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Apostila de Piscicultura (gentileza CAAL*)

01- MERCADO
02- PRINCIPAIS PEIXES INDICADOS PARA CULTIVO
03- LOCALIZAÇÃO
04- PROCESSO DE CRIAÇÃO
05- PRATICA DE CULTIVO E DOENÇAS
06- ALIMENTAÇÃO
01- MERCADO
PISCICULTURA EM TANQUES-SOLO

A primeira premissa para o planejamento de qualquer empresa


é estabelecer objetivos claros. No caso da criação de peixes é
essencial saber para quem se vai produzir. O perfil do consumidor vai
designar quase tudo, como, pôr exemplo, quais as espécies a serem
criadas e que terão mais aceitação no início do empreendimento. O
consumidor é também quem vai determinar o tamanho de sua
criação, partir da estimativa de potencial de consumo. O consumidor
é o principal dos três segnentos que compõem o chamado
"mercado". )s outros dois são os fornecedores e os concorrentes.
Esses três segmentos constituem o universo em que o empresário vai
se movimentar. Sem conhecê-los o empreendedor caminha no escuro,
portanto deve estudá-los. como já foi afirmado anteriormente, o
negócio de criação de peixes tem inúmeras possibilidades. Mas,
dentro do planejamento, é necessário, em primeiro lugar, definir para
quem se pretende vender. A comercialização de peixes é feita para
restaurantes, feiras livres, supermercados, peixarias e pesque-pague,
tipo de negócio derivado da piscicultura, voltado para o lazer e que
vem se desenvolvendo de forma acelerada será analisado em capítulo
à parte. A venda dos peixes pode ser feita diretamente aos
estabelecimentos ou pôr intermédio de Associações de Aqúicultores.
Estas associações congregam pequenos produtores e servem para
reunir a produção encomendada pôr consumidores de grandes
quantidades, como os supermercados, pôr exemplo. Na avaliação do
piscicultor José Jurandir de Paiva, o 'Juca Paiva" da fazenda Estiva,
em Luziânia-GO, até recentemente o mercado consumidor de peixes
era restrito e tinha sua produção principal basicamente destinada ao
consumo da Semana Santa. Para ele, com o advento dos pesque-
pague o consumo cresceu e se prolongou pôr vários períodos do
anos ; O criador afirma que tudo que produzir será comprado pêlos
pesque-pague. No que se refere ao consumo direto é necessário ter
um quadro bem fiel à realidade. Pesquisas sobre o mercado
consumidor de peixes revelam que o brasileiro não tem o hábito de
consumir a carne de peixe, que de longe é superada pelo consumo
das carnes de aves, bovinos e suínos. Um dos fatores mais
desestimulantes ao consumo, em relação aos demais tipos de carnes à
venda no mercado, é a relação preço l kg. O quilograma do peixe,
dependendo da espécie, pode chegar a custar vinte vezes mais que o
mesmo peso em carne de frango. Apesar da grande extensão litorânea
e da quantidade de bacias fluviais, no ranking mundial de consumo
de carne de peixe, o Brasil é um dos países que estão no fim da fila,
como pode-se observar no quadro a seguir:

Consumo pôr pessoal


País Consumo pôr pessoal ano (em kg)
Japão 50
Suécia 35
Portugal 30
chile 10
Brasil 5

O fornecedor, o maior aliado


Assim como as informações sobre o público consumidor da
produção de peixes, o conhecimento dos fornecedores, com o maior
número de dados possíveis, é fundamental para o sucesso de uma
empresa do ramo. No caso da criação de peixes, a melhor forma de
travar contato com os fornecedores é procurando indicações com as
associações de aqúicultores da região. Desta forma serão obtidas
informações, nas quais se pode cobrar responsabilidade, na qualidade
dos alevinos e rações fornecidas. Diante da inexistência de
associações de criadores, uma outra opção segura é buscar indicações
nos escritórios públicos de maneio rural, como é o caso da Emater e
dos postos das secretarias de Agricultura. Nestes escritórios, assim
como nas associações, podem ser encontradas relações de locais onde
podem ser adquiridos os alevinos.

Concorrentes, os balizadores do mercado


A concorrência deve ser sempre encarada como um parâmetro para
seu empreendimento. Tanto no preço, quanto na qualidade do
produto oferecido, na estratégia de venda ou nos resultados
gerenciais obtidos. Os concorrentes não podem ser desprezados, mas
também não devem ser tratados como os bichos-papões de sua
empresa. Poucas são as localidades onde é intensa a disputa direta
entre os criadores de peixes, mas, onde esta disputa existe, o mercado
tende a ser mais promissor. Isto deve-se à natural tendência de
redução nos preços dos produtos oferecidos.

02- PRINCIPAIS PEIXES INDICADOS PARA CULTIVO

Quais são as espécies mais rentáveis e de melhor adaptação


Para que uma espécie de peixe seja considerada adequada para o
cultivo, ela deve apresentar algumas características às quais o
produtor deve estar sempre atento, como consta em orientação do
livro "Manual de Piscicultura Tropical", de Carlos Eduardo Martins
de Proença e Paulo Roberto Leal Bittencourt, editado pelo Instituto
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A
primeira destas características é que a espécie deve ser facilmente
propagáveis, natural ou artificialmente, isto é, poder produzir
anualmente um grande número de alevinos. Também é importante
apresentar bom crescimento em condições de cativeiro e ser
resistente ao manejo e às enfermidades mais comuns. As orientações
técnicas também indicam ser necessário que estas espécies
apresentem um hábito alimentar onívoro, herbívoro, iliófago,
detritívoro, fitoplantófago, zooplantófago ou plantófago. Se a espécie
for carnívora, ela deverá ser de alto valor comercial e aceitar
alimento não-vivo, de preferência ração peletizada. . Outro ponto
muito importante, e que deve servir como peso da balança para a
escolha da espécie, é que ela deve ter boa aceitação no mercado. A
seguir, de forma bastante resumida, apresentamos as características
das espécies mais facilmente encontradas nas unidades produtoras de
alevinos no Brasil , atualmente. Vale relembrar que os técnicos das
empresas de manejo e mesmo das associações de aqúicultores têm
informações mais completas sobre estas espécies.

