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Dietética
Patrícia Lisboa
Nutrição e
Dietética
Patrícia Lisboa
Superintendente Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Acadêmico Prof. Carlos Longo
Coordenador Geral de EAD Prof. Renato Dutra
Coordenadora de Operações de EAD Profa. Manoela Pierina Tagliaferro
Autoria Profa. Patrícia Lisboa
Supervisão Editorial Aline Scaliante Coelho
Validação Institucional Caroline Chaves de França e Regiane Rosa
Parecer Técnico Angelita Avi Pugliesi Martins
Layout de Capa Valdir de Oliveira
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aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
Capítulo 1
Conceitos em nutrição e dietética........................................................................................... 19
1.1 Macronutrientes................................................................................................................ 20
1.1.1 Massas e cereais............................................................................................................................................................... 21
1.1.2 Água, óleos e gorduras..................................................................................................................................................... 22
1.1.3 Carnes, leguminosas e oleaginosas................................................................................................................................. 26
1.1.4 Necessidades energéticas e metabolismo basal.............................................................................................................. 28
1.2 Micronutrientes................................................................................................................. 29
1.2.1 Vitaminas lipossolúveis.................................................................................................................................................... 29
1.2.2 Vitaminas hidrossolúveis.................................................................................................................................................. 31
1.2.3 Minerais............................................................................................................................................................................ 33
Referências............................................................................................................................... 36
Capítulo 2
Biodisponibilidade de nutrientes............................................................................................ 37
2.1 Fatores influenciadores ..................................................................................................... 38
2.1.1 Intrínsecos ou fisiológicos................................................................................................................................................ 38
2.1.2 Extrínsecos ou dietéticos.................................................................................................................................................. 38
2.2 Alimentos funcionais......................................................................................................... 39
2.2.1 Probióticos e prebióticos.................................................................................................................................................. 41
2.2.2 Carotenoides e fitoesteróis............................................................................................................................................... 42
2.2.3 Flavonoides e fosfolipídeos.............................................................................................................................................. 44
2.2.4 Organossulfurados e polifenóis........................................................................................................................................ 45
2.3 Efeitos do processamento na estabilidade dos nutrientes...............................................46
2.3.1 Carboidratos...................................................................................................................................................................... 47
2.3.2 Lipídeos............................................................................................................................................................................. 48
2.3.3 Proteínas........................................................................................................................................................................... 48
2.3.4 Vitaminas e minerais........................................................................................................................................................ 49
Referências............................................................................................................................... 51
Capítulo 3
Nutrição humana..................................................................................................................... 53
3.1 Necessidades alimentares para indivíduos sadios............................................................54
3.1.1 Crianças............................................................................................................................................................................. 54
3.1.2 Adolescentes..................................................................................................................................................................... 56
3.1.3 Adultos.............................................................................................................................................................................. 57
3.1.4 Idosos................................................................................................................................................................................ 59
3.2 Necessidades alimentares específicas............................................................................... 61
3.2.1 Atletas............................................................................................................................................................................... 61
3.2.2 Gestantes.......................................................................................................................................................................... 63
3.3 Intolerância e alergia......................................................................................................... 65
3.3.1 Diferenças entre intolerância e alergia............................................................................................................................. 65
3.3.2 Intolerância à lactose........................................................................................................................................................ 66
3.3.3 Celíacos............................................................................................................................................................................. 67
3.3.4 Alergia alimentar.............................................................................................................................................................. 69
3.4 Cuidados na nutrição......................................................................................................... 69
3.4.1 Fatores antinutricionais.................................................................................................................................................... 70
3.4.2 Fibras versus fitatos e oxalatos......................................................................................................................................... 70
3.4.3 Fracionamento alimentar................................................................................................................................................. 71
Referências............................................................................................................................... 72
Capítulo 4
Tipos de alimentos disponíveis no mercado........................................................................... 75
4.1 Alimentos convencionais.................................................................................................. 76
4.1.1 Sistema de produção........................................................................................................................................................ 77
4.1.2 Vantagens para o consumidor.......................................................................................................................................... 77
4.1.3 Desvantagens para o consumidor.................................................................................................................................... 78
4.2 Alimentos orgânicos.......................................................................................................... 79
4.2.1 Sistema de produção........................................................................................................................................................ 81
4.2.2 Vantagens e desvantagens para o consumidor............................................................................................................... 81
4.2.3 Certificação e órgãos regulamentadores.......................................................................................................................... 82
4.3 Alimentos hidropônicos....................................................................................................84
4.3.1 Sistema de produção........................................................................................................................................................ 85
4.3.2 Vantagens para o consumidor.......................................................................................................................................... 86
4.3.3 Desvantagens para o consumidor.................................................................................................................................... 86
4.4 Alimentos transgênicos..................................................................................................... 87
4.4.1 Sistema de produção........................................................................................................................................................ 88
4.4.2 Vantagens para o consumidor.......................................................................................................................................... 88
4.4.3 Desvantagens para o consumidor.................................................................................................................................... 89
Referências...............................................................................................................................90
Capítulo 5
Mercadorias alimentares......................................................................................................... 93
5.1 Alimentos processados......................................................................................................94
5.1.1 Alimentos congelados...................................................................................................................................................... 94
5.1.2 Alimentos desidratados.................................................................................................................................................... 95
5.1.3 Alimentos extrusados....................................................................................................................................................... 96
5.2 Aditivos alimentares.......................................................................................................... 97
5.2.1 Regulamentação.............................................................................................................................................................. 98
5.2.2 Sais, açúcares e nitritos..................................................................................................................................................... 99
5.2.3 Antioxidantes.................................................................................................................................................................. 100
5.2.4 Aditivos nutrientes......................................................................................................................................................... 101
5.3 Edulcorantes.................................................................................................................... 102
5.3.1 Edulcorantes naturais..................................................................................................................................................... 103
5.3.2 Edulcorantes artificiais................................................................................................................................................... 103
5.4 Rotulagem de alimentos.................................................................................................104
5.4.1 Embalados em geral....................................................................................................................................................... 105
5.4.2 Rotulagem obrigatória................................................................................................................................................... 106
5.4.3 Informação nutricional complementar.......................................................................................................................... 109
Referências............................................................................................................................. 112
Capítulo 6
Composição de cardápios...................................................................................................... 117
6.1 Fatores que influenciam o planejamento....................................................................... 118
6.1.1 Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT)........................................................................................................... 120
6.1.2 Clientela e posicionamento de mercado/custo............................................................................................................. 121
6.1.3 Sazonalidade.................................................................................................................................................................. 122
6.1.4 Capacidade produtiva..................................................................................................................................................... 123
6.2 Tipos de cardápios........................................................................................................... 124
6.2.1 Simples ou trivial............................................................................................................................................................ 124
6.2.2 Cardápios de padrão médio........................................................................................................................................... 126
6.2.3 Cardápios de padrão luxo ou formal.............................................................................................................................. 127
6.2.4 Cardápios mistos............................................................................................................................................................ 128
6.3 Estrutura de cardápios..................................................................................................... 130
6.3.1 Entradas.......................................................................................................................................................................... 132
6.3.2 Pratos principais............................................................................................................................................................. 133
6.3.3 Acompanhamentos e guarnições.................................................................................................................................. 133
6.3.4 Sobremesas.................................................................................................................................................................... 134
Referências............................................................................................................................. 135
Capítulo 7
Fichas técnicas de produção.................................................................................................. 137
7.1 Elementos obrigatórios.................................................................................................... 138
7.1.1 Categoria e nome da preparação................................................................................................................................... 138
7.1.2 Ingredientes e quantidades utilizadas........................................................................................................................... 140
7.1.3 Informações de rendimento........................................................................................................................................... 141
7.1.4 Passo a passo da preparação.......................................................................................................................................... 142
7.2 Avaliação de desperdício.................................................................................................144
7.2.1 Peso bruto....................................................................................................................................................................... 144
7.2.2 Peso líquido.................................................................................................................................................................... 145
7.2.3 Fator de correção............................................................................................................................................................ 145
7.2.4 Índice de conversão ou rendimento............................................................................................................................... 146
7.3 Custo de produção........................................................................................................... 149
7.3.1 Conceitos de custo.......................................................................................................................................................... 150
7.3.2 Desperdício na produção................................................................................................................................................ 151
7.3.3 Cálculo do custo de matéria-prima................................................................................................................................ 151
Referências.............................................................................................................................154
Capítulo 8
Fornecedores de alimentos.................................................................................................... 155
8.1 Gestão de compras.......................................................................................................... 156
8.1.1 Área de compras............................................................................................................................................................. 159
8.1.2 O comprador................................................................................................................................................................... 161
8.1.3 O fornecedor................................................................................................................................................................... 162
8.2 Qualificação de fornecedores.......................................................................................... 163
8.2.1 Requisitos regulamentares para qualificação................................................................................................................ 165
8.3 Homologação de fornecedores....................................................................................... 165
8.3.1 Critérios para homologação........................................................................................................................................... 166
8.3.2 Manutenção/acompanhamento.................................................................................................................................... 167
8.3.3 Desqualificação............................................................................................................................................................... 168
Referências............................................................................................................................. 170
Apresentação
Currículo Lattes:
<lattes.cnpq.br/0263142736583499>
Nesta obra, iremos estudar a alimentação sob o prisma nutricional, com esse intuito,
inicialmente serão abordados alguns conceitos básicos para o entendimento do alimento
como elemento-chave à existência humana.
