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29/01/2019
Número: 8000264-64.2017.8.05.0099
Classe: PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: V DOS FEITOS DE REL DE CONS CIV E COMERCIAIS DE IBOTIRAMA
Última distribuição : 22/05/2017
Valor da causa: R$ 1.000,00
Assuntos: Rural (Art. 48/51)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ADEMAR ROSENO DE ARAUJO (AUTOR) MAYANE KILZA BARROS DE CARVALHO (ADVOGADO)
FILIPE LIMA BATISTA DOS SANTOS (ADVOGADO)
INSS (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
19414 25/01/2019 09:55 Apelação Apelação
471
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL NO ESTADO DA BAHIA
NÚCLEO PREVIDENCIÁRIO COMARCAS
NÚMERO: 8000264-64.2017.8.05.0099
APELAÇÃO
com fundamento nos dispositivos legais aplicáveis, requerendo a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal
Regional Federal da 1ª Região.
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 1
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Número do documento: 19012509552533400000018425568
PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ
Procurador Federal
NÚMERO: 8000264-64.2017.8.05.0099
Colenda Turma,
Nobre Relator
1. SÍNTESE DO FEITO
Trata-se de ação judicial em que a parte autora, ora recorrida, requereu a concessão do benefício de
aposentadoria por idade - segurado especial, desde a data da DER em 25/07/2016.
O juízo de piso condenou o INSS a restabelecer o benefício desde a cessação administrativa, bem como, a
pagar os valores das parcelas vencidas aplicando o IPCA-E a título de correção monetária e juros de mora
de 1% a.m, em desconformidade com a disciplina cristalizada no art. 1º-Fda Lei 9.494/97, com a redação
dada pela Lei 11.960/2009, que determina a incidência dos juros em conformidade aos índices oficiais de
remuneração da caderneta de poupança.
Como será abaixo demonstrado, ainda não há julgamento definitivo pelo STF a respeito do TEMA e,
enquanto isto, deverá ser aplicada a TR que é o índice legal existente para as condenações contra a
fazenda pública. Vejamos.
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2. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO
A sentença RECORRIDA deixou de aplicar o art. 1º-F da lei 9494/97, índice específico para as
condenações contra a fazenda pública. Além disto, determinou a aplicação do IPCA-E, índice indevido
como será abaixo demonstrado.
Ressalte-se que as condenações contra fazenda pública que não sejam de natureza tributária devem
observar os preceitos do art. 1º-F da lei 9494/97, vejamos:
Consoante entendimento jurisprudencial uníssono, após a vigência da Lei nº 11.960 /2009, tanto os juros
de mora, quanto a atualização monetária, deverão ser apurados de acordo com a sistemática prevista no
art. 1º-F, da Lei nº 9.494 /97, na redação dada pela Lei nº 11.960 /09.
2. A Lei nº 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, disciplinou
a questão relativa aos juros de mora e correção monetária às condenações judiciais
impostas à Fazenda Pública de forma geral, independentemente de sua natureza.
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4. Agravo regimental parcialmente provido.
(AgRg nos EmbExeMS 12.118/DF, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/08/2011, DJe 22/08/2011)
No julgamento das ADls nas 4.357 c 4.425, o Plenário do STF julgou inconstitucional a fixação dos juros
moratórios com base na caderneta de poupança (TR) unicamente no tocante aos débitos estatais de índole
tributária, remanescendo, assim, a plena validade e eficácia dessa regra quanto às demais categorias de
débitos da Fazenda Pública reconhecidos por sentença.
De outro lado, quanto à correção monetária nas condenações impostas à Fazenda Pública, importa
remarcar que a decisão de inconstitucionalidade nas Ações Diretas nº 4.357 e 4.425 relativamente ao
mencionado art. 1°-F cuidou tão somente da impossibilidade de atualização, pelo índice da poupança
(TR), de requisitórios expedidos, na linha do que se disse quanto ao art. 100, § 12 da Constituição da
República. No ponto, cabe a transcrição do pronunciamento do Min. Luiz Fux no Plenário Virtual ao
manifestar-se sobre a Repercussão Geral do RE 870.947:
Pois bem. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar as ADls nO4.357 e 4.425, declarou a
inconstitucionalidade da correção monetária pela TR apenas quanto ao segundo período, isto é, quanto ao
intervalo de tempo compreendido entre a inscrição do crédito em precatório e o efetivo pagamento.
