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BOLETIM

do

ENCONTRO PARA AJUDAR A


CONSTRUIR A UNIDADE
Para obrigar o governo a

RETIRAR O PLANO DE AUSTERIDADE

Sumário

Introdução……………………………. pg. 1

Resolução do Encontro……………. pg. 1

Anúncio de reunião (no seguimento


da Conferência de Argel) – a realizar
dia 11 de Dezembro)……………….. pg. 1
Realizado na
Carta às Centrais sindicais……….. pg. 2 Sede do Sindicato dos Professores
Algumas das intervenções feitas no
Encontro (páginas 3 a 5): da Grande Lisboa (SPGL)
Aires Rodrigues…………………….. pg. 3

Ana Sofia Cortes……………………. pg. 3

Jaime Crespo……………………….. pg. 4

António Chora………………………. pg. 5 Lisboa, 13 de Novembro de 2010


Carta aos trabalhadores da
Groundforce e às suas estruturas
representativas (sindicatos e Comissão
de Trabalhadores) …………………. pg. 5

Informação sobre a delegação à CGTP


(efectuada a 22 de Novembro)..……… pg. 6

Apelo ao Encontro (adoptado numa


reunião efectuada a 2 de Novembro)… pg. 7

http://proibicaodosdespedimentos.blogspot.com
ENCONTRO PARA AJUDAR A CONSTRUIR A UNIDADE
Para obrigar o governo a
RETIRAR O PLANO DE AUSTERIDADE

Lisboa, 13 de Novembro de 2010


Sede do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL)
Rua Fialho de Almeida, nº 3, em Lisboa

INTRODUÇÃO
Foi com a preocupação de agrupar a força política para construir a malha que ajude a modificar a orientação das organizações
sindicais, que teve lugar um Encontro, no passado dia 13 de Novembro, no qual participaram militantes, delegados e dirigentes
sindicais, também alguns membros de CTs, do sector dos professores, da Função Pública, do vidro, dos químicos, da Banca e
estudantes do Ensino superior.
Nele se aprovou uma Carta às Centrais sindicais, uma Moção de solidariedade com os trabalhadores da Groundforce e o Apoio à
Conferência Mundial Aberta contra a Guerra e a Exploração, que vai ter lugar em Argel, entre 27 e 29 de Novembro de 2010.
Neste Boletim damos conta da forma como se processaram os trabalhos, nomeadamente divulgando algumas das principais
intervenções, assim como do Apelo ao Encontro e do Relato da delegação efectuada à Comissão Executiva da CGTP, a seguir à sua
realização.

