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Há uma pergunta que com certeza todos nós já nos fizemos alguma vez:
“por que obedecer a Deus?”. Kant (1724- 1804) é um dos filósofos mais
respeitados quando o assunto é a ética. Suas definições acerca do que é ser
um sujeito moral prevalecem ainda hoje como podemos ver na aplicação do
direito penal, pelas noções de crime culposo e doloso, ou todas as vezes que
dizemos que fizemos algo e que tínhamos uma boa intenção.
Normalmente, as pessoas dizem que devem ser éticas, ou em termos
teológicos, que devem obedecer a Deus tendo como fundamento a noção
teleológica da moral, ou seja, “Deus quer”; “é Vontade de Deus”. Kant
desconstrói esse raciocínio. Vale ter em mente que Kant tinha uma sólida
formação cristã, porém jamais concordou com o argumento de autoridade que
os filósofos desde Santo Agostinho vinham estabelecendo. O argumento de
autoridade coloca a autoridade externamente ao sujeito, isto é, alguém pensa/
decide por mim e eu fico como que “livre” dessa responsabilidade. Kant chama
esse outro que pensa por mim de tutor e este podem ser os pais, os padres, os
professores, os médicos, os políticos entre outros. Mais precisamente, o sujeito
fica como que preso a menoridade: não usa de seu próprio discernimento, de
sua vontade para tomar suas decisões. O argumento do tipo é vontade de
Deus, nessa perspectiva, não passa de um exemplo desses álibis que nos
limitam a menoridade.
Não obstante, Kant critica os esforços para demonstrar a existência de
Deus que se iniciam fortemente na Idade Média, por exemplo com Santo
Agostinho, e chegam à modernidade com a tentativa lógica de Descartes.