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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO


PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
6ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5028925-90.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 18 - DES. FED. GISELLE FRANÇA
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA - INMETRO
AGRAVADO: GILBERTO ARCARI, YAMAR INDUSTRIA PLASTICA LTDA., AIRTON GOMES DE OLIVEIRA, LUIZ
APARECIDO RODRIGUES, LUIZ MARCOS DE PAULA
Advogado do(a) AGRAVADO: AMAURI SOARES - SP153998-A
OUTROS PARTICIPANTES:

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
6ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5028925-90.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 18 - DES. FED. GISELLE FRANÇA
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA - INMETRO
AGRAVADO: GILBERTO ARCARI, YAMAR INDUSTRIA PLASTICA LTDA., AIRTON GOMES DE OLIVEIRA, LUIZ
APARECIDO RODRIGUES, LUIZ MARCOS DE PAULA
Advogado do(a) AGRAVADO: AMAURI SOARES - SP153998-A
OUTROS PARTICIPANTES:

R E LAT Ó R I O

A Desembargadora Federal Giselle França:

Trata-se de agravo de instrumento interposto contra r. decisão que, em


execução fiscal, determinou a penhora de valores pelo Sistema SISBAJUD e, no mesmo ato,
autorizou o levantamento de eventual bloqueio irrisório, assim considerado aquele inferior
a 20% do crédito exequendo.

O INMETRO, ora agravante, defende a impossibilidade de desbloqueio de


valores em razão de sua inexpressividade diante do débito, conforme entendimento
jurisprudencial desta C. Corte.
O pedido de antecipação de tutela foi deferido (ID 281848423).

Sem resposta.

É o relatório.

PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
6ª Turma

AGRAVO DE INSTRUMENTO (202) Nº 5028925-90.2023.4.03.0000


RELATOR: Gab. 18 - DES. FED. GISELLE FRANÇA
AGRAVANTE: INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA - INMETRO
AGRAVADO: GILBERTO ARCARI, YAMAR INDUSTRIA PLASTICA LTDA., AIRTON GOMES DE OLIVEIRA, LUIZ
APARECIDO RODRIGUES, LUIZ MARCOS DE PAULA
Advogado do(a) AGRAVADO: AMAURI SOARES - SP153998-A
OUTROS PARTICIPANTES:

VOTO

A Desembargadora Federal Giselle França:

A regra da menor onerosidade, constante do art. 805, do CPC, não pode


inviabilizar, ou mesmo dificultar, a satisfação do crédito.

A penhora eletrônica precede outros meios de constrição judicial no processo


de execução e, a partir da vigência da Lei Federal nº. 11.382/06, prescinde do esgotamento
de diligências para a identificação de outros ativos integrantes do patrimônio do executado.
Essa é a orientação do Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO


CPC. PROCESSO JUDICIAL TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA
ELETRÔNICA. SISTEMA BACEN-JUD. ESGOTAMENTO DAS VIAS ORDINÁRIAS
PARA A LOCALIZAÇÃO DE BENS PASSÍVEIS DE PENHORA. ARTIGO 11, DA LEI
6.830/80. ARTIGO 185-A, DO CTN. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INOVAÇÃO
INTRODUZIDA PELA LEI 11.382/2006. ARTIGOS 655, I, E 655-A, DO CPC.
INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DAS LEIS. TEORIA DO DIÁLOGO DAS FONTES.
APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI DE ÍNDOLE PROCESSUAL.
1. A utilização do Sistema BACEN-JUD, no período posterior à vacatio legis da Lei
11.382/2006 (21.01.2007), prescinde do exaurimento de diligências extrajudiciais, por
parte do exeqüente, a fim de se autorizar o bloqueio eletrônico de depósitos ou
aplicações financeiras (Precedente da Primeira Seção: EREsp 1.052.081/RS, Rel.
Ministro Hamilton Carvalhido, Primeira Seção, julgado em 12.05.2010, DJe
26.05.2010. Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 1.194.067/PR, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 22.06.2010, DJe 01.07.2010;
AgRg no REsp 1.143.806/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
julgado em 08.06.2010, DJe 21.06.2010; REsp 1.101.288/RS, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 02.04.2009, DJe 20.04.2009; e REsp
1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
07.10.2008, DJe 05.11.2008. Precedente da Corte Especial que adotou a mesma
exegese para a execução civil: REsp 1.112.943/MA, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
julgado em 15.09.2010).

