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INSTITUTO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DE GOIAS

DISCIPLINA: Introdução Geral a Liturgia


CURSO/PERIODO: Bacharelado em Teologia 2º período
PROF.: Pe. Joaquim de Jesus Rocha Cavalcante
ACADÊMICO: Frei Renildo Belarmino Silva, OFM
DATA: 22/11/2019

DOCUMENTOS DO CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Constituição dogmática:


Sacrosanctum Concilium: sobre a Sagrada Liturgia, São Paulo: Paulus, 2001, p. 40-44.

14. O Povo cristão, por força do batismo e pela própria natureza da liturgia, tem o direito e o
dever de participar plena, consciente e ativamente das celebrações litúrgicas. Pois a Sagrada
liturgia é a primeira e necessária fonte da verdadeira espiritualidade. Para que haja essa
participação é necessária uma adequada formação do povo e do clero.

15. Os sacerdotes e professores que são delegados a ministrar a sagrada Liturgia nos lugares
devidamente preparados para formação de seminaristas, religiosos e Escolas Superiores de
teologia devem adquirir formação apropriada em ordem do sagrado encargo que administra.

16. A sagrada Liturgia nos seminários e casas de estudo dos religiosos, deve ser uma das
disciplinas mais importantes e necessárias e nas faculdades de teologia como disciplina principal,
ensinando seus aspectos teológico e histórico, espiritual, pastoral e jurídico. Devendo as demais
disciplinas em especial a teologia dogmática, Sagrada Escritura, teologia espiritual e pastoral
evidenciar o mistério de Cristo e a história da salvação pela clara conexão que existe com a
Liturgia e sua unidade na formação sacerdotal.

17. No seu tempo de formação os clérigos aprendam a observar as leis litúrgicas, de modo que
nos seminários e institutos religiosos sua vida seja totalmente impregnada do espírito litúrgico,
conseguindo isto por meio de uma formação litúrgica para a vida espiritual favorecendo-o a
adentrar no sentido dos ritos sagrados e participar perfeitamente deles pela celebração dos
sagrados mistérios, como também com o auxílio de exercícios de piedade transpassados pelo
espírito da sagrada Liturgia.

18. Para aqueles que são ordenados e trabalham na messe do Senhor procurem viver a liturgia
com intensidade mergulhando cada vez mais em seu sentido, espiritualidade para compartilhar
com o povo a eles confiados.
19. Para estimular a participação ativa com zelo a educação litúrgica dos fiéis, levando em conta
suas características e particularidades dando formação ideal para guiar o rebanho confiado a seus
pastores aos mistérios de Deus com palavras e exemplos.

