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Ao Púlpito

185 anos de discursos proferidos por mulheres santos dos


últimos dias

Editado por Jennifer Reeder e Kate Holbrook

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A Editora do Historiador da Igreja é uma marca do Departamento de História


da Igreja de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake
City, Utah, e uma marca registrada da Intellectual Reserve, Inc.
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Direção de arte: Richard Erickson.

Design da capa e da sobrecapa: Heather Ward. Design do interior:


Heather Ward.

Tipografia: Expand Business Solutions, Inc., Salt Lake City, Utah, e


Riley M. Lorimer.

Dados da publicação na catalogação da Biblioteca do Congresso


Nomes: Reeder, Jennifer, editor. | Holbrook, Kate, editor.

Título: Ao Púlpito: 185 anos de discursos proferidos por mulheres


santos dos últimos dias / Jennifer Reeder e Kate Holbrook.

Descrição: Salt Lake City: A Editora do Historiador da Igreja, 2017 |


Inclui referências bibliográficas e índice.

Identificadores: LCCN 2016027869 | ISBN 9781629722825 (capa dura:


papel alcalino)

Assuntos: LCSH: Igreja Mórmon — Doutrinas. | Igreja de Jesus Cristo


dos
Santos dos Últimos Dias — Doutrinas. | LCGFT: Discursos.

Classificação: LCC BX8639.A1 A8 2016 | DDC 230/.9332—dc23

Registro LC [Biblioteca do Congresso] disponível em


http://lccn.loc.gov/2016027869

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Judith Eccles Wight
Conteúdo

Lista de ilustrações
Introdução
Encontrar, selecionar e apresentar os discursos

Discursos
1 Onde está sua confiança em Deus?
Lucy Mack Smith
2 Adão-ondi-Amã
Elizabeth Ann Whitney
3 Faremos algo extraordinário
Emma Hale Smith
4 Segundo a ordem do céu
Sarah Cleveland, Elizabeth Ann Whitney, Presendia Buell, Lucy
Mack Smith, Elizabeth Durfee, Eliza R. Snow e Patty Sessions
5 Este evangelho de boas-novas a todos
Lucy Mack Smith
6 Buscar o Senhor para obter sabedoria
Phoebe M. Angell
7 Convênio da Sociedade de Socorro da Ala 13
Matilda Dudley Busby
8 Todas nós temos uma missão a cumprir
Elicia A. Grist
9 Deus nos capacitará para vencermos
Mary Isabella Horne
10 Devemos nos aprimorar
Eliza R. Snow
11 Servimos a um Deus justo
Zina D. H. Young
12 Ser tolerante e perdoar
Jane H. Neyman
13 A oração da fé
Drusilla D. Hendricks
14 Elevadas muito acima do comum
Eliza R. Snow
15 Nossa missão
Mary Ann Freeze
16 Dissertação sobre fé
Mary B. Ferguson
17 O fruto de nossos labores
Lillie T. Freeze
18 Toda irmã deve seguir adiante
Eliza R. Snow
19 O poder da oração
Ellenor G. Jones
20 Oração
Elvira S. Barney
21 A escola da vida
Mattie Horne Tingey
22 Nosso sexto sentido ou o sentido do entendimento espiritual
Sarah M. Kimball
23 Oração
Ann M. Cannon
24 Ainda temos uma missão maior
Bathsheba W. Smith
25 Deus o revelou a mim
Rachel H. Leatham
26 Uma grande locomotiva
Amelia Flygare
27 Saber agora o que é certo
Annie D. Noble
28 Amarás o teu próximo
Emma N. Goddard
29 O perdão é como a misericórdia
Jennie Brimhall Knight
30 O valor da fé
Amy Brown Lyman
31 Sentir a responsabilidade do ofício
Lalene H. Hart
32 A crise religiosa de hoje
Elsie Talmage Brandley
33 Prepare teu coração
Leone O. Jacobs
34 Cultivar os valores eternos da vida
Mary J. Wilson
35 Adquirir conhecimento e inteligência
Marianne C. Sharp
36 A um destes meus pequeninos
Margaret C. Pickering
37 União de sentimentos
Louise W. Madsen
38 O meu jugo é suave e o meu fardo é leve
Alice C. Smith
39 A Sociedade de Socorro traz felicidade
Lucrecia Suárez de Juárez
40 As mulheres da Igreja no mundo em mudança atualmente
Belle S. Spafford
41 Andar à deriva, sonhar, direcionar
Ardeth G. Kapp
42 Tempo de despertar
Elaine A. Cannon
43 Uma teologia SUD do sofrimento
Francine R. Bennion
44 O tesouro desconhecido
Jutta B. Busche
45 Viver a vida
Elaine L. Jack
46 Cestas e potes de conservas
Chieko N. Okazaki
47 Decisões e milagres: Agora vejo
Irina Kratzer
48 Saber quem você é e quem sempre foi
Sheri L. Dew
49 Com santidade de coração
Bonnie D. Parkin
50 Oração: Uma coisa pequena e simples
Virginia H. Pearce
51 Por que estamos organizados em quóruns e Sociedades de
Socorro
Julie B. Beck
52 Nosso Pai Celestial tem uma missão para nós
Judy Brummer
53 Nossas dádivas do Dia do Senhor
Linda K. Burton
54 Resolver conflitos usando os princípios do evangelho
Gladys N. Sitati

Discursos Adicionais/p>
Capítulo adicional 1 O privilégio das irmãs
Elizabeth Ann Whitney
Capítulo adicional 2 Diligência dupla
Anabella Haight, Rachel Whittaker, Elizabeth Liston, irmã Morris
e Alice Randle
Capítulo adicional 3 Irmãs em ação
Rebecca E. Standring
Capítulo adicional 4 Um zangão na colmeia Deseret
Julia Cruse Howe
Capítulo adicional 5 Há uma diferença
Kate M. Barker
Capítulo adicional 6 A reflexão séria precede a revelação
Maurine Jensen Proctor
Capítulo adicional 7 Adquirir luz por meio de questionamento
Julie Willis

Materiais de Referência
Apêndice: Mulheres santos dos últimos dias discursando na
conferência geral
Reconhecimentos
Notas
Índice
Ilustrações

Elizabeth Ann Whitney, Emmeline B. Wells e Eliza R. Snow


Conferência de Mulheres da Universidade Brigham Young
A loja de tijolos vermelhos de Joseph Smith
Mary Isabella Horne
Zina D. H. Young
James Hendricks e Drusilla D. Hendricks com um neto
Ala Assembly Hall 14
Mary Ann Freeze
Eliza R. Snow
Elvira S. Barney
Sarah M. Kimball
Junta geral da Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas
Emmeline B. Wells e Bathsheba W. Smith
Rachel H. Leatham
Amelia Flygare
Jennie Brimhall Knight com os filhos Philip e Richard
Amy Brown Lyman no treinamento de serviços sociais em
Anaconda, Montana
Elsie Talmage Brandley
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Belle S. Spafford, Marianne C. Sharp e Louise W. Madsen com a
junta geral da Sociedade de Socorro
Elaine A. Cannon discursando na reunião geral das mulheres
Francine R. Bennion
Jayne B. Malan, Ardeth G. Kapp e Elaine L. Jack, presidência geral
das Moças
Chieko N. Okazaki discursando na conferência geral
Virginia H. Pearce, Janette Hales Beckham e Bonnie D. Parkin,
presidência geral das Moças
Judy Brummer como missionária em Queenstown, África do Sul
Gladys N. Sitati
Introdução

Sarah Sturtevant Leavitt mal conseguia expressar a profundidade de sua


convicção após seu batismo na Igreja na década de 1830. “Eu tinha algo mais
importante que estava encerrado como fogo ardente em meus ossos”, ela
escreveu. Leavitt compartilhou sua mensagem em tavernas locais, falando
fervorosamente a quem quisesse ouvir. Em uma visita a um vizinho doente,
em que um grande grupo estava reunido, Leavitt recordou: “O Senhor me deu
grande liberdade de expressão. Orei com o Espírito e com entendimento,
também a Ele seja a glória”.1
Desde o início de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Santos dos
Últimos Dias, mulheres e homens participam de debates religiosos,
compartilham a mensagem do evangelho com familiares e amigos,
compartilham testemunhos e discursam em reuniões. Nos dois séculos desde
a fundação da Igreja, os membros da Igreja têm registrado os testemunhos e
ensinamentos de milhares de mulheres. Muitos desses registros são difíceis
de acessar hoje em dia, estão esquecidos em antigos livros de atas e jornais
ininteligíveis. Em contrapartida, os ensinamentos e as pregações feitas por
homens, principalmente os líderes da Igreja, eram muito mais propensos de
serem preservados em registros históricos e publicados para um público
maior. Por essa e outras razões, as vozes e as experiências dos homens são
assuntos muito mais comuns de investigação acadêmica e ensinamentos e
pregações contemporâneos na Igreja do que os das mulheres. Não obstante,
os registros disponíveis demonstram poderosamente que as mulheres têm
contribuído com a devoção dos santos dos últimos dias por meio de sermões,
discursos, orações, canções e histórias.
Este livro mostra a tradição dos discursos das mulheres santos dos
últimos dias e contém 54 discursos proferidos de 1831 a 2016. Introduções e
anotações fornecem uma visão do contexto biográfico, histórico, teológico e
cultural de cada discurso. Além de ser uma história acadêmica, este livro é
um recurso para os membros da Igreja contemporânea à medida que estudam,
discursam, ensinam e lideram.
Elizabeth Ann Whitney, Emmeline B. Wells e Eliza R. Snow. Por
volta de 1876. Whitney (à esquerda) e Snow (à direita) eram
membros da Sociedade de Socorro de Nauvoo e serviram juntas
quando a junta geral da Sociedade de Socorro foi organizada em
1880. Emmeline B. Wells (centro) editou o Woman’s Exponent e
trabalhou como secretária geral e, anos mais tarde, como
presidente geral da Sociedade de Socorro. Essas três mulheres
viajaram frequentemente para discursar para congregações
diferentes. Fotografia de Charles R. Savage. (Biblioteca de
História da Igreja, Salt Lake City.)

“Esta é a minha voz para todos”: Uma história de mulheres mórmons


discursando em um contexto americano
No início de julho de 1830, Emma Hale Smith recebeu uma revelação
por meio de seu marido, Joseph Smith, sobre sua posição e suas
responsabilidades na nova Igreja de Cristo. Registrada como vinda de Deus, a
revelação (agora conhecida como seção 25 de Doutrina e Convênios)
descreveu Emma Smith como uma “mulher eleita” e a responsabilizou “para
explicar as escrituras e exortar a igreja, conforme [lhe fosse] revelado pelo
meu espírito”. As responsabilidades eram grandiosas — quanto a explicar,
Emma Smith foi, por definição, designada para “explanar, elucidar,
esclarecer, interpretar”, enquanto que, com relação a exortar, ela deveria
“encorajar, alentar, alegrar, aconselhar, animar ou proporcionar força, espírito
ou coragem”.2 A revelação continha conselhos específicos para Emma, mas o
dever de ensinar e pregar pode ser interpretado como universal: “Esta é
minha voz para todos”, concluiu.3 Embora não haja nenhum registro dela
pregando publicamente em aproximadamente 12 anos após a revelação,
Emma Smith trabalhou ao lado do marido durante esses anos ministrando aos
santos.4
Em março de 1842, Emma Smith e um pequeno grupo de mulheres
santos dos últimos dias trabalharam com Joseph Smith para organizar a
Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo. Naquela organização, ela
desenvolveu sua habilidade de falar, promovendo a união e ensinando as
mulheres que era seu dever como membros da Sociedade de Socorro
“procurar e ajudar os necessitados”.5 Na primeira reunião da organização,
Joseph Smith leu em voz alta a revelação de 1830 dirigida a Emma Smith,
explicando que “ela devia (…) expor as escrituras a todos; e ensinar as
mulheres da comunidade”. Ele disse ainda que “não apenas elas, mas também
outras, poderiam alcançar as mesmas bênçãos”.6 Nas reuniões da Sociedade
de Socorro de Nauvoo, as mulheres pregavam, debatiam e se esforçavam para
“não apenas socorrer os pobres, mas para salvar almas”, como haviam sido
designadas por Joseph Smith.7
A Sociedade de Socorro foi fundada em uma época em que, para as
mulheres, falar e pregar na Igreja era uma questão controversa apesar de as
mulheres serem a maioria nas igrejas cristãs na América do século 18 e início
do século 19. Na verdade, muitas denominações cristãs na época
determinavam que as mulheres deveriam ser “caladas” na igreja.8 A fala
pública das mulheres em ambientes religiosos formais era tema de debates
intensos e pungentes e, no entanto, as mulheres falavam mesmo assim.9 Na
década de 1630, em Boston, Massachusetts Bay Colony, Anne Hutchinson
ensinou grupos de mulheres e homens em sua casa, incentivando-os a orar, a
ensinar seus filhos e a participar de serviços religiosos. “As mulheres mais
velhas devem instruir as jovens”, ela escreveu, parafraseando a injunção do
Novo Testamento.10 Vista como perigosa devido ao seu ensino e por outras
razões, Hutchinson foi expulsa da colônia.
Nos dois séculos entre a expulsão de Hutchinson e a revelação de Emma
Smith, muitas igrejas tornaram-se mais abertas à fala pública das mulheres.
No século 18, o Grande Despertar e a Revolução Americana transformaram o
cenário espiritual e político. Essa transformação abriu possibilidades para o
ensino e a pregação das mulheres, em parte enfatizando a liderança das
pessoas comuns e incentivando a expressão pessoal. A partir daquele período
de entusiasmo religioso e evolução ideológica até o início dos anos 1800,
muitas igrejas que eram vistas como radicais — os quakers e os metodistas
até os shakers e os batistas livres — deram às mulheres a oportunidade de
falarem publicamente e até atuarem como líderes religiosos.11
O Segundo Grande Despertar no início do século 19 encorajou os ideais
de igualdade e democracia dentro das organizações religiosas, levando mais
mulheres a pregar nas igrejas. Como muitas outras pessoas de fé, os santos
dos últimos dias afirmaram a importância de os membros instruírem uns aos
outros diariamente.12 Lucy Mack Smith e Elizabeth Ann Whitney, cujas
palavras são apresentadas neste volume, demonstraram esse tipo de expressão
religiosa, pois elas deram voz espontânea à sua fé.13 Após o Segundo Grande
Despertar, no entanto, algumas igrejas reafirmaram a autoridade masculina e
diminuíram o número de oportunidades para as mulheres pregarem.14 O
metodismo americano, por exemplo, permitiu pregadoras do sexo feminino
no final do século 18 e no início do século 19, mas depois retomou a um
sistema de pregação principalmente masculina.15
Durante o início e meados dos anos 1800, as mulheres que falavam
publicamente a homens e mulheres provocavam suspeita e hostilidade na
cultura mais ampla. Assim sendo, muitas mulheres religiosas, incluindo
santos dos últimos dias, falavam principalmente em reuniões de mulheres. A
Sociedade de Socorro proporcionou um púlpito institucional para as mulheres
mórmons de 1842 a 1844, mas ele foi dissolvido antes da migração dos
santos dos últimos dias para o Oeste americano. Pequenos grupos informais
de mulheres se reuniram muitas vezes enquanto cruzavam as planícies e, nos
primeiros dias no Vale do Lago Salgado, conversavam e tinham
manifestações espirituais em conjunto.16 O exercício de dons espirituais foi
uma parte importante do discurso público para muitas mulheres mórmons,
que falaram em línguas, deram bênçãos de saúde ou conforto e relataram
sonhos, visões e revelações.17 Após tentativas curtas de restabelecer as
Sociedades de Socorro locais na década de 1850, a Sociedade de Socorro foi
permanentemente reorganizada em nível congregacional no final da década
de 1860.18 As organizações lideradas por mulheres e que eram destinadas às
moças (Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas, mais tarde
conhecida como Moças) e crianças (Primária) foram organizadas na década
seguinte. No final do século 19 e início do século 20, essas organizações
(com grupos que promoviam o sufrágio, a produção de seda, a saúde das
mulheres e outras causas) providenciaram mais locais onde as mulheres
santos dos últimos dias pudessem falar. As líderes, incluindo Eliza R. Snow,
Zina D. H. Young e Mary Isabella Horne, viajavam para alas locais e
treinavam as mulheres para liderarem as organizações locais.19 E em 1889, a
Sociedade de Socorro começou a realizar conferências semestrais, nas quais
líderes gerais treinavam os membros e líderes de sociedades locais e
pregavam a eles.20 A maior parte dos discursos incluídos neste volume foi
proferida em reuniões de organizações oficiais da Igreja para mulheres.
A criação das organizações seculares das mulheres no século 19 deu às
mulheres acesso a púlpitos não religiosos, além dos púlpitos que usavam em
sua igreja. Por meio de associações benevolentes, as mulheres buscaram
reforma social e moral.21 Começando na década de 1820, por exemplo,
Catharine Beecher fundou um seminário feminino, organizou petições e
realizou reuniões públicas para protestar contra a remoção de índios
americanos de suas terras tradicionais do leste dos Estados Unidos. As
quakers Sarah e Angelica Grimké adquiriram experiência oratória nas
reuniões da igreja e então promoveram a abolição em circuitos de palestras na
década de 1830.22 As Grimké e outras mulheres usaram as oportunidades que
tinham de falar em público para acelerar o desenvolvimento do movimento
dos direitos das mulheres.23
Como as mulheres em outros lugares nos Estados Unidos, as mulheres
santos dos últimos dias reivindicaram um papel no processo político. Em
parte por causa da repercussão cultural contra a prática do casamento plural,
os escritores contemporâneos muitas vezes ridicularizaram as mulheres
santos dos últimos dias como fracas e tolas. As mulheres mórmons, portanto,
tinham uma motivação particular para demonstrar sua eloquência e força, o
que fizeram em “reuniões de massa”, em que defendiam sua fé e buscavam o
direito de votar.24 Participaram também ativamente nos grupos nacionais de
mulheres e, no final da década de 1800, eram palestrantes regulares nas
conferências nacionais de organizações de mulheres; vários desses discursos
estão incluídos neste volume.25
Gradualmente, as oradoras de congregações de gênero combinado se
tornaram mais comuns tanto nas reuniões dos santos dos últimos dias quanto
em outros movimentos religiosos e sociais. Na década de 1800, as mulheres
mórmons falaram em reuniões em que os membros da Igreja se reuniam
enquanto jejuavam para compartilhar testemunhos espontâneos. Com
exceção dessas reuniões, as mulheres raramente falavam nas reuniões
sacramentais durante o século 19; os homens com chamados de liderança
eram os discursantes principais e a participação nessas reuniões era, às vezes,
esporádica.26 As mulheres falavam em reuniões de comunidades, em
reuniões de oração e em outros encontros informais desde os primeiros dias
da Igreja.27 Em 1896, as líderes gerais da Associação de Melhoramentos
Mútuos das Damas começaram a realizar reuniões anuais de treinamento com
os líderes da Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, com
homens e mulheres treinando líderes de ambos os sexos.28 Oportunidades
adicionais ocorreram em 1898, quando missionárias solteiras foram
chamadas pela primeira vez e começaram a pregar publicamente em nome da
Igreja.29
O século 20 viu uma expansão geral da participação das mulheres na
vida pública de muitas denominações, tanto nos Estados Unidos como em
todo o mundo, incluindo a ordenação de mulheres por metodistas unidos,
presbiterianos, reformistas judeus e outros.30 As mulheres religiosas
católicas, evangélicas e judias frequentemente falavam em grupos de
mulheres, em grupos de defesa e em casas de mulheres, em vez de em um
púlpito formal.31 As mulheres santos dos últimos dias no século 20 pregavam
e ensinavam em pequenas organizações de mulheres, como fizeram as
mulheres do século 19, em reuniões semanais das organizações da Sociedade
de Socorro, da Escola Dominical, das Moças e da Primária.32 Mas, no início
do século 20, missionários de ambos os sexos e representantes de
organizações auxiliares, incluindo a Sociedade de Socorro e as Moças,
ocasionalmente organizavam as reuniões sacramentais de suas congregações
e participavam delas, o que proporcionou mais oportunidades às mulheres
para falar ao público de mulheres e de homens.33 O Manual de Instruções da
Igreja de 1944, no entanto, encerrou as reuniões sacramentais realizadas pelas
auxiliares, especificando que “a reunião sacramental deve ser como uma
reunião familiar, em que o maior número possível pode participar das práticas
e de toda adoração com amor, reverência e comunhão”.34
No entanto, as oportunidades das mulheres santos dos últimos dias para
falar nas reuniões da Igreja de homens e mulheres em todos os níveis da
Igreja aumentaram em número e visibilidade ao longo do tempo. Os
mórmons acreditam que os membros devem aprender uns com os outros e
que qualquer mulher pode instruir aqueles que a rodeiam. Durante a década
de 1900, as líderes falaram em âmbito mundial da Igreja nas conferências de
junho da Associação de Melhoramentos Mútuos, em conferências gerais da
Sociedade de Socorro, em conferências da Primária e em conferências da
Escola Dominical.35 Com o fim das conferências gerais das auxiliares em
1975, os serões se tornaram um local comum para as mulheres falarem.36 Por
exemplo, a Sociedade de Socorro realizou um serão em âmbito mundial da
Igreja em 1978, e a organização das Moças realizou um em 1980.37 Os
devocionais semanais da Universidade Brigham Young (palestras religiosas
destinadas a unificar e fortalecer o corpo estudantil) começaram no final do
século 19. Rose Marie Reid foi a primeira mulher a falar em um devocional
da BYU, em julho de 1953.38 Em 1976, a universidade começou a organizar
uma conferência anual de mulheres, em que as mulheres se reuniam para
ensinar e ser ensinadas.39
As mulheres começaram a falar de forma consistente nas conferências
gerais semestrais da Igreja na década de 1980,40 ao mesmo tempo em que a
Sociedade de Socorro retomou a realização de uma reunião geral anual para
todos os seus membros.41 Logo depois, as jovens de 12 anos ou mais velhas
foram convidadas a se juntar a elas para a reunião geral das mulheres,42 e as
meninas da Primária de 10 anos ou mais velhas começaram a participar dessa
reunião em 1983. Essa reunião continuou a ser realizada até o segundo
semestre de 1993, quando a Sociedade de Socorro começou a realizar uma
reunião geral anual para mulheres adultas no segundo semestre; a
organização das Moças começou a realizar sua própria reunião anual no
primeiro semestre, iniciando no semestre seguinte.43 A partir de 2014, a
Sociedade de Socorro e as Moças descontinuaram suas reuniões individuais,
e todas as meninas e as mulheres a partir de 8 anos de idade voltaram a se
reunir para uma reunião geral das mulheres no sábado anterior à conferência
geral.44 Posteriormente, no mesmo ano, os líderes da Igreja oficialmente
designaram essa reunião como sessão geral das mulheres e anunciaram que
seria considerada a sessão de abertura da conferência geral. Normalmente, as
discursantes na sessão geral das mulheres são membros das presidências
gerais da Sociedade de Socorro, das Moças ou da Primária, com um membro
da Primeira Presidência.45
Conferência de Mulheres da Universidade Brigham Young, 2016.
O Marriott Center realiza sessões plenárias da Conferência de
Mulheres da BYU, que teve início em 1976. A imagem de Sandra
Rogers, vice-presidente internacional da BYU, aparece na tela.
Fotografia de Maddi Driggs. (Cortesia de Daily Universe, Provo,
UT.)

“Ter algo a dizer”: Superar obstáculos e falar com autoridade


Não obstante a tradição dos discursos de mulheres mórmons, muitas
mulheres da Igreja se sentem relutantes para falar ou pregar publicamente por
uma variedade de motivos, tanto culturais como pessoais. Mesmo Zina D. H.
Young — que se tornou uma líder proeminente e palestrante célebre na vida
adulta — no início era hesitante com a perspectiva de discursar para uma
congregação. “Não estou acostumada a falar em público”, disse Young ao
começar seu discurso de 1869 para a Sociedade de Socorro de Lehi, “mas
estou feliz por ver o rosto de minhas irmãs”.46 Muitos dos primeiros
conversos da Igreja vinham de tradições religiosas que desencorajavam as
mulheres a falar em ambientes religiosos formais. Os debates culturais mais
amplos do século 19 sobre a adequação das mulheres falarem em público,
particularmente em congregações de homens e mulheres, também
contribuíram para a relutância das mulheres mórmons em falar do púlpito.
Para contrariar essa reticência, os líderes da Igreja, tanto homens como
mulheres, têm incentivado as mulheres a falar e a participar de reuniões da
Igreja. Em 1879, Eliza R. Snow, que se tornou presidente geral da Sociedade
de Socorro no ano seguinte, disse às mulheres de Morgan, Utah, que “era
necessário que as irmãs se levantassem, falassem e compartilhassem seu
testemunho umas com as outras para que estivessem preparadas para servir
em qualquer posição que fossem chamadas com autocontrole e dignidade”.47
Uma década depois, o apóstolo Franklin D. Richards falou com a Sociedade
de Socorro da Estaca Weber e pediu às mulheres que participassem do
trabalho público mesmo que se sentissem tímidas ou preocupadas por
parecerem presunçosas. Ele também falou contra as influências que
contribuíram para que as mulheres se sentissem inseguras em relação aos
seus esforços, repreendendo os homens que ridicularizavam as oradoras ou
sentiam ciúmes do trabalho público delas. “Acredito que os irmãos, ao
impedi-las, deixam de receber bênçãos para si mesmos”, disse ele.48
Eliza R. Snow também instruiu as mulheres a estarem preparadas para
quando as designações e oportunidades surgissem para falarem. Emily
Richards contou como a irmã Snow a ajudou a aprender a falar em público:
“Na primeira vez que [ela] me pediu para falar em uma reunião, não
consegui, mas ela disse: ‘Não se preocupe, mas, quando for chamada para
falar novamente, tente fazê-lo e tenha algo para dizer’, e foi o que fiz”.49
Anos mais tarde, Richards falou em uma reunião da Associação Nacional do
Sufrágio Feminino em Washington, D.C., e uma jornalista a descreveu
naquela ocasião como “ligeiramente trêmula sob o olhar investigativo da
multidão, mas reservada, tranquila, respeitável e tão pura e doce como um
anjo”.50 O estímulo de Snow for imitado por líderes posteriores da Igreja, que
da mesma forma incentivaram as mulheres a aumentar sua participação em
público. Em uma reunião de conferência da Sociedade de Socorro para
líderes em 1958, Joseph Fielding Smith, membro do Quórum dos Doze
Apóstolos, falou sobre a autoridade das mulheres de prestar testemunho e
realizar o trabalho necessário para a salvação. “Vocês podem falar com
autoridade, porque o Senhor lhes concedeu autoridade”, ele proclamou.51
As mulheres ao longo da história da Igreja, incluindo aqueles cujas
palavras aparecem neste livro, têm considerado sua autoridade para falar não
somente advindas de posições oficiais dentro da Igreja, mas também em
virtude de seu conhecimento, sua experiência pessoal e a convicção e o
testemunho do Espírito Santo. Muitas vezes várias fontes de autoridade
entrelaçadas reforçam sua força comum.
Um discurso feito por Lucy Mack Smith neste volume exemplifica essas
fontes entrelaçadas de autoridade. Ela falou em abril de 1831 no convés de
um navio na entrada do Porto Buffalo, no congelado Canal Erie. Antes de
embarcar em sua mudança para Kirtland, Ohio, a companhia de santos de
Fayette, Nova York, tinha concedido a ela a liderança do grupo. Quando
chegaram a Buffalo, o gelo os impossibilitou de continuar. Outros haviam
esperado por semanas por um degelo que os permitisse atravessar o lago Erie.
Embora Smith não tivesse um compromisso formal na jovem Igreja, seu
chamado como mãe do profeta fundador Joseph Smith reforçou sua
autoridade para liderar e pregar. Com a autoridade de sua fé, Smith
proclamou: “Irmãos e irmãs, se todos vocês orarem aos céus para que o gelo
se rompa e fiquemos livres, tão certo como vive o Senhor, assim acontecerá”.
Quando ela documentou esse incidente na década de 1840, relatou que,
imediatamente após seu discurso, o gelo partiu e abriu um caminho estreito
para o barco atravessar.52
As mulheres recebem autoridade explícita com as posições oficiais em
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.53 Quando Elaine L.
Jack falou aos alunos, aos professores, aos administradores e à equipe da
Universidade Brigham Young em 1993, ela o fez como presidente geral da
Sociedade de Socorro. Antes de servir nessa posição, ela trabalhou por 12
anos como supervisora do currículo da Sociedade de Socorro e serviu como
membro da presidência geral das Moças. Ela se concentrou nos elementos do
desenvolvimento humano e era responsável por ajudar as mulheres a
florescer da adolescência até a idade adulta. Com a autoridade de seu
chamado, ela interpretou as histórias das pessoas nas escrituras. Ela
comparou seu ponto de vista ao de Moisés, dizendo: “Meus queridos irmãos e
irmãs, como Moisés, observo vocês, os jovens adultos da Igreja, preparando-
se para entrar em muitas terras de promissão. Nesta noite, repito as palavras
de Moisés e lhes peço que escolham a vida”.54
Muitas mulheres que falam nestas páginas fazem isso com a autoridade
da experiência pessoal e da convicção. Jane H. Neyman falou com esse tipo
de autoridade em uma reunião da Sociedade de Socorro em 1869. Seu pedido
inicial de se juntar à Sociedade de Socorro de Nauvoo foi rejeitado em 1842,
por causa de boatos da comunidade sobre suas filhas. Em 1869, seis meses
depois de servir um tempo como presidente da Sociedade de Socorro da ala,
ela incentivou a “todas a serem tolerantes e perdoar, a se abster o máximo
possível de examinar a conduta do próximo, recordando sempre que somos
todos humanos e, portanto, erramos”. Ela falou como uma ex-vítima do
escrutínio alheio e como alguém que havia perdoado o ostracismo advindo
dos membros da Igreja e defendido a Igreja e a Sociedade de Socorro.55
Mais de um século depois, Irina Kratzer, um membro converso da Igreja
na Rússia, também falou com autoridade de sua convicção pessoal. Ela
observou: “Sei como é viver sem o evangelho. Vivi dessa forma por 30
anos”. Kratzer disse que não pensava em Deus antes de pesquisar sobre a
Igreja, mas sentia dor por suas escolhas erradas. Ela mais tarde veio a
acreditar que a dor tinha sido a Luz de Cristo, direcionando-a para distinguir
entre o certo e o errado. Ao ler o Livro de Mórmon, ela começou a ver uma
lacuna entre os ensinamentos de Cristo e a maneira como ela vivia, e ela
sentiu que a discrepância era o motivo de sua tristeza. Ela queria mudar. Esse
é o contexto do qual ela declarou sua compreensão sobre como viver e como
alcançar a felicidade: “Aprendi que quase todos os milagres que vivenciei
desde meu batismo ocorreram como resultado da oração e do esforço. Deus
exige esforço e fé de nossa parte”.56
Em última análise, os santos dos últimos dias acreditam que o Espírito
Santo inspira os oradores a abordar temas de importância divina e confirma
aos ouvintes a autoridade de um orador que prega por inspiração genuína.
Russell M. Nelson, presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, enfatizou que
falar com inspiração não é exclusivo para os líderes: “Minhas queridas irmãs,
seja qual for o seu chamado, sejam quais forem suas circunstâncias,
precisamos de seu ponto de vista, de suas impressões e de sua inspiração.
(…) Casadas ou solteiras, vocês, irmãs, possuem habilidades distintas e uma
intuição especial que receberam como dádiva de Deus”.57 A despeito dos
chamados da Igreja, os membros geralmente sentem a obrigação de tentar
falar em harmonia com o Espírito Santo. Por exemplo, Carol F. McConkie,
primeira conselheira na presidência geral das Moças, orou e estudou em
preparação para uma conferência geral e sabia sobre o tema que queria falar.
Mas, quando seu marido, Oscar, perguntou sobre seu tema, ela começou a
falar sobre algo diferente do que tinha preparado. Ela mudou seu discurso
durante as semanas subsequentes, empenhando-se, orando, jejuando e
escrevendo. Ela se lembrou claramente de se ajoelhar para orar e perguntar a
Deus se aquele discurso era o que deveria falar: “Meu coração, minha mente
e todo o meu ser estavam repletos de segurança absoluta e uma paz que me
deu a confiança em enviar o discurso”, disse ela. Os discursos que
precederam o dela na sessão da manhã de domingo da conferência geral
estavam em harmonia com seu discurso e a convenceram de que Deus havia
dirigido seus esforços. “Eu sabia”, ela disse, “que as palavras do discurso que
eu tinha escrito eram de Deus”.58
Ao longo da história da Igreja, as mulheres santos dos últimos dias têm
procurado cumprir a responsabilidade reveladora de “explicar as escrituras e
exortar a Igreja”, para dar voz ao “fogo ardente nos ossos”, descrito por Sarah
Sturtevant Leavitt.59 Na Conferência Geral de Outubro de 2015, o apóstolo
Russell M. Nelson declarou: “O reino de Deus não é e não pode ser completo
sem as mulheres que fazem e guardam convênios sagrados, mulheres que
podem falar com o poder e a autoridade de Deus! (…) Precisamos que vocês
falem abertamente e manifestem-se”.60 Os discursos neste volume permitem
aos leitores ouvir as vozes históricas e contemporâneas de mulheres que
falaram abertamente e se manifestaram. Suas palavras são um testamento de
que o testemunho de cada pessoa fortalece a todos, como a ex-presidente
geral da Sociedade de Socorro, Julie B. Beck descreveu. “O verdadeiro poder
dessa grande irmandade mundial está em cada mulher”, disse ela. “Todas
compartilhamos um nobre legado e podemos desenvolver uma fé igual à das
mulheres notáveis e fiéis que nos antecederam.”61

_________________________
^1.Sarah S. Leavitt, Autobiography [Autobiografia], 1875, pp. 10, 15, Juanita Leone Leavitt Pulsipher
Brooks Papers, 1928–1981, Utah State Historical Society, Salt Lake City; ver também Sarah
Sturtevant Leavitt, “History of Sarah Studevant Leavitt”, ed. por Juanita Leavitt Pulsipher [Brooks],
manuscrito datilografado, 1919, pp. 8, 12, Biblioteca de História da Igreja; Jeremias 20:9 e
1 Coríntios 14:15.
^2.“Exortar” e “explicar” em An American Dictionary of the English Language, ed. por Noah Webster,
New York: S. Converse, 1828.
^3.Revelação, julho de 1830 (Doutrina e Convênios 25), em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen,
Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in
Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros Cinquenta Anos da Sociedade de Socorro:
Documentos-Chave na História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Editora do
Historiador da Igreja, 2016, pp. 17–21.
^4.Com outras mulheres, Emma Smith organizou grupos de oração e banquetes para os pobres na
década de 1830. Ela abriu sua casa para os doentes, os órfãos e outros visitantes (Carol Cornwall
Madsen, “The ‘Elect Lady’ Revelation [A revelação da “mulher eleita”], D&C 25: Its Historical
and Doctrinal Context” [Seu contexto histórico e doutrinário], em Sperry Symposium Classics: The
Doctrine and Covenants [Clássicos do Simpósio Sperry: A Doutrina e os Convênios], ed. por
Craig K. Manscill, Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2004, pp. 124,
126; Mark Lyman Staker, Hearken, O Ye People: The Historical Setting of Joseph Smith’s Ohio
Revelations, Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2009, pp. 244–245; Lucy Mack Smith, History,
1844–1845, 18 livros, livro 14, p. 5; livro 15, p.12, Biblioteca de História da Igreja; Linda King
Newell e Valeen Tippetts Avery, Mormon Enigma: Emma Hale Smith, 2ª ed., Urbana: University of
Illinois Press, 1994, pp. 84–90, 132).
^5.Ver capítulo 3 neste documento.
^6.Nauvoo Relief Society Minute Book, 17 de março de 1842, p. 8, em Derr e outros, First Fifty Years,
p. 32. Durante grande parte do século 19, os termos ordenar e designar eram usados
indistintamente (e às vezes juntos) em conexão com as indicações das mulheres para chamados (ver
Derr e outros, First Fifty Years, p. xxxiii).
^7.Nauvoo Relief Society Minute Book, 9 de junho de 1842, p. 63, em Derr e outros, First Fifty Years,
p. 79.
^8.Ver 1 Timóteo 2:11–12; e Ann Braude, “Women’s History Is American Religious History” [A
história das mulheres é história religiosa americana], em Retelling U.S. Religious History [Recontar
a História Religiosa dos EUA], ed. por Thomas A. Tweed, Berkeley: University of California Press,
1997, pp. 87–107.
^9.Ver Ann Braude, Sisters and Saints: Women and American Religion, New York: Oxford University
Press, 2008, pp. 31–35.
^10.See Tito 2:1–5; e Thomas Hutchinson, The History of the Province of Massachusetts-Bay, from the
Charter of King William e Queen Mary, em 1691, until the Year 1750, Boston: Thomas and John
Fleet, 1767, p. 485.
^11.Jon Butler, Awash in a Sea of Faith: Christianizing the American People, Cambridge, MA:
Harvard University Press, 1990, pp. 164–166, 170, 178; Catherine A. Brekus, Sarah Osborn’s
World: The Rise of Evangelical Christianity in Early America, New Haven, CT: Yale University
Press, 2013, pp. 183–187; Rebecca Larson, Daughters of Light: Quaker Women Preaching and
Prophesying in the Colonies and Abroad, 1700–1775, New York: Alfred A. Knopf, 1999, pp. 10,
303–304; Stephen J. Stein, The Shaker Experience in America: A History of the United Society of
Believers, New Haven, CT: Yale University Press, 1992, pp. 133, 241, 256–272; Catherine A.
Brekus, Strangers and Pilgrims: Female Preaching in America, 1740–1845, Chapel Hill:
University of North Carolina Press, 1998, p. 8.
^12.Ver Nathan O. Hatch, The Democratization of American Christianity, New Haven, CT: Yale
University Press, 1989, p. 5; ver também Doutrina e Convênios 43:8.
^13.Ver capítulos 1 e 2 deste documento.
^14.Brekus, Strangers and Pilgrims, pp. 280–281.
^15.John H. Wigger, Taking Heaven by Storm: Methodism and the Rise of Popular Christianity in
America, New York: Oxford University Press, 1998, pp. 152–157; Brekus, Strangers and Pilgrims,
p. 133.
^16.Ver, por exemplo, Maureen Ursenbach Beecher, “Women in Winter Quarters” [As mulheres em
Winter Quarters], em Eliza and Her Sisters [Eliza e Suas Irmãs], Salt Lake City: Aspen Books,
1991, pp. 75–97; e Patty Bartlett Sessions, Mormon Midwife: The 1846–1888 Diaries of Patty
Bartlett Sessions [Parteira Mórmon: Os Diários de Patty Bartlett Sessions de 1846 a 1888], ed. por
Donna Toland Smart, Logan: Utah State University Press, 1997, pp. 32–124.
^17.Durante o século 19, as mulheres santos dos últimos dias frequentemente administravam bênçãos;
naquela época, os santos dos últimos dias compreendiam o dom de cura como um dom do Espírito
disponível a todos os fiéis por meio da fé. Sobre a administração das bênçãos, ver “Ensinamentos
de Joseph Smith sobre o sacerdócio, o templo e as mulheres”, Tópicos do evangelho, acesso em 2
de maio de 2016, LDS.org; Derr e outros, First Fifty Years, pp. xxi–xxv; Jonathan A. Stapley e
Kristine Wright, “The Forms and the Power: The Development of Mormon Ritual Healing to 1847”
[As Formas e o Poder: O Desenvolvimento do Ritual de Cura Mórmon até 1847], Journal of
Mormon History [Diário da História Mórmon] 35, nº 3, verão de 2009, pp. 42–87; e Jonathan A.
Stapley e Kristine Wright, “Female Ritual Healing in Mormonism” [Ritual feminino de cura no
mormonismo], Journal of Mormon History 37, nº 1, inverno de 2011, pp. 1–85.
^18.Derr e outros, First Fifty Years, pp. 179–182, 188–197, 221–226, 248; ver também o capítulo 7
neste documento.
^19.Ver os capítulos 9, 10, 11, 14 e 18
^20.Derr e outros, First Fifty Years, pp. 561–564.
^21.Lori D. Ginzberg, Women and the Work of Benevolence: Morality, Politics, and Class in the
Nineteenth-Century United States [As Mulheres e o Trabalho de Benevolência: Moralidade, Política
e Classe nos Estados Unidos do Século 19], New Haven, CT: Yale University Press, 1990, pp. 13–
14.
^22.Robert H. Abzug, Cosmos Crumbling: American Reform and the Religious Imagination [Cosmos
Crumbling: Reforma Americana e a Imaginação Religiosa], New York: Oxford University Press,
1994, pp. 190–193, 204–220; Gerda Lerner, The Grimké Sisters from South Carolina: Pioneers for
Women’s Rights and Abolition [As Irmãs Grimké da Carolina do Sul], Chapel Hill: University of
North Carolina Press, 2004.
^23.Abzug, Cosmos Crumbling, pp. 183–187; Elizabeth Cady Stanton, Susan B. Anthony, e Matilda
Joslyn Page, eds., History of Woman Suffrage, 6 vols., Rochester, NY: Susan B. Anthony, 1887,
vol. 1, pp. 70–71; Ginzberg, Women and the Work of Benevolence, pp. 90, 101–103.
^24.Ver Atas de “Ladies Mass Meeting”, 6 de janeiro de 1870, em Derr e outros, First Fifty Years, pp.
305–306.
^25.Ver os capítulos 20, 21 e 22 neste volume.
^26.Para mais informações sobre as reuniões sacramentais no século 19, ver Ronald W. Walker,
“‘Going to Meeting’ em Salt Lake City’s Thirteenth Ward, 1849–1881: A Microanalysis” [Indo à
reunião na Ala Salt Lake City 13, 1849–1881: Uma microanálise], em New Views of Mormon
History: A Collection of Essays in Honor of Leonard J. Arrington, ed. por Davis Bitton e Maureen
Ursenbach Beecher, Salt Lake City: University of Utah Press, 1987, pp. 138–161; e William G.
Hartley, My Fellow Servants: Essays on the History of the Priesthood [Meus Companheiros de
Serviço: Ensaios sobre a História do Sacerdócio], Provo, UT: BYU Studies, 2010, pp. 343–349,
415–422.
^27.Ver Madsen, “The ‘Elect Lady’ Revelation”, p. 124; e Hartley, My Fellow Servants, pp. 422–423.
^28.Essas reuniões anuais — geralmente chamadas de conferências conjuntas ou conferências de junho
— eram realizadas por volta de 1º de junho de cada ano em homenagem ao aniversário de Brigham
Young (Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Salt Lake City: Deseret News, 1911, pp. 140–142,
221–222).
^29.As mulheres da Igreja começaram a participar no trabalho missionário logo depois que a Igreja foi
organizada, geralmente informalmente. Algumas mulheres casadas serviram missão com seu
marido antes de 1898 (ver “Women with a Mission: Series Introduction”, acesso em 24 de maio de
2016 [Mulheres com uma missão: Introdução da Série], history.LDS.org; ver também Carol
Cornwall Madsen, “Mormon Missionary Wives in Nineteenth-Century Polynesia” [Esposas
missionárias mórmons na Polinésia do século 19], em Proclamation to the People: Nineteenth-
Century Mormonism and the Pacific Basin Frontier [Proclamação ao Povo: O Mormonismo do
Século 19 e a Fronteira da Bacia do Pacífico], ed. por Laurie F. Maffly-Kipp e Reid L. Neilson, Salt
Lake City: University of Utah Press, 2008, pp. 142–169).
^30.Catherine A. Brekus, “Protestant Female Preaching in the United States” [Pregação Protestante
Feminina nos Estados Unidos] em Encyclopedia of Women and Religion in North America
[Enciclopédia das Mulheres e da Religião na América do Norte], ed. por Rosemary Skinner Keller e
Rosemary Radford Ruether, 3 vols., Bloomington: Indiana University Press, 2006, vol. 2, pp. 970–
972; ver também Pamela S. Nadell, Women Who Would Be Rabbis [Mulheres Que Seriam
Rabinos], Boston: Beacon Press, 1999.
^31.Ver, por exemplo, Debra Renee Kaufman, Rachel’s Daughters: Newly Orthodox Jewish Women,
New Brunswick, NJ: Rutgers University Press, 1991; Kathleen Sprows Cummings, New Women of
the Old Faith: Gender and American Catholicism in the Progressive Era, Chapel Hill: University
of North Carolina Press, 2009; e R. Marie Griffith, God’s Daughters: Evangelical Women and the
Power of Submission, Berkeley: University of California Press, 1997.
^32.As mulheres ensinavam as crianças e os jovens na Escola Dominical desde o início em Utah
(Hartley, My Fellow Servants, pp. 429–430; Walker, “‘Going to Meeting’ in Salt Lake City’s
Thirteenth Ward”, pp. 149–151).
^33.Ver, por exemplo, Tremonton Ward, Bear River Stake, General Minutes, vol. 4, 1918–1923, 3 de
fevereiro de 1918, 28 de agosto de 1921 a 25 de setembro de 1921, pp. 3, 58–59; vol. 6, 1928–
1930, 12 a 21 de outubro de 1930, pp. 158–160; vol. 7, 1931–1936, 17 de março de 1935, p. 199,
Biblioteca de História da Igreja; e Ala 11, Estaca Ensign, General Minutes, vol. 7, 1921–1922, 13
de fevereiro de 1921, p. 101; vol. 8, 1923–1925, 28 de janeiro de 1923, 15 de abril de 1923, pp. 2–
3, 7; vol. 9, 1925–1934, 29 de janeiro de 1933, 24 de setembro de 1933, pp. 156, 169; vol. 10,
1934–1951, 8 de agosto de 1937, 30 de maio de 1943, pp. 81, 211, Biblioteca de História da Igreja.
Emboras as mulheres falassem nas reuniões, somente os homens que possuíam o Sacerdócio
Aarônico ou de Melquisedeque podiam orar na reunião sacramental de 1968 a 1978 (General
Handbook of Instructions, nº 20 [Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,
1968], p. 44; Marvin K. Gardner, “Report of the Seminar for Regional Representatives”, Ensign,
novembro de 1978, p. 100).
^34.Handbook of Instructions [Manual de Instruções], nº 17, Salt Lake City: The Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints, 1944, pp. 48–49.
^35.A primeira conferência geral da Sociedade de Socorro foi realizada em 1889, e a organização
continuou a realizar conferências semestrais até 1945. De 1945 a 1975, a Sociedade de Socorro
realizou apenas uma conferência por ano, em setembro ou outubro. Essa reunião anual, por fim, foi
substituída pela atual sessão geral das mulheres (Derr e outros, First Fifty Years, pp. 561–564; Jill
Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The
Story of Relief Society [Salt Lake City: Deseret Book, 1992], pp. 378–379, 473n85; ver também o
Apêndice neste documento).
^36.“Verbatim Report of the Relief Society Annual General Conference of the Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints in Salt Lake City, Utah”, 30 de setembro a 2 de outubro de 1975, p. 113, em
Relief Society Annual Conference Proceedings, 1945–1975, Biblioteca de História da Igreja. Em
1933, o presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt popularizou a ideia de um serão de
bate-papos com a primeira de uma série de transmissões de rádio com esse nome. A tradição de
serões da igreja começou com o fundador do Instituto de Religião de Salt Lake, Lowell L. Bennion
em 1935. Bennion convidava alunos para se juntarem a ele para uma noite de debates do evangelho
em uma sala da Ala Universidade que tinha uma lareira (Douglas B. Craig, Fireside Politics: Radio
and Political Culture in the United States, 1920–1940, Baltimore: Johns Hopkins University Press,
2000, pp. 83–89; Sheridan R. Sheffield, R. Scott Lloyd e Mike Cannon, “Some Things Uniquely
LDS”, Church News, 25 de janeiro de 1992).
^37.“Women’s Fireside Addresses”, Ensign, novembro de 1978, p. 102; “Young Women Fireside
1980”, New Era 10, nº 6, julho de 1980, p. 7.
^38.Ernest L. Wilkinson e W. Cleon Skousen, Brigham Young University: A School of Destiny, Provo,
UT: Brigham Young University Press, 1976, pp. 67, 177, 608–610; Rose Marie Reid, “How the
Gospel Influenced My Life”, 1º de julho de 1953, Brigham Young University Devotional Speeches,
Biblioteca de História da Igreja.
^39.Carol Lee Hawkins, “Brigham Young University Women’s Conference: A History”, junho de
1992, pp. 1–4, em posse dos editores. A supervisão da conferência foi mudada para o escritório do
reitor em 1984, e a conferência tem sido copatrocinada com a Sociedade de Socorro desde 1990.
^40.A primeira conferência geral da Igreja foi realizada em 1830, e a conferência geral passou a ser um
evento regular semestral por volta de 1840 (Paul H. Peterson, “Accommodating the Saints at
General Conference” [Acomodando os Santos na Conferência Geral], BYU Studies 41, nº 2, 2002,
pp. 5–7; Kenneth W. Godfrey, “150 Years of General Conference” [150 Anos de conferência
geral], Ensign, fevereiro de 1981, pp. 66–74; M. Dallas Burnett, “General Conference”
[Conferência Geral], em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por
Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 1, p. 307; ver também Apêndice neste
livro).
^41.“General Relief Society Meeting” [Reunião geral da Sociedade de Socorro], Ensign, novembro de
1980, p. 102. Também foi realizada em 1978 uma reunião geral das mulheres (Derr, Cannon e
Beecher, Women of Covenant [Mulheres do Convênio], p. 378).
^42.“General Women’s Meeting” [Reunião geral das mulheres], Ensign, maio de 1982, p. 93.
^43.“General Women’s Meeting”, Ensign, novembro de 1983, p. 81; Julie A. Dockstader, “Gift of
Eternal Life Is Available to All” [O dom da vida eterna está disponível a todos], Church News, 2 de
outubro de 1993; Ensign, novembro de 1993, p. 3; Ensign, maio de 1994, p. 3.
^44.“New Women’s Meeting” [Nova reunião das mulheres], Church News, 10 de novembro de 2013.
^45.Tad Walch, “LDS Church Confirms Women’s Meeting Now Part of General Conference” [A
Igreja mórmon confirma que a reunião das mulheres agora faz parte da conferência geral], Deseret
News, 30 de outubro de 2014; Ensign, novembro de 2014, p. 1.
^46.Ver capítulo 11.
^47.Morgan Utah Stake Relief Society Minutes and Records, vol. 1, 1878–1912, 24 de outubro de
1879, p. 24, Biblioteca de História da Igreja.
^48.Derr e outros, First Fifty Years, pp. 546–547.
^49.Emily S. Richards, “General Conference Relief Society”, Woman’s Exponent 30, nº 7, dezembro
de 1901, p. 54.
^50.Orson F. Whitney, History of Utah [História de Utah], 4 vols., Salt Lake City: George Q. Cannon
& Sons Co., 1904, vol. 4, p. 605.
^51.Joseph Fielding Smith, “Relief Society—an Aid to the Priesthood” [Sociedade de Socorro: Um
Auxílio para o Sacerdócio], Relief Society Magazine 46, nº 1 (janeiro de 1959), p. 4.
^52.Ver capítulo 1.
^53.Como o apóstolo Dallin H. Oaks ensinou em 2014: “Quando uma mulher — jovem ou idosa — é
designada a pregar o evangelho como missionária de tempo integral, ela recebe a autoridade do
sacerdócio para realizar uma função do sacerdócio. O mesmo se aplica quando uma mulher é
designada para atuar como líder ou professora em uma organização da Igreja, sob a direção de
alguém que possui as chaves do sacerdócio” (Dallin H. Oaks, “As chaves e a autoridade do
sacerdócio”, A Liahona, maio de 2014, p. 51).
^54.Ver capítulo 45.
^55.Ver capítulo 12.
^56.Ver capítulo 47.
^57.Russell M. Nelson, “Um apelo às minhas irmãs”, A Liahona, novembro de 2015, p. 97. Como
apóstolo em 1940, Joseph Fielding Smith ensinou que, enquanto uma revelação maior para a Igreja
viria apenas por meio do presidente da Igreja, “a palavra do Senhor, como falada por outros servos
nas conferências gerais e conferências de estaca ou onde quer que estejam, quando falam o que o
Senhor colocou em sua boca, é tanto a palavra do Senhor quanto os escritos e as palavras de outros
profetas em outras dispensações” (Joseph Fielding Smith, “What a Prophet Means to Latter-day
Saints” [O Que um Profeta Significa para os Santos dos Últimos Dias], Relief Society Magazine 28,
nº 1, janeiro de 1941, pp. 6–7).
^58.Carol F. McConkie, e-mail para Kate Holbrook, 4 de dezembro de 2015; Carol F. McConkie,
“Viver de acordo com as palavras dos profetas”, A Liahona, novembro de 2014, pp. 77–79.
^59.Leavitt, Autobiografia, p. 10; Revelação, julho de 1830 (Doutrina e Convênios 25), em Derr e
outros, First Fifty Years, p. 20.
^60.Nelson, “Um apelo às minhas irmãs”, pp. 96–97.
^61.Julie B. Beck, “Cumprir o propósito da Sociedade de Socorro”, A Liahona, novembro de 2008, p.
108.
Encontrar, selecionar e apresentar os discursos

ESTE VOLUME APRESENTA as transcrições dos discursos proferidos por


mulheres santos dos últimos dias de 1831 a 2016. Ao selecionar os discursos
para este volume, os editores forneceram uma visão ampla da ideia sobre
discursos. Os discursos incluídos aqui abrangem tudo, desde debates nas
primeiras reuniões da Sociedade de Socorro até discursos formais nas
conferências gerais da Igreja. Embora existam muitos tipos de “púlpitos” na
cultura mórmon, os discursos deste volume foram proferidos principalmente
em acontecimentos oficiais da Igreja, e muitos dos discursos foram
publicados em revistas da Igreja e em relatórios de conferências. Com suas
seleções, os editores tentaram representar muitas das diversas maneiras como
as mulheres mórmons falaram em reuniões públicas.
Mesmo dentro dos acontecimentos oficiais, os formatos em que as
mulheres santos dos últimos dias falavam mudaram ao longo do tempo, e
essas mudanças são refletidas nos discursos que foram selecionados para este
volume. Nos primeiros anos da Igreja, o ato das mulheres mórmons de falar
em público às vezes estava ligado ao exercício dos dons espirituais, tais como
falar em línguas e administrar bênçãos de saúde ou consolo.1 Por exemplo, o
discurso de Elizabeth Ann Whitney no capítulo 2 é uma canção que ela
cantou por meio do dom de línguas no templo parcialmente construído em
Kirtland, Ohio. As primeiras mulheres mórmons também recitavam poemas,
liam artigos pessoais e ofereciam orações em público. O capítulo 20
demonstra uma dessas formas de expressão pública com a oração de 1889 de
Elvira S. Barney em uma reunião da Associação de Sufrágio Feminino de
Utah, que se assemelha a um sermão detalhado. Os discursos das mulheres
mudaram quando suas reuniões e encontros públicos se tornaram mais
formais. Os membros das primeiras Sociedades de Socorro geralmente
falavam por meio de debate, mas reuniões regulares deram origem aos
discursos espontâneos, que, por sua vez, deram lugar a discursos cada vez
mais formais e preparados, como é evidente na parte final deste volume.

Encontrar os discursos
Localizar os discursos feitos em locais e formatos tão variados ao longo
de 185 anos requer a habilidade de um historiador para explorar fontes
antigas. Embora os discursos de mulheres possam ser encontrados em
registros históricos da Igreja, essas fontes são geralmente de difícil acesso.
Alguns dos primeiros discursos feitos por mulheres santos dos últimos dias
foram preservados em memórias pessoais, como os de Lucy Mack Smith. Os
livros de atas das organizações de mulheres são uma fonte particularmente
valiosa de discursos das mulheres. As secretárias geralmente mantinham as
atas das reuniões, mas a exatidão dessas atas dependia de cada secretária.
Algumas faziam anotações meticulosas, enquanto outras faziam somente
resumos, e muitas secretárias registravam os discursos de homens com mais
detalhes do que o que faziam para as mulheres. Por volta de 1915, as
organizações da Igreja substituíram os livros de atas escritos por formulários
padronizados, nos quais registravam um pouco mais do que os nomes dos
oradores.2 Como resultado, o registro histórico perdeu muitos
pronunciamentos espontâneos de membros comuns em suas reuniões.
As revistas e os jornais geralmente distribuíam discursos para um
público mais amplo embora as palavras das mulheres fossem tipicamente
resumidas em vez de reproduzidas na íntegra, especialmente no século 19. O
Woman’s Exponent (1872–1914) foi escrito, editado, impresso e distribuído
por mulheres e incluía relatórios das reuniões das mulheres, geralmente
enviados pelas secretárias das organizações. Os discursos das mulheres
também apareciam no Millennial Star (1840–1970) e no Young Woman’s
Journal (1889–1929). No século 20, a Relief Society Magazine (1915–1970)
publicou os discursos das mulheres, assim como os relatórios das
conferências da Sociedade de Socorro, da Associação de Melhoramentos
Mútuos e das Moças. Os relatórios das conferências gerais e as transcrições
dos devocionais da Universidade Brigham Young (BYU) — especialmente
no final do século 20 e início do século 21 — forneceram uma rica coletânea
de discursos feitos por mulheres. Os discursos da Conferência de Mulheres
da BYU estão disponíveis em coleções publicadas; a primeira delas foi
lançada em 1980.3 No final do século 20, os discursos das mulheres mórmons
estavam disponíveis nas revistas Ensign e Liahona, em livros impressos, em
transmissões de televisão e na internet.
O advento da tecnologia de gravação aumentou amplamente o número
de discursos das mulheres que foram preservados e, como resultado, os
editores deste volume tiveram muito mais discursos para escolher nas últimas
décadas de história da Igreja do que nos primeiros anos. Os discursos
posteriores foram capturados com mais detalhes e precisão, e a duração
média dos discursos registrados aumentou ao longo do tempo. A maioria dos
discursos posteriores vem de fontes publicadas, enquanto a maioria dos
primeiros discursos foi encontrada em jornais ou livros de atas.
As fontes disponíveis são geralmente discursos proferidos em Utah e a
seleção neste livro não representa adequadamente as vozes não americanas.
No entanto, as vozes das mulheres estrangeiras aparecem neste livro. Elas
incluem um discurso do século 19 proferido na Inglaterra por Elicia A. Grist
e vários discursos de imigrantes ingleses e escoceses que se converteram à
Igreja e se juntaram aos santos dos últimos dias em Utah. O crescimento da
Igreja nas áreas internacionais se acelerou rapidamente na segunda metade do
século 20, e discursos de mulheres da Alemanha, na Rússia, na África do Sul,
no México e no Quênia representam uma pequena parte da composição
internacional da Igreja moderna. As vozes não americanas são encontradas
nos relatórios das conferências de área da década de 1970, incluindo o
discurso de Lucrecia Suárez de Juárez, uma mexicana mórmon. Quando
Carol Lee Hawkins coordenou a Conferência de Mulheres da BYU no início
da década de 1990, ela fez questão de convidar oradores que viveram seus
anos de formação fora dos Estados Unidos, e seus esforços renderam vários
discursos, incluindo o de Jutta B. Busche neste volume.4 Mais trabalho ainda
deve ser feito por estudiosos e membros da Igreja para preservar os pontos de
vista falados das mulheres santos dos últimos dias fora dos Estados Unidos.

Selecionar os discursos
Depois de coletar e analisar centenas de discursos, os editores
escolheram discursos interessantes que tinham como foco temas doutrinários,
em vez de discursos que relatavam ou representavam momentos
historicamente significativos. Os editores priorizaram os discursos bem
escritos, que continham análise teológica, e que ilustravam a fé das mulheres
ao longo dos anos desde a fundação da Igreja em 1830. Algumas mulheres
apresentadas neste volume eram bem conhecidas em sua época, e algumas
delas são conhecidas pelos leitores de hoje. Outras eram, até agora,
desconhecidas e em grande parte esquecidas. Os discursos são organizados
em ordem cronológica por data de criação, com duas exceções: o discurso de
Lucy Mack Smith no capítulo 1 e a canção de Elizabeth Ann Whitney no
capítulo 2 estão inseridos na época em que esses discursos foram
originalmente proferidos embora tenham sido registrados anos após terem
acontecido.
Os editores selecionaram a versão mais recente conhecida de um
determinado discurso para inclusão neste volume. Geralmente, o discurso
inteiro é reproduzido, mas, no caso de algum material ser irrelevante para o
tópico principal do discurso, este foi omitido. Se isso ocorreu no início de um
discurso, o material foi omitido de maneira delicada; se a omissão foi feita
dentro do texto do discurso, a exclusão foi marcada com reticências. Uma
nota de fontes no final de cada transcrição fornece informações sobre a fonte
usada e o repositório no qual o material de origem é mantido.

Apresentar os discursos

Regras da transcrição
Para garantir a precisão na representação dos textos, as transcrições
foram verificadas três vezes com os documentos originais ou imagens
digitais, cada vez por um ou dois leitores diferentes.
A maioria dos primeiros discursos foi encontrada em memórias ou livros
de atas e não teve o benefício da edição profissional. Para fornecer uma
experiência de leitura mais uniforme em todos os capítulos, os editores deste
volume corrigiram erros de ortografia e pontuação. As citações incluídas nas
introduções do capítulo ou as notas finais foram corrigidas da mesma
maneira. A maioria dos discursos posteriores veio de fontes publicadas e não
exigiu tais correções. Os editores também padronizaram o uso de maiúsculas,
parágrafo e recuo. Essas mudanças foram feitas de forma delicada, sem o uso
de colchetes editoriais ou sic. Dois leitores diferentes analisaram essas
correções. Em raros casos, os editores adicionaram palavras para aumentar a
clareza; tais adições estão entre colchetes.
Títulos dos discursos
Os registros originais desses discursos nem sempre forneceram títulos
formais. Se o discurso original tinha um título, esse mesmo título foi usado
no volume. Se o original não tinha um título ou tinha um título que fosse
simplesmente um rótulo (por exemplo, “Endereço da Sra. Mattie Horne
Tingey”), os editores criaram um título que refletia o conteúdo do discurso.
Nos locais em que os editores forneceram títulos, esse fato é registrado na
nota de fontes no final do discurso.

Convenções de anotação
Os editores incluíram introduções e notas finais para fornecer contexto
para esses discursos. A introdução de cada capítulo descreve os aspectos das
experiências de vida da discursante que mais se relacionam com o conteúdo
do seu discurso, bem como o lugar e em que ocasião discursou. Esse contexto
ajuda os leitores a interpretar com mais precisão as afirmações e
interpretações das discursantes. O nome completo da oradora, incluindo
nome de solteira e todos os sobrenomes subsequentes, aparece no início da
introdução. A inscrição de cada capítulo fornece o nome pelo qual a oradora
era conhecida na época que proferiu seu discurso.
Iniciais comuns são usadas em todo o texto. A primeira vez que as
organizações são listadas nas introduções dos capítulos, seus nomes são
totalmente detalhados, seguido da inicial. Iniciais comuns incluem os
seguintes: Associação de Melhoramentos Mútuos (AMM), Associação de
Melhoramentos Mútuos das Damas (YLMIA), Associação de Melhoramentos
Mútuos dos Rapazes (YMMIA), Associação de Melhoramentos Mútuos das
Moças (YWMIA) e Universidade Brigham Young (BYU).
Muitos termos com significado especializado aparecem nos textos e nas
anotações. Embora alguns dos termos sejam explicados ou definidos neste
volume, a familiaridade com grande parte da terminologia foi atribuída. Os
pesquisadores que buscam informações adicionais sobre a terminologia
mórmon podem consultar o glossário no site josephsmithpapers.org e a
Encyclopedia of Mormonism, online no site eom.byu.edu.
Muitos nomes individuais aparecem nesses documentos. Informações
biográficas estão incluídas na anotação para algumas dessas pessoas, mas
nenhuma tentativa foi feita para ser completa. Muitos nomes do período
inicial aparecem no diretório biográfico para The First Fifty Years of Relief
Society online no site churchhistorianspress.org ou nos esboços biográficos
no site josephsmithpapers.org.

_________________________
^1. Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty
Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros
Cinquenta Anos da Sociedade de Socorro: Documentos-Chave na História das Mulheres Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2016, pp. xxi–xxv.
^2. Handbook of Instructions of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[Manual de Instruções da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias], Salt Lake City: General Board of Relief Society, 1931, p. 75.
^3. Maren M. Mouritsen, ed., Blueprints for Living: Perspectives for Latter-day Saint Women [Planos
para a Vida: Perspectivas de Mulheres da Igreja], Provo, UT: Brigham Young University Press,
1980.
^4. Carol Lee Hawkins, Mary Stovall Richards e Maren Mouritsen, entrevista de Kate Holbrook, 27 de
outubro de 2015, p. 30, Biblioteca de História da Igreja.
—————————— 1 ——————————

Onde está sua confiança em Deus?

Lucy Mack Smith


Reunião dos santos imigrantes no lago Erie
Buffalo, Nova York
Maio de 1831

Lucy Mack Smith (1775–1856) era a mãe de Joseph e Hyrum Smith e de


outros nove filhos. Ela exerceu grande influência no início da Igreja. Seu
filho William Smith conta: “Sendo uma mulher muito devota e bastante
preocupada com o bem-estar dos filhos, tanto nesta vida como na vida depois
da morte, minha mãe fazia tudo o que estivesse ao alcance de seu amor
maternal para que buscássemos a salvação de nossa alma ou, como se falava
na época, ‘que tivéssemos uma religião’”.1 Em sua busca pessoal por uma
religião, [Lucy] Smith estudava a Bíblia, orava, falava sobre sonhos e visões
e frequentava reuniões religiosas e de reavivamento organizadas por várias
denominações.2 Ela foi batizada como santo dos últimos dias logo após seu
filho Joseph organizar a Igreja de Cristo, em 6 de abril de 1830.3
No início de maio de 1831, ela fazia parte de uma companhia de
aproximadamente 80 membros da área de Fayette, Nova York, que viajava
para se juntar a um grupo maior de santos dos últimos dias, em Kirtland,
Ohio. O grupo contava com o clima ameno da primavera para fazer a
travessia de Nova York até Ohio por via fluvial, em vez de terrestre.4 De
acordo com um relato dela sobre a viagem, Solomon Humphrey, o membro
mais velho da Igreja naquela época, e Hiram Page, uma das oito testemunhas
do Livro de Mórmon, recusaram-se a liderar o grupo e passaram essa
responsabilidade para Lucy. Os registros históricos relatam que toda a
congregação concordou: “‘Sim’, responderam todos juntos: ‘faremos o que a
mãe Smith nos disser’”. Lucy conta em seu relato que, antes de partirem: “Eu
os reuni à minha volta e lhes disse: ‘Agora, irmãos e irmãs, partimos como o
pai Leí fez ao viajar por mandamento do Senhor a uma terra que o Senhor
nos mostrará se formos fiéis e desejo que todos elevemos o coração a Deus
continuamente em solene oração para que prosperemos’”. Enquanto viajavam
pelos canais Cayuga-Seneca e Erie, Lucy Smith liderou a companhia com
cânticos e orações, cuidou de alguns aspectos financeiros, da comida e do
alojamento.5
A jornada foi difícil, pois condições climáticas adversas, a desconfiança
por parte de moradores locais e viajantes despreparados, com poucos
suprimentos e crianças rebeldes, criaram tensões dentro do grupo. Cinco dias
depois da partida, o grupo de Fayette chegou a Buffalo, encontrando ali um
grupo de santos de Colesville, Nova York, que há uma semana aguardava o
gelo se partir, permitindo que os barcos seguissem viagem.6 De acordo com
Lucy, o grupo de Colesville incentivou a companhia de Fayette a não falar
sobre sua identidade religiosa para a população local, enquanto aguardavam a
mudança do clima, pois isso poderia incitar o preconceito e os impediria de
garantir alojamento e transporte local. No entanto, Lucy permaneceu no
convés do barco onde estava reunida sua companhia e corajosamente
proclamou suas crenças mórmons aos cidadãos da cidade ali reunidos.
Depois de testificar aos espectadores locais, Lucy observou entre os
santos no barco o que considerou ser um comportamento inadequado,
incluindo discussões, reclamações e flertes. Preocupada com o fato de que a
visão de um comportamento indisciplinado diminuísse a força do testemunho
público que prestara, ela falou aos santos, conforme registrado no discurso
apresentado aqui. Quando terminou de falar, ela contou: “Ouvimos um ruído,
como o de trovejar. O capitão gritou: ‘Todos a postos’. O gelo se partiu,
deixando apenas um caminho para o barco”.7 Eles viajaram rapidamente em
segurança para o porto de Fairport, em Ohio, distante aproximadamente 20
quilômetros a nordeste de Kirtland, lá chegando no dia 11 de maio de 1831.8
Cerca de 13 anos mais tarde, Lucy Mack Smith registrou em suas próprias
palavras a exortação a seguir, demonstrando a autoridade que ela exercera
como “mãe Smith”, uma matriarca respeitada da Igreja.

EU DISSE: “IRMÃOS E IRMÃS, nós nos autodenominamos santos dos


últimos dias e professamos ter deixado o mundo com o propósito de servir a
Deus, tendo a firme determinação de servi-Lo com todo o nosso poder, mente
e força, deixando para trás as coisas terrenas; mas, no primeiro sacrifício de
seu conforto começam a murmurar e reclamar como os filhos de Israel? Pior
ainda, pois aqui temos irmãs atormentando pela falta de suas cadeiras de
balanço!9 E, irmãos, de vocês eu esperava ajuda e alguma firmeza, mas, em
vez disso, estão reclamando que deixaram uma boa casa e agora não têm para
onde ir e não sabem se vão ter uma casa no final da jornada e, além disso,
vocês provavelmente pensam que morrerão de fome antes de sairmos de
Buffalo. Quem passou fome em nosso grupo? Alguém passou alguma
necessidade dentro de nossas circunstâncias atuais? Não providenciei que
houvesse comida todos os dias para todos vocês e os fiz bem-vindos como se
fossem meus filhos para que não faltasse nada aos que não tivessem recursos
suficientes?10
E, se não fosse esse o caso, onde está a sua fé?11 Onde está sua
confiança em Deus? Não sabem vocês que todas as coisas estão nas mãos
Dele? Ele criou todas as coisas e ainda governa sobre elas; e como seria fácil
para Deus se todos os santos aqui expressassem seus desejos a Ele em oração,
pedindo que um caminho fosse aberto diante de nós. Como seria fácil para
Deus fazer o gelo se quebrar para que rapidamente pudéssemos continuar a
viagem. Mas como vocês esperam que o Senhor nos abençoe quando
murmuram continuamente contra Ele?”
Naquele momento um homem na margem grita: “O Livro de Mórmon é
verdadeiro?” “Esse livro foi revelado pelo poder de Deus e traduzido pelo
mesmo poder. Se eu fosse capaz de fazer minha voz soar tão alto quanto a
trombeta de Miguel, o arcanjo, eu declararia a verdade de terra em terra e de
mar a mar, e isso ecoaria de uma ilha a outra até que não restasse uma só
pessoa que pudesse dizer que não a ouviu. Pois todos ouviriam a verdade do
evangelho do Filho de Deus e eu falaria a todas as pessoas que Ele
novamente Se revelou aos homens nestes últimos dias, tendo Sua mão
estendida para coligar Seu povo em uma boa terra, que lhes será por herança
se O temerem e andarem retamente perante Ele. Mas, se se rebelarem contra
Sua lei, Sua proteção lhes será tirada e serão espalhados e varridos da face da
terra. Pois Deus fará uma obra sobre a Terra e o homem não será capaz de
impedi-la, pois trará a salvação a todos os que crerem completamente e a
todos os que O invocarem e isso será uma prova para todos os que aqui se
encontram hoje de que há um Salvador da vida para a vida ou da morte para a
morte: um Salvador da vida para a vida se O receberem, mas da morte para a
morte se rejeitarem o conselho de Deus para a sua própria condenação.12 Pois
todos os homens receberão de acordo com o desejo de seu coração. E se
desejarem essa verdade, o caminho está aberto para todos, e se quiserem, eles
vão ouvir e viver;13 ao passo que, se tratarem a verdade com desdém e
menosprezarem a simplicidade da palavra de Deus, vão fechar os portões dos
céus contra si mesmos. Agora, irmãos e irmãs, se todos vocês orarem aos
céus para que o gelo se rompa e fiquemos livres para seguir nosso caminho,
tão certo como vive o Senhor, assim acontecerá.”
Lucy Mack Smith, History [História de Lucy Mack Smith], 1844–1845, livro 11, p. 12; livro 12, p. 2,
Biblioteca de História da Igreja. Manuscrito de Martha Jane Knowlton Coray e Howard Coray. Título
fornecido pelos editores.

_________________________
^1. William Smith, William Smith on Mormonism [William Smith sobre o Mormonismo], Lamoni, IA:
Herald Steam Press, 1883, pp. 6–7.
^2. Irene M. Bates, “Lucy Mack Smith—First Mormon Mother” [Lucy Mack Smith — A primeira mãe
mórmon], em Lucy’s Book: A Critical Edition of Lucy Mack Smith’s Family Memoir [O Livro de
Lucy: Uma edição crítica das memórias familiares de Lucy Mack Smith], editora Lavina Fielding
Anderson, Salt Lake City: Signature Books, 2001, pp. 6–7.
^3. Karen Lynn Davidson, David J. Whittaker, Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen, editores,
Histórias, Volume 1: Joseph Smith Histories [Histórias de Joseph Smith] 1832–1844, vol. 1 da
série de histórias de The Joseph Smith Papers [Os Diários de Joseph Smith], editores Dean C.
Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s Press,
2012, p. 366.
^4. Larry C. Porter, “‘Ye Shall Go to the Ohio’: Exodus of the New York Saints to Ohio, 1831” [Ireis
para Ohio: O êxodo dos santos de Nova York para Ohio, 1831], em Regional Studies in Latter-day
Saint Church History: Ohio [Estudos Regionais sobre a História da Igreja dos Santos dos Últimos
Dias], editor Milton V. Backman Jr., Provo, UT: Departamento de História e Doutrina da Igreja,
Brigham Young University, 1990, pp. 14–15, 23.
^5. Lucy Mack Smith, História, 1844–1845, 18 livros, livro 11, pp. 2–3; 8–10, Biblioteca de História da
Igreja; Anderson, Lucy’s Book [O Livro de Lucy], p. 511, n. 3. A história de Lucy geralmente é
considerada confiável, mas também reflete sua percepção de muitos anos depois que os fatos
aconteceram.
^6. Smith, History [História], livro 11, p. 6.
^7. Smith, History [História], livro 11, pp. 6–7; livro 12, pp. 1–2.
^8. Porter, “Ye Shall Go to the Ohio” [Ireis para Ohio], p. 18.
^9. Em certo momento da jornada, Lucy repreendeu as mães da companhia que estavam
negligenciando os filhos. Ela registra que as mulheres reclamaram, dizendo: “Parece-nos que seria
melhor se tivéssemos permanecido em casa, sentadas confortavelmente em nossa cadeira de
balanço com todo o conforto que queremos, mas estamos aqui muito cansadas e sem lugar para
descansar” (Smith, History [História], livro 11, p. 5).
^10. No início da viagem, à medida que organizavam a liderança e os recursos da companhia, Lucy
descobriu que havia cerca de 20 pessoas com menos do que duas refeições disponíveis. Ela lembra
que deu apoio aos que não tinham recursos financeiros, bem como a 30 crianças que estavam a
bordo (Smith, History [História], livro 11, pp. 2–3).
^11. Lucas 8:25.
^12. Ver 2 Coríntios 2:16; e Doutrina e Convênios 20:15.
^13. Ver João 5:25.
—————————— 2 ——————————

Adão-ondi-Amã

Elizabeth Ann Whitney


Reunião para bênçãos patriarcais
A casa do Senhor, Kirtland, Ohio
14 de setembro de 1835
Não era incomum para Elizabeth Ann Smith Whitney (1800–1882) se
expressar por meio da música no Templo de Kirtland, Ohio. Ela cresceu em
uma família refinada de Connecticut, apreciava cantar e dançar e foi
reconhecida ao longo da vida por seu talento com a voz.1 Embora ela e o
marido, Newel K. Whitney, não pertencessem a uma denominação religiosa
antes de 1830, ela se descrevia como sendo “naturalmente religiosa”, com o
desejo de conhecer diversas igrejas.2 Ela lembrou: “Estávamos orando para
saber do Senhor como poderíamos obter o dom do Espírito Santo. (…)
Queríamos saber como receber o Espírito e os dons concedidos aos antigos
santos”. Em resposta às suas orações, Whitney afirmou que os dois sentiram
a presença do Espírito do Senhor, tiveram uma visão de uma nuvem celestial
de onde ouviram uma voz ordenando que se preparassem para receber a
verdade.3 No final de 1830, a família Whitney conheceu a Igreja de Cristo,
como era conhecida na época, em Kirtland, por meio do missionário Parley P.
Pratt. Eles foram batizados em novembro daquele ano.4
Muitas pessoas, no século 19, descreviam experiências com sonhos,
visões, curas e o dom de falar em línguas, pois acreditavam que os dons
espirituais do Novo Testamento estavam disponíveis em seu tempo.5 Na
tradição mórmon inicial, os homens e as mulheres falavam e cantavam em
línguas e traduziam entre si em ambientes públicos e privados.6 No dia 14 de
setembro de 1835, Whitney e muitos outros se reuniram no Templo de
Kirtland parcialmente construído para receber uma bênção patriarcal de
Joseph Smith Sr., o patriarca da Igreja. Ela registrou as “grandes
manifestações de poder” ocorridas nessas reuniões.7 Pratt comentou que,
durante aquele mesmo período, “muitas pessoas recebiam manifestações do
Espírito e viam e ouviam coisas inexprimíveis. Muitos recebiam a
ministração de anjos, o dom de cura e o de falar em línguas”.8 Na bênção
dada a Whitney, Joseph Smith Sr. lhe prometeu o “dom de cantar de forma
inspiradora”. Joseph Smith Jr. disse que ela nunca perderia esse dom se o
usasse com sabedoria.9 Depois de receber essa bênção, Whitney cantou em
línguas e sua canção foi interpretada por Pratt. As palavras de sua canção
foram interpretadas por Pratt e registradas por um escrevente desconhecido.
Whitney guardou a cópia original, que foi publicada muitos anos mais tarde
no Woman’s Exponent.10 Sua canção reproduzida aqui sobre Adão-ondi-Amã
exemplifica a forma do discurso carismático do século 19. A métrica e o tema
são similares aos do hino de William W. Phelps: “Adão-ondi-Amã”.11

NOS DIAS ANTIGOS vivia um homem,


Em meio a um agradável jardim,
Onde lindas flores imortais floresciam
E espalhavam um agradável perfume
Eis que seu nome era Adão.

Um dos nobres da terra.


Poderoso para abençoar;
Tendo recebido o sacerdócio, partiu12
Abençoou sua semente e a terra
Para que a possuíssem.13
Ele os selou para a vida eterna.
Com todas as suas gerações
Que seguissem o plano do evangelho.
Até os anos finais dos homens —
Uma multidão de nações.

Isaque e Jacó, por sua vez,


Tinham o poder de abençoar seus filhos:14
Por isso, Jacó, por sua fé, aprendeu
E deu instruções aos seus
Para que fossem transmitidas a Canaã.15

Pelo mesmo Espírito, deu José


Uma grande e poderosa bênção
A Efraim e também a Manassés,16
Sua semente seria levada
Por distantes e angustiantes jornadas.

E, com semelhante fé, construíram um navio.


E cruzaram o poderoso oceano,17
Receberam uma terra escolhida e
Previram o nascimento do grande Messias,
E as grandes manifestações que seguiriam.18

********

O sagrado sacerdócio permaneceu


Com todo o poder e glória,
Até que os sacerdotes de Deus foram mortos,
Seus registros ocultados de homens iníquos
No Monte Cumora.

Seus remanescentes mergulharam em pesar.


Tornaram-se um povo decaído.
Condenados à miséria e aos infortúnios,
Seus lindos campos cobertos na escuridão,
Governados por nações dos gentios.

Mas agora o sacerdócio está restaurado,19


E partilhamos de suas bênçãos;
Nossos queridos pais e filhos
Como a última geração de José,
Receberão sua herança.

Assim como Adão, sua família, abençoou


Em Adão-ondi-Amã.20
Assim também nossos antigos pais abençoem
Sua semente que vive em retidão.
Na terra de Sião.21

Elizabeth Ann Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s
Exponent, 7, nº 11, 1º de novembro de 1878, p. 83.

_________________________
^1. Elizabeth Ann Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s
Exponent, 7, nº 6, 15 de agosto de 1878, p. 41; Emmeline B. Wells, “Elizabeth Ann Whitney”,
Woman’s Exponent, 10, nº 20, 15 de março de 1882, pp. 153–154; Edward W. Tullidge, The
Women of Mormondom [As Mulheres do Mormonismo], Nova York: Tullidge and Crandall, 1877,
pp. 32–34.
^2. Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s Exponent, 7,
nº 7, 1º de setembro de 1878, p. 51; Wells, “Elizabeth Ann Whitney”, pp. 153–154; Tullidge,
Women of Mormondom [As Mulheres do Mormonismo], p. 41.
^3. Tullidge, Women of Mormondom [As Mulheres do Mormonismo], pp. 41–42.
^4. Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s Exponent, 7,
nº 7, 1º de setembro de 1878, p. 51; Wells, “Elizabeth Ann Whitney”, p. 153.
^5. Ver Marcos 16:17–18; 1 Coríntios 12:1–11; Doutrina e Convênios 46; e Richard Lyman Bushman,
Joseph Smith: Rough Stone Rolling [Joseph Smith: Uma Pedra Bruta], Nova York: Alfred A.
Knopf, 2005, pp. 147–152; ver também Nathan O. Hatch, The Democratization of American
Christianity [A Democratização do Cristianismo Americano], New Haven, CT: Yale University
Press, 1989, pp. 50–55; e Michael Hicks, Mormonism and Music: A History [Mormonismo e
Música: Uma história], Urbana: University of Illinois Press, 1989, p. 35.
^6. Tullidge, Women of Mormondom [As Mulheres do Mormonismo], pp. 208–209; Hicks, Mormonism
and Music [Mormonismo e Música], pp. 35–39; Linda King Newell, “Gifts of the Spirit: Women’s
Share” [Dons do Espírito: A participação das mulheres], em Sisters in Spirit: Mormon Women in
Historical and Cultural Perspective [Irmãs no Espírito: Mulheres mórmons na perspectiva
histórica e cultural], Urbana: University of Illinois Press, 1987, pp. 111–150.
^7. “Elizabeth Ann Whitney”, Bênçãos patriarcais, 1833–2011, Biblioteca de História da Igreja;
Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de biografia], Woman’s Exponent, 7, nº
11, 1º de novembro de 1878, p. 83; Parley P. Pratt, The Autobiography of Parley Parker Pratt [A
Autobiografia de Parley Parker Pratt], editor Parley P. Pratt Jr., Nova York: Russell Brothers,
1874, p. 140. Os santos se reuniam com frequência em grupos para receber as bênçãos patriarcais.
Em Kirtland, essas reuniões aconteciam nas casas ou no templo (Irene M. Bates e E. Gary Smith,
Lost Legacy: The Mormon Office of Presiding Patriarch [Legado Perdido: O ofício mórmon do
patriarca presidente], Urbana: University of Illinois Press, 1996, pp. 38–39).
^8. Pratt, Autobiography of Parley P. Pratt [A Autobiografia de Parley P. Pratt], p. 141.
^9. Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s Exponent, 7,
nº 11, 1º de novembro de 1878, p. 83; Wells, “Elizabeth Ann Whitney”, pp. 153–154. Whitney
cantou de “modo inspirador” por toda a sua vida, às vezes exercendo o dom de línguas. Em 1854,
Wilford Woodruff registrou um exemplo disso: “A irmã Whitney cantou, por meio do dom de
línguas, no puro idioma falado por Adão e Eva no Jardim do Éden. Esse dom lhe foi prometido por
Joseph, em Kirtland. Ele disse que, se ela ficasse em pé naquela reunião, ela falaria no idioma puro.
Ela se levantou e imediatamente começou a cantar em línguas. Foi a música mais celestial que já
ouvi em minha vida” (Wilford Woodruff, Diário, 3 de fevereiro de 1854, Biblioteca de História da
Igreja; ver também, por exemplo, Wells, “Elizabeth Ann Whitney”, pp. 153–154; e Eliza R. Snow,
The Personal Writings of Eliza Roxcy Snow [Os Escritos Pessoais de Eliza Roxcy Snow], editora
Maureen Ursenbach Beecher, Logan: Utah State University Press, 2000, 3 de junho de 1846, p.
135).
^10. [Elizabeth Ann Whitney], “A Leaf from an Autobiography” [Uma página de autobiografia],
Woman’s Exponent, 7, nº 11, 1º de novembro de 1878, p. 83. O conceito do idioma puro de Adão
vem do relato sobre a Torre de Babel e sua preservação pelo irmão de Jarede, conforme descrito em
Éter 1:33–37; ver também Gênesis 11:1–9 (Samuel Brown, “Joseph [Smith] in Egypt: Babel,
Hieroglyphs, and the Pure Language of Eden” [Joseph [Smith] no Egito: Babel, hieróglifos e o
idioma puro do Éden], Church History 78, nº 1, março de 2009, pp. 26–65).
^11. O sumo conselho de Kirtland, incluindo William W. Phelps, reuniu-se no mesmo dia em que
Whitney proferiu essas palavras e discutiu a compilação do hinário feita por Emma Smith (criado
com a ajuda de Phelps, como editor). O hino de Phelps, “Adão-ondi-Amã”, foi publicado no hinário
de 1835 e cantado na dedicação do Templo de Kirtland (Atas, 14 de setembro de 1835, em
Matthew C. Godfrey, Brenden W. Rensink, Alex D. Smith, Max H Parkin e Alexander L. Baugh,
editores, Documentos, volume 4: abril de 1834 a setembro de 1835, vol. 4 da série de documentos
The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], editor Ronald K. Esplin, Matthew J. Grow e
Matthew C. Godfrey, Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 412–415; Emma Smith,
editor, A Collection of Sacred Hymns, for the Church of the Latter Day Saints [Uma Coletânea de
Hinos Sagrados de a Igreja dos Santos dos Últimos Dias], Kirtland, OH: F. G. Williams, 1835, nº
23, pp. 29–30).
^12. Joseph Smith ensinou que “o sacerdócio foi inicialmente conferido a Adão” (Joseph Smith,
Relatório de Instruções, julho de 1839, em Willard Richards Pocket Companion, p. 63, Biblioteca
de História da Igreja, acessado em 6 de setembro de 2016, josephsmithpapers.org; ver também
Doutrina e Convênios 78:15–16).
^13. Ver Doutrina e Convênios 107:40–42, 53.
^14. Ver Gênesis 27:23–29; 28:1–4; 48:9–15.
^15. Ver Gênesis 47:29–30; 50:5, 13.
^16. Ver Gênesis 48:5, 13–20.
^17. O Livro de Mórmon narra que Leí, um descendente de José do Egito, viajou de navio com a
família para o continente americano (ver 1 Néfi 17–18).
^18. Ver Helamã 14:2–6, 14, 20–28; e 3 Néfi 1:15–20; 8:1–25.
^19. Oliver Cowdery para W. W. Phelps, Latter Day Saints’ Messenger and Advocate, 1, nº 1, outubro
de 1834, pp. 15–16; Joseph Smith—History, vol. 1, pp. 71–72.
^20. Na primavera de 1835, Joseph Smith descreveu o vale de Adão-ondi-Amã como o local onde
Adão deu “a última bênção” a seus filhos. Em 1838, Smith especificou o local de Adão-ondi-Amã
como sendo no Missouri. (“Adão-ondi-Amã”, acesso em 4 de outubro de 2016,
josephsmithpapers.org).
^21. Doutrina e Convênios 116:1.
—————————— 3 ——————————

Faremos algo extraordinário

Emma Hale Smith


Sociedade de Socorro de Nauvoo.
Nauvoo, Illinois
1842–1844
Emma Hale Smith (1804–1879) conheceu o marido, Joseph Smith, quando
este estava hospedado na fazenda de seus pais em Harmony, Pensilvânia.
Eles se casaram no dia 18 de janeiro de 1827.1 Lucy Mack Smith, a sogra de
Emma, fez o seguinte elogio sobre ela: “Eu nunca vi uma mulher em toda a
minha vida que suportasse toda a espécie de fadiga e dificuldade, meses, anos
a fio, com uma coragem inabalável, com o zelo e a paciência com que ela o
fez”.2 Emma Smith trabalhou por um curto período como escrevente na
tradução do Livro de Mórmon e ajudou o marido de outras maneiras.3 Por
exemplo, ela ajudou a preparar os primeiros missionários para o serviço e se
reuniu com outras mulheres para orar em favor de Joseph Smith em Nova
York.4 Anos mais tarde, ela entregou uma petição ao governador de Illinois,
assinada por aproximadamente mil mulheres de Nauvoo, Illinois, pedindo
proteção para o marido.5 Ela abriu as portas de seu lar para os doentes, órfãos
e outros visitantes.6 Emma Smith foi mãe de 11 filhos, sendo nove biológicos
e dois adotivos. Quatro de seus filhos morreram logo após o nascimento e
dois morreram ainda bebês.7
No início de julho de 1830, logo depois do batismo de Emma Smith,
Joseph Smith ditou uma revelação dirigida à esposa, conhecida como a seção
25 de Doutrina e Convênios. A revelação descrevia Emma Smith como “uma
mulher eleita, a quem chamei” e falava que ela seria “ordenada (…) para
explicar as escrituras e exortar a igreja, conforme [te] for revelado”.8 Suas
responsabilidades aumentaram ainda mais quando foi eleita presidente da
Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo, em 17 de março de 1842. Na
primeira reunião da organização, Joseph Smith leu a revelação recebida em
1830, explicando que, na época em que ela foi dada, “a presidente” Smith
havia sido “ordenada (…) para explicar as escrituras a todos e ensinar a parte
feminina da comunidade”. Ele prosseguiu comparando Emma Smith à
“mulher eleita” mencionada no Novo Testamento.9 John Taylor chamou
Emma de “mãe em Israel” e a instruiu a cuidar dos necessitados e ser um
“padrão de virtude”, a “presidir e dignificar seu ofício” ensinando princípios
corretos.10 Embora Emma Smith tenha se reunido com a sociedade somente
12 vezes em 1842 e quatro vezes em março de 1844, sua liderança foi
fundamental para a formação da organização. No início da Sociedade de
Socorro, as mulheres santos dos últimos dias não eram registradas
automaticamente — elas tinham que se inscrever para provar que eram
dignas e que estavam comprometidas com a Igreja. Emma liderou os esforços
de registro de membros na sociedade, incentivou a união e instruiu as
mulheres na compaixão e no cuidado com os pobres. A fala pública de Emma
Smith estabeleceu um padrão para as mulheres santos dos últimos dias, que
consideravam a revelação de 1830 — que declarava que a exortação de
Emma também era a “voz do Senhor para todos” — como justificativa para
seus próprios ministérios.11
Emma Smith cumpriu também sua responsabilidade de “andar nos
caminhos da virtude”, conforme instruído na revelação de 1830.12 Os
movimentos a favor da pureza nacional e os grupos de reforma moral,
formados naquela época por mulheres de todo o país, trabalhavam para
instilar a virtude e para defender a castidade e a fidelidade conjugal.13 A
Sociedade de Socorro deu a Emma Smith um espaço público para fazer
campanha em defesa da virtude e promover a reforma moral. Na mesma
época, Joseph Smith estava apresentando o princípio do casamento plural a
um pequeno grupo de santos dos últimos dias.14
Enquanto a Sociedade de Socorro de Nauvoo funcionava como um
grupo de debates e não como uma reunião para discursos tradicionais, as
palavras de Emma Smith, que estão publicadas aqui, mostram sua liderança.
Mesmo na última reunião da Sociedade de Socorro de Nauvoo, Emma
manteve seu senso de autoridade espiritual, exortando as mulheres a se
arrependerem, a fortaleceram umas às outras e a praticarem a caridade.15

[17 de março de 1842]


EMMA SMITH DECLAROU que faremos algo extraordinário". Quando um
barco estiver preso nas corredeiras, com uma multidão de membros a bordo,
devemos considerar isso" um grito de socorro".16 Esperamos ocasiões
extraordinárias e chamados urgentes. (…)
A presidente Emma Smith se levantou e continuou a fazer observações
apropriadas sobre o objetivo da sociedade, sobre os deveres para com as
outras pessoas; também sobre os deveres de umas com as outras, isto é, de
procurar e aliviar os aflitos; de que todas deveriam ter a ambição de fazer o
bem; de que deveriam ser verdadeiras umas com as outras, zelar pela moral e
ter muito cuidado com o caráter e a reputação dos membros dessa sociedade,
etc. (…)

[24 de março de 1842]


A presidente Emma Smith se levantou e disse que as medidas que
promovem a união nessa sociedade devem ser cuidadosamente observadas.
Que cada membro da sociedade deve gozar da amizade das demais. Como
sociedade, esperava que elas se despojassem de todos os sentimentos de
inveja e maldade que porventura existissem entre as irmãs. Que a conduta
seja respeitosa aqui e em todos os lugares. Ela disse que se regozijava com a
perspectiva que via diante dela. (…)
A presidente Emma Smith disse que ninguém precisa se sentir
constrangida com as perguntas sobre essa sociedade. Não há nada
confidencial sobre ela. Seus objetivos são puramente benevolentes (…) e
caridosos: ninguém pode se opor a falar o bem e a impedir o mal. Ela
esperava que todas se sentissem comprometidas a observar essa regra. (…)
Ela disse que é dever de cada pessoa verificar as condições dos pobres e
relatar o verdadeiro estado em que se encontram. (…) Devemos ajudar umas
às outras dessa maneira. (…)
[31 de março de 1842]
A presidente Emma Smith disse que vamos aprender coisas novas.
Nosso caminho é reto. Disse que não queremos nesta sociedade senão
aquelas que podem" e estão" determinadas a andar retamente e a fazer o bem.
(…)

[14 de abril de 1842]


A presidente Emma Smith se levantou e conduziu a reunião. (…) O
desejo dela era o de fazer o bem e de que todas as mulheres dessa sociedade a
ajudassem. Disse ser necessário começar entre nós, erradicando todo o mal de
nosso próprio coração, advertindo àquelas que desejam se juntar a nós, que
planejem se livrar de tudo que for errado e se unam para expor e colocar de
lado toda iniquidade. Ela disse que a sociedade tem outras obrigações além
de cuidar das necessidades dos pobres. Exortou as mulheres a se
comportarem de tal maneira a terem a honra de começar e realizar um bom
trabalho. Reforçou a necessidade de agirmos de maneira a obter a aprovação
formal de Deus. (…)
A presidente Smith, então, solicitou aos presentes que apresentassem as
necessidades dos pobres para serem discutidas.

[19 de maio de 1842]


A sra. presidente continuou exortando a todas que cometeram erros que
se arrependam e abandonem seus pecados. Disse que as forças de Satanás
lutam contra essa Igreja. Que todos os santos devem cumprir seus deveres.
(…)

[27 de maio de 1842]


A presidente Emma Smith se levantou e se dirigiu à congregação. (…)
Ela disse que todas devem receber sua própria graça, etc. (…) Reforçou a
necessidade de sermos unidas em fazer o bem aos pobres. (…)

23 de junho de 1842.
A sra. presidente disse que se alegrou ao ver a crescente união da
sociedade". Ela espera que vivamos retamente diante de Deus, do mundo e
entre nós. Disse que somente precisamos temer a Deus e guardar os
mandamentos e, se assim fizermos, teremos prosperidade.

[4 de agosto de 1842]
A sra. presidente se levantou e falou para a sociedade sobre a
necessidade de sermos unidas. Disse que teremos dificuldades externas
suficientes para ficar suscitando contendas, dificuldades e sentimentos
malignos entre nós, etc.
Podemos governar esta geração de uma forma ou de outra. Se não for
pelo braço forte, podemos fazê-lo pela fé e pela oração.17 Ela disse que
acredita que não seremos compelidas se procurarmos viver retamente.18
A sra. presidente continuou dizendo que Deus sabe que temos um
trabalho a ser realizado neste lugar. Precisamos vigiar e orar e ser cuidadosas
para não incitar sentimentos ruins e criar inimigos entre nós, etc.

[16 de março de 1844]


A sra. presidente se levantou e falou sobre a necessidade de sermos
unidas e fortalecermos umas às outras para que possamos fazer o bem entre
os pobres. (…) Precisamos nos revestir com o manto da caridade para
proteger os que se arrependem" e não" pecam" mais". (…) Ela nos
aconselhou a obedecer aos princípios contidos no Livro de Mórmon e em
Doutrina e Convênios. (…) Também nos exortou a cuidar dos pobres.
Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março
de 1842–16 de março de 1844, vol. 8, p. 126, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate
Holbrook, e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in
Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos
importantes da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s
Press, 2016, pp. 32–130. Caligrafia de Eliza R. Snow e Hannah M. Ellis. Título fornecido pelos
editores.

_________________________
^1. Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling [Joseph Smith: Uma pedra bruta],
Nova York: Knopf, 2005, p. 53.
^2. Lucy Mack Smith, History, 1845, p. 190, Biblioteca de História da Igreja.
^3. Mark L. Staker, “‘A Comfort unto My Servant, Joseph’: Emma Hale Smith, (1804–1879)” [Um
conforto para meu servo Joseph: Emma Hale Smith], em Women of Faith in the Latter Days
[Mulheres de Fé nos Últimos Dias], vol. 1, 1775–1820, editores Richard E. Turley Jr. e Brittany A.
Chapman, Salt Lake City: Deseret Book, 2011, pp. 353–356.
^4. Smith, History, 1845, pp. 189–190; John S. Reed, “Some of the Remarks of John S. Reed, Esq., as
Delivered before the State Convention” [Algumas observações de John S. Reed, Esq., como
proferidas antes da Convenção do Estado], Times and Seasons, vol. 5, nº 11, 1º de junho de 1844, p.
551.
^5. Nauvoo Female Relief Society, Petition to Governor Thomas Carlin [Sociedade de Socorro
Feminina de Nauvoo, petição ao governador Thomas Carlin], por volta de 22 de julho de 1842,
Biblioteca de História da Igreja, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook, e
Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day
Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes
da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016,
pp. 136–141.
^6. Lucy Mack Smith, History, 1844–1845, 18 livros, livro 14, p. 5; livro 15, p. 12, Biblioteca de
História da Igreja; Linda King Newell e Valeen Tippetts Avery, Mormon Enigma: Emma Hale
Smith [O Enigma Mórmon: Emma Hale Smith], 2ª ed., Urbana: University of Illinois Press, 1994,
pp. 84–90, 132.
^7. Staker, “A Comfort unto My Servant, Joseph” [Um Conforto para Meu Servo, Joseph], p. 345.
^8. Doutrina e Convênios 25:3, 7.
^9. Ver 2 João 1:1.
^10. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de
março de 1842, pp. 8–9, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 32–33.
“Presidentess” [Presidente] era um termo do século 19 também para indicar uma mulher. Para uma
explicação da palavra ordenada, ver Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxxi–
xxxiv.
^11. Doutrina e Convênios 25:16.
^12. Doutrina e Convênios 25:2.
^13. Mary P. Ryan, “The Power of Women’s Networks: A Case Study of Female Moral Reform in
Antebellum America” [O poder das redes de contato das mulheres: Um estudo de caso sobre a
reforma moral feminina na América pré Guerra Civil], Feminist Studies [Estudos feministas] 5, nº
1, 1º semestre de 1979, pp. 66–85; Lori D. Ginzberg, Women and the Work of Benevolence:
Morality, Politics, and Class in the Nineteenth-Century United States [Mulheres e a Caridade:
Moralidade, política e classes sociais nos Estados Unidos do Século 19], New Haven, CT: Yale
University Press, 1990, pp. 113–114.
^14. Ver Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 97–99, 142–144; Glen M.
Leonard, Nauvoo: A Place of Peace, A People of Promise [Nauvoo: Um Lugar de Paz, um Povo da
Promessa], Salt Lake City: Deseret Book, 2002, p. 226; Bushman, Rough Stone Rolling [Uma
Pedra Bruta], pp. 460, 494–499; e Newell e Avery, Mormon Enigma [O Enigma Mórmon], pp. 96,
142–147, 151–156.
^15. Naquela reunião, Emma Smith “exortou as mulheres a purificar o coração e a cuidar do que
ouvem. [Ela] também as incentivou a cuidar dos pobres (…) e disse que, se alguma vez houve
autoridade na Terra, ela a havia recebido e ainda a possuía” (Nauvoo Relief Society Minute Book
[Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 16 de março de 1844, pp. 125–126, em Derr e
outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 130–131).
^16. As “corredeiras” se referem ao Des Moines ou ao Lower Rapids, um trecho de 18 quilômetros do
rio Mississippi, ao norte de Keokuk, Iowa, onde o rio tem uma queda de cerca de sete metros. Essas
corredeiras ficavam intransitáveis para os barcos a vapor durante os meses de seca e eram
potencialmente traiçoeiros em muitos outros meses (Louis C. Hunter, Steamboats on the Western
Rivers: An Economic and Technological History [Barcos a Vapor nos Rios Ocidentais: Uma
história econômica e tecnológica], Nova York: Dover, 1993, p. 188).
^17. Ver Deuteronômio 9:29; e Doutrina e Convênios 123:6.
^18. Esta pode ser uma referência aos santos expulsos do Missouri em 1839 e a esperança de que
também não seriam expulsos de seu novo local de moradia em Nauvoo.
—————————— 4 ——————————

Segundo a ordem do céu

Sarah Cleveland, Elizabeth Ann Whitney, Presendia


Buell, Lucy Mack Smith, Elizabeth Durfee, Eliza R. Snow
e Patty Sessions
Sociedade de Socorro de Nauvoo.
Lodge Room, Loja de Tijolos Vermelhos, Nauvoo, Illinois
19 de abril de 1842
Vinte mulheres se reuniram para a primeira reunião da Sociedade de Socorro
no dia 17 de março de 1842 e, na segunda reunião, a presidente Emma Hale
Smith ensinou essas mulheres a “promoverem a união dentro desta
sociedade”, incentivando todas que desejassem se unir a ela.1 As
conselheiras, Sarah Marietta Kingsley Howe Cleveland (1788–1856) e
Elizabeth Ann Smith Whitney (1800–1882) e a secretária Eliza Roxcy Snow
(1804–1887) contribuíram para o espírito inclusivo e acolhedor da sociedade.
Na quinta reunião, realizada no dia 19 de abril de 1842, havia 158 membros,
incluindo Lucy Mack Smith (1775–1856), Elizabeth Davis Goldsmith
Brackenbury Durfee (1791–1876), Martha “Patty” Bartlett Sessions (1795–
1892), Abigail Calkins Leonard (1795–1880) e outras que participaram dos
debates, dos testemunhos e dos serviços.2
Algumas mulheres que viviam fora de Nauvoo, Illinois, tinham ouvido
sobre a organização e desejavam fazer parte dela. Presendia Lathrop
Huntington Buell (1810–1892), por exemplo, morava em Lima, Ohio, cerca
de 48 quilômetros ao sul.3 Ela viajou até Nauvoo, onde sua irmã, Zina D.
Huntington Jacobs [Young], morava para participar da Sociedade de Socorro
e recebeu as boas-vindas das irmãs como novo membro da sociedade.4
Posteriormente, outros grupos da Sociedade de Socorro se reuniam em
cidades vizinhas.5 A Sociedade de Socorro tinha um local central onde as
mulheres se reuniam a despeito de onde morassem, da idade e da situação
socioeconômica. Lucy Mack Smith “alegrou-se em ver o que estava
acontecendo. Quando ela entrou e viu as irmãs, sentiu-se profundamente
interessada. [Ela] chorou (…) [e] desejou que o Senhor abençoasse e ajudasse
a sociedade a fim de que pudessem alimentar os famintos, vestir os nus (…)
[e] se sentiu compelida a orar para que as bênçãos do céu repousassem sobre
a sociedade”.6
Joseph Smith ensinou à Sociedade de Socorro que essa instituição
seguia a mesma ordem antiga existente nos tempos do Velho e do Novo
Testamento.7 Conforme comprovado nessa reunião do dia 19 de abril, as
mulheres da Sociedade de Socorro exerceram os dons do Espírito,
acreditando que esses dons faziam parte da restauração do evangelho de Jesus
Cristo.8 Algumas falaram em línguas, enquanto outras as interpretaram. Elas
deram e receberam bênçãos de saúde e conforto, o que permitiu que
participassem em rituais sagrados e que estreitassem seus laços de amizade.9
Conforme mencionado nessa reunião, essas experiências contribuíram para
que o “Espírito do Senhor fosse derramado sobre a sociedade”. A reunião da
Sociedade de Socorro era um evento participativo, consistindo mais de
debates do que de lições ou discursos formais. Muitas mulheres falaram. O
testemunho público e as bênçãos pessoais dessas mulheres revelam o alívio
emocional que encontraram no serviço e na comunhão.

UMA REUNIÃO ESPECIAL da sociedade, que fora agendada previamente


de comum acordo, foi presidida pela conselheira [Sarah] Cleveland, pois a
presidente Emma Smith não estava presente.10
A reunião começou com um hino. A oração foi oferecida pela
conselheira Cleveland. O coro apresentou um hino. (…)
Em seguida, a conselheira Cleveland se levantou e se dirigiu à
congregação, dizendo que a reunião tinha sido especialmente convocada para
o ingresso da sra. Buell, que residia longe e fora privada dos mesmos
privilégios das irmãs em Nauvoo, e que ela desejava se tornar membro dessa
sociedade. Não havia muitos assuntos a serem tratados, portanto poderiam
passar o tempo em exercícios religiosos perante o Senhor. Ela falou sobre a
felicidade que sentia na atual associação de mulheres e fez comentários muito
apropriados sobre os deveres e as perspectivas da sociedade, que foi
organizada segundo a ordem do céu, etc.11
A conselheira Elizabeth Whitney também fez comentários muito
interessantes e incentivou todas as presentes a expressarem livremente os
seus sentimentos.
A sra. Buell se levantou e disse que se alegrava com a oportunidade de
falar e que considerava isso um privilégio. Ela sentiu o Espírito do Senhor na
sociedade e se alegrou por se tornar um membro embora residisse longe e não
pudesse comparecer às reuniões.
A loja de tijolos vermelhos de Joseph Smith. Por volta de 1885–
1886. A reunião de fundação da Sociedade de Socorro Feminina de
Nauvoo ocorreu no segundo andar dessa loja de produtos secos,
em 17 de março de 1842. A loja de tijolos vermelhos era o local
onde as mulheres se reuniam e compartilhavam suas necessidades,
preocupações e o ministério espiritual. Fotografia por Brigham H.
Roberts. (Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City)

A mãe Smith falou com sincero pesar por sua situação solitária e de seus
sentimentos enquanto refletia sobre a preocupação do pai Smith com as irmãs
quando na vida ele presidia as reuniões.12
A sra. Durfee prestou testemunho da grande bênção que recebeu, ao
término da última reunião, por meio da presidente Emma Smith e de suas
conselheiras Sarah Cleveland e Elizabeth Whitney.13 Ela disse que nunca
antes fora tão beneficiada pela ministração, que estava curada e que achava
que as irmãs tinham mais fé do que os irmãos.
A srta. Snow, depois de fazer alguns comentários sobre a sociedade,
sobre a importância de agir com sabedoria e de andar com humildade perante
Deus, etc., disse que tinha uma bênção para a sra. Buell por ela ter se tornado
membro da sociedade. Assim como o caráter de uma pessoa influencia cada
membro do grupo, desejava que o Espírito do Senhor, que permeia essa
sociedade, derrame-Se sobre ela. Ela o sentirá e se alegrará e será abençoada
onde estiver, pois o Senhor abrirá um caminho para que ela seja um
instrumento para realizar muitas coisas. Por meio de seus próprios esforços e
com a orientação de outros, ela será capaz de contribuir muito com o fundo
da sociedade. Ela aquecerá o coração dos que estão frios e adormecidos e será
um instrumento para realizar muita retidão.
A sra. Leonard, a conselheira Whitney e a conselheira Cleveland
prestaram testemunho das verdades que a srta. Snow disse para a sra. Buell.
A conselheira Cleveland afirmou que sentiu muitas vezes em seu
coração o que não poderia expressar em seu próprio idioma e, como o profeta
lhes havia dado a liberdade de aprimorar os dons do evangelho em suas
reuniões e sentir o poder sobre elas, desejava falar no dom de línguas, o que
ela fez de maneira poderosa.14
A sra. Sessions se levantou e traduziu o que a conselheira Cleveland
havia falado em um idioma desconhecido. Ela disse que o Senhor estava
satisfeito com essa sociedade e que, se fossem humildes e fiéis, o Senhor
daria liberalmente a todos os membros o dom da profecia. Que, quando a
conselheira Cleveland colocou as mãos sobre a cabeça da irmã Snow, disse
que não somente ela, mas todas também teriam o Espírito. Que a conselheira
Cleveland se dirigiu para a mãe Smith e disse que as orações do pai Smith
estavam agora sendo respondidas sobre os membros da sociedade. Que os
dias da mãe Smith seriam prolongados e ela se reuniria muitas vezes na
sociedade, que desfrutaria da associação com as irmãs e depois seria coroada
como a mãe dos que se provarem fiéis, etc.15
A reunião foi muito interessante, quase todas as que estavam presentes
se levantaram e falaram e o Espírito do Senhor, como uma fonte de água
purificadora, revigorou-lhes o coração.
A sra. Mary Smith indicou Elizabeth Eaton para coordenar o trabalho de
costura da sociedade por causa de sua habilidade com bordados.
A reunião terminou com uma oração oferecida pela mãe Smith e um
hino pelo coro. Em seguida, a sra. Leonard recebeu uma bênção das
conselheiras Cleveland e Whitney para que sua saúde fosse restabelecida.
Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 19 de abril de
1842, pp. 30–33, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook, e Matthew J. Grow,
editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History
[Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres
santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 49–52. Caligrafia de Eliza
R. Snow. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de
março de 1842, p. 6; 24 de março de 1842, p. 15, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen,
Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents
in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro:
Documentos importantes da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church
Historian’s Press, 2016, pp. 30, 37.
^2. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de
março–19 de abril de 1842, pp. 6–26, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos],
pp. 30–47.
^3. Presendia Lathrop Huntington Kimball, “A Brief Sketch of the Life of Presendia Lathrop
Huntington Kimball” [Um Breve Esboço da Vida de Presendia Lathrop Huntington Kimball], 16 de
abril de 1881, p. 2, Biblioteca de História da Igreja.
^4. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 19 de
abril de 1842, pp. 31–32, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 50–51.
^5. Outros grupos da Sociedade de Socorro podem ter funcionado em Macedônia, La Harpe e Lima,
Illinois (Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of
Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A história da Sociedade de
Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, p. 35).
^6. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de
março de 1842, p. 17, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 38.
^7. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 31 de
março de 1842, p. 22, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 43; ver
também Êxodo 19:6 e Apocalipse 1:6.
^8. Para mais informações sobre os dons espirituais e a Sociedade de Socorro, ver Derr e outros, First
Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxi–xxv.
^9. Jonathan A. Stapley e Kristine Wright, “Female Ritual Healing in Mormonism” [Rituais de Cura
das Mulheres no Mormonismo], Journal of Mormon History, p. 37, n. 1, inverno de 2011, pp. 1–85
^10. Essa reunião ocorreu no andar superior da loja de tijolos vermelhos de Joseph Smith, também
conhecida como Lodge Room, porque ali também foram realizadas algumas reuniões do Ramo
Maçônico de Nauvoo. Não se sabe por que Emma Smith não estava presente nessa reunião em
particular. Na ausência de Emma Smith, de acordo com o procedimento parlamentar, as
conselheiras presidiam e dirigiam a reunião (Andrew H. Hedges, Alex D. Smith e Richard Lloyd
Anderson, editores, Journals [Diários], volume 2: dezembro de 1841–abril de 1843, vol. 2 da série
de diários do The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], editores Dean C. Jessee,
Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2011, 17
de março de 1842, p. 45).
^11. Sarah M. Kimball relatou posteriormente que a sociedade foi organizada “segundo o modelo, ou a
ordem, do sacerdócio” (Sarah M. Kimball, “First Organisation” [Primeira organização], por volta
de junho de 1880, em “Relief Society Record, 1880–1892” [Registros da Sociedade de Socorro], p.
5, Biblioteca de História da Igreja).
^12. Joseph Smith Sr. foi ordenado como patriarca em dezembro de 1834, em Kirtland, Ohio, e presidia
com frequência as reuniões de bênçãos, nas quais as pessoas se reuniam para receber a bênção
patriarcal. Joseph Smith Sr. morreu em 14 de setembro de 1840, em Nauvoo (ver Dean C. Jessee,
Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen, editores, Journals [Diários], volume 1: 1832–1839, vol.
1 da série de diários de The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], editor Dean C. Jessee,
Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2008, pp.
139, 440).
^13. Para informações adicionais sobre as práticas de cura realizadas pelas mulheres no século 19, veja
Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxi–xxv; e “Ensinamentos de Joseph
Smith sobre o sacerdócio, o templo e as mulheres”, Tópicos do Evangelho, acesso em 2 de maio de
2016, no site LDS.org.
^14. Em março de 1831, Joseph ditou uma revelação explicando a diversidade de dons do Espírito, na
qual se falava sobre os dons de falar e interpretar línguas. Joseph Smith participou da reunião da
Sociedade de Socorro subsequente, em 28 de abril de 1842, e deu instruções adicionais sobre o uso
do dom de línguas (Revelação, Kirtland, Ohio, por volta de 8 de março de 1831, em Michael
Hubbard MacKay, Gerrit J. Dirkmaat, Grant Underwood, Robert J. Woodford e William G.
Hartley, editores, Documentos, volume 1: julho de 1828–junho de 1831, vol. 1 da série de
documentos dos The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], editores Dean C. Jessee,
Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2013, pp.
280–283; Doutrina e Convênios 46; Nauvoo Relief Society Minute Book, [Livro de atas da
Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de abril de 1842, pp. 40–41, em Derr e outros, First Fifty
Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 59).
^15. Antes de morrer, Joseph Smith Sr. abençoou a esposa com uma vida longa: “Você deve
permanecer para confortar nossos filhos depois que eu partir, então não chore e tente se sentir
confortada. Seus últimos dias serão os melhores dias”; ela faleceu 14 anos depois, em 14 de maio
de 1856 (Lucy Mack Smith, History [História], 1844–1845, 18 livros, lv. 18, p. 9, Biblioteca de
História da Igreja).
—————————— 5 ——————————

Este evangelho de boas-novas a todos

Lucy Mack Smith


Conferência geral
Terreno do templo, Nauvoo, Illinois
8 de outubro de 1845

Alguns meses após a morte de seus filhos Joseph, Hyrum e Samuel, Lucy
Mack Smith (1775–1856) começou a ditar a história de sua vida e de sua
família.1 Aos 69 anos, com problemas de saúde, ela sentia ser “um privilégio
e meu dever (…) fazer um relato, como o meu último testemunho para o
mundo, de onde partirei em breve”.2 Com a memória debilitada e permeada
pela indignação e tristeza, às vezes ela apresentava uma “cronologia confusa
e informações incompletas”; no entanto, o relato de Lucy Smith revela sua
personalidade, suas atitudes, emoções, crenças e a compreensão que tinha do
papel de Joseph Smith como profeta.3 Lucy Smith dedicou o verão de 1845
às revisões finais de seu manuscrito, que foi concluído em outubro, quando
anunciou o projeto publicamente na conferência geral.4 Sua narrativa
esclareceu a maior história institucional dos santos dos últimos dias.5
Ela sentia uma necessidade premente de testemunhar e falava com
frequência em público, fazendo um relato, em primeira mão, de muitos
eventos na história da Igreja. “Contei muitas coisas relativas a esses eventos
para satisfazer a curiosidade de diversas pessoas — de fato, quase destruí
meus pulmões contando essas histórias para os que se sentiam ansiosos para
ouvi-las”, escreveu ela ao filho William.6 Na reunião da Sociedade de
Socorro, em 31 de março de 1842, ela “queria prestar seu testemunho de que
o Livro de Mórmon é o livro de Deus, que Joseph é um homem de Deus, um
profeta do Senhor escolhido para liderar o povo. Se observarmos suas
palavras, ficaremos bem; se vivermos retamente na Terra, ficaremos bem na
eternidade”.7 Em 23 de fevereiro de 1845, ela falou em outra reunião pública,
descrevendo as “provações e os problemas pelos quais passou enquanto
ajudava a estabelecer a Igreja de Cristo, e as perseguições e aflições” que
vivenciou com o assassinato de seus filhos, Joseph e Hyrum, no ano anterior.
Hosea Stout registrou que aqueles que a ouviram falar “ficaram
profundamente comovidos com as observações desta ‘mãe’ entre as ‘mães
em Israel’, pois ela lhes falou com profundo pesar e com o coração partido
em razão dos problemas que enfrentara”.8
A idade avançada de Lucy Smith e os crescentes problemas de saúde a
impediam de participar das atividades que ela desfrutara anteriormente. Na
segunda reunião da Sociedade de Socorro, em março de 1842, ela chorou e
disse às mulheres que “estava avançada em anos e não poderia ficar muito
tempo”. Algumas semanas mais tarde, ela “falou com sincero pesar por sua
situação solitária” e também compartilhou repetidamente seu testemunho,
mesclado com sua história.9 Os santos cuidaram dela quando ficou viúva.
Após o assassinato de Joseph e de Hyrum Smith pelas turbas, em junho de
1844, Sarah M. Kimball, membro da Sociedade de Socorro, visitou a mãe
Smith para oferecer-lhe consolo, permitindo-lhe testificar sobre a inocência
de seus filhos.10 Wilford Woodruff abençoou Lucy Mack Smith em 23 de
agosto de 1844, referindo-se a ela como “a mais notável mãe em Israel”. Ele
disse: “Tu viveste e suportaste a morte de teus filhos pela fúria das mãos dos
gentios e, como uma rocha impenetrável no meio do profundo abismo,
permaneceste inamovível até que Deus te concedeu, de acordo com os
desejos do teu coração, ver as chaves do reino de Deus nas mãos de tua
posteridade”.11 Em 9 de julho de 1845, os bispos Newel K. Whitney e
George Miller ofereceram um jantar público para os membros da família
Smith, incluindo Lucy e Emma Hale Smith.12 Brigham Young prometeu
cuidar de Lucy Mack Smith enquanto os santos se preparavam para deixar
Nauvoo, Illinois, em direção ao Oeste, mas ela permaneceu em Nauvoo com
três filhas e com a nora Emma.13
A mãe Smith tinha 70 anos quando discursou em uma conferência geral,
realizada no Templo de Nauvoo.14 A conferência ocorreu em meio à
violência contra os santos dos últimos dias, em áreas fora de Nauvoo, durante
o mês anterior. Brigham Young havia aceitado publicamente que os santos
deixassem Nauvoo na próxima primavera.15 Na conferência, Brigham Young
e outros líderes falaram sobre o êxodo que se aproximava. Em 8 de outubro
de 1845, o último dos três dias de conferência, Lucy Smith pediu para subir
ao púlpito para dar uma resposta à discussão sobre a ida para o Oeste. De
acordo com o jornal da Igreja, Times and Seasons, “ela falou por um tempo
considerável e de modo audível, de forma a ser ouvida por grande parte da
vasta congregação”.16 Lucy Smith expressou suas crenças religiosas e
compartilhou seu testemunho ao mesmo tempo em que recontava eventos dos
primórdios da história da Igreja. Esse é o primeiro relato de uma mulher
falando em uma conferência geral.17

IRMÃOS E IRMÃS, tenho olhado à minha volta para esta congregação. Há


muito tempo tenho aguardado pelo momento em que o Senhor me daria
forças para olhar para vocês e para meus filhos.18 Sinto-me solene. Quero que
todos olhem para dentro de si mesmos e vejam por que vieram aqui, se
vieram para seguir a Cristo por um motivo bom ou ruim ou por qualquer
outro motivo. Quero lhes dar um conselho e quero ter um tempo para falar
sobre meu marido, Hyrum e Joseph. Quero dar a todos o meu conselho.
Brigham Young tem feito o trabalho e organizado todas as coisas. Por muito
tempo, tenho desejado lhes perguntar se vocês estão desejosos de receber
mercadoria roubada ou não.19 Quero saber se vocês acreditam em tais coisas.
Há algo que quero lhes falar — talvez tenhamos aqui 2 mil pessoas que
nunca conheceram o sr. Smith ou a minha família. Eu criei 11 filhos, sendo
sete meninos.20 Eu os criei no temor a Deus. Quando tinham 2 ou 3 anos, eu
lhes dizia que queria que amassem a Deus de todo o coração. Eu lhes ensinei
a praticarem o bem.
Convido todos vocês a fazer o mesmo. Deus nos dá nossos filhos e
somos responsáveis por eles. E faço uma advertência de que seja no temor de
Deus. Quero que ensinem suas criancinhas a temer a Deus. Quero que lhes
ensinem sobre José do Egito e todas as coisas e, quando eles tiverem 4 anos,
vão amar a leitura da Bíblia. Acredito que nunca houve uma família mais
obediente do que a minha e eu não precisava falar mais do que uma vez.
Coloquem seus filhos para trabalhar e os eduquem para o bem-estar deles.
Não deixem que eles fiquem soltos na rua.21 Se não consigo falar com poucos
milhares aqui, como poderei me reunir com milhões e lhes falar na glória
celestial? Quero que os rapazes se lembrem de que amo as crianças, os jovens
e a todos. Quero que eles sejam obedientes aos seus pais. Que sejam bons,
gentis e que quando estiverem sozinhos ajam da mesma maneira que agiriam
na presença de uma multidão. Eu os chamo de irmãos, irmãs e filhos e, se
vocês me consideram uma mãe em Israel, quero que digam isso. (O
presidente B. Young se levantou e disse: “Todos os que consideram mãe
Smith uma mãe em Israel se manifestem dizendo sim”. Brados em alta voz
disseram “Sim!”)22
Fiquei muito magoada ao ouvi-los dizer “velha mãe Smith” — “Lá vai a
velha mãe Smith.” Meus sentimentos ficaram profundamente feridos.
Quero lhes falar sobre a morte. No dia 22 de setembro passado, fez 18
anos que Joseph retirou as placas que estavam enterradas na terra; 18 anos na
última segunda-feira23 desde que Joseph Smith, o profeta do Senhor —
Era de manhã quando meu filho me procurou e me disse que havia
retirado as placas enterradas na terra. Ele disse: “Vá e conte para os três (da
família Harris) que retirei as placas da terra24 e quero que Martin me ajude.
Quero transcrever alguns caracteres e enviá-los a Nova York”.25
Tenho agora 70 anos de vida. Já faz 18 anos desde que comecei a
receber este evangelho de boas-novas a todos os povos.26 Tenho tudo isso em
um registro histórico e quero que este povo seja tão bom e tão gentil que
publique esses registros antes de partir para o Oeste.27 Martin Harris foi a
primeira pessoa que ajudou Joseph no trabalho de impressão do Livro de
Mórmon,28 pois o evangelho não poderia ser pregado até que o livro estivesse
pronto. Tínhamos somente a minha família e Martin Harris para fazer tudo
isso. Assim que eles começaram, o diabo começou a rugir e procurou destruí-
los. Mas, um pouco antes de sermos forçados a sair de casa, Joseph foi para a
Pensilvânia.29 Hyrum e Samuel tinham que cortar árvores o dia todo e, à
noite, retiravam a madeira para conseguir recursos e ajudar Joseph a publicar
o livro. Somente duas pessoas sustentavam a casa.30
Foi assim que começou e, agora, vejam o que uma congregação está
falando aqui sobre ir para o Oeste, isso pode ser fácil. Minha família foi
capaz de trabalhar e obter os recursos para imprimir o Livro de Mórmon. Não
desanimem e nem digam que não conseguem obter os vagões e as provisões.
Como disse Brigham, vocês devem fazer todas as coisas com honestidade ou
não chegarão lá.31 Se sentirem raiva, terão problemas.
Minha família trabalhou para conseguir imprimir o livro. O anjo do
Senhor lhes disse o que fazer. Eles começaram há 18 anos.
Milhares se filiaram à Igreja desde essa época e não conheceram Joseph,
Hyrum, [Don] Carlos ou William — todos eles morreram, menos William
que está desaparecido.32
Tenho três filhas em casa que nunca tiveram coisas de valor, mas
trabalharam para a Igreja.33 Depois que o livro foi impresso, Samuel levou
algumas cópias para vender e foi rejeitado três vezes.34 Ele foi até a casa do
irmão Green, um pregador metodista.35 Samuel lhe disse: “Gostaria de
comprar um livro?” A esposa do pastor perguntou: “O que é isso?” Samuel
respondeu: “É o Livro de Mórmon, que meu irmão Joseph traduziu de placas
que estavam enterradas”. Ela pediu ao marido, mas ele não comprou. Samuel
deixou um exemplar até retornar. Ele tinha que vendê-los para comprarmos
comida. Quero lhes contar isso para que não reclamem das dificuldades. Ele
foi até uma casa e ofereceu um livro em troca de comida.36 Ele procurou
novamente a irmã Green e ela disse que ele deveria pegar o livro de volta.
Samuel pegou o livro e ficou olhando para ela por um longo tempo.37
Posteriormente, ela me disse que nunca vira um homem com a aparência dele
e que sabia que ele tinha o Espírito de Deus. Ele disse: “O Espírito me
impede de levar esse livro”. Ela se ajoelhou e lhe pediu que orasse com ela.
Ela leu o Livro de Mórmon e se filiou à Igreja.38 Desse modo, o trabalho
começou para, em seguida, espalhar-se como uma semente de mostarda.39
Depois que a Igreja começou a crescer, fomos expulsos de um lugar para
outro, primeiro para Kirtland e, em seguida, para o Missouri.40 William e a
esposa de Samuel e outros ficaram doentes41 e eu estava cuidando de 20 ou
30 pessoas doentes durante os ataques.42 Eu me sentia forte e com saúde.
Naquela época, eu era capaz de cuidar de 30 pessoas doentes melhor do que
posso sentar em minha cadeira agora.
Enquanto estava doente, William teve uma visão de uma turba vindo até
nós. Ele contou que viu milhares deles chegando e disse: “Mãe, você será
levada e, se eu morrer, quero que cuide de minha esposa. Quero que leve meu
corpo para onde você for”. No dia em que William conseguiu andar pela
primeira vez até a porta, a turba chegou. Dez homens entraram em meu
quarto depois de terem levado Joseph e Hyrum para o acampamento deles.43
Muitos gritavam em meus ouvidos. Como vocês acham que me senti? Vocês
se sentem compadecidos por mim?
Eu não pude ver meus filhos enquanto estavam no acampamento e,
agora, eles estão no túmulo. Dez homens entraram e disseram: “Viemos para
matar o chefe da família”. Eu perguntei: “Querem me matar?” e responderam
que sim. Eu disse: “Quero que façam isso logo e, então, ficarei feliz”.44 Eles
disseram: “Malditos mórmons, eles querem morrer tanto quanto querem
viver”. Em 15 minutos, Joseph e Hyrum foram julgados por uma corte
marcial e condenados à morte. Um homem veio até mim e disse: “Mãe
Smith, se quiser ver Joseph novamente, você deve ir agora, porque ele será
executado no Condado de Jackson”.45 Ele segurou a minha mão e, dessa
maneira, passamos no meio da multidão até o carroção.
Os homens levantaram suas espadas e juraram que eu não veria meus
filhos. Finalmente, cheguei no carroção e ergui a mão. Joseph a segurou e a
beijou. Eu disse: “Joseph, deixe-me ouvir sua voz uma vez mais”. Ele disse:
“Que Deus a abençoe, minha pobre mãe”. Então, eles foram levados, presos
com algemas.46 Meu filho William e a esposa estavam doentes,47 e também a
esposa de Samuel e várias outras pessoas, que estavam sob meus cuidados.48
Depois desses acontecimentos, tivemos que nos mudar.
Posteriormente, Joseph foi à cidade de Washington.49 Chovia
intensamente durante os três dias em que viajamos sem proteção alguma.
Andamos por dez quilômetros pelo leito do rio. Minhas roupas estavam tão
molhadas que eu mal conseguia andar e estava nevando com granizo quando
chegamos ao rio Quincy.50 Fizemos uma cama sobre a fria neve e nos
cobrimos com um cobertor; tiramos as meias e fizemos o melhor que
pudemos. Pela manhã, o cobertor estava coberto com gelo. Não conseguimos
acender uma fogueira na neve.51 Joseph seguiu para a cidade de Washington,
pois tivera uma visão de que deveria procurar o governador e o presidente e,
se eles não o ouvissem, o Senhor lhe dissera que atormentaria a nação.52
Quando retornou para casa, Joseph fez uma pregação entre a casa do sr.
Durfee e a Mansion House. Ele falou aos irmãos e às irmãs que havia feito
por eles tudo o que podia. Disse ele: “As turbas estão decididas. Não haverá
justiça enquanto ficarmos em Nauvoo”.53 Ele dizia: “Tenham coragem.
Vocês nunca mais ficarão sem alimento como antes”. Ele disse: “Todos esses
casos estão registrados na Terra e, o que é registrado na Terra, é registrado no
céu.54 Quanto aos nossos governantes retirarem nossas propriedades, vou
levar isso à suprema corte nos céus”. Ele repetiu essas palavras três vezes. Eu
mal sabia que ele o faria tão rápido. A justiça nunca foi feita até ele levar esse
caso ao céu.
O Senhor tem o marechal lá.55 Nossos sofrimentos são conhecidos no
céu e vocês não acham que nosso caso está sendo julgado lá? Eu acho que
eles farão mais pelos membros da Igreja no céu do que poderiam fazer se
estivessem aqui. Sinto que seria uma bênção se todos pudessem permanecer
em casa. Sinto que Deus está afligindo a nação, um pouco aqui e um pouco
ali e sinto que o Senhor permitirá que o irmão Brigham conduza as pessoas
para outro lugar. Não sei se irei para o Oeste, mas, se o resto da minha
família for, irei e oro para que o Senhor abençoe os líderes da Igreja, o irmão
Brigham e todos vocês e, quando eu for para o outro lado do véu, quero me
encontrar com todos vocês. Em Nauvoo, estão enterrados meu marido e meus
filhos.56 Quero ser enterrada ao lado deles para que, na ressurreição, possa
me levantar com meu marido e meus filhos; mas irei para o Oeste se os
outros filhos forem. Sinceramente, desejo de todo o meu coração que eles
vão. Minha família não ficará sem mim e, se eu for, quero que meus ossos
sejam trazidos de volta e colocados ao lado do meu marido e dos meus
filhos.57
Lucy Mack Smith, Conferência Geral, 8 de outubro de 1845, Nauvoo, Illinois, Historian’s Office,
General Church Minutes [Escritório do Historiador, Atas Gerais da Igreja], 1839–1877, 6 a 8 de
outubro de 1845, pp. 7–13, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Curtis E. Bolton. Título
fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Lucy Smith foi auxiliada por Martha Knowlton Coray, uma professora de Nauvoo, e por seu
marido, Howard Coray, que servira como escrevente e historiador para Joseph Smith. Ela foi
incentivada pelo Quórum dos Doze Apóstolos a escrever sua história pessoal (Howard Coray,
“Journal of Howard Coray” [Diário de Howard Coray], datilografado, p. 16, Biblioteca de História
da Igreja; Lucy Mack Smith para William Smith, 23 de janeiro de 1845, p. 2, Biblioteca de História
da Igreja).
^2. Lucy Mack Smith, History, 1844–1845, 18 livros, livro 1, Biblioteca de História da Igreja; ver
também Coray, “Journal of Howard Coray” [Diário de Howard Coray], p. 16.
^3. Jan Shipps, Mormonism: The Story of a New Religious Tradition [Mormonismo: A história de uma
nova tradição religiosa], Urbana: University of Illinois Press, 1987, pp. 95–96; Richard Lyman
Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling [Joseph Smith: Uma pedra bruta], Nova York:
Alfred A. Knopf, 2005, pp. 8–9.
^4. Lavina Fielding Anderson, editora, Lucy’s Book: A Critical Edition of Lucy Mack Smith’s Family
Memoir [O Livro de Lucy: Uma edição crítica das memórias familiares de Lucy Mack Smith], Salt
Lake City: Signature Books, 2001, p. 90.
^5. Shipps, Mormonism [Mormonismo], p. 92.
^6. Lucy Mack Smith para William Smith, 23 de janeiro de 1845, p. 4.
^7. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 31 de
março de 1842, p. 24, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J.
Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint
Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes na
história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p.
45.
^8. Lucy Mack Smith falou em uma reunião na casa do bispo Jonathan Hale, na qual ela incentivou os
pais a criarem os filhos em obediência (Hosea Stout, Journal, 23 de fevereiro de 1845, Biblioteca de
História da Igreja; também disponível em Juanita Brooks, editor, On the Mormon Frontier: The
Diary of Hosea Stout [Na Fronteira Mórmon: O diário de Hosea Stout], 1844–1861, Salt Lake
City: University of Utah Press, 1964).
^9. Nauvoo Relief Society Minute Book, [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de
março de 1842, p. 17; 19 de abril de 1842, p. 31, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros
50 Anos], pp. 38, 50.
^10. Sarah M. Kimball para [Serepta] Heywood, aprox. 1844, Joseph L. Heywood Letters, Biblioteca
de História da Igreja.
^11. Wilford Woodruff, Journal, 23 de agosto de 1844, Biblioteca de História da Igreja.
^12. “Dinner to the Smith Family” [Jantar para a família Smith], Nauvoo Neighbor, 16 de julho de
1845.
^13. William Clayton e Thomas Bullock, “Conference Minutes” [Atas de conferência], Times and
Seasons, 6, nº 16, 1º de novembro de 1845, p. 1014. Emma Smith se afastou de Brigham Young e
de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Bushman, Rough Stone Rolling [Uma
Pedra Bruta], pp. 554–555).
^14. O jornal da Igreja registrou a respeito dessa conferência que “cerca de 5 mil santos sentiram uma
alegria inexprimível e grande gratidão por se reunir pela primeira vez na casa do Senhor, na cidade
de Joseph” (“First Meeting in the Temple” [A primeira reunião no templo], Times and Seasons, 6,
nº 16, 1º de novembro de 1845, p. 1017).
^15. Brigham Young, “To the Brethren of the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints, Scattered
Abroad throughout the United States of America” [Para os Irmãos de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias espalhados por todos os Estados Unidos da América], Times and Seasons,
6, nº 16, 1º de novembro de 1845, p. 1018.
^16. Clayton e Bullock, “Conference Minutes” [Atas de Conferência], p. 1013. O jornal Times and
Seasons fez um relatório dessa conferência e incluiu um breve resumo do discurso de Lucy Smith.
O discurso já foi publicado com notas explicativas em Ronald W. Walker, “Lucy Mack Smith
Speaks to the Nauvoo Saints” [Lucy Mack Smith fala aos santos em Nauvoo], BYU Studies 32, nº
1–2, 1991: pp. 276–284
^17. A próxima mulher a discursar em uma sessão da conferência geral foi Zina D. H. Young, que falou
brevemente em uma reunião combinada do sacerdócio e da organização de Melhoramentos Mútuos,
em 7 de outubro de 1879 (“Conferência Geral. Segundo dia”, Deseret News, 15 de outubro de 1879;
ver também Apêndice nesta publicação).
^18. Dois meses antes da conferência, o filho de Lucy, William Smith, observou que a “mãe Smith não
está muito bem neste verão” (William Smith para J. Grant Jr., 12 de agosto de 1845, em Nauvoo
Neighbor, 20 de agosto de 1845).
^19. Lucy Smith está se referindo aos comentários feitos por Brigham Young sobre roubos praticados
por mórmons como retaliação pelas ameaças provenientes dos opositores aos santos dos últimos
dias. Desde o conflito de 1838, no Missouri, as facções antimórmon frequentemente alegavam que
suas mercadorias estavam sendo roubadas pelos mórmons (Historian’s Office, General Church
Minutes [Escritório do Historiador, Atas Gerais da Igreja], 1839–1877, 8 de outubro de 1845,
Biblioteca de História da Igreja; ver também “Affidavits” [Depoimentos], Quincy [IL] Whig 8, nº
26, 16 de outubro de 1845, pp. 1–2; e John E. Hallwas e Roger D. Launius, editores, Cultures in
Conflict: A Documentary History of the Mormon War in Illinois [Culturas em Conflito: Um
documentário histórico da guerra mórmon em Illinois], Logan: Utah State University Press, 1995,
pp. 243–245).
^20. Nove filhos de Lucy Smith chegaram à idade adulta: Alvin, Hyrum, Sophronia, Joseph, Samuel,
William, Katherine, Don Carlos e Lucy. Uma criança morreu ao nascer e outra morreu na infância
(“Joseph Smith Pedigree Chart” [Gráfico genealógico de Joseph Smith], acessado em 3 de setembro
de 2015, josephsmithpapers.org).
^21. Conselhos gerais sobre criar os filhos naquela época em Nauvoo incluíam admoestações para
manter os meninos em casa em vez de permitir que ficassem vagando pelas ruas, causando
problemas (“Boys” [Meninos], Nauvoo Neighbor, 30 de abril de 1845; sermão de Brigham Young,
4 de maio de 1845, General Church Minutes [Atas Gerais da Igreja]).
^22. Sobre o uso histórico da expressão “mãe em Israel”, ver Carol Cornwall Madsen, “Mothers in
Israel: Sarah’s Legacy” [Mães em Israel: O legado de Sarah], em Women of Wisdom and
Knowledge: Talks Selected from the BYU Women’s Conferences [Mulheres de Sabedoria e
Conhecimento: Discursos selecionados das conferências das mulheres da BYU], editoras Marie
Cornwall e Susan Howe, Salt Lake City: Deseret Book, 1990, pp. 179–201.
^23. Quando Lucy Mack Smith disse: “Dezoito anos desde a última segunda-feira”, ela estava
enganada por uma semana. Joseph Smith registrou que obteve as placas em 22 de setembro de
1827, 18 anos e duas semanas antes da Conferência Geral de Outubro em que Lucy Mack Smith
falou (Karen Lynn Davidson, David J. Whittaker, Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen,
editores, Histories, volume 1: Joseph Smith Histories [Histórias de Joseph Smith], 1832–1844, vol.
1 da série de histórias do The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], editor Dean C.
Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s Press,
2012, pp. 14–15).
^24. Lucy Mack Smith, History [História], 1844–1845, livro 6, pp. 3–4. Naquela época, Polly Harris, a
irmã viúva de Lucy Harris, vivia com Martin e Lucy Harris (Madge Harris Tuckett e Belle Harris
Wilson, The Martin Harris Story: Special Witness to the Book of Mormon [A História de Martin
Harris: Testemunha especial do Livro de Mórmon], Provo, UT: Maasai, 1983, pp. 17–18).
^25. De acordo com o relato de Martin, Joseph Smith copiou os caracteres de uma parte das placas de
ouro. Depois, Martin Harris, um dos primeiros membros da Igreja e que deu suporte financeiro a
Joseph Smith, levou o documento para Nova York e mostrou os caracteres a estudiosos, inclusive
Charles Anthon, um professor de estudos clássicos e literatura (Michael Hubbard MacKay, Gerrit J.
Dirkmaat, Grant Underwood, Robert J. Woodford e William G. Hartley, editores, Documents,
volume 1: julho de 1828–junho de 1831, vol. 1 da série de documentos do The Joseph Smith Papers
[Diários de Joseph Smith], editor Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman,
Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2013, pp. 355–357).
^26. Ver Lucas 2:10.
^27. Lucy Mack Smith, Biographical Sketches of Joseph Smith the Prophet, and His Progenitors for
Many Generations [Esboços Biográficos de Joseph Smith, o Profeta, e Seus Progenitores por
Muitas Gerações], Liverpool: Orson Pratt, 1853, só foi publicado em 1853. Hoje, o livro é mais
conhecido como História do Profeta Joseph Smith, por Sua Mãe. Embora Brigham Young tenha
dado apoio para Lucy Mack Smith escrever a história, posteriormente ele desaprovou o livro, pois
acreditava que continha inconsistências.
^28. Harris hipotecou sua fazenda para fazer o pagamento de 3 mil dólares, necessários para publicar 5
mil cópias do Livro de Mórmon (MacKay e outros, JSP [Diários de Joseph Smith], D1, pp. 86–88).
^29. A família Smith perdeu sua casa recém-construída na execução de uma hipoteca, em 1º de abril de
1829. Na primavera de 1828, Joseph Smith mudou-se para o Condado de Susquehanna para escapar
de uma crescente oposição contra ele em Palmyra, Nova York (Walker, “Lucy Mack Smith Speaks
to the Nauvoo Saints” [Lucy Mack Smith fala aos santos de Nauvoo] 282n15; Davidson e outros,
JSP [Diários de Joseph Smith], H1, pp. 238–239).
^30. Joseph Smith adquiriu os direitos autorais do Livro de Mórmon e retornou, em seguida, para a
Pensilvânia com o plano de ter guarda-costas para proteger o manuscrito o tempo todo (Lucy Mack
Smith, History [História], 1845, pp. 158–159, Biblioteca de História da Igreja).
^31. Brigham Young falou um pouco antes de Lucy Mack Smith, incentivando os membros de Nauvoo
a serem honestos nos negócios com os vizinhos e a não responderem com violência aos ataques
(General Church Minutes [Atas Gerais da Igreja], 8 de outubro de 1845; ver também “Journal of
Thomas Bullock” [Diário de Thomas Bullock], BYU Studies, 31, nº 1, inverno de 1991, pp. 24–25).
^32. Em maio de 1845, William Smith, membro do Quórum dos Doze Apóstolos, havia retornado de
uma missão aos estados do leste dos Estados Unidos. Enquanto William estava no Leste,
rapidamente surgiram discussões entre ele e os outros apóstolos quanto ao seu comportamento, sua
autoridade como patriarca da Igreja, a autoridade de Brigham Young como presidente dos doze
apóstolos e o ensino público de William sobre o casamento plural. William Smith saiu de Nauvoo
no meio da noite, em 12 de setembro de 1845. Dois dias antes do discurso da mãe, no primeiro dia
da conferência geral, William Smith não foi apoiado como membro do Quórum dos Doze
Apóstolos, como resultado de objeções. Ele foi excomungado em 19 de outubro de 1845. (Kyle R.
Walker, William B. Smith: In the Shadow of a Prophet [William B. Smith: Na sombra de um
profeta], Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2015, pp. 229–245, 257–258, 298–300; Clayton e
Bullock, “Conference Minutes” [Atas da Conferência], p. 1008; Willard Richards, “Notice”
[Anúncio], Times and Seasons, 6, nº 16, 1º de novembro de 1845, p. 1019; Hosea Stout, Journal
[Diário], 19 de outubro de 1845).
^33. Joseph Smith Sr. e Lucy Mack Smith tinham três filhas: Sophronia Smith [Stoddard], Katharine
Smith [Salisbury] e Lucy Smith [Millikin]. As três irmãs permaneceram com a família em Illinois
depois que os santos foram para o Oeste (ver Kyle R. Walker, editor, United by Faith: The Joseph
Sr. and Lucy Mack Smith Family [Unidos pela Fé: A família de Joseph Sr. e Lucy Mack Smith],
American Fork, UT: Covenant Communications, 2005, pp. 187–195, 326–332, 416–418).
^34. Logo depois da publicação do Livro de Mórmon, no final de junho de 1830, Samuel Smith saiu em
missão e levou alguns exemplares do livro para vender. No primeiro dia, ele viajou 40 quilômetros
e foi rejeitado por vários compradores potenciais (Smith, History [História], 1845, pp. 169–170).
^35. John Portineus Greene era membro da Igreja Metodista Episcopal e da Igreja Metodista
Reformada, em Mendon, Nova York. A esposa dele, Rhoda Young Greene, era irmã de Brigham
Young (Walker, “Lucy Mack Smith Speaks to the Nauvoo Saints” [Lucy Mack Smith Fala aos
Santos de Nauvoo], 283n19).
^36. Samuel Smith dormiu debaixo de uma macieira e, depois, fez o desjejum com uma viúva. Como
um gesto de gratidão, deu a ela um exemplar do Livro de Mórmon (Smith, Biographical Sketches of
Joseph Smith the Prophet [Esboços Biográficos da História de Joseph Smith, o Profeta], p. 152).
^37. De acordo com a história contada por Lucy Mack Smith, Rhoda Greene pegou o livro e, em
seguida, começou a chorar (Smith, History [História], 1845, p. 187).
^38. O casal Greene foi batizado em abril de 1831 (John P. Greene para irmão D. C. Smith, 29 de
janeiro de 1841, em Times and Seasons, 2, nº 3, 15 de fevereiro de 1841, pp. 325–326).
^39. Ver Lucas 13:19. Em uma missão subsequente a Mendon, Nova York, Samuel Smith mostrou o
Livro de Mórmon a Phineas Young, irmão de Rhoda Young Greene e Brigham Young, que
eventualmente culminou com a conversão e o batismo de Heber C. Kimball e outros (Dean L.
Jarman e Kyle L. Walker, “Samuel Harrison Smith” em Walker, United by Faith [Unidos pela Fé],
pp. 210–211).
^40. A família Smith se mudou de Nova York para Ohio em 1831 e, posteriormente, de Ohio para o
Missouri, em 1838. Eles ficaram no Missouri somente por sete meses (Lavina Fielding Anderson,
“Lucy Mack Smith”, em Walker, United by Faith [Unidos pela Fé], pp. 62–66).
^41. No verão de 1838, William Smith e a esposa, Caroline Grant Smith, ficaram doentes e
impossibilitados de cuidar de si mesmos e dos filhos. Seu irmão, Samuel, os levou para a casa dos
pais deles em Far West, Missouri. A esposa de Samuel Smith, Mary Bailey Smith, deu à luz um
bebê em 1º de agosto de 1838 (Walker, William B. Smith, p. 263; Smith, History [História], 1845, p.
247; Jarman e Walker, “Samuel Harrison Smith”, p. 225).
^42. Em 1838, a oposição à expansão das colônias dos santos dos últimos dias no Missouri resultou em
conflitos violentos entre os santos e os habitantes não mórmons do Missouri. Lucy Mack Smith se
refere aqui aos santos dos últimos dias que haviam sido expulsos de casa durante o conflito. O
terreno em frente à taberna Smith estava “completamente repleto de camas, colocadas a céu aberto,
onde as famílias eram obrigadas a dormir expostas a todo tipo de clima. (…) Era de doer o coração
ver as crianças gripadas e doentes, chorando em volta das mães, pedindo comida, enquanto os pais
não tinham meios de lhes dar conforto” (Alexander L. Baugh, A Call to Arms: The 1838 Mormon
Defense of Northern Missouri [Um chamado às armas: A defesa mórmon de 1838 no norte do
Missouri], Dissertations in Latter-day Saint History [Dissertações sobre a História dos Santos dos
Últimos Dias], Provo, UT: Joseph Fielding Smith Institute for Latter-day Saint History; BYU
Studies, 2000; Smith, History [História], 1845, p. 282).
^43. Em 31 de outubro de 1838, o major general Samuel D. Lucas, da milícia do Missouri, apresentou
várias condições aos santos dos últimos dias para assegurar a paz. Acreditando que Lucas estava
aberto a negociações adicionais, Joseph Smith e outros quatro líderes da Igreja se submeteram à
prisão e entraram no acampamento da milícia nos arredores de Far West. Em 1º de novembro,
Hyrum Smith foi preso e colocado com os outros prisioneiros (Samuel D. Lucas para Lilburn W.
Boggs, 2 de novembro de 1838, Mormon War Papers [Documentos da Guerra Mórmon], Missouri
State Archives [Arquivos do Estado do Missouri], Jefferson City; Hyrum Smith, “To the Saints
Scattered Abroad” [Aos santos espalhados em outros lugares], Times and Seasons, 1, nº 2,
dezembro de 1839, p. 21; Baugh, A Call to Arms [Um Chamado às Armas], p. 141).
^44. Provavelmente, Lucy se refere à ocupação caótica da milícia de Far West, Missouri, em novembro
de 1838, quando antimórmons receberam permissão de assediar os santos na cidade (ver Michael
Arthur to Clay County Representatives [Michael Arthur para os representantes do Condado de
Clay], 29 de novembro de 1838, Mormon War Papers [Documentos da Guerra Mórmon]; ver
também Smith, History [História], 1845, pp. 247–249, 253).
^45. Em 1º de novembro de 1838, Joseph Smith e outros seis prisioneiros foram julgados em uma corte
marcial no acampamento da milícia e sentenciados à morte na manhã seguinte, na praça de Far
West. O general de brigada, Alexander Doniphan, no entanto, se opôs à decisão e impediu as
execuções. O major general Samuel D. Lucas decidiu, então, transportar os prisioneiros para o
quartel general em Independence, Condado de Jackson, Missouri, levantando rumores de que as
execuções ocorreriam lá. É provável que Lucy Mack Smith tenha adicionado o detalhe “15
minutos” à história para dar um clima dramático. Joseph Smith falou com a mãe e com a irmã, de
dentro do carroção onde estava preso, em 2 de novembro de 1838, sendo, em seguida, aprisionado
na Cadeia de Liberty, Missouri, até abril de 1839. Posteriormente, ele escapou da prisão (Heman C.
Smith e outros, History of the Reorganized Church of Jesus Christ of Latter Day Saints [História
da Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 8 vols., Independence, MO:
Reorganized Church of Jesus Christ of Latter Day Saints [Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias], 1896–1903, vols. 1–4, 1969–1976, vols. 5–8, 2, pp. 260–262; Eliza R.
Snow para Isaac Streator, 22 de fevereiro de 1839, em “Eliza R. Snow Letter from Missouri” [Carta
do Missouri de Eliza R. Snow], BYU Studies 13, nº 4, verão de 1973, p. 547; Hyrum Smith,
Testimony [Testemunho], Nauvoo, IL, 1º de julho de 1843, Nauvoo [Illinois] Records [Registros de
Nauvoo], pp. 13–16, Biblioteca de História da Igreja; Joseph Smith, Bill of Damages [Relação dos
danos], 4 de junho de 1839, Joseph Smith Collection [Coleção de Joseph Smith, Biblioteca de
História da Igreja]; Bushman, Rough Stone Rolling [Uma Pedra Bruta], pp. 356–382; Smith,
History [História], 1845, p. 281).
^46. Lucy Mack Smith e a filha Lucy foram levadas até o carroção através da multidão. Como elas não
tinham permissão para ver os prisioneiros, elas apertaram as mãos de Hyrum e de Joseph, por
debaixo de um toldo fortemente fechado que cobria o carroção (Smith, History [História], 1845, pp.
280–281).
^47. Lucy Mack Smith lembrou que Samuel Smith trouxe para a casa dela o irmão William e a cunhada
Caroline Grant Smith, ambos doentes (Smith, History [História], 1845, p. 250).
^48. Enquanto Mary Bailey Smith, esposa de Samuel, vivia no Condado de Daviess, Missouri, uma
turba arrastou a ela e a seus filhos (incluindo um bebê recém-nascido) para fora de casa, sob
condições climáticas rigorosas e queimou a casa. Samuel Smith não estava lá naquele momento.
Por causa da exposição contínua e da falta de alimento, Mary Smith nunca se recuperou
completamente (Jarman e Walker, “Samuel Harrison Smith”, p. 225).
^49. Joseph Smith foi para Washington, D.C., em 29 de outubro de 1839. Ele e Elias Higbee se
reuniram com o presidente Martin Van Buren, com o senador John C. Calhoun e com membros da
delegação de congressistas de Illinois, quando fizeram um relato sobre a perda de 2 milhões de
dólares e apresentaram uma longa lista de abusos contra os mórmons no Missouri. Entretanto, eles
não receberam suporte federal nem financeiro ou na forma de intervenção federal nos assuntos do
estado (Bushman, Rough Stone Rolling [Uma Pedra Bruta], pp. 392–393, 396–397; Spencer W.
McBride, “When Joseph Smith Met Martin Van Buren: Mormonism and the Politics of Religious
Liberty in Nineteenth-Century America” [Quando Joseph Smith se reuniu com Martin Van Buren:
O mormonismo e a política da liberdade religiosa na América do século 19], Church History
[História da Igreja], p. 85, nº 1, março de 2016, pp. 19–27).
^50. Provavelmente o rio Mississippi, próximo a Quincy, Illinois.
^51. Em submissão forçada, por ordem do governador Lilburn W. Boggs, cerca de 8 mil membros da
Igreja começaram a árdua migração para fora do Missouri, no início de 1839; muitos encontraram
refúgio em Quincy, Illinois, no lado leste do rio Mississippi. Em fevereiro de 1839, Lucy e o
marido se juntaram ao êxodo para Illinois, caminhando pelo lamaçal e acampando na neve
(William G. Hartley, “‘Almost Too Intolerable a Burthen’: The Winter Exodus from Missouri”
[Um fardo quase intolerável: O êxodo do Missouri no inverno], 1838–1839, Journal of Mormon
History [Diário da história mórmon], 18, nº 2, outono de 1992, pp. 6–40; Smith, History [História],
1845, p. 286; Jarman e Walker, “Samuel Harrison Smith”, p. 228).
^52. Doutrina e Convênios 101:86–89; ver também Doutrina e Convênios 123:6.
^53. Joseph Smith relatou sua visita a Washington, D.C., na conferência realizada em 8 de abril de
1840. O sr. Durfee poderia ser Jabez Durfee, cuja esposa, Elizabeh Durfee, era membro da
Sociedade de Socorro de Nauvoo (Robert B. Thompson, “Conference Minutes” [Atas de
conferência], Times and Seasons, 1, nº 6, abril de 1840, p. 93).
^54. Doutrina e Convênios 127:7.
^55. Talvez Lucy Smith estivesse se referindo à morte de Miner R. Deming, o xerife do Condado
Hancock, que era favorável aos mórmons, durante os julgamentos dos cinco homens acusados do
assassinato de Joseph e Hyrum Smith, em maio de 1845. A morte de Deming encerrou uma frágil
paz entre mórmons e não mórmons em relação a assuntos locais e levou ao aumento da violência da
turba (Dallin H. Oaks e Marvin S. Hill, Carthage Conspiracy: The Trial of the Accused Assassins of
Joseph Smith [Conspiração em Carthage: O julgamento dos acusados de assassinar Joseph Smith],
Urbana: University of Illinois Press, 1975, pp. 193–194).
^56. Cinco membros da família de Lucy Mack Smith foram sepultados em Nauvoo: Joseph Smith Sr.,
falecido em 14 de setembro de 1840; Don Carlos Smith, falecido em 7 de agosto de 1841; Joseph
Smith Jr. e Hyrum Smith, falecidos em 27 de junho de 1844; e Samuel Smith, falecido em 30 de
julho de 1844. “Joseph Smith Pedigree Chart” [Árvore genealógica de Joseph Smith], JSP.
^57. Ao final do discurso de Lucy Smith, sua voz se enfraqueceu e grande parte da congregação não
podia ouvir suas palavras. Brigham Young, então, ergueu-se e relatou o seguinte: “A mãe Smith
propôs algo que alegrou meu coração: ela irá conosco. Posso responder pelas autoridades da Igreja;
queremos que ela e seus filhos venham conosco; e eu me comprometo em nome das autoridades da
Igreja que, enquanto tivermos qualquer coisa, eles compartilharão conosco. Nós estendemos a mão
amiga para a mãe Smith” (Clayton e Bullock, “Conference Minutes” [Atas de Conferência], p.
1014).
—————————— 6 ——————————

Buscar o Senhor para obter sabedoria

Phoebe M. Angell
Conselho de saúde das mulheres
Antigo tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Território de Utah
28 de agosto de 2014

Phoebe Ann Morton (1786–1854) nasceu em uma família de pais da classe


operária em Guilford, Massachusetts, e se casou aos 16 anos com James
Angell, em Providence, Rhode Island. O casal teve dez filhos, sendo que
quatro faleceram ainda pequenos.1 Após o rompimento do casamento triste
de Phoebe, seu filho Truman O. Angell recordou que ela tinha “sete filhos
para sustentar e nada além de suas próprias mãos para ajudá-la a ganhar o
sustento da família”. Ele expressou compaixão pelos “sofrimentos da minha
mãe como consequência da conduta de meu pai em relação a ela. Suas
provações foram verdadeiramente grandes e minha mãe quase foi subjugada
por elas”.2
Phoebe Angell foi batizada em janeiro de 1833, enquanto vivia em Nova
York.3 Essa mãe que criava os filhos sozinha foi morar com a família em
Kirtland, Ohio, entre 1834 e 1835; em 1838, mudou-se para Far West,
Missouri.4 Como parteira em Far West, ela ajudou Mary Fielding Smith a dar
à luz Joseph F. Smith e cuidou de Mary e de Joseph enquanto Hyrum Smith,
o marido e pai, estava preso em Liberty, Missouri.5 Em 14 de abril de 1842,
ela se filiou à Sociedade de Socorro de Nauvoo. Por ter pouco dinheiro e
poucos recursos para doar, Phoebe Angell se ofereceu para “consertar roupas
velhas, quando necessário, quando não fosse possível obter tecido novo”.6
Depois que chegou ao Vale do Lago Salgado, em 1848, ela trabalhou como
parteira e enfermeira, visitando e cuidando constantemente de mulheres
doentes. No final da vida, em 1854, quando sua própria saúde estava
debilitada, outras pessoas ajudaram a cuidar dela.7
Muitas mulheres nos séculos 18 e 19, inclusive Phoebe Angell,
praticavam a medicina “social”; elas tratavam doenças comuns, enfermidades
e lesões com seus próprios medicamentos feitos em casa, incluindo pomadas,
xaropes, chás, unguentos, cataplasmas e curativos.8 Na época em que a
medicina moderna alcançou altas taxas de sucesso, muitas pessoas
combinavam o então popular uso de remédios naturais e ervas com a fé e a
oração fervorosa e, geralmente, não confiavam nos médicos e em seus
remédios sem comprovação efetiva.9 As mulheres mórmons, como suas
contemporâneas americanas, desenvolveram uma rede informal de saúde
dentro de suas comunidades em Nauvoo, Illinois, provendo cuidados médicos
para si mesmas, para a família e para os vizinhos. Os líderes da Igreja
pediram que algumas mulheres atuassem como parteiras e enfermeiras, sendo
algumas designadas por imposição de mãos para essas responsabilidades.10 A
Sociedade de Socorro de Nauvoo coordenava o serviço prestado aos doentes
e aos pobres e, mesmo depois da dissolução da Sociedade de Socorro de
Nauvoo, em 1845, enquanto cruzavam as planícies, elas ainda se reuniam
informalmente para ajudar e cuidar umas das outras.11
Willard Richards, um apóstolo e médico naturalista, organizou o
Conselho de Saúde em 1849, em Salt Lake City, para cuidar dos problemas
de saúde que os santos estavam enfrentando em suas novas e difíceis
condições de vida.12 As mulheres participavam do conselho e criaram uma
seção para treinar parteiras.13 Em 1852, Phoebe Angell era a presidente do
Conselho de Saúde das Mulheres; Patty Sessions e Susannah Liptrot Richards
eram suas conselheiras. Elas se reuniam todas as semanas e apresentavam
palestras ou compartilhavam experiências pessoais e receitas de remédios
naturais. Às vezes, elas também falavam em línguas e davam bênçãos, uma
prática comum entre as mulheres santos dos últimos dias do século 19.14
Na reunião do dia 14 de agosto de 1852, Phoebe Angell falou sobre a
importância de combinar a fé com o conhecimento prático e com a
experiência em tratar os doentes.

A IRMÃ ANGELL FALOU, exortando o conselho a não confiar somente no


conhecimento obtido nos livros e nas ervas, mas deveriam buscar o Senhor
para obter sabedoria.15 Ela fez referência a uma circunstância em Nauvoo,
quando muitas pessoas estavam sofrendo com calafrios e febre. Ela pediu ao
Senhor que lhe mostrasse o que fazer para tratar corretamente aquelas
pessoas. À noite, como se uma voz estivesse lhe falando, ela ouviu a seguinte
receita:16 “Pegue tal porção de eupatório, um punhado de lobélia; coloque
meio litro de vinagre e deixe descansar durante a noite; administre ao doente
quando o calafrio começar, uma colher de sopa cheia a cada hora”.17 Ela
prestou testemunho do grande bem que essa receita fez. Naquele verão, ela
usou 35 litros de eupatório.18
Conselho de Saúde das Mulheres, Minutes [Atas], Salt Lake City, Território de Utah, 14 de agosto de
1852, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de George D. Watt. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Laura P. Angell King, “Mother and Midwife and Nurse” [Mãe, Parteira e Enfermeira], Laura P.
Angell King Papers [Documentos de Laura P. Angell King], p. 1, Biblioteca de História da Igreja.
^2. Truman O. Angell, “Autobiography” [Autobiografia], 1884, pp. 3, 6, Biblioteca de História da
Igreja. Esse primeiro rompimento foi temporário e durou de três a quatro anos. Eles ficaram juntos
novamente por mais de uma década e depois se separaram.
^3. Angell, “Autobiography” [Autobiografia], p. 7; King, “Mother and Midwife and Nurse” [Mãe,
Parteira e Enfermeira], p. 2; ver também Paul L. Anderson, “Truman O. Angell: Architect and
Saint” [Truman O. Angell: Arquiteto e santo dos últimos dias], em Supporting Saints: Life Stories
of Nineteenth-Century Mormons [Santos Colaboradores: Histórias da vida de mórmons do Século
19], editor Donald Q. Cannon e David J. Whittaker, Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham
Young University, 1985, p. 134.
^4. “Obituary Notice” [Notificação de obituário], Deseret News, 1º de fevereiro de 1855; Angell,
“Autobiography” [Autobiografia], pp. 6–7.
^5. King, “Mother and Midwife and Nurse” [Mãe, Parteira e Enfermeira], pp. 2–3.
^6. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 14 de
abril de 1842, p. 26; 16 de junho de 1843, p. 91, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate
Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in
Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos
importantes da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s
Press, 2016, pp. 46, 101.
^7. King, “Mother and Midwife and Nurse” [Mãe, Parteira e Enfermeira], p. 4; Patty Bartlett Sessions,
Mormon Midwife: The 1846–1888 Diaries of Patty Bartlett Sessions [Parteira Mórmon: Os diários
de Patty Bartlett Sessions de 1846–1888], editora Donna Toland Smart Logan: Utah State
University Press, 1997, pp. 181, 194, 203, 209, 210.
^8. Para mais informações sobre a prática da medicina social entre as mulheres dos séculos 18 e 19, ver
Laurel Thatcher Ulrich, A Midwife’s Tale: The Life of Martha Ballard, Based on Her Diary, 1785–
1812 [História de uma Parteira: A vida de Martha Ballard, com base em seu diário, 1785–1812],
New York: Vintage Books, 1991, pp. 11–12, 47, 61–66.
^9. Samuel Thomson, New Guide to Health; or, Botanic Family Physician, Containing a Complete
System of Practice [Novo Guia da Saúde; ou Médico Botânico da Família, Contendo um Sistema
Completo da Prática], 3ª ed., Boston: J. Howe, 1831, pp. 38–48, 70–71; Z[ebedee] Snow,
“Speeches Delivered at the Assembly of the Council of Health, on Ensign Peak” [Discursos
proferidos na assembleia do conselho de saúde, no Ensign Peak, Deseret News, 14 de julho de
1852; Christine Croft Waters, “Pioneering Physicians in Utah, 1847–1900” [Médicos pioneiros em
Utah, 1847–1900], tese de mestrado, University of Utah, 1976, pp. 14, 16.
^10. Elizabeth Ann Whitney recordou que Joseph Smith a ordenou por imposição de mãos para
“administrar os doentes”, em Nauvoo. Também em Nauvoo, Brigham Young e Heber C. Kimball
designaram Patty Sessions como uma “médica de mulheres” (Elizabeth Ann Whitney, “A Leaf
from an Autobiography” [Uma página de autobiografia], Woman’s Exponent, 7, nº 12, 15 de
novembro de 1878, p. 91; Phoebe C. Sessions, “Biographical Sketch” [Esboço biográfico],
Woman’s Exponent, p. 27, nº 1–2, 1º e 15 de junho de 1898, p. 294).
^11. Maureen Ursenbach Beecher, Eliza and Her Sisters [Eliza e Suas Irmãs], Salt Lake City: Aspen
Books, 1991, pp. 75–97; Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos] p. 178.
^12. Escritório do historiador, Journal History [Diário da história], vol. 73, 21 de fevereiro de 1849,
Biblioteca de História da Igreja. Em 1852, essas reuniões ocorriam no Representative Hall, no
Ensign Peak, em diversas salas, nas alas ou no antigo tabernáculo e eram frequentadas por algo
entre 40 e 30 pessoas. “Council of Health” [Conselho de saúde], Deseret News, 20 de março de
1852; “[Sem título]”, Deseret News, 15 de maio de 1852; “[Sem título]”, Deseret News, 26 de junho
de 1852; “Extracts from J. W. Cummings’ Address before the ‘Council of Health’ and Their
Friends” [Extrato do discurso de J. W. Cummings antes do “Conselho de Saúde” e seus amigos, no
Ensign Hill], 16 de junho, Deseret News, 10 de julho de 1852; “Speeches Delivered at the
Assembly of the Council of Health on Ensign Peak” [Discursos proferidos na assembleia do
Conselho de Saúde no Ensign Peak], Deseret News, 24 de julho de 1852; “[Sem título]”, Deseret
News, 21 de agosto de 1852; Jessie Del Macdonald Clawson, “Pioneer Physicians” [Médicos
pioneiros], em Museum Memories [Museu de Memórias], Salt Lake City: International Daughters
of Utah Pioneers, 2010, vol. 2, p. 83).
^13. O conselho de saúde das mulheres foi organizado em julho de 1851. Para mais informações e uma
imagem da reunião de 14 de agosto de 1852, incluída nesta publicação, ver Derr e outros Os
Primeiros 50 Anos, pp. 179–180. Willard Richards, a esposa Hannah e o irmão Phineas ministraram
cursos de enfermagem, parto e cuidados com as crianças na casa de Phoebe Angell (“[Sem título]”,
Deseret News, 15 de maio de 1852; Claire Wilcox Noall, “Utah’s Pioneer Women Doctors”
[Médicas pioneiras de Utah], Improvement Era, p. 42, nº 1, janeiro de 1939, p. 16; Coleção da
família Richards, “Phineas Richards Journal” [Diário de Phineas Richards], 6 de maio–20 de
dezembro de 1851, Biblioteca de História da Igreja).
^14. Sessions, Mormon Midwife [Parteira Mórmon], pp. 169, 181, 194, 203; Coleção da família
Richards, “Phineas Richards Journal” [Diário de Phineas Richards], 6 de maio–20 de dezembro de
1851; “Council of Health” [Conselho de Saúde], Deseret News, 20 de março de 1852; “[Sem
título]”, Deseret News, 3 de abril de 1852; “[Sem título]”, Deseret News, 21 de agosto de 1852;
Thomas Carter, Building Zion: The Material World of Mormon Settlement [Edificar Sião: O mundo
temporal da colonização mórmon], Minneapolis: University of Minnesota Press, 2015, pp. 210–
212. Para mais informações sobre a prática de cura realizada pelas mulheres do século 19, ver Derr
e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxi–xxv; e “Ensinamentos de Joseph Smith
sobre o sacerdócio, o templo e as mulheres”, Tópicos do evangelho, acessado em 2 de maio de
2016, LDS.org.
^15. Brigham Young expressou os mesmos sentimentos: “Parece-me consistente administrar todos os
remédios que estão dentro do alcance do meu conhecimento e pedir ao Pai Celestial, em nome de
Jesus Cristo, que santifique essa administração para a cura do meu corpo; para alguns, isso pode
parecer inconsistente. (…) Mas é meu dever fazê-lo quando está em meu poder. No caso de doença,
muitas pessoas não querem fazer algo por si mesmas, mas querem pedir que o Senhor faça tudo”
(Brigham Young, “Discourse” [Discursos], Deseret News, 10 de setembro de 1856).
^16. According to Noah Webster’s, American Dictionary of the English Language 1828, receita era
uma palavra comum usada para prescrição.
^17. O eupatório era uma erva usada como remédio caseiro comum no século 19, em especial durante
epidemias de gripe e tem efeito diurético. A lobélia era uma planta silvestre comum, às vezes
conhecida como “tabaco indiano” e suas folhas eram usadas para doenças respiratórias, asma, tosse
e problemas pulmonares; também era usada para limpar o estômago e provocar o vômito
(Thomson, New Guide to Health [Novo Guia de Saúde], pp. 38–48, 70–71; W. A. Newman
Dorland, The American Illustrated Medical Dictionary [Dicionário Médico Ilustrado Americano],
Filadélfia: W. B. Saunders, 1900, pp. 244, 364; S. Henry Dessau, “The Treatment of Epidemic
Influenza” [Tratamento da gripe epidêmica], New York Medical Times, 22, nº 4, abril de 1894, p.
97).
^18. Depois do discurso de Phoebe Angell, a “irmã Gibbs”, o Dr. Samuel Sprague e Patty Sessions
forneceram receitas para diversas enfermidades. A irmã Gibbs poderia ser Sarah Waterous Gibbs
(Eldredge), que mais tarde dirigiu um “hospital do lar”, de assistência a crianças doentes (Pioneer
Women of Faith and Fortitude [A Fé e a Força das Mulheres Pioneiras], 4 vols., Salt Lake City:
International Society of Daughters of Utah Pioneers, 1998, vol. 1, p. 884).
—————————— 7 ——————————

O convênio da Sociedade de Socorro da Ala 13

Matilda Dudley Busby


Sociedade de Socorro da Ala 13, Salt Lake City
Residências particulares, Salt Lake City, Território de Utah
14 de junho de 1854 e 6 de maio de 1857

Matilda Matey Dudley Ferguson Paschall Busby (1819–1895) há muito


tempo conhecia os índios americanos. A história da família relata que os
índios atacaram a família Dudley quando Matilda era ainda um bebê. O pai,
Lawson, foi escalpelado e morto e ela e a mãe foram capturadas e,
posteriormente, conseguiram escapar, talvez para Ohio, onde Matilda se
casou com o primeiro marido, Stephen Ferguson.1 Matilda Dudley foi
batizada em novembro de 1849 e, em 1851, imigrou para o Vale do Lago
Salgado com o filho, Henry Ferguson, vivendo nos limites da Ala 13.2
Em 1847, quando os santos dos últimos dias chegaram ao Vale do Lago
Salgado, começaram a se relacionar com os índios americanos locais, tendo
que negociar conflitos relativos às terras, à água e a outros recursos naturais.
Dentro de pouco tempo e por uma década, os utes e outros povos nativos
sofreram em decorrência de doenças devastadoras transmitidas pelos colonos
mórmons.3 Em 24 de janeiro de 1854, muitas mulheres de Salt Lake City se
reuniram para avaliar “a importância de organizar uma sociedade de mulheres
com o objetivo de fazer roupas para as mulheres e crianças índias”.4 Na
semana seguinte, elas se reuniram na casa de Matilda Dudley e a elegeram
presidente e tesoureira da nova sociedade e decidiram que todos os membros
deveriam pagar 25 centavos como taxa de inscrição e, também, doar horas de
trabalho “para o benefício dos índios que estivessem mais necessitados ou
merecendo nossa compaixão e assistência”.5 Essa foi uma das muitas
organizações estabelecidas em todo o território.6
Alguns meses depois, Brigham Young enviou um chamado formal para
as mulheres em Salt Lake City para unificarem seus esforços de costurar
roupas para os povos nativos e instruiu os bispos que organizassem
Sociedades de Socorro em cada ala.7 A Sociedade de Socorro índia de
Dudley foi dissolvida e ela foi uma participante importante na organização de
Sociedade de Socorro da Ala 13 Salt Lake City, em 7 de junho de 1854.8 Na
semana seguinte, ela apresentou um “convênio” para os membros da
Sociedade de Socorro, que era similar ao conselho dado por Emma Smith, na
Sociedade de Socorro de Nauvoo, para que as irmãs se unissem e não
falassem mal umas das outras ou dos líderes da Igreja.9 As atas das reuniões
da Sociedade de Socorro da Ala 13 registram as mulheres fazendo doações,
costurando roupas, acolchoados, tapetes e tranças de chapéu de palha,
confeccionadas dentro “do padrão típico, para serem úteis e encantadores”. A
organização não se reunia durante o inverno, quando estava muito frio para
trabalharem juntas.10
Três anos mais tarde, em 6 de maio de 1857, Matilda Dudley, que havia
se casado novamente com Joseph Busby e mudara o sobrenome, renovou o
convênio anterior, com as mesmas palavras. Esse convênio, que está
reproduzido aqui, pode ter sido destinado aos novos membros que entraram
depois de 1854, ou como uma confirmação do propósito da sociedade.11 Nas
duas versões, tanto na de 1854 como na de 1857, o breve discurso de Matilda
Dudley ilustra sua visão de organização para esse grupo local e sua ligação
com a Sociedade de Socorro como um todo. A Sociedade de Socorro da Ala
13 foi descontinuada em 1857 por causa da possível chegada do exército
federal que havia sido enviado pelo presidente James Buchanan em resposta
às alegações de que os mórmons estavam se rebelando em Utah.12

[14 de junho de 1854]


M. DUDLEY PROPÔS, com o apoio de A Cobb13 e aprovado por
unanimidade, que o seguinte convênio seja feito por todos os que se tornarem
membros dessa sociedade, ou seja, que não falarão mal umas das outras nem
das autoridades da Igreja; mas vão se esforçar, de todas as maneiras que estão
em seu poder, para cultivar um espírito de união, de humildade e de amor, e
esse será o convênio que farão todos os que se tornarem membros dessa
sociedade.

[6 de maio de 1857]
A irmã M. Busby14 propôs que o convênio feito no início da primeira
organização da sociedade fosse renovado, que era: Que todas as que se
tornarem membros dessa sociedade não devem falar mal entre si enquanto
estiverem reunidas nem das autoridades da Igreja ou de qualquer outra
pessoa, mas devem se esforçar de todas as maneiras para cultivar um
sentimento de união, de humildade e de amor, e que este seja o convênio que
todos farão quando se tornarem membros dessa sociedade.
Ala Salt Lake City 13, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], vol. 1,
de 1854 a 1857, 14 de junho de 1854, 6 de maio de 1857, pp. 4, 14–15, Biblioteca de História da Igreja.
Caligrafia de Martha J. Coray e Elizabeth Goddard.15 Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Ver Elsie Helm, Reminiscence [Reminiscências], datilografado, acessado em 1º de setembro de
2015, ancestry.com. Para detalhes sobre ataques, escalpelamento e capturas pelos índios na
Pensilvânia e em Ohio, ver The History of Wyandot County, Ohio [A História do Condado de
Wyandot, Ohio] (Chicago: Leggett, Conaway, 1884).
^2. Endowment House, Sealings and Endowments of the Living [Casa de Investidura, Selamento e
Investidura dos Vivos], vol. A, 1851–1854, Matilda Paschall, 14 de julho de 1852, p. 43,
microfilme 183,393, Biblioteca de História da Família; “Matilda M. Dudley Ferguson Paschall”,
Mormon Pioneer Overland Travel [Viagem por terra dos pioneiros mórmons], 1847–1868, acessado
em 1º de setembro de 2015, history.LDS.org. Pouco se sabe sobre o primeiro e o segundo marido de
Matilda — somente que o sobrenome do filho dela era Ferguson e que ela usou o nome Paschall
antes de se casar com Joseph Busby, em 1856. Por ter viajado pelas planícies com o nome de
Paschall, pode ser que ela tenha se divorciado de Ferguson e se casado com Paschall antes da
viagem para Utah. Entretanto, não há registro de que o sr. Paschall tenha viajado com ela para Utah.
Aparentemente, ela começou a usar novamente o nome de solteira Dudley depois de chegar no Vale
do Lago Salgado. Ela é chamada de “M. Dudley” na ata de 14 de junho de 1854, da Sociedade de
Socorro da Ala Salt Lake City 13, conforme apresentado aqui. A Ala 13 ficava entre as ruas Main
Street com a 300 East e a South Temple com a 300 South (Andrew Jenson, Encyclopedic History of
the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Enciclopédia da História de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1941, pp. 748–749).
^3. Jared Farmer, On Zion’s Mount: Mormons, Indians, and the American Landscape [No Monte Sião:
Mórmons, índios e a paisagem americana], Cambridge, MA: Harvard University Press, 2008, pp.
50–58, 80–88. No outono de 1853, Brigham Young organizou várias missões de proselitismo entre
os índios, programadas para começar na primavera de 1854 (Richard L. Jensen, “Forgotten Relief
Societies” [Sociedades de Socorro esquecidas], 1844–1867, Dialogue: A Journal of Mormon
Thought [Diálogo: Um diário do pensamento mórmon], 16, nº 1, primavera de 1983, pp. 107–109).
^4. Amanda Barnes Smith, Journal [Diário], 24 de janeiro de 1854, Biblioteca de História da Igreja; Jill
Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty
Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50
Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres santos dos
últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 188–190.
^5. Amanda Barnes Smith, Journal [Diário], 9 de fevereiro de 1854; Ala 13, Estaca Salt Lake, Relief
Society Records, 1854–1857 [Registros da Sociedade de Socorro], 7 de junho de 1854, Biblioteca
de História da Igreja; Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 190–191.
^6. Os primeiros esforços de socorro organizados em Utah ocorreram no início dos anos de 1850,
começando com as reuniões de costura da Ala 2 de Salt Lake City. Lydia Goldthwaite Knight
coordenou uma Sociedade de Socorro especifica para a Ala Salt Lake City 1, em 1854, e o bispo
Shadrach Roundy chamou Patty Sessions como presidente da Sociedade de Socorro da Ala Salt
Lake City 16 em junho daquele ano. Outras sociedades começaram entre 1854 e 1857. As
sociedades organizadas em Salt Lake City incluíam as Alas 3, 6, 7, 11, 14 e 15 (Ala 2, Estaca Salt
Lake, história manuscrita e relatórios históricos, datilografado, p. 7, Biblioteca de História da
Igreja; Susa Young Gates, “Relief Society Beginnings in Utah” [O início da Sociedade de Socorro
em Utah], Relief Society Magazine [Revista da Sociedade de Socorro] 9, nº 4, abril de 1922, pp.
185–190; ver também Jensen, “Forgotten Relief Societies” [Sociedades de Socorro Esquecidas]).
^7. Escritório do historiador, General Church Minutes [Atas Gerais da Igreja], 1839–1877, 4 de junho
de 1854, Biblioteca de História da Igreja.
^8. Registros da Sociedade de Socorro da Ala 13, 7 de junho de 1854; Louisa R. Taylor, “Records of
the Female Relief Society Organized on the 9th of Feb,y in the City of Great Salt Lake 1854 Utah
Territory” [Registros da Sociedade de Socorro Feminina organizada em 9 de fevereiro, em Salt
Lake City, em 1854, Território de Utah], 13 de junho de 1854, p. 30, BYU; Derr e outros, First
Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 197.
^9. Registros da Sociedade de Socorro da Ala 13, 14 de junho de 1854; Nauvoo Relief Society Minute
Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de março de 1842, p. 15; 14 de abril
de 1842, p. 27; 26 de maio de 1842, p. 53; 4 de agosto de 1842, p. 77, em Derr e outros, First Fifty
Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 37, 47, 70–71, 91.
^10. Registros da Sociedade de Socorro da Ala 13, 19 de julho de 1854; “Historical Sketch of the 13th
Ward Relief Society” [Esboço histórico da Sociedade de Socorro da Ala 13], Ala 13, Estaca Salt
Lake, Relief Society Minutes and Records [Registros e atas da Sociedade de Socorro], Minute Book
“A” [Livro de Atas “A”], 1868–1898, 17 março de 1892, p. 646, Biblioteca de História da Igreja;
Leonard J. Arrington, From Quaker to Latter-day Saint: Bishop Edwin D. Woolley [De Quaker a
Santo dos Últimos Dias: Bispo Edwin D. Woolley], Salt Lake City: Deseret Book, 1976, pp. 337–
338.
^11. Registros da Sociedade de Socorro da Ala 13, 6 de maio de 1857. Ela se casou com o terceiro
marido, Joseph Busby, que se tornou mestre de obras da assembleia legislativa do território de Utah
em 13 de março de 1856 (Kate B. Carter, comp., “The Year of 1864” [O ano de 1864], em Our
Pioneer Heritage [Nossa Herança Pioneira], 20 vols., Salt Lake City: Daughters of Utah Pioneers
[Salt Lake City: Filhas dos Pioneiros de Utah], 1965, vol. 8, p. 4; Endowment Index [Índice de
investiduras], 1846–1969, Matilda Dudley, microfilme 1.262.865, Biblioteca de História da
Família; Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 13, p. 646).
^12. Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 13, p. 646; Jill Mulvay Derr, Janath Russell
Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres
do Convênio: A história da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, p. 80.
^13. Augusta Adams Cobb era da região de Boston. Ela se casou com Brigham Young, sendo a
segunda esposa do casamento plural dele e se mudou para Utah em 1848. Augusta serviu como
primeira conselheira de Matilda Dudley (Jeffery Ogden Johnson, “Determining and Defining
‘Wife’: The Brigham Young Households” [Determinando e definindo “Esposa”: As famílias de
Brigham Young], Dialogue: A Journal of Mormon Thought [Diálogo: Um diário do pensamento
mórmon], 20, nº 3, outono de 1987, p. 60; “Augusta Adams Cobb”, Mormon Pioneer Overland
Travel [Viagem por terra dos pioneiros mórmons], 1847–1868, acesso em 13 de junho de 2016,
history.LDS.org; Registros da Sociedade de Socorro da Ala 13, 7 de junho de 1854).
^14. Matilda Dudley havia se casado com Joseph Busby e estava usando o sobrenome dele por ocasião
da reunião de junho de 1854.
^15. George Busby doou o livro de atas da Sociedade de Socorro que pertencera à sua mãe, Matilda
Dudley Busby, ao escritório do historiador da Igreja aproximadamente 23 anos depois que ela
faleceu (Clarissa Smith Williams e Amy Brown Lyman, “The Official Round Table” [A mesa
redonda oficial], Relief Society Magazine [Revista da Sociedade de Socorro], 6, nº 1, janeiro de
1919, p. 43).
—————————— 8 ——————————

Todas nós temos uma missão a cumprir

Elicia A. Grist
Discurso em Latter-day Saints’ Millennial Star
Liverpool, Inglaterra
4 de maio de 1861

A atriz britânica, Elicia Allely Grist [Suhrke Garthwaite] (1827–1898) foi


batizada como membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias em maio de 1853, aproximadamente cinco meses depois do marido,
John Grist.1 Como consequência de sua filiação à Igreja, Elicia foi deserdada
pelos pais.2 Alguns anos mais tarde, a família Grist se mudou para vários
lugares, da Inglaterra para a Irlanda, entre Birmingham, Dublin e Liverpool,
onde este discurso foi publicado.3
Nos séculos 18 e 19, a Grã-Bretanha passou por profundas mudanças
econômicas, sociais, culturais e políticas por causa da Revolução Industrial.
Por exemplo, o desenvolvimento da prensa a vapor tornou as publicações
mais acessíveis à crescente classe trabalhadora. A próspera cultura de
impressão criou um ambiente público em que as pessoas podiam expressar
melhor seu senso de identidade pessoal, seus valores e a atividade de sua
Igreja, como demonstrado por Elicia Grist.4 Além disso, muitos indivíduos
que sentiram os efeitos das mudanças causadas pela Revolução Industrial
estavam receptivos a conhecer novas ideias e grupos religiosos e, com isso, a
Igreja cresceu rapidamente na Grã-Bretanha, em meados do século 19. O
periódico quinzenal britânico da Igreja, o Millennial Star, publicado pela
primeira vez em 1840, “dedicou-se à propagação da plenitude do evangelho”
e era um meio de comunicação com os santos em toda a missão britânica.5
O Millenial Star era particularmente importante porque os santos
britânicos estavam amplamente espalhados e não tinham a organização
formal da Igreja por completo. Por exemplo, a primeira Sociedade de Socorro
britânica foi organizada somente em 1873.6 O Millenial Star servia como
uma espécie de fórum de discussão para as mulheres. Alguns artigos,
editoriais, discursos e mensagens eram endereçados especialmente ao público
feminino.7
Elicia Grist falou em seu discurso sobre as responsabilidades que
pertencem especificamente às mulheres e, como resultado da Revolução
Industrial, as mulheres britânicas estavam passando por novas oportunidades
econômicas, culturais e políticas. Algumas mulheres inglesas do meio do
século 19, que lutavam pelos direitos das mulheres e seu direito ao voto, ao
mesmo tempo defendiam os conceitos vitorianos dos papéis distintos dos
homens e das mulheres e a noção de que a posição principal de uma mulher
era cuidar do lar.8 Elicia Grist usou em seu discurso as metáforas
relacionadas à sua carreira artística, incentivando as mulheres a reconhecer
suas realizações nos diversos atos da vida. Ela também falou como mãe — o
casal Grist teve sete filhas, sendo que quatro delas faleceram na infância.9
Elicia Grist seguiu completa e pessoalmente o plano de imigração, como
descrito neste discurso, quando se mudou com a família para Utah, em 1863,
com a ajuda do Fundo Perpétuo de Imigração.10 Ao chegar a Salt Lake City,
ela começou imediatamente a atuar no Teatro de Salt Lake, retomando um
passatempo de sua vida na Grã-Bretanha.11 Não se sabe se ela fez esse
discurso oralmente ou se somente o publicou no Millenial Star.

