas
po, do território, dos sujeitos, comunitárias e estudantis, os blogs e corporações e pelo turismo. A perspec-
do ordenamento cultural, do os fóruns de discussão na internet. tiva crítica em que relação à diferença
modo de trabalho, das rela- socialmente produzida e à perspectiva
ções de poder, da organiza- • Distinguir, considerar e reconhecer liberal/administrativa da diversidade.
ção social, da paisagem e do as diferentes manifestações, valores,
interesses e experiências de grupos 5. Movimentos sociais contemporâneos
lugar. e a problematização das identidades
estigmatizados por questões de etnia,
• Compreender a importância gênero, sexualidade, ocupação, re- hegemônicas – movimentos étnicos;
do patrimônio cultural e na- gião geopolítica, faixa etária e religião, movimentos feministas; movimentos
tural e respeitar as diferenças agindo de modo a preservar o direito gays; movimentos ecológicos; movi-
como produto e processo à diferença sociocultural e à igualda- mentos pacifistas; movimentos pela
das relações políticas, eco- de econômica, enquanto princípio terra; movimentos de juventude e
nômicas, sociais e culturais, estético, político e ético que supera movimentos de idosos, entre outros; a
incluindo entre esses proces- conflitos e tensões do mundo atual. performance cultural como via de ação
sos a ciência e a educação. política; o direito à diferença cultural e
à igualdade econômica.

100
Sumário principal

COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS


• Compreender e valorizar a • Compreender as vias de ação política 6. Cultura e cidadania - unidade e hetero-
cidadania e a democracia por meio das reivindicações e perfor- geneidade – movimentos em redes e
participativa, como formas mances dos movimentos sociais con- o Fórum Social Mundial - a articulação
de favorecer a ação e a au- temporâneos e outras organizações global de movimentos específicos ou
tonomia do indivíduo na da sociedade civil. locais; a afirmação da diferença como
sociedade. • Compreender a inter-relação entre processo do vivo; as novas tecnolo-
• Compreender o processo sociedade e natureza e comparar e gias da informação; às diásporas e os
histórico de formação da propor soluções para problemas so- hibridismos culturais como processos
sociedade brasileira e capi- cioambientais. para a construção do comum como
xaba. articulação entre singularidades; ci-
• Construir a identidade social e política dadania, militância cultural e internet;
• Perceber-se integrante, de- aberta e negociada, de modo a viabili- as performances ganham às ruas e às
pendente e agente transfor- zar o exercício da cidadania plena, no mídias como táticas de ação política;
mador do ambiente. contexto do Estado de Direito, atuan- comunicação comunitária e demais
• Compreender as transfor- do para que haja, efetivamente, uma alternativas na produção dos interesses
mações políticas, sociais e reciprocidade de direitos e deveres comuns (blogs, vídeos, rádios livres, TVs
econômicas e os reordena- entre o poder público e o cidadão e comunitárias, etc.).
mentos culturais nas socie- também entre os diferentes grupos.
dades contemporâneas.

101
Sumário principal

6.3.5 Referências

ALVES, Nilda. Sobre movimentos das pesquisas nos/dos/com os cotidianos. Teias, Rio de Janeiro, ano 4, n. 7-8, jan./
dez. 2003.
AUGÉ, Marc. ¿Por qué vivimos? por una antropología de los fins. Barcelona: Gedisa, 2004.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
CARVALHO, Janete Magalhães. Pensando o currículo escolar a partir do outro que está em mim. In: FERRAÇO, Carlos
Eduardo (Org.). Cotidiano escolar, formação de professores (as) e currículo. São Paulo: Cortez, 2005.
CERTEAU, Michel de. A cultura no plural. Campinas, SP: Papirus, 1995.
______. A invenção do cotidiano. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. v. 1 (Artes de fazer).
FERRAÇO, Carlos Eduardo. Currículo, formação continuada de professores e cotidiano escolar: fragmentos de
complexidade das redes vividas. In.___ (Org.). Cotidiano escolar, formação de professores (as) e currículo. São
Paulo: Cortez, 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
MACEDO, Elizabeth (Org.). Criar currículo no cotidiano. São Paulo: Cortez, 2004.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.
SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte:
Autêntica, 1999.
YÚDICE, George. A conveniência da cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.