Espécies
Tambaqui e tambacu

O tambaqui é uma das principais espécies do rio Amazonas, podendo


alcançar até 20 kg. Tem a carne bastante apreciada e se adapta bem
ao cativeiro, onde atinge, em condições ideais de temperatura e
alimentação, até 1,4 kg em um ano. Com crescimento mais rápido
que o pacu, porém menos resistente ao frio, registra alta mortalidade
em temperaturas abaixo de 1 5ºc. É onívoro e aceita rações. É peixe
de piracema e não desova ais indicadas para o cultivo naturalmente
em cativeiros. O tambacu, ou paqui, resultante do cruzamento da
fêmea de tambaqui com o macho do pacu. Menos sensível que o
tambaqui ao clima subtropical, pode adaptarse a temperaturas abaixo
de 20ºc. Mas se esse híbrido for fértil e escapar para a natureza,
ameaça o futuro das duas espécies das quais se originou. Tanto o
tambaqui quanto o tambacu têm carne saborosa e aceitam bem a
ração em cativeiro. O tambaqui só se reproduz artificialmente em
tanques.

Pacu

Também conhecido como pacu-caranha, na região Centro-


Oeste, e pacu-guaçu, no Sudeste, é um peixe originário da Bacia do
Prata, habitando principalmente os rios do Pantanal Mato-grossense,
onde chega a atingir até 18 quilos. Desenvolve-se melhor em
ambientes com temperaturas entre 20/30 mas resiste bem a
temperaturas abaixo de 20ºc. É um peixe onívoro, pode ser
alimentado com frutas, sementes, grãos, pequenos moluscos,
crustáceos, insetos e também com ração com 22% a 30% de
proteínas. Peixe de piracema, só se reproduz em cativeiro com
indução artificial. Nos viveiros pode ultrapassar 1,1 kg em um ano de
cultivo. Sua carne é muito saborosa, podendo apresentar acúmulo de
gordura se receber alimentação muito rica em proteínas. Nos
policultivos deve ser a espécie principal. Quando cultivado com as
carpas, come as nadadeiras das mesmas.

Curimbatá

Também chamado de curimba, corumbatá, grumatá, curimatá


ou curimatá, é um peixe muito conhecido do Rio Grande do Sul até o
Nordeste do país. Cresce melhor em viveiros grandes, podendo
atingir até 800 gramas no primeiro ano Têm hábito alimentar
iliófago, isto é uma espécie de fundo de tanque, sua carne tem ligeiro
gosto de terra. No policultivo, onde é utilizado como espécie
secundária, sua função é remover o lodo, liberando os gases tóxicos e
colocando a matéria orgânica em suspensão, o que ajuda a adubar os
tanques.

Carpa comum
Espécie de origem asiática cultivada praticamente em todo o
mundo, possui qualidades importantes para produção em viveiros,
como resistência a doenças, facilidade de manejo e reprodução. Em
algumas regiões do Brasil seu sabor e aparência não são bem aceitos
pêlos consumidores. As variedades mais cultivadas são a carpa
escama, a espelho e a colorida, sendo esta última mais apreciada para
fins decorativos. Têm hábito alimentar bentófago e onívoro, ou seja,
alimenta-se de preferência de pequenos vermes, minhocas e
moluscos que vivem no fundo dos tanques e se adapta bem aos mais
diferentes tipos de alimentos. As carpas apresentam crescimento
rápido, atingindo facilmente 1,5 kg em um ano. Podendo ser
utilizadas em policultivo, se reproduzam em viveiros, apresentando
uma desova por ano. Artificialmente podem ser feitas mais de duas
desovas ao ano.

Carpa capim

Esta espécie da carpa chinesa, com a cabeça grande e prateada, come


principalmente algas, plantas aquáticas, frutas, raízes e capim, como
o nome indica. Esse hábito alimentar torna-a muito importante no
policultivo, pôr manter o tanque limpo. Além disso, suas fezes
abundantes ajudam a fertilizar a água, facilitando a proliferação do
plâncton, o alimento de outras espécies. Sua carne magra e de sabor
semelhante ao da traira é muito apreciada pêlos consumidores. Tem
crescimento muito bom e pode atingir até 1,5 kg no primeiro ano. No
cativeiro só se reproduz com indução artificial.
Carpa cabeça grande

Essa carpa chinesa alimenta-se de algas e de zooplâncton. Não aceita


muito bem outros tipos de alimentos e rações. É indicada unicamente
para policultivo, e como espécie secundária. Peixe de carne magra e
saborosa, tem boa velocidade de crescimento, podendo atingir até 2
kg em um ano. No Brasil, os machos atingem a maturidade sexual
com dois anos e as fêmeas com três anos de idade. Em cativeiro a
reprodução é artificial pelo processo de hipofisação.
Bagre africano

Vem se popularizando em viveiros pôr resistir a baixos níveis de


oxigenação na água, pois pode sobreviver e deslocar-se, ficando tora
da água pôr longos períodos respirando ar atmosférico através de
pseudopulmóes. E dono de alta conversão alimentar, aceita de
zooplâncton até pequenos peixes, rações artificiais e vísceras de
outros animais. chega a crescer até mais de 1 kg no primeiro ano.
Também conhecido pôr darias, tem carne avermelhada e com pouca
gordura, atingindo um quilo em um ano. Atinge a maturidade sexual
com nove meses de idade, mas sua reprodução tem que ser induzida.
O Ibama proíbe seu cultivo - e também o do bagre do canal (catfish)
em boa parte do território brasileiro. Para cultivar esta espécie,
portanto, é fundamental consultar o Instituto na região em que se
pretende implantar o cativeiro.

