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IPUC – Instituto Politécnico

Curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação

Telecomunicações III
( Laboratório: sala 209 – P.15 )

2º Semestre / 2004

Notas de Aula
IPUC – Instituto Politécnico
Curso de Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação

AULA 01

Propagação de ondas planas - O estudo do Efeito Doppler

1. RESUMO TEÓRICO:

O efeito doppler é o desvio de freqüência entre um sinal transmitido desde uma fonte estacionária e seu
eco desde um alvo em movimento. O sinal pode ser de origem acústica ou uma onda eletromagnética.

Dentro do campo de microondas existem várias aplicações práticas para o efeito doppler, dentre elas
podemos citar o radar utilizado pela polícia rodoviária para controlar limites de velocidade nas estradas.
Neste caso, o desvio de freqüência observado é diretamente proporcional à velocidade do veículo (alvo)
observado.

Uma outra aplicação é o alarme anti-roubo (detector de presença), onde a presença de um alvo em
movimento provoca um desvio de freqüência e dispara um alarme.

Para detectar o movimento de um alvo, o radar doppler transmite um sinal não modulado de forma
cossenoidal, onde “ω” é a freqüência angular.

F (t ) = A ⋅ cos(ω ⋅ t )

Tomando como referência a figura 1, podemos verificar que o tempo necessário para o sinal viajar desde
o transmissor até o alvo é igual a D/c, sendo D a distância até o alvo e c a velocidade de propagação do
sinal (velocidade da luz no vácuo, no caso).

D
f

c
Vd

Figura 1

Se o alvo está em movimento, a distância D varia com o tempo. Vamos levar em consideração que a
velocidade do alvo (Vd) é muito menor que a velocidade de propagação do sinal (c).

O sinal que chega ao alvo foi transmitido em um tempo D/c anterior. Portanto, pode ser escrito:

F (t − D
c ) = A ⋅ cos[ω (t − Dc )] = A ⋅ cos(ω ⋅ t − ω ⋅ Dc )
Uma parte deste sinal que chega ao alvo é refletida e retorna ao receptor (colocado junto ao
transmissor). Para o receptor, este sinal foi transmitido em um tempo 2 vezes D/c anterior e pode ser
escrito como:
Fr (t − 2 ⋅ Dc ) = Ar ⋅ cos[ω (t − 2 ⋅ Dc )]

Fr = Sinal que chega ao receptor Ar = Amplitude do sinal recebido


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Para simplificar, vamos assumir que a velocidade do alvo é constante e que a distância entre o radar e o
alvo pode ser escrita como sendo:

D = Do ± Vd (t − to )

onde: Do = distância entre o radar e o alvo no tempo to


Vd = velocidade do alvo (componente radial)

O sinal "mais" aplica-se quando o alvo se afasta do radar e o sinal "menos" quando este se aproxima.

O sinal que chega ao receptor pode ser descrito como:

(
Fr = Ar ⋅ cos ω ⋅ t − 2 ⋅ ω ⋅ Dc m 2 ⋅ ω ⋅
Vd
c
⋅ t ± 2 ⋅ω ⋅
Vd
c
⋅ to )
ou

Fr = Ar ⋅ cos[(ω m ω d ) ⋅ t − (2 ⋅ ω ⋅ Do
c
± ω d ⋅ t o )]

Vd
onde: ωd = 2 ⋅ω ⋅ é o desvio na freqüência angular causado pelo movimento do alvo.
c
As demais parcelas na equação são desvios de fase fixos, não variantes com o tempo (considerando que
a velocidade do alvo é constante).

A freqüência f d é chamada de freqüência doppler e é definida como:

ωd V
fd = = 2⋅ f ⋅ d
2 ⋅π c

Para determinar esta freqüência com alguma precisão, o processo de medida deve ser estendido por um
intervalo de tempo necessário para produzir um número suficiente de períodos do sinal Doppler (fd).
Durante "m" períodos, o alvo terá viajado a distância:

m m⋅c m
d = Vd ⋅ = = ⋅ λo
fd 2 ⋅ f 2

Por exemplo, para m=10, o alvo terá viajado uma distância de 5 comprimentos de onda do sinal.

Assumindo que um radar transmite um sinal na freqüência de 10,565GHz e o alvo é um carro com a
velocidade de 50km/h na direção do radar, teremos a seguinte freqüência doppler:

2 × 10.565.000.000 × 50.000
fd = = 980 Hz
300.000 × 3.600
Para se conseguir medir este sinal com alguma precisão, o carro deve ter percorrido:

10 × 300.000.000
d= = 0,142m
2 × 10.565.000.000
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A figura 2 mostra o diagrama de blocos de um radar doppler simples.

Ft

Transmissor

Fr

Receptor Misturador Limitador Amplificador Freqüência

Figura 2

No misturador, uma fração do sinal do transmissor é misturada ao sinal recebido (eco). A diferença de
freqüências (que é igual à freqüência doppler) é amplificada, limitada e contada. O número de pulsos é
proporcional à velocidade do alvo.

2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

a) Fazer a montagem da figura 3, ajustando o oscilador em 9,0GHz.

Um circulador permite-nos utilizar a mesma antena na transmissão e na recepção (funciona como uma
híbrida). A maior parte do sinal gerado pelo oscilador passa através do circulador em direção à antena e
é irradiada segundo a direção na qual ela está orientada. Uma pequena fração do sinal passa pelo
circulador no sentido inverso e o próprio circulador funciona como misturador. Também pequenas
reflexões produzidas por um pequeno descasamento da antena servem de sinal local para o receptor.

O alvo usado nesta experiência deve ter a velocidade constante e viajar no sentido de propagação do
sinal.

Um osciloscópio conectado ao detector irá observar a freqüência doppler que é proporcional à velocidade
do alvo. Ajustar para sinal DC e a sensibilidade vertical em 50 mV/cm. O sinal indicado no osciloscópio é
suficiente para auxiliar no ajuste da freqüência.

b) Colocar um alvo metálico em movimento e observar o que ocorre no osciloscópio (agora conectado
para AC).

c) Escolher um ajuste adequado da sensibilidade vertical do osciloscópio e da base de tempo horizontal


de forma a ser possível avaliar a freqüência do sinal recebido (freqüência doppler). Calcular a velocidade
do alvo.

d) Utilizando uma placa metálica faça movimentos com a placa em frente à antena (afastado cerca de 1
ou 2 metros) com a placa perpendicular à direção de propagação da onda e com a placa inclinada e veja
a diferença na amplitude do sinal no osciloscópio. Baseando na Lei da Reflexão (ângulo de incidência
igual a ângulo de reflexão) explique a diferença na amplitude.

Texto por: Luciano A. Bossi – Agosto/2002


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Figura 3 – Montagem prática


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AULA 02

Propagação de Ondas Planas – Reflexões


Zona de Fresnel - Perdas por Difração

1. RESUMO TEÓRICO:

Uma onda eletromagnética propagando-se na atmosfera, como quando utilizada em comunicações via
rádio, está sujeita a situações que diferem das características do vácuo onde são mais comumente
estudadas.

Nas proximidades da linha de visada entre a antena transmissora e receptora, é necessário observar a
existência ou não de obstruções dentro de um volume significativo ao seu redor. A condição de espaço
livre (ou vácuo) é obtida, aproximadamente, se a região no volume definido pelos chamados elipsóides
de Fresnel estão livres de obstruções.

Define-se como elipsóide de Fresnel o lugar geométrico de todos os pontos no espaço entre as duas
antenas (ver Figura 1), para os quais a soma das distâncias até elas supera a distância direta em
múltiplos inteiros de meio comprimento de onda. Podem ser observados vários elipsóides concêntricos,
denominados de elipsóides de ordem "n" (Figura 2).

O plano de corte do primeiro elipsóide de Fresnel, perpendicular à direção de propagação, é chamado de


primeira zona de Fresnel.

O raio da primeira zona de Fresnel e das “n” outras são calculados pelas fórmulas:

c ⋅ d1 ⋅ d 2
rF = rF (n ) = rF ⋅ n
f ⋅d

Onde:

d = distância total entre as antenas (em metros)


d1 e d 2 = distância de um ponto, sobre a linha de visada, a cada uma das antenas (em metros)
f = freqüência (em Hz)
rF = raio do elipsóide da primeira zona de Fresnel naquele ponto (em metros)
rF (n ) = raio do enésimo elipsóide (em metros)

Esta fórmula é válida para pontos distantes das antenas (distâncias de vários comprimentos de onda).

A difração de uma onda em um obstáculo depende da relação entre o seu comprimento de onda e das
dimensões do obstáculo. Em microondas, onde o comprimento de onda está na casa dos centímetros e o
raio da zona de Fresnel está na casa dos metros (considerando um enlace de microondas numa distância
média de 50km) veremos que um obstáculo somente provocará alterações significativas no sinal recebido
pela antena receptora caso ele esteja obstruindo a linha de visada ou esteja dentro do volume do 1o
elipsóide de Fresnel (ver Figura 3).

Alguns efeitos relacionados com reflexões também podem ser facilmente observados nesta faixa de
freqüência. A interferência provocada por sinais de mesma freqüência pode ser construtiva ou destrutiva,
dependendo da fase relativa entre os sinais.

Um sinal refletido que chega à antena receptora percorre uma distância maior que o sinal que viaja em
linha reta, estando, portanto, com outra fase. A diferença de fase entre estes dois sinais que chegam na
mesma antena, naquele instante, depende da diferença entre as distâncias percorridas pelas duas ondas
(onda direta e onda refletida). Se esta diferença de fase se aproxima de um múltiplo de 2π, a
interferência será construtiva e o sinal recebido aumenta em amplitude. Se esta diferença aproxima de
um múltiplo impar de π, a interferência será destrutiva e o sinal diminui na recepção.
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É importante salientar que, mesmo no caso da interferência construtiva, este efeito é indesejado, pois
apesar do sinal da portadora de microondas ter sido reforçado, a informação que é transportada por ela
estará fora de fase, ou seja, atrasada no tempo.

1.1 - Difração de um sinal de microondas por um obstáculo

Na difração de microondas em obstáculos considera-se a potência recebida como composta da soma de


várias potências individuais de várias ondas elementares que surgem no obstáculo. As obstruções mais
comumente encontradas na prática são formadas por terrenos ondulados, especialmente montanhas (em
áreas rurais) e por edifícios (em áreas urbanas). Em todos os casos, surge uma atenuação significativa
por difração somente se for obstruída uma fração maior que 0,7 da primeira zona de Fresnel.

