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INÍCIO › OPINIÃO › A MOTIVAÇÃO DAS PESSOAS

A motivação das pessoas


POR REDAÇÃO em 23/10/2018 •

Reconhecendo que motivar as pessoas é vital, muitas empresas investem


pesado em pesquisas de clima laboral, técnicas de avaliação do desempenho
individual, plano de carreira, sofisticados esquemas de participação nos
resultados, bônus para cumprimento de metas, prêmios para os funcionários
do mês, etc.

Eduardo Moura –

Permitam-me discorrer brevemente sobre um


fator crítico de sucesso para qualquer tipo de
organização humana: a motivação das
pessoas. Podemos investir na mais avançada
tecnologia, definir processos de trabalho
altamente eficazes, contratar os profissionais
mais competentes do mercado, mas se essa
gente não estiver motivada, o que acontece?
Acontece o cenário típico: um desempenho
geral nada além de ordinário, muito longe do
que se poderia qualificar como excelente.
Reconhecendo que motivar as pessoas é vital, muitas empresas investem
pesado em pesquisas de clima laboral, técnicas de avaliação do desempenho
individual, plano de carreira, sofisticados esquemas de participação nos
resultados, bônus para cumprimento de metas, prêmios para os funcionários
do mês, etc. Algumas dessas práticas são válidas, mas a maioria é perniciosa.

Hein? Perniciosas?! Sim, por dois motivos. Primeiro, porque estão


fundamentadas na premissa inválida (mais detalhes adiante) de que as
pessoas são, por natureza, apáticas em relação ao trabalho, e precisam de um
estímulo externo.

Segundo, porque a médio e longo prazo aquelas práticas tendem a formar um


bando de mercenários que só se mobilizam pelo vil metal que possam receber.
E tem mais: mesmo as práticas que são válidas, ainda assim são insuficientes.

Onde, então, está o elemento faltante para motivar colaboradores? Na verdade,


não há elemento faltante! Há, sim, elementos já existentes, porém não
reconhecidos e, portanto, não explorados.
Esta frase do Dr. Deming traz à tona dois elementos vitais para a motivação
humana: “As pessoas nascem com uma inclinação natural para aprender e
inovar. Existe um direito inato de sentir prazer pelo trabalho. Existe uma
necessidade inata de autoestima e respeito. Os administradores que negam a
seus funcionários dignidade e autoestima, abafarão a motivação intrínseca.”

Aí está: o primeiro elemento vital se chama motivação intrínseca. Se tão


somente descobrirmos (ou aceitarmos como válido) que as pessoas já nascem
com a motivação dentro de si, a questão de motivá-las deixa de ser que mais
devemos dar aos colaboradores? e passa a ser que barreiras hoje estão
impedindo que a motivação intrínseca das pessoas possa aflorar?.

O segundo elemento vital é o próprio trabalho. E os dois se complementam


belissimamente bem! De fato, o trabalho é o canal ideal para que a motivação
intrínseca se manifeste, pois ele traz dentro de si três fatores que, se bem
entendidos e trabalhados, podem “turbinar” a motivação intrínseca: a
criatividade (a alegria de pensar), a atividade (a alegria de agir) e a
sociabilidade (a alegria de compartilhar), conforme concluiu Nishibori em 1971.
Além disso, todo trabalho deveria incluir um quarto fator importantíssimo: um
sentido de “propósito mais elevado”, pois em sua essência universal, “trabalhar
é produzir algo de valor para outras pessoas” (O’Toole, 1973). Não há (e nem
deveria haver) nada que possa pagar o sentimento de orgulho e satisfação
pessoal pelo trabalho bem realizado.

E quando o trabalho é realizado em equipe, todas estas coisas acontecem


naturalmente! Basta que a empresa crie estruturas para explorar este
verdadeiro tesouro.

Quando líderes empresariais despertam para tais fatos e agem de maneira


sábia e coerente, algo maravilhoso acontece! Pessoas que considerávamos
“irrecuperáveis” passam a contribuir, os que tínhamos como “rebeldes” passam
a ser companheiros de batalha, os “passivos” e “apagados” passam a brilhar, os
que pensávamos não ter imaginação de repente nos surpreendem com ideias
brilhantes.

É claro que pode haver um 0,1% de renitentes que por fenômenos psicológicos
raros se recusam a colaborar, mas estes a própria equipe acaba expurgando
como se fosse um corpo estranho. Sei que tudo isto soa poético e utópico, mas
tenho constatado tais verdades em inúmeras ocasiões. E desafio o leitor a
fazer o mesmo com sua equipe.

Está tudo aí. Não é preciso inventar nada mais; não é preciso complicar. Há,
porém, um grande inconveniente: para que o exposto acima funcione, é
necessário mudar nossa maneira de pensar sobre as pessoas, nossa forma de
encarar a natureza humana.

É preciso ver em cada trabalhador a chama quase extinta da dignidade, o


diamante bruto da semelhança divina. E isto é difícil e doloroso, quase herético,
para quem está acostumado a ver as pessoas como insumos de produção,
como mão de obra que deve responder passivamente ao que foi ordenado,
como vassalos que devem ser controlados pelo medo.

Para finalizar, um fato tragicômico: o que salva muitas empresas da extinção é


que seus competidores também não sabem lidar com a motivação intrínseca!
Mas aqueles que sabem mobilizá-la em direção aos objetivos estratégicos do
negócio passam a contar com um poderoso exército de pessoas altamente
dedicadas.

Eduardo Moura é diretor da Qualiplus Excelência Empresarial –


emoura@qualiplus.com.br

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