Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prólogo
Uma das mais importantes ferramentas não simbólicas de uma loja maçônica
é a palavra; invisível, porém audível, ela circula o tempo todo entre os maçons e seu
poder se faz sentir inclusive nas Iniciações, quando o iniciando nada vê, mas tudo
ouve.
Alternando-se em todos os segmentos de qualquer sessão e de qualquer
grau, ela se apresenta na forma de diálogos ritualísticos, leitura de atas, palestras,
debates, declarações, palavras a bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular,
leitura de leis, decretos, atos, etc. Suprima-se a palavra…e a Maçonaria deixará de
existir!
Seu uso é quase sempre disciplinado pelo Ritual; seu detentor é o Venerável-
Mestre, que a concede, ou retira, a qualquer dos maçons presentes, sejam do quadro
ou visitantes. Em alguns Ritos, ou na tradição de algumas lojas, ela é negada aos
aprendizes; outros consideram que eles, os aprendizes, podem fazer uso da palavra
somente para perguntas pertinentes ao seu grau; e há ainda aquelas Lojas que
estimulam os aprendizes a falar, entendendo que assim estarão se desinibindo e
aperfeiçoando a mais nobre de todas as artes: a retórica.
Sem entrar no mérito dessas questões, o fato é que, nas sessões maçônicas
todos dela fazem uso: uns, por atribuição inerente ao cargo, como é o caso do
Venerável-Mestre, dos Vigilantes, das Dignidades e, sobretudo, do Orador de ofício;
outros, por estarem inscritos na Ordem do Dia ou no Tempo de Estudos; e finalmente,
todos os que assim o desejarem, nas Palavras à Bem da Ordem em Geral e do
Quadro em Particular.
Dominar bem o emprego da palavra, portanto, é obrigação de todo maçom,
além de ser uma necessidade e uma forma de aprimoramento cultural, pois alguém já
disse que a Maçonaria é uma escola de líderes e que um líder é aquele que, além do
exemplo pessoal de valores e virtudes, sabe expressar-se corretamente, utilizando
sua fala para impressionar, persuadir, comover e conduzir seus interlocutores.
Vemos frequentemente IIr.: com grandes ideias e magníficos ideais perderem
a oportunidade de ação e serem votos vencidos nos debates, justamente pelo mau
uso das palavras, pelo descaso com a didática e a retórica.
Muitas pessoas, alegando não possuírem o dom da palavra, recusam-se a
falar em público, perdendo excelentes oportunidades de promoção pessoal.
Mas, será que a palavra é um dom?… ou será simplesmente uma técnica,
possível de ser aperfeiçoada com estudo e treino?
Demonstrar que qualquer pessoa pode desenvolver e melhorar sua voz,
dicção, didática e até mesmo expressão corporal é um dos objetivos deste livro; leia-o
atentamente, siga os seus conselhos e dicas e, dentro de pouco tempo, voce estará
se sentindo uma nova pessoa, mais interessante e agradável, não somente em sua
Loja maçônica, como também na vida profissional, social e familiar.
Falar bem não é requisito fundamental apenas para os profissionais da
palavra–advogados, apresentadores e vendedores–mas um complemento
indispensável a todos os que queiram viver melhor, ter mais qualidade de vida,
sentindo-se admirados e aceitos em todas as esferas do relacionamento humano.
“Diante do público...
..o fraco treme, o louco afronta, o tolo subestima…
e o orador conduz.”
Tempo de Estudos
O público aplaude, na maior parte das vezes, simplesmente por uma questão
de hábito, de etiqueta social, de obediência aos usos e costumes.
Aplausos verdadeiros, sinceros e expontâneos são aqueles que ocorrem não
ao final, mas no decorrer da palestra, quando o orador consegue ir ao encontro do
pensamento de seus ouvintes, quando com eles interage, traduzindo em palavras
explícitas os seus sentimentos implícitos, as suas aspirações mais íntimas.
Muitas vezes também aplaude-se para interromper alguém que está
exagerando, falando demais, falando além do tempo que lhe foi concedido pelo
apresentador ou mediador.
Se voce estiver proferindo uma palestra, ou respondendo à uma entrevista, e
alguém formular uma pergunta que não saibas responder…não “enrole”; diga
simplesmente:
“- Eu fui convidado para expôr a minha opinião… e não para ouvir a sua.”
Por didática, neste curso deve-se entender, não a arte e a ciência de ensinar,
mas sim a de expôr corretamente as ideias, transformando-as em palavras fiéis ao
que se sabe e ao que se quer transmitir. Trata-se, em suma, de tornar o discurso
inteligível.
De nada adiantam belas palavras porém inseridas em um contexto
incoerente.
O bom orador é aquele que consegue descrever com exatidão um fato,
explicar bem uma teoria ou desenvolver com lógica um raciocínio; e para isso, é
necessário ter, mais do que conhecimentos, um vocabulário rico e extenso, que se
adquire com muita leitura (todo grande orador é, acima de tudo, um grande leitor), e
um certo interesse por definições, etmologia, sinônimos, antônimos e ideias afins,
conforme será demonstrado a seguir:
Definições:
Dar uma definição precisa, mesmo de objetos simples, tal como uma cadeira,
não é tão fácil como à primeira vista aparenta: um objeto para sentar-se, talvez seja o
que nos ocorra imediatamente; tal definição, porém, pode ser aplicada também a um
sofá, poltrona, banquinho, trono,etc.
Quando um orador pretende realmente se comunicar com seu público, passar
a ele uma imagem exata, deve saber escolher as palavras certas, precisas,
adequadas.