102
Sumário
principal

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Geografia
Sumário principal

6.4 Geografia denominação, mas ganha a amplitude de


uma Geografia que se pretende impregnada
6.4.1 Contribuição da disciplina e compromissada do/com o cotidiano,
para a formação humana buscando potencializar características sig-
nificativas de suas diferentes concepções
...para aprender a aprender e para construídas em seu processo histórico: da
aprender a fazer... Geografia Tradicional mantém-se a proposta
de que é preciso saber Geografia para fazer
A ciência geográfica, que nasceu descritiva das Geografia, (re)afirmando a necessidade da
paisagens e das sociedades, cresceu quantita- aprendizagem de conteúdos e de estudos
tiva, medindo superfícies para localizar fatos compromissados com a vida; da Geografia
e tentar explicar fenômenos, expandiu-se no Quantitativa resgata-se a possibilidade de
questionamento, na crítica e na denúncia análises importantes dos processos geográ-
dos processos de exploração, apropriação, ficos, subsidiadas por recursos tecnológicos
controle e domínio de sociedades ou de gru- cada vez mais sofisticados; da Geografia
pos hegemônicos nas relações travadas com Nova aproveita-se a concepção da atividade
outras sociedades, com outros grupos sociais como base para uma aprendizagem não
e com a natureza. Como toda ciência, não restrita à reprodução e sim ao aprender
apenas influenciou mudanças no contexto a aprender e ao aprender a fazer; da Geo-
mundial e em situações locais, como também grafia Humanística reforça-se a abordagem
se modificou em função das demandas e sensível aos problemas das sociedades,
das transformações geradas nos diferentes numa perspectiva de construção de um
espaçostempos locais e globais. mundo melhor; da Geografia Crítica amplia-
se o compromisso com a leitura crítica de
Assim, a Geografia que hoje se ensina nas escolas, mundo e com uma escrita de vida baseada
derivada do corpo teórico-prático da ciência na manutenção da sustentabilidade do
geográfica, se produz com marcas de sua histo- planeta e da dignidade humana no trabalho
ricidade e se projeta com desejos de um tempo e no consumo.
presente que se quer melhor no futuro.
A Geografia desejada pelo grupo, para se
Dessa forma, a concepção da Geografia ensinar e para se aprender na escola, se baseia
escolar perde a homogeneidade de uma na intensa relação com outros campos do

105
Sumário principal

conhecimento para promover: a competência grupo elegeu alguns conteúdos conceituais