Já as difrações produzidas em obstáculos do tipo "gume de faca" (Figura 4), que é a denominação dada
para obstáculos pontiagudos (raio de curvatura da ponta da mesma ordem de grandeza de alguns
comprimentos de onda), produzem um efeito interessante que é mostrado em um gráfico que relaciona a
altura do obstáculo e o raio da zona de Fresnel naquele ponto.

A distância h é definida como o comprimento da linha entre a ponta do obstáculo e a linha de visada,
sendo perpendicular a esta. Usa-se como nomenclatura que um obstáculo que não interrompe a linha de
visada tem uma distância h positiva e o que interrompe tem esta distância negativa.

Suponha que agora a distância h seja variada gradativamente, variando, portanto, o grau de obstrução
da onda que se propaga. Ao se traçar um gráfico mostrando a atenuação adicional provocada por este
h
tipo de obstrução em função da razão rF , obtém-se a figura 5 mostrada em anexo.

Denomina-se, nessa figura, a faixa de h


rF >0 de zona de visibilidade e quando h
rF <0 de zona de
sombra.

Analisando o gráfico da figura 5, pode-se observar que:

h
a) para > 2,6 a onda difratada no obstáculo praticamente não afeta o campo obtido nas
rF
condições de espaço livre. A interpretação deste fato pode ser feita considerando que o raio do elipsóide
de ordem "n" pode ser escrito como sendo rFn = rF ⋅ n ; o valor de 2,6 corresponde a um valor de
a
n=7 e que um grau de desobstrução acima da 7 zona de Fresnel praticamente nada influi no campo
recebido.

h
b) para =0 (o topo do obstáculo é tangente a linha de visada) temos uma atenuação adicional
rF
de 6dB em relação à potência na condição de espaço livre. Nesta situação metade da zona de Fresnel
está obstruída.

h
c) na condição de ≅ 0,6 (desobstrução de 60% da primeira zona de Fresnel) o campo recebido
rF
tem a mesma potência daquele recebido na condição de espaço livre.

OBS: Em enlaces reais, com quilômetros de extensão, a onda não caminha em linha reta sendo refratada
pelas camadas não homogêneas da atmosfera, trafegando por um caminho curvo.

Nos procedimentos de cálculo de sistemas de rádio faz-se um ajuste no raio de curvatura da terra
utilizado (conceito de terra equivalente), para compensar a curvatura dos raios pelo efeito da refração na
atmosfera. Cálculos mais detalhados são um pouco mais complicados devido às variações nos raios de
curvatura dos caminhos das ondas provocados por efeitos climáticos e sazonais.
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2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

Nesta prática, usaremos uma folha de metal como obstáculo pontiagudo. Ajustaremos a altura do
obstáculo e verificaremos a potência do sinal recebido.

2.1 - Reflexão de ondas em obstáculos metálicos:

a) Ajuste o gerador de sinal de microondas para operar numa freqüência na faixa de 9 a 10GHz;

b) Ajuste a distância entre as antenas e calcule o raio de Fresnel no meio do lance;

c) Alinhe bem as antenas e verifique o sinal direto recebido;

d) Utilize uma placa metálica e verifique os efeitos de reflexão. Altere a orientação das antenas para
facilitar o procedimento.

2.2 - Difração em um obstáculo pontiagudo:

a) Monte o suporte com a placa metálica no ponto médio entre as antenas e de forma que a altura do
obstáculo não seja significativa para alterar o sinal direto entre as antenas (antenas alinhadas);

b) Monte uma tabela com valores de potência relativa (em dB) x altura do obstáculo. Escolha os passos
de variação da altura do obstáculo que seja significativa;

c) Trace o gráfico obtido e responda: Qual o volume significativo do elipsóide de Fresnel foi observado?

d) Verifique as possibilidades de erros nas medições principalmente devido ao ambiente.

Texto por: Luciano A. Bossi - Agosto/2002


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Figura 1 – Elipsóide de Fresnel

Figura 2 – Elipsóide de ordem n

Figura 3 – Elipsóide de Fresnel


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Figura 4 - Efeito do obstáculo gume de faca

Figura 5 - Atenuação adicional ‘Az’ devido a uma obstrução tipo gume de faca
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AULA 03

Propagação de Ondas Planas - Penetração de Ondas em Condutores

1. RESUMO TEÓRICO:

Uma onda eletromagnética propagando-se em um meio qualquer, na direção z, terá sua fase e amplitude
−γ ⋅ z
alterada a medida que viaja naquele meio, efeito este caracterizado pela função e . Desta forma,
tanto o campo elétrico quanto o campo magnético associado àquela onda serão alterados de acordo com
esta função. A constante γ pode ser definida pela seguinte expressão:

γ = j ⋅ ω ⋅ µε ⋅ 1 − j ⋅ ωεσ = α + j ⋅ β (1)

Na equação ∇ × Η = (σ + jωε ) ⋅ Ε , a parcela σ ⋅Ε corresponde à parcela de corrente de condução e

jωε ⋅ Ε à parcela da corrente de deslocamento. Portanto, a razão ωε σ


está comparando o quanto o
material contribui para a existência destas correntes na presença de um campo variável no tempo. É
denominado de tangente de perdas, pois está relacionado com a tangente do angulo entre as correntes
de deslocamento e de condução.

Quando o material é um bom dielétrico, a condutividade σ é muito pequena e esta relação tende a ser
muito menor que a unidade. Nesta situação, temos que a constante γ assume o valor:

ω ω
(2) γ = j ⋅ ω ⋅ µε = j ⋅ ou seja, α =0 e β=
v v

Quando o material é um bom condutor, a condutividade σ é muito grande (da ordem de 107) e, até para
σ
freqüências relativamente altas a razão ωε é muito maior que a unidade. Nestes casos, podemos
simplificar a expressão para γ que pode ser aproximada pela expressão:

1 1
γ = j ⋅ − j ⋅ ω ⋅ µ ⋅ σ = (1 + j1) ⋅ π ⋅ µ ⋅ σ ⋅ f =  +j  (3)
δ δ

Neste caso, temos que tanto a constante de atenuação α quanto a constante de fase β têm o mesmo
1
valor numérico, ou seja, α=β = . A função e − γ ⋅ z = e −α ⋅ z ⋅ e − j ⋅ β ⋅ z mostra que a taxa de variação da
δ
amplitude da onda com a distância é dada pela constante α e a taxa de variação da fase com a distância
percorrida pela onda é dada pela constante β .

Desta forma, quando um campo magnético variável no tempo na forma senoidal incide em um meio
condutor, produz uma distribuição espacial de correntes com uma concentração máxima de portadores
na região próxima à superfície do condutor. A densidade de corrente decai exponencialmente para um
valor 36,8% menor (e-1) quando a onda penetra uma distância equivalente ao valor de δ no material, a
partir da superfície, distância esta denominada profundidade de penetração.
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Esta distância é dada pela relação entre a freqüência ( f ) do sinal e as características do material
condutor, em especial a sua condutividade ( σ ) e é expressa por:

1
δ= (4)
π ⋅σ ⋅ µ ⋅ f

Um campo eletromagnético senoidal poderá ser bloqueado por uma placa de metal, desde que a
espessura da placa seja várias vezes maior que a profundidade de penetração δ . Esta é uma maneira de
efetuarmos uma blindagem magnética para campos variáveis no tempo. O campo incidente em um lado
da placa penetra no material induzindo correntes e emerge do outro lado com sua amplitude reduzida.

Suponha uma onda eletromagnética plana incidindo em uma placa de metal de espessura ‘d’. O campo,
ao atravessar a placa, terá a sua amplitude reduzida e sua fase alterada por:

(5) H = H o ⋅ e −α ⋅d ⋅ e − j⋅β ⋅d β = α = δ1 = π ⋅ σ ⋅ µ ⋅ f (6)

A constante α é o coeficiente de atenuação para um meio condutor, ou seja, a taxa de decréscimo da


amplitude do campo com a distância que a onda penetra no condutor.

2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

Nesta prática, usaremos uma folha de metal (alumínio) para a blindagem do campo magnético senoidal
de um solenóide. A montagem consiste de dois pequenos solenóides concêntricos. O solenóide externo
deve estar conectado a um gerador de sinal e o interno deverá ser conectado a um milivoltímetro usando
um cabo coaxial.

2.1 - Blindagem magnética:

a) Ajuste o gerador de sinais para uma freqüência na faixa dos 100kHz e o sinal de saída com amplitude
máxima;

b) Verifique o sinal induzido na bobina interna, com o milivoltímetro, ajustando a escala adequada;

c) Com um paquímetro, meça a espessura da peça rígida de alumínio. Calcule a profundidade de


penetração da onda no alumínio ( σ do alumínio = 3,82 x 107 S/m) para a freqüência utilizada. Compare
com a medida de espessura realizada.

d) Introduza a blindagem (tubo de alumínio rígido) entre as duas bobinas e verifique a tensão induzida.
Explique o comportamento observado.

2.2 - Atenuação do sinal em função da freqüência:

Observe que o campo magnético induzido no solenóide interno pode ser aproximado pela expressão:

H = H o ⋅ e −α ⋅d (7)

Estaremos utilizando agora uma blindagem feita com uma fina lâmina de alumínio.
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A f.e.m. induzida no solenóide interno é proporcional à ∂Φ / ∂t , onde Φ é o fluxo magnético acoplado.


Adotando o modelo simplificado de uma onda plana incidindo em uma placa condutora, podemos supor
−α ⋅d
que o fluxo, na presença da blindagem, será atenuado por um fator de e . Temos, portanto, com boa
aproximação, que:

V
= eα ⋅d (8)
V'
onde:
V = tensão induzida sem a blindagem;

V' = tensão induzida com a blindagem;

a) Monte uma tabela com valores de freqüência variando entre 10 e 100kHz (passos de 10kHz) e os
valores de tensão induzida medidos com e sem blindagem.

V
b) Faça um gráfico de × f na faixa de freqüências medida. Observe que é um gráfico do tipo
V'
y = Ae B . Determine a constante B ajustando os pontos obtidos a uma curva exponencial (use a
calculadora).

c) Substitua, na expressão (8), o valor de α e deduza o significado da constante B na equação anterior.