O que é liturgia?
A liturgia, celebração sacramental do encontro dos filhos de Deus com seu Pai, em Cristo e no
Espírito Santo (Catecismo da Igreja Católica 1153), é o serviço sacerdotal de Jesus Cristo, a
Cabeça e de seus membros, para o louvor de Deus e a santificação da humanidade (cf.SC 7).
Tecidas de gestos e palavras, sinais e símbolos, as ações litúrgicas significam e rea-lizam o que a
Palavra de Deus exprime. Presidida e animada por seus ministros, nas diversas celebrações, toda
ação ritual e simbólica requer uma participação viva e orante, consciente e ativa por parte do
povo sacerdotal.
Uma esperada e esmerada iniciação e formação
Esmerada formação é exigida por parte daqueles que se preparam para o exercício do ministério
pastoral para que a ação litúrgica (o rito) expresse devidamente o mistério celebra-do e leve à
experiência de fé própria da Igreja, manifestando a ação de Cristo Ressuscitado e de seu Espírito.
Celebrações realizadas com serenidade e sensibilidade simbólica, capazes de suscitar experiência
espiritual. A iniciação litúrgica de todos, principalmente dos que exerce-rão ministérios
litúrgicos específicos, é uma "obra de grande amplitude, que deve começar nos seminários e
casas de formação e continuar ao longo de toda a vida" (VQA 15).
Existe uma solicitude com a formação litúrgica do povo de Deus
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia se alegra com as inúmeras iniciativas de
formação litúrgica desenvolvidas em nossas Igrejas Particulares, como cursos para os pres-
bíteros e diáconos permanentes, catequistas e animadores de comunidade, bem como partici-
pantes em muitos seminários, congressos, escolas e encontros de formação litúrgica.
Desafios que persistem na pastoral litúrgica
Mas ainda existem desafios e dificuldades como: carência de formação humana e de uma sólida
iniciação cristã que se revela nas atitudes de alguns presbíteros preocupados com a criatividade
sem fundamento teológico–ritual e espírito litúrgico pelo desconhecimento da natureza da
liturgia e das orientações dos livros litúrgicos; no escasso espaço dado à liturgia no processo de
formação teológico-pastoral nos seminários, agravado pela pouca atenção às práticas
pedagógicas adequadas, (a formação litúrgica jamais poderá ser reduzida a aulas teó-ricas);
observamos, ainda, exagero estético desprovido do espírito orante e contemplativo; “padres que
transformam o altar em palco e a missa em show”; muitas celebrações estão des-tituindo a
natureza sagrada da liturgia1; homilias pouco consistentes, de cunho subjetivo e moralista; o
autoritarismo de padres que desvalorizam o caráter ministerial da celebração litúrgica; a ausência
de uma pastoral litúrgica organizada, refletida, acompanhada de perto pelo bispo e avaliada nas
instâncias de pastoral e nos encontros de presbíteros; a escassa for-mação litúrgica ao longo do
processo formativo dos seminários e casas de formação, e, por vezes relegando tal tarefa às
faculdades e institutos de teologia que, por sua vez, dedicam reduzida carga horária para tão
importante disciplina (cf SC 16).
A Constituição sobre a Sagrada Liturgia postula a indispensável e necessária formação litúrgica
A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II aponta a formação como exigência neces-sária em
vista do espírito e da prática celebrativa que alimentem a vida dos cristãos (SC 19; cf. SC 1).
Uma renovação profunda e eficaz, sem dúvida deve começar nas casas de forma-ção, nos
seminários e institutos de teologia, tidos como centros irradiadores de um novo espí-rito e estilo
eclesial participativo e ministerial das ações litúrgicas.
Seminários e casas religiosas berços da formação litúrgica da Igreja
É "nos seminários e casas religiosas, que os formandos adquirem formação litúrgica, com
competente orientação para que possam entender as cerimônias sagradas e nelas partici-par de
todo coração, tanto pela própria celebração dos mistérios sagrados, quanto pelos outros
exercícios de piedade, imbuídos do espírito da Sagrada Liturgia" (SC 17).
A formação será permanente em todos os níveis em vista da vida litúrgica do po-vo de Deus
O estilo orante e pascal de uma celebração germina e se desenvolve ao longo de um processo
