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1ª Série

Ensino Médio Regular


1º Bimestre

SUPORTE DE APRENDIZAGEM PARALELA


SAP

LÍNGUA PORTUGUESA

2021
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Secretaria de Estado de Educação

Alexandre Valle
Secretário de Educação

Joilza Rangel Abreu


Subsecretária de Educação

Elizângela Lima
Superintendente Pedagógica

Maria Claudia Chantre


Coordenadoria de Áreas do Conhecimento

Assistentes de Coordenadoria
Catia Batista Raimundo
Carla Machado Lopes
Roberto Farias Silva

Autor(a) do Suporte de Aprendizagem Paralela (SAP)


Prof. José Aerton Rodrigues da Silva

Assessoria Pedagógica Equipe de Revisão


Prof. Alexandre Botelho José Prof.ª Andreia Cristina Jacuru Belletti
Prof.ª Ana Taisa da Silva Falcão Prof.ª Andreza Amorim de Oliveira Pacheco.
Prof. Anderson Luís Pinheiro de A. Filgueiras Prof.ª Cristiane Ramos da Costa
Prof. Carlos Eduardo Vianna Afonso Prof.ª Deolinda da Paz Gadelha
Prof. Cleber Gonçalves Pacheco Prof.ª Elizabete Costa Malheiros
Prof.ª Daniela Mendes Vieira da Silva Prof.ª Karla Menezes Lopes Niels
Prof. Leandro Triani Santos Prof.ª Kassia Fernandes da Cunha
Prof. Mario Matias de Andrade Junior Prof. Marcos Giacometti
Prof. Neimar Arzamendia da Silva Prof. Mário Matias de Andrade Júnior
Prof.ª Valéria de Fátima P. Plaisant Gonçalves Prof. Paulo Roberto Ferrari Freitas
Prof. Vitor Dantas de Moraes Prof.ª Regina Simões Alves
Prof. Wilhermyson Lima Leite Prof. Thiago Serpa Gomes da Rocha
COMPONENTE CURRICULAR
LÍNGUA PORTUGUESA
1ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO REGULAR
1º BIMESTRE

Competências do SUPORTE DE APRENDIZAGEM PARALELA - SAP


• Diferenciar texto literário de não literário e os gêneros principais.
• Considerar os aspectos da literatura de informação e a presença dos indígenas na literatura
dessa época e na contemporânea.
• Identificar as diferenças entre a crônica literária e crônica jornalística.
• Considerar fenômenos de variação linguística e de interlocução. Considerando ainda a
linguagem, suas funções e sentidos.
• Identificar normas ortográficas (acentuação, hífen)

Professor(a)-autor(a):

José Aerton Rodrigues da Silva


Professor da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro. Nasci no Estado de
Pernambuco e moro atualmente na cidade de Cabo Frio. Fiz todo o ensino
fundamental no meu estado de origem, minhas raízes educacionais estão na escola
pública, como também a faculdade. Quando cheguei ao Rio de Janeiro, eu sabia que
precisava estudar se quisesse ter a oportunidade de trabalhar em melhores lugares,
então me dediquei aos estudos e fiz faculdade de Letras na UERJ, sou apaixonado
pela linguagem e pela comunicação. Tenho duas filhas e uma netinha. Na rede
estadual do Rio de Janeiro trabalhei como professor e como diretor escolar, hoje
sou regente de turmas do ensino fundamental. Acredito na importância dos estudos
e na necessidade de ser sempre bom com o próximo.
SUMÁRIO

PRIMEIRO MOMENTO PARA O LEITOR ........................................................................................ 5

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ 5

AULA 1: TEXTO LITERÁRIO – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA ......................................................... 6

1.1. Texto literário e não literário – Variação linguística ............................................................... 6

AULA 2: GÊNEROS LITERÁRIOS – TEXTO E DISCURSO ......................................................... 10

2.1. Texto e discurso - gênero lírico, épico e dramático ............................................................... 10

AULA 3. ORTOGRAFIA – LITERATURA DE INFORMAÇÃO .................................................... 14

3.1. Normas ortográficas - literatura de informação ..................................................................... 15

AULA 4. LITERATURA INDÍGENA - SENTIDOS DO TEXTO .................................................... 19

4.1. O indígena na literatura – denotação e conotação. ................................................................ 20

AULA 5. CRÔNICA – FUNÇÕES DA LINGUAGEM ..................................................................... 24

5.1. Crônica jornalística e literária – Funções da linguagem........................................................ 24

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 28
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PRIMEIRO MOMENTO PARA O LEITOR

O presente projeto surge como uma possibilidade de nos aproximarmos ainda mais,
professores e alunos, por meio da linguagem. Para isso, contaremos histórias! Imagine aprender não
só lendo uma narrativa, seja na área do conhecimento da Linguagem ou das Ciências Matemáticas,
mas também ter a oportunidade de entender como um tópico de conteúdo tem sua utilidade na vida
prática. Aqui, será desenrolada uma narrativa que trará personagens fictícios, mas que, em alguma
medida, se fazem representar em um sem-número de estudantes de todos os segmentos educacionais,
regionais, étnico-raciais, de gênero, e de classes sociais do nosso Estado, com todo cuidado e de forma
a resguardar toda e qualquer intenção de caricaturização. Temos, igualmente, o cuidado de preservar
e de valorizar nossa pluralidade cultural e religiosa, como sociedade. Assim, a metodologia
utilizada pelos professores-autores dá conta de premissas alinhadas ao Storytelling e ao Aprendizado
Baseado em Problemas (PBL). Note-se que são premissas embrionárias, mas que de alguma maneira
já oportunizam o aprendizado calcado no protagonismo do estudante. Alinhado a tudo isso, os
estudantes ainda terão a sua disposição um elemento gamificado em ambiente de jogo, se constituindo
como um ponto agregador e que demarca a nova relação com o processo de aprendizagem,
desdobrando etapas que ultrapassam as páginas de manuais didáticos.
Seja bem-vindo a essa história que também fará parte da sua!

