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Há tempos o E.

Tribunal de Justiça de São Paulo vem observando a


jurisprudência das Col. Cortes Superiores acerca da legalidade da cobrança objeto desta
demanda. Confira-se relevante precedente de lavra deste E. Tribunal de Justiça:

“(...) A Lei Federal nº 8.898/19951, que dispõe sobre o regime de


concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no
artigo 175 da CF, prevê, no seu artigo 11, a possibilidade de a
concessionária haver rendas alternativas, e no artigo 32, inciso II,
estabelece a possibilidade de cobrança pelo uso das faixas de domínio,
desde que previsto em contrato. E, de fato, o contrato de concessão de
serviços público firmado entre o DNER e a Concessionária da rodovia
Presidente Dutra S.A., ao dispor sobre as fontes de receita - cláusula 78 -
prevê, expressamente, o que está na lei, ou seja, faculta à Concessionária
explorar receitas alternativas “provenientes de atividades vinculadas à
exploração da RODOVIA, das suas faixas marginais” (fl. 78 dos autos).
Assim, cai por terra o asseverado pela ré de cuidar-se de cláusula
genérica, expressamente vedando a cobrança, tornando-se legítima e
lícita a oneração pela utilização da faixa de domínio, eis que amparado
em lei e em contrato firmado”.1

Para não se tornar repetitiva, a VIAPAULISTA elenca abaixo,


exemplificativamente, diversos julgados do E. Tribunal de Justiça de São Paulo a favor
da onerosidade das ocupações feitas pelas concessionárias de energia elétrica das faixas
de domínio concedidas às concessionárias de rodovias:

(i) 2ª Câmâra de Direito Público: (a) apel. n. 0270818-


81.2009.8.26.0000, rel. Des. SAMUEL JÚNIOR; (b) ag.inst. n. 9033375-
34.2003.8.26.0000, rel. Des. MARIANO SIQUEIRA, (c) apel. n. 1083701-
42.2014.8.26.0100, rel. Desa. LUCIANA BRESCIANI, (d) apel n. 0078470-
77.2012.8.26.0114, rel. Des. CLAUDIO AUGUSTO PEDRASSI; (ii) 4ª Câmâra
de Direito Público: (a) apel n. 0007764-87.2011.8.26.0281, rel. Des.
RICARDO FEITOSA, (b) apel n. 0026625-18.2010.8.26.0068, rel. Des.
1
- TJ-SP, 12ª Câm. Extr. Dir. Públ., apel n. 1066607-47.2015.8.26.0100, rel. Des. VERA
ANGRISANI, j. 3.10.17.
RICARDO FEITOSA, (c) apel. n. 1011362-88.2014.8.26.0196, rel. Des. PAULO
BARCELLOS GATTI, (d) apel. n. 0214987-05.2010.8.26.0100, j. 5.3.18, rel.
Des. OSVALDO MAGALHÃES, (e) apel. n. 0004127-31.2014.8.26.0053, rel.
Des.ª ANA LIARTE, (iii) 5ª Câmâra de Direito Público: (a) apel. n. 9157406-
19.2009.8.26.0000, rel. Des. NOGUEIRA DIEFENTHALER; (b) apel. n. 0140392-
83.2006.8.26.0000, rel. Des. FERMINO MAGNANI FILHO; (c)
apel. n. 9285868-28.2008.26.0000, rel. Des. FRANCO COCUZZA; (iv) 6ª
Câmâra de Direito Público: (a) ag. instr. n. 9020185-38.2002.8.26.0000, rel.
Des. JOSÉ HABICE; (b) apel. n. 0189696-17.2007.8.26.0000, rel. Des. JOSÉ
HABICE; (c) apel. n. 0071049-63.2007.8.26.0000, rel. Des. JOSÉ HABICE; (d)
apel. 0104905-86.2005.8.26.0000, rel. Des. OLIVEIRA SANTOS; (v) 7ª
Câmâra de Direito Público: (a)  apel. n. 0009675-55.2008.8.26.0309,
rel. Des. COIMBRA SCHMIDT; (b) apel. n. 9169606-05.2002.8.26.0000, rel.
Des. NOGUEIRA DIEFENTHALER; (c) apel. n. 9160818-60.2006.8.26.0000, rel.
Des. GUERRIERI REZENDE; (vi) 8ª Câmara de Direito Público: (a) apel. n.
0190257-41.2007.8.26.0000, rel. Des. JOÃO CARLOS GARCIA; (b) apel. n.
9205260-19.2003.8.26.0000, rel. Des. PAULO DIMAS MASCARETTI; (vii) 9ª
Câmara de Direito Público, ag. instr. n. 0166220-13.2008.8.26.0000,
rel. Des. SÉRGIO GOMES; (viii) 10ª Câmara de Direito Público, (a) ag.inst.
n. 0074510-77.2006.8.26.0000, rel. Des. TERESA RAMOS MARQUES; (b)
ag.inst. n. 0110184-19.2006.8.26.0000, rel. Des. TERESA RAMOS MARQUES;
(c) apel. n. 0371521-20.2009.8.26.0000, rel. Des. TERESA RAMOS MARQUES;
(ix) 11ª Câmara de Direito Público, (a) apel. n. 0184023-
09.2008.8.26.0000, rel. Des. RICARDO DIP; (b) apel. n. 0006686-
29.2012.8.26.0053, rel. Des. OSCILD DE LIMA JÚNIOR, (c) apel. n. 0011965-
78.2009.8.26.0286, rel. Des. RICARDO DIP; (ix) 12ª Câmara de Direito
Público, apel. n. 0270248-95.2009.8.26.0000, rel. Des. BURZA NETO; apel. n.
1000511-73.2015.8.26.0157, rel. Des. EDSON FERREIRA; apel. n. 1003377-
03.2015.8.26.0077, rel. Des. VERA ANGRISANI, apel n. 1066607-
47.2015.8.26.0100, rel. Des. VERA ANGRISANI, (x) 13ª Câmara de Direito
Público, (a) apel. n. 9000056-66.2010.8.26.0053, rel. Des. PEIRETTI DE
GODOY; (b)  apel. n. 0000392-65.2009.8.26.0602, rel. Des. RICARDO ANAFE.

