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Essa é mais uma palestra do nosso ciclo de palestras aqui na cidade de São Paulo.

Hoje vamos falar desde que é a mais sublime característica humana. O amor.

Hoje vamos tratar a do amor. Mais especificamente sobre a história do amor.

Como os filósofos, no decorrer da história, pensaram que refletiram sobre o amor?

Quais são as diferentes formas de amar?

E o que podemos tirar destas reflexões, para nossa própria vida?

Essas são perguntas fundamentais para chegarmos a um autoconhecimento.

E eu te convido. Para que na próxima hora possamos, juntos, compreender o


desenvolvimento as diferentes formas de amar,
Em seus diferentes contextos em diferentes tempo.

Bom

Começamos então nossa reflexão com Sócrates. Pois sua reflexão sobre o amor é
fundamental para entendermos a evolução desse pensamento no ocidente.

Um Fato curioso é que Sócrates não se declarava mestre de ninguém e até negava que
ensinava algo a quem quer que fosse, razão mesma pela qual não cobrava remuneração
pelo que dizia.

Talvez seja por isso que tenha sido possível aos antigos gregos vincular o Amor à Verdade
e ao Bem, não a partir da experiência física do prazer, mas da experiência espiritual do
saber filosofia.

Conhecemos Sócrates pelos textos de Platão

Assim, Em sua suposta “lição” sobre o amor, no diálogo Banquete, escrito por Platão, é
exposta como comunicação e compartilhamento do ensino de outra pessoa: a sacerdotisa
Diotima. Do mesmo modo, no diálogo Fedro, seu discurso é atribuído a uma voz, a de seu
daimon, uma espécie de gênio inspirador um tanto análogo às musas divinas para os
poetas. Independente disso, bem como da controvérsia acerca das intervenções de Platão
nas palavras de seu mestre, porém, encontro nessa primazia atribuída a Sócrates alguma
injustiça contra outro filósofo: Empédocles. Neste capítulo inicial, portanto, dedicar-me-ei
especialmente a algo do que foi dito sobre o amor antes que ingressasse oficialmente na
história da Filosofia.
Considerando as especificidades da Filosofia que precedeu Sócrates e os sofistas na
Grécia clássica, a que se convencionou chamar nos séculos recentes,
arbitrariamente“pré-socrática”, como que indicando seu caráter incipiente, dedico também a
Empédocles uma parte neste capítulo inicial e de certo modo introdutório. Outra parte, por
sua vez, deve necessariamente ser dedicada à mitologia greco-latina que jaz em seu fundo
e serve como preâmbulo ao que se seguirá. Afinal, já aqui encontraremos uma série de
elementos duráveis e elucidativos de nossas interpretações sobre o amor, talvez mesmo
seus principais arquétipos e modelos de fantasia. Não que se trate aí de meras fantasias,
mas de “intuições” profundas dotadas de imensa influência no futuro. Portanto, nesta
“introdução”, não apenas se encontra um panorama geral do livro ou uma exposição de
pressupostos e hipóteses, como de costume, mas a própria entrada na questão, lançando
seus alicerces e tentando criar a ambiência propícia para que se inicie a discussão das
ideias mais estritamente filosóficas sobre o amor. No campo vasto da Mitologia e de suas
também vastas ressonâncias mais imediatas, se estabelece o preâmbulo adequado e até
necessário. De todo modo, o próprio tema do amor já se introduz no pensamento ocidental
segundo uma determinação bastante clara, digna de algo além de mera introdução, digna
de um autêntico capítulo: trata-se da relação entre Amor e Natureza, que, embora venha
dar lugar a novas ênfases lança raízes tão profundas na cultura ocidental que jamais seria
completamente superada – ao menos, não até nossos dias. Sendo assim, diferente do que
pensava (ou, talvez, ainda pense), nessa “História Filosófica do Amor”, ou história do amor
na Filosofia, ou ainda do amor na História da Filosofia, como queiram, há uma “pré-história”
que lhe pertence como um capítulo à parte e, provavelmente, o mais autônomo, justamente
por seu caráter originário, inaugural. Isso vale, ao menos, se não pretendermos nos
restringir ao “amor filosófico”, que neste livro terá seu lugar sem, no entanto, ocupar o
centro de nossas atenções. Aos poucos se verá que a História Filosófica do Amor diz
respeito ao fato de o amor tornar-se tema da Filosofia ao longo de sua história, bem como o
que há de positivo e de negativo nesse acontecimento, sendo relevante o fato adicional de
que essa história marca profundamente a história do amor no Ocidente. Pode-se até dizer
que o amor não tem ele mesmo história, senão como objeto do pensar e do sentir, como
elemento da cultura. O
amor não tem história antes da Filosofia… A filosofia insere o amor na História quando
Fedro diz, segundo o Banquete de Platão , que “ao Amor [Eros] nenhum homem até o dia
de hoje teve a coragem de celebrá-lo condignamente”.
Note-se que não significa que o Amor (ou Eros) não tenha recebido menção – o próprio
Fedro cita menções prévias, porém, segundo ele, não condignas à grandeza do deus –,
mas homenagem, tampouco conceito. Desse modo, é interessante para nós refletir sobre
esse processo pelo qual o amor se vê transformado em objeto teórico, sem, no entanto, nos
confinarmos ao que os filósofos disseram sobre o amor já convertido em objeto intelectual.
Em outras palavras, a História Filosófica do Amor não é mero estudo das várias abordagens
de um tema, uma obra “erudita” ou um “manual”. Trata-se, em vez disso, de constatar o
modo como o amor foi constantemente interpretado em total divergência com relação àquilo
que ele é como tal, ou seja, como se apresenta concretamente na vida humana.
Contrapõe-se o que foi dito àquilo que não o foi, mas deveria. Com sorte, podemos
esclarecer por que e em que medida não se disse do amor e sua essência o que caberia.
Na tentativa de arrumar as mais antigas cartas esparsas desse imenso baralho, como que
distinguindo seus diferentes naipes, cedamos provisoriamente à necessidade de
compreender
mais sistematicamente em meio a que se encontram as ideias de Empédocles em pleno
período de estrita racionalização da
tradição popular, evitando lhe atribuir anacronicamente mais do que é devido. É natural,
nesse caso, uma certa aspereza inicial em razão mesmo da indecisão desses primeiros
passos do amor e seus correlatos para dentro da Filosofia, quando as várias aparições do
tema quase nunca têm um claro parentesco, razão mesma pela qual não trataremos apenas
do naipe de copas. Aliás, questões aparentemente alheias ao tema do amor nos
acompanharão em todo o percurso, mas sobretudo nesta primeira parte, uma vez que
doutrinas filosóficas não são facilmente partidas em pedaços sem que haja indesejável
perda da visão de conjunto. Pelo contrário, muitas vezes, em Filosofia, a devida atenção ao
que é “aparentemente alheio” tem efeito muitíssimo esclarecedor

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