APRESENTAÇÃO

Dominar o próprio idioma conhecendo a norma culta da língua é uma habilidade que se exige
cada vez mais nas relações de trabalho. Aqueles que mais se destacam profissionalmente têm essa
competência em seus currículos. Além disso, é um instrumento para se impor diante de qualquer
opressão social que se projete sobre nós; é uma forma de fazer a leitura de mundo correta e melhor
entender o que acontece à nossa volta. São, esses tempos de agora, muito competitivos. Nunca na
história dependemos tanto do conhecimento e da ciência para nos mantermos no planeta terra. Para
isso, as pesquisas científicas são necessárias, mas elas não acontecem sem o domínio inicial do idioma.
Saiba se expressar e aí estará um homem que dificilmente será escravizado.
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AULA 1: TEXTO LITERÁRIO – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

No mundo de hoje, muitos preconceitos antigos persistem enquanto outros se modernizam. O


preconceito linguístico é um desses que se modernizaram e ganharam força. Entender que não existe
uma única forma de se expressar na língua é essencial, ajuda a enxergar as relações entre as pessoas
de uma foram mais igualitárias. Além disso, saber adequar a forma de falar às diversas situações, faz
de nós falantes competentes da língua portuguesa. Por outro lado, ter a percepção do que é um texto
literário e do que é não literário, nos dá a capacidade de distinguir as formas variadas da construção
textual e do emprego dos recursos para esse fim. Gostaria, caro aluno, de fazer um alerta para essa
aula e paras outras que se seguem nesse primeiro bimestre. Um personagem criado por mim e que se
chama “Rio”, vai interagir com vocês durante as aulas. Será sempre ele falando dos conteúdos. Como
ele é um personagem adolescente, não domina plenamente a língua portuguesa e fala com muitas
gírias. Dessa forma, se traz verdade para o personagem e ele consegue melhor interagir porque ele fala
mais próximo de como vocês se expressam no dia a dia.
Teremos, nessa aula, o objetivo de ajudá-los a entender os conceitos de variação linguística e
de texto literário para capacitá-lo melhor a enfrentar a comunicação nos tempos modernos de hoje.
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:
• Diferenciar texto literário de não literário.
• Identificar as diferenças estruturais e temáticas que distinguem crônica literária de
crônica jornalística.

1.1. Texto literário e não literário – Variação linguística


E aí, gente! Eu sou o “Rio”. Esse é meu apelido, gosto dele pra caramba!
Sou carioca, morador do bairro do Curau. Desde pequeno eu sou apaixonado pela
cidade do Rio de Janeiro, já tive até festa com tema que era a cidade. Muito
maneiro, geral curtiu a decoração do bolo e o painel, tudo doado pela patroa de
minha mãe. Ela até veio à festa e trouxe o filho dela, um playboy bom de onda. Foi
quando completei 13 anos. Hoje tenho 16.
Eu queria mesmo era falar pra vocês sobre um lance sinistro que
aconteceu em uma de minhas idas a Cabo Frio. Meus tios moram lá, sempre que dá minha família vai
lá visitar eles. As praias da Região dos Lagos, com todo respeito, são as mais bonitas que já vi. Já é!
Geral estava na casa de meus parentes quando chegou uma amiga de minha Tia e eu só a escutei falar
assim: “Eles não sabem nem português, imagina aprender inglês.” Geral caiu na gargalhada. Entendi
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que estavam falando da gente que estuda em escola pública. Vocês acham mesmo que a gente não sabe
falar português? A gente pode pensar um pouco sobre isso? Ajudem-me aí!
Já pensaram? Eu fui perguntar a um professor sinistrão, que tem lá no CIEP onde eu estudo.
Ele me disse umas coisas que eu queria dizer na cara daquela mulher de nariz empinado se eu soubesse
dizer do jeito bacana que ele fala. Foi mais ou menos assim nossa conversa:
- Professor, com todo respeito, o senhor acha que nós aqui da escola não sabemos falar português?
Ele me olhou surpreso e respondeu – Quem falou que vocês não sabem?
Disse para ele o que aconteceu. Então o professor me explicou que geral sabe falar português
muito bem. Ele explicou ainda que a maior prova disso é que quando a gente fala as pessoas nos
entendem. Pronto, fiquei feliz pra caramba. Ainda me disse que cada grupo fala de um jeito
diferente, então varia. Uns falam de um jeito, outros de outro, e ninguém fala melhor que a outra
pessoa, só varia mesmo. Perguntei se cada grupo social fala diferente por que o jeito de se expressar
de um é considerado errado e do outro não. O professor disse para eu pensar sobre isso e depois falar
com ele. Então pegou uma caneta e fez um treco no quadro que tem um nome esquisito, MAPA
MENTAL. Ele falou que era para eu entender melhor. Eu copiei e vou colocar aqui para vocês. Olha
aí!
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Fonte: criada pelo autor

Galera, eu fiquei bolado com esse MAPA MENTAL. Gostei demais.


E vocês, o que acham? Gostaria que a gente fizesse algumas tarefas para lembrar dessa nossa
conversa e discutir sobre variação linguística, pois é muito importante saber que não existe uma única
forma de se expressar na língua.
Um lance importante. A gente não sabe tudo e tá aprendendo ainda.
Os professores da escola podem nos ajudar bastante. Se liga aí! Se qualquer um
tiver dúvida numa resposta e não tiver ninguém por perto pra dar uma luz pra
vocês, vai lá no aplicativo da rede de ensino e MANDA A MENSAGEM PARA
O PROFESSOR DE PORTUGUÊS, ele pode não responder na hora, mas vai te
responder assim que puder. Valeu?

Primeiro problema proposto


Então vai ser assim, eu gostaria que vocês me ajudassem com dois exemplos de variantes
linguísticas (modos diferentes de se expressar na língua).
No primeiro, eu gostaria que vocês me dissessem o nome de um personagem dos gibis que todo
mundo diz que ele fala “errado”, fala caipira, mas que quando a gente lê entende tudo. Então, ele
seria um exemplo de alguém que fala muito bem o português, já que entendemos cada fala dele.
Qual seria? Ajudem-me aí.
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Segundo problema proposto


Escrevam aqui uma das falas dele, por favor. Estou curioso.
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Terceiro problema proposto


Agora vamos nos lembrar de uma pessoa famosa que todo mundo acha que ela fala um português
“perfeito” e escrever aqui? Quem seria essa pessoa? Pode ser um jornalista, um advogado, um
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professor, escolham um. Há muitas, cite uma. É bom lembrar que de acordo com o professor lá
da minha escola ninguém fala o português melhor do que outro, apenas é dito de maneira
diferenciada.
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E aí? Tô de volta. Tudo na paz?