Resolução do ENCONTRO
Documentos adoptados e decisões 2) Uma outra Carta dirigida aos
tomadas no ENCONTRO para preparar trabalhadores da Groundforce e
a Greve Geral para obrigar o governo a às suas estruturas representati-
RETIRAR O PLANO DE AUSTERI- vas (sindicatos e Comissão de
DADE, realizado em Lisboa a 13 de Trabalhadores) de solidariedade
Novembro, na sede do SPGL com a sua luta em defesa dos
(agradecemos à Direcção deste postos de trabalho e do empre-
sindicato a cedência das respectivas go. Esta Carta será distribuída
instalações). na concentração dos trabalha-
Após um rico debate, centrado sobre a
situação em que está o nosso país e a
esmagadora maioria da sua população,
dores da Groundforce, prevista
para o próximo dia 17.
Foram ainda tomadas as seguintes
Convite
bem como dos obstáculos que estão decisões: REUNIÃO DE DEBATE
colocados ao seu movimento de - Continuar a participar na mobilização
resistência – que, aliás, são comuns a dos trabalhadores e das suas organiza-
todos os países, ainda que as formas
possam ser diferentes – foram
ções para fazer com que a greve geral
abra o caminho à retirada do Plano de
11 de Dezembro
aprovados dois documentos: austeridade do Governo. (sábado)
1) Uma Carta aos secretários- - Dar conta aos órgãos da Comunicação pelas 16h 30m
gerais das duas Centrais Social das conclusões deste Encontro.
sindicais (CGTP e UGT) em Esta reunião terá lugar nas
- Colocar no blogue da Comissão pela
que é dito, nomeadamente instalações cedidas pelo POUS,
Proibição dos Despedimentos (CPD)
“Vocês e todos nós sabemos
que os trabalhadores só podem
todos os documentos adoptados no situadas na Rua de Santo
Encontro. António da Glória, nº 52 B, cave
contar consigo próprios e com
a sua organização. Contem - Publicar um Boletim com o conteúdo C, em Lisboa, com a seguinte
connosco, para ajudar a de todas as intervenções feitas no Ordem de trabalhos:
construir uma rede de Encontro.
militantes que, a partir de cada No final do Encontro foi declarado o 1) Relatório de membros da
sector, ajude a construir a apoio à “Conferência mundial aberta delegação portuguesa presen-
frente unida que faça da greve contra a guerra e a exploração”, que vai tes em Argel
geral um sucesso, no dia 24 e ter lugar em Argel entre 27 e 29 de 2) Iniciativas a tomar sobre a
nos dias seguintes.” Com base Novembro de 2010. Foi também situação nacional, enquadra-
nesta Carta – a ser subscrita decidido participar na campanha das na situação internacional
por outros militantes e financeira para o envio de uma em que vivemos.
trabalhadores – serão pedidas delegação portuguesa a essa
audiências às Direcções da Conferência.
CGTP e da UGT.
Uma greve geral bem sucedida será Todos temos consciência que a greve
Carta aos dirigentes das geral de 24 de Novembro não irá
um passo em frente na concretização, certamente conseguir, no dia
Centrais sindicais seguinte, a realização destas
pela positiva, do que está contido nos
exigências legítimas.
cartazes que a convocam. É tempo de Mas, pode abrir o caminho para a sua
Ao Secretário-geral da CGTP,
Manuel Carvalho da Silva inverter esta situação. Exijamos: satisfação; pode garantir que se
inverta a situação, que os
Ao Secretário-geral da UGT, João Ø A garantia imediata da trabalhadores, com as suas
Proença manutenção do emprego dos organizações sindicais (pela voz dos
trabalhadores da seus dirigentes), afirmem em
Caros camaradas, Groundforce, a quem o uníssono: «Se o Governo não quer
