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1. Considerações iniciais
4. Classificação
4.1.2. Nutrigenômica
Seu foco de estudo baseia-se na interação gene nutriente, que pode ocorrer
de duas formas: nutrientes e compostos bioativos dos alimentos (CBAs) que influenciam
o funcionamento do genoma e variações no genoma que influenciam a forma pela qual o
indivíduo responde à dieta4,5.
A evolução das pesquisas científicas realizadas nos grandes pólos mundiais, cuja
atenção voltou-se para as pesquisas com DNA, em sua ampla dimensão: mapeamento
genético; produção de Organismos Geneticamente Modificados; produção de
medicamentos, hormônios, alimentos, entre outros; além do estudo da influencia dos
genes na saúde nutricional do ser humano; possibilitou também o aparecimento e
desenvolvimento da biopirataria, além das pesquisas com o genoma e as células e demais
compostos artificiais.
Leciona Leo Pessini, que “olhando retrospectivamente para o século XX, pode-se ver
que aquele foi marcado por três grandes projetos: o Projeto Manhattan – que descobriu e
utilizou a energia nuclear -, o Projeto Apollo – que viabilizou a conquista do espaço
sideral e o Projeto Genoma Humano – que leva o ser humano ao conhecimento mais
profundo de si mesmo, sua herança biológica, iniciando ima verdadeira “caça aos genes”. 2
Entre eles, deve a pesquisa científica ser orientada de acordo com os seus
princípios basilares de autonomia, beneficência, não maleficência e justiça, abrangendo,
nesse sentido, todos os participes dessa relação, considerando também a qualidade
técnica dos pesquisadores e os riscos envolvidos no projeto. 3
2 PESSINI, Leo - A vida em primeiro lugar. In. PESSINI,Leo; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de
( Org). Fundamentos da bioética, São Paulo: Paulus, 2002, p.5 e 6.
3 DAL BOSCO, Simone Moerllo; GENRO, Julia Pasqualini – Nutrigenetica e implicações na saúde
Algumas das questões éticas presentes referem-se ao acesso aos testes genéticos
realizados pelos consumidores, que devem ser protegidos da realização de testes não
confiáveis, de informações não verdadeiras e da disponibilização de suplementos
alimentares não aprovados; a utilização das informações agregadas; ao potencial de
reidentificação de participantes anônimos; às redes de trocas e de cruzamento de dados;
à internacionalização e comercialização desses dados e de amostras biologicas; à real
informação dos métodos de pesquisa a serem utilizados – para que o voluntario possa
exarar o termo de consentimento informado; à regulação dos serviços de nutrigenetica; à
capacitação dos profissionais envolvidos para prestar assistência em matéria de
nutrigenética; ao sigilo dos resultados obtidos e dos achados ocasionais ( extrapolam os
objetivos da pesquisa). 5
4 DAL BOSCO, Simone Moerllo; GENRO, Julia Pasqualini – Nutrigenetica e implicações na saúde
humana, São Paulo:Atheneu, 2017,p.204; LORENZO, David de; SERRANO, José; PORTERO-OTIN,
Manuel; PAMPLONA, Reinald – Nutrigenomica y nutrigenetica – hacia la nutrición personalizada,
Barcelona:Librooks, 2011, p.132 e ss
5 DAL BOSCO, Simone Moerllo; GENRO, Julia Pasqualini – Nutrigenetica e implicações na saúde
Dispõe o art. 18, III da mesma lei que não são patenteáveis o todo ou parte dos seres
vivos, exceto microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de
patenteabilidade – novidade, inventividade, e aplicação industrial – previstos no art. 8º e
que não sejam de mera descoberta.
Nos Estados Unidos admite-se por outro lado a patente sobre genes humanos, como
se estes fossem qualquer composto químico, ignorando o principio da dignidade humana,
os princípios bioéticos e até mesmo os requisitos técnicos de admissibilidade da patente.
7 RICCIARDELLI, Juliana – Os genes humanos no alvo das patentes, São Paulo:LTCE editora, 2009,
p.100 e 133
8 MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p. 129 e ss
Quanto ao impacto da era genômica na sociedade temos que a partir dos novos
conhecimentos tecnocientíficos, amparado pelo vasto domínio da genética e da
tecnologia médica, a atividade tornou-se um instrumento de poder.
O DNA, tal como elucidado, “tem um triplo papel biológico: base da herança, base
da individualização e base da evolução”. 10
6.Possíveis Soluções
Como possíveis soluções para as questões emergentes fruto das pesquisas cientificas em
matéria de genômica nutricional, podemos apontar:
12 MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p. 132 e ss
13 A CF em seu art. 5º,IX, proclama a liberdade da atividade científica como um dos seus direitos
fundamentais, mas não significa que esta seja absoluta ou não observe certas limitações, pois há outros
valores e bens jurídicos reconhecidos constitucionalmente, como a vida , a integridade fisica e psíquica, a
privacidade... que poderiam ser gravemente afetados pelo mau uso da liberdade de pesquisa científica.
Havendo conflito entre a livre expressão da liberdade científica X outro direito fundamental da pessoa
humana, a solução ou ponto de conflito deverá ser o respeito à dignidade humana, fundamento do Estado
Democrático de Direito. Nenhuma liberdade de investigação científica poderá ser aceita se colocar em risco
a pessoa humana na sua dignidade.