Tilápia

É um peixe que se reproduz com muita facilidade, mesmo em


tanques, apesar de não apresentar um ritmo de crescimento muito
rápido. Embora sua carne seja saborosa, não é muito valorizada no
mercado. Pôr esse motivo é utilizada como peixe forrageiro nas
criações de peixes carnívoros.
Tilápia do NILO

Entre as várias espécies existentes, esta é a mais utilizada para o


cultivo, pôr apresentar um melhor desempenho, principalmente os
machos. É um peixe africano muito rústico e com carne saborosa.
Possui hábito alimentar planctófago e detritívoro, alimentando-se, em
primeiro lugar, do plâncton e em menor proporção de detritos
orgânicos, aceita bem rações artificiais. Atinge cerca de 400 gramas a
600 gramas no período de seis a oito meses de cultivo. É também
utilizado como peixe forrageiro, servindo de alimento na criação de
peixes carnívoros. A maior restrição ao seu cultivo é sua reprodução
precoce, a partir de quatro meses de idade, o que gera o
superpovoamento de tanques. Este problema pode ser contornado
com a utilização apenas de alevinos machos, sexados manualmente
ou revertidos através de hormônios sexuais, que são facilmente
encontrados em vários fornecedores de alevinos.
Piau
Esse peixe nativo, muito apreciado pelo sabor de sua carne, tem
desaparecido dos rios e despertado o interesse no seu cultivo. As
espécies cultivadas são o piau verdadeiro, o piauçu e a piampara.
Tem hábito alimentar onivoro, aceitando bem os grãos e as rações
artificiais. Apresenta um bom crescimento, chegando a 800 gramas e
até a 1 kg no período de um ano.

policultivo - o melhor resultado na criação de peixes


A sugestão dos técnicos é que se faça a criação de diversas
espécies num mesmo viveiro, o policultivo.
Normalmente os critérios utilizados são de utilização de 90% de
peixes de superfície - como o pacu e o tambaqui - e o restante
dividido entre duas espécies de meia água - como a carpa chinesa - e
duas espécies de fundo - curimbatá e carpas comuns. A distribuição
tem como objetivo dar melhor aproveitamento à alimentação, já que
os peixes de superfície não buscam comida no fundo do tanque,
evitando-se, dessa forma, o desperdício. Ao criar peixes carnívoros,
como a traira, pôr exemplo, o criador deve associá-los a peixes
menos valorizados comercialmente, como a tilápia. O iniciante neste
tipo de negócio precisa se familiarizar com a atividade partindo para
a engorda dos alevinos e, mais tarde, se for seu desejo, para o
processo reprodutivo que, sem dúvida, exige maior aporte técnico e
de capital. Mesmo para o policultivo, o criador deve buscar amparo
em empresas técnicas que tratam do assunto, para evitar problemas
futuros. Juca Paiva disse que iniciou seu negócio com a criação de
tilápias, que serviriam de forragem para o tucunaré. O resultado foi
um desequilíbrio nos tanques, pois o tucunaré é um peixe carnívoro
muito voraz. "Depois desta experiência fui visitar a Codevasf
(Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco), onde
encontrei informações técnicas", conta seu Juca. Ele disse que depois
desta correção de rumos, fez os primeiros tanques, comprou alevinos
e mais tarde começou a comprar prós-larvas. A experiência, com
apoio técnico, deu certo. Hoje, além de tirar para a criação ele já
vende o excesso, passando a fazer a própria reprodução. Há oito anos
Juca Paiva está no ramo e há três opera comercialmente, vendendo
toda a sua produção. O outro tipo de cultivo, conhecido como
monocultivo, consiste na criação de uma única espécie num viveiro.
Ele é mais comum em locais onde não existe a oferta de alevinos de
várias espécies. A maior desvantagem é a subutilização dos alimentos
naturais não consumidos pela espécie escolhida. Esses dois tipos de
cultivo voltarão a ser tratados em outro capítulo

03- LOCALIZAÇÃO

Água, solo e inclinação do terreno são os principais


determinantes
Para viabilizar o projeto de piscicultura e otimizar o
empreendimento é necessário estar atento a alguns aspectos ligados
ao local de implantação do negócio. Segundo os especialistas em
aqúicultura do Ibama, Carlos Eduardo Martins de Proença e Paulo
Roberto Leal Bittencourt, informam no livro Manual de Piscicultura
Tropical, "estes fatores se referem à topografia da área de
implantação do projeto, o tipo de solo onde ele será executado, a
avaliação da quantidade e qualidade da água que será destinada ao
abastecimento dos tanques, viveiros ou açudes e também à vegetação
local". Os técnicos do Ibama também advertem que não se deve
deixar de considerar, também, os dados meteorológicos que poderão
influenciar, inclusive, os parâmetros considerados, após os
levantamentos dos dados hidrológicos. O reconhecimento e seleção
da área de implantação do projeto devem estar vinculados ao tipo de
projeto que se pretende desenvolver, às espécies que serão cultivadas,
ao manejo adotado e ainda à facilidade de acesso para a
comercialização. Todos estes aspectos vão interferir diretamente no
sucesso do empreendimento, no Iayout da unidade e no processo
construtivo, principalmente para os casos de piscicultura em tanques
e viveiros. Vale lembrar que a escolha da área definirá o tamanho da
exploração e a determinação dos custos de implantação, além da
viabilidade técnica e econômica do negócio.

