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Começo Da Literatura Infantil PDF
Começo Da Literatura Infantil PDF
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Aline Luiza da Silva2 (Licenciatura em Letras/UNIVEM)
Resumo
O presente trabalho procurou percorrer a trajetória da literatura infantil desde sua
origem histórica, observando o conceito mercadológico, sob o qual esta literatura foi ob-
servada e rotulada, chegando ao caráter pedagógico na atualidade, verificando, assim, as
questões que implicam a crise presente neste campo literário. 135
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Abstract
THE TRAJECTORY OF CHILDREN’S LITERATURE: FROM HISTORICAL ORIGN AND
THE MARKETING CONCEPTS TO ITS PEDAGOGICAL ASPECT IN THE PRESENT
The present work searched through the trajectory of children’s literature from its
||
historical origin, looking at the merchandising concept, under which this literature was
watched and labeled, arriving to pedagogic nature in the actuality, verifying, that way, the
questions involving the present crisis in this literary field.
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Key-words: 1. Children’s literature 2. Merchandising concept 3. Pedagogic nature.
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crianças. As histórias tinham uma estrutu-
com o mundo real. Até hoje, muitos ainda ra maniqueísta, a fim de demarcar clara-
têm essa concepção da infância como o es- mente o bem a ser aprendido e o mal a
paço da alegria, da inocência e da falta de ser desprezado. A maioria dos contos de
domínio da realidade. Os livros que trazem fadas, fábulas e mesmo muitos textos con-
essa concepção são escritos, então, com o temporâneos incluem-se nessa tradição.
objetivo de educar e ajudar as crianças no Naquele momento, a literatura in-
enfrentamento da realidade. fantil constitui-se como gênero em meio a
Já com a Psicologia da Aprendiza- transformações sociais e repercussões no
gem, a infância é tratada como uma etapa meio artístico. Em 1697, Charles (1628-
de preparação do pensamento para a vida 1703) Perrault traz a público Histórias ou
adulta. O pensamento infantil não tem ain- contos do tempo passado, com suas morali-
da uma lógica racional. A literatura infantil dades: Contos de Mão Gansa. Ganham, en-
é, nesta concepção, adequada às fases do 137
tão, forma editorial as seguintes histórias:
raciocínio infantil, entendido como idade A Bela Adormecida no bosque, Chapeuzinho
cronológica. Essas concepções convivem, Vermelho, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata
até a nossa atualidade, possíveis de serem Borralheira, Henrique do Topete e O Pequeno
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percebidas até no modo como os livros são Polegar.
selecionados e catalogados pelas editoras. Os contos de fada conhecidos atu-
No entanto, outra concepção de in- almente surgiram na França, ao final do
fância tem sido defendida e, com ela, uma século XVII, com Perrault, que editou as
nova postura da literatura infantil. É preci- narrativas folclóricas contadas pelos cam-
so entender que a criança é também cheia poneses, retirando passagens obscenas de
de conflitos, medos, dúvidas e contradi- conteúdo incestuoso e canibalismo. Assim,
ções, não por desconhecer a realidade, acredita-se que, antes do cunho pedagógi-
mas por trazer em si a imagem projetada co, houve o objetivo de leitura e contem-
do adulto: plação pela mente adulta. Acredita-se tam-
||
bém que a mitologia grega já possuía um
Se a imagem da criança modo particular de transmitir o contexto
é contraditória, é precisamen-
da história de “Chapeuzinho Vermelho”.
te porque o adulto e a socie-
Posteriormente, Charles Perrault trouxe
dade nela projetam, ao mes-
mo tempo, suas aspirações e a história moralizadora e mais adequada REGRAD - Revista Eletrônica de Graduação do UNIVEM
repulsas. A imagem da criança aos ambientes sociais que conviviam na
é, assim, o reflexo do que o época. A história da menina e do lobo so-
adulto e a sociedade pensam freu ainda alterações por Hans Christian
de si mesmos. Mas este refle- Andersen e pelos Irmãos Grimm.
xo não é ilusão; tende, ao con- Segundo Cunha (1987), “no Brasil,
trário, a tornar-se realidade. como não poderia deixar de ser, a literatu-
Com efeito, a representação da ra infantil tem início com obras pedagógi-
criança assim elaborada trans- cas e, sobretudo, adaptadas de produções
forma-se, pouco a pouco, em
portuguesas, demonstrando a dependên-
realidade da criança. Esta diri-
ge certas exigências ao adulto
cia típica das colônias” (p. 20). Pode-se di-
e à sociedade, em função de zer que a literatura infantil brasileira teve
suas necessidades essenciais. início com Monteiro Lobato, com uma lite-
(ZILBERMAN, 1985, p. 18) ratura centralizada em algumas persona-
gens em especial.