Alimento e comida são conceitos indissociáveis, em que alimento é tudo aquilo que
pode ser ingerido para a manutenção dos seres humanos e comida é o que se ingere praze-
rosamente, conforme as normas da comunhão e comensalidade.
Alimentos são descritos como substâncias que, submetidas ao estômago, podem ser
assimiladas pela digestão e reparar as perdas sofridas pelo corpo humano nas atividades da
vida (SAVARIN, 1995). Essa definição apresenta um dos motivos pelos quais a alimentação,
por atender a uma das necessidades básicas dos seres humanos, a sobrevivência, sempre foi
objeto de preocupação individual e coletiva (SLOAN, 2005). Nesse sentido, deve-se saber
que a alimentação é uma ação na qual o sujeito opta pela utilização de produtos distintos
conforme suas crenças e hábitos alimentares. Já a nutrição é a ciência na qual os processos
digestivos sofridos pelos alimentos são estudados (MONTANARI, 2008).
20 Nutrição e Dietética
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1.1.1 Massas e cereais
Na sociedade ocidental, o consumo
de massas, pães, batata, arroz e biscoitos
é bastante presente. Esse comportamento
pode ser justificado pela palatabilidade que
Os carboidratos provenientes das
esses produtos apresentam e pela facilidade
plantas verdes são resultantes do processo
em consumi-los, tanto no que se refere à
de fotossíntese, quando a água e o dióxido
aquisição quanto ao preparo. Esse grupo de
de carbono se combinam para produzir a
alimentos, largamente apreciado e consu-
glicose na presença de luz solar. Ao consu-
mido, possui predominantemente em sua
mir a planta, os animais e seres humanos
composição os açúcares. Dentro da ciência
aproveitam a energia armazenada em seus
da nutrição, os açúcares presentes nos ali-
açúcares (SILZER; WHITNEY, 2003).
mentos são denominados carboidratos.
Os carboidratos são comumente co-
Os carboidratos são chamados de nutri-
nhecidos como açúcar e amido, formas nas
entes energéticos por fornecerem grande
quais a glicose é armazenada nas plantas.
22 Nutrição e Dietética
Temperos
Óleo Óleo composto contendo proporção
Salteados Líquido (220 por 9’)
misto mínima de 15% de azeite de oliva.
Refogados
Nutrição e Dietética 25
1.2 Micronutrientes
Os micronutrientes estão divididos de auxiliar o processo no qual outros nu-
em dois grandes grupos, o das vitaminas e trientes são digeridos, metabolizados ou
o dos minerais. Esses micronutrientes não sintetizados no corpo humano.
apresentam calorias, mas são essenciais no
organismo para a função fisiológica normal
de manutenção, crescimento, desenvolvi-
mento e reprodução. Seu aporte adequado
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é conseguido por meio de uma alimenta-
ção que contemple todos os grupos de ali-
mentos de maneira equilibrada, rica em ve-
getais frescos, frutas in natura, legumino-
sas, cereais integrais e proteínas animais,
como carnes, leite e ovos.
As vitaminas são compostos ou classe
de compostos orgânicos distintos das gor-
Os nutrientes minerais são tradicio-
duras, carboidratos e proteínas, que apre-
nalmente divididos em macrominerais e
sentam composição química e funções
microminerais (ou elementos traço) e auxi-
biológicas diversas, em sua maioria não
liam na manutenção dos equilíbrios eletro-
sintetizados pelo corpo. Algumas vitami-
lítico e ácido-básico, além de desempenha-
nas são conhecidas como precursor ou pro-
rem funções específicas no organismo. Os
vitamina, que, quando presentes no orga-
macrominerais existem no corpo e nos ali-
nismo, podem ser transformadas em uma
mentos e também como componentes de
ou mais formas ativas de vitamina (SILZER;
compostos orgânicos.
WHITNEY, 2003).
As vitaminas são classificadas como
hidrossolúveis e lipossolúveis. A solubili-
1.2.1 Vitaminas lipossolúveis
dade confere às vitaminas várias caracte- Os alimentos ricos em óleos e gordu-
rísticas e determina como são absorvidas, ras são as principais fontes de vitaminas
armazenadas, transportadas ou perdidas lipossolúveis. A absorção dessas vitami-
pelo organismo. Muitas possuem a função nas ocorre junto à gordura da dieta com o
30 Nutrição e Dietética
A vitamina E exerce um papel sig- principal fonte são os vegetais folhosos verde
nificativo na defesa do organismo por sua escuros e o fígado, mas também está dispo-
característica antioxidante, capaz de pro- nível, em menor quantidade, no leite, ovos,
teger as membranas e os compostos vul- frutas e outras carnes.
neráveis das células da destruição. Sua no-
menclatura genérica é utilizada para iden-
tificar oito substâncias com graus variados 1.2.2 Vitaminas hidrossolúveis
de atividade vitamínica, entre elas o alfa As vitaminas hidrossolúveis são
tocoferol, facilmente encontrado em pro- facilmente absorvidas pelo organismo e
dutos de origem vegetal. excretadas por meio da urina, fazendo com
As principais fontes alimentares de vi- que casos de toxicidade sejam extrema-
tamina E são as nozes, avelãs, amêndoas, mente raros. As vitaminas do complexo B
germe de trigo e os óleos vegetais de gi- e vitamina C por sua característica de solu-
rassol, algodão, dendê, amendoim, milho
bilidade em água podem ser perdidas du-
e soja. Nos alimentos de origem animal, o
rante o preparo dos alimentos, quando co-
teor de alfa tocoferol depende, primordial-
mente, da quantidade de vitamina E pre- zidos em grande quantidade de água.
sente na ração consumida pelo animal. As vitaminas do complexo B auxiliam
na utilização da energia fornecida pelos car-
boidratos, proteínas e gorduras por meio da
dieta. Dessa forma, estão, direta ou indire-
Técnicas de preparo em que os
alimentos são superaquecidos, como tamente, envolvidas no metabolismo ener-
fritura por imersão, podem destruir a gético. De modo geral, as vitaminas hidros-
vitamina E presente nos alimentos.
solúveis desempenham papel de coenzimas.