Eu estava dando um rolé com umas minas e rolou um papo muito maneiro, a gente estava
falando sobre a letra de umas músicas antigas de Funk. Eu não sei se vocês conhecem o rap da
felicidade de Cidinho e Doca. Eu me amarro nessa música, eu cantei assim pra ela: “Eu só quero é ser
feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é”... (Fonte: https://www.letras.mus.br/cidinho-e-
doca/235293/)
Essa letra é um verdadeiro poema, lindona, e fala da realidade do morador de comunidade.
Deu para lembrar agora? Aí uma das minas disse que o professor dela, lá de Nova Iguaçu, levou um
violão pra sala e geral cantou, foi uma zoeira total. Então ele usou o funk para falar sobre o que é um
texto literário e um texto que não é literário, já pensaram nisso? Essa mina disse que como a letra
dessa música parece um poema, deve ser um texto literário, pois faz lembrar de livro, de literatura.
A mina, que saca de poema pra caramba, disse que os poemas são considerados textos
literários porque eles trazem as palavras mais trabalhadas dentro deles, disse que os poetas fazem
jogos de palavras, rimas. Do mesmo jeito que a rapaziada do Rap faz, rimando, dando uma
incrementada nas palavras para dizer mais bonito. Ela disse que eles fazem umas comparações,
metáforas, figuras de linguagem em geral.
As músicas das quais nós gostamos podemos dizer que são exemplos de texto literário porque
nelas aparecem jogos de palavras. Mas é assim mesmo que é um texto literário, ele diz as coisas de
forma mais bonita, mais elaborada, toca nos sentimentos da gente, ainda que nem sempre geral
possa entender o que ele diz. Se o texto é assim, então ele é literário. Vocês gostam de rimar? Qual
cantor de rap vocês curtem mais? Eu curto vários, me amarro no Projota.
Geral sabe que nem todo texto tem rima e nem todo texto usa figuras de linguagem ou procura
dizer as coisas de forma mais elaborada, poética. Há textos que apenas estão preocupados em passar
uma informação ou relatar um ocorrido. Esses NÃO SÃO textos literários.
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Finalizando a aula
Oi, gente! Aqui é o professor. Esse Rio é um garoto muito inteligente mesmo.
Com ele aprendemos, nessa aula, sobre texto literário – contos, romances, poesias e
outros mais. Já o texto não literário tem como marca a sua objetividade. Foi visto
também a importância de sabermos que existem formas diferentes de se expressar numa
mesma língua, são as chamadas variações linguísticas.

Expectativas de respostas:
1. Chico Bento da turma da Mônica;
2. Qualquer fala dele;
3. Pode ser um jornalista famoso e muito conceituado.

AULA 2: GÊNEROS LITERÁRIOS – TEXTO E DISCURSO

Conhecer o mundo implica saber ler esse mundo, seja a leitura de textos, interpretação de
imagens ou daquilo que se escuta. Os vários discursos que chegam até nós, precisam ser interpretados.
Assim, os conteúdos dessa aula ganham importância especial. Já o conhecimento dos gêneros literários
vai nos permitir melhor interagir com as infinitas produções que se faz desses gêneros, abrindo
possibilidades de melhor interpretá-los.
Para esta aula, teremos o objetivo de ajudá-los a compreender como se dão os discursos nos
diferentes gêneros literários.
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:
• Reconhecer as principais características dos gêneros literários básicos
• Identificar os processos de interlocução: texto e discurso.

2.1. Texto e discurso - gênero lírico, épico e dramático


E aí? Tudo beleza? Eu tô de boa. Vocês não vão acreditar onde eu estou... em Nova Friburgo,
ostentando por aqui...rsrsrs. Vim para cá, vai rolar um churrasco 0800 na casa de uns moleques que
moravam lá na Cidade de Deus e a gente sempre dava um rolé junto antes de eles se mudarem para a
Região Serrana.
Bom, pessoal. Eu tenho hoje algumas coisas interessantes para a gente discutir aqui. O Bola,
meu amigo aqui de Nova Friburgo, veio me perguntar se um quadro também pode ser considerado um
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texto. Eu nunca havia pensado nisso. O Bola é um moleque inteligente, pensa mais do que qualquer
outra pessoa que conheço. Todo mundo acha que quando ele crescer vai ser professor. Aí, a gente ficou
ontem um tempinho falando sobre isso. Papo impensável com a maioria da molecada que joga bola
comigo lá na minha área...rsrsrsrsrs. Ao final ele disse que tudo que pode ser lido é um texto, lendas,
contos, reportagens, etc. Eu fui anotando o que ele dizia, vai que o professor na escola fala sobre isso?
Aí, se eu já sei, vou tirar maior onda na aula! Ele explicou que em um quadro não tem texto, mas a
gente pode “ler”, essa leitura seria nossa interpretação da imagem que vemos na pintura ou na
fotografia. Pense bem, se a gente visse num quadro a pintura de um homem dançando balé em um
sinal de trânsito, um de vocês poderia interpretar que ele é pobre e tá ali pedindo dinheiro, outro já
poderia entender que o bailarino só estava ali para divertir as pessoas, já outro moleque poderia
entender que o cara só está ali para divulgar o espetáculo do qual ele vai participar. É ou não assim?
Cada um interpreta uma imagem do seu jeito, então o Bola me disse que se é assim, cada um faz uma
“leitura” diferente do quadro. Pronto, já entendemos de que forma uma pintura ou uma fotografia ou
um vídeo podem ser um texto, é quando a gente olha para eles e entende (lê) do nosso jeito. Isso é
sinistro demais. Sempre aprendo com esse moleque.
UM QUADRO PODE SER LIDO, INTERPRETADO, ENTÃO ELE PODE SER
CONSIDERADO UM TEXTO. UM TEXTO IMAGÉTICO. Vou desenhar para quem não
entendeu...kkkkkkkk
TUDO O QUE PODE SER LIDO É UM TEXTO
Tem outra coisa. O Bola me explicou outro treco maneiro, a diferença entre TEXTO e
DISCURSO. Para mim, discurso era só aquilo que político faz quando sobe num carro de som ou num
palanque e fica falando para o povo votar nele. Mas, meu amigo me disse que quando estamos falando
de linguagem dá para ver bem a diferença. Não sei como aquele moleque sabe disso, ele já está no
terceiro ano. Mas não é só isso, o moleque sabe muito. O Bola resumiu para mim, assim:
- Cara, texto é aquilo que você diz ou você escreve e discurso é o sentido do que você disse,
o significado daquilo que você quis dizer. Eu o ouvia calado e atento, nem piscava. Ele continuou:
“Tem uma música do Emicida, ele faz rap muito maneiro. Nesse rap que se chama ‘Quem tem um
amigo tem tudo’ ele fala do quanto é bom ter amigo de verdade” Engraçado galera, é que enquanto
dizia essas coisas ele se empolgava, parecia um professor, olhava pra frente de cabeça erguida e ia me
explicando. Esse é o link da música: https://youtu.be/hxsWMlVPdWg ou use o
QR Code ao lado. Se você quiser ouvir, é maneirona. Ele continuou me explicando
e dizendo que no caso desse rap, o texto era a letra da música e o discurso era
o quanto maneiro é quando a gente tem um amigo.
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Então,
pessoal, TEXTO É O QUE VOCÊ LÊ, O QUE ESTÁ ESCRITO. DISCURSO É A MENSAGEM
fica assim... QUE O TEXTO PASSA E REVELA A VISÃO DE QUEM ESCREVEU.