Governo quer impor um ouvir as nossas exigências, para
Melhor do que ninguém vocês têm despedimento colectivo, para parar com os despedimentos,
consciência da gravidade da os substituir por trabalhadores garantir os salários por inteiro,
situação que se vive em Portugal – precários, bem como a garantir no Estado o que resta do
um país economicamente arrasado, seu sector empresarial e renaciona-
tomada das medidas neces-
em consequência da aplicação, lizar os sectores estratégicos, então
sárias para impedir os
durante dezenas de anos, das não contem com as Centrais
despedimentos, em todas as sindicais para negociar “Pactos
políticas ditadas por interesses outras empresas, nomeada-
estranhos à maioria da sua classe para o Emprego”, pois eles serão
mente na Mactrading, na pactos para aumentar o
trabalhadora e da sua população. Valsan e nas Páginas desemprego.»
São as instituições que representam Amarelas/PT.
E que, ao mesmo tempo, vocês se
esses mesmos interesses que agora Ø Pagamento dos salários por disponibilizem publicamente para
vêm redobrar o castigo sobre a inteiro aos funcionários ajudar a criar as condições para
maioria do povo português, como se públicos e aos trabalhadores uma greve geral dos trabalhadores
este fosse responsável por um défice do sector empresarial do de toda a Europa, convocada sobre
que passou, em dois anos, de 2,8% Estado. a linha destas reivindicações.
para 9,8%, um défice resultante da Não será isto possível?
canalização de milhões e milhões de Ø Aumento das pensões de
reforma, desde já as mais A CGTP afirma: “É neste caldeirão
euros – saídos da riqueza de quem
trabalha, retirados aos salários e às degradadas, e do salário social em que nos movimentamos, no
mínimo a partir de Janeiro de qual somos actor importante, que se
pensões de reforma, ou aos serviços geram as condições para as
públicos e à produção – para tapar 2011, com que o Governo e
os patrões se comprome- alternativas políticas”; acrescentando
os buracos dos bancos causados pela que “é preciso tomarmos nas nossas
especulação. teram.
mãos o destino do país, pois não se
Vocês não aceitam o desastre que Ø Redução drástica da pobreza, pode continuar pelos caminhos em
esta política impõe ao povo permitindo a realização – que nos encontramos, porque por aí
português e uniram-se num apelo através de um trabalho com vamos para o abismo”.
aos trabalhadores portugueses, para direitos – das centenas de Caros camaradas,
um forte dia de greve geral, a 24 de milhar de trabalhadores no
Vocês sabem, tal como todos nós
Novembro. desemprego, através da sabemos, que os trabalhadores só
concretização de um plano de podem contar consigo próprios e com
Estamos seguros que milhões de reconstrução da economia a sua organização. Contem connosco,
trabalhadores vão responder ao nacional e, por aí mesmo, o para ajudar a construir uma rede de
vosso apelo, pois tal como disse aumento da riqueza do nosso militantes que, a partir de cada sector,
João Proença: “É preciso que esta país. ajude a construir a frente unida que
greve seja bem sucedida”. faça da greve geral um sucesso, no
Ø Vinculação dos trabalhadores
Uma greve geral será bem sucedida precários no sector público e dia 24 e nos dias seguintes.
se começar a inverter este processo privado.
de desmantelamento dos direitos e
das condições de quem só pode Ø Garantia dos subsídio de
desemprego e dos apoios
Ver o relato da delegação
viver do seu trabalho, ou das à CGTP na página 6
pensões de reforma. sociais para quem precisa.

