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Misael

Montenegro Filho

Advogado, membro do IBDP – INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO


PROCESSUAL, da AASP – ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO,
autor de diversas obras jurídicas, com destaque para o CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL COMENTADO, CURSO DE DIRETO PROCESSUAL CIVIL, AUDIÊNCIAS
CÍVEIS, AÇÕES POSSESSÓRIAS, PROCESSO CIVIL SINTETIZADO,
PROCESSO CIVIL NO EXAME DE ORDEM, todos publicados pelo GRUPO GEN.
AGRAVO DE INSTRUMENTO -
CONTRA DECISÃO PROFERIDA NA
FASE DE CUMPRIMENTO DA
SENTENÇA
Comentários:
O art. 1.015 da lei processual limita as situações que ensejam a
interposição do recurso de agravo de instrumento, entendendo a maioria
da doutrina e da jurisprudência que o dispositivo deve ser interpretado
taxativamente.
No caso do recurso que acompanha estes comentários, o agravante
ataca decisão proferida na fase de cumprimento da sentença, o que é
permitido pelo parágrafo único da mesma norma processual.
Esse recurso deve ser apresentado no prazo geral de 15 (quinze) dias
uteis, que é contado em dobro quando o remédio processual é
apresentado pela Fazenda Pública, pela Defensoria Pública, pelo
Ministério Público ou por litisconsortes representados por diferentes
procuradores (arts. 180, 183, 186 e 229 da lei processual), desde que
estes integrem escritórios de advocacia igualmente distintos e que o
processo tramite em autos físicos.
Na parte dos pedidos, o recorrente pode solicitar a atribuição do efeito
suspensivo (quando ataca decisão positiva) ou a concessão da tutela
antecipada recursal (quando ataca decisão negativa).
Quanto ao pedido final (PROVIMENTO DO RECURSO), é frequente o
requerimento de reconhecimento da nulidade da decisão atacada.

– 04 –
PETIÇÃO
Excelentíssimo Senhor Desembargador do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco – a quem o presente recurso vier a ser distribuído.

CARLOS DA SILVA, brasileiro, divorciado, agrônomo, portador da cédula de


identidade nº 0.000.000 – SSP/DF, residente e domiciliado no município do Recife,
capital do Estado de Pernambuco, por seu advogado infra-assinado, conforme
instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional sito na Rua Cel.
Anísio Rodrigues Coelho, 464, sala 902, no bairro da Boa Viagem, município do
Recife, capital do Estado de Pernambuco, local em que receberá as intimações que
se fizerem necessárias, irresignando-se com decisão proferida nos autos do
Procedimento de Execução de Sentença instaurado a requerimento de MANOELA
DOS SANTOS e outros, nº 0000000-92.2011.8.17.0001, vem, pela presente, interpor
AGRAVO DE INSTRUMENTO, de acordo com as razões de fato e de direito adiante
aduzidas:
DA TEMPESTIVIDADE

Sendo de 15 (quinze) dias úteis o prazo para a interposição do recurso de


agravo de instrumento, é de toda a evidência a tempestividade deste
remédio processual, já que a peticionária se deu por intimada dos termos da
decisão atacada no dia 6.11.2017, quando lhe foi concedida vista dos autos
(§ do art. 272 do novo CPC), em atendimento a petição anteriormente
protocolada, contando-se o prazo recursal a partir do dia seguinte
(7.11.2017), findando no dia 27.11.2017, considerando-se na contagem como
úteis os dias 7, 8, 11, 12, 13, 14, 15, 18, 19, 20, 21, 22, 25, 26 e 27 de novembro
de 2017.

– 05 –
PETIÇÃO
DO CABIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

Como é do conhecimento desses doutos Julgadores, o novo CPC


restringiu a possibilidade de interposição do recurso de agravo de
instrumento, limitando-o ao ataque das decisões listadas no seu
art. 1.015.
O parágrafo único do mencionado dispositivo processual garante
a interposição do recurso de agravo de instrumento para
combater decisão proferida na fase de cumprimento da sentença,
como é a hipótese dos autos, em que o magistrado prolatou o
pronunciamento atacado exatamente na referida fase processual,
versando sobre questões relacionadas à penhora.

DA DECISÃO RECORRIDA

Apenas para situar esses doutos Julgadores, a peticionária pede


vênia para reproduzir trecho da decisão atacada (fl. 272):

“Considerando o valor atualizado do cumprimento de sentença (fls.


240/244), e sabendo que os 21,5 hectares penhorados (auto de penhora
de fl. 114) não são suficientes para cobrir o valor executado – tratando-se
de bem imóvel com 76,66 há, cuja certidão foi trazida aos autos (fls.
418/419) do processo 0620103 – 65.1999.8.17.0001) – DEFIRO A
PENHORA DO RESTANTE DO IMÓVEL”

– 06 –
PETIÇÃO
05. Não só essa decisão deve ser declara nula, como também todos os
demais atos praticados a partir da fl. 245, por ausência de intimação,
acarretando, consequentemente, a infração ao princípio do contraditório
e da ampla defesa, abrigado pelo inciso LV do art. 5º da CF e pelo art. 7º
do CPC.

06. Nesse passo, e compulsando os autos, especificamente à fl. 239,


percebemos que a autoridade monocrática determinou o
encaminhamento dos autos ao contador, para atualização do débito,
levando em conta “as sentenças de fls. 204/208 (condenação por danos
morais e materiais) e 218/219 (condenação em alimento provisionais)”,
ressalvando que, após a prática desse ato, a secretaria deveria
providenciar a expedição de mandado de avaliação do bem penhorado.

07. A primeira determinação originou a elaboração dos cálculos de fls.


241/244, resultando na conclusão de que o peticionário seria devedor da
quantia de R$ 4.459.561,69 (quatro milhões quatrocentos e cinquenta e
nove mil quinhentos e sessenta e um reais e sessenta e nove centavos),
que é absurdamente superior ao valor histórico da execução, estimado
em R$ 641.623,00 (seiscentos e quarenta e um mil seiscentos e vinte e
três reais).

08. Não obstante o retorno dos autos do contador judicial, as partes


não tiveram oportunidade para se manifestar sobre a conta, o que
infringe o princípio do contraditório e da ampla defesa, repita-se,
abrigado pelo inciso LV do art. 5º da CF e pelo art. 7º do novo CPC.

– 07 –
PETIÇÃO
09. Não bastasse, e como ressalvado em linhas anteriores, foi expedida
carta precatória para a avaliação do bem atingido pela penhora judicial
(21 hectares da Fazenda Santa Rita II), resultando na elaboração do laudo
de avaliação de fl. 267, no qual o auxiliar do juízo avaliou cada hectare
em R$ 160.000,00 (cento e sessenta mil reais).

10. Sem que as partes tivessem oportunidade de se manifestar sobre o


laudo de avaliação, inexplicavelmente (PASMEM, NÃO HOUVE
INTIMAÇÃO), a autoridade monocrática determinou a penhora do
restante do imóvel, ou seja, de mais 55,16 hectares, embora o próprio
auto de avaliação informe que a totalidade da propriedade foi estimada
em R$ 12.265.600,00 (doze milhões duzentos e sessenta e cinco mil e
seiscentos reais), ou seja, quase 3 (três) vezes o valor da dívida,
caracterizando o EXCESSO DE PENHORA e a infração ao princípio da
menor onerosidade para o devedor.

11. Com a devida vênia, é imperioso o reconhecimento da nulidade do


processo desde o retorno dos autos do contador judicial, evitando a
infração ao princípio do contraditório e da ampla defesa, e a supressão
do patrimônio do executado, sem que tenha sequer oportunidade de se
manifestar nos autos.

– 08 –
PETIÇÃO
12. Desde o momento indicado em linhas anteriores, e pelo menos
desde esse momento, o processo passou a ter tramitação unilateral, sem
que o peticionário tenha sido comunicado dos acontecimentos
processuais, mediante o aperfeiçoamento de intimações.

13. Considerando que o reconhecimento da nulidade processual


depende da comprovação do prejuízo, no caso concreto, este é
induvidoso, na medida em que o douto Juízo a quo determinou o
aperfeiçoamento da penhora do restante do bem, ou seja, de mais 55
(cinquenta e cinco) hectares, além dos 21,5 anteriormente penhorados.

14. Em termos financeiros, partindo da premissa de que o hectare foi


avaliado em R$ 160.000,00, constatamos que o “reforço de penhora”
resultou em constrição de R$ 12.160.000,00 (doze milhões cento e
sessenta mil reais), quando o crédito exequendo seria de R$
4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos mil reais), segundo os
cálculos elaborados pelo contador judicial, repita-se, sobre os quais o
peticionário não foi intimado para se manifestar.

15. O não aperfeiçoamento da intimação do peticionário para se


manifestar sobre cálculos e sobre o novo laudo de avaliação fere
frontalmente as disposições do novo CPC, bastado seja destacado o seu
art. 874, que tem a seguinte redação:

– 09 –
PETIÇÃO
12. Desde o momento indicado em linhas anteriores, e pelo menos
desde esse momento, o processo passou a ter tramitação unilateral, sem
que o peticionário tenha sido comunicado dos acontecimentos
processuais, mediante o aperfeiçoamento de intimações.

13. Considerando que o reconhecimento da nulidade processual


depende da comprovação do prejuízo, no caso concreto, este é
induvidoso, na medida em que o douto Juízo a quo determinou o
aperfeiçoamento da penhora do restante do bem, ou seja, de mais 55
(cinquenta e cinco) hectares, além dos 21,5 anteriormente penhorados.

14. Em termos financeiros, partindo da premissa de que o hectare foi


avaliado em R$ 160.000,00, constatamos que o “reforço de penhora”
resultou em constrição de R$ 12.160.000,00 (doze milhões cento e
sessenta mil reais), quando o crédito exequendo seria de R$
4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos mil reais), segundo os
cálculos elaborados pelo contador judicial, repita-se, sobre os quais o
peticionário não foi intimado para se manifestar.

15. O não aperfeiçoamento da intimação do peticionário para se


manifestar sobre cálculos e sobre o novo laudo de avaliação fere
frontalmente as disposições do novo CPC, bastado seja destacado o seu
art. 874, que tem a seguinte redação:

– 10 –
PETIÇÃO
“Art. 874. Após a avaliação, o juiz poderá, a requerimento do interessado
e ouvida a parte contrária, mandar: Omissis. II – ampliar a penhora ou
transferi-la para outros bens mais valiosos, se o valor dos bens
penhorados for inferior ao crédito do exequente”.

16. Infelizmente, o douto juízo a quo não determinou a ouvida do


peticionário, nem sobre os cálculos nem sobre a nova avaliação
procedida, comprometendo a validade do processo.

17. A manifestação do peticionário sobre os atos processuais é


necessária, primeiro porque nos encontramos diante de execução
vultosa, que atingiu bem imóvel de grande extensão, segundo porque a
avaliação sequer respeitou o art. 872 da nova lei processual, textual em
prever que deve constar de vistoria e de laudo, não confeccionados no
caso concreto, não se tendo sequer a certeza de qual foi o hectare
avaliado pelo auxiliar do juízo, providência necessária, repita-se,
considerando a extensão da terra, parte na beira da pista, de valor muito
superior aos tais R$ 160.000,00, parte na sua fração posterior.

18. Embora a execução seja instaurada no proveito do credor, o novo


CPC manteve em evidência a importância do princípio da menor
onerosidade para o devedor, especificamente em seu art. 805, que tem a
seguinte redação:

– 11 –
PETIÇÃO
“Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a
execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o
executado. Omissis”.

19. No caso concreto, e mediante as práticas denunciadas em linhas


anteriores, o juízo a quo determinou o aperfeiçoamento da penhora de
toda a propriedade pertencente ao devedor, quando a constrição
inicialmente realizada é suficiente para garantir a satisfação da
obrigação, caracterizando, inegavelmente, o EXCESSO DE PENHORA.

20. A manutenção da decisão atacada resultaria em grave infração ao


direito de propriedade do ora agravante, constitucionalmente
assegurado, e na institucionalização de um processo unilateral, sem que
o devedor seja comunicado da prática de atos processuais, e, por
consequência, sem que tenha sequer o direito de peticionar. Mas
certamente a decisão atacada não será mantida.
DOS PEDIDOS

21. Posta a questão nesses termos, demonstrada a precariedade da


decisão atacada, o agravante pede e requer se digne Vossa Excelência a:

(a) CONCEDER EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO, suspendendo,


consequentemente, os efeitos da decisão atacada, evitando a
consumação do excesso de penhora, e a prática dos demais atos
executivos.:

– 12 –
PETIÇÃO
(b) Determinar o aperfeiçoamento da intimação da agravada, através da
Bela. ADRIANA PEREIRA, inscrita na OAB/PE sob o nº 60.000, com
endereço profissional sito na Rua Engenheiro Ubaldo Pastor, nº 110, sala
505, no bairro de Santo Antônio, Recife/PE, para que, querendo, ofereça
impugnação, determinando, ainda, a expedição de ofício ao juiz da causa,
para que preste as informações de estilo.

(c) Ao final, DAR PROVIMENTO ao recurso, tornando sem efeito a


decisão atacada, para reconhecer a nulidade do processo a partir dos
cálculos anteriormente informados, ou seja, a partir da fl. 245, incluindo,
por lógica, a decisão de fl. 272, através da qual a autoridade monocrática
determinou o aperfeiçoamento da penhora do restante do imóvel
pertencente ao ora agravante, infringindo o seu direito de propriedade,
permitindo, assim, que as partes sejam intimadas para se manifestar
sobre os cálculos elaborados e sobre o auto de avaliação de fl. 267,
como determinado pela lei processual.

Nestes termos, com a guia de recolhimento das custas recursais e a


cópia integral do processo que tem curso na 1ª Instância em anexo, na
qual constam os documentos obrigatórios,
Pede deferimento.
Recife, 25 de novembro de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 13 –
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL -
PARA DESTRANCAR O RESP
(INTERPOSIÇÃO CONTRA DECISÃO
DA VICE-PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL
LOCAL)
Comentários:
O recurso de agravo em recurso especial é disciplinado pelo art. 1.042
da lei processual, e ataca decisão proferida pela Presidência ou pela
Vice-Presidência dos Tribunais Estaduais e dos Tribunais Regionais
Federais, que negam seguimento ao recurso especial.

Com a interposição desse recurso, o agravante pretende destrancar o


recurso especial, permitindo que seja conhecido pelo STJ.

O recurso de agravo em recurso especial deve ser interposto no prazo de


15 (quinze) dias uteis, que é contado em dobro quando o remédio
processual é interposto pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública,
pelo Ministério Público ou por litisconsortes representados por
diferentes procuradores (arts. 180, 183, 186 e 229 da lei processual),
desde que integrem escritórios de advocacia igualmente distintos e que
o processo tenha curso em autos eletrônicos.

Muito cuidado: o recorrente não pode se limitar a repetir as razões que


fundamentaram o recurso especial (copiar e colar), devendo atacar
especificamente a decisão proferida pela Presidência ou pela Vice-
Presidência do Tribunal local, sob pena de não conhecimento do
recurso, em decorrência da aplicação do princípio da dialeticidade.

O recurso de agravo em recurso especial não exige o recolhimento das


custas e é interposto junto ao próprio Tribunal que proferiu a decisão
atacada.

– 15 –
PETIÇÃO:
Excelentíssimo Senhor Desembargador Vice-Presidente do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco.

JOÃO DA SILVA e outro, por seu advogado infra-assinado, nos autos


dos Embargos de Declaração no Agravo na Apelação Cível nº
0010000000 – 08.2003.8.17.0001, havendo sido intimados do teor da
r. decisão de fls., publicada no dia 11.12.2016, através da qual essa ínclita
autoridade jurisdicional não conheceu do recurso especial
anteriormente interposto, sob a alegação de que o subscritor desta
manifestação processual não estaria dotado de poderes para representar
os recorrentes em juízo, vêm, pela presente e dentro do prazo legal,
interpor AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, com fundamento no art.
1.042 da nova lei processual, correspondendo ao art. 544 do CPC/73, de
acordo com as razões adiante aduzidas, confiando, concessa vênia, que
a espécie recursal seja provida, permitindo a subida do recurso extremo.

Nestes termos,
Pedem deferimento.
Recife, 19 de dezembro de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 16 –
PETIÇÃO:
Agravantes: JOÃO DA SILVA e outro
Agravada: SOCIEDADE S.A.
Embargos de Declaração no Agravo na Apelação Cível nº 0010000000
– 08.2003.8.17.0001

RAZÕES DOS AGRAVANTES


Eminentes Ministros:

01. A r. decisão proferida pela Vice-Presidência do e. TJPE deve ser


reformada, data vênia, por ser contrária aos dispositivos que integram a
nova lei processual, que começou a vigorar quase 1 (um) mês antes da
prolação do referido pronunciamento judicial.

02. Nesse passo, atentos aos autos, percebemos que o órgão que
realizou o juízo diferido de admissibilidade do recurso extremo concluiu
que o subscritor desta manifestação processual não detinha poderes de
representação dos ora agravantes, já que atuou com lastro em
substabelecimento conferido por advogados que não estavam
representados nos autos, como tais os Beis. JOÃO DOS SANTOS e
RODRIGO DOS SANTOS.

03. Em outras palavras, os advogados identificados em linhas


anteriores não poderiam ter substabelecido o mandato ao subscritor
desta manifestação processual, pois aqueles não estavam investidos de
poderes.
– 17 –
PETIÇÃO:
04. Com a devida vênia, o pronunciamento não se afina com a
realidade dos autos, já que o órgão que realizou o juízo de
admissibilidade exigiu documento que não existe, que foi suprimido na
instância a quo, juntamente com todo o restante do caderno processual.

05. E não existia por uma simples razão: os autos do processo


originário (prestação de contas) foram extraviados, tendo sido
posteriormente restaurados, com os documentos de que as partes
dispunham, sem que a procuração referida pelo órgão de
admissibilidade tenha sido encontrada.

06. Assim, e apenas por preciosismo, não seria o caso de não


conhecer do recurso extremo, mas de conceder prazo para que a
irregularidade (se é que pode ser assim considerada) fosse suprida, nos
termos do parágrafo único do art. 932 da nova lei processual, que tem a
seguinte redação: “Art. 932. Omissis. Antes de considerar inadmissível
o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente
para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível”.

07. O caso em análise não é igual ou semelhante aos milhares de


casos em que o advogado que representa a parte atua sem instrumento
de mandato, por desídia da parte ou do profissional.

08. Diferentemente, encontramo-nos diante de processo que foi


abatido por extravio, e parcialmente restaurado, sem que os
peticionários dispusessem da cópia da procuração que integrou o
– 18 –
PETIÇÃO:
09. Contudo, não há dúvida de que os substabelecentes detinham
poderes, e que podiam transferi-los, na medida em que seus nomes
constam no sistema do tribunal local, como advogados habilitados.

10. Além da norma reproduzida em linhas anteriores, o § 3º do art.


1.029 da nova lei processual estabelece a seguinte regra: “O Supremo
Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar
vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde
que não o repute grave”.

11. O que a nova lei processual fez foi valorizar o fim, o julgamento de
mérito, em detrimento de exigências formais menos importantes.

12. No caso submetido à apreciação desses doutos Julgadores, embora


seja inegável que a procuração é documento essencial, em qualquer
hipótese, o documento não mais existia, na forma como confeccionado,
merecendo destaque a advertência de que a ação de restauração de
autos foi julgada pela procedência dos pedidos, o que parte da premissa
da sua regularidade.

13. Em outras palavras, se é caso de considerarmos que houve alguma


regularidade no caso em exame, esta teve por base sentença que
reconheceu a regularidade da restauração dos autos, como se os
documentos imprescindíveis estivessem no caderno processual.

– 19 –
PETIÇÃO:
DO PEDIDO

14. Posta a questão nesses termos, demonstrada a precariedade da


decisão atacada e a infração aos dispositivos processuais anteriormente
identificados, os peticionários requerem se dignem Vossas Excelências
a DAR PROVIMENTO a este recurso, permitindo a subida do recurso
extremo e a apreciação dos seus fundamentos de mérito.

Nestes termos,
Pedem deferimento.
Recife, 19 de dezembro de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 20 –
AGRAVO INTERNO - ART. 1.021 DO
CPC (QUESTÃO VERSANDO SOBRE
A CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS
DA JUSTIÇA GRATUITA)
Comentários:
O recurso de agravo interno é interposto contra as decisões proferidas
por desembargadores (decisão monocrática ou unipessoal), no âmbito
dos Tribunais, com fundamento no art. 932 do CPC, sendo disciplinado
pelo art. 1.021 do mesmo código.

Exemplificativamente, quando o vencido interpõe o recurso de apelação,


espera que o mesmo seja julgado por um órgão colegiado (Câmara
Cível, Turma Cível, por exemplo). Contudo, para a sua surpresa, o
desembargador relator nega seguimento ao recurso, sob a alegação de
que o recorrente não teria preenchido determinado requisito de
admissibilidade. Contra essa decisão, o apelante pode interpor agravo
interno.

Esse recurso deve ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias úteis,


que é contado em dobro quando o remédio processual é interposto pelo
Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelo Ministério Público ou
por litisconsortes representados por diferentes procuradores (arts. 180,
183, 186 e 229 da lei processual), sendo dirigido ao próprio relator que
proferiu a decisão monocrática, que pode reforma-la ou encaminhar o
recurso para o seu julgamento pelo órgão colegiado.

– 22 –
PETIÇÃO:
Excelentíssimo Senhor Desembargador JOÃO DA SILVA – Mui Digno
Relator da Ação Rescisória nº 0000000 – 7.

MANOEL DOS SANTOS, por seu advogado infra-assinado, nos autos da


Ação Rescisória proposta contra MARIA DA SILVA, processo nº 000000
– 7, havendo sido intimado do teor da r. decisão de fls., através da qual
essa douta relatoria indeferiu o pedido de gratuidade anteriormente
formulado pelo peticionário, vem, pela presente e no prazo de 15
(quinze) dias, com fundamento no art. 1.021 da lei processual, interpor o
recurso de AGRAVO INTERNO, de acordo com as razões de fato e de
direito adiante aduzidas:

01. Conforme percebemos através da simples leitura da decisão


datada de 12.12.2017, essa douta relatoria indeferiu o pedido de
gratuidade da justiça formulado pelo autor sob o fundamento de que a
declaração particular acostada aos autos, subscrita por contador, seria
“inservível como meio de prova da alegada insuficiência financeira”.

02. Além disso, essa douta relatoria se baseou na alegação da ré de


que o peticionário seria um grande empresário, pessoa abastada, que
teria condições de recolher as custas processuais.

03. Antes de o autor rebater os fundamentos identificados em linhas


anteriores, destaca que o valor das custas processuais é de
aproximadamente R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor elevado para
qualquer cidadão brasileiro.
– 23 –
PETIÇÃO:
04. Além disso, com a modificação do valor da causa para R$
1.286.585,15 (um milhão duzentos e oitenta e seis mil quinhentos e
oitenta e cinco reais e quinze centavos), o peticionário estaria obrigado a
efetuar o depósito exigido para o ajuizamento da ação rescisória,
representando o desembolso de mais ou menos R$ 65.000,00
(sessenta e cinco mil reais), além das custas processuais.