Cada uma das vitaminas do complexo
A vitamina K é constituída por duas B, tiamina, riboflavina, niacina, ácido pan-
substâncias reguladoras do processo de coa- totênico, piridoxina, biotina, ácido fólico e
gulação sanguínea e da síntese de proteínas cobalamina, descritas no quadro a seguir,
para a formação óssea, as filoquinonas ou possui diferentes fontes e funções a serem
K1 e as menoquinonas ou vitamina K2. Sua conhecidas com suas especificidades.
32 Nutrição e Dietética
B9 Atua na síntese e reparação do DNA, essen- Vísceras, carnes bovinas magra, espinafre,
cial para a formação dos glóbulos verme- aspargos, brócolis, feijões, trigo integral e
Ácido Fólico lhos e brancos na medula óssea. suco de laranja.
A vitamina C ou ácido ascórbico possui papel fundamental na saúde humana. Sua defi-
ciência, conhecida como escorbuto, é caracterizada por apresentar cicatrização prejudicada
das feridas, hemorragias, fraquezas nos ossos, cartilagem e dentes, atrofia muscular, edema,
histeria e depressão. O escorbuto dizimou tripulações inteiras de marinheiros britânicos que,
devido a longos períodos de viagem, não consumiam alimentos fonte de vitamina C.
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Nutrição e Dietética 33
Referências
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MAHAN, L. K., STUMP, S. E. Krause – alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2010.
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nópolis: UFSC, 2004.
SAVARIN, B. Fisiologia do Gosto. 6. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
SILZER, F.; WHITNEY, E. Nutrição – conceitos e controvérsias. 8. ed. São Paulo: Manole, 2003.
SLOAN, D. Gastronomia, Restaurantes e Comportamento do Consumidor. Barueri: Manole,
2005.
Capítulo 2
Biodisponibilidade de nutrientes
Grande parte desses compostos são denominados não nutrientes por não serem in-
dispensáveis ao corpo para obtenção de energia. Esses compostos, entretanto, são impor-
tantes para o organismo por realizarem outras funções relacionadas à prevenção de doen-
ças. Dessa maneira, caracterizam-se por apresentarem propriedades benéficas à saúde, in-
cluindo as propriedades nutricionais básicas.
Alimentos funcionais
Ingredientes reconhecidos pela ANVISA Exemplos de alimentos fontes
Ácidos graxos ômega 3 Sardinha, arenque, semente de chia, nozes, linhaça.
Abóbora, tomate, pimentões, damascos, melancia,
Carotenoides (licopeno, luteína e zeaxantina)
mamão, ervilha, rabanete, kiwi, cenoura.
Fibras: betaglucana (B), dextrina resistente, fruto
Aveia, cevada, cogumelos, leveduras; banana, cebola,
oligossacarídeos (FOS), goma-guar parcialmente
chicória, alho, algas, batata-doce.
hidrolisada, lactulose, inulina, polidextrose, psyllium
Polióis manitol, xilitol e sorbitol Frutas em conserva, sorvetes sem adição de açúcar.
Fitoesteróis Nozes, sementes de girassol, abacate, soja fermentada.
Probióticos Leites fermentados e iogurtes.
Proteína de soja Tofu, missô, shoyu.
Fonte: BRASIL, 1999. (Adaptado).
Referências
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BOTREL, N.; OLIVEIRA, V. R. Cultivares de cebola e alho para processamento. In: Congresso
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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 16, de 30
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______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 17, de 30 de
abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Ava-
liação de Risco e Segurança dos Alimentos. Brasília, 1999.
______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 18, de 30 de
abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que Estabelece as Diretrizes Básicas para Aná-
lise e Comprovação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde Alegadas em Rotulagem de
Alimentos. Brasília, 1999.
______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 19, de 30 de
abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimento
com Alegação de Propriedades Funcionais e ou de Saúde em sua Rotulagem. Brasília, 1999.
CANDIDO, L. M. B.; CAMPOS, A. M. Alimentos funcionais: uma revisão. Boletim da SBCTA,
[s. l.], 2005, v. 29, n. 02, p. 193-203.
CORREIA, L. F. M. et al. Efeitos do processamento industrial de alimentos sobre a estabilidade
de vitaminas. Revista de Alimentação e Nutrição. Araraquara, SP, jan./mar. 2008, v. 19, n. 01,
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COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. 2. ed. São Paulo: Manole, 2007.
DOLINSKY, M. Nutrição Funcional. São Paulo: Roca, 2009.
GOMENSORO, M. L. Pequeno Dicionário de Gastronomia. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.
52 Nutrição e Dietética
O organismo de um ser humano depende de diversos fatores para que trabalhe de ma-
neira adequada e a alimentação tem papel de destaque entre esses fatores. O bom funcio-
namento orgânico e a prevenção do surgimento de doenças decorrem em grande parte dos
hábitos e costumes alimentares construídos desde a infância como produto da interação
entre a criança e o adulto responsável por sua alimentação.
O meio familiar proporciona à criança uma série de possibilidades de aprendizagem,
como as diferentes combinações entre alimentos distintos e o gosto pela prática de ativi-
dades físicas. A inserção precoce de alimentos de origem vegetal variados ou de produtos
industrializados com excesso de açúcares e gorduras irão influenciar a formação de um
comportamento alimentar. Tais comportamentos, aprendidos na infância e fortalecidos ao
longo da vida, influenciarão no estado de saúde do indivíduo adulto.
Neste capítulo, inicialmente serão abordados aspectos relacionados às necessidades
alimentares de indivíduos sadios, da infância à melhor idade, passando pelas necessidades
alimentares específicas de gestantes e atletas. Por fim, abordaremos os cuidados necessá-
rios à nutrição humana e as alergias e intolerâncias a certos tipos de alimento.
54 Nutrição e Dietética
Nesse período, os adultos acumulam os re- Estima-se que mais da metade da po-
sultados de comportamentos e fatores de pulação mundial adulta acima dos 20 anos
risco ambientais das etapas de desenvolvi- esteja com sobrepeso ou apresente quadro
mento anteriores. de obesidade diretamente ligados ao dese-
A fase adulta constitui um tempo quilíbrio no consumo calórico e ao sedenta-
ideal para planejar ações de vida que irão rismo. É sabido que no outro extremo está
melhorar a saúde e prevenir doenças crôni- a subnutrição, associada ao baixo peso
cas. A maioria das doenças crônicas tem crônico, frequentemente encontrada em
relação com o peso corporal inapropriado mulheres jovens, prejudicando a saúde ge-
e pode ser evitada, sendo que doenças ral, a fertilidade e a concepção.
cárdio e cerebrovasculares, osteoporose,
alguns tipos de câncer e diabetes mantêm
ligações com a alimentação e com o estilo
Confira na internet o documen-
de vida. O sobrepeso e a obesidade dos tário Miss Representation, de Jennifer
adultos são considerados os principais fa- Siebel Newson (2011), sobre as pressões
tores de risco na prevenção e no controle sociais que impulsionam o desenvolvi-
de doenças cardíacas, diabetes, acidente mento de distúrbios alimentares em mu-
lheres e como isso afeta a autoestima
vascular cerebral (AVC) e câncer de mama.
das adolescentes.
O consumo excessivo de alimentos ri-
cos em gorduras, principalmente saturadas,
como banha de porco, bacon, manteiga, gor- Muitos dos problemas que afetam a
dura vegetal hidrogenada, bolos, biscoitos e saúde das mulheres estão relacionados às
bolachas industrializados é um fator influen- alterações dos hormônios estrogênio e pro-
ciador do surgimento dessas doenças. gesterona, que deflagram o ciclo reprodutor
Para preveni-las, ao longo da vida é feminino. Além das doenças crônicas que
importante consumir frutas e vegetais fres- afetam a população masculina adulta, estão
cos, optar por alimentos integrais ricos em suscetíveis a alterações que geram sintomas
fibras, ingerir carnes magras sem capa de físicos e psicológicos que incluem dores no
gordura e preferir fontes lipídicas de boa qua- corpo, enxaqueca, inchaço, fadiga, altera-
lidade como azeite de oliva, óleo de coco, ções de apetite e hipersensibilidade.
oleaginosas em geral, peixes e abacate.
