CAMPUS SOROCABA CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
ANNA CAROLINA CARDILHO
DEISY DANIELA SANTOS SIQUEIRA ÉRICO VINICIUS FONSECA DOS SANTOS GABRIELLE A. SILVA DE CAMARGO GUINTER TSITSURU TSU UTUMREMEDI VITOR SANTOS DE FARIA
Sorocaba 2019 1. HIP HOP NAS ESCOLAS
Para nossa apresentação em sala, escolhemos como tema o Movimento do Hip
Hop. A escolha de tal movimento se deu pela proximidade de dois integrantes do grupo que participam ativamente na cultura do Hip Hop como grafiteiros e através de suas vivências, tiveram a oportunidade de conhecer alguns projetos que ocorrem na cidade de Sorocaba, como o “Despertar das Flores” e o “Hip Hop nas escolas”. O Despertar das flores trata-se de um evento que ocorre com frequência ao longo dos último 7 anos em Sorocaba, e que já tiveram diversas edições. Seu foco é trazer a cultura do Hip Hop de volta para as periferias e para as periferias da cidade de forma a agregar tanto na vida da comunidade quanto na das crianças que vivem nela. O evento conta com atividades de recreação para as crianças, apresentações musicais, poéticas e de danças, e tem por meio do graffiti o atrativo de destaque dentre as movimentações artísticas em suas edições. Caracteriza-se como um evento comunitário, de cunho voluntário e construído coletivamente de forma autogerida pelos seus organizadores e participantes, visando o bem comum da comunidade em si através da valorização artística e cultural promovidas localmente à população. O projeto Hip Hop nas escolas, assim como o Despertar das flores é um projeto que foi desenvolvido pensando também em difundir a cultura do Hip Hop, todavia, em um outro espaço, igualmente de suma importância que são as escolas. Em nossa apresentação em sala, contamos com a presença do Carbone, que compartilhou um pouco das suas vivências através do projeto que vem trabalhando, assim como um pouco das experiências compartilhadas pela Deisy, tendo seu nome na trajetória do projeto com as contribuições ativas em que atuou como grafiteira. O Hip Hop nas escolas surgiu há pouco mais de um ano, e conta como um de seus idealizadores o Rafael Henrique de Campos, vulgo Carbone. Carbone tem 22 anos, mas já estava inserido no universo do Hip Hop há algum tempo, cantando rap desde os 18 anos. Atualmente além de cantar, compõe letras de rap de forma bastante reflexiva, dialogando com a realidade vivida e suas ideologias. Também é dono da sua própria marca, e tem lutado para conquistar seu espaço dentro da cultura Hip Hop. O Projeto Hip Hop nas escolas, apesar de ter pouco tempo de existência já foi para mais de 40 escolas em Sorocaba, Votorantim, Salto de Pirapora e Porto Feliz, circulando entre escolas municipais, estaduais e particulares, levam diversas discussões e apresentações de artistas, grupos musicais e movimentos do gênero pro interior do ambiente educacional, proporcionando um contato real com estes sujeitos culturais. O projeto conta com mais de 10 integrantes, todos agregando em um dos “quatro” elementos do Hip Hop, sendo estes os Djs, Mcs, Break dancers e Grafiteiros. Além destes já mencionados, destaca-se como fundamental ao projeto o fomento ao “quinto elemento” presente na cultura Hip Hop, compreendido como a consciência e o conhecimento de seus integrantes. Este último se materializa nas atividades do projeto junto às escolas por meio da divulgação e o forte incentivo à leitura de obras literárias produzidas pelas próprias mãos de quem vive o movimento Hip Hop, estas denominadas de Literatura Marginal.
2. MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto é um dos movimentos sociais que
se organiza junto aos trabalhadores urbanos a partir da necessidade comum do direito à moradia, fazendo das propriedades (públicas e/ou privadas) ocupadas em que vivem, tanto nas regiões centrais como periféricas, o próprio instrumento de luta pelo qual reivindicam a reforma urbana no país. O MTST se caracteriza como o maior movimento urbano de luta por moradia no Brasil. A convidada da roda, Débora, representante do movimento em sua cidade, explicou como se organizam enquanto movimento para que suas ações aconteçam, resistam e possam se efetivar através da conquista ao direito de moradia. Existe uma organização prévia para as ocupações funcionarem e a cozinha se encontra necessariamente como primeira necessidade estrutural à organizarem coletivamente, pois segundo ela, se faz interessante que as pessoas estejam em contato direto com este espaço não só para se alimentarem, mas também para se manterem ali, o que segunda a convidada, acontece naturalmente. Durante todas as ocupações são realizadas assembleias gerais para que todos estejam à par dos assuntos discutidos pelo movimento e participem diretamente de sua organização interna. Em grupos muito grandes, fazem as divisões dos trabalhos em setores menores a fim de facilitar a própria articulação dos grupos a partir de suas necessidades específicas. Deste modo, o MTST se apresenta também como movimento político, associado principalmente ao contexto socioeconômico atual em que o Brasil se encontra ideologicamente imerso. Apresentam que se definharam muito as práticas do movimento no pós golpe de 2016 até o momento e que, assim como os movimentos populares de luta contra a tarifa do transporte público tornaram-se um grande marco histórico, diversos outros movimentos de reivindicações no Brasil, das manifestações de 2013, passando pelo golpe político ao Governo Dilma e a atual eleição do presidente Jair Bolsonaro, tiveram sua legitimação social posta em cheque com a disputa e o acirramento de narrativas políticas do campo das lutas sociais. Atualmente o Movimento vem se organizando com a divisão de “braços” e através de sub-grupos em seu interior, fortalecendo outros temas além da luta pela moradia, como a organização de encontros da negritude e de mulheres que participam do MTST. Segundo a fala de Debora, o movimento se caracteriza como muito além de uma organização de uma comunidade em específico, mas como uma luta por igualdade social pelo direito de moradia digna a todos. O outro convidado da roda, Juarez, contou um pouco como se dá o movimento dos Trabalhadores Sem Teto em Sorocaba e explica que o movimento não é reconhecido como uma ocupação na cidade. Segundo os relatos, os moradores não apresentam uma organização politicamente ativa dentro do território ocupado e apenas se reúnem quando existem ameaçadas de despejo. Em Sorocaba o terreno ocupado se localiza na região periférica da cidade e se caracteriza conforme o contexto simples de um bairro pobre formado por trabalhadores. Segundo as informações, as casas da ocupação são todas de alvenaria e são os próprios moradores que se organizam e se ajudam mutuamente para construí-las na comunidade, além de desenvolverem outros projetos comunitários, contra o uso de drogas, de incentivo à cultura, entre outros.
3. MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e Educação do/no Campo
A apresentação do grupo trouxe a temática das lutas por reforma agrária no
país através da referência histórica e social do MST, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, como organização popular contemporaneamente ativa nas reinvindicações acerca do direito à terra no país para fins de cultivo, trabalho, moradia e uso-fruto. São destacas pelo grupo datas politicamente marcantes para a história do movimento e que compõe sua própria identidade enquanto organização política e popular pautada, principalmente, na luta pela reforma agrária. Por meio da ocupação de terras improdutivas e criação de assentamentos/acampamentos provisórios a fim de pressionar o poder público, denunciando inúmeros latifúndios existentes no país, o apanhado histórico realizado pelo grupo remonta significativamente momentos estruturantes ao longo de sua existência, como as primeiras ações conjuntas de reivindicação enquanto movimento, algumas garantias legalmente respaldadas de direito ao usucapião de terras improdutivas, também oriundas de suas lutas. Além de acontecimentos prósperos ao movimento, lembranças lamentáveis de percas irreparáveis também foram explanadas, estas, oriundas de diferentes chacinas promovidas pelo braço repressivo do Estado contra a população e em defesa da propriedade privada, momentos em que os sonhos compartilhados por numerosas famílias, militantes e companheiros de luta são interrompidos bruscamente pela força assassina da polícia à mando do governo brasileiro. A fim de discutir pontos inquietantes em relação ao direito à terra no Brasil, a convidada Andreia (mestre em educação pela UFSCar e pedagoga formada pela instituição na primeira turma do curso de Pedagogia da Terra da universidade) dispões sobre situações problemáticas em que o MST se propõe a enfrentar, envolvendo disputas territoriais de setores agrícolas e agropecuários (agronegócio) que se colocam politicamente, e em âmbito nacional, através de grandes proprietários de terra improdutivas no país, denominados como latifundiários. A convidada também propõe um olhar diferenciado para o campo educativo do movimento a partir das contribuições da Educação do/no Campo, ressaltando o vínculo integral dos educandos (crianças, jovens e adultos) junto ao contexto social dos assentamentos em que vivem. Aponta para a indissociável cultura relacional com a terra como provedora de suas necessidades básicas, da alimentação, moradia, trabalho, lazer e cultura.
4. Movimento Baque Mulher
O movimento Baque Mulher foi introduzido às aulas com o convite à duas
integrantes do movimento que representaram o mesmo em sua apresentação à nossa sala, são elas Renata e Naiara. O grupo conta com apenas uma liderança, que se encontra em Recife, Pernambuco, onde se deu início ao movimento que se espalhou pelo Brasil em diversas estados e cidades. A mestre Joana é quem lidera este grupo de Maracatu, que é uma dança, um ritmo e manifestação religiosa de matriz afro. Entretanto, fica claro que, para as integrantes, o grupo vai muito além de um movimento cultural, sendo de extrema importância para o desenvolvimento do empoderamento feminino numa sociedade excessivamente machista. Um ponto que chamou a atenção do grupo na apresentação deste movimento foi o fato de existir um ideário neste que preza pelo aprendizado pelo vivenciar das experiências. Nada é ensinado a “como fazer”, não existe tutorial, apenas na prática, sentindo e experimentando é que o aprendizado ocorre. O “Baque Mulher” acolhe mulheres sem discriminação e, apesar de seguir princípios da fé que contempla o candomblé, não é necessário professar fé nesta religião para fazer parte do grupo, mas sim buscar entendê-la e respeitá-la. Atualmente as integrantes do movimento se reúnem na Zona Norte de Sorocaba e ensinam sobre a cultura e a musicalidade desde o nível mais baixo, contando com diversos instrumentos, que pudemos acompanhar em apresentação que fizeram junto à Marina, que também integra o grupo, que faz parte da nossa turma.
