Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AULA 6
2
1.1 A Carta de Atenas
3
1.2 A Carta do Restauro
4
TEMA 2 – O PROCESSO DE REINTEGRAÇÃO
5
De acordo com Brandi (2004, p. 33), “a restauração deve visar ao
restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja
possível sem cometer um falso artístico ou um falso histórico, e sem cancelar
nenhum traço da passagem da obra de arte no tempo”. Tal unidade potencial
não aceita a inserção de outros materiais, pois qualquer mínima alteração já
interferirá na leitura de sua imagem. Naturalmente, isso cria a sensação de um
paradoxo, pois não podemos interferir nas marcas do tempo, mas devemos
preservar a unidade da obra. A questão é que as marcas do tempo passam a
fazer parte da unidade da obra pois demonstram sua época e podem ser
preservadas desde que não comprometam sua segurança e integridade.
7
Muitos restauradores defendem a reintegração mimética porque
consideram que esta é ainda a mais indicada, pois não interfere de maneira
direta na leitura da obra. Assim, destacam que qualquer outro tipo de
reintegração pode comprometer e leitura da obra e a reintegração mimética,
por mais fiel que seja à pintura original, sempre poderá ser descoberta a partir
de testes e exames científicos, análises químicas ou através do uso de
lâmpadas de radiação ultravioleta.
8
3.2.3 Técnica de reintegração subtom
9
cristalizada nesses objetos, que muitas vezes se transformam em símbolos, ou
seja, a intenção é perpetuar esses objetos.
Para um restaurador, tocar no símbolo de uma cultura representa um ato
que demanda, conforme mencionado anteriormente, grande responsabilidade.
Isso implica no fato de que todo objeto é um importante vetor da memória e
não pode, de forma alguma, ser sacrificado por qualquer tipo de negligência.
De acordo com Muñoz Viñas (2003, p. 177), o “restaurador não pode decidir
pelo que crê ser o melhor, o que considera mais honesto; o critério fundamental
que deve pautar sua ação é a satisfação dos sujeitos a quem o trabalho afeta e
afetará no futuro”.
Assim sendo, há todo um cuidado quando se toca em um bem
patrimonial, independentemente de sua história e do grupo a que pertence. A
exemplo disso, podemos citar os objetos ritualísticos das diferentes religiões
que demandam cuidados específicos em todas as esferas. O sentimento de
reverência às distintas crenças e culturas deve também fazer parte da conduta
do restaurador e de todos os demais profissionais que venham a trabalhar,
direta ou indiretamente, com esses objetos.
11
Em 2011, a equipe de conservadores e restauradores do Museu do
Louvre deu início aos preparativos para a realização de uma intervenção na
obra Santa Ana, a Virgem e o Menino, a qual permanecia exposta no espaço
conhecido como a Grande Galeria do Louvre, recebendo mais de 8 milhões de
visitantes por ano. Nesse processo, também estiveram envolvidos os
profissionais do C2RMF, além dos maiores especialistas em obras de
Leonardo da Vinci do mundo, formando uma comissão científica consultiva.
Após muitos exames, testes, análises e pesquisas, os profissionais
identificaram que a obra estava relativamente em boas condições mediante sua
data de criação e anos de existência, mas, mesmo assim, precisava passar por
uma intervenção de restauro. Isso porque foi identificado na pintura a presença
de manchas provenientes de processos anteriores de reintegração cromática,
cujos materiais naturalmente reagiram de maneira diferente dos materiais
originalmente utilizados pelo artista. O verniz encontrava-se em avançado
estágio de oxidação, resultando em amarelecimento e o suporte apresentava
marcas de abaulamento que estavam ocasionando o craquelamento da
camada pictórica.
Por muito tempo a obra apenas recebeu tratamento paliativo com
camadas sobre camadas de verniz para que a pintura fosse consolidada e,
assim, buscando evitar as possíveis perdas. Já na década de 1990, houve uma
tentativa de restaurá-la, mas isso não ocorreu pois a população se manifestou
contra, juntamente com uma forte campanha promovida pela imprensa
francesa. A população ignorava o fato de que a obra precisava de uma
intervenção e temia os resultados de um possível restauro desastroso.
Após o quadro ter sido retirado da parede do museu e encaminhado
para o laboratório do C2RMF, passou por diversos exames e contou com a
utilização de câmeras ultravioleta e infravermelha – um processo
rigorosamente acompanhado pela comissão científica reunida pela Louvre. Os
resultados dos estudos apontaram cerca de quatro ou cinco camadas que
indicavam processos anteriores de reintegração cromática sobrepostos na
pintura original, ao longo de décadas em que a obra recebeu esses cuidados.
Diante de todo o histórico a obra, a membros da comissão chegaram ao
consenso de apenas desbastar a camada de verniz, pois estavam apreensivos
pois qualquer “exagero” poderia comprometer a originalidade. O primeiro passo
foi a limpeza profunda, seguida do desbaste das camadas de verniz. Para que
12
não houvesse erro em relação à uniformidade da retirada do verniz, foi utilizado
um micrômetro para medir a espessura da camada pictórica.
Com tantas camadas de verniz sobrepostas, a obra praticamente havia
perdido seus volumes, que foram aos pouco redescobertos à medida que o
verniz oxidado foi desbastado pelos restauradores. As cores também ficaram
mais vivas e foi possível identificar nuances criados pelo pintor renascentista
ainda desconhecidos pela contemporaneidade. Assim, o assombro diante da
beleza de uma obra de Leonardo da Vinci foi intensificado e desbastar a
camada de verniz se tornou um dos processos de restauro mais conhecidos e
divulgados desde então.
13
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
14
REFERÊNCIAS
15