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COBENGE 2016

XLIV CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA


27 a 30 de setembro de 2016
UFRN / ABENGE

USO PEDAGÓGICO DO MÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITAS EM


FLAMBAGEM DE PILARES
Vitor Folador Gonçalves – vitorfolador@hotmail.com
Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Engenharia Civil
Avenida Fernando Ferrari, 514
29075-910 – Vitória – Espírito Santo

Walnório Graça Ferreira – walnorio@gmail.com

Rodrigo Silveira Camargo – rodrigo_camargo2000@yahoo.com

Yargo Pezzin Souza – yargops@gmail.com

Ricardo Azoubel da Mota Silveira – ricardo@em.ufop.br


Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Engenharia Civil
Morro do Cruzeiro, s/nº
35400-000 – Ouro Preto – Minas Gerais

Paulo Providencia - provid@dec.uc.pt


Universidade de Coimbra, Departamento de Engenharia Civil
Rua Luís Reis Santos – Pólo II
3030-788 – Coimbra - Portugal

Resumo: Muitos dos problemas presentes no campo da engenharia são governados por
equações diferenciais. O Método das Diferenças Finitas (MDF) é um método numérico para
solução de equações diferenciais em que as derivadas são aproximadas por fórmulas de
diferenças finitas. Trata-se, portanto, de um método baseado num processo de discretização.
Sua abordagem, entretanto, é bem mais simples e direta se comparado a outros métodos
numéricos mais famosos, como os MEF e MEC. A carga crítica de flambagem de um pilar é
determinada através da solução de uma equação diferencial que envolve derivadas de
segunda e quarta ordens. A vantagem do uso do MDF nesse tipo de problema é que a
equação governante é transformada em um sistema de equações algébricas que pode ser
interpretado como um problema de autovalor. Este artigo aborda o problema linearizado de
estabilidade elástica de pilares, ou seja, a flambagem de pilares através do uso do MDF.
Com essa abordagem, acredita-se na facilidade do aprendizado deste tema por alunos das
Engenharias Civil e Mecânica que pretendem iniciar os estudos na área de métodos
numéricos. Primeiramente, é feita a dedução detalhada da equação governante do problema
de estabilidade. Em seguida, é mostrada a aplicação numérica em pilares com diferentes
condições de contorno, detalhando todo o procedimento da aplicação do MDF. A
convergência do método é ilustrada por meio de gráficos para mostrar a forte dependência
da discretização na qualidade da aproximação da solução. Uma fórmula de extrapolação é
utilizada como solução alternativa aos gráficos de convergência.

Palavras-chave: Método das diferenças finitas, Discretização, Flambagem elástica de


