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E ditorial

Ricardo Fortes
da Costa
direccao@rhmagazine.publ.pt

a não perder
nesta edição
Venham de lá mais 15!

A
RH Magazine celebra 15 anos. É caso para celebrar e dizer
bem alto: «Venham de lá mais 15!». E porquê? Porque a jor-
nada tem sido emocionante e meritória. Ao longo destes 15
anos, a nossa revista tem-se assumido como uma referência
incontornável do mundo dos recursos humanos. Posso dizer
isto com total independência, pois muitos anos antes de vir
a imaginar sequer estar à frente da RH Magazine já eu era
leitor assíduo e fã incondicional da mesma.
A verdade é que eu cresci enquanto profissional com o hábito de ler
esta revista sem perder um número, usando-a como forma de me manter
atualizado sobre a prática profissional e a comunidade de profissionais. Foi
desde sempre fonte rica e fidedigna de informação e de aprendizagem. É,
aliás, essa combinação entre informação e aprendizagem que faz da RH
Magazine uma revista diferente.
Por isso, num ano como o de 2014, em que queremos inovar, não
prescindimos de manter a tradição naquilo que nos distingue e que achamos
fazer bem. Por isso mesmo, temos nesta edição um artigo fabuloso da dupla
Arménio Rego e Miguel Pina e Cunha, que, na tradição de publicarmos o
que de melhor o país tem para nos oferecer, nos traz inovação e aprendizagem
de qualidade, apresentando-nos a liderança humbiciosa (conceito que cruza
a humildade e a ambição, ilustrado no exemplo intemporal de Nelson
Mandela).
Ainda sobre liderança, e mantendo a tradição de divulgar as mais recentes
tendências na área da gestão das pessoas, ficamos a saber nesta edição quais
as caraterísticas necessárias aos líderes de hoje e de amanhã, através de um
estudo world class da SHL que Jorge Horta Alves nos apresenta. Dentro das
novas tendências, revelou-se incontornável a temática do fim do emprego
estável num ambiente económico em «movimento perpétuo», que tão
brilhantemente é apresentada por Joaquim Adegas.
Mas porque o progresso também se faz de mudança, temos novidades
editoriais. Desde logo, uma nova rubrica, chamada «Um outro olhar», em
que convidamos personalidades de referência para partilharem connosco o
seu olhar sobre o mundo e a atualidade. A estrear esta rubrica temos Tiago
Forjaz, que nos traz o seu olhar sobre os heróis que foram capazes de se
reinventar nestes tempos difíceis.
Mas porque também a RH Magazine está a mudar o seu olhar sobre o
mundo, trazemos um entrevistado diferente nesta edição: Manuel Forjaz,
empresário e gestor que nos vem falar de empreendedorismo mas também,
e acima de tudo, de resiliência. A sua história de vida de combate contra o
cancro inspira-nos todos os dias, especialmente por ser um exemplo desse
tal misto de humildade e ambição. Nunca me esquecerei da sua frase lapidar:
«gurus são todos aqueles que nos ensinam algo todos os dias»…
E muitas mais novidades vos aguardam! Esperamos que se entusiasmem
tanto com elas como nos entusiasmou a nós preparar mais esta edição da RH
Magazine. A primeira do seu 15.º aniversário.
Até à próxima edição e votos de uma leitura entusiasmante!

Janeiro/Fevereiro 2014 3
Jan/fev
n.º
90

6 42
Em foco Reflexões
B-TRAINING CONSULTING
44
10 Entrevista
Conselho editorial MANUEL FORJAZ

16 45
15 Anos | RH Magazine Um outro olhar

20 56
Mitos e factos Breves

22 60
Artigos Ideias inovadoras
i arménio rego e pedro neves Science4you
Liderança «humbiciosa»1
iI joaquim adegas 62
A nova realidade do trabalho Boas práticas
− o fim do emprego único
iII paulo finuras 63
Recursos humanos, qi nacional Nas teias da lei
e as causas da desigualdade da
riqueza entre as nações: será 64
possível? Prisma síntese
iv lurdes pedro i Jorge horta alves
Gestão de recursos humanos, Líderes para hoje e para amanhã
desenvolvimento profissional iI susana marques
e coaching – uma perspetiva Entrevistas de saída. porque não?
integrada iII HELENA MARTINS
Eu trabalho muito, mas aqui não
me sabem dar valor

Ficha técnica

António Caetano Miguel Pereira Lopes


António Damasceno Correia Nuno de Sousa Pereira
Arménio Rego Pedro Malheiro
Augusto Lobato Neves Rita Campos e Cunha
Carlos Cabral-Cardoso Rui Alves
Diretor Catarina Horta Rui Fiolhais
Ricardo Fortes da Costa Francisco Cesário
direccao@rhmagazine.publ.pt Isabel Moço Coordenadora Editorial
Isabel Viegas Ana Duarte Monteiro
Diretora Executiva João Guedes Vaz ana.monteiro@rhmagazine.publ.pt
Vanessa Henriques Jorge Gomes
vanessa.henriques@rhmagazine.publ.pt Jorge Marques Marketing & Publicidade
Jorge Vala Vanessa Henriques
Conselho Editorial José Augusto Santos vanessa.henriques@rhmagazine.publ.pt
Ana Gomes José Bancaleiro
Ana Loya Maria Manuel Seabra da Costa Relações Públicas
Ana Rijo da Silva Mário Ceitil Frederico Cruzeiro Costa

4 Janeiro/Fevereiro 2014
69
Agenda

71
Rx humano
Nuno Nogueira

72
Academia RH
p. 30
Um bom currículo ou
um belo currículo?

73
Recursos MESMO
Humanos

76
RH internacional

78
p. 58
Estante RH

79
Sétima aRHte

80
Horas extra

p. 66

Projeto Gráfico Tiragem Propriedade e redação


Felisberto Tavares 8000 exemplares Editora RH, Lda.
José João Marques Rua do Mercado, n.º 7
Distribuição 1800-271 Lisboa
Fotografia VASP – Sociedade de Transportes e Telefone: 218 551 203
NC Produções Distribuição Fax: 218 551 204
fotografia@rhmagazine.publ.pt MLP: Media Logistics Park geral@editorarh.pt
Quinta do Grajal - Venda Seca NIF: 503 605 271
Impressão e acabamento 2739-511 Agualva-Cacém Registo no ICS n.º 122 776
DPS - Digital Printing Services, Lda Telefone: 214 337 000 Depósito Legal 222 775
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Quinta do Grajal - Venda Seca
2739-511 Agualva-Cacém Assinaturas
dps@vasp.pt – www.dps.pt assinaturas@rhmagazine.publ.pt
Telefone: 218 551 203
Periodicidade
Bimestral

Janeiro/Fevereiro 2014 5
EM

FOCO

B-TRAINING
CONSULTING
Missão: trabalhar com e para
as pessoas.
REPORTAGEM POR: vanessa henriques RH MAGAZINE | FOTOGRAFIA DE: NC PRODUÇÕES

A
B-Training Consulting potencial, criando valor e sustentabilida-
resulta da concretização de para os clientes e seus colaboradores.
de um projeto de vida das Através da excelência e talento do seu
suas fundadoras. corpo de colaboradores, a B-Training
Com toda a sua ativi- Consulting procura encontrar soluções
dade formativa devida- inovadoras que permitam apoiar os seus
mente reconhecida pela clientes a antecipar tendências e neces-
DGERT desde o ano de 2008 e com os sidades de mudança, de modo a melho-
seus cursos de índole pedagógica apro- rar continuamente o desempenho ao ní-
vados pelo IEFP, a B-Training Consult- vel dos processos e qualidade dos serviços.
ing tem dirigido os seus serviços à globa- A B-Training Consulting pauta-se por
lidade do tecido empresarial português, uma relação de compromisso, estreita co-
apoiando o desenvolvimento e inovação laboração e confidencialidade para com os
de pequenas, médias e grandes empresas seus clientes. Adota, por isso, uma condu-
(e outras entidades), todas elas atuando ta de relacionamento profissional respei-
em diversas áreas da atividade económica. tadora dos princípios da igualdade, lealda-
Desde o ano passado, estendeu a prestação de, ética e integridade.
CONTACTOS dos seus serviços a entidades europeias e Todos os princípios de atuação dos co-
Rua Castilho, n.º 90, 1.º D países pertencentes aos PALOP. laboradores da B-Training Consulting
1250-071 Lisboa
Com escritório e salas de formação no assentam num reconhecido know-how
Telefone: (+351) 211 919 570
centro de Lisboa (Rua Castilho), a mis- técnico e humano e num serviço perso-
Telemóvel: (+351) 918 455 051
são da B-Training Consulting é trabalhar nalizado e de acompanhamento constan-
geral@b-training.pt
www.b-training.pt
com e para as pessoas, procurando maxi- te do cliente.
mizar as suas competências e todo o seu Procurando apoiar de forma sustentada

6 Janeiro/Fevereiro 2014
TESTEMUNHOS
«Um curso com desenvolvimento sur-
preendente, sustentado e promovendo
o aumento das competências dos for-
mandos. A equipa da B-Training junta
simpatia com profissionalismo de alto
nível, permitindo o crescimento pessoal
dos seus formandos. Obrigado!»
Jean-Pierre de Oliveira

«Este curso foi, para mim, uma expe-


riência desafiante, no que toca à gestão
do tempo e à comunicação a distância.
os seus clientes, a B-Training Consult- B-Training Consulting foi assumindo É uma forma diferente de aprender, bas-
ing apresenta as suas principais áreas de enquanto entidade formadora na mo- tante enriquecedora, o que permitiu ad-
negócio: dalidade de e/b-learning, concilia atual- quirir conhecimento abdicando da pre-
• Formação intraempresas | forma- mente um know-how incidente na com- sença em sala.
ção interempresas ponente técnica de uma plataforma, Trabalhar através de uma plataforma e
Planos de formação orientados por uma aliado aos requisitos pedagógicos de pontualmente com os formadores da B-
lógica que contraria a tendência do conceção de um projeto formativo. Training e os pares foi mais um passo no
mercado para a formação de catálogo. Respeitando todas as premissas ine- crescimento como formadora.»
Neste âmbito de trabalho, procura-se rentes aos vetores de exigência por par- Ana Conde
articular as necessidades e motivações te da DGERT, implementa e customi-
dos colaboradores com as orientações za a plataforma à imagem dos clientes, «Esta formação foi muito adequada,
estratégicas das entidades, criando uma bem como adapta cursos F2F (face to personalizada a cada um de nós. Senti
sinergia organizacional. Efetivamen- face) para e/b-learning, cada um destes que não foi um “despejar” de conteúdo,
te, cada projeto formativo é singular e sustentado num storyboard desenhado mas algo muito pensado e adequado a
único, desenhado totalmente em função previamente. cada um de nós. A mim pessoalmente
dos objetivos delineados, bem como do A B-Training Consulting poderá im- fez-me pensar muito em tudo o que foi
perfil e contexto do cliente. A este nível, plementar um projeto global, desenha- dito, devo dizer que me despertou para
são trabalhadas mais incidentemente as do à medida de cada cliente, ou oferecer algo... Obrigada!»
áreas pedagógica e comportamental; os seguintes serviços: Dina Marafonas
• Planos personalizados visando o - instalação, configuração e custo- Bel Portugal
apoio à realização de processos de cer- mização da plataforma à imagem do
tificação junto da DGERT cliente;
Procurando a adequação entre as práti- - conversão de cursos presenciais
cas das entidades clientes e os requisi- (F2F: face to face) para a modalidade
tos de qualidade exigidos pela DGERT, e/b-learning;
são dinamizados processos de aprendi- - reestruturação de uma plataforma
zagem organizacional consubstanciados já existente com base numa estraté-
num processo de candidatura à certifi- gia definida tendo em conta o instruc-
cação por parte da DGERT. tional design e a eficácia pedagógica
Neste âmbito, a B-Training Consult- dos elementos presentes.
ing já colaborou com inúmeras entida- Em complemento à implementação
des, de áreas de negócio muito diversas, do projeto, o cliente poderá optar por
desde PME a multinacionais, em todo o vários cursos que, no seu conjunto, ha-
Portugal Continental e Ilhas; bilitarão os recursos humanos afetos à
Curso «Um atendimento telefónico Bel» dinami-
• Consultoria de e/b-learning área da formação para a gestão e dina- zado na Fromageries Bel Portugal SA
Na sequência da especialização que a mização de formação a distância.

Janeiro/Fevereiro 2014 7
EM

FOCO

Ao nível da gestão estratégica dos nossos


recursos humanos, temos procurado apos-
tar na coesão, aprendizagem organizacio-
nal, autonomia e competência dos nossos
colaboradores como forma de envolvimen-
to e alinhamento destes com a estratégia
da empresa, elevando assim os seus índices
de desempenho e motivação. Vamos con-
ENTREVISTA cretizando, desta forma, os objetivos pro-
postos e tornando a empresa mais sólida e
MAFALDA COSTA ISAAC competitiva.
Partner da B-Training Consulting
Temos a noção clara de que os nossos co-
laboradores são um pilar fundamental para
A B-Training Consulting é uma marca específico no qual estamos inseridos; efe- o nosso sucesso e ascensão e que só traba-
criada por duas jovens empreendedoras tuamos uma análise interna bem estrutu- lhando com as pessoas certas será possível
que tem vindo a ganhar notoriedade rada, que nos permite ter, a cada momento, atingirmos padrões de elevada performance
num contexto de crise. Qual o segredo noção das nossas capacidades e limitações e reconhecimento por parte do mercado.
do vosso sucesso? enquanto empresa e do caminho a percor- A competência, o talento e a capacida-
Internamente, dizemos em jeito de brin- rer para atingirmos os nossos objetivos no de de inovação da nossa equipa têm sido,
cadeira que a B-Training Consulting é médio e longo prazo. desde o início, a base do nosso sucesso, que
uma filha da crise, uma vez que começou a Este modelo é complementado por um tem permitido ao longo dos anos a cons-
ganhar notoriedade em 2008, ano em que processo de monitorização e gestão da trução da nossa imagem de profissionalis-
se instalou a crise financeira. Desde então, performance, facilitador de uma noção cla- mo, competência e confiança que o merca-
temos registado um crescimento susten- ra da nossa atividade face ao planeado, e do tanto valoriza na conjuntura atual.
tado do nosso volume de negócios, o que, que funciona como suporte à avaliação do
de certa forma, contraria o cenário de cri- desempenho dos nossos colaboradores e Quais os fatores de diferenciação da
se que o país tem atravessado. da empresa no seu todo. B-Training Consulting no mercado?
Temos procurado implementar na B- Com uma visão clara daquilo que a em- Acreditamos que o sólido conhecimento
Training Consulting os modelos de ges- presa pretende fazer para o seu futuro e e a experiência nas áreas de negócio onde
tão estratégica empresarial e de recursos com as linhas de orientação estratégicas e atuamos têm sido fatores de diferenciação
humanos e acreditamos ser um exem- objetivos bem definidos, tem sido possível fundamentais para a nossa afirmação no
plo da aplicação prática destes modelos alinharmos os nossos colaboradores à nos- mercado.
académicos. sa cultura e estratégia, conseguindo, des- Desde o início que procuramos trabalhar
Ao nível da gestão estratégica empre- te modo, ter um crescimento e criação de em mercados nos quais somos especialistas,
sarial, procuramos ter um conhecimento valor sustentáveis sempre numa perspetiva por forma a acrescentarmos um valor efeti-
aprofundado do meio envolvente geral e de médio/longo prazo. vo aos nossos clientes e ao próprio mercado
face àquilo que já existe em cada momento.
Procuramos fazer sempre a diferença pela
positiva de modo a sermos reconhecidos
MAFALDA COSTA ISAAC como um dos principais players nas áreas
de negócio em que atuamos.
Pós-graduada e licenciada em ciências da educação, área de especialização em forma- Na nossa génese temos uma grande ca-
ção de adultos, pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. pacidade de inovar e um forte espírito de
Exerceu atividade profissional, desde 2002, como gestora de formação e consultora/ empreendedorismo; estamos consisten-
formadora em várias empresas da área. temente atentos às necessidades globais e
Formadora certificada desde 2002, tendo como principal foco de intervenção todas as procuramos estimular o mercado através
temáticas relacionadas com o comportamento humano. Tem igualmente larga experiên- de novas abordagens e metodologias de
cia em temáticas do foro pedagógico de animação em sala e de operacionalização da trabalho.
formação, como sendo gestão da formação, avaliação do impacto da formação, entre Diferenciamo-nos igualmente pela con-
outros. fiança, empatia e sinergia que temos con-
Desde dezembro de 2007, é partner da B-Training Consulting. seguido criar com os nossos clientes; é algo

8 Janeiro/Fevereiro 2014
que tem acontecido de forma natural e serviço específico de «formação à medi- trabalham na área dos RH − para além de
imediata. A nossa capacidade de nos colo- da». Neste contexto, concebemos projetos entidades que operam noutras áreas, como
carmos do lado do cliente e de partilhar- com base na cultura e objetivos da empresa a área farmacêutica ou TIC −, o que nos
mos e sentirmos os desafios e necessidades aplicável apenas a essa realidade. deixa confiantes para o sucesso e consoli-
destes tem-nos permitido uma aceitação Na área da consultoria, trabalhamos dação deste serviço durante o ano de 2014
muito grande por parte das empresas que para a generalidade das empresas e te- e seguintes.
nos contactam. Existimos para satisfazer mos a particularidade de trabalhar tam- Queremos, ainda este ano, consolidar a
as necessidades dos nossos clientes, para bém para empresas de formação e consul- nossa posição de referência e excelência
tal, temos de sentir os seus desafios como toria de RH. Auxiliamos estas entidades nas áreas da formação pedagógica e com-
se fossem nossos! em termos da obtenção da certificação por portamental, bem como na consultoria de
parte da DGERT e/ou na implementação processos de certificação DGERT. A tí-
Quais os clientes-alvo da B-Training e desenvolvimento de projetos de consul- tulo de exemplo podemos referir o nos-
Consulting? toria de e/b-learning. so novo master em gestão da formação, no
Felizmente o nosso público-alvo é mui- qual, ao longo de 150 horas, os formandos
to vasto. Para além dos clientes particula- Quais as novidades que a B-Training desenvolvem um conjunto de importantes
res, trabalhamos com pequenas, médias e Consulting vai apresentar para 2014? competências enquanto gestores/coorde-
grandes empresas nacionais e estrangeiras A grande novidade e aposta para o ano de nadores de formação, ficando reconheci-
e temos a particularidade de, frequente- 2014 será o nosso serviço de consultoria dos profissionalmente nesta função.
mente, prestarmos serviços para empresas e-learning. Pretendemos reforçar a nossa aposta no
nossas «concorrentes» que, na realida- Após a implementação da nossa plata- serviço de formação à medida, que tem
de, são nossas parceiras. É algo que sem- forma de formação a distância – Virtual sido um serviço muito procurado por em-
pre nos estimulou imenso, uma vez que Learning Center – iniciámos a dinamiza- presas que pretendem dinamizar formação
temos um interesse muito próprio e fo- ção de muitos dos nossos cursos em e/b- na área comportamental. Temos verificado
cado na melhoria qualitativa do mercado learning sempre com muito sucesso junto que as empresas estão a deixar de inves-
da formação e de consultoria de RH em dos nossos participantes. tir na formação comportamental por ca-
Portugal. A cada passo que demos fomos inovan- tálogo, substituindo este investimento pela
Ao nível da formação profissional, so- do, fomos trabalhando com novas ferra- formação à medida das suas necessidades
mos procurados por pessoas que a títu- mentas de autor que nos permitiram ser específicas e objetivos concretos. Este ser-
lo particular pretendem melhorar as suas cada vez mais dinâmicos, mantendo sem- viço, que tem invariavelmente um trabalho
competências e aumentar a sua emprega- pre algumas das premissas basilares que de consultoria que funciona como susten-
bilidade; por outro lado, somos também fazem com que o fator «qualidade» per- tação do projeto, tem sido implementado
contactados pela generalidade das em- maneça imutável. pela B-Training Consulting com um ele-
presas que pretendem investir em forma- Trata-se do desenho e implementa- vado grau de satisfação por parte dos seus
ção pedagógica e comportamental para ção de projetos únicos, nos quais estamos clientes, o que nos faz acreditar que será
os seus colaboradores e que procuram um a ter muitas solicitações de empresas que uma aposta forte para o ano de 2014.

ALDA DOS SANTOS NEVES


Mestre e licenciada em ciências da educação, área de especialização em formação de
adultos, pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
Exerceu atividade profissional, desde 2002, como consultora de formação, em regime
de freelancer, assumindo responsabilidades associadas ao diagnóstico de necessidades
de formação, planificação, coordenação técnico-pedagógica e avaliação de ações de
formação, em diversas entidades clientes públicas e privadas.
É formadora certificada desde 2003, tendo como principal foco de intervenção a área
pedagógica, nos seus diferentes eixos de intervenção, a gestão da formação e a área
comportamental.
Desde dezembro de 2007, é partner da B-Training Consulting.

Janeiro/Fevereiro 2014 9
C onselho EDITORIAL

conselho
editorial

10 Janeiro/Fevereiro 2014
RH magazine
2014

Janeiro/Fevereiro 2014 11
C onselho EDITORIAL

Ana Gomes
Diretora de recursos humanos
e serviços da Nestlé Portugal

Ana Loya
Managing partner da Ray
Human Capital, desde 1993.
Desde 2003, acumula
também a direção-geral da
Odgers Berndtson.

Ana Rijo da Silva


Diretora de recursos humanos
da Fundação Calouste
Gulbenkian. Coordena os
cursos de pós-graduação
em GRH da Faculdade de
Ciências Económicas e
Empresariais da Católica
Lisbon desde 1995.

António Caetano
Professor catedrático no
ISCTE-IUL

António Damasceno
Correia
Professor da Universidade
Lusófona e do ISG

Arménio Rego
Professor associado na
Universidade de Aveiro.
Formador, consultor e coach
nas áreas da liderança e
gestão de pessoas.

12 Janeiro/Fevereiro 2014
Augusto Lobato Neves
Diretor-geral da Editora RH

Carlos Cabral-Cardoso
Professor catedrático
da Faculdade de Economia
do Porto

Catarina Horta
Diretora de recursos humanos
da Randstad desde maio de
2010 e, em acumulação, diretora
comercial da Psicoforma

Francisco Cesário
Professor auxiliar no ISPA
(Instituto Universitário) e
professor convidado na
Universidade Europeia | Laureate
International Universities

Isabel Moço
Docente de recursos humanos,
formação e ética da
Universidade Europeia | Laureate
International Universities,
desde 1999

Isabel Viegas
É, desde 2003, diretora-
-coordenadora de recursos
humanos do Banco Santander
Totta. É membro do Conselho
Estratégico da Universidade
Católica, onde leciona nalguns
programas.

Janeiro/Fevereiro 2014 13
C onselho EDITORIAL

João Guedes Vaz


Associate partner responsável pela
divisão de consultoria em human
capital da Deloitte, em Portugal e
Angola. Formado em engenharia de
sistemas pela Universidade do Minho.

Jorge Gomes
Diretor associado do MBA/ISEG.
Professor no ISEG/Universidade de
Lisboa. Investigador no CIS/ISCTE.
Consultor em GRH.

Jorge Marques
Consultor

José Augusto Santos


Chefe da divisão de gestão de
recursos humanos dos SIMAS de
Oeiras e Amadora, desde 2006

José Bancaleiro
Foi diretor de RH de empresas
nacionais e multinacionais de
vários setores, sendo atualmente
managing partner da Stanton Chase
International – Portugal.

Maria Manuel Seabra da Costa


Director de human capital consulting
services da PwC

Mário Ceitil
Diretor associado da Cegoc

14 Janeiro/Fevereiro 2014
Miguel Pereira Lopes
Professor de gestão de recursos humanos
e comportamento organizacional
no ISCSP/Universidade de Lisboa e
coordenador do Grupo de RH do Centro
de Administração e Políticas Públicas do
ISCSP/Universidade de Lisboa

Nuno de Sousa Pereira


Presidente da direção da Porto Business
School desde 2009. Membro do Conselho
Fiscal da Zon Optimus. Administrador não
executivo da Fundação Bial.

Pedro Malheiro
Consultor com 23 anos de experiência
de projetos de desenvolvimento e de
gestão de recursos humanos. É consultor
internacional da BP (Global Faculty) e
sócio da Lead Consulting.

Rita Campos e Cunha


Professora associada de GRH na
Faculdade de Economia/UNL. Diretora do
mestrado em gestão da Nova e editora da
revista académica Management Research.

Rui Alves
Diretor de recursos humanos da Johnson
& Johnson Medical Devices Supply Chain
para a Europa e Ásia-Pacífico (Índia/
China). Trabalhou nos EUA e Europa,
Médio Oriente e África.

Rui Fiolhais
Manager da CH Consulting, membro da
Comissão Executiva do Grupo CH e diretor
do escritório da CH em Lisboa

Janeiro/Fevereiro 2014 15
15 anos! 90 edições!
A nossa equipa continua
empenhada em fazer
mais e melhor por si e por
todos os que colaboram e
apoiam o nosso projeto.
Porque este ano celebramos
15 anos de atividade editorial,
decidimos reunir a opinião
de 15 personalidades
que consideramos peças
fundamentais para o
nosso sucesso.
Junte-se a nós e faça uma
retrospetiva do contributo
que temos dado para o
estado da arte da gestão
das pessoas em Portugal.

