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irónica própria de quem se sente -me que estava em boa compa- ferença. Sendo que raramente o
8:XjX=\ieXe[fG\jjfXkiflo\XGfi$ deslocado, faz de migalhas um re- nhia, com belos poetas. Foi, por formularam como um programa,
kl^Xcld[fjdX`jZXk`mXek\jgf\kXj pasto, alimenta-se desses «certos isso, um verdadeiro prazer. mas perceberam que a melhor res-
curtos sinais», sabotando o fata- posta não era falar em nome dos
_fa\m`mfj\dhlXchl\icˆe^lX%8fj lismo, brincando debaixo da mesa LdXZf`jXhl\]XjZ`eXkXekfjc\`kf$ polacos mas em nome do que há de
.*Xefj#8[XdQX^Xa\njb`\eZfekifl da tragédia. Esteve connosco este
mês, no âmbito de uma louvável
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humano e nos implica a todos. Ti-
vemos uma geração muito relevan-
Xli^†eZ`Xhl\j\\ogc`ZXj\i\eXd\e$ iniciativa da Casa Fernando Pes- gi\jjXiXZfekliYX[X_`jki`X[f te de poetas românticos, entre eles
k\#\„ZXgXq[\\eZXiXifjk\iiˆm\`j soa, que assinalou os 130 anos do
nascimento do patrono da insti-
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o mais célebre será [Adam] Mi-
ckiewicz, que viveu na primeira
[\jX]`fj[XXklXc`[X[\j\dkiX`ifj`$ tuição, retomando os encontros Zfem`[XXgf\j`XX\c\mXi$j\Xld metade do século XIX. Eram gran-
c†eZ`fhlXe[f\jk\„X’e`ZXi\jgfjkX% internacionais de poesia e lem-
brando, por uma vez, que muito
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des poetas mas não captaram o es-
sencial. Nesse período a Polónia
mais do que um ególatra, Pessoa [`qi\jg\`kfXfdle[f6 não existia enquanto Estado nesse
erá dos poucos poe- do Texas. Em 2002, regressou a soube cultivar em si aquela famin- Nas atrocidades do século XX não século, e havia a crueldade dos di-

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tas hoje vivos, tradu- Cracóvia. Mais do que os presti- ta curiosidade pelo mundo que faz há nada que automaticamente sir- ferentes impérios que dividiam en-
zidos e, mais impor- giados galardões internacionais de um só uma multidão. va de gatilho à poesia, como é ób- tre si o atual território polaco. Mas
tante, lidos um pou- que o têm consagrado, goza a di- vio. Foi esse o grande mérito da ge- os românticos, por qualquer razão,
co por todo o mundo gnidade de ter o nome na lista ne- >fjkfl[\gXik`Z`gXieXj\jjfeX ração de poetas que me antecede, não foram capazes de encarar a di-
cujo nome se terá far- gra do atual Governo nacionalis- :XjX=\ieXe[fG\jjfXXfcX[f[fj que consciente ou inconsciente- mensão universal das suas agru-
tado de ser escrito na lista dos ti- ta e anti-democrático polaco. A gf\kXjgfikl^l\j\j6 mente foram capazes de responder ras. Eram muito talentosos, exce-
ranos. Adam Zagajewski começou sua poesia é uma réplica sagaz à Foi comovente. Tive a perceção de a esses acontecimentos não do pon- lentes poetas, mas não marcaram
por uma poesia marcadamente mesquinha petulância do poder, que este livro [antologia Sombras to de vista da nação mas de um o mundo. Por isso, admiro imensa-
política, e a dissidência valeu-lhe dando ânimo aos fugitivos quan- de Sombras (ed. Tinta-da -China, ponto de vista universal. Parece- mente a geração que me precedeu,
a proibição de publicar no seu do se vêem sem destino e ouvem 2017] que foi publicado cá fez com -me que essa é a questão chave: se pelo seu universalismo. E foi algo
país, a Polónia. Exilado durante os seus «carrascos a cantarem ale- que eu tivesse leitores em Portu- se é capaz de responder à cruelda- que tentei aprender uma vez que
duas décadas em Paris, após a ins- gremente». Um modo de salvar a gal. É sempre uma surpresa agra- de do ponto de vista de uma nação me parece a resposta adequada.
tauração da Lei Marcial de 1981, consciência e até a esperança num dável ver que os poemas dizem al- ou cidade, ou se se é capaz de abar-
viveu também nos EUA, em Hous- «mundo estropiado». Perpassada guma coisa às pessoas depois de car um fundo universal. Estes <dGfikl^Xc#k\dfj\efid\jgf\$
ton, dando aulas na Universidade sempre pela tensão meditativa e traduzidos. Além disso, pareceu- grandes poetas entendiam esta di- kXj ef j\Z%  OO Zfdf G\jjfX fl

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