05. No que toca à fundamentação jurídica deste recurso, o autor


chama a atenção dessa douta relatoria para os §§ 2º e 3º do art. 99 do
novo CPC, que têm a seguinte redação:

“Art. 99. Omissis. § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se


houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o
pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Omissis”.

06. Conforme percebemos, a lei processual estabelece a regra de que
a afirmação do estado de pobreza é presumidamente verdadeira, quando
deduzida por pessoa natural, cabendo à parte contrária desconstituir
essa presunção, não com base em alegações vazias, mas em provas.
PETIÇÃO:
07. No caso concreto, além de a adversa parte não ter produzido
qualquer prova que embasasse a alegação de que o peticionário seria
empresário abastado, o documento acostado aos autos pelo autor
(declaração subscrita por contador) não poderia ter sido considerado
“inservível”, data vênia, por não conter qualquer irregularidade formal
e/ou de conteúdo

08. O documento em questão foi assinado por profissional capacitado,


informando situação de fato (recebimento mensal da quantia de R$
1.600,00) que não foi rebatida pela adversa parte, a não ser por
alegações vazias.

09. No que toca à alegação de que, quando o pedido de concessão


dos benefícios da justiça gratuita é formulado após o ajuizamento da
ação, não mais caberia a presunção de miserabilidade, é importante
destacar que o pedido só foi formulado pelo autor após o ajuizamento
da ação em decorrência do acolhimento do incidente de impugnação ao
valor da causa oposto pela ré, representando fato superveniente.

10. O autor não poderia ter formulado o pedido na petição inicial, pois
não era pobre na forma da lei, considerado o valor originariamente
atribuído à causa.

11. O estado de pobreza só foi evidenciado após o acolhimento do


incidente citado em linhas anteriores, com a consequente modificação
do valor da causa, quando então, e somente então, fez-se necessário
formular o requerimento.
PETIÇÃO:

12. A decisão da lavra desse douto Juízo deve ser reformada, data
vênia, sob pena de o autor se ver privado de ter acesso à jurisdição, não
se tendo a lembrança de uma única pessoa natural em Pernambuco que
tenha se desincumbido do ônus de efetuar o recolhimento das custas e
do depósito/caução em quantia superior a R$ 75.000,00 (setenta e
cinco mil reais).

13. Posta a questão nesses termos, demonstrada a precariedade da


decisão atacada, com as devidas vênias, o autor requer,
preferencialmente, digne-se Vossa Excelência a exercer o juízo de
retratação, tornando sem efeito o pronunciamento e concedendo-lhe os
benefícios da gratuidade da justiça ou, secundariamente, encaminhar
este recurso ao órgão fracionário, onde confia que será PROVIDO,
acarretando a modificação do pronunciamento atacado, o que é
expressamente requerido.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 12 de janeiro de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 26 –
APELAÇÃO - ATAQUE À
SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO
DE ALIMENTOS
Comentários:
O recurso de apelação é interposto no 1º grau de jurisdição, exigindo o
recolhimento de custas, no ato da interposição (art. 1.007 do CPC), sob
pena de deserção.

Na sua elaboração, o apelante deve observar a regra constante do art.


1.010 do CPC, que versa sobre os requisitos formais desse recurso.

Cuidado: o recorrente não pode se limitar a reproduzir (copiar e colar) a


petição inicial ou a contestação. Diferentemente, deve atacar
diretamente os fundamentos da sentença, sob pena de não
conhecimento do recurso, em decorrência da infração ao princípio da
dialeticidade.

Após a interposição do recurso, o juiz concede vista dos autos ao


vencedor, para que ofereça contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias
uteis (exceto nas situações anteriormente destacadas), ato seguido do
encaminhamento dos autos ao Tribunal, independentemente da
realização do juízo de admissibilidade.

– 28 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara de Família e Registro Civil da
Comarca do Recife.

PAULO JOSÉ DOS SANTOS, por seu advogado infra-assinado, nos


autos da Ação de Exoneração de Alimentos proposta
contra MARIA DOS SANTOS e PAULA DOS SANTOS, processo nº
0000000-58.2015.8.17.0001, havendo sido intimado do teor da r.
sentença de fls. 99/102, através da qual esse douto juízo julgou a ação
pela procedência parcial dos pedidos, determinando que o peticionário
efetue o pagamento da quantia correspondente a 1 (um) salário mínimo
por mês para cada uma de suas filhas, vem, pela presente, no prazo
legal de 15 (quinze) dias, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, conforme
razões em anexo, confiando, concessa vênia, que o remédio processual
será provido, resultando na reforma do pronunciamento atacado.

Nestes termos, com as razões em anexo, ressalvando que deixa de


recolher as custas recursais por ser beneficiário da justiça gratuita,
Pede deferimento.
Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 29 –
PETIÇÃO
Apelante: PAULO JOSÉ DOS SANTOS
Apeladas: MARIA DOS SANTOS e PAULA DOS SANTOS
Apelação Cível nº 0000000.58.2015

RAZÕES DO APELANTE

01. A r. sentença proferida pela autoridade que atua no 1º grau de


jurisdição deve ser reformada, data vênia, por ser contrária às provas
produzidas durante a fase de instrução, obrigando o autor a efetuar o
pagamento de alimentos em favor das suas filhas, embora a tenha
reduzido para 1 (um) salário mínimo para cada uma das beneficiárias,
que pode ser pouco dinheiro para muitos, mas que representa uma
fortuna para o ora recorrente.

02. Atentos aos autos, percebemos que a pretensão autoral foi


embasada em dois fundamentos, quais sejam: (a) o primeiro, de que as
beneficiárias já são maiores de idade, exercendo atividade laborativa,
não necessitando da verba alimentar; (b) o segundo, de que o
peticionário não se encontra em condições de adimplir a obrigação.

03. No que toca ao primeiro fundamento, é importante destacar que


as filhas do ora apelante se encontram com 21 e 23 anos de idade,
respectivamente, residindo com a sua genitora, não estando obrigadas
ao pagamento de aluguéis.

– 30 –
PETIÇÃO
Apelante: PAULO JOSÉ DOS SANTOS
Apeladas: MARIA DOS SANTOS e PAULA DOS SANTOS
Apelação Cível nº 0000000.58.2015

RAZÕES DO APELANTE

01. A r. sentença proferida pela autoridade que atua no 1º grau de


jurisdição deve ser reformada, data vênia, por ser contrária às provas
produzidas durante a fase de instrução, obrigando o autor a efetuar o
pagamento de alimentos em favor das suas filhas, embora a tenha
reduzido para 1 (um) salário mínimo para cada uma das beneficiárias,
que pode ser pouco dinheiro para muitos, mas que representa uma
fortuna para o ora recorrente.

02. Atentos aos autos, percebemos que a pretensão autoral foi


embasada em dois fundamentos, quais sejam: (a) o primeiro, de que as
beneficiárias já são maiores de idade, exercendo atividade laborativa,
não necessitando da verba alimentar; (b) o segundo, de que o
peticionário não se encontra em condições de adimplir a obrigação.

03. No que toca ao primeiro fundamento, é importante destacar que


as filhas do ora apelante se encontram com 21 e 23 anos de idade,
respectivamente, residindo com a sua genitora, não estando obrigadas
ao pagamento de aluguéis.

– 31 –
PETIÇÃO
04. Além disso, a ré PAULA DOS SANTOS admitiu em juízo (fl. 96
verso) que exerce atividade laborativa, auferindo renda de
aproximadamente R$ 900,00 (novecentos reais) por mês, e que a sua
irmã não desembolsa valores para o pagamento de mensalidades do
curso de direito na FBV, por ser beneficiária do FIES.

05. Debruçados nos autos, especificamente na defesa de fls. 29/37, e


nos documentos que a instruíram, constatamos que as únicas despesas
que as rés comprovaram pagar foram a taxa condominial do
apartamento em que residem, na quantia de R$ 690,00 (seiscentos e
noventa reais), com a bonificação resultante do pagamento em dia, e a
fatura de energia elétrica, no valor de R$ 228,02 (duzentos e vinte e
oito reais e dois centavos), totalizando a importância de R$ 918,02
(novecentos e dezoito reais e dois centavos), pouco superior aos ganhos
da autora Paula dos Santos, com a ressalva de que a mãe das rés
percebe a quantia mensal de R$ 1.468,00, a título de pensão.

06. Quanto à possibilidade de o autor adimplir a obrigação, mais uma


vez atentos aos autos, percebemos que o mesmo ganha tão pouco que
sequer presta declarações de imposto de renda, sobrevivendo dos
ganhos resultantes da exploração de um pequeno bar (bar de rua, na
linguagem popular), na calçada do imóvel em que reside, representando
renda bruta de aproximadamente R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos
reais) por mês, completamente consumidos com o pagamento de suas
despesas mensais, tendo juntada à inicial cópia de fatura de energia
elétrica, na quantia de R$ 530,50, rateada por 5 (cinco) pessoas
– 32 –
PETIÇÃO
(R$ 106,00 para cada uma delas), da conta de água e esgoto, na
quantia de R$ 278,92 (R$ 55,78 para cada um dos 5 moradores do
imóvel), e da mensalidade do seu filho menor, no importe de R$ 735,00,
comprovando que só consegue sobreviver porque sua esposa aufere a
quantia líquida de R$ 1.144,07, como funcionária do HOSPITAL
PORTUGUÊS ABC (documentos de fls. 9/19).

07. Assim, restou provado que o casal (o autor e sua atual esposa)
auferem renda bruta mensal de aproximadamente R$ 3.500,00, dos
quais, R$ 900,00 (novecentos reais) são gastos apenas com o
pagamento da mensalidade escolar do seu filho e com o rateio das
contas de energia elétrica, de água e esgoto, remanescendo
aproximadamente R$ 2.500,00 brutos para o pagamento de todas as
demais despesas, em favor de três pessoas, como alimentação,
transporte, vestuário, saúde e todos os demais itens que integram um
orçamento doméstico.

08. Ao sentenciar, o douto juiz de piso não se baseou em provas, mas


em suposições (e é exatamente isso que alicerça o pedido de reforma
do julgado), com a devida vênia. Vejamos a parte final do decisum
atacado:

“É razoável estimar que as mesas são ocupadas, ao menos, por duas


pessoas. Considerando como base de consumo os R$ 50,00 (cinquenta
reais) referidos nos depoimentos de fls. 96/97, os quais devem ser
reajustados para R$ 60,00 (sessenta reais), em decorrência do sabido
aumento geral de preços nos últimos meses, obtemos R$ 7.200,00
– 33 –
PETIÇÃO
(sete mil e duzentos reais) mensais, supondo que o bar funcione às
sextas, sábados e domingos. Excluídos os custos do pequeno negócio,
os quais devem corresponder, em média, a cerca de 50% (cinquenta por
cento) do seu faturamento, alcançamos a renda mensal estimada do
requerente por volta de R$ 3.600,00 (três mil e seiscentos reais)”
(grifamos).

09. Com todas as vênias devidas, não podemos admitir que o julgado
combatido se baseie em achismos, como “é razoável estimar”,
“supondo” e “devem corresponder”, pois provas foram produzidas
durante a fase de instrução, que não foram rebatidas (tornando os fatos
incontroversos), sendo fortes em revelar que o peticionário aufere renda
BRUTA mensal de apenas R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais),
completamente consumida com o pagamento de suas despesas
mensais, incluindo despesas próprias, de sua esposa e do seu filho
menor.

10. Adotando o raciocínio desenvolvido pelo magistrado de piso, de


que o lucro da atividade deve representar mais ou menos 50%
(cinquenta por cento) dos ganhos mensais brutos, concluímos que o
lucro auferido pelo autor é de apenas R$ 1.200,00 (um mil e duzentos
reais) por mês, já que restou provado que obtém uma receita bruta
mensal de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais).

– 34 –
PETIÇÃO
11. Partindo da premissa de que o salário mínimo é de R$ 880,00
(oitocentos e oitenta reais), concluímos que o peticionário está obrigado
a efetuar o pagamento da quantia mensal de R$ 1.760,00 (um mil
setecentos e sessenta reais) em favor das rés, remanescendo a
importância bruta de R$ 640,00 (seiscentos e quarenta reais) para o
pagamento de suas despesas pessoais (repita-se, despesas próprias, de
sua esposa e do seu filho), quando restou provado que gasta
aproximadamente R$ 900,00 apenas com água, luz e a mensalidade do
seu filho.

12. A questão é matemática, sendo induvidoso que a sentença


desrespeitou a equação necessidade de quem pede x possibilidade de
quem deve, baseando-se em achismos, contra a prova produzida durante
a tramitação do processo.

13. Mantida a sentença, o que é admitido por mero amor ao debate,


partindo da premissa de que o autor aufere renda mensal bruta de R$
2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), concluímos que a obrigação
alimentar imposta pelo pronunciamento atacado representa
aproximadamente 75% (setenta e cinco por cento) dos ganhos brutos do
devedor dos alimentos, e mais ou menos 150% (cento e cinquenta por
cento) dos seus ganhos líquidos, arbitramento que destoa de todo o
entendimento doutrinário e jurisprudencial relacionado à matéria.

– 35 –
PETIÇÃO
14. Embora esse não seja o argumento principal, para embasar o
pedido de reforma da decisão atacada, é importante destacar que nos
encontramos diante de crise que afligiu todos os setores da economia,
sendo fato público e notório o de que centenas de bares e de
restaurantes cerraram as suas portas, e que os sobreviventes reduziram
demasiadamente a sua margem de lucro.

15. Assim, não é de se supor que as pessoas estejam consumindo


mais, mas que as pessoas cada dia menos frequentam bares e
restaurantes, aumentando a quantidade de refeições em casa, o que
contraria todas as conjecturas feitas pelo magistrado que atua no 1º
grau de jurisdição.

16. Em suma: a sentença monocrática deve ser reformada, concessa


vênia, por ser contrária às provas produzidas durante a fase de instrução,
baseando-se em falsas premissas, que não nos conduzem a conclusões
lógicas.

DO PEDIDO

17. Pelo exposto, demonstrada a precariedade do julgado atacado, o


seu manifesto divórcio das provas produzidas (documental e oral,
consistente na tomada do depoimento das partes e de testemunhas na
audiência de instrução e julgamento), o peticionário requer se dignem
Vossas Excelências a DAR PROVIMENTO a este recurso, resultando,
preferencialmente, na reforma integral da sentença de fls. 99/102,
– 36 –
PETIÇÃO
importando na exoneração do ora recorrente da obrigação de efetuar o
pagamento de alimentos em favor das apeladas, ou, secundariamente,
na reforma parcial do mesmo julgado, para a redução da obrigação
alimentar em no máximo R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais), que
corresponde a 40% (quarenta por cento) do lucro da atividade
desenvolvida pelo ora apelante, invertendo-se, consequentemente, os
ônus da sucumbência, incluindo custas, despesas processuais e
honorários advocatícios.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 37 –
APELAÇÃO - CONTRARRAZÕES
(QUESTÃO ENVOLVENDO VÍCIO
DE CONSTRUÇÃO)
Comentários:
As contrarrazões se constituem na petição em que o apelado (vencedor)
impugna o recurso de apelação apresentado pelo seu adversário
processual.
Essa petição deve ser apresentada no prazo geral de 15 (quinze) dias
uteis, que é contado em dobro quando o vencedor for o Ministério
Público, a Defensoria Pública, o Ministério Público ou litisconsortes
representados por diferentes procuradores (arts. 180, 183, 186 e 229 da
lei processual).

Com ou sem as contrarrazões, os autos são encaminhados ao Tribunal


Estadual ou ao Tribunal Regional Federal, independentemente da
realização do juízo de admissibilidade.

– 39 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 21ª Vara Cível da Comarca do Recife.

MANOEL DOS SANTOS e outros, por seu advogado infra-assinado, nos


autos da Ação Ordinária proposta contra a CONSTRUTORA ABC
S.A., processo nº 0000000-93.2011.8.17.0001, havendo sido intimados
do teor do r. despacho de fl. 600, através do qual esse douto Juízo
determinou que os peticionários ofereçam CONTRARRAZÕES ao recurso
de apelação interposto pela ré, vêm, pela presente, isto fazer, conforme
arrazoado em anexo, confiando que o remédio processual será
improvido, acarretando a manutenção do julgado indevidamente
atacado.

Nestes termos, Pedem deferimento.


Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

Apelante: CONSTRUTORA ABC S.A.


Apelados: MANOEL DOS SANTOS e outros
Processo nº 0000000-93.2011.8.17.0001

– 40 –
PETIÇÃO
CONTRARRAZÕES DOS APELADOS

Eminentes Desembargadores:

01. O recurso interposto pela adversa parte deve ser improvido, data
vênia, resultando na manutenção integral do julgado atacado, por estar
afinado com a lei, com a doutrina, com a jurisprudência e com as provas
produzidas na fase de instrução.

02. Antes de os peticionários exporem os argumentos de fato e de


direito que embasam o pedido de manutenção do julgado atacado,
rebatem as questões preliminares suscitadas pela adversa parte, a
primeira concernente à suposta prescrição, fundada na tese de que o
termo a quo do prazo para o exercício do direito de ação seria a data de
entrega dos imóveis aos autores, pois nos encontraríamos diante de
defeitos de fácil identificação e visualização.

03. A tese é quixotesca. Como é do conhecimento desse douto Juízo,


a prescrição aplicável às relações de consumo é de 5 (cinco) anos (art.
27 do CDC), contados a partir da violação do direito (art. 189 do CC),
sendo inaplicáveis as disposições inseridas na lei material, que só são
utilizadas no julgamento das causas consumeiristas se forem mais
benéficas ao consumidor.

04. O voto proferido pelo Exmo. Sr. Des. BINATO DE CASTRO no


julgamento da apelação cível nº 50856/08 (RJ) é elucidativo sobre a
questão, merecendo reprodução:
PETIÇÃO
“No tocante à alegada prescrição, devem ser observadas as normas do
Código de Defesa do Consumidor, estando a hipótese dos autos
enquadrada nos seus arts. 2º e 3º, bem como no art. 27 da citada Lei, no
sentido da pretensão à reparação pelos danos causados em decorrência
de vício ou defeito do produto. Ao contrário do que sustenta a empresa-
apelante, o citado Código de Defesa do Consumidor se destina a
proteger os direitos e interesses dos consumidores, parte mais
vulnerável em relação aos vendedores ou fornecedores nas relações
comerciais, de modo que não se pode esperar que uma lei com esta
finalidade venha a prejudicar os interesses de seus tutelados, motivo
pelo qual foi expressamente previsto em seu art. 7º que os direitos nele
assegurados não excluem outros decorrentes de legislações ordinárias.
Da mesma forma, a jurisprudência é dominante no sentido de que se
aplicam os prazos decadenciais e prescricionais previstos no Código
Civil ou em outra Lei Especial se forem mais benéficos do que aqueles
estabelecidos no Código de Defesa do Consumidor, razão pela qual
rejeitamos a alegada prescrição”.

05. A prescrição não abateu o direito dos ora apelados no caso


concreto, pelas seguintes razões:

(a) A primeira, porque a prescrição é quinquenal.


(b) A segunda, porque se passaram menos de dois anos entre a
entrega formal dos apartamentos e o ajuizamento da ação.

– 42–
PETIÇÃO
(c) A terceira, porque o vício não foi revelado no momento da entrega
dos apartamentos, mas apenas no dia 20.9.2010, quando a abertura da
área do jardim (feita pela apelante) foi obstada por notificação procedida
por órgão municipal, que repousa à fl. 78, em que o fiscal da Prefeitura
ressalva que “trata-se de supressão de área verde para construir
garagens para automóveis em desacordo com o projeto aprovado”.

(d) A quarta, porque a notificação extrajudicial de fl. 48, datada de


25.11.2010, interrompeu o prazo prescricional para o exercício do direito
de ação.

06. Desse modo, demonstrada a precariedade da questão preliminar,


os peticionários requerem se dignem Vossas Excelências a rejeitá-la,
permitindo a análise da matéria de fundo.

07. Quanto à segunda questão preliminar suscitada pela adversa parte,


referente ao suposto cerceamento do direito de defesa que teria sofrido,
é igualmente precária, não merecendo acolhida.

08. Essa questão está embasada na alegação de que a ora apelante


pugnou por novas diligências e esclarecimentos “para elucidação de
fatos e supressão de algumas lacunas no laudo pericial”,
especificamente às fls. 426/431 e 475/479, sem que o magistrado de
piso tenha acolhido esses requerimentos, como percebemos através da
análise das decisões de fls. 481 e 498.

– 43–
PETIÇÃO
09. A tese é manifestamente precária. Nesse passo, é fundamental
registrar que as decisões a que a adversa parte se refere na apelação
interposta na origem foram proferidas na vigência do CPC/73, o que
significa dizer que deveriam ter sido atacadas pela interposição do
agravo de instrumento ou do agravo retido, para evitar a preclusão da
matéria, o que não ocorreu.

10. Atentos aos autos, percebemos que a decisão de fl. 481, proferida
no dia 10.06.2015, ou seja, na vigência do CPC/2015, foi publicada no
DOE no dia 2.7.2015, conforme certidão de fl. 487, não tendo a parte
contrária interposto o agravo de instrumento contra o pronunciamento
judicial, repita-se, tornando a matéria preclusa.

11. Posteriormente, especificamente na audiência de instrução e


julgamento (fls. 497/499), apenas para tentar procrastinar a marcha
processual, a adversa parte requereu complementação do laudo pericial
(como se fosse incompleto), para que o perito informasse “se houve
variação do valor do metro quadrado dos apartamentos dos autores
tendo em vista a mudança do cenário econômico e forte desvalorização
do mercado imobiliário local como fato superveniente à perícia”.

12. Esse requerimento foi indeferido na própria audiência, pelo


reconhecimento de que a matéria se encontrava preclusa, pois a adversa
parte se manifestou nos autos após a entrega do laudo pericial, não
requerendo o que foi solicitado na audiência de instrução e julgamento.

– 44–
PETIÇÃO
13. O pronunciamento de fl. 498, prolatado na vigência do CPC/73
(especificamente no dia 26.8.2015) não foi atacado pela interposição
recurso de agravo de instrumento, tornando a matéria preclusa.

14. Apenas por amor ao debate, debruçados nos autos, percebemos


que o laudo pericial foi entregue pelo expert no dia 28.3.2014, ato
seguido da prolação do despacho de fl. 419, através do qual a autoridade
judicial determinou que as partes se manifestassem sobre o resultado
do trabalho realizado pelo auxiliar do juízo.

15. Em reação, a adversa parte protocolou a petição de fls. 426/431, na


qual formulou quesitos complementares, tendo a autoridade de piso
determinado o aperfeiçoamento da intimação do perito, para que
respondesse aos novos quesitos (fl. 433).

16. Na sequência, de forma minudente, o expert do juízo protocolou a


petição de fls. 340/466 (quase um novo laudo), respondendo a todos os
questionamentos feitos pela ora apelante.