Primeiro problema proposto


Bora mostrar que a gente aprendeu? O professor mandou esse desafio aí:
De qual música você gosta? O desafio é simples. Copie aqui um trecho de uma letra dela, ou
seja, o texto, agora mostre que você aprendeu e em seguida diga qual é o discurso dessa música.
Indique o discurso em poucas palavras.
Texto_______________________________________________________________________

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Discurso_____________________________________________________________________

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Galera, o Bola trouxe uma crônica para eu ler, achei incrível o discurso dela. O cronista (o cara
que escreveu a crônica) teve umas ideias maneiras, mas eu preciso da ajuda de vocês para
entender algumas coisas. Nesta crônica diz que seria legal espalhar espelhos por todos os lugares,
por exemplo, no trabalho das pessoas. A ideia é que o espelho tivesse uma outra função sem ser
aquela de nos olharmos e vermos como estamos fisicamente. Ele diz que deveria ter espelho em
muitos lugares para que nós nos enxerguemos com outros olhos.
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Segundo problema proposto


Se for para se enxergar com outros olhos, então que olhos são esses? O que vocês acham que o
autor da crônica sugere que devemos enxergar em nós mesmos?
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Terceiro problema proposto


Quem vocês acham, seja uma pessoa famosa ou alguém de suas relações pessoais, que tem um
discurso humano, preocupado com o próximo ou que motiva as pessoas a serem melhores?
Podem dizer quem é essa pessoa e falar um pouquinho dela?
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É, minha gente bonita, esse Bola é mesmo um gênio! Ele me


disse que cada texto literário pertence a um GÊNERO diferente, é um
jeito que acharam para classificar esses textos. Ele fez uma tabela
assim pra mim:

GÊNEROS LITERÁRIOS EXEMPLOS


GÊNERO LÍRICO OS POEMAS
GÊNERO ÉPICO ou NARRATIVO OS LIVROS QUE CONTAM HISTÓRIAS
GÊNERO DRAMÁTICO AS PEÇAS DE TEATRO

Quarto problema proposto


Quero ver se vocês se ligaram no que o Bola falou, melhor, ensinou. É sinistro o moleque, me amarro na
dele. Vocês podem me ajudar a fazer uma tabela como essa aí de cima? SÓ QUE VAMOS COLOCAR
PARA CADA GÊNERO LITERÁRIO O NOME DE UM POEMA (lírico), DE UM LIVRO (no
narrativo) E DE UMA PEÇA DE TEATRO (no dramático).
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Devemos preencher os espaços em branco:

GÊNERO LÍRICO

GÊNERO ÉPICO ou NARRATIVO

GÊNERO DRAMÁTICO

As histórias dos super-heróis são histórias épicas, pertencem ao gênero épico. Qual dos super-heróis
é o mais maneiro pra você? Por que ele te agrada tanto? O meu preferido é o Capitão América, depois eu conto
por que gosto muito dele.

Finalizando a aula
E aí, pessoal. Aqui é o professor. Continuo muito feliz em ver como o Rio está interagindo
com vocês. Ele tem suas gírias mas não ensina nada errado “sinistrão”, como ele mesmo diz. Nesta
aula aprendemos que existem os gêneros literários lírico, épico e dramático, também foi possível
perceber a diferença entre texto e discurso. Vamos continuar a aprender com o nosso amigo Rio?

Expectativa de respostas:
1. Resposta pessoal;
2. Uma possível resposta seria como tratamos o próximo;
3. Resposta pessoal;
4. Resposta pessoal.

AULA 3. ORTOGRAFIA – LITERATURA DE INFORMAÇÃO

A acentuação das palavras em língua portuguesa é um desafio tanto para estrangeiros como
para nativos. Neste módulo veremos algumas dessas regras, em especial no que diz respeito às
mudanças surgidas com o novo acordo ortográfico. A hifenização é outra barreira a ser vencida,
aparece mesmo como um “monstro” de regras e de letras. Em meio a tantos desafios linguísticos
surgem os textos escritos no Brasil logo após o descobrimento. Eles trazem a visão dos enviados pelo
Rei de Portugal sobre a nova terra descoberta.
Tem então, essa aula, o objetivo de a partir de alguns pontos específicos e sem esgotar os
conteúdos para esse fim, ajudar o aluno a melhorar sua capacidade de acentuar bem como a de usar o
hífen adequadamente na língua portuguesa. Claro, em paralelo aos estudos da literatura no que diz
respeito à representação do índio.
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Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:


• Identificar normas ortográficas de (acentuação, hífen) a partir do novo acordo.
• Identificar nos textos da literatura de informação e nos jesuíticos as marcas das escolhas
do autor, da relação com a tradição literária e com o contexto sociocultural.

3.1. Normas ortográficas - literatura de informação

E aí, meu povo! Como estamos? Hoje vim fazer um trampo aqui em
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Foi a chance de levantar uma grana. Vou
passar o fim de semana aqui trabalhando. Bom, eu estava me lembrando de uma
aula de português que tive lá na escola ano passado. A professora Marta falou que
houve uma parada de um acordo ortográfico entre os países que falam o
português para que todos eles pudessem escrever da mesma forma. Aí, aqui pra
nós. Eu achava que só Brasil e Portugal falavam o português, mas há outros oito
países que falam o mesmo idioma nosso, deixa quieto. Ela mostrou pra gente
umas palavras que perderam o acento.
Eu queria que vocês me ajudassem com isso, tem uma lista de um montão de palavras, eu
achei só três:

Tinham acento antes, eram assim:


PLATÉIA - ASSEMBLÉIA - IDÉIA

Essas três palavras não têm acento mais hoje, elas foram modificadas nesse novo acordo
ortográfico. Ficaram assim:
PLATEIA - ASSEMBLEIA – IDEIA

Podem me ajudar? A professora Marta disse que todas as vezes que aparecerem os ditongos
abertos EI e OI no meio das palavras, não tem mais acento.
Mas prestem atenção, TEM QUE SER O “ei” e o “oi” COM O MESMO SOM que aparece
na palavra “ideia” e na palavra “boia”.
Galera, se liga que o som de “ei” na palavra gostEI é diferente do som de “ei” na palavra
idEIa e de “oi” na palavra bOIa.
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Primeiro problema proposto


Para facilitar minha vida, eu fiz uma lista de palavras que estou sempre escrevendo e fico com
dúvida. Gostaria que vocês marcassem aquelas que estão corretas sem ter o acento conforme
a explicação da professora e que eu coloquei acima. É para ficar de olho a fim de não acentuar
se tem “ei” ou “oi” (com o mesmo som que tem em “idEIa” e na palavra “bOIa”) no meio da
palavra. Se a palavra estiver certa, você põe um C se estiver errada um E.

