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O ponto de vista do treinador sobre o esquema tático mais adequado a ser utilizado na temporada
determinará a seleção dos atletas que serão convocados e o trabalho a ser desenvolvido pelos demais
membros da comissão técnica
Se, por exemplo, um técnico de futebol escolhe um esquema tático no qual haja necessidade
de os jogadores estarem constantemente se movimentando para criar espaços e para fazer
com que todo o time ataque ou defenda junto, o preparador físico necessitará montar um
esquema que priorize a resistência aeróbica. Outro treinador, que prefira conferir a seu time
grande eficácia nos contra-ataques, indicará ao preparador físico a necessidade de priorizar a
velocidade de deslocamento e a resistência anaeróbica. Para completar os exemplos, pode-se
citar o caso do técnico que deseja explorar ao máximo um único jogador talentoso. Assim,
deve-se conferir ao time resistência aeróbica para se manter em constantes deslocamentos e
força explosiva para efetuar passes fortes e precisos a distância.
Informações necessárias uma vez familiarizada com o esporte, a comissão técnica passa a reunir as
informações sobre os insumos com os quais poderá vir a contar para realizar o treinamento.
Para isso, deverá preencher uma folha de coleta de informações (Tabela 5.1), com os dados coligidos
a partir de um checklist, que deverá conter: ■Competições: junto aos órgãos diretivos do esporte
(federação, confederação etc.) e da entidade que conduz o treinamento devem-se obter dados sobre
as competições que ocorrerão na temporada. Em especial: • Data • Local • Condições geográficas
(clima, fuso horário, altitude etc.) • Regulamento da competição • Material que será utilizado •
Principais adversários • Aspectos logísticos (viagens, deslocamentos, hospedagem, alimentação etc.)
■Rol de atletas convocáveis: procurar reunir a maior quantidade possível de informações sobre os
atletas que estarão disponíveis para treinar, principalmente: • Características físicas, técnicas, táticas
e psicológicas • Atuações esportivas anteriores • Passado médico • Estado atual ■Insumos de
treinamento: nesse ponto, junto à entidade que conduz o treinamento, a comissão técnica deverá
procurar reunir as informações sobre os meios disponíveis para treinamento, tais como: • Locais
disponíveis • Recursos financeiros e materiais • Horários viáveis etc.
Cada item do checklist deverá ser anotado na primeira coluna da ficha de coleta de
informações. Na segunda coluna entrará a indicação de quem forneceu a informação
(confederação, federação, entidade, técnico etc.), para possibilitar verificação posterior. Em
seguida, na terceira coluna, lança-se a informação coletada propriamente dita e, na quarta
coluna, quaisquer informações pertinentes.
Decisões preliminares
De posse dessas informações, a comissão técnica estará apta a tomar decisões cruciais
para o planejamento do treinamento, como:
■De quais competições os atletas irão participar?
■Qual o grau de importância relativa entre elas (competição-alvo, de segundo, de terceiro
grau de importância etc.)?
■Quais atletas serão convocados?
■Quantas horas por dia e quantos dias por semana haverá treinamento?
■Quais serão os horários diários de treinamento?
Se estivermos treinando atletas profissionais ou atletas convocados para curtos
períodos de treinamento, será possível selecionar as horas de treino com base em critérios
puramente técnicos, mas se não for este o caso, deve-se procurar contato com os atletas,
verificando, por exemplo, os horários de estudo ou de trabalho, o tempo de deslocamento
entre os locais em que ocorrem os compromissos citados e o local de treinamento, além
de todas as demais influências externas sobre o processo de treino. Cada atleta deverá
apresentar distribuição semanal dos horários de suas obrigações e de outras atividades
fixas.
Terminado o levantamento das necessidades horárias diárias de cada atleta e o
cômputo de imposições, como sono, refeições etc., ter-se-á a materialização de “janelas”,
que serão os períodos de tempo disponíveis para treinamento.