Nutrição e Dietética 59
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60 Nutrição e Dietética
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e desordens alimentares nos atletas.
Os atletas em geral, principalmente os
de alto nível, precisam ter cuidado especial
com a alimentação e, muitas vezes, com-
plementarem o fornecimento energético
com suplementos para atenderem ou recu-
perarem seu estado nutricional. O acom-
panhamento profissional pode influenciar
esse grupo para potencializar sua perfor-
mance durante treinos e competições.
3.2.2 Gestantes
A fase de maior variação da necessi-
dade nutricional de uma mulher é a gra-
videz. Durante esse período, a mãe sofre
A nutrição da gestação é decisiva para
várias alterações em seu organismo que
o curso gestacional, pois, quando feita de
provocam o aumento da necessidade de nu-
forma adequada, é ela que vai garantir a
trientes essenciais. Quando a oferta de nu-
saúde da mãe e do feto. Prova da impor-
trientes é inadequada, pode acontecer de
tância de uma nutrição adequada é que nos
a mãe e o feto competirem pelos nutrien-
primeiros três meses de gestação uma
tes. Essa competição é desvantajosa para
dieta correta auxiliará no desenvolvimento
ambos, pois a mãe pode desenvolver, por
de diversos órgão do bebê, enquanto, nos
exemplo, um quadro precoce de osteopo-
próximos meses, a nutrição auxilia no cres-
rose ou outras doenças associadas à defi-
cimento otimizado e desenvolvimento ce-
ciência de nutrientes, e o desenvolvimento e
rebral (DREHMER, 2008).
crescimento do bebê pode ser prejudicado.
64 Nutrição e Dietética
Entre as reações sofridas pelo indivíduo lactase, enzima responsável por quebrar o
destacam-se urticária, inchaço, coceira, ver- açúcar do leite.
melhidão, diarreia, dor abdominal, refluxo, A intolerância à lactose pode ser con-
vômito, tosse, rouquidão, chiado no peito e gênita, resultante da herança genética ou
até choque anafilático, dependendo da sensi- secundária, gerada pelo comprometimento
bilidade da pessoa. das células intestinais que produzem lac-
Por sua vez, a intolerância se dá pela tase, normalmente em decorrência de in-
absorção inadequada de alguma substân- fecções de origem bacteriana, viral ou de
cia do alimento, que pode não ser absor- protozoários. Outro motivo comum para o
vida ou ser absorvidas apenas parcialmente surgimento das intolerâncias alimentares é
pelo organismo. Quando essa falha ocorre, o envelhecimento do indivíduo, que com o
há um acúmulo de substâncias intoleráveis, passar do tempo e a degeneração natural
gerando sobrecarga que pode provocar en- de algumas células, possui redução da efe-
xaqueca, depressão, variação de humor, tividade de seus processos orgânicos. Tam-
tontura, sinusite, rinite, eczema, urticária, bém pode desencadear o processo de into-
câimbra, afta, halitose, diarreia, obesidade, lerância secundária e a intolerância ao glú-
anorexia, dependendo da quantidade e do ten (doença celíaca).
agente causador da intolerância.
Entre os exemplos, destaca-se a into-
lerância à lactose, que veremos a seguir.
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Clinicamente chamada de primária
ou ontogenética, a intolerância à lactose
é a mais frequente na população. E apesar
de geralmente manifestar-se após o des-
mame (suspensão do leite materno), pode
ocorrer em qualquer fase da vida humana.
Isso porque, com o passar dos anos, há
uma diminuição natural na produção da
Nutrição e Dietética 67
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intolerante consumir alimentos lácteos.
3.3.3 Celíacos
A doença celíaca é originada pela in-
tolerância permanente ao glúten, a prin-
cipal proteína presente no trigo, aveia, A intolerância ao glúten se manifesta
centeio, cevada e no malte – este último, normalmente entre o primeiro e terceiro
produto da fermentação da cevada. A in- ano de vida, quando a criança é exposta aos
gestão de alimentos com esse tipo de pro- primeiros alimentos contendo a proteína. É
teína pelos celíacos danifica as paredes do caracterizada em seu quadro mais grave por
intestino delgado, impedindo a adequada diarreia crônica, desnutrição com déficit do
absorção dos nutrientes (ACELPAR, 2015). crescimento, anemia ferro priva não curável,
emagrecimento, falta de apetite, distensão
68 Nutrição e Dietética
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Capítulo 4
Tipos de alimentos disponíveis no mercado
Em virtude da demanda regular, houve a ne- seu valor frente ao crescimento do con-
cessidade de aumentar os canais de distribui- sumo e a possibilidade de expansão desses
ção e comercialização dos alimentos. Para produtos para o exterior.
tanto, foi necessário também, estabelecer Como consequência desta demanda,
uma relação de segurança entre consumidor o MAPA estabeleceu normas condicionan-
e fornecedor que garantisse a veracidade das tes para todas as etapas do processo de
informações sobre a produção do alimento. produção, identificação e distribuição, das
Em consequência disso, surgiram as empre- mercadorias de origem animal ou vege-
sas habilitadas para emissão de certificados, tal, que regulamentaram o setor e deram
responsáveis por atestar a adequação dos maior credibilidade aos produtos orgânicos
procedimentos do produtor por meio de selo produzidos no país.
de garantia fixado na embalagem do produto
(ORMOND et al., 2002).
Tal certificação pode ser realizada A Instrução Normativa n.
ainda por grupos de produtores, consumi- 007/1999, de 17 de maio de 1999, forma-
dores, técnicos e pesquisadores credencia- liza os procedimentos de certificação de
dos e fiscalizados pelo Ministério da Agri- acordo com os exigidos em grande parte
dos países da Europa, nos Estados Uni-
cultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),
dos e no Japão (ORMOND et al., 2002).
que juntos formam os Sistemas Participati-
vos de Garantia (SPG), capazes de se auto-
certificarem e receberem o selo brasileiro Para que um produtor possa ser re-
(TORRES, 2012). conhecido como orgânico, além do SPG, é
A primeira certificação de orgânicos necessário escolher e firmar contrato com
do Brasil não possuía órgão regulamenta- uma empresa certificadora, para garantir a
dor. Seu surgimento ocorreu por iniciativa fiscalização, rastreabilidade e garantia de
de associações e cooperativas de produto- qualidade do seu produto ao consumidor.
res e consumidores que sentiram a necessi- Cada certificadora deve definir diretri-
dade de diferenciar os produtos orgânicos zes próprias e controlar a utilização de suas li-
dos convencionais (ORMOND et al., 2002). cenças, certificados e marcas de certificação
Contudo, este selo interno foi perdendo que podem ser símbolos ou logotipos que
84 Nutrição e Dietética
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tragem das soluções nutritivas tiveram in-
vestimentos para a melhora dos processos
e ampliação do setor.
