Você está na página 1de 76

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM

Centro de Ciências da Saúde/ CCS


Departamento de Análises Clínicas e Biomedicina/ DAB
Curso de Biomedicina

Doenças autoimunes (DAIs)

2018
Profª Dra. Izabel Galhardo Demarchi
AUTOTOLERÂNCIA
indivíduos normalmente não respondem aos seus próprios Ags.

Autoimunidade resulta de uma falha ou da quebra dos mecanismos responsáveis


pela autotolerância.

Quando há falha na autotolerância e subsequente resposta imune contra Ags


próprios podem ocorrer as DOENÇAS AUTOIMUNES.
Seleção negativa

deleção

T-reg: Também vão


para os tecidos
próprios periféricos
no sentido de Seleção
protegê-los. negativa:
deleção
Indivíduos normais não possuem linfócitos específicos a Ags próprios

Anormalidades dos Ags próprios


Seleção e regulação da resposta dos linfócitos

Autoimunidade
DOENÇAS AUTOIMUNES (DAIs)

Respostas imunes normais (contra microrganismos) inadequadamente


controladas, ou inapropriadamente direcionadas para os tecidos do
hospedeiro  doenças.

O potencial p/ a autoimunidade existe em todos indivíduos


Durante seu desenvolvimento: os linfócitos podem expressar receptores
específicos para Ags próprios.

Mesmos mecanismos efetores da imunidade humoral e imunidade mediada


por células contra micróbios e outros Ags
Classificação das Doenças Imunológicas
Distúrbios causados por RI anormais são chamados de hipersensibilidade
1900s – Paul Ehrlich: “horror autotóxico” (mecanismos efetores
utilizados na defesa do hospedeiro poderiam
ser voltados contra ele).

1950s - MacFarlane Burnet: “teoria da seleção clonal” (clones de


linfócitos autorreativos eram eliminados durante o desenvolvimento
para prevenir reações autoimunes).
Incidência das DAIs

• Duplicou nos últimos 40 anos  não se sabe o porquê.


– Aprimoramento nos diagnósticos e à precisão dos testes
laboratoriais;
– EUA  50 milhões de pessoas por ano diagnosticadas;
– No Brasil, sabe-se que a incidência é maior nas regiões
Sul e Sudeste;
– Em todo o mundo  atinge de 15% a 20% da população
e as maiores vítimas são mulheres.
Múltiplos fatores contribuem para o desenvolvimento
da autoimunidade:

 Anormalidades imunológicas afetando linfócitos e


células apresentadoras de Ags (APCs),

 Fatores ambientais (infecções microbianas e virais,


fatores químicos e físicos)

 Genes que predispõem para a autoimunidade,

 Fatores hormonais,

 Injúria tecidual
Fatores que predispõem à autoimunidade
FATORES QUE LEVAM À AUTOIMUNIDADE

1- DOENÇAS INFECCIOSAS

DAIs + doenças infecciosas : frequente


- Ausência de microrganismos na lesão.
- DAÍ: resulta da resposta imune do hospedeiro, que pode ser acionada ou
desregulada pelo micróbio.

Mecanismos:
 Alterações em Ags próprios.
Inflamação, ativação de macrófagos,
liberação de citocinas que estimulam a expressão de
coestimuladores em APCs, levando à quebra da anergia.

a) Mímica molecular
- existência de epítopos comuns entre micróbios e seus hospedeiros.
- Ex: febre reumática → proteína M do estreptococo e estruturas cardíacas.
MIMETISMO MOLECULAR
AGENTES INFECCIOSOS QUE PODEM ESTAR ASSOCIADOS A DOENÇAS
AUTOIMUNES

DOENÇA AGENTE
Síndrome de Sjögren HTLV-1
Diabetes insulino-dependente Vírus da rubéola, sarampo
Febre reumática Streptococcus pyogenes
Artrite reumatóide EBV, HTLV-1
LES HTLV-1, HIV-1
Esclerose múltipla HTLV-1, Paramixovirus
b) Antígenos sequestrados:
- podem não ter induzido autotolerância
“Ags sequestrados” → SNC, testículos, olho → autoAcs após traumas.
(uveítes pós-traumáticas, orquites pós-vasectomia)