Observe que, conhecendo-se B é possível calcular a espessura da blindagem. Faça este cálculo.

d) Faça um gráfico de ln (VV ' ) × f para a mesma faixa de freqüências, que deve se aproximar a uma
reta. Calculando o coeficiente de correlação r para este caso é possível verificar se o comportamento do
sistema se ajusta às suposições feitas. Faça suas conclusões a partir dos resultados obtidos.

Texto por: Luciano A. Bossi - Agosto/2002


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AULA 04

Parâmetros das Linhas de Transmissão em altas freqüências

1. RESUMO TEÓRICO:

Os parâmetros primários das linhas de transmissão (LT) estão relacionados com a capacitância, a
indutância, a perda ôhmica e a perda no dielétrico que uma determinada linha de transmissão
proporciona devido à sua própria constituição. Estes parâmetros são reconhecidos como L, C, R e G e
são apresentados por unidade de comprimento, ou seja, em Henry/metro, Farad/metro, Ohm/metro e
Mho/metro. Esta apresentação permite determinar o valor de cada um destes parâmetros para qualquer
comprimento da LT.

Já os parâmetros secundários estão relacionados com o comportamento da Linha de Transmissão em


uma determinada condição de trabalho. São eles: a impedância característica da LT e a constante de
propagação.

A constante de propagação ( γ ) é separada em duas outras: uma relacionada somente com atenuação
(constante de atenuação - α ) e outra relacionada somente com a fase (constante de fase - β ).

A relação entre os parâmetros primários e secundários é dada pelas equações:

( R + jω L )
γ = α + jβ = (R + jωL ) ⋅ (G + jωC ) e Zc =
(G + jωC )

com ω = 2 ⋅π ⋅ f

Em altas freqüências, onde: R << jωL e G << jωC as equações se reduzem a:

 R
 
L 2 G
Zc = β = ω L ⋅C α =   +   ⋅ Zc
C Zc  2 

1.1 - Linha de Transmissão bifilar:

Para uma linha de transmissão bifilar os parâmetros L e C por unidade de comprimento podem ser
determinados para altas freqüências, baseando-se na geometria da linha (dois fios circulares, de mesmo
diâmetro, espaçados por um dielétrico), pelas expressões:

µ  D π ⋅ε
L= ⋅ ln  (Henry/metro) C= (Farad/metro)
π r  D
ln 
r
Onde:

D = Espaçamento entre os condutores (centro a centro)


r = Raio dos condutores (iguais)
µ = Permeabilidade do dielétrico entre os condutores
ε = Permissividade do dielétrico entre os condutores
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1.2 - Linha Coaxial:

No caso de cabos Coaxiais os parâmetros L e C por unidade de comprimento, para altas freqüências, são
calculados pelas expressões:

µ b 2 ⋅π ⋅ ε
L= ln  (Henry/metro) C= (Farad/metro)
2 ⋅π  a  b
ln 
a
Onde:

a = diâmetro do condutor interno


b = diâmetro interno do condutor externo

1.3 - Velocidade de fase:

A velocidade de fase do sinal propagando-se na linha de transmissão é obtida pela relação:

ω 1 1
vf = = =
β L ⋅C µ ⋅ε

1.4 - Variação da fase com o comprimento da LT:

A fase do sinal que chega à carga irá variar de acordo com o comprimento relativo da LT. O comprimento
relativo é medido em relação ao comprimento de onda, que depende da freqüência ( f ) do sinal e das
características do dielétrico da LT (ou seja, com a velocidade de fase). A variação da fase entre a entrada
e a saída pode ser calculada por:

2 ⋅π vf
∆Φ = β ⋅ d sendo: β= e λLT =
λLT f

d = comprimento físico da L.T.

2. MEDIDAS DOS PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

Para medição dos parâmetros distribuídos L e C das Linhas de Transmissão, procede-se da seguinte
maneira:

2.1 - Medição da Indutância distribuída:

O parâmetro distribuído L (Henry/metro) é obtido colocando-se em curto uma das extremidades da linha,
medindo-se a indutância total (medidor de indutância) e dividindo-se o valor encontrado pelo
comprimento total da LT.

Em linhas muito curtas o valor de indutância é muito pequeno e pode ser difícil de ser medido.

2.2 - Medição da Capacitância distribuída:

Para se determinar o parâmetro distribuído C (Farad/metro), é utilizado um capacímetro, obtendo-se o


valor da capacitância daquele trecho de LT. Divide-se o valor encontrado pelo comprimento do trecho.
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3. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

a) Fazer medidas dimensionais em amostras de cabos coaxiais e linhas paralelas e calcular os valores
esperados para os parâmetros primários e secundários (sabendo o valor da impedância característica).

b) Medir os valores da indutância e da capacitância por unidade de comprimento e comparar com os


valores obtidos no procedimento anterior.

c) Como cabos coaxiais com dimensões diferentes e mesmo dielétrico podem ter a mesma impedância
característica?

d) Consultar catálogos de cabos coaxiais e verificar o que ocorre com o parâmetro constante de
atenuação quando as dimensões do cabo aumentam (dentro de um mesmo tipo de cabo).

e) O que você imagina que ocorre com relação à capacidade de potência quando aumentamos as
dimensões do cabo coaxial? Observar dados de catálogos.

f) Calcular o valor da constante de fase para a amostra de cabo - cabo RG-58/U.

Sabendo o comprimento do cabo e usando como terminação uma carga resistiva, alimentar a LT com
o gerador de sinal ajustado na freqüência de 10MHz. Comparar a fase dos sinais na entrada e na saída
com o valor teórico calculado, usando o osciloscópio.

Variar a freqüência e verificar a variação na fase.

g) Compare as amplitudes dos sinais na entrada e na saída e determine o valor da constante de


atenuação nesta freqüência. Compare com o valor teórico obtido no catálogo do fabricante do cabo.

Texto por: Luciano A. Bossi – Agosto/2002


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AULA 05

Linhas de Transmissão em Altas Freqüências


Cabos Coaxiais
Objetivo: Definição dos critérios de decisão na escolha do Cabo Coaxial adequado a cada aplicação.

1. RESUMO TEÓRICO:

Os cabos coaxiais são largamente utilizados em muitas aplicações em altas freqüências, pois
apresentam boas características para a propagação do sinal e uma relação custo-benefício
atraente.

No ramo das engenharias, é comum tomar as decisões de qual o modelo ou tipo de dispositivo
a se utilizar em um determinado projeto pelo critério técnico-econômico, ou seja, qual
dispositivo atende tecnicamente ao projeto (tem características técnicas aceitáveis) e tem um
custo aceitável. A escolha de qual cabo coaxial é mais adequado para cada tipo de aplicação
segue esta regra.

Para tomar a decisão se aquele cabo atende ou não tecnicamente a um determinado projeto, é
necessário se conhecer as condições de trabalho a que estará submetido, dentre elas:
freqüência de trabalho, potência de RF aplicada, impedâncias envolvidas, condições mecânicas
de montagem, condições ambientais (temperatura, pressão e umidade).

Além disso, é necessário conhecer quais são as restrições que o projeto impõe, como: máxima
atenuação admitida, potência necessária, velocidade de propagação (atraso na propagação do
sinal), flexibilidade na montagem (cabo rígido ou flexível), etc.

Desta forma, conhecer os parâmetros secundários do cabo coaxial, naquela condição de


trabalho é uma das necessidades para se avaliar sua aplicabilidade naquele projeto específico.

Devemos lembrar que a impedância característica do cabo coaxial depende das suas
dimensões, mas se mantida a relação entre os diâmetros dos condutores e o mesmo dielétrico,
teremos cabos de diferentes dimensões a mesma impedância característica. Desta forma,
temos uma família de cabos coaxiais, de mesmas características básicas, porém de dimensões
diferentes. Então, qual o cabo adequado em cada aplicação?

1.1 - Determinação do cabo coaxial pela atenuação máxima admitida:

A atenuação proporcionada por um cabo coaxial depende de vários fatores, tanto construtivos
quanto inerentes às condições de trabalho. Detalhes construtivos estão relacionados com tipo
de material condutor utilizado, tipo de dielétrico utilizado e dimensões. Com relação às
condições de trabalho, o fator mais importante é a freqüência de operação.

De um modo geral, podemos afirmar que um mesmo cabo coaxial apresenta atenuações
maiores quanto maior for a freqüência do sinal que trafega por ele.

Também podemos dizer que, comparando cabos coaxiais de mesmo tipo, mas com dimensões
diferentes e operando na mesma freqüência, apresentará menor atenuação o de maiores
dimensões.

Estes fatos se explicam pelos principais fatores que compõem o parâmetro atenuação: a
resistência ôhmica dos condutores e a condutância do dielétrico. Cabos maiores têm maiores
áreas de condutores e maiores dielétricos proporcionando menores resistências e menores
condutâncias. Pelo efeito pelicular, quanto maior a freqüência de trabalho, maior a resistência.
Também a fuga de corrente pelo dielétrico aumenta com a freqüência.
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O parâmetro secundário constante de atenuação - α - é dado por unidade de comprimento,
bastando multiplicar o comprimento do cabo por ele para se encontrar qual a atenuação total
oferecida por aquele trecho de cabo. Em geral, α é dado em decibel por metro (dB/m) e a
atenuação total é dada em dB, e representa qual a relação entre a potência entregue na
entrada do cabo coaxial e a que será retirada na saída:

P
dB = 10 ⋅ log 1  = α ⋅ d
 P2 

onde d é o comprimento total do cabo.

1.2 - Determinação do cabo coaxial pela potência admitida

É de se esperar que um determinado cabo coaxial permita um máximo campo aplicado em seu
interior, ou seja, uma máxima diferença de potencial entre seus condutores interno e externo
quanto maior for o espaçamento entre os condutores (dimensões do cabo). Assim, dependendo
também do tipo de dielétrico utilizado, teremos uma capacidade de potência admitida para
cada tamanho de cabo coaxial.

Pode ser visto nos catálogos de fabricante de cabos coaxiais que este parâmetro também
depende da freqüência de operação e que, quanto maior a freqüência, e para o mesmo cabo
coaxial, menor será a potência admitida.

Em geral, os fabricantes especificam dois valores máximos: potência máxima instantânea ( PEAK
POWER ) e potência média máxima ( AVERAGE POWER ).