16 Janeiro/Fevereiro 2014
Janeiro/Fevereiro 2014 17
15 ANOS | RH MAGAZINE

«A RH Magazine atingiu o «É com orgulho e uma ponta de vaidade «Quando se funde pensar,
nível de “parceiro indispensá- que posso afirmar que a RH Magazine é dizer e agir, tendemos a ser
vel” à comunidade científica e uma aposta ganha. mais completos. A RH Maga-
profissional na área da gestão Quando nos lançámos nesta aventura tive zine está ancorada num proje-
e desenvolvimento de recur- algumas dúvidas sobre a adesão da comu- to desta natureza: pensa e, por
sos humanos em Portugal. Ao nidade a uma iniciativa que aliasse rigor e isso, edita obras que são refe-
longo dos anos, na qualidade atualidade. Editar uma revista inovadora rência, através da Editora RH;
de responsáveis pela forma- que desse a conhecer o estado da arte da diz e, por isso, publica uma
ção superior em RH (ESEIG- gestão do capital humano e as boas práti- revista com clara afirmação;
-IPP), avaliamos a qualidade cas de organizações que estão na vanguar- age e, por isso, organiza even-
da RH Magazine como exem- da da gestão do conhecimento foi o desa- tos em torno da temática RH
plar. Desejamos que os anos fio. de reconhecida qualidade. Ela
que se seguem continuem com Passados 15 anos, é gratificante ter o reco- é, por isso, para todos nós, uma
o dinamismo que nos habitua- nhecimento de muitos decisores e líderes ajuda para pensarmos, dizer-
ram na promoção e divulgação de opinião que atestam a maturidade do mos e agirmos melhor; enfim,
do melhor que se faz em ter- projeto e constatar que a penetração da para sermos mais completos.
mos de gestão e desenvolvi- RH Magazine junto de um público alar- Obrigado!»
mento das pessoas.» gado assegura a sua sustentabilidade.»
Fernando Magalhães
Ana Cláudia Rodrigues, Augusto Lobato Neves Diretor de recursos humanos
Dora Martins, Salvador Diretor-geral da Editora RH do Grupo Vila Galé
Araújo e Viviana Meirinhos
Coordenadores de curso no
Instituto Politécnico do Porto
«Felicitações à RH Magazine pela sua
intervenção na GRH nestes 15 anos.
Como profissional e professor nesta área,
tenho de reconhecer que as suas edições
têm sido enriquecedoras para quem se «Sou leitora da RH Magazine
«A  RH Magazine e todos os interessa por esta temática. E porque na há vários anos e sempre con-
que nela colaboram têm con- base de toda a economia e do mercado siderei esta publicação muito
tribuído ao longo dos últimos estão as pessoas/recursos humanos, facil- interessante. De facto, desde o
15 anos para despertar os mais mente constatamos a validade e impor- início, atravessando alterações
céticos relativamente à impor- tância desta revista, sendo que alguns dos de formato e de estilo, sem-
tância da gestão das pessoas, seus artigos aparecem inclusive citados em pre procurou trazer o que de
para fomentar a discussão em trabalhos escolares/universitários. melhor se faz na gestão das
torno de temas da atualida- Não quero também deixar de relevar o pessoas, transversalmente aos
de, para lançar e promover a Fórum RH anual que a RH Magazine inúmeros domínios desta área
investigação de outros. tem realizado e que constitui um pon- da gestão, tanto a nível nacio-
Em década e meia surgi- to de encontro dos profissionais da área nal como internacional. O
ram novos temas na área ou e ao mesmo tempo de apresentação de state of the art e quem o teo-
outros ganharam lugar de des- projetos/experiências/estudos que se vão riza e/ou pratica estão presen-
taque graças à RH Magazine, desenvolvendo no mundo do trabalho. tes em diversas das rubricas,
seja o marketing interno seja Por isso quero manifestar o meu reconhe- tendo um papel complemen-
o impacto das redes sociais e o cimento ao seu mentor, Augusto Loba- tar e companheiro para quem
papel preponderante que assu- to Neves, com os votos de que daqui a se dedica a esta desafiante área
miram na gestão de pessoas.» 15 anos possa confirmar o que acabo de profissional.»
expor.»
Isabel Heitor Lígia Nascimento
Vice president of human resourc- José Manuel Monteiro Diretora de recursos humanos
es da Mercure| Accor Hotels Diretor-geral da Medilabor da Viatecla

18 Janeiro/Fevereiro 2014
«Sou dos que convictamente acham que a RH Maga- «Felicito a RH Magazine, e todos os que a torna-
zine, durante os seus 15 anos, esteve sempre na “linha ram possível, pelos seus 15 anos de um trabalho de
da frente”. De facto, cortou sempre todas as metas excelência ao serviço da gestão de pessoas. Cons-
com sucesso. A RH Magazine é um VIP. Explico: truí uma relação de cumplicidade e de aprendizagem
VALORIZA  sempre o  melhor que se faz, nomea- com a RH Magazine ao longo destes anos. Aprecio,
damente divulgando as boas práticas da arte e exce- em especial, a pluralidade e relevância das temáticas,
lência da gestão das pessoas. INTEGRA sempre os autores e atores, tendo inovado e alargado o cam-
melhores conteúdos sobre o  conhecimento que em po de intervenção da gestão das pessoas, como tes-
cada momento surge na gestão de capital humano. temunham os executivos das 13 edições do EMBA
PERSONALIZA sempre o melhor das lideranças, da EG&N, agora ABS/Autónoma Business School.
talentos, competências, incutindo-nos a mudança, a Convido todos os profissionais de RH a relerem o
inovação e o empreendedorismo. estatuto editorial na revista de novembro/dezembro
A título de reconhecimento, à RH Magazine, à sua de 2013.»
equipa e aos seus fundadores, parabéns.»
Maria Márcia Trigo
Manuel A. M. de Carvalho Professora universitária da ABS/Autónoma Busi-
Corporate director of human resources dos CS Hotels ness School

Janeiro/Fevereiro 2014 19
MITOS E FACTOS

«A revista RH Magazine foi a minha primeira referência em ter-


mos de media nacionais especializados em RH. Não perdia um
número! O layout da revista, a organização e a abordagem dos
Cristina Ribeiro e Silva conteúdos, a visibilidade dada aos contribuidores, o estilo e o
Diretora de recursos humanos na rigor constituíam na altura fatores preciosos e muito importan-
Freeport Leisure Portugal tes para o nosso trabalho. Apareceram entretanto novos projetos,
mas o lugar da RH Magazine é incontornável na comunidade
Amigos no trabalho: de profissionais de recursos humanos. Muitos parabéns pelo 15.º
existem ou é um mito, dada a aniversário e os desejos de muitos sucessos futuros.»
competitividade atualmente
existente nas empresas? Miguel Faro Viana
Este tema é muito subjetivo e suscita diversas Diretor da Academia REFER
opiniões. Há quem defenda que no trabalho
não se estabelecem relações de amizade; ou-
tros defendem que, ao serem estabelecidos
certos laços de amizade entre colegas, se for-
talece o espírito de equipa. A minha opinião «Foi já no longínquo ano de 2002 que entrei pela primeira vez na
sempre foi muito coerente. Julgo que pode- APG com o intuito de integrar o recém-criado Núcleo de Jovens
mos ter um bom relacionamento interpessoal Gestores de RH.
entre colegas, contudo, nunca permitindo que Desde 2011, detenho a responsabilidade da comunicação da
a subjetividade prevaleça sobre a objetividade. APG, tendo como principal missão criar espaços de diálogo
Por vezes é necessário tomar decisões menos entre os profissionais de RH.
simpáticas, independentemente de gostar- A RH Magazine foi, é e será um parceiro na disseminação das
mos ou não de determinado colega. Talvez boas práticas RH e no incentivo da partilha entre os profissio-
pela função que desempenho na área de RH, nais desta área.
sempre primei por manter uma certa distância, Uma equipa excecional, talhada para o sucesso.
mas de uma forma muito subtil, permitindo Parabéns, RH Magazine.»
sempre uma aproximação que poderá parecer
por vezes demasiado descontraída, mas que é Miguel Luís
fortemente medida. Acredito que a confiança Vogal responsável de comunicação da APG – Associação Por-
e o bom relacionamento entre os colegas de tuguesa de Gestão das Pessoas
trabalho proporcionam um bom ambiente de
trabalho e uma competição saudável. As rela-
ções de amizade, ao longo do tempo, vão-se
estabelecendo quer se queira quer não, é inato
ao ser humano aproximar-se dos outros. No
entanto, há que saber manter a objetividade «Para mim, a RH Magazine é das melhores revistas que leio da
e não perturbar a responsabilidade da função área e com a qual conto há mais de dez anos para a minha atua-
que cada um desempenha. Quando somos lização e inspiração sobre e para a gestão das pessoas, missão que
contratados por uma determinada empresa, me cabe como diretora de recursos humanos.
não temos obrigatoriamente que criar laços A diversidade, a qualidade e a riqueza de artigos disponibiliza-
de amizade com todos os colaboradores; es- dos, das opiniões e das experiências testemunhadas pelos profis-
tes criam-se de uma forma natural, por apro- sionais das diversas áreas ligadas à gestão de recursos humanos,
ximação de gostos, traços de personalidade e entre outros aspetos, têm permitido afirmar e enriquecer a ges-
desempenho das próprias funções. No entan- tão de pessoas em Portugal, assim como a profissão do gestor de
to, é importante ter noção de que estes laços recursos humanos. Assim sendo, recomendo a RH Magazine a
se criaram em contexto profissional, logo os todos os que estão ligados ou que têm interesse e verdadeiro gos-
nossos comportamentos devem estar ade- to pela gestão das pessoas.»
quados a este contexto. Sabendo definir bem
estas fronteiras, acredito que a amizade no Patrícia Garcia
trabalho poderá ser uma mais-valia para criar Diretora de recursos humanos e qualidade do Grupo Agriloja
um bom ambiente de trabalho.

20 Janeiro/Fevereiro 2014
«Parabéns pelos 15 anos da revista e agra-
deço o espaço “7.ª aRHte”, pois nos fil-
mes encontram-se exemplos de vida que
nos inspiram com os seus gestos, atitudes
e decisões… Como dizia Peter Drucker,
«a gestão são as pessoas». Nesta rubri-
ca, fomos sugerindo vários filmes. Desta-
co agora, em jeito de celebração, como a
«Se pretender resumir numa palavra estes “cereja em cima do bolo”: Wit − Espírito «Os 15 anos da revista marcam o virar do
15 anos da RH Magazine direi: COMU- de Coragem, de Mike Nichols, As Serviçais, milénio e a existência num período que
NIDADE! de Tate Taylor, Argo, de Ben Affleck. E, tem conhecido mudanças transformado-
Reuniu primeiro os que acreditam que é como nos bons filmes, estes festejos são to ras a nível global. Quando nasceu, ainda
nas pessoas que reside o potencial de ino- be continued…» não existiam as redes sociais (o Facebook
vação das empresas e outras instituições,   é bem mais novinho…) e a Internet não
a sua capacidade de gerarem impactos e Paulo Miguel Martins estava tão disseminada. As revistas digi-
terem lucro… Responsável pela seleção dos filmes e tais eram quase uma miragem…
Atraiu depois outros gestores e pergun- autor dos textos da rubrica «7.ª aRHte» A revista RH Magazine marcou sem-
tou-nos, a todos, se éramos também líde- pre a atualidade e em muitos casos tem
res. sido pioneira na abordagem de inúmeros
Colocou-nos face a face e num território temas e na antecipação de tendências. É
comum. uma indiscutível referência e para mim de
E, por isso, hoje somos mais e certamen- leitura obrigatória.
te melhores, reconhecemo-nos e tornou- Com bom critério editorial, divulga boas
-se mais fácil a colaboração. práticas e partilha casos inspiradores.
É muito bom fazer parte desta COMU- Faço votos de muitas felicidades e brindo
NIDADE. aos próximos 15 anos.»
Obrigada, RH Magazine.»
«É incontestável que o  think tank que Pedro Norton de Matos
Paula Nanita representa a RH Magazine  ultrapassou Partner do Green Festival e partner da
Administradora executiva da Fundação todas as previsões mais  otimistas: hoje é Gingko
Nossa Senhora do Bom Sucesso uma instituição de referência!
A magia deste êxito vem de certeza da
capacidade do Augusto Lobato Neves em
galvanizar entusiasmos e criar um espírito
de equipa sensacional!
Longa vida à RH Magazine!»

Yves Turquin
Managing director da Transitar

Organização www.exporh.ife.pt
By

O MAIOR EVENTO DE
RECURSOS HUMANOS
EM PORTUGAL

12 e 13 de Março 2014
Saiba mais na pág. 29
Centro de Congressos do Estoril
Janeiro/Fevereiro 2014 21
A RTIGO i ii iii iv

Liderança «humbiciosa»1
Humildade x Ambição = Humbição: uma qualidade essencial dos
líderes que lhes permite perseverar perante as adversidades, aprender
com os erros e obter elevados contributos dos colaboradores.

22 Janeiro/Fevereiro 2014
J
oias invisíveis traço notável de ambos é um certo tipo
Suponha que acaba de ser de modéstia: o pronto reconhecimento da
nomeado presidente do con- sua própria ignorância e uma igualmente
selho de administração de pronta aceitação de que cometem erros».
uma empresa com sérias difi- William Taylor usou o termo «humbição»
culdades financeiras. A sua para designar líderes eficazes que combi-
experiência e o seu conhe- nam humildade com ambição [7].
cimento na área financeira são escassos. É comum escutar-se a tese, acompanha-
Pediria ajuda aos peritos financeiros da da de exemplos, de que líderes arrogantes
empresa? Anne Mulcahy, quando nomea- e narcisistas são mais bem-sucedidos do
da líder da (então moribunda) Xerox, que os humildes. Todavia, a relação entre
encontrava-se nessa situação. Assumiu arrogância e sucesso é, frequentemente,
ignorância financeira e pediu ajuda aos enganosa. O mito surge porque as pes-
peritos [1, 2]. Evitou o palco mediáti- soas arrogantes e narcisistas, ao contrário Arménio Rego
co, afastou-se das luzes da ribalta e arre- das humildes, devotam muitas energias à Professor na Universidade
dou-se das parangonas da publicidade. autopromoção. Por conseguinte, conhece- de Aveiro
Ou seja, além de revelar coragem e pru- mos mais arrogantes bem-sucedidos do armenio.rego@ua.pt
dência, deu mostras de humildade. Salvou que humildes igualmente bem-sucedidos.
a Xerox e foi amplamente reconhecida Mas isso não significa que os arrogantes
como excelente líder. Foi, para a empresa, sejam mais eficazes do que os humildes.
uma «joia invisível» [3]. O exposto ajuda
a compreender o argumento de Bob Sut- Exemplos bem-sucedidos
ton [4], na obra Good Boss, Bad Boss: «Os Mandela é um exemplo paradigmáti-
melhores chefes são fortemente autocon- co de como a humildade, quando combi-
fiantes, mas uma dose saudável de dúvi- nada com outras virtudes, é um poderoso
das e humildade salva-os de serem arro- nutriente da liderança eficaz. Soube reco-
gantes e casmurros. Os chefes que não nhecer humildemente derrotas e não hesi-
conseguem estabelecer este equilíbrio são tou em elogiar os méritos dos seus adver-
incompetentes, é perigoso segui-los, e são sários políticos. Abraham Lincoln, o 16.º
totalmente degradantes.» presidente dos EUA, grandemente reco-
A humildade é uma caraterística cru- nhecido por ter feito passar a 13.ª emen-
cial dos líderes de «nível 5» – a expressão da constitucional (que aboliu a escravatu-
usada por Jim Collins [5] para se referir ra) e mantido a integridade territorial e
a executivos poderosos e bem-sucedidos política dos EUA, continua a ser amado
que possuem uma mistura paradoxal de pelos seus concidadãos. Entre outras qua-
humildade pessoal e de «força de vonta- lidades (como a honestidade e a coragem),
de» profissional. Tais líderes são modestos, Lincoln deu mostras de enorme humilda-
evitam a adulação, não são «gabarolas». de. Assumiu erros e procurou, sistemati- miguel pina e cunha
São tenazes e determinados. Canalizam camente, aprender com os mesmos. Con- Professor catedrático na
a ambição e os esforços para a organiza- vidou para a sua equipa de governação Nova School of Business
ção e não para a grandiosidade pessoal. os seus maiores rivais políticos, por con- and Economics
Assumem os erros, em vez de procurarem siderar que eram de valia imprescindível mpc@novasbe.pt
bodes expiatórios. para o país [8]. O seu modus operandi tem
sido uma fonte de inspiração para Obama,
Humbição!
Por vezes, a humildade é confundida com
timidez, falta de ambição, sentimento de
inferioridade ou passividade. Esta inter- NOTA
pretação é errada. Warren Buffett e Geor- 1
Texto adaptado do livro: Rego, A., e Cunha, M.P.
ge Soros, reconhecidos pela sua enorme (2011), Liderança: A Virtude Está no Meio, Actual
riqueza, foram assim descritos [6]: «Um Editora, Lisboa.

Janeiro/Fevereiro 2014 23
A RTIGO i ii iii iv

segundo o próprio [9]. Conta-se a histó- falem por si. Reconhecem os sucessos Notícias, em 28 de março de 2008, dava
ria de que um congressista obteve uma dos outros. Se forem igualmente corajo- conta de que, na PT, «as equipas habi-
autorização de Lincoln para que o Depar- sos, tornam-se mais credíveis e confiáveis tuaram-se a ver o seu presidente [Zeinal
tamento de Guerra, liderado por Stan- e promovem a coesão das equipas. Evitam Bava] a entrar na loja nos momentos mais
ton, prestasse apoio num projeto. Quan- a luz da ribalta que poderia toldar-lhes a inesperados, passar manhãs no call center a
do o congressista se dirigiu a Stanton, este sensatez necessária à tomada de decisões. ouvir, e por vezes responder, às solicitações
recusou cumprir a autorização e afirmou Procuram conselhos que lhes permitam dos clientes e mesmo a participar em pro-
que Lincoln era um idiota por ter tomado tomar decisões de melhor qualidade. São gramas de venda porta a porta, integrado
tal decisão. O congressista regressou, dan- abertos a novos paradigmas e mais pro- nas equipas».
do conta a Lincoln da ocorrência. Lin- pensos a reconhecer e a aprender com os Os líderes humildes evitam a adulação,
coln perguntou-lhe: «Stanton disse mes- erros e fracassos. Têm noção mais preci- pelo que incorrem em menores riscos de
mo que eu era um idiota?» O congressista sa das suas forças e fraquezas. Aceitam o serem bajulados e manipulados por yes-
respondeu: «Sim, e repetiu.» Lincoln terá fracasso com pragmatismo. Prescindem men. São mais recetivos às críticas e estão
retorquido [8]: «Se Stanton disse que eu de posições de poder para as quais sen- mais dispostos a mudar quando necessá-
era um idiota, então devo sê-lo, pois está tem que não são competentes. Respeitam rio. Evitam a complacência. Não estando
quase sempre certo e normalmente diz o os outros, partilham honrarias e reconhe- centrados no autoengrandecimento, sacri-
que pensa. Vou passar por cima disso e cimento, assim promovendo a confiança e ficam-se em prol da equipa e da organi-
encontrar-me com ele». zação. Atuam pelo exemplo e inspiram os
Na liderança empresarial, a relevância da
humildade não é menor. Rosália Amorim
« seus colaboradores. São menos propensos
a enveredar por projetos faraónicos. Líde-
escreveu, na revista Exame, em julho de Num tempo em que as res humildes são também mais capazes
2013, que os líderes «pavões perdem terre- de partilhar os seus fracassos, dificulda-
no para os humildes» [10]. Darwin Smith,
organizações necessitam des e frustrações com outras pessoas. Des-
da Kimberly Clark, e Colman Mockler, da de aprender e ajustar- se modo, obtêm apoio social e emocional,
Gillette, são exemplos de «líderes de nível libertam-se mais facilmente de emoções
5» que deram mostras de grande humilda- -se constantemente tóxicas e são mais capazes de enfrentar o
de. Smith foi descrito do seguinte modo futuro com resiliência.
[11]: «Smith parecia mais um provincia-
às alterações da Num tempo em que as organizações
no do que um titã da indústria – uma ima- envolvente, a humildade necessitam de aprender e ajustar-se cons-
gem que usava para seu próprio proveito, tantemente às alterações da envolvente, a
tanto para ficar mais próximo do negócio dos líderes (e de toda humildade dos líderes (e de toda a orga-
como para afastar atenção externa inde- nização) é crucial. Permite que a apren-
sejada. […] Todavia, sob o seu coman-
organização) é crucial dizagem contínua seja a regra. Ajuda a
do, a Kimberly Clark superou não só aprender com os erros. Permite olhar para
concorrentes como a Procter & Gamble, a realidade com uma perspetiva realista e
como também a GE, a Hewlett-Packard, o empenhamento dos seus colaboradores. não sobranceira ou pretensiosa. Ajuda a
a Coca-Cola, a 3M e todas as outras estre- São frugais no uso de recursos e evitam a organização a prestar melhor serviço aos
las da América empresarial». ostentação. clientes. Evita o deslumbramento com os
Eis outra descrição de Smith [5]: Quando necessário, os líderes humildes sucessos e ajuda os líderes e os membros
«Comparado com [outros CEO], Darwin são também capazes de colocar as «mãos organizacionais a compreenderem que o
Smith parece ter vindo de Marte. Tími- na massa», realizando tarefas menores, sucesso passado não é garantia de suces-
do, despretensioso e mesmo maljeitoso, inclusive no «chão da fábrica» (e.g., aten- so futuro.
Smith evitava as atenções […]. Todavia, der clientes no hotel, receber chamadas A humildade também ajuda a lidar de
considerá-lo como mole ou brando é um e reclamações de clientes, trabalhar na modo respeitador e eficaz com especifici-
erro terrível. A sua falta de vaidade combi- fábrica como operário, conduzir camiões dades culturais de países onde a empresa
nava-se com uma feroz, ou mesmo estoi- de carga). Desse modo, podem compreen- investe, sendo um importante facilitador
ca, determinação perante a vida». der a dificuldade sentida pelos colabora- do desenvolvimento de competências de
dores que realizam habitualmente essas liderança global [14, 15]. Com humildade,
Benefícios da humbição tarefas. Tornam-se mais credíveis e respei- os líderes são mais capazes de compreen-
Os líderes humildes não fazem alarde tados. E compreendem melhor as neces- der as culturas e os mercados de con-
dos seus sucessos, antes deixam que estes sidades dos clientes [12, 13]. O Jornal de textos culturais idiossincráticos, criando

24 Janeiro/Fevereiro 2014
PROGRAMA AVANÇADO EM
GESTÃO DE RECURSOS
20 a formar os melhores

HUMANOS (PARH) anos


profissionais em
Recursos Humanos

Início: 5 ABR 2014


Duração total do programa: 105 horas

Coordenação: INFORMAÇÕES
E CANDIDATURAS:
Luís Caeiro
www.clsbe.lisboa.ucp.pt/executivos/parh
Professor Associado da CATÓLICA-LISBON
Tel.: 217 227 801 / 217 214 220
Ana Rijo da Silva E-mail: executivos@ucp.pt
Diretora de Recursos Humanos
da Fundação Calouste Gulbenkian

Católica Lisbon School of Business & Economics is ranked among Europe’s Top 25 Business Schools.
Consistently ranked the Best Business School in Portugal. Triple Crown Accredited.
Janeiro/Fevereiro 2014 25
A RTIGO i ii iii iv

melhores relacionamentos com clientes,


fornecedores, autoridades locais e outros
stakeholders. Desse modo, ficam mais
aptos para responder às necessidades dos
clientes e aumentam a aceitação local e a
legitimidade da empresa para operar.