2) INFLUÊNCIA HORMONAL

DAIs têm maior incidência entre mulheres


Ex: Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
F1 de camundongos (NZB x NZW): semelhante ao LES nas fêmeas e é
retardada por andrógenos.
3- FATORES GENÉTICOS NA AUTOIMUNIDADE
Na maioria das DAIs, a suscetibilidade está ligada ao gene MHC classe II, contudo
existem fortes associações entre genes do MHC de classe I.

DOENÇA Alelo HLA RISCO RELATIVO


Espondilite anquilosante B27 90-100
Diabetes insulino- dependente DR4 ou DR3 5-6
DR3/DR4 (heterozigoto) 25
Esclerose múltipla DR2 4
Artrite reumatóide DR4 4
LES DR2/DR3 5
Doença de Graves B8, DR3 3,7
Hepatites autoimunes DR3 (jovens) DR4(idosos)
Penfigus vulgaris DR4 14
Miastenia gravis DR3 2,5

Risco relativo: probabilidade de um indivíduo com um alelo(s) particular desenvolver a doença versus
indivíduos sem o alelo.
Mecanismos postulados para a
autoimunidade

Produtos
DROGAS QUE PODEM ESTAR ASSOCIADAS À DOENÇAS AUTOIMUNES

• causadas por drogas químicas podem ser órgão específicas (ex: myasthenia
gravis e tireoidite) e sistêmicas (LES).

• Os agentes mais comuns são: sulfadiazina, procainamida, hidralazina (inibem


metilação do DNA de linfócitos T; promovem ativação de monócitos quebrando a
autotolerância), metildopa entre outros;

• Outros mecanismos são a conversão de proteínas celulares em elementos


altamente imunogênico pela ligação da droga os seus metabólitos com essas
proteínas; permanência da droga por períodos mais longos nos tecidos.

• Normalmente, o processo de agressão regride na medida em que se interrompe


a administração de drogas, mas os auto-anticorpos persistem por muitos meses.
Doenças autoimunes
• Mediadas por Anticorpos
– Miastenia gravis
– Doença de Graves

• Mediadas por Complexos imunes


– Lúpus eritematoso sistêmico
Doenças autoimunes
• Mediadas por Linfócitos T
– Diabetes do tipo I
– Tireoidite de Hashimoto
– Esclerose múltipla
– Artrite reumatóide
– Síndrome de Sjögren
– Espondiloartropatias:
• Espondilite anquilosante
Doenças mediadas por Acs
são produzidas por:

A- Acs que se ligam a Ags


existentes em células ou
tecidos;

B- Complexos Ags-Acs que se


formam na circulação e
são depositados nas
paredes dos vasos
sanguíneos das sinóvias e
glomérulos.
Complexos Ag-Ac são produzidos durante a resposta imune normal.

Doenças: Acs produzidos em grandes quantidades e não eliminados de


forma eficiente.

Depositam nos vasos e capilares sanguíneos e tecidos.

Capilares dos glomérulos renais e sinóvia  plasma é ultrafiltrado sob


alta pressão hidrostática  urina e líquido sinovial.
Estes locais são comumente sítios de deposição de
imunocomplexos.

Ex: Lúpus Eritematoso Sistêmico – deposição de imunocomplexos de DNA


ou nucleoproteínas próprios e Acs específicos para estes componentes
(glomerulonefrite, artrite, etc.).
A- Injúria tecidual mediada por imune complexos Neutrófilos
Imune complexos
Recrutamento e
circulantes
ativação de células
inflamatórias
mediados por
complemento e
receptor Fc

Sítio de deposição Enzimas e VASCULITE


Vaso sanguíneo de imune complexos ROS e NOS

 As características das doenças causadas por complexos imunes refletem o sítio de


deposição do complexo Ag-Ac e não da fonte celular do Ag.
 Tendem a ser sistêmicas com pouca ou nenhuma especificidade para um órgão ou tecido.