pilares, Problema de autovalor, Métodos numéricos
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1. INTRODUÇÃO
Muitos dos problemas presentes no campo da engenharia são governados por equações
diferenciais. A complexidade na solução analítica desses problemas está diretamente ligada à
dificuldade em se resolver essas equações, que podem ser de primeira, segunda, terceira
ordem ou de ordem superior. Nesse contexto, destaca-se a importância dos chamados métodos
numéricos. WROBEL et al. (1989) afirmam que os métodos numéricos se baseiam na
redução de um problema físico e contínuo, com um número infinito de incógnitas, a um
problema discreto com um número reduzido de incógnitas, através de um processo de
discretização. Dentre os métodos numéricos mais utilizados na engenharia destacam-se o
Método dos Elementos Finitos (MEF), Métodos dos Elementos de Contorno (MEC) e o
Método de Diferenças Finitas (MDF). Desses três métodos citados, o MDF é o mais simples
em termos de implementação computacional.
O MDF é um método aproximado utilizado na solução de equações diferenciais
(WROBEL et al., 1989). Isso faz do MDF um recurso computacional útil para qualquer
problema de engenharia governado por equações diferenciais. A fundamentação teórica do
método iniciou-se em 1928, com a publicação de Courant, Friedrichs e Lewy sobre a solução
de problemas físicos utilizando-se diferenças finitas, mas obteve um grande desenvolvimento
durante e após a segunda guerra mundial, com um grande número de aplicações práticas do
MDF após o surgimento dos computadores (THOMÉE, 2001).
A formulação do método consiste na substituição das derivadas por fórmulas de
diferenças finitas, as quais podem ser obtidas através da expansão truncada em série de
Taylor. Na formulação do método, é necessário que o domínio do problema seja discretizado
no que se chama de malha de diferenças finitas. Essa malha é composta por uma série de nós
(ou pontos) onde as variáveis têm seus valores relacionados através das fórmulas de
diferenças finitas. BUBACH et al. (2014) destacam que os pontos das malhas geralmente são
igualmente espaçados, já que o uso de malhas irregulares envolve complicações adicionais
para a implementação matemática e computacional do método.
O MDF mostra-se bem eficaz no estudo da flambagem elástica de pilares, placas e
cascas. A flambagem de pilares, em particular, é um problema de estabilidade de equilíbrio
linearizado em que as cargas a partir das quais o pilar torna-se instável são chamadas de
cargas de flambagem (BADKE-NETO & FERREIRA, 2016). A menor carga de flambagem é
denominada carga crítica. A determinação dessa carga crítica do pilar pode ser feita através da
solução de uma equação diferencial que envolve derivadas de segunda e quarta ordens. A
vantagem do uso do MDF nesse tipo de problema é que a equação governante é transformada
em um sistema de equações algébricas que pode ser interpretado como um problema de
autovalor. O menor autovalor encontrado será a carga crítica do pilar e o seu autovetor
correspondente mostra o modo de instabilidade do pilar.
Este artigo faz uma abordagem didática do uso do MDF no estudo da flambagem
elástica de pilares. Primeiramente, é feita a dedução detalhada da equação governante do
problema. Em seguida, são mostradas aplicações numéricas em pilares com diferentes
condições de contorno, detalhando todo o procedimento da aplicação do MDF nesse tipo de
problema. A convergência do método é abordada através de gráficos para mostrar a forte
dependência da discretização na qualidade da aproximação da solução. Uma fórmula de
extrapolação sugerida por REIS & CAMOTIM (2001) é utilizada como solução alternativa
aos gráficos de convergência.
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2. O MDF APLICADO À FLAMBAGEM DE PILARES


A solução de um problema de flambagem de pilares fornece basicamente a carga
crítica de flambagem e seu respectivo modo de instabilidade (REIS & CAMOTIM, 2001).
Esse problema de engenharia é governado por uma equação diferencial deduzida a partir do
critério estático de estabilidade. Nesta seção, a equação governante para flambagem de pilares
será deduzida, seguida por aplicações numéricas com diferentes condições de contorno
resolvidas em detalhes utilizando-se uma formulação unidimensional do MDF.

2.1. Determinação da equação governante do problema


Considere um pilar com seção constante, com qualquer condição de contorno (caso
mais geral possível). Esse pilar está submetido a momentos fletores (MA e MB) e esforço
cortante (Q) nas extremidades, além do esforço normal de compressão (P), conforme
apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Pilar: caso geral

Considerando uma seção genérica a uma distância x do topo do pilar e sendo y a flecha
do pilar perturbado, o equilíbrio é alcançado se o momento das forças externas, Mext, (gerados
pelas cargas externas e reações de apoio) for igual ao momento fletor interno, Mint, gerado
pela distribuição de tensões na seção, ou seja, Mext = Mint. Sendo:

M ext  Py  M A  Qx (1)

Para um pilar esbelto e constituído de material elástico e linear, o momento fletor


interno é dado por Mint =-EIK, em que E é o módulo de elasticidade do material, I o momento
de inércia da seção transversal e K a curvatura. O momento interno apresenta sinal negativo
porque, segundo a convenção adotada, para que os momentos sejam positivos, a curvatura
deve ser negativa. Para o cálculo da carga crítica, a curvatura pode ser aproximada por:

d2y
K (2)
dx 2

E dessa forma a equação de equilíbrio de momento torna-se:


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d2y
EI 2  Py   M A  Qx (3)
dx

Derivando duas vezes a equação anterior em relação a x, e considerando que a rigidez


EI é constante, chega-se a:

d4y d2y
EI  P 0 (4)
dx 4 dx 2

que é uma equação diferencial ordinária de quarta ordem que pode ser utilizada para encontrar
as cargas de flambagem ou a carga crítica de um pilar com qualquer condição de contorno.

