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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão - 1º Grau: https://pje.tjma.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.sea...

Exmº. Dr. Juiz de Direito do Juizado Especial Cível e Criminal de São José de Ribamar/MA.

Processo nº. 0802168-47.2016.8.10.0059

Weliton Carlos Gomes Amaral, já qualificado na Ação de Obrigação de Fazer c/c


Indenização por Dano Moral que move contra a Companhia Energética do Maranhão - CEMAR,
vêm, por seu advogado infra-assinado, apresentar suas Contrarrazões, na forma do que dispõe o art. 42,
§ 2º da Lei 9099/95, requerendo a remessa dos autos à Turma Recursal visando a manutenção da
r.sentença recorrida.

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Nestes Termos

Pede Deferimento

São José de Ribamar, 31 de Janeiro de 2017.

Cláudio Trinta

OAB-MA, 2956.

Contra-Razões a Recurso e Apelação

Recorrente – Companhia Energética do Maranhão-Cemar

Recorrido – Weliton Carlos Gomes Amaral

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Processo – 0802168-47.2016.8.10.0059

Juizado de Origem – Juizado Especial Cível e Criminal de S. J. de Ribamar/MA.

Egrégia Turma Recursal

A r. sentença “a quo” merece ser mantida integralmente, em razão da correta apreciação


das questões de fato e direito, conforme restará demonstrado ao final;

Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer c/c indenização por dano moral ajuizada por
Weliton Carlos Gomes Amaral em face da Companhia Energética do Maranhão, por ter esta empresa lhe
acusado de cometimento de furto de energia sem qualquer prova de grave acusação;

É do conhecimento dos nobres magistrados, que a Companhia Energética se vê obrigada a


conduzir o processo administrativo para apreciação de supostas fraudes contida nas Unidades
Consumidoras, atendendo às determinações da Aneel e sem atingir qualquer dispositivo federal, a
exemplo do Código Civil: Constituição Federal e Código de Defesa do Consumidor;

Assim, restou demonstrada na instrução processual que houve violação aos princípios
constitucionais no que diz respeito à dignidade da pessoa humana, no momento em que a Companhia
Energética conduziu o procedimento administrativo de forma unilateral, sem direitos de defesa ao
consumidor e sem submeter o procedimento à pericia do Incrim ou acompanhamento de qualquer
autoridade do Estado;

No caso em tela importante destacar que a Concessionária de Energia compareceu à

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residência do Recorrido para fins de realizar uma inspeção. Após vasculharem partes íntimas do imóvel,
concluíram que havia desvio de energia. Passados algumas semanas o Recorrido recebeu cópias de um
procedimento administrativo ou corte acusação formal de furto de energia, com aplicação de multa no
valor de R$ 112,09 (cento e doze reais e nove centavos), no mencionado procedimento administrativo,
certo que o Recorrido teria realizado ligação de energia diretamente ao poste para a residência. Ora nobre
julgadores, questiona-se por grandes razões a Companhia Energética a constatar tal crime, não registrou o
fato à Delegacia de Policia? Por quais razão, enviou durante o período ser suposto desvio de energia,
faturas de consumo de energia, conforme se verifica nas faturas juntadas nos autos com a inicial?

Na verdade, na residência do Recorrido não havia ligação direta como afirma a


Recorrente. Na residência existe medidor de energia funcionando corretamente. Tanto é verdade que
faturas estão sendo enviadas à sua residência, mensalmente, registrando consumo de energia;

Inconformada com a r.sentença do juízo monocrático, a Concessionária de Energia


interpôs o presente Recurso Inominado, afirmando, com base na citada Resolução da Aneel, ser legítimo o
procedimento adotado na Unidade Consumidora pertencente ao Recorrido, postulando pela reforma da
sentença, para que seja julgada improcedente a ação ou para que o quantum indenizatório seja excluído ou
reduzido;

Ao atribuir o Recorrido, a prática de crime de furto de energia, a Recorrente cometeu ato


ilícito e, desta forma, incidiu nas penalidades prevista no Código Civil e Código de Defesa do
Consumidor;

Art. 186 (CC) – “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito
e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

Art. 927 (CC) –“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 927), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo”.

Art. 6º (CDC) – São direitos básicos do consumidor:

VI – A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais;

VII – O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;

VIII – A faculdade da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quanto for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

Art. 14(CDC) – O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Art. 22 (CDC) – “Os órgãos públicos, por si ou suas empresa, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes,
seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.”

Entendemos que reduzir ou excluir o quantum arbitrado por danos morais em apenas R$
2.000,00 (dois mil reais), seria banalizar o instituto do dano moral, tornando-o ineficaz. Considerando as

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lesões sofridas pelo Recorrido e o poder econômico da Recorrente, evidente que R$ 2.000,00 (dois mil
reais), não pode ser considerado desproporcional ou excessivo;

Em sede de jurisprudência, tem-se decidido da seguintes forma:

TJ-MA - Apelação APL 0139112014 MA 0000644-49.2013.8.10.0125 (TJ-MA)

