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Ficha de Trabalho – Fabula e conto popular

Nome: ____________________________________________________ Data: ___/___/___

Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

O príncipe que casou com uma rã


Era uma vez um rei que tinha três filhos em idade de casar. Para não
surgirem rivalidades sobre a escolha das três noivas, disse:
– Lançai com a funda1 o mais longe que puderdes: onde cair a pedra
tomareis mulher.
5 Os três filhos pegaram nas fundas e atiraram.
O mais velho atirou e a pedra foi parar ao teto de um forno; e ele ficou
com a padeira. O segundo atirou e a pedra chegou à casa de uma
tecedeira. Ao mais pequeno a pedra caiu num fosso.
Assim que atiravam, cada um corria a levar o anel à noiva. Ao mais
10 velho deparou-se uma jovem bela e tenra como uma fogaça2, o do meio
encontrou uma rapariga pálida, fina como um fio, e o mais pequeno
procurou, procurou naquele fosso e só achou uma rã.
Tornaram para junto do rei a contar como eram as suas noivas.
Agora – disse o rei –, quem tiver a noiva melhor herdará o reino.
15 Façamos as provas.
E deu a cada um cânhamo3 para lho trazerem daí a três dias fiado
pelas noivas, para ver quem fiava melhor.
Os filhos foram ter com as noivas e recomendaram que fiassem na
perfeição; e o mais pequeno, muito aflito com aquele cânhamo na mão, foi
20 à beira do fosso e pôs-se a chamar:
Rã, rã!
Quem me chama?
O teu amor que pouco te ama.
Se não me ama amará
25 Um dia que bela me verá.
E a rã saltou para fora da água em cima de uma folha. O filho do rei
deu--lhe o cânhamo e disse que voltaria para o levar todo fiado daí a três
dias.
Passados três dias os irmãos mais velhos correram todos ansiosos à
30 padeira e à tecedeira para buscar o cânhamo. A padeira fizera um bom
trabalho, mas a tecedeira – era o seu ofício – fiara-o que parecia seda. E o
mais pequeno? Foi ao fosso:
– Rã, rã!
Saltou para uma folha e tinha na boca uma noz. Ele tinha uma certa
35 vergonha de se apresentar ao pai com uma noz enquanto os irmãos
levavam o cânhamo fiado; mas ganhou coragem e foi. O rei, que já tinha
visto do avesso e do direito o trabalho da padeira e da tecedeira, abriu a
noz do mais pequeno, e entretanto os irmãos faziam chacota4. Ao abrir-se a
noz, saiu uma tela tão fina que parecia teia de aranha, e puxa, puxa,

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40 desdobra, desdobra, nunca mais acabava, e já toda a sala do trono estava
cheia.
– Mas esta tela nunca mais acaba! – disse o rei, e mal pronunciou
estas palavras a tela acabou.
O pai, à ideia de uma rã se tornar rainha, não se resignava. Tinham
45 nascido três crias à sua cadela de caça preferida, e deu-as aos três filhos:
Levai-os às vossas noivas e voltareis a buscá-los daqui a um mês: quem
a tiver criado melhor será rainha.
Passado um mês viu-se que o cão da padeira se tornara um molosso5
enorme, porque o pão não lhe faltara; o da tecedeira, com a comida mais
50 apertada, tornara-se um famélico mastim. O mais pequeno chegou com
uma caixinha; o rei abriu a caixinha e saiu um pequeno cão-d´água todo
enfeitado, penteado, perfumado, que se punha em pé nas patas traseiras e
sabia fazer os exercícios militares e fazer de conta.
O rei disse:
55 Não há dúvida; será rei o meu filho mais novo e a rã será rainha.
Marcaram-se as bodas, os três irmãos no mesmo dia. Os irmãos mais velhos
foram buscar as noivas com coches floridos puxados por quatro cavalos, e
as noivas vieram todas carregadas de plumas e de joias.
O mais pequeno foi ao fosso, e a rã esperava-o numa carruagem feita
60 de uma folha de figueira puxada por quatro caracóis. Começaram a andar:
ele ia à frente, e os caracóis seguiam-no puxando a folha com a rã. De vez
em quando parava à espera, e uma vez até adormeceu. Quando acordou,
tinha parado à sua frente um coche de ouro, forrado a veludo, com dois
cavalos brancos e lá dentro estava uma rapariga bela como o Sol com um
65 vestido verde-esmeralda.
Quem sois? – perguntou o filho mais novo.
– Sou a rã! – E como ele não queria acreditar, a rapariga abriu um
cofre onde estava a folha de figueira, a pele de rã e quatro cascas de
caracol. – Eu era uma princesa transformada em rã, e só se um filho de um rei
70 consentisse em casar comigo, sem saber se eu era bela, é que retomaria a
forma humana.
O rei ficou todo contente e aos filhos mais velhos, que se roíam de
inveja, disse que quem não era sequer capaz de escolher mulher não
merecia a coroa. Rei e rainha foram o mais pequeno e a sua esposa.

Italo Calvino, Fábulas e Contos, Editorial Teorema, (texto adaptado)

VOCABULÁRIO
1 funda – arma de arremesso, fisga.
2 fogaça – pão doce.
3 cânhamo – planta, fibra.
4 chacota – troça.
5 molosso –cão forte.

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Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te
são dadas.

1. As afirmações de a) a g) referem-se a informações contidas no texto.


Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem dos
acontecimentos narrados. Começa a sequência pela letra d).
a. O filho mais pequeno lançou uma pedra que foi parar a um fosso.
b. A princesa provou ao noivo que era a rã.
c. Os irmãos mais velhos ridicularizaram o mais novo, no momento em que
apresentaram os resultados do primeiro desafio colocado às noivas.
d. O rei fez um pedido aos três filhos.
e. O filho do meio encontrou uma noiva pálida, que era tecedeira.
f. O rei declarou, pela primeira vez, que o filho mais novo seria o herdeiro
do trono.
g. O rei entregou a cada filho uma planta para ser fiada pelas respetivas
noivas.
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2. O conto desenvolve-se a partir de uma situação inicial. Identifica-a.


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3. Refere duas peripécias importantes para o desenvolvimento da ação.


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4. Identifica a personagem principal desta narrativa, justificando a tua
opção.
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5. Seleciona, para responderes a cada item, a alínea correta.


5.1 O rei apresentou um segundo desafio aos filhos visto
a. considerar todas as tarefas mal executadas.
b. desejar que fosse o filho mais velho a assumir o trono.
c. não aceitar o facto de ter sido a rã a vencer o desafio.
d. não querer ceder o trono a nenhum dos três filhos.

5.2 Na expressão «Quem sois?» (linha 64), a palavra «quem» refere-se


a. ao filho mais velho do rei.
b. ao filho mais novo.
c. à princesa vestida de verde-esmeralda.
d. à rã.

6. Após ouvirem ler este conto, dois alunos manifestaram opiniões


diferentes acerca do mesmo.

Aluno X Aluno Y
Na minha opinião, o provérbio que
Acho que o provérbio que melhor se traduz a lição deste conto é:
aplica a esta história é: «O mundo julga pelas aparências».
«A beleza está nos olhos de quem a vê».

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Diz com qual das opiniões concordas, justificando a tua opção.

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