14
MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p. 21 e ss
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MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p. 21 e ss
No caput de seu art. 5º, a CF afirma e garante a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
O principio da segurança, exposto nos arts. 5,III; 6º; e 144 da CF, garante o direito à
integridade física e moral.
O Estado tem o dever de assegurar a todos o mínimo, para que o individuo sobreviva.
No citado art 5,III a CF estabelece que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
desumano ou degradante, e nem sejam utilizados em experimentos científicos que
rebaixem a dignidade do homem ou terapias que o submetem a sofrimentos injustos. Este
principio engloba os princípios bioéticos da beneficência e da não-maleficência.
O art 5º,X da CF, proclama a liberdade da atividade científica como um dos seus
direitos fundamentais, o que não significa que ela seja absoluta e não contenha nenhuma
limitação, pois existem diversos valores jurídicos reconhecidos constitucionalmente,
como a vida, a integridade física e psíquica, a privacidade, que poderiam ser gravemente
afetados pelo mau uso da liberdade da pesquisa científica.
O art. 196 da CF – aborda o aspecto da saúde, afirmando ser esta direito de todos e
dever do Estado, garantindo o acesso à saúde à coletividade como um todo. (devendo
disponibilizar o acesso às mais modernas terapias a todos).
Não deve desta forma o direito, aceitar as descobertas científicas cuja utilização
demonstre-se contrária à natureza do homem e sua dignidade, ou sejam realizadas em
detrimento deste.
16MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p. 21 e ss;
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco; DIAFERIA, Adriana – Biodiversidade e patrimônio genético no
direito ambiental brasileiro, São Paulo, Max Limonad, 1999,p.23 a 31
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O Dec n. 1752 de 20.12.95 regulamenta a Lei 8974/95 e dispõe sobre a vinculação, competência e
composição da Comissão técnica de biossegurança – CTNbio- subordinada ao Min. Da Ciência e
tecnologia e formada por representantes de várias áreas que tratam do assunto.
É sabido que a pesquisa cientifica representa “ uma realidade que interfere em toda
a sociedade, tornando-se pois de responsabilidade coletiva, tendo em vista a salvaguarda
da dignidade da pessoa humana”.18
Assim sendo, tem-se que “a medicina, ainda que tenha tido um inicio experimental,
assumiu para si a metodologia cientifica de Francis Bacon, cujo progresso é baseado na
pesquisa cientifica que se serve da experimentação em laboratório, em animais e em
seres humanos”.
Entretanto, o progresso das ciências médicas fez nascer novos dilemas bioéticos,
tendo em vista que a pessoa humana não pode ser subordinada aos ditames da ciência,
que por outro lado, deve obedecer à certas limitações.
A utilização de seres humanos nas pesquisas, por outro lado, foi necessário para o
desenvolvimento das ciências médicas, e em certos casos os referidos estudos poderiam
levar tanto a desconfortos passageiros como a danos mais severos, de natureza
reversível ou irreversível, o que levou ao estabelecimento de conflitos bioéticos, entre o
pesquisador e o agente da pesquisa cientifica. 19
Foi entretanto, após a Segunda Guerra Mundial, com suas atrocidades em matéria
de experimentos com seres humanos, que a dinâmica da pesquisa cientifica alterou-se
no cenário mundial.
18 BENTO, Luiz Antonio – Bioética e pesquisa em seres humanos, São Paulo:Ed Paulinas, 2011, p.13.
19 BENTO, Luiz Antonio – Bioética e pesquisa em seres humanos,p.15 e 16
deve ser baseado nos resultados da experimentação com animais; deve ser conduzido
para evitar danos ou sofrimento; o risco deve ser medido pela importância humanitária e
deve ser conduzido por pessoas capacitadas; o consentimento informado pode ser
revogável; o pesquisador deve estar preparado para suspender os experimentos em
qualquer estágio se achar que este causará dano.
20 MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p.45 e ss
principios bioéticos e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à
comunidade cientifica, aos sujeitos das pesquisas e ao Estado.
Assim, aos pacientes são atribuídos, o direito à informação completa sobre a pesquisa
cientifica a que irá se submeter, tendo em vista sua condição clinica.
Diversas pesquisas estão sendo realizadas no mundo todo, envolvendo uma extensa
rede de pesquisadores. A União Europeia desempenha um papel central na genômica
nutricional e a European nutrigenomics organisation engloba 22 organizações de 10
paises europeus. Organizações como a nutrigenomics, dos EUA e a nutrigenomics da
Nova Zelandia, também participam das pesquisas multidisciplinares.
O homem pretendeu através das diversas descobertas cientificas melhorar sua qualidade
de vida tentando reproduzir uma vida mais feliz e mais saudável, mas o que está
acontecendo parece ser justamente o contrário, dada a ingerência da ditadura genética na
vida dos seres humanos, da imposição da medicalização da vida.
Diferente do que previa a antiga Medida Provisória, não é mais necessário solicitar
autorização previa para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mas apenas realizar o
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cadastro no SisGen, o que vai conferir maior celeridade à pesquisa.
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MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus – Curso de bioética e biodireito, p.129 e ss
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Fonte: http://sisgen.gov.br < acesso em 2.12.17>