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Tecnologia, Ciência e Inovação 2010/2011

Ciência e tecnologia

Anos 70
Começa a mudança relativamente ao estudo da
Inspiram-se nos estudos de Robert King Merton
ciência, tecnologia e sociedade
- Exterior ao acto científico
Desenvolve-se uma sociologia do próprio
conhecimento científico a partir da visão crítica
O ponto de vista construtivista social de Thomas Kuhn e Ludwig Fleck
Construção social: Mais tarde,
- Campo da ciência Adopta - se uma estratégia etnográfica, começa
- Campo da tecnologia a sublinhar a importância dos artefactos, das
mediações técnicas…
- sociologia da técnica

Construtivismo social forte:


 Desenvolvido na Universidade de Bath, Inglaterra (David Bloor)

- SCOT – Social Construction of Technology


- SCOST – Social Construction of Science and Technology.
(âmbito da ciência)

Autores: Wiebe E. Bijker e Trevor Pinch


Exemplo de uma SCOT: a evolução da bicicleta “Bicycle Safety”

Construtivismo social fraco:


 Desenvolvido na Escola americana culturalista
Objectivo: Os autores pretendem ultrapassar o sócio – centrismo anterior
valorizando o aspecto cultural que atravessa o artefacto técnico ou a
construção dos factos tecnocientíficos.

Autores: Winner e Wynne


Tecnologia, Ciência e Inovação 2010/2011

As sociedades de hoje em dia já não são o que eram. Evoluíram em vários aspectos
e, um pouco por toda a parte, alterando a forma de vida dos indivíduos e mais
concretamente a vida em sociedade. Por exemplo os valores presentes nas
sociedades de hoje em dia, são diferentes dos valores presentes nas altura dos
nossos avós. Mas não é só a nível dos valores que há uma profunda mudança.
Também relativamente aos avanços da tecnologia e ciência há uma evolução
notória que veio alterar a forma de vida dos indivíduos e a vida em sociedade.
Podemos assim afirmar que cada vez mais a tecnologia e a ciência estão presentes e
constituem uma das principais características das sociedades modernas. Contudo, a
partir dos anos 70 começa uma mudança relativamente à análise da questão
tecnológica uma vez que começam estudos acerca da ciência, tecnologia e
sociedade, onde se defende que a tecnologia e a ciência não seguem uma lógica
interna de pensamento, mas sim, são um processo/ produto social onde os
elementos não técnicos como os valores, convicções, interesses profissionais,
interesses de classes… desempenham um papel decisivo na génese e evolução da
tecnologia e ciência. Os estudos relativamente ao estudo da ciência, tecnologia e
sociedade inspiram-se nos estudos de Robert King Merton .Desenvolve-se uma
sociologia do próprio conhecimento científico a partir da visão crítica de Thomas
Kuhn e Ludwig Fleck.
Mais tarde, esta sociologia do conhecimento científico, ao adoptar uma estratégia
etnográfica, começa a sublinhar a importância dos artefactos, das mediações
técnicas, das inscrições o que permitiu uma articulação com outro domínio além da
ciência, a técnica... ou seja, desenvolve-se um novo domínio de estudo, a sociologia
da técnica. Relativamente ao estudo da sociologia da técnica, há uma nova
abordagem que surge, o construtivismo social, ou também conhecido de
construção social da tecnologia. Começasse assim a compreender a ciência de uma
outra maneira: o conhecimento científico não é mais analisado como o produto de
um processo cognitivo especial mas sim como o resultado de práticas sociais e dos
interesses de determinados grupos, ou seja, as tecnologias e as teorias não estariam
determinadas, nem por critérios científicos, nem por critérios técnicos.
Também se abre a “caixa negra” da ciência, percebe-se quais os seus verdadeiros
pressupostos e, posteriormente descobre - se o seu carácter de mediação técnico
apercebendo-se que os objectos da ciência não eram nem apenas técnicos, nem
apenas sociais.
Primeiramente vários estudos foram realizados em alguns países europeus como
por exemplo a França, Inglaterra e Holanda tendo como ponto de partida a
afirmação de que a tecnologia desenvolvida era marcada por um carácter
determinista. Contudo, há autores que não concordam com tal pressuposto e
surgem assim, enumeras teorias e crenças relativamente à construção social da
tecnologia, (muitos autores deram o seu contributo relativamente a este tema, o
que resultou na sua grande visibilidade e grande importância do campo
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multidisciplinar conhecido como Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT)).


