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ROCHA, Inês de Almeida. 'Serve teu Brasil com brio! Cumpre sempre teu dever!

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manuais escolares de música no Colégio Pedro II. In: IX Congresso Luso-Brasileiro de
História da Educação, 2012, Lisboa. Atas do IX Congresso Luso Brasileiro de História
da Educação. Lisboa: Guide Artes Gráficas, 2012. v. 1. p. 5805-5818.

‘SERVE TEU BRASIL COM BRIO! CUMPRE SEMPRE TEU


DEVER!’: manuais escolares de música no Colégio Pedro II

Inês de Almeida Rocha


Colégio Pedro II
ines.rocha2006@hotmail.com
Palavras Chave: Manuais Escolares de Música; Colégio Pedro II; Educação Musical

Durante alguns anos entrava para lecionar na Sala do Coral, local no qual
acontecem atualmente as aulas de Educação Musical, e lembrava-me dos livros velhos
guardados no armário encostado na parede do fundo. A rotina das aulas e outras
pesquisas adiaram o momento em que decidi debruçar-me sobre esse precioso material.
Empoeirados, depositados de forma desalinhada e embaralhada, empilhados nas
prateleiras de um antigo armário de madeira e vidro, encontrei os livros que passei a
folhear para conhecer um pouco mais a cerca das práticas de educação musical que eles
poderiam revelar. Esses livros são manuais escolares de música pertencentes ao acervo
de Educação Musical da Unidade Centro do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e
apresentam uma possibilidade ímpar de se conhecer um pouco mais sobre os saberes
musicais mobilizados nas práticas pedagógicas e musicais da arte dos sons nessa
instituição.
Esse texto é, portanto, uma primeira aproximação que faço no sentido de tecer
reflexões sobre esses livros guardados. Nessa abordagem inicial, objetivo analisar os
manuais de música, observando os processos de produção, de circulação e de recepção,
tal como nos propõe Roger Chartier (1988).
Ao analisar as fontes, observo diversos aspectos do conteúdo dos textos
impressos: os assuntos privilegiados; os elementos constitutivos da música; os
elementos de escrita musical e de cultura musical; seja de âmbito mais erudito como o
popular ou folclórico; as práticas musicais propostas e o repertório a ser praticado nas
aulas e atividades musicais. São importantes, também, os aspectos relacionados à
materialidade dos manuais escolares, pois possibilitam revelar e analisar as práticas
pedagógicas nas aulas de música, a formação dos professores de música e os usos desse
material, já que apresentam diversas marcas e apontamentos.
Sendo assim, o que importa, como recomenda Armando Petrucci (2003), é olhar
para a documentação escrita impondo-lhe uma série de problematizações, ou seja,
indagar sobre: quem escreve , quando escreve e de que lugar, com que técnicas, onde
redige, como, quem é o autor e quais os objetivos que o levam fazer uso da palavra
escrita e impressa. Assim, busco ampliar as possibilidades de compreensão dos usos e
práticas pedagógicas musicais relacionadas a essas fontes escritas.
O foco principal de análise são os manuais editados nas décadas de 1930 a 1950,
justamente por causa da importância que a Educação Musical no Brasil desempenhou
nesse período e pelos fortes indícios da participação do Colégio Pedro II como um dos
pólos que implantaram o Canto Orfeônico e contribuíram para a difusão da metodologia
proposta pelo compositor Heitor Villa-Lobos.

1
Assim, indago sobre que editoras publicaram esses livros, quem foram os
autores, em que cidade foram publicados, que indícios revelam da distribuição e das
escolas que utilizaram esses livros, que dispositivos editoriais apresentam que permitam
refletir sobre as práticas de leitura dessas obras.
Os discursos, as práticas e as representações, recorrendo a uma proposição de
Antonio Castilho Gómez (2003) também são objeto desta análise. Reflito, portanto,
sobre qual o conteúdo impresso, o que era valorizado pelos autores quanto a conteúdos
musicais e extra-musicais, que práticas musicais e pedagógicas permitem apreender,
como são utilizadas pelos autores imagens e representações, dentre outros aspectos.