17. À fl. 468, a autoridade monocrática determinou que as partes


fossem intimadas para se manifestar sobre a complementação do laudo
pericial, gerando manifestação tanto do autor como da ré, que formulou
pedido de esclarecimentos em audiência.
18. Como percebemos, ao indeferir o novo requerimento formulado
pela adversa parte, a autoridade de piso esclareceu que a perícia foi
conclusiva quanto à repercussão financeira decorrente da supressão de
área sofrida pelos ora apelados, tornando desnecessário intimar o perito
PETIÇÃO
19. Em suma: o que a adversa parte pretende é perpetuar o litígio,
formulando requerimentos infundados, estando a matéria devidamente
esclarecida.

20. Desse modo, tanto pela questão da preclusão como da


desnecessidade da prestação de novos esclarecimentos, os
pronunciamentos reputados nulos são impecáveis, não merecendo
qualquer reforma.

21. Passemos à análise das questões de mérito, iniciando pela


alegação de que os apartamentos 3401 e 3402 teriam sido recebidos
pelos adquirentes com varandas.

22. Nesse particular, a adversa parte alega que as varandas seriam os


terraços que integram a área da cobertura, na beira da piscina, querendo
modificar o dicionário, querendo fazer pouco caso da inteligência dos
ora apelados e dos representantes do Poder Judiciário.

23. A simples leitura do contrato firmado com o adquirente do


apartamento 3402 evidencia que uma coisa é uma coisa, outra coisa é
outra coisa. Ao descrever o apartamento 3402, o item 12 do contrato
mencionado em linhas anteriores o faz da seguinte forma:

“Apartamento de cobertura (3402) – varanda, sala de estar para 3


ambientes, sala de jantar, 03 (três) suítes, 01 (uma) suíte master, lavabo,
circulação, copa, cozinha, área de serviço, WC de serviço, terraço e
piscina, além de 04 (quatro) vagas de estacionamento...” (grifamos).
– 46–
PETIÇÃO
24. Uma coisa é a varanda, que deveria ter integrado o primeiro piso da
cobertura, outra é o terraço, localizado no segundo piso, junto à piscina.

25. A adversa parte inadimpliu a obrigação contratualmente assumida,


devendo ser punida, não só em atenção aos ora apelados, mas para que
outros consumidores não sejam igualmente lesados por ofertas
publicitárias que posteriormente não são cumpridas.

26. No que toca às garagens, os documentos que acompanharam a


primeira peça e o laudo pericial são convergentes em demonstrar que a
ré alienou as unidades habitacionais prometendo que seriam entregues
com 3 (três) e 4 (quatro) vagas de garagens, respectivamente para os
apartamentos 3302 e 3402, não tendo cumprido a promessa de venda.

27. A perda dessas áreas não decorreu de qualquer comportamento
culposo ou doloso dos autores ou do condomínio, mas exclusivamente
da prepotência da ré, que achou que poderia construir as tais vagas
após a concessão do habite-se, em área verde do condomínio (PASMEM:
em área comum), ludibriando este, os demais condôminos que residem
no EDIFÍCIO JOANA DHÁLIA e a Prefeitura da Cidade do Recife.

28. O laudo pericial, tão rebatido pela ré, nada mais fez do que
quantificar os prejuízos sofridos pelos autores.

29. Quanto à alegação de que a sentença seria extra ou ultra petita, já


que o magistrado de piso não teria respeitado os pedidos formulados na
petição inicial, a afirmação fere todos os princípios matemáticos.
– 47–
PETIÇÃO
30. Com efeito, através da simples leitura da petição inicial,
constatamos que os autores solicitaram a condenação da ré ao
pagamento de indenização correspondente a 10% (dez por cento) do
valor venal dos apartamentos que adquiriram, por terem sido entregues
sem a 3ª (no caso do apartamento 3302) e a 4ª garagens (no caso do
apartamento 3402), fundamentando o pedido em precedentes
jurisprudenciais.

31. Analisando o laudo pericial, percebemos que o Sr. Perito estimou o


valor venal dos apartamentos adquiridos pelos autores em R$
1.756.289,25 (apartamento 3402) e em R$ 1.290.983,55 (apartamento
3302), enquanto que estimou os prejuízos decorrentes de os
apartamentos não terem todas as garagens prometidas em R$
161.858,25 (apartamento 3402) e em R$ 119.749,81 (apartamento
3302).

32. Não é necessário termos qualquer conhecimento de matemática


para percebermos que R$ 161.858,25 corresponde a menos de 10% (dez
por cento) de R$ 1.756.289,25 e que R$ 119.749,81 representa menos do
que 10% (dez por cento) de R$ 1.290.983,55, o que evidencia que a
sentença respeitou os pedidos formulados na primeira peça, não
havendo o que se falar em infração ao princípio da adstrição, da
correlação ou da congruência.

33. Quanto à questão que envolve as varandas que não integraram as


unidades habitacionais adquiridas, o laudo pericial estimou os valores
correspondentes à desvalorização dos apartamentos, justamente por
– 48–
PETIÇÃO
religiosamente o pedido constante do item V da letra (d) do parágrafo 48
da petição inicial, não merecendo qualquer reparo.

34. Ainda atentos à apelação de fls., percebemos que a adversa parte


defende a tese de que o magistrado a quo não poderia tê-la condenado
ao pagamento dos valores correspondentes aos aluguéis das garagens
não entregues e ao valor correspondente à desvalorização dos imóveis,
por não apresentarem a 3ª e 4ª garagens, pois isso representaria um bis
in idem.

35. A tese é igualmente precária. É evidente que nos encontramos


diante de dois danos distintos, o primeiro, consistente nos valores que
os autores teriam de desembolsar para locar garagens pertencentes a
outros moradores, o segundo, dizendo respeito à desvalorização dos
apartamentos, por não terem a 3ª e a 4ª garagens.

36. Mesmo que a adversa parte viesse a compensar os autores,


pagando-lhes os valores correspondentes à desvalorização dos imóveis,
por não terem a 3ª e a 4ª garagens, estes ainda teriam de desembolsar
importâncias para locar outros espaços, como condição para acomodar
veículos que lhes pertencem.

37. Assim, o pagamento da indenização decorrente da desvalorização


dos imóveis (por não terem as garagens prometidas no momento da
venda) não faz cessar o prejuízo decorrente da necessidade de locação
de espaços no universo condominial, o que evidencia a precariedade do
pleito de reforma da sentença monocrática.
– 49–
PETIÇÃO
38. No que toca à alegação de que os peticionários não fariam jus à
indenização por danos morais, pois nos encontraríamos, quando muito,
diante de simples descumprimento contratual, demonstra o desrespeito
da adversa parte pelos seus clientes.

39. Mais uma vez debruçados nos autos, percebemos que os


documentos que acompanharam a petição inicial e o depoimento
prestado por testemunha na audiência de instrução e julgamento são
convergentes em evidenciar que os peticionários sofreram diversos
constrangimentos no universo condominial, pois a adversa parte iniciou
o processo de destruição parcial do jardim do condomínio, para
construir as garagens prometidas e não entregues, o que gerou revolta
por parte de um número significativo de moradores.

40. Vejamos trecho do depoimento prestado pela testemunha


MARCELO DA SILVA:

“As assembleias que foram realizadas no condomínio esses assuntos


eram ventilados reiteradamente inclusive foi motivo dele depoente não
continuar como síndico; que os condôminos autores nessas
assembleias ficaram constrangidos ante aos demais condôminos sob
tudo frente as propostas feitas pela empresa demandada para contornar
o problema aceitas por alguns e não aceitas por outros”.
religiosamente o pedido constante do item V da letra (d) do parágrafo 48
da petição inicial, não merecendo qualquer reparo.

– 50–
PETIÇÃO
41. Os peticionários foram vistos como vilões, como se fossem os
responsáveis pela destruição parcial do jardim, quando todo o “plano”
foi bolado pela adversa parte, desde a concepção do projeto, sem que
isto tenha sido informado aos adquirentes dos apartamentos 3302 e
3402.

42. Desse modo, não estamos diante de mero aborrecimento, mas de


dano efetivo, creditando os autores no direito de obterem indenização
pelos danos morais, na exata proporção do prejuízo suportado.

43. Finalmente, quanto à alegação de que estaríamos diante de


sucumbência recíproca, justificando a distribuição proporcional da verba
honorária, a tese não merece acolhida, já tendo sido rejeitada pela
decisão que deu provimento aos embargos de declaração opostos pelos
peticionários na instância a quo.

44. Comparando a sentença de fls. 537/541 com a petição inicial,


especificamente em seu item 48, letra (d), percebemos que o douto
juízo a quo acolheu a quase totalidade dos pedidos formulados pelos
autores na petição inicial, quais sejam:
(a) Condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais.
(b) Condenação da ré ao pagamento de indenização resultante do fato
de ter entregue as unidades habitacionais sem uma das garagens
prometidas.
PETIÇÃO
(c) Condenação da ré ao pagamento de indenização resultante do fato
de os apartamentos adquiridos pelos autores terem sido entregues pela
ré sem as varandas prometidas.
(d) Condenação da ré ao pagamento do valor correspondente ao
aluguel de garagem no próprio edifício.

45. A autoridade monocrática só deixou de acolher o pedido referente


à pretensão de condenação da ré a adimplir obrigação de fazer,
consistente na abertura de acesso aos moradores pela avenida
Domingos Ferreira.

46. O pedido de condenação da ré a adimplir obrigação de dar,


consistente na entrega de vaga de garagem ao adquirente do
apartamento 3402 foi alternativo, tendo restado prejudicado com o
acolhimento do outro pedido, qual seja, de condenação da demandada
ao pagamento de importância correspondente a 10% (dez por cento) do
valor de mercado do imóvel.

47. Assim, não podemos caracterizar a denominada sucumbência


recíproca, mas o decaimento mínimo, evidenciando o acerto da
autoridade de piso ao acolher os embargos de declaração opostos na
origem, resultando na modificação parcial da sentença de fls. 537/541,
e, consequentemente, na condenação da ora apelante ao pagamento da
verba honorária.

– 52–
PETIÇÃO
DO PEDIDO

48. Posta a questão nesses termos, demonstrada a precariedade do


recurso de apelação interposto pela parte contrária, o que apenas
comprova o seu absoluto desrespeito e desprezo pelos seus clientes, os
apelados requerem se dignem Vossas Excelências a NEGAR
PROVIMENTO À APELAÇÃO, mantendo intocada a sentença da lavra da
autoridade monocrática.

Nestes termos,
Pedem deferimento.
Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 53–
AUDIÊNCIA - PEDIDO DE
ADIAMENTO
Comentários:
O pedido de adiamento se constitui em petição extremamente simples,
dirigida ao juiz da causa, tendo fundamento no art. 362 do CPC.
Quando o requerimento se fundamenta na alegação de que o advogado
da parte não pode comparecer ao ato, porque participará de outra
audiência no mesmo dia e hora (ou em hora próxima), doutrina e
jurisprudência exigem a comprovação de que esse advogado é o único
habilitado no processo, e que a outra audiência foi designada antes da
audiência objeto do pedido de adiamento.

– 55–
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 9ª Vara de Família da Comarca do
Recife.
MANOEL DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos
d a Ação de Reconhecimento da Existência de União Estável
Post Mortem proposta contra o ESPÓLIO DE MARIA DA SILVA e
outros, processo nº 0000000 – 17.2015.8.17.0001, considerando que
entre a publicação do despacho em que esse douto magistrado
designou dia e hora para a realização da audiência de instrução e
julgamento e este ato não medeia o espaço de tempo mínimo para a
apresentação do rol de testemunhas, que é de 15 (quinze) dias, ferindo o
art. 357 da lei processual, vem, pela presente, requerer se digne Vossa
Excelência a determinar o adiamento da audiência aprazada para o dia
16.04.2018, designando nova data para a sua realização.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 12 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 56–
CONTESTAÇÃO - EM AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Comentários:
A contestação se constitui na principal petição apresentada pelo réu,
em que impugna os fatos expostos pelo autor na petição inicial,
devendo ser efetivamente apresentada, sob pena de revelia.
Embora a lei processual não tenha definido os requisitos que devem ser
preenchidos pelo réu quando contesta a ação, a praxe forense costuma
dividir essa petição em:

(a) Fatos.
(b) Preliminares de mérito (prescrição e decadência).
(c) Preliminares relacionadas no art. 337 do CPC, que podem ser
peremptórias (cujo acolhimento acarreta a extinção do processo sem a
resolução do mérito) ou dilatórias (cujo acolhimento acarreta
consequência diferente da extinção, como o encaminhamento dos autos
ao juízo competente, em decorrência do acolhimento da preliminar de
incompetência relativa)
(d) Direito.
(e) Pedidos.

A contestação deve ser apresentada no prazo geral de 15 (quinze) dias


uteis, que é contado em dobro quando o réu for o Ministério Público, a
Defensoria Pública, o Ministério Público ou litisconsortes representados
por diferentes procuradores (arts. 180, 183, 186 e 229 da lei processual).
Esse prazo é contado a partir da data da última sessão de conciliação ou
de mediação, ou a partir do protocolo da petição em que o réu informa
que não tem interesse na autocomposição (art. 335), em qualquer caso,
com a exclusão do dia de início e a inclusão do dia de término do prazo.
– 58–
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 13ª Vara Cível da Comarca do Recife –
Seção B.

MARIA DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, conforme


instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional sito na
Rua Cel. Anísio Rodrigues, nº 464, sala 902, no bairro da Boa Viagem,
município do Recife, capital do Estado de Pernambuco, local onde
receberá as intimações necessárias, nos autos da Ação de
Consignação em Pagamento proposta pela BRADESCO AUTO/RE
COMPANHIA DE SEGUROS, processo nº 0000000-
34.2015.8.17.2001, vem, pela presente, independentemente de citação
judicial, apresentar CONTESTAÇÃO, de acordo com as razões de fato e
de direito adiante aduzidas:

PRELIMINARMENTE – LEVANTAMENTO DA QUANTIA


INCONTROVERSA
01. Embora a peticionária divirja do valor depositado pela adversa
parte, por ser bastante inferior ao quantum devido, requer o seu
levantamento, por ser parcela incontroversa, pedido que tem
fundamento no § 1º do art. 545 da nova lei processual, com a seguinte
redação:

“Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor


complementá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação
cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato. § 1º No caso do
caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo
– 59–
PETIÇÃO
02. Assim, sem prejuízo do prosseguimento do processo quanto à
parcela controvertida, a peticionária requer se digne Vossa Excelência
determinar a imediata expedição de alvará judicial, para levantamento
da quantia de R$ 56.981,33 (cinquenta e seis mil novecentos e oitenta e
um reais e trinta e três centavos).

03. Além disso, e ainda nos termos da lei (parágrafo único do art. 544
do CPC), a peticionária informa que o valor devido é de R$ 264.228,17
(duzentos e sessenta e quatro mil duzentos e vinte e oito reais e
dezessete centavos), o que significa dizer que, após o levantamento da
importância depositada pela autora, esta será devedora da quantia de
R$ 207.246,84 (duzentos e sete mil duzentos e quarenta e seis reais e
oitenta e quatro centavos), podendo exercitar a prerrogativa de
complementar o depósito no prazo de 10 (dez) dias.

04. O valor informado como devido foi cobrado pela ora ré nos autos
da ação judicial nº 0000000-62.2016.8.17.2001, que tem curso por
esse mesmo Juízo.

DOS FATOS

05. Conforme percebemos através da simples leitura da petição


inicial, a adversa parte sustenta que o ajuizamento da ação rebatida por
essa peça de defesa seria necessário, na medida em que haveria dúvida
quanto ao beneficiário do seguro ajustado, e que as partes divergem
quanto ao valor da indenização securitária.
– 60–
PETIÇÃO
06. Quanto à primeira alegação, retrata a manifesta má-fé da adversa
parte, que não contratou com a pessoa jurídica CONSTRUTORA E
PARTICIPAÇÕES LTDA., mas exclusivamente com a autora, dela
recebendo o prêmio correspondente, não havendo qualquer dúvida
quanto à legitimidade da ora demandada para receber a indenização
securitária.

07. A relação de direito material foi estabelecida entre a adversa parte,


na condição de seguradora, e a peticionária, na de segurada, aquela se
obrigando a efetuar o pagamento da indenização ajustada, esta a
realizar o pagamento do prêmio, obrigação da qual se desincumbiu.

08. Na página 02 da petição inicial, a própria autora confessa e admite


que a segurada é a Sra. Maria da Silva, e que o contrato se encontrava
em vigor no momento de ocorrência do infortúnio previsto como sendo
causa de cobertura securitária.

09. Assim, não há qualquer dúvida que ampare a alegação exposta


pela adversa parte, criada com a única intenção de inventar desculpas,
tentando justificar o injustificável, como tal, a recusa em efetuar o
pagamento de indenização prevista em contrato.

10. No que toca à segunda alegação, concernente a uma suposta


dúvida quanto ao valor da indenização ajustada, é igualmente
improcedente, sendo contrária ao que foi estabelecido pelas partes no
contrato firmado.
– 61–
PETIÇÃO
11. O exame da documentação em anexo nos permite concluir que a ré
celebrou contrato de seguro com a adversa parte, denominado Bradesco
Bilhete Residencial, através do qual esta assumiu a obrigação de efetuar
o pagamento de indenização securitária em favor daquela, caso
ocorresse algum sinistro em sua residência, incluindo as coberturas
incêndio, queda de raio e explosão, vendaval até fumaça, perda ou
pagamento de aluguel, responsabilidade civil geral familiar.

12. Conforme percebemos através da simples leitura do bilhete


residencial emitido pela autora, o seguro contratado previa o pagamento
de indenização por danos materiais que fossem causados ao imóvel
segurado e/ou aos bens existentes no seu interior, no limite máximo de
R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais), caso ocorresse incêndio, queda
de raio ou explosão.

13. Ainda examinando o bilhete residencial de nº 008916-8, assim como


a missiva enviada à ré, percebemos que o seguro contratado garantia o
pagamento de indenização por sinistros ocorridos no período de
19.4.2014 a 19.4.2015, tendo sido renovado no dia 09.04.15, com
vigência de mais 12 (doze) meses.

14. No dia 26 de março de 2015, a ré foi surpreendida com incêndio na


sua residência, iniciado na parede do quarto de sua filha, acarretando a
perda de todos os bens que se encontravam no interior do citado
cômodo.

– 62–
PETIÇÃO
15. Além de todos os objetos que estavam no interior do cômodo
atingido, todo o apartamento foi prejudicado pelo calor do fogo, pela
fumaça e pelo pó emanados do incêndio, situação que foi agravada com
o passar do tempo, tornando impraticável a permanência da família da
ré no apartamento.

16. Além disso, por conta do fogo e de toda a fumaça que atingiu
especialmente o quarto da filha da ré, os móveis não puderam ser
reaproveitados, reclamando a reforma total dos cômodos atingidos,
assim como a troca de todos os móveis, itens de decoração, vestuário,
brinquedos e calçados.

17. Após o evento, a peticionária protocolou requerimento junto à


adversa parte, munida de toda documentação contratualmente exigida,
demonstrando que suportou prejuízo de R$ 264.228,17 (duzentos e
sessenta e quatro mil duzentos e vinte e oito reais e dezessete
centavos), incluído o valor do aluguel de um apartamento mobiliado
para os 6 (seis) meses seguintes ao sinistro, conforme planilha e
contrato de locação em anexo.

18. Para a surpresa da ré, a adversa parte negou o pagamento da


indenização contratada, oferecendo pouco menos de R$ 60.000,00
(sessenta mil reais), equivalente a 10% (dez por cento) do valor máximo
da cobertura.

– 63–
PETIÇÃO
19. A cobertura prevista na apólice (Cobertura 01 – Incêndio, Raio e
explosão de qualquer natureza) engloba todos os danos materiais
causados diretamente aos bens segurados exclusivamente em
consequência de incêndio, queda de raio e explosão de qualquer
natureza.

20. A quixotesca justificativa utilizada pela adversa parte é corriqueira, e


infringe o entendimento jurisprudencial aplicável à matéria, sobretudo
porque o valor da indenização securitária deve ser equiparado aos
efetivos prejuízos sofridos, sob pena de configurar enriquecimento sem
causa da seguradora.

21. Por conta da negativa da adversa parte de efetuar o pagamento da


indenização contratada, a peticionária foi obrigada a propor ação de
cobrança contra aquela, como informado em linhas anteriores, repita-se,
conexa a esta ação judicial, o que significa dizer que devem ser julgadas
conjuntamente, evitando a contradição entre os pronunciamentos
judiciais.

22. É incontestável que estamos diante de uma relação de consumo,


disciplinada pelas normas que integram o Código de Defesa do
Consumidor, conforme se depreende através da leitura dos seus artigos
2º e 3º, in verbis:

– 64–
PETIÇÃO
“Art. 4º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços”.

23. A quaestio juris debatida nesta ação é conhecida pelos órgãos que
integram o Poder Judiciário, reiterada na jurisprudência dos nossos
tribunais, firmes ao estabelecer que a indenização a ser paga pela
seguradora deve reparar o dano sofrido, restabelecendo a situação
anterior à ocorrência do sinistro.

24. Enfrentando casos semelhantes, a nossos Tribunais consolidaram o


seguinte entendimento sobre a matéria:

“Sinistro envolvendo o imóvel de propriedade do segurado, com apólice


vigente e prêmio regularmente adimplido. (omissis). O valor da
indenização deve corresponder ao ajustado na apólice, posto que
regularmente aceito na ocasião da contratação, sem qualquer alteração
fática posterior relevante” (Apelação Cível nº 1213755-0 – Chopinzinho,
10ª Câmara Cível do TJPR, rel. Des. Carlos Henrique Licheski Klein, j.
27.11.2014) (grifamos).

“É direito do segurado pretender em juízo a complementação


da indenização paga pela seguradora em quantia inferior ao
previsto na apólice. No caso em tela, os requerentes
– 65–
PETIÇÃO
cumpriram todas as exigências estipuladas na proposta de
seguro, ensejando, assim, que a seguradora cumpra com sua
parte, qual seja, o pagamento integral da indenização,
respeitado o limite constante na apólice. Em demandas dessa
espécie, incide a correção monetária a partir da data em que a
seguradora nega o pagamento referente à cobertura
pactuada, o que se verifica, via de regra, como termo inicial, o primeiro
dia subsequente ao prazo para a quitação após a entrega da
documentação necessária ao recebimento da indenização, ou, ainda, da
data do pagamento extrajudicial deficitário” (Apelação Cível nº 203992,
TJSC, rel. Des. Joel Figueira Júnior, j. 18.08.2010) (grifamos).

25. Além da límpida interpretação judicial, o Código Civil contém
normas sobre o tema que merecem reprodução:

“Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão
do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-
fé”.

“Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurado se obriga, mediante o


pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo
a pessoa ou coisa, contra riscos predeterminados”.

26. A ré pede ainda vênia para transcrever o art. 48 do CDC, relativo às


declarações de vontade que vinculam o fornecedor:

– 66–
PETIÇÃO
“Art. 48. As declarações de vontade constantes nos escritos
particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos
termos do art. 84 e parágrafos”.

27. Dessa forma, a ação de consignação em pagamento deve ser julgada


pela improcedência dos pedidos, providência acompanhada do
reconhecimento da insuficiência do depósito (§ 2º do art. 545 do CPC),
com a consequente indicação do valor devido, informado no início desta
manifestação processual e da condenação da autora ao pagamento das
custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, que
devem ser fixados no patamar máximo, o que é de logo expressamente
requerido.

28. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, tais com a juntada de novos documentos, a ouvida de
testemunhas e a tomada do depoimento pessoal do representante legal
da adversa parte, sob pena de confesso.

Nestes termos,Pede deferimento.


Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 67–
CONTRATO DE HONORÁRIOS
Comentários:
O contrato de honorários é elaborado de acordo com as disposições
contidas na Lei 8.906/94, servindo para que os contratantes (advogado
e cliente) ajustem a remuneração combinada e o momento de
pagamento dos honorários contratuais, dentre outras questões.
A celebração desse contrato é fundamental, pois o art. 24 do EOAB
prevê que esse documento se constitui em título executivo extrajudicial,
mesmo que não esteja assinado por testemunhas (entendimento da
doutrina e da jurisprudência).

Os honorários contratuais não excluem o direito do advogado de receber


os honorários sucumbenciais, sendo nula qualquer cláusula em sentido
contrário, detendo o advogado o direito de executar esses honorários em
nome próprio, na fase de cumprimento da sentença.

– 69–
Contrato
CONTRATO DE HONORÁRIOS

Pelo presente instrumento particular de contrato de honorários, entre


partes, de um lado, MANOEL DA SILVA, brasileiro, casado, inscrito no
CPF/MF sob o nº 000.000.000 - 80, residente e domiciliado no
município do Recife, Estado de Pernambuco, adiante
denominado CONTRATANTE, e, do outro lado, MONTENEGRO E DE
PAULA ADVOGADOS ASSOCIADOS, sociedade por quotas de
responsabilidade limitada, inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001
– 00, sediada na Rua Cel. Anísio Rodrigues Coelho, 464, sala 902, no
bairro da Boa Viagem, município do Recife, capital do Estado de
Pernambuco, doravante denominada CONTRATADA, se convencionou
e contratou o seguinte:

PRIMEIRA: A CONTRATADA se obriga a prestar os serviços


profissionais de advocacia na defesa dos direitos
do CONTRATANTE para acompanhamento, em todas as instâncias, de
ações de execução propostas por ANTÔNIO DA SILVA e outros, além de
se obrigar a propor ação anulatória de paternidade e ação de exoneração
de alimentos contra as mesmas pessoas.

SEGUNDA: Pelos serviços contratados, o CONTRATANTE se obriga a


pagar à CONTRATADA honorários no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), no dia 12.10.2017, através de cheque desde logo emitido e
entregue à CONTRATADA, além da parcela mensal de R$ 500,00
(quinhentos reais), sempre no dia 15 (quinze) de cada mês, a primeira
com vencimento no dia 15.11.2017.
– 70 –
TERCEIRA: O CONTRATANTE se obriga, ainda, a fornecer
documentos, informações e testemunhas em tempo hábil, sempre que
solicitado pela CONTRATADA.

QUARTA: A CONTRATADA se compromete a manter


os CONTRATANTES devidamente informados acerca do andamento do
mencionado processo.

QUINTA: O presente contrato obriga as partes e os seus sucessores.

SEXTA: Fica eleito o foro da Comarca do Recife como competente para


dirimir qualquer questão resultante do descumprimento de cláusulas
contratuais.

E, por estarem assim acordadas, as partes assinam este instrumento


contratual na presença de duas testemunhas, que a tudo assistiram.
Recife, 29 de setembro de 2017.

CONTRATANTE

CONTRATADA

Testemunhas:

01. ___________________

02. ___________________
– 71 –
EMBARGOS À EXECUÇÃO (EM
AÇÃO DE EXECUÇÃO FUNDADA
EM CONTRATO ASSINADO PELAS
PARTES E POR DUAS
TESTEMUNHAS)
Comentários:
Os embargos à execução se constituem na modalidade de defesa que
pode ser apresentada pelo devedor nas ações de execução fundadas em
títulos extrajudiciais.

Embora chamemos de defesa, os embargos à execução têm a natureza


jurídica de ação incidental autônoma, e por isso deve ser inaugurada por
uma petição inicial, exigindo o recolhimento de custas processuais.

Os embargos à execução têm a finalidade de desconstituir os atributos


de certeza, de liquidez e de exigibilidade que caracterizam os títulos
executivos extrajudiciais, resultando na extinção da ação de execução,
quando acolhidos.

Essa ação incidental autônoma deve ser proposta no prazo de 15


(quinze) dias uteis, contados a partir do aperfeiçoamento da citação, na
ação de execução, independentemente de penhora ou de segurança do
juízo.

– 73 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara de Execução de Títulos
Extrajudiciais da Comarca do Recife.

MANOEL DA SILVA, brasileiro, casado, portador da cédula de


identidade nº 0.000.000 – SSP/PE, inscrito no CPF/MF sob o nº
000.000.000 - 00, e SIMONE DA SILVA, brasileira, casada, portadora
da cédula de identidade nº 0.000.000 – SSP/PE, inscrita no CPF/MF
sob o nº 000.000.000 - 00, residentes e domiciliados na cidade do
Recife, capital do Estado de Pernambuco, por seu advogado infra-
assinado, conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço
profissional sito na Rua Cel. Anísio Rodrigues Coelho, 464, sala 902, no
bairro da Boa Viagem, município do Recife, capital do Estado de
Pernambuco, local em que receberá as intimações necessárias, havendo
sido citados nos autos da Ação de Execução proposta pelo COLÉGIO
ABC LTDA., processo nº 0000000-15.2007.8.17.0001, vêm, pela
presente e no prazo legal de 15 (quinze) dias, opor EMBARGOS À
EXECUÇÃO, de acordo com as razões de fato e de direito adiante
aduzidas:

01. Antes de os peticionários rebaterem o documento que


fundamentou a ação executiva proposta pela adversa parte, provando
que não é considerado título executivo extrajudicial, suscitam a
PRESCRIÇÃO como matéria de defesa indireta, para perseguir a
extinção do processo executivo com a resolução do mérito,
providenciada que deve ser acompanhada da condenação da embargada
ao pagamento das custas e das despesas processuais, em respeito aos
princípios da sucumbência e da causalidade.
– 74 –
PETIÇÃO
02. Com efeito, atentos aos autos da ação de execução, percebemos
que a adversa parte afirma que os peticionários teriam inadimplido 12
(doze) parcelas do contrato de prestação de serviços educacionais
datado de 30.1.2004, a última vencida no dia 1.12.2004.

03. A ação foi proposta na vigência do CC de 2002, cujo inciso I do §


5º do seu art. 206 fixa o prazo de 5 (cinco) anos para a pretensão de
cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular.

04. Embora a ação tenha sido proposta quando os tais 5 (cinco) anos
não haviam decorrido, é incontroverso que a lei não se contenta com o
simples ajuizamento da ação, como condição para que a prescrição seja
interrompida, exigindo, além disso, que o indigitado devedor seja citado
no prazo fixado pela mesma lei.

05. Nesse passo, é importante destacar que a ação foi proposta na


vigência do CPC/1973, cujo art. 219 apresentava a seguinte redação:

“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e


faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente,
constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. § 1º A
interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. § 2º
Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias

– 75 –
PETIÇÃO
subsequentes ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela
demora imputável exclusivamente ao serviço judiciário. § 3º Não sendo
citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa)
dias. § 4º Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos
parágrafos antecedentes, haver-se-á por não interrompida a prescrição.
§ 5º O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. § 6º Passada em julgado
a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará
ao réu o resultado do julgamento”.

06. Assim, considerando que a ação foi proposta no dia 25.10.2007, e


que esse douto juízo determinou o aperfeiçoamento da citação no dia
29.10.2007, desta data começou a fluir o prazo de 10 (dez) dias,
prorrogável por mais 90 (noventa), para que a adversa parte
providenciasse o aperfeiçoamento da citação dos peticionários.

07. Cotejando a norma processual transcrita com o caso concreto,


percebemos que os peticionários só foram citados 9 (nove) anos após o
despacho que a ordenou, o que nos faz lembrar a máxima dorbientibus
non succuriti jus, ou o direito não socorre os que dormem, em tradução
livre.

08. A prescrição é inquestionável no caso concreto, e deve ser


reconhecida por esse douto Juízo, com as vênias devidas, sob pena de
possibilidade de perpetuação das relações jurídicas.

– 76 –
PETIÇÃO
09. No mérito, melhor sorte não pende em favor da adversa parte, que
fundamenta a pretensão executiva em contrato bilateral, no qual
assumiu a obrigação de prestar serviço educacional, nas suas
dependências, mediante o recebimento de contraprestação.

10. O caso em exame se adequa ao art. 476 do CC, que tem a seguinte
redação:

“Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de


cumprida a obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.

11. Nos autos, não há comprovação de que a adversa parte teria se


desincumbido da obrigação contratual que assumiu, qual seja, de
prestar serviços educacionais, sem a qual o ajuizamento da ação de
execução se mostra impossível, reservado o direito da adversa parte de
buscar a satisfação da obrigação assumida pelos peticionários através
do manejo de ação de conhecimento.

12. Interpretando a norma reproduzida, a doutrina nos fornece a


seguinte lição:

“O princípio da exceptio non adimpleti contractus, decorrente da


dependência recíproca das relações obrigacionais assumidas pelas
partes, é exercido pelo contratante cobrado, recusando-se à sua
exigibilidade (satisfazer a sua obrigação) por via da exceção do contrato
não cumprido; quando a ela instado, invoca o inadimplemento da
obrigação do outro. – 77 –
PETIÇÃO
O princípio tem incidência quando ocorre uma interpendência, pela
simultaneidade temporal de cumprimento (termos comuns ao
inadimplemento) entre as obrigações das partes, ou seja, as obrigações
devem ser recíprocas e contemporâneas” (ALVES, Jones Figueiredo.
Código Civil Comentado. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 396).

13. Especificamente em relação à ação de execução de título


extrajudicial embasada em contrato de prestação de serviços
educacionais, enfrentando casos semelhantes, a jurisprudência
consolidou o seguinte entendimento: “EMBARGOS DO DEVEDOR -
NULIDADE DA EXECUÇÃO - CABIMENTO - EXECUÇÃO FUNDADA
EM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS -
AUSÊNCIA DA PROVA DA EFETIVA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO,
CONFORME DETERMINA O ART. 615, II DO CPC. NULIDADE
RECONHECIDA, NOS TERMOS DO ART. 618, I, do CPC. EXECUÇÃO
EXTINTA - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PROVIDO” (Apelação
Cível 40011123620138260565 SP 4001112-36.2013.8.26.0565, 23ª
Câmara Cível do TJSP, rel. Paulo Roberto de Santana, j. 25.2.2015)
(grifamos).

“EXECUÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


EDUCACIONAIS - DOCUMENTO INÁBIL AO AJUIZAMENTO DA
AÇÃO, DESCARACTERIZAÇÃO COMO TÍTULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL (CPC, ART. 585, II) - EXTINÇÃO DO PROCESSO

– 78 –
PETIÇÃO
EXECUTÓRIO DECRETADA, DE OFÍCIO - SUCUMBÊNCIA PELA
REQUERENTE, PREJUDICADA A APRECIAÇÃO DO APELO, NOS TERMOS
DO V. ACÓRDÃO” (Apelação Cível 00056582519988260309 SP
0005658-25.1998.8.26.0309, 22ª Câmara de Direito Privado do TJSP,
Relator Des. Fernandes Lobo, j. 22.5.2014) (grifamos).

“APELAÇAO. AÇÃO DE EXECUÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. AUSÊNCIA DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CARÊNCIA DA AÇÃO. EXTINÇÃO DO FEITO
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Para que o contrato de prestação
de serviços educacionais seja considerado título executivo
extrajudicial, deverá vir acompanhado da prova da
contraprestação dos serviços, além da demonstração precisa
dos valores cobrados, o que não ocorre na espécie. Ausência
dos requisitos de certeza e exigibilidade insculpidos no art. 586 do
CPC” (Apelação Cível 990103592190 SP, 23ª Câmara de Direito
Privado do TJSP, Relator Des. Elmano de Oliveira, j. 29.9.2010)
(grifamos).

“EXECUÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


EDUCACIONAIS. AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
DECISÃO QUE FACULTA EMENDA PARA PROCEDIMENTO MONITÓRIO
OU COMUM. MANUTENÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. O
documento particular, assinado pelo devedor e por duas testemunhas,
que dá ensejo à execução, constituindo título executivo extrajudicial, de
acordo com o art. 585, inc. II, do CPC, é aquele que traduz
– 79 –
reconhecimento de dívida, negócio jurídico unilateral.
PETIÇÃO
EXECUTÓRIO DECRETADA, DE OFÍCIO - SUCUMBÊNCIA PELA
REQUERENTE, PREJUDICADA A APRECIAÇÃO DO APELO, NOS TERMOS
DO V. ACÓRDÃO” (Apelação Cível 00056582519988260309 SP
0005658-25.1998.8.26.0309, 22ª Câmara de Direito Privado do TJSP,
Relator Des. Fernandes Lobo, j. 22.5.2014) (grifamos).

“APELAÇAO. AÇÃO DE EXECUÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. AUSÊNCIA DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CARÊNCIA DA AÇÃO. EXTINÇÃO DO FEITO
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Para que o contrato de prestação
de serviços educacionais seja considerado título executivo
extrajudicial, deverá vir acompanhado da prova da
contraprestação dos serviços, além da demonstração precisa
dos valores cobrados, o que não ocorre na espécie. Ausência
dos requisitos de certeza e exigibilidade insculpidos no art. 586 do
CPC” (Apelação Cível 990103592190 SP, 23ª Câmara de Direito
Privado do TJSP, Relator Des. Elmano de Oliveira, j. 29.9.2010)
(grifamos).

“EXECUÇÃO FUNDADA EM CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


EDUCACIONAIS. AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
DECISÃO QUE FACULTA EMENDA PARA PROCEDIMENTO MONITÓRIO
OU COMUM. MANUTENÇÃO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. O
documento particular, assinado pelo devedor e por duas testemunhas,
que dá ensejo à execução, constituindo título executivo extrajudicial, de
acordo com o art. 585, inc. II, do CPC,
– 80 –
PETIÇÃO
é aquele que traduz reconhecimento de dívida, negócio jurídico unilateral.
O documento apto a ensejar a execução deverá bastar, por si só, abstraído
de sua causa, para caracterizar a liquidez, certeza e exigibilidade da
obrigação de pagar nele contida. isso, obviamente, não ocorre em um
contrato de obrigações bilaterais, máxime de prestação de serviços
educacionais, que não encerra, de antemão, confissão de dívida.
Inexistindo título executivo extrajudicial, cabe ao juiz, de ofício, recusar a
execução. Injurídico exigir-se, com sacrifício do executado, que este, se o
caso argua, em embargos do devedor, após penhora, o não cumprimento
das obrigações contratuais da exequente ou a incorreção dos valores, para
eximir-se da execução. Semelhante inversão não se permite. O título
executivo tem de fundar a execução, sendo os embargos do devedor ação
para desconstituí-lo, não para formá-lo. Agravo tirado contra a decisão que
facultou a emenda da inicial para procedimento monitório ou comum.
Manutenção da mesma. Agravo a que se nega provimento”

(AI 666696 DF, 4ª Turma Cível do TJDF, Relator Des. MÁRIO MACHADO)
(grifamos). 14. Em suma, a adversa parte não poderia ter proposto ação de
execução, que foi utilizada em decorrência do desejo de constranger o
patrimônio dos peticionários através do aperfeiçoamento da penhora, fato
que acarreta a necessidade de extinção do processo executivo, à mingua
do título extrajudicial, sem prejuízo da possibilidade de manejo da ação de
conhecimento, pelo menos em tese.

– 81 –
PETIÇÃO
DOS PEDIDOS

15. Posta a questão nesses termos, comprovada a precariedade da ação


executiva proposta ex adversa parte, face à inexistência do título
extrajudicial, sem prejuízo da pretensão de reconhecimento da prescrição,
os peticionários requerem se digne Vossa Excelência a, ao final, JULGAR
ESTA AÇÃO INCIDENTAL PELA PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS,
reconhecendo a nulidade da execução, resultando na sua extinção,
providência acompanhada da condenação da adversa parte ao pagamento
das custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, no
patamar máximo, que devem ser calculados sobre o valor atualizado
atribuído à referida ação.

16. Protestam provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, tais como a juntada de novos documentos.

17. Dão à causa a quantia de R$ 13.938,28 (treze mil novecentos e trinta e


oito reais e vinte e oito centavos).

Nestes termos, Pedem deferimento.


Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.0

– 82 –
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -
PRETENSÃO MODIFICATIVA
Comentários:
Os embargos de declaração se constituem no recurso adequado para
atacar qualquer modalidade de pronunciamento judicial (decisão
interlocutória, sentença e acórdão), com a intenção de eliminar
contradição, esclarecer obscuridade, suprir omissão de ponto ou
questão sobre a qual o juiz devia se pronunciar de ofício ou a
requerimento ou corrigir erro material (art. 1.022 do CPC).

Esse recurso deve ser apresentado no prazo geral de 5 (cinco) dias uteis,
que é contado em dobro quando o vencido for o Ministério Público, a
Defensoria Pública, o Ministério Público ou litisconsortes representados
por diferentes procuradores (arts. 180, 183, 186 e 229 da lei processual).

Como regra, o provimento do recurso de embargos de declaração não
modifica a vitória processual (resultado que pode ser alcançado com o
provimento do recurso principal – agravo de instrumento, apelação,
recurso especial, recurso extraordinário et.), de modo que, se a vitória
processual foi atribuída ao autor, este continuará a ser o vencedor, após
o julgamento do recurso de embargos de declaração.

Contudo, quando esse recurso é interposto com efeito modificativo ou


infringente, o seu provimento tem força suficiente para modificar o
resultado processual, como na situação em que o juiz reconhece ter
cometido omissão, cuja eliminação modifica o seu convencimento.
Nesses casos, o julgamento do recurso de embargos de declaração deve
ser antecedido da concessão de vista em favor da parte contrária
(embargada).
A interposição do recurso de embargos de declaração não exige o
recolhimento de custas processuais.
– 84 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 24ª Vara Cível da Comarca do Recife.

SOCIEDADE ABC LTDA., por seu advogado infra-assinado, nos autos


d a Ação Ordinária proposta contra a REDECARD S.A., processo nº
0000000-00.2015.8.17.0001, havendo sido intimada do teor da r.
sentença de fls., através da qual esse douto Juízo julgou a ação pela
improcedência dos pedidos, vem, pela presente, no prazo legal de 5
(cinco) dias e com fundamento no art. 1.022 do CPC, interpor o recurso
d e EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, COM PRETENSÃO
MODIFICATIVA OU INFRINGENTE, de acordo com as razões de fato e
de direito adiante aduzidas:

01. Conforme percebemos através da simples leitura da sentença de fls.,


esse douto Juízo julgou a ação pela improcedência dos pedidos, sob o
fundamento de que o contrato firmado entre as partes contém cláusula
que permite o desconto de valores pela ré, no caso de antecipações feitas
em favor da autora.

02. Não obstante a existência da comentada cláusula, e sem discutir a


sua validade neste momento processual (o que será feito, se necessário,
em sede de apelação), a peticionária faz uso deste remédio processual
para denunciar a OMISSÃO do julgado, consistente no não enfrentamento
da alegação de que, independentemente da existência de cláusula
autorizando o desconto, não há prova de que a peticionária tenha
solicitado a antecipação de valores.

– 85 –
PETIÇÃO
03. Uma coisa é a existência da cláusula, outra é o seu uso por parte da
peticionária, que dependia de solicitação expressa (e esse é o cerne da
questão), jamais feita pela autora, seja de modo expresso ou tácito.

04. A eliminação da omissão é fundamental para modificar o


convencimento do julgador, na medida em que, reconhecido que a
peticionária jamais solicitou a antecipação de valores, a prática adotada
pela adversa parte soa como ilegal, pois a antecipação não era
automática, dependendo de condição suspensiva (solicitação por parte da
autora).

05. Posta a questão nesses termos, comprovada a omissão, e a sua


importância para o deslinde da lide, a peticionária requer se digne Vossa
Excelência a DAR PROVIMENTO a este recurso, com efeito modificativo
ou infringente, para, sanada a omissão, ser reconhecido que a peticionária
jamais solicitou as antecipações unilateralmente realizadas pela adversa
parte, resultando na modificação da sentença, com a consequente
inversão dos ônus da sucumbência.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 19 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 86 –
ESPECIFICAÇÃO DE PROVAS A
SEREM PRODUZIDAS -
PROTOCOLADA NA FASE DE
SANEAMENTO DO PROCESSO
Comentários:
O art. 357 da lei processual disciplina o denominado saneamento do
processo, ato em que o magistrado delimita as questões de fato e de
direito sobre as quais recairá a atividade probatória, define os pontos
controvertidos e as provas a serem produzidas e delibera sobre o ônus da
prova.

Como o saneamento como regra é realizado pelo magistrado sem a


participação das partes e dos seus advogados (sendo exceção a
designação de audiência com essa finalidade, quando o juiz constata que
a causa é complexa do ponto de vista dos fatos e/ou do direito), tem sido
frequente a prolação de despacho antes do saneamento, em que o
magistrado determina que as partes especifiquem as provas que
pretendem produzir, indicando a finalidade de cada uma delas.
Em resposta, a parte não pode se manifestar genericamente, sob pena de
o magistrado não permitir a produção da prova. Diferentemente, tanto o
autor como o réu devem indicar expressamente a prova de produção
pretendida, detalhando a razão da sua produção, levando em conta o
ponto controvertido a ser esclarecido.

A petição em que a parte especifica as provas a serem produzidas e


detalha as suas finalidades deve ser apresentada no prazo geral de 15
(quinze) dias uteis.

– 88 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da Comarca do Recife –
Seção B.

ABC EMPREENDIMENTOS DE EVENTOS EIRELI – ME, por seu


advogado infra-assinado, nos autos da Ação Ordinária proposta contra
a SOCIEDADE ABC S.A., processo nº 0000000-32.2016.8.17.2001,
havendo sido intimada do teor do r. despacho datado de 3.3.2018, através
do qual esse douto Juízo decretou a revelia da ré e concedeu o prazo de 5
(cinco) dias para que a autora informe se tem interesse na produção de
provas, vem, pela presente, expor e requerer o seguinte:

01. Conforme percebemos através da simples leitura da inicial, a


peticionária persegue o reconhecimento de que a relação estabelecida
entre as partes não se insere no conceito de shopping center.

02. Em decorrência desse reconhecimento, a peticionária requereu a


condenação da ré ao pagamento de quantias em dinheiro, como
consequência do acolhimento dos pedidos relacionados nos itens I a VI da
letra (c) do parágrafo 78 da primeira peça.

03. Embora a revelia da ré resulte na presunção de veracidade dos fatos


afirmados pela autora, creditando-a no direito de obter sentença de
procedência dos pedidos, como nos encontramos diante de condenação
em dinheiro, faz-se necessária a produção de prova documental, além da
que acompanhou a petição inicial, para que seja apresentada a extensão
da obrigação a ser adimplida pela ré.
– 89 –
PETIÇÃO
04. Desse modo, a peticionária requer a produção da prova documental,
consistente nos documentos em anexo, que comprovam de forma cabal o
valor de cada dano sofrido, repita-se, relacionados nos itens I a VI da letra
(c) do parágrafo 78 da inicial.