AO ASSUMIR A RESPONSABILIDADE de me dirigir às irmãs da Igreja,


eu o faço com o objetivo de estimular e incentivar os melhores sentimentos
que existem entre as mulheres e de modo algum pretendo falar de modo
autoritário. Apenas sugiro o que considero ser uma maneira de fomentar um
desejo mais ativo de cuidarmos umas das outras, tornando-nos mais unidas
em nossos esforços e ampliando nossa boa influência nas áreas em que somos
chamadas a agir.
Quando consideramos as muitas oportunidades e as diversas maneiras de
sermos úteis e a quantidade de bem que podemos realizar por estarmos
envolvidas em tão grande causa, talvez algumas de vocês sintam que não é
nosso privilégio tomar parte ou fazer algo em relação à edificação do reino de
Deus. Mas acho que é uma ideia equivocada supor que não podemos agir de
modo a enobrecer nosso caráter e posição, sendo que estamos aliadas tão de
perto aos irmãos do sacerdócio, e é requerido deles tão grandes esforços para
fazer avançar a causa de Deus. De forma alguma quero que isso seja
entendido como uma sugestão de interferir nos direitos e nas obrigações do
elevado e sagrado chamado a eles atribuído. Mas, não seria bom se
pudéssemos apreciar um espírito amável e de afinidade entre nós? Se não for
possível nos reunir socialmente com frequência, podemos conservar
individualmente uma unidade mais santa entre nós e acumular em nossos
pensamentos e sentimentos um desejo maior de abençoar e edificar, de
fortalecer e incentivar e, assim, ser instrumentos para propagar fora de nossa
comunidade um interesse maior pelo reino de nosso Pai, no qual fomos
adotadas. Por sermos parte de uma mesma família, vamos nos unir para fazer
todo o bem que for possível em nossa esfera, pois podemos realizar muito se
tivermos vontade de fazê-lo. Também, em nossas reuniões de associação,
muito depende do papel que desempenhamos.12
Se considerarmos somente a responsabilidade que recai sobre nós em
cada ato que realizamos, veremos que todas temos uma missão a cumprir,
apesar de sermos o elo mais fraco e não podermos ser chamadas a cumprir as
responsabilidades mais elevadas que estão sobre os que recebem os oráculos
de Deus.13 Deveríamos, queridas irmãs, levar conosco um puro sentimento de
bondade e ajudar a criar uma atitude positiva e uma sincera devoção à causa;
e, não preciso mencionar, até mesmo o grande privilégio que já recebemos
em muitas ocasiões de testemunhar e exercer os dons do Espírito. Quantas
vezes já fomos fortemente tocadas pela manifestação do poder de Deus em
nossas reuniões!14 Em muitas ocasiões, quando participamos dessas
inspirações santas, nosso testemunho pode ter feito com que algumas pessoas
presentes refletissem mais profunda e intimamente sobre o que foi dito.15 O
mesmo também pode ser feito em outras ocasiões, na companhia de nosso
vizinho ou de um visitante amigável, que poderia, talvez, querer nos pedir um
livro emprestado. Podemos ter a chance aqui de conversar sobre os princípios
da Igreja e também divulgar as obras dela e, quem sabe dessa forma, ser um
instrumento para convencer alguns honestos amantes da verdade e mostrar o
caminho da salvação para ele ou ela! Podemos mencionar muitos exemplos
como esses. Basta dizer que me é incomum dar essas instruções para as
irmãs, que possivelmente compreendem plenamente os seus deveres e as
várias formas de servir e como se envolver melhor em levar a muitos o
conhecimento da verdade, convidando as pessoas a participar das reuniões e
congregações dos santos; pois “como é bom receber uma palavra de incentivo
no momento certo” para aqueles que desejam um conselho!16
Vamos agora voltar nossa atenção para o círculo doméstico. Depende
grandemente de nós o tipo de sentimento que permeia nosso lar. Como
esposas, podemos criar ali um pedaço do céu. Quando o chefe de uma família
retorna do seu trabalho diário, ele procura os confortos e as atenções que não
preciso mencionar, pois todas sabem, por si mesmas, como agradar e
confortar nosso marido, que temos o privilégio de estimar. Há também
responsabilidades de grande importância sobre aquelas de nós que somos
mães, ou seja, o treinamento adequado e a instrução de nossos filhos. Nunca
é cedo demais para começar a instilar na mente jovem deles os princípios da
Igreja. Com frequência, sou levada a refletir seriamente sobre algumas
dúvidas de minhas crianças a respeito da Igreja. Suas perguntas, muitas
vezes, despertam em mim o senso do meu dever. Somos, queridas irmãs,
responsáveis perante Deus pela maneira como criamos nossos filhos. Nossas
criancinhas já nos ouviram orando por eles? Elas já nos viram ajoelhadas ao
lado de sua cama? Pois as crianças que ouvem suas mães orando são mais
propensas a orar por si mesmas.
Também gostaria de sugerir outra fonte de boa influência para nossos
filhos, isto é, sempre que possível, ler para eles em voz alta as obras
publicadas pela Igreja.17 Suas mentes jovens são muito receptivas e, assim
que recebem as impressões do Espírito, o interesse deles é facilmente
despertado para o que é bom. Tome, por exemplo, uma ideia recentemente
sugerida por alguns dos irmãos do sacerdócio: a de viajar para Sião
guardando um centavo para cada cinco quilômetros. Assim, cada centavo
guardado o aproximará cinco quilômetros de Sião.18 Se pudermos fazer com
que nossos filhos se interessem por essa ideia, isso controlaria o desejo
natural tão prevalente entre eles de correr para comprar bolos e doces que só
lhes fazem mal.
Vou mencionar um incidente que chegou ao meu conhecimento para
incentivar os jovens que vão lê-lo ou ouvir a respeito dele. Dois pequeninos
que pertencem a uma família da Igreja ganharam dois centavos cada um. Eles
foram correndo para a mãe, com alegria radiante em suas faces e disseram:
“Veja mamãe, estamos dez quilômetros mais perto de Sião! Por favor,
coloque esse dinheiro no cofrinho”. Seria muito bom incentivar nossos filhos
a fazer esse novo esforço. Embora isso pareça uma maneira simples de olhar
para isso, pode ser que nossos filhos, em alguns casos, tenham que viajar
cinco quilômetros por dia e eles farão isso com muita facilidade porque
colocaram seu centavo em um cofrinho, que poderá ser usado para esse
propósito.19 Isso fará com que eles e nós tenhamos em nosso coração um
interesse pela coligação de Sião.
Espero que essa pequena mensagem, escrita com toda a humildade, seja
recebida com o mesmo sentimento de humildade e espero que algumas irmãs
mais talentosas abordem esse mesmo assunto, pois, dessa maneira,
poderemos muito nos beneficiar. Não quero que pensem que me considero
uma pessoa perfeita. Infelizmente, não sou. Sinto minhas próprias
imperfeições, mas estou buscando superar todas as coisas que reconheço ser
um obstáculo ao meu progresso no reino de Deus.
Elicia Grist, “Address to the Sisters of the Church” [Discurso para as irmãs da Igreja], The Latter-day
Saints’ Millennial Star, 23, nº 18, 4 de maio de 1861, pp. 277–278. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. “Death of Mrs. Garthwaite” [O falecimento da sra. Garthwaite], Salt Lake Tribune, 25 de setembro
de 1898.
^2. John Knapp Grist, Journal of John Knapp Grist [Diário de John Knapp], Spanish Fork, UT:
Liberty Press, n.d., p. 2. Quando a família Grist foi batizada, aproximadamente 30 mil santos dos
últimos dias viviam nos limites da missão da Grã-Bretanha, onde a Igreja havia sido estabelecida 16
anos antes (“Statistical Report of the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints in the British
Islands, for the Half-Year Ending June 30th, 1853” [Relatório Estatístico de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias nas Ilhas Britânicas, para o semestre finalizado em 30 de junho
de 1853], Latter-day Saints’ Millennial Star, 15, nº 31, 30 de julho de 1853, p. 510).
^3. Grist, Journal of John Knapp Grist [Diário de John Knapp Grist], pp. 63, 65, 79, 83.
^4. Jennifer L. Goloboy, “Introduction” [Introdução], em Industrial Revolution: People and
Perspectives [Revolução Industrial: Pessoas e perspectivas], editora Jennifer L. Goloboy, Santa
Barbara, CA: ABC-CLIO, 2008, xx; Paul J. Erickson, “Readers and Writers” [Leitores e escritores],
em Goloboy, Industrial Revolution [Revolução Industrial], pp. 85, 94–95.
^5. Peter Crawley, A Descriptive Bibliography of the Mormon Church [Uma Bibliografia Descritiva da
Igreja Mórmon], vol. 1, 1830–1847, Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young
University, 1997, pp. 108–113.
^6. Rebecca Bartholomew, Audacious Women: Early British Mormon Immigrants [Mulheres
Audaciosas: As antigas imigrantes mórmons britânicas], Salt Lake City: Signature Books, 1995,
pp. 89, 109–118; Leonard J. Arrington, “Mormon Women in Nineteenth-Century Britain”
[Mulheres mórmons na Grã-Bretanha do século 19], em Coming to Zion [Vir a Sião], editor
James B. Allen e John W. Welch, Provo, UT: BYU Studies, 1997, p. 285.
^7. Ver Hannah Selina Pegg, “Friendly Suggestions to My Young Sisters” [Sugestões amigáveis para
minhas jovens irmãs], Latter-day Saints’ Millennial Star, 23, nº 16, 20 de abril de 1861, pp. 252–
254; ver também Elizabeth Tullidge, “Life” [Vida], Latter-day Saints’ Millennial Star, 21, nº 2, 8
de janeiro de 1859, pp. 21–22; Emily G. Teasdale, “Woman—Her Sphere and Duties” [Mulheres
— Suas Esferas e Obrigações], Latter-day Saints’ Millennial Star, 21, nº 13, 26 de março de 1859,
pp. 206–208; e Mary [Fielding] Smith e M. R. [Mercy Fielding] Thompson, “To the Sisters of the
Church of Jesus Christ in England: Greeting” [Às irmãs de A Igreja de Jesus Cristo na Inglaterra:
Saudações], Latter-day Saints’ Millennial Star, 5, nº 1, junho de 1844, p. 15.
^8. Bartholomew, Audacious Women [Mulheres Audaciosas], pp. 103–106.
^9. Na época em que Elicia Grist escreveu esse discurso, suas filhas, Evangeline e Alice, tinham 8 e 9
anos de idade, respectivamente (ver Grist, Journal of John Knapp Grist [Diário de John Knapp
Grist], p. 3).
^10. O Fundo Perpétuo de Imigração, inaugurado em 1849, proveu assistência financeira e coordenou a
organização da mudança dos santos dos últimos dias para Utah (Names of Persons and Sureties
Indebted to the Perpetual Emigrating Fund Company [Nomes de pessoas e garantias em débito
com o Fundo Perpétuo de Imigração], de 1850 a 1877, inclusive, Salt Lake City: Star Book and Job
Printing Office, 1877, 59; ver também Richard L. Jensen e Maurine Carr Ward, “Names of Persons
and Sureties Indebted to the Perpetual Emigrating Fund Company” [Nomes de pessoas e garantias
em débito com o Fundo Perpétuo de Imigração], 1850 a 1877, Mormon Historical Studies, 1, nº 2,
outono de 2000, pp. 141–142).
^11. “Death of Mrs. Garthwaite” [O falecimento da sra. Garthwaite]; A. A. [Annie Adams] Kiskadden,
“Greenroom Memories at the Salt Lake Theatre” [Memórias do Greenroom do Teatro de Salt
Lake], Deseret Evening News, 15 de dezembro de 1906. Elicia Grist era uma, dentre os muitos
santos britânicos que imigraram para Utah e trouxeram consigo a experiência teatral. Em uma carta
a Brigham Young sobre os santos britânicos, George Sims descreveu o teatro de Salt Lake como
“um pregador barulhento” porque sua existência incentivava os santos britânicos cultos a imigrarem
para Utah, onde eles poderiam desfrutar de atividades culturais (George E. Sims para Brigham
Young, 5 de março de 1863, p. 3, Arquivos do escritório de Brigham Young, 1832–1878,
Biblioteca de História da Igreja; ver também Lynne Watkins Jorgensen, “The Mechanics’ Dramatic
Association: London and Salt Lake City” [Associação Mecânica Dramática: Londres e Salt Lake
City], Journal of Mormon History, 23, nº 2, outono de 1997, pp. 155–184).
^12. “Reunião de associação” pode ter sido um termo britânico para reunião de testemunho. (Ver “The
Visitor: The Fellowship Meeting” [O visitante: A reunião de testemunho], Latter-day Saints’
Millennial Star 21, nº 4, 22 de janeiro de 1859, pp. 57–58).
^13. Ver 1 Pedro 3:7. No século 19, a percepção sobre a Queda de Adão e Eva geralmente se
centralizava em Eva sendo enganada por Satanás. Estudiosos acadêmicos da Bíblia comumente
enfatizavam que as mulheres eram física e emocionalmente mais fracas, portanto submissas aos
homens (Amanda W. Benckhuysen, “The Prophetic Voice of Christina Rossetti” [A voz profética
de Christina Rossetti], em Recovering Nineteenth-Century Women Interpreters of the Bible
[Recuperando as Mulheres Intérpretes da Bíblia do Século 19], editora Christiana de Groot e
Marion Ann Taylor, Atlanta: Society of Biblical Literature, 2007, p. 170).
^14. Um poeta que vivia em Londres falou que nessas reuniões de associação (testemunho) se ouviam
“palavras ardentes de inspiração”, pronunciadas em “idiomas desconhecidos e profecia”. Os santos
foram grandemente abençoados por meio dessas reuniões: “Os santos fiéis, revigorados e
fortalecidos / Os fracos na fé, revividos e encorajados; / Seus dias felizes prolongados, / Glória ao
nome de Jeová” (T. J. D., “Fellowship Meeting” [Reunião de associação], Deseret News, 14 de
dezembro de 1854).
^15. Ver Doutrina e Convênios 46:14.
^16. Ver Provérbios 15:23. Muitas mulheres britânicas convidavam os vizinhos e amigos para aprender
mais sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Para três exemplos, ver
Arrington, “Mormon Women in Nineteenth-Century Britain” [Mulheres Mórmons na Grã-Bretanha
do Século 19], pp. 282, 292, 297.
^17. A defesa de Elicia Grist pela educação infantil era contrária às ideias predominantes na sociedade
britânica da época, quando a maioria das crianças enfrentavam muitas barreiras ao aprendizado
formal, inclusive pobreza e distinção de classe. Orson Pratt contratou uma imprensa em Liverpool,
sob a supervisão da Missão Britânica, para publicar escrituras, hinários, livros de poesia, histórias,
panfletos teológicos, livros de instrução religiosa, periódicos e várias obras escritas em francês,
alemão, italiano, dinamarquês e galês, bem como o retrato de importantes líderes homens da Igreja
em Utah (Arrington, “Mormon Women in Nineteenth-Century Britain” [Mulheres Mórmons na
Grã-Bretanha do Século 19], p. 284; Catalogue of Works Published by the Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints, and for Sale by Orson Pratt at Their General Repository [Catálogo de obras
publicadas por A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e para venda por Orson Pratt
em seu depósito geral] e “Millennial Star” Office, Liverpool: ca. 1856).
^18. Como parte do Fundo Perpétuo de Imigração, as pessoas eram incentivadas a guardar dinheiro e
entregá-lo aos agentes autorizados para pagar a viagem até Utah. Frequentemente, o Millennial Star
publicava informações contendo detalhes dos custos específicos de passagens de navio, trem e
transporte terrestre e listas com sugestões de suprimentos a serem levados (ver, por exemplo,
“Individual or Penny Emigration Fund” [Fundo financeiro individual de imigração], Latter-day
Saints’ Millennial Star, 19, nº 36, 5 de setembro de 1857, pp. 570–571; e “Emigration” [Imigração],
Latter-day Saints’ Millennial Star, 23, nº 1, 5 de janeiro de 1861, pp. 9–10).
^19. O obituário de Alice Grist Allen, filha de Elicia Grist, afirmava que Alice caminhara a maior parte
do caminho pelas planícies (“Alice Alalee Allen”, Salt Lake Tribune, 29 de janeiro de 1933).
—————————— 9 ——————————

Deus nos capacitará para a vitória

Mary Isabella Horne


Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 17
Union Hall, Salt Lake City, Utah, EUA
30 de julho de 1868

Em 30 de julho de 1868, Mary Isabella Hales Horne (1818–1905) falou


sobre fé em tempos de dificuldades para a Sociedade de Socorro da Ala Salt
Lake City 17. O Woman’s Exponent descreveu Mary Horne como uma
mulher de “energia indomável” e que estava “decidida a não se esquivar de
qualquer responsabilidade colocada sobre seus ombros”.1 Nascida na
Inglaterra, ela imigrou com a família para York [Toronto], Canadá, em 1832,
aos 13 anos de idade. Ela conheceu Joseph Horne em uma reunião de um
acampamento metodista quando tinha 15 anos e se casou com ele dois anos
depois. O casal conheceu os missionários mórmons, Orson Pratt e Parley P.
Pratt, um pouco depois de se casarem e eles foram batizados em julho de
1836 e, em 1838, a família Horne se mudou para Far West, Missouri. No
inverno seguinte, foram expulsos de lá, seguindo para Illinois, com outros
mórmons. Mary Isabella Horne se filiou à Sociedade de Socorro de Nauvoo
em 9 de junho de 1842.2
Seu serviço na Sociedade de Socorro continuou em Salt Lake City.
Quando a Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 14 foi organizada, em
1856, ela serviu como primeira conselheira da presidente Phebe W. Woodruff
e, em 12 de dezembro de 1867, foi chamada como presidente quando a
Sociedade de Socorro foi reorganizada.3 Ela viajava com frequência por todo
o território de Utah e discursava em diversas Sociedades de Socorro, nas
quais compartilhava suas experiências e convicções pessoais.4
Em julho de 1868, Mary Horne visitou a Sociedade de Socorro da Ala
5
17. Sua amiga Marinda N. Hyde, cujo marido provavelmente a batizara,
presidia essa Sociedade de Socorro.6 Antes do discurso de Mary Isabella
Horne, Marinda Hyde falou sobre o trabalho da Ala 17. Ela disse que haviam
produzido “um acolchoado, um pedaço de tapete, uma peça de jeans e
acredito que fomos abençoadas em nossos labores. Sinto que nosso Pai
Celestial vai cuidar de nós”.7 Marinda Hyde continuou sua mensagem de
esperança quando se referiu a uma invasão recente de grilos (os colonos
locais os chamavam de gafanhotos) no Vale do Lago Salgado.8 A última
infestação provavelmente trouxera a lembrança de um acontecimento similar
duas décadas atrás, quando os gafanhotos atacaram as plantações — uma
história que se tornou parte da história cultural mórmon.9 Marinda Hyde
observou: “Em relação aos gafanhotos que nos atacaram na semana passada,
em nenhum momento pensei que o Pai Celestial tinha nos esquecido”.10
Mary Horne repetiu esses mesmos sentimentos de fé em seu próprio discurso.

É UM PRAZER ESTAR com vocês na qualidade da Sociedade de Socorro


das Mulheres. Sinto que essas sociedades são degraus para obras maiores e
que, no final, colheremos a recompensa, mas devemos viver com retidão e
lutar com êxito contra o mal e Deus nos capacitará para a vitória. Minha fé
nunca falhou a respeito dos gafanhotos, pois eu sabia que nosso Pai estava
desejoso e apto a nos suster. Sei, porém, que às vezes Ele nos testa para que
nos aproximemos Dele.11 Sei que é bom que nos reunamos como irmãs
algumas vezes, pois o intercâmbio de pensamentos e sentimentos em uma
boa causa tende a nos elevar. E, se formos fiéis, quando terminarmos nossa
obra na Terra, alcançaremos o reino celestial de nosso Deus.
Salt Lake City Seventeenth Ward, Salt Lake Stake, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de
Socorro da Ala Salt Lake City 17, Estaca Salt Lake], vol. 2, 1868–1871, 30 de julho de 1868, pp. 97–
98, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Lydia Dunford Alder. Título fornecido pelos editores.
Mary Isabella Horne. Por volta de 1860. Mary Isabella Horne
serviu como presidente da Associação de Resguardo Mútuo das
Moças de 1870 a 1904, presidente da Sociedade de Socorro da
Estaca Salt Lake de 1877 a 1903 e tesoureira da junta geral da
Sociedade de Socorro de 1880 a 1901. Ela serviu também como
presidente do comitê executivo do Hospital Deseret de 1882 a
1894. Fotografia de Edward Martin (Biblioteca de História da
Igreja, Salt Lake City).

_________________________
^1. [Emmeline B. Wells], “A Representative Woman: Mary Isabella Horne” [Uma mulher notável:
Mary Isabella Horne], Woman’s Exponent, 11, nº 4, 15 de julho de 1882, p. 25; nº 8, 15 de
setembro de 1882, p. 59.
^2. Sra. Joseph Horne [Mary Isabella Horne], “Migration and Settlement of the Latter Day Saints”
[Migração e colonização dos santos dos últimos dias], 1884, pp. 1–2, 4–6, 10, Bancroft Library,
University of California, Berkeley; [Wells], “A Representative Woman” [Uma mulher notável],
Woman’s Exponent, 10, nº 24, 15 de maio de 1882, p. 185; [Wells], “A Representative Woman”
[Uma mulher notável], Woman’s Exponent, 11, nº 1, 1º de junho de 1882, p. 1; Nauvoo Relief
Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 9 de junho de 1842, p.
64, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The
First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os
Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes da História das Mulheres
Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 80.
^3. Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 209–210; “Address of Mrs. M. Isabella
Horne” [Discurso da sra. M. Isabella Horne], Woman’s Exponent, 20, nº 18, 1º de abril de 1892, p.
138; [Wells], “A Representative Woman” [Uma mulher notável], Woman’s Exponent, 11, nº 8, 15
de setembro de 1882, p. 59.
^4. Emmeline B. Wells e outras relatam as dificuldades iniciais de Mary Isabella Horne para falar em
público. Ela era “tão tímida que não conseguia votar nos membros da sociedade sem receber o
apoio das outras irmãs. Ao vê-la agora na frente das congregações dos santos e ouvir as instruções
que fluem de seus lábios, dificilmente uma pessoa poderia acreditar que ela tivesse medo de sua
própria voz” ([Wells], “A Representative Woman” [Uma mulher notável], Woman’s Exponent, 11,
nº 8, 15 de setembro de 1882, p. 59).
^5. Ala 17, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro], vol. 2, 1868–1871, 30 de julho de 1868, pp. 97–98, Biblioteca de História da Igreja.
^6. Ala 17, Estaca Salt Lake, Manuscript History and Historical Reports [História manuscrita e
registros históricos], datilografado, Biblioteca de História da Igreja. Assim como Horne, Hyde
havia se unido à Sociedade de Socorro de Nauvoo (Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de
atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de março de 1842, p. 7, em Derr e outros, First Fifty
Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 30).
^7. Jeans eram calças usadas pelos trabalhadores braçais, confeccionadas com tecido durável de sarja
de algodão (Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17, 30 de julho de 1868, p. 97).
^8. O jornal Deseret News publicou diversos problemas com gafanhotos em todo o território de Utah.
No dia anterior a essa reunião, a reportagem noticiava que milhões de gafanhotos estavam atacando
jardins e terrenos em Salt Lake City (“Items” [Itens], Deseret News, 29 de julho de 1868).
^9. Orson Hyde se referiu ao incidente de 1848 em um discurso no dia 24 de setembro de 1853,
dizendo que a “mão da providência preparou criaturas do mar e os enviou para destruir os
destruidores” (Orson Hyde, “Common Salvation” [Salvação habitual], em Journal of Discourses
[Diário de Discursos], 26 vols., Liverpool: várias editoras, 1855–1886, vol. 2, p. 114; ver também
William G. Hartley, “Mormons, Crickets, and Gulls: A New Look at an Old Story” [Mórmons,
gafanhotos e gaivotas: Um novo olhar sobre uma história antiga], Utah Historical Quarterly, 38, nº
3, verão de 1970, p. 233).
^10. Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17, 30 de julho de 1868, p. 97.
^11. Ao escrever sobre o incidente de 1848, quando os santos tentaram combater os insetos, Mary
Isabella Horne afirmou que sua fé de que Deus “enviaria salvação nunca vacilou. Naquela situação
extrema, os santos se uniram em oração ao Senhor com fé poderosa e Ele nos resgatou enviando
bandos de gaivotas, que devoraram os gafanhotos e nos livraram da morte pela fome. Foi um dos
milagres mais grandiosos desta dispensação” (Mary Isabella Horne, “Pioneer Reminiscences”
[Reminiscências dos pioneiros], Young Woman’s Journal, 13, nº 7, julho de 1902, p. 294; ver
também Horne, “Migration and Settlement” [Imigração e Colonização], p. 28).
—————————— 10 ——————————

Devemos nos aprimorar

Eliza R. Snow
Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 17
Union Hall, Salt Lake City, Território de Utah
18 de fevereiro de 1869

Quando jovem, Eliza Roxcy Snow (1804–1887) trabalhou como secretária


de seu pai, quando ele servia como juiz de paz no Condado de Portage,
Ohio.1 A exposição precoce a documentos legais e ao procedimento
parlamentar a preparou para redigir uma constituição quando as mulheres
santos dos últimos dias, em Nauvoo, Illinois, propuseram um grupo de
costura feminino, em março de 1842. Quando Eliza Snow enviou a
constituição e o estatuto que elaborara para a aprovação de Joseph Smith, ele
elogiou seus esforços e sugeriu que as mulheres formassem uma organização
oficial da Igreja, que veio a se tornar a Sociedade de Socorro.2 Ela serviu
como secretária da Sociedade de Socorro e manteve o livro de registros
contendo as atas, as doações e os registros de membros. Nessa posição, Eliza
Snow se familiarizou com os detalhes complexos e a amplitude do trabalho
das mulheres, sobre o qual falou em um discurso, 25 anos depois, na
Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 17.
Ela fez uma ligação entre as bases da Sociedade de Socorro de Nauvoo
com a nova versão oficial da sociedade em Utah. Eliza levou consigo o Livro
de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo até Winter Quarters, Nebrasca e,
depois, até o Vale do Lago Salgado, em 1847.3 Diversas sociedades
benevolentes e de socorro surgiram em Utah, na década de 1859, mas elas
não sobreviveram à Guerra de Utah e à Guerra Civil. Eliza Snow participou
minimamente nesses grupos ao mesmo tempo em que oficiava na Casa de
Investiduras, que exigia muito de seu tempo e sua atenção.4 Quando Brigham
Young restabeleceu a Sociedade de Socorro, primeiramente em 1867 e,
novamente em 1868, ele designou Eliza Snow para ajudar os bispos a
organizar a Sociedade de Socorro em cada ala.5 Posteriormente, ela contou:
“Foi uma grande missão que recebi e tive grande satisfação em cumpri-la.
Senti-me muito honrada e à vontade com minhas associações”.6 Ela levava o
Livro de atas da Sociedade de Socorro quando viajava pelo Território de Utah
para mostrar às novas líderes da Sociedade de Socorro como manter as atas e
realizar os procedimentos adequados.7
Sob a influência de Eliza Snow, a Sociedade de Socorro em Utah
proporcionou um ambiente para que as mulheres agissem, compreendessem
seu relacionamento com o sacerdócio e com seus correlatos masculinos e
desenvolvessem um senso de autoridade espiritual e secular feminino.8 Em
um artigo de duas partes no Deseret News, em abril de 1868, Eliza Snow
explicou: “Esta é uma organização que não pode existir sem o sacerdócio,
pelo fato de que é dessa fonte que deriva toda a sua autoridade e influência”.
Ela explicou também que a Sociedade de Socorro “foi organizada segundo o
padrão de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com uma
presidente, que escolhe duas conselheiras”.9 Mais tarde, ela e outras mulheres
que estiveram presentes nas reuniões de Nauvoo lembraram a explicação de
Joseph Smith sobre as responsabilidades das mulheres.10
Em 18 de fevereiro de 1869, como parte da designação de Eliza Snow
de ajudar a organizar Sociedades de Socorro nas alas e seus esforços para
explicar os ensinamentos de Joseph Smith às mulheres, ela visitou a Ala 17,
que era uma sociedade que tinha laços estreitos com a Sociedade de Socorro
de Nauvoo.11 Os membros da presidência da estaca de Salt Lake e várias
presidentes e líderes de outras Sociedades de Socorro de Salt Lake City
estavam presentes na reunião.12
TENHO PENSADO COM FREQUÊNCIA QUE, se não tivéssemos que
fazer mais do que nos parecia possível, não teríamos realizado tudo o que
podíamos.13
É uma bênção que, às vezes, sejamos levadas a situações que exigem
que utilizemos todos os poderes e todas as faculdades que possuímos. Mesmo
que não seja muito desejável no momento, é verdade que elas tendem a
fortalecer e desenvolver nossas habilidades e nos preparar para sermos mais
úteis.
Temos sido ensinadas que todas nós, em nossas organizações,
recebemos as sementes de todas as habilidades requeridas para formar um
deus ou uma deusa.14 Esses pequeninos, nos braços da mãe, possuem as
sementes de todas as habilidades que possuímos — qual a diferença entre
eles e nós? Apenas um desenvolvimento menor deles que requer cultivo,
energia e perseverança.
A organização da Sociedade de Socorro Feminina coloca as irmãs em
funções que as possibilitam exercer e desenvolver todas as suas habilidades.
Com isso, nós nos beneficiamos quando fazemos o bem para as outras
pessoas. “Ao abençoar, serás abençoado.”15 E os que mais bem fizerem, mais
abençoados serão.
Minhas irmãs, vamos nos aprimorar para sermos capazes de fazer o bem
em abundância. Somos filhas de nosso Pai Celestial e nossa posição como
santos do Deus Altíssimo é à frente do mundo.
Vamos cumprir nossas responsabilidades e honrar nossa posição.
É algo estranho para nós, irmãs, agirmos de modo desorganizado.
Nossos irmãos estão acostumados a trabalhar em grupos organizados, mas
nós não estamos e precisamos de uma grande porção do Espírito e da
sabedoria de Deus para nos guiar. Mesmo se encontrarmos dificuldades, não
vamos desanimar, mas sigamos em frente no caminho do dever e
sobrepujaremos cada obstáculo, com a bênção de Deus e com o incentivo de
nossos irmãos.16 Deem um passo à frente e não esperem para ver o próximo.
Quando damos um passo, não devemos ficar paradas até que consigamos
enxergar o caminho claro à distância, mas sigamos em frente e o caminho nos
será aberto, passo a passo. Este é um princípio. Deus requer que façamos um
esforço e, assim, provamos nossa fé e nossa confiança Nele. Depois, ele
certamente nos ajudará. Temos um exemplo gratificante deste princípio aqui,
diante de nós. A irmã Rich relata que o irmão Rich doou 50 dólares em
madeira para esta sociedade.17 Se a sociedade não tivesse começado a se
preparar para construir, essa doação generosa não teria sido feita.18
Esta sociedade já fez muito. Deus está ao seu lado, minhas irmãs, ou
vocês não teriam realizado o que realizaram. Vocês têm também a fé e as
orações da Primeira Presidência e do seu bispo.19
Esta organização é uma parte do santo sacerdócio e tem com o bispo a
mesma relação que Joseph Smith tinha com a sociedade que foi organizada
em Nauvoo, e a ideia de que a sociedade funciona sem o apoio do bispo não é
apenas absurda, mas uma impossibilidade.20 A Sociedade de Socorro age de
acordo com os conselhos do bispo em tudo o que faz e, no momento em que
dá um passo fora disso, deixa de existir em sua ordem correta e o espírito que
orienta esta instituição é retirado.
Mas não acho que tal coisa vá acontecer. Vocês têm uma presidente e
conselheiras que aprenderam, por muitos anos de experiência, a respeitarem
as autoridades que as lideram e a serem guiadas por essas autoridades.21
No entanto, sinto que devo lhes dizer para tomarem cuidado, agirem
com cautela, mas com energia.
Gostaria de parabenizá-las por seu sucesso, por tudo o que têm feito.
Vocês têm doado generosamente e, com igual generosidade, compartilhado
esses recursos.22 Confio que no próximo ano suas demandas financeiras não
serão tão pesadas quanto foram no passado.23
Gostaria de advertir um pouco as minhas irmãs em relação à compaixão:
nossa compaixão, bem como todos os outros sentimentos emocionais, requer
cultivo. Tenho aprendido isso por experiência prática. Eu não acreditava que
uma pessoa pediria ajuda a menos que realmente precisasse dela e, muitas
vezes, as pessoas me pediram ajuda antes que eu ousasse questionar minha
compaixão. Mas “aprendi sabedoria com as coisas que me fizeram sofrer”.24
É seu dever e sua responsabilidade, como sociedade que ajuda os
pobres, familiarizar-se com as circunstâncias dos que pedem sua ajuda.25
Conheci casos de pessoas que estavam sendo ajudadas por instituições de
caridade mesmo tendo joias caras guardadas no cofre, etc.26 Não hesitem em
se informar — os que realmente são carentes não vão dissimular nem
contestarão a investigação. Vocês precisam da sabedoria de Deus para
orientá-las nessas questões para que nunca recusem ajuda aos necessitados e
nem deixem escoar os recursos disponíveis.
Cada membro da sociedade deve estudar e conhecer sua posição,
cumprindo sua parte honrosamente; assim, todos seguirão em frente, como
uma máquina com as peças perfeitas.27 Que ninguém se comporte de forma
inaceitável ou pressione alguém a fazer algo. Por exemplo, eu diria às
professoras visitantes para visitar seu grupo de irmãs designadas, verificar as
circunstâncias delas e informar aos líderes apropriados, cuja responsabilidade
é cuidar ou administrar conforme as necessidades.28 E se esse princípio for
seguido em todos os departamentos, a sociedade funcionará como um
relógio.
Temos que aprender a agir por princípio e não por sentimento. Muitas
vezes, temos que controlar nossos sentimentos com limites bem definidos,
para mantê-los sob um controle adequado, pois, dessa maneira, o tentador
procurará despertar ciúmes e invejas — eliminem todos os sentimentos dessa
natureza. Por vezes, podemos pensar que não recebemos o devido respeito
desta ou daquela pessoa, mas vamos sempre nos lembrar de que “é melhor
sofrer do que agir errado”.29 Vamos agir com nobreza, como é apropriado aos
santos de Deus e às filhas de Abraão; e se lembrem sempre de que os maiores
e mais nobres são os mais" condescendentes.
Este é um ramo — há muitos ramos, mas todos eles fazem parte de uma
Sociedade de Socorro Feminina, como foi organizada por Joseph Smith. Que
cada membro procure trazer honra à sociedade, cumprindo suas
responsabilidades e sendo honrada. Sejamos humildes e apreciemos o
Espírito de Deus para crescermos em sabedoria e conhecimento, para
alcançarmos a verdadeira e nobre feminilidade e, assim, cumprirmos a
medida da nossa criação como adjutoras de nossos irmãos.
De acordo com as instruções dadas pelo profeta Joseph na época da
primeira organização, esta sociedade foi criada para prover assistência ao
bispo e aos élderes de Israel. Ao administrar aos pobres, vocês já estarão
ajudando seu bispo e diminuindo suas preocupações, e todo trabalho que está
sob a responsabilidade das mulheres recai sobre a Sociedade de Socorro.30
Em um discurso recente do presidente Young para a Sociedade de
Socorro Feminina da Ala 15, ele estabeleceu uma ampla plataforma e
apontou muitas coisas grandes que devemos fazer — pode parecer que é
muito para ser realizado somente nesta geração.31
Desejo fervorosamente que todas nós cresçamos mais a cada dia para
que, quando os fiéis forem chamados, como nos foi ensinado que serão,
estejamos entre eles.
Minhas irmãs, vocês têm minha bênção e oro para que tenhamos a força
para sobrepujar o mal com o bem — o poder de resistir a todas as tentações
— alcançar a fé dos antigos e obter a vitória sobre tudo o que se opõe a nós
no caminho para o reino celestial.
Ala Salt Lake City 17, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], vol. 2,
1868–1871, 18 de fevereiro de 1869, pp. 148–152, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Lydia
Dunford Alder. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Eliza R. Snow, “Sketch of My Life” [Esboço de minha vida], em The Personal Writings of Eliza
Roxcy Snow [Os Escritos Pessoais de Eliza Roxcy Snow], editora Maureen Ursenbach Beecher,
Logan: Utah State University Press, 2000, p. 6; Maureen Ursenbach Beecher, “Eliza of Ohio: The
Early Years” [Eliza de Ohio: Os primeiros anos], em Eliza and Her Sisters [Eliza e Suas Irmãs],
editora Maureen Ursenbach Beecher, Salt Lake City: Aspen Books, 1991, p. 33.
^2. Sarah M. Kimball, “Auto-Biography” [Autobiografia], Woman’s Exponent, 12, nº 7, 1º de setembro
de 1883, p. 51. Sarah Kimball, que esteve na segunda reunião da Sociedade de Socorro
reorganizada da Ala Salt Lake City 17, em 13 de fevereiro de 1868, contou a história sobre a
constituição inicial de Eliza R. Snow para a Sociedade de Socorro de Nauvoo (Relief Society
Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], vol. 2, 1868–1877, 13
de fevereiro de 1868, p. 58, Biblioteca de História da Igreja).
^3. “Jedediah M. Grant—Joseph B. Noble Company (1847)” [A companhia de Jedediah M. Grant e
Joseph B. Noble], Mormon Pioneer Overland Travel [Viagem por terra dos pioneiros mórmons],
1847–1868, acessado em 21 de dezembro de 2015, history.LDS.org; Jill Mulvay Derr e Carol
Cornwall Madsen, “Preserving the Record and Memory of the Female Relief Society of Nauvoo,
1842–1892” [Preservando os registros e a memória da Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo],
Journal of Mormon History, 35, nº 3, verão de 2009, p. 90.
^4. Richard L. Jensen, “Forgotten Relief Societies, 1844–1867” [Sociedades de Socorro esquecidas],
Dialogue: A Journal of Mormon Thought, 16, nº 1, primavera de 1983, pp. 105–125; ver também
Eighteenth Ward, Salt Lake Stake, General Minutes [Ala 18, Estaca Salt Lake, Atas Gerais], vol. 5,
1854–1857, 6 de setembro de 1855, p. 9, Biblioteca de História da Igreja; Snow, “Sketch of My
Life” [Esboço de Minha Vida], p. 32, 265n49.
^5. Brigham Young, “Remarks” [Mensagens], Deseret News, 18 de dezembro de 1867; Brigham
Young, “Remarks” [Mensagens], Deseret News, 13 de maio de 1868; Snow, “Sketch of My Life”
[Esboço de minha vida], p. 35. Partes do esboço de Eliza R. Snow foram também publicadas por
Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First
Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros
50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres santos dos
últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 268–269.
^6. Snow, “Sketch of My Life” [Esboço de Minha Vida], p. 35; Derr e outros, First Fifty Years [Os
Primeiros 50 Anos], p. 268.
^7. Derr e Madsen, “Preserving the Record and Memory” [Preservando os Registros e a Memória], pp.
88–117.
^8. Ver Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xvii–xxxix.
^9. Eliza R. Snow, “Female Relief Society” [Sociedade de Socorro Feminina], Deseret Evening News,
18 de abril de 1868. Para uma transcrição do artigo em duas partes, ver Derr e outros, First Fifty
Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 270–275.
^10. Sarah M. Kimball recordou posteriormente que Joseph Smith organizou as mulheres “sob o
sacerdócio, segundo o modelo do sacerdócio”. John Taylor, que estava presente na primeira
reunião, afirmou que as mulheres estavam agora “organizadas de acordo com as leis dos céus”
(Kimball, “Auto-Biography” [Autobiografia], p. 51; Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de
atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de março de 1842, p. 14, em Derr e outros, First Fifty
Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 36; ver também, por exemplo, o discurso de Bathsheba W. Smith
à Estaca Pioneer, em Clara L. Clawson, “Pioneer Stake” [Estaca Pioneer], Woman’s Exponent, 34,
nºs 2–3, julho–agosto de 1905, p. 14; Mercy R. Thompson, “Recollections of the Prophet Joseph
Smith” [Recordações do Profeta Joseph Smith], Juvenile Instructor, 27, nº 13, 1º de julho de 1892,
pp. 398–400; e Eliza R. Snow, na Ala Spring City Ward, Estaca Sanpete, Relief Society Minutes
and Records [Atas e Registros da Sociedade de Socorro], vol. 2, 1878–1901, 23 de junho de 1878,
p. 16, Biblioteca de História da Igreja).
^11. Nessa primeira reunião, em 16 de agosto de 1856, o bispo Thomas Callister ensinou às mulheres
que essa nova organização era “uma continuação da que fora organizada em Nauvoo”. Em todas as
reuniões seguintes, Callister reiterou sua esperança de que “esta sociedade (…) seja organizada
segundo o padrão estabelecido em Nauvoo. Ele queria que ela estivesse estabelecida sobre uma
fundação permanente”. Callister leu em voz alta o sermão de Joseph Smith à Sociedade de Socorro
de Nauvoo e convidou as mulheres a compartilharem suas lembranças pessoais. A Ala 17
englobava nove quarteirões, entre as ruas 200 North com a South Temple e a Main Street com a
200 West (Ala 17, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da
Sociedade de Socorro], vol. 1, 1856–1870, 16 e 21 de agosto de 1856, Biblioteca de História da
Igreja; Andrew Jenson, Encyclopedic History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[Enciclopédia da História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake
City: Deseret News, 1941, p. 751).
^12. Sarah M. Kimball, Zina D. H. Young, Marinda N. Hyde, Margaret T. Smoot e Bathsheba W.
Smith também discursaram. Todas foram membros da Sociedade de Socorro de Nauvoo. Essa
reunião comemorava o aniversário de um ano da Sociedade de Socorro da Ala 17 (Seventeenth
Ward Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17],
18 de fevereiro de 1869, p. 145).
^13. A irmã Snow descreveu sua percepção sobre o que Brigham Young pensava sobre as mulheres:
“Se qualquer filha e mãe em Israel se sentir circunscrita, limitada em sua esfera atual, agora poderá
dar ampla vazão a todos os poderes e capacidades de fazer o bem com os quais foi liberalmente
investida. (…) O presidente Young abriu as portas para uma vasta e extensa esfera de ação e
utilidade” (Snow, “Female Relief Society” [Sociedade de Socorro Feminina]).
^14. Ver Doutrina e Convênios 76:58; 132:20. Em um discurso no Tabernáculo de Salt Lake, em 8 de
agosto de 1852, Brigham Young afirmou que “o Senhor criou vocês e eu para nos tornarmos deuses
como Ele; quando formos provados em nossa capacidade atual e nos mostrarmos fiéis em todas as
coisas, Ele colocará tudo em nossas mãos. Fomos criados e nascemos para o expresso propósito de
crescermos deste estado de homens e nos tornarmos Deuses, como nosso Pai que está no céu”
(Journal of Discourses, 26 vols., Liverpool: vários editores, 1855–1886, vol. 3, p. 93; ver também
“Tornar-se como Deus”, Tópicos do Evangelho, acessado em 4 de maio de 2016, LDS.org).
^15. Ver Gênesis 22:17.
^16. No início da reunião, Albert Merrill “disse que ele estava feliz por ver o espírito manifesto pelas
irmãs no esforço de fazer o bem e ajudar a edificar a Igreja de Deus. Ele disse que há trabalho para
todos, tanto homens como mulheres. (…) Todos estamos interessados em edificar o reino; se
queremos ser cidadãos desse reino, então o herdaremos para sempre” (Seventeenth Ward Relief
Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 18 de fevereiro
de 1869, p. 146).
^17. De acordo com o relatório anual, a Sociedade de Socorro da Ala 17 tinha 150 dólares em madeira
para seu edifício. A madeira talvez tenha sido doada por Joseph C. Rich, que esteve presente e falou
anteriormente em uma festa da sociedade (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records
[Registros e atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], “Annual Report for 1868” [Relatório Anual
de 1868], p. 144; 18 de fevereiro de 1869, p. 152).
^18. Em uma reunião do comitê visitante, Rhoda Marie Carrington propôs que o comitê levantasse
fundos para financiar a construção de uma sala de reuniões para a Sociedade de Socorro. A
discussão sobre o prédio aconteceu em uma reunião subsequente do comitê visitante, um mês
depois (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro da Ala 17], 10 de dezembro de 1868, p. 136; 14 de janeiro de 1869, p. 153).
^19. Em fevereiro de 1869, a Primeira Presidência era formada por Brigham Young, George A. Smith,
primeiro conselheiro, e Daniel H. Wells, segundo conselheiro. Quando o bispo Nathan Davis, da
Ala 17, estava viajando a negócios, em fevereiro de 1869, George Morris serviu como “bispo
interino”. Brigham Young havia aconselhado os bispos especificamente: “Bispos, vocês têm
mulheres inteligentes como esposas, muitos de vocês as têm; deixem que elas organizem as
Sociedades de Socorro Femininas em diversas alas. Temos muitas mulheres talentosas entre nós.
(…) Vocês descobrirão que as irmãs serão a força motivadora para o movimento” (Andrew Jenson,
Latter-day Saint Biographical Encyclopedia: A Compilation of Biographical Sketches of Prominent
Men and Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Enciclopédia Biográfica dos
Santos dos Últimos Dias: Uma Compilação de esboços biográficos de homens e mulheres
proeminentes na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4 vols., Salt Lake City:
Andrew Jenson History Co., 1901–1936, vol. 1, pp. 37, 62; Seventeenth Ward Relief Society
Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 18 de fevereiro de
1869, p. 147; Brigham Young, “Remarks” [Mensagens], Deseret News, 18 de dezembro de 1867).
^20. Ver Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxvi–xxxiv; ver também Dallin H.
Oaks, “As chaves e a autoridade do sacerdócio”, A Liahona, maio de 2014, pp. 49–52.
^21. A presidente Marinda N. Hyde, da Sociedade de Socorro da Ala 17, foi membro da Sociedade de
Socorro de Nauvoo, tendo se filiado logo na primeira reunião, em 17 de março de 1842. Ela serviu
como tesoureira da Sociedade de Socorro da Ala 17, substituindo Bathsheba W. Smith, em 21 de
agosto de 1856. A presidente, as duas conselheiras e outras líderes deviam “cumprir os planos da
instituição”, conforme recomendado por Joseph Smith na Sociedade de Socorro de Nauvoo
(Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records [Registros de Atas da Sociedade de
Socorro da Ala 17], vol. 1, 1856–1870, 21 de agosto de 1856; Nauvoo Relief Society Minute Book
[Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de março de 1842, p. 8, em Derr e outros,
First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 31).
^22. Por exemplo, naquele tempo, as doações listadas nas atas da Sociedade de Socorro da Ala 17
incluíam: tecidos, pêssegos, açúcar, tapetes, papel, linha, farinha, café, maçãs, dinheiro, porco,
sabonete, roupas, sapatos e velas (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records [Registros
e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 13 de fevereiro–23 de abril de 1868, pp. 62–76).
^23. A tesoureira era Elizabeth A. Felt. De acordo com o relatório anual apresentado nessa reunião, a
Sociedade de Socorro da Ala 17 havia coletado um total de 1.238,32 dólares no ano anterior,
incluindo dinheiro e doações. Elas desembolsaram 854,85 dólares em dinheiro, 12,50 dólares em
pedidos de loja e 188,12 dólares em mercadoria, ficando com um saldo de 182,85 dólares em
dinheiro (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records [Registros e atas da Sociedade de
Socorro da Ala 17], “Annual Report for 1868” [Relatório Anual de 1868], p. 144).
^24. Ver Hebreus 5:8.
^25. O bispo em exercício, George Morris, havia dado detalhes específicos de “casos de pessoas na ala
que dependiam totalmente do apoio da caridade. Ele expressou sua total satisfação com o curso
percorrido pela Sociedade de Socorro Feminina” (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and
Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 18 de fevereiro de 1869, p. 148).
^26. Em uma reunião, três meses mais tarde, o comitê visitante relatou um encontro com a senhora
Frazier. Seguindo a instrução de Eliza Snow para averiguar as circunstâncias dos necessitados, as
visitantes pediram para olhar em seus baús a fim de se certificarem de sua situação financeira.
Frazier inicialmente recusou, mas depois abriu parcialmente a tampa de um baú e o fechou
rapidamente para evitar que as mulheres vissem o que tinha dentro dele. O bispo instruiu que
nenhuma ajuda deveria ser dada a Frazier e disse que trabalharia diretamente com ela (Seventeenth
Ward Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17],
27 de maio de 1869, p. 177).
^27. George B. Wallace, presidente em exercício da Estaca Salt Lake, havia dito anteriormente na
reunião: “Cada chamado é honrado: a honra está em magnificar o chamado para o qual se foi
designado e em honrar a si mesmo naquele chamado” (Seventeenth Ward Relief Society Minutes
and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 18 de fevereiro de 1869, p.
146).
^28. Marinda N. Hyde, presidente da Sociedade de Socorro da Ala 17, havia instruído anteriormente
que as professoras visitantes deveriam “falar com a presidente sobre qualquer assunto que chame a
atenção da sociedade e tudo correrá bem se estiverem unidas” (Seventeenth Ward Relief Society
Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 9 de julho de 1868, p.
94).
^29. Plato, Gorgias, 473a–475e.
^30. Mais cedo na reunião, George Morris disse: “O objetivo desta sociedade é trabalhar com o
sacerdócio para ajudar o bispo, cuidando e administrando as necessidades dos pobres, consolando
os doentes e aflitos, etc.” (Seventeenth Ward Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas
da Sociedade de Socorro da Ala 17], 18 de fevereiro de 1869, p. 147).
^31. Em 4 de fevereiro de 1869, Brigham Young falou às Sociedades de Socorro da Igreja, na capela da
Ala 15, elogiando os esforços e as atividades das mulheres. Ele incentivou as moças a conseguir
uma educação formal; aconselhou as mulheres a procurar empregos importantes para dar uma
contribuição à comunidade e falou sobre a responsabilidade das mães de ensinar disciplina aos
filhos e educá-los formalmente na escola. Ele também incentivou as mulheres a aprender
contabilidade e a trabalhar em negócios mercantis e escritórios de telégrafos para que os homens
pudessem se ocupar mais em trabalhos físicos. Na reunião seguinte da Sociedade de Socorro da Ala
17, Serepta M. Heywood solicitou que o discurso de Young fosse lido em voz alta. “Foi colocado
em votação e aprovado por unanimidade que o discurso fosse registrado no Livro de registros da
Sociedade de Socorro” (Brigham Young, “An Address to the Female Relief Society” [Um discurso
para a Sociedade de Socorro Feminina], Deseret News, 24 de fevereiro de 1869; Seventeenth Ward
Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala 17], 4 de
março de 1869, pp. 153, 154–161).
—————————— 11 ——————————

Servimos a um Deus justo

Zina D. H. Young
Sociedade de Socorro de Lehi
Tabernáculo, Lehi, Território de Utah
27 de outubro de 1869
Zina D. H. Young. Por volta de 1867. Zina Young serviu como
presidente geral da Sociedade de Socorro de 1888 a 1901. Ela foi
também a primeira diretora do Templo de Salt Lake em 1893.
Fotografia de Edward Martin (Biblioteca de História da Igreja,
Salt Lake City).

Zina Diantha Huntington Jacobs Young (1821–1901) era conhecida por ter
um “coração materno cheio de compaixão”. Ela discursou sobre maternidade
para a Sociedade de Socorro de Lehi em 27 de outubro de 1869.1 Ela
mantinha um relacionamento próximo com a mãe, Zina Baker Huntington, e
com a irmã, Presendia Huntington Buell Kimball.2 Com o marido Henry
Jacobs, teve dois filhos, Zebulon e Chariton, e com o marido Brigham
Young, teve uma filha, Zina Presendia Young [Card].3 Ela também criou três
filhos de uma das esposas de Brigham Young, Clarissa Maria Ross Young,
depois que esta faleceu em 1858.4
Susa Young Gates, filha de outra esposa de Brigham Young, descreveu
Zina Young como sendo o coração do trabalho das mulheres na Igreja.5 Zina
Young expandiu o círculo de mulheres com quem se relacionava quando se
uniu à Sociedade de Socorro de Nauvoo, na segunda reunião, em 24 de março
de 1842, aos 21 anos de idade.6 Ela continuou a se reunir com as mulheres
em Nauvoo mesmo depois que as reuniões da Sociedade de Socorro foram
interrompidas em 1845.7 Em Winter Quarters, ela e algumas amigas se
juntavam para orar e exercer os dons espirituais.8 Ela se tornou uma
influência importante no desenvolvimento da Sociedade de Socorro em Utah,
ajudando Eliza R. Snow a organizar e treinar novas presidências em 1868.
Falar em público era uma experiência nova para Zina Young, assim como foi
para muitas de suas contemporâneas, mas sua vasta experiência de vida e seu
conhecimento dos ensinamentos da Igreja permeavam suas palavras pouco
refinadas. Posteriormente, ela serviu como a terceira presidente geral da
Sociedade de Socorro de 1888 até falecer, em 1901. Susa Young Gates
relatou que a “irmã Zina sempre demonstrava amor e compaixão e as pessoas
se aproximavam dela por causa de sua ternura”.9
A Sociedade de Socorro de Lehi, no Território de Utah, localizada a 50
quilômetros ao sul de Utah, foi organizada em 27 de outubro de 1868, sob a
direção da presidente Sarah Coleman.10 Um ano depois, em 27 de outubro de
1869, a Sociedade de Socorro de Lehi comemorou seu primeiro aniversário
no Tabernáculo de Lehi. Eliza Snow e Zina Young participaram das sessões
da manhã e da tarde. O presidente Brigham Young, os apóstolos George A.
Smith e Orson Pratt, e Joseph Young, do Quórum dos Setenta, chegaram no
meio da sessão da tarde. O principal assunto da reunião foi sobre a
maternidade. Eliza Snow falou sobre Eva e a responsabilidade das mulheres
de gerar filhos.11 À tarde, Brigham Young ensinou sobre “os deveres das
mães para com os filhos. (…) As mulheres são a força motivadora de todas as
nações e, se quisermos saber como está uma nação, devemos olhar para suas
mães”.12 Esse ensinamento teve um grande significado para as mães na
congregação. Somente na presidência da Sociedade de Socorro, Sarah
Coleman tinha oito filhos, Barbara Evans tinha 15 filhos, Martha Thomas
tinha dez e Mary Ann Davis tinha oito.13 No discurso da sessão da tarde,
apresentado aqui, Zina Young demonstrou empatia para com as irmãs que
não tinham filhos, incluindo a secretária Rebecca Standring.14

NÃO ESTOU HABITUADA a falar em público,15 mas me sinto feliz por


olhar daqui para o rosto de minhas irmãs16 e saber que estamos envolvidas
nesta grande obra.17 Eu as exorto a serem fiéis no desempenho de seus
deveres e eu diria às mães que cumpram seus deveres para com seus filhos,
pois eles são bênçãos que Deus confiou aos seus cuidados. Às minhas irmãs
que não têm filhos, eu diria, sintam-se consoladas. Servimos a um Deus justo
e, se formos fiéis à Sua causa, nada nos será negado.18 Busquemos o Espírito
de Deus, aprendamos a suportar todas as coisas e apoiar umas às outras e, se
uma irmã nos procurar com suas dores e tristezas, não vamos deixá-la mais
triste ainda, mas lembrá-la de que o Senhor não colocará sobre nós um fardo
que não seremos capazes de carregar19 e, se suportarmos e vencermos todas
as coisas, herdaremos também todas as coisas.20 Que Deus as abençoe e as
guarde para sempre fiéis. Amém.
Ala Lehi, Estaca Utah, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro], vol. 1, 1868–1879, 27 de outubro de 1869, p. 30, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia
de Rebecca Standring. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. E. B. [Emmeline B.] Wells, “Zina D. H. Young”, Young Woman’s Journal, 12, nº 6, junho de 1901,
p. 254.
^2. Ver, por exemplo, Zina D. H. Young, “How I Gained My Testimony of the Truth” [Como recebi
meu testemunho da verdade], Young Woman’s Journal, 4, nº 7, abril de 1893, pp. 317–319;
Oliver B. Huntington, Diaries [Diários], vol. 9, 1843–1907, 16 de maio de 1848, p. 88, BYU; Jill
Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty
Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50
Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres santos dos
últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 655; “In Memoriam”, Woman’s
Exponent, 20, nº 15, 15 de fevereiro de 1892, p. 117.
^3. Zina Young foi selada a Joseph Smith, em Nauvoo, Illinois. Depois da morte de Smith, ela se casou
com Brigham Young (Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling [Joseph
Smith: Uma Pedra Bruta], New York: Alfred A. Knopf, 2005, pp. 439–440; Derr e outros, First
Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 689. Para mais informações sobre casamento plural na
década de 1840, ver “Plural Marriage in Kirtland and Nauvoo” [Casamento plural em Kirtland e
Nauvoo], Tópicos do Evangelho, acesso em 8 de fevereiro de 2016, LDS.org).
^4. Maria, Willard e Phebe eram os filhos de Clarissa Young. Zina Presendia Young relatou como o pai
dela pediu à mãe que cuidasse “desses pequeninos cuja mãe falecera. Minha mãe concordou e esse
acontecimento mudou completamente a minha vida: de filha única e favorita, tive que compartilhar
a afeição dela com essas três crianças, órfãs de mãe. Foi uma provação de várias maneiras, mas
minha preciosa mãe me ensinou a ser altruísta e a agradecer a Deus por todas as Suas bênçãos e a
não me queixar; e posso dizer que sou grata por ter seguido seu conselho, sem nunca mencionar a
eles o fato de que minha mãe não era a mãe deles. Essa se provou a maior lição da minha vida e
uma grande bênção” ([Emmeline B. Wells], “A Distinguished Woman: Zina D. H. Young” [Uma
mulher notável: Zina D. H. Young], Woman’s Exponent, 10, nº 14, 15 de dezembro de 1881, p.
107; Martha Sonntag Bradley e Mary Brown Firmage Woodward, Four Zinas: A Story of Mothers
and Daughters on the Mormon Frontier [Quatro Zinas: Uma história de mães e filhas na fronteira
mórmon], Salt Lake City: Signature Books, 2000, p. 207; Augusta Joyce Crocheron, Representative
Women of Deseret, a Book of Biographical Sketches to Accompany the Picture Bearing the Same
Title [Mulheres Notáveis de Deseret, um livro de esboços biográficos para acompanhar a imagem
com o mesmo título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, pp. 122–123).
^5. Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, p. 21.
^6. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de
março de 1842, p. 16, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 38.
^7. Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], xxi; Zina D. H. Young, Diary [Diário],
1844–1845, 18 de junho de 1844; 4 de julho de 1844, Biblioteca de História da Igreja.
^8. Eliza R. Snow, The Personal Writings of Eliza Roxcy Snow [Os Escritos Pessoais de Eliza Roxcy
Snow], editora Maureen Ursenbach Beecher, Logan: Utah State University Press, 2000, 1º de
janeiro de 1847, p. 151; ver também [Wells], “A Distinguished Woman” [Uma Mulher Notável], p.
107.
^9. Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], p. 21.
^10. Ala Lehi, Estaca Utah, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro], vol. 1, 1868–1879, 27 de outubro de 1869, p. 1, Biblioteca de História da Igreja.
^11. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de
1869, pp. 26–30. Eliza R. Snow não teve filhos, mas era conhecida como “mãe em Israel” e falava
com frequência sobre a divindade da maternidade (ver Susa Young Gates, “The Mother of Mothers
in Israel” [A mãe de todas as mães em Israel], Relief Society Magazine, 3, nº 4, abril de 1916, pp.
189–190).
^12. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de
1869, pp. 30–31.
^13. Sra. E. J. T., “Sarah Thornton Coleman”, Woman’s Exponent, 20, nº 21, 15 de maio de 1892, p.
168; Comitê Hamilton Gardner e o centenário de Lehi, Lehi Centennial History [História do
Centenário de Lehi], 1850–1950, Lehi, UT: Free Press, 1950, pp. 371, 301, 242.
^14. Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de
1869, p. 30; Gardner, Lehi Centennial History [História do Centenário de Lehi], p. 297.
^15. No início, Zina Young e Eliza Snow tiveram dificuldades para falar em público. Quando Eliza R.
Snow falou para a Sociedade de Socorro de Lehi na sessão da manhã, ela disse: “Sua presidente
deseja que eu fale a vocês. Não me sinto capaz de fazê-lo, mas com sua fé, suas orações e com o
Espírito do Senhor, talvez eu possa dizer algo que vai confortá-las e abençoá-las”. Treze anos mais
tarde, depois que Zina Young adquiriu bastante experiência, Emmeline B. Wells elogiou sua
habilidade de falar em público: “Se ela tivesse sido treinada como oradora e falasse sobre outros
assuntos, certamente receberia muitos elogios entusiasmados e seria reconhecida como grande
palestrante, mas, sendo apenas “mórmon”, ela se contenta com o amor de seu próprio povo. A
ambição de fazer o bem aos outros a inspira a progredir, onde quer que o dever a chame para
beneficiar as mulheres e os interesses de Sião. Ao seguir esse curso, ela encontra a sua maior
felicidade” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de
outubro de 1869, p. 26; Wells, “A Distinguished Woman” [Uma mulher notável], Woman’s
Exponent, 10, nº 16, 15 de janeiro de 1882, p. 123).
^16. Eliza Snow disse na sessão da manhã: “Enquanto estava sentada aqui, fiquei olhando para o rosto
de minhas irmãs e consigo ver neles a forma da Deidade” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas
da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 26).
^17. Ela disse também: “Estive refletindo sobre o grande trabalho que temos que realizar, ou seja,
ajudar na salvação dos vivos e dos mortos” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade
de Socorro da Ala Lehi], 27 de outubro de 1869, p. 26).
^18. Eliza Snow ensinou: “Sabemos que o Senhor tem colocado grandes responsabilidades sobre nós e
não há um desejo ou vontade que o Senhor tenha implantado em nosso coração em retidão que não
será realizado” (Lehi Ward Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro da Ala Lehi], 27
de outubro de 1869, p. 27).
^19. Ver 1 Coríntios 10:13 e Alma 13:28.
^20. Ver Apocalipse 21:7.
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Ser tolerante e perdoar

Jane H. Neyman
Sociedade de Socorro de Beaver
Tabernáculo, Beaver, Território de Utah
4 de novembro de 1869

Jane Harper Neyman [Fischer] (1792–1880) discursou para a Sociedade de


Beaver, em 4 de novembro de 1869, sobre a fraqueza humana e a caridade.
Jane Neyman nasceu e foi criada no oeste da Pensilvânia. Ela foi batizada em
1838 e, com o marido, William Neyman, mudou-se para Nauvoo, Illinois, em
1840, onde William faleceu alguns meses depois. O segundo marido, Thomas
G. Fischer, também morreu logo depois do casamento, em março de 1844.
Outros quatro membros da família de Jane Neyman morreram no período de
um ano.1
Jane Neyman e seus filhos sofreram com a pobreza em Nauvoo. A ata
do dia 28 de abril de 1842 da Sociedade de Socorro de Nauvoo registra que
as irmãs estavam preocupadas com a “viúva Neyman”, por sua situação de
pobreza.2 Emma Hale Smith solicitou uma investigação na casa de Jane
Neyman, evidentemente porque as filhas de Neyman, Matilda e Margaret,
haviam sido acusadas de imoralidade sexual com Chauncey Higbee.3 Em
maio de 1842, as irmãs Neyman testificaram perante o sumo conselho de
Nauvoo que foram seduzidas por Higbee, que falsamente invocou a
autoridade de Joseph Smith.4 Esse evento deve ter causado muitas fofocas,
pois no obituário de Jane Neyman se registrou que “Joseph Smith foi seu
amigo leal. Ele repreendeu aqueles que a caluniaram falsamente”.5 A filha,
Mary Ann Nickerson, entrou para a Sociedade de Socorro de Nauvoo em 12
de maio de 1842, mas quando Jane Neyman se inscreveu, em 14 de julho de
1842, uma objeção foi levantada, provavelmente devido aos acontecimentos
com suas outras duas filhas e ela não foi aceita.6
Mais tarde, Jane Neyman foi para Utah com as filhas Rachel Neyman e
Mary Ann Nickerson. Durante a epidemia de cólera nas planícies, ela cuidou
dos doentes, “acreditando que, se fizesse tudo o que estava ao seu alcance
para salvar outras pessoas, o Senhor a preservaria e assim foi”, como relatou
sua amiga Louisa Barnes Pratt. Pratt explicou: “Por causa da fé que ela tinha,
o poder de Deus se manifestou em diversas ocasiões de modo maravilhoso”.7
A família Neyman se estabeleceu em Beaver, no Território de Utah, a 320
quilômetros ao sul de Salt Lake City, onde Jane Neyman serviu como a
primeira presidente quando a Sociedade de Socorro de Beaver foi organizada,
em 11 de janeiro de 1868. Jane escreveu uma carta convidando “senhoras
honestas e benevolentes em Beaver” para formar uma Sociedade de Socorro;
ela indicou que seria “para o socorro dos pobres e afligidos entre nós e para o
benefício mútuo de cada uma, para incentivar a fidelidade na causa da
verdade e todos os atributos cristãos, para visitar as mulheres doentes e
administrar as suas necessidades, tanto temporais como espirituais”.8 Seu
lema como presidente era: “Recolher os pedaços que sobejaram para que
nada se perca”. Aos 78 anos de idade, em 4 de março de 1869, ela pediu que
fosse desobrigada, pois “pensava que o fardo era grande demais para ela,
sendo já muito idosa”.9 Na reunião de 4 de novembro de 1869, “quinze novas
participantes foram admitidas, todas recomendadas por pessoas responsáveis”
e Jane Neyman falou sobre a caridade e a união como sendo componentes
necessários para a filiação à Sociedade de Socorro, um tema comum nos
ensinamentos das mulheres mórmons no século 19.10

A MÃE NEYMAN discursou na reunião sobre o tema caridade, incentivando


todas a serem tolerantes e a perdoar; abstendo-se, tanto quanto possível, de
esmiuçar a conduta do próximo, sempre lembrando que somos humanos e,
portanto, erramos. Parecia ser o acordo unânime do Espírito que presidia a
reunião de que os mexericos e a difamação não deveriam mais acontecer; que
a caridade, que cobre uma multidão de pecados,11 não suspeita mal, é
sofredora e benigna,12 deve ser usada para ajudar a enterrar toda a maldade e
inveja que tenham perturbado, em algum momento, nossa paz e harmonia;13
que a maldade e a inveja fossem substituídas pela verdade e a integridade,
irmãs gêmeas da caridade; e que o credo mórmon fosse nomeado como um
escudo protetor para repelir o ataque do inimigo logo no início, para que o
mal seja identificado de antemão evitando que ele consiga destruir a
confiança mútua.14 Embora essas não tenham sido todas as palavras, a
essência foi a mesma: não duvidar dos sentimentos das pessoas presentes.
Esperamos que as novas integrantes da sociedade entendam o que se espera
delas nesta honrada irmandade: que vivam acima de qualquer censura e que
mantenham as portas de seus lábios fechadas para o mal.15
Ala 1 Beaver, Estaca Beaver, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], vol. 1, 1868–
1878, 4 de novembro de 1869, pp. 25–26, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Louisa B.
Pratt. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Louisa Barnes Pratt, “Obituaries” [Obituários], Woman’s Exponent, 9, nº 1, 1º de junho de 1880, p.
4; “Jane Harper Neyman Fisher”, The First Fifty Years of Relief Society [Os Primeiros 50 Anos da
Sociedade de Socorro], acesso em 17 de junho de 2016, churchhistorianspress.org; “Neyman,
William”, Old Nauvoo Burial Ground Inventory of Markers and Graves [Inventário de placas e
sepulturas do antigo cemitério de Nauvoo], Nauvoo Death Records [Registros de mortes de
Nauvoo], Neibaur to Nye, 1837–1851, Nauvoo Restoration, Inc., Early Residents Files [Arquivos
de antigos residentes], Biblioteca de História da Igreja; Lyndon W. Cook, Nauvoo Deaths and
Marriages, 1839–1845 [Falecimentos e Casamentos de Nauvoo], Orem, UT: Grandin Book, 1994,
p. 112; Fred E. Woods, “The Cemetery Record of William D. Huntington, Nauvoo Sexton” [O
registro do cemitério de William D. Huntington, Cemitérios de Nauvoo], Mormon Historical
Studies, 3, nº 1, primavera de 2002, p. 150.
^2. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de
abril de 1842, p. 42, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J.
Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint
Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos importantes da
história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p.
61.
^3. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 29 de
abril de 1842, p. 42, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], p. 61.
^4. Andrew H. Hedges, Alex D. Smith e Richard Lloyd Anderson, editores, Journals [Diários], volume
2: dezembro de 1841–abril de 1843, vol. 2 da série de Diários de The Joseph Smith Papers [Os
Diários de Joseph Smith], editor Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt
Lake City: Church Historian’s Press, 2011, p. 63. A filha mais velha de Jane Neyman, Mary Ann
Neyman Nickerson, lembrou que “John C. Bennet, Law, os Higbees e outros estavam tentando
desvirtuar os jovens e nós descobrimos que isso era realmente verdade. Eles estavam fazendo
reuniões secretas em diversas partes da cidade, dizendo que eram os ensinamentos do profeta”
(Mary Ann Nickerson, “A Woman’s Testimony” [O testemunho de uma mulher], Woman’s
Exponent, 36, nº 7, fevereiro de 1908, p. 51).
^5. Pratt, “Obituaries” [Obituários], 4; Louisa Barnes Pratt, The History of Louisa Barnes Pratt: Being
the Autobiography of a Mormon Missionary Widow and Pioneer [A História de Louisa Barnes
Pratt: Sendo a Autobiografia de uma Viúva Missionária Mórmon e Pioneira], editora S. George
Ellsworth, Logan: Utah State University Press, 1998, p. 377.
^6. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 14 de
julho de 1842, p. 76, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 89–90. Em 31
de março de 1842, Joseph Smith disse que “ninguém deve ser recebido na sociedade a não ser que
seja digno e propôs que a sociedade examine cuidadosamente cada candidata”. Na mesma reunião,
Emma Smith disse: “Queremos nesta sociedade somente aquelas que querem" e vão" andar
retamente e estão dispostas a fazer o bem e não o mal” (Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro
de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 31 de março de 1842, pp. 22–23, em Derr e outros,
First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos], pp. 42–44).
^7. Pratt, “Obituaries” [Obituários], p. 4.
^8. Louisa Barnes Pratt e Caroline Barnes Crosby eram irmãs e conselheiras de Jane Neyman (Ala 1
Beaver, Estaca Beaver, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], 1868–1878, 11 de
janeiro de 1868, p. 1, Biblioteca de História da Igreja).
^9. Beaver First Ward Relief Society Minutes [Minutas da Sociedade de Socorro da Ala 1 Beaver],
fevereiro de 1868, pp. 4, 13.
^10. Beaver First Ward Relief Society Minutes [Minutas da Sociedade de Socorro da Ala 1 Beaver], 4
de novembro de 1869, p. 25.
^11. 1 Pedro 4:8.
^12. 1 Coríntios 13:4–5.
^13. Ver Colossenses 3:8.
^14. O credo mórmon: “Que cada um cuide de sua vida” (Michael Hicks, “Minding Business: A Note
on ‘The Mormon Creed’” [Cuide de sua vida: Uma nota sobre “O credo mórmon”], BYU Studies,
26, nº 4, outono de 1986, pp. 125–132).
^15. Ver Salmos 141:3.
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A oração da fé

Drusilla D. Hendricks
Sociedade de Socorro de Smithfield
Residência particular, Smithfield, Território de Utah
7 de agosto de 1871

Quando Drusilla Dorris Hendricks (1810–1881) discursou para a Sociedade


de Socorro de Smithfield, em agosto de 1871, ela falou sobre confiar no
Senhor ao enfrentar desafios importantes. Ela passou por muitas experiências
a esse respeito, que foram registradas na breve autobiografia. Nessa
autobiografia, ela conta que, quando ficou muito doente aos 10 anos de idade,
o médico, que era um ministro batista, orou para que ela pudesse “se tornar
uma mãe em Israel e fazer o bem todos os [seus] dias, e [ela] nunca se
esqueceu disso”.1 Em maio de 1836, como nova conversa de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ela e o marido, James Hendricks,
se juntaram a outros membros no Condado de Clay, Missouri.2 Em 25 de
outubro de 1838, James foi ferido em um conflito entre os santos dos últimos
dias e as forças da milícia do Missouri, na Batalha do rio Crooked.3 Em
decorrência disso, ele ficou paralítico para o resto da vida e sua esposa
cuidou dele e sustentou a família.4
Em um momento particularmente angustiante, quando a família estava
sem comida, Drusilla Hendricks conta que ouviu uma voz lhe dizendo:
“Tenha paciência, porque o Senhor proverá”.5 Ela trabalhou de diversas
maneiras para sustentar a família, e isso incluía o plantio, a manufatura e a
venda de alimentos e bebidas; ela também hospedava pessoas em casa,
lavava roupa e produzia luvas e gorros.6 Em 1860, Drusilla Hendricks e o
marido foram com os filhos e as filhas para Richmond, Território de Utah,
cerca de 160 quilômetros ao norte de Salt Lake City e lá se estabeleceram.7
Com frequência, Drusilla visitava a filha Rebecca Roskelley, em
Smithfield, que ficava dez quilômetros ao sul de Richmond. Em 7 de agosto
de 1871, elas assistiram à reunião da Sociedade de Socorro de Smithfield, da
qual sua filha foi uma das fundadoras.8 Rebecca e Drusilla falaram na reunião
e compartilharam a história do filho William que, em 1846, havia se juntado
como voluntário ao Batalhão Mórmon, em Council Bluffs, Iowa.9 Depois de
tentar influenciar os líderes da Igreja, o governo dos Estados Unidos decidiu
convocar 500 homens santos dos últimos dias para o serviço da Guerra
Mexicano-Americana.10 Drusilla Hendricks hesitou em dar sua aprovação
para que o filho de 16 anos partisse para a guerra, pois o marido era
totalmente dependente e ela estava enfrentando a tarefa assustadora de cuidar
dele, assim como do resto da família durante a viagem nas planícies.11 Mais
tarde, ela descreveu como o Espírito a lembrou de confiar em Deus, que já
havia provido para ela no passado. Embora a jornada tenha sido difícil, a
família Hendricks chegou em segurança em Salt Lake City e William, que
havia marchado com o batalhão do Iowa até a Califórnia, também chegou em
Salt Lake City dez dias depois deles. Drusilla Hendricks disse: “A mão do
Senhor estava sobre nós e eu a tenho visto desde essa época”.12

A IRMÃ DRUSILLA HENDRICKS, uma visitante de Richmond, levantou-


se e falou na reunião que preferia ficar sentada e ouvir as irmãs, mas disse
que sempre teve o desejo de prestar seu testemunho da verdade e oferecer
uma palavra de ânimo; sentia a necessidade de viver de tal forma a ter
continuamente a oração da fé no coração, pois percebera sua a importância no
passado. Ela trabalhou incansavelmente para sustentar a família e pagar o
dízimo, quando nada mais havia para mantê-la erguida além da oração da fé e
do consolo que recebia por meio dela.13
Depois que seu marido foi baleado no Missouri e arrastado pela
multidão implacável, incapaz de fazer qualquer coisa,14 eles foram expulsos
de casa. Quando voluntários foram convocados para integrar o Batalhão, ela
estava tão indignada com a forma como os mórmons tinham sido tratados que
ela" disse que seu garoto não poderia ir e o impediu de se preparar até a
manhã em que a companhia deveria partir.15 Então, ao vê-lo caminhando pela
grama alta e úmida que cercava o acampamento para trazer uma vaca, um
pensamento lhe ocorreu: ele poderia ser-lhe facilmente tirado pela morte
causada pelas exposições e dificuldades que enfrentaria se permanecesse com
ela16— e ela, então, ficaria pensando que, se ele tivesse ido com o batalhão,
talvez isso não tivesse acontecido! E sentiu novamente o impulso de que “não
iria deixá-lo ir!” Mas um sentimento peculiar veio a ela e foi como se uma
voz lhe dissesse: “Tu não desejas a mais alta glória?” “Sim”, disse ela
naturalmente, e a voz continuou: “Como achas que podes ganhá-la se não
fizerdes os maiores sacrifícios?” Ela perguntou: “Senhor, o que me falta
ainda"?”17 “Deixe que seu filho vá com o Batalhão”, foi a resposta recebida,
mas ela argumentou: “Agora é tarde, eles estão partindo e, além disso, ele é
muito jovem e não é capaz de carregar armas”. Seu coração ficou muito
perturbado.
James e Drusilla D. Hendricks com um neto. Por volta de 1852.
Drusilla Hendricks foi uma das primeiras integrantes da Sociedade
de Socorro. Ela contou que, antes que a Sociedade de Socorro
fosse organizada em Nauvoo, ela sonhara que as mulheres estavam
se reunindo e mantendo registros de seu trabalho. Em 14 de abril
de 1842, Drusilla Hendricks entrou para a Sociedade de Socorro
de Nauvoo e foi chamada para fazer parte do comitê de visitantes
na Ala 2 de Nauvoo (Fotografia em posse da família).

Quando seu filho chegou com a vaca, um homem gritou: “Venha e se


voluntarie para ir com o Batalhão — ainda faltam muitos homens, mas não
queremos pressionar ninguém”.18 Usando a vaca para se esconder e pegando
um balde, ajoelhou-se como se fosse ordenhar, mas na realidade ela orou. Sua
oração foi: “Senhor, se desejas meu filho, pode levá-lo, só lhe peço que o
devolvas para mim como fez com o filho de Abraão”, a resposta que recebeu
na mente foi — “Assim será, da maneira como pedistes”.19 Ela se levantou e,
com a ajuda de alguns vizinhos, rapidamente preparou o filho e o enviou com
a firme convicção de que Deus cumpriria Sua promessa e lhe devolveria o
filho. Enquanto ele estava fora, ela orava constantemente por ele; e lhe foi
devolvido como recompensa por sua fidelidade.20 E assim será com todos
nós; todos temos que oferecer sacrifícios e, se forem feitos com mansidão,
com os olhos fitos na glória de Deus, nunca deixaremos de receber uma rica
recompensa.21
Ramo Smithfield, Estaca Cache, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], vol. 1, 1868–
1878, 7 de agosto de 1871, pp. 98–99, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Louise L. Greene.
Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. A doença dela continuou por dois anos ou talvez mais (Drusilla Dorris Hendricks, “Historical
Sketch of James Hendricks and Drusilla Dorris Hendricks” [Esboço Histórico de James Hendricks e
Drusilla Dorris Hendricks], datilografado, 1877, p. 2, Biblioteca de História da Igreja).
^2. Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], p. 9; “Died” [Falecido], Deseret News, 20 de
julho de 1870.
^3. Alexander L. Baugh, A Call to Arms: The 1838 Mormon Defense of Northern Missouri [Uma
convocação para a luta: A defesa mórmon de 1838 no norte do Missouri], Dissertations in Latter-
day Saint History [Dissertações sobre a História dos Santos dos Últimos Dias], Provo, UT: Joseph
Fielding Smith Institute for Latter-day Saint History; BYU Studies, 2000, pp. 99–113.
^4. James Hendricks progrediu até ser capaz de segurar coisas com uma das mãos e andar pequenas
distâncias com a ajuda de outros ou de uma bengala. Ele faleceu em 8 de julho de 1870, depois de
uma doença prolongada (Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], pp. 11–21; “Died”
[Falecido]).
^5. Vizinhos e amigos constantemente ofereciam ajuda à família Hendricks. Drusilla Hendricks
lembrou: “Acabei de entender como a panela e a botija da viúva a sustentaram durante a fome. (…)
Quando a comida acabava, alguém era enviado para enchê-la” (Hendricks, “Historical Sketch”
[Esboço Histórico], pp. 14–16).
^6. Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], p. 15.
^7. Dos cinco filhos que o casal teve, quatro se estabeleceram em Cache Valley, Território de Utah, e
um faleceu antes da família se mudar para lá (Ramo Richmond, Estaca Cache, manuscrito histórico,
datilografado, 1860, Biblioteca de História da Igreja; Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço
Histórico], p. 21).
^8. Ramo Smithfield, Estaca Cache, Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro], vol. 1,
1868–1878, 13 de maio de 1868, p. 2, Biblioteca de História da Igreja.
^9. Smithfield Branch Relief Society Minutes [Atas da Sociedade de Socorro do Ramo Smithfield], 7
de agosto de 1871, pp. 98–99.
^10. O Batalhão Mórmon serviu entre julho de 1846 e julho 1847, mas nunca enfrentou uma batalha
(ver Larry C. Porter, Clark V. Johnson e Susan Easton Black, “Mormon Battalion” [O Batalhão
Mórmon], em Encyclopedia of Latter-day Saint History [Enciclopédia da História dos Santos dos
Últimos Dias], editora. Arnold K. Garr, Donald Q. Cannon e Richard O. Cowan, Salt Lake City:
Deseret Book, 2000, pp. 783–785; e Larry C. Porter, “The Church and the Mexican-American War”
[A Igreja e a Guerra Mexicano-Americana], em Nineteenth-Century Saints at War [Santos do
Século 19 na Guerra], editor Robert C. Freeman, Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham
Young University, 2006, pp. 41–76).
^11. William Hendricks era um dos membros mais jovens do Batalhão Mórmon (Martha Hendricks
Aylworth, “A Sketch of the Life of William Dorris Hendricks” [Um esboço da vida de William
Dorris Hendricks], datilografado n.d., p. 1, Biblioteca de História da Igreja; Tim Vitale, “William
Dorris Hendricks”, Portraits in Time: Notes from Cache Valley’s Pioneer Past [Retratos no Tempo:
Notas do Passado Pioneiro do Cache Valley], Logan, UT: Logan Herald Journal, 1997, p. 58).
^12. Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], pp. 17–19.
^13. Drusilla Hendricks contou sobre pagar o dízimo com o dinheiro que recebia fazendo luvas e
gorros. Com o carro de boi da família, seu filho William também “carregava pedras do templo para
pagar nosso dízimo” (Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], p. 15).
^14. Em lembranças posteriores, Drusilla Hendrick escreveu que o esposo “foi um mártir da causa da
verdade. (…) Ele constantemente pedia que os irmãos lhe dessem bênçãos do sacerdócio para
diminuir a dor que sentia” (Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], pp. 11–12, 21).
^15. Brigham Young apoiou a formação do Batalhão Mórmon com a esperança de receber a assistência
financeira de que precisavam para atravessar as planícies e demonstrar lealdade aos Estados
Unidos. Entretanto, alguns grupos de santos dos últimos dias encaravam o batalhão com
considerável suspeita e acreditavam que era uma conspiração para persegui-los futuramente (Porter,
“The Church and the Mexican-American War” [A Igreja e a Guerra Mexicano-Americana], pp. 43–
44, 51–52; Matthew J. Grow, “Liberty to the Downtrodden”: Thomas L. Kane, Romantic Reformer
[Liberdade para os Oprimidos: Thomas L. Kane, Reformador Romântico], New Haven, CT: Yale
University Press, 2009, p. 58).
^16. A irmã Hendricks escreveu posteriormente sobre essa experiência: “Meus olhos o seguiram
enquanto ele começava a sua jornada, caminhando pela grama densa e alta, molhada com o orvalho.
Pensei quão fácil seria ele ficar doente ou ferido, pois o clima estava muito adverso” (Hendricks,
“Historical Sketch” [Esboço Histórico], p. 18).
^17. Ver Mateus 19:20.
^18. Ela contou: “William ergueu a cabeça e olhou diretamente para mim. Eu sabia, naquele momento,
que ele participaria tão bem do Batalhão quanto sei agora que participou. Não consegui comer nada
no café da manhã, mas me sentei com minha família aguardando que comessem, pensando que
talvez nunca mais teria minha família reunida novamente. Eu não tinha uma fotografia dele, mas
gravei firmemente sua imagem em minha mente e disse para mim mesma — se não o vir
novamente até a manhã da ressurreição, saberei que és meu filho” (Hendricks, “Historical Sketch”
[Esboço Histórico], p. 18).
^19. Drusilla Hendricks escreveu: “Pensei em usar as vacas para me esconder, ajoelhei-me e disse ao
Senhor que, se Ele quisesse meu filho, que o levasse, só Lhe pedi que poupasse a vida dele e o
deixasse voltar para mim e para o seio da Igreja. Senti que isso era tudo o que eu poderia fazer.
Então, a voz que falou comigo naquela manhã me respondeu, dizendo: ‘Será feito conforme tua
vontade, assim como a Abraão quando ofereceu Isaque no altar’. Não lembro se tirei o leite da vaca,
porque senti que o Senhor havia conversado comigo. (…) Não sei se Abraão se sentiu pior do que
nós. Não consigo falar sobre as dificuldades que enfrentamos com a partida de William. (…) Mas
as suportamos com a paciência de Jó” (Hendricks, “Historical Sketch” [Esboço Histórico], pp. 18–
19; ver também Gênesis 22:1–13).
^20. Martha Hendricks Aylworth, filha de William Hendricks, escreveu sobre como seu pai, enquanto
servia no Batalhão, “pensou nas palavras de despedida de sua mãe: ‘Filho, se você estiver com
problemas, ajoelhe-se e peça ajuda ao Senhor’”. Ele se ajoelhou e orou com todo o fervor para que
fosse salvo (Aylworth, “Sketch of the Life of William Dorris Hendricks” [Esboço da Vida de
William Dorris Hendricks], p. 1).
^21. Ver Doutrina e Convênios 4:5; 82:19.
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Elevadas muito acima do comum

Eliza R. Snow
Associação Sênior e Júnior de Resguardo Mútuo
Assembly Hall da Ala 14, Salt Lake City, Território de Utah
11 de outubro de 1872

Eliza Roxcy Snow (1804–1887) incentivou as mulheres que participavam da


reunião da Associação Sênior e Júnior de Resguardo Mútuo, em 11 de
outubro de 1872, que elevassem seus pensamentos, suas crenças e suas ações
por meio do estudo e do serviço. Ela foi muito importante no
desenvolvimento da organização de resguardo mútuo em 1870. A ideia surgiu
quando Brigham Young visitou várias colônias em 1869. Ele notou que as
mulheres estavam gastando um tempo excessivo na preparação de banquetes
extravagantes e negligenciando seu desenvolvimento espiritual e intelectual.1
Brigham Young esperava que as mulheres se “resguardassem”, ou
reduzissem o tempo e a energia gastos na preparação de refeições suntuosas e
se preocupando de forma excessiva com a moda. Ele convidou Mary Isabella
Horne, presidente da Sociedade de Socorro da Ala 14 Salt Lake City, para
“reunir as irmãs da Sociedade de Socorro e lhes pedir que começassem uma
mudança nos hábitos alimentares e de cuidados com a casa”.2 Brigham
Young, Mary Isabella Horne e Eliza Snow incentivaram as mulheres a
expandir suas prioridades para além das rotinas domésticas e incluir entre
suas preocupações questões mais abrangentes de reforma social, cuidados
com o lar e debates intelectuais e espirituais.3
Em seu discurso, Eliza Snow falou sobre o papel das mulheres dentro da
futura organização da “ordem de Enoque”, uma referência ao texto de
escritura dos santos dos últimos dias que descreve a “cidade da Santidade,
sim, Sião” de Enoque, onde todos “eram unos de coração e vontade e viviam
em retidão; e não havia pobres entre eles”.4 Inspirado em parte por essas
escrituras, Brigham Young incentivara há uma década a cooperação
econômica por meio do estabelecimento de cooperativas em Utah. Ele
ensinou que o propósito delas era alcançar a autossuficiência e a preservação
da identidade dos santos dos últimos dias, especialmente enquanto lidavam
com ameaças percebidas de invasão econômica, social e cultural de não
mórmons no Território de Utah, após a conclusão da ferrovia transcontinental
em 1869. As mulheres foram incentivadas a participar desse movimento de
cooperativas.5 Elas encontraram maneiras de contribuir com seus talentos e
recursos e desenvolveram novas habilidades. A Associação de Resguardo
Mútuo das Moças proveu um ambiente em que as mulheres se reuniam,
educavam-se e contribuíam para o desenvolvimento das cooperativas.
Eliza Snow serviu como uma das seis conselheiras de Mary Isabella
Horne, presidente da Associação de Resguardo Mútuo das Moças.6
Independentemente das Sociedades de Socorro, que supervisionavam o
trabalho benevolente dentro de cada ala, a Associação de Resguardo Mútuo
não era limitada às alas e se concentrava nas tarefas das cooperativas
designadas às mulheres, incluindo a produção de seda, lojas cooperativas,
armazenamento de grãos, habilidades domésticas e aulas de medicina. O
movimento mantinha um grupo “sênior” para mulheres mais velhas e um
grupo “júnior” para as moças.7 A Associação Sênior de Resguardo era uma
organização centralizada, que se reunia no Assembly Hall da Ala 14, em Salt
Lake City, enquanto os grupos juniores se reuniam em alas individuais.8 As
reuniões quinzenais geralmente começavam com um hino, uma oração e um
segundo hino e, então, a ata da reunião anterior era lida, aceita ou corrigida.
A presidente ou o oficial presidente começava com uma mensagem
introdutória, às vezes era lido um artigo publicado ou era feito um relatório
de viagem; elas discutiam eventos locais correntes ou um tema específico era
apresentado. Os presentes podiam expressar seus sentimentos e pensamentos
em um formato de debate, falando quando solicitados.9
Na 42ª reunião da Associação de Resguardo Mútuo, em 11 de outubro
de 1872, Eliza Snow anunciou o início de uma nova classe de psicologia para
as mulheres. Sarah M. Kimball supervisionaria as aulas, seguindo a
orientação de Brigham Young de que as mulheres se envolvessem mais com
a educação formal e com a medicina.10 Em seguida, Eliza Snow falou sobre a
importância da edificação espiritual e intelectual, assim como do
desenvolvimento apropriado das habilidades domésticas como parte do
movimento cooperativo.

SOMENTE O ESPÍRITO DE DEUS pode edificar os santos de Deus.


Chegamos a uma elevação tão acima das situações da vida comum que nada
além das revelações dos céus edificariam os santos, pois suas aspirações são
muito mais elevadas. Fiquei satisfeita com o comentário de uma irmã na ata,
que dizia que é um caminho colina acima.11 É um caminho colina acima e, se
vocês continuarem, alcançarão algo muito mais elevado do que os que
escolherem o caminho fácil para baixo. Será muito mais compensador
quando pudermos olhar os anos anteriores de nossa vida, tendo feito o que
Deus nos pediu. Por um tempo, pode parecer que aquelas que se opõem ao
curso que as jovens estão seguindo estão se divertindo, mas essas pessoas não
sabem o sabor da verdadeira felicidade. Eles estão recebendo a gratificação
das capacidades menores, pois as emoções mais elevadas vêm de Deus. Estou
interessada em minhas jovens irmãs. Elas estão percorrendo um caminho que
vai elevá-las, prepará-las e purificá-las para estar na presença de Deusas na
eternidade.
Assembly Hall da Ala 14. Por volta de 1886. Diversos tipos de
reuniões foram realizadas neste edifício em Salt Lake City,
incluindo as reuniões de resguardo mútuo, as reuniões da
Associação de Melhoramentos Mútuos e sessões de conferência.
Fotografia por C. E. Johnson (Cortesia da Sociedade Histórica do
Estado de Utah, Salt Lake City).

Esta vida é cheia de desafios. Por que, então, deveríamos nos concentrar
inteiramente nas coisas que estão desvanecendo e são passageiras? Minhas
jovens irmãs, não fiquem indiferentes, mas sejam ativas em se preparar para
serem úteis no reino de Deus. Algumas parecem pensar que o único propósito
da vida é a autogratificação. Nossa religião não é uma peça de ficção, ela é
real. E se vivermos de modo a ter o Espírito de Deus em nosso coração, não
importa o que tenhamos que suportar, Deus estará conosco e vai nos consolar
e fortalecer. Às vezes, penso que todas precisamos olhar para o alto, mas
parece natural" para as mulheres olhar para os lados. Isso não é suficiente.
Minhas jovens irmãs que se reúnem e têm o Espírito de Deus no coração
experimentam um vislumbre da felicidade eterna.
O conhecimento humano não é capaz de transmitir o espírito e a
inteligência que possuem.12 Podemos conversar com alguns por muito tempo
e, ainda assim, não conseguimos aumentar seu entendimento com palavras.
Se tivermos a influência de Deus para lhes penetrar o coração, essa influência
mostrará às pessoas a diferença entre as coisas de Deus e as coisas do mundo.
É necessário que as jovens se reúnam e exerçam sua religião; isso é tão útil
para elas quanto para qualquer outra pessoa. Deveríamos nos considerar seres
imortais e viver para a imortalidade. Deveríamos aproveitar todas as
oportunidades de ganhar e valorizar o conhecimento e tudo o que pode
iluminar nosso entendimento e nos tornar úteis, sem nos vangloriar.
Deveríamos viver pelos outros, pois somos beneficiados quando assim
fazemos. A pessoa que faz o maior bem é a mais feliz. Ainda criança, fui
abençoada porque percebi a vantagem e a superioridade que praticar o bem
tem sobre ser útil. Devotei meus primeiros anos aos estudos. Fico muito triste
com o desperdício de tempo e de energia física de alguns jovens, que se
dedicam ao divertimento em vez dos estudos.13 Não que eu descarte a
diversão, mas não faço dela um dever. Nessa situação, ela deixa de ser
diversão.
Fiquei muito satisfeita com a conferência. Ao falar sobre as pessoas que
vivem abaixo de seu potencial, o presidente Young disse em três momentos
diferentes: “Contudo, deste povo o Senhor chamará um povo que fará a Sua
vontade”. Fico pensando sobre como, quando e a quem será feito esse
chamado. Em sua mensagem durante uma conferência, o presidente Young
falou sobre estabelecer uma colônia que inclua pessoas que têm confiança
suficiente umas nas outras para se unir em um grupo eterno.14 Os que não
conseguem compreender a ordem de Enoque pensarão que é um entusiasmo
causado pelos irmãos. Alegra meu coração ver que Deus está trabalhando
entre nós, e quem está preparado para essa ordem? Aqueles que obedecem a
toda a lei. Quando examinarmos a nós mesmas, encontraremos as fraquezas
da carne.
Sou grata a Deus por estar associada com boas irmãs. Saibam que
muitas delas estão pensando em coisas que vão além da grandeza humana e
da riqueza mortal; saibam que vocês amam e estão buscando as coisas de
Deus. Façamos isso de todo o coração. Sugiro que discutamos assuntos que
vão nos aprimorar e nos beneficiar como filhas do Altíssimo. Deixemos de
lado as coisas que nos são estranhas. Não quero que pensem que somente a
prática espiritual vai nos aperfeiçoar. Ela, por si só, não fará isso. Nós nos
unimos para despertar a energia que nos ajudará a cumprir os deveres da
vida. É difícil para os mortais manter um curso constante e dedicar a cada
tarefa a parcela de tempo que lhe pertence.
Queremos estudar, refletir, orar, falar, cantar, ir às reuniões, partilhar do
sacramento, ajudar os pobres, os necessitados e os que estão perdendo a luz
da eternidade dentro do coração. Não acredito em seguir o curso que o
mundo sectário está tomando, ou seja, procurando os descrentes de lugares
distantes e negligenciando seus deveres dentro do lar.15 Não vamos
negligenciar os que estão próximos para procurar os que estão longe de nós.
Nossos labores para o avanço do reino de Deus não serão perdidos; eles
certamente serão recompensados. Podemos trabalhar para outras coisas, mas
nosso trabalho perecerá como a grama. Eu incentivaria as mais velhas a
usarem sua influência com as jovens para que elas se interessem pelas
questões educacionais. Queremos ser boas donas de casa. Nossas jovens
deveriam aprender habilidades e obter todo o conhecimento que puderem dos
livros. Mas o conhecimento perfeito dos deveres domésticos estabelece as
bases de uma mulher bem-sucedida. Isso constitui a base sobre a qual vocês
podem acumular muitas das suas melhores realizações e elas nunca ficarão
pesadas. Mas as aparências são inúteis se somos deficientes em nosso
conteúdo. Para nos tornarmos rainhas e sacerdotisas, devemos ser mulheres
que trabalham.16 Estamos lançando as bases do reino de Deus e é nosso dever
desenvolver o caráter desta geração. Não queremos ser ignorantes a respeito
dos princípios do evangelho ou qualquer área de conhecimento que nos eleve
ao campo da ação. Esperamos que o céu seja de uma ordem maior e mais
perfeita e livre das fraquezas e impurezas da carne.
Senior and Junior Cooperative Retrenchment Association [Associação Sênior e Júnior de Resguardo
Mútuo], Minutes [Atas], Salt Lake City, Território de Utah, folha solta, 1871–1874, 11 de outubro de
1872, 42ª Reunião, pp. 2–5, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Maggie Mair. Título
fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Enquanto visitava Washington, Território de Utah, Young teria se retirado para a cama enquanto as
mulheres ficaram acordadas, cozinhando toda a noite (Robert Glass Cleland e Juanita Brooks,
editores, A Mormon Chronicle: The Diaries of John D. Lee [Uma Crônica Mórmon: Os Diários de
John D. Lee], 1848–1876, 2 vols., Salt Lake City: University of Utah Press, 1983, vol. 2, p. 114).
^2. Brigham Young, “Remarks” [Mensagens], Deseret News Weekly, 24 de novembro de 1869.
^3. Embora a designação formal tenha sido dada a Horne, Eliza Snow desempenhou um importante
papel de apoio. Mary Isabella Horne expressou preocupação por sua capacidade de assumir a
responsabilidade do novo movimento: “Não faz muito tempo que ganhei coragem suficiente para
realizar este trabalho, mas a irmã Eliza Snow me pediu para cumprir meu dever, então, com medo e
tremor, procurei fazê-lo” (Mary Isabella Horne, “Address of Mrs. M. Isabella Horne” [Discurso da
sra. M. Isabella Horne], Woman’s Exponent, 20, nº 18, 1º de abril de 1892, p. 138).
^4. Moisés 7:18–19.
^5. Leonard J. Arrington, Great Basin Kingdom: An Economic History of the Latter-day Saints [Reino
da Grande Bacia: Uma história econômica dos santos dos últimos dias], 1830–1900, 1958; repr.,
Salt Lake City: University of Utah Press, 1993, pp. 195, 235, 251–254. O irmão de Eliza Snow,
Lorenzo Snow, organizou uma cooperativa comunitária de sucesso em Brigham City, Território de
Utah, começando em 1864. Essa experiência inicial lançou as bases do trabalho para outras
tentativas posteriores em 1870 (Arrington, Great Basin Kingdom [Reino da Grande Bacia], pp.
324–325).
^6. As outras conselheiras eram: Zina D. H. Young, Margaret T. Smoot, Sarah M. Kimball, Phebe
Woodruff e Bathsheba W. Smith (Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual
Improvement Association of the Church of Jesus Christ of Latter-Day Saints [História da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, pp. 34, 37).
^7. O grupo júnior primeiramente se tornou conhecido como Associação de Resguardo Mútuo das
Moças. Esse nome foi mudado para Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças e,
finalmente, Moças (Ala 11, Estaca Salt Lake, Young Women’s Mutual Improvement Association
Minutes and Records, vol. 1, 1871–1877, 18 de outubro de 1871, 1, CHL; Gates, History of the
Young Ladies’ Mutual Improvement Association [Registros e Atas da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], pp. 150–151; “Death Closes Rich Career of Church Worker,
Mother” [A morte encerra importante carreira de trabalhadora da Igreja, a mãe], Deseret News, 24
de março de 1937).
^8. Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 36; ver também Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e
Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do
Convênio: A história da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, pp. 114–115.
O surgimento de diversos grupos dentro da Sociedade de Socorro e das organizações de resguardo
seguiram necessidades específicas. As alas organizaram as Sociedades de Socorro primeiro,
começando em 1867. No entanto, as reuniões do Resguardo Sênior eram realizadas de maneira mais
centralizada e não em alas locais. A organização da Sociedade de Socorro nas estacas começou em
1877 com objetivo de coordenar as sociedades das alas e a reunião de resguardo mútuo quinzenal,
posteriormente, tornou-se a junta geral da Sociedade de Socorro. Para mais informações sobre essas
organizações e para as atas de algumas das primeiras reuniões, ver Jill Mulvay Derr, Carol
Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief
Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade
de Socorro: Documentos importantes da história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake
City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 338–349, 353–357.
^9. Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant [Mulheres do Convênio], p. 114.
^10. Sarah Kimball explicou que o grupo era, na realidade, uma “sociedade educacional” com a
orientação implícita para as mulheres de “fazer esse programa crescer até se tornar algo benéfico
para nós” (Senior and Junior Cooperative Retrenchment Association [Associação Sênior e Júnior de
Resguardo Mútuo], Minutes [Atas], Salt Lake City, Território de Utah, folha solta, 1871–1874, 11
de outubro de 1872, 42ª Reunião, pp. 1–2, Biblioteca de História da Igreja).
^11. No início da reunião, liam-se as atas da Associação de Resguardo Mútuo, da Sociedade de Socorro
da Ala Salt Lake City, da Sociedade de Socorro da Ala 9 Salt Lake City e da Sociedade de Socorro
da Ala Salt Lake City 11.
^12. Quando foi batizada, em 1835, aos 33 anos, Eliza Snow contou uma experiência em que viu uma
vela com uma longa chama diretamente sob seu pé. “Procurei conhecer a interpretação e recebi o
seguinte: ‘A lâmpada da inteligência iluminará o seu caminho’. Fiquei satisfeita” (Eliza R. Snow,
“Sketch of My Life” [Esboço de minha vida], em The Personal Writings of Eliza Roxcy Snow [Os
Escritos Pessoais de Eliza Roxcy Snow], editora Maureen Ursenbach Beecher, Logan: Utah State
University Press, 2000, p. 10).
^13. Eliza Snow aprendeu quando jovem as habilidades de secretária, auxiliando o pai em seus
negócios públicos. A mãe dela considerava os cuidados da casa uma base importante para ser
realizada por todas as mulheres e ela sentia que “o conhecimento útil é a base mais confiável da
independência”. Os pais de Eliza Snow ensinaram a ela e a seus irmãos o valor do trabalho e da
educação; ela lembrou que “os livros de estudo e formação sempre foram a prioridade e se
misturavam com todos os outros trabalhos, não deixando de lado a música e o canto. Ela ensinava
em uma escola para meninas em Kirtland, em 1836 (Snow, “Sketch of My Life” [Esboço de Minha
Vida], pp. 6–7, 10).
^14. Eliza Snow pode estar parafraseando um ou dois discursos que Brigham Young fez na conferência
geral sobre edificar o reino de Deus por meio do sacrifício e da futura organização de santos
selecionados na ordem de Enoque (Brigham Young, 9 de outubro de 1872, em Journal of
Discourses, 26 vols., Liverpool: vários editores, 1855–1886], 15, pp. 158–167, 220–229).
^15. No século 19, o termo descrente se referia a povos sem um histórico judaico-cristão e muitas seitas
cristãs estavam fazendo proselitismo em nações que não tinham uma presença substancial de
cristãos. Alguns missionários mórmons foram para lugares como: África do Sul, China, Índia e as
Ilhas do Pacífico, na segunda parte do século 19 (ver William R. Hutchison, Errand to the World:
American Protestant Thought and Foreign Missions [Mensagem ao Mundo: Pensamento
Protestante Americano e Missões Estrangeiras], Chicago: University of Chicago Press, 1987; Rex
Thomas Price Jr., “The Mormon Missionary of the Nineteenth Century” [O missionário mórmon do
século 19], PhD diss., University of Wisconsin-Madison, 1991, p. 83; e Oxford English Dictionary,
s.v. “descrente”).
^16. Os santos dos últimos dias acreditavam que, por meio da participação nas cerimônias do templo e
da fidelidade na vida, poderiam se tornar “reis e sacerdotes” e “rainhas e sacerdotisas” na
eternidade (Carol Cornwall Madsen, “Mormon Women and the Temple: Toward a New
Understanding” [Mulheres mórmons e o templo: Rumo a um novo entendimento], em Sisters in
Spirit: Mormon Women in Historical and Cultural Perspective [Irmãs no Espírito: Mulheres
Mórmons na Perspectiva Histórica e Cultural], editora Maureen Ursenbach Beecher e Lavina
Fielding Anderson, Urbana: University of Illinois Press, 1987, pp. 90–91, 102–103).
—————————— 15 ——————————

Nossa missão

Mary Ann Freeze


Ala Salt Lake City 11, Associação de Melhoramentos Mútuos Rapazes e
Moças
Salt Lake City, Território de Utah
Janeiro de 1879
Mary Ann Freeze. Por volta de 1880. Mary Ann Freeze foi
designada para a junta geral da Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças em 1898. Ela trabalhou no Templo de Salt Lake
e na Divisão de Informações na Praça do Templo, participando
também do Utah Women’s Press Club. Fotografia de Fox e Symons
(Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City).

Mary Ann Burnham Freeze (1845–1912) discursou em uma reunião


combinada de moças e rapazes da Ala Salt Lake City 11, em janeiro de 1879,
levando a eles uma mensagem específica: cada indivíduo tem seu valor e um
propósito. Suas experiências de vida a ajudaram a elaborar sua própria
missão. Seu pai, James Brunham, faleceu quatro dias antes de ela nascer, em
Nauvoo, Illinois; e sua mãe, Mary A. Huntly Burnham, uma mulher
determinada, trabalhou por seis anos para financiar a viagem pelas planícies,
levando os filhos para Bountiful, Território de Utah. A respeito de sua
juventude, Mary Ann Freeze escreveu: “Devido à nossa excessiva pobreza,
os anos de minha mocidade não foram tão felizes quanto poderiam, mas,
desde essa época, tenho pensado que foi para o meu bem maior ter sido
criada com necessidades e solidão. Dessa forma, mantive-me humilde e o
bom espírito encontrou um receptáculo no meu coração, fazendo com que
tivesse o desejo de buscar a verdade e aprender as coisas de Deus”.1
Ao longo da vida, Mary Ann trabalhou com jovens em ambientes
familiares, profissionais e eclesiásticos.2 Ela foi professora em Richmond,
Território de Utah, e, em 1863, casou-se com o diretor da escola aos 17 anos
de idade. Em 18 de outubro de 1871, a Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças (AMM) da Ala 11 foi organizada, sob a direção de Zina
D. H. Young, com o objetivo de incentivar atividades entre os jovens santos
dos últimos dias e, aos 26 anos de idade, Mary Ann Freeze foi chamada como
presidente dessa associação. Na primeira reunião, ela confessou: “Isto é algo
novo para mim, mas tenho o desejo de progredir e cumprir todos os meus
chamados. Quando conversamos, ganhamos confiança, melhoramos nosso
linguajar e também novas ideias vão surgindo. Vamos nos esforçar para
aumentar a participação das meninas em nossas reuniões. Como disse a irmã
Eliza R. Snow, vamos diminuir nossa ignorância e ajudar umas às outras a
superar nossas fraquezas. Quando consolamos outras pessoas, o bem que
fazemos não é só para elas, mas também nos consolamos, e esse princípio se
tornará mais natural e bonito”.3 Posteriormente, Susa Young Gates descreveu
a AMM das Moças da Ala 11 como “uma das mais fortes e melhores
organizações da cidade”.4
Em 1878, Mary Ann Freeze foi designada como a primeira presidente da
AMM das Moças da estaca.5 Ela relatou que: “Com as conselheiras,
visitamos as associações mais distantes possível, apreciamos o espírito de
nossa missão e tivemos a certeza de que fomos instrumentos nas mãos de
Deus para realizar muita retidão”.6 Na época em que fez o discurso a seguir,
em janeiro de 1879, ela já se sentia confiante no seu chamado como líder das
jovens. Anos mais tarde, Mary Ann Freeze serviu na junta geral da AMM das
Moças. Elmina S. Taylor, presidente geral da associação, disse sobre Mary
Ann Freeze: “Quando ela visita [as moças], leva consigo o Espírito de Deus,
de humildade e de amor. Ela fala com as moças sobre seus deveres, inspira-as
a ter o desejo de servir a Deus e, como suas servas, procurar ser melhores a
cada dia”.7

MEUS JOVENS IRMÃOS E IRMÃS, todos fomos enviados à Terra com um


propósito e todos temos uma missão a cumprir. É dever de cada um de nós
compreender essa missão. Foi-nos dito, por muitos de nossos grandes líderes,
que os espíritos mais nobres foram reservados para virem em nossos dias por
causa da grande e poderosa obra a ser realizada em preparação para a
Segunda Vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.8 Pergunto-me
quantos de nós percebemos que o nosso espírito é um daqueles nobres
espíritos e se já nos perguntamos: “Estamos honrando e nos esforçando para
submeter nosso corpo ao espírito puro e nobre que nele habita, que sempre
nos convida a realizar atos de virtude e santidade e nos impede de cometer
um erro, quando incitados a fazer algo errado ou ruim?” Nosso coração
deveria estar repleto de gratidão a Deus, que nos reservou este grande
privilégio, que tantos de nossos antepassados desejaram desfrutar, mas lhes
foi negado.
Nós não percebíamos muito bem essas grandes verdades do evangelho
até que essas organizações foram instituídas para o crescimento e
desenvolvimento dos jovens.9 Começamos a saber agora quem somos, de
onde viemos e qual será o nosso destino futuro se formos fiéis a Deus e
obedecermos a todos os seus mandamentos. Não deveríamos pensar, nem por
um momento, se seremos capazes de realizar muitas obras de retidão no curto
espaço de vida que temos na Terra, pois será apenas por meio de grande
esforço de nossa parte que conseguiremos ganhar um lugar no reino
celestial.10 Não poderemos dizer simplesmente: “Não fizemos mal a
ninguém”, mas devemos ser capazes de dizer: “Fizemos tudo o que foi
possível fazer para o avanço e o progresso da Sião de Deus na Terra, sendo
inspirados em toda boa palavra e trabalho”. Devemos participar fielmente em
todas as nossas reuniões e buscar conhecimento em todas as fontes
disponíveis, pois conhecimento é poder e, quanto maior ele for, mais aptos
estaremos para ajudar no grande trabalho dos últimos dias.
Todos temos o desejo de ser bons e úteis, portanto devemos colocar
nossos bons desejos em ação, pois o poder para fazê-lo está dentro de nós. É
provável que, antes de virmos à Terra, tenhamos feito convênio com nosso
Pai Celestial de que seríamos ativos na causa da retidão se Ele nos
concedesse o grande e inestimável privilégio de receber um corpo, pois assim
poderíamos ver quão grandes bênçãos receberíamos e que não poderiam ser
obtidas de nenhuma outra maneira. Não podemos ver agora como podíamos
antes de nascer, mas temos o santo evangelho para nos conduzir e guiar em
toda a verdade e, ocasionalmente, ensinar-nos nosso dever. Também somos
abençoados com um sacerdócio vivo, por meio do qual podemos receber a
palavra de Deus, portanto não fomos deixados em trevas. Essas associações
foram organizadas por intermédio desse sacerdócio vivo e,
consequentemente, são do céu; e qualquer rapaz ou moça que fielmente
frequentar essas reuniões, participando da maneira como designado por
aqueles que presidem, avançará com passos rápidos, conhecerá sua missão e
se tornará um grande e poderoso pilar na Igreja de Deus sobre a Terra; e, por
fim, será coroado na presença de Deus e do Cordeiro, enquanto aqueles que
não participarem ou retrocederem em seu dever também receberão a
recompensa de seus feitos e receberão apenas o que for justo. Nós, que
estamos aqui nesta noite, devemos vestir a armadura da retidão11 e batalhar
corajosamente para vencer o pecado e estabelecer um reino de paz na Terra
para que recebamos toda a glória que estamos capacitados a desfrutar. É a
oração de sua irmã.
Mary A. Freeze, “Our Mission: Read Before the Conjoint Meeting of the M. I. Associations of the 11th
Ward” [Nossa missão: Lida diante da reunião conjunta da AMM], S. L. City, janeiro de 1879, Woman’s
Exponent, 7, nº 20, 15 de março de 1879, p. 209.

_________________________
^1. James Burnham cortava pedras para o Templo de Nauvoo e morreu devido a sangramento nos
pulmões. A família permaneceu em Nauvoo até o outono de 1846, muito tempo depois de a maioria
dos santos terem ido para o Oeste. Mary Burnham mandou seus dois filhos, de Winter Quarters para
o Vale do Lago Salgado, com outra família, porque não tinha recursos para sustentá-los. O restante
da família chegou lá em outubro de 1852 (Augusta Joyce Crocheron, Representative Women of
Deseret, a Book of Biographical Sketches to Accompany the Picture Bearing the Same Title
[Mulheres Notáveis de Deseret, um livro de esboços biográficos para acompanhar a imagem com o
mesmo título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, pp. 51–53).
^2. No funeral de Mary Ann Freezer, em 1912, Joseph F. Smith se referiu a ela como “uma
ministradora do amor entre as moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Ele
continuou, dizendo: “Ela trabalhou diligente e fervorosamente para persuadir as filhas de Sião a
conhecer a verdade que ela conhecia. Ela parecia estar totalmente devotada a essa verdade”
(“Address of President Joseph F. Smith Delivered at the Funeral Services of Sister Mary A. Freeze”
[Discurso do Presidente Joseph F. Smith feito nos serviços funerais da irmã Mary A. Freeze],
Young Woman’s Journal, 23, nº 3, março de 1912, p. 129).
^3. Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, p. 66.
^4. Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 65.
^5. A primeira estaca a ter uma organização da AMM das Moças foi a Estaca Salt Lake (Mary E.
Connelly, “Mary A. Freeze”, Young Woman’s Journal, 23, nº 3, março de 1912, p. 125).
^6. Crocheron, Representative Women of Deseret [Mulheres Notáveis de Deseret], p. 55.
^7. Connelly, “Mary A. Freeze”, p. 126.
^8. Ver Abraão 3:22–23.
^9. Mary Ann Freeze participou de diversas reuniões da Sociedade Sênior de Resguardo e registrou
que, em 8 de janeiro de 1875, o grupo debateu sobre a importância de “incentivar as jovens a
participar na grande obra que as irmãs haviam começado” (Mary Ann B. Freeze, “Diaries”
[Diários], 1875–1899, 8 de janeiro de 1875, BYU).
^10. Muitas vezes, Mary Ann escreveu sobre a importância da obediência: “Estou me esforçando para
me purificar e guardar todos os mandamentos de Deus, para ser diligente na execução de todos os
deveres que farão avançar a grande obra que nosso Pai estabeleceu nos últimos dias, para ser digna
de receber as bênçãos que foram pronunciadas sobre minha cabeça, pois elas são grandes e muitas e
sei que as receberei se for digna (Crocheron, Representative Women of Deseret [Mulheres Notáveis
de Deseret], p. 55).
^11. Ver 2 Coríntios 6:7 e 2 Néfi 1:23.
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Dissertação sobre fé

Mary B. Ferguson
Associação das Moças de Spanish Fork
Spanish Fork, Território de Utah
22 de setembro de 2014

Em 20 de setembro de 1879, Mary Tyndale Baxter Ferguson (1826–1909)


discursou sobre fé e trabalho para as moças de Spanish Fork, no Território de
Utah, cerca de 80 quilômetros ao sul de Salt Lake City. Suas experiências
revelaram a fé e o compromisso que assumira perante Deus a despeito dos
desafios de sua vida. Ela nasceu em Glasgow, Escócia, e perdeu a mãe
quando ainda muito pequena e1 foi criada por uma babá contratada, Agnes
Reid, por quem desenvolveu uma profunda afinidade. Foi somente depois de
muito tempo que descobriu que fora adotada. Até os 16 anos, Mary
frequentou a escola e depois foi trabalhar em uma fábrica de seda e em uma
fábrica de tear a vapor.2 A religiosidade fez parte de sua criação, pois Agnes
Reid “a ensinou a ler a Bíblia, a temer a Deus e a viver uma vida boa e
virtuosa” e, por isso, ela participou ativamente em diferentes grupos
religiosos.3 Depois de ser apresentada aos missionários mórmons por sua
irmã, no outono de 1845, Mary Ferguson ficou apreensiva e determinada a
investigar a Bíblia para descobrir a autenticidade de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias.4 Quanto mais estudava, mais convencida
ficava. Ela entrou nas águas do batismo em outubro de 1846, registrando que
“todos os meus amigos me abandonaram e falam mal de mim por causa do
evangelho”.5
Mary Ferguson conheceu John Baxter na conferência da Igreja na
Escócia e eles se casaram em 1849. Por um tempo, moraram com a família de
John. Mary passou a cuidar dos cunhados, da sogra doente e do marido, pois
John possuía uma saúde fraca, devido aos muitos anos em que trabalhara nas
minas de carvão. Com a esperança de uma vida melhor, a família imigrou
para a América, em 1851. Por dois anos, eles permaneceram em St. Louis,
trabalhando para conseguir os recursos que lhes garantiriam cruzar as
planícies até Utah. Em setembro de 1853, pouco depois de chegarem ao Vale
do Lago Salgado, John ficou desanimado com o clima que lhe era estranho e
com os recursos escassos de Utah. Partiu, então, para a Califórnia, deixando
Mary Ferguson sozinha e com dois filhos para sustentar.6 Um ano depois,
John Baxter voltou para Utah e a família foi morar em Spanish Fork e
Goshem, no Condado de Utah, onde o casal teve outros cinco filhos. John
Baxter faleceu em 1869, depois de muitos anos doente.7
No obituário de Mary Ferguson, lemos que “ela lutou arduamente para
criar uma família muito grande com crianças pequenas e cuidar deles, mas o
Senhor ouviu seus lamentos e a abençoou, dando-lhe a capacidade de
carregar um fardo tão pesado”.8 Em 1874, cinco anos depois do falecimento
do marido, Mary se casou com Andrew Ferguson, um antigo amigo da
Escócia que a batizou e oficiou no seu primeiro casamento com Baxter, em
1849.9
Ao mesmo tempo em que trabalhava como enfermeira e parteira para
sustentar a família, Mary Ferguson servia na Igreja.10 No ano em que o
primeiro marido faleceu, ela estava servindo como tesoureira da Sociedade de
Socorro de Goshen. Em 1873, Mary recebeu a designação de servir como
professora visitante, uma responsabilidade dada somente para um pequeno
grupo de mulheres em cada ala, naquela época. As atas da Sociedade de
Socorro de Goshen registram suas doações de batata, carne e algodão; suas
orações de abertura e encerramento e suas mensagens em diversas ocasiões.
Em 6 de julho de 1871, ela disse: “É muito bom ser obediente em todas as
coisas relativas a Cristo, pois Ele era manso e humilde e amava abençoar os
doentes e os aflitos. Espero que minhas ações sejam condizentes com as da
vida de um santo”.11 Depois de se casar novamente e se mudar com a família
para Spanish Fork, Mary Ferguson serviu por muitos anos como presidente
da Sociedade de Socorro. Era comum, naquela época, que as mulheres
participassem de diversas organizações. A Sociedade de Socorro de Spanish
Fork e a Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM das
Moças) trabalhavam em conjunto e não era incomum que Mary visitasse e
falasse na reunião da AMM das Moças.12

SENDO A FÉ O PRIMEIRO PRINCÍPIO do evangelho, é necessário


indagar: o que é fé? As escrituras nos dizem que “fé é a esperança nas coisas
que não se veem”;13 por exemplo, se eu lhes disser que, se forem a um
determinado lugar, vocês encontrarão uma pepita de ouro ou uma pérola de
grande beleza e se, em seguida, vocês vão e a encontram, sua fé foi
manifestada por suas obras.14 Isso é o que acontece quando obedecemos ao
evangelho, certas bênçãos nos são dadas, mas, se dissermos que acreditamos
e não obedecemos, então nossa fé é vã. É como o corpo sem o espírito; está
morto. Foi essa fé viva, minhas jovens irmãs, que fez com que seus pais e
suas mães obedecessem ao evangelho em suas terras e lares distantes. Por
terem fé, deixaram sua casa, seus familiares e tudo o que lhes era precioso e,
entre o desprezo e a perseguição, embarcaram sobre o imenso oceano, sendo
lançados sobre ondas furiosas, por semanas e meses, longe da vista da terra,
doentes e cansados, mas ainda confiando no braço de Jeová para levá-los com
segurança a um refúgio de descanso. Muitos deles nunca tinham conhecido as
provações e as dificuldades da vida, deixando para trás amigos chorosos e
saudosos, que não tinham fé e não entendiam os propósitos de Deus.15 Por
meio da fé, eles cruzaram as planícies com a lenta e cansativa viagem de bois,
mas ainda mais cansativa com carrinhos de mão. Pensem nisso, minhas
jovens irmãs, seus pais e suas mães viajaram por mais de 1.600 quilômetros,
puxando um carrinho de mão, carregando alimentos e roupas de cama,
utensílios de cozinha, roupas, etc., muitos deles com crianças pequenas;
atravessaram rios, com água até a cintura e caminharam por quilômetros em
terreno difícil; ainda assim, à noite em volta da fogueira, suas canções de
louvor subiam a Deus, pois os princípios da fé tinham sido plantados em seu
coração.16 Eles tinham a certeza das coisas que não se veem. Pela fé,
chegaram a esses vales, que não eram os ricos vales férteis que vemos agora.
Pela fé, subjugaram o solo estéril e árido e, por meio das bênçãos de Deus,
conseguiram fazer o deserto florescer como a rosa17 Nas gerações futuras,
ainda poderão falar de nós o que foi dito de Moisés: cultivaram o solo e
produziram abundantemente. Mas foram muitos anos de trabalho árduo, o
que é uma indicação da determinação daqueles que o fizeram.
Não tenho muito tempo para lhes contar como nossa fé foi provada por
causa de grilos, gafanhotos, secas, inundações e também pela perseguição de
nossos inimigos. Mas, no geral, somos pessoas extremamente abençoadas e
felizes e, por meio da fé, pretendemos crescer e aumentar e nos espalhar para
outras terras até que, como Abraão de antigamente, nosso crescimento não
tenha fim.18
Agora, minhas queridas jovens amigas, não pensem que porque fizemos
tanto não há nada para vocês fazerem. Vocês precisam se espalhar para
outros países. Não devem pensar que o território de Utah vai conter os filhos
de Sião. Vocês terão que estabelecer novas colônias.
Será exigido de nossos jovens, à medida que forem chamados, deixar pai
e mãe, pois as estacas de Sião devem ser fortalecidas e suas “fronteiras
alargadas”.19 “Dê-nos um lugar onde possamos habitar, clamam os filhos de
Sião.”20 As escrituras estão se cumprindo diante de nossos olhos. Os iníquos
estão com medo de que lhes tiremos o nome e a nação, mas as profecias
precisam ser cumpridas embora a terra e o inferno se atrevam a se opor.
Portanto, lutem com firmeza pela fé transmitida a seus pais nestes
últimos dias para que, pela fé, vocês sejam capacitadas a promover os
propósitos de Jeová, e que a influência aceleradora do Espírito de Deus
repouse sobre os filhos de Sião, para que seja como um fogo vivo dentro
deles, produzindo muitos frutos para a retidão. Então, que vocês possam dizer
como disse o poeta:

Os perigos, as provações e as aflições,


Partilhamos com os nobres do passado,
Junto deles no banquete da verdade,
Tendo a batalha contra o erro terminado.21
Mary Ferguson, “Dissertação sobre fé: Lida na reunião da AMMM”, Woman’s Exponent, 8, nº 9, 1º de
outubro de 1879, pp. 70–71.22

_________________________
^1. O obituário de Mary Ferguson afirma que ela foi “roubada de sua mãe”, mas em sua autobiografia
ela escreveu que sua mãe estava muito doente e a colocou sob os cuidados de uma enfermeira
contratada (Amelia Gourley, Julia M. Okelberry e Lucy P. Taylor, “Tribute of Love” [Tributo de
amor], Woman’s Exponent, 38, nº 6, janeiro de 1910, p. 46; Mary Tyndale Ferguson, “Biography of
Mary Tyndale Ferguson (Pioneer)” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson (Pioneira)],
datilografado, Daughters of Utah Pioneers [Filhas dos Pioneiros de Utah], Goshen, UT, pp. 1–2).
^2. O tio de Mary Ferguson, Andrew Welsh, cunhado de sua mãe biológica, Magdalene Heathen
Tyndale, sustentou-a financeiramente durante a infância, inclusive pagando por seus estudos. Pouco
depois de sair da escola e encontrar um emprego, aos 16 anos, Mary Ferguson provia seu próprio
sustento (Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale
Ferguson], pp. 1–2).
^3. Mary Ferguson frequentava a Escola Dominical e uma classe de religião e foi presidente de uma
sociedade missionária (Gourley, Okelberry e Taylor, “Tribute of Love” [Tributo de amor];
Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], p. 2).
^4. Mary Ferguson recordou que, “no outono de 1845, minha irmã Catherine e o marido se juntaram
aos mórmons”. Catherine Heathen, a filha da mãe biológica de Mary Ferguson, e o primeiro marido
não têm registro de batismo. A irmã adotiva, Catherine Douglas, que também vivia com Agnes
Reid e trabalhava na fábrica de tear, foi batizada com o marido, Andrew Ferguson, em 1845
(Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], pp. 1–
2; Andrew Ferguson, autobiografia, 1852, pp. 2–3, BYU).
^5. Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], p. 2.
^6. O filho mais velho da família Baxter, Henry, morreu de febre escarlatina em janeiro de 1854
(Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], pp. 3–
4).
^7. Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], p. 4.
^8. Gourley, Okelberry e Taylor, “Tribute of Love” [Tributo de amor].
^9. A primeira esposa de Andrew Ferguson, Catherine Douglas, viveu um tempo com Agnes Reid, a
mãe adotiva de Mary Ferguson (Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de
Mary Tyndale Ferguson], pp. 2, 4; Andrew Ferguson, autobiografia, 2, p. 244).
^10. Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], p. 4.
^11. Ala Goshen, Estaca Utah, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro], vol. 1, 1870–1872, 3 de novembro de 1870, p. 1; 1º de dezembro de 1870, p. 2; 5 de
janeiro de 1871, p. 3; 1º de junho de 1871, p. 11; 6 de julho de 1871, pp. 11–12, Biblioteca de
História da Igreja.
^12. Ala Spanish Fork, Estaca Utah, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da
Sociedade de Socorro], vol. 2, 1875–1884, 18 de outubro de 1879, p. 168, 22 de outubro de 1880, p.
202.
^13. Hebreus 11:1, Tradução de Joseph Smith.
^14. Ver Mateus 13:46 e Tiago 2:18.
^15. Mary Ferguson lembrou: “Minha mãe e meus irmãos se sentiram muito mal por nossa decisão de
partir e meu irmão William me ofereceu todos os incentivos para que eu deixasse os mórmons”
(Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de Mary Tyndale Ferguson], p. 3).
^16. Sobre sua experiência pessoal cruzando as planícies em 1853, Mary Ferguson escreveu: “Eu
estava muito doente durante todo o percurso, mas eu tinha fé em Deus e pedi em minha oração que
Ele acabasse com aquele dia maligno e meu Pai Celestial ouviu e respondeu minha súplica. Foi um
ano com enchentes, o que tornou nossa jornada mais difícil, contudo fomos abençoados e nossa
vida foi preservada em circunstâncias perigosas”. Ela acrescentou que estava grávida na maior parte
da viagem: “Meu filho John nasceu nesta viagem, em Black Fork, a cerca de 72 quilômetros de Salt
Lake, 6 de setembro de 1853” (Ferguson, “Biography of Mary Tyndale Ferguson” [Biografia de
Mary Tyndale Ferguson], p. 3).
^17. Ver Isaías 35:1.
^18. Ver Gênesis 13:16 e Abraão 3:14; ver também Isaías 9:7.
^19. Isaías 54:2.
^20. Mary Ferguson está citando um hino protestante do irlandês Thomas Kelly, publicado em vários
diferentes hinários, começando em 1820, inclusive no de Emma Smith, ed., A Collection of Sacred
Hymns, for the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints [Coleção de Hinos Sagrados de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Nauvoo, IL: E. Robinson, 1841, pp. 169–170
e Sacred Hymns and Spiritual Songs, for the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Europe
[Hinos Sagrados e Músicas espirituais de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias na
Europa], 9ª ed., Liverpool: F. D. Richards, 1851, pp. 57–58.
^21. Alexander Ross, “God’s Kingdom or Nothing at All” [O reino de Deus ou nada], Latter-day
Saints’ Millennial Star, 27, nº 31, 5 de agosto de 1865, p. 496.
^22. Não há atas desse período da Associação das Moças de Spanish Fork.
—————————— 17 ——————————

O fruto de nossos labores

Lillie T. Freeze
Ala Salt Lake City 11, Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças
Salt Lake City, Território de Utah
18 de outubro de 1880

Lelia “Lillie” Tuckett Freeze (1855–1937) falou sobre a transição da


juventude para a idade adulta em seu discurso para as moças, em 18 de
outubro de 1880. Um pouco mais de 20 anos antes, Brigham Young havia
chamado a mãe de Lillie Freeze, Mercy Westwood Tuckett, para servir uma
missão de dois anos como atriz, na companhia de teatro Bowery, em Nova
York e no Social Hall, em Salt Lake City. Lillie Freeze atuou com a mãe em
peças no Camp Floyd, um acampamento do exército federal, a 73
quilômetros sudoeste de Salt Lake City, quando tinha quatro anos de idade.
Quando a companhia de teatro se dissolveu, Mercy Tuckett se mudou para
Nevada e depois para a Califórnia, para dar continuidade à carreira teatral,
basicamente deixando seus filhos e o marido. Aos cinco ou seis anos de
idade, Lillie Freeze foi morar com a avó no sul de Utah, percorrendo a pé
mais de 480 quilômetros de Salt Lake City até St. George, retornando um ano
depois. Em 1865, Lillie Freeze voltou a morar com o pai e os irmãos, na Ala
Salt Lake City 11. Ela gostava de participar das produções teatrais da ala e
escrevia artigos para o Deseret News, Woman’s Exponent, Improvement Era,
e Young Woman’s Journal.1
Lillie Freeze começou a participar dos programas para os jovens da
Igreja aos 16 anos, quando se filiou à Associação de Resguardo Mútuo das
Moças da Ala 11, em 1871, frequentando as reuniões que eram realizadas na
casa de Mary Ann Freeze, a primeira presidente. Ela serviu como conselheira,
de 1871 a 1881 e ajudou a editar o jornal manuscrito Improvement Star, da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M), da Ala 11.2
Em 1875, Lillie se casou com James Freeze, como esposa plural, juntando-se
à família de sua amiga Mary Ann, a primeira esposa de Freeze.3 Ela foi
chamada para ser a primeira secretária da junta geral da Primária, em 1880,
onde serviu por cinco anos. Em outubro de 1888, foi chamada como primeira
conselheira da presidente geral da Primária, Louie B. Felt, ao mesmo tempo
em que servia na junta geral da AMM-M, sob a presidência de Elmina S.
Taylor.4 Essas oportunidades de liderança permitiram que ela compartilhasse
sua experiência e incentivasse os jovens a adotar oportunidades novas e mais
progressivas, ao mesmo tempo em que viviam de acordo com os princípios
fundamentais do evangelho.
Como conselheira da AMM-M da Ala 11, Lillie Freeze com frequência
falava sobre as responsabilidades dos jovens e como poderiam cumpri-las.
Em 20 de setembro de 1880, um mês antes de fazer o discurso publicado
aqui, ela aconselhou as moças a aprimorar seus talentos e a exercer uma
influência positiva sobre os rapazes.5 Uma semana depois, ela as incentivou a
“obter conhecimento espiritual para [estarem] melhor preparadas para
cumprir nossos deveres”.6 O discurso de Lillie Freeze, a seguir, foi proferido
durante a comemoração do nono aniversário da associação, em 18 de outubro
de 1880,7 e publicado um mês depois, no jornal Woman’s Exponent.

HÁ NOVE ANOS iniciamos o trabalho de organização da Associação de


Melhoramentos Mútuos das Moças,8 quando começamos a perceber a
existência de nosso ser espiritual e que a vida não foi feita somente para
comer, dormir, ganhar dinheiro e morrer; começamos a aprender sobre a
necessidade de cultivar a mente, de ministrar aos anseios de uma alma
imortal e de treinar o coração nos caminhos da obediência a Deus e da luz de
inspiração. Tivemos o vislumbre do propósito maior e mais nobre da vida.
Muito já foi feito, mas o trabalho está apenas começando. Quantas
meninas que, anos atrás, se filiaram à nossa Associação para receber
conhecimento, nas pequenas reuniões semanais que preparávamos para elas,
agora são esposas felizes (embora um grande número tenha entrado na ordem
do casamento plural) 9 e são mães dedicadas, mais qualificadas para
desempenhar os santos deveres da maternidade e, como resultado, são
benfeitoras da sociedade?10
Das fileiras de nossa Associação, elas foram e ainda vão para novos
campos de trabalho — mulheres cujos nomes serão honrados onde quer que o
evangelho seja pregado. As sementes de seu sucesso e honra foram plantadas
quando fizeram sua primeira frágil tentativa de falar em público, ao
receberem um convite formal para fazê-lo,11 e foram apoiadas por muitos
esforços incansáveis, lutando pessoalmente com os poderes das trevas e o
mal que puderam ver em si mesmas. E elas triunfaram até certo ponto por
causa de jejuns e de fervorosas orações, cantando e louvando a Deus.
Raramente paramos para pensar seriamente sobre qualquer assunto,
exceto a moda.12 Muitas de nossas aspirações não vão além do chapéu que
está em nossa cabeça. Parece que nossos olhos só conseguem ver as falhas
umas das outras, e nossos ouvidos estão abertos para fofocas, enquanto
nossos lábios são escravos de nosso cérebro ocioso. Ficamos muito
facilmente satisfeitas com nós mesmas e com nosso trabalho. Enquanto o
grande trabalho da vida continua a progredir constantemente, exigindo
trabalhadores sérios e ocupados na causa da humanidade, nós, em nossa
busca desenfreada por prazer, ignoramos as oportunidades de fazer o bem e
todas as chances de progresso, enquanto os desejos de nossa natureza
espiritual ficam aguardando até o momento em que não sejam mais
dominados por nossos anseios egoístas. Que paremos agora de fazer essas
coisas, que nos destroem física e espiritualmente e ouçamos a voz da razão,
que nos leva a fazer tudo o que traz paz, honra e vida eterna.
Oh! Filhas de Sião, que possamos reivindicar nosso privilégio de
estabelecer o exemplo de tudo o que é puro e refinado. Deus exige que
façamos isso. Que a verdadeira modéstia seja mais cultivada do que a
arrogância.13 Que as lisonjas deem lugar a uma irmandade sincera com mais
respeito e caridade umas pelas outras, e que nossas conversas diárias no lar e
fora dele, sejam caracterizadas pela pura nobreza da alma. Podemos deixar de
lado nosso modo rude e grosseiro de falar, usando somente um linguajar
casto e elegante, sempre manifestando uma consideração respeitosa pelos
sentimentos e opiniões alheios.14 Assim fortalecidas, poderemos confiar em
nós mesmas quando na companhia de pessoas muito cultas e refinadas, sem
ter que carregar um livro de etiqueta em nosso bolso.15
Que busquemos essa orientação que protege nossa boa reputação e nos
impede de nos associar com pessoas rudes e perversas. Que tenhamos o
prazer de defender os princípios da verdade, quando as nações agora
prósperas decaírem, sem que tenhamos medo de ser ridicularizadas, mas
temendo somente o castigo de nosso Criador ofendido. Não vamos nos privar
de receber a herança de nosso Pai Celestial por causa da insensatez e da
desobediência. Deus exige de nós tudo o que pudermos fazer e, no final,
estaremos repletas de gratidão e de alegria eterna, que transcendem todo o
entendimento mortal.
Lillie Freeze, “Os frutos de nossos labores: lido na reunião anual da AMM-M,Ala 11”, Woman’s
Exponent 9, nº 12, 15 de novembro de 1880, p. 95.

_________________________
^1. “Death Closes Rich Career of Church Worker, Mother” [A Morte Encerra a Valiosa Carreira de
uma Mãe e Líder da Igreja], Deseret News, 24 de março de 1937; Andrew Jenson, Latter-day Saint
Biographical Encyclopedia: A Compilation of Biographical Sketches of Prominent Men and
Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Enciclopédia Biográfica dos Santos dos
Últimos Dias: Uma Compilação de Esboços Biográficos de Homens e Mulheres Proeminentes na
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4 volumes, Salt Lake City: Andrew Jenson
History Co., 1901–1936, vol. 4, p. 284; Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual
Improvement Association of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, pp. 149–150.
^2. Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças da Ala 11], vol. 1, 1871–1877, 18 de outubro de 1871, p. 1, Biblioteca de
História da Igreja; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 4,
p. 284; Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças da Ala 11], vol. 2, 1878–1889, 21 de fevereiro de 1881, p. 195;
24 de outubro de 1881, p. 227. Para mais informações sobre o jornal manuscrito, ver o capítulo 19,
nesta publicação.
^3. Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 151. Mary Ann Freeze registrou em seu diário no dia do
casamento: “Este foi um dia memorável para todos nós, pois recebemos em nossa família uma nova
esposa. Estivemos todos na Casa de Investidura para ser testemunhas na cerimônia e eu tive o
prazer de apresentar a noiva”. James Freeze teve quatro esposas no casamento plural. (Mary Ann
Burnham Freeze, Diário, 14 de junho de 1875, BYU; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia
[Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 4, p. 260).
^4. Elmina S. Taylor, presidente geral da AMM-M, pensou que seria vantajoso ter Lillie Freeze como
membro das duas juntas gerais, Primária e AMM-M, podendo assim representá-las nas viagens.
(Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 151; “Death Closes Rich Career” [A Morte Encerra Valiosa
Carreira]; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 4, p. 284).
^5. Lillie Freeze estava preocupada com o uso de tabaco entre os rapazes locais. (Eleventh Ward
YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 20 de setembro de 1880,
pp. 171–172).
^6. Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 27 de
setembro de 1880, p. 174.
^7. Também estavam presentes e falaram: Elmina S. Taylor, primeira presidente geral da AMM-M;
Mary Isabella Horne, primeira presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake e presidente
da Associação de Resguardo Mútuo; Sarah M. Kimball, presidente da Sociedade de Socorro da Ala
15 Salt Lake e secretária da primeira presidência geral da Sociedade de Socorro; Serepta M.
Heywood, conselheira da presidência da Sociedade de Socorro da Ala 17 Salt Lake City; Hannah
Tapfield King, presidente da Sociedade de Socorro da Ala 17; Clara Cannon, segunda conselheira
da presidência geral da Primária e Elizabeth Howard, presidente da Sociedade de Socorro da Ala
Big Cottonwood e conselheira de Mary Isabella Horne na Associação de Resguardo Mútuo.
(Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11], 18 de
outubro de 1880, pp. 174-175).
^8. A Associação Júnior de Resguardo Mútuo da Ala Salt Lake City 11 foi organizada em 1870. Lillie
Freeze se filiou à associação quase que imediatamente. (Gates, History of the Young Ladies’ Mutual
Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], pp.
150–151).
^9. No século 19, os santos dos últimos dias geralmente usavam o termo “casamento celestial” para se
referir ao casamento plural.
^10. Os artigos e editoriais das revistas publicadas pela Igreja falavam com frequência sobre a
responsabilidade das moças de se prepararem para o casamento e a maternidade. (Ver, por exemplo,
L. W. E., “Young Ladies’ Associations” [Associação das Moças] Contributor, 1, no. 7, abril de
1880, p. 167).
^11. O medo de falar em público era persistente entre as moças, mesmo depois de dez anos da primeira
reunião. Um mês antes dessa reunião de outubro de 1880, a conselheira da AMM-M da ala 11,
Louie White, “falou sobre nossa timidez quando tentamos nos levantar para falar. Ela disse que
precisamos dominar esse sentimento, pois é nosso dever falar sobre a bondade de Deus. Disse que
nenhuma de nós é jovem demais para fazer isso”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records
[Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 20 de setembro de 1880, p. 172).
^12. Em julho de 1877, a AMM-M da Ala 11 adotou resoluções, incluindo “que não seguiremos a
moda tola e repugnante do mundo, mas nos vestiremos de maneira singela, pura e apropriada,
rejeitando rigorosamente toda a extravagância, consagrando, desse modo, os recursos
economizados para a edificação do reino de Deus”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records
[Registros e atas da AMM-M da Ala 11] , julho de 1877, p. 497).
^13. Um dicionário de 1899 definia modéstia como “um senso de decência; livre de arrogância, ousadia
ou presunção; discrição, timidez, acanhamento; envergonhada. (…) Moderação; livre de excessos,
extravagância ou exagero. Castidade; maneiras puras; decência; livre de lascívia ou obscenidade”.
Arrogância, em contraposição, significava “gentileza afetada ou escrúpulo excessivo; timidez”.
(Robert Hunter e Charles Morris, editores, Universal Dictionary of the English Language
[Dicionário Universal da Língua Inglesa], Nova York: Peter Fenelon Collier, 1899, pp. 3168 e
3794).
^14. A AMM-M da Ala 11 também decretou “que vamos cessar de falar mal umas das outras ou de
qualquer ungido do Senhor”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da
AMM-M da Ala 11], julho de 1877, p. 497).
^15. Lillie Freeze escreveu posteriormente artigos sobre etiqueta para o Young Woman’s Journal. (Ver
Lillie T. Freeze, “Chapter on Etiquette” [Capítulo sobre etiqueta] Young Woman’s Journal, 3, nºs. 6
e 8, março e maio de 1892, pp. 280–282, 382–383)
—————————— 18 ——————————

Toda irmã deve seguir avante

Eliza R. Snow
Sociedade de Socorro de Kanab
Schoolhouse, Kanab, Território de Utah
13 de fevereiro de 1881
Eliza R. Snow Por volta de 1875. Eliza R. Snow era poetisa,
viajante mundial e uma líder renomada da Igreja. Graças ao seu
trabalho de preservação do Livro de Atas da Sociedade de Socorro
de Nauvoo, ela fez uma conexão eficiente entre a sociedade de
Nauvoo e o ressurgimento da organização no Território de Utah.
Ela levava consigo o Livro de Atas quando visitava as
comunidades mórmons, ajudando a organizar as mulheres e
encorajando-as a falar em público. Fotografia de Charles Carter
(Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.)

Em 13 de fevereiro de 1881, Eliza Roxcy Snow (1804–1887) discursou para


as mulheres em Kanab, Território de Utah, cerca de 483 quilômetros ao sul
de Salt Lake City, sobre a busca pessoal de salvação.1 Três meses antes, Eliza
Snow partira de Salt Lake, em companhia de Zina D. H. Young, em uma
longa viagem de visita às comunidades dos santos dos últimos dias no sul de
Utah.2 Elas planejaram participar de ordenanças realizadas no templo de St.
George, o único templo da Igreja em funcionamento na época.3 Elas também
visitaram e organizaram a Sociedade de Socorro, a Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M) e a Primária em vários lugares
no centro e no sul de Utah.4
Eliza Snow e Zina Young passaram a segunda semana de fevereiro em
Kanab, cerca de 130 quilômetros a leste de St. George, próximo à fronteira
do Arizona.5 Por estar em um local isolado, essa comunidade raramente
recebia visitantes. O presidente da Estaca Kanab, John Nuttall, havia escrito
anteriormente “Não temos o privilégio de receber a visita de nossas irmãs da
liderança geral pois todo o tempo delas está preenchido com viagens e visitas
para os que estão cercados pelas influências externas”.6 Enquanto
permaneceram em Kanab, Eliza e Zina participaram de um piquenique de ala,
organizaram a Primária da estaca e das alas, reuniram-se com a Sociedade de
Socorro e com a AMM-M e organizaram uma associação para produção de
tecido de seda.7 No domingo, 13 de fevereiro, Eliza Snow, Zina Young e
Minerva Snow, presidente da Sociedade de Socorro da Estaca St. George,
discursaram em uma reunião combinada da Sociedade de Socorro e da
AMM-M.8
As mulheres de Kanab deram as boas-vindas formais às visitantes de
Salt Lake City, saudando-as como: “Senhoras Pioneiras”, “Mães em Israel” e
“Presidentes de todas as mulheres”.9 Em junho de 1880, Eliza Snow fora
chamada como presidente geral da Sociedade de Socorro e havia escolhido
Zina Young para ser sua primeira conselheira.10 Nesse chamado, Eliza Snow
tinha a autoridade de supervisionar todas as organizações das mulheres da
Igreja. Seus relacionamentos pessoais também contribuíram para sua posição
de destaque na sociedade dos santos dos últimos dias. Ela foi esposa plural de
Joseph Smith e depois que ele morreu, casou-se com Brigham Young. Eliza
passou a usar o sobrenome Smith em 1880, depois da morte de Brigham
Young em 1877, da morte de Emma Smith em 1879, e de seu chamado como
presidente geral da Sociedade de Socorro em 1880.11 Ela acreditava, e
ensinou para as mulheres de Kanab, que cada mulher é responsável por sua
própria salvação.

A IRMÃ SNOW SMITH disse que houve um tempo que pensávamos que
nossos maridos nos salvariam, independentemente dos nossos próprios
esforços. Agora entendemos que, em vez de depender inteiramente de nosso
marido para alcançar a salvação e a exaltação, nós temos que trabalhar
pessoalmente para alcançá-las.12 A responsabilidade e o trabalho que recai
sobre as mulheres está se tornando cada vez mais importante. Quando as
mulheres são refinadas, a sociedade é reformulada. E o bem-estar dos filhos
depende muito de sua influência e exemplo. Nossas sociedades de socorro
devem ajudar os bispos e assumir muitos dos cuidados que estão sob sua
responsabilidade. Estamos organizadas nas estacas e nas alas e é necessário
que cada irmã siga avante, se envolvendo neste trabalho para o benefício de
suas filhas. O Senhor quer que sejamos um povo eleito. Sinto que não nos
aproximamos do Pai tanto quanto deveríamos. Quando conseguirmos vencer
nossos próprios desejos naturais, receberemos salvação. “Eu diria às minhas
jovens irmãs, nunca deixem de cumprir um dever.13 Deus tem-lhes mostrado
o caminho para que se tornem rainhas e sacerdotisas em Seu Reino, se
viverem para isso”.14
Eliza R. Snow, Discurso, 13 de fevereiro de 1881, em “Kanab Relief Society” [Sociedade de Socorro
de Kanab], Woman’s Exponent, 9, nº. 21, 1º de abril de 1881, pp.165–166. Registrado por M. Elizabeth
Little.15 Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Brigham Young dedicou Kanab, localizada no deserto árido do sul de Utah, em 1870, alguns anos
depois dos colonos começarem a criar e alimentar o gado e construir um forte. (Martha Sonntag
Bradley, A History of Kane County [Uma História do Condado de Kane], Série de Histórias do
Condado Centenário de Utah, Salt Lake City: Sociedade Histórica do Estado de Utah, 1999, pp. 60–
62, 74.)
^2. Eliza Snow registrou que ela e Zina Young “viajaram 1.600 quilômetros com um grupo de pessoas,
atravessando terrenos com pedras pontudas ou cobertos de areia, ocasionalmente acampando à noite
nas viagens de longas distâncias”. Elas retornaram a Salt Lake City em março de 1881. (Eliza R.
Snow, “Sketch of My Life” [Esboço de Minha Vida], em The Personal Writings of Eliza Roxcy
Snow [Os Escritos Pessoais de Eliza Roxcy Snow], ed. Maureen Ursenbach Beecher, Logan: Utah
State University Press, 2000, p. 37; ver também Jill Mulvay Derr, “Mrs. Smith Goes to
Washington: Eliza R. Snow Smith’s Visit to Southern Utah, 1880–1881” [A Sra. Smith Vai a
Washington: A Visita de Eliza R. Snow Smith ao Sul de Utah, 1880–1881], em Honoring Juanita
Brooks: A Compilation of 30 Annual Presentations from the Juanita Brooks Lecture Series [Uma
Compilação de 30 Apresentações Anuais das Séries de Palestras de Juanita Brooks], Dixie State
University, ed. Douglas D. Alder, St. George, UT, Dixie State University, 2014, pp. 475–510.)
^3. Derr, “Mrs. Smith Goes to Washington” [A Sra. Smith Vai a Washington], pp. 495-498.
^4. Eliza Snow formou organizações em todas as comunidades mórmons no Oeste. Ela lembra: “Viajei
de ponta a ponta, em todo o Território de Utah, até Nevada e Idaho, em prol dessas organizações.
Organizei centenas de Associações das Moças e da Primária, desde que elas surgiram”. (Snow,
“Sketch of My Life”, [Esboço de Minha Vida], p. 37).
^5. O grupo acampou por três noites no caminho entre St. George e Kanab, uma viagem de 130
quilômetros. Elas também visitaram Long Valley, Orderville, Glendale e Johnson — todos no sul
de Utah — antes de voltarem para St. George. (Eliza R. Snow Smith, “Trip to Kanab” [Viagem a
Kanab], Woman’s Exponent, 9, nº 20, 15 de março de 1881, p. 157.)
^6. Kanab Utah Stake Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de Socorro
da Estaca Kanab], vol. 1, 1878–1921, 6 de dezembro de 1878, p. 3, Biblioteca de História da Igreja.
Elizabeth Little registrou sobre as boas-vindas oficiais a Eliza Snow e Zina Young: “Uma longa e
estimada expectativa se realiza nesse feliz evento. Aqui, nas fronteiras isoladas de Utah, recebemos
pela primeira vez a visita de nossas representantes femininas”. (M. Elizabeth Little, “A Welcome”
[Boas-Vindas], Woman’s Exponent, 9, nº 21, 1º de abril de 1881, p. 165.)
^7. Snow Smith, “Trip to Kanab” [Viagem a Kanab], p. 157; M. Elizabeth Little, “Kanab Relief
Society” [Sociedade de Socorro de Kanab], Woman’s Exponent, 9, nº 21, 1º de abril de 1881, pp.
165–166. A Sociedade de Socorro de Kanab foi organizada em 12 de novembro de 1873, e a
Sociedade de Socorro da Estaca Kanab realizou sua primeira conferência semestral em 6 de
dezembro de 1878. (Registros e Atas da Sociedade de Socorro da Ala Kanab, Estaca Kanab, Livro
de Atas A, 1873–1883, 12 de novembro de 1873, pp. 3–4, Biblioteca de História da Igreja; Atas e
Registros da Sociedade de Socorro da Estaca Kanab Utah, 6 de dezembro de 1878, pp. 1–4.)
^8. Eliza Snow e Zina Young hospedaram-se na casa de Minerva Snow enquanto permaneceram em St.
George e ela as acompanhou na viagem até o Condado de Kane. (Derr, “Mrs. Smith Goes to
Washington” [A Sra. Smith Vai a Washington], pp. 483, 491.)
^9. Little, “A Welcome” [Boas-Vindas], p. 165.
^10. Emmeline B. Wells, “Salt Lake Stake Relief Society Conference” [Conferência da Sociedade de
Socorro da Estaca Salt Lake], Woman’s Exponent, 9, nº 3, 1º de julho de 1880, pp. 21–22.
^11. Derr, “Mrs. Smith Goes to Washington” [A Sra. Smith Vai a Washington], pp. 479–482.
^12. Zina Young falou depois de Eliza Snow, incentivando as mulheres a aceitar e honrar o princípio
do casamento plural e nunca falar desrespeitosamente com o marido. “Minhas irmãs”, ela disse,
“tivemos um banquete de princípios corretos”. (Little, “Kanab Relief Society” [Sociedade de
Socorro de Kanab], p. 166.)
^13. Minerva Snow falou depois de Zina Young e incentivou as mulheres: “Devemos superar nossas
falhas. O que são as pequenas provações desta vida quando comparadas às grandes bençãos que
estão à nossa espera se formos fiéis?” (Little, “Kanab Relief Society” [Sociedade de Socorro de
Kanab], p. 166.)
^14. A maior parte deste discurso foi parafraseado por Elizabeth Little, que tomou nota das atas, mas
nessas duas últimas frases, Little aparentemente fez uma citação direta de Eliza Snow. Eliza Snow
falou na Sociedade de Socorro de Santa Clara, em 27 de novembro de 1880, que “as moças de Sião
são maiores do que as rainhas da Terra. Podemos nos tornar aquilo que escolhemos ser”. (Ala Santa
Clara, Estaca Saint George, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas da Sociedade de
Socorro], vol. 3, 1873–1893, 27 de novembro de 1880, p. 47, Biblioteca de História da Igreja.)
^15. O relatório de Elizabeth Little foi enviado a Emmeline B. Wells, em Salt Lake City e impresso no
jornal Woman’s Exponent. Não há um relatório da reunião de 13 de fevereiro de 1881 nas atas da
Sociedade de Socorro da Ala e nem da Estaca Kanab, mas as atas da reunião seguinte fazem
referência à visita e ao discurso de Eliza Snow. (Kanab Ward Relief Society Minutes [Atas da
Sociedade de Socorro da Ala Kanab] , 3 de março de 1881, p. 165.)
—————————— 19 ——————————

O poder da oração

Ellenor G. Jones
Ala Salt Lake City 11, Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças
Salt Lake City, Território de Utah
1º de fevereiro de 1882

Ellenor Georgina Reed Jones (1832–1922) ensinou as moças da Ala Salt


Lake City 11, em 1882, sobre o poder da oração. Não se tem muitas
informações sobre sua vida pessoal. Ela nasceu em Nashville, Tennesse; em
1850, morava em Cincinnati, Ohio.1 Em 1860 casou-se com Berry Jones e foi
morar com o marido em San Mateo, Califórnia, onde o casal teve três filhos.2
Depois da morte de Berry, em 1863, Ellenor Jones casou-se com Hugh Jones,
em São Francisco, em 1865.3 Eles tiveram dois filhos e se separaram. Hugh
faleceu em 1893.4 Nas décadas de 1870 a 1890 ela viajou várias vezes entre a
Califórnia e Utah. Um diretório da cidade de São Francisco de 1873
menciona que ela era viúva.5 Ela faleceu em Redding, Califórnia, em 1922.6
Tendo nascido em uma família multirracial e sido criada no sul dos
Estados Unidos, no auge da escravidão e da hostilidade em relação aos
negros livres, Ellenor Jones provavelmente vivenciou o preconceito racial. Os
registros do censo indicam que sua mãe, Mary Jones, nasceu em Kentucky, e
que seu esposo, Thomas Jones, da Virgínia, era “negro”. Ellenor Jones, a
mãe, os irmãos e as irmãs — nascidos no Mississippi, Ohio e Tennessee —
estão listados no censo como “mulatos”.7 Posteriormente, Ellenor Jones foi
registrada nos censos de Utah e da Califórnia, como branca. Não há menção à
herança multirracial de Ellenor em Utah ou nos registros mórmons, o que era
especialmente importante na época da Guerra Civil, da agitação racial e da
proibição da Igreja de ordenar homens negros ao sacerdócio e não permitir a
entrada de mulheres e homens negros no templo.8
As poucas informações deixadas nos registros históricos sobre Ellenor
indicam que ela era um membro devotado da Igreja. Junto com a família, ela
conheceu a Igreja no Tennessee, na década de 1840. A irmã mais velha,
Margaret, foi batizada em 1842, seguida por Ellenor em 1844. Ellenor Jones
recebeu sua investidura na Casa de Investiduras em Salt Lake City em 1869 e
morou na Ala 11.9 Ela escreveu para Brigham Young em 1875, esperando
que pudesse visitá-lo antes de retornar para a Califórnia. Ela comentou em
uma reunião da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M)
sobre como era a vida com pessoas de outras religiões na Califórnia.10 Todos
os seus quatro filhos aparecem nos registros de alas. Ela e os filhos doaram
dinheiro para a construção do templo de Salt Lake, em 1892.11 Ellenor Jones
e seus familiares realizaram o trabalho do templo em prol de seus
antepassados no templo de Logan, nos anos de 1880 a 1890, quando a
adoração no templo era negada aos descendentes de africanos.12
Ela escreveu um artigo para o jornal manuscrito da AMM-M da ala, o
Improvement Star.13 Várias organizações de ala produziam jornais
manuscritos, que eram compostos, editados e escritos à mão por uma pessoa,
para cada assunto — e depois eram lidos em voz alta e debatidos. Nas
reuniões semanais da AMM-M da Ala 11, as moças e as líderes liam lições,
discursos e editoriais do Improvement Star e do Juvenile Instructor, e
também alguns capítulos das escrituras.14 Mary Ann Freeze, presidente da
AMM-M, incentivava as participantes a ler e escrever para o jornal.15 O
discurso a seguir foi lido em uma reunião da AMM-M e depois publicado no
Woman’s Exponent, em 1º de fevereiro de 1882. Embora o discurso não
ofereça informações biográficas, os ensinamentos de Ellenor sobre o
princípio da oração mostram seu relacionamento de confiança com Deus e
sua ligação profunda com o divino em um mundo instável.
A ORAÇÃO É A CHAVE que abre a câmara do conhecimento.16
A oração é a pedra fundamental na vida de todos os cristãos e podemos
afirmar com segurança, que ninguém pode alcançar uma posição favorável no
reino de Deus sem conhecimento.
Aprendemos que nosso Salvador, a quem todos deveríamos escolher
como nosso padrão, orava com frequência, e lemos no santo evangelho
segundo São Lucas, capítulo 22, versículos 39 e 40, que, depois de ter
oferecido a última ceia a Seus apóstolos, Ele: “Saindo, foi, como costumava,
para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. E
quando chegou àquele lugar, disse-lhes: ‘Orai, para que não entreis em
tentação’”.17
Aprendemos, com essas poucas palavras proferidas por nosso Salvador,
que a oração é também uma proteção, que nos impede de praticar o mal no
momento da tentação.
Por meio da oração, nossa fé é fortalecida, nossa capacidade de
compreensão é acelerada e recebemos poder para discernir entre o bem e o
mal.
Por meio da oração, somos levados a buscar a verdade e aprendemos a
amar e a guardar as leis da retidão, estabelecidas em Sua Igreja e Reino, e que
podem nos levar de volta à santa e divina presença de nosso Deus.
Por meio da oração, as janelas dos céus são abertas e bênçãos são
derramadas sobre nossa cabeça e sobre aqueles a quem amamos e por quem
oramos.18
Por meio da oração, a escuridão que pairou por séculos sobre esta Terra
rompeu-se e a luz da verdade eterna voltou a brilhar; pois, foi enquanto
Joseph Smith, um menino na época, orava a Deus para saber qual das
diferentes doutrinas pregava a verdade, que a verdade foi revelada, para que
os que viviam nos dias de Joseph, o Profeta, e as gerações vindouras
pudessem conhecê-la.
Se lerem a Bíblia, o Livro de Mórmon e outros bons livros, aprenderão
que todas as pessoas boas e grandes oravam a Deus, pois essa é a única
maneira de tornar-se bom e grande. E, minhas jovens amigas, é bom que se
lembrem enquanto caminham pela jornada da vida, que não há prisão tão
escura, poço tão profundo ou expansão tão ampla, onde o Espírito de Deus
não possa entrar; e, quando todos os outros privilégios nos forem negados,
ainda podemos orar e Deus nos ouvirá.19 Ninguém pode tirar isso de nós.
Mas lembrem-se que a oração é um dom muito precioso, que deve ser
cultivado; e quando a voz mansa e delicada sussurra: “Vá e ore”, vocês
devem obedecê-la; pois se não o fizerem, o Espírito se ofenderá e Sua voz,
com o passar do tempo, ficará em silêncio.
Sempre que se sentirem sobrecarregadas, desanimadas ou tristes,
lembrem-se de que, embora suas orações possam parecer com o choro fraco
de um bebezinho, Deus, sendo mais amoroso do que a mais terna mãe, as
ouvirá e responderá.20 Mas não podemos dizer que Ele sempre responderá de
acordo com os desejos de sua mente; mas, em Sua grande sabedoria, Ele vê e
sabe o que é melhor para vocês e responderá de acordo com Sua sabedoria.
Aos jovens, dizemos: orem sempre; peçam a Deus para inspirar seu
coração com nobres aspirações e ajudá-los a se tornarem bons e grandes em
Sua Igreja e Reino. E quando sua vida aqui terminar, que vocês encontrem o
espírito de paz que estava com nosso Senhor quando apareceu a Seus
discípulos, depois da Ressurreição, ao pronunciar estas doces palavras: “Paz
seja convosco”.21
Que o Senhor vos abençoe com Seu Espírito e que possam sempre
buscá-lo, é a minha oração, em nome de Jesus. Amém.
E. G. Jones, “The Power of Prayer” [O Poder da Oração], em Improvement Star, 1, nº 4, jornal
manuscrito, AMM-M Ala 11;reimpresso em Woman’s Exponent, 10, nº 17, 1º de fevereiro de 1882, pp.
134–135.

_________________________
^1. Ellen Jones, Censo americano de 1850, Ala 4 Cincinnati, Condado de Hamilton, OH. Os membros
da família estão registrados como “moradores livres”. (Ala 11, Estaca Salt Lake, Registro de
Membros, “Temple Donations Paid from April 1st 1892 to the Dedication of the Temple” [Doações
ao templo pagas de 1º de abril de 1892 até a dedicação do templo], Biblioteca de História da Igreja;
Atestado de Óbito, Redding, Condado de Shasta, CA, 21 de março de 1922.)
^2. Ellen Jones, Censo americano de 1860, Township 1, Condado de San Mateo, CA; Escrituras, San
Mateo, CA, 3 de agosto de 1869, 10, pp.358–365. O terceiro filho deles, Joseph M. Jones, faleceu
em 1869, aos quatro anos, em São Francisco. (Califórnia, Registros da Funerária da Área de São
Francisco, N. Gray e Co., Registros, 1863–1878, p. 286, Centro Histórico de São Francisco,
Biblioteca Pública de São Francisco.)
^3. “Married” [Casados], Sacramento Daily Union, 20 de novembro de 1865. Não se sabe se havia
alguma relação entre Berry Jones e Hugh Stevenson Jones. Ellenor Jones tinha uma boa situação
financeira. Ela atuou como administradora da propriedade do primeiro marido, que valia entre seis a
dez mil dólares. (“[Sem Título]” Daily Alta California, 9 de agosto de 1866; Escrituras, Condado de
San Mateo, CA, 3 de agosto de 1869, 10, pp. 358–365; 27 de novembro de 1872, 18, pp. 334–336;
5 de abril de 1875, 24, pp. 400–401; 10 de outubro de 1882, 34, pp. 589–591.)
^4. “H. S. Jones 1832–1893” Lápide, Gavilan Hills Memorial Park, Gilroy, CA; Ellinor Jones, Censo
americano de 1870, Ala 13 Salt Lake City, Condado de Salt Lake, Território de Utah; Elenor Jones,
Censo americano de 1880, Ala Salt Lake City 11, Condado de Salt Lake, Território de Utah;
Hugh S. Jones, Censo americano de 1880, Gilroy, Condado de Santa Clara, CA.
^5. Ellinor Jones, Censo americano de 1870, Ala 13 Salt Lake City, Condado de Salt Lake, Território
de Utah; Elenor Jones, Censo americano de 1880, Ala Salt Lake City 11, Condado de Salt Lake,
Território de Utah. Eleanor G. Jones está reigstrada como viúva no Diretório de São Francisco,
1873, São Francisco: Henry G. Langley, 1873, p. 333.
^6. Califórnia, Índice de Óbitos, 1905–1939, Sobrenomes E–L, 5503; Atestado de Óbito.
^7. Thomas Jones, Censo americano de 1880, New Jasper, Condado de Greene, OH. O Censo
americano de 1850 registra Ellenor, os irmãos e a mãe, Maria Jones, como “mulatos.” Uma das
irmãs de Ellenor casou-se com um “negro livre”. (Ellen Jones, Censo americano de 1850, Ala 4
Cincinnati, Condado de Hamilton, OH; Jesse Beckley, Censo americano de 1840, Alexandria,
Condado de Alexandria, Distrito de Colúmbia; Jesse Beckley, Censo americano de 1850, Ala 4
Cincinnati, Condado de Hamilton, OH.)
^8. W. Paul Reeve, Religion of a Different Color: Race and the Mormon Struggle for Whiteness
[Religião de Diferentes Cores: As Raças e a Luta Mórmon pela Brancura], New York: Oxford
University Press, 2015, pp. 140–170.
^9. Casa de Investidura, Investidura dos Vivos, vol. G, 1868–1872, Eleanor Georgina Jones, 6 de
setembro de 1869, p. 109, microfilme 1,239,501, Biblioteca de História da Família; Casa de
Investidura, Investidura dos Vivos, vol. H, 1872–1878, Margaret Elizabeth Reed Beckley, 29 de
novembro de 1877, p. 385, microfilme 183,407, Biblioteca de História da Família.
^10. Ellenor G. Jones para Brigham Young, 1º de novembro de 1875, Brigham Young Incoming
Correspondence [Correspondências Recebidas de Brigham Young], 1839–1877, Biblioteca de
História da Igreja; Ala 11, Estaca Salt Lake, Young Women’s Mutual Improvement Association
Minutes and Records [Registros e Atas da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], vol.
2, 1878–1889, 1º de agosto de 1881, p. 219, Biblioteca de História da Igreja.
^11. Registro de Membros da Ala 11.
^12. Em 1896, Ellenor Jones foi procuradora no selamento do segundo marido, Hugh Stevenson Jones
com sua primeira esposa. Em 1898, a filha de Ellenor Jones foi procuradora no selamento do
primeiro marido da mãe, Berry Jones, com sua primeira esposa. Em 1885, Ellenor Jones foi
procuradora para sua mãe no trabalho do templo. Ellenor Jones foi selada na Casa de Investidura,
em 15 de setembro de 1869, ao bispo Alexander McRae, da Ala Salt Lake City 11, tornando-se sua
terceira esposa, mas ela nunca usou o nome dele, eles nunca viveram juntos e nem tiveram filhos.
(Templo de Logan, Selamentos dos Mortos, vol. E, 1896–1903, Hugh Stevenson Jones e Mary
Francis Blain, 2 de outubro de 1896, p. 21, e Berry Jones e Mary Stevenson Jones, 19 de janeiro de
1898, p. 101, microfilme 178,064, Biblioteca de História da Família; Templo de Logan,
Investiduras dos Mortos, vol. A, 1884–1885, Maria Maxwell, 4 de março de 1885, p. 367,
microfilme 177,955, Biblioteca de História da Família; Casa de Investidura, Selamentos dos Vivos,
vol. F, 1869–1870, Alexander McRae e Eleanor Georgena Jones, 15 de setembro de 1869, p. 19,
microfilme 1,149,515, Biblioteca de História da Família.)
^13. Este assunto foi editado por Gertie Sampsom. Em 2 de fevereiro de 1882, Gertie Sampson e outras
irmãs leram no Improvement Star, e a presidente da AMM-M, Mary Ann Freeze disse que “o
último discurso lido era muito importante e continha uma boa mensagem. Ela disse: ‘Não penso que
o Senhor ouvirá e responderá nossas orações a menos que nossa vida esteja em harmonia com
elas’”. (Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11], 2
de fevereiro de 1882, p. 243.)
^14. Ver Eleventh Ward YWMIA Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 22
de janeiro de 1882, p. 242.
^15. Mary Ann Freeze disse que “ela estava feliz com o jornal, pois ele continha muitos bons
conselhos. Devemos manter nosso jornal e escrever artigos para ele. Todos os dias estamos ouvindo
coisas boas e se não o melhoramos, é porque não sabemos como fazê-lo”. (Eleventh Ward YWMIA
Minutes and Records [Registros e Atas da AMM-M da Ala 11] , 16 de janeiro de 1882, p. 241; ver
também 19 de dezembro de 1881, p. 238.)
^16. Uma câmara é “um edifício onde os governantes ou os legisladores das nações se reúnem”.
(Oxford English Dictionary, s.v. “state house.”)
^17. Ver também Marcos 14:38.
^18. Ver Malaquias 3:10.
^19. Ver Doutrina e Convênios 122:6–9.
^20. Ver Isaías 49:15; 66:13.
^21. Lucas 24:36.
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Oração

Elvira S. Barney
Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres de Utah
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Território de Utah
7 de outubro de 1889
Elvira S. Barney. Por volta de 1880. Elvira Barney era uma
médica obstetra em Utah, profundamente envolvida com o
movimento de luta pelos direitos das mulheres e pela liberdade
religiosa. Em 6 de março de 1886, ela discursou em uma
manifestação pública, em Salt Lake City: “Oh, se minha voz
pudesse chegar aos ouvidos dos incultos e mal informados dos
Estados Unidos. Eu lhes pediria que ouvissem o testemunho das
dez mil esposas e mães de Utah, que têm famílias grandes, filhos
puros e belos e são inteligentes e amorosas. (Biblioteca de História
da Igreja, Salt Lake City).

Elvira Stevens Woodbury Huntington Barney (1832–1909) fez essa


invocação em uma reunião da Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres
de Utah; essa oração pré-escrita foi posteriormente publicada no jornal
Woman’s Exponent. Suas palavras demonstram como as mulheres se
envolveram publicamente no discurso teológico e ampliaram seu papel na
sociedade.
O sermão, em forma de oração, revela uma vida de cuidadoso
pensamento e envolvimento. Elvira Barney nasceu em Gerry, Nova York; ela
era filha de um comerciante e de uma professora. A família converteu-se à
Igreja em 1844 e mudou-se para Nauvoo, Illinois. Pouco depois de lá
chegarem, o pai faleceu em decorrência de uma breve doença em 1844, e a
mãe faleceu três meses depois, supostamente de exaustão.1 Elvira viajou
pelas planícies com a irmã mais velha, Jane e sua família, chegando em Utah,
em 1848.2 Dois anos depois, ela se casou com John Woodbury e os dois
serviram missão nas Ilhas Sandwich (agora Havaí), junto com um grupo de
pessoas que incluía a irmã de Barney e um ex-cunhado, de 1851 a 1856.3
Depois de divorciar-se de Woodbury, ela casou-se com Oliver Huntington,
em 28 de dezembro de 1856, de quem também se divorciou.4 Elvira casou-se
então com Royal Barney Jr., como esposa plural, em 6 de janeiro de 1866,
em Salt Lake City.5
Ela seguiu os passos da mãe como professora, primeiramente em Winter
Quarters e enquanto atravessava as planícies, depois na Califórnia, antes e
depois da missão e, posteriormente, em Utah.6 Elvira Barnes estudou na
Universidade Deseret, em Salt Lake City (hoje Universidade de Utah), e em
Illinois, no Wheaton College, de 1864 a 1866; ela também estudou medicina
no leste dos Estados Unidos, retornando a Utah para ensinar cursos de
medicina para moças.7 Ela mostrou o mesmo tino do pai para negócios em
seu trabalho com o movimento de produção doméstica, com as lojas da
cooperativa das mulheres e com o armazenamento de grãos, todos
intrinsecamente associados à Sociedade de Socorro.8
Envolveu-se ativamente em causas políticas, como os direitos das
mulheres e o direito ao voto. Em 12 de fevereiro de 1870, a legislatura do
Território concedeu o direito ao voto às mulheres de Utah, seguindo um
precedente estabelecido pelo estado de Wyoming, no ano anterior. Em
resposta à ameaça que a legislação federal representava, limitando o direito
ao voto das mulheres mórmons por causa da poligamia, Elvira Barney
discursou em uma manifestação pública, em 6 de março de 1886. A despeito
dos protestos, o governo federal cancelou no ano seguinte, o direito ao voto
das mulheres de Utah. Em 1889, as mulheres de Utah formaram a Associação
pelo Direito ao Voto das Mulheres de Utah, afiliada à Associação Nacional
pelo Direito ao Voto das Mulheres, fundada duas décadas antes por Elizabeth
Cady Stanton e Susan B. Anthony.9 Nos anos seguintes, dezenove
associações locais pelo direito ao voto foram organizadas nos diversos
condados do Território de Utah e suas representantes reuniam-se com
frequência para coordenar esforços.10 A organização do Território reuniu-se
no Assembly Hall, em Salt Lake City, no dia 7 de outubro de 1889.11
Representantes de todas as associações do Território de Utah foram
convidadas e oradores proeminentes discursaram nessa reunião, inclusive:
James E. Talmage, Charles W. Penrose, Zina D. H. Young e Lula Greene
Richards.12
A Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres de Utah era aberta para
“todas as mulheres, não importando sua filiação partidária, religiosa ou
crenças”.13 Essas associações tinham capelãs, o que permitia que um
componente religioso fosse incorporado a uma organização secular.14 Sarah
M. Kimball foi a primeira capelã registrada na associação territorial, em 11
de abril de 1889, mas na reunião de 19 de julho de 1889, Elvira Barney
ocupava esse posto.15 A responsabilidade definida de “ministra” permitiu-lhe
envolver-se em um serviço pastoral, liderando tanto as mulheres mórmons
como as não-mórmons na oração a Deus, de maneira ecumênica, buscando
Sua ajuda na luta pelo direito ao voto das mulheres.

Ó DEUS, Pai Eterno, dos céus e da terra, em nome de Teu Filho, Jesus
Cristo, nós, uma pequena parcela da família humana, nos reunimos neste
local por um propósito especial, e pedimos-Te que inspires os oradores e a
audiência com uma porção de Tua divina e celestial influência, que o bem
seja o resultado de nossa reunião, e que possamos aprender e nos preparar
para a tempestade ou calmaria, para a guerra ou paz, para a prosperidade ou
adversidade. Tu nos abençoaste em nossa juventude, tem-nos acompanhado
na jornada da vida até aqui, e agora, pedimos-Te que não Te esqueças de nós
em nossa velhice.
Fizeste com que a Terra fosse criada, e do caos ela foi formada. Fizeste
com que ela produzisse vegetação, provendo um lugar de habitação e
subsistência aos homens e aos animais; e agora, imploramos-Te que abençoes
essa Terra, para que ainda produza o fruto e que faças descer dos céus o
orvalho e as chuvas na devida estação.16 Que o clima seja ameno para o bem
da humanidade e de toda a criação animal, e que rendamos graças a Teu
Santo nome pela sobrevivência dos homens. Se quiseres, ó Grande Eterno,
ordenes que os relâmpagos, os terremotos e os elementos manifestem-se para
o bem de toda a criação vegetal e animal.17
Oramos pelos fracos e oprimidos e oramos também pelos fortes, para
que estes sintam o desejo de ajudar a carregar os fardos dos menos
favorecidos.18 Oramos para que em Teu próprio tempo e de Tua maneira,
abrandes o coração dos iníquos e imorais, que Tua graça se espalhe e cubra
toda a Terra, que o pecado e a maldade não se façam conhecidos e que a
justiça triunfe. Que estejas com os governantes de nossa nação, para que Tua
voz chegue aos ouvidos deles quando se reunirem em conselhos, para que
tenham medo de formular leis injustas;19 e que estudem para aperfeiçoar as
leis existentes, para que as lamentações do povo não cheguem a Ti por causa
da opressão.20 Que abrandes o coração dos inflexíveis, para que os recursos
disponíveis sejam usados para o benefício de toda a humanidade; e que não
se esqueçam de seu Benfeitor, mas que dobrem os joelhos em humilde
reverência a Ti.21
Que estejas com a mulher como estás com o homem, para que seja
fortalecida em suas fraquezas e apoie a defesa da verdade e da retidão, e onde
quer que a voz dela seja ouvida ao redor do mundo, que penetre o coração
das pessoas honradas, e sirva para suavizar os desvios das leis injustas, como
ela faz com os travesseiros que coloca debaixo da cabeça dolorida de Teus
soldados e servos.22 Oramos para que abençoes Tuas servas que vivem nesse
pequeno recanto nos vales das montanhas, para que sejamos capazes de
realizar atos nobres e grandes, comparáveis à grandeza das montanhas ao
nosso redor.
Ouça-nos, ó Pai, nesse momento e aceita nossa humilde oferta, pois
dedicamos nós mesmas, nossas reuniões e nossa causa a Ti, pedindo perdão
por nossos pecados. Em nome de Jesus. Amém.
Elvira S. Barney, “Oração: por Dra. Elvira S. Barney, na convenção da Associação pelo Direito ao
Voto das Mulheres de Utah, realizado no Assembly Hall de Salt Lake”, Woman’s Exponent, 18, nº 12,
15 de novembro de 1889, p. 94.

_________________________
^1. Depois da morte da mãe, a fazenda da família e os artigos domésticos foram vendidos e cada filho e
filha recebeu 10 dólares para financiar a viagem para o Oeste. Elvira nunca mais viu o irmão
gêmeo. Ele morreu seis anos depois. (Augusta Joyce Crocheron, Representative Women of Deseret,
a Book of Biographical Sketches to Accompany the Picture Bearing the Same Title [Mulheres
Notáveis de Deseret, Um Livro de Esboços Biográficos para Acompanhar a Imagem com o Mesmo
´Título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, pp.76–77.)
^2. Jane Stevens Lewis; o marido, Philip Lewis; e os filhos fizeram parte da Companhia de Brigham
Young. Durante a viagem, Elvira Barney proveu cuidados médicos à irmã doente e imobilizou o
braço quebrado do cunhado. (“Stevens, Elvira” e “Brigham Young Company, 1848” [A Companhia
de Brigham Young, 1848], Mormon Pioneer Overland Travel [Viagem por Terra dos Pioneiros
Mórmons], 1847–1868, acessado em 7 de dezembro de 2015, no site history.LDS.org; Laron A.
Wilson, “Biographical Sketch of Dr. Elvira Stevens Barney” [Esboço Biográfico da Dra. Elvira
Stevens Barney], em Elvira Stevens Barney, The Stevens Genealogy, Embracing Branches of the
Family Descended from Puritan Ancestry, New England Families Not Traceable to Puritan
Ancestry and Miscellaneous Branches Wherever Found [A Genealogia da Família Stevens,
Abrangendo os Ramos dos Descendentes da Família de Ascendência Puritana, Famílias da Nova
Inglaterra Não Rastreáveis para a Ascendência Puritana e Ramos Diversos Onde Quer Que Sejam
Encontrados], Salt Lake City, Skelton Publishing, 1907, p. 261.)
^3. Adoções e Selamentos em Nauvoo, vol. A, 1846–1857, John Stillman Woodbury e Elvira Stevens,
23 de dezembro de 1850, p. 781, microfilme 183,374, Biblioteca de História da Família; R. Lanier
Britsch, Unto the Islands of the Sea: A History of the Latter-day Saints in the Pacific [Até as Ilhas
do Mar: A História dos Santos dos Últimos Dias no Pacífico], Salt Lake City, Deseret Book, 1986,
pp. 103, 105. Também serviram missão no Havaí, a irmã de Elvira, sster Jane Stevens Lewis, o
marido, Philip Lewis, e Jonathan e Caroline Crosby. A outra irmã, Amélia Althea Stevens foi
casada com Jonathan Crosby como esposa plural em Nauvoo. Ela separou-se de Crosby e
permaneceu no Meio-Oeste. (Caroline Barnes Crosby, No Place to Call Home: The 1807–1857 Life
Writings of Caroline Barnes Crosby, Chronicler of Outlying Mormon Communities [Nenhum Lugar
para Chamar de Lar: Os Escritos da Vida de Caroline Barnes Crosby de 1807–1857, Cronista de
Comunidades Mórmons Remotas], ed. Edward Leo Lyman, Susan Ward Payne, e S. George
Ellsworth, Logan: Utah State University Press, 2005, p. 515; Barney, Stevens Genealogy
[Genealogia da Família Stevens], p. 239.)
^4. Crosby, No Place to Call Home [Nenhum Lugar para Chamar de Lar], pp. 398–399, 412, 541n36;
Oliver B. Huntington, Diário, 1847–1900, parte 2, pp. 108, 119, BYU. O Território de Utah do
século 19 tinha leis de divórcio relativamente liberais para proteger as mulheres em casamentos
plurais desfavoráveis. (Ver Kathryn M. Daynes, More Wives Than One: Transformation of the
Mormon Marriage System [Mais de Uma Esposa: A Transformação dos Sistema de Casamento
Mórmon], 1840–1910, Urbana: University of Illinois Press, 2001, pp. 147–148, 193, 203–204.)
^5. Casa de Investidura, Selamentos dos Vivos, vol. D, 1861–1866, Royal Barney e Elvira Stevens, 6
de janeiro de 1866, p. 575, microfilme 1,149,514, Biblioteca de História da Família.
^6. Crocheron, Representative Women of Deseret [Mulheres Notáveis de Deseret], pp. 77, 80; Laron A.
Wilson, “Biographical Sketch of Dr. Elvira Stevens Barney” [Esboço Biográfico da Dra. Elvira
Stevens Barney], em Barney, Stevens Genealogy [Genealogia da Família Stevens], pp. 258, 262,
266; Diário de Huntington, pp. 108, 110, 118.
^7. Wilson, “Biographical Sketch of Dr. Elvira Stevens Barney” [Esboço Biográfico da Dra. Elvira
Stevens Barney], pp. 266, 270; Crocheron, Representative Women of Deseret [Mulheres Notáveis
de Deseret], pp. 80–81; Emmeline B. Wells, “Woman’s Tribute to Dr. Elvira S. Barney” [Tributo
das Mulheres à Dra. Elvira S. Barney] Deseret Evening News, 16 de janeiro de 1909; Miriam B.
Murphy, “The Working Women of Salt Lake City: A Review of the [As Mulheres Trabalhadoras de
Salt Lake City: Uma Análise] Utah Gazetteer, 1892–1893”, Utah Historical Quarterly 46, nº 2,
primavera de 1978, pp. 124–125.
^8. “Notice” [Comunicado], Woman’s Exponent 3, nº 21, 1º de abril de 1875, p.161; “Home Industry”
[Produção Doméstica], Woman’s Exponent 38, nº 8, março de 1910, p. 60; “R. S. Reports”
[Relatórios da Sociedade de Socorro], Woman’s Exponent 4, nº 3, 1º de julho de 1875, p. 18;
“General Meeting of Central and Ward Committees: On the Grain Movement” [Reunião Geral dos
Comitês Central e da Ala: Sobre Armazenamento de Grãos], Woman’s Exponent 5, nº 13, 1º de
dezembro de 1876, p. 99.
^9. Emmeline B. Wells, “Utah”, em The History of Woman Suffrage [A História do Direito ao Voto das
Mulheres], ed. Susan B. Anthony e Ida Husted Harper, 6 vols., Rochester, NY: Susan B. Anthony,
1902, vol. 4, pp. 939–941; “Woman Suffrage Meeting: An Association for Utah” [Reunião do
Direito ao Voto das Mulheres: Uma Associação para Utah], Woman’s Exponent, 17, nº 16, 15 de
janeiro de 1889, pp. 121–122. Para uma linha do tempo mais detalhada, ver Kathryn L. MacKay,
comp., “Chronology of Woman Suffrage in Utah” [Cronologia do Direito ao Voto das Mulheres de
Utah], em Battle for the Ballot: Essays on Woman Suffrage in Utah [Batalha pelo Voto: Ensaios
sobre o Direito ao Voto das Mulheres de Utah], 1870–1896, ed. Carol Cornwall Madsen, Logan:
Utah State University Press, 1997, pp. 311–318.
^10. Wells, “Utah”, p. 941; Emmeline B. Wells, “Woman Suffrage Column: Utah W.S.A.” [Coluna do
Direito ao Voto das Mulheres: ASF de Utah] Woman’s Exponent, 23, nºs. 15–16, 1º de fevereiro de
1895, p. 233.
^11. Ver “U.W.S.A.” [Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres de Utah (ASFU], Woman’s
Exponent, 18, nº 11, 1º de novembro de 1889, p. 85.
^12. “Editorial Notes” [Notas Editoriais], Woman’s Exponent, 18, nº 9, 1º de outubro de 1889, p. 68;
“U.W.S.A.”, p. 85. James E. Talmage era o presidente da Faculdade Santos dos Últimos Dias, um
teólogo em ascensão e futuro apóstolo. Charles W. Penrose era editor de jornal, escritor, legislador
territorial e futuro apóstolo. Lula Greene Richards foi a primeira editora do jornal Woman’s
Exponent e membro da junta geral da AMM-M.
^13. “Woman Suffrage Meeting” [Reunião pelo Direito ao Voto das Mulheres], p. 122.
^14. Ver “Woman Suffrage Meeting” [Reunião pelo Direito ao Voto das Mulheres], Woman’s
Exponent, 17, nº 23, 1º de maio de 1889, p. 182; “Woman Suffrage in Ogden” [Direito ao Voto das
Mulheres em Ogden], Woman’s Exponent, 17, nº 24, 15 de maio de 1889, p. 189; “Suffrage
Meeting” [Reunião pelo Direito ao Voto], Woman’s Exponent, 18, nº 2, 15 de junho de 1889, p. 13;
“Meetings at Fillmore” [Reuniões em Fillmore], Woman’s Exponent, 18, nº 2, 15 de junho de 1889,
p. 15; “Morgan County W.S.A.” [ASF do Condado de Morgan], Woman’s Exponent, 18, nº 3, 1º de
julho de 1889, p. 21; e “Woman’s Suffrage at Ogden” [Direito ao Voto das Mulheres, em Ogden],
Woman’s Exponent, 18, nº 6, 15 de agosto de 1889, p. 46.
^15. “Woman Suffrage Meeting” [Reunião pelo Direito ao Voto das Mulheres], p. 182; “W.S.A.
Meeting” [Reunião da ASF] Woman’s Exponent, 18, nº 6, 15 de agosto de 1889, p. 46.
^16. Ver Deuteronômio 11:4; 32:2.
^17. Ver Salmos 107:25.
^18. Ver Gálatas 6:2; e Mosias 18:8.
^19. O Congresso aprovou a Lei Edmunds em 1882, tirando os direitos e privilégios de todos os
homens e mulheres em casamentos polígamos, e a Lei Edmunds–Tucker em 1887, tirando todos os
direitos e privilégios das mulheres do Território de Utah. (Joan Iversen, “The Mormon-Suffrage
Relationship: Personal and Political Quandaries” [O Relacionamento Mórmon e Direito ao Voto:
Questões Pessoais e Políticas], em Madsen, Battle for the Ballot [Batalha pelo Voto], pp.156–159;
Wells, “Utah”, pp. 939–940.)
^20. Após essa oração, James E. Talmage falou sobre o papel da mulher. Ele concluiu: “Que nesta
geração, Deus ajude a remover o erro e a conceder Seu favor divino aos esforços que estão sendo
feitos para elevar a mulher”. (“U.W.S.A”, p. 85.)
^21. Ver Doutrina e Convênios 76:110 e Mosias 27:31.
^22. Charles W. Penrose falou em seguida na reunião. Ele declarou que “alguns argumentam que as
mulheres não podem votar porque não podem lutar na guerra”. Ele incentivou as mulheres a
reivindicar suas responsabilidades e “tornarem-se instruídas sobre esses assuntos e sobre as leis dos
municípios, condados e estados, etc.” (“U.W.S.A”, p. 85.)
—————————— 21 ——————————

A escola da vida

Mattie Horne Tingey


Congresso Mundial de Representantes das Mulheres
Instituto de Artes de Chicago, Chicago, Illinois
19 de maio de 1893

Martha “Mattie” Jane Horne Tingey (1857–1938) acreditava que as


mulheres tinham a responsabilidade de desenvolver seu intelecto e seus
talentos com o propósito de influenciar os filhos e o mundo, conforme
descrito em seu discurso no Congresso Mundial de Representantes das
Mulheres. Sendo a décima quarta dos quinze filhos de Joseph e Mary Isabella
Horne, ela cresceu em Salt Lake City, onde participou ativamente da
Associação da Primária, da Escola Dominical e da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M).1 Quando criança, muitas
vezes ficava escutando as conversas dos adultos na sala de visitas de seus
pais, muitos deles eram líderes da Igreja e da comunidade.2 Na adolescência,
Mattie Tingey foi editora do jornal manuscrito da AMM-M de sua ala e com
frequência lia os artigos nas reuniões conjuntas das Associações dos Rapazes
e das Moças. Ela frequentou a Universidade de Deseret,3 foi membro da
Associação Literária Wasatch e membro e secretária assistente do Coro do
Tabernáculo.4 Enquanto trabalhava como tipógrafa, conheceu Joseph Tingey,
no escritório do jornal Deseret News. Os dois se casaram em 30 de setembro
de 1884 e tiveram sete filhos.5
Assim como a mãe, Mattie Tingey serviu ativamente nas organizações
das mulheres da Igreja. Ela foi conselheira da Associação da Primária da Ala
14 Salt Lake City, sob a presidência de Clara C. Cannon, e conselheira da
AMM-M por muitos anos. No verão de 1880, foi chamada como segunda
conselheira de Elmina S. Taylor, a primeira presidente geral da AMM-M,
cargo no qual serviu por 25 anos.6 No dia 4 de abril de 1905, ela foi apoiada
como presidente geral da AMM-M, servindo até 1929.7
Mesmo antes do Manifesto de 1890, que terminou oficialmente com a
prática do casamento plural, as mulheres mórmons estavam trabalhando para
estabelecer vínculos com mulheres de grupos contemporâneos, que
defendiam crenças e objetivos semelhantes. Mas a década de 1890 tornou-se
um período de cooperação e coordenação sem precedentes entre as mulheres
mórmons e outras organizações nacionais.8 Em 1893, Mattie Tingey viajou a
Chicago como representante da AMM-M, às suas próprias custas, para
participar da Exposição Mundial Colombiana (Exposição em homenagem aos
400 anos da chegada de Cristovão Colombo nas Américas).9 A exposição, ou
feira mundial, incluía a realização de um Congresso Mundial de
Representantes das Mulheres, que tinha como propósito “reunir
representantes de todas as organizações dignas de mulheres, de qualquer
nacionalidade ou propósitos específicos”.10 Esperava-se que esse congresso
ajudasse a encontrar soluções para os muitos problemas relacionados à
“questão feminina”.11 Foi solicitado às mulheres mórmons que planejassem
visitar a exposição de modo a participar dessa “reunião muito importante”.12
A AMM-M dirigiu uma sessão noturna do congresso no Dia de Utah,
em 19 de maio de 1893, logo depois da sessão vespertina patrocinada pela
Sociedade de Socorro. Elmina S. Taylor e outros membros da junta geral da
AMM-M foram as oradoras e os temas abrangeram literatura e arte, a
situação legal e política das mulheres de Utah e educação.13 Mattie Tingey
era conhecida por sua impressionante capacidade de falar em público, “tendo
uma voz refinada e clara articulação. Ela é modesta, humilde e de caráter
reservado, ainda que firme, destemida e sem apresentar hesitação ao
expressar suas convicções”.14 Nesta reunião, ela apresentou o discurso
publicado aqui sobre o papel das mulheres. Ela introduziu importantes
crenças mórmons, inclusive a crença em uma Mãe Celestial, para uma
audiência composta por pessoas de diferentes tradições religiosas.15 A
reunião foi considerada um sucesso, já que vários participantes, tanto homens
como mulheres, mórmons ou de outras religiões, expressaram “surpresa e
prazer pelos sentimentos elevados, refinados e puros” apresentados na
sessão.16

Mulher e mãe, mulher e esposa


Essas são as palavras mais doces que o homem jamais conheceu.17

A ESCOLA DA VIDA, na qual somos todos alunos, é uma grandiosa e


gloriosa instituição. De concepção divina, é perfeita em sua organização,
ampla e abrangente em suas operações e incompreensível em seus resultados.
Ela abrange a pré-existência do homem e alcança as vastas eternidades
vindouras.18
Quando nos dedicamos ao estudo da natureza e nos familiarizamos com
sua beleza, sua harmonia, sua grandeza e perfeição, nossa mente se expande e
podemos pensar no Criador, no Organizador, no Poder que controla tanta
vida e inteligência; quase inconscientemente um sentimento de reverência por
esse Poder invisível, essa grande Inteligência, toma posse de nosso coração, e
naturalmente, algumas questões surgem em nossa mente: por qual poder
todas essas coisas foram criadas?19 Quem planejou e controla um sistema tão
perfeito e qual o propósito de sua criação? Esta atitude de indagação sobre o
porquê da nossa existência terrena é o primeiro passo na teologia; a religião
pura e imaculada é a verdadeira ciência da vida.20 De acordo com o ponto de
vista do assim chamado povo mórmon, esta Terra é apenas um departamento
de um grande sistema de educação, concebido por nosso Pai Celestial para o
cultivo e o desenvolvimento de Seus filhos. As escrituras sagradas — a Bíblia
Sagrada — ensinam que todas as coisas foram primeiro criadas no plano
espiritual e, depois, no temporal, e o homem não é uma exceção à regra.21 O
departamento primário, ou o primeiro grau, nesta escola da vida foi o mundo
espiritual, onde os filhos e filhas de Deus passaram por uma prova espiritual
que os capacitou a obter a inteligência e a experiência necessárias para
prepará-los para um futuro estado de existência, em outras palavras, permitir-
lhes entrar no departamento preparatório da escola da vida.22 Sua posição ou
condição neste segundo departamento, ou provação terrena, depende de sua
diligência e fidelidade no primeiro. O tempo não me permite entrar nos
detalhes desta organização; basta dizer que, na sabedoria de Deus, o homem
foi encarregado desse departamento; mas a mulher recebeu o poder, a honra
de abrir a porta por onde todos devem passar antes de entrar nesse estágio
avançado de ação e seguir adiante no esforço de progresso que foi projetado e
manifesto por nossos Pais Celestiais.23 Me refiro a Pais Celestiais, porque
embora ouçamos muitas coisas sobre nosso Pai Celestial, e muito pouco, se
alguma coisa, sobre nossa Mãe Celestial, a razão e a revelação nos ensinam
que também devemos ter uma Mãe no céu.24 A verdadeira e pura
maternidade é essa: dar corpos físicos aos espíritos celestes, para que o
espiritual e o temporal possam unir-se e continuar a obra de perfeição.
Gostaria de perguntar a essa audiência inteligente, isso é um trabalho
inferior? Existe um trabalho maior ou mais notável, ou mais importante e
benéfico para a família humana do que o da maternidade? É de igual
importância para os grandes e pequenos, para os ricos e os pobres. Um
homem não é capaz de alcançar uma perfeição elevada, um ponto tão alto de
grandeza e negar que a possibilidade de seu sucesso ele deve a uma mulher
— sua mãe. É por esta razão que ensinamos nossas moças sobre a
necessidade de se prepararem para se tornar esposas e mães puras, fortes e
inteligentes, para que seus filhos comecem a vida nesta Terra com
perspectivas justas: corpos fortes e saudáveis; mentes brilhantes e ativas;
livres de doenças hereditárias e vícios. E para que isso possa ser realizado
perfeitamente, é o direito da mulher — não, é mais do que isso, é seu dever
— exigir do marido e pai de seus filhos a mesma pureza de vida e caráter que
ela mesma mantém e que ele exige dela. Pois à vista de Deus, um homem
está sob grande condenação por falta de castidade e uma vida profana, tanto
quanto a mulher. Do contrário, a mulher deve ser o poder superior, a maior
inteligência, se for esperado e exigido mais dela do que de seu irmão, o
homem.25
E não é apenas esse o trabalho da mulher. Por razões que nosso Pai
Celestial conhece melhor, a inteligência adquirida em nossa existência
anterior nos é retirada, e chegamos à terra como bebês puros, inocentes e
desamparados. Sobre as mães foi colocada a responsabilidade de nutrir e
treinar essas criancinhas. É durante o período da infância que os sentimentos
mais duradouros são colocados na mente. Que as mães sejam educadas,
refinadas e tenham bom senso, assim, o lar, a sociedade, a nação e o mundo
colherão seus benefícios. Certa vez, ouvi um homem proeminente de Utah
observar que, se ele pudesse educar apenas uma parte de sua família, ele
certamente educaria suas filhas, em vez de seus filhos. Ele percebeu o poder e
a influência da mulher, especialmente quando ela se torna mãe, tanto no
presente quanto nas futuras gerações.26
Oh, se as mães compreendessem e apreciassem completa e plenamente e
usassem com sabedoria esse poder dado por Deus, o velho conhecido ditado
seria inegável: “A mão que balança o berço é a mão que governa o mundo”.27
Quando as mulheres acalentam a ideia [que me foi] ensinada, [de] que
uma esposa e mãe quando se casa, desiste de sua própria individualidade,
pensa que não tem um intelecto e nem vontade independente de seu marido,
podemos supor que seus filhos crescerão com a ideia de que o pai e a mãe são
um, e esse um é o pai? Sempre desperta em mim um sentimento de
indignação quando ouço uma mulher responder à pergunta de seu filho desse
modo: “Eu não sei isso; vá e pergunte ao seu pai”. Todas as vezes que ela faz
uma observação dessa natureza, a mãe perde sua influência e o pai a ganha.
Que a mulher se prepare para ficar lado a lado, ombro a ombro com o
marido em todos os assuntos da vida, que seja uma conselheira sábia e uma
companheira para ele, como o Criador planejou que ela deveria ser;28 que as
mães ensinem a seus filhos os princípios da justiça e da igualdade de direitos,
e que as mulheres da próxima geração não tenham que implorar e pleitear por
aquilo que lhes pertence legitimamente.
Por que hoje temos uma visão muito mais ampla da posição da mulher
do que antes? Porque a própria mulher está começando a sentir que ela é um
ser inteligente e responsável, com uma mente capaz de obter a mais alta
inteligência, com talentos que é seu dever desenvolver e usar para o avanço e
a elevação da família humana. Esse sentimento está crescendo gradual e
consistentemente e sendo percebido em todo o mundo, e continuará
crescendo até se tornar um poder na Terra.
Toda honra para as nobres mulheres deste congresso, que permaneceram
firmes diante de severa oposição, às vezes, diante do amargo desprezo e
ousaram sustentar suas convicções sobre a verdade e seus direitos. Que seu
número aumente, e que sua influência seja sentida em cada canto habitável do
mundo.29
Mattie Horne Tingey, “Address of Mrs. Mattie Horne Tingey: Delivered in the Woman’s Congress at
Chicago, during the Services of the Y.L.M.I.A.” [Discurso da Sra. Mattie Horne Tingley: Proferido no
Congresso das Mulheres em Chicago, durante a Sessão da AMM-M], Young Woman’s Journal, 4, nº
12, setembro de 1893, pp. 547–549. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. “Pioneer Woman Goes to Her Rest” [Mulher Pioneira Descansa em Paz], Deseret Evening News, 25
de agosto de 1905; Emmeline B. Wells, “Our Picture Gallery: Martha Jane Horne Tingey” [Nossa
Galeria de Pinturas: Martha Jane Horne Tingey], Young Woman’s Journal, 2, nº 4, janeiro de 1891,
pp. 147, 149–150; “Martha Horne Tingey”, Young Woman’s Journal, 16, nº 6, junho de 1905, p.
260.
^2. A mãe de Mattie Tingey, Mary Isabella Horne, serviu como presidente da Sociedade de Socorro da
Ala 14 Salt Lake City, presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake, presidente
executiva da junta do Hospital Deseret e líder da Associação de Resguardo Mútuo. (Augusta Joyce
Crocheron, Representative Women of Deseret, a Book of Biographical Sketches to Accompany the
Picture Bearing the Same Title [Mulheres Expoentes de Deseret, Um Livro de Esboços Biográficos
para Acompanhar a Imagem com o Mesmo ´Título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, pp. 20–
21.)
^3. Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, p. 287;
ver também capítulo 9, nesta publicação.
^4. Wells, “Our Picture Gallery” [Nossa Galeria de Pinturas], p. 150 A Associação Literária Wasatch
era uma sociedade de leitura para jovens adultos, organizada em 1874 para promover o apreço à
cultura. Os membros do grupo faziam leituras dramáticas, produções teatrais em pequena escala e
apresentavam palestras, debates e poesias. (Ronald W. Walker, “Growing Up in Early Utah: The
Wasatch Literary Association, 1874–1878” [Crescendo no Início de Utah: A Associação Literária
Wasatch], BYU Studies, 43, nº 1, 2004, pp. 61–63.)
^5. Ela também trabalhou como tipógrafa para o jornal Woman’s Exponent. (Crocheron, Representative
Women of Deseret, [Mulheres Expoentes de Deseret], p. 23; Wells, “Our Picture Gallery” [Nossa
Galeria de Pinturas], p. 149; “The New Class of Young Ladies” [A Nova Classe de Moças],
Woman’s Exponent, 2, nº 6, 15 de agosto de 1873, p. 45; “Martha Horne Tingey”, pp. 260–261.)
^6. “Martha Horne Tingey” p. 260; Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement
Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias], pp. 287–288.
^7. Clarissa A. Beesley, “President Martha H. Tingey” [Presidente Martha H. Tingey], Young Woman’s
Journal, 40, n. 5, maio de 1929, pp. 310–311.
^8. Carol Cornwall Madsen, “Decade of Detente: The Mormon-Gentile Female Relationship in
Nineteenth-Century Utah” [Década de Calmaria: O Relacionamento Feminino entre Mórmons e
Gentios em Utah no Século 19], Utah Historical Quarterly, 63, nº 4, outono de 1995, pp. 298–300.
^9. “Martha Horne Tingey”, p. 261.
^10. Hubert Howe Bancroft, The Book of the Fair [O Livro da Feira], Chicago: Bancroft, 1893, pp.
921–922; May Wright Sewall, ed., The World’s Congress of Representative Women: A Historical
Résumé for Popular Circulation [O Congresso Mundial de Representantes das Mulheres : Um
Resumo Histórico para Circulação Popular], 2 vols., Chicago: Rand McNally, 1894, vol. 1, pp.
46–48. A decisão de manter o congresso separado da Chicago World’s Fair significava que os
participantes não teriam que pagar taxas de entrada. (“World’s Congress of Representative
Women” [Congresso Mundial de Representantes das Mulheres ], Young Woman’s Journal, 4, nº 8,
maio de 1893, p. 380.)
^11. May Wright Sewall e Rachel Foster Avery, “The World’s Congress Auxiliary of the World’s
Columbian Exposition: Woman’s Branch of the Auxiliary” [O Congresso Mundial Auxiliar da
Exposição Mundial Colombiana: Ramo Auxiliar Feminino], Young Woman’s Journal, 4, nº 1,
outubro de 1892, pp. 43–45.
^12. “Editor’s Department” [Departamento do Editor] Young Woman’s Journal, 4, nº 4, janeiro de
1893, p. 183.
^13. A mãe de Mattie Tingey, Mary Isabella Horne, discursou na sessão vespertina da Sociedade de
Socorro. (Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], pp. 202–204).
^14. “Martha Horne Tingey”, p. 261. Susa Young Gates descreveu Mattie Tingey como “sempre uma
oradora convincente, e às vezes [ela] derrama sua alma na verdadeira linguagem da eloquência. Ela
se porta com dignidade e fala pouco, embora tenha opiniões fortes. Ela tem a sabedoria de calar-se
quando o silêncio vale ouro. Se me pedirem para citar o traço mais forte da personalidade da Sra.
Tingey, a resposta seria sinceridade, autenticidade”. (Gates, History of the Young Ladies’ Mutual
Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 288.)
^15. Reid L. Neilson, Exhibiting Mormonism: The Latter-day Saints and the 1893 Chicago World’s
Fair [Apresentando o Mormonismo: os Santos dos Últimos Dias e a Feira Mundial de Chicago de
1893], Nova York: Oxford University Press, 2011, pp. 98–99.
^16. “Miscellaneous” [Miscelâneas], Young Woman’s Journal, 4, nº 9, junho de 1893, p. 429; Neilson,
Exhibiting Mormonism {Apresentando o Mormonismo], pp. 100–101.
^17. A origem desse ditado é desconhecido. Uma idéia semelhante é encontrada em um poema de Eliza
R. Snow, “A Dialogue, between Jenny e Carry” [Um Diálogo, entre Jenny e Carry] que foi
publicado no Juvenile Instructor, em 1866. (Jill Mulvay Derr e Karen Lynn Davidson, eds., Eliza R.
Snow: The Complete Poetry [Eliza R. Snow: Poesias Completas], Provo, UT: Brigham Young
University Press; Salt Lake City: University of Utah Press, 2009, p. 728.)
^18. Pré-existência refere-se ao período de vida antes da vida mortal. (Ver Gayle Oblad Brown,
“Premortal Life” [Vida Pré-Mortal], em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do
Mormonismo], ed. Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 3, pp. 1123–1125.)
^19. Ver Doutrina e Convênios 93:36.
^20. Ver Tiago 1:27.
^21. Gênesis 2:4–5; ver também Moisés 3:4–5; e Doutrina e Convênios 29:30–32.
^22. Ver Alma 13:3; e Doutrina e Convênios 138:56.
^23. Os santos dos últimos dias e os americanos do século 19 consideravam as mulheres como as
guardiãs dos portões do nascimento e da morte. (Ver Susanna Morrill, “Relief Society Birth and
Death Rituals: Women at the Gates of Mortality” [Rituais de Nascimento e Morte da Sociedade de
Socorro: As Mulheres nos Portões da Mortalidade], Journal of Mormon History, 36, nº 2, primavera
de 2010, pp. 128–159.)
^24. Sua declaração aqui faz menção a uma estrofe de um hino muito conhecido: “Ó Meu Pai”, escrito
por Eliza R. Snow em 1845, com base em um ensinamento de Joseph Smith. Esse hino foi
publicado originalmente com o nome “Meu Pai Nos Céus”. (Derr e Davidson, Eliza R. Snow: The
Complete Poetry [Eliza R. Snow: Poesias Completas], pp. 312–314; ver também Jill Mulvay Derr,
“The Significance of ‘O My Father’ in the Personal Journey of Eliza R. Snow” [O significado de ‘O
Meu Pai’ na Jornada Pessoal de Eliza R. Snow], BYU Studies, 36, nº 1, 1997–1996, pp. 85–126; Jill
Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook, e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty
Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50
Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes da História das Mulheres Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 173–175; e “Mãe Celestial”,
Tópicos do Evangelho, acessado em 9 de maio de 2016, no site LDS.org.)
^25. Na mesma reunião, Júlia Farnsworth comparou a pureza e a capacidade dos homens e das
mulheres. Ela disse sobre as mulheres na história: “Achamos que, de acordo com a influência e o
poder que lhe tem sido permitido exercer na sociedade, também há pureza, moralidade e
refinamento de uma ordem elevada”. As ideias conflitantes entre as diferentes esferas dos gênero e
a igualdade dos direitos permearam o movimento feminino do final do século 19. (Julia Farnsworth,
“Woman in All Ages: Address Delivered in the World’s Fair Congress at Chicago, during the
Services of the Y. L. M. I. A.” [A Mulher em Todas as Eras: Discurso Proferido no Congresso da
Exposição Mundial em Chicago, Durante A Sessão da AMM-M], Young Woman’s Journal, 4, nº
11, agosto de 1893, pp. 513–514; Nancy F. Cott, The Grounding of Modern Feminism [A Base do
Feminismo Moderno], New Haven, CT: Yale University Press, 1987, pp. 16–20.)
^26. Este exemplo particular sobre a educação feminina é muitas vezes atribuído a Brigham Young,
mas não há fonte confiável encontrada que possa ligá-lo a ele. Em vez disso, Mattie Tingey
provavelmente estava se referindo a Joseph F. Smith, que havia afirmado recentemente: “Tudo o
que é bom e nobre é necessário que as mulheres aprendam. Ele foi ainda mais longe. Ele afirmou
que considerava tão necessário o desenvolvimento da mulher que, se houver uma desigualdade de
chances, deixe que a primeira e a melhor chance seja dada às mulheres”. (“The Intelligent
Advancement of Woman” [O Avanço Inteligente da Mulher], Young Woman’s Journal, 3, nº 12,
setembro de 1892, p. 566.)
^27. “The Hand That Rocks the Cradle” [A Mão que Balança o Berço] é um poema de William Ross
Wallace enaltecendo a maternidade como a força preeminente para a mudança do mundo, publicado
pela primeira vez em 1865. Esse verso era repetido com frequência no Woman’s Exponent, e uma
pessoa anônima escreveu uma versão mórmon do poema com ideias semelhantes. (Ver Martin H.
Manser, The Facts on File Dictionary of Proverbs [Os Fatos no Dicionário de Arquivos de
Provérbios], 2ª ed., New York: Facts on File, 2007, p. 114; “R.S. Reports” [Relatórios da
Sociedade de Socorro], Woman’s Exponent, 6, nº 15, 1º de janeiro de 1878, p. 114; e Hope, “The
Hand That Rocks the Cradle” [A Mão que Balança o Berço], Woman’s Exponent, 7, nº 8, 15 de
setembro de 1878, p. 57.)
^28. Ver Gênesis 2:18. Em seu discurso na mesma sessão, Julia Farnsworth falou sobre a verdadeira
parceria entre Adão e Eva, “colocando-a ao lado dele como companheira e esposa”. (Farnsworth,
“Woman in All Ages” [Mulher em Todas as Eras], p. 513.)
^29. Os discursos, os debates e o planejamento do Congresso Mundial de Representantes das Mulheres
tiveram a participação de 837 mulheres de cerca de 15 países. (Sewall, World’s Congress of
Representative Women, [Congresso Mundial de Representantes das Mulheres], pp. 5–6.)
—————————— 22 ——————————

Nosso sexto sentido, ou o sentido do entendimento


espiritual

Sarah M. Kimball
Conselho Nacional das Mulheres
Metzerott’s Music Hall, Washington DC
21 de fevereiro de 1895
Sarah M. Kimball Por volta de 1890. Como secretária da junta
geral da Sociedade de Socorro, Sarah Kimball organizou, em
1880, uma coleção de registros autobiográficos de homens e
mulheres. Esses registros foram colocados em cápsulas do tempo e
esse esforço fez parte da celebração do aniversário da fundação da
Igreja. Essas cápsulas foram abertas [resgatadas] em 1930. Os
registros abertos foram entregues para a descendente mais velha,
ainda viva, do autor original. (Biblioteca de História da Igreja,
Salt Lake City).