1.3 - Máxima e mínima freqüência de trabalho:

A energia transmitida em um cabo coaxial ocorre através de ondas TEM - Transversa Eletro-
Magnética (modo de propagação no qual as componentes de campo elétrico e magnético são
perpendiculares à direção de propagação, além de serem perpendiculares entre si). Acima de
uma chamada freqüência de corte outros modos de propagação podem ocorrer, e as condições
de propagação daquele sinal pelo cabo serão mais complicadas de serem avaliadas. Isto
significa que, em geral, não é adequado operar com um cabo coaxial acima de sua freqüência
de corte.

Este parâmetro é dado pelo fabricante do cabo e depende das dimensões e também do
dielétrico utilizado. Para uma mesma família de cabos coaxiais, quanto maiores as dimensões,
menor será sua freqüência de corte ou sua freqüência máxima de trabalho permitida.

Com relação à freqüência mínima de trabalho, pode ser visto na definição dos parâmetros
secundários frente aos parâmetros primários, quando foi feita uma aproximação nas
expressões para a impedância característica e para a constante de propagação. Foi considerado
que a freqüência era alta e admitia simplificações em suas expressões. À medida que
diminuímos o valor da freqüência as aproximações feitas vão perdendo a validade e
provocando diferenças nos valores destas constantes.

1.4 - Escolha de um cabo coaxial adequado:

É de se esperar que, dentro de uma família de cabos coaxiais de um mesmo fabricante,


aqueles com maiores dimensões custem mais que os de menores dimensões. Então, no critério
econômico optaríamos pelos de menores dimensões. Temos que analisar os fatores técnicos
antes dessa decisão.

Em cada faixa de freqüências de operação e aplicação, temos as famílias de cabo mais


adequadas. Por exemplo, os cabos com dielétrico “ar” apresentam maiores capacidades de
potência. Os cabos com dielétrico espuma “foam” (polietileno) apresentam constantes de
atenuação similares aos de dielétrico “ar” e são mais resistentes mecanicamente.
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Quando a escolha do cabo coaxial adequado se der pela máxima atenuação admitida,
escolheremos aquele que apresente, no comprimento total necessário, uma atenuação
condizente com as condições de projeto e que tenha menores dimensões, que proporcionarão
menores custos e maiores facilidades de instalação e manuseio. Deve ser observado que este
parâmetro é fornecido em uma determinada condição de temperatura.

Quando a escolha se der pela máxima potência admitida, escolheremos aquele que apresente
uma capacidade de potência condizente com as condições de projeto e que também tenha
menores dimensões. Neste parâmetro deve ser observado em quais condições o fabricante do
cabo está apresentando os valores, pois condições de temperatura, pressão e Taxa de Onda
Estacionária alteram estes valores.

Há de ser observado que, para uma mesma condição de trabalho (freqüência, principalmente)
podemos optar por diferentes dimensões de cabo coaxial de acordo com o comprimento total
necessário no projeto, ou seja, comprimentos menores admitem cabos de dimensões menores,
com maiores valores de α e comprimentos maiores necessitam de cabos com menores valores
de α .

2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

Utilize os catálogos de cabos coaxiais para dimensionar os sistemas seguintes. Utilize dados de
cabos com dielétrico “ar” e com dielétrico “foam”. Verifique a máxima freqüência admitida pelo
cabo, sua capacidade de potência e a atenuação total oferecida.

Freqüência Potência Comprimento total Atenuação máxima Cabo


(MHz) (Watts) do cabo (m) admitida no projeto escolhido

Sistema 1 100 10.000 50 1dB

Sistema 2 850 50 100 3dB

Sistema 3 850 50 20 3dB

Sistema 4 2.000 50 100 3dB

Sistema 5 2.000 50 20 3dB

Texto por: Luciano A. Bossi – Agosto / 2002


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AULA 06

Terminações de Linhas de Transmissão em Altas Freqüências


Pulsos em Linhas de Transmissão

1. RESUMO TEÓRICO:

Para dimensionar ou avaliar o comportamento de um sistema que envolve uma linha de transmissão
operando em alta freqüência é necessário conhecer as características daquela LT nas condições de
trabalho e as características da terminação (usualmente denominada de carga).

Os parâmetros secundários Impedância Característica - ZC , Constante de Fase - β e Constante de


Atenuação - α , devem ser conhecidos naquela condição de trabalho (freqüência de operação). É
importante lembrar que, segundo suas definições, estas constantes são números Reais e Positivos. A
impedância da carga (ZL) confrontada com a impedância característica da LT (ZC) irá determinar a
quantidade de potência transferida da LT para a carga. A potência que não é consumida pela carga
retorna pela linha e caracteriza a existência de uma onda refletida.

Somente haverá total transferência de potência da LT à carga quando esta tiver o mesmo valor da
impedância característica da LT. Esta condição é comumente denominada de "casamento de impedância".
Nesta condição não há onda refletida trafegando pela LT.

A condição de trabalho da LT pode ser avaliada calculando-se o Coeficiente de Reflexão - Γ . Este


coeficiente é definido como a relação entre a onda refletida e a onda direta em cada ponto da LT. No
plano da carga, podemos calcular o valor do coeficiente de reflexão na carga pela relação entre as
impedâncias de carga e impedância característica da LT.

Z L − ZC
ΓL =
Z L + ZC

Um outro modo de avaliar a condição de trabalho da LT é através da Razão de Onda Estacionária - ROE
(também conhecido como: COE, TOE, SWR ou VSWR).

Se verificarmos a tensão ao longo da LT, veremos que as ondas direta e refletida vão interagindo ponto a
ponto, formando o que se denomina por Onda Estacionária, naqueles pontos onde sempre se medem os
mesmos valores, a qualquer tempo. No ponto onde as ondas direta e refletida estão em fase elas se
somam em amplitude, dando um valor máximo; no ponto onde elas estão em contra-fase elas se
subtraem em amplitude dando um valor mínimo. O ROE é definido como a relação entre o máximo e o
mínimo de onda estacionária, e pode ser calculado a partir do coeficiente de reflexão:

1 + ΓL
ROE =
1 − ΓL

2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

a) Utilize um gerador de pulso e um osciloscópio. Ajuste o gerador para que exista um pulso de curta
duração e de taxa de repetição longa;

b) Conecte, com auxílio de um cabo T-BNC, um trecho longo de um cabo coaxial terminado em aberto.
Na tela do osciloscópio irá aparecer, além do pulso enviado, um outro pulso próximo. Este é devido à
reflexão do pulso direto numa carga descasada. Coloque uma terminação em curto circuito e verifique o
que ocorre com o pulso. Explique.
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c) A diferença na posição na tela entre os pulsos caracteriza um atraso no tempo entre o seu envio e o
seu retorno. Conhecido este atraso e a velocidade de propagação do pulso pela LT é possível determinar
o comprimento do trecho. Verifique.

OBS: A observação de pulsos refletidos na base de tempo (pulsos diretos e refletidos) são utilizados para
localização de falhas em redes de cabos, em instrumentos denominados TDR (TIME DOMAIN REFLECTOMETER).
Em redes de fibras óticas são usados em instrumentos similares, denominas OTDR (OPTICAL TIME DOMAIN
REFLECTOMETER).

d) Conhecendo as expressões para a velocidade de propagação e para a impedância característica para o


cabo coaxial é possível encontrar o valor da permissividade elétrica do dielétrico utilizado, bem como
confrontar os valores obtidos.

1 2 ⋅π ⋅ ε µ b L
v= C= L= ln  ZC =
µ ⋅ε ln( ba ) 2 ⋅π  a  C

Sabendo que:

µ = 4.π.10-7 H/m
a = Diâmetro do Condutor Interno
b = Diâmetro (interno) do Condutor Externo

e) Determine o valor da impedância característica da LT utilizando um potenciômetro puramente resistivo


como carga. Variando o valor da resistência de carga veremos o pulso refletido variando de tamanho e de
fase. Quando não observarmos a existência de pulsos refletidos significa que obtivemos o casamento de
impedância. Basta medir o valor alcançado no potenciômetro para obter a impedância característica da
LT.

f) O valor da capacitância por unidade de comprimento pode ser obtido medindo-se o valor da
capacitância de um trecho de cabo e dividindo pelo seu comprimento.

Valores nominais: Cabo RG58:


ZC= 50 Ω
v = 0,67 . c (c = 3 x 108 m/s)

Texto por: Luciano A. Bossi – Agosto / 2002


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AULA 07

Guias de Onda - Modos de Propagação

1. OBJETIVOS: - Introduzir os conceitos básicos de guias de onda


- Propagação de ondas guiadas - modos de propagação

2. RESUMO TEÓRICO:

Um guia de onda é um tipo de linha de transmissão utilizado em freqüências de microondas (na casa dos
Gigahertz). Trata-se de um tubo metálico oco, tendo uma seção transversal homogênea ao longo de seu
comprimento e da forma retangular, circular ou elíptica. Deve ser preenchido com um dielétrico
homogêneo, em geral o próprio ar. Em nossos experimentos utilizaremos guias de onda de seção
retangular.

O estudo teórico dos guias de onda se baseia na teoria eletromagnética de Maxwell. Numa forma geral, o
estudo se baseia numa função de onda do tipo:
2
ω 
∇ ⋅Φ + K ⋅Φ = 0
2 2
onde: K = ω ⋅ µ ⋅ε =  
2 2

v

As ondas das quais desejamos conhecer as características de propagação são aquelas contidas no interior
do guia de onda (ondas guiadas), ou seja, aquela que tem uma freqüência conhecida f’ e que viaja no
dielétrico caracterizado por µ e ε .

A função procurada (expressão para os campos elétrico ou magnético) terá uma solução dependente da
posição (x,y,z) e do tempo (t), pois trata-se de uma onda viajante no tempo e no espaço, ou seja, no
instante de tempo t1 a frente de onda estará na posição d1, e no instante t2 estará na posição d2. A
distância percorrida (d2-d1) dividida pelo intervalo de tempo (t2-t1) nos dá a velocidade de propagação da
frente de onda.

Como a onda é guiada, podemos afirmar que ela estará sempre viajando numa determinada direção. A
direção convencionada é a do eixo z.

Podemos separar os fasores de campo elétrico e magnético em componentes segundo cada direção: as
componentes de campo que estão na direção de propagação da onda são denominadas de componentes
longitudinais e as outras de componentes transversais.