( ) APNEIA ( ) ESTREIA ( ) HERÓICO ( ) TROIA

( ) BOIA ( ) BOLÉIA ( ) GELEIA ( ) APOIA

( ) JIBOIA ( ) JOIA ( ) TIPÓIA ( ) PANACEIA

Tem outro lance que todo mundo erra quando vou escrever, eu me lembro disso muito bem.
Outro dia eu corrigi um moleque e ele ficou bolado comigo, tirei onda com ele. É um parceiro amigo.
Ele me mandou um zap e escreveu assim:
- Rio, vou à rua agora com minha mãe comprar um microondas para ela e uma fantasia do
superhomem para eu ir a uma festa.
Eu não aguentei, respondi zoando dizendo que se ele continuar escrevendo MICRO-ONDAS
errado (porque essa palavra tem hífen) e, se também escrever SUPER-HOMEM errado (porque essa
palavra também tem hífen) não vai comprar nenhuma das duas coisas. Ele respondeu bem bolado e eu
só ri.

Pois é, tem um monte de palavras que precisam ser escritas com hífen, vou colocar aqui
uma lista delas.
Recém-formado / além-túmulo / super-homem / ex-namorado / vice-diretor/ sobre-humano/
Também tem muitas que precisam ser escritas sem hífen, vou colocar aqui uma lista delas.
Autoavaliação / autoescola / autoestima / coautor / infraestrutura

Segundo problema proposto


Eu gostaria de ajudar o meu amigo mandando para ele uma lista de cinco palavras que se
escrevem com hífen, então eu gostaria que vocês me ajudassem a encontrá-las, a ideia é que ele
aprenda como escrevê-las e nunca mais esqueça. Vamos tentar lembrar de algumas? Escrevam
cinco aqui, por favor, e depois verifiquem na internet se está correto mesmo. Não pode ser
nenhuma que já apareceu acima.
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Terceiro problema proposto


Aqui, pessoal! Esse meu amigo me mandou um zap pedindo um desafio. Ele disse para eu
mandar uma questão sobre como usar ou não o hífen nas palavras, eu mandei essa aqui. Vocês
podem ir no QR code aqui ou no link para buscar ajuda e responder também. Vamos ver se fazem
antes dele e acertam?

As frases nas quais as palavras sublinhadas estão erradas (em duas delas) quanto ao uso do
hífen são:
a) Fiz algumas obrasprimas.
b) O pão de ló estragou
c) Minha mãe cultivava sempre-vivas
d) Tem uma semi-reta nesse modelo.
Visite em:
e) Os tenentes-coronéis chegaram. https://brasilescola.uol.co
m.br/gramatica/emprego-
do-hifen.htm

Quarto problema proposto


Acho que não sei o significado de duas palavras, galera. Vocês poderiam me ajudar? Fiquei
boladão quando vi que não entendia o que elas querem dizer. As palavras são:

obras-primas semirreta

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Se liguem aqui! Vocês sabem qual foi a primeira carta ou documento escrito no Brasil? Eu
descobri isso, é muito maneiro. A história diz que nas caravelas de Pedro Álvares Cabral (quando ele
descobriu o Brasil) veio junto um cara chamado Pero Vaz de Caminha. Nome esquisitão. Tranquilo!
Esse camarada é quem escrevia tudo para o Rei de Portugal do que acontecia durante a viagem. É
como se ele fosse um jornalista relatando aquilo que vê, só que ele relatava para o Rei, era um escrivão
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de vossa majestade. Então, quando a esquadra de Cabral chegou aqui, Pero Vaz escreveu uma carta
muito longa para o Rei de Portugal e nela ele relata tudo o que pôde ver. Claro que naquela época o
nosso país ainda tinha a maior parte de seu território coberto por florestas, bem diferente do
desenvolvimento urbano que temos hoje. Esta carta foi então reconhecida como o primeiro documento
escrito no país, entrou para a história.
Agora pense nos milhares de textos, livros que são escritos todos os dias no Brasil, aquele foi
o primeiríssimo. É a primeira manifestação literária que tivemos. A carta foi escrita em 1º de maio de
1500, faz tempo pra caramba. Encontrei um trecho dessa carta, vou colocar abaixo:

Fonte: criada pelo autor

“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos


corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal.
Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda
tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural”
Fonte: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf

Já leram? Caso não tenham entendido muito, não se preocupem, ela está escrita num
português bem difícil de entender. Mas dá pra gente fazer um esforço para compreender um
pouquinho. Beleza?
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Quinto problema proposto


Coloquei abaixo algumas perguntas para a gente ir tentando entender esse pequeno trecho da
carta, dizem que ela tem umas 15 páginas ou mais, já imaginou? Acho que a gente consegue
responder juntos. Vocês podem ir trocando ideias com um outro colega, ou amigo. Vou querer
saber de suas respostas, valeu?
a) Quem eram essas pessoas que Pero Vaz estava descrevendo carta?
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b) Parece que elas estão vestidas ou não?


______________________________________________________________________

Finalizando a aula
Olá, pessoal! Sou eu outra vez, o professor. Nesta aula nós vimos qual foi o primeiro
documento oficial escrito no Brasil, a carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal. Também
vimos a acentuação de palavras que têm ÓI, ÉI e ÉU. Em seguida a questão dos hifens. Eu sei que não
é fácil lembrar de como usá-los, mas o Rio apresentou para
vocês de uma forma bem simples e eficiente. Esse garoto vai longe e vocês podem também. Estudem
sempre. Um abraço, pessoal.

Expectativa de respostas:
1. Todas com acento estão erradas;
2. resposta pessoal;
3. a) e d);
4. Semirreta: é uma reta que tem início (marcado por um ponto), mas não tem fim. a mais bela obra
de um artista, de uma época, de um gênero etc.;
5. a) Índios; b) Não.

AULA 4. LITERATURA INDÍGENA - SENTIDOS DO TEXTO

A presença do indígena na literatura brasileira foi marcante em alguns períodos. Desde a carta
de Pero Vaz de Caminha até os escritos contemporâneos, os indígenas se fazem presentes. Primeiro
como selvagens, depois como almas que careciam da salvação eterna. Hoje, além de protagonistas, os
nativos brasileiros são também escritores de suas próprias histórias, visto que o número deles no
mundo editorial só tem aumentado. Aprender sobre eles é aprender sobre nós. Para isso, essa aula
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conta com o conhecimento da diferença entre texto conotativo e texto denotativo. A partir de ambos é
possível encontrar ajuda para se aproximar mais da história dos nativos brasileiros e de suas
manifestações culturais. Para esta aula, teremos o objetivo de ajudá-lo a compreender como se se
comportam os textos denotativos e conotativos, bem como a presença do indígena em partes
importantes da literatura brasileira.
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:
• Analisar e avaliar a presença do indígena na literatura de informação, na jesuítica e na
literatura contemporânea.
• Distinguir o sentido denotativo e conotativo.