Sarah Melissa Granger Kimbal (1818–1898) passou sua vida promovendo as


atividades públicas e o “entendimento espiritual” privado das mulheres,
conforme expôs no discurso de 1895, proferido no Conselho Nacional de
Mulheres. Nascida em Phelps, Nova York, ela foi batizada com a família
depois que seu pai leu o recém-publicado Livro de Mórmon.1 Quando jovem,
Sarah Kimball foi à Escola dos Profetas e à Escola Hebraica, em Kirtland,
Ohio, pelo menos uma vez.2 Depois que ela e o marido imigraram para Utah,
Sarah apoiou o marido, Hiram, e seus filhos dando aulas em uma escola.3 Sua
contemporânea, Emmeline B. Wells, disse que ela “tinha grande habilidade
para ensinar [e] conseguia simplificar as lições e adaptá-las à compreensão de
seus alunos”.4 Esses esforços educacionais de sua juventude e início da idade
adulta estabeleceram as bases para sua pesquisa intelectual mais tarde na
vida.
Sendo naturalmente organizada, Sarah Kimball tornou-se uma líder
notável entre as mulheres mórmons. Ela coordenou uma sociedade de costura
das senhoras na primavera de 1842, em Nauvoo, Illinois, que levou à
organização formal da Sociedade de Socorro Feminina.5 Quinze anos mais
tarde, ela tornou-se presidente da Sociedade de Socorro da Ala 15 Salt Lake
City, quando esta foi organizada.6 Como presidente da Sociedade de Socorro
da ala, ela influenciou muitas Sociedades de Socorro em toda a Igreja,
ajudando a definir o papel das líderes e supervisionando a construção do
primeiro salão da Sociedade de Socorro.7 Sarah Kimball também serviu
como secretária da junta geral da Sociedade de Socorro, de 1880 até seu
falecimento, e durante esse período, ela manteve os registros e incentivou a
criação dos relatos históricos das mulheres.8 Por toda a vida, Sarah Kimball
defendeu a igualdade dos direitos das mulheres, inclusive apoiando o direito
ao voto feminino, nas décadas de 1870 e 1880, em Utah.9
Ela participou das reuniões do Conselho Nacional de Mulheres, que
coordenava os esforços de várias organizações para os direitos das
mulheres.10 A segunda sessão trienal do conselho aconteceu em Washington,
DC, de 17 de fevereiro a 2 de março de 1895. Representantes de várias
organizações femininas de todos os Estados Unidos reuniram-se para debater
assuntos como religião, abstenção do álcool, filantropia, direito ao voto,
produção e educação.11 Elmina S. Taylor comandou a delegação de Utah,
formada por: Ellis R. Shipp, Emmeline B. Wells, Aurelia Spencer Rogers,
Marilla Daniels, Minnie J. Snow e Susa Young Gates. Tanto a Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças (AMM-M) como a Sociedade de Socorro,
conduziram sessões e as representantes participaram de reuniões de negócios
e palestras.12
Sendo uma oradora pública experiente, Sarah Kimball era bem
conhecida fora de Utah como representante das mulheres mórmons.13 Ela não
participou da conferência em Washington, DC, provavelmente devido à sua
idade avançada. Mas ela preparou pessoalmente o discurso apresentado aqui,
que foi lido por Marilla Daniels na sessão noturna da conferência; sua
mensagem explorou ideias filosóficas de iluminação espiritual e progresso
eterno.14 Susa Gates considerou essa apresentação “a melhor de nossa sessão
(…) no entanto, tão espiritual que talvez não tenha sido completamente
apreciada por todos”. Embora Gates tenha descrito a calorosa recepção dada
às mulheres de Utah, ela também observou que alguns na audiência
expressavam preocupação com certas práticas e crenças mórmons.15 O
discurso de Sarah Kimball foi publicado no jornal Woman’s Exponent e
distribuído amplamente para as mulheres santos dos últimos dias.

Venha Espírito Santo, pomba celestial,


Com todos os seus poderes de inspiração,
Acender a chama do amor sagrado,
Em nosso insensível coração.16

É APROPRIADO, em ocasiões como esta, abordar tópicos que sejam de


maior benefício para as mulheres; e na minha opinião, é apropriado debater
aqui a habilidade do intelecto em que a mulher tem a maior capacidade de se
destacar. A ponderação sobre o sentido do entendimento espiritual, primeiro
me dá uma noção de minha pequenez e incapacidade e, então, me encoraja na
tentativa de expressar algumas reflexões sobre esse tema atraente.
Esta aptidão, assim como nossos sentidos físicos, pode ser desenvolvida.
Suas possibilidades são ilimitadas; é o sentido menos compreendido; é o
divino em nossa natureza; nos faz entender coisas não vistas com os olhos
naturais ou discernidas pela mente mortal; amplia nossa comunhão. Com os
olhos e os sentidos de nosso corpo físico, nos relacionamos com o ambiente
físico; com nossos olhos e sentidos espirituais despertados e cultivados,
entramos em comunhão com a eternidade.
O sexto sentido liga nossa existência mortal à imortal; ele testifica em
uma linguagem inconfundível sobre a imortalidade da alma.17 Ele educa,
exalta e refina aqueles que ouvem seus sussurros e seguem sua influência
orientadora. Esse sentido leva a abençoados picos de entendimento superior;
ensina os segredos da vida eterna — nosso relacionamento com o passado, o
presente e o futuro — e nos aproxima da infinita fonte da vida e da
inteligência.18 Ilumina a alma que o cultiva, purifica os pensamentos e as
ações, expande a esfera da compreensão e exalta as aspirações. Sua prática
contínua leva seu portador cada vez mais perto do trono do Todo-Poderoso.
Aqueles que respondem aos sussurros desse sentido, envolvem-se
favoravelmente uns com os outros, como exemplificado no Congresso
Religioso realizado em Chicago, em 1893, onde peregrinos religiosos e
futuros reformadores de todas as terras e de todos os credos, se encontraram e
se harmonizaram em um vínculo de amor. Isso foi especialmente verdadeiro
para o departamento da mulher, naquele memorável congresso.19
A luz desse sentido foi prefigurada em várias épocas da história do
mundo. No século 19, os faróis da religião, da filosofia e da ciência uniram-
se na exploração de um caminho não percorrido, em direção ao abrigo desta
luz inextinguível.
O exercício legítimo do poder espiritual, obtido por meio da utilização
deste sentido, coloca o indivíduo em posse de chaves de conhecimento e o
reveste com responsabilidade adicional em relação à iluminação e elevação
da família humana.
Aqueles que o procuram, por meio da fé e sincera oração, encontram a
luz que leva aos portões dourados do céu.20 Aqueles que o buscam, com a
certeza advinda do estudo e da fé, têm o caminho estreito aberto para eles21 e
entram em comunhão com o Pai e a Mãe Celestiais,22 sendo autorizados a
entrar nas mansões sagradas, a participar da escola dos profetas23 e
avançando, alcançam a escola dos deuses, onde aprendem os processos pelos
quais os mundos são organizados pela combinação de elementos eternos,
inteligentes e obedientes; os propósitos para os quais os mundos são
chamados à existência; a maneira como eles são controlados; e as leis de
progressão por meio das quais todos os seres e coisas animadas são
aperfeiçoados e glorificados em suas respectivas esferas.24
Aprendizes deste sentido tornam-se familiarizados, alguns mais, alguns
menos, com as condições daquela parte da família humana cuja diversidade é
representada pelas estrelas. Eles contemplam a inteligência, a glória e a paz
simbolizadas pela lua; e progressivamente, este sentido educa, disciplina,
ilumina e harmoniza aquele que o possui com o esplendor da luz e glória
celestial representada pelo sol.25 Todos os que entram nesta glória mais
elevada são herdeiros com Jesus Cristo, nosso irmão mais velho no estado
preexistente, de todo o conhecimento, poder, exaltação e glória pertencentes
ao Pai.26
Quando estamos em comunhão com Deus por meio de nossa natureza
espiritual, nos aproximamos cada vez mais uns dos outros e nossas palavras e
ações se combinam em crescente harmonia, até que os filhos obedientes da
Terra, reconhecendo o parentesco espiritual universal, saúdem o pacífico
alvorecer do milênio e participem do Reino triunfante de nosso Deus e Seu
Cristo.
Muito se espera das pensadoras modernas e das trabalhadoras diligentes
que compõem o Conselho Trienal da Mulher.27 Seu trabalho de preparação
foi árduo; os sussurros deste sentido espiritual desarmaram a oposição e as
levaram a uma grande escala de vitória. A força do pensamento de muitas
orações chega a vocês como inspiração; e de forma recíproca, a expressão
elevada de sua sabedoria conjunta deve irradiar e inspirar almas receptivas
em todo o mundo, estimulando-as a ter maior esperança e trabalhar com mais
força para estabelecer uma civilização mais esclarecida e uma compreensão
mais perfeita da ciência divina, conforme revelada por meio de nosso sexto
sentido, ou o sentido do entendimento espiritual.
Para encerrar, essa escritora, em solidariedade amorosa, pede que uma
porção maior de luz espiritual ilumine o caminho das várias vertentes de boas
obras representadas no Conselho Trienal.
Sarah M. Kimball, “Our Sixth Sense, or the Sense of Spiritual Understanding” [Nosso Sexto Sentido ou
o Sentido do Entendimento Espiritual], fevereiro de 1895, datilografado, Biblioteca de História da
Igreja; ver também Sarah M. Kimball, “Our Sixth Sense, or the Sense of Spiritual Understanding: Read
at the Triennial Council of Women in Washington, February 21, 1895” [Nosso Sexto Sentido ou o
Sentido do Entendimento Espiritual: Lido no Conselho Trienal das Mulheres em Washington, 21 de
fevereiro de 1895], Woman’s Exponent, 13, nº 18, 15 de abril de 1895, p. 251.

_________________________
^1. Sarah M. Kimball, “Auto-Biography” [Autobiografia], Woman’s Exponent 12, nº 7, 1º de setembro
de 1883, p. 51.
^2. Ala 15, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes and Records [Atas e Registros da Sociedade de
Socorro], vol. 5, 1874–1894, 11 de abril de 1894, e vol. 8, 1893–1899, 25 de novembro de 1896, p.
140, Biblioteca de História da Igreja; “President Sarah M. Kimball” [Presidente Sarah M. Kimball]
Woman’s Exponent, 27, nº 14, 5 de dezembro 1898, p. 77. A Escola de Profetas, em Kirtland, foi
organizada inicialmente para treinar os missionários. Ocasionalmente, as mulheres participavam
dessas reuniões. A Escola Hebraica foi um programa educacional instituído por Joseph Smith em
Kirtland, em janeiro de 1836, para o estudo do idioma hebraico. (Matthew C. Godfrey, Mark
Ashurst-McGee, Grant Underwood, Robert J. Woodford, e William G. Hartley, eds., Documents,
Volume 2: July 1831–January 1833 [Documentos, volume 2: Julho de 1831 a Janeiro de 1833],
volume 2 da série de Documentos do The Joseph Smith Papers [Diários de Joseph Smith], ed.
Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s
Press, 2013, pp. 378–380; “Hebrew School” [Escola Hebraica], acessado em 9 de fevereiro de
2016, no site josephsmithpapers.org.)
^3. Kimball, “Auto-Biography” [Autobriografia], p. 51.
^4. Emmeline B. Wells, “L.D.S. Women of the Past: Personal Impressions” [Mulheres SUD do
Passado: Impressões Pessoais], Woman’s Exponent, 37, nº 1, junho de 1908, p. 1.
^5. Kimball, “Auto-Biography” [Autobriografia], p. 51; Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen,
Kate Holbrook, e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in
Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos
Importantes da História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], (Salt Lake City: Church
Historian’s Press, 2016, p. 24.
^6. Salt Lake Stake Relief Society Record, 1880–1892, [Registros da Sociedade de Socorro da Estaca
Salt Lake], p. 69, Biblioteca de História da Igreja. Sarah Kimball serviu como presidente da
Sociedade de Socorro da ala, de 1857 até sua morte. (“President Sarah M. Kimball” [Presidente
Sarah M. Kimball], p. 77.)
^7. Sarah M. Kimball, “Duty of Officers of FR Society” [Deveres dos Líderes da Sociedade de Socorro
Feminina], por volta de maio de 1868, em Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos],
pp. 285–289; ver também Jennifer Reeder, “‘To Do Something Extraordinary’: Mormon Women
and the Creation of a Usable Past” [‘Fazer Algo Extraordinário’: Mulheres Mórmons e a Criação de
um Passado Útil], dissertação de doutorado, George Mason University, 2013.
^8. Salt Lake Stake Relief Society Record [Registros da Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake,
1880–1892, pp. 7, 52–54. Quando a Sociedade de Socorro foi incorporada legalmente, em outubro
de 1892, Sarah Kimball foi eleita uma das vice-presidentes, uma posição que ela também ocupou
até sua morte. (“President Sarah M. Kimball” [Presidente Sarah M. Kimball], p. 77.)
^9. Em janeiro de 1870, Sarah Kimball foi eleita presidente de uma manifestação pública realizada em
protesto contra a legislação federal antipoligamia. Ela também trabalhou com Susan B. Anthony e
outras, como presidente da Associação pelo Direito ao Voto de Utah. (Ala 15, Estaca Salt Lake,
Relief Society Minutes and Records [Atas e Registros da Sociedade de Socorro], vol. 1, 1868–1873,
6 de janeiro de 1870, p. 139; ver também Derr e outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 Anos],
pp. 305, 310; “President Sarah M. Kimball” [Presidente Sarah M. Kimball], p 77; e Wells, “L.D.S.
Women of the Past” [Mulheres SUD do Passado], p. 1.)
^10. Louise Barnum Robbins, ed., History and Minutes of the National Council of Women of the United
States, Organized in Washington, D.C., March 31, 1888 [História e Atas do Conselho Nacional de
Mulheres dos Estados Unidos, Organizado em Washington, DC, 31 de março de 1888], Boston:
E. B. Stillings, 1898, pp. 1–6.
^11. “Woman’s Council: Topics to Be Discussed at the Coming Gathering” [Conselho de Mulheres:
Assuntos a Serem Abordados no Próximo Encontro], Evening Star, Washington DC, 9 de fevereiro
de 1895.
^12. Susa Young Gates, “Utah Women at the National Council of Women” [Mulheres de Utah no
Conselho Nacional de Mulheres], Young Woman’s Journal, 6, nº 9, junho de 1895, pp. 391, 397,
417. Elmina S. Taylor foi a primeira presidente geral da AMM-M, de 1880 a 1904. Ellis R. Shipp,
uma das primeiras médicas de Utah, esteve envolvida com a Sociedade de Socorro e com a AMM-
M. Emmeline B. Wells foi a editora do jornal Woman’s Exponent, de 1877 a 1914, e foi chamada
como secretária geral da Sociedade de Socorro em 1892. Aurelia Spencer Rogers fundou a
organização da Primária em 1878. Marilla Daniels foi a primeira conselheira da Sociedade de
Socorro da Estaca Utah County. Minnie J. Snow foi presidente da AMM-M da Estaca Box Elder,
de 1879 a 1894, e serviu também na junta geral a partir de 1892. Susa Young Gates fundou o jornal
Young Woman’s Journal e foi chamada para a junta geral da AMM-M em 1888.
^13. “President Sarah M. Kimball” [Presidente Sarah M. Kimball], p. 77. De acordo com Emmeline
Wells, Sarah Kimball “era uma excelente oradora, concisa na linguagem e na expressão, usava o
menor número possível de palavras para transmitir sua mensagem e sempre abordava bem todos os
temas”. Em 1891, Sarah Kimbal representou a Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres de
Utah, nas reuniões da Associação Nacional pelo Direito ao Voto das Mulheres, em Washington,
DC. (Wells, “L.D.S. Women of the Past” [Mulheres SUD do Passado], p. 2; Jill Mulvay Derr,
Sarah M. Kimball, Salt Lake City: Signature Books, 1976, p. 2.)
^14. Emmeline B. Wells presidiu a sessão noturna e apresentou um artigo, logo depois de Sarah
Kimball, intitulado: “Quarenta Anos no Vale do Grande Lago Salgado”. Ela foi seguida por
Alleseba Bliss, presidente da Escola Industrial de Meninas, de Adrian, Michigan. Marilla Daniels
tinha sido delegada da Associação pelo Direito ao Voto das Mulheres de Utah, algumas semanas
antes nas reuniões da Associação Nacional pelo Direito ao Voto das Mulheres, em Atlanta.
(“Women and the Flag: Patriotism Made the Subject of Today’s Addresses” [As Mulheres e a
Bandeira: O Patriotismo Foi o Assunto dos Discursos de Hoje] Evening Star, Washington DC, 22
de fevereiro de 1895; “Notable Utah Women: Mrs. Marilla Daniels” [Mulheres Notáveis de Utah:
Sra. Marilla Daniels], Deseret Evening News, 24 de novembro de 1900.)
^15. Gates, “Utah Women at the National Council of Women” [Mulheres de Utah no Conselho
Nacional de Mulheres], pp. 416–417.
^16. Esse hino foi escrito por Isaac Watts em 1707 e publicado em vários hinários de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, inclusive o hinário de Manchester de 1840, no hinário de
Nauvoo de 1841 e em várias edições do hinário de Liverpool. (John Julian, ed., A Dictionary of
Hymnology: Setting Forth the Origin and History of Christian Hymns of All Ages and Nations [Um
Dicionário de Hinologia: Estabelecendo a Origem e a História dos Hinos Cristãos de Todas as
Épocas e Nações], 2 vols., Nova York: Dover Publications, 1907, , vol. 1, p. 247; Emma Smith, ed.,
A Collection of Sacred Hymns for the Church of Jesus Christ of Latter Day Saints [Coletânea de
Hinos Sagrados para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Nauvoo, IL:
E. Robinson, 1841, pp. 47–48; Shane J. Chism, comp., A Selection of Early Mormon Hymnbooks,
1832–1872: Hymnbooks and Broadsides from the First 40 Years of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [Hinários e Costados dos Primeiros 40 Anos de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias], Tucson, AZ: impresso pelo autor, 2011, pp. 310–311.)
^17. Sarah Kimball não foi a primeira pessoa a considerar a ideia de um sexto sentido. O teólogo do
século 18, Jonathan Edwards, falou sobre um sentido do coração, além dos cinco sentidos
existentes, com o que, pode-se sentir a santidade de Deus. Além disso, Eliza R. Snow debateu o
conceito de “sexto sentido” em um poema apresentado na Sociedade Filosófica, em 27 de fevereiro
de 1855: “O sexto, o sentido espiritual nos conduzirá / Se o ouvirmos e seguirmos com atenção; /
Seu processo de refinamento nos preparará / Para uma completa e livre recepção”. O conceito de
um sexto sentido espiritual também foi debatido por Emmeline B. Wells, Lucy Clark e Lula Greene
Richards na reunião do Clube de Imprensa das Mulheres de Utah, em 1893. (Ver William Dean,
American Religious Empiricism [Empirismo Religioso Americano], Albany: State University of
New York Press, 1986, pp. 22, 83; Eliza R. Snow, “Nationality” [Nacionalidade], em Eliza R.
Snow: The Complete Poetry [Eliza R. Snow: Poesias Completas], ed. Jill Mulvay Derr e Karen
Lynn Davidson, Provo, UT: Brigham Young University Press; Salt Lake City: University of Utah
Press, 2009, pp. 486–490; e Ella W. Hyde, “U.W.P. Club” [Clube I.F.U], Woman’s Exponent, 21,
nº 19, 1º de abril de 1893, p. 150.)
^18. Ver Doutrina e Convênios 93:29, 36.
^19. A Exposição Mundial Colombiana de Chicago incluiu um Congresso Mundial de Representantes
das Mulheres, que abordou alguns assuntos religiosos. Os congressistas vieram de vários países e
representaram 126 organizações envolvidas em reformas civis, políticas e morais; religião; caridade
e filantropia; e educação. O Conselho Nacional de Mulheres ajudou a coordenar esta conferência.
Sarah Kimball proferiu a oração de abertura na sessão da Sociedade de Socorro. (May Wright
Sewall, ed., The World’s Congress of Representative Women: A Historical Résumé for Popular
Circulation [O Congresso Mundial de Representantes das Mulheres: Um Resumo Histórico para
Circulação Popular], Chicago: Rand McNally, 1894, p. 5; Reid L. Neilson, Exhibiting
Mormonism: The Latter-day Saints and the 1893 Chicago World’s Fair [Apresentando o
Mormonismo: os Santos dos Últimos Dias e a Feira Mundial de Chicago de 1893], Nova York:
Oxford University Press, 2011, pp. 92–102; ver também o capítulo 21, nesta publicação.)
^20. Ver Doutrina e Convênios 109:7; 103:36.
^21. Ver Mateus 7:7.
^22. Para mais informações sobre a doutrina SUD, ver “Mãe Celestial”, nos Tópicos do Evangelho,
acessado em 9 de maio de 2016, no site LDS.org; e David L. Paulsen e Martin Pulido, “‘A Mother
There’: A Survey of Historical Teachings about Mother in Heaven” [Uma Pesquisa a Respeito dos
Ensinamentos Históricos sobre Mãe Celestial], BYU Studies, 50, nº 1, 2011, pp. 70–97.
^23. Historicamente, os antigos Congressistas Americanos e as igrejas presbiterianas usavam “escolas
de profetas” para preparar o clero para o ministério. Sarah Kimball provavelmente está usando o
termo de forma genérica referindo-se ao sentido do treinamento e da preparação divina. (Joseph F.
Darowski, “Schools of the Prophets: An Early American Tradition” [Escolas de Profetas: Uma
Antiga Tradição Americana], Mormon Historical Studies, 9, nº 1, primavera de 2008, pp. 1–13.)
^24. Ver Doutrina e Convênios 101:32–34.
^25. Ver 1 Coríntios 15:40–41).
^26. Romanos 8:17.
^27. O Conselho Nacional das Mulheres foi fundado em 1888, e sua primeira sessão trienal foi
realizada em Washington DC, em 1891. O Congresso Mundial de Representantes das Mulheres,
realizado em conjunto com a Exposição Mundial Colombiana em Chicago, em 1893, foi realizado
no lugar da sessão trienal do Conselho Nacional da Mulher; portanto, a segunda reunião trienal foi
essa reunião realizada em Washington, DC, em 1895, dois anos depois. (Robbins, History and
Minutes of the National Council of Women [História e Atas do Conselho Nacional de Mulheres], p.
161.)
—————————— 23 ——————————

Oração

Ann M. Cannon
Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos
Assembly Hall da Ala 14, Salt Lake City, Utah
4 de junho de 1901

Ann Mousley Cannon (1869–1948) era uma mulher de discernimento


cultural e literário, bem como de perspicácia empresarial. Ela nasceu em Salt
Lake City, filha de Angus Munn e Sarah Maria Mousley Cannon. Com um de
seus irmãos, ela fez parte da Sociedade de Coral de Salt Lake e os dois
frequentemente participavam de produções musicais.1 Aos treze anos
começou a trabalhar no escritório de outro de seus irmãos, aprendendo
habilidades de negócios.2 Aos quatorze anos, em 1883, Ann Cannon iniciou
seus estudos de literatura na Universidade de Deseret; graduando-se em 1886
em uma classe que incluía outras duas jovens.3 Após sua graduação, foi
trabalhar no cartório do Condado de Salt Lake. Ann Cannon nunca se casou;
devotou sua vida à família, à Igreja e à comunidade. Cuidou de seus pais no
final da vida e ajudou a criar os filhos de sua irmã. Quando ia a eventos
culturais, ela costumava comprar duas entradas para levar com ela um
jovem.4
Ann Cannon serviu por décadas na Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças (AMM-M). Ela iniciou seus trabalhos na AMM-M da Ala
14 Salt Lake City, sendo chamada como secretária assistente em 1887,
tesoureira em 1888, segunda conselheira em 1891 e, mais tarde naquele
mesmo ano, primeira conselheira.5 A partir de 1891, ela serviu por 46 anos na
junta geral da AMM-M. Durante esse período, ela presidiu o comitê que
estudou a adesão ao programa nacional de Acampamento das Moças e,
finalmente, organizou o programa das Abelhinhas, um precursor do
Progresso Pessoal.6 Por duas vezes ela representou a junta geral no Conselho
Nacional de Mulheres, trabalhando diretamente com a líder nacional de
direitos da mulher, Susan B. Anthony.7 Ela foi a secretária-geral da AMM-M,
por 19 anos, atuando por dez desses anos como tesoureira. Foi nessa época
que ela proferiu o discurso aqui publicado.8 Em seu chamado como
secretária, Ann Cannon introduziu o uso de livros com formulários pré-
impressos, um procedimento que aumentou a eficiência da manutenção de
registros.9 Ann Cannon presidiu o comitê literário do Young Woman’s
Journal e foi editora do Journal por cinco anos, de 1902 a 1907.10 Anos mais
tarde, Ann Cannon escreveu, “A mutual [AMM-M] teve um grande poder
para o bem em minha vida. (…) As experiências mais enriquecedoras de
minha vida vieram dela e o que sou, em grande parte, é o resultado dessas
experiências”.11
Junta geral da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças.
Por volta de 1905. A primeira junta geral da AMM-M foi
organizada em 1880 sob a liderança de Elmina S. Taylor. Os
membros da junta viajavam, coordenavam os esforços das
associações locais, correspondiam-se com as unidades locais,
realizavam treinamentos, desenvolviam currículos e programas, e
falavam nas Conferências de junho da AMM, a partir de 1896.
Incluídas nesta foto, estão as seguintes mulheres mencionadas
nesta publicação: Maria Y. Dougall (sentada, primeira à direita),
Emma N. Goddard (sentada, segunda à direita), Ann M. Cannon
(sentada, terceira à direita), Mattie Horne Tingey (sentada, quinta
à direita), Ruth May Fox (sentada, sexta à direita); May Booth
Talmage (primeira fileira de pé, quinta à direita); e Minnie J. Snow
(segunda fileira de pé, primeira à direita). Mattie Horne Tingey
era a presidente geral na ocasião em que esta foto foi tirada.
(Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City).

Além das atribuições administrativas da Igreja, a religião era uma parte


importante na vida diária de Ann Cannon.12 Ela falou sobre a oração em um
discurso para líderes na conferência anual conjunta da AMM-M e da
Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, em 1901.13 Outros
oradores incluíam membros da junta geral da AMM-M: Mary Y. Dougall,
Mattie Horne Tingey, Mary Ann Freeze, May Booth Talmage e Emma N.
Goddard. Na época, as duas organizações supervisionavam 50 mil rapazes e
moças. O discurso de Ann Cannon foi publicado dois meses mais tarde, no
Young Woman’s Journal.14

A ORAÇÃO É UM ASSUNTO estimado para mim. Sei que a oração pode


aliviar o maior dos fardos e trazer descanso ao cansado.15 Nada mais pode
trazer tal alívio perfeito. Até mesmo uma lágrima que cai é uma oração. Há
momentos na vida de todos em que precisamos de força extra e consolo.16
Não se sintam desencorajados por orar muitas vezes pela mesma coisa.17
Deus compreende nossas necessidades e vai nos abençoar de Seu próprio
modo. Para mim, o poder que existe na oração é semelhante ao da
eletricidade. Assim como o fio é o condutor da corrente elétrica, me parece
que a oração é o canal por meio do qual a inspiração vem ao homem.
Ann M. Cannon, “Prayer” [Oração], 4 de junho de 1901, na “Conferência Geral da AMM”, Young
Woman’s Journal, 12, nº 8, agosto de 1901, p. 366.

_________________________
^1. Leonard J. Arrington, Madelyn Cannon Stewart Silver: Poet, Teacher, Homemaker [Madelyn
Cannon Stewart Silver: Poetisa, Professora, Dona de Casa], Salt Lake City: Publishers Press,
1998, pp. 3–6. O meio-irmão de Ann M. Cannon, Charles Mousley Cannon, era filho de Angus
Munn Cannon e sua esposa plural, Ann Amanda Mousley Cannon. (Ruth Stewart Barth, “Needs:
The Biography of Ann Mousley Cannon” [Necessidades: A Biografia de Ann Mousley Cannon],
s/d, p. 44, UU.)
^2. Ann Cannon trabalhava no escritório de seu irmão, George Mousley Cannon. (Susa Young Gates,
History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, pp. 174–175.)
^3. T. D. Lewis, “Remarks” [Mensagens] no Funeral de Ann Mousley Cannon, Salt Lake City, UT, 9
de novembro de 1948, p. 10, de propriedade da família; Barth, “Needs” [Necessidades], p. 7.
^4. Barth, “Needs” [Necessidades], pp. 14, 44. Os cuidados de Ann Cannon exerceram uma poderosa
influência sobre sua sobrinha, a poetisa Madelyn Cannon Stewart Silver. (Arrington, Madelyn
Cannon Stewart Silver, pp. 17–18; Madelyn Stewart Silver, “A Story of Vision and
Accomplishment … Ann Mousley Cannon” [Uma História de Visão e Realização (…) Ann
Mousley Cannon], Improvement Era, 53, nº 2, fevereiro de 1950, p. 135.)
^5. Ala 14, Estaca Salt Lake, Young Ladies’ Mutual Improvement Association Minute Book [Livro de
Atas da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], vol. 3, 1887–1896, 25 de outubro de
1887, p. 3; 30 de setembro de 1888, p. 32; 13 de janeiro de 1891, p. 118; 13 de outubro de 1891, pp.
136–137, Biblioteca de História da Igreja; Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement
Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 175.
^6. Marba C. Josephson, History of the YWMIA [História da AMM-M], Salt Lake City: Young
Women’s Mutual Improvement Association, 1955, pp. 12, 44–45, 53; Barth, “Needs”
[Necessidades], ii, pp. 21–27; Silver, “A Story of Vision and Accomplishment” [Uma História de
Visão e Realização], pp. 107, 134–135.
^7. Ann Cannon serviu como secretária do comitê de resoluções do Conselho Nacional de Mulheres,
em 1902. Ela fez discursos antes das sessões trienais, em 1899 e 1902. (Barth, “Needs”
[Necessidades], pp. 32–40; Silver, “A Story of Vision and Accomplishment” [Uma História de
Visão e Realização], p. 135.)
^8. Barth, “Needs” [Necessidades], ii; Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement
Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], p. 175.
^9. Barth, “Needs” [Necessidades], p. 20.
^10. Ann M. Cannon, “Recollections” [Recordações], Young Woman’s Journal, 25, nº 10, outubro de
1914, pp. 621–623, 637; Josephson, History of the YWMIA [História da AMM-M], pp. 115–118;
Barth, “Needs” [Necessidades], pp. 49–50. Susa Young Gates disse sobre Ann Cannon: “Seu
trabalho editorial comprova uma mente lógica, dotada de poder superior de análise. O estilo
literário desenvolvido neste contexto demonstra doçura e simplicidade”. (Gates, History of the
Young Ladies’ Mutual Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças], p. 175.)
^11. Ann M. Cannon para Madelyn Stewart Silver, 1945, em Barth, “Needs” [Necessidades], p. 16.
^12. Ann Cannon era conhecida por seu “caráter profundamente religioso”, conforme comentou um dos
oradores em seu funeral. (Lewis, “Remarks” [Mensagens], no Funeral de Ann Mousley Cannon, p.
13.)
^13. Young Women General Board Minutes [Atas da Junta Geral das Moças], vol. 4, 1899–1901, 2 de
junho de 1901, p. 214; 3 de junho de 1901, pp. 253–254, Biblioteca de História da Família; Sexta
Conferência Geral das Associações de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes e das Moças, Salt Lake
City, UT, Programa da Reunião, junho de 1901, Biblioteca de História da Igreja. Em 1896, as
líderes gerais da AMM-M e os líderes gerais da AMM-R começaram a realizar reuniões anuais na
Praça do Templo, conhecidas como conferências conjuntas, para treinar os líderes locais. Essas
conferências gerais anuais aconteciam por volta do dia 1º de junho, em homenagem ao aniversário
de Brigham Young. (Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association
[História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], pp. 140–142, 221–222).
^14. “Annual June Conference” [Conferência Anual de Junho], Young Woman’s Journal 12, nº 7, julho
de 1901, p. 292; “General M.I.A. Conference” [Conferência Anual da AMM], Young Woman’s
Journal, 12, nº 8, agosto de 1901, pp. 362–368.
^15. Ver “Com Fervor Fizeste a Prece?” Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990), nº 83. Este hino
foi adicionado ao hinário dos Santos dos Últimos Dias em 1884, na segunda edição do Deseret
Sunday School Union Music Book [Livro de Músicas Deseret da Associação da Escola Dominical.
Antes de sua morte causada pela leucemia, Ann Cannon dividia um quarto com a sobrinha, Judith
Silver Poulsen. Lembrando as orações noturnas de Ann Cannon, Judith Poulsen disse: “Nunca senti
que ela estivesse apenas ‘fazendo uma oração’. Mas sabia que ela estava conversando com um
amigo próximo”. (Karen Lynn Davidson, Our Latter-day Hymns: The Stories and the Messages
[Nossos Hinos SUD: Suas Histórias e Suas Mensagens], Salt Lake City: Deseret Book, 1988, p.
166; Judy Silver Poulsen, email para Kate Holbrook, 15 de outubro de 2015.)
^16. Ver Alma 31:31.
^17. Em um rascunho de uma carta a um pretendente, Ann Cannon escreveu: “Por quase sete anos
tenho me esforçado para tornar minha vontade subordinada à vontade do Pai e oro todos os dias
pedindo Sua orientação. Não consigo pensar que minha oração seja em vão; sei que vou ter a luz
quando chegar o momento certo.” (Rascunho de uma carta, 26 de outubro de 1903, Diários de Ann
Mousley Cannon, UU; Barth, “Needs” [Necessidades], p. 11.)
—————————— 24 ——————————

Ainda temos uma missão maior

Bathsheba W. Smith
Discurso em Woman’s Exponent
Salt Lake City, Utah
Janeiro de 1906

A quarta presidente geral da Sociedade de Socorro, Bathsheba Wilson Bigler


Smith (1822–1910) incentivava os membros da Sociedade de Socorro a
deixar de lado o passado e abraçar o futuro com responsabilidade e ação.1
Quando ela proferiu esse discurso, em janeiro de 1906, já fazia 64 anos que
ela estava associada à Sociedade de Socorro, tendo se filiado à Sociedade de
Socorro de Nauvoo, em sua primeira reunião.2 Bathsheba Smith cresceu na
grande fazenda de seus pais, na Virgínia. Ela era conhecida como uma garota
sulista, que amava a vida ao ar livre e gostava particularmente de cavalgar.
Sua mãe a ensinou habilidades domésticas típicas, incluindo cardar, fiar,
tingir e tecer lã, algodão e linho, bem como alta costura e bordados.3 Ela
também apreciava a música.4
Emmeline B. Wells e Bathsheba W. Smith. 1908. Bathsheba Smith
(à direita) serviu como presidente geral da Sociedade de Socorro
de 1901 a 1910. Ela foi a última presidente geral da Sociedade de
Socorro que tinha sido membro da Sociedade de Socorro de
Nauvoo. Emmeline Wells (à esquerda) sucedeu Bathsheba Smith,
servindo como presidente geral da Sociedade de Socorro de 1910 a
1921. Fotografia de Olsen e Griffith. (Biblioteca de História da
Igreja, Salt Lake City).

Quando jovem, Bathsheba Smith tinha muito interesse em religião; ela


se considerava um “tanto inclinada à religiosidade, amava a honestidade, a
verdade e a integridade. Eu fazia minhas orações pessoais”.5 Quando tinha 15
anos, os missionários santos dos últimos dias, incluindo seu futuro marido,
George A. Smith, passaram por sua vizinhança. Ela e a mãe foram batizadas
em 21 de agosto de 1837 e outros membros da família foram batizados por
volta da mesma época. Eles juntaram-se aos santos dos últimos dias no
Missouri, onde foram atacados pelas turbas. Ela testemunhou a morte do
apóstolo David W. Patten e o sofrimento de outros mórmons. Em seu
discurso de 1906, ela falou sobre essas experiências, talvez na tentativa de
conectar a nova geração com a rica história e herança da Igreja.6
O templo teve uma importância central na vida de Bathsheba Smith. Ela
esteve presente na colocação da pedra angular do templo de Nauvoo, Illinois,
em 1841.7 Participou de ordenanças do templo em Nauvoo, tanto na casa de
Joseph e Emma Hale Smith como na na loja de tijolos vermelhos.8 Trabalhou
nos templos de Nauvoo, St. George, Logan e Salt Lake City, Utah, e na Casa
de Investiduras, em Salt Lake City.9 Logo depois da dedicação do templo de
Sal Lake, em 1893, Bathsheba Smith sucedeu Zina D. H. Young como
diretora do templo, quando a irmã Young ficou doente demais para trabalhar.
Bathsheba Smith “presidiu as irmãs no templo e dedicou, regularmente,
quatro dias da semana ao trabalho do templo”.10 Ela continuou seu trabalho
até pouco antes de sua morte. Lula Greene Richards escreveu que Bathsheba
Smith “sempre ansiava por cumprir seu dever naquele edifício sagrado”.11
A participação de Bathsheba Smith na Sociedade de Socorro continuou
mesmo depois de Nauvoo. Quando seu marido se tornou o historiador da
Igreja em Salt Lake City, ela foi chamada como primeira conselheira de
Rachel Grant, na Sociedade de Socorro da Ala 13 Salt Lake City. A casa de
Bathsheba Smith também era usada como escritório do historiador da
Igreja.12 Depois que o marido morreu, ela mudou-se para outra casa e foi
chamada como secretária, tesoureira e presidente da Sociedade de Socorro da
Ala 17 Salt Lake City, servindo nessa posição por onze anos.13 Ela atuou
como tesoureira da Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake. Bathsheba
Smith foi ativa em outras organizações relacionadas à Sociedade de Socorro.
Ela foi conselheira de Mary Isabella Horne na Associação de Resguardo
Mútuo e participou da junta de diretores do Hospital Deseret.14 Em 1888,
após a morte de Eliza R, Snow, Zina D. H. Young foi chamada como
presidente geral da Sociedade de Socorro e escolheu Bathsheba Smith como
sua segunda conselheira. Quando Zina Young morreu em 1901, Bathsheba
Smith tornou-se a presidente geral da Sociedade de Socorro e presidiu
durante um período de crescimento da organização.15 Ela presidia a
Sociedade de Socorro há cinco anos, quando fez o discurso a seguir,
publicado no Woman’s Exponent.

Ouça o som – desse carrilhão,


Escute! Este dobrar apressado do Tempo;
O ano se foi,
Transmitindo as esperanças e medos,
Os sorrisos e as lágrimas de multidões desconhecidas para a música.
E. R. Snow16

O ENCERRAMENTO DO ANO DE 1905, que marca o centésimo


aniversário do Profeta, desperta minha mente para uma multidão de
pensamentos.17
Volto em pensamento à minha infância e juventude na Virgínia18 e ouço
novamente os missionários clamando: “Arrependei-vos e sede batizados pois
o reino dos céus está próximo”,19 e, desde então, fiquei entusiasmada com as
boas novas da restauração do evangelho de Cristo;20 novamente me vejo
junto aos santos no Missouri, e ouço os gritos horríveis das turbas que
levaram Joseph e Hyrum.21 Vejo os feridos e os que estão morrendo; sou
forçada a sair do Missouri, mas encontro alegria em Quincy, participando em
uma conferência da Igreja, com Joseph e Hyrum, e os apóstolos, que ali são
chamados para servir na Europa.22
Lembro-me do profeta, com seu maravilhoso poder espiritual,
inteligência, ternura amorosa e grande bondade de coração!23 Lembro-me de
seus sermões, de suas declarações, da organização da nossa Sociedade de
Socorro em 1842.24 Lembro-me de suas revelações, perseguições, martírio e
da tristeza que sobreveio aos santos por sua morte. Pouco sobrou daquele
mundo, apenas nossas casas e famílias; mas o evangelho torna-se ainda mais
importante para mim. Em seguida, queimam nossas casas e forçam nosso
êxodo de Nauvoo, em meio a um inverno mortal.25 Os elementos enfurecidos
nos cercam por todos os lados, mas somos capazes de suportar, para
descansar, por fim, na sombra da morte, pois aqui a morte nos separou de
muitas pessoas que amamos.26 Mas, erguendo-nos de nossas fraquezas, em
obediência aos servos do Altíssimo, prosseguimos, cruzando planícies sem
trilhas, atravessando riachos alagados, escalando os picos de montanhas
acidentadas e descendo até “O Vale” para encontrar descanso da perseguição
e conforto no deserto.27
Todos os acontecimentos combinados daqueles anos dolorosos,
revelam-me, no ocaso da vida, a enorme importância do plano de salvação.
Uma mensagem reconfortante do Pai Celestial, parece assegurar docemente
que nada do que sofremos e realizamos, não importa o preço que pagamos,
foi sem proveito. Sim, nossas feridas foram curadas com sabedoria, a dor
desenvolveu a paciência, e os santos martirizados talvez sejam nossos
melhores advogados nos tribunais do céu.28
Estou convencida de que foi melhor ser fiel e perseverar até o fim,
mostrando retidão no domínio próprio e na defesa dos padrões da verdade, do
que descansar na apatia e no conforto, esquecendo-me de Deus e
negligenciando os fracos, cansados e solitários.
É bom ponderar sobre o passado pois, além dos pensamentos de pesar e
dos erros, nossos deveres nos são mostrados claramente.
Consolar os que choram, socorrer os oprimidos.
Visitar as viúvas e os órfãos.29
Ir de casa em casa, ajudar os pobres, os oprimidos, ministrar aos
enfermos, preparar os mortos, juntar e distribuir presentes e doações para
levar alívio, como vocês têm feito por tantos anos, minhas irmãs.
E, no entanto, temos uma missão maior — ensinar a mãe a criar seus
filhos na simplicidade, na verdade e na virtude, que famílias felizes sejam
comuns em nosso meio.30
E, todavia, temos uma missão ainda maior. Não podemos nos descuidar
de nossos esforços para ensinar os outros, mas mostramos uma grande falta
da verdadeira religião quando não corrigimos nossos erros. Quando iremos
aprender que a trave está em nosso próprio olho e que o argueiro apenas
incomoda a visão do nosso próximo?31
Somos chamadas pela suave e mansa voz, um sussurro de nosso Pai,
para buscar nossa própria salvação.32
Em resumo, as partes importantes do plano de salvação são estas: o que
o homem é, Deus já foi; o que Deus é agora, o homem pode vir a ser;33 a
glória de Deus é inteligência.34 Nada pode ser aniquilado e nenhuma ação
perdida.35 É impossível ser salvo em ignorância.36 O Espírito de Deus, que é
o Espírito Santo e o Consolador, está à nossa volta e permeia o universo, e é
pelo Espírito que podemos receber a inspiração de Deus em direção à
inteligência e podemos exercer nosso direito de receber consolo; e,
finalmente, a fé, a esperança e a caridade são necessárias para recebermos a
graça divina, mas a maior delas é a caridade!37
É absolutamente necessário que as mulheres, e os homens, enquanto
viverem, não parem de estudar diligentemente para obter o conhecimento de
maior valor. Para mim, a melhor maneira de se alcançar isso é eliminando a
maldição do tédio em nosso trabalho, aprendendo a realizá-lo tão bem que
vamos amar o que fazemos e teremos motivo para nos alegrar com o que
produzimos com nosso próprio suor.
Aprendamos sobre o trabalho que Deus realizou quando observamos a
natureza, as flores, suas estações e suas leis. Precisamos estudar para
melhorar nossos pensamentos, buscando nosso Pai Celestial em oração,
pedindo a inspiração do Espírito Santo.
Precisamos melhorar a linguagem usada em nosso lar e com nossos
filhos, para que nossas palavras não sejam ociosas, cheias de reclamações ou
vãs, mas, como nada pode ser perdido, que sejam alegres, cheias de
esperança, inteligentes, demonstrando uma atitude de caridade.
Vamos abrir os livros de vida e salvação e estudar também os grandes
escritores, poetas e pintores, para que nossa mente possa revestir-se de
inteligência e nosso coração encha-se com o sentimento humano.
E, aqui estou, inclinada a oferecer um pensamento sobre o trabalho para
o ano que se aproxima. Com nossos múltiplos deveres, talvez não vamos
conseguir visitar uma irmã idosa ou inválida, para alegrá-la, mas podemos
emprestar um livro para que ela o leia com prazer e, talvez, aumentar sua
motivação, alegrar sua vida e edificar sua mente. Da mesma forma, quando
terminar de ler um bom livro, passe-o para uma irmã, dizendo: “Eu
recomendo este livro para você. Aprendi com a leitura dele e talvez possa te
edificar e quando terminar a leitura, devolva-me para que eu possa emprestá-
lo para outra pessoa.”
Outro pensamento: Ao fazer bem sua parte, fique satisfeita em passar
suas responsabilidades para outra mulher mais forte, quando você se cansar.
E agora minhas irmãs, que as melhores bênçãos e a paz de Deus estejam
sobre vocês.
Bathsheba W. Smith, “Relief Society Annual Greeting: President Bathsheba W. Smith Addresses
Associate Workers in All the World” [Saudação Anual da Sociedade de Socorro: Presidente Bathsheba
W. Smith Fala aos Colaboradores Associados de Todo o Mundo], Woman’s Exponent, 34, nº 7, janeiro
de 1906, pp. 41–42. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. A “saudação anual” de 1906 foi dirigida aos “colabores associados de todo o mundo”. A
organização dos Colaboradores Mundiais da Indústria fora formada no ano anterior, incentivando a
solidariedade entre os trabalhadores de várias indústrias.
^2. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de
março de 1842, p. 6, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J.
Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint
Women’s History [Os primeiros 50 anos da Sociedade de Socorro: documentos importantes na
história das mulheres santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p.
30.
^3. Andrew Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia: A Compilation of Biographical
Sketches of Prominent Men and Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[Enciclopédia Biográfica dos Santos dos Últimos Dias: Uma Compilação de Esboços Biográficos
de Homens e Mulheres Proeminentes na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4
vols., Salt Lake City: Andrew Jenson History Co., 1901–1936, vol.1, p. 699; Emmeline B. Wells,
“A Loving Tribute” [Um Tributo Amoroso], Woman’s Exponent, 39, nº 3, setembro de 1910, p. 18;
Wells, “Bathsheba W. Smith”, Woman’s Exponent 35, nº 4, outubro de 1906, p. 25; Wells,
“Bathsheba W. Smith”, Woman’s Exponent 35, nº 9, maio de 1907, p. 65.
^4. Bathsheba Smith em um coro do templo em Nauvoo. Seus filhos tocavam instrumentos, cantavam e
dançavam. (Bathsheba W. Smith, “Autobiography” [Autobiografia], s/d, p. 84, Biblioteca de
História da Igreja; Horace G. Whitney, “Music in Early Utah Days” [A Música nos Primeiros Dias
em Utah] Young Woman’s Journal, 24, nº 7, julho de 1913, p. 416; Augusta Joyce Crocheron,
Representative Women of Deseret, a Book of Biographical Sketches to Accompany the Picture
Bearing the Same Title [Mulheres Notáveis de Deseret, Um Livro de Esboços Biográficos para
Acompanhar a Imagem com o Mesmo Título], Salt Lake City: J. C. Graham, 1884, p. 44.)
^5. Smith, “Autobiography” [Autobiografia], p. 1.
^6. George A. Smith posteriormente tornou-se membro do Quórum dos Doze Apóstolos. (Smith,
“Autobiography” [Autobiografia], pp. 2–6; Wells, “A Loving Tribute” [Um Tributo Amoroso], p.
18.)
^7. Smith, “Autobiography” [Autobiografia], p. 6. As pedras angulares do templo de Nauvoo foram
colocadas em 6 de abril de 1841. (“Celebration of the Anniversary of the Church” [Celebração do
Aniversário da Igreja], Times and Seasons, 2, nº 12, 15 de abril de 1841, pp. 375–377.)
^8. Bathsheba Smith, “Affidavit” [Depoimentos], em Affidavits about Celestial Marriage
[Depoimentos sobre o Casamento Celestial], 1869–1915, Biblioteca de História da Igreja; “Latter-
day Temples” [Templos SUD], Relief Society Magazine, 4, nº 4, abrild de 1917, pp. 185–186.
^9. Smith, “Autobiography” [Autobiografia], pp. 11, 38; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia
[Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 1, p. 702; L. L. Greene Richards, “Sister Bathsheba in the
House of the Lord” [A Irmã Bathsheba na Casa do Senhor], Woman’s Exponent, 39, nº 3, setembro
de 1910, p. 17.
^10. “In Memoriam: President Bathsheba W. Smith” [Em Memória: Presidente Bathsheba W.
Smith],Woman’s Exponent, 39, nº 3, setembro de 1910, p. 20.
^11. Richards, “Sister Bathsheba in the House of the Lord” [A Irmã Bathsheba na Casa do Senhor], p.
17; Smith, “Autobiography” [Autobiografia], p. 78; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia
[Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 1, p. 702. Emmeline B. Wells declarou: “Não há uma mulher
viva que tenha realizado tanto neste trabalho. (…) Ela ministrou a milhares e dezenas de milhares
de filhas de Sião, que erguem suas vozes para chamá-la abençoada”. “In Memoriam: President
Bathsheba W. Smith” [Em Memória: Presidente Bathsheba W. Smith], Woman’s Exponent, 35, nº
9, maio de 1907, p. 66.
^12. “In Memoriam” [Em Memória], p. 20; Smith, “Autobiography” [Autobiografia], pp. 38, 83;
Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 1, p. 702.
^13. “In Memoriam” [Em Memória], p. 20; Crocheron, Representative Women of Deseret [Mulheres
Notáveis de Deseret], pp. 45; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica
SUD], vol. 1, p. 702. Bathsheba Smith serviu como presidente da Sociedade de Socorro, de 1886 a
1897, e pediu desobrigação para dedicar-se mais a seus deveres no templo e em outras designações
da Sociedade de Socorro. (Ala 17, Estaca Salt Lake, Relief Society Minutes and Records [Registros
e Atas da Sociedade de Socorro], vol. 5, 1871-1886, 19 de maio de 1886, p. 585, vol. 9, 1886–1907,
6 de fevereiro de 1897, p. 219, Biblioteca de História da Igreja.)
^14. Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 1, p. 702.
^15. Bathsheba Smith foi chamada como presidente em 31 de outubro de 1901 e apoiada em uma
conferência especial, em 10 de novembro de 1901. A junta geral da Sociedade de Socorro registrou
em 1899 um total de 26.943 membros, em 566 ramos. De acordo com um artigo de 1906, a
Sociedade de Socorro registrava 35.000 membros. (“In Memoriam” [Em Memória], p. 20; Relief
Society General Board Minutes [Atas da Junta Geral da Sociedade de Socorro], vol. 2, 1892–1910,
p. 49, Biblioteca de História da Igreja; Wells, “Bathsheba W. Smith” Woman’s Exponent, 35, nº 4,
outubro de 1906, p. 25.)
^16. Em 1840, Eliza R. Snow escreveu “O Ano Acabou”, comentando sobre as perseguições que os
santos dos últimos dias sofreram no Missouri. (Jill Mulvay Derr e Karen Lynn Davidson, eds.,
Eliza R. Snow: The Complete Poetry [Eliza R. Snow: Poesias Completas], Provo, UT: Brigham
Young University Press; Salt Lake City: University of Utah Press, 2009, pp. 105–107.)
^17. Joseph Smith nasceu em 23 de dezembro de 1805, em Sharon, Vermont. Como parte do
aniversário do centenário de seu nascimento, a Igreja dedicou um monumento a ele no local de seu
nascimento. (“A Hundred Years of Progress: The Boy Prophet” [Cem Anos de Progresso: O
Menino Profeta], Woman’s Exponent, 34, nº 7, janeiro de 1906, pp. 45–46.)
^18. Shinnston, Condado de Harrison, Virgínia (agora Virgínia Ocidental). (“In Memorian” [Em
Memória], p. 20.)
^19. Doutrina e Convênios 42:7; ver também Mateus 3:2; 4:17.
^20. Bathsheba Smith conta novamente a história de sua conversão lembrando que, depois do batismo e
da confirmação, “o Espírito do Senhor desceu sobre mim e eu soube que Ele me aceitara como
membro em Seu Reino”. (Smith, “Autobiography” [Autobiografia], p. 2.)
^21. Aqui ela se refere à prisão de Joseph e Hyrum Smith em Far West, Missouri, no final do outono de
1838. Ela se lembra de ter visto “milhares de turbas organizadas contra os santos, e ouvi seus berros
e gritos selvagens quando nosso profeta Joseph e seus irmãos foram levados para o acampamento.
Eu vi muito, muito do sofrimento que foi infligido sobre nosso povo por aqueles homens sem lei.
Naqueles momentos angustiantes, o Espírito do Senhor estava conosco para nos consolar e
sustentar, e recebemos um testemunho seguro de que estávamos sendo perseguidos por causa do
evangelho”. (Smith, “Autobiography” [Autobiografia], pp. 4–5.)
^22. Em 8 de julho de 1838, Joseph Smith ditou uma revelação chamando os Doze Apóstolos para
servir missão “atravessando as grandes águas”, e deveriam partir “da cidade de Far West, no dia
vinte e seis de abril próximo [1839]”. Em 26 de abril de 1839, a maioria dos doze apóstolos tinha
ido de Illinois para Far West, a fim de cumprir a revelação. George A. Smith era um apóstolo
naquela ocasião; ele partiu para a Inglaterra em 21 de setembro de 1839, voltou para Nauvoo em
1841, e casou-se em seguida com Bathsheba Smith. (Joseph Smith, Diário, 8 de julho de 1838–A
[D&C 118], em Dean C. Jessee, Mark Ashurst-McGee, e Richard L. Jensen, eds., Journals
[Diários], Volume 1, 1832–1839, vol. 1 da série de Diários de The Joseph Smith Papers [Diários de
Joseph Smith], ed. Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City:
Church Historian’s Press, 2008, p. 54; Smith, “Autobiography” [Autobiografia], pp. 8–9, 42.)
^23. Em Nauvoo, Bathsheba Smith teve grande oportunidade de conhecer Joseph Smith. Ela lembrou:
“Aqui continuei a participar pontualmente das reuniões; tive muitas oportunidades de ouvir as
pregações de Joseph Smith, procurando tirar proveito de suas instruções, tendo recebido muitos
testemunhos sobre a veracidade das doutrinas que ensinou”. De acordo com Emmeline B. Wells,
quando George A. Smith morreu em 1875, ele incentivou a esposa a “viver e prestar testemunho do
profeta Joseph Smith e do trabalho do Senhor estabelecido por meio de sua missão divina”. (Smith,
“Autobiography” [Autobiografia], pp. 26; Wells, “A Loving Tribute” [Um Tributo Amoroso], p.
18.)
^24. Ver Livro de Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, 17 de março de 1842, pp. 6–15, em Derr e
outros, First Fifty Years [Os Primeiros 50 anos], pp. 28–37; Jill Mulvay Derr e Carol Cornwall
Madsen, “‘Something Better’ for the Sisters: Joseph Smith and the Female Relief Society of
Nauvoo” [‘Algo Melhor’ Para as Irmãs: Joseph Smith e a Sociedade de Socorro Feminina de
Nauvoo] em Joseph Smith and the Doctrinal Restoration: The 34th Annual Sidney B. Sperry
Symposium [ Joseph Smith e a Restauração Doutrinária: 34º Simpósio Anual Sidney B. Sperry],
Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2005, pp. 123–143.
^25. Em sua autobiografia, Bathsheba Smith registrou que as turbas queimaram 175 casas em Nauvoo.
Seu marido, George A. Smith, liberou os homens que estavam trabalhando no templo para formar
um grupo e dispersar as turbas, mas o grupo foi preso pela milicia estadual. Este fato desencadeou o
êxodo de Nauvoo. Bathsheba e George A. Smith deixaram Nauvoo com a família em fevereiro de
1846. (Smith, “Autobiography” [Autobiografia], pp. 10–12.)
^26. A família Smith perdeu vários de seus membros em Winter Quarters. Bathsheba deu à luz um
filho, que viveu apenas algumas horas e ela permaneceu doente por alguns meses depois disso. A
mãe dela faleceu e também uma das esposas plurais de George A. Smith e seu bebê. (Smith,
“Autobiography” [Autobiografia], p. 15.)
^27. A família Smith chegou no Vale do Lago Salgado no outono de 1849. (Smith, “Autobiography”
[Autobiografia]. pp.19, 25.)
^28. Lucy Mack Smith expressou um sentimento similar em seu discurso na conferência de 1845, “Este
evangelho de boas-novas a todos”, capítulo 5, nesta publicação.
^29. Ver Tiago 1:27.
^30. Ver Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon, e Maureen Ursenbach Beecher, Women of
Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de
Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, pp. 157–160.
^31. Ver Mateus 7:3–5; e Lucas 6:42.
^32. Ver Filipenses 2:12; e Mórmon 9:27.
^33. Bathsheba Smith está parafraseando um ensinamento popular do ex-presidente da Igreja, Lorenzo
Snow. Com base nos ensinamentos de Joseph Smith, Snow ensinou: “Como o homem é agora,
Deus já foi; como Deus é agora, o homem pode vir a ser”. Em um sermão proferido no funeral do
membro da Igreja, King Follett, em 7 de abril de 1844, Joseph Smith ensinou: “O próprio Deus,
entronizado em céus distantes, já foi como somos agora. (…) Se vós pudésseis vislumbrá-lo hoje,
vê-lo-íeis em forma de homem; pois Adão foi criado à própria imagem e semelhança de Deus, e
dele recebia instruções e com ele andava, falava e conversava, exatamente como um homem fala e
conversa com outro”. (“President Snow’s Response” [A Resposta do Presidente Snow], Deseret
Evening News, 15 de junho de 1901; “Conference Minutes” [Atas das Conferências] Times and
Seasons, 5, nº 15, 15 de agosto de 1844, pp. 613–614.)
^34. Doutrina e Convênios 93:36.
^35. Brigham Young disse: “A aniquilação não existe, pois não se pode destruir os elementos dos quais
as coisas são feitas”. Um hino escrito por William W. Phelps em 1856 também ilustra esse ponto.
Esse hino está incluso no hinário atual dos santos dos últimos dias como “If You Could Hie to
Kolob” [Se Você Pudesse ir a Colobe], Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1985), nº 284.
(Brigham Young, “Consecration” [Consagração], em Journal of Discourses [Diário de Discursos],
26 vols., Liverpool: várias editoras, 1855–1886], vol. 2, p. 302; William W. Phelps, “There Is No
End” [Não Há Fim], Deseret News, 19 de novembro de 1856; The Latter-day Saints’ Psalmody: A
Collection of Original Tunes [Os Salmos dos Santos dos Últimos Dias: Uma Coleção de Músicas
Originais], Salt Lake City: Deseret News, 1896, nº 252.)
^36. Doutrina e Convênios 131:6.
^37. Doutrina e Convênios 130:22; 88:6–13; João 14:26; 1 Coríntios 13:13.
—————————— 25 ——————————

Deus revelou-o a mim

Rachel H. Leatham
Conferência Geral Anual — Reunião Extra ao Ar Livre
Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
5 de abril de 1908
Rachel H. Leatham Por volta de 1906. Rachel Leatham trabalhou
como guia no Escritório Central de Informações na Praça do
Templo, até 1911, quando casou-se com James Jensen. Eles
viveram em Bingham, Salt Lake City e em Sandy, Utah, onde ela
serviu em várias presidências das auxiliares, tanto na ala como na
estaca. (Fotografia em posse da família. Cortesia de Mary Austin
Ungerman.)

Quando a ex-missionária Rachel Hannah Leatham [Jensen] (1884–1979)


discursou em uma reunião extra ao ar livre, durante a Conferência Geral da
Igreja, em 5 de abril de 1908, ela se tornou a segunda mulher a ser
mencionada no relatório oficial da conferência da Igreja.1 Nascida e criada
em Salt Lake Ciy, filha de pai escocês e mãe inglesa, Rachel Leatham foi
batizada no décimo primeiro aniversário de batismo da mãe, em 3 de janeiro
de 1893, no mesmo local, na Praça do Templo.2 Rachel estudou em escolas
públicas de Salt Lake City, na Faculdade de Administração de Salt Lake, e na
Universidade Santos dos Últimos Dias (hoje LDS Business College). Ela
trabalhou em uma empresa de administração em Idaho Falls, Idaho, quando
tinha 18 anos, retornando posteriormente a Salt Lake City em busca de outras
oportunidades profissionais.3
Rachel Leatham fez parte da primeira geração de mulheres solteiras a
servir missão de proselitismo para a Igreja.4 Em setembro de 1906, aos 22
anos, foi designada para servir na Missão Colorado.5 Ela trabalhou na maior
parte do tempo em Denver e nas cidades vizinhas, dividindo o tempo entre as
obrigações no escritório da missão e as atividades de proselitismo. Em uma
carta enviada ao presidente da missão, pouco depois de sua chegada ao
campo, ela deu seu relato sobre o trabalho de bater em portas e ensinar: “Tive
uma série de boas conversas sobre o evangelho e a sorte de entrar nas casas
das pessoas”.6 Ela voltou para Salt Lake City em 19 de fevereiro de 1908.7
Ao retornar, Rachel Leatham ofereceu-se para trabalhar voluntariamente
como guia no Escritório de Informação da Praça do Templo, junto com mais
de uma centena de “bons irmãos e irmãs”.8 O escritório iniciou suas
atividades em 1902, sob a direção de um antigo professor do instituto de
Rachel, Benjamin Goddard, com o objetivo de fornecer informações corretas
e distribuir literatura da Igreja aos visitantes.9
Naquela época, durante a conferência geral, as pessoas que não
conseguiam um assento no Tabernáculo da Praça do Templo eram
encaminhadas para as reuniões extras no Assembly Hall, que ficava ao
lado.10 Em abril de 1908, o Assembly Hall ficou lotado e centenas de pessoas
se congregaram no gramado, perto do Escritório de Informações, e ali uma
reunião foi realizada, às 14hs, sob a direção de Goddard.11 Depois do
discurso de Rachel Leatham, outra ex-missionária de sua antiga missão,
Martha M. Langenbucher, também falou.12 Seus discursos foram incluídos no
relatório oficial da conferência.

MEUS IRMÃOS E IRMÃS, sei que alguns de vocês apreciarão meus


sentimentos enquanto estou aqui à sua frente. Acho que sou uma das moças
mais felizes do mundo, e é o evangelho que me faz sentir assim, pois sei que
é verdadeiro. Sei realmente que Deus, nosso Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo,
vieram à Terra para trazer o evangelho e o estabelecer, e sei que falaram com
o profeta Joseph Smith. Sei que Jesus é o Cristo e que Joseph Smith é Seu
profeta. Sinto que, se eu pudesse viver para sempre, jamais conseguiria
agradecer o suficiente ao Pai Celestial pelas bênçãos que recebi na vida, pelo
privilégio de sair pelo mundo e prestar esse testemunho, falando às pessoas a
respeito da Restauração do evangelho, da autoridade que Cristo concedeu a
Seus servos e das bênçãos que estão reservadas aos que derem ouvidos e
forem obedientes às palavras da verdade, da vida e da salvação proferidas
pelos servos de Deus, que são enviados para pregar o evangelho.
Às vezes, acho que os jovens que estão em casa não compreendem
plenamente as responsabilidades que recaem sobre nós. Nem sempre
lembramos que nossos líderes são idosos e que, quando nossos pais e mães se
forem, caberá a nós assumir o trabalho deles, e que somos as futuras pessoas
responsáveis de Sião. Será que estamos fazendo nossa parte, preparando-nos
para dar continuidade ao trabalho que nossos pais fizeram? Estamos
colocando nossa vida em ordem, de tal modo que o Espírito de Deus possa
habitar em nós, como habitou com nossos pais? Será que percebemos o
tamanho das bênçãos que Deus nos tem dado, e entendemos as palavras de
vida e salvação contidas nas escrituras e em Doutrina e Convênios? Será que
somos capazes de dizer quais foram as promessas que Deus nos fez se
guardarmos Seus mandamentos?13 Será que conhecemos bem o antigo
registro dos habitantes deste continente, o Livro de Mórmon? E será que
estamos familiarizados com as grandes verdades ensinadas nesse livro e em
outros que nos ensinam as belezas da obra na qual estamos engajados
atualmente? Temo que não estejamos suficientemente instruídos nos
princípios do evangelho e que não sejamos tão diligentes quanto deveríamos
ser.14
Quando muito é dado, muito é exigido. E vocês sabem, todos vocês, o
quanto nos foi dado e o quanto será exigido de nossas mãos.15). Será que
estamos nos preparando para não fracassarmos? Vivamos de toda palavra que
sai da boca de Deus.16 Vivamos de modo que Ele sempre esteja disposto a
nos guardar, abençoar e nos amar.
Não desejo me alongar mais, mas quero mais uma vez prestar o meu
testemunho. Quero dizer novamente que sei que o evangelho é verdadeiro.
Não é porque meu pai sabe nem porque minha mãe sempre me ensinou, mas
sei que o evangelho é verdadeiro porque Deus o revelou a mim. Seu Espírito
prestou testemunho a meu espírito e esse testemunho é o dom mais precioso
que Deus me concedeu.17
Que Deus abençoe a todos nós. Em nome de Jesus Cristo. Amém.
Rachel H. Leatham, Discurso, 5 de abril de 1908, em “Outdoor Meeting” [Reunião ao Ar Livre],
Seventy-Eighth Annual Conference of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Septuagésima
Oitava Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4 a 6 de abril de
1908, Salt Lake City: Deseret News, 1908, pp. 81–82. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Ver Apêndice, nesta publicação.
^2. Rachel Hannah Hill foi batizada em 3 de janeiro de 1882 na Casa de Investidura da Praça do
Templo, depois de imigrar da Inglaterra para Utah para reunir-se à família. Posteriormente ela
casou-se com James Leatham. A filha do casal, Rachel Hanna Leathan foi batizada no Tabernáculo
de Salt Lake, (Rachel Hannah Leatham Jensen, “Rachel Hannah Leatham Jensen” história pessoal
de propriedade da família; Louis S. Leatham, The Letham or Leatham Family Book of
Remembrance: The Story of Robert Letham and His Wife Janet Urquhart with Historical-
Genealogical and Biographical Data on Their Ancestry and Descendants [O Livro de Recordações
da Família Letham ou Leatham: A História de Robert Letham e Sua Esposa Janet Urquhart Com
Dados Histórico-Genealógicos e Biográficos Sobre a Sua Ascendência e Descendentes], Ann
Arbor: Edwards Brothers, 1955, pp. 343–362.)
^3. Rachel Leatham trabalhou como taquigrafa e bibliotecária na Associação de Proteção aos
Comerciantes e na Empresa Nacional de Importação de Chá, em Salt Lake City. (Jensen, “Rachel
Hannah Leatham Jensen”; Leatham, Leatham Family Book of Remembrance [Livro de Recordações
da Família Leatham, p. 363.)
^4. Para o contexto adicional da história de mulheres servindo missão, ver “Mulheres com uma
Missão”, acessado em 11 de maio de 2016, no site history.LDS.org; Tally S. Payne, “‘Our Wise and
Prudent Women’: Twentieth-Century Trends in Female Missionary Service,” [Nossas Mulheres
Sábias e Prudentes: Tendências do Século 21 no Serviço Missionário Feminino], em New
Scholarship on Latter-day Saint Women in the Twentieth Century [Novos Conhecimentos sobre as
Mulheres Santos dos Últimos Dias no Século 20], ed. Carol Cornwall Madsen e Cherry B. Silver,
Provo, UT: Joseph Fielding Smith Institute for Latter-day Saint History, 2005, pp. 125–140;
Calvin S. Kunz, “A History of Female Missionary Activity in the Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, 1830–1898” [História da Atividade Missionária Feminina n’ A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, 1830-1898], tese de mestrado, Brigham Young University, 1976; e
capítulo 29, nesta publicação.
^5. Rachel Leatham foi designada em 9 de outubro de 1906 e chegou a Denver no dia 12 de outubro. O
nome da missão foi mudado para Missão dos Estados do Oeste enquanto ela estava servindo.
(Leatham, Leatham Family Book of Remembrance [Livro de Recordações da Família Leatham], p.
363; Colorado Denver South Mission Manuscript History and Historical Reports [Relatórios
Históricos e História Manuscrita da Missão Colorado Denver Sul], 1896–1977, vol. 1, 1º de abril de
1907, Biblioteca de História da Igreja; “Returned Missionaries” [Missionários Retornados], Deseret
Evening News, 22 de fevereiro de 1908; Colorado Denver South Mission General Minutes [Atas
Gerais da Missão Colorado Denver Sul], vol. 4, 1906–1909, 12 de outubro de 1908, p. 257,
Biblioteca de História da Igreja.)
^6. Colorado Denver South Mission General Minutes [Atas Gerais da Missão Colorado Denver Sul], 31
de outubro de 1906, p. 95.
^7. “Returned Missionaries” [Missionários Retornados]; Colorado Denver South Mission Manuscript
History [História Manuscrita da Missão Colorado Denver Sul], 13 de fevereiro de 1908.
^8. “Bureau of Information and Church Literature” [Escritório de Informação e Literatura da Igreja],
Improvement Era 5, nº 11, setembro de 1902, p. 900. Rachel Leatham trabalhava nas manhãs de
domingo e nos feriados. Duas de suas filhas seguiram seu exemplo e serviram missão. (Leatham,
Leatham Family Book of Remembrance [Livro de Recordações da Família Leatham], pp. 363,
365.)
^9. Benjamin Goddard, “Bureau of Information and Church Literature” [Escritório de Informação e
Literatura da Igreja], Young Woman’s Journal 13, nº 11, novembro de 1902, pp. 483–488; Leatham,
Leatham Family Book of Remembrance [Livro de Recordações da Família Leatham], p. 363. Quase
vinte anos após a sua criação, foi dito que “o escritório tornou-se uma das melhores instituições
missionárias da Igreja”. (Edward H. Anderson, “The Bureau of Information” [O Escritório de
Informação], Improvement Era 25, nº 2, dezembro de 1921, p. 139.)
^10. Para mais informações sobre as reuniões extras durante a conferência geral, veja Paul H. Peterson,
“Accommodating the Saints at General Conference” [Acomodando os Santos na Conferência
Geral], BYU Studies, 41, nº 2, 2002, pp. 17–22.
^11. 78ª Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 4–6 de abril de
1908 (Salt Lake City: Deseret News, 1908), p. 73.
^12. Irmã M. M. Langenbucher, em Seventy-Eighth Annual Conference [Septuagésima Oitava
Conferência], p. 82. Rachel Leatham e Martha Maria Langenbucher saíram e retornaram da missão
no mesmo dia e juntas enviaram cartas ao presidente da missão. (“Returned Missionaries”
[Missionários Retornados]; Colorado Denver South Mission General Minutes [Atas Gerais da
Missão Colorado Denver Sul], 29 de dezembro de 1907, p. 365.)
^13. Os registros da missão de Rachel Leatham mostram sua fé nas promessas de Deus, descritas assim:
“Durante o mês passado minha fé no evangelho foi grandemente fortalecida. Vi duas maravilhosas
manifestações da bondade de Deus para com Seus filhos”. (Colorado Denver South Mission
General Minutes [Atas Gerais da Missão Colorado Denver Sul], 28 de janeiro de 1907, p. 149.)
^14. As cartas mensais da irmã Leatham para seu presidente de missão revelavam que a diligência era
um assunto recorrente para ela. Em 25 de fevereiro de 1907, ela escreveu: “Tenho me empenhado
em cumprir meu dever e sentido grande satisfação em meu trabalho”. (Colorado Denver South
Mission General Minutes [Atas Gerais da Missão Colorado Denver Sul], 25 de fevereiro de 1907, p.
166.)
^15. Ver Lucas 12:48; e Doutrina e Convênios 82:3.
^16. Ver Deuteronômio 8:3; Mateus 4:4; e Doutrina e Convênios 84:44.
^17. Ver Romanos 8:16.
—————————— 26 ——————————

Uma grande locomotiva

Amelia Flygare
Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
10 de junho de 1916
Amelia Flygare Por volta de 1910. Amelia Flygare serviu como
presidente da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças, de
1911 a 1922. Além de seu serviço na AMM-M, ela serviu também
como primeira presidente da Sociedade de Socorro de sua ala. Ela
e o marido, Christian Flygare, foram ativos em organizações
comunitárias e no governo da cidade. (Fotografia em posse da
família. Cortesia de Steve Coray.)

Amelia Margaret Hansen Flygare (1866–1948) acreditava que cada pessoa


pode contribuir de maneira valiosa para a obra de Deus, conforme expôs em
seu discurso de 1916 às líderes da Associação de Melhoramentos Mútuos das
Moças (AMM-M). Ela nasceu em Brigham City, Utah, filha de imigrantes
dinamarqueses.1 Em 1887, casou-se com Christian Flygare e eles tiveram seis
filhos e três filhas.2 Sendo muito ativa na comunidade, ela sempre encontrava
maneiras de servir que podiam ser adaptadas às circunstâncias de sua família.
Por exemplo, quando os filhos estavam na escola primária, ela foi chamada
como primeira vice-presidente da associação do jardim da infância de
Ogden.3 Quando quatro de seus filhos serviram na Primeira Guerra Mundial,
ela apoiou causas patrióticas locais, incluindo a seção Ogden da Cruz
Vermelha Americana e a Legião do Serviço das Estrelas de Ogden, uma
organização para os pais de soldados servindo na guerra.4 Ela foi a fundadora
das Filhas dos Pioneiros de Utah do Condado de Weber, organizou o
programa de Escotismo para Meninas em Ogden, participou do Partido
Democrata local e presidiu a seção das mulheres do Partido Democrata do
Condado de Weber.5
Amelia Flygare era ativa nos seus chamados na Igreja, tanto na ala de
Ogden, como na Estaca Weber.6 Ela serviu na presidência da AMM-M da
Ala 5 Ogden por aproximadamente sete anos.7 Foi conselheira de duas
presidentes na AMM-M da Estaca Weber e depois serviu como presidente da
AMM-M da estaca por 11 anos.8 A AMM-M da Estaca Weber era conhecida
por sua instrução acadêmica. O currículo do verão de 1907, por exemplo,
concentrava-se em estudar o trabalho de músicos e autores famosos.9
Por causa de seu trabalho local e de sua liderança, Amelia Flygare
também esteve envolvida com a AMM-M geral da Igreja. Ela e outras líderes
de estaca, às vezes, ajudavam no treinamento de líderes locais durante a
conferência anual conjunta.10 Em 1916, o ano do discurso aqui publicado, a
AMM-M tinha se tornado uma grande organização, com mais de 34 mil
moças inscritas e oito mil líderes.11 Naquele ano, a conferência foi realizada
nos dias 8 a 11 de junho. Enquanto algumas reuniões eram combinadas com
líderes dos Rapazes, outras sessões separadas de treinamento foram
realizadas no sábado, no Assembly Hall, conduzidas pelas irmãs da junta
geral da AMM-M e presididas pela presidente Mattie Horne Tingey. Amelia
Flygare falou às líderes no painel sobre “Divisão de Responsabilidades”. As
outras apresentações daquela manhã falavam sobre o currículo do Young
Woman’s Journal, e o aumento das inscrições no programa. A frequência foi
de aproximadamente 700 pessoas.12 O discurso de cinco minutos de Amelia
Flygares foi publicado com outros dessa reunião no Young Woman’s Journal.

O ASSUNTO QUE ME FOI DESIGNADO é “A Responsabilidade dos


Líderes” — diretores de música, regentes, membros dos comitês e outros
líderes. O dever e a responsabilidade andam de mãos dadas.
Não posso deixar de citar nesta manhã a parábola dos talentos que o
Salvador ensinou tão maravilhosamente. A mensagem de sua parábola nos
ensina que cada membro dessa grande organização tem um talento. A alguns
é dado mais do que a outros, mas isso não significa que o que recebeu menos
talentos não deve mostrá-los, cultivá-los e assumir a responsabilidade por
eles. Não vou entrar nos detalhes dessa parábola, porque ela está no capítulo
25 de Mateus — está lá para que a leiamos, para nosso benefício — mas vou
dizer: quando os homens a quem o próprio Deus deu talentos, foram levados
à Sua presença, o que recebeu cinco talentos disse: “Dupliquei os talentos que
me deste”. Jesus disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei”. Ele disse o mesmo para o que recebeu somente
dois talentos.13 Isso é um estímulo para nós, quer sejamos chamados para a
presidência, ou para outra posição qualquer, seja qual for o nosso chamado
nesta grande obra, ele é tão importante quanto o maior lugar.14 Ele pode ser
comparado, meus irmãos e irmãs, a uma grande locomotiva. Cada pino, cada
roda, cada pequeno mecanismo tem sua função a desempenhar para manter
todo o maquinário em harmonia.15 Nós ocupamos um lugar único na Igreja, e
não importa onde somos chamados a servir, não importa em qual
departamento, devemos fazer nossa parte de bom grado e, quando fazemos
nossa parte, nossas responsabilidades e talentos serão acrescidos e
conseguiremos progredir, como se espera que aconteça.
Por exemplo, quero chamar sua atenção para o regente. Em primeiro
lugar, líderes, é esperado que selecionemos nossos colaboradores, como nos
foi tão bem ensinado nesta manhã por nossa presidente, com sabedoria e em
espírito de oração, para escolhermos aqueles que se encaixam em
determinados chamados, aqueles a quem Deus abençoou com talentos
específicos e, depois de selecionados, precisamos ensinar-lhes suas
responsabilidades.16 Observem seu progresso ou seu fracasso, não assim:
“Gostaríamos que você servisse nessa posição”, e virando as costas, falam
para outra pessoa: “Fique de olho para ver se ela faz isso”. Vocês sabem que
isso enfraquece nossa força e confiança, e enfraquece a confiança desse
membro em particular em nós? Se uma líder sente que ela é realmente uma
colaboradora e que seu chamado é importante para a associação, acredito que
ela vai assumir sua responsabilidade.
Não pude deixar de pensar durante toda a conferência que nem é preciso
que eu fale por cinco minutos, pois tivemos muitos exemplos sobre esse
assunto em particular. A irmã Cooper, por exemplo, nos conduziu na
música.17 Todos sabemos e sentimos que ela é inspirada quando nos conduz e
isso inspirou nossas regentes, e quando voltarem para casa, elas sentirão que
também devem assumir as responsabilidades de liderança nesse chamado em
particular. Quando colocamos um membro modesto em um comitê modesto,
essa posição também precisa ser magnificada, e não vamos ficar diminuídas
se ocasionalmente nos voltarmos para essas líderes e dissermos: “Muito bom;
você certamente fez um excelente trabalho e esperamos que faça muito
mais”. Se assim procederem, penso que elas vão sentir que é um pecado trair
a confiança que lhes foi depositada.18
Sinto que talvez não seja ruim que eu fale o que ouvi certa vez o
presidente Woodruff dizer.19 Para mim, o presidente Wilford Woodruff foi
tão perfeito quanto qualquer homem que já conheci. Ele era um homem
pequeno e modesto e morava no campo com uma de suas famílias. Quando
eu era criança, fui ensinada a reverenciá-lo e respeitá-lo.20 Não conheço outro
homem a quem tanto me ensinaram respeitar. Quando ele presidia esta grande
obra e eu estava sob sua liderança, ouvi certa vez ele dizer que fora
igualmente abençoado como um humilde élder e como o presidente da
Igreja.21 Isso foi um estímulo para a minha vida e com frequência falo isso na
nossa organização. Não importa em qual posição você está servindo; procure
pensar que, se não for para magnificar seu chamado, é melhor não ocupá-lo
— de fato, não deveria haver um chamado para você se não for para
magnificá-lo.
Devemos lembrar que em nossa organização, nossa força e poder são
medidos pelo apoio que oferecemos como membros da Associação de
Melhoramentos Mútuos. Nosso poder é somente medido nessa grande
organização pela responsabilidade individual que assumimos nela e em toda a
Igreja. É na responsabilidade que os membros assumem que está o poder e o
progresso que a Igreja experimenta.22
Agora, minhas queridas irmãs, não sei se fortaleci sua fé sobre esse
assunto e se deixei uma mensagem para vocês, mas lembrem-se que somos
filhas de Deus e que devemos fazer para Ele tudo o que pudermos em Sua
obra, e que não deve haver um chamado — nem mesmo um — que não
mereça nossos melhores esforços; e se dermos o melhor de nós em qualquer
chamado que recebermos, seremos abençoadas.
Que Deus abençoe esta obra e abençoe todo o trabalhador diligente nela
envolvido, para que nossa influência possa ser sentida em toda essa Terra.
Peço isso em nome de Jesus Cristo. Amém.
Amelia Flygare, Discurso, 10 de junho de 1916, em “Division of Responsibility: Five Minute Talks by
Stake Officers” [Divisão de Responsabilidades: Conversas de Cinco Minutos com os Líderes da
Estaca], Young Woman’s Journal, 27, nº 7, julho de 1916, pp. 445–446. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Amelia Hansen, Censo americano de 1880, Distrito 4 de Brigham City, Box Elder Co., UT.
^2. “Amelia H. Flygare Dies at Afton, Buried in Ogden” [Amelia H. Flygare Falece em Afton e é
Enterrada em Ogden], Star Valley (WY) Independent, 26 de agosto de 1948.
^3. “Personal Mention” [Menção Pessoal], Kindergarten Review, 8, nº 7, março de 1898, p. 483; ver
também Amelia Flygare, Censo americano de 1900, Ala 4 Ogden, Weber Co., UT.
^4. “Amelia H. Flygare Dies at Afton” [Amelia H. Flygare Falece em Afton],; “The Larger Outside
Cities: Ogden” [As Maiores Cidades: Ogden], Deseret Evening News, 10 de março de 1917;
Lilliebell Falck, “Lest We Forget”: Our World War Heroes [Para Que Não Esqueçamos: Nossos
Heróis da Guerra Mundial], (Ogden, UT: impresso por particulares, 1927), p. 43.
^5. “Funeral Rites Set for Mrs. Flygare” [Rituais Funerários da Sra. Flygare], Deseret News, 24 de
agosto de 1948.
^6. Amelia Flygare tornou-se a primeira presidente da Sociedade de Socorro da Ala 18 Ogden, em
1924. (Ala 18 Ogden, Estaca Mount Ogden, Relief Society Minutes and Records [Registros e Atas
da Sociedade de Socorro], vol. 1, 1924–1925, 2 de setembro de 1924, pp. 11, 77, Biblioteca de
História da Igreja.)
^7. Amelia Flygare foi chamada como primeira conselheira de Bertha M. Eccles, em 8 de setembro de
1901. Em 1 de outubro de 1905, foi chamada como presidente. Ela serviu até janeiro de 1909,
depois de ter sido convidada a servir como conselheira na presidência da AMM-M da Estaca
Weber, em dezembro de 1908. (Ala 50 Ogden, Estaca Weber, Young Women’s Mutual
Improvement Association Minute Book [Livro de Atas da Associação de Melhoramentos Mútuos
das Moças], vol. 2, 1896–1904, 8 de setembro de 1901, p. 299; 1º de outubro de 1905, p. 41,
Biblioteca de História da Igreja; “Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], Young Woman’s
Journal, 20, nº 4, abril de 1909, p. 196; Ogden Fifth Ward YWMIA Minute Book [Livro de Atas da
AMM-M da Ala 50 Ogden], vol. 3, 1904–1909, 12 de janeiro de 1909, p. 160.)
^8. Amelia Flygare foi chamada como segunda conselheira de Aggie H. Stevens, em 23 de dezembro
de 1908. Quando Stevens foi substituída como presidente da AMM-M da estaca por Martha B.
Cooley, Amelia tornou-se primeira conselheira. Ela foi chamada como presidente em 23 de abril de
1911, sendo desobrigada em 1922. (“Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], p. 196; “Officers’
Notes” [Anotações dos Líderes], Young Woman’s Journal, 20, nº 11, novembro de 1909, p. 571;
Weber Stake Young Women’s Mutual Improvement Association Conference Minute Book [Livro
de Atas de Conferência da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças, Estaca Weber], vol.
5, 1904–1918, 23 de abril de 1911, p. 39, Biblioteca de História da Igreja; “M.I.A. Notes”
[Anotações da AMM], Young Woman’s Journal, 33, nº 7, julho de 1922, p. 406.)
^9. (Susa Young Gates, History of the Young Ladies’ Mutual Improvement Association of the Church of
Jesus Christ of Latter-Day Saints, [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias] Salt Lake City: Deseret News, 1911), p. 482.
^10. Lucy F. Stringham, presidente da AMM-M da Estaca South Davis, discursou depois de Amelia
Flygare nesta reunião de treinamento, sobre a importância de ser confiável. (“Officers’ Notes: The
June Conference” [Anotações dos Líderes: A Conferência de Junho], Young Woman’s Journal, 27,
nº 7, julho de 1916, p. 446; ver também o capítulo 23 nesta publicação.)
^11. Laura P. Nicholson, “Division of Responsibility” [Divisão de Responsabilidades], Young
Woman’s Journal, 27, nº 7, julho de 1916, p. 444.
^12. Young Women General Board Minutes [Atas da Junta Geral das Moças], vol. 8, 1914–1917, 10 de
junho de 1916, pp. 55, 57, Biblioteca de História da Igreja; “Officers’ Notes: The June Conference”
[Anotações dos Líderes: A Conferência de Junho], pp 440–449.
^13. Ver Mateus 25:14–30.
^14. Antes do discurso de Amelia Flygare, Laura P. Nicholson, presidente da AMM-M da Estaca
Ensign, falou sobre a divisão do trabalho: “A divisão das responsabilidades no trabalho da AMM é
de vital importância e um dos fatores que garantem o sucesso de qualquer associação. O trabalho é
tão grande que nenhuma presidente ou presidência consegue desempenhá-lo sozinha e ser bem-
sucedida. (…) Cada membro tem uma parte do trabalho para cuidar, assim, a responsabilidade é
dividida e a eficiência aumentada”. (Nicholson, “Division of Responsibility” [Divisão de
Responsabilidades], p. 444.)
^15. Uma das conselheiras da presidência geral da AMM-M, Ruth May Fox, falou depois de Amelia
Flygare e usou outra metáfora para ensinar o mesmo princípio: “É o espírito de colmeia que faz as
coisas acontecerem. Não se vê na colmeia uma força que a comande e, no entanto, todas as abelhas
e todas as pequenas comunidades de abelhas sabem exatamente o que fazer, por causa do espírito
de colmeia; do mesmo modo, isso acontece em nossa Igreja e em nossas organizações, os objetivos
comuns são a força que nos move. É necessário que entendamos e coloquemos em prática todo esse
trabalho detalhado, mas precisamos confiar no espírito do trabalho para realizá-lo com sucesso”.
(Ruth May Fox, “Enlistment Work” [Serviço de Alistamento], Young Woman’s Journal, 27, nº 7,
julho de 1916, p. 446.)
^16. Um antigo artigo de um periódico da Igreja também exaltava a importância dos regentes:
“Provavelmente, não há razão para que os regentes não pensem que não têm uma missão; por que
não deveriam ser designados para esse fim, ou porque, quando no exercício de sua função, eles
também são verdadeiros servos e servas de Deus e de Sião e seus profetas”. (H. W. Naisbitt, “Music
and Her Sister, Song” [A Música e Sua Irmã, a Canção], Contributor, 12, nº 6. Abril de 1891, p.
237.)
^17. Mabel M. Cooper, membro da junta geral da AMM-M e diretora assistente de música, falou
anteriormente na reunião sobre o livro de músicas da AMM-M publicada pela junta geral.
(“Officers’ Notes: The June Conference” [Anotações dos Líderes: A Conferência de Junho], p. 441;
YLMIA Song Book, Volume 1: Quartettes, Trios, Solos and Duet for Ladies’ Voices [Livro de
Músicas da AMM-M, Volume 1, Quartetos, Trios, Solos e Duetos para Vozes Jovens Femininas],
Salt Lake City: Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças, 1916.)
^18. Ruth May Fox concordou com Amelia Flygare: “Como disse a irmã Flygare sobre a garota que fez
seu trabalho zelosamente, e para quem devemos dizer: ‘Você foi uma boa garota, fez bem o seu
trabalho e vou lhe passar muitas outras designações’, então, vamos dizer a vocês que quanto mais e
melhor vocês cumprirem suas designações, mais iremos convidá-las para o trabalho. E assim será
no Reino — a maior recompensa que um santo dos últimos dias espera receber no reino de Deus é
que o Senhor lhe diga: ‘Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei’. (…) Quanto mais e
melhor vocês fizerem, mais serão chamadas a fazer agora e futuramente”, (Fox, “Enlistment Work”
[Serviço de Alistamento], p. 447.)
^19. Wilford Woodruff foi o quarto presidente da Igreja, de 1889 a 1898.
^20. Amelia Flygare pode estar se referindo à época em que Woodruff passou com sua esposa plural,
Sarah Elinore Brown Woodruff, na fazenda deles em Randolph, Condado de Rich, Utah.
(Thomas G. Alexander, Things in Heaven and Earth: The Life and Times of Wilford Woodruff, a
Mormon Prophet [Coisas no Céu e na Terra: A Vida e A Época de Wilford Woodruff, um Profeta
Mórmon], Salt Lake City: Signature Books, 1991, pp. 135, 222–227.)
^21. Wilford Woodruff, “Discourse Delivered at the Weber Stake Conference, Ogden, Monday,
October 19th, 1896” [Discurso Proferido na Conferência da Estaca Weber, Ogden, Segunda-Feira,
19 de outubro de 1898], Deseret Weekly, 7 de novembro de 1896, p. 641. Antes de se tornar
presidente da Igreja, Woodruff foi nomeado superintendente geral da Associação de
Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, na Conferência Geral de 6 de abril de 1880. (“Association
Intelligence” [Inteligência na Associação], Contributor, 1, nº 8, maio de 1880, pp. 190–192.)
^22. A presidente da AMM-M, Mattie Horne Tingey, abriu essa reunião com um debate sobre a
responsabilidade das líderes: “Não há algo com a qual vocês precisem ser mais cuidadosas e
minuciosas, e que precisem procurar o Senhor para receber sabedoria e orientação, do que na
seleção das líderes de classe. (…) A influência delas sobre as moças é imensa e vocês precisam ter
certeza de que são mulheres de caráter bom e forte, que amam a Deus, que o amor da AMM opera
em seu coração e que tenham um amor perfeito pelas moças e o desejo de ajudá-las.” (Martha H.
Tingey, “Greeting” [Saudação], Young Woman’s Journal, 27, nº 7, julho de 1916, p. 441.)
—————————— 27 ——————————

Saber agora o que é certo

Annie D. Noble
Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
11 de junho de 1916

Ao falar em uma conferência da Associação de Melhoramentos Mútuos, em


1916, Annie Emma Dexter Noble (1861–1950), descreveu sua experiência de
ganhar um testemunho pessoal do evangelho de Jesus Cristo; posteriormente
ela escreveu: “Uma coisa é acreditar, outra é ter um conhecimento seguro.1
Ann Noble foi a décima dos treze filhos de Abigail Tryphosa Dick e Walter
Dexter, em Friezland, Inglaterra, onde o pai era um habilidoso fabricante de
renda.2 A família morou no Brooklyn, Nova York por dois anos e retornou
para a Inglaterra, deixando Ann Noble aos cuidados de um amigo de sua
congregação cristã local. Lá ela experimentou uma conversão pessoal a Jesus
Cristo. Ela voltou para a família na Inglaterra quando estava com 17 anos.3
Casou-se com um batista, Abraham Noble, em 26 de maio de 1885, em
Notthingham, Inglaterra, e eles tiveram sete filhos. Em 1906, Abraham ficou
doente, com uma grave depressão, que o afetou fisicamente por muitos anos.
O casal viajou pela Inglaterra e por fim, foram para os Estados Unidos,
buscando ajuda médica. Certa vez, enquanto visitavam amigos em
Gainsborough, na Inglaterra, os Nobles conheceram dois jovens missionários
mórmons, um encontro que permaneceu na memória de Annie. Pouco tempo
depois, no Brooklyn, ela orou fervorosamente para saber se o marido ficaria
curado algum dia. Ela contou que ouviu uma voz dizendo: “Seu marido será
completamente curado e deverá pregar o evangelho”. A experiência foi o
marco de uma mudança transformadora. Não somente Abraham começou a
melhorar, mas Annie Noble começou a buscar um contato maior com o
divino. Cerca de dois anos e meio depois, um missionário mórmon deixou
um folheto em sua casa, em Notthingham. Annie e uma das filhas foram
batizadas em 5 de novembro de 1910, depois de dois anos de estudo do
evangelho. O marido e as outras filhas foram batizadas 15 meses mais tarde.4
A família imigrou para Utah em 1912.5
Cerca de um ano depois da chegada da família a Utah, o bispo de Ann
Noble a chamou para presidir a Associação de Melhoramentos Mútuos das
Moças (AMM-M) da ala. Ela lembrou: “Foi uma grande surpresa e senti
minha profunda incapacidade; além disso eu achava que outras irmãs
poderiam preencher esse chamado melhor do que eu”. A despeito de seus
sentimentos de inadequação, o bispo insistiu e ela foi designada presidente da
AMM-M da Ala 5 Ogden em 28 de outubro de 1914, onde serviu por sete
anos.6
No chamado como presidente da AMM-M, Ann Noble participou em
1916 da conferência anual para líderes das Associações de Melhoramentos
Mútuos dos Rapazes e das Moças, realizada em Salt Lake City. A sessão da
manhã de domingo foi uma reunião de testemunho, realizada no Assembly
Hall na Praça do Templo.7 A ata da junta relata que “a reunião foi muito bem
sucedida”, com a presença do presidente Joseph F. Smith, de Mattie Horne
Tingey, presidente geral da AMM-M, e do superintendente da Associação de
Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, Heber J. Grant.8 De acordo com a ata,
“muitos prestaram fortes testemunhos sobre a obra do Senhor, e o espírito do
evangelho foi muito apreciado pelos presentes, o Espírito Santo foi
derramado em grande medida sobre aqueles que falaram e sobre os que
ouviram”.9 O testemunho de 21 líderes de várias estacas, tanto de homens
como de mulheres, foram publicados no Young Woman’s Journal, incluindo
o da “irmã Noble, da Estaca Weber”.10
MEUS IRMÃOS E IRMÃS, sinto-me honrada por estar com vocês nesta
manhã. Sinto que estou entre a aristocracia do mundo e estou profundamente
impressionada com a beleza do semblante do povo de Sião.
Estou neste país há três anos e meio e sou membro da Igreja há quase
seis anos. Sou grata por estar aqui em Sião e pelas grandes bênçãos que o
Senhor tem derramado sobre mim.11 Em menos de seis anos, meus filhos e
filhas entraram para o rebanho de Cristo, e cada um por sua própria
investigação. Percebo que o conhecimento fundamental dos princípios do
evangelho nos fortalece e hoje isso me deixa repleta de alegria. Posso
testemunhar sobre a verdade, e sobre o conhecimento e o forte testemunho
que meus filhos e meu marido possuem. Sou grata ao Senhor por nos ter
chamado nesses dias para ver a luz do evangelho. É algo valioso para nós.
Pertencemos por muitos anos à denominação batista, e devo dizer que,
durante alguns anos, fui muito ensinada sobre o que se esperava de mim
como cristã.12 E pensava comigo mesma: “Quanto mais devo fazer? Fiz
continuamente o que eu sentia ser o certo, e, no entanto, eu tinha dúvidas, e
pensava como seria maravilhoso saber definitivamente o que era esperado de
nós, tanto em termos de serviço, quanto de recursos. E sinto-me feliz de ter
agora o conhecimento do que é certo, não apenas sobre este assunto, mas
sobre tantos outros que ficaram muito claros para mim e para todos nós.
Desejo prestar meu testemunho de que sei que este evangelho é
verdadeiro, que sei que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta do Senhor.
Foi somente quase seis meses após me filiar à Igreja que consegui dizer que
sabia que Joseph foi um profeta do Senhor. Eu costumava frequentar as
reuniões nas casas dos membros todas as semanas em minha cidade natal,
Notthingham,13 e quando ouvia os irmãos e as irmãs prestarem testemunho
de que o profeta era um profeta verdadeiro do Senhor — eu sentia que o
evangelho era verdadeiro e recebera um testemunho dele, mas oh, como eu
gostaria de poder dizer que sabia que Joseph Smith era um profeta do Senhor.
Parece estranho dizer que eu tinha um testemunho do evangelho mas ainda
não tinha um testemunho dos servos com que o Senhor falara e revelara o
evangelho, mas era isso o que acontecia comigo. Uma noite eu estava indo
como de costume a uma dessas reuniões quando um desejo veio ao meu
coração enquanto andava pela estrada, de que eu gostaria de declarar a meus
irmãos e irmãs que Joseph Smith era um verdadeiro profeta do Senhor.14
Naquele momento parece que ouvi uma voz me dizendo: “Você pode dizer
isso agora”, e eu pensei, “Sim, posso dizer que ele é um verdadeiro profeta do
Senhor”. Foi essa a resposta que recebi, e segui para a reunião, onde declarei
isso e o tenho declarado desde então, o testemunho que me foi dado
instantaneamente.15
Minhas queridas irmãs, gostaria de dizer o quanto amo todas vocês.
Amo minhas irmãs da Estaca Weber e todas as minhas irmãs. Meu coração é
tocado quando olho no rosto das irmãs que geralmente não conheço
pessoalmente e meu coração se enche de amor por elas, porque sei que são
minhas irmãs na Igreja e oro para que o Senhor as abençoe e as mantenha
obedientes. A obediência é algo muito importante. Oro para que o Senhor
abençoe a todos, em nome de Jesus Cristo, Amém.
Annie D. Noble, Discurso, 11 de junho de 1916, em “Fast Meeting” [Reunião de Jejum], Young
Woman’s Journal, 27, nº 10, outubro de 1916, pp. 626–627. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Annie Emma Dexter Noble, “Some Sacred Experiences in the Life of Annie Emma Dexter Noble,
1931–1940” [Algumas Experiências Sagradas na Vida de Annie Emma Dexter Noble, 1931–1940],
p. 14, Biblioteca de História da Igreja.
^2. Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 1.
^3. A família Dexter era ativa na Igreja de Cristo na Inglaterra, mas quando moraram no Brooklyn, eles
frequentaram uma igreja cristão do bairro, que tinha práticas semelhantes de adoração. Annie Noble
registrou que aos 14 anos, ela ouviu Dwight L. Moody, um evangelista famoso, falar em uma
congregação local no Brooklyn. Em seus esforços de obter um testemunho pessoal de Jesus Cristo,
ela orou a Deus com fé, “e imediatamente foi como se uma pedra pesada tivesse sido tirada do meu
coração e a sala se encheu com uma luz brilhante, e eu senti uma alegria e felicidade indescritíveis”.
(Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 3–5, 38, 60–67.)
^4. Annie Noble filiou-se à Igreja Batista quando se casou. Depois de conhecer os missionários santos
dos últimos dias, ela foi batizada nas termas de Nottingham em 1910; seu marido foi batizado nas
termas de Leicester. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 8–
13, 69, 71, 73, 80.)
^5. Os Nobles partiram de Liverpool e chegaram em Montreal. Ann Nobles lembra-se de quando
recebeu uma impressão espiritual de que serviria missão e, de fato, o casal Noble retornou para sua
cidade natal em Nottingham, Inglaterra, para pregar o evangelho, de 1920 a 1922. (Manifests of
Passengers Arriving at St. Albans, VT, District through Canadian Pacific and Atlantic Ports, 1895–
1954 [Manifestos de Passageiros Chegando ao Distrito de St. Albans, VT, pelos Portos Canadenses
do Pacífico e do Atlântico] Records of the Immigration and Naturalization Service [Registros dos
Serviços de Imigração e Naturalização], Publicação de microfilmes em arquivos nacionais, M1464,
27 de outubro de 1912; Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp.
26–28, 33–37.)
^6. Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 33; Ala 15 Ogden, Estaca
Weber, Young Women’s Mutual Improvement Association Minutes and Records [Registros e Atas
da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças], vol. 4, 1909–1915, 28 de outubro de 1914,
p. 161, Biblioteca de História da Igreja.
^7. Os participantes foram instruídos a compartilhar seus sentimentos “sobre a divindade deste
trabalho. (…) Desejamos ouvir breves testemunhos sobre a bondade do Senhor para com todos nós,
como Seus filhos, como membros de Sua Igreja e membros dessas Associações de Melhoramento
Mútuo.” (“Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], Young Woman’s Journal, 27, nº 10, outubro
de 1916, p. 618.)
^8. Young Women General Board Minutes [Atas da Junta Geral das Moças], datilografado, vol. 8,
1914–1917, “Twenty-First General Annual Conference of the Y.M. and Y.L.M.I.A.” [Vigésima
Primeira Conferência Geral Anual da AMM Rapazes e Moças], 8 a 11 de junho de 1916, p. 58,
Biblioteca de História da Igreja.
^9. Young Men Minutes [Atas dos Rapazes], datilografado, vol. 16, 1916, “The Twenty-First General
Annual Conference of the Y.M. and Y.L.M.I.A.” [Vigésima Primeira Conferência Geral Anual da
AMM Rapazes e Moças], p. 100.
^10. “Officers’ Notes” [Anotações dos Líderes], pp. 618–629.
^11. Anos mais tarde, Ann Noble escreveu sobre os acontecimentos que levaram à sua conversão. Ela
descreveu o medo e a confusão que sentiu antes de tomar a decisão de ser batizada e lembrou-se da
voz da inspiração que deu paz à sua alma. Também descreveu as bênçãos recebidas pelo pagamento
do dízimo e sua capacidade de encontrar bens perdidos, o que ela considerava ser um dom de Deus.
(Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 75–78, 15–16, 20–22.)
^12. Ann Noble foi muito ativa na igreja Batista. “Cantei em muitos concertos e reuniões da Igreja, e
era a soprano principal do coro da Igreja Batista”, ela relembra. Quando ela ponderou sobre a
possibilidade de se filiar à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, preocupou-se com a
possibilidade de ofender seu marido, sua família e seus amigos que permaneceram batistas fiéis.
(Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 29, 76–77.)
^13. Depois do batismo, Ann Noble continuou a frequentar os serviços matutinos da igreja Batista com
o marido e depois, ia às reuniões vespertinas dos santos dos últimos dias. (Noble, “Some Sacred
Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], pp. 78–79.)
^14. Ela registrou: “Alguns podem achar estranho que uma pessoa filie-se à Igreja Mórmon sem um
testemunho de que Joseph Smith foi um profeta verdadeiro. Contudo, no meu caso, eu acreditava
sinceramente que Joseph Smith fora autorizado para estabelecer esta Igreja; de outro modo, eu não
poderia ter-me filiado a ela”. (Noble, “Some Sacred Experiences” [Algumas Experiências
Sagradas], p. 14.)
^15. Ela contou também esta experiência que está registrada em sua autobiografia: “Na primavera,
depois de me filiar à Igreja em novembro passado, eu estava caminhando pela estrada, a caminho da
reunião na casa de alguns irmãos, por volta das sete e meia da noite. Eu estava sozinha. A brisa
estava suave e as árvores que cresceram ao longo da estrada por um quilômetro e meio estavam
verdes e frescas. Um anseio suave de saber com mais certeza algo que eu já sabia tomou meu
coração e elevei a Deus um desejo sincero e uma oração para que, como os outros santos, eu
pudesse falar na reunião com os irmãos, que eu também sabia, sem dúvida, que Joseph Smith foi
um profeta de Deus. Rapidamente, o Espírito sussurrou-me: “Você realmente sabe”, e desde então,
eu sei! Enquanto continuava a caminhar, entendi, como nunca antes havia entendido, o significado
das palavras de Cristo a Nicodemos: ‘O vento sopra onde quer, e ouves sua voz; porém não sabes
de onde vem nem para onde vai; assim é com todo aquele que é nascido do Espírito’. Mãos foram
colocadas sobre mim para que eu recebesse o Espírito Santo, desse modo sendo nascida do Espírito
e tendo o direito (apenas não sei como) de receber um conhecimento seguro!”. (Noble, “Some
Sacred Experiences” [Algumas Experiências Sagradas], p. 14.)
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Amarás o teu próximo

Emma N. Goddard
Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
9 de junho de 1918

Enquanto a Primeira Guerra Mundial acontecia em uma terra distante, a


conferência geral das Associações de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes e
Moças (AMM-R e AMM-M) de 1918, em Salt Lake City, abordava as
necessidades urgentes dos jovens santos dos últimos dias, tanto no campo de
batalha quanto em casa. Emma Jane Nield Goddard, (1861–1940), membro
da junta geral da AMM-M, ensinou os líderes dos jovens como criar uma
geração justa em tempos conturbados, concentrando-se no amor ao próximo.1
Emma Goddard nasceu em Lancashire, Inglaterra, em uma família que havia
se filiado à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias antes de ela
nascer.2 Emma e as duas irmãs mais velhas, contudo, filiaram-se à
congregação batista local. As três jovens trabalhavam em uma fábrica e
permaneceram na Inglaterra quando os pais e o irmão mais novo imigraram
para Utah, no outono de 1875. Cerca de quatro anos mais tarde, as irmãs
Nield sentiam-se desconfortáveis por estarem longe dos pais e decidiram
juntar-se à família. Elas viajaram para a América em 1879 e se batizaram na
Igreja.3
A família Nield estabeleceu-se em Meadow, condado de Millard,
Território de Utah, cerca de 260 quilômetros ao sul de Salt Lake City. Emma
foi professora por muitos anos com o cunhado, Benjamim Goddard, em
Kanosh, dez quilômetros ao sul de Meadow. Em 1883, ela casou-se com ele,
como esposa plural.4 No inverno de 1886, ela tirou licença da escola para
frequentar a Academia Brigham Young, em Provo, junto com o irmão.5 Em
dezembro de 1886, ela se uniu à Sociedade de Socorro da Ala Meadow,
sendo chamada alguns meses mais tarde como secretária assistente.6 Em
1889, os Goddards mudaram para Salt Lake City, onde, depois de três anos,
Emma foi chamada como presidente da AMM-M da Ala 25 Salt Lake City.7
Em maio de 1896, ela foi chamada para a junta geral da AMM-M, pela
presidente Elmina S. Taylor. Nesse ofício, ela serviu no comitê que
organizava o currículo das Moças e no comitê do jornal Young Woman’s
Journal.8
A vigésima terceira conferência anual da AMM-M e AMM-R foi
realizada em Salt Lake City, nos dias 7 a 9 de junho de 1918, com uma
preocupação acentuada na crise em andamento causada pela guerra mundial.
Na sessão de abertura da conferência, a presidente da AMM-M, Mattie Horne
Tingely, apresentou o tema da AMM daquele ano: “Defendemos o serviço a
Deus e ao país”. Oradores e músicos que participaram da conferência
incentivaram o patriotismo e o apoio à guerra.9 Os oradores também falaram
sobre a devastação causada pela Primeira Guerra Mundial, reconhecendo que
os jovens e os líderes da AMM estavam sendo afetados por terem familiares e
amigos na guerra. Aproximadamente 21 mil habitantes de Utah estavam
servindo nas forças armadas dos Estados Unidos, sendo que mais de 15 mil
homens e rapazes eram santos dos últimos dias.10 Em casa, os jovens santos
dos últimos dias americanos contribuíam com algumas entidades de apoio: a
Liberty Bonds [Bônus da Liberdade], a Cruz Vermelha Americana, a United
War Work Campaign [Campanha Unidos no Trabalho da Guerra] e o Fundo
de Bem-Estar dos Soldados; eles também trabalhavam em hortas locais para
ajudar na produção de alimentos.11
Emma Goddard falou aos líderes da AMM-R e AMM-M no domingo de
manhã e seu discurso foi posteriormente publicado, junto com outros, no
Young Woman’s Journal. Ela falou sobre o amor ao próximo, sendo
precedida por Levi E. Young, que falou sobre o amor a Deus, e seguida por
May Booth Talmage e Richard R. Lyman, que falaram sobre o serviço ao
país.12
AMARÁS O TEU PRÓXIMO — esse não era um mandamento novo,
quando foi dado pelo Senhor no meridiano dos tempos.13 Conforme
registrado em Levítico, durante a dispensação de Moisés, esse mandamento
foi dado a Israel: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu
povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo”.14 Esta prescrição foi
maravilhosamente enfatizada pelo Mestre em resposta à pergunta de um certo
doutor da lei:

“Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”


E ele lhe disse:
“Que está escrito na lei?” Como lês?”
E respondendo ele, disse: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o
teu entendimento; e ao teu próximo como a ti mesmo”.
E disse-lhe: “Respondeste bem; faze isso, e viverás”.
Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: “E
quem é o meu próximo?”15

Vocês se lembrarão, e não preciso repetir em detalhes, a bela, ainda que


simples e singela parábola contada por Cristo, sobre um homem que fora
atacado por ladrões e deixado, machucado e sangrando, no caminho. O
sacerdote e o levita, cada um por sua vez, passaram por ele, somente o
desprezado samaritano se aproximou, e com gentileza e amor cuidou daquele
homem, derramando óleo e vinho em suas feridas, colocando-o sobre seu
jumento e levando-o para a pousada e, ainda fez mais, deixou com o dono da
pousada uma mensagem para que o homem recebesse cuidados e que, ao
voltar por aquele caminho, ele arcaria com todos os gastos extras. Então
Jesus perguntou ao homem da lei: “Qual, pois, destes três te parece que foi o
próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?” Deixando a
responsabilidade da decisão para o questionador. Qual outra resposta ele
poderia dar além da que deu? “O que usou de misericórdia para com ele.”
Disse, pois, Jesus: “Vai, e faze da mesma maneira”.16
Em resposta a um dos escribas que perguntou qual o primeiro
mandamento da lei, Jesus respondeu: “O primeiro de todos os mandamentos
é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não
há outro mandamento maior do que estes”.17
Este mandamento foi evidentemente compreendido pelos apóstolos e
passado adiante ao longo do tempo. Paulo, ao falar aos romanos, que não
tinham sido treinados nessa lei moral, afirmou:
“A ninguém devais coisa alguma, senão o amor com que vos ameis uns
aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Pois isto: Não
adulterarás; não matarás; não furtarás; não darás falso testemunho; não
cobiçarás; e se há algum outro mandamento, nesta palavra se resume: Amarás
ao teu próximo como a ti mesmo”.18
De igual modo, em sua mensagem aos gálatas, Paulo repetiu o
mandamento, dizendo: “Porque toda a lei se cumpre em uma só palavra,
nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.19
Se todas as nações cristãs tivessem sido guiadas por essa lei, dada pelo
Mestre como uma regra de ouro para Seus seguidores, não haveria guerras ou
contendas, mas paz na terra e a boa vontade entre os homens prevaleceria.
Como consequência da violação dessa lei, a miséria incontestável, a
tristeza e a morte agora existem no mundo, e quem pode dizer quando isso
vai acabar?20 Em breve, nossos jovens soldados feridos voltarão para casa, e
novamente haverá “lamentação, choro e grande pranto; Raquel chorando por
seus filhos, e não quis ser consolada, porque já não existem”.21 Sob essas
condições, teremos muitas oportunidades para demonstrar nossa fé no
mandamento do Mestre de amar ao próximo, nos esforçando para consolar e
animar os angustiados, lembrando que a “religião pura e imaculada” é esta:
Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se imaculado do
mundo.22 Todos os dias estamos cercados com oportunidade de colocar em
prática esse mandamento divino.23
Como esse maravilhoso mandamento se aplica a nós, os líderes dessas
grandes organizações? Esses meninos e meninas, rapazes e moças por quem
somos responsáveis são, de fato, o nosso próximo. E por isso, precisam mais
do que nunca de nossa maior ajuda e apoio nessa época crítica da história da
humanidade. Precisamos protegê-los de todos os modos, pois estão cercados
dos tipos mais sutis de tentação. Eles são jovens e inexperientes e amam
naturalmente a liberdade, tendo suas ideias próprias de como se divertir.
Precisamos guiá-los e aconselhá-los neste período de sua adolescência para
que formem um caráter forte e vigoroso. Precisamos entrar nas trincheiras de
suas tentações e ajudá-los a lidar com elas e sobrepujá-las. Precisamos
estudá-los e procurar compreendê-los, pois muitas vezes, se tivéssemos
procedido dessa forma, teríamos encontrado um caminho para chegar no
coração dos que parecem mais descuidados e indiferentes.
Edgar A. Guest disse:

Quando pensas em alguém criticar,


E tua fala é de desprezo e culpa,
Conheça melhor essa pessoa,
Além do nome e do cargo que ocupa,
É provável que ao conhecê-la,
Se desfaça o teu preconceito,
E você até goste dela,
Mesmo encontrando algum defeito.
Quando tens um novo amigo,
E compreendes seu pensar,
Então, as falhas não importam,
Porque há sempre o que elogiar.24

Precisamos mostrar a nossos jovens a glória da retidão, e não a sordidez


do pecado, ensiná-los que as leis do evangelho vivo trazem alegria e paz
duradouras, em vez da angústia que segue uma vida desperdiçada.
Para chegar ao coração deles, nós mesmos devemos nos aproximar do
Senhor. Deus é cheio de amor, e quanto mais possuirmos esse atributo, mais
bem-sucedidos seremos.25 Nossos jovens precisam sentir esse amor, esse
nosso total desejo de ajudá-los e abençoá-los. Mas se, depois de todos os
nossos esforços, alguns errarem e se tornarem sujeitos a maus hábitos e forem
deixados feridos e sangrando no caminho, o que devemos fazer com eles?
Como o bom samaritano, devemos estender as mãos, e com ternura e amor,
trazê-los de volta e firmá-los uma vez mais no caminho reto e estreito.

Com gentileza olhe para quem erra!


Oh, não esqueça esta lição
Mesmo manchado pelo pecado
Ele ainda é nosso irmão.
Podemos proteger o que erra!
Ao tratar e falar com carinho,
Com palavras sagradas de amor,
Da miséria e do espinhoso caminho.26

Devemos ser diligentes e sinceros, sempre mostrando por meio de nosso


exemplo que acreditamos no evangelho, que o amamos de alma e coração e
que nos esforçamos todos os dias para viver de acordo com seus preceitos.
Devemos doar a nós mesmos junto com os dons que possuímos, como diz
Lowell:

Não é o que damos, é o que compartilhamos,


Pois compartilhar é dar um presente e parte de si,
Quem se entrega com o seu presente, na verdade dá a três.
A si próprio, a ele e a mim.27

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.”28
J. S. Spalding disse: “Se a justiça é uma lei universal, o amor é um dever
universal. Somente o amor pode nos tornar justos com nós mesmos”.29
Nossos membros precisam sentir que os amamos e que temos um interesse
real e verdadeiro por eles.
Não conheço um exemplo mais refinado desse tipo de professor do que
o Dr. Karl G. Maeser.30 Ele era totalmente dedicado ao seu trabalho. Todos
os seus alunos sentiam sua influência benigna. As bênçãos pareciam cair
sobre aqueles a quem ele ensinava. Os alunos sentiam sua presença. Sempre
que entrava na classe, rapidamente a ordem reinava onde havia conversa
negligente de rapazes e moças descuidados. Os alunos sentiam o desejo de
ser e fazer tudo o que ele ensinava. Seu sorriso de aprovação era um prêmio
suficiente para seus esforços mais intensos. Por meio de seus ensinamentos
mais elevados, eles eram levados a consagrar a vida e tudo o que tinham para
a profissão para a qual estavam se qualificando. Ele estudava cada aluno
individualmente e os compreendia. Ele sabia exatamente quando e como
administrar uma repreensão, ou oferecer uma palavra de louvor e incentivo e,
até mesmo, mostrar um cuidado mais amoroso. Faríamos bem em seguir seu
nobre exemplo. Devemos procurar liderar e não coagir, lembrando o
mandamento do Mestre: “Segue-me”. “Apascenta as minhas ovelhas”.31
Nos anos que se aproximam, precisaremos nos esforçar e nos envolver
nas atividades sociais de nossos membros e exortá-los a evitar toda a
aparência do mal. Os acompanhantes e protetores naturais de nossas moças
são seus irmãos e namorados, mas eles estão fora, defendendo a bandeira de
nosso país; portanto, devemos exortar mais do que nunca as moças, que em
todas as suas atividades, especialmente quando estiverem fora de casa à noite,
elas precisam ter quem as acompanhem. Devemos ensinar-lhes que uma
dama de companhia não é uma espiã, mas uma amiga, uma protetora, uma
conselheira sábia e amorosa. Na verdade, é apropriado e a ética exige que
elas estejam acompanhadas em uma festa.
A juventude é um tempo de doces e inocentes alegrias; portanto,
devemos incentivar e, na medida do possível, fornecer-lhes tais prazeres.
Mas, além de nos interessarmos por sua vida social, devemos mostrar a
nossos jovens a seriedade do momento pelo qual estamos passando e a
necessidade de que cada um assuma alguma responsabilidade pessoal para
ajudar a levar a causa da verdade e da liberdade à vitória. Todos podemos
fazer nossa parte, não importa se pobres com poucos recursos ou ricos e
influentes. Nossos rapazes estão na frente da batalha arriscando tudo o que
têm.32 Não devemos estar desejosos de fazer, com prazer e alegria, algum
pequeno sacrifício e deixar alguma coisa de lado aqui em casa? Uma
obrigação sagrada repousa sobre cada um de nós e a gravidade da situação
exige que controlemos nossas frivolidades e ofereçamos nossa força e energia
juvenil para apoiar o chamado de nosso país e das nações aliadas nesta luta
mundial por um reinado de retidão e não de poder.
Que Deus nos ajude a compreender a imensidão do trabalho que recai
sobre nós e nos conceda força e sabedoria para desempenharmos nosso dever
em relação a esse trabalho. Que possamos, durante esta conferência, nos
imbuirmos completamente deste espírito de ministração e trabalho. Sim, que
consagremos nossa própria vida, se necessário, para o estabelecimento da paz
e da justiça na Terra, demonstrando plenamente que realmente “amamos
nosso próximo como a nós mesmos”.
Ao ajudar a criar uma geração justa, certamente estaremos prestando o
melhor serviço a Deus e ao país.
Emma Goddard, “Thou Shalt Love Thy Neighbor” [Amarás o Teu Próximo], 9 de junho de 1918, em
“Addresses at the June Conference: ‘We Stand for Service to God and Country’” [Discursos da
Conferência de Junho: Defendemos o Serviço a Deus e ao País], Young Woman’s Journal, 29, nº 8,
agosto de 1918, pp. 434–437.

_________________________
^1. “Addresses at the June Conference: ‘We Stand for Service to God and Country’” [Discursos da
Conferência de Junho: Defendemos o Serviço a Deus e ao País], Young Woman’s Journal, 29, nº 8,
agosto de 1918, pp. 429–439; “Editorial Department” [Departamento do Editor], Young Woman’s
Journal, 29, nº 8, agosto de 1918, p. 484.
^2. Jane Standring Nield foi batizada em 26 de abril de 1851 e Joseph Merrick Nield foi batizado em 18
de novembro de 1844. (Casa de Investidura, Selamentos dos Vivos, vol. I, 1878–1884, Jane
Standring Nield e Joseph M. Nield, 9 de abril de 1883, p. 320–321, microfilme 183,408, Biblioteca
de História da Família.)
^3. Martha Alice Nield, Emma Nield e Hannah Nield foram batizadas no verão de 1879. Benjamin
Goddard foi batizado em 3 de abril de 1879. (Emma Jane Nield Goddard, “My Life Story” [História
da Minha Vida], datilografado, pp. 1–3, propriedade da família.)
^4. Benjamin Goddard foi casado com Martha Nield e imigrou com as irmãs Nield, em 1879. Emma
Goddard trabalhou com o marido ao longo de toda a vida. Ele foi o diretor do Escritório Central de
Informações na Praça do Templo, a partir de 1902 e ela trabalhava com ele no escritório. Enquanto
Benjamin era o responsável pelo Escritório, ele e Emma fizeram muitas viagens de negócios a
várias cidades, para juntar material para seus folhetos e promover a Igreja. Ele serviu na junta da
AMM-R, de 1903 a 1929 e Emma serviu na junta da AMM-M, de 1896 a 1935. (Goddard, “My
Life Story” [História da Minha Vida], pp. 3–5, 8–11; Andrew Jenson, Latter-day Saint
Biographical Encyclopedia: A Compilation of Biographical Sketches of Prominent Men and
Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,[Enciclopédia biográfica dos santos dos
últimos dias: uma compilação de esboços biográficos de homens e mulheres proeminentes na
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4 vols., Salt Lake City: Andrew Jenson
History Co., 1901–1936, vol. 4, pp. 239, 260; Susa Young Gates, History of the Young Ladies’
Mutual Improvement Association of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Deseret News, 1911, pp. 210–211.)
^5. Goddard, “My Life Story” [História da Minha Vida], pp. 3–5; Templo de St. George, Selamentos
dos Vivos, vol. A, 1877–1886, Ben Goddard, Martha Alice Nield, e Emma Jane Nield, 3 de outubro
de 1883, p. 101, microfilme 170,579, Biblioteca de História da Família.
^6. Ala Meadow, Estaca Millard, Relief Society Minute Book [Livro de Atas da Sociedade de Socorro],
vol. 1s, 1870–1895, 2 de dezembro de 1886, p. 82; 7 de abril de 1887, p. Biblioteca de História da
Igreja.
^7. Goddard, “My Life Story” [História da Minha Vida], pp. 5, 9; Gates, History of the Young Ladies’
Mutual Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], pp. 209–210. Emma Goddard foi
desobrigada como presidente da AMM-M da ala em outubro de 1896. (Ala 21, Estaca Emigration,
Young Ladies’ Mutual Improvement Association Minute Book [Livro de Atas da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Moças], vol. 1, 1894–1898, 27 de outubro de 1896, p. 83, Biblioteca de
História da Igreja.)
^8. Goddard, “My Life Story” [História da Minha Vida], pp. 9–11; Gates, History of the Young Ladies’
Mutual Improvement Association [História da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], p. 210; ver também Guide to the First
Year’s Course of Study in the Young Ladies’ Mutual Improvement Association [Guia de Ensino do
Curso do Primeiro Ano da Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças, Salt Lake City:
George Q. Cannon and Sons, s/d.).
^9. Young Men’s Mutual Improvement Association General Board Minutes [Atas da Junta Geral da
Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes], vol. 18, 1918, 6 a 9 de junho de 1918, pp.
106–111, Biblioteca de História da Igreja. O jornal, Young Woman’s Journal reportou o seguinte
sobre a conferência: “Um sentimento profundo de patriotismo, um desejo de fazer qualquer
sacrifício necessário, uma fé inabalável na providência suprema de Deus e uma confiança no
resultado final da grande luta atual, permearam as reuniões”. (“The June Conference” [A
Conferência de Junho], Young Woman’s Journal, 29, nº. 7, julho de 1918, p. 422.)
^10. Joseph F. Boone, “The Roles of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints in Relation to the
United States Military” [O Papel de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em
Relação aos Militares dos Estados Unidos], dissertação de doutorado, Brigham Young University,
1975, pp. 219–220; “Editors’ Table” [A Mesa dos Editores], Improvement Era, 22, nº 1, novembro
de 1918, p. 80. Algumas fontes declaram que o total de alistados de Utah era acima de 24 mil
soldados. (Boone, “The Roles of the Church” [As Funções da Igreja], pp. 218–219.)
^11. Atas da Junta Geral da AMM-R, pp. 106–111.
^12. “M.I.A. Notes” [Anotações da AMM], Young Woman’s Journal, 29, nº 6, junho de 1918, p. 355.
Levi Edgar Young serviu como autoridade geral da Igreja, de 1909 a 1963 e na junta geral da
AMM-R, de 1913 a 1929. May Booth Talmage serviu na junta geral da AMM-M, de 1892 a 1930.
Richard R. Lyman fora recentemente chamado como apóstolo, em 6 de abril de 1918. (Jenson, LDS
Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 3, p. 760; vol. 4, pp. 266–267.)
^13. Ver Mateus 22:39.
^14. Levítico 19:18.
^15. Ver Lucas 10:25–29.
^16. Lucas 10:30–37.
^17. Marcos 12:29–31.
^18. Romanos 13:8–9.
^19. Gálatas 5:14.
^20. A Primeira Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918, cinco meses depois que esse
discurso foi proferido.
^21. Mateus 2:18; ver também Jeremias 31:15.
^22. Tiago 1:27.
^23. O jornal Deseret Evening News resumiu o discurso de Emma Goddard da seguinte maneira: “A
sra. Goddard disse que as líderes de uma grande organização, como a AMM-M,devem visitar as
viúvas e os órfãos, fazendo tudo o que for possível para aliviar seus fardos”. (“Slogan Read at Joint
Session of M.I.A. Officers” [Slogan Read na Sessão Conjunta da AMM], Deseret Evening News,
10 de junho de 1918.)
^24. Edgar A. Guest, “When You Know a Fellow” [Quando Você Conhece um Companheiro] em A
Heap o’ Livin’, Chicago: Reilly e Lee, 1916, p. 12.
^25. Ver 1 João 4:16.
^26. The Latter-day Saints’ Psalmody: A Collection of Original and Selected Tunes [Os Salmos dos
Santos dos Últimos Dias: Uma Coleção de Músicas Originais], 5ª ed., Salt Lake City: Deseret
News, 1912, n° 138. Em Salmos, a segunda linha da última estrofe diz: “Nós ainda podemos trazê-
los de volta.”
^27. James Russell Lowell, The Vision of Sir Launfal [A Visão do Sr. Launfal], Cambridge, UK: John
Bartlett, 1849, p. 26. O texto publicado do poema diz “esmola” em vez de “dom”, na terceira linha.
^28. João 3:16.
^29. “Se a justiça é uma lei universal, o amor é um dever universal; somente o amor pode nos tornar
justos com nossos semelhantes.” (John Lancaster Spalding, Aphorisms and Reflections: Conduct,
Culture and Religion [Aforismos e Reflexões: Conduta, Cultura e Religião], Chicago: A. C.
McClurg, 1901, p. 264.)
^30. Karl G. Maeser era um conhecido educador de Utah que serviu como diretor da Academia
Brigham Young quando Goddard a frequentava, na década de 1880. Maeser acreditava em seguir o
exemplo de Cristo em seu ensino, convidando os alunos a seguir e escolher o aprendizado.
(A. LeGrand Richards, Called to Teach: The Legacy of Karl G. Maeser [Chamado para Ensinar: O
Legado de Karl G. Maeser], Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University,
2014, xxviii–xxix, pp. 397–399, 431–433.)
^31. Ver Mateus 4:19; João 1:43; 21:16–17; e Doutrina e Convênios 112:14.
^32. Ver Boone, “The Roles of the Church” [As Funções da Igreja], pp. 215–222.
—————————— 29 ——————————

O perdão é como a misericórdia

Jennie Brimhall Knight


Conferência geral da Sociedade de Socorro
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
Quinta-feira, 3 de abril de 1924

Lucy Jane “Jennie” Brimhall Knight (1875–1957) serviu missão na Grã-


Bretanha de abril a novembro de 1898 como uma das primeiras missionárias
solteiras da Igreja. Sua companheira de missão e futura cunhada, Inez Knight,
serviu de abril de 1898 a junho de 1900.1 Como missionária, Jennie falou em
reuniões nas Ilhas Britânicas e passou várias semanas no continente europeu.
De acordo com uma história antiga, seu trabalho missionário com Inez era
exatamente como o dos élderes com quem elas serviram: “Visitar, bater em
portas, pregar e se esforçar ao máximo para espalhar o conhecimento da
verdade, respeitando a religião e o povo local”.2
Jennie Knight se casou com Jesse Knight, em 18 de janeiro de 1899, e
recebeu um diploma de pedagogia da Junta Geral de Educação da Igreja em
maio de 1899. Ela serviu cinco anos como presidente da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Damas na Estaca Taylor, em Raymond, Alberta,
Canadá, e oito anos no mesmo cargo na Estaca Utah, quando voltou para
Provo, Utah.3 Ela também se dedicou ao trabalho público de apoio às
mulheres e à educação, servindo como diretora da Universidade Brigham
Young, do outono de 1907 à primavera de 1911, com a designação de
garantir o bem-estar das alunas.4 Durante a Primeira Guerra Mundial, Knight
foi vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa, Divisão da Mulher.5
Jennie Brimhall Knight com os filhos Philip e Richard. Por volta
de 1916. Aproximadamente 18 anos antes de esta foto ter sido
tirada, Knight foi uma das primeiras mulheres solteiras membros
da Igreja a servir como missionária. Fotografia de Larson e
Bygreen. (Fotografia em posse da família. Cortesia de Jennifer
Whatcott Hooton.)

Jennie foi chamada para a presidência geral da Sociedade de Socorro em


1º de abril de 1921, como primeira conselheira da presidente Clarissa S.
Williams.6 Ela continuou a morar em Provo depois de ser chamada para a
presidência geral, viajando para Salt Lake City todas as semanas para as
reuniões de liderança e por toda a Igreja para participar das convenções de
estaca da Sociedade de Socorro.7 Seu diário narra sua administração na
Sociedade de Socorro e suas responsabilidades domésticas e assinala as
contribuições de seus familiares.8 Certo dia, em 1922, por exemplo, ela
registrou que voltou para casa dos deveres da Igreja depois da meia-noite,
verificou se sua família estava dormindo e se enfiou na cama. Ela levantou na
manhã seguinte para limpar a casa e fazer pêssegos em conserva e depois saiu
novamente na semana seguinte para cumprir suas responsabilidades da Igreja
nas cidades mais distantes.9
O serviço de Jennie na liderança envolvia não somente falar em
congregações locais, mas também participar de causas nacionais mais
amplas. Em 1923, ela viajou de trem com Amy Brown Lyman, secretária
geral da Sociedade de Socorro, para participar de uma convenção de uma
semana de bem-estar social e de uma reunião de planejamento para o
Conselho Nacional de Mulheres, em Washington, D.C.10 Ela voltaria a
Washington em 1925 para representar a Sociedade de Socorro em uma
reunião do Conselho Internacional de Mulheres.11 Jennie se baseou em sua
experiência em examinar a natureza humana e ensinar os princípios da Igreja
quando falou sobre a contemplação do perdão em uma conferência geral da
Sociedade de Socorro em 1924.
MUITAS LIÇÕES ESPLÊNDIDAS foram ensinadas durante essa
conferência e tenho certeza de que muitas decisões foram renovadas com o
propósito de que devemos ser melhores líderes, melhores exemplos em
nossas diferentes comunidades, irmãs mais solidárias, esposas mais dedicadas
e mães mais compreensivas.
O grupo reunido aqui, hoje, pertence à classe de mulheres que não têm
tempo de ficar ociosas, não têm tempo para se entregar a coisas que sabemos
ser um desperdício de tempo e não conduzem ao progresso. Nosso objetivo é
servir e nesse serviço encontrar felicidade nesta vida e vida eterna no mundo
vindouro.
Ao longo do caminho da vida que conduz à felicidade, estão muitas
armadilhas que devem ser evitadas se quisermos atingir nosso objetivo. Uma
dessas armadilhas chamarei de rancor. Perto dessa armadilha se ergue um
pequeno monte do perdão, que, se estiver bem firme, nos elevará acima das
coisas insignificantes da vida para visualizar uma planície maior e mais
ampla e um caminho bem definido.
Há muitas ações de homens e mulheres das quais não participamos, não
aprovamos nem aceitamos e, embora tenhamos a missão de fazer tudo o que
pudermos, em espírito de verdadeira caridade e amor fraternal para mostrar o
melhor caminho, o mais perfeito plano de paz, não precisamos odiar nossos
semelhantes porque seus caminhos não são os nossos. Devemos deixar nosso
Pai julgá-los.
A palavra do Senhor por meio do profeta Joseph Smith, registrada em
Doutrina e Convênios, diz: “Eu, o Senhor, perdoarei a quem desejo perdoar,
mas de vós é exigido que perdoeis a todos os homens. E devíeis dizer em
vosso coração: Que julgue Deus entre mim e ti (…) de acordo com teus
feitos”.12
Fiquei sabendo outro dia de uma mulher que morava na mesma rua que
o pai dela e, no entanto, não falava com ele por muitos anos. Fiquei sabendo
também de uma presidente da Sociedade de Socorro que, ao saber que uma
das irmãs se sentia ofendida devido a uma ação por parte da presidência da
Sociedade de Socorro, foi à casa dela e tentou falar sobre o assunto,
desculpar-se, se necessário, e acertar as coisas, mas essa irmã não conseguiu
encontrar nenhum lugar em seu coração para o perdão e, por isso, a
presidente voltou sentindo-se triste por aquela irmã. Qual das duas mulheres
está mais feliz hoje? Meu pai muitas vezes disse: “O ódio fere mais o que
odeia do que o odiado”.13
Pedro, em uma ocasião, disse a Jesus: “Senhor, até quantas vezes pecará
meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? até sete?” E Jesus lhe disse: “Não
te digo: Até sete; mas, até setenta vezes sete”. Então ele disse: “Por isso o
reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis ajustar contas com
os seus servos; e (…) foi lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; e
não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e a sua mulher, e
filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida fosse paga.
Então aquele servo, prostrando-se, o adorava, dizendo: Senhor, sê paciente
comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima
compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe
devia cem denários, e lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o
que me deves. Então o seu conservo, prostrando-se aos seus pés rogava-lhe,
dizendo: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes
foi e lançou-o na prisão (…).
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e
foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor,
chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela
dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente ter compaixão do teu
companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu
senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
Assim vos fará também meu Pai Celestial, se de coração não perdoardes,
cada um a seu irmão, as suas ofensas”.14
Não é verdade que Jesus nos ensinou a orar: “Perdoa-nos os nossos
pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve”?15
Martin Luther, ao comentar sobre isso, disse: “Quando tu dizes: ‘Não
perdoarei’, e se coloca diante de Deus com seu ‘paternoster’ e murmura:
‘Perdoa-nos as nossas dívidas’, é o mesmo que dizer: ‘Eu não o perdoo,
assim nem tu, Deus, perdoa-me’”.16
Em nosso lar, não guardemos ressentimento uns para com os outros, mas
busquemos e oremos diariamente para encontrar um meio de perdoar uns aos
outros, lembrando-nos de que o perdão é como a misericórdia: “É
duplamente abençoado, abençoa quem o concede e quem o recebe”.17 Se
pudéssemos nos tornar como uma criancinha nesse aspecto, seríamos muito
mais felizes, pois quem já conheceu uma criancinha que não estivesse
disposta a perdoar na primeira indicação de arrependimento por parte do
ofensor; sim, e até mesmo antes que o ofensor tenha mostrado qualquer
arrependimento? Deus não disse: “Se (…) não vos fizerdes como crianças, de
modo algum entrareis no reino de Deus”?18
Para aqueles que foram duramente provados e amargamente ofendidos,
lembrem-se de que isso exige um coração fervoroso, generoso e
misericordioso, com um forte desejo de perdoar, mas se lembrem também de
que um coração rancoroso coloca uma barreira entre ele próprio e o perdão de
Deus, pois está escrito: “Aquele que não perdoa a seu irmão suas ofensas está
em condenação diante do Senhor; pois nele permanece o pecado maior”.19
Portanto, vamos enterrar nossos ressentimentos, quer pertençam à nossa
família, nossa Igreja ou ao nosso próximo e cobrir essa armadilha que nos
priva de felicidade com uma placa de esquecimento e perdoar como
esperamos ser perdoados.
Jennie B. Knight, Discurso, 3 de abril de 1924, sessão da tarde, em “General Meetings” [Reuniões
gerais], Relief Society Magazine 11, nº 6, junho de 1924, pp. 307–309. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Calvin S. Kunz, “A History of Female Missionary Activity in the Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, 1830–1898” [A história da atividade missionária feminina de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, 1830–1898], tese de mestrado, Universidade Brigham Young, 1976,
pp. 34–37, 54; Andrew Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia: A Compilation of
Biographical Sketches of Prominent Men and Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [Enciclopédia Biográfica dos Santos dos Últimos Dias: Uma Compilação de Esboços
Biográficos de Homens e Mulheres Proeminentes em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], 4 vols., Salt Lake City: Andrew Jenson History Co., 1901–1936, vol. 4, pp. 177–
179. A família de Jennie insistiu para que ela voltasse por medo de que o clima úmido do inverno
na Inglaterra causasse novamente a pneumonia que ela havia sofrido anteriormente (Orson F.
Whitney, History of Utah [História de Utah], 4 vols., Salt Lake City: George Q. Cannon e filhos,
1904, vol. 4, p. 615).
^2. Whitney, History of Utah, vol. 4, p. 614.
^3. “Mrs. Jennie Brimhall Knight”, Relief Society Magazine 8, nº 7, julho de 1921, pp. 380–381;
Whitney, History of Utah, vol. 4, p. 615.
^4. Lillian C. Booth, “Research Made during the Summer of 1956 on Matron, Dean of Women, and
Counselor for Women” [Pesquisa feita durante o verão de 1956 sobre a diretora, reitora de mulheres
e conselheira para as mulheres], vol. 1, pp. 7–8, Biblioteca de História da Igreja. A primeira diretora
de mulheres no registro da Universidade Brigham Young foi Zina Presendia Young Card, que
ocupou o cargo de 1879 a 1884. A Universidade, inicialmente chamada Academia Brigham Young,
foi fundada em novembro de 1875 (Booth, “Research Made during the Summer of 1956” [Pesquisa
feita durante o verão de 1956], pp. 1–2; Ernest L. Wilkinson, ed., Brigham Young University: The
First One Hundred Years [Universidade Brigham Young: Os Primeiros Cem Anos], 4 vols., Provo,
UT: Brigham Young University Press, 1975, vol. 1, p. 66).
^5. Inez Knight Allen, “Jennie Brimhall Knight”, Relief Society Magazine 15, nº 12, dezembro de 1928,
p. 647. Depois de sua criação em agosto de 1916, o Conselho Nacional de Defesa pediu que cada
estado criasse seu próprio Conselho de Defesa para ajudar a coordenar as atividades “para o bem
geral da nação e para o prosseguimento bem-sucedido da guerra”. Em resposta, Utah criou um
conselho de estado em 26 de abril de 1917. O governador Simon Bamberger criou o Comitê de
Trabalho das Mulheres em 3 de agosto de 1917 para dirigir os trabalhos de guerra das mulheres;
Jennie serviu nesse comitê (Noble Warrum, Utah in the World War: The Men behind the Guns and
the Men and Women behind the Men behind the Guns [Utah na Guerra Mundial: Os Homens por
Trás das Armas e os Homens e Mulheres por Trás dos Homens por Trás das Armas], Salt Lake
City: Arrow Press, 1924, pp. 86–87, 121).
^6. Jennie serviu como conselheira da irmã Williams até sua desobrigação em outubro de 1928 e depois
continuou no conselho até 1939 (Mary Jane Groberg Fritzen, Lucy Jane [Jennie] Brimhall Knight:
An Expression of Love and Gratitude for Her Exemplary Life [Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight:
Uma Expressão de Amor e Gratidão por Sua Vida Exemplar], Idaho Falls, ID: Delbert V. e
Jennie H. Groberg, 1997, vol. 4, p. 42).
^7. Allen, “Jennie Brimhall Knight”, p. 647; Fritzen, Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight, pp. 42, 106.
^8. Fritzen, Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight, pp. 4, 105. A sobrinha-neta de Jennie escreveu em sua
biografia que ela também contratou uma empregada doméstica e uma babá (Fritzen, Lucy Jane
(Jennie) Brimhall Knight, p. 4).
^9. Este registro provavelmente foi escrito em setembro (Fritzen, Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight,
pp. 48, 49).
^10. Fritzen, Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight, p. 49.
^11. Fritzen, Lucy Jane (Jennie) Brimhall Knight, p. 49; Allen, “Jennie Brimhall Knight”, p. 647.
^12. Doutrina e Convênios 64:10–11.
^13. O pai de Jennie, George Brimhall, foi reitor da Universidade Brigham Young de 1904 a 1921
(Wilkinson, Brigham Young University, 1, pp. 382, 519).
^14. Ver Mateus 18:21–35.
^15. Ver Mateus 6:12; Lucas 11:4 e 3 Néfi 13:11.
^16. O paternoster é o Pai Nosso, conforme registrado em Lucas, capítulo 11, e Mateus, capítulo 6.
Uma versão dessa citação semelhante àquela que Jennie usou pode ser encontrada em J. R. Miller,
The Golden Gate of Prayer: Devotional Studies on the Lord’s Prayer [A Ponte Golden Gate da
Oração: Estudos Devocionais sobre a Oração do Pai Nosso], New York: Y. Thomas. Crowell, 1900,
p. 185.
^17. William Shakespeare, O Mercador de Veneza, ato 4, cena 1, versos 192–193.
^18. Ver Mateus 18:3 e 3 Néfi 11:38.
^19. Doutrina e Convênios 64:9.
—————————— 30 ——————————

O valor da fé

Amy Brown Lyman


Conferência Geral da Sociedade de Socorro
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
3 de abril de 1926
Amy Brown Lyman no curso de serviço social em Anaconda,
Montana. Por volta de 1920. Amy, de óculos no centro da fileira
da frente, tornou-se assistente social formada após visitas
influentes à Hull House em Chicago e foi líder na implementação
do trabalho de serviço social dentro da Sociedade de Socorro. Ela
serviu na junta geral da Sociedade de Socorro por 36 anos,
incluindo seu tempo como presidente. Fotografia de Montgomery
Studio. (Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.)

Meu primeiro amor tinha sido o trabalho na Primária”, escreveu Amy


Lyman Brown (1872–1959) após quase quatro décadas de serviço na junta
geral da Sociedade de Socorro. Na verdade, ela adorava qualquer programa
que tinha como foco o desenvolvimento e crescimento humano. Antes de
entrar para a junta geral em outubro de 1909, seu principal trabalho na Igreja
havia sido na Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas. Amy serviu
na junta geral da Sociedade de Socorro até 1945, os últimos cinco anos foi
como presidente. As primeiras reuniões que ela frequentou a conectaram a
raízes fundamentais da Sociedade de Socorro: a presidente era Bathsheba W.
Smith, que entrou para a Sociedade de Socorro com 19 anos de idade em
Nauvoo. Naquela época a junta se reunia no escritório do jornal Woman’s
Exponent, no edifício Templeton em Salt Lake City.1
Quando Amy deu o discurso a seguir, ela estava servindo como
secretária geral da Sociedade de Socorro sob a direção de Emmeline B. Wells
desde 1913 e estava no meio de um período de dois anos como secretária do
Conselho Nacional de Mulheres. Como secretária geral, Amy cumpriu o
pedido do presidente da Igreja, Joseph F. Smith, de modernizar e suprir os
escritórios da Sociedade de Socorro para “que os assuntos da organização,
inclusive os das estacas e alas, sejam conduzidos de acordo com as melhores
práticas de negócios”.2 Ela obteve máquinas de escrever, armários,
calculadoras e mimeógrafos. Estabeleceu procedimentos de contabilidade
profissional e introduziu livros de registro de ala padronizados e livros de
relatório de professora visitante. Ela também trabalhou no departamento
comercial da Relief Society Magazine por mais de 30 anos, começando no
início das publicações, em 1915. Para financiar a nova revista, ela e Jeanette
Hyde solicitaram propagandas. Seus filhos as ajudavam a embrulhar e enviar
as edições aos assinantes todo mês.3
O serviço social estava entre as atividades permanentes da vida de Amy.
Ela fez vários cursos quando acompanhou seu marido, Richard, na
Universidade de Chicago no verão de 1902. Seu curso preferido foi sobre a
nova disciplina de sociologia e, décadas mais tarde, relembra ela: “Foi nessa
época que fiquei interessada pela primeira vez em serviço social e problemas
sociais”.4 Ela também fez trabalho voluntário com o Chicago Charities e
participou de palestras de Jane Addams, uma proeminente combatente contra
a pobreza, na Hull House, entrevistando Addams várias vezes para um
projeto de classe. O presidente Joseph F. Smith, em 1913, pediu que ela
continuasse seu estudo anterior de serviço social com a esperança de
melhorar as práticas existentes na Igreja.5 Ela se juntou a uma delegação de
quatro mulheres em 1917 para fazer um curso especial em serviço de bem-
estar familiar ministrado pela Universidade do Colorado e pela Cruz
Vermelha. Mais tarde, ela reconheceu esse curso como sendo essencial para o
desenvolvimento de seu conhecimento na área.6
Um mês antes do marido de Amy ser chamado para o Quórum dos Doze
Apóstolos, em 6 de abril de 1918, Joseph F. Smith consultou Amy Lyman
sobre como criar um novo departamento de serviços sociais da Sociedade de
Socorro. No início do ano seguinte, ela estabeleceu um departamento de bem-
estar social na sede da Sociedade de Socorro, que dirigiu até 1934.7 Em 1920,
ela organizou e ministrou um curso de seis semanas sobre serviço de bem-
estar familiar na Universidade Brigham Young, o primeiro de muitos cursos
que iria treinar membros da Sociedade de Socorro nos desafios e métodos de
serviço social.8
Ela serviu na câmara dos deputados de Utah em 1923 e ficou muito
satisfeita em apresentar à câmara o projeto de lei que solicitava aceitação
estadual da lei federal Sheppard-Towner, que fornecia fundos para a
maternidade e cuidados infantis. O projeto de lei passou e os ramos da
Sociedade de Socorro nos estados do oeste a apoiaram ao equipar e operar
clínicas de saúde e monitoramento infantil.9 Esses esforços contribuíram para
uma redução de 19 por cento na mortalidade infantil e redução de 8 por cento
nas taxas de mortalidade materna até 1928.10
O entendimento de Amy sobre a fé, expresso no seguinte discurso
proferido em uma sessão geral da conferência geral da Sociedade de Socorro
em 1926, sugere por que e como ela buscou essas muitas contribuições.11

A FALTA DE FÉ no mundo de hoje, com algumas experiências pessoais


recentes, levou-me ultimamente a apreciar mais do que nunca o valor da fé e
a grande bênção que ela é para aqueles que a possuem.
Tenho certeza de que toda mulher nesta congregação já passou por
provações e aflições que teriam sido quase insuportáveis sem a fé em Deus e
um testemunho do evangelho, com tudo o que ele contém.
A fé no Pai Celestial e em Seu Filho, Jesus Cristo, é uma vantagem para
qualquer pessoa. Ela o ajuda a ser uma pessoa valente e corajosa. Ajuda a
construir um caráter forte e positivo em vez de um caráter negativo e
indeciso. Ajuda-o a ter confiança em si mesmo e nos outros, a acreditar em si
mesmo e nos outros, a ser generoso com os necessitados e caridoso com os
menos afortunados; ser alegre, esperançoso e otimista.
A fé no Pai e no Filho é uma bênção, sim, uma das maiores bênçãos que
alguém pode ter. É mais abrangente como consoladora do que qualquer outra
influência. É uma fonte de consolo nos momentos de doença, dor e
desespero. A fé ajuda uma pessoa a ser espiritual e encontrar serenidade
relativa aconteça o que acontecer e se resignar e se reconciliar com
circunstâncias sobre as quais não tem controle. Ela ajuda uma pessoa a ser
mansa e humilde e a depositar sua confiança em Deus.
A fé no Pai e no Filho pressupõe uma crença em Seus ensinamentos, que
incluem uma vida pré-mortal e uma vida após a morte e, para um membro da
Igreja, inclui o plano de vida e de salvação do evangelho como foi revelado a
nós por meio do profeta Joseph Smith.12 Essa fé e crença ajuda uma pessoa a
desenvolver um plano de vida com padrões mais elevados e a estabelecer
padrões de vida dignos e valiosos em conformidade com os padrões do
evangelho. Ela ajuda uma pessoa a julgar valores — escolher entre as coisas
que são realmente valiosas, que são duradouras e eternas — e as coisas que
são temporárias e passageiras. Faz com que a pessoa perceba que a vida é um
trampolim para uma vida mais elevada e, quanto melhor for a vida aqui,
maior será a felicidade aqui e na vida futura. A fé preenche aquele que a
possui com o desejo de imitar a vida do Salvador e de guardar os
mandamentos de Deus.
A fé sublime é uma das maiores dádivas que existem. Vamos nos
comprometer com nossa fé. Vamos dizer: “Nenhum homem pode destruir
minha fé, esperança e crença e me deixar uma pedra”. Porque tenho
observado que aqueles que não possuem fé e que tendem a minar e destruir a
fé nos outros, nunca, até onde sei, deixam qualquer coisa construtiva em seu
lugar.
Não nos deixemos influenciar por indivíduos incrédulos, cínicos e ateus
nem pela onda de dúvida e desespero que está enchendo a Terra hoje em
dia.13 Vamos nos apegar à crença de que a fé com boas obras é um trunfo,14
um consolador, uma bênção. É o poder de Deus para a salvação de todos os
que creem.15 Vamos nos apegar à crença de que a fé é nossa herança e não
vamos vendê-la por um prato de lentilhas.16
Amy Brown Lyman, Discurso, 3 de abril de 1926, em “Conference Addresses” [Discursos da
conferência], Relief Society Magazine 13, nº 7, julho de 1926, pp. 381–382. Título fornecido pelos
editores.

_________________________
^1. Amy Brown Lyman, In Retrospect: Autobiography of Amy Brown Lyman [Em Retrospecto:
Autobiografia de Amy Brown Lyman], Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro, 1945,
pp. 36, 42; Belle S. Spafford, “In Memoriam: Presidente Amy Brown Lyman” [Em memória:
Presidente Amy Brown Lyman], Relief Society Magazine 47, nº 1, janeiro de 1960, p. 47. Os
escritórios da Sociedade de Socorro ficavam no segundo andar do Edifício Bishop, de 1909 até
1956, quando o edifício da Sociedade de Socorro foi dedicado (Relief Society General Board
Minutes [Ata da Junta Geral da Sociedade de Socorro], vol. 2, 1892–1910, 3 de dezembro de 1909,
p. 183; 27 de janeiro de 1910, p. 191, Biblioteca de História da Igreja; Jill Mulvay Derr, Janath
Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society
[Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992,
pp. 174–177, 197).
^2. Lyman, In Retrospect, pp. 42–43, 89. Joseph F. Smith serviu como sexto presidente da Igreja de
1901 a 1918. A solicitação de Smith para que Amy modernizasse os escritórios da Sociedade de
Socorro fazia parte de uma tendência mais ampla dentro da Igreja para se alinhar com as práticas da
era progressista (Dave Hall, A Faded Legacy: Amy Brown Lyman and Mormon Women’s Activism,
1872–1959 [Um Legado Desaparecido: Amy Brown Lyman e o Ativismo das Mulheres Mórmons,
1872–1959], Salt Lake City: University of Utah Press, 2015, pp. 64–65; Matthew Bowman, The
Mormon People: The Making of an American Faith [O Povo Mórmon: A Realização de uma Fé
Americana], New York: Random House, 2012, pp. 152–183).
^3. Spafford, “In Memoriam”, p. 5; [Vera White Pohlman], “In Memoriam: Amy Brown Lyman, 1872–
1959, Biographical Summary and Funeral Services” [Em memória: Amy Brown Lyman, 1872–
1959, Resumo biográfico de serviços funerários], pp. 10–11, BHI.
^4. Lyman, In Retrospect, p. 30.
^5. David Hall, “Anxiously Engaged: Amy Brown Lyman and Relief Society Charity Work, 1917–
1945” [Zelosamente ocupada: Amy Brown Lyman e o serviço de caridade da Sociedade de
Socorro, 1917–1945], Dialogue: A Journal of Mormon Thought [Diálogo: Um diário do
pensamento mórmon] 27, nº 2, verão de 1994, pp. 76–77; Hall, A Faded Legacy, pp. 48–50;
[Pohlman], “In Memoriam”, pp. 12–13.
^6. Lyman, In Retrospect, p. 63; Spafford, “In Memoriam”, p. 46.
^7. Joseph F. Smith, “Elder Richard R. Lyman Chosen to Fill the Vacancy in the Council of Twelve”
[O élder Richard R. Lyman foi escolhido para ocupar a vaga no conselho dos doze], na
Octogésima-Oitava Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 5
a 7 de abril de 1918, Salt Lake City: Deseret News, 1918, p. 51; Amy Brown Lyman, “Social
Service Work in the Relief Society, 1917–1928” [Trabalho de Serviço Social na Sociedade de
Socorro], setembro de 1928, pp. 4–7, Biblioteca de História da Igreja; [Pohlman], “In Memoriam”,
p. 13.
^8. Lyman, In Retrospect, pp. 64–65, 84; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, p. 236. Para
mais informações sobre o desenvolvimento dos Institutos de Serviços Sociais, ver o capítulo 31
nesta publicação.
^9. Lyman, In Retrospect, p. 83; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, p. 231.
^10. The Promotion of the Welfare and Hygiene of Maternity and Infancy [A Promoção do Bem-Estar e
da Higiene da Maternidade e Infância], Washington, D.C.: gráfica do governo dos Estados Unidos,
1931, pp. 134, 138; Loretta L. Hefner, “The National Women’s Relief Society and the U.S.
Sheppard-Towner Act” [A Sociedade de Socorro nacional de mulheres e a lei Sheppard-Towner],
Utah Historical Quarterly 50, nº 3, verão de 1982, pp. 263–264.
^11. Relief Society General Board Minutes [Ata da Junta Geral da Sociedade de Socorro], vol. 15,
1926–1927, 3 de abril de 1926, pp. 21, 29.
^12. Para um debate contemporâneo do plano de salvação e da vida pré-mortal, ver o tratamento
popular de James E. Talmage da teologia mórmon, The Vitality of Mormonism: Brief Essays on
Distinctive Doctrines of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [A Vitalidade do
Mormonismo: Textos Breves sobre as Doutrinas Marcantes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias], Boston: Gorham Press, 1919, pp. 48–51, 256, 236–238.
^13. A urbanização, a industrialização e a desilusão com a Primeira Guerra Mundial levaram os
americanos a questionar o ideal vitoriano de ordem e racionalidade em que eles tinham encontrado
consolo anteriormente. Para um debate sobre as novas maneiras como os americanos estavam
vendo o mundo naquele momento, ver Lynn Dumenil, The Modern Temper: American Culture and
Society in the 1920s [O Temperamento Moderno: A Cultura Americana e a Sociedade na Década de
1920], New York: Hill e Wang, 1995, pp. 145–200.
^14. Ver Tiago 2:18.
^15. Ver Romanos 1:16 e 1 Pedro 1:5.
^16. Ver Gênesis 25:29–34.
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Sentir a responsabilidade do ofício

Lalene H. Hart
Conferência Geral da Sociedade de Socorro
Edifício Bishop, Salt Lake City, Utah
4 de abril de 1933

A instrução formal, o ensino e a experiência de vida fizeram de Lalene


Hendricks Hart (1885–1972) uma especialista no campo de economia
doméstica. Primeiro, ela estudou economia doméstica na Faculdade Brigham
Young em Logan, Utah, e depois na Faculdade Simmons em Boston,
Massachusetts. Depois de completar seus estudos, ela ensinou na escola
noturna em Nephi, Utah; na Academia Cassia Stake em Oakley, Idaho; e na
Faculdade Brigham Young, onde se tornou chefe do Departamento de
Economia Doméstica. Ela se casou com Charles H. Hart, um viúvo com dez
filhos, em 1915.1 A partir de 1923, ela escreveu vários artigos para a Relief
Society Magazine cheios de dicas de tarefas domésticas sob o título “De
interesse para as mulheres”.2
Lalene trabalhou na junta geral da Sociedade de Socorro com duas
presidentes, Clarissa S. Williams, de 1921 a 1928, e Louise Y. Robison, de
1928 a 1939.3 Ela manteve sua posição na junta geral da Sociedade de
Socorro quando acompanhou Charles a Toronto, onde ele foi presidente da
missão canadense de 1927 a 1930.4 Enquanto presidia a Sociedade de
Socorro no Canadá, ela viajou por toda a missão para participar de
conferências com as mulheres membros da Igreja, fazer discursos e
proselitismo.5 Ela tratou essa missão como uma extensão de seu serviço na
junta. Em uma conferência da Sociedade de Socorro na véspera de sua
partida em 1927, ela disse: “Embora eu não possa, por um tempo, me juntar a
vocês nas reuniões de conselho ou conferências, talvez eu possa sentir seu
espírito cuidando dos rapazes e das moças que terão o privilégio de ir para a
missão canadense. (…) Asseguro-lhes com todo meu coração que vou tentar
guiar e proteger os rapazes e as moças que estão sob minha direção, até onde
for meu dever fazê-lo”.6
Como presidente do comitê de serviço social durante a década de 1930,
Lalene se pronunciou sobre os recentes Institutos de Serviço Social da
Sociedade de Socorro, que prepararam as mulheres para atuar como
assistentes sociais em sua própria comunidade.7 A Grande Depressão estava
no auge e Utah não estava se saindo bem. Em 1930, somente um terço da
população adulta do estado estava empregada, o pior registro de qualquer
estado, exceto o Mississippi. Os Institutos de Serviço Social treinaram as
líderes da Sociedade de Socorro das estacas e das alas nas técnicas modernas
de serviço social que duraram de vários dias a seis semanas.8 As Sociedades
de Socorro indicaram pelo menos um auxílio de serviço social por estaca e
alguns no âmbito de ala quando necessário. Esse treinamento ajudou a
Sociedade de Socorro a cooperar com as agências do governo e atender às
imensas necessidades de seus membros da comunidade.
Os esforços da sociedade de Socorro de cultivar um senso de obrigação
social também incluíam lições mensais dedicadas ao serviço social, que
foram publicadas na Relief Society Magazine. Os programas de bem-estar
social da Sociedade de Socorro incluíam a colocação de crianças em lares
adotivos, a Agência de Empregos para Mulheres e Moças, viagens de verão
para crianças desnutridas e um armazém para roupas e outros suprimentos.9
Ela deu o seguinte discurso em uma reunião de conferência geral da
Sociedade de Socorro para líderes no Edifício Bishop em 1933 sobre o que
significava ser uma líder da Sociedade de Socorro.10

A VIDA DE CADA UMA de nós é governada em grande parte por uma


obrigação tripla: dever para conosco mesmas, dever para com nossos
semelhantes e dever para com Deus. A lei da ética estabelece certas regras
pelas quais as relações humanas e o comportamento são controlados.
As irmãs membros de uma organização da Sociedade de Socorro estão
em uma escola de formação em ética, que é algo muito superior do que
qualquer outra classe ou clube. Além de adquirir conhecimento por meio de
lições estabelecidas, elas aprendem outras lições de coragem, tolerância,
bondade e devoção. Essa escola também está tentando criar em seus
membros um senso de obrigação social para inspirar o interesse no bem-estar
do próximo e desenvolver interesse em todas as classes e raças de pessoas.
Toda mulher que entra para o serviço desta organização como diretora11
o faz com algum grau de ambição e determinação de adquirir novas ideias e
experiências que lhe darão uma visão mais ampla da vida, elevarão seu
próprio padrão de ideais, assim como o de outras pessoas, e ela servirá com
eficiência às pessoas com quem se relaciona. Em nenhuma outra época, a
preparação para uma vida melhor e mais completa foi tão intensa. As
mulheres estão interessadas em mais coisas e em mais pessoas do que antes.
Estão ansiosas para saber mais sobre a natureza humana, sua própria
personalidade e seu desenvolvimento.
Aquelas que receberam a responsabilidade de dirigir esta preparação12
devem estar à altura de suas possibilidades e oferecer oportunidades e
experiências aos seus respectivos grupos, o que lhes permitirá encontrar uma
vida com menos coisas que desencorajam, preocupam e incomodam, e mais
cheia de coisas que satisfazem, estimulam e inspiram. Essa responsabilidade
não foi solicitada, mas foi concedida a nós como uma honra. Qualquer ofício,
contudo, deixa de ser uma honra a menos que esse ofício seja honrado. Ben
Jonson diz: “Grandes honras são grandes fardos, mas sobre quem são
lançados com inveja ele possivelmente carrega dois fardos. Seus cuidados
ainda devem ser o dobro de suas alegrias com alguma dignidade”.13
Ser digna de presidir uma sociedade bem organizada com dignidade e
equilíbrio é a maior conquista de uma líder; exige trabalho longo e intensivo
para adquirir.
A missão das diretoras é criar e desenvolver na vida de nossos membros
o espírito do evangelho e levar sua mensagem a todas as pessoas para
incentivar os angustiados e desanimados.
À medida que nos aproximamos do fim do nosso trabalho estabelecido
para o período, podemos muito bem nos perguntar: “O trabalho deste ano foi
um sucesso ou um fracasso no que me diz respeito individualmente? O que é
sucesso, e como ele deve ser medido?” Não pela duração dos dias ou pelo
acúmulo de conhecimento ou influência, mas pela adaptação contínua e
implacável dos poderes e das capacidades que temos para as oportunidades e
necessidades de nosso ambiente.
Esse resultado pode estar muito aquém do padrão que estabelecemos
para nós mesmas, ou até mesmo pode excedê-lo, mas nada pode se destacar,
em termos de propósito, do desejo de fazer o uso mais eficaz de nossos
talentos a serviço do próximo.
Essa diretora da Sociedade de Socorro que alcançou sucesso é a que
viveu bem, amou muito, foi generosa, serviu de boa vontade e cresceu
graciosamente por meio de sua responsabilidade. Ela falhou se ignorou a
verdade, descartou seus mais altos ideais e deixou de lado os padrões de sua
própria organização e da Igreja.
Devemos entender seriamente a responsabilidade que repousa sobre nós
de sermos um exemplo e mostrar o caminho para um mundo que está à
espera, descrente e duvidoso de que há um Deus no céu, que Jesus Cristo
vive e que Ele está interessado no bem-estar de Seus filhos.
Lalene H. Hart, “Sensing Responsibility of Office” [Sentir a responsabilidade do ofício], 4 de abril de
1933, em “Officers’ Meeting” [Reunião das diretoras], Relief Society Magazine 20, nº 5, maio de 1933,
pp. 271–272.

_________________________
^1. “Mrs. Lalene H. Hart”, Relief Society Magazine 8, nº 7, julho de 1921, p. 394. A Faculdade
Brigham Young e a Academia Cassia Stake eram escolas da Igreja. A Junta de Educação da Igreja
decidiu fechar a Academia Cassia Stake em 1925, e a Faculdade Brigham Young foi fechada em
maio de 1926 (Arnold Kent Garr, “Brigham Young College”, em Encyclopedia of Mormonism
[Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992,
vol. 1, p. 219; William E. Berrett, A Miracle in Weekday Religious Education [Um Milagre na
Educação Religiosa Diária], Salt Lake City: Salt Lake Printing Center, 1988, pp. 36–37; “Cassia
Stake Academy to Have New Building” [A Academia Cassia Stake terá um novo edifício], Deseret
News, 23 de maio de 1908).
^2. Ver, por exemplo, “Of Interest to Women” [De interesse para as mulheres], Relief Society Magazine
10, nº 1, janeiro de 1923, p. 35.
^3. “Lalene H. Hart”, obituário, Deseret News, 26 de julho de 1972; Elaine Justesen, Treasures in
Heaven: A Biography of Charles Henry Hart, 1866–1934 [Tesouros no Céu: Uma Biografia de
Charles Henry Hart, 1866–1934], Salt Lake City: Charles Henry Hart Family Organization, 1999,
pp. 38–39.
^4. Justesen, Treasures in Heaven, pp. 77, 83.
^5. Justesen, Treasures in Heaven, p. 80. Durante esse período, as mulheres casadas com presidentes de
missão serviam como “presidentes de missão da Sociedade de Socorro”. Nessa função, elas
organizavam conferências da Sociedade de Socorro e visitavam as unidades da Sociedade de
Socorro, supervisionavam a manutenção de registros, coordenavam as atividades da Sociedade de
Socorro com o trabalho missionário, comunicavam e estabeleciam a norma da Sociedade de
Socorro e relatavam à sede da Igreja. A prática de chamar presidentes de missão da Sociedade de
Socorro começou em 1916 e durou até 1964, quando o título do cargo foi alterado para “supervisora
de missão da Sociedade de Socorro”. As supervisoras de missão da Sociedade de Socorro foram
designadas até pelo menos 1973 (Amy Brown Lyman, “General Conference of the Relief Society”
[Conferência geral da Sociedade de Socorro], Relief Society Magazine 3, nº 12, dezembro de 1916,
p. 663; “Mrs. Lalene H. Hart”, Relief Society Magazine 18, nº 6, junho de 1931, pp. 335–338;
Relief Society Annual General Conference Program [Programa da conferência geral da Sociedade
de Socorro], 1963, p. 18; 1964, p. 16; 1973, p. 21, Relief Society Conference and Convention
Programs [Programas de conferências e convenções da Sociedade de Socorro], 1916–1975,
Biblioteca de História da Igreja).
^6. “Mrs. Lalene H. Hart”, Relief Society Magazine 14, nº 6, junho de 1927, p. 312.
^7. Lalene H. Hart, “The Social Service Institute” [Instituto de serviço social da Sociedade de Socorro],
Relief Society Magazine 19, nº 1, janeiro de 1932, pp. 33–36; Relief Society General Board Minutes
[Ata da Junta Geral da Sociedade de Socorro], vol. 19, 1932–1933, 7 de dezembro de 1932, p. 72,
BHI.
^8. David Hall, “Anxiously Engaged: Amy Brown Lyman and Relief Society Charity Work, 1917–
1945” [Zelosamente envolvida: Amy Brown Lyman e o serviço de caridade da Sociedade de
Socorro, 1917–1945], Dialogue: A Journal of Mormon Thought 27, nº 2, verão de 1994, pp. 82–85.
^9. Handbook of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Manual da
Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City:
General Board of the Relief Society, 1931, pp. 55, 178–180; Mayola R. Miltenberger, Fifty Years of
Relief Society Social Services [Cinquenta Anos de Serviços Sociais da Sociedade de Socorro], Salt
Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1987; Jill Mulvay Derr, “A History of
Social Services in the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1916–1984” [Uma História dos
Serviços Sociais em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: LDS
Social Services, 1988, pp. 38–62.
^10. Programa da conferência geral da Sociedade de Socorro, 1933, Programas de conferências e
convenções da Sociedade de Socorro.
^11. O termo diretora se referia às mulheres da Sociedade de Socorro em cargos de liderança. As
estacas e alas tinham diretoras executivas (presidente, primeira e segunda conselheiras e secretária-
tesoureira) e outras líderes, inclusive a líder de música, professora, organista e representante da
revista (Manual da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro, 1931, pp. 134, 141).
^12. A reunião em que Lalene fez este discurso foi especificamente para as diretoras da Sociedade de
Socorro, não para as irmãs em geral. Em 1933, as reuniões das diretoras ocorriam duas vezes por
ano e eram realizadas no dia anterior às duas sessões gerais da conferência geral da Sociedade de
Socorro (“Officers’ Meeting” [Reunião das diretoras], Relief Society Magazine 4, nº 6, junho de
1917, pp. 323–324).
^13. Ben Jonson, Catiline, ato 3, cena 1, ll. pp. 1–4.
—————————— 32 ——————————

A crise religiosa de hoje

Elsie Talmage Brandley


Conferência de junho da Associação de Melhoramentos Mútuos
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
9 de junho de 1934
Elsie Talmage Brandley. Por volta de 1930. Editora final do
Young Womans Journal, Elsie foi uma escritora e oradora
conhecida na sua função como membro da junta geral da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas, na qual ela
serviu de 1924 até sua morte prematura em 1935 (Biblioteca de
História da Igreja, Salt Lake City).