Contudo, as teorias desenvolvidas podem ser divididas em 2 grandes tipos de
construtivismo: o construtivismo social forte (área da técnica, inspirou-se no
trabalho desenvolvido pelo Programa Empírico do Relativismo na Universidade de
Bath em Inglaterra. Um dos principais investigadores foi David Bloor. As principais
teorias formuladas foram a SCOT e a SCOST. Um dos principais pressupostos é que
as explicações divergentes, nas ciências duras não devem ser entendidas em termos
de verdade ou falsidade, mas sim a partir de variáveis sociais) e o construtivismo
social fraco (culturalista, os dois principais defensores desta visão foram: Winner e
Wynne. é uma visão que valoriza os aspectos mais práticos: quer o aspecto cultural
da tecnologia (Winner) bem como as suas apropriações de tecnociencia (Wynner).
Os autores pretendem ultrapassar o sócio – centrismo anterior valorizando o
aspecto cultural que atravessa o artefacto técnico ou a construção dos factos
tecnocientíficos. Interessam – se, pelos efeitos práticos envolvendo a investigação
numa lógica pragmática. De acordo com Winner, ao aceitarmos uma tecnologia e o
modo como ela funciona, estamos a aceitar um contrato social, cujas condições só
tomamos consciência depois da sua assinatura. A este processo podemos chamar
de “sonambulismo tecnológico”. Este processo permite que se remodelem as
condições humanas de vida de formas não desejadas e que têm grandes
consequências negativas para grandes grupos populacionais e para o futuro. Já
Wynne, tem um carácter reflexivo, onde sublinha a importância da percepção
publica dos riscos tecnológicos, não a considerando como irracional, mas
integrando – a de forma a contextualizar as tecnologias).
Recentemente alguns autores deram o seu contributo para o desenvolvimento da
sociologia da técnica, nomeadamente, Lewis Munford, Wiliam Ogburn, Jacques
Ellul, Thomas P.Hughes, Wiebe E. Bijker e Trevor Pinch. Pode se afirmar que os 3
últimos autores, com a obra: “The Social Construction of Technologial Systems.
New Directions in the Sociology and History of Technology” (1987) marcaram o
início do estabelecimento de bases da recente área da sociologia da técnica e da
abordagem do construtivismo social.
Bijker é o principal representante e impulsionador da nova corrente conhecida
como social – construtivista, e/ou também conhecida por SCOT “Social Constrution
of Technology”. Esta corrente é inspirada na obra desenvolvida por Bijker
juntamente com Thomas Hughes e Trevor Pinch, em vários artigos e ainda na obra:
“On Bicycles, Bakelites, and Bulls. Toward a theory of Sociotechnical Change”
(1995), onde se procura estabelecer as novas bases teóricas e metodológicas para
estudar a relação tecnologia – sociedade. Procura-se ainda estabelecer o princípio
de que a tecnologia tem um carácter socialmente construído, que é um processo de
construção social, e que decorre por várias etapas até se estabilizar. Ou seja, a
tecnologia tem um carácter social uma vez que é influenciada pela sociedade, pelos
problemas que vão surgindo face a determinada tecnologia e ainda pelos interesses
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de certos grupos sociais que integram as sociedades. Pode – se assim afirmar que, a
tecnologia se vai adequando, alterando e moldando face aos problemas e
necessidades que vão surgindo nas sociedades. Assim, não se pode explicar a
tecnologia apenas por artefactos, Bijker introduz ainda o termo “sociotechonoly”.

Construtivismo social forte


Scot “Social Constrution of Technology”
Como já foi referido anteriormente, a SCOT foi uma corrente que surgiu no âmbito
do estudo da ciência e da tecnologia, e baseia-se no trabalho realizado na escola
construtivista da sociologia do conhecimento científico. Tem como base, a critica ao
essencialismo da técnica, ou seja à ideia de que a técnica teria uma natureza, uma
essência, independentemente do contexto social em que esta inserida e surge ainda
como sendo uma resposta ao determinismo tecnológico. Não é apenas uma teoria,
mas é também uma metodologia, uma vez que formaliza as etapas e os princípios a
serem seguidos quando se deseja analisar as causas das falhas tecnológicas ou dos
sucessos, ou seja, tenta explicar o porquê de algumas variantes da tecnologia
sobreviveram e outras não, tendo em conta quais foram as variantes que surgiram
para algumas inovações não darem resultado e acabarem por desaparecer. A SCOT
tem como seus principais defensores Wiebe E. Bijker e Trevor Pinch. Juntos
defendem a convergência entre a sociologia do conhecimento científico e a
sociologia na técnica, e defendem ainda que a tecnologia não determina a acção
humana, mas que é a acção humana que determina a tecnologia, e é assim uma
forma de compreender as ligações entre os processos sociais e os processos e
desenvolvimentos técnicos. A tecnologia é assim um processo de construção social
e, para explicar esse processo de construção social Bijker introduz alguns conceitos
fundamentais tais como: flexibilidade interpretativa, grupos sociais dominantes,
estrutura tecnológica e estabilização/ fechamento.

Numa sociedade não temos todos os mesmos interesses e nem todos temos o
mesmo poder e liberdade de acção. Há certos grupos que tem mais poder e mais
influencia em alguns aspectos e a sociedade acaba por se sujeitar aos gostos e
interesses desses grupos. É o acontecesse com a tecnologia e nomeadamente com
a evuloçao da tecnologia. Há grupos sociais dominantes que interpretam a
tecnologia à sua maneira, conforme os seus interesses (flexibilidade interpretativa)
e atribuem significados que vão influenciar todo o resto…

o construtivismo social é criticado com


alguns argumentos originais em duas linhas principais. Primeiro por tratar‐se, a
despeito de seu cientificismo, simplesmente de mais uma abordagem em filosofia da
ciência totalmente dependente das teses filosóficas de seus precursores, além de não
usar em nenhum momento, como propugna, métodos científicos adequados para o
teste de suas hipóteses. Segundo por não ser, apesar do uso do termo, um
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construtivismo, uma vez que defende um sujeito passivo na relação com o objeto do
conhecimento, consistindo num estranho tipo de objetivismo, no qual o mundo físico
não tem papel. Conclui‐se que esta abordagem se afastou profundamente da tradição
filosófica construtivista, uma vez que renuncia à idéia de sujeito construtor de suas
cognições em prol de uma sociedade que as causa. Além disso, o construtivismo
social não só não tem qualquer semelhança com a investigação científica, como
sequer pode ser considerado uma teoria filosófica consistente, pois reedita antigas
auto‐refutações relativistas e cientificistas, usa de forma descuidada a linguagem e
beira em alguns momentos ao irracionalismo.

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