Isso porque a norma constitucional impugnada nas ADIs (art. 100, § 12, da CRFB. Incluído pela EC n°
62/09) referia-se apenas à atualização do precatório e não à atualização da condenação ao concluir-se a
fase de conhecimento (com destaque).
Com razão Sua Excelência, bastando, para tanto, observar a ementa do acórdão proferido nas ADIs nº
4.357 e 4.425, na parte que interessa:
(...)
poupança viola o direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) na medida em que é
manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. A
inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário, mostra-se insuscetível de captação
apriorística (ex ante), de modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte
(remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a promover o fim a que se destina
(traduzir a inflação do período).
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 4
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7. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao reproduzir
as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de juros
moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de
juridicidade que inquinam o art. 100, §12, da CF, razão pela qual se revela
inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra.
Precisas as palavras, também, do então Relator das ADI n° 4.357, Min. Ayres Britto, que, em seu voto,
não deixou passar despercebido tratar o § 12 do art. 100 da Carta Política de situação diversa da prolação
da sentença condenatória, em que o Juízo competente fixa a correção monetária e juros aplicáveis ao
Poder Público:
Certo que, bem pontuou o Advogado-Geral da União, o § 12 do art. 100 da Constituição Federal não se
reporta à correção monetária já aplicada pelo Juízo competente. Trata, isto sim, de atualização dos
valores constantes de ofícios requisitórios, após sua expedição e até a data do efetivo pagamento.
Também correta a assertiva de que pode a lei, a fim de evitar “dissensos jurisprudenciais e morosos
debates acerca do índice a ser aplicado”, fixar, desde logo, um índice oficial.
Veja-se, a propósito, que essa Corte Suprema, ao declarar a inconstitucionalidade da regra contida no art.
1º-F da Lei n° 9.494/97, fê-lo na mesma extensão- e não podia ser diferente, vez se tratar de
inconstitucionalidade por arrastamento - do art. 100, § 12, da CF/88, o que significa que os índices
oficiais da caderneta de poupança não servem como parâmetro para a atualização monetária de
precatórios ou para aplicação juros de mora em requisitórios de indébitos tributários.
Por isso, não há dúvida de que o art. 1º-F da Lei n° 9.494/97, cujo programa normativo é bem mais amplo
que o do art. 100, § 12, da CRFB, por versar atualização monetária e juros em momento anterior à
expedição do precatório, ainda não foi objeto de pronunciamento expresso quanto a sua
constitucionalidade pelo Supremo Tribunal, não havendo, desse modo, que se falar em declaração de
inconstitucionalidade.
Em 25/03/2015, o STF, terminando o julgamento da questão de ordem das ADIs 4.357 e 4425, deixou
claro que o art. 1º-F da Lei 9.494/97 foi declarado CONSTITUCIONAL em relação às parcelas anteriores
à data da requisição do precatório.
