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PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
6ª Turma
R E LAT Ó R I O
Sem resposta.
É o relatório.
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal Regional Federal da 3ª Região
6ª Turma
VOTO
4. Por seu turno, o artigo 655, do CPC, em sua redação primitiva, dispunha que
incumbia ao devedor, ao fazer a nomeação de bens, observar a ordem de penhora,
cujo inciso I fazia referência genérica a "dinheiro".
10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas gerais mais
benéficas supervenientes preferem à norma especial (concebida para conferir
tratamento privilegiado a determinada categoria), a fim de preservar a coerência do
sistema normativo.
11. Deveras, a ratio essendi do artigo 185-A, do CTN, é erigir hipótese de privilégio do
crédito tributário, não se revelando coerente "colocar o credor privado em situação
melhor que o credor público, principalmente no que diz respeito à cobrança do crédito
tributário, que deriva do dever fundamental de pagar tributos (artigos 145 e seguintes
da Constituição Federal de 1988)" (REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe 05.11.2008).
12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos 185-A, do CTN, com os artigos 11, da
Lei 6.830/80 e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora eletrônica de depósitos ou
aplicações financeiras independentemente do exaurimento de diligências
extrajudiciais por parte do exeqüente. (...)
II. Na forma da jurisprudência firmada pelo STJ, admite-se o arresto de dinheiro, via
Sistema Bacenjud, nos próprios autos da execução, se preenchidos os requisitos legais
previstos no art. 653 (existência de bens e não localização do devedor) ou no art. 813
(demonstração de perigo de lesão grave ou de difícil reparação), ambos do CPC/73.
Em relação ao arresto executivo, também designado arresto prévio ou pré-penhora,
de que trata o art. 653 do CPC/73, tal medida visa assegurar a efetivação de futura
penhora na execução por título extrajudicial, na hipótese de o executado não ser
encontrado para citação. Assim, desde que frustrada a tentativa de localização do
executado, é admissível o arresto executivo de seus bens. Precedentes do STJ (REsp
1.044.823/PR, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, DJe de
15/09/2008; REsp 1.240.270/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 15/04/2011;REsp 1.407.723/RS, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de 29/11/2013; REsp 1.370.687/MG, Rel. Ministro
ANTÔNIO CARLOS FERREIRA, DJe de 15/08/2013; REsp 1.338.032/SP, Rel. Ministro
SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, DJe de 29/11/2013).
III - O artigo 805 do Código de Processo Civil consagra o princípio de que a execução
deve ser procedida do modo menos gravoso para o devedor. De outra parte, o artigo
797 do mesmo diploma dispõe expressamente que a execução se realiza no interesse do
credor. Assim, os preceitos acima mencionados revelam valores que devem ser
sopesados pelo julgador, a fim de se alcançar a finalidade do processo de execução, ou
seja, a satisfação do crédito, com o mínimo sacrifício do devedor.
3. Em que pese alegar o devedor que o valor irrisório não se prestaria à satisfação do
débito, qualquer quantia constrita, mesmo que de pouca monta, reduz o total da
dívida e, consequentemente, satisfaz, ainda que parcialmente, o credor, que busca
reduzir ao máximo seu prejuízo, principalmente considerando que a penhora on-line
de valores é de custo zero, afastando a incidência do artigo 836, CPC, dispositivo que
apenas se aplicaria nas situações em que a avaliação do bem fosse inferior aos custos
gerados para sua excussão.
No caso concreto, em análise aos autos de origem, verifica-se que, após citação
válida da parte executada, foi realizada penhora no valor de R$ 1.369,30 (ID 297932437),
quantia que restou desbloqueada por ser considerada irrisória.
Nesse quadro, cabível a penhora via SISBAJUD com manutenção dos valores
considerados irrisórios.
É o voto.
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Sexta Turma, por
unanimidade, deu provimento ao agravo de instrumento, nos termos do relatório e voto que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.