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Palhoça
2019
LIONY SENA PEREIRA
Palhoça
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 3
1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ............................................................ 3
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 5
1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................. 5
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 5
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 6
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................ 7
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 41
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1 INTRODUÇÃO
que, assim como as outras fases elencadas, essa também terá influências direta na
forma como a sociedade evolui. A internet, por exemplo, já mudou, em grande medida,
a forma como as pessoas se relacionam entre si. Independentemente dos juízos
emitidos pelos analistas, se essas mudanças são boas ou ruins, elas são
incontestáveis.
O trabalho, por fazer parte dessa nova realidade, também será impactado
diretamente, pois tanto os tipos existentes, quanto a maneira como são estruturados,
derivam das tecnologias empregadas no processo produtivo. No século XVIII, por
exemplo, a indústria se tornou tão importante quanto a agricultura, assim como influiu
no surgimento de novas profissões, tecnologias, e até mesmo conflitos.
(REBOLLAR,2010).
Dessa forma, surge uma pertinente pergunta que não quer calar. Quais serão as
possíveis consequências, oriundas da Quarta Revolução Industrial, no mundo do
trabalho?
1.2 OBJETIVOS
1.3 JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa tem por escopo entender a relação entre um novo formato
de produção, que alguns autores caracterizam por Quarta Revolução Industrial, e seus
reflexos nos domínios do trabalho. O procedimento adotado para a consecução desse
objetivo se dará por meio de pesquisa bibliográfica. Para Marconi e Lakatos (1992,
p.43-44) “Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de
livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita”. Dessa forma, segundo Gil
(2002), ao utilizar essas fontes secundárias, o pesquisador precisa ficar atento para não
utilizar informações de dados que foram processados ou coletados de forma enviesada,
e não perpetuar ou aprofundar certos erros, utilizando critérios de análise para
descobrir incoerências ou contradições.
Como o intuito é descrever certos fenômenos e contextualizá-los a uma certa
realidade, em relação a abordagem da pesquisa, ela é qualitativa. Nessa abordagem, o
pesquisador “Explora uma metodologia predominantemente descritiva, deixando em
segundo plano modelos matemáticos e estatísticos.” (CASARIN, CASARIN, 2012,
p.32). Desse modo, a narração é feita de acordo com os as visões e impressões do
autor, que utiliza argumentos próprios com vistas a convencer o leitor de suas
convicções (CASARIN, CASARIN, 2012). A subjetividade é um fator inconteste, na
pesquisa qualitativa, tanto é que pode gerar também uma multiplicidade de ideias sobre
um mesmo tema entre pesquisadores distintos.
Todas as pesquisas buscam atingir certos objetivos. O que se entende por
objetivo está intimamente associado aos fins a que se quer chegar. Pode ser “a busca
para a solução de um problema, a explicação para um determinado fenômeno ou,
simplesmente, novos conhecimentos que venham a enriquecer os já existentes sobre
determinado tema.” (CASARIN, CASARIN, 2012, p. 40).
Basicamente, pela novidade do tema, o foco será em uma abordagem
introdutória, sem a pretensão de exaurir o tema, com a perspectiva de iniciar e
contribuir ao debate. Isso posto, a pesquisa, em relação aos objetivos é de caráter
exploratória, pois, como ensina Gil (2002, p. 41) “pode-se dizer que estas pesquisas
têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições.”
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 Histórico
que, como ressaltado anteriormente, os métodos eram muito simples, por vezes
primitivos. (HOBSBAWN, 2000)
Uma mudança drástica, do ponto de vista demográfico, foi sentida. Um número
que impressiona é o do crescimento populacional das cidades. Manchester, por
exemplo, tinha em 1760 uma população de 17.000. Em 1830 esse número passou para
180.000, ou seja, dez vezes mais. Se em 1750 haviam apenas duas cidades na Grã-
Bretanha acima de 50.000 habitantes, em 1801 já eram 8, e 1851 eram 29.