formativo. Ele nasce e se consolida pela iniciação litúrgica, amadurece nas experi-ências
celebrativa e se fortalece nas avaliações sistemáticas das práticas das celebrações. Se o processo
formativo não for marcado por uma consistente e autêntica experiência simbólico-ritual da
litúrgica, de caráter mistagógico, mais tarde, a vida litúrgica do povo de Deus sofrerá sérias
consequências. Do espírito e da vivência litúrgica dos ministros, com envolvimento afetivo e
espiritual, onde é assegurada a veracidade dos sinais, depende, em boa parte, a parti-cipação
ativa, plena e frutuosa dos fiéis (cf. SC 14; VQA15). Para tanto, se faz necessária uma formação
litúrgica que coloque o “formando no coração da experiência litúrgica e a ex-periência litúrgica
no coração do formando” onde seja iniciado na participação consciente e ativa da celebração do
mistério de Cristo, pois como ministro, será o principal animador das celebrações da Igreja e da
consequente liturgia da vida, em espírito e verdade (cf. Jo 4, 24).
O segredo da vida comunitária no processo da FORMAÇÃO LITÚRGICA
A dimensão comunitária é o coração do processo formativo nos seminários e casas de formação.
É o ambiente natural e cotidiano onde se formam os futuros pastores e agentes qua-lificados a
serviço do povo de Deus. Por sua natureza a ação litúrgica é comunitária (cf. SC 26). Cria e
expressa laços de comunidade, de comunhão, de aliança. É realizada na interação entre Deus e a
comunidade reunida em assembleia litúrgica, no contexto social, cultural, cós-mico. Isto requer
iniciação e assimilação dos valores humanos e cristãos que dê aos futuros ministros suporte ao
seu ministério pastoral e à comunhão eclesial. Por conta disso, "é preci-so que o bispo tome os
devidos cuidados para que os formandos sejam preparados para o seu futuro ministério de
pastores e presidentes da assembleia litúrgica dos fiéis aprendendo aquilo que diz respeito a uma
digna celebração litúrgica (cf.Instrução sobre a Formação Litúrgica nos Seminários, 20 (IFLS).
Para um efetivo proveito espiritual da liturgia, primeira e necessária fonte de espiritu-alidade (SC
14) - é necessário oferecer aos formandos uma formação litúrgica integral, que contemple o ser
humano como um todo, nas suas diferentes dimensões humana, cultural, psi-cológica, intelectual
e religiosa, que leve em conta a dimensão comunitária da liturgia, e que os introduza na
diversidade de formas celebrativas da Igreja. Estas devem ser exemplares, não só em relação à
execução dos ritos e seu sentido teológico, mas também na sua expressão es-piritual e pastoral, o
que requer fidelidade criativa às prescrições e aos textos dos livros litúr-gicos, assim como às
normas emanadas da Sé Apostólica e da Conferência Episcopal (IFLS, 16).
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A formação liturgia supõe um aprendizado que leva em consideração:
A sensibilidade com o sagrado e suas realidades simbólicas. “Dos futuros minis-tros de uma
comunidade de fé se requer uma séria iniciação ao “sentido do sagrado”, “do mis-tério” e “do
respeito com as coisas do Senhor”. O senso do sagrado favorecerá o adentrar-se no âmbito do
Mistério, assim como o trato respeitoso, equilibrado e orante no que diz às ações litúrgicas e às
manifestações da piedade do povo;
Formar para a ritualidade. Requer “aprendizagem pela e para a ação ritual”, que abarque o seu
sentido teológico e espiritual, o que implica na redescoberta da liturgia enquan-to ação e não
apenas como recitação de textos. Desta formação, que integra teoria e prática, emerge a sintonia
com o Mistério e a assembleia litúrgica, assim como o equilíbrio de quem exerce ministérios e
funções litúrgicas. O celebrar na inteireza do ser requer exercício, estudo sistemático e cultivo
espiritual;
Formar o espírito de comunhão eclesial. As celebrações da comunidade formativa devem ajudar
os formandos na experiência do mistério da Igreja, corpo hierárquico e diferen-ciado na
variedade de seus membros e ministérios. Tais celebrações devem promover nos formandos o
sabor, a arte de bem celebrar, superando o mero cumprimento de uma determi-nação
regulamentar da vida formativa;
Formar para a arte celebrativa, com sensibilidade e redescoberta de critérios aplica-dos ao espaço
