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CONTOS TRADICIONAIS

Pedro
Malasartes António Mota
Ilustrações de Catarina Correia Marques
PEDRO MALASARTES
Texto de António Mota

Ilustração e design de Catarina Correia Marques


Impressão e acabamentos de CEM – Artes Gráficas

Copyright 2011, Edições Gailivro, uma chancela do grupo LeYa


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www.gailivro.pt

ISBN 9789895579983

1.ª Edição, janeiro de 2012


Pedro
Malasartes
António Mota
Ilustrações de Catarina Correia Marques
Era uma vez uma pobre mulher que vivia num
casebre.
Essa pobre mulher tinha um filho, um único filho,
que passava os dias a fazer asneiras e a dizer tolices.
Por o rapaz ser assim tão asneirento e trapalhão,
as pessoas chamavam-lhe Pedro Malasartes.
Um dia, a mulher trouxe para casa um comprido
pano de linho que a tecedeira tinha tecido no seu tear.
Disse a mãe para o filho:
– Este pano vai servir para taparmos os nossos
buraquinhos.
A mãe saiu de casa e o filho teve uma ideia tola. Procurou
a tesoura que estava no cesto de costura e começou a cortar o
pano em tiras muito compridas e estreitas.
Cortou, cortou, cortou, fartou-se de cortar.
E quando já não havia mais pano para cortar, começou a meter
os pedacinhos de pano nos buracos das paredes do casebre onde
moravam.
Quando a mãe entrou em casa, disse-lhe Pedro Malasartes,
muito feliz:
– Mãe, tapei todos os nossos buraquinhos. Fiz bem, não fiz?
A mãe ficou muito amargurada com a asneira do filho.
E disse-lhe assim:
– Que tolice fizeste, meu filho! Nunca mais voltes a cortar
pano em tiras...
– Já percebi, minha mãe! Esteja descansada! – respondeu
Pedro Malasartes.
No dia seguinte, a mãe disse ao filho:
– Precisamos de ter um porco. Toma lá dinheiro,
vai à feira, compra um porco e trá-lo para casa com
muito cuidado.
– Esteja descansada, minha mãe – respondeu Pedro
Malasartes, de fatiota nova, pronto para ir à feira que ficava
bem longe da aldeia.
Passou a manhã, passou a tarde e o filho não aparecia.
Preocupadíssima, a mãe pôs-se a caminho para descobrir
onde é que Pedro Malasartes se tinha metido.
Encontrou-o a meio do caminho, caído no chão com
o porco por cima dele.
– Que estás a fazer, meu filho?
– O porco é muito pesado e eu já não tenho forças para
o carregar às costas – respondeu Pedro Malasartes.
Vendo aquela cena tão triste, a mãe deixou escapar
algumas lágrimas, afligiu-se e disse assim:
– Um porco traz-se para casa com um cordel amarrado
a uma pata e tange-se com uma varinha. Nunca mais voltes
a fazer isto...
– Já percebi, minha mãe! Esteja descansada! – respondeu
Pedro Malasartes.
Uns dias depois a mãe disse assim:
– Precisamos de um cântaro. Toma lá dinheiro, vai à feira,
compra um cântaro e trá-lo para casa com muito cuidado.
– Esteja descansada, minha mãe – respondeu Pedro
Malasartes, de fatiota nova, pronto para ir à feira que ficava
bem longe da aldeia.
A meio da tarde chegou a casa, muito feliz. Mas em
vez do cântaro trazia só a asa.
– Que tristeza! Ó filho, onde está o cântaro que te
mandei comprar?
– Comprei o cântaro, amarrei-lhe um cordel pela asa,
e tangi-o com uma varinha. Fiz o que a mãe me ensinou!
Vendo aquela cena tão triste, a mãe deixou escapar
algumas lágrimas, afligiu-se e disse assim:
– Se tu fosses ajuizado trazias o cântaro na mão, ou
então entre a palha, nalgum carro que viesse para os nos-
sos lados. Nunca mais voltes a fazer isto...
– Já percebi, minha mãe! Esteja descansada! –
respondeu Pedro Malasartes.
No dia seguinte, a mãe quis pregar um botão
e descobriu que não tinha agulhas no cesto de costura.
Disse ela ao filho:
– Vai à loja comprar agulhas. Não te demores.
– Esteja descansada, minha mãe – respondeu Pedro
Malasartes.
O rapaz lá foi fazer o recado à mãe. Ao regressar a
casa, vendo um carro carregado de palha correu ao seu
encontro e apressou-se a meter as agulhas no meio da
palha.
Quando chegou a casa, a mãe perguntou-lhe pelas
agulhas. E ele, muito satisfeito, respondeu:
– Estão a chegar no carro da palha do nosso
vizinho; meti-as lá, como a mãe me ensinou.

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