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ideológico de uma obra não (1986) consideram a seguinte questão:
se perfaz apenas em sua pro-
dução, mas inclui necessaria- Da mesma forma que
mente o consumo. Em outras no mundo moderno a cidade é,
palavras, para ser “artística”, por excelência, o espaço onde
ou “culta”, ou “elevada”, uma eclodem conflitos sociais e in-
obra deve também ser reco- dividuais, crises e desajustes,
nhecida como tal. Os textos é lá também o espaço privile-
que estamos habituados a giado da produção e consumo
considerar como cultos ou da cultura de massa, com a
de grande alcance simbólico qual a literatura mais contem-
assim são institucionalmente porânea guarda não poucos
reconhecidos (por escolas ou pontos de contato. A simbio-
quaisquer outros mecanismos se entre a literatura e a cul- 139
institucionais), e os efeitos tura de massa não afeta ape-
desse reconhecimento reali- nas suas formas de produção
mentam a produção. A litera- e circulação, como, no caso
tura de massa, ao contrário, da literatura infantil, sugere
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não tem nenhum suporte es- a regularidade de lançamen-
colar ou acadêmico: seus estí- tos, a redundância de temas,
mulos de produção e consumo a proliferação de séries que
partem do jogo econômico da trabalham sempre no mesmo
oferta e procura, isto é, do pró- horizonte de expectativa dos
prio mercado. A diferença das leitores, a destinação prévia de
regras de produção e consumo cada texto a esta ou àquela fai-
faz com que cada uma dessas xa-etária ou à discussão deste
literaturas gere efeitos ideoló- ou daquele tema. Além disso,
gicos diferentes. (p. 6) a literatura infantil manifesta
alguns procedimentos de com-
||
O que pode ser observado atual- posição que, diluindo e rebai-
mente é que as obras e os livros infanto- xando o padrão culto no qual
juvenis são feitos a partir das medidas do eventualmente se espelham,
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Escutá-las é o início da aprendizagem para
há no ato pedagógico de se ensinar a leitu- ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho
ra literária, Perrone-Moisés (2000) coloca absolutamente infinito de descoberta e de
que: compreensão do mundo...” (1991, p. 16).
Surge, então, a importância do há-
A literatura, tal como bito da leitura para que a literatura infan-
a entendemos desde o início
til seja apreciada e passe a ser respeitada
da modernidade, não é ensi-
nável. Mas a leitura literária
e considerada como arte, sem pretextos
não apenas pode ser ensinada para sua utilização como mera fonte didá-
como necessita de uma apren- tico-pedagógica. Porém, outro problema
dizagem, e é por isso que os em relação a esta questão é que, em geral,
professores de literatura ainda tanto no âmbito escolar quanto em outras
existem. [...] Se os professo- esferas da sociedade, considera-se como 141
res negligenciarem a tarefa de leitura o simples ato de decodificar letras e
mostrar aos alunos os cami- pronunciá-las em disjunção com a compre-
nhos da literatura, estes serão ensão do que está sendo lido.
desertados, e a cultura como A leitura, muitas vezes, não é con-
um todo ficará ainda mais em-
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siderada atividade que abrange o ato da
pobrecida. (p. 351)
compreensão e da interpretação de texto,
mas sim o mero reconhecimento das letras
Já Zilberman (1985), é contundente
que formam palavras, que, por sua vez, po-
quando trata da função pedagógica que a
dem estar em comunhão, constituindo fra-
literatura infantil tem assumido atualmen-
ses e compondo algum tipo de texto.
te no âmbito escolar:
Faz-se necessário, assim, um estudo
acerca dessas considerações, apontando
A literatura infantil, por algumas concepções, o papel dessa ha-
sua vez, é outro dos instru- bilidade no meio escolar e na sociedade,
mentos que tem servido à mul-
||
como também o papel do professor no de-
tiplicação da norma em vigor. senvolvimento do hábito de ler.
