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DIREITO CIVIL = ANALISTA JUDICIÁRIO (Área Judiciária) = TRE/SP

AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS


Prof. Lauro Escobar

DIREITO CIVIL

AULA 02

= PESSOAS JURÍDICAS

Professor: Lauro Escobar

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AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS
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Aula 02
Pessoas Jurídicas

Itens específicos do edital que serão abordados nesta aula →


PESSOA JURÍDICA. Conceito e classificação. Associações. Organizações
sociais. Organizações sociais de interesse público. Fundações.
Desconsideração da personalidade jurídica.

Subitens → Das Pessoas Jurídicas. Conceito. Classificação: Pessoa Jurídica de


Direito Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. Início da Personificação e
Término de sua existência legal. Registro e Representação. Domicílio.
Responsabilidade. Grupos não personificados. Abuso e Desconsideração da
Personalidade Jurídica.

Legislação a ser consultada → Código Civil: arts. 40 até 69 (Pessoas


Jurídicas). Ler também o art. 75, CC (domicílio da Pessoa Jurídica).

Sumário
INTRODUÇÃO E CONCEITO ................................................................. 03
Natureza Jurídica ........................................................................... 05
Pressupostos de Existência ............................................................ 05
Representação ............................................................................... 06
CLASSIFICAÇÃO GERAL ...................................................................... 08
Pessoa Jurídica de Direito Público .................................................. 09
Pessoa Jurídica de Direito Privado .................................................. 17
Organizações Sociais de Interesse Público (OSCIP) ....................... 23
Início da Existência Legal. Constituição ............................................. 32
Registro .......................................................................................... 33

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DOMICÍLIO ........................................................................................ 35
Responsabilidade ............................................................................... 35
Extinção ............................................................................................. 39
Grupos Despersonalizados ................................................................. 40
Desconsideração da Personalidade Jurídica ....................................... 42
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ....................................................... 48
Bibliografia Básica ............................................................................. 52
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ...................................................... 53

INTRODUÇÃO
O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se
agrupar para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de
circulação de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se
estabelecessem nas sociedades grupos de atuação conjunta na busca de
objetivos semelhantes. E o Direito, ante a necessidade crescente de agilidade
nas negociações, não ignorou estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa
jurídica é fruto desta evolução histórica-social.

CONCEITO
De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de
pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas
finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e
obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade
jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das
pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio.

Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas


jurídicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia,
“ente de existência ideal”, etc. Na realidade tais expressões não foram adotadas
pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo
“importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem
essa a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um
concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se
pensar que pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa
física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa
moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto,
prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos
examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a
matéria, mas desconhecia a expressão.

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PROTEÇÃO JURÍDICA
As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade
para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária,
usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos
direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma
forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa
mortis, ou seja, por testamento).
Segundo o art. 52, CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade. Isso quer dizer que os dispositivos
relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC)
também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber.
Assim, no campo do Direito Civil, a pessoa jurídica tem direito tanto à tutela
preventiva, como repressiva de seus direitos da personalidade, podendo ser
vítima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, direito de acionar o Poder
Judiciário para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do
Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. No
entanto o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que
haja ferimento à sua honra objetiva.

Convém aqui fazer uma diferenciação entre honra subjetiva e


objetiva. Honra subjetiva é o sentimento que cada um tem a respeito de seus
próprios atributos (físicos, intelectuais, morais, etc.); é o que cada um pensa de
si mesmo em relação a seus atributos; é a autoestima. Já honra objetiva é a
reputação, aquilo que os outros pensam a seu respeito; o conceito que a pessoa
goza perante a comunidade em que está inserida. As pessoas naturais têm a
proteção das “duas honras”. Já a pessoa jurídica, por não ter honra subjetiva
(não tem autoestima ou sentimentos, não sente dores, emoções, humilhações
ou constrangimentos pessoais), só é indenizada no aspecto da honra objetiva,
ou seja, em relação ao conceito que goza junto a terceiros, que pode ficar
abalado por atos que lhe afetem no mundo civil e comercial onde atua
(reputação, bom nome, marca idônea, patrimônio, etc.). A jurisprudência do STJ
também admite a possibilidade da pessoa jurídica ser vítima de coação moral,
desde que esta se refira a atos jurídicos contrários à sua finalidade e à sua
reputação.

Complementando, também segundo jurisprudência do STJ, a pessoa


jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos
morais relacionados à violação da honra ou da imagem. De modo geral, a
doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhecido a elas direitos
fundamentais de caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da
autonomia, prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, ou
seja, direitos oponíveis ao próprio Estado, e não ao particular.

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NATUREZA JURÍDICA
Diversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da
pessoa jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista).
Mas a corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em
dois grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias
da Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da
doutrina); b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade
jurídica, realidade técnica, etc.).
Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos
deixar de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa
jurídica e vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas.

Direto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor


se adapta ao nosso sistema jurídico, sendo acolhida pelos mais renomados
doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa), é
a TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA. Realidade porque a existência continua
distinta da de seus membros e depende de formalização em registro público.
Técnica porque admite ser desconsiderada em determinadas hipóteses (que
veremos mais adiante). Assim, a pessoa jurídica existe de fato (ente real e
não uma mera abstração), sendo, portanto, sujeito de direitos e obrigações.
O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que se unem na
busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência de
personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe.
Assim, a personalidade jurídica é um atributo concedido a estes entes coletivos
por meio do ordenamento jurídico, sem que isso possa redundar em facilidade
para que seus componentes a utilizem como um instrumento de fraudes à lei ou
aos direitos de terceiros (permite-se, em casos especiais, a desconsideração).

PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA


São considerados como elementos da personificação da pessoa jurídica:
A) VONTADE HUMANA CRIADORA. Trata-se da affectio societatis,
ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma entidade com
personalidade distinta da de seus membros.
B) LICITUDE DE SUA FINALIDADE. Deve ter objeto lícito abrangendo
em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos.
C) OBEDIÊNCIA AOS REQUISITOS IMPOSTAS PELA LEI. As
pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto,
ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela própria lei, entre
eles, como veremos adiante, a elaboração dos atos constitutivos e seu
respectivo registro. Costuma-se inserir nesse item também o princípio da
tipicidade (ou taxatividade), ou seja, deve haver previsão legal de
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personificação pela forma pretendida pelas partes, pois pode ocorrer que
haja uma organização lícita que não encontra na lei a necessária previsão
como pessoa jurídica, como a sociedade conjugal, o espólio, etc.

CARACTERÍSTICAS
São características essenciais das pessoas jurídicas: a) existência
distinta da de seus membros; b) patrimônio próprio e diverso do de seus
integrantes; c) responsabilidade civil e criminal: as pessoas jurídicas são
civilmente responsáveis pelos atos de seus empregados e prepostos (art.
932, III, CC), bem como por crimes ao meio ambiente (art. 225, CF/88); d)
ilegitimidade para certos atos, como fazer testamento, adotar, etc.

REPRESENTAÇÃO
Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser
representada por uma pessoa física, ativa e/ou passivamente,
exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Prevê o art. 46,
III, CC que no registro da pessoa jurídica se declarará o modo porque se
administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente.
Pelo art. 47, CC, todos os atos negociais exercidos pelo representante, dentro
dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a
pessoa jurídica, que deverá cumpri-los. No entanto, se o representante
extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a
sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros pelo ato do
administrador que extrapolar os limites do ato constitutivo (exceto se foi
beneficiada com a prática do ato, quando então passará a ter responsabilidade
na proporção do benefício auferido). A doutrina chama isso de teoria ultra
vires societatis (além do conteúdo da sociedade), caracterizada pelo abuso de
poder do administrador, ocasionando violação do objeto social lícito para o qual
foi constituída a empresa. Isso funciona como uma forma de proteção da
pessoa jurídica, responsabilizado apenas o sócio.
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno → são representadas em
juízo, ativa e passivamente (art. 75, incisos I a IV, do Código de Processo Civil
de 2015):
a) União → pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante
órgão vinculado.
b) Estados e Distrito Federal → por seus Procuradores.
c) Municípios → por seu Prefeito ou Procurador.

d) Autarquias e Fundações de Direito Público → por quem a lei do


ente designar.

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2. Demais Pessoas Jurídicas → em regra é a pessoa indicada em seu ato
constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por seus diretores
(art. 75, VIII, CPC/2015). As sociedades e as associações irregulares serão
representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens (art.
75, IX, CPC/2015).
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência colegiada), as
decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo
dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral na
administração o Juiz deverá nomear um administrador provisório (art. 49, CC).
Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador de
uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar
mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos
poderes para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da
pessoa jurídica (mandante).

Não confundir Mandatário X Preposto


Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de
outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já
o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de
um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou
outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da
reclamatória trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas
e devidamente autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça
do Trabalho.
Prazos para Anulação
Sobre esse tema, as questões de concurso costumam pedir duas espécies
de prazo de anulação (observem que ambos são de três anos):
a) Anulação da constituição da pessoa jurídica. Art. 45, parágrafo
único, CC: decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da
publicação de sua inscrição no registro.
b) Anulação das decisões dos administradores. Art. 48, parágrafo
único, CC: decai em três anos o direito de anular as decisões tomadas por
maioria de votos em administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto,
ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.

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CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PESSOAS JURÍDICAS

A) Quanto à Nacionalidade  Elas podem ser consideradas como


nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulação e subordinação à
ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à
nacionalidade dos membros que a compõe e à origem do controle financeiro.
Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a
sede de sua administração (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade
Estrangeira é a que necessita de autorização (decreto) do Chefe do Poder
Executivo para funcionar, ficando sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos
atos aqui praticados (arts. 1.134 a 1.141, CC); ela é obrigada a ter,
permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver
quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade.

B) Quanto à Estrutura Interna


1) Universitas Personarum: nelas, o mais importante é o conjunto
de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por
meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Ex.:
as sociedades (de uma forma geral) e as associações.

2) Universitas Bonorum: nelas, o mais importante é o patrimônio


personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O
objetivo é o bem-estar da sociedade. Ex.: fundações. O patrimônio e as
finalidades (objeto) das fundações são seus elementos essenciais.

C) Quanto às Funções e Capacidade  Podem ser divididas em pessoas


jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC).
Este é o item mais importante, pois é o que tem maior incidência em
concursos. Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. A
seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma
minuciosa.

I. DIREITO PÚBLICO
A) Interno (art. 41, CC)
1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios
e Municípios.
2) Administração Indireta: autarquias, associações e demais
entidades criadas por lei (são as fundações públicas de direito público).
B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas
pelo direito internacional público.

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II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC)
A) Universitas Personarum
1) Sociedades
a) Simples.
b) Empresária.
2) Associações, partidos políticos e organizações religiosas.
3) Empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI).
B) Universitas bonorum
1) Fundações particulares (segundo a doutrina também as
fundações públicas de direito privado).

Atenção A principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito


público e de direito privado (que interessam ao Direito Civil) é a
disponibilidade patrimonial. Enquanto os bens das pessoas jurídicas de
direito privado são disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião, os bens das de
direito público possuem a característica da impenhorabilidade e da
impossibilidade de usucapião, por serem consideradas como de patrimônio
público de interesse da coletividade, já que é mantido pela arrecadação de
impostos pagos pelos contribuintes. No entanto os bens públicos dominicais
podem ser alienados, desde que presentes os requisitos legais (art. 101, CC).

I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO

O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo


Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b)
território; e c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em
dado território, politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade.

I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO


Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os
Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá,
Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de
facilitar o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais,
como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados
Americanos), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação - Food and Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um
concurso: A Santa Sé é: ...? Ora, a Santa Sé (também chamada de “Sé
Apostólica”) é considerada como um sujeito de direito internacional (pessoa
jurídica de direito público externo), pois as relações e acordos diplomáticos com

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outros Estados soberanos são com ela estabelecidos. Costuma-se dizer que a
Santa Sé difere do Vaticano (ou Estado da Cidade do Vaticano), pois este é um
instrumento para a independência da Santa Sé, tendo natureza e identidade
própria enquanto representação do governo central (cúpula governativa) da
Igreja Católica; o Vaticano seria um território sobre o qual a Santa Sé tem
soberania.

I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO


São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais
do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na
Constituição Federal de 1988.

A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA


ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC) 
São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios
legalmente constituídos.
Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não
deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no
plano interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as
demais entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia
dos entes da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta
autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos
parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em
outras palavras: a própria Constituição Federal).
A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados-
membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território.
Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia
administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre
os negócios locais.
Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta
classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm
interesses e economia próprios.
Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em
relação a ele a natureza jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um
município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma
circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam
que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão
expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei
Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típica dos
Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa
(mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia
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Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composta por Deputados Distritais
eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados)
Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão
em municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1o,
CF/88, pois ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter
mantido a nossa tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é
a capital da União”.
Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do
Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de
centro político à União, mas não pode ser considerada como um Município,
juridicamente falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas”
Sul e Norte e a área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei
Orgânica do Distrito Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais
aglomerações urbanas situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões
Administrativas. Embora o Decreto n° 19.040/98 tenha proibido a expressão,
ainda se costuma usar o termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga,
Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Guará, etc.).
Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem
mais os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão
expressa na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo
Território, por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI,
CF/88). Para o Direito Civil ele será considerado como sendo uma pessoa
jurídica de direito público interno, pois há previsão expressa no art. 41,
inciso II, CC. Alguns autores classificam os territórios como “autarquias
territoriais” dando a entender que seriam pessoas jurídicas de direito público
interno de administração indireta (há uma grande discussão sobre este tema,
mas diversos civilistas preferem classificá-los como de administração direta).

DIRETO AO PONTO. Podemos dizer que o Brasil, nos termos da


Constituição Federal de 1988, possui:
a) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos
mandatos do Chefe do Poder Executivo).
b) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo
território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados,
Distrito Federal, Municípios).
c) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único
Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe
de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da
confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo).

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CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema


Presidencialista. Além disso, possui como Regime de Governo o Estado
Democrático e de Direito.

Observação doutrinária importante para concursos


União e República Federativa do Brasil são expressões sinônimas?
Resposta: ambas são expressões usadas para designar o mesmo ente. No
entanto a doutrina estabelece uma importante diferença. O termo União é
usado no plano interno; trata-se da pessoa jurídica de direito público interno,
entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Distrito
Federal e Municípios, possuindo competências administrativas e legislativas
determinadas constitucionalmente. Lembrem-se de que entre os entes da
Federação (ex.: a União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim
uma coordenação harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Já a
expressão República Federativa do Brasil é usada no plano externo, para
identificar o Brasil perante os outros países (relações internacionais). Neste caso
seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional),
integrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A União representa
o Estado Federal nos atos de Direito Internacional, mas quem pratica
efetivamente os atos de Direito Internacional é a República Federativa do Brasil,
juridicamente representada por um órgão da União: a Presidência da República.
RESUMINDO
República Federativa do Brasil: pessoa jurídica de direito público
externo (ou internacional).
União: pessoa jurídica de direito público interno; é apenas uma das
entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinação
constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competência exclusiva de
representá-lo em suas relações internacionais.

B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE


ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC)
 São entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade jurídica
própria para o exercício de atividade de interesse público. São elas: a)
Autarquias. b) Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de
caráter público criadas por lei. Vejamos cada um destes itens:

AUTARQUIAS
São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade
administrativa típica, com capacidade de autoadministração nos limites
estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa

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autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle
do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do
Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem
legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à
qual estão submissas), porém podem baixar instruções normativas (que não são
consideradas leis em sentido estrito).
Elas são criadas por lei específica (iniciativa privativa do chefe do
Poder Executivo), com personalidade jurídica de direito público; integram a
administração indireta, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de
obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde,
educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial).
Portanto elas devem atuar em setores que exigem especialização por parte do
Estado, com organização própria, administração mais ágil e pessoal
especializado. Seus bens são considerados públicos.
A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo
necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinção também deve ser
feita por meio de lei específica (princípio da simetria das formas jurídicas). Seus
atos são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica
própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir
judicialmente a revisão de sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial
não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como
entidade autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis), Imprensa Oficial do Estado, etc.

ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS
O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórcios públicos e os
convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o
disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço
público. Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios
públicos, dando-lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa
jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado.
Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado,
assumirá a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade
ocorre com a inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas
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jurídicas. Mesmo assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito
público no que diz respeito à realização de licitação, celebração de contratos,
prestação de contas, admissão de pessoal, etc.
Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio
público se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será
constituído por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de
protocolo de intenções. As questões de prova em concurso têm entendido que
as associações públicas são uma espécie de autarquia (e não uma nova
espécie de entidade da administração indireta).

FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua
criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um
acervo de bens particulares (que adquirem personalidade jurídica) para a
realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional,
assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade.
No entanto, as fundações também podem ter personalidade jurídica de
direito público, segundo dispõe a sua norma instituidora. Ultimamente o Poder
Público tem instituído fundações para a execução de algumas atividades de
interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assistência social, assistência
médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, atividades culturais,
proteção ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública
indireta no nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação
patrimonial e destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade.
No entanto, como suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-
se dizer que elas exercem atividades atípicas do Poder Público.
As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas
se diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a
partir de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com
patrimônio deste, a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a
partir de um patrimônio público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde),
FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio),
FBN (Fundação Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação
Universidade de Brasília), etc.
Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito
público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma
de suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas
estariam implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas

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por lei”. E Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda
Constitucional n° 19/98 (art. 37, XIX), reforçou esta posição.

Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos:


fundação pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de
não haver previsão expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os
administrativistas a coisa não é tão simples (vou falar sobre isso de forma
superficial, pois isso não interessa tanto ao Direito Civil). Para o Direito
Administrativo a posição mais aceita é que existem duas espécies de
fundações públicas:
a) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito público:
criadas diretamente pela edição de uma lei específica (Poder Legislativo). Elas
adquirem a personalidade jurídica com a vigência da lei instituidora. Na
realidade elas são espécies do gênero autarquias (são também chamadas de
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais), sujeitando-se ao regime
jurídico do direito público (idêntico ao das autarquias), com todas as suas
prerrogativas e restrições. Segundo a doutrina somente estas pertenceriam ao
direito público.
b) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado:
há uma autorização dada em lei para criação da entidade; após isso o Poder
Executivo elabora os atos constitutivos da fundação e a seguir deve providenciar
a inscrição no registro competente. Somente após esse registro ela adquire a
personalidade. Possuem um caráter híbrido; parte regulada pelo direito privado
e parte pelo direito público. Segundo a doutrina elas pertencem ao direito
privado (seus bens não são públicos, não estão sujeitas ao regime de
precatórios, etc.).
Seja a espécie que for as fundações públicas não estão sujeitas ao
disposto no art. 66, CC, segundo o qual o Ministério Público estadual velará
pelas fundações onde estiverem situadas. O verbo “velar” tem um sentido
jurídico atribuindo ao Ministério Público uma função de “curador” das fundações.
Mas isso somente se aplica às fundações genuinamente particulares. É certo que
as fundações públicas sofrem um controle, mas este é o mesmo que é exercido
sobre todas as entidades da administração indireta.

Observação 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito


Administrativo), todos os temas que falamos acima são espécies de autarquias.
Explico! Há quem sustente que autarquia representa um gênero, sendo
dividida em:
a) Autarquias comuns ou ordinárias: são aquelas a que nos referimos
mais acima como item autônomo.

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b) Autarquias sob regime especial: são aquelas em que a lei instituidora
prevê determinados instrumentos aptos a lhes conferir maior grau de autonomia
perante o Poder Público do que as autarquias comuns. Os exemplos clássicos
são o BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de São Paulo).
Embora não haja uma previsão expressa da lei, também estão incluídas nesse
item as agências reguladoras, entidades que possuem alto grau de
especialização técnica, incumbidas de normatizar e fiscalizar a prestação de
certos serviços de grande interesse público (ou seja, de deveres específicos do
Estado, que podem implicar na restrição da liberdade empresarial em prol do
interesse público, impedindo práticas anticoncorrencial e de abuso do poder
econômico, protegendo os interesses dos usuários e assegurando a
universalização dos serviços públicos). O Estado, ao invés de assumir
diretamente o exercício de uma atividade empresarial, intervém nessas
atividades de domínio econômico, utilizando instrumentos de autoridade. Por
terem natureza autárquica devem ser constituídas por meio de lei de iniciativa
exclusiva do Poder Executivo. Ex.: ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações), ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANAC
(Agência Nacional de Aviação Civil), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis), ANA (Agência Nacional de Águas), etc. Fala-se,
também em “agências executivas”. Estas, no entanto, não são uma espécie
de entidade, mas sim uma qualificação que pode ser conferida pelo poder
público às autarquias em geral ou às fundações públicas que com ele celebrem
contrato de gestão (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 51 da Lei n°
9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas
estabelecidas em um contrato, o Poder Público a qualifica como agência
executiva. Com isso amplia-se a sua autonomia gerencial, orçamentária e
financeira (sem prejuízo, é evidente, do controle a que se sujeitam todas as
entidades da administração indireta).
c) Autarquias fundacionais (há quem as chame de fundações autárquicas):
são as fundações públicas com personalidade de direito público a que nos
referimos acima. Na realidade o regime jurídico a que se sujeitam estas
fundações e as autarquias comuns é idêntico. A diferença é simplesmente
conceitual: define-se as autarquias como um serviço público personificado, em
regra típico do Estado e estas fundações como um patrimônio personalizado
destinado a finalidade específica de interesse social.
d) Associações públicas: são os consórcios públicos que falamos acima.