Topografia
Segundo o "Manual de Piscicultura Tropical", este aspecto da escolha
da localização determina, essencialmente, a viabilidade econômico-
financeira do investimento no que se refere ao trabalho de
movimentação de terra na construção das instalações. Em áreas de
topografia praticamente plana esses trabalhos serão minimizados. Em
terrenos acidentados, evidentemente, haverá maior volume de
trabalho de terraplanagem. É a topografia que determinará o volume
de terra a ser movimentado na construção das instalações. Dela sairão
os condicionantes de tipo, superfície, forma e o número de viveiros.
De um modo geral, terrenos com inclinação de até 5% são os mais
indicados, por serem menos onerosos e possibilitarem maior
superfície de área inundada. Ainda neste fator deve-se observar a
distância e a cota entre o ponto de captação da água e o local dos
tanques e viveiros, correlacionando-se essa cota com o nível mais
elevado da área de tanques, de modo a permitir o abastecimento de
água através da gravidade. Em resumo, será necessário, para a
construção do parque aquático, determinar a declividade do terreno, a
diferença de nível existente nos diversos pontos que delimitamos
viveiros e a linha de contorno e a medida horizontal e angular. Os
equipamentos utilizados na medição da área vão de uma simples
trena, mangueira transparente e estacas de madeira até o teodolito,
que é o instrumento mais apropriado para esse tipo de trabalho. Para
se atingir um levantamento topográfico acurado do terreno deve-se
proceder à fixação de uma referência de nível e da linha Norte-Sul.
Também deve-se determinar a poligonal de apoio, ou seja, a linha
poligonal de contorno da área, as dimensões, rumos e ângulos dos
lados dessa poligonal. Pôr último, deve-se plotar as curvas de nível a
cada metro de desnível do terreno. Com estas ações serão obtidos a
área e o perfil do terreno. O levantamento deve incluir, ainda, o
cadastro dos chamados elementos notáveis existentes no terreno,
como postes, divisas e riachos, entre outros. Deve-se evitar que o
local para implantação do projeto apresente falhas, grandes
formigueiros, afloramento de rocha e raízes de árvores de grande
porte.

Solo
O solo mais adequado para tanques e viveiros é o que apresenta
condições intermediárias entre o arenoso e o argiloso. É necessário
que ele tenha boa estrutura, que favoreça a escavação do tanque e
permita compactar as paredes e o fundo para evitar a infiltração
excessiva de água. É importante observar que a terra com
predominância de argila é mais difícil de ser escavada e favorece o
aparecimento de rachaduras no tanque, quando este é esvaziado. Já o
solo muito arenoso não possui boa capacidade de retenção de água,
favorecendo a infiltração do terreno. O ideal é um solo que possua
composição mínima de 40% de argila, pois segundo recomendação
do médico veterinário e extensionista da Emater-DF, Adalmyr
Moraes Borges, em seu estudo Noções de Piscicultura - A criação de
Peixes, editado em julho de 1995, é necessário também, dependendo
da localização do empreendimento, fazer a correção do índice de
acidez (pH> do solo, que influenciará na acidez da água dos viveiros.

Quantidade de água
A atividade de piscicultura demanda água de alta qualidade e com
quantidade abundante. O volume de água necessário é calculado em
função da área e da profundidade do viveiro. Em um viveiro de 1 ha
e de profundidade média de 1,5 m, são necessários 15.000 m3
(metros cúbicos) de água. Para um viveiro com estas dimensões é
recomendável que o enchimento ocorra em 72 horas, portanto a
vazão deve ser superior a 38,6 lis. Fórmulas para o cálculo de vazão
podem ser encontradas em livros de física ou, especificamente, no
livro do Ibama "Manual de Piscicultura Tropical". Depois do
enchimento de um tanque ou viveiro, a colocação de água deve ser
promovida exclusivamente em três situações: para compensar perdas
pela evaporação, recuperar o volume perdido com infiltrações, ou
recupera a taxa de oxigênio da água, caso seja detectada uma
deplexão.

Tipos de instalação
De acordo com o Manual de Orientação Técnica para Piscicultura,
editado pelo Sebrae da Bahia em 1993, as instalações empregadas em
um projeto de exploração racional de peixes podem ser compostas
pôr viveiros ou tanques. Antes de se iniciar a construção de um açude
ou de tanques, deve-se efetuar o planejamento de todas as etapas a
cumprir, especialmente no caso dos viveiros. Ainda segundo o
Manual de Piscicultura Tropical, com base no relevo, tipo de solo, e
características da bacia hidrográfica é que será estabelecido o Iayout
do conjunto. Isto significa que a disposição do açude e/ou viveiros
será feita em função dos pontos de captação da água, da avaliação
dos serviços de terraplanagem e da quantificação e dimensionamento
do orçamento prévio estimativo das obras. Segundo os autores do
manual "existem situações que permitem, inclusive, a utilização
integrada de açudes e viveiros". Além da necessidade de conciliar a
disposição dos viveiros com o mecanismo de abastecimento pôr ação
da força da gravidade, é importante planejá-los de maneira que a
maior dimensão dos tanques seja paralela às curvas de nível do
terreno para promover economia no trabalho de terraplanagem.

Viveiros - são reservatórios escavados em terreno natural, dotados


de sistemas de abastecimento e de drenagem. Estruturalmente são
divididos em viveiros de barragem (açudes) e de derivação.

Viveiros de barragem - são construídos a partir do erguimento de


um dique ou barragem capaz de interceptar um curso de água. Em
geral são utilizados pequenos vales para sua alocação. Entre as
vantagens deste tipo de viveiro está o baixo custo de sua construção.
Apresentam, porém, uma série de aspectos negativos. O primeiro
deles é o fato de não se ter um controle efetivo da quantidade de
água, com o constante perigo de rompimento da barragem, em função
das contribuições recebidas pôr fortes chuvas. Estas instalações
apresentam ainda dificuldade no manejo, especialmente no que se
refere à adubação, alimentação artificial e despesca.

Viveiros de derivação - geralmente são construídos em terrenos


que apresentam grande declividade ao longo do curso d'água, mas em
pontos onde é fraco o declive transversal do terreno. Tanto o
abastecimento, quanto a drenagem deste tipo de instalação são feitos
pôr meio de canais. As principais vantagens deste tipo de viveiro são
a facilidade de manejo e o controle da entrada e saída do fluxo de
água.

