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Um pouco de teoria sobre multimodalidade, semiótica

social e pedagogia dos multiletramentos - parte 2


1- Gramática de Design Visual (GDV) de Kress e van Leeuwen
2- Modelo de Letramento Visual de Bamford
Prof. Gonzalo Abio (CEDU-UFAL) versão 5, agosto de 2018.

Esta é a segunda parte de um texto teórico preparado com intuito de auxiliar os


alunos da disciplina de multimodalidade e multiletramentos.

Imagem elaborada pelo autor com Power Point para ilustrar este capítulo

Gramática de Design Visual (GDV)


Gunther Kress e Theo van Leeuwen no livro Reading
Images, publicado por primeira vez em 1996 com
uma segunda edição em 2006, propõem uma
Gramática do Design Visual (GDV), com base na
Linguística Sistêmico Funcional (LSF) de Halliday
(1978), considerando que a linguagem visual possui
uma gramática de forma análoga à gramática da
linguagem verbal, mas isso não quer dizer que as
estruturas linguísticas e visuais sejam iguais, pois
cada modo semiótico cria significados próprios como
já vimos na primeira apostila deste curso.
Estes pesquisadores afirmam que qualquer
sistema semiótico, entre eles o visual, deve realizar três funções: (1)
representar o mundo experiencial (metafunção representacional), ou seja, as
estruturas representam, verbal ou visualmente, a realidade material, os
objetos e os participantes envolvidos e as circunstâncias em que ocorrem; (2)
evidenciar as relações entre falantes e ouvintes, escritores e leitores,
espectadores e imagens (metafunção interacional); e (3) fornecer recursos
para a composição imagética, de maneira que os elementos interativos e

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representacionais formem um todo significativo (metafunção composicional),
por meio do valor informativo ou ênfase entre os elementos presentes na
construção multimodal.1
Uma síntese das categorias principais de cada função da GDV pode ser
vista no esquema a continuação:

fonte: Silva (2016, p. 79) (adaptado).

METAFUNÇÃO REPRESENTACIONAL
A metafunção visual representacional comunica a relação estabelecida
entre os participantes internos de uma dada composição imagética.

1
Halliday denomina as três metafunções de ideacional, interpessoal e textual, respectivamente, mas
aqui seguiremos a terminologia proposta por Kress e van Leeuwen na GDV. Um resumo das diversas
categorias da GDV pode ser vista em português, por exemplo, em Gualberto (2016), Paiva (2009),
Santos e Pimenta (2014) ou Silva (2016).

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No ato semiótico, os participantes podem ser categorizados em dois
tipos distintos: (1) participantes interativos (PI), “aqueles que falam, ouvem ou
escrevem e leem, produzem imagens ou as visualizam” (KRESS; VAN LEEUWEN,
1996, p. 44), ou seja, o leitor-observador e autor, e (2) participantes
representados (PR), “aqueles que são o sujeito da comunicação, ou seja, as
pessoas, lugares, coisas [...] representados na ou pela fala, ou escrita, ou
imagem, os participantes sobre os quais falamos ou escrevemos ou produzimos
imagens” (KRESS; VAN LEEUWEN, 1996, p. 44 apud ALMEIDA, 2013, p. 179), ou
seja, os que aparecem na imagem.
Kress e van Leeuwen classificam as imagens em duas grandes categorias:
narrativas ou conceituais.
As imagens narrativas mostram ação entre os objetos participantes,
sendo possível construir com elas uma narração. Estas
representações narrativas constroem a experiência como uma ação
ou evento que se desencadeia no espaço e no tempo, isto é,
retratam participantes realizando ações sobre outros participantes
ou envolvidos em acontecimentos. São acontecimentos dinâmicos.
Como explicam Nascimento, Bezerra e Heberle (2011), dos quais
tomaremos o texto a seguir com algumas modificações, varias características
podem identificar a ocorrência de uma representação narrativa. Dentre elas
podemos citar: 1) a presença de participantes (humanos ou não) envolvidos
em um evento; 2) a presença de vetores indicando ação ou reação (os vetores
são formados pela linha do olhar, braços, orientação corporal ou ainda
instrumentos sugerindo movimento e/ou direção. Correspondem
linguisticamente com os “verbos”); 3) a inserção dos participantes em um pano
de fundo que indique as circunstâncias de
tempo e espaço nas quais o evento se
desenvolve.
Na figura percebemos a presença de
um vetor, realizado pelo próprio corpo do
surfista e por seu uso da prancha. Além
disso, a circunstância em que essa ação
ocorre pode ser claramente identificada na
imagem, ou seja, vemos o participante
surfando no mar e à luz do dia. Surfe (Vetor - Participante - Circunstância)
Com base no tipo de vetor e no número e tipo de participantes
envolvidos, as representações narrativas podem ser realizadas por quatro tipos
de processos: a) processos de ação; b) processos de reação; c) processos
mentais; e d) processos verbais, que veremos a continuação.

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Representação narrativa > Processos de ação
Os processos de ação podem ser: transacionais ou não transacionais.
Na figura ao lado, o processo é transacional, visto que retrata uma ação
que envolve pelo menos dois participantes
(Ator e Meta) conectados por um vetor
que, nesta imagem, é realizado pelo braço
do urso à esquerda tocando o outro urso.
Uma representação narrativa com
um processo de ação não-transacional,
por sua vez, ocorrerá quando a ação
envolve apenas um participante e um
vetor, e a meta não está presente, como
pode ser visto na imagem do surfista
anterior, em que a ação desempenhada
envolve apenas o surfista e o vetor é
representado pela orientação corporal do Ursos (ação transacional)
surfista e por sua prancha, que, na
imagem, funciona como instrumento mediador na atividade do surfe e não
como participante afetado pela ação.
Uma ação bidirecional ocorre
quando os dois participantes são ao
mesmo tempo ator e meta, como
nesta imagem de duas crianças se
abraçando. A ação bidirecional pode
ser simultânea (↔) ou sequencial
.
Os três processos de ação
aqui descritos podem ser
representados da forma que
aparece no esquema a seguir.
Um abraço de duas crianças (ação
bidirecional).
fonte: Flickr CC, autora: Lizette Gauthereau.

Representação dos três processos de ação na função narrativa: a) não-transacional, b)


transacional e c) bidirecional simultânea.

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Representação narrativa > Processos de reação
Como seu próprio nome diz, este processo envolve uma ação e uma
reação. O vetor é formado pela direção do olhar do participante que reage a
uma ação acontecida. O participante que olha é denominado Reator, ao invés
de Ator; e o objeto de seu olhar é chamado de Fenômeno, ao invés de Meta.
Assim como nos processos de ação, os de reação também podem ser
transacionais ou não-transacionais. Se um dado participante
olha para alguém ou alguma coisa não claramente especificada
ou visualizada na composição imagética, dizemos tratar-se de
uma reação não transacional. Caso pudéssemos ver o objeto do
olhar dessas pessoas, o processo seria de reação transacional.
Na figura seguinte em primeiro plano percebemos três pessoas olhando
para algo que não podemos identificar (o fenômeno), pois não aparece na
imagem. Sendo assim, essa figura ilustra uma reação não-transacional.