Observação 03. Há ainda quem acrescente outras duas espécies de


autarquias: a) autarquias territoriais: são os territórios federais,
responsáveis pela execução dos serviços públicos em determinadas áreas
geográficas; b) autarquias corporativas (ou profissionais): exercem o poder

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de polícia sobre determinadas profissões. Ex.: Conselho Federal de Medicina
(CFM), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho
Regional de Corretores de Imóveis, etc. O Supremo Tribunal Federal considerou
que tais órgãos de fiscalização profissional são tidos como autarquias,
integrantes da Administração Pública, sendo, por tal motivo, seus servidores
selecionados por concurso público (aplicam-se as regras das pessoas jurídicas
de direito público). Porém... a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi
considerada como categoria ímpar das personalidades jurídicas existentes
(“serviço público independente”), não sendo autarquia e não se submetendo ao
Poder Público (não sendo parte da Administração Pública) e, por consequência,
não se lhe exigindo concurso público para contratação de funcionários.

DIFERENÇAS BÁSICAS: AUTARQUIA X FUNDAÇÃO PÚBLICA

AUTARQUIAS FUNDAÇÕES
Atividades típicas (exclusivas) Atividades atípicas da
Atribuições
ou atípicas da Administração. Administração.
Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado.
Regime Jurídico

Exclusivamente público. Exclusivamente público ou


Dotação
público e privado
Patrimonial

Comuns, especiais, Fundações de Direito Público


Espécies
fundacionais, associações (autárquicas) e de Direito
públicas (além das territoriais Privado.
e corporativas).

II. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO

A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos


particulares em geral. Segundo o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de direito
privado I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações; IV. as
organizações religiosas (incluído pela Lei nº 10.825/03); V. os partidos políticos
(incluído pela Lei n° 10.825/03); e VI. as empresas individuais de
responsabilidade limitada – EIRELI (incluído pela Lei n° 12.441/11).

Observações
01) Segundo a doutrina os sindicatos entram no item associação, pois o
Enunciado 142 das Jornadas de Direito Civil do CJF afirma que o sindicato possui
natureza associativa.

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02) Enunciado 144 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A relação das
pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incisos I a V, do
Código Civil, não é exaustiva (ou seja, é apenas exemplificativa, podendo ser
reconhecidas outras espécies pessoas de direito privado).

1. FUNDAÇÕES PARTICULARES (arts. 62 até 69, CC)


A doutrina costuma usar a seguinte expressão: fundações são
universalidades de bens (resultam da afetação de um patrimônio e não da
união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade.
Portanto, dois são seus elementos fundamentais: a) patrimônio; b)
finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). São criadas a partir de uma
escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis).
Portanto elas não podem ser criadas por instrumento particular.
Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou
jurídica, a serviço de um fim lícito e determinado, com alcance social
pretendido por seu instituidor, de modo permanente e estável e em atenção
ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de
seu patrimônio, criando a fundação para atingir objetivo não-econômico. A
partir de sua criação, o patrimônio da fundação não pertence à pessoa que a
criou, uma vez que passa a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação
Roberto Marinho não pode ser confundida com a Rede Globo de Televisão.
O próprio instituidor poderá administrar a fundação (forma direta) ou
encarregar outrem para este fim (forma fiduciária). De acordo com o parágrafo
único, do art. 62, CC (redação dada pela Lei n° 13.151/15) a fundação
somente poderá constituir-se para fins de assistência social, cultura, defesa
e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação, saúde, segurança
alimentar e nutricional, defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável, pesquisa científica, desenvolvimento
de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos, promoção da
ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e atividades
religiosas. Exemplos: Fundação São Paulo (mantenedora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton Senna, etc. Para a sua
criação pressupõem-se:
• Dotação de bens livres: o instituidor destina determinados bens que
comporá o patrimônio da fundação, apto a produzir rendas ou serviços que
possibilite alcançar os objetivos visados. Podem ser imóveis ou móveis
(veículos, computadores, inclusive dinheiro), desde que sejam “bens
livres”, ou seja, que não estejam hipotecados, penhorados, nem sejam bem
de família. Resumindo: bens que podem ser alienados sem prejuízo de
terceiros.
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• Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser
submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. O
próprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo não seja feito por
quem de direito.
Embora não se possa alterar a finalidade pela qual a fundação foi
instituída (objetivo imutável), pode haver a reforma dos seus estatutos,
desde que (art. 67, CC): a) seja deliberada por dois terços dos
competentes para gerir e representar a fundação; b) não contrarie ou
desvirtue o seu fim; c) seja aprovada pelo órgão do Ministério Público
no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público
a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Se não
houver unanimidade da alteração do estatuto, de haver a impugnação pela
minoria vencida no prazo decadencial de 10 dias (art. 68, CC).
• Especificação dos fins (como enumerado acima, previsto no parágrafo
único, do art. 62, CC). A contrário senso, não pode ter finalidade econômica
ou fútil e, a exemplo da associação, se gerar receita, esta deve ser revertida
para ela mesma.
• Previsão do modo de administrá-la: embora seja interessante que a
fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item
não é essencial para sua existência.

Resumindo e exemplificando. José decide instituir uma fundação para


incentivar determinada pesquisa científica. Inicialmente ele vai até um Cartório
de Notas e, por meio de escritura pública, doa R$ 2 milhões para custear a
fundação (é chamada dotação especial de bens livres). Em seguida é elaborado
o estatuto da fundação, que deve ser submetido à análise do Ministério Público.
Sendo aprovado o estatuto será registrado no cartório de Registro Civil de
Pessoas Jurídicas (RCPJ) e a fundação passa a ter existência legal.
Nascimento: como vimos, as fundações nascem com o registro de seus atos
constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Características
• Seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou
doados) e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual
venda de seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é
consultado o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide,
determinando se é ou não caso de venda desses bens. Como regra o
produto da venda deve ser aplicado na própria fundação.
• O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os
bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por
ordem judicial.

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• Não há sócios.
• Os estatutos são suas leis básicas.
• Os administradores devem prestar contas ao Ministério Público.

Supervisão das Fundações


As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do
Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das
fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um
deles, ao respectivo Ministério Público (art. 66, §2°, CC). A doutrina entende
que não há esta fiscalização do Ministério Público em relação às fundações
públicas.

ATENÇÃO O art. 66, §1°, CC foi alterado pela Lei n° 13.151/15 (o


dispositivo anterior foi alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, sendo
que o Supremo Tribunal Federal declarou sua inconstitucionalidade). Atualmente
a lei determina que se a fundação funcionar no Distrito Federal ou em
Territórios, a competência para fiscalização é do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios (MPDFT).
Imunidade: as fundações privadas que se caracterizem como entidades
educacionais e assistenciais podem gozar de imunidade tributária, nos termos
do art. 150, VI, “c”, CF/88, desde que cumpram alguns requisitos legais.
Término
Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação.
No entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para
esse funcionamento. Por outro lado, as fundações serão extintas se (art. 69,
CC): a) tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação
visando sua extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o
prazo de sua existência.
Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto
nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado,
por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes.

2. PARTIDOS POLÍTICOS
Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias
comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a
consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no
interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e
defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo
com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora
tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas
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jurídicas de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos
devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas
Jurídicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95).

3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS
As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado,
formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto a determinada força
(ou forças) sobrenatural, por meio de doutrina e ritual próprios, envolvendo
preceitos éticos. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil)
deixou bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado, tendo
também natureza de associação civil. É vedado ao poder público negar-lhe o
reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu
funcionamento (art. 44, §1°, CC). Tal dispositivo está em consonância com o
texto constitucional (art. 5°, VI, CF/88).

Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “Os partidos


políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza
associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil”.

4. ASSOCIAÇÕES (arts. 53 até 61, CC)


As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se
organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim
comum). Possui uma delimitação mais ampla que a fundação (esta se restringe
a fins culturais, religiosos, morais ou de assistência). A associação pode ser de
pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: ABIA → Associação Brasileira das
Indústrias da Alimentação, etc.).
O órgão máximo da associação não é o diretor-presidente, mas a
Assembleia Geral. Sua competência e atribuições encontra-se estabelecido no
art. 59, CC. O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo
direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os
demais associados. Não há, entre os associados, direitos e obrigações
recíprocas (art. 53, e seu parágrafo único, CC), de forma diferente das
sociedades, onde há este vínculo. No entanto é possível a existência de uma
categoria de associados com vantagens especiais (art. 55, CC).
Salvo autorização estatutária, é vedada a transmissibilidade da qualidade
de associado (art. 56, CC). É admissível a exclusão de um associado se houver
justa nos termos do estatuto, após o trâmite de um procedimento
administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, bem como
recurso (art. 57, CC); trata-se do “devido processo legal privado”: eficácia
horizontal dos direitos fundamentais.

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As associações, de acordo com a sua finalidade, podem ser classificadas
em três grupos: a) interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo de
lucro (ex.: associações científicas, religiosas, recreativas, esportivas, literárias;
b) realização de uma obra estranha ao interesse pessoal dos associados, e que
fique sob a dependência da associação ou se torne dela autônoma (ex.:
associações pias ou beneficentes, educacionais, políticas); embora seus
associados possam visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de
prover uma obra de caridade em benefício de terceiros; c) quando ficam
subordinadas a uma obra dirigida autonomamente por terceiras pessoas (ex.:
utilidade pública). Portanto seu objeto é bem mais amplo do que o das
fundações.
O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associações,
estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a
de caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma da lei, a de
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal
em seu funcionamento; c) as associações só poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no
primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém poderá ser compelido a
associar-se ou permanecer associado (o STF já decidiu que ninguém pode ser
obrigado a pagar mensalidade de “associação de moradores” se não tem
interesse nos serviços oferecidos – RE 431.106); e, e) as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar
negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá
proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não estão
impedidas de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas
atividades. O que não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma
de lucro entre os associados. Ex.: associação esportiva que monta um
restaurante em sua sede e uma loja de artigos esportivos para venda
(camisetas, bolas, distintivos, réplicas de troféus e medalhas conquistadas,
etc.). Estabelece o Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: “As
associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja
finalidade lucrativa”.
O ato constitutivo da associação é o seu estatuto que deve conter
os requisitos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro Civil
de Pessoas Jurídicas. Com ele passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos e
obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que
não se confunde com a de seus membros. Se não houve registro a associação
existe, mas será considerada irregular (associação não personificada); será tida
como mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. A convocação dos
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órgãos deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5
dos associados o direito de promovê-la.
Finalmente, estabelece o art. 61, CC que dissolvida a associação, o
remanescente do seu patrimônio líquido será destinado à entidade de fins não
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou
semelhantes.
Observação: A doutrina afirma que os sindicatos têm natureza associativa.
No entanto eles possuem um viés de representação política de uma
categoria. Já as associações têm um cunho cultural, esportivo, artístico, sem
uma competência legal para representação da categoria, mas tão somente de
associados a ela.

TERCEIRO SETOR
Trata-se de uma terminologia sociológica que dá significado a todas as
iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A
expressão é uma tradução do inglês third sector, vocábulo muito utilizado nos
Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com
o Primeiro Setor (setor público, o Estado) e o Segundo Setor (setor privado, o
mercado). Em outras palavras, o terceiro setor é o conjunto de entidades da
sociedade civil com fins públicos e não lucrativos. Ex.: ONG e OSCIP.
• As ONGS (Organizações Não Governamentais) são grupos organizados,
sem fins lucrativos, constituídas formal e autonomamente, caracterizadas
por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo
exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das
condições da cidadania. Por não terem finalidade econômica, organizam-se
como fundações ou associações.
• OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): é um
título fornecido pelo Ministério da Justiça, cuja finalidade é facilitar o
aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e
órgãos públicos (federal, estadual e municipal), permitindo que doações
realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. Na
realidade OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um
certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento
de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de
transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o
poder público os chamados termos de parceria, desde que os seus
objetivos sociais e as normas estatutárias atendam os requisitos da lei. Esses
termos também preveem sanções e penalidades em caso de descumprimento
das obrigações assumidas. Elas são reguladas pela Lei n° 9.790/1999 (com

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as alterações da Lei n° 13.019/2014). Um grupo só recebe a qualificação de
OSCIP depois que o estatuto da instituição que se pretende formar tenha
sido analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. A OSCIP deve cumprir
todas os requisitos previstos no Código Civil para a constituição de
associação. Além disso, deve se enquadrar em categorias como: promoção
da assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação; promoção
gratuita da saúde; meio ambiente, etc.
OSCIP X ONG. De modo geral, a OSCIP é uma qualificação jurídica
atribuída a uma entidade privada (sem fim lucrativo) que atua em área típica do
setor público com interesse social; há previsão expressa na lei. Já a ONG não
tem previsão legal expressa; trata-se de uma sigla (e não um tipo específico de
organização) usada de maneira genérica para identificar organizações do
terceiro setor sem fins lucrativos e cumprindo um papel de interesse público.
Assim, OSCIP é o reconhecimento oficial e legal de uma ONG. Em parceria
com o poder público, utilizará recursos privados e públicos para suas
finalidades, dividindo o encargo administrativo e de prestação de contas. Trata-
se de uma opção institucional e não uma obrigação. Finalizando, pode-se
afirmar que toda OSCIP é uma ONG, mas nem toda a ONG é uma OSCIP
(pois uma ONG pode não ter a qualificação, seja por que não preenche os
requisitos legais, seja porque assim não deseja ser reconhecida).

5. SOCIEDADES
Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica
própria e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato
constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar
lucros. Assim, duas ou mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos,
resolvem criar uma entidade e aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por
escrito o ato constitutivo; ao se tornarem sócias elas passam a ter o direito de
participar dos resultados econômicos da entidade criada. Ela está prevista em
outro tópico do Código Civil, dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de
Empresa), a partir do art. 981. Prevê este dispositivo: Celebram contrato de
sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de
um ou mais negócios determinados.
Características das Sociedades em Geral
• Pluralidade: devem ser formadas por duas ou mais pessoas. A lei admite
exceções, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as
quais possuem apenas um sócio.

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• Affectio Societatis: intenção específica dos sócios em constituir a
sociedade, com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem
unidos, para a execução de uma ou mais atividades econômicas.
• Exploração da atividade econômica: devem ter o propósito de executar
atividades ligadas à produção ou circulação de bens ou serviços.
• Contribuição de bens ou serviços: o capital social de ser constituído,
mediante contribuição de seus sócios, tanto em forma de bens (dinheiro,
imóveis, veículos, aparelhos, etc.), como em serviços (trabalho a ser
desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em benefício da
sociedade). Obs.: a possibilidade de contribuição em serviços não é admitida
em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas e nas
sociedades por ações.
• Fins lucrativos: devem ter o intuito de gerar novos recursos para serem
distribuídos entre os sócios. O atual Código Civil deixou bem claro que a
finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade.
Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula a
estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e
das perdas (princípio da vedação de cláusula leonina). Atenção: repartir o
lucro de forma diferenciada não viola a lei; o que é proibido é que algum
sócio seja excluído da participação nos lucros.

Natureza das Sociedades


A) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades
comerciais)  são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os
sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda
mercantil). Segundo o art. 982, CC, “salvo exceções expressas, considera-se
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis); e
simples as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto,
considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”.
Requisitos da sociedade empresária
Material: toda sociedade empresária realiza uma atividade econômica
organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único.
Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa.
Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa).
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B) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades
civis)  também visa fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade
não mercantil. Em regra, são constituídas por profissionais de uma mesma área,
ou por prestadores de serviços técnicos. Ex.: escritório de advocacia, sociedade
imobiliária, clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ). São regidas pelas normas previstas
na Parte Especial do Código (arts. 997 a 1.038), que disciplina seu contrato
social, direitos e obrigações dos sócios, sua administração, dissolução, etc.

Observação. Diferenças. Ambas têm como finalidade a obtenção de


lucro. No entanto na sociedade simples não existe atividade típica empresária
(que se dá com a produção ou circulação de bens ou serviços). Atualmente
vêm-se utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de
objeto) para distinguir a sociedade empresária da simples. Ou seja, a
classificação se dá em função do exercício da atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos
fatores de produção (capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera
caracterizada a empresa e o empresário será quem a exerce.
Sociedade empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982,
CC. Além disso, há uma impessoalidade, pois seus sócios atuam como meros
articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria
prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos. O seu
registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar.
Sociedade simples tem como característica principal a pessoalidade: os
seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que
eles prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida.
Em geral, são sociedades prestadoras de serviços, a exemplo da sociedade de
advogados, médicos, engenheiros, etc. O seu registro é feito, em geral, no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas (CRPJ). Uma banca de advocacia, por maior
que seja, sob o aspecto material, é uma sociedade simples, até porque seu
registro continua sendo feito no RCPJ e na OAB (e não na Junta Comercial).
Tipos Societários
Tanto as sociedades empresárias como as sociedades simples podem
assumir os seguintes tipos societários:
• Sociedade em Comandita Simples (C/S)
• Sociedade em Nome Coletivo (N/C)
• Sociedade Limitada (Ltda.)
• Sociedade Anônima (S/A)
• Sociedade em Comandita por Ações (C/A)

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As sociedades simples que não adotarem um desses tipos serão regidas
pelas normas próprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e
arts. 997 até 1.038, CC). Toda Sociedade Anônima e toda Sociedade em
Comandita por Ações terá sempre natureza empresarial. Por outro lado, toda
Sociedade Cooperativa terá sempre natureza simples, independentemente de
seu objeto.

Observações Importantes
01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários,
mas sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de
funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Já a sociedade empresária não possui
regras próprias, mas pode assumir algum dos tipos societários (arts. 1.039 a
1.092, CC).
02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos
societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações.
03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária,
independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza
empresária).
04) Desta forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário
Sociedade Anônima (que é sociedade por ações) será considerada
automaticamente como Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do
parágrafo único do art. 982, CC), estando sujeita às regras de registro
empresarial próprio, à escrituração própria e obrigatória do empresário, à Lei
das S/A e de Falências, etc.

É possível a sociedade entre cônjuges? Estabelece o art. 977, CC que


faculta-se aos cônjuges contratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde
que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou
do da separação obrigatória.

É possível a existência de uma sociedade que tenha apenas um sócio?


Nossa legislação admite, em situações excepcionais, que uma sociedade
possa ser formada por apenas um sócio (sociedade unipessoal). Hipóteses:
• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 1.033, IV, CC: digamos que a
sociedade tenha dois sócios e um deles morreu. Essa sociedade poderá
funcionar normalmente com apenas um sócio durante 180 dias. Após esse
prazo, se não for regularizada será extinta. No entanto, atualmente o sócio
remanescente tem a opção de transformar o registro de sociedade em
registro de empresário individual de responsabilidade limitada (EIRELI).
• Sociedade Unipessoal Temporária do art. 206, I, “d” da Lei das S/A:
permite-se o funcionamento de uma sociedade por ações com apenas um

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sócio até a próxima assembleia geral (que é anual). Após isso, se não for
regularizada a situação, dissolve-se a Companhia.
• Sociedade Subsidiária Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A):
segundo esse dispositivo uma sociedade por ações pode ser formada por
apenas um sócio quando esse for uma sociedade brasileira.
• Empresa Pública Unipessoal: é possível a criação de uma empresa, sendo
que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federação; sua
criação depende de prévia autorização legislativa (art. 37, XX, CF/88), como
no caso da Caixa Econômica Federal.