Tanques - A principal diferença deste tipo de instalação para os


viveiros é que têm o fundo revestido em base de alvenaria, pedra,
tijolo ou concreto. Inicialmente foram empregados como berçários,
mas tornaram-se obsoletos nesta função. São recomendáveis para
terrenos arenosos e com grande infiltração. Seu custo de produção é
alto e se contrapõe à baixa produtividade. A principal desvantagem
dos tanques é que, pelo fato de serem revestidos, não desenvolvem os
microorganismos necessários à alimentação dos peixes. Nos locais
onde ocorrem muitas variações de temperatura, é recomendável que a
profundidade dos tanques seja aumentada em 0,50 m, para evitar
grandes oscilações.' Estas mudanças não são sentidas principalmente
no fundo (geralmente com 1,70 m) onde a maior parte dos peixes se
refugia, porque lá a temperatura da água costuma manter-se
homogênea e estável. O tamanho do tanque varia de acordo com a
quantidade de peixes que se deseja criar. Outros condicionantes são a
oferta de água e a quantidade de matéria orgânica disponível na
propriedade. Para os viveiros de alevinaciem a área ideal está na
faixa de 2.000 a 5.000 m2. Entretanto, tanques de dimensões
inferiores também podem ser utilizados. O principal problema
detectado com a redução nas dimensões dos tanques é que,
conseqúentemente, fica reduzida a superfície de água em contato com
o ar, resultando em taxas menores de oxigenação. Viveiros muito
grandes, porém, apresentam como inconveniente as dificuldades no
manejo: são mais demorados para encher e esvaziar e requerem mais
tempo na hora de passar a rede, pôr exemplo. Como foi afirmado
anteriormente, recomenda-se a utilização de viveiros escavados na
terra, que permitem mais eficiência no abastecimento, no tratamento
dos peixes, especialmente na captura, e no controle da alimentação e
da fertilização. O formato mais recomendado é o retangular, com
paredes inclinadas em ângulos de 45 graus e com até 2 m de
profundidade. O nível da água varia, comumente, de 1,20 a 1,50 m.
Já os viveiros de barragem podem ter a forma alterada pela
topografia do terreno e possuir superfície de formato triangular ou até
mesmo circular. Em seu estudo, o veterinário Adalmyr Borges aponta
também quatro aspectos que precisam ser considerados para a
construção de viveiros e/ou tanques:

Água - deve ser de boa qualidade, livre de agrotóxicos e poluentes.


A vazão ideal requerida é de 10 litros pôr segundo pôr hectare de
área inundada (60 litros/minuto a cada 1.000 m2), o suficiente para o
enchimento, renovações e compensar perdas provocadas pela
evaporação e infiltrações. O sistema de abastecimento deve ser
individual, evitando-se a transferência de água de um viveiro para
outro.

Terreno - antes de iniciar a construção deve ser feita uma limpeza da


área, com a retirada total de galhos, raízes e restos de vegetação.

Dimensões - como geralmente são de formato retangular, o


comprimento deve ser igual a três vezes a medida da largura e a
profundidade de até 2 m. Na piscicultura doméstica os viveiros
variam de 100 a 500 m2. Já na atividade comercial os tamanhos
podem variar de 1.000 a5.000 m2.

Esvaziamento - O fundo do viveiro deve ser bem plano e limpo e


possuir uma declividade de 1 a 0,5% em direção ao local de
escoamento, localizado sempre do lado oposto da entrada de
abastecimento. Os sistemas mais comuns de escoamento são o de
cotovelos de canos de PVC (para viveiros de pequena e média
dimensão) e de monge (para viveiros grandes).
04- PROCESSO DE CRIAÇÃO

Adubar faz o peixe crescer e aumentar de peso


O manejo é o conjunto de práticas utilizadas para a exploração do
cultivo. O bom cumprimento das técnicas de manejo se traduz,
inevitavelmente, em maior rentabilidade no empreendimento. Das
técnicas de manejo do cultivo de peixes fazem parte a preparação dos
viveiros, o condicionamento e transporte dos primeiros alevinos, o
povoamento dos tanques, alimentação, e despesca. A preparação dos
viveiros consiste, basicamente, na calagem e nas adubações. O
processo de calagem é necessário quando a água do viveiro apresenta
PH inferior a 7,0. Os produtos mais utilizados para isto são o calcário
dolomítico e a cal viva. De uma maneira geral, em terras ácidas,
utiliza-se 2.000 kg de calcário pôr hectare (ou 200g/m2) ou, no caso
da cal, uma proporção de 1.000 kg/ha (também calculado pela
fórmula l00g/m2). Com a obra do viveiro pronta, espalha-se um dos
produtos na proporção calculada pôr todo o fundo e laterais do
reservatório. Depois da calagem, aguarda-se em média 15 dias para a
adubação e o enchimento do viveiro. Ao contrário do que possa
parecer à primeira vista, não são os peixes que consomem
diretamente o adubo. A adubação dos viveiros, que pode ser orgânica
ou inorgânica, tem a mesma finalidade que na agricultura. Quando se
aduba a água, há um maior crescimento do plâncton, que é o conjunto
dos pequenos animais (zooplâncton> e vegetais (fitoplâncton) dos
quais se alimentam a maioria das espécies. A principal adubação dos
viveiros deve ser a orgânica. Os adubos de melhor qualidade para a
piscicultura são os estercos de aves e suínos, sendo também
utilizados os estercos de bovinos e de outros animais. Podem ser
utilizadas fezes frescas, mas os estercos curtidos surtem efeitos
superiores. A adubação química (inorgânica) deve ser feita de forma
complementar. Em geral a água apresenta quantidade mínima de
fosfato, pôr isso costuma-se utilizar a combinação fósforo-nitrogênio
como nutriente auxiliar na produção de peixes. Quinze dias após a
calagem é feita a adubação inicial, junto com o enchimento do
viveiro, de acordo com os seguintes parâmetros:

ADUBAÇÃO
QUANTIDADE em
TIPO PRODUTO
g/m2
Orgânica Esterco bovino 300
Orgânica Esterco suíno ou de aves 150
Química
Supertosfato simples 7,5
fosfatada
Química
Supertostato triplo 2,5
fosfatada
Química
Sultato de amônio 13
nitrogenada
Química
Uréia 6,5
nitrogenada

