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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-1459-60.2010.5.10.0009

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A C Ó R D Ã O
6ª Turma
GMKA/lcs

I – AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI
Nº 13.467/2017.
UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. EXECUÇÃO
DE ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE
O SINDICATO DA CATEGORIA PROFISSIONAL
E A CODEVASF. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA.
PEDIDO DE NULIDADE APRESENTADO PELA
UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS.
ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
1 – No caso, por meio de decisão
monocrática, reconheceu-se a
transcendência e negou-se provimento
ao agravo de instrumento da União.
2 - Deve ser reformada a decisão
monocrática, visto que, em análise
mais detida, constata-se a
recorribilidade da decisão
homologatória do acordo pela União,
terceira interessada, e a adequação
da via eleita para pleitear sua
nulidade, qual seja, petição nos
próprios autos em que se executa o
acordo homologado.
3 - Agravo a que se dá provimento
para prosseguir no julgamento do
agravo de instrumento.

II – AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO


DE REVISTA. VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014 E DA IN Nº 40 DO TST.
ANTERIOR À LEI Nº 13.467/2017.
UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. ACORDO
FIRMADO ENTRE O SINDICATO DA
CATEGORIA PROFISSIONAL E A CODEVASF.
DECISÃO HOMOLOGATÓRIA. PEDIDO DE
NULIDADE APRESENTADO PELA UNIÃO EM
PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS. ADEQUAÇÃO
DA VIA ELEITA.
1 - Aconselhável o provimento do
agravo de instrumento para melhor
exame do recurso de revista, no
aspecto, por provável violação do
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art.5º, XXXV, da Constituição
Federal.
2 – Agravo de instrumento a que se dá
provimento.

III - RECURSO DE REVISTA. VIGÊNCIA DA


LEI Nº 13.467/2017.
UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. EXECUÇÃO
DE ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE
O SINDICATO DA CATEGORIA PROFISSIONAL
E A CODEVASF. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA.
PEDIDO DE NULIDADE APRESENTADO PELA
UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS.
ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA.
1 – O TRT, no caso, entendeu que “A
regra exceptiva à irrecorribilidade
dos acordos homologados judicialmente
somente alcança a Previdência Social
e, ainda, em relação às contribuições
previdenciárias que lhe forem
devidas, não havendo espaço para
exegese ampliativa a fim de criar
exceção não prevista em lei.” Nesse
sentido, concluiu: “A União pede a
nulidade da decisão homologatória de
acordo firmado entre o Sindicato
Demandante e a Codevasf, o que não é
possível pela via eleita, na esteira
do art. 831, parágrafo único, da CLT,
e Súmulas 259 e 100, V, do TST.”
2 - O art. 831, parágrafo único, da
CLT prevê que “No caso de
conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível,
salvo para a Previdência Social
quanto às contribuições que lhe forem
devidas”. A Súmula nº 100, V, do TST,
de outra parte, dispõe: “O acordo
homologado judicialmente tem força de
decisão irrecorrível, na forma do
art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo
conciliatório transita em julgado na
data da sua homologação judicial.”
3 - Ao restringirem a recorribilidade
da decisão homologatória de acordo,
visam a conferir efetividade e
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celeridade em sua execução, à luz da
boa-fé das partes que o firmaram. Não
abrangem, contudo, eventuais
terceiros prejudicados, que podem vir
a ingressar no feito como
interessados. Afinal, os limites
subjetivos da coisa julgada não os
alcançam, consoante o art. 506 do
CPC/2015 (“A sentença faz coisa
julgada às partes entre as quais é
dada, não prejudicando terceiros.”).
4 - É essa a ratio, inclusive, da
exceção concernente à Previdência
Social, disposta no art. 831 da CLT,
que pode recorrer da decisão
homologatória no que toca às
contribuições que lhe forem devidas.
5 – No caso, a União já teve sua
condição de terceira interessada
reconhecida pelo TRT, haja vista
repassar recursos à CODEVASF (empresa
pública federal) para pagamento de
despesas de pessoal, como os
reajustes salariais objeto do
presente acordo. Nesse sentido, por
não ter participado como parte da
homologação do acordo extrajudicial
firmado entre o Sindicato Nacional
dos Trabalhadores de Pesquisa e
Desenvolvimento Agropecuário e a
CODESVASF, a União não se submete ao
regime de irrecorribilidade da
decisão homologatória.
6 - Assim, a petição apresentada
pleiteando sua nulidade, ao
fundamento de inobservância de
requisitos formais, revela-se via
adequada ao fim pretendido, sob pena
de afronta ao art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal.
7 – Recurso de revista conhecido e
provido.