Atenção As empresas públicas e as sociedades de economia mista,


apesar de fazerem parte da administração indireta ou descentralizada e
terem capital público, sujeitas aos princípios informadores da Administração, são
dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Interessante
mencionar o art. 173, §1°, II CF/88: “§1°. A lei estabelecerá o estatuto jurídico
da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou
de prestação de serviços, dispondo sobre (...) II. A sujeição ao regime
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.” Desta forma elas são
regidas pelas normas empresariais, tributárias e trabalhistas, mas com as
cautelas do direito público (sujeitam-se ao controle do Estado → administrativo,
financeiro e jurisdicional, devendo fazer concurso público para a investidura de
servidores, etc.). Podem perseguir fins não lucrativos, como também atividades
lucrativas.
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista
Embora não seja matéria específica de Direito Civil (sequer estão
previstas no Código Civil) penso que é interessante mencioná-las, nem que seja
de forma superficial. Ambas são integrantes da administração pública
indireta. No entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n°
900/69) as descreve como pessoas jurídicas de direito privado, criadas pelo
Estado como instrumento de sua atuação no domínio econômico. Ou seja, são
os chamados “braços do Estado-empresário”. A criação de ambas depende de
lei específica. Após isso o Poder Público elabora os atos constitutivos e depois
providencia o seu registro. É com o registro que ela adquire a personalidade
jurídica. A doutrina costuma afirmar que ambas possuem “natureza híbrida”:
formalmente são pessoas jurídicas de direito privado; no entanto elas não
atuam integralmente sob as regras do Direito Privado. Na prática elas têm seu
regime jurídico determinado pela natureza de suas atividades (objeto), pois
ambas podem atuar na exploração de atividades econômicas (nessa hipótese
sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, previsto no art.
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173, CF/88) ou na prestação de serviços públicos (nessa hipótese sujeitam-se
ao regime administrativo próprio das entidades públicas, previsto no art. 175,
CF/88).

Observações
01) Embora haja uma dualidade no objeto (exploração de atividade
econômica ou prestação de serviços públicos), segundo posicionamentos
doutrinários modernos, as empresas públicas e as sociedades de economia
mista, qualquer que seja o objeto, não estão sujeitas à falência, por força da
nova lei de falências (Lei n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta
lei não se aplica a: I. empresa pública e sociedade de economia mista (...)”.
Outro ponto é que ainda que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas
privadas (quando exploram atividade econômica), continuam obrigadas à
licitação.
02) O Supremo Tribunal Federal considera impenhoráveis os bens das
empresas públicas e das sociedades de economia mista, sempre que seu objeto
de atuação seja a prestação de serviço público de prestação obrigatória pelo
Estado.
Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito
privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder
Público, mediante autorização de lei específica a se constituir com capital
próprio e exclusivamente público, para exploração de atividade
econômica ou prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras
públicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organização
empresarial (Ltda., S/A, etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de
Telégrafos (EBTC), Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço
de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc.

Sociedades de Economia Mista: são pessoas jurídicas integrantes da


administração indireta, mas também de personalidade de direito privado,
instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com
patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades
econômicas ou serviços de interesse coletivo (públicos), sendo que sua
forma é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a
conjugação de capital público e privado, as ações com direito a voto
(controle acionário) devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.:
Banco do Brasil, Petrobrás, etc.

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Diferenças Empresa Pública Sociedade de Economia Mista

Pode revestir-se de qualquer das


Forma formas admitidas em direito Reveste-se obrigatoriamente na
Jurídica (sociedades civis, sociedades forma de sociedade anônima.
comerciais, Ltda., S/A, etc.).

É formado pela conjugação de


Composição É formado apenas com recursos
recursos públicos e de recursos
do Capital públicos.
privados.

Suas causas serão processadas e


Não foi contemplada com o foro
julgadas pela Justiça Federal, exceto
Foro processual da Justiça Federal,
as de falência, as de acidente do
Processual sendo suas causas processadas e
trabalho e as sujeitas à Justiça
julgadas na Justiça Estadual.
Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

6. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA


A Lei n° 12.441/2011, alterando o Código Civil, inseriu no rol das pessoas
jurídicas (art. 44, VI), também a empresa individual de responsabilidade
limitada (EIRELI). Até então nosso ordenamento não permitia a formação de
uma empresa com apenas um sócio (a não ser em casos excepcionais). O que
se tinha era o “empresário individual”. No entanto, este era considerado como a
própria pessoa natural (e não jurídica), sendo que seu patrimônio pessoal se
confundia com o utilizado no empreendimento, o que era considerado uma
temeridade, pois no caso de execução por dívidas geradas pela empresa, os
bens pessoais do empresário seriam vendidos para cobrir o passivo da empresa.
Ou seja, o empresário individual possui responsabilidade ilimitada. Para fugir
disso, geralmente era criada uma “sociedade” limitada, mas formada por “sócios
laranjas”. Ex.: pessoa criava uma sociedade com 100 cotas, sendo que
reservava 97 para si e distribuía 1 para sua esposa, 1 para um filho e outra para
outro filho. A nova lei corrigiu esta distorção, não sendo mais necessária a
criação dessa “sociedade”. Agora separa-se o patrimônio da empresa de seus
bens individuais, criando uma espécie de “patrimônio de afetação” sobre o qual
incidirão somente os deveres da empresa e não os da pessoa natural (salvo,
como veremos mais adiante, a desconsideração da personalidade).
No que se refere à organização, a EIRELI é constituída por uma única
pessoa como titular da integralidade do capital social, sendo que o valor
deste não pode ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Assim, estabelecem-se limites para esta opção de pessoa jurídica, deixando de
fora os empresários de menor porte. Se o salário mínimo aumentar o titular não
precisa aumentar seu capital, pois a exigência da lei é apenas no momento da
constituição. Observação: há um piso mínimo, mas não há um teto máximo.

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Quanto ao nome empresarial, que identifica o empreendedor nas
realizações empresariais e contratuais, ele poderá adotar o próprio nome ou sua
abreviação, bem como um nome distinto da pessoa natural. No entanto o nome
adotado deverá conter como sinal distintivo a expressão “EIRELI” após a firma
ou denominação adotada. Exemplos: José João EIRELI; ou J.J. EIRELI, ou J.J.
Comercial EIRELI; ou ainda Alfa Comercial EIRELI. A pessoa natural que
constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá
figurar em uma única empresa dessa modalidade, o que a diferencia das demais
sociedades, uma vez que nestas os sócios podem ter outro empreendimento
sem qualquer problema.
A EIRELI pode ser originária ou derivada. Originária quando a pessoa
inicia do zero a atividade empresarial. Derivada quando resulta da
transformação de um empresário individual ou de uma sociedade, em EIRILI.
Assim, se uma sociedade limitada deixar de possuir pluralidade de sócios, ela
poderá ser transformada em uma EIRELI. Anteriormente esta situação implicava
numa verdadeira corrida contra o tempo do sócio remanescente, pois ele era
obrigado a procurar um novo sócio no prazo de 180 dias, sob pena de ver sua
sociedade extinta caso permanecesse na condição de apenas um sócio.
A V Jornada de Direito Civil do CJF aprovou o Enunciado 468
explicando a natureza jurídica da EIRELI: “A Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI) não é sociedade, mas novo ente
jurídico personificado”. Portanto, ela é uma pessoa jurídica constituída por
apenas uma pessoa (usa-se a expressão “titular”, ao invés de “sócio”), tendo
natureza especial, bem como tratamento específico no novo art. 980-A, CC.
Aplicam-se à EIRELI, no que couber, as regras previstas para as sociedades
limitadas, sendo que o Enunciado 469 do CJF estabelece que o patrimônio da
EIRELI responde pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o
patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do
instituto da desconsideração da personalidade jurídica (do qual falaremos mais
adiante). Finalmente, estabelece o Enunciado 470 do CJF que os atos
constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, para fins
de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento ou de registro
de alterações dos atos constitutivos configura irregularidade superveniente.
Finalmente, estabelece a Instrução Normativa n° 117/2011, do Departamento
Nacional do Registro do Comércio (DNRC): “A EIRELI é pessoa jurídica
constituída por único titular, que deverá ser pessoa física”.

RESUMINDO A EIRELI (ver art. 980-A e seus parágrafo, CC): a) é pessoa


jurídica (e não física) de direito privado (possui personalidade jurídica; deve ser
registrada); não é uma nova espécie de sociedade; b) seu capital inicial deve
ser de no mínimo 100 vezes o maior salário mínimo, totalmente integralizado
por seu único titular (pessoa física); c) pode ser criada de forma originária ou

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derivada; d) cada pessoa só pode constituir uma única EIRELI; e)
responsabilidade limitada até o valor do capital social (são regidas, no que
couber, pelas normas das sociedades limitadas); f) firma ou denominação
seguida da expressão EIRELI.

DISTINÇÕES
Associação X Sociedade
• Semelhanças: conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de
certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única.
• Distinções: Associação → não há fim lucrativo (ou de dividir resultados,
embora tenha patrimônio), formado por contribuição de seus membros para
a obtenção de fins culturais, esportivos, religiosos, etc. Sociedade → visa fim
econômico ou lucrativo, que deve ser repartido entre os sócios.
Associação X Fundação
• Semelhanças: ambas não visam finalidade lucrativa.
• Distinções: Fundação → atribuição de personalidade jurídica a um
patrimônio; possui objeto mais restrito. Fiscalização do MP. Associação →
aglomeração orgânica de pessoas (naturais ou jurídicas); possui um objeto
mais amplo para sua criação (admite também objeto recreativo, esportivo,
etc.).

INÍCIO DA EXISTÊNCIA LEGAL DA PESSOA JURÍDICA. CONSTITUIÇÃO.


Enquanto a pessoa natural surge com um fato biológico (o nascimento
com vida...), a pessoa jurídica tem seu início, em regra, com um ato jurídico ou
uma norma. No entanto há diferenças entre elas quanto a forma de
constituição:
1) Pessoas Jurídicas de Direito Público → sua existência se dá em
razão da lei e do ato administrativo, bem como de fatos históricos, previsão
constitucional, tratados internacionais, etc. São regidas pelo Direito Público. Um
País surge quando afirma sua existência em face dos outros. Os Estados-
membros têm o reconhecimento de sua existência quando instituídos na própria
Constituição Federal deste País. Já os Municípios, peculiaridade de nosso regime
federativo, também têm sua autonomia assegurada pela Constituição, tendo seu
início no provimento que os criou (são regidas pelas Constituições estaduais e
pelas Leis Orgânicas). As autarquias e demais pessoas jurídicas de direito
público são criadas e organizadas por leis, que estabelecem todas as condições
para o exercício de seus direitos e obrigações. Assim elas nascem com a própria
lei.
2) Pessoas Jurídicas de Direito Privado → o fato que lhes dá origem é a
vontade humana convergente (affectio societatis). Sua criação possui duas
fases: a elaboração dos atos constitutivos e o seu respectivo registro.

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Primeira Fase: Elaboração dos Atos Constitutivos  A pessoa jurídica se
constitui, por escrito, por ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis em
relação às fundações e por ato jurídico bilateral ou plurilateral em relação às
sociedades e as associações.
• Regra: a) Fundações → escritura pública ou testamento; b) Associações
(sem fim lucrativo) → Estatuto. b) Sociedades simples ou empresárias (com
finalidade lucrativa) → Contrato Social (no caso do capital social ser dividido
em quotas: Sociedade em Nome Coletivo, Comandita Simples e Limitada) ou
Estatuto Social (no caso do capital social ser dividido em ações: Sociedade
Anônima e Comandita por Ações).
Segunda Fase: Registro do Ato Constitutivo  Para que a pessoa jurídica
exista legalmente, é necessário inscrever os contratos, estatutos ou
compromissos no seu registro peculiar. Antes do registro é chamada de
“sociedade de fato”.
• Regra: a) Sociedades Empresárias → Registro Público de Empresas
Mercantis (Junta Comercial); b) Demais pessoas jurídicas → Registro Civil de
Pessoas Jurídicas. Quaisquer alterações supervenientes nestas instituições
devem ser averbadas no mesmo registro.

Atenção. Algumas entidades necessitam de uma Terceira Fase:


autorização prévia do governo para existir e funcionar. Ex.: instituições
financeiras (art. 18, Lei n° 4.595/64), sociedades seguradoras (art. 757, CC),
administradoras de consórcios, entidades de previdência complementar (art. 67,
Lei Complementar n° 109/2001), universidades, sociedades estrangeiras, bolsa
de valores, casas lotéricas, etc. (confiram também o art. 21, XII, CF/88 e art.
45, CC).

REGISTRO
Como vimos, somente com o registro a pessoa jurídica adquire a
personalidade. Tal registro se dá no Registro Civil das Pessoas Jurídicas. No
entanto uma sociedade empresária deve ser registrada no Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins (Lei n° 8.934/94), sendo competente
para tais atos as Juntas Comerciais.
Art. 1.150, CC: O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao
Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas (...).
O registro é ato formal e solene, pois se trata de requisito essencial
para a validade do ato instituidor da pessoa jurídica. Segundo o art. 46, CC o
registro deve conter os seguintes elementos: a) a denominação, os fins, a
sede, o tempo de duração e o fundo social (quando houver); b) o nome e a
individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores; c) forma de
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administração e representação ativa e passiva, judicial e extrajudicial; d)
possibilidade e modo de reforma do estatuto social; e) previsão da
responsabilidade subsidiária dos sócios pelas obrigações sociais; f) condições de
extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio. A ausência de algum
desses elementos é causa de anulabilidade do estatuto, cuja ação decai no
prazo de 03 (três) anos (art. 45, parágrafo único, CC).
Uma pessoa jurídica começa a existir no momento em que é efetuado o
seu registro, passando a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações,
obtendo capacidade patrimonial, adquirindo vida própria e autônoma, não
se confundindo com a personalidade de seus membros. Dispõe o art. 45, CC:
“Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo”.
É interessante deixar claro que se uma sociedade que ainda não foi
registrada estiver praticando atos, nos termos do art. 986, CC, será regida pelas
normas da sociedade comum (que é uma espécie do gênero sociedade sem
personalidade jurídica) e subsidiariamente pelas normas da sociedade simples
(espécie do gênero sociedades personificadas). Isso quer dizer que a sociedade
existe de fato. Porém, nos termos do art. 990, CC não há separação de
patrimônio, ou seja, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente
pelas obrigações da sociedade.

Atenção
• Personalidade da Pessoa Natural: nascimento com vida. O registro
possui apenas efeito declaratório, pois quando ele é feito, a condição de
pessoa já havia sido adquirida. O registro apenas declara uma situação pré-
existente: o nascimento com vida.
• Personalidade da Pessoa Jurídica: registro. O registro neste caso possui
efeito constitutivo; é com ele que a pessoa jurídica “nasce” ou se
constitui juridicamente como ente autônomo.
• Observação importante para concursos: digamos que uma sociedade
funcionou durante cinco anos sem ser registrada. Após este prazo,
resolveram registrá-la. Pergunta-se: o registro retroage desde o início das
atividades da sociedade ou somente a partir do registro? Resposta: os
efeitos do registro da pessoa jurídica são sempre para o futuro (efeito ex
nunc); não se pode retroagir, legitimando o passado.

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DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS
As pessoas jurídicas também possuem domicílio (art. 75, CC), que é a
sua “sede jurídica”, onde os credores podem demandar o cumprimento das
obrigações. Situações legais:
• União → Distrito Federal.
• Estados e Territórios → suas respectivas Capitais.
• Municípios → o lugar onde funciona a Administração Municipal (a sede
municipal).
• Demais Pessoas Jurídicas → Regra: o lugar onde elegerem domicílio
especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Na omissão é o local onde
funcionam as respectivas diretorias e administrações. Essa regra se aplica
também às autarquias, empresas públicas e outros órgãos da administração
indireta. Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados. Admite-se, portanto, a pluralidade domiciliar da pessoa jurídica,
desde que tenha estabelecimentos em lugares diferentes (ex.: filiais, agências,
escritórios de representação, etc. – art. 75, §1°, CC). Finalmente estabelece o
art. 75, §2°, CC que se “a administração, ou diretoria, tiver a sede no
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder”.

RESPONSABILIDADE CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS


A responsabilidade civil das pessoas jurídicas em geral pode ser de
natureza contratual ou extracontratual.
1) Responsabilidade Contratual: as pessoas jurídicas (seja de direito
privado ou público) são responsáveis por seus atos. Ou seja, elas respondem
pelos danos decorrentes de suas condutas. Se assumiram determinada
obrigação, se assinaram determinado contrato, devem cumpri-lo da forma como
foi estipulado. Lembrando que o administrador que realizou os atos assim
procedeu nos limites dos poderes que lhe foram conferidos no ato constitutivo,
devendo a pessoa jurídica responder também pelas perdas e danos (além dos
juros, correção monetária e honorários advocatícios). O fundamento legal desta
regra encontra-se nos arts. 47 e 389, CC. Portanto, na responsabilidade
assumida por meio de uma obrigação contratual, as pessoas jurídicas devem
responder com seus bens por esse inadimplemento (não cumprimento)
contratual.
2) Responsabilidade extracontratual (ou aquiliana): nesse caso vigora
a regra geral do neminem laedere (ou seja, a ninguém se deve lesar). Reprime-

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se a prática dos atos ilícitos em geral, impondo a obrigação de reparação
de eventuais danos. Ela tem fundamento nos arts. 186 e 187 combinados com o
art. 927, CC. Além disso, estabelece o art. 932, CC: “São também responsáveis
pela reparação civil: (...) III. O empregador ou comitente, por seus
empregados, serviçais e prepostos no exercício do trabalho que lhes competir,
ou em razão dele”. Assim, para a caracterização da responsabilidade
extracontratual não é necessário que o ato seja praticado pelo administrador.
No entanto, há uma nuance entre a responsabilidade das pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado. Vejamos:
A) Pessoa Jurídica de Direito Privado. Neste caso existem duas formas
de responsabilidade:
1) Por ato próprio  nesta hipótese a responsabilidade é direta e
subjetiva (art. 47, CC). Isto porque a pessoa jurídica responde pelos atos de
seus órgãos (os diretores e os administradores estão apenas cumprindo as
determinações das suas assembleias).
2) Por ato de terceiro  nesta hipótese a responsabilidade é indireta e
objetiva. Determina o Código Civil que as pessoas jurídicas de direito privado
são civilmente responsáveis pelos atos danosos praticados por seus
empregados, serviçais ou prepostos (representantes) no exercício do trabalho
que lhes competir ou em razão dele (art. 932, III, CC). Por tal motivo trata-se
de responsabilidade indireta. Ou seja, a pessoa jurídica irá responder por uma
conduta praticada por terceiro (ex.: empregado), mas que, em razão de um
vínculo com a pessoa jurídica, gera a responsabilidade desta. Acrescenta o art.
933, CC que esta responsabilidade independe de culpa (em sentido amplo) de
seus agentes, sócios ou representantes. Portanto a responsabilidade é do tipo
objetiva. Observem que neste caso a pessoa jurídica nada fez de irregular;
quem agiu de forma errônea foi o dirigente ou o empregado. Mas ainda assim
ela irá responder por este ato. Além disso, essa responsabilidade também será
solidária, pois a vítima pode reclamar os danos tanto da pessoa jurídica, como
do agente causador do prejuízo. Ex.: O motorista de caminhão de uma empresa,
embriagado, atropela e mata um pedestre; a família da vítima pode ingressar
com ação judicial de responsabilidade civil somente contra a empresa, somente
contra o motorista, ou contra ambos, posto que tanto a empresa, como o
motorista são responsáveis solidários. Se preferir ingressar com a ação somente
contra a empresa, esta terá o direito de regresso contra o empregado.