Para realizar a instalação de um sistema
de cultivo hidropônico, é necessário o conhe-
cimento detalhado das estruturas básicas O sistema DFT ou cultivo na água, co-
que o compõem, visto que os tipos de sis- nhecido como floating, utiliza solução nu-
tema determinam estruturas com caracterís- tritiva com 5 cm a 20 cm de profundidade,
ticas próprias, divididos em sistemas Nutrient na qual as raízes ficam submersas. Não
Film Technique (NFT), Desp Film Technique existem canais, mas uma mesa plana em
(DFT) e sistemas com substratos orgânicos que a solução circula por meio de sistema
ou inorgânicos (FURLANI et al., 1999 b). de entrada e drenagem característico. Pre-
dominantemente, utiliza-se esse sistema
De acordo com Furlani (1998, p. 30), o
no cultivo de hortaliças de folha (FURLANI
sistema NFT ou técnica do fluxo laminar de
et al., 1999 a).
nutrientes é:
baixo índice de contaminação. Por isso, os com o objetivo de introduzir novas caracte-
alimentos hidropônicos costumam ser mais rísticas para a otimização da produção de ali-
caros (TEIXEIRA, 1996). mentos, como amendoim que não cause aler-
gias ou soja capaz de resultar em óleo com
Outra desvantagem é a falsa ideia de
maior estabilidade térmica. Os transgênicos,
produção livre de agrotóxicos. Ainda que a
além desses aspectos, possuem inserção
hidroponia possibilite ao produtor a subs-
de material genético de outras espécies em
tituição de agrotóxicos e fertilizantes quí-
seu DNA.
micos por inseticidas e fungicidas naturais
a base de extrato de plantas, a utilização
de agrotóxicos orgânicos que permane-
cem residualmente nos alimentos é efetiva, A biotecnologia é a aplicação de
metodologia científica para a solução
mesmo que em quantidades inferiores à
de problemas biológicos encontrados na
agricultura convencional. agricultura e pecuária. Permite aos cien-
Embora a hidroponia seja potencial- tistas realizarem a transferência de ca-
racterísticas específicas entre bactérias,
mente vantajosa para o consumidor, no
plantas e animais (XAVIER et al., 2009).
sentido de possibilitar a redução do con-
sumo de resíduos de pesticidas nos alimen-
tos, não existem normas ou qualquer tipo O sistema convencional de melhora-
de certificação que garanta a isenção de mento, precursor da transgenia, tem como
produtos agressivos para a saúde do consu- objetivo a obtenção de característica dese-
midor e do meio ambiente. jada nas novas linhas genéticas, combi-
nando todas as características de ambos os
“pais”. Por exemplo, o cruzamento de duas
4.4 Alimentos transgênicos variedades de milho, uma altamente pro-
Os alimentos transgênicos se enqua- dutora com outra de rápida velocidade de
dram na categoria dos organismos geneti- maturação, visa obter uma nova linhagem
camente modificados (OGMs). Os OGMs são contendo ambas as características desejá-
plantas, animais ou micro-organismos cujo veis. Entretanto, na maioria das vezes, jun-
material genético foi alterado de maneira tamente com as características desejáveis,
controlada por meio de biotecnologia, sem podem ser transferidas outras inesperadas,
a presença de cruzamentos para reprodução, indesejáveis ou que não se têm interesse
88 Nutrição e Dietética
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meio da bioengenharia permitem a obten-
ção de produções mais uniformes. E, ainda,
que a semeadura de variedades protegi-
das contra doenças reduz a quantidade de
herbicidas e inseticidas utilizados, aumen-
A biotecnologia, por sua vez, permite tando a produtividade, diminuindo os cus-
escolher apenas as sequências de genes que tos de produção e os danos ao meio am-
interessam à criação da nova linhagem. São biente (ALVES, 2004).
produzidas as sementes necessárias para a
Prometem também, utilizando no-
formação das lavouras transgênicas e, con-
vas tecnologias, obter plantas com maior
juntamente, o direito sobre a propriedade
resistência à seca e maior eficiência na ab-
intelectual referente a elas.
sorção de nutrientes do solo. Asseguram
que tais avanços podem ser considerados
4.4.1 Sistema de produção de extrema importância, particularmente
O sistema de produção dos alimentos para os países em desenvolvimento que
transgênicos é bastante similar à produção sofrem com períodos de estiagem prolon-
de alimentos convencionais, caracterizada gada, erosão, infertilidade do solo, ataques
pelo monocultivo e utilização de pestici- de pragas e outros problemas (PESSANHA;
das em larga escala. Sua diferenciação é WILKINSON, 2003).
Nutrição e Dietética 89
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Nutrição e Dietética 91
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94 Nutrição e Dietética
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tracorrente, através das paredes celulares:
um da água que sai do alimento para a solu-
ção e outro de sal ou açúcar, da solução para
o alimento (EVANGELISTA, 2001).
Nutrição e Dietética 97
Sua principal contribuição para a in- Todo e qualquer ingrediente adicionado inten-
dústria alimentícia é apresentada na forma cionalmente aos alimentos sem o propósito de
de alimentos como papinhas e pós para nutrir, com o objetivo de modificar as carac-
terísticas físicas, químicas, biológicas ou sen-
alimentação infantil, texturização de pro-
soriais, durante a fabricação, processamento,
teínas vegetais, bebidas e farinhas instan-
preparação, tratamento, embalagem, acondi-
tâneas em pó, cereais pré-cozidos, salga- cionamento, armazenagem, transporte ou ma-
dinhos do tipo snacks, amidos modificados nipulação de um alimento (BRASIL, 1997).
e pré-gelatinizados utilizados na formula-
ção de sopas, molhos bolos e recheios para Diversas razões tecnológicas, nutri-
produtos confeitados (FELLOWS, 2006). cionais ou sensoriais podem justificar a uti-
lização do emprego de aditivos. Neste sen-
As alterações de forma e estrutura
tido, a indústria de alimentos lança mão de
geradas pelo processo de extrusão tornam
corantes e aromatizantes para melhorar a
o alimento mais facilmente digerível, além
aparência dos alimentos; conservantes, an-
de aumentar seu tempo de validade e re-
tioxidantes e acidulantes para aumentar a
duzir a necessidade de utilização de aditi-
validade dos gêneros; espessantes, estabi-
vos conservantes.
lizantes e umectantes para alcançar a tex-
Assim como o processo de extrusão, tura desejada para os produtos.
a pasteurização e a esterilização também
É importante ressaltar que, apesar
utilizam o aquecimento, precedido de res-
de melhorarem o aspecto, a textura e
friamento rápido, como forma de, respecti-
aumentarem a validade dos alimentos,
vamente, reduzir e eliminar os microrganis-
os aditivos alimentares podem desenca-
mos dos alimentos.
dear alergias, principalmente nas crianças.
Por isso, antes de ser utilizado, um adi-
5.2 Aditivos alimentares tivo deve passar por testes de efeito toxi-
A Portaria 540 da Secretaria de Vigi- cológico para garantir que sua utilização
lância Sanitária do Ministério da Saúde, não provoque efeito acumulativo ou con-
de 27 de outubro de 1997, define aditivo tribua para o acúmulo de outros aditivos
alimentar como: pelo organismo. Desta forma, devem ser
reavaliados periodicamente e sempre que
98 Nutrição e Dietética
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prolongar sua durabilidade.
Entre os aditivos nutrientes mais uti- O consumo dos edulcorantes foi incre-
lizados estão o cálcio e as vitaminas A e D mentado nos Estados Unidos, na década de
nos laticínios; ferro e ácido fólico em biscoi- 1950, e, desde então, vem crescendo siste-
tos e misturas para bolos. Muitas vezes, os maticamente. Basicamente, esses produ-
nutrientes são adicionados para outras fina- tos estão direcionados a pessoas portado-
lidades, por exemplo, as vitaminas C e E são ras de diabetes ou, mais frequentemente,
usadas como antioxidantes; o betacaroteno para consumidores que buscam alimen-
e as antocianinas como corantes naturais. tos de baixo valor energético (TEIXEIRA
A utilização dos aditivos nutrientes et al., 2011). Essa busca é consequência do
vem sendo cada vez mais utilizada pela in- crescente aumento da preocupação em
dústria de alimentos, não apenas por suas relação à saúde e à estética, uma vez que
propriedades nutricionais convencionais, o consumo excessivo do açúcar de mesa é
mas também devido às propriedades fun- responsável por doenças como obesidade,
cionais que podem oferecer. diabetes, cárie dental entre outras. Esse
aumento de demanda acarretou a neces-
sidade de se garantir a segurança no con-
5.3 Edulcorantes sumo de edulcorantes. Por isso, foram es-
Os edulcorantes compreendem um tabelecidos pela legislação brasileira, em
grupo de substâncias naturais, extraídas conformidade com as regras do Mercosul,
de frutas e vegetais, ou artificiais, pro- os limites máximos para sua utilização em
duzidas em laboratório, com capacidade alimentos (BRASIL, 2008).
adoçante superior à sacarose e utilizadas A legislação determina as quantida-
para substituí-la, pois conferem sabor doce des máximas a serem utilizadas nas formu-
aos alimentos. lações alimentares, tanto para os edulco-
Os edulcorantes são considerados não rantes naturais quanto para os artificiais,
calóricos porque o organismo não metabo- além de indicar as quantidades em situa-
liza essas substâncias, ou por serem utili- ções em que ocorre a associação de mais
zadas em quantidades ínfimas, tornando o de um edulcorante na formulação de um
aporte calórico insignificante. mesmo alimento.