Multidão (reação não-transacional)

Representação narrativa > Processos mentais e processos verbais


Os outros dois tipos de representações narrativas são os processos
mentais e processos verbais representados visualmente por balões de fala e de
pensamento. Nestes processos os participantes não são descritos nem como
Atores nem como Reatores, mas como Dizentes, como é o caso do participante
que expressa sua fala, o Enunciado (Utterance em inglês), e o Experienciador,
no caso daquele que sente e expressa visualmente o seu pensamento, descrito
por Kress e Van Leeuwen (2006[1996]) como Fenômeno.

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Para identificar um processo mental em imagens é necessário localizar
um balão de pensamento conectado a um participante humano ou
personificado, ao passo que para um processo verbal deve haver um balão de
fala.

Processo mental (balão de pensamento) Processo verbal (balões de fala)

A compreensão destes processos é muito importante para identificar e


poder questionar a razão de um determinado participante estar representando
o papel ativo (de ação ou de reação) ou passivo (como objeto de ação e/ou de
reação) em uma dada composição imagética.

Representação narrativa > Processo de conversão

Neste processo, a comunicação é apresentada como um


ciclo no qual o participante, chamado de Transmissor, é, ao mesmo tempo,
ator em relação a um participante e meta em relação a outro, que pode ser
representado desta forma.
Um exemplo de processo de
conversão pode ser visto neste ciclo de vida
de uma medusa.
Esse tipo de estrutura visual é típico
de diagramas que representam eventos
naturais, como ciclo da água, metamorfose
dos anfíbios, mas também pode ser
aplicado em (inter)ações humanas.

Fonte: http://bit.ly/2wdYKzo

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Representação narrativa > Simbolismo geométrico
Por fim, temos o processo de simbolismo geométrico. Nele, não são
incluídos participantes de qualquer espécie. Encontra-se somente o vetor que
aponta para um ponto fora da imagem. Seu significado é constituído pelo seu
valor simbólico.
Diversos tipos de setas podem influenciar no significado dos diagramas
narrativos. Por exemplo, na figura anterior do ciclo de vida das medusas, as
setas formam um círculo que representa um processo entendido como
“natural“ e “orgânico”. Os vetores também podem aparecer amplificados ou
atenuados, como nos exemplos seguintes.

Tipos de vetores e possíveis significados: a) vetor amplificado indicando densidade,


b) vetor amplificado indicando frequência, c) dois tipos de vetores atenuados.

Representação narrativa > Circunstâncias


Nas imagens narrativas podem estar presentes outros participantes
relacionados com o participante principal
por formas que não são vetores. Um ou
mais destes participantes secundários
poderiam ser retirados sem mudar o
significado da imagem, embora alguma
informação seja perdida.
Nas circunstâncias locativas é
necessário diferenciar o primeiro plano do
fundo (background) da imagem.
Fonte: http://bit.ly/2OPoObQ

Autor: Pawel Kuczynski


Pintura em museu de Pyongyang, autor da
fotografia: Yeowatsup. Fonte: Flickr CC.

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Nas circunstâncias de meios são utilizados instrumentos que, neste caso,
não formam vetores claros. Também pode haver acompanhantes que não
estão relacionados claramente por um vetor (circunstâncias de
acompanhamento).

Circunstâncias de meios. Circunstâncias de acompanhamento.


Fonte: Pxhere CC Fonte: Pxhere CC.

Como resumo desta primeira parte da metafunção representacional,


apresentamos um quadro com os processos existentes na estrutura narrativa:
Tipos de processos Subtipos Participantes Significado Vetor
Transacional Ator (também Análogo ao verbo Há um vetor entre o
ator implícito) e transitivo: o verbo ator e a meta. O ator
Meta precisa de objeto pode estar implícito.
(meta).
Transacional Ator e Meta Indica simultaneidade Há dois vetores
Processos de ação Bidirecional (inter-atores) de processo. Um simultâneos partindo
participante é ator do em direções
outro e vice-versa. contrárias.
Não-transacional Ator Análogo ao verbo O ator não realiza uma
intransitivo: o verbo ação para uma meta,
não precisa de mesmo havendo
complemento (meta). vetor.
Transacional Reator e O re-ator observa, Parte de uma linha do
fenômeno olhando um olhar para o
Processos fenômeno. fenômeno.
reacionais Não-transacional Re-ator O reator observa o Parte de uma linha do
nada, sem fenômeno olhar para nada
definido. definido.
Processos de fala ---- Dizentes e Diálogos em balões de Formado pelo rabicho
declaração Hqs. de balão de fala.
---- Experienciador Conteúdo de balões de Formado pelo rabicho
Processo mental e fenômeno pensamento. de balão de
pensamento.
---- Ator, Revezador Um participante é ator Um chega do ator ao
Processo de e Meta de uma meta e é meta revezador e outro sai
conversão de outro ator. Forma dele para sua meta.
estruturas cíclicas
como diagramas.
Simbolismo ---- ---- Centra-se Há somente o vetor.

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geométrico metalinguisticamente
no modo de dizer.
Locativas Cenário Participantes que Usar o primeiro plano,
indicam a localização fundo, tonalidade,
de outros cores, claro e escuro.
participantes.
Circunstâncias Meio Instrumentos Os instrumentos Qualquer coisa usada
usados na ação. na ação.
Geralmente de onde
parte o vetor.
Acompanhamento Ator Um participante é Não há vetores
acompanhado de
outro, sem ação entre
eles.
Fonte: Paiva (2009, p. 37).

Representação conceitual
Diferentemente das representações narrativas, nas quais os
participantes são captados durante o curso de uma ação ou acontecimento,
nas representações conceituais, o foco são os atributos e as identidades dos
participantes. Os processos conceituais representam os participantes de
maneira mais estática, na medida em que não possuem ações expressas
por vetores. Algumas características específicas nos permitem identificar
representações conceituais, quais sejam: a) disposição dos participantes
em taxonomias, ou seja, agrupamentos por categoria; b) apresentação
dos participantes em uma relação parte/todo; c) ausência de vetores; d)
ausência ou menor detalhamento do plano de fundo, o que direciona o
foco para os participantes e seus atributos.
Nos chamados processos conceituais, pessoas, lugares e objetos são
definidos, analisados ou classificados, inclusive, seres abstratos. Esses
processos podem ser categorizados como classificatórios, analíticos ou
simbólicos, que serão brevemente apresentados a seguir.

Representação conceitual > Processos classificatórios


Nos processos classificatórios não há vetores de ação. Estes processos
representam participantes arranjados de forma relativamente simétrica,
destacando suas características em comum, que os definem como
pertencentes a uma determinada categoria. A
classificação pode ser representada de forma
explícita ou implícita.