B) Pessoa Jurídica de Direito Público. A partir de 1946 a responsabilidade


passou a ser prevista na própria Constituição da República, principalmente em
virtude da criação dos chamados direitos individuais de segunda geração. Com
base no princípio da igualdade de todos perante a lei (todos têm encargos
equitativamente distribuídos), não seria justo que, para benefício de toda uma
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coletividade, somente uma pessoa sofresse os ônus. Inicia-se, então a chamada
Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado. A pessoa lesada apenas
deve provar que houve uma conduta por parte do Estado, que ela sofreu um
dano e que houve um nexo de causalidade entre a conduta e o dano. Ou
seja, a vítima não tem mais o ônus de provar culpa ou dolo do funcionário.
Vigora atualmente a Teoria do Risco Administrativo. Nela o Estado
responde objetivamente, porém não em qualquer hipótese. Permite-se que a
responsabilidade do Estado seja afastada em situações onde consiga provar a
culpa exclusiva da vítima (no caso de culpa concorrente apenas se atenua sua
responsabilidade, diminuindo o valor da indenização), o caso fortuito ou a força
maior, a ausência de nexo causal, etc. As pessoas jurídicas de direito público e
as de direito privado prestadoras de serviços públicos (abrangendo as
concessionárias e permissionárias) têm responsabilidade civil:
Pelos danos que seus agentes (sentido amplo), nessas qualidades,
causarem a terceiros (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC). Art. 43, CC: “As
pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por
atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvados direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por
parte destes, culpa ou dolo”. Art. 37, §6°, CF/88: “As pessoas jurídicas de
direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa”. Percebam que o texto constitucional foi mais abrangente
do que o Código Civil ao inserir também as pessoas jurídicas de direito
privado que sejam prestadoras de serviços públicos, incluindo não só as
concessionárias, como aquelas que agem por delegação, como é o caso dos
notários e tabeliães.
Trata-se de responsabilidade de ressarcimento de danos, do tipo
objetiva, isto é, a responsabilidade existe independentemente de culpa do
funcionário. Há que se provar a conduta (positiva ou negativa), a lesão (dano
patrimonial ou moral) e o nexo causal (a lesão foi causada pela conduta). Não
se analisa eventual culpa. Provados aqueles elementos (conduta, dano e nexo),
o Estado deve indenizar. Também não se indaga da licitude ou ilicitude da
conduta administrativa. Ou seja, às vezes, mesmo agindo licitamente o Estado
pode ser obrigado a indenizar um particular. Ex.: quando o Estado realiza uma
obra que em tese irá beneficiar muitas pessoas, pode causar prejuízo a uma
pessoa em especial. A obra realizada é lícita. Mas se causar prejuízo a um
particular, esse deve ser indenizado (ex.: seu imóvel foi desvalorizado com a
obra).

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Os mesmos dispositivos citados (art. 37, §6°, CF/88 e art. 43, CC)
autorizam ao Poder Público o chamado direito de regresso contra o causador
do dano, se houver culpa ou dolo de sua parte. Lembrando que quando se fala
“culpa”, devemos entender seu sentido amplo, abrangendo tanto a culpa em
sentido estrito (o agente praticou uma conduta, mas não teve a intenção da
ocorrência de um resultado específico, porém este acabou acontecendo por
imprudência, negligência ou imperícia do agente) como o dolo (o agente teve a
intenção de praticar a conduta, desejando ou assumindo o risco pelos resultados
advindos de sua conduta). Assim, o Estado responde de forma objetiva (ou seja,
independentemente de culpa). Mas se o Estado for condenado e ficar provada a
culpa ou o dolo do funcionário, o Estado poderá acionar regressivamente o seu
agente. Logo, a responsabilidade do funcionário é do tipo subjetiva, pois deve
estar comprovada a sua culpa em sentido amplo (que abrange o dolo ou a culpa
em sentido estrito) no evento.
Por atos de terceiros e por fenômenos da natureza. Neste caso, a
responsabilidade é somente subjetiva. Ou seja, deve-se provar a culpa da
Administração (ex.: casos de enchentes ou depredações por movimentos
populares, já previstos pela administração). Trata-se de uma exceção à
regra de que o Estado responde de forma objetiva.

Observações
01) A doutrina e a jurisprudência de forma majoritária entendem que na
hipótese de uma conduta omissiva por parte do Estado, a sua
responsabilidade dependeria de demonstração de culpa da sua parte. Seria
então mais um caso de responsabilidade subjetiva do Estado. No entanto há
quem sustente, também nesse caso, de responsabilidade objetiva.
02) O Supremo Tribunal Federal já decidiu que as ações fundadas na
responsabilidade objetiva só podem ser ajuizadas contra a pessoas jurídica. No
entanto, se o autor se dispõe a provar a culpa ou dolo do servidor
(responsabilidade subjetiva), abrindo mão de uma vantagem, poderá movê-la
diretamente contra o causador do dano. Isso pode ser mais vantajoso porque a
execução contra o particular é menos demorada (não há a expedição dos
famosos precatórios). E se preferir mover a ação contra ambos, deverá também
arcar com o ônus de provar a culpa do funcionário.
03) Cabe ação contra o Estado ainda quando não se identifique o funcionário
causador do dano (“culpa anônima da administração”).
04) A pessoa jurídica também pode ser penalmente responsável, na hipótese
de crimes ambientais (art. 225, §3°, CF/88 e art. 3° da Lei n° 9.605/98).

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EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA
A existência da pessoa jurídica (em relação às sociedades e às
associações) termina:
• Dissolução deliberada e voluntária de seus membros (extinção
convencional) por unanimidade de votos e mediante distrato. Distrato é a
rescisão de um contrato. A dissolução voluntária pode ser amigável ou
judicial (quando não há concordância quanto a seus termos). Nesse
último caso é ressalvado o direito de terceiros e da minoria. Assim, se a
minoria desejar a continuidade da sociedade, impossível será sua
dissolução amigável (haverá então uma sentença judicial), a menos que o
contrato contenha cláusula que preveja a extinção por maioria simples. No
entanto, se a minoria tentar extinguir a pessoa jurídica, não conseguirá.
• Morte de seus membros (extinção natural).
• Quando a lei assim determinar (extinção legal).
• Decurso do prazo, se constituída por prazo determinado.
• Dissolução por decisão judicial: procedimento falimentar (em regra para
as sociedades empresárias) ou liquidação (em regra para sociedade
simples). Nesse caso independe a vontade dos sócios.
• Administrativa: decorre da cassação da autorização de funcionamento,
específica para algumas entidades (ex.: instituições financeiras que
dependem de autorização do Banco Central).

É importante notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de


modo instantâneo. Qualquer que seja o fator extintivo tem-se o fim da
entidade. Porém, se houver bens em seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela
continuará em fase de liquidação. Assim, mesmo dissolvida uma pessoa
jurídica, ela ainda pode subsistir, mantendo a personalidade para fins de
liquidação (pagamento das dívidas e partilha do remanescente entre os sócios).
Somente após o encerramento da liquidação é que se promove o
cancelamento da inscrição da pessoa jurídica no respectivo registro (art. 51,
CC), dando-se baixa nos atos constitutivos.
Destino do patrimônio na dissolução
Tratando-se de uma sociedade (finalidade lucrativa), cada sócio terá
direito ao seu quinhão; o remanescente do patrimônio social será partilhado
entre os sócios ou seus herdeiros.
Tratando-se de uma associação (sem finalidade lucrativa), seus bens
serão destinados: conforme o previsto nos estatutos; se não houver previsão,
serão destinados a estabelecimento municipal, estadual ou federal que possua
finalidades semelhantes aos seus.

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GRUPOS DESPERSONALIZADOS
Como vimos, as sociedades, as associações, as fundações, etc., possuem
personalidade jurídica. Mas nem todo grupo ou ente que objetiva um
determinado fim é dotado de personalidade jurídica. Os grupos
despersonalizados (ou entes com personificação anômala) constituem um
conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e bens, sem
personalidade jurídica, que geralmente se formam independentemente da
vontade de seus membros. No entanto, apesar de não terem personalidade,
possuem capacidade processual, isto é, capacidade para postular em juízo
(ou seja, ser autor ou réu em uma ação judicial – vide art. 75, Código de
Processo Civil/2015). Citamos como principais exemplos:
• Sociedades em Comum (sociedades de fato ou irregulares)  são
sociedades empresárias que não estão juridicamente constituídas, não
possuindo, portanto, personalidade jurídica. Para alguns doutrinadores,
sociedades de fato e sociedade irregulares são expressões sinônimas. Outros,
contudo, as distinguem: nas sociedades de fato não há qualquer instrumento
firmado pelos sócios, não há qualquer ato constitutivo (estatuto ou contrato
social); já nas sociedades irregulares há um contrato firmado entre os sócios,
pode até haver um ato constitutivo, porém o mesmo não foi levado a registro.
De uma forma geral a lei tutela esse tipo de sociedade, em virtude da teoria da
aparência. Ela pode elaborar e registrar o ato constitutivo no cartório
competente a qualquer momento, ocasião em que passará a ser uma sociedade
personificada, podendo escolher uma das cinco formas societárias (nome
coletivo, comandita simples, limitada, sociedade anônima ou comandita por
ações). Elas não podem requerer falência de outras empresas e nem requerer a
sua recuperação judicial. A lei determina que os sócios respondem de forma
solidária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade, não havendo
qualquer benefício de ordem (todo e qualquer sócio pode ser acionado para o
pagamento das dívidas contraídas pela sociedade, não necessitando que seja
acionado primeiro quem contratou pela sociedade). Isto porque os credores da
sociedade são credores dos sócios, não havendo autonomia da pessoa jurídica.
Estão previstas nos arts. 986 a 990, CC.
• Massa Falida  decretando-se a falência de uma sociedade, a pessoa
perde o direito à administração e à disposição do patrimônio, sendo que os as
coisas e os direitos são arrecadados; a reunião desses bens recebe o nome de
massa falida. O administrador judicial da falência a representa ativa e
passivamente (ou seja, pode ser autor ou réu de uma ação judicial). Lembrando
que a expressão “administrador judicial” foi inserida em nosso ordenamento
pela Lei n° 11.101/2005 (que regula a recuperação judicial e extrajudicial, bem
como a falência do empresário e da sociedade empresária), em substituição à

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expressão “síndico da massa falida” usada pela antiga Lei de Falências (Decreto-
Lei n° 7.661/45) e que ainda costuma cair nas provas.
• Espólio  é o conjunto de direitos e obrigações ou uma simples massa
patrimonial deixada pelo de cujus; é a herança, propriamente dita. O
inventariante prestará compromisso legal e irá representar ativa e
passivamente, em juízo ou fora dele os interesses do espólio.
• Herança Jacente e Vacante  é o conjunto de bens deixados pelo
falecido, enquanto não entregue a um sucessor devidamente habilitado. Ocorre
a herança jacente quando a pessoa morre sem deixar testamento, sem deixar
herdeiro certo e determinado, ou deixando herdeiros, eles renunciam (art.
1.819, CC). Os bens são arrecadados e ficam sob a guarda e administração de
um curador nomeado pelo Juiz. São expedidos editais e aguarda-se um ano. Se
ninguém aparecer se dizendo herdeiro a herança é declarada vacante (art.
1.820, CC). Os bens arrecadados passarão ao domínio do Poder Público (em
sentido amplo). Ainda assim, aguardam-se mais cinco anos desde a abertura da
sucessão. Só então os bens arrecadados passarão definitivamente ao domínio
do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em
território federal.

CONDOMÍNIO ESPECIAL (condomínio em edificações). Trata-se de uma


questão controvertida. Alguns autores o consideram como ente
despersonalizado; outros, como tendo personalidade anômala. No entanto a
corrente mais moderna afirma que possui personalidade jurídica própria. No
concurso como eu faço? Penso que seguindo a tendência do Direito devemos
considerá-lo como tendo personalidade jurídica. Inicialmente porque
esclarece o Enunciado 144 CJF (já visto) que o rol de pessoas jurídicas do art.
44 é meramente exemplificativo. Além disso, hoje em dia um condomínio é
obrigado a ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Há quem diga
que no condomínio também há uma affectio societatis (lembram-se desta
expressão falada no início deste ponto?), havendo aptidão à titularidade de
direitos e deveres, podendo adquirir imóveis, materiais para construção,
conservação e administração do edifício em seu nome. Finalmente devemos
acrescentar que o Enunciado 90, alterado pelo 246 da I e III Jornadas de Direito
Civil do CJF, orienta que: “Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao
condomínio edilício nas relações jurídicas”. Lembrando que cabe a
representação do condomínio (ativa e passiva) ao síndico ou administrador
(que pode ser uma pessoa física ou jurídica).

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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Como vimos, a pessoa jurídica é um sujeito de direitos e obrigações,


tendo existência independente dos membros que a compõem (princípio da
autonomia da pessoa jurídica). Como costumo dizer: pessoa jurídica é uma
coisa... pessoas físicas que integram a pessoa jurídica é outra coisa. Há uma
separação patrimonial entre os bens da pessoa jurídica e os bens dos sócios e
administradores. Partindo desta ideia, a pessoa jurídica somente responde pelos
débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio
individual dos sócios que a compõe.
Devido a essa exclusão de responsabilidade dos sócios, que vigorava de
forma plena em nosso Direito, a pessoa jurídica, por vezes, se desviava de seus
princípios e finalidades, cometendo abusos, fraudes e desonestidades (evidente
que se tratava de uma minoria; não vamos aqui generalizar), provocando uma
reação na doutrina e na jurisprudência. Em alguns casos a pessoa jurídica servia
apenas como um escudo ou um manto protetor de distorções e fraudes levadas
a efeito pelas pessoas físicas. Visando coibir tais abusos, surgiu a figura da
desconsideração da pessoa jurídica. Desconsiderar significa ignorar ou não
levar em conta a distinção criada pela ficção legal entre os dois patrimônios.
Com isso, são alcançados os bens das pessoas físicas que se escondem dentro
de uma pessoa jurídica para a prática de atos ilícitos ou abusivos. Trata-se de
uma exceção.
A doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da
personalidade jurídica da entidade para permitir que os credores prejudicados
possam satisfazer os seus direitos no patrimônio pessoal do sócio ou
administrador que cometeu o ato abusivo.

Curiosidade Histórica
Anteriormente não havia no Brasil uma previsão expressa na lei. Quem
primeiro tratou do tema no Brasil foi o Prof. Rubens Requião. Relata a doutrina
que o primeiro caso na história abordando o tema ocorreu na Inglaterra em
um famoso processo que ficou conhecido como “Salomon versus Salomon & Co.
Ltd.”, julgado pela House of Lords (Câmara dos Lordes), em 1897. Uma pessoa
chamada Aaron Salomon constituiu uma sociedade com seis sócios, todos eles
membros de sua família, cedendo uma ação para cada e reservando outras vinte
mil para si. A empresa (pessoa jurídica), que passava por dificuldades
financeiras, emitiu títulos privilegiados, sendo que o próprio Salomon (pessoa
física) os adquiriu. A pessoa jurídica Salomon & Cia. Acabou falindo... No
entanto, antes disso, pagou seu débito para com a pessoa física Aaron Salomon

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(que era o credor com privilégios). A empresa não conseguiu pagar os demais
credores, que não tinham preferências. Entendeu-se inicialmente que Aaron
usou a companhia apenas como “escudo” para lesar os demais credores. A tese
inicialmente vingou: Aaron teria agido com má-fé. No entanto a Câmara dos
Lordes (uma espécie de segunda instância) acabou por entender que a conduta
de Aaron foi legal, pois ele (pessoa física) não poderia responder pelas dívidas
de sua empresa (pessoa jurídica). Ocorre que apesar da tese ter sido perdedora
no final do processo, acabou ganhando adeptos e repercutiu nos Estados
Unidos, onde ganhou força e se espalhou vitoriosa. Posteriormente retornou
para os países europeus e se difundiu.
Como se trata de um instituto que teve início no Direito anglo-saxão
(Inglaterra e EUA) é comum, inclusive em concursos, a utilização de
expressões inglesas: disregard of the legal entity (desconsideração da pessoa
jurídica) ou disregard doctrine (doutrina da desconsideração), ou piercing the
corporate veil (perfurando ou rasgando o véu da corporação) ou lifting the
corporate veil (levantando ou desvelando o véu da corporação).
No Brasil, inicialmente, tratava-se apenas de uma doutrina. Com o
tempo a teoria foi ganhando força e os juízes começaram a aplicá-la como uma
questão de justiça, de equidade, coibindo assim os abusos e enriquecimentos
sem causa (princípios que vedam o abuso de direito e da fraude contra
credores). Com o tempo a teoria foi ganhando força e foi se formando uma
sólida jurisprudência. O passo seguinte foi a previsão do instituto em lei.
Portanto, a desconsideração já era aplicada mesmo antes da positivação em lei.
O estatuto legal pioneiro no Brasil sobre o tema foi o Código de Defesa do
Consumidor (Lei n° 8.078/90 – CDC), ainda em vigor, nos seguintes termos:
Art. 28: “O Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade
quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado
de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica causada por má
administração” (...) §5º: “também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento
de prejuízos causados aos consumidores”.

A seguir o instituto foi se espalhando por todo o Direito brasileiro, como


na Lei Antitruste (Lei n° 8.884/94, art. 18); Lei do Meio Ambiente (Lei n°
9.605/98, art. 4°) e acabou chegando ao Código Civil de forma expressa:
Art. 50, CC: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado
pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir,
a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de

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obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica”.

Por esse dispositivo civil permite-se ao Juiz (somente ele e não uma
autoridade administrativa ou mesmo o Ministério Público), de forma
fundamentada (não pode agir de ofício, ou seja, sem ser provocado por um
interessado), ignorar os efeitos da personificação da sociedade, para atingir e
vincular também as responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a
consumação de fraudes e abusos, desde que causem prejuízos e danos a
terceiros. Os sócios e administradores serão então incluídos no polo passivo do
processo, respondendo com seus bens particulares nos negócios jurídicos
praticados em nome da pessoa jurídica pelos danos causados a terceiros.
Uma pessoa lesada por uma empresa pode ser ressarcida por meio das
próprias pessoas que constituíram a empresa. Neste caso específico e
determinado, o Juiz não leva em consideração a pessoa jurídica (daí o termo
“desconsideração da pessoa jurídica”), decidindo como se a própria pessoa física
tivesse realizado o negócio. No entanto, o Juiz deve agir com cautela ao decidir
pela desconsideração. Deve examinar cada caso em particular, se foram
preenchidos todos os requisitos legais para decretação da medida.
Segundo entendimento jurisprudencial a desconsideração não depende
de ação específica e autônoma, podendo ser incidental ao processo que se
cobra o cumprimento das obrigações da empresa. Pela corrente majoritária
referente ao art. 50, CC, dispensa-se a prova do dolo específico do sócio ou
administrador.
REQUISITOS. O art. 50, CC exige, de forma alternativa, os seguintes
requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica: a) desvio de
finalidade; b) confusão patrimonial.
a) Desvio de Finalidade: realização de atividades fora das autorizadas no
contrato social para a pessoa jurídica; exercício de atividades ilícitas;
utilização da pessoa jurídica para o fim de enriquecimento de seus sócios em
detrimento da saúde administrativa da empresa (retirada de capital financeiro
fazendo com que o patrimônio deixe de ser capaz de suprir as obrigações),
etc.
b) Confusão Patrimonial: quando não se distingue os bens do sócio e os da
empresa (ex.: bem imóvel utilizado para os interesses da pessoa jurídica é
adquirido e colocado em nome do sócio).

Cuidado Fique atento quanto à forma de elaboração da questão. Às


vezes ela pode se referir somente ao Código Civil e às vezes somente ao Código
de Defesa do Consumidor. Observem que a redação de cada estatuto é diferente
e os requisitos para que haja a desconsideração em cada caso também são

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diferentes, pois cada lei adotou uma teoria diferente (veremos isso melhor
abaixo). Observem que o art. 50, CC impede que o juiz aja de ofício; pois a
lei só permite a desconsideração se houver “requerimento da parte ou do
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo”. No entanto o STJ já
admitiu a declaração de ofício da desconsideração em um caso de falência e
outro de relação de consumo (CDC), pois nessas legislações não está expressa
essa exigência.

Atenção Desconsideração X Despersonificação


A desconsideração tende a permitir a manutenção posterior de suas
atividades (princípio da continuidade da empresa). A despersonificação
aniquila a pessoa jurídica, cancelando seu registro. A decisão judicial que
desconsidera a personalidade jurídica da sociedade não desfaz o seu ato
constitutivo, nem acarreta em sua dissolução. Trata apenas de suspensão
episódica da eficácia desse ato (que permanece válido e eficaz para todos os
outros fins).
Enunciados
• Enunciado 7 da I Jornada de Direito Civil do CJF: “Só se aplica a
desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de ato
irregular, e limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam
incorrido”.
• Enunciado 281 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “A aplicação da teoria da
desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da
demonstração de insolvência da pessoa jurídica”. Segundo o entendimento do
STJ, “a mera demonstração de insolvência da pessoa jurídica ou de
dissolução irregular de empresa sem a devida baixa na junta comercial, por
si sós, não ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. Nos termos
da teoria adotada pelo CC, é a intenção ilícita e fraudulenta que autoriza a
aplicação do instituto”.
• Enunciado 282 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “O encerramento
irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para
caracterizar abuso de personalidade jurídica”.