investigativa sobre o espaço geográfico, o como eixos centrais, aglutinando-os aos con-
território, o lugar, a paisagem; a expressão do ceitos procedimentais e atitudinais, para criar
raciocínio geográfico por meio da cartografia temas para cada série/ano escolar, enfatizan-
escolar, de outras linguagens e do uso de do que a escolha para uma determinada série
tecnologias possíveis; a formação de atitu- não exclui o estudo do tema nas outras séries,
des de intervenção, manejo, conservação e quando serão aprofundados ou aplicados
preservação na diversidade de ambientes no nas aprendizagens subsequentes. Assim, ao
mundo; e o estímulo à convivência solidária tomar o Lugar como tema representativo das
na complexidade das diferenças entre os seres séries iniciais, considera-se a proximidade do
humanos. No trato com a aprendizagem, seu conceito com a expectativa de cognição
as diferenças deverão se constituir como inicial na Geografia, pelo caráter das relações
referenciais que singularizam não apenas estabelecidas entre o sujeito aprendente
alunos(as) afrodescendentes, indígenas, e o lugar de vivência, envolvendo afetos,
migrantes, portadores de deficiências ou desafetos e cotidianidade ao longo de sua
transtornos globais de desenvolvimento e\ou vida, razão da necessidade do aprofunda-
altas habilidades, mas todo e qualquer um dos mento dessa categoria, como de outras,
sujeitos do processo de aprender a fazer e a em outros momentos de estudo. Também a
ser, como partícipes de uma ação coletiva de dimensão espacial exige explicitação de um
projetar e conceber um mundo melhor – com tratamento didático na proposta do grupo:
as contribuições da Geografia. a relação local-global-local será mantida em
todos os momentos da Educação Básica.
Nessa concepção geográfica as perspectivas Contudo, para favorecer esse movimento no
do local e do global são permanentemente imbricamento com outras disciplinas, o foco
entrecruzadas, assim como as dimensões inicial será dimensionado em cada série.
de estudo de aspectos físicos e sociais não
se fragmentam, a despeito de suas especi- Tornar essa concepção possível no currícu-
ficidades. lo escolar implica considerar professores e
alunos como sujeitos produtores e dissemi-
Transformar esses anseios em um documento nadores de conhecimento, conscientes de
escrito exige negociações para torná-lo didá- sua cidadania, em formação permanente.
tico, dinâmico e flexível. Nessa perspectiva, o Implica também considerar a multiplicidade

106
Sumário principal

e a complexidade de situações, sentimentos, mundo para efetivação de uma escrita de


problemas, desejos, esperanças, propostas vida compromissada com uma educação
que permeiam a escola, composta de pes- solidária e transformadora.
soas e ambientes diferentes, o que sugere
dificuldades, mudanças, fragmentações, No estudo das sociedades, a Geografia
construções e transformações que alteram promove a percepção de identidades e a
tudo que é proposto, planejado, pensado elaboração do sentimento de pertença, ao
preliminarmente. É como na Geografia, cujo mesmo tempo em que desenvolve princípios
objeto maior de estudo é o espaço geográfico: de respeito e aceitação das diferenças, tão
uma (re)construção permanente, elaborada importantes para a convivência no mundo
no jogo de relações entre a natureza e a atual. No estudo dos processos e fenômenos
sociedade, onde sujeitos “produzem, lutam, da natureza, a Geografia contribui para o de-
sonham, vivem e fazem a vida caminhar” senvolvimento de competências/habilidades
(Santos, 2004, p.75). de investigação, monitoramento, análise,
registro e avaliação capazes de realçar a
... para aprender a ser e para aprender importância dos cuidados para manutenção
a conviver... da vida. A ética e a estética, presentes na
leitura das paisagens, na conformação das
A Geografia escolar, na concepção ensejada regiões, na delimitação dos territórios e na
pelo grupo, pretende contribuir com a for- relação com os lugares, traduzem o rigor,
mação humana dos sujeitos envolvidos no a disciplina, a dinâmica e a criatividade de
processo de ensino e aprendizagem numa aprendizagens geográficas, ampliando-se
perspectiva de valorização de suas vivências, para vivências no trato com o outro e o
afirmação das ações individuais e coletivas na mundo.
transformação de situações locais e globais, e
estímulo à responsabilidade na relação entre Dados, fatos e informações, ao se tornarem
a produção pelo trabalho e a manutenção materiais para análises geográficas, exigirão
do sistema Terra. É importante destacar a formação de um sujeito crítico que põe em
que o professor também é um sujeito em dúvida o que ouve, vê e lê na rede internet,
formação, que deve aprimorar, com o ensino na televisão, em livros ou outros meios de
de Geografia, a especificidade da ciência comunicação, na escola, nas instituições ou
e a responsabilidade de leitura crítica do nas ruas, para confrontar e relacionar com as

