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Exercício Makahibas PDF
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INFILTRAÇÃO
1. GENERALIDADES
Infiltração é a passagem da água da superfície para o interior do solo. É, pois, um
processo que depende fundamentalmente (a) da disponibilidade de água para infiltrar, (b) da
natureza do solo, (c) do estado da camada superficial do solo e (d) das quantidades de água e ar
inicialmente presentes no interior do solo.
Obs.: Nas camadas inferiores do solo, geralmente é encontrada uma zona de saturação (lençol
freático), mas sua influência no fenômeno da infiltração só é significativa quando esta se situa a
pouca profundidade.
1
Porosidade, n = (volume de vazios) ÷ (volume da amostra de solo)
2
Umidade do solo, θ = (volume de água na amostra de solo) ÷ (volume da amostra)
3
Grau de saturação, S = (volume de água) ÷ (volume de vazios) = θ/n
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 2
f = f C + (f 0 − f C )exp(− k τ ) (01)
onde
f = capacidade de infiltração (igual à taxa real de infiltração) no tempo genérico τ,
f0 = capacidade de infiltração no tempo τ = 0,
fC = capacidade de infiltração mínima, ou taxa mínima de infiltração, que é um valor assintótico
(valor final de equilíbrio) avaliado em um tempo τ suficientemente grande,
k = constante característica do solo (constante de Horton), com dimensão de tempo-1, e
τ = tempo.
Os infiltrômetros do primeiro tipo são tubos cilíndricos curtos, feitos de chapa metálica,
de diâmetro φ entre 20 e 90 cm. Estes são cravados verticalmente no solo, de modo a sobrar uma
pequena altura livre (Figura 3).
Existem duas variações do
infiltrômetro de anel metálico, conforme se
utilizam um ou dois tubos concêntricos.
Quando se utilizam dois tubos, o externo
tem o papel de prover a quantidade de água
necessária ao espalhamento lateral devido
aos efeitos de capilaridade. Assim, a
infiltração propriamente dita deve ser
medida levando-se em conta a área limitada
pelo cilindro interno. Durante o
experimento, mantém-se sobre o solo uma
pequena lâmina de 5 a 10 mm de água, nos
dois compartimentos. Para obter o valor de
f, divide-se a taxa de aplicação da água pela Figura 3 – Infiltrômetro de duplo anel
área da seção transversal do tubo interno.
Como exemplo, apresenta-se uma planilha de anotações e cálculo para uso nas medidas da
capacidade de infiltração através do uso de infiltrômetro de anel metálico. Os resultados de f em
função do tempo são normalmente lançados em um gráfico cartesiano para mostrar a evolução
da capacidade de infiltração ao longo do tempo.
Tabela 1 – Elementos de cálculo da capacidade de infiltração com o uso do infiltrômetro de anel metálico
(1) (2) (3) (4) (5)
Tempo Volume lido Variação do volume Altura da lâmina Capacidade de infiltração
(min) (cm3) (cm3) (mm) (mm/h)
A coluna (4) da Tabela 1 é preenchida dividindo-se a coluna (3) pela área A da seção transversal
do infiltrômetro. Por sua vez, a coluna (5) é preenchida dividindo-se os valores obtidos na coluna
(4) pelo intervalo de tempo correspondente em horas.
Os principais inconvenientes relacionados ao uso de infiltrômetros, que causam erros nas
medidas, são: i) ausência do efeito de compactação da chuva; ii) fuga do ar retido para a área
externa aos tubos; iii) deformação da estrutura do solo com a cravação dos tubos.
Os infiltrômetros do segundo tipo, os simuladores de chuva, são aparelhos nos quais a
água é aplicada por aspersão, com taxa uniforme superior a f, exceto para um breve intervalo de
tempo inicial. As áreas delimitadas de aplicação da água são normalmente de formato retangular
ou quadrado, de 0,10m2 até 40m2 de superfície. Estas áreas são circundadas por canaletas que
recolhem a água do escoamento superficial. Medem-se, nos testes, a quantidade de água
adicionada e o escoamento superficial resultante, deduzindo-se o valor de f.
7. AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO EM UMA BACIA
Para conhecer f em uma bacia hidrográfica, utiliza-se a equação do balanço hídrico. Se
forem conhecidos a precipitação e o escoamento superficial, poder-se-á calcular, por diferença, a
capacidade de infiltração da bacia. Neste procedimento admite-se que a evapotranspiração
durante a chuva é muito pequena. Assim, f = i − Q S A , onde QS é a vazão devida ao
escoamento superficial e A é a área de drenagem da bacia hidrográfica.
Na avaliação acima acaba-se por incluir a interceptação e o armazenamento nas
depressões do terreno no valor de f. Para as pequenas bacias o erro introduzido é menos
significativo do que para as grandes bacias.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 5
Nesta tabela,
coluna (4) = coluna (3) ÷ área da bacia (corrigindo-se as unidades),
coluna (5) = coluna (2) ÷ intervalos correspondentes de tempo (corrigindo-se as unidades),
coluna (6) = coluna (5) − coluna (4).
EXEMPLO
Um experimento com um simulador de chuva foi realizado para a determinação da equação de
Horton para a capacidade de infiltração de um determinado solo. A chuva artificial foi produzida
com uma intensidade constante de 38mm/h. O excesso, isto é, a quantidade não infiltrada
(escoada superficialmente), foi recolhido nas canaletas que circundam a área de teste e
conduzido para um reservatório, permitindo a determinação dos volumes não infiltrados ao longo
do tempo. Um resumo dos resultados do teste é apresentado na tabela 3 abaixo.
Sabendo-se que a área de teste era de 10m2 e que, após um longo tempo de teste, a vazão total na
canaleta que conduz o excesso ao reservatório manteve-se constante e igual a 56ml/s, ajustar a
equação de Horton.
Obs: o escoamento superficial teve início no instante t = 6min.
Tabela 3 – Dados do experimento com simulador de chuva
t (min) 0 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42
i (mm/h) 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38 38
VolS (ll) 0,00 0,00 1,93 7,96 14,99 23,92 34,55 45,68 57,71 69,84 82,17
Solução
Desprezando-se as perdas por evaporação, a equação do balanço hídrico para a área em questão
produz os valores das taxas reais instantâneas de infiltração:
Q 1 ∆Vol
i ⋅ ∆t ⋅ A − Q ⋅ ∆t = ∆Vol ou i− = , (02)
A A ∆t
onde o termo do 2o membro representa a taxa real de infiltração (Vol é o volume infiltrado num
intervalo de tempo ∆t).
Fazendo q = Q/A e ∆h=∆Vol/A, tem-se
∆h
i−q= , (03)
∆t
com ∆h representando a altura da lâmina infiltrada num intervalo ∆t. Para obter as taxas reais de
infiltração, constrói-se a tabela 4 abaixo. Note que a taxa real de infiltração só representa a
capacidade de infiltração a partir do momento em que se tem a saturação da camada superficial
do solo, identificado no problema como o instante em que passa a ocorrer o escoamento
superficial (isto é, para t ≥ 6min, f = ∆h/∆t). Uma visualização gráfica dos resultados
encontrados é feita na Figura 4.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 6
A equação de Horton deve, então, ser ajustada aos dados das duas últimas colunas da
tabela abaixo.
40 i
30 f
i, q, f (mm/h)
20
10
q
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
tempo, t (min)
f − fC
ln = −k ⋅ τ , (04)
f0 − fC
ou
f − fC
log = −k ⋅ τ ⋅ log e (05)
f0 − fC
De (5),
ln 0,72 = -k⋅5⋅loge
e
ln 0,16 = -k⋅25⋅loge
donde,
ln (0,72/0,16) = -k⋅ (25-20) → k = 0,075min-1 = 4,5h-1.
