O artigo discute variantes linguísticas regionais e erros comuns na fala e escrita do português. O autor defende que os professores devem ensinar as variantes corretas e que a língua deve refletir corretamente o pensamento dos falantes. O texto fornece exemplos de erros comuns e explica formas corretas de pronunciar e acentuar palavras.
O artigo discute variantes linguísticas regionais e erros comuns na fala e escrita do português. O autor defende que os professores devem ensinar as variantes corretas e que a língua deve refletir corretamente o pensamento dos falantes. O texto fornece exemplos de erros comuns e explica formas corretas de pronunciar e acentuar palavras.
O artigo discute variantes linguísticas regionais e erros comuns na fala e escrita do português. O autor defende que os professores devem ensinar as variantes corretas e que a língua deve refletir corretamente o pensamento dos falantes. O texto fornece exemplos de erros comuns e explica formas corretas de pronunciar e acentuar palavras.
Num programa do Jô Soares, o professor Evanildo Bechara afirmou que «A
grande missão de um professor [de Português] é transformar o aluno num poliglota dentro da sua própria língua, [para] ele saber das variantes e utilizá-las adequadamente.» Vamos a isso, hoje, o Império número «treze». Ou será treuze?! Mas… quantas vezes já ouvimos treuze? Pronto. É treze e não se discute mais! Caso contrário, ainda sai um tereze! Este número tem, não só uma conotação negativa, como até poderá ser virtuoso: no totobola, por exemplo. Ou então, quando começarmos a recolher o produto do cultivo das batatas: cada pé com mais de treze «semilhas». Sabiam que as nossas «semilhas» resultam do facto de importarmos o respetivo produto das Ilhas Canárias? E, óbvio, vinha escrito no saco, «semilla». Logo, tão evidente chamar-se-lhe saco de «semilhas». Depois, com a globalização, vieram as batatas. Refira-se que somos uma ilha abatatada: semilha, batata, batata doce e batata frita! Aqui, dá jeito usar um «batatão»: batata grande, asneira vocabular, estalo nas «ventas» («ventas», local mais propício a apanhar vento: cara!). E se houver uma festa, nada melhor do que os malefícios de umas batatinhas fritas. Mas é festa! Tolera-se! Por exemplo, a festa do/da «crisma». «O/a crisma»? Mas existe este sacramento? Procurei no catecismo oficial da Igreja e não encontrei. Adiante! Por que razão há quem chame «a crisma»? Em grego, «crisma» é feminino e significa «unção». Quando o bispo sinala na testa, está a usar a «unção» (a crisma). O sacramento é a Confirmação! Não será um contrassenso reclamar o «mais original» e, depois, banalizar-se com frivolidades linguísticas? Deste paradoxo, resultam: «arquétipos», «estereótipos», «logótipos» e muitos mais «-tipos». Todos estes vocábulos têm raízes gregos, logo a sua acentuação tende a recuar o mais possível. Curioso é verificar que «logótipo» está dicionarizado, também, como «logotipo» (acentuação fonética no «-ti-»). Outros casos interessantes: «pudico», «rubrica», «tulipa». Como resolver? Há uma parte da Gramática chamada ortoépia/ortoepia que trata da pronúncia das palavras. Nos dicionários mais completos, surge depois da palavra, entre parêntesis retos, a transcrição fonética. Dos três caso anteriores, apenas a palavra «tulipa» é comumente aceite, também, como «túlipa». Quanto a «pudico», não leva acento e acentua-se em «-di-». No entanto, já a encontrei dicionarizada sob as duas formas. «Rubrica», decididamente sem acento: acentuada em «-bri-». Nunca «rúbrica»! A propósito: não confundir «rubrica» com assinatura. Não são sinónimos. «Rubrica» é um símbolo usado, habitualmente, para sinalizar a presença num livro de registo (às vezes, varia consoante o estado de humor do rubricador); «assinatura» corresponde ao nome do indivíduo conforme o documento de identificação civil. Algumas situações resultantes da tendência oralizante: 1) Quando são trocados alguns fonemas: bassora (em vez de vassoura); «sastifação» (em vez de satisfação); «salchicha» (aqui o dicionário aponta para salsicha); «ploblema» (em vez de problema); «vrido» (em vez de vidro); 2) Quando se acrescentam ou retiram outros sons: «indiota» (em vez de idiota); «conzinha» (em vez de cozinha); «mendingo» (em vez de mendigo); «churiço» (em vez de chouriço); «mortandela» (em vez de mortadel). Estes todos fazem mal à saúde: cultural e corporal. 3) Quando se inventam acentos: dia treze é um dia «aziago» (e não azíago); padrinho a «bênção» (e não a bênção); falar de modo «fluido» (e não fluído); ceder a título «gratuito» (e não gratuíto); ganhou o prémio «Nobel» (e não Nóbel). 4) Quando se pluraliza e se esquece do acento: «júnior» / juniores (junióres); «sénior» /seniores (senióres). Umas notas finais em modo de reflexão. O léxico (as palavras) é a janela da língua para o mundo. Razão pela qual é preferível abrir as janelas para entrar uma «aragem» que refresque a «casa», substituindo o ar empobrecido. De qualquer modo, a Língua é uma teoria porque resulta da interação dos falantes. E nesta dicotomia, muitas vezes, chocam-se dois planos: o do pensamento e o da Língua. Mesmo que a Língua seja o que o falante, em parte, faça d’Ela, convém que Ela seja a imagem do seu locutor. Para tornar este espaço mais profícuo aos leitores deste DN, fica o e-mail para onde pode ser enviada qualquer questão sobre o nossa Língua, escrita ou falada: onossoimperio@sapo.pt João Luís Freire