litúrgico e ao canto e música sacra (cf. SC 115; IFLS 56). É preciso investir em uma sólida
formação musical. “Dê-se grande importância nos seminários e casas religiosas à formação e
prática musical. Para conseguir, procure-se preparar com muito cuidado os profes-sores que
terão a missão de ensinar a música sacra” (SC 15). O canto e a música como parte necessária ou
integrante da liturgia solene (cf. SC 112), conduzem ao mistério celebrado;
Formação para o discernimento criativo. Para que os formandos mergulhem "no sentido
litúrgico" é indispensável que saibam distinguir entre o que é essencial e acidental, imutável e
adaptável nas celebrações litúrgicas da Igreja (cf. SC 21);
Orientação e avaliação do formando. Faz-se necessário averiguar sua aptidão cele-brativa, suas
convicções, seu sentido de Igreja, os valores assimilados e sua capacidade de relações
comunitárias, mais do que apenas considerar sua capacidade intelectual, antes de serem
ordenados;
Relação entre a prática celebrativa nos seminários e casas de formação e os Insti-tutos e
Faculdades de teologia. Que os conteúdos litúrgicos expostos e aprofundados na fa-culdade e
institutos estejam em sintonia com a prática celebrativa nos seminários e casas de formação e,
por sua vez, os cursos de liturgia levem em conta as realidades das práticas litúr-gicas dos
seminários e casas de formação. Urge que, respeitadas as especificidades das enti-dades, se
busque uma efetiva inter-relação pelo diálogo, por sitemáticas avaliações e acompa-nhamento
pedagógico.
Formar professores e mestres em Liturgia. Para que a iniciação litúrgica atinja ver-dadeiramente
o seu fim e possa promover a preparação de futuros agentes do ministério pasto-ral, é necessário
que ela seja animada por professores qualificados, conhecedores da ciência litúrgica com
perspectiva pastoral, que levem a sério uma metodologia que dê o devido lugar para a
aprendizagem pela ação ritual As dioceses devem prover um ou mais especialistas em sagrada
liturgia (cf. SC 15-17).
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
51ª Assembleia Geral
Abril de 2013
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ANEXO
Orientações litúrgicas e técnicas para o canto do Salmo Responsorial
O sentido e a função do Salmo Responsorial
1. O Salmo Responsorial está situado dentro do corpo da Liturgia da Palavra que, por sua vez,
realiza-se após os ritos iniciais e antes da Liturgia Sacramental, em todos os sa-cramentos e
sacramentais.
2. Qual o sentido da Liturgia da Palavra? Assim está expresso na Instrução Geral do Missal
Romano (IGMR), número 29: “Quando se leem as Sagradas Escrituras na Igre-ja, o próprio Deus
fala a seu povo, e Cristo, presente em sua palavra, anuncia o Evan-gelho. Por isso, todos devem
escutar com veneração as leituras da Palavra de Deus, elemento de máxima importância da
Liturgia.” Temos aí uma importante constatação: ao iniciarmos a Liturgia da Palavra estamos
realizando o feliz diálogo da Aliança: Deus fala ao seu povo; e nós, que somos hoje o seu povo,
escutamos sua Palavra com veneração.
3. “À primeira leitura segue-se o Salmo Responsorial, que é parte integrante da liturgia da
palavra, constituindo-se em grande importância litúrgica e pastoral, por favorecer a meditação da
Palavra de Deus” (IGMR 61). Esta prática remonta aos tempos apostóli-cos, que, por sua vez, é a
continuação da prática da liturgia judaica em que à leitura bíblica seguia o canto de um salmo
como resposta da assembleia à Palavra de Deus. Portanto, o Salmo Responsorial é Palavra de
Deus e não uma “peça” que possa ser substituída por outra qualquer.“...nem é permitido trocar as
leituras e o Salmo Respon-sorial, constituídos da Palavra de Deus, por outros textos não
bíblicos” (IGMR 57). Sendo parte integrante da Liturgia da Palavra, o Salmo Responsorial
cumpre a função de ser resposta da comunidade a Deus que fala por sua Palavra. A comunidade
res-ponde à Palavra de Deus com a própria Palavra de Deus que é o salmo.
4. Que o canto do Salmo responsorial (ou a sua proclamação) seja feita do ambão, ou mesa da
palavra e que seja tomado do Lecionário. “De preferência, o Salmo Respon-sorial será cantado,
ao menos no que se refere ao refrão do povo. Assim, o salmista ou cantor do salmo profere os
