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POESIA E ENSINO DE CIÊNCIAS NO SEXTO ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Karine Karsten – karstenkarine@gmail.com


Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-Graduação em Educação.
Curitiba – PR
Ivanilda Higa – ivanilda@ufpr.br
Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em
Educação.
Curitiba – PR

Resumo: Buscando articular ciência e arte, esta pesquisa de cunho qualitativo tem por
objetivo analisar os limites e as possibilidades da utilização da poesia no ensino de Ciências
no Ensino Fundamental, a partir de um estudo de caso desenvolvido em uma turma do sexto
ano em uma escola da rede municipal de ensino em Jaraguá do Sul. Adotando como
referenciais teóricos Gebara (2009), Pietrocola (2000) e Ferreira (2010) entre outros, o
desenvolvimento metodológico envolveu a elaboração e implementação de uma sequência
didática sobre o tema solo no sexto ano do Ensino Fundamental, por meio de quatro
atividades, envolvendo leitura e coleta de dados em reportagens da região, abordando
catástrofes ou novidades envolvendo o tema solo; discussões dialógicas intercalando
apresentação dos alunos sobre as reportagens e intervenções da professora sobre os
problemas abordados; elaboração de uma poesia que relacionasse a reportagem/notícia com
o que o aluno apreendeu sobre o solo e por fim, realizou-se uma avaliação escrita. Ao final,
foram realizadas entrevistas individuais com cada estudante participante. Resultados
apontam que a utilização de poesias pode potencializar a construção dos conhecimentos
relativos a ciências de acordo com a vivência pessoal dos sujeitos.

Palavras-Chave: Ensino de ciências. Artes. Solo. Poesia.

1 INTRODUÇÃO

A segmentação e hierarquização dos saberes assumiram legitimidade com o positivismo


e nessa visão mais facilmente a ciência ganha forma de pronta e acabada, como um dogma,
algo que pode se propagar criando e difundindo apenas os produtos da atividade científica, no
qual os estudantes recebem uma quantidade enorme de informações, cuja maioria inclui a
memorização sem sua significação, esquecendo-se que a ciência também é fruto da
criatividade humana (PIETROCOLA, 2000; NEVES, 2002; ARAÚJO & ABIB, 2003).
Em contrapartida à simples memorização existem apontamentos de que práticas
artísticas com estímulo à criatividade podem contribuir para que o sujeito aja sobre o
conhecimento e desenvolva habilidades de agir, julgar, decidir, interferir, experimentar e
discutir. Desta forma, deve-se incentivar o processo de criação e imaginação e apesar de
comumente se observar ambos os campos divididos, artes e ciências, identifica-se ao longo da
história do homem, diferentes momentos importantes de interação desses saberes, inclusive
momentos em que as ciências podiam ser consideradas artes, por traduzir um processo de
criação humana (FERREIRA, 2010).
Uma arte especifica que tem aos poucos perdido campo na escola é a poesia (JESUS &
SILVA, 2011; IGUMA & TRÊS, 2015). Segundo Gebara (2009, p. 6), “Os enunciados
pertencentes a esses gêneros são marginalizados em sala de aula, ocupando um espaço exíguo
nas atividades de leitura e mais reduzido ainda nas atividades de escrita”.
Por outro lado, autores como Silva e Jesus (2011) afirmam que esse gênero artístico é
indicado como um dos meios mais eficazes para trabalhar o desenvolvimento da percepção
sensorial, do senso estético e das competências de leituras e de símbolos dos sujeitos em
desenvolvimento. Em diferentes palavras Iguma e Três (2015) fazem uma leitura semelhante
da importância da poesia afirmando que ela propicia uma ampliação intelectual e imaginativa,
bem como o desenvolvimento de características individuais que podem “medir e reafirmar os
próprios sentimentos e ações do leitor” (p. 1). Jesus e Silva (2011) complementam essas
ideias ao colocar a ideia de que cada composição poética pode ser capaz de refletir quem
somos, o que pensamos, sentimos e buscamos.
Diante desses argumentos e observando poucos trabalhos que buscam entrelaçar o
ensino de ciências e a poesia, pensou-se em buscar uma articulação entre esses dois campos
de saber (ciência e arte pela poesia).
Dos poucos trabalhos encontrados dentro desta temática, observou-se em Santos, Santos
e Silva (2013) a utilização de poesias elaboradas pelos professores pesquisadores de química
para os estudantes analisarem, bem como pesquisarem e responderem questões sobre os
conteúdos propostos nas poesias. Nessa pesquisa afirma-se um aprimoramento da
compreensão e do entendimento dos alunos à capacidade de leitura e compreensão através dos
poemas utilizados.
Outro trabalho que envolve a integração da poesia com a química é o de Porto (2000)
no qual o autor discute como o conhecimento de ciências e sua história pode contribuir para
entender e aproveitar a estética de um poema. Para esse objetivo, primeiramente o autor
apresenta a poesia “Psicologia de um vencido” de Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
(1884-1914); depois ele discute o que era a vida e a morte para a química, do ponto de vista
histórico, a partir das ideias de Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) e por fim, o autor
dialoga sobre as significações que a poesia citada ganha, com uma visão da história da
química. De forma semelhante, Moreira (2002) apresenta uma proposta de explorar poemas já
existentes referentes à Ciência nas aulas. Para isso ele reune em seu trabalho a seleção de
alguns temas de ciência e poemas que são relativos aos temas a fim de deixar uma sugestão
para os professores.
Silva (2017), por sua vez, narra as experiências de uma oficina sobre ciência e arte para
estudantes de ciências e artes visuais, destacando a poesia como potencial para a formação de
sujeitos contemporâneos. Finalmente, Silva e Reigota (2010) estabelecem um diálogo
utilizando-se da educação ambiental como espaço para discutir sobre ciências e poesia.
Observou-se, nas poucas pesquisas encontradas que relacionam ciências e poesia, que
em nenhuma delas os estudantes eram incentivados a elaborar poesias. Portanto, com o
propósito de colaborar para o preenchimento desta lacuna, este artigo pretende analisar as
possibilidades e potencialidades da aproximação ensino de ciências e poesia, utilizando-se de
um estudo de caso desenvolvido no sexto ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede
municipal de Jaraguá do Sul, estado de Santa Catarina.