Transmitindo, via de regra,
um ensinamento conforme a
3.1 Concepções de leitura
visão adulta de mundo, ela se
compromete com padrões que
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estão em desacordo com os in- Quando se pensa em leitura, vem
teresses do jovem. (p. 20) à mente a “capacidade de” ou “aptidão
para” decodificar letras, palavras e/ou
Em síntese, observa-se que a litera- frases que constituem um texto escrito
tura infantil continua intimamente ligada à e, num segundo momento, pronunciá-las
questão pedagógica e a escola a trata de corretamente de acordo com a norma pa-
forma a banalizar sua função literária e ar- drão da Língua Portuguesa. A partir dessa
tística, o que interfere profundamente na forma de pensar a leitura, observa-se um
mudança de concepções que a sociedade significado com bases fundamentadas na
tem desse campo literário. capacidade de ser um bom locutor das pa-
lavras que são lidas e pronunciadas. Essa
3 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES é a concepção de leitura que pode ser ob-
SOBRE A LEITURA COMO servada dentro da sociedade atual e que
permeia muitas das atividades escolares.
FERRAMENTA EM PROL DA Fruto de uma tradição enraizada nos
métodos e nas teorias educacionais, o en-
O que é ler? O termo leitura é apre- tem por essa atividade escolar, observa-se
sentado com diversos conceitos dicionari- a afirmação de Suzana Vargas em seu li-
zados muito diferentes das conceituações vro Leitura: uma aprendizagem de prazer
que lhe são atribuídas socialmente, princi- (2000), que aponta para a mesma questão
palmente dentro da escola. em que “Tratar a leitura como uma ativi-
Segundo definição encontrada no dade artística. Talvez esta seja a forma de
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, não vacinar as crianças contra ela” (p. 14).
leitura significa “1. O ato ou o hábito de A afirmação anterior é, ainda, me-
ler; 2. O que se lê. 3. Maneira de compre- lhor compreendida quando se percebe que
ender um texto, uma mensagem, um fato” leitura tem sido encarada como um exercí-
(2004, p. 451). Tem-se, então, a questão cio mecanizado, muitas vezes sem senti-
do simples ato ou ação de ler, algo que do real para os alunos de todas as idades.
142 pode ser subjetivamente compreendido e Porém, ler é atribuir significado ao que se
interpretado; o hábito que vai além dessa lê, não é apenas pronunciar uma palavra
concepção apontando a idéia de freqüên- ou uma frase corretamente; ler envolve a
cia do ato mencionado anteriormente e, compreensão do que se lê.
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a amputação de nenhum de
a leitura de mundo, antes defendida por seus aspectos. (p. 5)
Paulo Freire em sua obra A importância do
ato de ler: em três artigos que se comple- Em síntese, a leitura está em total
tam (2000): conjunção, num processo de reconheci-
mento de letras, pronúncia de palavras,
[...] a leitura do mundo interpretação do que se lê e intertextuali-
precede sempre a leitura da
zação entre o material lido e o mundo com
palavra e a leitura desta im-
plica a continuidade da leitura
suas peculiaridades. Logo, a literatura in-
daquele. [...] este movimento fantil seria amplamente valorizada artisti-
do mundo à palavra e da pa- camente se trabalhada no âmbito escolar
lavra ao mundo está sempre com fins educativos que buscassem a lei-
presente. Movimento em que tura prazerosa, a leitura literária, a apre- 143
a palavra dita flui do mundo ciação da arte pela arte.
mesmo através da leitura que
dele fazemos. De alguma ma-
3.2 O papel da leitura na escola e
neira, porém, podemos ir mais
na sociedade
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longe e dizer que a leitura da
palavra não é apenas precedi-
da pela leitura do mundo, mas Vivemos em uma sociedade letrada
por uma certa forma de “es- e a leitura exerce importante papel dentro
crevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, dessa sociedade. A leitura de out-doors,
quer dizer, de transformá-lo cartazes, jornais, anúncios em geral, revis-
através de nossa prática cons- tas, livros, panfletos, documentos, recei-
ciente. (p. 20) tas, comerciais televisivos, placas e outros
textos é de considerável importância para
Dessa forma, uma das considera- a comunicação e a compreensão do mun-
ções mais plausíveis de exposição e de do, seja dentro da escola, na casa do aluno
||
compreensão do ato de ler está no raciocí- ou na sociedade em geral.
nio de Foucambert, em A leitura em questão Apesar disso, as escolas ainda trans-
(1994), com a seguinte reflexão: formam a leitura num processo maçante
Todos sabem que há di-
ao reduzí-la em exercícios que não con-
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templam nem exploram a verdadeira com-
ferença entre ver e olhar, ouvir
e escutar... Ler não é apenas
petência de ler, com os quais os alunos
passar os olhos por algo es- sentem-se aborrecidos e perdem o interes-
crito, não é fazer a versão oral se pela leitura antes mesmo de conhecer
de um escrito. Quem ousaria todas as suas potencialidades.
dizer que sabe ler latim só Esta relação se dá, conforme Colo-
porque é capaz de pronunciar mer (2002):
frases escritas naquela língua?