2. A execução judicial para a cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autarquias é regida pela Lei 6.830/80 e,
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

3. A Lei 6.830/80, em seu artigo 9º, determina que, em garantia da execução, o


executado poderá, entre outros, nomear bens à penhora, observada a ordem prevista
no artigo 11, na qual o "dinheiro" exsurge com primazia.

4. Por seu turno, o artigo 655, do CPC, em sua redação primitiva, dispunha que
incumbia ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a ordem de penhora,
cujo inciso I fazia referência genérica a "dinheiro".

5. Entrementes, em 06 de dezembro de 2006, sobreveio a Lei 11.382, que alterou o


artigo 655 e inseriu o artigo 655-A ao Código de Processo Civil, verbis: "Art. 655. A
penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: I - dinheiro, em espécie ou
em depósito ou aplicação em instituição financeira; II - veículos de via terrestre; III -
bens móveis em geral; IV - bens imóveis; V - navios e aeronaves; VI - ações e quotas de
sociedades empresárias; VII - percentual do faturamento de empresa devedora; VIII -
pedras e metais preciosos; IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito
Federal com cotação em mercado; X - títulos e valores mobiliários com cotação em
mercado; XI - outros direitos. (...) Art. 655-A. Para possibilitar a penhora de dinheiro
em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará
à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico,
informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo
ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. § 1º. As
informações limitar-se-ão à existência ou não de depósito ou aplicação até o valor
indicado na execução. (...)"

6. Deveras, antes da vigência da Lei 11.382/2006, encontravam-se consolidados, no


Superior Tribunal de Justiça, os entendimentos jurisprudenciais no sentido da
relativização da ordem legal de penhora prevista nos artigos 11, da Lei de Execução
Fiscal, e 655, do CPC (EDcl nos EREsp 819.052/RS, Rel. Ministro Humberto Martins,
Primeira Seção, julgado em 08.08.2007, DJ 20.08.2007; e EREsp 662.349/RJ, Rel.
Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministra Eliana Calmon, Primeira Seção,
julgado em 10.05.2006, DJ 09.10.2006), e de que o bloqueio eletrônico de depósitos ou
aplicações financeiras (mediante a expedição de ofício à Receita Federal e ao BACEN)
pressupunha o esgotamento, pelo exeqüente, de todos os meios de obtenção de
informações sobre o executado e seus bens e que as diligências restassem infrutíferas
(REsp 144.823/PR, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, julgado em
02.10.1997, DJ 17.11.1997; AgRg no Ag 202.783/PR, Rel. Ministro Carlos Alberto
Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 17.12.1998, DJ 22.03.1999; AgRg no
REsp 644.456/SC, Rel. Ministro José Delgado, Rel. p/ Acórdão Ministro Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, julgado em 15.02.2005, DJ 04.04.2005; REsp 771.838/SP,
Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 13.09.2005, DJ 03.10.2005; e
REsp 796.485/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em
02.02.2006, DJ 13.03.2006).

7. A introdução do artigo 185-A no Código Tributário Nacional, promovida pela Lei


Complementar 118, de 9 de fevereiro de 2005, corroborou a tese da necessidade de
exaurimento das diligências conducentes à localização de bens passíveis de penhora
antes da decretação da indisponibilidade de bens e direitos do devedor executado,
verbis: "Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não
pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens
penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos,
comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades
que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público
de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de
capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
§ 1º A indisponibilidade de que trata o caput deste artigo limitar-se-á ao valor total
exigível, devendo o juiz determinar o imediato levantamento da indisponibilidade dos
bens ou valores que excederem esse limite. § 2º Os órgãos e entidades aos quais se fizer
a comunicação de que trata o caput deste artigo enviarão imediatamente ao juízo a
relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem
promovido."