Os livros guardados no armário da Sala do Coral

O acervo de Educação Musical da Unidade Centro é constituído de instrumentos


musicais, partituras, apostilas, discos, CDs, livros e armários para guarda do material.
Há, ainda, muitos papeis, diários de classe, modelos de provas, cópias de trabalhos
aplicados nas aulas, partituras, letras de músicas impressas, em fim, uma diversidade de
documentos sem catalogação e necessitando serem melhor selecionados e organizados.
Após muitas mudanças de salas, esse material constitui a memória das práticas
educativas às quais estão relacionadas.
Dentre tantas opções de materiais didáticos, os livros chamaram-me a atenção e
despertaram meu interesse inicial. Dentre os livros estão cancioneiros, hinários, livros
de cantos religiosos, de cantos pátrios, de cantos folclóricos, livros de solfejos e teoria
musical, livros de prosódia, programas de ensino secundário e superior e até a obra
emblemática que o compositor Heitor Villa-Lobos elaborou para ser utilizada nas aulas
de Canto Orfeônico, o Guia Prático: estudo folclórico musical, com arranjos para duas
ou mais vozes de temas folclóricos e pátrios.
Para a presente análise, selecionamos as obras publicadas entre 1930 e 1950,
mas é possível encontrar livros datados das décadas posteriores e sem data. Não foi
encontrado, entretanto, livros com data anterior às décadas de 1930, o que nos leva a
supor que esses livros pertenceram, ou foram guardados, pelos professores que
trabalharam a partir desse período. Como o critério temporal foi importante e
delimitado, não consideramos as publicações do acervo que não estavam datadas. Para
corroborar a hipótese de que esses livros pertenceram a professores que lecionaram no
Colégio Pedro II, alguns exemplares contêm assinatura ou dedicatória manuscrita para
Laura Dale Pinto que foi professora da Unidade Centro.
O quadro a seguir informa os livros do acervo analisados nesse texto:

Quadro 1: Relação de livros do Acervo de Educação Musical da Unidade Centro - Colégio


Pedro II (1930-1950)
AUTOR TÍTULO EDITORAÇÃO
ARICÓ JUNIOR, V Canto da Juventude V. 1. São Paulo, Rio de Janeiro:
Irmãos Vitale, 1953
ARRUDA, Yolanda de Quadros Elementos de Canto Orfeônico 2ª. ed. revista e ampliada. São
Paulo: Companhia Editora
Nacional, 1951
ARRUDA, Yolanda de Quadros Cantos Infantis: para uso das São Paulo: Companhia Editora
escolas normais Nacional, 1953
COMISSÃO Arquiocesana de Hosana: coleção de cantos Rio de Janeiro: Oficinas de
Música Sacra do Rio de Janeiro sacros Santa Cecília, 1948
FONSECA, Arnaldo Sodoma Noções de Prosódia Musical: Rio de Janeiro, [s.ed.], 1952
para uso dos Conservatórios de
Canto Orfeônico

2
INSTITUTO Nacional de Música para a Escola Elementar Rio de Janeiro: INEP, 1955
Estudos Pedagógicos
LACOMBE, Laura Jacobina; Vamos Cantar: teoria e canto São Paulo: Editora do Brasil,
BEVILACQUA, Octavio orfeônico segundo o programa 1951
oficial: segunda série – curso
ginasial
LIMA, Florêncio de Almeida A música e o canto orfeônico no Rio de Janeiro: Baptista de
curso secundário: 1ª. e 2ª. séries Souza & Cia, 1954
LIMA, Florêncio de Almeida A música e o canto orfeônico no Rio de Janeiro: Baptista de
curso secundário: 3ª. e 4ª. séries Souza & Cia, 1954
MASSON, Agnes Leckie; God’s Wonderful World: a New York: The American
OHANIAN, Phyllis Brown unique and joyous songbook for Library World Literature, 1954
children: for home, kindergarten
and Sunday school use
SIQUEIRA, José Música para Juventude: segunda Rio de Janeiro: Companhia
série Editora Americana, 1953
SIQUEIRA, José Música para Juventude: segunda 2ª. ed. Rio de Janeiro:
série Companhia Editora Americana,
1954
SIQUEIRA, José Música para Juventude: terceira Rio de Janeiro: [s. ed.], 1953
série
SIQUEIRA, José Música para Juventude: quarta Rio de Janeiro: [s. ed.], 1953
série
SIQUEIRA, José Música para Juventude: primeira Rio de Janeiro: Companhia
série Editora Americana, 1954
RIBEIRO, Dora Pinto da Costa Coletânea de Brinquedos V. 1. Rio de Janeiro: Escola
Cantados Nacional de Educação Física e
Desportos da Universidade do
Brasil, 1955
RIBEIRO, Dora Pinto da Costa Coletânea de Brinquedos V. 2. Rio de Janeiro: Escola
Cantados Nacional de Educação Física e
Desportos da Universidade do
Brasil, 1955
UNIVERSIDADE do Brasil – Programa de Ensino e Exames: Rio de Janeiro: Imprensa
Instituto Nacional de Música aprovados pelo Conselho em Nacional, 1930
sessão de 28 de junho de 1926
UNIVERSIDADE do Brasil – Revista Brasileira de Música V. IX, 1943
Escola Nacional de Música
UNIVERSIDADE do Brasil - Programa de Piano: cursos de Rio de Janeiro: Universidade do
Escola Nacional de Música formação de professores, Brasil, 1952
formação profissional,
aperfeiçoamento, pós-graduação
VILLA-LOBOS, Heitor Solfejos: originais e sobre temas V. 1. São Paulo: Mangione,
de cantigas populares para 1940
ensino de canto orfeônico:
adotado nos cursos do serviço de
educação musical e artística da
prefeitura do Distrito Federal e
no Ex-ternato Pedro II
VILLA-LOBOS, Heitor Guia Prático: estudo folclórico V. 1. São Paulo, Rio de Janeiro:
musical Irmãos Vitale, 1941

Os livros foram editados por 12 diferentes empresas situadas em três cidades,


sendo uma mostra da centralização de editoras polarizadas entre as cidades do Rio de
Janeiro e de São Paulo, considerando os livros guardados no colégio.