2.2. Aplicação unidimensional do MDF para um pilar birrotulado


Com a aplicação das fórmulas de diferenças finitas centrais (DFC) para as derivadas
de segunda e quarta ordem (REIS & CAMOTIM, 2001) presentes na Equação (4), é possível
se determinar uma expressão algébrica e discreta dessa equação, isto é:

 y  4 yi 1  6 yi  4 yi 1  yi 2   y  2 yi  yi 1 
EI  i  2   P  i 1 0 (5)
   
4
h h2

A demonstração da aplicação do MDF será feita, primeiramente, para um pilar


birrotulado conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2 – Pilar birrotulado discretizado com


5 nós reais (1 a 5) e 2 nós fictícios (0 e 6)

Condições de contorno
Nos apoios tem-se a flecha igual a zero (condição de Dirichlet), que será representada
pela equação a seguir:

yi  0 (6)
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Já a expressão do momento fletor para o pilar, na forma discreta, é determinada


conforme:
d2y  y  2 y i  y i 1 
 EI  2    EI  i 1  (7)
 dx  i  h2 

Observe, entretanto, que nos dois apoios o momento fletor é igual a zero, resultando
na expressão, de acordo com a Equação (7):

yi 1  2 yi  yi 1  0 (8)

Substituindo então a Equação (6) na anterior, resulta em:

yi 1   yi 1 (9)

Discretização do pilar com 5 pontos nodais


O pilar em estudo tem módulo de elasticidade E, momento de inércia I e comprimento
L. Como apresentado na Figura 2, a malha de DF adotada como exemplo é composta por 5
pontos nodais, numerados de 1 a 5, e por mais 2 pontos fictícios (pontos 0 e 6), com
espaçamento constante h = L/4.
Aplicando a Equação (5) nos nós interiores 2, 3 e 4, obtém-se:

 y  4 y1  6 y 2  4 y3  y 4   y  2 y 2  y3 
EI  0   P 1 0 (10)
   
4
h h2

 y  4 y 2  6 y3  4 y 4  y5   y  2 y3  y 4 
EI  1   P 2 0 (11)
   
4
h h2

 y  4 y3  6 y 4  4 y5  y 6   y  2 y 4  y5 
EI  2   P 3 0 (12)
   
4
h h2

E utilizando as Equações (6) e (9), resultantes das condições de contorno, nos nós i = 1 e i =
5, escreve-se:

y1  0 (13)

y2   y0 (14)

y5  0 (15)

y6   y4 (16)
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Substituindo-se agora (13), (14), (15) e (16) nas Equações (10), (11) e (12), obtém-se
um novo sistema de equações, que pode ser escrito matricialmente da seguinte forma:

  5 4 1   2  1 0   y 2  0
 EI   4 6  4  P  1 2  1  y   0
 4   h2    3    (17)
h  1  4 5   0  1 2   y 4  0

que pode ser entendida como um problema de autovalor generalizado, ou seja:

K  .K E y  0 (18)

com K, KE, y e , sendo definidos a seguir:

Tabela 1 – Valores de K, KE, y e .


K KE y P
 5 4 1   2 1 0   y2 
EI   
 4 6  4
1 
4  2 
 1 2  1  y3  
h h y 
 1  4 5   0  1 2   4

Agora, multiplicando toda a Equação (18) pela inversa da matriz KE, chega-se a:

K E
1

K  I y  0 (19)

E fazendo KE-1K = A, a equação anterior se transforma no problema de autovalor padrão:

A  Iy  0 (20)

Com isso, o problema matemático se reduz a achar os autovalores associados à matriz


A. Neste caso, para a discretização adotada, são obtidos três autovalores. O valor da carga
crítica (Pcr) será o menor deles. Para o problema em estudo, os autovalores obtidos são:

Tabela 2 – Autovalores obtidos


1 2 3
2  2 EI 2  2 EI 2 EI
h 2
h 2
h2

com a carga crítica de flambagem definida a seguir:

Pcr 
2  2 EI (21)
h2
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Por exemplo, para um pilar com E = 200 GPa, I = 387 cm4, L = 4 m (e portanto h = 1
m), conclui-se que a carga crítica encontrada é de aproximadamente Pcr  453,4 kN.

Convergência dos resultados


O exemplo anterior foi desenvolvido utilizando-se uma discretização com 5 pontos
nodais reais. Para problemas solucionados através de métodos discretos, os resultados são
dependentes da malha utilizada. Quanto menor o valor de h, maior o número de nós e mais
próximo do valor exato estará a solução do problema. Para checar a convergência dos
resultados pode-se calcular a carga crítica para diferentes números de pontos e plotar um
gráfico Pcr pelo número de nós. O gráfico da convergência para o pilar birrotulado do exemplo
anterior pode ser visto na Figura 3.