Habitue-se, portanto, a consultar os bons dicionários e a usar a palavra exata
no momento certo. Exemplo:
“O deismo e´o sistema ou atitude dos que, rejeitando toda espécie de
revelação divina, e portanto a autoridade de qualquer igreja, aceitam, todavia, a
existência de um Deus, destituido de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou
não haver influído na criação do universo; a ele, contrapõe-se o teismo, a doutrina
que admite a existência de um Deus pessoal, causa do mundo.”
Obs: o texto acima foi elaborado a partir da fiel transcrição das definições de
deismo e teismo, contidas no Novo Dicionário Folha/Aurélio, edição 1995.
Etimologia:
É a parte da gramática que estuda a origem e a história das palavras.
Conhecimentos etimológicos conferem brilho às palestras e prestígio aos
palestrantes.Exemplo:
O termo cordial provém de cordis (em latim, coração).
As palavras ferir, ferida, ferina (lingua ferina), provém de fera.
Antônimos:
São as palavras ou locuções de significação oposta.
Largamente utilizadas em oratória, realçam o valor de determinadas palavras
e conceitos pela apresentação de seus opostos. Exemplos:
“Preserve, ao invés de adulterar.”
“Não tenho por ela afinidade, mas aversão.”
“O mar calmo, que pela tempestade se agita.”
“ O que a virtude uniu, que o homem não separe.”
Sinônimos:
Transmitem ao texto e, principalmente, à palavra falada, um tom vibrante que
reforça a ideia central. Exemplos:
“Ninguém se apiedou de sua desdita, de sua desventura, de seu infortúnio, de
sua desgraça.”
“Um sujeito espalhafatoso, estrondoso, barulhento…”
“Após a investigação, a exploração, o estudo, o exame, revelou-se a
verdade”.
“Ele era um fraudulento, um trapaceiro, um impostor”.
Ideias afins:
Considere as palavras início e ovo; entre ambas parece não haver nenhuma
relação de significado, contudo, a palavra ovo pode sugerir a ideia de embrião, germe,
origem, início. Diz-se que tais palavras, embora não sendo sinônimas, contém uma
área significativa comum, ou seja, que possuem ideias afins. Necessitando-se delas,
podemos encontrá-las nos chamados dicionários analógicos.
Exemplos:
Mover: percorrer, correr, mobilizar, agitar, deslocar, etc.
Beleza: graça, encanto, explendor, elegância, requinte, perfeição,etc.
Vingança: represália, desforra, revide, desagravo, retaliação, ajuste de
contas, etc.
Sofrimento: padecimento, pena, tormento, aborrecimento, desconsolo, fardo,
infortúnio, etc.
1. Introdução
Também conhecida como prólogo ou exórdio, na qual se anuncia o assunto
ou tema a ser desenvolvido. Exemplo:
“Nesta noite memorável, estamos todos aqui reunidos para prestar uma
homenagem singela, porém verdadeira, a todos aqueles que contribuiram para o êxito
de nossa missão..”
2. Narração
É o principal segmento do discurso, sua parte mais importante, na qual se
aborda o assunto propriamente dito; a narração deve preencher a maior parte do
tempo do qual dispõe o orador. Exemplo:
“Como é do conhecimento de todos, nossa missão teve início nos primórdios
deste ano, que ora termina, quando um pequeno grupo de abnegados irmãos,
liderados pelo Venerável Mestre desta loja, sensibilizaram-se ante a penúria e o
estado de extrema pobreza em que vivem alguns moradores desta região,
resolvendo, então, arregaçar as mangas e buscar soluções que extinguissem, ou
minimizassem, tão aflitivos problemas. Inútil seria agora rememorar todas as
dificuldades que enfrentamos, pois são elas do conhecimento de todos os
presentes…”
3. Desvios
Ou digressões, são as considerações paralelas ao tema principal. Exemplo:
“Sabemos perfeitamente que, nesta região, não somos os únicos que
desenvolvem atividades em pról das comunidades carentes; outros, com o mesmo
sentimento e a mesma abnegação, também o fazem; alguns, mais e melhor que
nós… e neles fomos buscar, então, apoio e orientação…e a eles, hoje, queremos
externar nossos agradecimentos.”
4. Provas
É o trecho do discurso no qual o orador estabelece a verdade e reafirma suas
teses. Exemplo:
“Nosso trabalho, no decorrer destes meses, transcorreu sob a égide da
seriedade e da mais perfeita transparência, como o provam todos os documentos
fiscais e contábeis, disponíveis a quem queira
examiná-los.”
5. Refutação
Onde se rebatem os possíveis argumentos contrários. Exemplo:
“Alguns, entretanto, dirão que falhamos em certos pontos, que não atingimos
determinadas metas, que não cumprimos em sua totalidade tudo que havíamos
prometido fazer; e a estes eu direi: uma imprevista enchente, obra da natureza, que
destrói alimentos por nós arduamente acumulados, pode ser apontada como falha
nossa ?…”
6. Epílogo
Também denominado peroração, ou grand finale, é a parte final do discurso,
na qual o orador busca arrematar com chave de ouro as suas palavras. Exemplo:
“No apagar das luzes desta belíssima e significativa reunião, podemos afirmar
em alto e bom tom que cumprimos a nossa missão, que alimentamos muitas bocas
famintas, que abrigamos muitos deserdados da sorte, que realizamos o bom trabalho,
o trabalho voluntarioso e nobre de ajudar aos nossos semelhantes, de praticar
continuamente a beneficência… e… como declamou o poeta: quando alguém faz
beneficência na terra, Deus colhe flores no céu.”
Módulo 9 (CAPÍTULO XIX do livro): ESTILOS