São caracterizados três tipos de modos de propagação da onda:

Modos TEM: Os campos elétrico e magnético são transversais à direção de propagação da onda ou seja,
não existem as componentes longitudinais de campo elétrico e magnético. É denominado de MODO
TRANSVERSO ELETROMAGNÉTICO;

Modos TE: Neste caso, não existe a componente de campo elétrico na direção de propagação da onda
porém existe, necessariamente, a componente de campo magnético longitudinal. É denominado de MODO
TRANSVERSAL ELÉTRICO ou MODO-H;

Modos TM: Aqui não existe a componente de campo magnético na direção de propagação da onda, porém
existe, necessariamente, a componente de campo elétrico longitudinal. É denominado de MODO
TRANSVERSAL MAGNÉTICO ou MODO-E.

Os modos TE e TM são os modos de propagação que ocorrem em guias de onda.

Para o estudo simplificado de guias de onda retangulares, assume-se que as paredes são feitas de
condutores perfeitos ( σ = ∞ ) e ele é preenchido com um dielétrico perfeito ( σ = 0 ). Desta forma, não
existem perdas nem no condutor (perdas ôhmicas) nem no dielétrico.
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A solução das equações de onda no Modo TE, para o guia de onda de seção retangular nos mostra as
seguintes expressões para cada componente de campo (em coordenadas retangulares):

H Z nm = Anm ⋅ cos( na⋅π ⋅ x ) ⋅ cos( mb⋅π ⋅ y ) ⋅ e − j⋅β ⋅z ⋅ e j⋅ω ⋅t

H X nm = j ⋅ Anm ⋅ Kβ2 ⋅ na⋅π ⋅ sin( na⋅π ⋅ x ) ⋅ cos( mb⋅π ⋅ y ) ⋅ e − j ⋅ β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t


C

H Y nm = j ⋅ Anm ⋅ Kβ2 ⋅ mb⋅π ⋅ cos( na⋅π ⋅ x ) ⋅ sin( mb⋅π ⋅ y ) ⋅ e − j ⋅ β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t


C

E X nm = j ⋅ Anm ⋅ ωK⋅2µ ⋅ mb⋅π ⋅ cos( na⋅π ⋅ x ) ⋅ sin( mb⋅π ⋅ y ) ⋅ e − j ⋅ β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t


C

EY nm = − j ⋅ Anm ⋅ ωK⋅2µ ⋅ na⋅π ⋅ sin( na⋅π ⋅ x ) ⋅ cos( mb⋅π ⋅ y ) ⋅ e − j ⋅ β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t


C

onde: K C nm = ( na⋅π )2 + ( mb⋅π )2 e é chamado de número de onda de corte.

A constante de fase da onda, ou seja, a taxa de variação da fase com a distância percorrida pela onda é
dada por:

β = K 2 − K C2

Mas, para ter o seu significado físico e garantir a propagação do sinal, β deve ser real e positivo, então
KC < K .

Os números inteiros n e m terão a seguinte interpretação:

- cada valor para o par n e m indicará o número de semiciclos de variação de cada componente de
campo com respeito a x e a y (deve ser notado que os valores de n e m estão dentro das funções
seno e cosseno que determinam a variação dos campos com as variáveis x e y ). Em outras palavras,
cada combinação de valores de n e m irá proporcionar um conjunto de expressões diferentes para as
componentes de campo elétrico e magnético no guia de onda, ou um Modo de Propagação da Onda.

Devemos lembrar que a nossa região de interesse se restringe a valores de x e y entre:

0≤ x≤a e 0≤ y≤b

Os modos TM têm expressões semelhantes exceto que, neste caso a componente Hz é nula e a
componente Ez tem a seguinte forma:

EZ nm = Bnm ⋅ sin( na⋅π ⋅ x ) ⋅ sin( mb⋅π ⋅ y )

Pode-se verificar que, para os modos TE admite-se que um dos valores para o par n, m seja nulo (um de
cada vez) e para a onda TM não é admitido que nenhum dos dois seja nulo, pois anularia a componente
Ez o que descaracteriza a onda como sendo do tipo TM.
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Freqüência de corte:

Na condição limite para a constante β , teremos K = K C ou β = 0 . A freqüência em que isto ocorre é


denominada de freqüência de corte do modo n,m (TE ou TM) e determinada por:

2 2
 n   m 
f C nm = v⋅   + 
 2⋅ a   2⋅b 

Pode ser visto que o menor valor para a freqüência de corte ocorre para o n=1 e m=0 e, neste caso,
somente é válido para ondas do tipo TE. É usada a designação TE10. Este modo de propagação é
chamado de Modo Dominante no guia de onda retangular.

As expressões para as componentes dos campos no modo TE10 fica:

E X 10 = 0 EY 10 = − j ⋅ ωπ⋅µ ⋅ a ⋅ A10 ⋅ sin ( πa ⋅ x ) ⋅ e − j⋅β ⋅z ⋅ e j⋅ω⋅t

H Y 10 = 0 H X 10 = − j ⋅ πβ ⋅ a ⋅ A10 ⋅ sin (πa ⋅ x )⋅ e − j ⋅β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t

EZ 10 = 0 H Z 10 = A10 ⋅ cos(πa ⋅ x )⋅ e − j ⋅β ⋅ z ⋅ e j ⋅ω ⋅t

É importante verificar que o campo elétrico somente tem a componente no eixo y e tem um máximo para
x = a/2.

Isto é aproveitado na construção de peças que têm funções específicas em circuitos de microondas. Estas
características são obtidas em condições passivas e puramente mecânicas, o que simplifica a reprodução
destas peças.

Nesta aula vamos manusear algumas peças e verificar como a sua mecânica se relaciona com as
componentes de campo (elétrico e magnético).

As figuras de 1 a 6 mostram guias de onda retangular e circular e as configurações dos campos E e H


para vários modos de propagação.

A figura 7 mostra a atenuação do guia de onda, em dB, a cada 100 metros. A constante de atenuação é
um parâmetro importante em linhas de transmissão e, em guias de onda de seção retangular, varia
bastante com a freqüência. Como somente se utilizam guias de onda retangular operando no modo
dominante TE10, existem limites de freqüência inferior e superior para cada modelo de guia de onda e,
dentro da faixa de freqüência, a constante de atenuação varia consideravelmente.

Texto por: Luciano A. Bossi – Março/2003


Editado por: Elias Patrick Júnior
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Figura 1 – Guia de onda retangular

Figura 2 - Campos em uma guia retangular – modo dominante TE10

Figura 3 – Guia de onda cilíndrico

Figura 4 - Campos em uma guia cilíndrica - modo dominante TE11


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Figura 5 - Modos de propagação no guia de onda retangular


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Figura 6 - Modos de propagação no guia de onda cilíndrico


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Figura 7 – Atenuação no Guia de Onda Retangular


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AULA 08

Guias de Onda Retangular e Ondas Estacionárias


Medições de Freqüência e Comprimento de Onda

1. RESUMO TEÓRICO:

a) Comprimento de onda

O comprimento de onda de uma onda eletromagnética está diretamente associado com a freqüência na
qual ela é gerada e com as características do meio onde ela se propaga. No caso de uma onda guiada,
como o que ocorre em um guia de onda, a relação entre a freqüência e o comprimento de onda não é tão
direta, passando a depender também das dimensões do guia de onda.

Definem-se então, para uma mesma onda eletromagnética, 4 designações para "comprimento de onda":

- Comprimento de onda em um meio qualquer livre: denomina-se de ‘λ' e depende da velocidade com a
qual a onda se propaga naquele meio (v) e da freqüência do sinal ( f );

- Comprimento de onda no vácuo: denomina-se por ‘λo' e é um caso especial do item anterior, sabendo-
se que a velocidade da onda é a própria velocidade da luz no vácuo (c). Na maioria dos casos,
consideramos que o "ar livre" se comporta como o vácuo;

- Comprimento de onda dentro do guia de onda: denomina-se por ‘λg' e é igual ao comprimento
percorrido pela onda de modo que ocorra uma variação de 2π na fase do sinal. Está relacionado com a
freqüência do sinal, com o dielétrico que preenche o guia de onda e com suas dimensões, parâmetros
estes que também irão definir o "modo de propagação" da onda pelo guia;

- Comprimento de onda de corte: denomina-se por ‘λc'. É um parâmetro que depende das características
mecânicas do guia de onda e do dielétrico que o preenche. Define-se uma freqüência de corte
associada a ele, que é a freqüência limite inferior na qual um sinal pode se propagar pelo guia de onda
em um determinado modo de propagação. Em outras palavras, a freqüência do sinal que está se
propagando dentro do guia de onda deve ser superior a freqüência de corte para aquele guia de onda,
naquele modo desejado.

Existe, então, uma relação entre a freqüência de oscilação, as dimensões do guia de onda e o modo de
propagação da onda no guia de onda (ver figura 1). No modo de propagação TE10 (modo dominante para
o guia de onda retangular), e tendo o AR como dielétrico, temos as seguintes relações:

c λo
λo = λc = 2a λg =
f 1− ( )
λO 2
λC

Para uma freqüência igual à de corte, o comprimento de onda dentro do guia tende ao infinito indicando
que nenhuma energia está propagando pelo guia, ou seja, não há variações dos campos
eletromagnéticos ao longo do guia.

A freqüência pode ser calculada a partir de ‘λg' e da dimensão ‘a’ do guia de onda:

2 Onde:
 1   1 2 c = velocidade da luz no vácuo (3 x 108 m/s)
f = c⋅   +  f = freqüência do sinal
λ   2a 
 g 

Para o guia de onda retangular padrão WR90 a dimensão ‘a’ vale 22,860 +/- 0,046 mm
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b) Onda Estacionária

O campo eletromagnético em qualquer ponto de uma linha de transmissão (guia de onda, no caso de
microondas) pode ser considerado como a soma de duas ondas progressivas: onda incidente
(propagando-se no sentido do gerador para a carga) e onda refletida (propagando-se no sentido da carga
para o gerador). A onda refletida aparece como resultado de uma descontinuidade na linha de
transmissão ou desde uma impedância de carga diferente da impedância característica da linha.

A amplitude e a fase da onda refletida dependem da impedância de carga e das perdas na linha. Se a
linha é infinitamente longa e uniforme não haverá onda refletida. O mesmo acontece com uma linha finita
terminada numa carga casada, ou seja, numa carga que tenha impedância igual à da impedância
característica da linha.