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Da mesma forma que na imagem
anterior dos relógios, na imagem do lado,
por exemplo, temos uma taxonomia
implícita, visto que não há legendas na
imagem orientando a respeito. Temos que
inferir que se trata de “modelos de carros‟.
Imaginemos outra imagem na qual
haja vários relógios, cada um de um tipo
diferente. Se houver uma legenda verbal
nessa imagem, tal como “Relógios Carros (taxonomia implícita)
inteligentes”, esse seria um processo
classificatório explícito, visto que a categoria
à qual os participantes pertencem está
identificada de modo inequívoco no texto.
Percebemos, assim, que, independentemente
do tipo de classificação (explícita ou
implícita), nesses processos, o foco da
representação são as características dos
participantes enquanto integrantes de um
grupo, quer sejam transitórias, como as
roupas que as pessoas usam, por exemplo, ou mais permanentes, como as
feições dessas pessoas.
Quando a relação entre participante(s) superordinado(s) e participante(s)
subordinado(s) é explícita, a estrutura taxonômica é chamada de mostrada
(overt). Quando essa relação não é explícita, a taxonomia de estrutura será
denominada velada (covert).
A estrutura mostrada pode ser de um nível único (single levelled) quando
o participante ("Superordenado") está conectado a dois ou mais participantes
("Subordinados") através de uma estrutura de árvore com apenas dois níveis;
ou pode ser em múltiplos níveis (overt taxonomy multi-levelled), quando o
participante ("Superordenado") está conectado a outros participantes através
de uma estrutura de árvore com mais de dois níveis. No caso de mais de dois
níveis, os participantes do nível intermediário serão “Interordenados”.
Apesar de que a estrutura classificatória é estática, o linguístico que a
acompanha não precisa ser estático também. As taxonomias são hierárquicas,
com menos significado de movimentação, enquanto os fluxogramas possuem
mais sentido de movimentação, pois possuem início e fim determinados,
aproximando-se da estrutura narrativa. Outro diagrama cada vez mais comum
na atualidade é a rede (network) que é múltipla; não linear (KRESS; VAN
LEEUWEN, 2006, p. 84). As redes são um tipo de estrutura mais analítica que
classificatória (p. 86).

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PARA PENSAR 1- Qual tipo
de processo classificatório
pode ser observado neste
fragmento de folheto de
ofertas de um
supermercado: explícito ou
implícito?

PARA PENSAR 2- Quais


tipos de processos
classificatórios podem ser
observados neste esquema:
a) velado ou mostrado, b) de
nível único ou em vários
níveis?

Representação conceitual > Processos analíticos


Os processos analíticos representam os elementos na imagem em uma
relação parte/todo. O todo é o portador
(carrier) e as partes são os atributos
possesivos.
Podemos observar, por exemplo,
que o produtor desta imagem, ao
escolher focar apenas as turbinas do
avião, consegue dar destaque ao
sistema que move esse meio de
transporte, atribuindo, assim, uma
provável imagem de segurança e/ou
potência. Turbinas (parte/todo)

Vale lembrar que essa interpretação é apenas uma dentre outras


possíveis, mas queremos destacar que a escolha em representar determinados
elementos na imagem com foco em suas partes ou em seu todo geralmente
reflete os objetivos de quem constrói o texto e produz determinados efeitos
naqueles que consomem esse texto. Ao recuperar o contexto no qual os textos
são produzidos e consumidos, podemos ter uma noção mais informada das
interpretações possíveis.

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As representações conceituais analíticas
podem ser classificadas como estruturadas, quando
apresentam rótulos ou descrições sobre suas partes;
e desestruturadas, quando não especificam a relação
entre a(s) parte(s) (atributos) e o todo (portador).
Também podem ser classificadas como exaustivas,
quando toda a imagem mostra exaustivamente as
partes e/ou atributos do portador, ou inclusiva,
quando os atributos possessivos são mostrados, mas grande parte do portador
não aparece.

Seios paranasais (representação analítica


Mapa do Brasil com estados, capitais e inclusiva). O portador (carrier) não é
regiões (representação analítica exaustiva). mostrado de forma completa.

No caso da estrutura exaustiva conjunta (conjoined), os atributos são


conectados por uma linha que mesmo separados possuem a ideia de serem
ligados. Já na estrutura exaustiva compounded os atributos são retratados
como partes separadas, mas sem perder a ideia do conjunto.

Estrutura conceitual analítica Estrutura conceitual analítica exaustiva


exaustiva conjoined. Carro com compounded no caso das ampliações (zooms)
sistema GNV dos registradores de dados de voo. UOL
Notícias. Infográficos. http://bit.ly/2PnjRbg

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As estruturas analíticas também podem ser divididas em topográficas e
topológicas. São topográficas quando representam com precisão as relações
espaciais e localização relativa dos atributos possessivos. São topológicas
quando representam as relações “lógicas” entre os participantes, como eles
são conectados, mas não representam o tamanho físico real ou distância real
entre cada parte.
PARA PENSAR 3- Qual destas figuras representa uma relação analítica
topográfica e qual representa uma relação topológica?

Diagrama de um circuito elétrico. Diagrama de um motor elétrico.

PARA PENSAR 4- As partes deste foguete formam uma representação


exaustiva compounded ou conjoined?

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-o-lancamento-de-um-foguete/

Exemplos de estruturas analíticas com topografia dimensional e


quantitativa são os gráficos de barra e de pizza os quais tem uma escala de
representação dos atributos possessivos para representar quantidade e
espaço.
Os gráficos tipo isotype, criados por Otto von Neurath nas décadas de
1920 e 1930, representam a quantidade de outra forma, pelo número e
proporção de isotipos utilizados. Isotype é um tipo de pictograma utilizado com
o intuito de facilitar a compreensão da representação numérica.

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Gráfico isotype utilizado por Neurath, neste Fonte: Twitter das Nações Unidas, 2017.
caso para ilustrar um plano quinquenal de http://bit.ly/2nZONSt
crescimento do número de creches na URSS
(1932-1937). fonte: http://bit.ly/2MHx2Fz

Os gráficos de linhas são um caso de estrutura analítica espaço-temporal


quase-vetorial e quase-narrativa que
cria um processo dinâmico com
sentido, por exemplo, de “aumento”,
“diminuição”, “mudança”, etc.
Neste exemplo de gráfico de
linha existem dois portadores
(salários de homens e de mulheres)
com atributos possessivos (valores de
dinheiro), e também um ator
(diferença de salário) com uma ação
(a diferença de salário aumentou Diferença de salário de homens e mulheres
entre 2003 e 2015). (2003-2015). Estrutura conceitual analítica
espaço-temporal. Folha de São Paulo, 2015.
http://bit.ly/2BNyORt

Representação conceitual > Processos simbólicos


Processos simbólicos ocorrem quando há a presença de elementos na
imagem que acrescentam valor extra, justamente por não serem intrínsecos a
ela. As estruturas conceituais simbólicas estabelecem a identidade por meio de
atributos proeminentes através do tamanho, da escolha de cores, do
posicionamento, do uso da iluminação, entre outros, constituindo o que Kress
e van Leeuwen consideram uma relação entre portador (carrier) e seus
atributos possessivos.