2
Intervenção de Aires Rodrigues (dirigente do POUS) não permitir nenhum obstáculo à iniciativa privada. Tudo
estava nas mãos da Entidade Reguladora do Gás. Esta
Manter as empresas a laborar implica uma outra acaba, agora, de decretar um aumento de 60% na utilização
política dos gasodutos, o que se traduz num aumento da factura
mensal do gás para as empresas entre os 15% e os 30%,
conforme o consumo. As empresas não se podem aguentar
A Valsan é uma fábrica habilitada a fabricar mercadorias de e são os postos de trabalho que vão à vida.
grande qualidade, em latão e outros metais nobres. Comprava Trata-se de uma questão económica e social que exige uma
vidro nas empresas da Marinha Grande, que incorporava no outra política. Só a mobilização dos trabalhadores, com os
fabrico de candeeiros de alta qualidade e de elevado nível seus sindicatos, a poderá impor. É por isso que é de uma
estético, assim como em linhas de decoração de casas de banho. grande importância a tomada de posição da Coordenadoras
Chegou a ter 500 trabalhadores. Exportava para os países das CTs do Parque Industrial da Autoeuropa, quando esta
nórdicos, para os EUA e para a Rússia, e teve uma sucursal em expressou em comunicado, solidarizando-se com a luta dos
Inglaterra. trabalhadores da Groundforce: “Não queremos voltar a ver
dirigentes sindicais competir sobre a negociação de
Funcionou bem até ao momento em que o preço das matérias-
indemnização de despedimentos; queremos sindicatos a
primas com que trabalha – em particular, o latão e a prata, bem
agir em unidade para garantir postos de trabalho.”
como outros – passaram a ser cotados em Bolsa, ficando assim
sujeitos a uma especulação desenfreada. Assim, a fábrica
começou a perder a capacidade de repercutir, no preço dos Intervenção de Ana Sofia Cortes
produtos finais, a subida vertiginosa destas matérias-primas. A
isto juntou-se a concorrência no mercado feita pelos produtos (delegada sindical STFP dos trabalhadores do IPAD)
fabricados na China e a crise de 2008.
Apesar de tudo isto – e como fruto de uma política comercial que Criar uma rede, entre os vários sindicatos da
apostava sempre na qualidade – a fábrica continua a ter uma Função Pública, dentro dos locais de trabalho
carteira de encomendas. Precisa, no entanto, de um empréstimo
bancário para poder sobreviver.
A Função Pública tem assistido nos últimos anos a um dos
A política da Banca, actualmente, é não emprestar dinheiro sem maiores ataques aos direitos adquiridos após o 25 de Abril.
garantias reais; e o resultado, neste caso, é a falência e a A campanha lançada para a opinião pública de ineficiência
destruição de mais umas centenas de postos de trabalho. dos serviços públicos, bem como de incompetência dos
Tem o Governo, ou não, a obrigação de intervir junto do sector seus funcionários, traduziu uma pressão no sentido destes
bancário para que possam ser garantidas as condições de serviços serem privatizados.
funcionamento das empresas? Ou deve permitir que os Bancos Em 2006, foi estabelecido o PRACE que conduziu à
continuem a apresentar lucros fabulosos, ao mesmo tempo que criação da bolsa de mobilidade especial dos funcionários
continua a aumentar o número de pequenas e médias empresas públicos, bem como à instituição do subsídio de
que encerram, com a consequente subida do desemprego? desemprego para estes funcionários.
Um problema semelhante se coloca na Marinha Grande e em A publicação do Regime de Contrato em Funções Públicas
Alcobaça, com as empresas do vidro, as cerâmicas e a metalurgia conduziu à perda do vínculo de nomeação.
ligeira, quer com os créditos bancários quer com os preços da
energia eléctrica e do gás. Este já tinha um preço para as Com os cortes orçamentais previstos para 2011, o
pequenas empresas de 40% a mais, em relação ao preço pago Ministério das Finanças e da Administração Pública não
pelas multinacionais da garrafaria. vai autorizar a abertura de concursos para os trabalhadores
que estão com avenças e com contratos a termo. Além
Várias iniciativas públicas – levadas a cabo por militantes de disso, os trabalhadores que estão a estagiar, no âmbito do
diferentes organizações partidárias e sindicais, exigindo o mesmo Programa de Estágios Profissionais da Administração
preço do gás para as garrafeiras e as cristaleiras – têm sido Pública, não serão integrados nos vários organismos da
realizadas na Marinha Grande. Numa delas foi decidido fazer um Administração Pública.
pedido de audiência ao Governo e a organização de uma
delegação – integrando representantes das entidades patronais, da O Desemprego e a Precariedade vão aumentar. Temos de
autarquia da Marinha Grande e dos sindicatos ligados ao sector criar uma rede, entre os vários sindicatos da Função
do vidro. Pública, dentro dos locais de trabalho, no sentido de fazer
pressão sobre o Ministério das Finanças para este a
O Governo – através do Secretário de Estado da Indústria – autorizar a abertura de concursos para integrar todos estes
declarou que não podia mexer no preço do gás, devido à empresa trabalhadores.
que o comercializa ser privada e ao facto da União Europeia
3
Intervenção de Jaime Crespo (membro do SPGL)