107
Sumário principal

questões do cotidiano, abandonando a dog- mulheres atuantes na comunidade local


matização de ‘verdades’ para produzir saberes. e global, solidários entre si, produtivos e
No entender de Kaercher (In PONtchuska respeitosos com a natureza.
e Oliveira, 2006, p.224-225) é preciso “[...]
fortalecer os valores democráticos e éticos,
a partir de nossas categorias centrais [...], e 6.4.2 Objetivos da disciplina
expandirmos cada vez mais o respeito ao outro,
ao diferente [...] no combate às desigualdades ...para querer saber...
e às injustiças sociais [...]. Se ajudarmos nossos
alunos a perceberem que a Geografia trabalha Propiciar conhecimento sobre processos,
com as materializações das práticas sociais, fenômenos e fatos de origem físico-
química e social que, em sua comple-
estaremos colocando-a no seu cotidiano.”
xidade espaçotemporal e nas relações
Como Moreira (1987) e Cavalcanti (1998),
que travam entre si, organizam o espaço
acredita-se que as contribuições da Geografia à geográfico.
formação humana ultrapassam a especificida-
de da localização espacial ao desvelar relações Fornecer subsídios para a compreensão
do espaço geográfico como produção
de poder no disciplinamento da organização
social e histórica, decorrente de ações e
do espaço geográfico, por meio de políticas e de responsabilidades individuais e cole-
ideologias, o que possibilita a compreensão tivas junto à natureza e à sociedade.
de que ao intervir em situações e arranjos
Promover o conhecimento geográfico
predeterminados pela hegemonia do capital
integrado às práticas sociais cotidianas
sobre sociedades e natureza, ações particulares de enfrentamento a processos de si-
e coletivas elevam a prática cotidiana ao nível lenciamento, invisibilidade ou exclusão
da antropoética. Nascem daí a autonomia social, política, econômica ou cultural de
intelectual e a cidadania como expressões de parcelas da população por diferenças de
organização coletiva na busca de direitos para quaisquer ordens.
numa sociedade justa e democrática. Apresentar categorias geográficas que
atuem como base na análise espaçoge-
A alfabetização cartográfica e a geográfica ográfica.
favorecem o desenvolvimento do raciocínio
Estimular raciocínios e procedimentos
crítico e o fortalecimento da ação criativa, geográficos na leitura crítica do mundo e
que alicerçam a formação de homens e na ação cidadã no espaço geográfico.

108
Sumário principal

Promover investigações e propor interven- são privilegiadas, quer seja atendendo aos
ções no espaço geográfico, considerando reclamos do momento didático instalado
o cuidado com a finitude do sistema Terra
nas instituições escolares, quer seja de-
e as possibilidades de sustentabilidade
no uso de seus recursos. vido às disponibilidades garantidas pela
formação acadêmica de docentes ou pela
Favorecer a compreensão sobre relações infraestrutura de recursos didáticos na
espaçotemporais e escalas geográficas
escola. A despeito de mudanças e flutu-
local-global-local nas produções e vi-
ações teórico-metodológicas, o grupo de
vências das sociedades.
professores de Geografia, que se empenha
Desenvolver leitura e representações em delinear a presente proposta de dire-
espaciais por meio de instrumentos e
trizes curriculares da rede pública estadu-
técnicas da cartografia e de outras lin-
al, destaca um conjunto de alternativas
guagens.
metodológicas julgadas coerentes com a
Criar condições para práticas sociais no es- concepção pretendida.
paço geográfico local e global que valorizem
ações de convivência solidária, aceitação
Considerando as especificidades apontadas
de diferenças entre pessoas e culturas, em
atitudes de promoção da paz com uso do para a Geografia escolar professada, a prática
conhecimento geográfico. do diálogo na intermediação entre o conhe-
cimento científico e aquele elaborado na
Estimular atitudes de preservação ou
vivência de sujeitos envolvidos no processo
de conservação que potencializem a
valorização do patrimônio geofísico e de ensino-aprendizagem imprime um movi-
cultural, local e global. mento de teorização e prática indispensável
à pesquisa, à experimentação, ao registro e
à aplicação dos saberes geográficos à vida
6.4.3 Principais alternativas cotidiana. Assim, a aula geográfica deverá
metodológicas privilegiar problematizações interdisciplina-
res, nos quais princípios transversais deverão
...para ensinar e para aprender: saberes, ser acionados. Além disso, deverá se efetivar
poderes e fazeres docentes... como um permanente exercício de vivências
reflexivas sobre as relações entre pessoas e
Nas diferentes concepções pedagógicas do entre essas e a natureza, numa perspectiva
ensino de Geografia algumas metodologias de solidariedade, de dignidade, de produção