4.1. O indígena na literatura – denotação e conotação.

E aí, muita zoeira? Tá brabo, galera, tem muita coisa para estudar na
escola. Mas não tem jeito, sem estudar a gente tá na maior roubada. Eu nunca me
esqueci de um professor de matemática que se aborreceu com os moleques que
estavam zoando a aula dele. Ele parou a aula e disse muita coisa para a turma toda
se ligar na importância de estudar, mas teve uma frase que eu nunca esqueci.
- Quer tirar onda? Vai estudar. Disse o professor olhando sério pra todo
mundo. Entendi que a grande onda mesmo são os estudos, o resto é só zoeira. Fica
a dica aí.
Ah, tem um treco aqui que eu gostaria de desenrolar com vocês, sentido conotativo e
denotativo. Estão ligados no que é isso? Eu estava vindo de Nova Iguaçu, então peguei o trem até a
Central do Brasil. Sentei ao lado de uns caras engravatados que falavam um pouco alto. Fiquei
prestando atenção na conversa deles já que era impossível não ouvi-los. Em dado momento, um disse
que aquilo que havia dito estava no sentido conotativo e não no denotativo. Não entendi nada!
Resolvi pesquisar. Foi isso aí que encontrei.

Primeiro problema proposto


Vamos pensar juntos? Eu me lembrei de umas frases que a gente escuta geral falar por aí.
1. “Ele fica uma fera quando está concentrado”
2. “Essa garota é uma flor”
Para vocês, qual o sentido de cada uma dessas frases?
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- O rapaz é um monstro de verdade na frase 1? Explique:


____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

- A garota é uma flor de verdade na frase 2? Explique:


____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

____________________________________________________________________________

- Denotação é a forma de uso e manifestação da linguagem em seu sentido literal, ou seja, o


real mesmo. - A conotação é a forma de uso e manifestação da linguagem em seu sentido figurado,
ou seja, quando o sentido não é real.

Segundo problema proposto


Agora, vamos observar essas outras frases.
1. “No zoológico, os leões são as feras que atraem muitos visitantes.”
2. “As flores cresceram bastante”
3. “Tinha alguém morrendo naquela praça”
Para vocês na frase 1 fera é fera de verdade? __________; E na frase 2, são flores de verdade?
__________; Na frase 3 tinha realmente alguém morrendo? __________.

Acho que depois de responder a essas perguntas todas eu entendi melhor. Lembrei-me de
umas expressões que meu avô usava “Vai chover canivete”, “A cobra vai fumar”. Quando ele dizia
essas coisas não era no sentido real, ninguém acha que vai cair canivete do céu, era para dizer que a
situação iria ficar problemática. Esse também é o sentido da outra frase que ele usava. Ninguém vai
achar que uma cobra fuma de verdade. Então aí está o sentido figurado, o CONOTATIVO.
O outro sentido é o DENOTATIVO, pessoal. Ele apenas diz as coisas como elas realmente
são. Vocês concordam comigo que na letra das músicas e nos poemas aparece mais a linguagem
conotativa?
A gente pode concordar também que nos jornais e nas revistas a linguagem denotativa é a
que aparece mais? Acho que a gente tá formando um bom time e aprendendo pra caramba. Já disse
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para vocês que aprendi tudo isso pesquisando, está tudo na internet. Tem uns sites interessantes que
ensinam muito. Fui lá e saí cheio de conhecimento.
Galera, é claro que na maioria das gírias aparece a linguagem conotativa. Eu por exemplo
gosto de falar assim: “Geral perdeu a linha”. Se ligaram que quando eu digo isso não estou querendo
dizer que a pessoa tinha uma linha e perdeu, mas que ela está fora de controle? Então eu usei a
expressão perder a linha fora do seu sentido normal, assim eu usei a linguagem conotativa.
Alguém aí conhece algum indígena? Mas conhece mesmo, fala com ele? A gente esquece,
mas o estado do Rio de Janeiro era completamente habitado por eles, antes de os portugueses chegarem
aqui no Brasil. Fala aí, você conhece algum? Sem caô!
Meu avô me disse – o velho era safo pra em história – que antes de os portugueses chegarem
por aqui, havia mais de seis milhões de nativos no país. É gente pra caraca. Hoje, as populações
indígenas foram muito reduzidas.
Alguém aí já escutou alguma música que fala de indígenas? Eu nunca, mas sei que existe.
Vou dar uma moral pra vocês, eu encontrei num site o nome de alguns livros que foram publicados
em nossos dias por indígenas e que conta histórias deles, olha que maneiro.

“A MULHER QUE VIROU URUTAU”


“COISAS DE ÍNDIO”
“METADE CARA, METADE MÁSCARA”

Isso é pra gente perceber que as histórias dos indígenas e sua cultura
sempre foram escritas no Brasil e continuam assim sendo feitas. Vou deixar
aqui o link e o QR Code, para vocês acessarem e lerem uma entrevista bem
curtinha que a professora Julie Dorrico, que é descendente de nativos, deu para o
site Literatura RS.
Visite em:
Esses livros escritos hoje, sobre os primeiros habitantes do Brasil contam https://literaturars.com
.br/2019/07/01/panora
suas histórias e procuram valorizar e a reafirmar a cultura deles. É uma forma ma-da-literatura-
indigena-brasileira-
de preservação, de proteção. Boa parte desses livros é escrita por autores entrevista-com-julie-
dorrico/
indígenas, galera.
Daniel Munduruku | Eliane Potiguara | Maria Kerexu | Olívio Jekupe
(são todos autores indígenas em atuação hoje no Brasil)
Sabe de que me lembrei agora? Lembrei-me da carta de Pero Vaz de Caminha. A gente já viu,
na aula 3, um pedacinho da carta dele para o Rei de Portugal. Naquele trecho da carta contava
exatamente como eram os nativos que eles encontraram quando chegaram por aqui. Tô sabendo muito,
galera! Já é!
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Padre José de Anchieta | Padre Manuel da Nóbrega | Fernão Cardim

Perguntei ao meu professor de História e ele me disse que esses três nomes acima foram
homens que fizeram registros sobre os índios lá no início, logo após o nosso descobrimento. Cada um
fez do seu jeito, cada um tinha seus propósitos, disse o professor. Os padres da Companhia de Jesus
(Os Jesuítas) faziam uma literatura voltada para catequisar, falar de Deus para os nativos. Se liga,
Fernão Cardim se preocupava em descrever, mostrar as belezas naturais do Brasil. Ele mostrou ter
muita admiração por nosso país. Seus escritos muitas vezes detalhavam até os alimentos que os nativos
preparavam, como a mandioca e a farinha feita a partir dessa raiz.