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Recurso de Revista n° TST-RR-1459-60.2010.5.10.0009, em que é
Recorrente UNIÃO (PGU) e Recorrido SINDICATO NACIONAL DOS
TRABALHADORES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO - SINPAF e
COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO
PARNAÍBA - CODEVASF.

Por meio da decisão monocrática, foi negado


provimento ao agravo de instrumento da União, terceira interessada.
A União interpôs agravo, com a pretensão de
processar o seu agravo de instrumento.
Intimadas, as partes se manifestaram.
É o relatório.

V O T O

I - AGRAVO
1. CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade,
conheço do agravo.

2. MÉRITO
2.1. UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. EXECUÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE O SINDICATO DA CATEGORIA
PROFISSIONAL E A CODEVASF. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA. PEDIDO DE NULIDADE
APRESENTADO PELA UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA.
Eis o teor da decisão monocrática agravada, no
tópico de interesse:
“Nas razões do agravo de instrumento, a parte alega que não se aplica
ao caso a Súmula nº 100, V, do TST. Aduz que o acordo judicial somente
produz efeitos quando preenchidos todos os requisitos da lei e da
Constituição Federal para sua formação. Assevera ainda que não incide a
Súmula nº 259 do TST, porquanto entende que o acordo sequer poderia ter
sido homologado. Afirma, de outra parte, que “CODEVASF, ao celebrar o
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acordo objeto da presente execução, não observou a legislação de regência.
Como empresa dependente, estava obrigada a se sujeitar às autorizações do
Ministro da Pasta, do Advogado-Geral da União e do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, tendo em vista que os valores
discutidos são superiores a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).” Aponta
violação dos artigos 5º, II, XXXVI, LIV, LV, 37, caput, da Constituição
Federal. Colaciona ademais arestos.
No recurso de revista, a parte transcreveu os seguintes trechos do
acórdão regional:
“No Processo do Trabalho, as decisões homologatórias de
acordo são irrecorríveis, salvo para a Previdência Social em relação
às contribuições que lhe são devidas, na esteira do art. 831, parágrafo
único, da CLT.
Nesse sentido, dispõe a Súmula 259 do Col. TST que "Só por
ação rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no
parágrafo único do art. 831 da CLT".
Reforçando a compreensão da irrecorribilidade da decisão
homologatória de acordo, a Súmula 100, V, do Col. TST estabelece
que "O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo
conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial".
( ... ) Não socorre a União o quanto disposto na parte final do
art. 831, parágrafo único, da CLT. A regra exceptiva à
irrecorribilidade dos acordos homologados judicialmente somente
alcança a Previdência Social e, ainda, em relação às contribuições
previdenciárias que lhe forem devidas, não havendo espaço para
exegese ampliativa a fim de criar exceção não prevista em lei.
Pontue-se, ainda, que não cabe a este Colegiado emitir juízo de
valor a respeito dos requisitos próprios da ação rescisória, já que sua
competência se limita, no presente feito, a julgar o Agravo de Petição
interposto nestes autos.
A União pede a nulidade da decisão homologatória de acordo
firmado entre o Sindicato Demandante e a Codevasf, o que não é
possível pela via eleita, na esteira do art. 831, parágrafo único, da
CLT, e Súmulas 259 e 100, V, do TST.
Incólumes os dispositivos invocados no apelo, inclusive os arts.
5º, 11, XXV, XXXV, LIV, LV, 37, caput, da CF; 841, parágrafo
único, da CLT; 1 º, caput, §1 º, 5º, parágrafo único, da Lei 9.469/97; 1
º do Decreto 3.735/01; 8º do Decreto 8.189/2014; 2º da Lei 4.717/65,
bem como as Súmulas 259, 298, IV, do TST.” (fls. 6353/6354)
À análise.
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Atendidos os requisitos do art. 896, § 1º-A, da CLT.
O artigo 831, parágrafo único, da CLT estabelece que são
irrecorríveis as decisões homologatórias de acordo, excetuada a hipótese
concernente às contribuições devidas à Previdência Social. Nessa
perspectiva, a Súmula nº 259 deste Tribunal Superior, somente “por ação
rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único
do art. 831 da CLT.” No caso, dos trechos transcritos do acórdão,
depreende-se que a Corte Regional, sob o prisma do artigo 831, parágrafo
único, da CLT e da Súmula nº 259 do TST, reputo inadequada a via eleita
pela União, que, mediante requerimento, postulou a nulidade de decisão
homologatória de acordo firmado entre sindicato da categoria profissional e
a CODEVASF com o escopo de assegurar o reenquadramento salarial de
empregados dessa empresa, bem como o pagamento de diferenças salarias
daí decorrentes.
A Corte Regional registrou, na espécie, que a aquela decisão
homologatória é irrecorrível e apenas passível de impugnação por ação
rescisória.
Portanto, trata-se de termo de conciliação firmado em processo
judicial previamente existente, que não se confunde com a hipótese relativa
à jurisdição voluntária, razão porque a decisão homologatória produz coisa
julgada e somente pode ser desconstituída mediante ação rescisória,
consoante o artigo 831, parágrafo único, da CLT. Dessa forma, revela-se
patente a inadequação da via eleita no caso em que a União, mediante
petição postula a nulidade da decisão homologatória do termo de
conciliação celebrado entre o sindicato da categoria profissional e a
CODEVASF, devidamente homologado em juízo.
Constata-se, assim, que o acórdão regional harmoniza-se com a
Súmula nº 259 do TST. Incidência do óbice do art. 896, § 7º, da CLT.”
(fls. 2.353/2.356)

