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DECLARATÓRIA - COBRANÇA ABUSIVA - OBRIGAÇÃO DE

FAZER - REVISÃO DO DÉBITO - TUTELA ANTECIPADA -


ENERGIA ELÉTRICA

EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DO OFÍCIO CÍVEL DA COMARCA DE


_____ - UF.
_____
O erro encontrado na calibração do medidor NÃO está dentro
(documento anexo) dos limites permitidos pela própria
Portaria INMETRO.

(Nome, prenome, estado civil, profissão, CPF ou CNPJ, e-


mail, endereço - cf. art. 319, II do CPC/2015), vem com
lhaneza e acatamento perante de S. Exa., com fundamento
nos arts. 6º, VIII e art. 22 do Código de Defesa do
Consumidor, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE COBRANÇA ABUSIVA + OBRIGAÇÃO


DE FAZER + REVISÃO DE DÉBITO + TUTELA ANTECIPADA
Onde contende em frontispício da _____ - EMPRESA ENERGÉTICA DE _____,
pessoa jurídica de direito privado, CNPJ _____, com endereço à Av. _____, s/n,
_____-UF, CEP: _____, baseando-se, para tanto, nos fatos e fundamentos
jurídicos que desfilam adiante:
PRELIMINARMENTE
REQUER A PRIORIDADE ESTABELECIDA PELO ESTATUTO DO IDOSO
(ART. 71 DA LEI Nº 10.741 DE 01/10/2003).
DA SEGUNDA PRELIMINAR - BENESSES DA GRAÇA
Inicialmente, visando o Vetusto Princípio da Boa-Fé e, da Veracidade, informa a
Requerente que é isento de Imposto de Renda, assim, não possui condições e
arcar com as custas processuais.
Importante frisar que, a Receita Federal não mais fornece os extratos de
pessoas isentas de imposto de renda sendo assim, caso entenda ser
necessário tal comprovação, requer que seja oficiado a Receita Federal para
que esta informe (o que já declarado aqui), sobre a isenção da Requerente do
Imposto de Renda.
S. Excelência, não deve negar o benefício da gratuidade, se não existem
provas suficientes e fundamentadas para o seu indeferimento.
Ademais, não é dado ao menos no primeiro plano decidir pela necessidade ou
não do benefício, no lugar da parte contrária, real interessada na sua
denegação. Necessário observar também, que nada impede que a parte
contrária (via incidente próprio), promova a defesa cabível para suspender a
benesse pleiteada.
Motivo este, que roga pela concessão da benesse, nos termos do art. 98 do
CPC/2015.