109
Sumário principal

de saberes que contribuam para uma vida pelo professor no trabalho pedagógico, ex-
melhor para todos. plorando, sempre que possível, a associação
entre o cotidiano e o espaço geográfico. É im-
O uso do livro didático será valorizado como portante que considere o potencial individual
mecanismo de apoio complementar a leituras, dos alunos, mesmo quando em atividades
interpretações, registros e proposições, que coletivas, negando comparação entre suas
não se esgotam na dimensão de conteúdos capacidades, habilidades e atitudes.
dispostos naquele material didático, sem
contudo ser o condutor da prática pedagógica A Geografia deverá ser pesquisada na multi-
e, menos ainda, a fonte única de estudo. A plicidade e na complexidade de diversidades
costumeira prática de leitura de trechos do que constitui o cotidiano das sociedades e
livro didático seguida de explicações (que das pessoas. Os princípios da pesquisa escolar
mais repetem do que problematizam as in- podem ser similares àqueles desenvolvidos
formações fornecidas) ou de “exercícios” (que na academia, problematizando aspectos
quase sempre favorecem a naturalização ou a da vida da comunidade local ou global e
memorização dos fatos expostos) deverá ser relacionando aspectos teóricos da ciência
substituída por consultas e leituras proble- geográfica às questões que preocupam as
matizadoras, permitindo estudos individuais sociedades quanto à produção, à explo-
e em grupo. A leitura não-restrita aos livros ração, à apropriação, à conservação ou à
didáticos, deverá ser ampliada em outras preservação dos recursos e dos ambientes
possibilidades como as produções disponíveis da natureza e das sociedades. Simulações e
na rede internet, nas revistas especializa- demonstrações precisarão estar entrelaçadas
das e científicas, nos jornais, nas histórias com estudos que exigem abstrações.
em quadrinhos, nas diferentes expressões
literárias. Os registros envolvendo análises, A aula de campo, a aula prática, o estudo do
descrições, avaliações, proposições dos fatos e meio sustentarão alternativas metodológicas,
dos fenômenos geográficos poderão inscrever como a observação e a coleta de dados por
produções de desenho, teatro, música, escrita meio de instrumentos, por exemplo, a bússola,
e outras expressões. o relógio do sol, a biruta, o pluviômetro, o
altímetro, o termômetro, o cata-vento, o mapa,
A avaliação processual deverá envolver as as cartas, as fotografias aéreas, as imagens de
diferentes fontes e linguagens exploradas satélites, os molinetes, os infiltrometros e tan-

110
Sumário principal

tos outros próprios da Geografia, construídos 6. Sociedade


como procedimentos de aprendizagens, com
7. Natureza
materiais simples ou adquiridos como parte
de um conjunto necessário às intervenções e 8. Meio ambiente
aos estudos da área. A sala ambiente se torna, Procedimentais
então, uma necessidade pela possibilidade de
1. Escala geográfica
funcionamento como laboratório da ciência
geográfica, no encontro entre prática e teoria, 2. Escala temporal
integrando experimentos de ordem social 3. Representações cartográficas
e física.
4. Localização e orientação
Para realização e concretização desses pro- 5. Ações investigativas: observação, expe-
cedimentos e elaboração dos recursos que rimentação
lhes são necessários, torna-se preciso garantir
condições de planejamento, organização,
Atitudinais:
elaboração e execução, além da respectiva
infraestrutura (em especial para realização 1. Sustentabilidade: cuidados com o
de aulas de campo e organização de salas consumo, a produção, a exploração e a
apropriação
ambiente) sem o que as intenções metodoló-
gicas se tornam promessas vazias, com graves 2. Convivência com diferenças e diversida-
prejuízos ao ensino e à prática da Geografia. des