Nas razões do agravo, a União, que ingressou como


terceira interessada no presente feito, alega a nulidade da decisão
que homologou o acordo extrajudicial firmado entre as partes,
CODEVASF e o SINPAF. No mérito, aduz que a execução do acordo
atingiu valores “superiores a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)” e que, nesse
caso, era imprescindível “colher autorização do Ministro da Pasta, do Advogado-Geral da
União e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão” – o que não foi feito.
Sustenta a adequação da via eleita para pleitear o
reconhecimento de referida nulidade (agravo de petição nos próprios
autos), sob dois fundamentos.

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A um, entende que a circunstância de não ter sido
parte na homologação do acordo afasta a incidência do art. 831,
parágrafo único, da CLT, que prevê a irrecorribilidade da decisão
homologatória, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas.
Nesse sentido, reputa igualmente inaplicável a
Súmula nº 259 do TST, que prevê que a decisão homologatória é
impugnável apenas por ação rescisória. Assim, aduz: “O comando normativo
previsto na Súmula nº 259 do TST não alcança as pessoas que, embora tenham sofrido os efeitos
jurídicos de acordo homologado judicialmente, não participaram da referida conciliação, como ocorre
nestes autos” (fl. 6.475).
A dois, sustenta que, nos termos da Súmula nº 298,
IV, do TST, a sentença homologatória que silencia sobre os motivos
de convencimento do juiz – caso dos autos - não pode ser objeto de
ação rescisória.
Nesse contexto, aponta que “o v. acórdão regional e a decisão
ora agravada, ao não conhecer do pleito de declaração de nulidade do acordo por inadequação da via
eleita, também ofende a garantia da inafastabilidade do Poder Judiciário, já que a União não teria à
sua disposição qualquer meio judicial para impugnar o referido acordo, em manifesta violação ao art.
5º, XXXV, da CRFB/88”.
Aponta, ainda, violação dos incisos II, XXXVI, LIV
e LV da Constituição Federal.
À análise.
De plano, anoto que atendidos os requisitos do
art. 896, § 1º-A, da CLT.
O art. 831, parágrafo único, da CLT prevê que “No
caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão
irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas”.
A Súmula nº 100, V, do TST, de outra parte,
dispõe: “O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo
conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial.”

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Ao restringirem a recorribilidade da decisão
homologatória de acordo, visam a conferir efetividade e celeridade
em sua execução, à luz da boa-fé das partes que o firmaram.
Não abrangem, contudo, eventuais terceiros
prejudicados, que podem vir a ingressar no feito como interessados.
Afinal, os limites subjetivos da coisa julgada não os alcançam,
consoante o art. 506 do CPC/2015 (“A sentença faz coisa julgada às
partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.”).
É essa a ratio, inclusive, da exceção concernente
à Previdência Social, disposta no art. 831 da CLT, que pode recorrer
da decisão homologatória no que toca às contribuições que lhe forem
devidas.
No caso, a União já teve sua condição de terceira
interessada reconhecida pelo TRT, haja vista repassar recursos à
CODEVASF (empresa pública federal) para pagamento de despesas de
pessoal, como os reajustes salariais objeto do presente acordo.
Nesse sentido, por não ter participado como parte
da homologação do acordo extrajudicial firmado entre o Sindicato
Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário e a CODESVASF, a União não se submete ao regime de
irrecorribilidade da decisão homologatória.
Assim, a petição apresentada às fls. 4.949/4.956
da numeração eletrônica, pleiteando sua nulidade, ao fundamento de
inobservância de requisitos formais, revela-se via adequada ao fim
pretendido, sob pena de afronta ao art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal.
Assim, dou provimento ao agravo e passo ao exame
do agravo de instrumento.

