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A acção do conto O tesouro

Tempo
 Tempo histórico - A referência ao “Reino das Astúrias” permite
localizar a acção por volta do século IX ou IX já que os árabes
invadiram a península ibérica no século VIII; por outro lado, no
século X encontramos já constituído o Reino de Leão, que sucedeu
ao das Astúrias.

Tempo cronológico- A acção decorre entre o Inverno e a


Primavera, mas concentra-se num domingo de Primavera, estendendo-se de manhã até à
noite. O Inverno está conotado com a escuridão, a noite, a morte. E é no Inverno que
nos são apresentadas as personagens, envoltas na decadência económica, no isolamento
social e na degradação moral (”E a miséria tornara estes senhores mais bravios que
lobos.”). Por sua vez, a Primavera tem uma conotação positiva, associa-se à luz, à cor,
ao renascimento da natureza, sugere uma vida nova, enquanto o domingo é um dia
santo, favorável ao renascimento espiritual.

A acção central inicia-se na manhã de domingo e progride durante o dia. À medida que
a noite se aproxima a tragédia vai-se preparando.

Tempo do discurso - A acção estende-se do Inverno à Primavera e o seu núcleo central


concentra-se num dia, desde a manhã até à noite. A condensação de um tempo da
história tão longo (presumivelmente três ou quatro meses) numa narrativa curta (conto)
implica a utilização sistemática de sumários ou resumos (processo pelo qual o tempo
do discurso é menor do que o tempo da história). Nos momentos mais significativos da
acção (decisão de repartir o tesouro e partilha das chaves, bem como a argumentação de
Rui para excluir Guanes da partilha) o tempo do discurso tende para a isocronia (igual
duração do tempo da história e do tempo do discurso), sem no entanto a atingir.

Quanta à ordenação dos acontecimentos, predomina o respeito pela


sequência cronológica. Só na parte final nos surge uma analepse
(recuo no tempo), quando o narrador abandona a postura de
observador e adopta uma focalização omnisciente, para revelar o
modo como Guanes tinha planeado o envenenamento dos irmãos,
manifestando dessa forma a natureza traiçoeira do seu carácter.

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Personagens
Outubro 1, 2007 às 1:40 pm (O Tesouro)

RUI
Caracterização física: gordo, ruivo, barbudo, pescoço peludo,
Caracterização psicológica: “avisado”, decidido, cínico, bravio, calculista, traiçoeiro,
vingativo, ganancioso,  ambicioso, sonhador, ansioso, receoso.

GUANES
Caracterização física: magro; pele negra, pescoço de grou.
Caracterização psicológica: desconfiado, bêbado, jogador, leviano, invejoso, bruto,
calculista, traiçoeiro.

ROSTABAL
Caracterização física: alto, cabelo comprido, barba longa, olhos raiados de sangue,
destro.
Caracterização psicológica: ingénuo, analfabeto, cerdo, torpe, vingativo, desconfiado,
ingénuo, impulsivo.
 
Predomina o processo de caracterização directa, visto que a maior parte das
informações são-nos dadas pelo narrador.

No entanto, os traços de traição e premeditação de Rui e Guanes são deduzidos a partir


do seu comportamento (caracterização indirecta).

As personagens começam por ser apresentadas colectivamente (“Os três irmãos de


Medranhos…”), mas, à medida que a acção progride, a sua caracterização vai-se
individualizando, como que sublinhando o predomínio do egoísmo individual sobre a
aparente fraternidade.

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A Estrutura da acção
Outubro 1, 2007 às 1:25 pm (O Tesouro)

Situação inicial (dois primeiros parágrafos) – Apresentação das personagens e descrição do


ambiente em que vivem;
Peripécias e ponto culminante (até ao penúltimo parágrafo) – Descoberta do tesouro,
decisão de partilha e esforços para eliminar os concorrentes;
Desenlace (os dois últimos parágrafos) - Situação final

 Da conclusão infere-se que, se considerarmos a história dos “três irmãos de Medranhos”,
estamos perante uma narrativa fechada; ao invés, se nos centrarmos sobre o “tesouro”,
teremos de considerar a narrativa aberta, dado que ele continua por descobrir (“…ainda lá
está, na mata de Roquelanes.”). 

Por sua vez, o desenvolvimento tem também uma estrutura tripartida:     Descoberta do
tesouro e decisão de o partilhar;      Rui e Rostabal decidem matar Guanes; morte de Guanes;
morte de Rostabal;       Rui apodera-se do cofre e morre envenenado. 