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Os processos conceituais simbólicos referem-
se ao que os participantes significam ou são (a
identidade é estabelecida na relação entre o
participante e o atributo simbólico). O participante
que é significado é o portador. E o participante que
representa o significado é o atributivo simbólico.
Como exemplo, a imagem ao lado, é um quadro de
Rembrandt que representa São Pedro na prisão em
Jerusalém com seu atributo simbólico (as chaves).
Se não fosse pelas chaves que formam parte de sua
identidade (as chaves foram enviadas por Cristo),
seria apenas a representação de um homem velho.
Pode haver também apenas um São Pedro na prisão (Rembrandt,
participante, o portador, e o significado 1631).
simbólico é estabelecido em outro modo,
chamado de sugestivo simbólico. Neste processo, a imagem sugere
algo, não necessariamente o significado literal do participante, por isso
é simbólico: sugestivo simbólico.
Como exemplo, nesta imagem, a
cidade de San Diego está representada em
tons de dourado, o que lhe atribui um
valor adicional de riqueza e glamour.
Trata-se de um processo simbólico, visto
que essa cor não estaria naturalmente
presente em uma fotografia da cidade. É
um efeito de imagem que acrescenta
simbolismo à representação, de modo
semelhante ao efeito do uso de metáforas
e analogias na linguagem verbal.
Encaixamento: Assim como há orações complexas subordinadas ou encaixadas
no verbal, há também, no visual, imagens encaixadas: processos menores
encaixados em maiores, o que forma uma estrutura multidimensional.

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METAFUNÇÃO DE INTERAÇÃO
As imagens, além de construírem representações, também estabelecem
relações entre os participantes representados e o leitor. Tais relações podem
ser realizadas por diferentes recursos visuais: a) através do contato do olhar
entre o participante representado na imagem e o leitor (contato); b) pela
visualização do participante representado como estando próximo ou distante
do leitor (distância social); c) pelo ângulo formado entre o corpo do
participante e o leitor no eixo vertical (atitude); e d) pelo ângulo formado entre
o corpo do participante e o leitor no eixo horizontal (poder). Esses recursos
visuais são discutidos com maior detalhamento a seguir.

Função de interação > Contato


Esse recurso é utilizado para expressar até que ponto é mais ou menos
pessoal ou impessoal a relação entre o participante humano ou personificado e
o leitor. Para se projetar uma relação
pessoal, o participante é representado
como se estivesse olhando diretamente
para o leitor/espectador, criando, dessa
forma, uma relação de demanda, ou seja, o
olhar do participante parece requisitar algo
(pode ser desde apelo sexual até medo),
dependendo também de outros recursos
no conjunto do texto. É muito utilizado em
publicidade, pois impele ao leitor a fazer
algo.
Tio Sam (olhar de demanda) Cartaz publicado
em 1916 e muito utilizado pelo governo
norte-americano nas duas guerras mundiais.

A relação pode ser também


impessoal, o que acontece quando
o participante representado não
estabelece contato direto do olhar
com o leitor e aparece na imagem
como se estivesse sendo apenas
exposto para observação do leitor.
Tal recurso é denominado de
Instrumentista (olhar de oferta)
oferta.

Função de interação > Distância social

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O posicionamento do participante representado como próximo ou
distante do leitor pode criar uma
relação que varia entre níveis de maior
intimidade, de vínculo apenas social ou
de maior impessoalidade. Essa
disposição do participante,
estabelecendo tais relações, é realizada
por meio do tipo de plano escolhido
para captar a imagem: plano fechado –
close-up (íntimo), plano médio –
medium shot (social) e plano aberto –
long shot (impessoal). Surfe / Pesca (plano aberto)

Função de interação > Atitude


O posicionamento do corpo do participante representado em relação ao
leitor pode projetar maior ou menor envolvimento ou distanciamento. A
atitude é realizada através do ângulo em que o
participante é captado na imagem, como se
pudéssemos girá-lo em torno de um eixo vertical,
tendo, assim, três posicionamentos de referência:
de frente, de lado ou de costas. O maior
envolvimento é criado com o uso de um ângulo
frontal, ou seja, dispõem-se o participante e o leitor
de frente um para o outro. Já o distanciamento
acontece por meio de ângulos oblíquos, em que o
participante representado é posicionado de lado em
relação ao leitor. Marcha (ângulo oblíquo)

Função de interação > Poder


A partir de um eixo horizontal, o participante pode ser representado num
contínuo que varia entre ângulo alto, em que o leitor observa a imagem de um
ponto de vista superior, interpretado como de maior poder; nível do olhar,
expressando igualdade de poder entre participante e leitor; e ângulo baixo,
evidenciando poder do participante representado em relação ao leitor.

Biblioteca (ângulo alto). Palestrante (ângulo baixo).


Fonte: https://bit.ly/2Nt7eJY Fonte: https://bit.ly/2NvKLvW

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Também deve ser levado em consideração o grau de modalidade das
imagens (se uma imagem é percebida como mais real ou menos real) e a escala
de iconicidade: algumas imagens, como é o caso das fotografias, são mais
naturalísticas, outras são mais esquemáticas até as abstratas.
No caso específico das imagens naturalísticas, as que são em preto e
branco terão a modalidade mais baixa, mas as que têm as cores mais saturadas
terão uma modalidade, neste caso, um pouco menos baixa, mas também não
serão percebidas como reais.

Imagem com alta modalidade. Mesma imagem com modalidade mais baixa.
fonte: https://bit.ly/2uMsXVD fonte: https://bit.ly/2uMsXVD

Além da saturação, modulação e diferenciação das cores, outros


marcadores podem influenciar na percepção da modalidade (da realidade) de
uma imagem como são: o detalhamento, a contextualização (presença ou não
de fundo), a profundidade, a iluminação e o brilho.
Observem que nesta série de quatro imagens o pictograma do extremo
direito tem um grau ou nível de iconicidade maior que as outras imagens, ou
seja, representa o mesmo participante e situação (uma professora dando aula)
de uma forma mais esquemática (Imagem figurativa > Imagem simbólica).

FUNÇÃO DE COMPOSIÇÃO
Por fim, a função de composição nos permite descrever a organização
dos elementos representados na imagem conforme o espaço que ocupam no
todo da imagem ou da página multimodal – aquela constituída por imagem e
texto verbal. Essa combinação dos elementos na forma de texto e seus
respectivos sentidos pode ser observada a partir de três aspectos principais: a)

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o valor da informação (a disposição de um elemento que lhe confere valores
particulares conforme a área da página que ocupa); b) enquadramento
(presença ou ausência de “molduras” que expressam conexão ou desconexão
entre os elementos do texto); e c) saliência (recursos que atraem a atenção do
observador para determinados pontos ou participantes na imagem – tamanho
relativo, cor, contraste e posicionamento em primeiro plano ou segundo
plano).

Função de composição > Valor da informação


Em se tratando de diagramação da página, os elementos que compõem
os textos visuais são, geralmente, distribuídos nas seguintes posições: a)
esquerda e direita; b) topo e base; e c) centro e margem. Conforme a
diagramação adotada, estamos culturalmente propensos a atribuir
determinados valores a cada item representado conforme a área do texto em
que está localizado, o que significa dizer que não há uma interpretação
universal, nem puramente individual desse texto, ou seja, o momento
individual de leitura é informado pelo meio social no qual o leitor está inserido.
Na cultura ocidental, as posições complementares esquerda/direita
estão associadas aos valores de informação dado/novo, respectivamente.
No ambiente representado na
imagem do lado, identificamos duas
áreas distintas, formadas pela linha
divisória da luminária. A área da
esquerda, na qual aparece a prateleira
de livros, coincide com a informação
dada e a área da direita, na qual está
um computador de mesa, coincide com
a informação nova. Uma interpretação
possível é a de que, em se tratando de
Livros e computador (Dado / Novo)
tecnologias e meios de informação, os
livros são ferramentas bastante familiares, enquanto os computadores são
ferramentas relativamente recentes, com potencial ainda inexplorado para
muitas pessoas.
Um exemplo clássico de dado/novo ocorre nas seções “antes e depois”
em revistas de beleza, nas quais a foto da esquerda representa a informação
conhecida – a pessoa antes da transformação –, enquanto a foto da direita
apresenta o novo – a pessoa após a transformação, evidenciada como uma
nova pessoa.