Diga-se de passagem, o Min. FUX assegurou que o referido artigo jamais foi declarado inconstitucional
no que se refere ao período anterior à requisição do precatório. Assim, foi rejeitada a tese da
inconstitucionalidade, por arrastamento, em relação a esse período. Vejamos:
Decisão: Concluindo o julgamento, o Tribunal, por maioria e nos termos do voto, ora
reajustado, do Ministro Luiz Fux (Relator), resolveu a questão de ordem nos seguintes
termos: 1) - modular os efeitos para que se dê sobrevida ao regime especial de pagamento de
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 5
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precatórios, instituído pela Emenda Constitucional nº 62/2009, por 5 (cinco) exercícios
financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016; 2) - conferir eficácia prospectiva à
declaração de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco
inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e
mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: 2.1.) fica
mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR),
nos termos da Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (i) os
créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo
Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios
pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e 2.2.) ficam resguardados os
precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos arts. 27 das
Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correção
monetária; 3) - quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial: 3.1)
consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por ordem
crescente de crédito previstos na Emenda Constitucional nº 62/2009, desde que realizados até
25.03.2015, data a partir da qual não será possível a quitação de precatórios por tais
modalidades; 3.2) fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada a
ordem de preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, com
redução máxima de 40% do valor do crédito atualizado; 4) – durante o período fixado no
item 1 acima, ficam mantidas a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida
ao pagamento dos precatórios (art. 97, § 10, do ADCT), bem como as sanções para o caso de
não liberação tempestiva dos recursos destinados ao pagamento de precatórios (art. 97, § 10,
do ADCT); 5) – delegação de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que
considere a apresentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de
50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributários para o pagamento de precatórios
e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com
o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor do
precatório, e 6) – atribuição de competência ao Conselho Nacional de Justiça para que
monitore e supervisione o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da
presente decisão, vencido o Ministro Marco Aurélio, que não modulava os efeitos da decisão,
e, em menor extensão, a Ministra Rosa Weber, que fixava como marco inicial a data do
julgamento da ação direta de inconstitucionalidade. Reajustaram seus votos os Ministros
Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Presidência do Ministro Ricardo
Lewandowski. Plenário, 25.03.2015.
Frise-se que esse ponto foi expressamente tratado pelo Ministro FUX, inclusive com envio de orientações
específicas à Advocacia-Geral da União, como explicitamente informado na sessão e registrado em vídeo
(https://www.youtube.com/watch?v=x7eV3fA6XTg, vide o trecho a partir de 13min e 46s).
Como consequência, em relação à correção monetária e juros relativos às verbas pretéritas, anteriores à
data da requisição de precatório, permanece plenamente válida a utilização da TR + 0,5% ao mês. Não
houve nenhuma declaração de inconstitucionalidade nesse ponto, nesta ação direta de
inconstitucionalidade.
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 6
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Equivale a dizer: só houve declaração de inconstitucionalidade da correção monetária nos termos do art.
1º-F da Lei n. 9.494/97, na redação dada pela Lei n. 11.960/09, ao reproduzir as regras da EC n. 62/09
(que tratam do regime de execução da Fazenda Pública mediante precatório/RPV),na hipótese de débitos
inscritos em precatório/RPV.
Ademais, não há que se falar na aplicação imediata da decisão proferida pelo STF no RE 870.947,
por dois motivos:
É de bom alvitre arrematar, ainda assim, que o Ministro Luiz Fux, relator do citado RE
870.947/SE, proferiu decisão deferindo o pedido de efeito suspensivo aos embargos de declaração
opostos em face do acórdão que havia reconhecido a inconstitucionalidade do art. 1-F, da Lei nº
9.494/97, no que tange à correção monetária das condenações impostas à Fazenda Pública.
Veja-se, inclusive, que no julgamento das ADIs 4.357 c 4.425, o STF modulou os efeitos da decisão e
determinou que fosse mantida a atualização pela TR dos precatórios até a data do julgamento final das
ações, que se deu em 25/03/2015.
Ora, se houve modulação dos efeitos da decisão em relação ao precatório, porque não haveria para as
parcelas vencidas da condenação.
Ante ao exposto, até o final julgamento do STF do RE 870.947 (após julgamento des embargos de
declaração), deverá ser aplicada as condenações contra a fazenda pública a TR como índice de correção
monetária.
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 7
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Por fim, não há dúvida que deve ser aplicado a título de juros de mora o disposto no art. 1º-Fda Lei
9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/2009, que determina a incidência dos juros em
conformidade aos índices oficiais de remuneração da caderneta de poupança.
3. PREQUESTIONAMENTO
4. REQUERIMENTOS
Ante o exposto, tendo em vista que foram suspensos os efeitos do mencionado acórdão proferido no
RE nº 870.947/SE, pugna pelo acolhimento do presente recurso, com a reforma da sentença de piso,
a fim de que, quanto à correção monetária e aos juros de mora, seja aplicado o critério da
poupança, nos termos do art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação da Lei nº 11.960/2009.
Pede deferimento.
Procurador Federal
Assinado eletronicamente por: PABLO SALGADO ZENHA FERNANDEZ - 25/01/2019 09:55:25 Num. 19414471 - Pág. 8
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