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Portugal – dificuldades e crescimento económico

Portugal viveu durante o século XVIII da exportação de produtos coloniais:


 Açúcar
 Tabaco
 Especiarias

Em meados do século holandeses, ingleses e franceses começaram a produzir esses


produtos e a fazer concorrências aos produtos coloniais portugueses;
Fruto dessas concorrências e da aplicação das políticas mercantilistas

Desencadeou-se uma grave crise comercial em Portugal;

Entre 1670 e 1692 os produtos portugueses não eram vendidos e acumulavam-se nos
armazéns em Lisboa;
Fruto da concorrência e da diminuição da procura os preços baixavam
constantemente;
A perda de receita vai ocasionar um desequilíbrio na nossa balança comercial,
passamos a importar muito mais do que exportamos;
O país continuava muito dependente das importações de produtos manufaturados;

Os ministros de D. Pedro II, o marquês da Fronteira e, sobretudo, o conde da Ericeira


procuram:
 Desenvolver em Portugal uma política mercantilista
 Equilibrar a balança de pagamentos portuguesa;

Principais medidas tomadas pelo Conde de Ericeira:


 Contratação de artesãos estrangeiros especializados;
 Criação de indústrias:
o Vidro
o Ferro Subsídios e privilégios
o Têxteis
 Promulgou as Leis Pragmáticas que proibiam o uso de determinados produtos
de luxo importados, para proteger a indústria nacional;
 Criação de várias companhias monopolistas:
o Companhia do Cachéu (escravos);
o Companhia do Maranhão (comércio brasileiro)
 Desvalorizou a moeda nacional para tornar os produtos portugueses mais
competitivos internacionalmente.
A partir de 1692, a crise comercial parecia estar em vias de ser solucionada, os
produtos coloniais aumentaram as suas vendas, os preços subiram e as receitas do
Estado subiram;
Nessa altura descobre-se ouro no Brasil, fruto da ação dos bandeirantes;
Os bandeirantes foram expedições realizadas pelo interior do Brasil quase sempre por
iniciativa de particulares;

Esta descoberta vai disponibilizar dinheiro para o país pagar as importações e


abandonar as políticas mercantilistas;
Só na primeira metade do século XVIII, entraram em Portugal mais de 500 toneladas
de ouro;
Este ouro vai suportar o esplendor da corte de D. João V, ou seja o ouro é gasto em
luxos e para importar produtos manufaturados;

Em 1703, Portugal e a Inglaterra, assinam o Tratado de Methuen;


Estipula que os tecidos ingleses não pagarão impostos alfandegários, em troca os
vinhos portugueses pagariam na entrada em Inglaterra apenas dois terços dos direitos
exigidos aos vinhos franceses;
Este tratado foi responsabilizado pela destruição da industrialização portuguesa mas
na realidade apenas acelerou um processo que já estava a decorrer (abrandamento da
industrialização);
A Inglaterra apoiou a causa portuguesa na guerra da Restauração e os portugueses
pagavam à Inglaterra em benefícios económicos;

O Tratado de Methuen permitiu o crescimento das exportações dos nossos vinhos;


No entanto as nossas exportações ficaram totalmente dependentes do mercado
inglês.
 Representou o fim do esforço de industrialização;
 O défice comercial com a Inglaterra não parava de crescer;
 Cerca de três quartos do ouro que vinha do Brasil ia parar a Inglaterra;

 A política económica e social pombalina


Em meados do século XVIII, as remessas de ouro brasileiro começaram a diminuir, os
produtos coloniais baixam de preço e Portugal mergulha numa nova crise económica;
No reinado de D. José I, destaca-se a figura de um ministro, Marquês de Pombal.
Inicia-se uma política cujos objetivos fundamentais foram:
 A redução do défice comercial com o estrangeiro
 Nacionalização do sistema comercial português, que nesta altura estava em
mãos inglesas;

Inspirados pelas políticas mercantilistas procurou diminuir as importações e reativar a


indústria e comércio;
Em 1755 foi fundada a Junta do Comércio:
 Regular grande parte das atividades económicas
 Controlar as alfândegas
 Licenciar a abertura de novas lojas e atividades económicas
 Vigiar o comércio com o Brasil
 Criação companhias monopolistas com privilégios e apoios do Estado para
competir com os ingleses;
 Fundou a Companhia das Vinhas do Alto Douro;
 Revitalizou as indústrias existentes e fundou outras, concedendo privilégios,
isenções e outros apoios do estado;

Em 1759, em Lisboa, criou a Aula do Comércio, a primeira escola comercial da Europa,


que se destinava a preparar os futuros comerciantes;
Em 1770, o grande comércio foi declarado “profissão nobre, necessária e proveitosa”,
concedendo à alta burguesia acionistas das grandes companhias monopolistas o
estatuto de nobre;
Em 1768, terminou com a distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos ao
cristianismo) e cristãos-velhos;

No sentido de reforçar o absolutismo:


 Limitou o poder da Inquisição;
 Expulsou os jesuítas (Companhia de Jesus) que dominavam o ensino em
Portugal; Perseguiu alguns elementos da nobreza portuguesa;
 Apesar dos seus esforços o comércio externo português continuou a ser
dominado por estrangeiros no entanto conseguiu promover a burguesia
portuguesa.