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Exemplo de composição dado/novo. Informação sobre a avaliação do
MEC no lado direito do banner. Fonte. Site da UFAL, abril de 2018.

Por sua vez, a diagramação organizada entre as áreas topo/base expressa


os valores de informação ideal/real. Segundo essa organização, o elemento
posicionado na parte superior da página é apresentado como ideal, seja porque
contém a informação genérica, seja porque apresenta uma situação idealizada.
Em contrapartida, o elemento posicionado na parte inferior representa o
real, ou porque especifica o elemento superior, apresentando os detalhes da
informação, ou porque descreve os aspectos concretos da proposta. Um caso
típico dessa configuração são os anúncios publicitários em revistas, nos quais a
parte superior apresenta imagens idealizadas do produto em uso, geralmente
enfatizando os benefícios emocionais resultantes do produto, por exemplo,
uma família feliz assistindo confortavelmente aos jogos da copa em um
televisor de última geração, enquanto a parte inferior do anúncio contém
imagens e/ou texto verbal fornecendo os detalhes técnicos do produto, no
caso do televisor, por exemplo, dimensão da tela, resolução, tipos de entrada,
etc.

Exemplo de composição ideal/real com informações na parte inferior sobre um curso online
de cultura espanhola divulgado pelo Ministério da Educação

Parte 2 – GDV e letramento visual


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Por fim, na oposição centro/margem, os elementos posicionados no
centro representam a informação principal, enquanto que os elementos
dispostos nas margens possuem valor de informação complementar ou
acessória em relação àquela do centro.

Composição centro-margem em mural na UFAL, marco de 2018.

Ainda que se apliquem a uma diversidade de textos, é importante


salientar que as categorias dado/novo, ideal/real,
central/marginal foram concebidas a partir da
análise de textos imagéticos do mundo ocidental, o
que significa dizer que não devem ser diretamente
transpostas para outras culturas. Assim, diferentes
contextos e diferentes gêneros textuais podem
requerer uma análise localizada dos valores da
informação.

Função de composição > Enquadramento


Quanto ao enquadramento, observamos em que medida os elementos
que compõem a imagem são representados como estando interligados,
separados ou, ainda, segregados.
Percebemos os elementos como interligados quando há ausência de
linhas divisórias entre eles, sugerindo que tais elementos não devem ser vistos
como informações separadas, mas devem ser compreendidos a partir de sua
inter-relação com os demais elementos que compõem o texto visual. Tal ideia é
exemplificada na figura a continuação, na qual a moldura utilizada separa o
elemento $, representando dinheiro, das moedas específicas de cada país
(libra, franco e yen), o que pode sugerir a interpretação do $ como o elemento

Parte 2 – GDV e letramento visual


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genérico desse texto visual, enquanto as
moedas funcionam como exemplos ou tipos de
$. Além disso, também podemos sugerir uma
interpretação adicional quanto ao valor de
cada moeda, na qual a mais valiosa dentre as
três representadas (libra) se encontra mais
próxima do elemento principal,
compartilhando com ele, em certa medida, o
valor sugerido pela moldura, enquanto o
Moedas (Moldura)
franco está um pouco mais distante, em
segundo lugar de valor, e o yen em último
lugar em termos de valor monetário comparativo.

Rima visual, repetição e coordenação de cores


No enquadramento, a rima visual (visual rhyme) é quando dois
elementos, embora separados na mesma composição espacial, são percebidos
como tendo a mesma caraterística (por exemplo, igual cor ou igual forma) (VAN
LEEUWEN, 2005, p. 12-3). A repetição em uma rima visual é o recurso coesivo
para estabelecer a similaridade ou conexão entre os elementos.2 A coesão
pode ser favorecida não apenas pela repetição, mas também pela presença de
uma "coordenação de cores" (por exemplo, no uso de uma mesma paleta ou
esquema de cores) (KRESS; VAN LEEUWEN, 2002, p. 349).
A coordenação de cores é outra estratégia empregada para uniformizar
e estabelecer relações de semelhança ou diferença entre determinados itens
da imagem. Na figura da cidade de San Diego, vista anteriormente, tanto a
água quanto as embarcações, os edifícios e o céu da cidade, estão
representados com tons de dourado, o que denota uniformidade entre os
elementos do texto visual, contribuindo, assim, para dar continuidade à ideia
de riqueza já discutida no item “Representações Conceituais”.

Função de composição > Saliência


Com relação à saliência, observamos as estratégias utilizadas para dar
maior ou menor destaque a certos elementos no texto visual. Dentre essas
estratégias, podemos destacar o tamanho relativo dos elementos que
compõem a imagem, a coordenação entre as cores utilizadas, bem como o
posicionamento desses itens em primeiro ou segundo plano.
Uma das formas de se denotar saliência é explorando variações no
tamanho de determinado elemento em comparação aos demais elementos na
2
As rimas visuais são muito utilizadas nas propagandas para ressaltar a conexão entre a "promessa
do produto" e o produto (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006[1996], p. 204).

Parte 2 – GDV e letramento visual


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imagem. Na figura podemos ver que a chave é
representada em um tamanho desproporcional
ao da mala, o que pode significar a maior
importância dada à chave enquanto instrumento
que permite o acesso privado ao guarda-
volumes.

Guarda-volumes (Tamanho
relativo)

Outra estratégia que pode conferir saliência a um elemento é a sua


visualização em primeiro plano em relação aos demais componentes da
imagem. Na figura vemos uma sala de aula com uma das crianças em primeiro
plano, o que parece intensificado pelo fato dela aparecer mais nítida. Tal
posicionamento contribui para que interpretemos a menina com o dedo
levantado como sendo o foco da composição.

Criança em sala de aula (primeiro plano) (DELPONTI, 2016) https://bit.ly/2v2OGsk

Os princípios de composição de linearidade (linearity) e de


modularidade (modularity) são mostrados em Kress (2015) por meio de dois
exemplos de websites. Um deles, mais textual, e outro, com mais imagens e
menos texto, ou seja, mais fragmentado, mais modular. Se a linearidade
aparece como um indicador social de ordem e hierarquia, de forma que o leitor
precisa seguir a ordem indicada pelo autor; na modularidade, em câmbio,

Parte 2 – GDV e letramento visual


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23
aparecem várias opções entre um conjunto de possibilidades, e o visitante
escolhe o elemento de seu interesse (KRESS, 2015, p. 61).3
Os caminhos de leitura, de acordo com Kress e van Leeuwen (2006, p.
218) são criados pelas diferenças de saliência, pelo grau em que alguns
elementos atraem a atenção do leitor/observador sobre determinados
elementos. As diferenças de saliência podem ser realizadas pelas diferenças de
fundo ou tamanho, destaque em negrito, contraste de tom ou da cor,
estabelecendo uma hierarquia entre os elementos que devem guiar o
movimento dos olhos do leitor/observador.
PARA PENSAR 5 - Quais serão os prováveis caminhos de leitura nestes
exemplos: no infográfico “Rios Voadores” (exemplo 1), na lista sobre tipos de
assédio (exemplo 2) e na linha de tempo com a história da bicicleta (exemplo
3)? Argumente suas respostas.
Exemplo 1:

Fonte: https://goo.gl/BFfVKK

3
A modularidade inverte as relações sociais e de poder entre o produtor e leitor. O leitor quando faz
sua escolha, pode ser considerado também um (co)designer (DOMINGO; JEWITT; KRESS, 2015, p.
256, 264). A tendência na atualidade é de uma maior modularidade, impulsionado pelo uso
crescente de smartphones e aplicativos.