II – AGRAVO DE INSTRUMENTO

1. CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade,
conheço do agravo de instrumento.

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ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE O SINDICATO DA CATEGORIA
PROFISSIONAL E A CODEVASF. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA. PEDIDO DE NULIDADE
APRESENTADO PELA UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA.
Quanto ao tema, o Tribunal Regional, juízo
primeiro de admissibilidade do recurso de revista (art. 682, IX, da
CLT), denegou-lhe seguimento, adotando os seguintes fundamentos, in
verbis:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO I


LIQUIDAÇÃO/CUMPRIMENTO/EXECUÇÃO. NULIDADE DO
TÍTULO EXECUTIVO - ACORDO NULO CABIMENTO DA AÇÃO
JlliSCISÓRIA - GARANTIA DA INAFASTABILIDADE DO PODER
JUDICIARIO
Alegação(ões): -violação do(s) artigo(s) 5°, incisos li, XXXV,
XXXVI, LIV e LV, e 37 da Constituição Federal.
A 3' Turma manteve a decisão que indeferiu o pedido da União de
declaração de nulidade do título executivo (acordo entabulado entre o
Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário e a CODEVASF). O acórdão foi ementado nos termos
seguintes: "AGRAVO DE PETIÇÃO. DECISÃO HOMOLOGATÓRJA
DE ACORDO. IRRECORRIBILIDADE. A União pede a nulidade da
decisão homologatória de acordo firmado entre o Sindicato Demandante e a
Codevasf, o que não é possível pela via eleita, na esteira do art. 831,
parágrafo único, da CLT, e Súmulas 259 e I 00, V, do TST." Inconformada,
insurge-se a União contra essa decisão, mediante as alegações alhures
destacadas, insistindo na nulidade do título executivo.
Todavia, o acórdão está em harmonia com o entendimento
sedimentado nas Súmulas n°s 100, V, e 259 do TST, inviabilizando o
processamento da revista, nos termos da Súmula n° 333/TST.
De outra parte, não caberia ao Órgão fracionário emitir qualquer juízo
de valor acerca dos pressupostos próprios da ação rescisória, na medida em
que sua competência se limita, no presente feito, a julgar o agravo de
petição.
A tal modo, afastam-se as alegações deduzidas.
CONCLUSÃO

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Ante o exposto, DENEGO seguimento ao recurso de revista.”
(fls. 6.365/6.366)

A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria


(art. 896, § 1º-A, I, da CLT), a agravante indicou, nas razões do
recurso de revista, o seguinte trecho do acórdão do Regional:
“No Processo do Trabalho, as decisões homologatórias de acordo são
irrecorríveis, salvo para a Previdência Social em relação às contribuições
que lhe são devidas, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT.
Nesse sentido, dispõe a Súmula 259 do Co!. TST que "Só por ação
rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único
do art. 831 da CLT".
Reforçando a compreensão da irrecorribilidade da decisão
homologatória de acordo, a Súmula 100, V, do Col. TST estabelece que "O
acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na
forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em
julgado na data da sua homologação judicial".
( ... ) Não socorre a União o quanto disposto na parte final do art. 831,
parágrafo único, da CLT. A regra exceptiva à irrecorribilidade dos acordos
homologados judicialmente somente alcança a Previdência Social e, ainda,
em relação às contribuições previdenciárias que lhe forem devidas, não
havendo espaço para exegese ampliativa a fim de criar exceção não prevista
em lei.
Pontue-se, ainda, que não cabe a este Colegiado emitir juízo de valor
a respeito dos requisitos próprios da ação rescisória, já que sua competência
se limita, no presente feito, a julgar o Agravo de Petição interposto nestes
autos.
A União pede a nulidade da decisão homologatória de acordo firmado
entre o Sindicato Demandante e a Codevasf, o que não é possível pela via
eleita, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT, e Súmulas 259 e
100, V, do TST.
Incólumes os dispositivos invocados no apelo, inclusive os arts. 5º,
11, XXV, XXXV, LIV, LV, 37, caput, da CF; 841, parágrafo único, da
CLT; 1 º, caput, §1 º, 5º, parágrafo único, da Lei 9.469/97; 1 º do Decreto
3.735/01; 8º do Decreto 8.189/2014; 2º da Lei 4.717/65, bem como as
Súmulas 259, 298, IV, do TST.” (fls. 6.353/6.354)

