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Mas, hoje em dia, com a demanda diária do fazer dos pais e cuidadores da
criança, com o apressamento da vida que estamos expostos, a criança tende a ter tudo
pronto, tudo muito arrumado para que seus cuidadores não percam tempo, e com isso,
habilidades que iriam desenvolver a autonomia da criança ficam como que
“adormecidas” e ela passa a ter um comportamento passivo, a não ter que se preocupar
com nada, com suas necessidades mais básicas pois tem quem faça por ela, rápido, pois
não há tempo a perder. Por outro lado temos ainda a carência de tempo dos pais com
seus filhos, que acabam por fazer todas as suas vontades, por conta de sentirem-se tão
ausentes. E a criança cresce com suas vontades sendo atendidas de pronto. Não
aprendem a esperar, querem no seu tempo e assim crescem, com suas vontades sendo
satisfeitas de pronto. Caso não sejam atendidas, vem a birra! Apavorados e sem saber
como lidar com esse comportamento, os cuidadores cedem! E como essas crianças
crescem?
Vemos isso com muita frequência, demanda muito comum nos consultórios, com
a queixa de que a criança é geniosa, insatisfeita, desatenta, desorganizada, ansiosa, sem
responsabilidade ou que ainda está imatura, só desejando brincar em sala de aula,
ignorando muitas vezes o fazer acadêmico a que está inserida. Adolescentes que não
tem responsabilidade, não se esforçam e ficam a esperar tudo pronto, e com isso, as
dificuldades em manter um bom desempenho acadêmico não acontecem. Entendendo
que toda a satisfação pessoal vem do fazer, do buscar que faz parte do amadurecimento
emocional.
Podemos aqui observar ao longo desse período, à medida que a criança cresce e
se desenvolve, que as diversas habilidades executivas vão se aprimorando e quanto mais
vivencio e experimento situações que demandem autorregulação e atenção vou
amadurecendo essas habilidades e tendo ganhos comportamentais que me
possibilitarão melhores aprendizagens.
Para entendermos a importância desse construto, vamos ver o que Rotta (2006),
Diamond(2007) e Barkley (2001) nos falam dessas habilidades:
Com base nesses dados fica aqui um questionamento: por que não estimular as
habilidades executivas em sala de aula? Não seria uma forma de preparamos nossos
estudantes a terem sucesso acadêmico e em sua vida?
Fica aqui uma reflexão: a quem caberá esse novo olhar, aos terapeutas, aos pais
ou a escola?
Bibliografia
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