versículos do salmo, enquanto toda a assembleia escuta sentada, geralmente participando pelo
refrão, a não ser que o salmo seja proferido de modo contínuo, isto é, sem o refrão. Se o salmo
não puder ser cantado, seja recitado do modo mais apto para favorecer a meditação da Palavra de
Deus” (Cf IGMR 61; ILM 22).
5. O Salmo Responsorial guarda uma íntima relação com a leitura proclamada. Na Litur-gia ele
cumpre a função de favorecer a meditação do texto da leitura. Porém, vale sali-entar que esta
resposta a Deus pode ser realizada em tom de louvor, ação de graças, súplica etc., conforme a
índole e o gênero literário do salmo.
6. É importante considerar a riqueza e importância dos salmos na tradição litúrgica da Igreja. O
Livro dos Salmos constitui um tesouro de 150 fórmulas inspiradas pelo Espí-rito Santo com a
finalidade de ajudar-nos e ensinar-nos a orar. “Por isso, é preciso ins-truir constantemente os
fiéis sobre o modo de escutar a Palavra de Deus que nos é transmitida pelos salmos, e sobre o
modo de converter estes salmos em oração da Igre-ja. Isso se realizará mais facilmente quando
se promover com diligência, entre o clero, um conhecimento mais profundo dos salmos,
seguindo o sentido com que se cantam na sagrada liturgia, e quando se fizer que participem disso
todos os fiéis com uma ca-tequese oportuna” (ILM 19). Assim, que o canto dos salmos possa
contribuir para que
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o povo de Deus tenha cada vez mais acesso ao tesouro da salmodia que manifesta a beleza e a
riqueza que o Espírito Santo nela infundiu.
Aspectos técnicos para execução musical
7. Antes de cantar o Salmo Responsorial, não se faça qualquer comentário, motivação ou leitura
do próprio refrão, porque “a Liturgia da Palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a
meditação... e sejam observados momentos de silêncio orante antes de iniciar a Liturgia da
Palavra, após as leituras e o Salmo Responsorial, e após o término da homilia”(Cf IGMR 56).
8. Como Palavra de Deus, o primeiro requisito para um Salmo Responsorial cantado é a
inteligibilidade do texto. Durante o canto das estrofes a assembleia participa ouvindo e
acolhendo a Palavra. Daí a importância da clareza na pronúncia das palavras. “Para bem exercer
a sua função é necessário que o salmista saiba salmodiar e tenha boa pro-núncia e dicção”
(IGMR 102).
9. É importante lembrar que a forma musical do Salmo Responsorial apresentada em nosso
Lecionário, Sacramentos e Sacramentais é a forma responsorial, na qual o sal-mista canta as
estrofes e toda a assembleia participa cantando a resposta (refrão) (ILM 20). No início do salmo,
o refrão é cantado duas vezes: a primeira vez, apenas pelo salmista (tendo a função de propor a
melodia para a assembléia), e a segunda vez (re-petição) já é cantada por toda a assembleia.
Entre cada estrofe e ao final, o refrão é cantado sempre por toda a assembleia.
10. Que as melodias dos Salmos Reponsoriais sejam sóbrias e orantes e estejam em sinto-nia
com o sentido do texto (louvor, súplica, ação de graças...), a fim de possibilitar uma participação
consciente de toda a assembleia.
11. A música deve estar a serviço da Palavra. Sua grande finalidade é, portanto, realçar a Palavra
emprestando-lhe sua força de expressão e motivação. Jamais dificultar-lhe a audição,
compreensão, assimilação, pois o texto tem a primazia (Cf. SC 121). Que os acentos fortes e
fracos do ritmo coincidam com os acentos do texto (sílabas tônicas e átonas) colocando em
evidência a estrutura linguística e o ritmo do próprio texto.
12. melodia do refrão seja simples para que a assembleia possa assimilar e cantar com fa-
cilidade. Preferencialmente, que sejam melodias silábicas, com apenas uma nota por sílaba,
evitando melismas ou ornamentos de difícil execução. Que a melodia do refrão não seja nem
muito aguda nem muito grave e sua tessitura vocal (extensão entre a nota mais grave e mais
aguda) não supere uma oitava ou no máximo dez notas. É importan-te ter um cuidado especial
com a tonalidade, a fim de que favoreça a participação, tan-to de vozes femininas, quanto
masculinas. Quando há a participação do coral, é signi-ficativo e solene que o refrão seja cantado