1
y = (f-fC)/(f0-fC)
0,1
0,01
0 10 20 30 40
τ (min)
Figura 5 – Visualização da evolução da capacidade de infiltração ao longo do tempo e linha de melhor ajuste
do modelo de Horton.
Hidrologia Aplicada – CIV 226 Infiltração 8
EXERCÍCIOS
1o) Trace, qualitativamente, a evolução da capacidade de infiltração de um solo com o tempo de
ocorrência de uma chuva, identificando dois parâmetros da equação de Horton.
2o) Que fatores afetam a capacidade de infiltração de um solo?
3o) Um solo tem equação de infiltração de Horton dada por f = 9,1 + 7 ,5 × e −0 ,11t , sendo f medido
em mm/h e t em h. Sabendo-se que, para a região, a equação de chuvas intensas é do tipo
i = 1500 ⋅ Tr 0 ,12 (25 + t d )0 ,78 , com i em mm/h, Tr em anos e td em minutos, pede-se:
a) a probabilidade de que este solo seja inundado em um ano qualquer por uma chuva de duração
td = 12h;
b) a duração de uma chuva de 10 anos de recorrência, capaz de inundar o solo em questão.
≥x}=0,43%; b) td=7,23h
R: a) P{X≥
4o) Durante um certo ano, os seguintes dados hidrológicos foram coletados numa bacia
hidrográfica de 350km2 de área de drenagem: precipitação total de 850mm, evapotranspiração
total de 420mm e escoamento superficial de 225mm. Calcule o volume de infiltração, em metros
cúbicos, desprezando as variações no armazenamento superficial da água.
5o) Considere os dados da tabela abaixo. Com base nestes, ajustar a equação de Horton.
t (min) 0-6 6-10 10-14 14-18 18-22 22-26 26-30 30-34 34-38 38-42
i (mm/h) 38 55 55 55 55 55 55 55 55 55
t (min) 0 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42
h (mm) 0,00 3,80 6,14 8,07 9,90 11,54 13,01 14,43 15,76 17,08 18,38
h=lâmina infiltrada (acumulada) =17,96+
R: f= +(38,00−
−17,96)exp(−
−4,478..t)
6o) A capacidade de infiltração de uma pequena área de solo no início de uma chuva era de
4,5mm/h, e decresceu exponencialmente, seguindo a lei de Horton, até praticamente atingir o
equilíbrio no valor de 0,5mm/h depois de 10h. Sabendo-se que um total de 30mm de água
infiltrou-se durante o intervalo de 10h, estimar o valor do parâmetro k de Horton.
7o) Para o estudo da infiltração em um solo foi realizado um experimento em que se utilizou de
um simulador de chuva em uma área retangular de 4m x 12,5m. A duração desta chuva foi tal
que gerou um escoamento superficial praticamente constante de 0,5l/s. Sabendo-se que a
intensidade da chuva artificial era de 50mm/h, pede-se:
a) o escoamento superficial, em mm/h, e a capacidade de infiltração mínima encontrada no
experimento;
b) o valor da constante de Horton, considerando que 10 horas após o início da produção do
escoamento superficial a capacidade de infiltração era de 27,2mm/h.
R: a) hs=36mm/h, fmín=14mm/h; b) k=0,1h-1.
8o) Estime a taxa de infiltração em um determinado solo na cidade de Ouro Preto, ao final de
uma chuva de projeto. Sobre esta chuva sabe-se que a sua duração é de 8h e a probabilidade de
que sua intensidade seja superada em cada ano é de 20%. A respeito do solo em questão sabe-se
que o parâmetro de Horton vale k=0,667h-1 e que, após três horas de precipitação, sua
capacidade de infiltração cai à metade do seu valor inicial. A tabela abaixo representa a análise
de Pfafstetter para as chuvas de 8 horas em Ouro Preto.
Tr (anos) 1 2 3 4 5 10 15 20
P (mm) 52 63 67 70 75 87 92 99
Obs: Admitir a ocorrência do encharcamento imediato da camada superficial do solo com o início da chuva.
R: f8=3,98mm/h