DOS PROLEGÔMENOS
A Requerente é consumidora dos serviços de energia elétrica prestados pela
Requerida, sendo que sua unidade consumidora está cadastrada sob o código
de operação fiscal nº _____.
Ocorre que, a Requerida vem cobrando valores absurdamente altos, uma vez
que desde o mês de abril está efetuando a cobrança indevida conforme
constata o próprio termo de ocorrência de irregularidade e o resultado de
aferição de medidor eletrônico.
A Requerente possui uma casa simples, sem luxo algum, por ser pobre e
receber a quantia de um salário mínimo por mês.
Ocorre que, da fatura do mês de agosto de 20___, o valor da fatura da
Requerente chegou extrapolar os limites de qualquer cidadão, pois o valor que
a Requerida está cobrando referente ao mês de 08/20__ a 09/20___ somam a
quantia de __.
Sucede que a Requerente jamais realizou qualquer adulteração no relógio
medidor, motivo pelo qual não concorda com referida cobrança.
A verdade é tanta, que aqui não se pode falar em suposta violação do medidor
vez que a própria Requerida informa “que o medidor não registra conforme a
portaria nº 88 do INMETRO”.
Mesmo o Requerido sabendo que o medidor não registrava conforme a portaria
do INMETRO, efetuou a troca do aparelho, o qual continuou a emitir faturas
absurdamente mais altas ainda.
Assim sendo, de acordo com o Pergaminho Consumerista, quem deve provar
que o aparelho medidor não estava em perfeitas condições e, que a leitura do
mesmo não foi realizada corretamente, é a empresa fornecedora dos serviços,
ora Requerida, sabendo disso o fez e constatou que o aparelho não se
encontrava registrando conforme portaria do INMETRO.
Resta assim, evidenciada a abusividade do procedimento adotado pela
concessionária de energia elétrica, que de forma consciente (agindo
simplesmente de má-fé), assumiu o próprio erro.
Para este momento, é o que importa relatar.
DOS SUSTENTÁCULOS
A Requerente buscou solucionar a questão ora posta de forma amigável, via
administrativa, contudo, não logrou êxito, motivo pelo qual, socorre-se do Poder
Judiciário, a fim de que seja declarada a nulidade do débito cobrado a maior,
em 1637 kWh de energia utilizados nos meses de agosto de 2010.
Aqui se aplica o Pergaminho Consumerista:
“Art. 22 - Os órgãos públicos, por si ou suas empresas concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das
obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas
compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste Código.”.
Assim, considerado o fato de que se aplicam ao caso em tela às disposições do
Pergaminho Consumerista, notadamente a inversão do ônus da prova, aliada
ao fato da própria confissão da Requerida sobre a falha no medidor de energia
da residência da Requerente, é que se requer seja à Requerida compelida
mediante multa diária a trazer aos autos, prova objetiva do valor exato em que
a Requerente tem de pagar.
Segue a orientação da jurisprudência:
AÇÃO SUMÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C REVISÃO DE
DÉBITO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA E
INDENIZAÇÃO DE DANO MORAL. Exteriorização do medidor. Faturas
emitidas com valor acima do consumo médio e incompatível com os
eletrodomésticos que guarnecem a residência do consumidor. Laudo
pericial conclui que houve lançamentos discrepantes para o consumo
estimado para a residência do consumidor. Corte de energia elétrica.
Inscrição do nome do autor nos cadastros de proteção ao crédito após
a propositura da ação. Cobrança abusiva. Inscrição arbitrária.
Restabelecimento do serviço. Revisão das contas com base no
consumo médio estimado pelo laudo pericial. Exclusão do nome do
autor dos cadastros restritivos de crédito. Dano moral. Ocorrência.
Recurso conhecido e provido. (TJ-RJ; APL 2009.001.20828; Vigésima
Câmara Cível; Rel. Des. João Carlos Guimarães; Julg. 19/08/2009;
DORJ 01/09/2009; Pág. 153).

Existe prova da suposta irregularidade, sendo que tais fatos, como dito, só
seriam possíveis de serem aferidos por perícia técnica realizada no medidor, a
qual cobrara da Requerente o valor de R$ 3.170,34 (três mil cento e setenta
reais e trinta e quatro centavos), cobrada em 1637 kWh de energia.
Destarte, a declaração de inexistência do débito e de impossibilidade do corte
até a verificação do valor real a se pagar, se impõe.
DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DE URGÊNCIA
Trata-se de requerimento de concessão de antecipação de tutela de urgência,
sob o fundamento de que a partir do mês de abril 20__ a empresa Requerida
começou a emitir faturas absurdamente altas, tendo a Requerente por várias
vezes entrado em contato, com a Empresa Requerida, para solucionar o
problema, onde após muito esforço a Requerida compareceu em sua
residência e constatou que: “que o medidor não registra conforme a portaria
nº088 do INMETRO”.
Ante a existência de abusividade em permitir que haja interrupção no
fornecimento do serviço, é que se pleiteia por justiça.
Presente encontra-se o requisito do fumus boni juris para concessão da liminar
pleiteada, com o fim de obstar o corte no fornecimento de energia elétrica da
residência do Requerente.
O periculum in mora, da mesma forma, mostra-se latente, dado a certeza de
dano incerto e de difícil reparação que a falta de energia pode causar para a
Requerente e sua família, notadamente, por atingir, inclusive, as necessidades
básicas do ser humano.

