Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Obras introdutórias
2. Etimologia - bruxa
3. Conceitos (magia, feitiçaria, bruxaria)
4. Historiografia da história da bruxaria
5. A construção do imaginário da bruxa medieval –
iconografia
6. Bibliografia
OBRAS BÁSICAS SOBRE HISTÓRIA DA BRUXARIA
(MANUAIS INTRODUTÓRIOS)
Documentários sobre história da bruxaria
FONTE PRIMÁRIA
Malleus Maleficarum (O
martelo das bruxas), 1486
2. ETIMOLOGIA
Rita Caprini, 2008: A grande parte das terminologias utilizadas hoje em dia para bruxa nas língua
europeias foi construída a partir do séc. XIII, unindo crenças populares e teologia – uma mulher que
pratica magia e que causa malefícios
3. BRUXA NA ITÁLIA
• Strega – derivada do latim striga e stryx (que correspondem ao
grego strygx) – adivinha ou praticante de magia (strige/striga –
pássaro noturno que se alimentava de humanos).
4. BRUXA NA INGLATERRA
5. BRUXA NA ALEMANHA
• Hexe – bruxa. O seu sentido foi utilizado essencialmente dentro do
referencial do diabolismo e da caça as bruxas, como na Dinamarca
(Caprini, 2008).
• Inglês antigo: hægtesse
• Baixo-alemão: wicken (adivinho); Frísio: wikje (adivinho).
6. BRUXA NA ESCANDINÁVIA
Nórdico antigo: tröllkonu (bruxa); tröllaþing (sabá), trölldomr (bruxaria) (a
partir do séc. XIII, Mitchell, 2001).
Norueguês: Heks; Sueco: Häxa; Dinamarquês: Heks – mesmos usos que na
Alemanha (Caprini, 2008).
1921
TESE RACIONALISTA
A bruxaria é uma
construção mental:
inicialmente temos a
ideia de um pacto
demoniaco (no meio
rural) e depois a ideia de
possessão (no meio
urbano)
1968
• A bruxaria existiu somente
na imaginação dos
europeus: ela é a projeção
dos medos, frustações e
bodes expiatórios da
sociedade. Englobava duas
concepções:
- a popular, que via as vizinhas
bruxas como pessoas danosas
- a erudita, que via as bruxas
como pertencentes a uma
seita herética e secreta
1975
A bruxaria foi o
resultado do pavor
das
camadas dominantes
da Europa baixo
medieval e moderna
ante as práticas
coletivas populares
1978
TESE CULTURALISTA
Ginzburg investiga a
sobrevivência de
crenças e mitos sobre
fertilidade na Itália.
Um grupo de homens e
mulheres
(autodenominados de
benandanti) acreditava
que a abundância das
colheitas dependia de
batalhas entre eles e os
bruxos que desejavam
destruir as colheitas.
1966
. O que
1970
1971
Circe Hécate
Medéia
Circe na obra
de Chistine de
Pizan
BL Harley MS 4431,
1410 d.C.
Um caso: a feiticeira de Endor (1 Sam 28, 7-11).
Necromante e adivinha
• Troescheler, 1952; Davidson, 1987; Castelli, 1993 – o mural pertence ao início do século
XIII (1200-1201)
• Jens Johansen, 1990: a pintura foi realizada em mais ou menos 1450, comissionada por
bispos com fins didáticos
• Wolfang Schild, 2002 (‘Die zwei Schleswiger Hexlein. Einige Seufzer zu Lust und Last mit
der Ikonologie’. Reitera Johansen
• INTERPRETAÇÕES:
• 1. Podem ser referências a companhias femininas da deusa Holda/Diana, mencionadas no
Canon Episcopi (séc. X)
• 2. Ressignificações de Freyja e Frigg no folclore e imaginário cristão?
A transformação das mulheres heréticas (cátaras, valdenses) em
bruxas – a partir do século XIII
Behringer, 2005: A transformação do valdensismo na bruxaria não foi
um processo simplesmente rotulador (apesar de certos traços terem
essa característica). A importância das mulheres no movimento
valdense está muito associada com o papel das mulheres nas artes
mágicas. E o mais importante: não somente para os inquisidores, mas
também para os seus vizinhos – e talvez para eles mesmos, a
sacralidade dos mestres, as jornadas ao outro mundo, as qualidades
xamânicas, serviram como comparações entre os valdenses e a
bruxaria. A mesma região em que emergiu a equalização entre
valdenses e bruxaria, foi uma das maiores de perseguições e
condenações de bruxaria até o século XVII. Mas após 1480 o
valdensismo declinou e perdeu o interesse do imaginário inquisitorial.