2. DA ESCOLHA DA PROPOSTA
Esta pesquisa foi desenvolvida no primeiro semestre de 2016 durante o estágio
obrigatório do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Física. Ela
teve como base a observação das aulas e a elaboração de uma intervenção no sexto ano do
Ensino Fundamental em uma turma com 27 estudantes, dos quais 13 participaram da pesquisa
do início ao fim (com a elaboração da poesia e a participação na entrevista). A definição do
tema solo foi a partir da solicitação da professora regente de Ciências da escola por atender,
naquele período (segundo bimestre de 2016), o seu planejamento anual. Já a prática artística
de poesia foi selecionada pela falta de trabalhos que articulam o ensino de ciências pela poesia
e porque na cidade de Jaraguá do Sul em que se situa a escola, anualmente ocorre um
concurso de poesia através da Lei No 1016/1985 – Artigo 1º. Nele, podem participar diversas
pessoas, por subdivisão de idade e categorias. Todas as escolas da rede municipal participam
desse concurso, desde os centros de educação infantil até as escolas do ensino fundamental.
Entendeu-se que os estudantes do sexto ano são estimulados a essa prática artística e
esse gênero textual desde os primeiros anos da escolarização, portanto havia a expectativa que
eles já tivessem subsídios suficientes em relação à produção da poesia. Assim, se expressar
com essa forma teria potencial para intensificar o processo de aprendizagem no ensino de
ciências, visto que é mais uma linguagem1 que viabiliza o conhecimento. Essa prática artística
finalizou as aulas e foi explorada após o estudo coletivo dos temas em questão. Ela assumiu
uma postura de construção, reflexão, sistematização e avaliação, esta última concebida, de
acordo com Vasconcelos (2005), como mais uma oportunidade para se apreender.

3. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Nesta pesquisa, optou-se por empregar uma investigação de cunho qualitativo, que de
acordo com Flick (2009) prima pelo estudo de relações complexas utilizando todas as
variáveis possíveis para entender os processos e resultados profundamente. Para isso ela não
estabelece uma regra e opera com diferentes estratégias de investigação. Para Creswell (2010)
na pesquisa qualitativa constituímos caminhos para a compreensão das a) motivações, b)
interpretações, c) comportamentos, c) opiniões e as expectativas dos indivíduos, entre outras.
O desenvolvimento metodológico envolveu a elaboração e implementação de uma
sequência didática sobre o tema solo no sexto ano do Ensino Fundamental, e ao final da
proposta didática, foi realizada uma entrevista semiestruturada individual com os estudantes.
A análise é realizada sobre as observações, produções dos estudantes, resultados de uma
avaliação realizada pela docente e da entrevista. Para compreensão da entrevista no contexto
da pesquisa, considera-se importante explicitar primeiramente a proposta didática, o que é
feito na sequência.