A humildade e os benefícios para a base


da pirâmide
A humildade pode ser especialmente
importante para satisfazer as necessidades
da «base da pirâmide» [16]. Esta «base»
representa os quatro biliões de consumi-
dores mais pobres, que têm sido negligen-
ciados pela grande maioria das empre-
sas (designadamente das multinacionais),
mas que representam um enorme poten-
cial, tanto do ponto de vista económico/
lucrativo como social. Dois exemplos aju-
dam a compreender a matéria.
Durante a crise financeira do México de
1994, os executivos da Cemex (uma das
maiores produtoras mundiais de cimen-
to, com origem e sede no México) verifi-
caram que, contrariamente ao que ocorria
com o mercado das classes média e média-
-alta, o mercado dos clientes mais pobres
(representando 40% do seu negócio) não
era afetado. Decidiram, então, aprofun-
dar o assunto, tendo começado por emitir
uma «Declaração de Ignorância», admi-
tindo que quase nada sabiam sobre essa
fatia do mercado [17].
Como consequência, durante seis meses,
uma equipa da empresa viveu em bairros
de lata, tentando compreender as neces- A equipa da Cemex compreendeu que, «
sidades e os problemas das pessoas que se os constrangimentos fossem removi-
A humildade dos líderes
aí viviam. Os membros da equipa verifi- dos, tornar-se-ia possível construir casas
caram que os habitantes realizavam auto- de melhor qualidade em menor perío- pode ser considerada uma
construção durante um longo período de do de tempo, com custos menores – e o
tempo, demorando por vezes quatro anos negócio do cimento poderia progredir. vantagem competitiva para
a construir uma divisão e 13 anos para Daqui resultou um novo modelo de negó-
a organização, pois é valiosa,
concluir a construção da casa. Na origem cio, assente no programa Patrimonio Hoy,
de tal conduta estava a dificuldade dos com resultados muito favoráveis para a rara e difícil de imitar
habitantes em obterem apoio financeiro empresa e para as comunidades mais des-
para a construção – devido ao caráter jurí- favorecidas. Sem humildade nem sabedo-
dico pouco claro dos títulos de proprieda- ria, o projeto dificilmente teria emergido.
de. O atraso nas obras e a fraca qualidade Prova de humildade foi também dada
da construção resultavam ainda dos furtos pela Hindustan Unilever (filial indiana
de materiais e do comportamento pouco da Unilever). Requereu aos seus gesto-
escrupuloso dos fornecedores do material. res que vivessem seis semanas em zonas

26 Janeiro/Fevereiro 2014
rurais, de modo a obterem conhecimento de países onde as suas empresas investem, oportunidades de promoção, sobretudo
sobre as necessidades e práticas de higie- assim perdendo oportunidades de merca- se os seus concorrentes forem exímios no
ne dos pobres em meio rural. O conhe- do e ferindo a reputação da empresa. jogo das influências e da gestão de impres-
cimento assim adquirido permitiu lançar A arrogância ajuda a explicar o que sões. O risco pode ser ainda maior se esses
novos produtos e programas promocio- ocorreu com a Mercedes Benz, na Chi- concorrentes forem suficientemente saga-
nais em áreas rurais. E as inovações emer- na [20]. A empresa, ciosa do seu prestí- zes para aparentarem humildade que, real-
gentes foram depois adotadas no Brasil e gio no país, recusou a retoma de automó- mente, não possuem.
noutros países em desenvolvimento. veis após reclamações de clientes. Chegou A humildade pode também suscitar
Em suma, para que as empresas pos- mesmo a ameaçá-los com processos judi- uma imagem de fraqueza se não for com-
sam corresponder às necessidades da ciais. Apenas mudou de postura quando plementada com coragem, perseverança e
«base da pirâmide», é necessário que dia- o «ruído» gerado pelos meios de comuni- integridade. Ademais, o excesso de humil-
loguem com os stakeholders locais e se tor- cação social se tornou «ensurdecedor». O dade pode levar o líder a perder credibili-
nem «indígenas». Para isso, é fundamental impacto mediático fez aumentar a quan- dade se regularmente assumir a sua igno-
que os seus líderes desenvolvam saudáveis tidade de reclamações, chegando mesmo rância. Enunciando de modo distinto: se
doses de respeito e humildade para com a formar-se uma associação nacional das queremos assumir uma postura humil-
essa (enorme) parte da sociedade. Des- «vítimas» da empresa. de, convém que sejamos reconhecidos
se modo se podem alcançar progressos na Se o leitor ainda tem dúvidas sobre como competentes! O excesso de humil-
paz e no desenvolvimento social e econó- os efeitos perversos da arrogância, pen- dade pode também conduzir à perda de
mico das zonas mais desfavorecidas do se nos escândalos empresariais ocorridos ambição e gerar comportamentos abusi-
planeta [18]. nos últimos anos. Pense na quantidade vos por parte dos adversários mais compe-
de líderes empresariais prestigiados que, titivos e maquiavélicos. Por conseguinte,
Os efeitos perversos do orgulho num ápice, perderam o estado de graça além da humildade, importa possuir sen-
arrogante ou caíram do pedestal (e.g., Mario Conde, satez e prudência que evitem transformar
A humildade dos líderes pode ser consi- Banesto; Kenneth Lay e Jeffrey Skilling, a demonstração de humildade em fraque-
derada uma vantagem competitiva para a Enron; diversos líderes portugueses sob za e em perda de credibilidade.
organização, pois é valiosa, rara, insubs- alçada da justiça!). O facto de alguns líde- Paradoxalmente, a humildade pode tor-
tituível e difícil de imitar [19]. Diferen- res arrogantes serem admirados não resul- nar-se arrogante. Golda Meir, ex-primeira-
temente, líderes arrogantes, narcisistas, ta do facto de serem arrogantes – mas de -ministra israelita, terá afirmado: «Não seja
egoístas, altivos e presunçosos podem ser terem sucesso. Toleramos a arrogância de tão humilde; você não é assim tão impor-
uma ameaça para as empresas. Tomam um líder enquanto o seu sucesso perdu- tante». Ralph Waldo Emerson (1803-
decisões megalómanas, negligenciando ra. Quando o sucesso se esvai, fazemo-lo -1882), famoso escritor, filósofo e poe-
riscos. Rodeiam-se de símbolos de poder cair em desgraça. O arrogante Al Dunlap, ta norte-americano, havia feito idêntico
(automóveis, gabinetes, remunerações e alcunhado de «motosserra», foi prezado juízo: «Os extremos tocam-se, e não há
benefícios principescos) que inibem as (tolerado, em alguns contextos) enquanto melhor exemplo disso do que a altivez da
pessoas de lhes transmitirem a verdade. obteve lucros. Mas a sua arrogância obs- humildade». Frank Lloyd Wright (1869-
Perdem, assim, o contacto com a realida- tinada, narcisista e desrespeitadora arrui- -1959), arquiteto, escritor e educador nor-
de e vivem num mundo de fantasia. Apro- nou empresas e a sua própria carreira [21]. te-americano, também havia afirmado,
priam-se dos sucessos e descartam-se dos com alguma ironia: «Cedo na vida, tive
fracassos. Criam climas organizacionais Não há bela sem senão que escolher entre a arrogância honesta
tóxicos que dificultam o empenhamento A humildade é uma virtude difícil. Admi- e a humildade hipócrita. Escolhi a arro-
e a dedicação ao trabalho dos colaborado- tir os erros e assumir uma postura humil- gância honesta e ainda não vi razões para
res. Não aprendem com os erros – e, por de pode ser problemático em contex- mudar».
vezes, não têm sequer a noção da ocor- tos de grande competição transformados
rência dos mesmos. Atribuem-se o direi- em «ninhos de víboras». Se não for com- A virtude está no meio
to de transgredir as regras que se aplicam plementada com outras qualidades (e.g., Atendendo ao teor altamente competiti-
ao «comum dos mortais». Desse modo, capacidade para compreender e usar o vo de muitas arenas organizacionais, e ao
ferem a confiança dos seus interlocuto- xadrez de poder da organização), a humil- exigente papel dos líderes, a apologia da
res e tomam decisões eticamente ques- dade pode dificultar a ascensão do líder na humildade pode parecer um contrassen-
tionáveis que podem fazer perigar a repu- hierarquia. Tornando-se menos visível e so ou uma ingenuidade académica. Toda-
tação e a sobrevivência da organização. atribuindo justamente os créditos a outras via, se considerarmos a humildade como
Desrespeitam as idiossincrasias culturais pessoas, um líder humilde pode perder uma espécie de capacidade para «manter

Janeiro/Fevereiro 2014 27
A RTIGO i ii iii iv

os pés assentes na terra» (a palavra pro- precisamente para contrariar essas razões
vém do latim humus, significando «ter- e tentações que a humildade de um líder
ra» ou «chão»), ser humilde é crucial para é crucial! Se o leitor pretende diminuir
ser um líder eficaz – especialmente se os riscos de arrogância e manter o con-
essa qualidade for combinada com cora- tacto com a realidade, não permita que o
gem, prudência, perseverança e sabedo- seu discernimento seja corrompido pelos
ria. A revista The Economist escreveu, em bajuladores. Encontre modos de escutar e
janeiro de 2013, a propósito da reunião do ver a realidade. Não descure a importân-
Fórum Económico Mundial, em Davos, cia dos «sábios-tolos», os que lhe dizem
o seguinte [22]: «Se a liderança tem um a verdade. Suscite-lhes o sentimento de
condimento secreto, ele pode bem ser a confiança necessária para que se sintam
humildade. Um chefe humilde compreen- confortavelmente «tolos» a dizerem-lhe a
de que há coisas que ele não sabe. Ele verdade.
Ideias a reter:
ouve: não só os outros mandachuvas em O leitor considera-se uma pessoa 1. A humildade dos líderes não representa
Davos, mas as pessoas que não são convi- humilde? Está certo disso? Se alguém lhe qualquer sentido de apoucamento pessoal,
dadas, como os seus clientes». aponta falta de humildade, reage com irri- mas antes a capacidade de compreensão das
Naturalmente, desenvolver humildade tação e desmente? Procura parecer modes- forças e das fraquezas – próprias e dos outros.
Ser humilde é ter os pés assentes na terra.
é difícil. Qualquer indivíduo em posição to, embora tenha uma noção de si próprio 2. A humildade, quando combinada com
de liderança, ou que alcance uma posição altamente favorável? Note que as pessoas ambição e determinação, origina «humbição»
de notoriedade, é tentado pela presunção verdadeiramente humildes nem sempre – que pode transformar-se num poderoso fator
e pela arrogância. Essa tentação é reforça- têm consciência desse atributo. Uma nota de liderança eficaz.
3. Para que essa eficácia ocorra, é também
da pelo facto de os colaboradores (e outros final: numa investigação por nós realizada, necessário que o líder seja detentor de prudên-
interlocutores) se inibirem de ser total- pior do que revelar fraca humildade é não cia, honestidade e sabedoria.
mente francos com os seus líderes. Mas é ter consciência disso!

BIBLIOGRAFIA

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[8] Goodwin, D.K. (2005), Team of Rivals: The Political Genius of Abraham Lincoln, Simon & Schuster, Nova Iorque.
[9] Razzaque, R. (2012), «Learning humility from Lincoln», Psychology Today, 10 de abril, http://www.psychologytoday.com/blog/
political-intelligence/201204/learning-humility-lincoln
[10] Amorim, R. (2013), «Pavões perdem terreno para os humildes», Exame, julho, p. 122.
[11] Goffee, R., e Jones, G. (2006), «Getting personal on the topic of leadership: Authentic self-expression works for those at the top», Human Resource
Management International Digest, 14(4), pp. 32-34.
[12] George, B. (2003), Authentic Leadership: Rediscovering the Secrets to Creating Lasting Value, Jossey Bass, São Francisco.
[13] George, B. (2009), Seven Lessons for Leading in Crisis, Jossey Bass, São Francisco.
[14] Kanter, R.M. (2011), «How great companies think differently», Harvard Business Review, 89(11), pp. 66-78.
[15] Mendenhall, M.E., Jensen, R.J., Black, J.S., e Gregersen, H.B. (2003), «Seeing the elephant: Human resource management challenges in the age of
globalization», Organizational Dynamics, 32(3), pp. 261-274.
[16] London, T. (2009), «Making better investments at the base of the pyramid», Harvard Business Review, 87(5), pp. 106-113.
[17] Tashman, P., e Marano, V. (2010), «Dynamic capabilities and base of the pyramid business strategies», Journal of Business Ethics, 89, pp. 495-514.
[18] Fort, T.L., e Schipani, C. (2004), The Role of Business in Fostering Peaceful Societies, Cambridge University Press, Cambridge.
[19] Vera, D., e Rodriguez-Lopez, A. (2004), «Strategic virtues: Humility as a source of competitive advantage», Organizational Dynamics, 33(4), pp.
393-406.
[20] Pu, H., e Que, Y. (2004), «Why have some transnational corporations failed in China?», China & World Economy, 12(5), pp. 67-79.
[21] Kellerman, B. (2004), Bad Leadership, Harvard Business School Press, Boston, MA.
[22] The Economist (2013), «The global-leadership industry needs re-engineering», The Economist, 26 de janeiro, p. 59.

28 Janeiro/Fevereiro 2014
O poder do Engagement!
LIDERANÇA, CRIATIVIDADE,
TALENTO, INOVAÇÃO

• Liderar para competir 13ª edição


• Carisma vs competência – o que deve ter um líder para marcar a
diferença?
12 e 13 de Março 2014
• Como garantir que os seus colaboradores estão virados para o futuro Centro de Congressos do Estoril
• Identificar os líderes do futuro
• O papel de líder de RH numa organização global e multicultural
• Há conversa com… • Engagement: inovar na motivação
O reconhecimento do capital humano no centro da preocupação e compromisso
dos líderes. Valorizar o “todo” e não a tarefa, para que as pessoas se • Como inspirar as pessoas para que estas façam o melhor trabalho
sintam integradas e que trabalham para algo maior das suas vidas, todos os dias
• Nas nossas mãos: como pode o departamento de RH criar ainda • Incentivar ao compromisso dos colaboradores. Que estratégias?
mais valor para a organização • A “voz” dos colaboradores para elevar a confiança e os níveis de
engagement
• Juntos somos mais fortes! Construir equipas de alto desempenho
• Comunicar: para que todas as pessoas saibam de que forma
para superar objectivos
contribuem para o sucesso da empresa
• Debate: Fomentar uma relação win-win empresa / colaborador
• Participação especial - Combinar o poder da marca com a cultura da
• Como pensa a nossa mente? A explicação do desempenho e empresa – alinhar a experiência do cliente interno com a • do cliente
motivações através da neurociência externo
• As implicações do processo de tomada de decisão na motivação
• Criatividade na adaptação à mudança • A motivação dos colaboradores passa pela remuneração? É possível
• Já se adaptou a todas as alterações laborais? motivar com outros argumentos que não monetários?
• Empresas globais: a transformação nas empresas que se expandem • Melhorar o retorno da compensação para obter melhores resultados
na organização
para outros mercados
• A importância da qualidade da liderança na motivação. O seu papel
• Quando se muda é para melhor?
na inclusão das pessoas, nas metas a atingir, gerando um
• O papel do código de ética/conduta numa organização
compromisso como um todo. A relevância do carisma do líder
multinacional e/ou com estratégias de globalização • Palestra motivacional - “O AVC da Motivação”
• A coragem na tomada de decisão. Como repensar os modelos de Atitude, Valorização e Compromisso.
gestão, perante os cenários turbulentos e hostis A harmonização dos valores individuais e colectivos, para que exista
• Quais os desafios para a organização da função de RH com a uma consciência global
globalização da empresa
• Mobilidade vs retenção • Desenvolver e reconhecer os Seus…Talentos
• Intra-empreendedorismo – É uma opção? • Debate: O talento e a organização
• Aprenderam numa formação e depois? Aplicaram os ensinamentos • Promover a atracção e a integração de talentos
no regresso ao trabalho? É possível verificar e medir a aplicação dos • Inovação nos métodos de recrutamento
• Criar um banco de talentos que garanta o futuro da empresa
conhecimentos adquiridos?

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• Melhorar as suas competências chave
1. Gestão do tempo
Patrocinadores Platinium 2. Desenvolver a autonomia dos colaboradores
3. Comunicar para motivar – como passar mensagens
com impacto
4. Técnicas de feedback

Apoios Media Partners Organização

Janeiro/Fevereiro 2014 29
A RTIGO i ii iii iv

A NOVA REALIDADE DO
TRABALHO − O FIM DO
EMPREGO ÚNICO
A crise económica, as novas tecnologias e o futuro do
mercado de trabalho. Nada será como dantes…
JOAQUIM ADEGAS
Administrador da SPT

O
e ex-presidente da APESPE
adegas@grupospt.com momento atual em que 2% da população ativa que está contrata-
vivemos coloca em ques- da através de contratos de trabalho tem-
tão este tipo de mode- porário de agência com os 21% de traba-
lo. O contrato sem ter- lhadores independentes, totaliza mais de
mo não garante mais um 41% da população ativa, em Portugal, com
emprego para a vida, as uma forma de trabalho «atípica».
carreiras não são cons-
truídas na antiguidade, os nossos sistemas Trabalho cada vez mais heterogéneo
de proteção social não protegem aqueles As situações de trabalho heterogéneas
que têm mais necessidade. não passam apenas pela contratualização
A nível mundial, o contrato de traba- da relação de emprego, mas igualmente
lho típico é… a ausência de contrato de pelas condições de trabalho. Em Portu-
trabalho. gal, podemos observar os conglomerados
Segundo a OIT, 60% da população comerciais, call centers e muitas outras ati-
mundial não tem qualquer tipo de contra- vidades onde os assalariados têm horários
to de trabalho, o que corresponde a mais de trabalho atípicos, ou seja, trabalho ao
de 1800 milhões de pessoas. Trabalham de sábado e domingo, horários rotativos ou
forma informal, sem nenhum tipo de con- trabalho noturno.
trato. Na Índia, 90% da população empre- O modelo «fordista» onde o pai vai tra-
gada não tem contrato de trabalho. balhar e a mãe fica em casa para educar
Cada vez mais, nos países europeus, o os seus filhos aplica-se apenas a 20% das
contrato permanente e a tempo inteiro famílias europeias e 17% das famílias dos
deixou de ser a normalidade, sendo que EUA.
atualmente cerca de 40% da população
tem um contrato «atípico». A globalização criou um reajuste no
Por outro lado, na Europa, 15% da mercado de trabalho mundial
população ativa, ou seja, 33 milhões de A globalização criou uma perda de poder
pessoas, são trabalhadores independentes. para os países da OCDE versus os paí-
Nos EUA está estimado que sejam mais ses emergentes, ou melhor, BRIC (Brasil,
de 25%, com tendência a aumentar. Em Rússia, Índia e China) e agora os VISTA
Portugal temos 21% da população ativa (Vietname, Indonésia, África do Sul, Tur-
como trabalhadores independentes. quia e Argentina).
Segundo dados do INE de agosto de Depois de 1990, 1500 milhões de pes-
2013, temos 18% da população ativa con- soas ativas resultam de economias que
tratada a termo e, somando os cerca de estavam fechadas ao mundo ocidental,

30 Janeiro/Fevereiro 2014
«
Urge a necessidade de
encontrar novas formas de
trabalho, correndo o risco
de a situação, sobretudo
nos países da Europa do
Sul, ficar insustentável do
ponto de vista social

que está em curso é resultado desta dinâ-


mica.
Urge a necessidade de encontrar novas
formas de trabalho, correndo o risco de a
situação, sobretudo nos países da Europa
do Sul, ficar insustentável do ponto de vis-
ta social, visto que o ajuste poderá ultra-
passar o que socialmente consideramos
como aceitável.
Por outro lado, existe outro fator que
terá de ser considerado: a Primavera Ára-
be. Teremos a entrada potencial, a curto/
tal como a ex-União Soviética, mas tam- riqueza mundial. Depois de 1960, a sua médio prazo, de mais 1000 milhões de
bém países em desenvolvimento como a contribuição para o PIB mundial dimi- pessoas no mercado de trabalho mundial.
Índia e a China, que duplicaram os efeti- nuiu, devido às economias emergentes Estas economias, devido à sua nature-
vos de mão de obra mundial, contribuin- da América Latina e, mais recentemente, za, até à data, continuam, de certa forma,
do para a nascença de um mercado verda- devido ao «renascimento» da China e da fechadas ao Ocidente, mas as mudanças
deiramente global. Hoje, a China e a Índia Índia. Tendo uma visão comparativa, ele políticas e sociais que estão em curso ine-
fornecem mais de 40% dos trabalhadores concluiu que, antes da Revolução Indus- vitavelmente irão originar a entrada des-
do mundo. O resultado é que as impor- trial do século xix, a China e a Índia eram tas economias como players mundiais. E,
tações e exportações no PIB mundial superiores à Europa Ocidental em termos mais uma vez, o Ocidente, e sobretudo a
duplicaram entre 1960 e 2008, passando de contribuição para o PIB mundial. E Europa, terá de reajustar a sua economia a
de 24% a 59%. E este desenvolvimento é a história está quase a repetir-se, pois as esta nova realidade. Teremos esta capaci-
exponencial. A China e a Índia estimam últimas projeções efetuadas pela OCDE dade de reajustar (mais uma vez) e estare-
uma duplicação dos seus rendimentos por preveem o declínio europeu e americano mos dispostos a «pagar» a «fatura» social
habitante a um ritmo dez vezes superior contra o crescimento da China e Índia, (novamente)? Essa será a grande ques-
àquele que conheceu a Inglaterra durante que irão ser mais importantes que a Euro- tão…
a Revolução Industrial, com um tamanho pa e os EUA nos próximos anos.
200 vezes superior. Esta análise é preocupante para a Euro- Um ambiente económico em
Como está bem demonstrado pelo pro- pa. Temos uma nova realidade económi- movimento perpétuo
fessor Angus Maddison através da sua ca que já emergiu e irá adensar a sua pre- O nosso ambiente económico é feito de
análise histórica de crescimento económi- ponderância. Perante estas evidências, fica dinâmicas e de transições. Nós passa-
co, a Europa e os EUA registam um declí- claro que estamos perante uma nova dinâ- mos de um mundo sólido para um mun-
nio na sua contribuição para a criação de mica no mercado de trabalho e o ajuste do líquido, onde o movimento predomina.

Janeiro/Fevereiro 2014 31
A RTIGO i ii iii iv

Os nossos centros de vida prediletos As tecnologias de informação e «


são os locais de fluxo. Centros comerciais, comunicação aboliram a distância A maior parte dos
aeroportos, gares, atrações turísticas… À Este movimento perpétuo e contínuo
liquidez financeira dos mercados junta-se tem tendência para acelerar. Nós estamos trabalhadores ainda estão C

a liquidez das organizações, dos homens, todos ligados uns aos outros em perma-
das economias e das sociedades. nência. empregados num modelo M

Como faz referência o comissário euro- Facto revelador da extraordinária acele- herdado do século xx,
Y

peu do emprego e assuntos sociais, Lázsló ração da economia e da tecnologia a nível CM

Andor, a cada ano, na Europa, 20% dos mundial é o telefone móvel, que passou de inspirado pelo modelo MY

empregos são destruídos ou criados. Em 15% da população em 2001 para mais de


alguns estados-membros, esta percenta- 69% em 2009. produtivo que associava o CY

gem chega a 30%. Como resultado, se cer- O número de pessoas que utiliza a trabalho a um esforço físico
CMY

tos setores perdem dinâmica e destroem Internet passou de 500 milhões em 2001 K

os seus empregos, outros setores criam para mais de 1800 milhões em 2009, ou
emprego, realocando postos de trabalho. seja, um quarto da população mundial.
No caso português, esta realidade não está Todas as mudanças são efetuadas a um
a acontecer, porque continuamos a des- ritmo cada vez mais rápido. Em compa-
truir mais do que criamos, e para isso um ração, o número de anos necessários para
novo rumo económico e o esperado cres- atingir uma audiência de 50 milhões para
cimento económico serão essenciais. a rádio, desde a sua criação, foi de 38, para

32 Janeiro/Fevereiro 2014
a televisão foram 13, para a Internet foram e o empregador. O indivíduo aspira, hoje, do século xx, inspirado por um modelo
quatro e dois para o Facebook, que, hoje a evoluir no seu trabalho, a ter relações de produtivo que associava o trabalho a um
em dia, conta com mais de 1000 milhões igual para igual com os seus superiores, a esforço físico. Heranças da civilização das
de utilizadores, tendo em 2006 apenas dez organizar o seu próprio tempo de trabalho fábricas, o direito do trabalho, os tipos de
milhões. em função das suas necessidades, a nego- gestão e a representação dos trabalhadores
ciar as condições de trabalho individuali- estão desatualizados em comparação com
As caraterísticas da nova realidade do zadas. A nova realidade do trabalho pode a evolução da sociedade.
trabalho ser caraterizada por: Para evoluirmos, temos de construir a
A individualização • diversificação das situações de emprego; «casa do trabalho». Não chega simples-
Nós estamos no centro de uma mudan- • singularização das expectativas e das mente mudar a mobília, uma porta ou
ça de paradigma. Nada será como dantes. condições de trabalho; uma janela, é necessário construir uma
A vontade de individualização irá ori- • aparecimento de trajetórias profissio- nova casa, que possa responder às aspira-
ginar uma mutação estrutural das relações nais proteiformes e descontínuas; ções e à realidade do novo mercado de tra-
de trabalho, tanto por parte das empresas • operosidade crescente entre vida profis- balho do século xxi.
como dos indivíduos. sional e vida privada;
Os modos de produção mudaram, as • fim de um mercado de trabalho estáti- A empresa do século xxi
atitudes e mentalidades em relação ao co e previsível; Observando a evolução dos modos de
trabalho evoluíram. Terminou o empre- • fim do enclausuramento dos mercados trabalho e da individualização das rela-
go para a vida, terminou a jornada de tra- de trabalho entre países. ções de trabalho, dois modelos opostos de
balho das 9h às 17h, está desatualizada a A maior parte dos trabalhadores ainda empresas podem coexistir no futuro:
noção de subordinação entre o trabalhador
AF_RHMagazine_210x140mm_2014.pdf 1 26/12/13 estão
16:08 empregados num modelo herdado • uma empresa em rede, quase virtual;

ELEVAMOS AS SUAS
POTENCIALIDADES.
Nuno No Grupo Multipessoal, elevamos as suas
potencialidades. Identificamos o melhor de cada
candidato e adaptamo-lo ao mercado de trabalho.
Deste modo, potenciamos o que de mais positivo
há em todas as áreas em que intervimos:
outsourcing, trabalho temporário, formação e
consultoria, recrutamento e seleção e outsourcing
especializado na saúde e nas TI's. Para que
qualquer processo seja um êxito, existe uma
fórmula simples: envolver o Grupo Multipessoal na
operação. O resultado final será sempre o sucesso
elevado às suas melhores expetativas.