Nutrição e Dietética 103
públicos e segmentos de produtos. São uti- ao ciclamato, outro edulcorante com alto
lizados na fabricação de pudins, refrigeran- poder adoçante e estável em altas tem-
tes, gelatinas, sorvetes e em medicamen- peraturas. Embora comum, essa associa-
tos para encobrir ou mascarar o sabor de ção é bastante questionada em virtude
alguns remédios, mas principalmente nos de resultados toxicológicos desfavoráveis
adoçantes de mesa. que associam seu consumo à ocorrência
Devido ao sabor açucarado e agradá- de tumores na bexiga urinária de roedores
vel, além de manter estabilidade em altas (CAMARGO; TOLEDO, 2006).
temperaturas, o acessulfame-K é utilizado A sucralose possui poder adoçante
em chocolates, bebidas, geleias e em produ- 600 vezes superior ao da sacarose. Não
tos lácteos. Suas principais vantagens são a produz cáries, não apresenta efeitos te-
ausência de sabor residual, além da validade ratogênicos, de toxicidade, carcinoge-
duradoura (CAMPOS, 2013). No entanto, nicidade ou contraindicações. Diante de
seu consumo é desaconselhado em situa- tantas opções para adoçar os alimentos,
ções clínicas que exijam restrição do con- restringindo seu valor calórico, os órgãos
sumo de potássio, como nos quadros de hi- responsáveis devem estabelecer valores li-
pertensão e doença renal. mites para utilização e fiscalizar os produ-
Pouco solúvel em água e em altas tos disponíveis no mercado, a fim de ga-
temperaturas, o aspartame possui capaci- rantir a segurança alimentar dos consumi-
dade adoçante 200 vezes superior à saca- dores (KNIGHT, 1994).
rose. No entanto, perde a doçura em pH Esse controle é necessário porque,
neutro ou alcalino e possui melhor resul- assim como a utilização excessiva do açú-
tado com sabores naturais e ácidos. Esse car de mesa, a utilização de edulcorantes
adoçante contém o aminoácido fenilala- em geral pode ocasionar riscos à saúde dos
nina, e por isso não deve ser utilizado por consumidores.
pessoas incapazes de digeri-lo. Com fre-
quência, o aspartame é utilizado em asso-
ciação a outros edulcorantes.
5.4 Rotulagem de alimentos
A rotulagem de alimentos é o
A sacarina possui alto poder ado-
principal elo entre fornecedores e consumi-
çante, contudo, em virtude de seu sabor
dores. É por meio do rótulo que o usuário
residual amargo, é classicamente associada
Nutrição e Dietética 105
A informação nutricional obrigatória pode ser apresentada de duas maneiras, desde que
em um mesmo local. A forma mais comum é a tabela, contudo, se não houver espaço disponí-
vel, pode ser usada a forma linear. Importante ressaltar que as informações devem ser expressas
por porção e por percentual (%) dos valores diários de ingestão recomendados. A seguir veja o
modelo de tabela estabelecido pela RDC 360.
108 Nutrição e Dietética
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção ___ g ou ml (unidades, xícaras ou colheres )
Quantidade por porção % VD (*)
Valor energético ....kcal =....kJ
Carboidratos G
Proteínas G
Gorduras totais G
Gorduras saturadas G
Fibra alimentar G
Sódio MG
Outros minerais mg ou mcg
Vitaminas mg ou mcg
Não contém quantidade significativa de ... (valor energético e ou o(os) nome(s) do(s) nutriente(s). (Esta
frase pode ser empregada quando se utiliza a declaração nutricional simplificada)
* % Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores de-
pendendo de suas necessidades energéticas.
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Nutrição e Dietética 113
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114 Nutrição e Dietética
Importante avaliar, ainda, a possibi- de produtos e serviços que podem ser pro-
lidade de redução da distância percorrida duzidos numa unidade produtiva, seja ela
pelo alimento para chegar ao restaurante. cozinha ou salão, em um determinado
Uma vez que, produtos da temporada pos- intervalo de tempo.
suem menor necessidade de refrigeração e O conhecimento da capacidade pro-
menores percursos de transporte, sendo dutiva da equipe é necessário para que esta
consequentemente mais apropriados para não seja sobrecarregada ou subestimada. O
sua conservação e do meio ambiente. responsável pelo planejamento saberá que
Utilizar produtos em períodos de safra não deve colocar num cardápio de bufê para
forte contribui para o equilíbrio financeiro cem pessoas “legumes torneados” se possui
do cardápio e influencia a qualidade do na equipe apenas três auxiliares de cozinha.
artigo final, principalmente se os alimentos Outra situação de cuidado é com a produ-
escolhidos forem provenientes de agriculto- ção dos pães artesanais do couvert, quanto
res familiares e orgânicos. Os produtores da esta opção estiver presente, é preciso que
cultura orgânica consideram a sazonalidade haja fornos suficientes para assá-los.
um dos pilares para a produção e evitam a É importante considerar quais e
utilização de agrotóxicos, que é inerente ao quantos sãos os equipamentos disponíveis
cultivo de produtos fora de época. para confecção de todas as preparações.
Não se pode esquecer de que repetições de
6.1.4 Capacidade produtiva métodos de preparo como frituras, assados,
Um bom cardápio deve levar em con- cozidos ou grelhados no mesmo dia resul-
sideração a capacidade produtiva dispo- tam em cardápios monótonos em relação à
nível para sua execução. Ela deve contem- textura. Todas essas condições podem difi-
plar o número de colaboradores da equipe, cultar o trabalho da equipe de cozinha, que
suas habilidades, competências e os equi- pode não conseguir executá-los a tempo de
pamentos acessíveis para a operacionali- iniciar o serviço.
zação do trabalho. É determinante frisar
que capacidade é a quantidade máxima
124 Nutrição e Dietética
As guarnições ou acompanhamentos
devem complementar e combinar com o
prato principal escolhido. Devem ser com-
postas, preferencialmente, por carboidratos
de baixo custo, leguminosas de grande acei-
tação como feijões preto e carioca, vegetais
e hortaliças da época. A elaboração é sim-
ples, dispostos em preparações comedidas,
sem elementos agregados. As saladas rara-
mente são compostas e não são comple-
mentadas com cremes ou molhos.
As sobremesas dos cardápios de
padrão trivial são normalmente frutas da
estação, flan, gelatina e pudim industriali-
zados, além de doces em pasta ou em por-
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tas como massas ao molho de queijo ou
bolonhesa, farofas com componentes pro-
teicos, tortas compostas ou de legumes,
Para os cardápios de padrão médio, podem ser utilizadas sobremesas mais elabora-
das em técnicas de preparo e com ingredientes superiores, como cremes, chocolate, frutas
nobres e oleaginosas. As bebidas ganham mais opções como sucos naturais, mistos, refrige-
rantes, cervejas, água com gás, entre outras.
Para os cardápios de padrão luxo, devem ser oferecidas sobremesas com ingredientes
nobres e técnicas elaboradas. As opções de bebidas podem ser sucos naturais, mistos, refri-
gerantes, cervejas com e sem álcool, água com e sem gás, vinhos e espumantes.
