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IMPASSES DA POLÍTICA EDUCACIONAL PARA A MÚSICA NA ESCOLA

DILEMAS ENTRE A POLIVALÊNCIA E A FORMAÇÃO ESPECÍFICA


(OLGA ALVES DE OLIVEIRA E MAURA PENNA)

Analisa as principais legislações que tem regido a educação brasileira desde 1960 e
documentos de orientação curricular.

A (AUSÊNCIA DA) MÚSICA EM NOSSA PRIMEIRA LDB

A LDB de 1961 de nº 4.024, a nossa primeira LDB, “passou por 13 anos de


debates e disputas no congresso nacional, procurou conciliar o grande embate político
entre escola pública e escola privada, vivido na década de 1950(ZOTTI, 2004: 117)” P.3
“No texto da lei, na verdade, não há menção nem ao termo ‘canto orfeônico’
nem ‘educação musical’”, ocorrendo uma pequena referência a “atividade
complementares de iniciação artística”.
Como no texto de Queiroz é ressaltado a confusão no que tange música na
escola entre a lei nº 4.024 e o Decreto nº 51.125 que realmente trás o termo
“educação musical”.
A primeira LDB tem inspiração liberal, não ocorrendo matriz norteadoras do
currículo. Apenas no ensino médio que traz a estrutura montada em disciplinas
obrigatórias (definidas pelo Conselho Federal de Educação CEF); e as disciplinas
complementares (definidas pelos Conselhos Estaduais de Educação). E assim as
disciplinas posteriormente seriam escolhidas pelos estabelecimentos de ensino.
“O canto orfeônico aparecia, dentre as ‘disciplinas variáveis’, em apenas 246
currículos, num universo de 1409 currículos levantados. Há ainda a referência à
educação artística como ‘prática educativa’ em 574 currículos e, em 472, à ‘educação
musical’” (CUNHA; ABREU, 1965: 303).
Com tal lei a música tem um espaço potencial nos currículos escolares, mas sua
presença foi reduzida nas escolas.
Ainda seguindo a LDB de 1961 para ter acesso ao “ensino médio” era
necessário passar por um “exame de admissão”. Escola primária destinada a massa e a
escola secundária destinada as elites, em caráter de preparação para o ensino
superior.

2. A LEI 5692/71: EDUCAÇÃO ARTÍSTICA E POLIVALÊNCIA

Com a chegada da ditadura militar de 1964 ocorreu um desmonte da LDB de


1961, com alterações através de leis específicas elaboradas pelo Ministério da
Educação e a United States Agency for International Development (USAID).
A Lei 5.5040 de 1968 “estabeleceu uma importante mudança para a área da
educação musical: o ensino superior seria ministrado em universidade, e apenas
excepcionalmente em outras instituições (Brasil, 1968, art. 2º)”. P.6
Tal manobra retirou dos conservatórios a formação e certificação do professor
de música.
A Lei de nº 5.691/71, editada ainda durante a ditadura militar, trouxe
importantes mudanças: Compromisso de o estado oferecer educação pública e
gratuita por oito anos; abolição dos exames de admissão, ensino profissionalizante
para o 2º grau.
“A Lei 5.692/71 é especialmente importante para a música na escola porque
trouxe a obrigatoriedade da ‘educação artística’ para os estabelecimentos de 1º e 2º
graus, afirmando sua inclusão ao lado de educação moral e cívica, educação física e
programas de saúde (BRASIL, 1972a, art. 7º)”.

“Se a expansão de vagas na educação básica comprometeu a qualidade do ensino


– causando a diminuição do salário do professor e a deterioração das condições de seu
trabalho (PENIN, 2011: 70) – também é verdade que possibilitou que parcelas
historicamente excluídas do processo de escolarização tivessem, enfim, acesso a um
direito básico.” P. 11

3. A ATUAL LDB E SEUS DESDOBRAMENTOS

Com o processo de redemocratização nos fins de 80, tem início a discussão para
uma nova constituição. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96
levou oito anos para ser aprovada no congresso nacional.

Foi através dessa LDB que o termo “educação artística” foi substituído por
“artes”. “componente curricular obrigatório em todos os níveis da educação básica com
vistas à formação cultural do aluno” (BRASIL, 1996, art. 26, § 2o). P. 12. Os PCN
trouxeram propostas para a música e outras áreas artísticas.

“A música procurou garantir seu espaço próprio com a aprovação da Lei 11.769,
em 18 de agosto de 2008. Modificando o artigo 26 da atual LDB, estabeleceu que a
música deveria ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular
arte (BRASIL, 2008).” P 12

Figueiredo e Meurer (2016:536-537) citam que as Diretrizes Curriculares


Nacionais (DCN) auxiliaram bastante na Operacionalização do ensino de Música nas
Educação Básica (BRASIL, 2016a).

“No entanto, o cenário dinâmico das legislações educacionais foi mais uma vez
alterado pela aprovação da Lei 13.278 em maio de 2016. Essa lei substituiu a Lei
11.769/08, definindo que as “artes visuais, a dança, a música e o teatro são as
linguagens que constituirão o componente curricular” arte (BRASIL, 2016b).” P. 12
Porém a lei ainda é vaga e “pode permitir uma leitura polivalente, com a interpretação
de que um só professor contemple essas várias áreas.” P.13

O CEE/Artes, formada prioritariamente por professores veio subsidiar a


elaboração das “Diretrizes Curriculares para o Ensino Superior de Música”. Com o
impulso das DCN ocorreu um aumento nos cursos de licenciatura em música. (1997-
1999CEEMUS)

4. A MÚSICA ENTRE PARAMETROS E BASES

Os PCNs e a atual BNCC são fundamentais para pensarmos a prática curriculares dos
educadores musicais. “Os PCN foram o primeiro documento oficial de orientação
curricular a nível nacional na vigência da LDB de 1996 e serviram para nortear as ações
do MEC e os investimentos na educação básica no período. Por isso, acreditamos ser
importante discorrer um pouco sobre eles e os seu tortuoso processo de elaboração.”
P.15

Os PCN foram bastante criticados por haver pouca participação da sociedade e


ser elaborados em grande parte por professores especialistas. Os PCN foram formulados
antes da formação do CNE e da LDB. Os PCN foram adotados como norteadores (não
obrigatórios) dos currículos do ensino fundamental.

Outro documento importante é a BNCC que teve a parte dedicada ao ensino


médio retirada, também houve mudança no CNE. Essa BNCC foi formulada entre os
governos de Dilma e Temer. Ela teve 3 versões, uma de 2015, outra de 2016 e a última
de 2017. Na homologação da BNCC em 2017 foi acrescentado o ensino religioso, o que
antes não estava previsto.

Na segunda versão as artes foram tratas como “linguagens” e na terceira como


“unidades temática”. Um verdadeiro retrocesso.

“Outro ponto problemático do documento homologado é a inclusão de uma nova


“unidade temática” no componente arte, as “artes integradas”, que explorariam “as
relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas praticas, inclusive aquelas
possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação” (BRASIL,
2017b: 195). P.18-19

https://drive.google.com/drive/folders/1Jbsk-N7Cb3w1c9bUwWZnBNIUPJXN1M8r?usp=sharing

Aula 19/10
1840 – Fundação conservatório imperial de música, cópia do conservatório francês.
Canto Orfeônico – Fator de civismo e disciplina social. Reflete os ideais políticos daquele momento.
Mandamentos do orfeonista (ser sempre comportado; ser cumpridor dos deveres; ser assíduo e pontual;
cantar hino prático; apresentar-se corretamente uniformizado...)

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