8. Nada obstante, a partir da vigência da Lei 11.382/2006, os depósitos e as aplicações


em instituições financeiras passaram a ser considerados bens preferenciais na ordem
da penhora, equiparando-se a dinheiro em espécie (artigo 655, I, do CPC), tornando-se
prescindível o exaurimento de diligências extrajudiciais a fim de se autorizar a
penhora on line (artigo 655-A, do CPC).

9. A antinomia aparente entre o artigo 185-A, do CTN (que cuida da decretação de


indisponibilidade de bens e direitos do devedor executado) e os artigos 655 e 655-A, do
CPC (penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira) é superada com a
aplicação da Teoria pós-moderna do Diálogo das Fontes, idealizada pelo alemão Erik
Jayme e aplicada, no Brasil, pela primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a fim de
preservar a coexistência entre o Código de Defesa do Consumidor e o novo Código
Civil.

10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas gerais mais
benéficas supervenientes preferem à norma especial (concebida para conferir
tratamento privilegiado a determinada categoria), a fim de preservar a coerência do
sistema normativo.

11. Deveras, a ratio essendi do artigo 185-A, do CTN, é erigir hipótese de privilégio do
crédito tributário, não se revelando coerente "colocar o credor privado em situação
melhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito
tributário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (artigos 145 e seguintes
da Constituição Federal de 1988)" (REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe 05.11.2008).

12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos 185-A, do CTN, com os artigos 11, da
Lei 6.830/80 e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora eletrônica de depósitos ou
aplicações financeiras independentemente do exaurimento de diligências
extrajudiciais por parte do exeqüente. (...)

19. Recurso especial fazendário provido, declarando-se a legalidade da ordem judicial


que importou no bloqueio liminar dos depósitos e aplicações financeiras constantes
das contas bancárias dos executados. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C,
do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
(STJ, 1ª Seção, REsp 1184765/PA, j. 24/11/2010, DJe 03/12/2010, Rel. Min.
LUIZ FUX).

Exige-se, apenas, prévia tentativa de citação do executado, com oportunidade


para oferecimento de bens à penhora:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. BLOQUEIO DE ATIVOS FINANCEIROS, MEDIANTE
ARRESTO EXECUTIVO, VIA SISTEMA BACENJUD, ANTES DA PRÁTICA DE ATOS
JUDICIAIS TENDENTES A LOCALIZAR O DEVEDOR PARA A CITAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM A
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO STJ. INCIDÊNCIA DA SÚMULA
83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

I. Agravo Regimental interposto em 28/10/2015, contra decisão publicada em


16/10/2015.

II. Na forma da jurisprudência firmada pelo STJ, admite-se o arresto de dinheiro, via
Sistema Bacenjud, nos próprios autos da execução, se preenchidos os requisitos legais
previstos no art. 653 (existência de bens e não localização do devedor) ou no art. 813
(demonstração de perigo de lesão grave ou de difícil reparação), ambos do CPC/73.
Em relação ao arresto executivo, também designado arresto prévio ou pré-penhora,
de que trata o art. 653 do CPC/73, tal medida visa assegurar a efetivação de futura
penhora na execução por título extrajudicial, na hipótese de o executado não ser
encontrado para citação. Assim, desde que frustrada a tentativa de localização do
executado, é admissível o arresto executivo de seus bens. Precedentes do STJ (REsp
1.044.823/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, DJe de
15/09/2008; REsp 1.240.270/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 15/04/2011;REsp 1.407.723/RS, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de 29/11/2013; REsp 1.370.687/MG, Rel. Ministro
ANTÔNIO CARLOS FERREIRA, DJe de 15/08/2013; REsp 1.338.032/SP, Rel. Ministro
SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, DJe de 29/11/2013).