 Diagnóstico:
demonstração de Acs ou de complexos imunes na circulação ou nos tecidos afetados.
DAIs mediadas por complexos imunes
• Lúpus eritematoso sistêmico (LES)

– Definição: DAI sistêmica, crônica e inflamatória, caracterizada


por remissões e exacerbações.

– Afeta: 10 mulheres : 1 homem, idade fértil (20 a 40 anos)

• Etiologia:
– Incerta  HTLV-1, HIV-1

• Genética:
– HLA-DR2
– HLA-DR3
Risco relativo= 2 a 3
– DR2/DR3  RR= 5
Figura. Modelo para a patogênese do lúpus eritematoso
sistêmico (LES)

Vários genes de suscetibilidade interferem na


manutenção da autotolerância,

e fatores externos promovem a persistência de antígenos


nucleares.

O resultado é uma resposta de anticorpos contra


antígenos nucleares próprios.
Lúpus eritematoso sistêmico
• Sinais e sintomas:
Lúpus eritematoso sistêmico
• Sintomatologia/Manifestações:
– Artralgia  95%
– Febre  90%
– Artrite  90%  CI-C’  sinóvia
– Vasculite  CI-C’  pequenos vasos
– Exantema eritematoso: pescoço, palmas, dedos, rosto (asa de borboleta) 
74%
– Anemia  71%
– Glomerulonefrite  50% CI-C’  membrana basal glomerular.
– Fotossensibilidade  30%
– Perda de cabelo  27%
– Fenômeno de Raynaud  17%
– Distúrbios psíquicos  15%
– Feridas na boca  12%
– Hepatoesplenomegalia
– Lesões de retina, córnea, pleurisia (30%), pericardite
– Neurológicas  convulsões e psicoses
Lúpus eritematoso sistêmico
• Manifestações:
– Reações dérmicas (bordo eritematoso):
Lúpus eritematoso sistêmico

• Manifestações (pele): vasculite


Lúpus eritematoso sistêmico
• Manifestações: exantema eritematoso
Lúpus eritematoso sistêmico
• Manifestações (pele):
– Fenômeno de Raynauld
Vasoconstrição das artérias
digitais provocada pelo frio. Os
dedos tornam-se pálidos (devido a
isquemia), azul cianóticos (devido
a dilatação capilar com estagnação
do fluxo sanguíneo) e depois
vermelhos (devido à hiperemia
reativa).
Lúpus eritematoso sistêmico
• Manifestações (pele):
– Alopécia
Lúpus eritematoso sistêmico
• Diagnóstico clínico:
– Pelo menos 4 critérios clínico/laboratorial -American
College of Rheumatology (ACR):
• Rash no rosto
• Rash discóide (couro cabeludo  alopécia)
• Fotossensibilidade
• Alteração neurológica
• Úlcera oral
• Pericardite, pleurite
• Artralgia
• Proteinúria
• Anemia, leuco e/ou plaquetopenia
• Presença: anticorpos antinucleares
anti-DNA, anti-Sm, VDRL falso +, pesquisa de anticorpos
contra antígenos celulares m(PAAC)
Lúpus eritematoso sistêmico
• Auto-anticorpos X Ag nucleares:
– Anti-DNA
– Anti-Sm (proteína Smith, histona)
– Anti-ribonucleoproteínas
– Anti-histonas
– Antinucleossomas
Lúpus eritematoso sistêmico

• Outros autoanticorpos:
– Antiplaquetas  plaquetopenia
– Antilinfócitos  linfopenia
– Antiendotélio  vasculite
– Anti-heparina-sulfato e anticolágeno IV (membrana
basal)  glomerulonefrite
• Esclerose sistêmica progressiva (esclerodermia): Doença
heterogênea, sistêmica que afeta tecido conectivo da pele, órgãos
internos e parede dos vasos. Ocorre deposição de colágeno na pele
(esclerodermia) e/ou nos órgãos. Scl está presente em CREST (20%) e
cirrose biliar primária (12%).
Síndrome de CREST
Interferência com a função normal das células pela ligação a receptores
celulares ou moléculas fisiologicamente importantes.