3. Solidariedade e colaboração em grupos


Eixos: de vivência

Conceituais 4. Avaliação de intervenções no espaço


geográfico
1. Espaço geográfico
5. Valorização da vida
2. Paisagem
6. Exercício da ética e da cidadania
3. Lugar
7. Disposição para produção de conhe-
4. Região
cimento e desmistificação de tabus e
5. Território preconceitos

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Sumário principal

6.4.4 Conteúdo Básico Comum – Geografia

1º Ano

Lugares e paisagens: transformações na natureza e nas sociedades (Planeta Terra)


COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS
1. Compreender e localizar fatos, 1. Compreender processos, fatos APRENDIZAGENS E SABERES
fenômenos e processos das socie- e fenômenos que explicam a 1. A relação entre movimentos da Terra
dades e da natureza, analisando dinâmica composição do es- e a organização do espaço geográfico.
sua extensão e seu tempo de paço geográfico. As paisagens mundiais 2. A dinâmica da
ocorrência no espaço geográ- 2. Identificar, em elementos que Litosfera. Continentes e oceanos. Relevo ter-
fico. caracterizam o espaço geográ- restre. Minerais e rochas. Solos: práticas de
2. Relacionar a dinâmica popula- fico, transformações em tempo manejo e conservação. 3. Recursos naturais
cional e a organização social aos geológico, histórico e linear. e modos de produção: o capital mundiali-
fluxos de produção, consumo e 3. Investigar, calcular e anali- zado. 4. A relação entre a urbanização e a
circulação de produtos. sar índices, taxas e demons- organização campesina contemporânea:
3. Compreender e valorizar funda- trativos do movimento, do paisagens, produções e modos culturais. 5.
mentos da cidadania e da de- crescimento, da estrutura, da População: teorias, estrutura, distribuição. 6.
mocracia, para promover ações distribuição e da produção de Fluxos e redes: mercadorias, valores, ideias,
efetivas, responsáveis e cons- populações. informação, serviços e pessoas.
cientes do individuo no espaço 4. Realizar procedimentos de LINGUAGENS E DIZERES
geográfico. pesquisa e de registros geo- A cartografia no pensamento, na repre-
4. Dominar e fazer uso de proce- gráficos em diferentes fontes sentação e na leitura do espaço geográ-
dimentos de pesquisa, produ- e linguagens. fico. A ideologia dos mapas. Localização
zindo e monitorando dados, 5. Analisar e representar, critica- e orientação. Mapas, maquetes, imagens
informações, análises e avalia- mente, questões geográficas, de satélites, fotos aéreas. Fusos horários.
ções sobre questões do espaço por meio da cartografia escolar Gráficos e tabelas. Índices, fluxos e taxas
geográfico. e de outras linguagens. populacionais.
5. Ler, escrever e interpretar textos 6. Avaliar e propor diferentes PESQUISAS E FAZERES
em diferentes linguagens fazendo práticas para manutenção da A Geografia, leitura de mundo e escrita da
uso deles na produção, investiga- sustentabilidade mundial e vida. A dinâmica relação entre os compo-
ção e intervenção geográfica. promoção da paz social. nentes das paisagens e dos lugares.
6. Desenvolver raciocínios geográ- SENSIBILIDADES E PODERES
ficos para explicar e representar
fenômenos, fatos e processos Questões populacionais: movimentos e
locais e globais em diferentes problemas; minorias étnicas e culturais:
linguagens. integração na sociedade. Pobreza e rique-
za, consumo e desperdício. Preconceitos
7. Problematizar o espaço geográ- e discriminações no contexto escolar e
fico, em suas diversas dimensões planetário. Culturas afrodescendentes, indí-
e em diferentes tempos, formu- genas e migrantes na sociedade brasileira.
lando questões e elaborando Serviços básicos no meio rural e urbano:
possíveis respostas. cidadania.