Ana

Janeiro/Fevereiro 2014 33
A RTIGO i ii iii iv

• os grandes grupos integrados, conglo- de serviços e prestações sociais para fide-


«
merados com tendência neoparterna- lizar os seus assalariados − seguros de saú- A luta contra o desemprego
lista. de, sistemas de reforma complementares,
O primeiro modelo possível de empre- centros de férias, coaching − e irá promover passará pela existência de
sa é uma aliança de pequenas estruturas, a mobilidade interna. Estas empresas irão intermediários no mercado
de trabalhadores independentes que se recriar a segurança para os seus emprega-
reagrupam em função de projetos limi- dos e protegê-los face a um mercado de de trabalho, que terão um
tados no tempo. Como as abelhas, estes trabalho incerto e à limitação dos estados-
trabalhadores serão enxames de proje- -providência. papel fundamental para
to em projeto. Serão pequenas equipas, colocar em prática políticas
entre uma a dez pessoas, que irão inter- Os intermediários – e a
vir sobre uma parte de um projeto global. individualização ativas de emprego
Serão recrutadas via redes sociais, círcu- Nas últimas décadas, um número cres-
los de referências ou em resposta às ofer- cente de intermediários apareceu na nos-
tas lançadas sobre as plataformas de Inter- sa sociedade. Temos os atores tradicionais,
net (como, por exemplo, o portal Vortal como agências de viagens, imobiliárias e 2011), as exigências cada vez mais perso-
no nosso país). Cada trabalhador intervi- casas de câmbio, mas, hoje em dia, existem nalizadas dos indivíduos, as políticas de
rá, sem forçosamente saber em que medi- prestadores de serviços diferentes: conse- externalização das empresas, a necessi-
da a sua contribuição pessoal ajudou no lheiros de gestão de património, coach- dade de integrar no mercado de trabalho
resultado final. Quando o projeto termina, es, decoradores de interiores, estilistas e uma população ativa diversa e dispersa, a
a equipa constituída irá dispersar-se para outros especialistas. Estes intermediá- diminuição do compromisso e da fideli-
assumir outros projetos noutros locais. rios respondem todos ao mesmo objetivo: dade dos assalariados, todos estes fenó-
Esta estrutura de empresa é uma res- um serviço individualizado, em resposta a menos têm necessidade de assistência e
posta à imperatividade da reatividade e à necessidades específicas. intervenção de especialistas.
necessidade de recorrer a especialistas, em A Internet substitui certos serviços pro- Nas empresas, as funções de supor-
falta de visibilidade de encomendas e de postos por estes intermediários (é mais te e administrativas, como a contabilida-
complexidade dos processos produtivos. rápido comprar um bilhete de avião pela de, o marketing, os serviços jurídicos, são
A durabilidade destas empresas quase Internet do que ir a uma agência de via- cada vez mais externalizadas. Porquê? As
virtuais poderá ser de semanas ou meses gens, por exemplo, e em tudo o que não empresas procuram especialistas nestas
e elas poderão dissolver-se muito facil- traz valor acrescentado). Por outro lado, matérias muito específicas e muito qua-
mente. No entanto, para criar uma linha traçar uma estratégia para gerir o patri- lificadas, tendo como objetivo respon-
entre estes trabalhadores independentes mónio, por exemplo, necessita, mais do der à sua estratégia de especialização no
ou prestadores de serviços, serão necessá- que nunca, da assistência e conselhos de core da sua atividade, reduzindo custos e
rias estruturas intermediárias, igualmen- um profissional. ganhando eficácia. Em matéria de recur-
te para trazer segurança e proteção a estes sos humanos, a tendência geral é a delega-
trabalhadores intermitentes. Os intermediários no mercado de ção de responsabilidades a terceiros, que
No outro extremo, está um modelo que trabalho fornecerá eficiência, conhecimento, rapi-
reside na constituição de grandes empre- A complexidade crescente do direito do dez, rentabilidade, flexibilidade e seguran-
sas mundiais, verdadeiros conglomerados trabalho (por exemplo, em Portugal, nes- ça jurídica. As empresas transferem cada
repartidos por vários países. Os assalaria- te momento, temos três tipos diferentes vez mais a terceiros a qualidade de empre-
dos serão mais cidadãos da marca do seu de cálculos a serem efetuados para indem- gadores e externalizam o risco que consti-
empregador que do seu próprio país. A nizar uma pessoa que tenha assinado um tui a contratação.
empresa irá desenvolver toda uma gama contrato de trabalho antes de outubro de Do lado dos indivíduos, a descontinui-
dade das carreiras irá conduzir à neces-
sidade de cada um se fazer acompanhar,
sobretudo quando existirem zonas de tur-
BIBLIOGRAFIA
bulência no seu percurso profissional. É
claro que a gestão de carreiras será, cada
CIETT/Boston Consulting Group (2011), Adapting to Change, disponível para consulta em www.ciett.org vez mais, subcontratada. Um acompanha-
Pennel, D. (2013), Travailler pour Soi - Quel Avenir pour le Travail à l'heure de la Révolution
Individualiste?, Éditions du Seuil.
mento exterior será incontornável.
A luta contra o desemprego passará

34 Janeiro/Fevereiro 2014
pela existência e mobilização concreta segundo os últimos dados disponibiliza-
de intermediários no mercado de traba- dos pelo IEFP.
lho, serviços de emprego público e priva-
do, que terão um papel fundamental para A Internet não substituirá os
assegurar um encontro entre a oferta e a intermediários físicos
procura e colocar em prática políticas ati- No curso das suas funções, estes inter-
vas de emprego. mediários têm endossada uma parte da
O resultado desta realidade é que os responsabilidade jurídica. Eles têm uma
serviços privados de emprego serão o setor outra capacidade: aconselhar e orientar
com mais capacidade de gerar emprego… os seus clientes em relação à complexida-
tanto atualmente como no futuro. de do código do trabalho, referindo qual
Dois estudos recentes da Work Foun- será o contrato de trabalho mais apro-
dation indicam quatro grandes setores priado, tendo em vista o recrutamen-
económicos que vão permitir ao Reino to pretendido, como podem beneficiar
Unido criar empregos até 2020. Os servi- de uma ajuda ao emprego para recrutar
ços privados de emprego serão um desses públicos desfavorecidos, como montar
quatro setores. um programa de formação em alternân-
Segundo previsões do departamento do cia…
trabalho americano, de hoje até 2020 os Mas o mais importante é que não pode
serviços de profissionais às empresas, que ser negligenciada a dimensão humana da Ideias a reter:
incluem os serviços privados de emprego, gestão de pessoas. Não é preciso dizer 1. Tendência para o microempreendedorismo
serão parte dos setores que mais empregos que a gestão de recursos humanos é um e por consequência um novo tipo de «guildas
vão criar nos EUA. assunto de pessoas. Nenhuma ferramenta profissionais».
2. Tendencialmente as PME serão menos
Em Portugal, sabem qual é o setor que informática poderá substituir a riqueza de frequentes. Portugal já sente essa realidade,
mais emprego gera…? São os serviços pri- um contacto físico, de um encontro frente sendo essa uma das razões dos elevados níveis
vados de emprego. a frente para avaliar um candidato ou efe- de desemprego.
Prova das oportunidades foram as 310 tuar uma visita nas instalações da empresa, 3. Grandes conglomerados económicos irão
substituir as nações na proteção social que
mil cedências efetuadas em 2012, ten- tendo como objetivo assimilar as carate- será proporcionada aos seus funcionários.
do envolvido mais de 180 mil pessoas, rísticas do posto de trabalho a preencher.

Recursos MESMO Humanos

CANDIDATO DE PESO!
Numa entrevista para um emprego que exigia força, o entrevistador
precisava de validar se os candidatos eram capazes de levantar objetos
pesados. Num caso específico, para além de avaliar o aspeto físico, o
entrevistador perguntou ao candidato se ele era capaz de levantar 20
quilos. O candidato não esteve com meias-medidas: em vez de responder,
levantou-se imediatamente e pegou na mesa da sala de entrevista,
levantando-a o mais alto possível, com tudo o que tinha em cima!
Lá força não lhe faltava, mas o cérebro ficou em casa…

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do e-mail recursosmesmohumanos@gmail.com.

Janeiro/Fevereiro 2014 35
A RTIGO i ii iii iv

Paulo Finuras
Consultor, professor
universitário e
investigador do
CICPRIS
paulo.finuras@cegoc.pt

RECURSOS HUMANOS, QI
NACIONAL E AS CAUSAS
DA DESIGUALDADE DA
RIQUEZA ENTRE AS
NAÇÕES: SERÁ POSSÍVEL?
«Toda a verdade passa por três estádios. Primeiro, é ridicularizada. Segundo,
é violentamente contestada. Terceiro, é aceite como autoevidente.»
Arthur Schopenhauer

36 Janeiro/Fevereiro 2014
A
s causas das desigualdades economia mundial e impõem a dependên- «
de rendimento e rique- cia económica ao resto do mundo, pagando
za entre nações têm sido preços baixos pelos produtos agrícolas dos
Todas as teorias científicas
discutidas há pelo menos países menos desenvolvidos e pelos seus que representem uma
250 anos e até hoje não recursos naturais. Entre alguns dos prin-
se chegou a um consen- cipais representantes desta corrente teórica rutura e um avanço
so. Já em 1748 Montes- estão Frank e dos Santos (1996), Waller-
quieu propôs, na sua obra De L’Esprit des stein, Valenzuela e também Seligson e Pas-
significativo são inicialmente
Lois, que os climas temperados foram sé-Smith (1998). contraintuitivas
mais favoráveis para o desenvolvimen- Em terceiro lugar, temos a «teoria neoli-
to económico do que os climas tropi- beral dos mercados livres». Esta propõe que D. Dennett
cais. Cerca de 30 anos mais tarde (1776), o principal fator responsável pelas diferen-
Adam Smith discutiu este tema na sua ças nacionais no desenvolvimento econó-
obra A Riqueza das Nações, sugerin- mico consistiu na presença dos mercados
do que as capacidades da população de livres, em oposição ao mercado planifica-
um país são o principal fator responsável do das ex-economias socialistas e comunis-
por diferenças nacionais em termos do tas. Bates e Weede (1993) são os principais
seu rendimento e da sua riqueza. Des- teóricos defensores destas posições.
de essas primeiras tentativas para ana- Em quarto lugar, temos as diversas «teo-
lisar este problema, várias outras teo- rias dos fatores psicológicos e culturais»,
rias têm sido avançadas (Finuras, 2012) que defendem a importância das diferen-
e podem, atualmente, ser agrupadas em ças de atitudes, valores e motivações como
cinco grandes categorias principais. principais fatores explicativos das diferen-
Primeiro temos as «teorias climáticas ças nacionais em termos de riqueza. A pri-
e ambientais» que ainda hoje prevale- meira grande teoria deste tipo foi defen-
cem, sendo um dos seus principais repre- dida por Max Weber (1904), para quem
sentantes Andrew Kamarck (1976), que a ética de trabalho protestante explica-
defende que os climas tropicais são des- va o mais rápido desenvolvimento econó-
favoráveis para o desenvolvimento eco- mico do norte (protestante) da Europa em
nómico porque o calor e a humida- comparação com o sul católico do século
de reduzem a eficiência das capacidades xvi em diante. Outros teóricos nesta linha
de trabalho, prejudicam a produtivida- de pensamento, mais tarde, incluem David
de da terra e proporcionam um ambien- McClelland (1976), que propôs o concei-
te favorável para doenças debilitantes. to similar de «motivação para a realização».
Isso explica, na sua opinião, a diferença Vários cientistas sociais (Harrison, 1985;
entre o que é às vezes chamado de «norte Grondona, 2000; Harrison e Huntington,
rico», com o seu clima temperado, e o «sul 2000), embora não corroborando as teorias
pobre», com o seu clima predominante- de Weber ou McClelland, simpatizam com
mente tropical. Nesta mesma linha, tam- este tipo de explicação e propõem o que
bém Jeremy Diamond (1998) apresenta geralmente é denominado por fatores «cul-
argumentos semelhantes sobre a impor- turais» como principais contribuintes para
tância crucial que os fatores climáticos e as diferenças nacionais no desenvolvimen-
geográficos tiveram e continuam a ter no to económico. David Landes, por seu tur-
desenvolvimento económico dos países e no, defendeu a importância da cultura «no
das suas populações. sentido de valores internos e atitudes que
A segunda grande explicação contem- norteiam uma população» (1998, p. 516).
porânea é a designada «teoria da depen- Finalmente, em quinto lugar, temos
dência», que propõe que as nações capi- a polémica «teoria do QI nacional», de
talistas e economicamente desenvolvidas Richard Lynn e Tatu Vanhanen (2002 e
são responsáveis pela pobreza das nações 2006), apresentada na sua polémica obra
subdesenvolvidas, porque elas dominam a IQ and the Wealth of Nations (2002), onde

Janeiro/Fevereiro 2014 37
A RTIGO i ii iii iv

países países

1 Hong Kong 107 90 Malásia 41


2 Coreia do Sul Croácia 42
3 Japão 89 Indonésia 43
106
4 Taiwan Azerbaijão 44
5 Singapura 87 Brasil 45
esquema 1:
6 Alemanha Iraque 46
105 QI médio para 80
7 Áustria 85 México 47
países − resulta-
8 Holanda Marrocos 48
dos dos testes de
9 Itália 104 Honduras 49
inteligência e esti- 84
10 Luxemburgo Irão 50
mativas com países
11 Suécia Arábia Saudita 51
103 comparáveis 83
12 Suíça Egito 52
13 Bélgica emirados Árabes 53
81
14 China 102 Índia 54
15 Inglaterra Zâmbia 55
77
16 Nova Zelândia Congo 56
101
17 Hungria Uganda 57
73
18 Polónia Quénia 58
19 Austrália 100 Tanzânia 59
72
20 Dinamarca qi Gana 60
21 EUA nacional Maláui 61
99 71
22 França Camarões 62
23 Islândia Ruanda 63
70
24 Noruega Benim 64
98
25 Canadá Mali 65
69
26 espanha Eritreia 66
27 Finlândia 97 Rep. C. Africana 67
68
28 Rep. Checa Angola 68
29 Argentina Burquina Faso 69
96 67
30 Bielorrússia Nigéria 70
Fonte: Lynn, R., e
31 Eslováquia Gabão 71
Vanhanen, T. (2002), 66
32 Rússia Guiné 72
95 IQ and the Wealth
33 Vietname Guiné-Bissau 73
of Nations; idem 65
34 Portugal Congo Zaire 74
(2006), IQ and Global
35 Israel 94 Gâmbia 75
Inequality
36 Bulgária 64 Libéria 76
37 Cazaquistão Moçambique 77
93
38 Chile 63 Serra Leoa 78
39 Geórgia Etiópia 79
40 Grécia 92 59 Guiné Equatorial 80

38 Janeiro/Fevereiro 2014
defendem que as diferenças nos «quocien- qual as diferenças nacionais na inteligên- «
tes de inteligência» dos recursos humanos cia média das populações talvez sejam afi- A espécie humana
(ou populações nacionais) dos países são os nal um fator (fortemente) contributivo das
principais responsáveis pela capacidade de diferenças nacionais na riqueza das nações, não suporta muito
produzir riqueza e são eles que explicam a dada a correlação entre o QI e o PIB per
diferença de rendimento entre as nações. capita por eles apresentada de r = 0,623 bem a realidade.
Argumentam que tem sido defendido que (n = 185 países). Defendem esta posição T.S. Eliot
todas as pessoas de todos os países têm o com base em dois motivos principais: em
mesmo nível médio de inteligência, lem- primeiro lugar, porque está bem estabe-
brando, por exemplo, as palavras de Kofi lecido na psicologia que a inteligência é
Annan (2000), o qual afirmou que a inteli- um determinante dos rendimentos entre
gência é como uma «mercadoria» distribuí- os indivíduos e, em segundo lugar, porque
da igualmente entre as pessoas do mundo vários estudos têm mostrado que a inteli-
(Hoyos e Littlejohn, 2000), algo que estes gência dos grupos sociais está relacionada
investigadores contestam fortemente, ale- com os seus rendimentos médios.
gando que é sabido em psicologia que exis- Valerá a pena considerar todas estas
tem grandes diferenças nos níveis médios hipóteses de forma desapaixonada em vez
de inteligência entre diferentes nações. As de continuarmos a acreditar na «tábua
revisões da literatura têm mostrado que, em rasa»? Será isso possível? E qual o papel da
relação à média standard de QI de 100 na educação, sobretudo nos primeiros anos
Grã-Bretanha e nos Estados Unidos (com de desenvolvimento das crianças? Acre- BIBLIOGRAFIA
um desvio-padrão de 15), os povos do nor- dito que a capacidade de desenvolvimen- Diamond, J. (1998), Guns, Germs and Steel,
te da Ásia Oriental têm um QI médio à to de um país será provavelmente o resul- Vintage, Londres.
volta de 105 e os povos da África Subsaria- tado da confluência de todos estes fatores Finuras, P. (2012), Humanus: Pessoas Iguais,
Culturas Diferentes, Edições Sílabo, Lisboa.
na têm um QI médio de cerca de 70 (Lynn (ambiente, recursos, cultura e QI). Afi-
Grondona, M. (2000), «A cultural typology of
e Vanhanen, 2006). nal, assumir que a riqueza de um país é economic development» in Harrison, L.E., e
Tendo em conta essas diferenças, estes também tributária do QI dos seus recur- Huntington, S.P. (eds.), Culture Matters, Basic
autores colocam a hipótese segundo a sos humanos parece-me intrinsecamente Books, Nova Iorque.
Harrison, L. (1985), Underdevelopment is a
razoável e simultaneamente responsabili-
State of Mind, University Press of America,
zador dos dirigentes das nações e do que Lanham, MD.
fazem (ou não fazem) em prol da educa- Harrison, L., e Huntington, S. (eds.) (2000),
ção das suas populações numa perspetiva Culture Matters, Basic Books, Nova Iorque.
Jensen, A.R. (1998), The G Factor, Praeger
de longo prazo (geracional) e não confi-
Publishers, Westport, CT.
nado aos calendários e ciclos meramente Kamarck, A. (1976), The Tropics and
eleitorais. Economic Development, Johns Hopkins
Ideias a reter: Provavelmente é sobretudo aqui (na University Press, Londres.
Landes, D. (1998), The Wealth and Poverty of
1. As causas das desigualdades de rendimento educação) que se deve apostar e inves-
e riqueza entre nações não são consensuais. Nations: Why Are Some So Rich and Others
tir, pois muitos dos países desenvolvidos So Poor, Norton, Nova Iorque.
Entre as principais teorias que as procuram ex-
plicar temos as seguintes: «teorias climáticas e e ricos nem sequer recursos naturais sig- Lynn, R., e Vanhanen, T. (2002), IQ and the
ambientais», «teoria da dependência», «teoria nificativos possuem, a não ser aqueles que Wealth of Nations, Greenwood Publishing
Group, EUA.
neoliberal dos mercados livres», «teorias dos fazem a diferença mesmo em ambientes
fatores psicológicos e culturais» e «teoria do QI Lynn, R., e Vanhanen, T. (2006), IQ and Global
inóspitos ou de recursos naturais escassos. Inequality, Washington Summit Publishers,
nacional».
2. Embora polémica e eventualmente politi- Refiro-me às pessoas e às suas capacida- Augusta, GA.
camente incorreta, há cientistas sociais que, des, qualificações e inteligência, natural- Maddison, A. (1995), Monitoring the World
Economy 1820-1992, OECD, Paris.
baseados em investigação transcultural, con- mente.
cluíram que o QI médio nacional dos RH de um McClelland, D. (1976), The Achieving Society,
Todas estas questões devem, a meu ver, Irvington Publishers.
país está positivamente correlacionado com a
sua riqueza e rendimento. ser trazidas a debate, porque o desenvolvi- Ramsay, F.J. (1999), Global Studies: Africa,
3. É fundamental que os dirigentes e governan- mento de um país não é o simples soma- McGraw-Hill, Connecticut.
Raven, J.C., Court, J.H., e Raven, J. (1999),
tes dos países invistam na educação dos seus tório dos talentos individuais, mas sim a
RH desde a mais tenra idade e numa perspeti- Standard Progressive Matrices, Oxford
sinergia de todos os elementos que o com- Psychologists Press, Oxford.
va geracional.
põem. Teremos essa coragem?

Janeiro/Fevereiro 2014 39
A RTIGO i ii iii iv

GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS, DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL E COACHING –
UMA PERSPETIVA INTEGRADA
Os desafios colocados aos gestores de recursos humanos

1
A gestão de recursos humanos e tome a responsabilidade (com consciên-
o coaching cia) sobre as suas caraterísticas pessoais,
A gestão de recursos humanos de modo a, com base nas suas experiên-
(GRH) tem vindo a ser orientada, cias vividas, definir o percurso de valida-
cada vez mais, para intervenções ção, construção e desenvolvimento das
de natureza individual, recorren- suas competências atuais e futuras.
do a ações que visam o desen- Muito embora já existam muitas empre-
volvimento profissional, muitas vezes fora sas que providenciam coaching como um
dos esquemas convencionais da formação requisito ou atividade habitual e integra-
como meio de aprendizagem. da nas práticas de GRH, atualmente ain-
Uma das mais recentes modalidades de da são muitas as organizações em que a
intervenção para o desenvolvimento pro- direção de recursos humanos (DRH) se
fissional é o coaching1, que assume um defronta com dificuldades na implemen-
papel determinante no apoio à triangula- tação de programas internos de coaching, LURDES PEDRO
ção entre desempenho, mudança e trans- quer numa perspetiva de executive coach- Professora adjunta
formação organizacional. Muitas orga- ing quer numa perspetiva de dinamização convidada da Escola
nizações têm implementado programas de competências de coaching de equipas, Superior de Ciências
de coaching como meio para facilitar a devido, por um lado, à novidade que este Empresariais do
aprendizagem organizacional, encora- conceito ainda encerra, não constituindo Instituto Politécnico de
jar o desenvolvimento das competências uma prática corrente em todas as organi- Setúbal
profissionais e ir ao encontro das reais zações, e, por outro lado, devido a um con- lurdes.pedro@esce.ips.pt
necessidades dos colaboradores, ao mes- junto de resistências e obstáculos que lhes
mo tempo que atua como um mecanis- são comuns.
mo de intervenção e de transformação
da organização, no sentido de um alinha- 2. Resistências e obstáculos comuns nas
mento mais «costumizado» em processos organizações
de mudança. O tempo
Esta nova perspetiva que o coaching nos As resistências nas organizações são
traz, de desenvolvimento, é erigida em conhecidas. Muitos são os gestores que
princípios que permitem que cada pessoa referem que não têm tempo para serem

40 Janeiro/Fevereiro 2014
coachees em programas individuais de
coaching ou mesmo para participarem em
programas de coaching de grupo. Participar
nestes programas não significa desperdi-
çar tempo, mas antes ganhar tempo, pelos
resultados alcançados quer a nível pessoal
quer a nível das competências estratégi-
cas e de gestão. Muitas vezes, as dificulda-
des dos gestores não se situam nas com-
petências para a gestão do negócio, mas na
forma como podem auxiliar o desenvol-
vimento dos seus colaboradores, aumen-
tando-lhes a capacidade para assumirem
atribuições e responsabilidades cada vez
mais complexas e abrindo as portas para
responderem de forma mais positiva e
adaptada aos requisitos do negócio. Os
gestores que não olharem para o desen-
volvimento profissional dos seus colabo-
radores como uma questão central no seu
trabalho estarão a trabalhar acima da sua
própria capacidade nas múltiplas tarefas
que têm de cumprir, não podendo con-
tar com o pleno suporte dos seus subordi-
nados, por não estarem ainda preparados
para esses desafios.

A responsabilidade no
autodesenvolvimento
Uma outra resistência prende-se com a
ideia de que não é preciso acompanhar de
perto os colaboradores no seu desenvolvi-
mento profissional, pois essa é uma tare-
fa que depende da responsabilidade indi-
vidual de cada um. É certo que cabe cada
vez mais ao indivíduo a responsabilida-
de pelo investimento na própria carreira e
pelo seu desenvolvimento pessoal e profis-
sional, mas cabe às organizações estrutura-
rem modos de intervenção organizacional

nota
1
O conceito de coaching que está subjacente
a este artigo refere-se ao processo pelo qual
qualquer colaborador de uma organização
promove as suas habilidades, competências
e conhecimentos no sentido de tornar o seu
trabalho mais eficiente.

Janeiro/Fevereiro 2014 41
A RTIGO i ii iii iv

para suportar os colaboradores no seu aquando da implementação de programas «


desenvolvimento profissional, na gestão de coaching nas suas organizações.
da carreira e na satisfação no trabalho. São
Com o coaching,
grandes os benefícios para a organização. Caso 1: Coaching de executivos o desenvolvimento
Com o coaching, o processo de desenvol- Este caso retrata a primeira intervenção
vimento profissional é potenciado através de coaching na Key Corporation, orga- profissional é potenciado
do maior alinhamento das competências nização multinacional, caraterizada pelo
com as exigências do negócio e simulta- seu clima de abertura à aprendizagem e
através do maior
neamente facilita a promoção de um cli- de estímulo ao espírito de melhoria con- alinhamento das
ma favorável ao aumento do compromis- tínua, não só sobre os processos mas tam-
so organizacional. bém sobre as competências das suas pes- competências com as
soas.
A solidão dos executivos «Não era novidade que um dos seus
exigências do negócio
Uma outra situação que vem surgindo gestores, Francisco Marcelino, diretor do
é a solidão dos executivos para a desco- departamento de marketing, assentava a
berta de caminhos alternativos para o seu sua liderança nos pressupostos técnicos e
desenvolvimento profissional. Esta soli- organizativos, não valorizando as pessoas
dão pode deixar pouco espaço para inter- da sua equipa como elementos estratégi-
venções organizacionais e dificilmente é cos para o sucesso do seu departamento
ultrapassada sem haver uma parceria dedi- e da Key Corporation, deixando-as par-
cada. Recentemente, as parcerias exter- tir com alguma frequência. Ao longo dos
nas em programas de coaching de execu- anos, a DRH procurou dar relevância à
tivos têm vindo a dar respostas positivas formação comportamental com o grande
a estas necessidades (algo a que a forma- intuito de ir reduzindo o hiato nas com-
ção tradicional e individualizada parece petências soft dos seus gestores e colabo-
não ter respondido), constituindo um pro- radores em geral, tendo como referência
cesso de aprendizagem planeada e contí- os requisitos das funções. Mas a situação
nua que possibilita obter resultados quer a na equipa de Francisco Marcelino não
nível pessoal quer a nível das competên- melhorou significativamente e o turnover
cias estratégicas e de gestão. manteve-se elevado. Muitas vezes ouvia-
-se a expressão deste diretor: “não tenho
3. O papel da DRH como facilitador tempo para ir a essa formação, já tive essa
Estas são algumas das resistências e/ou formação há cinco anos, não preciso de ir
obstáculos mais comuns nas organizações novamente!”. A perceção de que os pro-
e, ao serem sobejamente conhecidas das blemas se mantinham começou a ser mais
DRH, são em simultâneo desafios que se notória quando, de forma recorrente, em
lhes colocam, através dos quais quer as surveys internos de satisfação e de clima,
empresas quer os colaboradores benefi- era clara a insatisfação naquela área relati-
ciam na busca de melhores desempenhos vamente quer ao apoio da chefia quer em
e desenvolvimento mútuo. relação a um conjunto de outras dimen-
Seguidamente os dois casos que se sões: carreira, remunerações, condições de
apresentam são o resultado de programas trabalho, acesso à formação e informação.
de coaching dinamizados por gestores de A Key Corporation estava a passar
recursos humanos, entre os anos 2007 e por um processo de reestruturação
2012, em organizações multinacionais de interna, de alteração da atividade core
produção industrial e em empresas de ser- do seu negócio, e era necessário tomar
viços da região da Grande Lisboa. Estes decisões… O coaching surgiu como uma
casos, com denominações fictícias, procu- solução possível e último recurso para
rarão dar conta de alguns dos problemas ultrapassar esta situação, que tinha sido
com que os gestores de recursos huma- identificada de “fraca liderança” e com
nos se defrontam, enquanto facilitadores, custos elevados para a organização. A

42 Janeiro/Fevereiro 2014
DRH, ainda não muito conhecedora do (CEO), o facilitador (DRH) e entre o «
modo como se desenvolvia um processo coachee e o coach, com a clarificação dos
de coaching, contactou três empresas de objetivos que a organização pretendia As parcerias externas
coaching, com coaches certificados e com atingir com o programa. A DRH recebia em programas de
provas dadas no apoio aos indivíduos e informação periódica sobre alguns ele-
às equipas nas organizações, em diversos mentos relativos ao processo e não sobre coaching de executivos
programas de intervenção organizacional. o conteúdo, antecipando a par e pas-
A opção recaiu sobre aquela que colocou so o sucesso do projeto. Este processo de constituem um processo
como condição não querer participar no coaching, vivido de forma muito profun- de aprendizagem contínua
processo caso o insucesso nos resultados da por Francisco Marcelino, veio trazer
do coaching tivesse como consequência o a este gestor uma mudança de perspeti-
despedimento de Francisco Marcelino. va sobre a gestão das pessoas, notando-
A DRH valorizou os aspetos éticos com -se de forma progressiva no seu departa-
que esta organização conduzia estes mento a criação das condições para que
processos, o que fez aumentar a confiança os seus colaboradores e as equipas passas-
de que a decisão da escolha desta empresa sem a encontrar as suas próprias soluções
tinha sido a adequada. para atingir os seus objetivos, assumin-
O coaching decorreu durante seis meses, do Francisco Marcelino um importan-
com sessões individuais semanais, ten- te papel nesta liderança, ajudando-os a
do sido feito um contrato entre o sponsor avançar e estimulando o seu desempenho.