ATENÇÃO A desconsideração da personalidade jurídica não acarreta a


extinção ou torna nula a pessoa jurídica desconsiderada (ou seja, não
atinge a existência da pessoa jurídica), nem atinge a validade dos demais atos
praticados; ela apenas “afasta” a personalidade da pessoa jurídica, buscando no
patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesados, mantendo-se, no
mais, a integridade da sociedade e de suas atividades. Por isso também é
chamada de “superação episódica da autonomia da pessoa jurídica”. Como se
trata de medida excepcional, tem-se entendido que a desconsideração
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somente pode atingir os bens da pessoa que incorreu na prática do ato
irregular, após a observância dos parâmetros exigidos pela lei.

EFEITOS DA DESCONSIDERAÇÃO: a) parcial: além de não fulminar a


personalidade jurídica (que permanece para os demais efeitos), alcança
somente o patrimônio do sócio ou administrado faltoso; b) especializado:
refere-se apenas a certas e determinadas obrigações da pessoa jurídica, ou
seja, aquelas que tenham sido objeto do pedido de desconsideração; c)
temporário: encerra-se quando afastado o prejuízo para quem invocou sua
aplicação.

Observações Doutrinárias e Jurisprudenciais Importantes


01) A respeito da desconsideração, fala-se em Teoria Maior e Teoria
Menor. Vejamos.
A) PELA TEORIA MAIOR a desconsideração não pode ser aplicada
com a mera demonstração de estar a pessoa insolvente para o cumprimento de
suas obrigações para com seus credores. Exige-se maior apuro e precisão
na constatação dos requisitos legais para a decretação da medida. Além do
prejuízo causado aos credores, deve estar configurado que os sócios agiram
com desvio de finalidade, ou ainda que houve confusão patrimonial entre os
bens da pessoa física e os bens da pessoa jurídica. É a regra geral em nosso
sistema jurídico, adotada pelo Código Civil e também pelo art. 28, caput, do
Código de Defesa do Consumidor (Lei n° 8.078/90 - CDC). Essa teoria ainda
possui uma subdivisão; a) teoria maior objetiva: quando há confusão
patrimonial, situação mais fácil de ser comprovada; b) teoria maior
subjetiva: pressupõe o desvio de finalidade, elemento com maior dificuldade de
ser comprovado, pois a intenção que o sócio possui em frustrar os interesses do
credor deve ser demonstrada.
B) PELA TEORIA MENOR dispensa-se um raciocínio mais cuidadoso
para a incidência da desconsideração, sendo mais fácil de ser aplicada. Não se
exige a demonstração de eventual abuso da personalidade; basta que haja o
descumprimento (inadimplemento) da obrigação e verificação de prejuízo para
os credores, sem analisar os reais motivos que levaram a sociedade a deixar de
honrar seus compromissos. Porém, seu âmbito de aplicação fica restrito ao
Direito Ambiental (art. 4° da Lei n° 9.605/1998) e ao Direito do
Consumidor (art. 28, §5°, do CDC: “Também poderá ser desconsiderada a
pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”). Para esta teoria o
risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo
terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas sim pelos sócios e/ou
administradores. Há quem também sustente essa teoria no caso das relações

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trabalhistas (TST: “não se mostra razoável imputar aos empregados os riscos da
atividade econômica, pertencentes ao empregador”).
Dica em relação ao CDC: aplica-se a teoria maior em relação ao caput do art.
28; aplica-se a teoria menor em relação ao §5°, do art. 28.
02) Se a desconsideração incidir sobre uma Sociedade Limitada, entende o
STJ que os sócios administradores respondem integralmente com o seu
patrimônio pelas dívidas contraídas pela sociedade, não havendo limitação em
relação às quotas sociais de cada sócio. Isso seria temerário, indevido e
resultaria na desestabilização do instituto da desconsideração da personalidade
jurídica, até porque nos dispositivos legais sobre o tema não há qualquer
restrição acerca de a execução contra os sócios ser limitada às suas respectivas
quotas.
03) Segundo a doutrina, na chamada firma individual (em que o
patrimônio da empresa e do titular se confundem), bem como na sociedade
em comum (sociedade de fato ou irregular: que não possuem personalidade
jurídica, pois não estão juridicamente constituídas), não há que se falar em
desconsideração, pois nesses casos a responsabilidade já é ilimitada.
04) Fala-se em desconsideração inversa, como modalidade autônoma,
quando se vincula o patrimônio da pessoa jurídica, para responsabilizá-la por
uma obrigação contraída pelo sócio. Exemplo: uma pessoa muito rica transfere
todos os seus bens para uma pessoa jurídica da qual possui o controle absoluto.
Assim, embora tecnicamente não seja proprietário dos bens, continua a
desfrutar de todos eles. E se a pessoa física contrair uma dívida, em tese, o
credor não pode executar tais bens, pois eles não são dela, mas sim da pessoa
jurídica (escondidos). O devedor assim procede para lesar a pessoa de quem
pediu o dinheiro emprestado ou para livrar os bens de uma futura partilha em
uma separação judicial. Por meio da “desconsideração inversa” se desconsidera
a pessoa física do sócio para atingir o patrimônio da pessoa jurídica e esta
responda perante terceiros, pelas dívidas contraídas pela pessoa física.
Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil do CJF: “É cabível a
desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar
bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens
pessoais, com prejuízo a terceiros”.
05) Fala-se, também em desconsideração indireta, nos casos em que
uma empresa é controladora de outra, principalmente quando a primeira se
utiliza da segunda para praticar fraudes e abusos diversos. Neste caso
desconsidera-se a controlada para atingir a controladora (art. 28, §1° CDC: “A
pedido da parte interessada, o juiz determinará que a efetivação da
responsabilidade da pessoa jurídica recaia sobre o acionista controlador, o sócio
majoritário, os sócios gerentes, os administradores societários e, no caso de

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grupo societário, as sociedades que o integram). Na prática há casos de difícil
solução por não se saber bem que é a controladora. E mais. Às vezes uma
pessoa jurídica age no País com pouco ou nenhum patrimônio e está totalmente
em mãos de uma empresa escritural estrangeira (as chamadas off shores),
praticando irregularidades. É um caso de difícil solução, cabendo ao Juiz avaliar
este aspecto e onerar o patrimônio do verdadeiro responsável pelo fato, sempre
que um prejuízo injusto for ocasionado a terceiros.
06) Como uma evolução da desconsideração da personalidade jurídica
tem-se adotado a Teoria da Sucessão de Empresas, pela qual, nos casos em
que ficar patente a ocorrência de fraude poderá o magistrado estender as
responsabilidades de uma empresa para outra (denominadas empresa sucedida
e sucessora, respectivamente).
07) Como a lei não faz ressalvas, entende-se que as pessoas jurídicas de
direito privado sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos também são
atingidas pela teoria da desconsideração. Neste sentido é o Enunciado 284 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF: “Art. 50. As pessoas jurídicas de direito privado
sem fins lucrativos ou de fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de
abuso da personalidade jurídica”. No entanto, nesse caso, a desconsideração
atinge somente os seus dirigentes (que a representam na forma dos estatutos)
e não os associados em geral.
08) Último ponto. Não confundir a desconsideração com a teoria da
ultra vires societatis (além do conteúdo da sociedade). A regra geral é que os
atos dos administradores vinculam a pessoa jurídica pela qual são responsáveis.
No entanto, de acordo com tal teoria, a sociedade poderá ficar isenta de
responsabilidade quando provado que os administradores excederam os poderes
que lhes são conferidos. Assim, o dever de indenizar deverá ser imputado
exclusivamente ao administrador. As hipóteses estão no art. 1.015, parágrafo
único, CC. Não há uma desconsideração, até porque o sócio não se esconde
atrás da pessoa jurídica. Por isso ele responde por atos próprios, aplicando-se,
para a reparação do dano causado, a norma contida na legislação civil (arts. 186
e 927, CC).

Resumo Esquemático da Aula


CONCEITO
Pessoa Jurídica (moral ou coletiva) é a união de pessoas naturais (físicas) ou de
patrimônios, com o objetivo de atingir certos fins, reconhecida pela lei como sujeito de
direitos e obrigações. Possui personalidade jurídica própria e individual, distinta da dos
membros que a compõe. Aplica-se a elas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade da pessoa natural. Súmula 227 do STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer

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dano moral” (restrita às hipóteses de ferimento à sua honra objetiva, isto é, o
conceito que goza no meio social: patrimônio, reputação, bom nome, etc.).

PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA
a) Vontade humana criadora (affectio societatis); b) Licitude dos objetivos; c)
Obediência aos requisitos legais (existência e capacidade reconhecidas pela lei).

NATUREZA JURÍDICA
Corrente majoritária → Teoria da Realidade Técnica (a pessoa jurídica existe
de fato e não como mera abstração).

CARACTERÍSTICAS
a) existência distinta da de seus membros; b) patrimônio próprio e diverso do de
seus integrantes; c) responsabilidade civil e criminal; d) ilegitimidade para certos atos
(ex.: fazer testamento).

CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL
A) Pessoas Jurídicas de Direito Público
1. Externo (art. 42, CC) → a) Estados estrangeiros; b) outras pessoas regidas
pelo Direito Internacional Público (ONU, OEA, uniões aduaneiras como o
MERCOSUL, Santa Sé, etc.
2. Interno (art. 41, CC) → O Estado.
a) Administração Direta ou Centralizada → União, Estados Membros,
Distrito Federal, Territórios e Municípios.
b) Administração Indireta ou Descentralizada → autarquias comuns ou
especiais (agências reguladoras); associações públicas (consórcios: Lei n°
11.107/05); demais entidades de caráter público criadas por lei (fundações
públicas de direito público).
B) Pessoas Jurídicas de Direito Privado (art. 44, CC)
1. Espécies
a) Fundações Particulares: universalidades de bens personificados em
atenção ao fim que lhes dá unidade (arts. 62/69, CC). Registro da escritura
pública ou testamento. Elementos Fundamentais: a) patrimônio (dotação
de bens livres que passam a ser inalienáveis); b) finalidade: especificação dos
objetivos (em regra imutáveis e sem finalidade lucrativa, previstos no
parágrafo único, do art. 62, CC). Fiscalização pelo Ministério Público.
b) Partidos Políticos (Lei n° 10.825/03).
c) Organizações Religiosas (Lei n° 10.825/03).
d) Associações: união de pessoas, sem finalidade lucrativa (seu objetivo
pode ser moral, cultural, esportivo, beneficente, etc.). Liberdade de associação
para fins lícitos (art. 5°, XVII, CF/88). Entre os associados não há direitos e
obrigações recíprocas. Registro do Estatuto. Incluem-se os sindicatos.
e) Sociedades: pessoas naturais que formalizam por escrito uma união de
esforços, aplicando dinheiro e serviço para a realização de negócios
lucrativos. Natureza: simples ou empresárias → ambas visam finalidade
lucrativa; no entanto a diferença está no seu objeto: exercício (ou não) de
atividade própria de empresário sujeito ao registro previsto no art. 967, CC. As
sociedades simples são constituídas em geral por profissionais liberais ou

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prestadores de serviço. Palavras chaves: organização e atividade. Tipos
Societários: Nome Coletivo, Comandita Simples, Conta de Participação (não
personificada), Limitada, Sociedade Anônima e Comandita por Ações.
Obs.: empresas públicas e sociedades de economia mista são integrantes da
administração indireta, no entanto são consideradas como pessoas jurídicas de
direito privado, pois foram criadas pelo Estado como instrumento de sua
atuação no domínio econômico.
f) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI - Lei n°
12.441/11): a) é pessoa jurídica (e não física) de direito privado (possui
personalidade jurídica, devendo ser registrada); atividade empresarial; não é
uma nova espécie de sociedade; b) capital inicial de no mínimo 100 vezes o
maior salário mínimo, totalmente integralizado por seu único titular (pessoa
física); c) pode ser criada de forma originária ou derivada; d) cada pessoa só
pode constituir uma única EIRELI; e) responsabilidade limitada até o valor do
capital social (são regidas, no que couber, pelas normas das sociedades
limitadas); f) firma ou denominação seguida da expressão EIRELI.
2. Principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito privado e
direito público: disponibilidade patrimonial. Os bens das pessoas jurídicas
de direito privado são disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião. Os bens das
pessoas jurídica de direito público são impenhoráveis e imprescritíveis
(impossibilidade de usucapião), embora os dominicais possam ser alienados,
quando presentes os requisitos legais.
3. Início
a) Ato Constitutivo: ato jurídico unilateral inter vivos ou causa mortis
(fundações) ou ato jurídico bilateral ou plurilateral (associações e sociedades).
Fundações → escritura pública ou testamento. Associações → Estatuto.
Sociedade (simples ou empresárias) → Contrato Social ou Estatuto Social.
b) Registro Público: inscrição dos contratos, estatutos ou compromissos no
seu registro peculiar: Sociedade empresária → Junta comercial; demais
pessoas jurídicas de direito privado → Registro civil das pessoas jurídicas;
Sociedade simples de advogados → Registro na Ordem dos Advogados do
Brasil. A existência da pessoa jurídica de direito privado inicia-se com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC).
Requisitos: art. 46, CC. Algumas pessoas jurídicas necessitam de autorização
do executivo.
4. Domicílio: sede jurídica, onde os credores podem demandar o cumprimento
das obrigações.
a) Direito Público: art. 75, incisos I, II e III, CC. União → Distrito Federa;
Estados e Territórios → suas respectivas Capitais; Municípios → o lugar onde
funciona a Administração Municipal (a sede municipal).
b) Demais Pessoas Jurídicas (art. 75, IV, CC) → Regra: o lugar onde
elegerem domicílio especial nos seus estatutos ou atos constitutivos. Na
omissão, o local onde funcionam as respectivas diretorias e administrações.
Diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados. Admite-se, portanto, a
pluralidade domiciliar da pessoa jurídica. Se a administração, ou diretoria,
tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no
tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

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5. Extinção: a) Convencional: dissolução deliberada de seus membros,
conforme quorum previsto nos estatutos ou na lei; b) Legal: hipóteses em que a
lei determina; c) Administrativa: dependem de autorização do governo e
praticam atos nocivos ou contrários aos seus fins; d) Natural: morte de seus
membros e não ficou estabelecido se prosseguirá com seus herdeiros; decurso de
prazo (quando for constituída por prazo); e) dissolução judicial. Após a
dissolução a personalidade da pessoa jurídica ainda pode subsistir para fins de
liquidação (pagamento de dívidas e partilha do remanescente entre os sócios).
Após o encerramento da liquidação → cancelamento da inscrição da pessoa
jurídica no respectivo registro (art. 51, CC).
6. Grupos Despersonalizados: conjunto de direitos e obrigações, pessoas e
bens, sem personalidade jurídica, mas com capacidade processual
(representação) → sociedades em comum (sociedade de fato ou irregulares),
massa falida, espólio, herança jacente e vacante, etc.

RESPONSABILIDADE
1. Responsabilidade Contratual: tanto as pessoas jurídicas de direito público
como as de direito privado são responsáveis pelo que estiver disposto no contrato
firmado, respondendo com seus bens pelo eventual descumprimento de cláusulas
contratuais (art. 389, CC). Nos termos do CDC, têm responsabilidade objetiva por fato
e vício do produto. Obs.: ambas também possuem responsabilidade penal (atividade
lesiva ao meio ambiente: art. 3°, da Lei n° 9.605/98).
2. Responsabilidade Extracontratual:
a) Pessoa Jurídica de Direito Privado. Regra → Responsabilidade indireta, ou
seja, a pessoa jurídica deve reparar o dano causado pelo seu representante que
agiu de forma contrária ao direito. Além disso, é solidária, pois em razão do
vínculo entre a pessoa jurídica e seus funcionários, a vítima pode reclamar os
danos tanto da pessoa jurídica como do agente causador do dano. Não há
presunção de culpa (in eligendo ou in vigilando): arts. 931, 932, III, 933, CC.
b) Pessoa Jurídica de Direito Público. Regra → Responsabilidade objetiva.
Deve indenizar todos os danos que seus funcionários, nessa qualidade, por atos
comissivos, causem aos direitos de particulares. O Estado, como regra, responde
independentemente de culpa (em sentido amplo), tendo direito a ação de
regresso contra o funcionário causador do dano, se provada a culpa deste. Art.
37, §6°, CF/88 e art. 43, CC. Teoria do risco administrativo: permite-se que a
responsabilidade seja afastada em algumas hipóteses (ex.: ausência de nexo de
causalidade entre a conduta e o dano, culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou
força maior, etc.).

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Regra → Princípio da autonomia de pessoa jurídica. Exceção: desconsideração, em
razão de fraudes ou abuso. Disregard of the legal entity. Art. 50, CC → Em caso de
abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica. Em resumo: estendem-se aos bens dos sócios e/ou
administradores a execução por dívidas da pessoa jurídica. Legitimidade ativa
(podem requerer): parte interessada (lesada) e o Ministério Público quando lhe couber
intervir. Requisitos: a) descumprimento de obrigação (e até insolvência da pessoa
jurídica); b) abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial).
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Não acarreta a extinção da pessoa jurídica. Somente a demonstração de insolvência ou
a dissolução irregular da pessoa jurídica não ensejam a desconsideração da
personalidade jurídica, pois é a intenção ilícita e fraudulenta que autoriza a aplicação
do instituto. A desconsideração também está prevista em outras leis (ex.: Lei n°
8.078/90 – CDC, art. 28 e seu §5°).

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Para a elaboração desta aula foram consultadas as seguintes obras:


DINIZ, Maria Helena – Curso de Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
FARIAS, Cristiano Chaves de e ROSENVALD, Nelson – Curso de Direito
Civil. Editora JusPODIVM.
GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA, Rodolfo Filho – Novo Curso de
Direito Civil. Editora Saraiva.
GOMES, Orlando – Direito Civil. Editora Forense.
GONÇALVES, Carlos Roberto – Direito Civil Brasileiro. Editora Saraiva.
MAXIMILIANO, Carlos – Hermenêutica e Aplicação do Direito. Editora
Freitas Bastos.
MONTEIRO, Washington de Barros – Curso de Direito Civil. Editora Saraiva.
NERY, Nelson Jr. e Rosa Maria de Andrade – Código Civil Comentado.
Editora Revista dos Tribunais.
PEREIRA, Caio Mário da Silva – Instituições de Direito Civil. Editora
Forense.
RODRIGUES, Silvio – Direito Civil. Editora Saraiva.
SERPA LOPES, Miguel Maria de – Curso de Direito Civil. Editora Freitas
Bastos.
SILVA, De Plácido e – Vocabulário Jurídico. Editora Forense.
VENOSA, Silvio de Salvo – Direito Civil. Editora Atlas.

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Exercícios Comentados
Fundação Carlos Chagas
01) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –
Analista de Contas – Direito – 2013) União de pessoas que se organizam
para fins não econômicos é conceito que se aplica às
(A) associações.
(B) sociedades anônimas.
(C) sociedades empresariais.
(D) fundações.
(E) sociedades simples.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 53, CC: “Constituem-se as associações pela
união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. Gabarito: “A”.

02) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Juiz do Trabalho – 2013) Analise as


afirmações abaixo
I. Sem exceções, os direitos da personalidade são intransmissíveis.
II. As pessoas jurídicas não são abrangidas pela proteção dos direitos da
personalidade.
III. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros
e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
IV. As organizações religiosas são consideradas pessoas jurídicas de direito
privado.
Estão CORRETAS as afirmações
(A) II e IV, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está errado. Já vimos na aula anterior. Embora os
direitos da personalidade sejam intransmissíveis e irrenunciáveis, são admitidas
exceções, conforme o art. 11, CC. O item II está errado. Estabelece o art. 52,
CC que se aplica às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade. O item III está correto nos termos do art. 42, CC. O item IV
está correto nos termos do art. 44, CC. Gabarito: “B”.

03) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Técnico Judiciário – 2013) No que


pertine à natureza dos entes que integram a Administração pública e o
regime jurídico a eles aplicável, é CORRETO afirmar que:
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(A) as autarquias compõem a Administração pública direta, porque se
constituem em pessoas jurídicas de direito público sujeitas aos princípios
informadores da Administração pública.
(B) as sociedades de economia mista não integram a Administração pública
descentralizada, porque se constituem em pessoas jurídicas de direito privado,
enquanto às empresas públicas se aplicam as normas que compõem o regime
jurídico de direito público.
(C) as empresas públicas e as sociedades de economia mista integram a
Administração pública indireta e se sujeitam ao regime típico das empresas
privadas; as autarquias e fundações compõem a Administração pública direta.
(D) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista
integram a Administração pública indireta ou descentralizada, porque referidas
pessoas jurídicas têm personalidade de direito privado, sendo instituídos pelas
formas previstas na legislação civil.
(E) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista integram
a Administração pública indireta ou descentralizada do Estado, sujeitas a
princípios informadores da Administração, tal como o que exige a realização de
concurso público para a investitura de servidores em cargo ou emprego
público.
COMENTÁRIOS. As autarquias, empresas públicas e sociedades de economia
mista integram a Administração pública indireta ou descentralizada. No entanto
enquanto as autarquias possuem personalidade de direito público, as empresas
públicas e as sociedades de economia mista possuem personalidade direito
privado. Gabarito: “E”.

04) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) São pessoas jurídicas de


direito privado, segundo o Código Civil,
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade
limitada.
(B) as fundações e os condomínios em edificação.
(C) as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público,
quando as respectivas sedes se acharem em países estrangeiros.
(D) as associações, inclusive as associações públicas, em razão da atividade
que exercerem.
(E) as organizações religiosas e as autarquias.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois o art. 44, CC arrola os partidos
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) como
pessoas jurídicas de direito privado. A letra “b” está errada, pois o dispositivo
citado não insere em seu rol os condomínios em edificação. A letra “c” está
errada, pois as pessoas jurídicas regidas pelo direito internacional público são
pessoas jurídicas de direito público externo (art. 42, CC). As letras “d” e “e”
estão erradas, pois as associações públicas e as autarquias são pessoas jurídicas
de direito público (art. 41, IV, CC). Gabarito: “A”.

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05) (FCC – TCE/AM – Analista Técnico de Controle Externo – 2013) As
autarquias
(A) são pessoas jurídicas de direito público, com capacidade de
autoadministração, nos limites estabelecidos pela lei, não dotadas de
capacidade política.
(B) sujeitam-se ao mesmo regime jurídico das pessoas públicas políticas
(União, Estados e Municípios), com capacidade de autoadministração e criação
do próprio direito.
(C) são pessoas jurídicas de direito privado, dotadas de autonomia
administrativa e orçamentária em face do princípio da especialidade.
(D) sujeitam-se ao regime privado, com especialização institucional e
autonomia administrativa, submetidas à tutela do ente instituidor.
(E) sujeitam-se ao regime público, não se submetendo ao controle tutelar do
ente instituidor em face do princípio da especialidade e da autonomia
administrativa.
COMENTÁRIOS. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, que
desempenham atividade administrativa típica, com capacidade de
autoadministração nos limites estabelecidos em lei, possuindo patrimônio e
orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo, não tendo capacidade
política (isto é, não podem legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a
legislação administrativa à qual está submissa), porém podem baixar instruções
normativas, que não são consideradas leis em sentido estrito. Elas são criadas
por lei específica, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de
obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas à área da saúde,
educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). A
autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo necessidade
de registro. Gabarito: “A”.

06) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre as


associações, de acordo com o Código Civil brasileiro, é correto afirmar:
(A) compete privativamente à assembleia geral especialmente convocada
alterar o estatuto de uma associação, cujo quorum para aprovação será
sempre de, no mínimo, dois terços dos associados.
(B) se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da
associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da
qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa
do estatuto.
(C) a convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto,
garantido a um sexto dos associados o direito de promovê-la.
(D) constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações
recíprocos.
(E) o estatuto da associação não será nulo se não contiver a forma de gestão
administrativa e de aprovação das respectivas contas, que será decidida em
assembleia geral especialmente convocada para este fim.

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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 59, CC:
Compete privativamente à assembleia geral: I. destituir os administradores; II.
alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os
incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente
convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem
como os critérios de eleição dos administradores. A letra “b” está certa nos
termos do art. 56, parágrafo único, CC. A letra “c” está errada, pois determina o
art. 60, CC que a convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do
estatuto, garantido a 1/5 (um quito) dos associados o direito de promovê-la". A
letra “d” está errada, pois estabelece o art. 53, CC que constituem-se as
associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos".
Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 54, CC prevê que, sob pena de
nulidade, o estatuto das associações conterá (...) VII. a forma de gestão
administrativa e de aprovação das respectivas contas. Gabarito: “B”.

07) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) A “Fundação


Juju” foi regularmente criada para atuar no benefício de crianças
carentes e está em plena atividade na cidade do Rio de Janeiro. Uma
das pessoas competentes para gerir e representar a Fundação Juju
pretende alterar o seu estatuto. Para tanto, a alteração não pode
contrariar o fim da Fundação e, além disso, deverá ser deliberada
(A) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(B) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e
aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(C) pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação
e homologada pelo Juiz competente, após aprovação pelo Ministério Público.
(D) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.
(E) por todas as pessoas competentes para gerir e representar a fundação e
homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 67, CC, para que se possa alterar o estatuto
da fundação é necessário que a reforma: I. seja deliberada por dois terços dos
competentes para gerir e representar a fundação; II. não contrarie ou desvirtue
o fim desta; III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a
denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Gabarito: “B”.

08) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) Em


respeito às associações e às fundações, considere:
I. Constituem-se associações pela união de pessoas organizadas para fins
não econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações
recíprocos.

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II. Fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência, nesses conceitos compreendidas as fundações
para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente.
III. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II, apenas.
(B) I, II e III.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois estabelece o art. 53, CC que
constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins
não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocos. O item II está correto nos termos do parágrafo único do
art. 62, CC (lembrando que a atual legislação ampliou as hipóteses) e o item III
nos termos do art. 55, CC. Gabarito: “C” (somente estão corretos os itens II e
III).

09) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) No tocante às


fundações, considere:
I. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister, dentre outros
requisitos, que a reforma seja deliberada por um terço dos competentes
para gerir e representar a fundação.
II. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, políticos,
morais, culturais ou de assistência.
III. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. Se
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada
um deles, ao respectivo Ministério Público.
IV. Vencido o prazo de existência da fundação, em regra, o órgão do
Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) III e IV.
(E) I, III e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está errado, pois determina o art. 67, I, CC que o
quorum é de dois terços. O item II está errado, pois o parágrafo único do art.
62, CC não faz menção a fins políticos. O item III está correto, nos termos do

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art. 66, CC. O item IV está correto nos termos do art. 69, CC. Gabarito: “D”
(somente estão corretos os itens III e IV).

10) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Em relação às associações, é CORRETO afirmar:
(A) a exclusão do associado depende unicamente das disposições estatutárias,
podendo ocorrer por ato imotivado dos órgãos deliberativos, se assim dispuser
o estatuto.
(B) os associados devem ter iguais direitos e, em consequência, é vedado que
se estabeleçam no estatuto categorias com vantagens especiais.
(C) como regra, a qualidade de associado é transmissível livremente.
(D) entre os associados, são estabelecidos direitos e obrigações recíprocos.
(E) compete privativamente à assembleia geral, especialmente convocada para
esses fins, destituir os administradores e alterar o estatuto associativo.
COMENTARIOS. A letra “a” está errada. De acordo com o art. 57, CC, a
exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos
termos previstos no estatuto. A letra “b” está errada, pois de acordo com o art.
55, CC, os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá
instituir categorias com vantagens especiais. A letra “c” está errada,
pois prevê o art. 56, CC que a qualidade de associado é intransmissível,
se o estatuto não dispuser o contrário. A letra “d” está errada, pois determina o
parágrafo único do art. 53, CC que não há, entre os associados, direitos e
obrigações recíprocos. A letra “e” está correta, pois prevê o art. 59, CC:
Compete privativamente à assembleia geral: I. destituir os administradores; II.
alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os
incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente
convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem
como os critérios de eleição dos administradores. Gabarito: “E”.

11) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Para que se possa alterar o estatuto de uma fundação é mister que a
reforma:
I. seja deliberada por metade mais um dos membros competentes para gerir
e representar a fundação.
II. não contrarie ou desvirtue sua finalidade.
III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e, caso este a denegue,
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I, II e III.
(E) I, apenas.

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COMENTARIOS. Segundo prevê o art. 67, CC, para que se possa alterar o
estatuto da fundação é necessário que a reforma: I. seja deliberada por dois
terços dos competentes para gerir e representar a fundação (item I errado); II.
não contrarie ou desvirtue o fim desta (item II correto); III. seja aprovada pelo
órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado (item III correto). Gabarito: “A”. (corretos
somente os itens II e III).

12) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Hipoteticamente


considere: A Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima e o Partido
Nacional da Libertação. Nestes casos, as entidades mencionadas são
pessoas jurídicas de direito
(A) público e privado, respectivamente.
(B) público.
(C) privado e público, respectivamente.
(D) privado.
(E) público anômalas.
COMENTÁRIOS. As organizações religiosas, bem como os partidos políticos são
considerados como pessoas jurídicas de direito privado (art. 44, IV e V, CC).
Gabarito: “D”.

13) (FCC – TRT/1ª Região – Analista Judiciário – 2013) A empresa Y, que


atua no ramo de cosméticos, situada na cidade do Rio de Janeiro, tem
administração coletiva exercida pelos seus dez sócios, nos termos preconizados
pelo seu Estatuto Social. Em uma reunião de diretoria, a maioria dos presentes
decide tomar uma decisão para o futuro da empresa que contraria o estatuto
social e a lei. Neste caso, para Manoel, um dos sócios, inconformado com
a decisão tomada pela diretoria da empresa, o direito de anular esta
decisão decairá, de acordo com o CC, em
(A) três anos.
(B) um ano.
(C) dois anos.
(D) quatro anos.
(E) cinco anos.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 48, CC, se a pessoa jurídica tiver
administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo
único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo,
simulação ou fraude. Gabarito: “A”.

14) (FCC – TCE/PI – Auditor – 2013) As fundações de direito privado


(A) não poderão ser criadas para fins econômicos ou lucrativos.

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(B) serão instituídas por escritura pública ou instrumento particular, mediante
a dotação especial de bens livres e suficientes para os fins a que se destinam.
(C) poderão ter seus estatutos alterados por deliberação da maioria absoluta
dos competentes para geri-la, devendo ser a alteração necessariamente
aprovada pelo juiz.
(D) terão seus estatutos elaborados pelo instituidor, sob pena de ineficácia da
dotação.
(E) só poderão ser extintas tornando-se impossível ou inútil a finalidade a que
visam.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta, pois uma fundação somente pode se
constituir para os fins previstos no art. 62, parágrafo único, CC, não podendo ter
finalidade lucrativa. A letra “b” está errada, pois ela pode ser instituída por
testamento. A letra “c” está errada, pois necessita de aprovação de 2/3 dos
componentes e do Ministério Público (art. 67, III, CC). A letra “d” está errada,
pois os estatutos podem ser elaborados por outra pessoa (forma fiduciária). A
letra “e” está errada, pois há outras hipóteses de extinção, nos termos do art.
69, CC. Gabarito: “A”.

15) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas/SP – Analista Judiciário – 2013)


A respeito das fundações é CORRETO afirmar:
(A) A fundação deve ser instituída por escritura pública, através de dotação
especial de bens, sendo que seu ato constitutivo não pode fixar prazo para sua
existência.
(B) A alteração do estatuto da fundação deve ser aprovada pelo órgão do
Ministério Público, não podendo o juiz supri-la a requerimento do interessado.
(C) Se a fundação tiver sede no Rio de Janeiro, mas as suas atividades se
estenderem por mais de um Estado, caberá, em cada um deles, ao respectivo
Ministério Público o encargo de por ela velar.
(D) A fundação criada para fins econômicos será submetida à fiscalização do
Ministério Público e do Banco Central.
(E) a fundação criada para fins políticos deverá ter o seu estatuto registrado no
Tribunal Regional Eleitoral do lugar da sua sede.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Se por um lado não há prazo de
duração para funcionamento de uma fundação, por outro lado, nada impede que
o instituidor possa fixá-lo. A letra “b” está errada, pois o juiz pode suprir, nos
termos do art. 67, III, CC. A letra “c” está correta nos termos do art. 66, §2°,
CC. A letra “d” está errada, pois além de não poder ser criada fundação com
finalidade econômica (parágrafo único do art. 62, CC), também não há
fiscalização do Banco Central. A letra “e” está errada, pois também não pode ser
criada fundação com objetivos políticos, somente para os fins previstos no
parágrafo único do art. 62, tais como culturais, religiosos, assistenciais, etc.;
além disso, o registro delas é feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
Gabarito: “C”.

16) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Angélico, desejando criar uma entidade sem finalidades econômicas e
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com objetivo religioso imutável, mediante dotação de bens livres e
declarando a maneira de administrá-la,
(A) poderá, por escritura pública ou testamento, instituir uma fundação.
(B) deverá criar uma sociedade sem fins lucrativos, por instrumento público ou
particular.
(C) somente poderá criar uma organização religiosa.
(D) deverá criar uma empresa individual de responsabilidade limitada.
(E) somente poderá instituí-la por testamento na forma de uma associação.
COMENTÁRIOS. Estabelece o art. 62, CC: Para criar uma fundação, o seu
instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens
livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para
fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Gabarito: “A”.

17) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Joaquim é sócio majoritário e administrador de empresa produtora de alimentos
enlatados e embutidos. Durante muitos anos, a empresa experimentou sucesso
empresarial. No entanto, depois que o Ministério da Saúde passou a
desestimular a ingestão deste tipo de alimento, a empresa deixou de honrar
compromissos com fornecedores, que ajuizaram e venceram ações de cobrança.
Contudo, quando do cumprimento das sentenças, verificou-se que a empresa
não possuía bens penhoráveis. Neste caso, de acordo com o Código Civil, a
personalidade jurídica deverá ser desconstituída
(A) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
(B) necessária e automaticamente, pois é dever do juiz zelar pela efetividade
das decisões judiciais.
(C) apenas em relação a Joaquim, independentemente de quaisquer requisitos,
por ostentar a qualidade de sócio majoritário e administrador da empresa.
(D) a requerimento da parte ou de ofício, se comprovado abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo inadimplemento das obrigações.
(E) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pela inexistência de bens penhoráveis à época do cumprimento
da sentença.
COMENTÁRIOS. Nos casos em que a personalidade da pessoa jurídica é
utilizada para fugir das suas finalidades e para lesar terceiros a personalidade
jurídica deve ser desconsiderada, decidindo o julgador como se o ato ou negócio
houvesse sido praticado pela própria pessoa natural. Não se trata de considerar
nula a pessoa jurídica o extingui-la definitivamente, mas, apenas desconsiderá-
la temporariamente. A letra “a” é a única se adéqua ao texto do art. 50, CC.
Gabarito: “A”.

18) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013)


Quanto às pessoas jurídicas, é CORRETO afirmar:
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(A) em razão de culpa na escolha, obrigam a pessoa jurídica quaisquer atos de
seus administradores, exercidos nos limites ou não dos poderes definidos no
ato constitutivo.
(B) são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o
Distrito Federal, autarquias e todas as fundações.
(C) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o
início efetivo de suas atividades empresariais.
(D) tendo a pessoa jurídica administração coletiva, as decisões serão tomadas
por unanimidade, a não ser que seu ato constitutivo disponha de modo
diverso.
(E) decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois estabelece o art. 47, CC: Obrigam
a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo. A letra “b” está errada, pois generalizou
“todas as fundações”. Somente as fundações públicas são consideradas pessoas
jurídicas de direito público. As demais são de direito privado (art. 44, III, CC). A
letra “c” está errada, pois estabelece o art. 45, CC: Começa a existência legal
das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação
do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo. A letra “d” está errada, pois prescreve o art. 48, CC:
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela
maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo
diverso. A letra “e” está correta, nos exatos termos do parágrafo único do art.
45, CC. Gabarito: “E”.

19) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) No tocante


às pessoas jurídicas:
(A) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o
início efetivo de suas atividades ao público.
(B) de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver por parte destes culpa ou
dolo.
(C) a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
instituições religiosas é condicional, por ser laico o Estado brasileiro, que
deverá autorizar ou não seu reconhecimento e registro.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
(E) as autarquias e as associações públicas são pessoas jurídicas de direito
privado.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois segundo o art. 45, CC, começa a
existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
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constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo. A letra “b” está correta nos exatos
termos do art. 43, CC. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 44 §1°, CC,
são livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento
das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu
funcionamento. A letra “d” está errada, pois prevê o art. 44, CC que são pessoas
jurídicas de direito privado: (...) V. os partidos políticos. Finalmente a letra “e”
está errada, pois estabelece o art. 41, CC: São pessoas jurídicas de direito
público interno: (...) IV. as autarquias, inclusive as associações públicas.
Gabarito: “B”.

20) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) No


que se refere à pessoa jurídica, é CORRETO afirmar:
(A) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações pelas quais passar o ato constitutivo.
(B) os atos de seus administradores, como regra, não a obrigam, salvo se
excessivos aos limites dos poderes definidos no ato constitutivo.
(C) as decisões, se tiver ela administração coletiva, serão tomadas por
unanimidade, a não ser que o ato constitutivo disponha de modo diverso.
(D) se sua administração vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, a extinguirá, determinando sua liquidação.
(E) como regra, o patrimônio dela e de seus sócios confunde-se para efeito de
garantia dos débitos contraídos.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 45, CC. A letra “b”
está errada, pois estabelece o art. 47, CC que obrigam a pessoa jurídica os atos
dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato
constitutivo. A letra “c” está errada, pois o art. 48, CC, prevê que se a pessoa
jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de
votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. A
letra “d” está errada, pois dispõe o art. 49, CC que se a administração da pessoa
jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-
lhe-á administrador provisório. Finalmente a letra “e” está errada, pois uma vez
registrada a pessoa jurídica começa a existir, obtendo capacidade
patrimonial, adquirindo vida própria e autônoma, não se confundindo com a
personalidade e patrimônio de seus membros. Se houver abuso da
personalidade jurídica pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir pela
desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do art. 50, CC.
Gabarito: “A”.

21) (TRT/9ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Assinale a


alternativa CORRETA:
(A) o espólio é uma espécie de pessoa jurídica.
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(B) adquire personalidade jurídica a sociedade empresarial com a aprovação de
seus atos constitutivos pela assembleia geral.
(C) segundo o Código Civil, o juiz pode decidir pela desconsideração da
personalidade jurídica da empresa, independentemente de haver abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial.
(D) no direito civil brasileiro, incapacidade e menoridade são consideradas
institutos idênticos.
(E) O direito positivo brasileiro admite a empresa individual de
responsabilidade limitada.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Espólio é o conjunto de direitos e
deveres pertencentes à pessoa falecida (de cujus). É a massa patrimonial que
permanece coesa até a distribuição dos quinhões hereditários aos herdeiros.
Possui natureza transitória, pois nasce com a morte de alguém e dura até a
partilha do patrimônio. Trata-se de uma universalidade de bens. Não é
pessoa jurídica e nem pessoa física, pois não tem personalidade jurídica. É
representado processualmente pelo inventariante (art. 12, V, CPC). A letra “b”
está errada, pois segundo o art. 45, CC, começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo
registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato
constitutivo. A letra “c” está errada, pois para haver a desconsideração da
pessoa jurídica é necessário que haja abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial (art. 50,
CC). A letra “d” está errada, pois menoridade e incapacidade são conceitos
diferentes. Menor é a pessoa natural que não tem 18 anos; ser maior ou menor
decorre da idade. Já incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da
vida civil. Geralmente o menor é incapaz. Mas pode ocorrer que um menor seja
emancipado (menor capaz). Finalmente a letra “e” está correta, pois a Lei n°
12.441/2011 inseriu no rol das pessoas jurídicas (art. 44, CC) o inciso VI, ou
seja, a empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI). Gabarito:
“E”.

22) (FCC – Agente Fiscal de Rendas – ICMS/SP – 2013) No tocante às


pessoas naturais e jurídicas:
(A) somente as pessoas naturais possuem atributos da personalidade e, assim,
apenas elas podem sofrer danos morais.
(B) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com o
início efetivo de suas atividades civis ou empresariais.
(C) as autarquias, União, Estados e Municípios, bem como os partidos políticos,
são pessoas jurídicas de direito público interno.
(D) as associações, as fundações, as organizações religiosas, os partidos
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada são pessoas
jurídicas de direito privado.
(E) a personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com vida,
evento a partir do qual serão protegidos também os direitos do nascituro.
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COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada. Inicialmente porque o art. 52, CC
prevê que aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
da personalidade. Além disso, estabelece a Súmula 227 do Superior Tribunal de
Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. A letra “b” está errada, pois
estabelece o art. 45, CC: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro,
precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
A letra “c” está errada somente no tocante aos partidos políticos, pois nos
termos do art. 44, V, CC, eles são pessoas jurídicas de direito privado. A letra
“d” está correta nos termos do art. 44, CC. A letra “e” está errada, pois
protegem-se os direitos dos nascituros desde a concepção. Dispõe o art. 2°, CC:
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Gabarito: “D”.

23) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) No jornal da


Capital "Semanário da Zona Leste”, foram publicadas em editorial
denúncias graves contra o restaurante "Alho e Óleo”, afirmando sua
falta de condições sanitárias, em razão das quais seu movimento de
clientes caiu por volta de 50%. Meses mais tarde, prova-se que as
denúncias eram falsas, mas parte da clientela jamais retornou. Nessas
circunstâncias, poderá o advogado do restaurante, ao acionar o jornal,
(A) pleitear apenas danos materiais, pois os danos morais são cabíveis
exclusivamente às pessoas naturais ou físicas, inexistindo atributos da
personalidade às pessoas jurídicas nesse sentido.
(B) pleitear tanto danos materiais, pelo que o restaurante deixou de lucrar,
como danos morais, pois pessoas jurídicas também possuem atributos da
personalidade e, no caso, foi lesada sua honra objetiva.
(C) pleitear apenas danos morais, pela lesão à honra objetiva da pessoa
jurídica, que, no caso, englobam os danos materiais, não podendo ser
cumulados.
(D) pleitear danos materiais por lucros cessantes e por danos emergentes, bem
como danos morais por lesão à honra objetiva e subjetiva da pessoa jurídica.
(E) nada poderá fazer, judicialmente, pois o direito de crítica jornalística é
amplo, não respondendo o jornal pela falsidade posteriormente verificada da
notícia que fez veicular, ainda que em editorial que explicite seu
posicionamento sobre a matéria.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 52, CC aplica-se, às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos de personalidade relativos à pessoa natural
(arts. 11 a 21, CC). Assim, a capacidade jurídica da pessoa jurídica não se limita
à esfera patrimonial, uma vez que tem direito ao nome, à marca, à imagem, à
propriedade, ao segredo, etc. Segundo a doutrina ela tem honra objetiva, pois
tem patrimônio, reputação, bom nome, etc. Estabelece a Súmula 227 do
Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
Concluindo: o restaurante poderá pleitear tanto os danos materiais (emergentes
e/ou cessantes) como os morais. Gabarito: “B”.
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24) (FCC – TJ/CE – Juiz de Direito – 2014) A empresa individual de
responsabilidade limitada é
(A) ente despersonalizado, porque suas atividades são exercidas pela pessoa
física ou jurídica que a instituir.
(B) pessoa jurídica de direito privado, que só poderá ser instituída por outra
pessoa jurídica também de direito privado, mas não terá capital social.
(C) pessoa jurídica de direito privado e será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social.
(D) pessoa jurídica de direito privado cuja personalidade se confunde com a de
seu instituidor e não possui capital social.
(E) pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado, segundo seja seu
instituidor uma pessoa natural ou um ente público.
COMENTÁRIOS. A resposta se dá com a conjugação de dois dispositivos.
Segundo o art. 44, CC: São pessoas jurídicas de direito privado: (...) VI. as
empresas individuais de responsabilidade limitada. Mais adiante, estabelece o
art. 980-A, CC: A empresa individual de responsabilidade limitada será
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País. Complementando, a Instrução Normativa n° 117
do DNRC dispõe que: “A EIRELI é pessoa jurídica constituída por único titular,
que deverá ser pessoa física”. Gabarito: “C”.

25) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) A


respeito da fundação, é CORRETO afirmar:
(A) constituída com bens insuficientes, serão eles convertidos em títulos da
dívida pública, como regra, até que seu rendimento perfaça capital bastante
para sua viabilização.
(B) não pode ter alterado seu estatuto, em nenhuma hipótese, pois sua
finalidade é imutável.
(C) pode ser constituída somente por negócio jurídico entre vivos, vedado
testamento por ser incompatível com sua natureza jurídica.
(D) poderá constituir-se para qualquer fim lícito, inclusive empresarial, cultural,
de assistência ou religioso.
(E) se constituída por ato entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados e, se não o fizer,
serão registrados em nome dela por mandado judicial.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 63, CC,
quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação
que se proponha a fim igual ou semelhante. A letra “b” está errada, pois o art.
67, CC permite a alteração do estatuto, desde que cumpridas algumas
formalidades. A letra “c” está errada, pois segundo o art. 62, caput, CC, a
fundação pode ser constituída por escritura pública (inter vivos) ou por

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testamento (causa mortis), A letra “d” está errada, pois nos termos do
parágrafo único do art. 62, CC a fundação pode se constituir, entre outras
finalidades, as religiosas, morais, culturais ou de assistência. No entanto, não
pode ter fins empresariais. A letra “e” está correta nos exatos termos do art. 64,
CC. Gabarito: “E”.

26) (FCC – SABESP – Advogado – 2014) A desconsideração da


personalidade jurídica
(A) acarreta a extinção da pessoa jurídica.
(B) deve ser decretada, inclusive nas relações civis, sempre que a pessoa
jurídica se tornar insolvente, não importando a razão que a tenha levado à
insolvência.
(C) pode atingir sócio que não tenha sido designado administrador pelo
contrato social.
(D) atinge, em qualquer hipótese, apenas os sócios de maior capital.
(E) é decretada, imediatamente, se a administração da pessoa jurídica vier a
faltar.
COMENTÁRIOS. A desconsideração da personalidade jurídica não acarreta a
extinção da pessoa jurídica; ela apenas afasta a personalidade da pessoa
jurídica, buscando no patrimônio dos sócios os meios para indenizar os lesados
(letra “a” errada). Não é em qualquer hipótese de insolvência da pessoa jurídica
que se decreta; isso somente pode ser feito nos casos especificados em lei. A
letra “c” está correta, pois a desconsideração da personalidade jurídica, por ser
decorrente da decretação da ineficácia da personalidade, atinge a todos: tanto o
sócio majoritário quanto o minoritário; tanto o que tem poder de gestão quanto
aquele que não o tenha, em suma: todos que estavam protegidos pela
personalidade da sociedade. Daí porque, por consequência, a letra “d” está
errada. Finalmente a letra “e” está errada, pois não há previsão legal desta
hipótese. Gabarito: “C”.

27) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) Segundo a legislação civil


vigente,
(A) a proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as
pessoas jurídicas.
(B) aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
(C) apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a
proteção dos direitos da personalidade.
(D) para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que
também ocorra dano patrimonial.
(E) às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral.
COMENTÁRIOS. Segundo o art. 52, CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos da personalidade. Aplica-se, também, a Súmula
227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.
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No entanto o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que
haja ferimento à sua honra objetiva (é a reputação, aquilo que os outros
pensam a seu respeito; o conceito que a pessoa goza perante a comunidade em
que está inserida). Gabarito: “B” (questão igual caiu na prova da FCC: TRT/5ª
Região/BA – Analista Judiciário – 2013).

28) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) São pessoas jurídicas de


direito público externo
(A) a União e os Estados federados, quando celebram contratos internacionais.
(B) somente os organismos internacionais, como a Organização das Nações
Unidas.
(C) apenas os Estados estrangeiros.
(D) os Estados estrangeiros e a União.
(E) os Estados estrangeiros e aquelas regidas pelo direito internacional público.
COMENTÁRIOS. Art. 42, CC: São pessoas jurídicas de direito público externo
os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público. Gabarito: “E”.

29) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) No tocante as pessoas


jurídicas, considere:
I. As organizações religiosas e os partidos políticos são pessoas jurídicas de
direito privado.
II. O prazo decadencial para anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, é de dois anos a contar da
publicação de sua inscrição no registro.
III. Em regra, se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões
se tomarão pela maioria de votos dos presentes. Neste caso, o prazo
decadencial para anular as referidas decisões que violarem a lei ou estatuto
é de dois anos.
IV. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) I, II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e IV.
COMENTÁRIOS. O item I está correto, nos termos do art. 44, III e IV, CC. O
item II está errado. Nos termos do parágrafo único, do art. 45, CC o prazo é de
três anos. O item III está errado. Nos termos do parágrafo único, do art. 48,
CC o prazo também é de três anos. O item IV está correto, nos exatos termos
do art. 52, CC. Gabarito: “E”.

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30) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –
2015) No tocante às fundações, considere:
I. Constituem elas um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica
para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo
permanente e estável.
II. Podem ser constituídas para fins científicos, educacionais ou de promoção
do meio ambiente, mesmo que com fins lucrativos.
III. Quando insuficientes para constituí-las, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação
que se proponha a fim igual ou semelhante.
IV. Os fins ou objetivos da fundação não podem em princípio ser
modificados, a não ser pela vontade unânime de seus dirigentes.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) III e IV, apenas.
(B) I, II, III e IV.
(C) I, II e IV, apenas.
(D) I, III e IV, apenas.
(E) I e III, apenas.
COMENTÁRIOS. O item I está correto. Podemos conceituar fundação como o
complexo de bens livres colocados por uma pessoa (natural ou jurídica), a
serviço de um fim lícito e determinado (especial), com alcance social pretendido
por seu instituidor (interesse público), de modo permanente e estável e em
atenção ao disposto em seu estatuto. Dois são seus elementos fundamentais: a)
patrimônio; b) finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). São criadas a
partir de uma escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa
mortis). O item II está errado. Segundo o parágrafo único do art. 62, CC, a
fundação não poderá ter finalidade econômica. O item III está correto de
acordo com o texto literal do art. 63, CC. O item IV está errado. Segundo o art.
67, CC, para que se altere o estatuto da fundação é necessário: I. que seja
deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II. não contrarie ou desvirtue o fim desta; III. seja aprovada pelo órgão do
Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a
requerimento do interessado. Gabarito: “E” (somente os itens I e III estão
corretos).

31) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) Morrinhos Futebol Clube é uma associação esportiva sem fins
lucrativos, que decide, para aumentar seus ganhos, montar um
restaurante em sua sede, aberto aos associados e familiares, bem como
uma loja para vender camisas dos uniformes de seus jogadores, bolas e
réplicas dos troféus conquistados. Essa conduta
(A) não é possível, pois associações não podem ter fins econômicos, o que se
caracterizaria em ambas as situações, só podendo a imagem da associação ser
cedida onerosamente a terceiros.

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(B) é possível, mesmo com ganhos pessoais aos associados, pois associações
podem ter os mesmos fins econômicos que uma sociedade por quotas de
responsabilidade limitada.
(C) é possível, desde que não haja ganhos pessoais aos associados, pois a
realização eventual de negócios para manter ou aumentar o patrimônio da
associação não a desnatura.
(D) é possível somente em relação à venda de uniformes, bolas e troféus, pois
a abertura de um restaurante, mesmo que sem ganhos pessoais aos
associados, desnatura sua condição de associação, por não ter nexo com suas
atividades esportivas.
(E) é possível somente em relação à abertura do restaurante, desde que
somente para os associados e familiares, pois a venda de uniformes, bolas e
troféus, por ser livre à população em geral, tem fins lucrativos que a
desnaturam enquanto associação.
COMENTÁRIOS. As associações são caracterizadas pela união de pessoas
que se organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um
fim comum). O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e
realizar negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois
não irá proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não
estão impedidas de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas
atividades. O que não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma
de lucro entre os associados. Complementando, estabelece o Enunciado 534 da
VI Jornada de Direito Civil do CJF: As associações podem desenvolver atividade
econômica, desde que não haja finalidade lucrativa. Gabarito: “C”.

32) (FCC – TRE/PB – Analista Judiciário – 2015) No tocante às pessoas


jurídicas, é INCORRETO afirmar:
(A) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias e as
associações públicas são pessoas jurídicas de direito público interno.
(B) Não se aplica, em qualquer hipótese, a proteção dos direitos da
personalidade tratando-se de incompatibilidade legal de institutos.
(C) São de direito privado, dentre outras, as organizações religiosas, os
partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(D) Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo.
(E) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 41, CC. A letra “b”
está errada. Art. 52, CC: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a
proteção dos direitos da personalidade. A letra “c” está correta nos termos do
art. 44, CC. As letras “d” e “e” estão corretas nos termos do art. 45 e de seu
parágrafo único, respectivamente. Gabarito: “B”.

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33) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) No que concerne às
fundações, é INCORRETO afirmar:
(A) Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens
dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado
judicial.
(B) Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
(D) Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma
seja deliberada pela unanimidade dos membros competentes para gerir e
representar a fundação, bem como que a reforma não contrarie ou desvirtue o
fim desta.
(E) Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação,
ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou
qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou
semelhante.
COMENTÁRIOS. A letra “a” está correta nos termos do art. 64, CC. A letra “b”
está correta nos termos do art. 62, CC. A letra “c” está correta nos termos do
art. 63, CC. A letra “d” está correta nos termos do art. 67, CC: Para que se
possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I. seja deliberada
por dois terços (não é necessária a unanimidade dos membros mencionado na
questão) dos competentes para gerir e representar a fundação; II. não contrarie
ou desvirtue o fim desta; III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no
prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o
Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do
interessado (o que está sublinhado esta de acordo com a redação dada pela Lei
n° 13.151/2015). A letra “e” está correta nos termos do art. 69, CC. Gabarito:
“D”.

34) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) G e R são


sócios da pessoa jurídica Tex, a qual, em razão da crise econômica, deixou de
honrar compromissos com o fornecedor Xis, que requereu, em ação de
execução, a penhora dos bens de G e R. De acordo com o Código Civil, o pedido
deverá ser
(A) indeferido, pois a desconsideração da personalidade jurídica somente é
possível com a decretação da falência.
(B) deferido, independentemente de qualquer requisito, pois os sócios
respondem, em regra, direta e pessoalmente pelas obrigações contraídas pela
pessoa jurídica.

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(C) deferido apenas se comprovado que Tex não possui recursos para
pagamento do débito.
(D) indeferido, pois em nenhuma hipótese os sócios respondem pelas
obrigações contraídas pela pessoa jurídica.
(E) deferido se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
COMENTÁRIOS. Constata-se pela leitura da questão que foi a pessoa jurídica
Tex que deixou de honrar seus compromissos com o fornecedor Xis. Se esse
fornecedor está demandando G e R, sócios da empresa Tex, requerendo a
penhora de seus bens, é sinal que está desejando a desconsideração da
personalidade jurídica da empresa. Isso é possível na hipótese do art. 50, CC:
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de
finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos
bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Gabarito:
“E”.

35) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Lourenço


adquiriu imóvel em localidade servida por “Associação de Moradores”, à qual
Lourenço não se associou. Passado um mês em que se instalou no local,
Lourenço recebeu, da associação, boleto de cobrança de taxa de manutenção, à
qual não anuiu, bem como comunicado dando conta de que, em Assembleia
Geral realizada um ano antes, decidiu-se que todas as pessoas que se
instalassem no bairro seriam obrigadas a pagar contribuição,
independentemente de anuência prévia, tendo em vista a necessidade de
custeio de despesas, dentre as quais a contratação de segurança privada. O
estatuto da referida associação nada dispõe sobre a transmissibilidade da
qualidade de associado. De acordo com jurisprudência dominante do
Superior Tribunal de Justiça, referida deliberação
(A) atingirá Lourenço, independentemente de qualquer requisito, se
comprovado que Lourenço se beneficia dos serviços mantidos pela Associação
de Moradores.
(B) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por
associações de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram.
(C) atinge Lourenço, porque a associação impõe, aos associados, direitos e
obrigações recíprocos.
(D) atinge Lourenço, porque, no silêncio do estatuto, presume-se que a
qualidade de associado se transmite do antigo para o novo proprietário do
imóvel.
(E) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por
associações de moradores, independentemente do que dispõe o estatuto, não
possuem caráter obrigatório, ainda que os associados tenham a elas anuído.

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COMENTÁRIOS. Jurisprudência dominante do STJ: REsp n° 1.280.871-SP.
Relator Designado: Min. Marco Buzzi. Ementa: “Associação de Moradores.
Condomínio de fato. Cobrança de taxa de manutenção de não associado ou que
a ela não anuiu. Impossibilidade. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC/1973,
firma-se a seguinte tese: As taxas de manutenção criadas por associações
de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram. 2. No caso concreto, recurso especial provido para julgar
improcedente a ação de cobrança”. O STF também já decidiu que ninguém pode
ser obrigado a pagar mensalidade de “associação de moradores” se não tem
interesse nos serviços oferecidos – RE 431.106. Gabarito: B.

LISTA DE EXERCÍCIOS SEM COMENTÁRIOS


01) (FCC – Ministério Público de Contas do Estado do Mato Grosso –
Analista de Contas – Direito – 2013) União de pessoas que se organizam
para fins não econômicos é conceito que se aplica às
(A) associações.
(B) sociedades anônimas.
(C) sociedades empresariais.
(D) fundações.
(E) sociedades simples.

02) (FCC – TRT/20ª Região/SE – Juiz do Trabalho – 2013) Analise as


afirmações abaixo
I. Sem exceções, os direitos da personalidade são intransmissíveis.
II. As pessoas jurídicas não são abrangidas pela proteção dos direitos da
personalidade.
III. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros
e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
IV. As organizações religiosas são consideradas pessoas jurídicas de direito
privado.
Estão CORRETAS as afirmações
(A) II e IV, apenas.
(B) III e IV, apenas.
(C) I, III e IV, apenas.
(D) II, III e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

03) (FCC – TRT/5ª Região/BA – Técnico Judiciário – 2013) No que


pertine à natureza dos entes que integram a Administração pública e o
regime jurídico a eles aplicável, é CORRETO afirmar que:
(A) as autarquias compõem a Administração pública direta, porque se
constituem em pessoas jurídicas de direito público sujeitas aos princípios
informadores da Administração pública.

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(B) as sociedades de economia mista não integram a Administração pública
descentralizada, porque se constituem em pessoas jurídicas de direito privado,
enquanto às empresas públicas se aplicam as normas que compõem o regime
jurídico de direito público.
(C) as empresas públicas e as sociedades de economia mista integram a
Administração pública indireta e se sujeitam ao regime típico das empresas
privadas; as autarquias e fundações compõem a Administração pública direta.
(D) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista
integram a Administração pública indireta ou descentralizada, porque referidas
pessoas jurídicas têm personalidade de direito privado, sendo instituídos pelas
formas previstas na legislação civil.
(E) as autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista integram
a Administração pública indireta ou descentralizada do Estado, sujeitas a
princípios informadores da Administração, tal como o que exige a realização de
concurso público para a investitura de servidores em cargo ou emprego
público.

04) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2013) São pessoas jurídicas de


direito privado, segundo o Código Civil,
(A) os partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade
limitada.
(B) as fundações e os condomínios em edificação.
(C) as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público,
quando as respectivas sedes se acharem em países estrangeiros.
(D) as associações, inclusive as associações públicas, em razão da atividade
que exercerem.
(E) as organizações religiosas e as autarquias.

05) (FCC – TCE/AM – Analista Técnico de Controle Externo – 2013) As


autarquias
(A) são pessoas jurídicas de direito público, com capacidade de
autoadministração, nos limites estabelecidos pela lei, não dotadas de
capacidade política.
(B) sujeitam-se ao mesmo regime jurídico das pessoas públicas políticas
(União, Estados e Municípios), com capacidade de autoadministração e criação
do próprio direito.
(C) são pessoas jurídicas de direito privado, dotadas de autonomia
administrativa e orçamentária em face do princípio da especialidade.
(D) sujeitam-se ao regime privado, com especialização institucional e
autonomia administrativa, submetidas à tutela do ente instituidor.
(E) sujeitam-se ao regime público, não se submetendo ao controle tutelar do
ente instituidor em face do princípio da especialidade e da autonomia
administrativa.

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06) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) Sobre as
associações, de acordo com o Código Civil brasileiro, é correto afirmar:
(A) compete privativamente à assembleia geral especialmente convocada
alterar o estatuto de uma associação, cujo quorum para aprovação será
sempre de, no mínimo, dois terços dos associados.
(B) se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da
associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da
qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa
do estatuto.
(C) a convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto,
garantido a um sexto dos associados o direito de promovê-la.
(D) constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para
fins não econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações
recíprocos.
(E) o estatuto da associação não será nulo se não contiver a forma de gestão
administrativa e de aprovação das respectivas contas, que será decidida em
assembleia geral especialmente convocada para este fim.

07) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Analista Judiciário – 2013) A “Fundação


Juju” foi regularmente criada para atuar no benefício de crianças
carentes e está em plena atividade na cidade do Rio de Janeiro. Uma
das pessoas competentes para gerir e representar a Fundação Juju
pretende alterar o seu estatuto. Para tanto, a alteração não pode
contrariar o fim da Fundação e, além disso, deverá ser deliberada
(A) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(B) por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação e
aprovada pelo órgão do Ministério Público, com possibilidade de suprimento
judicial caso este denegue a aprovação.
(C) pela maioria simples dos competentes para gerir e representar a fundação
e homologada pelo Juiz competente, após aprovação pelo Ministério Público.
(D) pela maioria absoluta dos competentes para gerir e representar a fundação
e homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.
(E) por todas as pessoas competentes para gerir e representar a fundação e
homologada pelo Juiz competente, após aprovação do Ministério Público.

08) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) Em


respeito às associações e às fundações, considere:
I. Constituem-se associações pela união de pessoas organizadas para fins
não econômicos, havendo entre os associados direitos e obrigações
recíprocos.

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II. Fundações somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência, nesses conceitos compreendidas as fundações
para fins científicos, educacionais ou de promoção do meio ambiente.
III. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir
categorias com vantagens especiais.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II, apenas.
(B) I, II e III.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e III, apenas.

09) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) No tocante às


fundações, considere:
I. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister, dentre outros
requisitos, que a reforma seja deliberada por um terço dos competentes
para gerir e representar a fundação.
II. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, políticos,
morais, culturais ou de assistência.
III. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. Se
estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada
um deles, ao respectivo Ministério Público.
IV. Vencido o prazo de existência da fundação, em regra, o órgão do
Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,
incorporando-se o seu patrimônio.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II, III e IV.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) III e IV.
(E) I, III e IV.

10) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Em relação às associações, é CORRETO afirmar:
(A) a exclusão do associado depende unicamente das disposições estatutárias,
podendo ocorrer por ato imotivado dos órgãos deliberativos, se assim dispuser
o estatuto.
(B) os associados devem ter iguais direitos e, em consequência, é vedado que
se estabeleçam no estatuto categorias com vantagens especiais.
(C) como regra, a qualidade de associado é transmissível livremente.
(D) entre os associados, são estabelecidos direitos e obrigações recíprocos.

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(E) compete privativamente à assembleia geral, especialmente convocada para
esses fins, destituir os administradores e alterar o estatuto associativo.

11) (FCC – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros – 2013)


Para que se possa alterar o estatuto de uma fundação é mister que a
reforma:
I. seja deliberada por metade mais um dos membros competentes para gerir
e representar a fundação.
II. não contrarie ou desvirtue sua finalidade.
III. seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e, caso este a denegue,
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) II e III, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) I, II e III.
(E) I, apenas.

12) (FCC – AL/RN – Analista Administrativo – 2013) Hipoteticamente


considere: A Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima e o Partido
Nacional da Libertação. Nestes casos, as entidades mencionadas são
pessoas jurídicas de direito
(A) público e privado, respectivamente.
(B) público.
(C) privado e público, respectivamente.
(D) privado.
(E) público anômalas.

13) (FCC – TRT/1ª Região – Analista Judiciário – 2013) A empresa Y, que


atua no ramo de cosméticos, situada na cidade do Rio de Janeiro, tem
administração coletiva exercida pelos seus dez sócios, nos termos preconizados
pelo seu Estatuto Social. Em uma reunião de diretoria, a maioria dos presentes
decide tomar uma decisão para o futuro da empresa que contraria o estatuto
social e a lei. Neste caso, para Manoel, um dos sócios, inconformado com
a decisão tomada pela diretoria da empresa, o direito de anular esta
decisão decairá, de acordo com o CC, em
(A) três anos.
(B) um ano.
(C) dois anos.
(D) quatro anos.
(E) cinco anos.

14) (FCC – TCE/PI – Auditor – 2013) As fundações de direito privado

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(A) não poderão ser criadas para fins econômicos ou lucrativos.
(B) serão instituídas por escritura pública ou instrumento particular, mediante
a dotação especial de bens livres e suficientes para os fins a que se destinam.
(C) poderão ter seus estatutos alterados por deliberação da maioria absoluta
dos competentes para geri-la, devendo ser a alteração necessariamente
aprovada pelo juiz.
(D) terão seus estatutos elaborados pelo instituidor, sob pena de ineficácia da
dotação.
(E) só poderão ser extintas tornando-se impossível ou inútil a finalidade a que
visam.

15) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas/SP – Analista Judiciário – 2013)


A respeito das fundações é CORRETO afirmar:
(A) A fundação deve ser instituída por escritura pública, através de dotação
especial de bens, sendo que seu ato constitutivo não pode fixar prazo para sua
existência.
(B) A alteração do estatuto da fundação deve ser aprovada pelo órgão do
Ministério Público, não podendo o juiz supri-la a requerimento do interessado.
(C) Se a fundação tiver sede no Rio de Janeiro, mas as suas atividades se
estenderem por mais de um Estado, caberá, em cada um deles, ao respectivo
Ministério Público o encargo de por ela velar.
(D) A fundação criada para fins econômicos será submetida à fiscalização do
Ministério Público e do Banco Central.
(E) a fundação criada para fins políticos deverá ter o seu estatuto registrado no
Tribunal Regional Eleitoral do lugar da sua sede.

16) (FCC – TRT/6ª Região/PE – Magistratura do Trabalho – 2013)


Angélico, desejando criar uma entidade sem finalidades econômicas e
com objetivo religioso imutável, mediante dotação de bens livres e
declarando a maneira de administrá-la,
(A) poderá, por escritura pública ou testamento, instituir uma fundação.
(B) deverá criar uma sociedade sem fins lucrativos, por instrumento público ou
particular.
(C) somente poderá criar uma organização religiosa.
(D) deverá criar uma empresa individual de responsabilidade limitada.
(E) somente poderá instituí-la por testamento na forma de uma associação.

17) (FCC – TRT/15ª Região/Campinas – Analista Judiciário – 2013)


Joaquim é sócio majoritário e administrador de empresa produtora de alimentos
enlatados e embutidos. Durante muitos anos, a empresa experimentou sucesso
empresarial. No entanto, depois que o Ministério da Saúde passou a
desestimular a ingestão deste tipo de alimento, a empresa deixou de honrar
compromissos com fornecedores, que ajuizaram e venceram ações de cobrança.
Contudo, quando do cumprimento das sentenças, verificou-se que a empresa

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não possuía bens penhoráveis. Neste caso, de acordo com o Código Civil, a
personalidade jurídica deverá ser desconstituída
(A) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
(B) necessária e automaticamente, pois é dever do juiz zelar pela efetividade
das decisões judiciais.
(C) apenas em relação a Joaquim, independentemente de quaisquer requisitos,
por ostentar a qualidade de sócio majoritário e administrador da empresa.
(D) a requerimento da parte ou de ofício, se comprovado abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo inadimplemento das obrigações.
(E) a requerimento da parte, se comprovado abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pela inexistência de bens penhoráveis à época do cumprimento
da sentença.

18) (FCC – AL/PB – Procurador da Assembleia Legislativa – 2013)


Quanto às pessoas jurídicas, é CORRETO afirmar:
(A) em razão de culpa na escolha, obrigam a pessoa jurídica quaisquer atos de
seus administradores, exercidos nos limites ou não dos poderes definidos no
ato constitutivo.
(B) são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, o
Distrito Federal, autarquias e todas as fundações.
(C) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o
início efetivo de suas atividades empresariais.
(D) tendo a pessoa jurídica administração coletiva, as decisões serão tomadas
por unanimidade, a não ser que seu ato constitutivo disponha de modo
diverso.
(E) decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro.

19) (FCC – TRT/12ª Região/SC – Analista Judiciário – 2013) No tocante


às pessoas jurídicas:
(A) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o
início efetivo de suas atividades ao público.
(B) de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que, nessa qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito
regressivo contra os causadores do dano, se houver por parte destes culpa ou
dolo.
(C) a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
instituições religiosas é condicional, por ser laico o Estado brasileiro, que
deverá autorizar ou não seu reconhecimento e registro.
(D) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.

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(E) as autarquias e as associações públicas são pessoas jurídicas de direito
privado.

20) (FCC – PGE/BA – Analista da Procuradoria do Estado – 2013) No


que se refere à pessoa jurídica, é CORRETO afirmar:
(A) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alterações pelas quais passar o ato constitutivo.
(B) os atos de seus administradores, como regra, não a obrigam, salvo se
excessivos aos limites dos poderes definidos no ato constitutivo.
(C) as decisões, se tiver ela administração coletiva, serão tomadas por
unanimidade, a não ser que o ato constitutivo disponha de modo diverso.
(D) se sua administração vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado, a extinguirá, determinando sua liquidação.
(E) como regra, o patrimônio dela e de seus sócios confunde-se para efeito de
garantia dos débitos contraídos.

21) (TRT/9ª Região – Magistratura do Trabalho – 2013) Assinale a


alternativa CORRETA:
(A) o espólio é uma espécie de pessoa jurídica.
(B) adquire personalidade jurídica a sociedade empresarial com a aprovação de
seus atos constitutivos pela assembleia geral.
(C) segundo o Código Civil, o juiz pode decidir pela desconsideração da
personalidade jurídica da empresa, independentemente de haver abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial.
(D) no direito civil brasileiro, incapacidade e menoridade são consideradas
institutos idênticos.
(E) O direito positivo brasileiro admite a empresa individual de
responsabilidade limitada.

22) (FCC – Agente Fiscal de Rendas – ICMS/SP – 2013) No tocante às


pessoas naturais e jurídicas:
(A) somente as pessoas naturais possuem atributos da personalidade e, assim,
apenas elas podem sofrer danos morais.
(B) a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com o
início efetivo de suas atividades civis ou empresariais.
(C) as autarquias, União, Estados e Municípios, bem como os partidos políticos,
são pessoas jurídicas de direito público interno.
(D) as associações, as fundações, as organizações religiosas, os partidos
políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada são pessoas
jurídicas de direito privado.

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(E) a personalidade civil da pessoa natural começa do nascimento com vida,
evento a partir do qual serão protegidos também os direitos do nascituro.

23) (FCC – TRT/2ª Região – Analista Judiciário – 2014) No jornal da


Capital "Semanário da Zona Leste”, foram publicadas em editorial
denúncias graves contra o restaurante "Alho e Óleo”, afirmando sua
falta de condições sanitárias, em razão das quais seu movimento de
clientes caiu por volta de 50%. Meses mais tarde, prova-se que as
denúncias eram falsas, mas parte da clientela jamais retornou. Nessas
circunstâncias, poderá o advogado do restaurante, ao acionar o jornal,
(A) pleitear apenas danos materiais, pois os danos morais são cabíveis
exclusivamente às pessoas naturais ou físicas, inexistindo atributos da
personalidade às pessoas jurídicas nesse sentido.
(B) pleitear tanto danos materiais, pelo que o restaurante deixou de lucrar,
como danos morais, pois pessoas jurídicas também possuem atributos da
personalidade e, no caso, foi lesada sua honra objetiva.
(C) pleitear apenas danos morais, pela lesão à honra objetiva da pessoa
jurídica, que, no caso, englobam os danos materiais, não podendo ser
cumulados.
(D) pleitear danos materiais por lucros cessantes e por danos emergentes, bem
como danos morais por lesão à honra objetiva e subjetiva da pessoa jurídica.
(E) nada poderá fazer, judicialmente, pois o direito de crítica jornalística é
amplo, não respondendo o jornal pela falsidade posteriormente verificada da
notícia que fez veicular, ainda que em editorial que explicite seu
posicionamento sobre a matéria.

24) (FCC – TJ/CE – Juiz de Direito – 2014) A empresa individual de


responsabilidade limitada é
(A) ente despersonalizado, porque suas atividades são exercidas pela pessoa
física ou jurídica que a instituir.
(B) pessoa jurídica de direito privado, que só poderá ser instituída por outra
pessoa jurídica também de direito privado, mas não terá capital social.
(C) pessoa jurídica de direito privado e será constituída por uma única pessoa
titular da totalidade do capital social.
(D) pessoa jurídica de direito privado cuja personalidade se confunde com a de
seu instituidor e não possui capital social.
(E) pessoa jurídica de direito público, ou de direito privado, segundo seja seu
instituidor uma pessoa natural ou um ente público.

25) (FCC – TRT/1ª Região/RJ – Magistratura do Trabalho – 2014) A


respeito da fundação, é CORRETO afirmar:
(A) constituída com bens insuficientes, serão eles convertidos em títulos da
dívida pública, como regra, até que seu rendimento perfaça capital bastante
para sua viabilização.

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(B) não pode ter alterado seu estatuto, em nenhuma hipótese, pois sua
finalidade é imutável.
(C) pode ser constituída somente por negócio jurídico entre vivos, vedado
testamento por ser incompatível com sua natureza jurídica.
(D) poderá constituir-se para qualquer fim lícito, inclusive empresarial, cultural,
de assistência ou religioso.
(E) se constituída por ato entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados e, se não o fizer,
serão registrados em nome dela por mandado judicial.

26) (FCC – SABESP – Advogado – 2014) A desconsideração da


personalidade jurídica
(A) acarreta a extinção da pessoa jurídica.
(B) deve ser decretada, inclusive nas relações civis, sempre que a pessoa
jurídica se tornar insolvente, não importando a razão que a tenha levado à
insolvência.
(C) pode atingir sócio que não tenha sido designado administrador pelo
contrato social.
(D) atinge, em qualquer hipótese, apenas os sócios de maior capital.
(E) é decretada, imediatamente, se a administração da pessoa jurídica vier a
faltar.

27) (FCC – TJ/PE – Juiz de Direito – 2015) Segundo a legislação civil


vigente,
(A) a proteção dos direitos da personalidade é de aplicação irrestrita para as
pessoas jurídicas.
(B) aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
(C) apenas quanto à utilização do nome é que se aplica às pessoas jurídicas a
proteção dos direitos da personalidade.
(D) para caracterização de dano moral à pessoa jurídica é imprescindível que
também ocorra dano patrimonial.
(E) às pessoas jurídicas não se concede indenização por dano moral.

28) (FCC – TJ/AL – Juiz de Direito – 2015) São pessoas jurídicas de


direito público externo
(A) a União e os Estados federados, quando celebram contratos internacionais.
(B) somente os organismos internacionais, como a Organização das Nações
Unidas.
(C) apenas os Estados estrangeiros.
(D) os Estados estrangeiros e a União.

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(E) os Estados estrangeiros e aquelas regidas pelo direito internacional público.

29) (FCC – TRE/RR – Analista Judiciário – 2015) No tocante as pessoas


jurídicas, considere:
I. As organizações religiosas e os partidos políticos são pessoas jurídicas de
direito privado.
II. O prazo decadencial para anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo, é de dois anos a contar da
publicação de sua inscrição no registro.
III. Em regra, se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões
se tomarão pela maioria de votos dos presentes. Neste caso, o prazo
decadencial para anular as referidas decisões que violarem a lei ou estatuto
é de dois anos.
IV. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Está CORRETO o que se afirma APENAS em
(A) II e III.
(B) I, II e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) I e IV.

30) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –


2015) No tocante às fundações, considere:
I. Constituem elas um acervo de bens, que recebe personalidade jurídica
para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo
permanente e estável.
II. Podem ser constituídas para fins científicos, educacionais ou de promoção
do meio ambiente, mesmo que com fins lucrativos.
III. Quando insuficientes para constituí-las, os bens a ela destinados serão,
se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação
que se proponha a fim igual ou semelhante.
IV. Os fins ou objetivos da fundação não podem em princípio ser
modificados, a não ser pela vontade unânime de seus dirigentes.
Está CORRETO o que se afirma em
(A) III e IV, apenas.
(B) I, II, III e IV.
(C) I, II e IV, apenas.
(D) I, III e IV, apenas.
(E) I e III, apenas.

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31) (FCC – TCM/GO – Procurador do Ministério Público de Contas –
2015) Morrinhos Futebol Clube é uma associação esportiva sem fins
lucrativos, que decide, para aumentar seus ganhos, montar um
restaurante em sua sede, aberto aos associados e familiares, bem como
uma loja para vender camisas dos uniformes de seus jogadores, bolas e
réplicas dos troféus conquistados. Essa conduta
(A) não é possível, pois associações não podem ter fins econômicos, o que se
caracterizaria em ambas as situações, só podendo a imagem da associação ser
cedida onerosamente a terceiros.
(B) é possível, mesmo com ganhos pessoais aos associados, pois associações
podem ter os mesmos fins econômicos que uma sociedade por quotas de
responsabilidade limitada.
(C) é possível, desde que não haja ganhos pessoais aos associados, pois a
realização eventual de negócios para manter ou aumentar o patrimônio da
associação não a desnatura.
(D) é possível somente em relação à venda de uniformes, bolas e troféus, pois
a abertura de um restaurante, mesmo que sem ganhos pessoais aos
associados, desnatura sua condição de associação, por não ter nexo com suas
atividades esportivas.
(E) é possível somente em relação à abertura do restaurante, desde que
somente para os associados e familiares, pois a venda de uniformes, bolas e
troféus, por ser livre à população em geral, tem fins lucrativos que a
desnaturam enquanto associação.

32) (FCC – TRE/PB – Analista Judiciário – 2015) No tocante às pessoas


jurídicas, é INCORRETO afirmar:
(A) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias e as
associações públicas são pessoas jurídicas de direito público interno.
(B) Não se aplica, em qualquer hipótese, a proteção dos direitos da
personalidade tratando-se de incompatibilidade legal de institutos.
(C) São de direito privado, dentre outras, as organizações religiosas, os
partidos políticos e as empresas individuais de responsabilidade limitada.
(D) Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo.
(E) Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas
de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação
de sua inscrição no registro.

33) (FCC – TCM/RJ – Procurador – 2015) No que concerne às


fundações, é INCORRETO afirmar:
(A) Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é
obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens

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dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado
judicial.
(B) Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
(C) Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados
serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
(D) Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma
seja deliberada pela unanimidade dos membros competentes para gerir e
representar a fundação, bem como que a reforma não contrarie ou desvirtue o
fim desta.
(E) Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação,
ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou
qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu
patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto,
em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou
semelhante.

34) (FCC – TRT/9ª Região/PR – Analista Judiciário – 2015) G e R são


sócios da pessoa jurídica Tex, a qual, em razão da crise econômica, deixou de
honrar compromissos com o fornecedor Xis, que requereu, em ação de
execução, a penhora dos bens de G e R. De acordo com o Código Civil, o pedido
deverá ser
(A) indeferido, pois a desconsideração da personalidade jurídica somente é
possível com a decretação da falência.
(B) deferido, independentemente de qualquer requisito, pois os sócios
respondem, em regra, direta e pessoalmente pelas obrigações contraídas pela
pessoa jurídica.
(C) deferido apenas se comprovado que Tex não possui recursos para
pagamento do débito.
(D) indeferido, pois em nenhuma hipótese os sócios respondem pelas
obrigações contraídas pela pessoa jurídica.
(E) deferido se comprovado abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.

35) (FCC – Procurador da Prefeitura de Campinas/SP – 2016) Lourenço


adquiriu imóvel em localidade servida por “Associação de Moradores”, à qual
Lourenço não se associou. Passado um mês em que se instalou no local,
Lourenço recebeu, da associação, boleto de cobrança de taxa de manutenção, à
qual não anuiu, bem como comunicado dando conta de que, em Assembleia
Geral realizada um ano antes, decidiu-se que todas as pessoas que se
instalassem no bairro seriam obrigadas a pagar contribuição,
independentemente de anuência prévia, tendo em vista a necessidade de
custeio de despesas, dentre as quais a contratação de segurança privada. O
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estatuto da referida associação nada dispõe sobre a transmissibilidade da
qualidade de associado. De acordo com jurisprudência dominante do
Superior Tribunal de Justiça, referida deliberação
(A) atingirá Lourenço, independentemente de qualquer requisito, se
comprovado que Lourenço se beneficia dos serviços mantidos pela Associação
de Moradores.
(B) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por
associações de moradores não obrigam os não associados ou que a elas não
anuíram.
(C) atinge Lourenço, porque a associação impõe, aos associados, direitos e
obrigações recíprocos.
(D) atinge Lourenço, porque, no silêncio do estatuto, presume-se que a
qualidade de associado se transmite do antigo para o novo proprietário do
imóvel.
(E) não atinge Lourenço, porque as taxas de manutenção criadas por
associações de moradores, independentemente do que dispõe o estatuto, não
possuem caráter obrigatório, ainda que os associados tenham a elas anuído.

GABARITO SECO = FCC

01) A 08) C 15) C 22) D 29) E


02) B 09) D 16) A 23) B 30) E
03) E 10) E 17) A 24) C 31) C
04) A 11) A 18) E 25) E 32) B
05) A 12) D 19) B 26) C 33) D
06) B 13) A 20) A 27) B 34) E
07) B 14) A 21) E 28) E 35) B

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