A presença de duas ondas (incidente e refletida) provoca o aparecimento de ondas estacionárias ao longo
da linha. Ao somar estas duas ondas ponto a ponto ao longo da linha, vê-se que o campo elétrico varia
periodicamente com a distância. A máxima intensidade se dá no ponto no qual as ondas direta e refletida
estão em fase e a mínima intensidade no ponto onde elas estão em contra-fase. A figura 1 mostra a
configuração das intensidades de campo elétrico ao longo do guia de onda para diferentes cargas.

A distância entre dois pontos de mínimo (ou de máximo) sucessivos de ondas estacionárias é igual a
meio comprimento de onda na linha de transmissão (λg/2). O comprimento de onda dentro do guia de
onda pode então ser obtido pela medida da distância entre dois mínimos sucessivos de onda estacionária.

Deve ser salientado que a freqüência, como característica da fonte geradora, não varia no meio, e que o
comprimento de onda e a velocidade de propagação são dependentes do meio de propagação dado pelas
características do dielétrico, do formato do guia de onda, de suas dimensões e do modo de propagação.
Este último é definido pela freqüência do sinal e com as características citadas.

2. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

2.1 - Ajustes iniciais:

a) Aplicar uma tensão de 8V no oscilador Gunn. Aplicar, também, um sinal de 1kHz de onda quadrada de
1Vpp no modulador PIN. Desta forma o oscilador estará oscilando na freqüência determinada pelo
ajuste mecânico (dimensões da cavidade onde se encontra o diodo Gunn) e modulado com um sinal
de 1kHz.

A necessidade do sinal estar modulado é devido ao medidor utilizado (Medidor de SWR) trabalhar a
partir de amostras da informação que está sendo transportada pelo sinal de microondas. Ao se utilizar
uma informação em banda estreita (sinal de 1kHz) minimizamos a possibilidade do ruído externo
perturbar as medições.

b) Ajustar o atenuador variável em cerca de 5dB inicialmente. Ajustar o Medidor de SWR tal que se
obtenha uma deflexão no centro da escala.

c) Ajustar a freqüência do gerador de onda quadrada de forma a maximizar a deflexão no medidor.

Este medidor é um voltímetro seletivo que mede sinais de 1kHz, porém não faz medidas absolutas,
indicando somente valores relativos. Um diodo detector extrai a informação (sinal modulante de 1kHz)
do sinal amostrado no guia de onda, ou seja, da portadora de microondas que o carrega.
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2.2 - Medições de freqüência:

d) O medidor de freqüência absorve parte do sinal de microondas que está passando por ele quando está
sintonizado na mesma freqüência do sinal. Desta forma, para se medir a freqüência do sinal que esta
sendo gerado pelo oscilador Gunn, devemos ir ajustando o frequencímetro e verificando a deflexão no
medidor de SWR. Quando a deflexão diminui um pouco é porque estamos sintonizados próximo à
freqüência do sinal. Ajustando para a melhor deflexão podemos medir a freqüência do sinal que está
sendo transmitido pelo guia de onda.

Procure avaliar a precisão das medições (erro máximo em cada medida).

2.3 - Medições de comprimento de onda:

e) Colocar um curto circuito ao final do guia de onda e medir o comprimento de onda dentro do guia,
medindo a distância entre mínimos sucessivos de onda estacionária.

A pesquisa dos pontos de máximo e mínimo de onda estacionária é feita com o carro móvel da peça
denominada “linha fendida”, que tem este nome por ter uma fenda longitudinal através da qual se
insere uma pequena antena que extrai uma amostra do sinal de microondas no ponto onde está
inserida a antena.

f) Verifique que se as medições são efetuadas a partir de pontos de máximo de onda estacionária
teremos menor precisão na medição do comprimento de onda.

g) Para medir o comprimento de onda do ar, deixamos o guia de onda terminado em aberto. Colocamos
uma placa refletora em frente à saída aberta do guia de onda. Variando a posição da placa vamos
verificar que a deflexão do medidor também varia entre máximos e mínimos. A distância entre dois
mínimos é igual a ½ comprimento de onda no ar.

h) Calcular a freqüência pela fórmula dada e comparar com o valor medido diretamente. Avaliar o erro
nas medições.

Tabela:

Freqüência λg medido λo medido λg calculado λo calculado


(MHz) (mm) (mm) (mm) (mm)

3. QUESTÕES:

a - Observar qual a principal fonte de erro na medida do comprimento de onda, quantificá-la e


determinar sua influência no cálculo da freqüência. Verificar os valores máximo e mínimo possível.

b - Na medição de comprimento de onda. Qual a finalidade da linha fendida nestas medições? E do curto
circuito?
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4. FIGURAS:

Figura 1

Gerador
Fonte de Medidor
de onda
energia de SWR
quadrada

Oscilador Atenuador Modulador Medidor de "Linha Guia de


Gunn Variável Pin-Diode freqüência fendida" onda plano

Figura 2 - Configuração do equipamento para as medições de freqüência λg e λ

Texto por: Luciano A. Bossi – Março/2003


Editado por: Elias Patrick Júnior
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AULA 09

Guia de Onda retangular


Medições de R.O.E. (SWR)

1. RESUMO TEÓRICO:

O campo eletromagnético em qualquer ponto de uma linha de transmissão (guia de onda, no caso de
microondas) pode ser considerado como a soma de duas ondas progressivas: onda incidente
(propagando-se no sentido do gerador para a carga) e onda refletida (propagando-se no sentido da carga
para o gerador). A presença de duas ondas (incidente e refletida) provoca o aparecimento de ondas
estacionárias ao longo da linha.

A onda refletida aparece como resultado de uma descontinuidade na linha de transmissão ou desde uma
impedância de carga diferente da impedância característica da linha. A amplitude e a fase da onda
refletida (no plano de carga) dependem da impedância da carga. A amplitude e a fase da onda refletida,
ao longo da LT, irão variar com as mesmas taxas com que a onda incidente varia (α e β).

A onda estacionária pode ser obtida com a soma das ondas direta e refletida ponto a ponto ao longo da
LT. No resultado obtido vê-se que o campo elétrico resultante varia periodicamente com a distância. A
máxima intensidade se dá no ponto no qual estas ondas estão em fase e a mínima intensidade no ponto
onde elas estão em contra-fase. A figura 1 mostra a configuração das intensidades de campo elétrico
para diferentes cargas.

A razão entre os campos elétricos das ondas refletida e incidente é chamado de "Coeficiente de Reflexão"
(Γ ). Como os campos são fasores, a razão entre eles também o será. Se existirem perdas ao longo da
linha de transmissão, o coeficiente de reflexão também irá variar ao longo da linha. Para uma linha sem
perdas, o módulo do coeficiente de reflexão em qualquer ponto da linha é o mesmo, inclusive no plano de
carga (ponto onde está a impedância de carga).

O Coeficiente de Reflexão no plano de carga (ΓL), pode ser calculado a partir dos valores da impedância
de carga e da impedância característica da LT. O módulo do coeficiente de reflexão pode ser interpretado
como qual parcela da onda incidente está sendo refletida (percentual de reflexão, quando multiplicado
por 100).

Como a potência da onda eletromagnética é proporcional ao quadrado da intensidade de campo,


podemos provar que o módulo do coeficiente de reflexão ao quadrado é igual à relação entre as
potências refletida e incidente à carga. A Potência que fica na carga é igual ao valor da potência incidente
menos a potência refletida. É desejado que a potência refletida seja mínima.

A Razão de Onda Estacionária na linha de transmissão (R.O.E.) é definida como a razão entre a máxima
e a mínima intensidade de campo elétrico ao longo da linha de transmissão. O valor do ROE pode ser
calculado a partir do módulo do Coeficiente de Reflexão.

Algumas outras siglas são também utilizadas: COE (Coeficiente de Onda Estacionária), TOE (Taxa de
Onda Estacionária), SWR (“Standing Wave Ratio”) e VSWR (“Voltage SWR”).

Tanto o ROE quanto o módulo do coeficiente de reflexão nos permitem avaliar a quantidade de potência
refletida em relação à potência incidente, ou seja, a performance do circuito com relação à transferência
de potência da LT à carga.
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As seguintes relações podem ser provadas:

Er Z − Z C Ero Z L − Z C
Γ= = ΓL = = = ΓL ⋅ e j
Ei Z + Z C Eio Z L + Z C

E MÁX 1+ Γ 2 Pr
ROE = = ΓL =
E MÍN 1− Γ Pi

onde:
Z = impedância num ponto qualquer da linha de transmissão
ZC = impedância característica da linha
ZL = impedância de carga
Er = Onda elétrica refletida Ei = Onda elétrica incidente
Pr = Potência refletida Pi = Potência incidente

2. MEDIÇÃO DE R.O.E.:

Existem vários métodos para se medir o ROE. Nesta prática estaremos trabalhando em 3 deles:
Método Direto, Método dos 3dB e Método do Atenuador Calibrado. Em todos os métodos
utilizaremos a linha fendida para pesquisar os pontos de máximo e mínimo na linha de transmissão
(guia de onda), perseguindo a própria definição de ROE.

Na linha fendida, que é um trecho de guia de onda com uma fenda, uma pequena parte do campo
elétrico é captada por meio de uma pequena antena inserida através da fenda. Este sinal é
detectado por meio de um cristal detector montado junto à sonda.

No método mais simples, é pesquisado um ponto de máximo, calibrado o instrumento (medidor de


ROE) e buscado um ponto de mínimo. A deflexão do instrumento já está calibrada em valores de
ROE e nos dá a leitura direta do seu valor. Este método será preciso quando:

- a penetração da sonda (antena) for suficientemente pequena para não perturbar o campo dentro
do guia (efeito de carga da sonda);

- o diodo cristal detector trabalha em sua região quadrática, ou seja, a tensão de saída é
proporcional à potência de microondas de entrada, garantindo a calibração das escalas do
instrumento.

Quando o valor do ROE é elevado, a profundidade da sonda deve ser aumentada para se obter uma
boa deflexão no ponto de mínimo. O ROE grande leva-nos a uma relação grande entre a
intensidade de campo nos pontos de máximo e de mínimo. Neste caso, no ponto de máximo a
sonda poderá provocar uma deformação no campo e, também, uma potência muito elevada para o
cristal detector, fazendo com que este saia da região quadrática.