Terceiro problema proposto


Então vamos preencher os espaços em branco desse quadro abaixo para a gente se lembrar de
algumas coisas maneiras que falamos aqui?

Quem escrevia? Escreviam sobre o quê?


Literatura de informação Os enviados pelo Rei de Portugal Descreviam os indígenas e sua cultura

Literatura Jesuítica

Literatura Contemporânea Autores de nossos dias

É maneiro pensar como hoje já tem até indígena escritor, e como eles fazem uma literatura
contemporânea em defesa da cultura dos povos indígenas.

Finalizando a aula
Olá, pessoal. Sou eu outra vez, o professor. Nesta aula nós vimos o sentido denotativo e o
conotativo e como eles são usados no nosso dia a dia. Tivemos também a oportunidade de ver como
os nossos indígenas tiveram e têm sua história registrada nos livros.

Expectativa de respostas:
1. Não, ele só come exageradamente e a garota é apenas bonita, ele comparou com uma gata.
2. Não para todas.
3. Os padres jesuítas escreviam sobre a religiosidade e o trato com os índios. Hoje se escreve em
defesa dos índios e de sua tradição.
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AULA 5. CRÔNICA – FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Quando falamos de crônica, seja ela jornalística ou literária, estamos falando um pouco de
nossa própria história, ou pelo menos daquela que se passa em nosso cotidiano. Há alguns séculos os
cronistas têm a função de mostrar como nossos somos, como nos comportamos, mas sempre a partir
de como eles enxergam o mundo à sua volta. Já as funções da linguagem nos permitem entender como
nos comunicamos, nos dá ciência de nossas interações comunicativas e nos permitem também até
mesmo adequá-las segundo nossas necessidades. Essa aula conta com essas oportunidades,
aproveitemo-las.
Teremos então como objetivo ajudá-lo a distinguir mais facilmente a crônica literária da não
literária e também a entender como se dá, na linguagem, algumas funções, formas dela se apresentar,
propósitos.
Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de:
• Identificar as diferenças estruturais e temáticas que distinguem crônica literária de
crônica jornalística.
• Reconhecer as funções da linguagem: referencial, metalinguística, poética e emotiva.

5.1. Crônica jornalística e literária – Funções da linguagem


Galerinha, de boa aí? Eu sou o Rio, estou de volta. Hoje é sábado e eu estou em Campos. É
muito maneira a cidade. Eu pensava que era uma cidade pequena, mas é grande, e tem umas praias
boladonas. Eu nem sabia que tinha praia aqui, deixa quieto! Dei um tempo aqui para estudar, tenho
prova segunda-feira na escola sobre funções da linguagem. Eu gostaria que vocês me ajudassem com
isso. Eu fiz um mapa mental com as informações que peguei na internet.

Fonte: criada pelo autor


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A professora explicou que existem seis funções da linguagem. Nós


usamos a linguagem todos os dias, não dá para não se comunicar, ficar isolado
para sempre num quarto ou numa caverna. E assim, ela disse que nós usamos
essas seis funções e nem percebemos. Mas ela achou melhor que nós
estudássemos apenas quatro naquele dia. Depois veríamos as outras. Eu, de cara,
entendi a função referencial. Claro, SE A REFERENCIAL É USADA PARA
TRANSMITIR INFORMAÇÕES, o que a professora estrava fazendo com a
gente era isso, passar informações sobe a matéria, então ela usou a função
referencial. Se ligaram?

Primeiro problema proposto


Olha essas frases aí que a professora colocou no quadro e eu copiei. Fiquei boladão sem saber
em qual delas aparece a função referencial da linguagem. Eu achei que fosse a letra A, mas
depois entendi que nessa frase há a oferta de um produto. Vocês podem me ajudar a encontrar a
resposta correta?
a) Faça seu plano de saúde ainda hoje com a gente.
b) Doe, órgãos. Doe vida.
c) Mais de 400 mil pessoas morreram de covid-19 no Brasil.
d) Hospede-se aqui e tenha suas férias mais divertidas.

Vocês já se ligaram que quando se dá informação, ali ocorreu a função


referencial da linguagem. Aí eu me lembrei dos tutoriais dos “games”, se ensina
ou dá dicas de como jogar, é referencial. Eu me lembro de, na aula quatro,
falarmos que nas gírias usadas por nós contêm a linguagem CONOTATIVA
porque a gente faz comparações, usa metáforas. A professora usou o exemplo
das gírias para nos ensinar a função poética da linguagem.
Nas gírias, a linguagem conotativa aparece o tempo todo, então galera,
se tem a linguagem conotativa tem a função poética da linguagem. Se liga que nas músicas e na
poesia aparece muito também a função poética, eu saquei isso rapidinho porque nas músicas são ditas
coisas simples de forma bonita, bem elaborada. Os caras fazem um monte de comparações, de jogos
de palavras para tocar a gente, para emocionar e dizer bonito.
Pensa aí naquela música que você gosta, tem ou não tem um lado poético nela? Se liga que
tem. Eu me lembrei de uma música que minha mãe sempre canta, é de um cantor das antigas – Lulu
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Santos - mas que ainda toca por aí, ela canta assim: "O vento beija meus cabelos, As ondas lambem
minhas pernas”. Qualquer um sabe que o vento não beija ninguém e muito menos as ondas lambem
as pernas das pessoas, isso é poesia, é música, é uma forma diferente de dizer as coisas simples. Então
aí está a função poética da linguagem.