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Quadro 2: Relação de Editoras
EDITORAS QUANTIDADE
Irmãos Vitale (SP/RJ) 2
Companhia Editora Nacional (SP) 2
Oficinas de Santa Cecília (RJ) 1
INEP (RJ) 1
Editora do Brasil (SP) 1
Baptista de Souza & Cia (RJ) 2
Companhia Editora Americana (RJ) 5
American Library World Literature (NY) 1
Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do Brasil (RJ) 2
Imprensa Nacional (RJ) 1
Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil (RJ) 2
Mangione (SP) 1
s. ed. (RJ) 1

Apenas duas editoras, Irmãos Vitale e Mangione, eram editoras exclusivamente


de música e as demais editoras trabalhavam com publicações relacionadas com a
Educação e outras áreas, ou seja, apesar de uma demanda criada pelo projeto de canto
orfeônico para a impressão de partituras, o acervo apresenta mais livros editados por
empresas que atendiam ao mercado editorial para a área de Educação em geral que
propriamente as editoras específicas da área de Música. Não se trata de uma
generalização, mas uma constatação do que foi encontrado dentre os livros conservados.
Apesar da polarização entre as duas principais cidades do país no período.
observa-se no quadro abaixo, entretanto, que a grande maioria das editoras, 17 dentre as
22, estavam concentradas no Rio de Janeiro.

Quadro 3: Relação de cidades de origem das Editoras


CIDADES DAS EDITORAS QUANTIDADE
Rio de Janeiro 15
São Paulo 4
São Paulo, Rio de Janeiro 2
New York 1
Se considerarmos que esse acervo pode ser representativo de um universo
editorial de maiores proporções, podemos inferir que essas duas cidades eram as
principais localidades produtoras de livros destinados às escolas, professores e alunos
de canto orfeônico. Por outro lado, o acervo demonstra pouca circulação de publicações
de outros locais, com uma única exceção para o livro publicado em Nova York, Estados
Unidos da América.
Para se ter uma noção da distribuição temporal das edições, o quadro 4 apresenta
o quantitativo de livros pelos anos de publicação.

Quadro 4: Anos das publicações


ANO DE PUBLICAÇÃO QUANTIDADE
1930 1
1940 1
1941 1
1943 1
1948 1
1951 2
1952 2
1953 5
1954 5
1955 3

4
Se foi conservado apenas um livro datado na década de 1930, o quantitativo
cresce para 4 livros na década de 1940 e para 17 na década de 1950. O maior número
de obras nessa última década pode indicar uma consolidação do mercado voltado para o
canto orfeônico, mas também pode ser uma marca do processo de aquisição e
conservação de livros que as professoras que trabalharam no colégio adotaram.
Apesar de 7 publicações de autoria institucional (Universidade do Brasil e o
Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, Comissão Arquidiocesana de Música Sacra
do Rio de Janeiro), os autores dos livros do acervo são de músicos e professores de
canto orfeônico. Na publicação de Dora Pinto da Costa, muito embora ela exercesse a
profissão de professora de Educação Física, há a colaboração de diversas professoras de
músicas e compositoras, como a compositora Cacilda Borges Barbosa. A presença
feminina se faz notar não apenas como autoras principais das obras, mas também como
autoras de letras de músicas nos cancioneiros, compositoras das músicas, colaboradoras
e autoras de artigos em revista.

Quadro 5: Autores das publicações


AUTORES QUANTIDADE
ARICÓ JUNIOR, V. 1
ARRUDA, Yolanda de Quadros 2
COMISSÃO Arquidiocesana de Música Sacra do Rio de Janeiro 1
FONSECA, Arnaldo Sodoma 1
INSTITUTO Nacional de Estudos Pedagógicos 1
LACOMBE, Laura Jacobina; BEVILACQUA, Octavio. 1
LIMA, Florêncio de Almeida 2
MASSON, Agnes Leckie; OHANIAN, Phyllis Brown 1
SIQUEIRA, José 5
RIBEIRO, Dora Pinto da Costa 2
UNIVERSIDADE do Brasil – Instituto Nacional de Música. 1
UNIVERSIDADE do Brasil – Escola Nacional de Música 2
UNIVERSIDADE do Brasil – Escola Nacional de Educação Física e Desportos 2
VILLA-LOBOS, Heitor 2

