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DOC.

1 - A GESTÃO CIENTÍFICA DO TRABALHO

Tal como a concentração económica, a «gestão científica» [o termo só se tornou usual por
alturas de 1910] era filha da grande depressão. O seu fundador e apóstolo, F. W. Taylor,
começou a conceber as suas ideias em 1880, no quadro da indústria americana de aço então a
braços com problemas. Chegaram estas ideias à Europa provenientes do Ocidente durante os
anos de 1890. A pressão exercida sobre os lucros durante a depressão, bem como as
crescentes dimensões e complexidades das firmas, fizeram com que deixassem de ser
adequados os métodos tradicionais, empíricos ou práticos. Tornou-se, assim, necessário
recorrer a maneiras mais racionais ou «científicas» de controlar, conduzir e programar as
grandes empresas maximizadoras do lucro. O taylorismo concentrou imediatamente os seus
esforços na «gestão científica» que a opinião pública não tardou a identificar como uma
maneira de despedir operários. Este objetivo era visado por três principais métodos: 1)
isolando cada operário do seu grupo de trabalho e transferindo o controlo do processo de
trabalho […] para técnicos de gestão, que indicavam ao operário exatamente o que devia fazer
e a produção que devia obter em função de 2) uma sistemática fragmentação de cada
processo em elementos medidos em tempo […] e 3) sistemas vários de pagamento de salários
que dessem ao operário um incentivo para produzir mais. Tais sistemas de pagamento em
função do resultado expandiram-se amplamente mas, para finalidades práticas, o taylorismo,
no seu sentido literal, poucos ou nenhuns progresso tinha alcançado na Europa, antes de 1914
– ou mesmo nos EUA – e só se tornou familiar como slogan nos círculos gestionários durante
os últimos anos da guerra. […] Tornava-se, não obstante, claro que a transformação da
estrutura das grandes empresas, a partir de uma loja de rés do chão até chegar ao escritório e
à contabilidade, fez progressos substanciais entre 1880 e 1914. A «mão invisível» da moderna
organização e da melhor gestão substituía agora a «mão invisível» do mercado anónimo de
Adam Smith. Os diretores, os engenheiros e os contabilistas, começaram, assim, a
desempenhar o papel exercido pelos proprietários-gestores. A «empresa» […] substituiu o
indivíduo. Era agora muito mais provável que o homem de negócio típico, pelo menos o
grande homem de negócios, já não fosse um membro da família do fundador, mas antes um
diretor assalariado, e que o homem que o vigiava por cima dos ombros fosse um banqueiro ou
um detentor de ações e não um capitalista-gestor. E. J.

Hobsbawm, A Era do Império, Editorial Presença, Lisboa, 1987.

1. Identifique o criador da gestão racional e científica do trabalho.

O criador da gestão racional e científica do trabalho foi Frederick Taylor.

2. Enuncie os motivos que levaram à racionalização do trabalho e da administração das


empresas.

A racionalização do trabalho e da administração nas empresas ocorreu devido a vários


motivos. Em primeiro lugar, com este método diminuíram-se os custos de produção, que fez
com que os lucros fossem cada vez maiores: “empresas maximizadoras do lucro”. Em segundo
lugar, com uma evolução cada vez maior as empresas tinham também de inovar as suas
formas de produção e substituir os métodos e instrumentos antigos: “fizeram com que
deixassem de ser adequados os métodos tradicionais, empíricos ou práticos.”

3. Apresente as razões que, segundo o autor, fizeram deste modelo de gestão do


trabalho uma maneira de despedir operários.

Este modelo de gestão foi também uma forma de despedir operários. Em primeiro lugar, a
velocidade de produção deixou de ser controlada pelo operário e passou agora a ser
controlada pelas máquinas. Isto fez com que os trabalhadores que não fossem suficientemente
rápidos fossem despedidos. Em segundo lugar, visto que o trabalho era agora feito sobre a
forma de cadeia em que cada trabalhador fazia apenas uma tarefa eram necessários menos
trabalhadores.

DOC. 3 A EFICIÊNCIA DO TRABALHO NA FÁBRICA FORD

Ford tornou-se obcecado com a eficiência do trabalho. No final do século XIX, a determinação
de obter a máxima produção havia sido codificada por peritos como Frederick Winslow Taylor.
A sua doutrina da “gestão científica do trabalho” era a segunda natureza do jovem de
Michigan [Ford]. A sua irmã Margareth descreveu-o claramente: “Henry queria as coisas feitas
com a mínima perda de tempo e de energia. Se um trabalho pudesse ser feito de modo mais
simples era assim que devia ser feito”. […] A racionalização da fábrica de automóveis de
Highland diminuiu todos os esforços que até então haviam sido feitos neste campo. O primeiro
andar do edifício principal estava dividido em diferentes compartimentos, cada um focalizado
na produção de diferentes peças do chassi do modelo T, como os veios do motor, cambotas,
transmissões, eixos das rodas […]. O quarto andar produzia peças de metal dos componentes
do corpo do modelo T, como para-choques, radiadores, capotas e tanques de combustível […].
No terceiro andar, uns trabalhadores da Ford atarefadamente preparavam as rodas dos carros,
pneus, lâmpadas, enquanto outros pintavam e davam os últimos acabamentos ao carro. O
segundo piso, comportava uma grande variedade de atividades, incluindo a montagem do
corpo, uma área de stock de peças para reparações e o departamento de despacho. O
departamento experimental, a sala de projeto e o departamento de protótipos ficava em
frente do segundo piso e com acesso direto ao edifício da administração situado na frente de
todo o complexo. A cuidada organização de acordo com a função tinha por objetivo obter a
máxima eficiência da produção, e era alcançada por uma série de princípios ditados por Henry
Ford e os seus gestores. […]. A linha de produção, da montagem, do modelo T assentava no
seguinte processo: o esqueleto do chassi era colocado num suporte, e uma equipa de
trabalhadores, cada uma especializada numa tarefa determinada, acrescentava as diferentes
secções do carro. Fornecidas com os componentes necessários, estas equipas sucediam-se
umas às outras de modo sequencial, movendo-se de suporte em suporte, até que o automóvel
começasse a surgir. Quando as rodas estavam montadas no carro, este movia-se de posto em
posto até estar completo. Este sistema exigia uma entrega atempada das peças e uma cuidada
orquestração das equipas de montagem […].
Steven Watts, The People’s Tycoon – Henry Ford and the American Century, Vintage Books,
EUA, 2006, pp. 15, 138-139 [tradução adaptada].

1. Identifique os princípios de organização racional do trabalho adotados na fábrica Ford.

Foram adotados princípios de organização racional do trabalho nas fábricas Ford. Em primeiro
lugar, o fordismo tentou reduzir ainda mias os tempos de trabalho, fazendo com que os
trabalhadores produzissem cada vez mais num período menor de tempo. Em segundo lugar, a
disposição da fábrica Ford fazia com que cada trabalhador tivesse apenas uma zona de
trabalho, onde lhe chegavam as peças pela linha de montagem.

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