3.1. Sequência didática

Prepararam-se cinco aulas para trabalhar os temas: erosão, queimadas, agrotóxicos,


lixo, conservação e preservação do solo. Nessas aulas, utilizaram-se diferentes recursos
intercalados além da poesia e apesar de sabermos que diversos fatores influenciam na
aprendizagem dos estudantes (emoção, estilo de aprendizagem, formato da aula, entre outros)
focamos na análise da influência da poesia no processo de aprendizagem.

1
Acredita-se que cada vez que se tem acesso a diferentes linguagens para ver o mesmo conhecimento se amplia
a visão sobre aquele saber. Jay Lemke (1998), no artigo “Multiplying Meaning: Visual and Verbal Semiotics in
Scientific Text”, aborda a combinação das linguagens objetivando uma comunicação mais eficaz.
Os recursos metodológicos didáticos utilizados foram: onze reportagens/notícias
diferentes sobre os temas supracitados, slides, experimentos e poesias. Com esses quatro
recursos, tinha-se os seguintes objetivos: 1º extrair as principais informações das
reportagens/notícias, tais como possíveis problemas e soluções; 2º associar as
reportagens/notícias com os conceitos e problemas sobre solo; 3º conceituar e sintetizar
causas e consequências das erosões, queimadas, agrotóxicos e lixo no solo; 4º sensibilizar os
estudantes para os cuidados ambientais no tema de trabalho; 5º criar poesias que ilustrem os
processos de esgotamento do solo e a manutenção da sua qualidade.
As aulas foram iniciadas em um modelo dialógico com a utilização slides. Eles
continham imagens com diferentes tipos de solo e foram exploradas com perguntas do
seguinte gênero: O que se vê? Tem diferenças entre os solos? Quais? Por que existem áreas
com cores diferentes de solo? Por que alguns estão secos?
Na continuação, cada estudante recebeu uma reportagem/notícia impressa sobre algum
problema relativo ao solo, nas proximidades de onde eles moravam. Elas se repetiam até três
vezes na turma e tratavam de conteúdos referentes aos temas. Os estudantes foram orientados
a lerem a reportagem/notícia recebida e coletarem alguns dados. Os dados principais foram o
nome da reportagem/notícia, local onde aconteceu o evento descrito na reportagem/notícia,
problemas encontrados, possíveis soluções e data da publicação. Posteriormente a esse
momento, conforme a solicitação da professora pesquisadora, os estudantes socializaram os
dados coletados intercalando os novos conceitos com a apresentação das reportagens através
de uma aula dialógica com slides.
Durante as aulas, alternando com a utilização de reportagens/notícias e slides, foram
também desenvolvidas algumas experimentações de cunho demonstrativo, previamente
preparadas para serem utilizadas em alguns momentos das aulas. Quando se falou dos
diferentes tipos de solo, por exemplo, foi apresentado aos estudantes terra vermelha, terra
escura e terra clara. Com auxílio um imã, pela atração e repulsão de acordo com o tipo de
terra, foi demonstrada a presença de ferro na terra vermelha. Já na terra escura e clara foi
discutido o que ela poderia conter para ficar com aquela cor (presença ou não de materiais
orgânicos). Outro exemplo de utilização de experimentos ocorreu na sequência das
apresentações das reportagens/notícias sobre erosão, quando foi simulando o processo de
erosão do solo e explorado o papel da vegetação para evitar tal processo.
As atividades explorando as reportagens/notícias se encerraram em conjunto com as
apresentações de slides e as discussões dos conteúdos planejados. Nesse momento foi
introduzido o processo de elaboração da poesia. Solicitou-se que os estudantes escrevessem
uma poesia ou criassem frases com rimas, que abordassem os processos de esgotamento do
solo, a manutenção da qualidade do solo, a reportagens/notícias que eles leram e, se possível,
como isso pode afetar a vida deles. Eles também podiam ilustrar ao redor da poesia, se
considerassem que fosse facilitar o procedimento. Foi oferecido um exemplo de poesia
relacionada ao tema solo e na sequência eles iniciaram a atividade em sala de aula. A seguir
apresentamos como investigamos a utilização da poesia nessa sequência de didática.

