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Os modelos alternativos de gestão de projetos nasceram no mundo da tecnologia,

mas seus princípios podem ser aplicados também na vida pessoal.


Fonte: https://blog.nubank.com.br/metodologia-agil-metas-pessoais/

Talvez você já tenha ouvido falar sobre metodologia ágil, denominação para métodos
de gestão de projetos, geralmente aplicados em empresas de tecnologia –
veja aqui como o Nubank usa metodologias ágeis para se tornar mais eficiente.

Mas este não é um texto sobre negócios ou tecnologia. É sobre como os princípios das
metodologias ágeis podem ser aplicados na vida pessoal.
Ainda que nem todas as técnicas façam sentido, conceitos como melhoria contínua,
colaboração e processos iterativos podem ser aplicados a muitas áreas da vida pessoal.

Do início: o que é metodologia ágil?


Metodologias ágeis são uma forma alternativa de gerir projetos, pensadas
originalmente para o desenvolvimento de softwares – são, na verdade, um grande
guarda-chuva de métodos, frameworks, processos e técnicas, cada um com o seu
nome.

Os valores desse tipo de metodologia foram desenhados em 2001, em um documento


conhecido como manifesto ágil. Em essência, eles giram ao redor de colaboração entre
indivíduos, resposta rápida a mudanças, colaboração e a importância de criar algo de
modo simples e funcional.

E o que isso tem a ver com a minha vida?


Algumas das melhores empresas do mundo usam metodologia ágil para atingir seus
objetivos de maneira mais eficiente – faz sentido pensar que há algo aí a se aprender
para aplicar em projetos pessoais.

Princípios ágeis no dia a dia


1. Esteja aberto a mudanças
Um dos princípios fundamentais da metodologia ágil é se adaptar às mudanças.

Mudanças, no entanto, não costumam ser facilmente absorvidas pelos seres humanos,
como explica esse artigo da revista Psychology Today. As pessoas resistem porque
acreditam que vão perder algo de valor ou não serão capazes de se adequar às novas
circunstâncias.

Algumas estratégias que podem ajudar na adaptação a mudanças:

Entenda o que permanece igual: pesquisas sugerem que um dos motivos de


resistência é a apreensão de que valores fundamentais desapareçam com a
mudança – ou seja, o medo das pessoas de perder aquilo com que se importam. É
importante, portanto, enxergar primeiro o que não mudou. Essa atitude diminuirá
o grau de insegurança e te ajudará a se sentir mais no controle da situação, por
exemplo.
Fale mais sobre os problemas práticos do que os sentimentos: este estudo indica
que identificar e dar nome àquilo que está gerando um sentimento de ansiedade
ou raiva ajuda a orientar a resolução de uma forma mais prática. Ao entender o
que te aflige, você entenderá, também, como aquilo pode estar distorcendo suas
emoções e de que forma atacar o problema.
Não se estresse por estar estressado: parece redundante, mas a ciência mostra
que a maneira como percebemos nosso estresse pode melhorá-lo ou piorá-lo. Isso
não significa deixar esse sentimento tomar conta, mas sim, entender de que forma
ele pode trabalhar para você – este artigo da Harvard Business Review sugere que
o estresse, quando bem canalizado, pode até ajudar a atingir objetivos.

É importante lembrar: mudanças não são necessariamente um problema, mas elas são
um dilema – e a grande questão dos dilemas é que é preciso abrir mão de algo para
que algo diferente tome lugar.

2. Não se desgaste para atingir suas metas


Em 2019, falou-se muito sobre burnout, síndrome de esgotamento profissional que,
neste ano, foi oficialmente classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
como doença. Um levantamento da International Stress Management Association
(Isma-BR) estima que 30% dos trabalhadores brasileiros sofram com isso.

Por que isso importa?


Porque é impossível se desenvolver em condições que promovem a exaustão.

Quando estiver trabalhando em um projeto, ou organizando parte da sua vida, uma


das melhores formas de evitar esse tipo de esgotamento é montar uma rotina
consistente e objetiva: estabeleça, por exemplo, horas específicas para cada tarefa,
prazos, entregas parciais, linhas do tempo etc.

Também de acordo com a OMS, manter hábitos saudáveis é essencial para a


produtividade: praticar atividades físicas, ter uma dieta balanceada, programar férias
anuais e não levar trabalho para casa são algumas das indicações do Ministério da
Saúde.

3. Documente seus objetivos


De acordo com um estudo da Dominican University of California, pessoas que
escrevem seus objetivos têm mais chance de atingi-los. Para além de ajudar a
organizar o pensamento, a documentação aumenta o senso de responsabilidade de
honrar um compromisso.

Quer saber se um processo está simples ou elaborado demais? Entenda os motivos


que te levaram a tomar uma decisão, que consequências são esperadas e quais os
passos de desenvolvimento.

A partir disso, questione: todos os fatores escritos são relevantes? Há algo faltando ou
sobrando?
Além disso, a metodologia ágil preza pela simplicidade – dos processos, análises,
dinâmicas e entregas. Ao colocar suas metas por escrito, fica mais fácil perceber se
elas são realizáveis ou complexas.

4. Crie uma rotina produtiva


A metodologia ágil prega que times auto-organizados promovem melhores soluções.
Na prática, isso quer dizer que as pessoas funcionam melhor quando seguem algum
tipo de rotina que ajudaram a criar.

Em seu TED Talk, o escritor Bruce Feiler explica como introduziu a metodologia ágil em
sua vida familiar. O objetivo era buscar uma solução para as manhãs frenéticas e
desorganizadas dos pais e as crianças.

Junto a sua mulher, estabeleceram um quadro de tarefas que deviam ir sendo


marcadas por cada um conforme eram realizadas: preparar café da manhã, check;
lavar a própria louça, check; alimentar o cachorro, check.

Segundo ele, introduzir esse tipo de organização fez com que a família diminuísse o
estresse e aumentasse a produtividade. As crianças sentiam prazer em ter a
autonomia de realizar uma pequena tarefa e ganhar uma recompensa por ela – ainda
que a recompensa fosse um simples “V” marcado no quadro.

Este tipo de autonomia se relaciona com o princípio da auto-organização: as pessoas


não gostam de receber ordens ou serem lembradas de suas tarefas, mas, ao
estabelecer uma rotina produtiva, aquilo se torna um hábito.

5. Não deixe para pensar nas metas apenas no fim do ano


No mesmo TED Talk, Feller também relata ter estabelecido reuniões familiares
semanais nas quais todos respondiam a três perguntas:
1. O que funcionou bem essa semana?
2. O que não funcionou bem essa semana?
3. No que queremos focar na semana que vem?

A sistematização desse tipo de ritual (que também pode ser aplicado individualmente,
como um auto-questionamento) ajuda a visualizar melhor os projetos que estão
caminhando e os que não estão – e, nesse último caso, refletir sobre quais são os
obstáculos e como superá-los.

Resumindo
A metodologia ágil nos ensina que a melhor forma de gerenciar projetos (sejam eles
profissionais ou pessoais) é de forma gradual e controlada, indo aos poucos e
constantemente – acertar e errar pequeno, para ir crescendo de maneira contínua e
sustentável. Pode parecer pouco intuitivo, mas, muitas vezes, a calma é amiga da
agilidade.

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