É preciso organizar
esta luta contra o desemprego
Vou pontuar esta minha intervenção sob dois pontos:
1 – Alertar para a situação de degradação a que as políticas
governamentais e as estratégias empresariais conduziram o
interior do nosso país, utilizando como exemplo o meu
distrito natal, Portalegre;
2 – Aclarar a necessidade de unir na mesma luta, todos os
trabalhadores, os do sector público e os do sector privado, Conferência Mundial Aberta, em Argel
combatendo a divisão promovida pela intoxicação da
opinião pública, promovida pelos governantes e
empresários.
Este é o caso de trabalhadores de muitas empresas do distrito
Nas empresas públicas há a responsabilidade directa do de Portalegre: exploradoras de granitos, em Alpalhão,
Estado. Mas não podemos esquecer a situação de muitas concelho de Nisa; da Granisan, dos Granitos Maceira e da
empresas privadas, algumas individuais – constituídas Singranova, as duas últimas pertencentes ao grupo
apenas por um conjunto de trabalhadores a recibo verde, que empresarial do Comendador Francisco Ramos, com sede
se registam como empresários “em nome próprio” – em social em Pêro Pinheiro, onde também os trabalhadores
relação às quais o Governo e seus os departamentos têm sofrem de salários em atraso e que esbarraram perante a
obrigações reguladoras, mas das quais se demitem intransigência do senhor Comendador em negociar qualquer
vergonhosamente, deixando os trabalhadores desamparados outra situação que não a insolvência das empresas. De realçar
ser joguetes do bel-prazer do patronato. que a dívida a alguns trabalhadores (empresários em nome
Se a situação é má no litoral, nas regiões do interior é próprio) atinge já os nove meses.
gravíssima. É o caso do distrito de Portalegre, que mais se Ainda em Nisa, a empresa municipal Ternisa, complexo
poderia dizer que “fechou para obras”. termal, tem mais de dois meses de salário em atraso aos seus
Por um lado, deixa-se desaparecer as empresas ligadas às trabalhadores, prejuízos a rondar os 500 mil euros e uma
actividades tradicionais, os lanifícios e a transformação da enorme dívida a fornecedores.
cortiça; até a vetusta arte da tapeçaria de Portalegre, arte Esta semana serão mais oitenta trabalhadores da empresa
única no Mundo, se encontra em perigo iminente de fecho e Selenis, em Portalegre, que reforçarão a equipa dos
as tecedeiras têm mesmo já salários em atraso. Por outro desempregados.
lado, as novas empresas – que entretanto se têm instalado –
E o que mais tem feito o Governo em relação a Portalegre –
seguem a política do investimento “salta-pocinhas”, duram
um distrito que, recorde-se, é um dos mais envelhecidos do
enquanto duram os benefícios fiscais e/ou os apoios
País, contando a nível distrital com mais de 40% da sua
autárquicos; e, no caso de empresas agrícolas ou
população composta por pensionistas e é também um dos
empreendimentos turísticos megalómanos, apenas servem
mais despovoados, a caminhar célere no sentido da
para sacar dinheiro dos Fundos comunitários, deixando no
desertificação?
terreno autênticos circos de elefantes brancos.
Fechou centros de saúde, sendo o caso mais simbólico o fecho
Há dois anos, fechou naquele distrito a fábrica da Johnson
da maternidade de Elvas; encerra escolas, postos de Correios
Controls, acabando com cerca de mil postos de trabalho
e postos da G.N.R.; faz a fusão de vários serviços públicos;
directos e, ainda, com os postos de trabalho de cerca de duas
encerrou representações de serviços centrais existentes na
de dezenas de empresas que funcionavam como subsidiárias
cidade de Portalegre; encerra carreiras de transportes
desta.
públicos, deixando a população envelhecida sem acessos às
Já no corrente ano, foi a Delphi, em Ponte de Sôr. Nesta, sedes de concelho ou dependentes de boleia de familiares ou
podemos recordar a ênfase dada à acção das direcções amigos, ou a ter de recorrer ao serviço de táxis.
sindicais no processo de negociação dos despedimentos.
A própria Segurança Social, para o transporte de doentes,
Alguns dos dirigentes sindicais vieram mesmo gabar-se de
recorre diariamente ao serviço de táxis, tornando esta
ter conseguido “as melhores indemnizações possíveis”.
actividade de tal forma apetecível que, pelo trespasse de um
Ao mesmo tempo, a Ministra do Trabalho e da lugar na praça de táxis de Estremoz, foram pedidos 150 mil
Solidariedade Social – inquirida pelo Grupo Parlamentar do euros.
Bloco de Esquerda – recomenda aos trabalhadores com
É pois necessário e urgente que seja organizada toda a massa
salários em atraso, que recorram à Alta Autoridade para as
trabalhadora, do sector público e do sector privado, para esta