Janeiro/Fevereiro 2014 43
A RTIGO i ii iii iv

Já passaram alguns anos sobre esta Frequentemente dirige-se aos seus cola- «
intervenção de coaching. Na Key Cor- boradores nos respetivos postos de tra-
poration é usual referirem que Francis- balho para saber como está o trabalho. O
A direção de recursos
co Marcelino é um “bom chefe” ou que seu principal objetivo é antever os pro- humanos deve ter a clara
é um “bom líder de equipas”. Semanal- blemas, por forma que possam ser resol-
mente mantém reuniões de progres- vidos antes de chegarem ao cliente final. perceção do valor do
so das atividades com a equipa de tra- Quinzenalmente as reuniões incorporam
balho, dá feedback sobre as atividades e um ponto na agenda que visa a avaliação
coaching como criador de
partilha de forma coletiva as informa- de desempenho dos elementos da equi- "valor" através das pessoas
ções sobre a organização, alinhando a pa. Por vezes estas reuniões apenas ser-
equipa em torno dos objetivos organiza- vem para reafirmar a confiança na equi-
cionais. Francisco transforma objetivos pa. Caso sinta a necessidade de reuniões
em ações imediatas com resultados visí- individuais dada a natureza das questões,
veis e mensuráveis. Não é apenas nas reu- faz o seu prévio agendamento. Nessas
niões semanais que os seus colaboradores sessões identifica ações de formação, pla-
podem falar com ele. Os seus colabora- nos de desenvolvimento individual com
dores sabem que podem conversar com instrumentos de autodesenvolvimento
ele sempre que pretendam para tratar de para melhorar determinadas competên-
assuntos profissionais ou mesmo pessoais. cias, procurando que tenham impacto e

44 Janeiro/Fevereiro 2014
Um outro olhar

que perdure para além da sua realização.


É fácil ver a mudança que tem acontecido
na sua equipa. Francisco Marcelino tor- Tiago Forjaz
nou essa mudança significativa para cada Chief Dream Officer
um dos seus colaboradores e os resultados da MighTworld
para o negócio foram assinaláveis.»
O caso de Francisco Marcelino é um
caso de sucesso, pelos resultados alcança- A alvorada da possibilidade
dos. Porém, neste caso, a DRH defron- As empresas habituaram-se a trabalhar com as premissas da era da industria-
tou-se com uma situação limite e a inter- lização: focaram-se na arte da execução e acomodaram-se aos efeitos con-
venção de coaching poderia não ter tido sequentes de criação de riqueza. Acomodadas aos hábitos de quem toma o
os alicerces necessários para o sucesso. dinheiro em vão, as mais saudáveis animaram-se a jogar no campeonato da
O coaching pode ser contraproducente competição. O seu único foco passou a ser escalar no ranking, subir na cadeia
quando o coachee percebe que é o último alimentar. Com o tempo e o tédio, distraíram-se (sobretudo em Portugal) com
investimento que a empresa está dispos- fatores extrínsecos e regatearam melhores condições, subsídios, infraestruturas.
ta a fazer. A DRH como facilitadora des- Entretanto, no mundo assistiu-se a um fenómeno crescente de evolução do
tes processos deve procurar antecipar a mundo do trabalho e de proliferação de novos agentes: empreendedores, pro-
estratégia de implementação de qualquer fissionais independentes, pessoas que investiram antes na introspeção e apos-
programa de coaching, avaliando a opor- taram no que controlavam – no seu potencial –, focaram-se nos seus recursos
tunidade e os benefícios sempre com o e forjaram acordos, parcerias, compromissos. Estas pessoas não são (só) por-
objetivo de conjugar as necessidades indi- tuguesas, são globais, são seres humanos que em todo o mundo aceitaram a
viduais e organizacionais, procurando que mudança de paradigma que as nossas sociedades nos oferecem, a oportuni-
o coaching possa trazer aos indivíduos e dade e consequência que a tecnologia nos impõe. Em Portugal, este fenómeno
à empresa o melhor, o que implica que a também passou e está em curso. Com o anúncio da inflexão, agradece-se a
DRH deve ter a clara perceção do valor todos os que se sacrificaram. Vive-se a primeira noite de primavera, um pres-
do coaching como criador de «valor» atra- ságio prematuro de novas temperaturas e de dias mais felizes e iluminados.
vés das pessoas. Adivinham-se cavaleiros de uma nova alvorada, aqueles que apostam no mudar
de roupas, em preparar para aproveitar essa mudança em vez de ficar a comen-
Caso 2: Coaching organizacional tar o clima. Inspiremo-nos nos lúcidos e resilientes, que deixaram de acreditar
«Na Freitas de Salles, SA, era notório o num novo emprego, que deixaram de se queixar do destino e se abalançaram
desalinhamento das equipas de traba- a criar os seus próprios caminhos. Sigamos aqueles que empreenderam nos
lho e dos indivíduos em torno dos obje- seus sonhos e trilharam o seu autoconhecimento, como se de uma recruta para
tivos estratégicos da organização, que se tempos de guerra se tratasse. Lembremo-nos das muitas pessoas que nesta
encontrava numa fase de reorganização austeridade e apesar dela decidiram antecipar os seus subsídios e empreender,
e de transição para uma nova área estra- dos empresários que voaram em prospeção, que se inteiraram com propriedade
tégica de negócio. Tornava-se necessá- do que são os desafios de confiança, do que importa para conquistar mercados
rio que a empresa definisse, de uma for- e parceiros. Celebremos os seus sucessos e partilhemos os seus méritos, agra-
ma clara, as suas necessidades prioritárias decendo àqueles que nos oferecem perspetivas positivas para o futuro e que
para o futuro, com base no seu plano e nos emprestam cores para pintar os nossos planos.
objetivos estratégicos tendo em conta a Àqueles que dirigem empresas, apelo-vos a guardar na memória a disciplina
integração do novo negócio, identificas- do inverno, de manter o esforço desta austeridade, de celebrar a vossa sobrevi-
se as competências necessárias para o pre- vência e descobrir o vosso verdadeiro potencial. Quem for corajoso o suficiente
sente e, ao mesmo tempo, as competên- para perceber que já temos tudo o que precisamos dentro de nós e que só
cias necessárias para fazer face ao futuro. utilizamos uma ínfima parte do nosso potencial terá mais facilidade e compa-
Para responder a esta necessidade, a nhia a abalançar-se a abraçar o mundo, para edificar o seu sonho e explorar o
DRH sugeriu ao CEO e à equipa de ges- admirável mundo da possibilidade. Eu acredito que os sonhos não têm tempo
tão a realização de um programa de coach- nem código postal, podemos domiciliá-los onde quisermos (desde que seja ao
ing organizacional e de desenvolvimento lado dos nossos mais queridos). Pode ser na empresa onde já trabalhamos ou
de liderança para as equipas de primei- mesmo num país novo, nada disso fará a diferença. Todos nascemos donos do
ro e segundo nível da organização, basea- nosso destino e todos temos o direito de realizar o nosso potencial. Está à espera
do na aprendizagem-ação e estruturado de quê? Realize o seu potencial!

Janeiro/Fevereiro 2014 45
A RTIGO i ii iii iv

« em redor das competências críticas para pudessem melhorar as suas competências


A gestão pelo exemplo, o negócio. Valorizou-se nesta intervenção e criasse melhores condições para partici-
a rapidez, o alinhamento organizacional parem ativamente no desenvolvimento da
embora seja criticada para a obtenção de melhores resultados organização. Para a DRH, este programa
de negócio e a criação de uma cultura de de coaching individual representava sim-
face a outras formas inovação e gestão da mudança como pro- bolicamente a importância do valor que
de liderança para lidar cesso essencial à organização e aos indi- o capital humano tinha para a empresa.
víduos. A DRH considerava difícil imaginar o
com os contextos atuais, Para esta intervenção procedeu-se a desenvolvimento de competências atra-
reuniões entre as várias equipas de tra- vés do coaching como algo passageiro ou
continua a ser uma balho, procurando-se fomentar o alinha- mesmo uma questão de moda, por isso já
abordagem fundamental mento organizacional através de ativida- era prática habitual considerar no budg-
des que pudessem: et anual verbas para este tipo de interven-
nas organizações • clarificar os desafios estratégicos e a ção.
direção da organização; Era a primeira vez que avançava com
• definir os objetivos, metas prioritárias e um projeto desta dimensão, com a imple-
projetos estratégicos; mentação sistematizada de um conjun-
• alinhar a organização em torno das to de ações e interações pré-estabelecidas
prioridades; e integradas com os objetivos organiza-
• identificar as competências-chave atu- cionais, gerados de acordo com o planea-
ais e futuras; mento estratégico da empresa. Mas com
• identificar os agentes de mudança e os a avaliação intercalar do projeto aperce-
facilitadores internos; beu-se de que o coaching individual não
• motivar a organização para a mudan- estava a cumprir os objetivos pretendidos,
ça, mostrando a todos, desde o início muitas sessões não estavam a ser realiza-
do projeto, os ganhos que as ativida- das por falta de tempo dos coachees e as
des desenvolvidas iam promovendo na primeiras linhas não estavam totalmente
organização. envolvidas, porque se encontravam a par-
Esta intervenção trouxe um efeito ticipar ativamente no arranque do novo
sinérgico à organização e às equipas de negócio. De acordo com a informação
trabalho, que procuravam operacionalizar de alguns gestores de topo, as competên-
a estratégia do negócio, no respeito pelos cias previstas a desenvolver já se encon-
valores internos, desencadeando de for- travam em níveis muito satisfatórios, de
ma sistemática um conjunto de planos de acordo com as suas qualidades pessoais e
ação que procuravam cumprir e partilhar. profissionais, e, como o tempo era escasso,
A par destas intervenções coletivas, que tinham que se focar no negócio e menos
rapidamente ganharam expressão pelos nos seus processos pessoais de mudan-
resultados alcançados, a Freitas de Sal- ça. Rapidamente se começou a questio-
les, SA, com o suporte de coaches externos, nar o investimento que se tinha efetuado
desenvolveu programas de coaching indi- no programa e o retorno para as pessoas e
vidual para todas as primeiras e segun- para o negócio.»
das linhas, com o objetivo de reduzir os O caso da Freitas de Salles, SA é um
hiatos entre as competências individuais caso paradigmático que reflete a plena
e as competências estratégicas requeridas utilização do coaching numa organiza-
para o negócio, e estabeleceu os resulta- ção, na conjugação do coaching coletivo e
dos esperados. coaching individual. As vantagens são inú-
Este programa de coaching indivi- meras e os resultados da sua articulação
dual tinha o pressuposto de trabalhar têm sido estudados como tendo um efei-
as competências de liderança e conse- to sinérgico, que potencia os desempe-
quentemente esperava-se que estimulas- nhos da organização no alcance dos obje-
se os seus colaboradores para que estes tivos estratégicos. O coaching individual

46 Janeiro/Fevereiro 2014
aqui retratado enferma de algumas limi-
tações quanto ao ajustamento do mode-
lo proposto. Cabe ao DRH avaliar esta Ideias a reter:
simultaneidade de intervenções na orga- 1. O coaching é um processo que supera em muito as vantagens de outros instrumentos
nização e que processos de negociação e tradicionais de desenvolvimento profissional. A sua eficácia prolonga-se ao longo do
de compromisso e envolvimento inter- tempo, quer para o colaborador quer para a empresa, pois resulta de uma abordagem de
reflexão-ação que conduz a uma maior interiorização e consolidação de competências.
nos, nomeadamente da direção de topo, 2. Na implementação de qualquer programa de coaching individual ou de equipas,
têm de ser encetados para que se opera- recomenda-se que a DRH tenha sempre o elemento-chave do sucesso do programa: o
cionalize o modelo concebido. A gestão envolvimento e o compromisso, desde o primeiro momento, não apenas dos coachees
pelo exemplo, muito embora seja recor- mas também da gestão de topo, na participação e na defesa dos benefícios destas
intervenções organizacionais.
rentemente criticada face a outras formas 3. Qualquer que seja a intervenção que a DRH adote para o desenvolvimento das pessoas
de liderança para lidar com os contex- na organização, terá sempre o objetivo de mapear e conjugar as necessidades indivi-
tos atuais, continua a ser uma aborda- duais e organizacionais. É neste contexto que se inscreve o desafio colocado à DRH de
gem fundamental nas organizações, o que estruturar novos modos de intervenção organizacional de gestão das pessoas, integrando
o coaching como uma ferramenta central, assumindo as caraterísticas de cada grupo
implica que a gestão, através do seu com- profissional e dando lugar à gestão individualizada da performance, através de processos
portamento, pode criar as condições para mais holísticos e integrados nos quais o colaborador assume a responsabilidade partilha-
o sucesso de qualquer projeto organiza- da do próprio desenvolvimento profissional.
cional.

IFE

Janeiro/Fevereiro 2014 47
R EFLEXÕES
SE FOSSE ELEITO PRESIDENTE, QUAL SERIA A SUA
PRIMEIRA MEDIDA?

Francisco – que proferiu, há poucos dias, a e contribuir para que todos sejam integra-
seguinte frase: «Orar, antes de tomar qual- dos de forma equitativa na sociedade, res-
quer decisão, é a melhor escolha que você peitando igualmente a cultura de cada in-
pode fazer». divíduo.
Após este tão simples e nobre gesto, Quando falamos, ao dia de hoje, na pa-
se tivesse sido eleito presidente, isso para lavra mudança, ela não deveria representar
mim representaria sinónimo de exemplo economia, finanças, dinheiro… Não! Esta
para com a sociedade, em particular, e para mudança deveria representar pequenas
Felipe Cândido com o mundo, em geral. Sou um grande (grandes) palavras como respeito, compai-
defensor de que um líder deve liderar/ge- xão e ajuda.
CEO da Casa Félix, Lda.
rir pelo exemplo e nunca pelo poder que Em resumo, se fosse eleito presidente,
isso possa representar. era por aqui que começaria a minha atua-

P
orque não responder a esta questão Seguindo esta linha de raciocínio, todos ção ativa na sociedade, procurando dei-
começando com uma citação de nós somos iguais e devemos manter-nos xar o nosso mundo (bem) melhor do que
uma das mais influentes e marcan- iguais independentemente da função ou o encontrei, com a ajuda de todas as pes-
tes figuras – para mim – do mun- cargo hierárquico que possamos ocupar. soas possíveis, pois sem elas seria impos-
do atual? Jorge Mario Bergoglio – o Papa Devemos respeitar toda e qualquer pessoa sível fazê-lo.

C
onsiderando que Portugal é um Cocriação: através do debate e convergên-
país extraordinário, com uma his- cia de ideias, traduzidos na criação de um
tória riquíssima e habitado por pacto político-social com medidas concretas
um povo cujo ADN inclui cer- a dez anos, não alteráveis por alterações polí-
tamente valentia e que está consciente de ticas.
que as soluções para um Portugal susten- Entusiasmo: materializado através de sis-
tável estão cá dentro e dependem essen- temas eficazes promotores da meritocra-
cialmente de todos nós, propunha que se cia, sistemas esses transversais da meritocra-
definisse um propósito nacional de ado- cia, onde sindicatos, empresários, gestores,
ção de um discurso interno positivo, onde comunicação social, professores, funcionários
as palavras coesão, cocriação e entusiasmo públicos, entre outros, tivessem como métri-
fossem o suporte das atitudes e comporta- ca de desempenho o que estão a fazer pelo
mentos para fazer acontecer. propósito do país.
Coesão: materializada através de tole- Diariamente, os principais noticiários dos
rância zero para com o negativismo, canais de televisão de sinal aberto teriam
divisionismo, clientelismo, corrupção, como contribuição para o desenvolvimento João Catalão
mediocridade, facilitismo, burocracia e do país a partilha de notícias e factos positi- Managing partner da YouUp,
indolência. vos, em linha com o propósito do país. The Coaching Company

48 Janeiro/Fevereiro 2014
C
omo o presidente da Repúbli-
ca tem, de acordo com a nossa
Constituição, poderes meramen-
te institucionais ou simbólicos,
para além dos poderes de veto que tan-
to têm sido comentados ultimamente, a
minha primeira medida seria a de convo-
car os CEO, presidentes e diretores-gerais do início dos trabalhos, haveria forma-
das principais empresas, organizações e ção com os melhores gurus sobre lideran-
entidades públicas para um fim de semana ça, comunicação interpessoal, gestão de
num ermo monte alentejano com o obje- conflitos e emoções e entre sessões have-
tivo único de encontrar soluções concretas ria momentos de descontração, incluindo
para a criação de emprego de forma ino- workshops de cocktails, karaoke e jogos de
vadora, sendo que da reunião teria que sair polo aquático.
obrigatoriamente um compromisso entre Como segunda medida, condecoraria
todos, um plano de ação com prazos defi- alguns dos colaboradores da Impresa, pelo
nidos e responsáveis nomeados para cada seu empenho, dedicação e lealdade e pelo
ponto, bem como sanções específicas em serviço público que prestam à democra-
caso de incumprimento. Faria exatamen- cia e à liberdade de expressão em Portugal.
te o mesmo com os líderes dos sindica-
tos e representantes dos trabalhadores de
cada setor/indústria e no final e num ter- Francisco Pedro Balsemão
ceiro momento juntava-os a todos num COO do Grupo Impresa, com
barco que só atracaria depois de chegarem os pelouros de RH, jurídico
a um entendimento. Nesse cruzeiro, antes e sustentabilidade

carreiras políticas típicas, dos critérios de acesso aos


diferentes níveis nas jotas e nos partidos, dos perfis de
competências e motivações existentes, da organização
típica das tribos, dos seus padrões de comportamen-

U
m projeto de desen- to, do papel da irracionalidade ideológica no processo
volvimento de lide- de tomada de decisão.
rança. Vários estudos Promoveria um debate aberto na sociedade civil so-
dão à profissão polí- bre como recrutar mais pessoas de qualidade para a
tico um reconhecimento so- profissão, neutralizando os mecanismos de nivelação
cial medíocre. Uma comunida- por baixo, que levam a mediocridade tão longe. Defi-
de não aceita ser liderada por niria indicadores de mérito.
pessoas a quem não reconhece Com base no Livro Branco daí decorrente, sugeria a
mérito, qualidade ou ética. O adoção de mecanismos de seleção mínimos para car-
contributo comunitário para o gos governativos locais e nacionais, incluindo a análi-
sucesso das medidas legislati- se do estádio de desenvolvimento moral do candidato.
vas desaparece. Para os não psicólogos: há cinco estádios e consegui-
Promoveria um estu- mos identificar «a olho» que muitos políticos não pas- Ricardo Vargas
do interdisciplinar das atuais sam do segundo – o do oportunismo. CEO da Consulting House

Janeiro/Fevereiro 2014 49
E NTREVISTA

MANUEL
FORJAZ
Empreendedor e gestor

«Tenho pessoas que admiro;


gurus são todos aqueles que me
ensinam algo todos os dias. Eu é
que fracassarei se não conseguir
tirar deles o melhor que têm
para dar»
ENTREVISTA DE: VANESSA HENRIQUES RH
Magazine
Fotografias: Jorge Simão, Mário Pires,
Tiago a. Pereira

50 Janeiro/Fevereiro 2014
Janeiro/Fevereiro 2014 51
E NTREVISTA

L
embrámo-nos de lhe propor alguém que passa por um cancro. Um dos mais um bocado.
esta entrevista depois de cancros que tinha de ser distribuído veio
lermos a que concedeu à para mim e ainda bem, porque poupou os Tem um currículo tão diverso,
Notícias Magazine, na qual meus filhos. desenvolveu tantas atividades que é
ficámos a conhecer a luta difícil atribuir-lhe um determinado
que vem travando contra Como têm oscilado os seus estados de estatuto. Creio que, acima de tudo, é um
o cancro de pulmão. Tem alma? empreendedor…
sido uma batalha sem tréguas, mas Seis dias bons, um dia de fragilidade. Tra- Gestor de empresas, empreendedor social,
fiquei com a ideia de que tem tido uma tamentos, adoro todos. Exames menos, empreendedor, consultor, empresário e
espantosa determinação… consulta pós-exames com médico alta- coach (pro bono) e algumas novas empresas
Uma batalha talvez mais importante que mente stressantes. Sem dor, conseguimos geridas por techies talentosos. E professor,
outras. Mas, graças a Deus, estou bem viver e sorrir ocasionalmente. desde 1993, em licenciaturas, mestrados e
apoiado nos meus médicos, na minha doutoramentos.
família e amigos e a fé ajuda a descontar o Tendo o seu quotidiano sofrido uma
problema da morte. alteração radical, onde vai buscar forças Quantas empresas têm a sua marca
para delinear e iniciar novos projetos? pessoal?
Pensamos que estas adversidades só Não sei, geneticamente à energia da Julgo ter criado cerca de 35 direta ou indi-
acontecem aos outros… minha mãe, racionalmente à sabedoria do retamente.
O cancro trespassa toda a sociedade, a meu pai, no dia a dia à minha família e
um ou dois níveis, toda a gente conhece amigos que insistem em me querer cá por De todas as iniciativas que tomou até

52 Janeiro/Fevereiro 2014
« hoje, qual é a que lhe deu maior sentido no geral cada vez mais se aproximam da
São as PME que estão de realização pessoal? qualidade de gestão das grandes empre-
TEDxOPorto, turnaround da Bertrand e sas (globalização e circulação do conhe-
a dar a volta a este o projeto social Pais Protectores. cimento) – vendas, desenvolvimento do
produto, research.
país. Algumas terão Quais foram os seus sonhos de criança e O grande problema das PME continua
práticas de gestão o que é que gostava ainda de fazer? a ser o atomismo e a incapacidade de se
Talvez os sonhos sejam de agora: conhe- unirem em projetos comuns.
ultrapassadas, mas cada cer o Afeganistão, os dois Congos, saber
tocar guitarra e colaborar para o desenvol- Que lacunas é que aponta em termos de
vez mais se aproximam vimento da plataforma manuelforjaz.com. gestão do capital humano nas empresas
da qualidade de gestão portuguesas?
A maior parte das empresas nacionais Alguma falta de estruturação em termos
das grandes empresas são PME, muitas delas com práticas de de fluxos e organogramas, excessiva tole-
gestão ultrapassadas. Peço-lhe um breve rância ao erro, falta de avaliação perma-
comentário sobre esta afirmação. nente e de planos de desenvolvimento
São as PME que estão a dar a volta a este pessoal.
país. Algumas terão nalguns setores prá-
ticas de gestão ultrapassadas (planeamen- Tem ensinado em várias instituições
to de marketing, gestão de equipas), mas de ensino superior. Que tipo de ideias

assinaturas

Janeiro/Fevereiro 2014 53
E NTREVISTA

procura incutir aos seus alunos? que valoriza mais?


Conhece-te. Pensa no que queres ser, Andar a pé, escrever, falar, meditar.
onde queres estar, com quem, a fazer o
quê daqui a cinco e dez anos, desenha um Uma última pergunta: que avaliação faz
grande objetivo para a tua vida, faz um do sistema de saúde nacional?
plano para a mesma. Olha para quem pre- Tenho sido acompanhado também no
cisa sempre que puderes ou tiveres folga. IPO pela equipa do Dr. Duro da Costa.
Não tenho nada a apontar. Vivo grato por
O seu blogue é seguido por muitos ser tratado com respeito, profissionalismo
milhares de portugueses que o veem e até carinho.
como um exemplo. Você próprio tem É incrível o que aquelas pessoas con-
algum guru que seja para si uma fonte seguem fazer com tão poucos recursos.
Hobbies: de inspiração? Vivem permanentemente um Vietname,
Xadrez, vinhos, mar Tenho pessoas que admiro; gurus são em estado de alerta.
Melhor viagem: todos aqueles que me ensinam algo todos Tenho pena que o instituto não seja
Coreia do Norte os dias. Todos os que me rodeiam são uma referência mundial. Mas para isso
Livro de cabeceira: gurus. Eu é que fracassarei se não conse- o equipamento teria de ser outro, desen-
Man’s Search for Meaning, guir tirar deles o melhor que têm para dar. volver-se a investigação, testes, conectar-
Viktor E. Frankl; Essays, Joseph
-se a outros hospitais e equipas de inves-
Schumpeter; Studies in Power
A doença levou-o certamente a dar tigação, etc.
and Class in Africa, Irving
importância ao quotidiano e aos
Leonard Markovitz
pequenos prazeres da vida. Quais são os Obrigada por esta entrevista.

54 Janeiro/Fevereiro 2014
Com o patrocínio:

PASSAPORTE

PAULA CARNEIRO LIDERA


A ÁREA DE RH DA EDP
Paula Carneiro tem um percurso
digno de nota: trabalhou na ICL
Fujitsu, na área da qualidade;
seguiu-se o Grupo Espírito
Santo, com a área de gestão
de RH e de quadros diretivos;
desempenhou ainda funções
de direção de RH na Microsoft
Portugal, Microsoft Europa, Médio
Oriente e África (EMEA), Danone
Portugal e Grupo CIMPOR.
manuel forjaz No final de 2013 juntou-se
ao Grupo EDP como diretora
Aprender corporativa da área de
Curso de economia na Católica, pós-graduação em estudos africanos no ISCTE, estudos recursos humanos.
especializados em liderança (Harvard Kennedy School of Government), social entrepre-
neurship (INSEAD), entre outros. Participou no TED Global em 2009.

Trabalhar
Na Unilever trabalhou entre 1988 e 1994 em marketing e vendas, foi diretor-geral da
Bertrand entre 1994 e 1996, CEO da Capital e é empreendedor desde 1999.