Nas razões do agravo de instrumento, a União, que


ingressou como terceira interessada no presente feito, alega a
nulidade da decisão que homologou o acordo extrajudicial firmado
entre as partes, CODEVASF e o SINPAF. No mérito, aduz que a execução
do acordo atingiu valores “superiores a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)” e que,
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nesse caso, era imprescindível colher “autorizações do Ministro da Pasta, do
Advogado-Geral da União e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão” – o que não
foi feito.
Sustenta a adequação da via eleita para pleitear o
reconhecimento de referida nulidade (agravo de petição nos próprios
autos), sob dois fundamentos.
A um, entende que a circunstância de não ter sido
parte na homologação do acordo afasta a incidência do art. 831,
parágrafo único, da CLT, que prevê a irrecorribilidade da decisão
homologatória, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas.
Nesse sentido, reputa igualmente inaplicável a
Súmula nº 259 do TST, que prevê que a decisão homologatória é
impugnável apenas por ação rescisória. Assim, aduz: “O comando normativo
previsto na Súmula nº 259 do TST [...] não alcança as pessoas que, embora tenham sofrido os efeitos
jurídicos de acordo homologado judicialmente, não participaram da referida conciliação, como ocorre
nestes autos”.
A dois, sustenta que, nos termos da Súmula nº 298,
IV, do TST, a sentença homologatória que silencia sobre os motivos
de convencimento do juiz – caso dos autos - não pode ser objeto de
ação rescisória.
Nesse contexto, aponta que “o v. acórdão, ao não conhecer do
pleito de declaração de nulidade do acordo por inadequação da via eleita, também ofende a garantia da
inafastabilidade do Poder Judiciário, já que a União não teria à sua disposição qualquer meio judicial
para impugnar o referido acordo, em manifesta violação ao art. 5º, XXXV, da CRFB/88” (grifo
nosso).
Aponta, ainda, violação dos incisos II, XXXVI, LIV
e LV do art. 5º da Constituição Federal.
À análise.
De plano, anoto que atendidos os requisitos do
art. 896, § 1º-A, da CLT.
O art. 831, parágrafo único, da CLT prevê que “No
caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão
irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas”.
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A Súmula nº 100, V, do TST, de outra parte,
dispõe: “O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo
conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial.”
Ao restringirem a recorribilidade da decisão
homologatória de acordo, visam a conferir efetividade e celeridade
em sua execução, à luz da boa-fé das partes que o firmaram.
Não abrangem, contudo, eventuais terceiros
prejudicados, que podem vir a ingressar no feito como interessados.
Afinal, os limites subjetivos da coisa julgada não os alcança,
consoante o art. 506 do CPC/2015 (“A sentença faz coisa julgada às
partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.”).
É essa a ratio, inclusive, da exceção concernente
à Previdência Social, disposta no art. 831 da CLT, que pode recorrer
da decisão homologatória no que toca às contribuições que lhe forem
devidas.
No caso, a União já teve sua condição de terceira
interessada reconhecida pelo TRT, haja vista repassar recursos à
CODEVASF (empresa pública federal) para pagamento de despesas de
pessoal, como os reajustes salariais objeto do presente acordo.
Nesse sentido, por não ter participado como parte
da homologação do acordo extrajudicial firmado entre o Sindicato
Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário e a CODESVASF, a União não se submete ao regime de
irrecorribilidade da decisão homologatória.
Assim, a petição apresentada às fls. 4.949/4.956
da numeração eletrônica, pleiteando sua nulidade, ao fundamento de
inobservância de requisitos formais, revela-se via adequada ao fim
pretendido, sob pena de afronta ao art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal.
O TRT, no caso, entendeu que “A regra exceptiva à
irrecorribilidade dos acordos homologados judicialmente somente alcança a Previdência Social e,
ainda, em relação às contribuições previdenciárias que lhe forem devidas, não havendo espaço para
exegese ampliativa a fim de criar exceção não prevista em lei.”
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Nesse sentido, concluiu: “A União pede a nulidade da decisão
homologatória de acordo firmado entre o Sindicato Demandante e a Codevasf, o que não é possível
pela via eleita, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT, e Súmulas 259 e 100, V, do TST.”
Nesse contexto, dou provimento ao agravo de
instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista,
porquanto possivelmente violado o art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal.