A articulação das sequências narrativas (momentos de avanço) faz-se por encadeamento. Os


momentos de pausa abrem e fecham a narrativa e interrompem regularmente a narração
com descrições (espaço, objectos, personagens) e reflexões.

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A acção do conto A  Aia


Resumo da acção A Aia
Um rei moço e valente partira a batalhar por terras distantes, deixando só e
triste a rainha e um filho pequeno. O rei perdeu a vida numa das batalhas e
foi chorado rainha. Sendo herdeiro natural do trono, o bebé estava sujeito
aos ataques de inimigos dos quais e se destacava o seu tio, irmão bastardo do
rei morto que vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de
rebeldes. O pequeno príncipe era amamentado por uma aia, mãe de um bebé
também pequeno. Alimentava os dois com igual carinho pois um era seu filho
e outro viria a ser seu rei. A escrava mostrava uma lealdade sem limites.
Porém, o bastardo desceu da serra com a sua horda e começou uma matança
sem tréguas. A defesa estava fragilizada pois a rainha não sabia como
fomentá-la, limitando-se a temer e a chorar a sua fraqueza de viúva sobre o
berço de seu filho. Uma noite a aia pressentiu uma movimentação estranha,
verificando a presença de homens no palácio. Rapidamente se apercebeu do
que iria passar-se e trocou, sem hesitar, as crianças dos respectivos berços.
Nesse instante, um homem enorme entrou na câmara, arrebatou do berço de
marfim o pequeno corpo que ali descansava e partiu furiosamente. A rainha,
que entretanto invadira a câmara, parecia louca ao verificar as roupas
desmanchadas e o berço vazio. A aia mostrou-lhe, então, o berço de verga e
o jovem príncipe que ali dormia.
Entretanto, o capitão dos guardas veio avisar que o bastardo havia sido
vencido, mas infelizmente o corpo do príncipe tinha também perecido. A
rainha mostrou, então, o bebé e, identificando a sua salvadora, abraçou-a e
beijou-a, chamando-lhe irmã do seu coração. Todos a aclamaram, exigindo
que fosse recompensada. A rainha levou-a ao tesouro real, para que pudesse
escolher a jóia que mais lhe agradasse. A ama, olhando o céu, onde decerto
estava o seu menino, pegou num punhal e cravou-o no seu coração, dizendo
que agora que tinha salvo o seu príncipe tinha de ir dar de mamar ao seu
filho.

Estrutura da Acção
Introdução
(Primeiros parágrafos)
Apresentação do rei e do seu reino. Partida do rei para a guerra, deixando
sozinhos a rainha, o filho e o reino. Desenvolvimento
(de “A rainha chorou magnificamente o rei …” até ” Era um punhal de um
velho rei (…) e que valia uma província.”)
Comportamento das personagens aquando da morte do rei: a aia troca as
crianças quando pressente o ataque ao palácio pelo ambicioso e malvado tio
e a sua horda; morte do tio e do escravozinho; reacção das personagens à
morte do suposto principezinho.

Conclusão

( três últimos parágrafos)


Por amor ao filho, a aia suicida-se.

Neste conto estamos perante uma narrativa fechada, pois apresenta um desenlace
irreversível.
A articulação das sequências narrativas (momentos de avanço) faz-se por
encadeamento. Os momentos de pausa abrem e fecham a narrativa e interrompem, por
vezes, a narração com descrições (espaço, objectos, personagens).

Personagens
Caracterização física das personagens

Rei - Moço, formoso.


Tio - Face escura, homem enorme.

Aia - Bela, robusta, olhos brilhantes.

Príncipe - Cabelo louro e fino, olhos reluzentes.

Escravo - Cabelo negro e crespo olhos reluzentes.

Caracterização psicológica das personagens

Rei - Valente, alegre, rico, poderoso, sonhador, ambicioso.


Rainha - Desventurosa, chorosa, solitária, triste, angustiada, grata surpreendida.
Tio - Mau, terrível, cruel, ambicioso, selvagem .
Aia - Leal, nobre, venerável, sofredora, dedicada, terna, perspicaz, decidida, corajosa.
Príncipe - Frágil, inseguro.
Escravo - Simples, seguro e livre.