Vicente Aricó Junior, escreveu diversas publicações para canto orfeônico, teoria
musical, músicas para piano e o método de solfejo Bona, que foi amplamente utilizado e
ainda encontrado à venda no mercado editorial de música. A publicação mais
conhecida de Yolanda de Quadro Arruda foi o livro que consta no acervo estudado com
temática relacionada ao canto orfeônico, sendo ainda encontrada no mercado à venda a
23ª. edição do livro Elementos de Canto Orfeônico, comprovando sua ampla circulação.
Arnaldo Sodoma da Fonseca foi professor de Prosódia no Conservatório de Canto
Orfeônico, tendo trabalhado na equipe de Villa-Lobos nessa instituição. Laura Jacobina
Lacombe também desenvolveu trabalhos na área de educação e educação musical.
Octavio Bevilacqua, Florêncio de Almeida Lima, José Siqueira e Heitor Villa-Lobos,
além de compositores foram fundadores da Academia Brasileira de Música, criada por
esse último em 14 de julho de 1945. Os autores, além da atividade de publicação
desenvolveram outros trabalhos relevantes como músicos e professores.
Os títulos das publicações utilizam palavras que indicam o conteúdo da obra e o
público para o qual se destinava a publicação. Nesse sentido são recorrentes palavras
que fazem referência ao canto, à música, à escola, à juventude e ao canto orfeônico.
Os títulos desses livros podem ser compreendidos como mais uma estratégia
editorial visando uma circulação dessas publicações em determinados espaços,
instituições e a identificação de um público específico: escolas, conservatórios,
professores, alunos e demais profissionais relacionados ao projeto do Canto Orfeônico.

5
Os segmentos escolares também são destacados, tais como, escola normal, escola
elementar, curso ginasial, curso secundário, primeira série, curso de formação de
professores, aperfeiçoamento e pós-graduação. Um colégio, entretanto, é destacado, o
Externato Pedro II, atual Colégio Pedro II, que durante muito tempo foi referência para
os programas escolares de todo o país.

Quadro 6: Títulos das publicações


Canto da Juventude
Elementos de Canto Orfeônico
Cantos Infantis: para uso das escolas normais
Hosana: coleção de cantos sacros
Noções de Prosódia Musical: para uso dos Conservatórios de Canto Orfeônico
Música para a Escola Elementar
Vamos Cantar: teoria e canto orfeônico segundo o programa oficial: segunda série – curso ginasial
A música e o canto orfeônico no curso secundário: 1ª. e 2ª. séries
A música e o canto orfeônico no curso secundário: 3ª. e 4ª. séries
God’s Wonderful World: a unique and joyous songbook for children: for home, kindergarten and
Sunday school use
Música para Juventude: primeira série
Música para Juventude: segunda série
Música para Juventude: terceira série
Música para Juventude: quarta série
Coletânea de Brinquedos Cantados
Programa de Ensino e Exames: aprovados pelo Conselho em sessão de 28 de junho de 1926
Revista Brasileira de Música
Programa de Piano: cursos de formação de professores, formação profissional, aperfeiçoamento, pós-
graduação
Solfejos: originais e sobre temas de cantigas populares para ensino de canto orfeônico adotado nos
cursos do serviço de educação musical e artística da prefeitura do Distrito Federal e no Ex-ternato Pedro
II
Guia Prático: estudo folclórico musical

A recepção e o uso dessas publicações são muito mais difíceis de identificar. O


fato de esses livros terem sido encontrados em um armário na sala junto com outros
materiais pedagógicos utilizados pelos professores de música da Unidade Centro do
Colégio Pedro II, já é um indício de que guardar esses livros teve importância para
algumas pessoas, seja para utilização em aulas, durante o processo de formação ou
aperfeiçoamento profissional. Uma forma de conhecer melhor essas publicações e seus
usos é analisar a materialidade das obras, pois há que considerar que:

não existe nenhum texto fora do suporte que o dá a ler, que não há
compreensão de um escrito, qualquer que ele seja, que não dependa
das formas através das quais ele chega ao seu leitor (CHARTIER,
1988, p. 127; 1994, p.45).

Sendo assim, as estratégias que os autores e editores utilizam nos livros podem
revelar as intenções de uso e as práticas de leitura implícitas. O significado que um
leitor estabelece por meio da leitura, não se restringe às intenções do autor do texto.
Para se estabelecer significados de textos, há que estar inserido em um conjunto de
relações que envolvem o texto escrito pelo autor, as estratégias do editor e a ação
criativa empreendida pelo leitor. Um mesmo texto pode ser apreendido de diferentes
formas dependendo dessa ação criativa e de como o leitor se relaciona com os
elementos utilizados pelo autor e pelo editor. Em resumo, há que se considerar o texto,