Elsie Talmage Brandley (1896–1935) tinha facilidade para se expressar


cultivada por seu legado. Sua mãe, May Booth Talmage, criou sete filhos,
serviu na junta geral da Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas
por 38 anos, editou o Young Womans Journal por 19 meses e foi líder do
movimento sufragista de Utah.1 James E. Talmage, seu pai, foi geólogo,
reitor de universidade, autor prolífico de obras teológicas e membro do
Quórum dos Doze Apóstolos.2 Quando era criança, ela entrou
sorrateiramente no escritório de seu pai depois da hora de dormir e derrubou
um tinteiro de modo que espirrou em seu pijama. Quando sua mãe a viu,
perguntou: “Você não acha que deveria ser castigada?” Elsie respondeu: “Eu
preferia ser amada”.3
O relacionamento de Elsie com a tinta se mostrou permanente. Quando
estudava na Universidade Brigham Young, ela foi vice-presidente do grêmio
estudantil e editora associada do White and Blue, um jornal estudantil.4 Em
1923, seis anos após seu casamento com Harold Brandley e de sua formatura,
ela se tornou editora associada da Young Woman’s Journal.5 Mãe de sete
filhas, ela costurava meias, escrevia parágrafos ou revisava a revista.6 Ela era
editora geral em 1929 quando a revista se associou à Improvement Era, um
periódico que visava servir aos leitores masculinos e femininos. Com o fim
do Young Womans Journal, Brandley imediatamente se tornou editora
associada da revista Improvement Era, e ela serviu nesse cargo até sua morte,
em 1935.7
O serviço prestado por Brandley na junta geral da Associação de
Melhoramentos Mútuos das Damas (AMMD) durou 11 anos, durante as
presidências de Mattie Horne Tingey e Ruth May Fox.8 Ela foi chamada para
a junta em 1924 e, além de trabalhar nas revistas, ajudava a escrever manuais,
peças de teatro, canções, programas e outros materiais.9 Ela também era uma
oradora muito conhecida.10 E. E. Ericksen, com quem ela colaborou nos
comitês da AMM, disse que a ideia dela de salvar almas era ajudar em todas
as habilidades dos jovens — cultural, moral e espiritual. “A personalidade
humana era sagrada para ela e o seu desenvolvimento, o grande objetivo
espiritual”, disse ele.11 Ela também encorajou os jovens a perguntar e
encontrar respostas para suas próprias dúvidas. “Vocês são aqueles cuja
responsabilidade é garantir a fé e a confiança inabalável no evangelho, que é
a sua herança”, escreveu ela.12
Muitos sentiam que o mundo estava em crise moral, política e
econômica durante a década de 1930, em parte por causa da desilusão que se
seguiu após a Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão. Os jovens em
particular foram considerados estar em crise. Com o início da Grande
Depressão, as taxas de desistência no Ensino Médio aumentaram
substancialmente, o desemprego entre os jovens aumentou acentuadamente e,
em 1932, 200 mil jovens haviam deixado sua situação desesperadora em casa
para vagar pelo país.13 Os líderes dos jovens da Igreja conversavam sobre
essas crises morais e religiosas em suas reuniões da junta geral. Por exemplo,
algumas semanas antes da conferência, a presidente Ruth May Fox exortou
os membros da junta a orar constantemente: “Estamos vivendo momentos
críticos e tudo o que pode ser abalado será abalado”.14 Os oradores nessa
conferência estavam otimistas em relação às maneiras pelas quais a Igreja
fortaleceu os membros para resistirem a essas dificuldades.15
Na década de 1930, a AMM das Damas e a Associação de
Melhoramentos Mútuos dos Rapazes (AMMR) trabalharam em estreita
colaboração por meio de conferências, reuniões, comitês e programas
coordenados em conjunto (inclusive competições e bailes).16 Ambas as
organizações estavam no meio de uma mudança de foco na recreação e nos
estudos de serviço social para os jovens para uma maior ênfase em Jesus
Cristo e nos ensinamentos do evangelho.17 A AMMD também adotou um
novo nome em 1934, tornando-se Associação de Melhoramentos Mútuos das
Moças (AMMM), porque moças as descreviam com mais dignidade do que
damas.18 A irmã Elsie proferiu o seguinte discurso no Assembly, Hall na
Praça do Templo, após a AMM ter feito uma pesquisa sobre “Atitudes da
juventude”, na qual dois grupos de rapazes e moças fizeram apresentações
diante dos membros da junta da AMM sobre seus desafios.19 Quatro
membros da junta — Elsie, Joseph Fielding Smith, Oscar A. Kirkham e
Melvin J. Ballard — responderam às questões levantadas por esses jovens na
primeira sessão geral da conferência da AMM de junho.20 A sessão foi
extremamente apreciada, e a revista Improvement Era publicou os
discursos.21 Os discursos proferidos por Elsie Brandley e Melvin Ballard
também foram publicados no Millennial Star.22

ESTA É UMA REUNIÃO de líderes dos jovens — jovens santos dos últimos
dias — e na presença de vocês que se dedicam tão generosamente faço uma
singela homenagem.23 Vocês têm o dom do qual o poeta pode ter falado
quando disse: “Quem doa de si mesmo com seu dom, alimenta três — ele
próprio, seu próximo faminto e a mim”.24
Sinto-me feliz e grata por estar vivendo nos dias de hoje e em minha
própria geração especial — a geração do meio de três agora trabalhando na
AMM — porque temos uma mais antiga e mais experiente para nos liderar
com sua sabedoria e uma mais jovem para nos motivar com entusiasmo e
energia.25 Temos ambas para ajudar a nos guiar pelos nossos próprios
problemas individuais aos quase assustadores problemas do novo tempo.
Negar o fato de que estamos diante de um novo tempo é fechar os olhos ao
mundo a nosso redor; revelar-nos cegos e surdos para imagens e sons tão
importantes; uma mente inteligente não só deve admiti-los, mas deve também
os incluir no padrão colorido de mudança que é a vida logo à frente. Com a
passagem de cada geração, a ênfase muda, certos problemas dão lugar a
outros, as respostas mudam com a evolução dos tempos. Considerando o
progresso incrível e a mudança drástica do século passado, é fácil ver
algumas razões pelas quais os problemas se tornaram mais graves e mais
difíceis de se resolver pelos métodos antigos de disciplina e pronunciamento.
Em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a mudança
manteve o ritmo daquele fora da Igreja, e com razão, pois o mormonismo tem
como base um alicerce de revelação moderna e, portanto, possui mais direito
de mudar, sob direção autorizada, do que possuem muitas outras
organizações existentes.26 As mudanças vieram e continuarão a aparecer nas
tradições, nas práticas e nos métodos. Aprendemos na primeira seção de
Doutrina e Convênios que o Senhor falou a Seus servos conforme Sua
maneira de falar para que alcançassem entendimento.27 É ousado ou profano
concluir que com um profundo entendimento a linguagem pode se tornar
cada vez mais explícita ou profunda?
De algumas coisas temos certeza, a certos princípios arraigados nos
apegamos. Como membros da Igreja, aceitamos a divindade de Jesus de
Nazaré, acreditamos implicitamente no evangelho restaurado concedido por
intermédio do profeta Joseph Smith, consideramos as autoridades gerais da
Igreja como tendo sido divinamente comissionadas para falar em nome de
Deus e prestar testemunho da divindade de Cristo, e aceitamos as obras-
padrão da Igreja como pronunciamentos autorizados dados para a orientação
espiritual do homem na Terra.
Um grupo de geólogos, cruzando um depósito solto de xisto em uma
ladeira íngreme, percebeu que o xisto estava deslizando. A maior parte do
grupo chegou do outro lado da colina em segurança, mas um, que estava por
último, viu que a rocha deslizante o carregava em sua garra semelhante a uma
geleira para um declive que poderia significar a morte. Olhando para frente,
ele viu em seu caminho um tronco de uma velha árvore e reconheceu que
seria uma chance de segurança. Ao alcançar o tronco e agarrá-lo firmemente,
conseguiu se segurar enquanto o depósito inteiro de xisto passasse. Seu
conhecimento sobre a estabilidade de uma árvore em permanecer firmemente
enraizada, apesar da rocha com a superfície instável, deu-lhe segurança. Ele
pôde enfrentar um aparente desastre apegando-se ao que estava, portanto,
enraizado. Nós nos agarramos às raízes fundamentais da crença da Igreja,
nelas ancoramos nossa fé, nelas acreditamos. As diferenças que podem surgir
entre grupos e indivíduos não se baseiam nessas raízes. Fora disso, que é
básico, as opiniões podem divergir. Como líderes, examinemos as possíveis
evidências de diferenças e os motivos para elas, se existirem, e tentem
vislumbrar uma possível solução.
Reflitam novamente sobre os vários novos modos de vida que hoje se
apresentam para entendimento e inclusão em um novo sistema — política,
economia, tecnologia, ciência, educação, bem-estar social, recreação e
inúmeros outros.28 Qualquer mal-entendido ocasional entre a juventude e a
maturidade pode ser um dos principais orientadores — de encontrar espaço
no novo sistema. A maturidade anda de mãos dadas com a juventude ao
enfrentar a maioria das mudanças nos campos da invenção, da descoberta, do
avanço científico, da recreação e formação profissional e de muitas
aplicações novas da verdade religiosa aceita. Se eles se separassem em um
portão através do qual a juventude exige o direito de passar e no qual a
maturidade hesita, não seria, talvez, porque a juventude sempre foi curiosa,
ousada e inquisitiva, enquanto a maturidade, tendo corrido seus próprios
riscos, anseia por segurança?
Os pais e os líderes fornecem e administram a educação; e a educação
ensina os jovens a explorar, a experimentar, a testar novos métodos e a
encontrar novos caminhos. É coerente se ressentir do que é encontrado nessas
jornadas educativas? Nós nos esforçarmos para descobrir até que ponto nós,
líderes e pais, podemos ficar atrasados em relação à juventude, em vez de
tentar medir o quanto eles estão se afastando de nós?
Na situação religiosa que nos confronta atualmente, o mundo acha que
as antigas condições são inadequadas. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias não está tendo mais, e talvez muito menos, dificuldades em
fazer ajustes religiosos do que outros, mas já não é mais possível que a Igreja
se mantenha separada do mundo. Em sua leitura, seus estudos, suas
observações e seus contatos, os jovens fazem descobertas que para eles
parecem novas. Quando tais descobertas parecem ameaçar antigas tradições
religiosas de seus élderes, a preocupação inevitavelmente é despertada.
A situação não é nova nesta época ou nesta Igreja, as pessoas sempre
tiveram suas crenças e práticas religiosas, maiores ou menores, e se
ressentiram de inovações que lhes ameaçaram. Há cinco séculos, Colombo
não conseguiu ajuda em sua tentativa de provar que a Terra era redonda
porque a Bíblia citava os quatro confins da Terra e uma esfera não pode ter
quatro cantos.29 Há cinco anos, uma mulher insistiu para que sua filha
recusasse um anestésico ao dar à luz com o argumento de que a Bíblia tinha
dito que uma mulher deve trazer à luz seus filhos em dor e sofrimento.30
Não devemos, agora, nos últimos dias e especialmente em A Igreja de
Jesus Cristo, fazer com que a palavra de Deus justifique mal-entendidos
desnecessários. Citando a declaração de um falecido membro do Quórum dos
Doze Apóstolos:
“Não tentemos distorcer as escrituras na tentativa de explicar o que não
conseguimos explicar. Os capítulos de abertura de Gênesis e as escrituras
relacionadas a eles nunca foram concebidos para ser um manual de geologia,
arqueologia, ciência da terra ou ciência do homem. As escrituras sagradas
vão perdurar, enquanto as concepções dos homens mudam com as novas
descobertas. Não mostramos reverência pelas escrituras quando as aplicamos
incorretamente por meio de interpretações erradas”.31
Acredito que, quando conhecemos as verdades fundamentais do
evangelho, somos livres para explorar muitas coisas, ancorados por esse
conhecimento, em busca de tudo o mais que a Terra, o mar e os céus têm a
ensinar. Em vez de fazermos das verdades religiosas um ponto de discórdia e
fonte de diferenças, não devemos, como líderes e pessoas, tentar torná-las um
meio de trazer ordem e harmonia para fora da aparente confusão?
Uma das influências que contribuem para um novo dia, uma influência
vital em sua importância, é a leitura, mas um dos depósitos de xisto de hoje é
a leitura desprovida de crítica. O estudo de material escrito deve ser analítico
ou se torna sem sentido ou muito poderoso — as duas condições são
perigosas. Vou citar um ou dois trechos de forma aleatória de várias fontes
para lhes lembrar do que os jovens leem dia a dia, semana a semana, e
pergunto: Poderíamos ter vivido em tal dieta de material de leitura antes de
nossas próprias ideias serem definidas claramente, estabelecidas firmemente
e permanecerem livres de influência? Não devemos admitir que as forças que
cercam os jovens hoje são mais poderosas em incentivá-los a questionar do
que as forças de ontem?
Robert Morse Lovett, em Current History, de janeiro de 1934,
descrevendo a Feira em Chicago,32 diz:

Eram muitas as evidências das realizações da ciência — telefone,


rádio, televisão, avião —, mas onde estava a evidência da vida superior
da humanidade, ou promessa dela? A decepção era particularmente
acentuada quando as pessoas tentaram encontrar respostas a partir das
ciências sociais e da religião. As exposições nos dois últimos sugeriram
uma dúvida preocupante quanto ao significado, à realidade e ao futuro
do progresso rumo a uma vida superior. (…) Durante a feira, foram
ouvidos comentários de todos os lados, dizendo que as melhorias
modernas haviam mecanizado a vida, mas não conseguiram enriquecer
os valores da vida.33

Albert Edward Bailey, em Christian Century, de 24 de janeiro de 1934,


apresenta um diálogo imaginário entre o arquiteto de uma nova igreja e um
sonhador que tem ideias sobre como uma igreja deveria ser. O sonhador diz:

“Veja se você não consegue encontrar espaços em algum lugar da


estrutura para meditação. Eu os vejo como caminhos para Deus. Pegue,
por exemplo, os caminhos do serviço (…) com estatuetas ilustrando a
parábola do bom samaritano; as pinturas mostrando Lincoln libertando
os escravos; o primeiro uso da anestesia; Howard e a reforma da prisão;
uma biblioteca de Carnegie; Jane Addams e a Hull House (casa para
receber imigrantes europeus)”. O arquiteto responde: “Seu sonho
significa eliminar muitas ideias e práticas antigas. Duvido que você
consiga convencer a Igreja como um todo a aceitá-los”, e o sonhador
responde: “Bem, não estamos no meio de uma revolução social de
primeira magnitude? Por que a Igreja não deveria revolucionar um
pouco (…) se isso (…) trouxesse o reino de Deus um pouco mais
perto?”34

Glenn Frank, em “The Will to Doubt” [O desejo de duvidar], diz:

O desejo de acreditar nos deu grandes santos, o desejo de duvidar


nos deu grandes cientistas. A meta do homem inteligente é uma
personalidade em que o desejo de acreditar do santo e o desejo de
duvidar do cientista se encontrem e se misturem. Nenhum sozinho faz
um homem inteiro. Uma fé meramente cega nos dá um santo fraco, uma
dúvida meramente cega nos dá um cientista difícil. A humanidade deve
muito ao santo e muito ao cientista, mas a humanidade se sairia muito
mal se o mundo fosse habitado unicamente por santos com uma fé cega
ou por cientistas com uma dúvida cega. A ciência moderna é moderada.
Ela não julga quando não sabe. Em todos os demais campos — religião,
política e assim por diante —, precisamos aprender a fazer o mesmo.
Devemos agir considerando o melhor que sabemos em determinado
momento, mas precisamos estar dispostos a manter nossas crenças
abertas para revisão à luz de novos fatos. Assim podemos reunir o santo
e o cientista.35

Com pensadores como esses incentivando os jovens a questionarem, por


que eles não o fariam? Uma liderança madura não pode se manter distante e
indiferente, esperando, na porta, os jovens voltarem de suas explorações.
Nós, a liderança da AMM, devemos acompanhá-los e aprender o que eles
aprendem e ver o que eles veem. Um rapaz de destaque da AMM fez uma
pergunta a seu pai e recebeu a resposta: “Nunca mais quero ouvi-lo falar
sobre essas coisas na minha presença”. Esse homem se recusou a passar pelo
portão do questionamento com seu filho e seu poder de conduzir o rapaz se
perdeu. Os líderes da AMM não podem perder seus contatos por meio de tal
atitude! Os jovens devem perguntar para encontrar as respostas, devem
analisar e chegar a um entendimento. Seu grande desejo de fazê-lo é um
indicativo de seu interesse, a passividade indiferente seria a morte, mas essa
intensidade é a vida. Os jovens precisam ser convertidos pessoalmente;
somente com força de uma juventude convertida esta Igreja pode cumprir seu
destino elevado e glorioso.36
Por outro lado, os jovens devem admitir o fato de que muitas coisas são
aceitas sem críticas e dúvidas: comemos frutas sem conhecer botânica,
estrelas são amadas sem conhecimento de astronomia, telegramas são
enviados sem o conhecimento do código Morse, o amor e a amizade, o lar, os
livros e a natureza se tornam apreciados e de grande valor com pouca
tentativa de explicar os motivos técnicos. Não vamos incentivar os jovens a
afastar a religião como a única fase da vida sobre a qual concentrar o
questionamento duvidoso. Vamos ajudá-los a ver que eles aceitam certas
condições sem nenhuma prova mais forte para fazê-lo do que aquelas que
proporcionam alegria, esperança, fé e coragem. Eles não podem aceitar a
religião, até certo ponto, com a mesma compostura?
Citando novamente The Earth and Man [A Terra e o Homem], vamos
entender o seguinte:

É natural para a mente jovem e imatura pensar que aquilo que é


novo deve necessariamente ser novo para o mundo. Os alunos
relativamente inexperientes estão descobrindo de tempos em tempos
discrepâncias aparentes entre a fé de seus pais e o desenvolvimento do
pensamento moderno, e eles estão preparados para aumentar e exagerar
quando na realidade seus bisavós encontraram as mesmas dificuldades
aparentes e ainda sobreviveram. Não acreditem naqueles que afirmam
que o evangelho de Jesus Cristo é de qualquer maneira contrário ao
progresso ou inconsistente com o avanço.37

Líderes dos jovens da AMM, o que podemos fazer? É certo que não
podemos ignorar os problemas individuais dos rapazes e das moças
simplesmente porque seus bisavós tinham problemas semelhantes. Devemos
considerar todo jovem que tem uma pergunta como faríamos com um
pesquisador e dar a cada um a mesma consideração piedosa. A maneira da
juventude pode não ser nossa maneira, sua linguagem pode parecer franca,
estranha e irreverente para nós, mas para eles, talvez, também pareçamos
estranhos. Podemos considerar a juventude e a maturidade como viajantes,
com destino a um porto no oriente. Os jovens podem viajar para o leste, para
o sol nascente, a maturidade pode ir para o oeste, em direção às sombras da
noite, mas em seu destino comum eles se encontrarão e perceberão que
ambos seguiram direto em seu curso de viagem, mas sempre haverá entre eles
a diferença da experiência ao longo do caminho.38 Será que o poder do
mormonismo acumulado durante um século não foi suficiente para formar
um cimento, unindo todas as verdades e o desejo da verdade — uma busca
unificada em que todos os membros, independentemente da idade, possam
estabelecer juntos? Existe um lugar, legítimo e reverente, para o
questionamento na edificação de um testemunho? Nós devemos responder
que sim e dizer que a base da dúvida e do questionamento tem sido a
característica marcante da Igreja, o poder por meio do qual os membros
encontraram seu caminho para ela.
Quando perguntaram a James E. Talmage como ele havia adquirido seu
testemunho, ele respondeu: “Embora pareça que eu tenha nascido com um
testemunho, ainda no início de minha adolescência fui levado a questionar se
aquele testemunho era realmente meu ou proveniente de meus pais. Propus-
me a investigar as declarações da Igreja, tentar contestar suas declarações me
parecia insensato. Depois de meses de questionamento (…), estava
convencido de sua veracidade de uma vez por todas e esse conhecimento é
uma parte tão plena e integrante de mim que sem ele eu não seria eu
mesmo”.39
Outra conversão é descrita da seguinte forma:

No começo ele tinha preconceito contra as doutrinas, mas como o


élder continuava a pregar (…) isso produziu um efeito extraordinário na
mente de Daniel Spencer. Por duas semanas, ele fechou seu
estabelecimento e se recusou a tratar de negócios com qualquer pessoa.
Ele se fechou para estudar e, ali, sozinho com seu Deus, ele pesou, no
equilíbrio de sua cabeça fria e seu coração consciente, a mensagem que
ele tinha encontrado. (…) Um dia (…) ele exclamou em prantos: “A
coisa é verdadeira e como homem honesto devo abraçá-la, mas isso vai
me custar tudo o que tenho na Terra”. Ele percebeu que, na opinião de
seus amigos e das pessoas da cidade, ele desceria do topo da sociedade
onde se encontrava, para junto de um povo desprezado, mas ele desceu
como homem.40

Essas, que foram as experiências de muitos que nasceram na Igreja e


fora dela, explicam a maravilha que é o poder do evangelho. Com um número
de membros em grande parte constituído por aqueles que se filiaram à Igreja
depois de uma pesquisa de investigação — que questionaram as crenças de
seus pais —, não podemos dizer, constantemente, que os jovens não têm o
direito de questionar a religião como qualquer outra preocupação humana e
qualificá-la em termos de valor individual.
Gostaria que me fosse dada inspiração para sugerir aos líderes meios
potentes de alcançar e envolver todos os jovens da Igreja. Deixarei o seguinte
pensamento que espero possa ser útil:
Ouçam o que eles têm a dizer, abram o coração e a mente para seus
problemas. Nunca digam a eles para se calarem, mas os inspirem a recorrer a
vocês com as perguntas mais profundas de sua alma. Esqueçam suas próprias
convicções ao ouvi-los, lembrem-se de suas convicções somente quando
forem responder.
Uma mulher disse: “A rápida reorganização social da época fez com que
a flexibilidade fosse necessária, e somente aqueles que são atentos e vitais,
que são curiosos em relação à vida, flexíveis o suficiente para assimilar as
novas maneiras de pensar e viver, podem se ajustar às circunstâncias
alteradas e encarar o futuro sem medo”.41
Tanto a juventude quanto a maturidade podem e vão aceitar os
princípios arraigados do evangelho — os princípios fundamentais. Como
Igreja, repito, podemos aceitar a divindade de Cristo, a Restauração por meio
de Joseph Smith e a autoridade de Deus conferida àqueles que foram
designados hoje para falar em Seu nome. Essa é a âncora à qual precisamos e
iremos nos agarrar.42 Firmemente ancorados, assim, poderemos olhar para
cada teoria nova, cada crença nova, cada pensamento novo e aceitar o que é
de valor para nós. Como líderes, o que podemos fazer, pergunto novamente, e
novamente respondo: Ouçam os jovens e aprendam com eles, conversem com
os jovens e os ensinem! Não percam nenhuma oportunidade de acender com
sua chama da crença o pavio que acenderá neles uma centelha de testemunho
— essa força energizante que vai gerar neles disposição para trabalhar para a
Igreja, calor para aquecê-los para o evangelho, luz para iluminar o caminho
deles em direção ao reconhecimento daquele conceito mais elevado de
inteligência como sendo a glória de Deus. Que Deus nos conceda a
recompensa de ver a crise religiosa de hoje voltada para as grandes e
gloriosas possibilidades que estão inseparavelmente ligadas nestes últimos
dias com nossa grande e gloriosa Igreja — a Igreja de Jesus Cristo!43
Elsie Talmage Brandley, “The Religious Crisis of Today” [A crise religiosa de hoje], Improvement Era
37, nº 8, agosto de 1934, pp. 467–468, 496–497; ver também Elsie Talmage Brandley, “The Religious
Crisis of Today”, Latter-day Saints’ Millennial Star 96, nº 36, 6 de setembro de 1934, pp. 561–566.

_________________________
^1. Mary May Booth Talmage Papers [Documentos de Mary Booth Talmage], pp. 1–2, Biblioteca de
História da Igreja; Andrew Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia: A Compilation of
Biographical Sketches of Prominent Men and Women in the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [Enciclopédia Biográfica dos Santos dos Últimos Dias: Uma Compilação de Esboços
Biográficos de Homens e Mulheres Proeminentes em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], 4 vols, Salt Lake City: Andrew Jenson History Co., 1901–1936, vol. 4, p. 267.
James E. e May Booth Talmage tiveram oito filhos, mas um deles morreu na infância (John R.
Talmage, The Talmage Story: Life of James E. Talmage—Educator, Scientist, Apostle [A História
de Talmage: A Vida de James E. Talmage — Educador, Cientista e Apóstolo], Salt Lake City:
Bookcraft, 1972, p. 241).
^2. Talmage, Talmage Story, pp. 124, 176, 181.
^3. Clarissa A. Beesley, “Elsie Talmage Brandley”, Improvement Era 38, nº 9, setembro de 1935, p.
558.
^4. A revista White and Blue foi publicada entre 1897 e 1923 (Beesley, “Elsie Talmage Brandley”, p.
558).
^5. Jenson, LDS Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica SUD], vol. 4, p. 254.
^6. Ela também transformava frequentemente as tarefas domésticas em jogos para envolver seus filhos
no trabalho (Beesley, “Elsie Talmage Brandley”, p. 559).
^7. Jenson, LDS Biographical Encyclopedia, vol. 4, p. 254; Harrison R. Merrill, “Elsie Talmage
Brandley—Editor and Friend” [Elsie Talmage Brandley — Editora e amiga], Improvement Era 38,
nº 9, setembro de 1935, p. 560. Elsie morreu de uma doença repentina algumas semanas antes de
completar 39 anos; sua filha mais nova tinha 4 anos de idade (Talmage, Talmage History, p. 241).
^8. Mattie Horne Tingey foi presidente geral da Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas de
1905 a 1929. Ruth May Fox serviu como presidente geral da Associação de Melhoramentos Mútuos
das Damas (mais tarde Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças) de 1929 a 1937.
^9. Beesley, “Elsie Talmage Brandley”, p. 559; Jenson, LDS Biographical Encyclopedia, vol. 4, p. 254;
Thomas C. Romney, “Representative Women of the Church: Elsie Talmage Brandley” [Mulheres
notáveis da Igreja: Elsie Talmage Brandley], Instructor 85, nº 11, novembro de 1950, p. 324.
^10. Jenson, LDS Biographical Encyclopedia, vol. 4, p. 254.
^11. “Funeral Services in Honor of Elsie Talmage Brandley” [Funeral em homenagem a Elsie Talmage
Brandley], Capela da Ala Vinte, Salt Lake City, UT, 5 de agosto de 1935, em posse da família. E.
E. Ericksen colaborou com Elsie por meio de sua posição na junta geral da AMMR. Elsie trabalhou
no novo departamento sênior (para jovens adultos de 23 a 35 anos), do qual Ericksen se tornou
presidente em 8 de abril de 1931 (Scott Kenney, “The Mutual Improvement Associations: A
Preliminary History, 1900–1950” [As Associações de Melhoramento Mútuo: Uma história prévia,
1900–1950], manuscrito não publicado, janeiro de 1976, p. 37, Biblioteca de História da Igreja;
Romney, “Representative Women of the Church: Elsie Talmage Brandley” [Mulheres Notáveis da
Igreja: Elsie Talmage Brandley], p. 324; E. E. Ericksen, Memories and Reflections: The
Autobiography of E. E. Ericksen [Memórias e Reflexões: A Autobiografia de E. E. Ericksen], ed.
por Scott G. Kenney, Salt Lake City: Signature Books, 1987, pp. 93–94).
^12. Elsie Talmage Brandley, “Peace on Earth” [Paz na Terra], Improvement Era 33, nº 2, dezembro de
1929, p. 102.
^13. Jon Savage, Teenage: The Prehistory of Youth Culture, 1875–1945 [Adolescente: A Pré-História
da Cultura Juvenil], New York: Penguin Books, 2007, pp. 277–280.
^14. Young Women General Board Minutes [Ata da junta geral das Moças], vol. 13, 1934–1937, 28 de
março de 1934, p. 26, Biblioteca de História da Igreja.
^15. Melvin J. Ballard, “Morality and the New Day” [A moralidade e os novos tempos], Improvement
Era 37, nº 9, setembro de 1934, p. 515.
^16. Marba C. Josephson, History of the YWMIA [História da AMMM], Salt Lake City: Young
Women’s Mutual Improvement Association, 1955, pp. 174–199, 201–202.
^17. Kenney, “The Mutual Improvement Associations” [As Associações de Melhoramento Mútuo], pp.
28–31.
^18. Young Women General Board Minutes [Ata da junta geral das Moças], 28 de março de 1934, p.
25, e cartas anexas de 24 de maio de 1934 e 29 de maio de 1934.
^19. Improvement Era, Edição especial da conferência de junho de 1934, p. 7; Young Women General
Board Minutes [Ata da junta geral das Moças], 24 de janeiro de 1934, p. 10; 7 de fevereiro de 1934,
pp. 13–14; 21 de fevereiro de 1934, p. 17; 14 de março de 1934, p. 19; 21 de março de 1934, p. 21;
Young Men’s Mutual Improvement Association General Board Minutes [Ata da junta geral da
Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes], vol. 28, 1933–1935, 21 de fevereiro de 1934,
pp. 106–111; 28 de fevereiro de 1934, pp. 111, 135–136; 7 de março de 1934, pp. 154–156, BHI;
Elsie T. Brandley, Journal [Diário], 24 de fevereiro, 16 de março de 1934, em posse da família; ver
Elsie Talmage, KWCF-N9P, Memórias, acessado em 1º de fevereiro de 2016, familysearch.org.
^20. Young Women General Board Minutes [Ata da junta geral das Moças], 2 de maio de 1934, p. 39;
9 de maio de 1934, p. 43. Ver Improvement Era 37, nº 8, agosto de 1934, como segue: Henry A.
Smith, “Glimpses of June Conference” [Vislumbres da Conferência], p. 454; Oscar A. Kirkham,
“Latter-day Saint Youth and the New Day” [Jovens Santos dos Últimos Dias e os Novos Tempos],
pp. 463–464, 497; Joseph F. Smith, “The Glorious Possibilities for Us of the Religious Crisis” [As
Gloriosas Possibilidades para Nós da Crise Religiosa], pp. 465–466, 495–496; e Elsie Talmage
Brandley, “The Religious Crisis of Today” [A crise religiosa de hoje], pp. 467–468, 496–497; ver
também Ballard, “Morality and the New Day” [A moralidade e os novos tempos], pp. 515–516,
527.
^21. Elsie escreveu: “Depois da reunião, pelo menos 50 pessoas (contei 34) me pararam para perguntar
onde eles poderiam obter cópias dos discursos. (…) Mais de 85 pessoas, pela contagem real,
telefonaram ou vieram ao escritório para obter cópias dos discursos da manhã de sábado”
(Brandley, Journal [Diário], 9 e 11 de junho de 1934; ver Talmage, Memórias).
^22. Elsie Talmage Brandley, “The Religious Crisis of Today” [A crise religiosa de hoje], Latter-day
Saints’ Millennial Star 96, nº 36, 6 de setembro de 1934, pp. 561–566; Melvin J. Ballard, “Morality
and the New Day” [A moralidade e os novos tempos], Latter-day Saints’ Millennial Star 96, nº 39,
27 de setembro de 1934, pp. 609–612.
^23. Elsie Talmage Brandley escreveu em um editorial: “Ser líder de jovens é ser uma espécie de
criador, porque um novo entendimento, uma nova determinação, uma nova atividade, inspiração e
ambição ganham vida na presença da verdadeira liderança” (Elsie T. Brandley, “The Art of
Leadership” [A arte da liderança], Improvement Era 33, nº 12, outubro de 1930, p. 790).
^24. Ver James Russell Lowell, The Vision of Sir Launfal [A Visão do Sr. Launfal], Cambridge, UK:
John Bartlett, 1849, p. 26.
^25. As três gerações a que Elsie se refere parecem ser os jovens, os participantes e líderes em seus 20 e
30 anos e os líderes mais velhos. Nessa época a AMMM tinha os seguintes departamentos,
distinguidos por grupos etários: Bee-Hive Girls [Abelhinhas] (12–14), Junior Girls [Meninas-
Moças] (15–16), Gleaners [Lauréis] (17–23) e Seniors [Veteranas] (24–35) (“Report of the
Committee on M.I.A. Survey” [Relatório do comitê sobre a pesquisa da AMM], na Young Women
General Board Minutes [Ata da junta geral das Moças], março de 1934, p. 10).
^26. Joseph Fielding Smith, que se tornou membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1910 e que
viria a servir como presidente da Igreja de 1970 a 1972, falou depois da irmã Brandley. Ele
ensinou: “A própria característica marcante do mormonismo é sua maneira de interpretar a verdade
para o bem-estar humano imediato e o fornecimento de técnicas para facilitar as interpretações.
Essa é a essência da revelação: interpretar a verdade em termos de condições do mundo atual para o
benefício imediato da humanidade. (…) A verdade deve sempre receber novas interpretações”.
Muitos membros proeminentes da Igreja enfatizaram a correspondência entre as práticas dos
membros da Igreja com os avanços do mundo contemporâneo (Smith, “The Glorious Possibilities
for Us of the Religious Crisis” [As Gloriosas Possibilidades para Nós da Crise Religiosa], p. 466;
ver também, por exemplo, John A. Widtsoe e Leah D. Widtsoe, The Word of Wisdom: A Modern
Interpretation [A Palavra de Sabedoria: Uma Interpretação Moderna], Salt Lake City: Deseret
Book, 1937. Para saber mais sobre como os membros da Igreja viam sua fé conectada com as ideias
da época, ver Matthew Bowman, The Mormon People: The Making of an American Faith [O Povo
Mórmon: O Surgimento de uma Fé Americana], New York: Random House, 2012, pp. 152–183).
^27. Ver Doutrina e Convênios 1:24.
^28. Para uma explicação sobre as novas mudanças dos anos 1920 e 1930, ver Lynn Dumenil, The
Modern Temper: American Culture and Society in the 1920s [O Temperamento Moderno: A
Cultura Americana e a Sociedade na Década de 1920], New York: Hill e Wang, 1995.
^29. Ver, por exemplo, Isaías 11:12. Mais tarde, a cultura do século 20 determinou que os
contemporâneos especializados em Colombo acreditavam que a Terra era redonda embora
enquadramentos da história de Colombo semelhantes aos de Brandley tinham sido amplamente
aceitos por muitos anos (William D. Phillips Jr. e Carla Rahn Phillips, The Worlds of Christopher
Columbus [Os Mundos de Cristóvão Colombo], New York: Cambridge University Press, 1992, p.
140).
^30. Ver, por exemplo, Gênesis 3:16. As preocupações religiosas sobre o uso de anestésico surgiram
entre alguns fiéis quando ele foi dado pela primeira vez às mulheres ao dar à luz durante a década
de 1840. No início do século 20, muitas mulheres e reformistas da era progressista defenderam os
partos hospitalares porque acreditavam que poderiam ser mais seguros para a mãe e a criança e
proporcionar mais alívio da dor embora nem sempre isso ocorria. Ainda havia um debate de
oposição religiosa à anestesia durante a década de 1920 (Richard W. Wertz e Dorothy C. Wertz,
Lying-In: A History of Childbirth in America [Repouso: A História do Parto na América], edição
ampliada, New Haven, CT: Yale University Press, 1989, pp. 116–117, 133–135; Howard Wilcox
Haggard, Devils, Drugs, and Doctors: The Story of the Science of Healing from Medicine-Man to
Doctor [Demônios, Drogas e Médicos: A História da Ciência da Cura a Partir da Medicina do
Homem para o Médico], London: William Heinemann, 1929, pp. 97–98, 116).
^31. James E. Talmage, The Earth and Man: Address Delivered in the Tabernacle, Salt Lake City,
Utah, Sunday, August 9, 1931 [A Terra e o homem: Discurso proferido no tabernáculo], Salt Lake
City, Utah, domingo, 9 de agosto de 1931, Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints, 1931, p. 6.
^32. Chicago realizou uma feira mundial de 1933 a 1934. Era uma comemoração do centenário de
Chicago e foi chamada “Um século de progresso” (Cheryl R. Ganz, The 1933 Chicago World’s
Fair: A Century of Progress [A Feira Mundial de Chicago de 1933: Um Século de Progresso],
Chicago: University of Illinois Press, 2008).
^33. Robert Morss Lovett, “Progress—Chicago Style” [Progresso — Estilo de Chicago], Current
History 39, nº 4, 1º de janeiro de 1934, pp. 434–435, 437–438. A citação de Elsie não confere
exatamente com o artigo de Lovett.
^34. Albert Edward Bailey, “New Churches for Old” [Novas igrejas para idosos], Christian Century
51, 24 de janeiro de 1934, pp. 116–118. A citação de Elsie não confere exatamente com o artigo de
Bailey.
^35. Glenn Frank, “The Will to Doubt” [O desejo de duvidar], Deseret News, 20 de julho de 1928.
Elsie errou em inserir reticências quando pulou partes do artigo de Frank. O artigo foi publicado em
vários locais naquela data, por meio de sindicato de jornal McClure.
^36. Um artigo de 1950 resumiu os sentimentos de Elsie assim: “Ela insistiu para que fosse permitido e
até incentivado a eles pensar por si mesmos e não aceitar como verdade uma suposição feita por
outras pessoas sem investigação” (Romney, “Representative Women of the Church: Elsie Talmage
Brandley” [Mulheres Representantes da Igreja], p. 324).
^37. Talmage, Earth and Man [A Terra e o homem], p. 14.
^38. Em um editorial, Elsie escreveu: “Embora o antigo caminho tenha suas falhas e suas vantagens,
como o novo, as belezas de ambos sem dúvida superam as características negativas. Um dos
melhores cursos na escola ou fora dela que alguém pode fazer é um curso de reconhecimento das
outras gerações” (Elsie T. Brandley, “Autumm Color” [A cor do outono], Improvement Era 35, nº
12, outubro de 1932, p. 706).
^39. Bryant S. Hinckley, “James E. Talmage”, Latter-day Saints’ Millennial Star 94, nº 30, 28 de julho
de 1932, p. 468. A citação de Elsie não confere exatamente com a original de Talmage.
^40. Edward W. Tullidge, “Daniel Spencer”, em History of Salt Lake City [História de Salt Lake City],
seção de biografias, Salt Lake City: Star Printing, 1886, p. 168. A citação de Elsie não confere
exatamente com a original de Tullidge.
^41. “Challenge to Middle-Age” [O desafio para a meia-idade], Harper’s Magazine 169, junho de
1934, pp. 113–119.
^42. Elsie escreveu em um editorial: “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias mantém
dentro de si a verdade que contém toda a beleza. A luz da revelação dissipou a névoa que por tanto
tempo envolveu a humanidade e explicou de onde viemos e por que estamos aqui. Maior do que
todos os bens materiais da Terra é o conhecimento de que Jesus é o Cristo e que Ele amou tanto
Seus semelhantes que deu Sua vida para que pudessem viver eternamente. Com esse conhecimento
como uma lâmpada para iluminar o caminho, surge toda cor, ritmo e simetria que tornam a vida
uma harmonia cheia de propósito e a salvação uma gloriosa certeza” (Elsie Talmage Brandley,
“What Is Beauty?” [O que é a beleza?], Improvement Era 33, nº 3, janeiro de 1930, p. 182).
^43. Elsie Talmage Brandley declarou em um editorial: “Viva hoje com esperança no amanhã e fé no
futuro. Dia após dia, extraia da vida tudo o que ela tem a oferecer e, se não tiver um sabor tão doce
como você gostaria, encontre em seu amargor a qualidade medicinal das ervas. Poucas experiências
na vida são desprovidas de possibilidades para desenvolver o crescimento e, ao procurá-las dia após
dia, a satisfação chegará. Se não chegar pela facilidade e felicidade, ela chegará apesar delas”
(Elsie T. Brandley, “Day by Day” [Dia após dia], Improvement Era 35, nº 9, julho de 1932, p. 515).
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Prepara teu coração

Leone O. Jacobs
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
29 de setembro de 1949

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Antes de seu serviço na junta geral da Sociedade de Socorro, Maud Leone


Openshaw Jacobs (1903–1990) e seu marido, Joseph, serviram missão na
Palestina e na Síria.1 Joseph partiu para o serviço como presidente de missão
em julho de 1937. Leone e seus filhos, Geraldine, de 11 anos, e Lamont, de 7
anos, não puderam estar com Joseph até dezembro de 1938, após Leone ter
sido submetida a uma cirurgia delicada e ficar recuperada.2 O trabalho
missionário de Leone Jacobs incluía a integração com os membros, aprender
turco, fazer uma confraternização natalina para os membros da Igreja e
preparar refeições para os missionários e convidados da missão.3 Ela também
apoiava as atividades da Sociedade de Socorro e dos jovens e tocava órgão
durante as reuniões.4 Depois que a Inglaterra declarou guerra à Alemanha,
em 3 de setembro de 1939, a família Jacobs foi chamada de volta para casa,
deixando 79 membros para manter a Igreja na Ásia Menor.5 Leone escreveu
um relatório de 12 páginas sobre sua missão, descrevendo os esforços dos
judeus para povoar a Palestina, o papel dos homens e das mulheres na cultura
local e uma despedida triste dos membros da Igreja. O Deseret News
publicou seu relatório em dois artigos.6
Leone foi chamada para a presidência da Sociedade de Socorro da
Estaca Ensign em 1941, no mesmo ano que os Estados Unidos entraram na
Segunda Guerra Mundial. Ela trabalhou com outros membros da Sociedade
de Socorro no envio de sabão, vestuário em geral e roupas de cama ao
estrangeiro, oferecendo apoio à sede da Cruz Vermelha americana no estado
de Utah na confecção de ataduras e de jalecos hospitalares e auxiliando em
designações na produção de enlatados na Welfare Square.7 Os materiais eram
escassos, então a Sociedade de Socorro precisou ser flexível e agir
rapidamente para comprar suprimentos para produzir cobertores, roupas e
outros itens quando tais produtos secos se tornaram disponíveis. Os membros
da presidência da Sociedade de Socorro da estaca juntavam os selos de
racionamento de gasolina, enquanto a irmã Leone, único membro da
presidência com um carro, levava as irmãs para comprar tecido.8
Ao fim da guerra, a recém-chamada presidente geral da Sociedade de
Socorro, Belle S. Spafford, convidou Leone para servir na junta geral entre
1945 e 1956, quando doenças cardíacas a obrigaram a ser desobrigada.9 As
designações de Leone na junta incluíam o planejamento das convenções da
Sociedade de Socorro10 e representar a junta em programas comunitários,
como o Conselho de Segurança de Utah e o Conselho Legislativo das
Mulheres de Utah.11 Ela deu o seguinte discurso sobre aumentar
continuamente a retidão na conferência geral da Sociedade de Socorro, em 29
de setembro de 1949, no Tabernáculo de Salt Lake.

PRESIDENTE CLARK, IRMÃOS E IRMÃS, é de fato uma inspiração olhar


o rosto de vocês e contemplar a influência para o bem que vocês, irmãs, são,
e tenho certeza de que, se essa influência pudesse ser medida de alguma
forma, isso excederia de longe nossa estimativa mais extravagante.12
Agradecemos por sua lealdade a esta organização e ao evangelho e pelo
amor e pela compreensão que vocês praticam em suas comunidades.
Oro para que, nos poucos momentos em que estou diante de vocês, eu
tenha sua fé e suas orações comigo e que nosso Pai Celestial me fortaleça.
Um dos princípios mais gloriosos da vida é que podemos sempre nos
elevar acima do nosso nível atual. Quão desencorajante a vida seria se, uma
vez que nos encontrarmos envolvidos em conduta indigna, não
conseguíssemos nos erguer para trilhar melhores caminhos. No entanto, não
temos que permanecer como estamos. Cada dia nos oferece um novo início.
Certa vez, um homem idoso estava analisando sua vida com um amigo.
Ele disse: “Quando eu tinha 30 anos, eu simplesmente não era bom, não era
bom em nada nem para mim mesmo e, então, certo dia, tive a necessidade, o
desejo de mudar minha atitude. Decidi que iria mudar minha direção e, desde
aquele dia, levo uma vida da qual tenho orgulho”.
Uma jovem universitária fez uma pausa em sua rotina alvoroçada e
disse: “Acho que estou entre más companhias. Acho que não quero ir aonde
estão indo”. E ela não foi.
Uma mãe de três filhinhos nunca havia achado necessário lhes dar
qualquer instrução religiosa. Ah, sim, ela deu a eles refeições bem
equilibradas, deixava-os os mais limpos possível e assegurava que a hora de
dormir fosse cumprida rigorosamente. Mas um dia ela ponderou: “Pergunto-
me se sou uma boa mãe. Deve haver mais coisas para se criar uma família,
além de meramente prover alimentos e roupas. Parece que tenho tempo para
meus passatempos, como o jogo de bridge, e compromissos sociais à noite,
mas talvez esteja negligenciando alguns pontos muito importantes”.13 Ela fez
algo a respeito.
A vida pode mudar, não pode? O curso de nossa vida pode ser desviado,
mas como? Vamos chamar isso de preparar nosso coração.
Bem, o que significa preparar o coração? Significa verificar em si
mesmo, examinando a vida diária para ver o que está lá, para ver o que existe
de valor e o que deve ser jogado fora. Isso significa se humilhar perante o
Senhor. Isso significa se livrar da amargura e do egoísmo. Isso significa
perdão completo de todos os males infligidos sobre nós, reais ou imaginários.
Significa abrir o coração em grande escala para a retidão, colocando-se em
uma atitude de receber o bem. Isso significa viver a vida de modo diferente.
Imagine um campo arado e lavrado de ponta a ponta, nivelado quase
com perfeição, onde as ervas daninhas queimaram por completo ao longo da
cerca e todo o possível é feito para propiciar o crescimento da boa semente.
Podemos colocar nosso coração nessa mesma condição, com uma atitude de
receptividade ao bem. Podemos arar os velhos hábitos inúteis e lavrar os
lugares acidentados do erro, porém ouvimos alguém dizer: “Eu gostaria de
servir mais na Igreja como aquela irmã. Eu gostaria de viver o evangelho
como ela faz”.
Elas podem. Tudo isso está nas coisas do coração. Tudo isso está em
preparar o coração para querer esse tipo de vida. Ouvimos outras pessoas
dizerem: “Mas não vejo como ter tempo para tudo isso”.
Em uma de nossas recentes convenções da Sociedade de Socorro, um
bispo disse algo que acho que é muito importante ser lembrado por nós. Foi
isso que disse: “Se você está ocupada demais para servir ao Senhor, você é
muito ocupada”.
Sim, se estivermos muito ocupadas para servir ao Senhor, somos muito
ocupadas fazendo outras coisas que não valem a pena.
No Velho Testamento, lemos o seguinte: “Porque Esdras tinha
preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor, e para cumpri-la”.
“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor, e
para cumpri-la.”14
Que belo ideal pelo qual podemos trabalhar!
Em Doutrina e Convênios, o Senhor disse ao profeta Joseph Smith:
“Portanto, prepara o teu coração para receber as instruções que estou prestes
a dar-te”.15
Creio que preparar o coração talvez seja o ponto mais decisivo no
progresso para alcançar qualquer meta. É verdade que a realização de nossos
planos também é importante, mas, quando nosso coração estiver preparado
plena e vigorosamente, a ação é relativamente fácil. Como o poema diz: “É a
posição da alma que determina a meta”.16
E acredito plenamente que, quanto ao viver do evangelho, podemos
fazer o que desejamos fazer se desejarmos o suficiente.
Agora, na Sociedade de Socorro, temos grande ajuda para preparar
nosso coração para a retidão. Temos muito auxílio em nossas lições
maravilhosas e em nossas atividades nos dias de servir, e não só temos ajuda
para preparar nosso coração para viver, mas temos a oportunidade de ajudar a
preparar o coração das pessoas. O trabalho das professoras visitantes é uma
oportunidade maravilhosa para ajudar a trazer de volta, pouco a pouco,
aquelas que não estão tão ativas quanto deveriam para serem mais
participativas no evangelho.
Sabemos que viver o evangelho significa compartilhá-lo com outras
pessoas e o ensino das professoras visitantes é realmente um desafio no que
concerne a compartilhar o evangelho. É verdade que requer grande
preparação, pensamentos, tato e sabedoria e, tenho certeza, que o programa
das professoras visitantes ainda não atingiu sua máxima capacidade.
Recentemente, ouvi um bispo fazer um apelo urgente às irmãs da
Sociedade de Socorro para abraçarem nossas irmãs que se distanciaram e se
afastaram por terem se casado fora da Igreja. Certamente devemos nos
empenhar em trazer essas irmãs para mais perto de nós e, por meio do puro
amor e interesse pessoal, fazer com que se sintam bem recebidas e sintam que
são necessárias e pertencem a nossa organização.
Lembrem-se: se você está ocupada demais para servir ao Senhor, você
está muito ocupada. Prepare seu coração para buscar a lei do Senhor e
cumpri-la e para ajudar as pessoas, de todas as maneiras possíveis, a preparar
seu coração para a retidão. Oro ao Pai Celestial que Ele nos ajude a planejar o
curso de nossa vida no caminho estreito e apertado e que sigamos
diligentemente esse caminho, e rogo por isso, em nome de Jesus Cristo.
Amém.
Leone O. Jacobs, “Prepare Thy Heart” [Prepara teu coração], 29 de setembro de 1949, pp. 246–251, em
Relief Society Annual Conference Proceedings [Procedimentos da conferência anual da Sociedade de
Socorro], 1945–1975, Biblioteca de História da Igreja, ver também Leone O. Jacobs, “Prepara teu
coração”, 29 de setembro de 1949, em “Sessão geral”, Relief Society Magazine 36, nº 12, dezembro de
1949, pp. 819–820.

_________________________
^1. Os armênios, Armenag e Osanna Hagopian, pais de Joseph Jacobs, estavam entre os primeiros
conversos de Aleppo, Síria, filiando-se à Igreja em 1893 e 1896, respectivamente (“The Joseph
Jacobs Story” [A História de Joseph Jacobs], 4 de janeiro de 2006, p. 2, BHI; Leone O. Jacobs,
“Palestine-Syrian Mission History” [História da Missão Palestina-Síria], sem data, pp. 1, 4–5, BHI;
Alice B. Steinicke, “Leone Openshaw Jacobs”, Relief Society Magazine 32, nº 7, julho de 1945, pp.
406–407).
^2. Jacobs, “Palestine-Syrian Mission History” [História da Missão Palestina-Síria], p. 1.
^3. Essas atividades foram registradas repetidas vezes em dois diários que Leone Jacobs teve durante
sua missão (ver Maud Leone Openshaw Jacobs, Diário, 5 de dezembro de 1938 a 26 de fevereiro de
1939; 27 de fevereiro a 28 de junho de 1939, BHI).
^4. Jacobs, “Palestine-Syrian Mission History” [História da Missão Palestina-Síria], 7A; Jacobs, Diário,
27 de fevereiro, 28 de junho de 1939.
^5. Steinicke, “Leone Openshaw Jacobs”, pp. 406–407; Jacobs, “Palestine-Syrian Mission History”
[História da Missão Palestina-Síria], pp. 8–10.
^6. Leone Openshaw Jacobs, “To the Land of Our Savior” [Para a terra de nosso Salvador], Deseret
News, 5 e 26 de abril de 1941.
^7. Steinicke, “Leone Openshaw Jacobs”, p. 407; Maud Leone Openshaw Jacobs, “Autobiografia of
Maud Leone Openshaw Jacobs”, 1979, pp. 40–41, BHI.
^8. Jacobs, “Autobiografia”, p. 40.
^9. “Leone O. Jacobs Resigns from the General Board” [Leone O. Jacobs é desobrigada da junta geral],
Relief Society Magazine 43, nº 4, abril de 1956, p. 241; Jacobs, “Autobiography” [Autobiografia],
pp. 41–42, 48, 51.
^10. Jacobs, “Autobiography”, pp. 47, 51. As convenções da Sociedade de Socorro eram realizadas em
âmbito de estaca e também eram chamadas de conferências de estaca da Sociedade de Socorro.
Durante a década de 1940, os participantes ouviram discursos como “Strengthening Community
Virtues” [Fortalecer as virtudes da comunidade], 1946, “Why Relief Society Membership Is Vital
to Latter-day Saint Women” [Por que pertencer à Sociedade de Socorro é vital para as mulheres da
Igreja], 1947, e “How I Co-operate with the Bishop in Ward Welfare Activities” [Como cooperar
com o bispo em atividades de bem-estar da ala], 1949. As reuniões também incluíam tempo para
debate conduzido por um membro da junta geral (Convenções anuais dos grupos da estaca, 1946, p.
5; Convenções anuais dos grupos da estaca, 1947, p. 5, e Convenções anuais da Sociedade de
Socorro, 1949, p. 5, conferência da Sociedade de Socorro e programas da convenção, 1916–1975,
BHI).
^11. O Conselho de Segurança de Utah foi fundado em 1939 para promover a segurança do tráfego em
Utah. Em 1945, o conselho estendeu seus esforços de segurança limitados ao tráfego para questões
de segurança mais amplas na comunidade. O Conselho Legislativo das Mulheres de Utah foi
formado em 1920 para promover leis instigadas por qualquer partido político que beneficiasse o
estado de Utah. Leone Jacobs serviu no conselho por seis anos (“Conselho de Segurança de Utah”,
Relatório anual, 1958–1959, em poder dos editores; Eileen Hallet Stone, “Living History: Utah
Women’s Group Still Political after 90 Years” [História viva: Grupo das mulheres de Utah
permanece político após 90 anos], Salt Lake Tribune, 2 de março de 2010; Jacobs, “Autobiografia”,
p. 47).
^12. J. Reuben Clark Jr., membro da Primeira Presidência, assistiu à reunião (Relato da conferência
geral da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Salt
Lake City, Utah, 28 e 29 de setembro de 1949, p. 230, Relief Society Annual Conference
Proceedings [Procedimentos da conferência anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca
de História da Igreja).
^13. Bridge era um jogo de cartas popular nos Estados Unidos em meados do século 20 e, muitas vezes,
um aspecto crucial da vida social (Ely Culbertson e Peter F. O’Shea, “Civilization at the Bridge
Table” [A civilização à mesa de Bridge], North American Review 229, nº 2, fevereiro de 1930, pp.
141–147; Robert D. Putnam, Bowling Alone: The Collapse and Revival of American Community
[Jogando Boliche Sozinho: O Colapso e o Reavivamento da Comunidade Americana], New York:
Simon e Schuster, 2000, pp. 102–104).
^14. Esdras 7:10.
^15. Doutrina e Convênios 132:3.
^16. Ella Wheeler Wilcox, “The Winds of Fate” [Os ventos do destino], em World Voices [Vozes do
Mundo], New York: Biblioteca Internacional Hearst, 1916, p. 51.
—————————— 34 ——————————

Cultivar os valores eternos da vida

Mary J. Wilson
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
29 de setembro de 1949

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Mary Jacobs Wilson (1896–1990) tinha grande experiência em servir na


Sociedade de Socorro quando foi designada para a junta geral em novembro
de 1946.1 Ela havia sido presidente em duas Sociedades de Socorro da ala,
conselheira em duas Sociedades de Socorro da estaca e presidente da
Sociedade de Socorro da estaca, todas essas designações na área de Ogden,
Utah.2 Ela e seu marido, David, tiveram cinco filhos.3 Ao lhe dar as boas-
vindas à junta geral da Sociedade de Socorro, Maureen C. Neilson, uma
companheira membro da junta descreveu o lar que a família Wilson havia
constituído como possuidor de “hospitalidade acolhedora, música, riso,
humor e o Espírito do Senhor”.4 Mary estudou música e drama na Weber
College e serviu como vice-presidente do grêmio estudantil.5
Ela serviu na junta da Sociedade de Socorro durante os primeiros anos
da presidência de Belle S. Spafford, com outras 16 mulheres (não incluindo
quatro membros da presidência).6 Além de servir nos comitês de concursos
de música, literatura e poesia, ela representava a Sociedade de Socorro no
Conselho Legislativo de Mulheres, que estudava os problemas do estado e as
questões legislativas. Em dezembro de 1946, a Sociedade de Socorro foi
encarregada de desenvolver o programa de noite familiar com a ajuda dos
consultores do Quórum dos Doze Apóstolos, Joseph Fielding Smith e Mark
E. Petersen.7 Ela presidiu o comitê da Sociedade de Socorro que tratava da
noite familiar. Quando Mary começou seu serviço, os membros da junta
estavam justamente terminando os trabalhos para angariar fundos para a
construção de um edifício da Sociedade de Socorro.8
Durante os anos depois da Segunda Guerra Mundial, muitos norte-
americanos, inclusive os membros da Igreja das montanhas do oeste,
aproveitaram as oportunidades educacionais e profissionais que estavam se
expandindo. A era do pós-guerra também aumentou a ênfase na concepção da
unidade básica familiar, que incluía funções diferentes para homens e
mulheres. Embora muitos americanos experimentassem uma prosperidade
crescente, outros — particularmente as minorias raciais e étnicas —
encontravam barreiras que impediam sua melhoria econômica. Bairros e
escolas foram separados e o racismo institucionalizado impediu a mobilidade
crescente.9 Essas mudanças sociais e culturais após a Segunda Guerra
Mundial formam o contexto em que a irmã Wilson proferiu o seguinte
discurso sobre priorizar a salvação eterna em vez da riqueza.

MEUS QUERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, como texto para minha mensagem


hoje, usei o versículo 7 de Doutrina e Convênios 6: “Não busque riquezas,
mas sabedoria, e eis que os mistérios de Deus te serão revelados e então serás
enriquecido. Eis que é rico aquele que tem a vida eterna”.
A responsabilidade mais importante que repousa sobre qualquer pessoa
é a de edificar uma vida proveitosa e significativa. Esse objetivo não é
alcançado em um dia, uma semana ou um mês. Nas palavras de J. G.
Holland:

O céu não é conquistado de uma só vez;


Mas construímos a escada pela qual subimos
Da humilde Terra aos céus arqueados,
E alcançamos o topo, degrau a degrau.10

Toda pessoa nasce com a missão dada por Deus de construir uma vida.
Então, quais são os materiais que devemos usar na construção dessa vida
valiosa?
O grande poeta e inspirador americano, Henry Wadsworth Longfellow,
entendeu essa necessidade:

Para a estrutura que erguemos;


O tempo é material necessário;
Nosso hoje e o ontem,
São os blocos com os quais construímos.11

Nada duradouro pode ser construído sem um padrão ou um plano.


Precisamos ter propósito e direção em nossa construção. Qual é o grande
plano pelo qual moldamos nossa vida? Nós, como irmãs da Sociedade de
Socorro, sabemos a resposta, pois é conhecer o Pai Celestial e fazer Sua
vontade. Nas palavras de Tolstoi: “Deus é aquele sem o qual não podemos
viver”.12
Nosso tempo, nossa energia e nossos recursos são limitados, por isso
somos necessariamente confrontados com a responsabilidade de fazer
escolhas. Portanto, é importante desenvolvermos um padrão de vida que
contenha valores imperecíveis e que a construamos na estrutura de nossa vida
pessoal.
Gostaria de sugerir algumas das qualidades eternas pelas quais devemos
nos esforçar. Elas são a fé sincera e permanente, a oração, o amor e o
interesse pelo próximo e a devoção sincera ao plano do Pai Celestial para a
obtenção da vida eterna.
A fé é o que lhe dá visão para prosseguir e confiança no sucesso final
mesmo diante do desânimo pessoal. É bom lembrar da história de Marie
Curie.13 Como ela trabalhou ou se esforçou continuamente não deixando
qualquer adversidade derrotá-la em seu plano, porque tinha muita fé e sabia
que um dia o objetivo pelo qual trabalhava seria alcançado.
Em 1 Néfi 17, aprendemos que Néfi foi ordenado a construir um navio
grande. Seus irmãos o ridicularizaram, riram dele e o chamaram de tolo, mas
ele se pôs diante deles e disse: “Se Deus me tivesse ordenado que fizesse
todas as coisas, poderia fazê-las. Se ele me ordenasse que dissesse a esta
água: Converte-te em terra, ela se converteria; e se eu o dissesse, assim seria
feito”.14
Tamanha era sua fé.
Por meio da fé, temos o poder de ser seletivos, conhecer o trigo pelo
joio. Foi esse tipo de fé que possibilitou aos nossos antepassados pioneiros
abrir mão de tudo que fosse de natureza material e se voltar à religião e, em
seguida, construir este nosso grande império ocidental.
Ao falar de fé, gosto de me lembrar da fé que meu pai e minha mãe
possuíram ao longo dos anos. Um de nossos irmãos mais novos adoeceu de
repente. Meu pai não estava em casa, mas minha mãe chamou seus outros
sete filhos no quarto onde ele estava doente e todos nos ajoelhamos ao redor
de sua cama.15 Não me lembro das palavras de minha mãe, mas lembro do
sentimento que havia ali, porque ela falou com o Pai Celestial como se Ele
estivesse realmente presente conosco e nenhum de nós tinha dúvida de que a
oração de minha mãe seria respondida, e foi, pois naquela mesma noite nosso
irmão estava novamente de pé e brincando conosco.
Na realidade, abençoado é o lar, abençoados são os filhos que têm pais
possuidores de tamanha fé, o tipo de fé que nos eleva acima das experiências
desanimadoras da vida, o tipo de fé que nos capacita a nos mover para
alcançar metas eternas e ver as experiências em seu cenário eterno.
Não há nenhum elemento mais importante na edificação da fé do que a
oração. É o meio de nos aproximarmos de Deus, e por meio dele
conhecermos Sua vontade. Porém, será que sempre fazemos orações
significativas ou, para nós, elas são meramente uma questão de hábito e
rotina? As orações que vão enriquecer nossa alma e nos dar uma nova visão e
fé são as orações pelas quais abrimos completamente nossa alma a Deus, com
fé e confiança de que ele nos dará forças para enfrentar e vencer as coisas que
nos impedem de alcançar o verdadeiro crescimento espiritual, que é o destino
de todos os filhos de Deus, principalmente os santos dos últimos dias que têm
o direito, se viverem em retidão, à orientação do Espírito Santo.
Um élder na missão uruguaia recentemente contou sobre uma visita que
fez a um casal espanhol de idosos. Em sua primeira visita, ele disse a eles que
era capaz de expressar seus sentimentos mais profundos e suas ideias a Deus
sempre que era sua vez de participar da oração familiar. Em sua igreja, essas
pessoas só conseguiam fazer uma oração decorada, que era uma que não
entendiam. Eles ficaram muito interessados em nossa conversa e em pouco
tempo foram batizados como membros de nossa Igreja.
A fé e a oração, no entanto, não podem funcionar em nossa vida de
forma eficaz meramente como princípios abstratos. Em Tiago, lemos que a fé
sem obras é morta.16 Devemos, portanto, fazer refletir nossa fé em nosso
serviço e amor pelo próximo. O próprio Salvador disse: “Aquele que serve
seus semelhantes serve ao Pai Celestial”.17 Uma das maiores declarações da
Bíblia a respeito do Salvador é que Ele andou fazendo o bem.18
Quando o serviço é mencionado, estamos propensos a pensar em uma
oportunidade de servir de alguma forma grande em lugares remotos. Nossa
tendência é esquecer os “campos de diamantes” espalhados em nosso próprio
quintal, na mesma comunidade ou no mesmo quarteirão — ou, talvez, em
nossa própria família há aqueles que estão desanimados e empobrecidos por
falta de palavras de amor e palavras de esperança.19 Há aqueles que estão
espiritualmente doentes, bem como aqueles que estão mental e fisicamente
doentes. Em geral, nossas oportunidades de serviço estão dentro desses
campos ao redor de nosso próprio lar.
Duas professoras visitantes em uma de suas visitas encontraram uma
irmã dilacerada pela dor. Ela tinha passado por grande tristeza e havia
perdido a fé em si mesma e a fé em Deus. Essa irmã aflita tinha passado por
muita coisa e essas professoras visitantes tinham um interesse recente por
essa infeliz irmã. Elas a visitavam com frequência. Elas sabiam que
precisavam de alguma forma criar um interesse de viver dentro do coração
daquela irmã. Elas também precisavam reavivar dentro dela o amor a Deus e
a fé em si mesma. Isso foi realizado, e esse é apenas um exemplo do
verdadeiro amor e serviço que advém de nosso trabalho como professoras
visitantes. Há milhares de casos desse tipo em que pessoas foram ajudadas
dentro de nossa própria organização da Sociedade de Socorro.
Devemos nos lembrar de que ninguém nunca acha que a vida vale a
pena ser vivida. Temos que fazer com que ela valha a pena ser vivida.
O verdadeiro significado do amor encontramos em 1 Néfi 11:21–23. O
anjo estava falando com Néfi e ele disse:
“Eis o Cordeiro de Deus, sim, o Filho do Pai Eterno! Sabes tu o
significado da árvore que teu pai viu? E respondi-lhe, dizendo: Sim, é o amor
de Deus, que se derrama no coração dos filhos dos homens; é, portanto, a
mais desejável de todas as coisas. E falou-me, dizendo: Sim, e a maior alegria
para a alma”.
Os santos dos últimos dias têm um conceito maravilhoso do significado
e da necessidade de crescimento por meio da aquisição de conhecimento. Nos
versículos 18 e 19 da seção 130 de Doutrina e Convênios, lemos: “Qualquer
princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida surgirá conosco na
ressurreição”.
Como podemos, então, cultivar o conhecimento e a inteligência em
nossa jornada para a vida eterna? Em primeiro lugar, devemos despertar
dentro de nós a necessidade de crescimento e, então, encontraremos os meios
e as oportunidades de desenvolvimento.
Quando Michael Pupin, o grande inventor, estava deixando sua casa na
Hungria para ir para a América, sua mãe, que era cega porque não sabia ler
nem escrever, disse-lhe: “Meu filho, se você deseja sair pelo mundo, você
deve se equipar com outro par de olhos, os olhos da leitura e da escrita. Há
muito conhecimento e aprendizado maravilhoso no mundo que você não vai
conseguir a menos que estude”. Em seguida, concluiu dizendo: “O
conhecimento é a escada de ouro pela qual subimos ao céu”.20
Não adquirimos conhecimento apenas por meio do estudo de bons
livros, mas, por meio da oração, também podemos encontrar meios de
desenvolvimento. Não vamos desperdiçar tempo!
Benjamin Franklin disse: “Tu amas a vida? Então, não desperdice
tempo, pois é disso que a vida é feita”.21
Muitas vezes ouvimos essa expressão: “Se eu tivesse tempo para fazer
isso ou aquilo”, mas ignoramos o que pode ser realizado durante um breve
período de tempo. O falecido Charles W. Eliot, de Harvard, compilou os
Clássicos de Harvard em resposta à sua afirmação de que qualquer pessoa
poderia se tornar bem-educada passando 15 minutos por dia em estudo
inteligente.22
Estejam sempre atentos às oportunidades. Estudem. Procurem bons
amigos. Insistam em preencher sua vida com riquezas eternas. Vocês têm um
grande legado. Vocês vivem em um solo escolhido acima de todos os
outros.23 Vocês aceitaram o evangelho de Jesus Cristo como um padrão de
vida. Suas oportunidades são ilimitadas, mas apenas vocês podem
transformar sua vida pessoal em gloriosas mansões eternas.
Que Deus nos abençoe para que alcancemos a visão necessária para ver
o melhor da vida e nos dê forças para viver de acordo com um padrão eterno.
É minha humilde oração, em nome de Jesus. Amém.
Mary J. Wilson, “Cultivating Life’s Eternal Values” [Cultivar os valores eternos da vida], 29 de
setembro de 1949, em Relief Society Annual Conference Proceedings [Procedimentos da conferência
anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, pp. 238–246, Biblioteca de História da Igreja; ver também
Mary J. Wilson, “Cultivating Life’s Eternal Values”, 29 de setembro de 1949, em “General Session”
[Sessão geral], Relief Society Magazine 36, nº 12, dezembro de 1949, pp. 817–819.

_________________________
^1. Relief Society General Board Minutes [Ata da junta geral da Sociedade de Socorro], vol. 26, 1946–
1947, 13 de novembro de 1946, pp. 137–138, Biblioteca de História da Igreja.
^2. Maurine C. Neilsen, “Mary Jacobs Wilson Called to General Board” [Mary Jacobs Wilson é
chamada para a junta geral], Relief Society Magazine 34, nº 1, janeiro de 1947, p. 23.
^3. Mary e David se casaram em 31 de maio de 1916 (“Death: Mary J. Wilson” [Morte: Mary J.
Wilson], Deseret News, 31 de maio de 1990).
^4. Neilsen, “Mary Jacobs Wilson Called to General Board”, p. 24.
^5. Neilsen, “Mary Jacobs Wilson Called to General Board”, p. 23.
^6. Relief Society Magazine 34, nº 1, janeiro de 1947, cabeçalho.
^7. Relief Society General Board Minutes [Ata da junta geral da Sociedade de Socorro], vol. 26, 1946–
1947, 11 de dezembro de 1946, p. 155, e lista dos comitês permanentes da junta geral, pp. 169,
403–404; vol. 27, 1948–1949, 5 de outubro e 9 de novembro de 1949, pp. 340, 365, e lista dos
comitês permanentes, pp. 211–212, 401–402. As atas de 1948–1949 também contêm um folheto do
início da hora familiar, ver página 30a. A hora familiar foi renomeada como noite familiar por volta
de 1965 (Matthew O. Richardson, “Family Home Evening” [Noite familiar], em Encyclopedia of
Latter-day Saint History [Enciclopédia da História dos Santos dos Últimos Dias], ed. por Arnold K.
Garr, Donald Q. Cannon e Richard O. Cowan, Salt Lake City: Deseret Book, 2000, pp. 360–361).
^8. Relief Society General Board Minutes [Atas da junta geral da Sociedade de Socorro], 5 de janeiro
de 1949, p. 224.
^9. Elaine Tyler May, Homeward Bound: American Families in the Cold War Era [A Caminho de
Casa: As Famílias Americanas na Época da Guerra Fria], New York: Basic Books, 1988, pp. xviii–
xx; Robert J. Norrell, The House I Live In: Race in the American Century [A Casa em Que Vivo: A
Raça no Século Americano], New York: Oxford University Press, 2005, pp. 162–186.
^10. A primeira linha do original diz: “O céu não é alcançado de uma só vez” (Josiah G. Holland, “Step
by Step” [Passo a passo], em Hymns for All Christians [Hinos para Todos os Cristãos], comp. por
Charles F. Deems e Phoebe Cary, New York: Hurd and Houghton, 1869, p. 195).
^11. Henry Wadsworth Longfellow, “Builders” [Construtores], em The Seaside and the Fireside [O
Litoral e a Lareira], Boston: Ticknor, Reed, and Fields, 1850, p. 56.
^12. Outra tradução do início do século 20 apresenta a linha assim: “Ele é aquele sem o qual uma
pessoa não pode viver” (Leo Tolstoy, My Confession: Critique of Dogmatic Theology [Minha
Confissão: Crítica da Teologia Dogmática], traduzido por Leo Wiener, Boston: Dana Estes, 1904,
p. 69).
^13. Marie Curie fez avanços teóricos cruciais em seus estudos sobre a radioatividade, um termo que
ela inventou. Seu trabalho resultou no isolamento de dois novos elementos, o polônio e o rádio. Ela
compartilhou o prêmio Nobel de física de 1903 com Henri Becquerel e Pierre Curie, seu marido. O
Comitê do Nobel lhe atribuiu também um prêmio de química em 1911 (Marilyn Bailey Ogilvie,
Marie Curie: A Biography [Marie Curie: Uma Biografia], Westport, CT: Greenwood Press, 2004,
pp. ix–xiii).
^14. 1 Néfi 17:50.
^15. Os pais da irmã Wilson eram Emma Rigby e Henry Charitan Jacobs (Neilsen, “Mary Jacobs
Wilson Called to General Board” [Mary Jacobs Wilson é chamada para a junta geral], p. 23).
^16. Tiago 2:26.
^17. Ver Mosias 2:17 e Mateus 25:40.
^18. Ver Atos 10:38.
^19. “Acres of diamonds” [Campos de Diamantes], em português, refere-se a um famoso discurso que
Russell H. Conwell deu a inúmeros homens empreendedores que venderam suas casas e terras em
busca de riquezas em outros lugares só para aprenderem que as terras que venderam valiam milhões
por causa do petróleo, ou do ouro, ou dos diamantes que não conseguiram reconhecer em seu
próprio quintal. Esse discurso, um dos mais populares da história americana, foi um trabalho
essencial para a prosperidade da tradição do evangelho. Conwell o repetiu milhares de vezes ao
longo de sua vida (Agnes Rush Burr, Russell H. Conwell and His Work: One Man’s Interpretation
of Life [Russell H. Conwell e Seu Trabalho: A Interpretação de Vida de um Homem], Philadelphia:
John C. Winston, 1917, p. 313).
^20. Michael Pupin, “From Immigrant to Inventor” [De imigrante a inventor], Scribner’s Magazine 72,
nº 3, setembro de 1922, p. 264. A citação original diz: “Meu filho, se você deseja sair pelo mundo
sobre o qual você ouviu muito nas reuniões do bairro, você deve se equipar com outro par de olhos,
os olhos da leitura e da escrita. Há muito conhecimento e aprendizado maravilhoso no mundo que
você não vai conseguir a menos que possa ler e escrever”.
^21. Benjamin Franklin reformulou palavras comuns e, em seguida, publicou-as em Poor Richard’s
Almanack [Almanaque do Pobre Ricardo]. Esse ditado é de Richard Saunders, Poor Richard, 1746:
An Almanack for the Year of Christ 1746 [Pobre Ricardo, 1746: Um Almanaque do Ano 1746 de
Cristo, junho de 1746 (J. A. Leo Lemay, The Life of Benjamin Franklin, Volume 2: Printer and
Publisher, 1730–1747, Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2006, p. 194).
^22. Charles William Eliot começou a publicar uma coleção de 50 volumes de literatura mundial, os
Clássicos de Harvard, em 1909, no final de seu mandato como reitor de Harvard. Eliot acreditava
que qualquer pessoa que pudesse ler esses clássicos por 15 minutos por dia teria um substituto
adequado para a educação formal (John T. Bethell, Harvard Observed: An Illustrated History of the
University in the Twentieth Century [Harvard Observada: Uma História Ilustrada da Universidade
no Século 20], Cambridge, MA: Harvard University Press, 1998, p. 41).
^23. Ver 1 Néfi 2:20 e 2 Néfi 1:5.
—————————— 35 ——————————

Adquirir conhecimento e inteligência

Marianne C. Sharp
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Assembly Hall, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
27 de setembro de 1950

Marianne Clark Sharp (1901–1990) cresceu em Washington, D.C., e,


portanto, tinha pouco acesso às reuniões da Igreja — duas vezes por mês, as
reuniões sacramentais eram realizadas na casa do apóstolo e senador dos
Estados Unidos, Reed Smoot. Marianne participava dessas reuniões com seus
pais, Luacine e J. Reuben Clark Jr., e três irmãos. Mais tarde, relembrou ela:
“Não tínhamos muito estudo religioso formal, mas entendíamos
perfeitamente que não fazíamos algumas coisas que as outras pessoas faziam
e que nossas raízes estavam aqui no Oeste”.1 No entanto, ela influenciaria
fortemente as experiências religiosas formais das outras pessoas. Ela
começou a editar a Relief Society Magazine em 1943 e foi editora-chefe de
1945 a 1970.2 Ajudou também a compilar e editar A Centenary of Relief
Society, que a junta geral da Sociedade de Socorro publicou em 1942.3 E
como primeira conselheira na presidência geral da Sociedade de Socorro de
1945 a 1974, ela supervisionou o currículo, que mudou significativamente
durante o período de seu chamado.4
Desde cedo, Marianne Sharp começou a reunir o conhecimento editorial
necessário para tais projetos: ela editou o anuário e o jornal da escola antes de
se formar no Ensino Médio como oradora da turma da Western High School,
em Georgetown, Virgínia.5 Em uma entrevista de 1977, ela observou as
maneiras pelas quais sentiu que Deus havia guiado sua vida e comentou: “Se
você fizer tudo o que for convidado a fazer, acaba se preparando para as
próximas realizações. É por isso que é importante aceitar os chamados e
outras atribuições”.6 Ela se formou em línguas antigas na Universidade de
Utah, graduando-se com altas honras em 1924 e recebendo uma bolsa para
ensino em latim. Após seu casamento com Ivor Sharp em 1927, ela morou
em Nova York por 11 anos, onde presidiu o comitê genealógico do Ramo
Queens e trabalhou na Sociedade de Socorro.7
Marianne Sharp também representou a Sociedade de Socorro no
National Woman’s Radio Committee (NWRC) [Comitê nacional de rádio da
mulher].8 O comitê foi organizado em 1934, em resposta às radionovelas,
concursos de perguntas e respostas e uma escassez cada vez maior de
programas educacionais. As mulheres no comitê supervisionavam os
trabalhos para melhorar a programação, inclusive estabelecendo o primeiro
prêmio de programação de rádio. Os membros do comitê incluíam
representantes das maiores organizações de mulheres do país e de diversas
religiões: Conselho Nacional de Mulheres, União Nacional Cristã de
Mulheres Antialcoolismo, Conselho Unido de Mulheres da Igreja, Filhas
Católicas da América, Conselho Nacional das Mulheres Judias e outras.9 As
representantes da Sociedade de Socorro continuaram a frequentar as reuniões
apesar do preconceito dos outros membros contra os santos dos últimos dias.
Por exemplo, ela relembrou uma reunião em que o comitê chamou todas as
organizações participantes para apresentar um relatório, com exceção da
Sociedade de Socorro.10
Ela e sua família voltaram para Salt Lake City em 1938, quando ela
começou a trabalhar com Kate Barker no comitê da loja de artesanato
mórmon da Sociedade de Socorro e depois foi escolhida para servir na junta
geral da Sociedade de Socorro, em 1940.11 Ela aceitou o chamado de
primeira conselheira da nova presidente geral da Sociedade de Socorro, Belle
S. Spafford, em 1945 e serviu até a desobrigação da irmã Spafford em
1974.12 Marianne Sharp e a irmã Spafford tomaram conhecimento, por meio
da pesquisa da irmã Sharp, que há muito tempo a Sociedade de Socorro vinha
buscando ter seu próprio prédio, então a construção de um prédio se tornou
um dos principais objetivos da nova presidência. Marianne Sharp escreveu
pedindo cinco dólares de cada membro da Sociedade de Socorro da Igreja,
exceto para aquelas dos países mais devastados pela guerra.13 Ela também
incentivou as Sociedades de Socorro das alas a arrecadarem fundos por meio
de bazares e outros meios, quando os membros individualmente não
pudessem pagar. Em um ano, terminando em outubro de 1948, elas
levantaram 554 mil dólares, quantia superior à sua meta de 500 mil dólares.
Marianne Sharp também trabalhou no comitê de bem-estar e presidiu o
comitê da conferência geral da Sociedade de Socorro.14 Ela já era primeira
conselheira por cinco anos quando compartilhou os seguintes conceitos sobre
a relação entre a inteligência e a obediência durante a reunião da conferência
geral da Sociedade de Socorro para líderes da estaca e missão e membros da
junta no Assembly Hall, na Praça do Templo.

MINHAS AMADAS IRMÃS, oro para que o Espírito do Senhor esteja


comigo nos poucos minutos que falarei esta manhã e que eu seja abençoada
por sua fé e suas orações.
Vivemos agora no meio da eternidade e estamos desfrutando das
bênçãos às quais temos direito devido à nossa fidelidade no mundo espiritual,
e foi nos dito que, se formos leais e fiéis nesta existência mortal, se
guardarmos esse nosso segundo estado, teremos um acréscimo de glória
sobre nossa cabeça para todo o sempre.15 A revelação moderna nos diz que a
glória de Deus é inteligência,16 e que, como Deus é agora, o homem pode se
tornar.17
Portanto, todos devemos prestar atenção a estas palavras do Senhor
encontradas na seção 130 de Doutrina e Convênios, que dizem: “Qualquer
princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida surgirá conosco na
ressurreição. E se nesta vida uma pessoa, por sua diligência e obediência,
adquirir mais conhecimento e inteligência do que outra, ela terá tanto mais
vantagem no mundo futuro”.18
Irmãs, o que essas palavras significam para nós — mães em Sião e
líderes da Sociedade de Socorro? Elas significam que aquelas de nós que
talvez tiveram a oportunidade de receber um diploma universitário obtiveram,
assim, a vantagem no mundo vindouro, ganharam conhecimento e
inteligência suficientes? Não é assim que entendo essa escritura. Porque, se
esse fosse o caso, então o Senhor teria escolhido homens cultos do mundo
como Seus profetas.
Havia muitos estudiosos eruditos neste país e no mundo quando o
Senhor deu a gloriosa Primeira Visão para Joseph Smith, um rapaz de 14
anos com pouca instrução. Vocês devem se lembrar de que alguns anos mais
tarde quando o profeta estava traduzindo o Livro de Mórmon, Martin Harris
teve permissão para tirar uma cópia de parte dos caracteres e da tradução e
mostrá-los a um homem instruído, o professor Anthon. Vocês vão se recordar
da conclusão desse acontecimento.19 Ao prever esse incidente, o Livro de
Mórmon diz o seguinte: “Então lhe dirá o Senhor Deus [a Joseph Smith]: Os
instruídos não as lerão, porque as rejeitaram, e eu posso fazer a minha própria
obra; lerás, portanto, as palavras que te darei”.20
Vocês também vão se lembrar de que Deus tomou as coisas fracas da
Terra para vencer as coisas que são poderosas, portanto eu diria que a
chamada educação superior não é necessária para a aquisição de
conhecimento e inteligência.
Mas, se quisermos percorrer o caminho do progresso eterno, devemos
sempre buscar e adquirir conhecimento e inteligência, pois o profeta Joseph
Smith disse: “O homem só pode ser salvo à medida que adquire
conhecimento”,21 e o Senhor declara: “É impossível ao homem ser salvo em
ignorância”.22
Então, uma vez que o conhecimento e a inteligência são a porta para a
vida eterna, devemos ser muito zelosas aqui, hoje, como líderes da Sociedade
de Socorro para nos certificar de que estamos adquirindo constantemente
conhecimento e inteligência. Provavelmente a dedicação de todo nosso tempo
livre nessa busca não nos traria vantagem no mundo futuro sem o estudo
diligente. Então, devemos ser muito cuidadosas em não desperdiçar nosso
tempo com atividades improdutivas, mas que possamos consagrá-lo ao
estudo dedicado do conhecimento e da inteligência para assim obtê-los.
E como é difícil para nós, como mães, estudar. Não é possível ficarmos
em uma redoma de vidro nem isoladas do mundo. Devemos estudar enquanto
nossos assuntos familiares continuam normalmente, com uma interrupção
para cuidar de uma criança, outra para cuidar da panela no fogo e uma
terceira para atender a campainha ou o telefone. Então, é necessário escolher
as coisas certas quando estudamos. E o que devemos estudar? Na seção 88 de
Doutrina e Convênios, o Senhor nos dá uma lista de algumas coisas que
devemos ensinar uns aos outros. Diz o seguinte: “E dou-vos um mandamento
de que vos ensineis a doutrina do reino uns aos outros. Ensinai
diligentemente e minha graça acompanhar-vos-á, para que sejais instruídos
mais perfeitamente em teoria, em princípio, em doutrina, na lei do evangelho,
em todas as coisas pertinentes ao reino de Deus, que vos convém
compreender; tanto as coisas do céu como da Terra e de debaixo da Terra;
coisas que foram, coisas que são, coisas que logo hão de suceder; coisas que
estão em casa, coisas que estão no estrangeiro; as guerras e complexidades
das nações e os julgamentos que estão sobre a terra; e também um
conhecimento de países e reinos”.23
Irmãs, vocês veem como o assunto que estamos estudando na Sociedade
de Socorro é comparável, em parte, com as palavras do Senhor sobre o que
devemos estudar? Como devemos ser gratas, como membros da Sociedade de
Socorro, de ter a oportunidade de estudar essas lições aprovadas pelos líderes
da Igreja. E que responsabilidade é a nossa, que estamos aqui neste edifício
hoje, saber que estamos supervisionando, incentivando e exortando as irmãs a
ensinar diligentemente umas às outras. Mas irmãs, todo o estudo diligente do
mundo não é suficiente para obtermos conhecimento e inteligência, pois
aprendemos que não devemos conquistá-los apenas por meio da diligência,
mas também por meio da obediência. Obediência a quê? Obediência aos
mandamentos de Deus, e assim vamos adquirir conhecimento e inteligência,
que não podem ser obtidos de nenhuma outra maneira. Todo o estudo de
conhecimento acadêmico do mundo e até mesmo o estudo dos princípios de
retidão não nos trarão qualquer vantagem a menos que sejamos obedientes
aos mandamentos de Deus. Precisamos ser obedientes. Como disse Paulo: “E
ainda que (…) conhecesse (…) toda a ciência (…) e não tivesse caridade,
nada seria”.24
E quais são os mandamentos de Deus? Há quase 2 mil anos, essa mesma
pergunta foi feita ao Salvador e todas sabem a resposta, Ele disse: “Amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o
teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo,
semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.25
Por meio da obediência a esses mandamentos, irmãs, vamos adquirir
conhecimento e inteligência.
Brigham Young disse: “Viver o evangelho exige tempo, fé, afeto e uma
grande quantidade de trabalho”.26 Irmãs, vocês não estão adquirindo
conhecimento e inteligência por meio de seu trabalho vestindo os nus,
alimentando os famintos, cuidando dos doentes, confortando os aflitos e
cuidando das necessidades emocionais dos outros? Essa não é a sua grande
obra nesta Sociedade de Socorro? A Sociedade de Socorro não lhes oferece,
então, a oportunidade, tanto pela diligência quanto pela obediência, de
adquirir conhecimento e inteligência? O Senhor sabia qual era o tipo de
organização necessária para esta Terra a fim de aperfeiçoar Suas filhas. E
temos uma grande responsabilidade de saber que toda mulher membro da
Igreja terá essa oportunidade de adquirir conhecimento e inteligência. E o
Senhor nunca está em dívida conosco. Quando trabalhamos de todo o coração
pelo bem de nossas irmãs e pelo bem de nós mesmas, Ele derrama o
conhecimento e a inteligência que estão reservados sobre nossa cabeça.
Irmãs, gostaria de prestar meu testemunho sobre o trabalho da Sociedade
de Socorro. Não há nada, exceto o trabalho que fazemos em nosso próprio
lar, que nos trará as bênçãos que podemos adquirir por meio de nossa
devoção e trabalho vigoroso pela Sociedade de Socorro. E é minha oração
que cada uma de nós aqui perceba o duplo objetivo da Sociedade de Socorro
que nos dará conhecimento e inteligência, e que todas vocês aqui voltem para
casa com a determinação de verificar que as lições da Sociedade de Socorro
sejam ensinadas diligentemente e verificar que todas as irmãs tenham a
oportunidade de trabalhar vigorosamente pelo Senhor e por nosso próprio
conhecimento e inteligência que estão reservados. Oro por isso, em nome de
Jesus Cristo. Amém.
Marianne C. Sharp, “Gaining Knowledge and Intelligence” [Adquirir conhecimento e inteligência], 27
de setembro de 1950, pp. 4–8, em Relief Society Annual Conference Proceedings [Procedimentos da
conferência anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca de História da Igreja; ver também
Marianne C. Sharp, “Gaining Knowledge and Intelligence”, 27 de setembro de 1950, sessão da manhã,
em “Departmental Meeting” [Reunião de departamento], Relief Society Magazine 37, nº 12, dezembro
de 1950, pp. 812–814.

_________________________
^1. Marianne Clark Sharp, entrevista de Jessie L. Embry, maio–junho de 1977, p. 14, James Moyle
Oral History Program [Programa da história contada de James Moyle], BHI.
^2. “Marianne C. Sharp Dies, Ex-Relief Society Leader” [Morre Marianne C. Sharp, ex-líder da
Sociedade de Socorro], Deseret News, 3 de janeiro de 1990.
^3. Amy Brown Lyman, “Marianne Clark Sharp: First Counselor in General Presidency, April 1945”
[Marianne Clark Sharp: Primeira conselheira na presidência geral, abril de 1945], Relief Society
Magazine 32, nº 5, maio de 1945, p. 263.
^4. Sharp, entrevista, pp. 60–64; “New Titles for Lesson Courses” [Novos títulos para os cursos], Relief
Society Magazine 53, nº 5, junho de 1966, p. 460.
^5. Sharp, entrevista, pp. 14–16.
^6. Sharp, entrevista, p. 16.
^7. Amy Brown Lyman, “Marianne C. Sharp Appointed Associate Editor of Relief Society Magazine”
[Marianne C. Sharp designada editora associada da revista da Sociedade de Socorro], Relief Society
Magazine 30, nº 10, outubro de 1943, pp. 593, 613; “Death: Marianne C. Sharp” [Falecimento:
Marianne C. Sharp], Deseret News, 4 de janeiro de 1990.
^8. Lyman, “Marianne C. Sharp Appointed” [Designada Marianne C. Sharp], p. 613.
^9. Jennifer M. Proffitt, “War, Peace, and Free Radio: The Women’s National Radio Committee’s
Efforts to Promote Democracy, 1939–1946” [Guerra, paz e rádio livre: Os esforços do comitê
nacional de rádio da mulher para promover a democracia, 1939–1946], Journal of Radio and Audio
Media 17, nº 1, 2010, p. 2; Cindy C. Welch, “Broadcasting the Profession: The American Library
Association and the National Children’s Radio Hour” [Transmissão da Profissão: Associação
Americana de Bibliotecas e o Horário Nacional de Rádio Infantil], dissertação de doutorado,
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, 2008, pp. 152–153; Donna L. Halper, Invisible
Stars: A Social History of Women in American Broadcasting [Estrelas Invisíveis: Uma História
Social das Mulheres na Radiodifusão Americana], Armonk, NY: M. E. Sharpe, 2014, p. 82;
Kathy M. Newman, Radio Active: Advertising and Consumer Activism [Atividade Radiofônica:
Publicidade e Ativismo do Consumidor], 1935–1947, Berkeley: University of California Press,
2004, pp. 139–140.
^10. Sharp, entrevista, p. 33.
^11. Sharp, entrevista, p. 46; “Marianne Clark Sharp”, Relief Society Magazine 30, nº 10, março de
1940, p. 153; Lyman, “Marianne C. Sharp Appointed”, p. 593.
^12. “Biographical Register of General Church Officers” [Registro biográfico de líderes gerais da
Igreja], em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H.
Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 4, p. 1645. O élder J. Reuben Clark Jr., que
tinha sido conselheiro na Primeira Presidência desde 1933, inicialmente estava relutante quanto à
irmã Sharp assumir esse papel. Ela também não se sentia bem em ter um pai famoso entre o povo
mórmon: “Eu fui feliz toda a minha vida por viver (…) onde ninguém sabia quem era meu pai. (…)
Dessa forma, você se sente como se fosse aceita por si mesma em vez de por quem são seus pais.
Então, isso foi um impacto para mim, de certa forma, estar aqui [em Salt Lake City] e me envolver
nisso” (Belle S. Spafford, entrevista de Jill Mulvay [Derr], 1975–1976, pp. 50, 79–80, 90–91, BHI;
Sharp, entrevista, p. 44).
^13. Sharp, entrevista, p. 110.
^14. Sharp, entrevista, pp. 51, 54–64. As contribuições para a construção do prédio da Sociedade de
Socorro continuaram a chegar depois de 1948. A abertura de terra para o prédio aconteceu em 1953
e a construção foi concluída em 1956. A irmã Sharp sentiu que esta presidência era capaz de
desenvolver e fazer as contribuições substanciais que fez por causa do longo serviço delas no
chamado. Desde a presidência da irmã Spafford, nenhuma presidente geral serviu mais de dez anos.
As últimas presidentes Mary Ellen W. Smoot, Bonnie D. Parkin e Julie B. Beck serviram por cinco
anos (Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of
Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de
Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, pp. 308–310, 327–329; Sharp, entrevista, p. 47).
^15. No pensamento dos membros da Igreja, o “segundo estado” de uma pessoa se refere à vida na
Terra (ver, por exemplo, Rulon S. Wells, em One Hundred Eleventh Semi-annual Conference of the
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Centésima Décima Primeira Conferência Semestral de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4–6 de outubro de 1940, Salt Lake City: The
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1940, p. 69).
^16. Doutrina e Convênios 93:36.
^17. Lorenzo Snow falava com frequência sobre esse tema (ver Lorenzo Snow, The Teachings of
Lorenzo Snow: Fifth President of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Os Ensinamentos
de Lorenzo Snow: Quinto Presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Doas], ed.
por Clyde J. Williams, Salt Lake City: Bookcraft, 1984, pp. 1–9).
^18. Doutrina e Convênios 130:18–19.
^19. Anthon era professor de literatura clássica na Universidade de Columbia. Ele e Harris relataram a
conversa deles de modo diferente. Harris lembrou que Anthon confirmou que os caracteres eram de
origem antiga, enquanto Anthon relatou se recusar a ajudar com os caracteres, porque ele suspeitava
de fraude (Royal Skousen and Robin Scott Jensen, editores, Revelations and Translations, Volume
3, Part 1: Printer’s Manuscript of the Book of Mormon, 1 Nephi 1–Alma 35 [Revelações e
traduções, Volume 3, Parte 1: Manuscrito da gráfica do Livro de Mórmon, 1 Néfi 1–Alma 35], vol.
3 da série Revelações e traduções de The Joseph Smith Papers [Documentos de Joseph Smith], ed.
por Ronald K. Esplin e Matthew J. Grow, Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2015, pp. xvii–
xviii).
^20. Citação no original: “2 Néfi 27:20”. Esses versículos são os esclarecimentos e a profecia do
profeta Néfi do Livro de Mórmon, sobre Isaías 29:11–12.
^21. A fonte da irmã Sharp para essa declaração foi provavelmente Joseph Smith e outros, History of
the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias], ed. por B. H. Roberts, 7 vols., Salt Lake City: Deseret News, 1902–1912, vols. 1–6,
1932, vol. 7, vol. 4, p. 588. Wilford Woodruff fez um relato contemporâneo desse discurso de 10 de
abril de 1842 de Joseph Smith em Nauvoo, Illinois (Wilford Woodruff, diário, 10 de abril de 1842,
BHI).
^22. Doutrina e Convênios 131:6.
^23. Doutrina e Convênios 88:77–79.
^24. Citação no original: “1 Coríntios 13:2”.
^25. Citação no original: “Mateus 22:37–39”.
^26. A irmã Sharp provavelmente leu essa citação em Brigham Young, 18 de maio de 1873, no Journal
of Discourses [Diário de Discursos], 26 vols., Liverpool: várias editoras, 1855–1886, vol. 16, p. 40;
ver também Brigham Young, “Discourses” [Discursos], Deseret News, 11 de junho de 1873.
—————————— 36 ——————————

A um destes meus pequeninos

Margaret C. Pickering
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
28 de setembro de 1950

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Margaret Aird Cummock Pickering (1891–1976) passou a maior parte de


sua vida organizando e coordenando o trabalho essencial para instituições,
servindo como secretária ou secretária-tesoureira para várias organizações.
Ela nasceu e cresceu em Salt Lake City. Frequentou a Universidade Latter-
day Saints, a Faculdade de Agricultura de Utah e a Universidade de Utah.1
Ela contribuiu para os programas da Igreja muito antes de servir na junta
geral da Sociedade de Socorro. Primeiro, ela trabalhou na Associação de
Melhoramentos Mútuos dos Rapazes, cuja sede ficava no edifício Bishop, no
final do corredor dos escritórios da Sociedade de Socorro. Depois, ela
trabalhou por vários anos no departamento editorial da revista Improvement
Era, uma revista oficial da Igreja, que ficava no mesmo edifício.2 Em 1917,
casou-se com Harold W. Pickering.3 Antes de entrar para a junta geral da
Sociedade de Socorro em outubro de 1945, ela também serviu como
secretária-tesoureira da Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City Sul 18 e
da Sociedade de Socorro da Estaca Ensign.4
Sendo uma participante ávida do serviço humanitário, Margaret
trabalhou como voluntária em várias agências locais e estaduais em Salt Lake
City tanto antes como depois de entrar para a junta geral. Ela foi a primeira
secretária executiva do Centro Cívico da Mulher, a primeira secretária da
sociedade do estado de Utah para Higiene Mental, membro do comitê
executivo do Fundo de Assistência Social e, por dez anos, inclusive durante a
Segunda Guerra Mundial, foi diretora da divisão da Cruz Vermelha
americana do condado de Salt Lake City.5 Durante seu mandato como
secretária-tesoureira geral da Sociedade de Socorro de 1945 a 1956,
Margareth Pickering conduziu um grande volume de trabalho de envio de
correspondência e viajou por toda a Igreja para participar das convenções de
estaca da Sociedade de Socorro.6
O serviço humanitário da irmã Margaret na Sociedade de Socorro veio
durante os primeiros anos da Guerra Fria, uma época marcada por temor e
insegurança. Três meses antes de Margaret proferir este discurso, os Estados
Unidos entraram na guerra da Coreia. De uma perspectiva militar, o país não
estava preparado para lutar em uma guerra na Coreia. Muitos veteranos
haviam se afastado do serviço militar no final da Segunda Guerra Mundial,
deixando as forças armadas com falta de pessoal. Tentando economizar
dinheiro, o Pentágono demorou a contratar substitutos, e o novo pessoal não
tinha experiência.7 O governo reagiu a essa crise com o anúncio impopular de
que planejava recrutar compulsoriamente 80 mil homens por mês nos três
primeiros meses de 1951.8 A guerra da Coreia também aumentou o medo dos
americanos em relação ao comunismo e aos simpatizantes do comunismo.9
Essa atmosfera ameaçadora serviu de pano de fundo quando Margaret deu o
seguinte discurso sobre o serviço de solidariedade no Tabernáculo de Salt
Lake, durante uma conferência geral da Sociedade de Socorro.

MEUS QUERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, o título do discurso que vou


proferir nesta tarde foi tirado de Mateus, capítulo 25, e se refere ao último
julgamento, quando o Filho do Homem vier em toda a Sua glória e todas as
nações serão reunidas diante Dele, e Ele apartará uns dos outros como o
pastor aparta dos bodes as ovelhas, e Ele dirá “aos que estiverem à sua
direita:

Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos
está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de
beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão,
e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos
com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te
vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o
fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.10

Durante os 108 anos de existência da Sociedade de Socorro, o serviço de


solidariedade — auxílios ternos e inspirados no amor que as mulheres, por
sua própria natureza, são peculiarmente aptas a realizar — tem sido uma
parte essencial de seu programa.11 Na verdade, a Sociedade de Socorro foi
estabelecida em preocupação pelo bem-estar do grupo mais próximo em que
os membros da Igreja viviam e, desde aquela época até o presente, a
Sociedade de Socorro tem dado ao mundo uma prova de fé que ele realmente
precisa, uma grande e prática demonstração de amor fraternal por meio de
milhões de visitas amigáveis com mensagens animadoras e que promovem a
fé por meio de seus cuidados aos idosos, necessitados, doentes e confinados e
por meio do serviço compassivo em um momento de morte. Deu-se ênfase
em vários aspectos desse serviço ao longo dos anos de acordo com as
necessidades do momento. Nos primeiros anos de existência da Sociedade de
Socorro, em Nauvoo e depois no Oeste, cuidar das necessidades físicas e
temporais dos membros da Igreja foi de suma importância — fazer itens de
vestuário e roupas de cama, cuidar dos doentes e compartilhar suprimentos
escassos — porque as plantações reduzidas e as condições climáticas severas
na fronteira fizeram com que isso fosse necessário. Mas, ao longo desses
anos, as necessidades espirituais não foram esquecidas, e como a terra foi
cultivada e as necessidades materiais eram menos graves, a Sociedade de
Socorro continuou a atender às necessidades espirituais das irmãs. Até o
momento em que o plano de bem-estar foi inaugurado, por meio do qual as
necessidades materiais dos membros da Igreja foram atendidas, a Sociedade
de Socorro continuou a suprir diretamente algumas das necessidades
materiais dos santos, sob a orientação dos bispos.12 Durante a última década,
no entanto, a Sociedade de Socorro deixou de se dedicar a atender
diretamente tais necessidades para auxiliar na elaboração de atribuições de
bem-estar e para auxiliar mais amplamente nas necessidades espirituais das
mulheres.
Para mim, tudo isso é um testemunho da origem divina dessa
organização e que ela está configurada para servir como, quando e onde for
mais necessária. Nunca na história da civilização mais pessoas de todas as
idades e de todos os lugares se sentiram mais inquietas, inseguras, confusas e
com medo. Nunca o mundo teve maior necessidade de uma prova de fé por
meio de demonstrações práticas de amor fraternal. A Sociedade de Socorro
tem uma grande oportunidade agora. Não é muito bom falar sobre essas
coisas tão grandiosas como “humanidade”, “democracia” e “irmandade dos
homens” a menos que possamos usá-las e aplicá-las ao nosso próximo, que é
onde começa a amizade internacional e a irmandade dos homens. O profeta
Joseph Smith disse em uma das primeiras reuniões da Sociedade de Socorro:
“Que seu trabalho seja limitado principalmente às pessoas a sua volta em seu
círculo”.13
A Sociedade de Socorro, por meio de instrução e exemplo por mais de
cem anos, procurou nos ajudar a desenvolver força em nosso próprio caráter,
por meio da qual podemos enriquecer a vida de outras pessoas e, ao fazê-lo,
enriquecer nossa própria vida. E à medida em que nós, como pessoas, nos
comprometemos ativamente em ministrar “a um destes (…) pequeninos”,
nessa medida a organização por meio da pessoa foi fortalecida. Embora a
Sociedade de Socorro registre oficialmente somente as visitas e os serviços
autorizados pela presidente, ela está ciente do fato de que somente o próprio
Mestre pode ter conhecimento dos muitos serviços calorosos e
espiritualmente satisfatórios prestados por nossas irmãs, e é sobre esses
serviços independentemente do dever da função que falo especificamente.14
Enquanto as professoras visitantes por meio de suas visitas mensais têm
oportunidades incomuns de descobrir pessoas que necessitam de atenção
especial e de distinguir maneiras de oferecer ajuda, há em toda vizinhança
muitas pessoas idosas, doentes, solitárias ou desorientadas cujas necessidades
materiais estão sendo atendidas — alguns membros da Igreja, outros não,
mas eles precisam de interesse amigável, segurança e paz de espírito.
Ninguém está melhor preparada para atender às necessidades dessas pessoas
do que vizinhas amigáveis e fiéis membros da Igreja — as irmãs da
Sociedade de Socorro apoiadas pela tradição de um século de serviço
solidário e compreensão para inspirá-los e guiá-los. A presidente Spafford se
referiu ao serviço de solidariedade como o “coração da Sociedade de Socorro
— a palavra gentil, o raio de esperança, o caloroso aperto de mão”.15 É o
constante estímulo desse coração pela sinceridade e frequência de uso que
aumenta a circulação da esperança, alegria, amor fraternal e fé em Deus no
mundo hoje e produz um brilho caloroso e calmo na alma dos homens na
proporção exata à quantidade de estímulo aplicado.
O que dizer das mulheres idosas em sua vizinhança — algumas que não
enxergam muito bem, que adorariam uma visita agradável, uma hora de
leitura ou ter uma carta escrita ou ser levadas à igreja ou para uma diversão?
O que dizer daquelas que não podem sair de casa, para as quais vocês podem
realizar uma tarefa ou fazer compras? O que dizer da mãe em seu bairro cujo
filho foi chamado para a guerra e que está deprimida ou a jovem esposa cujo
marido entrou para o serviço militar e está confusa e preocupada com o
futuro, ou o recém-chegado que se sente solitário e estranho, talvez um dos
nossos conversos de outro país, tendo dificuldades com nosso idioma e
nossos costumes, e precisa ser interpretado?
O que dizer de alguém com uma doença crônica a quem um rosto
sorridente e uma nova opinião iriam dar nova esperança, uma criança
confinada em uma cama por um longo período, como no caso de febre
reumática, a quem um biscoito ou uma sobremesa simples traria felicidade, e
o que dizer sobre ficar ocasionalmente algumas tardes ou noites com os filhos
de uma vizinha que raramente sai, porque não pode pagar uma babá? Existem
inúmeras oportunidades à nossa volta para demonstrar amor como irmãs se
apenas abrimos os olhos para elas.
Li, recentemente, um pequeno parágrafo sobre a magia de doar em um
artigo sobre vencer a solidão. Dizia:
Para combater a solidão, você deve dar de si mesmo. Você se
aproxima das pessoas de maneira amigável e prestativa? Você faz
sacrifícios pessoais? Você visita os doentes, faz algum serviço social ou
de outra forma auxilia e consola os menos afortunados? É fácil fazer
uma contribuição em dinheiro ou assinar um cheque, mas o que isso dá
de seu coração? Se você vai além dos gestos rotineiros de ajuda,
estabelecendo assim um vínculo de solidariedade e afeto com as
pessoas, você possivelmente não será solitário.16

Sim, o serviço de solidariedade beneficia e abençoa tanto aquele que o


realiza quanto aquele que o recebe. Nestes tempos, quando lares estão sendo
destruídos e planos sendo interrompidos novamente pelo chamado de nossos
jovens para o serviço militar e o fantasma da guerra pairando sobre nós, há
uma grande necessidade de acelerar o processo de nossos serviços de
solidariedade, não apenas como meio de incentivar e ajudar nosso próximo,
mas para aumentar nossa própria fé e superar nossos próprios temores, de
modo que, seguindo o exemplo de nosso Salvador, seremos fortalecidas e
poderemos dizer como Davi da antiguidade: “Em qualquer tempo que eu
temer, confiarei em ti”.17
Que façamos isso, é minha oração e peço essas coisas com humildade
em nome de Jesus Cristo. Amém.
Margaret C. Pickering, “Unto the Least of These: Mateus 25:40” [A um destes meus pequeninos:
Mateus 25:40], 28 de setembro de 1950, pp. 119–124, em Relief Society Annual Conference
Proceedings [Procedimentos da conferência anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca de
História da Igreja; ver também Margaret C. Pickering, “Unto the Least of These”, 28 de setembro de
1950, em “General Session” [Sessão geral], Relief Society Magazine 37, nº 12, dezembro de 1950, pp.
831–832.

_________________________
^1. A Universidade Latter-day Saints foi precursora do LDS Business College. A Faculdade de
Agricultura de Utah antecedeu a Universidade Estadual de Utah (Ernest L. Wilkinson, ed., Brigham
Young University: The First One Hundred Years [Universidade Brigham Young: Os Primeiros Cem
Anos], 4 vols., Provo, UT: Brigham Young University Press, 1975, vol. 2, pp. 592–595; Alice H.
Songe, American Universities and Colleges: A Dictionary of Name Changes [Universidades e
Faculdades Americanas: Um Dicionário de Mudanças de Nomes], Metuchen, NJ: Scarecrow Press,
1978, p. 230).
^2. Amy Brown Lyman, “Margaret Cummock Pickering”, Relief Society Magazine 33, nº 1, janeiro de
1946, p. 5. O conteúdo da revista Improvement Era para 1913–1914 incluía artigos e discursos dos
membros do Quórum dos Doze Apóstolos e da Primeira Presidência, relatórios de missão, ficção,
poesia e colunas sobre os quóruns do sacerdócio, da Associação de Melhoramentos Mútuos dos
Rapazes e escotismo (ver as edições individuais de Improvement Era, vols. 16–17, 1913–1914).
^3. “Margaret Aird Cummock Pickering”, Deseret News, 11 de outubro de 1976.
^4. Lyman, “Margaret Cummock Pickering”, p. 4; Leone O. Jacobs, “Margaret C. Pickering Resigns as
General Secretary-Treasurer” [Margaret C. Pickering é desobrigada como secretária-tesoureira
geral], Relief Society Magazine 44, nº 3, março de 1957, p. 159.
^5. Lyman, “Margaret Cummock Pickering”, p. 4; Jacobs, “Margaret C. Pickering Resigns” [Margaret
C. Pickering é desobrigada], p. 159. O Centro Cívico da Mulher de Salt Lake City ofereceu cursos
de formação de adultos para as mulheres em matérias acadêmicas e domésticas de 1919 a 1961. A
Sociedade de Socorro fez parceria com a Sociedade de Higiene Mental de Utah desde sua fundação,
em 1925. A sociedade contribuiu significativamente para o estabelecimento de uma escola para
pessoas mentalmente incapacitadas em 1929, para a nomeação de um psiquiatra formado no
hospital estadual em 1933 e para o estabelecimento do Departamento de Estado de Bem-Estar
Público em 1935. O movimento do fundo de assistência social levantou fundos para apoiar uma
federação de agências de serviço social, poupando assim as agências individuais de duplicar os
esforços para angariar fundos e minimizar os inconvenientes para os doadores. Os fundos de
assistência se tornaram um meio muito popular de apoio ao trabalho social, principalmente durante
a década de 1920. Em 1945, o Fundo de Assistência Social do Condado de Salt Lake representava
24 agências diferentes. Uma divisão da Cruz Vermelha americana de Utah foi criada para apoiar as
tropas durante a Guerra Hispano-Americana, em 1898. As divisões da Cruz Vermelha aumentaram
em Utah durante a Primeira Guerra Mundial, quando a presidente geral da Sociedade de Socorro
Emmeline B. Wells incentivou a cooperação da Sociedade de Socorro com a Cruz Vermelha.
Margaret Pickering recebeu um broche da Cruz Vermelha marcando 25 anos de serviço, em 1962
(Registros do Centro Cívico da Mulher de Salt Lake City, resumo da coleção, UU; Beth Frandsen
Hartmann, “Mental Health Association: An Historical Overview of the Utah Association for Mental
Health” [Associação de Saúde Mental: Panorama Histórico da Associação de Utah para Saúde
Mental], tese de mestrado, Universidade de Utah, 1968, pp. vi–vii, 1, 8; Stanley Wenocur and
Michael Reisch, From Charity to Enterprise: The Development of American Social Work in a
Market Economy [De Caridade à Empresa: O Desenvolvimento do Serviço Social Americano em
uma Economia de Mercado], Urbana: University of Illinois Press, 1989, pp. 108–110; “Officials of
Chest Drive Urge Support of Citizens” [Representantes da divisão solicitam o apoio dos cidadãos],
Deseret News, 4 de outubro de 1945; “Editorial Notes” [Notas editoriais], Woman’s Exponent 27, nº
1 e nº 2, 1º e 15 de junho de 1898, pp. 292, 293; “Margaret Aird Cummock Pickering”; ver também
Carol Cornwall Madsen, Woman Triumphant: An Intimate History of Emmeline B. Wells [Mulher
Triunfante: Uma História Íntima de Emmeline B. Wells], Salt Lake City: University of Utah Press,
2016; e Kerry William Bate, “Kanarraville Fights World War I” [Kanarraville Luta na Primeira
Guerra Mundial], Utah Historical Quarterly 63, nº 1, inverno de 1995, pp. 39–42).
^6. Jacobs, “Margaret C. Pickering Resigns”, p. 159. As líderes da Sociedade de Socorro da estaca local
realizaram convenções da estaca em que a Sociedade de Socorro e os líderes do sacerdócio da
estaca instruíram os líderes, e os membros da junta geral falaram e lideraram grupos de debates.
Muitas vezes as convenções incluíam mais de uma estaca (Annual Relief Society Conventions
[Convenções Anuais da Sociedade de Socorro], 1950, folheto, Biblioteca de História da Igreja;
Handbook of Instructions of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[Manual de Instruções da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias], Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro, 1949, pp. 67–68).
^7. Andrew J. Dunar, America in the Fifties [América nos Anos 1950], Syracuse, NY: Syracuse
University Press, 2006, p. 54.
^8. Steven Casey, Selling the Korean War: Propaganda, Politics, and Public Opinion in the United
States, 1950–1953 [Vendendo a Guerra da Coreia: Propaganda, Política e a Opinião Pública dos
Estados Unidos, 1950–1953], New York: Oxford University Press, 2008, p. 186.
^9. Dunar, America in the Fifties, p. 51. Em fevereiro de 1950, o senador do Wisconsin Joseph
McCarthy declarou o anticomunismo como sua plataforma política principal e deu início a um
período muito divulgado de perseguição contra muitas pessoas com inclinações políticas de
esquerda (Richard M. Fried, Nightmare in Red: The McCarthy Era in Perspective [Pesadelo de
Vermelho: A Era McCarthy em Perspectiva], New York: Oxford University Press, 1990).
^10. Ver Mateus 25:36–40.
^11. O serviço tem sido uma parte importante do trabalho da Sociedade de Socorro desde sua fundação
e tem sido chamado por diferentes nomes. Na reunião de organização, a presidente Emma Hale
Smith falou sobre o objetivo da sociedade de “procurar e aliviar os aflitos”. O serviço humanitário
da Sociedade de Socorro não foi sempre chamado de serviço de solidariedade, como é hoje, até a
década de 1940. O uso da expressão por David O. McKay em uma conferência geral da Sociedade
de Socorro de 1939 pode ter inspirado sua adoção oficial. Em 1942, o serviço de solidariedade foi o
termo oficial usado para fazer referência ao serviço de caridade da Sociedade de Socorro (Nauvoo
Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 17 de março de
1842, p. 13, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds.,
The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os
Primeiros Cinquenta Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes da História das
Mulheres da Igreja], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 36; David O. McKay, “The
Highest and Best in Woman’s Realm” [O maior e melhor do universo da mulher], Relief Society
Magazine 27, nº 1, janeiro de 1940, p. 18; Vera White Pohlman, “Annual Report—1942” [Relatório
anual — 1942], Relief Society Magazine 30, nº 6 e nº 7, junho e julho de 1943, p. 420).
^12. O programa de bem-estar oficial da Igreja começou em 1936. Para histórias sobre o
desenvolvimento do programa, ver Jill Mulvay Derr, “Changing Relief Society Charity to Make
Way for Welfare” [Mudança de caridade para bem-estar da Sociedade de Socorro], 1930–1944, em
New Views of Mormon History: A Collection of Essays in Honor of Leonard J. Arrington [Novos
Pontos de Vista da História Mórmon: Uma Coleção de Ensaios em Homenagem a Leonard J.
Arrington], ed. por Davis Bitton and Maureen Ursenbach Beecher, Salt Lake City: University of
Utah Press, 1987; e Garth L. Mangum e Bruce D. Blumell, The Mormons’ War on Poverty: A
History of LDS Welfare, 1830–1990 [A Guerra dos Mórmons contra a Pobreza: Uma História do
Serviço de Bem-Estar SUD, 1830–1990], Salt Lake City: University of Utah Press, 1993.
^13. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de
abril de 1842, p. 40, em Derr e outros, First Fifty Years [Os primeiros 50 anos], p. 59.
^14. Desde os primeiros dias da Sociedade de Socorro, os líderes monitoraram as estatísticas do serviço
de caridade em seus livros de atas da organização. Aqui, a irmã Margaret faz referência ao serviço
registrado pela junta geral. As atividades de serviço foram registradas em diferentes categorias ao
longo do tempo. Para o ano de 1914, por exemplo, as estatísticas de serviço foram organizadas de
acordo com as seguintes categorias: dinheiro distribuído aos pobres, visitas aos enfermos, famílias
que foram auxiliadas, corpos preparados para sepultamento e dias de trabalho no templo.
Gradualmente a junta geral parou de registrar o trabalho no templo e, após o estabelecimento do
programa de bem-estar da Igreja, em 1936, a Sociedade de Socorro não distribuiu mais dinheiro
diretamente aos pobres. Assim, o relatório de 1949 sobre serviço de solidariedade registrou essas
categorias: visitas aos enfermos e confinados, dias de cuidados aos doentes, número de funerais em
que a Sociedade de Socorro ajudou e vestiu o corpo para o sepultamento (Amy Brown Lyman,
“General Conference of the Relief Society” [Conferência geral da Sociedade de Socorro], Relief
Society Magazine 2, nº 12, dezembro de 1915, pp. 527–528; “Compassionate Service Annual
Report—1949” [Relatório anual de serviço de solidariedade — 1949], Relief Society Magazine 37,
nº 9, setembro de 1950, p. 610).
^15. Belle S. Spafford, “Report of Activities and Official Instructions” [Relatório de atividades e
instruções oficiais], Relief Society General Conference [Conferência geral da Sociedade de
Socorro], Salt Lake City, UT, 3 e 4 de outubro de 1945, p. A-10, BHI.
^16. Versões dessa citação apareceram em vários jornais, inclusive em Louis E. Bisch, “The Magic of
Giving” [A magia de doar], Dixon (IL) Evening Telegraph, 17 de julho de 1950. A citação veio
originalmente de uma revista intitulada Your Life: The Popular Guide to Desirable Living [Sua
Vida: O Guia Popular para uma Vida Desejável].
^17. Salmos 56:3.
—————————— 37 ——————————

União de sentimentos

Louise W. Madsen
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
3 de outubro de 1962

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).
Conferência geral da Sociedade de Socorro. 1962. A primeira
conferência geral da Sociedade de Socorro foi realizada em 1889.
Esta fotografia do Tabernáculo de Salt Lake mostra uma grande
multidão em uma das sessões da conferência de outubro de 1962,
na qual falou Louise W. Madsen. Fotografia de Ross Welser.
(Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.)

A experiência de vida levou Elen Louise Wallace Madsen (1909–1987) a


desenvolver as habilidades de organização, de economia doméstica e
intelectuais que ela usaria durante seu serviço na junta geral da Sociedade de
Socorro. Desde quando tinha 13 anos de idade, Louise ajudava a criar seus
quatro irmãos mais novos após a morte de seu pai.1 Ela se formou no Ensino
Médio na LDS High School, em seguida fez cursos de inglês, história,
literatura e direito na Universidade de Utah.2 Em 1º de junho de 1928, ela se
casou com Francis Madsen e juntos estabeleceram a Madsen Furniture
Company (empresa de móveis), primeiro em Ogden, Utah, e depois se
expandiu para Salt Lake City. Também em Ogden, Louise Madsen
apresentou um programa de rádio.3 Seus primeiros serviços na Igreja
incluíam dar aulas do seminário, liderar as jovens adultas solteiras e dar aulas
de literatura e teologia na Sociedade de Socorro.4 Ela também foi presidente
da Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake Emigration.5 Louise iniciou seu
serviço na junta geral da Sociedade de Socorro em dezembro de 1947 e,
quando se tornou segunda conselheira de Belle S. Spafford na presidência
geral da Sociedade de Socorro em 11 de agosto de 1958, ela já havia servido
em muitos comitês da junta geral.6
O trabalho dela na presidência incluía dirigir as atividades de economia
doméstica (chamadas de reuniões de serviço até outubro de 1966),
supervisionar o departamento de roupas do templo e a loja de artesanato
mórmon.7 Ela supervisionou um curso de um ano inspirado no programa de
enfermagem doméstica da Cruz Vermelha para instruir as irmãs da Sociedade
de Socorro nas habilidades de enfermagem doméstica.8 Ela também
supervisionou a criação de um programa de berçário que a Sociedade de
Socorro organizou para permitir que mais mães jovens assistissem às
reuniões da Sociedade de Socorro, para fornecer oportunidades de
aprendizagem para as criancinhas e para criar oportunidades de serviço para
as irmãs da Sociedade de Socorro que supervisionavam ou que fossem
voluntárias no berçário.9 Louise viajou por todo o mundo para instruir várias
organizações da Sociedade de Socorro e representou a Sociedade de Socorro
no Conselho Nacional de Mulheres.10 Muitos dos discursos e artigos de
Louise, pelos quais ela foi celebrada, apareceram na Relief Society Magazine
e no Church News.11
No início da década de 1960, os Estados Unidos foram envolvidos em
conflitos internos e externos. A conscientização da violência racial nos
Estados Unidos tinha aumentado substancialmente no final da década de
1950, após a cobertura da mídia de uma série de atos de violência graves
contra a comunidade afro-americana.12 Em 1962, os Estados Unidos também
estavam à beira de uma guerra com a União Soviética devido à colocação de
mísseis balísticos em Cuba.13 Durante esse período de aumento do medo e
questionamentos, Louise falou em uma conferência da Sociedade de Socorro,
no Tabernáculo de Salt Lake, em 1962, sobre como Deus recompensa a união
com poder.

MEUS QUERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, pouco antes de entrar no jardim do


Getsêmani na noite de Sua traição, o Senhor “levantou seus olhos ao céu”14 e
orou ao Pai. O presidente McKay disse que essa oração foi “a maior e mais
impressionante oração jamais proferida neste mundo”.15 Sua oração foi por
aqueles que haviam acreditado Nele e por “aqueles que (…) hão de crer”
Nele. Uma mensagem sublime dessa oração está neste versículo: “Para que
todos sejam um como tu, ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles
sejam um em nós”.16
Essa é a mais bonita expressão sobre o princípio da união. É esse
princípio de união, esse sentimento de ser “um”, uns com os outros e com
nosso Deus, que tem contribuído para que a Igreja possa progredir e realizar
os propósitos para os quais foi estabelecida.
Uma das declarações do profeta Joseph Smith para a Sociedade de
Socorro que tem significado imenso e contínuo é que “pela união de
sentimentos obtemos poder com Deus”.17 Essa é uma expressão do princípio
de união que mostra como ele funciona para cumprir propósitos. Ele exortou
as irmãs a obterem o poder do alto, sendo “uma” em espírito e determinação
para fazer o trabalho que Ele deseja que façam. O fato de terem feito isso é
demonstrado pelo crescimento e pelas realizações da Sociedade de Socorro
em todo o mundo. A separação por grandes extensões de terra e oceanos não
muda nem diminui o sentimento ou a necessidade da “unidade”. Mais de 250
mil mulheres unidas em sentimento e propósito, buscando o poder do Pai
Celestial em retidão, podem exercer um enorme poder para o bem, onde quer
que estejam.
Que poder é esse que podemos obter? Visto que deriva de nossa união
com Deus nosso Pai e Seu Filho, Jesus Cristo, o poder não está porventura
nas palavras de Miqueias de “[fazer] o que é bom; o que o Senhor pede de
[nós], [praticar] a justiça, e [amar] a benevolência, e [andar] humildemente
com [nosso] Deus”?18 Não é o privilégio de servir que buscamos, sentir a
força motivadora da compaixão? Não é o poder da força dada por Deus e o
conhecimento com o qual Ele nos abençoou que valorizamos? Não é o poder
de pensamento e ação altruísta, de generosidade, a capacidade de sobrepujar a
crítica e a mente mesquinha que desejamos? O poder de ser um instrumento
para a salvação de almas foi concedido à Sociedade de Socorro. Nosso maior
objetivo é edificar um firme testemunho da divindade do Salvador e do
evangelho. A caridade, o puro amor de Cristo, é nosso princípio orientador.19
Devemos novamente recordar que esses aspectos de poder são obtidos
por meio da “união de sentimentos”, a “união de sentimentos” entre nós
mesmos e o Pai Celestial. Esse tipo de união não pode ser mantido com
sucesso com menos do que o maior esforço de todos nós. A insatisfação com
a simples normalidade aumenta a capacidade da organização de usar esse
poder dos céus na sua totalidade. Nossa visão e nossos objetivos devem ser
exaltados e a integridade do propósito e da confiabilidade de cada membro
devem ser aumentadas.
Aqueles que recebem o poder devem assumir as responsabilidades que o
acompanham. Uma delas é a liderança sábia. Orientar, persuadir e direcionar
corretamente,20 fortalecer em retidão, instruir e dar impulso a atitudes
corajosas são aspectos de liderança para as quais as mulheres da Sociedade
de Socorro são treinadas.21 A força de uma organização dedicando-se para o
bem, adaptando-se ao que precisa ser feito e acreditando plenamente que seu
trabalho está basicamente e espiritualmente correto, é a força que o Senhor
exigiu de nós. Toda Sociedade de Socorro, não importa o tamanho, por mais
isolada que seja, deve participar desta “união de sentimentos”.
Paulo, em sua epístola aos romanos, fala da “fé mútua, tanto vossa como
minha”,22 e suplica a seus irmãos “combatais comigo”23, em tudo o que
precisa ser feito. Ele os adverte a evitar as “dissensões e escândalos contra a
doutrina”.24 Ele recomendou especificamente várias irmãs:

Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que


está em Cencreia,
Para que a recebais no Senhor, como convém aos santos, e a
ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem hospedado
a muitos, como também a mim mesmo.
Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus,
Que pela minha vida arriscaram o seu próprio pescoço; aos quais
não só eu agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios. (…)
Saudai Maria, que trabalhou muito por nós. (…)
Saudai Trifena e Trifosa, as quais trabalham no Senhor. Saudai a
amada Pérside, a qual muito trabalhou no Senhor.25

Esse tipo de recomendação também pode ser dado individualmente a


muitas mulheres nesta dispensação. Muitas irmãs que ocupam cargos na
Sociedade de Socorro poderiam ser descritas nas palavras de Paulo como
tendo “muito [trabalhado] no Senhor”.26 Mas é a Sociedade de Socorro como
um todo, como uma organização auxiliar da Igreja, recebendo o poder de
Deus pela “união de sentimentos”, que melhor serve para fazer o trabalho que
Ele deseja que uma organização de Suas filhas faça.
Os laços de irmandade são lindos! Os vínculos de amizade são
edificantes. O trabalho de milhares de irmãs unidas em propósito justo é
glorioso. O reconhecimento de que devemos fazer a obra do Senhor é um ato
de humildade.
Que Ele nos abençoe com o desejo de nos dirigir a Ele em “união de
sentimentos” e ser unos como Cristo orou que seus seguidores o fossem, é
minha oração em nome de Jesus Cristo. Amém.
Louise W. Madsen, Discursos, 3 de outubro de 1962, pp. 44–46, em Relief Society Annual Conference
Proceedings [Procedimentos da conferência anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca de
História da Igreja, ver também Louise W. Madsen, “Union of Feeling” [União de sentimentos], 3 de
outubro de 1962, em “Sessão Geral”, Relief Society Magazine 49, nº 11, novembro de 1962, pp. 804–
805.

_________________________
^1. “Louise W. Madsen, Former Relief Society Officer, Dies at 78” [Louise W. Madsen, ex-líder da
Sociedade de Socorro, morre aos 78 anos], Deseret News, 6–7 de outubro de 1987.
^2. LDS High School, também chamada de LDS College, oferecia cursos no nível do Ensino Médio e
faculdade (Lillie C. Adams, “Elen Louise Wallace Madsen Called to the General Board” [Elen
Louise Wallace Madsen chamada para a junta geral], Relief Society Magazine 35, nº 2, fevereiro de
1948, p. 81; “Louise W. Madsen”).
^3. “Louise W. Madsen.”
^4. Adams, “Elen Louise Wallace Madsen Called to the General Board” [Elen Louise Wallace Madsen
Chamada para a Junta Geral], p. 81. Louise ensinou literatura e teologia não muito tempo depois do
início do programa do seminário da Igreja.
^5. “Louise W. Madsen.”
^6. Marianne C. Sharp, “Elen Louise Wallace Madsen Appointed Second Counselor in the General
Presidency of Relief Society” [Elen Louise Walace Madsen designada segunda conselheira na
presidência geral da Sociedade de Socorro], Relief Society Magazine 45, nº 10, outubro de 1958, pp.
651–652. Louise serviu nos comitês de conferência de Natal, recursos educacionais, literatura,
conferência da Sociedade de Socorro, poesia, conto, ciência social e de convenções de estaca, entre
outros (Relief Society General Board Minutes [Ata da junta geral da Sociedade de Socorro], vol.
27, 1948–1949, pp. 211–212, 401–402; vol. 28, 1950–1951, pp. 243–244, 444–445; vol. 29, 1952–
1953, pp. 211–212, 473–474; vol. 30, 1954–1955, pp. 239–241, 507–509; vol. 31, 1956–1957, pp.
251–252, 289–290; vol. 32, 1958–1959, pp. 196–197, Biblioteca de História da Igreja).
^7. “New Titles for Lesson Courses” [Novos títulos para cursos], Relief Society Magazine 53, nº 6,
junho de 1966, p. 460; “Louise W. Madsen”.
^8. Relief Society General Board Minutes [Ata da junta geral da Sociedade de Socorro], vol. 33, 1960,
6 de janeiro, 1960, p. 10; “Louise W. Madsen”. A Cruz Vermelha iniciou um programa de
treinamento em enfermagem doméstica em 1908 e a Sociedade de Socorro patrocinou cursos de
enfermagem doméstica da Cruz Vermelha já no início da década de 1920 (Lavinia L. Dock e
outros, History of American Red Cross Nursing [História da Enfermagem da Cruz Vermelha
Americana], New York: Macmillan, 1922, pp. 1352–1354; Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon
e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do
Convênio: A História da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, pp. 233–234).
^9. “Need for Relief Society Nurseries” [Necessidade de berçários da Sociedade de Socorro], p. 2,
Louise W. Madsen Papers, Biblioteca de História da Igreja. O primeiro manual do berçário da
Sociedade de Socorro é de 1963. A primária teve currículo do berçário para crianças de 4 anos ou
menos começando em 1951 e uma classe para as crianças de 3 anos ou menos a partir de cerca de
1956 (“Nursery Committee Report” [Relatório do comitê do berçário], p. 1, Louise W. Madsen
Papers, Biblioteca de História da Igreja; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, p. 345;
Carol Cornwall Madsen and Susan Staker Oman, Sisters and Little Saints: One Hundred Years of
Primary [Irmãs e Crianças da Igreja: Cem Anos da Primária], Salt Lake City: Deseret Book, 1979,
p. 208).
^10. “Louise W. Madsen.” Em meados do século 20, o Conselho Nacional de Mulheres era uma
organização moderada que apoiava a paz e apoiava fortemente as Nações Unidas. Belle S. Spafford,
que começou a ocupar o cargo no conselho em 1948 e viria a servir como presidente de 1968 a
1970, relatou após as reuniões de 1952 que o conselho estava muito preocupado com a diminuição
dos padrões morais, a fragmentação da vida familiar, o aumento do materialismo e com os sistemas
educacionais inadequados (Margaret Nunnelley Olsen, “One Nation, One World: American
Clubwomen and the Politics of Internationalism, 1945–1961” [Uma Nação, um Mundo: Clubes
Femininos Americanos e a Política do Internacionalismo], tese de mestrado, Rice University, 2007,
pp. 73–76; Belle S. Spafford, “The National Council of Women” [O conselho nacional de
mulheres], Relief Society Magazine 40, nº 4, abril de 1953, p. 217; Priscilla L. Evans, “President
Belle S. Spafford Elected to Office in the National Council of Women” [Presidente Belle S.
Spafford eleita ao cargo no Conselho Nacional de Mulheres], Relief Society Magazine 36, nº 1,
janeiro de 1949, pp. 20–21; Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, p. 337).
^11. “Louise W. Madsen.”
^12. Esses incidentes incluíram o espancamento e o assassinato de Emmett Till, um afro-americano de
14 anos; tiroteios e explosões de ônibus, de residências afro-americanas e igrejas após o boicote aos
ônibus de Montgomery e as ameaças e insultos pelos adultos brancos às crianças afro-americanas
durante o processo de integração da Central High School, em Little Rock, Arkansas (Robert J.
Norrell, The House I Live In: Race in the American Century [A Casa em Que Vivo: A Raça no
Século Americano], New York: Oxford University Press, 2005, pp. 174–186).
^13. Para mais informações sobre a crise dos mísseis cubanos, ver Len Scott e R. Gerald Hughes, eds.,
The Cuban Missile Crisis: A Critical Reappraisal [A Crise dos Mísseis Cubanos: Uma Reavaliação
Crítica], Londres: Routledge, 2015.
^14. João 17:1.
^15. David O. McKay, “Unity in the Church” [União na Igreja], Instructor 87, nº 8, agosto de 1952, p.
225.
^16. João 17:20–21.
^17. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 9 de
junho de 1842, p. 61, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J.
Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s
History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes da História das
Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 78.
^18. Ver Miqueias 6:8.
^19. Ver Morôni 7:47.
^20. Ver “A alma é livre”, Hinos, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake
City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1948, nº 149; ver também Hymns of the
Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, 1985, nº 240.
^21. As irmãs da Sociedade de Socorro fizeram cursos mensais de literatura, ciências sociais, economia
doméstica (reunião de serviço) e teologia. Nessa época, especialistas em áreas relevantes
escreveram as lições, inclusive lições destinadas a ser compartilhadas pelas professoras visitantes,
que foram publicadas na Relief Society Magazine. As irmãs membros da junta da Sociedade de
Socorro leram e avaliaram todas as lições antes da publicação. As metas do currículo incluíam
aumentar nos membros a apreciação pela literatura, o senso de obrigação social e o conhecimento
sobre como servir com mais eficiência, a espiritualidade e o entendimento das doutrinas da Igreja e
a consciência cívica (“Lesson Department” [Departamento de aulas], Relief Society Magazine 48, nº
6, junho de 1961, pp. 411–420; Alice C. Smith, entrevista realizada por Harvard Heath, 25 de
outubro de 1985, p. 42, BYU; Handbook of Instructions of the Relief Society of the Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints [Manual de Instruções da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro, 1962, p.
92).
^22. Romanos 1:12.
^23. Romanos 15:30.
^24. Romanos 16:17.
^25. Citação no original: “Romanos 16:1–4, 6, 12”. Para mais informações sobre essas mulheres, ver
Peter Lampe, From Paul to Valentinus: Christians at Rome in the First Two Centuries [De Paulo a
Valentim: Os Cristãos em Roma nos Primeiros Dois Séculos], Minneapolis: Fortress Press, 2003; e
Elisabeth Schüssler Fiorenza, In Memory of Her: A Feminist Theological Reconstruction of
Christian Origins [Em Memória Dela: Uma Reconstrução Teológica Feminista de Origens Cristãs],
New York: Crossroad, 1994.
^26. Romanos 16:12.
—————————— 38 ——————————

O meu jugo é suave e o meu fardo é leve

Alice C. Smith
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
1º de outubro de 1969

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Alice Colton Smith (1913–2006) trouxe uma perspectiva cosmopolita e


acadêmica para a junta geral da Sociedade de Socorro. Alice se mudou de
Vernal, Utah, para Washington, D.C., depois de seu pai, Don B. Colton, ter
sido eleito para a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos em 1921. Logo
após sua formatura na Universidade de Colúmbia, em 1934, ela se casou com
o bacteriologista em formação, Whitney Smith. Quando Whitney terminou os
estudos de pós-graduação na Universidade de Wisconsin, a família Smith se
mudou para o sul da Califórnia, onde ele seguiu carreira docente. Em 1946,
eles foram para a Universidade Estadual de Utah, em Logan, Utah, onde
Alice concluiu o mestrado em sociologia e, posteriormente, passou a fazer
parte do corpo docente.1 Ela se tornou professora assistente e ensinou na
Universidade Estadual de Utah até meados da década de 1970, quando se
desligou da universidade para que pudesse ficar mais centrada em seu
trabalho da junta geral.2
Duas importantes experiências internacionais complementaram a
carreira acadêmica da família Smith. Primeiro, eles moraram em Israel, de
1953 a 1954, onde Alice Smith serviu na embaixada como diretora do Comitê
de Relações Israelo-Americanas, enquanto o marido trabalhava como
consultor de pesquisa bacteriológica para o governo israelense.3 Quando eles
retornaram para Utah, o governador George D. Clyde indicou Alice para o
Comitê de Currículo e Redação do estado de Utah, onde ela serviu de 1958 a
1960.4 Residiram em Viena, de 1960 a 1963, onde estabeleceram a primeira
missão da Igreja sediada na Áustria, servindo como presidente de missão e
presidente da Sociedade de Socorro da missão.5 Quando retornaram, o
governador Calvin L. Rampton indicou Alice para o Comitê de Utah para a
Conferência da Casa Branca sobre a família.6 Ela foi chamada para a junta
geral da Sociedade de Socorro em 1964, servindo por 14 anos com as
presidentes Belle S. Spafford e Barbara B. Smith.7
Joseph Fielding Smith, então presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos, designou Alice para seu trabalho na junta da Sociedade de
Socorro. Ela se lembrou de algo que ele declarou na bênção: “Você foi
colocada nesta junta para que não fique em silêncio. Você desempenhará um
papel ativo em tudo o que ocorrer”. Belle Spafford disse à Alice que esse
conselho jamais foi dado a outro membro da junta por todo o tempo de seu
serviço como presidente e Alice recordou que a presidente Spafford repetiu
isso na reunião seguinte da junta: “Bem, isso realmente deve acontecer com
todas, mas quero que saibam que isso se aplica à Alice”.8 As
responsabilidades de Alice na junta incluíam analisar, editar e avaliar as
lições da Sociedade de Socorro e ela fez bom uso de sua franqueza e
experiência profissional nessa designação.9 Ela também escreveu as lições
das professoras visitantes.10
Alice acreditava que o serviço amoroso é o cerne para seguir a Cristo:
“Eu sempre fui contra a ideia de ‘moça perfeita’. Eu dizia que não é real, que
não é o mundo real nem é o evangelho. As pessoas comentavam sobre o
conceito de perfeição e eu dizia que creio que o Senhor quer que tenhamos
perfeição em ser amáveis. Sendo amorosas, bondosas e misericordiosas. Ele
não estava falando sobre levantar pela manhã e cuidar do cabelo”.11 Em
1979, Alice descreveu a si mesma como pertencente à “escola que acredita
que Jesus não era um vendedor, e sim um professor. (…) Creio que Ele
estava ali para criar as mudanças comportamentais que seriam
permanentes”.12
Alice deu o seguinte discurso sobre as professoras visitantes na sessão
das líderes da conferência geral da Sociedade de Socorro, no Tabernáculo de
Salt Lake. A prática que passou a ser chamada como programa das
professoras visitantes começou quando os comitês de visitas foram criados
em Nauvoo, Illinois, na primavera de 1843. As irmãs do comitê visitavam as
famílias para identificar e suprir suas necessidades. Elas também visitavam os
membros da Igreja para pedir doações. Como parte do restabelecimento da
Sociedade de Socorro em Utah, em 1868, Sarah M. Kimball e Eliza R. Snow
elaboraram um documento que serviu para desenvolver as responsabilidades
das professoras, acrescentando que deveriam visitar as pessoas em seus
grupos designados, visitando-as uma vez por mês.13 A junta geral começou a
fornecer mensagens padronizadas para as professoras visitantes em 1921 e as
professoras visitantes da Sociedade de Socorro cessaram de coletar fundos
para caridade em 1944.14 Alice começou a redigir as mensagens das
professoras visitantes a partir de outubro de 1969, sob o tema “verdades para
serem vividas”, e elas eram centradas em ensinamentos do Livro de Mórmon,
“uma luz brilhante em momentos tumultuosos”.15

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos


aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.16

ESSE CONVITE DO NOSSO SALVADOR, dado na costa leste do


Mediterrâneo, tem durado séculos.
Enquanto Jesus subia as colinas secas da Galileia ou andava pelas
estradas poeirentas da Judeia, Ele encontrava pobreza, doenças e aflições de
todo tipo. Ele encontrou o pecador arrependido e o não arrependido. Ele
encontrou sofrimentos. E Seu pedido misericordioso, “Vinde a mim”, surgiu
a partir dessas experiências e de Seu vasto conhecimento.
Em 1830, o profeta Joseph Smith declarou que o Pai Celestial é “o
mesmo Deus imutável”.17 Portanto, não é nenhuma surpresa que, em 28 de
julho de 1843, 16 mulheres foram designadas para “buscar os pobres e
sofredores (…) para aliviar as necessidades de todos”.18 Dezesseis em um
mundo de milhões. Mas era preciso haver um início. Em 1843, eram 16
professoras visitantes; hoje, bem mais de 100 mil; amanhã serão 200 mil;
depois de amanhã, haverá 2 milhões.
Há algumas semanas, reencontrei uma grande amiga. Ela permanece
ativa na Sociedade de Socorro há muitos anos. Eu a amo. Fiquei muito feliz
ao revê-la. Queria saber tudo a respeito da vida dela. Perguntei o que ela
estava fazendo na Igreja no momento. Houve uma pausa perceptível. Em
seguida, ela respondeu: “Ah, sou apenas professora visitante”. Apenas
professora visitante! Depois de nos despedirmos, pensei em como ela se
sentiria caso o Salvador aparecesse na sua próxima reunião de professoras
visitantes e falasse a ela: “Quero que seja minha porta-voz. Quero que diga às
mulheres em seu distrito que Eu as amo, que estou preocupado com o que
acontece com elas e com seus familiares. Quero que você seja Minha
auxiliadora para zelar por essas irmãs, para cuidar delas e para que tudo fique
bem em Meu reino”.19 Se nos encontrássemos depois dessa reunião, será que
a resposta dela seria diferente? Mas Ele não a chamou para esse trabalho, por
meio do sacerdócio, como se Ele o tivesse feito pessoalmente?
Quantas irmãs que são professoras visitantes consideram a si mesmas
“apenas professoras visitantes”?
A grande responsabilidade de procurar os necessitados é dada a cada
professora visitante. Além disso, fica claro a todas as irmãs, por meio das
visitas, que alguém se preocupa com elas e que Deus Se importa.
A professora visitante deve ser a melhor amiga de todas em seu distrito.
Não significa ser a amiga mais íntima, mas a melhor amiga.
Espero que todas aqui tenham uma melhor amiga para realmente
compreender o que quero dizer. O que é uma melhor amiga? É uma amiga
em quem podemos confiar e saber que nossos segredos estarão a salvo. É
alguém que ouve e também quer ouvir. É alguém que está interessada em
tudo o que acontece com a outra amiga. É alguém que sempre ajuda quando
necessário.
Quando vou à porta e encontro minha melhor amiga ali, esperando para
entrar, meu coração se alegra. Abro a porta correndo! É um grande prazer vê-
la. Sei que ela me ama assim como eu a amo.
A professora visitante deve despertar essa reação em todas as pessoas
que ela cuida. Ela não deve ser alguém que corre no último dia do mês e diz:
“Tenho alguns minutos, sei que você leu a mensagem e sabe melhor do eu, e
não precisa tanto dela. Como vai você? Até semana que vem na Sociedade de
Socorro”. A professora visitante deve deixar um amor que abençoe tanto a
irmã que visita quanto ela mesma.
Há anos, quando estava saindo da capela após uma reunião da Sociedade
de Socorro, minha professora visitante me parou e disse: “Alice, você tem
tudo de que necessita. Mas eu gostaria de fazer algo por você”.
“Você faz algo por mim todo mês”, respondi. “Você traz mensagens de
amor. Sou consolada e fortalecida porque se preocupa comigo e com minha
família.” Mas ela não parecia inteiramente satisfeita.
Menos de duas horas depois, ela veio até a minha porta. Trazia nas mãos
um pão que havia acabado de fazer. Ela disse: “Depois de nos falarmos hoje,
lembrei que você me disse que seus deveres acadêmicos ocupam tanto seu
tempo que nunca tem tempo para fazer pão. Então, há algo especial que posso
fazer por você”.
Há cinco anos, voltamos para nossa terra após uma ausência de três
anos.20 Estávamos cansados após uma longa jornada no exterior. E, até então,
não tivemos tempo para fazer compras no mercado. Vinte minutos depois de
chegarmos em casa, alguém bateu à nossa porta. Lá estava ela, minha
professora visitante (agora já há muito desobrigada de me visitar) com pão
caseiro e um pote de geleia de framboesa. Amo o emblema da Sociedade de
Socorro com o lema, “A caridade nunca falha”, mas meu emblema particular
do trabalho das professoras sempre será um pão caseiro quentinho.21
Devemos “aliviar as necessidades de todos”.22 Em nosso mundo confuso
e complexo, assim como na época de Jesus, há solidão, desespero, pecado e
sofrimento. Quem sabe quando encontraremos essas coisas na casa de nossas
amigas? Devemos estar preparadas.
A compaixão é um modo de vida. Darlene é uma mulher jovem, bonita,
encantadora, mãe de um recém-nascido e sofre de esclerose múltipla.
Rapidamente, a enfermidade se agravou a ponto de não poder cuidar de seu
bebê. Foi nessa época que ela recebeu duas professoras visitantes solidárias.
“Deite óleo e vinho nas feridas dos aflitos”, aconselhou o profeta Joseph
Smith.23 Elas continuaram a prestar auxílio.
Suas outras amigas, a princípio atentas, começaram a visitar com menos
frequência com o passar dos anos. Seu marido a deixou. Darlene se encheu de
amargura. Ela respondia às tentativas de auxílio com palavras hostis. Por que
ela tinha que ficar de cama enquanto outras pessoas viajavam, divertiam-se e
trabalhavam conforme seus desejos? Por que ela tinha que permanecer em
seu leito, ficando cada vez mais debilitada? Ela reclamava de seu futuro.
Assim, suas amigas deixaram de fazer visitas.
Uma das professoras visitantes se mudou. A outra foi desobrigada, mas
sua amorosa dedicação não cessou. Ao longo dos anos, essa dedicada
professora visitante, desobrigada daquela designação, visitou-a com
frequência, oferecendo sua ajuda. Ela pôde enxergar além da raiva de Darlene
e de suas palavras duras. Mesmo quando as palavras eram direcionadas a sua
pessoa, ela não abandonou a mulher com suas dores e seus sofrimentos.
A família de Darlene se mudou recentemente para Utah. Darlene, agora
completamente acamada e ainda com menos de 40 anos de idade, também
veio. Isso pôs fim aos cuidados de sua antiga professora visitante? Não. Um
membro da família da professora visitante em Utah recebeu um telefonema
interurbano e ouviu: “Por favor, visite Darlene. Diga a ela que penso nela e
que a amo. Por favor, visite-a sempre que possível”.
A compaixão é um modo de vida. Anos de cuidado e distância não têm
relevância quando a professora visitante é uma das melhores amigas que se
preocupa e ama de verdade. As mensagens das professoras visitantes são
importantes. As regras que governam nosso trabalho como professora
visitante são importantes, mas além e acima de tudo e muito mais importante
é o coração pleno de compreensão, preocupação e amor.
As professoras visitantes nunca foram tão necessárias quanto agora. As
professoras visitantes talvez nunca encontrem uma Darlene, mas, a cada mês,
elas encontrarão irmãs que precisam de amor e de aceitação.
A cada ano, com o crescimento da Igreja, a necessidade de professoras
visitantes vai aumentar. Qual é o futuro delas? Elas vão ajudar a combater a
solidão que infesta nosso mundo e a impessoalidade das grandes cidades.
Cuidarão da estrangeira, da viúva, da órfã, da ferida, da afligida e de todas as
irmãs com interesse e amor. Elas serão necessárias da mesma maneira que foi
minha avó, quando deixou o conforto de seu lar em noites de tempestade para
viajar a cavalo e charrete por quilômetros em resposta a um pedido de
ajuda.24 Da mesma forma que minha mãe, na época da Grande Depressão, foi
ajudar os famintos.25 Elas prosseguirão da mesma maneira que minha
professora visitante trouxe pão caseiro quentinho e amor para mim. Elas vão
ajudar a aliviar o sofrimento físico, emocional e mental. Vão auxiliar os
pecadores e consolar os aflitos. Vão levar a mensagem de amor do evangelho
a todas as nossas irmãs em todo o mundo. O crescimento desse cuidado
amoroso e terno fará com que elas se tornem um estandarte para as nações.26

Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos


aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para a vossa alma.
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.27

Deus abençoe as professoras visitantes. Pois, quando todas trabalham


juntas, o jugo é suave e o fardo é leve.
Nisso todos saberão que somos discípulas do Senhor se amarmos umas
às outras.28 Que seja sempre assim, é minha oração. Amém.
Alice C. Smith, Discurso, 1º de outubro de 1969, pp. 18–23, em Relief Society Annual Conference
Proceedings [Procedimentos da conferência anual da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca de
História da Igreja, ver também Alice C. Smith, “My Yoke Is Easy and My Burden Is Light” [O meu
jugo é suave e meu fardo é leve], 1º de outubro de 1969, em “Reunião de líderes”, Relief Society
Magazine [Revista da Sociedade de Socorro] 57, nº 3, março de 1970, pp. 174–177.

_________________________
^1. W. Whitney e Alice C. Smith, entrevista de Christen L. Schmutz, 12 de julho de 1979, prefácio,
James Moyle Oral History Program [Programa da história contada de James Moyle], CHL.
^2. Alice C. Smith, entrevista de Harvard Heath, 25 de outubro de 1985, p. 73, transcrição, BYU.
^3. W. Whitney e Alice C. Smith, entrevista, prefácio; “Alice Colton Smith”, Relief Society Magazine
[Revista da Sociedade de Socorro] 51, nº 12, dezembro de 1964, p. 897.
^4. W. Whitney e Alice C. Smith, entrevista, prefácio; “Alice Colton Smith”, p. 897.
^5. Peter J. Rabe, “A Conversation with Sister Smith” [Uma conversa com a irmã Smith], Austrian
Mission Memories [Lembranças da missão austríaca], 1960–1963, pp. 13–14.
^6. W. Whitney e Alice C. Smith, entrevista, prefácio.
^7. “Alice Colton Smith”, Deseret Morning News, 3 de agosto de 2006. Belle S. Spafford foi a nona
presidente geral da Sociedade de Socorro, de 1945 a 1974, e Barbara B. Smith foi a décima, de
1974 a 1984.
^8. Smith, entrevista, p. 29.
^9. Smith, entrevista, pp. 41–42.
^10. Depois de ler a primeira lição de Alice Smith, Harold B. Lee, do Quórum dos Doze Apóstolos,
escreveu para Marianne C. Sharp dizendo que ninguém deveria alterar o estilo da irmã Alice ou
mudar o que ela escreveu (Smith, entrevista de Heath, pp. 42–43).
^11. Smith, entrevista de Heath, p. 74. O termo Patty Perfect aparece pela primeira vez em versão
impressa em 1939 como referência à secretária perfeita. Ele tem sido usado desde meados do século
19 para se referir a mulheres estereotipadas e idealizadas em geral — inclusive as da Igreja
(Business Education World 20, 1939, p. 761).
^12. W. Whitney e Alice C. Smith, entrevista, pp. 14–15.
^13. Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty
Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50
Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes da História das Mulheres Santos dos
Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, pp. 8, 288.
^14. Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The
Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de Socorro], Salt Lake
City: Deseret Book, 1992, pp. 244, 288; Belle S. Spafford, entrevista de Jill Mulvay Derr, 12 de
janeiro de 1976, p. 29, Biblioteca de História da Igreja.
^15. Alice Colton Smith, “Visiting Teacher Messages” [Mensagens das professoras visitantes], Relief
Society Magazine 56, nº 6, junho de 1969, pp. 469–471.
^16. Citação no original: “Mateus 11:28–30”.
^17. Citação no original: “D&C 20:17”.
^18. Citação no original: “Former Relief Society Handbook [Antigo manual da Sociedade de Socorro],
p. 29”. Ver Handbook of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[Manual da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt
Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro, 1931, p. 29; ver também Nauvoo Relief Society
Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de julho de 1843, pp. 101–
102, em Derr e outros, First Fifty Years, p. 110. Annie Wells Cannon e Vera White Pohlman
ajudaram Amy Brown Lyman na criação do manual de 1931, cujo objetivo era informar as irmãs e
líderes da Sociedade de Socorro sobre a história da organização, as normas e os procedimentos. As
autoras confiaram totalmente nos registros das secretárias gerais anteriores, incluindo Eliza R.
Snow, Sarah M. Kimball, Emmeline B. Wells, Olive D. Christensen, Amy Brown Lyman e Julia A.
F. Lund. O livro foi publicado pela primeira vez em abril de 1931, na conferência da Sociedade de
Socorro (Amy Brown Lyman, In Retrospect: Autobiography of Amy Brown Lyman [Em
Retrospecto: Autobiografia de Amy Brown Lyman], Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de
Socorro, 1945, p. 84; Handbook of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day
Saints [Manual da Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias],
pp. 12–13; “Relief Society Handbook” [Manual da Sociedade de Socorro], Relief Society Magazine
18, nº 5, maio de 1931, p. 297).
^19. Nessa época, as reuniões das professoras visitantes eram realizadas na primeira semana de cada
mês — com exceção dos quatro meses durante o verão —, imediatamente antes da reunião de viver
espiritual. Durante cada reunião de 30 a 45 minutos, as professoras visitantes relatavam sobre as
visitas, uma líder apresentava a mensagem das professoras visitantes do mês e a presidente da
Sociedade de Socorro dava instruções se achasse necessário (Handbook of Instructions of the Relief
Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Manual de Instruções da Sociedade de
Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Junta geral da
Sociedade de Socorro, 1968, p. 32).
^20. Alice Smith faz referência a seu tempo na Áustria, período no qual ela presidiu a Sociedade de
Socorro e seu marido foi presidente da missão (Rabe, “A Conversation with Sister Smith” [Uma
conversa com a irmã Alice Smith], p. 13).
^21. Em 1942, o professor de artes Jack Sears criou o emblema da Sociedade de Socorro, símbolo bem
reconhecido pelos membros da Igreja hoje. Inclui dois feixes de trigo, que representam o trabalho
das irmãs da Sociedade de Socorro para armazenar o trigo para momentos de dificuldade (Connie
Lamb, “Symbols of the LDS Relief Society” [Símbolos da Sociedade de Socorro SUD], Mormon
Historical Studies 14, nº 1, primavera de 2013, pp. 115 –116, 118–120; ver também Jessie L.
Embry, “Relief Society Grain Storage Program, 1876–1940” [Programa de Armazenamento de
Grãos da Sociedade de Socorro, 1876–1940], tese de mestrado, Universidade Brigham Young,
1974; e Jessie L. Embry, “Grain Storage: The Balance of Power between Priesthood Authority and
Relief Society Autonomy” [Armazenamento de grãos: O equilíbrio de poder entre a autoridade do
sacerdócio e a autonomia da Sociedade de Socorro], Dialogue: A Journal of Mormon Thought 15,
nº 4, inverno de 1982, pp. 59–66).
^22. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de
julho de 1843, pp. 101–102, em Derr e outros, First Fifty Years, p. 110.
^23. Ver Lucas 10:34. Em 1º de abril de 1842, o jornal Times and Seasons publicou um artigo sobre a
recém-fundada Sociedade de Socorro de Nauvoo que declarou que um dos propósitos da sociedade
era “deitar óleo e vinho no coração ferido do aflito”. Embora esse artigo fosse atribuído ao editor do
jornal, Joseph Smith, provavelmente foi escrito por John Taylor. Com base na atribuição original,
os compiladores do manuscrito da história da Igreja indicaram que Joseph Smith proferiu essas
palavras na reunião da Sociedade de Socorro realizada em 24 de março de 1842. A declaração foi
então incluída na História da Igreja, na qual Alice C. Smith provavelmente a leu. A ata original da
reunião não contém essa declaração (Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da
Sociedade de Socorro de Nauvoo], 24 de março de 1842, p. 21, e “Ladies’ Relief Society”
[Sociedade de Socorro de senhoras], Times and Seasons 3, nº 11, 1º de abril de 1842, p. 743, em
Derr e outros, First Fifty Years, pp. 42, 132–133; Joseph Smith, History, 1838–1856, vol. C-1, 2 de
novembro de 1838–31 de julho de 1842, 24 de março de 1842, p. 1302, acessado em 3 de fevereiro
de 2016, josephsmithpapers.org; Joseph Smith e outros, History of the Church of Jesus Christ of
Latter-day Saints [A História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], comp. por
B. H. Roberts, 7 vols., Salt Lake City: Deseret News, 1902–1912, vols. 1–6, 1932, vol. 7, vol. 4, pp.
567–568).
^24. Provavelmente Nancy Colton. Um dos filhos de Nancy relatou em uma história da família em
1977: “Nos primeiros anos, minha mãe teve inúmeras oportunidades de desempenhar plenamente as
características filantrópicas que ela havia herdado de sua mãe. Na época, não havia médicos no
vale, então minha mãe saía para todo lugar para ajudar as pessoas em momentos de enfermidade.
Nenhuma estrada era tão longa ou difícil, nenhuma noite tão escura e não havia tempo ruim o
bastante para impedi-la de atender ao chamado de alguém precisando de ajuda” (Miriam C. Perry,
ed., An Historical and Biographical Record of the Sterling Driggs Colton Family, Descendants and
Related Families [Um Registro Histórico e Biográfico da Família Sterling Driggs Colton, dos
Descendentes e Parentes], Logan, UT: Serviço de Impressão Educacional, 1977, p. 23, Biblioteca
de História da Igreja).
^25. As mulheres alimentavam os famintos por meio de recursos próprios e do esforço organizado da
Sociedade de Socorro (Derr, Cannon e Beecher, Women of Covenant, pp. 250, 257–258).
^26. Ver Doutrina e Convênios 115:5.
^27. Citação no original: “Mateus 11:28–30”.
^28. Ver João 13:35.
—————————— 39 ——————————

A Sociedade de Socorro traz felicidade

Lucrecia Suárez de Juárez


Conferência da área México e América Central
Auditório Nacional, Chapultepec Park, Cidade do México
26 de agosto de 1972

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Lucrecia Suárez de Juárez (1896–1998) foi presidente da Sociedade de


Socorro da estaca quando proferiu o seguinte discurso durante uma
conferência da área do México e da América Central em 1972.1 Filha de
Lucía Mejía e Paulino Suárez, Lucrecia nasceu para uma vida de riqueza. Os
empregados da família a levavam para escola a cavalo todos os dias e ela
tinha professores particulares de música, pintura e francês. Mas o exército
Zapatista invadiu sua casa várias vezes depois que a revolução mexicana
iniciou em 1910, e a família se mudou para a cidade do México com poucos
recursos. 2 Ali Lucrecia se tornou professora do Ensino Fundamental em
1918. Mais tarde conheceu Aurelio Juárez em um baile. Ele era músico
profissional que havia fugido para a cidade do México depois de escapar do
exército do revolucionário Pancho Villa. Os dois se casaram em 1924.
Quando Aurelio morreu em 1947, dois de seus cinco filhos eram menores de
sete anos. Lucrecia mais tarde ajudaria a criar seu neto, Miguel Angel
Romero.3
Ela se filiou à igreja em 1956, ensinada e batizada pelo missionário Rex
E. Lee.4 A partir de 1961, ela foi a primeira diretora da Moctezuma
Xocoyotzin, uma escola primária dirigida pela Igreja no lado leste da cidade
do México, e se tornou presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Cidade
do México Leste.5
As mexicanas já faziam parte da Sociedade de Socorro por quase 70
anos na ocasião em que a irmã Lucrecia deu este discurso na conferência de
área em 1972.6 A Igreja no México continuou a crescer apesar da
instabilidade política, da guerra e da legislação que muitas vezes limitavam as
atividades religiosas de líderes e missionários da Igreja não mexicanos entre
1913 e 1934.7 Os batismos na Igreja cresceram rapidamente após 1946: uma
missão tinha sido dividida em quatro até 1960, a primeira estaca foi
organizada em 1961 e uma segunda estaca foi formada em 1967.8
Cerca de 17 mil membros da Igreja participaram da primeira conferência
de área no México, muitos dos quais viajaram longas distâncias e fizeram
grandes sacrifícios para estar lá. Dois terços dos membros que participaram
tiveram dificuldades para obter dinheiro para a viagem. Os membros da
Guatemala jejuaram e oraram para que seus empregadores lhes dessem os
dias de folga necessários. Em Tijuana, México, os membros alugaram um
ônibus para a viagem de 48 horas. Depois de todos os assentos terem sido
reservados, dez membros que ganharam dinheiro suficiente apenas no último
minuto pediram para se juntar a eles. Os passageiros se revezaram em pé no
corredor do ônibus para acomodar os retardatários. Uma mulher daquela área
passou cinco meses juntando dinheiro, indo de porta em porta se oferecendo
para lavar roupas. Os membros das regiões agrícolas do norte e central do
México venderam tacos ou tamales, lavaram carros, fizeram jardinagem e
venderam seus pertences para juntar os 200 pesos necessários
(aproximadamente 16 dólares americanos) para a passagem de ônibus. Assim
que chegaram, muitas pessoas estavam sem dinheiro. Eles dormiram no piso
de madeira do ginásio de esportes e jejuaram durante os três dias de
conferência. Em algumas comunidades, os membros juntaram seu dinheiro e
escolheram quais deles poderiam se beneficiar mais com a presença.9
Essa conferência foi a maior reunião de membros de língua espanhola
até então e a primeira vez que o Coro do Tabernáculo Mórmon transmitiu
uma apresentação de uma nação que não fala inglês (em seu 125º
aniversário).10 Mais de 3 mil mulheres se reuniram no Auditório Nacional
para a sessão das mulheres na noite de sábado, onde a irmã Lucrecia deu o
seguinte discurso em espanhol sobre felicidade, maternidade e a força
conjunta da Sociedade de Socorro.11

QUERIDAS IRMÃS, que momento maravilhoso e significativo é este para


nós pensar que, em muitos lugares do mundo — em terras estrangeiras, em
vilas, cidades e zonas rurais —, há irmãs que estão cuidando de seus lares e
sua família e dedicando-se aos programas importantes da Sociedade de
Socorro.12
Sejam todas bem-vindas, minhas irmãs, espero que unamos nosso
coração em amor e humildade perante o Senhor. Não há nenhum oceano,
montanha, deserto ou barreira de terra que pode separar as irmãs da
Sociedade de Socorro, porque todas elas são iguais em fé e devoção, iguais
em seu desejo de seguir os ensinamentos do evangelho e ser mulheres
exemplares perante o mundo. O programa e o espírito da Sociedade de
Socorro abrem as portas para um extenso campo no qual os atributos mais
nobres da feminilidade são cultivados, e eles nos trazem felicidade. Adquirir
felicidade e contribuir para a felicidade dos outros devem ser a meta mais
importante em nossa vida.

Métodos para obter a felicidade


As irmãs que são capazes de desenvolver essas qualidades devem
manifestá-las primeiro em seu lar e depois para com seus semelhantes em
geral. A felicidade chega a nós de diversas maneiras. Se consolarmos os
doentes e os necessitados, os aflitos, os que estão à beira da morte, os órfãos
e as viúvas, nosso coração ficará feliz. Quando o Senhor nos abençoa com
um chamado, ficamos com medo porque sabemos que somos incapazes, mas,
se colocarmos nossa vontade e nossos esforços para desempenhá-lo, então
sentiremos felicidade e podemos dizer que somos abençoadas pelo chamado
que nos fez ir além de nossa capacidade. Temos muitas experiências no
trabalho da Sociedade de Socorro, algumas satisfatórias e outras não. Se uma
experiência foi um sucesso, ficamos felizes e, se falharmos, precisamos ser
corajosas e prosseguir com mais amor e caridade. O amor para com nossas
irmãs deve ser demonstrado com ações para nos trazer felicidade. A caridade
é um amor tão grandioso que estamos dispostas a dar parte de nós mesmas.
Temos o exemplo das professoras visitantes que transmitem suas mensagens
de fé e consolo, e são felizes. Os trabalhos manuais bonitos e úteis para nosso
lar contribuem para a felicidade de nossos entes queridos.13 Os filhos que são
criados em louvor a Deus se unem às irmãs em comunhão espiritual e isso
nos faz sentir alegria.
Uma mulher sozinha pode combater as influências negativas que
prejudicam nossos filhos? Não, irmãs, mas estamos reunidas como um
exército de mulheres justas e com determinação de que podemos fazer algo.
Como irmãs da Sociedade de Socorro e filhas do Pai Celestial,
precisamos buscar sabedoria, paz, bons frutos e humildade. Não existe alegria
maior do que ver nossa família viver limpa e em retidão. Em certa ocasião, o
presidente McKay disse que uma mulher deve ser inteligente e pura porque
ela é a fonte de vida, “a fonte viva da qual flui a corrente da humanidade”.14

O papel da mãe
Vejamos agora uma mulher em seu papel de mãe. A experiência que vou
relatar nos mostra a preparação que a Sociedade de Socorro pode dar a uma
mãe para educar seus filhos.
Essa jovem mãe colocou os pés na estrada da vida. “A estrada é longa?”,
perguntou ela. Seu guia respondeu: “Sim, e o caminho é difícil e estará idosa
antes de chegar ao fim, mas o fim será melhor do que o começo”. A mãe
ficou feliz. Ela brincava com seus filhos, colhia flores para eles ao lado da
estrada, banhava-os em águas puras, o sol brilhava sobre eles e a vida era
boa. A jovem mãe exclamou: “Nada poderia ser melhor do que isso”. Então,
caiu a noite e vieram as tempestades, a estrada estava escura e as crianças
tremiam de medo e frio. A mãe foi até eles e os cobriu com seu manto, e os
filhos disseram: “Mamãe, não estamos com medo porque você está conosco e
sabemos que nenhum mal nos acontecerá”. A mãe disse: “Isso é melhor do
que a luz do dia, porque ensinei coragem a meus filhos e me sinto feliz”.

Ensinados a respeito de Deus


Amanheceu e na frente deles havia uma colina, as crianças subiram e se
cansaram, mas ela continuava dizendo a eles: “Sejam pacientes e logo
chegaremos ao topo”. Quando eles chegaram, seus filhos disseram: “Nunca
teríamos chegado aqui sem você, mamãe” e, enquanto a mãe alegremente
descansava naquela noite, olhando para o céu estrelado, ela disse: “Esse dia
foi melhor do que ontem, porque meus filhos aprenderam a ter força diante
das dificuldades. Ontem lhes dei coragem e hoje lhes dei força”. No dia
seguinte, surgiram nuvens estranhas que escureceram a Terra, nuvens de
guerra, de ódio e maldade, e as crianças tatearam e tropeçaram, e a mãe lhes
disse: “Olhem para cima, ergam os olhos para a luz”. As crianças ergueram
os olhos e viram acima das nuvens uma glória eterna que as guiou e as
carregou para fora da escuridão. Naquela noite, a mãe disse: “Estou mais feliz
do que os outros dias, porque ensinei meus filhos a respeito de Deus”.
Os dias, os meses e os anos se passaram e a mãe envelheceu. Ela era
pequena e frágil, mas seus filhos eram altos e fortes, e ela caminhava com
coragem. Quando o caminho era difícil e áspero, eles a carregavam porque
ela era pequena e leve. Por fim, chegaram a uma colina e ao longo da colina
podiam ver um caminho brilhante e uma porta dourada que estava aberta. A
mãe feliz disse: “Cheguei ao fim de minha jornada e agora sei que o fim é
melhor do que o começo, porque agora meus filhos podem caminhar
sozinhos”. E seus filhos responderam: “Você sempre estará conosco, mamãe,
mesmo quando passar por esta porta”. Eles esperaram e a viram prosseguir
sozinha, e as portas se fecharam atrás dela. Então, os filhos olhando
firmemente para o infinito, disseram: “Não podemos vê-la, mas ela ainda está
conosco”.
E assim é, queridas irmãs. Nossa mãe não é uma doce lembrança, é
como se estivesse conosco. A felicidade das mães se encontra na retidão de
seus filhos, que é alcançada com a orientação da Sociedade de Socorro, o
braço forte do sacerdócio e a coragem dessas mães, bem como sua fé em
Deus.

A Sociedade de Socorro traz felicidade


O pensamento que tentei deixar com vocês é este: A Sociedade de
Socorro traz felicidade à nossa vida se a buscarmos diligentemente.
Nosso coração esta noite está cheio de gratidão ao nosso Pai Celestial
por nos ter abençoado com a presença de seus servos escolhidos, que amamos
profundamente, porque sabemos que a palavra de Deus está com eles.15 Meu
testemunho é que Deus, o Pai, e Seu Filho, Jesus Cristo, vivem e que a alma
do homem pode se comunicar com Eles por meio do Espírito Santo. Minha
oração esta noite é que o próximo ano de trabalho na Sociedade de Socorro
traga a cada uma de nós a força para cumprir nossas tarefas, a alegria em
servir e o sucesso de acordo com nossos esforços justos.
Esses humildes pensamentos deixo com vocês no sagrado nome de
nosso Salvador, Jesus Cristo. Amém.
Lucrecia Suárez de Juárez, Discurso, 26 de agosto de 1972, em “Irmã Lucrecia Suarez de Juarez”,
Official Report of the First Mexico and Central America Area General Conference of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [Relatório Oficial da Primeira Conferência Geral do México e da
América Central de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 25–27 de agosto de 1972,
Salt Lake City: Deseret Press, 1973, pp. 82–84. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Em 1971, a Igreja começou a realizar conferências de área para dar aos membros fora dos Estados
Unidos a oportunidade de se reunir e aprender com os líderes gerais da Igreja. Essa conferência de
área foi realizada no México um ano depois, em 25–27 de agosto de 1972. As conferências de área
foram uma solução para a expansão do número de membros da Igreja em todo o mundo (Joseph
Fielding Smith, Harold B. Lee e N. Eldon Tanner, “First Presidency Issues Statement on
Conference” [A Primeira Presidência emite declarações sobre a conferência], Church News, 27 de
fevereiro de 1971; N. Eldon Tanner, em Official Report of the One Hundred Forty-Sixth Semi-
annual General Conference of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Relatório Oficial da
146ª Conferência Geral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 1–3 de outubro
de 1976, Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1977, pp. 119–121).
^2. Para saber mais sobre a Revolução Mexicana, ver Héctor Aguilar Camín e Lorenzo Meyer, In the
Shadow of the Mexican Revolution: Contemporary Mexican History, 1910–1989 [À Sombra da
Revolução Mexicana: História Mexicana Contemporânea, 1910–1989], traduzido por Luis Alberto
Fierro, Austin: University of Texas Press, 1993.
^3. Romero nasceu em 1974 (Miguel A. Romero, e-mails para Kate Holbrook, 14 de agosto, 2 de
setembro de 2015).
^4. Rex E. Lee teria falado sobre Lucrecia quando em um discurso mais tarde descreveu ter ensinado
“uma viúva e suas filhas”. Depois de sua missão no México, Lee foi reitor fundador da Faculdade
de Direito J. Reuben Clark da Universidade Brigham Young em 1971, serviu como trigésimo
sétimo procurador geral dos Estados Unidos de 1981 a 1985 e serviu como décimo reitor da
Universidade Brigham Young de 1989 a 1995 (Rex E. Lee, “By Study and Also by Faith” [Pelo
estudo e também pela fé], Educating Zion, ed. por John W. Welch e Don E. Norton, Provo, UT:
BYU Studies, 1996, pp. 137–139; Romero, e-mail para Holbrook, 14 de agosto de 2015).
^5. “Historia de la Escuela ‘Moctezuma Xocoyotzin’” [História da Escola “Moctezuma Xocoyotzin”],
México, Distrito Federal, 1961–1972, p. 1, Biblioteca de História da Igreja; Paul Swenson,
“Thousands Come to Share Peace” [Milhares vêm para compartilhar a paz], Deseret News, 4 de
outubro de 1968.
^6. Ammon M. Tenney, Diário, nº 3, 22 de fevereiro de 1903, p. 66, Biblioteca de História da Igreja;
missão mexicana, registro histórico, 4–15 de março de 1903, BHI. A primeira reunião da Sociedade
de Socorro no México ocorreu em 22 de fevereiro de 1903. Para saber mais sobre o estabelecimento
da Sociedade de Socorro no México, ver Jared M. Tamez, “‘Our Faithful Sisters’: Mormon
Worship and the Establishment of the Relief Society in the Mexican Mission, 1901–1903” [“Nossas
fiéis irmãs”: A adoração mórmon e o estabelecimento da Sociedade de Socorro na missão
mexicana, 1901–1903], em Just South of Zion: The Mormons in Mexico and Its Borderlands
[Apenas ao Sul de Sião: Os Mórmons no México e Suas Fronteiras], ed. por Jason H. Dormady e
Jared M. Tamez, Albuquerque: University of New Mexico Press, 2015, pp. 73–88.
^7. F. LaMond Tullis, Mormons in Mexico: The Dynamics of Faith and Culture [Mórmons no México:
A Dinâmica da Fé e da Cultura], Logan: Utah State University Press, 1987, pp. 101–104, 110–112,
119–121.
^8. Em 1975, o apóstolo Howard W. Hunter estabeleceu 11 novas estacas na área da cidade do México
(Boanerges Rubalcava, “Mexico and Central America, the Church in”, em Encyclopedia of
Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., Nova York:
Macmillan, 1992, vol. 2, p. 900).
^9. Jay M. Todd, “The Remarkable Mexico City Area Conference” [A extraordinária conferência de
área da cidade do México], Ensign 2, nº 11, novembro de 1972, pp. 89–90.
^10. Todd, “The Remarkable Mexico City Area Conference”, p. 93.
^11. Todd, “The Remarkable Mexico City Area Conference”, p. 95.
^12. Em 1972, existiam Sociedades de Socorro de estaca na América do Norte, Central e do Sul, bem
como na Grã-Bretanha, Europa Ocidental, Ásia, no Pacífico Sul e África (Relief Society Annual
General Conference Program [Programa da conferência geral anual da Sociedade de Socorro],
1972, p. 21, em Relief Society Annual Conference Proceedings [Procedimentos da conferência
geral da Sociedade de Socorro], 1945–1975, Biblioteca de História da Igreja).
^13. Na década de 1970, a Sociedade de Socorro produziu um manual em espanhol, como fizeram em
inglês, que incluía mensagens de professora visitante e lições de economia doméstica. As instruções
da Sociedade de Socorro para as reuniões de economia doméstica em 1972 explicam: “A reunião de
economia doméstica oferece uma oportunidade para atender às necessidades domésticas das irmãs
por meio de atividades diversificadas e deve ser adaptada de acordo com a cultura e as condições
locais” (Manual de Lecciones de la Sociedad de Socorro [Manual de Aulas da Sociedade de
Socorro], 1971, BHI; 1971–1972 Relief Society Courses of Study [Cursos de Estudo da Sociedade
de Socorro 1971–1972], Salt Lake City: Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, 1971; Handbook of Instructions of the Relief Society of the Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints [Manual de Instruções da Sociedade de Socorro de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro,
1972, pp. 64–65).
^14. Citação no original: “David O. McKay, Gospel Ideals, Salt Lake City: An Improvement Era
Publication, 1953, p. 449”.
^15. Os visitantes na sessão das mulheres incluíam o presidente da Igreja, Harold B. Lee, e Freda Joan
Lee; o primeiro conselheiro do presidente, N. Eldon Tanner, e Sara Isabelle Merrill Tanner; Amelia
Smith McConkie e Helen Kearnes Richards (esposas de autoridades visitantes); Leanor J. Brown,
membro da junta geral da Sociedade de Socorro; Sharon Lee Staples, membro da junta geral da
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças, e Fulvia Call Dixon, membro da junta geral da
Primária (“Women’s Session Saturday Evening” [Sessão das mulheres de sábado à noite], Official
Report of the First Mexico and Central America Area General Conference of the Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints [Relatório Oficial da Primeira Conferência Geral do México e da
América Central de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1973, pp. 79–80, 85, 87).
—————————— 40 ——————————

As mulheres da Igreja no mundo em mudança


atualmente

Belle S. Spafford
Devocional da Universidade Brigham Young
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
11 de fevereiro de 1975

Ver speeches.byu.edu para a gravação original do discurso (Cortesia da


BYU Speeches).
Belle S. Spafford, Marianne C. Sharp e Louise W. Madsen com a
junta geral da Sociedade de Socorro. 1962. Com os membros da
presidência à cabeceira da mesa (da esquerda para a direita:
Louise Madsen, Belle Spafford e Marianne Sharp), a junta geral da
Sociedade de Socorro posa para foto de seis anos de construção do
edifício da Sociedade de Socorro. As irmãs da junta treinaram
unidades da Sociedade de Socorro em todo o mundo,
supervisionaram a produção de roupas do templo, publicaram a
Relief Society Magazine e criaram o currículo da Sociedade de
Socorro. Fotografia de J. M. Heslop (Biblioteca de História da
Igreja, Salt Lake City).

BBelle Smith Spafford (1895–1982) foi a sétima filha de seus pais. Nasceu
oito meses após a morte de seu pai. Sua mãe, Hester Sims Smith, tinha vários
ditados favoritos que a irmã Spafford e seus irmãos lembrariam e usariam
mais tarde, inclusive: “Aceite as pessoas como você as vê, não como os
outros as descrevem”, e “nenhum investimento paga dividendos tão altos
quanto a bondade”. A mãe de Belle Spafford a influenciou a terminar o
programa de formação de professores na Universidade de Utah, depois a
fazer cursos na Universidade Brigham Young (BYU) antes de ensinar lá no
Departamento de Educação.1
Quando lhe era dada uma nova responsabilidade, sua resposta típica era
fazer cursos — de serviço social, quando queria ajudar melhor seus alunos,
de redação e gramática quando se tornou editora da Relief Society Magazine e
de história da Igreja quando presidiu o comitê da Sociedade de Socorro sobre
esse assunto.2 A irmã Spafford se filiou à junta geral da Sociedade de Socorro
e editou a Relief Society Magazine pela primeira vez em 1935.3 Amy Brown
Lyman pediu que a irmã Spafford e a irmã Marianne C. Sharp compilassem
uma história dos primeiros cem anos da Sociedade de Socorro para
comemorar o aniversário do centenário que estava próximo e, então, chamou
a irmã Spafford como sua segunda conselheira em 1942.4 Ela frequentemente
mencionava a história da Sociedade de Socorro após seu trabalho no projeto
do centenário, como fez no discurso reproduzido aqui.
Ela coordenou eventos marcantes durante o período em que serviu como
presidente geral da Sociedade de Socorro de 1945 a 1974, inclusive a
construção do edifício da Sociedade de Socorro no centro de Salt Lake City,
a tradução da Relief Society Magazine para o espanhol e o enorme
crescimento em número de membros. O número de membros da Sociedade
de Socorro cresceu de 100 mil para 900 mil enquanto ela foi presidente, com
membros em 65 países.5 A Sociedade de Socorro também se tornou
responsável pelas mulheres solteiras da Igreja durante esse tempo.6 Assim
como sua antecessora, Amy Brown Lyman, Belle Spafford dedicou a atenção
da Sociedade de Socorro ao serviço social, que na época incluía serviços de
adoção, assistência às mães que criavam os filhos sozinhas, assistência aos
orfanatos e assistência a famílias com problemas.7 Ela recebeu títulos
honorários da BYU e da Universidade de Utah por esse trabalho.8
Depois de se declarar mórmon na primeira vez em que esteve em uma
reunião do Conselho Nacional de Mulheres (NCW), ela não se sentiu bem-
vinda. Consequentemente, quando se tornou presidente geral da Sociedade de
Socorro, ela desejou interromper a participação da Sociedade de Socorro no
conselho. Mas, quando se reuniu com o presidente da Igreja, George Albert
Smith, com relação a esses planos, a reação do presidente redirecionou suas
intenções. Ele respondeu: “Acredito que as mulheres mórmons têm algo a
oferecer às mulheres do mundo e que também podem aprender com elas. (…)
Volte e faça sua influência ser sentida”.9 A irmã Spafford seguiu a orientação
dele e ainda estava participando do conselho quando fez o discurso
apresentado aqui. Ela se filiou ao conselho por 52 anos, posteriormente
servindo como presidente do Conselho Internacional de Mulheres, como
segunda vice-presidente do conselho, como membro do comitê executivo e
como presidente.10 Trabalhar com o conselho a manteve informada da
legislação em vigor e dos movimentos em relação ao bem-estar das mulheres;
isso, por sua vez, levou-a a considerar cuidadosamente visões diferentes
sobre o que melhor promoveria o avanço feminino. Ela disse em 1975:
“Neste exato momento, sei o que elas [as mulheres americanas] pensam sobre
o controle de natalidade, o que pensam sobre o aborto, sobre a Emenda de
Igualdade de Direitos, sobre o serviço voluntário para as mulheres e o que
pensam sobre mulheres na política”.11
Belle Spafford havia completado recentemente 39 anos de serviço na
Sociedade de Socorro em âmbito de presidência geral quando deu o seguinte
discurso sobre as mulheres e a sociedade para os alunos da BYU.12 A
Emenda de Igualdade de Direitos proposta à Constituição dos Estados Unidos
estava sendo debatida ativamente nessa época, e tanto ela quanto sua
sucessora na Sociedade de Socorro, Barbara B. Smith, haviam feito
declarações se opondo à alteração.13 A irmã Spafford argumentou que as
desigualdades — como salários desiguais por trabalho igual, leis de crédito
discriminatórias e negação de direitos de propriedade — seriam melhor
resolvidas por meio de canais legislativos estabelecidos. Ao mesmo tempo,
ela afirmou: “As mulheres têm a obrigação de desenvolver seu pleno
potencial como mulheres — para exercer suas capacidades mentais, ampliar
seus talentos e aumentar suas habilidades — a fim de poderem dar ao mundo
o melhor de si”. Ela expressou preocupação sobre as “novas filosofias” que
sentiu ameaçarem o casamento e a vida familiar.14

É SEMPRE UM GRANDE PRAZER e uma experiência de fortalecimento


falar a um grupo de alunos da Universidade Brigham Young. Gostei muito do
coro esta manhã e também gostei de ter sido citada como jovem.15 Outro dia,
o Conselho Nacional de Mulheres me telefonou e perguntou se eu aceitaria
uma designação como representante para uma reunião internacional em Paris.
Pensei: “Antes de aceitar, devo perguntar a um dos membros da Primeira
Presidência”. Então, telefonei ao presidente Tanner disse: “Recebi um
convite para servir como representante e não acho que devo aceitá-lo por
causa disso, daquilo e daquele outro...”.16 Eu tinha uma série de bons
motivos, pensei.
Ele ouviu atentamente e depois me disse: “Sabe, acho que você deveria
aproveitar suas oportunidades enquanto ainda é jovem”.
Sinto-me particularmente honrada nesta manhã por ter sido convidada
pelo presidente do comitê do programa da Semana da Mulher a falar nesta
reunião devocional. Como essa é a Semana da Mulher, parece apropriado que
eu fale, em grande parte, sobre o papel da mulher da Igreja no mundo em
mudança atualmente.17 Tenho conhecimento de que este grupo é composto
por homens e mulheres. Na estrutura de governo da Igreja, os homens
desempenham um papel importante em relação às atividades das mulheres
quando se referem ao trabalho da Igreja. Nas primeiras reuniões da Sociedade
de Socorro em Nauvoo, o profeta Joseph Smith claramente definiu esse
relacionamento. Na reunião de fundação, foi designada uma presidência que
consistia de três mulheres — uma presidente, uma primeira conselheira e uma
segunda conselheira — para presidir a organização. Mais tarde na reunião, o
profeta Joseph Smith disse: “Que essa presidência sirva como constituição —
todas as decisões delas devem ser consideradas lei e como tal cumpridas. Se
algum líder for solicitado para realizar o projeto da instituição, que seja
indicado e designado. (…) As atas de suas reuniões serão referências para
colocarem em prática — sua constituição e lei”.18 No entanto, na terceira
reunião da Sociedade de Socorro, o profeta deu esta diretriz permanente:
“Vocês receberão instruções por meio da ordem do sacerdócio que Deus
estabeleceu, por intermédio das pessoas que foram designadas para liderar,
guiar e dirigir os assuntos da Igreja nesta última dispensação”.19
Devido a essas atribuições, parece vital que não só as mulheres, mas
também os irmãos do sacerdócio deveriam ser informados sobre o papel das
mulheres. Os irmãos vão querer estar familiarizados com os problemas que as
mulheres enfrentam para que, por meio do entendimento desses problemas,
dos deveres e das responsabilidades das irmãs, eles estejam em posição de
aconselhar e orientá-las de acordo com o plano do Senhor. O progresso do
trabalho da Igreja é uma responsabilidade conjunta dos homens e das
mulheres da Igreja, cada um trabalhando em sua esfera de responsabilidade.
Quanto mais profundo for o entendimento que cada um tiver do papel do
outro, mais provável que o sucesso do trabalho da Igreja seja total. O
entendimento se baseia principalmente no conhecimento. Portanto, para mim
não parece inadequado falar sobre o papel da mulher no mundo em mudança
atualmente para esse grupo que consiste de homens e mulheres.

Ganhos nacionais das mulheres


Com a chegada deste ano novo, 1975, nossa nação se encontrou e ainda
se encontra lutando com muitas circunstâncias incomuns e difíceis. Foi muito
interessante ouvir uma transmissão de rádio em que importantes emissoras de
notícias falaram sobre o que consideravam ser os acontecimentos mais
importantes de 1974 que afetaram a nação. Eu me lembro de que suas
conclusões foram as seguintes: “A inflação e recessão, a crise de energia, a
renúncia do presidente dos Estados Unidos, os julgamentos do caso
Watergate, o perdão do presidente, a crescente riqueza e o poder das nações
produtoras de petróleo, e a escassez mundial de alimentos”.20
Em minha opinião, as emissoras ignoraram um acontecimento mais
significativo, talvez, em seu impacto de maior alcance no lar, na comunidade
e na vida da nação do que qualquer um desses mencionados. Refiro-me ao
avanço feito pelas mulheres em seus esforços para alcançar a libertação do
que consideravam restrições existentes que impediam seu pleno
desenvolvimento e sua utilidade. As mulheres têm trabalhado ativamente para
atingir metas específicas em relação a isso por anos, mas 1974 foi diferente.
Foi um ano de esforço intensificado de um vasto alcance em áreas
diversificadas, e os ganhos foram significativos. Como exemplo de um
ganho, cito aqueles conquistados no campo da vida política. Um número
recorde de mulheres experientes, qualificadas e dedicadas se candidataram
para um cargo público, e muitas venceram. A Convenção Política Nacional
de Mulheres emitiu as seguintes estatísticas: Foram eleitas 18 deputadas para
o Congresso, um número sem precedentes; 599 mulheres foram eleitas para o
poder legislativo do estado; uma mulher foi eleita governadora de um de
nossos estados soberanos; outra mulher foi eleita vice-governadora. A
Convenção das Mulheres declara: “Em todo o país, foi um ano formidável
para as mulheres”.21
Em algumas áreas, no entanto, foram conquistados ganhos que, na
opinião de algumas pessoas, levantam questões sobre o efeito na vida da
nação. Quando nos alegramos com a correção das injustiças, não devemos
perder de vista a necessidade de uma avaliação moderada da ação que
provoca mudanças na situação das mulheres — mudanças que rompem com
os padrões de vida tradicionais, comprovados ao longo do tempo que
provaram ser bons e têm contribuído para a felicidade e o bem-estar de
famílias e nações. Não devemos perder de vista a natureza básica das
mulheres e seu papel ordenado por Deus na vida. James Kilpatrick, um
colunista proeminente, salientou: “Olhemos para a ética judaico-cristã”. Ele
declara que vivemos sob um conjunto de regras e leis extraídas de gerações
passadas, que não podem ser tratadas como se não existissem. As pessoas se
preocupam com essas coisas porque acham que são boas e gratificantes.22
Tendências atuais em relação a valores tradicionais
Há alguns pontos de vista e tendências atuais que preocupam por
parecerem contrários aos valores tradicionais. A mulher da Igreja se encontra
em uma posição ideal para avaliar as mudanças nas condições das mulheres e
para avaliar de forma inteligente e apropriada as tendências e opiniões,
porque ela tem instrumentos de medição sob seu comando. Essas
calculadoras infalíveis, se preferir, são as diretrizes divinamente inspiradas
nas verdades reveladas como estabelecidas pelas escrituras e nas palavras de
nossos profetas modernos. No entanto, alguns de nós deixam de usar esses
instrumentos de medição infalíveis, porque não estamos suficientemente
familiarizados com eles. Não os conhecemos. Talvez não tenhamos
aproveitado as oportunidades de aprender sobre eles, entender seu completo
significado e de aplicá-los em nossa vida individual e coletiva. Ou talvez
sejamos como Saul, filho de Quis, que amava o Senhor e faria a Sua vontade,
mas ele não teve coragem de ir contra a opinião pública.
Na Bíblia lemos: “E havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis
(…). Esse tinha um filho, cujo nome era Saul, jovem, e tão belo que entre os
filhos de Israel não havia outro homem mais belo do que ele; desde os
ombros para cima sobressaía a todo o povo. E perderam-se as jumentas de
Quis, pai de Saul”.23 Saul foi enviado para encontrar os animais, mas ele não
conseguiu. Ele e seu servo foram, então, perguntar a Deus por meio do servo
de Deus, Samuel, que era profeta. (Naquela época ele era chamado de
vidente, de acordo com o relato das escrituras.) Samuel tinha sido avisado da
vinda de Saul, e o Senhor havia revelado a Samuel que era Sua vontade que
Saul reinasse sobre o seu povo como capitão. Samuel mostrou a Saul as obras
de Deus. Depois, ele pegou um vaso de azeite e ungiu Saul para ser o capitão
de sua herança. Ele então o aconselhou sobre a vontade do Senhor e como
proceder.24
O povo, no entanto, não ficou satisfeito com isso. Eles queriam um rei, e
Saul cedeu à vontade do povo. Samuel, em seguida, sabendo da decisão de
Saul, foi até Saul, filho de Benjamim e disse:

“Agiste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor


teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino
sobre Israel para sempre.
Porém agora não subsistirá o teu reino; já buscou o Senhor para si
um homem segundo o seu coração, e já lhe ordenou o Senhor que seja
capitão sobre o seu povo”.25
“Então disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto transgredi o
mandamento do Senhor e as tuas palavras; porque temi o povo, e dei
ouvidos à sua voz.”26

Muitos de nós hoje em dia temem a opinião pública. Aconselhando


sobre a conveniência dos governos representativos, o rei Mosias fez esta
declaração significativa: “É comum a minoria do povo desejar o que não é
direito”.27 Agora, tendo essa advertência de um grande profeta do Livro de
Mórmon, os membros da Igreja fariam bem em ser particularmente
cuidadosos em considerar a voz do povo à luz dos ensinamentos de nossos
profetas atuais. Ainda que as vozes possam ser poucas, elas costumam ser
fortes e convincentes.
Possuindo a verdade revelada e as palavras dos profetas em relação às
responsabilidades da mulher da Igreja e seu papel na vida, temos o dever
inabalável de defender esses ensinamentos em nossas palavras e ações e
dirigir nossa vida em harmonia com eles. Mas lhes pergunto: “Temos mais
alguma responsabilidade? Temos a responsabilidade de compartilhar esses
ensinamentos com as pessoas que talvez não tenham a luz da verdade?” Em
Mateus, nosso dever fica claro sobre esse assunto. Lemos: “Vós sois a luz do
mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte, nem se
acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a
todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos
céus”.28

A profecia da Sociedade de Socorro foi cumprida


Lembro-me de um discurso proferido às mulheres da Sociedade de
Socorro pelo presidente George Albert Smith na Conferência Geral de
Outubro de 1945. Era a primeira conferência que ele dirigia como presidente
da Igreja e a primeira conferência que eu realizava como presidente da
Sociedade de Socorro.29 Por vários anos, não tivemos conferências devido às
restrições da guerra.30 As mulheres se reuniram para a conferência da
Sociedade de Socorro com o espírito ávido e receptivo para ouvirem a
mensagem de seu novo profeta-presidente. O Espírito do Senhor recaiu
poderosamente sobre o presidente Smith e o espírito de profecia prevaleceu
ao falar sobre o futuro das mulheres da Igreja. Ele deixou bem claro as
responsabilidades que tínhamos para com todas as mulheres. Um trecho do
seu discurso é digno de leitura neste momento. O presidente Smith disse:

“Sinto-me pisando em solo sagrado, pois neste púlpito se


apresentaram alguns dos grandes homens e mulheres do mundo, aqueles
que estavam ansiosos para fazer o que o Senhor gostaria que fizessem.
Aqui eles prestaram testemunho da missão divina de nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
Vocês são mais abençoadas do que qualquer outra mulher em todo
o mundo. Vocês foram as primeiras mulheres a ter uma organização, 31
as primeiras mulheres a ter voz no trabalho de uma Igreja. Foi Deus
quem deu isso a vocês e veio como resultado de revelação a um profeta
do Senhor. Desde aquela época, pensem nos benefícios que as mulheres
deste mundo têm desfrutado. Não apenas vocês que pertencem à Igreja
desfrutam das bênçãos da igualdade, mas, quando o profeta Joseph
Smith abriu as portas da emancipação das mulheres, estendeu-a também
para todas as mulheres do mundo, de geração a geração, e o número de
mulheres que podem desfrutar das bênçãos da liberdade religiosa e
liberdade civil têm aumentado.32
Vocês percebem que abriram este tabernáculo para a primeira
conferência geral que tivemos em anos?33 (…) Agora o céu é o limite,
não tenho nenhuma dúvida de que, na época em que tivermos mais duas
ou três conferências gerais aqui, talvez tenhamos visitantes da Austrália,
da Nova Zelândia, da África, da China, do Japão e de outros lugares.
Talvez elas deixem suas casas e, em aviões, em cerca de 24 horas
estarão aqui. É maravilhoso o que o Senhor tem nos proporcionado nesta
época”.34

Fiquei profundamente comovida com as declarações daquele grande


presidente e, depois da sessão, agradeci a ele e compartilhei os sentimentos
de meu coração. Perguntei: “Algumas dessas coisas vão acontecer durante
minha administração?” Depois perguntei: “Quando e como nossa mensagem
será transmitida às mulheres do mundo?” Embora sua resposta não esteja
registrada na ata da conferência, ela está registrada em meu caderno onde
mantenho anotações de várias conferências gerais, e também está gravada em
minha mente e em meu coração.35
O profeta respondeu: “Poderia acontecer facilmente durante sua
administração. A mensagem das mulheres mórmons vai alcançar as mulheres
do mundo quando houver uma necessidade especial para isso. Não precisa se
preocupar sobre como isso vai acontecer”, disse ele. “O Senhor vai cuidar
disso.”
A fim de mostrar o cumprimento da profecia, alguns anos depois do
discurso do presidente Smith, minhas conselheiras e eu observamos um
número bem grande de mulheres de outros países presentes em nossa
conferência. Decidimos realizar uma reunião especial para elas após a sessão
regular de nossa conferência de dois dias. Pedimos uma chamada verbal
naquela manhã. Cada irmã deveria dar seu nome, o país de onde ela veio e
seu meio de transporte. A maioria delas havia chegado de avião. Todos os
países mencionados pelo presidente Smith em seu discurso de 1945 estavam
representados exceto a China. Notei que havia ali uma mulher de Taiwan.
Comentei sobre isso, acrescentando que tínhamos uma irmã de Taiwan
mesmo não tendo uma da China. A irmã de Taiwan, então, calmamente se
levantou e, em inglês perfeito, disse: “A China é a minha terra natal”. A
profecia foi cumprida.36

A importância da Sociedade de Socorro atualmente


Hoje a mensagem das mulheres mórmons vem sendo transmitida ao
mundo de muitas maneiras — por meio do excelente programa missionário
da Igreja, por meio da filiação da Sociedade de Socorro com conselhos
nacionais e internacionais de mulheres, por meio de rádio, televisão,
imprensa e outros meios de comunicação.37 Asseguro-lhes de que a
mensagem das mulheres mórmons é necessária para as mulheres do mundo
hoje. Muitas mulheres estão preocupadas com o curso que devem seguir.
Muitas se sentem confusas pelas novas filosofias e pelos novos conceitos. A
Sociedade de Socorro ocupa uma posição de respeito e influência entre as
mulheres de organizações do mundo. Embora elas nem sempre concordem
com nossa posição em questões que são importantes para nós, geralmente
temos ampla oportunidade de nos expressar e nossa influência é sentida.
Muitas vezes nossa posição prevalece.
Os nomes de mais de 900 mil mulheres estão agora nas listas da
Sociedade de Socorro. Estas incluem as moças, muitas delas universitárias.
Igualmente, há mulheres de meia-idade e aquelas que são experientes e que
envelheceram dedicando-se à obra. É nosso dever como mulheres mórmons,
independentemente de nossa idade ou circunstância, permanecer unidas e
firmes para apoiar os ensinamentos da Igreja. Não foi uma coincidência ou
um impulso quando as Sociedades de Socorro foram estabelecidas neste
campus e em outros campi universitários.38 Também não foi uma
coincidência quando o presidente Harold B. Lee trouxe as jovens adultas e as
mulheres de interesses específicos sob a coordenação da Sociedade de
Socorro.39 Era a vontade do Senhor. Foi em cumprimento da profecia feita
por um profeta anterior, Joseph F. Smith. Estas são suas palavras proféticas,
registadas em seu livro Gospel Doctrine [Doutrina do Evangelho]:

Vou falar sobre a Sociedade de Socorro como uma grande


organização na Igreja, organizada pelo profeta Joseph Smith, cujo dever
é cuidar dos interesses de todas as mulheres de Sião e de todas as
mulheres que porventura estejam sob sua supervisão e seu cuidado, seja
qual for sua religião, cor ou condição. Espero ver o dia em que essa
organização será uma das organizações mais perfeitas, mais eficientes e
eficazes para o bem na Igreja, mas esse dia será quando teremos
mulheres que não estão apenas imbuídas do espírito do evangelho de
Jesus Cristo e com o testemunho de Cristo em seu coração, mas também
com juventude, vigor e inteligência para capacitá-las a realizar os
importantes deveres e responsabilidades que repousam sobre elas. (…)
Queremos que as moças, as mulheres inteligentes, as mulheres de fé, de
coragem e de pureza se associem à Sociedade de Socorro nas várias
estacas e alas de Sião. Queremos que elas assumam o controle desta
obra com vigor, com inteligência e em união, para a edificação de Sião e
a instrução das mulheres em seus deveres, deveres domésticos, deveres
públicos e todos os deveres que possam depender delas.40
As jovens escolhidas da Igreja estão aumentando a força da Sociedade
de Socorro hoje porque elas são necessárias. Os tempos exigem seu
treinamento, suas habilidades de liderança, seu testemunho, com a força das
irmãs mais experientes no trabalho. As mulheres da Igreja estão preocupadas
com a união do lar e com o bem-estar eterno da família. Elas sabem que bons
lares são a base de uma boa sociedade e uma cidadania feliz. Qualquer
alteração que afetar negativamente o lar e a família deve ser lamentada. A
doutrina da Igreja da eternidade e da unidade familiar era frequentemente
mencionada pelo falecido élder Stephen L Richards como “a mais sublime de
todas as doutrinas teológicas”.41
O evangelho ensina as mulheres como se comportar em relação a seu
marido e ensina os homens a estimar a feminilidade e a honrar e respeitar
suas respectivas esposas. A Igreja não coloca restrições sobre a entrada de
uma mulher no mercado de trabalho e no serviço comunitário de forma
remunerada ou voluntária se ela desejar quando suas circunstâncias familiares
permitem que ela o faça sem prejuízo para eles. As mulheres são incentivadas
a desenvolver seu pleno potencial como mulheres, e a Igreja proporciona
muitas oportunidades de fazê-lo. O serviço de solidariedade bem orientado,
que está de acordo com a natureza das mulheres, é apenas a lei da
fraternidade em ação. É a doutrina da Igreja. Esses são alguns dos
instrumentos de medição pelos quais vocês jovens aqui, hoje, podem avaliar a
mudança e determinar suas ações na vida. As 900 mil mulheres que
constituem a Sociedade de Socorro podem ser uma força para ajudar as
mulheres do mundo todo a avaliar mais adequadamente a mudança. Guiadas
pelos ensinamentos da Igreja, elas podem ajudar a si mesmas a seguir em
frente no sentido adequado do desenvolvimento de seus talentos e suas
habilidades e em seu serviço à humanidade. A Igreja pode permitir que as
mulheres do mundo determinem o que deve ser prioridade em sua vida. As
mulheres da Igreja têm sob seu comando as diretrizes firmes e inabaláveis
que conduzem ao desenvolvimento pleno e à utilidade total da mulher. O
poder para o bem inerente às nossas 900 mil mulheres guiadas pela
inspiração da liderança do sacerdócio é incalculável. Para as mulheres santos
dos últimos dias, os ensinamentos da Igreja são uma segurança eterna. Que
nunca os percamos de vista, é minha sincera oração, em nome de Jesus
Cristo. Amém.
Belle S. Spafford, “Latter-day Saint Women in Today’s Changing World” [A mulher da Igreja no
mundo em mudança atualmente], Speeches of the Year: BYU Centennial Devotional and Fireside
Addresses [Discursos do Ano: Discurso do Devocional Centenário da BYU e Serões], 1975, Provo,
UT: Brigham Young University Press, 1976, pp. 41–50.