Como guarnições e saladas são servidas preparações simples e compostas que podem
incluir produtos de safra média e baixa.
Na Idade Contemporânea, o cardápio foi reduzido para no máximo seis serviços. Outra
mudança significativa foi a extinção da obrigatoriedade dos termos em francês. Os legu-
mes deixaram de ser uma categoria a parte e passaram a compor os pratos principais como
guarnições e os queijos passaram a ser servidos em qualquer ponto da refeição, seja como
entrada, guarnição ou antes da sobremesa.
As guarnições, por sua vez, consistem em preparações a base de vegetais que comple-
mentam o acompanhamento. São servidas com per capita menor. Também são consideradas
guarnições os elementos para complemento de sabor, como molhos, coulis, manteigas e azei-
tes saborizados. Associados a estes e com grande importância, também devem ser considera-
das as guarnições ou elementos decorativos do prato, como brotos, flores comestíveis, tuiles,
areias, esferas, espumas, emulsões, gelées, crostas, ervas e demais complementos.
6.3.4 Sobremesas
As sobremesas são o último elemento de uma refeição. Podem ser compostas por fru-
tas inteiras, laminadas, boleadas ou formatadas, frescas, secas, em calda, glaçadas, cris-
talizadas, fritas e assadas. Também podem ser oferecidos doces elaborados, como crepes,
waffles, pudins assados, tortas, folhados, choux, cremes, merengues, mousses e parfaits de
frutas, chocolates ou oleaginosas. Nos cardápios de padrão mais baixo, podem-se utilizar
doces em lata, em pasta, formatados, confeitos e outras guloseimas.
O planejamento de cardápios, seja qual for o tipo de serviço de alimentação, deverá
sempre respeitar a variedade de ingredientes disponíveis, a estrutura do ambiente, a capa-
cidade da equipe, as preferências do cliente, a apresentação e o sabor dos pratos. O pro-
fissional, ao elaborar uma refeição, nunca pode se esquecer que ela, além de proporcionar
sociabilidade e prazer, deve ser saudável e segura.
Nutrição e Dietética 135
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136 Nutrição e Dietética
*FC = 1,67.
** Considerada perda de 30% do peso durante o cozimento.
* 1 é igual a 100%.
** Ficha técnica própria.
A descrição do preparo da receita deverá ser listada na ordem em que acontece, res-
peitando a sequência lógica dos processos, como, por exemplo, higienizar antes de descas-
car e cortar.
144 Nutrição e Dietética
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(20g x 750= 15.000)
conceitua custo de mão de obra como “[...] sistema produtivo não estarão mais dispo-
o sacrifício de ativos da entidade para con- níveis para serem usados em qualquer outra
tratar, treinar, manter, remunerar e desligar alternativa de produção (IUNES, 1995).
a contribuição humana ao processo de pro- De acordo com Iudícibus (1995, p. 338),
dução e bens de serviços”. “[...] os custos referem-se ao valor de insu-
Os gastos com mão de obra consis- mos para a geração de produtos e serviços
tem em um ciclo que compreende a admis- que quando bem administrados, garan-
são, a manutenção, a valorização das habi- tem um bom resultado e o crescimento da
lidades e competências e o desligamento unidade”. O custo de um produto inclui o
do colaborador. Nesse ciclo, devem ser valor gasto pela empresa a um fornecedor,
considerados o salário base acordado entre para colocar uma mercadoria em seu esto-
empregador e empregado, férias, décimo que, mais todos os gastos com a compra,
terceiro salário, treinamentos, transporte, tais como, frete, seguro, carga, descarga e
pagamento de horas extras, feriados outros. Excluindo-se os tributos recuperá-
pagos, faltas pagas por motivo de doença, veis, como o Imposto sobre Circulação de
alimentação fornecida ou subsidiada, con- Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa
tribuições sociais, depósito do Fundo de de Integração Social e a Contribuição para
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Financiamento da Seguridade Social (PIS/
Programa de Integração Social (PIS), além Cofins), quando for o caso.
de benefícios adicionais. A escolha de um produto relaciona-se
com o perfil do estabelecimento produtor,
7.3.1 Conceitos de custo uma vez que comprar bem não significa ter
A área da contabilidade possui diver- um custo final mais baixo, pois nem sempre
sos conceitos de custos, como de capital e de o produto mais barato é aquele que possui
oportunidade, entretanto, a concepção eco- melhor qualidade, rendimento e resultado.
nômica de custos e, em essência, toda a teo- Na gastronomia é necessário com-
ria econômica, baseia-se na visão de que os parar marcas e produtos para estabelecer
recursos existentes são limitados ou escas- qual a melhor relação custo-benefício de
sos. Nessa concepção, o processo de produ- um produto. Por exemplo: comprar horta-
ção é um método de escolha, uma vez que liças de custo superior, das quais se pode
os recursos utilizados em um determinado obter aproveitamento integral, é mais
Nutrição e Dietética 151
vantajoso do que adquirir o mesmo pro- retiradas de forma grosseira ou aparas com
duto com valor mais barato se estas tive- excesso de carne, possibilita aumento no
rem perda no processo de limpeza. Ou uma percentual de perdas de um produto.
marca de arroz com preço por kg supe-
rior ao do concorrente, mas com índice de
hidratação também superior. Na gastronomia, o ato de lim-
par uma peça de carne, pescado ou
7.3.2 Desperdício na produção tirar as partes não aproveitáveis de um
alimento é também conhecido como
O desperdício gerado durante o pro- bouticar o alimento.
cesso de preparo pode e deve ser contro-
lado. Após a entrada do alimento na uni-
dade produtora, para se evitar o desperdí- Dessa maneira, deve-se utilizar uten-
cio, é necessário realizar o armazenamento sílios adequados para descascar e cortar os
de maneira adequada e principalmente alimentos, treinar periodicamente os cola-
tomar os devidos cuidados durante os pro- boradores e monitorar suas atividades a
cessos de manipulação. Esses processos fim de minimizar as perdas durante os pro-
têm influência direta na quantidade de cessos de preparo.
perdas, capazes de gerar grande prejuízo
para o estabelecimento, afetando inclusive 7.3.3 Cálculo do custo de
os custos de água, luz e armazenamento
envolvidos na produção destes alimentos.
matéria-prima
Na área da gastronomia, há basica-
É sabido que grande parte dos
mente três possibilidades de custo:
alimentos utilizados em restaurantes deve
passar por algum processo de pré-preparo.
É preciso estabelecer uma quantidade acei- 1
tável para a perda de tais produtos, pois a venda de produtos industrializa-
dos, como refrigerantes, sucos de lata ou
a manipulação inadequada dos alimen-
caixa, bebidas engarrafadas, chocolates,
tos pode gerar prejuízos significativos à entre outros produtos embalados e pron-
lucratividade de um restaurante. Uma lim- tos para o consumo;
peza realizada sem cuidado, como cascas
152 Nutrição e Dietética
Filet mignon 200 g 1,28 0,87 200 x 1,28/0,87=294,25 g 52,00 294,25x52/1.000= 15,30 1.530,00
Favas brancas 100 g 1,04 2,13 100 x 1,04/2,13 = 48,8 g 12,00 48,8x12/1.000= 0,58 58,00
Óleo de soja
20 ml 1 1 20 x 1/1 = 20 ml 4,50 20x4,50/1.000= 0,09 9,00
(fritura)
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Capítulo 8
Fornecedores de alimentos
ORGÂNICO
SUPERMERCADO ORGÂNICO
Nutrição e Dietética 157
© Rawpixel.com / / Shutterstock.
banco para eventuais imprevistos. Geral-
mente, é o gestor de compras que irá tomar
o devido cuidado para que nenhum for-
necedor fique sem receber, com base nas
entradas financeiras de cartões de crédito,
cheques e eventuais prestações de serviço A gestão adequada da área de com-
do estabelecimento gastronômico. pras possibilitará que as outras áreas do
estabelecimento funcionem de maneira
Programar as entregas dos insumos satisfatória, pois garantirá, juntamente
também é função do gestor de compras. com a atuação adequada dos colaborado-
Ele irá combinar com seus fornecedores os res, que não haja atraso na produção.
melhores dias e horários para chegada de
mercadorias, com a finalidade de garantir Em períodos de inflação controlada,
o estoque abastecido e não atrapalhar o a utilização de quantidades mínimas em
fluxo de produção de cozinha. estoque retrata uma boa ferramenta de
gestão, uma vez que insumos estocados
Ele deve realizar também a conferên- utilizam parte da área física do restau-
cia periódica da adequação da qualidade rante e apresentam-se como investimento
dos produtos escolhidos. Portanto, sua parado, pois o armazenamento de insumos
função é bastante estratégica, visto que excedentes demanda verificação e con-
suas escolhas exercerão influência na ativi- tagem periódica para evitar o extravio e a
dade produtiva do estabelecimento. perda do prazo de validade.
