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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

FACULDADE DE DIREITO DE ALAGOAS

ARMANDO DA CONCEIÇÃO DOS SANTOS

BREVE HISTÓRICO DO CONCEITO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Maceió

2019
ARMANDO DA CONCEIÇÃO DOS SANTOS

BREVE HISTÓRICO DO CONCEITO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Trabalho de Sociologia Jurídica II,


apresentado ao curso de Direito da
Faculdade de Direito de Alagoas, como
um dos requisitos básicos para
Composição de notas na avaliação
bimestral I.
Profa: Hilda Monte

Maceió

2019
SUMÁRIO

Breve histórico e a participação da religião judaica cristã 4

Kant e sua contribuição 5

Declaração universal dos direitos humanos e as Constituições 6

Referências 8
4

Breve histórico e a participação da religião judaica cristã

Atualmente a adesão e a inclusão da dignidade da pessoa humana se


tornaram universal, sendo posta em diversas constituições, com maior
relevância após a 2ª guerra mundial, contudo, até chegarmos à universalidade
deste conceito, ele passou por diversos estágios, desde ao seu significado
primitivo, como ao atual. Teve inicio na Roma antiga passando pela idade
média. Em seu conceito primitivo era visto como status pessoal para indivíduos
que ocupavam altos postos no governo e na sociedade, ou seja, era uma
ordem política, e também seu uso era aplicado na qualificação de instituições,
sendo assim a dignidade não alcançava a todos, em termos históricos apenas
os nobres da época possuíam a dignidade, diante disso o conceito primitivo
não tem relação com o atual. Na atualidade, porém, não há uma única
definição para o que é dignidade da pessoa humana este termo é complexo.
Porém, Ingo Wolfgang Sarlet um dos principais doutrinadores do Brasil define a
dignidade da pessoa humana como:

A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz


merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e
da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e
deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e
qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe
garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável,
além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável
nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos. (SARLET, 2001, p-60)

Com isso, foi verificado que a dignidade é um conjunto de direitos que


pertence a todos os indivíduos, na qual o Estado e a sociedade tem
participação direta nessa construção.

A criação deste conceito teve participação direta de dois principais


movimentos, que são eles: religioso e filosófico. Na religiosa foi na forma
judaico-cristã, por exemplo, na bíblia judaica a seguinte passagem diz que:
Deus criou o homem a sua imagem e semelhança1. Isso demonstra que a
igualdade deva prevalecer entre os homens, em que todos são iguais perante

1 Gênesis cap.1,vers,26-27.
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Deus, como também, na sociedade em geral, evidentemente para os que


assim a interpretam. Porém vale ressaltar que a igreja católica durante a idade
média, em momentos distintos não contribuiu para a construção deste termo,
tendo em vista, o comportamento de seus lideres em que aceitavam e
ordenavam a perseguição aos considerados hereges. Assim não a
interpretavam num contexto de igualdade entre os seres humanos.

Kant e sua contribuição para o principio da dignidade da pessoa


humana

Na fase filosófica temos a importante participação do movimento


iluminista2, na busca incessante pela razão, pelo conhecimento e liberdade.
Teve como resultado o rompimento da ignorância, e assim veio o surgimento
dos direitos individuais. Um de seus maiores representantes foi Immanuel Kant,
Para ele o termo é associado à humanidade foi na forma da proposição de um
princípio da dignidade humana e na sua obra Fundamentação da Metafísica
dos Costumes, ele diz que o princípio da dignidade humana assume a forma de
imperativo categórico, segundo o qual o ser racional deve agir de tal forma a
tratar a humanidade em sua própria pessoa e nas demais como um fim em si e
nunca como um meio. Os seres racionais, segundo Kant, estão sujeitos à lei
em virtude da qual cada um deles nunca deve tratar-se a si mesmo e aos
outros como puros meios para a obtenção de dado fim, mas sempre como fins
em si. O tratamento como fim em si mesmo deve ser dirigido pelo ser racional
que atinja a todos de forma simultânea.