6
as diferentes características do objeto que serve de suporte para o texto e as práticas de
leitura e escrita que se fazem dele (CHARTIER, 1994, p. 41-45).
Assim, observo que os livros do acervo, apesar de apresentarem marcas do
tempo, como páginas com colorido envelhecido, poeira acumulada, pequenas
perfurações causadas por insetos, não trazem muitos indícios de uso. Os livros estão em
excelentes condições de conservação, o que poderia indicar um bom cuidado com o
manuseio e a conservação, mas a impressão é de que, a maioria deles, foi guardada no
armário e tiveram pouca utilização. Há, entretanto, algumas exceções que podem ser
bem significativas. É o caso do livro Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos que apresenta
dobras na lateral, a costura das páginas não está muito firme, e há espaço entre as folhas
na parte central indicando que o livro foi muito manuseado. Há também anotações à
lápis, com indicações de instrumentos de percussão para acompanhar um determinado
arranjo, como no caso da música Na Baia Tem, que no início da partitura está escrito a
palavra chocalho e no compasso 7 há a inscrição indicando o uso de clavas. Outro tipo
de anotação que essa obra apresenta é um círculo à lápis na numeração de algumas
músicas. Pode-se inferir que essas músicas foram cantadas ou estudadas pelo usuário
do livro.

Por uma tipologia para as publicações

Com a intenção estabelecer uma tipologia dos livros do acervo, identifiquei


características em comum a algumas obras. Assim podemos observar no quadro abaixo
o quantitativo de cada tipologia:

Quadro 7: Tipologia dos livros do acervo


TIPOLOGIA QUANTIDADE
Manuais para Canto Orfeônico 11
Cancioneiros 5
Livros para Professores 4
Hinários 2

Não causa estranhamento o maior quantitativo de manuais escolares para canto


orfeônico, pois o período analisado é justamente o período no qual o projeto de Villa-
Lobos foi implantado no país. De fato, a música nas escolas viveu nesse período uma
grande efervescência nunca antes alcançada cumprindo, politicamente, a função de
propagar um modelo e valores educacionais que ganharam destaque a partir da década
de 1930, e que não foi esquecido por aqueles que viveram este período, seja como
alunos ou como professores.
Para Villa-Lobos, nenhuma outra arte exerce, sobre as camadas populares,
influência tão poderosa como a música e, em seu projeto, ela deveria concorrer para o
levantamento do nível artístico e da Independência da Arte no Brasil (VILLA-LOBOS,
1937, p. 10). Sua crença no poder da música para a construção de um país melhor, de
uma juventude melhor era um fio condutor em seus discursos. Como seu projeto esteve
baseado no canto coletivo, principalmente o canto a cappella, os cancioneiros tiveram
grande importância para subsidiar o trabalho dos professores de música, que
consultavam essas obras em busca de repertório para ser trabalhado com seus alunos.
Em menor número, encontramos os livros que continham algum tipo de
informação específica para professores, seja em sua formação inicial ou continuada.
Por fim, foram encontrados dois livros com hinos religiosos. Esse pequeno número de
obras com canções e textos da religião católica indicam uma circulação desse

7
pensamento na escola, contudo, acredito que esses livros não eram utilizados nas aulas e
sim faziam parte do acervo de algum professor, uma vez que o Colégio Pedro II é uma
escola laica desde a sua fundação.
Vejamos, então, cada um desses grupos.

Quadro 8: Cancioneiros

ARICÓ JUNIOR, V. Canto da Juventude V. 1. São Paulo, Rio de Janeiro:


Irmãos Vitale, 1953
ARRUDA, Yolanda de Quadros Cantos Infantis: para uso das São Paulo: Companhia Editora
escolas normais Nacional, 1953
RIBEIRO, Dora Pinto da Costa Coletânea de Brinquedos V. 1. Rio de Janeiro: Escola
Cantados Nacional de Educação Física e
Desportos da Universidade do
Brasil, 1955.
RIBEIRO, Dora Pinto da Costa Coletânea de Brinquedos V. 2. Rio de Janeiro: Escola
Cantados Nacional de Educação Física e
Desportos da Universidade do
Brasil, 1955.
VILLA-LOBOS, Heitor Guia Prático: estudo folclórico V. 1. São Paulo, Rio de Janeiro:
musical Irmãos Vitale, 1941

Os cancioneiros são livros de coletâneas de canções com letras das músicas,


autores e partituras. Alguns cancioneiros apresentam versões para apenas uma voz, em
outras há músicas para uma, duas, três ou quatro vozes. É muito comum, também, os
arranjos para vozes iguais.
Os ritmos, intervalos melódicos, formas musicais e diversos elementos
encontrados nas músicas de matriz da cultura popular brasileira, utilizados pelos
compositores dessas obras, e em especial, no Guia Prático, de Heitor Villa-Lobos, são
evidências de como o nacionalismo musical se caracterizou nas canções e em outras
composições dos músicos desse período de das práticas musicais escolares sonorizadas
por essas canções. Já em uma primeira vista dos exemplares é fácil perceber diversos
elementos que marcam a forte presença do pensamento nacionalista que embasou o
projeto do Canto Orfeônico idealizado pelo compositor e que, amparado pelo governo
do presidente Getúlio Vargas, objetivou levar o ensino de música para todas as escolas
do Brasil. Nas capas dos livros é possível encontrar imagens da bandeira brasileira,
barras de cor verde e amarelo, mapa do Brasil e trecho da partitura do Hino Nacional
Brasileiro.