_________________________
^1. Belle S. Spafford, entrevista por Jill Mulvay [Derr], 7 de novembro de 1975, pp. 1–3, 6, James
Moyle Oral History Program [Programa da história contada de James Moyle], CHL.
^2. Spafford, entrevista por Derr, pp. 6–9.
^3. “Belle Spafford, Dies at 86, LDS Matron” [Belle Spafford, morre aos 86 anos, diretora SUD], Salt
Lake Tribune, 4 de fevereiro de 1982.
^4. A Centenary of Relief Society, 1842–1942 [Centenário da Sociedade de Socorro, 1842–1942], Salt
Lake City: General Board of Relief Society [Salt Lake City: Junta geral da Sociedade de Socorro],
1942; Janet Peterson e Connie Lewis, “Making a Difference for Women: Belle S. Spafford”
[Fazendo a diferença para as mulheres: Belle S. Spafford], Ensign 36, nº 3, março de 2006, p. 47.
Para mais informações sobre o processo de compilação da história da Sociedade de Socorro, ver
Marianne Clark Sharp, entrevista por Jessie L. Embry, maio–junho de 1977, pp. 48–51, James
Moyle Oral History Program, BHI.
^5. “Belle Smith Spafford, Leader of Women, Dies at 86 in Salt Lake” [Belle Smith Spafford, líder das
mulheres, morre aos 86 anos em Salt Lake], Deseret News, 3 de fevereiro de 1982. A adesão à
Sociedade de Socorro passou de voluntária a automática durante a presidência de Spafford
(Peterson e Lewis, “Making a Difference for Women”, p. 49; Spafford, entrevista por Derr, pp. 99–
100).
^6. Sob esse novo acordo, um membro da presidência da Sociedade de Socorro da estaca era
responsável pelas mulheres solteiras da estaca com 18 anos ou mais e era membro do comitê da
Associação de Melhoramentos Mútuos do Sacerdócio de Melquisedeque da estaca. A AMM do
Sacerdócio de Melquisedeque foi formada para substituir as organizações da AMM anteriores que
haviam supervisionado os adultos solteiros da Igreja. Uma conselheira na presidência da Sociedade
de Socorro da ala era responsável pelas mulheres solteiras da ala, inclusive adaptando as reuniões e
o currículo da Sociedade de Socorro de acordo com suas necessidades (Harold B. Lee, N. Eldon
Tanner e Marion G. Romney, “To All Stake and Mission Presidents, Bishops, District and Branch
Presidents” [Para todos os presidentes de estaca e missão, bispos, presidentes de distrito e ramo], 16
de abril de 1973, em Relief Society General Board Minutes [Atas da junta geral da Sociedade de
Socorro], vol. 41, 1972–1973, p. 183, BHI; Harold B. Lee, N. Eldon Tanner e Marion G. Romney,
“To All Stake and Mission Presidents, Bishops, District and Branch Presidents”, 17 de abril de
1973, Relief Society General Board Minutes, p. 185).
^7. Spafford, entrevista por Derr, p. 52.
^8. Em 1982, na Universidade de Utah, conferiu uma cadeira em nome de Belle Spafford na escola de
pós-graduação de serviço social — a primeira cadeira na universidade nomeada a uma mulher (“U.
Chair Fetes Belle Spafford” [Cadeira universitária festeja Belle Spafford], Salt Lake Tribune, 4 de
fevereiro de 1982; Belle S. Spafford, Women in Today’s World [A mulher no Mundo de Hoje], Salt
Lake City: Deseret Book, 1971, pp. x–xi).
^9. Spafford, entrevista por Derr, pp. 88–90.
^10. Spafford, Women in Today’s World, p. x; “Belle Smith Spafford, Leader of Women” [Belle Smith
Spafford, Líder das Mulheres].
^11. Spafford, entrevista por Derr, p. 36.
^12. A construção do Marriott Center foi concluída em 1972. A estrutura inicialmente acomodava mais
de 23 mil pessoas e realizou jogos de basquete e outros eventos da universidade e da Igreja,
inclusive devocionais (Ernest L. Wilkinson e W. Cleon Skousen, Brigham Young University: A
School of Destiny [Brigham Young University: Uma Escola do Destino], Provo, UT: Brigham
Young University Press, 1976, pp. 589–591).
^13. “Equal Rights Amendment” [Emenda de igualdade de direitos], Church News, 11 de janeiro de
1975; J. B. Haws, The Mormon Image in the American Mind: Fifty Years of Public Perception [A
Imagem Mórmon na Mente Americana: Cinquenta Anos de Entendimento Público], New York:
Oxford University Press, 2013, pp. 86–96; Martha Sonntag Bradley, Pedestals and Podiums: Utah
Women, Religious Authority, and Equal Rights [Pedestais e Pódios: Mulheres de Utah, Autoridade
Religiosa e Igualdade de Direitos], Salt Lake City: Signature Books, 2005, pp. 141–154. Barbara B.
Smith foi a décima presidente geral da Sociedade de Socorro de 1974 a 1984.
^14. Belle S. Spafford, “The American Woman’s Movement” [O Movimento das Mulheres
Americanas], The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1974, pp. 15–20, CHL.
^15. O homem que a apresentou disse: “Somos gratos por termos conosco hoje uma adorável jovem
para ser nossa oradora” (Belle S. Spafford, “Latter-day Saint Women in Today’s Changing World”,
registro em áudio, acessado em 14 de outubro de 2015, speeches.byu.edu).
^16. N. Eldon Tanner era primeiro conselheiro na Primeira Presidência na época da desobrigação da
irmã Spafford; Tanner e ela foram bons amigos. Ele foi chamado para o Quórum dos Doze
Apóstolos em 1962 e se tornou conselheiro na Primeira Presidência no ano seguinte (“Sustaining of
Church Officers” [Apoio aos líderes da Igreja], Ensign 4, nº 11, novembro de 1974, p. 36; Spafford,
entrevista por Derr, p. 237).
^17. A BYU patrocinou várias semanas temáticas durante as décadas de 1960 e 1970, inclusive a
Semana da História, a Semana da Agricultura e a Semana de Saúde Mental. Essas semanas eram
para “fornecer aos alunos e professores oportunidades de crescimento intelectual e cultural”. Os
tópicos de apresentação variaram de espiritual a acadêmico e material. A Semana da Mulher
terminou em 1977 e uma conferência anual das mulheres começou em 1976, inicialmente como um
evento de mãe e filha (“‘Special’ Weeks Emphasize Groups”, Daily Universe, Provo, UT, 14 de
fevereiro de 1975; Carol Lee Hawkins, “Brigham Young University Women’s Conference: A
History” [Conferência das Mulheres da Universidade Brigham Young: Uma História], 1992, pp. 1–
4, em posse dos editores; “Women’s Week [Semana da Mulher], 1966”, Register of the Associated
Women Students of Brigham Young University [Registro das Alunas Associadas da Universidade
Brigham Young], BYU; Nancy Hinsdale Wilcox, “Women’s Week: No More Cookie Baking”
[Semana da Mulher: Chega de Assar Biscoitos], Daily Universe, 17 de fevereiro de 1978).
^18. Citação no original: “‘A Centenary of Relief Society’ [Centenário da Sociedade de Socorro], p.
15”; ver também Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de
Nauvoo], 17 de março de 1842, p. 8, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook
e Matthew J. Grow, editores, The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day
Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos Importantes
da História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016,
p. 31.
^19. Citação no original: “‘A Centenary of Relief Society’, p. 16”. História do centenário de Spafford
citada da História da Igreja, cujos compiladores tinham mudado o texto original. A anotação
original da ata que registrou as palavras de Joseph Smith diz: “Esta Sociedade deve receber
instruções por meio da ordem que Deus estabeleceu — por meio daqueles designados para liderar
— e agora passo a chave a vocês em nome de Deus, e esta sociedade se alegrará, e o conhecimento
e a inteligência fluirão a partir de agora” (Joseph Smith e outros, History of the Church of Jesus
Christ of Latter-day Saints [História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], ed.
por B. H. Roberts, 7 vols., Salt Lake City: Deseret News, 1902–1912, vols. 1–6, 1932, vol. 7, vol.
4, p. 607; Nauvoo Relief Society Minute Book [Ata da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de
abril de 1842, p. 40, em Derr e outros, First Fifty Years [Primeiros cinquenta anos], p. 59. Para
saber mais sobre a alteração no texto, ver Derr e outros, First Fifty Years [Primeiros Cinquenta
Anos], pp. 198–200, 207).
^20. Para informações sobre Watergate, inflação e recessão, crise de energia e nações produtoras de
petróleo, ver Thomas Borstelmann, The 1970s: A New Global History from Civil Rights to
Economic Inequality [A Década de 1970: Uma Nova História Global de Direitos Civis a
Desigualdade Econômica], Princeton, NJ: Princeton University Press, 2012, pp. 38–41, 54–58;
sobre escassez de alimentos, ver “The World Food Crisis” [A crise mundial de alimentos], Time
104, nº 20, 11 de novembro de 1974, pp. 66–76.
^21. A Convenção Política Nacional de Mulheres foi formada em 1971 para promover a eleição para
um cargo político de mulheres que iriam apoiar os direitos das mulheres (Janet A. Flammang,
Women’s Political Voice: How Women Are Transforming the Practice and Study of Politics [Voz
Política das Mulheres: Como as Mulheres Estão Transformando a Prática e o Estudo da Política],
Philadelphia: Temple University Press, 1997, p. 189).
^22. Citação no original: “‘The Case Against the ERA’ [A acusação contra a ERA], Nation’s Business,
janeiro de 1975, pp. 9–10”.
^23. Citação no original: “1 Samuel 9:1–3”.
^24. Citação no original: “1 Samuel 10”.
^25. Citação no original: “1 Samuel 13:13–14”.
^26. Citação no original: “1 Samuel 15:24”.
^27. Citação no original: “Mosias 29:26”.
^28. Citação no original: “Mateus 5:14–16”.
^29. Spafford se refere à conferência geral da Sociedade de Socorro.
^30. “Notes to the Field: April General Conference of Relief Society Not Scheduled” [Observações
para o setor: Conferência geral de abril da Sociedade de Socorro não programada], Relief Society
Magazine 29, nº 2, fevereiro de 1942, p. 112.
^31. As legislaturas territoriais de Utah e Wyoming concederam às mulheres o direito de voto em
fevereiro de 1870 e dezembro de 1869, respectivamente. As mulheres de Utah, realmente, votaram
pela primeira vez em 18 de fevereiro de 1870, as mulheres do Wyoming votaram pela primeira vez
em 6 de setembro de 1870 (“Daily Leader”, Cheyenne Leader, 11 de dezembro de 1869; “The
Woman Suffrage Bill” [A lei do sufrágio feminino], Deseret News, 16 de fevereiro de 1870; “Local
and Other Matters” [Assuntos locais e outros], Deseret News, 19 de fevereiro de 1870; “Daily
Sentinel”, Laramie Daily Sentinel, 7 de setembro de 1870).
^32. Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo], 28 de
abril de 1842, p. 40, em Derr e outros, First Fifty Years [Os primeiros 50 anos], p. 59.
^33. Devido à “crescente dificuldade no transporte”, a participação na conferência geral entre 1942 e
1945 era restrita aos líderes do sacerdócio — às vezes somente as autoridades gerais e presidências
de estaca, às vezes também os bispados, presidências de ramos, sumos conselhos de estaca,
presidências de templo e presidentes de missão. A conferência geral da Sociedade de Socorro não
foi realizada de 1942 a 1944 (Circulares da Primeira Presidência, 14 de março de 1942; 12 de
setembro de 1942; 17 de março de 1943; 10 de setembro de 1943; 10 de março de 1944; 13 de
setembro de 1944; 3 de março de 1945; 28 de setembro de 1945, CHL; “Notice to Church Officers”
[Anúncio aos líderes da Igreja], Circular da Primeira Presidência, 17 de janeiro de 1942, CHL;
Belle S. Spafford, “Report and Official Instructions” [Relatório e instruções oficiais], Relief Society
Magazine 32, nº 12, dezembro de 1945, p. 725).
^34. Citação no original: “‘Address to the Members of Relief Society’ [Discurso para membros da
Sociedade de Socorro], 4 de outubro de 1945, Relief Society Magazine 32, 1945, pp. 716, 717,
719”.
^35. Os cadernos de anotações pretos da irmã Spafford eram famosos entre aqueles que trabalhavam
com ela. Ela os destruiu após sua desobrigação da presidência (Belle S. Spafford, entrevista por
Maren Mouritsen e Tamara Quick, por volta de 1980, p. 9, CHL).
^36. A irmã Spafford também descreveu este incidente em sua entrevista oral sobre história de 1976
(Spafford, entrevista por Derr, p. 86).
^37. Rebekah J. Ryan, “In the World: Latter-day Saints in the National Council of Women, 1888–
1987” [No Mundo: Membros da Igreja no Conselho Nacional de Mulheres, 1888–1987], em
Summer Fellows’ Papers 2003: Latter-day Saint Women in the Twentieth-Century [Documentos
Summer Fellows: As Mulheres Santos dos Últimos Dias no Século 20], ed. por Claudia L.
Bushman, Provo, UT: Joseph Fielding Smith Institute for Latter-day Saint History at Brigham
Young University, 2005, pp. 131–147; “Winning on the Homefront” [Vencendo na linha de frente],
Ensign 9, nº 7, julho de 1979, pp. 78–79.
^38. A Sociedade de Socorro foi estabelecida no campus da BYU em 1956 (Relief Society Annual
General Conference Program [Programa da conferência geral da Sociedade de Socorro], 1956, p.
10, Relief Society Conference and Convention Programs [Programas de conferências e convenções
da Sociedade de Socorro], 1916–1975, CHL).
^39. A irmã Spafford anunciou na reunião de líderes da conferência geral da Sociedade de Socorro, em
abril de 1973, que agora a Sociedade de Socorro seria responsável por todas as mulheres solteiras
da Igreja. As mulheres com idade entre 18 a 25 anos eram chamadas de “jovens adultas”, as de 26
anos ou mais eram “de interesse específico” (“Relief Society Annual General Conference Officers
Meeting” [Reunião de líderes da conferência geral anual da Sociedade de Socorro], 3 de outubro de
1973, pp. 8–9, Relief Society Annual Conference Proceedings [Procedimentos da conferência geral
da sociedade de Socorro], 1945–1975, CHL).
^40. Citação no original: “Gospel Doctrine [Doutrina do Evangelho], 3ª ed., Salt Lake City: Deseret
Book, 1919, p. 484”. John A. Widtsoe liderou o trabalho de compilação de trechos publicados de
escritos e discursos de Joseph F. Smith, organizados por assunto, para um livro intitulado Gospel
Doctrine [Doutrina do Evangelho]. O livro serviu como texto para as reuniões do sacerdócio em
1919 (Joseph F. Smith, Gospel Doctrine: Selections from the Sermons and Writings of Joseph F.
Smith [Doutrina do Evangelho: Sermões e Escritos do Presidente Joseph F. Smith], 2ª ed., Salt Lake
City: Deseret News, 1919, pp. v–vi).
^41. Stephen L. Richards foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos em 1917.
—————————— 41 ——————————

Andar à deriva, sonhar, direcionar

Ardeth G. Kapp
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Ernest L. Wilkinson Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
2 de fevereiro de 1980

Ardeth Greene Kapp (nascida em 1931) cresceu na pequena cidade de


Glenwood, Alberta, Canadá, trabalhando na mercearia de sua mãe, Julia
“June” Greene, e ajudando seu pai, Edwin “Ted” Greene na fazenda.1 June
sempre dava comida para os clientes que não podiam pagar e Ted criava
perus e, às vezes, doava-os a famílias necessitadas (duas vezes, ele também
doou vacas para imigrantes australianos).2 Ted era bispo quando trouxe dois
missionários para jantar, inclusive um jovem chamado Heber Kapp. Ardeth e
Heber se corresponderam depois daquela noite até que ele retornou de sua
missão no Canadá para sua casa em Utah.3
Ardeth se mudou para Provo, Utah, para terminar o Ensino Médio na
Brigham Young High School e ela e Heber começaram a namorar.4 Eles se
casaram em 1950.5 Ardeth trabalhou para empresas de telefonia em Utah e
Califórnia até que, em 1960, tornou-se representante de pessoal e emprego na
Companhia Telefônica Mountain States, o cargo mais alto na empresa de
telefonia disponível para uma mulher naquela época.6
Os Kapp não puderam ter filhos, então eles buscaram aprender as lições
que achavam que, se tivessem filhos, lhes ensinariam, inclusive paciência,
tolerância, caridade e servir em momentos inconvenientes.7 Essa meta
influenciou a decisão de Ardeth de se tornar uma educadora. Quando estava
no funeral de sua tia em Glenwood, ela sentiu desejo de frequentar a
faculdade.8 Obteve seu bacharelado pela Universidade de Utah em educação
fundamental em 1964 e o mestrado em desenvolvimento de currículo pela
Universidade Brigham Young (BYU) em 1971, após o que foi professora de
escola primária em Davis County, Utah, e, depois, supervisionou alunos de
curso de docência na BYU.9 Ela também escreveu uma série de programas
educativos para televisão e, por ocasião do discurso apresentado aqui, ela
havia publicado quatro livros.10 De 1966 a 1972, ela era membro do corpo
docente na formação de professores na BYU.11
Ardeth Kapp trabalhou no currículo da Igreja de 1967 a 1972, a
princípio por meio do comitê de correlação de jovens. Nessa função, ela e
seus colegas membros do comitê revisaram todas as publicações da Igreja
propostas relacionadas aos membros com idade de 12 a 28 anos, inclusive o
currículo e as revistas.12 Em 1971, ela foi transferida para o novo comitê de
desenvolvimento de currículo, formado para planejar e coordenar — mas não
escrever — todos os currículos da Igreja.13 Durante esse período, ela
procurou garantir que os materiais curriculares se concentrassem nos valores
do evangelho.14 Ardeth se tornou conselheira na presidência geral das Moças
em 1972, servindo com a presidente Ruth Hardy Funk.15 Como membro da
presidência geral, ela continuou a ensinar e treinar os membros da Igreja
enquanto supervisionava o desenvolvimento de currículo.16
Ela proferiu o discurso a seguir na conferência de mulheres da BYU,
dois anos depois de completar sua designação como conselheira na
presidência geral das Moças e dois anos antes de se tornar presidente dessa
organização. Nesse meio tempo, ela trabalhou em um comitê para atualizar o
programa de desenvolvimento de professores da Igreja, cuidando de sua mãe
doente, dando aulas para grupos da Igreja, escrevendo para a revista New
Era, escrevendo um quinto livro, apoiando o marido como presidente da
estaca, conduzindo seminários sobre administração do tempo e correndo mais
de três quilômetros às 5 horas e 30 minutos todas as manhãs. Em 1979, ela
disse: “Às vezes, quando você é desobrigada, pergunta a si mesma se o auge
de seu serviço já passou. Mas, em minha bênção patriarcal, há uma frase que
diz: ‘Você ficará surpresa no futuro com as bênçãos que o Senhor tem
reservadas para você’. E suponho que isso poderia ser dito sobre cada uma de
nós”.17
O texto apresentado aqui é um trecho do discurso original de Ardeth
Kapp, quase um quarto do discurso foi omitido.

TENHO OBSERVADO, e confesso que já fiz parte disso, que muitas pessoas
andam à deriva na Igreja. Muitas pessoas boas frequentam a reunião
sacramental e a Escola Dominical simplesmente porque outras pessoas o
fazem, até mesmo fazem a noite familiar e vagueiam pelo estudo informal
das escrituras. Os errantes caem em pelo menos um dos dois grupos: no
primeiro estão aqueles que seguem o convencional, se envolvem
profundamente com as atividades, seguindo a corrente, sentindo-se
confortável com uma falsa sensação de segurança de que estão no lugar certo.
Outros, que formam o segundo grupo, aceitam alguns princípios
selecionados, resistem a fazer parte do fluxo, do convencional, e optam por
seguir os turbilhões na extremidade, livres das exigências da plena
participação. É difícil decidir desses dois grupos qual é o melhor ou o pior.
Aqueles de nós que ficam, com base apenas na atividade, muito na Igreja,
talvez não têm necessariamente muito da Igreja incutido em si e, se
partíssemos, a Igreja, como organização, dificilmente perceberia. Ao seguir
as práticas, fazendo a coisa certa, mas sem vir a conhecer, entender, aceitar e
aplicar os princípios e as doutrinas salvadoras, podemos ser comparados a
uma pessoa que passa a vida inteira colocando cordas no instrumento — sem
ouvir, nem sequer uma vez, a música para a qual o instrumento foi criado ou
sendo incapaz de reconhecê-la caso a ouça.
Em questões de princípio, devemos nos manter tão firmes como uma
rocha. Em questões de prática, que façamos tudo com base nesses princípios
de salvação e que entendamos a relação intrínseca dos princípios e das
práticas. É ao tomarmos a decisão de seguir a admoestação do profeta e de
nos tornar estudiosos das escrituras que aos poucos aprendemos a doutrina
que nos prepara para permanecer sobre a rocha da revelação e sentir cada vez
menos a sensação inquieta de estar à deriva, vagando, questionando e
pesquisando.
Há muitas pessoas boas que são muito fiéis (e gostaria de enfatizar fiéis)
ao seguir as tradições e as práticas costumeiras. Lembro-me de uma música
que costumávamos cantar na Escola Dominical:
“Nunca se atrase para a Escola Dominical, venha com seu sorriso
brilhante”.
O coro acabava com:
“Tente estar lá, sempre estar lá, prontamente às dez da manhã”.18
Dez da manhã se tornou uma prática, uma tradição, por um longo tempo.
Não era um princípio. No entanto, havia aqueles entre os fiéis que se sentiam
desconfortáveis com a mudança, não muito diferente dos sentimentos
expressos por algumas pessoas atualmente quando as práticas e tradições são
modificadas. Quando surgem as mudanças, e elas sempre surgirão, para
alguns pode ser um teste de sobrevivência, porque seu alicerce tem como
base apenas as práticas, sem um entendimento dos princípios eternos e
imutáveis.
Ser fiel não desenvolve necessariamente a fé. O primeiro princípio do
evangelho é fé no Senhor Jesus Cristo.19 Ter fé em Jesus Cristo é conhecê-
Lo, conhecer Sua doutrina e saber que o curso de nossa vida está em
harmonia com Ele e é aceitável a Ele. É relativamente fácil ser fiel, mas a fé
nasce do estudo, do jejum, da oração, da meditação, do sacrifício, do serviço
e também da revelação pessoal. Vislumbres de entendimento chegam linha
sobre linha, preceito sobre preceito. Nosso Pai está ansioso para nos nutrir
com a rapidez que pudermos aguentar, mas podemos controlar a riqueza e o
volume de nossa dieta espiritual. E fazemos isso pelo mesmo método usado
pelos filhos de Mosias:

Haviam se fortalecido no conhecimento da verdade; (…) haviam


examinado diligentemente as escrituras para conhecerem a palavra de
Deus. Isto, porém, não é tudo; haviam-se devotado a muita oração e
jejum; por isso tinham o espírito de profecia e o espírito de revelação; e
quando ensinavam, faziam-no com poder e autoridade de Deus.20

A fidelidade sem fé e as práticas sem princípios deixarão a nós e nossa


família seriamente desejosos quando nos aproximarmos daquele tempo
mencionado por Heber C. Kimball quando disse: “Tempo virá em que
nenhum homem ou mulher poderá resistir com luz emprestada. Cada um terá
que ser guiado pela luz que está em seu interior. Se você não a tiver, não
resistirá”.21
Podemos nos encontrar cada vez menos à deriva à medida que fizermos
escolhas corretas com base na revelação pessoal que dá orientação para nós e
nossa família todos os dias de nossa vida. E com essa orientação, devemos
desenvolver “um programa para o aperfeiçoamento pessoal” que nos levará a
“alcançar novos níveis de realização”, como o profeta nos admoestou.22
Ele também nos prometeu que o Senhor “nos ajudará dia após dia a usar
nosso tempo e nossos talentos. Vamos nos mover mais rápido se nos
apressarmos menos. Faremos um progresso mais real se nos concentrarmos
nos princípios fundamentais”.23 Alguns princípios são essenciais em nossa
luta para evitar a experiência devastadora de se estar à deriva.
Agora, e os sonhadores? Às vezes, muitos de nós somos sonhadores,
querendo escapar de algum modo de nós mesmos, ser livres de nossas
próprias limitações. Sempre reflito sobre as palavras: “Com sonhos
voluntários, enganam sua mente”.24 Foi dito que, se o destino quisesse
destruir um homem, primeiro separaria suas forças e o levaria a pensar de
uma maneira e agir de outra. Roubaria dele o contentamento que vem
somente da harmonia interna entre os sonhos e as ações. As escolhas devem
ser decisivas para que os sonhos e as ações possam estar em harmonia uns
com os outros. Quando fazemos algo diferente do que sabemos que devemos
fazer, é como fazer uma prova final e colocar a resposta errada mesmo
sabendo a resposta certa.
Sonhar, no entanto, também pode desempenhar uma função muito
positiva quando se adapta à definição do dicionário de “ter um objetivo ou
propósito que se deseja intensamente”.
No musical popular South Pacific, encontra-se a pequena e maravilhosa
canção que segue: “Se você não tem um sonho, como vai fazer com que se
torne realidade?”25 Estou preocupada com algumas de nossas irmãs que têm
um sonho magnífico, mas que nunca o terão plenamente realizado porque
sentem que seu marido íntegro cuidará dele e elas não se preparam para fazer
a sua parte nessa parceria eterna.
Existem algumas irmãs que pensam sobre a estrutura administrativa da
Igreja e se preocupam com o que acham que elas não possuem, sem sequer
entenderem plenamente sua própria missão especial e única e as grandes
bênçãos reservadas especificamente para elas. Ouvimos isso declarado de
maneiras que sugerem que, devido às mulheres não terem o sacerdócio, são
inferiores.
Há ainda outras de nossas irmãs que se enganam em pensar que o
sacerdócio é sinônimo de homens e assim se justificam e não se preocupam
em estudar a importância do sacerdócio em sua própria vida. O termo
sacerdócio é usado sem restrições, quer se refira a um portador do
sacerdócio, às bênçãos do sacerdócio ou às ordenanças do sacerdócio. Nosso
coração deve clamar em qualquer um dos casos, e devemos erguer a voz e
gritar advertências às irmãs cujos sonhos são construídos sobre alicerces tão
tênues.
Nossos maiores sonhos serão realizados somente quando entendermos
plenamente e experimentarmos as bênçãos, o poder e as ordenanças do
sacerdócio em nossa própria vida. Se começarmos com o momento em que
uma criança recebe um nome e uma bênção e depois continuarmos com o
batismo, a confirmação, o sacramento, os chamados e as designações, a
bênção patriarcal, as ministrações de bênçãos, a investidura e, por fim, o
casamento celestial, perceberemos rapidamente que todas as bênçãos do
sacerdócio são para meninos e meninas, homens e mulheres. E embora essa
divina missão da maternidade seja de suma importância, não inclui tudo o
que é necessário. Ajudar outra pessoa a ganhar a vida eterna é um privilégio
relacionado à maternidade. Esse privilégio, na verdade, essa responsabilidade
sagrada, o mais nobre dos chamados, não é negado a nenhuma pessoa digna.
Contribuir para levar a efeito a vida eterna do homem e fazê-lo com
dignidade e honra é o auge de meu sonho pessoal. E fecharmos os olhos a
essas verdades eternas e não as reconhecermos como sendo bênçãos e
ordenanças do sacerdócio é nos manter distantes dos princípios de salvação
— os únicos princípios — que podem tornar nossos sonhos eternos em
realidade.
É verdade que, como irmãs, não recebemos uma ordenação ao
sacerdócio que carrega uma função administrativa nem temos o tremendo e
pesado fardo de ter essa sagrada responsabilidade infligida a nós além da
missão de criar e educar em parceria com Deus, primeiro ao dar à luz os
filhos espirituais do Senhor e, depois, ao criar esses filhos para servir ao
Senhor e guardar Seus mandamentos.
Sei que todos nós, homens e mulheres, podemos nos regozijar com o
chamado sagrado da maternidade. Dar à luz é apenas uma parte deste
chamado sagrado.
Depois de ficar à deriva e sonhar, agora podemos refletir sobre a direção
de nossa vida. Na minha formatura do Ensino Médio, Oscar A. Kirkham
subiu ao púlpito, olhando nos olhos dos formandos idealistas e entusiasmados
e, com sua voz rouca, fez este desafio: “Construam uma embarcação própria
para o alto-mar. Sejam companheiros de bordo leais e naveguem na direção
certa”.26 Não me lembro de qualquer outra coisa que ele tenha dito ou
qualquer outra pessoa na verdade. Mas tenho refletido sobre esse desafio
muitas vezes ao longo dos anos. Ao direcionarmos nossa vida, queremos ter
certeza da direção certa e de seu destino final. Não podemos arriscar ser
enganadas como o sujeito que estava empenhado em ir para o norte e, de fato,
estava viajando para o norte, mas sobre um iceberg que estava flutuando ao
sul.
Os “pontos certos”, como as estrelas no céu para nos guiar, estão
prontamente disponíveis para qualquer pessoa que esteja sinceramente
buscando uma direção. Esses pontos certos da doutrina se encontram na
Igreja verdadeira.27 A conversão à verdade vem ao aceitar a doutrina
verdadeira, e a verdade da doutrina pode ser conhecida somente por meio de
revelação obtida como resultado da obediência. O Salvador ensinou: “A
minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser
fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus, ou se
eu falo de mim mesmo”.28
Os céticos de 2 mil anos atrás devem ter dito: “Se eu tivesse certeza que
a estrela (o sinal do nascimento do Salvador) apareceria no céu hoje à noite,
eu seria obediente”. É como ficar na frente de um fogão a lenha e dizer: “Dá-
me um pouco de calor e depois colocarei a lenha”. Precisamos colocar a
lenha primeiro e em seguida sentir o calor para, depois, prestar testemunho de
sua veracidade. No capítulo 12 de Éter lemos: “Portanto, não disputeis
porque não vedes, porque não recebeis testemunho senão depois da prova de
vossa fé”.29 E quando nossa fé é testada e permanecemos firmes mesmo nos
momentos de tempestade, vamos nos regozijar com maior confiança ao
descobrirmos dentro de nós o companheiro de bordo leal que realmente
possuímos enquanto navegamos na direção certa.
Apóstolos e profetas são chamados na Igreja com o propósito de
identificar e ensinar a doutrina verdadeira para que os homens não sejam
“levados em roda por todo vento de doutrina”.30 Então, podemos seguir as
autoridades gerais cegamente, como um de meus amigos não mórmons diz
que fazemos — e eu acrescentaria que é muito mais seguro e melhor segui-
los cegamente do que não os seguir de maneira nenhuma —, mas isso pode
ser uma abdicação da responsabilidade de dirigir nossa própria vida e nos
tornar espiritualmente independentes. Novamente, seguir as práticas por si só
não é suficiente. Precisamos conhecer o motivo, na verdade as bases
doutrinárias, para essa prática, caso contrário, quando a prática ou tradição é
questionada ou alterada, aqueles que não entendem o princípio tendem a
vacilar. Eles podem até abandonar ou rejeitar a própria prática destinada a ser
um guia para levá-los ao entendimento de um princípio salvador e eterno.
Havia pessoas no tempo do rei Benjamim que eram obcecadas em
cumprir a lei de Moisés. Seguiam as práticas cegamente, sem nem mesmo
pensar nelas — olho por olho e dente por dente — até que o rei Benjamim
lhes ensinou que suas práticas não lhes valiam de nada a menos que
aceitassem a missão do Salvador e Sua Expiação.31 Sem esse compromisso,
suas práticas eram em vão.
Enquanto Adão estava oferecendo as primícias do rebanho, um anjo
apareceu e lhe perguntou por que ele estava fazendo aquilo, qual a razão para
essa prática. Vocês devem se lembrar da resposta de Adão. Ele respondeu:
“Eu não sei, exceto que o Senhor me mandou”.32 A prática foi oferecer um
sacrifício, mas o princípio, nesse caso, estava na obediência. E, então, Adão
recebeu um testemunho depois da prova de sua fé. O anjo lhe explicou: “Isso
é à semelhança do sacrifício do Unigênito do Pai”.33
Ao direcionarmos nossa vida, é importante entender as práticas e os
princípios, seu relacionamento, bem como as diferenças entre eles. Em minha
mente, visualizo as práticas como uma linha horizontal, um alicerce, uma
instrução, um teste, uma preparação, e os princípios eternos de salvação e
exaltação ou doutrina como uma linha vertical que liga nossa alma com o céu
e edifica o relacionamento com Deus e a fé no Senhor Jesus Cristo e Sua
missão.
Continuará a haver muita oposição à doutrina verdadeira, mas logo a
tempestade cessa, as nuvens se dissipam, rompe o sol e a rocha da verdade
fica visível novamente, firme e duradoura. Nunca houve um princípio
verdadeiro que não tenha sido atingido por repetidas tempestades de oposição
e abuso, até que esse princípio tenha obtido tanta influência que se opor a ele
já não valia mais a pena. Mas, até chegar esse momento, a oposição e o abuso
aumentaram e diminuíram como a maré. Foi uma doutrina forte que livrou
Jesus de seus discípulos fracos e o mesmo processo de teste continua até hoje
para determinar quem é digno de Seu reino. O profeta Joseph Smith declarou:

Deus reservou um tempo (…) no qual reunirá em Seu descanso


celestial todos os Seus súditos que obedeceram à Sua voz e guardaram
Seus mandamentos. Esse descanso é de tamanha perfeição e glória que o
homem precisa de uma preparação, de acordo com as leis desse reino,
antes de poder entrar nele e desfrutar suas bênçãos. Assim sendo, Deus
deu certas leis à humanidade, as quais, se forem cumpridas, são
suficientes para preparar as pessoas para herdar esse descanso.
Concluímos, portanto, que esse foi o propósito de Deus ao nos dar Suas
leis.34

Em nosso objetivo de aplicar os princípios e prosseguir com orientação,


não está previsto que terminemos nossa jornada antes de experimentarmos
esse testemunho do Espírito. O testemunho nos mantém em nossa jornada.
Em poucas linhas, o presidente Kimball conta, com eloquência, como o
evangelho entrou na vida de uma mulher boliviana sem instrução.35 Ao ouvir
sobre a missão do Salvador e sobre a doutrina da Expiação, o Espírito
testemunhou à sua alma. Com seu rosto moreno dourado virado para cima, os
grandes olhos escuros confiantes, lacrimejantes de emoção, ela sussurrou
suas emoções: “Você quer dizer que Ele fez isso por mim?” Com a
confirmação de sua pergunta, ela sussurrou novamente, desta vez não
questionando, mas com um profundo respeito: “Você quer dizer que Ele fez
isso por mim!”
E para esse princípio eterno e salvador, presto meu testemunho
fervoroso de que Ele fez isso por vocês e por mim. Com essa convicção,
penso com seriedade sobre o profundo comentário feito por Truman Madsen:
“A maior tragédia da vida é que nosso Salvador pagou o preço terrível de
sofrimento para que pudesse nos ajudar, mas é impedido porque não lhe
permitimos. Olhamos para baixo, em vez de olhar para cima”.36 Escolhemos
permanecer enclausurados em um bloco de mármore. Mas, se nos libertarmos
e conhecermos essa verdade por meio de revelação pessoal, tempo virá em
que até mesmo nossas práticas rotineiras se tornarão vitais e realizadas em
nome do Senhor com Seu Espírito para que toda a nossa vida se torne uma
experiência sagrada ao trabalharmos continuamente por Ele.
Não faz muito tempo que testemunhei o que até então tinha sido algo
rotineiro para mim, a bênção do alimento. Imaginem comigo meu pai idoso,
seu corpo deteriorado pela devastação do câncer no estômago, enquanto seu
espírito estava magnificado e refinado por meio do sofrimento. Ele se sentou
à mesa da cozinha, naquele momento ele pesava menos de 45 quilos.
Inclinando sua cabeça, apoiando-a em suas mãos frágeis e trêmulas sobre
uma colher de comida para bebês — tudo o que ele conseguia comer —, ele
proferiu uma bênção para o alimento — como se fosse um sacramento
sagrado — e agradeceu com aceitação e submissão, com verdade e fé, porque
ele sabia com quem estava falando.
É conhecendo nosso Salvador e os princípios de salvação que Ele
ensinou por meio do evangelho de Jesus Cristo que nos tornamos diferentes.
Precisamos ser reconhecidas como pessoas diferentes. A maioria do mundo
não enxerga as opções. É nossa responsabilidade ser evidentemente boas e
evidentemente corretas — e conseguir expressar nossos valores e ser
defensoras da verdade. Podemos ter uma recomendação para o templo,
assistir às reuniões e praticar os princípios, mas a maneira como parecemos e
agimos e o que dizemos e fazemos talvez seja a única mensagem que
algumas pessoas vão receber. Nossos atos devem mostrar que existe um
poder e uma influência sobre nós que os habitantes do mundo não entendem.
O que é que nos distingue das outras pessoas? A diferença é que professamos
ser guiadas por revelação. E é por esse princípio que somos peculiares, uma
vez que todas as nossas ações podem estar sob orientação divina. Tendo feito
a escolha, precisamos parecer e ser visivelmente diferentes. Até fazermos
essa escolha, permanecemos anônimas, sujeitas à corrente de multidões
perdidas.
O presidente Kimball disse:

“Boa parte do enorme crescimento que ocorrerá na Igreja nestes


últimos dias se dará porque muitas das boas mulheres do mundo (nas
quais costuma haver um profundo sentido de espiritualidade) serão
atraídas à Igreja em grandes números. Isso se produzirá porque as
mulheres da Igreja refletirão retidão e lucidez em sua vida e porque
serão vistas como distintas e diferentes — de modo positivo — das
mulheres do mundo”.37

Essa é a nossa direção. Esse é o nosso desafio. Todas as pessoas são o


que são e estão onde estão devido a uma combinação de escolhas que
direcionam sua vida todos os dias. A responsabilidade de direcionar não é
apenas para nossa própria vida, mas também para outras pessoas que talvez
estejam buscando a luz. À medida que construímos uma embarcação e depois
navegamos em uma direção certa, muitos barcos vão navegar em segurança
por águas turbulentas até um porto tranquilo devido à luz constante que
irradia da proa de nossa embarcação. Quando penso sobre nossa
responsabilidade para com as outras pessoas, sinto-me inspirada pelas
palavras do hino:

Brilham raios de clemência do farol do eterno Deus


Cumpre a nós, com nossas luzes, ajudar os filhos seus.

Refrão

Refrão

Refrão38

O élder Neal A. Maxwell escreveu recentemente: “À medida que outras


luzes piscam e apagam, a luz do evangelho brilhará cada vez mais
intensamente em um mundo cada vez mais tenebroso, guiando o humilde,
mas irritando o transgressor e aqueles que preferem o crepúsculo da
decadência”.39
Agora, minhas queridas irmãs, que nossa luz seja brilhante sem
enfraquecer ao cuidarmos do farol orientador. Vamos estender a mão e
inspirar umas às outras. Vamos ajudar a carregar os fardos umas das outras.
Em cooperação, podemos vencer grandes obstáculos. Vamos nos alegrar
umas com as outras. Pode ser um simples sorriso, um bilhete, um telefonema,
uma palavra de incentivo que diz: “Eu me importo, entendo, vou ficar ao seu
lado e ajudá-la”. Essas são medidas que salvam vidas em tempos de
tempestade.
Recentemente tive o privilégio de ler parte de uma bênção recebida por
uma de nossas irmãs que dizia que sua vida continuaria durante um período
em que ela veria grande devastação e que ela seria chamada para entrar em
casas de aflitos, sofredores, doentes e oprimidos, para ministrar-lhes, curar-
lhes as feridas e incentivá-los.
Creio que todas nós fomos chamadas para ministrar aos necessitados,
para curar não apenas suas feridas físicas, mas também suas feridas
espirituais, sociais e as feridas que ficam escondidas, às vezes inflamadas até
que alguém se importe o suficiente para cuidar do farol orientador.
Essas são questões de consequências eternas, e podemos, se desejarmos,
esforçar-nos ao máximo para experimentar o despertar de coisas que
conhecemos anteriormente. Lembrem-se, o presidente Kimball disse:

No mundo pré-mortal, as mulheres fiéis receberam determinadas


designações, ao passo que os homens fiéis foram preordenados a certas
responsabilidades do sacerdócio. Embora hoje não nos lembremos dos
detalhes, isso não altera a realidade gloriosa do que outrora nos
dispusemos a fazer. Exatamente como as pessoas que apoiamos como
profetas e apóstolos, também somos responsáveis por aquilo que há
muito tempo era esperado de nós.40

É meu fervoroso e humilde testemunho que os céus estão muito abertos


às mulheres hoje em dia. Eles não estão fechados a menos que nós mesmas,
por nossas escolhas, os fechemos. E essa realidade pode ser tão evidente
quanto o foi em qualquer momento no passado. Ao ler sobre a grande
espiritualidade das mulheres do passado e perceber como o Senhor Se
comunicava com elas, sinto uma grande emoção com as manifestações
espirituais que acompanharam sua missão na vida, literalmente um poder
demonstrando a vontade de Deus revelada por intermédio delas. Penso em
Eliza R. Snow, de quem Joseph F. Smith disse: “Ela não caminhou sob a luz
emprestada de outras pessoas, mas enfrentou a manhã sem medo e
invencível”.41
O Espírito me sussurra que ainda hoje existem mulheres como Eliza R.
Snow entre nós e pode haver muitas, muitas mais. Podemos obter as bênçãos
do céu por meio da obediência à lei. Essas bênçãos divinas e sagradas não
estão reservadas somente para outras pessoas. Recebemos visões e revelações
pelo poder do Espírito Santo, e o Senhor disse: “E também do meu Espírito
derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e
profetizarão”.42
Agora, vamos adiante com a fé, a perspectiva, a direção e a decisão de
obedecer às leis que garantem essas bênçãos não apenas para nós mesmas e
nossa família, mas para todos os filhos de Deus em todos os lugares.
Ao deixarmos esta conferência, vamos sentir profundamente o poder, a
força e a influência para o bem de nossas decisões coletivas e unidas. Com
renovada determinação, confiança e comprometimento com os convênios que
fizemos, vamos nos tornar verdadeiramente e em todos os aspectos
“Mulheres de Deus”. Vamos prosseguir com fé e confiança e nos preparar
para o nobre chamado mencionado pelo profeta — ser uma mulher justa
durante os momentos finais desta Terra antes da Segunda Vinda de nosso
Salvador.
Ardeth G. Kapp, “Drifting, Dreaming, Directing” [Andar à deriva, sonhar, direcionar], em Blueprints
for Living: Perspectives for Latter-day Saint Women [Projetos de Vida: Perspectivas para as Mulheres
da Igreja], ed. por Maren M. Mouritsen, Provo, UT: Brigham Young University, 1980, pp. 77–88.

_________________________
^1. “Ardeth Greene Kapp, Young Women General President” [Ardeth Greene Kapp, presidente geral
das Moças], Ensign, maio de 1984, p. 98; Ardeth G. Kapp, entrevista por Gordon Irving, dezembro
de 1978–setembro de 1979, pp. 4–7, James Moyle Oral History Program [Programa da história
contada de James Moyle], Biblioteca de História da Igreja; Karen Thomas Arnesen, “Ardeth
Greene Kapp: A Prairie Girl, a Young Woman Still” [Ardeth Greene Kapp: Uma menina do campo,
uma moça ainda], Ensign, setembro de 1985, p. 35.
^2. Arnesen, “Ardeth Greene Kapp”, p. 36.
^3. Anita Thompson, Stand as a Witness: The Biography of Ardeth Greene Kapp [Servir de
Testemunha: A Biografia de Ardeth Greene Kapp], Salt Lake City: Deseret Book, 2005, pp. 68–70.
^4. Thompson, Stand as a Witness, pp. 82–84.
^5. Arnesen, “Ardeth Greene Kapp”, p. 37.
^6. Thompson, Stand as a Witness, pp. 107–108, 114, 141.
^7. Arnesen, “Ardeth Greene Kapp”, p. 39.
^8. Arnesen, “Ardeth Greene Kapp”, p. 38–39.
^9. Kapp, entrevista, prefácio, 196; “Ardeth Greene Kapp, Young Women General President” [Ardeth
Greene Kapp, presidente geral das Moças], p. 98.
^10. Kapp, entrevista, prefácio, p. 198.
^11. “Ardeth Greene Kapp, Young Women General President” [Ardeth Greene Kapp, presidente geral
das Moças], p. 98; Kapp, entrevista, prefácio, p. 196.
^12. Kapp, entrevista, pp. 49-54. Esse comitê foi criado em 1961 como parte do movimento de
correlação mais amplo de materiais e programas da Igreja (Carol H. Cannon, “Correlation
Chronology, as Reflected in Minutes of Correlation Executive Committee Meetings, 1960–1971”
[Cronologia de correlação, conforme refletido nas atas das reuniões do comitê executivo de
correlação], 1960–1971, p. 1, BHI; Michael A. Goodman, “Correlation: The Turning Point [1960s]”
[Correlação: O ponto decisivo (década de 1960)], em Salt Lake City: The Place Which God
Prepared [Salt Lake City: O Lugar Que Deus Preparou], ed. por Scott C. Esplin e Kenneth L.
Alford, Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2011, pp. 263–
264).
^13. Kapp, entrevista, 58A, p. 61.
^14. Kapp, entrevista, pp. 50, 52, 56.
^15. “Ardeth Greene Kapp, Young Women General President” [Ardeth Greene Kapp, presidente geral
das Moças], p. 98; Kapp, entrevista, prefácio. Ardeth serviu como presidente geral das Moças de
1984 a 1992. Sob sua presidência, a organização revisou todo o programa de Progresso Pessoal,
definiu os valores das Moças e o lema, e instituiu o tema das Moças, que elas e suas líderes ainda
recitam toda semana no início de sua reunião de domingo (Ardeth G. Kapp e Carolyn J. Rasmus,
entrevista por Gordon Irving, abril-junho de 1992, pp. 174–175, 200–214, James Moyle Oral
History Program, BHI).
^16. Kapp, entrevista, p. 197.
^17. Kapp, entrevista, pp. 23–27, 190–192. A Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do
Mormonismo] diz sobre as bênçãos patriarcais: “Ao buscar o Espírito, o patriarca pode ser
inspirado a dar admoestações, promessas e garantias. (…) Os dons espirituais, os talentos, as
habilidades e o potencial de uma pessoa podem ser especificados, com as obrigações de gratidão e
dedicação associadas a eles” (William James Mortimer, “Patriarchal Blessings” [Bênçãos
patriarcais], em Encyclopedia of Mormonism, ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York:
Macmillan, 1992, vol. 3, p. 1066).
^18. A. C. Smyth, “Never Be Late” [Nunca se atrase], em The Children Sing [As Crianças Cantam],
Salt Lake City: Deseret Book, 1951, p. 119.
^19. Ver Regras de Fé 1:4.
^20. Citação no original: “Alma 17:2–3”.
^21. Citação no original: “Citado por Harold B. Lee, em Conference Report, outubro de 1955, p. 56”.
^22. Citação no original: “Ver Spencer W. Kimball, My Beloved Sisters [Minhas Queridas Irmãs], p.
20”.
^23. Citação no original: “‘Prossigamos, para a frente e para o alto’, A Liahona, outubro de 1979, pp.
131–132”.
^24. Esta é uma tradução do século 19 da frase do poeta romano Virgil da Écloga 8 (poema curto),
“Ipsi sibi somnia fingunt” (ver, por exemplo, The Works of Joseph Addison [As Obras de Joseph
Addison], 3 vols., New York: Harper and Brothers, 1845, vol. 1, p. 179).
^25. Essa letra é da música “Happy Talk” [Conversa Feliz]. O musical South Pacific [Pacífico Sul] foi
escrito por Richard Rogers e Oscar Hammerstein e apresentado pela primeira vez em 1949 (Jim
Lovensheimer, South Pacific: Paradise Rewritten [Pacífico Sul: Paraíso Reescrito], New York:
Oxford University Press, 2010, pp. xv, 215–216).
^26. A formatura de Ardeth foi pela Brigham Young High School em 1949. Oscar A. Kirkham serviu
como membro do Primeiro Quórum dos Setenta de 1941 até seu falecimento em 1958 (Thompson,
Stand as a Witness, pp. 72, 84–87; “He Taught with Trees” [Ele ensinou com árvores], Instructor
93, nº 5, maio de 1958, pp. 148–149).
^27. Citação no original: “Ver D&C 11:16”.
^28. Citação no original: “João 7:16–17”.
^29. Citação no original: “Éter 12:6”.
^30. Citação no original: “Ver Efésios 4:11–14”.
^31. Ver Mosias 3:14–15.
^32. Citação no original: “Moisés 5:6”.
^33. Citação no original: “Moisés 5:7”.
^34. Citação no original: “Joseph Fielding Smith, comp., Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, Salt
Lake City, Utah; Deseret Book Co., 1969, p. 54”. Ver “The Elders of the Church in Kirtland, to
Their Brethren Abroad” [Os élderes da Igreja em Kirtland, para seus irmãos no exterior], Evening
and Morning Star 2, nº 18, março de 1834, p. 284.
^35. Ardeth repetiu essa história novamente em um devocional da BYU, em 1º de fevereiro de 1987
(Ardeth G. Kapp, “Your Inheritance: Secure or in Jeopardy?” [Sua herança: Segura ou em perigo?],
em Universidade Brigham Young 1986–1987 Devotional and Fireside Speeches [Discursos de
Devocionais e Serões], Provo, UT: Brigham Young University, 1987, p. 102).
^36. Citação no original: “‘A oração e o profeta Joseph Smith’, A Liahona, setembro de 1976, p. 27”.
Truman Madsen foi um famoso professor de filosofia da BYU. Ele também serviu como diretor do
Centro para Estudos do Oriente Próximo, em Jerusalém (Lynn Arave, “Former BYU Professor
Truman Madsen Dies” [Morre ex-professor da BYU, Truman Madsen], Deseret News, 29 de maio
de 2009).
^37. Citação no original: “My Beloved Sisters [Minhas Queridas Irmãs], p. 44”.
^38. Citação no original: “Hinos: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City:
Deseret Book Co., 1976, nº 202”.
^39. Citação no original: “Church News, 5 de janeiro de 1970, p. 28”. Neal A. Maxwell serviu como
membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1981 até seu falecimento em 2004.
^40. Citação no original: “My Beloved Sisters [Minhas Queridas Irmãs], p. 37”.
^41. Essa citação é popularmente atribuída a Joseph F. Smith, mas se desconhece a fonte específica. Ele
falou de Elmina S. Taylor em termos semelhantes em seu funeral: “A maioria das pessoas que
conheço (…) anda em grande parte em uma luz emprestada. (…) Ela foi uma das poucas no mundo
que tinha a luz dentro de si (…) e ela andou nela” (“Death of Elmina S. Taylor” [Morte de Elmina
S. Taylor], Improvement Era 8, nº 3, janeiro de 1905, p. 221; ver também Joseph F. Smith, Gospel
Doctrine: Selections from the Sermons and Writings of Joseph F. Smith [Doutrina do Evangelho:
Seleções de Sermões e Escritos de Joseph F. Smith], Salt Lake City: Deseret Book, 1978, pp. 87–
88).
^42. Citação no original: “Atos 2:18”.
—————————— 42 ——————————

Tempo de despertar

Elaine A. Cannon
Serão das Moças
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
28 de março de 1981

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).
Elaine A. Cannon falando na reunião geral das mulheres. 1983.
Escritora, editora e personalidade de rádio e televisão, Elaine
Cannon apoiou ativamente a criação de uma revista para os jovens
da Igreja e serviu como editora associada quando a revista New
Era começou a ser publicada em 1971. Ela também reivindicou
que as Moças tivessem instrução religiosa no domingo além de
suas reuniões durante a semana. A Igreja adotou esta norma em
1980, enquanto ela era presidente geral das Moças. Fotografia de
Marty Mayo. (Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City.)

Quando jovem, Elaine Anderson Cannon (1922–2003) era independente e


ativa. Seus pais tinham grandes expectativas e investiram em uma variedade
de lições e atividades para sua filha mais velha: piano, dicção, teatro, canto,
debate e diferentes tipos de competição.1 Ela começou a escrever quando era
jovem, primeiro algumas histórias e, em seguida, um diário a partir da sexta
série.2 Quando tinha 11 anos, ela escreveu no diário: “Estou escrevendo isto,
assim, quando for adulta e trabalhar com os jovens, vou me lembrar de como
era ser jovem”.3
Mesmo antes de seu serviço na junta da Associação de Melhoramentos
Mútuos das Moças (AMMM), Elaine dedicou grande parte de sua vida ao
serviço na Igreja, além de trabalhar como escritora, editora, personalidade de
rádio e televisão e oradora conhecida. Muitas de suas oportunidades de
serviço se concentraram nos jovens e na educação, incluindo o comitê de
correlação dos jovens, o comitê de planejamento e elaboração curricular e
palestras para o Sistema Educacional da Igreja.4 Elaine também criou seis
filhos com seu marido, James.5
Ela nem sempre conseguia alcançar um objetivo na primeira tentativa.
Ela pensava: “Estou disposta a ir ao Senhor e dizer: ‘Tudo bem, realmente me
importo com isso. Se é algo que Lhe interessa, então me ajude. Juntos
podemos ir e fazer tudo o que precisamos fazer’”.6 Quando liderava as
Moças, ela costumava dizer aos membros da junta geral: “Se não
conseguimos fazer isso dessa forma, então vamos tentar de outro jeito para
chegarmos lá, vencendo quaisquer que sejam os obstáculos”.7 Ela insistia que
a chave para saber o momento de perseverar era estar atentas à vontade de
Deus.8 Por exemplo, ela sentiu fortemente que era a vontade de Deus que os
jovens tivessem sua própria revista, em vez da inclusão da “Era of Youth”
[Era da Juventude] na revista Improvement Era que ela e Marion D. Hanks
coeditaram de 1959 a 1970.9 Os esforços iniciais de Elaine e de Hanks para
iniciar uma revista para os jovens foram frustrados. Então, Elaine pediu a
Hanks, assistente do Quórum dos Doze Apóstolos, para marcar uma
entrevista com Spencer W. Kimball, então presidente do Quórum dos Doze
Apóstolos. Ela jejuou e orou e na reunião eles apresentaram suas ideias.
Kimball girou a cadeira, bateu a mão na mesa e disse: “Vamos fazê-la e serei
o primeiro assinante”.10
Enquanto servia na junta geral AMMM de 1961 a 1963, ela tentou, sem
sucesso, implementar o ensino religioso de domingo para as Moças.11 Na
época, as moças estudavam o evangelho brevemente durante as reuniões da
semana à noite, mas não aos domingos. Os rapazes tinham atividades durante
a semana à noite, mas eles também participaram de reuniões do sacerdócio
aos domingos. Elaine sentia que as moças deveriam ter mais oportunidades
melhor estruturadas para estudar o evangelho. Quando ela se tornou
presidente geral das Moças em 1978, ela retornou a essa causa.12 Nessa
época, os esforços de Elaine coincidiram com o desenvolvimento da Igreja de
um horário consolidado de reuniões dominicais.13 Ela jejuou, orou e
expressou seus sentimentos à Primeira Presidência. Em 1º de setembro de
1979, ela escreveu em seu diário que as aulas de domingo para as moças
tinham sido aprovadas como parte do novo horário consolidado de
reuniões.14 Na época do discurso reproduzido aqui, ela estava trabalhando
para promover uma reunião geral das mulheres, em que as jovens da
organização das Moças e as irmãs da Sociedade de Socorro se reuniriam uma
vez por ano em vez de em reuniões separadas.15
Elaine acreditava que uma parte essencial de sua missão era, como disse
sua filha, “dar uma identidade e um lugar para as moças da Igreja que
refletisse o valor igual que o Senhor coloca em Seus rapazes e Suas
moças”.16 Ela deu o discurso a seguir aconselhando as moças a desenvolver
um relacionamento com Deus, enquanto servia como presidente geral da
organização das Moças, que liderou até 1984.17 As moças participaram desse
segundo serão anual com os membros da junta geral e líderes locais. Ele foi
transmitido para todo o mundo.18 O tema foi: “Porque Deus não nos deu o
espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação (2 Timóteo
1:7)”.19 Camilla E. Kimball falou primeiro, seguida por seu marido, o
presidente da Igreja, Spencer W. Kimball, em seguida, Elaine Cannon.20
Quatro moças falaram depois da irmã Elaine: Julie Fullmer, Becky Goates,
Becky Smith e Kirsten Brady. Marvin J. Ashton, do Quórum dos Doze
Apóstolos, proferiu algumas palavras que encerraram a reunião.21

COMO PRESIDÊNCIA DAS MOÇAS, queremos que saibam que temos o


compromisso de apoiar o presidente Kimball e as autoridades gerais e de
ajudar o Senhor Jesus Cristo em Sua grande missão, que é “levar a efeito a
imortalidade e vida eterna do homem”.22 E nossa atenção especial é com as
moças com idade entre 12 e 18 anos. É um privilégio servir a esta geração
nobre de moças.23
Agora, em Utah, de onde esse programa está sendo transmitido, estamos
entrando na estação das flores. É o tempo de despertar. Os botões estão mais
espessos nos galhos. As primeiras flores já estão alegrando a Praça do
Templo. É primavera! Enquanto na Austrália e Nova Zelândia — a parte do
mundo onde muitas de vocês estão ouvindo neste exato momento —, as
estações são completamente invertidas. É quase o tempo da colheita.
É assim também conosco nesta congregação. Há mais de um quarto de
milhão de moças — meninas que estão na primavera da vida. Há também
mais de 35 mil presidências adultas — guardiãs das moças que estão, como
algumas de nós, chegando ao limite do verão de nossa vida.
Em algum momento entre nossas estações do tempo da primavera e da
colheita, o cultivo, a poda e o enriquecimento de nossa vida deve acontecer
antes que ocorra o milagre da colheita. Oramos por todas nós para que um dia
os frutos de nossa vida sejam aceitáveis perante Deus.
Para aquelas que estão no tempo de despertar, na primavera da vida,
esse hino especial que o coro cantou para abrir essa reunião foi dedicado a
vocês. Era como se cada uma de vocês pudessem estar dizendo:
Quem sou eu?
Qual é meu propósito especial?
Sigo as asas do pássaro (…) e meu desejo é voar.
Ouço o estrondo do oceano. Há poder!
Mas, o que é que sou?
Vejo os lírios florescendo onde as tempestades de inverno varreram o
campo.
Sinto o sol, pelo seu brilho vejo tudo o que Deus criou.
Eu, também, sou uma criação de Deus e Ele me reconhece como Sua.
Com ternura, eu O conheço em meu coração.
Quem sou eu? [Qual é meu propósito especial?]
Sou filha de Deus.24

Assim são vocês — filhas de Deus, membros da família Dele. Ser


membro de uma família, geralmente, significa que você faz o que a família
faz, mantém os padrões da família, vive como a familiar vive, fala como a
família fala. Você ama segundo a maneira da família. Seus atos de bondade
são feitos em nome da família. Agora, enquanto todos os seus sonhos ainda
não se tornaram realidade e as dores do crescimento são muitas vezes cruéis,
acho que realmente ajuda lembrar que o chefe dessa família celestial é um
Patriarca que, com Seu grande cuidado, Sua grande qualidade, Sua infinita
sabedoria e esplêndida capacidade, ama-as — ama-as de qualquer forma.
Enquanto vocês estão longe do Pai Celestial, vagando aqui na Terra, vivendo
e aprendendo, Ele está observando vocês. Ele está aguardando. Ele quer que
vocês voltem para casa novamente. Ele quer que vocês consigam.
Sem dúvida vocês já tiveram alguns momentos em que sentiram um tipo
de saudade, uma solidão mesmo que rodeadas por pessoas. Vocês sentiram
um tipo de saudades de seu lar eterno, como algumas pessoas falaram sobre
isso. Vocês têm uma vaga lembrança de que realmente possuem um vínculo
especial com o Pai Celestial. Acho que esse conhecimento deveria fazer a
diferença em como vocês se sentem em relação a si mesmas. Deve fazer a
diferença em como vocês são e nas coisas e escolhas que fazem. Cremos que
cada uma de vocês deve desenvolver um relacionamento prazeroso e de
salvação com o Senhor, porque, quando tiverem isso, tudo o mais começará a
se encaixar — coisas como pureza pessoal, investidura do templo, honrar pai
e mãe e aprender tudo o que puder sobre o plano de vida e os princípios para
vivê-lo. Vejam bem, não importa, realmente não importa se vocês são magras
ou estão acima do peso ou se são altas ou baixas. O que mais importa é o seu
interior, nada mais. Desenvolvam-se com uma nova confiança, um novo
propósito, e comecem a contribuir para com outros filhos do Pai Celestial.
Lembrem-se de que Ele está aguardando para ajudar.
Na Bíblia aprendemos que: “O mesmo Espírito testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus”.25 Portanto, espiritualmente vocês
originam de Deus. Esse é o conhecimento mais importante para se obter. O
segundo conhecimento mais importante, talvez, é o propósito de seu corpo
físico.
Fisicamente, vocês são descendentes do patriarca Abraão e possuem o
direito a todas as bênçãos que Deus prometeu à posteridade de Abraão.26
Acho que é bom lembrar que vocês também estão em dívida com todos os
seus antepassados recentes que foram antes de vocês e colocaram alicerces
para que pudessem construir sobre eles.
O poeta Walt Whitman diz algo que gostaria que vocês pensassem em
termos de seus próprios pais, sua família e o lugar que vocês chamam de lar.
Ele diz:

Havia um menino que saía todos os dias;


E o primeiro objeto que via, nesse objeto se tornava;
E esse objeto se tornava parte dele por aquele dia, ou parte do dia, ou
por muitos anos, ou longos ciclos de anos.

Os primeiros lilases se tornaram parte dessa criança. (…)


As próprias ruas, as fachadas das casas e os objetos nas janelas. (…)
A beira do horizonte, a ave sobre o mar, a fragrância do pântano salgado
e a lama da praia,
Tudo se tornou parte dele.
[linhas fora de sequência]

Seus próprios pais,


Ele que era seu pai e ela que o tinha concebido em seu ventre e lhe deu a
vida,
Eles deram a esse filho mais de si mesmos do que aquilo;
Deram-lhe depois todos os dias — tornaram-se parte dele. (…)
Os costumes da família, o idioma, a companhia, os móveis — o coração
saudoso e dilatado,
A afeição que não vai ser negada — a noção do que é real. (…)
Tudo se tornou parte dessa criança que saía todos os dias e que agora sai
e sempre sairá todos os dias.27

Irmãs, pedindo desculpas por editar um pouco o sr. Whitman, por falta
de tempo, gostaria de sugerir que o que foi escrito tão bem por ele em poesia
é verdadeiro na vida. Tudo o que vocês aprendem, veem e escolhem fazer,
tudo o que o lar, os amigos, a Igreja e a escola são para vocês, vocês são!
Vocês estão se tornando rapidamente o que vocês vão ser.
Mas vocês têm uma vantagem extraordinária sobre as outras pessoas do
mundo — vocês podem ter uma bênção patriarcal.28 Apenas uma fração da
população da Terra é tão privilegiada. Uma irmã que é totalmente digna e
ativa em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem direito a
ter a imposição de mãos sobre sua cabeça por um patriarca ordenado e por
meio do poder do sacerdócio de Deus receber uma bênção muito pessoal do
Pai Celestial. Essa é uma maneira de aprender mais sobre si mesmas e o que
vocês podem fazer com sua vida. Acho que é a dádiva especial de Deus para
nós.
Estudar sua bênção patriarcal com frequência, principalmente em
momentos de decisão, provação ou depressão, vai rapidamente lembrá-las e
lhes dar a visão de quem vocês realmente são e qual é seu relacionamento
com Deus, e especialmente qual é a vontade Dele para vocês. Isso pode
consolá-las quando sentirem que não são amadas, que são indignas e
inadequadas ou esquecidas. Pode levá-las em direção de seu próprio
propósito especial na vida.
Vou falar um pouco de mim por um momento e lhes dizer que recebi
minha bênção patriarcal quando tinha a idade de muitas de vocês, moças. Era
o final da primavera. A estação estava no auge, e eu queria estar também.
Então, me preparei para receber o que o Pai Celestial teria para me dizer
pessoalmente. Houve alguns arrependimentos, alguns jejuns e orações e
conversas profundas sobre o significado de tudo isso com meus pais e um
namorado muito especial. Lembro-me bem da noite antes de meu
compromisso com o patriarca Jones, lá no Capitol Hill atrás do
Tabernáculo.29 Senti uma grande necessidade de me reunir com o Pai
Celestial. Saí de casa pela porta de tela e fiquei ali por um tempo ouvindo os
anos de minha infância passarem ao som da canção noturna dos grilos. Senti-
me muito adulta naquele momento. Então, de repente, senti mais uma vez a
influência das estrelas. Um pouco tímida no início, estiquei-me de costas
sobre a grama, como havia feito muitas vezes quando criança. (Vocês sabem
o que quero dizer.) Então, mais uma vez, respirei fundo e virei meu rosto para
o céu. Estudei o céu, encontrei as constelações que me eram familiares e me
orientei pela Estrela Polar. E, então, me veio à mente a experiência
intelectualmente esclarecedora, espiritualmente desconfortável de me sentir
erguida ao universo — parecia estar quase na presença de Deus. Isso fez com
que meu coração batesse forte. Eu sabia que minhas orações tinham
alcançado o lar no céu. O testemunho do Espírito para mim de que Deus vive
e que estava ciente de mim me emocionou às lágrimas. No dia seguinte,
quando fui receber minha bênção, sabia que as bênçãos e as instruções que
seriam dadas a mim por esse maravilhoso patriarca eram pessoais.
Foi uma primavera florida para mim. Foi um tempo de despertar para
mim ao tentar, a partir daí, tomar decisões de acordo com a vontade de Deus
para mim e me empenhar em ter um modo de vida que garanta o
cumprimento de todas as Suas promessas sagradas.
Agora, no tempo da colheita em minha vida, posso dizer que é assim.
Deus vive. Ele nos ama.
A maioria de vocês está na primavera florida da vida — tempo de
despertar —, e vocês têm grande potencial. Vocês podem fazer tudo o que
quiserem com sua única chance na vida se quiserem o bastante.
Falamos sobre sua investidura espiritual — suas raízes espirituais —
hereditariedade, ambiente — todos eles têm partes importantes em você.30
Sua bênção patriarcal é uma dádiva única, sagrada e fortalecedora para você.
Mas ainda há outro fator. É essa qualidade ou essência particular que sempre
foi e sempre será você, e ela determina como você responderá aos desafios da
vida.
Quando estava visitando a Rússia, comprei uma boneca camponesa
esculpida e pintada à mão. Na verdade, são muitas bonecas de tamanhos
diferentes que se encaixam uma dentro da outra. Você nunca suspeitaria do
que há dentro dessa boneca grande apenas olhando para o exterior. Amo essa
boneca. Ela é um lembrete para mim de que há mais em uma pessoa do que é
evidente a princípio. Acho que precisamos pensar sobre isso em termos de
nós mesmas. E seria bom se nos lembrássemos disso sobre outras pessoas
também.
Vocês têm grande potencial também garotas, mais do que é evidente a
princípio. Belas como são, há mais coisas em vocês do que é evidente a
princípio. Agora, o que vocês vão fazer a respeito disso?
Um dos ensinamentos básicos do evangelho é que todos são
responsáveis por sua própria salvação. Esse é o principal objetivo da vida na
Terra. Vocês podem ser ensinadas, podem receber oração, podem ser
evangelizadas, podem receber investidura, mas não podem ser forçadas a
entrar na presença do Pai Celestial. Vocês conquistam esse privilégio
aprendendo e fazendo o que puderem com os dons que receberam na vida.
O Pai Celestial ama vocês, mas o verdadeiro amor não força. Ele não as
forçará a fazer Sua vontade. Ele não as forçará nem mesmo a aceitar Suas
bênçãos. Ele não lhes negará o que escolherem. Uma vez que são
pessoalmente responsáveis por suas próprias ações e escolhas, quando vocês
vão começar a aceitar a preciosa e poderosa responsabilidade por si mesmas?
Quando, irmãzinhas, vocês que são filhas de Deus? Quando?
Enquanto falo a vocês agora, tenho certeza de que, no fundo de seu
coração, vocês sentem tudo isso. Vocês sabem que pertencem a Ele. Vocês
sabem que o Pai Celestial as ama. Esses sentimentos profundos que estão
experimentando neste exato momento são provenientes Dele. Como diz a
canção: “Com ternura [vocês] O conhecem em [seu] coração” e “Ele [as]
reconhece como Suas”.31
Então, voltem-se a Ele. Queiram que o Senhor faça parte de sua vida.
Amem ao Senhor o suficiente para guardar Seus mandamentos e tudo ficará
bem com vocês.
Espero que escrevam seus sentimentos em seu diário. Espero que
registrem o que estão aprendendo nesta reunião.
E agora, uma última escritura para refletirem:
“Porém, [bendita aquela] que confia no Senhor, e cuja confiança é o
Senhor.
Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas
raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, e a sua folha fica
verde, e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto”.32
Minhas irmãs, quer estejamos em Utah ou na Austrália, ou em algum
outro lugar, quer estejamos no tempo da juventude e primavera ou no tempo
da colheita em nossa vida, se colocarmos nossa confiança no Senhor e nossas
raízes em Seu evangelho, tudo ficará bem conosco. Quando o calor das
tentações ou pressões entrar em nossa vida, não vamos enfraquecer nem nos
tornaremos improdutivas.
Como presidência das Moças, amamos vocês. E amamos ao Senhor.
Amamos a oportunidade que o presidente Kimball e as autoridades gerais nos
deram de servir a vocês. Oramos por vocês de joelhos. Deixamos essas
palavras e nosso amor com vocês, em nome de Jesus Cristo. Amém.
Elaine A. Cannon, “Season of Awakening” [Tempo de despertar], New Era 11, nº 6, julho de 1981, pp.
9–12.

_________________________
^1. Holly C. Metcalf, Love’s Banner: Memories of the Life of Elaine Cannon [Estandarte do Amor:
Memórias da Vida de Elaine Cannon], Kenmore, WA: Lamb and Lion, 2011, p. 21. Holly é a filha
caçula de Elaine Cannon (Janet Peterson, “Love’s Banner: Memories of the Life of Elaine Cannon”
[Estandarte do Amor: Memórias da Vida de Elaine Cannon], Meridian Magazine, 14 de junho de
2012, acessado em 22 de dezembro de 2015, LDSmag.com).
^2. Metcalf, Love’s Banner, pp. 37–38.
^3. “A Wonderful Adventure: Elaine Cannon” [Uma aventura maravilhosa: Elaine Cannon], New Era
13, nº 3, abril de 1983, p. 6.
^4. Arlene B. Darger, entrevista por Marsha G. Richards, 3 de novembro de 2003, [2], Biblioteca de
História da Igreja; Metcalf, Love’s Banner [Estandarte do Amor], p. 138. Para saber mais sobre o
comitê de correlação da juventude e o comitê de planejamento e elaboração curricular, ver o
capítulo 41 aqui.
^5. Elaine A. Cannon, entrevista por Gordon Irving, 1979–1990, prefácio, James Moyle Oral History
Program [Programa da história contada de James Moyle], CHL.
^6. Cannon, entrevista, p. 104.
^7. Cannon, entrevista, p. 104.
^8. Cannon, entrevista, p. 105.
^9. Cannon, entrevista, prefácio, pp. 103–105.
^10. Cannon, entrevista, pp. 100–104. Publicada pela primeira vez em janeiro de 1971, a New Era é a
revista oficial da Igreja na língua inglesa para os jovens com idade de 12 a 18 anos, assim como
para seus pais, professores e líderes da Igreja (Jay M. Todd, “The New Era” [A Nova Era], New Era
1, nº 1, janeiro de 1971, p. 3).
^11. Cannon, entrevista, prefácio. Ardeth G. Kapp e outras pessoas também apoiaram essa ideia na
época (Ardeth G. Kapp, entrevista por Gordon Irving, 1978–1979, pp. 49–51, James Moyle Oral
History Program, CHL).
^12. Cannon, entrevista, pp. 111–112.
^13. Antes de 1980, as reuniões da Sociedade de Socorro, da Primária, dos Rapazes e das Moças
ocorriam durante a semana. Os membros frequentavam a Escola Dominical e as reuniões do
sacerdócio no domingo de manhã, depois voltavam à tarde para a reunião sacramental. O horário
consolidado de reuniões dominicais significava que os membros iriam frequentar todas as reuniões
durante um período de três horas no domingo Os rapazes e as moças continuariam a ter uma
atividade noturna todas as semanas (“Church Consolidates Meeting Schedules” [A Igreja consolida
os horários das reuniões], Ensign, março de 1980, p. 73).
^14. Ver Mary Jane Woodger, “Elaine Anderson Cannon, Young Women General President:
Innovations, Inspiration, and Implementations” [Elaine Anderson Cannon, presidente geral das
Moças: Inovações, inspiração e implementações], Journal of Mormon History 40, nº 4, outono de
2014, pp. 192–197; ver também Elaine Anderson Cannon, diário, 1º de setembro de 1979, Elaine A.
Cannon Papers, BYU.
^15. Cannon, entrevista, p. 182.
^16. Metcalf, Love’s Banner [Estandarte do Amor], p. 195.
^17. Cannon, entrevista, prefácio.
^18. Marvin J. Ashton, “Yellow Ribbons and Charted Courses” [Fitas amarelas e cursos traçados], New
Era 11, nº 6, julho de 1981, p. 14.
^19. Spencer W. Kimball, “In Love and Power and without Fear” [Em amor e poder e sem temer], New
Era 11, nº 6, julho de 1981, p. 8.
^20. Spencer W. Kimball foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos em 1943 e depois serviu
como décimo segundo presidente da Igreja de 1973 a 1985. Camilla E. Kimball ensinou em várias
ocasiões ao longo de sua vida (Carol Cornwall Madsen, “In Memoriam: Camilla Eyring Kimball”
[Em memória: Camilla Eyring Kimball], Sunstone 11, nº 4, julho de 1987, p. 48).
^21. “Young Women Fireside” [Serão das Moças], New Era 11, nº 6, julho de 1981, pp. 6–17. Marvin
J. Ashton serviu como membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1971 a 1994.
^22. Citação no original: “Moisés 1:39”. Arlene B. Darger e Norma B. Smith eram conselheiras de
Elaine (Official Report of the One Hundred Fiftieth Semiannual General Conference of the Church
of Jesus Christ of Latter-day Saints [Registro Oficial da Centésima Quinquagésima Conferência
Semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 4 e 5 de outubro de 1980, Salt
Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1981, p. 26).
^23. Na sessão do sacerdócio da Conferência Geral de Abril de 1976, Spencer W. Kimball falou sobre a
atual geração de jovens como sendo uma “geração real” (Spencer W. Kimball, “Os rapazes
precisam de heróis junto de si”, A Liahona, agosto de 1976, p. 39; ver também Victor L. Brown,
“Segui o profeta vivo”, A Liahona, outubro de 1977, p. 37).
^24. Citação no original: “Elaine A. Cannon e Margaret Cornwall Richards, ‘Despertar’”. A revista
New Era publicou esse hino no ano seguinte (Elaine Cannon e Margaret Cornwall Richards,
“Awakening” [Despertar], New Era 12, nº 2, março de 1982, pp. 28–29).
^25. Citação no original: “Romanos 8:16”.
^26. Gênesis 12:1–3.
^27. Citação no original: “‘There Was a Child Went Forth’ [Havia um menino que saía], em Bruce B.
Clark e Robert K. Thomas, Out of the Best Books [Dos Melhores Livros], Deseret Book Co., 1966,
vol. 2, p. 363”. O poeta americano Walt Whitman incluiu esse poema em sua coleção Folhas de
Relva, Brooklyn, Nova York: impresso pelo autor, 1855, pp. 90–91. A Sociedade de Socorro
encarregou Clark e Thomas de produzir Dos Melhores Livros como um texto para as aulas de
literatura da Sociedade de Socorro (Marian W. Jensen e Alice W. Anderson, “Alice Ludlow
Wilkinson”, em Women of Commitment: Elect Ladies of Brigham Young University [Mulheres de
Compromisso: Senhoras Eleitas da Universidade Brigham Young], ed. por Marian Wilkinson
Jensen, Bountiful, UT: Horizon Publishers, 1997, p. 22).
^28. Ver Capítulo 41, nota 17, aqui.
^29. Ao sul de Ensign Peak e ao norte do centro de Salt Lake City, o bairro Capitol Hill fica na descida
do edifício do capitólio do Estado, com seus jardins formais e suas cerejeiras. Os bondes subiam e
desciam a colina e um desfiladeiro ao redor de um lado do bairro (“A Wonderful Adventure” [Uma
Aventura Maravilhosa], pp. 9–10; Metcalf, Love’s Banner, pp. 22–23).
^30. Desse mesmo serão, ver Camilla E. Kimball, “We Are His Children” [Somos suas filhas], New
Era 11, nº 6, julho de 1981, p. 7.
^31. Cannon e Richards, “Awakening” [Despertar], pp. 28–29.
^32. Citação no original: “Jeremias 17:7–8”.
—————————— 43 ——————————

Uma teologia SUD do sofrimento

Francine R. Bennion
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Harris Fine Arts Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
28 de março de 1986

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia do registro da conferência das mulheres
da BYU).
Francine R. Bennion. 1995. Francine serviu na junta geral da
organização das Moças e da Sociedade de Socorro na década de
1970 e 1980. Fotografia de Busath Photography. (Cortesia de
Francine Bennion.)

O que me apaixona”, disse Francine Russell Bennion (nascida em 1935), “é


a existência humana e os relacionamentos entre as pessoas e Deus e o que
funciona e o que não funciona”.1 Em uma entrevista, Francine explicou que,
quando dava uma aula da Sociedade de Socorro ou Doutrina do Evangelho,
ela nunca quis ignorar a realidade e falar somente de ideais. Em vez disso, ela
tentava apresentar perspectivas novas, úteis e realistas que elevariam e
melhorariam os relacionamentos humanos.2
Nascida de pais membros da Igreja em Lethbridge, Alberta, Canadá,
Francine Bennion é pianista de formação clássica e estudou na Escola de
Belas Artes de Banff e recebeu diplomas da Royal Schools of Music,
Inglaterra, e da Western Board of Music. Ela obteve um diploma de
bacharelado em francês da Universidade Brigham Young (BYU) e o
mestrado em inglês da Universidade Estadual de Ohio, onde seu marido,
Robert C. Bennion, obteve o título de doutor em psicologia clínica ao mesmo
tempo.3 Juntos criaram cinco filhos. Francine deu aulas de leitura, redação e
lógica no estado de Ohio entre 1957 e 1961. Entre 1961 e 1997, ela deu aulas
de inglês, piano, Livro de Mórmon e história da civilização na BYU.4 Ao
longo de sua carreira e seu serviço na Igreja, ela expressou sua devoção à
lógica, às palavras e às ideias.
Durante a década de 1970, Francine serviu em comitês informais tanto
em âmbito geral da Igreja como na BYU. Um desses comitês foi fundamental
para formar o Instituto de Pesquisa das Mulheres na BYU.5 Ela também
trabalhou no comitê de desenvolvimento de instruções da Igreja, escrevendo
currículos para a Sociedade de Socorro e para os programas da organização
das Moças.6 Serviu na junta geral das Moças sob a liderança da presidente
Ruth Hardy Funk de 1976 a 1978.7 Quando Barbara B. Smith foi presidente
geral da Sociedade de Socorro, Francine e Aileen H. Clyde foram convidadas
a desenvolver um seminário sobre depressão, uma vez que muitos membros
da Igreja estavam relatando ao bispo sua luta com a depressão. De 1980 a
1982 Francine e Aileen testaram e dirigiram o seminário em vários
ambientes, inclusive um curso da Escola Dominical de 12 semanas em duas
alas, grupos selecionados da Sociedade de Socorro e algumas reuniões
durante todo o dia do sábado.8 Em 1983, Barbara Smith pediu a Francine
Bennion que fizesse parte da junta geral da Sociedade de Socorro, na qual ela
serviu até a desobrigação da irmã Smith em 1984.9
A irmã Francine pensou por um longo tempo sobre as suposições que
estão na base das opiniões e no comportamento humano. “A experiência
humana é um revelador interminável de suposições subjacentes. (…) Ser
verdadeiro significa tentar entender o que é verdadeiramente bom e
verdadeiro — e o que é condizente com um Deus que é amor e alegria”,
expressou ela.10 Em resposta a um pedido do comitê de conferência das
mulheres da BYU para que ela se concentrasse sobre o tema do sofrimento,
Francine deu o seguinte discurso destinado a abordar “assuntos vitais da vida
de todos os atenciosos membros da Igreja”.11

NÃO É MEU PROPÓSITO aqui dar uma definição cuidadosa do termo


sofrimento ou distinguir entre vários tipos de sofrimento. Para fins deste
debate, sofrimento é algo que dói terrivelmente de algum modo.
Nem é meu propósito responder a todas as perguntas sobre sofrimento,
ou mesmo sugerir que todos temos as mesmas perguntas. Temos nossos
próprios desafios e a busca pela paz deve ser nossa. Minha intenção é falar
sobre as fontes que muitos de nós usam para adquirir conhecimento e consolo
em momentos de angústia.
Minha amiga Sheila Brown saiu de uma cirurgia do cérebro com um
lado do corpo paralisado e com a fala e visão gravemente prejudicadas.
Enquanto trabalhávamos um dia alongando e relaxando seus músculos,
Sheila me perguntou sobre o que eu ia falar na conferência das mulheres da
BYU.
“Uma teologia SUD do sofrimento.”
“Oh”, disse ela, procurando palavras e tentando formá-las, “acho que —
você deveria falar sobre a teologia da coragem, da esperança — como olhar
para fora da janela”.
“Acho que é a mesma coisa”, respondi.
Estamos acostumados a falar sobre fragmentos de teologia — um tópico
aqui, uma suposição ou tradição ali, muitas vezes fora de contexto com o
todo. Somos um povo acostumado também a fragmentos das escrituras fora
de contexto — uma frase aqui, um versículo ali, palavras que dizem algo
apropriado para o assunto em questão e soam com clareza e convicção.
Temos que fazê-lo, não temos tempo ou habilidade de dizer tudo ao mesmo
tempo. Às vezes, no entanto, o entendimento fica distorcido e a convicção dá
margem a dúvidas quando uma pessoa coloca alguns fragmentos com outros.
Por exemplo, o que vocês acham do seguinte?

2 Néfi 2:25 “Os homens existem para que tenham alegria.”


Jó 5:7 “O homem nasce para a tribulação, como as faíscas
das brasas se levantam para voar.”
Deuteronômio “Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o
4:29–31 acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de
toda a tua alma. Quando estiveres em angústia, e todas
estas coisas te sobrevierem, então nos últimos dias te
voltarás ao Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz. (…)
[Ele] não te desamparará.”
Salmos 22:1– “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
2 Por que te afastas do meu auxílio e das palavras do meu
bramido? Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves;
de noite, e não tenho sossego.”
Mateus 27:46 “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Abraão 3:18 “Espíritos (…) não tiveram princípio; eles existiam
antes, eles não terão fim, eles existirão depois, pois são
gnolaum, ou seja, eternos.”
2 Néfi 2:14 “Deus (…) criou todas as coisas, tanto os céus
como a Terra e tudo o que neles há, tanto as coisas que
agem como as que recebem a ação.”
Provérbios “Bem-aventurado o homem que acha sabedoria, e o
3:13 homem que adquire entendimento.”
Eclesiastes “Na muita sabedoria há muito desgosto; e o que
1:18 aumenta em conhecimento, aumenta em sofrimento.”

Uma função da teologia é fornecer uma estrutura abrangente que dê


significado aos fragmentos e às aparentes contradições ou paradoxos que eles
sugerem. A teologia fornece uma estrutura que liga a diversidade e a
complexidade de uma forma que fica mais fácil para nós darmos sentido até
mesmo a coisas que não entendemos plenamente.
Se vivermos tempo suficiente, descobriremos pontos de vista diferentes
e fragmentos contrastantes não apenas nas escrituras, mas também na vida.
Por exemplo, Dorothy Bramhall foi ao Havaí em fevereiro para o nascimento
de um neto.12 Ela também foi visitar uma amiga de longa data, não SUD, que
tinha perdido dois filhos em um acidente de trânsito e depois lutou com um
câncer e amputações por muitos anos. Dorothy escreveu:

Tem sido uma semana de emoções variadas. Minha amiga, Jean


Kerr, faleceu na manhã seguinte à minha chegada.13 Parece que estou
destinada a passar parte de meu tempo de praia no Havaí contemplando
a morte de uma boa amiga. A praia, ao menos para mim, como as
montanhas, é um bom lugar para tal reflexão. Novamente, meus
pensamentos foram atraídos para o “porquê” de tudo isso. Para nós, que
pertencemos à Igreja, há pelo menos algumas respostas para essa
pergunta. Mas, ao olhar para minha amiga e imaginar qual era seu
propósito na vida — parece que o sofrimento foi o único propósito. (…)
O sofrimento sem um senso de propósito parece de fato muito amargo.
A mãe dela disse que seu marido orou a noite toda para ela morrer. Uma
pessoa que não acredita ora para alguém ou alguma coisa? Ou é
simplesmente outra maneira de dizer — ele ansiou ou esperou que ela
morresse? Vocês acham que uma oração será ouvida quando todas as
que foram feitas para sua cura não foram ouvidas?
Chega! Meu neto nasceu no sábado às 5 horas da manhã, pesando
3,8 quilos! Não sei onde ela o colocou — de costas você nunca saberia
que ela estava grávida. Ele tem cabelos pretos e espero que talvez este
tenha olhos castanhos. Esse bebê é um milagre. Quando ele nasceu, o
médico lhes mostrou que havia um nó no cordão. O motivo pelo qual o
bebê sobreviveu é que o cordão era excepcionalmente longo e o nó não
ficou muito apertado. Eles estão se sentindo muito abençoados. É
sempre um sentimento de muita humildade olhar para um recém-nascido
— perfeição tão absoluta! Mal posso esperar para segurá-lo.14

Na mesma semana, a filha de outra de minhas amigas deu à luz um filho


prematuro com síndrome de Down, que já fez duas cirurgias de seis que são
necessárias para sua sobrevivência. Em 2 de março, um relatório lançado pelo
Banco Mundial estimou que 730 milhões de pessoas em países pobres, não
incluindo a China, não tinham renda em 1980 para comprar comida suficiente
para lhes dar a energia para uma vida profissional ativa.15
Um dos propósitos de qualquer religião é explicar um mundo como este,
proporcionar uma teologia do amor, da alegria e dos milagres que faça
sentido, mas também do sofrimento, da dificuldade e da falta de milagres. A
boa teologia dá sentido ao que é possível, mas também ao que é atualmente
real e provável. Neste século 20, não basta que a teologia do sofrimento
explique minha experiência, ela também deve explicar a criança deitada na
sarjeta na Índia, a mulher que rasteja pelo deserto etíope para encontrar uma
erva para comer e a luta e o sofrimento de muitos seres humanos por causa do
orgulho, da ganância ou do medo em uns poucos poderosos.16 A teologia
satisfatória deve explicar a criança vítima de abuso sexual ou traumatizada
pelo resto da vida, ou o astronauta que é morto e deixa uma família sem mãe
ou pai.17 A boa teologia do sofrimento explica todo o sofrimento humano,
não apenas o sofrimento daqueles que acham que conhecem a palavra de
Deus e que são Seu povo escolhido.
Não basta a teologia ser ou racional ou passível de promover a fé. Ela
deve ser ambas. Não basta a teologia satisfatória ser dominada por alguns
estudiosos especialistas, professores e líderes. Deve ser entendida
confortavelmente por pessoas comuns. Não basta a teologia me ajudar a
entender a Deus. Ela também deve me ajudar a entender a mim mesma e o
meu mundo.
A teologia não impede todas as dores e angústias. Nenhum
conhecimento de teologia pode remover toda dor, fraqueza ou náusea de
todos os cânceres terminais. Tampouco pode encher um estômago vazio. O
que a teologia completa pode fazer é ajudar aqueles que acreditam em ter
alguma noção do sofrimento, de si mesmos e de Deus, de tal modo que
podem prosseguir com certa esperança, coragem, compaixão e compreensão
de si mesmos, inclusive em angústia.
Não existe uma única teologia do sofrimento em nossa Igreja, uma
estrutura uniforme em todos os aspectos na mente de todos os líderes e todos
os outros membros. Embora tenhamos a mesma escritura, a mesma revelação,
os profetas e a crença de que Deus e Cristo são reais, temos várias estruturas
para colocá-las juntas e para ver o sofrimento, ou nosso próprio ou o de outra
pessoa. Uma pessoa acha que Deus envia sofrimento para nos ensinar ou para
nos testar. Outra pessoa acha que Deus ou Satanás podem afetar somente
nossa reação ao sofrimento e alguns acham que é Satanás que está causando o
sofrimento. Outros acham que não deveria haver nenhum sofrimento se
formos justos e certamente se não houver interpretação errada sobre por que
isso está acontecendo. Essas são apenas algumas das variedades da crença
SUD sobre a origem do sofrimento e, por mais contraditórias que sejam, cada
uma pode ser apoiada por fragmentos de escritura.18
Não usamos princípios ou padrões idênticos para unir fragmentos de
escrituras e a vida. Neste século 20, com a história do mundo diante de nós,
cada um de nós buscou ideias e padrões de várias fontes para formar nossas
teologias pessoais do sofrimento. A complexidade e o poder dessas fontes são
evidentes na história de Jefté.
De acordo com o livro de Juízes, capítulo 11, Jefté foi convidado a
liderar Israel contra os invasores amonitas.

E Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se (…) o Senhor mos der


diante de mim, então eu vos serei por cabeça?
E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O Senhor será testemunha
entre nós, e assim o faremos conforme a tua palavra.
Assim, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por
cabeça e chefe sobre si. (…)
Então o Espírito do Senhor veio sobre Jefté. (…)
E Jefté fez um voto ao Senhor, e disse: Se totalmente deres os
filhos de Amom na minha mão,
Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair ao encontro,
voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do Senhor, e o
oferecerei em holocausto.
Assim, Jefté passou aos filhos de Amom, para combater contra
eles; e o Senhor os deu na sua mão.
E os feriu com grande mortandade (…). Assim foram subjugados
os filhos de Amom diante dos filhos de Israel.
Voltando, pois, Jefté a Mizpá, à sua casa, eis que a sua filha lhe
saiu ao encontro com tamborins e com danças; e era ela filha única; não
tinha outro filho nem filha.
E aconteceu que, quando a viu, rasgou as suas próprias vestes, e
disse: Ah! filha minha, muito me abateste, e estás entre os que me
turbam! Porque eu abri a minha boca ao Senhor, e não tornarei atrás.
E ela lhe disse: Pai meu, abriste tu a tua boca ao Senhor, faze de
mim como saiu da tua boca, pois o Senhor te vingou dos teus inimigos,
os filhos de Amom.
Disse mais a seu pai: Faze-me isto: Deixa-me por dois meses que
vá, e desça pelos montes, e chore a minha virgindade, eu e as minhas
companheiras.
E disse ele: Vai. E deixou-a ir por dois meses; então foi-se ela com
as suas companheiras, e chorou a sua virgindade pelos montes.
E sucedeu que, ao fim de dois meses, retornou ela para seu pai, o
qual cumpriu nela o seu voto que tinha feito.19

Como a história é contada, Jefté faz um sacrifício porque ele acredita


que está certo. No centro da teologia dele e de sua filha, estão estes
princípios: Deus controla acontecimentos humanos e determina a vitória ou a
derrota na batalha. É possível negociar com Deus. Deus concede vitória a
Israel devido ao voto abrangente de Jefté, sua disposição de dar a Deus
qualquer coisa que possuísse. A lei de Deus exige que o voto seja mantido.
De acordo com nosso registro no livro de Números: “Quando um homem
fizer voto ao Senhor, ou jurar juramento, ligando a sua alma com obrigação,
não violará a sua palavra; segundo tudo o que saiu da sua boca, fará”.20
Uma função do ser humano é obedecer à lei. Se Deus quisesse que a
filha obediente fosse salva, ele poderia tê-la impedido de dançar em um
momento tão inoportuno.
Todos nós não lemos as mesmas coisas na história de Jefté ou no
sacrifício.21 Mesmo em uma história tão curta, o contexto do sofrimento é
complexo e hoje provoca questões como estas: Quem é, na verdade,
responsável pelo sofrimento nessa história? Jefté? Deus? Os líderes religiosos
que ensinaram a teologia que contribuiu para a realização e o cumprimento
do voto? As pessoas que desenvolveram um sistema social em que uma filha
é propriedade de seu pai? E a mulher de Jefté que nem sequer foi
mencionada? E o pai e a mãe prostituta de Jefté, e os meios-irmãos que
jogaram Jefté fora de casa muito cedo em sua vida e talvez contribuíram para
seu grande desejo de poder que a vitória traria?22 E quanto a Jacó, que criou
um precedente ao negociar com Deus?23 Ou Moisés, que, sem levar em conta
as circunstâncias, parecia ensinar que cumprir um voto era mais importante
do que a compaixão “egoísta”?
Essa lista não esgota, é claro, as perguntas que vão além das razões pelas
quais Jefté fez o voto, por exemplo, a obediência é sempre uma virtude? A
principal diferença entre Deus e Satanás é só uma questão de quem está no
comando, exigindo obediência?
Os costumes podem fazer com que toda a questão do voto de Jefté
pareça simples, e temos a tendência de gostar da simplicidade e clareza
mesmo que isso signifique ignorar algumas coisas. Existe poder na
simplicidade. Alguns mil e poucos anos depois da época dos juízes, o
apóstolo Paulo elogiou Jefté por sua fé sem condená-lo por ambição ou
imprudência.24
Hoje, muitas pessoas que realmente pensam que Jefté foi imprudente, no
entanto “simplesmente” fizeram sua própria versão de Deus: um Deus que
controla todos os acontecimentos humanos; um Deus com quem pode e deve
se negociar; um Deus que considera a obediência inquestionável como o bem
supremo — não apenas o meio para o bem, mas o bem em si; um Deus que
causa sofrimento no inocente e também autoriza a teologia que o promove.
Muitos que acreditam em tal Deus ignoram ou estão confusos com a
inconsistência com as outras escrituras que falam do arbítrio valorizado por
Deus acima da obediência,25 do amor acima da tradição,26 e o coração
humano acima do ritual de sacrifício.27
O que você pensa sobre Jefté, seu voto e seu Deus? Sua resposta vai
depender em parte de sua própria versão da teologia.
Será que realmente importa o que pensamos? Não podemos ser apenas
bondosos e pacientes sem nos preocupar com vários pontos da teologia?
Sim, importa. Para começar, nossas suposições afetam o quanto
bondosos e pacientes estamos propensos a nos tornar. O que Jefté acreditava
foi essencial para o que ele fez com relação ao sofrimento e o que
acreditamos é essencial para o que fazemos com relação a isso. Por exemplo,
se acreditarmos que causar sofrimento vai levar adiante a glória ou a obra de
Deus, talvez causaremos sofrimento, como os irlandeses, os libaneses e
iranianos estão fazendo atualmente, ou como um pai fez punindo seu jovem
filho colocando suas mãos sob água escaldante, o que quase as destruiu, ou
como um marido está fazendo ao dizer a sua esposa que ela não pode fazer
nada a não ser que ele diga a ela que pode.28
Se acreditarmos que Deus quer sofrimento, não podemos tomar medidas
responsáveis para aliviá-lo ou impedi-lo. Há 35 anos, uma de minhas
professoras não quis buscar auxílio médico para um nódulo na sua coxa
porque “Deus tinha dado aquilo a ela”. Certo domingo na Sociedade de
Socorro, no ano passado, uma das irmãs nos disse que não deveríamos nos
preocupar com os acontecimentos no jornal, porque de qualquer forma Deus
está planejando a destruição antes do Milênio e que devemos nos preocupar
apenas com nossa retidão e a de nossos filhos e, então, tudo ficará bem. Há
alguns anos, a confusão de uma jovem sobre Deus e o sofrimento foi
fundamental para sua angústia e paralisia diante da constante violência
sofrida: “Não sei o que é que Deus está tentando me ensinar com o
temperamento de meu marido”.
Muitas pessoas que acreditam que Deus está causando o sofrimento não
vão, ou sentem que não podem, pedir ajuda ou consolo a Ele no exato
momento em que mais precisam.
Outro motivo pelo qual nossa teologia do sofrimento é importante é que
podemos viver confortavelmente com uma estrutura que possui incoerências
e contradições inerentes, contanto que o sofrimento seja de outra pessoa ou
desde que nosso próprio sofrimento não seja muito grande. Mas as
incoerências e contradições se tornam muito importantes quando a angústia é
nossa ou quando sentimos a dor de pessoas com as quais nos importamos. Os
amigos de Jó disseram a ele:
Eis que ensinaste a muitos, e fortaleceste as mãos fracas.
As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos
desfalecentes fortificaste.
Mas agora que se trata de ti, te enfadas, e tocando-te a ti, te
perturbas.29

Se, como Jó, descobrirmos que o consolo que oferecemos a outras


pessoas não é suficiente para nossa própria experiência, então o sofrimento
em si, por maior que seja, não é o único problema. O problema, também, é
que o universo e nossa capacidade de entendê-lo deixaram de existir e não
temos mais esperança ou confiança em nós mesmos ou em Deus.
A teologia pode se tornar um problema ainda maior do que a angústia do
próprio sofrimento. Se acreditarmos que sofrimento não deveria existir, mas
existe; ou o sofrimento é a maneira de Deus de testar e ensinar, mas o que um
bebê em prantos pode estar provando ou aprendendo; ou a oração deveria
resolver o problema, mas não resolve — então não é apenas o sofrimento que
nos incomoda, mas também as grandes inconsistências em um universo que
deveria fazer sentido, mas não faz. Já vi a dor de pessoas nessa situação, a
dor de pessoas lidando com suas suposições de longa data quando as dúvidas
antigas são questionadas novamente, apesar de terem pensado que elas já
haviam sido respondidas: Por que isso está acontecendo? Posso suportar isso?
O que posso fazer? O que é que sou? Deus é real, ou poderoso, ou bom? Qual
é o propósito vida? O que Ele quer que façamos com ela?
Importante para o conflito de alguém com essas perguntas são as
implicações dos elementos no cerne da própria teologia — por exemplo, a
crença dos membros da Igreja de que podemos nos tornar mais semelhantes a
Deus, nosso Pai Eterno, não apenas obedecer a Ele, ou imitá-Lo ou seguir
Seu Filho, embora essas as coisas façam parte do processo, mas, sim, tornar-
nos deuses com a ajuda Dele.
Para muitos cristãos, tal doutrina é escandalosa, radical, profana. Em 17
de fevereiro de 1600, o sacerdote dominicano Bruno de Nola foi queimado na
fogueira como herege. Entre outras coisas, ele havia ensinado que há uma
infinidade de mundos, o universo é eterno, e “de uma criatura mais vil eu me
tornarei um Deus”.30 Hoje, há consenso generalizado de que existe, de fato,
uma infinidade de mundos, e a assim chamada matéria ou energia é eterna
embora flutuante em forma e estado. Mas a ideia de seres humanos se
tornando deuses ainda é considerada pelos cristãos tradicionais como um
pensamento infundado, presunçoso e profano.31
Mesmo entre aqueles que acreditam, a ideia de nosso possível estado
como deuses, às vezes, permanece tão vaga quanto a visão tradicional de
nuvens cor-de-rosa e harpas douradas. Um grupo de alunos avançados da
BYU estava debatendo Voltaire e “o melhor de todos os mundos
possíveis”.32
Disse-lhes: “Digam-me o que vocês consideram ser o melhor de todos
os mundos possíveis”.
“Seria como o reino celestial.”
“E como seria isso?”
“Bem, não haverá problemas como os que temos aqui.”
“Que tipo de problemas?”
“Bem, em primeiro lugar, todos serão felizes. Não haverá nenhum tipo
de maldade. Ninguém será rejeitado, maltratado, ridicularizado ou ignorado.”
“Ah!”, disse eu. “Você está sugerindo que Deus não sofre nenhuma
dessas coisas agora?”
E, então, fez-se silêncio por alguns instantes.
Por desejarem chegar ao reino celestial, esses alunos tinham mais
consciência das utopias tradicionais livres de dificuldades do que de nosso
próprio Deus e de nosso próprio mundo. O reino celestial era um lugar para
se afastar do sofrimento, não um lugar para entendê-lo e enfrentá-lo de uma
forma consistente com alegria, amor e arbítrio.
Não são apenas os pontos declarados de doutrina, como a possível
divindade ou o reino celestial, que importam, mas também o significado e o
contexto mais amplo que uma pessoa dá a eles. O contexto mais amplo dá
sentido aos fragmentos. Ainda não ouvi ninguém dentro ou fora de nossa
Igreja perguntar por que Deus fez com que sete pessoas caíssem em pedaços
até o fundo do mar, quando o ônibus espacial Challenger explodiu. Estamos
acostumados a um contexto metódico para viagens espaciais, e olhamos
dentro desse contexto para buscar explicações sobre o desastre. Uma
comissão começou a examinar as reprises de vídeos, anéis de vedação,
materiais, acabamento, memorandos, organização e tomada de decisões, entre
outras coisas, para identificar e resolver os problemas antes de continuar com
o próximo projeto espacial tripulado. O processo foi complexo, mas até
mesmo as pequenas etapas tinham sido registradas e foi possível fazer um
relatório meticuloso.
Podemos fazer esse tipo de relatório para identificar as etapas em muitos
tipos de sofrimento, mas geralmente não temos nem tempo, nem capacidade
de reduzir todas as causas e todos os efeitos em uma única folha de papel que
abordaria cada um deles.33 Mesmo quando conseguimos fazê-lo com bastante
precisão, provavelmente relatamos como o sofrimento surgiu, não por quê.
Há cerca de 20 anos, um homem assistiu à sua mãe morrer tristemente de
câncer e, então, fechando a casa, disse: “Não posso orar a um Deus que
deixaria minha mãezinha sofrer assim”. Ele não queria um relatório
minucioso sobre como o câncer causa dor, ou como ela adquiriu o câncer. Ele
queria saber por que o câncer existe afinal, por que existe a dor, por que Deus
não a impede, por que os inocentes sofrem, por que um pequeno e frágil ser
teria dor tão injusta. Qual propósito poderia justificar tamanha aflição? Que
modelo abrangente da existência poderia dar sentido a isso?
Não temos a mente de Deus. Vemos por espelho, em enigma agora e
iremos ver até encontrá-Lo face a face e “conhecer como somos
conhecidos”.34 Há momentos em que devemos dizer: “Não sei”. Se acharmos
que sabemos tudo, é um sinal claro de que não sabemos. Mas somos capazes
de aprender muito sobre este mundo e de refletir sobre a diferença que as
doutrinas da Igreja podem fazer no modo como reunimos nossa experiência,
nossas escrituras diversificadas, nossas tradições e explicações teológicas
bem apoiadas, mas contraditórias. Quanto melhor entendermos o que está no
cerne da doutrina SUD, melhor podemos distinguir o que não está. Não
precisamos nos cobrir indefesos em uma colcha insana costurada ao acaso a
partir da teologia do Velho Testamento, tal como a de Jefté, com alguns
remendos de pensamentos utópicos e doutrina SUD bordada na parte de
cima. Podemos expandir nosso entendimento dos princípios SUD e usá-los
como núcleo para uma estrutura com a qual os fragmentos contraditórios
façam algum sentido.
É claro que pode parecer mais simples permanecer em terreno
tradicionalmente trilhado, mas Deus — e essa é uma das coisas mais
importantes que acreditamos sobre Ele — convidou-nos a ir mais longe, fazer
com que o sofrimento valesse a pena e enfrentá-lo da melhor maneira
possível. Podemos estar no processo de aprender a fazer isso, quaisquer que
sejam nossas atuais limitações ou circunstâncias. Embora nossa busca pelo
entendimento seja longa ou incompleta, ela pode nos levar à coragem, à paz e
a um entendimento cada vez mais verdadeiro de nós mesmos e de Deus.
As interpretações tradicionais são de que estamos vivos porque Deus
nos colocou aqui ou porque Adão e Eva abandonaram a inocência e o paraíso
livre de problemas por meio da desobediência. Essas interpretações são
expressas nas escrituras. No entanto, os membros da Igreja acreditam que
essas interpretações tradicionais são fragmentadas porque excluem várias
coisas importantes — por exemplo, que existíamos antes sem princípio e que
estamos aqui porque escolhemos vir.35 Estamos aqui não apenas porque Deus
decidiu que seria uma boa ideia e fez com que acontecesse, não apenas
porque Adão e Eva caíram e automaticamente os seguimos, mas porque
escolhemos vir. Por mais que tenha sido essencial o que Deus, Eva ou Adão
fizeram para que isso fosse possível, acreditamos que a decisão de nascer foi
nossa. Os breves relatos de nossa vida antes desta Terra sugerem que
escolhemos como Eva escolheu e defendemos essa escolha em qualquer tipo
de guerra que pudesse ocorrer entre espíritos.36 Nosso nascimento é uma
prova de coragem e fé, não de desamparo, vergonha e desobediência; e, no
entanto, devemos entender os relatos conflitantes sobre ele, os fragmentos
aparentemente contraditórios sobre ele. Se quisermos entendê-los, o melhor a
fazer é ter um bom entendimento das implicações desses breves fragmentos
que temos sobre nossa existência antes do início da vida humana.
Não sabemos se havia várias possibilidades das quais não temos
registro, mas duvido que houve uma terra do nunca onde poderíamos ter sido
crianças felizes sem responsabilidade para sempre.37 Aparentemente, houve
um momento quando tivemos de crescer ou escolher não o fazer. As
escrituras sugerem que houve decisões inevitáveis a serem tomadas de forma
consciente e com responsabilidade por todos os habitantes no conselho pré-
mortal, como no Jardim do Éden. Não poderíamos ser apenas meros
observadores, apenas pensando sobre a decisão, somente imaginando o que
poderia acontecer se a tomássemos, apenas falando sobre o significado disso
tudo. De qualquer maneira, a orientação de Deus para Alma quando ele
observou as mulheres e crianças boas sendo queimadas vivas em Amonia
sugere que não bastava imaginar o que poderia ter acontecido se eles fossem
queimados até a morte, ou o que poderia acontecer com as pessoas que
estavam fazendo aquilo.38 Deus não queria saber apenas o que poderia
acontecer e, aparentemente, tampouco eles no princípio.
De qualquer forma, aprendemos que havia duas alternativas. Lúcifer
propôs uma maneira muito diferente daquela de Deus que teria destruído este
universo em que Deus fala usando o pronome eu e tu, eles e nós, este
universo em que Eloim e Jeová falam de Seus próprios nomes e também
chamam pelo nome Eva, José, Moisés, Maria, Abraão, Helamã, Pedro e
Emma.39 Lúcifer teria para todos nós apenas um nome, uma vontade, uma
identidade: a dele próprio. Não era a obediência e o “sucesso” (pela definição
dele) que ele impediria, em vez disso, era a desobediência e o fracasso que
ele não permitiria. Em seu universo, ninguém sofreria ou ficaria com medo.
Ele permitiria apenas as experiências e a identidade que ele escolhesse para
nós; e, se ficássemos satisfeitos, o sofrimento ou o sucesso seria atribuído
inteiramente a ele mesmo, não a nós. O espantoso é que o universo
pretendido por Lúcifer é exatamente o universo que muitos agora atribuem a
Deus, ou desejam Dele.
Deus ofereceu uma possibilidade extremamente diferente. Com Sua
ajuda, encontraríamos e criaríamos uma realidade como indivíduos em um
universo de leis e arbítrio pessoal e, por fim, escolheríamos quem
gostaríamos de ser, optando por nos tornar mais como Ele próprio, se for
nosso desejo, escolhendo nos tornar deuses se é o que realmente desejamos
para toda a eternidade.40 A lei no universo de Deus é uma questão de
processos ou relacionamentos que são conhecidos e previstos, não
inconstantes ou incoerentes. Essa lei é inerente a todos os assuntos. O arbítrio
em tal universo não é apenas a capacidade de escolha moral, mas, mais
importante, a capacidade de pensamento, ação e invenção reais, com
consequências inerentes para si mesmo e para os outros. Um agente é aquele
cuja identidade não pode ser determinada permanentemente por outras
pessoas ou por acontecimentos e circunstâncias. As implicações dessa
doutrina são importantes para nosso sofrimento, quer vivamos na Inglaterra
ou na África, com ou sem um entendimento atual dos caminhos de Deus.
Escolhemos a vida, por mais alto que fosse o custo. Sofremos porque
estávamos dispostos a pagar o preço de ser e de estar aqui com outras pessoas
em sua ignorância e inexperiência, assim como as nossas próprias. Sofremos
porque estamos dispostos a pagar o preço de viver com as leis da natureza,
que funcionam de forma consistente, quer as entendamos ou não ou
possamos lidar com elas. Sofremos porque, como Cristo no deserto,
aparentemente não dissemos que viríamos somente se Deus transformasse
todas as nossas pedras em pão em época de fome. Estávamos dispostos a
conhecer a fome. Como Cristo no deserto, não pedimos a Deus que nos
deixasse tentar cair ou ser feridos somente sob a condição de Ele nos segurar
antes de tocarmos o chão e nos livrar da verdadeira dor.41 Estávamos
dispostos a conhecer a dor. Como Cristo, não concordamos em vir somente
se Deus fizesse com que todos se curvassem a nós e nos respeitassem ou nos
admirassem ou entendessem. Como Cristo, viemos para ser nós mesmos,
enfrentando e criando a realidade. Estamos descobrindo quem somos e quem
podemos nos tornar independentemente das circunstâncias ou do ambiente
imediatos.
Qual é o propósito disso? Qual é o propósito de conhecer a realidade e
de ser nós mesmos, de sofrer como a amiga de Dorothy, Jean Kerr, sofreu e
como muitas outras pessoas sofrem diariamente? Por que isso importa tanto?
Um dos motivos pelos quais estávamos dispostos a pagar o preço
elevado de continuar a enfrentar a realidade e nos tornar a nós mesmos é que
Deus nos disse que podemos nos tornar mais semelhantes a Ele. Podemos nos
tornar mais amplamente vivos, com maior plenitude da verdade, alegria, e
amor — plenitude impossível para almas incapazes de verdadeiramente
tomar parte de sua criação, almas ignorantes do bem ou do mal, do prazer ou
da dor, almas com medo do desconhecido.
De acordo com meu entendimento das escrituras, não estamos nos
preparando agora para começar na próxima vida a nos tornar mais
semelhantes a Deus. Não estamos simplesmente esperando para começar com
o processo. Estamos no meio do processo aqui e agora. Isso tem muitas
implicações e há tempo aqui para sugerir apenas algumas que são relevantes
para o sofrimento.
Se quisermos nos tornar mais semelhantes a Deus, devemos sentir e
entender a realidade da lei física. Ninguém em nosso mundo ou no universo
de Deus está manipulando massa, energia, movimento, gravidade ou saltos
quânticos para que tenham realidade não mais do que um filme de TV ou
alguma aventura imaginária. Para Deus, essas questões de saltos quânticos,
massa e movimento são reais e para nós eles são reais. Deus opera de acordo
com as leis que estamos vivenciando e tentando aprender aqui. Temos muitas
escrituras indicando que nosso Deus é um Deus de lei e estamos convivendo
com os mesmos tipos de leis que Ele entende.42 As leis são reais para Ele e as
mesmas leis são reais para nós. Se não fossem, teríamos tanto um caos
incompreensível como o tipo de existência que Lúcifer nos ofereceu.
O importante para nossa experiência é a realidade das operações em que
podemos aprender a depender e prever. Onde estaríamos se a gravidade fosse
inconsistente e tentássemos nos sentar? Onde estaríamos se a gravidade
estivesse funcionando para alguns de nós e não para outros? No entanto,
quando uma criança cai de uma janela alta, algumas pessoas desejariam que a
gravidade não estivesse ativa no momento, ou supõem que Deus a está
usando para causar sofrimento, ou O buscam para impedi-lo. O mesmo
acontece com as outras leis de massa e movimento. Queremos dirigir até o
supermercado ou pelo país, mas as mesmas leis de movimento e massa que
nos levam nessas viagens podem resultar em acidentes que desfiguram as
pessoas para sempre ou as deixam inertes na cama por 13 anos, incapazes de
se mover. Vivemos com a lei natural.
Ninguém está manipulando todas as decisões humanas que afetariam
toda a experiência humana. Se Deus fizesse isso, teríamos o tipo de
existência agora que Lúcifer ofereceu permanentemente. Para Deus, o arbítrio
e a existência real de outras almas é de valor primordial, valor que excede
qualquer razão para que Ele controle arbitrariamente tudo o que eles
vivenciam e se tornam. Deus não faz Dele mesmo a única realidade ou a
única fonte da realidade.
“Toda verdade é independente para agir por si mesma na esfera em que
Deus a colocou, como também toda inteligência; caso contrário, não há
existência.”43 Não podemos existir sem o arbítrio e seus resultados. Nem
podemos nos tornar como Deus se pensarmos que os outros devem ser
privados de seu arbítrio para que possamos ser nós mesmos. Não somos
crianças superprotegidas no jardim de infância ou na Disneylândia, não
estamos nos preparando para vivenciar a realidade um dia. Estamos no meio
dela aqui e agora.
Logo depois que aprendi a ler, descobri contos folclóricos e mitos em
uma prateleira inferior na biblioteca pública e devorei tudo o que estava ali.
Os heróis e as heroínas eram bondosos e corajosos, compartilhavam o pão
com as pessoas muito mais feias e muito diferentes deles. Eles podiam
cavalgar pelo vento a leste do sol e a oeste da lua e alcançavam montanhas,
florestas, gigantes e pessoas que podiam torná-los em pedra, e eles
reapareceriam sempre triunfantes e felizes. Eu era uma dessas heroínas e
caminhava para a escola disfarçada de uma garota canadense comum no
início da década de 1940 e me achava bondosa e corajosa. Eu poderia
enfrentar essas coisas e enfrentaria, como as pessoas nessas histórias fizeram.
Não sabia, então, o que era realmente se transformar em pedra, por assim
dizer, ou o que era tentar nadar além das minhas forças, mas agora sei.
Embora certamente eu compartilharia meu pão com bruxas velhas feias ou
qualquer outra pessoa que estivesse morrendo de fome, não entendia a
compaixão por alguém me ferindo em sua própria ignorância. Eu achava que
somente as pessoas más poderiam me ferir. As lendas eram imaginárias, a
vida é real.
Há um fragmento de Isaías que lança luz sobre o assunto para mim. É
melhor no contexto com os capítulos em volta e melhor no contexto com
todas as escrituras, mas é útil mesmo sozinho:

A quem, pois, se ensinaria o conhecimento, e a quem se daria a


entender o que se ouviu? Ao desmamado do leite, e ao arrancado do
peito.
Porque é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito, linha
sobre linha, linha sobre linha, um pouco aqui, um pouco ali.
Pelo que por lábios de gago, e por outra língua, falará a este povo.
Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado, e este é
o refrigério; porém não quiseram ouvir.
Assim, pois, a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito,
preceito sobre preceito, linha sobre linha, linha sobre linha, um pouco
aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e se quebrantem, e
se enlacem, e sejam presos.44

Por que ele falaria a nós de modo que nos deixaria “[cair] para trás, e
[nos quebrantar], e [nos enlaçar], e [sermos] presos”? Por muitos anos, essa
passagem me intrigou. Não conseguia entendê-la. Ainda assim, acho que, se
quisermos entender a Deus, precisamos entender essa passagem.
Aprendi muito sobre ela um dia na reunião sacramental, não por alguma
coisa que ouvi, mas por ver um garotinho brincando no banco da frente. Ele
tinha um livro de pano aberto em uma página com formas coloridas, um
quadrado roxo, um círculo laranja, um retângulo vermelho, um triângulo
verde e acima deles, preso com velcro, cores e formas correspondentes. O
menino era visivelmente inexperiente. Ele tirou todas as formas, depois
grudou um quadrado roxo em um triângulo verde, puxou o joelho de seu pai e
sorriu para ele com grande alegria porque tinha colocado um quadrado roxo
sobre um triângulo verde e ele permaneceu ali. O pai olhou para baixo, viu o
erro, fez que não com a cabeça e voltou sua atenção para o orador. O menino
tirou o quadrado roxo do triângulo verde, grudou-o em um círculo laranja,
puxou o joelho de seu pai e sorriu para ele com grande alegria e satisfação. O
pai olhou para baixo, viu o erro, fez que não com a cabeça e voltou para o
orador. O menino tirou o quadrado roxo e o colocou em um quadrado roxo,
descobriu a correspondência, puxou o joelho de seu pai e sorriu para ele com
grande satisfação. O pai confirmou com a cabeça e virou para o orador, e o
menino começou a testar o triângulo verde removível.
É claro que essa não é uma metáfora perfeita para nossa experiência com
o sofrimento ou com Deus, mas ela sugere muito para mim com a passagem
de Isaías. O menino estava aprendendo sobre as formas e cores, não apenas
sobre ser um bom menino e agradar seu pai combinando as formas e cores
certas. As formas e cores, embora úteis, faziam parte de assuntos mais
abrangentes que ele estava aprendendo: ele pode aprender, a ignorância ou os
erros não precisam ser indeléveis, ele está se tornando ele mesmo, ele não é a
circunferência do universo de todas as outras pessoas, há prazer na
descoberta e invenção, algumas “grandes” alegrias são melhores do que
outras e assim por diante. O aprendizado era dele, e ele estava fazendo parte
da criação, além de descobrir o que ele aprendeu.45
Além dos detalhes específicos do sofrimento, também estamos sendo
“[desmamados] do leite, e [arrancados] do peito” e somos agentes
aprendendo assuntos abrangentes, por mais breve, dolorosa ou rigorosamente
restrita que a experiência na Terra possa ser. Até mesmo um bebê que nasceu
ontem e morreu de fome ou maus-tratos após uma semana vai conhecer a
realidade física, o salto quântico, os elementos, os movimentos ou os
processos que constituem a existência física. Até mesmo tal criança vivencia
alguma coisa de como os agentes podem afetar uns aos outros e ser afetados
entre si. Até mesmo uma criança sem nenhum conhecimento descobre que,
com a ajuda de Deus, uma pessoa pode sobreviver à dor, insensatez, angústia
ou morte e transcendê-las. O que encontramos no caminho do sofrimento é
muito mais importante do que quadrados roxos, mas também estamos
descobrindo que podemos aprender e que podemos ter a ajuda de nosso Pai
para podermos sobreviver.
A história da Terra e a história da religião é a história dos problemas
humanos acompanhados do entendimento de nosso Pai Celestial. Temos o
versículo de Deuteronômio que diz que, se buscarmos o Senhor com todo o
coração, ele não nos abandonará.46 Temos também em Salmos 22 e nas
palavras de Cristo na cruz: “Por que me desamparaste?”47 Podemos confiar
em Deus? Sua ajuda é segura em tempos difíceis?
Em resposta a essas perguntas, alguns vigorosamente acenam que sim
com a cabeça, alguns parecem duvidosos, alguns vigorosamente acenam que
não com a cabeça e alguns não se importam. Nossas percepções não são
idênticas. Deus não as está tornando idênticas. Ele não é a única fonte de
nosso entendimento sobre Ele ou de nosso relacionamento com Ele. Nós
participamos da criação do entendimento e do relacionamento. Ele nos
convida a conhecê-Lo, não apenas saber sobre Ele. A maneira de conhecê-Lo
melhor é nos tornar mais semelhantes a Ele.
Se quisermos obter ajuda das escrituras nesse processo, devemos lê-las
todas em contexto com a própria linguagem e o entendimento dos escritores e
escolher o que é mais importante e mais significativo.48 Se tomarmos alguns
escritos, podemos nos dirigir a Deus apenas para vingança, fúria e provocar
sofrimento quando cometemos qualquer erro ou necessitamos de ajuda. Mas
creio que outros escritos são mais expressivos da crença SUD do amor de
Eloim e Jeová, Seu amor, Seu relacionamento conosco e Sua preservação e
aprimoramento de nosso arbítrio. Por exemplo:

Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem os poderes, nem o presente, nem o porvir,
Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos
poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso
Senhor.49.

Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-


se das nossas fraquezas; mas um que, como nós, em tudo foi tentado,
mas sem pecado.
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que
possamos alcançar misericórdia e encontrar graça, para sermos ajudados
em tempo oportuno.50

Vós também no princípio estáveis com o Pai; aquilo que é Espírito,


sim, o Espírito da verdade;
E a verdade é o conhecimento das coisas como são, como foram e
como serão;
E o que for mais ou menos do que isto é o espírito daquele ser
iníquo que é um mentiroso desde o princípio.51

Ele nada faz que não seja em benefício do mundo;


(…) [Ele] convida todos a virem a ele e a participarem de sua
bondade; e não repudia quem quer que o procure, negro e branco,
escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagãos; e todos são
iguais perante Deus, tanto judeus como gentios.52

Conheço o amor de Deus. É uma das poucas coisas que realmente sei
com absoluta certeza. Acho que o sofrimento nesta Terra é uma indicação da
confiança de Deus, do amor de Deus. Acho que é uma indicação de que Deus
não quer que sejamos simplesmente filhos obedientes brincando para sempre
sob suas mãos, mas quer que sejamos capazes de nos tornar mais semelhantes
a Ele. Para fazer isso, temos que conhecer a realidade. Temos que ser nós
mesmos e não depender de fontes externas. Se quisermos ser como Deus, não
podemos viver para sempre com medo de que encontraremos algo que vai
nos assustar ou que vai nos ferir. Temos que ser capazes, como Ele é capaz,
para poder enfrentar o que vem do arbítrio dos outros e viver em um universo
legítimo que permite a criação de um planeta habitável somente quando
permite também as dificuldades que surgem nas operações naturais desse
planeta.
Existimos agora como adolescentes entre a ignorância e a plenitude da
verdade, com interações reais entre nós mesmos e o universo mais numeroso
e complexo do que até agora observamos ou entendemos. É nesse contexto
que confio em Deus e em Seus mandamentos. Não acredito que poderia fazê-
lo dentro da estrutura tradicional em que Seu amor e Seu poder devem nos
afastar da dor ou das dificuldades se formos bons. Nem poderia achar fácil
confiar Nele se eu acreditasse que Ele tem o hábito de manipular a lei natural
e outras pessoas para me dar exatamente o que preciso para me testar ou
ensinar — em outras palavras, para me tornar o centro do mundo sem levar
em consideração o arbítrio e as experiências de outras pessoas e sem se
importar com a lei consistente e conhecida. Na teologia SUD, creio eu, é o
contexto amplo para todos os seres humanos que dá sentido ao sofrimento.
Dentro do contexto da teologia SUD, encontro esperança para entender e
mudar o que posso, mas também a esperança de transcender o que não posso:
“Aqui está meu dragão agora, aqui está o mago que pode me transformar em
pedra, mas sou capaz, com a ajuda de Deus, de ser eu mesma. Sou capaz de
me ferir e sobreviver”.
Algumas das questões mais difíceis sobre o sofrimento são por que Deus
parece intervir algumas vezes, mas não em outras, e por que devemos orar
pedindo Sua proteção. Há ocasiões em que temos apenas que dizer: “Não sei”
e, depois, confiar em Deus. Acho que isso é mais satisfatório dentro do
contexto que sugeri do que nas teologias tradicionais; no entanto, é dentro da
estrutura tradicional que muitos membros da Igreja perguntam sobre o
sofrimento e a participação de Deus nele. Muitos membros da Igreja recorrem
à versão de Jefté de Deus e Seu poder quando surge a angústia, não importa o
que dizem acreditar sobre lei ou arbítrio humano. Na teologia SUD, o poder,
a bondade e o amor de Deus, conforme definidos nas teologias tradicionais,
não são os problemas em questão. O fato de estarmos vivos e conhecer o
sofrimento são evidências de Seu poder, Sua bondade e Seu amor.
A verdadeira questão é: Qual é o relacionamento atual de Deus conosco?
Creio que Ele nos ama por nós mesmos, não apenas por Si mesmo. Creio que
Ele é nossa ajuda, nosso guia, o meio de nossa atual existência, nosso
Consolador, mas acredito que essas coisas devem ser entendidas em um
contexto mais amplo do que pode ser evidente de imediato. Quando Elias
pede chuva para acabar com a seca local, o autor de sua história não fala
sobre as mudanças necessárias relevantes nos sistemas climáticos elevados
que circundam a Terra, ou seus resultados para a Índia ou o Japão.53
O poder de Deus é real. O poder da fé é real — não é que Deus concede
ajuda arbitrariamente a uma pessoa boa o suficiente para ter fé, mas que a fé
em si é poder.54 As leis físicas inerentes ao universo também são reais. Deus
tem pedido repetidas vezes que peçamos Sua ajuda, com fé que Ele fará o que
é bom. Em todos os casos, Sua definição do que é bom é uma questão de
verdade e lei, e não capricho arbitrário. Podemos não entender todos os
detalhes, ou todas as interações envolvidas, mas podemos entender o
contexto teológico em que os fragmentos ocorrem.
Sabendo que podemos tropeçar ou cair, sabendo que alguns não têm o
evangelho, ou que não possuem liberdade ou aptidões, em outras palavras,
conhecendo nossas várias limitações aqui, encontro sentido na doutrina SUD
de que nosso aprendizado acontece depois desta vida e que, quando caímos,
não precisa ser permanentemente. Muitas causas e efeitos do sofrimento são
evidentes em nosso entendimento de quem somos e o que podemos fazer a
respeito disso. Devido à nossa ignorância e inexperiência, somos
prejudicados por coisas que não entendemos e também por coisas que
podemos presumir que realmente entendemos. O que outras pessoas nos
ensinaram, sejam quais forem suas intenções, pode nos prejudicar tanto
quanto nos ajudar. Uma de minhas orações ao Pai Celestial é que meus filhos
sejam curados da minha ignorância e não carreguem para sempre as
dificuldades causadas pelo que fiz por engano ou não fiz como mãe. Quando
penso sobre a Expiação de Cristo, parece-me que, se nossos pecados devem
ser perdoados, os resultados deles precisam ser apagados. Se meus erros
devem ser perdoados, outras pessoas precisam ser curadas de qualquer efeito
deles. Da mesma forma, se outras pessoas devem ser libertadas por meio da
Expiação, então precisamos ser curados de seus erros. Acho que essa é uma
parte essencial do entendimento do dom de Deus: Ele não fez um plano pelo
qual podemos simplesmente nos provar já certos ou errados. Em vez disso,
precisamos entender que quem somos e quem podemos nos tornar não é
totalmente dependente de onde estamos agora e em nunca ter cometido um
erro. A Expiação de Cristo nos possibilita atravessar a realidade, a queda, a
fome, os gritos, o rastejar, ser desfigurado e marcado para sempre
psicologicamente ou fisicamente e ainda sobreviver e transcender. Se isso
não fosse verdade, então todo o universo não teria sentido e teríamos muito
bem que ser o que Lúcifer sugeriu, simplesmente robôs obedientes.
Conheço a bondade de Deus e também conheço as dores desta vida. Das
poucas coisas que realmente sei, a mais certa, tirada da experiência mais
vívida e inexprimível da minha vida, é esta: Deus é amor, e nos tornarmos
como Ele é o que importa. Oro para que adquiramos coragem e fé para
confirmar a escolha que fizemos, para lembrar que somos ativos e vivos e
sofremos aqui porque Deus sabia que podíamos e porque nós acreditávamos
que podíamos.
Vamos escolher bem a teologia com a qual enquadramos nossa
experiência. Vamos confiar em nós mesmos e em Deus sempre pedindo a
ajuda que é boa. Lembremo-nos de amar uns aos outros, chorar uns com os
outros e sacrificar o medo pela coragem. Vamos procurar a realidade e a
verdade, perdoando a nós mesmos e uns aos outros, aprendendo a ajudar a
nós mesmos e uns aos outros como pudermos. Vamos nos tornar mais
semelhantes a Deus, que é bom.
Francine R. Bennion, “A Latter-day Saint Theology of Suffering” [Uma teologia SUD do sofrimento]
em A Heritage of Faith: Talks Selected from the BYU Women’s Conferences [Um Legado de Fé:
Discursos Selecionados das Conferências de Mulheres da BYU], ed. por Mary E. Stovall e Carol
Cornwall Madsen, Salt Lake City: Deseret Book, 1988, pp. 53–76.
_________________________
^1. Francine Russell Bennion, entrevista por Kate Holbrook, 21 de abril de 2015, p. 16, Biblioteca de
História da Igreja.
^2. Benion, entrevista, pp. 15–16.
^3. “Srta. Francine Russell Engaged; Pamela Russell, Mr. Clark to Wed”, Deseret News, 30 de maio de
1956.
^4. Francine Russell Bennion, Curriculum Vitae, 6 de outubro de 2012, em posse dos editores.
^5. Bennion, entrevista, p. 4. Criado em 1978, o Instituto de Pesquisa das Mulheres foi “destinado a
enfatizar a preocupação com as mulheres sentida pela Igreja e pela Universidade Brigham Young,
buscando soluções para desafios exclusivos das mulheres e reconhecendo a contribuição
significativa das mulheres em todas as disciplinas” (“A Farewell Salute to the Women’s Research
Institute of Brigham Young University” [Uma saudação de despedida para o Instituto de Pesquisa
das Mulheres da Universidade Brigham Young], Square Two 2, nº 3, outono de 2009, p. 1; “The
Women’s Research Institute” [O Instituto de Pesquisa das Mulheres], manuscrito não publicado,
outubro de 2008, Universidade Brigham Young, p. 3).
^6. “Five Called to Young Women General Board” [Cinco foram chamadas para a junta geral das
Moças], Church News, 28 de maio de 1977; Francine Bennion, “Encounter in Ammonihah”
[Encontro em Amonia], Ensign, abril de 1977, pp. 25–29; Francine Bennion, “Stone or Bread?”
[Pedra ou pão?], Ensign, janeiro de 1976, pp. 38–42.
^7. Bennion, entrevista, pp. 3, 12, 14; “Five Called to Young Women General Board” [Cinco foram
chamadas para a junta geral das Moças], p. 5.
^8. Bennion, entrevista, pp. 5–6; Aileen Clyde, e-mail para Kate Holbrook, 14 de maio de 2015.
^9. Bennion, entrevista, 14; “Six Are Called to Serve on Relief Society Board” [Seis foram chamadas
para servir na junta da Sociedade de Socorro], Church News, 25 de dezembro de 1983.
^10. Bennion, entrevista, pp. 17–18; Francine Bennion, e-mail para Kate Holbrook, 14 de abril de
2016.
^11. Mary E. Stovall e Carol Cornwall Madsen, prefácio, em A Heritage of Faith: Talks Selected from
the BYU Women’s Conferences [Um Legado de Fé: Discursos Selecionados das Conferências das
Mulheres], ed. por Mary E. Stovall e Carol Cornwall Madsen, Salt Lake City: Deseret Book, 1988,
p. vii; Conferência das Mulheres da Universidade Brigham Young, 27–28 de março de 1986,
programa, História do Ofício das Mulheres, BYU.
^12. Dorothy Bramhall e Francine Bennion eram parceiras de caminhada e grandes amigas (Bennion,
entrevista, p. 2).
^13. Dorothy Bramhall morou no Pacífico durante muitos anos; Jean Kerr se tornou amiga de Dorothy
durante esse tempo (Bennion, entrevista, p. 2).
^14. Citação no original: “De uma carta pessoal ao autor”.
^15. Ver Poverty and Hunger: Issues and Options for Food Security in Developing Countries [Pobreza
e Fome: Problemas e Opções para Segurança Alimentar em Países em Desenvolvimento],
Washington, D.C.: World Bank, 1986, p. 1.
^16. A seca causou fome na Etiópia entre 1984–1985 e a corrupção do governo aumentou os
desastrosos efeitos da fome (Harold G. Marcus, A History of Ethiopia [Uma História da Etiópia],
Berkeley: University of California Press, 2002, pp. 205–208).
^17. Francine Bennion se refere aqui à Challenger, um ônibus espacial da NASA que explodiu em 28
de janeiro de 1986, matando todos a bordo (Julianne G. Mahler, Organizational Learning at NASA:
The Challenger and Columbia Accidents [Aprendizado Organizacional na NASA: Os Acidentes do
Challenger e do Columbia], Washington, D.C.: Georgetown University Press, 2009, p. 5).
^18. Nota no original: “A interpretação individual e a amplitude do contexto afetam o modelo a ser
retirado de qualquer versículo específico de escritura”.
^19. Citação no original: “Juízes 11:9–11, 29–39”.
^20. Citação no original: “Números 30:2”.
^21. Nota no original: “Compare a história de Jefté com relatos gregos de Efigênia e do rei Midas.
Embora as tramas nas histórias sejam semelhantes, os contextos, os focos e as teologias dos
narradores são diferentes, assim como os de seus leitores”.
^22. Citação no original: “Juízes 11:1–3”.
^23. Citação no original: “Gênesis 28:20”.
^24. Citação no original: “Hebreus 11:32–34”.
^25. Citação no original: “ex., Moisés 4:1–3”.
^26. Citação no original: “ex., Mateus 5”.
^27. Citação no original: “ex., Isaías 1:11–17”.
^28. Na década de 1980, a Irlanda do Norte estava envolvida no conflito que ficou conhecido como The
Troubles (Os Problemas), um conflito violento sobre divergências partidárias e a questão de saber
se a Irlanda do Norte deveria permanecer no Reino Unido ou se juntar à República da Irlanda. A
partir de 1982, o Irã ajudou a financiar o grupo militante libanês Hezbollah, que matou centenas de
pessoas por meio de ataques suicidas durante o início da década de 1980 e usou reféns para trocar
por armas para o Irã. Em julho de 1984, um menino e duas meninas foram retirados da casa de sua
mãe e do namorado dela em Ontário, Canadá. Entre outras formas de abuso, o namorado dela tinha
punido o menino, com cerca de 6 anos de idade, por comer doces, ao escaldar suas mãos até o ponto
de arrancar a pele (Andrew Sanders e Ian S. Wood, Times of Troubles: Britain’s War in Northern
Ireland [Tempos Difíceis: A Guerra Britânica na Irlanda do Norte], Edinburgh: Edinburgh
University Press, 2012; Thomas R. Mattair, Global Security Watch—Iran: A Reference Handbook
[Vigilância de Segurança Global — Irã: Um Manual de Referência], Westport, CT: Praeger
Security International, 2008, pp. 35–36; Janet Bagnall, “How the System Failed 3 Children” [Como
o sistema falhou com três crianças], Montreal Gazette, 18 de janeiro de 1986).
^29. Citação no original: “Jó 4:3–5”.
^30. Citação no original: “Giordano Bruno, The Heroic Frenzies [Os Frenesis Heroicos], trad. e ed. por
Paul Eugene Memmo, Jr., Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1965, p. 122”.
^31. Nota no original: “Um dos muitos motivos para isso é que os seres humanos tradicionalmente
eram considerados como não tendo existência, exceto a dada a eles aqui por Deus — isto é, são
novas criaturas sem existência prévia, criadas por Deus do nada e diferentes Dele em forma.
Portanto, seria impensável que um ser humano pudesse se tornar como Ele, seria dar um salto de
uma espécie de criatura para outra, por assim dizer. Seria pretensioso e arrogante para os que foram
criados reivindicar o verdadeiro parentesco com o Criador. Comparar com João 5:18”.
^32. O ensaísta francês, filósofo, poeta, escritor e dramaturgo Voltaire era um preeminente pensador do
século 18. Seu famoso conto filosófico Cândido, ou o Otimismo (1759) satirizou a filosofia de
Leibniz do otimismo, que sugeriu que, embora o mundo não fosse perfeito, era o melhor de todos os
mundos possíveis que Deus poderia ter criado (Nicholas Cronk, ed., Compêndio da Cambridge
sobre Voltaire, New York: Cambridge University Press, 2009, pp. x, xiii, 1–5, 125).
^33. Citação no original: “Esse exercício deve necessariamente ser limitado em propósito. Em ‘Science
and the Citizen’ [Ciência e o cidadão], Scientific American, agosto de 1986, página 62, um debate
sobre os acontecimentos que precederam a explosão do Challenger começa com esse parágrafo:
‘Em seu relatório final, a comissão presidencial encarregada de
examinar a explosão de ônibus espacial Challenger identifica a falha de
projeto que causou o acidente e descreve em detalhes os acontecimentos que
levaram à tragédia. O relatório não descreve as causas subjacentes, dentro da
organização da Administração Espacial e Aeronáutica Nacional, que
possibilitaram que perigos graves fossem ignorados’.
Nem descreve as causas subjacentes da organização particular e dos
processos de tomada de decisões na NASA.
Se alguém tiver uma visão linear das ‘causas’ e ‘efeitos’, precisa ir bem
além do histórico registrado para descobrir todos os passos que afetaram
qualquer acontecimento subsequente de algum modo. É preciso examinar um
conjunto mais complexo de interações do que qualquer ser humano poderia
catalogar. Considere, por exemplo, a dificuldade de rastrear um acidente de
trânsito de volta para a invenção da roda e depois tentar obter tudo o que
ajudou a obter a roda inventada. Em seguida, pense em todas as interações
com outros fatores — por exemplo, o ato de escovar os dentes de manhã que
afetou o tempo, até o segundo em que uma das pessoas atingidas chegou no
cruzamento em que o acidente ocorreu”.
^34. Citação no original: “Ver 1 Coríntios 13:9–12 no contexto”.
^35. Citação no original: “Ver, por exemplo, Doutrina e Convênios 93:29–30; Abraão 3:18, 26–28;
Moisés 4:1–4; Apocalipse 12:7–9; Doutrina e Convênios 29:36; e registro de Wilford Woodruff do
discurso de King Follett proferido por Joseph Smith, disponível em The Words of Joseph Smith
[Palavras de Joseph Smith], comp. e ed. por Andrew F. Ehat e Lyndon W. Cook, Salt Lake City,
Utah: Bookcraft, 1981, pp. 343–348.
“Se foi Deus que originalmente criou nossas habilidades pessoais e
peculiaridades, ou se elas originalmente se deram por qualquer tipo de
‘acaso’, então qualquer diferença entre nós e os resultados delas devem, por
fim, ser atribuídas a Deus ou ao acaso. Não podemos ser responsáveis pelo
que somos ou pelo que fazemos. Se somos nós que fazemos escolhas agora,
devemos ter feito as escolhas sempre, dentro das restrições que o
conhecimento, o entendimento ou as habilidades atuais permitiriam.”
^36. Nota no original: “‘Que tipo de armas eles usaram na guerra no céu?’, uma menina de 9 anos me
perguntou certa vez em uma aula da Escola Dominical em que eu estava ensinando”.
^37. Uma referência para a casa de Peter Pan, Terra do Nunca, na peça de teatro de J. M. Barrie, 1904
Peter Pan; or, The Boy Who Wouldn’t Grow Up [Peter Pan; ou, o Menino Que Não Crescia],
publicado como romance em 1911 como Peter e Wendy. Uma vez que Peter Pan nunca cresceu,
“terra do nunca” é frequentemente usado para se referir à infância interminável ou a uma sociedade
utópica imaginária (Oxford English Dictionary, s.v. “Terra do Nunca”; J. M. Barrie, Peter e Wendy,
London: Hodder e Stoughton, 1911).
^38. Citação no original: “Ver Alma 14:11 no contexto”.
^39. Ver Joseph Smith—História 1:17; Moisés 1:3, 6–7; João 20:16; Abraão 1:16; João 21:15; e
Doutrina e Convênios 25:1. O exemplo de Helamã provavelmente tinha por objetivo ser uma
referência a Néfi, filho de Helamã. Os membros da Igreja usam Eloim como nome para Deus, o Pai,
e Jeová como nome para Jesus Cristo (ver Helamã 7:1; 10:3–6; Keith H. Meservy, “Elohim” e
David R. Seely, “Jehovah, Jesus Christ” em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do
Mormonismo], ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 2, pp. 452,
720).
^40. Nota no original: “Considerar o modelo para o dia do Juízo Final sugerido por esses versículos
como Alma 29:4–5. Se quisermos ser capazes de escolher nos tornar mais semelhantes a Deus,
então precisamos também saber o suficiente para rejeitá-Lo se não quisermos o que a divindade é
na verdade”.
^41. Ver Lucas 4:1–4, 9–12.
^42. Ver Doutrina e Convênios 88:42–43.
^43. Citação no original: “D&C 93:30”.
^44. Citação no original: “Isaías 28:9–13”.
^45. Citação no original: “Comparar esse parágrafo final com a nota introdutória sem assinatura em
Japanese Haiku [Haicai Japonês], Mount Vernon, Nova York: Peter Pauper Press, 1955:
‘Uma palavra final: O haicai (poema) não precisa ser sempre uma
declaração completa ou até mesmo clara. O leitor deve acrescentar às
palavras suas próprias associações e imagens e, assim, tornar-se um cocriador
de sua própria vontade no poema. Os editores esperam que seus leitores
possam aqui cocriar esse prazer por si mesmos!’”
^46. Ver Deuteronômio 4:29.
^47. Salmos 22:1; Mateus 27:46; Marcos 15:34.
^48. Citação no original: “Isso é sugerido por tais versículos como: 2 Néfi 31:3; Isaías 55:8–9; Doutrina
e Convênios 29:31–34; doutrina e Convênios 130:16–17”.
^49. Citação no original: “Romanos 8:38–39”.
^50. Citação no original: “Hebreus 4:15–16”.
^51. Citação no original: “D&C 93:23–24; grifo do autor”. Ver também Doutrina e Convênios 93:25.
^52. Citação no original: “2 Néfi 26:24, 33”.
^53. Citação no original: “1 Reis 18”.
^54. Citação no original: “Ver, por exemplo, Jacó 4:6; Enos 1:8; 3 Néfi 17:8; Éter 3:1–28; 12:12–21;
Morôni 7:37; 10:7”.
—————————— 44 ——————————

O tesouro desconhecido

Jutta B. Busche
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
6 de abril de 1990

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia do registro da conferência das mulheres
da BYU).

Jutta Baum Busche (nascida em 1935) cresceu em Dortmund, Alemanha,


com três irmãos mais velhos que, segundo ela, “me impediram de ser
mimada”.1 Uma vez que as escolas foram fechadas durante e imediatamente
após a Segunda Guerra Mundial, sua educação foi movida principalmente por
seu próprio apetite voraz por leitura e música. Por fim, ela frequentou o
Ensino Médio em uma escola de matemática para meninos.2 Seu tio foi o
primeiro violoncelista solo da Filarmônica de Berlim e frequentemente
praticava em sua casa. Ela também sempre ouvia a programação clássica no
rádio e, quando ouvia algo que não conhecia, ela buscava informações na
enciclopédia da família.3 Ela se casou com Enzio Busche em 1955 e os dois
foram batizados em 19 de janeiro de 1958, em uma piscina pública em
Dortmund.4
Em outubro de 1977, Jutta e Enzio participaram de uma conferência em
Berlim para que Enzio, representante regional da Igreja, pudesse traduzir para
o presidente da Igreja Spencer W. Kimball.5 Durante uma recepção no final
da conferência, Kimball falou em particular com Enzio e o convidou a fazer
parte do Primeiro Quórum dos Setenta — um cargo de tempo integral que
exigiria que ele e sua família se mudassem de casa. Em seguida, Kimball se
reuniu com Jutta Busche e lhe perguntou o que achava do convite. “Quero
morrer!”, ela exclamou. A família Busche passou a noite caminhando pela
cidade.6 Eles haviam acabado de reformar a casa, que Jutta havia projetado
exatamente como eles queriam. Eles também mantinham um apartamento
para férias no mar Báltico. Mais tarde, Jutta explicou que ela tinha passado
muito tempo se concentrando em coisas materiais, como o papel de parede.
“Claro que eles são bons”, disse ela, “mas não tão importantes” como as
coisas eternas.7
A primeira designação deles foi em Munique, Alemanha, onde Enzio
liderou a missão por dois anos; então eles se mudaram para Utah em 1980.8
Eles viajaram muito, visitando os membros da Igreja em todo o mundo e
Jutta falou em conferências regionais com seu marido.9 Eles se tornaram
presidente e diretora do Templo de Frankfurt um pouco antes de sua
dedicação em 1987.10 A irmã Busche nunca tinha sido oficiante do templo e
Gordon B. Hinckley a aconselhou em um seminário de treinamento: “A coisa
mais importante é ter amor, amor e amor”.11 Ela seguiu seu conselho à risca.
Ela ensinou as oficiantes do templo a sorrir quando as pessoas entrassem e
mostrassem sua recomendação, tranquilizando as irmãs em vez de franzir a
testa se houvesse algum problema com a recomendação. Ela pedia que as
oficiantes ajudassem as irmãs a sentir o Espírito de Deus e que fizessem disso
sua maior prioridade.12
Depois de retornar a Utah, em setembro de 1989, ela foi convidada a
fazer parte do painel de oradoras na conferência das mulheres na
Universidade Brigham Young, do qual ela havia participado várias vezes
antes. Então um dia, enquanto ela lavava a roupa, recebeu um telefonema
dizendo que as organizadoras da conferência haviam mudado de ideia. Em
vez de fazer parte do painel, elas queriam que ela desse o discurso de
encerramento da conferência no Marriott Center. Depois que ela ouviu o tema
da conferência, “o poder interior”, ela sabia que poderia dar o discurso.13
“Você sente por si só o que é errado ou o que não é errado”, disse ela.14 “É
por isso que estamos aqui na Terra para aprender. (…) Temos que aprender
aqui para ter o Espírito conosco. Deus nos ama, e Deus ama a todos. Não
podemos julgar.”15 A irmã Busche acredita que as pessoas descobrirão
sozinhas o que precisam mudar quando tiverem bastante experiência para
sentir amor incondicional.16 Ela escreveu o seguinte discurso em inglês com
o auxílio de correção do idioma da assistente de Enzio Busche, Joy Baker.17

CERTA NOITE, NO FINAL DO VERÃO de 1940, a família Baum — a


mãe, dois filhos, um filho adotivo, duas filhas e um bebê — se reuniram em
sua sala de jantar com a ausência do pai, que era soldado na guerra.18 A mãe
estivera ocupada toda a tarde improvisando uma ceia com suprimentos muito
limitados como as folhas da planta dente-de-leão, nabos e batatas. Quando
colocou a comida na mesa e olhou para os filhos, ela perguntou: “Onde está
Jutta?” Assustados, os três meninos se entreolharam e, depois, um a um,
sentindo culpa, baixaram os olhos. A mãe repetiu a pergunta com mais
urgência: “Onde está Jutta?” Por fim, um dos meninos disse em voz baixa:
“Ela ainda está amarrada a uma árvore na floresta. Esquecemos de soltá-la.
Estávamos brincando de guerra”.
Esse incidente era típico de minha infância. Na época eu tinha apenas 5
anos e já era moleca. Cresci principalmente entre os meninos e gostava de
participar de seus jogos de guerra. Eu servia principalmente como
“transportadora de armas”, embora, às vezes, eu representasse “o inimigo”.
Sou grata ao Pai Celestial por ter nascido naquele tempo na Alemanha. O
tempo de guerra era cheio de sacrifícios, medo, pânico, dores e dificuldades,
mas também foi uma época de vívidas lembranças, aprendizado e
crescimento, porque o verdadeiro aprendizado geralmente acontece somente
em épocas de dificuldades.19
Durante os anos de guerra, lembro-me, todas as noites à medida que a
escuridão chegava, eu costumava pegar uma pequena mochila contendo
algumas roupas íntimas, um par de meias e um par de sapatos e caminhar
cerca de três quilômetros de casa até um túnel para passar a noite sozinha em
um compartimento de trem estacionado ali para abrigar civis com medo dos
ataques aéreos quase todas as noites. Lembro-me também da primeira banana
que comi e do gosto delicioso que tinha. A guerra tinha terminado
recentemente e a ganhei de um piedoso soldado das forças de ocupação.
Lembro-me claramente de nossa dieta escassa de sopa aguada, folhas de
urtiga, de dente-de-leão, nabos e melaço que as pessoas em nossa cidade
tiveram a felicidade de obter de um trem danificado. Lembro-me muito bem
do cheiro de lã de ovelha, que tosquiávamos nós mesmas e tecíamos os fios,
fazendo suéteres e vestidos para nós mesmas. Vi, como consequência de
nossa falta de alimento e assistência médica durante aqueles anos, minha irmã
de 16 anos e meu irmão de 19 adoecerem e por fim morrerem. A morte de
meu irmão, a quem eu era muito próxima, me machucou terrivelmente e me
fez entender o quanto a vida é frágil.
Em nossa casa, havia pouca instrução religiosa embora meus pais
fossem protestantes.
Minha família simplesmente não conversava sobre religião. Mas o irmão
de meu pai era um pastor protestante. Lembro-me de quando a esposa desse
tio veio nos visitar. Antes de minha tia chegar, meu pai nos instruiu: “Quando
ela estiver aqui, precisamos fazer uma oração antes da refeição”. Eu nunca
me esquecerei como foi engraçado e estranho poder ouvir meu pai oferecer
uma bênção do alimento em palavras e tom de voz tão desconhecidos para
nós que me pareceu hipócrita. Ainda assim, enquanto crescia, à noite com
frequência me ajoelhava ao lado da cama por minha própria iniciativa para
orar ao Pai Celestial porque, mesmo sem instrução religiosa, sentia em meu
coração que deveria haver alguém em quem eu podia confiar e amar —
alguém que me conhecia e se importava comigo. Que privilégio teria sido ser
criada em uma família que estivesse bem alicerçada no evangelho restaurado!
Quando os missionários vieram à nossa porta pela primeira vez em
Dortmund, Alemanha, meu marido e eu não éramos casados há muito tempo.
Nosso primeiro filho estava com apenas 3 meses de idade. Eu fui e sempre
serei grata cada minuto de minha vida pela mensagem que chegou até nós por
meio desses jovens missionários. Fiquei impressionada com muitas coisas
sobre esses jovens. Uma era o modo carinhoso como falavam de sua família.
Outra foi a atitude deles em relação à sua mensagem. Não era só uma
fachada. Percebi uma honestidade tão humilde em seu testemunho que fui
compelida a ouvir. O que me disseram sobre anjos e placas de ouro me
intrigou tanto a ponto de querer saber por que esses jovens simpáticos
conseguiam acreditar em coisas tão estranhas.
Aprendi com eles que somos todos filhos de um amoroso Pai Celestial e
que estamos aqui nesta Terra para aprender, crescer e amar. Aprendi que
vivíamos com Deus como Seus filhos espirituais, Seus filhos e Suas filhas.
Andávamos e falávamos com Ele. Nós O conhecíamos, e Ele nos conhecia.
Erguemos a mão para apoiar o plano de vir a esta Terra.20 Atingir nosso
pleno potencial em nossa jornada aqui depende de nossa livre escolha. Essa
mensagem precisa influenciar cada ação de nossa vida diária.
Desde aquela época, descobri que uma grande pedra de tropeço para
nosso progresso na fé é a observância da lei que não decorre de um coração
honesto. Muitas pessoas dão a entender em suas atitudes em relação aos
outros que o Pai Celestial espera uma perfeita conformidade com as leis
estabelecidas. Mas Jesus Cristo nunca condenou os sinceros de coração. Sua
ira se acendeu contra a observância da lei hipocritamente vazia dos fariseus.21
Jesus pregou que, por meio do arrependimento, ficamos livres do pecado; no
entanto, somente quando nos tornamos honestos é que realmente sentimos a
necessidade de arrependimento.
Quando aos 13 anos fui confirmada membro de uma religião protestante,
o pastor citou João 8:32: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Essa escritura não tinha sentido para mim até que encontrei o evangelho
verdadeiro e aprendi o valor do arbítrio — o direito de tomar nossas próprias
decisões como quisermos. Para mim, a verdade que liberta tem dois aspectos:
as verdades do evangelho restaurado, que fornecem um mapa das verdades
eternas; e a habilidade de ser honesto consigo mesmo e com outras pessoas,
que leva ao arrependimento genuíno e à integridade.
A honestidade consigo mesmo é o alicerce para o desenvolvimento de
outros pontos fortes espirituais. A honestidade consigo mesmo determinará se
os obstáculos e problemas que enfrentamos na vida são trampolins que
conduzem a bênçãos ou pedras de tropeço conduzindo a cemitérios
espirituais. Marco Aurélio, um antigo filósofo romano, observou a conexão
entre a honestidade e o crescimento espiritual há quase 2 mil anos: “A
verdadeira grandeza de um homem reside na consciência de um propósito
honesto na vida, alicerçado em uma estimativa justa de sua pessoa e de tudo o
mais, em uma frequente autoanálise e na firme obediência às regras por ele
tidas como certas, sem se perturbar com o que os outros podem pensar ou
dizer, ou se fazem, ou não, aquilo que ele pensa, diz e faz”.22 De acordo com
Marco Aurélio então, a honestidade consigo mesmo é um pré-requisito para a
grandeza e a qualidade fundamental da integridade.23
Um momento de grande entendimento do princípio da honestidade
consigo mesmo chegou a mim quando meu marido aceitou um chamado de
tempo integral a serviço do Senhor, fazendo com que fosse necessário que
nos despedíssemos de todos aqueles a quem havíamos aprendido a amar em
nossa ala em Dortmund e todos com quem havíamos nos relacionado. A
transição não foi fácil para nós.24
Lembro-me bem dos ajustes que tivemos que fazer quando fomos morar
em Utah. Meu primeiro chamado em nossa ala foi servir como professora da
Sociedade de Socorro. Eu observava as outras professoras com atenção e
ficava muito impressionada com o empenho delas em atingir a perfeição em
seu ensino. Até mesmo o corte de cabelo e a vestimenta impecável
mostravam seu esforço para atingir a perfeição. Eu admirava como elas eram
fluentes e articuladas no idioma inglês. Como eu poderia, com meu péssimo
inglês, competir com elas e ser sua professora? Eu estava ansiosa para
aprender e fiquei muito contente em saber que havia um curso de preparação
da estaca para as professoras da Sociedade de Socorro.
Quando frequentei a reunião de treinamento pela primeira vez, eu estava
cheia de esperanças. Eu não estava preparada para a pergunta que foi feita
sobre que tipo de arranjo de centro de mesa eu costumava usar quando dava
minha aula. Como me senti incompetente! Eu não fazia ideia do que era um
arranjo de centro de mesa ou qual seria seu propósito na apresentação de uma
aula. Sentimentos negativos sobre mim mesma começaram a minar minha
confiança.
Outros esforços para ser aceita foram igualmente desanimadores. Senti-
me muito intimidada pelas irmãs maravilhosas com seus sete, oito ou nove
filhos.25 Fiquei muito envergonhada quando tive que responder que tínhamos
apenas quatro e nem mesmo consegui mencionar a essas pessoas a profunda
mágoa que senti quando descobri que, por motivos de saúde, minha família
teria de se limitar a quatro filhos.
Continuei a me sentir inferior ao observar as irmãs da minha ala e vê-las
plantando hortas e enlatando a produção.26 Elas se exercitavam diariamente
fazendo corrida. Elas costuravam e pesquisavam para comprar com desconto.
Elas iam a campanhas para fundos cardiológicos e serviam como líderes da
APM.27 Levavam jantares para mães de recém-nascidos e para os doentes em
seu bairro. Cuidavam de um dos pais idosos, às vezes, dos dois. Elas
escalavam o monte Timpanogos.28 Levavam e traziam seus filhos das aulas
de música ou dança. Eram fiéis em fazer o trabalho do templo e se
preocupavam em estar atualizadas com seus diários.29
Intimidada pelos exemplos de perfeição ao meu redor, aumentei meus
esforços para ser como minhas irmãs e me sentia desapontada comigo mesma
e até mesmo culpada quando não corria todas as manhãs, fazia meu próprio
pão, costurava minhas próprias roupas ou ia para a universidade. Sentia que
precisava ser como as mulheres entre as quais eu morava e sentia que eu era
um fracasso porque não conseguia me adaptar facilmente ao estilo de vida
delas.
Eu poderia ter me beneficiado neste momento da história de uma criança
de 6 anos que, quando questionada por um parente: “O que você deseja ser?”,
respondeu: “Acho que vou ser só eu mesma. Tentei ser como outra pessoa,
mas falhei todas as vezes!” Como essa criança, depois de repetidos fracassos
de ser outra pessoa, finalmente aprendi que deveria ser eu mesma. Isso nem
sempre é fácil, porém, devido aos nossos desejos de se encaixar, competir e
impressionar, ou mesmo ser apenas aprovada, isso nos leva a imitar os outros
e desvalorizar nossa própria história de vida, nossos próprios talentos e
nossos próprios fardos e desafios. Tive que aprender a não me preocupar com
o comportamento dos outros e seus códigos de regras. Tive que aprender a
superar meu sentimento ansioso de que, se não me enquadrasse, eu
simplesmente não seria aceita.
Duas passagens desafiadoras na Bíblia me lembram que preciso vencer
as incertezas. Uma é Provérbios 23:7. “Porque, como imagina no seu
coração, assim ele é.” A outra é Romanos 12:2: “Não vos conformeis com
este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,
para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de
Deus”. Quando tentei me conformar, isso me impediu de ser transformada
pela renovação do Espírito de meu entendimento. Quando tentei copiar
minhas maravilhosas irmãs ao dar minha aula com um arranjo de flores na
mesa e outras técnicas de ensino que eu não conhecia, não deu certo porque o
Espírito ainda fala comigo em alemão, não em inglês. Mas, quando me
ajoelhei para pedir ajuda, aprendi a confiar no Espírito para me guiar, segura
por saber que sou filha de Deus. Tive de aprender e acreditar que não
precisava competir com as pessoas para ser amada e aceita pelo Pai Celestial.
Uma outra visão de Marco Aurélio é: “Escava dentro de ti. É lá que está
a fonte do bem, e ela pode jorrar continuamente se a escavares sempre”.30 Às
vezes, nosso grande potencial para o bem fica escondido de nós pelos
julgamentos negativos dos outros. Por exemplo, um dia na Alemanha, tive
uma reunião com a professora do nosso filho de 11 anos. Fiquei muito triste
ao ouvir que ela julgava que nosso filho não tinha inteligência suficiente para
acompanhar o curso de matemática daquela escola. Eu conhecia meu filho
melhor do que a professora, sabia que, ao contrário, a matemática era seu
verdadeiro interesse e estava no âmbito de suas possibilidades. Saí de lá me
sentindo muito deprimida. Quando cheguei em casa, vi nos olhos de meu
filho sua expectativa quando me perguntou com entusiasmo sobre o que a
professora tinha dito. Sabia que ele ficaria devastado se lhe dissesse as
palavras exatas da professora. Foi o Espírito que me deu sabedoria para
reformular as preocupações de sua professora. Disse-lhe que a professora
reconheceu seu grande talento para matemática e que somente sua falta de
dedicação o afastaria de grandes realizações, porque sua professora tinha
muita esperança em seu futuro. Meu filho acreditou nisso com entusiasmo e
não demorou muito para se tornar o melhor aluno de matemática de sua
classe. Nem me atrevo a pensar o que teria acontecido com ele se eu tivesse
relatado exatamente os comentários negativos da professora.
Deus trabalha por meio do poder positivo de seu amor. Quando
realmente aprendemos a amar a Deus, aprendemos a amar todas as coisas —
as pessoas, nós mesmas, toda a criação, porque Deus está em tudo, com tudo
e por tudo. Não precisamos ter medo e não precisamos nos esconder atrás de
uma fachada de desempenho para ser aceitas. Quando passarmos a entender
esse tesouro desconhecido, que é o conhecimento de quem realmente somos,
saberemos que temos direito ao poder que vem de Deus. Ele virá quando
pedirmos e quando confiarmos na liderança de Deus em nossa vida. Nosso
esforço não deve ser para realizar nem se conformar, mas para ser
transformada pelo Espírito. Novamente: “Não vos conformeis com este
mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.31
Muitas pressões nos aproximam do que é mundano. A honestidade de
coração nos liberta para descobrir a vontade de Deus para nossa vida. Fico
sempre emocionada em nossas reuniões mensais de testemunho da ala nas
quais minha fé é fortalecida pelos membros que contam como se sentem
apoiados para enfrentar os desafios e as adversidades que surgem em seu
caminho. Muitas vezes, o testemunho deles revela os desafios mais difíceis
que tiveram de enfrentar, desafios que não são evidentes a menos que a
pessoa abra o coração para o outro. Sei que, ao caminhar por nossa rua e
passar por todos os lares bem cuidados de meus vizinhos, estou inclinada a
pensar que tudo está bem com eles, que eles não têm problemas como eu
tenho. É por meio dos testemunhos sinceros que eles prestam que aprendo a
ver seu coração e nos tornamos unidos em amor.
Nós, as filhas do convênio cujos olhos foram abertos, temos a grande
responsabilidade de estarmos sempre ciente de quem somos.32 Mesmo que
sejamos absorvidas pelos desafios diários e pelas oportunidades de
crescimento, não podemos viver um dia ou um minuto sequer sem estar
cientes do poder dentro de nós. Tive um grande privilégio de servir como a
primeira diretora do Templo de Frankfurt.33 Tive que depender
constantemente do Espírito, caso contrário seria impossível obter sucesso. O
desafio de estabelecer um templo plenamente atuante parecia imenso, mas,
quanto maiores forem nossas tarefas, mais entendemos que há somente Um
que pode ajudar, o Pai Celestial. Somente ao nos achegarmos a Ele vamos
conseguir saber como Ele é real, até que ponto Ele nos compreende e o
quanto está disposto a nos ajudar. Ele sabe que não somos perfeitas e que
temos dificuldades e, quando nos aceitamos com nossas fraquezas com
humildade, sinceridade e total honestidade, então Ele está conosco. Como
Paulo disse aos coríntios: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não
ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para
os que o amam”.34
Jutta Baum Busche, “The Unknown Treasure” [O tesouro desconhecido], em Women and the Power
Within: To See Life Steadily and See It Whole [As Mulheres e o Poder Interior: Para Ver a Vida de
Forma Constante e Plena], ed. por Dawn Hall Anderson e Marie Cornwall, Salt Lake City: Deseret
Book, 1991, pp. 21–28.
_________________________
^1. Jutta Baum Busche, entrevista por Kate Halbrook, 14 de julho de 2015, pp. 9, 12, BHI; Jutta B.
Busche, “The Unknown Treasure” [O tesouro desconhecido], em Women and the Power Within: To
See Life Steadily and See It Whole [As Mulheres e o Poder Interior: Para Ver a Vida de Forma
Constante e Plena], ed. por Dawn Hall Anderson e Marie Cornwall, Salt Lake City: Deseret Book,
1991, p. 21.
^2. Busche, entrevista, pp. 11–12.
^3. Busche, entrevista, pp. 10–12.
^4. Jan Underwood Pinborough, “Élder F. Enzio Busche: Aos confins da Terra”, A Liahona, junho de
1985, p. 17; “News of the Church: Elder F. Enzio Busche” [Notícias da Igreja: Élder F. Enzio
Busche], Ensign, novembro de 1977, p. 100.
^5. Supervisionando unidades geográficas da Igreja que existiam entre os níveis de área e de estaca, os
representantes regionais treinavam as presidências de estaca em suas regiões. A posição de
representante regional terminou em 1995, quando as responsabilidades dos representantes regionais
foram assumidas pelas autoridades de área, renomeadas de setentas autoridades de área em 1997
(Douglas L. Callister e Gerald J. Day, “Region, Regional Representative”, em Encyclopedia of
Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York:
Macmillan, 1992, vol. 1, p. 1198; Gordon B. Hinckley, “Esta obra diz respeito a pessoas”, A
Liahona, julho de 1995, p. 54; Gordon B. Hinckley, “Sejamos fiéis e verdadeiros”, A Liahona, julho
de 1997, p. 4).
^6. “News of the Church: Elder F. Enzio Busche” [Notícias da Igreja: Élder F.•Enzio Busche], p. 99;
Busche, entrevista, pp. 2–3.
^7. Busche, entrevista, pp. 8–9.
^8. Pinborough, “Élder F. Enzio Busche”, p. 36.
^9. Busche, entrevista, p. 7.
^10. F. Enzio Busche, Yearning for the Living God: Reflections from the Life of F. Enzio Busche
[Anseio pelo Deus Vivo: Reflexões da Vida de F. Enzio Busche], ed. por Tracie A. Lamb, Salt
Lake City: Deseret Book, 2004, p. 206. Geralmente designados por três anos, a diretora e o
presidente do templo supervisionam o funcionamento do templo. Além de supervisionarem os
oficiantes do templo, as cerimônias sagradas e o edifício físico, eles são responsáveis pela
atmosfera espiritual do templo (David H. Yarn Jr. e Marilyn S. Yarn, “Temple President and
Matron” [Presidente e diretora do templo], em Ludlow, Encyclopedia of Mormonism, vol. 4, pp.
1445–1446).
^11. Busche, entrevista, p. 3. Hinckley era o primeiro conselheiro na Primeira Presidência no momento.
^12. Busche, entrevista, pp. 3–4. As recomendações para o templo são documentos de líderes
eclesiásticos locais de um membro certificando que esse membro é digno de entrar no templo. A
dignidade se baseia na crença do membro em doutrinas específicas e na obediência aos
mandamentos básicos, como a lei da castidade e ser honestos ao lidar com os outros (Robert A.
Tucker, “Temple Recommend”, em Ludlow, Encyclopedia of Mormonism, vol. 4, pp. 1446–1447).
^13. Busche, entrevista, pp. 1–2.
^14. Busche, entrevista, p. 4.
^15. Busche, entrevista, p. 5.
^16. Busche, entrevista, p. 5.
^17. Busche, entrevista, p. 2.
^18. A Segunda Guerra Mundial começou em 1º de setembro de 1939, com a invasão da Polônia.
Terminou com a rendição incondicional da Alemanha, em 8 de maio de 1945 (Ver Evan Mawdsley,
World War II: A New History [Segunda Guerra Mundial: Uma Nova História], Cambridge, UK:
Cambridge University Press, 2009, pp. 96, 403–404).
^19. Ver Elisabeth von Berrinberg, The City in Flames: A Child’s Recollection of World War II in
Würzburg, Germany [A Cidade em Chamas: Recordação de uma Criança da Segunda Guerra
Mundial em Würzburg, Alemanha], Minneapolis: Berrinberg Publications, 2013; e Kjersti Ericsson
e Eva Simonsen, eds., Children of World War II: The Hidden Enemy Legacy [Crianças da Segunda
Guerra Mundial: O Legado do Inimigo Oculto], Oxford: Berg, 2005.
^20. Ver Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação: Sermões e Escritos de Joseph Fielding Smith,
comp. por Bruce R. McConkie, 3 vols., Salt Lake City: Bookcraft, 1954, vol. 1, pp. 56–57.
^21. Ver Lucas 11:37–54; Mateus 23:1–39.
^22. Citação no original: “Como citado em TNT: The Power within You [TNT: O Poder Dentro de
Você], ed. por Claude M. Bristol e Harold Sherman, New York: Prentice-Hall, 1987, p. 52”. Ver
também George Long, trad., The Thoughts of the Emperor Marcus Aurelius Antoninus [Os
Pensamentos do Imperador Marco Aurélio], Boston: Little, Brown, 1891, p. 32.
^23. Marco Aurélio foi um imperador romano e filósofo inflexível muito conhecido (ver Frank
McLynn, Marcus Aurelius: Warrior, Philosopher, Emperor [Marco Aurélio: Guerreiro, Filósofo,
Imperador], London: Bodley Head, 2009).
^24. F. Enzio Busche estava no Primeiro Quórum dos Setenta de 1977 a 2000.
^25. Os membros da Igreja em Utah geralmente tinham uma família maior do que os moradores que
não eram mórmons. Geralmente, os membros da Igreja de Utah também tinham uma família maior
do que outros membros da Igreja nos Estados Unidos (Tim B. Heaton, “The Demography of Utah
Mormons” [A demografia dos mórmons de Utah] em Utah in Demographic Perspective: Regional
and National Contrasts [Utah em Perspectiva Demográfica: Contrastes Nacionais e Regionais], ed.
por Thomas K. Martin, Tim B. Heaton e Stephen J. Bahr, Salt Lake City: Signature Books, 1986,
pp. 181–193).
^26. Spencer W. Kimball, décimo segundo presidente da Igreja, com frequência exortava os membros a
plantar suas próprias hortas (ver, por exemplo, Spencer W. Kimball, “O verdadeiro caminho da vida
e salvação”, A Liahona, outubro de 1978, p. 4).
^27. As campanhas para fundos cardiológicos eram arrecadações de fundos destinados à educação do
público sobre a doença cardíaca e arrecadar dinheiro para pesquisas de combate à doença. “APM”
significa associação de pais e mestres. Tais associações organizam pais voluntários para apoiar as
escolas por meio de arrecadação de fundos, como voluntário na sala de aula, programação
educacional adicional e eventos sociais (ver, por exemplo, “Heart Association Plans Drive to Raise
$200,000” [A Associação do Coração planeja uma campanha para arrecadar 200 mil dólares],
Deseret News, 26 de fevereiro de 1981).
^28. Um símbolo local famoso e lugar de várias trilhas para caminhadas, o monte Timpanogos fica
diretamente ao norte de Provo, Utah, com o cume a uma altura de cerca de 3.600 metros acima do
nível do mar. Uma pessoa comum leva de sete a dez horas para caminhar até o alto e voltar (ver
Michael R. Kelsey, Climbing and Exploring Utah’s Mt. Timpanogos [Escalar e Explorar o Monte
Timpanogos, Utah], Provo, UT: Kelsey Publishing, 1989, pp. 7, 46, 136).
^29. O trabalho no templo inclui realizar as ordenanças salvadoras vicariamente em favor dos mortos.
Spencer W. Kimball incentivou os membros a manter uma história pessoal e um diário (ver
Princípios do Evangelho, 1978; reimpresso, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, 2009, pp. 243–248; Kimball, “O verdadeiro caminho da vida e salvação”, p. 4).
^30. Citação no original: “Conforme citado em Great Books of the Western World [Grandes Livros do
Mundo Ocidental], vol. 12, ed. por Robert Maynard Hutchins, Chicago: University of Chicago
Press, 1952, p. 283”.
^31. Citação no original: “Romanos 12:2”.
^32. A posteridade de Abraão (literal ou adotada) é considerada como filhos do convênio. Aqueles que
fazem convênios por meio das ordenanças da Igreja são contados como descendentes adotados de
Abraão (ver Marion G. Romney, “The Covenant of the Priesthood” [O convênio do sacerdócio],
Ensign, julho de 1972, pp. 98–99; e Eldred G. Smith, “All May Share in Adam’s Blessing” [Todos
podem compartilhar a bênção de Adão], Ensign, junho de 1971, pp. 100–101).
^33. O Templo de Frankfurt foi o segundo templo dedicado na Alemanha, em 1987, depois que o
Templo de Freiberg foi dedicado em 1985 (“Temple Time Line—1980–1989” [Cronologia do
templo — 1980–1989], Church News, 2 de setembro de 1989).
^34. Citação no original: “1 Coríntios 2:12”. Ver também 1 Coríntios 2:9.
—————————— 45 ——————————

Viver a vida

Elaine L. Jack
Serão do Sistema Educacional da Igreja
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
3 de janeiro de 1993
Presidência geral das Moças, Jayne B. Malan, Ardeth G. Kapp e
Elaine L. Jack. 1989. Ardeth Kapp serviu como presidente geral
das Moças de 1984 a 1992. Essa presidência foi responsável pela
criação do tema das Moças e dos valores das Moças e atualizou o
programa de Progresso Pessoal. Elaine Jack foi presidente geral
da Sociedade de Socorro de 1990 a 1997. Retratadas aqui, da
esquerda para a direita, estão Jayne, Ardeth e Elaine (Biblioteca
de História da Igreja, Salt Lake City).

Elaine Low Jack (nascida em 1928) acreditava ter trazido certa


independência para seu trabalho na Igreja porque seus pais permitiram que
ela fosse independente. Quando jovem, em Cardston, Alberta, Canadá, os
problemas de saúde de sua mãe fizeram com que ela tivesse outras
responsabilidades em casa, e ela também ganhava dinheiro extra trabalhando
em um salão de beleza e uma loja. Ela tocava órgão na Escola Dominical e,
durante o Ensino Médio, transcrevia bênçãos patriarcais para seu avô John
Anderson, que era patriarca da estaca.1 Elaine elaborou sua própria versão da
taquigrafia para registrar as bênçãos que Anderson muitas vezes deu em uma
sala ao lado do saguão de entrada do Templo de Cardston.2 Em 1948, ela se
casou com Joseph Jack, naquele templo.3
A presidente Belle S. Spafford convidou Elaine para fazer parte da junta
geral da Sociedade de Socorro em 1972, na qual ela trabalharia no currículo e
nos comitês de conferência geral, entre outras coisas, de 1972 a 1974. Ela
continuou a trabalhar na junta até o fim da presidência de Barbara B. Smith
em 1984, presidindo o comitê de currículos e trabalhando nos comitês para
recreação e auxílio à comunidade.4 Em 1987, ela se tornou a segunda
conselheira de Ardeth G. Kapp na organização das Moças e ficou responsável
pelo desenvolvimento de materiais de liderança.5 Quando assumiu esse
cargo, ela comentou: “O que me traz alegria é olhar para trás em minha vida e
ver crescimento”.6
Suas responsabilidades nas Moças terminaram quando se tornou
presidente geral da Sociedade de Socorro e escolheu Chieko N. Okazaki e
Aileen H. Clyde como suas conselheiras.7 A nova presidência da Sociedade
de Socorro, na esperança de motivar as irmãs, revisou a declaração de
propósito da organização para dizer: “Desenvolvam um testemunho pessoal,
abençoem a cada mulher, desenvolvam e exerçam a caridade, fortaleçam a
família, desfrutem de uma irmandade unida, participem plenamente das
bênçãos do sacerdócio”.8 Elas queriam que as mulheres tivessem um
sentimento maior de autoestima e capacidade de progredir. Elaine disse:
“Sentimos que estávamos no limiar de algo e que era tempo de as mulheres
serem realmente reconhecidas e de se sentirem uma parte ativa de uma
organização bem-sucedida”.9 Elaine queria reconhecer a diversidade das
mulheres da Sociedade de Socorro ao mesmo tempo em que edificava a união
entre elas, e ela sentiu que o foco resultante na mulher individualmente era
historicamente significativo, pois mudou a direção da Sociedade de Socorro
sem mudar o propósito básico.10
Ela confiou às líderes locais da Sociedade de Socorro cumprir e também
adaptar os princípios básicos à medida que procurassem fortalecer as pessoas
sob sua responsabilidade. “Vocês têm a inspiração de seu chamado”, ensinou
para elas. O subsolo do edifício da Sociedade de Socorro tinha uma sala
grande de recursos onde as irmãs da Sociedade de Socorro que estavam
visitando podiam encontrar informações para ajudá-las em suas funções. Na
parte de baixo de um grande espelho naquela sala, estavam gravadas as
palavras “Você é seu melhor recurso”. Ela acreditava que as líderes locais
eram “chamadas pelo Senhor” e que ela deveria fortalecê-las e incentivá-las a
ter confiança em si mesmas.11
As comemorações do sesquicentenário da Sociedade de Socorro em
1992 proporcionaram outra ocasião em que Jack incentivou a iniciativa
pessoal, fazendo do serviço e da alfabetização as características marcantes de
sua administração. Como parte das celebrações, cada unidade da Igreja
planejou seu próprio projeto de serviço, que era para incluir o maior número
de membros da Sociedade de Socorro possível, tanto como organizadoras
quanto como participantes.12 A Sociedade de Socorro Cergy-Pontoise na
França, por exemplo, fez colchas de retalhos para hospitais e asilos, e doou
roupas e doces para crianças carentes.13 A Estaca Magrath em Alberta,
Canadá, preparou 56 refeições e as congelou para a Lethbridge Soup Kitchen,
que distribui sopas para os pobres; costurou 70 camisolas e 30 sacolas com
produtos de higiene pessoal para a Casa Harbour, um abrigo para mulheres; e
escreveu 25 cartas para líderes do governo “referentes a questões morais”,
entre outras atividades.14 Os membros da Estaca Aba Nigéria melhoraram o
trajeto para um açude na Nigéria.15 Elaine sentiu que os projetos foram bem-
sucedidos quando elas não apenas melhoraram as comunidades, mas também
mostraram para as irmãs da Sociedade de Socorro o que elas poderiam
realizar.16 A presidência de Elaine Jack também lançou um trabalho de
alfabetização do evangelho em toda a Igreja em dezembro de 1992. Seu
propósito era ensinar habilidades básicas de alfabetização aos membros da
Igreja que não sabiam ler ou escrever e incentivar todos os membros a
estudar o evangelho ao longo da vida.17
No início de sua presidência, ela participou de uma reunião do Conselho
Executivo do Sacerdócio na qual ela, a irmã Okazaki e a irmã Clyde fizeram
uma apresentação de 30 minutos sobre o trabalho que estavam fazendo.18
Depois da apresentação, foram liberadas. Elas perceberam que, se mudassem
a abordagem para essa reunião semestral, poderiam fazer com que ela fosse
mais útil, então na próxima vez que participaram elas pediram aos membros
do conselho que respondessem ao relatório da Sociedade de Socorro com
suas próprias conclusões e sugestões e perguntaram: “Como podemos ajudá-
los melhor?” A conversa que se seguiu foi muito útil e depois elas foram
convidadas a participar das reuniões mensais e permanecer durante toda a
reunião.19 Elaine também incentivou a iniciativa própria e a ação no seguinte
discurso que proferiu em um serão para jovens adultos no Marriott Center,
em 3 de janeiro de 1993.