Empreender
Diretor na ANJE entre 1997 e 2004, onde colaborou na conceção e lançamento da
Semana, Feira, Prémio do Empreendedor na construção do que seria a Academia do
Empreendedor, pilar da onda de criação de empresas de topo em Portugal. Como coach,
sócio, consultor, amigo, professor, colaborou na criação de mais de 50 empresas. MICHAEL PAGE PORTUGAL
NOMEIA CARLOS ANDRADE
Investigar e ensinar MANAGER DA MICHAEL PAGE
Investigador no CEA, professor universitário de mestrados no ISCTE, EMBA no ISEG e PORTO
atualmente na Nova SBE, onde leciona business ventures a alunos de mestrado. Autor A Michael Page Portugal nomeou
do estudo «Perfil do jovem empresário português» (1994).  Membro e investigador do Carlos Andrade manager
Missão Portugal. da Michael Page Porto.
Consultor da Michael Page desde
Cidadania 2011, Carlos Andrade é licenciado
Fundador dos Pais Protectores, do IES, host do TEDxOPorto, criador do Homo Faber (clube em psicologia pela Universidade do
fechado de empresários) e das Bolsas Africanas. Minho. No seu percurso profissional,
Conferencista junto de escolas dos primeiros ciclos, universidades, politécnicos, institui- assumiu o cargo de técnico de
ções de solidariedade social (como a Liga Portuguesa Contra o Cancro). RH no Grupo Sonae. Trabalhou
ainda numa multinacional de
Pequenos prazeres recrutamento como consultor para
Xadrez, escrever, tudo sobre vinhos, TV (série Banshee), a família e andar a pé. o desenvolvimento de processos
de recrutamento e seleção.

Janeiro/Fevereiro 2014 55
B REVES

NEVES DE ALMEIDA | HR Almeida e criatividade, procura, desta forma, desafiar


CONSULTING DESAFIA direcionada motiva- os gestores portugueses a saí-
GESTORES aos gestores ção, cultura rem da sua zona de conforto.
O ano de 2014 trará extraordi- de equipas, organizacional, Este desafio vai ser também
nários desafios a todos quantos desenhada para res- inovação, felicidade acompanhado nas redes sociais
gerem equipas, pelo que a ponder a 13 áreas funda- e work-life balance. (Facebook, LinkedIn e blogue)
Neves de Almeida convida os mentais da gestão de pessoas: Recorrendo à sua experiência onde todos aqueles que quei-
gestores de pessoas a partici- gestão da mudança, liderança, de mercado, com mais de ram responder a este desafio
parem no HR Challenge 365. engagement, serviço ao cliente, 20 anos e com presença em podem consultar mais dicas e
O HR Challenge 365 é uma fer- trabalho em equipa, gestão Portugal e Angola, a Neves de informação útil para potenciar a
ramenta criada pela Neves de das emoções, networking, Almeida | HR Consulting gestão de pessoas.

TRANSITAR RECOLOCA
74% DOS CANDIDATOS DE
OUTPLACEMENT NO MERCADO
DE TRABALHO
A Transitar, empresa especialista em pro-
cessos de transição de carreira, recolocou
com sucesso 74% dos seus candidatos de
outplacement no mercado de trabalho em
2013, um aumento de 1 ponto percentual
face ao ano anterior. Já o tempo médio de
recolocação aumentou para 6,1 meses, face
aos 5,7 meses registados no mesmo período
do ano transato.
Consequência do crescimento do desem-
prego em Portugal, a procura pelos serviços
de outplacement da Transitar continuou a LIFE TRAINING PARTILHOU AS de sucesso, intimamente ligado ao tema da
registar um aumento face aos anos anterio- ESTRATÉGIAS DO SUCESSO motivação. A inspiração da satisfação pes-
res. O número de candidatos do sexo mas- Nos dias 8 e 22 de novembro, a LIFE Train- soal foi a ideia essencial, a busca de identifi-
culino (45%) foi inferior ao do sexo feminino ing realizou o evento LIFE 2.0, desta vez de- cação com as formas de ver, perceber, sentir
(55%), tendência inversa ao ano anterior, dicado à temática do sucesso, no Porto (Te- e fazer sucesso.
verificando-se a mesma tendência face à cMaia) e em Lisboa (ISCTE), respetivamente. Com base em modelos e processos que
distribuição por idade: 42% de candida- Cerca de 750 pessoas, no total, assistiram a estuda há mais de dez anos, Pedro Vieira
tos com idade inferior a 45 anos e 58% de este evento. orientou a audiência numa aventura pelo
candidatos com idade superior a 45 anos. «O que é o sucesso e como se alcança?» significado da palavra «sucesso», o seu
Já os candidatos oriundos da região sul fo- foi o mote deste evento. Na primeira parte, peso e a sua potencialidade.
ram em maior número do que os da região foi partilhada uma visão pessoal e transmis- Considerado um dos oradores mais talento-
norte. Analisando a origem dos candidatos sível, cheia de humor e boa disposição, do sos da atualidade, Pedro Vieira é igualmen-
por setor de atividade, o setor farmacêutico formador Ricardo Peixe. Na segunda parte, te autor, formador, coach e especialista em
mantém-se como o setor mais representa- Pedro Vieira partilhou as ideias que mais neurolinguística, coaching e desenvolvimen-
tivo (51,1%). provavelmente conduzem a uma real noção to pessoal em geral.

56 Janeiro/Fevereiro 2014
Universidades e ao final de junho. Em cada uma
empresas vão às destas escolas, a organização
escolas dedicará um dia de atividades,
No dia 8 de janeiro, a Escola com palestras, workshops e o Técnico apre- promover a interação dos alunos do secun-
Secundária José Gomes Ferreira, expositores. Para além da intera- sentaram a sua dário com empresas que, na qualidade de
em Lisboa, foi palco da estreia ção nos stands das instituições oferta educativa – e potenciais empregadoras, lhes vão explicar
da feira de orientação vocacional do ensino superior e empresas, quatro workshops de quais os perfis mais valorizados. PwC, Deloit-
Inspiring Future, organizada pela tiveram lugar 13 apresentações desenvolvimento de te, Adecco, BES, ANA Aeroportos e SAPEC
start-up Inspiring. A iniciativa vai formais calendarizadas – onde competências. são algumas das empresas que vão fazer
percorrer outras 70 escolas se- instituições como o IPAM, ISEG, O Inspiring Future parte da comitiva desta feira de orientação
cundárias da Grande Lisboa até ISCTE, Católica, Nova SBE ou quer também vocacional.

management, vai avançar para o terceiro da empresa, «quisemos, desde o início,


ano do seu projeto de responsabilidade so- que a nossa responsabilidade social fos-
cial Career Move Day. Este projeto, iniciado se concretizada na nossa área de exper-
em 2012, foi materializado num dia concre- tise e é com satisfação que registamos
to (terceiras sextas-feiras de cada mês) em um bom feedback destes dois anos de
que os partners e consultores da Stanton projeto.»
Chase Portugal estão disponíveis no seu Relembra-se que todos os interessados
escritório para realizar entrevistas gratuitas em poder beneficiar deste programa de-
de aconselhamento e orientação de carrei- verão candidatar-se, informando a sua
ra a profissionais desempregados. Durante situação profissional e enviando o CV,
PROGRAMA CAREER MOVE os primeiros dois anos de vigência do pro- através do e-mail lisbon@stantonchase.
DAY ENTRA NO SEU TERCEIRO grama, foi possível à Stanton Chase apoiar com. A seleção das candidaturas far-se-
ANO cerca de 300 profissionais, através das re- -á com base em critérios de necessidade
A Stanton Chase Portugal, empresa mul- feridas entrevistas. de apoio e de adequação da ajuda que
tinacional de executive search & talent Segundo José Bancaleiro, managing partner pode ser facultada.

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Janeiro/Fevereiro 2014 57
B REVES

D’ACCORD ABRE NOVA A D’ACCORD já


AGÊNCIA NA TROFA opera, desde 2010,
A D’ACCORD, empresa especia- a partir da sua sede
lista na prestação de serviços na Maia. Com a
de gestão de recursos huma- abertura da nova
nos, inaugurou no dia 4 de agência, a empre-
fevereiro a sua nova agência na sa reforça a sua
Trofa. posição competitiva
Este é um investimento que no mercado e dá crescido de forma sustentável França. Atualmente, a empresa apresenta
assenta na estratégia de cresci- mais um passo na no mercado nacional das agên- soluções globais de recursos humanos que
mento da empresa portuguesa implementação da cias de recrutamento e seleção, vão ao encontro das exigências do merca-
e surge com o objetivo de estar estratégia de co- assumindo uma posição de do de trabalho e dos profissionais. Os seus
mais perto dos clientes, colabo- bertura do território cada vez maior destaque no serviços incluem recrutamento e seleção,
radores e candidatos da região nacional. mercado nacional mas também trabalho temporário, formação profissional
do Baixo Ave. A D’ACCORD tem na Europa, nomeadamente em e consultoria em recursos humanos.

PWC NO TOPO DAS EMPRESAS AMWAY APRESENTA


MAIS ATRATIVAS PARA JOVENS RELATÓRIO MUNDIAL DE
LICENCIADOS EMPREENDEDORISMO 2013
A consultora Universum todos os anos co- A Amway, empresa líder mundial no setor
labora com um número significativo de uni- de venda direta, apresentou, pelo quarto
versidades, no sentido de entender quais as ano consecutivo, um estudo que foca as
expectativas de carreira e perceção dos es- principais tendências mundiais na área do
tudantes acerca do «empregador ideal», na empreendedorismo. A crescente atitude po-
área da gestão de negócios e engenharia. sitiva face ao empreendedorismo foi uma
Foi no âmbito da gestão de negócios que das principais conclusões do relatório anual
a PwC se destacou, obtendo o 5.º lugar no promovido pela empresa, em 24 países a
ranking europeu e o 4.º lugar no ranking nível global.
mundial, num estudo que este ano contou O estudo «Encorajar os empreendedores −
com a participação de cerca de 200 000 suprimindo o medo do fracasso» incluiu a
estudantes de diferentes partes do globo. participação dos portugueses pelo segundo
O esforço de implementação de políticas de ano sucessivo e pela primeira vez alguns
atração de excelência, alinhadas com polí- países emergentes e potências fora da Co- que mais aliciam os portugueses.
ticas de recursos humanos de valor acres- munidade Europeia. Contudo, os resultados do estudo mostram
centado, é, de acordo com António Saraiva, As conclusões são positivas: 61% dos por- também que a maioria das pessoas não co-
responsável de human capital da firma, «o tugueses assegura ter uma atitude positiva locaria os seus planos em prática. O número
grande segredo para atrair jovens bastante perante o empreendedorismo. Para além de potenciais empreendedores que poderia
qualificados e que claramente demonstram desta atitude, 32% dos inquiridos em Portu- avançar com a criação de um negócio é
vontade de pertencer a uma empresa que gal afirma também que se imagina a criar o muito reduzido: apenas 32% dos inquiridos
premeia o mérito e oferece perspetivas de seu próprio negócio, uma percentagem um imagina iniciar o seu próprio negócio.
carreira». pouco menor comparativamente aos resul- O Amway Global Entrepreneurship Report
Mais informações sobre os rankings em: uni- tados de 2012. 2013 foi conduzido pela Amway Europa, em
versumglobal.com/ideal-employer-rankings Relativamente às motivações para criar o cooperação com o Instituto de Estratégia,
/global-results/ e universumglobal.com/ seu próprio emprego, o estudo evidencia Tecnologia e Organização da Universidade
ideal-employer-rankings/regional-results/ que a independência de uma entidade pa- de Munique e com o apoio do Instituto GfK
europes-most-attractive-employers-2013/ tronal e a realização pessoal são os fatores Research de Nuremberga.

58 Janeiro/Fevereiro 2014
BURGER KING® PROCURA da Universidade Nova de Lisboa e da
JOVENS TALENTOS PARA Universidade Católica Portuguesa terão a
NOVA EDIÇÃO DO EMEA oportunidade de receber todos os esclareci-
− MANAGEMENT TRAINEE mentos necessários para a candidatura ao
PROGRAM programa nas sessões que terão lugar a 3 e
A BURGER KING® Europa lançou mais 27 de março, respetivamente.
uma edição do seu EMEA – Management O processo de seleção é constituído por
Trainee Program, uma iniciativa que oferece diferentes etapas. A primeira consiste no
a recém-licenciados a oportunidade de recrutamento através do website
participação num programa de desenvolvi- www.bktraineeprogram.com e inclui provas
mento das suas competências de lideran- de inglês, competências e lógica. Os candi-
ça. O programa visa dar a conhecer aos No âmbito do lançamento do programa, datos serão em seguida entrevistados por
candidatos os desafios enfrentados pela uma equipa de responsáveis da BURGER diretores da companhia e participarão em
BURGER KING® e desenvolver as compe- KING® vai visitar universidades em vários dinâmicas de grupo antes de ingressar no
tências necessárias para superá-los. países da Europa. Em Portugal, os alunos programa.

serviços de
medicina, higiene e
segurança do
trabalho

nem todas as empresas são iguais...

uma empresa a crescer desde 1972...

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a saúde na sua empresa


I
MIGUEL PINA MARTINS
CEO da Science4you
DEIAS INOVADORAS pina.martins@science4you.pt

SCIENCE4YOU, UM EXEMPLO
DE EMPREENDEDORISMO
PORTUGUÊS
A empresa 100% portuguesa de brinquedos educativos
continua a crescer e a dar largos passos a nível internacional.

C
OMO E QUANDO ISCTE, a Audax, nasceu esta start-up, que
NASCEU A IDEIA PARA O hoje em dia já tem presença por todos os
PROJETO? cantos do mundo.
A Science4you é uma em- O nosso percurso tem passado, desde o
presa de brinquedos edu- início, pelo crescimento a nível internacio-
cativos, 100% portuguesa nal. A Science4you aposta muito na inter-
e que, para além dos brin- nacionalização. Este é um caminho que
quedos, realiza também festas de aniversá- temos vindo a trilhar desde o segundo ano
rio, campos de férias e diversas atividades de existência da empresa, com a abertura
ligadas à ciência. A missão da Science4you do escritório em Madrid e posteriormen-
passa por proporcionar às crianças e adul- te em Londres. E é um percurso que que-
tos momentos de diversão e aprendiza- remos naturalmente continuar.
gem das diversas ciências como a biologia,
geologia, química, física, energias renová- Quais os serviços/produtos
veis, entre outras. O nosso objetivo é que disponibilizados pela empresa?
os produtos sejam um complemento prá- A Science4you cria e comercializa brinque-
tico daquilo que é lecionado nas aulas. A dos educativos em parceria com a Faculda-
nível de negócio, pretendemos continuar o de de Ciências da Universidade de Lisboa.
nosso processo de expansão em mercados Além disso, organiza festas de aniversário,
internacionais e consolidar, cada vez mais, campos de férias e formação para anima-
a forte presença que já temos em Portugal, dores científicos.
de norte a sul do país.
Voltando um pouco atrás e ao início da PELO QUE FICOU MARCADO O ANO DE
empresa, esta nasceu de um projeto de final 2013?
de curso, durante o meu mestrado no ISC- O ano passado, por exemplo, fizemos uma
TE, quando tive, em conjunto com outros parceria muito importante com o Gru-
Nome do projeto: colegas, de fazer um plano de negócios para po Jerónimo Martins. Esta parceria mos-
Science4you a venda de uns kits de física, desenvolvidos tra que existe capacidade, interesse e con-
NOME Do MENTOR DO PROJETO: pelos alunos da Faculdade de Ciências da dições para que as empresas nacionais
Miguel Pina Martins Universidade de Lisboa. Na altura fizemos colaborem internacionalmente e se aju-
Contactos da empresa: o plano de negócios e, com um investimen- dem mutuamente, no sentido de alcança-
info@science4you.pt; to preliminar de cerca de 1000€ e poste- rem novos mercados e expandirem os seus
T. 210 993 851 riormente com recurso a capital de risco e o negócios. Para nós, este acordo traduziu-se
apoio do centro de empreendedorismo do na comercialização de 36 mil brinquedos,

60 Janeiro/Fevereiro 2014
em mais de 2 mil espaços e com um valor reconhecida no nosso país.
total de 115 mil euros. Tratou-se, até ago-
ra, do maior volume de exportação alguma Quais as perspetivas de futuro?
vez realizado pela Science4you e é algo que Para o futuro, queremos continuar a cres-
estes são tempos pretendemos continuar a explorar no futu- cer, cimentando, cada vez mais, a posição
difíceis, mas a ro. da Science4you no nosso país e conquis-
science4you nasceu Além disso, 2013 ficou marcado por pré- tando o mundo, com a criação de mais
mios e distinções tanto a nível nacional filiais que ajudem a sustentar o nosso negó-
em tempos de crise como internacional. A nível internacional cio. Os resultados não poderiam ser mais
e é hoje um projeto destaco o prémio Business Internation- positivos, pois ano após ano continuamos
muito sustentável alization Award que recebemos pela mão a crescer e a mostrar que a crise não é des-
de Lord Green, UK Minister for Trade & culpa para o insucesso. Em 2012 faturámos
Investment, em maio. Este prémio reco- o nosso primeiro milhão e em 2013 esses
nhece as empresas que escolhem o Rei- valores foram largamente superados, uma
no Unido enquanto mercado-chave nas vez que a Science4you obteve uma fatura-
suas estratégias de expansão internacional. ção na ordem dos três milhões de euros. Só
Isto sucede porque a Science4you inaugu- temos, portanto, motivos para sorrir.
rou em janeiro de 2013 o seu escritório no
Dock Business Center da Universidade de Que mensagem deixaria a uma
East London, com um plano de negócios pessoa que queira criar o seu
que contempla um investimento total de próprio negócio?
500 mil euros. Foi um grande desafio para Como nós sei que existem muitas outras
nós, mas sabíamos que os nossos brinque- empresas que nasceram de sonhos acadé-
dos seriam bem recebidos no país. E, até ao micos e se tornaram realidade. Não tenho
momento, a entrada no Reino Unido tem dúvidas de que estes são tempos difí-
superado as nossas expectativas. Em Por- ceis, mas a Science4you nasceu em tem-
tugal, fomos também distinguidos com o pos de crise, cresceu em tempos de cri-
prémio «Marca do Ano», pela revista Time se e é hoje um projeto muito sustentável.
Out Lisboa. Para nós, foi um reconheci- Aos empreendedores e futuros gestores só
mento muito importante a nível local pois, posso dizer que não podem desistir ou ter
apesar da grande aposta a nível internacio- medo de arriscar, porque é na crise que sur-
nal, a Science4you é uma empresa 100% gem as melhores oportunidades, os melho-
portuguesa e é com grande orgulho que res negócios. Arrisquem, que vai valer a
vimos a qualidade dos nossos produtos ser pena.

Janeiro/Fevereiro 2014 61
B
João Antunes
Administrador da Cloud Consulting
OAS PRÁTICAS geral@cloudconsulting.pt

cASO PRÁTICO
JOB RENTING – UMA NOVA
ABORDAGEM DA CLOUD
CONSULTING
Rapidez aliada à vertente humana em processos
de recrutamento e seleção, utilizando tecnologias
inovadoras baseadas em cloud computing.

A
Cloud Consulting é uma Como se traduz um conceito provenien-
empresa portuguesa, fundada te das tecnologias de informação à realida-
em 2012, reunindo o know- de das boas práticas dos recursos humanos,
how e a experiência de con- no âmbito da consultoria? Contemplando
sultores especializados em sempre a vertente humana de todos os nos-
serviços de recursos huma- sos profissionais disponíveis, assim como os
nos para diferentes setores nossos próprios clientes.
de atividade no âmbito nacional e interna- O Job Renting® traz vantagens para as
cional. Construída a pensar nas empresas a empresas que decidam adotar este sistema de
operar nos setores de hotelaria, tecnologias gestão de recursos humanos, reduzindo todo
de informação, grande distribuição e indús- o tempo despendido no processo de recru-
tria, abrange diversas áreas de operações tamento e seleção em cerca de 70%. O Job
funcionais. Renting® permite:
A escolha de: A principal inovação trazida ao merca- • o acesso a uma grande variedade de profis-
do dos recursos humanos pela Cloud Con- sionais disponíveis para exercer as funções
Isabel Moço sulting é o conceito de Job Renting®, que de que a empresa cliente necessita;
Docente da Universidade visa aproveitar sempre a sinergia criada entre • celeridade no processo de colocação do
Europeia | Laureate os profissionais e as empresas. Este concei- profissional, pelo que este poderá estar dis-
International Universities to do Job Renting® demonstra-se facilitador ponível para exercer as funções logo algu-
e mais acessível do ponto de vista financei- mas horas depois do pedido da empresa
ro, permitindo às empresas concentrarem-se cliente, dependendo da complexidade da
no seu core business e contribuindo para a pro- função;
dutividade, podendo estas ficar mais dispo- • a possibilidade de várias empresas par-
níveis para tarefas/funções e projetos a serem tilharem o mesmo profissional, relati-
realizados por profissionais de excelência, vamente às suas funções, sob orientação
sem descurarem a qualidade dos resultados. de um consultor especializado que fará a
Este serviço pressupõe um acompanhamento mesma gestão dessa partilha. Isto traz ape-
bidirecional junto das empresas e dos profis- nas vantagens quer para a empresa neces-
sionais, sendo estes últimos alvo de acompa- sitada do recurso quer para o profissional
nhamento técnico e comportamental. alocado;
Mas em que consistem as diferenças do • a possibilidade de a empresa reter a pessoa
Job Renting®, desenvolvido pela Cloud Con- que inicialmente exerceu a função em Job
sulting, face aos convencionais serviços de Renting® nos seus quadros, tendo a gran-
recrutamento, seleção e outsourcing? A dife- de vantagem do conhecimento da mesma
rença reside fundamentalmente no desenvol- quer na função quer na organização;
vimento de plataformas e tecnologias ino- • o acompanhamento técnico por parceiros
vadoras baseadas na computação em nuvem da Cloud Consulting, que atestam a capa-
(conceito largamente explorado na área das cidade funcional do candidato à necessi-
tecnologias de informação − cloud computing). dade da empresa.

62 Janeiro/Fevereiro 2014
Com o patrocínio:

NAS TEIAS DA LEI

Profissionais Empresas
César Sá Esteves
Advogado e sócio responsável pelo
Departamento de Direito do Trabalho
da SRS Advogados
cesar.esteves@srslegal.pt
Job Renting como facilitador DIREITO DO TRABALHO:
Mentoring técnico
da colocação de profissionais DESAFIOS PARA 2014
e comportamental
O ano que agora se inicia será, mais uma
Colocação imediata do
Apoio à empregabilidade vez, constituído por grandes desafios para o
profissional com possibilidade
em casos de desemprego mundo das relações laborais e seus agentes.
posterior de contratação
Desde logo, as organizações terão que
assimilar e implementar na gestão dos
recursos humanos o vasto conjunto de
Estas práticas de Job Renting® têm tra- e com o responsável do departamento onde alterações legislativas ocorridas em 2013, de
zido às empresas clientes uma elevada taxa se iria inserir o recurso pretendido. Nes- entre as quais se destacam, por exemplo,
de sucesso, caso a função passe a ser per- te levantamento detetaram-se requisitos o novo sistema de compensações e o seu
manente no nosso cliente, ficando demons- comportamentais aferidos por um especia- complexo regime transitório, o novo regime
trado que o modelo, além de rentável no lista nesta matéria e uma parte técnica que de renovação extraordinária dos contratos
imediato, se torna muitas vezes um bom foi endereçada ao ISEL – Instituto Supe- a termo certo e os novos mecanismos dos
investimento em RH, com riscos diminu- rior de Engenharia de Lisboa (parceiro fundos de compensação do trabalho e de
tos. Cloud Consulting), que, em conjunto com garantia de compensação do trabalho.
Uma prestação exemplificativa é relativa o cliente, fez uma bateria de testes que vali- Acresce que, com a referida decisão do TC,
a um dos 95% de casos de sucesso, com um dariam a capacidade dos candidatos para a estamos em crer que o legislador terá que
cliente da indústria alimentar, que solicitou função. A colocação do anúncio e a procu- procurar soluções alternativas para alguns
um técnico de eletricidade com um conjun- ra de recursos humanos, com as caraterísti- dos regimes declarados inconstitucionais.
to de requisitos e habilitações para a função, cas técnicas pretendidas e com a colocação Destaca-se, desde logo, a questão dos critérios
que adquiriu o pack Corporate de Job Rent- de obrigatoriedade de testes técnicos, foram de seleção no processo de despedimento
ing® e seguiu a metodologia Cloud Con- excelentes pontos de partida para uma sele- por extinção de posto de trabalho. Resulta
sulting, em que podemos descrever o pro- ção muito mais fina e controlada. absolutamente anacrónico e até discriminatório
cesso. Para terminar este processo, são realiza- manter como critérios de seleção elementos
O técnico de RH levantou todos os das três a cinco entrevistas finais entre os associados apenas à antiguidade, pelo que
requisitos necessários à função na empre- candidatos e o nosso cliente, onde os testes será necessário o legislador trazer novos
sa, em conjunto com o responsável direto são discutidos entre todas as partes, trazen- critérios mais consentâneos com a gestão
do a vantagem de uma grande poupança de
« tempo ao cliente − porque a Cloud Con-
moderna de recursos humanos, assentes em
princípios de meritocracia e desempenho.
sulting tem noção de que o tempo é uma É na área da contratação coletiva que os
O conceito de Job
forte pressão neste tipo de processos, tem grandes desafios também se colocarão, não
Renting® demonstra- a sua metodologia de atuação assente nesse apenas com vista a esbater as diferenças entre
parâmetro, procurando garantir a qualidade os setores abrangidos por IRCT e aqueles em
-se facilitador e mais em tempos que estejam de acordo com as que impera apenas a contratação individual,
necessidades do cliente. situação que foi agudizada pela referida
acessível financeiramente,
As empresas clientes da Cloud Consul- decisão do TC sob a égide da autonomia
permitindo às empresas ting têm retido no processo de Job Rent- da contratação coletiva, mas também pela
ing® 95% dos profissionais endereçados, o circunstância de a suspensão das normas
concentrarem-se no que demonstra a qualidade de avaliação das de IRCT, por força da Lei 23/2012, referentes
necessidades das empresas versus as com- aos acréscimos do trabalho suplementar e
seu core business
petências técnicas e comportamentais dos ao trabalho normal em dia feriado, cessar em
profissionais para as funções recrutadas. 01/08/2014.