Ler significa ser questionado Assim, apesar do re-
pelo mundo e por si mesmo, conhecimento espontâneo da
significa que certas respos- afirmação, ler é entender um
tas podem ser encontradas texto, a escola contradiz, com
na escrita, significa poder ter certa freqüência, tal afirmação
acesso a essa escrita, significa ao basear o ensino da leitura
construir uma resposta que in- em uma série de atividades
tegra parte das novas informa- que supõe que mostrarão aos
ções ao que já se é. Um poema meninos e às meninas como
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Em primeiro lugar, deve para que o indivíduo se aproprie do conhe-
servir para ensinar a leitura: cimento historicamente acumulado, mas
leitura expressiva, leitura in- para que seja capaz de agir compreenden-
terpretativa, leitura dialogada. do, interpretando e transformando a rea-
Pondo, desde o início, o aluno
lidade à sua volta, ampliando, assim, seu
em contato direto com o texto
literário, fazê-lo adquirir a fa-
próprio conhecimento de mundo.
miliaridade com a língua e a
coisa literária, levando-o a ad- 3.3 O papel do professor no
quirir o gosto da literatura, a desenvolvimento do hábito da
justa compreensão de seu va-
lor e significado. [...] A leitura
leitura
inteligente, e inteligentemente
conduzida, tem por função jus- Primeiramente, o professor, sendo 145
tamente abrir o véu sobre esse ele um exemplo para os alunos, precisa
mundo. (p. 14) demonstrar o gosto que tem em realizar
leituras, o prazer que sente em se comu-
Se a leitura tem seu papel na escola nicar por meio de textos escritos, ser um
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e na sociedade, ela tem também seu pa- exemplo de leitor assíduo e escritor com-
pel na formação do indivíduo atuante e petente.
transformador da realidade social. Porém, As crianças têm a tendência de ob-
ambas continuam desconsiderando a im- servar e imitar seus modelos, sejam eles
portância do processo de formação dessa adequados ou não. Assim, o professor
criança e/ou adolescente. deve transparecer esse gosto pela leitura e
De acordo com Foucambert (1994), pela produção de textos por meio de ações
evidentes à percepção dos alunos.
O que a criança faz não Complementando a questão do pa-
tem importância: o importante pel do professor no ensino da leitura literá-
||
é o que ela vai se tornar por ria, observou-se que:
meio do que faz. Mas, o que
ela irá se tornar enquanto es- Para que o ensino literá-
tiver fazendo essas coisas sem
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rio continue dando seus frutos,
importância? Pois, queira-se é necessário que o professor,
ou não, ela se torna algo! A antes do aluno, continue acre-
criança, irresponsável, porque ditando nas virtudes da lite-
ainda em desenvolvimento, ratura. Se o próprio professor
aprende a ser fazendo de con- não confia mais no objeto de
ta. (p. 100) seu ensino, e não faz deste um
projeto de vida, é melhor que
Há de se transformar essa concep- escolha uma profissão mais
ção para então compreender melhor a rela- atual, menos exigente e mais
ção entre aluno, escola, sociedade, leitura rentável. (PERRONE-MOISÉS,
e escrita, com toda a riqueza que permeia 2000, p. 351)
o encadeamento de funções nessa teia or-
ganizacional. É dever da escola promover o encon-
A escola precisa parar de “preparar” tro do aluno com os diversos portadores
os alunos e começar a trabalhar de forma a de texto e primar pelo bom relacionamento
colocar os estudantes nos lugares que lhes entre eles, para que atividades de leitura
são de direito: agentes transformadores da e escrita sejam bem recebidas dentro da
sociedade. Uma escola que considera esta sala de aula e apresentem frutos fora do
sadores, professores, entre outros. Porém, cípio ou idéia para formular pensamentos
a escola não precisa almejar a formação coerentes e escrever. É inerente a particu-
de profissionais da escrita, mas garantir laridade de leitura e escrita de cada aluno,
os direitos de seus alunos de saírem do eles têm seu próprio processo de aprendi-
âmbito escolar com as competências lei- zagem e reconhecimento textual.