POUCO ANTES DE OS FILHOS DE ISRAEL atravessarem a terra


prometida, Moisés, seu líder, ofereceu-lhes um importante sermão final.
Como líder deles por 40 anos, Moisés proferiu esse sermão sobre o
conhecimento essencial da vida, sabendo muito bem que ele não
acompanharia seu povo na sua nova terra natal. O que ele teria dito nesta
última vez? Moisés disse a seu povo as coisas mais importantes que deveriam
saber se quisessem viver felizes e voltar ao Pai Celestial.
Quase no final de sua mensagem, ele expôs as escolhas deles muito
claramente. Ele disse essas palavras significativas:
“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te propus a
vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu
e a tua semente,
Amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e te achegando a
ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias”.20
Meus queridos irmãos e irmãs, assim como Moisés, fico observando
vocês, os jovens adultos da Igreja, preparar-se para atravessar muitas terras
prometidas. Esta noite repito as palavras de Moisés e lhes peço que escolham
a vida para entenderem com o coração e a mente que o Senhor é realmente
sua “vida e o prolongamento dos teus dias”.
“Escolher a vida” só é possível quando entendemos que temos o poder
de fazê-lo. No livro de Moisés, lemos sobre a conversa de Enoque com o
Senhor. Em um momento, Enoque relatou:

E aconteceu que o Deus do céu olhou o restante do povo e chorou;


(…)
E Enoque disse ao Senhor: Como é que podes chorar, sendo que és
santo e de toda eternidade para toda eternidade?
E se fosse possível ao homem contar as partículas da Terra, sim, de
milhões de terras como esta, não seria sequer o princípio do número de
tuas criações; e tuas cortinas ainda estão estiradas; e, contudo, estás ali e
teu seio está ali; e também és justo; tu és misericordioso e bondoso para
sempre; (…) como é que podes chorar?
O Senhor disse a Enoque: Olha estes teus irmãos; eles são a obra de
minhas próprias mãos e eu dei-lhes seu conhecimento no dia em que os
criei; e no Jardim do Éden dei ao homem seu arbítrio;
E a teus irmãos disse eu e também dei mandamento que se
amassem uns aos outros e que escolhessem a mim, seu Pai; mas eis que
eles não têm afeição e odeiam seu próprio sangue.21

O poder do arbítrio é imenso. Desde o início da jornada dos homens e


das mulheres pela mortalidade nesta Terra, o arbítrio tem sido um fator
fundamental. O Senhor nos deu o arbítrio para que escolhêssemos por nós
mesmos. Quando Moisés nos disse para “escolher a vida”, ele não estava
falando com leviandade. Ele estava sugerindo que, quando chegarem as
provações, cada um de nós tome a decisão de obedecer ou não aos
mandamentos.
Há muitas e variadas circunstâncias existentes na vida de cada pessoa
que controlam nossa visão do mundo. Mas o arbítrio ainda está aqui e é
concedido a todos. Sua capacidade de escolha pode ser uma de suas maiores
bênçãos se aprenderem a usá-la bem.
Um rapaz recém-formado conseguiu um novo emprego, comprou uma
casa e fez todos os tipos de planos para transformá-la na casa de seus sonhos,
completa com uma sala de ginástica e escritório. Dentro de sete meses, ele
ficou noivo de uma mulher com três filhas pequenas. Seis meses depois de se
casarem, sua esposa estava esperando bebê. As coisas não estavam fáceis
para essa família. O trabalho do rapaz era promissor, mas não lucrativo. Para
pagar as despesas, ele arrumou um segundo emprego como entregador de
jornais.
Um sábado de manhã, frio e muito cedo, ele tirou o carro da garagem
ouvindo uma canção melancólica no rádio. Ele refletiu sobre a canção que
falava de amor, da vida e da dor de tentar progredir em um mundo
extenuante, e ele próprio se sentiu melancólico. Enquanto dirigia de um lugar
para outro fazendo suas entregas, a melancolia se agravou para o que
podemos chamar de desolação. Bem, estar desolado é se sentir uma moeda
de cinco centavos e esperar troco. É pensar que a esperança foi passar o
inverno em uma praia ensolarada e esqueceu de voltar.
Quando o sol deu início a um novo dia, ele pensou sobre sua vida.
Mentalmente, olhou para o rosto de cada um de sua família e andou pelos
corredores de sua casa. Pensou em sua profissão, seus familiares, seu bairro e
suas responsabilidades na Igreja. Ele pesou as complexidades e os desafios,
as satisfações e os prazeres. E em sua mente, veio uma frase: “A vida não fica
melhor do que isso”.
Ele disse: “Foi uma constatação que surgiu de repente. Isso não
significava que a vida não pudesse ser mais fácil ou que eu quisesse sentir
tristeza. Simplesmente significava que eu tinha tudo o que eu precisava. E
não tinha sido assim quando eu morava sozinho e perambulava pela casa
planejando a decoração”.22
Alguns anos depois, ele convidou seus pais idosos para morar com ele e
sua família. Como ele acordava às 3 horas da madrugada todos os dias para
ajudar sua mãe com suas necessidades, ele sempre pensava: “A vida não fica
melhor do que isso”. Ele nunca teve a biblioteca ou a sala de ginástica, mas,
em meio à sua casa muito cheia, ele sempre agradecia ao Senhor por sua vida
que também era muito cheia.
Em meio a provas de final de ano, uma crise amorosa ou um conflito
com o cônjuge ou colegas de quarto, um sinal de maturidade espiritual e
emocional é se lembrar de que “a vida não fica melhor do que isso”. Isso
acontece porque é a sua vida agora e nada é mais estimulante do que viver a
sua vida, que é verdadeiramente o processo de fazer suas escolhas com base
no evangelho de Jesus Cristo. Fazer isso é realmente viver.
Uma mulher veio ao meu escritório há alguns meses. Ela estava em
prantos enquanto descrevia os desafios de viver nestes dias. Seu marido
estava estudando e trabalhando, mas não estava tão satisfeito com seu
trabalho como poderia estar. Seus filhos estavam saudáveis e prosperando,
mas eles não tinham tudo o que ela queria lhes dar. Sua casa era confortável,
mas não era tão grande como ela tinha sonhado que seria nessa altura da vida.
Seus amigos a apoiavam, mas não lhe davam muito tempo e atenção como
ela gostaria. Os sogros dela a amavam, mas sua sogra não podia ajudá-la com
as crianças com a frequência que essa jovem mãe achava que ela deveria.
Outra mulher me escreveu dizendo que tinha perdido a esperança de
encontrar um homem com quem pudesse se casar. Ela descreveu
detalhadamente seus relacionamentos e esforços fracassados para encontrar
um marido. Falou sobre sua autoestima baixa e suas dúvidas sobre se o
Senhor realmente a amava, como ela havia ensinado na Igreja toda sua vida.
Ela tem um bom emprego, boa saúde, bons amigos e boa família. No entanto,
ela falava da vida em termos sombrios e se referiu a si mesma como cidadã
de segunda classe na Igreja.23 Entendendo plenamente que não estou no lugar
de nenhuma das duas mulheres e que cada uma justificou suas preocupações,
ainda quero dar este conselho: Vivam a vida. Somos filhos e filhas de Deus.
Temos a plenitude do evangelho de Jesus Cristo. Somos chamados a nos
erguer e não a chafurdar na lama. Irmãos e irmãs, vamos viver a vida.
Nesta época do ano, estou lendo a história de Leí e sua família. Algumas
histórias das escrituras falam mais sobre o processo de viver a vida. Depois
de anos no deserto e muitas coisas das quais ele poderia justificadamente
reclamar, Néfi escreveu: “Armamos nossas tendas perto da costa e, apesar de
havermos sofrido muitas aflições e dificuldades, sim, tantas que não podemos
escrevê-las todas, ficamos imensamente contentes quando chegamos à
costa”.24
A dificuldade é um elemento essencial na base estrutural da mortalidade
e não impede a alegria. Não precisa ser tudo maravilhoso para nos
regozijarmos. Antes no mesmo capítulo de 1 Néfi, ele diz isso sobre sua
jornada: “E tão grandes foram as bênçãos do Senhor que, enquanto vivemos
de carne crua no deserto, nossas mulheres tiveram bastante leite para seus
filhos e eram fortes, sim, tanto quanto os homens; e começaram a suportar as
viagens sem murmurar”.25
Néfi acrescenta, então, o que é quase um adendo sobre essa experiência:
“E assim vemos que os mandamentos de Deus devem ser cumpridos. E se os
filhos dos homens guardam os mandamentos de Deus, ele alimenta-os e
fortalece-os e dá-lhes meios pelos quais poderão cumprir as coisas que lhes
ordenou”.26
Viver a vida é edificar sobre a boa rocha de suas próprias experiências e
seu testemunho. Néfi fez sua escolha quando era jovem. Ele escolheu a vida
e, apesar das séries marcantes de provações que surgiram em sua própria
vida, ele não fraquejou. Ele sabia onde estava indo espiritualmente, assim ele
conseguiu aguentar mesmo enquanto estava perdido em um deserto árido.
Viver a vida é ser forte. As duas mulheres que acabei de mencionar
estão levando uma boa vida, mas perderam o desejo de realizar as tarefas que
são suas. A mensagem inspirada do presidente Hinckley na reunião do
sacerdócio de outubro de 1992 é instrutiva para todos nós. Ele disse: “Sejam
fortes”, e ele falou sobre como podemos fazer isso por meio da
autodisciplina, defendendo o que é certo, demonstrando misericórdia,
honestidade simples e tendo fé pessoal.27 A fé pessoal exige força e é uma
fonte de força ao mesmo tempo. Como Néfi explicou sobre as experiências
de sua família no deserto, o Senhor vai nos nutrir, nos fortalecer e nos dar
meios para realizar as coisas que ele nos ordena.
A fé pessoal é uma realidade que vocês precisam em sua vida. É uma
fonte de força, consolo e resolução sob os momentos mais felizes e mais
difíceis de sua vida. Se vocês quiserem viver a vida, adquiram um
testemunho. A vida de vocês pode ser com pouco ou muito dinheiro, de
sucesso moderado ou considerável, uma vida de casados ou solteiros. Em
todas as circunstâncias, decidam ser fortes, então, como Néfi, vocês
conseguem resistir a milhares de situações que farão parte da mortalidade.
Viver a vida é nos regozijarmos com as coisas que fazemos todos os
dias. Leon Tolstoy escreveu em Anna Karenina sobre Levin, um fazendeiro
russo. Um dia ele decidiu cortar o feno com os camponeses que trabalhavam
em seus campos. No começo, tudo o que ele podia pensar era nas bolhas
aumentando em suas mãos e na dor constante de suas costas curvadas. As
fileiras pareciam cada vez mais longas enquanto ele trabalhava nelas. Ele
temia não ser capaz de acompanhar os outros. Mas então Tolstoy descreve
isto no momento em que Levin estava prestes a ceder:

Outra fileira, e ainda outra fileira, acompanhada de fileiras longas e


fileiras curtas, com grama boa e com grama ruim. Levin perdeu toda a
noção do tempo e não poderia ter dito se agora era tarde ou cedo. Uma
mudança começou a ocorrer em seu trabalho, que lhe deu uma satisfação
imensa. No meio de seu trabalho, houve momentos durante os quais ele
esqueceu o que estava fazendo e tudo ficou fácil para ele.28

Há uma espécie de magia em se envolver em uma tarefa tão


profundamente que você passa a apreciar o processo em si. Talvez seja por
isso que alguns de nós sentem tanta satisfação em ver potes cheios de frutas
em uma sala de armazenamento. Outros podem encontrá-la em um período
letivo terminado ou em uma motocicleta reformada ou na limpeza da
garagem do vizinho. As tarefas nos dão oportunidade de literalmente nos
lançar no trabalho que nos traz alegria.
Olhar para um gramado recém-aparado, um registro de grupo familiar
preenchido, um trabalho de tese fotocopiado, alguns pães caseiros perfeitos,
um carro lavado e polido, um poema que acabou de ser escrito com escolha
de palavras elegantes ou uma prova bem feita que foi recompensada com
uma boa nota — essas são algumas das experiências mais gratificantes da
vida. O melhor da vida está nesses momentos. Estamos nos regozijando na
colheita e reafirmando que de fato somos feitos à semelhança de nosso
Criador, porque Ele, também, fez uma pausa após Seus seis dias de trabalho,
olhou para tudo o que havia feito e viu que era bom. Regozijar-se na colheita
anda de mãos dadas com o reconhecimento de nosso Criador. Aquele que
olha para um celeiro cheio e se lembra do tempo de arar, do tempo de plantar,
do tempo de remoção de ervas daninhas e do tempo da colheita também deve
se lembrar do milagre muito além de sua própria força que levou essa
semente a dar frutos.
Viver a vida é ser grato. Quando vemos com mais clareza, podemos ver
a mão do Senhor em todas as coisas. Aquele que é verdadeiramente grato,
como Néfi, reflete sobre a bondade da vida embora reconheça que pode haver
mais adversidades do que as palavras para descrevê-las. Talvez a maior
diferença entre Néfi e seus irmãos mais velhos era a capacidade inabalável de
Néfi de progredir em todos os tipos de níveis espirituais, aumentando sua fé e
gratidão enquanto Lamã e Lemuel nunca progrediram, passando a murmurar,
esconder sentimentos e se rebelar — baixo nível de objetivos, na verdade.29
Cada um de nós possui bastante energia e tempo em um dia. Néfi
colocou sua energia em atividades que refletiam sua fé e gratidão. Lamã e
Lemuel semearam suas energias em campos estéreis de descontentamento,
desinteresse e descrença. A falta de gratidão deles resultou em conflito mortal
interminável para Néfi e conflito eterno para si mesmos.
Por experiência, aprendi que as pessoas que são espiritualmente maduras
são aquelas que são verdadeiramente gratas. Senti-me lisonjeada ao conhecer
pessoas cuja própria vida assim como suas palavras expressam gratidão pelas
bênçãos da vida e pelas bênçãos da verdade. Nas Filipinas, uma jovem mãe
se sentiu grata por uma máquina de costura pequena e antiga que permitiu
que ela ganhasse dinheiro extra que precisava para sua família com oito filhos
viajar para o Templo de Manila para serem selados.30 Milhares de membros
da Igreja estão levando uma vida agradável, quer estejam morando em uma
mansão em Jacarta ou em uma casa com vazamento no telhado. Em uma casa
com vazamento no telhado, uma irmã expressou gratidão por duas de suas
filhas terem sido bem-sucedidas nos exames finais que as qualificaram para
ser parteiras e em seguida me explicou que às vezes ela tem de “usar um
guarda-chuva” na cozinha quando chove.
Às vezes, acho que temos expectativas de que uma vida boa é a vida que
outra pessoa está levando. A verdade é que a vida boa é a vida que vocês têm,
porque é a única que podem levar. Creio que Néfi entendeu isso — com um
coração cheio ele poderia agradecer ao Senhor em meio a provações que
muitas vezes ameaçaram sua vida. Agradecer ao Senhor pelas bênçãos que
recebemos é entender como a vida é boa mesmo quando parece desagradável,
malsucedida ou simplesmente muito difícil.
Viver a vida é pensar no próximo e servi-lo. Em 1992, as mulheres da
Sociedade de Socorro de todo o mundo se uniram em projetos de serviço em
sua própria comunidade. Sei que muitas de vocês estiveram envolvidas. Uma
irmã do Peru escreveu dizendo que as mulheres de sua Sociedade de Socorro
ajudaram uma família cuja mãe havia falecido. A irmã disse: “Sentimo-nos
integradas e fortalecidas espiritualmente e ficamos felizes por ter sido
capazes de imitar nosso Senhor Jesus Cristo, servindo a nossos irmãos
necessitados”.
As mulheres da Estaca Apia Samoa Leste nos disseram:

Nós (…) decidimos perguntar ao governo se as irmãs da Sociedade


de Socorro da estaca poderiam plantar algumas flores ao redor do
relógio da cidade. Escolhemos o relógio porque ele fica bem no meio da
cidade e achamos que seria o lugar certo para ter um belo jardim. As
flores levariam o tema da Sociedade de Socorro, “A Caridade Nunca
Falha”. O governo ficou encantado. (…) Eles nos agradeceram de todo o
coração e então perguntaram se de alguma maneira poderíamos também
pintar a torre do relógio de 6 metros. Dissemos-lhes (…) que iríamos ver
se era possível fazer. (…) A estaca não tinha dinheiro, o que não nos
preocupou nem um pouco. Nós só queríamos que eles aprovassem,
porque tivemos um sentimento muito forte e acreditamos que, se fosse a
vontade do Senhor, tudo iria dar certo. (…) As tintas e os equipamentos
foram doados, os pintores profissionais doaram seu tempo e o
sacerdócio de nossa (…) estaca também ajudou com o trabalho. As
irmãs de oito unidades da estaca trabalharam raspando a tinta velha,
esfregando e lavando o relógio e, claro, plantando as flores. Vamos nos
revezar na manutenção dos jardins durante o ano inteiro. Novamente, as
irmãs foram generosas e dispostas.

Amo essas histórias e muitas outras que as irmãs enviaram para a


Sociedade de Socorro. Vocês podem imaginar o bem que foi feito em mais de
cem nações por milhares de irmãs da Sociedade de Socorro? Podem imaginar
as bênçãos que essas mulheres receberam na vida? Se vocês não aprenderem
a fazer o bem ao próximo, sua vida será monótona.
Acho que as melhores experiências que tive em minha vida envolveram
a ajuda ao próximo. Talvez tenha sido a criação de um jogo em uma reunião
familiar ou uma orientação para medalha de honra ao mérito. Esses bons
tempos resultaram do trabalho em chamados na Igreja, da direção de um
show itinerante ou do ensino das lauréis ou em projetos de bairro, talvez
organizando uma importante arrecadação de fundos.31 Em todos os casos,
desfrutei de situações em que pude trabalhar com outras pessoas em uma boa
causa.
O lema da Sociedade de Socorro é “A caridade nunca falha”.32 Que
coisa maravilhosa basear uma organização nos valores mais importantes de
nossa fé.
Viver a vida é estar dispostos a aceitar novas ideias. Há pouco tempo,
ouvi a história de um homem que estava deixando uma longa carreira em
uma indústria. Ainda relativamente jovem, ele teve que conseguir outro
emprego para sustentar sua família. A transição seria difícil, já que ele nunca
havia trabalhado em nenhum outro lugar a não ser em seu primeiro emprego.
Na reunião de um grupo comunitário, do qual ele era membro, surgiu um
assunto relacionado a esse emprego. Ele se recostou na cadeira e
imediatamente começou a falar ao grupo como as coisas estavam naquela
indústria, todos os problemas atualmente no mercado de trabalho e por que
ele estava certo. Depois de um discurso bastante longo, ele criticou ideias que
estavam sendo propostas e basicamente deixou o grupo sem esperança de que
alguma coisa poderia ser feita.
Quando a reunião encerrou, um membro do comitê disse ao outro:
“Acho que nosso amigo vai ter dificuldade para conseguir outro emprego. A
capacidade de eloquência não é muito comercial nestes dias”. Como isso é
verdade! É fácil usar conhecimentos e experiências antigas para criticar
possibilidades atuais ou futuras. É fácil dizer: “Bem, em minha missão era
feito assim”, ou, “no meu último emprego fazíamos assim”.
É muito mais difícil e muito mais sábio usar o que você sabe como base
para criação de uma coisa nova e melhor. O Senhor ordenou a Néfi: “Tu
construirás um navio da maneira que eu te mostrarei, a fim de que eu leve o
teu povo através destas águas”.33 Néfi respondeu: “Senhor, aonde irei a fim
de encontrar minério para fundir e fazer ferramentas, com o fito de construir
o navio do modo que tu me mostraste?”34
Provavelmente Néfi tinha algum conhecimento de ferramentaria e
possivelmente de construção. Duvido que ele sabia muito a respeito de
navios. Mas ele estava disposto a aplicar o que ele sabia para uma situação
nova. Seus irmãos, por outro lado, não tinham desejo de se envolver nesse
território — um território desconhecido. Em vez disso, eles fizeram o que as
pessoas muitas vezes fazem quando estão com medo, inseguras, inexperientes
ou preguiçosas — eles criticaram e insultaram Néfi. Néfi disse:

E quando meus irmãos viram que eu estava prestes a construir um


navio, começaram a murmurar contra mim, dizendo: Nosso irmão é um
tolo, pois pensa que poderá construir um navio; sim, e pensa também
que poderá atravessar estas grandes águas.
E, assim, meus irmãos se queixavam de mim e não tinham vontade
de trabalhar, pois não acreditavam que eu pudesse construir um navio.35

Vocês se lembram que foi necessária uma intervenção divina antes que
Lamã e Lemuel começassem a trabalhar.36
A falta de crença é uma desculpa conveniente para não realizar novos
projetos. Novas tarefas podem ser muito assustadoras, mas são boas para nós
também. Elas nos forçam a sair da zona de conforto atual. Às vezes,
precisamos sair de nossa zona de conforto espiritual. O trabalho árduo que
fazemos espiritualmente nos beneficiará de muitas, muitas maneiras, assim
como o trabalho árduo que vocês atualmente estão fazendo intelectualmente e
profissionalmente terá valor ao longo da vida.
Viver a vida é respeitar o próximo. Há muitas ocasiões em nossas
relações de trabalho quando faríamos bem em deixar nosso ego na porta junto
com o casaco. Os chamados da Igreja são uma dessas ocasiões. Todos
servimos com outras pessoas. Trabalhamos em presidências e bispados ou
como membros do grupo de professores na Escola Dominical ou das
auxiliares ou dos quóruns. Servimos com um companheiro como mestres
familiares ou professoras visitantes ou como duplas missionárias. Os
presidentes servem com os conselheiros ou consultores. Toda essa união é
para um propósito bom. Essas relações de trabalho nos ensinam a trabalhar
em conjunto. Temos o benefício das ideias e inspirações espirituais de outras
pessoas. Podemos nos unir como irmãos e irmãs em um relacionamento
sinergético que beneficia aqueles que servem e aqueles a quem servimos.
Essas relações de trabalho nem sempre são fáceis.
Na Igreja, não estamos edificando um reino, estamos edificando o reino.
Fazemos isso somente quando estamos unidos e verdadeiramente trabalhando
juntos. Um dos primeiros líderes da Igreja, George Q. Cannon, comentou:
“Não somos o povo de Deus quando não estamos unidos. A união é um dos
frutos do Espírito”.37 Quando deixamos de trabalhar em união em nosso
chamado na Igreja, impedimos que o Senhor nos abençoe como Ele poderia.
Quando foi a última vez que vocês perguntaram para aqueles com quem
servem: “Como posso ajudar?”, “O que você precisa?”
Vocês vão perceber grande crescimento em fazer tais perguntas
sinceramente com frequência e depois agir de acordo com as respostas que
receberem. Essas perguntas sugerem humildade, capacidade de ouvir,
aprender e receber comentários de outras pessoas. Elas nos ajudam a perceber
que sabemos que não somos o centro do universo, mas, sim, um importante
trabalhador no reino do Senhor, um reino que é eterno em propósito e
importância. Somos valiosos, cada um de nós, e porque somos, devemos
tratar uns aos outros com respeito.
Viver a vida é ser gentil. Poucas coisas são tão regenerativas quanto atos
simples de bondade — um toque gentil, um tapinha no braço, uma palavra de
incentivo, um silêncio paciente, uma pergunta de indagação quando algo está
obviamente errado, a retenção do julgamento até que todos os fatos sejam
conhecidos. Se formos sinceros sobre ser seguidores de Cristo, se realmente é
essa nossa intenção quando tomamos o sacramento no domingo ou assistimos
a uma sessão do templo, seremos bondosos.
Somos chamados a ser bondosos pelas definições bíblicas de caridade e
das relações divinas de trabalho. Paulo escreveu: “A caridade é sofredora, é
benigna”.38 Mórmon disse: “A caridade é sofredora e é benigna”.39 Joseph
Smith escreveu: “Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido em
virtude do sacerdócio, a não ser com persuasão, com longanimidade, com
brandura e mansidão e com amor não fingido; com bondade”.40
Devemos bondade uns aos outros. A bondade pode ser demonstrada de
várias maneiras. As escrituras não dizem que devemos ir a um encontro com
alguém com quem não escolhemos estar junto. Apenas dizem que devemos
ser bondosos ao dizer não para o convite. As escrituras não dizem que
devemos emprestar dinheiro a um irmão ou irmã ou colega de quarto. Não
dizem que precisamos fazer um trabalho de escola para um namorado,
namorada ou cônjuge. Elas dizem claramente que devemos ser bondosos ao
lidar uns com os outros. A bondade exige que meçamos nossa própria reação
contra um padrão de retidão. Às vezes bondade significa que devemos ficar
quietos ou abandonar uma situação. Às vezes a bondade exige que
permaneçamos e tentemos reparar o erro. Perguntem a si mesmos antes de
agir e falar “Será que é bondoso o que estou prestes a fazer ou dizer?” Se for,
procedam com confiança. Se não for, pensem em outra maneira de fazê-lo.
Viver a vida é amar a vida. No livro Spoon River Anthology [Antologia
de Spoon River], de Edgar Lee Masters, encontra-se um poema maravilhoso
intitulado “Lucinda Matlock”. Nesse poema, que parece quase um epitáfio,
Lucinda fala sobre sua vida difícil, seus desafios e suas alegrias. Ela termina
dizendo:

Que é isto que ouço de tristeza e cansaço,


Ira, descontentamento e falta de esperança?
Filhos e filhas degenerados,
A vida é muito forte para vocês —
É preciso uma vida para amar a vida.41

Duas amigas estavam conversando. Uma estava descrevendo sua


preocupação com a universidade e suas provas finais que estavam chegando.
Ela também estava preocupada com o namorado e em se casar antes de se
formar. Ela se perguntava se conseguiria encontrar trabalho depois de obter
seu diploma. Seu pai não estava muito bem e ela estava preocupada em juntar
dinheiro suficiente para ir visitá-lo. Estava também se sentindo estressada
com sua colega de quarto e estava pensando em encontrar outro lugar para
morar. A amiga a ouviu atentamente e depois perguntou: “Qual desses
problemas você pode realmente tentar resolver neste momento e quais são
apenas preocupações sem importância?”
A próxima vez que pensarem em dedicar um pouco de tempo com
preocupações sem importância, pensem nas palavras de Néfi sobre o
Salvador: “E o mundo, devido à iniquidade, julgá-lo-á como uma coisa sem
valor; portanto o açoitam, e ele suporta-o; e ferem-no, e ele suporta-o. Sim,
cospem nele, e ele suporta-o, por causa de sua amorosa bondade e
longanimidade para com os filhos dos homens”.42
Néfi nos lembra que nosso Salvador sofreu voluntariamente por causa
de Seu amor por nós. Não há nada que possamos sentir que nosso Senhor não
entenda.
Sei que isso é verdade. Às vezes, quando me sinto sobrecarregada ou
sozinha, insegura ou sem esperança, lembro-me de que tenho um Salvador
que me compreende e me ama. Sua Expiação foi pessoal; foi por mim. Ele
sabe. Ele compreende.
Quando Moisés deu o último sermão que citei no início destas palavras,
ele sabia para o que ele estava enviando seu povo. Ele lhes disse: “Sede fortes
e corajosos; não temais, nem vos espanteis diante deles; porque o Senhor teu
Deus é o que vai contigo; não te deixará nem te desamparará”.43 Ele sabia
que eles não estavam indo para uma terra nova sozinhos. O auxílio infalível
estava com eles, porque o Senhor estava com eles. Moisés podia, portanto,
aconselhá-los com confiança a ser fortes e corajosos, porque ele sabia que
havia uma base segura para a força e coragem deles.
Passamos pela mortalidade com a mesma promessa. O Senhor está
conosco e não vai nos abandonar. Uma amiga minha diz para seus filhos mais
velhos: “Orem à noite, planejem pela manhã”. O que ela quer dizer é que a
noite é a hora para o corpo, a mente e a alma descansarem. O dia é a hora
para agir. Gosto da placa que uma de minhas vizinhas tem sobre a pia da
cozinha: “Todas as noites entrego minhas preocupações para Deus. Ele vai
ficar acordado a noite toda de qualquer forma”.
Quando surgir o desejo de se preocupar com coisas sem importância,
lembrem-se da coragem, porque o Senhor os conhece e entende, e Ele os
ama. Há seis anos, o élder Bruce R. McConkie, membro do Conselho dos
Doze Apóstolos por 12 anos, estava deitado em seu leito de morte.44 Sua
esposa, Amelia, inclinou-se sobre ele e disse: “Bruce, você tem uma
mensagem para mim?” Embora fraco e partindo, ele respondeu em voz firme
com sua última palavra: “Persevere”.45
Perseverar — que grande mensagem! Que maneira de viver e amar a
vida.
As escolhas apresentadas por Moisés são as escolhas. Vocês são
maravilhosos. Vivam a vida escolhendo ao Senhor, “pois ele é a tua vida”.
Digo isso em nome de Jesus Cristo. Amém.
Elaine L. Jack, “Get a Life” [Viva a vida], em Universidade Brigham Young 1992–1993 Devotional
and Fireside Speeches [Discursos de Devocionais e Serões], Provo, UT: Brigham Young University,
1993, p. 47.

_________________________
^1. “Chamada nova presidência geral da Sociedade de Socorro”, A Liahona, julho de 1990, p. 108;
Janet Peterson e LaRene Gaunt, Faith, Hope, and Charity: Inspiration from the Lives of General
Relief Society Presidents [Fé, Esperança e Caridade: Inspiração da Vida das Presidentes da
Sociedade de Socorro], American Fork, UT: Covenant Communications, 2008, pp. 224–225;
Elaine L. Jack, entrevista por Kate Holbrook, 21 de julho de 2015, p. 1, Biblioteca da História da
Igreja.
^2. Peterson e Gaunt, Faith, Hope, and Charity [Fé, Esperança e Caridade], p. 225.
^3. “Chamada nova presidência geral da Sociedade de Socorro”, p. 110; “Elaine L. Jack, Second
Counselor in the Young Women Presidency” [Elaine L. Jack, segunda conselheira na presidência
das Moças], Ensign, maio de 1987, p. 100. A família Jack retornou ao Templo de Cardston para
servir como presidente e diretora, e comemorar seu aniversário de 50 anos de casados em 1998
(Elaine Jack, entrevista por Holbrook, 2; “Appointments” [Nomeações], Ensign, novembro de
1997, p. 111; “New Temple Presidents” [Novos presidentes de templo], Church News, 23 de
setembro de 2059; Peterson e Gaunt, Faith, Hope, and Charity [Fé, Esperança e Caridade], pp. 226,
239).
^4. Relief Society General Board Minutes [Atas da junta geral da Sociedade de Socorro], vol. 41,
1972–1973, pp. 231–232; vol. 42, 1973–1974, p. 220; vol. 43, 1974–1975, pp. 244–246; vol. 44,
1975–1976, p. 263; vol. 45, 1977, pp. 242–243; vol. 46, 1978, pp. 236–239; vol. 47, 1979, pp. 202–
203; vol. 48, 1980, pp. 204–205; vol. 49, 1981, pp. 163–164; vol. 50, 1982, p. 261; vol. 51, 1983,
pp. 201–202, CHL.
^5. “Elaine L. Jack”, p. 100; Ardeth G. Kapp e Carolyn J. Rasmus, entrevista por Gordon Irving, abril-
junho de 1992, p. 144, James Moyle Oral History Program [Programa da história contada de James
Moyle], CHL.
^6. “Elaine L. Jack”, p. 100.
^7. Para saber mais sobre Okazaki, ver o capítulo 46 nesta publicação. Aileen Clyde ensinou inglês na
Universidade Brigham Young por dez anos, depois trabalhou como controladora de tráfego
certificada em construção, ajudando outras controladoras de tráfego a manter seu emprego quando
tinham de faltar ao trabalho por motivo de doença pessoal ou familiar. Ela presidiu a Força-Tarefa
de Gênero e Justiça de Utah de 1987 a 1990 e foi cidadã presidente da Comissão de Justiça
Criminal e Juvenil até 1988, quando ela deu início a 12 anos de serviço na Junta de Regentes do
estado de Utah (Aileen Clyde, e-mails para Kate Holbrook, 21 de julho de 2015 e 20 de janeiro de
2016; Aileen H. Clyde 20th Century Women’s Legacy Archive [Arquivo do legado das mulheres
do século 20], acessado em 8 de dezembro de 2015, lib.utah.edu).
^8. Antes de atualizar a declaração de propósito, Elaine Jack e suas conselheiras examinaram as
declarações anteriores — dando uma atenção especial ao propósito conforme está registrado na ata
da Sociedade de Socorro de Nauvoo e às declarações escritas por presidências anteriores — e,
depois, desenvolveram sua própria declaração, que enfatizava a ação e a mulher individualmente.
Elas queriam criar uma declaração que fosse significativa para as mulheres de todo o mundo
(Cherry B. Silver, History of the Relief Society: The Elaine Jack Administration [História da
Sociedade de Socorro: A Administração de Elaine Jack], Salt Lake City: Sociedade de Socorro de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2059, pp. 5–6, CHL; Jill Mulvay Derr, Janath
Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society
[Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992,
pp. 401–403).
^9. Elaine L. Jack, entrevista por Brian D. Reeves, janeiro–junho de 1991, p. 18, James Moyle Oral
History Program, CHL.
^10. Elaine Jack, entrevista por Reeves, pp. 18–19; Elaine L. Jack, “Women’s History Committee
Birthday Celebration with Sister Elaine L. Jack” [Comemoração do aniversário do comitê de
história das mulheres com a irmã Elaine L. Jack], registro em áudio, 13 de março de 2013, 14:30,
CHL; ver também Elaine L. Jack, “Them and Us” [Eles e nós], discurso do serão da Universidade
Brigham Young, 2 de junho de 1991, acessado em 8 de dezembro de 2015, speeches.byu.edu.
^11. Elaine Jack, “Women’s History Committee Birthday Celebration” [Comemoração do aniversário
do comitê de história das mulheres], 17:00; Silver, History of the Relief Society [História da
Sociedade de Socorro], p. 6.
^12. Relief Society Sesquicentennial Celebration [Celebração do Sesquicentenário da Sociedade de
Socorro], Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], 1991, p. 1.
^13. Relief Society Sesquicentennial Histories [Histórias do Sesquicentenário da Sociedade de
Socorro], 1992, Ala Cergy Pontoise, Estaca Paris França, CHL.
^14. Relief Society Sesquicentennial Histories [Histórias do Sesquicentenário da Sociedade de
Socorro], 1992, Magrath, Alberta, CHL.
^15. Elaine Jack ficou sabendo dos projetos tanto por meio de cartas como visitando as Sociedades de
Socorro em todo o mundo (Elaine Jack, Chieko Okazaki, Aileen Clyde e Ellen Allred, entrevista
por Brian D. Reeves e Pauline K. Musig, 20 de março de 1996, p. 24, James Moyle Oral History
Program, CHL; Elaine Jack, entrevista por Holbrook, p. 5; “Relief Society Sesquicentennial
Histories”, CHL).
^16. Jack, Okazaki, Clyde e Allred, entrevista, p. 24; Jack, entrevista por Holbrook, p. 4.
^17. Jack, Okazaki, Clyde e Allred, entrevista, p. 25; History and Summary of the Gospel Literacy
Effort [História e Resumo do Trabalho de Alfabetização do Evangelho], Salt Lake City: A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1997, p. 22; Elaine Jack, entrevista por Reeves, p. 16.
^18. O Conselho Executivo do Sacerdócio dirigiu o Departamento de Currículo e as auxiliares da
Igreja, incluindo a Primária, os Rapazes, as Moças, a Sociedade de Socorro e a Escola Dominical.
O conselho era composto pelos membros do Quórum dos Doze Apóstolos, dos Quóruns dos Setenta
e do bispado presidente. As presidências das auxiliares geralmente participavam para relatar e
debater questões relacionadas à sua esfera de responsabilidade (Lee Tom Perry, Paul M. Bons e
Alan L. Wilkins, “Contemporary Organization” [Organização Contemporânea], em Encyclopedia of
Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H. Ludlow, 5 vols., New York:
Macmillan, 1992, vol. 3, p. 1046).
^19. Elaine Jack, “Women’s History Committee Birthday Celebration” [Comemoração do aniversário
do comitê de história das mulheres], 40:05; Elaine Jack, entrevista por Holbrook, pp. 7–8. Em 18 de
agosto de 2015, a Igreja designou as presidentes das organizações lideradas por mulheres como
membros oficiais dos conselhos de liderança geral (ver “Women Church Leaders Appointed to
Leadership Councils” [Líderes das mulheres da Igreja são designadas para os conselhos de
liderança], Newsroom Blog de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 19 de agosto
de 2015, acessado em 4 de fevereiro de 2016, mormonnewsroom.org).
^20. Citação no original: “Deuteronômio 30:19–20”.
^21. Citação no original: “Moisés 7:28–33”.
^22. Citação no original: “Bruce Sylvester, ‘Making Room’ [Abrir espaço], Christian Science Monitor,
25 de agosto de 1992, p. 19”. Essa história também foi publicada como Bruce Sylvester, “Family
Accommodations” [Acomodações para a família], Christian Science Monitor, 25 de agosto de
1992.
^23. De acordo com um estudo nacional, 12,1 por cento dos adultos da Igreja nos Estados Unidos eram
solteiros em 1990 (Barry A. Kosmin e Seymour P. Lachman, Research Report: The National
Survey of Religious Identification, 1989–1990 [Relatório de Pesquisa: O Levantamento Nacional de
Identificação Religiosa, 1989–1990], Escola de pós-graduação e centro universitário da
Universidade da Cidade de Nova York, março de 1991, p. 6, acessado em 9 de dezembro de 2015,
jewishdatabank.org).
^24. Citação no original: “1 Néfi 17:6”.
^25. Citação no original: “1 Néfi 17:2”.
^26. Citação no original: “1 Néfi 17:3”.
^27. Gordon B. Hinckley, “Edificar vossos tabernáculos”, A Liahona, janeiro de 1993, p. 54.
^28. Citação no original: “Leo Tolstoy, Anna Karenina, trad. por Constance Garnett, New York:
Random House, 1939, p. 301”.
^29. Ver 1 Néfi 15:1–36; 16:1–5.
^30. Durante a década de 1990, as capelas nas Filipinas possuíam máquinas de costura para ajudar as
irmãs da Sociedade de Socorro a aprender a costurar. Muitas irmãs usaram essas habilidades para
ganhar dinheiro para sua família (ver Marvin K. Gardner, “Os santos das Filipinas: Um povo que
crê”, A Liahona, setembro de 1991, p. 8).
^31. Shows itinerantes eram programas musicais curtos que grupos locais da Associação de
Melhoramentos Mútuos (AMM) escreviam e apresentavam em suas alas e estacas. Isso começou na
década de 1920. Laurel é o nome dado ao grupo de moças com idade de 16 a 18 anos (“M. I. A.
Notes: Stake Happenings” [Notas da A.M.M.: Acontecimentos das estacas], Young Woman’s
Journal 34, nº 7, julho de 1923, p. 393; Elaine Anderson Cannon, “Young Women” [Moças], em
Ludlow, Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], vol. 4, pp. 1617–1618).
^32. A junta geral da Sociedade de Socorro adotou o lema “A caridade nunca falha”, extraído de 1
Coríntios 13:8, em 1913 (Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher,
Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do Convênio: A História da Sociedade
de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, p. 194).
^33. Citação no original: “1 Néfi 17:8”.
^34. Citação no original: “1 Néfi 17:9”.
^35. Citação no original: “1 Néfi 17:17–18”.
^36. Ver 1 Néfi 3:28–31; 4:1–4; 17:48–55.
^37. Citação no original: “George Q. Cannon, Gospel Truth [A Verdade do Evangelho], comp. por
Jerreld L. Newquist, Salt Lake City: Deseret Book Company, 1987, p. 165”. Cannon foi primeiro
conselheiro na Primeira Presidência, sob a liderança dos presidentes da Igreja John Taylor, Wilford
Woodruff e Lorenzo Snow de 1880 a 1901.
^38. Citação no original: “1 Coríntios 13:4”.
^39. Citação no original: “Morôni 7:45”.
^40. Citação no original: “D&C 121:41–42”.
^41. Edgar Lee Masters, “Lucinda Matlock”, em Spoon River Anthology [Antologia sobre Spoon
River], New York: Macmillan, 1921, p. 230.
^42. Citação no original: “1 Néfi 19:9”.
^43. Citação no original: “Deuteronômio 31:6”.
^44. Bruce R. McConkie serviu no Quórum dos Doze Apóstolos de 1972 a 1985.
^45. Citação no original: “Ver Marvin J. Ashton, ‘Constantes qual firmes montanhas’, A Liahona,
janeiro de 1990, p. 41”.
—————————— 46 ——————————

Cestas e potes de conservas

Chieko N. Okazaki
Conferência geral anual
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
6 de abril de 1996

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Por meio de suas palavras e sua liderança, Chieko Nishimura Okazaki


(1926–2011) trouxe mais atenção a todos os membros da Igreja do mundo
todo. Quando ela foi designada à junta geral das Moças em 1961, a irmã
Okazaki se tornou a primeira pessoa de etnia não caucasiana a possuir um
chamado na junta geral da Igreja. Ela também foi a primeira mulher a servir
em todas as três juntas das auxiliares das mulheres: Organização das Moças
de 1961 a 1966, Primária de 1988 a 1990 e Sociedade de Socorro de 1990 a
1997.1 Quando seu marido, Edward Okazaki, estabeleceu a nova Missão
Japão Okinawa em 1968, Chieko era presidente de todas as auxiliares da
missão: Sociedade de Socorro, Moças e Primária.2
Chieko Okazaki foi criada em uma família budista de ascendência
japonesa que trabalhava em plantações havaianas. A família se sacrificou
para prover seus estudos e a educação se tornou o trabalho de sua vida.
Hatsuko Nishimura, mãe de Chieko, foi forçada a abandonar a escola na
sexta série, após a morte de sua própria mãe. Para ajudar a financiar os
estudos de sua filha, ela e outros membros da família — seu marido,
Kanenori, e seus dois filhos — completavam a renda deles do trabalho de
plantio, fazendo zori, sapatos de folhas de lauhala, e vendendo a 50 centavos
o par.3
Chieko começou a frequentar as reuniões da Igreja aos 11 anos de idade,
mas decidiu se filiar aos 15 e, pouco depois disso, deixou o lar para trabalhar
como doméstica para custear as despesas do Ensino Médio.4 Ela vendeu joias
na loja Sears-Roebuck e trabalhou como secretária no consulado sueco para
pagar sua graduação em educação na Universidade do Havaí em Honolulu.5
Ela também concluiu mestrado em educação pela Universidade Northern
Colorado, em 1977, e um diploma em administração educacional da
Universidade do Estado do Colorado, em 1978.6 Ela foi professora primária
em Maui, Havaí; Salt Lake City, Utah; e Littleton, Colorado; e, por dez anos,
foi a primeira diretora de uma escola fundamental, Sunrise Elementary
School, em Littleton.7
Chieko conseguiu entender a complexidade de sua condição étnica e
cultural com 15 anos de idade. Preocupadas com o que os outros pensariam a
respeito de sua família após os militares japoneses bombardearem Pearl
Harbor no Havaí, ela e sua mãe queimaram todos os pertences que
lembrassem suas origens japonesas. Porém, foi então que ela se viu no
espelho e contemplou sua feição japonesa. Ela pensou: “Nunca coloquei os
pés no Japão. Não sou japonesa no meu coração. Se um submarino japonês
atracasse na praia e soldados japoneses desembarcassem, eu fugiria deles.
Mas não posso fugir de mim mesma. Meus olhos, minha pele e meu cabelo
são japoneses”.8 Não muito tempo após seu casamento com Edward Okazaki,
em 18 de junho de 1949,9 o casal se mudou para Utah para que ele estudasse
serviço social na Universidade de Utah.10 Chieko descreveu a si mesma e a
seu marido como “japoneses por ascendência, havaianos por terra natal e
americanos por residência. (…) Tínhamos créditos de três culturas, mas não
pertencíamos totalmente a nenhuma delas”.11 Ela enfrentou o racismo
durante sua vida. A irmã Chieko começou a ensinar na escola fundamental
Uintah, em Salt Lake City, em setembro de 1951, logo após a Segunda
Guerra Mundial, quando o sentimento antinipônico ainda estava em alta nos
Estados Unidos. Três mães se recusaram a ter seus filhos em suas aulas do
segundo ano escolar. Contudo, Chieko Okazaki, radiante no primeiro dia,
com um vestido de cor fúcsia e com uma flor escondida atrás da orelha,
conquistou-os rapidamente. As três mães pediram que seus filhos ficassem na
classe de Chieko, depois de tudo.12
Ela repetidamente trabalhou para promover a união apesar das barreiras
culturais e linguísticas. Por exemplo, após ser chamada para a presidência
geral da Sociedade de Socorro em 1990, ela sentiu o forte desejo de se
comunicar com os membros da Igreja em seus próprios idiomas. Antes de
viajar para outros países, o departamento de tradução da Igreja traduzia para
o espanhol, tonganês e coreano os discursos que ela escrevia, depois ela os
praticava repetidas vezes. O idioma coreano foi um desafio particular para
ela. Sunae Mackelprang registrou a fala em um gravador para Chieko praticar
a pronúncia repetidamente e o marido de Sunae, Gary, traduziu o discurso.13
Ainda assim, ela tinha dificuldade para pronunciar as palavras de modo
compreensível e questionava a si mesma se deveria desistir e confiar na ajuda
de intérpretes. Ela se sentiu inspirada a escrever o discurso em caracteres
Hiragana — caracteres chineses que pessoas que falam japonês também usam
— e, depois de trabalhar arduamente, a pronúncia, a estrutura gramatical e a
entonação finalmente fizeram sentido para ela. Seu público conseguiu
entender o discurso e ficou muito surpreso e satisfeito por ela ter conseguido
fazê-lo sem a ajuda de uma intérprete.14
Em 1996, Chieko Okazaki supervisionou o currículo, a liderança e o
programa de professoras visitantes da Sociedade de Socorro, entre outros
programas.15 Ela deu o seguinte discurso sobre a união e a diversidade
durante a sessão da manhã de sábado da conferência geral.
Chieko N. Okazaki discursando na conferência geral. 1996.
Chieko foi uma escritora produtiva e oradora muito conhecida.
Tendo sido professora e diretora do Ensino Fundamental, ela
frequentemente empregava auxílios visuais quando falava.
Fotografia: Welden C. Anderson (Biblioteca de História da Igreja,
Salt Lake City).

QUERIDOS IRMÃOS E IRMÃS, aloha! Em fevereiro, senti-me feliz como


vocês quando o número de membros em países estrangeiros ultrapassou,
ainda que ligeiramente, o número de membros nos Estados Unidos.16 Essa
pequena mudança é um símbolo importante da natureza internacional da
Igreja. Pensei na declaração de Paulo aos gálatas: “Nisso não há judeu nem
grego; não há servo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus”.17 Esta semana vou celebrar meu 54º aniversário de
batismo. Os conversos como eu conhecem a promessa de Paulo: “Porque
todos nós fomos também batizados em um só Espírito para um só corpo”.18
Irmãos e irmãs, quero falar hoje sobre a bela unidade que
compartilhamos no evangelho. Cheguei há três semanas de uma viagem às
Filipinas, à Austrália, à Nova Zelândia, a Tonga e a Fiji, onde a irmã Susan
Warner e eu participamos de um treinamento de liderança.19 Designações
anteriores me levaram ao México, a Honduras, à Guatemala, a Samoa, à
Coreia e ao Japão.
Em todos esses países, trabalhamos arduamente por muito tempo. As
pessoas diziam: “Vocês devem estar exaustas”. Pelo contrário, sentíamo-nos
carregadas “como sobre asas de águias”,20 porque vimos as filhas de Sião
“[despertarem] e [levantarem-se] (…) e [se vestirem] com [seus] vestidos
formosos”21 em resposta para as boas-novas do evangelho. Ensinamos, mas
— e este é o ponto que quero salientar — também aprendemos.
A lição mais importante foi a de que somos todos um em Cristo Jesus.22
Somos um em nosso amor pelo Salvador. Somos um em nosso testemunho do
evangelho. Somos um em fé, esperança e caridade. Somos um em nossa
convicção de que o Livro de Mórmon é a palavra inspirada de Deus. Somos
um no apoio ao presidente Hinckley e às demais autoridades gerais.23 Somos
um no amor mútuo.
Somos perfeitos em alguma dessas coisas? Não. Todos temos muito que
aprender. Somos exatamente iguais em alguma dessas coisas que citei? Não.
Estamos todos em pontos diferentes de nossa jornada de volta ao Pai
Celestial. Os judeus e os gregos que Paulo mencionou em sua epístola aos
gálatas deixaram de ser judeus e gregos quando foram batizados? Os homens
deixaram de ser homens e as mulheres deixaram de ser mulheres? Não. Mas
foram todos “batizados em Cristo” e “[revestidos] de Cristo”.24
Néfi explica o mesmo princípio nestes termos: O Salvador “convida
todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e não repudia quem quer
que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; (…) e todos
são iguais perante Deus”.25
Deus nos deu muitos dons, muita diversidade e muitas diferenças, mas o
essencial é o que sabemos a respeito uns dos outros — que somos todos Seus
filhos. Nosso desafio como membros da Igreja é aprendermos todos uns com
os outros, amar uns aos outros e crescer juntos.
As doutrinas do evangelho são imprescindíveis. Elas são essenciais, mas
o invólucro é opcional. Vou lhes dar um exemplo simples para mostrar a
diferença entre as doutrinas da Igreja e o invólucro cultural. Tenho aqui um
pote de conserva de pêssegos, preparado por uma dona de casa de Utah para
alimentar sua família durante o inverno. As donas de casa havaianas não
fazem conservas de frutas. Elas colhem frutas suficientes para alguns dias e
guardam em cestas como esta. Nesta cesta temos uma manga, bananas, um
abacaxi e um mamão. Comprei essas frutas em um supermercado em Salt
Lake City, mas elas poderiam ter sido colhidas por uma dona de casa da
Polinésia para alimentar sua família, em um clima em que as frutas
amadurecem o ano inteiro.
A cesta e o pote de conserva são recipientes diferentes, mas o conteúdo
é o mesmo: frutas para a família. O pote é o recipiente certo e o cesto é o
errado? Não, ambos são certos. São recipientes apropriados para a cultura e
as necessidades do povo. E são ambos adequados para seu conteúdo, isto é,
as frutas.
Agora, o que seria a fruta? Paulo escreveu: “O fruto do Espírito é
caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão [e]
temperança”.26 Na irmandade da Sociedade de Socorro, na fraternidade dos
quóruns do sacerdócio, na reverente reunião para participarmos do
sacramento, o fruto do Espírito nos une em amor, alegria e paz, quer a
Sociedade de Socorro seja de Taipei ou Tonga, quer o quórum do sacerdócio
seja de Montana ou do México, e quer a reunião sacramental seja em Fiji ou
nas Filipinas.
No mundo todo, como irmãos e irmãs no evangelho, podemos aprender
uns com os outros, tornar-nos mais unidos e aumentar nosso amor mútuo.
Nossa união se desenvolve a partir do que temos em comum no mundo
inteiro: as doutrinas e ordenanças do evangelho, a fé no Salvador, o
testemunho das escrituras, a gratidão pela orientação dos profetas vivos e a
percepção que temos de nós mesmos como um povo que se esforça para ser
santo. Esses são os princípios do evangelho.
Devemos ser sensíveis aos imutáveis e poderosos princípios básicos do
evangelho. Devemos entender que eles são o que há de mais importante.
Devemos edificar alicerces firmes sobre esses princípios. Assim, quando
vierem as chuvas e as enchentes, nossa casa estará “edificada sobre a rocha” e
não cairá.27
Então, edificando nesse firme alicerce, vamos nos regozijar uns com os
outros, ouvir uns aos outros, aprender uns com os outros e ajudar uns aos
outros a aplicar esses princípios ao lidar com nossas circunstâncias diferentes,
nossas culturas diferentes, nossas gerações diferentes e nossos países
diferentes.
Há seis anos, venho ouvindo as mulheres da Sociedade de Socorro da
Igreja. Aprendi com todas elas. Aprendi com mães divorciadas, que estão se
esforçando para criar os filhos sozinhas. Aprendi com mulheres que
gostariam de ser casadas, mas não são, outras que anseiam por ter filhos, mas
não conseguem, outras ainda que correm o risco de maus-tratos físicos e
emocionais no lar. Aprendi com mulheres que trabalham dentro do lar e com
mulheres que trabalham fora do lar. Aprendi com mulheres que sofrem de
dependência química, de doenças crônicas e que sofreram abuso sexual na
infância.
Poucas dessas mulheres sabiam que estavam me dando um presente. A
maioria pensava estar pedindo ajuda. Mas todas me abençoaram quando as
ouvi e aprendi com elas.
Quando fui chamada para a presidência geral da Sociedade de Socorro,
em abril, há seis anos, o presidente Hinckley me aconselhou: “Você traz uma
qualidade especial para essa presidência. Será reconhecida como
representante dos membros da Igreja fora dos Estados Unidos e Canadá, ou
melhor, como elo de comunicação com muitos, muitos países. Eles a verão
como representante da união deles com a Igreja”. Ele me deu uma bênção
para que minha língua se desatasse ao falar com as pessoas.28
Presidente Hinckley, quero prestar testemunho a Deus diante do senhor
e desta congregação de que seu conselho e sua bênção foram literalmente
cumpridos.
Não falo coreano, nem espanhol, nem tonganês. Mas, quando recebi a
designação de visitar as irmãs da Sociedade de Socorro e os líderes do
sacerdócio nos países onde se falam esses idiomas, senti um grande desejo de
me dirigir a eles em sua própria língua. Levei-lhes a força das palavras de
conforto e bênção do presidente Hinckley. Com a ajuda do departamento de
tradução da Igreja e bons instrutores, que passaram horas me ensinando, fui
abençoada ao discursar em espanhol, coreano e tonganês quando visitei essas
pessoas.29 Pude sentir o Espírito levando minhas palavras ao coração delas e
senti “o fruto do Espírito”30 trazendo de volta amor, alegria e fé. Senti o
Espírito nos unindo.
Irmãos e irmãs, sejam suas frutas pêssegos ou mamões, estejam elas em
cestas ou em potes de conserva, agradecemos por as oferecerem com amor.
Pai Celestial, que sejamos um e que sejamos Teus,31 oro no sagrado nome de
nosso Salvador Jesus Cristo. Amém.
Chieko N. Okazaki, “Cestas e potes de conserva”, A Liahona, julho de 1996, p. 12.

_________________________
^1. “Obituary: Okazaki, Chieko” [Obituário: Chieko Okazaki], Deseret News, 7 de agosto de 2011.
^2. “Chamada nova presidência geral da Sociedade de Socorro”, A Liahona, julho de 1990, p. 108;
“Obituário: Okazaki, Chieko”; Chieko N. Okazaki, entrevista por Brian D. Reeves, fevereiro–abril
de 1991, pp. 33–35.
^3. Gregory A. Prince, “‘There Is Always a Struggle’: An Interview with Chieko N. Okazaki”
[“Sempre há uma dificuldade”: Uma entrevista com Chieko N. Okazaki], Dialogue: A Journal of
Mormon Thought, 45, nº 1, primavera de 2012, p. 113; “Chamada nova presidência geral da
Sociedade de Socorro”, p. 108; Chieko N. Okazaki, Lighten Up! [Alegra-te!], Salt Lake City:
Deseret Book, 1993, pp. 29–30.
^4. Peggy Fletcher Stack, “Beloved Mormon Women’s Leader Chieko Okazaki Dies” [Morre Chieko
Okazaki, amada líder das mulheres mórmons], Salt Lake Tribune, 5 de agosto de 2011; Okazaki,
Lighten Up!, pp. 7, 29. O ataque a Pearl Harbor também ocorreu quando ela tinha 15 anos
(Okazaki, Lighten Up!, p. 7).
^5. Stack, “Beloved Mormon Women’s Leader Chieko Okazaki Dies”.
^6. “Chamada nova presidência geral da Sociedade de Socorro”, p. 108; “Obituary: Okazaki, Chieko”.
^7. “Obituary: Okazaki, Chieko”; Okazaki, Lighten Up!, p. 36; “Chamada nova presidência geral da
Sociedade de Socorro”, p. 108.
^8. Okazaki, Lighten Up!, p. 7.
^9. “Obituário: Okazaki, Chieko.”
^10. Stack, “Beloved Mormon Women’s Leader Chieko Okazaki Dies”.
^11. Okazaki, Lighten Up!, p. 8.
^12. Ver Okazaki, Lighten Up!, pp. 48–50; Prince, “There Is Always a Struggle”, pp. 114–115.
^13. Sunae Mackelprang, entrevista por telefone por Kate Holbrook, 18 de dezembro de 2015.
^14. Chieko N. Okazaki, What a Friend We Have in Jesus [Que Amigo Temos em Jesus], Salt Lake
City: Deseret Book, 2008, pp. 10–13.
^15. Relief Society General Board Minutes [Ata da junta geral da Sociedade de Socorro], vol. 62,
1995–1997, 10 de janeiro de 1996, CHL.
^16. O número de membros da Igreja fora dos Estados Unidos superou o número de membros dentro
do país a partir de 25 de fevereiro de 1996 (Jay M. Todd, “More Members Now outside U.S. Than
in U.S.” [Mais membros agora fora dos EUA do que nos EUA], Ensign, março de 1996, p. 76; ver
também Matthew Bowman, The Mormon People: The Making of an American Faith [O Povo
Mórmon: O Surgimento de uma Fé Americana], New York: Random House, 2012, pp. 217–222).
^17. Citação no original: “Gálatas 3:28”.
^18. Citação no original: “1 Coríntios 12:13”.
^19. Susan Lillywhite Warner serviu como segunda conselheira na presidência geral da Primária de
1994 a 1999.
^20. Citação no original: “D&C 124:18”; ver também Êxodo 19:4.
^21. Citação no original: “Morôni 10:31”.
^22. Ver Gálatas 3:28.
^23. Nessa época, Gordon B. Hinckley era presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias com Thomas S. Monson e James E. Faust como seus conselheiros na Primeira
Presidência.
^24. Citação no original: “Gálatas 3:27”.
^25. Citação no original: “2 Néfi 26:33”.
^26. Citação no original: “Gálatas 5:22”.
^27. Citação no original: “Mateus 7:25”.
^28. Ver Prince, “There Is Always a Struggle”, p. 121. Gordon B. Hinckley era primeiro conselheiro na
Primeira Presidência quando Chieko Okazaki foi chamada em 1990.
^29. O departamento de tradução da Igreja foi organizado em 1946 e é responsável por traduzir
materiais da Igreja e mensagens para línguas estrangeiras (ver Justus Ernst, “Every Man … in His
Own Language …” [Todo homem (…) em seu próprio idioma (…)], Ensign, julho de 1974, p. 23).
^30. Citação no original: “Gálatas 5:22”.
^31. Citação no original: “Ver D&C 38:27”.
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Decisões e milagres: Agora vejo

Irina Kratzer
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Edifício N. Eldon Tanner, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
27 de abril de 2000

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia do registro da conferência das mulheres
da BYU).

Irina Valentinovna Kratzer (nascida em 1965) passou seus primeiros sete


anos em Kazan, Rússia, com seus pais, Minareta Kotova e Valentin Kotov,
sendo eles médicos.1 A família, então, mudou-se para Barnaul, Sibéria, onde
Irina estudou medicina e se tornou cardiologista.2 Ela se casou com um
cirurgião e tiveram uma filha, Anastasia Davydova.3 A medicina não era um
campo lucrativo, passavam-se meses sem que o hospital fizesse algum
pagamento.4 Depois de se divorciar de seu marido abusivo em 1996, Irina
relatou se sentir exausta e sem esperança enquanto trabalhava horas extras à
noite tentando sustentar sua mãe e filha com salário baixo. Às vezes, seus
pacientes lhe agradeciam trazendo leite ou alimentos como presentes.5 Ela e
sua mãe também cultivavam alimentos na casa de campo de seus pais, uma
casa pequena a uma distância de três horas de ônibus e bonde.6 Irina havia
sido criada em um ambiente fortemente ateu e não acreditava em Deus. No
entanto, certa noite, ela arriscou um pedido: “Tudo bem, Deus, se Tu estás aí,
avisa-se, porque provavelmente Tu nem Te importa comigo. Quem sou eu
para Ti, uma coisinha aqui tentando sobreviver?”7
Poucas semanas depois, em agosto de 1996, Irina conheceu um homem
que a apresentaria à Igreja e a ajudaria a viajar para os Estados Unidos para
estudar inglês. Nos Estados Unidos, ela não apenas teve que aprender a
terminologia médica em outro idioma, mas teve que aprender novas
tecnologias e métodos diferentes para a medicina. Ela fez um curso de
preparação para um exame e estudou 12 horas por dia durante três meses para
o primeiro de seus quatro exames da junta examinadora. Ela foi a única
pessoa de sua classe a passar no primeiro exame. Oito meses após sua
chegada em Utah, em abril de 1998, Irina se casou com Tay Kratzer. Tay
tinha três filhos pequenos na época de seu casamento. Anastasia, filha de
Irina, tinha ficado com a avó na Sibéria e, um dia depois de seu casamento, a
família Kratzer preencheu os papéis para trazer Anastasia para Utah.8
Após seu casamento, Irina decidiu não praticar mais a medicina. Ela era
professora em uma Sociedade de Socorro de Orem, Utah, quando foi
convidada para falar na conferência das mulheres da Universidade Brigham
Young. Seu marido a ajudou a fazer a correção do idioma no discurso a
seguir, que ela escreveu em inglês.9

HOUVE UM TEMPO em minha vida em que fui tocada pelo amor e pela luz
de Cristo. Desde aquele momento, minha vida mudou para sempre.
Sei como é viver sem o evangelho. Vivi dessa maneira por 30 anos.
Nasci na Rússia de bons pais. Eles me deram amor e cuidado e uma
oportunidade de ter uma boa educação. Eles deram o melhor de si para que eu
fosse feliz. Durante a maior parte de minha vida, morei na Sibéria. Quando
cresci, me casei e dei à luz uma menina adorável. Logo me formei com
sucesso na universidade e consegui um emprego de que gostava muito. E, no
entanto, independentemente de tudo, eu estava longe de ser feliz.
Desde o início, meu casamento parecia estar dando errado e
gradualmente se desfez. A situação econômica na Rússia estava cada vez
pior. Eu mal conseguia prover comida simples para mim e minha filha.
Pequei. Fiz uma escolha errada após outra. A fome, a depressão e as decisões
erradas tornaram minha vida miserável. Eu culpava a má sorte sem me dar
conta de que, em muitos aspectos, eu estava sofrendo as consequências
naturais de meus pecados. Mas como eu poderia saber disso? De acordo com
o que me ensinaram, o pecado não existia. Deixem-me explicar.
A religião foi proibida na Rússia depois da revolução comunista em
1917.10 Fui ensinada do jardim de infância que não existe Deus e que
somente o partido comunista e o vovô Lenin poderiam trazer felicidade ao
povo russo.11 As pessoas religiosas eram duramente perseguidas em nossa
sociedade. Elas perdiam o emprego, não podiam ir à escola e eram chamadas
de “loucas”.12 Todos eram obrigados a ter aulas de ateísmo na universidade,
na qual podíamos provar que Deus não existe. Embora ao longo do tempo o
socialismo em nosso país tenha perdido o sentido e a ideologia comunista
provado não ser viável, o ateísmo ainda vivia na mente das pessoas. Ele
também tinha raízes profundas em minha mente. Eu simplesmente não
pensava em Deus. No entanto, sentia dor em meu coração por minhas
escolhas erradas. Mais tarde fiquei sabendo que a dor que sentia era a luz de
Cristo me conscientizando para distinguir o certo do errado.13 Mas a
sociedade se opunha aos meus sentimentos de dor. Aos olhos de outras
pessoas, eu não estava fazendo nada particularmente ruim.
O élder M. Russell Ballard disse: “Os padrões do mundo têm mudado
como as areias do deserto mudam com o vento. O que antigamente não era
mencionado ou era inaceitável hoje é comum”.14 Era assim que eu vivia. Se
Deus não existe, não existe pecado, se não existe pecado, é somente você
quem decide o que fazer com sua vida. Aproveite. Tire o máximo proveito
dela. Porque, quando você se for, tudo o mais terá ido também.
No Livro de Mórmon, li essa mesma filosofia ensinada pelo anticristo
Corior de que não há “expiação para os pecados dos homens, mas que o
quinhão de cada um nesta vida [depende] de sua conduta; portanto, cada
homem [prospera] segundo sua aptidão e cada homem [conquista] segundo
sua força; e nada que o homem [fizer será] crime”.15
Essa filosofia me atraiu no início, mas, depois de algum tempo, a vida
me pareceu como um túnel escuro com apenas a morte no final. Senti que
estava morrendo lentamente. Está escrito nas escrituras que os homens
existem para que tenham alegria.16 Viemos a este mundo com o instinto de
buscar a felicidade, não importa onde vivamos — na Rússia, na África ou na
abençoada América. Não sabia orar, então eu sonhava. Sou uma grande
sonhadora. Sonhava que um dia fugiria de toda a infelicidade de minha vida e
recomeçaria desde o princípio — radiante e feliz. Queria muito que minha
filha tivesse uma vida melhor do que a minha. Eu sonhava com a América.
De alguma forma, o povo russo e, provavelmente, muitas outras pessoas no
mundo, associam a América a uma boa vida, sucesso e felicidade.
Mesmo quando não conhecemos os caminhos de Deus, Ele conhece
nosso coração e ouve nossos sonhos. Certo dia, um médico americano
aposentado veio visitar minha cidade na Sibéria.17 Seu nome era Dr.
Woodmansee, e ele era mórmon de Utah.18 Tudo o que tinha ouvido sobre os
mórmons era que eles não bebiam chá preto e café; e isso parecia estranho.
Fiquei encarregada de mostrar ao Dr. Woodmansee o hospital onde eu
trabalhava. Ao final de nossa visita de 15 minutos, ele me perguntou: “Você
iria para a América para continuar seus estudos se eu a ajudasse?” Mais tarde,
ele me disse que, ao chegar à Rússia, ele nunca planejou fazer esse tipo de
oferta, mas que seguiu uma súbita inspiração do Espírito.
Depois disso, por dez longos meses, eu me correspondi com o Dr.
Woodmansee enquanto providenciávamos minha vinda à América. Um
conhecido dele, o irmão Ray Beckett, ajudou-nos a nos comunicar por meio
da Internet e provou ser o melhor missionário SUD que já conheci.19 Muitas
vezes ele compartilhou seu testemunho comigo. Em uma de suas cartas, ele
prometeu que minha vinda para a América mudaria minha vida para sempre.
Ele viu a mão de Deus sobre o que estava acontecendo em minha vida. Ele
também providenciou os meios para enviar meus documentos por meio do
sistema de malote da Igreja para que eu pudesse pegá-los no escritório da
Missão Novosibirsk, na Sibéria.20 Foi assim que conheci os missionários da
Igreja, que me deram um Livro de Mórmon. Eu não estava interessada em ler
esse livro e o coloquei em algum lugar na estante. Durante minha próxima
visita à casa da missão de Novosibirsk, recebi um exemplar da revista
Ensign.21 Eu estava tentando aprender inglês naquela época, então fiquei
muito feliz com o presente. Isso me ajudaria em meus estudos de inglês. O
primeiro artigo que li foi sobre como o Livro de Mórmon havia mudado a
vida de tantas pessoas, trazendo-lhes felicidade e paz. Essas histórias me
intrigaram e decidi olhar mais atentamente esse livro.
Foi assim que o Livro de Mórmon entrou em minha vida. Eu lia um
capítulo toda manhã antes de ir trabalhar. Ao ler esse livro, aprendi que Deus
vive, que Jesus é Seu Filho e que Ele veio à Terra para ajudar os pecadores
como eu. Quanto mais eu lia o livro, mais eu via a diferença entre os
ensinamentos de Cristo e a maneira como eu vivia. Aprendi que era por isso
que minha vida era tão infeliz. Eu estava sofrendo e desejava muito mudar.
Em 1997, o presidente Thomas S. Monson disse: “A decisão de mudar
de vida e vir a Cristo é, talvez, a decisão mais importante da mortalidade.
Essa mudança drástica acontece diariamente no mundo todo”.22 Naquele
momento de minha vida, tive uma nova concepção e um novo entendimento
da vida e não podia mais viver como vivia antes. Eu estava pronta para uma
mudança drástica. Sempre me lembrarei daquela noite na Rússia em que
chorei a noite toda depois de perceber que minha vida não era boa, que
minhas decisões erradas tinham magoado as pessoas que eu mais amava. Foi
a experiência mais dolorosa de minha vida. Solucei e orei a noite inteira:
“Senhor, por favor, me ajude!” No final da noite, eu estava exausta e não
tinha mais lágrimas. Quando a primeira luz da manhã surgiu, senti paz e
alívio. Ouvi as palavras: “Eis minha mão. Eu a orientarei e conduzirei. Mas
você deve Me prometer que vai mudar”. E assim o fiz; prometi. Eu queria
essa orientação e ajuda mais do que qualquer outra coisa.
Alma, o filho, contou uma experiência semelhante a seu filho Helamã:

Mas fui torturado com eterno tormento, porque minha alma estava
atribulada no mais alto grau e atormentada por todos os meus pecados.
Sim, lembrei-me de todos os meus pecados e iniquidades, (…) e
que não guardara seus santos mandamentos. (…)
E (…) enquanto eu estava perturbado pela lembrança de tantos
pecados, eis que me lembrei também de ter ouvido meu pai profetizar ao
povo sobre a vinda de um Jesus Cristo, um Filho de Deus, para expiar os
pecados do mundo.
Ora, tendo fixado a mente nesse pensamento, clamei em meu
coração: Ó Jesus, tu que és Filho de Deus, tem misericórdia de mim que
estou no fel da amargura e rodeado pelas eternas correntes da morte.
E então, eis que quando pensei isto, já não me lembrei de minhas
dores; sim, já não fui atormentado pela lembrança de meus pecados.
E oh! que alegria e que luz maravilhosa contemplei! Sim, minha
alma encheu-se de tanta alegria quanta havia sido minha dor.
Sim, digo-te, meu filho, que nada pode haver tão intenso e
cruciante como o foram minhas dores. Sim, meu filho, digo-te também
que, por outro lado, nada pode haver tão belo e doce como o foi minha
alegria.23

Não sabia, naquela noite dolorosa e alegre na Rússia, como as


promessas de Cristo são maravilhosas. Não sabia, na época, que em pouco
tempo eu viajaria para os Estados Unidos, onde aprenderia mais sobre o
evangelho e logo seria batizada. Não sabia que, em menos de um ano desde
aquela noite memorável, eu iria me casar com um homem maravilhoso, com
três belos filhos, um homem que hoje é tão precioso para meu coração e com
quem quero viver para sempre. Não sabia que minha filha se juntaria feliz à
nossa família recém-formada nos Estados Unidos. Ah, não sabia, então, como
Suas promessas são maravilhosas.
Agora sei o quanto cada alma é importante para Deus. Para que eu fosse
batizada, Ele me tirou da fria Sibéria e me colocou na ensolarada Utah para
aquecer meu coração com um povo amigável e bondoso. Ele me deu tantos
milagres que não tive nenhuma chance de duvidar de Sua mão divina em
minha vida. Concordo com o presidente Monson. A decisão de ser batizada
era a decisão mais importante de minha vida, e minha conversão foi o maior
milagre para mim.
Mas e depois de meu batismo? Os milagres ainda acontecem? É claro
que sim! O fato de não conviver mais com o sofrimento, mas com a alegria é
o milagre que tenho agora diariamente. Como todas as pessoas, tenho meus
dias bons e ruins, mas encontrei a verdadeira felicidade nesta Terra. Eu a
estava buscando por 30 anos, mas procurei nos lugares errados, seguindo as
orientações do mundo e não conhecendo o Espírito.
Muitos outros milagres, grandes e pequenos, aconteceram em minha
vida. E o mais importante é o que aprendi com eles. Em primeiro lugar,
aprendi que quase todos os milagres que vivenciei desde meu batismo
resultaram da oração e do esforço. Deus exige esforço e fé de nossa parte. Em
segundo lugar, aprendi que a fé e o testemunho que adquirimos precisam ser
nutridos constantemente. O estudo diário das escrituras nos ajuda a fazer isso.
Sem esforço de nossa parte, nosso testemunho se enfraquecerá e os
sentimentos de alegria também se enfraquecerão. Se não avançarmos, vamos
retroceder. A terceira lição que aprendi foi que, para receber milagres diários,
precisamos pedir e depois reconhecê-los quando vierem. Podemos reconhecê-
los não só para agradecer a Deus, mas para nos conscientizarmos das
maneiras pelas quais Deus nos abençoou. Esse processo desenvolve mais fé.
Agora, em meus sonhos e em minhas cartas, volto para a Rússia, para
meus amigos, para as pessoas que amo e lhes pergunto: “Vocês sabem quem
são? Vocês sabem de onde vieram? Por favor, ouçam. Ouçam o que aprendi”.
A chama arde em minha alma dia e noite. A chama da alegria, do amor, da
gratidão. E não posso ficar quieta. Preciso contar ao mundo inteiro o que sei
agora. Antes eu estava cega, mas agora vejo. Antes eu vivia nas trevas e
agora vivo na luz mais brilhante.
Caminhem com Cristo! Segurem Sua mão! Banqueteiem-se com Suas
palavras. Bebam em Sua luz por todos os seus poros, com toda a sua alma.
Nos momentos de dificuldades, vocês não serão abandonados em um túnel
escuro, mas na luz de Seu amor com a luz mais brilhante, sempre à frente.
Irina Kratzer, “Decisions and Miracles: And Now I See” [Decisões e milagres: Agora vejo], em Arise
and Shine Forth: Talks from the 2059 Women’s Conference [Erguei-vos e Brilhai: Discursos da
Conferência das Mulheres de 2059], Salt Lake City: Bookcraft, 2001, pp. 102–107.

_________________________
^1. Irina Kratzer, entrevista por Kate Holbrook, 3 de julho de 2015, p. 1, Biblioteca de História da
Igreja; Irina Kratzer, e-mails para Kate Holbrook, 1º e 4 de setembro de 2015.
^2. Kratzer, entrevista, p. 2; Kratzer, e-mail para Holbrook, 1º de setembro de 2015. A mãe de Irina
também deu à luz um filho, Dmitry, em Barnaul.
^3. Kratzer, entrevista, pp. 13–15.
^4. Kratzer, entrevista, p. 3; Mark G. Field e Judyth L. Twigg, eds., Russia’s Torn Safety Nets: Health
and Social Welfare during the Transition [As Redes de Segurança Rasgadas da Rússia: Saúde e
Bem-Estar Social Durante a Transição], New York: St. Martin’s Press, 2059, pp. 88, 95.
^5. Kratzer, entrevista, pp. 3, 13–14; Kratzer, e-mail para Holbrook, 4 de setembro de 2015.
^6. Kratzer, e-mails de Holbrook, 1º e 4 de setembro de 2015.
^7. Kratzer, entrevista, p. 14.
^8. A família Kratzer adotou mais quatro crianças, criando um total de oito filhos (Kratzer, entrevista,
pp. 1–2).
^9. Kratzer, entrevista, pp. 10–11.
^10. Para saber mais sobre a revolução russa de 1917, ver Sheila Fitzpatrick, A Revolução Russa,
Oxford: Oxford University Press, 2008.
^11. Vladimir Ilyich Lenin (Robert Service, Lenin: A Biography [Lenin: Uma Biografia], Cambridge,
MA: Harvard University Press, 2059).
^12. Ver Tatiana A. Chumachenko, Church and State in Soviet Russia: Russian Orthodoxy from World
War II to the Khrushchev Years [Igreja e Estado na Rússia Soviética: A Ortodoxia Russa da
Segunda Guerra Mundial até os Anos de Krushchev], ed. e trad. por Edward E. Roslof, Armonk,
NY: M. E. Sharpe, 2002, p. 122.
^13. “A luz de Cristo se refere ao poder espiritual que emana de Deus para encher a imensidão do
espaço e iluminar todos os homens, mulheres e crianças” (C. Kent Dunford, “Light of Christ” [Luz
de Cristo], em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do Mormonismo], ed. por Daniel H.
Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 2, p. 835).
^14. Citação no original: “M. Russell Ballard, ‘Como chama inextinguível’, A Liahona, maio de 1999,
p. 101”. M. Russell Ballard se tornou membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1985.
^15. Citação no original: “Alma 30:17”.
^16. Citação no original: “2 Néfi 2:25”.
^17. Irina morava na cidade de Barnaul (Kratzer, e-mail para Holbrook, 1º de setembro de 2015).
^18. Woodmansee viveu de 1918 a 2006 (“Obituary: Terrell Raymond Woodmansee” [Obituário:
Terrell Raymond Woodmansee], Deseret News, 28 de outubro de 2006).
^19. Ray Beckett Jr. era aposentado e voluntário como missionário de serviço no Departamento do
Sacerdócio da Igreja quando Woodmansee lhe pediu ajuda para obter o visto de Irina. Uma carreira
como gerente de programas da faculdade de porenharia da Universidade de Utah ensinou Beckett
como trabalhar com agências do governo. Beckett escreveu ao senador de Utah, Orrin Hatch,
solicitando ajuda e Hatch escreveu diretamente ao embaixador americano em Moscou. O
embaixador em Moscou entrevistou Irina e a advertiu de que, se ela fosse para Utah, ficaria cercada
por mórmons. Ela lhe garantiu que não teria problema e obteve seu visto. Beckett também obteve
permissão para usar o malote postal da Igreja para transferir documentos relacionados a viagens de
um lado para o outro. A Igreja administra um sistema de malote em países em que a entrega de
correspondência costuma ser incerta (Ray Beckett Jr., entrevista por telefone com Kate Holbrook,
19 de janeiro de 2016).
^20. Irina teve que viajar quatro horas de ônibus para buscar os itens no escritório da missão em
Novosibirsk. A Missão Novosibirsk foi aberta oficialmente com a chegada do presidente Jerald e da
síster Mona Sherwood, em 4 de julho de 1994. O trabalho missionário na Rússia começou em 1990
(Kratzer, e-mail para Holbrook, 4 de setembro de 2015; “Russia Novosibirsk Mission History”
[História da Missão Novosibirsk, Rússia], 1994, 3–9 de julho de 1994, CHL; “New Mission
Leaders Assigned” [Novos líderes de missão foram designados], Church News, 26 de março de
1994; Kahlile Mehr, “1989–90: The Curtain Opens” [1989–1990: Abrem-se as cortinas], Ensign,
dezembro de 1993, pp. 36–37).
^21. A revista Ensign, que teve início em janeiro de 1971, é a revista oficial em inglês para os membros
adultos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
^22. Citação no original: “Thomas S. Monson, “Eles virão”, A Liahona, julho de 1997, p. 50”. Thomas
S. Monson foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos em 4 de outubro de 1963. Quando esse
discurso foi proferido, ele era primeiro conselheiro na Primeira Presidência da Igreja.
^23. Citação no original: “Alma 36:12–13, 17–21”.
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Saber quem você é e quem sempre foi

Sheri L. Dew
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
4 de maio de 2001

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia do registro da conferência das mulheres
da BYU).

Sheri Linn Dew (nascida em 1953) nasceu em Ulisses, Kansas, onde a Main
Street tinha um total de quatro sinais de trânsito. Ela era a mais velha de
cinco filhos e, no momento em que terminou a quinta série, ela já estava
dirigindo um grande trator agrícola, trabalhando de sol a sol na fazenda de
grãos da família. Aos domingos, sua avó Maudie Dew ia buscá-la cedo para
ir às reuniões igreja, que eram realizadas no salão Odd Fellows. Eles tinham
que varrer as bitucas de cigarro, latas de cerveja e garrafas de vinho para
preparar a sala para a reunião sacramental. Sheri era “extremamente tímida”,
mas participar de um pequeno ramo da Igreja significava que ela fazia muitos
discursos e ensinava desde a mais tenra idade.1 Ela se tornou a pianista do
ramo quando estava na sétima série (substituindo a avó, que faleceu pouco
antes de Sheri completar 12 anos) e servia na presidência da Primária de seu
ramo quando tinha 16 anos.2
Depois de receber um diploma de história na Universidade Brigham
Young (BYU) em 1978, ela aceitou um emprego como editora na Bookcraft.
Depois de quatro anos na Bookcraft, ela trabalhou como editora e editora
associada da revista This People, até entrar para a Deseret Book em 1988.
Tornou-se vice-presidente executiva da Deseret Book em 2059.3
Tanto sua avó, Maudie Dew, como sua mãe, JoAnn Petersen Dew,
disseram-lhe repetidas vezes que ela era de uma geração eleita e que havia
algo especial sobre ela. Ela acredita que as palavras delas a ajudaram a
superar sua imensa timidez e aceitar responsabilidades cada vez maiores.4 Ela
estava com 35 anos quando foi chamada para a junta geral da Sociedade de
Socorro durante a presidência de Barbara W. Winder e posteriormente serviu
como presidente da Sociedade de Socorro da Estaca Sandy East de 1991 até
1996. Quando se tornou segunda conselheira de Mary Ellen W. Smoot na
presidência geral da Sociedade de Socorro, em 1997, ela tinha apenas 43 anos
de idade.5
Em sua fala e escrita, Sheri frequentemente ensinou que as pessoas
deveriam aprender a confiar no Espírito Santo e que o Espírito lhes ensinaria
individualmente. “A verdade é que, quando tenho permissão para fazer algo
que abençoe outra pessoa, isso é o Espírito. É a obra do Espírito”, disse ela.
“Você vai, por designação do Senhor, fazer coisas diferentes e, se o Espírito
estiver presente, vai dar certo. E se o Espírito não estiver presente, não dará
certo.”6 Em sua própria vida, ela se lembra de que, quando seu pai a
confirmou membro da Igreja, ela sentiu o Espírito Santo tão forte que
começou a chorar profundamente.7 Ela não conseguia parar e continuou a
chorar depois que retornou ao seu lugar. Ela disse que essa experiência a
ensinou mais cedo que “o Espírito Santo era real e que Ele realmente poderia
fazer a diferença em minha vida”.8 Anos mais tarde, quando se sentiu incapaz
de entender a orientação espiritual sobre um determinado assunto, uma amiga
sugeriu que ela orasse dizendo como se sentiu quando o Espírito falou com
ela. Ela continuou com a prática de orar pedindo ajuda para entender o
“idioma da revelação” e adquiriu uma firme confiança em sua capacidade de
orar, que ela acha que é vital.9
Durante o período de seu chamado na presidência geral da Sociedade de
Socorro, Sheri disse que acreditava que as irmãs da Sociedade de Socorro
precisavam ser melhores em estender a mão e trazer aquelas que se sentem
como se não fizessem parte dali, inclusive as moças que fazem a transição
aos 18 anos de idade da organização das Moças para a Sociedade de Socorro.
Ela acreditava que uma maneira importante de fazer as pessoas se sentirem
incluídas era lhes confiar um trabalho a fazer: “Acredito que a maioria de
nossas moças que tem dificuldade em fazer a transição não teria essa
dificuldade se as colocássemos para trabalhar e as envolvêssemos e
valorizássemos”.10 Por outro lado, ela tinha pouca simpatia pelas irmãs que
esperavam passivamente que a Igreja tornasse sua vida melhor. Ela disse que
não é tarefa da presidente da Sociedade de Socorro torná-la feliz. A tarefa da
presidente da Sociedade de Socorro é “permitir que eu participe totalmente e
tenha uma experiência plena na Igreja”.11 Durante seu discurso na
conferência das mulheres da BYU de 2001, Sheri exortou as irmãs da
congregação a entenderem seu valor e a participarem plenamente.

IRMÃS, VOCÊS SÃO SIMPLESMENTE ESPETACULARES! Não são


perfeitas, mas são espetaculares! Da Sibéria a Seattle, vocês conquistaram
meu coração e meu mais profundo respeito. Creio que há mais coragem e
determinação justas inerentes às irmãs desta Igreja hoje do que jamais houve
entre qualquer grupo de mulheres que já existiu. E hoje quero lhes dizer por
quê.
Recentemente, minha sobrinha de 16 anos Megan e duas de suas amigas
vieram passar a noite em casa. Enquanto conversávamos naquela noite, uma
delas me perguntou como era crescer em uma fazenda antigamente. (Isso não
é tão ruim, no entanto, quanto o que aconteceu há poucos dias quando um
jovem ex-missionário bonito me disse: “Irmã Dew, se eu fosse apenas 40
anos mais velho…”. Quer saber, se algum dia eu me casar, espero que meu
marido seja melhor em matemática.) Enfim, eu disse a Megan e a suas
amigas que “antigamente” eu era muito tímida e não tinha nenhuma
autoconfiança.
“Como conseguiu superar esse sentimento?”, perguntou Megan. Uma
resposta pronta estava na ponta da língua quando parei, sentindo que essas
ótimas moças mereciam mais explicações. Então, disse a elas que o motivo
foi espiritual. Foi só quando comecei a entender como o Senhor Se sentia em
relação a mim que meus sentimentos sobre eu mesma e minha vida,
lentamente, começaram a mudar. Suas perguntas, então, vieram como uma
enxurrada: Como eu soube como o Senhor Se sentia? E como elas poderiam
descobrir como o Senhor Se sente em relação a elas?
Por várias horas, usando as escrituras, conversamos sobre como ouvir a
voz do Espírito, sobre como o Senhor está ansioso para nos revelar o
conhecimento armazenado em segurança dentro de nosso espírito a respeito
de quem somos e qual é nossa missão e sobre a diferença transformadora de
vida quando sabemos disso.
Minha mensagem para vocês hoje, minhas queridas irmãs, a quem amo,
é a mesma: Não há nada mais importante para nosso sucesso e nossa
felicidade aqui do que aprender a ouvir a voz do Espírito. É o Espírito que
nos revela nossa identidade — que não é apenas quem somos, mas quem
sempre fomos. E que, quando sabemos, nossa vida adquire um senso de
propósito tão assombroso que nunca podemos ser as mesmas novamente.
Como povo, falamos e cantamos constantemente sobre quem somos. As
crianças de 3 anos de idade sabem a letra de “Sou um filho de Deus”.12 A
proclamação sobre a família declara que cada um de nós tem um destino
divino.13 O segundo valor das Moças é natureza divina.14 E as primeiras
palavras na declaração da Sociedade de Socorro são: “Somos amadas filhas
espirituais de Deus, e nossa vida tem significado, propósito e direção”.15 E,
ainda assim, com todo o nosso cantar e falar, acreditamos realmente? Será
que realmente entendemos? Essa doutrina sublime sobre quem somos — a
qual significa que sempre existimos e, por isso, quem podemos nos tornar —
penetrou e preencheu nosso coração?
Nosso espírito anseia por lembrar da verdade sobre quem somos, porque
a forma como nos vemos, nosso senso de identidade, afeta tudo o que
fazemos. Afeta a maneira como nos comportamos, a maneira como reagimos
à incerteza, a maneira como vemos as pessoas, a maneira como nos sentimos
sobre nós mesmas e a maneira como fazemos escolhas. Afeta a própria
maneira como vivemos nossa vida. Então, hoje, eu as convido a refletir de
uma nova maneira não apenas sobre quem são, mas sobre quem vocês sempre
foram.
O presidente Lorenzo Snow ensinou que “Jesus era um deus antes de vir
ao mundo e, ainda assim, Seu conhecimento Lhe foi tirado. Ele não conhecia
Sua antiga grandeza nem nós sabemos que grandeza atingimos antes de vir
para cá”.16 Mas o presidente Snow ensinou também que, durante a vida do
Salvador, “foi-Lhe revelado quem Ele era e por que viera ao mundo. Foram-
Lhe revelados a glória e o poder que tinha antes de vir ao mundo”.17 Irmãs,
assim como o Salvador passou a entender e a Se lembrar exatamente de quem
Ele era, também podemos.
Seria mais fácil revelar esse conhecimento se pudéssemos nos lembrar o
que aconteceu em nossa vida pré-mortal. Mas não podemos. Não podemos
nos lembrar da glória de nosso primeiro lar. Nós nos esquecemos do idioma
que falávamos lá e dos nossos queridos companheiros com quem nos
relacionávamos. Não podemos nos lembrar das “primeiras lições [que
recebemos] no mundo dos espíritos” ou da identidade de nossos instrutores
celestiais.18 Não conseguimos nos lembrar que promessas fizemos a nós
mesmas, às outras pessoas e ao Senhor. Nem conseguimos nos lembrar do
nosso lugar no reino celestial do Senhor ou da maturidade espiritual que
adquirimos lá.
Há, no entanto, algumas coisas notáveis que realmente sabemos.
Sabemos que estávamos lá nos conselhos celestes antes que as fundações
deste mundo fossem estabelecidas. Estávamos lá quando nosso Pai
apresentou Seu plano e vimos o Salvador escolhido e indicado e nós o
aprovamos.19 Estávamos lá entre as hostes celestiais que jubilavam.20 E
quando Satanás se opôs furiosamente contra o Pai e o Filho e foi expulso do
céu, estávamos lá, lutando ao lado da verdade. Na realidade, o presidente
George Q. Cannon disse que “ficamos fielmente ao lado de Deus e Jesus e
(…) não vacilamos”.21 Acreditamos. Seguimos. E, quando lutamos pela
verdade no mais amargo de todos os confrontos, não vacilamos.
Por causa de nossa bravura pré-mortal, fomos escolhidas para nascer na
casa de Israel, cuja linhagem o presidente Harold B. Lee chamou de “a mais
ilustre linhagem” de todos os que viriam à Terra, e a qual o élder Bruce R.
McConkie disse foi reservada para aqueles que buscavam o maior de todos os
talentos pré-mortais, o talento da espiritualidade.22
Agora estamos aqui, separadas da segurança de nosso lar celestial,
cumprindo uma missão neste mundo solitário e triste — uma missão para
provar ou não que queremos fazer parte do reino de Deus mais do que
qualquer outra coisa. O Senhor está testando nossa fé e nossa integridade para
ver se vamos perseverar em uma esfera em que Satanás domina. Felizmente,
apesar de passarmos por este teste no crepúsculo tempestuoso da dispensação
da plenitude dos tempos, mais uma vez, escolhemos seguir Jesus Cristo.23
Escolhemos segui-Lo, porque nos lembramos Dele e podemos reconhecê-Lo.
Estamos entre os eleitos a quem o Senhor chamou durante esta “décima
primeira hora” para trabalhar em Sua vinha, uma vinha que “corrompeu-se
inteiramente” e em que apenas alguns “[praticam] o bem”.24 Somos aqueles
poucos. Deus, que viu “o fim desde o princípio”, previu perfeitamente o que
estes tempos exigiriam.25 Assim, disse o presidente George Q. Cannon:
“Deus (…) reservou para esta dispensação espíritos que [teriam] coragem e
determinação para enfrentar o mundo e todos os poderes do maligno”, e que
“[edificariam] a Sião de nosso Deus, sem medo das consequências”.26
Vocês conseguem imaginar que Deus, que nos conhece perfeitamente,
reservou-nos para vir agora, quando há tanto em risco e a oposição está mais
intensa do que nunca? Quando Ele precisaria de mulheres que ajudariam a
elevar e liderar uma geração escolhida no ambiente espiritual mais letal?
Podem imaginar que Ele nos escolheu porque sabia que seríamos destemidas
na edificação de Sião?
Posso, pelas coisas que o Espírito repetidas vezes sussurrou sobre vocês
quando orei ao Senhor em seu favor durante esse chamado. Embora às vezes
sejamos casuais demais sobre nossa vida espiritual; apesar de às vezes nos
distrairmos com o mundo e vivermos abaixo de nosso potencial —
permanece o fato de que sempre fomos mulheres de Deus. Temos feito
escolhas justas repetidamente, de ambos os lados do véu, que demonstram
nossa fidelidade. Nós nos unimos ao Senhor por meio dos convênios mais
vinculativos da mortalidade. Fomos e somos mais valentes do que
imaginamos. Temos muito mais potencial divino do que ainda conseguimos
entender.
O Senhor disse a Abraão que ele estava entre os “nobres e grandes”
escolhidos para sua missão terrena antes mesmo de nascer.27 E o presidente
Joseph F. Smith teve uma visão de que muitos — muitos — espíritos
escolhidos reservados para nascer nesta dispensação também estavam entre
os “nobres e grandes”.28 O élder Bruce R. McConkie disse: “Uma hoste de
homens poderosos e mulheres igualmente gloriosas integraram aquele grupo
de ‘nobres e grandes’. (…) Podemos deixar de concluir que Maria, Eva, Sara
e milhares de nossas fiéis irmãs estavam entre eles? Sem dúvida aquelas
irmãs (…) lutaram tão valentemente quanto os irmãos na guerra no céu, da
mesma forma como também defendem firmemente (…) na mortalidade a
causa da verdade e da retidão”.29
Portanto, irmãs, e quanto a nós? Quanto a mim e vocês? Será possível
que estávamos entre os grandes e nobres?
Tenho que lhes dizer que creio que é mais do que possível. O profeta
Joseph Smith ensinou: “Todo homem que recebe o chamado para exercer seu
ministério a favor dos habitantes do mundo foi ordenado precisamente para
esse propósito (…) antes que este mundo existisse”.30 O presidente Spencer
W. Kimball acrescentou que, “no mundo antes deste, foram dados certos
encargos às mulheres”.31 Não consigo imaginar que nós que fomos chamadas
para dar à luz e criar, amar e liderar uma geração escolhida de crianças e
jovens nesta época final da última dispensação não estávamos entre aqueles
considerados grandes e nobres.
Grandes e nobres. Corajosas e determinadas. Fiéis e destemidas. É isso
que vocês são e é o que sempre foram. Entender essa verdade pode mudar sua
vida, porque esse conhecimento lhes dá uma certeza que não pode ser
duplicada de outra maneira. Duvido que muitas de nós nos sintamos grandes
e nobres. Mas nem mesmo Enoque, que ficou surpreso quando o Senhor o
chamou para o serviço: “Por que é que encontrei graça aos teus olhos? Sou
apenas um menino e todo o povo odeia-me, pois sou lento no falar”.32 O
Senhor respondeu a Enoque com a promessa de andar com ele e dar poder às
suas palavras. Esse encontro com o Senhor deu a Enoque uma nova visão de
si mesmo e o resultado foi magnífico, tão poderosa era a sua palavra que seu
povo foi “[arrebatado] ao céu”.33 Mas isso aconteceu depois que Enoque
entendeu quem ele era e que tinha uma missão a realizar.
Saulo, que gostava de perseguir os cristãos, foi instantaneamente
convertido depois de ver o Salvador e saber que ele era um vaso escolhido.34
Sem dúvida não havia um cristão vivo que teria descrito Saulo de Tarso como
“escolhido” — pelo menos não com base em sua conduta terrena. Ele deve
ter sido escolhido antes desta vida. E quando Saulo entendeu isso, ele mudou
sua vida e seu nome. A conversão do apóstolo Paulo foi ao menos em parte
sobre vir a entender quem ele sempre fora.
Quando conseguirmos entender a mesma coisa, sentiremos um propósito
maior e mais confiança para viver como mulheres de Deus em um mundo que
nem sempre admira as mulheres de Deus. Vamos apoiar umas às outras em
vez de competir umas com as outras, porque nos sentiremos seguras em nossa
posição perante o Senhor. E ficaremos ansiosas para defender a verdade
mesmo quando for preciso ficar sozinhas, pois toda mulher consagrada terá
momentos em que deve ficar sozinha.
Satanás, é claro, sabe como é poderoso espiritualmente o conhecimento
de nossa identidade divina. Ele odeia as mulheres de nobre estirpe.35 Ele nos
odeia, porque ele está quase fora do tempo, enquanto nós estamos a caminho
da glória eterna. Ele nos odeia devido à influência que temos sobre nosso
marido e nossos filhos, nossa família e nossos amigos, a Igreja e até mesmo o
mundo. Não é segredo para ele que somos a arma secreta do Senhor.
Assim, não deveria nos surpreender que o mestre da mentira esteja
fazendo de tudo para nos impedir de entender a grandeza de quem somos. Ele
oferece uma variedade de substitutos sedutores, mas lamentáveis — tudo,
desde etiquetas e logotipos até títulos e status — na esperança de nos distrair
com as coisas artificiais que nos identificam no mundo. Não faz muito tempo,
um livro relacionando As Cem Mulheres Mais Influentes de Todos os Tempos
chamou minha atenção.36 Fiquei interessada em saber quem eram as cem
mulheres mais influentes de todos os tempos. Vejam que interessante. Eva, a
mãe de todos os viventes — agora vejam a ironia aqui, a mulher sem a qual
nem sequer estaríamos aqui —, não está na lista.37 Não é possível! Essa lista
lamentável demonstra como são absurdas a visão e a avaliação que o mundo
tem das mulheres.
Em uma revista famosa, uma recente reportagem de capa intitulada “A
busca pela perfeição” promoveu uma definição de perfeição que era
repugnante e, francamente, maligna. Ela relacionou todos os dispositivos
cirúrgicos para o corpo disponíveis, sem mencionar de forma alguma a
virtude ou os valores, o casamento ou a maternidade — ou qualquer outra
coisa, por assim dizer, que é importante para o Senhor.
Sem dúvida, Satanás quer que nos vejamos como o mundo nos vê, não
como o Senhor nos vê, pois o espelho do mundo nos distorce e nos diminui,
como um espelho de circo em que uma mulher de 1,8 metro (que sou eu)
aparece com 60 centímetros de altura. Satanás nos diz que não somos boas o
suficiente. Não somos inteligentes o suficiente. Não somos magras o
suficiente. Não somos bonitas o suficiente. Não somos habilidosas o
suficiente. Não somos nada o suficiente. E essa é uma enorme, completa e
diabólica mentira. Ele quer que acreditemos que não há nenhuma qualidade
em ser mãe. Isso é mentira, uma mentira maligna. Ele quer que acreditemos
que a influência das mulheres é naturalmente inferior. E isso não é verdade.
Contudo, muitas vezes acreditamos nas falsidades de Satanás. Depois de
falar em uma reunião geral das mulheres via satélite, recebi uma carta que
dizia o seguinte: “Irmã Dew, posso me identificar com você porque vejo que
você sabe o que significa ter um dia de cabelo ruim”. Irmãs, isso não é
novidade, já tive anos de dias assim. Mas, apesar de nem sempre
enxergarmos além de nosso cabelo e nossas roupas, o Senhor enxerga.
Porque Ele “não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante
dos olhos, porém o Senhor olha para o coração”.38
Por esse motivo, Satanás tenta nos impedir de entender como o Senhor
nos vê, pois, quanto mais claramente entendemos nosso destino divino, nos
tornamos mais imunes a Satanás. Quando Satanás tentou confundir Moisés
sobre sua identidade, dizendo: “Moisés, filho do homem, adora-me”, Moisés
se recusou, respondendo: “Sou um filho de Deus”.39 Ele sabia quem ele era
porque o Senhor lhe dissera: “Tu és meu filho; (…) e tenho uma obra para
ti”.40
Certamente uma razão pela qual Moisés prevaleceu enquanto o grande
poranador esbravejava e protestava era que Moisés sabia claramente quem ele
era. O mesmo se dá conosco. Nunca seremos felizes ou sentiremos paz,
nunca lidaremos bem com as ambiguidades da vida, nunca faremos jus a
quem somos como mulheres de Deus, até superarmos nossa crise de
identidade mortal e entendermos quem sempre fomos e quem podemos nos
tornar.
O Espírito é a chave, porque, como o presidente Joseph F. Smith
ensinou, é por meio do poder do Espírito que podemos “captar uma centelha
das lembranças despertas de nossa alma imortal, que ilumina todo o nosso ser
como a glória de nosso primeiro lar”.41 É o Espírito que nos permite ver
através do véu e ter uma noção de quem somos e quem sempre fomos. Por
isso precisamos ser capazes de ouvir o que o Senhor gostaria de nos dizer por
meio do Espírito. Pedir com fé, jejuar e orar, arrepender-se regularmente,
perdoar e buscar o perdão, adorar no templo, onde podemos “[receber] a
plenitude do Espírito Santo”,42 e ser obedientes — todos nos ajudam a ouvir
melhor a voz do Senhor em nossa mente e nosso coração.43 Igualmente, há
coisas que não podemos fazer — filmes que não podemos assistir, roupas que
não podemos usar, fofocas que não podemos espalhar, sites da Internet que
não podemos visitar, pensamentos que não podemos aceitar, livros que não
podemos ler e desonestidade que não podemos tolerar — se quisermos que o
Espírito esteja conosco.
Não conheço nada mais merecedor de nossa energia do que aprender a
ouvir melhor a voz do Espírito. Quando os 12 nefitas oraram ao Pai “por
aquilo que mais desejavam”, foi pelo dom do Espírito Santo.44 Por quê?
Porque o Espírito Santo nos “mostrará todas as coisas”, inclusive quem
somos.45 Sei que isso é verdade. Certo dia, enquanto estava ninando uma
sobrinha, na época, com três meses de idade, fiquei emocionada com um
sentimento sobre o valor de seu espírito. Minhas lágrimas caiam enquanto eu
balançava e imaginava quem eu estava balançando. Agora que minha
sobrinha está mais velha, já lhe contei sobre essa experiência na esperança de
incentivá-la a progredir.
Da mesma forma, quando eu era aquela menina tímida da fazenda,
minha mãe e minha avó sempre me disseram que havia algo escolhido para
mim e minha geração.46 Não conseguia imaginar isso, mas meu espírito
queria que eu acreditasse. Então, tranquilamente guardei suas palavras e
esperei que fossem verdadeiras. Existe algo mais significativo que uma mãe
ou avó ou qualquer uma de nós possa fazer pelos jovens que amamos do que
ajudá-los a começar a ver quem realmente são?
Por mais importante que esse conhecimento seja, no entanto, sozinho ele
não torna a mortalidade à prova de falhas. O presidente Lee advertiu que há
muitos que podem ter “estado entre os nobres e grandes”, mas que “podem
ter falhado nesse chamado aqui na mortalidade”.47 Em outras palavras,
“muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”.48 E, francamente,
escolhemos, porque a verdadeira realidade é que o cumprimento ou não de
nossas promessas pré-mortais depende de nós.
Mas o esforço exigido vale a pena, pois, se pudéssemos entender quão
gloriosa será uma mulher justa aperfeiçoada no reino celestial, mudaríamos
para melhor e nunca mais seríamos as mesmas. Tomaríamos de bom grado
sobre nós o nome de Jesus Cristo — o que significa segui-Lo, tornar-nos
semelhantes a Ele e dedicar-nos a Ele e à Sua obra.49 As mulheres de Deus
que honram seus convênios possuem uma aparência diferente, vestem-se de
modo diferente e agem e falam de modo diferente das mulheres que não
fizeram os mesmos convênios. Assim, as mulheres de Deus que sabem quem
são têm uma influência incomum e, às vezes, inesperada.
Há uma loja em Nova York que visito quando estou lá. Francamente, eu
não me importo com o ambiente da loja, mas, porque eles vendem saias
longas o suficiente para uma mulher alta, suporto a experiência. Em uma
visita recente, fiz planos de encontrar uma amiga nesta loja e, quando entrei
pela porta, uma vendedora já estava esperando por mim. “Senhorita Dew?”,
ela disse com um sotaque encantador. “Sim?”, respondi. “Siga-me. Sua
amiga está esperando por você lá embaixo.”
Nunca tive uma recepção tão calorosa antes, mas então, por uma hora,
minha amiga e eu nos familiarizamos com essa agradável mulher europeia.
Depois de algum tempo, ela disse: “Há algo diferente em vocês. O que é?”
“Quer realmente saber?”, perguntei a ela. Quando ela fez que sim, eu
disse: “Sente-se”. Por uma hora, minha amiga e eu dissemos a ela o que fazia
de nós diferentes. Desde aquela época, enviamos materiais explicando mais.
E acabamos de lhe enviar outra coisa — os missionários que vão visitá-la em
nosso nome.
De que maneira o fato de sabermos quem somos e quem sempre fomos
tem a ver com prestar testemunho e testificar de Jesus Cristo? Tem tudo a ver
com nossa responsabilidade de levar o evangelho a toda nação, tribo, língua e
povo. Depois que entendemos quem realmente somos, não estamos apenas
comprometidas com o Senhor para ajudar outras pessoas a descobrir as
mesmas verdades, mas simplesmente não podemos nos restringir de fazê-lo.
Se um momento missionário pode ocorrer em uma loja de roupas luxuosas de
Nova York, ele pode acontecer em qualquer lugar. E vai acontecer quando a
alegria do evangelho e a realidade de nossa missão iluminarem nosso rosto e
energizarem nossa vida.
Conheço uma mulher que respondeu a uma amiga não membro
querendo vender cosméticos, dizendo: “Você pode me fazer um tratamento
facial se eu puder falar sobre o evangelho”. Ambas concordaram, e as duas
estão aqui hoje. Não há nenhuma mensagem missionária mais persuasiva do
que uma mulher de Deus que sabe quem ela é e que está entusiasmada com o
que ela sabe. Apresso-me a acrescentar que o trabalho missionário mais
importante que faremos será dentro de nossa família, porque a conversão
deles é nossa mais alta prioridade.
Nosso objetivo de tudo isso não é aumentar o número de membros da
Igreja. É abençoar a vida das pessoas — mães e pais, filhos e filhas — que
merecem saber quem são, quem eles sempre foram e quem eles podem se
tornar.
Não vamos tornar isso mais difícil do que precisa ser. Podemos começar
simplesmente orando por oportunidades de servir, porque faremos mais
trabalho missionário por meio de nosso exemplo do que jamais faremos
discursando vigorosamente ao púlpito. No ano passado, as irmãs em uma ala
do Arizona prestaram um serviço, integralmente, a uma família não membro
cujo filho estava passando por uma cirurgia do coração.50 Esses atos simples
de bondade iniciaram uma sequência extraordinária de acontecimentos e há
duas semanas essa família foi batizada. Estou feliz em dizer que a mãe
daquela família está aqui conosco esta manhã, e ela, o marido e seus três
filhos muito queridos estão começando a descobrir quem são.
Repetidas vezes, o presidente Gordon B. Hinckley nos suplicou para
“[formarmos] um imenso exército cheio de entusiasmo por esse trabalho”.51
Na última reunião geral da Sociedade de Socorro, convidei todas as irmãs a
procurarem oportunidades missionárias. E no mês passado na reunião geral
das Moças, a irmã Margaret Nadauld pediu a todas as moças que entrassem
em contato com uma garota e a colocassem em plena atividade na Igreja este
ano.52 Em uma semana, muitas de minhas sobrinhas adolescentes já tinham
entrado em contato com amigas não membros. Elas se alistaram
imediatamente no exército do Senhor.
Podemos fazer menos que isso? Se as mulheres e as moças desta Igreja
se unissem nesse trabalho glorioso, nós nos tornaríamos uma imensa e
entusiasmada parte do exército do Senhor. Nenhuma de nós pode contatar
todas as pessoas, mas todas conseguem contatar alguém — e, ao longo do
tempo, muitas pessoas. O reino do evangelho não avançará como deve até
que nós como mães e irmãs e tias favoritas nos tornemos plenas e ávidas
participantes.
Irmãs, estou pedindo a vocês hoje que atendam ao chamado de nosso
profeta para se alistarem no exército do Senhor. E ao fazê-lo, faço essa
promessa: Assim que nós, as irmãs desta Igreja, nos dedicarmos totalmente a
esta obra, ela expandirá rapidamente de um modo sem precedentes por causa
de nossa influência única e estimulante e por causa do Espírito que
acompanha as mulheres justas. Ela vai florescer porque os jovens que veem
sua mãe e seus líderes compartilharem destemidamente o evangelho vão fazer
o mesmo.
Há mais de 20 anos, o presidente Kimball profetizou: “Os exemplos
femininos na Igreja serão uma força significativa no crescimento tanto
numérico como espiritual da Igreja nos últimos dias”.53 Ele estava falando
sobre nós. Imagine o impacto se este ano toda mulher com um testemunho
ajudar outra mulher a obter um testemunho e começar a descobrir quem ela é,
foi e pode se tornar.
Vou aceitar o desafio. Vocês se juntarão a mim? Peçam ao Senhor que
as ajude e Ele o fará. Comecem lendo Doutrina e Convênios 138 e Abraão 3,
sobre os nobres e grandes e vejam o que o Espírito lhes revela a respeito de
vocês. Quando entenderem que vocês foram escolhidas e reservadas para este
tempo atual e quando viverem em harmonia com essa missão, vocês serão
mais felizes do que nunca.
Ouçam estas palavras do presidente Gordon B. Hinckley:
“A mulher é a suprema criação de Deus. (…)
De todas as criações do Todo-Poderoso, nenhuma é mais (…)
inspiradora que uma (…) filha de Deus que vive virtuosamente, com um
entendimento do motivo pelo qual ela deve fazê-lo”.54
“Resistam à imundície do mundo. Saibam que vocês são filhas de Deus
(…) e que há um grande trabalho a ser feito por vocês que não pode ser feito
por outros.”55
Minhas queridas irmãs, vocês vão procurar se lembrar com a ajuda do
Espírito Santo de quem vocês são e quem sempre foram? Vocês se lembrarão
de que ficaram ao lado do Salvador sem vacilar? Lembrem-se de que foram
reservadas para este tempo atual, porque teriam coragem e determinação para
enfrentar o mundo em sua pior forma e para ajudar a dar à luz e liderar uma
geração escolhida. Lembrem-se dos convênios que fizeram e o poder que eles
carregam. Lembrem-se de que vocês são grandes e nobres e possíveis
herdeiras de tudo o que nosso Pai possui. Lembrem-se de que vocês são
filhas de um Rei.
Deus é nosso Pai, e Seu Filho Unigênito é Cristo. Regozijemo-nos em
mais uma vez permanecermos firmes pelo Salvador e servirmos com coragem
e vigor em Sua vinha. E que sejamos destemidas na edificação da Sião de
nosso Deus, porque sabemos quem somos e quem sempre fomos. Em nome
de Jesus Cristo. Amém.
Sheri Dew, “Knowing Who You Are—and Who You Have Always Been” [Saber quem você é e quem
sempre foi], discurso da conferência das mulheres da BYU, 4 de maio de 2001, Universidade Brigham
Young, Provo, UT, acessado em 19 de abril de 2016, womensconference.ce.byu.edu.

_________________________
^1. Sheri L. Dew, entrevista por Brittany A. Chapman e Kiersten Olson, 8 de outubro de 2010, pp. 2, 3–
4, 11, 13, 20, 32, James Moyle Oral History Program [Programa da história contada de James
Moyle], CHL.
^2. Sheri L. Dew, entrevista por Christine R. Marin, 26 de fevereiro de 2002, p. 2, James Moyle Oral
History Program, CHL.
^3. Dew, entrevista por Marin, p. 2; “Deseret Book Appoints New President” [Deseret Book nomeia
novo presidente], Church News, 2 de março de 2002; “News of the Church” [Notícias da Igreja],
Ensign, maio de 1997, p. 109.
^4. Sheri L. Dew, entrevista por Kate Holbrook, 25 de abril de 2016, pp. 8–9, CHL.
^5. Sheri serviu na junta geral da Sociedade de Socorro de 1989 a 1990 (Sheri L. Dew, e-mail para Kate
Holbrook, 11 de maio de 2016; Dew, entrevista por Marin, p. 2).
^6. Dew, entrevista por Chapman e Olson, p. 34.
^7. Assim como muitos filhos nascidos de pais membros da Igreja, Sheri foi batizada aos 8 anos de
idade. Com a ordenança de confirmação, ela foi convidada para receber “o dom do Espírito Santo”,
ou seja, o Espírito Santo estaria com ela para fornecer orientação e consolo contanto que vivesse
uma vida digna.
^8. Dew, entrevista por Holbrook, pp. 5–6.
^9. Dew, entrevista por Holbrook, pp. 6–7.
^10. Dew, entrevista por Marin, pp. 15, 21.
^11. Dew, entrevista por Marin, p. 15.
^12. Ver “Sou um filho de Deus”, Hinos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt
Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1990, nº 193.
^13. “A Família: Proclamação ao Mundo” foi apresentada pela primeira vez na reunião geral da
Sociedade de Socorro em 1995 por Gordon B. Hinckley, logo após seu chamado como décimo
quinto presidente da Igreja. A proclamação foi publicada pela Primeira Presidência e pelo Quórum
dos Doze Apóstolos como uma “declaração e reafirmação dos padrões, das doutrinas e das práticas
referentes à família” (Julie A. Dockstader, “‘Best Season,’ but Also a Time of Turmoil” [“Melhor
época”, mas também tempos de turbulência], Church News, 30 de setembro de 1995; Gordon B.
Hinckley, “Enfrentar com firmeza as artimanhas do mundo”, A Liahona, janeiro de 1996, p. 110).
^14. Os valores das Moças foram definidos em 1985 enquanto Ardeth G. Kapp era presidente geral da
organização das Moças. Em 2001, esses valores incluíam fé, natureza divina, valor individual,
conhecimento, escolhas e responsabilidades, boas obras e integridade. O manual das Moças em uso
na época desse discurso dizia sobre o valor natureza divina: “Herdei atributos divinos, aos quais me
esforçarei para desenvolver” (Progresso Pessoal, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, 1989, p. 7; “News of the Church: Young Women Counseled to Stand for
Truth and Righteousness” [Notícias da Igreja: As moças são aconselhadas a defender a verdade e a
retidão], Ensign, janeiro de 1986, pp. 75–76).
^15. A Declaração da Sociedade de Socorro foi publicada pela presidência da Sociedade de Socorro,
em 25 de setembro de 1999, durante a reunião geral da Sociedade de Socorro. A declaração foi
apresentada por Mary Ellen Smoot, presidente geral da Sociedade de Socorro (Julie A. Dockstader,
“Declaration Reaffirms Roles, Values of Women in Church” [Declaração reafirma papéis e valores
das mulheres na Igreja], e “Truly a Day to Lift up Our Hearts” [Realmente um dia para elevar nosso
coração], Church News, 2 de outubro de 1999; Mary Ellen Smoot, “Alegra-te, ó filha de Sião”, A
Liahona, janeiro de 2059, p. 111).
^16. Citação no original: “Office Journal of Lorenzo Snow [Diário do escritório de Lorenzo Snow], 8
de outubro de 1900, pp. 181–182, Arquivos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, Salt Lake City, Utah”. Ver também Truman G. Madsen, The Highest in Us [A Grandeza em
Nós], Salt Lake City: Bookcraft, 1978, p. 9. Lorenzo Snow serviu como quinto presidente da Igreja
de 1898 a 1901. Snow expressou ideias semelhantes em seu discurso na Conferência Geral de Abril
de 1901: “Quando Jesus estava na manjedoura (…), Ele não sabia que era o Filho de Deus e que
anteriormente criara a Terra. (…) Ele cresceu até a maturidade e, nesse processo, foi-Lhe revelado
quem Ele era” (Lorenzo Snow, em Seventy-First Annual Conference of the Church of Jesus Christ
of Latter-day Saints [Septuagésima Primeira Conferência Anual de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias], 5–7 de abril de 1901, Salt Lake City: Deseret News, 1901, p. 3).
^17. Citação no original: “Lorenzo Snow, Conference Report, abril de 1901, p. 3; grifo do autor”.
^18. Citação no original: “D&C 138:56”.
^19. Ver Abraão 3:22–28. Joseph Smith declarou em um discurso de 1841 que “estávamos todos
presentes e vimos o Salvador ser escolhido e indicado, e o plano de salvação ser criado, e nós o
aprovamos” (Joseph Smith, Discurso, 5 de janeiro de 1841, Nauvoo, IL, Joseph Smith Collection,
CHL, acessado em 9 de maio de 2016, josephsmithpapers.org; ver também Doutrina e Convênios
138:55–58; e Alma 13:3–4).
^20. Citação no original: “Jó 38:7”.
^21. Citação no original: “George Q. Cannon, Gospel Truth: Discourses and Writings of President
George Q. Cannon [A Verdade do Evangelho: Discursos e Escritos do Presidente George Q.
Cannon], sel. por Jerreld L. Newquist, Salt Lake City: Deseret Book, 1987, p. 7; grifo do autor”.
George Q. Cannon foi membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1860 a 1901 e serviu na
Primeira Presidência sob a liderança de quatro presidentes da Igreja.
^22. Citação no original: “Harold B. Lee, ‘Compreender quem somos traz respeito próprio’, A Liahona,
junho de 1974, p. 37. Bruce R. McConkie, A New Witness for the Articles of Faith [Uma Nova
Testemunha para as Regras de Fé], Salt Lake City: Deseret Book, 1984, p. 512”. Harold B. Lee foi
o décimo primeiro presidente da Igreja de 1972 a 1973. Bruce R. McConkie serviu no Quórum dos
Doze Apóstolos de 1972 a 1985.
^23. Os membros da Igreja acreditam que a Terra está em sua última dispensação antes do retorno de
Jesus Cristo e dão o nome de dispensação da plenitude dos tempos devido a uma crença de que o
conhecimento do evangelho e a autoridade de todas as dispensações anteriores seriam reunidas
antes da Segunda Vinda de Cristo. A frase em si é encontrada nas escrituras, particularmente nas
revelações dadas a Joseph Smith (ver Efésios 1:10; e Doutrina e Convênios 27:13; 112:30; 121:31;
124:41; 128:18, 20; ver também Rand H. Packer, “Dispensation of the Fulness of Times”
[Dispensação da plenitude dos tempos], em Encyclopedia of Mormonism, ed. por Daniel H.
Ludlow, 5 vols., New York: Macmillan, 1992, vol. 1, pp. 387–388).
^24. Citação no original: “D&C 33:3–4”.
^25. Citação no original: “Abraão 2:8”.
^26. Citação no original: “George Q. Cannon, Journal of Discourses, 26 vols., London: Latter-day
Saints’ Book Depot, 1852–1881, vol. 11, p. 230”.
^27. Citação no original: “Abraão 3:22–23”.
^28. Citação no original: “D&C 138:53, 55”. Joseph F. Smith foi o sexto presidente da Igreja de 1901 a
1918 e teve essa visão pouco antes de morrer (ver Robert L. Millet, “The Vision of the Redemption
of the Dead (D&C 138)” [A visão da redenção dos mortos], em Sperry Symposium Classics: The
Doctrine and Covenants [Clássicos do Simpósio Sparry: Doutrina e Convênios], ed. por Craig K.
Manscill, Provo, UT: Centro de Estudos Religiosos, Universidade Brigham Young, 2004, pp. 314–
331).
^29. Citação no original: “Doctrines of the Restoration: Sermons and Writings of Bruce R. McConkie
[Doutrinas da Restauração: Sermões e Escritos de Bruce R. McConkie], Salt Lake City: Bookcraft,
1989, pp. 197–198; grifo do autor”.
^30. Citação no original: “Joseph Smith, History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints
[História de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], editado por B. H. Roberts, 2ª
ed. rev., 7 vols., Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1932–1951,
vol. 6, p. 364”. Ver também Joseph Smith, História, 1838–1856, vol. F-1, 1º de maio de 1844–8 de
agosto de 1844], 12 de maio de 1844, p. 18, CHL, acessado em 25 de abril de 2016,
josephsmithpapers.org.
^31. Citação no original: “Spencer W. Kimball, ‘O papel das mulheres justas’, A Liahona, março de
1980, p. 152”. Spencer W. Kimball foi o décimo segundo presidente da Igreja de 1973 a 1985.
^32. Citação no original: “Moisés 6:31”.
^33. Citação no original: “Moisés 7:21”.
^34. Citação no original: “Atos 9:5; 22:15”.
^35. Dentro da Igreja, o “nobre estirpe” geralmente se refere àqueles que são herdeiros das promessas
feitas a Abraão (ver Gênesis 13:14–16; 17:7; 22:18), particularmente aqueles que nasceram nesta
época da história da Terra. A frase “jovens de nobre estirpe” está em um hino da Igreja, escrito em
1930 por Ruth May Fox, que foi presidente geral da organização das Moças de 1929 a 1937. A
frase foi usada em discursos da Igreja, incluindo Ardeth G. Kapp, “Juventude da promessa”, A
Liahona, julho de 1984, p. 140; Ezra Taft Benson, “Aos ‘jovens de nobre estirpe’”, A Liahona,
julho de 1986, p. 43; e L. Tom Perry, “Jovens de nobre estirpe”, A Liahona, janeiro de 1999, p. 86
(“Constantes qual firmes montanhas”, Hinos, nº 184; J. Spencer Cornwall, Stories of Our Mormon
Hymns [Histórias de Nossos Hinos Mórmons], Salt Lake City: Deseret Book, 1963, pp. 48–52).
^36. Débora G. Felder, The 100 Most Influential Women of All Time: A Ranking Past and Present [As
Cem Mulheres Mais Influentes de Todos os Tempos: Um Ranking Passado e Presente], Secaucus,
NJ: Carol Publishing Group, 1996.
^37. Ver Gênesis 3:20 e Moisés 4:26.
^38. Citação no original: “1 Samuel 16:7”.
^39. Citação no original: “Moisés 1:12–13”.
^40. Citação no original: “Moisés 1:4, 6”.
^41. Citação no original: “Joseph F. Smith, Doutrina do Evangelho: Sermões e Escritos de Joseph F.
Smith, Salt Lake City: Deseret Book, 1986, p. 14”.
^42. Citação no original: “D&C 109:15”.
^43. Citação no original: “Ver D&C 8:2”.
^44. Citação no original: “3 Néfi 19:9”.
^45. Citação no original: “2 Néfi 32:5”.
^46. Ver 1 Pedro 2:9.
^47. Citação no original: “Lee, ‘Compreender quem somos traz respeito próprio’, p. 36”.
^48. Citação no original: “D&C 121:40”.
^49. Citação no original: “Alma 46:15”.
^50. Dew, entrevista por Holbrook, p. 5.
^51. Citação no original: “Gordon B. Hinckley, ‘Encontrem as ovelhas e apascentem-nas’, A Liahona,
junho de 1999, p. 124”.
^52. Margaret D. Nadauld foi presidente geral da organização das Moças de 1997 a 2002.
^53. Citação no original: “Kimball, ‘O papel das mulheres justas’, p. 152”.
^54. Citação no original: “Gordon B. Hinckley, ‘Our Responsibility to Our Young Women’ [Nossa
responsabilidade com as Moças], Ensign, setembro de 1988, p. 11”.
^55. Citação no original: “Gordon B. Hinckley, ‘Vivei à altura de vossa herança’, A Liahona, janeiro de
1984, p. 134”.
—————————— 49 ——————————

Com santidade de coração

Bonnie D. Parkin
Reunião geral da Sociedade de Socorro
Centro de Conferências, Salt Lake City, Utah,
28 de setembro de 2002

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).
Virginia H. Pearce, Janette Hales Beckham e Bonnie D. Parkin,
presidência geral das Moças. 1994. A meta da presidência de
Janette Beckham, que serviu de 1992 a 1997, era ajudar “toda
moça a se tornar uma mulher de fé justa e capaz de resolver
problemas”. Bonnie mais tarde serviu como presidente geral da
Sociedade de Socorro de 2002 a 2007. Retratadas aqui estão da
esquerda para a direita, Pearce, Beckham e Parkin. Fotografia de
Busath Photography (Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake
City).

Durante sua infância em Herriman, Utah, Bonnie Dansie Parkin (nascida em


1940) aprendeu independência e devoção à Sociedade de Socorro com sua
avó Agnes Kunz Dansie. Agnes era ativa na Sociedade de Socorro e se
orgulhava de ter doado para o fundo de construção da Sociedade de Socorro.
Uma defensora ardente da educação em geral e para as mulheres em
particular, Agnes ocasionalmente enviava dinheiro para ajudar Bonnie
enquanto ela estudava pedagogia na Universidade Estadual de Utah, onde ela
obteve seu diploma em 1962. Agnes conseguiu esse dinheiro escrevendo uma
coluna para o jornal Midvale (Utah) Sentinel e com a venda de ovos de suas
galinhas.1
Ao longo de sua vida, Bonnie encontrou forças ao guardar os convênios.
Em Seattle, Washington, ela era mãe de um recém-nascido com bem pouco
dinheiro e um marido, James L. Parkin, que muitas vezes esteve ausente para
cumprir suas responsabilidades como médico residente na Universidade de
Washington e como membro do bispado.2 Durante essa época muito
atarefada, Bonnie fez de seus compromissos na Igreja uma prioridade,
servindo como presidente da Primária e estudando o Livro de Mórmon e a
Bíblia com uma amiga.3 A família Parkin também continuou a pagar o
dízimo mesmo quando sua renda era tão baixa que o bispo perguntou se eles
pagavam o que deveriam pagar, imaginando como poderiam viver com tão
pouco.4 Uma maneira da família Parkin enfatizar os convênios com seus
quatro filhos era comemorando os batismos entusiasticamente. Prepararam-se
fazendo as lições e debatendo na noite familiar, comprando roupas novas,
convidando os avós e amigos a participar e compartilhar uma refeição depois
em sua casa.5
Bonnie fez parte da junta geral da Sociedade de Socorro de 1990 a 1994,
quando foi chamada para a presidência geral das Moças.6 Apenas seis meses
depois de aceitar esse novo chamado, ela falou na conferência geral.7 Ela
havia escrito seu discurso e estava conversando com os convidados um pouco
antes da conferência, quando recebeu uma inspiração de que tinha preparado
o “discurso errado”.8 Então ela recomeçou, desta vez escrevendo um discurso
sobre os convênios, destacando os convênios em Mosias 18:8–9 para
“carregar os fardos uns dos outros, (…) chorar com os que choram, (…)
consolar os que necessitam de consolo e servir de testemunhas de Deus em
todos os momentos”. Ela também descreveu os convênios em termos de
promessas do templo de “ser obedientes, de sacrificar, de nos manter
moralmente limpos, de contribuir para a propagação da verdade, de ser
castos, de orar, de viver o evangelho”.9
Na manhã do dia 25 de fevereiro de 2002, os Parkin receberam um
telefonema pedindo-lhes que se reunissem com o presidente da Igreja Gordon
B. Hinckley. Depois de falar com eles, o presidente Hinckley olhou para
Bonnie e disse: “Eu a estou chamando para ser a presidente geral da
Sociedade de Socorro”.10 Bonnie tinha prioridades específicas como
presidente. Por exemplo, ela sentiu que era urgente ajudar as moças a
aprender a amar a Sociedade de Socorro.11 Durante seu serviço anterior na
junta geral, ela fazia parte do comitê designado a ajudar as jovens a fazer uma
transição confortável da organização das Moças para a Sociedade de
Socorro.12 As prioridades de Bonnie como presidente geral também foram
influenciadas por suas visitas à Sociedade de Socorro, na Inglaterra, enquanto
ela e o marido presidiram a Missão Londres Sul.13 Ela admirava como as
irmãs da Sociedade de Socorro compartilhavam abertamente nas reuniões
tanto as coisas difíceis quanto as coisas boas de sua vida. Mesmo fora das
reuniões, elas apoiavam diligentemente umas às outras por meio das visitas
de professoras visitantes e do serviço de solidariedade apesar da
inconveniência logística dos amplos limites das alas. Muitas delas eram
recém-conversas que frequentemente descreviam como seus convênios as
abençoaram.14
Bonnie e suas novas conselheiras fizeram com que os convênios fossem
uma parte de sua declaração de missão. Elas queriam ajudar as mulheres a
“sentir o amor do Senhor diariamente em sua vida, guardar seus convênios,
exercer caridade e fortalecer as famílias”.15 Bonnie deu o seguinte discurso,
também sobre convênios, em uma reunião geral da Sociedade de Socorro seis
meses depois de se tornar presidente.16

EMBORA NOSSOS NÚMEROS sejam muito maiores do que aqueles das


irmãs da Sociedade de Socorro em Nauvoo, o espírito de nossa reunião é o
mesmo.17 Assim como nós, elas edificavam, nutriam e inspiravam umas às
outras, oravam umas pelas outras, consagravam tudo o que tinham para o
reino. O presidente Hinckley nos descreveu como “uma imensa fonte de fé e
boas obras, (…) uma âncora de devoção, lealdade e realização”.18 Como é
notável que, independentemente de estarmos no Centro de Conferências, em
uma capela no México ou em um ramo na Lituânia, somos irmãs em Sião
com um grande trabalho a fazer. E juntas, lideradas por um profeta de Deus,
nós o faremos! Espero que vocês sintam o amor que tenho por vocês — amor
que é compartilhado por minhas conselheiras, que são uma bênção preciosa
para mim.
Dizer que fiquei abalada quando o presidente Gordon B. Hinckley me
chamou para servir como presidente geral da Sociedade de Socorro é um
eufemismo enorme! Vocês entendem? Mas, com a voz emocionada,
respondi: “Eis-me aqui, envia-me”.19 Depois que uma amiga judia soube o
que meu chamado implicava, ela olhou para mim como se eu fosse maluca e
perguntou: “Bonnie, por que você faria isso?” (Em momentos como este
aqui, costumo me perguntar a mesma coisa!) Mas há apenas uma razão pela
qual eu o fiz: Fiz convênios com o Senhor e sei o que isso exige. Além disso,
sabia que eu e vocês serviríamos juntas e que minha vontade era em favor de
todas nós.
Ao longo dos séculos, as mulheres justas têm avançado para se juntar à
causa de Cristo. Muitas de vocês só foram batizadas recentemente, seus
convênios estão muito vívidos em seu coração, seus sacrifícios são bem
recentes. Quando penso em vocês, lembro-me de Priscilla Staines, de
Wiltshire, Inglaterra.20 Priscilla se filiou à Igreja em 1843 aos 19 anos.21
Sozinha. Ela teve que fugir durante a noite para ser batizada devido às
perseguições de seus vizinhos e ao descontentamento de sua família. Ela
escreveu: “Esperamos até à meia-noite (…) e depois fomos até um riacho a
400 metros de distância. Ali encontramos a água (…) congelada, e o élder
precisou fazer um buraco no gelo suficientemente grande para o batismo.
(…) Ninguém, além de Deus, Seus anjos e das poucas testemunhas que
estavam junto à margem conosco, ouviu meu convênio, mas, na solenidade
daquela hora, pareceu-me como se toda a natureza estivesse ouvindo e o anjo
registrador estivesse escrevendo nossas palavras no livro do Senhor”.22
As palavras dela “Ninguém, além de Deus, seus anjos (…), ouviu meu
convênio” tocam minha alma, porque como Priscila — não importa nossa
idade, nosso conhecimento do evangelho, nosso tempo de Igreja — somos
todas mulheres do convênio. Essa é uma frase que muitas vezes ouvimos na
Igreja, mas o que significa? Como os convênios definem quem somos e como
vivemos?
Os convênios — ou promessas solenes que fazemos entre nós e o Pai
Celestial — são essenciais para nosso progresso eterno. Gradualmente, Ele
nos ensina a nos tornar semelhantes a Ele, convidando-nos a participar de Sua
obra. No batismo, fazemos convênio de amá-Lo de todo o coração e de
amarmos nossas irmãs e nossos irmãos como a nós mesmas.23 No templo,
também fazemos convênio de ser obedientes, altruístas, fiéis, honrados e
caridosos.24 Fazemos convênio de fazer sacrifícios e consagrar tudo o que
temos. Forjados pela autoridade do sacerdócio, ao guardarmos os convênios,
recebemos bênçãos além da medida. Com que frequência vocês pensam que
seus convênios se estendem além da mortalidade e nos unem ao Divino?
Fazer convênios é a manifestação de um coração bem disposto, guardar
convênios é a manifestação de um coração fiel.
Parece muito simples no papel, não é? É claro, é no fazer que provamos
quem realmente somos. Assim, toda vez que estendemos a mão com amor,
paciência, bondade e generosidade, estamos honrando nossos convênios
dizendo: “Eis-me aqui, envia-me”. Geralmente falamos essas palavras
suavemente, sem a companhia de uma banda de música.
Quando foi que os convênios de outra pessoa com o Senhor abençoaram
sua vida, trouxeram-lhe paz, nutriram sua alma? Quando meu marido e eu
éramos missionários na Inglaterra, vimos muitos élderes e sísteres cuja vida
foi diretamente influenciada pelos convênios de mulheres dignas.25 Fiquei
muito agradecida por mães, irmãs, tias, professoras — como muitas de vocês
— cujos convênios honrados proporcionaram bênçãos a outras pessoas pelo
modo como ensinaram a aqueles futuros missionários.
Os convênios não apenas nos tiram da zona de conforto para um novo
crescimento pessoal, mas também levam outros a fazer o mesmo. Jesus disse:
“As obras que me vistes fazer, essas também fareis”.26 O cumprimento de
Seus convênios incentiva o nosso.
Os convênios nos salvam de sofrimentos desnecessários. Por exemplo,
quando obedecemos à orientação do profeta, estamos guardando um
convênio. Ele nos aconselhou a evitar dívidas, manter um estoque de
alimentos e nos tornar autossuficientes.27 Viver dentro de nossas posses nos
abençoa além dessa obediência. Ela nos ensina gratidão, autocontrole,
altruísmo; proporciona alívio das pressões financeiras e proteção contra a
ganância materialista. Manter nossas lâmpadas abastecidas significa que as
circunstâncias imprevistas não impedem as oportunidades de declarar com
devoção: “Eis-me aqui, envia-me”.
Os convênios renovados revigoram e estimulam uma alma cansada.
Todos os domingos quando tomamos o sacramento, o que acontece em nosso
coração quando ouvimos as palavras para “recordá-lo sempre”?28
Melhoramos na semana seguinte concentrando-nos no que mais importa?
Sim, enfrentamos coisas difíceis. Sim, fazer mudanças é extenuante. Mas
vocês já se perguntaram como nossas irmãs sobreviveram tendo sido
expulsas de Nauvoo, muitas caminhando toda a jornada?29 Quando seus pés
ficavam cansados, elas eram carregadas por seus convênios! O que mais
poderia prover essa força espiritual e física?
Os convênios também nos protegem de ser “levados em roda por todo
vento de doutrina, pelo porodo dos homens que com astúcia poranam
fraudulosamente”.30 Mulheres do convênio permanecem firmes quando o mal
for chamado de bem e o bem for chamado de mal.31 Lembrar-nos de nossos
convênios evita que sejamos desviadas do caminho certo, quer seja na sala de
aula da faculdade, no trabalho ou assistindo aos mais recentes “especialistas”
na TV.
Os convênios podem manter a nós e nossos entes queridos
espiritualmente seguros e espiritualmente preparados, colocando as coisas
mais importantes em primeiro lugar. Por exemplo, quando se trata de família,
não podemos nos permitir a indiferença nem as distrações. A infância é uma
maravilha que está desaparecendo, tão poucos tiveram os dias felizes e
despreocupados que tive crescendo em uma fazenda. O presidente Hinckley
disse: “Nossos problemas, quase todos, têm sua origem no lar. (…) Se uma
mudança se faz necessária, (…) isso precisa começar pelo lar. É ali que se
aprende a verdade, que a integridade é cultivada, que a autodisciplina é
instilada e que o amor é nutrido”.32
Irmãs, o Senhor precisa de mulheres que ensinem os filhos a trabalhar,
aprender, servir e acreditar. Quer sejam nossos próprios ou de outra pessoa,
podemos nos erguer e declarar: “Eis-me aqui, envia-me para cuidar de Seus
pequeninos, para colocá-los em primeiro lugar, para guiar e protegê-los do
mal, para amá-los”.
Às vezes nos deparamos com o cumprimento de nossos convênios
quando parece não haver nenhum motivo lógico para fazê-lo. Ouvi uma irmã
solteira contar sua experiência de “vir a confiar no Senhor completamente”.
Sua vida não era o que ela havia esperado. Soa familiar? Esse período de
introspecção foi marcado por mudanças de emprego, novas pressões
financeiras e influências das filosofias do mundo. Agora ouçam o que ela fez.
Ela conversou com outras irmãs de sua ala e descobriu que elas também
estavam buscando a paz proporcionada pelo evangelho. Ela pediu uma
bênção do sacerdócio. Cumpriu valorosamente seu chamado. Estudou e
procurou dedicar mais plenamente seu amor, sua gratidão e sua convicção a
Jesus. Ela orou. “Clamei ao Senhor e disse a Ele que faria tudo o que Ele me
pedisse”, disse ela. Ela fez tudo isso apesar das dificuldades. E sabem o que
aconteceu? Não, seu companheiro eterno não apareceu em sua porta. Mas a
paz penetrou em seu coração, e a vida melhorou.
Irmãs, guardamos nossos convênios quando compartilhamos nossa
sabedoria de vida para encorajar outras pessoas, quando fazemos visitas com
compaixão sincera, quando ajudamos uma jovem a saber que seu modo
diferente de ver as coisas vai nos abençoar na Sociedade de Socorro.
Podemos fazer isso!
Quando a jovem Priscila, aquela conversa britânica de 1843, cruzou o
Atlântico, ela fez amizade com uma mulher da idade de sua mãe.33 Aquela
irmã mais velha também sentiu o ardor dos convênios que ela havia feito.
Quando desembarcaram em Nauvoo, ela estava ao lado de Priscila. Juntas,
corajosas e fiéis, uniram-se aos santos de Deus.34
A integridade espiritual para guardar nossos convênios provém da
constância no estudo das escrituras, da oração, do serviço e do sacrifício.
Esses passos simples nutrem nossa alma para que digamos: “Envia-me para
ajudar uma irmã e seu recém-nascido, envia-me para ensinar um aluno com
dificuldades, envia-me para amar uma estranha. Envia-me para onde
precisares de mim, quando precisares de mim”.
O Senhor nos chamou para fazer tudo o que fazemos com “santidade de
coração”.35 E a santidade é o fruto de vivermos nossos convênios. Gosto
muito da letra deste hino e da maneira que ele me faz sentir:

Mais vontade dá-me


De odiar o mal,
Mais calma em pesares,
Mais nobre ideal;
Mais fé no meu Mestre,
Mais consagração,
Mais força ao servi-lo,
Mais grata oração.36

A santidade suscita as palavras: “Eis-me aqui, envia-me”. Quando


Priscila Staines fez seu convênio batismal à meia-noite naquelas águas
geladas, ela deu um passo adiante para uma nova vida, as roupas quase
congeladas, mas o coração aquecido de alegria. “Não havia mais volta”, disse
ela. “Eu (…) decidi obter a recompensa da vida eterna, confiando em
Deus.”37
Presidente Hinckley, com as irmãs da Sociedade de Socorro em todo o
mundo, comprometo-me a permanecermos unidas como mulheres do
convênio e ouvirmos sua voz.38 Em uma série de idiomas diferentes, ouça as
palavras de cada irmã da Sociedade de Socorro ao dizermos: “Eis-me aqui,
envia-me”.
Que nossos convênios individuais que nos unem ao nosso amoroso Pai
Celestial nos guiem, protejam, santifiquem e permitam que façamos o mesmo
por todos os Seus filhos. Essa é minha oração em nome de Jesus Cristo.
Amém.
Bonnie D. Parkin, “Com santidade de coração”, A Liahona, novembro de 2002, p. 103.

_________________________
^1. “Bonnie D. Parkin, presidente geral da Sociedade de Socorro”, A Liahona, julho de 2002, p. 124;
Bonnie D. Parkin, entrevista por Kate Holbrook, 10 de setembro de 2015, pp. 1–2, 6, 8, em posse
dos editores.
^2. James L. Parkin estudou otorrinolaringologia (Parkin, entrevista, pp. 2–4).
^3. Parkin, entrevista, pp. 3–4; Bonnie D. Parkin, “Banquetear-se com a palavra de Deus”, A Liahona,
julho de 1995, p. 95.
^4. Parkin, entrevista, p. 3.
^5. Parkin, entrevista, p. 9.
^6. “Bonnie D. Parkin, presidente geral da Sociedade de Socorro”, p. 124; Gordon B. Hinckley,
“Assembleia solene de apoio aos oficiais da Igreja”, A Liahona, janeiro de 1995, p. 4.
^7. Bonnie D. Parkin, “Celebrar os convênios”, A Liahona, julho de 1995, p. 83.
^8. Parkin, entrevista, p. 13.
^9. Parkin, “Celebrar os convênios”, p. 83.
^10. “History of the Relief Society: The Bonnie Parkin Administration, 2002–2007” [História da
Sociedade de Socorro: Administração de Bonnie Parkin, 2002–2007], 2012, pp. 2–3, Biblioteca de
História da Igreja.
^11. “History of the Relief Society”, p. 14; Parkin, entrevista, p. 15.
^12. Parkin, entrevista, p. 15.
^13. “Bonnie D. Parkin, presidente geral da Sociedade de Socorro”, p. 124.
^14. Parkin, entrevista, pp. 12–13.
^15. Parkin, entrevista, p. 17.
^16. Thomas S. Monson, “Apoio às autoridades da Igreja”, A Liahona, julho de 2002, p. 23.
^17. Vinte mulheres se reuniram para a primeira reunião da Sociedade de Socorro em Nauvoo, Illinois,
em 17 de março de 1842. Na última reunião de Nauvoo em 16 de março de 1844, aproximadamente
1.336 mulheres haviam se filiado à organização (Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate
Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in
Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros 50 Anos da Sociedade de Socorro: Documentos-
Chave da História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Church Historian’s
Press, 2016, pp. 24–26).
^18. Citação no original: “‘Andar na luz do Senhor’, A Liahona, janeiro de 1999, p. 115”. Gordon B.
Hinckley se tornou presidente da Igreja em março de 1995.
^19. Essa frase aparece diversas vezes nas escrituras da Igreja. Ver, por exemplo, Isaías 6:8; 2 Néfi
16:8; Moisés 4:1 e Abraão 3:27.
^20. Staines nasceu em 1823 e morreu em Salt Lake City, em 1899 (Edward W. Tullidge, Women of
Mormondom [Mulheres do Mormonismo], New York: Tullidge and Crandall, 1877, p. 285;
Priscilla M. Staines, 4 de janeiro de 1899, em “Utah, Salt Lake County Death Records, 1849–1949”
[Registros de falecimento do condado de Salt Lake, Utah, 1849–1949], acessado em 22 de julho de
2015, familysearch.org).
^21. Tullidge, Women of Mormondom, pp. 287–288. Para saber mais sobre o início do trabalho
missionário na Inglaterra, ver James B. Allen, Ronald K. Esplin e David J. Whittaker, Men with a
Mission, 1837–1841: The Quorum of the Twelve Apostles in the British Isles [Homens com uma
Missão, 1837–1841: O Quórum dos Doze Apóstolos nas Ilhas Britânicas], Salt Lake City: Deseret
Book, 1992.
^22. Citação no original: “Citado em Edward W. Tullidge, The Women of Mormondom, 1877, p. 287;
ver também pp. 285–286, 288”.
^23. Ver Levítico 19:28; Deuteronômio 6:5; Mateus 22:37–39 e Mosias 18:8–10.
^24. Ver James E. Talmage, The House of the Lord [A Casa do Senhor], Salt Lake City: Deseret News,
1912, p. 100.
^25. “New Mission Presidents” [Novos presidentes de missão], Church News, 5 de abril de 1997.
^26. Citação no original: “3 Néfi 27:21”.
^27. Gordon B. Hinckley, “Os tempos em que vivemos”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 83.
^28. Citação no original: “D&C 20:77, 79”.
^29. Ver, por exemplo, Edward Leo Lyman, Susan Ward Payne e S. George Ellsworth, eds., No Place
to Call Home: The 1807–1857 Life Writings of Caroline Barnes Crosby, Chronicler of Outlying
Mormon Communities [Nenhum Lugar para Chamar de Lar: Os Escritos da Vida de Caroline
Barnes Crosby de 1807–1857, Cronista de Comunidades Mórmons Remotas], Logan: Utah State
University Press, 2005, pp. 69–86; Maurine Carr Ward, ed., Winter Quarters: The 1846–1848 Life
Writings of Mary Haskin Parker Richards [Winter Quarters: Os Escritos da Vida de Mary Haskin
Parker Richards, 1846–1848], Logan: Utah State University Press, 1996, pp. 13–15; e Patricia H.
Stoker, “‘The Lord Has Been My Guide’: Cordelia Calista Morley Cox”, em Women of Faith in the
Latter Days: Volume Two, 1821–1845 [Mulheres de Fé nos Últimos Dias: Volume Dois, 1824–
1845], ed. por Richard E. Turley Jr. e Brittany A. Chapman, Salt Lake City: Deseret Book, 2012,
pp. 45–60.
^30. Citação no original: “Efésios 4:14”.
^31. Ver Isaías 5:20 e 2 Néfi 15:20.
^32. Citação no original: “A Liahona, janeiro de 1999, p. 117”. O discurso do presidente Hinckley
mencionado aqui foi intitulado “Andar na luz do Senhor”.
^33. Mary Twinberrow Wattis Bennett [Kay] (Jay Greaves Burrup, “Mary’s Altar” [O altar de Mary],
Pioneer 47, nº 1, primavera de 2059, pp. 10–16; “Mary T. Kay”, Ogden Standard, 27 de setembro
de 1896, p. 7; Tullidge, Women of Mormondom, p. 291).
^34. Citação no original: “Ver Tullidge, Women of Mormondom, pp. 289, 291”.
^35. Citação no original: “D&C 46:7”.
^36. Citação no original: “‘Mais vontade dá-me’, Hinos, nº 75”.
^37. Citação no original: “Tullidge, Women of Mormondom, p. 288”.
^38. O presidente da Igreja Gordon B. Hinckley participou dessa reunião embora não tenha discursado
(James E. Faust, “Vocês todas vieram do céu”, A Liahona, novembro de 2002, p. 110).
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Oração: Uma coisa pequena e simples

Virginia H. Pearce
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
28 de abril de 2011

Ver byutv.org para a gravação original do discurso (cortesia BYUtv).

Desde a infância, Virginia Hinckley Pearce (nascida em 1945) observou que


seus pais faziam da oração e do serviço na Igreja uma parte importante de sua
vida cotidiana. Ela se lembra de quando ela ou um de seus irmãos estava
particularmente preocupado com um problema, seu pai, Gordon B. Hinckley,
dizia: “Apenas faça suas orações e vá dormir. Levante-se pela manhã e vai
ficar tudo mais claro”.1 Virginia aplicou esse bom conselho, e sua própria
reafirmação dele é: “Apenas faça suas orações, vá dormir e, quando acordar
pela manhã, vá trabalhar”.2 Reunir-se para a oração familiar, ir à igreja e
trabalhar em designações da Igreja parecia uma parte natural de sua vida
familiar, não algo em uma lista que ela precisava concluir. Ela via que o
trabalho da Igreja para sua mãe, Marjorie Pay Hinckley, era “parte do que ela
era”, e que ela sempre parecia cheia de energia fazendo esse trabalho e não
pressionada ou chateada.3
Virginia se formou em história e se especializou em inglês na
Universidade de Utah, concluindo o último ano em 1967 na Universidade de
Nebraska, enquanto seu marido, Jim, estudava medicina na Creighton
University School of Medicine.4 Seus primeiros filhos vieram um atrás do
outro: quando sua filha mais velha tinha dois anos, Virginia teve filhas
gêmeas e, 18 meses depois, ela teve outra filha. Ela esperou vários anos antes
de ter outra filha e outro filho.5 À medida que se aproximava a ocasião de seu
filho mais novo começar o primeiro ano do Ensino Fundamental, ela pensou
em fazer pós-graduação e percebeu que o que ela mais gostava da história e
literatura era observar as pessoas crescendo e aprender como facilitar esse
processo.6 Ela decidiu estudar serviço social, completando o mestrado na
Universidade de Utah em 1988. Em seguida, ela trabalhou por pouco tempo
para o departamento de saúde mental do condado de Salt Lake antes de
ingressar na junta geral da Primária, mais tarde naquele ano.7 Depois de
concluir sua graduação, Virginia também atendeu clientes em uma clínica
particular, parando em 1992 quando se tornou primeira conselheira na
presidência geral das Moças.8
Embora seu tempo praticando serviço social tenha sido curto, ela relata
ter se sentido compelida a concluir esse treinamento e acredita que a
experiência influenciou todo o seu serviço humanitário na Igreja desde aquela
época. Em suas responsabilidades com a Primária e as Moças, ela trabalhou
para treinar as líderes locais e apoiar os membros da Igreja de outros países.
Ela trouxe um entendimento fundamentado na natureza da adolescência para
seu trabalho na organização das Moças, inclusive o que significa a busca de
identidade de uma pessoa jovem e como apoiar melhor o crescimento de um
adolescente.9 Com as outras irmãs da presidência das Moças, ela queria
ajudar “toda moça a se tornar uma mulher de fé justa e capaz de resolver
problemas”.10
A própria identidade de Virginia Pearce está intimamente ligada a
histórias sobre sua descendência. As histórias da família significam muito
para ela, assim como seu relacionamento com seu avô paterno, que morou em
uma casa atrás da casa dela até seu falecimento quando ela estava no início da
adolescência.11 Ela editou uma biografia inovadora de sua mãe, que incluiu
os próprios escritos de Virginia com lembranças de uma grande variedade de
fontes.12 A irmã Pearce mora na casa em que seu marido foi criado e ela
escreveu uma história inédita das pessoas que viveram naquela casa.13
Ela também gosta de ensinar e é uma oradora conhecida. Ela aprendeu
com seu pai a experimentar novas abordagens e seguir em frente quando uma
lição ou um discurso não funcionar. Ela diz que todos têm momentos em que
o que eles tentam não funciona embora às vezes, mais tarde, ficamos sabendo
que nossos esforços foram úteis para uma pessoa na última fileira.14 Ela vê a
oração como algo fundamental no processo de fazer um bom trabalho e se
sentir bem sobre o trabalho de alguém: “Há uma escritura nas Palavras de
Mórmon”, diz ela. “Ele está falando sobre escrever nas placas e ele diz que
não sabe por que está fazendo aquilo. Então, há uma frase sobre como ele
acredita que Deus atua por meio dele para fazer Sua vontade.15 Acho que é
isso que acontece quando você ora o tempo todo. Você não precisa entrar em
pânico — estou fazendo a escolha certa ou a escolha errada? Você pode
confiar que Ele atua por meio de você e você faz o que Ele quer que faça.”16
Virginia Pearce deu o seguinte discurso sobre oração como oradora principal
da conferência das mulheres de 2011 da Universidade Brigham Young.

SINTO-ME MUITO FELIZ POR ESTAR COM VOCÊS, minhas queridas


irmãs da Sociedade de Socorro. Creio que conheço um pouco os preparativos
que vocês fizeram a fim de deixar a família, o emprego e outras tarefas para
trás. Acontece que tenho cinco filhas aqui esta manhã e, por isso, tenho visto
bem de perto o que foi preciso providenciar para deixarem sua vida, e entre
elas há um total de 22 crianças, e imaginar como foi esse dia — como hoje e
amanhã essas crianças iriam se arranjar sem elas. E quando multiplico por
todas vocês, fico impressionada. Acho que a invasão da Normandia não foi
nada, brincadeira de criança em termos de coordenação e planejamento,
comparada a isso.
Acho que também conheço algumas de suas expectativas e seus desejos
para esse tempo que passaremos juntas. Amo vocês e tenho plena confiança
de que haverá uma generosa manifestação do Espírito do Senhor hoje e
amanhã.
Nosso tema foi tirado do capítulo 37 de Alma — um versículo que todas
nós conhecemos tão bem, memorável em sua aliteração e contraditório em
sua promessa. Alma, falando com seu filho Helamã sobre a importância de
manter registro das escrituras, disse: “Ora, podes supor que isto seja tolice de
minha parte; mas eis que te digo que é por meio de coisas pequenas e simples
que as grandes são realizadas”.17
Isso não é reconfortante em nosso mundo, onde acontecimentos e
expectativas imensas, extravagantes e exuberantes estão diante dos olhos
continuamente? Tenho um pequeno aviso em meu computador em casa —
não é bordado, ponto cruz ou emoldurado. É apenas um bilhete colado e diz:

REDUZA.
SIMPLIFIQUE.
DÊ UM TEMPO.

Ler essas palavras — às vezes, em voz alta — sempre me acalma.


Uma de nossas grandes antecessoras da Sociedade de Socorro,
Emmeline B. Wells, disse isso com muito mais poesia:

A fé incita os fracos e lhes dá graça.


E assim, muitas vezes vemos o frágil superar
Aqueles que eram fortes no início da corrida.18

Com o tempo, nossa pequenez — nossa fragilidade — permite


realmente que a graça de Deus trabalhe em nós e triunfe sobre aqueles que
pareciam mais fortes e maiores no começo.
Minha mãe usava essa aliança de ouro simples em seu dedo. Ao
envelhecer, com mãos afetadas pela artrite, muitas vezes ela usava a aliança
em uma corrente em seu pescoço — essa corrente, na verdade. Nós duas
fomos almoçar em uma tarde alguns anos antes de sua morte.19 Não
estávamos conversando sobre nada importante quando ela parou e perguntou
se eu conhecia a história da aliança de ouro. “É ouro 18 quilates, você sabe,
ela tem mais de cem anos e quero ter certeza que você conhece sua história.”
E, então, ela me contou novamente sobre o anel de minha bisavó.
Martha Elizabeth Evans tinha 17 anos quando conheceu George
Paxman. Ele era novo na cidade — magro, forte, bonito e com olhos azuis
profundos. Ela era uma jovem pequena com menos de 1,60 metro de altura,
de pele lisa e abundantes cabelos finos, incrivelmente macios ao toque.
Eles se apaixonaram e dois anos mais tarde, no outono de 1885, quando
fizeram promessas eternas um ao outro, ele colocou essa aliança de ouro no
seu quarto dedo da mão esquerda.
O jovem casal esperançoso se mudou para uma casa de tijolos de dois
cômodos com um telhado de barro enquanto as habilidades de George como
carpinteiro desempenhavam sua parte na construção de um majestoso templo
de calcário branco, elevando-se em uma colina acima da pequena vila de
tijolos, em Manti, Utah. O jovem marido trabalhava oito horas por dia e
recebia um vale equivalente a quatro dólares por semana em mercadorias do
armazenam local e produtos do escritório do dízimo. Era uma maneira
agradável de começar a vida de casados.
Uma noite de junho, em 1887, um mês antes de sua primeira filha
completar um ano de idade, George chegou em casa depois de trabalhar no
templo, onde ajudou a colocar as portas grandes do lado leste. Ele sentia
dores terríveis. Assustada, Martha o colocou em um carroção e fez a
extenuante viagem pelas montanhas até um hospital, onde ele faleceu três
dias depois de uma hérnia estrangulada. Oito meses depois, Martha deu à luz
sua segunda menina — minha avó — a quem deu o nome de Georgetta, em
homenagem a seu amado George.
Uma viúva de 22 anos com duas filhinhas, sua fé em Deus e uma aliança
de ouro no dedo, Martha enfrentou o futuro.
Mas agora vem a história que minha mãe queria ter certeza de que eu
saberia. Certo dia, vários anos após a morte de George, Martha foi convidada
por uma vizinha a reabastecer o colchão com palha nova. Nas palavras de
Martha: “Assim que terminei de encher o colchão, olhei para minha mão e a
minha aliança não estava mais. Posso ter chorado. Quando cheguei em casa,
espalhei lençóis no chão e vasculhei a palha, mas o anel não estava lá. Decidi
voltar [para a vizinha] de qualquer maneira e olhar ao redor da palha
novamente. Orei para que pudesse encontrá-la”.20 Bem, a vizinha a ajudou a
procurar, mas pareceu não adiantar nada. E assim que ela desistiu, ela chutou
a palha com a ponta do sapato e o anel apareceu.
Martha contou essa história para seus filhos e suas filhas diversas vezes.
A história de sua avó convenceu minha mãe de que as orações são ouvidas e
que são respondidas. Essa aliança é um elo amoroso que honra o casamento e
a lealdade eterna, mas para mim é um lembrete sobre o poder da oração.
Acredito na oração e me senti inspirada a falar hoje sobre essa prática
pequena e simples pela qual grandes coisas são realizadas.
A oração é certamente o ritual religioso mais básico de todas as
religiões. Todos os que creem em Deus O procuram em alguma forma de
oração. É o mais antigo comportamento religioso que ensinamos aos nossos
filhos pequenos. E, ainda assim, o processo da oração não pode ser entendido
pela mente humana. Nenhum de nós entende como ela funciona embora
tivéssemos uma vida inteira de experiência com ela.
Mas sabemos algumas coisas.
A primeira coisa que sabemos é que a oração tem como base o princípio
da fé. Temos fé na doutrina de que somos filhos de um Pai Celestial, que nos
separamos Dele durante esse período da mortalidade e que nossa meta é nos
tornar semelhantes a Ele para mais uma vez voltarmos à Sua presença.
Pensem nisso. Quando entendermos que Deus é nosso Pai e somos seus
filhos, então a oração se torna natural e instintiva.21
Também sabemos que a oração é uma expressão do arbítrio. A oração
sincera e fervorosa é uma escolha profundamente pessoal. Ninguém pode nos
forçar a nos comunicarmos de todo o nosso coração. Ninguém pode nos
obrigar a sentir amor por nosso Criador. Gosto muito da maneira como Isaías
expressa esse desejo sincero de orar: “Na minha alma te desejei de noite, e
com o meu espírito, que está dentro de mim, cedo te buscarei”.22
E assim, nossa escolha pequena e simples de orar permite que Deus
liberte os poderes do céu em nosso favor. O Espírito Santo é livre para encher
nossa mente e nosso coração, levando-nos na direção Dele e de nosso destino
eterno. Não consigo pensar em nada melhor.
Sabemos também que a oração advém da humildade: Quando oramos
reconhecemos que não podemos viver esta vida sozinhos, que dependemos
do Pai e do Filho para nossa própria respiração. Agora, conheço algumas
pessoas muito inteligentes. E conheço algumas pessoas talentosas e altamente
qualificadas. Conheço algumas pessoas muito, muito ricas. Mas nunca
conheci uma pessoa que tenha recursos suficientes para atender a todas as
exigências da vida por conta própria. Precisamos de Deus. E, se nossas
dificuldades podem nos levar a Deus, podemos agradecer a elas.
Essa pintura, de Carl Bloch, é chamada Cristo Consolador. Ela, com
outras peças magníficas, está em exposição esta semana no Museu de Arte da
BYU.23 Espero que, caso ainda não tenham visto essa exibição, vocês tenham
a oportunidade de visitá-la durante os próximos dois dias.
Gosto de olhar para cada pessoa que busca o consolo de Cristo. Você
pode ver os problemas da mortalidade em seu rosto. Estes são os que sabem
que não podem fazer isso sozinhos. Bloch descreveu a alegria que podemos
ter em meio à adversidade quando sabemos que isso nos leva a Cristo. Ele
disse: “Quando as coisas estão piores, elas então se tornam as melhores.
Então, acho que tenho muito a agradecer a Deus, e seria tolice exigir que
alguém fosse feliz nesta vida. Com isso quero dizer sempre reluzente, sempre
vendo o ideal sob o céu claro.24
“Não, o céu cinzento e a chuva forte fazem parte disso — uma pessoa
deve ser lavada completamente antes de ir até Deus.”25
Gosto do simbolismo desse artista — ser lavado cuidadosamente pelo
céu cinzento e as chuvas da vida enquanto nos ajoelharmos humildemente,
em nossa fragilidade, pedindo a ajuda de Deus. “Sê humilde; e o Senhor teu
Deus te conduzirá pela mão, e te dará resposta às tuas orações.”26
Tenho uma boa amiga a quem chamarei de “Jane”. Ela é um membro de
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que guarda os
convênios. Sua vida tem muitas facetas: serviço na Igreja, trabalho de tempo
integral, devoção à família, boa vizinhança, chamados na Igreja. Ela é
inteligente, divertida e fiel. E, como todos nós na mortalidade, ela enfrenta
desafios desgastantes — o maior de todos tem a ver com sua família.
Enquanto seus filhos cresciam, alguns deles começaram a escolher caminhos
diferentes. Ela os viu fazer escolhas que sabia que levariam à infelicidade e
ela ficou muito triste — até mesmo desesperada. Ela pensou em suas decisões
do passado como mãe e ficou cheia de culpa. Talvez tenha sido tudo culpa
dela. Ela se sentiu ansiosa e amedrontada, imaginando o que ela poderia dizer
e como e quando ela poderia dizer para que o filho errante visse a luz e
voltasse. Ela se preocupava com cada interação com o filho — a sua própria,
bem como a do seu marido, dos membros da ala, dos vizinhos — de todos!
Digo que ela se sentia atormentada e fora de controle para ser exata.
E ela orou. Ela orou fervorosamente. Seu coração estava “voltado
continuamente para ele em oração pelo [seu próprio] bem-estar, assim como
pelo bem-estar [dos filhos]”.27
Certa tarde, na reunião de jejum, ela ouviu uma amiga que ela admirava
descrever como ela tinha sido atormentada com um problema específico com
um de seus filhos e decidiu ir ao templo uma vez por semana. A amiga então
testificou com gratidão que, depois de muitos meses, suas orações foram
respondidas, e o problema havia sido milagrosamente resolvido.
Jane ficou emocionada, voltou para casa, continuou a orar e se sentiu
inclinada a fazer uma meta anual particularmente ambiciosa de frequência ao
templo. Ela tinha certeza de que o Senhor honraria um sacrifício pessoal tão
significativo.
Agora vou interromper nossa história aqui para apontar algumas coisas
sobre as quais conversamos. Jane teve fé. Ela entendeu seu relacionamento
com o Pai Celestial. Ela demonstrou humildade, entendeu que precisava de
ajuda divina. E ela fez uma escolha individual e pessoal de orar. Ao continuar
sua conversa pessoal com o Senhor, guardar seus convênios e ir à igreja, o
Espírito Santo enviou as palavras do testemunho de sua amiga
profundamente em seu coração.
Ao continuar a orar, Jane agiu de acordo com os sussurros que ela
recebeu para ir ao templo com mais frequência.
Agora vou continuar com a história dela. Citando Jane: “Depois de dez
anos frequentando cada vez mais o templo e da oração constante, sinto dizer
que as escolhas de meus filhos não mudaram”.
E então houve uma pausa. (…)
“Mas mudei. Sou uma mulher diferente.”
“Como?”, perguntei-lhe.
“Tenho um coração mais suave. Estou cheia de compaixão. Realmente
posso fazer mais e estou livre do medo, da ansiedade, da culpa, do remorso e
do pavor. Abandonei meus limites de tempo e posso esperar no Senhor. E
sinto manifestações frequentes do poder do Senhor. Ele envia ternas
misericórdias, mensagens pequenas que reconhecem Seu amor por mim e
meus filhos. Minhas expectativas mudaram. Em vez de esperar que meus
filhos mudem, espero essas ternas misericórdias frequentes e estou cheia de
gratidão por elas.” Ela continua: “Estou mais aberta e sensível ao Espírito e
não me preocupo mais tanto com o que vou dizer e como vou dizer. Se me
sentir inclinada a falar, não hesito, e as palavras parecem terem sido dadas a
mim.
Todos os meus relacionamentos estão melhores, principalmente com
meu marido e meus filhos. Posso fazer e dizer coisas que jamais poderia fazer
ou dizer antes. Meus filhos respeitam minha dedicação ao templo. Eles são
bondosos e me apoiam, assim como meu marido. Nós dois ficamos bem
unidos devido a essas dificuldades, em vez de culpar e nos afastar. Nosso
casamento nunca foi tão feliz. Minha capacidade de apreciar e aproveitar as
coisas boas da vida aumentou. Eu estou simplesmente mais presente.
Minhas orações mudaram. Expresso mais amor e sou mais grata. Oro
para estar à altura das tarefas diante de mim. Oro para aumentar minha
caridade, paciência e fé. Sinto-me grata pelas provações que me trouxeram
até aqui. Eu não mudaria nada do que aconteceu. O Senhor trabalha de
maneira maravilhosa e realmente me sinto tomada pela paz que excede todo o
entendimento”.28
A oração e a frequência ao templo não são atividades espetaculares,
sensacionais ou únicas. Mas, se forem repetidas muitas e muitas vezes, ano
após ano, elas são coisas pequenas e simples pelas quais grandes coisas
acontecem. De fato, esse processo gradual de mudança parece ser a maneira
pela qual o Senhor sempre age conosco. Sim, temos histórias das escrituras
de mudanças aparentemente súbitas e completas, mas com mais frequência
nos tornamos “novas criaturas”29 — como os da cidade de Enoque — “com o
correr do tempo”.30
Acho a palavra consagração intrigante. Significa “tornar santo e sagrado
(…)[,] santificar”. A consagração significa que dedicamos nossos
pensamentos, nossas ações, nossa própria vida a Deus. Em troca, Ele pode
consagrar nossas experiências — santificá-las, torná-las santas — não
importa quão difíceis, insensatas ou destrutivas sejam elas.
Está escrito: “Em tudo dai graças; esperando pacientemente no Senhor,
pois vossas orações chegaram aos ouvidos do Senhor (…). Ele vos faz essa
promessa, com um convênio imutável de que serão cumpridas; e todas as
coisas que vos tiverem afligido reverterão para o vosso bem e para a glória
do meu nome, diz o Senhor”.31
Todas as coisas serão para nosso bem? Como isso acontece?! Não sei,
mas acredito nas palavras de Néfi: “Deveis orar sempre e não desfalecer; e
nada deveis fazer para o Senhor sem antes orar ao Pai, em nome de Cristo,
para que ele consagre para vós a vossa ação, a fim de que a vossa ação seja
para o bem-estar de vossa alma”.32
Quando ouvi Jane, senti como o Senhor havia consagrado suas
dificuldades com os filhos para o bem-estar eterno de sua alma. Não foi
impressionante ouvi-la descrever as mudanças? Pensei estar vendo diante de
meus olhos alguém que havia orado com toda a energia de seu coração e que
estava repleta de pura caridade — um dom concedido liberalmente a todos os
verdadeiros seguidores de Cristo.33
Como isso também não poderia ser útil para Seus filhos?
Néfi fala a respeito de suas orações para seu povo. Pensem em Jane e
suas orações por seus filhos. Pensem em si mesmas e suas orações por seus
entes queridos. “[Porque] eis que muitos há que endurecem o coração contra
o Santo Espírito, de modo que neles não encontra espaço; (…) oro por eles
continuamente durante o dia e meus olhos molham meu travesseiro durante a
noite por causa deles; e clamo a meu Deus com fé e sei que ele ouvirá o meu
clamor. E sei que o Senhor Deus consagrará minhas orações para o bem de
meu povo.”34
Não sei como Ele fará isso. O arbítrio deve ser exercido, mas minha fé
me diz que um dia, quando esses entes queridos escolherem vir a Cristo e sua
Expiação começar a operar na vida deles, nossas orações farão parte de um
milagre que não só pode mudar o futuro deles, mas pode consagrar suas
experiências passadas para o bem-estar da alma deles.35 Talvez, em vez de
criar sofrimento, amargura e desespero, seus pecados passados se tornem
experiências que aumentem sua compaixão para com os outros e sua gratidão
por seu Salvador. Não é uma transformação incrível, possível apenas por
intermédio do poder infinito do Salvador?
Como Jane, geralmente acrescentamos o jejum, a adoração no templo e
as bênçãos do sacerdócio às nossas orações quando pedimos a ajuda do
Senhor em momentos de necessidades especiais. Também não sei como isso
funciona, mas, como acrescentei, já senti pessoalmente o poder da
consagração intensificada e senti meu coração se ampliar para receber a
vontade do Senhor. E um dos grandes resultados de uma oração eficaz é que
por meio dela minha vontade e a vontade do Pai se tornam uma e a mesma.
Também sei que, como as pessoas uniram suas orações, seu jejum e sua
adoração no templo em meu favor e dos meus, de fato senti mais a presença
do Senhor. E por que não seria assim? A fé acompanhada de pura caridade —
o amor que expressamos quando oramos, jejuamos e acrescentamos nomes à
lista do templo — faz a diferença. Isso nos une umas às outras. Isso nos une
ao Senhor.
A irmã Julie Beck nos incentiva como irmãs da Sociedade de Socorro a
orar.36 Ela disse: “Pensem em como seria nossa força combinada se toda irmã
orasse sinceramente a cada manhã e noite ou, melhor ainda, se orasse
incessantemente, como o Senhor ordenou”.37
Orar umas pelas outras traz força. Ela entrelaça nosso coração em
unidade e amor.38 E esse puro amor — a caridade — abre nosso coração para
receber as bênçãos que o Senhor deseja nos dar, mas elas estão condicionadas
ao nosso pedido.39
Às vezes, as respostas às orações são bastante claras, simples e diretas.
Mas muitas vezes a oração se torna uma conversa longa e pessoal.
Continuamos a orar e trabalhar, e descobrimos que de maneira inexplicável
os problemas são gradualmente resolvidos ou modificados. Às vezes, até
mesmo nossos desejos justos e sinceros são modificados. Aos poucos, nossos
desejos se tornam Seus desejos. Nossa súplica se torna parte da experiência.
O élder Neal A. Maxwell ensinou que o Senhor opera em nós por meio
do próprio processo da oração: “Algumas pessoas têm dificuldades com a
realidade de que as orações são petições embora Deus conheça tudo e ame a
todos de qualquer forma. Verdade, não estamos informando a Deus, mas
estamos informando a nós mesmas mediante nosso trabalho reverente acerca
de nossas reais preocupações, nossas verdadeiras prioridades e ao ouvirmos o
Espírito. Por simplesmente dizermos ritualisticamente: ‘Seja feita a tua
vontade’ não seria uma verdadeira oração de solicitação. Isso não implicaria
um trabalho genuíno por meio de nossos sentimentos. Não haveria nenhuma
experiência na angústia, na escolha nem na submissão”.40
E assim, o poder da oração é mais do que dizer no final da oração: “Seja
feita a tua vontade”. Na verdade, é descobrir que a vontade Dele se tornou a
nossa vontade. Muitas vezes a mudança em nossa parte da conversa é quase
imperceptível. Ela é pequena e simples e ocorre ao longo do tempo. É difícil
falar porque por sua própria natureza ela é pessoal e única — algo que está
acontecendo entre o Pai e a pessoa. E isso é imprevisível. Ele pode me
responder tão imediatamente e claramente de uma vez e gradualmente de
outra que posso achar que nada está acontecendo. Mas, se eu escolher seguir
acreditando e demonstrar essa escolha continuando a orar, tenho certeza de
que Sua vontade vai se manifestar e, no final, parecerá que está certa.
Às vezes, podemos sentir que simplesmente estamos por conta própria
para fazer o melhor que pudermos. Creio que, se tivéssemos que esperar para
agir toda vez que oramos até reconhecer uma resposta clara, a maioria de nós
estaria esperando e perdendo boa parte de nossa vida.
O élder Richard G. Scott pergunta: “O que você faz, depois de se
preparar cuidadosamente, orar com fervor, esperar durante um período de
tempo razoável por uma resposta e, ainda assim, não a receber?” Ele
continua: “Talvez deva expressar gratidão quando isso ocorre, porque é uma
prova da confiança do Pai em você. Quando você vive dignamente, quando
suas escolhas são consistentes com os ensinamentos do Salvador, e uma ação
se torna necessária, proceda com confiança. (…) Deus não deixará que você
vá muito longe, sem uma impressão de advertência, se tiver tomado a decisão
errada”.41
O presidente Gordon B. Hinckley tinha um lema pessoal muito prático.
Ele ensinou em muitas ocasiões: “Tudo vai dar certo. Se você continuar
tentando, orando e trabalhando, as coisas darão certo. Sempre dão certo”.42
E então precisamos orar e depois seguir em frente, confiando que, se for
uma direção que não será para nosso bem, o Senhor nos ajudará a saber. Caso
contrário, podemos confiar que o Senhor está obrigado a Se responsabilizar e
honrar as decisões que tomamos usando nosso próprio discernimento.43
Voltando para minha bisavó Martha Elizabeth. Ela orou pela aliança. Ela
olhou para baixo e a encontrou. Ela reconheceu a resposta. Penso nas outras
orações que Martha Elizabeth deve ter oferecido — muito mais fundamentais
para seu futuro do que aquela sobre a aliança. Penso nas orações
desesperadas que ela deve ter oferecido enquanto levava o marido na
carruagem em busca de um médico. Aquela oração não foi respondida como
Martha esperava. De alguma forma, não era parte de Seu plano que Martha e
George tivessem uma vida inteira juntos.
Mas, no dia em que Martha perdeu a aliança, Deus concedeu o desejo de
sua oração. No entanto, creio que encontrar a aliança foi um pequeno milagre
quando comparado à verdadeira mensagem. Acho que a verdadeira
mensagem para Martha foi que Deus estava ciente de sua tristeza e seu amor
por seu amado que há muito havia partido e quem a aliança representava. Ele
estava dizendo que a conhecia, amava-a e que Ele estava ali para ajudá-la. E,
surpreendentemente, essa certeza de Sua presença e Seu amor é muito maior
do que qualquer outro possível resultado.
Minha amiga Jane falou sobre receber esses tipos de mensagens do Pai
Celestial, essas manifestações frequentes do poder do Senhor, as ternas
misericórdias, as pequenas mensagens que reconheceram Seu amor por ela e
por seus filhos. E ela começou a esperar as ternas misericórdias — com
frequência — e a se sentir repleta de gratidão por elas.
Na vida de Martha, na vida de Jane, certamente na de vocês e sem
dúvida na minha, Deus nem sempre concedeu as coisas que queríamos nem
mesmo as que pedimos desesperadamente. Mas, com frequência, Ele coloca
Sua assinatura divina44 nos pequenos acontecimentos do dia. E sua presença
— a qualidade indescritivelmente consoladora de Seu grande amor — mais
do que recompensa por todas as tragédias e decepções. Com essas ternas
misericórdias, Ele diz: “Estou aqui. Eu me importo com você. Você está
conduzindo sua vida com Minha aprovação. Todas as coisas contribuirão
para seu bem. Confie em Mim”.
Assim, o milagre da oração não reside na capacidade de manipular
acontecimentos e situações, mas no milagre da criação de um relacionamento
com Deus.45
Pensem nisso com cuidado, sim? O que significa para você ter a certeza
de que o Senhor está com você? Tudo.
Em outubro de 2008, meu marido e eu estávamos atarefados nos
preparando para atender a um chamado missionário. Tinha sido um ano
muito movimentado para nós. Meu pai tinha falecido em janeiro, tornando
necessária a divisão e distribuição de todas as suas “coisas”. Oh, deixamos
muitas coisas para trás quando cruzamos para o outro lado, não é mesmo?
Quando estávamos terminando de fazer isso, meu marido se aposentou de seu
consultório médico e estávamos carregando e descarregando mais caixas de
“coisas” em um porão lotado. Houve muitos acontecimentos familiares,
algumas viagens e a preparação de nossos papéis para a missão. E agora, lá
estávamos nós com um chamado para a missão, fazendo os arranjos para
alugar nossa casa — sim, mudando mais coisas — quando tudo parou.
Em resposta a alguns sintomas que estavam se tornando cada vez mais
problemáticos, meu marido fez alguns exames e foi diagnosticado com uma
doença fatal e incurável. Ele viveu pouco menos de um ano a partir dia do
diagnóstico.46
Foi um ano único para nós — de vida pacata e lenta — sem movimento.
O presidente Dieter F. Uchtdorf explicou: “Nas épocas em que as condições
não são ideais, as árvores diminuem seu crescimento e concentram sua
energia nos elementos básicos necessários à sobrevivência”. Ele continuou:
“É um bom conselho desacelerar um pouco, firmar o curso e concentrar-se
nas coisas essenciais ao se enfrentar condições adversas”.47
Foi exatamente isso que fizemos.
Conversamos, choramos, lemos e relemos versículos das escrituras,
lemos atentamente discursos das autoridades gerais, passamos momentos
agradáveis com familiares e amigos. Fomos dormir todas as noites e nos
levantamos todas as manhãs. Acima de tudo, porém, oramos. Oramos juntos,
oramos separadamente, oramos em voz alta, oramos em silêncio. Oramos
com nossos entes queridos. Jejuamos e oramos. Fomos ao templo e oramos.
Oramos constantemente. Suplicamos ao Pai Celestial em nome de Seu Filho,
Jesus Cristo.
Conto isso a vocês sob a forma de testemunho pessoal. A oração
funciona. Ela realmente invoca os poderes do céu. Ela concilia nossa vontade
com a vontade do Pai. Ela consagra até nossas experiências mais adversas
para o bem-estar de nossa alma. Por meio da oração combinada, sentimos
amor, união e poder que são impossíveis de descrever. Podemos não receber
o que desejamos, mas acabamos gratas de todo o nosso coração pelo que o
Senhor nos dá.
E, ao longo do caminho, experimentamos as ternas misericórdias
repetidas vezes — essas mensagens inconfundíveis Dele: “Estou aqui. Amo
você. Você está conduzindo sua vida com Minha aprovação. Todas as coisas
contribuirão para seu bem. Confie em Mim”.
Mesmo que não vejamos, minuto a minuto, que estamos avançando e
progredindo, creio que seremos capazes de um dia olhar para trás em nossa
vida e ver que estávamos, na verdade, fazendo exatamente o que
precisávamos fazer no momento certo e no lugar certo. Podemos confiar que
o Senhor vai trabalhar em nós e por meio de nós. Mórmon expressou isso
lindamente: “E agora, eu não sei todas as coisas, mas o Senhor sabe todas as
coisas que hão de acontecer; portanto, ele atua em mim, para que eu faça
segundo a sua vontade”.48
Assim como Mórmon, não sei todas as coisas, mas sei que o Senhor
trabalha em pessoas fiéis e que oram para fazer de acordo com Sua vontade.
Sei que é por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são
realizadas.49
Disso presto testemunho, em nome de Jesus Cristo. Amém.
Virginia H. Pearce, “Prayer: A Small and Simple Thing” [Oração: Uma coisa pequena e simples],
discurso da conferência das mulheres da BYU, 28 de abril de 2011, Universidade Brigham Young,
Provo, UT, acessado em 8 de janeiro de 2016, womensconference.ce.byu.edu; ver também Virginia H.
Pearce, “Prayer: A Small and Simple Thing”, em By Small and Simple Things: Talks from the 2011
BYU Women’s Conference [Por Meio de Coisas Pequenas e Simples: Discursos da Conferência das
Mulheres da BYU, 2011], Salt Lake City: Deseret Book, 2012, pp. 227–239.

_________________________
^1. Gordon B. Hinckley foi membro do Quórum dos Doze Apóstolos ou da Primeira Presidência de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias durante a maior parte da vida de Virginia.
Hinckley se tornou assistente dos doze em 1958, membro do Quórum dos Doze Apóstolos em
1961, membro da Primeira Presidência em 1981 e presidente da Igreja em 1995 (“LDS President
Gordon B. Hinckley Dies at Age 97” [Presidente da Igreja SUD, Gordon B. Hinckley, morre aos 97
anos], Deseret News, 28 de janeiro de 2008).
^2. Virginia H. Pearce, entrevista por Kate Holbrook, 21 de agosto de 2015, p. 6, Biblioteca de História
da Igreja.
^3. Pearce, entrevista por Holbrook, p. 7.
^4. “James Richard McGhie Pearce”, Deseret News, 27 de outubro de 2009; Pearce, entrevista por
Holbrook, p. 1.
^5. Pearce, entrevista por Holbrook, pp. 11–12.
^6. Pearce, entrevista por Holbrook, pp. 1–2.
^7. Pearce, entrevista por Holbrook, p. 2; “New Young Women Presidency Is Called” [Nova
presidência das Moças é chamada], Church News, 11 de abril de 1992.
^8. “New Young Women Presidency Is Called.”
^9. Pearce, entrevista por Holbrook, p. 2.
^10. Virginia H. Pearce, entrevista por Susan W. Tanner, 27 de outubro de 2003, p. 8, CHL.
^11. Bryant Stringham Hinckley trabalhou como professor na Academia Brigham Young, como diretor
da LDS Business College e como superintendente do ginásio de esportes Deseret de propriedade da
Igreja. Sheri L. Dew, Go Forward with Faith: The Biography of Gordon B. Hinckley [Adiante com
Fé: Uma Biografia de Gordon B. Hinckley], 1996, pp. 18, 29.
^12. Virginia H. Pearce, ed., Glimpses into the Life and Heart of Marjorie Pay Hinckley [Vislumbres
da Vida e do Coração de Marjorie Pay Hinckley], Salt Lake City: Deseret Book, 1999. Virginia
Pearce escreveu vários livros para crianças e adultos.
^13. Gerry Avant, “Leader Hungers, Thirsts for Knowledge” [Líder faminto e sedento por
conhecimento], Church News, 25 de abril de 1992; Pearce, entrevista por Holbrook, p. 3.
^14. Pearce, entrevista por Holbrook, p. 8.
^15. Ver Palavras de Mórmon 1:7.
^16. Pearce, entrevista por Holbrook, p. 6.
^17. Citação no original: “Alma 37:6”.
^18. Citação no original: “Wells, Emmeline B., Musings and Memories [Reflexões e memórias], SLC,
UT: Deseret News, 1915, p. 221”. Emmeline B. Wells editou o jornal quinzenal Woman’s Exponent
de 1877 até o final de sua publicação em 1914. Ela foi presidente geral da Sociedade de Socorro de
1910 a 1921 (Carol Cornwall Madsen, An Advocate for Women: The Public Life of Emmeline B.
Wells, 1870–1920 [Uma Defensora das Mulheres: A Vida Pública de Emmeline B. Wells, 1870–
1920], Provo, UT: Universidade Brigham Young; Salt Lake City: Deseret Book, 2006).
^19. Marjorie Pay Hinckley faleceu em 2004 (“Marjorie Hinckley Dies” [Morre Marjorie Hinckley],
Deseret News, 7 de abril de 2004).
^20. Citação no original: “História pessoal em posse do autor”.
^21. Citação no original: “Bible Dictionary, na Bíblia SUD em inglês, pp. 752–753”.
^22. Citação no original: “Isaías 26:9”.
^23. Citação no original: “Christus Consolator [Cristo Consolador], The Master’s Hand, the Art of Carl
Heinrich Bloch [A Mão do Mestre, a Arte de Carl Heinrich Bloch], figura 61, p. 114, de Dawn C.
Pheysey e Richard Neitzel Holzapfel, Museu de Arte da Universidade Brigham Young, Provo, UT,
Deseret Book Company, Salt Lake City, UT, 2010”. Carl Bloch foi um pintor dinamarquês que
frequentemente abordou temas religiosos em suas pinturas. O Museu de Arte da Universidade
Brigham Young exibiu suas obras de novembro de 2010 a maio de 2011, e cópias de seus quadros
são publicadas com frequência em materiais da Igreja (Amy McDonald, “Mormon-Owned BYU
Acquires Long-Lost ‘Mysterious’ Bloch Painting of Jesus” [BYU, de propriedade mórmon, adquire
a pintura “misteriosa” de Jesus de Bloch há muito perdida], Salt Lake Tribune, 4 de junho de 2015;
Jason Swensen, “‘The Master’s Hand’ Has Attracted More than 230,059 Visitors to BYU Exhibit”
[A Mão do Mestre atraiu mais de 23 mil visitantes à exposição da BYU], Church News, 22 de abril
de 2011).
^24. Citação no original: “Ibid., p. 33”. Neste ponto da apresentação, Virginia Pearce mostrou uma
imagem de uma pintura de Carl Bloch intitulada Landscape from Hellebaek [Paisagem de
Hellebaek].
^25. Citação no original: “Ibid., p. 55”.
^26. Citação no original: “D&C 112:10”.
^27. Citação no original: “Alma 34:27”.
^28. Citação no original: “Filipenses 4:7”.
^29. Citação no original: “Mosias 27:26”.
^30. Citação no original: “Moisés 7:21”.
^31. Citação no original: “D&C 98:1–3”.
^32. Citação no original: “2 Néfi 32:9”.
^33. Citação no original: “Morôni 7:48”.
^34. Citação no original: “2 Néfi 33:2–4”.
^35. Ver 2 Néfi 32:9.
^36. Julie B. Beck foi presidente geral da Sociedade de Socorro de 2007 a 2012.
^37. Citação no original: “Beck, Julie B., ‘O que as mulheres da Igreja fazem de melhor: Permanecem
firmes e inamovíveis’, A Liahona, novembro de 2007, p. 110”.
^38. Ver Mosias 18:21.
^39. Citação no original: “Bible Dictionary, na Bíblia SUD em inglês, p. 753”.
^40. Citação no original: “Maxwell, Neal A., That Ye May Believe [Que Acrediteis], Bookcraft, 1992,
p. 178”. Neal A. Maxwell serviu no Quórum dos Doze Apóstolos de 1981 a 2004.
^41. Citação no original: “Scott, Richard G., ‘O dom celestial da oração’, A Liahona, maio de 2007, p.
10”. Richard G. Scott serviu no Quórum dos Doze Apóstolos de 1988 a 2015.
^42. Citação no original: “Dew, Sheri, Go Forward With Faith [Adiante com Fé], Deseret Book, 1996,
p. 423”. Virginia Pearce foi a terceira de cinco filhos de Gordon B. Hinckley (“LDS President
Gordon B. Hinckley Dies” [Morre Gordon B. Hinckley, presidente SUD]).
^43. Citação no original: “Journal of Discourses, vol. 3, p. 205. Brigham Young ensinou: ‘Se eu pedir
ao Senhor que me dê sabedoria concernente a qualquer exigência de minha vida, ao caminho que
devo seguir ou com relação a meus amigos, minha família, meus filhos ou aqueles a quem presido e
não obtiver Dele uma resposta, e então eu fizer o melhor que puder segundo meu entendimento, Ele
estará obrigado a aceitar e honrar aquilo que fiz, e Ele assim o fará em todos os sentidos’”.
^44. Citação no original: “Lund, Gerald, Divine Signatures: The Confirming Hand of God [Assinaturas
Divinas: A Mão Confirmadora de Deus], Deseret Book, 2010”.
^45. Citação no original: “Bible Dictionary, na Bíblia SUD em inglês, pp. 752–753”.
^46. James R. M. Pearce praticou medicina interna por 34 anos. Ele morreu de esclerose lateral
amiotrófica (ELA), geralmente conhecida como doença de Lou Gehrig (“James Richard McGhie
Pearce”).
^47. Citação no original: “Uchtdorf, Dieter F., ‘As coisas que mais importam’, A Liahona, novembro
de 2010, p. 19”. Dieter F. Uchtdorf serviu no Quórum dos Doze Apóstolos de 2004 a 2008, quando
foi chamado para servir na Primeira Presidência da Igreja.
^48. Citação no original: “Palavras de Mórmon 1:7”.
^49. Ver Alma 37:6.
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Por que estamos organizados em quóruns e


Sociedades de Socorro

Julie B. Beck
Discurso feito em um devocional da Universidade Brigham Young
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
17 de janeiro de 2012

Acesse o YouTube.com para assistir ao discurso original. (Cortesia da


BYU Speeches.)

Julie Bangerter Beck, nascida em 1954, morou em São Paulo, Brasil, dos 4
aos 9 anos de idade, quando seus pais supervisionaram a Missão Brasileira. O
trabalho missionário permeou a infância da irmã Beck e de seus irmãos: em
vez de brincar de casinha ou jogar bola, eles brincavam de “missão”, fingindo
serem missionários e usando roupas de ex-missionários.1 Os batismos na
Missão Brasileira eram realizados no mesmo quintal onde as crianças da
família Bangerter brincavam.2 A irmã Beck disse que sempre viu seus pais
agirem com “completa devoção e dedicação ao serviço na Igreja e ao legado
de fé que os movia a ambos”.3
Em 1974, pouco após ter se casado com Ramon P. Beck e se mudado
para sua cidade natal, Alpine, Utah, os pais da irmã Beck foram chamados
para abrir a Missão Portugal Lisboa.4 Ela disse que, naquela época, “a
Sociedade de Socorro tornou-se a minha mãe. Aquelas mulheres deram um
passo adiante e foram exemplos para mim”.5 Naquela época, as diversas
organizações da Igreja se reuniam durante a semana, e não em um único
bloco ao longo de três horas aos domingos, por isso a irmã Beck podia
ensinar na Sociedade de Socorro e também na Primária, além de ser
professora visitante. “Todas as irmãs da Sociedade de Socorro ajudavam a
ensinar na Primária, e todas sabíamos que receberíamos outras designações
para edificar o reino”, conta ela.6 Em Alpine, a irmã Beck serviu por sete
anos na presidência da Sociedade de Socorro da estaca.7 Ela serviu na junta
geral das Moças, sob a presidência da irmã Margaret D. Nadauld,
supervisionando o comitê que revisou o programa Progresso Pessoal.8
Quando a irmã Susan W. Tanner foi chamada como presidente geral das
Moças em 2002, ela chamou a irmã Beck como sua primeira conselheira.
Como membro da presidência geral, a irmã Beck falou em português em uma
transmissão em 2006, para a Espanha e Portugal.9 A primeira vez em que ela
serviu como presidente da Sociedade de Socorro foi na presidência geral da
organização, a partir de 2007.10
Um grande legado de sua liderança foi o livro Filhas em Meu Reino, que
foi traduzido para vinte e três idiomas e distribuído para todas as mulheres da
Igreja.11 A irmã Beck visualizava a irmã Eliza R. Snow atravessando os
Estados Unidos carregando o Livro de atas da Sociedade de Socorro de
Nauvoo, até chegar ao Vale de Salt Lake, onde ela foi de ala em ala
procurando restabelecer a organização. Ela sentia que Deus havia colocado
aquela imagem em sua mente para guiá-la na produção de Filhas em Meu
Reino, a fim de que todos os lares tivessem um livro que, assim como as atas
da Sociedade de Socorro de Nauvoo, afirmasse com clareza o senso de
história e de propósito da Sociedade de Socorro.12
Ao estudar a história da Sociedade de Socorro, a irmã Beck também foi
levada a redefinir e enfatizar o propósito da organização. Os propósitos
originais da Sociedade de Socorro em Nauvoo eram cuidar dos pobres e
necessitados e também salvar almas.13 A presidência da irmã Beck foi
edificada sobre essas ideias, em um esforço para aplicá-las em uma Igreja
mundial e alinhá-las com a missão da Igreja, que é “levar a efeito a salvação e
a exaltação [dos filhos de Deus]”.14 Ela resumiu o foco principal da nova
declaração de propósito como “fé, família e auxílio”.15 Ela também salientou
o ensino familiar como uma das maneiras pelas quais os membros podem
cumprir o propósito da Sociedade de Socorro.16 Ao visitar ramos em todo o
mundo como presidente geral da Sociedade de Socorro, ela percebeu que
muitos membros se desculpavam pelo tamanho pequeno de seus grupos.
Relembrando o pequeno ramo de sua infância no Brasil, ela dizia: “Não se
preocupem. É nos pequenos ramos, onde todos ajudam, que a Igreja é boa e
forte”.17 Ela deu o seguinte discurso em um devocional na Universidade
Brigham Young, quase no fim de seu período como presidente.