3.2 Entrevistas

Uma das técnicas abrangidas pela pesquisa qualitativa é a entrevista. Boni e Quaresma
(2005) afirmam que dados subjetivos podem ser obtidos através da entrevista, afinal, eles têm
relação com os valores, as atitudes e as opiniões dos sujeitos.

Dentre as várias modalidades de entrevista (estruturada; semiestruturada; aberta; com


grupos focais; história de vida;...), optou-se pela entrevista semiestruturada, pois, de acordo
com Quaresma (2005) elas permitem a combinação de perguntas abertas e fechadas, sendo
muito semelhante a uma conversa informal. Consequentemente ela dá liberdade para o
entrevistador dirigir, no momento que achar oportuno, a discussão com perguntas adicionais.
Essa seria uma forma elástica de obter informações por vezes profundas, que podem não
encontrar como barreira a escrita em suas dificuldades de expressão.
Portanto, para aprofundar os nossos conhecimentos sobre os limites e as possibilidades
da utilização da poesia no ensino de Ciências no Ensino Fundamental, após a produção das
poesias pelos estudantes, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com todos os
estudantes que participaram da proposta e entregaram suas poesias, buscando compreender
como essa teria contribuído na aprendizagem e o que significava para eles os signos que eles
utilizaram e suas produções.
O tempo entre as entrevistas e a realização da poesia foi de duas semanas e professora
regente implementou uma avaliação escrita sobre o assunto nesse período, logo também se
utilizou informações sobre tal avaliação nas entrevistas realizadas.
As perguntas da entrevista variavam conforme a poesia e o entendimento do
entrevistador acerca do trabalho final produzido pelos estudantes. Sempre se dava um reforço
positivo, parabenizando o estudante pela atividade e se utilizava perguntas com o seguinte
roteiro: Durante as aulas sobre solo, você gostou mais de qual atividade? Por que? Você sabe
como se faz uma poesia ou como ela é estruturada? Apreendeu isso quando e onde? Quando
você utiliza poesias? O que você entendeu do conteúdo ou o que mais lhe chamou atenção?
Dessa determinada parte da sua poesia, você quis dizer o que? E o seu desenho o que quis
representar? Qual a ligação do desenho com a poesia e o conteúdo? Você foi bem na prova
escrita? Você estudou? Como? A escrita da poesia te ajudou a tirar uma nota boa na prova?
Por que?
Com a análise da estrutura externa e interna da poesia, linguagem poética, arcabouço
teórico dos conteúdos abordados em sala, avaliação escrita e a entrevista, foi possível
identificar aspectos relevantes da prática de criar poesias no ensino e na aprendizagem de
ciências. As categorias de analise foram criadas a partir dos dados coletados, por isso elas são
apresentadas junto com os resultados e analises a seguir. Desta forma, seguirmos uma
metodologia que de acordo com Alves-Mazzotti e Gewandsznadjer (1998, p.147) se
assemelha ao caminho adotado pelos construtivistas sociais que “defendem um mínimo de
estruturação prévia, considerando que o foco da pesquisa, bem como as categorias teóricas e o
próprio design só deverão ser definidos no decorrer do processo de investigação.”

4. RESULTADOS E ANÁLISES

Apesar da hipótese inicial de que os estudantes teriam domínio da elaboração de


poesias, alguns expressaram dificuldades. Para explicitar os resultados, se separaram as
reflexões agrupando as produções dos alunos de acordo com o entendimento que eles
demonstraram do conteúdo e a coerência da estrutura poética em cinco conjuntos, chamando
cada agrupamento de Caso.

Caso 1:
No Caso 1 foram agrupadas as poesias elaboradas por estudantes que demonstraram
facilidade em se expressar com essa arte e conseguiram relacionar o tema solo, com a
reportagem/notícia recebida e suas reflexões acerca do estudado. Os pertencentes a esse grupo
tiveram uma boa nota na avaliação escrita implementada pela professora regente e tanto na
entrevista quanto na escrita da poesia apresentaram indicativos de ir além da função de
compreender o conteúdo conceitual ao refletir acerca deste no meio em que vive.
O quadro a seguir apresenta como exemplo as poesias de dois estudantes que
representam o Caso 1, além do título e data de publicação da reportagem/notícia entregue ao
estudante.
Quadro 1- Poesias criadas pelos estudantes. Fonte: Acervo das autoras.