III – RECURSO DE REVISTA

1. CONHECIMENTO
1.1. UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. EXECUÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE O SINDICATO DA CATEGORIA
PROFISSIONAL E A CODEVASF. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA. PEDIDO DE NULIDADE
APRESENTADO PELA UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA.
A fim de demonstrar o prequestionamento da matéria
(art. 896, § 1º-A, I, da CLT), a agravante indicou, nas razões do
recurso de revista, o seguinte trecho do acórdão do Regional:
“No Processo do Trabalho, as decisões homologatórias de acordo são
irrecorríveis, salvo para a Previdência Social em relação às contribuições
que lhe são devidas, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT.
Nesse sentido, dispõe a Súmula 259 do Co!. TST que "Só por ação
rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no parágrafo único
do art. 831 da CLT".
Reforçando a compreensão da irrecorribilidade da decisão
homologatória de acordo, a Súmula 100, V, do Col. TST estabelece que "O
acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na
forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em
julgado na data da sua homologação judicial".
( ... ) Não socorre a União o quanto disposto na parte final do art. 831,
parágrafo único, da CLT. A regra exceptiva à irrecorribilidade dos acordos
homologados judicialmente somente alcança a Previdência Social e, ainda,
em relação às contribuições previdenciárias que lhe forem devidas, não
havendo espaço para exegese ampliativa a fim de criar exceção não prevista
em lei.
Pontue-se, ainda, que não cabe a este Colegiado emitir juízo de valor
a respeito dos requisitos próprios da ação rescisória, já que sua competência
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se limita, no presente feito, a julgar o Agravo de Petição interposto nestes
autos.
A União pede a nulidade da decisão homologatória de acordo firmado
entre o Sindicato Demandante e a Codevasf, o que não é possível pela via
eleita, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT, e Súmulas 259 e
100, V, do TST.
Incólumes os dispositivos invocados no apelo, inclusive os arts. 5º,
11, XXV, XXXV, LIV, LV, 37, caput, da CF; 841, parágrafo único, da
CLT; 1 º, caput, §1 º, 5º, parágrafo único, da Lei 9.469/97; 1 º do Decreto
3.735/01; 8º do Decreto 8.189/2014; 2º da Lei 4.717/65, bem como as
Súmulas 259, 298, IV, do TST.” (fls. 6.353/6.354)

Nas razões do recurso de revista, a União, que


ingressou como terceira interessada no presente feito, alega a
nulidade da decisão que homologou o acordo extrajudicial firmado
entre as partes, CODEVASF e o SINPAF. No mérito, aduz que a execução
do acordo atingiu valores “superiores a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais)” e que,
nesse caso, era imprescindível colher “autorizações do Ministro da Pasta, do
Advogado-Geral da União e do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão” – o que não
foi feito.
Sustenta a adequação da via eleita para pleitear o
reconhecimento de referida nulidade (petição nos próprios autos),
sob dois fundamentos.
A um, entende que a circunstância de não ter sido
parte na homologação do acordo afasta a incidência do art. 831,
parágrafo único, da CLT, que prevê a irrecorribilidade da decisão
homologatória, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas.
Nesse sentido, reputa igualmente inaplicável a
Súmula nº 259 do TST, que prevê que a decisão homologatória é
impugnável apenas por ação rescisória. Assim, aduz: “O comando normativo
previsto na Súmula nº 259 do TST [...] não alcança as pessoas que, embora tenham sofrido os efeitos
jurídicos de acordo homologado judicialmente, não participaram da referida conciliação, como ocorre
nestes autos”.
A dois, sustenta que, nos termos da Súmula nº 298,
IV, do TST, a sentença homologatória que silencia sobre os motivos