Segundo problema proposto


A professora pediu pra geral dar um exemplo da linguagem referencial e um da linguagem
poética, vocês podem lembrar comigo e me ajudar a responder? Eu coloquei essas três, vocês
podem me dizer qual função aparece em cada uma delas? Aí eu comparo com minhas respostas
aqui e mostro à professora.
a) Meu cabelo é uma coroa que carrego feliz. ___________________________

b) Você é a luz que ilumina a vida de todo mundo. ___________________________

c) Guerra na Faixa de Gaza já deixa mais de 150 mortos. ___________________________

De todas essas funções da linguagem a mais maneira pra mim foi a função metalinguística
ou metalinguagem. Ela tem um nome esquisito, mas é assim mesmo. Segundo minhas anotações da
aula, a função metalinguística ou metalinguagem acontece quando a linguagem fala da própria
linguagem, aí eu anotei assim, a professora viu e gostou bastante.
- UM FILME QUE FALA SOBRE A CRIAÇÃO DE UM FILME – metalinguagem
- UM POEMA QUE FALA SOBRE COMO FAZER POEMA – metalinguagem
-UMA PINTURA QUE RETRATE ALGUÉM PINTANDO – metalinguagem
-AS PALAVRAS EXPLICANDO A OUTRA PALAVRA (dicionário) – metalinguagem
Para explicar a função emotiva, a professora perguntou nossa opinião sobre gravidez na
adolescência, cada um deu sua opinião e expôs o que sente. Então, depois de ouvir todo mundo ela
disse que aí está a função emotiva da linguagem. Quando a gente fala, ou em um texto aparece a
opinião, os desejos, as emoções de quem se expressa, essa função está presente. Aí ficou fácil lembrar
de que nas redações argumentativas como as do Enem, nos artigos de opinião, nos diários e
também nas cartas pessoais aparece a função emotiva.
E aí, já ouviram falar de CRÔNICA? Eu conhecia conto de fadas, crônicas como a professora
explicou, não. Lembrei-me agora do filme As Crônicas de Nárnia, maneiro. Mas se pensar bem, tem a
ver. No filme são contados os acontecimentos do povo de Nárnia. Uma crônica é assim, quem escreve
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fala algo do nosso dia a dia, mas faz isso de forma bem inteligente, as vezes até divertida. A gente leu
algumas na escola, foi muito bom, rimos e também lemos sobre coisas sérias.
A crônica jornalística é um gênero textual que sempre vai trazer no seu discurso algo ligado
ao nosso cotidiano. Assim, galera, nós vimos na aula que um cara que escreve crônicas em um jornal
ou em uma revista, o chamado cronista, escreve sobre o dia a dia, sobre coisas reais, sobre
acontecimentos publicados naquele veículo de comunicação onde eles trabalham, ainda que eles
possam fantasiar um pouquinho os acontecimentos. Eles podem usar também a linguagem conotativa.
Sei essas coisas porque anotei tudo e fiquei bem ligado nas aulas.
Já a crônica literária é um gênero textual que nem sempre vai tratar de
fatos reais como faz a cônica jornalística, mas a cônica literária, mesmo se ela
inventar uma situação, essa situação nunca será uma fantasia como nos contos de
fada. Na crônica literária o cara que escreve vai usar mais figuras de linguagem,
mais linguagem conotativa. Bora ver se a gente aprendeu? Esse lance de ler Visite em:
https://www.vozdasco
crônica é muito maneiro, recomendo a vocês. Vou deixar aqui um link de uma munidades.com.br/ger
al/opiniao-precisamos-
crônica sobre espelhos, muito boa, mexeu demais comigo. Leiam lá, não vou dar de-mais-espelhos-e-
menos-maquiagem/
spoiler, já é?

Terceiro problema proposto


Povo bom, diz aí em qual das opções abaixo estamos falando de crônica jornalística ou de crônica
literária, “buguei” agora.
a) Esse tipo de crônica está presente nos jornais e muitas vezes fala de notícias publicadas
naquele jornal ou revista. ______________________________
b) Esse tipo de crônica também aborda questões do dia a dia, mas também pode trazer fatos
fictícios, nele são usados com mais frequência a subjetividade e a linguagem conotativa.
______________________________

Finalizando a aula
Fica agora um convite, galera, para acessar esse link ou o QR code e
participar de um game bem legal para a gente poder entender ainda mais o que
Jogue em:
vimos nessa aula de hoje. Vai lá, vai ser divertido. https://wordwall.net/pl
ay/16735/245/649

Expectativa de respostas:
1. d);
2. a) poética; b) poética; e c) referencial
3. a) jornalística; b) literária.
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REFERÊNCIAS

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49ª. ed. São Paulo: Loyola, 2007. 186
p. ISBN: 85-15-01889-6.
Folha UOL. Subgênero do funk, proibidão usa metáforas para falar do crime. Disponível em:
https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/08/1669750-subgenero-do-funk-proibidao-usa-metaforas-
para-falar-do-crime.shtml Acesso em 15 de maio de 2021
Letras. Rap da Felicidade – Cidinho e Doca. Disponível em: https://www.letras.mus.br/cidinho-e-
doca/235293/ Acesso em 15 de maio de 2021
Brasil Escola. Emprego do Hífen. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/emprego-
do-hifen.htm Acesso em 15 de maio de 2021
UNAMA. NEAD – Núcleo de educação a distância. A Carta. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf Acesso em 16 de maio de 2021
LiteraturaRS. Panorama da literatura indígena brasileira. Disponível em:
https://literaturars.com.br/2019/07/01/panorama-da-literatura-indigena-brasileira-entrevista-com-julie-
dorrico/ Acesso em 18 de maio de 2021
Voz das Comunidades. Precisamos de mais espelhos e menos maquiagem.
https://www.vozdascomunidades.com.br/colunas/opiniao/opiniao-precisamos-de-mais-espelhos-e-
menos-maquiagem/ Acesso em 20 de maio de 2021
Blog do Enem – Texto literário e Texto não literário. Disponível em:
https://blogdoenem.com.br/texto-literario-e-nao-literario-literatura-enem/ Acesso em 13 de maio 2021
Brasil Escola. Variação Linguística. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-variacao-linguistica.htm Acesso em 13 de
maio 2021
UFMG – Glossário Ceale. Textos visuais. Disponível em:
http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/textos-visuais Acesso em 13 de
maio 2021
WordWall. A maneira mais fácil de criar seus próprios recursos didáticos. Disponível em:
https://wordwall.net/pt Acesso em 20 de maio de 2021
AVATOON. Criador de avatar. Disponível em: https://avatoon.me/ Acesso em 20 de maio de 2021
PATEL, N. Storytelling: O Que É, Para Que Serve e Exemplos Práticos [2020]. In: NEILPATEL.
Blog de Otimização de Taxa de Conversão. 2020. Disponível em: https://neilpatel.com/br/blog/como-
usar-storytelling-para-aumentar-suas-conversoes/. Acesso em: 9 jun. 2021.
FGV. Escola de Economia de São Paulo. PBL na Escola de Economia de São Paulo. FGV: São
Paulo, 2014. Disponível em: https://eesp.fgv.br/sites/eesp.fgv.br/files/file/PBL_Final_2014.pdf. Acesso
em: 9 jun. 2021.
CAVALCANTE, A. N. et al. Análise da Produção Bibliográfica sobre Problem-Based Learning (PBL)
em Quatro Periódicos Selecionados. Revista Brasileira de Educação Médica [online]. 2018, v. 42, n.
1, pp. 15-26. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1981-52712015v41n4RB20160066. Acesso em: 9
jun. 2021.

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