Condições de Trabalho e peçam o despedimento com justa
luta contra as falências, o desemprego, a precariedade e a
causa, para terem direito ao subsídio de desemprego, caindo
mobilidade, numa palavra, pelo direito a um trabalho com
assim na roda do desemprego, não movendo uma palha para
direitos.
garantir a continuidade dos postos de trabalho.
4
Intervenção de António Chora (Coordenador da CT da Carta aos trabalhadores da Groundforce e às suas
Autoeuropa) estruturas representativas (sindicatos e Comissão de
Trabalhadores)
Interessa muito a batalha pela proibição dos
despedimentos Caros camaradas,
Interessa preparar o dia a seguir à greve geral Os militantes, trabalhadores e estudantes reunidos no
ENCONTRO para preparar a Greve Geral, para obrigar o
governo a RETIRAR O PLANO DE AUSTERIDADE –
realizado a 13 de Novembro, em Lisboa – afirmam estar
solidários com a vossa determinação em não aceitar o processo
de despedimento, não podendo senão reconhecer a posição
corajosa da vossa CT quando afirma: “Este despedimento não é
irreversível. (…) Iremos até ao fim do mundo para salvar os
postos de trabalho destes trabalhadores”.
Fazemos nossas as palavras da Comissão Coordenadora das CTs
do Parque Industrial da Autoeuropa, bem como de trabalhadores
vidreiros e do sector químico da Marinha Grande, ao afirmarem
ser necessária a unidade de todo o movimento sindical para
impor a retirada deste ataque, na Groundforce/Tap e nos outros
sectores alvo do mesmo processo.
Saudamos ainda a posição da CGTP, ao exigir ao Governo a
manutenção dos postos de trabalho, ao mesmo tempo que
denuncia que a operação contra os trabalhadores da Groundforce
faz parte do processo para a privatização da TAP.
Manifestamos a nossa total disponibilidade – naquilo que, no
O drama dos trabalhadores da Valsan, empresa em quadro da democracia, estiver ao nosso alcance – para ajudar a
falência por falta de garantia de crédito bancário, é o organizar a mobilização com todos os trabalhadores e as suas
problema de milhares de trabalhadores de pequenas organizações, a fim de obrigar o Governo a garantir a retirada do
empresas sem verbas para investir no financiamento que
processo de despedimento dos 336 trabalhadores da
acompanhe a produção.
Groundforce.
As empresas precisam de crescer e não conseguem
Sim, este despedimento não é uma situação irreversível. As
satisfazer as encomendas.
Centrais sindicais podem ter a última palavra para fazer
As fábricas de automóveis conseguiram reestruturar-se e recuar o Governo. Os resultados da luta dependem da luta.
os fornecedores não conseguem acompanhá-las. Assim, a
indústria do automóvel na Europa está em risco de
mandar milhões de trabalhadores para o desemprego, Adélia Gatoeiro (dirigente do STIV-CGTP); Adélia Gomes
nomeadamente das pequenas e médias empresas que não (SPGL-CGTP); Adilson Fernandes (estudante da FLUL); Aires
têm acesso ao crédito nos bancos. Rodrigues (dirigente do POUS); Ana Sofia Cortes (delegada
sindical do STFPSA-CGTP); Ana Tavares Silva (membro da
Em Itália, a FIAT propôs ao governo de Berlusconi fazer
Coordenadora dos professores contratados do SPGL); Antoine
a liberalização total das relações de trabalho, como
condição para se manter em Itália; e o Governo aceitou. Laurain (professor de francês); António Chora (Coordenador da
CT da Autoeuropa); António Dores (SNEsup); Carlos Melo
O grande “boom” dos despedimentos está ainda para vir. (SBSI-UGT); Carmelinda Pereira (dirigente do POUS); Cláudio
É preciso fazer pressão nos lados certos: no Governo, nos Lordelo (vidreiro da Ifavidro); Daniel Gatoeiro (Sindicato dos
bancos (e principalmente na Caixa Geral de Depósitos, Químicos); Emanuel Rodrigues (SPRC-CGTP); Helena
que deve emprestar a juro baixo para obrigar os outros Carvalho (SINTAP-UGT); Isabel Pires (dirigente do SPGL);
bancos também a baixarem os juros).
Jaime Crespo (SPGL / membro da Comissão pela Proibição dos
É preciso actuar no sentido de fazer com que os Despedimentos); Joaquim Carpinteiro Vaz (vidreiro da Ifavidro);
responsáveis sindicais não aceitem entrar na onda dos Joaquim Pagarete (membro da Coordenadora dos professores
despedimentos, em vez de levantarem a mobilização para aposentados do SPGL); Luísa Martins Garcia (SPGL);
garantir o emprego. Margarida Pagarete (estudante da FPUL); Mª da Luz Fernandes
Interessa-me muito a palavra de ordem: Proibição dos (func. pública aposentada); Mª do Rosário Rego (SPGL); Paula
Despedimentos. Temos que mobilizar para a greve e Montez (membro da Comissão pela Proibição dos
preparar, ao mesmo tempo, o dia seguinte ao da greve. Despedimentos); Vladimir Rodrigues (pintor).