tora e escritora. Partindo desse pressuposto, muitos
Esta competência não é luxo nem podem pensar que, dessa forma, o papel
direito particular da elite social ou dos do professor é nulo e inválido, já que cada
alunos que se destacam dentro da escola, aluno aprende a seu tempo e à sua ma-
mas de todas as crianças em idade esco- neira. O que ocorre é que o professor abre
||
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A princípio, o professor precisa ter O professor deveria pen-
finalidades e objetivos claros ao pesquisar sar na complexidade que o ca-
e apresentar propostas de leitura e escri- racteriza e, simultaneamente,
ta aos seus alunos. Dessa forma, poderá na capacidade que as crianças
têm para enfrentar – de seu
nortear o trabalho de seus alunos, que se
modo – essa complexidade.
sentirão seguros, interessados e conscien- Assim, sua atuação tenderá a
tes de sua aprendizagem. observá-las e a lhes oferecer
Isabel Solé, em seu livro Estratégias ajudas adequadas para que
de leitura (1998), explica que: possam superar os desafios
que sempre deveriam envolver
A interpretação que a atividade de leitura. (p.91)
nós, leitores, realizamos dos
textos que lemos depende, em O trabalho de observação, no que diz 147
grande parte, do objetivo da respeito ao trabalho de um professor, se
nossa leitura. Isto é, ainda que
faz fundamental para que este seja reali-
o conteúdo de um texto per-
maneça invariável, é possível
zado com destreza. A observação que ele
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que dois leitores com finali- faz de seus alunos durante as aulas serve
dades diferentes extraiam in- de orientação para suas ações, para que
formação distinta do mesmo. possa conhecer os limites, respeitar a vi-
Assim, os objetivos da leitura vência de cada um e nortear o ensino e
são elementos que devem ser a aprendizagem de sua turma. Assim, os
levados em conta quando se alunos certamente poderão atribuir senti-
trata de ensinar a criança a ler dos para as atividades de leitura e escrita
e a compreender. (p.22) e suas ramificações.
Com referência ao ensino da leitura,
Sabendo-se da necessidade do pro- Frank Smith, em seu livro Leitura significati-
fessor apreciar a leitura e a escrita e de va (1999), pondera que:
||
demonstrar seu apreço por essas habili-
dades, ter finalidades e objetivos claros ao A leitura não pode ser
pesquisar e apresentar propostas de leitu- ensinada, mas, apesar disso,
ra e escrita, sua função, como profissional os professores e outros adul-
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da área da educação, é também apontar o tos têm um papel decisivo a
caráter social que essas atividades repre- desempenhar e é deles a gran-
sentam. É sua a responsabilidade de sus- de responsabilidade de tornar
citar nos alunos o desejo de aprender, de possível a aprendizagem da
leitura. (p.15)
conhecer através da leitura.
fantil, por ser alvo de preconceitos e ba- fia e Banco de Dados da Língua Portuguesa
nalizações, não é reconhecida e utilizada S/C Ltda. (Org.). 2. ed. Revisto e aumenta-
de maneira correta. Dessa forma, pôde ser do. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
concluído que a leitura, vivenciada da ma-
neira correta dentro e fora da escola, pode FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão.
auxiliar na familiarização com a literatura Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre:
infantil em prol do reconhecimento e do Artes Médicas, 1994.
respeito que a literatura em questão me-
rece receber. FREIRE, Paulo. A importância do ato de
O trabalho reafirmou a questão ini- ler: em três artigos que se completam. 39.
ed. São Paulo: Cortez, 2000.
||
respeitada como parte de uma literatura Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
universal, como também a necessidade de
se discutir a literatura infantil nos meios KAUFMAN, Ana Maria; RODRÍGUEZ, María
acadêmicos, para que esta seja atenta- Elena. Escola, leitura e produção de tex-
mente observada e compreendida em rela- tos. Trad. Inajara Rodrigues. Porto Alegre:
ção à sua relevância. Artes Médicas, 1995.
Reitera-se, ainda, a proposta inicial
deste estudo, de que a literatura infantil PERRONE-MOISÉS, Leyla. Consideração
mereça fazer parte do currículo obrigató- intempestiva sobre o ensino da literatu-
rio dos cursos de Licenciatura em Letras e ra: Inútil poesia e outros ensaios breves.
Pedagogia, uma vez que é exatamente para São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
esse público que esse gênero é produzido. p. 345-351.
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Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Art-
Med, 1998.
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