Um treinamento de alto nível, visando a resultados internacionais, só será possível com uma
média de 6 a 7 h de treino por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano
Força Descontraçã
• Dinâmica • Total
• Estática • Diferencial
• Explosiva Velocidade
Resistência • Reação
• Aeróbica • Movimento
• Anaeróbica Equilíbrio
• Muscular localizada • Estático
Flexibilidade • Dinâmico
• Recuperad
Coordenaçã
Agilidade
A força explosiva participa de maneira tão importante nos esportes e apresenta especificidade
tal na metodologia de treinamento que é tratada como qualidade primária da forma física, e não
como derivada
■Resistência: é a qualidade física que possibilita ao corpo suportar um esforço de
determinada intensidade durante certo tempo. A resistência apresenta-se de três
maneiras:
•Resistência aeróbica: sua principal característica é apresentar intensidade pequena e
volume grande, ou seja, um longo tempo de execução da atividade; manifesta-se
globalmente no organismo
•Resistência anaeróbica: é aquela observada na realização de exercícios de alta
intensidade e, por consequência, de pequena duração; ocorre também de maneira
sistêmica
•Resistência muscular localizada (RML): observa-se em nível muscular ou de grupo
muscular e refere-se à capacidade deste grupo ou músculo de suportar repetidas
contrações
A flexibilidade mais utilizada nos esportes é a dinâmica, em que a amplitude obtida pelos
músculos motores é totalmente voluntária e executada de maneira rápida
■Flexibilidade: qualidade física expressa pela maior amplitude possível do
movimento voluntário de uma articulação ou combinação de articulações em um
determinado sentido, dentro dos limites morfológicos e sem provocar lesão
■Coordenação: capacidade de realizar movimentos de modo ótimo, com o máximo
de eficácia e economia de esforços. Mente e corpo propiciam a combinação motora
que tornará possível a realização de uma série de movimentos com o máximo de
eficiência e economia
■Descontração: qualidade física eminentemente neuromuscular, oriunda da
redução da tonicidade da musculatura esquelética. Apresenta-se sob duas maneiras:
•Descontração total: quando o relaxamento da musculatura esquelética acontece em
nível global
•Descontração diferencial: quando o relaxamento da musculatura ocorre durante o
movimento. Nesta situação pode-se observar o músculo agonista realizando um
trabalho, ao passo que o antagônico se encontra descontraído. Essa qualidade física é,
basicamente, fruto de conscientização motora
Conscientização motora
Consequência natural de um grande número de repetições do movimento em questão
Tabela 5.3 Divisão das qualidades físicas pelo contexto das preparações.
Preparação física
Uma vez familiarizado com o esporte com o qual vai trabalhar e sendo um perfeito
conhecedor das qualidades físicas, suas definições e seus conceitos, o preparador físico
consegue identificar com precisão quais as qualidades necessárias durante a realização
da atuação esportiva. Estará habilitado, também, a passar ao próximo passo, que consiste
na particularização destas qualidades intervenientes no esporte, especificando em que
segmento corporal elas irão se expressar. Para isso, deve observar a atuação esportiva.
Dessa maneira, por intermédio de minuciosa observação, repassando pacientemente os
pontos em que surgirem dúvidas, o treinador, dotado de uma folha de scout (Tabela 5.4),
deverá assinalar as qualidades físicas conforme forem sendo observadas.
É imprescindível que o treinador utilize todos os recursos disponíveis para observar a atuação
esportiva ao vivo, como a filmagem, que possibilita o congelamento da imagem e o retorno às
cenas a serem vistas quantas vezes for necessário
O preparador físico deverá se preocupar em identificar não somente a qualidade física
necessária à realização do gesto esportivo e em que segmento corporal ela se manifesta,
mas também o seu grau de importância na atuação esportiva, lançando na folha de scout:
XXX (imprescindível); XX (importante); X (secundária); ou 0 (não participa). Pela
conjugação dessas observações poder-se-á ter uma ideia do grau de importância relativa
das qualidades físicas na atuação esportiva. Em um estudo minucioso do scout realizado,
deve-se procurar ainda, em uma segunda fase, separar quais as qualidades que serão
trabalhadas diretamente pela preparação física e quais as que serão trabalhadas por outro
tipo de preparação. Desta maneira, pode estabelecer-se para cada qualidade um acurado
grau de importância em cada desempenho, definindo o percentual total de treinamento
que deverá ser dedicado a cada uma delas. É claro que, de acordo com a fase ou com o
período de treinamento, será enfatizado o treino de uma ou outra qualidade, mas, no geral,
as porcentagens serão aproximadamente as estabelecidas anteriormente.