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Exemplo 2:

Pacheco (2018) fonte: https://goo.gl/dUCEMm


Exemplo 3:

Fonte: https://goo.gl/o6zNdM

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Outros elementos a considerar (cores e tipografia)
As cores são também importantes nas análises baseadas na semiótica
social. Kress e van Leeuwen dedicam a última parte da segunda edição do livro
Reading Images (2006) ao tema das cores.
Van Leeuwen, em um trabalho posterior, intitulado The language of
colour (2011b), nos oferece mais informações sobre a relação entre as
metafunções e as cores.
Na metafunção ideacional (representacional), as cores podem ser
utilizadas para denotar, de forma específica ou genérica, lugares, coisas, classes
e pessoas [...]; na interpessoal (interacional), assim como a linguagem permite
realizar atos de fala, as cores permitem realizar atos de cores [...]; e na função
textual (composicional), também podem ser usadas para criar coerência entre
os diferentes elementos de um todo ou para distinguir as partes (van
LEEUWEN, 2011b, p. 11). Nessa citação, o autor atenta para o aspecto visual e
comunicativo das cores, pois elas são tão representativas na comunicação ao
ponto de que uma única cor pode sinalizar uma ou mais informações sem
dispor de nenhum outro recurso semiótico. Um exemplo está na função
importante que podem ter as cores para o reconhecimento de uma
determinada marca de produto, uma regra social (por exemplo, a cor amarela
para simbolizar a atenção, o vermelho para simbolizar o perigo, alarme,
cuidados médicos, etc.). As cores também funcionam como pictogramas nos
gráficos, pois servem para demarcar itens, por exemplo, nas legendas dos
gráficos e mapas (NASCIMENTO, 2013, p. 131).
Menezes e Pereira (2017) com base em Tornquist (2008), Heller (2014) e
Pastoureau (1997) mostram exemplos de associações por semelhança e por
convenção de diversas cores:

(MENEZES; PEREIRA, 2017, p. 324).

Estas autoras citam Arnkil (2013, p.144) quem observa que “quanto mais
naturalística e intuitiva a conexão entre a cor e os dados, mais fácil será a

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26
leitura das informações.” Desse modo, pode-se inferir que, em imagem ou
construções multimodais, as representações por semelhança tendem a ser
mais rapidamente decodificadas; seguidas das associações por convenção (nas
quais o leitor recorre ao seu repertório cultural para entender a informação); e,
por fim, conexões arbitrárias seriam, em tese, mais difíceis de compreender, ao
exigir o aprendizado do código durante o processo de leitura (MENEZES;
PEREIRA, 2017, p. 324-325).
Menezes e Pereira (2016) analisaram o uso das cores em infográficos. As
autoras se valeram da classificação com quatro funções proposta por Tufte
(2011), segundo a qual a cor é usada para rotular (distinguir elementos com
conteúdo informacional diferente), mensurar (para apresentar informações
que relacionam e comparam dados quantitativos), representar (como
representação ou imitação da realidade) e decorar (servindo a cor de elemento
estético para atrair a atenção do leitor usuário para uma determinada
informação), mas observaram que merece ser acrescentada uma quinta função
da cor, neste caso como elemento de informação, que é quando a cor é
utilizada para agrupar categorias distintas e direcionar a ordem de leitura,
contribuindo para hierarquização da informação, e dando destaque ao
conteúdo que deve ter maior relevância (MENEZES; PREREIRA, 2016, p. 4691).
Estas mesmas autoras, em um trabalho de 2017 apresentaram uma
proposta de categorização que organiza as ações e efeitos da cor em três
conjuntos de funções: perceptivas, indicativas e representativas. O modelo foi
aplicado na análise de quatro infográficos jornalísticos, publicados em revistas
brasileiras de grande circulação e as análises confirmaram a relevância da cor
para a clareza, ênfase e organização da informação visual.

(MENEZES; PEREIRA, 2017, p. 327).

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As autoras concluíram que a ferramenta de análise proposta foi
adequada e que a “ a classificação das funções e sua descrição individualizada
mostraram-se úteis, ao permitir um exame detalhado das cores e do papel que
desempenham no design” (MENEZES; PEREIRA, 2017, p. 338).
A tipografia, além de ser o conduto da narrativa verbal, também é um
elemento visual e recurso semiótico com seus próprios potenciais de
significação (VAN LEEUWEN, 2005, 2006; NORGAARD, 2009; SERAFINI,
CLAUSEN, 2012).
A tipografia era antigamente estudada
com foco na legibilidade e não se lhe dava
suficiente importância como recurso
semiótico (VAN LEEUWEN, 2006, p. 141). Esse
autor, alinhando os usos da tipografia com as
metafunções da LSF, acima comentadas,
mostra que a tipografia pode ser utilizada
ideacionalmente para representar
significados, ações e ideias, interpessoalmente
para realizar, enactar e estabelecer relações e
emoções e, desde o ponto de vista
composicional, para enquadrar e demarcar os
elementos de design como unidades,
Fonte: http://www.letreirospopulares.com
aumentando o destaque ou saliência de vários
elementos sobre o fundo.
Van Leeuwen (2006) descreve vários aspectos observáveis na tipografia
os quais produzem efeitos diversos. Entre eles:
▪ Espessura (mostrada comumente por meio de “negrito”). Torna a fonte
mais “cheia”, “pesada”.
O aumento do peso é frequentemente utilizado, é claro, para aumentar
a saliência, mas, ao mesmo tempo, pode ser utilizado metaforicamente,
para atribuir sentidos interpessoais e ideacionais. O negrito pode ser
utilizado para indicar “atrevimento”, “agressividade” ou “consistência” e
“substancialidade” [...]. O negrito parece ter um sentido mais negativo. Pode
ser utilizado para indicar “dominante”, “autoritário” (VAN LEEUWEN,
2006, p. 148 apud GUALBERTO; PIMENTA, 2016, p. 39).

▪ Expansão. Caracteres condensados (dispostos de forma bem próxima


uns dos outros), são “precisos, econômicos, preenchendo a página com
conteúdo” (p. 148). Caracteres largos se espalham, como se estivessem
num espaço ilimitado; eles podem ser vistos com uma conotação mais
positiva “promovendo espaço para respirar e transitar, enquanto os
condensados, em contrapartida, podem ser vistos como apertados,
superlotados, limitadores de movimento” (p.148).