Acs específicos para receptores celulares de hormônios podem estimular a atividade


do receptor mesmo na ausência do hormônio ou podem inibir os neurotransmissores
pela ligação do Ac ao receptor neurotransmissor.
Interferência de autoanticorpos sobre receptor de acetilcolina na Miastenia gravis
DAIs mediadas por anticorpos
• Miastenia gravis (MG)
– Definição: doença da junção neuro-muscular, diminuição do nº de receptores pós-
sinápticos da acetilcolina na placa motora.
– latim e do grego: "debilidade muscular grave".

• Afeta:
– De 0.5 - 5/100.000;
– Mais comum em mulheres entre 20 e 40 anos e
todas as raças.

 Manifestações:
–Fraqueza muscular (extraoculares, faringe, facial, músculos
esqueléticos).
Miastenia gravis
•Patogenia:
•Ac anti-receptores de Ach (acetilcolina) inibem a transmissão.

• Pode estar associada com outras DAIs: LES, AR, anemia perniciosa e tireoidite.
Miastenia gravis

Processo pode ter origem no timo  timoma (20%) e desordens do timo


(hiperplasia; 80%).
• Grupos: em caucasianos
– a) começo juvenil, sem timoma, 40 anos, Ac X AChR (HLA A1,
B8 e DR3);
– b) começo tardio, sem timoma, 40 anos, Ac X AChR (HLA B7 e
DR2);
– c) qualquer idade, timoma, títulos intermediários de Ac X AChR.

• Mecanismo promovido pela timectomia  não elucidado  melhora


clínica.
Miastenia gravis
• Choro fraco, dificuldade respiratória – 1 a 3 semanas

• Diagnóstico:
– História clínica, eletromiografia
– Ac X AChR;
– Ac X músculo estriado e timo (50%)  IFI
– Níveis séricos de auto-Ac não se relacionam com a atividade da
doença
DAIs mediadas por anticorpos
• Doença de Graves (DG)
• Definição:
– Doença das glândulas endócrinas, com hipersecreção e hipertrofia da
tireóide, causando tireotoxicose, hipertireoidismo, exoftalmia e mixedema
(bócio).
Interferência de autoanticorpos sobre receptor TSH na doença de Graves

Ac antirreceptor de
TSH das céls
foliculares ou
epiteliais da tireóide
levam

ao aumento dea
produção de
hormônios.
Doença de Graves
Sinais e sintomas:
hipersecreção de
hormônios
Algumas doenças podem ser transferidas passivamente do homem para
animais e também da mãe para o feto.
Exemplo: autoAcs maternos na doença de Graves.

Transferência transplacentária de anticorpos: Ac x TSH (doença de Graves)


Doença de Graves
• Diagnóstico laboratorial:
– Pesquisa de IgG – Igs estimulantes da tireóide humana – (TSI)
– Pesquisa de hormônios tireoidianos:
• TSH – baixo
• T3 e T4 elevados
– Anticorpos antiperoxidase (TPO; 85%).
– Anticorpos antirreceptor TSH.
Doenças causadas por anticorpos específicos de tecidos ou células

Doença Antígeno alvo Mecanimos de Doença Manifestações

Anemia Hemolítca Autoimune Rh, Ag I Opsonização e fagocitose Hemólise, anemia

Doença de Graves Receptor TSH Estimulação por Ac Recep Hipertireoidismo


TSH
Pênfigo vulgar Prot. junção intercelular Ativação mediada Ac, rompi- Bolhas na pele
céls epidemal (caderina) mento e adesões intercelular
Púrpura trombocitopênica Proteínas Mb Plaquetas Opsonização e fagocitose Sangramento