Dados da reportagem/notícia
Estudante Exemplos de Poesias
entregue ao estudante

“Olha meu amigo, veja só o que me aconteceu.


Por causa do desmatamento minha casa desapareceu. Data: 08/09/2011 | 18h39
A Foi trágico de ver essa minha situação. Título: Em Jaraguá do Sul, 49
Levou minha casa, meu teto, meu chão. casas são atingidas por
Daí um dia. Reparei, que tinha uma solução, alagamentos e deslizamentos.
Não fazer casas em morros, para não causar erosão”

“Sem agrotóxicos usar, mais felizes vamos ficar.


Para a doença não ocorrer,
agrotóxicos em casa não devemos ter.
O agrotóxico veio para melhorar, Data: 09/01/2007
B mas agora parece estar só para piorar. Título: Efeito dos Agrotóxicos no
Se no solo o agrotóxico atingir, muitas doenças vão surgir.
Solo.
Se mais plantas o agrotóxico tocar, pode acreditar,
Tudo vai mudar, não vai melhorar, mas sim piorar!
Eles podem eliminar insetos úteis,
Como os que fazem a polinização e a predação
dos organismos que atacam a plantação. ”

Esses estudantes afirmaram que o uso da poesia facilitou o seu entendimento sobre o
tema. Logo, concluiu-se que aqueles que conseguiram se expressar com essa linguagem
artística tendiam a apresentar indicativos de apropriação do conhecimento cientifico sobre o
tema. Essa apropriação do saber ocorreu de forma crítica em consonância ao defendido por
Freire (1996) de que a educação exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural,
criticidade ideológica, vontades e sentimentos; ensinar não é transferir conhecimentos, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção, sem verdades
absolutas.
Em especial, o estudante A afirmou que gostou muito de fazer a poesia porque no seu
ambiente familiar é comum uma reunião aos fins de semana, para cantarem e inventarem
melodias e músicas com rimas ao som do violão. Da mesma forma o estudante B (assim como
outros participantes deste Caso 1) demonstraram um convívio mais acentuado com a poesia,
por participarem todos os anos do concurso de declamação de poesia supracitado. Assim,
concordou-se com Vygotsky (1988), quando descreve o ensino e aprendizagem como
resultados da interação do sujeito com o meio, logo se evidencia a importância do papel da
linguagem, da cultura e da escola neste processo.
O estudante B e outros do Caso 1 afirmaram que para estudar para a prova escrita,
utilizaram a leitura do livro e todos os materiais disponíveis em sala. Portanto, a poesia pode
ter enriquecido as aulas, porém não necessariamente atuou sozinha durante o processo.
Entende-se assim que são necessárias metodologias diversificadas, pois cada sujeito tem sua
forma e ritmo de aprendizagem (ZABALA, 2010). Ainda nesses casos, a poesia
provavelmente alcançou sua potencialidade ao ser compreendida como “linguagem na sua
carga máxima de significado e de reflexão, poesia-pensante, [...] sentimento, emoção,
revolução, poesia que tem função social, poesia de caráter humanizado, ético, capaz de mudar
o mundo” (SILVA & JESUS, 2011, p. 2).

Caso 2:
No Caso 2, as produções dos alunos apresentaram uma ausência de expressão poética,
porém exibiram diferentes níveis de aprofundamento teórico conceitual acerca do tema. Nem
todos os pertencentes a esse grupo obtiveram boas notas nas provas escrita e apresentaram
dificuldades para se apropriar do conhecimento com competências que vão além das
conceituais.
O quadro a seguir apresenta poesias de dois estudantes que representam o Caso 2,
além do título e data da publicação da reportagem/notícia entregue a cada um desses
estudantes.

Quadro 2- Poesias criadas pelos estudantes. Fonte: Acervo das autoras.

Dados da reportagem/notícia
Estudante Exemplos de Poesias
entregue ao estudante

“Solo, o que são as queimadas? Data: 09/10/2014 07h06 -


É uma prática primitiva da agricultura, destinado principalmente Atualizado em 09/10/2014
D a limpeza do terreno para o cultivo de plantações ou formação 07h18
de portos, com o uso do fogo de forma controlada que ás vezes Título: Tempo seco e
pode descontrolar-se e causar incêndios em florestas, matas e queimadas prejudicam
terrenos grandes. [...]” produtores e a recuperação do
solo.