Uma vez determinadas com precisão as qualidades físicas que serão intervenientes naquele
esporte, quais dessas serão treinadas na preparação física e em que proporção isso será feito,
passa-se para o estágio seguinte, determinando a localização da aplicação do treinamento, ou
seja, quais grupos musculares ou segmentos corporais serão trabalhados durante o treino. Se
o treino for para um atleta de salto em altura, por exemplo, haverá necessidade de se
incrementar a força explosiva nos membros inferiores. Por outro lado, se o treinamento for
para um atleta de arremesso de dardo, a força explosiva a ser treinada deverá ser a dos
membros superiores. Além disso, dependendo do tipo de movimento utilizado na atuação, a
qualidade física se localizará não mais no segmento corporal, mas no grupo muscular. Um
exemplo disto é o arremesso do disco, realizado em cima da força explosiva da musculatura
flexora do braço, o bíceps e o braquial. Já o arremesso do dardo é executado a partir da
contração da musculatura extensora do braço.
Para que o treinamento possa ser o mais específico possível, é imprescindível determinar a
localização exata do principal gesto esportivo no esporte considerado
Na Figura 5.1 são apresentados os grupos musculares principais e os movimentos que
eles produzem.
Durante o estudo detalhado de determinado esporte deve-se levar em conta suas
peculiaridades técnicas e táticas.
Visando a vitória, novos procedimentos estão sempre sendo testados, o que provoca
tanto a constante evolução da tática quanto o correto emprego das novas técnicas, sempre
levando em consideração os diversos tipos de oponente que se poderá encontrar.
Com esses dois fatores em mente deve-se planejar a preparação física, fazendo com que ela se
torne bem harmônica com a realidade encontrada na competição. Para isso é imprescindível um
íntimo contato entre o preparador físico e o treinador durante o planejamento da preparação física.
Nessa fase inicial, em que se estuda detalhadamente o esporte considerado, somente um técnico
atualizado pode alertar para as peculiaridades técnicas e para as facetas táticas daquela atuação.
Enfim, para todas as minúcias imprescindíveis ao perfeito conhecimento do esporte.
Dificilmente o preparador físico que não tenha conhecimento prévio ou que não tenha
praticado aquele esporte poderá aquilatar essas dificuldades, essas peculiaridades, sem o
auxílio do técnico. O perfeito conhecimento do esporte garantirá ao preparador físico a
base indispensável para que possa estruturar todo o seu trabalho. Havendo falhas nessa
fase inicial, todo o processo subsequente será comprometido. Se não forem determinadas
com muita precisão as qualidades físicas que vão intervir no esporte, em quais segmentos
corporais elas se expressarão e em que grupos musculares devem-se localizá-las (no caso
das integrantes da preparação neuromuscular), o treinamento já terá início de modo falho
por desrespeitar um dos princípios básicos do treinamento esportivo, o princípio da
especificidade (Capítulo 2, Princípios Científicos do Treinamento Esportivo).
Tabela 5.5 Alguns testes utilizados para a avaliação das qualidades físicas.
Agilidade Preparação –
técnica
Equilíbrio Preparação –
dinâmico técnica
Equilíbrio Preparação –
recuperado técnica
Um dos testes mais conhecidos para avaliação da resistência aeróbica é o teste de Cooper
Desde o início, os avaliados devem procurar manter velocidade homogênea por
intermédio da estabilização do ritmo da corrida.
Um erro comum a ser evitado no teste de Cooper é a velocidade excessiva no início da prova,
bem como a arrancada final realizada com o intuito de melhorar a marca a ser obtida, o que, na
realidade, irá distorcer a fidedignidade do teste
Mulheres
Homens
mℓkg–1·min–1
Esta unidade representa o fluxo de um gás (no caso, o oxigênio) que é absorvido pelo organismo por cada
quilograma de peso corporal em cada minuto
Tabela 5.7 Categorias de aptidão física a partir dos valores de V·O2 máx (mℓ·kg–1·min–1).
Mulheres
Fraca 24 a 30 20 a 27 17 a 23 15 a 20
Razoável 31 a 37 28 a 33 24 a 30 21 a 27
Boa 38 a 48 34 a 44 31 a 41 28 a 37
Homens
Fraca 25 a 33 23 a 30 20 a 26 18 a 24
Razoável 34 a 42 31 a 38 27 a 35 25 a 33
Boa 43 a 52 39 a 48 36 a 44 34 a 42
A avaliação da resistência muscular localizada deve ser realizada nos segmentos corporais que
interessam ao esporte em questão
■Abdominal (com o TRM1 – em 1 min): o atleta inicia o teste em decúbito dorsal,
com os joelhos flexionados, mantendo os pés afastados cerca de 30 cm um do
outro, apoiados e fixados no chão pelo avaliador com os calcanhares a uma
distância entre 30 e 46 cm dos glúteos. As mãos devem estar cruzadas atrás da
nuca. Com a força do abdome, o atleta elevará o tronco até que os cotovelos toquem
os joelhos. Retomará a posição inicial e repetirá o movimento continuamente.