Igualmente importante à preparação dos viveiros é o


acondicionamento e transporte de alevinos. De acordo com o Manual
de Orientação Técnica para Piscicultura, editado pelo Sebrae/BA, os
alevinos podem ser transportados da estação produtora até o local de
cultivo acondicionados em sacos plásticos inflados com oxigênio, em
tanques de amianto ou fibra de vidro ou em tanques de lona
revestindo a carroceira de um veículo. A quantidade de alevinos pôr
lote depende, fundamentalmente, do oxigênio disponível e da
duração do translado. Considerando que o transporte tenha duração
máxima de 24 horas, a temperatura da água em torno de 280C e
alevinos com comprimento médio de 2 cm, podem-se acondicionar
até 3.000 alevinos em um saco plástico de 60 litros, desde que seja
colocada uma parte de água para duas de oxigênio. Nas demais
estruturas de acondicionamento recomenda-se o preenchimento de
1/3 do volume com água, podendo se colocar 3.500 alevinos pôr
metro quadrado de área. Para povoar o local de cultivo, alguns
cuidados devem ser observados. O principal deles é com relação à
diferença de temperatura de transporte dos alevinos e a água do
viveiro ou tanque. O choque térmico pode provocar uma grande
mortalidade. Para se evitar isso, é recomendado que os sacos
plásticos sejam deixados boiando pôr um período de 10 a 20 minutos,
até que a temperatura seja igualada e eles sejam abertos. No caso da
utilização de outra estrutura de transporte, adiciona-se, aos poucos, a
água do ambiente de cultivo à água de transporte até que ocorra o
equilíbrio. De acordo com Adalmyr Borges, existe ainda um sistema
de berçários, que reduz a 'nortalidade dos alevinos recém-
tranportados. este sistema consiste na construção de viveiros de
recria, com área variando de 4 a 5% da área dos viveiros de engorda.
Neles os alevinos permanecem de 30 a 40 dias, na proporção de 0 a
25 pôr metro quadrado, ganhando uma maior taxa de sobrevivência.
De um modo geral, os alimentos naturais suprem as necessidades
nutricionais dos peixes cultivados, mas à medida em que se busca
maior produtividade, a utilização de alimentos artificiais é
imprescindível. A alimentação artificial pode ser suplementar,
através de grãos de cereais e farelos ou farinhas, ou administrada de
forma completa, pelo uso de rações fareladas, granuladas ( também
chamadas de peletizadas ) ou flutuantes. Quando encarado como
nutrição principal, o alimento artificial deve ser administrado
diariamente, dividido em duas refeições de penodos fixos
( preferencialmente no início da 1 manhã e final da tarde ) e pelo
menos 5 dias pôr semana. A quantidade a ser lançada deve ser de 3 a
4% da biomassa, o peso total dos peixes no tanque. O método mais
utilizado para estabelecer a quantidade de alimento a ser
administrado é a biometria quinzenal ou mensal. Ela consiste na
captura de uma amostra aleatória da população de peixes estocados.
Para realizá-la é necessário uma rede de malha ( para colher o
peixe ) , uma balança com graduação em gramas e um ictiômetro
para medição do comprimento da amostra. O valor obtido na
medição é multiplicado pelo número de peixes cultivados,
calculando-se a biomassa total de peixes estocados. De posse deste
valor é que se calcula a quantidade de ração a ser administrada.

Exemplo: cultivo intensivo de tambaqui

taxa de estocagem - 1 peixe m2

àrea do viveiro - 2.500 m2


peso médio da amostra - 200 g
quantidade de ração - 40/o da biomassa

Então tem-se:

2.500 peixes x 0,2 kg = 500 kg de biomassa

500 kg x 0,04=20 kg de ração diária, ou:

10 kg de ração pôr refeição ( 2 x ao dia ).

As rações balanceadas mais comumente encontradas no mercado são


as seguintes:

RAÇÔES
Nome Peso
Crialevinos saco 40 kg
Cria Peixe 30% saco 40 kg
Cria Peixe 23% saco 40 kg
Cria Peixe Bagre saco 40 kg
Pirá Tropical ( flutuante ) saco 25 kg

A despesca é a operação de retirada dos peixes dos viveiros quando


eles atingem o tamanho e o peso ideais à comercialização e consumo.
Ela pode ser feita de forma total ou parcial. A parcial geralmente
ocorre quando pôr algum motivo os peixes não apresentaram
crescimento uniforme, ou quando a comercializaçáo / consumo
determina que o estoque não seja baixado completamente. Para a
realização da despesca deve se levar em consideração os períodos em
que o produto atinge maior valorização no mercado, como pôr
exemplo na Semana Santa, quando a demanda pelo peixe é maior que
a oferta. O passo inicial do processo de despesca é o esvaziamento do
viveiro, que deve ser realizado de forma gradativa. Deste modo, os
peixes costumam refugiar-se na parte mais profunda do reservatório,
facilitando a operação. Na retirada são utilizados, geralmente, rede de
pesca com malha variam de 25 a 40 mm entre os nós, puçás de
tamanhos variados, baldes plásticos de 60 litros e tarrafas. De
maneira geral, a despesca ocorre a partir de l0 a 12 meses do início
do cultivo.

05- PRATICA DE CULTIVO

A escolha da forma de criar determina produtividade e custos


Os sistemas de exploração diferem de acordo com os cuidados
dispensados à criação e irão determinar a produtividade e os custos
do produtor. Neste capítulo, tomando pôr base o "Manual de
Orientação Técnica" elaborado pelo Sebrae/BA, vamos apresentar as
práticas e os tipos de cultivo que ocorrem: cultivo extensivo, semi-
intensivo e intensivo; monocultivo e policultivo; e consórcio de
peixes com a criação de outros animais.

Cultivo extensivo
Este é o tipo de exploração feita em açudes, lagoas, represas e outros
mananciais, nos quais o homem não controla os predadores, nem a
qualidade da água onde se desenvolve o alimento natural, único
disponível para os peixes. A taxa de estocagem utilizada é de um
peixe para cada 10 metros quadrados.