• Valdenses do ducado de Saboia (região entre o sul da França e o
noroeste da Itália)
• 1330: livro do inquisidor Bernard Gui (practica inquisitionis haereticae
pravitatis) em seu capítulo sobre os valdenses afirma que eles
adoravam o diabo em forma de gato em outro capítulo, menciona as
feiticeiras e adivinhas que cultuam o demônio).
• Uma mulher valdense julgada em Milão em 1384 e em 1390,
conclamou que tinha experiências extáticas com a Boa Senhora e
seu povo e estava apta para curar e predizer o futuro.
• inquisidor Ponce Fougeyron em 1409: “novas sectas et prohibitos
ritus”
• O papa Alexandre V confirma essa declaração de Fougeyron em 1410,
mas pouco tempo depois em 1437 ele conceitua como maleficia em
1440: “qui vulgari nomine stregule vel stregones seu Waldense
nucupantur”.
Valdenses retratados
como bruxos
Frontispício da edição
francesa de Tratactus
contra sectum
valdensium, séc. XV
Tratactus contra
sectum
valdensium, séc.
XV
Manuscrito
Grenoble (ms 352)
de Le Champion
des Dames (Martin
Le Franc), 1451
Valdenses voando
em vassoura e
bastão
Le champion des
dames, Martin Le
France, 1451
Bruxa voando para
Blåkulla
Knurby kirka, Uppsala,
Suécia, 1490
Bruxas
metamorfoseadas
voando em um galho
Tractatus von den
Bosen Welbern, Ulrich
Molitor, 1495
Albrecht Dürer, 1500 Albrecht Altdorfer 1506 Hans Baldung, 1510
5.3 Outras características da bruxaria diabólica
medieval
As bruxas e os
animais
familiares,
Execução das
bruxas de
Chelmsford,
1589
Controle climático:
Bruxas fazendo chover
Ulrich Molitor, 1489
Catastrofismo: Bruxas provocam um incêndio em uma vila; Infanticídio: bruxas devorando
crianças, Francesco Guazzo, 1608
5.4 A árvore das bruxas: um caso italiano
O mural da fertilidade em Massa Marítima
• BEHRINGER, Wolfgang. How Waldensians Became Witches: Heretics and Their Journey to the Other
World. In: KLANICZAY & PÓCS (Eds.). Communicating with the Spirits, 2005.
• CAPRINI, Rita; ALINEI, Marco. Sorcière, witch, hexe, bruja, strega. In: Atlas Linguarum Europae I/8,
Roma, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 2008.
• CARDINI, Franco. Magia e Bruxaria na Idade Média e no Renascimento. In: Revista Psicologia USP, v.
7, n. 1/2, 1996, pp. 9-16.
• COLLINS, David J. Magic in the Middle Ages: History and historiography. History and compass 9(),
2011, pp. 410-422.
• GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçarias e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. SP: Cia
das Letras, 1988.
• GINZBURG, Carlo. História noturna: decifrando o sabá. SP: Cia das Letras, 1991.
• KLANICZAK, Gábor. A cultural history of witchcraft. Magic, Ritual, and Witchcraft, Vol. 5, Number 2,
Winter 2010, pp. 188-212.
• KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. O martelo das feiticeiras: Malleus Maleficarum. RJ: Rosa dos
ventos, 1991.
• MELLO E SOUZA, Laura de. A feitiçaria na Europa Moderna. São Paulo: Ática,
1987.
• MITCHELL, Stephen. Witchcraft and Magic in the Nordic Middle Ages.
Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2011.
• NOGUEIRA, Carlos Roberto Figueiredo. Bruxaria e história: as práticas mágicas
no Ocidente cristão. São Paulo: Edusc, 2004.
• RUSSELL, Jeffrey; BROOKS, Alexander. História da bruxaria. São Paulo: Aleph,
2008.
• SALLMANN, Jean-Michel. As bruxas: noivas de satã. Rio de Janeiro: Objetiva,
2002.
• SCHMITT, Jean-Claude. Feitiçaria. In: Dicionário temático do Ocidente
Medieval. Vol. 1. SP: Edusc, 2002, pp. 423-436.
• SMITH, Matthew Ryan. Reconsidering the obscene: the Massa maríttima
mural. Queen´s Journal of Visual & Material culture n. 2, 2009.
• THOMAS, Keith. Religião e declínio da magia: crenças populares na Inglaterra
(séculos XVI e XVII). São Paulo: Cia das Letras, 1991.