Registra-se, então, a quantidade de repetições corretas realizadas em um minuto.
A Tabela 5.9 mostra os padrões de teste de abdominal em um minuto para mulheres
e homens
Decúbito dorsal
Postura do corpo de costas, apoiado em um plano horizontal
Mulheres
20 a 29 Acima de 37 27 a 37 16 a 26 7 a 15
30 a 39 Acima de 34 24 a 34 13 a 23 5 a 12
40 a 49 Acima de 31 21 a 31 10 a 20 4a9
50 a 59 Acima de 28 18 a 28 8 a 17 3a7
60 a 69 Acima de 19 13 a 19 6 a 12 2a5
Homens
20 a 29 Acima de 49 40 a 49 30 a 39 17 a 29
30 a 39 Acima de 39 31 a 39 22 a 30 14 a 21
40 a 49 Acima de 34 27 a 34 18 a 26 11 a 17
50 a 59 Acima de 29 24 a 29 15 a 23 8 a 14
60 a 69 Acima de 24 17 a 24 10 a 16 5a9
Tabela 5.9 Padrão de teste de abdominal em um minuto.
Mulheres
20 a 29 Acima de 39 35 a 39 30 a 34 26 a 29
30 a 39 Acima de 34 30 a 34 25 a 29 21 a 24
40 a 49 Acima de 29 25 a 29 20 a 24 16 a 19
50 a 59 Acima de 24 20 a 24 15 a 19 11 a 14
60 a 69 Acima de 19 15 a 19 10 a 14 6a9
Homens
20 a 29 Acima de 44 40 a 44 35 a 39 30 a 34
30 a 39 Acima de 36 32 a 36 27 a 31 22 a 26
40 a 49 Acima de 31 26 a 31 21 a 25 17 a 20
50 a 59 Acima de 28 23 a 28 17 a 22 12 a 16
60 a 69 Acima de 24 19 a 24 13 a 18 9 a 12
Qualquer teste deve ser adaptado para se aproximar o máximo possível do gesto esportivo, e
isso depende da experiência e da criatividade do preparador físico
A Tabela 5.10 apresenta valores do sargent jump test conduzido com atletas de nível
internacional.
Tabela 5.10 Resultados do sargent jump test com atletas de nível internacional (Chu, 1996)
Avaliação da flexibilidade
A única maneira de avaliar corretamente a flexibilidade é medindo, por meio de um
goniômetro, o arco articular máximo alcançado pelas principais articulações, por meio
de forçamento passivo.
No Laboratório de Biometria e Fisiologia do Esforço da UFRRJ avalia-se essa
qualidade física por intermédio da medida do arco articular máximo dos seguintes
movimentos:
■Ombro: pronação, retração, elevação da escápula
■Coluna: flexão anterior, flexão posterior
■Quadril: extensão, flexão, abdução
■Joelhos: flexão
■Tibiotársica: flexão plantar, flexão dorsal.
O Flexiteste é a melhor alternativa para a falta de um goniômetro ou de um flexômetro na
avaliação da flexibilidade
O teste de corrida de 50 metros, devido à sua alta exigência de força, necessita de aquecimento
prévio
Mulheres de 10 a 17 anos
Homens de 10 a 17 anos
TR = d × 0,0313
Figura 5.6 O objetivo do TTR é segurar uma barra metálica caindo, no mais curto
espaço de tempo.
Avaliação da agilidade
Será por meio do teste conhecido como shuttle run.
O teste shuttle run pode ser feito com bolas ou qualquer outro objeto fácil de segurar e carregar
■Finalidade. Avaliar a agilidade do indivíduo.
■Material necessário. Dois blocos de madeira (5 cm × 5 cm × 10 cm); cronômetro; espaço de
15 m, livre de obstáculos; folha de protocolo.
■Procedimento. Trazer para trás da linha de partida os dois blocos colocados após a linha de
referência.
■Providências prévias. Explicar ao avaliado todos os detalhes do teste, pois este apresenta certa
complexidade na execução.
■Execução. Fazer duas marcas no solo, separadas uma da outra por 9,14 metros (Figura 5.7).