05. Com isso, a peticionária comprova a extensão dos prejuízos


relacionados:

(a) À cobrança do aluguel em dobro no mês de dezembro de 2014 e no


mesmo mês de 2015.
(b) À cobrança das faturas relacionadas ao consumo de água e de
energia elétrica.
(c) Aos valores pagos a título de taxa de fundo promocional.
(d) Ao valor referente ao faturamento nos meses de maio a dezembro de
2015, que devem servir de parâmetro para a fixação da indenização pela
perda de faturamento nos mesmos meses de 2014.
(e) Ao valor pago a título de compra do fundo comercial, através do
contrato de cessão firmado entre as partes.

06. Embora a peticionária tenha protestado pela produção de prova


pericial, na petição inicial, como condição para demonstrar a extensão de
cada dano sofrido, utiliza a prova documental para esse fim, lastreada em
documentos idôneos, o que contribui para o encerramento do processo
em espaço de tempo menor.

– 90 –
PETIÇÃO

07. Quanto aos danos morais, a peticionária entende que não há


necessidade de produção de prova complementar para reafirmá-los, na
medida em que a tese exposta na petição inicial quanto a isso deve
prevalecer, face à revelia do réu.

08. Posta a questão nesses termos, produzida a prova documental, ao


mesmo tempo em que a peticionária lembra a necessidade de
condenação da adversa parte ao pagamento dos valores em dobro, face à
cobrança indevida, reitera o pedido de procedência da ação ou dos
pedidos, através do julgamento antecipado do mérito, nos termos do
inciso II do art. 355 da lei processual, preferencialmente através da
prolação de sentença líquida, sem prejuízo da possibilidade de a
liquidação de cada dano ser postergada para a fase de liquidação, o que é
admitido por mero amor ao debate.

Nestes termos, com documentos em anexo,


Pede deferimento.
Recife, 09 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 91 –
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
Comentários:

A exceção de suspeição tem fundamento no art. 145 da lei processual,


devendo ser oposta no prazo geral de 15 (quinze) dias uteis, contados do
fato que a fundamenta.

Através dessa modalidade de exceção, a parte pretende comprovar a


parcialidade do magistrado, resultando na remessa dos autos do processo
ao seu substituto legal, quando a exceção for reconhecida ou acolhida.

Após a oposição da exceção de suspeição, o magistrado se manifesta,


podendo reconhecê-la (o que acarreta a remessa do processo ao seu
substituto legal) ou determinar o seu encaminhamento ao Tribunal, no
qual a exceção será distribuída, cabendo ao relator deliberar sobre os
efeitos em que o incidente é recebido.

– 93 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca do Recife.

MARIA DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos da Ação


Ordinária proposta contra a JOÃO DOS SANTOS, processo nº
000.0000 - 00, havendo sido intimada do teor da r. decisão de fls.,
através da qual esse douto Juízo rejeitou o recurso de embargos de
declaração oposto pela peticionária contra a sentença de fls., vem, pela
presente e no prazo legal de 15 (quinze) dias, arguir a SUSPEIÇÃO de
Vossa Excelência, de acordo com as razões de fato e de direito adiante
aduzidas:

01. Desde a atuação do advogado que subscreve esta manifestação nos


autos da ação judicial nº 0000000-24.2003.8.17.0001, em curso por
esse douto Juízo, Vossa Excelência se tornou inimigo do referido patrono,
prejudicando todas as partes representadas pelo citado profissional, como
recentemente voltou a ocorrer nos autos da ação judicial número
0000090-52.2016.8.17.2001.

02. O patrono da parte autora tentou resolver a situação através da


arguição da suspeição desse douto magistrado nos autos da primeira ação
indicada no parágrafo anterior, mantendo-se Vossa Excelência na
condução dos processos, fingindo a inexistência de inimizade, repita-se,
aproveitando-se da sua investidura jurisdicional para se vingar do
profissional através das partes representadas pelo mesmo.

– 94 –
PETIÇÃO
03. Essa situação não pode persistir, data vênia, em respeito às partes
do processo, que não podem ser punidas pela inimizade nutrida por Vossa
Excelência, que é gratuita, sem causa aparente.

04. No caso dos autos, embora esse douto Juízo tenha demorado meses
para despachar o processo, descumprindo normas processuais que
preveem prazos para a prática de atos pelo juiz, resolveu perseguir o
advogado da parte autora através da determinação de expedição de ofício
para a OAB/PE, visando a apuração de alegada infração disciplinar,
consistente no fato de o profissional ter retido os autos além do prazo
permitido pela lei.

05. Embora a peticionária tenha atacado a decisão judicial através da


oposição do recurso de embargos de declaração, para que esse douto
Juízo fundamentasse o pronunciamento, indicando qual fato ou ato
caracterizaria a ocorrência de prejuízo para qualquer das partes, a omissão
foi propositalmente mantida, como se nada tivesse sido impugnado.

06. Em respeito aos seus clientes, que não podem ser prejudicados pela
inimizade referida nesta petição, o seu subscritor, através da parte a quem
representa, mais uma vez suscita a suspeição desse douto magistrado,
com fundamento no inciso I do art. 145 da lei processual.

– 95 –
PETIÇÃO
07. Paralelamente à providência adotada neste momento, a peticionária
está apresentando cópia desta petição à OAB/PE e ao CNJ – CONSELHO
NACIONAL DE JUSTIÇA, para que acompanhe a atuação desse douto Juízo
em todos os processos em que o subscritor desta manifestação
processual atua, evitando que a perseguição feita por Vossa Excelência
prejudique a outros clientes representados pelo mesmo profissional.
08. O que não se pode admitir é que essa douta autoridade continue a
confundir a inimizade que nutre com o patrono com os processos em que
este atua, embaralhando direito com sentimento, prejudicando os seus
clientes, que não têm culpa de serem representados pelo mesmo
profissional.

09. Posta a questão nesses termos, fundamentada a pretensão, a autora


requer se digne Vossa Excelência a:
(a) Preferencialmente, reconhecer a sua suspeição para atuar nos autos
deste processo, encaminhando-o ao seu substituto legal, para que o
mesmo atue sem a pecha da parcialidade.
(b) Secundariamente, determinar a autuação em apartado desta petição,
apresentando suas razões no prazo legal, ordenando, posteriormente, a
remessa do incidente ao TJPE, onde espera que a suspeição será
reconhecida pelos integrantes daquela estimada Corte de Justiça.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 23 de abril de 2018.
Misael Montenegro Filho
OAB/PE 14.026
– 96 –
EXECUÇÃO PROVISÓRIA -
PEDIDO DE INSTAURAÇÃO
CONTRA PESSOA JURÍDICA DE
DIREITO PÚBLICO
Comentários:
A lei processual admite a instauração da execução provisória (execução
fundada em título provisório) contra a Fazenda Pública, a partir do
recebimento de recurso não dotado de efeito suspensivo, principalmente,
do recurso especial e/ou do recurso extraordinário.

Considerando que os bens públicos são inalienáveis, e, por esta razão,


impenhoráveis, diferentemente da execução instaurada contra uma
pessoa natural ou contra pessoa jurídica de direito privado, na execução
dirigida contra uma pessoa jurídica de direito público, esta é tão somente
intimada para opor impugnação, no prazo de 30 (trinta) dias.

Como os autos do processo em que a sentença condenatória foi proferida


não se encontram no juízo do 1º grau (mas, possivelmente, no STJ ou no
STF), o pedido de instauração de execução provisória deve ser instruído
com os documentos relacionados no art. 522 do CPC, bem como com a
memória discriminada do débito, documento entendido como essencial.

A instauração da execução provisória contra a Fazenda Pública se justifica


pela preocupação de se ganhar tempo, permitindo a prática de vários atos
executivos, independentemente do julgamento do recurso que se
encontra pendente de apreciação no STJ ou no STF.

– 98 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara da Fazenda Pública da Comarca do
Jaboatão dos Guararapes.

MARIA DA SILVA, portadora da cédula de identidade nº 0000000 –


SSP/PE, por seu advogado infra-assinado, originando-se este
procedimento dos autos da Ação de Indenização por Perdas e Danos
proposta contra o ESTADO DE PERNAMBUCO, processo nº
000.2008.009214 - 2, considerando o improvimento do recurso de
agravo em recurso especial interposto pela adversa parte, por decisão
atacada pela interposição do recurso de agravo interno, NÃO DOTADO
DO EFEITO SUSPENSIVO, vem, pela presente, com fundamento nos
arts. 520 e 534 do CPC, requerer a instauração da EXECUÇÃO
PROVISÓRIA, conforme cálculos em anexo, no valor total de R$
1.141.719,63 (um milhão cento e quarenta e um mil setecentos e
dezenove reais e sessenta e três centavos), sendo R$ 1.037.926,93
(um milhão trinta e sete mil novecentos e vinte e seis reais e noventa e
três centavos) do principal e R$ 103.792,69 (cento e três mil setecentos e
noventa e dois reais e sessenta e nove centavos) de honorários
advocatícios, solicitando se digne Vossa Excelência a determinar o
aperfeiçoamento da intimação da vencida, através de seu representante
judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo
de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a execução, seguindo-
se a prática dos demais atos executivos.

– 99 –
PETIÇÃO
Nestes termos, subsidiando o pedido formulado com os documentos
listados no art. 522 da lei processual, além do demonstrativo discriminado
e atualizado do crédito, cuja autenticidade é afirmada pelo subscritor
desta manifestação processual, sob sua responsabilidade pessoal,
Pede deferimento.
Recife, 12 de dezembro de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 100 –
IMPUGNAÇÃO À IMPUGNAÇÃO -
OPOSTA NA FASE DE
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
Comentários:

A impugnação à impugnação se constitui na manifestação processual


apresentada pelo credor, em resposta à impugnação oposta pelo devedor,
na fase de cumprimento da sentença.

Esse ato processual deve ser praticado no prazo geral de 15 (quinze) dias
uteis.

Através dele, o credor deve comprovar que a impugnação apresentada


pelo seu adversário não versou sobre as matérias relacionadas no § 1º do
art. 523 da lei processual, ou que tendo versado, a alegação não procede.

– 102 –
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 15ª Vara Cível da Comarca do Recife.

MANOEL DA SILVA, nos autos do Procedimento de Cumprimento


de Sentença instaurado contra o HOSPITAL ABC LTDA., processo nº
0000000-18.2014.8.17.0001, havendo tomado conhecimento de que a
adversa parte opôs impugnação, vem, pela presente, manifestar-se sobre a
referida defesa processual, de acordo com as razões de fato e de direito
adiante aduzidas:

01. Ab initio, é importante lembrar que a fase de cumprimento da


sentença apresenta dois credores, como tais, o Sr. PAULO DA SILVA, na
quantia de R$ 271.730,67 (duzentos e setenta e um mil setecentos e trinta
reais e sessenta e sete), e o peticionário, que executa honorários
sucumbenciais, credor da importância de R$ 54.346,13 (cinquenta e
quatro mil trezentos e quarenta e seis reais e treze
centavos), nos termos da r. decisão de fl. 228.

02. Ao opor a impugnação rebatida por esta manifestação processual, a


adversa parte não teceu um único comentário sobre o crédito de
titularidade do peticionário, o que tornou a matéria preclusa, emergindo,
como consequência, a autorização para a prática dos ulteriores atos da
execução, repita-se, quanto ao crédito do peticionário, incluindo o
aperfeiçoamento da penhora on line.

– 103 –
PETIÇÃO
03. Nesse passo, considerando que a adversa parte não efetuou o
pagamento da dívida no prazo de 15 (quinze) dias, esta deve ser acrescida
da multa de 10% (dez por cento), no importe de R$ 5.434,61, e dos
honorários advocatícios no mesmo percentual, totalizando a quantia
de R$ 65.215,35 (sessenta e cinco mil duzentos e quinze reais e
trinta e cinco centavos).

04. Apenas por amor ao debate, não obstante a preclusão indicada em


linhas anteriores, o peticionário rebate os argumentos expostos pela
adversa parte, para demonstrar que a mesma é litigante de má-fé, e que
por isso deve ser punida.

05. Debruçados na impugnação de fls., percebemos que a defesa oposta


pela adversa parte se alicerça em dois argumentos, quais sejam:
(a) De que o Sr. Paulo da Silva teria sido parcialmente reembolsado das
despesas realizadas, cujo valor deveria ser abatido do crédito exequendo.
(b) De que a contadoria do juízo teria se equivocado na elaboração dos
cálculos.

06. As teses são quixotescas, não resistindo a um sopro de vento.


Compulsando os autos, percebemos que esse douto Juízo determinou o
encaminhamento do processo ao contador, para esclarecer o valor devido,
resultando na elaboração das contas de fl. 133, informando o auxiliar do
juízo que o valor devido seria de R$ 158.126,12 (cento e cinquenta e oito
mil cento e vinte e seis reais e doze centavos).

– 104 –
PETIÇÃO
07. Na sequência, especificamente à fl. 135, esse douto Juízo
determinou que as partes se manifestassem sobre a conta no prazo de 10
(dez) dias, gerando concordância pelos credores e discordância pela
devedora, fundada na alegação de que não haveria indenização por danos
materiais a ser paga.

08. Diante da impugnação referida no parágrafo anterior, esse douto


Juízo mais uma vez determinou a remessa dos autos ao contador (fl. 143),
que elaborou a conta de fl. 144, na qual o auxiliar do juízo informa como
devida a quantia de R$ 158.126,12, esclarecendo que os cálculos foram
efetuados de acordo com as decisões proferidas nos autos e referem-se
apenas à condenação por danos morais, e que os honorários advocatícios
fixados na folha 43 referem-se à fase de conhecimento, e não à fase de
cumprimento provisório da sentença.

09. As partes foram mais uma vez intimadas para se manifestar sobre os
novos cálculos, por determinação desse douto Juízo (fl. 146), gerando
concordância pelos credores e nenhuma manifestação pela parte
devedora, como informado na certidão de fl. 149, TORNANDO A
MATÉRIA PRECLUSA.

10. Por conta disso, esse douto Juízo prolatou a decisão de fl. 150, na
qual homologou os cálculos de fl. 144, repita-se, que informou como
devida a quantia de R$ 158.126,12, sendo R$ 131.771,76 referentes aos
danos morais e R$ 26.354,35 de honorários advocatícios da fase de
conhecimento.
– 105 –
PETIÇÃO
11. A decisão pela qual esse douto Juízo homologou os cálculos foi
publicada, sem que qualquer das partes tenha protocolado
petições se insurgindo contra o pronunciamento, como
constatamos através da análise da certidão de fl. 177, TORNANDO A
MATÉRIA PRECLUSA.

12. Embora os credores tenham protocolado petição requerendo a


intimação da adversa parte para pagar a dívida em 15 (quinze) dias (fl. 178),
esse douto Juízo achou por bem determinar novo encaminhamento dos
autos ao contador, para atualização da conta (fl. 180), resultando no
cálculo de fl. 181, no qual a contadoria informa como devida a quantia de
R$ 167.416,42.

13. Mais uma vez, as partes foram intimadas para se manifestar sobre a
conta, gerando concordância dos peticionários, solicitando, apenas, que
fosse incluída a indenização por danos materiais (fls. 185/187).

14. Quanto à parte contrária, protocolou a petição de fls. 188/191, na qual


impugnou parcialmente as contas, afirmando que os juros moratórios
deveriam incidir a partir da data do arbitramento, não do evento danoso.

15. Nesse momento, temos um marco processual. Não obstante a


preclusão que acobertou a decisão que homologou os cálculos realizados
pela contadoria do juízo, Vossa Excelência determinou que os autos
fossem mais uma vez encaminhados à contadoria, com dois propósitos,
quais sejam: – 106 –
PETIÇÃO
(a) Para que os cálculos referentes à indenização pelos danos morais
fossem reformulados, considerando como termo a quo da incidência dos
juros a data da decisão.
(b) Para que o expert informasse o valor que teria sido reembolsado pela
demandada, mediante o exame dos autos, notadamente dos documentos
de fls. 619/683, segundo os quais o autor só foi reembolsado em R$
250,00 (duzentos e cinquenta reais).

16. Diligentemente, o contador do juízo elaborou nova conta,


exclusivamente relacionada à indenização por danos morais, estimando-a
em R$ 100.894,04, ressaltando, quando à indenização pelos danos
materiais, que não encontrou nos autos qualquer documento que
comprovasse a realização de reembolso pela adversa parte (fl.
194).

17. Às fls. 201-202, a adversa parte EXPRESAMENTE CONCORDOU


COM OS CÁLCULOS DE FL. 181, afirmando, apenas, que não teria
condições de efetuar o pagamento de uma só vez, razão pela qual
requereu a designação de uma audiência de tentativa de conciliação.

18. Esse douto juízo mais uma vez HOMOLOGOU OS


CÁLCULOS referentes à indenização por danos morais (fl. 204), de
acordo com as pretensões da adversa parte, determinando, na mesma
ocasião, a remessa dos autos ao contador do juízo, para o cálculo da
indenização por danos materiais.
– 107 –
PETIÇÃO
19. A decisão referida no parágrafo anterior não foi atacada, e os autos
seguiram ao contador judicial, que elaborou as contas de fl. 206, na qual
informa que a indenização referente aos danos materiais montava em R$
187.652,30, e que os honorários advocatícios dessa parte da condenação
representavam R$ 37.530,46.

20. As partes foram mais uma vez intimadas para se manifestar sobre a
conta (fl. 208), tendo decorrido sem que nenhuma petição tenha sido
protocolada, resultando na ABSOLUTA PRECLUSÃO da matéria, e na
consolidação da dívida em R$ 326.076,80 (trezentos e vinte e seis mil
setenta e seis reais e oitenta centavos), incluídos o principal e os
honorários advocatícios.

21. Considerando o fato de a adversa parte não ter impugnado as contas,


considerando, ainda, que as decisões que as homologaram não foram
atacadas pelo recurso de agravo de instrumento, resultando na preclusão
absoluta da matéria, esse douto Juízo determinou que a devedora fosse
intimada para pagar a dívida no prazo de 15 (quinze) dias, o que originou a
oposição da malfadada impugnação atacada por esta manifestação
processual.

22. Nela, a adversa parte tenta fazer os credores e Vossa Excelência de


desavisados, como se isso fosse possível, intentando expurgar o regime da
preclusão da lei processual, como se isso fosse possível, levianamente
pretendendo fazer o que não fez antes, ou seja, discutir as contas que
foram elaboradas não pelos credores, mas por auxiliares do juízo, contas
– 108 –
PETIÇÃO
19. A decisão referida no parágrafo anterior não foi atacada, e os autos
seguiram ao contador judicial, que elaborou as contas de fl. 206, na qual
informa que a indenização referente aos danos materiais montava em R$
187.652,30, e que os honorários advocatícios dessa parte da condenação
representavam R$ 37.530,46.

20. As partes foram mais uma vez intimadas para se manifestar sobre a
conta (fl. 208), tendo decorrido sem que nenhuma petição tenha sido
protocolada, resultando na ABSOLUTA PRECLUSÃO da matéria, e na
consolidação da dívida em R$ 326.076,80 (trezentos e vinte e seis mil
setenta e seis reais e oitenta centavos), incluídos o principal e os
honorários advocatícios.

21. Considerando o fato de a adversa parte não ter impugnado as contas,


considerando, ainda, que as decisões que as homologaram não foram
atacadas pelo recurso de agravo de instrumento, resultando na preclusão
absoluta da matéria, esse douto Juízo determinou que a devedora fosse
intimada para pagar a dívida no prazo de 15 (quinze) dias, o que originou a
oposição da malfadada impugnação atacada por esta manifestação
processual.

22. Nela, a adversa parte tenta fazer os credores e Vossa Excelência de


desavisados, como se isso fosse possível, intentando expurgar o regime da
preclusão da lei processual, como se isso fosse possível, levianamente
pretendendo fazer o que não fez antes, ou seja, discutir as contas que
foram elaboradas não pelos credores, mas por auxiliares do juízo, contas
– 108 –
PETIÇÃO
que foram elaboradas não pelos credores, mas por auxiliares do juízo,
contas sobre as quais a adversa parte ou não se manifestou ou concordou
(lembramos que expressamente concordou com os cálculos da
indenização por danos morais).

23. Dizer agora, como expressamente disse, que os valores


supostamente reembolsados ao autor deveriam ser abatidos do cálculo da
indenização referente aos danos materiais, sem apresentar um documento
que comprove o reembolso, e depois da conta ter sido homologada por
decisão não atacada por qualquer recurso é querer que o processo se
perpetue, o que soa como contraditório em relação à imagem que a
devedora propaga no mercado, de que seria empresa séria e idônea.

24. Pode até ser, mas não tem sido nesses autos. Embora a adversa
parte tenha tentado desconstituir os cálculos referentes à indenização por
danos morais, expressamente reconheceu como devida a quantia de R$
100.152,17 (fl. 238), tornando-a incontroversa.

25. Desse modo, caem por terra os argumentos expostos na


impugnação, que evidentemente não pode ser recebida no efeito
suspensivo, pois a adoção dessa técnica depende da segurança do juízo
(através da penhora, caução ou depósito suficientes), o que não foi
providenciado pela adversa parte, e da comprovação da relevância da
fundamentação, o que é impossível, após tantas preclusões ocorridas nos
autos.

– 109 –
PETIÇÃO
26. A historieta engendrada, de que o pagamento da indenização
impediria a adversa parte de honrar os seus compromissos não
sensibilizou e não sensibiliza o peticionário, que não tem pena da
devedora, mas de si próprio, por estar há quase 12 (doze) anos
engalfinhado com aquela, que é useira e vezeira na reprimível arte de
procrastinar.

27. Posta a questão nesses termos, demonstrada a precariedade da


impugnação, o peticionário requer se digne Vossa Excelência a rejeitá-la,
permitindo que a fase de cumprimento da sentença chegue ao seu fim, e
que a adversa parte entenda que ainda há juízes em Pernambuco.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho
OAB/PE 14.026

– 110 –
MEMORIAL - APRESENTAÇÃO A
MINISTRO DO STJ
Comentários:
Como regra, os Ministros que integram os Tribunais Superiores exigem a
apresentação de memoriais, pelos advogados, como condição para
recebê-los, após agendamento prévio.

A lei não disciplina a prática desse ato, até mesmo porque o memorial não
é inserido nos autos.

Nele, o interessado deve realizar resumo breve da questão, apresentando


fundamentação concisa, finalizando-o com o pedido de provimento ou de
provimento do recurso, de procedência ou de improcedência da ação.

Memorial:

MEMORIAL DO RECORRIDO

Recurso Especial nº 0008926/PE


Recorrente: BANCO ABC S.A.
Recorrido: JOÃO DA SILVA

Eminente Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO:

– 112 –
Memorial
01. O recorrido comparece à presença de Vossa Excelência para reiterar
algumas razões expostas na peça que impugnou o recurso aforado pela
adversa parte, que pretende transformar o Colendo STJ em órgão de
revisão, como se fosse um Tribunal Estadual.