Parte 2 – GDV e letramento visual


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▪ Inclinação: Letras mais inclinadas, remetem à escrita manual,
dando a ideia de pessoal, íntimo. Em contrapartida, quanto mais verticais,
os caracteres retomam a “letra de forma”, tipográfica, indicando a
produção em massa, o impessoal, o objetivo.
▪ Curvatura. Caracteres mais arredondados ou mais retos podem trazer
diferentes sentidos. Os primeiros tendem a indicar uma ideia de fluidez,
naturalidade, suavidade, enquanto os últimos trazem a noção de técnica,
masculinidade, objetividade.
Outros aspectos que podem ser observados na tipografia são: ▪ a
orientação, ▪ a regularidade (por caracteres mais tradicionais ou mais
modernos), ▪ o alinhamento (disposição dos caracteres como centralizados,
justificados, à esquerda ou à direita). Por último, ▪ o desenho próprio, ou seja,
a presença de caracteres exclusivos de uma determinada fonte, por exemplo, a
da empresa Coca-Cola (VAN LEEUWEN, 2006 apud GUALBERTO; PIMENTA,
2016, p. 40).
PARA PENSAR 6 - Depois de ler sobre estes temas, pense em todos os
aspectos que você conseguiria dizer para descrever da forma mais completa
possível como funcionam as cores e a tipografia em alguma destas
construções multimodais realizadas por alunos e professores, assim como do
letreiro do picolé baiano anterior.

Fonte: De todo tipo, Oi Kabum (2015) https://issuu.com/dsgkbm/docs/detodotipo/148

Parte 2 – GDV e letramento visual


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▪▪▪▪▪▪▪▪▪▪
UMA FERRAMENTA ADICIONAL PARA ANÁLISE DO TEXTO MULTIMODAL: O
modelo de letramento visual de Bamford
Bamford (2003) propõe um letramento visual baseado na análise da
sintaxe e da semântica de uma imagem. A sintaxe é a forma em que se
estruturam e organizam os elementos presentes na imagem. O letramento
visual inclui a composição gráfica das imagens (p. ex. formas, linhas , cores,
etc.) e leva em consideração outros aspectos como o posicionamento da
câmera, a edição e imposição de um ponto de vista (por exemplo, uma foto
tomada desde um ângulo baixo pode fazer parecer alguém mais impositivo e
pode mudar a simpatia por uma pessoa ou aumentar a tensão. Uma imagem
pode ser também manipulada alterando a proximidade (por exemplo, dando
zoom ou fazendo um close up).
Alguns exemplos de sintaxe visual incluem: •escala •dimensão
•destaque •posição •moldura •profundidade focal •cor •iluminação
•sombreamento •fluxo de movimento •justaposição de imagens •perspectiva
•tamanho relativo dos itens dentro da imagem •linhas •formas •direção •tom
•balanço de cores •harmonia •contrate •ênfase •manipulação •paródia,
•edição, •recorte, •etiquetado •simplificação •simbolismo •metáfora
•camadas •ordenamento •espaço •iluminação •reordenamento •relação
texto/imagem •primeiro plano •fundo da imagem (BAMFORD, 2003, p. 3).
No caso da semântica visual faz referências à forma como as imagens
participam no processo cultural de comunicação. Isto inclui a relação entre
forma e significado e também inclui a forma em que o significado é criado por
meio da forma e estrutura, as ideias construídas culturalmente que modificam
a interpretação dos ícones, símbolos e representações e a interação social com
as imagens.
Algumas perguntas podem ser feitas para desenvolver a compreensão da
semântica visual:
- Quem criou a imagem?
- Em qual ponto da história e em qual contexto a imagem foi criada?
- Quem encomendou a imagem?
- Com qual objetivo foi criada essa imagem?
- Em qual contexto essa imagem está sendo vista?
- Qual é a audiência esperada para essa imagem?
- Em qual mídia é vista essa imagem?
- O que é omitido, alterado ou incluído nessa imagem?
- Que história proporciona essa imagem?

Parte 2 – GDV e letramento visual


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- O que a imagem comunica sobre nossa identidade nacional ou
individual?
- O que a imagem disse sobre a sociedade?
- O que a imagem disse sobre um evento?
- Quais aspectos da cultura são comunicados pela imagem? (BAMFORD.
2003, p. 3).

Com base na Gramática do Design Visual (KRESS, VAN LEEUWEN, 2006) e


na Semântica visual (BAMFORD, 2003) com a sintaxe e a semântica de uma
composição multimodal, Nunes e Baptista (2016) oferecem um quadro
analítico que pode guiar nas análises de campanhas como as que estão no final
deste texto.
SINTAXE VISUAL
Função representacional Função interacional Função composicional
– Os participantes da – Há relação entre leitor e – Qual a relação entre a
imagem estão realizando participantes disposição do(s)
ações sobre outros representados? Como é participante(s)
participantes? estabelecida tal relação representado(s) e o resto
– Quais são as (olhar)? Qual foi o da imagem –
circunstâncias de tempo e possível intuito do (esquerda/direita;
espaço no qual o evento produtor da imagem topo/base; centro/
se desenvolve? estabelecer, ou não, tal margem)? Qual o possível
conexão? objetivo dessa disposição?
– A linha do olhar do
participante (humano ou – Que tipo de – Há (des)conexão entre os
personificado) afeta um enquadramento/ plano elementos da imagem?
objeto/participante? está estabelecido com o Qual o valor dessa
participante (des)conexão?
– Há balões de representado: uma
pensamento ou de fala? – Os participantes
relação íntima (close up), representados na imagem
Qual o intuito desses social (medium shot) ou
objetos dentro da possuem significativo
impessoal (long shot)? tamanho? Eles são
imagem?
– Em qual ângulo foi maiores/ menores em
– Os participantes estão capturado o corpo do relação aos itens do texto?
dispostos em grupos participante Por que tal diferença de
explícitos ou implícitos, representado? Frontal? tamanho?
possibilitando, assim, sua Obliquo? Que relação há
identificação? Por que a – As cores utilizadas
entre a captura do ângulo influenciam na construção
explicitude ou e os objetivos do produtor
implicitude? de significado do texto
do texto visual? visual? Que cores foram
-Há relação parte/todo – A partir do ângulo de realçadas e por qual
nas imagens? Qual o captura do participante motivo?
intuito do foco a um representado, qual a – O participante

Parte 2 – GDV e letramento visual


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objeto e não a outro? Que relação de poder representado encontra-se
representações são estabelecida entre tal em primeiro ou segundo
construídas e difundidas escolha angular e o plano? Qual a intenção do
– Há elementos extras na produtor do texto? autor em pôr o
imagem, construindo uma participante representado
representação? Que em tal plano?
representação pode estar
sendo construída? Qual o
objetivo do produtor da
imagem com tal difusão
de representação?
SEMÂNTICA VISUAL
– Que questões estão sendo mostradas na imagem?
– Como é a forma que a questão é mostrada na imagem? É semelhante ou diferente
de como você percebe essa questão no mundo?
– O que pode esta imagem significar para alguém que vê-la (lê-la)?
– Qual é a mensagem da imagem?
– De onde vem a informação na imagem?
– Que informação foi incluída e que informação foi deixada de fora?
– Que informação apresentada é factual / manipulada / enquadrada?
– Qual é a relação entre a imagem e qualquer outro texto?
– Qual o impacto que o tamanho dos elementos imagéticos tem dentro das
imagens?
– O que são ou que tipo de pessoa é representada na imagem?
– Quem criou a imagem e com que finalidade?
– Quem é o público-alvo da imagem?
– De quem é o ponto de vista difundido?
– Por que certa mídia foi escolhida para difusão da imagem?
– Por que uma determinada imagem foi escolhida?
– Por que a imagem está organizada dessa maneira?
– A informação está contida na imagem factual?
– Que dispositivos têm sido usados para fazer passar a mensagem para o
espectador/leitor?
– Como a mensagem foi afetada pelo que foi deixado de fora ou não é
mostrado?
– Que atitudes são assumidas?
– Que experiências ou pontos de vista são assumidos?
– O que a imagem diz sobre a nossa história?
- O que a imagem comunica sobre o nosso indivíduo ou identidade nacional?
- O que a imagem diz sobre a sociedade?
- O que a imagem diz sobre um evento?
- Que aspectos da cultura a imagem está comunicando?