5
Informação sobre a delegação à CGTP (efectuada a 22 de Novembro)

Arménio Carlos – membro da Comissão Executiva da Arménio Carlos afirmou que a CGTP já tinha dito à
CGTP – recebeu, no dia 22 de Novembro, uma delegação Ministra do Trabalho que não assinaria qualquer “Pacto
de professores membros do SPGL/FENPROF e uma para o emprego” sem que a política do Governo garantisse
trabalhadora do Instituto Português de Apoio ao três condições:
Desenvolvimento (IPAD), delegada sindical do Sindicato
da Função Pública /CGTP. Ø A promoção do crescimento económico (única
maneira de poder ser reforçada a protecção social
Esta delegação tinha por mandato ouvir a direcção da e de fomentar os empregos);
CGTP sobre a Carta enviada às duas centrais sindicais,
que foi aprovada no Encontro realizado a 13 de Novembro Ø A melhoria dos salários e pensões de aposentação,
em Lisboa, por iniciativa da Comissão pela Proibição doa tanto no sector público como no privado, condição
Despedimentos. para fazer crescer o mercado interno;
Esta Carta – conhecida de todos os trabalhadores e Ø Não aceitar que aqueles que são responsáveis pela
militantes que recebem informação desta Comissão – destruição do sector produtivo do nosso país,
dirige-se às duas Centrais sindicais, para lhes expressar a venham agora mostrar-se preocupados com o seu
convicção de que o sucesso da greve geral está ligado à endividamento externo.
posição a assumir por estas Centrais, afirmando
taxativamente que não aceitarão negociar seja o que for, Sobre este último ponto, Arménio Carlos deu como
em termos do chamado “Pacto para o emprego”, sem o exemplo o que aconteceu à Sorefame, comprada pela
Governo garantir a paragem dos despedimentos, garantir Bombardier (sua concorrente no mercado) para ser
os salários por inteiro, garantir no Estado o que resta do liquidada. E, agora, o nosso país precisa de adquirir ao
seu sector empresarial e renacionalizar os sectores estrangeiro carruagens para a CP, para o Metro e para o
estratégicos da economia. TGV, não tendo outro remédio senão ir aumentando a sua
A Carta fala ainda no desejo da organização – feita pelas dívida externa.
direcções das organizações sindicais dos vários países da Neste sentido, é preciso que o Estado reforce as suas
Europa – de uma greve em conjunto, pelos mesmos posições em sectores estratégicos, ou mesmo retome o seu
objectivos: retirada dos planos de austeridade. controlo completo, como é o caso do sector energético e
Foi comunicado ao dirigente da CGTP que esta Carta do dos transportes.
conta já com a subscrição da Coordenadora das CTs do
Parque Industrial da Autoeuropa. Arménio Carlos afirmou também: «Se o Governo não
A delegação exemplificou as consequências da assinatura muda a sua política, se a Ministra do Trabalho não tem
de “acordos” com este Governo, com a situação vivida nada para nos dar, como ela própria nos disse, o que
nas escolas, acordos que a FENPROF acabou por ter que pretendem da CGTP seria a nossa capitulação… e isso
denunciar; e avançou também a necessidade de ser não conseguirão.»
reafirmada a reivindicação de restabelecimento do vínculo Sobre uma Greve geral, a nível dos países europeus, é
público para todos os trabalhadores da Função Pública, preciso ver que cada país é um caso, apesar da ofensiva ser
com a agravante de que, em muitos Serviços, têm na a mesma; Arménio Carlos referiu o exemplo da Alemanha
mesma que ser gastas verbas do Orçamento do Estado onde é proibido, por lei, participar numa greve a nível
para pagar, a recibo verde, tarefas desempenhadas por europeu, bem como em greves de solidariedade.
trabalhadores em condições ultra precárias.
Foi também referida a terrível situação vivida na Uma coisa é certa: depois do dia 24 a luta irá prosseguir,
esmagadora maioria das escolas, em virtude de nestas pois a CGTP jamais aceitará a forma capciosa da União
reinar o clima da prepotência em vez da democracia, da Europeia e do BCE imporem as medidas que estão a ser
ameaça a trabalhadores colocados lá pelo Fundo de tomadas pelo Governo português.
Desemprego (de, caso façam greve, serem substituídos) e, A luta irá prosseguir a nível dos diferentes sectores.
ainda, do agravamento das condições de aprendizagem Nomeadamente em relação aos trabalhadores da
(em virtude das reformas no Ensino superior reduzirem Groundforce, a posição da CGTP é clara: tudo fará para
cada vez mais a qualificação dos docentes). impedir aqueles despedimentos.