A linha mais próxima do avaliado será a linha de partida e a outra, a linha de referência, depois
da qual os dois blocos serão colocados. O avaliado coloca-se em posição semiflexionada com
um afastamento anteroposterior das pernas (com o pé anterior o mais próximo possível da linha
de partida). Para iniciar o teste, o avaliador dará a voz de comando “Atenção! Já!”, acionando
concomitantemente o cronômetro. O avaliado, em ação simultânea, corre na sua maior
velocidade possível até os blocos, pega um deles, retorna ao ponto de onde partiu e o
deposita atrás da linha de partida. Sem interromper a corrida, ele volta em busca do segundo
bloco, procedendo do mesmo modo. O teste estará terminado e o cronômetro será parado
quando o avaliado colocar o segundo bloco no solo e ultrapassar, com pelo menos um dos pés,
a linha de partida. O bloco não deve ser jogado, mas colocado no solo. Sempre que houver
erros na execução, o teste será interrompido e repetido novamente.
Para comparação de resultados em dois momentos diferentes, faça o teste shuttle run no mesmo
local, com as mesmas demarcações e os mesmos objetos
Cada avaliado deverá realizar duas tentativas com intervalo mínimo de 2 min,
possibilitando a recomposição do sistema anaeróbico alático. O resultado será o melhor
tempo de percurso entre as duas tentativas.
■Precauções. As linhas demarcadas estão incluídas na distância de 9,14 m. O avaliado deverá
colocar, e não jogar, o bloco no solo, variando assim, a altura do seu centro de gravidade. O
cronômetro só é parado quando o segundo bloco e o primeiro pé ultrapassarem a linha de
partida. O avaliado deve ser instruído que o shuttle run é um teste máximo, devendo ser
realizado com todo o empenho possível.
Apesar de o esquilíbrio estático ser uma valência pouco utilizada em esportes, sua avaliação é
importante, pois pode, inclusive, sinalizar necessidade de atenção em outras áreas (médica,
psicológica)
Com conhecimento e bom senso é possível criar variações do teste de equilíbrio dinâmico que
se adaptem ao local de treinamento
Figura 5.9 Esquema de colocação dos implementos para o teste de caminhar sobre a
barra.
A meta a ser alcançada não pode ser entendida como um sonho irrealizável
Métodos polivalentes
Aqueles que trabalham mais de uma qualidade física por sessão de treino
Periodização
Métodos de treinamento
Volume e intensidade
Competições
Considerações táticas
Em cada um destes aspectos as linhas de ação serão hierarquizadas entre si, de acordo
com o julgamento que se faça sobre as qualidades de cada uma delas. Na realidade, em
um determinado aspecto, devido a limitações de tempo, insumos materiais ou recursos
humanos, todas as linhas de ação podem ser extremamente inconvenientes para se
alcançar o objetivo final. Mesmo assim, elas deverão ser hierarquizadas, ficando a menos
inconveniente como melhor linha de ação.
Neste caso, caberá a reavaliação do objetivo final estabelecido, para adequá-lo à
realidade do treinamento ou à busca de novos recursos, para que as metas possam ser
alcançadas.
Portanto, o processo de tomada de decisão servirá para avaliar a linha de ação mais
adequada, assim como possibilitar um teste prévio do sistema no tocante à adequação
entre os objetivos finais e os insumos disponíveis. Isto irá propiciar uma vultosa
economia de recursos em planos de treinamento que não teriam quaisquer chances de
sucesso, possibilitando sua utilização nos planos de treinamento exequíveis.
O objeto do treinamento é o ser humano, que, por mais de uma vez, deu provas de que é capaz
de superar todas as limitações materiais e previsões, para, em uma explosão de vontade, realizar
prodígios
Não se deve, no entanto, superestimar a importância desses processos, pois eles se
baseiam em critérios puramente pessoais e, portanto, estão sujeitos a serem distorcidos
pelas paixões humanas.
Como conclusão desse processo de tomada de decisão, será verificada a linha de ação
que foi vitoriosa no processo de comparação com as demais. Para isso, pode ser utilizado
o quadro da Tabela 5.13
Competição-alvo
Campanha anual
Regulamentos
Insumos
Como primeiro exemplo (Figura 5.10), vemos na primeira linha que o treinamento
da resistência anaeróbica alática (que necessita 16 microciclos) exige condicionamento
prévio de resistência aeróbica (10 microciclos) seguido do condicionamento
de resistência anaeróbica lática (7 microciclos). Pela linha indicada, constatamos essa
dependência e o tempo total necessário de 33 microciclos.