5. Movimento Molhares
O movimento “Molhares” é resultado da união de inúmeras meninas que
cursam o Ensino Médio e/ou Técnico na “ETEC Fernando Prestes”. As integrantes Melanie e Gabriela explicaram que, após absurdos acontecimentos de assédio por parte de um professor, algumas meninas se juntaram para criar este movimento em busca de discussão de temas relevantes para o movimento feminista e para articulação na tomada de decisões e medidas para lutar contra o machismo exacerbado na sociedade e, consequentemente, na escola. As meninas chamaram atenção do nosso grupo pela consciência, criticidade e garra em busca de uma nova sociedade com tão pouca idade. Contaram elas alguns dos desafios enfrentados e providências para confrontar atitudes machistas que ocorriam e, infelizmente, ocorrem no cotidiano escolar. Foi também interessante descobrir que, humildemente, o movimento se organiza quinzenalmente para promover encontros entre meninas e discutir e trocar aprendizagens sobre termos, conceitos e assuntos da atualidade que são de interesse do movimento feminista pontuar. A relação de união que percorre o movimento faz com que as meninas se sintam acolhidas e mais seguras, inclusive para denunciar casos de assédio que ficam omissos devido ao temor das vítimas em se queixarem do ocorrido e sofrerem retaliações. Entendemos como triste que seja necessária a criação e manutenção deste movimento. Todavia, dadas as circunstâncias atuais, entendemos como de extrema importância e de belíssima valentia a execução dessas práticas citadas. É confortante saber que jovens estão preocupadas com as desigualdades e contradições que acercam nossas vidas e seu posicionamento sobre isso traz perspectivas prósperas com relação aos desafios que ainda terão que ser enfrentados.
6. Causa Operária e Movimento Estudantil
Rodrigo Chizolini, professor de sociologia e também advogado, participou da
nossa última aula do semestre contando sobre sua história e vivência para com a militância política, nos movimentos grevistas e no sindicato dos metalúrgicos. O seu relato é muito significativo, é perceptível o quanto a militância sempre fez parte da sua vida, desde sua infância ele acompanha sua família nas lutas pelas reivindicações dos direitos dos trabalhadores. Certamente, estas vivências foram contributivas para a sua formação crítica, na qual, o possibilitou desde muito jovem pensar as contradições em outros contextos além do de Trabalho. Ele nos contou que em sua adolescência participou de Grêmios e Movimentos Estudantis, enfatizando a importância do engajamento jovem nos movimentos sociais, nas escolas, universidades e em outros espaços. Outro aspecto muito interessante relatado por ele foi o “como” se chega à população as informações sobre os Movimentos, o quão meticulosa é a organização de todo um sistema para que as informações sejam manipuladas, ou que determinados objetivos sejam atingidos “pelas sombras”. Autoavaliação e feedback da disciplina
O grupo entende que as discussões proporcionadas ao longo do percurso
formativo da disciplina se mostraram indispensáveis para a reflexão e compreensão dos processos educativos não escolares. Foi considerado de extrema importância o fato de a disciplina propiciar momentos em que conhecemos diversos movimentos e diversas realidades, muitas vezes invisibilizadas na sociedade, que mesmo nós, do grupo, morando ou frequentando a cidade em que ocorrem, pela falta de contato, se fazem ocultos. Estes fatos trazem o significativo entendimento de que as relações de ensino- aprendizagem perpassam os muros dos ambientes escolares e acadêmicos e que, compartilhando diferentes olhares diante dos variados movimentos sociais apresentados e suas ações coletivas, trazem o ideário comum para nosso grupo de que são relevantes estes movimentos e extremamente valorosos na busca pela sociedade mais justa, crítica, democrática e menos desigual. Nosso grupo se autoavalia, entendendo as complicações exaustivas que percorreram este semestre, com a nota 8, pois consideramos que, de acordo com nosso potencial, era possível haver maior dedicação de nossa parte. A nota 8 vem, também, recheada de significados, já que, para nós, representa o infinito, assim como o conhecimento, que buscamos e produzimos durante toda a graduação e jamais será findado, sendo necessária a incessante pretensão pelo mesmo.
ATIVIDADES PRÁTICAS DE BOTÂNICA COMO MEIO DE APROXIMAÇÃO ENTRE AS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR, A FORMAÇÃO DOCENTE E O ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL - Junior&acrani - TXT