Nos finais do século XVIII, como resultado das políticas pombalinas, Portugal conheceu
uma nova época de prosperidade ajudada pelo aumento da procura inglesa que tinha
perdido as colónias americanas e por isso os produtos coloniais viram o seu mercado
aumentar;
A indústria portuguesa também viu o seu mercado interno aumentar e sobretudo
subiram as exportações para o Brasil;
As guerras que a Inglaterra e a França se envolveram também contribuíram para um
desenvolvimento comercial português;
Entre 1796 e 1807, a balança comercial portuguesa foi positiva, no entanto esta
recuperação económica continuou a estar, em grande parte, dependente da procura
estrangeira.

A Europa nos séculos XVII e XVIII – sociedade, poder e dinâmicas coloniais

 Construção da modernidade europeia

O método experimental e o progresso no conhecimento do Homem e da Natureza Ao


longo dos séculos XVII e XVIII vão-se dar progressos nas ciências e no conhecimento
humano que vão mudar a forma como o Mundo era entendido;
A intervenção divina, ou do Diabo, ou mesmo a conjugação de determinados astros
era a explicação para determinados fenómenos físicos e naturais;
A Ciência assentava nos conhecimentos dos Antigos como Aristóteles, Ptolomeu, Santo
Agostinho e outros cujas afirmações eram consideradas inquestionáveis;
Durante o Renascimento nasceu o espírito crítico, embora limitado a um pequeno
grupo de intelectuais;
Os Descobrimentos trouxeram novos conhecimentos sobre o Mundo, as culturas,
fauna, flora e povos existentes;
Na Europa surgem associações científicas onde se organizam debates e conferências,
algumas tornam-se instituições nacionais;

Surge o gosto pela observação dos fenómenos naturais e físicos;


O conhecimento aumenta constantemente;
O progresso científico contribui para melhorar as condições da Humanidade;

Dá-se início a uma revolução científica;

 O mundo da ciência
No século XVIII as academias científicas tornam-se vulgares e aparecem em quase
todas as capitais europeias;
Os jornais e boletins científicos proliferam;
As Universidades criam laboratórios modernos; A
s ideias científicas discutem-se e divulgam-se com uma rapidez nunca antes vista na
História;
Surgem novos instrumentos científicos:
 Telescópico
 Microscópio
 Barómetro
 Termómetro
 Relógio de pêndulo

O gosto pela ciência populariza-se, e os debates e discussões científicas são divulgadas


para o público;
As razões divinas deixam de ser aceitas como explicações credíveis para os fenómenos
físicos e naturais;
A ciência subdivide-se em vários ramos do saber:
 Astronomia
 Química
 Física
 Biologia
 Medicina
O método experimental torna-se a única forma credível de procurar a verdade em
ciência;
 A Filosofia das Luzes.
o O Iluminismo

No século XVIII desenvolve-se a crença no valor da razão humana como motor do


progresso, primeiro aplicada às ciências e logo nas reflexões sobre o desenvolvimento
das sociedades humanas;
O uso da Razão conduziria ao aperfeiçoamento moral do Homem, das relações sociais
e das formas do poder político, promovendo a igualdade e a justiça;
Era a saídas das trevas, o século XVIII, por isso ficou conhecido como o século das
Luzes; Luzes ou Humanismo designa o conjunto das novas ideias que marcaram a
época;

Iluminismo – corrente filosófica que se desenvolveu na Europa durante o século XVIII e


que se caracterizou:
 Crítica à autoridade política e religiosa
 Afirmação da liberdade e pela confiança na razão e na ciência como meios de
atingir a felicidade humana;
Para os iluministas a humanidade devia ultrapassar as debilidades dos sistemas sociais
em vigor e caminhar no sentido do progresso e da felicidade,

As ideias iluministas nasceram no seio da burguesia e exprimem as aspirações dos


burgueses que, apesar de controlarem o comércio, as finanças, atualizarem as práticas
agrícolas e de promoverem a industrialização, estão afastados da vida política dos
Estados absolutos dominados pela nobreza;