Ao longo do texto está presente o processo de caracterização directa, pois as


informações são nos dadas pelo narrador. No entanto, há também informações que são
deduzidas a partir do comportamento das personagens (caracterização indirecta).
A Aia, personagem principal, torna-se uma personagem modelada no fim do conto,
porque adquire uma densidade psicológica significativa. Mulher dedicada ao filho, ao
príncipe e aos reis prova, com o gesto da troca das crianças, uma grandeza de alma
que não pode ser compreendida por nenhum humano e que, por consequência, não tem
nenhuma recompensa ou pagamento material. A crença espiritual que alimenta o seu
gesto demonstra uma simplicidade de pensamento que coloca o dever acima de tudo: o
dever de escrava e o dever de mãe. O desejo da aia de provar que a cobiça e a ambição
podem estar arredadas de um coração leal, fez com que ela escolhesse um punhal para
pôr termo à sua vida. Trata-se de um objecto pequeno, certeiro que remete para o
carácter decidido da personagem e que era o maior tesouro que aquela mulher
ambicionava, pois, esse objecto lhe abriria caminho para o encontro com o seu filho,
para cumprir o seu dever de mãe, dando-lhe de mamar.
O rei, a rainha, o tio, o príncipe e o escravo são personagens secundárias e planas.
Não são identificadas por um nome próprio uma vez que remetem para a
intemporalidade da história.
As crianças estão, no conto, marcadas pela sua posição social: uma dorme em berço de
ouro entre brocados, a outra, num berço pobre e de verga. À hora da morte é por essa
marca que o inimigo vai identificar o futuro rei. O príncipe não intervém directamente
na acção, mas é o centro das atenções de todas as personagens. A personagem escravo
existe para salvar a vida do príncipe.
Tempo
Não há referências a datas ou locais que permitam localizar a acção no tempo. Há
apenas algumas expressões referentes ao tempo: « lua cheia », «começava a
minguar»,«noite de Verão», «noite de silêncio», «luz da madrugada».
É à noite que acontecem os principais acontecimentos desta história como: a morte do
rei, o nascimento do príncipe e do escravo, o ataque ao palácio, a troca das crianças,
as mortes do escravo, do tio e da sua horda. No entanto, a acção fecha com a morte da
aia, de madrugada.

O núcleo central da acção centra-se numa noite. A condensação de um tempo da


história tão longo, numa narrativa curta (conto) implica a utilização de sumários ou
resumos (processo pelo qual o tempo do discurso é menor do que o tempo da história);
de elipses (eliminação, do discurso, de períodos mais ou menos longos da história).

Quanto à ordenação dos acontecimentos, predomina o respeito pela sequência


cronológica.

Espaço
A acção localiza-se num reino grande e rico « abundante em cidades e searas». , e
decorre num palácio. Toda acção decorre nesse espaço, sendo que alguns recantos do
palácio são sobrevalorizados por oposição a outros, por exemplo, a câmara onde o
príncipe e o filho da escrava dormiam e a câmara dos tesouros.
No entanto, alguns espaços exteriores adquirem alguma importância como por
exemplo: o primeiro espaço é onde o rei é derrotado e consequentemente morto o que
vai deixar a rainha viúva, o filho órfão e o povo sem rei; o segundo acaba por ser um
elemento caracterizador do vilão do conto: « vivia num castelo, à maneira de um lobo,
que entre a sua alcateia, espera a presa». Através desta apresentação, o leitor fica na
expectativa do que irá acontecer, visto que ela é indicadora de confrontação e de
tragédia. É também determinante no clima que se vive no palácio, que denota temor e
insegurança.
O espaço é descrito do geral para o particular, do exterior para o interior.
Primeiramente, é nos apresentado «um reino abundante em cidades e searas», onde se
situa um palácio, habitado por um príncipe frágil que é protegido no seu berço pela
sua ama. À medida que se desenrolam os acontecimentos, o espaço vai-se
concentrando cada vez mais, acabando a Aia por se suicidar na câmara dos tesouros.
Verifica-se um afunilamento do espaço.
No exterior, no alto, encontramos um «castelo sobre os montes», « o cimo das serras»,
povoado pelo tio bastardo e a sua horda, que vigiam a presa – o príncipe que vivia no
palácio. Cá em baixo, «na planície, às portas da cidade» existe um palácio, onde a
população e o príncipe estão desprotegidos e são presa fácil. No interior da «casa
real» há uma câmara com um berço, um pátio, a galeria de mármore, a câmara dos
tesouros, onde estão a rainha, a aia, o príncipe e o escravo.
Quanto ao espaço social temos a descrição de um ambiente da corte – palácio, rei,
rainha, aias, guardas.

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