(HOBSBAWN,2000)
Como a produção era insuficiente para suprir as crescentes demandas externas
e internas, precisava-se aumentar as quantidades produzidas. Não era mais possível
manter o ritmo anterior. Para isso, não era a produção artesanal que iria suprir essas
necessidades, e sim as fábricas, com suas produções em escala. Iglésias afirma,
impõe-se mostrar quais os setores que se desenvolveram e caracterizaram a
Revolução Industrial. Esquematicamente, pode-se dizer que foram três: a
máquina a vapor, tecidos de algodão, com novas formas de fiação e tecelagem,
e, por fim, a indústria pesada, com a mineração e a metalurgia. (IGLÉSIAS,
1986, p.51)
Alguns fatos chamam atenção nesse período histórico. O trabalho industrial era
muitas das vezes realizado por crianças, em condições insalubres e jornadas de
trabalho desgastantes, de 12 a 15 horas de trabalho por dia. A alimentação oferecida
era das piores possíveis, além de haverem muitos acidentes sérios de trabalhos, em
que havia a perda de membros. A situação dos adultos que trabalhavam também era
muito precária, em termos de jornadas, desgaste físico, mental e insalubridade, embora
não passassem por algumas dificuldades que as crianças passavam. (SAES, SAES,
2013)
Algo a ser salientado são as profundas mudanças que ocorreram entre o período
industrial e o pré-industrial. No pré-industrial, o que predominava eram trabalhos
basicamente rurais, onde as relações com os superiores, embora complexas eram mais
próximas; enquanto que, as relações de trabalho nas fábricas se fundavam
basicamente na hierarquia, com grande distanciamento entre o assalariado e o seu
superior, pois o salário era seu único vínculo (SAES,SAES,2013).
Alguns fatos chamam a atenção,
a disciplina do trabalho na fábrica é rígida, o trabalho repetitivo e monótono, o
relógio dita o ritmo não permitindo ao operário qualquer autonomia; já o trabalho
pré-industrial admitia variações em tarefas não tão especializadas e mesmo
alguma liberdade para o empregado realizar suas tarefas escapando do rígido
controle do seu patrão(SAES, SAES, 2013, p.203).
O padrão de vida dos trabalhadores era muito baixo, mas com o passar do
tempo, as condições materiais e trabalhistas melhoraram um pouco. Como ensina
Iglésias,
em meados do século XIX – na aurora do industrialismo, pois -, havia proteção
e interesse por melhores condições de trabalho, em parte pela pregação liberal
e sobretudo socialista e pela organização dos próprios trabalhadores em defesa
de seus interesses. (IGLÉSIAS, 1986, p.108).
2.2.1 Histórico
2.3.1 Histórico
As pesquisas estatais, nas mais diversas áreas, acabaram por beneficiar inúmeras
empresas. Empresas pequenas e familiares continuavam sem ter muito espaço, visto
que as pesquisas para criação de novos produtos e tecnologias exigiam vultosas
quantias que só grandes empresas e governos conseguiam dispor. As supostas “ajudas
financeiras” feitas dos países centrais aos periféricos, nada mais foram que formas de
benefício próprio, pois enquanto davam de um lado, tiravam pelo outro. (REZENDE,
2010)
A partir da década de 1990 um processo conhecido como Globalização dita os
rumos da economia em todas as partes do mundo. O barateamento no preço dos
transportes, o uso das novas tecnologias da informação e da comunicação e a
desregulamentação financeira iniciada na década 1980 possibilitaram um maior fluxo de
capitais e de mercadorias ao redor do globo. Esse processo acabou por intensificar a
internacionalização de capital, iniciada de maneira mais comum na década de 1950.
Os estados nacionais acabaram por perder um pouco do seu poder interventor,
que foi bastante relevante na Era de Ouro, com o processo de globalização. Ao
desregulamentar as finanças, o comércio e as novas tecnologias “encurtando
distâncias”, cria-se um processo em que o capital das empresas não tem mais tanto
vínculo com um país em específico, que são as transnacionais. Ao mesmo tempo, por
ter tido uma desregulamentação, o estado acaba perdendo importante instrumento de
intervenção, deixando o mercado “livre”. (REZENDE,2010)
As empresas foram para regiões mais pobres, justamente para se aproveitar dos
baixos salários e poucas regulamentações nessas localidades. Aos trabalhadores das
regiões mais ricas, além de perda de direitos e do poder de negociação, viram seus
salários ficar estagnados. O desemprego entre os jovens e idosos aumentou. No geral,
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2.4 TRABALHO
2.4.2 Conceito
meios de trabalho, que são o conjunto de coisas entre o trabalhador e o objeto que o
fazem alcançar seus objetivos, implicariam também em uma mudança em si mesmo e
na estrutura societária.