Um método alternativo é o MÉTODO DOS 3dB. Neste caso, mede-se a distância entre os pontos
onde a potência do sinal tem o dobro do valor da potência no ponto de mínimo. O dobro da
potência nos leva a uma relação de potências de 3dB. O valor do ROE pode ser encontrado pela
fórmula (ver figura 2):

1
ROE = 1 + onde:
 ∆d  ∆d = d2 – d1
sin 2  π ⋅  λg
 λ  = comprimento de onda no guia
 g 
d1 e d 2 = posições dos pontos de 3dB
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Vale observar que a precisão do método está diretamente relacionada com a precisão com que são
tomadas as medições de posição na linha fendida.

O efeito das variações devido a detecção fora da região quadrática do detector também se elimina
pelo "método do atenuador calibrado". Neste método fazemos com que a intensidade num ponto
de mínimo seja igual aquela do ponto de máximo com a ajuda de um atenuador variável calibrado
colocado entre o gerador e a linha fendida. A diferença de atenuação entre os dois casos nos
permite calcular o valor do ROE:

( A2 − A1 )
( A2 − A1 )dB = 20 ⋅ log(ROE ) ou seja ROE = 10 20

sendo:
A1 = atenuação no ponto de mínimo
A2 = atenuação no ponto de máximo

A precisão aqui é determinada pela precisão do atenuador e o efeito de carga da sonda.

3. PROCEDIMENTOS PRÁTICOS:

a) Na montagem, observar que é uma linha de transmissão terminada numa carga composta do
adaptador variável + terminação casada. Quando a sonda do adaptador (parafuso) está toda
para fora, o comportamento é de uma linha casada. Ao se inserir o parafuso no guia de onda,
este vai criando uma perturbação com características indutiva ou capacitiva dependendo do
ponto onde está e da profundidade da penetração. Este comportamento será utilizado para
simular uma carga descasada.

b) Com a sonda do adaptador para fora, mover a ponta de prova da linha fendida e observar que
a deflexão do medidor varia pouco (não existem ondas estacionárias). Explique.

c) Medição de R.O.E. - MÉTODO DIRETO:

Aumentar a profundidade da sonda do adaptador variável até cerca de 3mm mover a ponta de
prova da linha fendida até uma posição de máximo; fazer o medidor indicar 1,0 (escala
superior); mover a ponta de prova para uma posição de mínimo; ler o valor de R.O.E.
diretamente. Repetir para profundidades de 5, 7 e 9 mm. Verificar a precisão que pode ser
obtida para valores pequenos (entre 1 e 1,3), médios (entre 1,3 e 2) e grandes (acima de 2).

Observações:
- Para valores de R.O.E. baixos (entre 1,0 e 1,3) pode-se usar a escala expandida apertando o
botão EXP no medidor e repetindo os procedimentos;
- Para valores de R.O.E. maiores que 3,0 deve ser dado um ganho de 10dB ao sinal e utilizar a
escala imediatamente inferior;
- Para valores acima de 10,0 este método não é utilizado.

d) Medição de alto valor de R.O.E. - MÉTODO DOS 3dB:

Com a sonda do adaptador com 9mm de profundidade o R.O.E. será grande. Na linha fendida
encontrar a posição de um mínimo; encontrar as posições adjacentes a este mínimo nas quais
o sinal aumenta 3dB; medir a distância entre dois pontos de mínimo para determinar o
comprimento de onda (λ g ); calcular o valor do R.O.E.
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e) Medição de alto valor de R.O.E. - MÉTODO DO ATENUADOR CALIBRADO:

Com a mesma situação da sonda do adaptador variável (carga), encontrar a posição de um


mínimo e conseguir uma leitura de referência no medidor observando a atenuação necessária
para isto; mover a ponta de prova da linha fendida para um máximo e ir aumentando a
atenuação de forma a manter a medição na escala; no ponto de máximo ajustar o atenuador
de forma a conseguir a mesma deflexão de referência; observe a atenuação necessária e
calcule o valor do R.O.E.

f) As medições efetuadas através dos 3 métodos, para situações semelhantes, apresentaram


resultados coerentes?

4. FIGURAS:

Figura 1 Figura 2

Texto por: Luciano A. Bossi – março/2003


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AULA 10

Carta de Smith e seu uso no cálculo de impedâncias

1. RESUMO TEÓRICO:

Um dos recursos gráficos para cálculos de linhas de transmissão mais utilizado é o que foi idealizado por
P.H. Smith em 1939. O método se baseia numa carta de impedâncias denominada Carta de Smith que
consiste em lugares geométricos de valores de resistência constante e de reatância constante traçados
num diagrama polar.

A Carta de Smith permite que se ache, de maneira simples, como as impedâncias são transformadas ao
longo de uma linha de transmissão e como relacionar a impedância com o coeficiente de reflexão, com a
razão de onda estacionária ou com as posições onde ocorrem os máximos e os mínimos de onda
estacionária. Combinando-se as operações, a carta permite determinar os pontos de casamento de
impedância, e dimensionar o elemento reativo que o permitirá.

Para explicar como usar a Carta de Smith vamos apresentar como ela foi projetada, a partir da equação
da transformação de impedâncias ao longo da linha de transmissão.

Z L + jZ C tan (β ⋅ z ) 1 + ΓL ⋅ e − j ⋅2⋅ β ⋅l
Z (Z ) = ZC ⋅ = ZC ⋅
(1)
Z C + jZ L tan (β ⋅ z ) 1 − ΓL ⋅ e − j ⋅2⋅β ⋅l
onde: l = −z
Utiliza-se a variável auxiliar:

(2) w = ΓL ⋅ e − j⋅2⋅β ⋅l = u + jv

O valor da impedância ao longo da linha de transmissão é normalizado pelo valor da impedância


característica dela, de forma a tornar a expressão válida para qualquer valor de impedância
característica.

Z (Z ) 1 + w 1 + (u + jv )
= r + jx = =
(3)
ZC 1 − w 1 − (u + jv )

onde:
r= parte real da impedância normalizada
x= parte imaginária da impedância normalizada

Esta equação pode ser separada em partes real e imaginária:

r=
1 − u2 + v2( ) x=
2v
(4)
(1 − u )2 + v 2 e
(1 − u )2 + v 2 (5)

Ou, escrevendo de outra forma:

2 2

u −
r 
 +v =
2 1
(u − 1)2 +  v − 1  =
1
(6)
 1+ r  (1 + r )2 e
 x x2 (7)

A última forma nos mostra duas equações de famílias de círculos para r=constante e x=constante.
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Se construirmos o gráfico dos lugares geométricos dos valores de resistência constante (r = constante)
no plano complexo w (com u e v servindo de coordenadas retangulares) veremos que eles são círculos
com centros no eixo u em [ r/(1+r), 0 ] e com raios [ 1/(1+r) ]. Veja a figura 1.

Figura 1 – Círculos de resistência (r)

Se construirmos o gráfico dos lugares geométricos dos valores de reatância constante (x = constante) no
plano complexo w (com u e v servindo de coordenadas retangulares) veremos que eles são círculos com
centros em [ 1, 1/x ] e com raios [ 1/|x| ]. Veja a figura 2.

Figura 2 – Linhas de reatância (x)

Em um ponto qualquer em uma linha de transmissão, numa dada condição de trabalho, a impedância
terá um valor com parte real (resistência) positiva entre 0 e +∞ , e parte imaginária (reatância) indutiva
ou capacitiva entre -∞ e +∞. O interior da Carta de Smith permite indicar qualquer destes valores,
bastando procurar o ponto que é a interseção entre a curva do valor de r desejado e a curva do valor de
x desejado.
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2. UTILIZANDO A CARTA DE SMITH

Quando utilizamos a Carta de Smith, podemos ter, primariamente, dois objetivos distintos:

a) tendo o valor da impedância de carga (normalizada), projetar o comportamento do circuito, avaliando


os valores de impedância que ocorrem ao longo da LT e demais parâmetros;

b) tendo o comportamento de uma determinada LT, determinar o valor da impedância de carga.

No primeiro caso, determina-se o valor da impedância de carga normalizada (ZL/ZC), separando as partes
Real e Imaginária. Com estes valores marcamos um ponto na Carta de Smith.

Traça-se uma reta com origem no centro da carta e que passa pelo ponto marcado até atingir a borda da
carta. Esta reta define o que chamamos de Plano de Carga.

Medindo-se com uma régua o tamanho do trecho de reta que vai do ponto central da carta até o ponto
de impedância marcado e dividindo-se este valor pelo tamanho total da reta desenhada (que é o raio do
círculo maior da carta), é obtido o módulo do coeficiente de reflexão.

O ângulo do coeficiente de reflexão é obtido diretamente na borda da carta e é medido no sentido anti-
horário iniciando no ponto de r=∞, até o ponto de interseção com a reta desenhada.

Com um compasso, traça-se um círculo com centro no ponto central da carta e com um raio de tal forma
que ele passe pelo ponto de impedância marcado. Este círculo é, então, o lugar geométrico de todos os
valores de impedância que apresentam o mesmo valor para o módulo do coeficiente de reflexão, pois
tem sempre a mesma relação de tamanho de segmentos de reta citado anteriormente. Veja a figura 3.

Figura 3 – Diagrama polar para impressão complexa dos coeficientes de reflexão

Em uma linha de transmissão sem perdas (ou com perdas desprezíveis), o coeficiente de reflexão terá o
mesmo módulo quando medido em qualquer ponto desta LT, somente variando sua fase. Então, o círculo
traçado anteriormente é também o lugar geométrico de todos os valores de impedância que irão ocorrer
naquela LT terminada com aquela carga específica.

Pode ser observado que, à medida que deslocamos ao longo do círculo, estamos variando os valores das
partes Real e Imaginária da impedância, ou seja, em cada ponto da LT temos um valor diferente para r e
x. Após darmos uma volta inteira sobre o círculo traçado, temos novamente o mesmo valor de
impedância. Veja a figura 4.
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Observando a fórmula da impedância ao longo de uma LT, para que a impedância repita o seu valor é
necessário que a tangente do arco β .l repita o valor anterior, ou seja:

tan (β ⋅ l2 ) = tan (β ⋅ l1 ) ou β ⋅ l2 − β ⋅ l1 = n ⋅ π ou l2 − l1 = n ⋅ λ2

Ou seja, cada volta inteira sobre o círculo traçado na Carta de Smith corresponde a uma distância
percorrida na LT igual a ½ comprimento de onda. A borda da carta é então graduada em milésimos de
comprimento de onda, de 0.000 a 0.499.