“Os lixos é as pessoas que fazem, os lixões as queimadas, mas


se as pessoas começarem a colaborar não terá lixo por isso as
pessoas tem que começar a fazer a reciclagem com cestos Data: 18/03/2014
E coloridos e esses cestos de lixo separam o lixo seco e o lixo Título: Projeto amplia a coleta
úmido, o lixo seco e o reaproveitável, papel plástico, vidro e seletiva em Jaraguá do Sul.
metais, o lixo úmido (ou orgânico) é descartado e pode virar
adubo, rejeitos de alimentos, bebidas, plantas, papeis molhados,
com as pessoas fazendo isso é mais fácil para não juntar lixo ou
queimadas e assim não vai ter lixo.”

Um dos problemas destacados pelo estudante D foi ele não ter seguido as orientações
acerca da produção do trabalho, por não ter feito anotações no caderno. Isso resultou em um
trabalho diferente do solicitado. O próprio estudante identificou que seu trabalho não atendia
a proposta de poesia, porém lembrou apenas depois de observar os trabalhos dos demais
colegas.
No caso deste estudante, identificou-se um avanço conceitual por ele escrever uma
leve reflexão textualmente sobre o tema. Ele foi bem avaliado na prova escrita e recordava
com clareza o conteúdo. A dificuldade encontrada estava no conceito do que é poesia.
Quando se indagou o que ele entendia por poesia, o mesmo respondeu “poesia é um texto que
tem começo, meio e fim”. Mesmo observando um exemplo, ele não tinha o domínio do
gênero textual poesia. Em relação aos contatos desse estudante com essa prática, ele
comentou que durante as aulas de português eles estudaram poesia e por isso “sabia” como
era. Das atividades propostas a que ele destacou como motivadora foi a utilização de
experimentos. Afirmou ainda, que não gostava muito de poesia.
Utilizar a poesia como uma atividade nas aulas de Ciências pode ser uma proposta
interdisciplinar, por ser um meio de entrelaçar uma enorme rede de significados que podem
potencializar a aprendizagem (BORGES, 2007). Porém o processo é dificultado se o
estudante ainda não possui os conhecimentos sobre o que é poesia. Além disso, a
identificação do estudante com este gênero/arte pode influenciar em suas produções. Embora
este estudante D tenha afirmado que não gosta de poesia, ainda assim é necessário expor os
estudantes a esta forma de expressão, assim, este momento de produção em Ciências é mais
uma oportunidade para que o estudante possa melhor se apropriar dos elementos que
caracterizam uma poesia, conhecer melhor e talvez, passar a apreciá-la.

Caso 3:
No caso 3, foram agrupadas as produções de poesias bem articuladas em forma de
arte, porém com dificuldades de expressão relacionando o formato artístico ao tema solo.
O quadro a seguir apresenta a poesia de um dos estudantes que representa o Caso 3.
Junto com ela está o título da reportagem/notícia e a data da publicação da reportagem/notícia
entregue ao estudante.

Quadro 3- Poesia criada por um estudante. Fonte: Acervo das autoras.

Dados da reportagem/notícia
Estudante Exemplos de Poesias
entregue ao estudante

“No mundo a planta não vê nada pois vive sempre enterrada. Data: 22/12/2014 10h35
Segundo a planta, a sua sustentação precisa de água e Título: Crotalária é boa
F alimentação. alternativa para renovação de
Além da planta respirar, ela tem uma grande função canaviais, diz entidade.
Nela bate a energia solar e ajuda em sua formação. [...].”

No caso do estudante F, a poesia conta a história de uma planta, porém ela não
menciona características de um solo mais adequado ao plantio, rico em nutrientes, ou como
cuidar deste para favorecer o processo. Quando foi perguntado ao estudante o que ele mais
gostou durante as aulas, ele apresentou dificuldades em discorrer sobre os conteúdos
relacionados ao solo e afirmou ter um problema de “esquecimento”.

Caso 4:
O inverso do anterior ocorreu no Caso 4 no qual o estudante G apresentou dificuldades
para colocar suas ideias em forma de poesia, porém expressou alguns conceitos sobre solos. O
quadro a seguir apresenta a poesia desse estudante que representa o Caso 4, o título e a data da
publicação da reportagem/notícia entregue ao estudante.

Quadro 4- Poesia criada por um estudante. Fonte: Acervo das autoras.