02. Nesse passo, e em termos formais, é importante destacar que o


agravo interposto pela adversa parte, convertido em recurso especial,
limitou-se a repetir a fundamentação do recurso especial trancado na
origem, infringindo o princípio da dialeticidade.

03. Além disso, é importante destacar que a adversa parte NÃO


PREQUESTIONOU A MATÉRIA, já que só suscitou a alegada infração a
normas infraconstitucionais pela primeira vez no recurso especial não
admitido pela vice-presidência do Tribunal local, infringindo a Súmula 282
do STF, não fazendo uso do recurso de embargos de declaração com essa
finalidade.

04. Em verdade, a adversa parte persegue o reexame de fatos, o que é


incompatível com a Súmula 07 desse Colendo Pretório Superior.

05. No mérito, o peticionário informa que ajuizou ação de indenização


por perdas e danos contra a adversa parte, na qual foi produzida prova
pericial, resultando na elaboração de laudo, aproveitado pelo magistrado
na formação do seu convencimento.

– 113 –
Memorial
06. A sentença que julgou a ação pela procedência dos pedidos NÃO FOI
ATACADA PELO RECURSO DE APELAÇÃO, acarretando o trânsito em
julgado do pronunciamento.
07. Na fase de cumprimento da sentença, disfarçadamente, a adversa
parte alegou o excesso de execução, afirmando que o crédito exequendo
não poderia ter incluído parcelas constantes do laudo pericial
anteriormente referido.

08. Em outras palavras, a adversa parte tentou atacar o laudo pericial na


fase de cumprimento da sentença, após o trânsito em julgado do
pronunciamento monocrático, com a pretensão de transformar a
impugnação na apelação não interposta.

09. O que a autoridade judicial fez foi simplesmente rejeitar a


impugnação, fundamentando sua decisão em norma processual, textual
em estabelecer que a impugnação fundada em excesso de execução não
pode ser genérica, exigindo a lei que o devedor informe o valor que
entende devido, o que não foi feito pela adversa parte.

10. Ao decidir dessa forma, a autoridade monocrática reconheceu que a


apuração do quantum debeatur não exigia a instauração da liquidação por
artigos ou por arbitramento, sendo suficiente a mera atualização do valor
encontrado pelo perito no laudo pericial que antecedeu a prolação da
sentença.

– 114 –
Memorial
11. Prover o recurso especial interposto pela adversa parte seria o mesmo
que rasgar o laudo pericial que teve as suas conclusões ratificadas pela
sentença transitada em julgado; seria o mesmo que rasgar a mesma
sentença; seria o mesmo que transformar o recurso especial numa
espécie de super apelação, o que certamente não irá ocorrer.

12. Posta na questão nesses termos, evidenciada a precariedade do


recurso combatido, o peticionário reitera os pedidos formulados nas suas
contrarrazões, solicitando o não conhecimento da espécie extrema, ou o
seu improvimento, se o mérito houver de ser apreciado.

ITA SPERATUR !!!


Brasília, 13 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho
OAB/PE 14.026

– 115 –
NOMEAÇÃO DE BEM À PENHORA
EM AÇÃO DE EXECUÇÃO DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL
Comentários:
A lei processual não prevê a possibilidade de nomeação de bens à
penhora, pelo devedor, tanto na execução fundada em título extrajudicial
como na fase de cumprimento da sentença (execução fundada em título
judicial).

Contudo, alguns devedores continuam praticando esse ato processual, na


tentativa de evitar o aperfeiçoamento da penhora on line, apresentando
bem móvel ou imóvel de sua propriedade.

Não há prazo predefinido em lei para o protocolo dessa petição. Não


obstante o silêncio (proposital) da lei, os devedores costumam protocolá-
la no prazo de que dispõem para pagar (15 dias).
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da 1ª Vara da Secção Judiciária do Rio Grande do
Norte.

MARIA DOS SANTOS – ME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ/MF sob o nº 00.000.000/0001 – 90, com sede na Rua dos da
Alegria, nº 1000, Pitimbu, Natal/RN, e MARIA DOS SANTOS, brasileira,
viúva, portadora da cédula de identidade nº 1.000000 – SSP/RN, inscrita
no CPF/MF sob o nº 000.000.000 - 00, residente e domiciliada na
cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, por seu advogado infra-
assinado, conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço
profissional sito na Rua Cel. Anísio Rodrigues Coelho, nº 464, sala 902, no
bairro da Boa Viagem, município do Recife, capital do Estado de
Pernambuco, local – 117–
PETIÇÃO
onde receberá as intimações que se fizerem necessárias, nos autos
da Ação de Execução proposta pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL,
processo nº 00000000-66.2018.4.05.8400, havendo sido recentemente
citadas, vêm, pela presente, oferecer à penhora o prédio residencial de
nº 7977, situado na Rua da Alegria, lado ímpar, esquina com a Rua dos
Pintassilgos (antes Via de Contorno), integrante do Conjunto Residencial
Cidade Satélite, 1ª etapa, no bairro de Pitimbu, zona suburbana, na
Circunscrição Imobiliária da 3ª Zona, município de Natal, estado do Rio
Grande do Norte, construção do tipo BU5, com 81,44m2 de área
construída, composto de terraço, sala, hall, banheiro, três dormitórios e
cozinha, edificado em terreno próprio, designado por lote 11, da quadra 20,
o qual mede 453,75m2 de superfície, limitando-se ao Noroeste com a Rua
dos Concrizes, com 15,60m; ao Sudeste com o prédio 7976 da Rua dos
Perdizes, com 14,65m, ao Sudoeste com o prédio nº 7981, da Rua dos
Concrizes, com 30m, e ao Noroeste com a Rua dos Pitassilgos, com 30m,
avaliado em aproximadamente R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais).

Considerando que o recebimento do mandado de citação se deu em data


extremamente recente, e que o cartório de imóveis competente não
fornece a certidão de ônus e propriedade do bem no mesmo dia da
solicitação, sequer na mesma semana, as peticionárias protestam pela
apresentação da citada certidão no prazo máximo de 15 (quinze) dias, para
comprovar que o imóvel é de propriedade da segunda executada,
indevidamente apontada como codevedora pela adversa parte.

– 118–
PETIÇÃO
Nestes termos, protestando pela oposição dos embargos à execução, em
cuja ação incidental autônoma demonstrarão a manifesta nulidade da
execução, face à nulidade do título executivo que a fundamenta,
resultando na inexigibilidade da obrigação,

Pedem deferimento.
Recife, 05 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 119–
PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO
Comentários:
Embora não esteja previsto em lei, doutrina e jurisprudência admitem a
formulação do pedido de reconsideração, dirigido ao magistrado que
prolatou qualquer decisão judicial, com a intenção de que o mesmo
exerça juízo de retratação.

O pedido de reconsideração não tem a natureza jurídica de recurso, sendo


criação da praxe forense.
Por conta disso, duas questões devem ser consideradas:

(a) A primeira, a de que o pedido de reconsideração não tem prazo


predefinido em lei para ser formulado.
(b) A segunda, a de que a apresentação do pedido de reconsideração
não suspende o prazo para a interposição do recurso adequado
(agravo de instrumento, para combater decisão interlocutória, por
exemplo).

– 121–
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da Comarca do Recife –
Seção B.

ABC EMPREENDIMENTOS DE EVENTOS EIRELI – ME, por seu


advogado infra-assinado, nos autos da Ação Ordinária proposta contra
a SOCIEDADE ABC, processo nº 0000000-32.2016.8.17.2001, havendo
tomado conhecimento da r. decisão datada de 29.11.2016, através da qual
esse douto Juízo chamou o feito à ordem e revogou o pronunciamento
pelo qual havia decretado a revelia da ré, vem, pela presente, expor e
requerer o seguinte:

01. Embora a decisão referida em linhas anteriores não possa ser atacada
pela interposição do recurso de agravo de instrumento, por não estar
inserida na relação constante do art. 1.015 da lei processual, pode ser
objeto de pedido de reconsideração, que é formulado neste momento pela
peticionária, sem prejuízo do seu ataque como preliminar do recurso de
apelação, nos termos do art. 1.009 do CPC, se for mantida, o que é
admitido por mero amor ao debate.

02. Atentos à decisão em questão, percebemos que esse douto Juízo


afirmou que a decretação da revelia não seria possível, já que a audiência
a que o art. 334 do CPC se refere sequer havia sido designada quando a
adversa parte compareceu aos autos e se deu por citada.

– 122–
PETIÇÃO
03. O argumento não impressiona, data máxima vênia. Em primeiro
lugar, é importante destacar que a adversa parte compareceu aos autos e
se deu por citada, juntando procuração ao feito eletrônico, na qual
constam poderes expressos para o recebimento da citação, o que significa
dizer que o comparecimento espontâneo supriu esse ato processual.

04. Em segundo lugar, e isso é fundamental, ao protocolar a petição


dando-se por citada, a adversa parte INFORMOU QUE NÃO TINHA
INTERESSE NA CONCILIAÇÃO, ato que se afina à previsão do § 4º do art.
334 da lei processual, dispensando a designação da comentada
audiência.

05. O que não se pode admitir é que a adversa parte ludibrie esse douto
Juízo, como de fato ludibriou. Protocolou petição dando-se por citada e
informou que não tinha interesse na conciliação, para depois dizer que
deveria ser citada e que tinha interesse na conciliação, tão somente
porque a sua revelia foi decretada e reafirmada, em decisão que indeferiu
o pedido de reconsideração formulado pela ré.

06. A autora lamenta que a ação tenha tramitação tão conturbada,


agredindo o devido processo legal, razão pela qual insiste na necessidade
de reavaliação da decisão datada de 29.03.2018, evitando que o processo
conduza máculas desde a sua formação.

– 123–
PETIÇÃO
07. Posta a questão nesses termos, em respeito à lei processual e ao
princípio da boa-fé processual, a peticionária requer se digne Vossa
Excelência a chamar o feito à ordem, tornando sem efeito a decisão
referida em linhas anteriores, mantendo a decretação da revelia da ré.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 02 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho
OAB/PE 14.026

– 124–
PENHORA ON LINE - PEDIDO DE
APERFEIÇOAMENTO NA FASE DE
CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
Comentários:
O pedido de aperfeiçoamento da penhora on line pode ser formulado na
petição que requer a instauração da fase de cumprimento da sentença ou
através da apresentação de petição avulsa, após o decurso do prazo de 15
(quinze) dias de que o devedor dispõe para pagar.

Em qualquer dos casos, o credor pode requerer que o valor penhorado


abranja o principal, a multa de 10% (dez por cento), advinda do não
pagamento da dívida, e os honorários correspondentes à fase de
cumprimento da sentença, no mesmo percentual.

PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 15ª Vara Cível da Comarca do Recife.

MANOEL DA SILVA, nos autos do Procedimento de Cumprimento


de Sentença instaurado contra o HOSPITAL ABC LTDA., processo nº
0000000-18.2014.8.17.0001, considerando que a impugnação oposta
pela adversa parte não é dotada do efeito suspensivo,
considerando, ainda, que o juízo não se encontra seguro pela
penhora, caução ou depósito suficiente, vem, pela presente,
reiterando requerimento anteriormente formulado, requerer se digne
Vossa

– 126–
PETIÇÃO
Excelência a determinar o imediato aperfeiçoamento da penhora on line,
na quantia de R$ 65.215,35 (sessenta e cinco mil duzentos e quinze reais
e trinta e cinco centavos), incluindo o principal (R$ 54.346,13), a multa de
10% (5.434,61) e os honorários advocatícios, no mesmo percentual.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 10 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 127–
PETIÇÃO INICIAL - AÇÃO
PROPOSTA CONTRA
CONSTRUTORA PARA A
RESCISÃO DE CONTRATO DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL
Comentários:
A petição inicial que apresentamos em seguida inaugura ação em que o
autor solicita a rescisão de contrato firmado com a ré, no qual esta de
comprometeu a construir prédio de apartamentos, destinando uma das
unidades habitacionais ao autor.

A alegação que fundamenta a ação é a de que o réu descumpriu o prazo


de entrega previsto no contrato, legitimando o autor no direito de requerer
a rescisão, sem a aplicação da multa prevista no ajuste (alguns vezes
próxima a 50% do valor pago).

A ação é embasada tanto no CC como no CDC, por nos encontramos


diante de relação de consumo, entendendo a maioria da jurisprudência
que o réu deve devolver o valor pago pelo autor, acrescido de juros e de
correção monetária, abatido o percentual de mais ou menos 10%.

A petição inicial deve preencher os requisitos relacionados no art. 319 da


lei processual, sendo instruída com a procuração, com o contrato que se
pretende rescindir e com os comprovantes dos pagamentos realizados
pelo autor.

Quanto ao valor da causa, deve ser igual à importância que o autor


pretende obter, como resultado da rescisão contratual forçada.

– 129–
PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de São Lourenço da
Mata – PE.

MARIA DA SILVA, brasileira, solteira, professora, inscrita no CPF/MF sob


o nº 000.000.000 – 15, portadora da cédula de identidade nº 000000 –
SSP/PE, residente e domiciliada na Rua Rui Barbosa, nº 100, Bloco E, apto
102, no bairro de Jardim Primavera, município de Camaragibe, estado de
Pernambuco, CEP 54753 – 440, por seu advogado infra-assinado,
conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional
sito na Rua Cel. Anísio Rodrigues Coelho, nº 464, sala 902, no bairro da
Boa Viagem, município do Recife, capital do Estado de Pernambuco, com
endereço eletrônico misaelmontenegroadv@gmail.com.br, vem, pela
presente, com fundamento no art. 319 e seguintes da nova lei processual,
propor

AÇÃO DE RITO COMUM

contra a CONSTRUTORA ABC LTDA., pessoa jurídica de direito privado,


sediada na Praça da Harmonia, nº 300, 6º andar, no estado de
Pernambuco, inscrita no CNPJ sob o nº 04.000.000/0001 – 16, de acordo
com as razões de fato e de direito adiante aduzidas:

– 130–
PETIÇÃO
DOS FATOS
01. Conforme percebemos através da análise do documento que
acompanha esta manifestação processual, a peticionária celebrou negócio
jurídico com a adversa parte, consistente em instrumento particular de
promessa de compra e venda e de outros pactos adjetos, fato ocorrido no
dia 29.10.2012, tendo por objeto a compra e venda do apto 102-A02-
CONDOMÍNIO ÉBANO RESERVA SÃO LOURENÇO, que estava sendo
construído pela ré.

02. O preço do negócio jurídico foi pactuado em R$ 127.000,00 (cento


e vinte e sete mil reais), que deveria ser pago da seguinte forma:

(a) R$ 8.000,00 (oito mil reais), como sinal e princípio de pagamento.


(b) 30 (trinta) parcelas mensais, cada uma no valor de R$ 500,00
(quinhentos reais).
(c) 2 (duas) parcelas intercaladas, cada uma na quantia de R$ 3.000,00
(três mil reais).
(d) R$ 98.000,00 (noventa e oito mil reais), com vencimento no dia 30
de maio de 2017, referente à parcela das chaves.

03. Do preço total ajustado, a peticionária efetuou o pagamento das


parcelas indicadas nas letras (a), (b) e (c) supra, só não quitando a última
pelo fato de a adversa parte até hoje não ter entregue a unidade
habitacional negociada, não obstante já se terem passado quase 6 (seis)
meses da data prevista como sendo a de entrega das chaves.

– 131–
PETIÇÃO
04. Nesse passo, atentos ao contrato firmado entre as partes,
especificamente na parte denominada CLÁUSULAS ESPECIAIS,
percebemos que a ré se obrigou a realizar a entrega da unidade adquirida
pela autora no dia 30 de maio de 2017.

05. Complementando essa regra, a ré inseriu o item 8.1 nas CLÁUSULAS


GERAIS DO INSTRUMENTO PARTICULAR DE PROMESSA DE COMPRA E
VENDA E DE OUTROS PACTOS ADJETOS, que tem a seguinte redação:

“O imóvel objeto deste negócio será concluído no prazo fixado nas


CLÁUSULAS ESPECIAIS, admitida uma tolerância de 120 (cento e vinte)
dias, contado do dia de sua expiração. Decorridos esses 120 (cento e
vinte) dias úteis, será prorrogado automaticamente pela ALIENANTE,
contando, desde já, com a anuência da ADQUIRENTE, sem que incida para
a alienante pela, sanção ou multa, na superveniência de caso fortuito ou
motivo de força maior ou outros fatores que impeçam o andamento
normal da obra”.

06. O fato é que a adversa parte não se desincumbiu da construção do


empreendimento, que até hoje não foi concluído, muito menos expedido o
HABITE-SE, creditando a peticionária no direito de requerer a rescisão do
contrato, com a consequente condenação da adversa parte ao pagamento
de todos os valores pagos, acrescidos de juros, de correção monetária e da
multa contratual, além dos consectários da sucumbência.

DO DIREITO
– 132–
PETIÇÃO
07. O art. 51 do CDC tem a seguinte redação:

“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: Omissis. IV -
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade; omissis; XI - autorizem o fornecedor a cancelar o
contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao
consumidor; omissis; XV - estejam em desacordo com o sistema de
proteção ao consumidor; § 4° É facultado a qualquer consumidor ou
entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a
competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que
contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o
justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes”.

08. No caso concreto, o item 6.4 do contrato firmado entre as partes


estabelece a regra de que a opção da consumidora pela rescisão do
contrato firmado entre as partes a obrigaria a efetuar o pagamento da
quantia correspondente a 10% (dez por cento) do montante efetivamente
quitado; a 4% (quatro por cento) referentes à despesa de corretagem; a
2% (dois por cento) de despesas de publicidade e propaganda, além do
valor dos tributos efetivamente pagos pela ré, inerentes ao contrato, cuja
importância e percentual não foram especificados.

– 133–
PETIÇÃO
09. Contudo, essa disposição contratual não se aplica quando o pedido
de rescisão contratual é fundado na comprovação de atraso na entrega da
obra, como no caso dos autos, em que o adquirente não pode sofrer
qualquer decréscimo em relação aos valores efetivamente pagos.

10. Vejamos o entendimento jurisprudencial sobre a matéria:

“APELAÇÃO CIVEL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER. IMÓVEL EM CONSTRUÇÃO. PRAZO DE ENTREGA.
CASO FORTUÍTO OU FORÇA MAIOR. A hipótese de caso fortuito ou força
maior justifica a demora na entrega de construção pelo tempo do evento
que impede ou atrasa a obra. A disposição do contrato prevendo
prorrogação por prazo indeterminado limita-se à interpretação de que
somente será conhecido e determinado diante do evento imprevisível. -
Circunstância dos autos em que não se mostra evidenciada qualquer das
excludentes a justificar o atraso na obra. DANO MATERIAL. ENTREGA DE
IMÓVEL. ATRASO. A demora injustificada na entrega de imóvel em
construção quando não demonstrada aceitação ou tolerância do
comprador impõe reparação do prejuízo material. - Provado o atraso na
entrega e o desembolso de aluguéis impõe-se indenização pelos valores
despendidos. ENTREGA DE IMÓVEL. DEMORA. PENALIDADE. A previsão de
cláusula penal em benefício exclusivo do compromissário vendedor
quando se trata de relação de consumo fere os princípios do CDC e admite
aplicação inversa para estabelecer o equilíbrio contratual. - Circunstância
dos autos em que se impõe a incidência da penalidade inversa. DANO
MORAL. ENTREGA DE IMÓVEL. ATRASO. A compensação por dano moral
exige prova de ato ilícito, demonstração do nexo causal e dano indenizável
– 134–
PETIÇÃO
A compensação por dano moral exige prova de ato ilícito, demonstração
do nexo causal e dano indenizável que se caracteriza por gravame ao
direito personalíssimo, situação vexatória ou abalo psíquico duradouro e
que não se justifica diante de transtornos ou dissabores da relação jurídica
civil. O descumprimento contratual que dá causa à rescisão, restituição de
valores e perdas e danos não é suficiente à caracterização do dano moral
indenizável. RECURSOS DESPROVIDOS” (Apelação Cível nº
70067507293, 18ª Câmara Cível do TJRS, Relator Des. João Moreno
Pomar, j. 10.3.2016).
“APELAÇÕES CÍVEIS. CONTRATO PARTICULAR DE PROMESSA DE
COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. ATRASO NA ENTREGA DA OBRA.
RESCISÃO CONTRATUAL. RETORNO DAS PARTES AO STATUS QUO ANTE.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RESCISÃO DO CONTRATO DE
FINANCIAMENTO. Inovação recursal de tese defensiva. Descabimento.
RETENÇÃO DE VALORES. IMPOSSIBILIDADE. Restando comprovado nos
autos que o pedido de resolução do contrato formulado pela autora
decorre de inadimplemento contratual, ou seja, em razão do atraso na
entrega da obra, ocasionado por culpa exclusiva das demandadas,
descabe a aplicação da cláusula que prevê retenção de importância paga
pela promitente compradora e a devolução de apenas 70%. Assim, correta
se mostra a sentença que a condenou a devolver a totalidade da quantia
paga pela autora MULTA MORATÓRIA. Considerando o princípio da
isonomia, nada há de ilegal na condenação da promitente vendedora ao
pagamento de multa, em razão do atraso na entrega da obra, mormente
levando em conta que se trata de relação de consumo, sendo aplicável o
disposto no art. 52, § 1º, do CDC. DANOS MORAIS.
– 135–
PETIÇÃO
Cabível indenização a título de danos morais, eis que comprovada a sua
ocorrência, decorrente do inadimplemento contratual quanto ao prazo
final de entrega do imóvel. Apelação da ré conhecida, em parte, e nesta
desprovida Apelo do autor provido” (Apelação Cível nº 70066408626, 19ª
Câmara Cível do TJRS, Relator Des. Voltaire de Lima Moraes, j.
25.2.2016).
11. Mais uma vez debruçados no contrato firmado entre as partes,
percebemos que, no caso de mora da consumidora, consistente no não
pagamento de parcelas contratuais, o item 6.1 da avença estabelece a
regra de que a mesma estaria sujeita ao pagamento de juros de 12% (doze
por cento) ao ano, de multa de 2% (dois por cento) do valor em atraso, da
correção monetária e de honorários advocatícios à base de 20% (vinte por
cento) sobre o montante total do débito. 12. Por razões de equidade e de
isonomia, as mesmas penalidades que incidiriam em detrimento da
peticionária devem ser aplicáveis à adversa parte, já que atrasou
imotivadamente a entrega da unidade habitacional, até mesmo o prazo de
tolerância unilateralmente fixado pela ré. 13. Sobre a questão, é
importante destacar que a previsão de que o prazo de tolerância teria sido
automaticamente prorrogado, (supostamente) contando com a anuência
da peticionária, deve ser considerada nula, pois iníqua e abusiva, o que é
expressamente solicitado.