Cultivo semi-intensivo
Neste caso o alimento natural desempenha um papel preponderante
na produtividade da cultura de peixes, contudo, em virtude de uma
maior densidade de estocagem - em média de três a cinco peixes a
cada 10 metros quadrados - há necessidade de se fertilizar as águas
e/ou fornecer alimentos suplementares aos peixes, tais como grãos
( tipo milho e sorgo ) , farelos ( milho , sorgo , trigo , soja ) , tortas
( mamona, algodão ) e farinhas ( carne , peixe ) .

Cultivo intensivo
A característica principal deste cultivo é o uso de rações balanceadas
na alimentação dos peixes, em virtude das densidades de estocagem
bastante altas - cerca de um peixe pôr metro quadrado - o que torna
os alimentos naturais bastante insuficientes, embora estejam
presentes na cultura e possam mesmo ser incrementados através de
fertilizantes. O cultivo intensivo é realizado em tanques e viveiros, e
as formas de intervenção do produtor são as mesmas utilizadas para a
piscicultura semi-intensiva.

MonocuItivo
Como já dissemos, este é o tipo de cultivo em que é criada uma só
espécie. Em geral é utilizado em águas correntes, onde existe
limitação de alimento natural e em locais onde não existe oferta de
alevinos de diferentes espécies. Comparativamente, e menos
recomendável que o policultivo. A maior desvantagem desta prática é
a subutilização dos alimentos naturais não consumidos pela espécie
escolhida, pôr não fazer parte de seu hábito alimentar.

Policultivo
Como também já abordamos, esta prática consiste no cultivo de
diferentes espécies de hábitos alimentares distintos. Neste caso,
ocorre um melhor aproveitamento dos alimentos naturais disponíveis
nos diversos estratos, o que propicia uma maior produtividade.
Uma desvantagem deste processo é a necessidade de separação das
espécies no momento da despesca, além da exigência de um maior
rigor no manejo, para evitar um desequilíbrio no ecossistema
aquático, o que pode provocar competição entre as diferentes
espécies.
As principais espécies cultivadas pôr esta prática e seus hábitos
alimentares são a carpa comum ( bentófaga e onívora ), pacu
( onívoro ), carpa capim ( herbívora ), carpa prateada
( fitoplanctófaga ), carpa cabeça-grande ( zooplanctófaga ), curimbatá
( iliófaga ) e tilápia ( planctófaga e detritiva ) . Com estas
informações é possível selecionar as espécies mais convenientes à
exploração local.

Consórcio peixes / suínos


Neste tipo de consórcio de produção as fezes e urina dos porcos são
escoadas diretamente para dentro do viveiro. Os suínos são criados
em galpões sobre ou próximos deste viveiro para que todo o material,
incluindo restos de ração, seja aproveitado pêlos peixes. As fezes
frescas contêm cerca de 200/o de alimento mal digerido, podendo ser
aproveitadas diretamente, enquanto o restante serve de adubo
orgânico, estimulando a produção do plâncton e bentos, que também
serão consumidos.
A estocagem recomendada para estes casos é de 60 suínos para cada
hectare. Neste tipo de cultivo, sem qualquer outra forma de adubação
e alimento complementar, pode-se estimar uma produção em torno de
2 a 3,5 toneladas pôr hectare a cada ano.
Deve-se ter o cuidado quando produtos químicos, como vermífugos e
desinfetantes, pôr exemplo, forem aplicados no cultivo de suínos,
porque estes produtos são prejudiciais aos peixes, podendo, inclusive,
provocar mortalidade, o que, sem dúvida, comprometerá o resultado
da piscicultura.

Consórcio peixes / aves


O esterco de aves é um dos adubos mais completos se comparado ao
de outros animais, o que assegura elevada produção de plâncton. No
caso de consórcio com marrecos de Pequim, devem ser utilizadas
entre 300 e 500 aves pôr hectare e, para o cultivo, constroem-se
comedouros para as aves próximos às margens ou sobre uma ilha
artificial de madeira ou tela. Estas providências evitam o desperdício
de ração, pois os restos que caem na água também serão aproveitados
pêlos peixes.
Além de adubar os viveiros com suas fezes, os marrecos intensificam
a oxigenação dos viveiros através do movimento de ondulaçáo das
águas, erradicam a vegetação aquática existente e certos anclídeos,
além de controlar a reprodução sobre o cultivo de tilápias, porque se
alimentam de pequenos alevinos e também pôr destruir ninhos.
A desvantagem deste consórcio é que as aves danificam os taludes
dos viveiros e tornam-se hospedeiras de certos parasitas de peixes.
No caso dos marrecos, sua comercialização é difícil em certas regiões
do país, como o Nordeste, pôr exemplo, porque sua carne não é bem
aceita. A produção de peixes pôr este tipo de associação pode
alcançar até duas toneladas pôr hectare em um ano.
No processo de cultivo, qualquer que seja a escolha do piscicultor, é
fundamental estar atento à saúde dos peixes, através do trabalho
constante de prevenção e controle das infecções causadas pôr
parasitas. A infecção de um viveiro, com qualquer organismo
unicelular, pode ser diagnosticada através de alguns sinais
característicos como:

a presença de peixes em grandes cardumes perto da superfície da


água;

acúmulo de peixes abaixo da entrada de água;


ocorrência de espécies mais escuras;

ocorrência de peixes mortos na superfície. Vale ressaltar que somente


peixes mortos pôr infecções parasitárias tendem a flutuar na
superfície, ao contrário de peixes que morrem pôr fatores dietéticos,
pôr exemplo, que permanecem no fundo.
A melhor maneira de prevenir infecções pôr parasitas é preparar o
viveiro convenientemente, para assegurar uma boa produção de
alimentos naturais e fornecer alimentação artificial de boa qualidade
e quantidade adequada. Outra medida preventiva importante é
assegurar que o estoque jovem de peixes não entre em contato com
os peixes adultos, pois estes podem transmitir parasitas contidos no
muco e nas guelras.
As principais infecções causadas pôr parasitas são a ictioftríase ou
ictio, popularmente conhecida como "doença dos pontos brancos";

saprolegniose; apodrecimento das nadadeiras;


hidropsia infecciosa e argulhose.
Além destas doenças, a intoxicação alimentar também pode trazer
problemas aos peixes. A seguir apresentaremos, resumidamente, os
principais sintomas de cada uma destas doenças. As empresas de
manejo, como Emater, pôr exemplo, têm técnicos que podem
oferecer orientação sobre o assunto.