112
Sumário principal

2º Ano

Territórios e regiões: expressões de poder e de identidades


(do Brasil e do Espírito Santo ao mundo)
COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS
1. Investigar, reconhecer e compre- 1. Analisar e representar fe- APRENDIZAGENS E SABERES
ender fenômenos, fatos e proces- nômenos, fatos e processos 1. Regiões brasileiras, marcas do Brasil em
sos espaciais a partir da seleção, geográficos, por meio da todos os cantos. Regiões do Espírito Santo. A
comparação e interpretação de cartografia escolar e de ou- dinâmica relação entre os componentes das
dados, identificando singularida- tras linguagens. regiões. Critérios de delimitação de regiões.
des e/ou generalidades do espaço 2. Compreender processos, Regiões mundiais: geopolíticas, econômicas.
geográfico. fatos e fenômenos cujo Biomas e domínios morfoclimáticos. 2. A
2. Analisar e representar, criticamente, acontecimento e integra- dinâmica da atmosfera: elementos e fatores,
fenômenos, fatos e processos ge- ção explicam a dinâmica classificação e tipos de clima. 3. Territoriali-
ográficos, por meio da cartografia composição do espaço zação: fronteiras em movimento. O território
escolar e de outras linguagens. geográfico. brasileiro. O território do Espírito Santo. 4.
3. Utilizar procedimentos, metodo- 3. Identificar e relacionar dife- Territorialização dos recursos energéticos:
logias e raciocínios geográficos ao rentes formas de territoriali- origem, localização das fontes, circulação e
associarem dados e informações de zação no espaço mundial. produção.
diferentes campos do conhecimen- 4. Aplicar critérios de cate- LINGUAGENS E DIZERES
to científico para compreender, gorização de elementos do Mapas mundiais: as projeções a serviço de
explicar e representar fenômenos, espaço geográfico, carac- poderosos. A rede internacional de compu-
fatos e processos locais e globais. terizando suas dinâmicas e tadores: ferramenta para leituras e análises
4. Reconhecer e aplicar escalas carto- processos. de representações cartográficas. Programas
gráfica e geográfica para represen- 5. Ler e registrar criticamente, e sites: fotos aéreas, mapas, imagens de
tar, organizar e conhecer a localiza- em diferentes linguagens, satélites – usos.
ção, a distribuição e a frequência aprendizagens e proposi- PESQUISAS E FAZERES
de fenômenos, fatos e processos ções geográficas.
de caráter físico e humano. Cultura: identidades, modificações, conquis-
6. Associar fluxos de pesso- tas e a globalização. Questões territoriais do
5. Compreender as relações entre as, capital e mercadorias às Espírito Santo: limites e fronteiras.
a territorialização, conflitos entre questões de territorialidade,
sociedades e produção econômica SENSIBILIDADES E PODERES
fronteiras e limites, na atual
no espaço geográfico. organização mundial. Nacionalismo e separatismos. Tensões, confli-
6. Reconhecer a atual organização tos e guerras. Migrantes: hibridismo cultural,
territorial mundial e mudanças re- neonazismo, xenofobia. Ações em defesa
centes na configuração espacial do substrato natural e da qualidade de vida
internacional. das sociedades: Conferências, organismos
internacionais.