158 Nutrição e Dietética
A área de compras deve estar atenta a dentro do prazo e horário previstos, pode
todos os custos gerados em consequência haver atrasos de produção, interrupção do
de suas ações, considerando que o custo é processo produtivo ou perda da qualidade
diretamente proporcional à quantidade de dos pratos servidos, em virtude da necessi-
produto perdida. Por essa razão, compras dade de substituição de ingredientes.
de ocasião, para aproveitar preços reduzi- A não aquisição dos produtos essen-
dos de determinados produtos, devem ser ciais dentro dos prazos corretos pode acar-
criteriosamente avaliadas. retar gasto excedente por parte do restau-
Por exemplo, um restaurante conseguiu rante para suprir emergencialmente a área
um desconto de 40% de seu fornecedor de de produção. Por exemplo: um restaurante
leite. Qual a melhor atitude do comprador? tem como carro-chefe de seu cardápio um
A resposta imediata seria: ele deve comprar prato com filet mignon, e o fornecedor de
o máximo que puder. Contudo, antes de rea- carnes não entregou o pedido previsto.
lizar a compra, deverá ter certeza de que a Nesse caso, o restaurante não pode sim-
área de produção conseguirá utilizar todo o plesmente abrir as portas sem esse ingre-
leite dentro de seu período de validade e que diente e terá que comprar o produto de um
o estabelecimento possui local adequado outro fornecedor ou açougue alternativo.
para armazenar o produto adquirido. Muitas vezes essa necessidade emergen-
Compras de ocasião, aparentemente cial provoca um gasto imediato e superior
imperdíveis, podem gerar um custo exces- ao previsto, gerando redução dos lucros do
sivo de armazenamento, de controle e de estabelecimento ou até mesmo prejuízo.
produtos deteriorados. Nesse sentido, Outro exemplo são os estabeleci-
cabe aos responsáveis por tal processo mentos que utilizam grandes quantidades
observarem preço, prazo, volume e quali- de um mesmo produto, como bares e fast
dade para se beneficiarem da execução efi- foods que servem porções de alimentos
caz desse processo (DIAS, 1997). fritos, nesse caso, eles precisam garantir
O setor de compras também deve cui- um estoque seguro de óleo para fritura,
dar para que não faltem itens no estoque. normalmente adquiridos em galões de 20
A inexistência de um produto pode acarre- litros por seu custo ser mais baixo que as
tar a perda de uma venda e até mesmo de embalagens comerciais.
clientes. Quando insumos não são entregues
Nutrição e Dietética 161
© Iralu / / Shutterstock.(Adaptado).
apto a cumpri-los. De maneira geral, um
fornecedor deve proporcionar boas condi-
ções de trabalho a seus colaboradores, ter
condições logísticas de atender o cliente e
não possuir problemas fiscais.
A partir daí são estabelecidos requi-
sitos específicos para cada grupo de pro-
dutos a serem adquiridos pelo estabeleci-
mento, como preço, condições de paga- Após o término do processo de qua-
mento, marcas e detalhes de entrega. lificação, dependendo de como tiver sido
sua atuação no período, o fornecedor
De acordo com Min (1994, p. 27), os
poderá ser ou não homologado para conti-
principais critérios regulamentares para
nuar fornecendo para o estabelecimento.
qualificação de fornecedores de insumos
devem garantir que estes:
qualificado a entregar seus produtos, cum- por apresentar um mix de produtos compatí-
prindo com as exigências e necessidades vel com a necessidade do estabelecimento; a
de seu cliente. qualificação, quando o cliente sugere alguns
Sistemas de qualificação como a cer- ajustes necessários à homologação; e, por
tificação International Organization for fim, a homologação, quando o fornecedor
Standardization (ISO), ou Organização recebe a chancela de apto a fornecer seus
Internacional para Padronização, no Bra- produtos ao estabelecimento.
sil representado pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), possuem 8.3.1 Critérios para homologação
critérios próprios e rígidos para homologa- Antes de um fornecedor receber
ção e são de grande representação na vali- homologação, o profissional de compras
dação de fornecedores. deve analisar os fornecedores, disponíveis
Entre as ISO mais comuns no setor de em sua região, para os produtos que deseja
alimentos estão as ISO 22000, que trata de adquirir. Depois, é necessário realizar o
Gestão de Segurança de Alimentos, e a ISO cadastro desses fornecedores, no qual
9001, que garante a Gestão da Qualidade. devem constar as informações do fornece-
Os sistemas de avaliação participativa dor, como razão social, Cadastro Nacional
realizados por grupos de produtores, técni- de Pessoa Jurídica (CNPJ), endereço, tele-
cos e consumidores organizados, além das fones para contato, lista de produtos por
instituições credenciadas no Ministério da ele fornecidos, custo dos produtos e de
Agricultura, Pecuária e abastecimento, res- entrega, além das condições de pagamento
ponsáveis por conferir o selo de garantia e possíveis descontos concedidos.
de produtos orgânicos, de origem e proce- Diante da alta competitividade do
dência; também conferem grande credibili- mercado, podem ocorrer casos em que
dade ao mercado consumidor. diferentes fornecedores apresentam igual-
De maneira geral, para que um fornece- dade de condições para fornecimento de
dor seja homologado, ele deverá passar por mercadorias. Nessa situação, o preço mais
três fases: a validação, quando o cliente iden- baixo deverá ser critério determinante para
tifica a empresa como provável fornecedor, a escolha do fornecedor.
Nutrição e Dietética 167
8.3.2 Manutenção/acompanhamento
Para garantir sua manutenção no
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eventuais não conformidades que pos- • ser realizadas a partir das 14 horas até o
sam surgir durante os períodos de forneci- horário limite de 15h30min;
mento, como possíveis atrasos nas entre- • ser transportadas em carro frigorífico ou
gas, trocas de marcas dos produtos solici- isotérmico com interior branco e limpo;
tados ou até mesmo entrega de produtos
• que os entregadores apresentassem uni-
fora dos prazos de validade.
formes brancos e limpos;
Também é importante que o fornecedor seja avisado oficialmente toda vez que ocorrer
uma inconformidade. Isso oportuniza a ele a possibilidade de providenciar as devidas corre-
ções e evitar que o problema se repita.
Deve-se manter uma relação de diálogo constante entre cliente-fornecedor, porque só
assim será possível estabelecer um vínculo comercial saudável para ambas as partes.
Um fornecedor insatisfeito ou desrespeitado pode se tornar o maior inimigo de um
restaurante, com atrasos e faltas, ausência de produtos dentro das conformidades prees-
tabelecidas, entregas em quantidades menores ao combinado e diversos outros problemas
facilmente evitáveis.
Ambas as partes possuem obrigações, portanto, para cobrar qualidade e comprometi-
mento de um fornecedor, é necessário, entre outros motivos, realizar os pagamentos dentro
dos prazos combinados e tratá-lo com a cortesia que os parceiros merecem.
170 Nutrição e Dietética
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