Este é o posicionamento que vem sendo adotado, por nosso Sodalício:


“Impõe-se à determinação de restabelecimento do serviço de energia
elétrica quando, apesar da existência de notificação no sentido de
existência de ligação bifásica clandestina, existir nos autos a
comprovação da verossimilhança das alegações, do periculum in mora
e a reversibilidade da medida. Deve se considerar demonstrada a
verossimilhança das alegações da parte autora no processo revisional
de débito com pedido de tutela antecipada, se da análise dos
documentos dos autos tem-se que a suspensão do fornecimento da
energia elétrica fere os princípios da presunção da inocência e do
devido processo legal, pois, além da empresa condicionar o seu
exercício ao pagamento da quantia exigida, existem nos autos
elementos de onde não se pode afastar a possibilidade de a ligação
bifásica em padrão monofásico ter sido efetuada por antigo proprietário
do imóvel. O periculum in mora, em casos que tais, verifica-se do fato
da energia, na atualidade, se apresentar como um bem essencial à
população, constituindo-se serviço público indispensável subordinado
ao princípio da continuidade de sua prestação. A reversibilidade é
constatada pelo fato de, mesmo quando da sentença final, o
fornecimento da energia elétrica poder ser interrompido, bem como, o
débito ser cobrado judicialmente.” (Agravo - nº 2003.001823-9 - Campo
Grande - Relator Des. Claudionor Miguel Abss Duarte - Terceira Turma
Cível - 26.05.2003).

O caso telado apresenta particularidades e peculiaridades que levam à


necessária conclusão de que se deva deferir, ao menos por ora, a liminar, pelos
seguintes motivos:
EM PRIMEIRO LUGAR, porque se trata de serviço essencial aquele referente
ao fornecimento de energia elétrica. É bem indispensável na vida e sociedade
modernas, dispondo a concessionária e fornecedora dos meios judiciais
cabíveis para buscar o ressarcimento, que é a AÇÃO DE COBRANÇA.
Neste sentido, já se posicionou o Superior Tribunal de Justiça:

“(...) O Tribunal a quo não autorizou o corte do fornecimento de energia


elétrica, pois entendeu configurada a cobrança de valores pretéritos,
não contemporâneos à previa notificação. Em casos como o presente,
não deve haver a suspensão do fornecimento de energia elétrica. O
corte de energia elétrica pressupõe o inadimplemento de conta relativa
ao mês do consumo, sendo inviável a suspensão do abastecimento, em
razão de débitos antigos. Em relação a estes, existe demanda judicial
ainda pendente de julgamento. Para tais casos, deve a companhia
utilizar-se dos meios ordinários de cobrança, pois não se admite
qualquer espécie de constrangimento ou ameaça ao consumidor, nos
termos do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor. Agravo
regimental improvido.” (AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº
701.741 - SP (2005/0138642-0), Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
22/05/2007).

Neste caminho de raciocínio, MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, in “Direito


Administrativo”, 9ª ed., São Paulo, Atlas, 1998, pág. 244:
“O usuário tem direito à prestação do serviço; se este lhe for
devidamente negado, pode exigir judicialmente o cumprimento da
obrigação pelo concessionário; é comum ocorrerem casos de
interrupção na prestação de serviços como os de luz, água e gás,
quando o usuário interrompe o pagamento; mesmo nessas
circunstâncias, existe jurisprudência no sentido de que o serviço, sendo
essencial, não pode ser suspenso, cabendo ao concessionário cobrar
do usuário as prestações devidas, usando das ações judiciais
cabíveis. ...”
EM SEGUNDO LUGAR, tratando-se de relação de consumo regida pelo
Pergaminho Consumerista, não se pode admitir o corte até porque houve
constatação por parte do Requerido de que “que o medidor não registra
conforme a portaria nº 088 do INMETRO”, ou ainda não pode ser admitida
qualquer espécie de constrangimento ou ameaça ao consumidor, conforme
regra expressa do art. 42, do referido diploma legal.
Possui o Pergaminho Consumerista, natureza sistêmica, e, como tal, todas as
suas normas estão invariavelmente ligadas aos princípios enunciados tanto
pela Constituição Federal - quanto por aqueles inseridos no seu próprio corpo -
em instante posterior, avultando neste o princípio da hipossuficiência.
O Princípio Consumerista tem sua raiz, sem dúvida alguma, no pensamento
aristotélico segundo o qual os iguais devem ter tratamento igualitário e,
desiguais tratados desigualmente.
EM TERCEIRO LUGAR, e como aspecto mais importante, a relação de
consumo havida entre as partes, em especial o alegado débito, encontra-se
SUB JUDICE.
Assim, o entendimento mais sensato para o momento é de que se tratando de
um bem essencial à vida e sociedade urbana modernas, que o fornecimento da
energia elétrica não possa ser suspenso unilateralmente, pela fornecedora,
sem o amparo, no mínimo, de uma decisão judicial transitada em julgado, já
que a questão, por provocação de uma das partes integrantes dessa relação de
consumo, foi levada à apreciação do único Poder que, constitucionalmente,
deverá resolver o litígio.
Ora, se existem alegações, mesmo que por ora sejam somente do Requerente,
sobre existir ou não o débito, ao menos até que haja decisão definitiva a
respeito, parece mais prudente e sensato deferir a liminar para manter-se o
fornecimento.
Tem-se, ainda, que exigir o pagamento (mediante o corte de bem essencial,
sem que tenha havido um pronunciamento judicial sobre a existência ou não da
fraude, bem assim da alegada dívida), contém em sua base uma nítida forma
de coação.
Por todas as razões acima expostas, visa a Requerente sentença revisional e
declaratória de conteúdo negativo, que declare não existir qualquer débito com
a Requerida, neste valor que esta sendo cobrado, eis que, o consumo auferido
não está correto e compatível com o uso que foi dado ao imóvel.
Os documentos juntados, inclusive pela declaração de quitação anual de
débito, demonstram a verossimilhança do alegado, além é claro do perigo de
dano irreparável em razão de que se houver o corte de energia a Requerente
estar-se-á privada dos serviços essencial à vida.
Assim, deve-se coibir o corte, sob pena de multa diária.
Ademais, a Tutela Antecipada é medida que se impõe.