Figura 3 – Gráfico: Carga Crítica x Número de nós para o pilar birrotulado


480
Carga Crítica - Pcr [kN]

470
460
450
440
430
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
número de nós reais da malha

É possível verificar através da Figura 3 que a carga crítica converge para um valor de
aproximadamente 477,5 kN. Um valor em torno de 5,3% maior do que o encontrado no caso
da discretização com 5 nós reais. Esse valor é previsto pela fórmula de Euler dada por Pcr =
𝜋²EI/L², primeira carga crítica para pilar birrotulado.
REIS & CAMOTIM (2001) propõem outra maneira para obtenção de uma melhor
aproximação da carga crítica. Segundo esses autores, como o erro da aplicação do MDF na
Equação (4) é da ordem O(h²), pode-se concluir que o erro é proporcional a (1/η²), sendo η o
número de elementos da malha de diferenças finitas (número de nós reais subtraído de uma
unidade). Assim, eles sugerem uma “fórmula de extrapolação” para a carga crítica Pcr,
utilizando-se dois valores da carga crítica, Pcr1 e Pcr2, determinados através de discretizações
com η1 e η2 elementos, respectivamente, isto é:

12 Pcr1   22 Pcr 2


Pcr  (22)
12   22

Para o exemplo anterior, para os valores de cargas críticas Pcr1 e Pcr2 obtidos através
de discretizações com 4 nós reais (3 elementos) e 5 nós reais (4 elementos), respectivamente,
obtém-se, através da equação anterior, Pcr  476,5 kN. Esse valor difere em apenas 0,2% da
carga crítica obtida através do gráfico de convergência da Figura 3. Isso mostra que a
Equação (22) pode ser útil na obtenção de uma melhor aproximação de Pcr.
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2.3. Aplicação unidimensional do MDF para um pilar rotulado-engastado


Para um pilar rotulado-engastado, tem-se que a equação governante por MDF será a
mesma para o caso do pilar birrotulado, ou seja, a Equação (5). A diferença em relação ao
problema anterior reside nas condições de contorno.

Condições de contorno
No bordo simplesmente apoiado e no engaste têm-se a flecha igual a zero (condição de
Dirichlet), ou seja:

yi  0 (23)

Adicionalmente, no bordo simplesmente apoiado, o momento é igual a zero,


resultando em:

yi 1   yi 1 (24)

Como a rotação para o pilar é determinada conforme:

 dy  y  yi 1
   i 1 (25)
 dx  i 2h

escreve-se que no engaste, a rotação é igual a zero (condição de Neumann), resultando em:

yi 1  yi 1 (26)

Discretização do pilar com 5 nós


O pilar em estudo tem módulo de elasticidade E, momento de inércia I e comprimento
L. A malha adotada é composta por 5 pontos nodais, numerados de 1 a 5, e por mais 2 pontos
fictícios (pontos 0 e 6), com espaçamento constante h = L/4. Após a aplicação dos mesmos
passos da solução numérica via MDF do problema anterior, chega-se no seguinte sistema de
equações já escrito na forma matricial:

  5 4 1   2  1 0   y 2  0
 EI   4 6  4  P  1 2  1  y   0
 4   h2    3    (27)
h  1  4 7   0  1 2   y 4  0

Assim, tal como o sistema da Equação (17), a Equação (27) também representa um
problema de autovalor generalizado.
Para um pilar com E = 200 GPa, I = 387 cm4, L = 4m (e portanto h = 1 m), tem-se
que, para a malha adotada, a carga crítica é Pcr  859,70 kN.
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Convergência dos resultados


Para o pilar engastado-rotulado em estudo, a análise da convergência da carga crítica
Pcr com o número de pontos reais da malha pode ser feita através da Figura 4.