Ictiotiríase
Esta doença ocorre em função da baixa temperatura da água. E'
facilmente diagnosticada, pois o corpo do peixe apresenta-se coberto
de pequenos pontos brancos, principalmente o opérculo e nadadeiras.
Os animais ficam inquietos, raspando o corpo nas paredes do viveiro
para retirar os parasitas.

saprolegniose
Esta doença parasitária é causada pelo fungo saprolegnia achyla. Os
peixes ficam com manchas brancas ou tufos semelhantes a algodão
pôr todo o corpo. Este fungo normalmente ataca os animais feridos
ou debilitados e propaga-se rapidamente quando a temperatura da
água fica abaixo de 230G e existem sobras de alimentos no fundo dos
viveiros.

Apodrecimento das nadadeiras


As causas para esta doença podem ser muitas, mas geralmente ela
ocorre pôr ação de bactérias. As nadadeiras ficam esbranquiçadas e
logo começam a desfazer-se. A temperatura baixa e o ph ácido
também contribuem para o seu aparecimento.

Hidropisia infecciosa
O causador desta doença ainda não foi determinado, mas já se
conhecem dois tipos de hidropisia com manifestações externas. a
intestinal e a ulcerosa. A primeira é caracterizada pôr um acúmulo de
líquido na cavidade abdominal ( ascite ), quando o ventre do peixe
fica abaulado e flácido. A segunda é caracterizada pôr formações de
manchas sanguinolentas sobre o corpo do peixe e as nadadeiras
atacadas pela doença ficam parcialmente destruídas.

Argulose
provocada pelo ácaro argulius folhaceus esta doença também é
conhecida como piolho das carpas. O peixe apresenta movimentos
nervosos nas nadadeiras e pontos avermelhados na pele.

Intoxicação alimentar
É causada pelo excesso de comida ou pôr alimentos deteriorados. O
peixe fica próximo à superfície do viveiro, com o ventre estufado e as
escamas geralmente eriçadas.

06- ALIMENTAÇÃO

ALIMENTAÇÃO
Praticamente todos os organismos presentes em viveiro
contribuem para a alimentação dos peixes.
A maior ou menor quantidade
desses organismos irá influenciar a
produção de peixes respectivamente aumentando ou
diminuindo a capacidade produtiva do
viveiro.

As fontes de alimentos naturais podem ser classificadas


em:

A - FITOPLÂNCTON : pequenas plantas em suspensão na água,


ex.: algas
B - ZOOPLANCTON : pequenos animais em suspensão na água, ex.:
microcrustáceos
C - BENTON : animais que vivem no lodo do fundo,
ex.: caramujos, vermes
D - SEDIMENTO ORGÂNICO: excrementos e restos de plantas
e animais mortos, ex.: lodo
E - PLANTAS AQUÁTICAS : localizadas no fundo, no
talude, na superfície, ex.: aguapés

De uma maneira geral, os alimentos naturais suprem


as necessidades nutricionais das
espécies cultivadas , mas a medida em que se busca produtividade
maiores se torna imprescindível a utilização de alimentos
artificiais.
A alimentação artificial pode ser apenas suplementar, através de grãos
de cereais e
farelos ou farinhas, ou completa. através de rações fareladas,
granuladas ( peletizadas ) ou flutuantes (extrusadas>. Como o
arraçoanento artificial é mais caro, podendo resultar em aumentos de
60 % nos custos de produção, é necessário que a sua utilização seja
bem controlada para alcançar melhor desempenho
na atividade. Para calcular a quantidade de alimento que deve ser
fornecido diariamente, é usada a proporção de 3 a 5% do peso dos
peixes no tanque.

EXEMPLO.

Um tanque com área de 1000 metros quadrados e


profundidade media de 120 centímetros, tendo uma população de 800
peixes com
peso de 0,2 quilogramas cada, adotando a proporção de 3% de ração.

Fórmula para cálculo de ração diária =

numero de peixes X peso X proporção utilizada


_________________________________________________________
100
total =

800 X 0,2 X 3%
__________________________________________________= 4,8
Kg de ração pôr dia
100

No decorrer do cultivo se faz necessário adequar constantemente as


quantidades
fornecidas de alimentos de acordo com o crescimento
dos peixes. Durante os períodos de temperatura da agua mas fria
consumo de ração
tende a diminuir, chegando a parar completamente em algunas
espécies.

Os alimentos podem ser jogados à lanço manualmente ou através de


alimentadores
automáticos, sempre nos mesmos horários e locais.
Deve ser feita de 1 a 2 vezes ao dia ,
aproveitando as horas mais quentes quando os peixes apresentam uma
maior atividade.
em viveiros pequenos o alimento pode ser oferecido em um único
local, já em tanques acima de 2.000 metros quadrados são necessários
2 ou mais pontos
de alimentação. Outra forma de arraçoamento é a utilização de cochos
submersos de
plástico ou madeira, que facilitam o manejo com a colocação dos
alimentos uma vez ao dia e elimina as mostragens, já que o ajuste na
quantidade pode ser realizado de acordo com o consumo observado,
devendo haver sobras diárias de ate 5% do que foi fornecido.
Apresenta ainda
a vantagem de poder usar rações fareladas com bom aproveitamento ,
desde que sejam
fornecidas umedecidas.

* Texto extraído da web


Para maiores informações : piscicultor@pescar.com.br

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