DO PETITUM
Ante ao exposto, requer URGÊNCIA na concessão de tutela antecipada, para o
fim de determinar que a Requerida se abstenha de cortar o fornecimento de
energia elétrica na residência da Requerente, face à infundada cobrança dos
débitos, que ora se pretende ver declarados inexistentes, sob pena de
cominação de multa em caso de descumprimento, de forma ilimitada já que seu
objetivo é assegurar o resultado prático do processo.
REQUER A PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO DE TODOS OS ATOS E
DILIGÊNCIAS DO PRESENTE PROCESSO.
QUE O CARTÓRIO OBSERVE RIGOROSAMENTE A CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO.
A ANOTAÇÃO EM LUGAR VISÍVEL NOS AUTOS A PRIORIDADE
CONCEDIDA.
Ante o exposto requer seja designada audiência de tentativa de
conciliação/mediação, nos termos do artigo 334 do CPC/2015;
Não sendo solucionada a lide ante a mediação, requer desde já que sejam
julgados TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais, acolhendo-os
para:
A TOTAL PROCEDÊNCIA da presente Ação Declaratória de Inexistência de
Débito cumulada com Antecipação de Tutela de urgência, nos termos acima
peticionados, declarando-se inexistente o débito cobrado a maior, acrescidos
de atualizações e correções, referente ao erro constatado no medidor, o qual
não registra corretamente conforme determinação do INMETRO no mês de
agosto de 20___;
Requer seja feito o recálculo baseado no fator de consumo médio dos 12
(doze) últimos meses antecedentes à verificação do início da irregularidade
(documento em anexo);
Requer a citação da Empresa Requerida;
Requer a condenação da Empresa Requerida à restituição das importâncias
pagas a maior em suas faturas desde janeiro de 20____;
Requer a inversão do ônus da prova, por tratar-se de dano decorrente das
relações de consumo e devido à vulnerabilidade e hipossuficiência do
Requerente.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas,
principalmente pela prova documental, testemunhal e pericial.
Imprime-se à causa o valor de R$ 3.170,34 (três mil cento e setenta reais e
trinta e quatro centavos), para efeitos meramente fiscais.
Nestes termos, estando a peça com os documentos que a acompanham e,
para que tudo se processe em forma legal, aguarda merecer deferimento.
Que advenha toda a plenitude requestada!
Justiça é desejo firme e contínuo de dar a cada um o que lhe é devido.
____________, ___ de __________ de 20__.
p.p. ____________
OAB-UF/
Modelo cedido por Vinícius Mendonça de Britto - Escritório Britto Advocacia

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