Como segundo exemplo (ainda na Figura 5.10), percebe-se que a resistência
anaeróbica alática (16 microciclos), diferentemente do primeiro exemplo, também pode
ser treinada diretamente após o condicionamento da resistência aeróbica (10
microciclos), ao seguirmos o segundo caminho da figura. Por esta opção de treinamento
(descendo da resistência aeróbica para a resistência anaeróbica alática), o tempo total
será de 26 microciclos, não 33 microciclos como no primeiro exemplo, que necessitou
do condicionamento de resistência anaeróbica láctica.
Como terceiro exemplo (Figura 5.11), consideremos o treinamento da força explosiva.
Vê-se que, como o caso anterior da resistência anaeróbica alática, poderemos treiná-la de
maneiras diferentes. Na primeira opção, iniciamos com o condicionamento prévio
da resistência muscular localizada (8 microciclos), seguida pelo treinamento da força
dinâmica (12 microciclos), passando pelo treino de velocidade de movimento (16
microciclos), e finalmente chegando à pretendida força explosiva (8 microciclos). No
gasto total de tempo, conforme indica a figura (ou somando-se o tempo necessário de
treinamento de cada qualidade física), teremos 44 microciclos.
Analisando o segundo caminho possível para o condicionamento da força explosiva,
iniciamos pela resistência muscular localizada (8 microciclos), passamos em seguida
pela força dinâmica (12 microciclos), chegando à força explosiva (8 microciclos). O
total de tempo por esse caminho é de 28 microciclos, conforme a figura ou a soma das
parcelas.
Pela Figura 5.11, vemos que existe outra maneira de treinar a força explosiva:
resistência muscular localizada (8 microciclos); velocidade de movimento (16
microciclos); e força explosiva (8 microciclos). Esse caminho demanda um total de 32
microciclos.
A Figura 5.12 apresenta as possibilidades de treinamento de flexibilidade.
Em todas as opções, é importante considerar o tempo de treinamento que o princípio
da continuidade (Capítulo 2, Princípios Científicos do Treinamento Esportivo) estabelece
como sendo o essencial para o desenvolvimento de cada qualidade física.
As opções de escolha das qualidades físicas intervenientes e da ordem mais adequada para seu
treinamento colocam a criatividade e o conhecimento do preparador físico em evidência
Se for preciso obter a qualidade e não somente aperfeiçoar uma já existente, podem-
se indicar como prazos médios de aquisição os seguintes:
■Flexibilidade – 16 microciclos
■Resistência muscular localizada – 8 microciclos
■Força dinâmica – 12 microciclos
■Resistência aeróbica – 10 microciclos
■Força estática – 8 microciclos
■Resistência anaeróbica – 7 microciclos
■Força explosiva – 8 microciclos
■Velocidade de movimento – 16 microciclos.
O maior problema para a realização do procedimento fisiologicamente ideal é o prazo
que ele demanda. Como vimos nos exemplos citados, a obtenção de força explosiva
demandaria 28 ou 32 microciclos, dependendo da escolha das qualidades físicas a serem
treinadas previamente.
Se o tempo não for suficiente, é mais adequado considerar que o atleta já tem as
qualidades físicas de base e passar diretamente para o treinamento das subsequentes, do
que treinar todas elas com um prazo inferior ao necessário.
Não havendo tempo hábil para treinar todas as qualidades físicas necessárias, aproveita-se o
período de competição para completar o treinamento
Manhã
Tarde
Noite
Tabela 5.16 Sugestão de proporção entre os tempos destinados a cada preparação em espo
Esportes coletivos
Tática – – 10%
O treino físico poderá esgotar o organismo do atleta, prejudicando sua atenção durante o treino
técnico-tático, caso este seja feito imediatamente após aquele
Power training
Pliometria
Pliometria
Exercícios cíclicos em que ocorrem alongamentos e encurtamentos, semelhantes ao movimento de mola,
sendo as aplicações mais conhecidas os saltos
Flexionamento – flexibilidade
Relaxamento – descontração
Hipoxi training R
No Capítulo 7, Treinamento Cardiopulmonar e no Capítulo 8, Treinamento
Neuromuscular, serão apresentados, detalhadamente, todos os métodos e processos de
preparação física.
Se a quantidade de horas disponíveis para a preparação física for suficiente para
abrigar as três sessões semanais que cada qualidade física necessita, serão escolhidos
métodos univalentes. Caso contrário, a opção será pelos métodos polivalentes (Tabela
5.18). No entanto, ainda que com insuficiência de tempo, as qualidades físicas
imprescindíveis devem ser trabalhadas por intermédio de métodos univalentes, sempre
que possível.