Os iluministas propõem a ideia que todos os homens têm direitos e deveres que lhes
são conferidos pela Natureza;
Consideram o direito natural superior às leis dos estados;
Os iluministas determinam um conjunto básico de direitos inerentes à natureza
humana:
 Direito à liberdade;
 Direito a um julgamento justo;
 Direito à posse de bens;
 Direito à liberdade de consciência;

Os iluministas contrapõem aos interesses dos Estados o valor próprio do individuo


que, como ser humano, tinha o direito de ver respeitada a sua dignidade;
Deste direito natural decorre uma moral natural e racional, independentemente dos
preceitos religiosos.
Baseada na tolerância, na generosidade e no cumprimento dos deveres naturais e
deveria orientar os homens na busca da felicidade terrena;

 A defesa do contrato social e da separação dos poderes

A liberdade e igualdade defendidas pelos iluministas entravam em contradição com a


autoridade dos governos;
Para solucionar este problema Locke propôs a celebração de um contrato entre os
governantes e os governados;
O povo conferia ao governo os poderes para este governar;
Jean-Jacques Rousseau, não via a sociedade como um acordo entre iguais, mas como
um instrumento ao serviço dos mais ricos e poderosos, constituída para proteger os
interesses desses e não para benefício do povo;

Rousseau preocupou-se com o crescimento da desigualdade entre os homens e


relaciona-as com a origem do estado; Para ele os homens viveram num “estado
natural” em que todos eram livres e iguais, não existiam desigualdades de caracter
económico; Esta surgiram quando o Homem se sedentarizou e com a economia
produtora apareceu a propriedade privada que trouxe a divisão entre ricos e pobres;
As desigualdades deram origem à violência entre ricos e pobres, para se defenderem
os ricos constituíram o estado;

Na sua obra “O Contrato Social” (1762) defende a ideia que a soberania popular se
mantêm apesar da transferência de poder para o governo; É através do contrato social
que se encontraria a solução para resolver as desigualdades; Rousseau procurou
conciliar os princípios da liberdade individual e da igualdade com a existência de um
estado; Para ele só com a organização democrática do estado o homem adquire, em
troca da liberdade natural perdida, a liberdade política caracterizada pela participação
na votação de leis e pelo acatamento dessas mesmas leis;

Da votação, resultaria a vontade popular, expressa pela maioria; Rousseau prevê o


direito do povo à insurreição quando luta contra um estado opressor; A teoria do
contrato social veio promover o estatuto dos indivíduos na sociedade, de súbditos do
rei passavam a cidadãos com direitos e deveres; Montesquieu (1689-1755) formula a
teoria da divisão dos poderes: poder legislativo (formular leis); poder executivo
(executar essas leis) e poder judicial (julgar quem desrespeita as leis); Segundo
Montesquieu só a separação destes poderes garantia a liberdade dos cidadãos; Esta
ideia foi adotada em quase todas as constituições saídas das revoluções liberais;

Voltaire (1694-1788) aceitava o absolutismo de carácter iluminista; Ou seja o poder


absoluto do rei deveria ser usado para promover o progresso, Voltaire faia parte do
grupo da burguesia que pretendia certas garantias, nomeadamente o direito à
propriedade, mas não pretendia o poder político;

Humanitarismo e tolerância No século XVIII mantinha-se em prática, no direito pena,


de práticas contra a dignidade humana tais como a tortura, trabalhos forçados e
muitas práticas medievais; Muitos iluministas insurgiram-se contra este estado de
coisas, alguns chegaram a colocar em causa a pena de morte; Isto levou à difusão da
fraternidade humana e muitos países suavizaram a sua justiça; No século XIX, o
humanitarismo vai levar à abolição da escravatura nas democracias liberais;

Desenvolve-se o espírito de tolerância religiosa;


Surge a ideia de separar a Igreja e o Estado;
Surge o deísmo, a crença numa divindade mas a recusa das religiões organizadas;
Muitos iluministas permanecem ligados à Igreja mas todos se mostram contra a
intolerância, o fanatismo e a superstição;

 A difusão do pensamento das luzes


Os iluministas defendiam ideais que eram opostos à sociedade me que viviam, as suas
críticas à sociedade, ao absolutismo, à Igreja suscitaram, nos setores mais retrógradas
da sociedade críticas e perseguições;
Muitos iluministas foram perseguidos, exilados e presos.
Muitas das suas obras fizeram parte do Índex;

As ideias iluministas tornaram o centro da discussão intelectual da época, eram


discutidas em salões aristocráticos, cafés, clubes privados, etc.;
Influenciaram as Academias e tiveram eco na imprensa;
Apesar de vários percalços e perseguições o último volume da Enciclopédia foi
publicado em 1780;
Contribuiu para os avanços da ciência e da técnica e para a difusão das ideias
iluministas.

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