III. Na hipótese dos autos, considerando que é incontroversa a falta de demonstração,


na petição inicial da Execução Fiscal, dos requisitos autorizadores da medida cautelar
de arresto, prevista nos arts. 813 e seguintes do CPC/73, e levando-se em
consideração, outrossim, que o arresto executivo dos valores pertencentes ao
executado ocorreu anteriormente a qualquer tentativa de citação deste, impõe-se a
conclusão de que o acórdão recorrido está em harmonia com a orientação firmada
pelo STJ. Por conseguinte, deve ser mantida a inadmissão do Recurso Especial, com
base na Súmula 83/STJ.

IV. Agravo Regimental improvido.

(STJ, 2ª Turma, AgRg no AREsp 555.536/PA, j. 19/05/2016, DJe


02/06/2016, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES).

Por fim, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e desta


Corte Regional, é irregular o desbloqueio de valor penhorado em razão de suposta
inexpressividade face o débito total executado. Veja-se:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL.


PENHORA ON LINE, VIA BACENJUD. ACÓRDÃO QUE DETERMINA O
DESBLOQUEIO DOS VALORES, A PRETEXTO DE QUE IRRISÓRIOS.
IMPERTINÊNCIA. PRECEDENTES.
1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que não é válido o desbloqueio do valor
penhorado pelo Sistema BACenJud, em razão da só inexpressividade do montante em
face do total da dívida.

Precedentes: AgRg no AREsp 826.651/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,


Segunda Turma, DJe 13/4/2016; AgRg no REsp 1.528.914/SC, Rel. Ministro Napoleão
Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 22/9/2015; AgRg no REsp 1.383.159/RS, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13/9/2013.

2. Agravo interno não provido.

(STJ, 1ª Turma, AgInt no REsp 1875338/DF, j. 08/02/2021, DJe 11/02/2021,


Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. BLOQUEIO DE ATIVOS. VALORES IRRISÓRIOS NÃO


COMPROVADOS. EXECUÇÃO NO INTERESSE DO CREDOR. AGRAVO IMPROVIDO.

I - A decisão proferida pelo então relator, Desembargador Federal Toru Yamamoto,


que indeferiu o efeito suspensivo requerido, merece ser mantida por seus próprios
fundamentos, uma vez que ancorada na jurisprudência desta Corte.

II - Trata-se de executivo fiscal ajuizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar,


com esteio no processo administrativo nº 33902.549434/2016-74, objetivando a
cobrança de penalidade no valor de R$ 31.913,28, em que foi bloqueado, via Sisbajud,
o valor de R$ 2.182,71.

III - O artigo 805 do Código de Processo Civil consagra o princípio de que a execução
deve ser procedida do modo menos gravoso para o devedor. De outra parte, o artigo
797 do mesmo diploma dispõe expressamente que a execução se realiza no interesse do
credor. Assim, os preceitos acima mencionados revelam valores que devem ser
sopesados pelo julgador, a fim de se alcançar a finalidade do processo de execução, ou
seja, a satisfação do crédito, com o mínimo sacrifício do devedor.

IV - É incabível levantar a penhora a pretexto de que os valores penhorados são


irrisórios, porquanto o caráter irrisório de uma soma não a torna impenhorável. O
levantamento da penhora sob esse fundamento impede a satisfação do direito
material do credor, ainda que parcial.

V - A propósito(TRF 3ª Região, 1ª Turma, AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO -


5030219-22.2019.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal WILSON ZAUHY FILHO,
julgado em 03/04/2020, Intimação via sistema DATA: 04/04/2020) (TRF 3ª Região,
3ª Turma, AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 5025909-70.2019.4.03.0000, Rel.
Desembargador Federal ANTONIO CARLOS CEDENHO, julgado em 06/03/2020,
Intimação via sistema DATA: 10/03/2020) (TRF 3ª Região, 4ª Turma, AI - AGRAVO
DE INSTRUMENTO - 5021266-69.2019.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal
MARCELO MESQUITA SARAIVA, julgado em 03/02/2020, Intimação via sistema
DATA: 05/02/2020).

VI - Agravo de instrumento improvido.