Não há dúvidas, pois, acerca da legalidade da cobrança pelo uso das


faixas de domínio concedidas, devendo ser aplicado ao presente caso o pacífico
(e obrigatório) entendimento do Col. Superior Tribunal de Justiça e do E. Tribunal de
Justiça de São Paulo sobre o tema.
Como não poderia deixar de ser, ao julgar novamente o caso, o E.
Tribunal de Justiça reafirmou a possibilidade de cobrança pelo uso das faixas de
domínio, com base na previsão contratual e editalícia:

“ADMINISTRATIVO. Instalação e manutenção de gasodutos.


Pretensão à inexigibilidade da remuneração cobrada pela utilização das
faixas de domínio de ferrovia concedida. Cobrança autorizada pela Lei n.
8.987/95, não havendo controvérsia quanto à existência de autorização no
edital e no contrato de concessão, correspondente a contrapartida pelo
uso de bem público cuja exploração econômica foi concedida a particular.
Recurso não provido”2.

A Col. 4ª Câmara de Direito Público do E. Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo, ao julgar demanda envolvendo a concessionária de rodovias
ROTA DAS BANDEIRAS e a concessionária de energia elétrica CPFL, expressamente
reconheceu que, havendo previsão legal e contratual, a concessionária de rodovias
pode efetuar a cobrança pelo uso que outras concessionárias de serviços públicos
fazem de sua faixa de domínio, com o escopo de favorecer a modicidade das tarifas.
Confira-se:

“(...) Sendo assim, existindo previsão legal de que os bens dados em


concessão possam ser utilizados para produção de receitas alternativas,
complementares ou acessórias, tendo em vista favorecer a modicidade das
tarifas e, estando expresso no contrato de concessão do caso em apreço a
referida possibilidade, a concessionária-recorrente pode cobrar da
concessionária de energia elétrica, ora recorrida, pelo uso da faixa de
domínio”.3

2
- TJ-SP, 7ª Câm. Dir. Públ., apel. n. 1000889-37.2014.8.26.0004, rel. Des. COIMBRA SCHMIDT,
j. 10.5.21.
3
- TJ-SP, 4ª Câm.Dir.Públ., apel n. 0007764-87.2011.8.26.0281, rel. Des. RICARDO FEITOSA,
j. 9.3.15.
Seguindo o entendimento pacífico do Col. Superior Tribunal de
Justiça, o E. Tribunal de Justiça de São Paulo vem decidindo pela legalidade da
cobrança pretendida pela AUTOPISTA FERNÃO DIAS. Veja-se:

“(...) A Lei Federal nº 8.898/19951, que dispõe sobre o regime de


concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto no
artigo 175 da CF, prevê, no seu artigo 11, a possibilidade de a
concessionária haver rendas alternativas, e no artigo 32, inciso II,
estabelece a possibilidade de cobrança pelo uso das faixas de domínio,
desde que previsto em contrato. E, de fato, o contrato de concessão de
serviços público firmado entre o DNER e a Concessionária da rodovia
Presidente Dutra S.A., ao dispor sobre as fontes de receita - cláusula 78 -
prevê, expressamente, o que está na lei, ou seja, faculta à Concessionária
explorar receitas alternativas “provenientes de atividades vinculadas à
exploração da RODOVIA, das suas faixas marginais” (fl. 78 dos autos).
Assim, cai por terra o asseverado pela ré de cuidar-se de cláusula
genérica, expressamente vedando a cobrança, tornando-se legítima e
lícita a oneração pela utilização da faixa de domínio, eis que amparado
em lei e em contrato firmado”.4

4
TJ-SP, 12ª Câm. Extr. Dir. Públ., apel n. 1066607-47.2015.8.26.0100, rel. Des. VERA ANGRISANI,
j. 3.10.17.

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