Parte 2 – GDV e letramento visual


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TAREFAS
1- Descreva e analise, de forma comparativa, com base nas categorias da
GDV, os dois cartazes da campanha de prevenção da Hanseníase (de
2016 e 2018) ou as duas campanhas de vacinação (de 2012 e 2016).
2- A partir das perguntas elaboradas por Nunes e Baptista (2016) com
base em Bamford explique na próxima aula quais perguntas de
exploração de um desses cartazes você faria em uma aula com seus
alunos. Especifique o nível escolar desses alunos.
3- Faça uma lista com os termos novos que você aprendeu nesta unidade.

Campanha Hanseníase 2016 https://goo.gl/ndBQWT

Campanha Hanseníase 2018 https://goo.gl/5Kv7mU

Parte 2 – GDV e letramento visual


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Campanha de vacinação infantil 2012 https://goo.gl/KyXwbF

Parte 2 – GDV e letramento visual


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Campanha de vacinação infantil 2016 https://goo.gl/aiWsN8

Podem ver mais campanhas do Ministério da Saúde brasileiro em


http://portalms.saude.gov.br/campanhas

Parte 2 – GDV e letramento visual


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Este é mais um exemplo para que você pense e pratique a descrição de um
documento multimodal com base na GDV (de Kress e van Leeuwen) e o
letramento visual, segundo Bamford.

Campanha de hidratação direcionada para os usuários do metrô da Cidade do


México https://goo.gl/KSNYwv

Parte 2 – GDV e letramento visual


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PARA SABER MAIS (SOBRE GDV)

 Nesta obra, Clarice Gualberto, com seus alunos, descreve vários


gêneros multimodais desde a ótica da semiótica social e a GDV.
GUALBERTO, Clarice Lage (Org.). Muito além das palavras: leituras
multimodais a partir da semiótica social. São Paulo: Pimenta Cultural,
2017. https://www.pimentacultural.com/muito-alem-das-palavras

 Pode ser ilustrativa e útil a leitura da tese de doutorado que essa


mesma autora utiliza para estudar a multimodalidade de livros
didáticos de português.
GUALBERTO, Clarice Lage. Multimodalidade em livros didáticos de
língua portuguesa: uma análise a partir da semiótica social e da
gramática do design visual, 2016. 179 f. Tese (doutorado) – Universidade
Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, 2016.
https://goo.gl/2yCmr6

 Michelle Pinheiro analisa neste artigo a multimodalidade e o


letramento visual de alunos de um curso de espanhol ao compreender e
ressignificar em uma produção escrita um texto multimodal do livro
didático utilizado.
PINHEIRO, Michelle Soares. Multimodalidade e Letramento Visual na sala
de aula de Língua Espanhola: análise de uma atividade de produção
escrita. Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 16, n. 4, p.575-593,
2016. http://dx.doi.org/10.1590/1984-639820159956

Parte 2 – GDV e letramento visual


37
37
REFERÊNCIAS

BAMFORD, Anne. The visual literacy white paper. Adobe, 2003.


https://www.aperture.org/wp-content/uploads/2013/05/visual-literacy-wp.pdf
DELPONTI, Patricia (Coord.). La función de la imagen periodística. Conectar, demostrar y
proteger desde el aprendizaje académico. Cuadernos Artesanos de Comunicación, n. 107. La
Laguna (Tenerife): Latina, 2016. http://www.cuadernosartesanos.org/2016/cac107.pdf
DOMINGO, Myrrh; JEWITT, Carey; KRESS, Gunther. Multimodal social semiotics. Writing in
online contexts. In: ROWSELL, Jennifer; PAHL, Kate (Eds.). The Routledge Handbook of
Literacy Studies, London New York: Routledge, 2015, p. 251-266.
GUALBERTO, Clarice Lage. Multimodalidade em livros didáticos de língua portuguesa: uma
análise a partir da semiótica social e da gramática do design visual, 2016. 179 f. Tese
(doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Letras, 2016.
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/MGSS-A8KNM8
GUALBERTO, Clarice Lage; PIMENTA, Sônia Maria de Oliveira. Capas de livros didáticos sob as
perspectivas da semiótica social e da abordagem multimodal. Diálogo das Letras, v. 5, n. 1,
p. 31-50, 2016. http://periodicos.uern.br/index.php/dialogodasletras/article/view/2134
GUALBERTO, Clarice Lage. Multiletramentos a partir da Gramática do Design Visual:
Possibilidades e reflexões. In: XIV Simpósio Nacional de Letras e Linguística e IV Simpósio
Internacional de Letras e Linguística, 2013, Uberlândia. Anais do SILEL. Uberlândia: EDUFU,
2013. v. 3. http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/wp-
content/uploads/2014/04/silel2013_705.pdf
HODGE, Robert; KRESS, Gunther. Social semiotics. Ithaca, NY: Cornell University Press,
1988.
KRESS, Gunther. Semiotic work. Applied Linguistics and a social semiotic account. AILA
Review, v. 28, n. 1, p. 49-71, 2015. http://www.jbe-
platform.com/content/journals/10.1075/aila.28.03kre
KRESS, G. Gains and losses: New forms of texts, knowledge, and learning. Computers and
Composition, 22, p. 5-22, 2005. http://techstyle.lmc.gatech.edu/wp-
content/uploads/2012/08/Kress-2005.pdf
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading images: the Grammar of Visual Design. 2nd
ed., London/ New York: Routledge, 2006.
KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Colour as a semiotic mode: notes for a grammar of
colour. Visual Communication, v. 1, n. 3, p. 343-368, 2002.
MENEZES, Hanna França; PEREIRA, Carla Patrícia de Araújo. Funções da cor na infografia:
uma proposta de categorização aplicada à análise de infográficos jornalísticos. InfoDesign-
Revista Brasileira de Design da Informação, v. 14, n. 3, p. 321-339, 2017.
https://infodesign.emnuvens.com.br/infodesign/article/view/555
MENEZES, Hanna França; PEREIRA, Carla Patrícia de Araújo. O uso da cor como informação:
um estudo de caso dos infográficos da revista Galileu. In: 12° P&D 2016. Congresso
Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Blucher Design Proceedings, n. 2, v. 9,
Outubro de 2016, p. 4686-4697. http://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/o-
uso-da-cor-como-informao-um-estudo-de-caso-dos-infogrficos-da-revista-galileu-24639
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