Figura 4 – Gráfico: Carga crítica x Número de nós para o pilar engastado-rotulado


1010
Carga Crítica - Pcr [kN]

970
930
890
850
810
770
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
número de pontos reais da malha

Através da Figura 4, verifica-se que a carga crítica converge para um valor próximo de
976,5 kN, que é em torno de 13,6% maior do que o encontrado no caso da discretização com 5
nós reais. Esse valor é previsto pela fórmula de Euler dada por Pcr = 𝜋²EI/(0,7L)², primeira
carga crítica para pilar rotulado-engastado. No caso do emprego da Equação (22), para
discretização do pilar com 4 e 5 nós reais, chega-se numa carga crítica Pcr  966,07 kN. Esse
resultado difere em apenas 1,1% do valor da carga crítica obtida através do gráfico anterior.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A flambagem de pilares é um tema que está no dia a dia de engenheiros estruturais. A
simplicidade do uso do MDF em flambagem dessas estruturas torna-o um método bem viável
para o estudo desse assunto. Buscou-se neste artigo mostrar detalhadamente a utilização do
MDF para determinação da carga crítica. Foi possível também abordar o conceito de carga
crítica, problemas de autovalor e solução de equações diferenciais via MDF.
Além da sua fácil implementação computacional, o MDF mostrou-se efetivo como
método numérico para a determinação das cargas de flambagem (ou da carga crítica) de
pilares. Não houve dificuldade para a convergência da solução esperada. Neste trabalho, além
da determinação da carga crítica realizada através de um gráfico de convergência, pode-se
também empregar uma fórmula sugerida por REIS & CAMOTIM (2001) para se aproximar
Pcr. Ambos procedimentos forneceram valores da carga crítica bem próximos. Pelo gráfico
de convergência, foi demonstrada a dependência da qualidade da solução com o número de
nós da malha; já através da fórmula de extrapolação, foi possível obter uma boa aproximação
da carga crítica utilizando-se resultados obtidos com malhas menos discretas.
Por fim, vale enfatizar que este trabalho cumpriu o objetivo de apresentar de forma
didática, para estudantes das engenharias, a formulação da flambagem de pilares pelo MDF.

Agradecimentos
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), à Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES), à Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e à UFOP.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BADKE-NETO, Augusto; FERREIRA, Walnório Graça. Dimensionamento de elementos de


perfis de aço laminados e soldados. 3.ed. Vitória: Ed. GSS, 2016. 163 p.

BUBACH, C.R; FERREIRA, W.G; AZEVEDO, M.S; SILVEIRA, R.A.M; CAMARGO, R.S.
Resgatando o método das diferenças finitas nas soluções numéricas da engenharia estrutural.
COBENGE – Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia. Juiz de Fora, 2014.

REIS, António; CAMOTIM, Dinar. Estabilidade Estrutural. Lisboa: Ed. McGraw-Hill, 2001.
470 p.

THOMÉE, V. From finite differences to finite elements: A short history of numerical analysis
of partial differential equations. Journal of computational and applied mathematics, v.1,
n.128, p. 1-54, 2001.

WROBEL, Luiz Carlos; IEGER, Sérgio; ROSMAN, Paulo César; TUCCI, Carlos Eduardo;
CIRILLO, José Almir; CABRAL, Jayme Pereira. Métodos numéricos em recursos hídricos.
Rio de Janeiro: Ed. ABRH, 1989. 380 p.

PEDAGOGICAL USE OF THE FINITE DIFFERENCE METHOD IN


BUCKLING OF COLUMNS

Abstract: Many of the problems from the engineering field are governed by differential
equations. The Finite Difference Method (FDM) is a numerical method for solving
differential equations in which the derivatives are approximated by using finite difference
formulas. Thus, the FDM is a method based on a discretization process. Its formulation is
even simple and easier than other known numerical methods, as FEM and BEM. The critical
load of a column is determined by solving a differential equation which involves second and
fourth order derivatives. The advantage of the usage of FDM for this kind of problem is the
fact that the governing equation, which can be interpreted as an eigenvalue problem,
becomes an algebraic system of equations. This paper shows the topic about buckling of
columns using the FDM in order to make it easier the learning by Civil and Mechanical
Engineering students who intend to work on this engineering field. Firstly, it is explained in
details how to deduce the governing equation of the problem. After that, numerical examples
are shown using a variety of boundary conditions, detailing all the procedure of the FDM
application on this problem. The convergence of the method is discussed by presenting
graphics, showing the strong dependence of the discretization in the quality of the solution
approximation. Also, an extrapolation formula is utilized as an alternative solution to the
convergence graphics.

Key-words: Finite difference method, Discretization, Column elastic buckling, Eigenvalue


problem, Numerical methods

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