Janeiro/Fevereiro 2014 63
P RISMA SÍNTESE i ii iii

LÍDERES PARA
HOJE E PARA
AMANHÃ
Este texto é sobre as questões
que as organizações de todo o
mundo colocam a si mesmas.
O que torna um líder eficaz? A
análise de dados sobre o talento
(talent analytics) da SHL permite
às organizações compararem os
seus gestores com cada setor
de atividade, nas diferentes
geografias onde operam.

N
ecessidade de liderança formulam uma visão convincente, sabem
Para alguma coisa terão de como motivar os outros, propõem uma
servir os mais de 25 mi- direção clara, comunicam com eficácia,
lhões de assessments que apoiam os outros quando há mudanças e
os clientes da SHL fazem alcançam metas e objetivos.
globalmente em cada ano. As grandes mudanças económicas, a
Para além da sua utilidade rápida mudança social e política, a acele-
imediata, permitem também obter uma ração tecnológica e das exigências de co-
visão global e local sobre o talento. No municação estão a impelir-nos para uma
«Relatório da SHL sobre o Talento»1, ela- procura cada vez maior de eficácia na li-
borado por Eugene Burke e Ray Glennon, derança. Encontrar as pessoas que sa-
diretores do SHL Group, são partilhados tisfazem as seis exigências de liderança
todos esses dados, no contexto das ques- enunciadas acima é um grande desafio, re-
tões atuais mais urgentes sobre o talento. conhecido quer pelos gestores quer pelos
Jorge Horta Alves Uma das primeiras questões que nos in- seus colaboradores.
Managing director da SHL teressa é: que competências de liderança Temos, então, de partir à procura da re-
Portugal estão disponíveis em cada região e em serva de potencial de liderança, segundo
jorge.alves@shlportugal.pt cada setor de atividade? A resposta aponta duas perspetivas: os que têm potencial
tendências que ajudam a orientar e a au- para liderar hoje e os que têm potencial
mentar a eficiência dos programas de ges- para, com desenvolvimento adicional, vi-
tão do talento. rem a ser os líderes de amanhã. Mui-
A segunda questão pertinente pode tas organizações reconhecem o risco de
ser: qual é a capacidade das organizações não haver sucessores para os líderes de
para identificarem líderes para hoje e para hoje. Globalmente, só um em cada qua-
amanhã? tro colaboradores acredita que a sua or-
Na SHL, acreditamos que os líderes efi- ganização tem os líderes de que necessita
cazes têm as seguintes seis caraterísticas: para o futuro. Reduzir este risco exige o

64 Janeiro/Fevereiro 2014
conhecimento do potencial das pessoas, Os líderes para amanhã «
conhecimento que muitas organizações O grupo dos líderes para amanhã inclui Para muitos setores de
não têm ou não sabem utilizar eficiente- os que mostram possuir pontos fortes em
mente, mesmo quando têm dados sobre alguns dos comportamentos enunciados atividade, é essencial ter
esse potencial. anteriormente, mas a quem falta o perfil
completo das competências necessárias. uma perspetiva alargada
A geografia dos líderes para hoje Os seus pontos fortes em algumas das do talento de liderança
Os que estão no grupo dos líderes para facetas da liderança permitem-lhes obter
hoje possuem um repertório comporta- resultados no cumprimento de prazos, e incluir pessoas de fora
mental robusto. São fortes nos comporta- custos e qualidade, mas mostram insufi-
mentos transacionais, de gestão e opera- ciências em áreas como a comunicação, do seu setor tradicional
cionais, que permitem construir relações a persuasão ou o pensamento lateral. Ou
eficientes com as pessoas; vão à essência podem ter potencial nestas áreas transfor-
dos problemas e avaliam as informações macionais, mas faltam-lhes pontos fortes «Relatório da SHL sobre o Talento», con-
para identificar a solução; sabem organi- em áreas que permitem transpor as ideias tinua a ser objeto de debate.
zar e mobilizar recursos e adaptam-se bem para programas eficientes de trabalho. Independentemente dos setores de ati-
à mudança e às dificuldades. Também são São os que tirarão todo o benefício se vidade e das áreas geográficas, os dados
sólidos nos comportamentos transfor- receberem apoio complementar para o seu recolhidos e analisados sugerem que re-
macionais que mobilizam e influenciam desenvolvimento e têm um longo cami- crutar para funções de liderança com base
os outros para que as coisas sejam feitas; nho pessoal a percorrer até se tornarem lí- no conhecimento e na experiência de um
sabem comunicar bem para obter o apoio deres eficazes e completos. setor específico é uma estratégia simplista
dos outros. Além disso, cultivam o pensa- Ignorar este grupo de pessoas pode ser e incorreta para quem quer construir uma
mento lateral, contribuem com perspeti- um perigo para as organizações. Do ponto reserva de líderes eficientes para hoje e
vas novas e têm a energia necessária para de vista das necessidades das empresas, para amanhã. Para muitos setores de ati-
pensar com clareza e alcançar os objeti- um em cada três gestores e quadros téc- vidade, é essencial ter uma perspetiva alar-
vos pessoais que estabelecem. Mais do que nicos tem este nível de potencial para a li- gada do talento de liderança e incluir pes-
fazer as coisas, criam as condições para derança – seis vezes mais do que o poten- soas de fora do seu setor tradicional.
que as coisas sejam bem-feitas. cial de liderança existente no grupo dos No que respeita aos atuais colaborado-
A análise global dos dados disponíveis líderes para hoje. Tornar real o potencial res das organizações e às necessidades de
no referido relatório mostra que só um em dos líderes para amanhã exige formação mobilidade do talento, a questão coloca-
cada 15 gestores, quadros técnicos ou exe- e desenvolvimento dirigidos para objeti- -se no plano do diagnóstico do potencial
cutivos se enquadra nesta categoria. São vos, o que, por outro lado, requer conheci- de liderança.
cerca de 6,7%. Estão percentualmente mento profundo e fundamentado dos seus A principal dificuldade reside na capa-
mais presentes em Hong Kong, na Ale- pontos fortes e dos desafios que lhes são cidade de cada organização identificar e
manha, no Reino Unido ou na Austrália propostos. desenvolver o talento. Esta questão não
e são menos frequentes na Noruega, no Também aqui a análise dos dados reco- se levanta, aliás, para o terço superior do
Brasil, na Dinamarca ou no México. Em lhidos globalmente pela SHL nos dá in- talento. É no segundo terço do potencial
todos os outros países estudados, num to- formações interessantes. No topo da ta- de liderança que tem de se identificar o
tal de 25, as percentagens de existência bela de percentagem mais alta de líderes talento a ser desenvolvido, com base em
deste tipo de líderes situam-se nos valores para amanhã estão o México, a Turquia, informações obtidas com o máximo de
intermédios. São estes líderes para hoje o Egito e a Suíça. Com as percentagens objetividade. É a isso que na SHL chama-
que, com a experiência certa, são mais ca- mais baixas encontramos a China, o Ca- mos people intelligence e que obtemos por
pazes de obter resultados numa função de nadá, a Polónia e a Noruega. Portugal si- meio do assessment do potencial. As orga-
liderança. tua-se exatamente na média dos resulta- nizações reconhecem que têm de minorar
dos, a par da Suécia e da Rússia. os riscos de sucessão e, portanto, necessi-
tam de pôr em prática programas de auto-
Que fazer? conhecimento e de desenvolvimento para
nota
No que respeita a novos colaborado- os colaboradores que pretendem promo-
1
The SHL Talent Report, 2013. Pode ser res vindos do exterior da organização, a ver para funções mais seniores.
consultado em www.shl.pt – Recursos – O recomendação de os procurar em setores Indubitavelmente há muito que fazer.
Nosso Saber – Estudos e Artigos.
de atividade diferentes, confirmada pelo No entanto, os caminhos estão apontados.

Janeiro/Fevereiro 2014 65
P RISMA SÍNTESE i ii iii

SUSANA MARQUES
Especialista de recursos humanos
na TAP Portugal
srmarques@tap.pt

ENTREVISTAS DE SAÍDA.
PORQUE NÃO?
Um veículo recetor de informação muitas vezes
desvalorizado pelas organizações.

É
num contexto de mudança e de conduzida de forma diferente, trazendo
escassez de recursos que surge também diferente informação de retorno.
a necessidade de utilização de Através deste tipo de entrevista, con-
práticas de gestão de recursos cede-se ao colaborador a oportunidade de
humanos de aplicação simples ser ouvido por um representante do depar-
e de custo reduzido. A reali- tamento de recursos humanos da empresa
zação de entrevistas de saída, por altura da sua saída. Por outro lado, a
direcionadas aos colaboradores que se des- organização tem oportunidade de recolher
vinculam da empresa, surge assim como um conjunto de informações que visam
um processo que, embora traga vantagens conhecer a perceção do colaborador rela-
para a organização, é frequentemente des- tivamente à organização, ao departamento
valorizado ou não utilizado. onde desempenhou as suas funções, ao
A entrevista de saída traduz-se numa ambiente de trabalho, à liderança na em-
conversa com o colaborador que se desvin- presa, à função desempenhada e à política
cula da organização, seguindo outro per- de recursos humanos, entre outros aspetos.
curso profissional ou pessoal. Poderá rea- A empresa pode inclusivamente, e sempre
lizar-se independentemente do motivo da que assim o pretender, aproveitar este mo-
saída (por iniciativa da empresa, iniciativa mento formal para agradecer a colaboração
própria ou passagem à situação de reforma prestada durante o tempo de permanência
ou pré-reforma) ou concentrar-se apenas na empresa.
em algum dos motivos. Cada entrevista é A informação recolhida nestas entrevistas

66 Janeiro/Fevereiro 2014
Com o patrocínio:

PASSAPORTE

pode permitir igualmente a identificação entrevistado se prepare para a mesma,


de eventuais lacunas e de potenciais focos refletindo antecipadamente. Não deve-
de instabilidade ou problemas internos, rá ser feita de surpresa, o que poderá
muitas vezes não percetíveis numa análise provocar uma retração do entrevistado
global da organização. e comprometer o objetivo da conver-
Nos casos em que a entrevista é realizada sa. Aquando da marcação da entrevista,
com base num pedido de cessação do vín- deve ser referido o seu intento de for- GRUPO MULTIPESSOAL COM
culo laboral por parte do colaborador, ou ma clara e simples. De uma forma geral, NOVO HEAD OF INTERNATIONAL
seja, por sua iniciativa, é possível identificar estas entrevistas são bem aceites; BUSINESS
os motivos que justificam a sua saída. Po- • a entrevista deve ter início com um Rodrigo Pestana Rica é o novo head
derão igualmente ser auscultados os deta- «quebra-gelo» e com a clarificação dos of international business do Grupo
lhes da nova situação profissional, quando seus objetivos, o que contribui para que Multipessoal, ficando responsável
aplicável e se possível. O feedback recolhido a pessoa se sinta mais confortável no seu pela gestão das operações
nestas entrevistas permite ao entrevistador papel, aumentando-se a sua recetivida- internacionais em Angola e Espanha.
obter dados sobre o mercado de trabalho de e, consequentemente, a probabilida- Rodrigo Rica foi diretor-geral de uma
concorrencial, o que pode constituir um in- de de facultar mais informação; empresa portuguesa responsável
dicador importante em determinados pro- • a entrevista deve terminar com uma por projetos de engenharia no Brasil.
cessos de recursos humanos. questão aberta, que permita que o cola- Iniciou a sua carreira na Sociedade de
Caberá ao entrevistador recolher o má- borador deixe algum comentário ou Construções Hagen, ocupando mais
ximo de informação possível, retirando o sugestão. Desta forma, a entrevista tarde cargos de direção em empresas
maior partido deste momento. Uma vanta- poderá ser canalizada para algum tema ligadas à gestão de projetos.
gem deste processo é o facto de o colabora- relevante que não tenha sido abordado
dor, na maior parte dos casos, se sentir mais e que possa conduzir à recolha de infor-
à vontade para fazer apreciações ou obser- mação importante;
vações relativamente à organização por se • o entrevistador deve concentrar-se na
encontrar de saída da empresa. recolha de informação, evitando juí-
O desafio seguinte será trabalhar essa in- zos de valor ou justificações para even-
formação em prol da organização. tuais críticas tecidas pelo colaborador.
Com base na informação recolhida, e de- O mais adequado será colocar outras
pendendo das situações identificadas, po- questões para explorar algum tema ou
derão ser tomadas medidas imediatas ou pedir exemplos de situações que tenham
futuras, através da definição ou redefinição ocorrido como forma de ilustrar as
de políticas e ferramentas de recursos hu- observações apresentadas. A contextua-
manos ou da criação ou reajustamento de lização de cada situação apresentada é
processos internos da organização. muito importante para se identificarem PEDRO RODRIGUES
A implementação de medidas decorren- e corrigirem problemas. O entrevistado É O NOVO PARTNER DA NEVES
tes da informação recolhida pode permitir deverá sentir que a empresa está inte- DE ALMEIDA | HR CONSULTING
que sejam alcançados benefícios a médio/ ressada em ouvir a sua opinião. Cada Pedro Rodrigues iniciou a sua
longo prazo, que poderão traduzir-se na re- sugestão deve ser cuidadosamente pon- carreira como advogado em 2002,
dução do turnover, redução dos custos de derada. na Caetano de Freitas & Associados,
recrutamento e seleção, integração e for- Como alternativa a uma entrevista pre- tendo colaborado também na
mação de novos colaboradores, aumento sencial, pode ser enviado ao colaborador Úria e Menéndez e regressado
da motivação, identificação e resolução de um questionário com um conjunto de per- em 2011 à primeira firma.
problemas, melhoria de processos e identi- guntas abertas e fechadas que visem afe- Foi deputado da Assembleia
ficação de necessidades diversas. rir todos os aspetos que se pretendam ver da República e desempenhou
Como em qualquer outra entrevista, há abordados. Acima de tudo, o mais impor- recentemente a função de chefe
um conjunto de aspetos a ter em atenção, tante é que não se perca a oportunidade de de gabinete do ministro-adjunto
que, uma vez acautelados, contribuem para auscultar aqueles que, por um motivo ou e do desenvolvimento regional.
que se alcance um bom resultado final: por outro, terminam o seu vínculo com a Assume, desde novembro, a
• a entrevista deve ser marcada com organização. função de partner da Neves de
antecedência, o que permitirá que o Porque não? Almeida | HR Consulting.

Janeiro/Fevereiro 2014 67
P RISMA SÍNTESE i ii iii

HELENA MARTINS
Docente no Instituto Politécnico
do Porto
helenamartins@eu.ipp.pt

E
m qualquer organização, algu- «
mas das decisões mais impor-
tantes que são tomadas dizem A avaliação de desempenho
respeito às pessoas: quem é a dá aos colaboradores uma
pessoa certa para esta função?
Quem é que deve ser promovi- certa ideia de reciprocidade
do? Quem merece ser aumen-
tado? Quem pode acumular mais respon- palpável, de receber algo
sabilidades? em troca do seu esforço
A avaliação de desempenho assume, en-
tão, um papel obviamente muito impor-
tante e, no entanto, este é um processo em
grande medida externo aos colaboradores.
De acordo com Latham e Latham
(2000), para a generalidade dos trabalha-
dores, a avaliação de desempenho é fre-
quentemente a única forma que estes têm

68 Janeiro/Fevereiro 2014
AGENDA

12 e 13 de março
EXPO RH
Centro de Congressos do Estoril
EU TRABALHO MUITO, MAS www.exporh.ife.pt
AQUI NÃO ME SABEM DAR ..............................................................

VALOR 18 de março
SEMINÁRIO HUMAN
ELEMENT
Uma reflexão sobre a importância do Leiria
relacionamento com os colaboradores no www.vantagem.com
processo de avaliação de desempenho. ..............................................................

22 de março
EQ EUROPEAN SUMMIT
SOCIAIS»
Hotel SANA Malhoa, Lisboa
de obter feedback do quão bem se estão a essencialmente automáticos (e.g., quando o tinyurl.com/peaoqgp
sair no seu trabalho; não obstante, a maio- avaliador vai acumulando informação acer- ..............................................................
ria dos estudos desenvolvidos nesta área re- ca do desempenho de um colaborador no
ferem que a aplicação do processo é pou- dia a dia), exceto quando ocorre algum pro- 24 e 25 de março
co consistente, incluindo diferentes níveis blema (e aqui a situação pode ser formal- CURSO «GESTÃO E
de implicação face ao processo por par- mente analisada). RETENÇÃO DO TALENTO»
te de diferentes líderes/chefias, ausência de Esta forma mais ou menos inconscien- Lisboa
continuidade entre as avaliações e pouca − te de reunir informação permite que a ava- www.shl.pt
ou mesmo nenhuma − relação com o sis- liação de desempenho tenha um caráter ..............................................................
tema de compensações e benefícios no seu contínuo e holístico, mas também vai pro-
todo (Davis e Landa, 1999; Redman et al., piciando a existência de vieses cognitivos, 9 e 10 de abril
2000). categorização dos colaboradores, entre ou- FÓRUM RH
Temos, portanto, uma realidade algo pa- tros processos de perceção claramente sub- Hotel Tiara Park Atlantic Lisboa
radoxal e mesmo um pouco esquizofréni- jetiva − potenciando assim o surgimento de www.rhmagazine.publ.pt
ca no que toca a este processo de GRH: injustiças no processo de avaliação de de-
a avaliação de desempenho é fundamental, sempenho.
mas a sua aplicação é frequentemente in- É que esta forma de gerir a informação,
coerente e inconsistente na estrutura orga- muitas vezes por «caixas» ou categorias, é
nizacional. um processo de gestão que desenvolvemos
Psicologizemos: sendo feita de forma de forma mais ou menos consciente para
formalizada ou não, a avaliação de desem- muitas áreas da nossa vida e que faz parte
penho dá aos colaboradores uma certa ideia da nossa forma de ser, estar e apreender o
de reciprocidade palpável, de receber algo mundo. Difícil de contornar.
em troca do seu esforço, empenho e desem- Ora, se por um lado é até muito intui-
penho. Assume-se que um colaborador que tivo que um processo de avaliação de de-
faça bem o seu trabalho, atinja os seus obje- sempenho que crie sentimentos de injus-
tivos, etc., obterá uma boa avaliação de de- tiça pode prejudicar o funcionamento da ...............................................................
sempenho. Está implícita a ideia de recom- organização, na medida em que as pessoas
pensa ou «moeda de troca», seja esta moeda estarão menos dispostas futuramente a in- 9 de maio
de troca um simples reconhecimento ou vestir na empresa e que a relação do tra- CONGRESSO RH ALGARVE
algo mais substancial como uma promoção, balhador com a empresa fica afetada, é por Casino Vilamoura
um aumento, etc. outro lado surpreendente perceber que al- www.rhmagazine.publ.pt
Ora, sucede que, de acordo com Feld- gumas pistas de investigação sugerem que
man (1981), os processos cognitivos en- este impacto se deve especificamente a uma
volvidos na avaliação de desempenho são deterioração na relação dos trabalhadores

Janeiro/Fevereiro 2014 69
P RISMA SÍNTESE i ii iii

«
Não é necessariamente
a má avaliação de
desempenho em si aquilo
que mais prejudica a
empresa, é a forma como
esta afeta as relações
laborais que pode pôr em
causa as organizações

com a empresa e com a chefia. Ou seja, não indivíduos.


só o trabalhador fica desiludido com a em- Por entre as desilusões dos avaliados es-
BIBLIOGRAFIA
presa, como essencialmente a sua relação tão ainda as necessidades de formação e
Davis, T., e Landa, M.J. (1999), «The trust com a chefia fica alterada (incluindo em si- desenvolvimento que não são, em geral,
deficit», Canadian Manager, 21(1), pp. 10-27. tuações em que esta chefia possa estar «de abordadas nas discussões sobre o seu de-
Feldman, J.M. (1981), «Beyond attribution
theory: Cognitive processes in performance
mãos atadas»). sempenho: apesar de as organizações pro-
appraisal», Journal of Applied Psychology, 66, Em 2001, Phelan e Lin chegaram mes- clamarem que o seu sistema de avaliação de
pp. 127-148. mo a provar, através de uma simulação ma- desempenho é usado para compreender as
Latham, G.P., e Latham, S.D. (2000), temática, que métodos de promoção alea- necessidades desenvolvimentais dos seus
«Overlooking theory and research in
performance appraisal at one’s peril: Much
tórios podem mesmo ser melhores para a recursos humanos, na realidade é frequente
done, more to do», in Cooper, C., e Locke, performance global da organização do que este propósito assumir um papel secundá-
E.A. (eds.), International Review of Industrial- a promoção baseada no mérito (!) ou ou- rio na avaliação de desempenho (Redman
Organizational Psychology, pp. 199-215, Wiley, tros métodos. et al., 2000). Alguns autores (e.g., Mani,
Chichester, Reino Unido.
Mani, B.G. (2002), «Performance appraisal
Ou seja: não é necessariamente a má ava- 2002; Simmons, 2002) referem inclusiva-
systems, productivity, and motivation: a case liação de desempenho em si (e as suas con- mente que este processo em geral não mo-
study», Public Personnel Management, 31(2), sequências estruturais) aquilo que mais tiva os colaboradores a melhorarem a sua
pp. 141-159. prejudica a empresa, é a forma como esta performance.
Phelan, S.E., e Lin, Z. (2001), «Promotion
systems and organizational performance:
afeta as relações laborais que pode pôr em Assim, e uma vez que é virtualmente im-
A contingency model», Computational & causa as organizações. possível ser completamente justo na distri-
Mathematical Organization Theory, 7(3), pp. Se considerarmos que hoje em dia te- buição da avaliação de desempenho, torna-
207-232. mos cada vez mais empresas knowledge- -se imperativo que o processo seja o mais
Redman, T., Snape, E., Thompson, D., e Ka-
Ching Yan, F. (2000), «Performance appraisal
intensive e na área dos serviços onde efe- claro e transparente possível e que sejam
in an NHS Hospital», Human Resource tivamente os indivíduos fazem (muita) desenvolvidas estratégias de gestão para a
Management Journal, 10(1), pp. 48-62. diferença, torna-se absolutamente funda- preservação e o fortalecimento das relações
Simmons, J.A. (2002), «An “expert witness” mental assegurarmos que as relações labo- laborais.
perspective on performance appraisal in
universities and colleges», Employee Relations,
rais não são rombamente prejudicadas em Porque muitas vezes não é o que dize-
24(1), pp. 86-100. processos que − ainda por cima − são vis- mos, mas como o dizemos e a forma como
tos como muito influentes nas carreiras dos o apresentamos que faz toda a diferença.

70 Janeiro/Fevereiro 2014
R X HUMANO

NUNO NOGUEIRA
Senior manager responsável pela PwC’s
Os Academy em Portugal

eu
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gas ar. ei
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sabem ro co ap
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Om l h ei p
eu p o fa a.
As ior di an d ist
pe a de trabalho fo i… qu pi a n
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Fic c om Quando era criança
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tad ais a de
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oq prendi f . as
uan oram… os meus pais sso
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fa ltam as on
à verda . om si
de e atuam de forma desleal d oc rof
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l qu er la p
qu a vo al e .
Ad O meu o é… pe no ss o
oro d estino de férias d e s o n h to o
trab en alg
alha e nvolvim p re
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i porque c o ntínua n der
… é uma oportunidad e ap re
i d a é…
v
ma de
O meu le

Janeiro/Fevereiro 2014 71
A CADEMIA RH

PREPARAR
A MUDANÇA
ORGANIZACIONAL:
A IMPORTÂNCIA
DO ALINHAMENTO
ESTRATÉGICO
E OPERACIONAL
Os processos de mudança organizacional tornaram-se, com a atual conjuntura, mais
frequentes. O desafio das organizações passa então por ter uma gestão estratégica
de recursos humanos que ajude a lidar com a (potencial) mudança.