http://proibicaodosdespedimentos.blogspot.com

6
Apelo ao ENCONTRO para preparar a Greve Geral
Para obrigar o governo a
RETIRAR O PLANO DE AUSTERIDADE
No sábado 13 de Novembro, às 15 h 30 m
Sede do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL) – Rua Fialho de Almeida, nº 3, em Lisboa

Perante o novo Plano de Austeridade – ser bem sucedida, como a de 1998,


de corte nos salários, nos subsídios quando foi derrotado o projecto de
sociais, nos serviços públicos e de Cavaco Silva de liberalização dos
aumento dos impostos e do custo de despedimentos sem justa causa.
vida – a CGTP e a UGT convocaram
Estamos de acordo com a CGTP
uma greve geral para o dia 24 de
quando afirma que “é neste caldeirão
Novembro. social em que nos movimentamos, no
A aspiração de todos os trabalhadores é qual somos actor importante, que se
que esta greve seja um passo em frente geram as condições para as
para virar a política do nosso país no alternativas políticas”; acrescentando
que “é preciso tomarmos nas nossas representam, os quais exigem:
sentido da produção, do
mãos o destino do país, pois não se
desenvolvimento, da proibição dos
pode continuar pelos caminhos em
despedimentos, da transformação de Ø O levantamento do corte nos
que nos encontramos, porque por aí
todo o trabalho precário em trabalho salários e subsídios das
vamos para o abismo”.
efectivo e com direitos. famílias trabalhadoras
Ø O aumento das pensões de
Enquanto esta aspiração domina o Nós queremos ajudar a construir as reforma e dos salários, em
pensamento de milhões de condições para essa nova alternativa. particular do salário mínimo
trabalhadores, o que se passa é o Nós queremos, com todos os nacional
matraquear constante dos defensores do trabalhadores, uma greve geral bem
sucedida, e pensamos em particular Ø A suspensão do processo de
sistema e da União Europeia de que são privatizações, nomeadamente
nos trabalhadores precários que irão
inevitáveis estes planos de austeridade, dos Correios, da TAP, dos
pensar, duas vezes, se poderão
bem como o Orçamento de Estado que Estaleiros de Viana do
responder ao apelo das Centrais
os contém. De que são inevitáveis os sindicais. Para vencer este medo – Castelo e da Companhia de
despedimentos, o trabalho sem direitos, legitimamente compreendido pelos Seguros integrada na Caixa
os cortes no Serviço Nacional de Saúde, trabalhadores efectivos –, para fazer Geral de Depósitos
na Educação e na Justiça, no Poder local da greve geral um fortíssimo passo em Ø A renacionalização dos
e em todos os serviços públicos. frente na derrota daqueles que sectores estratégicos da
colocam os trabalhadores nesta difícil economia (Banca, seguros,
Sim, essas medidas são inevitáveis para energia, telecomunicações),
situação, nós pedimos a Manuel
todos quantos querem manter o sistema Carvalho da Silva e a João Proença, direccionando-os para o apoio
capitalista, à custa de todos os artifícios para que se dirijam em particular a às pequenas e médias
– da especulação, à exploração e à estes trabalhadores e aos empresas, nomeadamente
guerra. desempregados ou ameaçados de através do crédito e da energia
desemprego. a preços mais favoráveis.
Para os trabalhadores não são
inevitáveis os encerramentos das
fábricas, as deslocalizações, a destruição Digam-lhes, publicamente, que esta Agindo sobre esta linha de orientação
dos países, nem as ditaduras, nem a greve geral é para impor um recuo ao na preparação da greve geral e para a
Governo – que está a mando do BCE reforçar, e, em simultâneo, para
guerra. Estamos de acordo com a UGT
e da União Europeia – na aplicação reforçar a rede de militantes que, por
quando declara que “o PEC 3 prepara toda a parte, a defenderem, propomos
dos PECs e das condições de
um PEC 4”, que o Orçamento do precariedade a que estão sujeitos. a realização de um Encontro no dia
Estado – com estes PECs – “só vai 13 de Novembro, às 15 h 30 m, na
provocar mais desemprego, mais
Expressem claramente as legítimas Sede do Sindicato dos Professores
sacrifícios e desigualdade”; tal como aspirações dos trabalhadores que da Grande Lisboa (SPGL) – Rua
quando diz que a greve geral precisa de Fialho de Almeida, nº 3, em Lisboa.

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