a vozes pelo coro, porém, nunca sobrepor-se ao canto da assembleia. A melodia do refrão
priorize o texto literal do Lecionário, evitando excessivas repetições.
13. Quanto às estrofes (versos), a prática é que sejam cantadas por um salmista, mas tam-bém
podem ser cantadas por dois ou mais cantores, privilegiando, contudo, a inteligi-bilidade do
texto.
14. As estrofes são divididas em versos/membros, podendo cada estrofe ter 2, 3, 4, 5 ou 6
versos/membros e, no mesmo salmo, podemos ter variações do número de ver-sos/membros por
estrofes, conforme o indicado no Lecionário. Que o desenvolvimen-to da linha melódica seja
claro para não dificultar a compreensão do texto cantado, e que o seu ritmo seja o ritmo do
próprio texto, algo como “falar cantando”, não se alongando demais em determinadas sílabas ou
correndo com o texto em outras – “esti-lo recitativo”. O estilo compositivo mais utilizado é o uso
do “reto-tom” para a maior parte do texto, podendo ter em cada verso/membro alguma nota de
introdução condu-zindo ao reto-tom e uma cadência melódica pontuando o final de cada
verso/membro.
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15. O Salmo Responsorial não pode ser ocasião de o salmista mostrar sua vaidade e osten-tar a
beleza de sua voz. Deve unicamente servir à Palavra de Deus e à assembleia, sem “estrelismos”.
O que deve aparecer é a Palavra de Deus para edificar a assembleia, e não a pessoa do salmista.
16. Que o arranjo e interpretação instrumental sejam sóbrios e discretos. Na música ritual, cada
momento requer interpretação própria conforme a ritualidade o exige. No Salmo Responsorial os
instrumentos quase se calam, mas aparecem de forma mais vibrante no canto de aclamação.
Priorizem-se os sons contínuos, órgão ou cordas que fazem uma base harmônica de sustentação
para a voz que está em primeiro plano. É preciso ter muito cuidado e bom senso no uso da
percussão. Há diversos momentos da cele-bração que a percussão é bem-vinda (abertura, glória,
aclamação, santo...). Contudo, no momento do Salmo Responsorial deve-se primar pela leveza e
sobriedade. Inde-pendente dos instrumentos a serem usados para o acompanhamento do salmo
respon-sorial, que o seu volume nunca se sobreponha à voz do salmista e da assembléia.
17. É importante salientar que as melodias utilizadas para o Salmo Responsorial geral-mente são
“melodias-tipo”, ou seja, são esquemas melódicos que podem ser adaptados ao texto de vários
salmos. O melhor exemplo disso é o que consta nos Hinários Litúr-gicos da CNBB, onde temos
a mesma melodia do Salmo Responsorial presente por até quatro semanas semanas, com a
mudança apenas do texto semanal. Essa utilização de “melodias-tipo” possibilita o aprendizado
gradual da melodia pela assembleia, favore-cendo a participação da mesma.
18. O salmista necessita ter um mínimo de formação espiritual, litúrgico-musical e técnica:
a) Formação espiritual – cultivar o hábito da leitura orante da primeira leitura e do Salmo
Responsorial; saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra de Deus para nossa vida atual;
saber cantar de forma orante e postura de quem está em ati-tude de oração e diálogo com Deus.
b) Formação bíblico-litúrgica - aprofundar o sentido literal e cristológico dos sal-mos; estudar
cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus e, à luz da
fé, entender o núcleo central da mensagem revelada (ILM 55).
c) Formação musical - saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção e pro-núncia e até
mesmo saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos Salmos Responsoriais; saber se
entrosar com os instrumentos musicais que acom-panham o canto do salmo.
d) Formação prática - saber manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; saber em que momento
subir ao ambão, como se comunicar com a assembléia, como usar o microfone; conhecer os
vários modos de se cantar o salmo.
19. Cantem a vossa glória, Senhor, os nossos lábios,
Cantem nossos corações e nossa vida;
E já que é vosso dom tudo o que somos,
para vós se oriente o nosso viver!”
(LH III vol. III Or. Da manhã, sábado 2ª sem.)
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
51ª Assembleia Geral
Abril de 2013

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