113
Sumário principal

3º Ano

Espaço geográfico: uma compreensão dos territórios, das regiões,


dos lugares e das paisagens... (do mundo ao lugar de vivência)
COMPETÊNCIAS HABILIDADES TÓPICOS/CONTEÚDOS
1. Analisar o papel dos recursos 1. Relacionar processos de pro- APRENDIZAGENS E SABERES
naturais na produção do espaço dução econômica e cultural de 1. Fenômenos da natureza: alterações
geográfico, relacionando trans- sociedades com políticas de antrópicas e implicações em sua dinâmica
formações naturais e intervenção regulação de populações. global-local e local-global 2. A dinâmica
humana. 2. Usar imagens de satélite, fotos da hidrosfera: água no planeta. Bacias
2. Investigar, reconhecer e compre- aéreas e outras representa- hidrográficas, rios, lagos. Águas oceânicas.
ender fenômenos, fatos e proces- ções do espaço geográfico 3. Técnicas e tecnologias na organização
sos espaciais. para analisar questões geo- da produção e do trabalho. Divisão in-
3. Analisar e representar, criticamente, gráficas. ternacional do trabalho e da produção.
fenômenos, fatos e processos ge- 3. Identificar processos naturais 4. Globalização: aspectos conceituais e
ográficos, por meio da cartografia agravados por intervenções desdobramentos no espaço geográfico.
escolar e de outras linguagens. humanas, analisando im- 5. O arranjo contemporâneo do espaço
pactos nos contextos local geográfico mundial. O mundo em trans-
4. Dominar e fazer uso da cartografia formação: as questões econômicas e os
e de representações geográficas e global.
problemas geopolíticos. Blocos econômi-
para localizar a distribuição e a 4. Elaborar, analisar e avaliar cos, associações políticas internacionais.
frequência de fenômenos, fatos propostas de intervenção 6. Fluxos, estradas e redes: circulação de
e processos de caráter físico e solidária para consolidação ideias, tecnologias, pessoas, mercadorias,
humano. dos valores humanos e de comunicações e informações.
5. Avaliar problemas das populações equilíbrio ambiental.
LINGUAGENS E DIZERES
mundiais empreendendo raciocí- 5. Propor formas de redução
nios e argumentações geográficas de hábitos de consumo e de Fotos aéreas e imagens de satélites. Sen-
para promover a convivência so- combate a sistemas produti- soriamento remoto. Produção de textos
lidária e a cultura da paz. vos predatórios ambientais verbais e imagéticos. Maquetes, mapas,
e sociais. gráficos, tabelas.
6. Fazer uso de percepção espaço-
temporal, representando em dife- 6. Compreender teorias e di- PESQUISAS E FAZERES
rentes linguagens compreensões nâmicas populacionais, co- O uso de dados, documentos e represen-
sobre intervenções e cuidados no/ nhecendo seu processo de tações geográficas na interpretação de
com lugar de vivência e mundo. formação de identidades das fatos, fenômenos e processos naturais e
7. Analisar, interdisciplinarmente, populações e avaliando seus sociais. Espírito Santo: inserção política,
relações entre preservação e problemas. social, cultural, econômica e ambiental,
degradação da vida no planeta, 7. Comparar novas tecnologias no cenário mundial. Questões geográficas
considerando a mundialização e modificações nas relações locais.
dos fenômenos culturais, econô- da vida social, no mundo do SENSIBILIDADES E PODERES
micos, tecnológicos e políticos trabalho e na globalização. Teledetecção: satélites a serviço da questão
que incidem sobre a natureza, nas 8. Pensar e agir geografica- ambiental e os acordos ambientais inter-
diferentes escalas – local, regional, mente. nacionais. Questões ambientais. Tensões
nacional, global. e conflitos: a água como motivo. Diversi-
8. Dominar e fazer uso de procedi- dades e diferenças no mundo globalizado.
mentos de pesquisa, produzindo e Cultura da paz.
monitorando dados, informações,
análises e avaliações sobre ques-
tões do espaço geográfico.

114
Sumário principal

6.4.5 Referências

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