Dados da reportagem/notícia
Estudante Exemplos de Poesias
entregue ao estudante

“O solo é muito melhor com minhocas, elas ajudam a fortalecer Data: 19/01/2013 - 21h43.
G o solo e serve de arado natural” Título: Minhocas são tão
valiosas quanto o solo.

Os dados dos casos 2, 3 e 4 sugerem que a dificuldade enfrentada no uso das artes para
o ensino de ciências pode ser resultado de uma fragilidade dos conhecimentos prévios, sejam
eles da interdisciplinaridade com outra área de saber ou dos próprios conceitos científicos (e
talvez esta proposta seja mais uma oportunidade para o fortalecimento de tais conceitos).
Logo, sempre que for utilizada uma área diferente de conhecimento no ensino de ciências é
necessário prever que os estudantes podem estar em processo de aprendizagem de conceitos
dessas diferentes áreas, e as atividades didáticas propostas devem potencializar situações de
aprendizagem que contemplem as diferentes áreas.
Caso 5:
O caso 5, composto apenas pelo estudante H, tem características exclusivas. O quadro
a seguir apresenta a sua “poesia”, o título e a data da publicação da reportagem/notícia
entregue ao estudante.

Quadro 5- Desenho criado por um estudante. Fonte: Acervo das autoras.

Dados da reportagem/notícia
Estudante Trabalho do estudante
entregue ao estudante

Data: 27/07/2015 15h32


H Título: Mesmo com política de
resíduos, 41,6% do lixo tem
destino inadequado.

Esse estudante conseguiu explicar o conteúdo sem dificuldades, assim como seu
desenho, que sob uma primeira análise da professora-pesquisadora, parecia confuso. A
relação do desenho com a explicação foi coerente com o conteúdo em questão e criativa,
superando as expectativas. Esse estudante não fez a prova escrita, e a justificativa para essa
diferença foi um certo nível de dislexia e dificuldade em escrever. Apesar do desenho não ser
a metodologia proposta, ele também é uma forma de arte e de acordo com as falas do
estudante, fazê-lo foi importante para ele “pensar no assunto” (Estudante H).
Dessa forma, exemplifica-se que para alguns estudantes a ausência de contato com a
poesia dificultou a criação de uma ponte entre as diferentes linguagens, arte e ciência, algo
que para outros, pelo meio cultural de vivência constante dessa arte, geralmente com distintos
temas de expressões, indicou ser um potencializador para ampliar as reflexões acerca do
conteúdo de ciências exercitando a criatividade.
Vale destacar que alguns estudantes não se sentiram à vontade com a metodologia
utilizada, por isso, existe sempre a necessidade de utilizar diferentes metodologias
educacionais, uma vez que nem sempre a arte (ou a própria ciência) deve ser considerada
como um elemento motivador ou lúdico, por sua dependência da relação dos estudantes na
proposta, do contexto e da anteriormente citada subjetividade. Neste sentido, uma aula
expositiva, por exemplo, pode ser mais lúdica e motivadora do que uma aula com poesia ou
teatro, experimentação, ou o uso de jogos. Uma característica que se revelou durante as
entrevistas. Alguns estudantes apresentaram gostar e outros de não da proposta.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A poesia como uma prática artística se apresenta de forma geral como uma linguagem
que favorece o processo de ensino e aprendizagem, porém com limitações, como outros
recursos ou enfoques didático-metodológicos. Inferiu-se que a utilização dessa prática
apresentou limites (como as fragilidades dos conhecimentos prévios e os suportes para o seu
fortalecimento, as diferentes formas de expressão dos estudantes e o entendimento do
professor quanto o seu significado e as formas metodológicas de explorar os saberes) e
potencialidades (como a ampliação de ângulos pelo qual pode se observar o mesmo saber e as
novas pontes entre os conhecimentos), de acordo com a vivência pessoal de cada sujeito.
Como uma forma de arte, de expressão, de comunicação; a poesia, assim como outras
linguagens tem suas regras e características. Quanto mais o sujeito amplia o ângulo pelo qual
ele observa as ciências, melhor é a sua compreensão sobre o todo. Observar a ciência por
meio das características existentes na poesia e construir o seu olhar com auxilio dessa
linguagem/arte abre espaço para se estabelecer as conexões existentes.
As ciências estão em tudo, o tempo todo, sair da linguagem considerada mais usual da
identidade da disciplina colabora para essa percepção. Observamos isso, principalmente no
caso dos estudantes do Caso 1, no qual o contato acentuado deles com a poesia facilitou a sua
compreensão das ciências. Esses resultados permitem defender seu uso como um potencial de
grande alcance nas aulas de ciências.
Quando os estudantes tinham dificuldade de se expressar por meio da poesia, sentiu-se
que nas aulas de ciências também seria o espaço de ajudar a preencher a lacuna dos estudantes
acerca dessa linguagem/arte (apresentado principalmente nos casos 3 e 4). Porém nem sempre
o professor de outra área de conhecimento consegue contribuir, da melhor forma, para a
construção desse conhecimento. Portanto, um elemento que pode potencializar a utilização da
poesia em trabalhos futuros seria construir essa proposta em parceria com os professores de
português e artes, assim ampliando a possibilidade de significância da proposta.
Outra sugestão para futuras implementações é a discussão das reportagens/notícias,
das poesias e dos experimentos entre os alunos antes de se discutir os conceitos com o
professor. Observou-se durante as aulas que os alunos aceitavam a fala do professor sempre
como final, por vezes eles comparavam o que o professor dizia com o seu dia-dia e citavam
exemplos, porém sem grandes argumentações ou contradições sobre o que era dito. Se antes
da discussão coletiva, os alunos interagissem entre si, em grupos menores, eles teriam uma
liberdade maior de argumentar e refletir entre os pares, visto que o professor, mesmo tendo
uma postura construtivista (com utilização de perguntas e incentivo a uma postura ativa dos
estudantes), muitas vezes ao propor suas ideias, cria um bloqueio para que os estudantes não
pensem sobre algum saber de forma argumentativa.
Tal bloqueio pode ser criado não de forma consciente ou por culpa do professor e dos
estudantes, mas como consequência de uma cultura enraizada no sistema escolar de ensino
como consciência bancária, ensino no qual, de acordo com Freire (1979), o professor ainda é
um ser superior que ensina a ignorantes. Assim o estudante recebe passivamente os
conhecimentos, como se fosse um depósito do educador. Essas atividades sugeridas seriam
uma forma de ir contra a cultura de consciência bancária. Afinal o que desejamos, com tantos
estudos e nesse em especial por meio da poesia no ensino de ciências, são indicadores para a
autonomia e emancipação do estudante a fim de que ele se perceba com o poder de contribuir
e questionar o seu meio, de fazer hipóteses, testar, interpretar os resultados, por entender mais
profundamente o seu lugar de fala e como ele pode falar.