Quadro 9: Manuais para Canto Orfeônico


ARRUDA, Yolanda de Elementos de Canto Orfeônico 2ª. ed. revista e ampliada.
Quadros São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1951
INSTITUTO Nacional de Música para a Escola Elementar Rio de Janeiro: INEP, 1955
Estudos Pedagógicos
LACOMBE, Laura Vamos Cantar: teoria e canto orfeônico São Paulo: Editora do
Jacobina; BEVILACQUA, segundo o programa oficial: segunda série – Brasil, 1951.
Octavio. curso ginasial.
LIMA, Florêncio de A música e o canto orfeônico no curso Rio de Janeiro: Baptista de
Almeida secundário: 1ª. e 2ª. séries. Souza & Cia, 1954.
LIMA, Florêncio de A música e o canto orfeônico no curso Rio de Janeiro: Baptista de
Almeida secundário: 3ª. e 4ª. séries. Souza & Cia, 1954.
SIQUEIRA, José Música para Juventude: segunda série. Rio de Janeiro: Companhia
Editora Americana, 1953
SIQUEIRA, José Música para Juventude: segunda série. 2ª. ed. Rio de Janeiro:

8
Companhia Editora
Americana, 1954
SIQUEIRA, José Música para Juventude: terceira série. Rio de Janeiro: [s. ed.],
1953
SIQUEIRA, José Música para Juventude: quarta série. Rio de Janeiro: [s. ed.],
1953
SIQUEIRA, José Música para Juventude: primeira série. Rio de Janeiro: Companhia
Editora Americana, 1954
VILLA-LOBOS, Heitor Solfejos: originais e sobre temas de cantigas V. 1. São Paulo: Mangione,
populares para ensino de canto orfeônico: 1940
adotado nos cursos do serviço de educação
musical e artística da prefeitura do Distrito
Federal e no Ex-ternato Pedro II

Esses livros foram redigidos e publicados objetivando sua utilização pelos


professores e alunos nas aulas de Canto Orfeônico, ou seja, a partir do projeto que
instituiu sua obrigatoriedade.
Heitor Villa-Lobos, compositor carioca, apresentou em 1930 um projeto de
Educação Musical à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, com o apoio do
interventor federal João Alberto (FUKS, 1991, p. 102). A prática do canto orfeônico, já
era encontrada nas escolas paulistas, com iniciativas de Fabiano Lozano e João Batista
Julião (FUKS, 1991, p. 100), porém, no Rio de Janeiro, Villa-Lobos desenvolveu
através do Serviço de Educação Musical e Artística (SEMA), criado por Anísio Teixeira
no Departamento de Educação da Prefeitura do Distrito Federal. O projeto teve apoio
do próprio presidente Getúlio Vargas, que utilizou o Departamento de Imprensa e
Propaganda para oferecer sustentação às iniciativas do compositor (HORTA, 1994, p.
187). Percebe-se um grande número de ações que ficou conhecido como o movimento
do Canto Orfeônico no qual incluíram, em proporções nunca antes vistas no país na área
de educação musical, ações para a formação de professores, aprovação de uma
legislação de obrigatoriedade do canto orfeônico nas escolas, publicações de livros,
boletins, partituras, e diversos outros impressos e a organização de grandes
concentrações de crianças e professores cantando hinos e canções em cerimônias cívicas
(SANTOS, 1996, p. 1-2). Apesar de certo caráter de pioneirismo que o projeto do
Canto Orfeônico de Villa-Lobos simbolizou, esse tipo de canto coletivo, associando
nacionalismo de cunho disciplinador já era encontrado nas práticas musicais das escolas
brasileiras. É o caso das atividades desenvolvidas por João Gomes Júnior, que, já em
1912, reformulou o ensino de música nas escolas de São Paulo, adotando, inclusive o
manossolfa, canto guiado pelas mãos de um condutor, nas práticas escolares (FUKS,
1991, p. 100).
Uma importante característica observada nos manuais de canto orfeônico é a
alternância de textos teóricos, definindo e exemplificando algum conceito musical ou
elemento de escrita musical, com partituras para o canto a cappella. É o caso do livro
de autoria de Laura Jacobina Lacombe e Octavio Bevilacqua, Vamos cantar: teoria e
canto orfeônico.
Outro tipo inclui questionários a serem aplicados aos alunos com perguntas
solicitando definição dos conceitos trabalhados. As questões encontradas não exigiam
muito do aluno além de repetição do texto do livro, seguindo uma sequência linar do
que já havia sido lido pelo aluno. O livro de José Siqueira, Música para a Juventude,
em quatro volumes, atende a esse tipo de organização. Os conteúdos dessa publicação
tem um aprofundamento e é amplo em informações sobre todos os temas abordados:
teoria musical, solfejo, biografia de autores de hinos oficiais, biografias de compositores
brasileiros, folclore musical brasileiro, instrumentos musicais, física do som, acústica,

