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Janeiro de 2018
Régis Tractenberg
1. Definição
a) Criar processos e materiais didáticos eficazes, isto é, que atinjam seus objetivos
pedagógicos.
b) Estes materiais e processos devem ser eficientes, consumindo o menor tempo possível.
O DI pode ser utilizado por qualquer pessoa que precise criar alguma forma de instrução. Sua
prática não está restrita aos designers instrucionais, profissionais especializados em todas as
etapas dessa metodologia. É essencial também a professores, coordenadores de cursos, gerentes
de projetos educacionais, editores, especialistas na produção de mídias, profissionais de RH,
dentre outros.
Existem muitas definições para o que seja aprendizagem, conforme a filosofia educacional ou a
teoria adotada. Em DI a aprendizagem costuma ser definida como “o processo pelo qual um
organismo muda seu comportamento em função de suas experiências”, ou ainda “o processo da
experiência sendo transformada em conhecimento”. São exemplos de aprendizagem: uma criança
que toma um choque na tomada e nunca mais coloca seu dedo lá; ou um jovem que viaja pelo
mundo, adquire novos conhecimentos e muda sua forma de pensar e agir perante povos de outras
culturas. No quadro a seguir, Romiszowski (1999) situa a instrução entre outras formas de
aprendizagem:
Sim Não
Por educação entendem-se todas as experiências criadas para que as pessoas aprendam. Isso
inclui a instrução, e as formas de aprendizagem em que não há objetivos claros e predefinidos.
As outras formas de aprendizagem também têm valor: estágios ou visitas a ambientes educativos
ampliam a cultura e favorecem a aprendizagem diversificada, que dificilmente poderia se dar em
contextos estruturados. A aprendizagem incidental (ou “informal” como tem sido chamada
atualmente), por sua vez, representa o modo pelo qual desenvolvemos novos conhecimentos em
boa parte da vida, isto é, sem qualquer planejamento ou intenção educativa, fora de contextos
especiais e sem materiais didáticos.
Todos os tipos de aprendizagem são importantes e precisam estar presentes na vida de uma
pessoa. Instrução é apenas uma categoria voltada a iniciativas focalizadas em objetivos bem
definidos, que seriam alcançados de modo mais difícil ou mais lento por meios não formais.
Por fim, o termo treinamento se refere a iniciativas para aquisição de competências para o
trabalho. Inclui todo tipo de instrução voltado ao uso de algum equipamento ou método
específico, ou ainda a determinada ocupação laboral. Também é utilizado para designar a
aprendizagem relacionada à prática psicomotora, principalmente em esportes e na aprendizagem
de atividades militares.
A instrução encontra-se no plano mais elementar do planejamento educacional e diz respeito aos
materiais didáticos (livros, apostilas, vídeos, tutoriais digitais), e às atividades educacionais
(palestras, aulas, cursos, módulos online etc.).
Neste curso, o TPDI, manteremos nosso foco de estudos no nível do planejamento instrucional e
usaremos a definição de Gellevij (2001):
Instrução é conseguir, por meio de um método, que um aprendiz, dentro de um sistema e sob
certas condições, alcance um objetivo de aprendizagem pré-definido.
Existem muitos modelos que representam as etapas do processo de DI. O modelo ADDIE é bem
simples e um dos mais utilizados. Sua sigla significa:
Analize (analisar)
Design (planejar)
Develop (desenvolver)
Implement (implementar)
Evaluate (avaliar)
2.1 Analisar
É muito importante para um designer instrucional saber que o desempenho insatisfatório nem
sempre se deve à falta de competências. Diversos outros fatores influenciam o desempenho
humano, tais como: baixa motivação, equipamentos de trabalho inadequados ou processos de
trabalho ineficientes e mal definidos.
É um erro comum das organizações criar cursos ou materiais didáticos na expectativa de resolver
problemas que não podem ser completamente atendidos por iniciativas de educação ou
treinamento. Em muitos casos, a solução exige ações integradas de treinamento e comunicação,
além de mudanças em práticas organizacionais.
Para resumir
Um exemplo:
O Colégio X caiu 23 posições na classificação geral do vestibular e a diretoria deseja melhorar esta
situação.
Problemas instrucionais:
a) após a saída de dois bons professores de Matemática e Física a qualidade do ensino nessas duas
disciplinas se tornou deficiente. Análise Combinatória e Termodinâmica foram os assuntos que
revelaram maior queda de desempenho perante as provas de vestibulares anteriores;
b) os alunos também mostram pouco interesse nos estudos, pois não compreendem como tudo
poderá lhes ser útil algum dia.
Considere o exemplo acima. Adiantaria mudar apenas os livros didáticos ou contratar novos
professores? Provavelmente não. Uma solução com chances de sucesso precisaria atender a vários
elementos: um designer instrucional poderia propor mudanças na didática de Matemática e Física;
um psicólogo poderia orientar melhor os alunos, permitindo-lhes dar mais sentido aos estudos;
finalmente a escola poderia estudar formas de aumentar os salários e encaminhar as propostas de
melhoria no currículo para atender, assim, às expectativas de seus professores.
Mesmo quando existe de fato um problema que pode ser atendido por meio de instrução, é
preciso que esta seja bem planejada. Outro erro comum é a implementação de medidas
desproporcionais ou inadequadas ao problema. Por exemplo: um curso online com 200 telas
animadas, que só podem ser acessadas diante do computador, pode ser uma solução pior que um
guia impresso de consulta rápida acessível durante o trabalho.
Por esse motivo é necessário analisar fatores como o contexto, as características dos aprendizes e
os objetivos de aprendizagem, no intuito de fundamentar decisões a respeito de uma solução
viável e com boas chances de sucesso.
A análise dos objetivos de aprendizagem que decompõe objetivos gerais em objetivos específicos
e subobjetivos, para permitir que sejam identificados os tipos de aprendizagem necessários para
se criar uma solução instrucional completa sem lacunas nem excessos no conteúdo.
2.2 Planejar
Nessa fase selecionam-se os mediadores (professores, tutores etc.), as mídias e as tecnologias que
melhor atendem à instrução em seu contexto.
2.3 Desenvolver
É comum fazer protótipos ou rascunhos dos produtos para fins de testes. Diversos modelos de DI
enfatizam a necessidade da “avaliação formativa”, isto é, a avaliação dos materiais e dos métodos
instrucionais ao longo de todas as etapas do desenvolvimento. Existem quatro métodos básicos
para a avaliação formativa: a revisão do planejamento, a validação pelos futuros alunos, a
validação por especialistas e a avaliação contínua durante a implementação (Smith e Ragan, 1999).
2.4 Implementar
2.5 Avaliar
Por fim, os resultados da instrução são analisados em sua efetividade em face dos objetivos
propostos inicialmente. Isso se chama “avaliação somativa”. Com tais resultados, os processos e os
materiais didáticos podem ser revisados e melhorados.
Referências:
Gellevij. M. (2001). Disciplina ´Principles of learning and instructional design´ Universidade de Twente, (não
publicado).
Romiszowski, A.J. (1999). Designing Instructional Systems: Decision making in course planning and
curriculum design. London: Kogan Page.
Smith, P.L., & Ragan, T.J. (1999). Instructional design. (2nd ed.). Toronto: John Wiley & Sons.