Agradecimentos

A escola municipal de Jaraguá do Sul que cedeu espaço para a intervenção. As


professoras Catia Regina Barp Machado e Eliane Spliter Floriani, que orientaram o
desenvolvimento da disciplina de estágio e auxiliaram nas reflexões sobre os limites e as
possibilidades no ambiente escolar colaborando para o tema de pesquisa. À professora
Vanessa Cristiane Cruz por ter auxiliado na orientação da proposta e colaborado para o
desenvolvimento do estágio em suas turmas. Aos estudantes que se envolveram na proposta e
concederam sua entrevista. À CAPES pelo apoio financeiro. Ao Centro de Acessória de
Publicação Acadêmica (CAPA) e a Assessora Amanda Santos Borges e Bryan Pissinini
Antunes pelas orientações à produção textual.
5. REFERÊNCIAS

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Sociais Pesquisa Quantitativa e Qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998, p.147-188.

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POETRY AND SCIENCE TEACHING IN THE SIXTH YEAR OF FUNDAMENTAL


EDUCATION

Abstract: In order to articulate science and art, this work aims to analyze the limits and
possibilities of the use of poetry in the science teaching in primary education, from
a case study developed in a sixth grade class of a municipal school system in Jaraguá do Sul.
Adopting as theoretical references Gebara (2009), Pietrocola (2000) and Ferreira (2010),
among others, a didactic sequence on the soil theme was elaborated and implemented
through four activities. The first activity involved reading and collecting data in regional
news reports, addressing catastrophes or novelties involving the soil theme; the second was a
dialogic discussion interspersing the students' presentation on the reports and what current
science says about those problems; the third was the construction of poetry that related the
report read by the students with what they seized about the soil; finally, a written evaluation
was made. At the end, there was an individual interview with each student. Results suggest
that the use of poetry can enhance the construction of knowledge related to the sciences
according to their personal experience.

Keywords: Science teaching. Art. Soil Poetry.

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