Vasculite por ANCA Prot grânulos neutrófilos Degranulação neutr + inflam Vasculites

Diabetes resistente insulina Receptor insulina Ac inibe ligação de insulina Hiperglicemia,cetoacidose

Febre Reumática Ag parede celular Inflamação, ativação Miocardite, artrite


Streptococcus macrófago

Anemia perniciosa Fator intrínseco céls Redução absorção Vit B12 Eritropoiese anormal,
parietais anemia

Miastenia gravis Receptor Ac inibe ligação acetilcolina Fraqueza muscular


Acetilcolina paralisia

Síndrome Goodpasture Proteínas Mb basal dos Inflamação mediada por Nefrite, hemorragia
rins e alvéolos pulmonares Fc e complemento pulmonar
Doenças causadas por linfócitos T
mediadas por citocinas de Th e por CTL
DOENÇAS AUTO-IMUNES CAUSADAS POR LINFÓCITOS

Os linfócitosT causam injúria tecidual tanto por


estimular a imunidade celular como por lisar
diretamente as células alvo

Citocinas:
Linfócitos T CD4 (Th1, Th17),
+
ativam macrófagos
Linfócitos T CD8+
induzem inflamação

Enzimas hidrolíticas
Radicais de oxigênio
Óxido nítrico (NO)
Citocinas próinflamatórias
DAIs mediadas por linfócitos T
• Diabetes mellitus tipo 1 (DMID; diabetes juvenil; insulino-dependente)
• Definição:
– Doença metabólica causada por deficiência ou função inadequada da insulina.

• Associação com outras doenças auto-imunes: doença de Addison, doença de Graves,


tireoidite de Hashimoto, anemia perniciosa, vitiligo e miastenia gravis.

Destruição seletiva das céls. β


pancreáticas produtoras de
insulina por LyT
autorreativos na DMID:
Diabetes tipo I

• Diagnóstico:
– Auto-Ac X céls das ilhotas (85-90%) -IFI
– Auto-Ac X insulina
– Anti-Gad 65 (descarboxilase de ácido glutâmico) -
marcador preditivo
DAIs mediadas por linfócitos T
• Tireoidite de Hashimoto (TH)
Definição:
Doença inflamatória crônica da tireóide, que leva ao hipotireoidismo
e bócio.
A deficiência de hormônios tireoidianos na vida fetal pode levar ao
cretinismo e deficiência do SNC.
Tireoidite de Hashimoto
Sinais e sintomas:
– Devido ao
hipotireoidismo.
Tireoidite de Hashimoto

• Diagnóstico:
– Anticorpo antiperoxidase da tireóide (anti-TPO)
• Ensaio Imunofluorométrico (Até 100%)
– Anticorpo antitireoglobulina
• Precipitação, hemaglutinação indireta, látex-aglutinação e IFI
(IgA, IgG e IgM), ELISA
– Anticorpo antimicrossomal
• Reação de fixação de complemento e IFI, ELISA
– Anticorpo antiantígeno coloidal
• IFI (detecta 82%)
– T4 baixo e TSH elevado
DAIs mediadas por linfócitos T

• Esclerose múltipla (EM)


– Definição:
• Doença desmielinizante mais comum que ocorre no cérebro e
medula óssea espinhal. Compromete a bainha de mielina
(membrana que recobre o axônio - parte do neurônio
responsável pela condução dos impulsos elétricos para o
cérebro).
– Afeta:
• Raça caucasiana
• Mais mulheres (2:1), entre 20 e 40 anos de idade.