Ementa: PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO


ANULATÓRIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAL E MORAL.
ALEGAÇÃO DE FRAUDE NO MEDIDOR DE ENERGIA. AUSÊNCIA DE PROVA.
CONSTRANGIMENTO INDEVIDO. DANO MORAL CARACTERIZADO. VALOR FIXADO
MANTIDO. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. APELO CONHECIDO E
IMPROVIDO. I. A Resolução nº 456/2000, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
determina, em seu art. 72, inc. II, que constatada a ocorrência de qualquer irregularidade, provocando
faturamento inferior ao correto, deve a concessionária solicitar os serviços de perícia técnica do órgão
competente vinculado à segurança pública e/ou do órgão metrológico oficial, quando se fizer necessária à
verificação do medidor e/ou demais equipamentos de medição. II. Atualmente, a energia elétrica constitui
serviço de utilidade pública indispensável; e compelir o usuário ao pagamento indevido de um serviço não
prestado, ameaçando-o de suspensão de serviço e atribuindo-lhe, de forma imprópria, irregularidade no
medidor de energia elétrica, causa indubitável dano de ordem moral. III. O tema central do recurso
consiste em analisar se ameaça de interrupção do fornecimento de energia elétrica na residência do ora
apelado em razão da cobrança do valor de R$ 1.095,83 (mil e noventa e cinco reais e oitenta e três
centavos), por suposta fraude no medidor, detectada de forma unilateral pela ora Apelante CEMAR, e
declarado nulo na sentença, causou danos morais ao Apelado. IV. A análise do medidor feita no
laboratório da própria CEMAR não serve de prova, em face da sua produção unilateral e, por óbvio, pelo
interesse manifesto da parte. V. Da análise de todos os documentos carreados aos autos, torna inegável a
existência de ato ilícito praticado pela CEMAR, é patente no caso a inobservância das disposições
contidas na Resolução nº. 456/2000 da ANEEL. VI. Neste contexto verifica-se que, sob o ângulo
compensatório, que o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) fixado pelo magistrado de base, deve ser
mantido, pois se mostra adequado, uma vez que atende aos princípios da razoabilidade,
proporcionalidade, além do caráter repressor da medida, sem que isto configure enriquecimento ilícito.
VII. Apelo conhecido e improvido....

TJ-MA - Apelação APL 0560642014 MA 0002212-49.2009.8.10.0058 (TJ-MA)

Ementa: PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NO MEDIDOR DE ENERGIA. AUSÊNCIA DE PROVA.
CONSTRANGIMENTO INDEVIDO. DANO MORAL CARACTERIZADO. VALOR FIXADO
CONTRÁRIO AO ENTENDIMENTO FIRMADO NA JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL.
SENTENÇA REFORMADA. APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. I - A
Resolução nº 456/2000, da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) determina, em seu art. 72, inc.
II, que constatada a ocorrência de qualquer irregularidade, provocando faturamento inferior ao correto,
deve a concessionária solicitar os serviços de perícia técnica do órgão competente vinculado à segurança
pública e/ou do órgão metrológico oficial, quando se fizer necessária à verificação do medidor e/ou
demais equipamentos de medição. II - Atualmente, a energia elétrica constitui serviço de utilidade pública
indispensável; e compelir o usuário ao pagamento indevido de um serviço não prestado, ameaçando-o de
suspensão de serviço e atribuindo-lhe, de forma imprópria, irregularidade no medidor de energia elétrica,

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causa indubitável dano de ordem moral. III - O tema central do recurso consiste em analisar se ameaça de
interrupção do fornecimento de energia elétrica na residência da ora Apelada em razão da cobrança do
valor de R$ 1.307,42 (mil e trezentos e sete reais e quarenta e dois centavos), por suposta fraude no
medidor, detectada de forma unilateral pela ora Apelante CEMAR, e declarado nulo na sentença, causou
danos morais a Apelada. IV - A análise do medidor feita no laboratório da própria CEMAR não serve de
prova, em face da sua produção unilateral e, por óbvio, pelo interesse manifesto da parte. V - Da análise
de todos os documentos carreados aos autos, torna inegável a existência de ato ilícito praticado pela
CEMAR, é patente no caso a inobservância das disposições contidas na Resolução nº. 456/2000 da
ANEEL. VI - Neste contexto verifica-se que, sob o ângulo compensatório, que o valor de R$ 15.000,00
(quinze mil reais) fixado pelo magistrado de base, deve ser reduzido para o importe de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) valor esse que se mostra adequado, uma vez que atende aos princípios da razoabilidade,
proporcionalidade, além do caráter repressor da medida, sem que isto configure enriquecimento ilícito,
cabendo ao prudente arbítrio dos juízes a fixação do montante, para o qual se faz cabível a revisão,
quando a fixação de base for inferior ou excessiva. VII - Apelo conhecido e parcialmente provido....

Diante do exposto, requer que essa Egrégia Turma Recursal, negue provimento ao
Recurso Inominado interposto, diante dos fundamentos expostos. Requer aos nobres julgadores, que seja a
Recorrente, condenada a pagar honorários advocatícios, a serem fixados em 20% (vinte por cento) sob o
valor corrigido da causa, na forma de que dispõe o Enunciado 122 do Fonaje.

Nestes Termos

Pede Deferimento

São Luís, 31 de Janeiro de 2017

Claudio Trinta

OAB-MA 2956.

Assinado eletronicamente por: CLAUDIO HENRIQUE TRINTA DOS SANTOS


https://pje.tjma.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
ID do documento: 4905522 17020217151955600000004763087

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