Outra forma de trabalho que teve relevância, por causa de sua abrangência e
seu intenso uso que perpassou séculos, foi a escravidão. Como ensina Cyro Rezende,
A escravidão era baseada na ideia de que o escravo era apenas uma coisa, que
não era dotado de direito nenhum. O trabalho além de possuir sentido pejorativo não
possuía nenhum significado de realização pessoal. O trabalho duro, que eram os
serviços relacionados a força física e manuais, eram feitos pelos escravos, enquanto
outras atividades consideradas mais nobres, como a política, eram realizadas pelos
homens livres. (MARTINS, 2000)
Cabe ressaltar, para fins desse trabalho, que tanto na Grécia, quanto em Roma,
por mais que a escravidão fosse predominante e garantisse certa “prosperidade
econômica” para uma parcela da população(a simples condição de cidadão romano
garantia uma vida na ociosidade), as técnicas produtivas continuavam atrasadas e
rudimentares, não havendo mudanças significativas na esfera da produção.
(REZENDE,2010)
Na Idade Média a servidão merece considerações. Segundo Martins,
Era a época do feudalismo, em que os senhores feudais davam proteção militar
e política aos servos, que não eram livres, mas, ao contrário, tinham de prestar
serviços na terra do senhor feudal. Deveriam os servos entregar parte da
produção rural aos senhores feudais em troca da proteção que recebiam e do
uso da terra. Evidenciava-se também a continuidade do trabalho até que o
servo falecesse ou deixasse de ter essa condição. (MARTINS, 2000, p.169).
Ainda na Idade Média, mas nas cidades, tanto o artesanato, quanto o comércio
eram estruturados nas corporações de ofício. Para cada ofício havia uma corporação
para definir as suas regras, sendo que a hierarquia era bem específica, com mestres,
companheiros e aprendizes. Os mestres estavam autorizados a manter lojas ou oficinas
na cidade e para alcançar esse nível, precisavam comprovar perante as corporações
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A Internet das Coisas, conhecida pela sua sigla em inglês IoT (Internet of
Things), seria a interconexão entre vários tipos de objetos à internet. Basicamente
sensores acoplados a quaisquer tipos de aparelhos, que teriam a capacidade de captar
informações acerca do mundo real, como temperatura, umidade, horário, ou outras
informações de interesse, podendo se conectar e enviar essas informações coletadas a
outros objetos e dispositivos, tudo isso com vistas a utilizá-los com algum propósito.
(MAGRANI, 2018)
Obviamente esses novos dispositivos e as coletas de informações abrangentes
geram inúmeras controvérsias. Para citar apenas duas, o lixo que pode ser gerado por
alguns objetos inúteis com capacidade de se conectar à Internet das Coisas,
aumentando a quantidade de resíduos e as informações abundantes que podem estar
sujeitas a hackers, tendo o potencial de deixar as pessoas sob constante vigilância dos
seus hábitos e gostos. Ao mesmo tempo que é importante saber os seus malefícios e
riscos, cabe destacar os aspectos positivos. A quantidade de dados existentes sobre o
mundo ao nosso redor e sua correta análise, que é tão ou mais importante que a
simples coleta de dados, possibilita a obtenção de informações importantes para
aplicação. Como exemplo, pode-se citar o uso e emissão de energia em determinada
localidade, que pode ser otimizado por meio de incentivos em tempo real aos cidadãos
para que alterem seus hábitos, de modo a alcançar um consumo ideal. Inúmeros outros
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Inteligência Artificial
Blockchain
seria a computação quântica. Como o nome já faz referência, esse tipo de computação
utiliza as leis da mecânica quântica. Como explica Schwab,
Materiais modernos
mais diversos materiais, dos metais a materiais biológicos. (SCHWAB, 2018; RIFKIN,
2016)
O detalhe desse tipo de fabricação que merece destaque é o seu caráter de
descentralização da produção, o que alteraria sobremodo as cadeias convencionais de
logística e a centralização da produção atual em determinadas localidades. Não haveria
necessidade de imensos centros urbanos com indústrias produzindo objetos em larga
escala, uma vez que cada residência, bairro ou cidade, teria a capacidade de produzir
um ou vários produtos, de acordo com a necessidade de cada grupo ou pessoa, além
de poderem ser totalmente personalizados sem aumentar o custo por isso, justamente
por causa da capacidade da fabricação aditiva. (SCHWAB, 2018; RIFKIN, 2016)
Neurotecnologias
Biotecnologias
podem ser automatizadas por robôs, como trabalhos fabris, repositores de estoques,
caixas de banco ou de lojas, dentre outros. (RIFKIN, 2016; SCHWAB, 2018)
Suponham-se as seguintes situações hipotéticas para melhor visualização
dessa “troca” do ser humano por máquinas. Ao invés de alocar um trabalhador para
entregar uma pequena mercadoria, que atualmente é um serviço feito por meio de
bicicleta, motocicletas ou pequenos automóveis, um drone conectado à internet das
coisas pode fazer o mesmo serviço com uma rapidez maior e um custo menor. O
mesmo exemplo pode ser expandido para grandes mercadorias, um caminhão
autônomo ao se conectar à internet das coisas, seria capaz de escolher um melhor
trajeto de modo a reduzir o tempo de entrega, consumo de combustíveis ou energia e
sempre estar carregado com mercadorias, pois os diferentes fornecedores dos produtos
ou os receptores dos bens colocariam suas necessidades em um sistema todo
interligado entre si e modelos baseados em Pesquisa Operacional seriam ajustados
com base nelas. Não seria só o transporte de cargas que seria afetado. O transporte
urbano de pessoas, seja através de ônibus, táxis, bicicletas ou automóveis próprios,
também propiciariam exemplos parecidos, com redução do tempo de deslocamento,
diminuição dos engarrafamentos e menor emissão de poluentes na atmosfera pelo
menor uso de combustíveis, decorrentes da otimização de todo o processo.