9
contraponto, harmonia, estética, história da música. Apesar desse caráter muito
conteudista, ou seja, prioriza a memorização de informações, há diversos exercícios de
leitura rítmica e melódica e apreciação musical de obras de compositores consagrados
no repertório de música erudita.
Encontra-se, também, indicações para os professores, atendendo, provavelmente,
a uma demanda pela formação desse professorado, já que muitos deles haviam sido
habilitados para o magistério em cursos de curta duração (FUKS, 1991, p. 113). O livro
Música para a Escola Elementar, publicação do INEP (Instituto Nacional de Estudos
Pedagógicos), é um exemplo com seção mais direcionada para os professores, contendo
dados sobre a legislação que regia projeto de canto orfeônico na década de 1940.
Sabe-se que, além de livros editados para o trabalho dos professores e alunos de
canto orfeônico, existiram outras publicações com grande circulação e também
encontradas no acervo estudado, editadas pelo SEMA. Eram boletins utilizados para
fornecer informações para orientar os professores de canto orfeônico em suas aulas,
além das indicações do repertório a ser ensinado para a participação dos alunos nas
grandes concentrações orfeônicas que fizeram parte do projeto villalobiano. Outros
nomes ligados a este setor e ao Conservatório de Canto Orfeônico figuram dentre os
autores de textos nesses boletins como: Sylvio Salema Garção Ribeiro, Ceição de
Barros Barreto e Florêncio de Almeida Lima, para apenas fornecer alguns exemplos.
Apesar da presente texto ter analisado apenas os livros encontrados no acervo, desça-se
aqui a importância desses Boletins para a circulação das ideias, práticas musicais,
repertório e conceitos trabalhados nas aulas de canto orfeônico. A presença de diversos
exemplares desse tipo de publicação pode ser compreendido como mais um elemento
que evidencia como o canto orfeônico esteve presente no colégio. Outro indício do
intercâmbio entre o SEMA, o Conservatório de Canto Orfeônico e o Colégio Pedro II
são as fotos emolduradas que fazem parte da decoração de uma das paredes da Sala do
Coral nas quais figuram o compositor. Uma foto especial aparece o músico ao centro,
ladeado pelas professoras e alunas do Colégio Pedro II, estas últimas vestidas com o
uniforme de gala, em visita a esse conservatório.

Quadro 10: Hinários

COMISSÃO Arquiocesana de Hosana: coleção de cantos Rio de Janeiro: Oficinas de


Música Sacra do Rio de Janeiro sacros Santa Cecília, 1948
MASSON, Agnes Leckie; God’s Wonderful World: a New York: The American
OHANIAN, Phyllis Brown unique and joyous songbook for Library World Literature, 1954
children: for home, kindergarten
and Sunday school use

São livros com cantos religiosos, que podem apresentar partituras das músicas,
partituras de canto gregoriano e texto litúrgicos. Os hinários do acervo pesquisado eram
todos destinados de cantos para a Igreja Católica.
O Colégio Pedro II, apesar de ter sido originado de um Seminário para órfãos,
sempre foi uma escola laica, desde sua fundação em 1837. Acredito, entretanto, que os
livros encontrados faziam parte do acervo particular de D. Laura, que era muito
religiosa, conforme depoimento de D. Elza, e porque encontramos dedicatória para ela,
como no livro de Agnes Masson e Phyllis Ohanian e seu nome escrito no livro Hosana.

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Quadro 11: Livros para Professores
FONSECA, Arnaldo Sodoma Noções de Prosódia Musical: para Rio de Janeiro, [s.ed.], 1952
uso dos Conservatórios de Canto
Orfeônico
UNIVERSIDADE do Brasil – Programa de Ensino e Exames: Rio de Janeiro: Imprensa
Instituto Nacional de Música. aprovados pelo Conselho em sessão Nacional, 1930
de 28 de junho de 1926
UNIVERSIDADE do Brasil – Revista Brasileira de Música V.IX, 1943
Escola Nacional de Música
UNIVERSIDADE do Brasil - Programa de Piano: cursos de Rio de Janeiro: Universidade
Escola Nacional de Música formação de professores, formação do Brasil, 1952.
profissional, aperfeiçoamento, pós-
graduação

