Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DOS PROLEGÔMENOS
A Requerente é consumidora dos serviços de energia elétrica prestados pela
Requerida, sendo que sua unidade consumidora está cadastrada sob o código
de operação fiscal nº _____.
Ocorre que, a Requerida vem cobrando valores absurdamente altos, uma vez
que desde o mês de abril está efetuando a cobrança indevida conforme
constata o próprio termo de ocorrência de irregularidade e o resultado de
aferição de medidor eletrônico.
A Requerente possui uma casa simples, sem luxo algum, por ser pobre e
receber a quantia de um salário mínimo por mês.
Ocorre que, da fatura do mês de agosto de 20___, o valor da fatura da
Requerente chegou extrapolar os limites de qualquer cidadão, pois o valor que
a Requerida está cobrando referente ao mês de 08/20__ a 09/20___ somam a
quantia de __.
Sucede que a Requerente jamais realizou qualquer adulteração no relógio
medidor, motivo pelo qual não concorda com referida cobrança.
A verdade é tanta, que aqui não se pode falar em suposta violação do medidor
vez que a própria Requerida informa “que o medidor não registra conforme a
portaria nº 88 do INMETRO”.
Mesmo o Requerido sabendo que o medidor não registrava conforme a portaria
do INMETRO, efetuou a troca do aparelho, o qual continuou a emitir faturas
absurdamente mais altas ainda.
Assim sendo, de acordo com o Pergaminho Consumerista, quem deve provar
que o aparelho medidor não estava em perfeitas condições e, que a leitura do
mesmo não foi realizada corretamente, é a empresa fornecedora dos serviços,
ora Requerida, sabendo disso o fez e constatou que o aparelho não se
encontrava registrando conforme portaria do INMETRO.
Resta assim, evidenciada a abusividade do procedimento adotado pela
concessionária de energia elétrica, que de forma consciente (agindo
simplesmente de má-fé), assumiu o próprio erro.
Para este momento, é o que importa relatar.
DOS SUSTENTÁCULOS
A Requerente buscou solucionar a questão ora posta de forma amigável, via
administrativa, contudo, não logrou êxito, motivo pelo qual, socorre-se do Poder
Judiciário, a fim de que seja declarada a nulidade do débito cobrado a maior,
em 1637 kWh de energia utilizados nos meses de agosto de 2010.
Aqui se aplica o Pergaminho Consumerista:
“Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste Código.”.
Assim, considerado o fato de que se aplicam ao caso em tela às disposições do
Pergaminho Consumerista, notadamente a inversão do ônus da prova, aliada
ao fato da própria confissão da Requerida sobre a falha no medidor de energia
da residência da Requerente, é que se requer seja à Requerida compelida
mediante multa diária a trazer aos autos, prova objetiva do valor exato em que
a Requerente tem de pagar.
Segue a orientação da jurisprudência:
AÇÃO SUMÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REVISÃO DE
DÉBITO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E
INDENIZAÇÃO DE DANO MORAL. Exteriorização do medidor. Faturas
emitidas com valor acima do consumo médio e incompatível com os
eletrodomésticos que guarnecem a residência do consumidor. Laudo
pericial conclui que houve lançamentos discrepantes para o consumo
estimado para a residência do consumidor. Corte de energia elétrica.
Inscrição do nome do autor nos cadastros de proteção ao crédito após
a propositura da ação. Cobrança abusiva. Inscrição arbitrária.
Restabelecimento do serviço. Revisão das contas com base no
consumo médio estimado pelo laudo pericial. Exclusão do nome do
autor dos cadastros restritivos de crédito. Dano moral. Ocorrência.
Recurso conhecido e provido. (TJ-RJ; APL 2009.001.20828; Vigésima
Câmara Cível; Rel. Des. João Carlos Guimarães; Julg. 19/08/2009;
DORJ 01/09/2009; Pág. 153).