– 136–
PETIÇÃO
14. Posta a questão nesses termos, provada a coexistência das
condições da ação e dos pressupostos processuais, a autora requer se
digne Vossa Excelência a: (a) Designar dia e hora para a realização da
audiência de conciliação (art. 334). (b) Determinar o aperfeiçoamento da
citação da adversa parte, para que apresente defesa no prazo legal, sob
pena de revelia. (c) Ao final,

JULGAR A AÇÃO PELA PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, para condenar a ré a


efetuar o pagamento da quantia de R$ 29.000,00 (vinte e nove mil reais),
devidamente acrescida de juros e de correção monetária, incidentes sobre
cada desembolso realizado, além dos juros contratuais de 1% (um por
cento) ao mês, da multa de 2% (dois por cento) sobre o valor total, das
custas, das despesas processuais e dos honorários advocatícios, à base de
20% (vinte por cento) do valor total da condenação , nos termos do
contrato firmado entre as partes.
15. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, tais como a juntada de novos documentos e a tomada do
depoimento pessoal da adversa parte, sob pena de confesso.

16. Dá à causa o valor de R$ 29.000,00 (vinte e nove mil reais). Nestes


termos, Pede deferimento. Recife, 8 de maio de 2018.
Misael Montenegro Filho OAB/PE 14.026

– 137–
PETIÇÃO INICIAL - QUEIXA EM
JUIZADO CONTRA EMPRESA DE
TELEFONIA CELULAR
Comentários:
Considerando os princípios que regem a dinâmica das ações que tramitam
nos Juizados Especiais Cíveis, previstos na Lei nº 9.099/95, as petições
iniciais dessas ações não exigem o preenchimento dos requisitos
constantes do art. 319 do CPC, de forma rígida, que orientam a redação de
petições iniciais nas ações de rito comum.
Não obstante essa flexibilidade, os autores devem expor os fatos e
formular o pedido.
Também diferentemente do que observamos na justiça tradicional (nas
ações de rito comum), a distribuição da ação nos Juizados Especiais não
depende do recolhimento das custas processuais.

PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito do Juizado Especial das Relações de Consumo
da Comarca do Recife.

MISAEL DE ALBUQUERQUE MONTENEGRO FILHO, brasileiro, casado,


advogado, inscrito na OAB/PE sob o nº 14.026, no CPF/MF sob o nº
000.000.000 – 04, com endereço profissional sito na Rua Cel. Anísio
Rodrigues Coelho, nº 464, sala 902, no bairro da Boa Viagem, município
do Recife, capital do Estado de Pernambuco, CEP 51.021-130, local onde
receberá as intimações que se fizerem necessárias, advogando em causa
própria, vem, pela presente, formular QUEIXA contra a CLARO S.A.,

– 139–
PETIÇÃO
pessoa jurídica de direito privado, com endereço em Recife na Av.
Governador Agamenon Magalhães, nº 1114, no bairro das Graças, CEP
52020-900, de acordo com as razões de fato e de direito adiante
aduzidas:
DOS FATOS
01. O autor se tornou cliente da adversa parte no ano de 2012, quando
adquiriu a linha telefônica nº 81-990000000, aderindo ao plano
denominado SOB MEDIDA.

02. Em julho de 2015, o autor foi vítima de roubo de veículo de sua


propriedade, no qual se encontravam diversos objetos, dentre eles
aparelho celular em que o chip da linha informada em linhas anteriores
estava instalado.
03. No dia 21.7.2015, o autor entrou em contato com a adversa parte
através do telefone 1052, solicitando o cancelamento da sua linha, o que
gerou o número de protocolo 2015.441614001.

04. Para a surpresa do autor, não obstante o cancelamento


anteriormente referido, a adversa parte continuou lhe enviando cobranças
mensais, gerando novos contatos, nos quais os funcionários da ré
informavam que se tratava de erro do sistema, dizendo que as cobranças
deveriam ser desprezadas.

– 140–
PETIÇÃO
05. Contudo, as cobranças eram seguidas do recebimento de avisos
escritos, em tom de ameaça, nos quais o autor era informado de que o não
pagamento das faturas resultaria na inclusão do seu nome em cadastro de
maus pagadores, como percebemos através da transcrição da ameaça
padrão, presente em todas as missivas: “Lembremos que o não pagamento
do débito pode acarretar no cancelamento de seu contrato de serviços
com a Claro (perda do número de sua linha telefônica) e em ações
restritivas de crédito – inclusão de seu débito em Órgãos de Proteção ao
Crédito, como por exemplo Serasa”.

06. Como não pode ter o seu nome maculado, por ser sócio de escritório
de advocacia (MONTENEGRO & DE PAULA ADVOGADOS ASSOCIADOS) e
de sociedade comercial (CURSOS JURÍDICOS MISAEL MONTENEGRO)
que dependem da regularidade dos nomes não só das pessoas jurídicas
como também dos seus sócios para a obtenção de crédito e para a
manutenção dos limites disponibilizados pelas instituições financeiras, o
autor efetuou o pagamento de várias faturas, não por concordar com as
cobranças indevidas, mas para evitar a inclusão do seu nome no SPC e/ou
no SERASA, como frequentemente ameaçava a adversa parte.

07. Nesse passo, a partir do mês de julho de 2015 (repita-se, quando a


linha telefônica foi cancelada), o autor efetuou o pagamento das
seguintes quantias à adversa parte, representando cobranças indevidas:

– 141–
PETIÇÃO

​08. As cobranças sempre foram seguidas de telefonemas do peticionário


para o número 1052, gerando inúmeros protocolos (2016592480252,
2016592455168, 20166691926873, 2015582922930, 2016390192535,
2016425667588), em cujos contatos vezes o peticionária obtinha a
informação de que a cobrança deveria ser desconsiderada, face ao
cancelamento da linha, vezes de que a adversa parte iria checar o ocorrido
em seu sistema, com a promessa de que o autor obteria retorno, o que
nunca ocorreu.

– 142–
PETIÇÃO
09. O fato é que a adversa parte quer se manter “casada” com o
peticionário para o resto da vida, contra a vontade deste, realizando
cobranças indevidas como consequência dessa pretensão, além de
reiteradamente ameaçar incluir o nome do autor em órgãos de proteção ao
crédito, sem falar no desgaste resultante da frequente necessidade de
manutenção de contatos telefônicos com a ré (praticamente todos os
meses), nos quais o autor só faz ouvir promessas, nunca cumpridas.

10. Assim, alternativa não resta ao autor que não seja propor a presente
ação contra a ré, através da qual persegue a condenação desta ao
pagamento de todos os valores indevidamente cobrados, em dobro, além
do reconhecimento da rescisão do contrato firmado entre as partes.

DO DIREITO

11. Inicialmente, e como premissa, o peticionário destaca que não se


encontrava em período de carência quando solicitou o cancelamento da
linha telefônica anteriormente informada, o que significa dizer que a
adversa parte não podia condicionar o cancelamento ao pagamento de
multa ou à prática de qualquer ato.

12. Tanto não tinha o direito de fazê-lo como de fato não o fez, informando
ao peticionário que a linha teria sido cancelada no dia 21.7.2015.

– 143–
PETIÇÃO
13. Na sequência, é igualmente importante destacar que a adversa parte
realizou cobranças indevidas, pois fundadas em contrato rescindido em
julho de 2015, sem remanescer, por parte do peticionário, qualquer
obrigação a ser adimplida em favor da ré.

14. O peticionário só se curvou às cobranças indevidas (sem concordar


com elas) diante da ameaça persistente de inclusão do seu nome em
cadastros pejorativos, o que muito lhe prejudicaria com fornecedores e,
sobretudo, com as instituições bancárias com as quais mantêm relação
comercial, que retiram os limites de crédito das contas correntes em
decorrência da inclusão do nome dos seus correntistas em qualquer
cadastro pejorativo.

15. Tratando-se de cobranças indevidas, e de pagamentos igualmente


indevidos, o caso concreto deve ser julgado com base no parágrafo único
do art. 42 do CDC, que tem a seguinte redação:

“Art. 42. Omissis. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do
que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável”.

16. No caso concreto, as cobranças indevidas resultaram no desembolso


da quantia de R$ 1.349,37 (mil trezentos e quarenta e nove reais e trinta e
sete centavos), creditando o peticionário no direito de receber a
importância de R$ 2.698,74 (dois mil seiscentos e noventa e oito reais e
setenta e quatro centavos), considerando a penalidade a que o parágrafo
– 144–
único do art. 42 do CDC se refere.
PETIÇÃO
17. Além da pretensão principal, não de rescisão do contrato então
pactuado pelas partes, porque já rescindido no dia 21.7.2015, mas de
condenação da ré ao pagamento dos valores indevidamente cobrados,
repetidos em dobro, o peticionário persegue a condenação da demandada
ao pagamento de indenização por perdas e danos.

18. Essa pretensão está calcada em dano efetivo, não em mero


aborrecimento, consistente nas várias ameaças de inclusão do seu nome
em cadastros pejorativos, no recebimento de inúmeras cobranças, no
desgaste resultante da necessidade de manter vários contatos telefônicos
com a ré, sem que qualquer das suas reclamações tenha sido atendida.

19. Do lado de lá, promessas de que o problema seria resolvido, enquanto


que, do lado de cá, temor do autor de que o seu nome fosse maculado e a
persistente tentativa de resolver o problema durante mais de 1 (um) anos,
sem que tenha alcançado êxito.

DOS PEDIDOS

20. Posta a questão nesses termos, comprovada a ilicitude do ato


praticado pela adversa parte, que reiteradamente realizou cobranças
indevidas, o autor requer se digne Vossa Excelência a:
(a) Designar dia e hora para a realização da audiência de tentativa de
conciliação, determinando o aperfeiçoamento da intimação/citação da ré,
para que compareça ao ato e apresente defesa, se a proposta de acordo
não for exitosa.

– 145–
PETIÇÃO
(b) Inverter o ônus da prova, atribuindo à ré o ônus de comprovar a
licitude das cobranças realizadas contra o peticionário, além do não
cancelamento do contrato.

(c) Ao final, JULGAR A AÇÃO PELA PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS,


condenando a adversa parte ao pagamento em dobro dos valores
indevidamente cobrados e pagos pelo autor, totalizando a importância de
R$ 2.698,74 (dois mil seiscentos e noventa e oito reais e setenta e quatro
centavos), além do pagamento de indenização por danos morais, na
quantia nunca inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

21. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, tais como a juntada de novos documentos e a ouvida de
testemunhas.

22. Dá à causa o valor de R$ 7.698,74 (sete mil seiscentos e noventa e


oito reais e setenta e quatro centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 14 de abril de 2017.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 146–
PETIÇÃO REQUERENDO
NULIDADE DE ATO PROCESSUAL
Comentários:
Embora o CPC/2015 tenha limitado as situações que permitem a
interposição do recurso de agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias (art. 1.015), não impede que, em outros casos, a parte
solicite o reconhecimento da nulidade de determinado ato processual,
independentemente da interposição de recursos.

Embora não impeça, não disciplina a prática desse ato processual, que
decorre do direito fundamental de petição.

PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Palmares.

MANOEL DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos da Ação


de Indenização por Perdas e Danos proposta por JOANA DA SILVA,
processo nº 0000000-97.2017.8.17.1030, havendo sido intimado do teor
do r. despacho de fl. 392, através do qual esse douto Juízo determinou
que o peticionário efetue o pagamento do valor da condenação no prazo
de 15 (quinze) dias, vem, pela presente, expor e requerer o seguinte:

– 148–
PETIÇÃO
01. Conforme percebemos através da simples análise dos autos, esse
douto Juízo proferiu decisão à fl. 384, determinando que a parte autora
fosse intimada para requerer “o que achar de direito”, afirmando, no
mesmo pronunciamento, que o peticionário teria sido condenado ao
pagamento de indenização por danos materiais, na quantia de R$
3.000,00 (três mil reais), e por danos morais, na importância de R$
7.500,00 (sete mil e quinhentos reais).

02. Esse douto Juízo laborou em manifesto equívoco, data vênia, já que o
e. TJPE reformou parcialmente a sentença proferida no 1º grau de
jurisdição, para afastar a condenação ao pagamento da indenização por
danos materiais, por ausência de comprovação, e para reduzir a
condenação por danos morais para R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos
reais), como percebemos através da simples leitura da ementa que
repousa à fl. 294.

03. Em decorrência do equívoco informado em linhas anteriores, e


induzido a erro, o contador do juízo elaborou a conta de fl. 385, incluindo a
condenação por danos materiais, suprimida pelo e. TJPE, resultando na
quantia de R$ 20.980,89 (vinte mil novecentos e oitenta reais e oitenta e
nove centavos).

04. Na sequência, observamos nova irregularidade processual, desta


feita sob a forma de nulidade, consistente na intimação APENAS DA
PARTE AUTORA para se manifestar sobre os cálculos elaborados pelo
contador do juízo, o que infringe o princípio do contraditório e da ampla
defesa. – 149–
PETIÇÃO
05. Por conta da nulidade citada em linhas anteriores, que maculou o
processo desde a fl. 384, todos os atos na sequência são igualmente
nulos, por dependerem daquele, em respeito ao princípio da árvore
envenenada, adotado pela nossa lei processual, como percebemos através
da transcrição do art. 281 do CPC, com a seguinte redação:

“Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os


subsequentes que dele dependam, todavia, a nulidade de uma parte do
ato não prejudicará as outras que dela sejam dependentes” (grifamos).

06. O peticionário faz uso desta manifestação processual para suscitar a


nulidade de atos processuais, na primeira oportunidade de que dispõe
para falar nos autos, denunciando, especificamente, a nulidade da decisão
de fl. 384, que afirmou como devida a quantia de R$ 3.000,00, quando o
e. TJPE a suprimiu ao julgar a apelação interposta pelo réu, dos cálculos
de fl. 385, que, por induzimento a erro, considerou o citado valor como
devido, incluindo-o nos cálculos da condenação, da intimação de fl. 386,
exclusivamente dirigida à parte autora, afrontando o princípio do
contraditório e da ampla defesa, bem como de todos os atos
subsequentes.

07. Posta a questão nesses termos, demonstrada a manifesta nulidade


dos atos processuais anteriormente identificados, o peticionário requer se
digne Vossa Excelência a chamar o feito à ordem, reconhecendo a mácula
processual, tornando sem efeito todos os atos praticados a partir da fl.
384, incluindo a decisão que nela repousa, determinando nova remessa
– 150–
PETIÇÃO
dos autos ao contador, para elaboração da conta, providência seguida da
intimação de AMBAS as partes, para que se manifestem sobre os cálculos
no prazo legal, permitindo a prática dos atos executivos, incluindo o
aperfeiçoamento de nova intimação do vencido, para efetuar o pagamento
da dívida no prazo de 15 (quinze) dias úteis.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 03 de abril de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 151–
QUESITOS DE PERÍCIA - EM AÇÃO
DE INDENIZAÇÃO ENVOLVENDO
ERRO MÉDICO
Comentários:
O § 1º do art. 465 do CPC estabelece a regra de que as partes dispõem do
prazo de 15 (quinze) dias uteis, para apresentarem quesitos de perícia,
contado a partir da intimação da decisão em que o juiz nomeia o perito.

Os quesitos podem ser elaborados pelo próprio advogado da parte ou por


assistente técnico que esta tenha indicado no mesmo prazo.

Doutrina e jurisprudência admitem a formulação de quesitos


complementares, mesmo após a apresentação do laudo pericial, desde
que tenham relação com os quesitos inicialmente apresentados.

PETIÇÃO
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca do Recife.

MARIA DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos da Ação


de Indenização por Perdas e Danos proposta contra MARTA
MANOELA, processo nº 0000000-05.2017.8.17.0001, havendo sido
intimada do teor do r. despacho de fl., através do qual esse douto Juízo
nomeou profissional para a realização de exame pericial e concedeu às
partes o prazo de 15 (quinze) dias para a apresentação de quesitos, vem,
pela presente, isto fazer, nos seguintes termos:

– 153–
PETIÇÃO
QUESITOS DE PERÍCIA

01. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte e do Hospital ABC se a autora se
submeteu a 10 (dez) procedimentos cirúrgicos, a partir do dia 28.10.2011,
especificando a finalidade de cada um deles.

02. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte e do Hospital ABC se a autora se
submeteu a exame de ultrassonografia de abdômen total após a
realização do procedimento cirúrgico no dia 28.10.2011, informando o seu
resultado.

03. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte e do Hospital ABC se a autora
sofreu perfuração do abdômen durante a cirurgia realizada no dia
28.10.2011, e, em caso afirmativo, que procedimento foi adotado para
combater o problema.

04. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte, do Hospital ABC e do Dr. Rogério
da Silva se a autora se submeteu a procedimento para colocação de tela
no seu abdômen, e qual a causa desse problema.

– 154–
PETIÇÃO
05. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se
encontram em poder da adversa parte e do Hospital ABC se a autora
permaneceu dias ou outro período de tempo na UTI do hospital citado em
linhas anteriores, e, em caso afirmativo, por qual razão.

06. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte, do Hospital ABC e do Dr. Rogério
da Silva se a autora se submeteu a cirurgia denominada colostomia, e, em
caso afirmativo, por qual razão.

07. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte, do Hospital ABC, do Hospital DEF e
do Dr. Rogério da Silva se a autora permaneceu ostimizada, em, caso
afirmativo, por quanto tempo.

08. Detalhe o Sr. Perito o procedimento de ostimização.

09. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte, do Hospital ABC e do Dr. Rogério
da Silva se a autora se submeteu a procedimento para aplicação de
heliostomia, e, em caso afirmativo, por qual razão, detalhando em que
consiste.

10. Diga o Sr. Perito, analisando os autos, os documentos que se


encontram em poder da adversa parte, do Hospital ABC e do Dr. Rogério
da Silva se a autora foi diagnostica com diverticulite, em caso afirmativo
detalhando em que consiste esse problema, a sua causa e o que foi feito
– 155–
para debelá-lo.
PETIÇÃO
11. Diga o Sr. Perito se a autora recebeu atendimento denominado home
care, e, em caso afirmativo, qual a sua duração.

12. Diga o Sr. Perito, em exame físico na autora, se esta apresenta


sequelas decorrentes dos procedimentos cirúrgicos realizados,
detalhando-as, em caso afirmativo.

13. Diga o Sr. Perito, em exame físico na autora, se esta apresenta


cicatrizes decorrentes dos procedimentos realizados, especificando-as,
em caso afirmativo, e registrando-as por fotografias.

Nestes termos, protestando pela apresentação de quesitos


complementares,
Pede deferimento.
Recife, 14 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 156–
RAZÕES FINAIS (EM AÇÃO
POSSESSÓRIA)
Comentários:
As razões finais se constituem no último ato processual praticado pelas
partes, antes da prolação da sentença, podendo ser manifestadas
oralmente, no encerramento da audiência de instrução e julgamento, ou
por escrito, na forma de memoriais, no prazo fixado pelo magistrado,
quando constatar que a causa é complexa em fatos e/ou no aspecto do
direito.

Diferentemente da petição inicial e da contestação, que são extensas e


que exploram matéria de direito, contendo transcrição da lei, de lições da
doutrina e de julgados de tribunais, nas razões finais, as partes se limitam
a destacar aspectos da prova, que entendam favorece-las, transcrevendo
trechos de documentos, de laudos periciais, de depoimentos prestados
pelas partes e pelas testemunhas.

No final dessa petição, a parte reitera o pedido de julgamento da ação pela


procedência ou pela improcedência dos pedidos.

– 158–
PETIÇÃO
Excelentíssimo Senhor Douto Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca
do Recife.

MARIA DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos da Ação


Possessória proposta contra MANOELA DOS SANTOS, processo nº
0000000-03.2014.8.17.0001, havendo sido intimada do teor do r.
despacho proferido no encerramento da audiência de instrução e
julgamento realizada no dia 14.03.2018, através do qual esse douto Juízo
determinou que as partes apresentem RAZÕES FINAIS, vem, pela
presente e no prazo fixado, isto fazer, nos seguintes termos:

01. Conforme percebemos através da simples análise dos autos, a autora


comprovou que é proprietária do imóvel identificado na primeira peça,
adquirido através da obtenção de financiamento bancário, integralmente
adimplido, no qual residiu durante anos, até sofrer o esbulho cometido
pela adversa parte.

02. Do seu lado, para tentar justificar o injustificável, a ré alega que a


peticionária teria assinado documentos particulares, através dos quais
teria se comprometido a efetuar pagamento de soma em dinheiro ao seu
ex advogado (companheiro da demandada), o que não teria sido realizado,
acarretando, consequentemente, a promessa de solver a dívida através da
entrega do imóvel que se constitui no objeto da lide.

03. A tese, que se parece muito mais com um conto de fadas, foi
embasada nos documentos que acompanharam a contestação oferecida
nestes autos e nos feitos que tramitam em apenso.
– 159–
PETIÇÃO
04. Para dirimir qualquer dúvida, a peticionária solicitou a produção da
prova pericial, resultando na nomeação de expert da confiança desse
douto Juízo, responsável pela elaboração do laudo de fls. 258/278,
textual em comprovar que os documentos utilizados pela
adversa parte e pelo seu companheiro são FALSOS,
MATERIALMENTE FALSOS.

05. Com isso, o problema, que inicialmente era de natureza cível,


revelou-se em problema criminal, dada a caracterização do cometimento
do crime de falsificação de documentos, com o intuito claro de ludibriar
não apenas a peticionária, como também a justiça.

06. Além da comprovação da falsidade documental, a peticionária se


desincumbiu do ônus da prova quanto ao preenchimento dos requisitos
específicos da ação possessória, quais sejam: (a) posse anterior; (b)
esbulho cometido pela ré; (c) perda da posse; (d) data do cometimento do
esbulho.

07. Assim, comprovado o preenchimento dos tais requisitos, a


peticionária faz jus à proteção possessória, evitando o desvirtuamento do
jargão popular, de que o crime não compensa.

– 160–
PETIÇÃO

08. Posta a questão nesses termos para evitar que o crime compense, a
peticionária reitera os pedidos formulados na petição inicial, pugnando
pelo julgamento da ação pela procedência dos mesmos pedidos,
permitindo que volte a usufruir bem adquirido com imenso esforço
financeiro.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 20 de março de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 161–
RECURSO ESPECIAL - FUNDADO
NA TESE DE DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL
Comentários:
O recurso especial pode ser interposto nas hipóteses previstas no inciso III
do art. 105 da CF, no prazo de 15 (quinze) dias uteis, contado da intimação
da decisão atacada, no âmbito do Tribunal.

Esse recurso exige a comprovação do prequestionamento da matéria, ou


seja, de que a alegação que fundamenta o recurso foi suscitada
anteriormente, e que o Tribunal se manifestou sobre a matéria.

Se o recorrente suscitou a matéria (como a alegação da existência de


divergência jurisprudencial) e o Tribunal não se manifestou sobre ela, o
interessado deve interpor o recurso de embargos de declaração, alegando
a existência de omissão (art. 1.022).

Esse recurso exige o recolhimento de custas, sendo interposto junto ao


Tribunal que prolatou a decisão atacada, que realiza o denominado juízo
de admissibilidade diferido ou provisório, quase sempre negativo, forçando
o recorrente a ter de interpor o recurso de agravo em recurso especial,
disciplinado pelo art. 1.042 do CPC.

Quando o recurso se fundamenta na alegada existência de divergência


jurisprudencial, o recorrente deve transcrever trechos da decisão atacada
e de acórdão(ões) proferido(s) por outro(s) Tribunal(is), comprovando a
divergência de forma analítica, indicando de que fonte o(s) acórdão(ões)
proferido(s) por outro(s) Tribunal(is) foi(ram) extraído(s).