Resistência anaeróbica Força explosiva, força dinâmica, velocidade de movimento, flexibilidade, coo
Coordenação,agilidade.
A utilização dos mesmos métodos de treinamento e da mesma rotina de trabalho para todos os
atletas da equipe deve ser interrompida após a quantificação do treinamento de cada um, quando
a calibragem individual prevalecerá
3a feira 90% x=
4a feira 100% y=
5a feira 90% z=
6a feira 80% w
Sábado 60% k=
Domingo – –
Na 4a feira, por exemplo, o treinamento será feito com 85% de volume e 52% de
intensidade.
Se o objetivo for calcular a carga de trabalho para um microciclo da fase específica,
deve-se levar em conta que nesta fase, ao contrário da Básica, o volume fica fixo e igual
ao valor indicado pela curva e a intensidade varia proporcionalmente à variação da carga
do tipo de microciclo escolhido (Apêndice E, Matemática Aplicada à Preparação Física).
AUTOAVALIAÇÃO
5.1Qual a importância da familiarização da comissão técnica com o esporte?
5.2Quais informações devem ser coletadas pela comissão técnica no período de pré-
preparação?
5.3O que diferencia as qualidades físicas da forma física das pertencentes à categoria da
habilidade motora?
5.4Cite as qualidades físicas da forma física.
5.5Cite as qualidades físicas da habilidade motora.
5.6Qual o princípio básico para a determinação da prioridade que deve ser atribuída a cada
qualidade física interveniente no plano de treinamento?
5.7O que constitui o plano de treinamento?
5.8Quais as partes integrantes do plano de preparação física?
5.9O que são os métodos monásticos de preparação física? Quais são eles?
5.10E os ecléticos? Quais são eles?
Tabela 6.8 Atividades executadas ao longo do período de preparação.
Tipo de
preparação Fase básica Fase específica
Preparação geral
• Incorporação
• Ordinário
• Choque
Fase básica • Recuperação
Preparação específica
• Ordinário
• Choque
Fase específica • Recuperação
• Pré-competitivo
• Choque
• Competitivo
Período de competição • Recuperação
• Recuperação
Período de transição • Ordinário
Microciclo de incorporação
Tem como objetivo que o atleta passe, gradualmente, de uma situação de transição
para uma realidade de treino. Caracteriza-se por apresentar estímulos não muito fortes.
Sua estrutura está representada na Figura 6.8.
No Capítulo 1, Introdução à Preparação Física, já foi explanado como a carga de
trabalho diária será conjugada com os mesociclos e o macrociclo.
Microciclo ordinário
É o mais comumente encontrado no treinamento. Visa provocar as adaptações
orgânicas desejáveis, capazes de incrementar o nível de condicionamento do atleta.
Caracteriza-se por apresentar, na fase de estímulo, aplicação de cargas moderadas
homogêneas durante os seus 3 dias de duração, buscando obter o efeito de treinamento
pela sucessão acumulada de esforços (Figura 6.9).
Microciclo de choque
Este tipo de microciclo caracteriza o ápice da aplicação da carga em um mesociclo.
Este ápice pode ser de volume, se o mesociclo for da fase básica, ou de intensidade, no
caso de estar localizado na fase específica.
Por representar uma incrível sobrecarga para o atleta, só deve ser aplicado em perfeita
harmonia com a periodização, para encontrá-lo convenientemente preparado e
possibilitar que a carga utilizada harmonize-se com o nível de assimilação obtido.
O microciclo de choque divide-se em duas estruturas distintas: para utilização no
período de preparação (Figura 6.10) e para emprego no período de competição (Figura
6.11).
Microciclo de recuperação
É o microciclo no qual ocorre a restauração ampliada da homeostase do atleta e
quando ele acumula reservas para fazer frente às futuras exigências do treinamento.
Caracteriza-se por apresentar estímulos reduzidos e uma quantidade maior de dias de
repouso, possibilitando adequada recuperação metabólica ativa (Figura 6.12).
Microciclo pré-competitivo
Tem por objetivo fazer a transferência, em situação ideal, das valências obtidas com
o treinamento para as necessidades de desempenho da competição. Procura adaptar e
ambientar o atleta às condições climáticas, geográficas e horárias da competição e, por
isso, terá sua estrutura determinada pelo tipo da mesma.
Como sugestão, apresentam-se modelos de microciclo para serem utilizados em
competições curtas ou duradouras, embora se enfatize a preferência por formular uma
estrutura de microciclo baseada no modo da competição: microciclo pré-competitivo
para competição duradoura (Figura 6.13) e microciclo pré-competitivo para competição
curta (Figura 6.14).
