Você está na página 1de 2

Heidegger nesse texto percorre a história da filosofia no intuito de explicitar que o

desenvolvimento da metafísica prossegue também o desenvolvimento do humanismo e


que todo humanismo se funda numa metafísica. Assim, faz uma série de ponderações a
cerca do humanismo.

Heidegger começa o ensaio apontando que: “estamos ainda longe de pensar com
suficiente radicalidade a essência do agir.1” Evidenciando nas páginas iniciais a
emergência de pôr em questão o pensar e concomitantemente o Ser. Pois, ele explica
que o pensar é o que efetua a relação do Ser com a essência do homem, que por fim é no
pensar que o ser tem acesso a linguagem opondo-se a uma visão técnico-teorética do
pensar. Desse modo, Respondendo ao questionamento de Beufret : “como dar
significado ao termo humanismo?” ele, alertando sobre o perigo desse “Ismos”,
empreende uma critica a metafísica, no qual para ele obstrui a essência do pensar, que
originariamente é o pensar do ser. Essa obstrução da essência do pensar também refere-
se a incapacidade de se pensar a verdade o ser.
Heidegger afirma que: “todo humanismo se funda numa metafísica ou ele mesmo se
postula como fundamento de uma metafísica.”2, para Heidegger todo humanismo teve
como pressuposto uma um essência fixa e mais universal do ser humano, sendo tal
pressuposto uma metafísica incapaz de pensar a diferença entre o ser e o ente ( diferença
ontológica). O filosófo defende que aquilo que o homem “é” ( que na liguagem
tradicional se chama Essência) não pode ser determinada e objetificada tal como a
metafísica a fez desde da noção aristotélica de “animal racional” até a substância do
cogito moderno. Pois tal Essência reside na sua ek-sistência 3,A ec-sistência é diferente
da existência pensada na tradição metafísica. Não se confunde com as diversas
interpretações humanística do homem, pois não considera o homem como lançado na
verdade ser, o que desemboca na questão já citada por Heidegger em ser e Tempo e
readmitida na Carta sobre o Humanismo que é a questão do Ser, ou seja, a metafísica
esquece o ser, esqueceu a dimensão ontológica do homem que está lançado na verdade
do Ser. Esse esquecimento é o chão em que se apóia o humanismo.

1
P. 274

2
P. 280

3
³ Dasein "dá um passo à frente" para dentro do mundo e faz algo de si mesmo; ele é "ecstático, i.e.,
ecêntrico" . Existem, não envolve nenhum contraste com "essência", ao contrário da afirmação de Sartre
de que a existência precede a essência (CH, 322/229). Heidegger frequentemente escreve Ex-sistem ou
Ek-sistem para enfatizar o "passo para fora". (Inwood, p. 58)

Você também pode gostar