(TRF-3, 6ª Turma, AI 5002345-91.2021.4.03.0000, j. 02/10/2023,


Intimação via sistema DATA: 04/10/20233, Rel. Des. Fed. VALDECI DOS
SANTOS).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. PEDIDO DE DESBLOQUEIO. VALOR
IRRISÓRIO. DESCABIMENTO. PRECEDENTES.
1. A decisão agravada destacou, em primeiro plano, a interpretação da Corte Superior
sobre o alcance do disposto no artigo 932, CPC, ressaltando o cabimento da
apreciação monocrática, a partir de tal permissivo, também em caso de
jurisprudência dominante de Tribunal Superior, sem prejuízo da impugnação à
decisão do relator através de agravointerno para exame colegiado da pretensão, não
subsistindo, assim, vício capaz de anular o julgamento por tal fundamento. Assim,
tendo a decisão agravada demonstrado encontrar-se respaldada em entendimento
jurisprudencial consolidado na Corte Superior, não tem espaço nem relevância
impugnação à aplicação do artigo 932, CPC, mesmo porque a controvérsia, com o
agravointerno, foi integralmente devolvida à apreciação da Turma.

2. Consignou a decisão agravada que é firme a jurisprudência da Corte Superior no


sentido de que o bloqueio de valor irrisório não obsta a penhora nem autoriza o
desbloqueio de valores.

3. Em que pese alegar o devedor que o valor irrisório não se prestaria à satisfação do
débito, qualquer quantia constrita, mesmo que de pouca monta, reduz o total da
dívida e, consequentemente, satisfaz, ainda que parcialmente, o credor, que busca
reduzir ao máximo seu prejuízo, principalmente considerando que a penhora on-line
de valores é de custo zero, afastando a incidência do artigo 836, CPC, dispositivo que
apenas se aplicaria nas situações em que a avaliação do bem fosse inferior aos custos
gerados para sua excussão.

4. Perceba-se, pois, que a decisão agravada apontou jurisprudência consolidada sobre


a tese jurídica discutida, firmada no sentido da manutenção de valores bloqueados via
SISBAJUD, mesmo que irrisórios, pelo que inviável o acolhimento do agravo interno,
que apenas reiterou a pretensão, sem acrescer qualquer fato ou fundamento jurídico
que não tenha sido enfrentado com base em sedimentada orientação pretoriana,
restando, assim, impertinente a reforma postulada.

5. Agravo interno desprovido.

(TRF-3, 3ª Turma, AI 5002104-83.2022.4.03.0000, j. 16/02/2023,


Intimação via sistema DATA: 22/02/2023, Rel. Des. Fed. LUIS CARLOS
HIROKI MUTA).

No caso concreto, em análise aos autos de origem, verifica-se que, após citação
válida da parte executada, foi realizada penhora no valor de R$ 1.369,30 (ID 297932437),
quantia que restou desbloqueada por ser considerada irrisória.

Nesse quadro, cabível a penhora via SISBAJUD com manutenção dos valores
considerados irrisórios.

Ante o exposto, dou provimento ao agravo de instrumento.

É o voto.
EMENTA

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL.


PENHORA VIA SISBAJUD. DESBLOQUEIO DE VALORES IRRISÓRIOS.
IMPOSSIBILIDADE.

1- A regra da menor onerosidade, constante do art. 805, do CPC, não pode


inviabilizar, ou mesmo dificultar, a satisfação do crédito.

2- A penhora eletrônica precede outros meios de constrição judicial no


processo de execução e, a partir da vigência da Lei Federal nº. 11.382/06,
prescinde do esgotamento de diligências para a identificação de outros ativos
integrantes do patrimônio do executado. Orientação do Superior Tribunal de
Justiça em recurso repetitivo. Exige-se, apenas, prévia tentativa de citação do
executado, com oportunidade para oferecimento de bens à penhora.

3- De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e desta


Corte Regional, é irregular o desbloqueio de valor penhorado em razão de
suposta inexpressividade face o débito total executado.

4- Agravo de instrumento provido.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sexta Turma, por
unanimidade, deu provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório e voto que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.

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