Esclerose
1) quebra da barreira hematoencefálica
múltipla
 Infecção lítica por vírus : destruição de
2) infiltração por células autorreativas oligodendrócitos e exposição de auto-Ags,
3) lesão dos oligodendrócitos e apoptose mimetismo molecular
Esclerose múltipla - sintomas
Esclerose múltipla
• Diagnóstico:
– Ressonância magnética nuclear  pontos localizados de
desmielinização da matéria branca  placas.
– Microscopicamente  infiltrados de céls T auxiliares e
citotóxicas.
– Céls T anti-MBP (proteína mielina básica) e PLP (proteína
proteolipídica)  líquor de pacientes c/ EM.
– IgG específicas p/ MBP  líquor.
DAIs mediadas por linfócitos T
• Artrite reumatóide (AR)
– Definição:
• Doença inflamatória sistêmica crônica e recorrente.

– Características:
• Principal: inflamação articular persistente e casos c/
comprometimento de órgãos.

• Afeta:
– 1,0% da população mundial
– Mais frequente em mulheres (3 x 1)
– Idade entre 20 e 50 anos idade (80%)
Artrite reumatóide - Patogenia
Artrite reumatóide
• Manifestações:
– Início: artrite simétrica, pequenas articulações.
– Rigidez matinal.
– Nódulos reumatóides  gravidade (consequência de uma inflamação
localizada, que surge e desaparece no curso da doença).
– Síndrome de Sjögren (inflamação glândula lacrimal).
– Síndrome de Felty  AR + esplenomegalia + anemia + leucopenia.
– Vasculite  ao redor das unhas e extensas áreas (gravidade).
Artrite reumatóide - manifestações:
Artrite reumatóide
• Manifestações:
Artrite reumatóide
• Diagnóstico Laboratorial:
• Ac circulantes AI  IgM ou IgG reativos p/ frações Fc de suas
próprias IgG  fatores reumatóides (FR).
• FR  utilizados como teste diagnóstico:
– Reação de Waaler Rose
– Soro aglutinação – Látex-FR
– Turbidimetria
– Nefelometria
– ELISA
• Anti-SS-B (La)
• Anti-CCP (Ac antiproteína citrulinada cíclica - ACPA) 
Mais específica que o FR  ELISA.
• Anti-MCV (Ac antivimetina citrulinada mutada)
• Anti-RA33 (ribonucleoproteína nuclear heterogênea A2;
• Anti-colágeno II; etc.
DAIs mediadas por linfócitos T
• Síndrome de Sjögren (SS)
– Definição: DAI inflamatória, crônica e multissistêmica.

– Tríade: dos olhos secos (ceratoconjuntivite seca), boca seca


(xerostomia) e uma doença reumática.

• Afeta:
– 9 mulheres : 1 homem (fatores hormonais)
– Média de 40 anos de idade.

• Causas:
– Ambientais  vírus Epstein-Barr (EBV) e bactérias
– Constitucionais  hormônios e genéticos
Síndrome de Sjögren
• Características:
– Secura oral e ocular pela destruição das glândulas
salivares e oculares por infiltrados de linfócitos e
células plasmáticas.