Existe prova da suposta irregularidade, sendo que tais fatos, como dito, só
seriam possíveis de serem aferidos por perícia técnica realizada no medidor, a
qual cobrara da Requerente o valor de R$ 3.170,34 (três mil cento e setenta
reais e trinta e quatro centavos), cobrada em 1637 kWh de energia.
Destarte, a declaração de inexistência do débito e de impossibilidade do corte
até a verificação do valor real a se pagar, se impõe.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA
Trata-se de requerimento de concessão de antecipação de tutela de urgência,
sob o fundamento de que a partir do mês de abril 20__ a empresa Requerida
começou a emitir faturas absurdamente altas, tendo a Requerente por várias
vezes entrado em contato, com a Empresa Requerida, para solucionar o
problema, onde após muito esforço a Requerida compareceu em sua
residência e constatou que: “que o medidor não registra conforme a portaria
nº088 do INMETRO”.
Ante a existência de abusividade em permitir que haja interrupção no
fornecimento do serviço, é que se pleiteia por justiça.
Presente encontra-se o requisito do fumus boni juris para concessão da liminar
pleiteada, com o fim de obstar o corte no fornecimento de energia elétrica da
residência do Requerente.
O periculum in mora, da mesma forma, mostra-se latente, dado a certeza de
dano incerto e de difícil reparação que a falta de energia pode causar para a
Requerente e sua família, notadamente, por atingir, inclusive, as necessidades
básicas do ser humano.
DO PETITUM
Ante ao exposto, requer URGÊNCIA na concessão de tutela antecipada, para o
fim de determinar que a Requerida se abstenha de cortar o fornecimento de
energia elétrica na residência da Requerente, face à infundada cobrança dos
débitos, que ora se pretende ver declarados inexistentes, sob pena de
cominação de multa em caso de descumprimento, de forma ilimitada já que seu
objetivo é assegurar o resultado prático do processo.
REQUER A PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DE TODOS OS ATOS E
DILIGÊNCIAS DO PRESENTE PROCESSO.
QUE O CARTÓRIO OBSERVE RIGOROSAMENTE A CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO.
A ANOTAÇÃO EM LUGAR VISÍVEL NOS AUTOS A PRIORIDADE
CONCEDIDA.
Ante o exposto requer seja designada audiência de tentativa de
conciliação/mediação, nos termos do artigo 334 do CPC/2015;
Não sendo solucionada a lide ante a mediação, requer desde já que sejam
julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais, acolhendo-os
para:
A TOTAL PROCEDÊNCIA da presente Ação Declaratória de Inexistência de
Débito cumulada com Antecipação de Tutela de urgência, nos termos acima
peticionados, declarando-se inexistente o débito cobrado a maior, acrescidos
de atualizações e correções, referente ao erro constatado no medidor, o qual
não registra corretamente conforme determinação do INMETRO no mês de
agosto de 20___;
Requer seja feito o recálculo baseado no fator de consumo médio dos 12
(doze) últimos meses antecedentes à verificação do início da irregularidade
(documento em anexo);
Requer a citação da Empresa Requerida;
Requer a condenação da Empresa Requerida à restituição das importâncias
pagas a maior em suas faturas desde janeiro de 20____;
Requer a inversão do ônus da prova, por tratar-se de dano decorrente das
relações de consumo e devido à vulnerabilidade e hipossuficiência do
Requerente.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas,
principalmente pela prova documental, testemunhal e pericial.
Imprime-se à causa o valor de R$ 3.170,34 (três mil cento e setenta reais e
trinta e quatro centavos), para efeitos meramente fiscais.
Nestes termos, estando a peça com os documentos que a acompanham e,
para que tudo se processe em forma legal, aguarda merecer deferimento.
Que advenha toda a plenitude requestada!
Justiça é desejo firme e contínuo de dar a cada um o que lhe é devido.
____________, ___ de __________ de 20__.
p.p. ____________
OAB-UF/
Modelo cedido por Vinícius Mendonça de Britto - Escritório Britto Advocacia