– 163–
PETIÇÃO
Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal _________________ –
Mui digno Relator da Apelação Cível nº 000000-00.2017.4.05.8300.
MANOEL DA SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos
da Apelação Cível nº 0000000-00.2017.4.05.8300, interposta contra
a UNIÃO FEDERAL, havendo sido intimado do teor do v. acórdão
registrado no dia 1.12.2017, vem, pela presente, com fundamento na alínea
c) do inciso III do art. 105 da CF, interpor RECURSO ESPECIAL, de
acordo com as razões em anexo, confiando, concessa vênia, que o recurso
será provido, acarretando a reforma da decisão atacada.

Nestes termos, com as razões em anexo, deixando de juntar aos autos o


comprovante de pagamento das custas, recursais, por ser beneficiário da
justiça gratuita (ver decisão datada de 29.1.2017, com o identificador
4058300.304299),
Pede deferimento.
Recife, 16 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

Recorrente: MANOEL DA SILVA


Recorrida: UNIÃO FEDERAL
Apelação Cível 0000000-00.2017.4.05.8300

– 164–
PETIÇÃO
RAZÕES DO RECORRENTE

Eminentes Ministros:
01. A r. decisão da lavra do tribunal local deve ser reformada, data vênia,
por ser contrária ao entendimento jurisprudencial aplicável à matéria,
divergindo da orientação consolidada pelos Tribunais Estaduais e pelos
Tribunais Regionais Federais quanto à adoção da teoria do fato
consumado.

02. Antes de expor as razões que fundamentam o pedido de reforma da


decisão atacada, o peticionário ressalta que o julgamento deste recurso
não exige o reexame de fatos e/ou de provas, sendo suficiente a adoção
do entendimento majoritário da jurisprudência ao caso concreto, nos
moldes dos acórdãos paradigma, reproduzidos nesta peça processual.

03. Além disso, é importante destacar que a matéria ventilada neste


recurso foi devidamente prequestionada, e que todos os demais requisitos
gerais e específicos foram preenchidos, inexistindo óbice que impeça a
apreciação de mérito do remédio processual.

04. Quanto à fundamentação recursal, atentos aos autos, percebemos


que o recorrente propôs ação ordinária na instância monocrática,
afirmando e provando que participou de processo seletivo (concurso),
visando o seu ingresso na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR),

– 165–
PETIÇÃO
nos termos do edital IE/EA CPCAR 2014, submetendo-se às avaliações
que consistiam em Exame de Escolaridade, Inspeção de Saúde, Exames de
Aptidão Psicológica e Teste de Avaliação de Condicionamento Físico.

05. Quanto a essa última etapa, foi dividida em série de abdominais,


execução de flexões e corrida de 12 (doze) minutos.

06. Embora o ora recorrente tenha se desincumbido das flexões e da


corrida, sucumbiu na série de abdominais, executando 36 (trinta e seis)
repetições, quando o edital exigia a execução de um número mínimo de
38 (trinta e oito).

07. Com fundamento em norma editalícia, o peticionário interpôs


recurso administrativo, combatendo a sua reprovação no Teste de
Avaliação do Condicionamento Físico (leia-se: apenas no que toca à
execução dos abdominais), tendo sido atendido, resultando na designação
de nova data para a sua realização.

08. Contudo, no dia aprazado, a cidade do Recife foi inundada por forte
tempestade (fato provado nos autos, por documentos que acompanharam
a petição inicial), dificultando a chegada do peticionário no local do
teste, local que foi alterado de supetão, o que só foi informado ao
peticionário no momento em que chegou ao endereço inicialmente
designado.

– 166–
PETIÇÃO
09. Não obstante as dificuldades, o peticionário se submeteu ao teste,
cujo resultado apresentou 36 (trinta e seis) repetições, repita-se, quando o
mínimo exigido era de 38 (trinta e oito) abdominais executados.

10. Considerando a infração ao princípio da isonomia, já que o
peticionário realizou o teste em condições extremamente diferentes das
que foram impostas aos demais candidatos, merecendo destaque a
ausência de colchonetes para amortecimento do impacto das costas e de
apoio para os pés, além da impossibilidade de realizar o aquecimento, o
recorrente propôs ação na instância monocrática, na qual obteve liminar,
seguida da prolação de sentença favorável às suas pretensões.

11. A liminar anteriormente referida permitiu que o peticionário fosse


admitido no Curso Preparatório de Cadetes do Ar 2014 (CPCAR
2014), oferecido pela Escola Preparatória de Cadetes-do-AR, sob a
supervisão do Comando Aeronáutico, que resultou na conclusão do
primeiro e do segundo anos do citado curso, nos termos da documentação
atada aos autos.

12. A liminar concedida pela autoridade de piso foi cassada quando do


julgamento do recurso de apelação interposto pela parte contrária contra a
sentença, decisão que foi atacada pela interposição do recurso de
embargos de declaração, que restou improvido.

– 167–
PETIÇÃO
13. Considerando que o recurso intermediário não suspendeu a eficácia
da decisão proferida pelo e. TRF da 5ª Região (caput do art. 1.026 do
CPC/2015), o pronunciamento judicial da lavra do Pretório local foi
imediatamente cumprido pela diretoria da Escola Preparatória de Cadetes-
do-Ar, acarretando no “desimpedimento” do peticionário, nos termos da
ficha juntada no 2º grau de jurisdição.

14. Com isso, embora o peticionário tenha cursado os nove primeiros


meses do ano de 2016, no terceiro ano do curso de formação
anteriormente referido, foi desligado nas vésperas da sua conclusão, fato
comprovado através da juntada aos autos do calendário elaborado pela
instituição, ficando impedido, até mesmo, de realizar a terceira prova
parcial.

15. Paralelamente a esta manifestação processual, o peticionário


interpõe recurso extraordinário, fundado na comprovação de que o
julgamento procedido pelo Tribunal local infringiu o princípio da isonomia,
pois o ora recorrente se submeteu ao teste de aptidão física em condições
diferentes das que foram oferecidas aos demais candidatos.

16. A ressalva é feita apenas para registrar que, embora o peticionário


faça referência à infração ao princípio da isonomia nesta peça processual,
a mesma é afirmada apenas de forma ilustrativa, o que significa dizer que
este recurso extremo tem fundamentação distinta, como tal a divergência
entre o acórdão recorrido e pronunciamentos da lavra de outros tribunais

– 168–
PETIÇÃO
sobre a adoção da teoria do fato consumado, afinando-se com a previsão
constante da alínea (c) do inciso III do art. 105 da CF, textual em
possibilitar a interposição do recurso especial quando comprovada a
divergência jurisprudencial.

17. A necessidade de observância e de adoção da Teoria do Fato


Consumado é imperiosa, teoria que é amplamente difundida e aceita pela
jurisprudência, baseada, principalmente, nos princípios constitucionais da
segurança jurídica, da boa-fé e da dignidade da pessoa humana, conforme
demonstram os julgados adiante transcritos:

“ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. EXAME NACIONAL DE


DESEMPENHO DOS ESTUDANTES (ENADE). OBRIGATORIEDADE.
COLAÇÃO DE GRAU. SITUAÇÃO FÁTICA CONSOLIDADA. APLICAÇÃO DA
TEORIA DO FATO CONSUMADO. A jurisprudência desta Corte Superior
de Justiça é no sentido de que o Exame Nacional do Desempenho dos
Estudantes (ENADE) é obrigatório a todos os estudantes convocados
regularmente para a sua realização, não sendo ilegal o condicionamento a
colação de grau e, consequentemente, a obtenção do diploma de curso
superior, ao comparecimento ao referido exame. Ocorre que, no
presente caso, levando-se em conta que já houve a outorga do
grau à impetrante, há que ser considerada consolidada a
situação de fato. Conforme se extrai dos autos, a liminar concedida em
primeira instância possibilitou que a recorrida obtivesse o diploma de
conclusão do curso de agronomia (fls. 128), há quase dois anos, sendo
natural que esteja valendo-se de sua
– 169–
PETIÇÃO
que se perdurou ao longo do tempo, dada a relevância e a
preponderância dos princípios da dignidade da pessoa humana,
da boa-fé e da segurança jurídica, sobre o próprio princípio da
legalidade estrita. Precedentes. Urge se conceber o princípio da
primazia da norma mais favorável ao cidadão, juntamente com
a ‘teoria do fato consumado’, quando o jurisdicionado, de boa-
fé, permanece no cargo, ao longo de vários anos, dada a demora
da prestação jurisdicional e a inércia da
Administração. Efetividade à garantia prevista no art. 5º, inciso LXXVIII,
CR/88, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 45 /2004.
Embargos de divergência acolhidos” (EREsp 446077 DF 2004/0127683-8,
STJ) (grifamos).

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO.


EXAME DE ACUIDADE VISUAL. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE DA
EXIGÊNCIA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS POR AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL. DEFICIÊNCIA SUSCETÍVEL DE TRATAMENTO EFICAZ.
TEORIA DO FATO CONSUMADO. APLICAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. O exame de saúde exigido além dos
padrões de normalidade para qualquer concurso público (no caso, teste de
acuidade visual), enquadra-se nos requisitos objetivos para ingresso no
serviço público e tem sua legalidade subordinada à sua previsão legal em
estrita consideração às funções a serem exercidas pelo futuro Servidor, e
à objetividade dos critérios utilizados. Forçoso reconhecer que para se
chegar à conclusão diversa daquela a que chegaram as instâncias
ordinárias, acerca da ilegalidade do exame de acuidade visual por
– 170–
ausência de previsão legal para tanto, bem como por se tratar de
PETIÇÃO
se tratar de deficiência suscetível de tratamento eficaz, necessitar-se-ia
proceder ao reexame do acervo fático-probatório dos autos, o que é
vedado em Recurso Especial, a teor da Súmula 07/STJ. A teoria do fato
consumado, apesar de aplicação excepcional nas relações regidas pelo
Direito Administrativo, não pode ser ignorada quando o aprovado em
seleção pública demonstra, no desempenho da atividade, a irrelevância da
deficiência apontada para o seu exercício, inclusive por não registrar
qualquer restrição ao desempenho funcional. Agravo Regimental
desprovido” (AgRg no REsp 968836 PR 2007/0148919-8, STJ, data da
publicação: 3.8.2009) (grifamos).

18. Embora os julgados reproduzidos sejam suficientes para embasar o


pedido de reforma, o peticionário reproduz pronunciamentos da lavra de
tribunais estaduais e de Tribunais Regionais Federais, cônscio de que as
decisões prolatadas por Tribunais Superiores não se presta à comprovação
da divergência:

“ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. CONCURSO PÚBLICO. PMDF.


CURSO DE FORMAÇÃO. LIMITE DE IDADE. TEORIA DO FATO
CONSUMADO. A barreira etária imposta no edital para provimento de vaga
em curso de formação ao quadro de oficiais do Distrito Federal conta com
previsão constitucional (art. 11, § 1º, da Lei nº 7.289/84). Entretanto,
deve-se privilegiar a situação do candidato, que, mostra-se apto
ao exercício do cargo, ainda mais quando o decurso do tempo,
aliado aos recursos empregados na sua formação, recomendam

– 171–
PETIÇÃO
a aplicação da Teoria do Fato Consumado, como forma de
privilegiar os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade” (Apelação Cível 20140110666527, 6ª Turma Cível do
TJDF, Relator Des. ESDRAS NEVES, j. 17.6.2015, 6ª Turma Cível, DJE
30.6.2015, p. 211) (grifamos).

“AGRAVO REGIMENTAL. FUNGIBILIDADE. RECURSO DE AGRAVO. TEORIA


DO FATO CONSUMADO. APLIBABILIDADE. RECURSO IMPROVIDO.
DECISÃO MAJORITÁRIA. Reafirma-se o entendimento lançado por ocasião
da decisão terminativa ora recorrida, no sentido de que assim como
aconteceu para o candidato JOSÉ SANTANA DOS SANTOS, o recorrido foi
nomeado e empossado pela Polícia Militar desde o ano de 2014. (DOE nº
37, de 22 de fevereiro de 2014). Desde então, exerce a atividade militar
com zelo, fazendo crer que a causa que deu ensejo a sua reprovação foi
voluntariamente superada pela Administração Pública, devendo ser
aplicada à espécie a Teoria do Fato Consumado, já tão consagrada
jurisprudencialmente. Recurso de Agravo Improvido” (Agravo 3359339
PE, 2ª Câmara de Direito Público do TJPE, Relator Des. José Ivo de Paula
Guimarães, j. 2.7.2015, DJE 25.8.2015) (grifamos). “APELAÇÃO CÍVEL.
REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. CERTIFICADO DE
CONCLUSÃO DO ENSINO MÉDIO. APLICAÇÃO DA TEORIA DO FATO
CONSUMADO. O caso em tela versa sobre a expedição de certificado de
conclusão do ensino médio antes de sua conclusão. Ao compulsar os
autos, constato que o Impetrante, ora Apelado, comprovou

– 172–
PETIÇÃO
ter sido aprovado no vestibular para o curso de Jornalismo, na Faculdade
Santo Agostinho, conforme documento de fls. 12 e embora não concluído
o 3º ano do ensino de médio, cumpriu a carga horária mínima exigida pela
Lei nº 9.394/96 e obteve a concessão de medida liminar. Assim, correta a
decisão que concedeu a segurança pleiteada. Ademais a reforma da
sentença a quo causaria um retrocesso de anos na vida do Apelado, sendo
irrazoável e injustificável que o mesmo tenha que arcar com os prejuízos
decorrentes da tardia prestação jurisdicional do Estado. A teoria do fato
consumado aplica-se à situação fática em questão, por ter sido
consagrada ao longo do tempo, sendo extremamente inviável o status quo
ante. Recurso conhecido e negado provimento” (Reexame Necessário
00082896320108180140 PI 201500010111779, 3ª Câmara Especializada
Cível do TJPI, Relator Des. Hilo de Almeida Sousa, j. 9.3.2016) (grifamos).

19. Considerando a exigência formal, o peticionário informa que os


julgados transcritos foram extraídos dos sites www.tjdf.jus.br,
www.tjpe.jus.br e www.tjpi.jus.br, com acesso no dia 16.1.2017.

20.Quanto ao cotejo analítico entre o acórdão recorrido e os acórdãos


paradigma, igualmente para fins de superação de exigência formal, o
peticionário comprova que os pronunciamentos versam sobre a mesma
situação de fato e de direito, consistente na solidificação de situação
fática ocasionada em razão do decurso de tempo entre a data da
concessão da providência liminar e os dias atuais.

– 173–
PETIÇÃO
21. Assim, o provimento desta espécie recursal é medida que se impõe,
com base na teoria do fato consumado, adotada tanto no âmbito dos
Tribunais Superiores como no 2º grau de jurisdição, permitindo, com isso,
a conclusão do 3º ano do curso em que o peticionário se encontra
matriculado, evitando que a produção dos efeitos da decisão colegiada
que proveu o recurso interposto pela União Federal cause dano irreparável
ao estudante, em momento tão importante de sua formação.

DO PEDIDO
22. Posta a questão nesses termos, o peticionário requer se dignem
Vossas Excelências a DAR PROVIMENTO a este recurso, resultando na
reforma do acórdão proferido pelo tribunal local, e consequentemente, no
restabelecimento da sentença prolatada no 1º grau de jurisdição, que
julgou a ação pela procedência dos pedidos, acolhendo os requerimentos
formulados na petição inicial.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 16 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 174–
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Comentários:
O recurso extraordinário pode ser interposto nas hipóteses previstas no
inciso III do art. 102 da CF, no prazo de 15 (quinze) dias uteis, contado da
intimação da decisão atacada, no âmbito do Tribunal.

Esse recurso exige a comprovação do prequestionamento da matéria, ou


seja, de que a alegação que fundamenta o recurso foi suscitada
anteriormente, e que o Tribunal se manifestou sobre a matéria.

Se o recorrente suscitou a matéria e o Tribunal não se manifestou sobre


ela, o interessado deve interpor o recurso de embargos de declaração,
alegando a existência de omissão (art. 1.022).

Além disso, o recurso extraordinário exige a comprovação da existência de


repercussão geral, sob pena de não conhecimento, ou seja, da existência
de questão relevante do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico que ultrapasse os interesses subjetivos do processo.

Esse recurso exige o recolhimento de custas, sendo interposto junto ao


Tribunal que prolatou a decisão atacada, que realiza o denominado juízo
de admissibilidade diferido ou provisório, quase sempre negativo, forçando
o recorrente a ter de interpor o recurso de agravo em recurso
extraordinário, disciplinado pelo art. 1.042 do CPC.

– 176–
PETIÇÃO
Excelentíssimo Senhor Desembargador Vice-Presidente do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco.

SOCIEDADE ABC LTDA. – ME, MARIA DA SILVA e MANOEL DA


SILVA, por seu advogado infra-assinado, nos autos da Apelação
Cível interposta contra a PROCÓPIO & SANTOS EMPREENDIMENTOS
IMOBILIÁRIOS LTDA., nº 0000000 – 75.2012.8.17.0001 (00000 –
1), havendo sido intimados do v. acórdão de fls., através do qual esse e.
Pretório Estadual negou provimento ao recurso de embargos de
declaração aforado pelos peticionários, mantendo na integralidade o
acórdão atacado pelo citado remédio processual, vêm, pela presente, no
prazo de 15 (quinze) dias uteis, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO,
de acordo com as razões em anexo, confiando, concessa vênia, que a
espécie recursal será provida, acarretando a reforma do pronunciamento
combatido.

Nestes termos, com as razões recursais e as guias concernentes ao


preparo em anexo,
Pedem deferimento.
Recife, 22 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

– 177–
PETIÇÃO
Recorrentes: SOCIEDADE ABC LTDA. – ME, MARIA DA SILVA e
MANOEL DA SILVA Recorrida: PROCÓPIO & SANTOS
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.
Apelação Cível nº 0000000 – 75.2012.8.17.0001 (00000 – 1)

RAZÕES DOS RECORRENTES

Eminentes Ministros:

01. O v. acórdão da lavra do Tribunal Estadual deve ser integralmente


reformado, data vênia, por ter infringido NORMA CONSTITUCIONAL, com a
ressalva de que a espécie recursal tem fundamento na alínea (a) do inciso
I do art. 102 da CF.

02. A interposição deste recurso foi antecedida da apresentação de


embargos de declaração, utilizado para fins de prequestionamento da
matéria, evitando a incidência da Súmula 282 do Colendo STF.

03. Além disso, é importante destacar que os peticionários interpuseram


todos os recursos na sequência lógica do processo, o que significa dizer
que exauriram a jurisdição ordinária, afastando a aplicação da Súmula 281
do STF.

– 178–
PETIÇÃO
04. Finalmente, antes de expor as razões recursais, os peticionários
destacam que o presente recurso é fundado na alegação de infração do
direito objetivo, não versando sobre fatos, cônscios da vedação imposta
pela Súmula 07 desse Colendo Tribunal Superior, o qual recebeu a
atribuição de ser guardião das normas constitucionais.

05. Embora a fundamentação jurídica do recurso seja exclusivamente de


direito, apenas para situar a infração à norma constitucional, os
peticionários pedem vênia para destacar alguns acontecimentos
processuais.

06. Nesse passo, como percebemos através do simples exame dos


autos, encontramo-nos diante de ação de despejo, ajuizada ainda no ano
de 2012, fundada na alegação de que os peticionários (a primeira na
condição de locatária, os dois últimos na de fiadores) teriam permanecido
por mais de 30 (trinta) meses sem efetuar o pagamento de aluguéis, o
que daria azo à pretensão desalijatória.

07. Ainda da inicial, extraímos a informação de que a locação teve por


objeto o galpão D2, situado na Estrada da Selva, s/n, Quadra B, Conjunto
Industrial Multifabril (CIMJ – Condomínio Industrial Multifabril de Jaboatão
dos Guararapes), no bairro de Santo Aleixo, município do Jaboatão dos
Guararapes, estado de Pernambuco, bem que teria sido inicialmente
locado a primeira recorrente pela empresa HIDRO TUBOS LTDA.,
supostamente sucedida pela adversa parte.
– 179–
PETIÇÃO
11. Apenas a guisa de ilustração, examinando o documento de fl. 97,
constatamos que estamos diante de recibo no valor de R$ 39.000,00
(trinta e nove mil reais), que comprovaria o pagamento de 13 (treze) meses
de aluguéis, quando o valor devido no mesmo período era de apenas R$
16.900,00 (dezesseis mil e novecentos reais).
12. A admissão da alegação como verdadeira comprovaria não apenas a
inexistência de dívida, como também creditaria os peticionários no direito
de compensar o crédito encontrado com aluguéis vincendos ou de propor
ação de repetição de indébito contra a parte contrária. 13. Contudo,
surpreendentemente, embora a matéria fosse de máxima relevância, a
autoridade monocrática não permitiu a produção da prova pericial, o que
foi objeto de ataque oportuno, por recurso que restou improvido no âmbito
do Tribunal local. 14. Com isso, temos infração ao inciso LV do art. 5º da
CF, justificando a interposição deste recurso extraordinário, por alegada
ofensa à norma constitucional. 15. Os peticionários lembram que, ao
suscitar fato extintivo do direito do autor (pagamento), passam a ter o
direito de produzir provas para comprovar a veracidade da alegação, não
apenas documental, já que a lei não predefine essa modalidade de prova
como a única capaz de esclarecer o fato. ​

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PETIÇÃO
16. Nosso sistema processual não tarifa as provas, nem estabelece
hierarquia entre elas, de modo que a documental vale tanto quanto a
pericial que vale tanto quanto a inspeção judicial, e assim
sucessivamente. 17. As considerações expostas em linhas anteriores
servem para demonstrar a necessidade da produção da prova pericial, já
que havia divergência das partes quanto a valores de créditos e de débitos,
evidenciando a necessidade de produção de prova técnica. 18. Ao
indeferir a produção da citada prova, primeiro o magistrado de piso, depois
o e. Tribunal local, infringiram o inciso LV do art. 5º da CF, por não terem
permitido que os peticionários provassem a ocorrência do fato extintivo do
direito do autor, como tal o pagamento. 19. Considerando a exigência
específica constante do novo CPC, de que o recorrente deve comprovar a
existência da denominada repercussão geral, sob pena de não
conhecimento do recurso extremo, os peticionários estendem essa peça
recursal para demonstrar que o conhecimento deste recurso é do
interesse geral, por garantir a prevalência e a primazia do princípio do
contraditório e da ampla defesa. 20. Nesse passo, após o início da
vigência do novo CPC, foi realçada a necessidade de fundamentação dos
pronunciamentos judiciais (§ 1º do art. 489 da Lei de Ritos), sobretudo
para forçar os julgadores a observar os princípios constitucionais
aplicáveis ao processo civil, com destaque para o princípio do
contraditório e da ampla defesa.

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PETIÇÃO
julgamento, em decorrência do cerceamento do direito de defesa sofrido
pelos recorrentes naquele ato, resultando na nulidade de todos os atos
subsequentes, em respeito à teoria do fruto da árvore envenenada,
adotada em nosso sistema processual.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Recife, 10 de janeiro de 2018.

Misael Montenegro Filho


OAB/PE 14.026

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