OBRIGADA PELA RECEPÇÃO que tive hoje na Universidade Brigham


Young. Adoro esta universidade e me sinto abençoada por todas as
oportunidades de sentir o espírito que só existe neste campus. Por causa do
meu serviço na Junta de Educação da Igreja, posso testificar do interesse do
Senhor nesta instituição maravilhosa e, em sua honra, vesti meu melhor
uniforme azul da BYU hoje.18
Ao ponderar esta oportunidade de falar a vocês, vários assuntos
diferentes me vieram à mente. O Espírito insistiu em me dar ideias sobre o
motivo pelo qual estamos organizados em quóruns e Sociedades de Socorro.
Embora esse provavelmente seja um tema incomum para a maioria de
vocês levar em consideração, espero que o Espírito me use para lhes ensinar
algumas coisas que vão abençoar sua vida à medida que continuam a
fortalecer sua fé no Senhor Jesus Cristo e contribuem para a edificação de
Seu reino.
Quando eu era menina, meu pai foi chamado para presidir a Missão
Brasileira.19 Na época, havia uma única missão no Brasil. Não havia estacas
ou alas. Não havia um quórum de élderes em todo o país. Isso significa que
não havia mestres familiares. Havia mais de 40 ramos, que geralmente eram
presididos por missionários que realizavam uma reunião sacramental semanal
e, às vezes, a Escola Dominical e algumas atividades do ramo. Meu pai tinha
servido como presidente de estaca e bispo antes de ser chamado como
presidente de missão, e ele sabia como estabelecer a Igreja do Senhor.
Começou a organizar ramos e distritos no padrão que conhecemos hoje, em
preparação para as futuras estacas e alas.
Para começar a organização, algumas prioridades foram seguidas. Em
primeiro lugar, era chamado um presidente do ramo e depois eram chamados
um presidente do quórum de élderes e uma presidente da Sociedade de
Socorro. Sabia-se que não poderia haver um ramo que funcionasse sem um
presidente de quórum e uma presidente da Sociedade de Socorro.
Quando o profeta Joseph Smith começou a estabelecer a Igreja nesta
dispensação, o Senhor o instruiu a seguir padrões inspirados semelhantes.
Quando estabeleceu o padrão para a Sociedade de Socorro, ele disse às irmãs
que elas estavam organizadas “sob o sacerdócio, segundo o padrão do
sacerdócio”.20 Isso deu às irmãs responsabilidades oficiais na Igreja
restaurada e a autoridade para exercer essas responsabilidades. Era um padrão
semelhante ao que é dado a um presidente de quórum de élderes, que deve
aconselhar-se com sua presidência.21
Antes que possamos entender por que estamos organizados dessa
maneira, pode ser útil recapitular a definição de quórum do sacerdócio e
Sociedade de Socorro. Muitas pessoas têm o conceito equivocado de que um
quórum ou uma Sociedade de Socorro é apenas uma classe ou um lugar para
se sentar no terceiro horário da Igreja, aos domingos. Talvez parte desse
equívoco tenha começado a se desenvolver quando a Igreja combinou suas
reuniões mais importantes em um bloco de três horas nos domingos.22 Antes
dessa época, as reuniões do quórum e da Sociedade de Socorro não eram
vinculadas à reunião sacramental nem à Escola Dominical.
Um quórum do sacerdócio é um grupo de homens com o mesmo ofício
no sacerdócio que deve realizar um trabalho especial. O privilégio de ser
membro de um quórum foi chamado de “uma cidadania estável e
sustentadora”.23 O presidente Boyd K. Packer disse que os quóruns são
“assembleias seletas formadas por irmãos que receberam autoridade para
dirigir os assuntos do Senhor e levar adiante a Sua obra”.24 Ele também disse
que “no passado, quando um homem era nomeado para um grupo
selecionado, seu encargo, sempre escrito em latim, descrevia a
responsabilidade da organização, definia quem deveria ser membro dela e,
depois, invariavelmente incluía as palavras: quorum vos unum, que
significavam ‘dos quais desejamos que sejas um’”.25
O presidente Spencer W. Kimball ensinou que “a Sociedade de Socorro
é a organização do Senhor para as mulheres. Complementa o treinamento do
sacerdócio ministrado aos irmãos”.26 A palavra sociedade tem um significado
praticamente idêntico ao da palavra quórum. Sua conotação é a de “um
grupo… permanente que coopera”, distinguindo-se por suas metas e crenças
comuns.27 Quando Joseph Smith organizou as irmãs, ele lhes disse que
“[deveria] ser uma sociedade seleta, separada de todos os males do mundo,
especial, virtuosa e santa”.28 O presidente Joseph F. Smith ensinou que a
Sociedade de Socorro tinha sua própria identidade e que havia sido “criada
por Deus, autorizada por Deus, instituída por Deus e ordenada por Deus a
ministrar em favor da salvação da alma das mulheres e dos homens”.29
Os propósitos da Sociedade de Socorro são aumentar a fé e a retidão
pessoal, fortalecer a família e o lar, procurar os necessitados e oferecer-lhes
auxílio.30 O quórum deve servir ao próximo, promover união e irmandade,
ensinar aos membros do quórum as doutrinas e os princípios do evangelho e
cuidar da Igreja.31
Fazer parte de uma Sociedade de Socorro ou de um quórum é uma
designação para um modo de vida. Devemos servir como parte de um
quórum do Sacerdócio de Melquisedeque ou de uma Sociedade de Socorro
por toda a vida. A partir do quórum ou Sociedade de Socorro, somos
chamados para servir em outras designações e organizações da Igreja, como o
trabalho missionário, o serviço no templo, a Escola Dominical, o Seminário
ou Instituto, os Rapazes, a Primária, as Moças e assim por diante. Não
importa a organização em que servimos, sempre mantemos nossa “cidadania”
e nossa responsabilidade com o quórum ou com a Sociedade de Socorro. O
presidente Packer ensinou que todo o serviço na Igreja fortalece o sacerdócio
maior e a Sociedade de Socorro e é uma demonstração de nossa devoção à
nossa condição de membros da Sociedade de Socorro ou do quórum.32
É verdade que cada um de nós tem a responsabilidade de se tornar um
discípulo fiel e cumpridor dos convênios do Senhor Jesus Cristo. Alguns
talvez argumentem que podemos realizar isso como indivíduos, sem o
benefício de um grupo de apoio. Mas o presidente David O. McKay disse que
se os homens do sacerdócio desejassem “apenas distinção pessoal ou
exaltação do indivíduo, não haveria necessidade de grupos ou quóruns. A
própria existência desses grupos, criados por autorização divina, determina
nossa dependência uns dos outros, a necessidade indispensável de ajuda e
assistência mútuas”.33
Se o Senhor decidiu nos organizar assim, é importante que busquemos
maior compreensão do motivo pelo qual fomos organizados dessa maneira e
depois procuremos cumprir a visão que Ele tem a nosso respeito. Para
facilitar essa compreensão, pesquisei profundamente as escrituras e as
palavras dos profetas para ilustrar, apenas brevemente, cinco motivos
importantes pelos quais estamos organizados em quóruns e Sociedades de
Socorro.
Um dos motivos pelos quais temos quóruns e Sociedades de Socorro é o
de nos organizar sob o sacerdócio e segundo o padrão do sacerdócio.34
Nosso Deus é um Deus de ordem, e tudo o que Ele faz para edificar Seu reino
é feito por meio dos Seus padrões do sacerdócio.
Um desses padrões é a organização de alas e estacas, cada qual com seus
limites geográficos. Cada ala é dirigida por um bispo que possui as chaves,
ou a autoridade de Deus, para sua ala. Ele é o pastor do rebanho do Senhor
dentro da ala e tem o encargo de cuidar das necessidades temporais e
espirituais desse rebanho. Somente ele pode autorizar as ordenanças que são
essenciais para a salvação dos membros desse rebanho. Sua responsabilidade
é monumental e é mais difícil porque ele é apenas um, não lhe sendo possível
cuidar de todas as ovelhas ao mesmo tempo. Os líderes do quórum e da
Sociedade de Socorro são vistos pelo bispado como subpastores que
magnificam, ampliam e distribuem o seu cuidado.
A formação de uma presidência também é um padrão do sacerdócio.
Todo presidente de quórum de élderes e toda presidente de Sociedade de
Socorro de uma ala preside e dirige as atividades do quórum de élderes ou da
Sociedade de Socorro na ala.35 Os líderes do quórum e da Sociedade de
Socorro recebem uma medida de autoridade divina referente ao governo e
instrução das pessoas que foram chamados para liderar.36 São homens e
mulheres que foram “[chamados] por Deus, por profecia e pela imposição de
mãos”.37 Presidir significa assistir, supervisionar e liderar.38 Isso significa
que os líderes da Sociedade de Socorro e do quórum de uma ala têm a
responsabilidade de supervisionar e controlar o trabalho da Sociedade de
Socorro e dos quóruns em nome do bispo.
O apoio daqueles que foram chamados para liderar também é um padrão
do sacerdócio. Não escolhemos nossos líderes por voto popular como é
comum nas organizações de fora da Igreja. É um ato de fé no Senhor e
naqueles que foram chamados para liderar em Sua Igreja, declarando que
vamos apoiar suas ações e sua responsabilidade de liderar-nos. Quando
Joseph Smith organizou a Sociedade de Socorro, ele “exortou as irmãs a
sempre concentrar sua fé e orações em favor daquelas que Deus indicou para
ser honradas, depositando confiança nelas, naquelas que Deus colocou à
frente para liderar”.39
Um dos padrões do sacerdócio que desfrutamos é a capacidade de
receber revelação. Quando Joseph Smith organizou a Sociedade de Socorro,
ele disse que as irmãs deviam “receber instruções por meio da ordem que
Deus estabeleceu — por intermédio das pessoas que foram designadas para
liderar”.40 Essa capacidade e promessa concernentes à revelação pessoal é
uma das bênçãos extraordinárias que toda presidência de quórum ou
Sociedade de Socorro recebe. Quando o Senhor disse que cada um de nós
devia aprender nosso dever e agir no ofício para o qual fomos designados,
Ele proveu um meio para que façamos isso.41 Eu vejo humildes presidências
de Sociedade de Socorro e de quórum em muitas partes do mundo liderando
com grande e inspiradora habilidade porque estão organizados sob o
sacerdócio e de acordo com a ordem do sacerdócio. Eles seguem o padrão
que lhes permite obter revelação para o trabalho que foram designados a
realizar.
Por ocasião do centenário da Sociedade de Socorro, a Primeira
Presidência escreveu:

Pedimos a nossas irmãs da Sociedade de Socorro que nunca se


esqueçam de que ela é uma organização singular em todo o mundo,
porque foi organizada sob a inspiração do Senhor (…) Nenhuma outra
organização de mulheres em toda a Terra teve uma origem assim.42

Um segundo motivo pelo qual estamos organizados em quóruns e


Sociedades de Socorro é o de concentrar a atenção dos filhos e das filhas do
Pai Celestial no trabalho de salvação e fazê-los participar dele. Os quóruns e
Sociedades de Socorro são um discipulado organizado com a
responsabilidade de auxiliar na obra de nosso Pai de levar a efeito a vida
eterna de Seus filhos. Não estamos no ramo do entretenimento, estamos
engajados no trabalho de salvação. A filiação a um quórum de élderes ou a
uma Sociedade de Socorro geralmente vem após um significativo
investimento do Senhor e de Seus líderes no ensino e na preparação de jovens
membros da Igreja para esse trabalho. O trabalho de salvação inclui o serviço
missionário e a retenção de conversos. Devemos fazer tudo o que pudermos
para trazer de volta à atividade aqueles(as) de nosso grupo que se
enfraqueceram na fé. O trabalho do quórum e da Sociedade de Socorro
também se concentra no trabalho de templo e história da família. Temos a
responsabilidade de ensinar o evangelho e de ser um exemplo do viver reto
uns para com os outros.
O trabalho de salvação também inclui a tarefa de melhorar nossa
autossuficiência temporal e espiritual. E como grupo, nos certificamos de que
os necessitados e os pobres recebam auxílio. O élder John A. Widtsoe definiu
o trabalho de salvação da Sociedade de Socorro como “alívio da pobreza,
doença, dúvida, ignorância — alívio de tudo que impede a alegria e o
progresso da mulher”.43 Essas mesmas responsabilidades são dadas a um
quórum. Essas são responsabilidades honrosas e pesadas. Denotam uma
confiança sagrada e implicam uma contribuição significativa para a obra de
salvação do Senhor — um trabalho que é ao mesmo tempo um fardo e uma
bênção. Quando os quóruns e as Sociedades de Socorro se unem nesse
trabalho, é como se cada qual assumisse um remo do barco e o ajudasse a se
mover rumo à salvação.
Quando estamos organizados em Sociedades de Socorro e quóruns,
nosso discipulado individual é ampliado e nos engajamos com outros no
trabalho de salvação que foi estabelecido pelo Salvador. Isso nunca é algo
despretensioso ou inconsequente. Isso nos obriga a nos elevar a um nível
mais alto de discipulado e a ter maior maturidade espiritual. Com frequência,
é um trabalho que exige longanimidade e paciência e pode parecer ingrato,
porque geralmente há uma visível ausência de reconhecimento público pelo
bem que realizamos. O élder Widtsoe ensinou que “salvar almas abre todo o
campo da atividade e do desenvolvimento humano”.44 A obra de salvação é
guiada pelo Espírito, que confirma nossas ações, assegura-nos de que temos a
aprovação do Senhor e nos proporciona a verdadeira alegria advinda da
afirmação de nosso sucesso.
O terceiro motivo pelo qual estamos organizados em quóruns e
Sociedades de Socorro é o de ajudar o bispo a administrar sabiamente o
armazém do Senhor. O armazém do Senhor inclui “o tempo, os talentos, a
compaixão, os materiais e os meios financeiros” dos membros da Igreja.45 Os
talentos dos santos devem ser usados para ajudar a cuidar dos pobres e
necessitados e edificar o reino do Senhor. O Senhor visualiza “todo homem
procurando os interesses de seu próximo e fazendo todas as coisas com os
olhos fitos na glória de Deus”.46
Os bispos estão encarregados do armazém do Senhor, e eles dependem
dos quóruns e da Sociedade de Socorro para ajudá-los a procurar e cuidar de
todos em suas alas. Cada ala é única e, podemos dizer assim, tem seu próprio
DNA. Por isso, é essencial que os líderes do quórum e da Sociedade de
Socorro trabalhem em conselho para ajudar o bispo a gerenciar e repartir os
recursos do Senhor. Juntos, eles avaliam os pontos fortes e as habilidades das
pessoas e se certificam de que as ovelhas do Senhor recebam cuidado.
Nosso Salvador ensinou esse princípio de muitas maneiras durante Seu
ministério mortal, e as escrituras contêm muitos exemplos de como Ele
cuidou dos necessitados. Em toda ala sempre há algumas almas dedicadas
que fazem todo o trabalho enquanto outras negligenciam seu dever e deixam
de oferecer seus dons. Os líderes do quórum e da Sociedade de Socorro têm a
responsabilidade de organizar e exercer um ministério inspirado para ajudar
todos os irmãos e irmãs a cumprir seus convênios de se lembrar do Salvador
e de consagrar a vida à Sua obra.
Se agíssemos por conta própria, talvez preferíssemos cuidar apenas das
pessoas benquistas, cativantes e gratas de nossa ala. É bem mais desafiador
cuidar daquelas que são difíceis de amar, que têm problemas complicados e
sérios, ou que não parecem ser gratas por nossa ajuda. O Salvador disse:

Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem


aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem;
Para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz
que o seu sol se levante sobre os maus e os bons, e a chuva desça sobre
os justos e os injustos.
Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem
os publicanos também o mesmo?
E se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais?
Não fazem os publicanos também assim?
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos
céus.47

Uma das mais importantes maneiras pelas quais esse tipo de cuidado é
dividido entre os irmãos é por intermédio dos mestres familiares e das
professoras visitantes. O presidente Henry B. Eyring disse: “O único sistema
que pode prover auxílio e consolo em uma igreja tão grande e em um mundo
tão variado seria por meio do serviço individual a pessoas necessitadas que
estejam mais próximas”.48 O élder Bruce R. McConkie, que serviu fielmente
como apóstolo do Senhor Jesus Cristo, disse que um élder era “um pastor que
serve no redil do Bom Pastor”. Ensinou que os mestres familiares “têm uma
posição de destaque” e que “seu chamado é oficial”. Eles são “enviados pelo
presidente do quórum, pelo bispo e pelo Senhor”. Em sua opinião, “o maior
defeito do sistema de ensino familiar na Igreja é que ele quase não é
usado”.49
O presidente Thomas S. Monson afirmou:

O programa de ensino familiar é uma resposta a uma revelação


moderna que encarrega os que são ordenados ao sacerdócio a “ensinar,
explicar, exortar, batizar e zelar pela igreja (…) e visitar a casa de todos
os membros, exortando-os a orarem em voz alta e em segredo e a
cumprirem todas as obrigações familiares, (…) zelar sempre pela igreja,
estar com os membros e fortalecê-los; e certificar-se que não haja
iniquidade na igreja nem aspereza entre uns e outros nem mentiras,
maledicências ou calúnias” (D&C 20:42, 47, 53–54). (…)
Lemos no Livro de Mórmon que Alma “consagrava todos os
sacerdotes e todos os mestres; e ninguém era consagrado a não ser que
fosse um homem justo. Portanto zelavam por seu povo e edificavam-no
com coisas pertinentes à retidão” (Mosias 23:17–18).
Ao desempenhar nossas responsabilidades no ensino familiar,
seremos sábios se conhecermos e compreendermos as dificuldades
enfrentadas pelos membros de cada família.50
A professora visitante também deve considerar sua designação “como
um chamado do Senhor”.51 O presidente Kimball disse às irmãs: “Em muitos
aspectos, seus deveres são bastante semelhantes aos dos mestres [familiares],
que em resumo devem ‘zelar sempre pela igreja’ não 20 minutos por mês,
mas sempre”.52
O trabalho das professoras visitantes e o ensino familiar se tornam a
obra do Senhor quando nossa atenção está centrada nas pessoas e não em
percentuais. A perfeição de nossas estatísticas não é normalmente uma boa
medida de nosso serviço.53 Jamais podemos dizer: “Terminei meu trabalho
de mestre familiar ou professora visitante!” Quando representamos o Senhor,
estamos sempre a serviço Dele. O presidente Thomas S. Monson ensinou: “O
ensino familiar é mais do que apenas uma visita rotineira uma vez por mês,
para que o relatório estatístico da ala seja satisfatório. Temos a
responsabilidade de ensinar, inspirar, motivar e trazer para a atividade e, por
fim, conduzir à exaltação os filhos e filhas de Deus”.54 Quando prestamos
contas de nosso serviço a cada mês, devemos relatar sobre o bem-estar
espiritual e temporal daquelas a quem fomos designadas para cuidar.
Podemos também relatar qualquer serviço que tenhamos prestado. As
necessidades especiais ou urgentes precisam ser sempre relatadas
imediatamente.55 As únicas medidas verdadeiras desse trabalho são a
confirmação do Espírito por nosso empenho e quando as pessoas que ficamos
encarregadas de cuidar são capazes de dizer três coisas importantes: (1) “Meu
mestre familiar ou minha professora visitante me ajuda a crescer
espiritualmente”; (2) “Sei que meu mestre familiar ou minha professora
visitante se importa profundamente comigo e com minha família”; e (3) “Se
eu tiver um problema, sei que meu mestre familiar ou minha professora
visitante entrará em ação, sem esperar ser convidado”.
O Senhor disse: “E se houver algum homem entre vós de Espírito forte,
que tome consigo aquele que for fraco, para que seja edificado em toda
mansidão a fim de também se tornar forte”.56 Se essas medidas de avaliação
forem nossa meta, organizaremos e funcionaremos de modo inspirado e não
apenas programático.
O quarto motivo pelo qual estamos organizados em quóruns e
Sociedades de Socorro é prover um refúgio e uma defesa para os filhos do
Pai Celestial e suas respectivas famílias nos últimos dias. O presidente
Thomas S. Monson disse: “Estamos hoje organizados contra o maior exército
de pecados, vícios e males já reunido diante de nossos olhos (…). O plano de
batalha que seguimos para salvar a alma dos homens não é nosso”.57
Estamos em meio a uma provação na mortalidade. Todos escolhemos
esta provação, e o Senhor vai garantir que todos a tenhamos. Um antigo
conceito errôneo e contrário a Cristo é o de que as pessoas suficientemente
inteligentes ou ricas conseguirão evitar os problemas.58 Isso não é verdade!
Em nossa vida e no mundo de hoje estamos tendo uma experiência completa
dos “tempos trabalhosos” dos últimos dias descrito por Paulo a Timóteo.59
Enquanto nossa época se torna cada vez mais difícil, os irmãos e irmãs fiéis
nos quóruns e Sociedades de Socorro são protegidos nos lares de Sião da voz
estridente do mundo e da influência provocadora do adversário.
Foi-nos ensinado pelo élder Dallin H. Oaks que “uma das grandes
funções da Sociedade de Socorro é proporcionar irmandade às mulheres,
assim como os quóruns do sacerdócio proporcionam irmandade aos
homens”.60 Temos a bênção de fazer parte de uma irmandade que
proporciona “um lugar de cura, amor, bondade, preocupação e
envolvimento”.61 O presidente Packer disse: “Esse grande círculo de irmãs
será uma proteção para cada uma de vocês e para sua família. A Sociedade de
Socorro pode ser comparada a um refúgio. (…) Nela vocês estarão a salvo.
Ela envolve cada irmã como um muro de proteção”.62 Ele disse: “Como é
consolador saber que, para onde quer que uma família vá a família da Igreja
estará à espera. Desde o dia em que chegam, ele vai pertencer a um quórum
do sacerdócio e ela vai pertencer à Sociedade de Socorro”.63
O élder D. Todd Christofferson contou novamente a história do irmão
George Goates, que em seis dias perdeu o filho Charles e três filhos pequenos
de Charles durante a epidemia de gripe de 1918.64 Naquela semana, o irmão
Goates fez os caixões, cavou as sepulturas e ajudou a preparar as roupas
mortuárias. Seu filho e seus netos morreram na semana em que ele deveria
fazer a colheita de sua plantação de beterrabas, que ficaram congelando no
solo. Depois dos enterros, ele e outro filho foram aos campos para ver se
poderiam salvar a colheita. Quando chegaram, viram os membros de seu
quórum saindo do campo vazio. O quórum havia colhido todas as beterrabas
para ele. Foi então que aquele homem que havia demonstrado tanta força na
semana anterior sentou-se e chorou como uma criança. Olhou para o céu e
disse: “Obrigado, Pai, pelos élderes de nossa ala”.65
Seja qual for nossa provação na mortalidade, podemos ter esse
sentimento de irmandade e ter o apoio e a força de muitos a nosso redor. O
Senhor disse: “Também o corpo tem necessidade de todos os membros, para
que todos sejam juntos edificados, a fim de que o sistema se mantenha
perfeito”.66 É na irmandade da Sociedade de Socorro e na irmandade dos
quóruns que devemos encontrar refúgio e proteção das tempestades e
calamidades dos últimos dias.
O quinto motivo pelo qual estamos organizados em quóruns e
Sociedades de Socorro é fortalecer-nos e apoiar-nos em nosso papel e nossa
responsabilidade na família como filhos e filhas de Deus. Embora muitas de
nossas responsabilidades na Igreja sejam paralelas, os filhos e as filhas de
Deus têm responsabilidades especiais e distintas na família e na Igreja. Os
quóruns e Sociedades de Socorro devem ensinar os filhos e filhas de nosso
Pai Celestial e inspirá-los a preparar-se para as bênçãos da vida eterna. Nosso
Pai vê o potencial de Seus filhos e de Suas filhas para serem líderes na
família. Portanto, tudo o que fazemos nos quóruns e nas Sociedades de
Socorro é para ajudar o Senhor em Sua missão de preparar Seus filhos para as
bênçãos da vida eterna que Ele visualizou para nós. Com essas definições
espera-se que aprendamos a fazer parte da família eterna de nosso Pai
Celestial.
O quórum e a Sociedade de Socorro ajudam os líderes de família e os
futuros líderes de família, auxiliando-os a estabelecer padrões e práticas de
conduta justa e cumprimento de convênios em sua vida. Os irmãos e as irmãs
incentivam uns aos outros a orar sempre, a pagar o dízimo e as ofertas, e a
renovar convênios com o Senhor no dia santificado. Devem ajudar uns aos
outros a tornarem-se suficientemente amadurecidos para fazer e cumprir os
convênios sagrados do templo.
O quórum e a Sociedade de Socorro devem ajudar-nos a tornar-nos
quem o Pai Celestial deseja que nos tornemos. Joseph Smith ensinou às
irmãs, usando 1 Coríntios, a importância de desenvolver qualidades
semelhantes às de Deus. Ele disse que as irmãs estavam organizadas “de
acordo com sua natureza” e “colocadas em uma situação em que possam agir
de acordo com esses sentimentos de compaixão que Deus nelas plantou”.67 É
por esse motivo que o lema da Sociedade de Socorro “A Caridade Nunca
Falha” foi escolhido.68
A irmã Eliza R. Snow, segunda presidente geral da Sociedade de
Socorro, disse às irmãs:

Queremos ser mulheres de verdade, não mulheres segundo o


conceito do mundo, mas companheiras idôneas dos Deuses e de pessoas
santificadas. Podemos ajudar umas às outras de maneira organizada, não
apenas fazendo o bem, mas aperfeiçoando a nós mesmas; e, sejam
poucas ou muitas as mulheres que participem desta sociedade e ajudem
a realizar esta grande obra, essas são as que ocuparão posições de honra
no reino de Deus. (…) As mulheres devem ser mulheres, e não bebês,
que precisam de atenção e correção o tempo todo. Sei que gostamos de
ser elogiadas; mas, se não formos reconhecidas como achamos que
merecemos, que importa?69

É no quórum que os irmãos aprendem a “erguer-se” como “homens de


Deus” e “abandonar as coisas de menor importância. Dedicando-se de
coração, alma, mente e força para servir o Rei dos reis”.70 O trabalho do
quórum e da Sociedade de Socorro esclarece a identidade e a
responsabilidade dos filhos e das filhas de Deus e os une em defesa de Seu
plano. O presidente Harold B. Lee declarou:

Parece claro para mim que a Igreja não tem escolha — e nunca teve
— a não ser esforçar-se para ajudar a família a cumprir a missão divina
que ela tem, não apenas porque essa é a ordem do céu, mas também
porque é a contribuição mais prática que podemos dar a nossos jovens:
ajudar a melhorar a qualidade de vida nos lares dos santos dos últimos
dias. Por mais importantes que sejam nossos muitos programas e
organizações, eles não devem tomar o lugar do lar, mas, sim, apoiar o
lar.71

Como o Senhor disse a Emma Smith, devemos “deixar as coisas deste


mundo e buscar as coisas de um melhor. (…) Apega-te aos convênios que
fizeste.(…) Guarda meus mandamentos continuamente e receberás uma coroa
de retidão”.72 Cada um de nós é uma filha ou um filho amado por Deus com
sagradas responsabilidades individuais. Nos quóruns e Sociedades de Socorro
aprendemos e somos inspirados a nos tornar as pessoas que nosso Pai
Celestial nos criou para nos tornarmos.
Há muito trabalho que um quórum precisa fazer como quórum e muito
que a Sociedade de Socorro deve fazer como círculo de irmãs, e há muito que
precisa ser coordenado entre ambos. Como “a Igreja do Senhor é governada
por meio de conselhos”,73 é importante que a presidente da Sociedade de
Socorro seja incluída nas reuniões do comitê executivo do sacerdócio, nas
quais são abordados assuntos confidenciais e nas quais o bispo pode facilitar
a coordenação dos mestres familiares e das professoras visitantes.74
O presidente Gordon B. Hinckley disse:

Será um dia maravilhoso, meus irmãos (…) quando nossos quóruns


do sacerdócio se tornarem um sustentáculo para cada um de seus
membros, quando cada homem for capaz de dizer: “Sou membro de um
quórum do sacerdócio de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias. Estou pronto para ajudar meus irmãos em suas
necessidades e tenho certeza de que eles estão prontos para me ajudar
nas minhas. Trabalhando juntos, cresceremos espiritualmente como
filhos do convênio de Deus. Trabalhando juntos, podemos resistir, sem
embaraço ou medo, a todo vento de adversidade que possa vir a soprar,
seja econômico, social ou espiritual”.75

O presidente Packer declarou recentemente aos irmãos da Igreja:


“Precisamos de todos. Os cansados ou fatigados ou preguiçosos e até os que
estão sob o peso da culpa. (…) Há um número demasiadamente grande de
nossos irmãos do sacerdócio que vivem aquém de seus privilégios e das
expectativas do Senhor”.76 Em uma das primeiras reuniões da Sociedade de
Socorro Feminina de Nauvoo, Joseph Smith admoestou as irmãs a “viver de
modo a estar à altura de seus privilégios”.77 De modo semelhante, o
presidente Packer disse o seguinte às irmãs da Sociedade de Socorro:

Apoiem a causa da Sociedade de Socorro! Fortaleçam-na!


Frequentem suas reuniões! Dediquem-se a ela! Convoquem as inativas e
façam com que as irmãs que não são membros sejam influenciadas por
ela. Está na hora de unir-se a esse círculo mundial de irmãs. Uma
Sociedade de Socorro forte e bem organizada é fundamental para o
futuro e a segurança desta Igreja.78

Grande parte do que foi ensinado hoje pode ser encontrado em Filhas
em Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro. Esse novo
recurso da Primeira Presidência pode ajudar os irmãos e as irmãs a aprender
como cumprir suas responsabilidades. Por meio dessas e de outras instruções,
“sabemos como agir e como dirigir a igreja, como proceder com respeito aos
pontos da lei do Senhor e dos mandamentos que Ele nos deu”. Estamos agora
comprometidos a “[agir] em toda a santidade diante [Dele]”.79
O que o Senhor visualizou com relação aos quóruns e as Sociedades de
Socorro ainda não foi plenamente utilizado. Muitos quóruns e Sociedades de
Socorro estão no momento como gigantes adormecidos esperando que vocês
lhes deem nova vida.
Presto-lhes meu testemunho de que o verdadeiro evangelho restaurado
de Jesus Cristo está na Terra. Meu testemunho dessa restauração foi
fortalecido por saber que os quóruns e Sociedades de Socorro foram
estabelecidos para que o Senhor pudesse organizar Seus filhos e Suas filhas
sob o sacerdócio e segundo o padrão do sacerdócio. Por esse meio, Ele
emprega Seus filhos em Sua obra de salvação e na sábia administração de
Seu armazém. Os quóruns e as Sociedades de Socorro devem ser uma
segurança e um refúgio nestes dias difíceis,e apoiar e fortalecer a identidade,
o papel e as responsabilidades dos filhos e das filhas do Pai Celestial. Fomos
“chamadas pela voz do profeta de Deus para isso”,80, e ao fazê-lo, “não se
poderá impedir que os anjos [nos] façam companhia”.81 Presto testemunho
disso em nome de Jesus Cristo. Amém.
Julie B. Beck, “Por que estamos organizados em quóruns e sociedades de socorro”, discurso proferido
em um Devocional da BYU, 17 de janeiro de 2012, Brigham Young University, Provo, UT, acesso em
27 de abril de 2016, speeches.byu.edu.

_________________________
^1. Sarah Jane Weaver, “She Will Draw Strength from Childhood Experience [Ela será fortalecida
pelas experiências da infância]”, Church News, 30 de novembro de 2002.
^2. Julie B. Beck, entrevista por Gordon Irving e Justin R. Bray, fevereiro de 2012, p. 4, CHL.
^3. Beck, entrevista, p. 3.
^4. Weaver, “She Will Draw Strength from Childhood Experience”, p. 6; Lynn Arave, “Elder William
Grant Bangerter Dies at 91” [O élder William Grant Bangerter falece aos 91 anos], Deseret News,
19 de abril de 2010.
^5. Beck, entrevista, p. 27.
^6. Beck, entrevista, p. 28.
^7. Beck, entrevista, p. 30.
^8. Beck, entrevista, p. 36; “New Board Members [Novos membros da junta]”, Church News, 21 de
fevereiro de 1998. Margaret D. Nadauld foi a décima primeira presidente da organização das
Moças, de 1997 a 2002.
^9. Julie Dockstader Heaps, “Divine Identity Is Central to Her Heart” [A identidade divina é a essência
de seu coração], Church News, 19 de maio de 2007. Susan W. Tanner foi a décima primeira
presidente da organização das Moças, de 2002 a 2008.
^10. Beck, entrevista, p. 30.
^11. “Frequently Asked Questions, History—Daughters in My Kingdom [Perguntas frequentes, história
— Filhas em Meu Reino”, acesso em 18 de maio de 2016, LDS.org; ver também “Preserving the
Heritage of Latter-day Saint Women” [Preservar o legado das mulheres santos dos últimos dias],
Church History Symposium [Simpósio de História da Igreja], 3 de junho de 2016, acesso em 12 de
julho de 2016, history.LDS.org.
^12. Beck, entrevista, p. 83. A irmã Beck deu muitos discursos a respeito do processo de trabalho com
o livro Filhas em Meu Reino. (Ver, por exemplo, R. Scott Lloyd, “‘Faith Is an Alignment’ of Role,
Purpose and Priorities” [Fé é alinhar papel, propósito e prioridades], Church News, 24 de março de
2013; e Rachel Sterzer, “Spiritual Legacy of Relief Society” [O legado espiritual da Sociedade de
Socorro], Church News, 13 de março de 2016.)
^13. Ver Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de atas da Sociedade de Socorro], 9 de junho de
1842, p. 63, em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds.,
The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os
primeiros cinquenta anos da Sociedade de Socorro: documentos-chave na história das mulheres
santos dos últimos dias], Salt Lake City: Church Historian’s Press, 2016, p. 79.
^14. “O propósito da Igreja”, 2.2, Manual 2: Administração da Igreja, Salt Lake City: A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2010, p. 9.
^15. Julie B. Beck, “A visão dos profetas concernente à Sociedade de Socorro: Fé, família e auxílio”, A
Liahona, maio de 2012, p. 83; ver também Julie B. Beck, “‘Filhas em Meu Reino’: A história e o
trabalho da Sociedade de Socorro”, A Liahona, novembro de 2010, p. 112.
^16. Sarah Jane Weaver, “Visiting Teaching: Opportunity to ‘Minister as the Savior Did’” [Ensino
familiar: Uma oportunidade de ‘ministrar como o Salvador’], Church News, 11 de março de 2012.
^17. Beck, entrevista, p. 8.
^18. A junta educacional da Igreja é composta pela Primeira Presidência e outras autoridades e líderes
gerais, incluindo as presidentes da Sociedade de Socorro e das Moças. Essa junta supervisiona todas
as escolas da Igreja, incluindo universidades, seminários, institutos e outras instituições.
(William E. Berrett, “Church Educational System [CES]”, em Encyclopedia of Mormonism, ed.
Daniel H. Ludlow, 5 vols., Nova York: Macmillan, 1992, vol., 1, p. 275.)
^19. W. Grant Bangerter serviu sua primeira missão no Brasil de 1939 a 1941, e foi presidente da
Missão Brasileira de 1958 a 1963. Foi chamado para o Primeiro Quórum dos Setenta em 1975 e
serviu duas vezes na presidência desse quórum, de 1978 a 1980 e de 1985 a 1989. (Arave, “Elder
William Grant Bangerter Dies at 91”.)
^20. Citação no original: “Joseph Smith, citado por Sarah M. Kimball, ‘Auto-Biography’
[Autobiografia], Woman’s Exponent 12, nº 7 (1º de setembro de 1883), p. 51; citado em Filhas em
Meu Reino: A História e o Trabalho da Sociedade de Socorro, Salt Lake City: A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2011, p. 12”.
^21. Citação no original: “Ver D&C 107:21”.
^22. O horário de reuniões consolidado foi implementado em 1980, agrupando a sacramental, a Escola
Dominical, o sacerdócio de Melquisedeque e o Aarônico, a Sociedade de Socorro, as Moças e a
Primária em um único bloco de três horas aos domingos. (Hal Knight, “Meeting Schedule
Approved” [Horário das reuniões aprovado], Church News, 2 de fevereiro de 1980.)
^23. Boyd K. Packer, “What Every Elder Should Know—and Every Sister as Well: A Primer on
Principles of Priesthood Government” [O que todo élder deve saber — E as irmãs também: Manual
sobre os princípios de governo do sacerdócio], Ensign, fevereiro de 1993, p. 9. Boyd K. Packer foi
membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1970 a 2015, sendo presidente interino do quórum de
1994 a 2008, e presidente de 2008 a 2015.
^24. Citação no original: “Boyd K. Packer, ‘What Every Elder Should Know’, p. 9”.
^25. Citação no original: “Boyd K. Packer, em ‘Supplemental Readings, Section B’, A Royal
Priesthood, Melchizedek Priesthood study guide, 1975–1976” [‘Leituras complementares, seção
B’, O Sacerdócio Real, guia de estudo do sacerdócio de Melquisedeque], Salt Lake City: A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1975, p. 131.
^26. Citação no original: “Spencer W. Kimball, ‘First Presidency Message: Relief Society—Its Promise
and Potential’ [Mensagem da Primeira Presidência: Sociedade de Socorro — Promessa e potencial],
Ensign, março de 1976, p. 4; citado em Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Spencer W.
Kimball, Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2006, p. 217”.
Spencer W. Kimball foi o décimo segundo presidente da Igreja, de 1973 a 1985.
^27. Citação no original: “Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary, 11ª ed., 2003, s.v. ‘society’, p.
1184”.
^28. Citação no original: “Joseph Smith, em Livro de Atas da Sociedade de Socorro, Nauvoo, Illinois,
30 de março de 1842, p. 22; ortografia, pontuação e utilização de maiúsculas padronizadas quando
necessário em todos os trechos desse livro de atas; citado em Filhas em Meu Reino, p. 15”. Ver
também Derr et al., First Fifty Years, p. 43.
^29. Citação no original: “Joseph F. Smith, Atas da Junta Geral da Sociedade de Socorro, 17 de março
de 1914, Biblioteca de História da Igreja, pp. 54–55; citado em Filhas em Meu Reino, p. 72”.
Joseph F. Smith foi o sexto presidente da Igreja, de 1901 a 1918.
^30. Citação no original: “Ver Manual 2: Administração da Igreja, (2010), item 9.1.1 (p. 66) e item
9.4.1 (p. 69); https://www.lds.org/bc/content/shared/content/portuguese/pdf/language-
materials/08702_por.pdf?lang=por”.
^31. Citação no original: “Ver Manual 2, itens 7.1 e 7.1.2 (p. 42); e itens 8.1 e 8.1.2 (p. 52, 53)”.
^32. Citação no original: “Ver Boyd K. Packer, “The Circle of Sisters” [O círculo de irmãs], Ensign,
novembro de 1980, p. 110”.
^33. Citação no original: “David O. McKay, em CR, outubro de 1968, p. 84”. O presidente David O.
McKay foi o nono presidente da Igreja, de 1951 até 1970.
^34. Citação no original: “Ver Filhas em Meu Reino, p. 12”.
^35. Citação no original: “Ver Dallin H. Oaks, ‘A Sociedade de Socorro e a Igreja’, A Liahona, julho
de 1992, p. 35”.
^36. Citação no original: “Ver Joseph Fielding Smith, ‘The Relief Society Organized by
Revelation’, Relief Society Magazine, janeiro de 1965, p. 5”.
^37. Citação no original: “Regras de Fé 1:5”.
^38. Citação no original: “Ver ‘preside’, http://dictionary.reference.com/browse/preside”.
^39. Citação no original: “Livro de Atas da Sociedade de Socorro, Nauvoo, Illinois, 28 de abril de
1842, p. 37”. Ver também Derr et al., First Fifty Years, p. 57.
^40. Citação no original: “Joseph Smith, Livro de Atas da Sociedade de Socorro, Nauvoo, Illinois, 28
de abril de 1842, p. 40; citado em Filhas em Meu Reino, p. 15”. Ver também Derr et al., First Fifty
Years, p. 59.
^41. Citação no original: “Ver D&C 107:99”.
^42. Citação no original: “Mensagem da Primeira Presidência, 3 de julho de 1942, ‘To the Presidency,
Officers and Members of the Relief Society [À presidência, liderança e membros da Sociedade de
Socorro]’, em A Centenary of Relief Society, 1842–1942 [Centenário da Sociedade de Socorro], Salt
Lake City: General Board of Relief Society, 1942, p. 7; citado em Boyd K. Packer, ‘The Circle of
Sisters’, p. 111”.
^43. Citação no original: “John A. Widtsoe, Evidences and Reconciliations [Evidências e
reconciliações], arr. G. Homer Durham, Salt Lake City: Bookcraft, 1987, p. 308”. John A. Widtsoe
serviu como membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1921 até 1952.
^44. Citação no original: “John A. Widtsoe, Evidences and Reconciliations, p. 308”.
^45. Citação no original: “Manual 2, item 6.1.3 (p. 37)”.
^46. Citação no original: “D&C 82:19”.
^47. Citação no original: “Mateus 5:44–47; TJS, Mateus 5:50”.
^48. Citação no original “Henry B. Eyring, ‘O legado duradouro da Sociedade de Socorro’, A Liahona,
novembro de 2009, p. 123”. Henry B. Eyring foi chamado membro do Quórum dos Doze Apóstolos
em 1995 e membro da Primeira Presidência em 2007.
^49. Citação no original: “Bruce R. McConkie, ‘Speaking Today: Only an Elder’ [No discurso de hoje:
Apenas um élder], Ensign, junho de 1975, pp. 66, 68, 67”. Bruce R. McConkie serviu como
membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1972 até 1985.
^50. Citação no original: “Thomas S. Monson, ‘Home Teaching [Ensino familiar]’, pp. 46–47; citado
em Teachings of Thomas S. Monson, [Ensinamentos de Thomas S. Monson], p. 139”. Thomas S.
Monson tornou-se o décimo sexto presidente da Igreja em 2008.
^51. Citação no original: “Henry B. Eyring, ‘O legado duradouro da Sociedade de Socorro’, p. 123”.
^52. Citação no original: “Spencer W. Kimball, ‘A Vision of Visiting Teaching’ [Uma visão para o
ensino familiar], Ensign, junho de 1978, p. 24; ver também D&C 20:53; citado em Filhas em Meu
Reino, p. 113”.
^53. Todos os meses, cada Sociedade de Socorro e quórum do sacerdócio monitora as visitas de
mestres familiares e professoras visitantes realizadas na ala.
^54. Citação no original: “Thomas S. Monson, ‘Prophets Speak—The Wise Obey’ [Profetas falam —
Os sábios obedecem], sessão de liderança da conferência geral, sexta-feira, 3 de abril de 1987;
citado em Teachings of Thomas S. Monson, p. 140”.
^55. Citação no original: “Manual 2, itens 9.5 – 9.5.4 (pp. 72–73)”.
^56. Citação no original: “D&C 84:106”.
^57. Citação no original: “Thomas S. Monson, ‘Correlation Brings Blessings’ [A correlação traz
bênçãos], Relief Society Magazine, abril de 1967, p. 247”.
^58. Citação no original: “Ver Alma 30:17”.
^59. Citação no original: “2 Timóteo 3:1”.
^60. Citação no original: “Dallin H. Oaks, ‘A Sociedade de Socorro e a Igreja’, p. 39”. Dallin H. Oaks
tornou-se membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1984.
^61. Citação no original: “Filhas em Meu Reino, p. 86”.
^62. Citação no original: “Boyd K. Packer, ‘The Circle of Sisters’, p. 110; citado em Filhas em Meu
Reino, p. 95”.
^63. Citação no original: “Boyd K. Packer, CR, abril de 1998, p. 97; ou ‘The Relief Society [A
Sociedade de Socorro]’, Ensign, maio de 1998, p. 74; citado em Filhas em Meu Reino, p. 87”.
^64. D. Todd Christofferson tornou-se membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 2008.
^65. Citação no original: “Ver D. Todd Christofferson, ‘The Priesthood Quorum [O quórum do
sacerdócio]’, Ensign, novembro de 1998, pp. 40–41, citado de Vaughn J. Featherstone, em CR, abril
de 1973, pp. 46–48; ou ‘Now Abideth Faith, Hope, and Charity [Agora, pois, permanecem estas
três: A fé, a esperança e a caridade]’, Ensign, julho de 1973, pp. 36–37”.
^66. Citação no original: “D&C 84:110”.
^67. Citação no original: “Joseph Smith, em HC 4, p. 605”.
^68. A Sociedade de Socorro adotou esse lema em 1913. (Jill Mulvay Derr, Janath Russell Cannon e
Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society [Mulheres do
convênio: A história da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992, p. 194.)
^69. Citação no original: “Eliza R. Snow, discurso para a Sociedade de Socorro da Ala Lehi, 27 de
outubro de 1869, Ala Lehi, Estaca Alpine (Utah), em Relief Society, Minute Book, 1868–1879,
Biblioteca de História da Igreja, Salt Lake City, pp. 26–27”.
^70. Citação no original: “‘Rise Up, O Men of God’ [Erguei-vos, Ó Homens de Deus]”, Hymns, nº
323”.
^71. Citação no original: “Harold B. Lee, ‘First Presidency Message: Preparing Our Youth [Mensagem
da Primeira Presidência: Preparar nossos jovens]’, Ensign, março de 1971, p. 3; grifo do autor”.
^72. Citação no original: “D&C 25:10, 13, 15”.
^73. Citação no original: “Manual 2, item 4.1 (p. 18)”.
^74. Citação no original: “Manual 2, item 4.3 (p. 18)”.
^75. Citação no original: “Gordon B. Hinckley, ‘Welfare Responsibilities of the Priesthood Quorums’
[Responsabilidades de bem-estar dos quóruns do sacerdócio], Ensign, novembro de 1977, p. 86”.
Gordon B. Hinckley foi o décimo quinto presidente da Igreja, de 1995 até 2008.
^76. Citação no original: “Boyd K. Packer, ‘O poder do sacerdócio’, A Liahona, maio de 2010, p. 9”.
^77. Citação no original: “Filhas em Meu Reino, pp. 169, 171, citando Joseph Smith, em Livro de Atas
da Sociedade de Socorro, Nauvoo, Illinois, 28 de abril de 1842, Biblioteca de História da Igreja, p.
38”. Ver também Derr et al., First Fifty Years, p. 57.
^78. Citação no original: “Boyd K. Packer, ‘The Circle of Sisters’, p. 111”.
^79. Citação no original: “D&C 43:8, 9”.
^80. Citação no original: “Ver Joseph F. Smith, em Atas da Junta Geral da Sociedade de Socorro, 17 de
março de 1914, Biblioteca de História da Família, pp. 54–55; citado em Filhas em Meu Reino, p.
195”.
^81. Citação no original: “Joseph Smith, em Livro de Atas da Sociedade de Socorro, Nauvoo, Illinois,
28 de abril de 1842, p. 38; citado em Filhas em Meu Reino, p. 196”. Ver também Derr et al., First
Fifty Years, p. 57.
—————————— 52 ——————————

Nosso Pai Celestial tem uma missão para nós

Judy Brummer
Serão
Salt Lake City, Utah
28 de abril de 2012

A gravação do discurso original está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).
Judy Brummer como missionária em Queenstown, África do Sul.
Por volta de 1980. Natural da África do Sul, a irmã Brummer (na
foto, a segunda da direita para a esquerda) foi a primeira
missionária santo dos últimos dias a falar o idioma xhosa
fluentemente. (Foto de arquivo familiar. Cortesia de Judy
Brummer.)

Judy Bester Brummer (nascida em 1956) cresceu em uma fazenda na África


do Sul, onde seu pai, Johan Bester, criava ovelhas da raça Merino, para
produção de lã, além de cabras Angorá, para produção de tecido mohair, e
gado para competir em feiras de pecuária.1 Sua mãe, Gwenna Rundell Stocks
Bester, administrava o lar e ensinava os filhos em casa, até os dez anos de
idade, quando a lei exigia que frequentassem a escola. A família tinha um
relacionamento duradouro com seus empregados, que eram membros da tribo
xhosa.2 Quando Gwenna chegou ao rancho recém-casada, Maggie (Notholi
Dikane) era a cozinheira; muitos anos depois, quando Gwenna, já idosa, foi
morar em um asilo, Maggie ainda era a cozinheira. Jane (Nowinsi
Xhashimba) era a faxineira, e Lizzie (Nowinele Skeyi) cuidava da
lavanderia.3 Sindie (Sintombi Skeyi), a filha de Lizzie, e Tombe (Ntombisi
Xhashimba), a filha de Jane, eram as melhores amigas da irmã Brummer. Das
três, apenas a irmã Brummer falava inglês, então elas sempre se
comunicavam em xhosa.4
Os primeiros missionários santos dos últimos dias designados para servir
no continente africano chegaram na África do Sul em 1853, mas o trabalho
foi feito esporadicamente até a chegada permanente de missionários em
1944.5 A primeira estaca sul-africana, em Joanesburgo, foi organizada em
1970. Depois, já próximo do período em que a irmã Brummer serviu como
missionária em Queenstown, foram organizadas outras estacas em Durban,
em 1981, e na Cidade do Cabo, em 1984.6 O crescimento no número de
membros era lento, em parte porque muitos conversos do século 19 haviam
imigrado para áreas com maior concentração de santos dos últimos dias.7
Também houve longos períodos em que o trabalho missionário teve de ser
interrompido devido a guerras no país. Além disso, antes de 1978, a Igreja
não permitia que homens de ascendência africana negra fossem ordenados ao
sacerdócio, e que homens e mulheres negros adorassem no templo; como
resultado, os membros da Igreja na África do Sul eram majoritariamente
brancos, e a Igreja estava estabelecida em regiões onde se falava inglês e
africâner. Tendo servido de 1980 a 1982— pouco após o fim da restrição ao
sacerdócio e ao templo — a irmã Brummer fez parte da primeira leva de
missionários a fazer proselitismo principalmente nos vilarejos e nas regiões
tribais dos negros sul-africanos. Sua fluência em xhosa foi fundamental para
o trabalho missionário. Após a missão, ela ajudou a traduzir grande parte do
Livro de Mórmon para o idioma xhosa.8
A irmã Brummer também se casou com o sul-africano André Brummer,
que havia sido seu líder de distrito nos últimos meses da missão.9 Ao criar
seus filhos, eles se preocuparam com as altas taxas de criminalidade em seu
país, pois, por exemplo, tinham que destrancar quatro ou cinco portões para
levar as crianças para andar de bicicleta. Assim, eles se mudaram para Utah
em 1993, para que André estudasse relações internacionais na Universidade
Brigham Young, e permaneceram no país após ele conseguir um emprego em
uma empresa de genealogia online.10
A irmã Brummer calcula que desde 2001 já apresentou centenas de
variações do discurso a seguir, tendo falado duas a três vezes por mês.11 Ela
discursa com mais frequência em Utah, mas já viajou para fazer essa
apresentação na Califórnia, no Texas, no Arizona e em Oklahoma. 12 Ela faz
esses sacrifícios pois, com base nos comentários de quem a ouve, “o
testemunho das pessoas é fortalecido”.13 O texto apresentado aqui é um
trecho de uma das versões do discurso da irmã Brummer, feito em uma
capela em Salt Lake City; foi gravado por Dan e Edith Baker, missionários da
Missão de História da Família e da Igreja, na sede da Igreja.

SINTO-ME FELIZ E HONRADA por estar aqui nesta manhã, e agradeço por
vocês terem vindo. Sou muito grata.
Vou falar sobre minha infância na África do Sul, e quero que façam a si
mesmos a seguinte pergunta: o Pai Celestial prepara um caminho com
antecedência, ou tudo não passa de coincidência?
Cresci em um rancho na região de Karoo, na África do Sul.14 Nasci em
uma família metodista. Amo minha família metodista; eles trabalham duro,
são bondosos, honestos, descentes, fazendeiros e caipiras. Sou muito grata
pelo legado que recebi por ter nascido naquela família.
Minha mãe frequentou a mais cara escola particular do continente
africano; ela estudou na Rhodes University, onde concluiu duas
graduações.15 Ela faleceu há dois anos, aos 85 anos.16 Naquela época, era
muito raro que as mulheres sul-africanas, mesmo as brancas, recebessem toda
essa educação, mas como ela não tinha irmãos, recebeu essa oportunidade.
Minha mãe tinha bacharelado em matemática. Ela era muito inteligente e, na
minha opinião, acho que não é necessário ter uma formação em matemática
para ler a Bíblia e perceber que um, mais um, mais um são três indivíduos
distintos.
Minha mãe era metodista, mas me ensinava a doutrina mórmon. Outra
coisa pela qual sou eternamente grata é a minha mãe, e espero que todas as
mães presentes aqui hoje tentem fazer isso por seus filhos, ou pelos filhos que
ainda virão. Minha mãe nos ensinava sobre o poder de Deus. Ela nos
ensinava que o Deus Todo-poderoso não é chamado de “Todo-poderoso” por
acaso. Ele pode fazer qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer
momento. Como sou grata por ter crescido em um lar onde se acreditava que
o Pai Celestial podia me ajudar, intervir em minha vida e responder minhas
orações. É muito mais provável que você peça Seu auxílio se você realmente
acreditar que Ele pode fazer qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer
momento.
Quanto mais o tempo passa, mais acredito que minha mãe tinha muito
em comum com Morôni, que no último capítulo do Livro de Mórmon usou a
palavra “poder” nada menos que onze vezes.17 E precisamos lembrar que
Morôni não estava digitando em um computador; ele estava entalhando
placas de ouro quando escreveu em Morôni 10: “Eu vos exorto a não
negardes o poder de Deus”. E depois ele repetiu: “Se [...] não negardes o
poder de Deus”. Acho que Morôni queria que nós, nestes últimos dias,
reconhecêssemos, lembrássemos e acreditássemos no poder do Todo-
poderoso.18 Sou extremamente grata a minha mãe por ter me ensinado essas
duas coisas.
Se você vivesse na região do Karoo, onde eu cresci, aos 6 anos de idade
você era enviado para um internato na cidade, apenas para brancos, por causa
do apartheid.19 Os pais não tinham permissão para ensinar os filhos em casa,
se vivessem no interior, a menos que tivessem formação educacional. Era
como no filme Austrália — vivíamos no interior, em uma residência de
brancos.20 Se você fosse para a frente da casa e olhasse ao redor, não veria
sinal de qualquer outra habitação. Meu pai possuía um rancho de 10 mil
acres, então eu cresci achando que ele era o dono do mundo.
A África do Sul possui 11 idiomas oficiais e, se você fosse branco de
ascendência britânica, aprenderia o inglês, como foi o meu caso; ou então
aprenderia o africâner, como foi o caso do meu marido. Basicamente, é
holandês misturado com um pouco de alemão e francês. Os povos africanos
negros pertencem a nove diferentes tribos, cada uma com sua própria língua.
Por exemplo, os zulus falam isiZulu, os sotos falam isiSoto, os tswanas falam
isiTswana e os xhosa falam isiXhosa. As famílias que viviam em nosso
rancho falavam isiXhosa. Eles eram da tribo xhosa. Creio que vocês já
ouviram falar de Nelson Mandela ou de Thabo Mbeki; eles eram xhosa,
pertenciam a essa tribo e falavam isiXhosa.21
Todos os nossos empregados eram dessa mesma tribo, então cresci
aprendendo a falar dois idiomas. Não me recordo de ter aprendido a falar
xhosa. Só lembro de pensar: “Bem, quando converso com uma pessoa negra,
tenho que estalar a língua, e quando converso com uma pessoa branca, tenho
que falar inglês”. Na infância, eu não tinha noção de que estava aprendendo
dois idiomas ao mesmo tempo, então ambas são minha “língua materna”,
pois fui criada por uma mãe branca e três mães negras.
Agora vou falar um pouco sobre quando fui enviada para o internato.
Como minha mãe tinha duas graduações, ela tinha permissão, de acordo com
as estritas diretrizes governamentais, para nos ensinar em casa por quatro
anos. Assim, em vez de ser enviada ao internato para crianças brancas aos 6
anos, só fui para lá aos 10 anos de idade. Com essa idade, após ter passado 10
anos falando um idioma, ele já estava bem gravado em meu cérebro, de modo
que não tinha como esquecê-lo. Algumas crianças brancas esqueciam as
línguas africanas quando eram enviadas para a escola. Mas, no meu caso, por
minha mãe ter graduação — que era algo muito incomum — pude ficar no
rancho até os 10 anos.
Já no internato, durante o Ensino Médio, li um livro chamado A Cruz e o
Punhal, escrito por um ministro, e pensei: “Isso é algo nobre de se fazer”.22
David Wilkerson, o autor, fala sobre como usou o evangelho para ajudar
pessoas oprimidas após a Segunda Guerra Mundial. E eu desejei fazer a
mesma coisa. Assim, quando terminei o Ensino Médio e saí do internato, fui
para a Rhodes University e me matriculei em algumas disciplinas de ciências
sociais. Eu pensava em fazer serviço social ou assistência social.
Um dia, uma de minhas amigas desde a época do internato virou para
mim e disse: “Judy, você fala xhosa fluentemente. Por que não se matricula
na turma de xhosa?”, afinal eu precisava fazer mais uma disciplina. Quando
se tem 18 anos, você sempre procura a saída mais fácil. Ela me disse: “Você
vai tirar de letra”. Então, quase sem querer, me matriculei na classe de xhosa.
Eu falava com fluência, desde que me entendia por gente, mas nunca tinha
lido ou escrito nada nessa língua. Caí na turma de um professor branco, que
já tinha passado muito tempo tentando aprender aquele idioma cheio de
estalos. Xhosa é o idioma mais difícil do mundo, pois você produz os sons
não só ao expirar, mas também ao inspirar. Quando se fala inglês, você só
expira, e todos os sons são produzidos se expelindo o ar dos pulmões, mas
xhosa é diferente.
Em meados de 1978, mais ou menos na mesma época que nosso querido
profeta, Spencer W. Kimball, recebeu a revelação de que todos os homens
poderiam receber o sacerdócio — sei que alguns de vocês podem lembrar
exatamente o que estavam fazendo naquele dia23 — naquela ocasião, eu
ainda era metodista e vivia na Cidade do Cabo, a cidade mais bela. A
propósito, se você perguntar a qualquer piloto de voos internacionais, eles
dirão que as duas mais belas cidades são Rio de Janeiro e a Cidade do Cabo.
É por causa das montanhas e do oceano. Em 1978, eu vivia na Cidade do
Cabo com uma grande amiga minha da época do internato, Vivienne. Na
época, eu tinha um emprego que não tinha nada da nobreza do serviço social.
Era o emprego mais incrível, bem pago e fácil em toda a Cidade do Cabo.
Uma amiga minha que estudava publicidade viu o anúncio da vaga em um
jornal e me disse: “Judy, essa vaga é a sua cara. Manda o currículo, pois o
salário é muito bom”. Eu respondi que já tinha um emprego e que a vaga não
tinha me interessado. Ainda assim, ela mandou meu currículo para lá e eu
acabei sendo contratada para aquela vaga pouco exigente e extremamente
bem paga na Christian Dior cosméticos. Eu trocava de carro todo ano e
viajava para toda a região sudoeste da África do Sul como representante da
Christian Dior, e visitava de 5 a 8 lojas por dia. Eu terminava meu trabalho
em uma ou duas horas e depois ia para a praia curtir o resto do dia.
Minha colega de quarto, Vivienne, disse: “Você é a pessoa mais sortuda
da Terra. Você tem a família perfeita, o namorado perfeito e, agora, o
emprego perfeito”. Aquilo me fez sentir culpada. Eu já me sentia culpada por
ter nascido em um país onde havia tantas pessoas desprivilegiadas e eu era
tão abençoada. Então decidimos ir à igreja para agradecer as bênçãos que
tínhamos. Fomos em quatro moças: minha amiga, Vivienne, eu e duas amigas
que moravam no andar de cima. Decidimos ir à igreja para agradecer o
emprego que eu tinha. Afinal, minhas amigas também tinham suas
mordomias. Elas ficavam com as amostras de perfumes quase cheias que eu
tinha que levar para casa quando trocava o mostruário nas lojas, então
estavam sempre perfumadas com Christian Dior.
Assim, em meados de 1978, começamos a visitar diferentes igrejas para
agradecer por meu emprego. E a cada domingo olhávamos umas para as
outras e dizíamos: “Aqui eu não volto nunca mais”. Na semana seguinte,
experimentávamos uma igreja diferente, mas no fim dizíamos mais uma vez:
“Aqui eu não volto nunca mais”. Com o tempo, desistimos. Nós quatro nos
sentamos e fizemos um pacto de que não frequentaríamos nenhuma daquelas
igrejas de novo. Era a coisa mais chata a se fazer em um domingo! Então
decidimos que iríamos ler a Bíblia e ser “pessoas boas”, coisa que não
éramos, e no fim íamos para a praia Clifton aos domingos. Desistimos
completamente de nossa busca.
Mas, então, adivinha quem bateu à nossa porta? Sempre digo que o Pai
Celestial sabia que não seria uma boa ideia mandar élderes bater naquela
porta onde viviam quatro doidas. Lá estavam duas sísteres sul-africanas. Se
você já criou, apoiou ou foi um missionário, quero lhe agradecer do fundo do
meu coração, pois até hoje posso lembrar claramente daquele dia como se
fosse hoje. Minha amiga, Vivienne, e eu estávamos jogando hóquei de campo
no quintal. O nosso treinador estava realmente querendo que ficássemos em
forma. Estávamos todas suadas e tínhamos acabado de voltar para o
apartamento, em Rondebosch, Cidade do Cabo.
Foi em janeiro de 1979. Janeiro é época de melancia, o meio do verão
no hemisfério sul, e lá estávamos nós na cozinha, matando a sede com
melancias, quando ouvimos as batidas na porta. Fui atender e vi aquelas duas
sísteres. Eu tinha 22 anos, e a Síster Dicks tinha 21 — ela se chamava Ronell
Dicks, hoje Ronell Wrench — e tinha também a Síster Louise Bell. Ela era
viúva, na casa dos 40 anos. A Síster Dicks tinha acabado de chegar na missão
e estava muito nervosa. Em um só fôlego ela disparou: “Boa tarde, somos
missionárias da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — mais
conhecidos como mórmons — gostaria de saber mais a respeito?” Olhei para
a plaqueta dela e vi o nome do Salvador — que naquela época ainda nem era
destacado. Lembro que me perguntei: “Como deixamos passar essa igreja?”
Então achei que seria uma boa ideia perguntar a Vivienne se ela gostaria de
ouvir também, pois algumas semanas antes eu havia permitido que um sem-
teto entrasse em nosso apartamento e acabamos tendo dificuldades para que
ele saísse. Minha amiga tinha ficado chateada comigo e disse: “Não traga
mais nenhum doido para esse apartamento!” Então eu disse às sísteres:
“Deixa eu perguntar para a Viv”. Dei alguns passos para dentro de casa e
perguntei: “Vivienne, gostaria de ouvir mais sobre a ‘igreja Mórbida”? Ela
estava com a boca cheia de melancia e começou a rir histericamente,
cuspindo tudo na mesa da cozinha e segurando a barriga com as mãos. Vocês
sabem como é rir de coisas que não são tão engraçadas. Eu comecei a rir
também e nós duas ficamos lá gargalhando histericamente.
Aí um pensamento veio à minha mente: “Não ria dessas garotas; você
não teria a coragem de fazer o que elas estão fazendo. Deixe-as entrar”. Então
voltei à porta e disse: “Entrem, por favor”. Nós nos sentamos, chamamos as
duas amigas que moravam no andar de cima, e as missionárias ensinaram a
primeira lição. Lembro-me claramente de como ensinaram sobre a Primeira
Visão daquele jovem fazendeiro — e eu amo fazendeiros.24 São pessoas
simples, com quem me identifico. Os fazendeiros são pessoas especiais que
eu amo muito.
Quando disseram que ele tinha 14 anos, vivia em uma fazenda no norte
de Nova York e não sabia a qual igreja se filiar, senti uma certa familiaridade.
Ele então foi a um bosque e perguntou a Deus, o Pai Eterno, a qual igreja
deveria se unir. Os céus se abriram e o Deus Todo-poderoso, Nosso Pai, junto
com Jesus, o Filho, dois seres distintos, apareceram ao jovem profeta, Joseph
Smith; eles vieram pessoalmente restaurar a Sua Igreja à Terra nestes últimos
dias. Lembro-me de ter pensado: “Puxa”.
A Primeira Visão aconteceu em 1820. A primeira coisa que me veio à
cabeça foi: “Esse é o evento mais importante de todo o cristianismo desde a
primeira Páscoa da Ressurreição de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
Como é que essa notícia levou 160 anos para atravessar o Atlântico?” Não
dava para acreditar que eu nunca tinha ouvido falar da Primeira Visão antes.
Nós nos considerávamos educadas e esclarecidas, mas, mesmo assim, nunca
tínhamos ouvido falar do evento mais significativo, do evento mais
importante do mundo.
Também pensei: “Qual é o problema com a BBC e a CNN?” Meu pai
era fanático por notícias, tanto que assinava todas as revistas possíveis.
Tínhamos todos os jornais, e ele ouvia notícias no rádio umas cinco vezes por
dia, mas, mesmo assim, nunca tínhamos ouvido falar daquilo — me senti
traída. Então concluí que era melhor contar à minha família a respeito da
Restauração. Liguei para eles com muito entusiasmo. Falei sobre o que as
missionárias tinham me ensinado. Depois de cada lição, eu ligava para meus
familiares e amigos.
Fiquei estarrecida com a reação deles. Eles me enviaram uma avalanche
de materiais antimórmon. Até mandaram três ministros para o nosso
apartamento, para me dizer que eu não deveria me filiar àquela seita
americana maligna que tinha um falso profeta. Felizmente, eu era bem
atrevida. Quando os ministros chegaram, com suas túnicas pretas e colarinhos
brancos, e disseram que eu não deveria me filiar à igreja mórmon, perguntei:
“Por que não?” Aí um dos ministros respondeu: “Porque eles não são
cristãos”. Então defendi os mórmons: “Reverendo, me perdoe, mas como
você pode dizer que os mórmons não são cristãos? O nome do Salvador
aparece na plaqueta que elas usam, e eu fui à igreja deles algumas vezes. O
nome de Jesus também está na fachada, em letras garrafais”. Perguntei de
novo: “Como você pode dizer que eles não são cristãos?” A resposta dele foi:
“Porque eles não pertencem ao CMI”. Então perguntei: “O que é CMI?” E ele
disse: “É o Conselho Mundial de Igrejas”.25
Felizmente, eu tinha uma bala na agulha. Falei: “Perdão, Reverendo. Eu
já li a Bíblia de capa a capa. Poderia me mostrar o capítulo e o versículo em
que Jesus diz que é preciso pertencer ao CMI? Há pouco li o primeiro
capítulo de Tiago, onde ele nos ensina a reconhecer a religião pura.26 Creio
que os mórmons são os melhores cristãos que já conheci. Frequentei a
Sociedade de Socorro; elas visitam os doentes e levam alimento para eles,
cuidam dos filhos de alguém que tenha um recém-nascido, cuidam das viúvas
e também dos pobres. A única coisa ruim que eles fazem é jejuar uma vez por
mês, mas dão o dinheiro aos pobres”. E acrescentei: “Em Tiago 1:22 diz:
‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos’, e no versículo 26 está escrito: ‘Se alguém entre vós supõe ser
religioso, e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a religião
desse é vã’. E o versículo 27 diz: ‘A religião pura e imaculada para com
Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e
guardar-se imaculado do mundo’”.
Eu disse ao ministro que os mórmons eram as pessoas mais imaculadas
que eu já conhecera, e que eles viviam sua religião.
Fui batizada em abril de 1979. Decidi ser batizada pois havia orado com
sinceridade de coração, com real intenção de mudar meus hábitos mundanos.
Pedi a Deus que me dissesse se o Livro de Mórmon era a Sua palavra, e o
Espírito Santo prestou testemunho a mim, ao meu coração, com tal poder que
eu não poderia confundir com uma mera emoção. Soube, por meio daquela
oração, que o Livro de Mórmon era a palavra de Deus. Ainda lembro daquele
sentimento. Em geral, minha memória é péssima, mas lembro de quando me
ajoelhei, tendo as missionárias ao meu lado, e perguntei a Deus, sabendo que
Ele era capaz de me dizer se o Livro de Mórmon era a Sua palavra.
Lembro do que senti em meu coração. Foi um ardor no coração. Não foi
um mero sentimento — foi algo muito poderoso — e a partir daquela oração,
soube que o Livro de Mórmon era a palavra de Deus, e não havia ministro
algum que pudesse me dizer que esta não é a igreja que o próprio Jesus
restaurou à Terra por meio do profeta Joseph Smith. Mas, mesmo antes, eu já
havia reconhecido a verdade quando as missionárias bateram à minha porta.
Senti o Espírito. Sou muito grata por elas terem sido dignas de ter o Espírito
Santo com elas quando ensinaram a mim e as minhas amigas, mesmo que
elas não tenham sido batizadas.
Um ano depois, decidi servir missão. Foi aí que minha família achou
que eu tinha perdido minha sanidade. Minha mãe me ligou. (Eles ainda
viviam na fazenda, e o ministro metodista ainda dizia para eles que os
mórmons não são cristãos.) Disse a meus pais: “Acredito de todo o coração
que essa é a igreja que Jesus trouxe novamente à Terra, em preparação para
Sua Segunda Vinda. Creio nisso de todo o coração”. Eles responderam: “Não
largue seu emprego; você nunca vai encontrar outro que pague tão bem
quanto esse, e nós não vamos sustentá-la durante ou depois dessa missão”.
Mais uma vez, fui atrevida e disse: “Sei que essa é a Igreja do Senhor. Não se
preocupem comigo; Ele vai tomar conta de mim durante esses 18 meses, se
eu tiver fé para trilhar esse caminho. E Ele vai me sustentar quando esse
caminho chegar ao fim”.
Em 1980, disse ao presidente do ramo que queria servir missão, e duas
semanas depois eu já era missionária.27 Recebi uma ligação urgente de Salt
Lake City, pois alguém ficou sabendo que eu falava aquela língua cheia de
estalos. Havia um homem africano, que se autodenominava Bispo Kowa.
Alguém tinha dado a ele uns livros da Igreja, e ele decidiu que não iria
esperar 160 anos até os missionários virem ensiná-lo. Então, ele pegou uma
telha de zinco, escreveu “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias” e pendurou ao lado da porta de sua casa de taipa, em Steynsburg, e saiu
pregando o evangelho.28 Ele organizou congregações nas regiões de Ciskei e
Transkei, em cidades como East London, Cemazili, Sada, Illinge e outras. Ele
tinha pregado o evangelho em todos esses lugares.29
Quem me contou isso foi um dos APs [assistentes do presidente da
missão] que estava servindo naquela época. Ele comentou que o Bispo Kowa
havia decidido fazer o registro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias na África do Sul, mas aí descobriu que o registro já havia sido
feito pela sede da Igreja em Salt Lake City. Então ele escreveu uma carta para
o profeta, o presidente Kimball, e perguntou se gostaria de unir as duas
igrejas. A carta foi escrita em africâner; provavelmente ele pensou que o
presidente Kimball entendesse africâner. A carta foi traduzida e enviada para
lá e para cá.
Mais ou menos em 1979, dois missionários sul-africanos foram
enviados, um deles era Peter Boyton.30 Ele foi enviado para falar com o
Bispo Kowa, que tinha uma vasta congregação e tirava o seu sustento dos
dízimos pagos pelas pessoas. O Bispo Kowa não falava inglês, e os dois
élderes não falavam aquela língua cheia de estalos. Como não conseguiram
se comunicar, os missionários foram transferidos. Foi aí que o presidente da
missão ficou sabendo que eu falava aquela língua. Em duas semanas eu
estava no campo missionário, conversando com o Bispo Kowa. Isso foi em
1980.
Por meio do Bispo Kowa, o Senhor havia preparado pessoas da tribo
xhosa, e quando chegamos lá, havia congregações para ensinarmos. Eu servia
de intérprete para os missionários americanos e sul-africanos. Passei 18
meses em Queenstown, que fica a apenas duas horas de onde nasci. Viajamos
por toda a região de Transkei e de Ciskei, ensinando aquelas pessoas.31 O
Bispo Kowa ia conosco e dizia: “Ouçam o que essas pessoas têm a dizer”.
Tivemos um sucesso estrondoso, pois aquelas pessoas tinham sido preparadas
pelo Senhor.
Batizávamos 30, 40, 50 pessoas de uma vez. Lembro-me de uma ocasião
em que tínhamos 54 pessoas para ser batizadas, mas além de minha
companheira e eu, só havia um casal missionário, ou seja, só tínhamos um
portador do sacerdócio.32 Ligamos para East London e dissemos: “Mandem
alguns élderes para cá, pois não é fácil para um idoso batizar 50 pessoas”.33
O presidente da missão, Lowell D. Wood, me disse: “Me desculpe, mas não
posso transferi-la, pois você é a única que fala xhosa”. Por isso passei todos
os 18 meses da missão em Queenstown. Com o tempo, mandaram mais
missionários para lá, até que ficamos em 12, e foi uma experiência
maravilhosa. Amei minha missão. Pude aprender muito, pois eu tinha apenas
um ano como membro da Igreja, então aprendi repetidamente o básico. Sou
grata por ter vendido tudo o que tinha para servir missão.
A Igreja faz tudo em ordem. Quando estava na missão, me pediram que
traduzisse muitas coisas, e acho que a primeira delas foi o nome da Igreja,
que é Ibandla lika Yesu Krestu Yaba Ngcwele beMihla yokuGqibela. Já
assistiram ao filme Os deuses devem estar loucos? É uma língua parecida
com aquela.34 Para ensinar as pessoas e batizá-las, tínhamos a Bíblia em
xhosa, em uma tradução bem ruim, mas era o que tínhamos. Porém, não
tínhamos o Livro de Mórmon em xhosa. Assim, quando estávamos ensinando
o evangelho e os missionários liam algo do Livro de Mórmon, eu traduzia de
cabeça na hora. Coisas como as orações sacramentais e a oração batismal, eu
escrevi em um papel para que pudessem ser sempre repetidas com exatidão.
Sinto-me honrada e privilegiada por ter visto aquelas pessoas que eu
amo abraçarem o evangelho. Cresci em meio ao povo xhosa e os amo sem
reservas. São um povo muito humilde e espiritual. Quando um daqueles
rapazinhos recebia o sacerdócio aos 12 anos de idade, eu dizia: “Você sabia
que sua autoridade é maior do que a da maioria dos ministros famosos e
conhecidos por aí?” Eu ficava maravilhada de ver aqueles rapazinhos de pés
descalços e portando o sacerdócio. Não consigo expressar a alegria e a
emoção de ver aquelas pessoas serem batizadas, e como o evangelho as
ajudava a sair da terrível situação em que muitas se encontravam.
Uma de minhas escrituras favoritas é João 8:32. Lá diz: “E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará”. A verdade, como ensinada pelos
missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é a
melhor verdade que se pode ter. É a melhor verdade que você pode ter.
Lembro-me de dizer àquele povo africano: “Mesmo que se sintam oprimidos
pelo apartheid, agora vocês têm o sacerdócio. Agora vocês têm a maior
liberdade da Terra”.
Quem conhece a África, não só a África do Sul, sabe que há muitos
problemas lá, como feitiçaria, adoração de ancestrais, AIDS e outras coisas
que acabam com o continente. O evangelho ajuda as pessoas; ele as tira
daquele estado. Fico emocionada quando recebo cartas de pessoas que
batizamos há mais de 30 anos. Os filhos deles agora estão servindo missão e
indo ao templo. É uma alegria indescritível. Algumas semanas atrás fiquei
sabendo que as missões sul-africanas têm a maior taxa de retenção quanto ao
número de pessoas que permanecem na Igreja.35
Quando estava na missão, muitas vezes servi de intérprete quando
alguém tinha que confessar um pecado, pois os líderes da Igreja eram todos
brancos. As pessoas me contavam seus pecados, e eu traduzia para o bispo ou
presidente de estaca. Eu pensava comigo mesma: “Alguns desses pecados são
muito malignos e assustadores!” Um dia comentei com o presidente da
missão: “Sempre fico me perguntando como posso amenizar as coisas que
eles falam”, pois os líderes americanos não tinham familiaridade com
feitiçaria. Alguém me dizia: “Lancei uma maldição sobre tal pessoa”, e eu
pensava: “Puxa vida, como vou traduzir isso?” Havia pessoas que tinham
cometido assassinato. Meu presidente de missão respondeu: “Se você não
traduzir exatamente o que eles falarem, se amenizar as coisas, os pecados
deles recairão sobre a sua cabeça”. Eu disse: “Obrigado, mas já tenho meus
próprios pecados. Daqui em diante vou traduzir exatamente o que eles
disserem”.
Depois da missão, o élder Brummer — bem, agora eu tenho que
confessar meus pecados, porque na missão eu era Judy Bester, mas quase no
fim da missão conheci o élder Brummer, que foi meu líder de distrito.
Resumindo, me casei com meu líder de distrito depois da missão. O élder
Brummer me perguntou: “A Igreja precisa comprar sua passagem de avião ou
de trem. Para onde você vai?” Eu tinha vendido tudo para servir missão. No
começo, minha mala estava cheia de roupas novas, mas após 18 meses, só
tinha roupas desgastadas e nem um punhado de moedas. Não tinha ideia para
iria, sem contar que eu tinha sido bem atrevida com minha mãe. Eu não tinha
como voltar para casa e dar uma de filha pródiga. Então respondi ao élder
Brummer: “Eu aviso semana que vem”, aí ele vinha na semana seguinte e
perguntava: “Precisamos comprar sua passagem. Para onde você vai?” E eu
respondia: “Semana que vem eu aviso. Semana que vem eu aviso”, pois não
tinha ideia para onde iria, já que estava sem roupas e sem dinheiro.
Então, umas três semanas antes do fim da missão, recebi um telegrama
do chefe do meu antigo chefe, não na Cidade do Cabo, mas no escritório
central em Joanesburgo — para os mais jovens, telegrama é tipo um sms em
papel. Ainda tenho aquele telegrama guardado. Dizia apenas: “Me ligue
urgente, Alec”. Então fui e liguei para o chefe do meu chefe e ele perguntou:
“Quando você sai do convento?”36 Acho que os não membros não entendem
bem o vocabulário da Igreja. Vocês sabem que nós, mórmons, falamos um
idioma diferente, não é? Temos um vocabulário próprio. Respondi: “Tenho
mais três semanas na missão. Não sou freira”. E acrescentei: “Termino no dia
tal, sexta-feira”. Aí ele disse: “Esteja no escritório de Durban na segunda-
feira, às 8 horas”. Ganhei o mesmo emprego de antes, só que na costa leste. E
ainda tive um aumento salarial de 50 por cento. Adivinhem para quem eu
liguei? Minha mãe. Será que eu fui atrevida? Eu perguntei: “De quem eu
disse que é essa Igreja? Não disse que depois dos 18 meses da missão o
Senhor cuidaria de mim? Pois é, Ele cuidou”.
Sei, irmãs, que o poder de Deus nunca deve ser negado. Precisamos ter a
fé necessária para trilhar o caminho e fazer aquilo que nosso Pai Celestial
quer que façamos, quando Ele quiser que façamos, e sei que Ele vai cuidar de
nós quando chegarmos ao fim.
Depois da missão, foi-me solicitado que traduzisse alguns materiais da
Igreja, dentre eles o folheto Ubungqina Bukamprofethi UJoseph Smith, o
testemunho do profeta Joseph Smith.37 Em 1983, o élder Brummer e eu
viajamos até o Templo de Salt Lake para nos casar, pois não havia um templo
na África do Sul naquela época. Voltamos para a África do Sul e moramos
em Joanesburgo por cerca de dez anos. Hoje temos quatro filhos, mas
naquela época tínhamos apenas três. O departamento de tradução da Igreja
veio até minha casa, em North Johannesburg, e disse: “Agora temos membros
o suficiente da tribo xhosa, pessoas boas, honestas e dizimistas, por isso
vamos traduzir as escrituras para esse idioma”. Minha primeira reação foi sair
correndo e me esconder — e vocês fariam a mesma coisa: traduzir o livro
mais correto do mundo, como afirmou Joseph,38 para a língua mais difícil do
planeta. Dei todas as desculpas possíveis. Eu disse: “Olha, meu marido é
bispo, eu tenho três filhos pequenos pendurados em mim — não posso”.
Ainda falei: “Tem um professor negro de xhosa na universidade tal. Tenho
certeza de que ele consegue”. Então levaram trechos do Livro de Mórmon
para aquele professor, mas ele não conseguia entender o inglês muito bem,
por causa dos tus e vós, e acabou escrevendo outra história. Depois que ele
traduziu alguns capítulos, eu fui fazer a revisão. Um amigo meu conta que
ainda lembra de como fiquei furiosa por causa das coisas que o professor
tinha inventado achando que ninguém iria perceber.
Aí falei com Bob Eppel, que era encarregado das traduções da Igreja na
África do Sul. Eu disse: “Isso aqui não está nada bom. Não estou me
oferecendo para fazer a tradução, mas quero que saiba que ela não ficou
boa”.39 Um dia, o pessoal do departamento de tradução veio à minha casa em
Joanesburgo. Era um casal de Salt Lake e outro da África do Sul, e junto com
eles estava o élder Gene R. Cook, dos Setenta.40 Eles disseram: “Contrate
três irmãs da ala para cuidar de seus filhos, trabalhando em turnos a cada dia,
enquanto você faz a tradução, e nós vamos pagá-las. Temos um forte
sentimento de que é você quem precisa fazer essa tradução”. O élder Cook
pôs as mãos sobre minha cabeça e me deu uma benção. Todos naquela sala
souberam que era por isso que eu tinha nascido de uma mãe metodista que
me ensinava doutrinas mórmons. Era por isso que eu havia recebido
permissão para ficar na fazenda por dez anos, em vez de seis, e por isso que
eu havia me matriculado quase sem querer em uma classe de xhosa.
Se naquela época eu soubesse que iria me unir à Igreja e ser chamada
para traduzir as escrituras, eu teria frequentado aquele curso por mais tempo e
teria prestado mais atenção.
Para encerrar, quero falar sobre três coisas que aconteceram comigo
então, mas que não haviam ocorrido quando eu traduzia apenas folhetos e
outros materiais. Eu já tinha traduzido o manual Princípios do Evangelho,41
alguns materiais da Sociedade de Socorro e das Moças, e alguns hinos. Mas
as três coisas que vou falar agora só aconteceram quando eu estava
trabalhando no manuscrito da tradução do Livro de Mórmon, dos trechos do
Livro de Mórmon, do inglês para o xhosa.
A primeira coisa foi a oposição. Enfrentamos uma oposição enorme.
Meus filhos ficaram doentes e um deles quase morreu. E não fomos só o
André e eu que enfrentamos oposição, mas também as três babás minhas
amigas, que estavam tornando o trabalho possível.
Um dia paramos e nos perguntamos: “O que é que está havendo?” Eram
pernas quebradas, carros batidos, crianças doentes, crianças quase morrendo.
Foi então que percebemos que o adversário não queria que o Livro de
Mórmon fosse traduzido para a língua materna de 8 milhões de pessoas,
afinal, quando alguém lê o Livro de Mórmon em sua língua materna, é tocado
de maneira mais profunda, e disso eu testifico. Mas não nos deixamos
desanimar, arregaçamos as mangas e dissemos: “Vamos lutar e não vamos
deixar Satanás vencer”, e então a oposição se dissipou.
A segunda coisa que aconteceu foi que ao ler o Livro de Mórmon em
inglês, pude entendê-lo com tamanha clareza que não consigo nem explicar.
Era muito claro mesmo. Foi quase como se eu estivesse presenciando tudo.
Eu sabia exatamente o que cada palavra significava em inglês. Por isso foi
fácil traduzir para o xhosa, algo que não acontece comigo hoje. Eu entendia
com tanta clareza que não dá para explicar, até mesmo as partes de Isaías. Eu
ficava pensando: “Parece que acendeu uma lâmpada na minha cabeça.
Geralmente não sou tão inteligente assim”, e hoje sei que foi um dom de
Deus. Eu não estava sozinha; tive ajuda.
Tenho certeza disso pois teve um dia em que acordei de mal humor e
briguei com todos da minha família. Depois, fui traduzir naquele estado de
espírito, mas não consegui fazer nada. Travei em uma palavra. Tinha comigo
a Bíblia em xhosa e estava me esforçando. Consultei vários dicionários, e
então pensei comigo mesma: “Não estou gostando disso. De repente ficou tão
difícil”, e foi tudo porque eu estava de mau humor e o Espírito Se afastou de
mim. O dom da tradução era retirado rapidamente quando eu me comportava
mal. Então pensei: “É muito mais fácil me humilhar e me arrepender”, e no
dia seguinte tudo voltou ao normal.
A terceira e última coisa que aconteceu tem a ver com os personagens
do Livro de Mórmon. Sei que o Livro de Mórmon foi escrito por profetas
antigos que viveram neste continente e que eles se importaram conosco a tal
ponto de escrevê-lo para nós, para que nos últimos dias tivéssemos a verdade
sobre Deus, que nos torna livres. Eu sentia a diferença entre as
personalidades. Eu sentia a diferença entre os personagens. Às vezes, quando
se está traduzindo, não encontramos uma única palavra perfeita, mas temos
duas ou três opções. Eu orava e perguntava ao Pai Celestial: “Por favor, me
ajude a saber qual palavra Alma usou”. E aí eu sabia na hora. Alguns profetas
pareciam mais severos, outros mais amenos. É como se fossem diferentes
bispos ou presidentes de estaca: a Igreja ainda é verdadeira, mas as pessoas
têm diferentes personalidades. Eu sentia a personalidade de cada profeta que
escreveu o Livro de Mórmon. Sabia que eles estavam me ajudando, e o véu
era muito tênue. Eu não estava sozinha, e sei que eles estavam ao meu lado.
Sei que o Livro de Mórmon é o mais poderoso dos livros. Ele mudou minha
vida da noite para o dia, e vi muitas vidas serem mudadas por ele da mesma
maneira.
Para encerrar, quero prestar meu testemunho. Vou traduzi-lo para xhosa,
que eu ainda sei falar. Tenho muitos amigos xhosa e sempre conversamos ao
telefone, então ainda falo com frequência, mas já não consigo lembrar o que
falei dois segundos atrás, então não será perfeito.
Quero prestar meu testemunho de que sei que Deus pode fazer qualquer
coisa, em qualquer lugar, a qualquer momento. Ele é Todo-poderoso e nos
ama com infinito amor. [Em xhosa] Sei que Jesus é o Cristo, que Ele expiou
tanto os meus enormes pecados quanto os pequenos pecados de vocês. [Em
xhosa] Sei que o Espírito Santo testifica a verdade ao coração dos seres
humanos. [Em xhosa] Sei que esta é a obra do Senhor. Senti a paixão com
que Morôni disse que seremos triunfantes nestes últimos dias e que
precisamos levar o evangelho a toda nação, tribo, língua e povo.42 Temos que
preparar a terra para o retorno de nosso Salvador.
Sou muito feliz e sei que há uma linha tênue entre não termos vergonha
e sermos orgulhosos, e eu estou bem em cima dessa linha. Eu não tenho
vergonha nenhuma e quase tenho orgulho de ser mórmon, afinal creio que
somos os melhores cristãos na face da terra. Compartilho essas coisas com
vocês e agradeço por sua dedicação e seus esforços para edificar este reino.
Sou muito grata por vocês e pela oportunidade de estar aqui hoje e prestar
meu testemunho. Compartilho isso com vocês em nome de Jesus Cristo.
Amém.
Judy Brummer, “Nosso Pai Celestial tem uma missão para nós”, Serão, 28 de abril de 2012, Salt Lake
City, Utah, transcrição de áudio editada, CHL.

_________________________
^1. Judy Brummer, e-mail para Kate Holbrook, 17 de agosto de 2015.
^2. Judy Brummer, e-mail para Kate Holbrook, 18 de dezembro de 2015; André Brummer e Judy
Brummer, entrevista com Edith Baker e Dan Baker, 26 de abril de 2012, p. 16, James Moyle Oral
History Program [Programa de histórias orais de James Moyle], CHL; Karen Trifiletti, “Methodist
to Mormon: An Interview with Judy Brummer” [De metodista a mórmon: Entrevista com Judy
Brummer], Up Close and Mormon, acesso em 15 de julho de 2016, youtube.com.
^3. O irmão mais novo da irmã Brummer, Norman Bester, que herdou o rancho, comprou casas para
Maggie, Jane e Lizzie quando vendeu a propriedade. (Judy Brummer, entrevista com Kate
Holbrook, 1º de julho de 2015, pp. 6–7, CHL.)
^4. Brummer, entrevista, 7; André Brummer e Judy Brummer, entrevista, 18; Judy Brummer, e-mail
para Kate Holbrook, 20 de janeiro de 2016.
^5. Jeffrey G. Cannon, “Mormonism’s Jesse Haven and the Early Focus on Proselytising the Afrikaner
at the Cape of Good Hope, 1853–1855” [O mormonismo de Jesse Haven e o enfoque inicial do
proselitismo entre os africâneres do Cabo da Boa Esperança, 1853–1855], Dutch Reformed
Theological Journal [Revista Teológica Holandesa Reformada], v. 48, nº 3 e 4 (setembro a
dezembro de 2007), pp. 446–456; E. Dale LeBaron, “Africa, the Church in” [África, A Igreja na],
em Encyclopedia of Mormonism [Enciclopédia do mormonismo], ed. Daniel H. Ludlow, 5 vols.,
Nova York: Macmillan, 1992, nº 1, pp. 22–24.
^6. LeBaron, “Africa, the Church in”, p. 24.
^7. R. Val Johnson, “South Africa: Land of Good Hope” [África do Sul: Terra da boa esperança],
Ensign, ano 23, nº 2, fevereiro de 1993, p. 36.
^8. A irmã Brummer chegou à sede da missão em Joanesburgo no dia 27 de setembro de 1980 e serviu
em Queenstown por 18 meses. O Livro de Mórmon completo em xhosa foi publicado no ano 2000.
(Queenstown Branch, South African Mission, Annual Historical Reports [Ramo Queenstown,
Missão África do Sul, Relatórios Históricos Anuais], 27 de setembro de 1980, CHL; Trifiletti,
“Methodist to Mormon”; Johnson, “South Africa”, p. 39; Brent Meisinger, e-mail para Matthew J.
Grow, 26 de janeiro de 2016.)
^9. Trifiletti, “Methodist to Mormon”; André Brummer e Judy Brummer, entrevista, pp. 2–3.
^10. A empresa hoje se chama Ancestry.com. (Brummer, entrevista, pp. 12–13; André Brummer e Judy
Brummer, entrevista, p. 15.)
^11. A pedido de seu bispo, ela se limitou a discursar apenas uma vez por mês enquanto presidia a
organização das Moças em sua ala. (Brummer, entrevista, p. 1.)
^12. Brummer, entrevista, pp. 2–3.
^13. Brummer, entrevista, p. 3.
^14. O Karoo é uma região árida no sudoeste da África, que abrange os países da África do Sul,
Namíbia e Botsuana. Inclui ainda o deserto da Namíbia e a savana de Kalahari. (W. Richard Dean e
Suzanne J. Milton, The Karoo: Ecological Patterns and Processes [O Karoo: Padrões e processos
ecológicos], Cambridge, RU: Cambridge University Press, 2004, p. xxi.)
^15. A escola privada era a Diocesan School for Girls [Escola Diocesana para Moças] em
Grahamstown, África do Sul. A Rhodes University também fica em Grahamstown. Gwenna Bester
auferiu o bacharelado em matemática e também obteve um diploma de ensino universitário.
(Brummer, e-mail para Holbrook, 17 de agosto de 2015.)
^16. Gwenna Bester viveu de 1923 a 2008. (Brummer, e-mail para Holbrook, 17 de agosto de 2015.)
^17. Morôni 10.
^18. Morôni 10:7, 32–33.
^19. Os negros e brancos viviam separadamente na África do Sul, desde que Jan van Riebeeck
estabeleceu um posto avançado holandês em 1652. O apartheid foi o extensivo sistema de governo
baseado na segregação racial que perdurou de 1948 a 1994. (Patti Waldmeir, Anatomy of a Miracle:
The End of Apartheid and the Birth of the New South Africa [Anatomia de um milagre: O fim do
apartheid e o nascimento de uma nova África do Sul], Nova York: W. W. Norton, 1997, p. 10.)
^20. Austrália, dirigido por Baz Luhrmann, Beverly Hills, CA: Twentieth Century Fox, 2008.
^21. Nelson Mandela e Thabo Mbeki foram os primeiros presidentes da África do Sul após o apartheid.
Mandela presidiu o país de 1994 a 1999 e Mbeki, de 1999 a 2008. A palavra isiXhosa significa
“idioma xhosa” nessa língua. (Sharlene Swartz, The Moral Ecology of South Africa’s Township
Youth [A ecologia moral dos jovens nos vilarejos da África do Sul], Nova York: Palgrave
Macmillan, 2009, p. 188.)
^22. David R. Wilkerson, com John Sherrill e Elizabeth Sherrill, The Cross and the Switchblade [A
cruz e o punhal], Nova York: B. Geis Associates, 1963. A cruz e o punhal é um relato
autobiográfico, escrito por David Wilkerson, sobre suas experiências na cidade de Nova York, a
partir de 1958, em que pregou a respeito do amor de Deus e do poder do Espírito, diante de jovens
membros de gangues, viciados em drogas, prostitutas e adolescentes que haviam fugido de casa.
^23. No dia 9 de junho de 1978, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos da Igreja
emitiram uma carta anunciando que todos os membros homens dignos estavam aptos a serem
ordenados ao sacerdócio. (Ver Doutrina e Convênios, Declaração Oficial 2; ver também Edward L.
Kimball, Lengthen Your Stride: The Presidency of Spencer W. Kimball [Alargar os passos: A
presidência de Spencer W. Kimball], Salt Lake City: Deseret Book, 2005, pp. 215–235; e Richard
E. Turley Jr. e Jeffrey G. Cannon, “A Faithful Band: Moses Mahlangu and the First Soweto Saints
[Um grupo fiel: Moses Mahlangu e os primeiros santos em Soweto]”, BYU Studies Quarterly, v. 55,
nº 1, 2016, pp. 8–38.)
^24. O jovem fazendeiro era Joseph Smith. O registro da sua “Primeira Visão” encontra-se em Joseph
Smith—História 1:14–20.
^25. Tendo se reunido primeiramente em Amsterdã em 1948, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é
uma coalizão de igrejas que “confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador”. Apesar de
colaborar com o CMI em projetos específicos, a Igreja Católica é uma das poucas igrejas cristãs não
afiliadas oficialmente. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias também não é afiliada.
(E. A. Livingstone, Concise Dictionary of the Christian Church [Dicionário conciso da igreja
cristã], Oxford: Oxford University Press, 2013, p. 617.)
^26. Tiago 1:27.
^27. A irmã Brummer chegou em sua primeira área no dia 27 de setembro de 1980. A princípio, ela foi
designada para trabalhar com o casal missionário Don Eugene e Virginia Poppleton, como
tradutora. (Queenstown Branch Annual Historical Reports [Relatórios históricos anuais do Ramo de
Queenstown], 27 de setembro de 1980.)
^28. Goliat Kowa levou a irmã Brummer e suas companheiras para visitar as congregações que ele
havia estabelecido e incentivou os membros a unirem-se à Igreja oficial. Muitas vezes, o
missionário falava a oração batismal em inglês, e a irmã Brummer traduzia a ordenança para o
xhosa. Kowa decidiu romper com a Igreja em dezembro de 1982. (Judy Brummer, entrevista com
Kate Holbrook, não gravada, 28 de janeiro de 2016; André Brummer e Judy Brummer, entrevista,
p. 20; Illinge Branch, South Africa Johannesburg Mission, Annual Historical Report [Relatório
histórico anual, Missão África do Sul Joanesburgo, Ramo Illinge], 30 de dezembro de 1982, CHL.)
^29. Essas são regiões e cidades de população xhosa na província do Cabo Oriental, na África do Sul.
^30. Peter Boyton e Nigel Wrench “fizeram contato com várias pessoas negras em regiões dispersas, a
quem ensinaram as lições”. Kowa não é mencionado. (Queenstown Branch Annual Historical
Reports, 2 de junho de 1980.)
^31. O povo xhosa vivia em Transkei e em Ciskei, duas das dez “regiões tribais” criadas pelos
comissários do apartheid durante as décadas de 1950 e 1960, no intuito de expelir todos os negros
sul-africanos para fora dos centros urbanos. O objetivo final era tornar aquelas regiões tribais,
chamadas de Bantustans, entidades independentes, deixando assim a África do Sul como uma
república branca. Os defensores do apartheid esperavam que os Bantustans promovessem a lealdade
tribal e enfraquecessem a cooperação entre tribos. As regiões tribais eram áridas e densamente
populadas. (Kusum Datta, “Bantustans”, em Encyclopedia of the Developing World [Enciclopédia
do mundo em desenvolvimento], ed. Thomas M. Leonard, Nova York: Taylor and Francis, 2006,
pp. 152–154.)
^32. Alfred James Corrigan e Rita Helena Corrigan chegaram em Queenstown no dia 2 de junho de
1980. A companheira da irmã Brummer era Vivienne Howes. (Queenstown Branch Annual
Historical Reports, 2 de junho 1980.)
^33. A sede do distrito ficava em East London. No dia 21 de novembro de 1981, 57 conversos foram
entrevistados, batizados e confirmados em Illinge. Outros élderes foram enviados para ajudar
Alfred Corrigan nesse trabalho. A irmã Brummer e Augustine Mjeba traduziram as entrevistas.
(Queenstown Branch Annual Historical Reports, 21 de novembro de 1981.)
^34. Os deuses devem estar loucos, dirigido por Jamie Uys, Culver City, CA: Columbia, 1980.
^35. As taxas de retenção na África são altas. (Sarah Jane Weaver, “LDS Leaders Visit Africa, Say
‘Progress Is Remarkable’” [Líderes SUD visitam a África e afirmam: ‘O progresso é
extraordinário’], Church News, 7 de novembro de 2014; Tad Walch, “Major LDS Growth in Africa
Unaffected by Priesthood Restriction, Elder Sitati Says” [Élder Sitati diz que o tremendo
crescimento da Igreja na África não foi afetado pela restrição ao sacerdócio], Deseret News, 9 de
outubro de 2015.)
^36. O chefe da irmã Brummer era Andre Wasseman, e o chefe deste era Alec Vella, que enviou o
telegrama. (Brummer, e-mail para Holbrook, 17 de agosto de 2015.)
^37. Essa é uma referência ao folheto Testemunho do Profeta Joseph Smith, (Salt Lake City: A Igreja
de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), que foi primeiramente publicado em inglês em 1970
e foi usado por missionários para ensinar sobre o primeiro encontro de Joseph Smith com Deus, o
Pai, e Jesus Cristo. A tradução da irmã Brummer foi publicada em 1982.
^38. A citação de Joseph Smith está na introdução do Livro de Mórmon e originalmente se encontra em
History of the Church: “Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os
livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se
aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro”. (Joseph Smith et al.,
History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [História de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias], ed. B. H. Roberts [Salt Lake City: Deseret News, 1902–1912 (vols., 1–
6), 1932 (vol. 7)], vol. 4, p. 461; Wilford Woodruff, Diário, 28 de novembro de 1841, CHL; ver
também Scott C. Esplin, “Getting ‘Nearer to God’: A History of Joseph Smith’s Statement”
[Aproximar-se ‘mais de Deus’: A história sobre a citação de Joseph Smith], em Living the Book of
Mormon: Abiding by Its Precepts [Viver o Livro de Mórmon: Aplicar seus preceitos], ed. Gaye
Strathearn e Charles Swift [Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University,
2007], pp. 47–49.)
^39. Robert Eppel, que foi criado na África do Sul e no Zimbábue, tornou-se gerente regional da Igreja
em Joanesburgo, em 1981. (Karen Belliston, “New President Called for Johannesburg South Africa
Temple [Chamado novo presidente do Templo de Joanesburgo África do Sul]”, Church News, 14
de outubro de 2013.)
^40. Gene R. Cook foi chamado setenta em 1975 e foi nomeado emérito em 2007.
^41. Princípios do Evangelho, (Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias,
1978).
^42. Ver Morôni 10:27–28, 32–34; ver também, por exemplo, 1 Néfi 19:17; Mosias 3:20; Mosias 15:28
e Apocalipse 14:6.
—————————— 53 ——————————

Nossas dádivas do Dia do Senhor

Linda K. Burton
Conferência da Área Utah Sul
Marriott Center, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
13 de setembro de 2015

A gravação do discurso original está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Biblioteca de História da Igreja).

Linda Kjar Burton (nascida em 1952) mudou-se com a família para


Wellington, Nova Zelândia, em 1966, quando os pais dela, Morris e Marjorie
Castleton Kjar, serviram por três anos supervisionando a Missão Nova
Zelândia Sul. A irmã Burton e suas irmãs estudaram no Church College of
New Zealand, um internato ao norte de Wellington que era patrocinado pela
Igreja.1 Depois de voltar para Utah, a irmã Burton conheceu aquele que viria
a ser seu marido, Craig P. Burton, enquanto estudava pedagogia na
Universidade de Utah. Eles se casaram em 7 de agosto de 1973 e tiveram seis
filhos.2 Em 2005, Linda Burton integrou a junta geral da Primária,
trabalhando nos comitês de espanhol, música e treinamento, assim como no
planejamento dos programas de instrução para as líderes e coristas da
Primária.3
A família Burton mudou-se para Seul, na Coreia do Sul, em 2007, onde
Craig serviu como presidente de missão.4 Nas conferências de zona, Linda
Burton ensinava o evangelho, treinava os missionários em técnicas de ensino
e os instruía em relação a questões de saúde. Ela passava a maior parte do
tempo cuidando dos missionários, tratando de questões médicas e, se
necessário, coordenando tratamentos com médicos ou psicólogos japoneses.
Ela também preparava muitas refeições para missionários, visitantes e líderes
locais da Igreja. Aos domingos, a família Burton discursava em conferências
de ramo, ala ou estaca. E em praticamente todos dias de preparação, a cada
semana, eles iam ao templo com os missionários.5
Pouco após voltarem da Coreia do Sul em 2010, a irmã Burton foi
chamada para a junta geral da Sociedade de Socorro.6 A junta e a presidência
estava preparando a distribuição mundial do livro Filhas em Meu Reino, um
relato sobre a Sociedade de Socorro, escrito para as mulheres membros da
Igreja. A irmã Burton foi responsável pela preparação das páginas da
Sociedade de Socorro na internet, em prol da sucessora da presidente Julie B.
Beck, sem saber que ela própria seria chamada para aquela função em janeiro
de 2012.7 Desde que se tornou presidente geral da Sociedade de Socorro em
março de 2012, sua maior meta tem sido incentivar os membros a cumprir o
propósito da Sociedade de Socorro, como descrito no Manual 2 da Igreja, à
época de seu chamado: “A Sociedade de Socorro prepara as mulheres para as
bênçãos da vida eterna, ajudando-as a aumentar sua fé e retidão pessoal,
fortalecer a família e o lar, e auxiliar os necessitados”.8 Para ajudar as
mulheres a aumentar sua fé, a presidência da irmã Burton tem falado muito
sobre o objeto de nossa fé: Jesus Cristo e Sua Expiação. Sua presidência tem
enfatizado as ordenanças e os convênios como uma maneira de ajudar as
mulheres a fortalecer o lar e a família, salientando a importância da união —
com Deus, com Jesus Cristo, com os portadores do sacerdócio e entre
organizações irmãs — ao planejar como ajudar os necessitados. Em 2015, a
irmã Burton se tornou a primeira mulher a servir no Conselho Executivo do
Sacerdócio e da Família da Igreja.9 A irmã Burton também anunciou o
programa “Era Estrangeiro”, que convida os membros da Igreja a ajudar os
refugiados, em um esforço para aumentar a união e prestar serviço
significativo.10
Em junho de 2015, os líderes da Igreja anunciaram novas ações para
ajudar os membros a melhorar a qualidade de sua observância do Dia do
Senhor. Tais ações incluem incentivar todas as alas a realizar a reunião
sacramental no primeiro horário do bloco de reuniões dominicais, envolver o
conselho da ala (e não apenas o bispado) no planejamento das reuniões
sacramentais e ajudar as famílias e congregações a concentrarem-se mais no
domingo como um dia de adoração a Deus.11 Três meses após a renovada
ênfase na santidade do Dia do Senhor, a irmã Burton falou sobre o assunto
em uma conferência multiestaca que foi transmitida para 365 unidades. 12 Ao
se preparar para o discurso, ela ponderou as palavras de Russell M. Nelson
proferidas em uma conferência geral daquele ano, em especial a sua
percepção do Dia do Senhor como um deleite, uma maneira de nos
conservarmos sem mancha, um sinal de nosso amor por Deus e uma dádiva
de Deus para nós, e de nós para Deus.13

MEUS AMADOS IRMÃOS E IRMÃS, considero um privilégio sagrado


falar a vocês hoje deste magnífico Marriott Center, em Provo, Utah, enquanto
vocês estão reunidos em seus respectivos edifícios. Entre vocês estão alguns
de nossos preciosos familiares e amigos queridos. Considero um privilégio
sagrado estar na companhia do élder Ballard, do élder Hallstrom e do bispo
Davies nesta manhã.14 Testifico que eles são servos escolhidos e discípulos
dedicados do Senhor Jesus Cristo e peço que ouçam, aprendam e coloquem
em prática o que o Espírito lhes sussurrar por meio deles nesta manhã.
Em nossa última conferência geral, o presidente Russell M. Nelson
perguntou: “O que o Salvador quis dizer quando declarou que ‘o sábado foi
feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado’?” O
presidente Nelson então respondeu sua própria pergunta: “Creio que Ele
queria que entendêssemos que o Dia do Senhor era Sua dádiva para nós”.15
O que vocês fizeram na última vez que alguém lhes deu um presente?
Expressaram gratidão em palavras, escritas ou faladas? Usaram o presente
para mostrar que o valorizavam e apreciavam? Por exemplo: penduraram na
parede a obra de arte que um de seus filhos ou netos ou um aluno de sua
classe da Primária fez especialmente para vocês? Reservaram um tempo para
ler um livro, uma carta, um e-mail ou um cartão que lhes foi dado com amor?
Sinto admitir que quando era recém-casada, em nosso primeiro Natal
juntos como marido e mulher, deixei de demonstrar gratidão por um presente
que meu marido me deu. Havíamos concordado que, como tínhamos bem
pouco dinheiro, não daríamos presentes um ao outro no Natal daquele
primeiro ano. No entanto, meu querido marido notou que eu precisava de um
novo par de sapatos. Ele me surpreendeu dando-me um novo par de sapatos
marrons de presente de Natal, à custa de grande sacrifício para ele. Mas
adivinhe? Eles não eram o tipo de sapatos que eu teria escolhido para mim.
Sendo uma noiva muito jovem e imatura, achei que eles pareciam “sapatos
marrons da vovó”. E em vez de calçá-los para mostrar o quanto me sentia
grata por meu marido ser tão atencioso, perguntei se ele havia guardado o
recibo e prontamente os devolvi à loja de sapatos no dia seguinte.
Será que meu marido tinha me dado um presente ruim? Certamente que
não! Foi um bom presente dado com muito amor. Mas será que eu
transformei o bom presente em um presente ruim ao deixar de aceitá-lo no
espírito em que me foi dado? Se eu for perfeitamente honesta, devo admitir
que sim. Queria saber naquela época o que sei hoje sobre boas dádivas. No
Novo Testamento, lemos o que Jesus Cristo tinha a dizer sobre as dádivas
que Deus nos dá. Em Mateus 7:9–11 lemos: “E qual dentre vós é o homem
que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe,
lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos
vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará coisas boas aos
que lhe pedirem?”
Isso nos leva de volta à observação feita pelo presidente Nelson de que o
Dia do Senhor é uma dádiva de nosso Pai Celestial. Será que o Dia do Senhor
é uma dádiva ruim? Claro que não! O Senhor é perfeito e somente dá boas
dádivas a Seus filhos, que somos nós! Ele nos ama e sabe o que é melhor para
nós e deseja abençoar-nos com as melhores dádivas. Precisamos lembrar,
porém, que o Dia do Senhor realmente pertence a Ele.
Em Isaías 58:13–14 lemos: “Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres
a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia
do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem
pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias
palavras, então te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da
terra”.
O presidente Nelson nos lembrou de que um modo pelo qual podemos
“deleitar-nos no Senhor” é darmos a Ele, de livre e espontânea vontade, um
sinal de que O amamos e lembramos que o Dia do Senhor é o dia Dele.
Fazemos isso ao lembrarmos a vida perfeita e o sacrifício perfeito de Seu
amado Filho, nosso Salvador e Redentor.
Que sinais damos às pessoas que amamos a fim de demonstrar que
amamos, respeitamos e valorizamos o relacionamento que temos com elas?
Podemos nos lembrar delas em um aniversário ou outro dia especial,
saboreando os pratos que elas escolherem, deixando que escolham as
atividades que mais apreciam ou ouvindo suas músicas preferidas, entre
outras coisas. Essas coisas demonstram que nos lembramos delas e as
honramos. Deixem-me citar alguns exemplos pessoais para ilustrar.
Enquanto estávamos servindo nossa missão na Coreia, há alguns anos,
meu marido ficou profundamente tocado e se sentiu grandemente honrado ao
saber como minha família havia decidido se lembrar dele e honrá-lo em seu
aniversário, embora estivéssemos a milhares de quilômetros uns dos outros.
Todos os nossos filhos e netos se reuniram e foram ao restaurante favorito do
meu marido, saborearam os pratos favoritos dele e todos pediram a
sobremesa favorita dele. Esse foi um sinal transmitido por nossa família a
meu marido de que eles se lembraram dele em seu dia especial.
No ano passado, meu pai faleceu.16 Nós o amamos muito e sentimos
muita saudade dele. Para manter sua memória viva no coração e na mente de
sua posteridade, nos reunimo em seu túmulo no aniversário de seu
falecimento e comemoramos sua vida maravilhosa compartilhando
lembranças, pratos e músicas que ele adorava. De modo semelhante,
podemos dar um sinal de amor a nosso Pai Celestial e ao Salvador decidindo
fazer coisas que demonstram nosso amor no Dia do Senhor.
Em minha própria conferência de estaca, há algumas semanas, meu
coração transbordou de amor quando tive a bênção de ouvir relatos do
empenho de muitos que estão se esforçando mais arduamente para santificar
o Dia do Senhor como sinal de seu amor pelo Pai Celestial. O primeiro foi o
de uma querida jovem adulta solteira, que compartilhou seus sentimentos. Ela
disse: “Quando vivo o evangelho, tenho a tendência de complicar as coisas
mais do que precisaria”. Ela prosseguiu, dizendo: “Enquanto pensava em
como poderia santificar melhor o Dia do Senhor, decidi que a melhor maneira
seria simplesmente amar o Senhor. Se eu enxergar minha conduta como uma
expressão de meu amor por Deus”, disse ela, “saberei como santificar o dia
Dele”. Ao ponderar aquilo em seu coração, o Espírito Santo lhe sussurrou e
magnificou seus pensamentos.
Outra família relatou que se esforçou para pensar em como cumprir
melhor o Dia do Senhor, sentindo a necessidade de melhorar de outro modo.
Aquela família mencionou que tinha a tendência de se concentrar apenas nas
necessidades de sua própria família no Dia do Senhor. Mas, ao orarem com
real intenção de mudar, tiveram algumas inspirações do Espírito Santo. Os
sentimentos que tiveram resultaram na utilização do Dia do Senhor para
saírem da zona de conforto de sua própria família, abrindo sua casa para
incluir os solitários, os menos ativos e outras pessoas. Esse foi seu sinal ao
Senhor de que O amavam, amando Seus filhos.
Naquela mesma conferência de estaca, fiquei sabendo que outra jovem
família estava tendo dificuldade para melhorar seu cumprimento do Dia do
Senhor de modo a demonstrar seu amor por Deus. Ao se aconselharem como
marido e mulher, e depois em família, incluindo os três filhos, de 8, 5 e 3
anos de idade, acabaram elaborando um plano. A questão inspiradora em
relação aos conselhos de família é que, ao conversarmos uns com os outros e
ouvirmos uns aos outros com a intenção de melhorar, o Espírito Santo nos
traz pensamentos à mente e sentimentos ao coração que magnificam nosso
esforço. Foi isso que aconteceu com aquela família. Ao se aconselharem,
sentiram que poderiam melhorar tornando o sacramento mais significativo
para sua família jovem e ativa. Esperavam melhorar sua experiência pessoal
em relação ao sacramento de três maneiras: em sua preparação antes de irem
para a igreja juntos, tentando sentir melhor o Espírito durante a ordenança do
sacramento e então fazendo um acompanhamento em casa mais tarde.
Seu plano de família incluía maior assiduidade nas orações e no estudo
das escrituras em família e maior empenho durante a semana para se
arrependerem mais e perdoarem mais. Também decidiram, como parte de sua
preparação, que iriam escolher uma escritura, hino, música da Primária ou
imagem do livro de gravuras do evangelho que fosse centrado no Salvador a
fim de ajudá-los a concentrar seus pensamentos durante o sacramento. Agora,
antes de saírem de casa para ir à Igreja, recapitulam aquilo em que decidiram
se concentrar juntos durante a ordenança do sacramento. Durante o
sacramento, cada um deles tem em mente aquele pensamento e depois
contam o que sentiram e o que aprenderam quando voltam para casa mais
tarde no dia.
Tomar o sacramento é mais do que apenas renovar nosso convênio
batismal, pois somos novamente purificados a cada vez que dele partilhamos
dignamente e nos lembramos do Salvador. Fazer isso nos ajuda a repelir as
manchas do mundo e a nos manter limpos delas. Relembrem comigo o
mandamento dado pelo Senhor na seção 59 de Doutrina e Convênios.
“Oferecerás um sacrifício ao Senhor teu Deus em retidão, sim, um coração
quebrantado e um espírito contrito. E para que mais plenamente te conserves
limpo das manchas do mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus
sacramentos no meu dia santificado.”17
À medida que eu lhes contar a seguinte história, pensem no que a irmã
da história aprendeu com seu serviço no templo que pode ser aplicado em
nossa vida para nos manter “limpos das manchas do mundo” no Dia do
Senhor. Estas são as palavras da irmã Julie Thompson:

Há poucos anos, fui ao Templo de Bountiful Utah para cumprir


uma designação de limpeza noturna. O número de pessoas que se
apresentou foi impressionante, e me perguntei se alguém seria mandado
de volta para casa. Eu estava mais do que pronta para me oferecer para
sair mais cedo. Então, desconfiada, pensei comigo mesma: “É claro que
não vão nos dispensar antes da hora. Vão encontrar alguma tarefa para
todos, mesmo que inútil, achando que têm a obrigação de nos manter
aqui por duas horas inteiras”. Lembrei-me de uma designação anterior
em que fiquei limpando o pó por mais de uma hora, para depois
devolver um pano que parecia tão limpo quanto quando me foi entregue.
Preparei-me para passar duas horas limpando coisas que não pareciam
precisar de limpeza. Obviamente, eu tinha ido ao templo naquela noite
mais pelo senso do dever do que pelo desejo de servir.
Nosso grupo foi levado a uma pequena capela para participar de um
devocional. O zelador que dirigiu o devocional disse algo que mudou
para sempre o modo como passei a encarar minhas designações de
limpeza do templo. Depois de nos dar as boas-vindas, começou a
explicar que não estávamos ali para limpar coisas que não precisavam de
limpeza, mas para impedir que a casa do Senhor se tornasse suja. Como
mordomos de um dos lugares mais sagrados da Terra, tínhamos a
responsabilidade de mantê-lo imaculado.
Sua mensagem penetrou-me o coração, e fui para minha área
designada com um novo entusiasmo de proteger a casa do Senhor.
Passei o tempo utilizando um pincel de cerdas macias, espanando as
frestas das portas, os rodapés e as pernas das mesas e das cadeiras. Se
tivesse recebido aquela designação antes, eu a teria considerado ridícula,
e teria espanado negligentemente os lugares para parecer que estava
atarefada. Mas, fiz questão de passar o pincel nas menores frestas.
Como aquela tarefa não era física nem mentalmente cansativa, fui
abençoada com um tempo para ponderar enquanto trabalhava. Primeiro,
dei-me conta de que nunca prestara atenção a detalhes tão pequenos em
minha própria casa, mas que limpava apenas as áreas que os outros
veriam, negligenciando as que somente a família e eu conhecíamos.
Em seguida, dei-me conta de que havia ocasiões em que vivemos o
evangelho de modo semelhante: seguindo os princípios e cumprindo as
designações que são mais visíveis para as pessoas a nosso redor, mas
ignorando as coisas das quais aparentemente só a família ou nós mesmos
temos conhecimento. Eu frequentava a Igreja, tinha chamados, cumpria
designações, fazia visitas de professora visitante — tudo que era
plenamente visível para os membros de nossa ala —, mas negligenciava
a frequência regular ao templo, o estudo das escrituras, a oração pessoal
e em família e as noites familiares. Dava aulas e fazia discursos na
Igreja, mas às vezes carecia da verdadeira caridade no coração quando
tinha que interagir com as pessoas.
Naquela noite, no templo, olhei para o pincel que tinha na mão e
perguntei-me: “Quais são as pequenas frestas da minha vida que
precisam de mais atenção?” Resolvi que em vez de planejar limpar
repetidas vezes as áreas de minha vida que precisavam de atenção, eu
me esforçaria mais para nunca permitir que se tornassem sujas.18

Vamos fazer uma breve pausa e ponderar o que o Espírito nos está
ensinando neste exato momento. Perguntemos a nós mesmos: “Como essa
história se aplica a mim?” “Quais são os pontos de minha vida que preciso
me certificar de manter limpos para que nunca se tornem sujos?” “Existem
áreas que eu talvez esteja negligenciando e que precisam de uma atenção
especial?” Como o Dia do Senhor pertence a Ele, sei que Ele ficaria contente
se cada um de nós ponderássemos como poderíamos manter nós mesmos e
nossa casa “limpos das manchas do mundo”.

Em janeiro de 1982, [o élder Robert D. Hales] discursou em um


devocional [aqui no Marriott Center].19 [Ele] convidou os alunos a
imaginarem que a Igreja estivesse de um lado do púlpito e o mundo
estivesse a apenas meio metro, do outro lado. Aquilo representava “a
distância bem curta entre onde o mundo estava e onde os padrões da
Igreja estavam”, na época em que [ele] estava na faculdade. Então,
dirigindo-se aos alunos 30 anos depois, ergueu as mãos da mesma
maneira e explicou: “O mundo foi para bem longe. [Não dá nem para
ver.] Ele foi para muito, muito longe, para fora deste edifício, pelo
mundo afora”.20

Esse sério lembrete do élder Hales sem dúvida se aplica ao modo como
o mundo cumpre, ou mais precisamente, ignora o cumprimento do Dia do
Senhor hoje em dia. É imensamente diferente de como o Senhor desejaria que
fosse.
É interessante notar que uma das acusações frequentemente levantadas
contra nosso Salvador era a da violação do dia do Sábado, mas isso acontecia
porque ele deixava de seguir as tradições e os regulamentos criados pelo
homem em relação ao Dia do Senhor.21 Satanás na verdade não se importa se
quebramos o Dia do Senhor por meio do exagero, da maneira como faziam os
fariseus — com regras e normas intermináveis —, ou se jogamos fora todas
as regras e o usamos como um dia de lazer para não fazer nada ou
simplesmente o tornamos outro dia da semana. Ele adora jogar com os
extremos. Saberemos em nosso coração se estamos santificando o Dia do
Senhor e lembrando de honrar o Senhor se aquilo que fazemos são coisas que
Ele faria se estivesse aqui — em especial e de modo mais importante em
nosso próprio lar.
Em Mateus 12:12, lemos as palavras do próprio Salvador: “É, por
consequência, lícito fazer o bem nos sábados”. E o presidente Spencer W.
Kimball ensinou: “O Dia do Senhor é um dia santo no qual fazemos coisas
dignas e sagradas. A abstinência de trabalho e recreação é importante, mas
insuficiente. O Dia do Senhor requer pensamentos e atos construtivos”.22
Creio que o presidente Kimball estava nos convidando a ter uma conduta
mais intencional e ponderada no tocante a como cumprimos o Dia do Senhor.
Minha querida amiga e conselheira na presidência geral da Sociedade de
Socorro, a irmã Linda S. Reeves, contou recentemente como e por que ela
segue esse conselho. Sendo mãe de 13 filhos, ela relembra que, quando todos
os filhos moravam em sua casa, descobriu que era absolutamente necessário
preparar-se para o Dia do Senhor com muita antecedência para torná-lo um
dia santo. Depois, admitiu que havia se descuidado desse hábito por um
tempo, já que somente ela e o marido moravam na casa na época. Disse que
recentemente havia renovado seu compromisso de se preparar mais
diligentemente no sábado para o Dia do Senhor. Ela contou: “Considerei isso
como um tipo de sinal ou carta de amor para meu Pai Celestial, dizendo que
me lembraria Dele de modo mais intencional no Seu dia especial”. Depois,
ela testificou que em seu empenho de se lembrar Dele preparando-se com
antecedência para adorá-Lo e deixando as coisas seculares em ordem, Ele em
troca a abençoou com uma confirmação especial de Seu amor por ela. Disse:
“Era como se Ele me enviasse uma carta de amor em retribuição”.23
Há 20 anos, o élder Neal A. Maxwell disse algo na conferência geral que
atingiu meu coração profundamente. Ao sentir o coração arder no peito,
soube que o Espírito Santo estava confirmando para mim que aquilo que o
élder Maxwell estava ensinando não apenas era verdade, mas se aplicava
especialmente a mim. Parece-me algo que é aplicável ao modo como
cumprimos o Dia do Senhor. Ele disse: “A submissão da nossa vontade é
realmente a única coisa exclusiva que temos para sacrificar ao Senhor. (…) É
a única coisa que possuímos e que podemos, verdadeiramente, ofertar!”24
Decidamos hoje fazer uma pequena coisa para sujeitar nossa vontade à
do Senhor, para melhorar o modo como cumprimos o Dia do Senhor como
sinal de nosso amor por nosso Pai Celestial e nosso Salvador Jesus Cristo. O
maravilhoso élder Ballard, que está conosco hoje, ensinou com muito amor:
“Grandes coisas são realizadas por meio de coisas simples e pequenas. (…)
Nossos pequenos e simples atos de bondade e serviço vão se acumular em
uma vida cheia de amor pelo Pai Celestial”.25
Testifico que a dádiva do Dia do Senhor vem de nosso amoroso Pai
Celestial como um sinal de Seu amor por nós. Ele nos deu essa dádiva para
nos ajudar a lembrar de Sua maior dádiva, a dádiva de Seu Filho Amado. Que
“sempre nos lembremos Dele” como nosso presente em retribuição é minha
oração, em nome de Jesus Cristo. Amém.26
Linda K. Burton, “Nossas dádivas do dia do Senhor”, Conferência da Área Utah Sul, 13 de setembro de
2015, Brigham Young University, Provo, UT, transcrição, CHL.

_________________________
^1. “Linda Kjar Burton: Sixteenth General President of the Relief Society [Linda Kjar Burton: Décima
sexta presidente geral da Sociedade de Socorro]”, acesso em 2 de maio de 2016, LDS.org; “Morris
Ashton Kjar”, Salt Lake Tribune, 25 de junho de 2014.
^2. Linda K. Burton, entrevista por Kate Holbrook, 20 de abril de 2016, pp. 1–2, CHL; “Linda Kjar
Burton: Sixteenth General President of the Relief Society”.
^3. Na semana que antecedeu à conferência geral, a irmã Burton e suas companheiras na junta
conduziram oficinas durante três dias, da manhã até a noite. Elas deram sugestões de como ensinar
músicas e lições às crianças, inclusive em espanhol. (Burton, entrevista, pp. 5–6.)
^4. “Linda Kjar Burton: Sixteenth General President of the Relief Society”; “New Mission Presidents
[Novos presidentes de missão]”, Church News, 14 de abril de 2007.
^5. (Burton, entrevista, pp. 2–4.) Os missionários têm um dia de preparação semanal para lavar roupas,
fazer a faxina, fazer compras e se corresponder com entes queridos.
^6. “New Relief Society General Board Members [Novos membros da junta geral da Sociedade de
Socorro]”, Church News, 8 de janeiro de 2011.
^7. (Burton, entrevista, pp. 8–9.)
^8. “Propósitos”, item 9.1.1, Manual 2: Administração da Igreja (Salt Lake City: A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2010), capítulo 9, “Sociedade de Socorro”, acesso em 2 de
maio de 2016, LDS.org. Em uma entrevista, a irmã Burton mencionou que, ao estudar a história da
Sociedade de Socorro, a irmã Beck se empenhou para redefinir a declaração de propósito da
organização, que aparece no Manual 2, publicado em 2010. A partir de maio de 2016, a versão
online do Manual 2 foi atualizada, passando a apresentar a declaração de propósito com os
refinamentos sugeridos pela irmã Burton. (Burton, entrevista, p. 11; Julie B. Beck, entrevista com
Gordon Irving e Justin R. Bray, março de 2012, pp. 67, 69, 82–90, CHL; Julie B. Beck, “Cumprir o
propósito da Sociedade de Socorro”, A Liahona, novembro de 2008, p. 108; Manual 2, “Sociedade
de Socorro”, acesso em 17 de agosto de 2016, LDS.org.)
^9. “Women Church Leaders Appointed to Leadership Councils [Mulheres líderes da Igreja designadas
para conselhos de liderança]”, Blog da sala de imprensa de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, 19 de agosto de 2015, acesso em 2 de maio de 2016, mormonnewsroom.org.
^10. Burton, entrevista, pp. 11–12; Linda K. Burton, “Era estrangeiro”, A Liahona, maio de 2016, p. 13.
^11. O élder M. Russell Ballard, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que os líderes da Igreja
sentiram que era importante que as famílias e os indivíduos repensassem a maneira como abordam
o Dia do Senhor. “Nosso desejo é que, em toda a Igreja, concentremos no Senhor a nossa adoração
aos domingos”, disse ele. (“Church Leaders Call for Better Observance of Sabbath Day [Líderes da
Igreja clamam por uma melhor observância do Dia do Senhor]”, Sala de imprensa de A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 30 de junho de 2015, acesso em 2 de maio de 2016,
mormonnewsroom.org.)
^12. Linda K. Burton, e-mail para Kate Holbrook, 28 de abril de 2016.
^13. Russell M. Nelson, “O Dia do Senhor é deleitoso”, A Liahona, maio de 2015, p. 129; Burton,
entrevista, pp. 18–19.
^14. O élder M. Russell Ballard foi chamado para o Quórum dos Doze Apóstolos em 1985. Donald L.
Hallstrom tornou-se membro do Quórum dos Setenta em 2000, e foi chamado para a Presidência
dos Setenta em 2009. Dean M. Davies tornou-se segundo conselheiro no Bispado Presidente em
2012, e primeiro conselheiro em 2015.
^15. Citação no original: “Russell M. Nelson, ‘O Dia do Senhor é deleitoso’, A Liahona, maio de 2015,
p. 129”. Ver também Marcos 2:27. Russell M. Nelson tornou-se membro do Quórum dos Doze
Apóstolos em 1984 e foi chamado presidente desse quórum em 2015.
^16. Morris Ashton Kjar faleceu em 2014. (“Morris Ashton Kjar”; “Linda Kjar Burton: Sixteenth
General President of the Relief Society.”)
^17. Citação no original: “D&C 59:8–9”.
^18. Citação no original: “Julie Thompson, ‘Limpos das manchas do mundo’, A Liahona, julho de
2012, p. 80”.
^19. Robert D. Hales foi membro do Primeiro Quórum dos Setenta de 1976 a 1985. Ele integrou o
Bispado Presidente em 1985 e se tornou membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1994.
^20. Citação no original: “Robert D. Hales, ‘Permanecei firmes em lugares sagrados’, A Liahona, maio
de 2013, p. 48”.
^21. Ver Marcos 2:23–28; 3:1–6; Lucas 13:11–16; 14:1–6; João 5:8–16 e 9:14–16.
^22. Citação no original: “Spencer W. Kimball, ‘The Sabbath—A Delight [O Dia do Senhor — um
deleite]’, Ensign 8, nº 1, janeiro de 1978, p. 4”. Spencer W. Kimball serviu como o décimo segundo
presidente da Igreja, de 1973 a 1985.
^23. A irmã Reeves fez esses comentários em um painel da reunião de treinamento de autoridades
gerais, que incluía o Quórum dos Doze Apóstolos e membros dos Quóruns dos Setenta, na semana
que antecedeu a conferência geral de abril de 2015. (Linda Reeves, e-mail para Kate Holbrook, 30
de abril de 2016.)
^24. Citação no original: “Neal A. Maxwell, ‘Swallowed Up in the Will of the Father’ [Absorvida pela
vontade do Pai], Ensign 25, nº 11, novembro de 1995, p. 24”. Neal A. Maxwell foi membro do
Quórum dos Doze Apóstolos, de 1981 a 2004.
^25. Citação no original: “M. Russell Ballard, ‘Encontrar alegria no serviço amoroso’, A Liahona, maio
de 2011, p. 46”.
^26. Morôni 4:3; 5:2; Doutrina e Convênios 20:77, 79.
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Resolver conflitos usando os princípios do


evangelho

Gladys N. Sitati
Conferência das mulheres da Universidade Brigham Young
Centro Gordon B. Hinckley para Alunos e Visitantes,
Universidade Brigham Young, Provo, Utah
27 de abril de 2016

A gravação do discurso original está disponível em


churchhistorianspress.org (cortesia da Conferência das mulheres da BYU).

Gladys Nang’oni Nassiuma Sitati (nascida em 1952) foi criada para ser
professora.1 Sendo a mais velha de dez irmãos, ela frequentou a escola
fundamental Toloso, no vilarejo de Chwele, Bungoma, no Quênia. O pai dela
era professor de inglês e matemática em uma escola distante, e quando
percebeu que a filha aprendia rápido, começou a levá-la consigo para o
trabalho, a fim de prepará-la pessoalmente para que pudesse entrar em um
bom internato. Aos 8 anos, os pais dela também já lhe haviam ensinado a
cozinhar, para que pudesse ajudar a cuidar da família quando estivesse em
casa.2 A irmã Sitati conheceu Joseph W. Sitati no seu primeiro ano na
Universidade de Nairóbi, com quem se casou em 1976, após concluir o
bacharelado em pedagogia.3
Joseph Sitati também era de Chwele; na verdade, os dois frequentavam a
mesma escola, mas não se conheciam pois meninos e meninas estudavam
separadamente. A família Sitati foi para Mombasa e, posteriormente, para
Nairóbi, tendo cinco filhos entre os anos de 1977 e 1983, ao mesmo tempo
em que ajudavam na educação de seus irmãos e irmãs mais novos. No início
de sua carreira pedagógica, Gladys Sitati deu aulas para três dos seus irmãos
mais novos. Em 1983, ela conseguiu um emprego no departamento
internacional do Ministério da Educação, trabalhando para facilitar a
educação superior dos alunos quenianos no exterior, em países como Índia,
Grã Bretanha e Estados Unidos.4
Em 1985, um casal de santos dos últimos dias americanos, que morava
em Nairóbi, conheceu a família Sitati na casa de amigos, e os convidou para a
Igreja. Eles foram batizados em 1986.5 Quatro anos depois, enquanto a irmã
Sitati se recuperava de uma cirurgia, ela e o marido começaram a pensar
seriamente sobre o conselho dado pelo então presidente da Igreja, Ezra Taft
Benson, de que as mães deveriam rejeitar o mercado de trabalho e
permanecer em casa para cuidar dos filhos.6 A decisão de permanecer ou não
no emprego foi difícil. Os filhos e os irmãos de Gladys não tinham certeza se
a família estaria em boas condições financeiras sem o salário dela. Além do
mais, na época era comum que os homens em Nairóbi abandonassem a
esposa e os filhos a fim de começar novas famílias, deixando-os
desamparados. Tendo confiança de que seu marido se manteria fiel, e de que
Deus ajudaria a prover seu sustento, a irmã Sitati pediu demissão do
emprego.7
Gladys N. Sitati. 2016. A irmã Sitati já foi professora e funcionária
do Ministério da Educação no Quênia. Junto com seu marido,
Joseph Sitati, o primeiro negro africano a se tornar autoridade
geral, ela discursou em diversas congregações da Igreja em todo o
mundo. Fotografia de James Findlay (Cortesia Gladys Sitati.)

Em 1991, na cidade de Joanesburgo, África do Sul, Joseph e Gladys


Sitati, assim como seus filhos, tornaram-se a primeira família queniana a ser
selada no templo. Joseph havia recebido muitas designações na Igreja, tendo
sido o primeiro presidente de distrito e de estaca do Quênia, autoridade geral,
presidente da Missão Nigéria Calabar e o primeiro negro africano a ser
chamado autoridade geral. Nesse período, a irmã Sitati foi professora na
Escola Dominical, na Primária, nas Moças, na Sociedade de Socorro e no
seminário. Ela também escreveu uma breve história da Igreja no Quênia e
serviu ao lado de seu marido na Missão Nigéria Calabar.8
Durante a missão na Nigéria, a irmã Sitati orava para saber o que fazer
em prol dos missionários de quem ela cuidava. Ainda que a maioria dos
missionários falasse um pouco de inglês, a maioria deles precisava de ajuda
para aprimorar tanto a fala quanto a escrita. A irmã Sitati decidiu dar aulas de
inglês por 30 minutos, a cada seis semanas, nas conferências de zona, e
posteriormente a missão deu um dicionário e o livro Common Mistakes in
English a todos os missionários. Nas conferências de zona, ela passava lições
de casa e, quando as recebia, ela corrigia e fazia comentários, devolvendo-as
aos missionários na conferência seguinte.
A irmã Sitati também cuidava dos problemas de saúde dos missionários.
Eles dependiam inteiramente dos médicos locais, que muitas vezes se sentiam
ofendidos quando os pacientes queriam saber para que servia o tratamento
que estavam recebendo. A irmã Sitati mudou esse costume, determinando
que os médicos precisavam dar informações aos missionários e a ela, para
que continuassem a prestar serviço para a missão. Ela mantinha um registro
de saúde para cada um dos seus 86 missionários, e quando era algum
problema corriqueiro, ela cuidava pessoalmente deles, após ter se inteirado
das doenças comuns na região. A reincidência de problemas de saúde fez
com que ela incentivasse os missionários a tomarem remédios contra malária,
a terem uma alimentação saudável e a se exercitar. Ela e Joseph oravam pelos
missionários diariamente. “[Cuidávamos] deles da mesma maneira que
[cuidávamos] de nossos próprios filhos”, disse ela. “Eu [não estava] sozinha.
(…) Qualquer que fosse o tratamento que eu [passava] a eles, [era Deus
quem] fazia a cura.” Além de orientar os missionários, Joseph providenciou
que eles tivessem geladeiras e geradores de energia, para que pudessem
manter os alimentos frescos e ter iluminação para estudar pela manhã e à
noite.9
Quando a irmã de Joseph faleceu em 2004, eles adotaram os dois filhos
dela e também mais dois filhos de uma prima falecida. Apesar de o filho mais
novo da família Sitati já ter 19 anos, todos os filhos do casal ainda moravam
com eles, então tiveram que fazer ajustes quando a família quase dobrou de
tamanho. Algo que os ajudou a fazer os ajustes necessários foram os
conselhos de família, uma prática que cultivavam sempre que necessário,
desde que lhes havia sido ensinada quando ainda estavam conhecendo a
Igreja. Mesmo enquanto os pais estavam na missão, os filhos continuaram a
fazer conselhos de família por conta própria. Com frequência, quando falava
aos missionários a irmã Sitati falava sobre cultivar a paz com o companheiro
— ela havia visto a interferência que as diferenças culturais e a desobediência
poderiam causar aos relacionamentos e ao trabalho. Ela deu o seguinte
discurso a respeito do assunto em uma conferência de mulheres da
Universidade Brigham Young.10

AS ESCRITURAS ADVERTEM: “aquele que tem o espírito de discórdia


não é meu”.11 No entanto, vivemos em um mundo com diferenças de opinião
e conflitos. Precisamos evitar as contendas em nossa família, nas classes da
Igreja e em nossas interações com os vizinhos. Que doutrinas e princípios nos
ensinam como resolver conflitos? De que maneiras o ato de sermos
“pacíficos seguidores de Cristo” pode nos ajudar a lidar com o conflito à
medida que também precisamos “servir de testemunhas de Deus”?12
Irmãs e irmãos, quero compartilhar algumas reflexões e experiências
pessoais a respeito da resolução de conflitos e de se evitar contendas ao nos
esforçarmos para viver como pacíficos seguidores de Jesus Cristo e servir de
Suas testemunhas, de acordo com os convênios que fizemos.
Ao ponderar sobre isso, me perguntei se já existiu alguém que tenha
levado a vida sem conflitos ou contendas. A discórdia surge facilmente, até
mesmo com aqueles que mais amamos e a quem desejamos apenas o melhor.
Não é fácil ficar sempre disposto e sempre lembrar de quem somos,
especialmente quando pessoas que amamos fazem coisas que sinceramente
nos incomodam ou nos provocam.
Deixem-me mencionar algumas coisas que fazem com que surjam
contendas:

1. Falta de comunicação, que leva à falta de entendimento,


expectativas irreais, conclusões precipitadas, desconfiança e dúvidas.
2. Julgamentos e opiniões apressados sobre outras pessoas, que levam
a ideias distorcidas sobre as intenções alheias e podem até mesmo
magoar sentimentos.
3. Competição movida pelo orgulho, que alimenta desgosto, ira e
isolamento.
4. Diferentes valores culturais, que quase sempre levam à
desconfiança, preconceito e estereotipagem.

O conflito e a discórdia não são inevitáveis. Cabe a nós escolher o que


fazer para evitá-los e não permitir que se agravem. No Livro de Mórmon,
lemos a respeito de um povo que viveu muitas gerações em paz e alegria,
após terem sido visitados e ensinados pelo Cristo ressurreto.

“E aconteceu que não havia contendas na terra, em virtude do amor


a Deus que existia no coração do povo.
E não havia invejas nem disputas nem tumultos nem libertinagens
nem mentiras nem assassinatos nem qualquer espécie de lascívia; e
certamente não poderia haver povo mais feliz entre todos os povos
criados pela mão de Deus.
Não havia ladrões nem assassinos; nem havia lamanitas nem
qualquer espécie de itas, mas eram um, os filhos de Cristo e herdeiros do
reino de Deus.
E quão abençoados eram eles! Porque o Senhor os abençoou em
tudo que fizeram; sim, foram abençoados e prosperaram até haverem
decorrido cento e dez anos. E a primeira geração depois de Cristo tinha
morrido; e não havia contendas em toda a terra.”13

Como aquelas pessoas conseguiram viver em paz por tantas gerações?


Elas abraçaram os ensinamentos do Salvador, que se tornaram o padrão pelo
qual governavam todos os seus relacionamentos, fosse para com Deus, fosse
uns para com os outros.
Por ter me convertido à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias, aprendi que se nós, que somos seguidores de Jesus Cristo, adotarmos e
emularmos Seu viver e Seus ensinamentos como nosso padrão pessoal de
vida, como a norma pela qual nos relacionamos com outras pessoas,
erradicaremos o conflito de nossa família e de nossa comunidade, e traremos
alegria e paz à terra, assim como os nefitas.
Permitam-me compartilhar cinco princípios que podem nos ajudar a
evitar o conflito e a contenda.

O primeiro princípio é ter fé no Senhor Jesus Cristo.


O apóstolo Paulo ensinou que “a fé é o firme fundamento das coisas que
se esperam, e a prova das coisas que não se veem”.14
E Cristo disse: “Se tiverdes fé em mim, tereis poder para fazer tudo
quanto me parecer conveniente”.15
A fé é um princípio de ação e de poder, e sempre que nos esforçamos
para alcançar uma meta digna, estamos exercendo fé.16 Quando cremos em
Cristo, temos esperança naquilo que fazemos, ilustramos seus atributos em
nossa vida e, por isso, Ele nos abençoa.
Ao longo de nossos labores, ao exercermos paciência, mansidão e
humildade, com pureza de coração, nossa espiritualidade aumenta e floresce.
Nossas ações podem então transcender todas as barreiras humanas, incluindo
as relações culturais, econômicas e políticas.
Vi esse tipo de fé em um ramo em Salt Lake City, conhecido como o
Ramo Suaíli, onde a maioria dos membros são refugiados da África oriental,
que falam suaíli.17s Vários voluntários norte-americanos se uniram a eles,
que deram de si mesmos, de seus recursos e de seu tempo para ensiná-los
uma vasta gama de habilidades — por exemplo, como viver e viajar nos
EUA, onde encontrar escolas e empregos, como priorizar a família e a
importância de se ensinar o evangelho no lar. No primeiro encontro entre os
dois grupos, a comunicação era feita por meio de um intérprete, já que muitos
daqueles irmãos e irmãs refugiados não eram fluentes em inglês. Aos poucos,
os voluntários aprenderam algumas palavras nos dialetos tribais dos
refugiados, aumentando assim a confiança entre eles e promovendo o
aprendizado e o entendimento. Com o tempo, aquele se tornou um
relacionamento cordial. Aqueles devotados voluntários ensinaram e
trabalharam com os irmãos e as irmãs refugiados, tendo fé e diligência, para
primeiramente ajudá-los a criar raízes em Cristo e, depois, para se
estabelecerem e não se sentirem mais estrangeiros nesta terra. Nas atividades
da ala, por exemplo, todos se alegram em compartilhar alimento uns com os
outros. Recentemente, fiquei radiante ao ver a foto de algumas daquelas
irmãs na capa das revistas Ensign e A Liahona, no exemplar da conferência
geral em que haviam cantado no coral de estaca da sessão das mulheres.18
Agora vocês podem imaginar o quanto eles já progrediram, por meio do
grande amor e diligência possibilitados pelo infinito poder de Deus.
O élder Richard G. Scott nos aconselhou: “Estenda a mão para os que
vivem em situação adversa. Seja um amigo verdadeiro. Esse tipo de amizade
é como o asfalto que preenche os buracos da vida e que torna nossa jornada
mais suave e agradável. (…) Receba bem em seu lar outras pessoas que
precisam ser fortalecidas com essa experiência pessoal. (…) Reconheça o que
há de bom nos outros, não as manchas. Às vezes, as manchas precisam da
devida atenção para ser limpas, mas sempre edifique sobre as virtudes da
pessoa”.19
O Salvador nos ensina: “E se houver algum homem entre vós de Espírito
forte, que tome consigo aquele que for fraco, para que seja edificado em toda
mansidão a fim de também se tornar forte”.20
Se fizermos isso, nossos preconceitos e temores serão dissipados à
medida que melhor compreendemos e amamos aqueles entre quem vivemos.

O segundo princípio que pode nos ajudar a evitar o conflito é sermos


dignos de ter a companhia do Espírito Santo em nossa vida.
Uma das principais influências do Espírito Santo é nos ajudar, por meio
de sua orientação, a encontrar paz nesta vida e encher nosso coração de amor,
por nós mesmos e pelo próximo.
“Pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as
coisas.”21
Em uma situação de crescente conflito, o Espírito Santo pode nos ajudar
melhor se pararmos para pensar sobre o problema previamente. O seguinte
conselho, dado a Oliver Cowdery, também pode se aplicar a nós:
“Eis que não compreendeste; supuseste que eu o concederia a ti, quando
nada fizeste a não ser pedir-me.
Mas eis que eu te digo que deves estudá-lo bem em tua mente; depois
me deves perguntar se está certo”.22
Portanto, podemos detalhar no papel as diversas possíveis ações a serem
tomadas para nos ajudar a evitar a contenda. Depois de ponderarmos e
decidirmos a melhor maneira de agir, podemos humildemente nos achegar ao
Pai Celestial em oração e pedir Sua aprovação. Ele enviará o Espírito Santo
para nos conceder um testemunho confirmador e nos guiar naquilo que
precisamos fazer. Para termos todos os benefícios desse testemunho e
orientação, precisamos confiar no Senhor e em Seu tempo, e estar prontos
para fazer tudo a nosso alcance.

O terceiro princípio que pode nos ajudar é a oração.


A oração, com frequência, é acompanhada de jejum, especialmente
quando rogamos ao Senhor uma bênção especial.
A oração reafirma nossa fé no Pai Celestial e no Senhor Jesus Cristo.
Ela reafirma nossa humildade e confiança na intervenção a nosso favor
proporcionada pelo poder expiatório do Salvador. Na epístola aos romanos,
Paulo explicou dessa maneira: “E da mesma maneira, também o Espírito
ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis. (…) Todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus. (…) Se Deus é por nós, quem será contra nós?”23
O Senhor também nos ensina que quando somos sinceros e persistentes
em nossas orações, seremos respondidos.24
Por quem devemos orar?
Cristo ensinou: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás
o teu inimigo. Eu vos digo, porém: Amai vossos inimigos, bendizei os que
vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam
e vos perseguem”.25
Uma história contada pelo presidente Howard W. Hunter, de quando ele
era bispo, ilustra o funcionamento desse princípio. Um membro de sua ala
procurou-o para dizer que havia na congregação um homem de quem ele não
gostava. O presidente Hunter disse àquele irmão que fosse para casa e orasse
pelo homem de quem ele não gostava, de manhã e à noite, por duas semanas,
e então o procurasse novamente. Quando voltou, aquele irmão relatou que
ficou sabendo que o homem de quem não gostava estava passando por
problemas e precisava de ajuda. E ele iria ajudá-lo.26 Tais experiências nos
incentivam a orar por aqueles por quem nutrimos sentimentos ruins, ou por
aqueles que nos maltrataram. Quem sabe eles não precisem de nossa ajuda?
Quero dizer também que a maioria das coisas com as quais nos
preocupamos — coisas que disseram ou fizeram contra nós — não
contribuem para a nossa salvação ou a do próximo. São coisas sem
importância quando comparadas àquilo que Deus preparou para nós em Seu
glorioso reino. Nossa aparência humana pode diferir, mas por dentro somos
iguais. Nós nos sentimos mal quando somos tratados injustamente ou quando
somos ignorados, desrespeitados ou discriminados. Se for difícil para nós ver
o bem nas outras pessoas, podemos orar para receber essa valiosa dádiva.
“Que a virtude adorne teus pensamentos incessantemente; então tua
confiança se fortalecerá na presença de Deus.”27
Se nossos pensamentos forem puros, o Espírito confirmará essa verdade
para aqueles com quem convivemos. Aprendi que o Espírito de Deus não
mente.
Recentemente, li um artigo escrito por Kelsey Dallas no Deseret News, a
respeito da oração, que ela descreve como uma ferramenta para resolução de
conflitos à disposição dos casais, que fortalece e estabelece a paz no
casamento. A prática de orar individualmente e em família pode lançar o
alicerce de relacionamentos relativamente sem conflitos, em especial se os
cônjuges veem a Deus como uma Deidade que os ama e que pode abençoar
seu relacionamento com felicidade e sucesso. Tais casais, que oram
diariamente, invocam a Deus para abençoá-los com a capacidade de cuidar do
bem-estar um do outro.28

O quarto princípio sobre o qual quero falar é o perdão.


Imagine que fizemos tudo o que podíamos para viver em paz com
nossos vizinhos, mas ainda assim surgem conflitos. O que devemos fazer?
Pedro queria saber isso quando perguntou: “Senhor, até quantas vezes
pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse:
Não te digo: Até sete; mas, até setenta vezes sete”.29
Se seguirmos esse padrão, seremos capazes de resolver todos os
conflitos, encontrar paz e fazermos muitos amigos.
Falando em perdão, o presidente Gordon B. Hickley ensinou: “Vemos a
necessidade [de perdão] no lar das pessoas, quando pequenos
desentendimentos se transformam em gigantescas discussões. Nós a vemos
entre vizinhos, quando diferenças insignificantes resultam em ressentimentos
infindáveis. Nós a vemos nos relacionamentos profissionais, quando colegas
de trabalho brigam e se recusam a se comprometer e a perdoar, sendo que na
maioria das vezes se tivessem a disposição de sentar e conversar calmamente,
o assunto poderia resolvido, para a bênção de todos. Em vez disso, passam os
dias nutrindo rancores e planejando retaliações”.30
Muitos de nós sentimos dificuldade em perdoar aqueles que nos fizeram
o mal. Precisamos orar para sermos capazes de fazê-lo com o auxílio do
poder expiatório do Salvador.
Aqueles que já perdoaram, conhecem a alegria e a liberdade que
acompanha o perdão. Somos mais felizes, reclamamos menos e é mais fácil
conviver conosco.

O quinto princípio é o amor.


Dois anos atrás, em seu discurso na sessão da manhã de domingo da
conferência geral, o presidente Thomas S. Monson ensinou:

“O amor é a própria essência do evangelho, e Jesus Cristo é nosso


Exemplo. Sua vida foi um legado de amor. (…)
Comecemos agora, hoje mesmo, a expressar amor a todos os filhos
de Deus, sejam eles nossos familiares, nossos amigos, meros conhecidos
ou completos desconhecidos. Ao levantar-nos a cada manhã, decidamos
agir com amor e bondade em relação a tudo o que nos ocorrer.”

O presidente Monson também disse:

“Não podemos amar verdadeiramente a Deus se não amarmos


nossos companheiros de viagem nesta jornada da mortalidade. Da
mesma maneira, não podemos amar (…) nossos semelhantes se não
amarmos a Deus, o Pai de todos nós. (…) Somos todos filhos espirituais
de nosso Pai Celestial e, portanto, irmãos e irmãs. Se tivermos isso em
mente, será mais fácil amar todos os filhos de Deus”.31

Essa verdade ensinada pelo presidente Monson é a maneira perfeita de


se ficar em paz com outras pessoas, a começar por nossa família. Começamos
reconhecendo uns aos outros. Perguntar aos membros da família se dormiram
bem traz um bom espírito para o lar.
É costume nas ilhas do Pacífico e na África (exceto em regiões urbanas),
parar e cumprimentar as pessoas que cruzam nosso caminho. Perguntamos a
respeito de nossas famílias. Dessa forma, você se conecta com a pessoa e
estabelece um relacionamento amigável.
O Salvador ordena que amemos a todos os homens:

“Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não


fazem os publicanos também o mesmo?
E se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais?
Não fazem os publicanos também assim?
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos
céus”.32

Aprendi que o amor é uma ferramenta poderosa em nossas mãos.


Nascemos para amar e ser amados. Mas o espírito de amor é sobrepujado por
aspirações mundanas, tais como o desejo de sermos considerados melhores
do que outros, a cobiça, a luxúria, o egoísmo, o orgulho e outros hábitos
ímpios.
Nosso Salvador Jesus Cristo é a personificação do amor. Quando estava
pregado na cruz, sofrendo uma dor extrema, e os soldados O ofendiam, Ele
orou ao Pai para que os perdoasse, dizendo que não sabiam o que faziam.
Que amor! Precisamos ter esse tipo de amor no coração, para vivermos em
paz com outras pessoas.
Por ter crescido em uma família de dez irmãos, nós às vezes
discordávamos, mas os sentimentos ofensivos não duravam muito, pois
nossos pais cuidavam para que houvesse um ambiente de paz e amor no lar.
Quando crescemos e saímos de casa para estabelecer nosso próprio lar,
continuamos a trabalhar juntos em um esforço unido para apoiar nossos pais
idosos. Essa fórmula funcionou bem até poucos anos atrás, quando meu pai
faleceu.
O elo que nos unia começou a enfraquecer. Seguindo o padrão descrito
no Livro de Mórmon, grupos começaram a se formar e o espírito de crítica se
tornou o passatempo favorito de alguns.
Por ser a filha mais velha dos meus pais, ouvi as reclamações de meus
irmãos e irmãs e os aconselhei individualmente por vários anos. Porém, a
situação apenas se agravou. Assim, ao nos prepararmos para nossas férias em
dezembro do ano passado, decidimos tentar trazer paz aos vários grupos que
se haviam formado e convocamos um encontro de família.
Para resolver os conflitos, cada um pôde falar sobre o que estava
sentindo, sem ser interrompido. Enquanto falávamos, percebemos que alguns
vinham nutrindo mágoas a muito tempo. Eles falaram com sinceridade,
dirigindo a palavra a meu marido, como se pedindo sua ajuda. Em seguida,
meu marido dirigiu-se a cada um deles, parafraseando suas reclamações e
perguntando se concordavam com o resumo que ele fizera. Depois, ele
perguntou a cada um, do primeiro ao último, o que estavam pessoalmente
dispostos a fazer para trazer paz, independente do que os outros já haviam
falado.
Por fim, debatemos as respostas usando a maravilhosa escritura
encontrada em Filipenses, que diz:

Completai a minha alegria, para que sintais o mesmo, tendo o


mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa.
Nada façais por contenda ou por vanglória; mas por humildade,
cada um considere os outros superiores a si mesmo.
Não atente cada um para o que é seu, mas cada qual também para o
que é dos outros.33
Para encerrar aquele encontro de família, meu marido agradeceu a todos
por terem se aberto e expressou sua esperança de que encontraríamos paz na
vida se nos voltássemos com frequência para o sábio conselho do apóstolo
Paulo. Houve um espírito de grande alívio e paz no fim da reunião.
Observamos que nos quatro meses após a reunião, não ouvimos falar de
nenhuma discórdia, pelo que sou muito grata ao Senhor.
Em seu discurso na conferência geral de outubro de 2014, o élder Dallin
H. Oaks nos aconselhou, dentre outras coisas, a buscar as coisas que nos
trazem paz ao convivermos com outras pessoas; a praticar a civilidade
quando outros têm opiniões diferentes; a abdicar da discórdia e praticar o
respeito; e a sermos gentis para com aqueles que escolhem não guardar os
mandamentos de Deus. Ele salientou que a gentileza tem poder.34
Tanto quanto nos for possível, devemos manter contato com aqueles de
quem discordamos, em especial familiares. Ao convidá-los para atividades
familiares e falarmos coisas boas a seu respeito, fazemos com que saibam que
os amamos. No devido tempo, o Senhor pode enternecer seu coração. Creio
que um ingrediente importante para o sucesso de nosso encontro de família
foi termos dado um presente especial de nossa família para cada um de meus
irmãos, de modo que vieram para o encontro sabendo o que sentíamos por
eles.
Quando temos um relacionamento conturbado, precisamos nos
perguntar: Honestamente, o que desejo para esse relacionamento? O que eu
faria no lugar da outra pessoa? O que estou disposto a deixar de lado para que
tenhamos paz?
O seguinte conselho do rei Benjamim é muito útil, pois relembra os
convênios que fizemos com Deus:

“E digo-vos novamente, como disse antes, que, como haveis


adquirido conhecimento da glória de Deus, ou seja, se haveis conhecido
sua bondade, experimentado seu amor e recebido a remissão de vossos
pecados, o que causa tão grande alegria a vossa alma, ainda assim
quisera que vos lembrásseis (…) [de] sua bondade (…) e que vos
humilhásseis com a mais profunda humildade, invocando diariamente o
nome do Senhor e permanecendo firmes na fé (…).
E eis que vos digo que, se fizerdes isso, sempre vos regozijareis e
estareis cheios do amor de Deus (…).
E não tereis desejo de ferir-vos uns aos outros, mas, sim, de viver
em paz e dar a cada um de acordo com o que lhe é devido”.35

Permitam-me resumir os cinco princípios que podemos aplicar para a


resolução de conflitos e contendas em nossos relacionamentos:
Primeiro, a fé no Salvador Jesus Cristo é o começo do desejo de confiar
no Senhor em nossas circunstâncias, sabendo que Ele nos ajudará a carregar
nossos fardos e trazer conforto a nossa alma.
Segundo, a fé no Senhor Jesus Cristo nos leva a fazer aquilo que
convida a companhia do Espírito Santo, que pode nos encher de “esperança e
perfeito amor” por todas as pessoas e todas as coisas.36
Terceiro, a “diligência na oração” nos ajuda a continuar desfrutando da
companhia do Espírito Santo, a sermos cheios de amor e a sobrepujarmos as
tentações do adversário, que podem se manifestar por meio de provocações e
conflitos.37
Quarto, cheios do amor de Deus, podemos não só perdoar o próximo,
mas também ajudá-los a ter esperança e uma melhor visão daquilo que
podemos nos tornar.
Por fim, cheios do amor de Deus, podemos transcender todas as
barreiras que nos impedem de ter paz, harmonia e união com todas as
pessoas.
Para concluir, exorto cada um de nós a “prosseguir com firmeza em
Cristo (…) e amor a Deus e a todos os homens”, e também ouvir o conselho
do Salvador, de que a discórdia é do diabo e deve ser eliminada.38
Que cada um de nós encontre amor e paz, onde quer que estejamos; que
sirvamos como verdadeiras testemunhas de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo; e que sejamos capazes de fazer todas as coisas por meio de Seu poder
expiatório.
Deixo isso com vocês em nome de Jesus Cristo. Amém.
>Gladys N. Sitati, “Resolver conflitos usando os princípios do evangelho”, discurso na Conferência das
mulheres da BYU, 27 de abril de 2016, Universidade Brigham Young, Provo, UT, transcrição, CHL.
_________________________
^1. Jason Swensen, “Full Joy Found in Principles of the Gospel [A alegria completa que se encontra
nos princípios do evangelho]”, Church News, 23 de maio de 2009.
^2. Gladys Sitati, entrevista com Kate Holbrook, 5 de maio de 2016, pp. 1–3, CHL; Gladys Sitati, e-
mail para Kate Holbrook, 18 de maio de 2016.
^3. A irmã Sitati frequentou a Lugulu Girls High School no Ensino Médio e a Butere Girls High School
para se preparar para entrar na universidade. (Sitati, entrevista, pp. 2, 4–5; Sitati, e-mail para
Holbrook, 18 de maio de 2016.)
^4. Sitati, entrevista, pp. 1–4, 6–8.
^5. Swensen, “Full Joy Found in Principles of the Gospel”, p. 11; Sitati, entrevista, p. 1.
^6. Sitati, entrevista, p. 9. O discurso feito pelo presidente Benson em um devocional, em 22 de
fevereiro de 1987, foi publicado no formato de folheto e amplamente distribuído. (Ezra Taft
Benson, To the Mothers in Zion [Para as mães em Sião], Salt Lake City: A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, 1987.)
^7. Sitati, entrevista, pp. 9–10.
^8. Julie Dockstader Heaps, “Serving in Africa” [Servir na África], Church News, 31 de maio de 2003;
E. Dale LeBaron, “Pioneers in East Africa” [Pioneiros no leste da África], Ensign 24, nº 10, outubro
de 1994, p. 22; Gerald W. Jensen e Carolyn Jensen, “First Stake in Kenya Created [Criada primeira
estaca no Quênia]”, Church News, 29 de setembro de 2001; “Sunday School, Young Men Receive
New Presidencies” [Novas presidências da Escola Dominical e dos Rapazes], Deseret News, 4 de
abril de 2004; “New Mission Presidents” [Novos presidentes de missão], Church News, 28 de abril
de 2007; Swensen, “Full Joy Found in Principles of the Gospel”, p. 11; Peggy Fletcher Stack,
“Africa’s ‘Mormon Superstar’ Is First Black African LDS General Authority” [A ‘grande estrela
mórmon’ da África é o primeiro negro africano chamado como autoridade geral], Salt Lake
Tribune, 20 de abril de 2009; Gladys Sitati, “Gospel Growth in Kenya” [Crescimento do evangelho
no Quênia], Ensign 28, nº 8, agosto de 1998, pp. 77–78; Sitati, entrevista, p. 21; Sitati, e-mail para
Holbrook, 18 de maio de 2016.
^9. Sitati, entrevista, pp. 17–20; ver também T. J. Fitikides, Common Mistakes in English (Londres:
Longman, 2000).
^10. Sitati, entrevista, pp. 12–13, 23–25; Gladys Sitati, e-mail para Kate Holbrook, 17 de maio de 2016.
^11. Citação no original: “3 Néfi 11:29”.
^12. Citação no original: “Morôni 7:3; Mosias 18:9”.
^13. Citação no original: “4 Néfi 1:15–18”.
^14. Citação no original: “Hebreus 11:1”.
^15. Citação no original: “Morôni 7:33”.
^16. Ver Lectures on Faith [Dissertações sobre a fé], Dissertação 1, em Doctrine and Covenants, ed.
1835, 7 (Lecture First 1, p. 13), em Robin Scott Jensen, Richard E. Turley Jr. e Riley M. Lorimer,
eds., Revelations and Translations, Volume 2: Published Revelations [Revelações e traduções,
volume 2: Revelações publicadas], da série de documentos de The Joseph Smith Papers, ed.
Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard Lyman Bushman, Salt Lake City: Church Historian’s
Press, 2011, p. 317.
^17. Essa unidade da Igreja, o Ramo Parleys Creek, foi criado em janeiro de 2009. (“Swahili Branch
Created in Salt Lake [Ramo Suaíli criado em Salt Lake]”, Church News, 8 de janeiro de 2009; ver
também Peggy Fletcher Stack, “LDS Swahili Branch Unites African Mormons” [Ramo Suaíli SUD
une mórmons africanos], Salt Lake Tribune, 17 de abril de 2009.)
^18. O coral dessa sessão para mulheres foi composto por meninas e mulheres da Primária, das Moças
e da Sociedade de Socorro, oriundas das estacas de Salt Lake City. Elas vinham de 52 países e
falavam 20 idiomas diferentes. (Rachel Sterzer, “‘Sisters in the Gospel’ Unified through Music”
[‘Irmãs no evangelho’ unidas pela música], Church News, 20 de março de 2016; Ensign 46, nº 5,
maio de 2016, p. 2.)
^19. Citação no original: “‘Para ter paz no lar’, A Liahona, maio de 2013, p. 29”. Richard G. Scott
serviu como membro do Quórum dos Doze Apóstolos de 1988 até 2015.
^20. Citação no original: “D&C 84:106”.
^21. Citação no original: “Morôni 10:5”.
^22. Citação no original: “D&C 9:7–8”. Oliver Cowdery serviu como escrevente de Joseph Smith
durante a tradução do Livro de Mórmon. Essa revelação, ditada por Joseph Smith em abril de 1829,
foi uma resposta para a tentativa infrutífera de Cowdery para traduzir o livro, um dom que lhe havia
sido prometido em revelação anterior. (Ver Doutrina e Covênios 8; Revelation, April 1829–D
[D&C 9], em Michael Hubbard MacKay, Gerrit J. Dirkmaat, Grand Underwood, Robert J.
Woodford e William G. Hartley, eds., Documents, Volume 1: julho de 1828 a junho de 1831, vol. 1
da série de documentos de The Joseph Smith Papers, ed. Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, Richard
Lyman Bushman e Matthew J. Grow, Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2013, pp.
48–50.)
^23. Citação no original: “Romanos 8:26, 28, 31”.
^24. Citação no original: “Ver Lucas 18:1–7”.
^25. Citação no original: “Mateus 5:43–44”.
^26. Ver Clyde J. Williams, ed., The Teachings of Howard W. Hunter [Ensinamentos de Howard W.
Hunter], (Salt Lake City: Bookcraft, 1997), pp. 39–40, citação de Hunter, “Unity Brings Peace
[União traz paz]” Conferência geral da Área Austrália, 29 de novembro de 1979, transcrição, pp. 6–
7, CHL. Howard W. Hunter foi o décimo quarto presidente da Igreja, de 1994 a 1995.
^27. Citação no original: “D&C 121:45”.
^28. Citação no original: “Ver ‘Praying Together to Stay Together? The Role Prayer Plays in
Relationship Conflict’ [‘Orar juntos para permanecer juntos? O papel da oração na resolução de
conflitos’], Deseret News, 16 de fevereiro de 2016”.
^29. Citação no original: “Mateus 18:21–22”.
^30. Citação no original: “‘De vós se requer que perdoeis’, A Liahona, novembro de 1991, p. 2”.
Gordon B. Hinckley foi o décimo quinto presidente da Igreja, de 1995 até 2008.
^31. Thomas S. Monson, “‘Amor: A essência do evangelho’, A Liahona, maio de 2014, pp. 91, 94”.
Thomas S. Monson tornou-se o décimo sexto presidente da Igreja em 2008.
^32. Citação no original: “Mateus 5:46–48”.
^33. Citação no original: “Filipenses 2:2–4”.
^34. Citação no original: “Ver ‘Amar os outros e conviver com as diferenças’, A Liahona, novembro de
2014, p. 25”. Dallin H. Oaks tornou-se membro do Quórum dos Doze Apóstolos em 1984.
^35. Citação no original: “Mosias 4:11–13”.
^36. Citação no original: “Morôni 8:26”.
^37. Citação no original: “Morôni 8:26”.
^38. Citação no original: “2 Néfi 32; ver 3 Néfi 11:29–30”. Ver também 2 Néfi 31:20.
————— Capítulo adicional 1 —————

O privilégio das irmãs

Elizabeth Ann Whitney


Sociedade de Socorro de Nauvoo
Nauvoo, Illinois
1842–1843

Elizabeth Ann Smith Whitney (1800–1882) foi indicada como segunda


conselheira na presidência da Sociedade de Socorro Feminina de Nauvoo por
Emma Hale Smith em 17 de março de 1842.1 Whitney mais tarde escreveu:
“O presidente Joseph Smith tinha grande fé no trabalho das irmãs e sempre
procurou incentivá-las na execução dos deveres que pertenciam a essas
sociedades, sobre as quais ele disse que não serviam apenas para propósitos
benevolentes e aperfeiçoamento espiritual, mas que na verdade salvavam
almas”.2
A experiência de Whitney em trabalhar para o bem-estar material e
espiritual dos santos teve início muito tempo antes da organização da
Sociedade de Socorro. Ela e seu marido, Newel K. Whitney, viviam uma vida
confortável em Kirtland, Ohio. Ela relembrou: “Tínhamos um ótimo pomar e
jardim, tudo planejado e projetado de acordo com nossas preferências e
habilidades. (…) Sempre tivemos o hábito de receber nossos amigos e
conhecidos com generosidade e hospitalidade, mas, depois de recebermos o
evangelho, não sentimos vontade de usar nossos recursos e nosso tempo de
uma maneira que só beneficiaria aqueles que possuíam os recursos deste
mundo em abundância”.3 Um ano depois de sua conversão à Igreja no final
de 1830, Newel foi designado bispo em Kirtland em dezembro de 1831, e a
loja Whitney se tornou o armazém do bispo, em que os pobres recebiam os
suprimentos necessários.4 Mais tarde, ele instituiu as “reuniões de jejum”,
solicitando aos membros que se abstivessem de refeições e trouxessem a
comida que teriam comido ao armazém do bispo para repartir com os
necessitados. A elaboração das reuniões de jejum coincidia com os
“banquetes para os pobres”, uma prática que combinava as reuniões de
bênção patriarcal com jantares de caridade.5 Com Emma Smith, Whitney
preparou um “suntuoso” banquete de três dias em janeiro de 1836, ao qual
“os coxos, os aleijados e os cegos eram convidados de acordo com as
instruções do Salvador”. Joseph Smith participou de cada dia “conversando,
abençoando e confortando os pobres com palavras de encorajamento e com
[sua] presença mais que bem-vinda”. Essa experiência, nas palavras de
Whitney, foi “um banquete de coisas gordas, de fato; uma época de alegria
que nunca deveria ser esquecida”.6
Os Whitney tinham planos de mudarem sua loja e sua família para o
Missouri no outono de 1838. Eles mandaram os suprimentos antes deles,
mas, enquanto a família estava viajando, receberam a notícia da expulsão dos
mórmons do Missouri. Em vez disso, passaram o inverno em Carrolton,
Illinois, onde ficaram sabendo que sua propriedade havia sido destruída no
Missouri. Em 1839, a família se mudou para Commerce (posteriormente
Nauvoo), em Illinois. Eles passaram por destituição, perda de casa e renda,
grave enfermidade e morte de filhos.7 Ao mesmo tempo, desenvolveram um
forte compromisso com a Igreja e sua doutrina, como está evidente nas
palavras de Whitney à Sociedade de Socorro aqui reproduzidas. Tendo
vivenciado importantes manifestações espirituais em Kirtland, ela incentivou
outras mulheres a promover o bem-estar pessoal delas em preparação para as
ordenanças do templo.8 Descrevendo a época de Whitney em Nauvoo,
Emmeline B. Wells escreveu: “Seu sorriso era tão doce, sua voz tão musical e
as irmãs que se sentiam perplexas com muitas coisas, e que muitas vezes
foram provadas duramente, recorriam a irmã Whitney para conselhos e
compaixão. E ela sempre as ajudava e, de maneira bela, fortalecia-as com
humildade e boas obras ajudando assim a aliviar os fardos que geralmente
eram pesados para as mulheres”.9 Sua experiência com a abundância e com a
privação a preparou para liderar habilmente as mulheres de Nauvoo.
(24 de março de 1842)
PRECISAMOS ORAR MUITO UNS PELOS outros para termos sucesso no
trabalho diante de nós e termos a sabedoria em todas as nossas atividades.
(…)

(19 de maio de 1842)


A conselheira Whitney (…) desejava que essa sociedade se tornasse
mais obediente ao evangelho e que cumprisse todos os mandamentos.
Exortou-as à humildade e vigilância. Que os dons e as bênçãos do evangelho
eram nossos se achadas fiéis e puras diante de Deus, etc. (…)

(26 de maio de 1842)


A conselheira Whitney fez uma exortação sobre humildade e vigilância,
etc. Regozijou-se com os números apresentados que uniam sua fé com suas
obras, referindo-se às doações recebidas. (…)10

(23 de junho de 1842)


A conselheira W. (Elizabeth Ann Smith Whitney) se levantou.
Incentivou as irmãs a desejarem uma vida longa para que pudessem fazer o
bem. Falou sobre a glória que viria, etc. (…)

(16 de junho de 1843)


A conselheira Whitney se levantou e discursou na reunião dizendo que
se sentia sozinha em consequência da ausência do presidente, de quem ela
havia recebido instruções para que pudéssemos não apenas aliviar as
necessidades dos pobres, mas também lançar nossas moedas para ajudar os
irmãos na edificação da casa do Senhor.11 Disse que sentiu um profundo
interesse no assunto desde o último domingo ao ouvir as observações do
presidente Smith.12 Desejou que as irmãs expressassem seus sentimentos.
Nossa presidente, senhora Smith, disse que deveríamos falar com o comitê do
templo e o que quer que desejassem e se pudéssemos deveríamos fazer.
(…)13
A conselheira Whitney então falou à sociedade sobre o assunto de que
as mães deveriam desempenhar seus deveres em relação às suas filhas,
ensinando-as a estar sóbrias e cientes da necessidade de liderar com
propriedade na casa do Senhor. Exortou que ensinassem com amor, etc. (…)

(15 de julho de 1843)


A conselheira Whitney, então, levantou-se e disse que se regozijava por
podermos desfrutar do privilégio de nos reunirmos para conversar sobre as
coisas do reino para nos confortar e nos edificar ao passarmos por esse vale
de lágrimas; fez muitas observações apropriadas. Disse que, se pudéssemos
viver a lei celestial e fôssemos consideradas merecedoras do reino celestial,
quão glorioso seria.14 Pediu às irmãs presentes que ficassem atentas para que
o Espírito do Senhor pudesse inspirá-las e para que as necessidades dos
pobres fossem reveladas a todas. Disse que, embora a presidente Emma
Smith estivesse ausente, ela pediu a sociedade que fizesse todo o bem ao seu
alcance. Lamentou sua ausência, etc. (…)
A conselheira W. novamente fez comentários adequados. Falou das
bênçãos reservadas para nós se cumpríssemos fielmente o mandamento
relativo as casas que seriam construídas, etc. (…)
A senhora Whitney continuou. Disse que a oração e a fé, com nossos
esforços, deveriam estar em harmonia. Propôs que algumas orassem para esse
propósito. (…)

(21 de julho de 1843)


A irmã Whitney se levantou. Falou sobre os privilégios das irmãs.
Desejou que fôssemos um e que nos sentíssemos livres para falarmos sobre
as coisas que mais nos preocupavam, e que estivéssemos atentas às
necessidades dos pobres. (…)

(28 de julho de 1843)


A senhora Whitney continuou a falar sobre o assunto. Referiu-se a uma
das revelações e disse: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos”.15
O Senhor confirma isso repetidas vezes, Ele Se deleita com nossos atos de
caridade, etc. (…)
A conselheira Whitney então se levantou, disse que, quando falássemos
com aqueles que possuíam recursos, que lhes falássemos que éramos
designadas para auxiliar os necessitados. Entrem em contato com eles. O
Espírito do Senhor vai abençoá-las e tocará o coração dos ricos. Incentivem-
nos a fazer boas obras. Que façamos isso. (…)

(13 de agosto de 1843)


A conselheira Whitney muito comovida comentou que eles somente
faziam o pouco que podiam sem prejuízos para eles, etc. (…)

(15 de setembro de 1843)


A irmã Whitney falou com muita emoção para a sociedade sobre a
necessidade de unir-se na fé, que a doença pode ser curada, as vidas
prolongadas. Pediu à sociedade que orasse pela irmã Emma. (…)

(14 de outubro de 1843)


A conselheira se levantou. Disse que estava feliz por se reunir
novamente com a sociedade, mas lamentou que Emma não estava presente.
Falou sobre as bênçãos reservadas aos santos. Exortou a todas" sobre a
fidelidade e humildade, que estivéssemos preparadas para as provações e
tentações que nos cercavam.
Nauvoo Relief Society Minute Book, Mar. 24, 1842–Oct. 14, 1843, 18–[121], [Livro de Atas da
Sociedade de Socorro de Nauvoo, 24 de março de 1842–14 de outubro de 1843, 18–121], em Jill
Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years
of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros Cinquenta Anos
da Sociedade de Socorro: Documentos-Chave na História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt
Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2016, pp. 40–126. Caligrafia de Eliza R. Snow e Phebe M.
Wheeler. Título fornecido pelos editores.

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^1. Quando Emma não podia participar das reuniões da Sociedade de Socorro, geralmente devido a
doenças, as conselheiras Sarah Cleveland e Elizabeth Ann Whitney dirigiam as reuniões. Ver, por
exemplo, Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo],
19 de abril de 1842, (p. 30); 28 de setembro de 1842, (p. 85); 16 de junho de 1843, (p. 90); e 14 de
outubro de 1843, (p. 121), em Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e
Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key Documents in Latter-day Saint
Women’s History [Os Primeiros Cinquenta Anos da Sociedade de Socorro: Documentos-Chave na
História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja,
2016, pp. 49, 96, 100, 126.
^2. Elizabeth Ann Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma Página de uma Autobiografia],
Woman’s Exponent 7, nº 12, 15 de novembro de 1878, p. 91.
^3. Whitney, “A Leaf from an Autobiography”, Woman’s Exponent 7, nº 9, 1º de outubro de 1878, p.
71.
^4. Whitney, “A Leaf from an Autobiography”, Woman’s Exponent 7, nº 7, 1º de setembro de 1878, p.
51; Revelação, 4 de dezembro de 1831–A, em Matthew C. Godfrey, Mark Ashurst-McGee, Grant
Underwood, Robert J. Woodford e William G. Hartley, eds., Documents, Volume 2: July 1831–
January 1833, vol. 2 da série de Documentos de The Joseph Smith Papers, ed. por Dean C. Jessee,
Ronald K. Esplin, Richard Lyman Bushman e Matthew J. Grow, Salt Lake City: Editora do
Historiador da Igreja, 2013, pp. 146–150; ver também Doutrina e Convênios 72:7–8; e Mark
Lyman Staker, Hearken, O Ye People: The Historical Setting for Joseph Smith’s Ohio Revelations
[Escutai, ó Povo: Cenário Histórico das Revelações de Ohio de Joseph Smith], Salt Lake City: Greg
Kofford Books, 2009, p. 242.
^5. Staker, Hearken, O Ye People [Escutai, ó Povo], p. 244.
^6. Linda King Newell e Valeen Tippetts Avery, Mormon Enigma: Emma Hale Smith [Enigma
Mórmon: Emma Hale Smith], 2º ed., Urbana: University of Illinois Press, 1994, p. 54; Dean C.
Jessee, Mark Ashurst-McGee e Richard L. Jensen, eds., Journals, Volume 1, 1832–1839, vol. 1 da
série de diários The Joseph Smith Papers, ed. por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin e Richard
Lyman Bushman, Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2008, pp. 146–147; Whitney, “A
Leaf from an Autobiography” [Uma Página de uma Autobiografia], Woman’s Exponent 7, nº 11 (1º
de novembro de 1878), p. 83.
^7. Whitney, “A Leaf from an Autobiography” [Uma Página de uma Autobiografia], pp. 83, 91.
^8. Ver Elizabeth Ann Whitney, “Adão-ondi-Amã”, incluso. Elizabeth Ann Whitney foi a segunda
mulher, depois de Emma Smith, a receber suas ordenanças do templo. (Carol Cornwall Madsen,
“Mormon Women and the Temple: Toward a New Understanding” [As Mulheres Mórmons e o
Templo: Rumo a um Novo Entedimento], em Sisters in Spirit: Mormon Women in Historical and
Cultural Perspective [Irmãs em Espírito: As Mulheres Mórmons em uma Perspectiva Histórica e
Cultural], ed. por Maureen Ursenbach Beecher e Lavina Fielding Anderson, Urbana: University of
Illinois Press, 1987, p. 86.)
^9. Emmeline B. Wells, “Elizabeth Ann Whitney”, Woman’s Exponent 10, nº 20 (15 de março de
1882): p. 154.
^10. Nessa reunião, 14 mulheres doaram um total de cerca de 20 dólares, juntamente com roupas e uma
colcha. (Nauvoo Relief Society Minute Book [Livro de Atas da Sociedade de Socorro], 26 de maio
de 1842, p. 50, em Derr e outros, First Fifty Years [Primeiros Cinquenta Anos], 26 de maio de
1842, p. 69.)
^11. Ver Marcos 12:42–44; e Lucas 21:2–4.
^12. No domingo, 11 de junho de 1843, Joseph Smith ensinou que os santos precisavam edificar uma
casa de Deus, porque “há certas ordenanças e princípios que, para serem ensinados e praticados,
devem ser efetuados em um lugar ou em uma casa edificada para tal propósito”. Os santos então
deviam edificar “para o Senhor uma casa a fim de prepará-los para as ordenanças e investiduras,
abluções e unções e assim por diante”, inclusive a ordenança do batismo vicário pelos mortos.
(Wilford Woodruff, Diário, 11 de junho de 1843, Biblioteca de História da Igreja. Veja outra versão
desse sermão no registro do dia 11 de junho de 1843, em Andrew H. Hedges, Alex D. Smith e
Brent M. Rogers, eds., Journals, Volume 3: May 1843–June 1844, vol. 3 da série de diários The
Joseph Smith Papers, ed. por Ronald K. Esplin e Matthew J. Grow, Salt Lake City: Editora do
Historiador da Igreja, 2015, pp. 31–33.)
^13. O comitê do templo foi designado para supervisionar as finanças e a construção do templo de
Nauvoo. (Hedges, Smith e Rogers, JSP, J3, p. 469.)
^14. Doutrina e Convênios 88:22.
^15. Ver João 13:35.
————— Capítulo adicional 2 —————

Diligência dupla

Anabella Haight, Rachel Whittaker, Elizabeth Liston,


irmã Morris e Alice Randle
Sociedade Benevolente de Cedar City
Tabernáculo, Cedar City, Utah
8 de janeiro de 1857

A “Sociedade Benevolente” de Cedar City era muito semelhante às


primeiras Sociedades de Socorro do início da década de 1850, empenhada em
ajudar os pobres e necessitados locais e proporcionando a liderança para as
mulheres e a oportunidade de prestar testemunhos.1 Em 27 de novembro de
1856, uma semana depois de ser chamada como presidente da sociedade,
Lydia Hopkins disse que “queria que as irmãs dissessem o que poderiam
fazer”.2 Nove das que estavam presentes responderam; havia realmente
muitas coisas para as mulheres fazerem.3
A área de Cedar City, localizada no condado de Iron, originalmente
fazia parte da Iron Mission, um assentamento estabelecido em 1850 para
produzir ferro para o território. Localizado a cerca de 400 quilômetros ao sul
de Salt Lake City, Cedar City foi fundada em 1851 e cresceu rapidamente
com a chegada dos conversos das Ilhas Britânicas. Logo se tornou o maior
assentamento na Iron Mission. Os colonos cultivaram plantações;
construíram minas, estradas, cabanas, cercas e hidrovias; trabalharam com os
índios americanos vizinhos; e estabeleceram escolas e alas locais.4 Em 1856,
o presidente da estaca do condado de Iron, Isaac C. Haight, organizou uma
sociedade de mulheres com uma presidente, duas conselheiras, secretária e
tesoureira, seguindo o modelo da Sociedade de Socorro de Nauvoo. Na
esperança de cuidar das famílias carentes espalhadas por todo o condado e
com o desejo de usar as habilidades e os talentos das mulheres, Haight
ensinou à sociedade “a necessidade de ajudar os pobres que se juntarão a
nós”.5 Mais tarde, informou que “a organização desta sociedade era um
experimento para testar os sentimentos da irmandade”, observando a
responsabilidade das mulheres de ajudar a construir sua parte do reino, que
teria incluído o assentamento, contribuindo assim para a Iron Mission.6 As
mulheres responderam a esse chamado, oferecendo auxílio imediato aos
necessitados e contribuindo prontamente com o tesouro da sociedade,
demonstrando seu compromisso com práticas como o casamento plural e
decidindo “duplicar [sua] diligência”, de acordo com a segunda conselheira
Rachel Whittaker.7
A Sociedade de Socorro de Cedar City foi organizada durante a Reforma
Mórmon, uma época em que os líderes da Igreja enfatizaram a renovação do
compromisso e da obediência às práticas da Igreja, geralmente por meio de
discursos entusiasmados.8 Como parte desse esforço, Haight observou que as
mulheres de Cedar City tinham “uma poderosa influência no meio deste
povo”.9 Seu conselheiro M. John Higbee disse às mulheres: “Esforcemo-nos
e veremos se somos capazes de fazer uma reforma em nosso lar, aqui mesmo
em Cedar City”.10 Em outra reunião, o bispo de Cedar City, Philip
Klingensmith “falou bastante sobre a reforma e a necessidade de união de
espírito”.11 Como resultado, os temas da reforma, obediência e unidade são
encontrados ao longo dessas atas, assim como os esforços para fornecer o
serviço e trabalho necessários para a comunidade local.
Até o dia 8 de janeiro, quando a quarta reunião da sociedade foi
realizada, os líderes masculinos da Igreja presidiram e ensinaram nas
reuniões da sociedade. Nessa reunião, enquanto Higbee participava e
determinava o tom da reunião, as mulheres tratavam de assuntos e
compartilhavam instrução religiosa sob a direção da primeira conselheira
Annabella Haight, da segunda conselheira Rachel Whittaker e da tesoureira
Alice Randle, como registrado pela secretária Ellen Whittaker Lunt.12 A
reunião retrata o espírito de união das primeiras mulheres da Sociedade de
Socorro; elas compartilhavam testemunhos e ao mesmo tempo trabalhavam
para atender às necessidades locais. Em vez de apenas uma mulher fazer um
discurso, uma prática de falar em público que poderia fazer com que muitas
mulheres não se sentissem à vontade naquela época, cada uma contribuía
com um debate cumulativo da Sociedade de Socorro.13
Essa organização acabou em 1859, provavelmente depois de a
presidente Lydia Hopkins falecer. A Sociedade de Socorro oficial de Cedar
City foi reorganizada em 14 de junho de 1868.14

REUNIU-SE NOS TERMOS DO ADIAMENTO de 8 de janeiro de 1857.


Quinta-feira. Presidida por presidente John M. Higbee.15 Número musical.
Oração oferecida pelo presidente Higbee. Número musical. Ata lida e aceita.
O presidente Higbee então se levantou, fez algumas boas observações, deu
bons conselhos às irmãs e disse: “Uma grande responsabilidade repousa
sobre as irmãs. Vocês que moldam as mentes jovens e maleáveis; o exemplo
é melhor do que o preceito. Ensine-as enquanto são jovens, e elas as
chamarão de bem-aventuradas. Podemos falar o que quisermos, mas elas
aprenderão pelo exemplo, e assim por diante”. Disse que qualquer pessoa que
falasse ou fosse contra o casamento plural estava nas trevas.16 Não quero
tomar seu tempo, irmãs, quero que vocês conduzam a reunião. Cantaram “Ó
meu Pai”.17 A irmã Anabella Haight disse que sentia que tinha uma
responsabilidade desde que a sociedade foi formada e deu um bom conselho
às irmãs; disse que elas tinham visitado muitos pobres naquela região, no que
se refere às coisas materiais, mas não tão pobres em espírito, e que
manifestaram um bom espírito em geral. Ela desejava que as irmãs
cumprissem seu dever e compartilhassem seus sentimentos. A irmã Haight
disse que aquela era a primeira reunião do ano e que ela pretendia duplicar
sua diligência e que prestaria testemunho sobre o que a irmã Haight havia
dito, e que ela falou sobre os princípios do novo e eterno convênio em todos
os lugares que foi, sem exceções, e que elas não conheciam nenhum membro
que discordasse do princípio.18 A irmã Liston disse que sentiu que esta
sociedade era de Deus, e ela se deleitava muito nela, e assim por diante.19 A
irmã Morris prestou seu testemunho sobre o trabalho.20 A irmã Randle disse
que o tesouro estava diminuindo e que precisavam de algumas roupas e lã
para remendar meias, etc. Propôs e pediu apoio às seguintes irmãs que
haviam se tornado membros daquela sociedade: Mary A. Savage, Sarah M.
Willis, Susannah Perry e Naomi Howles. O apoio foi unânime.21 O
presidente Higbee disse que esperava que as doações fossem levadas ao
tesouro.22 Vocês não imaginam o quanto estão fazendo. Vocês têm feito
liberalmente e Deus centuplicará suas bênçãos. Ele então perguntou se havia
algum assunto em particular que precisava ser tratado, pois a irmã Hopkins
estava ausente cuidando de um caso de doença. A irmã Haight respondeu e
disse que não sabia de nenhum assunto, ela apenas gostaria de mencionar o
caso do senhor Chatterley que estava dormindo no chão porque sua cama
havia sido queimada.23 Ela disse que era nosso dever encontrar uma cama
para ele. A irmã Hannah Fife disse que acharia um colchão e a irmã Mary
McConnell um travesseiro de penas.24 Algumas irmãs prestaram seu
testemunho, e então o irmão Higbee disse que não seria sábio estender a
reunião por mais tempo, pois o dia estava muito frio.
Ala Cedar City, Estaca Parowan, Ata da Sociedade de Socorro, vol. 1, 1856–1875 e 1892, 8 de janeiro
de 1857, pp. 6–7, Biblioteca de História da Igreja. Caligrafia de Ellen Lunt. Título fornecido pelos
editores.

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^1. Richard L. Jensen, “Forgotten Relief Societies, 1844–67” [Sociedades de Socorro esquecidas],
Dialogue: A Journal of Mormon Thought [Diálogo: Um Diário de Pensamentos Mórmons] 16, nº 1,
Primavera de 1983, pp. 105–125; Ala Cedar City, Estaca Parowan, Livro de Atas da Sociedade de
Socorro, 1856–1875 e 1892, 3 e 11 de dezembro de 1856, pp. 4–6, Biblioteca de História da Igreja.
Para trechos adicionais das Atas da Sociedade Benevolente de Cedar City, ver Jill Mulvay Derr,
Carol Cornwall Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief
Society: Key Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros Cinquenta Anos da
Sociedade de Socorro: Documentos-Chave na História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt
Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2016, pp. 227–234.
^2. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 27 de novembro de 1856, p. 3. De
acordo com Isaac C. Haight, Lydia Okie Van Dyke Hopkins “era um membro fiel e era muito
respeitada por todos” (Isaac C. Haight para George A. Smith, 17 de outubro de 1859, George A.
Smith Papers, Biblioteca de História da Igreja).
^3. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 27 de novembro de 1856, p. 3.
^4. Janet Burton Seegmiller, A History of Iron County: Community Above Self [Uma História do
Condado de Ferro], Salt Lake City: Utah State Historical Society, 1998, pp. 45, 51, 57–58.
^5. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 20 de novembro de 1856, p. 2.
^6. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 4 de fevereiro de 1857, p. 8.
^7. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 8 de janeiro de 1857, p. 7. Rachel Taylor
Whittaker (1808–1876) serviu como segunda conselheira na Sociedade de Socorro de Cedar City,
depois serviu como presidente a partir de 1868, quando a sociedade foi reorganizada, até 1875
(“Obituary” [Obituário], Woman’s Exponent 5, nº 10, 15 de outubro de 1876, p. 77).
^8. De 1856 a 1857, os líderes mórmons incentivaram os membros a se arrependerem de seus pecados e
a serem rebatizados para demonstrar dignidade e compromisso individual (ver Paul H. Peterson,
The Mormon Reformation [A Reforma Mórmon], Dissertations in Latter-day Saint History
[Dissertações sobre a História da Igreja], Provo, UT: Joseph Fielding Smith Institute for Latter-day
Saint History; BYU Studies, 2002, pp. 1, 49–51).
^9. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 20 de novembro de 1856, p. 1.
^10. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 3 de dezembro de 1856, p. 4.
^11. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 11 de dezembro de 1856, p. 5.
^12. Annabella Sinclair McFarlane Haight (1812–1888) foi a primeira conselheira na Sociedade
Benevolente de Cedar City de 1856 até depois de sua reorganização em 1875. Ela era da Escócia e
foi uma das esposas de Isaac C. Haight. Alice Cattell Randle (1818–1871) veio da Inglaterra para os
Estados Unidos em 1852. Ellen Whittaker Lunt (1830–1903) era filha da segunda conselheira,
Rachel Taylor Whittaker. Como secretária, ela fez os registros das atas da Sociedade de Socorro de
Cedar City por 35 anos. Ela foi chamada como presidente da Sociedade de Socorro da estaca em
1879 (“Obituaries” [Obituários], Woman’s Exponent 16, nº 19, 1º de março de 1888, p. 152; Derr e
outros, First Fifty Years [Primeiros Cinquenta Anos], pp. 646, 658, 666–667).
^13. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 9 de abril de 1857, p. 10.
^14. Livro de Atas da Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 14 de junho de 1868, p. 33.
^15. John M. Higbee foi o primeiro conselheiro do presidente da estaca do condado de Iron, Isaac C.
Haight.
^16. Pluralidade se refere ao princípio do casamento plural ou poligamia.
^17. Este poema de Eliza R. Snow foi incluído no hinário de 1851. O hino descrevia a união eterna do
homem e da mulher e foi cantado com frequência nas reuniões da Sociedade de Socorro, bem como
em outras reuniões da Igreja (Derr e outros, First Fifty Years [Primeiros Cinquenta Anos], p. 172;
Jill Mulvay Derr, “The Significance of ‘O My Father’ in the Personal Journey of Eliza R. Snow” [O
Significado de ‘Ó meu Pai’ na Jornada Pessoal de Eliza R. Snow], BYU Studies 36, nº 1, 1996–
1997, pp. 85–126).
^18. Termos comuns relacionados à prática do casamento plural naquela época eram “o princípio” e “o
novo e eterno convênio” (“O casamento plural em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias”, acesso em 11 de dezembro de 2015, LDS.org).
^19. Elizabeth Reeves Liston (1829–1892) era de Ohio. Ela ensinava em escolas em Cedar City e
trabalhava como enfermeira. Ela se filiou à Sociedade de Socorro de Cedar City na primeira reunião
em 20 de novembro de 1856. Ela se mudou mais ao sul, para Santa Clara, condado de Washington,
no outono de 1858 (Ovilla Rosaltha Liston Empey, “Elizabeth Reeves Liston”, em Lisa L. Martin
Family Biographies Collection, pp. 1–2, Biblioteca de História da Igreja; Livro de Atas da
Sociedade de Socorro da Ala Cedar City, 20 de novembro de 1856, p. 2).
^20. Essa poderia ser Mary Lois Walker Morris (1835–1919) ou Barbara Thomas Morris (1793–1866),
membros da Sociedade Benevolente de Cedar City (ver “Names of Members in the Female
Benevolent Society” [Nomes de Membros da Sociedade Benevolente Feminina], Livro de Atas da
Ala Cedar City [contracapa], Biblioteca de História da Igreja; “Mary Lois Walker Morris” e
“Barbara Thomas Morris”, The First Fifty Years of Relief Society [Os Primeiros Cinquenta Anos da
Sociedade de Socorro], “People” [Povo], acesso em 2 de agosto de 2016,
churchhistorianspress.org).
^21. Mary Abigail White Savage, Sarah Melissa Dodge Willis, Susannah Ward Perry, Naomi Howler.
A prática do voto de apoio dos membros teve início em Nauvoo (ver Derr e outros, First Fifty
Years, p. 30).
^22. A tesoureira forneceu um relatório na reunião seguinte (Livro de Atas da Sociedade de Socorro da
Ala Cedar City, 4 de fevereiro de 1857, p. 8).
^23. Esse poderia ser John Bourne Chatterley, que morava em Cedar City nesse período (“Died”
[Faleceu], Deseret News, 26 de novembro de 1862; John Chatterly, Censo de 1856, Cedar City, Iron
Co., UT).
^24. Hannah Barrow Fife e Mary Webb McConnell.
————— Capítulo adicional 3 —————

Irmãs em ação

Rebecca E. Standring
Sociedade de Socorro de Lehi
Sala Superior da Cooperative Store, Lehi, território de Utah
18 de novembro de 1871

Em seu discurso à Sociedade de Socorro em 18 de novembro de 1871,


Rebecca E. Smith Standring (1828–1913) expandiu a definição de família
para abranger todos ao seu redor, inclusive as irmãs da Sociedade de Socorro.
Ela tinha falado às professoras visitantes da Sociedade de Socorro de Lehi em
22 de outubro de 1871, sobre o papel delas como mães das mulheres que
visitavam. Ela as incentivou a “cuidar do bem-estar delas, sentir suas
necessidades e ensiná-las os princípios de salvação, bem como aliviar as
necessidades dos pobres. Ao fazer isso, elas se tornam salvadoras; elas
salvam almas”.1 O valor da família era um tema constante em seus discursos,
inclusive seus breves comentários para toda a Sociedade de Socorro de Lehi
um mês depois de ter falado com as professoras (reproduzido a seguir).
Standring nasceu em Northampton, Inglaterra, sendo uma de 13 filhos.
Ela se filiou a Igreja em fevereiro de 1851, aos 23 anos de idade. Ela imigrou
para a América em 1855 com duas irmãs. Standring morou primeiro em Nova
York e depois em Dayton, Ohio, antes de se mudar para o Vale do Lago
Salgado em setembro de 1857, estabelecendo-se a 80 quilômetros ao sul de
Springville. Enquanto visitava uma irmã em Lehi em 1859, ela encontrou e
depois se casou com Edwin Standring, que também era da Inglaterra. Depois
da morte dele, ela adotou e criou duas crianças: Alice Bahr Royle e John
Edwin Standring.2
Standring era muito ativa na comunidade e na Igreja.3 No início da
década de 1860, ela participou da Home Dramatic Association e era ativa no
coro de Lehi. Quando a Escola Dominical foi organizada em 1866 em Lehi,
ela se tornou a primeira professora e serviu por 30 anos. A Sociedade de
Socorro de Lehi foi organizada em outubro de 1868, com Standring chamada
como secretária.4 Onze anos depois, ela foi chamada como presidente da
Sociedade de Socorro de Lehi, posição que ocupou por 22 anos. Quando a
Sociedade de Socorro da Estaca Alpine foi organizada em 1901, ela foi
chamada como presidente e serviu por 12 anos. Ela também serviu na junta
geral da Sociedade de Socorro de 1896 a 1902.5 Standring ajudou a
Associação da Primária da Estaca Utah e serviu como oficiante nos Templos
de St. George, Manti e Salt Lake. 6
Standring trabalhou cuidadosamente para contribuir com um espírito de
união em sua Sociedade de Socorro. Na reunião de 18 de novembro de 1871,
a presidente da Sociedade de Socorro, Sarah C. Evans, pediu a Standring que
lesse um capítulo do livro de Parley P. Pratt Key to the Science of Theology
[Chave para a Ciência da Teologia].7 Depois da leitura, Martha P. Thomas,
conselheira na presidência, expressou sua incapacidade de explicar melhor as
palavras de Pratt. Standring respondeu, incentivando as irmãs a serem cheias
de amor, bondade e paciência umas com as outras, suportando as fraquezas
umas das outras. Inspiradas pelas palavras de Standring, várias outras
mulheres prestaram seu testemunho “de sua determinação, com a ajuda de
Deus, de permanecer fiel a Sua causa e de confiar Nele, sabendo que todos os
outros podem falhar. Ele nunca falha, mas desnuda o braço para nos livrar de
nossos inimigos e colocar Seu selo em Seus fiéis, para que não se percam”. A
presidente Evans encerrou a reunião dizendo: “[Fiquei contente] de ver
muitas das minhas irmãs aqui. Amo ouvi-las falar. Sei que é certo aperfeiçoar
o talento que Deus nos deu”.8

MINHAS IRMÃS, desejo unir meus esforços aos seus.9 Sinto-me grata por
ser membro dessa instituição, e é sempre um prazer me encontrar com
minhas irmãs, porque sei que somos irmãs em todas as coisas, filhas do
mesmo Pai Celestial, mesmo que às vezes nos sintamos distantes umas das
outras.10
O sentimento será diferente se um dia pudermos voltar à presença de
nosso Pai Eterno. Então nos cumprimentaremos com um sorriso de amor, e
todo o sentimento que seja contrário ao amor e à bondade será banido de nós.
Que comecemos a cultivar cada vez mais o espírito de amor, de bondade
e de paciência umas com as outras. Que suportemos as fraquezas umas das
outras, lembremo-nos de que somos todas membros da mesma grande família
e que Deus nos abençoe com Seu Santo Espírito para agirmos assim. Em
nome de Jesus Cristo. Amém.
Ala Lehi, Estaca Utah, Atas da Sociedade de Socorro, vol. 1, 1868–1879, 18 de novembro de 1871, pp.
81–82. Caligrafia de Rebecca E. Standring. Título fornecido pelos editores.