N
a atual situação económi- implementação. Por exemplo, para que tal Aluna
ca, os processos de mu- adaptação ocorra com sucesso, é impor- Patrícia Almeida
dança organizacional têm- tante garantir que todos os envolvidos no Estudante de mestrado da Nova School of
-se tornado cada vez mais processo de mudança a aceitem (Boga e Business and Economics
patriciaspalmeida@gmail.com
frequentes e inevitáveis. Ensari, 2009), promovendo o empenho
Existe, por isso, uma cres- dos indivíduos (Herscovitch e Meyer, Orientador
cente necessidade de pro- 2002) e consequentemente reduzindo a Pedro Neves
curar alternativas que ajudem a preparar resistência à mudança. Aliás, esta tem sido Professor auxiliar da Nova School of
Business and Economics
as organizações para lidar com a mudan- apontada como um dos fatores que mais pneves@novasbe.pt
ça, particularmente através da redução da contribuem para o insucesso dos proces-
resistência dos envolvidos. sos de mudança (McKay et al., 2013),
Dado o dinamismo do contexto organi- pois dificulta e mina quaisquer esforços de
zacional, as organizações sentem a neces- implementação, particularmente na fase
sidade de se adaptar constantemente para de refreeze identificada por Lewin (recon-
serem competitivas. No entanto, grande gelamento das novas formas de trabalhar
parte dos processos de mudança não são e estar, interiorizando e institucionalizan-
bem-sucedidos (alguns autores apontam do os novos processos e tornando-os parte
taxas de sucesso inferiores a 40%). Como estável do dia a dia da organização).
afirmou Argyris (1990), «a maior parte No entanto, tanto académicos quan-
dos processos começa com uma enorme to gestores tendem a dedicar atenção e a
fanfarra e, tal como velhos soldados, aca- preparar a gestão da mudança quando esta
ba por se desvanecer» (p. 4). Como resul- acontece (ou está à beira de acontecer) e
tado, os investigadores têm tentado iden- não como um processo contínuo que leva
tificar alguns fatores-chave para a sua à criação de mecanismos que ajudam

72 Janeiro/Fevereiro 2014
os indivíduos a lidar com a (potencial) empowerment e encorajar os colaboradores «
mudança ainda antes de esta aconte- a investir tanto de forma tangível quan- O papel das chefias diretas
cer. Dada a incerteza e tensão inerentes to emocional na sua organização (Sear-
a estes processos, uma gestão estratégica le et al., 2011) e fazem-no transmitindo é crucial em processos de
de recursos humanos ajuda a organização a ideia de que a organização se preocu-
a estar melhor preparada para qualquer pa com os seus colaboradores. O papel das mudança, nomeadamente
mudança que venha a ser necessária. No chefias diretas é também crucial na gestão na redução da incerteza
fundo, ao desenvolver uma estrutura que de processos de mudança, nomeadamen-
valorize e encoraje o empenho dos cola- te na redução da incerteza dos colabora- dos colaboradores, bem
boradores de forma sustentada, a organi- dores (Neves, 2011), bem como na apli-
zação facilita a aceitação (e reduz a resis- cação e operacionalização da estratégia de como na aplicação da
tência) de futuras mudanças. RH da organização. Com o objetivo de estratégia de RH
Uma solução possível para contornar compreender a relação entre práticas de
o problema tem lugar através da imple- RH de alto envolvimento (recrutamento
mentação de práticas de recursos huma- e seleção, formação e incentivos), lideran-
nos de alto envolvimento (i.e., seleção e ça (com enfoque na dimensão ética dado
recrutamento, formação e desenvolvimen- o seu papel na redução da incerteza) e
to e incentivos: Collins e Smith, 2006). resistência à mudança (tanto atual como
Estas práticas têm como objetivo melho- a intenção de resistir a mudanças futu-
rar o fluxo de comunicação, fomentar o ras), efetuámos um estudo empírico com

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Janeiro/Fevereiro 2014 73
A CADEMIA RH

colaboradores de diversas empresas a ope- « de RH de alto envolvimento reduz a resis-


rar em Portugal. Neste modelo, o empe- O empenho afetivo com tência à mudança apenas quando os cola-
nho dos colaboradores com a mudança boradores veem a sua chefia direta como
(afetivo, normativo e de continuidade) foi a mudança assume agindo de forma ética, i.e., promoven-
testado como mediador da relação entre do e demonstrando uma conduta moral
práticas de RH e resistência à mudança um papel crucial, no que estimula a confiança. Quando a che-
e a liderança ética foi considerada como sentido em que, se os fia direta não é considerada ética, uma
moderador deste processo. melhoria nas práticas de RH não se tra-
Verificámos que, na presença de cada colaboradores acreditarem duz numa redução da resistência, tanto
uma das práticas de RH identificadas, atual quanto futura.
a resistência à mudança diminui atra- nos benefícios da mudança Concluindo, este estudo contribui para
vés de um aumento do empenho afetivo atual, a sua atitude para a compreensão da influência que as prá-
com a mudança. O empenho afetivo com ticas de RH de alto envolvimento têm na
a mudança é o elemento principal neste com mudanças futuras é aceitação e resistência à mudança, bem
processo, dado estas práticas transmitirem como das condições que têm de estar reu-
a ideia de que a organização se preocupa e igualmente mais positiva nidas para que tal ocorra. Para aumentar a
investe nos seus colaboradores, que, como probabilidade de sucesso dos processos de
resultado, acreditam no valor e benefícios mudança, é importante garantir um ali-
das mudanças propostas, apoiando-as. Ao nhamento estratégico e operacional: por
transmitir esta mensagem de apoio, e de nos benefícios da mudança atual e a sua um lado, criar mecanismos na organiza-
acordo com a norma de reciprocidade e a experiência for positiva, a sua atitude para ção, através das práticas de RH, para que
teoria das trocas sociais, os colaboradores com mudanças futuras é igualmente mais os colaboradores sintam que a organiza-
retribuem o investimento neles realiza- positiva. Este resultado está alinhado com ção promove práticas justas e centradas
do através de comportamentos proativos investigação que mostra como experiên- na valorização do capital humano; e, por
e positivos extrafunção (Paré e Tremblay, cias passadas influenciam a forma como outro lado, garantir que as chefias diretas
2007). os indivíduos reagem à mudança afetando apresentam uma conduta ética que inspira
O estudo mostra ainda que a existência a sua resistência (Pardo-del-Val e Fuentes, confiança. Só através da combinação des-
destas práticas não só diminui a resistên- 2003), salientando a importância de olhar tes dois fatores é que as organizações con-
cia à mudança atual como também reduz a para a mudança não como um evento iso- seguem criar condições para uma relação
intenção de resistir a mudanças futuras. O lado mas sim como parte da vida organi- saudável, a longo prazo, entre subordina-
empenho afetivo com a mudança assume zacional. dos e chefias e garantir o desenvolvimen-
novamente um papel crucial, no sentido Em relação ao papel da chefia direta, to de empenho e redução da resistência à
em que, se os colaboradores acreditarem constatámos que a existência de práticas mudança.

BIBLIOGRAFIA

Argyris, C. (1990), Overcoming Organizational Defences, Allyn and Bacon, Nova Iorque.
Boga, I., e Ensari, N. (2009), «The role of transformational leadership and organizational change on perceived organizational success», The Psychologist-
Manager Journal, 12, pp. 235-251.
Collins, C.J., e Smith, K.G. (2006), «Knowledge exchange and combination: The role of human resource practices in the performance of high-technology
firms», Academy of Management Journal, 49(3), pp. 544-560.
Herscovitch, L., e Meyer, J. (2002), «Commitment to organizational change: Extension of a three-component model», Journal of Applied Psychology, 87(3), pp.
474-487.
McKay, K., Kuntz, J., e Näswall, K. (2013), «The effect of affective commitment, communication and participation on resistance to change: The role of change
readiness», New Zealand Journal of Psychology, 42(2), pp. 29-40.
Neves, P. (2011), «Building commitment to change: The role of perceived supervisor support and competence», European Journal of Work and Organizational
Psychology, 20, pp. 437-450.
Pardo-del-Val, M., e Fuentes, C. (2003), «Resistance to change: A literature review and empirical study», Management Decision, 41(2), pp. 148-155.
Paré, G., e Tremblay, M. (2007), «The influence of high-involvement human resources practices, procedural justice, organizational commitment, and citizenship
behaviors on information technology professionals’ turnover intentions», Group & Organization Management, 32(3), pp. 326-357.
Searle, R., Hartog, D., Weibel, A., Gillespie, N., Six, F., Hatzakis, T., e Skinner, D. (2011), «Trust in the employer: the role of high-involvement work practices and
procedural justice in European organizations», The International Journal of Human Resource Management, 22(5), pp. 1069-1092.

74 Janeiro/Fevereiro 2014
Janeiro/Fevereiro 2014 75
R H INTERNACIONAL

UMA VISÃO SOBRE A GESTÃO DE RH NUM PAÍS


POBRE EM RECURSOS NATURAIS MAS COM
GRANDE POTENCIAL HUMANO
Ora, se o activo mais importante de uma organização são as pessoas, então, os
gestores devem dar uma atenção especial a esse activo, investindo nele para que se
possa traduzir em valor acrescentado no futuro e justificar o investimento.

C
abo Verde, um país que pobreza em recursos naturais, devemos actualmente, cabo
conquistou a sua inde- vangloriar-nos pelo nosso enorme poten-
pendência há 38 anos, cial humano, pela nossa vontade de apren- verde conta com
caracterizado por ser um der, conhecer, estudar, desenvolver, factor uma oferta de mão-
país seguro, democrático, que tem sido o motor do nosso desen-
com grande estabilidade volvimento político, social e económico.
-de-obra bastante
social e maturidade polí- Devido à falta de recursos naturais, Cabo qualificada, fruto
tica, factor-chave para atrair investimen- Verde, através dos seus dirigentes, tem do investimento na
tos externos que possam potencializar vindo a apostar ao longo da sua história
o seu desenvolvimento, garantindo uma na formação e qualificação da sua popu- formação que foi e
maior qualidade de vida para a sua popu- lação. Actualmente, Cabo Verde conta tem sido feito desde
lação, tem vindo a investir fortemente na com uma oferta de mão-de-obra bastante
formação do seu recurso mais valioso, os qualificada, fruto do investimento na
a sua INDEPENDÊNCIA
cabo-verdianos, através das instituições formação que foi e tem sido feito desde
públicas, empresas privadas e instituições a sua independência, podendo as empre-
de ensino. sas cabo-verdianas aproveitar esta oferta
Se nos podemos queixar da nossa e potencializar o seu desenvolvimento.

76 Janeiro/Fevereiro 2014
Ca
bo
ve
rd
e
Prova disto é que estamos a exportar mão- o nosso mercado para oferecerem serviços qualificados nas funções estratégicas para
-de-obra qualificada para diversos países, na área de consultoria e formação de RH, o aumento da produtividade e do volume
principalmente países africanos, nomea- respondendo positivamente as empresas de negócios da companhia.
damente Angola. nacionais a estas ofertas. As apostas têm sido na mudança de
Não podia deixar aqui um pouco da mi- Para além destas ofertas, é de referir que metodologias de gestão de pessoas, na
nha experiência na área de gestão de RH e em 2013 foi realizada em Cabo Verde a implementação de sistemas de avaliação
alguns comentários e observações sobre a 1.ª edição da Feira de Recursos Humanos, que promovam a melhoria contínua do
gestão das pessoas nas empresas cabo-ver- que contou com a participação de algumas desempenho dos nossos quadros e que
dianas sem fazer essa pequena introdução instituições públicas e empresas privadas, garantam a fiabilidade, justiça e equidade
e enquadrar os leitores sobre o tema. compartilhando ideias e desafios comuns. na avaliação e na diferenciação do desem-
Do meu ponto de vista, a gestão de Perspectivando a realização da 2.ª edição penho, baseada em critérios que remetem
RH nas empresas cabo-verdianas não é em 2014, penso que contará com a parti- para os objectivos, resultados e competên-
algo novo e recente. Porém, até há pouco cipação de um maior número de empresas cias, na articulação do plano de formação
tempo, os gestores e dirigentes das empre- e instituições públicas, permitindo a troca com o sistema de avaliação de desempe-
sas focalizavam-se basicamente na gestão de ideias entre os profissionais da área. nho, bem como no sistema de gestão de
administrativa de RH e muito recente- Partilho um pouco da minha experiên- carreiras e desenvolvimento profissional
mente passaram a ter uma visão estraté- cia profissional como técnico de RH na dos nossos quadros.
gica de RH. empresa Garantia, Companhia de Segu- Neste mercado concorrencial, consi-
Com o surgimento, no mercado cabo- ros de Cabo Verde, SA, líder do mercado deramos a formação dos colaboradores o
-verdiano, de empresas especializadas na segurador em Cabo Verde, tendo sido ga- factor de destaque para a diferenciação,
área de consultoria de RH, de formação, lardoada pela quarta vez consecutiva com uma vez que trabalhamos, desenvolve-
de quadros formados na área, as empre- o prémio Selo Morabeza, que a distin- mos e actualizamos as competências dos
sas nacionais passaram a contar com uma gue como a seguradora em que os cabo- nossos quadros. Está claramente provado,
oferta qualificada e especializada em RH -verdianos mais confiam, apresentando e não é novidade na gestão, que as com-
e começaram a dar importância a uma ao mercado uma diversidade de soluções petências são os factores-chave para o su-
gestão focalizada nas pessoas. Hoje em de protecção nos ramos vida e não vida a cesso das pessoas dentro das organizações.
dia, a visão de que investir nas pessoas é particulares, empresas e profissionais libe- Por isso, na nossa política de recursos hu-
um mero desperdício de dinheiro deve ser rais, certificada em 2012 pela APCER nos manos, estamos a trabalhar fortemente no
ultrapassada. Ora, se o activo mais impor- termos da norma internacional NP EN nosso plano de formação, englobando ac-
tante de uma organização são as pessoas, ISO 9001:2008 como tendo uma gestão ções que têm impacto directo no negócio
então, os gestores devem dar uma atenção orientada pela qualidade e melhoria con- e que desenvolvem competências-chave
especial a esse activo, investindo nele para tínua dos processos internos e externos, para o desenvolvimento profissional dos
que se possa traduzir em valor acrescen- pelo que muito me orgulha dizer «minha colaboradores.
tado no futuro e justificar o investimento. empresa», pelo sentimento de pertença. A bom porto podemos chegar com
Penso que os gestores e dirigentes na- Tudo isto não seria possível sem a con- competência, porque sem ela podemos fi-
cionais estão consciencializados de que tribuição e dedicação dos seus quadros car à deriva.
só conseguem tirar vantagem competitiva que sinergicamente colaboram todos os
num mercado que já se começou a revelar dias para atingir os objectivos traçados
concorrencial se investirem nos seus co- tendo em conta a missão, visão e valores
laboradores e na contratação de quadros da companhia.
qualificados, da mesma forma como a A certificação de qualidade está a ser
visão dos mesmos tem vindo a alterar-se fundamental para o processo de mudança
com as novas tendências de gestão das nas diversas vertentes da companhia,
pessoas. desde a política de recursos humanos,
As empresas nacionais estão abertas a gestão financeira, sistemas de informação
novas tendências de gestão das pessoas, de e de organização e sobretudo na gestão e
inovação tecnológica, de melhoria contí- fidelização dos nossos clientes.
nua dos processos com foco na qualidade, No que se refere à política de recursos
investindo fortemente na formação. Os humanos, o grande desafio tem sido o in-
resultados são visíveis, tanto é que cada vestimento na formação dos nossos cola- NOTA
vez mais empresas estrangeiras procuram boradores, a aposta em quadros jovens e O autor não segue o novo acordo ortográfico.
1

Janeiro/Fevereiro 2014 77
E STANTE RH

EMPREGOS NO BRASIL (E NÃO SÓ) PARA PORTUGUESES

Uma economia em crescendo, a mesma língua e uma sensação de familia-


ridade levam a que o Brasil seja hoje um dos principais destinos para portu-
gueses que querem emigrar.
Nos últimos tempos têm-se sucedido casos de portugueses que não conse-
guem obter emprego no Brasil porque não fizeram a devida pesquisa, esta- Autor
vam mal informados ou simplesmente foram enganados. David Bernardo
O autor, depois de morar e trabalhar em oito países, juntou-se a alguns dos
melhores especialistas de recrutamento e emigração brasileiros para desen- Expresso Emprego
volver este livro. | Impresa Publishing
De uma forma clara e prática ficará a par de todos os passos que se devem Tel.: 214 544 000
tomar para emigrar (não só para o Brasil como também para outros países). www.expressoemprego.pt

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO – SIADAP


Autores
Alexandra Vas- Com o intuito de criar, ao nível da administração pública, um modelo credível de
concelos Batalha, avaliação e de introduzir uma nova cultura de gestão pública, foi criado o Siste-
Deolinda Paula ma Integrado de Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP).
Ribeiro e Wander Os intuitos do SIADAP apenas poderão ser atingidos se o sistema for com-
Brás de Carvalho preendido e respeitado por todos os intervenientes. Foi com este escopo que
os autores propuseram algumas considerações sobre a temática, norteadas por
Quid Juris uma índole pragmática e técnico-instrumental.
Tel.: 218 405 414 Os autores tecem notações específicas à realidade dos municípios. Auxiliam o
www.quidjuris.pt leitor a aplicar o SIADAP, seja como avaliador seja como avaliado.

KRACK! FEZ A
ST resulta da ligação de cinco competências diretamente asso-
ao desenvolvimento pessoal: Flexibilidade; Improvisação; Risco;
e por último, as Tarefas que desempenhamos no nosso dia a dia.
BE FIRST
A vida de João Baltasar é influenciada
desde muito cedo por mudanças variadas,
pois nasceu em Goa, antigo estado da
EUROPA EM 2013
aborda o conceito de aprendizagem expansiva para o desen- Como expandir os resultados que Índia (Portugal), e a sua infância foi repar-
ento pessoal e contempla um conjunto de indicadores que possi- verdadeiramente desejamos na vida. tida entre Lisboa e Moçambique. Na sua
avaliar e aperfeiçoar cada uma das competências referidas,
ando o conceito de "maxipok" que corresponde à sigla de "maxi- adolescência, já a residir definitivamente
a probabilidade de um resultado OK" na vida das pessoas. em Lisboa acompanhou de forma
é que cada um de nós pode expandir os resultados que verda- entusiástica a revolução do regime e a

Autor Autor
ente deseja na sua vida e como pode estimular o desafio de conquista da liberdade. Desde logo,
r os nossos limites são os dois temas centrais desenvolvidos ao sentiu que a sua vocação se direcionava
do livro. O autor sustenta toda a sua obra no conceito de expan- para a pedagogia para o desenvolvimento
rtindo da convicção que o mesmo está registado no subconsci- e talentos das pessoas. Finaliza os seus
e todos nós, na nossa memória coletiva, assumindo-se como uma estudos universitários no dominío da

João Baltasar Ricardo Oliveira Nobre


ão no nosso dia a dia em querermos aumentar, crescer e desen-
Gestão de Recursos Humanos e Psicolo-
tudo aquilo em que estamos envolvidos.
ses, os mercados, as empresas, as organizações e o próprio gia do Trabalho e inicia a sua atividade
so é interpretado como estando em expansão. As crises são profissional na área da Consultoria.Tendo
etadas como tal, quando há um sentimento generalizado de que começado a sua vida de consultor numa
ocesso não está em curso e que estamos em contração. Expan- empresa portuguesa, e depois numa
ontração traduzem a dinâmica e o movimento do nosso cresci- multinacional optou por uma carreira de
e da nossa realização tendo um reflexo determinante no modo empresário cuja atividade exerce até ao
estruturamos a nossa vida. presente. A sua formação tem sido
obra, João Baltasar pretende inspirar o leitor a expandir-se, a complementada em Portugal e no
-se amplo, a estender-se, a divulgar-se e a difundir-se.

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tion.
(continua)

78 Janeiro/Fevereiro 2014
S ÉTIMA ARHTE Paulo Miguel Martins
pmartins.pm@gmail.com
Com a cortesia da AESE

TÓPICOS DE ANÁLISE

1
Para crescer é preciso correr
riscos e abandonar a «zona
de conforto».
2
Uma pessoa madura sabe
criar oportunidades sem
esperar por elas.
3
Um líder supera-se quando
luta por objetivos maiores
que ele mesmo.

LINCOLN

LINCOLN

A
figura de Lincoln tem Ele analisa a conjuntura. Reflete,
sido muitas vezes re- pesa a sua decisão e torna prioritário
presentada no cinema. abolir a escravatura. Quer aproveitar
Desta vez, é Spielberg o timing e desencadeia um conjunto
quem o filma, através de ações para aprovar uma lei nesse
da interpretação de sentido. Serve-se de todos os meios ao
Daniel Day-Lewis, seu alcance, alguns pouco edificantes
encarnando um presidente a atuar nos e de «baixa política»… Os desafios
bastidores da política e da sua vida aumentam mas as dificuldades fazem-
pessoal. -no crescer e defender a sua estratégia
Ao longo do filme defrontam-se com audácia e astúcia. Tem a convic-
duas batalhas: a da guerra civil e a da ção de que não está a lutar pelos seus
abolição da escravatura. São proble- interesses mas por um projeto que
mas onde Lincoln se envolve total- permanecerá para lá do seu manda-
mente e que estão interligados. Ele to. Isso dá-lhe força e motiva outros
Realizador Steven Spielberg
sabe bem que a sua visão e as suas a segui-lo, que nem sempre o apoiam
Atores Daniel Day-Lewis
decisões correm o perigo de dividir por razões de dignidade humana, mas
Sally Field
Música John Williams ainda mais o país e que a sua atuação por intuitos económicos… Ele arrisca,
Duração 150 min. pode também fazer perder o apoio que insiste em falar com todos, seleciona
Ano 2012 alcançara nas eleições. Alguns amigos muito bem as tarefas que indica a cada
aconselham-no a «pactuar», a adiar, colaborador, enfrenta os obstáculos
a não arriscar o seu prestígio e o seu (também familiares) e de facto com os
futuro político… seus atos vai fazer história!

Janeiro/Fevereiro 2014 79
H ORAS EXTRA

ver

ÓBIDOS
A VILA MEDIEVAL QUE
AGUARDA A SUA VISITA

V
ila medieval, toda cercada de muralhas, Óbidos é terra de ruas dos Alcaides, tendo, em 1950, sido adaptado à primeira
estreitas onde a cada passo surgem recantos preciosos e ja- pousada de Portugal. Se este reduto se situa na ponta
nelas ornamentadas de flores que nos transportam para um norte da muralha, a cerca medieval envolve toda a vi-
ambiente cortesão. Óbidos foi conquistada aos mouros por D. la, permitindo fazer todo o perímetro a pé e gozar de
Afonso Henriques em 1148 e em 1513 recebeu foral pela mão belas vistas. Na Rua Direita, principal via de comércio
de D. Manuel I. Por sua vez, D. Catarina ergueu o aqueduto que da vila, pode adquirir afamados produtos locais como
traz a água de Usseira. O seu castelo serviu de Paço Real e a ginjinha de Óbidos, bem como os típicos bordados.

80 Janeiro/Fevereiro 2014
Com o patrocínio:

DORMIR

VILA D’ÓBIDOS
HOTEL RURAL
ART GARDEN
& SPA

I
naugurado em fevereiro de 2013, é uma
das mais modernas unidades da região
do Oeste. Hotel rural de quatro estrelas,
está localizado a poucos minutos da vila
medieval. A construção de arquitetura
contemporânea ergue-se na envolvên-
cia rural e ecológica dos seis hectares da
Quinta de Santo Antão. Oferece 39 quartos
temáticos e uma suíte, decorados com pe-
ças exclusivas de vários artistas plásticos
nacionais. Descubra o Jardim de Artistas
Contemporâneos, a Quinta Pedagógica e
o Centro de Interpretação da Ginja, num
complexo de inspiração artística em ligação Estrada Nossa Senhora da Luz T. 262 003 100
2510-060 Óbidos www.hotelviladobidos.pt
com a natureza.

COMER

RESTAURANTE
O CALDEIRÃO

V
izinho do Santuário do Senhor Jesus da
Pedra, apresenta-se com uma sala com
cerca de 60 lugares. A decoração osten-
ta algumas particularidades, como uma
interessante coleção de notas de todo o
mundo, para além de pequenos quadros
publicitários alusivos a bebidas alcoóli-
cas e do caldeirão em bronze que dá nome à casa. A
ementa deste restaurante tanto sugere carne (cabrito à
lagareiro com batata a murro, bife à Senhor da Pedra)
como peixe, pois, estando Óbidos relativamente próxi-
mo de Peniche, é possível comer peixe fresco todos os
dias (garoupa, dourada e robalo na brasa).

Urbanização da Quinta de São


José − Senhor da Pedra T. 262 959 839
2510-071 Óbidos

Janeiro/Fevereiro 2014 81
H ORAS EXTRA
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OS TRANSPARENTES CONTOS COMPLETOS


ONDJAKI LYDIA DAVIS
Editorial Caminho Relógio D’Água Editores
www.caminho.leya.com www.relogiodagua.pt

Ondjaki, o escritor já bem conhecido do público por obras como Este volume contém todos os contos publicados por Lydia Davis até
os da minha rua (2007), AvóDezanove e o segredo do soviético hoje, desde Acerto de Contas (1986) até Variedades de Perturba-
(2008), entre outros títulos, sempre colocou Angola, e em par- ção (2007).
ticular Luanda, de onde é natural, no centro da sua escrita. No Lydia Davis nasceu em 1947 e é hoje uma das mais originais e im-
presente romance, de novo aparece Luanda – a Luanda atual do portantes escritoras norte-americanas.
pós-guerra, das especificidades do seu regime democrático, do Os seus contos breves revelam uma enorme acuidade emocional,
«progresso», dos grandes negócios, do «desenrasca» – como grande imaginação e um particular talento para capturar a vida em
pano de fundo de uma história que é alta velocidade.
um prodígio da imaginação e um re- É autora de um romance e de sete antolo-
trato social surpreendente. Combinan- gias de contos, a mais recente das quais foi,
do os registos lírico, humorístico e sar- em 2007, finalista do National Book Award.
cástico, os transparentes dá vida a uma Tem recebido numerosos prémios, como
vasta galeria de personagens onde en- o MacArthur Fellows Program (2003) e o
contramos todos os grupos sociais, in- Man Booker International Prize (2013).
tercalando magníficos diálogos com Além de ficcionista, Lydia Davis é conhe-
descrições da cidade degradada e cida pelas suas traduções de Proust, Blan-
moderna. chot e Michel Leiris.

A PIADA INFINITA A CASA REDONDA


DAVID FOSTER WALLACE LOUISE ERDRICH
Quetzal Editores Clube do Autor
www.quetzaleditores.pt www.clubedoautor.pt

Entre a comédia tresloucada e a refle- Já antes de vencer o National Book


xão filosófica pertinente sobre uma so- Award 2012, o romance A Casa Redon-
ciedade e os seus vícios, A Piada Infini- da arrebatara a crítica e os leitores. Tra-
ta é um daqueles raros romances que ta-se de uma obra sobre os laços do
inauguram um novo género no momen- amor, do ressentimento, da necessida-
to em que são publicados. de e das obrigações que unem famílias
Situada num futuro próximo, a ação de inteiras.
A Piada Infinita decorre entre a acade- Narrado através dos olhos de um ado-
mia de ténis Enfield e a Ennet House, lescente, A Casa Redonda funde várias
uma clínica de reabilitação de alcoóli- histórias que têm como denominador
cos e toxicodependentes, em que o lei- comum um trágico acontecimento – a
tor acompanha a desestruturada família violação da mãe de Joe, o protagonista
Incandenza. No centro da narrativa está – que se transforma à medida que a lei-
um filme realizado por James Orin In- tura avança.
candenza Jr., intitulado precisamente A A candura de Joe depressa dá lugar à
Piada Infinita, do qual se diz que deixa os espetadores num estado urgência em encontrar o violador da mãe, a uma provação e ama-
de apatia permanente. durecimento que revelam outras formas de violência e as ambigui-
Sátira aos costumes da sociedade de consumo, A Piada Infinita é dades do ser humano.
um livro que escapa a qualquer definição e parece vindo de um uni- Louise Erdrich abarca neste livro o trágico, o cómico, um mundo es-
verso diferente do nosso. piritual bem presente nas vidas das suas personagens tão humanas.

82 Janeiro/Fevereiro 2014

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