Um último grupo é claramente voltado para a utilização apenas dos professores,


por se tratar de programas de cursos, periódico com artigos escritos por professores de
nível superior e livro com conteúdo de prosódia em aprofundamento que não era
compatível com o trabalho em nível secundário.
Os livros do acervo estudado revelam práticas musicais e escolares de um
período de grande atividade na educação musical dos jovens. A voz era o principal
recurso para a prática musical, como demonstra o elevado número de diferentes
partituras para canto uníssono, a duas ou mais vozes. Os exercícios de manossolfa
também eram utilizados para o canto coletivo, no qual determinada posição da mão e
dedos indicava uma nota da escala musical a ser cantada. O professor estabelecia o
tempo de emissão das notas e a sequência que iria configurar uma melodia ou uma mera
sequencia de notas sem que necessariamente formassem uma melodia significativa.
Assim, o canto coletivo era utiliza do, também para disciplinar os alunos, pois para
cantar a nota correta deveriam olhar para as mãos do professor. Essa atitude disciplinar
seria exigida durante as concentrações orfeônicas que chegaram a ter mais de 1000
alunos cantando em conjunto. O repertório de hinos oficiais (Hino Nacional Brasileiro,
Hino à Bandeira do Brasil, Hino à Independência e Hino à Proclamação da República),
as canções pátrias, cujas letras evocavam o amor à pátria e o dever de servir à nação, as
marchas em compassos binários e ritmos que conduzissem a unidade na movimentação
durante desfiles e em cerimônias de cunho patriótico, são outros pontos que marcam o
caráter do nacionalismo que vigorou no período dos manuais analisados.
As canções patrióticas, a prática da manossolfa, os solfejos, os hinos, estão
presentes nos relatos dos ex-alunos que retornam ao colégio para visitá-lo e lembrar os
momentos ali vividos. D. Elza Wyllie, em entrevista à Interlúdio: Revista do
Departamento de Educação Musical do Colégio Pedro II, conta como em suas aulas
seus alunos cantavam entusiasmados: Serve teu Brasil com brio, cumpre sempre o teu
dever... Depois de cantarolar e explicar como fazia o canto a duas vozes, D. Elza
conclui com certo tom de saudosismo: “esse canto a cappella daquele tempo era muito
bonito” (ROCHA, 2010, p. 88.

Considerações Finais

Conhecer aspectos da Educação Musical desta instituição pública de ensino


secundário, que já completou 174 anos de ensino musical ininterrupto em uma escola de
formação básica, demonstra como a música esteve presente na educação, no cotidiano
dos alunos, dos professores e dos funcionários desta instituição que por muitos anos foi
considerada a referência para oficialização de programas de ensino e um importante
parâmetro para modelos de educação para todo o Brasil. Este estudo confirma, portanto,

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a importância e riqueza deste pequeno, mas significativo patrimônio escolar, constituído
ao longo da carreira daqueles professores de música do Colégio Pedro II que
trabalharam na Unidade Centro, sobrevivendo à diversos deslocamentos de armário para
armário, de sala para sala, favorecendo descartes e perdas, mas que oferecem dados
relevantes e possibilitam pensar sobre como as propostas de políticas publicas e práticas
de educação musical se concretizaram nas salas de aulas, nos corredores, nas
sonoridades dos cantos patrióticos, dos solfejos e músicas que ecoaram dentre os
espaços do antigo prédio da Rua Larga.

Referências Bibliográficas

ARICÓ JUNIOR, V. (1999). P. Bona. São Paulo, Rio de Janeiro: Irmãos Vitale.
CHARTIER, R. (1988). Textos, impressos, leituras. In: ____. A História Cultural:
entre as práticas e representações. Tradução Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro:
Difel.
____. Libros, lecturas y lectores en la Edad Moderna. Versão espanhola de Mauro
Armiño. Madrid: Alianza Editorial, 1994.
____. Práticas de leitura. Introdução à edição brasileira Alcir Pécora; tradução
Cristiane Nascimento; revisão de tradução Angel Bojadsen. São Paulo: Estação
Liberdade, 1996.
CASTILLO GÓMEZ, A. (2002) Como o polvo e o camaleão se transformam: modelos
e práticas epistolares na Espanha Moderna. In: M. H. C. Bastos & M. T. S. Cunha & A.
C. Venâncio (orgs.), Destino das letras: história, educação e escrita epistolar (pp 14-
55). Passo Fundo: UPF.
FUKS, R. (1991). O discurso do silêncio. Rio de Janeiro: Enelivros.
HORTA, J. S. B. (1994). O Hino, o sermão e a ordem do dia: regime autoritário e a
educação no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.
PETRUCCI, A (2003). La ciencia de la escritura: primera lección de paleografía.
Buenos Aires: FCE.
ROCHA, I. de A. (2010) O negócio era a voz! Interlúdio: Revista do Departamento de
Educação Musical do Colégio Pedro II. V.1, no.1.
SANTOS, M. A. C. (1996). Música e hegemonia: dimensões político-educativas da
obra de Villa-Lobos. 1996. 131f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade
Federal Fluminense, Niterói, 1996.

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