_________________________
^1. “A Meeting of the Teachers” [Uma Reunião das Professoras], Ala Lehi, Estaca Utah, Atas e
Relatórios da Sociedade de Socorro, vol. 1, 1868–1879, 22 de outubro de 1871, p. 75, Biblioteca de
História da Igreja. A Sociedade de Socorro de Nauvoo instituiu um programa de professora
“visitante” em 1843 em Nauvoo, designando equipes de mulheres a áreas geográficas específicas
nas quais deveriam definir as necessidades e buscar contribuições de caridade. A prática teve
continuidade em Utah, e as “professoras” da ala geralmente relatavam suas ações, bem como os
conselhos espirituais nos livros de atas da Sociedade de Socorro (Jill Mulvay Derr, Carol Cornwall
Madsen, Kate Holbrook e Matthew J. Grow, eds., The First Fifty Years of Relief Society: Key
Documents in Latter-day Saint Women’s History [Os Primeiros Cinquenta Anos da Sociedade de
Socorro: Documentos-Chave na História das Mulheres Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City:
Editora do Historiador da Igreja, 2016], pp. 109–110, 209–210, 220–222; Jill Mulvay Derr, Janath
Russell Cannon e Maureen Ursenbach Beecher, Women of Covenant: The Story of Relief Society
[Mulheres do Convênio: A História da Sociedade de Socorro], Salt Lake City: Deseret Book, 1992,
pp. 91–92).
^2. “Rebecca E. Standring”, Woman’s Exponent 41, nº 13, janeiro de 1914, p. 91; Andrew Jenson,
Latter-day Saint Biographical Encyclopedia, Salt Lake City: Andrew Jenson Memorial
Association, 1901–1936, vol. 4, p. 198; “Mrs. Standring Dead”, Salt Lake Tribune, 21 de dezembro
de 1913, p. 10; Lehi Centennial Committee, Lehi Centennial History 1850–1950, Lehi, UT: Free
Press, 1950, pp. 296–297. Edwin Standring faleceu em 1888. John Standring era filho de Edwin
Standring e uma de suas esposas, Mary Ann Cutler, que faleceu em 1900. John Standring tinha 19
anos quando Rebecca o adotou. Ele sofria de doença mental e faleceu no Hospital Psiquiátrico
Estadual de Utah (Frank Esshom, Pioneers and Prominent Men of Utah [Pioneiros e Homens
Proeminentes de Utah], Salt Lake City: Utah Pioneers Book Publishing, 1913, vol.1, p. 346; “The
Funeral of Mrs. Mary Ann Standring Roberts” [O Funeral da Senhora Mary Ann Standring
Roberts], Lehi (Utah) Banner, 19 de julho de 1900; John E. Standring Death Certificate, Utah
County, Utah, 1º de novembro de 1924, pp. 452–453, Departamento de Saúde, Escritório de
Registros Vitais e Estatísticas, Atestados de Óbito, 1904–1961, Série 81448, Arquivos do Estado de
Utah). (Mary) Alice Bahr Royle era filha de William Andrew Bahr e Harriet Jackson. Seu pai
faleceu em 1885. Quando ela se casou com Henry M. Royle em 1903, os registros do condado
alistam seu sobrenome como Standring (Mary A. Bar, Censo dos EUA de 1880, Salem, Utah Co.,
UT; William Andrew Bahr, Salem City Cemetery, UT, bloco 35, quadra 1, lote 4, memorial nº
35396839, acesso em 19 de janeiro de 2016, findagrave.com; Casamentos do condado de Utah,
1887–1973, 21 de janeiro de 1903, nº 488400, Tribunal do condado de Utah, Provo, UT).
^3. A notícia do falecimento de Standring declarava que “por causa do serviço público que ela realizou,
ela foi provavelmente a mulher mais proeminente de Lehi e do extremo norte do condado de Utah”
(“Mrs. Standring Dead” [Senhora Standring Morta], p. 10).
^4. Rebecca Standring, Carta ao Editor, em “F. R. Society Reports”, Woman’s Exponent 1, nº 18, 15 de
fevereiro de 1873, p. 138.
^5. Lehi Centennial Committee, Lehi Centennial History [História Centenária de Lehi], pp. 296–297;
Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica da Igreja], vol. 4, p.
198.
^6. Lehi Centennial Committee, Lehi Centennial History [História Centenária de Lehi], p. 297.
^7. Parley P. Pratt, Key to the Science of Theology: Designed as an Introduction to the First Principles
of Spiritual Philosophy; Religion; Law and Government [Chave para a Ciência da Teologia: Criada
Como uma Introdução aos Primeiros Princípios da Filosofia Espiritual, Religião, Direito e
Governo], Liverpool: F. D. Richards, 1855. Os capítulos desse livro foram muitas vezes lidos e
debatidos nas reuniões da Igreja, e avisos de publicação foram incluídos nos jornais. Ver “Book
Notices” [Comunicados de livros], Woman’s Exponent 3, nº 2, 15 de junho de 1874, p. 12.
^8. Atas e Relatórios da Sociedade de Socorro da Ala Lehi, 18 de novembro de 1871, pp. 81–82
^9. (ver Marcos 12:42–43; Lucas 21:2–3).
^10. Pratt escreveu que os “filhos do mesmo Pai real nos céus” são “coerdeiros”. Pratt, Key to the
Science of Theology, p. 32.
————— Capítulo adicional 4 —————

Um zangão na colmeia Deseret

Julia Cruse Howe


Associação Geral de Resguardo Mútuo
da Ala Assembly Hall 14, Salt Lake City, Utah
30 de dezembro de 1893

Julia Matilda Cruse Howe (1823–1916) teve uma vida de serviço discreto,
como ela descreveu em um pequeno discurso em 1893. Ela nasceu em
Boxford, Inglaterra, e foi batizada em 6 de abril de 1849, seguindo duas
irmãs mais velhas, Mary e Charlotte, que haviam sido batizadas em 1847.1
Antes de Howe ir para a América em junho de 1849 com suas irmãs, seu pai,
que havia sido batizado logo depois de suas filhas, prometeu que ela viveria
para realizar um trabalho importante.2 Perto do fim da vida dela, um biógrafo
chamou Howe de “uma trabalhadora incansável”.3
Ao chegarem na América, Julia e Charlotte Cruse moraram em St.
Louis, Missouri, onde Julia conheceu e se casou com o colega mórmon,
Amos Howe, um mecânico. A família Howe morou lá e em Nova York por
14 anos, recebendo em seu lar missionários e líderes da Igreja viajantes
quando passavam pela cidade.4 Quando os Howe se mudaram para Salt Lake
City em 1864, muitos amigos antigos os receberam calorosamente.
Howe serviu como professora e tesoureira na Sociedade de Socorro da
Ala 17. Embora a associação das Damas da ala tenha sido organizada em
1870, o grupo se desfez abruptamente de 1871 até 1875. Enquanto isso,
Howe coordenou um curso adicional de costura entre as moças da ala,
conhecido como a Sociedade de Socorro Juvenil, para ajudar a Sociedade de
Socorro da ala.5 Ela serviu como presidente da primária da Ala Salt Lake
City 17 de 1881 a 1895 e ensinou na Escola Dominical por vários anos.6
As mulheres em Salt Lake City participavam de diversas reuniões
realizadas por diferentes organizações, que geralmente coincidiam na
liderança, nas responsabilidades e no propósito.7 Uma dessas era a reunião
quinzenal da Associação Geral de Resguardo Mútuo, que originou a
Associação Sênior de Resguardo Mútuo em 1870. O grupo incluía as
mulheres de todas as alas do Vale do Lago Salgado e se tornou uma troca
entre alas para se comunicarem sobre a Sociedade de Socorro, o sufrágio, o
Hospital Deseret e a fabricação de seda.8 Enquanto as organizações da
Sociedade de Socorro da estaca tiveram início em 1877, a reunião geral
quinzenal de resguardo mútuo continuou como um grupo separado e
geralmente relatava suas atas de reuniões no Woman’s Exponent.9
Mary Isabella Horne, que também era presidente da Sociedade de
Socorro da Estaca Salt Lake, presidiu a reunião quinzenal em 30 de dezembro
de 1893. Naquela época, a Sociedade de Socorro da Estaca Salt Lake
consistia em mais de 40 Sociedades de Socorro de todo o vale de Salt Lake.10
Em anos anteriores, as líderes do comitê central da Sociedade de Socorro e a
presidência da estaca da Sociedade de Socorro viajavam para organizações
locais para discursar e treinar as mulheres. Porque o Templo de Salt Lake
tinha sido dedicado há apenas oito meses antes dessa reunião, muitas dessas
líderes estavam servindo no templo e precisavam de uma solicitação de
auxílio para visitar os ramos locais. Na reunião de 30 de dezembro de 1893,
Horne designou Howe para ser uma ajudante na Sociedade de Socorro da
Estaca Salt Lake, com a secretária Lydia D. Alder. Horne então pediu a Howe
que discursasse, e Howe expressou seus pensamentos sobre essa nova
designação de visita e sobre o serviço em geral.11

A IRMÃ HOWE DISSE: “Creio que seja costume de os irmãos expressarem


seus sentimentos em tais casos e achei que era correto assim fazê-lo. Sempre
senti que não queria ser um zangão na colmeia Deseret.12
Minha experiência me ensinou que não é somente o forte ou o educado
que pode fazer o melhor possível, mas aqueles que estão dispostos a ser
trabalhadores na vinha.13 Tenho o desejo de apoiar aqueles que são chamados
a instruir e ir de um lugar para outro. Presto meu testemunho sobre o bem
realizado nessas reuniões, e muito será exigido daqueles que têm essas
oportunidades de instrução.14 Sinto que essa responsabilidade para a qual fui
chamada será um prazer e desejo fazer tudo o que posso”.15 A irmã Howe
também falou sobre caridade, explicou seu significado e deu outras boas
instruções.
Julia C. Howe, Discurso, 30 de dezembro de 1893, em “Semi-Monthly Meeting” [Reunião Quinzenal],
Woman’s Exponent 22, nº 11, 15 de janeiro de 1894, p. 85. Registrado por Lydia D. Alder. Título
fornecido pelos editores.

_________________________
^1. Mary Eliza Cruse [Stone] foi batizada em 30 de setembro de 1847. Charlotte Cruse [Thorpe] foi
batizada em 25 de outubro de 1847 (“Endowments of the Living, 1851–1854” [Investiduras dos
Vivos, 1851–1854], A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Endowment House, vol.
F, Charlotte Sharp, 24 de novembro de 1866, e Mary Stone, 18 de maio de 1867, microfilme
183405, Biblioteca de História da Família).
^2. Andrew Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia [Enciclopédia Biográfica da Igreja],
Salt Lake City: Andrew Jenson History Co., 1914, vol. 2, p. 385; Charles Ross Howe, ed. por
“Amos Howe Family Sketches and Documents” [Esboços e Documentos da Família Amos Howe],
p. 17, Biblioteca de História da Igreja; May Booth Talmage, “Julia Cruse Howe”, Woman’s
Exponent 41, nº 8, junho de 1913, p. 58. Ver New Orleans Passenger Lists, 1813–1963, 23 de
outubro de 1849, acesso em 22 de dezembro de 2015, ancestry.com.
^3. Talmage, “Julia Cruse Howe”, pp. 57–58.
^4. Jenson, Latter-day Saint Biographical Encyclopedia, vol. 2, p. 385.
^5. Howe serviu como superintendente assistente do grupo. Em 17 de setembro de 1875, a Sociedade
de Socorro Juvenil da Ala 17 foi renomeada a Associação de Resguardo Mútuo (Ala 17, Estaca Salt
Lake, Young Women’s Mutual Improvement Association Minutes and Records, vol. 1, 1870–1892,
6 de julho de 1871, n.p., e vol. 2, 1875–1878, 17 de setembro de 1875, p. 1, Biblioteca de História
da Igreja; Talmage, “Julia Cruse Howe”, p. 58; Salt Lake City Seventeenth Ward, Salt Lake Stake,
Young Ladies’ Mutual Improvement Association, Minute Book B, 1873–1875, em Seventeenth
Ward Relief Society Minutes and Records [Atas e Relatórios da Sociedade de Socorro da Ala 17],
vol. 6, 1873–1875, 17 de setembro de 1873, pp. 3–4, Biblioteca de História da Igreja).
^6. “Seventeenth Ward Primary History” [História da Primária da Ala 17], Seventeenth Ward, Salt
Lake Stake, Primary Association Minutes and Records, vol. 2, 1878–1953, 29 de novembro de
1881, p. 1, e vol. 3, 1893–1904, 24 de setembro de 1895, pp. 62–63, Biblioteca de História da
Igreja; Talmage, “Julia Cruse Howe”, p. 58.
^7. Ver Maureen Ursenbach Beecher, “The ‘Leading Sisters’: A Female Hierarchy in Nineteenth
Century Mormon Society” [As irmãs líderes: Uma hierarquia feminina na sociedade mórmon do
século 19], Journal of Mormon History 9, nº 1, 1982, p. 37.
^8. Ver, por exemplo, Salt Lake Stake Relief Society Record Book, 1868–1903, 22 de dezembro de
1877; 23 de março de 1878; e 16 de junho de 1882, pp. 1, 6, 65, Biblioteca de História da Igreja;
ver também Eliza R. Snow, “An Elevation So High above the Ordinary” [Elevadas Muito Acima do
Comum] neste documento.
^9. Beecher, “Leading Sisters”, p. 38. O Woman’s Exponent publicou atas das reuniões gerais de
resguardo mútuo e as intitularam “Reunião Geral de Resguardo Mútuo”, a “Reunião Geral
Quinzenal das Damas”, a “Reunião das Damas”, a “Reunião Geral Quinzenal de Resguardo
Mútuo”, e a “reunião regular quinzenal das damas” (“R.S. Reports”, Woman’s Exponent 7, nº 15, 1º
de janeiro de 1879, p. 114; “Home Affairs” [Assuntos internos], Woman’s Exponent 8, nº 5, 1º de
agosto de 1879, pp. 36–37; “Home Affairs”, Woman’s Exponent 8, nº 6, 15 de agosto de 1879, p.
45; “R.S., Y.L.M.I.A. and Primary Reports”, Woman’s Exponent 9, nº 20, 15 de março de 1881, p.
159; “R.S., Y.L.M.I.A. and Primary Reports”, Woman’s Exponent 10, nº 14, 15 de dezembro de
1881, pp. 109–110).
^10. As Sociedades de Socorro da Estaca Salt Lake incluíam alas numeradas na cidade de um a vinte, e
depois várias em áreas distantes (ver Salt Lake Stake Relief Society Record Book, “Organization in
Wards” [Organização em Alas], pp. 12–27; 9 de março de 1883; 18 de junho de 1889; 31 de agosto
de 1892 e 23 de março de 1894, pp. 72, 126, 152, 168).
^11. Lydia D. Alder, “Semi-Monthly Meeting” [Reunião Quinzenal], Woman’s Exponent 22, nº 11, 15
de janeiro de 1894, p. 85.
^12. De acordo com o Oxford English Dictionary, um zangão é uma abelha macho que não trabalha e
apenas impregna a abelha rainha. Também pode significar um não trabalhador, ocioso ou
preguiçoso.
^13. Ver Eclesiastes 9:11; Mateus 20:1–15.
^14. Lucas 12:48; Doutrina e Convênios 82:3.
^15. No início dessa reunião, Horne incentivou não apenas a associação na organização das mulheres,
mas trabalho ativo nela: “Temos uma religião que devemos praticar todos os dias de nossa vida”
(Alder, “Semi-Monthly Meeting”, p. 85).
————— Capítulo adicional 5 —————

Há uma diferença

Kate M. Barker
Conferência geral da Sociedade de Socorro
Tabernáculo, Praça do Templo, Salt Lake City, Utah
3 de abril de 1937

Kate Olive Montgomery Barker (1881–1972) começou a participar da junta


geral da Sociedade de Socorro em 1929, no mesmo ano da quebra da bolsa
que desencadeou a Grande Depressão.1 Em 1935, a presidente Louise Y.
Robison indicou Barker como segunda conselheira, a “consultora
educacional” e como designação ela supervisionou o desenvolvimento do
currículo de lições.2 Todos os meses, as irmãs da Sociedade de Socorro
tinham reuniões sobre temas de teologia, literatura e serviço social. Na quarta
semana, realizavam uma reunião de “trabalho e negócios”. As líderes da
Sociedade de Socorro levavam esses cursos a sério. Seu manual especificava
que a “administração da caridade” não deveria consumir o tempo delas a
ponto de negligenciarem o desenvolvimento da fé ou o aprimoramento de
suas habilidades literárias, sociais e domésticas.3
A própria educação de Barker contribuiu em seu trabalho de
desenvolvimento de currículo. Depois de se formar como aluna destaque da
Ogden High School, ela foi professora por três anos em Logan, Utah, até se
casar com James L. Barker em 1906.4 Depois disso, ela continuou a adquirir
instrução de qualquer forma que podia enquanto James avançava em sua
carreira em idiomas europeus (ele dirigiria os Departamentos de Línguas
Modernas na Universidade Brigham Young e na Universidade de Utah).5
Quando James estava na Universidade de Neuchâtel na Suíça, Kate fez aulas
de literatura inglesa;6 quando ele estudou em Sorbonne, Paris, ela teve aulas
lá.7 Depois de voltar para Utah, ela participou de uma série de clubes
educacionais, incluindo o Authors Club e o Ladies’ Literary Club.8
Além de supervisionar o currículo da Sociedade de Socorro, Barker
trabalhou como presidente do Comitê de Artesanato Mórmon que a junta
geral estabeleceu em 1937.9 Sob a supervisão de Barker, o Artesanato
Mórmon se tornou uma loja de consignação para itens artesanais para ajudar
as mulheres a completar a renda familiar durante a Grande Depressão. A
junta geral da Sociedade de Socorro esperava que a organização incentivasse
a indústria doméstica a “preservar as habilidades de nossos antepassados
pioneiros e as habilidades e os ofícios dos vários países dos quais muitos
membros da Sociedade de Socorro haviam emigrado e (…) aumentar a
apreciação pela mão de obra de qualidade fina”.10 Os membros da Igreja
enviaram seus itens artesanais para a Loja de Artesanato Mórmon de Salt
Lake, que vendia mantas, colchas, toalhas de mesa, aventais, bonecas e
roupas para bebês.11 Esse esforço refletiu, de certa forma, o trabalho da
Federal Works Progress Administration de prover formas para as mulheres
ganharem dinheiro durante os tempos econômicos difíceis.12 Embora,
historicamente, as mulheres geralmente costuravam para ganhar dinheiro, o
WPA foi o primeiro programa governamental dos EUA que pagou as
mulheres para costurar e fazer roupas, lençóis, cobertores, travesseiros e
uniformes.13
Por mais de dois anos e meio, Barker também compôs o Bulletin, uma
comunicação mensal da junta geral da Sociedade de Socorro a todas as
missões da Igreja. O Bulletin descrevia as conferências e os ideais e continha
instruções sob títulos como: “Qual é o objetivo de nossas lições da Sociedade
de Socorro?” e “Qualidades de liderança”.14 Barker também serviu em
comitês da Igreja que supervisionavam o programa de bem-estar, da Deseret
Clothing e um programa de educação sobre bebidas alcoólicas.15 Ela tinha
servido na junta geral da Sociedade de Socorro por oito anos quando ela deu
o seguinte discurso em uma conferência da Sociedade de Socorro, no
Tabernáculo de Salt Lake, em 3 de abril de 1937, sobre oração, fé e
obediência.

TODOS NÓS APRECIAMOS A VIDA e as oportunidades. Somos gratas por


termos nascido nesta época maravilhosa. Mas grandes bênçãos e
oportunidades significam grande responsabilidade. Nosso Pai Celestial está
zelando pela Terra e tem um plano glorioso para o estabelecimento do reino
de Deus na Terra. Ele também tem um plano geral para cada um de Seus
filhos e espera que cada um de nós ajude a levar avante o plano do
evangelho. Se somos gratas por isso, podemos fazer menos do que colocar
nosso melhor esforço no trabalho? Nossos padrões podem ser elevados
demais? Jesus disse: “Quem não é comigo é contra mim”.16 Penso que ele
quis dizer para sermos ativas e que, na medida em que somos passivas,
pensamos superficialmente, na medida em que deixamos de colocar o esforço
e tempo suficientes em nossos pensamentos e atos, para pensarmos e agirmos
de maneira correta e honesta, na medida em que não conseguimos colocar
nosso coração e nossa alma no trabalho, estamos contra Ele.
Mas só podemos ter certeza de que estamos resolvendo nossos
problemas no caminho certo se tivermos a ajuda de nosso Pai Celestial. Ele
também disse: “Buscai-me em cada pensamento; não duvideis, não temais”.17
Mas “há uma lei, irrevogavelmente decretada no céu antes da fundação deste
mundo, na qual todas as bênçãos se baseiam”.18
Recebemos leis muito claras que regem a oração. Devemos pedir com
fé. A fé não vem sem esforço — esperar até o momento de necessidade e
dizer: “Terei fé”. A fé vem por meio da obediência. Nossas orações devem
ser sinceras Elas são sinceras quando oferecemos nossos melhores esforços e
rogamos humildemente por orientação e confirmação. Quando Oliver
Cowdery queria traduzir parte do Livro de Mórmon, ele deixou de receber a
inspiração necessária e o Senhor disse a ele: “Eis que não compreendeste;
supuseste que eu o concederia a ti, quando nada fizeste a não ser pedir-me”.19
Há uma diferença entre pedir a nosso Pai Celestial que abençoe os pobres e
pedir que enxerguemos as necessidades e ajudar a levar a bênção.
Que oremos por nossos líderes da Igreja, mas também asseguremos ao
Pai Celestial que, se Ele inspirar nossos líderes, nós nos esforçaremos o
máximo possível para seguir a orientação deles.
O Senhor também disse: “Orai ao Pai no seio de vossa família”.20 A
oração familiar ajuda a manter a família unida. Orar juntos causa algo nas
pessoas. Mas há uma diferença entre orar verdadeiramente e fazer nossas
orações. As orações familiares nunca devem se tornar rotineiras. Devemos
mostrar aos nossos filhos o que a oração significa para nós. Quando Jesus
estava com seus discípulos, Ele recebeu tanta ajuda e consolo por meio de
orações que eles disseram: “Senhor, ensina-nos a orar”.21
Que nossas orações nos ajudem a ter uma nova visão e altruísmo, que
não decepcionemos nosso Pai Celestial nas tarefas que Ele nos deu para
realizarmos.
Kate M. Barker, “Address” [Discurso], 3 de abril de 1937, em “Second General Session” [Segunda
sessão geral], Relief Society Magazine 24, nº 5, maio de 1937, pp. 324–325. Título fornecido pelos
editores.

_________________________
^1. “Mrs. Kate Barker, 90, Dies” [Senhora Kate Barker, 90 anos, morre], Deseret News, 14 de fevereiro
de 1972; Kate M. Barker, “Autobiography of Kate Olive Montgomery Barker” [Autobiografia de
Kate Olive Montgomery Barker], documento datilografado, 1960, p. 2, Biblioteca de História da
Igreja. Ela concluiu seu serviço na junta geral em 1939 (Barker, “Autobiography”, p. 2).
^2. Belle S. Spafford, “Kate M. Barker”, Relief Society Magazine 27, nº 2, fevereiro de 1940, p. 81.
Louise Yates Robison serviu como presidente geral da Sociedade de Socorro de 1928 a 1939.
^3. Handbook of the Relief Society of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints [Manual da
Sociedade de Socorro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias], Salt Lake City:
General Board of Relief Society, 1931, pp. 169–170.
^4. Mary C. Kimball, “Kate Montgomery Barker”, Relief Society Magazine 22, nº 5, maio de 1935, p.
267; Alice Louise Reynolds, “Mrs. Kate Montgomery Barker”, Relief Society Magazine 16, nº 5,
maio de 1929, pp. 240–241. Barker pode ter sido a oradora da turma; os artigos na Relief Society
Magazine (ver anteriormente) referem-se a ela como uma das alunas principais da escola, e sua
autobiografia declara que ela falou em sua formatura (Barker, “Autobiography”, p. 1).
^5. Barker, “Autobiography”, p. 1; Kimball, “Kate Montgomery Barker”, p. 267.
^6. Barker, “Autobiography”, p. 1.
^7. Kimball, “Kate Montgomery Barker”, p. 7; Barker, “Autobiography”, p. 2; Reynolds, “Mrs. Kate
Montgomery Barker”, p. 240. James Barker estudou na Suíça de 1906 a 1907 e em Paris de 1910 a
1913.
^8. Reynolds, “Mrs. Kate Montgomery Barker”, p. 240; Spafford, “Kate M. Barker”, p. 83. Os
membros da comunidade da Universidade de Utah conversavam sobre literatura durante as reuniões
do Authors’ Club. Para um exemplo de uma reunião, consulte “Professor Butler Talks on
Browning”, Salt Lake City Utah Chronicle, 11 de janeiro de 1915. O Ladies’ Literary Club reuniu
“mulheres de todos os credos e de nenhum credo, com o desejo comum de crescer intelectualmente
e de ser útil”. Katherine Barrette Parsons, History of Fifty Years: Ladies’ Literary Club, Salt Lake
City, Utah, 1877–1927, n.p.: Arrow Press, 1927, p. 153.
^9. Spafford, “Kate M. Barker”, pp. 81–83.
^10. A Centenary of Relief Society 1842–1942 [Centenário da Sociedade de Socorro 1842–1942], Salt
Lake City: General Board of Relief Society [Junta geral da Sociedade de Socorro], 1942, p. 84;
Spafford, “Kate M. Barker”, p. 83; Relief Society General Board Minutes [Atas da junta geral da
Sociedade de Socorro], vol. 21, 1936–1937, 17 de março de 1937, p. 105. Esses esforços são
remanescentes das lojas da Sociedade de Socorro do século 19 (Centenary of Relief Society, pp. 83–
84).
^11. Centenary of Relief Society, p. 84; Ethel C. Smith, “The Mormon Handicraft Shop”, Relief Society
Magazine 36, nº 9, setembro de 1949, p. 582.
^12. Carl E. Van Horn e Herbert A. Schaffner, eds., Work in America: An Encyclopedia of History,
Policy, and Society, Santa Barbara, CA: ABC-CLIO, 2003, p. 660.
^13. A Works Progress Administration proveu empregos subsidiados pelo governo para homens e
mulheres de 1935 a 1943 (T. H. Watkins, The Hungry Years: A Narrative History of the Great
Depression in America, New York: Henry Holt, 1999, p. 265. Ver também Martha H. Swain, “‘The
Forgotten Woman’: Ellen S. Woodward and Women’s Relief in the New Deal”, Prologue 15, nº 4,
inverno de 1983, pp. 201–213).
^14. Spafford, “Kate M. Barker”, p. 83; National Woman’s Relief Society General Board, Bulletin,
setembro de 1935, julho de 1936, Biblioteca de História da Igreja.
^15. Spafford, “Kate M. Barker”, p. 83.
^16. Ver Mateus 12:30; Lucas 11:23.
^17. Doutrina e Convênios 6:36.
^18. Doutrina e Convênios 130:20.
^19. Doutrina e Convênios 9:7. Oliver Cowdery serviu como escrevente de Joseph Smith quando ele
traduziu o Livro de Mórmon. Esta revelação, ditada por Joseph Smith em abril de 1829, foi em
resposta à tentativa malsucedida de Cowdery de traduzir o livro sozinho, um dom prometido em
uma revelação anterior (ver Doutrina e Convênios 8; Revelation, April 1829–D (D&C 9), em
Michael Hubbard MacKay, Gerrit J. Dirkmaat, Grand Underwood, Robert J. Woodford e William
G. Hartley, eds., Documents, Volume 1: July 1828–June 1831, vol. 1, da série Documentos de
Joseph Smith, editado por Dean C. Jessee, Ronald K. Esplin, Richard Lyman Bushman e Matthew
J. Grow, Salt Lake City: Editora do Historiador da Igreja, 2013, pp. 48–50).
^20. 3 Néfi 18:21.
^21. Lucas 11:1.
————— Capítulo adicional 6 —————

A reflexão séria precede a revelação

Maurine Jensen Proctor


Conferência de Mulheres da BYU
Edifício Joseph Smith, Universidade Brigham Young, Provo, Utah
5 de maio de 2006

Um registro original deste discurso está disponível em


churchhistorianspress.org (registro cortesia da Conferência de Mulheres da
BYU).

Maurine Jensen Proctor (nascida em 1949) descreveu sua mãe e sua avó
como mulheres que amavam escrever. “Acho que escrever é como um dom
na família”, ela disse. Ela afirma que as conversas longas e frequentes com
sua mãe, Maurine Conover Jensen, contribuíram substancialmente para seu
desenvolvimento, explicando que sua mãe era uma mulher idealista,
apreciativa e com princípios elevados, que encorajou sua filha a aproveitar os
exemplos de seus antepassados para criar resiliência em si mesmo. Jensen
dizia: “Os Conover cruzaram as planícies e nunca se sentaram e desistiram. E
você também não vai. (…) Somos engenhosos; não desistimos”.1 O pai de
Proctor, Joel Peter Jensen, foi um educador que trabalhou como diretor da
Hillcrest High School em Midvale, Utah, e como diretor da Jordan School
District.2
Proctor se formou em inglês pela Universidade de Utah (1971), depois
obteve um mestrado na Harvard Graduate School of Education (1972).
Depois de trabalhar como professora por um ano, ela percebeu que queria
passar sua vida profissional escrevendo. Ela escreveu para a revista New Era
antes de se mudar para Chicago em 1973.3 Certo dia, enquanto limpava a
capela depois de uma atividade da Sociedade de Socorro (Proctor era a
presidente local da Sociedade de Socorro), o telefone da Igreja tocou e ela
atendeu. Era um repórter do Chicago Sun-Times, que explicou que o jornal
queria publicar uma história sobre as mulheres mórmons. Quando Proctor
respondeu que ela era uma mulher mórmon e escritora, eles pediram a ela que
escrevesse a história e depois a contrataram para escrever muitos artigos
subsequentes. Ela também começou a escrever para as revistas McGraw-Hill.
Proctor continuou a escrever quando ela voltou para Utah em 1976, inclusive
para o programa do Coro do Tabernáculo Mórmon Música e Palavras de
Inspiração, para especiais de Natal do Coro do Tabernáculo Mórmon e para o
programa de rádio You and Your World. Proctor foi coautora de dois livros
com Paul H. Dunn e escreveu três livros sozinha.4
Depois do divórcio, Proctor se casou com Scot Facer Proctor em 1988,
juntando seus 11 filhos. Scot e Maurine são parceiros tanto no lar como no
trabalho. Juntos editaram a revista This People de 1992 a 1995.5 Por volta de
2006, eles tinham produzido sete livros, inclusive livros fotográficos e
edições revisadas e aprimoradas de clássicos da história da Igreja mórmon.
Maurine diz que está “tão acostumada a dormir no local onde precisamos
pegar a primeira luz para capturar uma foto para nosso livro quanto estou
com sentar na frente do computador”.6 Para sua nova versão editada da
história de Lucy Mack Smith de seu filho Joseph Smith, eles incluíram
detalhes íntimos da vida familiar, bem como as palavras originais de Smith
nos casos em que tinham sido alteradas. Eles também adicionaram 600 notas
de rodapé e 150 fotografias. Em 1999, os dois fundaram uma revista online
chamada Meridian, uma fonte popular para notícias, comentários e artigos da
Igreja de interesse especial.7
Recordando as circunstâncias sob as quais ela fez o seguinte discurso em
2006, Proctor declarou que muitas vezes ela escreve sobre algo a fim de
refletir sobre isso em sua própria mente. Encontrar tempo para reflexão era
particularmente difícil ao cuidar dos filhos, ela admitiu e acrescentou: “O
Senhor (…) nos dá inspiração quando não percebemos que a estamos
recebendo”.8 Proctor compartilhou seus pensamentos sobre reflexão e
revelação em uma conferência de mulheres da BYU.

Bênção no final da noite


CERTA NOITE, HÁ VÁRIOS ANOS, nossa filha adolescente mais velha
não chegou no horário combinado que deveria chegar, à meia-noite. Deu uma
1 da manhã e ela ainda não havia chegado. Fizemos o que qualquer pai faria.
Entramos em pânico. Oramos. Fizemos aquelas ligações incômodas no meio
da noite para os amigos dela às 2 horas da manhã. Ficamos imaginamos todos
os perigos em que ela poderia estar. Oramos com mais fervor. Chorei de
preocupação. Os minutos pareciam horas: 2 horas e 30 minutos, 2 horas e 45
minutos da madrugada. O mundo estava dormindo, mas nós não, dois pais
muito preocupados com sua preciosa filha.
Por fim, às 3 horas da madrugada ouvimos a porta da frente se abrir
silenciosamente. Decidimos sobre um plano para dividir e conquistar. Meu
marido, Scot, ficou em nosso quarto e orou por mim enquanto eu desci para
receber nossa filha. A conversa foi exatamente como esperávamos. Briguei
com ela, não literalmente, mas havia um tom na minha voz. Lembrei-lhe
sobre o horário de chegar em casa, falei sobre os perigos e as muitas
tentações ao ficar fora até tarde e descrevi nossa preocupação dolorosa. Ela
ficou na defensiva. E perguntou se não confiávamos nela. Ela disse que
estava velha demais para ter horário para chegar em casa. Quanto mais ela
resistia aos meus ensinamentos, mais aumentava a tensão entre nós. Eu
precisava muito de ajuda para transformar essa conversa tensa em um
momento de amor e ensino. Naquele exato momento, senti a influência das
orações do meu marido por mim, e uma inspiração veio à minha mente. Eu
tinha orado muito sobre essa nossa filha sobre quem eu andava muito
preocupada e, alguns dias antes, o espírito sussurrou algo sobre ela para mim.
Parei de falar sobre horários por alguns instantes. Eu estava calma e
sabia que aquele era o momento de dizer aquela mensagem para ela. “Na
semana passada”, eu disse, “o Espírito me disse algo sobre você”. Sua atitude
defensiva começou a desaparecer. Era a primeira vez que ela tinha ouvido
algo que eu dissera naquela noite. “Conte-me”, ela disse com desejo sincero.
Respondi: “O Espírito me disse para não me preocupar muito com sua vida,
porque todas as coisas dariam certo para você, tudo ficaria bem”.
“Você ouviu isso, mãe?”, ela perguntou entusiasmada. “O que mais o
Espírito falou sobre mim?” Sinta a fé em suas perguntas. Ela acreditava que
Deus tinha ouvido minhas orações e as respondeu. Ela acreditou que Ele a
conhecia e a amava. Quando a vi como uma filha forçando os limites ao
chegar tarde em casa, Ele conhecia o coração dela e a fé que existia ali que
talvez nem ela soubesse que tinha. Nossa conversa se tornou doce quando
conversei com ela sobre a confiança que Deus tinha nela e o conhecimento
pessoal Dele de seu coração e de sua bondade.
Anteriormente, ela queria fugir da minha presença e do meu sermão.
Naquele momento, ela estava atenta e conversamos até às 4 horas da
madrugada. Considero isso como um momento precioso em minha
experiência como mãe.

Pedras escuras cheias de luz


Nossa vida é como a jornada que os jareditas previram no mar
tempestuoso, onde as ondas gigantescas os alcançariam, seriam jogados para
aqui e ali pelos ventos e seriam arremessados por fortes correntes.9 Aquela
era uma jornada na qual eles não sobreviveriam no escuro.
Havia algo realmente errado com a maneira como comecei a falar com
minha filha? Levando em conta a situação, eu estava bem calma, fui clara e
também estava certa. O problema foi que, até o Espírito nos influenciar com
Sua luz, também fui completamente ineficaz.
O irmão de Jarede procurou uma solução para as trevas. Colocando sua
mente e suas forças na solução, ele “de uma rocha fundiu dezesseis pequenas
pedras; e elas eram brancas e límpidas”.10 Tentei imaginar o trabalho e a
engenhosidade que seriam necessários para derreter as pedras. Naquela
época, que tipo de trabalho exaustivo era necessário para criar uma fonte de
calor capaz de derreter as pedras com suor escorrendo de sua fronte?
Ainda assim, depois de tudo o que o irmão de Jarede poderia fazer,
depois do trabalho árduo, esforço e das melhores soluções em sua mente,
ainda assim ele tinha apenas 16 pedras escuras. Elas só conseguiram brilhar
quando foram tocadas pelo dedo de Deus.
Com frequência, estamos conturbadas e com pressa, enfraquecidas e
sobrecarregadas. Criamos o equivalente a 16 pedras em nossa vida e as
deixamos dessa forma. O mundo toma tanto o nosso tempo11 que não
fazemos a jornada para o alto da montanha e deixamos o Senhor tocar todos
os nossos esforços atordoantes com Seu dedo e enchê-los de luz. Até isso
acontecer, no entanto, ainda viajamos na escuridão.
Ocupadas e apressadas, muitas vezes decidimos por soluções do
“homem natural”, correndo de uma tarefa para outra, riscando os itens em
nossas listas de coisas a fazer num frenesi louco sem o poder transformador
que a percepção espiritual sempre traz.12 O alarme toca pela manhã, já
saímos correndo e, com muita frequência, sem escalar a montanha para que
os pedaços de pedra de nossa vida sejam tocados com luz.

O verdadeiro significado da cegueira


As escrituras têm uma frase para essa pressa na escuridão. Elas falam de
pessoas que sofrem de “cegueira de sua mente”.13 A tradução grega original
desta palavra “cegueira” produz um profundo entendimento. A palavra é po-
ro-sis, que significa “a cobertura com um calo; impertinência do
discernimento mental, a percepção embotada”.14
Paulo, antes de sua conversão, tinha esse tipo de cegueira. Ele andava
com grande zelo fazendo a coisa errada, provocando a ira e perseguindo os
cristãos. Então, depois de sua visão na estrada para Damasco, ele literalmente
perdeu sua visão. Ele ficou cego até receber uma bênção e as escamas caírem
dos seus olhos.15
Então havia o homem, cego de nascença, a quem o Senhor curou no
Sábado. Claro que houve uma agitação e os fariseus chamaram o homem
diante de si, querendo saber como ele havia recebido sua visão. Eles
disseram: “[O homem que fez isso] não é de Deus, pois não guarda o
sábado”. A cura não era uma atividade para o Sábado de acordo com o modo
de pensar deles. O homem curado respondeu: “Se é pecador, não sei; uma
coisa sei, é que, havendo eu sido cego, agora vejo”.16
Há algo maior do que aqueles momentos em nossa vida em que as
escamas caem de nossos olhos, quando podemos dizer: “Havendo eu sido
cego, agora vejo”?
Alma diz que o Espírito ilumina nosso entendimento e expande nossa
mente.17 Por outro lado, às vezes podemos sentir a falta do Espírito quando
andamos por aí, indiferentes e com medo, cegos e angustiados em nossa
mente e nosso coração.

Da crença à luz
Como declarou o rei Benjamim: “Acreditai em Deus; acreditai que ele
existe (…); acreditai que ele tem toda a sabedoria e todo o poder, tanto no céu
como na Terra; acreditai que o homem não compreende todas as coisas que o
Senhor pode compreender”.18
Ele compreende as respostas para cada pergunta que temos. Não é a
vontade Dele que andemos na escuridão. Ele sabe como nos libertar de
nossas limitações e elevar os obstáculos. Você se pergunta: Como posso amar
de forma eficaz e abrir meu coração para abençoar as pessoas cuja vida toca a
minha? Como escolher entre todas as possibilidades e fazer melhor uso de
minha vida? Como encontrar sustento em tempos de necessidade? Que hino
vou cantar? Como posso vencer as coisas que machucam? Quem sou eu?
Amado Senhor, quem és tu?
O Senhor nos oferece Suas soluções para todas as nossas perguntas, e
Ele nos diz: “Eu sou mais inteligente que todos eles”.19 Não há nenhum
problema que apresentemos a Ele ou nenhum desafio tão complexo que Ele
já não tenha a resposta. O que fazer para que um pouco dessa luz seja
derramada em nossa mente?
As escrituras revelam um padrão para o recebimento de luz, e é algo
sobre o qual falamos com frequência: A reflexão séria precede a revelação.
Leí conta a seus filhos sobre a visão da árvore da vida, e eles têm
reações muito diferentes. Lamã e Lemuel entraram numa tenda e pelejaram
sobre seu significado, mas Néfi voltou sua mente à séria reflexão. Sua mente
se tornou um campo fértil em que o Senhor podia arar. Ele diz: “Enquanto
estava eu sentado, ponderando em meu coração, fui arrebatado pelo Espírito
do Senhor, sim, a uma montanha muito alta que eu nunca vira e sobre a qual
nunca havia posto os pés”.20
O debate de Lamã e Lemuel na tenda não levou à revelação. A reflexão
de Néfi abriu a porta para uma esclarecedora revelação que abençoou a todos
nós. A reflexão séria era o que Néfi fazia, pois ele nos diz mais tarde: “Meu
coração medita continuamente nas coisas que vi e ouvi”.21
Reflexão séria
Em outubro de 1918, Joseph F. Smith recebeu uma visão gloriosa de
Cristo indo às hostes dos mortos.22 O registro dessa visão se encontra na
seção 138 de Doutrina e Convênios. Nessa visão, ele viu a alegria e o
regozijo de muitos milhares de espíritos que tinham sido fiéis no testemunho
de Jesus Cristo. O que abriu os olhos dele para receber essa grandiosa
experiência? Ele disse: “Sentei-me em meus aposentos meditando sobre as
escrituras”, e novamente, “enquanto refletia sobre essas coisas que estão
escritas, os olhos de meu entendimento foram abertos”.23
Joseph Smith nos diz que, antes de receber a visão do Pai e do Filho, sua
“mente foi levada a sérias reflexões”.24 O que é séria reflexão? É o
pensamento atento e concentrado, como a luz do sol através de uma lente que
vai abrir um buraco no papel. Não é superficial. Não fica mudando de uma
distração para outra. Não desvia do curso ou é levada pelo vento como as
ondas do mar.25
Recebemos mais esclarecimentos disso com a descrição de Oliver
Cowdery sobre Joseph da noite em que Morôni o visitou pela primeira vez.
Oliver escreveu: “Na noite do dia 21 de setembro de 1823, antes de se
recolher para descansar, a mente do nosso irmão estava inusitadamente
voltada ao assunto que há tanto tempo lhe preocupava — seu coração estava
voltado à oração fervorosa e toda a sua alma estava tão desligada de tudo de
natureza temporal que a Terra tinha perdido seus encantos, e tudo o que ele
desejava era estar com o coração preparado para conversar com algum
mensageiro amável que pudesse lhe comunicar a informação desejada de sua
aceitação por Deus.
Por fim, a família foi dormir, e ele, como de costume, seguiu seu
caminho, em silêncio, no qual outros poderiam ter descansado seus corpos
cansados e dormir, no entanto o descanso não era possível para ele, mas os
outros perto dele foram capazes de desfrutar de um sono reparador. Ele
continuou ainda a orar; seu coração, embora uma vez duro e obstinado, foi
suavizado, e sua mente, que muitas vezes vagava, como um ‘pássaro
migratório’, havia se estabelecido de forma determinada para não ser
distraído ou afastado de seu propósito”.26
Gosto muito da imagem de nossos pensamentos como um “pássaro
migratório”. E eles são muito frequentes! E com frequência desejamos que
não fossem dessa maneira.
Quando penso em um pássaro migratório, lembro-me do dia em que um
pássaro entrou em nosso escritório por uma janela aberta. Ele não conseguia
encontrar o caminho para fora e, em pânico, ficou voando de um lado da sala
para o outro em tentativas inúteis. Ficamos observando enquanto ele ia de um
canto ao outro, mas sem progresso. Esse tipo de pânico é um grande contraste
com a oração determinada de Joseph que não seria desviada nem afastada de
seu propósito.

As distrações nos impedem de ter revelação


A oração e a espiritualidade exigem disciplina mental e foco. É de
admirar que este tipo de oração não leve à revelação: “Amado Pai Celestial,
Agradeço-Te por… será que descongelei a carne para o jantar? Abençoa-nos
… espero que isso não demore muito. Tenho tantas coisas para fazer. E por
favor abençoa… A festa será na sexta-feira ou no sábado à noite?”
As distrações são as inimigas da séria reflexão e de ponderar. Nem
sempre é preciso um grande pecado para nos deixar cegos. Bastam pequenas
coisas que mexem com nossa cabeça. C. S. Lewis capta essa ideia em seu
livro Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz. A premissa é que se trata de uma
série de cartas de Screwtape, um diabo sênior a um diabo júnior, ensinando-
lhe a melhor maneira para tentar o ser mortal a quem ele é designado.
Screwtape explica: “Certa vez tive um paciente, um ateu puro, que
costumava ler no Museu Britânico. Um dia, enquanto ele lia, vi uma linha de
pensamento em sua mente começando a seguir o caminho errado. Em outras
palavras, esse ateu puro considerou por alguns instantes que houvesse um
Deus. Ele teve um momento de reflexão séria sobre o que é divino e eterno.
Screwtape diz: “De repente vi meu trabalho de 20 anos começando a
desmoronar. Se eu tivesse perdido a cabeça e começasse uma tentativa de
defesa por argumento eu o teria perdido. Mas eu não era tão tolo.
Imediatamente ataquei no ponto do homem em que eu tinha o melhor
controle e sugeri que estava na hora dele almoçar. [Deus] presumivelmente
fez uma contraproposta (…) que isso era mais importante que almoçar. Pelo
menos pensei que aquela deve ter sido a linha de pensamento dele, quando eu
disse: ‘Verdade. Na verdade, importante demais para lidar no final da
manhã’, o paciente se iluminou consideravelmente; e quando acrescentei
‘Muito melhor voltar depois do almoço e pensar sobre isso com a mente
fresca’. Ele já estava na metade do caminho para a porta”. É claro, Screwtape
relatou com satisfação, que a distração funcionou e, quando o homem estava
do lado de fora e viu o ônibus nº 73 e um vendedor de jornais, ele já tinha
voltado ao que ele chamava de “vida real” e o pensamento sobre Deus nunca
mais voltou à sua mente.27 Por que nos tentar com ações sombrias quando
nossa cabeça pode ser tão facilmente desviada das coisas eternas por uma
distração?

Profundamente importante
Não só nossas vidas estão cheias de distrações, mas muitas vezes
pensamos que a vida se trata de distrações. Concentramo-nos demais nos
detalhes.28 De fato, quando temos um momento de quietude, muitas vezes
buscamos ativamente preenchê-lo com mais distrações. Ligamos os rádios
nos carros ou trabalhamos com o volume da televisão bem alto. Ficamos na
praia brincando com os brinquedos de plástico em vez de entrar nas águas
profundas onde há tanto para ser descoberto.
Joseph Smith disse: “Estou habituado a nadar em águas profundas”, 29 e
ele também disse: “As coisas de Deus são profundamente importantes; e
somente com tempo, experiência e cuidadosa e solene reflexão podemos
descobri-las. Ó homem, se quiseres conduzir uma alma para a salvação, tua
mente precisa estender-se até o mais alto céu e contemplar o profundo abismo
e vasculhar a ampla expansão da eternidade, é preciso ter comunhão com
Deus”.30 Ele disse isso no contexto de que, em muitas de nossas aulas e
reuniões, temos estado distraídos, “vãos e levianos”, sem nos concentrar em
nossa direção.
Não podemos compreender as respostas às perguntas que não fizemos.
Deus não pode compartilhar seu profundo conhecimento com aqueles que
não estão interessados nem no que é básico. Na jornada para entender a vasta
extensão que Deus nos ensinaria sobre nossa própria vida e o universo e
além, a percepção leva à outra percepção. As impressões vêm à mente que
está pronta para ser ensinada, e não àquelas que já estão cheias de
frivolidades.
Mas, queremos gritar: “Minha vida está fragmentada e despedaçada por
obrigações e deveres, todas as coisas pequenas e insignificantes da
mortalidade. Não consigo evitar. É a condição e o barulho do mundo
moderno”. Afirmo, precisamos conseguir. Somos o povo de Deus. Ele tem
coisas para nos dizer que só serão acessíveis à mente que pode, com
frequência, ter sérias reflexões. Não viemos aqui para esquecer de nosso
divino destino sob uma confusão de pensamentos aleatórios.

Zumbido das moscas: Uma bênção


Certa vez, quando era uma jovem mãe, precisei de uma resposta à minha
oração.31 Contratei uma babá, peguei minhas escrituras e meu diário e
caminhei por uma trilha em que negligenciei uma vista maravilhosa. Sentei,
abri minhas escrituras e o diário e comecei a orar. De repente ouvi um
zumbido, muitos zumbidos. Havia moscas por toda parte, circulando minha
cabeça, nas páginas das minhas escrituras, distraindo-me de minha leitura.
Tentei continuar, mas estava difícil. As moscas zumbiam e me atacavam e,
com muita frustração, peguei minhas coisas e fui para casa, pensando que eu
não tinha recebido uma resposta. Na verdade, recebi uma resposta que
permaneceu comigo por toda a minha vida.
Percebi que as moscas eram um símbolo. Eram como as distrações que
muitas vezes me impediram de ter um foco espiritual quando mais precisei.
Assim como eu queria ter lido o versículo um, uma mosca pousou no meio da
segunda frase. No versículo dois, havia duas moscas. Eu gostaria muito de
ponderar, de me concentrar nas coisas profundas do Espírito, mas as
distrações me impediam. Eu era como Marta, “ansiosa e afadigada com
muitas coisas”,32 mas o foco espiritual era a boa parte, para o qual a vida
diária permitia muito pouco tempo.
Não nos surpreende descobrir que, para aprender a tocar um instrumento
musical perfeitamente, é exigido extrema concentração, pensamento e
prática. Por que então supomos que para que os mistérios de Deus sejam
revelados a nós é exigido pouca energia mental?
Devemos decidir se vamos percorrer esta jornada mortal emaranhados
em distrações ou encontrar tempo diariamente para a séria reflexão e
ponderação que levam à revelação, se viajamos em barcos escuros ou os
iluminamos com pedras tocadas pelo dedo de Deus. Estes tempos são tão
perigosos que simplesmente não podemos nos dar ao luxo de viajar
cegamente.
Um caminho para a revelação pessoal
Que tipo de reflexão leva à revelação e a orações respondidas, abrindo
as portas do entendimento de nossa mente?
Néfi nos ajuda com isso. Ele nos dá pistas sobre no que ele estava
pensando antes de ser levado para aquela montanha alta. Primeiro, ele diz:
“Eu, Néfi, também desejei ver e ouvir e conhecer essas coisas pelo poder do
Espírito Santo”.33 Ponderamos porque temos uma pergunta real ou um
desafio. Ponderamos porque realmente queremos saber a verdade sobre algo.
Queremos conhecer as coisas como elas realmente eram: “Como realmente
são e de coisas como realmente serão”.34 O desejo arde em nós por
conhecimento celestial.
Abraão saiu da casa de seus pais em Ur, porque ele disse: “Achando que
havia maior felicidade e paz e descanso para mim, busquei as bênçãos dos
pais (…) desejando também ser possuidor de grande conhecimento, e ser
maior seguidor da retidão”.35
Aí está aquela palavra desejo novamente. Para Abraão, ela abriu a porta
para uma nova dispensação de luz do evangelho.
Preste atenção na força do desejo que levou Lucy Mack Smith a
ponderar e buscar a religião verdadeira. Ela disse que,

na preocupação de minha alma de cumprir o convênio que havia


feito com o Todo-Poderoso, fui de lugar a lugar para buscar informações
ou encontrar, se possível, um espírito agradável que tocasse meus
sentimentos e simpatizasse comigo.
Por fim, ouvi que uma pessoa notável por sua devoção pregaria no
sábado seguinte na igreja presbiteriana. Fui na expectativa de obter o
que por si só poderia satisfazer minha alma — o pão da vida eterna.
Quando o ministro começou, fixei minha mente com toda a atenção no
espírito e no assunto do discurso, mas tudo era vazio, vaidade, aflição de
espírito e caía como gelo em meu coração, um golpe intempestivo. (…)
Não preencheu o vazio doloroso nem satisfez a fome da minha alma.
Estava quase em total desespero e com o espírito aflito e perturbado
voltei para casa, dizendo em meu coração, não há na Terra a religião que
procuro. Devo novamente voltar à minha Bíblia, fazer de Jesus e Seus
discípulos um exemplo. Tentarei pedir a Deus o conhecimento que o
homem não pode dar nem tomar. Vou me conformar com isso. Ouvirei
tudo o que pode ser dito, lerei tudo o que está escrito, mas
particularmente a palavra de Deus será meu guia para a vida e salvação,
que tentarei obter se for necessário por diligência na oração.36

As palavras de Lucy são uma expressão de séria reflexão. Seu desejo


expressou com grande emoção “o vazio doloroso” e o vazio da minha alma.

Uma transformação gradual de nosso pensamento


Você acha que era querer muito que Néfi desejasse ver e ouvir a visão
que seu pai Leí havia contado? Você acha que era importante para Abraão
sair de casa devido aos seus intensos desejos de retidão? O desejo de Lucy
era justo demais?
Não, todos foram respondidos com profunda revelação e bênçãos sobre
sua cabeça. Seus desejos de conhecimento celestial estavam ligados ao
sentido inabalável de que Deus era capaz de orientá-los nas respostas. Muitas
vezes, não somos criaturas de muitos desejos, mas almas superficiais e sem
inspiração, desejando muito pouco, recusando-se a pensar muito
profundamente.
Vivemos em um universo, como o élder Neal A. Maxwell descreveu:
“Repleto do modelo divino”,37 em que assombro é adicionado a assombro.
Deus e Seu Filho, Jesus Cristo, estão dispostos a compartilhar os segredos do
universo se simplesmente estivermos dispostos a receber seus dons (e “não
ficar ofendido pela generosidade Deles”38).
Ponderar as escrituras leva à revelação. Joseph Smith tinha ponderado
sobre Tiago 1:5 quando ele foi ao Bosque Sagrado e sobre João 5:29 quando
ele recebeu a seção 76 de Doutrina e Convênios. Joseph F. Smith tinha
ponderado sobre as escrituras de 1 Pedro 3:18–20 e 1 Pedro 4:6 quando ele
recebeu sua visão do mundo espiritual.39
Ponderar sobre coisas profundas nos aproxima de Deus. O Senhor nos
disse: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os
vossos caminhos os meus caminhos”.40 Contudo, ele deseja que nossos
pensamentos gradualmente se tornem como os Seus pensamentos e nossos
caminhos se tornem os Seus caminhos.
Como o élder Maxwell disse: “Todo o conhecimento não é de igual
importância. Não há uma igualdade de fatos! (…) Quando aprendemos sobre
a verdade, sentimos que tem uma hierarquia de importância. (…) Algumas
verdades são importantes para a salvação, e outras não”.41
O que podemos fazer? Podemos ponderar sobre o significado das
escrituras. Podemos ponderar sobre as verdadeiras perguntas sobre as quais
precisamos orar. Às vezes, antes de orar, anoto minhas perguntas em um
caderno para que eu não esqueça. Muitas vezes, algo urgente e óbvio nos
cega para o verdadeiro problema em questão. O que preciso ver que não
estou enxergando?
Podemos ponderar sobre como o Senhor vê nossos desafios e como Ele
os resolveria. Podemos ponderar sobre as ternas misericórdias do Senhor em
nossa vida e o que elas nos ensinam sobre os Seus atributos. Ponderar nos
conduz a verdades além do que o “homem ou mulher natural” pode
encontrar, estabilidade quando o mundo ao nosso redor está instável, luz
quando estamos viajando às cegas. Um mundo de convites nos aguarda.
Muitas coisas sobre a nossa vida não podemos escolher, mas podemos decidir
para onde nossa mente vai viajar.

Cercados por inimigos e ainda…


Uma das minhas passagens favoritas é o registro de uma noite em que
Lucy Mack Smith não conseguiu dormir protegendo o baú que continha o
manuscrito do Livro de Mórmon. Isso foi na época em que o Livro de
Mórmon estava sendo impresso em Palmyra.42 Havia guardas em volta de
sua causa, porque os inimigos da nova Igreja esperavam roubar o manuscrito
e queimá-lo. Naquela noite, ela não conseguiu dormir pensando. Como ela
disse: “Uma série de reflexões ocupou minha mente até amanhecer. Trouxe
de volta à memória”, ela disse, “a história da minha vida, e cena após cena foi
apresentada diante de mim”. Durante aquela noite, ela pensou em sua família,
em sua busca intensa para encontrar a verdade de salvação. Ela se lembrou da
sua confiança de que Deus levantaria alguém que traria a verdade para
“aqueles que desejavam fazer Sua vontade à custa de todas as outras coisas”.
Ela se lembrou com “infinito deleite” das verdades que Joseph ensinou a ela.
Ela disse:
Minha alma se expandiu com uma alegria que dificilmente poderia ser
mais forte, exceto pela reflexão de que o registro que custou tanto trabalho,
sofrimento e ansiedade agora estava, na realidade, colocado sob minha
própria cabeça — que esse exato trabalho não só tinha sido o objeto que nós,
como família, havíamos perseguido tão ansiosamente, mas os profetas dos
dias antigos, os anjos e até mesmo o grande Deus tinham Seus olhos sobre
ele. “E”, disse a mim mesma, “devo temer o que o homem pode fazer? Os
anjos não vigiarão a preciosa relíquia dos mortos dignos e a esperança dos
vivos? E realmente sou a mãe de um profeta do Deus dos céus, o instrumento
honrado que realiza uma obra tão grandiosa?” Senti que estava no domínio
dos anjos, e meu coração se regozijava com o pensamento da grande
condescendência do Todo-Poderoso.
Assim, passei a noite cercada por inimigos e ainda com um êxtase de
felicidade. Verdadeiramente posso dizer que minha alma se ampliou e que
meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador.43
Que nossas reflexões nos forneçam luz em nossa jornada, perspectiva
para o momento e luz em grandes coisas e coisas que são grandes para nós.
Certa noite há nove anos, quando estava ponderando e orando sobre como
ajudar minha filha, foi-me dada a coisa certa a dizer no momento certo. Foi
algo grande para mim.
Maurine Jensen Proctor, “Serious Reflection Precedes Revelation” [A Reflexão Séria Precede a
Revelação], em Rise to the Divinity within You: Talks from the 2006 BYU Women’s Conference, Salt
Lake City: Deseret Book, 2007, pp. 79–90.

_________________________
^1. Maurine Jensen Proctor, entrevista por Kate Holbrook, 19 de agosto de 2015, pp. 25, 27, Biblioteca
de História da Igreja.
^2. Proctor, entrevista, p. 26; “Joel Peter Jensen”, Deseret News, 21 de janeiro de 1978. Seis anos após
sua morte, a Joel P. Jensen Middle School, nomeada em sua honra, abriu em West Jordan, Utah
(Proctor, entrevista, p. 26; Joel P. Jensen Middle School, acesso em 4 de janeiro de 2016,
jordandistrict.org).
^3. Proctor, entrevista, pp. 3–7. Para informações sobre a revista New Era, consulte Elaine Cannon,
“Season of Awakening” [Tempo de Despertar], incluído.
^4. Paul H. Dunn serviu no primeiro conselho dos setenta no primeiro quórum dos setenta de 1964 a
1989.
^5. Maurine e Scot Proctor, “From the Editors” [Dos Editores], This People [Este Povo] 13, nº 4,
Holiday 1992, p. 8; Maurine e Scot Proctor, “From the Editors”, This People 16, nº 4, Holiday
1995, p. 8; Proctor, entrevista, pp. 8, 13, 28. This People era uma revista independente de 1979 a
1998 que tratava de personalidades e temas da Igreja. Antes de se tornar editora da revista, Maurine
Proctor trabalhou por vários anos como editora auxiliar.
^6. Maurine Proctor, mensagem de e-mail para Kate Holbrook, 20 de agosto de 2015.
^7. Proctor, entrevista, pp. 8–11, 14–15; ver o site LDSmag.com.
^8. Proctor, entrevista, p. 30.
^9. Ver Éter 6:5–8.
^10. Citado do original: “Éter 3:1”.
^11. Uma alusão ao poema de William Wordsworth: The World Is Too Much with Us” em Poems, In
Two Volumes, London: Longman, Hurst, Rees e Orme, 1807, p. 122.
^12. Ver 1 Coríntios 2:14; Mosias 3:19.
^13. Citado do original: “Alma 13:4”.
^14. Citado do original: “Strong’s New Testament Greek Lexicon, entry number 4457”. Ver João 12:40;
Efésios 4:18.
^15. Ver Atos 9:1–18.
^16. Citado do original: “João 9:15, 25”. Ver também João 9:16.
^17. Citado do original: “Alma 32:28, 34”.
^18. Citado do original: “Mosias 4:9”.
^19. Citado do original: “Abraão 3:19”.
^20. Citado do original: “1 Néfi 11:1”.
^21. Citado do original: “2 Néfi 4:16”.
^22. Joseph F. Smith foi o sexto presidente da Igreja e serviu de 1901 a 1918. Conhecido por sua “visão
da redenção dos mortos”, contida em Doutrina e Convênios 138, Smith teve essa visão no início da
carnificina da Primeira Guerra Mundial e logo após a morte de seu filho, Hyrum (George S. Tate,
“‘The Great World of the Spirits of the Dead’: Death, the Great War, and the 1918 Influenza
Pandemic as Context for Doctrine and Covenants 138” [O Grande Mundo dos Espíritos dos Mortos:
A Morte, a Grande Guerra e a Pandemia de Influenza de 1918 como Contexto para Doutrina e
Convênios 138], BYU Studies 46, nº 1, 2007, pp. 4–40).
^23. Citado do original: “D&C 138:1, 11”.
^24. Citado do original: “Joseph Smith—História 1:8”.
^25. Ver Tiago 1:6.
^26. Citado do original: “Oliver Cowdery, ‘A Remarkable Vision’ [Uma Visão Notável], Latter-day
Saints’ Millennial Star” 1, nº 2, maio de 1840 a abril de 1841), p. 42. Originalmente publicado em
Latter Day Saints’ Messenger and Advocate [Mensageiro e Defensor dos Santos dos Últimos Dias]
1, nº 5, fevereiro de 1835, pp. 78–79. “Pássaro migratório” foi uma frase para sugerir um pássaro ou
uma pessoa que passava por lugares em vez de se estabelecer em algum local (“Bird of Passage”,
Oxford English Dictionary, s.v. “bird” e “passage”). Oliver Cowdery serviu como escrevente de
Joseph Smith quando ele traduziu o Livro de Mórmon, foi uma das três testemunhas do Livro de
Mórmon e foi um líder importante nos primeiros anos da Igreja.
^27. Citado do original: “C. S. Lewis, Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz, New York: HarperCollins,
2001, pp. 2, 3”. Cartas de um Diabo a Seu Aprendiz foi primeiramente publicado em forma de série
em The Guardian em 1941 e publicado em forma de livro em 1942 (C. S. Lewis, The Screwtape
Letters: Annotated Edition, San Francisco: HarperOne, 2013, pp. xix–xx).
^28. Citado do original: “Robert L. Millet, When a Child Wanders, Salt Lake City: Deseret Book, 1996,
p. 11”. Esta citação foi amplamente atribuída a Edith Wharton, uma escritora americana, no final do
século 19 e início do século 20, apesar de uma fonte original não ter sido identificada (ver, por
exemplo, Robert M. Hutchins, “The University in War and Peace” [A Universidade na Guerra e na
Paz], em Representative American Speeches, 1942–1943, ed. por A. Craig Baird, New York: H. W.
Wilson, 1943, p. 241; e Marion D. Hanks, “Seeking ‘Thick’ Things”, BYU devotional speech, 26
de março de 1957, acesso em 20 de julho de 2016, speeches.byu.edu).
^29. Citado do original: “D&C 127:2”.
^30. Citado do original: “Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, sel. Joseph Fielding
Smith (Salt Lake City: Deseret Book, 1976), p. 137”. Ver também Joseph Smith to the Church and
Edward Partridge, 20 de março de 1839-A, p. 12, acesso em 5 de janeiro de 2016,
josephsmithpapers.org.
^31. Proctor tinha seis filhos na época, a mais velha no início da adolescência. Proctor, entrevista, pp.
28–29.
^32. Citado do original: “Lucas 10:41”.
^33. Citado do original: “1 Néfi 10:17”.
^34. Citado do original: “Jacó 4:13”.
^35. Citado do original: “Abraão 1:2”. Joseph Smith publicou “O livro de Abraão” em 1842. O livro é
sobre a vida de Abraão, a criação do mundo e o propósito da vida. Foi canonizado em 1880 como
parte das escrituras da Igreja na Pérola de Grande Valor (ver “Introduction to Book of Abraham
Manuscripts” [Introdução aos manuscritos do livro de Abraão], acesso em 5 de janeiro de 2016,
josephsmithpapers.org; Samuel Morris Brown, In Heaven as It Is on Earth: Joseph Smith and the
Early Mormon Conquest of Death, Nova York: Oxford University Press, 2012, pp. 84–86).
^36. Citado do original: “Lucy Mack Smith, The Revised and Enhanced History of Joseph Smith by His
Mother, eds., Scot Facer Proctor e Maurine Jensen Proctor, Salt Lake City: Bookcraft, 1996, pp. 48,
49–50”. Lucy Mack Smith ditou sua vida para escreventes em Nauvoo, Illinois, em 1844 e 1845.
Foi publicado em 1853. O livro foi publicado em várias edições, incluindo um publicado pelos
Proctors. (Ver Lucy Mack Smith, History, 1844–1845, pp. 5–6, Biblioteca de História da Igreja.)
^37. Citado do original: “Neal A. Maxwell, ‘Called and Prepared from the Foundation of the World’
[Chamado e preparado desde a fundação do mundo], Ensign, maio de 1986, p. 36”.
^38. Citado do original: “Neal A. Maxwell, Neal A. Maxwell Quote Book, ed. por Cory H. Maxwell,
Salt Lake City: Bookcraft, 1997, p. 222”.
^39. Ver Joseph Smith—História 1:11–13; Doutrina e Convênios 76:11–19; 138:1–11.
^40. Citado do original: “Isaías 55:8”.
^41. Citado do original: “Neal A. Maxwell, ‘The Inexhaustible Gospel’, Brigham Young University
1991–92 Devotional and Fireside Speeches, Provo, UT: Brigham Young University Publications,
1992, p. 141”.
^42. Ver Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling, New York: Alfred A. Knopf,
2005, pp. 80–83.
^43. Citado do original: “Smith, Revised and Enhanced History of Joseph Smith, pp. 208, 210, 211”.
Ver Lucy Mack Smith, History, 1844–1845, livro 9, pp. 4–7, Biblioteca de História da Igreja.
————— Capítulo adicional 7 —————

Adquirir luz por meio de questionamento

Julie Willis
Devocional
Auditório da Universidade Brigham Young–Idaho, Rexburg, Idaho
1º de julho de 2014

Ver o site video.byui.edu para a gravação do discurso original.

Julie Barrott Willis (nascida em 1957) sempre foi apaixonada pela Terra
desde a infância. Nas aventuras com seu pai, enquanto ele caçava pássaros,
ela desenhava esboços dos cortes de estradas e trilhos que eles atravessavam.
Ela sempre estava pensando sobre a Terra e como ela foi formada. Ela
também era encantada com as montanhas Teton, que ela podia ver à distância
quando era criança em Idaho.1 Quando era missionária na Nova Zelândia,
suas companheiras a convenceram a mudar seu curso de geologia para algo
que ostensivamente ajudaria mais pessoas. Ela pensou que talvez pudesse
estudar serviço social. Mas ela teve um momento decisivo no avião na
viagem de volta. Enquanto olhava a paisagem do oeste dos Estados Unidos
pela janela, sentiu novamente amor pela Terra e teve certeza de que ela era
uma geóloga.2
Quando criança, Willis fazia perguntas. Ela tinha de ser paciente e
diligente para encontrar as respostas, pesquisar em livros e falar com as
pessoas ao seu redor. Ela achava que não era diferente de qualquer outra
criança curiosa, mas ficava pensando se os pais dela eram diferentes dos
outros pais. “Eles me ajudaram a saber que fazer perguntas é bom, é como
progredimos e aprendemos.” Ela aprendeu que fazer perguntas nem sempre
significa dúvida ou controvérsia e que as perguntas têm respostas.3 Como
cientista, ela tem aprendido o valor das perguntas que não podem ser
respondidas com uma rápida pesquisa na internet.
Em um sábado, durante o primeiro ano de Willis no Ensino Médio, ela
ficou sozinha em casa para colocar as tarefas em dia. Sendo uma de dez
filhos, a solidão pareceu desconhecida e memorável. Ela começou com a
tarefa do seminário. Algumas semanas antes, ela leu do começo do livro de
Mateus até o fim do livro de João. Ela relatou que, quando terminou de ler
naquele dia, ela tinha a “raiz principal” de seu testemunho: “Uma firme
convicção da vida do Salvador, dos milagres e do amor” que permanece com
ela durante momentos de “dúvida, frustração e controvérsia”.4
Willis se casou com o colega geólogo Grant Curtis Willis em 1984 e
terminou o seu mestrado na Universidade Brigham Young em 1985.5 Em
2003, ela começou um programa de PhD na Universidade de Utah, sentindo
que era hora de obter o PhD em geologia que ela tinha adiado para ficar em
casa enquanto seus três filhos eram pequenos.6 Depois de aceitar um emprego
na BYU–Idaho em 2008,7 Willis percebeu que suas perguntas a ajudavam a
ensinar e orientar melhor seus alunos. Ela os ensina a se apoderarem de suas
perguntas de pesquisa para que se tornem estudiosos peritos e
independentes.8
Willis fez seu discurso na BYU–Idaho Center Auditorium na semana de
feriado do dia 4 de Julho. Por causa do feriado, somente alguns milhares de
alunos participaram, mas ela sentiu que aqueles que precisavam ouvir sua
mensagem iria recebê-la.9 Ela diz: “Não muitas pessoas compreendem (…)
que as perguntas são boas. (…) Elas podem trazer luz e entendimento”.10

COMO MUITOS DE VOCÊS, eu colecionava pedras quando criança. Não


somente as colecionava, mas fazia perguntas sobre cada uma: Que tipo é?
Como ficou com essas cores? Por que não é brilhante? Minhas perguntas
devem ter deixado meus pais quase malucos, porque meus presentes de Natal
evoluíram de bonecas à kits de identificação de pedras e livros sobre a
Terra.11
Montanhas Teton. Por volta de 2014. Monte Moran. Fotografia de
John W. Barrott. (Usado com permissão.)

Essa bela fotografia do monte Moran nos Tetons, tirada por meu irmão
John, reflete uma pergunta fundamental que ajudou a moldar meus estudos
acadêmicos. A pergunta é irrelevante; o que importa é que deixei a
serenidade da paisagem e fiz uma pergunta. Que pergunta você faria sobre
essa paisagem? Provavelmente depende de sua formação e de seus interesses.
Um entusiasta de atividades ao ar livre pode perguntar sobre rotas de
escalada, um botânico pode se perguntar sobre os efeitos da glaciação em
coníferas, um artista pode querer saber como capturar melhor os reflexos no
lago e um geólogo pode perguntar sobre as forças tectônicas que construíram
as montanhas. A variedade e a profundidade das questões que podem ser
feitas sobre uma paisagem simples das montanhas podem ser tão numerosas
quanto as pessoas que a veem.
A capacidade e o desejo de fazer perguntas e buscar respostas é um
atributo exclusivamente humano que é vital para os avanços científicos,
artísticos e religiosos da humanidade. Começamos a fazer perguntas quando
somos bem novos, como todos os pais de uma criança precoce de 3 anos
sabem. Isso sugere que trazemos um espírito questionador conosco para a
Terra e que aprender ao fazer perguntas e buscar seja um dos motivos pelos
quais nossos Pais Celestiais nos deram a dádiva da vida mortal.
O irmão Michael Otterson afirmou em um devocional da BYU–Idaho
que “questionar, examinar, pesquisar e explorar quando acompanhado por
uma atitude de crescimento pessoal e enriquecimento espiritual não é apenas
uma das alegrias da vida, é absolutamente essencial para o nosso progresso
contínuo”.12 Em outras palavras, as perguntas são a chave para o progresso.
O papel de fazer perguntas na Igreja recebeu recente atenção da mídia, e
talvez você se pergunte por que eu escolheria um tópico que alguns podem
considerar controverso.13 Deixem-me explicar. Há vários meses, quando me
pediram para falar no devocional, criei uma longa lista de tópicos, que
gradualmente reduzi para dois. Pouco antes de meu prazo para enviar o título
do meu discurso — sim, discursantes de devocionais também têm prazos —
eu me ajoelhei em oração e perguntei qual tema seria mais útil para vocês. Eu
esperava que a resposta fosse “simplesmente escolha um, ambos são ótimos”.
Mas acordei com a impressão distinta de que nenhum dos temas estava certo.
Eu deveria falar sobre perguntas. A recente controvérsia sobre
questionamento pode ter deixado alguns de vocês com perguntas sem
respostas; acredito que essa é uma das razões pelas quais fui solicitada a falar
sobre esse tema oportuno.
Há três pontos principais sobre perguntas e questionamento que gostaria
de estabelecer hoje.

1. Fazer perguntas é parte de nossa herança religiosa.


2. Perguntas de diferentes tipos podem ser uma fonte de estímulo
intelectual e de luz.
3. Perguntas difíceis não são proibidas e podem ser aceitas com fé e
luz.

Minha oração é que vocês saiam daqui hoje com um maior desejo e
confiança para se envolver ativamente em fazer perguntas e buscar respostas
em sua própria vida.
A história indica que as perguntas foram e continuam sendo importantes
na Igreja de Jesus Cristo. As escrituras afirmam, bem como os primeiros e
atuais líderes da Igreja também, que devemos nos envolver ativamente em
fazer perguntas. Néfi ressalta que, se não fizermos perguntas sobre assuntos
que não entendemos, então ficaremos na escuridão:
“Portanto, agora que vos disse estas palavras, se não as puderdes
compreender será porque não pedis nem bateis; de modo que não sereis
levados para a luz, mas perecereis na escuridão”.14
As palavras de Néfi sugerem que fazer perguntas é vital para
permitirmos que a luz espiritual nos influencie e é o primeiro passo para abrir
as janelas de nossa mente para uma possível resposta. Se nunca abrimos as
janelas, rejeitamos a oportunidade de experimentar o aprendizado e a luz.
Joseph Smith, inspirado pelo que ele leu em Tiago, capítulo 1, dirigiu-se
à luz descrita por Néfi quando ele fez a pergunta crucial: “A qual [de todas as
igrejas me unir?]”.15 E significativamente, depois de receber a resposta a essa
pergunta, Joseph continuou a pedir e buscar ativamente. Se ele tivesse parado
com a resposta de sua primeira pergunta, saberíamos poucas verdades, como
o poder da Expiação, a necessidade de templos e o propósito da vida.
Seu testemunho, como o do profeta Joseph, provavelmente começou ao
buscar a resposta para uma pergunta; e, como ele, você pode continuar a
receber luz e conhecimento fazendo perguntas sobre temas do evangelho.
O padrão de pergunta e busca do profeta Joseph foi fundamental para
restaurar a Igreja de Jesus Cristo e continua sendo incentivado pelos líderes
atuais da Igreja. Por exemplo, eu estava na BYU-Idaho Center há alguns
anos, quando a irmã Julie B. Beck, ex-presidente geral da Sociedade de
Socorro, realizou uma reunião na qual ela nos encorajou a formular perguntas
sobre a vida e o evangelho.16 Ela então convidou algumas pessoas para
compartilhar suas experiências. Em vez de apenas respondê-las, a irmã Beck
abriu suas escrituras e nos ajudou a descobrir as respostas juntas. No início,
eu me perguntei por que ela simplesmente não fez um discurso normal de
conferência geral, mas, quando me envolvi em buscar ativamente as respostas
com ela, eu vi sua sabedoria. Ela ajudava as pessoas a como aprender a sair
da escuridão da ignorância para a luz do entendimento, assim como Néfi
sugeriu. O élder David A. Bednar ensinou que os pais podem imitar essa
experiência em seu lar.17 Ele disse:
“Imagine uma reunião de noite familiar em que tivesse sido pedido aos
filhos que se preparassem para fazer perguntas sobre as coisas que estivessem
lendo e aprendendo no Livro de Mórmon ou sobre uma questão que tenha
sido recentemente enfatizada numa conversa sobre o evangelho ou em um
testemunho espontâneo no lar. E imaginem ainda que os filhos fizessem
perguntas às quais os pais não estivessem adequadamente preparados para
responder. (…) Que gloriosa oportunidade para os membros da família
pesquisarem juntos as escrituras e serem ensinados pelo Espírito Santo”.18
O processo de perguntar e buscar não se limita a um lar com filhos.
Qualquer indivíduo pode fazer o que o élder Bednar sugeriu e fazer perguntas
sobre as escrituras que estão lendo ou sobre um debate do evangelho que
ouviram; qualquer pessoa pode então buscar respostas e pedir orientação do
Espírito Santo. Esse é um conceito muito poderoso. Você está aplicando esse
conceito em sua vida?
Quais são suas perguntas sobre questões espirituais? Elas provavelmente
serão diferentes das perguntas de seus amigos e familiares porque seus
interesses, sua profundidade de compreensão espiritual e suas experiências de
vida variam. Por exemplo, a maturidade espiritual de Néfi era maior que a de
seus irmãos; ele tinha fé para fazer perguntas profundas sobre o evangelho e a
base de conhecimento para compreender as respostas, enquanto seus irmãos
não tinham. Mas, de acordo com Néfi, nem tudo estava perdido; seus irmãos
poderiam desenvolver suas habilidades se cumprissem os mandamentos,
acreditassem que poderiam receber e não endurecessem seu coração.19 A
escolha de pedir e receber estava sob o controle deles.
Gostaria de falar sobre quatro categorias de perguntas que podem trazer
luz e entendimento:

1. Perguntas sobre a doutrina do evangelho


2. Perguntas que exigem reflexão pessoal
3. Pedidos por orientação
4. Perguntas sobre o sofrimento humano

Perguntas sobre a doutrina do evangelho


Essas perguntas têm como foco a doutrina da Igreja, e a análise
significativa das escrituras nos ajudam a respondê-las. As perguntas sobre a
doutrina variam de uma busca simples para entender uma única palavra, até
pesquisas longas e complexas sobre tópicos doutrinários mais profundos. E
uma pode levar a outra.
Por exemplo, o irmão Chris M. Wilson definiu luz em um devocional na
semana passada, mas a jornada para compreender o poder da luz espiritual
pode resultar em conhecimento sempre que as escrituras forem lidas.20
Aprendi que, quando uma questão doutrinária reflete um sincero desejo de
conhecer, buscar sua resposta pode ser tanto intelectual como espiritualmente
envolvente e pode transformar o estudo do evangelho de uma leitura passiva
para a busca ativa; de uma tarefa em uma lista de afazeres para uma busca
interessante e aguardada; da repetição à revelação.
O irmão Hugh Nibley, um dos pesquisadores mais prolíficos da doutrina
da Igreja mórmon e um homem profundamente espiritual, escreveu:
“Se eu fosse ao templo cinco vezes e nada acontecesse, eu [teria parado]
de ir. Mas já estive lá centenas de vezes, e o meu desejo por mais
compreensão, que levo ao templo, nunca é frustrado”.21
Quando li as palavras do irmão Nibley pela primeira vez, questionei
como ele conseguia fazer isso, porque, para ser sincera, as minhas
experiências no templo, embora agradáveis, geralmente não eram um
momento de orientação espiritual. Um dia, enquanto refletia sobre isso no
templo, tive um lampejo de inspiração. O irmão Nibley ia ao templo com
uma pergunta específica do evangelho, enquanto eu geralmente procurava
paz ou orientação sobre uma decisão. Se eu quiser ser orientada, devo levar
uma pergunta, pois, conforme Néfi ensinou, os mistérios de Deus são
revelados apenas para aqueles que buscam diligentemente.22
Testifico que, se não fizermos perguntas sobre a doutrina quando formos
ao templo e em nosso estudo das escrituras, perdemos um ponto essencial
para o progresso e a alegria de receber a luz reveladora.

Perguntas que exigem reflexão espiritual


Um segundo tipo de pergunta que pode ajudar a aumentar a luz
espiritual é aquela que desencadeia a reflexão pessoal. Nosso filho, o élder
Jacob Willis, que atualmente está servindo na Missão Virgínia Chesapeake,
sabe muito bem como fazer perguntas reflexivas à nossa família em seus e-
mails semanais para casa. Essas perguntas exigem que avaliemos nosso
testemunho, aprofundemos nossa fé e, às vezes, que façamos mudanças em
nossa vida.
Recentemente, o élder Willis perguntou: “Que passagem no Livro de
Mórmon o ajudou mais em sua vida?” Essa simples pergunta orientou meu
estudo das escrituras por vários dias. Isso me fez pensar profundamente sobre
o Livro de Mórmon e sobre minha vida ao reler as escrituras marcadas e
ponderar sobre sua influência. Uma dessas passagens é uma das minhas
perguntas reflexivas favoritas. É feita por Alma aos membros da Igreja: “E
agora, eis que eu vos digo, (…) se haveis experimentado uma mudança no
coração, se haveis sentido o desejo de cantar o cântico do amor que redime,
eu perguntaria: Podeis agora sentir isso?”23 Basicamente, Alma está
perguntando: Você está na luz ou na escuridão?
A reflexão pessoal como a descrita por Alma pode nos ajudar a fazer
mudanças difíceis, mas necessárias, na direção de nossa vida. Como
exemplo, gostaria de compartilhar uma história sobre nosso filho mais velho,
Tyler, que recentemente escalou o monte Orizaba, a montanha mais alta do
México e a terceira mais alta da América do Norte.
Tyler e um amigo começaram sua difícil escalada às 2 horas da
madrugada em uma noite fria e límpida de abril. Atravessar cristais de gelo
enormes e inesperados que cresciam na geleira diminuiu muito seu progresso
e tiveram de escalar em um horário do dia em que perigosas tempestades de
raio podiam acontecer. Quando Tyler se aproximou do cume, percebeu uma
tempestade ameaçadora e forte que não estava visível antes por causa da
montanha. Então, a cem metros do topo, ele teve de tomar uma decisão:
“Termino a escalada e me arrisco na tempestade ou volto agora?” Mais tarde,
ele compartilhou a autorreflexão que o ajudou a tomar a difícil decisão de
voltar: “Se eu morrer nesta montanha”, pensou, “outra pessoa vai criar minha
filha”. Ao pensar sobre essa história, reflita sobre seu caminho. Esse caminho
vai me conduzir à segurança espiritual? Você está disposto a tomar a difícil
decisão de voltar se um amigo o avisar que você está indo em direção a uma
tempestade espiritual?

Perguntas que conduzem à orientação


Os pedidos por orientação do Pai Celestial representam minha terceira
categoria de perguntas. Perguntas de orientação variam significativamente
pela fase de sua vida e pode incluir “Onde devo morar? “Que faculdade devo
fazer?” ou, para alunos casados, “Como nós dois podemos terminar a
faculdade?” Você provavelmente já ouviu falar sobre pessoas que receberam
uma resposta direta a tais perguntas e simplesmente precisaram seguir o
caminho mostrado. Tenho observado que esse nível de orientação, que
promove a fé, é mais raro do que comum; uma resposta mais comum é o
silêncio.
Esse silêncio pode ser assustador e pode levar à amargura ou ao temor
de que o Pai Celestial não Se importa com você como Ele Se importa com
alguém que tenha recebido uma resposta direta. Testifico que isso não é
assim e gostaria de sugerir uma perspectiva diferente. Na verdade, o silêncio
é um forte voto de confiança. É a maneira de o Pai Celestial dizer: “Sei que
você pode tomar essa decisão por conta própria, você realmente pode, e você
vai se tornar mais semelhante a Deus no processo”.
Nossa filha, Emily, descreve a escuridão de um pedido de orientação
sem resposta como estar no meio de uma sala onde não há uma centelha de
luz. Ela sabe que há um interruptor de luz, mas onde exatamente é um
mistério. Ela é tentada a permanecer enraizada em segurança onde está, mas
escolher a segurança significa nunca encontrar a luz. Então, ela avança
timidamente, tomando cuidado a cada passo, determinada a encontrar uma
parede, porque os interruptores de luz geralmente ficam nas paredes.
Observei Emily aplicar essa metáfora quando sua formatura da
faculdade estava próxima; curiosamente, quando ela se sentia no escuro,
parecia que ela desenvolvia uma lanterna interna cujo feixe de luz era
suficiente apenas para iluminar seu próximo passo. Ela aprendeu a confiar,
não apenas no Pai Celestial, mas em sua própria intuição. Esse tipo de força
não poderia existir se o Pai Celestial tivesse mostrado seus passos com luzes
LED brilhantes.

Perguntas sobre o sofrimento humano


O processo de buscar respostas não é mais pungente do que quando
fazemos perguntas sobre o sofrimento humano, a última categoria sobre a
qual quero falar antes de abordar o tema de se envolver em perguntas
desafiadoras. As perguntas sobre o sofrimento humano muitas vezes
começam com a palavra “por que”. Algumas pessoas se concentram nas
tragédias mundiais: “Por que há tsunamis e tufões que matam dezenas de
milhares de pessoas?” Outras pessoas se concentram no infortúnio daqueles
que estão próximos: “Por que aquele carro atingiu e matou minha sobrinha?”
E ainda outros se concentram nas dificuldades pessoais: “Por que minha
oração para encontrar minhas chaves foi respondida, mas minha oração para
encontrar um cônjuge não?”24
Tais perguntas geralmente surgem de situações emocionalmente difíceis
que são o resultado de desastres naturais, doenças e de outras pessoas. Em
outras palavras, as provações são parte da vida, e sua existência não é um
teste decisivo para a retidão pessoal. O presidente James E. Faust declarou:
“Todos, em algum momento da vida, enfrentam dias dolorosos e
desesperadores de adversidades e duros golpes. Parece haver angústias,
tristezas e profundo sofrimento de sobra para todos, inclusive para quem
procura agir de maneira correta e ser fiel”.25
Encontrar uma resposta para uma pergunta pessoal de “por quê” pode
ser um processo longo e difícil. Jessica George, a esposa de meu sobrinho,
que sofre de uma doença debilitante que lhe deixa acamada na maior parte do
tempo, refere-se a Ensign atual: “Ao longo dos anos, (…) comecei a
compreender que, embora esse não seja o futuro que eu planejava, é
exatamente a vida que Deus planejara para mim”.26
Sua resposta é correta. Porque foi revelada a ela para sua vida. Não foi
declarada por um amigo bem-intencionado que não tem a mordomia de
revelação. Meu pai, um médico que viu o sofrimento de muitas pessoas,
acreditava que não era melhor falar às pessoas que sua provação pessoal fazia
parte do plano de Deus para elas. Por quê? Porque talvez não fosse verdade,
talvez “seja a vida”. A melhor resposta para uma pergunta “por que” às vezes
é um simples “não sei”. Testifico que Deus vai nos consolar na vida mesmo
quando ele não quer nos proteger da vida e que Seu consolo nos traz luz à
escuridão da tragédia.
Sugeri brevemente maneiras pelas quais quatro categorias de perguntas
podem trazer luz para sua vida. Algumas perguntas, como os pedidos de
orientação e perguntas sobre o sofrimento humano, podem exigir tempo, fé e
disposição para aceitar o silêncio ou “não sei” como resposta. Não é fácil.
Da mesma forma, buscar respostas para perguntas doutrinárias difíceis
pode ser um processo prolongado e difícil que pode parecer desprovido de
luz. Na verdade, alguns de vocês podem estar pensando agora: “Um amigo
(ou eu) tem perguntas sobre o evangelho que não parecem trazer luz, na
verdade parecem trazer exatamente o oposto”. Perguntar e buscar respostas
para essas perguntas difíceis pode ser uma parte importante do
desenvolvimento espiritual de algumas pessoas embora nem todas. Para as
pessoas que têm essas dúvidas, não buscar uma resposta é semelhante a
perecer na escuridão, enquanto que aceitar a dúvida pode trazer a alegria da
busca e a possibilidade de resolução.
Quando nos deparamos com uma pergunta doutrinária preocupante,
podemos sentir que a escuridão e a confusão dominam nossa vida e que
estamos sozinhos em nossas dificuldades. O presidente Uchtdorf declarou
que muitos membros fiéis da Igreja podem se identificar com esses
sentimentos quando ele disse: “Há poucos membros da Igreja que, em uma
ocasião ou outra, não se abateram com dúvidas sérias e delicadas”.27
Quero compartilhar alguns pensamentos que têm me ajudado a lidar
com perguntas difíceis; essas considerações não são para responder a suas
perguntas nem para diminuir a complexidade de suas aflições; compartilho
com vocês para ajudá-los a manter a luz ao buscar uma solução.
Vou começar com uma história contada por M. Sue Bergin em uma
recente edição da BYU Magazine [Revista da BYU]. Cito o seguinte:
“Quando Tom Puzey era adolescente, ele ficou confuso com argumentos
que desafiavam suas crenças religiosas. Ele foi até seu pai (…)
emocionalmente angustiado, duvidando de tudo que ele tinha sido ensinado.
Seu pai sorriu, abraçou-o e disse: ‘Isso é maravilhoso’. Então seu pai lhe
disse: ‘Não há problema em questionar. (…) Você vai dar um jeito. E
Tommy, (…) você vai ficar bem’”.28
Mais tarde, Tom percebeu que acreditava em seu pai, que lhe deu mais
confiança para resolver suas dúvidas.
Essa história contém três pontos-chave: primeiro, não há problema em
fazer perguntas; o questionamento não torna ninguém um rebelde. Segundo,
se alguém vier até você com dúvidas, não se mostre chocado ou desanimado;
em vez disso, faça como o pai de Tom fez e lhe diga que você tem confiança
em sua capacidade de resolver suas dúvidas. Incentive a conversa aberta e
sincera sobre as dúvidas, como apoiado ativamente por A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias em uma declaração oficial feita em 11 de
junho de 2014: “A Igreja é uma família composta por milhões de indivíduos
com diferentes origens e opiniões. Há lugar para dúvidas e aceitamos
alegremente as conversas sinceras”.29 Terceiro, se estiver lutando com
perguntas difíceis, tenha confiança em si mesmo, como Tom teve, de que
você pode, se escolher, manter sua base espiritual. Sinto-me consolada por
saber disso.
O irmão Michael Otterson, um converso da Igreja e atual diretor-gerente
de Assuntos Públicos da Igreja, tem perguntas sem resposta:
“Havia duas grandes perguntas com as quais lutei muito e às quais os
missionários não conseguiram responder de modo satisfatório. Nem consegui
encontrar respostas nas publicações da Igreja. (…) Já que eu não consegui
respondê-las, deixei-as de lado para uma futura resolução”.30
Apesar de suas questões não resolvidas, o irmão Otterson foi batizado e
tem servido na Igreja por muitos anos. Seu exemplo declara que você pode
continuar a frequentar as reuniões da Igreja e cumprir seus chamados na
Igreja mesmo enquanto busca respostas para suas perguntas. Fazer isso não o
torna um hipócrita ou desvaloriza seu serviço. Na verdade, o presidente
Uchtdorf declara que um dos propósitos da Igreja é prover um lugar seguro
onde todos, mesmo aqueles com problemas, possam “nutrir e cultivar a
semente da fé”.31
Um princípio que aprendi sobre fazer perguntas difíceis é encontrado no
poema “All That Is Gold Does Not Glitter” [Nem Tudo o Que Brilha É
Ouro], do livro de J. R. R. Tolkien O Senhor dos Anéis:

“Nem tudo o que brilha é ouro,


Nem todos os que vagueiam estão perdidos;
O velho que é forte não murcha,
O gelo não atinge raízes profundas”.32

Li esse poema quando era uma jovem adulta e a última linha, “O gelo
não atinge raízes profundas”, ajudou-me a perceber bem cedo na vida que, se
eu quiser manter minha luz espiritual, então preciso desenvolver uma raiz
profunda que está protegida contra a geada da dúvida. Minha raiz é meu amor
e minha crença no Salvador. Acredito na maravilha do Seu nascimento e Seus
milagres; sinto Seu amor ao estudar Suas palavras; sofro com Maria em Seu
sepulcro e me regozijo em Seu triunfo final sobre a morte e o pecado.33
Declaro com Pedro que “[Ele é] o Cristo, o Filho do Deus vivo”34 e com
Joseph Smith “que Ele vive!”35
Meu testemunho do Salvador me ajudou em muitas experiências
difíceis, inclusive resolver questões de assuntos delicados. Gostaria de
compartilhar uma dessas experiências. Não compartilharei os detalhes da
minha pergunta ou da minha resposta, porque quero que vocês sintam a
alegria de descobrir e resolver suas próprias perguntas. Enquanto compartilho
minha experiência, identifiquem quando aprendi ou apliquei os seguintes
princípios:

Ser maduro (a irritação fecha portas).


Deixar a pergunta, não o evangelho, de lado.
Não estabelecer limites.
Reconhecer que o conhecimento pode vir de recursos da Igreja ou fora
da Igreja.
Verificar pontos de vista com a doutrina do evangelho.

Quando eu era adolescente, era preocupada com questões sobre um


assunto particular do evangelho. No início do meu questionamento,
reclamava comigo mesma com uma voz exigente, querendo saber a resposta:
“Por que, por que é dessa forma, não consigo entender”. Não é de
surpreender que não obtive nenhuma resposta enquanto estava naquela fase.
Assim como um pai ou uma mãe permite que um filho expresse sua raiva em
particular, o Pai Celestial me deixou expressar minha raiva sozinha. Ele não
iria tentar Se comunicar comigo, porque eu não estava pronta para ouvir ou
compreender as respostas. Em vez de abandonar minha fé por causa de um
problema não resolvido, deixei minha dúvida de lado por alguns anos. Nesse
meio tempo, servi missão, li e estudei as escrituras, e amadureci
espiritualmente. A dúvida nunca desapareceu, mas escolhi ficar
temporariamente satisfeita com “Eu não sei”.
Mais tarde, quando decidi pensar novamente a respeito de minha dúvida,
eu estava mais receptiva. Eu não mais exigi uma resposta, não estabeleci um
prazo ou como e onde eu receberia mais conhecimento. A resposta não veio
de uma vez. As ideias surgiram em momentos e lugares estranhos: enquanto
lia um artigo em uma revista deixada em um avião; avaliando uma análise
estatística em um jornal; ouvindo um debate no conselho da ala ou lavando a
louça. Achei surpreendente que muitas de minhas impressões não vieram
enquanto ouvia a conferência geral ou durante o estudo das escrituras, mas,
quando recebia uma impressão, pude ver como se encaixava diretamente com
essas fontes.
Durante um período de vários anos, minha resposta foi edificada “linha
sobre linha”.36 Era como se um interruptor que controla a intensidade de luz
em minha mente fosse aumentando gradualmente a luz. Há alguns anos,
pensei que havia recebido todas as repostas sobre aquele assunto apesar de
ainda ter um aspecto não resolvido. Mas fico feliz em relatar que, enquanto
eu preparava este discurso, minha filha compartilhou comigo um artigo
escrito por um fiel estudioso da Igreja que proporcionou uma nova
perspectiva. Agora estou analisando como se encaixa com meus pensamentos
anteriores e com a doutrina da Igreja. E a luz se tornou ainda mais brilhante,
na verdade é brilhante.
E se eu nunca tivesse feito a pergunta ou se eu tivesse perguntado e não
tivesse buscado respostas além do que eu tinha encontrado no Google ou nas
primeiras páginas do Livro de Mórmon? Minha vida provavelmente ainda
estaria bem, mas acredito que é muito mais preciosa porque perguntei e lutei
pacientemente por anos para ser levada, como Néfi sugere, “para a luz”.37
O Salvador, falando a Joseph Smith, confirmou que o questionamento é
uma forma de encontrar alegria e luz no evangelho:
“Em verdade, em verdade eu te digo: Dar-te-ei do meu Espírito, o qual
iluminará tua mente e encher-te-á a alma de alegria; E então saberás (…) por
esse meio saberás todas as coisas, relativas à retidão, que desejares de mim,
com fé, acreditando em mim que receberás”.38
Afirmo que questionar faz parte de nossa herança religiosa, que há
muitos tipos de perguntas que podem trazer luz para nossa vida e que fazer
perguntas (mesmo sobre assuntos difíceis) não é proibido. O diálogo aberto e
o compartilhamento de ideias sobre problemas parecidos fazem parte da
edificação de uma comunidade de santos. Ao partirem hoje, espero que vocês
tenham a coragem e a visão para fazer as perguntas que melhor os ajudarão a
adquirir luz espiritual. Talvez possam começar com uma dessas:

Que pergunta vai estimular meu estudo do evangelho?


Qual escritura mais influenciou minha vida?
Meu caminho atual vai me levar a uma tempestade espiritual?
Minha raiz da fé é profunda o suficiente para resistir a geada da dúvida?
Tenho perguntas não respondidas que preciso colocar de lado
temporariamente?

Para encerrar, gostaria de expressar meu amor por aqueles que estão
lutando e cujas perguntas ainda não foram respondidas. Oro para que
encontrem paz e sintam o amor do Salvador. Expresso minha gratidão aos
que tornaram este devocional possível, especialmente a minha família por
compartilhar seus pensamentos e suas histórias. Em nome de Jesus Cristo.
Amém.
Julie Willis, “Adquirir luz por meio de questionamento”, discurso do devocional, 1º de julho de 2014,
Universidade Brigham Young–Idaho Center Auditorium, Rexburg, Idaho; acesso em 8 de janeiro de
2016, web.byui.edu/DevotionalsandSpeeches.

_________________________
^1. Julie Willis, entrevista de Kate Holbrook, 9 de outubro de 2015, p. 3, Biblioteca de História da
Igreja.
^2. Willis, entrevista, p. 4; Julie Willis, mensagem de e-mail para Kate Holbrook, 11 de dezembro de
2015.
^3. Julie Willis, mensagem de e-mail para Kate Holbrook, 12 de outubro de 2015.
^4. Willis, mensagem de e-mail para Holbrook, 12 de outubro de 2015.
^5. Julie Willis, mensagem de e-mail para Kate Holbrook, 19 de janeiro de 2016; Willis, entrevista, p.
11.
^6. Willis, entrevista, pp. 5–6, 11–12, 20.
^7. Willis, entrevista, p. 20; Willis, mensagem de e-mail para Holbrook, 11 de dezembro de 2015. Ela
agora é diretora do departamento de geologia.
^8. Willis, entrevista, pp. 18–19, 26–27.
^9. Willis, entrevista, pp. 14–15.
^10. Willis, entrevista, p. 15.
^11. Seus pais são Albert Lloyd Barrott e Betty Alice Pack Barrott. Willis, entrevista, p. 2.
^12. Citado do original: “Michael R. Otterson, ‘Exploring Questions through Faith and Reasoning’
[Explorar Perguntas por Meio da Fé e da Razão], Devocional da BYUI, 5 de março de 2013”.
Quando Otterson proferiu o devocional, ele era o diretor-gerente de Assuntos Públicos da Igreja
mórmon. Este discurso também foi intitulado “Explorar Perguntas por Meio da Fé e da Razão”.
^13. O assunto sobre a dúvida e o questionamento estava recebendo muita atenção dentro e fora da
Igreja naquela época. Kate Kelly, a fundadora de Ordain Women, foi excomungada uma semana
antes desse discurso no devocional. Em um caso separado, o criador do Mormon Stories Podcast,
John Dehlin, foi notificado de seu próprio conselho disciplinar nas semanas anteriores. Publicações
nacionais importantes apresentaram artigos sobre esses eventos, resultando em muita atenção da
mídia com foco no ativismo e na excomunhão na Igreja mórmon. Laurie Goodstein, “Two Activists
in Mormon Church Threatened with Excommunication”, New York Times, 11 de junho de 2014;
Laurie Goodstein, “Mormons Expel Founder of Group Seeking Priesthood for Women”, New York
Times, 23 de junho de 2014. Kelly e Dehlin, que foram excomungados em fevereiro de 2015,
tornaram suas cartas de excomunhão públicas. As cartas declaravam que nenhum deles foi
excomungado porque tinha dúvidas ou perguntas sobre a Igreja, mas porque se acreditava que sua
atividade pública destruía ativamente a fé de outras pessoas. Michelle Boorstein e Wesley
Robinson, “Founder of Mormon Women’s Movement Excommunicated by All-Male Church
Panel”, Washington Post, 23 de junho de 2014; Tad Walch, “Mormon Stories Founder Dehlin’s
Spread of ‘False Concepts’ Results in Excommunication from LDS Church”, Deseret News, 10 de
fevereiro de 2015; “Church Responds to John Dehlin’s Public Comments”, Mormon Newsroom, 10
de fevereiro de 2015.
^14. Citado do original: “2 Néfi 32:4”.
^15. Citado do original: “Joseph Smith—História 1:13, 18”.
^16. Julie B. Beck foi presidente geral da Sociedade de Socorro de 2007 a 2012.
^17. O élder David A. Bednar se juntou ao Quórum dos Doze Apóstolos em 2004. Ele serviu como
reitor da Universidade Brigham Young–Idaho de 1997 a 2004.
^18. Citado do original: “David A. Bednar, ‘Watching with All Perseverance’ [Vigiar com toda a
perseverança], Ensign, maio de 2010”.
^19. Citado do original: “1 Néfi 15:10, 11”.
^20. Chris M. Wilson, “Personal Exodus: Keeping and Transcending Our Second Estate”, acesso em 7
de agosto de 2015, web.byui.edu/DevotionalsandSpeeches. Wilson, membro do corpo docente do
Departamento de Formação de Professores, deu esse discurso no devocional em 24 de junho de
2014.
^21. Citado do original: “Hugh Nibley, ‘An Intellectual Autobiography’, Nibley on the Timely and the
Timeless (Provo, Utah: Religious Studies Center, 1978), p. xxviii”. Hugh Nibley foi um renomado
estudioso mórmon que ensinou história, idiomas e religião na Universidade Brigham Young. Boyd
Jay Petersen, Hugh Nibley: A Consecrated Life (Salt Lake City: Greg Kofford Books, 2002).
^22. Citado do original: “1 Néfi 10:19”.
^23. Citado do original: “Alma 5:26”.
^24. Ver Francine R. Bennion, “A Latter-day Saint Theology of Suffering” [Uma Telogia dos Santos
do Últimos Dias do Sofrimento], neste documento.
^25. Citado do original: “James E. Faust, ‘The Refiner’s Fire’ [O fogo do refinador], Ensign, maio de
1979, p. 53”. James E. Faust se juntou ao Quórum dos Doze Apóstolos em 1978 e foi segundo
conselheiro na Primeira Presidência de 1995 a 2007.
^26. Citado do original: “Jessica George, ‘Faith in God’s Plan for Me’ [Fé no plano de Deus para mim],
Ensign, julho de 2014”.
^27. Citado do original: “Dieter F. Uchtdorf, ‘Venham, juntem-se a nós’, A Liahona, novembro de
2013”. Dieter F. Uchtdorf se juntou ao Quórum dos Doze Apóstolos em 2004 e se tornou segundo
conselheiro na Primeira Presidência em 2008.
^28. Citado do original: “M. Sue Bergin, ‘Keeping the Faith’, BYU Magazine, primavera de 2014, pp.
22–23”.
^29. Citado do original: “Official Statement LDS Church [Declaração Oficial da Igreja], 22 de junho de
2014, http://www.mormonnewsroom.org/news-releases”.
^30. Citado do original: “Michael R. Otterson, ‘Exploring Questions through Faith and Reasoning’
[Explorar Perguntas por Meio da Fé e da Razão], Devocional da BYUI, 5 de março de 2013”.
Otterson provavelmente emprestou a metáfora da prateleira de Camilla Kimball. Lavina Fielding,
“Camilla Kimball: Lady of Constant Learning” [Camilla Kimball: Senhora de constante
aprendizado], Ensign, outubro de 1975, p. 62. Em um sermão de 1874, Brigham Young descreveu
usando uma abordagem semelhante sobre a revelação que agora é Doutrina e Convênios 76. “Eu
não estava preparado para dizer que acreditava, e tive de esperar. O que eu fiz? Eu entreguei meus
sentimentos ao Senhor e disse: ‘Esperarei até que o Espírito de Deus Se manifeste a mim, a favor
ou contra’. Não julguei a questão, não argumentei contra. (…) Se eu não conseguia ver ou
compreender, entreguei ao Senhor.” Brigham Young, 23 de junho de 1874, em Journal of
Discourses, 26 vols., (Liverpool: Various publishers, 1855–1886), vol. 18, p. 247.
^31. Citado do original: “Dieter F. Uchtdorf, ‘Venham, juntem-se a nós’, A Liahona, novembro de
2013”.
^32. Citado do original: “J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis: A Sociedade dos Anéis”.
^33. Ver João 20:11–18.
^34. Citado do original: “Ver Mateus 16:16”.
^35. Citado do original: “Doutrina e Convênios 76:22”.
^36. Citado do original: “Isaías 28:10”.
^37. Citado do original: “2 Néfi 32:4”.
^38. Citado do original: “D&C 11:13, 14”.
Apêndice

Mulheres santos dos últimos dias discursando na


conferência geral
ESTA TABELA CONTÉM OS NOMES de todas as mulheres que
discursaram na conferência geral semestral de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias ou em reuniões especiais que ocorreram em
conjunto com a conferência geral. Por exemplo, as reuniões do Sacerdócio
Aarônico, também chamadas de conferências do bispo, foram realizadas de
1921 a 1963 e contou com a presença de líderes masculinos das alas e estacas
que supervisionavam o funcionamento diário de suas congregações, incluindo
o Sacerdócio Aarônico e as Moças. As sessões de bem-estar, às vezes
chamadas de reuniões agrícolas, começaram em 1937 e treinavam os que
trabalhavam no bem-estar de ala e estaca — homens e mulheres — sobre os
recursos e procedimentos. As sessões de bem-estar foram descontinuadas em
1982. Outras sessões ou reuniões especiais tratavam do trabalho missionário,
do Programa de Colocação Profissional para os índios e do trabalho
genealógico. Em certas ocasiões, as mulheres discursavam nessas reuniões.
A tabela não inclui os discursos das mulheres das conferências gerais da
Sociedade de Socorro ou reuniões de mulheres, conferências de junho da
AMM, reuniões e serões das Moças, conferências da Primária ou
conferências da Escola Dominical. As mulheres discursavam com frequência
nessas conferências e reuniões das auxiliares, e suas palavras foram
registradas nos materiais Woman’s Exponent, Relief Society Magazine, Young
Woman’s Journal, Improvement Era, Children’s Friend, Ensign, New Era,
Liahona, Deseret News e outros lugares. As conferências das auxiliares
terminaram em 1975, substituídas por várias iterações da reunião geral das
mulheres e por treinamento realizado em nível regional e de estaca. A partir
do outono de 2014, a reunião geral das mulheres foi reconhecida como uma
sessão da conferência geral; está incluída nessa tabela a partir dessa data.
As fontes de informações nesta tabela incluem relatórios oficiais da
conferência, da Deseret News e coleções audiovisuais de sessões de bem-
estar na Biblioteca de História da Igreja em Salt Lake City.

Data Orador Sessão


8 de outubro de Lucy Mack Smith sessão geral
1845
7 de outubro de Zina D. H. Young reunião do sacerdócio e da AMM
1879
5 de abril de 1908 Rachel H. Leatham Local de extensão de reunião, ao
ar livre
5 de abril de 1908 Martha Mary Local de extensão de reunião, ao
Langenbucher ar livre
4 de abril de 1909 Lillian V. Jones Local de extensão de reunião, ao
ar livre
5 de outubro de Louise Y. Robison sessão geral
1929
5 de outubro de Ruth May Fox sessão geral
1929
5 de outubro de May Anderson sessão geral
1929
9 de abril de 1930 Louise Y. Robison sessão geral
9 de abril de 1930 Ruth May Fox sessão geral
9 de abril de 1930 May Anderson sessão geral
5 de outubro de Louise Y. Robison sessão geral
1930
5 de outubro de Ruth May Fox sessão geral
1930
5 de outubro de May Anderson sessão geral
1930
2 de outubro de May Anderson reunião do Sacerdócio Aarônico
1937
5 de outubro de Amy Brown Lyman reunião de bem-estar
1940
5 de abril de 1941 Marguerite Burton reunião de bem-estar
5 de abril de 1941 Zephyr Doyle reunião de bem-estar
5 de abril de 1941 Donna D. Sorensen reunião de bem-estar
4 de outubro de Alice M. Graves reunião de bem-estar
1941
4 de outubro de Amy Brown Lyman reunião de bem-estar
1941
5 de outubro de Verna W. Goddard reunião do Sacerdócio Aarônico
1945
4 de abril de 1947 Belle S. Spafford reunião do Sacerdócio Aarônico
6 de abril de 1948 Mildred Thompson reunião do Sacerdócio Aarônico
5 de abril de 1949 Belle S. Spafford reunião de bem-estar
3 de abril de 1959 Theda Farnsworth reunião missionária
7 de abril de 1967 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
30 de setembro de Carolyn Dunn sessão de bem-estar
1967
30 de setembro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1967
6 de abril de 1968 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
4 de outubro de Virginia Casuse Reunião de colocação profissional
1968 indígena
5 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1968
5 de abril de 1969 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
4 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1969
4 de abril de 1970 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
3 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1970
3 de abril de 1971 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
2 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1971
8 de abril de 1972 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
7 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1972
7 de abril de 1973 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
6 de outubro de Belle S. Spafford sessão de bem-estar
1973
6 de abril de 1974 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
5 de outubro 1974 Belle S. Spafford sessão de bem-estar
5 de abril de 1975 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
4 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1975
3 de abril 1976 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
2 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1976
2 de abril de 1977 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1º de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1977
1º de abril de 1978 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
30 de setembro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1978
6 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1979
5 de abril de 1980 Shirley W. Thomas sessão de bem-estar
4 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1980
4 de abril de 1981 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
3 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1981
3 de outubro de JoAnn Randall sessão de bem-estar
1981
3 de abril de 1982 Barbara B. Smith sessão de bem-estar
2 de outubro de Barbara B. Smith sessão de bem-estar
1982
7 de abril de 1984 Elaine A. Cannon sessão geral
7 de abril de 1984 Barbara B. Smith sessão geral
8 de abril de 1984 Barbara Ann Winder sessão geral
8 de abril de 1984 Ardeth G. Kapp sessão geral
3 de abril de 1988 Dwan J. Young sessão geral
2 de outubro de Michaelene P. Grassli sessão geral
1988
2 de abril de 1989 Joy F. Evans sessão geral
1º de outubro de Jayne B. Malan sessão geral
1989
1º de abril de 1990 Barbara W. Winder sessão geral
1º de abril de 1990 Elaine L. Jack sessão geral
7 de outubro de Ruth B. Wright sessão geral
1990
7 de abril de 1991 Janette C. Hales sessão geral
6 de outubro de Aileen H. Clyde sessão geral
1991
5 de abril de 1992 Ardeth G. Kapp sessão geral
5 de abril de 1992 Janette C. Hales sessão geral
4 de outubro de Betty Jo N. Jepsen sessão geral
1992
4 de abril de 1993 Chieko N. Okazaki sessão geral
3 de outubro de Virginia H. Pearce sessão geral
1993
2 de abril de 1994 Elaine L. Jack sessão geral
3 de abril de 1994 Ruth B. Wright sessão geral
1º de outubro de Michaelene P. Grassli sessão geral
1994
2 de outubro de Patricia P. Pinegar sessão geral
1994
1º de abril de 1995 Aileen H. Clyde sessão geral
2 de abril de 1995 Bonnie D. Parkin sessão geral
30 de setembro de Janette Hales sessão geral
1995 Beckham
1º de outubro de Anne G. Wirthlin sessão geral
1995
6 de abril de 1996 Chieko N. Okazaki sessão geral
7 de abril de 1996 Susan L. Warner sessão geral
5 de outubro de Virginia H. Pearce sessão geral
1996
6 de outubro de Elaine L. Jack sessão geral
1996
5 de abril de 1997 Patricia P. Pinegar sessão geral
6 de abril de 1997 Elaine L. Jack sessão geral
4 de outubro de Mary Ellen Smoot sessão geral
1997
5 de outubro de Janette Hales sessão geral
1997 Beckham
4 de abril de 1998 Anne G. Wirthlin sessão geral
5 de abril de 1998 Margaret D. Nadauld sessão geral
3 de outubro de Virginia U. Jensen sessão geral
1998
4 de outubro de Susan L. Warner sessão geral
1998
3 de abril de 1999 Carol B. Thomas sessão geral
4 de abril de 1999 Sheri L. Dew sessão geral
2 de outubro de Sharon G. Larsen sessão geral
1999
3 de outubro de Patricia P. Pinegar sessão geral
1999
1º de abril de 2000 Coleen K. Menlove sessão geral
2 de abril de 2000 Mary Ellen W. Smoot sessão geral
7 de outubro de Margaret D. Nadauld sessão geral
2000
8 de outubro de Virginia U. Jensen sessão geral
2000
31 de março de Sydney S. Reynolds sessão geral
2001
1º de abril de 2001 Carol B. Thomas sessão geral
6 de outubro de Sheri L. Dew sessão geral
2001
7 de outubro de Sharon G. Larsen sessão geral
2001
6 de abril de 2002 Mary Ellen W. Smoot sessão geral
7 de abril de 2002 Gayle M. Clegg sessão geral
7 de abril de 2002 Bonnie D. Parkin sessão geral
5 de outubro de Coleen K. Menlove sessão geral
2002
6 de outubro de Margaret D. Nadauld sessão geral
2002
5 de abril de 2003 Kathleen H. Hughes sessão geral
6 de abril de 2003 Susan W. Tanner sessão geral
4 de outubro de Anne C. Pingree sessão geral
2003
5 de outubro de Sydney S. Reynolds sessão geral
2003
3 de abril de 2004 Gayle M. Clegg sessão geral
4 de abril de 2004 Julie B. Beck sessão geral
2 de outubro de Bonnie D. Parkin sessão geral
2004
3 de outubro de Elaine S. Dalton sessão geral
2004
2 de abril de 2005 Coleen K. Menlove sessão geral
3 de abril de 2005 Kathleen H. Hughes sessão geral
1º de outubro de Susan W. Tanner sessão geral
2005
2 de outubro de Cheryl C. Lant sessão geral
2005
1º de abril de 2006 Julie B. Beck sessão geral
2 de abril de 2006 Anne C. Pingree sessão geral
30 de setembro de Elaine S. Dalton sessão geral
2006
1º de outubro de Margaret S. Lifferth sessão geral
2006
31 de março de Bonnie D. Parkin sessão geral
2007
1º de abril de 2007 Vicki F. Matsumori sessão geral
6 de outubro de Mary N. Cook sessão geral
2007
7 de outubro de Julie B. Beck sessão geral
2007
5 de abril de 2008 Cheryl C. Lant sessão geral
6 de abril de 2008 Susan W. Tanner sessão geral
4 de outubro de Silvia H. Allred sessão geral
2008
5 de outubro de Elaine S. Dalton sessão geral
2008
4 de abril de 2009 Margaret S. Lifferth sessão geral
5 de abril de 2009 Barbara Thompson sessão geral
3 de outubro de Vicki F. Matsumori sessão geral
2009
4 de outubro de Ann M. Dibb sessão geral
2009
3 de abril de 2010 Julie B. Beck sessão geral
4 de abril de 2010 Cheryl C. Lant sessão geral
2 de outubro de Rosemary M. Wixom sessão geral
2010
3 de outubro de Mary N. Cook sessão geral
2010
2 de abril de 2011 Jean A. Stevens sessão geral
3 de abril de 2011 Silvia H. Allred sessão geral
1º de outubro de Barbara Thompson sessão geral
2011
2 de outubro de Elaine S. Dalton sessão geral
2011
31 de março de Cheryl A. Esplin sessão geral
2012
1º de abril de 2012 Julie B. Beck sessão geral
6 de outubro de Ann M. Dibb sessão geral
2012
7 de outubro de Linda K. Burton sessão geral
2012
6 de abril de 2013 Elaine S. Dalton sessão geral
7 de abril de 2013 Rosemary M. Wixom sessão geral
5 de outubro de Carole M. Stephens sessão geral
2013
6 de outubro de Bonnie L. Oscarson sessão geral
2013
5 de abril de 2014 Linda S. Reeves sessão geral
6 de abril de 2014 Jean A. Stevens sessão geral
27 de setembro de Linda K. Burton sessão geral das mulheres
2014
27 de setembro de Jean A. Stevens sessão geral das mulheres
2014
27 de setembro de Neill F. Marriott sessão geral das mulheres
2014
4 de outubro de Cheryl A. Esplin sessão geral
2014
5 de outubro de Carol F. McConkie sessão geral
2014
28 de março de Cheryl A. Esplin sessão geral das mulheres
2015
28 de março de Carole M. Stephens sessão geral das mulheres
2015
28 de março de Bonnie L. Oscarson sessão geral das mulheres
2015
4 de abril de 2015 Linda K. Burton sessão geral
5 de abril de 2015 Rosemary M. Wixom sessão geral
26 de setembro de Rosemary M. Wixom sessão geral das mulheres
2015
26 de setembro de Linda S. Reeves sessão geral das mulheres
2015
26 de setembro de Carol F. McConkie sessão geral das mulheres
2015
3 de outubro de Neill F. Marriott sessão geral
2015
4 de outubro de Carole M. Stephens sessão geral
2015
26 de março de Cheryl A. Esplin sessão geral das mulheres
2016
26 de março de Neill F. Marriott sessão geral das mulheres
2016
26 de março de Linda K. Burton sessão geral das mulheres
2016
2 de abril de 2016 Mary R. Durham sessão geral
3 de abril de 2016 Bonnie L. Oscarson sessão geral
24 de setembro de Jean B. Bingham sessão geral das mulheres
2016
24 de setembro de Carole M. Stephens sessão geral das mulheres
2016
24 de setembro de Bonnie L. Oscarson sessão geral das mulheres
2016
1º de outubro de Carol F. McConkie sessão geral
2016
2 de outubro de Linda S. Reeves sessão geral
2016
Reconhecimentos

ESTE VOLUME SE TORNOU POSSÍVEL por meio de muitas pessoas e


instituições cuja assistência e apoio ocorreram ao longo de mais de uma
década. Agradecemos especialmente aos administradores e líderes de A
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City, por
patrocinar o projeto e à administração e equipe da Biblioteca de História da
Igreja, Salt Lake City, onde se encontra a maioria dos documentos deste
volume.
Além da Biblioteca de História da Igreja, várias outras bibliotecas e
repositórios forneceram materiais e assistência essenciais: Beinecke Rare
Book e Manuscript Library, Yale University; Pioneer Memorial Museum,
International Society Daughters of Utah Pioneers; Huntington Library;
L. Tom Perry Special Collections, Harold B. Lee Library, Brigham Young
University; Special Collections, J. Willard Marriott Library, University of
Utah; e Special Collections and Archives, Merrill-Cazier Library, Utah State
University.
Agradecemos a duas mulheres cujo trabalho fundamental proporcionou
o ímpeto para este projeto. A falecida Edyth Jenkins Romney, do que foi
chamado de Departamento Histórico da Igreja, concluiu uma transcrição das
atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo em 1979, a qual ancorou o trabalho
inicial dos editores deste volume. Maureen Ursenbach Beecher,
anteriormente do Departamento Histórico da Igreja e da Universidade
Brigham Young, generosamente compartilhou com os editores sua pesquisa
sobre os primeiros anos da década de 1980 da transcrição de Edyth Romney
das atas.
Este volume foi iniciado em 2001 no Instituto Joseph Fielding Smith
para a História dos Santos dos Últimos Dias da Universidade Brigham
Young, e agradecemos a Ronald K. Esplin, então diretor, por seu apoio e
incentivo inicial. Marilyn R. Parks, do Instituto Smith, forneceu assistência
administrativa. Rebecca Boyce Hughes auxiliou na verificação das
transcrições iniciais. Kathryn M. Daynes, da Universidade Brigham Young, e
Cherry Bushman Silver revisaram as partes iniciais do manuscrito e Sheree
Maxwell Bench editou o primeiro rascunho.
Em 2005, o projeto foi transferido para o Departamento de História da
Igreja em Salt Lake City, no qual inúmeros funcionários, estagiários,
missionários e voluntários ajudaram a concluir o volume. Expressamos
gratidão ao élder Marlin K. Jensen pela orientação do projeto. Sharon E.
Nielsen verificou a transcrição do Livro de Atas da Sociedade de Socorro de
Nauvoo para o site Joseph Smith Papers, no qual a transcrição foi publicada
em 5 de abril de 2011. Rebekah Clark trabalhou no diretório de biografias e
ajudou a encontrar e identificar ilustrações.
Reconhecemos com gratidão as contribuições de muitas outras pessoas
da Divisão de Publicações do Departamento de História da Igreja. Gerrit J.
Dirkmaat, Andrew H. Hedges, Robin S. Jensen, Michael Hubbard MacKay e
Alex D. Smith auxiliaram na verificação, na descrição e nas anotações dos
documentos. Keaton T. Reed, Rachel Osborne, Amanda Owens e Kimberly
A. Dalton verificaram as fontes. Stephanie Steed verificou as fontes e revisou
o volume. Julia Ventura ajudou com as citações de fontes no diretório
biográfico. Sharalyn D. Howcroft ajudou com as questões e permissões
textuais. Jeffrey G. Cannon, Kay Darowski e Nicole Fernley ajudaram com
as ilustrações e permissões. Ben Ellis Godfrey liderou o trabalho na criação
do site do livro, incluindo a transferência do conteúdo do volume de
impressão e a adição de conteúdo audiovisual. Ben Godfrey, John Heath e
Debra Xavier ajudaram com o marketing. Kiersten Olson forneceu apoio
administrativo. Agradecemos especialmente a Riley M. Lorimer, que
formatou o volume e ajudou com o design, a edição e o gerenciamento do
processo de produção.
Além disso, expressamos gratidão a Christy Best por localizar
documentos difíceis de encontrar. Agradecemos a Ben E. Godfrey e Matthew
McBride por liderar o trabalho da projeção e criação do site em que os
materiais deste volume serão publicados. Agradecemos a Welden C.
Andersen por fotografar o Livro de Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo
e a Jason D. Loscher e seus associados por digitalizar ou fotografar muitas
das imagens deste volume. Agradecemos também a administração e a equipe
da Deseret Book Company, em Salt Lake City, por sua experiência na
concepção, impressão, distribuição e comercialização do volume.
Reconhecemos especialmente Sheri L. Dew, Laurel Christensen Day, Lisa
Roper, Amy Durham, Suzanne Brady, Richard Erickson e David Kimball.
Agradecemos a Debra Xavier pela assistência com o marketing.
Agradecemos a Margaret A. Hogan por sua revisão cuidadosa e a J. Naomi
Linzer por criar o índice deste volume. Benson Y. Parkinson, do
Departamento de Publicações da Igreja, forneceu assistência especializada na
preparação do livro para publicação na Web.
Várias outras pessoas, muitas delas missionários e voluntários na
Biblioteca de História da Igreja, contribuíram para o volume aqui
apresentado, particularmente na pesquisa das pessoas no diretório biográfico:
Everett Randolph Amis, Laura Anderson, Kathryn Esme Barnes, Joyce
Bastian, Carolyn C. Beard, Marlene Breti, Cathy Chamberlain, Elizabeth
Crane, Karen Lynn Davidson, Kelli Skinner Eyerly, Polly Flanders, Lauren
Fuller, Deborah Gurtler, Patsy Hendrickson, Virlene Hirschi, Diane Jackson,
John Stuart Jackson, James Aleksandr Jacobs, Beverly K. Jones, Hannah
Jung, Viola Knecht, Keshia Lai, Allison McCord, Allison Morgan, Elizabeth
Joy Mott, Andrea Nelson, Caroline Pedersen, Joy Reese, Brent Rogers, Marla
Rogers, Shirley Larkins Romney, Karen Schvaneveldt, Paul Douglas
Simpson, Jessica Snyder, Rita Somfai, Margaret J. Stair, Mark L. Staker,
Rebecca Strein, Paula Stuart, Anissa Olson Taylor, Jean Taylor, Laura J.
Tropple, Amy Amelia Anne Wallace, Maurine Carr Ward, LaKay Weber,
Anita Wells, Brian Whitney, Juzdith Ann Wight, Nola Rae Wilkinson e
Kathleen Williams.
Agradecemos especialmente a Ann Braude, da Harvard Divinity School;
Laurel Thatcher Ulrich, da Universidade de Harvard; Kathleen Flake, da
Universidade da Virgínia; Colleen McDannell, da Universidade de Utah; e
Jonathan A. Stapley, cada um dos quais revisou um rascunho do volume
inteiro e forneceu importantes comentários e feedback.
Notas

As fontes apresentadas nas notas incluem a referência completa para a


primeira menção em cada capítulo, depois, uma forma de citação curta
geralmente é usada nas notas para aquele capítulo. As citações do Livro de
Mórmon e de outras escrituras da Igreja geralmente se referem a edições
modernas. As fontes provêm de uma variedade de repositórios e publicações.
Os nomes dos seguintes repositórios frequentemente citados são abreviados
em citações: Biblioteca de História da Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, Salt Lake City (Biblioteca de História da Igreja);
Biblioteca de História da Família, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, Salt Lake City (Biblioteca de História da Família); Coleções
Especiais de L. Tom Perry, Biblioteca de Harold B. Lee, Universidade
Brigham Young, Provo (BYU); e Coleções e Arquivos Especiais, J. Willard
Marriott Library, Universidade de Utah, Salt Lake City (UU). Os números
dos capítulos, em vez de títulos de capítulos ou números de página, são
usados em referências cruzadas internas.
Índice

Aarônico, reuniões do Sacerdócio


345
Abraão, posteridade de
208
424n32
Maus-tratos
217
227
258
265
420n28
Acres de diamantes (história dos)
152
406n19
Adão (personagem da Bíblia)
Queda de
223
371n13
parceiro de Eva
388n28
linguagem pura de
360n9
360n10
e o sacrifício
198–199
Adão-ondi-Amã (lugar)
361n20
“Adão-ondi-Amã” (William W. Phelps)
8
360n11
“Adão-ondi Amã” (Elizabeth Ann Whitney)
7–9
Addams, Jane
128
140
Adversidade
Ver
Sofrimento
Provações
Arbítrio
lidar com sofrimento e
222
escolher se tornar semelhante a Deus
224
liberdade de
225
236
de outras pessoas
229
o poder do
244
a oração como uma expressão de
287
responsabilidades decorrentes do
421n35
Alma, o Filho (personagem do Livro de Mórmon)
223
262–263
285
321
Índios americanos
29–30
369n3
Cruz Vermelha Americana
cursos ministrados por meio da
128
história da
408n5
enfermagem doméstica e a
167
410n8
serviço com a
107
116
161
Revolução Americana
xviii
Anderson, John
241
Anestesia, no parto
138–139
403n30
Angell, James
27
Angell, Phoebe Ann Morton
27
28
Angell, Truman O.
27
Anthon, Charles
157
364n25
407n19
sentimento antinipônico
254
Ansiedade
251–252
Estaca Ápia Samoa Leste
248
Autoridades de área
333
422n5
Conferências de área
xxix
177–178
413n1
Ateísmo
265
260–261
Expiação
conhecimento da
404n42
como objeto de fé
324
operando em vidas
290
realizada para a humanidade
198–200
perseverança e a
230
pessoal
252
Autenticidade
237–238
Autoridade
dos líderes da Igreja
143
convênios estabelecidos pelo sacerdócio
279
dos homens nas igrejas do século 19
xviii
dos portadores do sacerdócio
318
dos quóruns do sacerdócio
279
da Sociedade de Socorro
42
279
299
de Emma Hale Smith
12–14
361n15
de Lucy Mack Smith
3–5
para as mulheres falarem ou ensinarem
xxiii–xxv
358n53
Conferências das auxiliares
345
Aylworth, Martha Hendricks
378n20

Bailey, Albert Edward


140
Ballard, M. Russell
260–261
330
439n11
Bangerter, W. Grant
434n19
Bantustões
438n31
Batismo
e convênios
279
327
convicção e
xv
392n20
milagres e
263
oração traduzida para a língua xhosa
438n28
na Praça do Templo
103
e união
256
Barney, Elvira Stevens Woodbury Huntington
78 (ilustração)
79–81
385n2
Barney, Royal, Jr.
79
Baxter, Henry
380n4
Baxter, John
65–66
Beaver, Utah, Sociedade de Socorro
49
50
Beck, Julie Bangerter
xxv
291
295–307
349
350
Beckett, Ray
261
427n19
Beckham, Janette Hales
276 (ilustração)
Beecher, Catharine
xix
Bell, Louise
313–314
Benjamim, rei (personagem do Livro de Mórmon)
198
Bennion, Francine Russell
212 (ilustração)
213–231
Bennion, Lowell L.
357n36
Bennion, Robert C.
213
Bester, Gwenna Rundell Stocks
309
310–311
437n15
Bester, Johan
309
Bispos
mestres familiares enviados pelos
302
responsabilidades dos
299
e o dízimo
277
e o bem-estar
305
374n26
374n30
trabalhar com a Sociedade de Socorro
43–44
112
373n19
conferências de bispos
345
Bênçãos
para a Terra
81
de fé
319
gratidão pelas
244–248
de mulheres da Igreja
189
de obediência
246
de oração
76–77
de oração e frequência ao templo
288–289
do sacerdócio
197
de serviço
42
das provações
288–290
Bênçãos de cura administradas por mulheres
xviii
xxvii
16
18
19
356n17
367n10
Bênçãos patriarcais
7–8
209–210
241
362n12
417n17
Bloch, Carl
287
432n23
Boggs, Lilburn W.
366n51
Livro de Mórmon
direitos autorais do
364n30
Família de Sarah M. Kimball e o
89
o mais correto de todos os livros
438n38
membros da Sociedade de Socorro devem prestar atenção
no
14
Emma Hale Smith serve como escrevente para o
11
estudo do
xxiv
77
104
261–262
277
testemunho sobre o
5
21
256
316
tradução e publicação do
23–24
157
364n28
tradução do Livro de Mórmon para a língua xhosa
320–321
436n8
Bountiful, Utah, templo
327–329
Boyton, Peter
317
438n30
Bramhall, Dorothy
215–216
Brandley, Elsie Talmage
134 (ilustração)
135–143
Brasil
295
297
Pão
174
226
237
247
Brigham Young College, Logan, Utah
131
401n1
Universidade Brigham Young
frequência na
135
183
193
213
265
devocionais
xx
xxviii
diretora da
121
399n4
curso de bem-estar ministrado na
128
mulheres falam na
xxiii
296
415n17
Conferência de Mulheres da Universidade Brigham Young
xxi (ilustração)
xxviii
358n39
Brimhall, George
399n13
Brown, Sheila
214
Brummer, André
310
319–320
Brummer, Judy Bester
308 (ilustração)
309–322
436n8
Bruno de Nola
221
Buell, Presendia Lathrop Huntington
15
16
Buffalo Harbor, Nova York
xxiii
3–5
Burnham, James
61
379n1
Burnham, Mary A. Huntly
61
Burton, Craig P.
323
Burton, Linda Kjar
323–330
439n8
Busby, George
370n15
Busby, Joseph
30
369n11
370n14
Busby, Matilda Dudley
29–30
369n2
369n11
370n14
370n15
Busche, Enzio
233–234
Busche, Jutta Baum
233–239

Calhoun, John C.
366n49
Chamados
sentimentos de inadequação e
179
honra nos
374n27
inspiração nos
xxiv
109
242
perseverança nos
281
autoridade do sacerdócio nos
358n53
respeitar os outros nos
250
responsabilidades nos
108–110
132–133
servir ao próximo nos
249–250
demonstrar amor nos
118
momento dos
147
Callister, Thomas
373n11
Cannon, Annie Wells
412n18
Cannon, Ann Mousley
93–95
390n7
390n10
391n15
391n17
Cannon, Charles Mousley
390n1
Cannon, Elaine Anderson
204 (ilustração)
205–211
Cannon, George Q.
250
268
269
429n21
Carrington, Rhoda Marie
373n18
Cassia Stake Academy, Oakley, Idaho
131
401n1
Glória celestial ou reino celestial
38
45
62
92
221–222
Challenger (nave espacial)
222
420n17
421n33
Alteração
em A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
137–140
195
na vida pessoal
146–147
262–263
267
270
288–290
321
326
na sociedade
187–191
Ver também
Aperfeiçoamento pessoal
Acompanhantes
120
Caridade
e perdão
50
sem julgamento
123
necessária para a graça divina
100
para os necessitados
43–44
e a Sociedade de Socorro
14
179
definição escriturística de
251
empenhar-se em adquirir
328
como puro amor de Cristo
169
e união
290–291
Parto
138–139
403n30
Sem filhos
48
257–258
Filhos
tornar-se semelhante
125
deveres das mães para com os
48
83
potencial dos
42
proteger os filhos das influências ruins
179
criar os
23
66
257
363n8
364n21
ensinar os
23
35–36
86
180
357n32
371n17
410n9
439n3
desobediência dos
288–289
Ver também
Mães e maternidade
Pais
Filhos de Deus
238–239
267–275
Coristas
109
395n16
Christofferson, D. Todd
303–304
Junta Educacional da Igreja
296
434n18
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, A
mudança em
137
138–139
como igreja cristã
315
apegar-se às raízes fundamentais de
137–138
143
Currículo de
194
“errantes” em
194–196
crescimento no México
177–178
natureza internacional de
256
organização de
296–307
apoiar os líderes em
299
ensinamentos sobre as mulheres
191
unidade em
256–257
mulheres e crescimento de
200
Clark, J. Reuben, Jr.
155
405n12
407n12
Cleveland, Sarah Marietta Kingsley Howe
15
16
18
19
Clyde, Aileen H.
242–243
424n7
Cobb, Augusta Adams
30
369n13
Guerra Fria
162
Coleman, Sarah
48
Colton, Don B.
171
Colton, Nancy
412–413n24
Consolo
287
consolar outras pessoas
201–202
Comitê do trabalho das mulheres
399n5
Cofres da comunidade
408n5
Compaixão
174–175
Serviço compassivo
162–165
191
278
409n11
409n14
Conferências
área
xxix
177–178
323
413n1
auxiliares
345
em conjunto, de junho ou da Associação de
Melhoramentos Mútuos
xix
xx
93
95
107
108
111
115
135
357n28
391n13
geral
xx
xxiv–xxv
xxviii
21–22
103–104
188–189
253
278
345–351
358n40
416n33
sessão geral da Sociedade de Socorro
xx
xxii
121
127
131
145
149
155
161
166 (ilustração)
167
171
sessão das mulheres ou reunião das mulheres
xx
xxii
204
206
345
357n35
358n41
Confissão
318–319
Resolução de conflitos
334–342
Conferências conjuntas (das Associações de Melhoramentos
Mútuos)
xix
xx
93
95
107
108
111
115
135
357n28
391n13
Consagração
289–290
Consolação
287
Discórdia
334–335
Conwell, Russell H.
406n19
Cook, Gene R.
320
Cooper, Mabel M.
395n17
Cooperativas
55–56
Coray, Howard
363n1
Coray, Martha Knowlton
363n1
Conselho de Saúde
28
368n13
Conselho de Defesa Nacional
399n5
Conselhos, família
334
340–341
Convênios
ser justo
63
cumprir
304
feitos por mulheres
xxv
29–30
272
324
Lembrança dos
274
força por meio dos
277–282
Cowdery, Oliver
337
441n22
Grilos
38
372
Crosby, Caroline
385n3
Crosby, Jonathan
385n3
Cross and the Switchblade, The (David R. Wilkerson)
312
Crise dos Mísseis Cubanos
168
Cultura, em comparação à doutrina
257
Curie, Marie
151
406n13

Dallas, Kelsey
338
Daniels, Marilla
90
389n12
389n14
Dansie, Agnes Kunz
277
Filhas em Meu Reino
296
Davis, Mary Ann
48
Davydova, Anastasia
259–260
263
Deificação
escolhas e
422n40
a crença dos santos dos últimos dias sobre a
221
Lorenzo Snow sobre
393n33
lutar ou se empenhar para a
224–225
287
Brigham Young sobre
373n14
Deming, Miner R.
367n55
Dew, JoAnn Petersen
265
Dew, Maudie
265
Dew, Sheri Linn
265–275
428n7
Dexter, Walter
111
Diamantes, acres de (história dos)
152
406n19
Dick, Abigail Tryphosa
111
Dicks, Ronell
313–314
Dispensação da plenitude dos tempos
429n23
Divisão do trabalho
395n14
395n15
Doutrina
257
198
222
Doniphan, Alexander
366n45
Dougall, Maria Y.
94 (ilustração)
95
Douglas, Catherine
380n4
380n9
Dudley, Lawson
29
Durfee, Elizabeth Davis Goldsmith Brackenbury
15
18
367n53
Durfee, Jabez
367n53
E

Terra
81
Eaton, Elizabeth
18
Edificação
55–59
99–100
Edmunds Act (1882)
386n19
Edmunds-Tucker Act (1887)
386n19
Grau de instrução
de Elvira S. Barney
79
de Francine R. Bennion
213
de Elsie Talmage Brandley
135
de Judy Brummer
312
de Linda K. Burton
323
de Jutta B. Busche
233
de Ann M. Cannon
93
dos filhos
371n17
Junta Educacional da Igreja
434n18
de Sheri L. Dew
265
incentivo para as mulheres obter instrução
56
59
86
obter conhecimento
157
de Ardeth G. Kapp
193
de Jennie Brimhall Knight
121
de Irina Kratzer
260–261
de Rachel H. Leatham
103
de Amy Brown Lyman
128
de Louise W. Madsen
167
de Chieko N. Okazaki
253–254
de Bonnie D. Parkin
277
de Virginia H. Pearce
283
de Margaret C. Pickering
161
de Marianne C. Sharp
155
de Gladys N. Sitati
331
de Alice C. Smith
171
de Eliza R. Snow
379n13
de Belle S. Spafford
183–184
de Marta Horne Tingey
83
de mulheres e meninas
374n31
379n10
379n13
388n26
e jovens
138
205
371n17
Edwards, Jonathan
389n17
Eliot, Charles W.
153
406n22
Emigração
fé por meio de provações de
66–67
381n16
dos santos de Fayette
3–5
de Mary B. Ferguson
65
de Elicia A. Grist
34
de Irina Kratzer
265
de Annie D. Noble
111
Fundo Perpétuo de Emigração
34
370n10
371n18
economizar para a
36
Ver também
Pioneiros
Emprego
131
333
Inimigos, amor pelos
337–338
aulas de inglês
333
Enoque (personagem da Bíblia)
243–244
270
Eppel, Robert
320
438n39
Emenda de Direitos Iguais
184
Ericksen, E. E.
136
402n11
Erie Canal
xxiii
3–5
Evans, Barbara
48
Eva (personagem da Bíblia)
48
223
270–271
371n13
388n28
Eyring, Henry B.
301–302


alicerçada nas raízes fundamentais da Igreja
137–138
143
e evitar conflitos e discórdia
335–336
342
bênçãos da
319
e edificar uma vida digna
151
versus fidelidade
195–196
como um dom
128–129
pessoal
246
o poder do
230
oração e
287
força por meio dos
285
em tempos de dificuldade
37–38
51
66–68
tratar os doentes
28
Fidelidade
195–196
Queda de Adão e Eva
223
371n13
Família
244–245
339–341
304–305
423n25
Ver também
Mães e maternidade
“Família: Proclamação ao Mundo, A”
428n13
Conselhos de família
334
340–341
Farnsworth, Julia
387n25
Fayette, Nova York, santos, emigração de
3–5
Ferguson, Andrew
66
380n4
Ferguson, Mary Tyndale Baxter
65–68
380n1
380n3
381n15
381n16
Serões
xx
357n36
Primeira Visão (de Joseph Smith)
76
314–315
Fisher, Thomas G.
49
Flygare, Amelia Margaret Hansen
106 (ilustração)
107–110
395–396
Flygare, Christian
107
alimento, bênção do
200
Outros idiomas
Chieko N. Okazaki profere discursos em
254
258
Língua xhosa
309
310
311–312
317–318
320–322
436n8
Preordenação
202
269–270
Perdão
50
123–125
230
338–339
Fox, Ruth May
94 (ilustração)
136
395n15
396n18
Frank, Glenn
140
404n35
Frankfurt, Alemanha, templo
234
239
Franklin, Benjamin
153
Freeze, James
69
381n3
Freeze, Lelia “Lillie” Tuckett
69–71
Freeze, Mary Ann
60 (ilustração)
61–63
70
76
379–380
Amizade
173–174
336
Plenitude dos tempos, dispensação da
429n23

Gates, Susa Young


sobre Ann M. Cannon
390n10
como representante do Conselho Nacional das Mulheres
90
fundadora do Young Woman’s Journal
389n12
sobre a YLMIA da Ala Salt Lake City 11
62
sobre Marta Horne Tingey
387n14
sobre Zina D. H. Young
47
Conferência geral
frequência entre 1942 e 1945
416n33
história da
358n40
profecia na
188–189
discurso de Lucy Mack Smith na
21–26
oradoras na
xx–xxii
xxiv–xxv
xxviii
103–104
253
278
345–351
Zina D. H. Young fala na
363n17
Dons do Espírito
Ver
Dons espirituais
Metas, alcançar
205–206
Goates, Charles
303
Goates, George
303–304
Deus
tornar-se semelhante
221
224–225
287
373n14
393n33
422n40
desenvolver um relacionamento com
207–211
227–228
fé em
129
amor por
325–327
339
amor de
152–153
228–229
238–239
e o plano de salvação
223–224
o poder do
230
311
obediência à vontade de
330
sofrimento e
219
220
222–223
ensinar os filhos a respeito de
23
180
confiar
229
como imutável
173
vontade de
291
293–294
Goddard, Benjamin
103–104
115
397n4
Goddard, Emma Jane Nield
94 (ilustração)
115–120
397n4
Divindade
Ver
Deificação
As placas de ouro
23
364n23
364n25
Ver também
Livro de Mórmon
O bom samaritano
117
Goshen, Utah, Sociedade de Socorro
66
Fofoca
xxiv
49
Gafanhotos
38
372
Gratidão
244–248
325
Grande Despertar
xviii
Grã-Bretanha
33–34
Grande Depressão, A
132
136
Green, irmã
24
Greene, Edwin “Ted”
193
Greene, John Portineus
365n35
365n38
Greene, Rhoda Young
365n35
365n38
Grimké, Angelica
xix
Grimké, Sarah
xix
Grist, Elicia A.
33–36
Guest, Edgar A.
118

H
Hales, Robert D.
329
439n19
“Mão Que Balança o Berço, A” (William Ross Wallace)
388n27
Hanks, Marion D.
206
Felicidade
na adversidade
287
em comparação à satisfação
56–59
instinto de buscar
261
ao ensinar os filhos sobre Deus
180–181
o testemunho traz
244–248
por meio do serviço
179
verdade
263
Harris, Martin
23–24
157
364n25
364n28
407n19
Hart, Charles H.
131
Hart, Lalene Hendricks
131–133
Harvard Classics
406n22
Cura
356n17
368n15
Ver também
Bênçãos de cura administradas por mulheres
Convênio médico
Ver
Cuidados médicos
Corações
147–148
236–239
Heathen, Catherine
380n4
Mãe Celestial
84
85
91
390n22
escola de hebraico
89
388n2
Hendricks, Drusilla Dorris
51–54
377–378
Hendricks, James
51
52
53 (ilustração)
377n4
377n14
Hendricks, William
51–54
377n11
377n13
378n18
378n20
Hezbollah
420n28
Higbee, Chauncey
49
Higbee, Elias
366n49
Hill, Rachel Hanna
393n2
Hinckley, Bryant Stringham
432n11
Hinckley, Gordon B.
abençoa Chieko N. Okazaki
258
chama Bonnie D. Parkin como presidente geral da
Sociedade de Socorro
278
serviço na Igreja realizado por
431n1
aconselha Jutta B. Busche
234
sobre enfrentar provações
283
sobre perdão
338–339
sobre a importância do lar
280–281
sobre o trabalho missionário
273
sobre os quóruns do sacerdócio
306
sobre as mulheres da Sociedade de Socorro
278
sobre as coisas darem certo
292
sobre as mulheres
274
Hinckley, Marjorie Pay
283
285–286
432n19
História do Profeta Joseph Smith Contada por Sua Mãe (Lucy
Mack Smith)
23
364n27
Santidade
281–282
Holland, Josiah G.
150
Espírito Santo
evitar entrar em conflitos e o
337
342
edificação por meio do
56
dom do
428n7
e o dom da tradução
321
inspiração por meio do
xxiv–xxv
316
e os sussurros para orar
76
desejado por Newel K. e Elizabeth Ann Whitney
7
e entendimento espiritual
90–92
compreender o Espírito Santo e confiar Nele
266
267
compreender a identidade divina por meio do
271–272
testemunha do
199
Página Inicial
35–36
280–281
reuniões de economia doméstica
167
411n21
413–414n13
Ensino familiar
301–303
Horne, Joseph
37
Horne, Mary Isabella
37–38
39 (ilustração)
55
Humildade
287–288
Humphrey, Solomon
3
Hunter, Howard W.
337–338
Huntington, Oliver
79
Huntington, Zina Baker
47
Hutchinson, Anne
xvii
Hyde, Jeanette
128
Hyde, Marinda N.
37–38
374n21
374n28
Hyde, Orson
372n9

Ideias, abertura a novas


137–143
249–250
Identidade
238–239
267–275
Ignorância
230
Improvement Star
69
76
384n13
384n15
Sociedade de Socorro indígena
29–30
Índios
29–30
369n3
Revolução Industrial
33–34
Investigação
140–142
Inspiração ao falar
xxiv–xxv
Inteligência
Ver
Conhecimento
Relacionamentos interpessoais
334–342
Israel, casa de
268
Israelitas
243
252

Jack, Elaine Low


xxiii–xxiv
240 (ilustração)
241–252
424n8
Jacobs, Chariton
47
Jacobs, Henry
47
Jacobs, Maud Leone Openshaw
145–148
Jacobs, Zebulon
47
Jefté (personagem da Bíblia)
217–219
Jesus Cristo
a Expiação de
199–200
404n42
e evitar conflitos e discórdia
335–336
342
testificar sobre
272–273
consolo que advém de
287
como a personificação do amor
340
fé em
129
195
convite para se achegar a
173
e o plano de salvação
429n19
oração de
76
168
autoconhecimento de
268
sofrimento de
224
compreensão de
252
429n16
unidade em
256
Jó (personagem da Bíblia)
220
Jones, Berry
75
384n12
Jones, Ellenor Georgina Reed
75–77
383n3
384n7
384n12
Jones, Hugh
75
384n12
Jones, Joseph M.
383n2
Jones, Margaret
76
Jones, Mary
75
Jones, Thomas
75
Jonson, Ben
133
Alegria, na adversidade
287
Ver também
Felicidade
Juárez, Aurelio
177
Julgar os outros
123
238
Conferências de junho (das Associações de Melhoramentos
Mútuos)
Ver
Conferências conjuntas

Kanab, Utah
73
382n1
Kanab, Utah, Sociedade de Socorro
383
Kapp, Ardeth Greene
193–202
240 (ilustração)
417n15
Kapp, Heber
193
Kerr, Jean
216
Kilpatrick, James
186–187
Kimball, Heber C.
196
Kimball, Presendia Huntington Buell
47
Kimball, Sarah Melissa Granger
legislação contra a poligamia combatida por
388n9
conduzindo aulas de fisiologia para mulheres
56
imagem de
88 (ilustração)
informações de
89–90
sobre a organização da Sociedade de Socorro
362n11
372n10
falando ao público e
389n13
como vice-presidente da Sociedade de Socorro
388n8
sobre entendimento espiritual
90–92
como capelão da Associação de Sufrágio Feminino de Utah
80
e o programa de professoras visitantes
172
visita Lucy Mack Smith
22
Kimball, Spencer W.
chama Enzio Busche como setenta
233
serviço na Igreja realizado por
419n20
sobre a conversão de uma mulher boliviana
199
sobre preordenação
202
269
sobre a Sociedade de Socorro
298
sobre o Dia do Senhor
329–330
sobre as mulheres e o crescimento da Igreja
200
sobre as mulheres e o crescimento espiritual
274
revista dos jovens promovida por
206
Bondade
251
273
341
Kirkham, Oscar A.
197
417n26
Kirtland, Ohio, templo, manifestações de poder no
7–8
Quis (personagem da Bíblia)
187
Knight, Inez
121
Knight, Lucy Jane “Jennie” Brimhall
121–125
399
Knight, Lydia Goldthwaite
369n6
Knight, Philip
122 (ilustração)
Knight, Richard
122 (ilustração)
Conhecimento
adquirir
153
156–159
buscar
63
por meio de sofrimento
226–227
da verdadeira doutrina
198
da verdadeira identidade
238–239
267–275
Idioma coreano
254
Guerra da Coreia
162
Corior (personagem do Livro de Mórmon)
261
Kotov, Valentin
265
Kotova, Minareta
265
Kowa, Goliat
316–317
437–438n28
Kratzer, Irina Valentinovna
xxiv
259–264
427n19
Kratzer, Tay
259–260
263

Trabalho, divisão de
395n14
395n15
Associação de Resguardo Mútuo das Damas
55–56
Lamã e Lemuel (personagens do Livro do Mórmon)
247
Langenbucher, Martha Maria
394n12
Idioma de Adão e Eva
360n9
360n10
Última dispensação
269
429n23
Últimos dias, provações dos
303
Latter-day Saints’ Millennial Star
33–34
Leis
divino
199
224
225
físico
224
225
230
Liderança
autoridade na
299–304
chama a atenção para todos os membros
253
nas organizações da Igreja
89
108
109
132–133
242
em comparação à coerção
119
e incentivo para que as mulheres falem
xxii–xxiii
preparação para a
70–71
123
169
de Emma Hale Smith
11–12
de Lucy Mack Smith
3–4
usar as palavras das mulheres
xv
das mulheres
xviii–xix
dos jovens
137–143
270
274
Aprendizado
Ver
Conhecimento
Leatham, Rachel Hannah
102 (ilustração)
103–105
393–394
Leavitt, Sarah Sturtevant
xv
Lee, Harold B.
190
268
271
305
411n10
Lee, Rex E.
413n4
Lehi, Utah, Sociedade de Socorro
48
Leonard, Abigail Calkins
15
18
19
Lewis, Jane Stevens
385n2
385n3
Lewis, Philip
385n2
385n3
Vida
150–153
197–199
243–252
262
Ver também
Mortalidade
Vida, existência antes da
85
86
202
223–224
236
268
429n19
Missão de vida
61–63
Alfabetização
242
Little, Elizabeth
383n6
Viver dentro do orçamento
280
Locustas
38
372
Solidão
164–165
Longfellow, Henry Wadsworth
150
Amor
resolução de conflitos e
339–342
pelos inimigos
337–338
de Deus
152–153
228
238–239
pelo próximo
116–120
sinais de
325–327
Lovett, Robert Morse
139
Lowell, James Russell
118–119
Lower Rapids (do rio Mississippi)
12
361n16
Lucas, Samuel D.
366n43
366n45
“Lucinda Matlock” (Edgar Lee Masters)
251
Luther, Martin
124
Lyman, Amy Brown
126 (ilustração)
127–129
400n2
412n18
Lyman, Richard R.
398n12

Mackelprang, Sunae
254
Madsen, Elen Louise Wallace
167–170
182 (ilustração)
410n6
Madsen, Truman
199–200
418n36
Maeser, Karl G.
119
399n30
Malan, Jayne B.
240 (ilustração)
Manti, Utah, templo
286
Marco Aurélio
236
238
Massachusetts Bay Colony
xvii
Masters, Edgar Lee
251
Matemática
238
Maturidade
138
245
268
300
Maxwell, Neal A.
201
291
330
418n39
McCarthy, Joseph
409n9
McConkie, Amelia
252
McConkie, Bruce R.
252
268
269
302
McConkie, Carol F.
xxiv–xxv
McKay, David O.
168
179
298
McRae, Alexander
384n12
Recursos, viver de acordo com seus
280
Cuidados médicos
anestésico
403n30
campanhas para fundos do coração
423n27
remédios feitos de ervas
27–28
368n15
368n17
para missionários
323
333
recusa de
220
medicina social
27
367n8
treinamento para
56
79
239
Associação de Melhoramentos Mútuos do Sacerdócio de
Melquisedeque
414n6
Merrill, Albert
373n16
México
177–178
Millennial Star
33–34
Miller, George
22
Milagres
260–263
Obra missionária
de Judy Brummer
310
316–319
436n8
a conversão de Jutta B. Busche por meio da
235–236
de Elicia A. Grist
35
de Lalene H. Hart
131
de Leone O. Jacobs
145
de Jennie Brimhall Knight
121
de Rachel H. Leatham
103
394
de Annie D. Noble
396n5
responsabilidade em relação à
188
de Gladys N. Sitati
333
dos Doze Apóstolos
392n22
e entender a identidade divina
272–274
a participação das mulheres na
357n29
e o trabalho de salvação
300
Presidentes de missão, Sociedade de Socorro
171
401n5
Rio Mississippi
12
361n16
Mal-entendidos
138–139
Recato
71
382n13
Monson, Thomas S.
262
302
303
339
Moody, Dwight L.
396n3
Batalhão mórmon
51–54
377
Morôni (personagem do Livro de Mórmon)
311
Morris, George
373n19
374n25
374n30
Mortalidade
encontrar nossa missão na
61–63
como uma experiência de aprendizado
84–85
propósito da
223
268
287
sofrimento e
224
245–246
Ver também
Vida
Moisés (personagem da Bíblia)
243
252
271
Mosias, filhos de (personagens do Livro de Mórmon)
195–196
Mãe Celestial
84
85
91
390n22
Mães e maternidade
emprego e maternidade
333
importância das
85–86
197
388n27
o papel das mães
179–180
ensinamentos sobre
48
Ver também
Pais
Monte Timpanogos, Utah
423n28
Esclerose múltipla
174–175

Nadauld, Margaret
273–274
Conselho Nacional das Mulheres
90
93
184
185
390n27
410n10
National Woman’s Radio Committee
156
Associação Nacional de Sufrágio Feminino
xxiii
80
389n13
389n14
National Women’s Political Caucus
186
415n21
Nauvoo, Illinois, templo
97–98
391n7
Próximo, mandamento de amar
116–120
Neilsen, Maureen C.
149
Nelson, Russell M.
xxiv
xxv
324–325
Néfi (personagem do Livro de Mórmon)
151
245–246
247
248
249–250
Novas ideias, aberto a
249–250
Neyman, Jane Harper
xxiv
49–50
Neyman, Margaret
49
Neyman, Matilda
49
Neyman, William
49
Nicholson, Laura P.
395n14
Nickerson, Mary Ann
49
376n4
Nishimura, Hatsuko
253
Noble, Abraham
111–112
Noble, Annie Emma Dexter
111–113
396
397
“Nobre estirpe”
270
429–430n35
Espíritos nobres ou “nobres e grandes”
62
269–270
274
Irlanda do Norte
420n28
Programa do berçário
167–168
410n9
Nuttall, John
73

O
Oaks, Dallin H.
303
341
358n53
Obediência
66
158
198
236
246
Okazaki, Chieko Nishimura
242–243
253–258
Okazaki, Edward
253
254
“Ó meu Pai” (Eliza R. Snow)
387n24
Abertura a novas ideias
249–250
Oposição
156
199
320–321
Ver também
Perseguição
Sofrimento
Provações

P
Packer, Boyd K.
297
298
303
306
434n23
Page, Hiram
3
Parábolas
do bom samaritano
117
dos talentos
108
do servo impiedoso
124
Pais
23
35–36
86
Ver também
Mães e maternidade
Parkin, Bonnie Dansie
276 (ilustração)
277–282
Parkin, James L.
277
Bênçãos patriarcais
7–8
209–210
241
362n12
417n17
Patty Perfect
172
411n11
Paulo (personagem da Bíblia)
169–170
Paxman, George
285–286
Paxman, Martha Elizabeth Evans
285–286
292
Paz
262
280–281
334–342
Pearce, James R. M.
283
293
433n46
Pearce, Virginia Hinckley
276 (ilustração)
283–294
Penrose, Charles W.
386n12
386n22
Perfeição
172
237
271
Fundo Perpétuo de Emigração
34
370n10
371n18
Perseguição
e acusações de roubo
364n19
conselho a respeito de
364–365n31
vivida por Bathsheba W. Smith
97
98–99
vivida por Lucy Mack Smith
24–25
365n42
vivida por Mary Bailey Smith
366n48
vivido por Priscilla Staines
279
migração forçada devido à
366n51
em Nauvoo, Illinois
393n25
Joseph Smith procura reparação por
25
366n49
Perseverança
205–206
Revelação pessoal
299
Phelps, William W.
8
360n11
Pickering, Margaret Aird Cummock
161–165
Pioneiros
fé exercida por
66–67
151
advertências de Lucy Mack Smith
359n5
Ver também
Emigração
Plano de salvação
99
100
223–224
268
429n19
Pohlman, Vera White
412n18
Política, participação das mulheres na
186
Poligamia ou casamento plural
xix
12
382n9
383n12
386n19
388n9
Poulsen, Judith Silver
391n15
Práticas, servir
195
198–199
Pratt, Louisa Barnes
49–50
Pratt, Orson
371n17
Pratt, Parley P.
7–8
Oração
resposta à
291–292
384n13
de Elvira S. Barney
80–81
bênçãos da
76–77
e edificar uma vida digna
151–152
de Ann M. Cannon
391n15
391n17
evitar entrar em conflitos e
337–338
342
de Drusilla D. Hendricks
54
378n19
de Jesus Cristo
76
168
conhecimento em relação à
286–287
por posses perdidas
285–286
durante as refeições
200
o poder do
95
realidade da
311
em reuniões sacramentais
357n33
força por meio de
291
por meio de provações
287–290
e a vontade de Deus
293–294
Existência pré-mortal
85
86
202
223–224
236
268
429n19
Ver também
Preordenação
Sacerdócio
autoridade em chamados
358n53
autoridade nas ordenanças
279
de diáconos
318
dado a Adão
360n12
organização sob e segundo o padrão de
298–300
Sociedade de Socorro e
42
43
185–186
compreender as bênçãos de
197
Conselho Executivo do Sacerdócio (e da Família)
324
425n18
quóruns do sacerdócio
296–307
Primária
xviii
xx
253
389n12
418n13
Princípios, entender
195
198–200
Privilégios, viver à altura dos
306
Processar, apreciar
246–247
Viver previdente
280
Prudente
71
382n13
Falar em público
medo que Mary Isabella Horne tinha de
371n4
mulheres incentivadas a
xxii–xxiii
participação de mulheres no contexto americano
xvii–xxii
relutância das mulheres em
xxii
375–376n15
382n11
Pupin, Michael
153
406n20

Questionar
140–142
Livros infantis de pano
226–227
Quóruns
296–307

racismo e violência racial


168
254
410n12
Rádio
156
Leitura
139
A loja de tijolos vermelhos, Nauvoo, Illinois.
17 (ilustração)
362n10
Cruz Vermelha
107
116
128
145
161
167
408n5
410n8
Reeves, Linda S.
330
Refugiados
336
Representantes regionais
422n5
Reid, Agnes
65
380n4
380n9
Reid, Rose Marie
xx
Regozijar
244–247
Sociedade de Socorro
Beaver, Utah
49
50
serviço de Julie B. Beck na
295–296
serviço de Linda K. Burton na
323–324
e a tarefa de cuidar dos pobres e enfermos
28
estatísticas dos serviços humanitários
409n14
conferências da
xix
xx–xxii
357n35
convenções da
405n10
serviço de Sheri L. Dew na
266
dissolução e reorganização da
xviii
primeiros membros na
430–431n17
esforços durante a Segunda Guerra Mundial
145–146
junta geral
182 (ilustração)
conferência geral
166 (ilustração)
Goshen, Utah
66
felicidade por meio da
180–181
serviço de Lalane H. Hart na
131
serviço de Mary Isabella Horne na
386n2
importância da
190–191
serviço de Elaine L. Jack na
241–243
serviço de Leone O. Jacobs na
146
Kanab, Utah
383
serviço de Sarah M. Kimball na
89–90
serviço de Jennie Brimhall Knight na
121–123
Lehi, Utah
48
lições na
411n21
tipos de serviço na
378–379n8
serviço de Amy Brown Lyman na
127–128
serviço de Louise W. Madsen na
167–168
manuais
413–414n13
reuniões da
418n13
membros da
376n6
presidentes de missão
171
401n5
supervisores da missão
401n5
lema
174
248
249
304
425n32
líderes
108–110
132–133
396n22
401n11
401n12
reuniões das líderes
401n12
serviço de Chieko N. Okazaki na
253
254
oportunidades para oradoras por meio da
xx
oportunidade de adquirir conhecimento na
159
organização da
296–307
organização de
xvii
41
173
362n11
369n6
372–373n10
serviço de Bonnie D. Parkin na
278
serviço de Margaret C. Pickering na
161–162
preparar o coração na
147–148
o sacerdócio e a
42
43
185–186
propósito da
296
298
374n30
412n23
424n8
439n8
reorganização da
41–43
responsabilidades das líderes das
132–133
Ala Salt Lake City 17
37–38
42–45
373
374
Ala Salt Lake City 13
30
serviço como parte integral da
162–163
409n11
comemorações do sesquicentenário da
242
248–249
serviço de Marianne C. Sharp na
155
156
mulheres solteiras na
416n39
serviço de Alice C. Smith na
171–172
serviço de Bathsheba W. Smith na
98
Emma Hale Smith e a
11–14
a profecia de George Albert Smith sobre a
188–190
Smithfield, Utah
51
52–54
serviço de Belle Spafford na
183–184
manifestações espirituais em uma reunião especial da
15–19
professores
237
unidade na
168–170
178
serviço de Mary Jacobs Wilson na
149
Edifício da Sociedade de Socorro, Salt Lake City
242
407n14
Declaração da Sociedade de Socorro
428n15
Emblema da Sociedade de Socorro
412n21
Manual da Sociedade de Socorro
412n18
Relief Society Magazine
127–128
183
Religião, proibida na Rússia
260–261
Crise religiosa
136–143
Respeito
250
Resguardo Mútuo
55–56
69
378n7
378–379n8
Apocalipse
299
403n26
Rich, Joseph C.
373n17
Richards, Emily
xxii–xxiii
Richards, Franklin D.
xxii
Richards, Hannah
368n13
Richards, Lula Green
98
386n12
Richards, Phineas
368n13
Richards, Stephen L
191
Richards, Susannah Liptrot
28
Richards, Willard
28
368n13
Rogers, Aurelia Spencer
90
389n12
Roosevelt, Franklin D.
357n36
Roskelley, Rebecca
51
Roundy, Shadrach
369n6
cumprir as regras
236
Rússia, religião na
260–261

Observância do Dia do Senhor


324–330
439n11
Sacramento
327
Reunião sacramental
xx
324
357n33
Sacrifício
52–54
198–199
218
327
Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas da Ala Salt
Lake City 11
61–63
70
382n12
382n14
Assembly Hall da Ala Salt Lake City 14
56
57 (ilustração)
Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 17
37–38
42–45
373
374
Sociedade de Socorro da Ala Salt Lake City 13
30
Centro Cívico Feminino de Salt Lake City
408n5
Templo de Salt Lake
98
Salvação
por meio da Expiação
404n42
conhecimento e
157
priorizar a
150–153
trabalhar por nossa própria
74
100
210–211
trabalho de
300
Samoa
248
256
Sampson, Gertie
384n13
Samuel (personagem da Bíblia)
187–188
Satanás
223–224
268
270
271
Saul (personagem da Bíblia)
187–188
270
Escola dos Profetas, Kirtland, Ohio
89
388n2
“Escolas dos Profetas”
91
390n23
Ciências
139–140
Scott, Richard G.
291–292
336
Escritura
358n57
Sears, Jack
412n21
O Segundo Grande Despertar
xviii
Organizações seculares das mulheres
Cruz Vermelha Americana
107
116
128
145
161
167
408n5
410n8
Committee on Women’s Work (Utah)
399n5
Community Chest (condado de Salt Lake, Utah)
161
criação da
xix
Conselho internacional das mulheres
184
190
Conselho Nacional das Mulheres
90
93
184
185
390n27
410n10
National Woman’s Radio Committee
156
Associação Nacional de Sufrágio Feminino
xxiii
80
389n13
389n14
National Women’s Political Caucus
186
415n21
Associação de Sufrágio Feminino de Utah
80
389n13
389n14
Centro Cívico Feminino (Salt Lake City)
161
Conselho Legislativo Feminino de Utah
405n11
Dúvidas pessoais, superação
237–238
Honestidade pessoal
236–239
Aperfeiçoamento pessoal
41–45
70–71
90–92
99–100
146–148
Associação Sênior e Júnior de Resguardo Mútuo
55–56
Serviço
para os índios americanos
29–30
bênçãos do
42
e edificar uma vida digna
152
serviço missionário por meio de
273–274
Sociedade de Socorro e
145–146
162–165
242
248–249
409n11
realizado por Nancy Colton
412–413n24
realizado por Emma Hale Smith
11
355n4
estatísticas referentes ao
409n14
no templo
327–329
das mulheres
373n13
373n19
Sessões, Marta “Patty” Bartlett
15
18
28
369n6
Sharp, Marianne Clark
155–159
182 (ilustração)
407n12
Sheppard-Towner Act
128
Shipp, Ellis R.
90
389n12
Shoes, história de
325
Silver, Madelyn Cannon Stewart
390n4
Sims, George
370n11
Pecado
318–319
Mulheres solteiras
184
414n6
416n39
Sitati, Gladys Nang’oni Nassiuma
331–342
Sitati, Joseph W.
331–334
Sexto sentido
90–92
389n17
Diminuir
293
Coisas pequenas e simples
284–294
Smith, Alice Colton
171–176
Smith, Bathsheba Wilson Bigler
96 (ilustração)
97–100
392
393
Smith, Caroline Grant
365n41
Smith, Emma Hale
ausente na reunião da Sociedade de Socorro
362n10
e a prisão de Joseph e de Hyrum Smith
366n46
sobre o propósito da Sociedade de Socorro
409n11
sobre as mulheres da Sociedade de Socorro
376n6
como presidente da Sociedade de Socorro
11–12
responsabilidades de
xvii
serviço realizado por
11
355n4
fala com autoridade à Sociedade de Socorro
12–14
15
361n15
Smith, George A.
48
97
391n6
392n22
392n23
393n25
Smith, George Albert
184
188–190
Smith, Hester Sims
183
Smith, Hyrum
24
25
366n43
366n46
367n56
392n21
Smith, Joseph, Jr.
sobre Adão-ondi-Amã
361n20
prisão de
25
366n43
392n21
Judy Brummer aprende sobre
314–315
sobre o Livro de Mórmon
438n38
morte e sepultamento de
367n56
sobre desenvolver qualidades divinas
304
sobre leis divinas
199
sobre preordenação
269
como amigo de Jane H. Neyman
49
sobre Deus
173
prisão de
366n45
366n46
sobre instruções para a Sociedade de Socorro
415n19
sobre a bondade
251
sobre conhecimento e salvação
157
viver de acordo com o privilégio
306
monumento a
392n17
muda-se para o condado de Susquehanna, Pensilvânia
364n29
testemunho de Annie D. Noble
113
397n14
397n15
e a organização da Sociedade de Socorro
41
297
298
299
412n23
petições de líderes políticos
25
366n49
sobre o plano de salvação
429n19
oração de
76
sobre o sacerdócio
360n12
sobre o sacerdócio e a Sociedade de Socorro
185
loja de tijolos vermelhos de
17 (ilustração)
362n10
sobre as mulheres da Sociedade de Socorro
376n6
e a revelação para Emma Hale Smith
11–12
sobre serviço
163
designa Elizabeth Ann Whitney
367n10
recordações de Bathsheba W. Smith de
98–99
392n23
Lucy Mack Smith presta testemunho de
21
23
sobre dons espirituais
362n14
e a tradução do Livro de Mórmon
23–24
sobre união
168
sobre o dom espiritual de Elizabeth Ann Whitney
8
Smith, Joseph, Sr.
8
362n12
363n15
364n20
365n33
367n56
Smith, Joseph F.
Phoebe M. Angell cuida de
27
sobre a educação para as mulheres
388n26
incentiva Amy Brown Lyman para o serviço social
128
sobre Mary Ann Freeze
379–380n2
e a modernização dos cargos da Sociedade de Socorro
127
400n2
sobre a Sociedade de Socorro
190–191
298
sobre Eliza R. Snow
202
sobre Elmina S. Taylor
418n41
sobre entender a identidade divina
271
visão de
269
Smith, Joseph Fielding
xxiii
172
358n57
403n26
Smith, Lucy Mack
e a prisão de Joseph e de Hyrum Smith
366n46
abençoada com vida prolongada
363n15
filhos de
364n20
365n33
discurso da conferência geral sobre
22–26
história de
23
359n5
364n27
lidera a emigração de santos de Fayette, Nova York
xxiii
3–5
migrando com os santos
367n57
sua necessidade de testificar
21–22
sobre a perseguição no Missouri
24–25
365n42
mulheres pioneiras repreendidas por
359n5
provê para os santos emigrantes
5
359n10
sobre criar filhos
363n8
sobre a Sociedade de Socorro
16
ensinamentos religiosos de
xviii
sobre Emma Hale Smith
11
e a reunião especial da Sociedade de Socorro
15
18
Smith, Mary
18
Smith, Mary Bailey
365n41
366n48
Smith, Mary Fielding
27
Smith, Samuel
24
365
367n56
Smith, Whitney
171
Smith, William
3
24
365n32
365n41
Smithfield, Utah, Sociedade de Socorro
51
52–54
Snow, Eliza Roxcy
formação de
379n13
incentiva as mulheres a falar
xxii–xxiii
fé exercida por
202
Mary Isabella Horne apoiada por
378n3
imagens de
xvi (ilustração)
72 (ilustração)
como “Mãe em Israel”
375n11
sobre se preparar para se unir à família eterna
305
Sociedade de Socorro e
41–43
relutância de falar em público
375–376n15
e a Associação de Resguardo Mútuo
55–56
sobre salvação
74
sobre aperfeiçoamento pessoal
42–45
sobre o serviço das mulheres
373n13
sobre o sexto sentido
389n17
e a reunião especial da Sociedade de Socorro
15
18
sobre progresso espiritual
56–59
situação na sociedade mórmon
73–74
ensina sobre a maternidade
48
visita as instalações mórmons
73
382n1
382n4
visão de
379n12
e o programa de professoras visitantes
172
Snow, Lorenzo
268
378n5
393n33
429n16
Snow, Minerva
383n13
Snow, Minnie J.
90
94 (ilustração)
389n12
medicina “social”
27–28
Serviço social
128
132
184
408n5
Filhos de Mosias (personagens do Livro de Mórmon)
195–196
África do Sul
309–321
438n31
Spafford, Belle Smith
informações de
183–184
cadernos pretos de
416n35
sobre tendências atuais em comparação aos valores
tradicionais
187–188
imagem de
182 (ilustração)
Conselho Nacional das Mulheres e
410n10
sobre as conquistas nacionais das mulheres
186–187
sobre a participação na junta geral da Sociedade de
Socorro
172
sobre o sacerdócio e a Sociedade de Socorro
185–186
sobre a Sociedade de Socorro
188–191
sobre serviço
164
Spalding, J. S.
119
Falar em público
Ver
Falar em público
falar ou cantar em línguas
xviii
xxvii
7–8
16
18
28
360n9
362n14
371n14
Spencer, Daniel
142
Dons espirituais
de cura
356n17
manifestado em Kirtland, Ohio, templo
7–8
como parte do discurso público
xviii
Joseph Smith sobre
362n14
sobre falar ou cantar em línguas
xviii
xxvii
7–8
16
18
28
360n9
362n14
371n14
e a reunião especial da Sociedade de Socorro
16–19
Progresso espiritual
convênios e
279
dedicação e
221
224–225
287
373n14
393n33
422n40
concentrar-se nos
55–59
70–71
honestidade e
236
como propósito da vida
373n14
salvação e os
99–100
sexto sentido e os
90–92
por meio de sofrimento
226–227
entendimento espiritual
90–92
Staines, Priscilla
279
281
282
Convenções da estaca
408–409n6
Estacas, organização das
299
Stevens, Amelia Althea
385n3
Armazém, administração do
301
Stout, Hosea
22
Suárez de Juárez, Lucrecia
177–181
Sofrimento
convênios como proteção contra sofrimentos
desnecessários
280
definição
214
de Jesus Cristo
199–200
na mortalidade
245–246
teologia de
216–231
professoras visitantes e
173
174
175
201–202
Ver também
Oposição
Perseguição
Provações
Sufrágio, mulheres
80
189
416n31
Beterrabas
304
Aulas dominicais para as mulheres
206
Escola Dominical
195
357n32
Ramo Suaíli, Salt Lake City
336
Condolências
43–44

Talentos, parábola dos


108
Talmage, James E.
135
139
141
142
386n12
386n20
Talmage, May Booth
94 (ilustração)
135
398n12
Tanner, N. Eldon
185
415n16
Taylor, Elmina S.
62
381n4
389n12
418n41
Taylor, John
12
372–373n10
Recomendações para o templo
423n12
Templos
bênçãos do aumento da frequência
288–289
limpeza
327–329
presidentes e diretoras
422–423n10
na vida de Bathsheba W. Smith
97–98
Ver também
templos específicos
Escritório de informações da Praça do Templo, Salt Lake City
103–104
Testemunho
do Livro de Mórmon
22
gratidão por
104
impacto nos ouvintes
35
235–236
274
288
perguntas sobre edificar
141–143
obter um testemunho
246
da Sociedade de Socorro
159
e apoio em tempos difíceis
128
fortalecimento do
241
263
mulheres prestam testemunho
xxii
18
52
105
112–113
181
199
202
293
306
322
397n14
397n15
Roubo, mórmons acusados de
364n19
Teologia
fragmentos de
214–216
de sofrimento
216–231
Thomas, Martha
48
Thompson, Julie
327–329
Thoroughwort
368n17
Pensamentos, virtuosos
338
Horário
153
Tingey, Joseph
83
Tingey, Martha “Mattie” Jane Horne
83–86
94 (ilustração)
387n14
396n22
Dízimo
277
377n13
Tolstoy, Leo
150
246–247
Línguas
dom do
362n14
cantar em
8–9
360n9
Valores tradicionais
187–188
Tendências
187–188
Provações
bênçãos das
288–290
convênios e força por meio de
280
281
enfrentar
283
fé por meio de
37–38
51
66–67
alegria nas
287
dos últimos dias
303
como parte da mortalidade
245–246
apoio durante as
303–304
Ver também
Oposição
Perseguição
Sofrimento
Confiar, em Deus
229
Tuckett, Mercy Westwood
69
Doze Apóstolos, missão dos
392n22

Uchtdorf, Dieter F.
293
Desemprego
131
servo impiedoso, parábola do
124
União
nos chamados da Igreja
250
de sentimentos
168–170
no evangelho
256–257
Elicia A. Grist faz um convite à
34–35
na Sociedade de Socorro
50
178
Emma Hale Smith
14
“Limpos das manchas do mundo”
118
315–316
327–329
Sociedade de Higiene Mental de Utah
408n5
Conselho de Segurança de Utah
405n11
Associação de Sufrágio Feminino de Utah
80
389n13
389n14

Van Buren, Martin


366n49
Virtude
338
Professoras visitantes
148
152
164
172–176
301–303
374n28
412n19
Voltaire
421n32
Direito de voto
80
189
416n31

Wallace, George B.
374n27
Alas, organização das
299
Jogos de guerra
234
Warner, Susan
256
Wasatch Literary Association
83
386n4
Filhos rebeldes
288–289
Riquezas, priorizar a salvação em comparação às
150–153
Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas da Estaca
Weber (Ogden)
107
Sessão de bem-estar
345
Wells, Emmeline B.
serviço na Igreja realizado por
432n18
sobre fé
285
sobre Mary Isabella Horne
371n4
imagens de
xvi (ilustração)
96 (ilustração)
sobre Sarah M. Kimball
89
389n13
sobre Bathsheba W. Smith
389n12
392n11
sobre George A. Smith
392n23
sobre a habilidade de Zina D. H. Young de falar em
público
376n15
Welsh, Andrew
380n2
White, Louie
382n11
Whitman, Walt
208–209
419n27
Whitney, Elizabeth Ann
xvi (ilustração)
xviii
7–9
15
19
360n9
367n10
Whitney, Newel K.
7
22
Widtsoe, John A.
300
Wilkerson, David
312
Will, submissão de
330
Vontade de Deus
58
291
293–294
Wilson, Mary Jacobs
149–153
Mulheres
bênçãos administradas por
356n17
bênçãos administradas por mulheres da Igreja
189
formação de
388n26
incentivadas a falar nas reuniões da Igreja
xxii–xxiii
ensinamentos do evangelho sobre
191
e o crescimento da Igreja
200
o serviço missionário e as
357n29
ganhos nacionais pelas
186–187
visões do século 19 sobre as
387n23
autoridade do sacerdócio desempenhada pelas mulheres
358n53
e o falar em público no contexto americano
xvii–xxii
pureza das
387n25
relutância de falar em público
xxii
responsabilidades dos
34–35
o papel das
84–86
serviço prestado por
373n13
373n19
advertências de Lucy Mack Smith
359n5
oradores na conferência geral
xx–xxii
345–351
como professoras
357n32
visão e avaliação do mundo pelas
270–271
conselho de Brigham Young para as
374–375n31
Conferência de Mulheres
Ver
Conferência de Mulheres da Universidade Brigham Young
Conselho Legislativo Feminino de Utah
405n11
organizações das mulheres
Ver
Organizações seculares das mulheres
Instituto de Pesquisa das Mulheres, Universidade Brigham
Young
213
419–420n5
movimento dos direitos das mulheres
xix
Sufrágio feminino
80
189
416n31
Wood, Lowell D.
317
Woodbury, John
79
Woodmansee, Terrell Raymond
261
427n18
427n19
Woodruff, Wilford
22
109
360n9
396n19
396n21
Palavra do Senhor
358n57
Trabalho
divisão de
395n14
395n15
apreciar o
246–247
Mundo, permanecer limpos das manchas do
118
315–316
327–329
World Columbian Exposition (1893)
84
389n19
Conselho Mundial das Igrejas
315
437n25
Primeira Guerra Mundial
115
116
120
400n13
Segunda Guerra Mundial
145–146
149–150
234–235
254
Wrench, Nigel
438n30
Wrench, Ronell Dicks
313–314

Idioma xhosa
309
310
311–312
317–318
320–322
436n8
Povo xhosa
438n31

Young, Brigham
fala à Sociedade de Socorro
374–375n31
sobre aniquilação
393n33
sobre respostas às orações
433n43
filhos de
47
sobre fazer a vontade do Senhor
58
incentiva o estabelecimento de cooperativas
55–56
estabelece a plataforma da Sociedade de Socorro
44
sobre a História do Profeta Joseph Smith Contada por Sua
Mãe
364n27
Kanab, Utah, dedicado por
382n1
sobre viver o evangelho
158
sobre cuidados médicos
368n15
promete ajuda a Lucy Mack Smith
367n57
e a partida dos santos de Nauvoo, Illinois
22
sobre o serviço das mulheres
373n13
373n19
discursa na conferência geral
364–365n31
sobre progresso espiritual
373n14
ensina sobre a maternidade
48
Young, Clarissa Maria Ross
47
375n4
Young, Levi Edgar
398n12
Young, Phineas
365n39
Young, Zina D. H.
informações de
47–48
imagem de
46 (ilustração)
casamentos de
375n3
relutância de falar em público
xxii
48
375–376n15
discursa na conferência geral
363n17
como diretora do templo e presidente geral da Sociedade
de Socorro
98
visita as instalações mórmons no sul de Utah
73
Young, Zina Presendia
47
375n4
399n4
Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas (YLMIA) ou
Moças
serviço de Elaine A. Anderson na
205–206
serviço de Julie B. Beck na
295–296
serviço de Elsie Talmage Brandley na
135–136
serviço de Ann M. Cannon na
93–95
muda o nome para Associação de Melhoramentos Mútuos
das Moças
136
conferências da
xx–xxii
116
391n13
serviço de Amelia Flygare na
107–108
junta geral
94 (ilustração)
serviço de Emma N. Goddard na
115–116
com a presidência de Ardeth G. Kapp
417n15
reuniões da
418n13
serviço de Annie D. Noble na
112
responsabilidades dos líderes na
396n22
serviço de Chieko N. Okazaki na
253
oportunidades para oradoras por meio da
xviii
xix
xx
origem da
378n7
serviço de Virginia H. Pearce na
284
Ala Salt Lake City 11
61–63
70
382n12
382n14
demonstrar amor nos
118–120
aulas dominicais para a
206
serviço de Mattie Horne Tingey na
83
o valor da
428n14
Associação de Melhoramentos Mútuos dos Rapazes
116
118–120
136
391n13
418n13
Young Woman’s Journal
135
Associação de Melhoramentos Mútuos das Moças
136
Ver também
Associação de Melhoramentos Mútuos das Damas (YLMIA)
ou Moças
Você mesmo, ser
237–238
Jovens
efeito da Grande Depressão nos
136
líderes de
403n23
e a crise religiosa
137–143
responsabilidades dos
104–105
demonstrar amor aos
118–120
“Jovens de nobre estirpe”
429–430n35
Table of Contents
Conteúdo
Lista de ilustrações
Introdução
Encontrar, selecionar e apresentar os discursos
Discursos
Onde está sua confiança em Deus? - Lucy Mack Smith
Adão-ondi-Amã - Elizabeth Ann Whitney
Faremos algo extraordinário - Emma Hale Smith
Segundo a ordem do céu - Sarah Cleveland, Elizabeth Ann
Whitney, Presendia Buell, Lucy Mack Smith, Elizabeth Durfee,
Eliza R. Snow e Patty Sessions
Este evangelho de boas-novas a todos - Lucy Mack Smith
Buscar o Senhor para obter sabedoria - Phoebe M. Angell
Convênio da Sociedade de Socorro da Ala 13 - Matilda Dudley
Busby
Todas nós temos uma missão a cumprir - Elicia A. Grist
Deus nos capacitará para vencermos - Mary Isabella Horne
Devemos nos aprimorar - Eliza R. Snow
Servimos a um Deus justo - Zina D. H. Young
Ser tolerante e perdoar - Jane H. Neyman
A oração da fé - Drusilla D. Hendricks
Elevadas muito acima do comum - Eliza R. Snow
Nossa missão - Mary Ann Freeze
Dissertação sobre fé - Mary B. Ferguson
O fruto de nossos labores - Lillie T. Freeze
Toda irmã deve seguir adiante - Eliza R. Snow
O poder da oração - Ellenor G. Jones
Oração - Elvira S. Barney
A escola da vida - Mattie Horne Tingey
Nosso sexto sentido ou o sentido do entendimento espiritual - Sarah
M. Kimball
Oração - Ann M. Cannon
Ainda temos uma missão maior - Bathsheba W. Smith
Deus o revelou a mim - Rachel H. Leatham
Uma grande locomotiva - Amelia Flygare
Saber agora o que é certo - Annie D. Noble
Amarás o teu próximo - Emma N. Goddard
O perdão é como a misericórdia - Jennie Brimhall Knight
O valor da fé - Amy Brown Lyman
Sentir a responsabilidade do ofício - Lalene H. Hart
A crise religiosa de hoje - Elsie Talmage Brandley
Prepare teu coração - Leone O. Jacobs
Cultivar os valores eternos da vida - Mary J. Wilson
Adquirir conhecimento e inteligência - Marianne C. Sharp
A um destes meus pequeninos - Margaret C. Pickering
União de sentimentos - Louise W. Madsen
O meu jugo é suave e o meu fardo é leve - Alice C. Smith
A Sociedade de Socorro traz felicidade - Lucrecia Suárez de Juárez
As mulheres da Igreja no mundo em mudança atualmente - Belle S.
Spafford
Andar à deriva, sonhar, direcionar - Ardeth G. Kapp
Tempo de despertar - Elaine A. Cannon
Uma teologia SUD do sofrimento - Francine R. Bennion
O tesouro desconhecido - Jutta B. Busche
Viver a vida - Elaine L. Jack
Cestas e potes de conservas - Chieko N. Okazaki
Decisões e milagres: Agora vejo - Irina Kratzer
Saber quem você é e quem sempre foi - Sheri L. Dew
Com santidade de coração - Bonnie D. Parkin
Oração: Uma coisa pequena e simples - Virginia H. Pearce
Por que estamos organizados em quóruns e Sociedades de Socorro
- Julie B. Beck
Nosso Pai Celestial tem uma missão para nós - Judy Brummer
Nossas dádivas do Dia do Senhor - Linda K. Burton
Resolver conflitos usando os princípios do evangelho - Gladys N.
Sitati
Discursos Adicionais
O privilégio das irmãs - Elizabeth Ann Whitney
Diligência dupla - Anabella Haight, Rachel Whittaker, Elizabeth
Liston, irmã Morris e Alice Randle
Irmãs em ação - Rebecca E. Standring
Um zangão na colmeia Deseret - Julia Cruse Howe
Há uma diferença - Kate M. Barker
A reflexão séria precede a revelação - Maurine Jensen Proctor
Adquirir luz por meio de questionamento - Julie Willis
Materiais de Referência
Apêndice: Mulheres santos dos últimos dias discursando na
conferência geral
Reconhecimentos
Notas
Índice

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