Figura 6.13 Microciclo pré-competitivo para competição duradoura.
Microciclo competitivo
Não dispõe de estrutura predeterminada. O regulamento e o modo da competição é
que estipularão como serão ordenadas as atividades do ciclo.
A atuação esportiva passa a ter prioridade absoluta, e todas as ações serão realizadas
visando a eficácia máxima.
Mesociclo
É o elemento estrutural da periodização que possibilita a homogeneização do trabalho
executado.
O mesociclo não existe por modismo ou sofisticação desnecessária, mas sim para dar
a característica preponderante de um determinado período de treinamento. Assim, a fase
básica do período de preparação pode ser de três mesociclos voltados para o treino da
RML e de outro voltado para o desenvolvimento da força, por exemplo.
O mesociclo poderá caracterizar-se por:
■Parâmetro preponderante na aplicação da sobrecarga
•Mesociclo com preponderância no volume
•Mesociclo com preponderância na intensidade
■Qualidade física visada
•Como no exemplo apresentado, em que três mesociclos objetivaram o treinamento de
RML e um mesociclo de força
Por este motivo, o mesociclo terá de 21 a 35 dias em média (ou seja, três a cinco
microciclos), possibilitando a exploração da viabilidade de se melhorar o nível de
treinamento ao longo do tempo, pela aplicação correta da carga em todos os graus da
reação do organismo do atleta.
Assim, nos primeiros dias do mesociclo, quando ocorre a reação ativa, utilizam-se
dois microciclos ordinários; durante a estabilização, para evitar a estagnação do
treinamento, emprega-se um microciclo de choque, e, por fim, durante a reação residual,
um microciclo de recuperação.
Segundo Zakharov & Gomes (2003), existem sete tipos de
mesociclos: incorporação, básico, estabilizador, controle, pré-
competitivo, competitivo e recuperativo.
Mesociclo básico
É o empregado no miolo das fases básica e específica. Devem ser feitos, então, tantos
mesociclos básicos quantos forem possíveis. Visa propiciar a adaptação fisiológica do
organismo à carga aplicada.
Não dar importância aos mesociclos básicos exatamente por serem básicos, com maior ênfase
aos outros
Mesociclo de controle
É sempre colocado após o mesociclo estabilizador para indicar o grau de treinamento
alcançado e possibilitar a transferência do condicionamento obtido para o desempenho
competitivo.
Convém ressaltar que o primeiro microciclo de choque deve visar a passagem do
treinamento para níveis mais elevados de intensidade, ao passo que o segundo não será
tão utilizado com a finalidade de desenvolvimento, mas sim com a de controle. Para isso,
deve-se colocar o atleta ou a equipe para competir (Figura 6.20).
Os problemas detectados deverão ser prontamente atacados, de modo a não prejudicar
as atuações futuras esperadas.
Figura 6.20 Mesociclo de controle
Mesociclo pré-competitivo
É empregado antes de competições muito importantes e apenas para atletas de alta
qualificação. Procura, por intermédio da aplicação massiva de cargas importantes e
períodos relativamente amplos de recuperação, provocar uma quebra na razão de
crescimento do condicionamento do atleta, conduzindo-o a patamares mais elevados de
desempenho (Figura 6.21).
Atletas de nível competitivo mais baixo poderão fazer o mesociclo pré-competitivo,
porém sem realizar os dois choques juntos. Neste caso, a estrutura do mesociclo seria
dada pela da competição.
Figura 6.21 Mesociclo pré-competitivo.
Mesociclo competitivo
Não dispõe de estrutura preestabelecida, pois as exigências da periodização se
subordinam às necessidades de desempenho.
Mesociclo recuperativo
É utilizado no período de transição, visando propiciar a recuperação metabólica e
psicológica adequadas, por meio de uma recuperação ativa.
Especial atenção deve ser dada para não se provocar diminuição demasiadamente
acentuada da carga de treinamento utilizada, de maneira a não comprometer o grau de
preparação do atleta (Figura 6.22).
Sempre que houver necessidade de mexer no tamanho de um mesociclo, essa alteração ocorrerá
com o microciclo mais frequente nesse mesociclo
Ovulatório 10 a 12 12 a 14 13 a 15 14 a 16 17 a 19 6 a 7% Média
Pré-menstrual 19 a 22 23 a 26 25 a 28 27 a 30 32 a 36 7 a 8% Baixa