– SS pode ocorrer sozinha (SS primária) ou em


associação (SS secundária) com várias DAIs (AR, LES,
PM/DM, ES)  50%.
– patogenia
– Infiltração das glândulas exócrinas por linfócitos e
células plasmáticas;
– Resposta imune a Ags gerados pela apoptose
( CD95/Fas) em céls acinares e ductos
Síndrome de Sjögren
• Manifestações clínicas:
– Lesões cutâneas  vasculite;
– Lesões oculares  xeroftalmia (olhos secos) e ceratoconjuntivite seca
(destruição córnea e bulbar);
– Pele  xerodermia (disfunção nas glândulas sebáceas e sudoríparas)
 80%;
– Manifestações orais  xerostomia;
– Envolvimento vascular  Fenômeno de Raynaud ;
– Manifestações músculoesqueléticas;
– Artralgias ou artrites (60%);
– Anormalidades trato urinário  nefrite e glomerulonefrite;
– Envolvimento neuropsiquiátrico;
– Fadiga extrema, cansaço, depressão, alterações do sono;
– Outros órgãos: pulmões, rins, fígado, sistema nervoso central, tireóides.
Síndrome de Sjögren
• Diagnóstico sorológico:
– Autoanticorpos específicos de órgão:
• Ductos salivares, lacrimais,
• Tireóides,
• Mucosa gástrica,
• Eritrócitos,
• Células nervosas
Síndrome de Sjögren
• Diagnóstico sorológico:
– Autoanticorpos não-órgão específicos (70%):
• Fator reumatóide
• Anti-histonas
• Anticentrômero
• Antimitocondrial
• Anticitoqueratina
• Anti-DNA fita simples
• Anti-RNP
• ANA –anti nucleo (SSA-Ro e SSB-La)
Síndrome de Sjögren
• Diagnóstico Laboratorial:
– Anemia (hematocrito < 30%);
– VHS elevado (70%; > 25 mm/h);
– Leucopenia (<3.500 cel/mm3);
– Trombocitopenia (<10.000/mm3);
– CRP normal (SS primária) e elevada (SS secundária);
– Crioglobulinemia (30%);
– Fator reumatóide (+) por aglutinação de látex (60%);
– Anticorpos antinucleares (+) em células HEp-2 (90%);
– anti-Ro (SS-A) (55%);
– anti-La (SS-B) (40%).
Tratamento das DAIs
• Inibir lesão tecidual nas fases efetoras das RI patológicas → anti-
inflamatórios (corticosteróides)
• Agentes biológicos que inibem RI e a inflamação →
– Forma solúvel do receptor de TNF e Ac x TNF → doença de Crohn (DC) e artrite
reumatóide (AR);
– Antagonistas de IL-1;
– Agentes que bloqueiam emigração de leucócitos p/ tecidos (Ac x integrinas);
– Agentes que bloqueiam co-estimuladores B7 → AR, psoríase, LES e outras.
• Casos graves
– Imunossupressores (ciclosporinas) → bloqueio da ativação de céls T;
– Drogas antiproliferativas → metotrexato → reduz a geração e expansão de
linfócitos.
• Plamaférese → usada durante exacerbações dç mediada por Acs Ac
circulante e complexos imunes.
• Futuro
– indução tolerância em Ly produtores de doenças;
– indução de Céls T reguladoras específicas p/ Ag próprio.
DAIs –Bibliografia
• ABBAS AK, LICHTMAN AH, PILLAI S. Imunologia Celular e Molecular. 8ª ed. Rio de Janeiro : Elsevier,
2015.
• VAZ AJ, TAKEI K, BUENO EC. Ciências Farmacêuticas. Imunoensaios. Fundamentos e Aplicações. Rio de
Janeiro. Guanabara Koogan. 2007. 372 p.
• FERREIRA AW, ÁVILA SLM. Diagnóstico Laboratorial das Principais Doenças Infecciosas e Auto-Imunes.
2ª Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. 2001.443 p.
• VERONESI R, FOCACCIA R. Tratado de Infectologia. São Paulo. Ed. Atheneu. 1997. 1764 p.
• FERREIRA, Antonio Walter, MORAES, Sandra do Lago. Diagnóstico laboratorial das principais doenças
infecciosas e autoimunes: correlações clínico-laboratoriais. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
• JANEWAY CA, TRAVERS P, WALPORT M & CAPRA JD. Imunobiologia – O sistema imunológico na saúde
e na doença. 4ªed. Artmed editora. 2000.
• Bibliografia complementar:
Artigos de imunologia - Principais Periódicos
• Journal of Leukocyte Biology The Journal of Immunology
• European Journal of Immunology Nature Reviews
• Base de dados, manuais, Guias técnicos, boletins epidemiológicos e outros em:
• www. datasus.gov.br www.saúde.gov.br www.aids.gov.br
• www.cdc.gov. www.who.org www.scielo.br
www.nlm.nih.gov (pubmed, MESH Database)

Você também pode gostar