De maneira alguma é correto imaginar que somente os trabalhadores mais
manuais, que exercem atividades repetitivas e de baixa instrução formal serão os
únicos atingidos pelo avanço das tecnologias. Atividades que envolvem processos
relacionados ao conhecimento, que antes pareciam inatacáveis, também serão
impactadas. (RIFKIN, 2016)
Segundo Schwab,
A IA já está avançando em profissões baseadas no conhecimento, como o
direito, a medicina, a contabilidade e o jornalismo. Mesmo que ela não substitua
completamente advogados ou médicos, os aplicativos de IA que podem
sintetizar e analisar estudos de caso e diagnósticos de imagens vão mudar
essas profissões. (SCHWAB, 2018, p. 185)
Para Rifkin,
Muito poucas especialidades estão sendo poupadas pelo alcance da TI e da
análise de megadados e algoritmos. Trabalhadores do conhecimento de todas
as áreas, como radiologistas, contadores, gerentes, designers gráficos e
inclusive profissionais de marketing – já estão sentindo desconforto conforme
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Essa pode ser uma das principais transformações decorrentes desse processo.
Existem algumas características que as máquinas não podem exercer. Elas podem
fazer as mais diversas atividades, em variados setores, a fim de produzir bens e
serviços úteis à sobrevivência, mas não podem criar empatia nem criar vínculos
profundos com outros seres humanos. Esse aspecto é capaz de aproximar as pessoas
para sociedades mais cooperativas.
No médio e no curto prazo, espera-se até um aumento da mão de obra
assalariada, a fim de construir toda essa infraestrutura inovadora ao redor do mundo.
Por exemplo, só a mudança da matriz energética baseada em combustíveis fósseis
para as energias renováveis, de maneira direta ou indireta, exigirá muita mão de obra
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2002.
MAGRANI, Eduardo. A Internet das Coisas. Rio de Janeiro: Fgv Editora, 2018.
MARX, Karl. O capital: Crítica da Economia Política. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
v.1. (Coleção Os Economistas)
REBOLLAR, Paola Beatriz May. História Econômica Geral. Palhoça: Unisul Virtual,
2010.
REZENDE FILHO, Cyro de Barros. História Econômica Geral. 9. ed. São Paulo:
Contexto, 2010.
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RIFKIN, Jeremy. Sociedade Com Custo Marginal Zero: A internet das coisas, os bens
comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo. São Paulo: M.books do Brasil, 2016.
Tradução de: Monica Rosemberg
SAES, Flavio Azevedo Marques de; SAES, Alexandre Macchione de. História
Econômica Geral. São Paulo: Saraiva, 2013.
SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial. São Paulo: Editora Edipro, 2016.
Tradução de: Daniel Moreira Miranda.
SILVA, Viviane Nascimento; SANTOS, Gilmar Ribeiro dos; DURÃES, Sarah Jane Alves.
Trabalho: dimensões, significados e ampliação do conceito. Revista Ibero-americana
de Estudos em Educação, v. 12, n. 2, p.739-754, 4 jun. 2017. Revista Ibero-Americana
de Estudos em Educação. http://dx.doi.org/10.21723/riaee.v12.n2.8356