Um outro fator importante de se definir é o sentido de giro na Carta de Smith. Girando-se no sentido
horário equivale a "andar" na LT em direção ao Gerador. Girando-se no sentido anti-horário, estaremos
percorrendo a LT em direção à Carga. É óbvio que, se estamos em cima da carga só é permitido girar em
direção ao gerador, e vice-versa. Pode ser observado que, exceto de distâncias exatas de ½
comprimento de onda, ao se girar distâncias iguais num sentido e em outro, são obtidos valores
diferentes de impedâncias.

Se calcularmos o ponto onde ocorre um máximo de onda estacionária ao longo da LT, e com aquela
posição calcularmos o valor da impedância naquele ponto, encontraremos um valor de impedância que é
Real puro, ou seja, o valor da reatância é nulo. O mesmo ocorre para o ponto de mínimo de onda
estacionária. Estes pontos são, então, os valores máximo e mínimo de impedância ao longo da LT.

Como são pontos onde a parte imaginária é nula, estarão no eixo de x=0. Observando onde o círculo
traçado anteriormente corta este eixo, temos os valores de impedância máxima e de impedância mínima
ao longo da LT e podemos determinar a qual distância da carga eles ocorrem. Deve ser notado que estes
são os dois únicos valores de impedância que ocorrem ao longo da LT que são reais puros.

Os valores de impedância nos pontos de máximo e de mínimo são dados por:

1 + ΓL 1 − ΓL Z
Z MÁX = Z C ⋅ = Z C ⋅ ROE e Z MÍN = Z C ⋅ = C
1 − ΓL 1 + ΓL ROE

ou

1
Z MÁX = ROE e Z MÍN =
ROE

Então, o valor da impedância máxima ao longo da LT, além de ser um número real puro, tem o seu valor
normalizado igual ao valor do ROE na LT. Desta forma, na Carta de Smith o valor do ROE é obtido lendo-
se o valor do círculo de r=constante que passa pelo ponto de interseção do circulo traçado com a reta
x=0, no lado que este possui o maior valor.

Obtém-se, assim, graficamente e de maneira bastante simples, os seguintes valores:

- o módulo do coeficiente de reflexão;


- o ângulo do coeficiente de reflexão;
- o R.O.E.;
- os pontos onde ocorrem o máximo e o mínimo de onda estacionária na LT;
- as impedâncias máxima e mínima ao longo da LT;
- todos os valores possíveis de impedância que ocorreram ao longo da LT.
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3. EXEMPLO

Uma LT com 5,2cm de comprimento, que utiliza um cabo coaxial com dielétrico de ar e tem 100Ω de
impedância característica, está operando numa freqüência de 750MHz e é interligada a uma impedância
de carga ZL=(30+j50)Ω. Considerando que as perdas são desprezíveis e que a velocidade de
propagação da onda no cabo é aproximadamente igual à velocidade da luz, determinar:

- o coeficiente de reflexão;
- o ROE;
- o valor da impedância vista a uma distância de 2,0cm da carga;
- o valor da admitância neste mesmo ponto;
- o valor da impedância vista na entrada da LT;
- o valor da admitância neste mesmo ponto.

Nas condições apresentadas, o comprimento de onda é de 0,40 cm. Podemos então converter:

2 cm = 0,05 λ e 5,2 cm = 0,130 λ

A impedância de carga normalizada é dada por:

(30 + j 50) / 100 = 0,3 + j0,5

Para demais respostas, ver a figura 5.


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Figura 4 – Carta de Smith


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Figura 5 – Resposta do exercício proposto

Texto por: Luciano A. Bossi – abril/2003


Editado por: Elias Patrick Júnior
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AULA 11

O uso da Carta de Smith


Casamento de impedâncias
1. RESUMO TEÓRICO:

Quando temos uma linha de transmissão terminada numa Carga descasada (ZL≠Zc) devemos tomar
certas providências a fim de se conseguir uma melhor transferência de potência da linha de transmissão
para a Carga. Isto é conseguido adicionando elementos reativos em pontos específicos da LT de modo a
conseguir, a partir daquele ponto, que o gerador "veja" uma carga casada com a linha.

O princípio de cálculo se baseia em que, quando uma LT termina numa carga descasada, a impedância
vista na linha varia ponto a ponto. Neste ponto de vista, primeiramente, determina-se uma posição ao
longo da linha de transmissão onde a impedância seja da forma: Z(z)=Zc+jX. Neste ponto, adiciona-se
uma reatância série (-jX) de forma a anular o efeito reativo (indutivo, no exemplo). A partir deste ponto,
a linha é vista pelo gerador como uma linha de transmissão casada, e toda energia é transferida para a
carga (condição de máxima transferência de potência).

O elemento reativo a ser colocado na LT com o intuito de se obter o casamento de impedâncias pode ser
obtido a partir de um pequeno trecho da mesma LT terminado em curto-circuito ou em aberto (veja
figura 1). A impedância de entrada depende da freqüência de operação e do comprimento do trecho de
LT. Para o caso do trecho terminado em curto-circuito e desprezando as perdas na LT, temos:

Z L + jZ C tan (β ⋅ z )
Z (Z ) = Z C ⋅
Z C + jZ L tan (β ⋅ z ) se Z L = 0 , então Z ( Z ) = jZ C tan (β z )

Desta forma, como Zc e β são constantes da LT naquela freqüência, o valor de Z(z) depende somente do
comprimento “z”. Se, para aquele valor de “βz” , a tangente der negativa teremos um equivalente de um
capacitor e, se der positiva, teremos um equivalente de um indutor. Podemos conseguir qualquer valor
de indutor ou de capacitor variando o tamanho “z”.

O procedimento de se utilizar trechos de LT para se obter o casamento de impedâncias é denominado de


casamento com toco ("stub") simples. Na forma explicada anteriormente, ele deve ser montado em série
com a linha para se fazer o casamento de impedâncias. Por motivos práticos, utiliza-se normalmente o
casamento com toco em paralelo e, neste caso, é mais prático efetuar os cálculos a partir de
admitâncias. Ver figura 1(a) e 1(b).

No método analítico, para se determinar a posição e o valor do elemento “casador” de impedâncias a ser
colocado na LT, utiliza-se a equação de impedância ao longo da linha. Conhecendo os valores de ZL, ZC e
β, separa-se a equação em partes real e imaginária; iguala-se a parte real à ZC e determina-se o valor de
‘z’ para esta situação.

Com este valor de ‘z’ determina-se o valor da parte imaginária da impedância naquele ponto da LT. Se
este valor é positivo, significa que a linha está indutiva e o elemento casador deve ser capacitivo, com o
mesmo valor de reatância. Se este valor é negativo, a linha está capacitiva e o elemento casador deve
ser indutivo.

2. Método da Carta de Smith:

Um outro procedimento é utilizar o método gráfico pelo uso da Carta de Smith (que mostra todos os
valores que a equação de impedâncias ao longo da LT pode alcançar, graficamente). Determina-se o
valor da impedância de carga (ZL) normalizada, dividindo seu valor por ZC. Marca-se na Carta de Smith o
ponto referente àquele valor de impedância, traçando uma reta que passa por aquele ponto e pelo centro
da carta até atingir a borda da carta. Este procedimento define o Plano de Carga.
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Utilizando um compasso, e tendo como centro o ponto central da carta, traça-se o círculo de
|ΓL|=constante.Os pontos onde este corta o círculo de R = 1 são aqueles que, na LT, a parte Real da
impedância é igual a ZC. Traçam-se as retas para definir os planos onde a impedância na LT tem estes
valores.

Medindo-se, na borda da Carta de Smith, o arco entre o “Plano de Carga” e cada um dos planos definidos
pelos pontos referidos, podemos encontrar as posições na LT onde é possível se fazer o casamento de
impedâncias com elementos indutivos ou com elementos capacitivos. Os valores de reatância necessários
são lidos diretamente na Carta de Smith, observando qual o valor da parte imaginária da reatância
naquele ponto.

A solução obtida pela Carta de Smith traz vantagens sobre o método analítico por trazer muito mais
informações instantaneamente (posições onde se consegue casamento com elementos indutivos ou
capacitivos, valor do ROE, Pontos de Máximos e de Mínimos, valor do coeficiente de reflexão, etc.).

Para obtermos o casamento de impedância através destes métodos, necessitamos saber exatamente o
valor da freqüência, da impedância característica do guia de onda e da impedância de carga, além da
constante de fase ( β ) ou do comprimento de onda na LT ( λLT ).

3. Exemplo:

Por exemplo, mostramos um cálculo feito a partir de admitâncias em um guia de ondas, utilizando
elemento casador de impedâncias (capacitor ou indutor) colocado em paralelo com a LT:

Usando como referência a figura 2, temos uma linha de transmissão terminada com a admitância
normalizada 0,5+j0,7 (ponto “A” na carta de Smith), tendo um ROE da ordem de 3,2.

Partindo da posição da carga e movendo-se na linha de transmissão em direção ao gerador, vamos


atingir o ponto “B”, onde a admitância normalizada é 1,0+j1,2. Para alcançar este ponto, teremos
deslocado uma distância igual ao arco B-A em comprimentos de onda:

--> No exemplo: [ 0,17 - 0,11 ] λg = 0,06 λg.

OBS: λg=comprimento de onda dentro do guia de onda

Se neste ponto é adicionada uma susceptância em paralelo de - j1,2 (indutiva) estaremos cancelando a
parte susceptiva da admitância na linha e, como a parte real é igual à Yc, corresponde a se conseguir o
casamento de impedância na linha (figura 3a).

Como alternativa, temos o ponto “C”, onde a admitância normalizada na linha vale 1,0-j1,2 e está
afastado de 0,22λg da carga. Neste ponto podemos inserir a susceptância paralela de +j1,2 (capacitiva),
também conseguindo o casamento de impedâncias (figura 3b).

Pode ser verificado que pode-se conseguir o casamento de impedância, com o mesmo elemento casador
colocando-o em posições diferentes ao longo do guia de onda (distanciados de ½ comprimento de onda).

No seu entender, é mais adequado colocá-lo mais próximo ou mais afastado da carga?

Texto por: Luciano A. Bossi – Revisado em Maio / 2003


Edição: Elias Patrick Junior
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Figura 2a

Figura 2b Figura 3

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