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ação rescisória.
Nesse contexto, aponta que “o v. acórdão, ao não conhecer do
pleito de declaração de nulidade do acordo por inadequação da via eleita, também ofende a garantia da
inafastabilidade do Poder Judiciário, já que a União não teria à sua disposição qualquer meio judicial
para impugnar o referido acordo, em manifesta violação ao art. 5º, XXXV, da CRFB/88” (grifo
nosso).
Aponta, ainda, violação dos incisos II, XXXVI, LIV
e LV do art. 5º da Constituição Federal.
À análise.
De plano, anoto que atendidos os requisitos do
art. 896, § 1º-A, da CLT.
O art. 831, parágrafo único, da CLT prevê que “No
caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão
irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às
contribuições que lhe forem devidas”.
A Súmula nº 100, V, do TST, de outra parte,
dispõe: “O acordo homologado judicialmente tem força de decisão
irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo
conciliatório transita em julgado na data da sua homologação
judicial.”
Ao restringirem a recorribilidade da decisão
homologatória de acordo, visam a conferir efetividade e celeridade
em sua execução, à luz da boa-fé das partes que o firmaram.
Não abrangem, contudo, eventuais terceiros
prejudicados, que podem vir a ingressar no feito como interessados.
Afinal, os limites subjetivos da coisa julgada não os alcança,
consoante o art. 506 do CPC/2015 (“A sentença faz coisa julgada às
partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros.”).
No caso, a União já teve sua condição de terceira
interessada reconhecida pelo TRT, haja vista repassar recursos à
CODEVASF (empresa pública federal) para pagamento de despesas de
pessoal, como os reajustes salariais objeto do presente acordo.
Nesse sentido, por não ter participado como parte
da homologação do acordo extrajudicial firmado entre o Sindicato
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Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento
Agropecuário e a CODESVASF, a União não se submete ao regime de
irrecorribilidade da decisão homologatória.
Assim, a petição apresentada às fls. 4.949/4.956
da numeração eletrônica, pleiteando sua nulidade, ao fundamento de
inobservância de requisitos formais, revela-se via adequada ao fim
pretendido, sob pena de afronta ao art. 5º, XXXV, da Constituição
Federal.
O TRT, no caso, entendeu que “A regra exceptiva à
irrecorribilidade dos acordos homologados judicialmente somente alcança a Previdência Social e,
ainda, em relação às contribuições previdenciárias que lhe forem devidas, não havendo espaço para
exegese ampliativa a fim de criar exceção não prevista em lei.”
Nesse sentido, concluiu: “A União pede a nulidade da decisão
homologatória de acordo firmado entre o Sindicato Demandante e a Codevasf, o que não é possível
pela via eleita, na esteira do art. 831, parágrafo único, da CLT, e Súmulas 259 e 100, V, do TST.”
Nesse contexto, conheço do recurso de revista, por
violação do o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.

2. MÉRITO
2.1. UNIÃO. TERCEIRA INTERESSADA. EXECUÇÃO DE
ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO ENTRE O SINDICATO DA CATEGORIA
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APRESENTADO PELA UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS. ADEQUAÇÃO DA
VIA ELEITA.

Como consequência do conhecimento do recurso de


revista, por violação do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal,
dou-lhe provimento para reconhecer a recorribilidade da decisão
homologatória do acordo pela União, terceira interessada, e a
adequação da via eleita para pleitear sua nulidade, de forma a
determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho para que prossiga
no exame do mérito da petição apresentada às fls. 4.949/4.956 da
numeração eletrônica (fls. 4.155/4.162 da numeração física).

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ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I - dar provimento ao agravo
para passar ao exame do agravo de instrumento; II - dar provimento
ao agravo de instrumento para destrancar o recurso de revista,
determinando a sua reautuação; por maioria, vencido o Excelentíssimo
Ministro Augusto César Leite de Carvalho, conhecer do recurso de
revista, referente ao tema "DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. PEDIDO
DE NULIDADE APRESENTADO PELA UNIÃO EM PETIÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS.
ADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA", por violação do art. 5º, XXXV, da
Constituição Federal e, no mérito, dar-lhe provimento para
reconhecer a recorribilidade da decisão homologatória do acordo pela
União, terceira interessada, e a adequação da via eleita para
pleitear sua nulidade, de forma a determinar o retorno dos autos à
Vara do Trabalho para que prossiga no exame do mérito da petição
apresentada às fls. 4.949/4.956 da numeração eletrônica (fls.
4.155/4.162 da numeração física).
Brasília, 4 de dezembro de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


KÁTIA MAGALHÃES ARRUDA
Ministra Relatora

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