Para Kant, o reino dos fins tudo tem seu preço ou uma dignidade. Para
ele, reino significa a união sistemática de diversos seres racionais por
meio de leis comuns. Reino dos fins seria o conjunto de todos os fins, quais
sejam os seres racionais, que são fins em si mesmos, e os fins próprios que
cada qual pode propor-se. O que tem um preço pode ser substituído por algo
equivalente, mas o que está acima de qualquer preço é dito que possui
dignidade. Portanto, os seres racionais, por serem fins em si mesmos e nunca

2É um movimento cultural que se desenvolveu na Inglaterra, Holanda e França,


nos séculos XVII e XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que vinha
ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e
econômica, defendidas pela burguesia.
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meio, não possuem um valor que os caracterizam como um objeto, mas sim,
possuem um valor intrínseco, ou seja, uma dignidade.

Declaração universal dos direitos humanos e as Constituições

É de suma importância apresentar a contribuição fundamental dos


direitos humanos na manutenção do princípio da dignidade da pessoa humana.
Esta contribuição é apresentada em diversas constituições, cartas e
documentos, contudo, a declaração Universal das Nações Unidas de 1948, foi
o ápice da luta por liberdade e igualdade aos direitos humanos, pois em seu
art. 2º, aduz que:
Cada qual pode se prevalecer de todos os direitos e todas as
liberdades proclamadas na presente Declaração, sem distinção de
espécie alguma, notadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de
religião, de opinião pública ou de qualquer outra opinião, de origem
nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra
situação.

Fica claro, portanto, que a máxima dos direitos humanos é a existência


do homem e sua particularidade individual ou social. Sendo essa a principal
característica que a diferencia dos outros ramos do direito, se apresentando
como barreira de proteção adotando medidas na preservação da dignidade da
pessoa humana. Sua argumentação se encontra na razão, vontade e
sensibilidade, unidas na criação, e aplicação do Direito, enquanto objeto de
defesa dessa dignidade.
Portanto, a dignidade de cada homem consiste em ser, essencialmente,
uma pessoa, isto é, um ser cujo valor ético é superior aos demais no mundo. O
pleonasmo da expressão direitos humanos, ou direitos do homem, é assim
justificado, porque se trata de exigências de comportamento fundadas
essencialmente na participação de todos os indivíduos no gênero humano, sem
atenção às diferenças de ordem individual ou social.
Outros documentos que ajudaram na criação ou manutenção do
principio da dignidade da pessoa humana: a Constituição da Republica Italiana
(1947), aduz que:
Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais
perante a lei sem distinção de sexo, raça, língua, religião, opinião
política e condições pessoais e sociais.
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A importantíssima Lei Fundamental da Alemanha (1949), afirmando


que: A dignidade do homem é intangível. Respeitá-la e protegê-la é obrigação
de todo o poder público.
E claro, a Constituição Brasileira de 1988, que surge num cenário de luta
por um estado democrático de direito3, busca a defesa e a concretização dos
direitos fundamentais abrangendo a coletividade e o direito individual. Com isso
se deve atingir o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça social,
e seguindo a tendência internacional, incorporou, expressamente, o princípio
da dignidade da pessoa humana art.1º4 sendo, portanto o fundamento da
República.
Fica claro, portanto, que o principio da dignidade da pessoa humana
exige a restrições de outros bens em prol da obtenção dos direitos
fundamentais, ou seja, obedecer ao principio universal da dignidade da pessoa
humana.

3 Assegura o exercício dos direitos sociais e individuais


4 A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana.
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Referências

BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito


constitucional contemporâneo: a construção de um conceito jurídico à luz da
jurisprudência mundial, 3ª reimpressão. – Belo Horizonte : Fórum, 2014.
BRASIL. Constituição 1988.
Bíblia de Jerusalém. 2ª impressão. São Paulo: Editora Paulus, 2003.
KANT, Immanuel, Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. de
Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 2004.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos
Fundamentais na Constituição Federal de 1988. Porto Alegre : Livraria do
Advogado. 2001.
https://www.senato.it/application/xmanager/projects/leg18/file/repository/relazio
ni/libreria/novita/XVII/COST_PORTOGHESE.pdf acesso em 7 de julho de 2019

http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-Internacionais-da-
Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-1919-a-1945/declaracao-das-nacoes-
unidas-1942.html acesso em 06 de julho de 2019
https://www.mundovestibular.com.br/articles/6144/1/Iluminismo/Paacutegina1.h
tml/ acesso em 04 de julho de 2019

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